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Discente: Giulia Karine Fontele Fernandes

Docente: Weidila Nink Dias


Disciplina: Técnicas psicoterápicas psicanalíticas
Data: 26/10/2023

Resumo do capítulo VII - Psicologia dos processos oníricos

O texto descreve um sonho compartilhado por uma paciente, cuja fonte original é desconhecida. O
sonho envolve um pai que cuida de seu filho doente, que eventualmente morre. Após a morte do filho,
o pai vai para outro quarto descansar, deixando a porta aberta para ver o corpo do filho cercado por
velas. Um vigia idoso fica ao lado do corpo. O pai sonha que o filho está ao seu lado, reclamando que
está queimando, e acorda para encontrar um incêndio causado por uma vela caída. A interpretação do
sonho é que a luz das velas incidiu nos olhos do vigia adormecido, levando-o a concluir que uma vela
havia causado o incêndio. O sonho reflete o desejo do pai de prolongar o sono e manter a ilusão de
que seu filho ainda está vivo. A criança no sonho age como se estivesse viva, dando ao pai a chance de
prolongar seu sono por um momento.

O autor destaca que este sonho é notável porque não desafia a interpretação, seu significado é
evidente, mas ainda mantém as características essenciais que diferenciam um sonho do pensamento
consciente. O autor afirma que a psicologia dos sonhos deve ir além da interpretação e explorar os
processos psíquicos subjacentes ao sonhar, o que leva a um local escuro e desconhecido. Para
compreender o funcionamento psíquico envolvido no sonho, novas hipóteses são necessárias, e a
explicação requer a investigação comparativa de uma série de produções psíquicas, não se limitando
apenas a um único sonho.
● ESQUECIMENTO DOS SONHOS
O autor aborda a questão do esquecimento dos sonhos, destacando que a memória dos sonhos
é frequentemente fragmentada e imprecisa. Ele adverte que a interpretação dos sonhos pode
ser comprometida, uma vez que o conteúdo lembrado pode conter lacunas e distorções. Há
também o risco de que tentativas de reproduzir o sonho ocorrem em preenchimento de lacunas
com material arbitrário, tornando difícil determinar o conteúdo real do sonho. O autor destaca
que, até o momento, essas preocupações foram ignoradas nas interpretações de sonhos, e os
intérpretes se concentram em detalhes menores, mesmo quando não há certeza sobre sua
origem ou significado.
● REGRESSÃO
A experiência nos mostra que durante o dia esse caminho que leva à consciência pelo
pré-consciente é barrado para os pensamentos oníricos pela censura da resistência. De noite
eles obtêm acesso à consciência, mas então surge a questão de que modo o fazem e graças a
qual modificação. Se isso lhes fosse possibilitado pelo fato de à noite diminuir a resistência
que monta guarda na fronteira entre inconsciente e pré-consciente, teríamos sonhos feitos do
material das nossas representações, que não apresentam o caráter alucinatório que nos
interessa no momento.
Diferenciamos três tipos de regressão:
a)uma regressão topológica, no sentido do esquema dos sistemas ψ aqui desenvolvido;
b)uma temporal, quando se trata de um retorno a formações psíquicas mais antigas; c)uma
regressão formal, quando modos primitivos de expressão e representação substituem os
habituais. Mas todos os três tipos de regressão, no fundo, são um só e coincidem na maioria
dos casos.
● REALIZAÇÃO DO DESEJO
No início deste capítulo, o autor aborda um sonho envolvendo um garoto em chamas e discute
as complexidades da teoria da realização de desejos. Ele questiona a ideia de que todos os
sonhos são simplesmente a realização de desejos, destacando a presença de outros elementos
nos sonhos, como pensamentos diurnos e preocupações. O autor argumenta que os desejos
nos sonhos podem ter diferentes origens, como desejos não realizados durante o dia, desejos
rejeitados ou desejos que surgem apenas à noite. Ele também menciona que os desejos nos
sonhos podem ser de natureza infantil e que, à medida que envelhecemos, os desejos diurnos
não realizados podem não ser suficientes para gerar sonhos em adultos. Além disso, o autor
discute como os pensamentos diurnos não relacionados a desejos podem influenciar os
sonhos, especialmente quando se trata de preocupações não resolvidas ou reflexões dolorosas.
Ele observa que esses pensamentos podem se transformar em sonhos desagradáveis, mas
ainda são considerados realizações de desejos, já que representam desejos inconscientes que
buscam expressão. O autor também explora a ideia de sonhos de punição, nos quais o desejo
inconsciente de punição pelo sonhador está em jogo, destacando a complexidade dos
mecanismos por trás dos sonhos. Em resumo, o autor argumenta que os sonhos podem ser
realizações de desejos de diversas origens e que os desejos inconscientes desempenham um
papel fundamental na formação dos sonhos, incluindo os sonhos desprazerosos e os de
punição.
Freud argumenta que os sonhos são influenciados por desejos reprimidos e que elementos
recentes e irrelevantes do dia a dia também têm um papel na formação dos sonhos, servindo
como pontos de conexão para a transferência desses desejos reprimidos para o conteúdo dos
sonhos. Ele também observa que os sonhos muitas vezes atuam como uma forma de proteção
do sono contra as perturbações dos elementos diurnos. Essas ideias fazem parte da teoria
psicanalítica de Freud sobre os sonhos.
Ele argumenta que os sonhos são expressões dos desejos inconscientes, que são muitas vezes
reprimidos em nossa mente consciente. Freud sugere que o sonho é uma forma de o
inconsciente realizar esses desejos reprimidos, e que, ao fazê-lo, o sistema pré-consciente
(Pcs) atua como um filtro para tornar esses desejos aceitáveis em nossos sonhos. Freud
também discute o papel do desejo de dormir no processo de sonhar. Ele afirma que o desejo
de continuar dormindo é uma força motriz que permite que os sonhos aconteçam, já que ajuda
a prolongar o sono. Além disso, ele argumenta que estamos cientes de que estamos sonhando
enquanto dormimos, embora essa consciência geralmente não seja direcionada para esse
conhecimento, a menos que a censura do sonho seja surpreendida. Em suma, Freud está
explorando a relação entre o desejo inconsciente, o sistema pré-consciente e o desejo de
dormir na formação dos sonhos, e como os sonhos representam uma maneira de realizar
desejos reprimidos.
● O DESPERTAR PELO SONHO — A FUNÇÃO DO SONHO — O SONHO DE ANGÚSTIA
Dessa observação se depreende que: 1) a influência da puberdade num garoto de saúde
debilitada pode produzir um estado de grande fraqueza, que pode levar a uma anemia cerebral
considerável. 31 “2) Essa anemia cerebral dá origem a uma alteração de caráter, alucinações
demonomaníacas e severos estados de angústia à noite, talvez também de dia. “3) A
demonomania e as autorrecriminações do garoto remontam à influência da educação religiosa,
na época da infância. “4) Todos os fenômenos desapareceram em consequência de uma
estadia prolongada no campo, com exercícios físicos e a recuperação das forças após a
puberdade. “5) Talvez possamos atribuir à hereditariedade e à antiga sífilis do pai uma
predisposição para o desenvolvimento da condição cerebral na criança.”
● OS PROCESSOS PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO — A REPRESSÃO
1) As intensidades das representações se tornam capazes de descarga em seu montante
integral e passam de uma representação para a outra, de maneira que se formam
representações dotadas de grande intensidade. Quando esse processo se repete várias vezes, a
intensidade de toda a série de pensamentos pode ser reunida num único elemento de
representação. É a compressão ou condensação, de que tomamos conhecimento durante o
trabalho do sonho. Ela é a principal responsável pela impressão de estranheza do sonho, pois
não se conhece algo que lhe seja análogo na vida psíquica normal e acessível à consciência.
2) Devido à liberdade com que podem ser transferidas as intensidades, e a serviço da
condensação, formam-se representações intermediárias, compromissos, por assim dizer (cf. os
numerosos exemplos). De novo, algo inaudito no decurso normal das representações, em que
importam sobretudo a seleção e conservação do elemento “certo” de representação. Mas
formações mistas e compromissos ocorrem com frequência extraordinária quando tentamos
expressar na linguagem pensamentos pré-conscientes, e estes aparecem como tipos de “lapsos
verbais”.
3) As representações que transferem suas intensidades umas para as outras mantêm relações
bastante frouxas entre si, são ligadas por esses tipos de associações que o nosso pensamento
despreza e deixadas para o uso com efeito cômico. Especialmente as associações por
homofonia e paronímia são tidas como de mesmo valor que as outras.
4) Pensamentos que se contradizem não procuram anular um ao outro, mas coexistem, muitas
vezes se combinam em produtos de condensação, como se não existisse contradição, ou
formam compromissos que jamais perdoaríamos em nosso pensamento, mas que aprovamos
com frequência em nossos atos.
Analisando sonhos, avançamos um pouco mais no entendimento da composição desse
instrumento, o mais maravilhoso e mais misterioso de todos; apenas um pouco, é verdade,
mas significa um começo para, a partir de outras formações — que devem ser chamadas
patológicas —, progredir em sua dissecação. Pois as doenças — pelo menos aquelas
corretamente chamadas funcionais — não têm como pressuposto a destruição desse aparelho,
o estabelecimento de novas divisões em seu interior; elas devem ser explicadas de modo
dinâmico, pelo fortalecimento e enfraquecimento dos vários componentes do jogo de forças
do qual tantos efeitos permanecem ocultos durante a função normal. Em outro lugar
poderemos mostrar como o fato de o aparelho ser composto dessas duas instâncias também
permite um refinamento do desempenho normal, que seria impossível com apenas uma.
● O INCONSCIENTE E A CONSCIÊNCIA — A REALIDADE
Neste trecho, Sigmund Freud discute a relação entre os sistemas psíquicos em seu modelo
psicanalítico. Ele argumenta que não devemos interpretar esses sistemas como localizações
físicas dentro do aparelho psíquico, mas sim como modos de descarga de excitação e
processos dinâmicos. Em vez de pensar em pensamentos sendo "reprimidos" ou "penetrando"
em locais diferentes, ele sugere que devemos considerar a energia psíquica sendo investida ou
retirada de diferentes estruturas psíquicas, resultando em mudanças na dinâmica. Freud
também destaca que suas concepções não são localizações físicas, mas representações
figurativas que ajudam a explicar os processos psíquicos. Ele compara isso à forma como as
lentes de um telescópio não são a imagem, mas ajudam a produzir a imagem que percebemos.
Da mesma forma, os sistemas psíquicos não são diretamente observáveis, mas são úteis como
conceitos explicativos. Além disso, Freud aborda a questão do inconsciente na psicologia e
como suas teorias divergem das teorias dominantes na época. Ele argumenta que a psicologia
deve reconhecer a existência de processos psíquicos inconscientes, como observações clínicas
e análises de sonhos mostram, e que essa questão não pode ser ignorada. Isso representou uma
mudança significativa na abordagem da psicologia e marcou o desenvolvimento da psicanálise
como uma disciplina distinta.
Freud aborda a relação entre os processos conscientes e inconscientes na psicologia. Ele
começa afirmando que os médicos não podem ter conhecimento direto dos processos
inconscientes até que eles produzam efeitos na consciência que permitam observação ou
comunicação. No entanto, Freud argumenta que os efeitos conscientes podem ser muito
diferentes dos processos inconscientes subjacentes, dificultando a percepção interna de que
um substitui o outro. Ele também enfatiza a importância de não superestimar o papel da
consciência na vida psíquica. Freud sugere que o inconsciente é a base fundamental de toda a
vida psíquica e que tudo que é consciente tem uma fase preliminar inconsciente. Ele compara
o inconsciente a uma "verdadeira realidade psíquica", tão desconhecida para nós em sua
natureza quanto o mundo externo e tão incompletamente apresentada em nossa consciência
quanto o mundo externo é pelos sentidos. Freud argumenta que ao reconhecer a existência dos
processos psíquicos inconscientes, podemos entender melhor fenômenos como sonhos,
atividades intelectuais e artísticas. Ele sugere que o sonho, por exemplo, não é um poder
estranho, mas uma forma de expressão de impulsos que operam durante o dia sob a influência
de resistências e que à noite recebem estímulo de fontes mais profundas. Por fim, Freud
menciona que a concepção de "inconsciente" em sua teoria difere da visão de filósofos e do
psicólogo Lipps, para quem o inconsciente era simplesmente o oposto do consciente. Ele
destaca que sua ideia de um inconsciente com processos psíquicos próprios foi bastante
debatida e defendida com vigor.
Lipps sugere que tudo o que é psíquico existe de forma inconsciente, em parte, e também em
parte na forma consciente. No entanto, Freud observa que a observação da vida diurna normal
é suficiente para provar que existem dois tipos de inconsciente, que os psicólogos ainda não
distinguiram. Um é o que Freud chama de "Ics," que é incapaz de chegar à consciência,
enquanto o outro é o "Pcs," cujas excitações podem alcançar a consciência, embora possam
ser submetidas a censura e resistência. Ele descreve a consciência como um órgão sensorial
para a percepção de qualidades psíquicas e argumenta que ela desempenha um papel na
direção e distribuição adequada das quantidades móveis de investimento no aparelho psíquico.
A consciência percebe qualidades novas e influencia o curso dos investimentos no interior do
aparelho psíquico, principalmente através do prazer e do desprazer. Freud também sugere que
a repressão de pensamentos e lembranças é mais fácil quando eles não chegam à consciência
porque foram submetidos à repressão, ou quando foram subtraídos da consciência por outras
razões. Além disso, ele argumenta que a passagem do investimento pré-consciente para o
consciente também está sujeita a uma forma de censura, semelhante à censura entre o sistema
Ics e o sistema Pcs. Freud destaca que a análise dos processos de pensamento histéricos revela
a complexidade da consciência e sua relação com os processos inconscientes. Também discute
a censura que opera na mente e afirma que a censura age a partir de um limite quantitativo,
permitindo que algumas formações de pensamento menos intensas escapem dela. Ele também
menciona casos de pacientes em que a censura é aparada de tal forma que uma fantasia que
permaneceria no pré-consciente é admitida na consciência sob o disfarce de uma queixa
aparentemente inofensiva. Freud oferece dois exemplos de pacientes. No primeiro caso, uma
jovem descreve uma sensação estranha em seu corpo, que esconde uma fantasia relacionada a
seu pai. No segundo caso, um garoto de catorze anos apresenta uma sequência de imagens
que, após análise, revelam sua raiva reprimida contra seu pai e eventos familiares
perturbadores. Freud enfatiza que o estudo dos sonhos tem valor teórico para o conhecimento
psicológico, especialmente na preparação para o entendimento das psiconeuroses. Ele destaca
que os impulsos inconscientes revelados nos sonhos podem não ter um valor imediato na vida
psíquica, mas o estudo dos sonhos ajuda a compreender a estrutura e as funções do aparelho
psíquico. Ele também ressalta que o valor prático do estudo dos sonhos para desvendar as
propriedades ocultas das pessoas e sua importância ética são questões que ainda precisam ser
exploradas. Freud conclui que o valor do sonho está mais relacionado ao conhecimento do
passado do que ao conhecimento do futuro. Sigmund Freud argumenta que os sonhos
representam um desejo como realizado, o que, de certa forma, nos leva a um "futuro". No
entanto, esse "futuro" projetado pelos sonhos é fortemente influenciado pelo desejo do
sonhador e é moldado à semelhança do passado, refletindo os desejos e experiências passadas.
Portanto, os sonhos não preveem o futuro literalmente, mas sim criam uma realidade baseada
nas expectativas e desejos do indivíduo, muitas vezes vinculados ao passado.

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