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ZIMERMAN, David E. Fundamentos Psicanalíticos-Teoria, técnica e clínica. 1ª Edição. Editora Artmed, 9 março de 2004. Cap.

1 e 31

Origem e história da psicanálise


A origem da história da Psicanálise está relacionada à vida de seu fundador, Sigmund Freud (1856-1939).

PRÉ-HISTÓRIA
Existência de registros arqueológicos no antigo Egito que comprovam a prática de trepanações cranianas possivelmente
feitas com o objetivo de localizar alguma causa da doença mental que estaria localizada dentro do crânio;
Na bíblia sagrada, transparece a existência e a preocupação com uma série de quadros psicopatológicos que hoje
denominaríamos de transtornos psiquiátricos;
Existem evidências de que, na Idade Média, os doentes mentais eram degredados, punidos com crueldade ou com a morte,
recolhidos a prisões e masmorras em meio a assassinos e outros marginais, exibidos em circos juntamente com gigantes,
anões e outros aleijões, encarcerados em hospícios em cubículos infectos e imundos, muitas vezes algemados, etc; (Época
de mentalidade voltada para a magia e a demonologia, rituais de “cura" praticados por bruxos, xamãs, sacerdotes e faraós).
Em meados do século XVIII, Anton Mesmer, em Viena, empregava o recurso mágico do que ele chamava de “magnetismo
animal”, forte sugestionabilidade calcada no seu impressionante carisma pessoal, o método que passou para a história com
a denominação de mesmerismo, podendo ser considerado o precursor (um século antes) do hipnotismo;
Coube a Pinel (1745-1826) e a seu discípulo Esquirol (1772-1840), em Bicêtre, promoverem uma inovadora reforma
hospitalar que ficou sendo conhecida como tratamento moral, que mantivessem o respeito pela dignidade do enfermo
mental e aumentassem a sua moral e auto-estima. (dois dos mais importantes psiquiatras nascidos no período da
revolução francesa, culminada em 1789).

Eles revolucionaram a filosofia da assistência hospitalar asilar, quebrando grilhões e cadeados, saneando a imundície das celas

e promovendo uma humanização e reconstrução do sentimento de identidade, principalmente pelo trabalho laborativo.

Período dos Pródromos da Psicanálise


Dois aspectos impressionavam a Freud: “Psicose pós-hipnótica” permitiu que Freud verificasse que, mesmo em
a existência da histeria em homens; e a estado consciente, as pessoas executavam ordens absurdas que
observação da dissociação da mente,
provinham dos mandamentos neles implantados durante o transe
induzida pela hipnose. hipnótico.
Freud emprega o método do hipnotismo com as suas pacientes
Em 1882, o histéricas, partindo do princípio de que a neurose provinha de traumas
notável neurologista J. Breuer relatou a Freud o sexuais que teriam realmente acontecido na infância por sedução de
método de base hipnótica que ele empregava com homens mais velhos, mais precisamente os próprios pais;
a sua jovem paciente histérica que entrou na

história com o nome de Ana O. (cujo verdadeiro

nome era Berta Papenheim).


significado
AB-REAÇÃO: Descarga emocional pela

Durante o estado de transe, recordava uma série de


qual um indivíduo se liberta do afeto

ocorrências traumáticas ocorridas num passado


que acompanha a recordação de um

remoto, obtendo com isto um grande alívio


acontecimento traumático [Pode ser

sintomático, e Breuer denominou este novo método


provocada, por exemplo, por hipnose,

terápico de catarse, ou ab-reação (também é


Ana O. teve uma gravidez imaginária
ou ocorrer de forma espontânea no

decorrer do processo psicoterápico.].


conhecido com o nome de talking cure, porque assim
(ainda não era conhecido o fenômeno da
Ana O. se referia aele). transferência)
Freud “Livre associação de ideias” Conseguida pelo hipnotismo Também por pacientes despertas

Sem pressão associaria mais livremente e melhor Divã Elisabeth Von R. Método coercitivo

Freud começou a cogitar as resistências correspondiam a repressões daquilo que estava proibido de ser
lembrado, não só dos traumas sexuais realmente acontecidos, mas também daqueles que foram fruto de
fantasias reprimidas.
Concebido como resultante do embate
Sintomas se constituiriam como sendo a

Conflito psíquico
entre as forças instintivas e as
representação simbólica deste conflito

repressoras inconsciente.

Psicanálise como Ciência


Pode-se dividir a evolução histórica da psicanálise, centrada exclusivamente nas contribuições originais de

Freud, nos cinco seguinte estágios:


1. Teoria do Trauma. 2. Teoria Topográfica. 3. Teoria Estrutural.
Divisão da mente em três “lugares”

O conceito de libido, que Freud


A mente comportava-se como uma

(a palavra “lugar”, em grego, é

concebeu, sendo a manifestação


estrutura no qual distintas demandas,

“topos”, daí teoria topográfica).


psicológica do instinto sexual; e funções e proibições, quer provindas

A Energia sexual impedida de expandir-


Consciente, Pré-Consciente e do consciente ou do inconsciente,

se através de sua saída natural e fluir-


Inconsciente; interagiam de forma permanente e

se para outros órgãos, ficando


Em 1900, Freud publicou A
sistemática entre si e com a realidade

restringida ou contida em certos


interpretação de sonhos que
externa.
pontos, acaba se manifestando através
comprova que o conteúdo do sonho

“manifesto” pode ser visto como um


concebeu a estrutura tripartide,
de sintomas vários;
modo disfarçado e “censurado” da
composta pelas instâncias do id

neuroses, como a histeria, a neurose

satisfação de proibidos desejos


(com as respectivas pulsões),

obsessiva, a neurastenia e a neurose

inconscientes; do ego (com o seu conjunto de

de angústia (fobia), teriam sua causa

A técnica psicanalítica foi


funções e de representações) e

imediata no aspecto “econômico” da

profundamente transformada: a) a
do superego (com as ameaças,

energia psíquica, ou seja, num

psicanálise deixou de ser uma detida


castigos, etc).
represamento quantitativo da libido

sexual; investigação e busca de solução;


Repressões impostas pelos traumas de
b) a descoberta e a formulação do

sedução sexual que realmente teriam


“princípio da multideterminação” dos

acontecido no passado retornavam sob


sintomas;
a forma de sintomas; E c) o paciente passou a tomar a

a cura consistiria em “lembrar o que


iniciativa de propor o assunto de sua

estava esquecido”; sessão;


O paradigma técnico da

Na época de Freud este relembrar


d) o analista substituiu a atitude de

psicanálise foi formulada por


visava unicamente a uma ab-reação,
investigador ativo e diretivo por uma

Freud como: “onde houver id

uma catarse por meio da verbalização


mais compreensiva da dinâmica do

(e superego), o ego deve

dos fatos traumáticos e os respectivos


sofrimento do analisando;
estar”.
sentimentos contidos nas lembranças; e)abandono total da técnica da

hipnose e da sugestão(encobriam a

existência de “resistências”);
e
f) estas últimas resultam de

m disso s

a l é do repressões, sendo que o retorno do

vão ção
n a l istas ignifica umas
reprimido manifesta-se pelo

os a ress ra
aos t ndo na

Hoje am uma ídos fenômeno da “transferência”; A teoria e à técnica da

t i v i b u o ra
obje ados atr á remem . g) sobretudo, o “caso Dora” ensinou
psicanálise: a descoberta das

i f i c
sign aciente
e s t lít a
i c
p p s i cana a Freud a existência e a importância
resistências inconscientes e o

que
o ção
situa de o analista reconhecer e trabalhar
uso das interpretações por

parte do psicanalista.
com a “transferência negativa”.
4. Conceituações sobre o Narcisismo. 5. Dissociação do Ego.
Não formulado como uma teoria; Dissociação da mente se manifestava nas

O narcisismo abre as portas para a mais profunda


pacientes histéricas durante o transe hipnótico

compreensão do psiquismo primitivo e daria


induzido por Charcot;
sementes que continuam germinando e propiciando
A clivagem da mente em regiões conscientes e

inúmeros vértices de abordagem por parte de


inconscientes não era específica e restrita às

autores de todas correntes psicanalíticas; psicoses e neuroses, mas que ela ocorria com

todos indivíduos;
Freud já falava de uma cisão interssistêmica da

“Onde houver Narciso, Édipo deve


qual resultam núcleos psíquicos independentes.
estar”. (Grunberger, 1979) A cisão ativa, intrassistêmica(dentro de uma

mesma instância psíquica podem existir conflito),

ocorre no próprio seio do ego e não unicamente

entre as instâncias psíquicas.


Freud lançou as primeiras sementes que

possibilitaram aos posteriores autores

desenvolverem uma concepção inovadora dos

conflitos intrapsíquicos, o que pode ser

exemplificado com os trabalhos de Bion – notável

psicanalista britânico – que descreveu a existência

concomitante em qualquer pessoa da “parte

psicótica e da parte não psicótica da

personalidade”, bem como da parte infantil agindo

simultaneamente com a parte adulta do sujeito,

etc.

star e, a pa
tudo
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Transferência Positiva

r as
“onde e

Classicamente essa denominação referia-se a todas as pulsões e derivados

partes”
relativos à libido, especialmente os sentimentos carinhosos e amistosos,

mas também incluídos os desejos eróticos, desde que tenham sido

sublimados sob a forma de amor não sexual e não persistam como um


De forma análoga, qualquer sujeito não pode

vínculo erotizado; ser julgado por um único aspecto da sua

personalidade; pelo contrário, na situação

Transferência Negativa analítica, é indispensável que o analista

Transferências nas quais predominava a existência de pulsões agressivas


propicie ao paciente a visualização de todas

as suas distintas partes e de como elas

com os seus inúmeros derivados, sob a forma de inveja, ciúme, rivalidade,

interagem entre si
voracidade, ambição desmedida, algumas formas de destrutividade, as

eróticas incluídas, etc

SOBRE RESISTÊNCIAS Os tipos de resistências


(São 3 tipos de Resistências):
Freud, primeiramente, considerou a transferência como uma forma

de resistência (“...o analisando repete, em lugar de


Repressão: evita falar de conteúdos que lhe são

recordar”-1914, p. 196) e, em um segundo momento, ele a


incômodos, constrangedores e dolorosos;
concebeu como sendo aquilo que é o próprio “resistido” Transferência: dificuldade de se estabelecer uma

É útil estabelecer uma distinção entre dois tipos de relação entre


relação de confiança com o analista;
transferência e resistência: um é a resistência contra a tomada de
Ganho secundário: Percepção de que resistindo à

conhecimento da transferência, enquanto o outro tipo consiste em


melhora e deixando de investir no processo terapêutico,
Resistências surgem em função

uma resistência contra a resolução transferencial de uma defesa inconsciente ou


será beneficiado com o seu sofrimento e com as

não do analisando, na tentativa de barreiras que mantém o seu estado de angústia.


Traçando-se um parâmetro entre a transferência e a resistência, pode-se

deixar distante do ego tudo aquilo


Retirados da internet e não do livro essa parte aqui dos tipos e as

dizer que ambas caminham juntas na psicanálise e que são fundamentais


que vem do id e que lhe causa

para a obtenção de um resultado satisfatório no processo de análise explicações de resistência em amarelo. site: psicanálise clínica
desconforto, dor e sofrimento.

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