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Curso Livre de Formação em Psicanálise Disciplina: Psicanálise dos Sonhos FIC SERVIÇOS EDUCACIONAIS LTDA

FIC SERVIÇOS EDUCACIONAIS LTDA

CURSO LIVRE DE FORMAÇÃO


EM PSICANÁLISE

DISCIPLINA: PSICANÁLISE DOS SONHOS

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CONCEITO GERAL

Concepção freudiana: Sonho é "um produto da atividade do Inconsciente e


que tem sempre um sentido intencional, a saber: a realização ou; a
tentativa de realização - mais ou menos dissimulada, de uma tendência
reprimida".
Sonho é produzido com os pensamentos, dados e experiências que são
recalcados para o inconsciente, e que os fazem os automaticamente, mas
que agridem o psiquismo. O sonho, portanto, é algo que, por força do
superego, não deve acontecer no pensamento chamado consciente. A
censura não o permitiria. O sonho é, portanto, a "estrada real do
psiquismo". Freud entende que o Psicanalista, partindo da informação que
lhe presta o paciente (conteúdo onírico manifesto), chegará a obter o
conteúdo latente ou "idéias do sonho". Este trabalho torna-se
desnecessário nos chamados "sonhos infantis", em que coincidem ambos
os conteúdos e o sonho é, evidentemente, uma satisfação de desejos (tal é

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o caso do rapaz que indo dormir sem jantar, sonha que come saborosos
manjares, ou o menino que, na noite de Natal, sonha que está ganhando
brinquedos, etc.). Mas não devemos confundir "sonhos infantis com sonhos
de crianças. A maioria dos sonhos das crianças são infantis, alguns não.
Certa quantidade de sonhos de adultos também são infantis. É uma
questão de natureza.do sonho e não de faixa etária.

Os sonhos de adultos normalmente são:


a) Coerentes, porém, curiosos, surpreendentes e chocantes (o paciente
sonha que um touro investiu contra o irmão, por exemplo);
b) Incoerentes, em que, além do aspecto estranho da realidade de suas
imagens, existe a falta da ilação (dedução) entre estas.
Nesses casos, dir-se-ia que o paciente submerge-se em um mundo
alucinante de sucessos fantásticos, alguns dos quais permanecem presos
às suas recordações e outros se desvanecem com rapidez tal, que apenas

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é possível fixá-los logo após o despertar. Estes sonhos, a que se liga com
freqüência um elemento de angústia, eram considerados, antes de Freud,
como produto de uma disfunção cerebral de origem tóxica ou circulatória
(os chamados pesadelos). Tanto Freud quanto os demais estudiosos do
assunto, os consideram "reveladores das forças que atuam nas camadas
profundas do ser individual".
Às deformações produzidas diretamente pela censura onírica, juntam-se as
que posteriori, se originam da consciência, virtude do denominado
"processo de elaboração secundária", não sendo raro que cheguem,
aqueles sonhos, a ser prontamente esquecidos por completo.

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PROCESSOS FUNDAMENTAIS DA ELABORAÇÃO DO SONHO

1. Condensação: Neste caso, se encontra também as produções do


pensamento do homem primitivo (arquétipos) e nas obras artísticas dos
pintores surrealistas, onde uma mesma imagem representa diversos
conteúdos latentes e se acha, assim, sobre determinada em seu
significado. A condensação tem, às vezes, lugar por incorporação de
elementos ou detalhes de outros conteúdos mentais à imagem central,
obtendo-se, assim, uma figura que se assemelha às fotografias compostas
de Galton.
Não é raro, por exemplo, que uma mesma pessoa onírica ofereça traços
que recordem sucessivamente os de vários parentes ou amigos. Freud
designa estas imagens com o qualificativo de "Sammelpersonem", ou seja,
"pessoas conjuntas". O mesmo processo é observado com os nomes,
dando lugar a curiosos neologismos que recordam os da esquizofrenia. Um

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paciente de Freud sonhou chamar-se Norekdal. Verificou-se, pelo método


da análise, que havia condensado os dois nomes de Nora e Ekdal (dois
personagens de um drama de Ibsen, cuja situação afetiva teria relação
com a sua).

2. Deslocamento: O deslocamento faz com que, em determinadas


circunstâncias, recaia em um elemento onírico aparentemente neutro e
insignificante a representação e o sentido de outras imagens importantes,
que se acham ligadas a ele por fortuitas relações associativas. No
deslocamento a imagem menos interessante do conteúdo manifesto passa
a ser portadora da idéia central do conteúdo latente, como nos contos
policiais, em que o autor do crime é sempre aquele de que menos
suspeitamos.

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As imagens representativas correspondentes a vivências recentes, ainda


não sedimentadas, são as que melhor se prestam para servir de
substitutos a imagens que veiculam as cargas afetivas mais potentes e
estáveis da personalidade. Por isso, é comum que interfiram nos sonhos
grande número dessas "recordações recentes da vida diária", que
aparentemente não tem significação, mas são os expoentes do significado
onírico latente.

3. Dramatização: É o terceiro fator que intervém na elaboração dos


sonhos, de acordo com a teoria freudiana. Em virtude desta dramatização
ou "encarnação", o sonho adquire um aspecto teatral; para ele convergem
em um curto período de tempo o presente, passado e o futuro. Todas as
idéias e representações adquirem uma expressão visual (artificial) e se
ligam com truques inteiramente comparáveis aos da arte cénica, sobretudo
da arte cinematográfica muda. Alexander afirmou que os sonhos são
bastante semelhantes aos "desenhos animados', onde "tout est possible".

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A conjunção dos três fatores mencionados dá o caráter "símbolico-


esotérico" do sonho. Destes processos, resulta a chamada simbolização
onírica, que dá ao sonho um sentido esotérico.

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LISTA DAS SIMBOLOGIAS SEGUNDO FREUD, EM TRAUMDEUTUNG


(Interpretação De Sonhos)

1. Personagens reais representam normalmente os pais do sonhador,


sendo que este aparece quase sempre como príncipe ou princesa;

2. Às vezes, os pais são representados por homens ou mulheres célebres;

3. Todos os objetos longos ou pontiagudo: facas, punhais, lima de unha


etc., representam o órgão sexual masculino;

4. Os estojos, caixas, estufas, correspondem ao corpo feminino, como


também as cavernas, barcos e toda sorte de recipientes;

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5. As habitações são, quase sempre, mulheres. Uma habitação fechada ou


aberta nem precisa ser explicada;

6. O sonho de fugir através de várias habitações representa a pessoa num


harém ou num lugar de prostituição;

7. Se a pessoa sonha com duas habitações, que antes era uma, seu sonho
está relacionado com a investigação sexual infantil, quando o menino
supõe que o órgão sexual feminino se confundia com o ânus - teoria infantil
da cloaca;

8. Os degraus de uma escada, subindo ou descendo, são símbolos do ato


sexual;

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9. As paredes e muros lisos pêlos quais subimos, e as fachadas das casas


pelas quais descemos, às vezes com grande angústia, correspondem a
corpos humanos em posição ereta e reproduzem, no sonho,
provavelmente, a lembrança infantil de subir pelas pernas dos pais;

10. Os muros lisos são homens;

11. As mesas postas para refeição e as tábuas são igualmente mulheres;

12. A madeira parece-se, em geral, um símbolo de matéria feminina, sendo


a mesa e a cama o que objetivamente constitui o matrimônio;

13. Um ato de glutonaria pode ter o significado anterior, também;

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14. O chapéu feminino ou um agasalho, aparecem com freqüência como


símbolos genitais femininos;

15. A gravata é um símbolo peruano, tanto pelo fato de ser armada na


frente e ser utensílio característico do homem, quanto porque pode ser
escolhida à vontade, coisa que a natureza não nos permite fazer com
membro simbolizado;

16. Todas as complicadas maquinarias e aparelhos que surgem no sonho


são, provavelmente, órgãos genitais e, quase sempre, masculinos. As
ferramentas também aparecem com este significado;

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17. As paisagens, sobretudo as que mostram pontes ou montanhas cheias


de bosques, podem ser interpretadas como símbolos de órgãos genitais
femininos;

18. Os meninos pequenos devem ser símbolo de órgão sexual masculino.

19. Brincar com crianças pequenas, dar-lhes golpes, acariciá-las, etc., são,
freqüentemente, representações oníricas da masturbação;

20. A calvície, cortar os cabelos, a extração ou a queda de um dente e a


decapitação, são utilizados para representar simbolicamente a castração,
cujo complexo tem importante papel na psicologia de muitas mulheres;

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21. Quando um dos símbolos usuais do pênis aparecem mutilados em


sonho, devemos interpretar como medo preventivo de castração;

22. A imagem onírica da lagartixa, também significa castração, pelo fato da


cauda desse animal crescer depois de ter sido cortada;

23. Animais pequenos e parasitas representam os irmãozinhos que vieram


perturbar, com o seu nascimento, a hegemonia do primogênio;

24. Animais empregados na mitologia e no folclore são símbolos de órgãos


genitais, tais como coelho, peixe, caracol, rato, sobretudo a serpente, são
símbolos de pênis; Sonhar que tem o corpo invadido de parasitas, é
símbolo de gravidez; Aviões, foguetes, armas de guerra, são símbolos
penianos;

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25. A direita e a esquerda, devem ser interpretados no sentido ético. O


caminho da direita significa o que se deve seguir, etc.;

26. O caminho esquerdo, várias vezes, significa o da homossexualidade,


do incesto, das perversões sexuais.

É claro que os elementos alinhados são, fundamentalmente, sexuais, como


não poderia deixar de ser, uma vez que Freud trabalha o Pansexualimo por
excelência. Entretanto, nem todos os sonhos são sexuais. Todos, contudo,
pretendem a satisfação de um desejo.

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NORMAS QUE FACILITAM A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS

1. Os sonhos são sempre precipitados por fatos da véspera. São os


chamados "restos do dia".

2. Os sonhos traduzem sempre uma preocupação do presente dramatizado


sobre elementos mnéticos do passado;

3. A relação de causa e efeito entre dois fatos permanece, geralmente,


expressa no processo onírico pela sucessão cronológica das imagens
representativas daquele, ou por sua contigüidade espacial;

4. Uma mesma série de imagens oníricas pode representar ou simbolizar


um fato e seu contrário (antítese), isto é, a ação positiva e a negativa.

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Assim, quando em sonhos vemos uma pessoa morrer, esse fato pode
significar tanto nosso desejo de que ela morra, quanto o desejo de que ela
não morra;

5. As relações de analogia entre dois fatos ou processos representam,


geralmente no sonho, mediante o aparecimento de algum elemento que
resulte comum a ambos por via associativa. O fato de que alguma pessoa
tenha, por exemplo, algum detalhe em suas vestes, que em realidade
corresponda a de outra, deve ser interpretado, segundo esta norma, como
uma alusão à analogia que existe entre pessoas, de acordo com o critério
do que sonha. Conseqüentemente, é possível que todos os atos que
realiza a pessoa sonhada correspondam ao que nós desejaríamos ver
predicados, na realidade, pela pessoa a qual corresponde o referido
detalhe da veste;
6. O estado de dúvida ou de luta subconsciente de dois desejos é
simbolizado no sonho, geralmente, pela exposição sucessiva de dois

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acontecimentos contrários ou de suas soluções opostas. Assim, é bastante


freqüente que sonhamos, por exemplo, que fazemos uma viagem em
companhia de uma determinada pessoa e que depois continuamos tal
viagem em companhia de outrem;

7. Os sonhos de angústia ou sonhos maus, nos quais o paciente desperta


de modo brusco, acometido por uma grande opressão ou mal estar, são os
que costumam ser de mais difícil interpretação e oferecem um
deslocamento mais manifesto de seus elementos. Será, portanto, muito
útil, não começar sua exploração psicanalítica sem ter o material dos
sonhos que precederam àqueles ou que os seguiram. Estes sonhos devem
se produzir quando o sonhador vive uma situação violenta. Seu conteúdo
latente encontra-se, geralmente, constituído por tendências francamente
anti-morais e delituosas: desejo de morte, incestuosas, etc.;

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8. Nunca devemos aventurar uma explicação geral da intenção de um


sonho sem ter obtido a confirmação de cada um dos detalhes em que a
baseamos, graças às restantes provas psicanalíticas. Sob o ponto de vista,
é cem vezes preferível deixar em suspenso uma interpretação onírica, que
fazê-la prematuramente, arrastando-nos, assim, por caminhos que
desorientarão e nos levarão ao erro;

9. Antes de tentarmos a interpretação, precisamos fazer perguntas


procurando permitir que o paciente relacione o conteúdo manifesto com
coisas e lugares que ele lembre;

10. Devemos pedir que o paciente associe as coisas do conteúdo


manifesto com fatos que aconteceram, tanto de sua vida quanto da
sociedade em geral

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PRINCÍPIOS GERAIS SOBRE OS SONHOS

Freud considerava que sua Teoria dos Sonhos, e mesmo o seu livro
"Interpretação de Sonho", continha a mais valiosa de todas as descobertas
que tivera a sorte de fazer.

Freud tinha perfeitamente razão em valorizar tanto o seu trabalho sobre os


sonhos. Em nenhum outro fenômeno, da vida psíquica norma os processos
inconscientes da mente são revelados de forma tão clara e acessível ao
estudo. Os sonhos são, verdadeiramente, uma estrada real que leva aos
recessos inconscientes da mente. No entanto, isto não esgota as razões
que se tornam importantes e valiosos para o psicanalista. O fato é que o
estudo dos sonhos não proporciona simplesmente a compreensão dos
processos e conteúdos mentais inconscientes em geral. Revela,
principalmente, os conteúdos mentais que foram reprimidos ou, de

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qualquer forma, vez que a parte do Id, cujo acesso à consciência foi
barrado, é precisamente a que está envolvida nos processos patogênicos
que originam as neuroses e, talvez, também as psicoses. É fácil
compreender que esta característica dos sonhos constitua mais uma razão,
muito importante, para o lugar especial que o estudo dos sonhos ocupa na
Psicanálise.

A teoria psicanalítica dos sonhos pode ser formulada da seguinte


maneira:
1. A experiência subjetiva que aparece na consciência durante o sono e
que, após o despertar, chamamos de sonho, é apenas o resultado final de
uma atividade mental inconsciente durante esse processo fisiológico que,
por sua natureza ou intensidade, ameaça interferir com o próprio sonho. Ao
invés de acordar, a pessoa sonha;

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2. Chamamos de sonho manifesto, a experiência consciente, durante o


sono, que a pessoa pode ou não recordar depois de despertar. Seus vários
elementos são designados como conteúdo manifesto do sonho;
3. Os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçam acordar a
pessoa são denominados conteúdos latente do sonho;
4. As operações mentais inconscientes por meio das quais o conteúdo
latente do sonho transforma em sonho manifesto, damos o nome de
elaboração do sonho, também chamada dramatização.
Conteúdo latente: Obviamente, o conteúdo latente é a parte mais
importante do sonho. Toda a significação, desejos, problemas, neuroses e
até predisposições psicóticas estão nesta parte. Assim, o conteúdo latente
do sonho é dividido em três predisposições psicóticas estão nesta parte.
Assim, o conteúdo latente do sonho é dividido em três categorias
principais:

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1. A primeira compreende as impressões sensoriais noturnas, as quais


invadem continuamente os órgãos sensoriais daquele que dorme; às vezes
algumas participam da iniciação de um sonho e, neste caso, formam parte
do conteúdo latente desse sonho. Todos nós já experimentamos essas
sensações: o som de um despertador, sede, fome, urgência em urinar ou
defecar, dor de um ferimento ou de um processo mórbido devida à má
posição de alguma parte do corpo, calor ou frio desconfortáveis, tudo pode
ser introduzido no sonho, tomando-se parte do conteúdo latente;

2. A segunda categoria do conteúdo latente do sonho compreende


pensamentos e idéias relacionados às atividades e preocupações da vida
normal, em estado de vigília, daquele que sonha, e que permanecem
inconscientemente ativos em sua mente durante o sono. Por causa de sua
atividade contínua, tendem a acordar a pessoa, do mesmo modo que o
fazem os estímulos sensoriais. Se a pessoa sonha ao invés de acordar,

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esses pensamentos e idéias atuam como parte do conteúdo latente do


sonho;

3. A terceira categoria compreende um ou vários impulsos do Id que, ao


menos em sua forma infantil original, são banidos pelas defesas do Ego e
da consciência ou da gratificação direta durante o estado de vigília. Esta é
a parte do Id que Freud chamou de "reprimida" em sua monografia sobre a
hipótese estrutural do aparelho psíquico, em 1923, embora mais tarde
adotasse o ponto de vista, agora geralmente aceito pêlos Psicanalistas, de
que a repressão não é a única defesa que o Ego emprega contra os
impulsos do Id inadmissíveis à consciência.

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Generalidades sobre Princípios do Sonho

1. No que se refere aos sonhos da última parte da infância e da vida


adultas, o conteúdo latente tem duas origens: uma no presente e a outra
no passado;

2. A parte essencial do conteúdo latente é a que provém do Id reprimido. E


a parte que contribui com a maior parcela de energia psíquica necessária
ao sonho é que, sem essa participação, não pode haver sonho;

3. O conteúdo latente é inconsciente, enquanto o conteúdo manifesto é


consciente;

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4. O processo de sonhar é, em essência, um processo de satisfação de um


impulso do Id com uma fantasia;

5. No sonho, o disfarce e a distorção são de tal monte, que o aspecto de


satisfação do desejo do sonho é manifesto é, por assim dizer,
irreconhecível. Apresenta-se como uma miscelânea de fragmentos sem
relação aparente que parece não ter qualquer sentido e muito menos
representar a realização de um desejo;

6. No sonho, um anseio latente pode, assim, apresentar-se como uma


repugnância manifesta, ou vice-versa. O ódio pode manifesta-se como
amor, a tristeza como alegria, e assim por diante. É o que chamamos de
"antítese";

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7. Na teoria estrutural, o sonho é, no seu aspecto manifesto (conteúdo


manifesto), uma alucinação.

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PRINCÍPIOS PARA A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS

1) A oniromancia é uma ciência, e uma ciência para ser conhecida,


necessita de estudos acurados;
2) Há a oniromancia que pretende oferecer chaves para os sonhos, de
modo que se possa deles se beneficiar para fins Ictéricos. Não é esse o
caminho, positivamente, seguido pela Psicanálise para explicar os sonhos
e seus mistérios;
3) A Psicanálise encara os sonhos como fenômenos psíquicos, mas
perfeitamente determinados, trazendo-nos, por isso, para um dos capítulos
mais importantes da Psicologia;
4) É o próprio analisado quem vai nos dizer o que o seu próprio sonho
significa, com as informações que nos fornecerá;

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5) É sempre mais fácil interpretar os nossos sonhos (desde que


apliquemos a técnica) do que os sonhos alheios. Mas, também neste caso,
precisamos considerar todos os elementos do sonho e nos deter sobre
cada um deles, iniciando o trabalho interpretativo quando recordamos os
sonhos que tivemos;
6) Nos sonhos alheios, procederemos de igual modo, isto é, indagaremos
ao analisado quais as lembranças que lhe vêem à mente ao recordar os
sonhos. Precisamos indagar tanto sobre as lembranças associadas quanto
sobre lembranças de fatos da véspera (restos do dia);
7) Se analisarmos os nossos próprios sonhos, devemos tomar o firme
propósito de não ceder um passo ao influxo de nossa autocrítica. A
resistência, tão presente na Livre Associação, também se intromete nas
lembranças relativas ao sonho, (quando não na lembrança do próprio
sonho) bem como se encarrega de provocar desvios de apreensão, para
que entendamos o sonho. O que foi elaborado para burlar o Superego,
certamente se encarregará de distrair o Ego;

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8) A interpretação do sonho se realiza através de uma resistência que visa


impedir a perfeição da análise, tal qual acontece com a aplicação direta do
método freudiano;
9) Como em geral acontece, as idéias que o indivíduo encobre, ou que a
crítica reprime, são justamente, sempre e sem exceção, as mais preciosas
e as mais importantes e decisivas à análise;
10) Para uma perfeita interpretação, verificamos que um determinado
elemento do sonho deve lembrar, por exemplo, um fato recente; ou que na
véspera do sonho houve "isto" ou mais "aquilo". Estes "elementos
achados" unem-se, depois, a acontecimentos mais longínquos e, às vezes,
a épocas remotas;
11) Uma vez decomposto o sonho em seus elementos, enlaçaremos uns
com os outros e termos, assim, o sentido total, ou melhor, a decifração
procurada;

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12) A função do sonho é, entre outras, a de afastar todas as nossas


preocupações desagradáveis, todas as fontes de excitação que nos são
prejudiciais e que perturbariam o nosso repouso, para transformá-los em
motivos agradáveis e prazerosos;
13) O sonho é o fiel guardião da nossa saúde psíquica, da nossa alegria de
viver, uma vez que a vida não passa, em essência, de uma contínua
procura de prazer, contrariada pela realidade - Teoria do Princípio do
Prazer;
14) Quanto mais impura é a vida de um indivíduo, mais puros serão os
seus sonhos. Inversamente, mais impuros serão os sonhos quanto mais
pura for a vida;
15) Os recalques sexuais, os desejos condenados pela consciência
despertam ou menos afeto a formação moral, ou mesmo a idéia falsa que
se faz de tais assuntos, são provocadores dos sonhos complicados e
temidos;

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16) O sonho é uma atividade mental que, à semelhança de um guarda


noturno que, não podendo lutar sozinho, mete o apito na boca e pede
socorra;
17) Em nenhum caso, os sonhos podem ser vistos como perturbadores do
sono. A eles devemos o nosso verdadeiro repouso quando dormimos;
18) Não existe sono sem sonho e que quando pensamos não haver
sonhado, ainda assim é ao sonho que devemos o repouso. O que acontece
é que só lembramos dos sonhos mais intensos, que forçaram-nos a
acordar, ou daqueles que aconteceram segundos antes de acordarmos;
19) Os sonhos são esquecidos, em princípio, quando o indivíduo não tem
nenhum interesse em guardá-los;
20) Os sonhos são tão esquecidos ou "esquecíveis", quanto mais do fundo
do inconsciente eles surgem;
21) As pessoas que "não sonham", quando analisadas, apresentam
recalques afetivos profundos;

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22) Quando uma pessoa, efetivamente, não sonha, é porque possui


problemas estruturais graves, ou seja, são psicóticas, e, por isso, não
analisáveis;
23) Os sonhos não se limitam a refletir acontecimentos vividos. Vão muito
mais além. Aproveitam-se deles para dizerem alguma coisa importante. E
isto está no sentido oculto que apresentam;
24) Freud diz que em todo sonho existem certos e determinados elementos
que se enlaçam com os acontecimentos do dia imediatamente anterior. O
dia anterior deve constituir sempre o ponto de partida para uma
interpretação;
25) Os elementos oníricos, oriundos de acontecimentos, ocorridos na
véspera do sonho, são tão fáceis de pesquisar que dispensam por si
mesmo maiores explanações e detalhes;

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26) Conhecer, analisar e tratar de uma neurose através dos sonhos escapa
ao conhecimento especulativo que se possa ter na oniromancia, para cair
no terreno psicoterápico propriamente dito;
27) Só o Psicanalista adestrado é capaz de liderar com o material neurótico
e dele tirar resultados úteis e indispensáveis à terapêutica psicanalítica, o
que não deve ser objeto de aventureiros, principalmente em termos de
sonhos;
28) Os sonhos dos neuróticos, aparentemente, em nada diferem dos outro.
Têm as mesmas características. Mas só na aparência. Bem examinados,
porém, símbolos e alusões possuem um caráter, por assim dizer,
permanente, revelando repressões inconscientes de natureza sexual
específica, que só o exemplo de alguns deles pode esclarecer. Em
princípio, tais sonhos são repetitivos, são idéias fixas, que volta e meia,
estão presentes;
29) Os sonhos, isoladamente, não autorizam o Psicanalista a fazer
diagnóstico e menos ainda a instituir um tratamento. Só em mãos bastante

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destras, tomam-se, eles, capazes de oferecer índices proveitosos e de


revelar alguma coisa mais que a simples análise de um sonho comum;
30) Os sonhos acordados são um fenômeno com uma elaboração um
pouco diferente dos sonhos comuns;
31) Os sonhos acordados surgem por meio de representações, que
fantasiamos à nossa maneira, segundo o curso que damos às nossas
fantasias;
32) Os sonhos acordados são tão mais freqüentes quanto maior for o grau
de egoísmo humano, da ambição, da necessidade de domínio e dos
desejos eróticos, quase sempre insatisfeitos;
33) Nos sonhos acordados, encontramos a matéria prima da qual se
utilizam os poetas para realizarem as suas produções;
34) Não confundir "devaneios comandados" com sonhos acordados;
35) No "sonho acordado" , o concurso da vontade tem atuação mínima.
Não é uma espécie de fuga, o que ocorre nos devaneios;
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36) Se o material "sonhado", neste caso, não preencher os requisitos de


sonho nem de devaneio, o que temos são alucinações.

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SONHOS INTERPRETADOS

Nesta parte, vamos considerar sonhos narrados e interpretados por Freud,


Gastão e por nós. Citaremos as pessoas por letras ou números,
indiscriminadamente.
1. "Um indivíduo sonha que sobe uma montanha, da qual avista um amplo
panorama".
Sem ajuda do analisado seria impossível uma interpretação cartada. Teoria
esse indivíduo subido uma montanha na véspera do sonho? Nada disso.
Com o auxílio das recordações do analisado, verificou-se que ele,
anteriormente, havia procurado um amigo, editor de uma revista, que
circulava até mesmo pêlos recantos mais longínquos do mundo. O que
revela (pensamento latente) o desejo que o analisado tinha de identificar-
se com aquela revista, capaz de se relacionar com o universo que rodeia.

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2. "Um indivíduo sonha que, estando aguardando uma consulta na sala de


espera do consultório, vê abrir a porta e desta sair um médico (que
identifica perfeitamente), aproximar-se e lhe pedir um fósforo para acender
o seu cigarro. O nosso cliente, no entanto, ao invés de lhe dar fósforos, tira
do bolso uma maçã e oferece ao referido clínico, que a recusa”.

O conteúdo manifesto é perfeitamente conhecido. Até mesmo o hábito do


clínico solicitar fósforo àquele cliente era corriqueiro. Mas a alusão à maçã
é pura concepção onírica e constitui o conteúdo latente, porque quer
revelar alguma coisa que não está positivamente no conteúdo manifesto. O
símbolo foi descoberto facilmente, pois o paciente vinha se submetendo a
análise e demonstrando ser portador de complexos de natureza
homossexuais, aos quais reagia, não desejando, portanto, que os mesmos
fossem revelados. Acontece que o tal médico que aparece no sonho,
trabalhava em um consultório cuja sala de espera era igual à do

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Psicanalista. O paciente, então, a nível inconsciente, admitia que o


Psicanalista e o clínico tivessem trocado impressões sobre ele. E,
naturalmente, e da situação analítica que o paciente desconfia. No caso, o
que ocorreu foi o seguinte: Ao pedido do fósforo, que pode ter sido
interpretado como símbolo peniano, ele ofereceu uma maçã, outro símbolo,
mas no caso, de genitália feminina, fruto proibido.

3. "Vários membros de uma família estão reunidos em torno de uma mesa,


a qual tem uma forma particular".

O que faz pensar no conteúdo latente é justamente a forma particular da


mesa. Ela deve encobrir um sentido oculto, que escapa no conteúdo
manifesto. A propósito da mesa, recorda o analisado haver visto um móvel
semelhante em casa de uma outra família, sua conhecida. Esta ocorrência
enlaça-se, desde logo, à idéia de que. Nesta última família, não eram

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cordiais as relações entre pai e filho. O analisado confessa que se dá o


mesmo entre ele e o pai. Assim, pois, a introdução da mesa, no sonho,
revela o paralelo existente entre as duas famílias.

4. "O ambiente é de terror, F. vai ser atirado-entre as feras, como um


cristão, na presença de Nero. Tigres e leões terríveis investem contra ele.
Mas nisto, aparece um enorme lobo, vestindo um fraque. Este é o animal
escolhido para devorar F. que, ao ver o lobo vestido de fraque, não tem
medo de enfrentá-lo".

Na análise, verificou-se que o fraque substituía a figura de um professor,


protetor de F. O ambiente de terror referia-se aos exames que F. tinha que
se submeter numa faculdade, presididos por um certo lente que ele achava
que o perseguia, simbolizado n sonho por Nero. As outras feras eram os

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outros examinadores, mas dos quais já não tinha medo por causa da
intervenção daquele professor que o protegia.
5. "F. está em um campo, absolutamente árido, vazio, sem elevações, sem
verduras, sem nada".
Para que fosse possível a interpretação, empregou-se o processo da livre
associação. Assim, o campo lembra prado, prado lembra planura, planura
lembra chapada... A essa altura, F. se recorda perfeitamente do campo
árido, vazio, sem elevações, sem verduras, sem nada e... imediatamente
esse canário do sonho que, a princípio, não lhe inspirava nada, transporta-
o para o sertão, onde estivera, e então se toma perfeitamente
compreensível o fragmento que, à primeira vista parecia completamente
inapreciável.
6. "O menino F. sonha que abriu uma geladeira e comeu o pudim que a
mãe havia guardado ali".

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Em verdade, F. pedira um pedaço do pudim que sua mãe preparara para o


dia seguinte, data do seu aniversário. Ela se recusara a partir o doce na
véspera e, assim, satisfazer o pedido do filho. Este, no entanto, não se
conformando, come, vingado, o pudim inteiro no sonho que teve naquele
mesmo dia. Observamos o que sonho não só realizou o desejo da criança,
como também o ampliou, pois F. não se limita só a saborear um simples
pedaço, mas come o pudim inteiro. Trata-se de um sonho infantil,
desprovidode simbolismos. É direto.

7. "F. vai à fazenda do pai, muito distante da cidade em que mora, no seu
próprio automóvel de brinquedo". —

Na véspera, o pai de F., que tinha um automóvel confortável, nega-se a


levar o filho à sua fazenda, apesar deste bater o pé e haver ficado em casa

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chorando... Quando dorme e sonha, o garoto vê o desejo amplamente


satisfeito.

8. "F. está num cinema com "ele". O rapaz vai se chegando cada vez mais
para perto dela, até que toca nas suas mãos. Nisto, as pessoas que estão
próximas mudam de lugar e F. tem a sensação de que está só. "Ele" vai
agora abraçá-la (naturalmente, beijá-la) e ela começa então a sentir um
terrível mal-estar. A cena que está na tela é a cena infalível do beijo. F.
sente-se sufocada e a aflição aumenta cada vez mais. Um medo secreto a
invade. Mas agora "ele" quer mesmo o beijá-la. Porém, F., num supremo
esforço, repele a atitude sensual do rapaz".

Este fragmento reflete a desconfiança de F. pelo seu namorado. Mas toda


a sua trama é a de não poder entregar-se a ele, independente da citada
desconfiança, pois a análise da alma de F. mostra um temperamento

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ardente, todavia preso ao preconceito. Não fosse isto, F. se entregaria,


pois um segundo fragmento deste sonho confirma a análise. Vejamos: "Ao
se afastar dele, F. sente-se desmaiar. Agora vai caindo... caindo no vácuo,
enquanto mãos a apertam e um corpo se une ao seu, esfregando-se no
seu...
F. quer livrar-se, mas não consegue... Todo seu corpo treme... Uma
sensação estranha invade-lhe a alma... Continua caindo, caindo...
Finalmente, aflita, acordo". Analisemos algumas alusões para
esclarecermos melhor o pensamento:
a) "Sente-se desmaiar" - luta íntima entre o preconceito e o desejo. Se a
consciência não a acusasse, F. se entregaria;
b) "F. vai agora caindo no vácuo" - Pode ser fuga do preconceito para u
lugar onde D. pudesse satisfazer o instinto, um lugar vazio, desprovido de
censura;

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c) "Cair no vácuo" - Seria, também, cair num espaço imaginário, não


ocupado por alguma coisa e que a elaboração onírica aproveita como um
local que não fosse visto por ninguém. Ali, estão, F. se entregaria ao amor,
ao seu prazer erótico;
d) A aflição que acompanha o senho parece fazer referência ao onanismo.
9. "F. vai visitar uma pessoa cujas condições políticas não estão de acordo
com o seu pensamento. A pessoa não se encontra em casa. Enquanto F. a
espera, olha pela janela e vê grandes e belos cardumes de peixes
coloridos voando sob um céu sereno e azul".
F. tivera, na véspera desse sonho, certa conversa com um amigo, na qual
comparara os aviões aos peixes, acrescentando que Santos Dumont talvez
houvesse morrido de desgosto, pois havia destinado a sua descoberta à
beleza da vida e não à guerra.
10. "Paciente l com pessoa 2 (noivo), deitados no chão de um cemitério,
desejando saírem dali. Pessoa X. deitada numa rede, e este era chefe de

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torcida de um time famoso, pede que eles permaneçam um pouco mais e


sintam o prazer de estarem deitados ali. O cemitério era do tamanho exato
do consultório do analista e não tinha nada, nenhuma sepultura. Mas era
cemitério".
Este sonho mostra que as relações da paciente com o seu noivo são
conhecida do analista, que está presente, na rede, sendo permissivo.
Sabemos que é o analista porque o tal chefe de torcida tem algo em
comum com a paciente (ambos torcem pelo mesmo time). O Psicanalista
tem a profissão da mesma área da paciente.

11. "Paciente F. sonha que estava pescando em um rio em frente a sua


casa, onde não tem rio algum. Pega dois peixes menores e um bem
grande. Fica a mostrar, orgulhoso, os peixes que havia fisgado".

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O paciente tem complexo de castração e trauma por ter um pênis que


considera pequeno. Faz de tudo para que ninguém veja ou imagine sua
dimensão. Deseja, entretanto, pela presença do exibicionismo, mostrando
um grande membro (o que faz com o peixe grande). Os dois peixes
pequenos são os testículos.

12. "F. vai com o ex-namorado e sua esposa a um restaurante. Desejam


jantar, mas não tem mesa, só cadeiras. Procura juntar as cadeiras, mas
não consegue providenciar o meio adequado. No sonho, ela estava
apaixonada pelo ex-namorado e não conseguia distinguir a fisionomia da
esposa do rapaz".

Trata-se de um sonho que denuncia a transferência pelo Psicanalista. A


paixão aí é clara. O fato de não se visionar a fisionomia da esposa é que
ela não conhece a mulher do Psicanalista. A mesa que não existe é a

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cama, símbolo, que ela não via possibilidade. A fome, então, nem se fala o
que é ...
Conclusão: Esses sonhos considerados, são poucos, simples e até
superficiais, É necessário que o interessado estude muitos complexos
sonhos, tirando deles o hábito e a técnica da interpretação. Não
aprendemos a interpretar sonhos por mágica, nem sonhando! Temos que
estudar bastante e erra-se, às vezes.
NORMAS DE FREUD PARA INTERPRETAÇÕES

I - Início do trabalho com Sonhos:


1. Abordagem: É muito cômodo esquecer que, via de regra, um sonho é
simplesmente um pensamento como qualquer outro, possibilitado por um
relaxamento da censura e pelo reforço do inconsciente e distorcido pela
atuação da censura e pela revisão do inconsciente". No trato com o
material e as associações dos sonhos, são importantes as regras gerais

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aplicáveis a todo material fornecido pelo paciente. É essencial que o


terapeuta mantenha sua atenção suspensa, ouvindo passivamente e não
tente concentrar-se sobre qualquer elemento ou associação em particular.
"O terapeuta não coloca seus poderes de reflexão em ação".
Freud aplicou suas próprias associações aos sonhos de seus pacientes, a
fim de ajudar na compreensão do que eles diziam;
a) Freud sintetizou, assim, a orientação geral ao terapeuta para o momento
de escutar o material dos sonhos: Não nos devemos preocupar com o que
o sonho parece dizer-nos, se ele é inteligível ou absurdo, claro ou confuso,
já que o que estamos buscando pode não ser o material consciente;
b) Devemos restringir nossa tarefa a evocar as idéias substantivas para
cada elemento, não devemos refletir sobre elas nem ponderar se contém
algo relevante, e não devemos ficar preocupados como o quanto elas
divergem do elemento onírico;

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c) Devemos aguardar até que o material inconsciente oculto, que estamos


procurando, venha à tona por si mesmo.
A tarefa dos terapeutas é a de ajudar o paciente a trazer à tona as
associações com os vários elementos do sonho, facilitar seu fluxo por meio
de estímulos, de perguntas apropriadas e pelo trato com as resistências e
transferências do paciente;
Quando um paciente expõe um sonho pela primeira vez, o terapeuta tem a
oportunidade de indagar acerca do conhecimento que o paciente tem sobre
os sonho;
Às vezes, os pacientes tendem a relatar seus sonhos de maneira sumária,
omitindo muitos detalhes e complexidades da história do sonho manifesto;
Se o paciente nada conhece acerca de sonhos, o sonho por ele recordado
(isto é, o sonho manifesto) é como um quebra-cabeça, um enigma ou uma
mensagem codificada;

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Sugestões técnicas de Freud para lidar com o conteúdo manifesto:


a) Pode-se proceder de forma cronológica e levar o sonhador a trazer à
baila suas associações com os elementos do sonho, na ordem em que
esses elementos ocorrerem no seu relato do sonho. Este é o método
clássico, original que (eu) ainda considero como o melhor quando se estão
analisando os próprios sonhos: "Porque não começamos pelo começo?";
b) Pode-se começar pelo trabalho de interpretação a partir de algum
elemento específico que se escolhe no meio do sonho. Por exemplo, pode-
se escolher a parte mais impressionante ou a que revele a maior clareza
ou intensidade sensorial. O exemplo freudiano de escolher um elemento
que seja especialmente impressionante, claro ou nítido, fornece um outro
ponto de partida útil para as associações, já que esses elementos são, em
geral, muito mais definidos.
Devemos, contudo, advertir ao terapeuta que, em algumas ocasiões,
sentimentos muito intensos estão ligados a elementos especialmente
claros ou nítidos do sonho.

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Daí, temendo que o tratamento venha a ser pior do que a doença, a


ansiedade do paciente pode ocasionar-lhe um aumento da resistência e
causar uma interrupção na terapia antes mesmo que ela tenha começado;
c) Pode-se começar a partir de algumas palavras ditas no sonho, na
expectativa de que possam levar à recordação de algumas palavras
pronunciadas na vida desperta. Visto que as falas num sonho,
freqüentemente se referem, com modificações, a algo que foi dito, ouvido
ou lido no dia do sonho, isto é, no dia anterior ao sonho. Elas constituem
em excelente ponto de partida para a investigação analítica;
d) Pode-se principiar deixando de lado o conteúdo manifesto e, ao invés
disso, perguntar ao sonhador quais os fatos do dia anterior que se acham
associados, em sua mente, com o sonho que ele acabou de descrever. O
fundamento para isso é que "em todo sonho é possível descobrir-se em
ponto de contato com as experiências do dia anterior”. Na verdade, mesmo
a referência mais trivial, uma vez que tenha sido introduzida no sonho de

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algum modo, é importante pelo fato de constituir um ponto de partida para


uma cadeia de associações contendo informações específicas.
Caso o paciente, ao discutir seus sonhos, omita, coincidentemente e por
um período muito extenso, qualquer referência a resíduos do dia ou aos
estímulos do dia do sonho, o terapeuta deve considerar a possibilidade de
o paciente estar suprimindo alguma coisa importante da realidade e deve,
então, tentar compreender por que está se refreando. Os sonhos têm seu
ponto de partida na vida desperta e atuam sobre o material dela derivado.
A capacidade de enxergar um elemento do sonho manifesto que se refira à
sessão de analise anterior representa grande ajuda na terapia.
São de especial importância no material residual do dia, durante os
estágios iniciais da terapia, as primeiras manifestações de preocupação,
hesitação e ansiedade acerca do início do tratamento, e o material de
transferência relativo aos sentimentos do paciente a respeito do terapeuta;

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e) Se é muito difícil acompanhar o primeiro relato de um sonho que (nos) é


feito por um paciente, pedimos que ele repita o seu relato. Ao fazê-lo, ele
raramente usa as mesmas palavras. Mas as partes do sonho que ele
descreve com termos diferentes, se nos revelam, por esse fato, como o
ponto fraco do disfarce do sonho... Nossa solicitação ao paciente, para que
repita seu relato do sonho, o adverte de que nós estávamos propondo um
esforço especial a fim de solucioná-lo. Só à pressão da resistência,
portanto, ele se apressa em cobrir os pontos fracos do disfarce do sonho,
substituindo algumas expressões que ameaçam delatar seu sentido por
outras menos reveladoras. Desse modo, ele desperta a nossa atenção
para a palavra que tenha suprimido. Quando se pede ao sonhador para
repetir um sonho assim, ele omite, visivelmente, uma das partes. Sob tais
circunstâncias, é fácil despertar a atenção do sonhador para a omissão e
então tentar descobrir por que ele omitiu aquela passagem em particular.
Pedir a um paciente para repetir a descrição de um sonho, e então chamar
a sua atenção para as partes que haja omitido, pode fazê-lo sentir-se alvo
de crítica por parte do terapeuta, ou pior ainda, pode levá-lo a pensar que

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foi ludibriado, ou manobrado, a fim de revelar algo que desejava ocultar.


Seria, então, aconselhável para o terapeuta lidar com aquilo que o paciente
tenha relatado, ao invés de voltar-se para as omissões;
f) Ocorre com muita freqüência que um fragmento de um sonho seja
omitido e acrescentado posteriormente como um adendo. Isto deve ser
encarado como uma tentativa de esquecer aquele trecho. A experiência
revela ser encarado como uma tentativa de esquecer aquele trecho. A
experiência revela ser essa passagem, em particular, a mais importante;
houve, suponhamos uma resistência maior no processo usado para
comunicá-la do que no tocante às outras partes do sonho. Não é raro
acontecer que, no meio do trabalho de interpretação, uma parte omitida do
sonho venha à luz, e é descrita como se tivesse sido esquecida até aquele
momento. A parte de um sonho, aquela que tenha sido esquecida e tirada
do esquecimento dessa forma é, invariavelmente, a parte mais importante;
ela sempre se acha no caminho mais curto para a solução do sonho e foi,
por esse motivo, mais exposta a resistência do que qualquer outra parte. E

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é bem provável que esse fosse o único motivo para ser esquecida, isto é,
por ter sido, uma vez mais, suprimida.
Quando um fragmento de sonho é recordado dessa maneira, as outras
partes do sonho podem ser, temporariamente, desconsideradas, e a
atenção enfocada nessa parte. Às vezes, o paciente recorda o fragmento
reprimido no final da sessão de análise, quando não há mais tempo para
debatê-lo, ou após a mesma já ter sido concluída. Existem, é claro, aqueles
pacientes que, de modo característico, poupam material importante para o
final da sessão de análise, momento quando não há mais tempo de
examiná-lo:

1. Se o sonhador já está familiarizado com a técnica da interpretação,


evite dar-lhe quaisquer instruções e deixe-o decidir com que
associações ele deverá principiar.

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É importante ter em mente a existência de uma continuidade entre o sonho


relatado e todas as associações do paciente no decurso de uma dada
sessão. O paciente pode relatar um sonho junto a diversos outros materiais
e tudo está relacionado de algum modo. O terapeuta deve ter em mente,
ainda, que muitos sonhos que são evocados durante as análises são
introduzíveis, ainda que não dêem mostras da grande resistência que
existe.

2. A anotação do Sonho:
Quando o paciente indagar sobre sua utilidade, podemos dizer-lhe que isso
é inútil. A resistência da qual ele extraiu a preservação do texto do sonho,
será, então, deslocada pra suas associações e tornarão o sonho manifesto
inacessível para a interpretação. Em vista desses fatos, não nos
surpreenderemos se outro aumento da resistência suprimir totalmente as
associações e reduzir, assim, à nada a interpretação do sonho.

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É bom lembrar, ainda, que sonhos em demasia podem ser um modo de


manifestação de resistência, impedindo, assim, que seja dado tempo ao
inconsciente para abrir com o que é realmente importante. É, para alguns
sonhadores, um usual tipo de máscara. Outra coisa, é que devemos
lembrar que estamos procurando analisar o paciente e não o sonho do
paciente.

II - Considerações Gerais:
Ao lidar com sonhos, o terapeuta deve ter sempre em mente tudo o que se
desenrola durante a sessão na qual se relata o sonho, o que sabe acerca
do paciente por meio das sessões anteriores, e - principalmente - qual o
material que foi abordado na sessão imediatamente anterior.
Deve-se, de um modo geral, acautelar-se contra a demonstração de um
interesse muito especial na interpretação de sonhos, ou despertará no

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paciente a idéia de que o trabalho de análise não avançaria se ele não


trouxesse à tona nenhum sonho; pois por outro lado existe um risco de que
a resistência do paciente se volta para a produção dos sonhos, como já
vimos, com uma conseqüente cessação dos mesmos, de outro modo,
como já se tem podido observar. O paciente deve ser levado a acreditar
que, pelo contrário, a análise, invariavelmente, encontra material para
prosseguimento, não importando se ele traz à baila sonhos ou qual a dose
de atenção que é dedicada a eles.
Os sonhos são importantes e, quando relatados pelo paciente e
devidamente entendidos, proporcionam um "excelente caminho para o
inconsciente". Entretanto, uma busca demasiadamente ansiosa das
associações do paciente com os vários elementos do sonho, pode inibir as
associações espontâneas do paciente e criar um clima de teste entre
professor e aluno.
O analista deve entender logo de início, que nenhum sonho pode ser
completamente analisado do decurso de qualquer sessão.

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O analista deve acostumar-se, também, ao fato de que um sonho pode,


ainda, ter muitos significados.
Freud diz, também, que a dose de interpretação que se pode obter numa
sessão deve ser considerada suficiente e não vista como uma perda, se o
conteúdo do sonho não for plenamente desvendado. As produções mais
recentes devem ser observadas e não há razão para embaraços por
negligenciar as mais antigas, mesmo sonhos não desvendados totalmente.
Generalidades:
1. Freud assinala que, se não se assimila ou compreende todo o material
de um sonho, ele reaparecerá em outros sonhos, no dia seguinte ou pouco
depois, quer nas associações do paciente ou em outros sonhos que tratem
essencialmente do mesmo tema. Ele escreve: "Ocorre com freqüência,
portanto, que a melhor forma de completar a interpretação de um sonho
seja deixá-lo de lado e dedicar a atenção a um novo sonho, que pode
conter o mesmo material, possivelmente numa forma mais acessível".

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2. Em geral, a abordagem da exploração dos sonhos segue os princípios


básicos da terapia. O terapeuta atua, de modo contínuo, através das várias
camadas de material a partir da superfície. Ele passa do material menos
reprimido para o mais reprimido, ou para o material menos egossintônico;

3. Segundo Freud, "se os sonhos, como um todo, se tornam muito difusos


e extensos, deve-se desde o início desistir, tacitamente, de decifrá-los";

4. Tem sido o demonstrado, por pesquisadores do sono e do sonho


(Dement e Fisher) que todas as pessoas sonham regularmente durante
todo o seu período de sono. Por isso dizemos que o "sonho é o guardião
do sono";

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5. Pode haver uma relação entre os chamados bons sonhadores e as


pessoas que tendem a ser mais imaginativas e criativas. Isto certamente
parecia aplicar-se a Freud;

6. Alguns analistas, reconhecendo que a análise dos sonhos está


relacionada com o problema geral da viabilidade da análise, têm dúvidas
sobre se o paciente que nunca expandem ao invés de se aprofundarem.
"Quanto mais longa e sinuosa é a cadeia de associações mais forte se
torna a resistência".

1. Falando de resistência, Freud assinalou cinco tipos presentes também


nos sonhos. Diz ele: "O Ego é a fonte de três deles, diferentes cada um em
sua natureza. Esses três (incluem) resistência de repressão, resistência de
transferência e vantagem da doença. O quarto tipo, originando-se do Id, é
a resistência que necessita superar obstáculos. O quinto tipo, surgido no

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Superego, parece originar-se do sentimento de culpa ou desejo de


punição";

2. A análise da resistência, geralmente, provoca uma melhora da aliança


de trabalho, e é freqüentemente, acompanhada por uma mudança na
"pressão da resistência".

III - Sonhos Iniciais e Antigos:


Segundo Freud, os sonhos iniciais numa análise podem ser denominados
"simples". Os tais podem ocorrer também, mais tarde, numa análise,
podendo ser trabalhados e estar fundamentados em todo material
patogênico do caso, até então ignorado, quer pelo psicanalista, quer pelo
paciente (assim chamados "sonhos-roteiros" e "sonhos biográficos"), e
equivalem, às vezes, a uma tradução, para a linguagem do sonho, do
conteúdo inteiro da neurose. A plena interpretação de um sonho, assim,

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coincidirá com o acabamento de toda a análise. Se for feita uma anotação


do mesmo, no início, poderá ser possível entendê-lo no final, muitos meses
depois.

1. Quanto mais o paciente tiver aprendido sobre a prática da interpretação


de sonhos, mais obscuros se tomam seus sonhos posteriores. Todo o
conhecimento adquirido acerca de sonhos serve, também, para colar em
guarda o processo de construção do sonho;
2. Alguns analistas acham que os terapeutas deveriam desistir de qualquer
interpretação de sonhos até que a aliança terapêutica esteja, e bem
consolidada, em grande parte porque os sonhos iniciais são ingênuos,
revelam muita coisas, ou são muito complexos;
3. Sejam quais forem os comentários ou as interpretações feitas pelo
terapeuta, devem basear-se no verdadeiro nível de compreensão do

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paciente. Devem ser dirigidos ao Ego, repousando numa linguagem


simples e objetiva, e devem abordar, primeiramente, o material superficial;
4. O terapeuta pode optar por adiar o exame do material do sonho até que
a terapia tenha progredido. Mas certas coisas, quando mencionadas pelo
sonho, devem ser exposta e debatidas no momento em que este é
relatados;

5. Para os pacientes tímidos ou para os que não entendem plenamente,


por motivo de transferência, deve ficar claro em sua terapia eles têm todas
as oportunidades de discutir todos os seus pensamentos, hesitações,
ansiedades, dúvidas e sentimentos negativos.

IV - Considerações específicas sobre os elementos do sonho:


Quanto a quaisquer elementos do sonho manifesto (conteúdo manifesto), o
terapeuta deve decidir:
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1. Se ele deve ser entendido num sentido positivo ou negativo (como uma
relação anti- ética);

2. Se deve ser interpretado historicamente (como uma lembrança);

3. Se deve ser interpretado simbolicamente;


4. Se a sua interpretação dependerá do modo como é anunciado.

TRATEMOS CADA UM DESSES ASPECTOS:


1. A relação Antitética:
Um elemento do sonho pode "representar seu oposto tão facilmente como
a si mesmo". Os "sonhos se sentem à vontade ... para representar

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qualquer, elemento pelo seu oposto de desejo; de modo que não há


nenhum meio de se decidir à primeira vista se algum elemento que admita
um oposto está presente nas idéias oníricas como positivo ou negativo".
Freud registra que o oposto de "molhado" e "água" pode ser, facilmente
"fogo" e "incêndio";
O uso da reversão constitui uma conveniente defesa contra o
reconhecimento de impulsos acerca dos quais o sonhador se sente
culpada, ou de impulsos assustadores ou estranhos ao Ego do sonhador.
Por exemplo: Uma mulher sonhou que seu marido a deixara por outra. O
sonho referia-se a seu próprio desejo e conflito quanto a trocar seu marido
por outros homens;
Em certos casos, o material sexual pode encobrir impulsos agressivos e o
inverso também pode ocorrer; A linguagem do sono é essencialmente
primitiva, ela costuma utilizar elementos semelhantes, cujo significado
preciso somente pode ser entendido no contexto das associações.

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2. O Ponto de Vista Histórico: "Cada sonho está ligado, em seu contexto


manifesto, a experiências recentes e, em seu conteúdo latente a
experiências antigas"; Já que o conteúdo manifesto de todo sonho contém,
pelo menos, alusão ao dia do sonho (resíduos do dia), podemos abordar o
sonho estudando esse material de superfície; Deste o início de uma
análise, o material onírico pode revelar problemas que o paciente não
tenha mencionado ainda e que não esteja preparado para lidar na ocasião;
É comum, pacientes sonharem invertido, projetando uma preocupação com
possíveis críticas do analista. Quando, num sonho, houver expressão de
agressividade, ela pode estar associada a algum estágio do
desenvolvimento libidinoso; Quando o material está próximo da superfície,
ou quando o paciente é sensível à sua própria dinâmica, a intervenção do
terapeuta não é necessária, já que o paciente pode fornecer as conexões
por si mesmo e entender o que está relatando; O fato de o paciente dizer
ao analista que contou à sua mulher um sonho é, em sim, uma associação

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com o sonho. Revela, essencialmente, que o sonho de algum modo


versava sobre a esposa do paciente;
O comportamento do paciente no divã do analista, o que ele faz com as
mãos, etc., tudo isso são expressões motoras subjacentes às
manifestações verbais e devem ser atentamente observadas;
O paciente pode protelar o pagamento de suas consultas, chegar alguns
minutos atrasados para a sessão, cancelar ou "esquecer" uma entrevista,
errar a rua ou o número do edifício do analista, etc. Esse procedimento
denominado "acting out" deriva da dinâmica do paciente e expressa, de
modo dramático, conflitos que são relatados num sonho;
Às vezes, o acting out é uma tentativa de se defender de impulsos fortes,
como é o caso de um paciente que levou várias garrafas de uísque
escocês para o seu analista como presente de Natal. Então, narrou um
sonho no qual estava envolvido num duelo de sabre contra um adversário
mascarado. Seu presente servira para afastar e apaziguar o analista (o

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adversário mascarado) que, em seu sonho, ele desejara golpear com um


sabre;
Freud observou que a experiência real da dor não ocorre no sonho, a
menos que uma sensação real de dor esteja presente. Isto ocorre com
dores de dente, crises de vesícula biliar, cálculos renais, úlceras, dores de
parto, etc.

V - Simbolismo:
O temo simbolismo se refere, em seu sentido mais amplo, à significação
metafórica ou alegórica de um termo, uma idéia ou um objeto. Pode ser
uma alusão a algo. Por exemplo, a bandeira representando um país, uma
igreja representando um religião, um prédio público significando o governo
ou uma agência do governo. O uso de símbolos num sentido metafórico
costuma ser muito idiossincrático. O mesmo símbolo pode ter significados

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diferentes, não só em culturas diferentes, mas também para pessoas


diferentes, e até para a mesma pessoa em diferentes ocasiões.
No trabalho de análise, o temo simbolismo refere-se a uma relação bem
mais restrita, embora extremamente importante, de assuntos que tratam,
principalmente, dos aspectos mais íntimos da vida. Os símbolos são
absolutamente "padronizados" e, em geral, significam a mesma coisa em
culturas diferentes, para pessoas diferentes, e para a mesma pessoa em
diferentes ocasiões.
Freud adverte, severamente, contra a superestimarão da importância dos
símbolos na interpretação dos sonhos. Ele enfatiza que as associações do
paciente com o elemento onírico merecem preferência em todos os casos,
enquanto que a tradução de elementos dentro de seu possível significado
simbólico deve ser usada somente como um "método auxiliar". O resultado
é uma "técnica combinada, que de lado repousa nas associações do
sonhador e do outro preenche as lacunas com o conhecimento de
símbolos do intérprete"; recomenda muita cautela "a fim de impedir

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qualquer acusação de arbitrariedade na interpretação do sonho", e


aconselha que se tenha em mente, já que os símbolos costumam ter
múltiplos significados, que a "interpretação correia só pode ser alcançada,
em cada ocasião, segundo o contexto".
Às vezes, o uso de um símbolo sexual num sonho pronuncia o surgimento
de material declaradamente sexual nas sessões posteriores.

Alguns símbolos específicos:


a) Casamento - É simbolizado pela loteria, "um estado de felicidade de
curta duração". Um casal, por "dois cavalos". É muitas vezes simbolizado
por uma casa. A destruição uma casa, no sonho, refere-se à destruição de
um casamento por divórcio, novo casamento ou a morte de um dos
cônjuges. Se o sonhador se encontra na casa de outrem, ele pode estar
expressando o desejo de se casar com outra pessoa.

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b) Família - Os pais são simbolizados por pessoas de suma autoridade:


Imperador e Imperatriz, Rei e Rainha, czar e czarina, presidente e primeira
dama, governador e esposa, prefeito e esposa; pessoas de grande status
ou fama, etc.
O "trono" na expressão "sentar-se no trono" refere-se ao vaso sanitário.
Nessas pessoas, a caracterização do casal de reis, em seus respectivos
tronos, pode ser uma expressão do grande escárnio e desdém para com
seus pais que é dissimulado ao colocá-los numa posição elevada. Isto
deriva da antiga visão ambivalente do sonhador a respeito dos pais.
A escolha de figuras aviltantes para representar os pais, expressa os
sentimentos negativos da pessoa para com eles.
Os fantasmas, figurados como elementos oníricos, podem representar
figura femininas em camisolas brancas, mas se deve obter informações
específicas, pois a referência também pode ligar-se a algum livro, peça
teatral, filme ou programa de TV, ou talvez a alguém realmente já falecido.

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Além disso, a caracterização de um fantasma pode referir-se a desejos de


matar voltados contra um dos pais.
Às vezes, a presença de um homem e de uma mulher negros no conteúdo
manifesto do sonho representa a paixão, em geral ou mais
especificamente, dos pais do sonhador em sua atividade sexual noturna
(ato da escuridão), isto é, relações sexuais. As conotações agressivas aqui
podem referir-se, então, à concepção infantil do coito dos pais como sendo
um ato violento. A figura "negra" nos sonhos pode referir-se, também, ao
analista, sobre cuja vida pessoal o paciente acha-se "no escuro".
O pai também pode ser representado pelo sol. Freud assinala que um pai
temido é representado por um animal de rapina, um cão ou um cavalo
selvagem. Um touro enraivecido pode simbolizar a força masculina.
A mãe pode ser representada por uma figura investida de autoridade e
altamente estimada (uma professora, uma madre superiora, uma diretora
de colégio, uma atriz). Às vezes, a figura materna é simbolizada pela lua,
pelo mar ou por um tablado ou uma escrivaninha. Objetos pesados

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referem-se à mãe grávida. A mãe pode ser simbolizada, também, por


alguma figura feminina com traços assustadores, malévolos, bissexuais ou
sádicos: uma feiticeira ou alguma deusa mitológica. Pode, também, ser
representada por uma igreja, uma casa ou uma construção arquitetônica.
O próprio sonhador pode ser simbolizado como um príncipe ou uma
princesa, ou pode aparecer como uma criança. Um passarinho também
pode ser o símbolo de uma criança. Às vezes, o sonhador aparece como
ele mesmo, mas o ambiente em que se encontra é amplo, indicando,
assim, que a cena do sonho alude alguma coisa de sua infância, isto é,
quando era pequeno.
Nos sonhos, os insetos nocivos representam bebês. A irmã é representada
por uma freira ou por um rio. Um irmão, por monge ou confrade.
c) A figura humana como um todo:
"A única representação típica - normal - da figura humana como um todo é
uma casa".

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Quando o sonhador se vê dentro da casa, isso pode referir-se à "casa" do


corpo materno (fantasia da vida intra-uterina) ou à casa da pessoa, ou seja,
sua idéia ou concepção do interior das cavidades de seu próprio corpo.
Com grande freqüência, uma casa ou edifício grande assinala a data dos
acontecimentos aos quais o sonho se refere, localizando-os na infância do
indivíduo, quando ele era pequeno e as pessoas a sua volta pareciam
gigantescas.
Casas com anexos, podem referir-se a braços ou pernas, aos seios ou aos
órgãos genitais. O porão e a adega, geralmente, se referem aos órgão
genitais, tanto como aos impulsos ou tendências "baixos" da pessoa.
Num sonho, pode ocorrer que nos encontremos descendo pela fachada de
uma casa, apreciando isso num momento e assustando-nos no seguinte.
As casas com paredes lisas são homens; aquelas com saliências e
sacadas às quais podemos nos agarrar são mulheres. Paredes lisas, pelas
quais o sonhador sobe as fachadas das casas que ele desce - muitas
vezes com grande ansiedade - correspondem a corpos humanos de pé e

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estão, provavelmente, repetindo no sonho, reminiscências do ato infantil de


alçar-se até seus pais ou sua babá.

Mesas, mesas postas para a refeição e tábuas, também representam


mulheres - sem dúvidas por antítese, já que nos símbolos os contornos de
seus corpos são eliminados.
Também os materiais são símbolos femininos: madeira, papel e objetos
feitos com eles como: mesa e livros.

Mesas postas para uma refeição costumam referir-se aos seios maternos.
Pode ser interpretada, também, como uma cama. As cadeiras também são
bem adequadas para representar o corpo humano: têm pernas, costas, um
assento e braços. O assento da cadeira pode referir-se, também, ao colo,
especialmente o materno.

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Generalidades:
1. A data de algum veículo costuma servir para expressar
aproximadamente o ano em que algum evento ocorreu. O tamanho do
carro, especialmente se é representado como grande pode revelar também
a idade da pessoa quando tal fato aconteceu.
2. Roupas uniformes são um substituto para a nudez ou formas do físico.
3. "Lá embaixo", nos sonhos costumam relacionar-se com os órgãos
genitais; "lá em cima", aocontrário, liga-se ao rosto, boca ou seios. Às
vezes, essa representação deve ser considerada por um ponto de vista
metafórico: o "lá embaixo" refere-se a "instintos baixos" (com a
sensualidade) e o "lá em cima" a seus opostos (o amor num sentido
platônico, espiritual ou intelectual).

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VI - Símbolos sexuais: Freud observa que "a esmagadora maioria dos


símbolos nos sonhos são sexuais". É muito mais comum que os órgãos
genitais sejam simbolizados do que apareçam como são na realidade.

ÓRGÃOS GENITAIS MASCULINO.


Generalidades:
1. Existem provavelmente mais símbolos de órgão masculino do que
todos os outros símbolos somados;
2. Para os genitais masculinos, como um todo, o número sagrado 3 (três)
tem significação simbólica;
3. Objetos que se assemelham à forma do órgão, coisas longas e eretas;
4. Cedros, objetos elevados e altos ou edifícios, torres de igrejas,
monumentos, mirantes, todos aparecem como símbolos genitais
masculinos;

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5. Objetos com junção penetrativa, como armas de qualquer espécie:


facas, punhais, espadas, lanças, sabres, armas de fogo. Também agulhas,
bisturis, curetas e outros instrumentos cortantes capazes de penetração
para procedimentos médicos ou cirúrgicos são importantes símbolos de
órgãos genital masculino;
6. Objetos que expelem líquidos, como torneiras, regadores ou fontes.
Seguindo por pipetas, seringas, clisteres e até extintores de incêndio são
incluídos;
7. Objetos que podem ser alongados, como as lâmpadas que pendem do
teto e o batom extensível. Telescópios e antenas de automóveis são
igualmente conhecidos;
8. Objetos alongados que são seguros pelas mãos, entre eles: lápis,
canetas, martelos e outros. Os que têm algum tipo de tampa como a
caneta, pode significar o pênis incircunciso ou o clitóris;

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9. As lixas de unas, possivelmente porque se esfregam para cima e para


baixo, também se conhece como símbolo específico;
10. As máquinas, com seu mecanismo potente, assemelham-se ao
mecanismo também potente do aparelho genital;
11. Vários instrumentos musicais podem ser incluídos, além de secadores
de cabelos, etc.;
12. Objetos que se elevam contra a gravidade, como: balões, foguetes,
papagaios e pássaros. A cegonha mostra-se especialmente adequada para
representar o órgão masculino, com as pernas e pescoços longos e o mito
de que traz os bebês. A andorinha, embora possa representar o pênis,
pode também ser associada à comida ou à felação;
13. Répteis e peixes e o famoso símbolo da serpente. As serpentes, por
não possuírem pernas, são símbolos femininos, por serem totalmente
castradas;

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14. A serpente, quando enroscada, pode significar grandes fezes,


excretadas, às vezes, pelo paciente, mas também por outra pessoa;
15. Quando os órgãos sexuais aparecem num sonho, eles podem
representar o próprio sonhador. Isto se dá de acordo com o princípio de
que a parte pode representar o todo. Às vezes, o uso de um pênis,
simbolizando a pessoa, é um meio de expressar uma visão grosseiramente
pejorativa do indivíduo;
16. Plantas, como o "trevo de quatro folhas", assinala Freud, "assumiu o
lugar do de três folhas, que é realmente adequado como um símbolo. O
cogumelo é um indubitável símbolo do pênis: existem cogumelos (fungos)
que devem o seu nome científico à sua inconfundível semelhança com o
órgão sexual masculino, como é o caso do Phallus impudicus;
17. Embora o terapeuta, raramente, tenha dificuldade em reconhecer
qualquer dos símbolos que apresentamos, em linhas gerais, como
representativos do órgão masculino, na prática clínica permanece a
pergunta acerca do que fazer com o reconhecimento.

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ÓRGÃOS GENITAIS FEMININO.


Generalidades:
1. A simbolização dos órgãos genitais femininos pode ser dividida em
símbolos que se referem à genitália externa, as partes diretamente visíveis,
e símbolos referentes à genitália interna, as partes que não são visíveis;
2. Os pêlos púbicos das mulheres são simbolizados com mais freqüência
por peles, casacos de peles, bosques, arbustos, florestas, moitas ou
grupos de árvores;
3. A barba ou o rosto de um homem barbado pode, muitas vezes, significar
a genitália externa;
4. Características naturais de uma paisagem, portas, portões, são
símbolos da fenda genital;

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5. Números e nomes, como a letra "O" ou o número "O" (zero), referem-


se à vagina. O número 8 refere-se à genitália feminina, como "gatinha",
"doce", "pote de mel";
6. Animais. Freud sustenta que caracóis e mexilhões "são inegavelmente
símbolos femininos";
7. O gato é um símbolo comum para o órgão genital feminino, até para as
pessoas de língua portuguesa - é que em inglês, na linguagem vulgar, é
chamado de "pussy" (mimi), que é vagina. Entretanto, somente as
associações do paciente podem comprovar o significado de um símbolo
usado no sonho. Como já vimos, os órgãos genitais podem aparecer
significando o inverso;
8. Jóias e estojos de jóias são símbolos femininos. Entretanto, se a idéia
for de "jóia de família", a significação é masculina; Adereços de todo tipo
podem simbolizar a genitália exterior feminina; Outras partes do corpo,
como a boca, é um substituto para o orifício genital;

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9. Á ferradura, também copia a configuração do orifício genital feminino.


Também já se notou a "coroa" como símbolo de vagina;
10. A genitália interna, como demais órgãos acessórios, útero, por
exemplo, são simbolizados por objetos encerrando um espaço vazio:
covas, cavidades, buracos, vasos, garrafas, caixas, baús, estojos, cofres,
bolsos, embora os tais possam ter, também, significação genérica; .
11. Alguns símbolos, segundo Freud, têm mais ligação com o útero do
que com a genitália externa: armários, fogões quartos.

Menstruação:
1. Tanto sonhadores homens quanto mulheres podem sonhar com
elementos ligados, diretamente, ao sangue ou cor vermelha; vinho,
morangos, framboesas, groselha. A cereja pode significar defloramento;
Nádegas e seios:

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2. Os seios devem ser examinados em conjunto com os órgãos genitais, e


esses, a exemplo das nádegas do corpo feminino, são representados por
maçãs, pêras, e frutas em gera;
3. Doces ou alimentos adocicados representam, habitualmente, carícias
ou prazeres sexuais gratificantes;
4. As irmãs simbolizam os seios e os irmãos, as nádegas;
5. Já que os seios e as nádegas têm em comum o fato de serem
hemisféricos e protuberantes, é possível, para o sonho, usar os seios para
simbolizar as nádegas e vice-versa. Símbolos sexuais obscuros:
6. Chapéus - Tanto é masculino como feminino. Com significado
masculino, ode ser retirado ou perdido, já que o indivíduo sente que pode,
também, ser retirado (medo da castração);
7. O sentido simbólico do chapéu, como masculino pode ser facilmente
determinado pela descrição do chapéu no conteúdo manifesto, ou pelas
associações do sonhador;

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Roupas íntimas e roupas brancas em geral, são consideradas por Freud,


símbolos femininos;
Geralmente, a peça de roupa no sonho refere-se, diretamente, ao corpo da
pessoa que a usa;
8. Sapatos e chinelos, representam órgãos femininos, mas há que se
observar os detalhes fornecidos sobre os calçados;
Flores, símbolos femininos. Não esqueçamos que as flores são, na
verdade, a genitália das plantas;
O abacaxi se refere ao seio agressivo, nocivo, mesquinho e espinhento.
Aquele que nega o leite;
A banana, por causa de sua aparência, deve ser considerada de natureza
fálica;
Diminutivos - O "pequeno", muitas vezes, aparece como bebê ou pênis;

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9. Planos, mapas, gráficos e diagramas, representam o corpo humano, os


órgãos genitais. No caso de neologismos ininteligíveis, cabe colocá-los
junto dos componentes de significado sexual;
Bagagem - Às vezes, é a carga de pecado, que oprime. Pois significa
útero, no qual se carrega o feto;
Bagagem também pode significar encargo de família.

Masturbação:
1. É indicada por todos os tipos de brincadeiras, incluindo tocar piano,
deslizar ou escorregar, desfolhar um galho;
2. A queda ou extração de um dente - significando castração, como um
castigo pela masturbação. Isto decorre das alusões à Pena de Talião (olho
por olho, dente por dente).
Relações Sexuais:

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1. Atividades rítmicas, tais como dançar, cavalgar e escalar devem ser


consideradas;

2. Experiências violentas, como ser atropelado. Atividades manuais.


Ameaçar com armas, ser machucado, surrado torturado, baleado,
crucificado, assassinado, etc. Tanto podem aludir à sado-masoquismo ou o
contrário;

3. Degraus, escadas ou escadarias, ou, conforme o caso, subir ou descer


por elas, são representações do ato sexual;
A porta estreita e as escadas altas e íngremes representam relações;
As atividades derivadas da agricultura, como a fertilização e a semeadura;
Micção num recipiente;

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4. Uma mesa, especialmente se coberta com uma toalha branca, costuma


aludir a uma cama e à atividade sexual.
VII - Símbolos com vários sentidos: Equivalentes Psíquicos ou
Inconscientes:
Secreções: As secreções do corpo humano como: "muco, lágrimas, urina,
sêmen, etc., podem substituir uma às outras em sonhos"; Micção pode ser
expressa, também, como lençóis, em face da expressão "formou-se um
verdadeiro lençol d'água"; Há conexão, também, entre ouro e fezes; As
fezes podem ser também simbolizadas por ovos; O dinheiro pode ser
equiparado ao amor, ou ao pagamento para fazer sexo com uma prostituta.
Aranhas: a presença, em sonho, de uma aranha é um símbolo da mãe,
mas da mãe fálica, que receamos; As aranhas, em sonhos, não se referem
apenas às ansiedades do sonhador acerca de si mesmo, mas podem
aludir, também, a uma enorme quantidade de idéias acerca do que a mãe
do sonhador possa ter feito ao pai deste, especialmente se esse pai era um
homem passivo, enfermo ou já falecido; Á teia da aranha representa os

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pêlos púbicos, enquanto que um único fio simboliza o órgão genital


masculino. Pontes: Representa o órgão genital masculino, que lia, une pai
e mãe no ato sexual; Pode também significar o cruzamento do outro
mundo (o estado fetal, o útero) para este mundo (a vida).
Fogo e Incêndio: A chama é sempre o órgão genital masculino e a lareira é
o correspondente feminino. O impulso de urinar sobre uma fogueira tem
características homossexuais;
Natação: Pessoas que têm sonhos freqüentes como ato de nadar e que
sentem grande satisfação em abrir caminho através das ondas, etc. na
infância, via de regra, costuma urinar na ama e estão repetindo, em
sonhos, um prazer ao qual há muito aprenderam a renunciar;
Déjà-Vu - Em alguns sonhos, com paisagens rurais ou outras localidades,
a ênfase é colocada, no próprio sonho, sobre uma impressão de certeza de
já se ter estado ali antes. As ocorrências de déjà-vu em sonhos têm um
significado especial. Esses lugares são, invariavelmente, os órgão sexuais

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da mãe do sonhador; hão há, na verdade, nenhum lugar sobre o qual se


possa assegurar, com tal convicção, que já se esteve antes.
Símbolos de castação: "trabalho do sonho" faz uso da calvície, do corte do
cabelos da queda de dentes e da decapitação; Os sonhos que versam
sobre o corte de cabelo como castração, são comuns no trabalho de
análise, especialmente porque a posição do analista, atrás do paciente
deitado no divã, facilita sua representação como um barbeiro ou
cabeleireiro em vias de fazer algo com o "cabelo" do paciente; Os sonhos
envolvendo a guilhotina, são simbolizações especialmente nítidas de
castração e costumam ser acompanhadas por grande ansiedade; O
aparecimento, em sonhos, de lagartos - animais cujo rabo, se é cortado
cresce de novo - tem a mesma significação;
Símbolos de gravidez: Ser acometido de verminose, de peste, de infecção
ou até de câncer (ou um tumor de qualquer tipo), são símbolos oníricos da
gravidez; O canguru ou o gambá, com suas bolsas marsupiais, são usados
com freqüência em sonhos para simbolizar a gravidez; Animais de grande

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porte também podem ser utilizados para expressar a gravidez: a vaca, o


hipopótamo, o camelo (a corcova, ou as corcovas, representando os seios)
ou vários dos grandes animais pré-históricos.
Lactação - sonhos versando sobre o lactação, se referem, muitas vezes,
aos pensamentos da pessoa acerca da amamentação e os conflitos que a
cercam; Expressam a fantasia de que, como a mãe não tinha leite
suficiente ou nutritivo, a paciente não se desenvolvera o suficiente,
tomando-se menina. Nascimento, parto e vida intra-uterina: O ato de
passar por espaços estreitos, ou de sair de um aposento de qualquer
espécie ou de uma massa líquida, muitas vezes acompanhado de
ansiedade, é um símbolo frequente do nascimento; Pode ser simbolizado
por alguém trazendo um presente, por um pássaro (cegonha), ou pela
chegada de um passageiro ou telegrama; Em muitos sonhos, o nascimento
é representado por uma referência envolvendo a presença de água o
paciente pode sonhar em mergulhar num lago ou numa piscina; Sonhos
que apresentam submarinos e a exploração do fundo do mar com

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equipamentos de mergulho, etc., expressam as fantasias do sonhador a


respeito de sua própria existência intra-uterina,com a oportunidade, ainda,
de ver o que se passa ao seu redor. Às vezes, essas fantasias se referem
à observação da cena primai de dentro do útero; Em vista da facilidade
com que as fantasias sobre a existência intra-uterina podem representar
pensamentos sobre a vida após a morte, o analista deveria sempre encarar
a expressão das fantasias sobre o nascimento, em sonhos, como uma
possível indicação de ansiedade do paciente, acerca de sua própria morte
e/ou seus desejos de matar alguém.
Morte: Partir para uma viagem é um dos símbolos mais comuns e
comprovados da morte, especialmente quando seguido de ansiedade ou
excessiva expectativa; Os sonhos de partida para uma viagem podem
referir-se, também, a uma viagem de lua-de-mel. Se as associações
conduzem ao tema da morte quando o material é sexual, o terapeuta deve
considerar a possibilidade de o paciente estar exprimindo sua ansiedade
em que a satisfação de seus desejos sexuais provoque sua própria morte

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ou a de seu (sua) parceiro(a). O emudecimento, no sonho, representa a


morte; Esconder-se e não ser encontrado também;
Acentuada palidez: Os sonhos em que aparece a cor negra, onde haja
referência a vazio, escuridão, feiúra, destruição, desordem, deterioração,
excrementos secos de animais, sujeira (ou entrar na sujeira), podem,
também, simbolizar a morte; Todos os sonhos nos quais há uma referência
à morte, são extremamente importantes e devem ser considerados com
muita atenção. O terapeuta deve avaliar se tais sonhos se referem a uma
preocupação do paciente com a sua própria morte ou desejo de matar ou,
ainda, de morrer. ATENÇÃO: Você pode estar diante de um homicida ou
suicida em potencial; Se o sonho expressa um desejo de matar (consciente
ou inconsciente) alguém, então as circunstâncias de tal desejo e o motivo
para o sentimento intenso devem ser decifrados; Às vezes, os sonhos que
contém elementos que simbolizam a morte, refletem a depressão do
paciente ou revelam idéias suicidas, antes que o paciente esteja preparado
para mencioná-las, espontaneamente, ao terapeuta;

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Existem muitos temas frequentes nos sonhos de pacientes que desejam


suicidar-se. É comum haver referência ao desespero, a "sem saída",
indicando que os tais chegaram a um "beco sem saída" numa viagem.
Pode aparecer no sonho alguém que já morreu. Indicações de alguma
espécie de destruição ou sentimento de paz (fuga).

Considerações Finais e Gerais:


01. No tratamento, os sonhos representam, comumente, o psicoterapeuta
e/ ou a situação terapêutica. O terapeuta aparece representado por alguém
que se tem empenhado em prestar um serviço ao paciente. A alusão pode
ser lisonjeira ou pejorativa;
02. A maneira como o analista é representado, no "fio de história" do
sonho, é uma pista para a natureza da situação de transferência da
ocasião;

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03. Às vezes, o analista pode ser dotado, no sonho, de atributos (físicos ou


caracterológicos) que exibam uma semelhança com o verdadeiro analista,
enquanto em outras oportunidades essas características são evidentes
projeções de outras figuras do passado do indivíduo, ou representam
aspectos da própria personalidade do paciente;
04. O paciente pode encontrar-se, em seu sonho, embarcando numa
viagem de exploração através de território desconhecido, significando o
processo de psicanálise;
05. O ônibus é um símbolo especialmente interessante, pois conduz muitos
passageiros: os outros pacientes do analista, os colegas de trabalho do
paciente, membros de sua família adulta ou da infância;
06. O consultório do analista, disfarçado e modificado de vários modos é
um cenário frequente no conteúdo manifesto dos sonhos na terapia;

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07. As referências aos honorários são especialmente freqüentes no início


da análise, e também próximo ao dia do pagamento;
08. É axiomático dizer que todo sonho, de um modo ou de outro, liga-se ao
sonhador. "Os sonhos são completamente egoísticos";
09. A pessoa que desempenha o papel principal no sonho será sempre
reconhecida como o sonhador;
10. Ocorre também, com frequência, que o sonhador separe sua neurose,
sua personalidade doentia de se mesmo e a descreva como uma pessoa
independente. Assim, a parte doentia do sonhador pode ser representada,
no sonho, por uma pessoa que seja doente, idosa, louca, deformada ou
aleijada, ou como um mártir, santo ou figura semelhante a Cristo. Alguns
incluem o demônio nos sonhos, como, na verdade, sua neurose;
11. Alguns pacientes sonham que se olham num espelho. Esses sonhos
podem referir-se ao reconhecimento, por parte do indivíduo, que a análise
é um meio de olhar para si mesmo e seus conflitos;

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12. Algumas vezes, nos sonhos, os companheiros, referem-se aos da


infância ou da adolescência, com os quais o sonhador compartilhou
experiências que tem vergonha de discutir com o terapeuta;
13. Animais selvagens podem significar pessoas num estado de exaltada
sensualidade e, além disso, instintos ou paixões perversos;
14. Animais selvagens podem representar a libido, uma força temida pelo
Ego e combatida por meio da repreensão;
15. Um sonho é, em geral, mais pobre em afeto do que o material psíquico
de cuja manipulação ele resultou;
16. Embora as emoções possam ser suprimidas inteiramente no sonho,
elas podem aparecer imediatamente após. O paciente pode despertar
sentindo-se ansioso ou deprimido;
17. Quando procura entender um afeto no conteúdo manifesto de um
sonhador, o terapeuta deve, sempre, considerar a possibilidade de que
esse afeto possa, também, representar seu oposto. Alegria, humor e

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tranqüilidade se referem, às vezes, à tristeza, pesar e alvoroço. A tristeza


pode, por sua vez, ocultar algum prazer proibido;
18. A pessoa que, no sonho, sente uma emoção que eu mesmo
experimento em meu sonho, é aquela que oculta o meu Ego;
19. Os sonhos de ejaculação podem ocorrer com ou sem orgasmo;
20. Às vezes, parece não haver nenhuma emoção no sonho, mas a
inibição de movimentos é simplesmente uma parte do conteúdo do sonho;
21. A inibição de movimentos, no sonho, indica o grau de conflito e
expressa a idéia de que nenhuma das soluções alternativas é inteiramente
satisfatória;
Nos sonhos, a hora do dia, com muita freqüência, representa a idade do
sonhador em algum período específico da infância; A hora, num sonho,
pode representar, também, uma condensação de outros sentimentos e
desejos;

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22. Os sonhos com expressões, como: "no alto" ou "em cima", podem
referir-se ao céu, a alguém que faleceu ou a alcançar o ápice do sucesso;
23. Direita e esquerda têm sentido ético em sonhos. O caminho da direita
sempre quer dizer o caminho da retidão, e o da esquerda o do erro;
24. Os elementos mais nítidos de um sonho são o ponto de partida das
mais numerosas linhas de pensamentos, etc;
25. Em muitos casos, o elementos cor obedece ao uso mais tradicional:
amarelo: covardia; verde: ciúme; vermelho: paixão ou sangue; cinza:
depressão; pardo: fezes; púrpura: nobreza;
26. O preto, em sonhos, costuma aludir à morte, mas pode referir-se,
ainda, a impulsos sexuais grosseiros ou agressivos;
27. A cor branca pode significar morte, mas também pode referir-se à
pureza ou à inocência;

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28. Os números podem ter significação especial: há o caso de alguém que


sonhou com o número 34 ½ metade de 69;
O número 9, quase sempre, significa os meses de gestação;
Uma mulher sonhou com a seguinte fórmula: M/ W + 9 = B;
O número 5 pode referir-se aos dedos no ato da masturbação;
Nos sonhos, os números são arbitrários: nove pode significar nove dias,
ou meses, etc;
29. As palavras pronunciadas no sonho são derivadas de palavras
realmente ditas, recordadas no material do sonho;
30. Um comentário dito num sonho, freqüentemente, nada mais é que uma
alusão a uma ocasião na qual o comentário em questão foi feito;

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31. Às falas em sonhos, podem referir-se ao que o paciente tenha ouvido,


lido ou visto num anúncio, livro, jornal, revista, filme ou programa de rádio
ou TV;
32. Ocasionalmente, uma fala, no sonho, é uma distorção ou uma reversão
de um pensamento real durante o dia do sonho.

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