Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em casos específicos sonhos podem ser formados com lembranças remotas dos
primeiros anos de vida, memórias essas que não surgem em nossos momentos de
vigília, trata-se de impressões da infância.
A. Maury conta a história de um homem que, certo dia, decidiu visitar sua cidade
natal após vinte anos. Na noite anterior à partida, ele sonhou que se encontrava
numa cidade completamente estranha onde, na rua, encontrou um senhor
desconhecido, com o qual conversou. Ao voltar para sua terra natal, descobriu que
essa cidade estranha realmente existia nas proximidades de sua cidade natal, e
também o homem desconhecido do sonho era um amigo do seu falecido pai,
habitante daquela cidade.
Como por exemplo, uma grande vontade que Freud tinha de visitar Roma a vida
toda, e certa vez sonhou que olhava pela janela do vagão pontos turísticos da
cidade como a ponte de sant’angelo e o rio tibre, e logo em seguida se dava conta
que nunca havia pisado naquela cidade, e essa vista que tinha no sonho era a
reprodução de uma gravura famosa que havia visto em algum lugar, além de tantos
outros sonhos que expressavam o mesmo, esse desejo e anseio pela cidade de
Roma recebia impressões da infância.
Porém esses casos não são a regra, pois geralmente a cena infantil no conteúdo
manifesto do sonho é representada apenas por uma alusão e precisa ser
desenvolvida a partir do sonho, através da interpretação.
Por muitos, diante do senso comum e até estudiosos e nomes que se voltaram às
investigações da origem dos sonhos, se baseiam em fontes somáticas como os
estímulos sensoriais objetivos, que partem de objetos externos, e os estados de
excitação interna dos órgãos sensoriais, além dos estímulos somáticos provenientes
do interior do corpo, segundo essa linha de pensamento o sonho se apresenta
não como fenômeno psíquico, resultante de motivações psíquicas, mas como
produto de um estímulo fisiológico que se manifesta em sintomas psíquicos,
pois o aparelho afetado pelo estímulo não é capaz de se expressar de outra forma.
O sonho possui um valor próprio como ação psíquica, que um desejo se torna o
motivo de sua formação e que as vivências do dia anterior fornecem o material para
seu conteúdo, todas as outras teorias do sonho que negligenciam um
procedimento de investigação tão importante e, apresentam o sonho como
reação psíquica inútil e enigmática a estímulos somáticos já estão condenadas
e fadadas ao erro, portanto a essência do sonho não é alterada quando um material
somático se junta às fontes psíquicas do sonho; ele continua sendo uma
realização de desejo, independentemente de como sua expressão é determinada
pelo material atual, então quando os estímulos nervosos externos e os estímulos
somáticos internos são suficientemente intensos para obter a atenção psíquica, eles
constituem um ponto fixo para a formação dos sonhos, um núcleo no material
onírico, para o qual é buscada uma realização de desejo correspondente.
Um dos poucos exemplos de sonho que possui relação com estímulos externos
físicos é um em que um paciente de Freud sonha que se monta sobre um cavalo
cinza pela primeira vez sem cela, e nunca antes havia sonhado ou mesmo montado
sobre um cavalo, porém, na fatídica noite em que esse sonho surge ele estava com
um furúnculo na região da pélvis, o qual doía muito e seria impossível montar sobre
o cavalo sem cela na vida real, portanto representou o desejo de não estar com
aquela dor fisiológica, e nas possibilidades que teria caso não estivesse.
Sem dúvida alguma, a sensação geral do corpo faz parte dos estímulos somáticos
internos que comandam o sonho. Não que ela forneça o conteúdo do sonho, mas
impõe aos pensamentos oníricos uma seleção do material a ser representado no
conteúdo do sonho.
SONHOS TÍPICOS
Existe certo número de sonhos que quase todos os indivíduos têm da mesma forma
e que nos habituamos a supor que tem o mesmo significado para todos. Esses
sonhos típicos merecem um interesse especial também porque, presumivelmente,
vêm das mesmas fontes em todas as pessoas e, portanto, parecem especialmente
adequados a nos esclarecer sobre as fontes dos sonhos.
Outra série de sonhos que podem ser chamados típicos é aquela em que parentes
queridos, os pais ou irmãos, os filhos etc, morrem. Sendo separados 2 tipos de
sonhos correspondentes a esse conteúdo, os que não sentimos nenhuma tristeza ou
remorso e acordamos surpresos com nossa indiferença e insensibilidade e outro em
que sentimos uma dor profunda por causa da morte, expressando-a por meio de
lágrimas durante o sono.
O primeiro sonho geralmente não representa necessariamente o conteúdo,
podendo por exemplo apenas retornar a um enterro em que estava presente uma tia
querida que só se encontrou nesta ocasião, deixando em segundo plano a pessoa
sepultada.
Uma paciente afirma nunca ter tido contato com um sonho desse conteúdo, porém
certo dia se recorda de um sonho em que aos 4 anos estava em um campo
brincando com seus irmãos, e de repente todos criaram asas e voaram para longe,
onde não seria mais possível vê-los, e a partir de uma análise é possível interpretar
que à essa sonhadora quando criança foi dito que quando as crianças morrem,
criam asas como anjos e voam para o céu, portanto esse sonho sugere a morte de
seus irmãos porém influenciada pela censura.
Para a criança que é poupada da visão do sofrimento da morte, interpreta ela como
apenas “estar ausente” ou seja, não perturbar mais a vida dos sobreviventes,
portanto para algumas crianças desejar que a outra não esteja presente seria o
mesmo que ela morresse, pois não tem esse contato, por isso se torna tão comum
esse desejo e pulsão.
Já na relação entre pais e filhos, existe não apenas uma ocasião para a inimizade;
as condições para a formação de desejos que não resistem à censura são
numerosas, e esses desejos partem novamente da primeira infância, tendo como
marco para esse condicionamento o Complexo de Édipo, quando as primeiras
inclinações da menina se dirigem ao pai, que os primeiros desejos infantis do
menino têm a mãe como seu objeto, assim, o pai se torna um concorrente para o
menino; e a mãe, para a menina, e o amor do adulto significa para ela não só a
satisfação de uma necessidade especial, mas também a garantia de que sua
vontade é feita em todos os outros aspectos. Assim, a criança se rende à sua
própria pulsão sexual e renova simultaneamente a inclinação dos pais e
consequentemente a competição e ódio por um deles.
OS SONHOS DE EXAMES
Sonhos com provas escolares, com baixas notas, reprovação acadêmica,
desclassificação em um concurso, são as lembranças inextinguíveis dos castigos
que sofremos na infância pelos erros cometidos que voltam a se manifestar em
nosso íntimo nos dois momentos cruciais dos nossos estudos.