 Na prática clínica, é possível o uso de
técnicas de investigação simbólica com
o intuito de obter acesso mais facilitado
à linguagem simbólica do inconsciente.
→ Trabalho com sonhos
→ Sandplay
→ Imaginação ativa e dirigida
→ Uso de contos, mitos
→ Produções artísticas: desenho, argila
Sonhos
 Os sonhos são uma sequência de
fenômenos psíquicos, imagens,
representações, atos e ideias, que,
involuntariamente, ocorrem durante o
sono.
 Todo mundo sonha, é um fenômeno
universal e fisiológico.
Jung sobre o trabalho com sonhos
“A compreensão do sonho, de fato, é um
trabalho tão difícil, que há muito tempo
eu estabeleci como regra, quando
alguém me conta um sonho e pede
minha opinião, dizer, antes do mais, a
mim mesmo: `Não tenho a mínima ideia
do que este sonho quer significar. Após
esta constatação, posso me entregar ao
trabalho da análise propriamente dita do
sonho (JUNG, 2012a, § 533).”
Sonhos e a Psicologia
Analítica –
Funções
1.Mostrar conteúdos do inconsciente à
consciência.
2. Ampliar o autoconhecimento (ampliar a
consciência).
3. É uma tentativa diária de estabelecer
pontes entre essas
duas polaridades (inconsciente e
consciência).
 Essa ponte entre conteúdos do
inconsciente e da consciência possibilita
a autoregulação da psique.
 Lembrando : Jung compreende a relação
consciente inconsciente como um
sistema de opostos e a psique tem a
tendência a autoregular/equilibrar estes
dois sistemas.
 A autoregulação acontece pelo
mecanismo de compensação.
 Então, a autoregulação da psique é feita
pelo mecanismo de compensação.
 Essa compensação é exercida através de
elementos que faltam à consciência ou
que a completam.
 A compensação pode acontecer por
meio de um sonho. A imagem do sonho
pode indicar o que falta à consciência (ao
ego do sonhador) ou que precisa ser
melhor olhado.
 Observar então, esta possibilidade de
compensação.
 “Orientam o ego consciente para uma
atitude adaptativa e madura frente à
vida”;
 Indicam o caminho, propiciam insights,
nos mostram como entender e lidar com
a vida.
 Assim, o sonho possui a finalidade de:
→ Mostrar conteúdos inconscientes
→ Ampliar o autoconhecimento
(ampliar a consciência).
→ Autorregulação da psique por meio
no mecanismo de compensação.
Sonhos e a Psicologia
Analítica –
Características dos
Sonhos
 Linguagem simbólica e não a do Ego. E
por isso muitas vezes, o sonho nos
parecem esquisitos, confusos.
 Espontaneidade de seu surgimento e a
falta de direcionamento por parte da
consciência.
 Está relacionado a uma situação atual da
vida da pessoa.
 SEMPRE considerar o contexto do
sonhador – todo conteúdo do sonho é
representação do sonhador.
Interpretação das imagens
Desta maneira, podemos interpretar o sonho
de 3 formas:
→ Aspectos simbólicos
→ Estrutura do sonho
→ Identificação de aspectos da psique
Formas de interpretar as imagens
1. Aspectos simbólicos
→ Aspecto objetivo: relação com o
mundo concreto.
→ Aspecto subjetivo: relação com o
campo da subjetividade do paciente.
Exemplo – se eu sonho com um
carro. O que este carro pode indicar
em termos objetivos e subjetivos?
→ Objetivo: é um meio de transporte –
estabelecer a associação deste meio
de transporte com o paciente.
→ Subjetivo: carro é algo que gera medo
no paciente – entender esse medo
com o paciente.
 Não reduzir o sonho a um único
significado!
Manejo no setting terapêutico
 O sonho é olhado juntamente com o
paciente, em sessão, em que são
levantados os símbolos e associações
pertinentes ao paciente e sua vida.
 Requer cautela, raciocínio clinico, e
conhecimento do paciente e sua psique.
 Quando interpretado corretamente, o
sonho bate com algo e o analisando pode
dizer: "Sim, é isso aí." Ele fica
impressionado, e isso pode motivá-lo a
mudar.
 Esse é o ponto: se é o próprio sonho
(PSIQUE) que aponta algo do paciente,
há mais probabilidades de haver
mudanças efetivas.

Síntese do trabalho com sonhos
 Funções: mostrar conteúdos
inconscientes; autorregulação da psique
por meio do mecanismo de
compensação.
 Características: linguagem simbólica;
espontaneidade, sempre considerar o
contexto do sonhador – momento de
vida atual, contexto de vida; todo
conteúdo do sonho é representação do
sonhador;
 Interpretação: dimensão simbólica,
estrutura do sonho, identificação de
aspectos da psique.
Mitos e contos
 Mito é sempre uma representação
coletiva, transmitida através de várias
gerações e que relata uma explicação do
mundo. (...) ( Junito Brandão, 1986).
 Os mitos são expressões do
inconsciente coletivo de realidades
arquetípicas demandando por
estruturação no campo da consciência
(Maria Zelia de Alvarenga, 2007)
 Os contos são a expressão mais pura e
mais simples dos processos psíquicos do
inconsciente coletivo, pois eles
representam os arquétipos na sua forma
mais simples, plena e concisa (VON
FRANZ, 1990).
 O conto, o mito, e seus personagens,
sempre mostram um pouco de cada um
de nós.
 Mesmo que não queiramos reconhecer
as bruxas, ogros, madrastas e vilões
dentro de nós, eles estão ali, nos
mostrando nossas sombras, medos e
conflitos internos.
No trabalho psicoterápico, as imagens dos
contos servem para ilustrar
situações de vida, nas quais as pessoas
passam:
 Muitos se identificam com
determinada situação ou personagem
levando a uma compreensão de si e do
que deve ser feito no momento.
 Os contos possuem a mesma função
dos sonhos. Eles podem confirmar, ou
compensar uma atitude consciente.
1. Durante o processo psicoterapêutico, o
terapeuta pode pensar em um conto/mito
relacionado à dinâmica do paciente e levar
para o setting.
2. O paciente pode levar ao setting algum
conto/mito. Geralmente, o terapeuta faz esta
orientação (diz que é possível trabalhar com
este tipo de material) no inicio do processo
psicoterápico.
Objetivo: ampliar a consciência do paciente
sobre sua própria dinâmica e mobilizar
complexos.
 O terapeuta pode pedir ao paciente que
lembre de algum conto que se
identificava na infância – entender
complexos que podem estar associados
às vivências mostradas no conto.
 Portanto, os contos, assim como os
mitos, oferecem um modelo para a vida,
um modelo vivificador e encorajador
que permanece no inconsciente
contendo todas as possibilidades
positivas da vida (Von Franz, 1990).
 Sandplay
- o que é
 Procedimento clínico, investigador e
facilitador da expressão e da elaboração
dos conflitos psíquicos no processo
psicoterapêutico.
 Um meio criativo através do qual o
conteúdo simbólico inconsciente se
torna visível.
 As pessoas criam cenas tridimensionais,
cenários ou desenhos em uma caixa de
tamanho específico, contendo areia,
sendo possível utilizar um grande
número de miniaturas e água.
Como surgiu?
 Dora Maria Kalff (1904 – 1990)
entendeu que a técnica de Lowenfeld era
passível de adaptação aos conceitos da
Psicologia Analítica, dada sua
configuração que permite a expressão
simbólica do inconsciente.
→ Kalff criou na década de 60 um
método no uso da caixa pautado
nos princípios da Psicologia
Analítica.
→ Espaço Livre e Protegido
Procedimento
 Pede-se para representar o que desejar na
areia.
 Verbalizar ou não
 Poucas regras.
 O terapeuta não interfere, mas
acompanha sem interpretar.
 Anotar a sequência das miniaturas,
movimentos na areia e possíveis falas
 do/a paciente.
 Uso de miniaturas ou somente o
manuseio da areia.
 O cenário é fotografado após a saída do
paciente (sem uso de flash)- diferente
posições
 Maneira particular de cada terapeuta de
trabalhar com o sandplay
Materiais
 Caixas
 Miniaturas –
→ Representação do universo:
animais, pessoas, moradias, meios de
transportes, vegetação, figuras
mitológicas, demoníacas, religiosas.
→ Varia de terapeuta para terapeuta, é
parte de seu espaço terapêutico.
→ Ponte para o contato entre conteúdos
simbólicos inconscientes e a
consciência.
→ Os símbolos representados pelas
miniaturas, podem ser usados como
ferramentas de expressão que
propiciam ao analisando revelar
aspectos do inconsciente,
sentimentos e pensamentos internos
que, muitas vezes, são difíceis de
serem verbalizados.
 Areia
Devolutiva
 Após término do processo terapêutico.
 Momento de interpretação e associação
conjunta das cenas.
 (RESUMO - sandplay)
→ Compreensão do conflito, queixa,
dificuldade nos níveis consciente e
inconsciente
o Busca-se a integração de
conteúdos inconscientes na
consciência.
→ A importância dos símbolos
o Lembrando que o inconsciente se
manifesta por símbolos
o Manifestação dos símbolos à
Compreensão dos símbolos à
→ Integração na consciência.
→ Conteúdos expressos pelo sandplay,
tornam-se conscientes em nível não
verbal.
→ De modo que sensações e sentimentos
inconscientes podem ser expressos
diretamente por meio de imagens, sem
necessidade de uma decodificação
verbal, utilizando-se a areia e as
miniaturas como facilitadoras do
processo chamado de transdução.

Quais aspectos trabalhar a partir das

imagens do sandplay?

Aspecto simbólico (igual ao trabalho com

sonhos):

 Aspecto simbólico subjetivo –

exemplo: símbolo de um cachorro
associações para o paciente
 Aspecto simbólico objetivo - exemplo:
símbolo de um cachorro: domesticação,
companheirismo, lealdade, instinto.

 Importante observar a ocorrência do

mecanismo compensatório da psique por
meios da cena realizada.

Estudos sobre Sandplay e trauma

→ Vivências traumáticas se fixam em

estruturas neurais não verbais à no
sistema límbico - as quais são difíceis ou
impossíveis de serem verbalizadas!

→ Vivências traumáticas à Formação de

Complexos
o Como acessar então, estas
vivências?
→ Sandplay atua no nível não verbal
(WEINRIB, 1993).