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Universidade Federal Fluminense

Disciplina: História da psicanálise


Docente: Germano
Discente: Maria Clara Lourosa Robaina
3° período de psicologia

Resumo capítulo III “O discurso do desejo: a interpretação dos


sonhos”

A partir do livro Freud e o inconsciente, seguiremos com um resumo do


capítulo III intitulado como “O discurso do desejo: a interpretação dos sonhos”.
Compreende-se que o autor Luiz A. Garcia-Roza inicia o capítulo com a
palavra/conceito traumdeutung que remete a interpretação dos sonhos, portanto,
ocorrerá muitas discussões acerca da temática.

Freud desde o começo foi mal incompreendido pelas suas teorias e


defesas por ser concepções que debatia com a crítica da época, principalmente
por tocar em assuntos que ainda eram tabus na época como a sexualidade, por
isso o seu livro intitulado ‘’A interpretação dos sonhos’’ também tocava nas
‘’feridas’’ da crítica e psiquiatria, e, portanto, não foi bem recebido na época.
Freud passa por uma autoanálise no meio do caminho entre as obras O projeto
e A interpretação dos sonhos e compreende a existência do Complexo de Édipo,
conceito nomeado posteriormente em 1910, assim como a forma positiva ou
negativa do complexo.

Ele toma a si mesmo como exemplo para desenvolver a teoria do


Complexo de Édipo, demonstrando sobre ‘’estar apaixonado’’ pela mãe
enquanto o sentimento para com o pai se refere como o de ciúmes. Ele defende
que através dos sonhos podemos compreender como o inconsciente e também
as neuroses. Ele traz a discussão a diferença para o neurótico e um indivíduo
normal está entre o dia e a noite, quando estamos dormindo e sonhando. Pessoa
normal também é neurótica, uma vez que sua neurose é demonstrada pelos
sonhos. Portanto, o sonho também toca na questão do normal e patológico.

‘’Assim, os sonhos não são apenas a via privilegiada de acesso ao


inconsciente, eles são também o ponto de articulação entre o normal e o
patológico.’’

Compreende-se que os sonhos são providos de sentidos e de realizações


de desejos, este não efetuados durante a situação em que está acordado. Pelos
sonhos pode ser revelados muitas questões relacionadas por meio do relato. A
grande sacada é que a pessoa sabe o que significa o sonho, mas ainda não sabe
que sabe, portanto, aqui entra a questão sobre a resistência que Freud trabalha.
A psicanálise muda sua referência do neurológico para a LINGUAGEM.

Sentido e interpretação

Desde já, compreende-se que o sonho possui sentido, mas o seu


significado no início ainda não é acessado pelo sonhador e o intérprete. No
sonho, ocorre a realização do desejo, ou seja, as vontades do sujeito que
acordado não possui coragem para realizá-lo devido a algum motivo ou motivos.
E este sonho quando o sujeito fala com o intérprete sofre uma censura por parte
deste sujeito, portanto, sua interpretação do sonho ocorre uma deformação do
que realmente aconteceu no período onírico, isto é, durante o sonho. O sonho
segue duas vias: sonho lembrado (conteúdo manifesto do sonho) e o contado
pela pessoa (pensamentos oníricos latentes), e para alcançar ambos se parte da
interpretação do relato do sonho pelo analista através da linguagem. É
importante explicitar que o sonho se volta sempre ao desejo do sujeito/paciente,
por isso, expressa a importância do termo Desejo.

Através dos significantes dos sonhos é possível indicar um sentido para


ele. Para a interpretação do sonho, Freud indica dois métodos: o da interpretação
simbólica e o da decifração, porém, aponta-se erros em ambos os métodos.

Elaboração onírica e interpretação de texto

Elabora-se nessa divisão acerca do desejo e a linguagem, portanto,


decorre sobre a articulação de ambos para a interpretação do sonho. Freud, ao
interpretar o sonho, buscava em seu discurso a verdade por trás do desejo. O
psicanalista vai defender sobre como esse desejo remete a infância e para que
esse desejo seja ‘’exposto’’ e passe pela censura imposta pelo sujeito é preciso
que saia distorcido, por isso, cabe o analista desvendar seu sentido em meio a
força da censura. Portanto, a elaboração onírica remete a distorção que ocorre
no sonho ao passar pela censura.

Sobredeterminação e superinterpretação

Compreende-se que um sonho pode possuir diversas interpretações, isso


ocorre pela sobredeterminação, isto é, um elemento do sonho pode significar
uma outra coisa. A sobredeterminação pode remeter a muitas interpretações, por
isso a impossibilidade de determinar uma única explicação. Esta influencia tanto
o sonho quanto os elementos que o integra

O simbolismo nos sonhos

Acerca do simbolismo nos sonhos não foi de grande importância a


princípio por Freud, mas representa uma importante questão a ser trabalhada
nas teorias do psicanalítico. Acreditando no sonho como um signo, este também
pode ser um índice e ícone. Refere-se como símbolo uma relação arbitrária com
um objeto, portanto, denota ser sem particularidade em referência ao seu
significado. Um mesmo símbolo pode ter um distinto significado para duas
pessoas.

Partindo do social e simbólico, Levi-strauss indica que o social parte do


simbólico para existir e exemplifica com a linguagem, isto é, a linguagem faz o
social, porém isso parte do simbolismo. Existe a concepção do pensador E.
Cassirer acerca do simbolismo referente a sua influência na subjetividade e o
real. Este defende que vivemos uma sociedade simbólica, referente a sua
linguagem, instituições, costumes e, por isso, seríamos animais simbólico e não
racional.

Freud refere-se ao símbolo no seu artigo As neuropsicoses de defesa,


referindo a ser um “sintoma mnêmico” e aborda um caso de uma paciente
chamada Elizabeth para retratar o símbolo como uma troca de sinal mental para
o corporal. Para a interpretação desse símbolo deve-se utilizar a associação
livre, uma vez que é individual. Ele nos traz outra abordagem sobre o símbolo
“ato sintomático simbólico”, diferenciando com o primeiro é possível fazer uma
analogia do conteúdo entre o símbolo e o referente. Em relação ao ato
traumático, o símbolo não o demonstra, mas se associa a ele.

O capítulo vii e a primeira tópica freudiana

Neste tópico, refere-se a diferença entre o Projeto e A interpretação dos


sonhos na abordagem para explicação e seu suporte material, portanto,
demonstra a mudança de ato por Freud para seguir com sua teoria. Acerca do
capítulo VII de A interpretação dos sonhos discute sobre as distribuições dos
desejos e Freud utiliza analogias de modelos anatômicos para sua explicação.
Porém, é imprescindível tratar sobre os lugares que Freud retrata que são
lugares psíquicos. Neste mesmo capítulo, Freud trata sobre sua primeira tópica,
isto é, o aparelho psíquico e sua formação por instâncias.

Os sistemas ics, pcs e csv

Na teoria freudiana compreende-se a existência das instâncias que forma


o aparelho psíquico, mas Freud diz não querer comparar esse lugar psíquico
com algum modelo anatômico para que não se pense que este lugar exista de
forma material/física. Essa concepção de existir lugares no cérebro que
explicaria esses fenômenos psíquicos e as funções normais vem da concepção
científica da época, logo, Freud queria se afastar dessa visão uma vez que se
importava mais com o funcionamento desse aparelho psíquico.

O aparelho psíquico seria formado por vários sistemas que percorrem


num determinado sentido, não importando a posição que ocupa já que segue
num fluxo neste sentido. Houve um modelo criado primeiro e depois substituído
por Freud ao perceber a influência da percepção e da memória que causavam
modificações permanentes dos elementos do sistema. O segundo modelo
apresentou insuficiências e foi substituído por um terceiro. A partir desse terceiro
modelo, o termo inconsciente foi designado como um sistema do aparelho
psíquico, logo, inconsciente sistemático. Essa representação do aparelho
psíquico não tenta defender a existência de um aparelho físico, mas sim a
tentativa de explicá-lo sem a defesa de uma estrutura anatômica. Por fim,
conclui-se que Freud denominou os sistemas/instâncias referente a esse
aparelho psíquico como: sistema Ics (inconsciente), sistema Pcs (pré-
consciente) e sistema Cs (consciência).

Regressão

O conceito discutido ‘’regressão’’ é uma questão anterior a Freud e o


desenvolvimento de seu escrito A interpretação dos sonhos. Compreende-se que
a regressão se apresenta nos sonhos, nas alucinações e também na vigília. Ela
age também nos sistemas presentes no aparelho psíquico. Segundo Freud, a
concepção de regressão é descritiva e aos poucos ele vai desenvolvendo essa
questão até chegar em três tipos de regressão: a tópica, a temporal e a formal.
Retomando a noção de sonho, o psicanalítico vai dizer que a regressão, no
sonho, é uma volta a infância do indivíduo e também a infância da espécie.

A realização de desejos

Uma dúvida pertinente sobre os desejos é sua origem, mas, em outra e


melhor perspectiva, o questionamento sobre que é um sonho. O desejo
configura-se como uma ideia ou um pensamento, percorrendo como uma
representação e o desejo quer ser realizado. Portanto, sonho e desejo
conversam muito, uma vez que o desejo aparece nos sonhos como uma
representação e se entende como o valor do sentido. Freud percebeu a
importância de ocorrer uma distinção do desejo do sonho do desejo de dormir.
Acerca da origem do desejo, Freud diz ter três origens possíveis: restos diurnos
não satisfeitos, restos diurnos recalcados e desejos não possuem ligação a vida
diurna, mas refere-se à consciência

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