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ao Direito

Introdugao
aoDireito
Introducao
Reimpressdo
2016
+

Miguel
Teixeira
deSousa
Professor
Catedratico
daFaculdade
deDireito
deLisboa

\A
ALMEDINA
INTRODUGAO
AO DIREITO

Miguel
Tener
Sousa
EDIGOES
ALMEDINA,S.A.
de

Femandes
Rua Tomis.n-76,78
3000-167Cnimbra
¢ 79

851
904-901
Tel:239 Fax289851
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Séco
IMPRESSAO ACABAMENTO

DPS
3046LDA
Setembro,
DIGITAL SERVICES,

340434/12
destaobra,
Todaa reprodugio prfotocépia
ou outro qualquer
process,

o do
Elto,epassvel
de
sem autorizagioescita iit
previa procedimento
Judicial
contra infractor.

GRUPOALMEDINA,

sintioT#ca

SOUSA,
bE ~
NacioNAL

Miguel
Teixeira
PORTUGAL

de,1954+
Na
cATALOGAGiOPUBLICAGiO

ao
IntrodugtoDireto.~ Universiirios)
(Manuais
ISBN978-972-40-8818-1
cpu 340
Ameméria
doProf,
RuydeAlbuquerque
O
autor
agradece
coma suacritica
contribuiram
a todos
05 que,
e osseuscomentarios,
obra.
desta
paraelaboragio
a
0.2INDICAGOES
§ GERAIS
1. Planodaobra
INTRODUTORIAS
NOGOES
§
1." Bstudo
dodireito
Pare
ELEMENTOS
DETEORIADO DIREITO
Titulo daordem
Delimitagao juricica
sociale
§ Ordem
2!
§ normatividade
3 Ordemjuridica
edireito
4°Ordem
§ e imperatividade
juridica
juridicae
5°Ondem
§ ttelajuidiea
ll{§
Titulo

§72
das
Regime do fontes diteito
juridicos
6." Sistemas
Delimitagio fontes
das direito do
§
8°Modalidades
dasfontesdodireito
§
9. Vicisstudes
dasfontesdodircito
§ dasfontes
108 Hierarquia dodireito
‘Titulo
Regrase
IT
proposigoes
§
juridicas
11 Caracteri2agio
128 Modalidades
{§
daregrajuridica
deregrasjuridicas
IV.
Regrase
Titulo
sistema
§
juridico
13%Construgio
dosistemajur

TituloSituagoes
§ dalei
Aplicagiosubjectivas
{§
148
tempo
no
15¢Direito transitério
formal
Pare IL
ELEMENTOSDEMETODOLOGIADO DIREITO.
Titulo
§ da
regra
Inferéncia
juridica
e direito
162 Linguagem
INTRODUGAO
AO DIREITO

6.17
§ Hermentutica
editeito
dalet,
18. Incerpretagio
§
19. Resultadosdainterpretagio
§
20" Deteegio delacunas
§
210 Integragiodelacunas
TituloI Solugio
decasos concretos
§ desolugto
22. Critérios
§
24." Analise
§
§
da
28" Teoria argumentagio
juridica
juridiea
daargumentagio
25." Construgio
dadecisio

IL Bibliografia
geral
1. Bibliografia
primaria
~

Amanat,
D.FREtTAs
J
deIntrodugio
D0,Manual
O Dircito/Introdugio
DEOLIVEIRA,
ASCENSAO, I 2006)
a0 Direito (Coimbra
e Teoria
2004)
Geral' (Coimbra
2008)
F.Introdugio
~

Browz, Introdugio
Prvo, Ligbesde (Coimbra
a0 Direito ?
=

Introdugio
Ctonio,M, Bicorre, ao Direito (Coimbra
1989)
I/OConceito
deDireito
~

Enaisc,K, Juridico
ao Pensamento (trad. port,! Lisboa
2008)
=

doDireito/O
Hispania,A. M.,©Caleidoseépio Dieitoe a Justiga
nos eno Mundo
deHoje
*
(Coimbra
2009)
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Justo,
A.Saxros, Introdugio
ao Estudo
§
doDireito (Coimbra
daCineiadoDireito(trad.
K.,Metodologia
LAREN7,
2011)
port, Lisboa1997)
*

e0 I *
~

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J.Baptista, ao Direito DiscursoLegitimador(Coimbra2011)
Oreo,P,LigdesdeIntrodugioao Estudo doDireito (Lisboa
1998)
¢
=

=
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J.HERMANO, Oqueo Direito®/Seguido deACrisedo ito €outros Estudos
Juridicos
(Lisboa
2009)
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Siva,G.Marques DA,Introdug2oa0 Estudo doDireito (Lisboa


2009)
*

Sousa,
M.REBELO 8, Introducio
DE/GatVAo, ao EstudodoDireito(Lisboa
2000)
I
=

~TeLtES,GaLvio, Introdugioa0 Estudo doDireito 1" (Coimbra 2001),


Il (Coimbra
2001)
2, Bibliografia
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AAV,TeoriadaArgumentagio (Coimbra
e Neo-Constitucionalismo 2011)
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2006)
(Seutigart
F,Juristische
Bypuisk1, York1991)
undRechtsbegriff*(Wien/New
Methodenlehre
Pensamento
Sistemitico
Conceito
de Ciéncia
Dircto
(trad.
~

¢ Sistema
na do
~

FeRRER
K.
Evaiscu,(/Wentexnencen,
»>(Stuttgart
2005)
BELTRAN,
T/Orro,(Eds),
J/RopR(GUE?,
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D.

Normativas
in das

dedosSistemas
y Dindmica
Denken

Juridicos
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KAUPMANS, A.,Filosofia (trad.
doDireito port,*Lisboa
2010)
KavrMans,
A/Hassemer,
W. 4 Direitoe
Teoria
do
~

(Eds),
Introdugto
Filosofia do Direito
Contemporineas
(trad. 2002)
port,Lisboa
KaUrMANN/Hasseatex/NEUMANN und
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INDICAGOES GERAIS

(Eds),
Einflhrung
in Rechtsphilosophie
Gegenvart®
(Heidelberg/ 2011)
~

Rechtstheorie
der Minchen/Landsberg/Frechen/Hamburg
H.C,
K.F/Routt, Rechtslebre
Allgemeine (K6ln/Minchen
2008) '
~

Rechtstheorie/Begrif,
RovHERs,B, Geltung
(Munchen
Vesting, Rechtstheorie des
Anwendung
2007)
und 2011) Rechts(Mdinchen

do(trad. 2010)
~
T,

R,FilosofiaDireito
~Zavre1svs port,Lishoa
IML,
Citagées
Asobras bibliogeafias
bibliografiageral pelo
constantesda
epelo
autor
sio citadas
apenas titulo,Demolde
a a sua identifcagio,
faciicar
‘completa
pelaprimeira
todasa sdemais
vez quesioreferidos
obrastodoso sartigos
emcada u m dos
sto citados
pardgrafos,
deforma

1, Abreviaturas
gerais
ABGB,
Ac.
Ac?
Bairgerliches (Austria)
Allgemeines Acérdio
Gesetzbuch
Archivfir dieciviistische
(Tabingen) Praxis
AD AcérdiosDoutrinais doSupremo Tribunal
Administrative
app Journal
Australasian ofPhilosophy
(London)
ALR
AmJJuris.
Allgemeines
Journal
American
fir diepreuBischen
Landrecht
ofJurisprudence
(Notre
Staaten
Dame,IN)
Am.L.Beon
AmL.Rev
Rev.
‘The Law
American andEconomies
LawReview(St.
American
Alto)
(Oxford)
Review
Louis)/American
LawReview(Palo

Analysis
(Oxford)
duDroit (Paris)
dePhilosophie
Archives
Argumentation
Ariz,SsLJ.
ARSP
An
Argumentation/
Journal
JournalReasoning
(Tempe,
AZ)
ArizonaStateLaw
Sozialphilosophie
(Dordrecht)
International

(Stuttgart)
Archiv fiir Rechts-
und
on

Art Artigo
ArtifIntellLaw Artificial
Intelligence (Dordrecht) andLaw
BFD Bundesgerichsthof
BGH
BGHZ Entscheidungen
(Coimbra)
BoletimdaFaculdade
(Alemanha)
deDireito

Bundesgerichtshofes
des in Zivilsachen
BH Beiheft
BM (Lisboa)
BoletimdoMinistétio
daJustiga
Boston
ULRev.
BYerfG
(Boston)
BostonUniversity
Bundesverfassungsgericht
LawReview

BVerfGE
cc
Entscheidungen
CalLRev.
‘Cédigo
Bundesverfassungsgerichts
(Berkeley)
California
(Tibingen)
des
LawReview
Civil
com Codecivilsuisse
cer
coc
(ranga)
Com ‘Cédigo
‘Cédigo
Codecivil
Comercial
deDireito Candnico
CEDH ConvengSo
Europela dosDireitosdoHomem
INTRODUGAO
AO DIREITO

cBst daEstrada
Céadigo
IRE daInsolvéncta
(Céddigo e daRecuperagto
deEmpresas
g Colectinea
dejurisprudéncia
(Coimbra)
cys
Colum.L-Rev.
Colectinea
de
(Coimbra)
Justiga
Columbia
Jurisprudéncia/
(New
L awReview
Acérdios
York)
doSupremo
Tribunal
de

Cone.

Cornell
LRev.
Concordata
18/5/2004)
Cornell
LawReview (Ithaca,
NX)
¢
entre a Repiiblica
Portuguesa
a Santa (Vaticano,
Sé

cp CéaigoPenal
doProcedimentoAdministrativo
cpa Céxdigo
crc CédigodeProcesso
Civil
cpcj67
cep
err
de
Processo
Cédigo
Cédigo Civil
(versto
690,
de
deProcesso
Céddigo
Penal
deProcedimentos
doDecreto-Lei47

Tributsio
deProcesso
¢
11/5/1967)

Céddigo doTrabalho
deProcesso
nos Tribunais
CédigodeProcesso Administrativos
doRegisto
Céddigo Predial
daRepiiliFederativa
Constituigio doBrasil
CriticalInquiry
(Chicago)
daRepublica
Constituigio Portuguesa
dasSociedades
(Céddigo Comerci
Céddigo
doTrabalho
Digesto
daFaculdade
Direito ¢Justiga/Revista deDireitodaUniversidade
(Lisboa)
Portuguesa
Catélica
Decreto-Lei
Doxa/Cuadernos
deFilosofia
deDerecho
(Alicante)
Republica
Dirio da
Declaragio
Universal
dosDireitosdoHomem
dosMagistrados
Estatuto Judiciais
daOrdem
Estatuto dosAdvogados,
English (London)
Reports
Ethic.Th,MoralPract.EthicalTheory (Dordrecht)
andMoralPractice
ETy
Eur.J.LawReform European
EWCACrim
do
Estatuto Tribunal

England
Journal
andWales
Internacional
ofLawReform
deJustga
(The
Courtof Appeal
Hague) Decisions
(Criminal
Division)
FamRZ, “Zeitschrift
fir dasgesamte (Bielefeld)
Familienrecht
FG
FS
Festgabe
Festschrift
GrinhutsZ, Zeitschrift
fir dasPrivat-unddffentliche derGegenwart
Rechts
(Wien)
Gs Gedichtnisschrift
HarvL-Rev HarvardLawReview (Cambridge,
Mass.)
HWPh Historisches
Worterbuch
derPhilosophie
(Basel/Stuttgart)
HWRh Historisches derRhetorik(Tlibingen)
Worterbuch
HWbSozWiss Handworterbuch
INDICAGOES
5.0.
derSozialwissenschaften
GERAIS

(Stuttgart)
Journal
‘The ofLaw& Economics
(Chicago)

ValueInquiry
‘The
of
Journal
of
York)
Philosophy
Journal (New
Philosophical
(Dordrecht/Boston)
Logie
Journal Inquiry
‘The ofValue (Dordrecht)
JbRSozRTh Jahrbuch undRechtstheorie(Opladen;
fiir Rechtssoziologie
Dasseldorf)
Jhyb fr dieDogmatik
Jalarbicher desheutigenrmischen
unddeutschen
Jahrbicher
Privatrechts/Jherings fr dieDogmatik
desbargerlichen
Rechts(Jena)
JR Rundschau
Juristische (Berlin)
we
KB
(Tubingen)
Juristenzeitung
LawReports/King’s Division(London)
Bench
L Lei
L&A Logiqueet Analyse
(Louvain)
Lc Lei Constitucional
Legal
Th, LegalTheory (Cambridge)
LOFT) Lei de Organizagio dosTribunais
Funcionamento
¢ Judiciais
(Lei
$2/2008,
de28/8)
LPh LawandPhilosophy/An Journal
International of Jurisprudence
and
Legal (Dordrecht)
Philosophy
LPPAP Procedimental
Lei deParticipagio ¢deAcgio
Popular
(Lei83/95,
de31/8)
Lc fancionamento
Leisobreorganizagio, doTribunal
e processo Cons-
titucional
Mind Mind (Oxford)
Nw
NLAV
Noas
NeueJuristische

(London)
‘Noi
Votuntéria
NovaLeidaArbitragem a.
(Manchen/Frankfurt
Wochenschrift M.)

oA Ordenag6es
Afonsinas
opp
oF
om
D.
Ordenagses
de Duarte
Ordenagses
OrdenagSes
Filipinas
Manuelinas
Ox}LSt ofLegal
OxfordJournal (Oxford)
Studies
OzaR
P2d
Phil.Phen.Res.
Pacific Zeitschrift
Osterreichische
Reporter,
Philosophy
Second
Fr
Series
Phenomenological
and
Recht
dffentliches
(St.Paul,
Minn.)(Wien)
(London)
Research
Phil.Quart. ‘The
Philosophical
Quarterly
(London)
Phil.Rev.
RatioJuris
Juris/AnReview
(Ithaca,
Philosophical
‘The
Ratio NY)
of
Journal
Jurisprudence
International Philosophy
and
‘of
(Oxford/Cambridge,
Law
Relagio
deCoimbra
deEvora
Relagio
Mass.)

Recueil
dea Jurisprudence
delaCour(Luxembourg)
daFaculdade
Revista deDireitodaUniversidade
de
Relagio
deLisboa
INTRODUGAO
AO DIREITO

ROA
RP
RTh
Relagto da
Revista Ordem
doPorto
(Berlin)
Rechtstheorie
(Lisboa)
dosAdvogados

CalLRev. Southern
California
LawReview (Los Angeles)
Seti. Scandinavian
Studiesin Law(Stockholm)
STA TribunalAdministrativo
Supremo
sv) Tribunal
Supremo deJustiga
Stud.
Synthese
Studium
(Berlin/
Generate Gttingen/Heidelberg)
Journal
International
Synthese/An forEpistemology,
Methodology
1c of Science
andPhilosophy
Tribunal
Constitucional
(Dordrecht)
TCA
‘TexL.Rev Tribunal Central
“Texas (Austin)
LawReview
Administrativo

TRUE
Themis ojournalphilosophy
Tratado
‘Themis/Revista
Europeia
sobre Funcionamento
daFaculdade
daUnio
deDireitodaUNL
(Lisboa)
(da of
Theoria Swedish
‘Theoria/A (Lund)
TICE/TIUE Tribunal
Justiga
de Europela)
Comunidade/Unio
Tratado
daUnido
Buropeia
‘The
University
Virginia
of
University
Chicago (Chicago)
Pennsylvania
of
LawReview
LawReview
(Philadelphia)
LawReview
(Charlottesville)

Lj.
Yale ‘The
der
Veratfentichungen
(Berlin)
Journal
YaleLaw (New
Haven)
Deutschen
Vereinigungder Staatsrechtslehrer

der
Zeitschrift
Savigny-Stftung fir
Rechtsgeschichte/Romanistiche
(Wien/Kéln/Weimas)
Abteilung
firdie
Zeitschrift
Zeitschrift
fr
(Koln
Zivilproze®
(Tibingen)
Staatswissenschaft
gesamte
Berlin/Bonn/Miinchen)
v
&
Simbolos
V.
ligicos
alternatividade/ou
—conjungio/e
implicagio/Implica
equivaléncia/equivalente
a
negagio/nto
F __proibido/proibigso
© obrigatério/obrigatoriedade
P pen ido/permissio
VI. Enderegos
dejurisprudéncia
A jurisprudéncia dequalquer
citadasem a indicagio lugar
depublicagio
encontra-se,con-
formea suafonte,
no sitio
htep://www.dgsipt/ou
hetp://wwwtribunal
constitucional
pr/te/
acordaos/.
introdutorias
Nogées
§
1.2ESTUDO
D0DIREITO
I. deandlise
Perspectivas
estitica
1. Perspectiva
LL. Generalidades
O direitopode
qualo direito
ser considerado
é
um
numa perspectiva
de
numa
perspectiva
conjuntoconsequéncias
estitica deacordo
~
ou
comaqual
dindmicasegundo
deefeitos
o direitoé
~

juridicos
-
a
ou
um conjunto
deregras.Convém esclarecer
o sentidodestadistincaoparae perceber
s a
deandlise
perspectiva que¢aconselhavelno estudointrodutério
dodireito,
1.2.Visiodintmica
dodireito
a)O direitopode
ser objecto
deuma anilisedinamica,
quese socorre
dosconceitos
defactojuridico,
deregrajuridica
e deconsequéncia
ou
deefeitojuridico’.
O facto juridico todoo factoqueé
¢ relevantepara0
direito, é,
isto todoo factocujaverificagio
desencadeiaa
produgio decon-

sequénciasjuridicos?. juridico
ou efeitos Como o facto c
éonstruidopelo
em ¢
proprio pode
direito, queo facto
dizer-se juridico um “facto (brute
bruto―
‘fact) (institucional
queo direitotransforma “facto institucional― fact).
*
Cf.
Vetoso,Pragmitia
Subjectivas
Liber
UmEsquema
Amicrum
e (Coimbra PosgbesJur
deAnise
deJosé
deSousaBrito
daLinguagem
das
2009),
230
214,
ss
»
Hipor
sso queRoss, justice
OnLawand (ad.ngl,London
1958),serefereas factos
falando
juridicos de“factos
operatives"
>
Speech
Cf.Seante, inthe Philosophy
Essay
Acts/An of Language
(Cambridge
1969),
sobre
50/33 a materiaef.também
ANScontne,
OnBruteFacts, 18(1958),
Analysis 69383
MacCoranick/WerseRce,An InstitutionalTheory Approaches
of Law/New to Legal
(Dordrecht
Positivism 1986),
938.
NOGOES
INTRODUTORIAS

pode
Estefacto ser um acto juridico juridico
ou um facto strictosensu,Um
acto um facto
é
juridico humano
e voluntario
juridicamente
relevante',
como, por exemplo,um juridico,
negécio uma conduta
criminosa,
um
acto legislativo,um acto administrativo ou a decisio deum tribunal. Um
facto juridico
juridicamente
sensu
stricto
relevante, é
um factonao humano
como,porexemplo,
ou a mordedura
e nao voluntirio
0 nascimento,
deum cio,
queseja
a morte,um
terramoto,uma inundagio
A regra
juridicas
juridica
quese determina
0
é significado deuma fontedodireito.
a relevincia juridicadosfactos,
Epelas
pois
regras
queapenas
factos integraveis na previsio dessas regraspodem ser qualificados como
factos juridicos. Essa integracio permite qualificar o factoc omo juridico,
pelo quese pode dizerquea qualificagao ¢a operagao quepossibilita a
transformagio de um “facto
bruto―
num facto juridico,
Finalmente, a consequéncia ou 0 efeitojuridico éo resultado daapli-
cago deuma regrajuridica a um facto juridico, podendo essa aplicagao
traduzir-se n a constituigio, na modificago ou na extingio desse efeito.
Todoo efeitoconstitutivo decorre deum titulo,istoé, deum factoa que
uma regra juridica atribuia fungio deconstituir efeitos juridicos. Por
exemplo: 0 direito depropriedade pode ter portitulo, entre outros,um
contrato,a sucessio pormorte,a usucapiZo ou a acessio(cf. art. 1316.2
13172CC),
b)A anilisedinamica
com os dados:
seguintes sujeito
0 ¢€ 0
dodireito facildeconcretizar num exemplo
S,emprestou 1000a$,;facto deS,ter
cemprestado
dica(cf.
uma certa
CC),
art. 1142.°
4hipdtese
quantia
aS;
pelo queéuma
em anilisedefine
regra
integra-se
na
juridico;
um facto
de
previsio
a aplicagao
a consequéncia
jut
daregra
juridica juridica,queé,
neste
caso,a obrigagao derestituigaodaquantia
mutuada (cf.
art. 1142.CC).
juridica
Maisem concreto,a situacdo daregra
queresultadaaplicacao
no direito
consiste deS,a receber
a quantia bemcomo
queemprestou,
no dever
deS;restituiresse mesmo montante.

+
Teminteressereferira definigdo
apresentada
por Hace, A modelof juridical
acts: the

Artif
worldoflaw,
performed
intention
bring
about witha
propositiona
world
of
withthe
that content,
IntellLaw19(2011),
ofto
33:"Ajuridical
thechange
inthe
actisan act
bymeans
law is indicated
propositional
the
content―.
6
$19 EsTUDODo DIREITO

dodireito
1.3.Visioestatica
Quandose utiliza considera-se
estatica,
uma perspectiva o direito
em si
mesmo,independentementedasconsequéncias
ou dosefeitos juridicos
queresultamdaaplicagao
dasregras a certos factos
juridicas juridi
(comodireitos, deveres,
faculdades, ou estados
sujeigdes pessoais).Isto
significa
queas regras juridicas
so analisadas e estudadas como tal,sem
haver a preocupagio
decorrem
dedeterminar
dasua aplicagao. e
as consequéncias as situagdesque

1.4.Perspectiva adoptada
Numaintrodugio ao direito
épreferivelseguira perspectiva estaticade
anilisedodireito.A preocupagio naodeveincidirsobre as consequén-
ciasdecorrentes daaplicagiodasregras, mas sobre o direitoconsiderado
em si mesmo. A perspectivaque ¢utilizadanesta obra de introdugio a0
direitoé por daquela
diversa, isso, que adoptada
¢ na exposicéodecada
um dosvariosramos dodireito, dadoquenesta trata-se dedeterminar
as consequénciasquedecorrem daaplicagao deregras juridicasa certos
factosjuridicos
(edeanalisar, porexemplo, quedireitos assistemao cre-
dore quedeveres
recaem sobreo devedor,quefaculdades
pertencema0
e quedireitos
proprietério e deveres a cada
assistem reciprocamente um
doscénjuges).

objectiva
2. Perspectiva
2.1. Generalidades
A palavra pode ser aplicada
“direito― num sentidoobjectivo
e num sentido
subjectivo. objectivo,
No sentido o direitoé
sinénimo
dedireitoobjectivo
no sentido
€, dedireitosubjectivo.
subjectivo,
2.2.Direitoobjectivo
O direitoobjectivo(em inglés,law)pode ser entendido em variossenti-
dos.Porvezes,utiliza-se a expressio“direito
(objectivo)―
como equiva-
lentea sistema
ou ordenamento juridico:
énesta acepc4o quese fala,
por
exemplo, dodireitoportugués, dodireitofrancés
ou dodireitoeuropeu.
Noutrassituagdes, (objectivo)―
0 termo “direito utilizadocomo sind-
¢
nimo deleiou,mais em geral, defontedodireito: este o significado
é da
expresso quando
competéncia
se diz,porexemplo,
paraproduzir direito, a
que
Porfim,
Assembleia
também
da Republica
tem
se utilizaa expresso
NOGOES
INTRODUTORIAS

(objectivo)―
“direito como equivalente juridica:
a regra é
com este sen-
tidoquese diz,porexemplo,
que proibicao
a da de
pena morte ¢
direito
em Portugal.
vigente
regras
constituem
ladopelas
juridicas
que sereferem
um instituto,Porexemplo:
a uma mesmarealidade
sécio-juridica
o institutodapropriedade
é
regu-
efeitos
regrasrespeitantes&aquisigao, asmodalidades,
aos e&
da
extingéo propriedade; o institutodocasamento é pelo
regulado con-
junto queregulam
deregras a formagio,
os efeitos docasa-
e a extingio
mento.

2.3. Direitosubjectivo
se faladedireito
Quando (eminglés,
subjectivo right)
alude-se
&posigao
deum sujeito0 titulardodireito quanto
- -

a um determinado modode
actuar. Eneste sentidoque se faladedireitos fundamentaisou quese diz
quequememprestou uma coisa tem direito
a receber
o queentregou ou
que o filhotem direitoa receber alimentos d osprogenitores.Odireito
subjectivotem sidoconcebido dediferentes maneiras,havendo quedes-
tacar,deentre as mais conhecidas, aquelasque0 entendem c omo um

“poderdevontade―(Willensmacht)®,como um “interesse
juridicamente
protegido―
(rechtlich
geschiitztes
Interesse)*
ou como um “direito
deexigit
(Anspruchs-
€deconstituir― O direitosubjectivo
undGestaltungsrecht)’.
podedefinido,
resulta
ser numa
deuma permissio
formula como
sintética,
a subjectiva
situagao
ou deomissio.Note-se
deacgio
que
queo direito
subjectivo
naoesgotao elencodassituagdes quando
subjectivas: estasse
referemaum poder,
a situago quedecorre
dapermissio uma faculdade
é
ou uma competéncia,

direito foiuma emanagio


subjectivo dasideologias
liberaisdoSéculo
XIX €
ao seu titularum espago
{garante Nao admira,
deliberdade. quetodosos
porisso,
totalitérios
regimes (oucombatam)
tenhamcombatido o direitosubjectivo.
A rejei-
40dodireitosubjectivo nacional-socialismo
pelo b
éemdemonstradaem afirmagoes

*
©
System
Saviawry,
I 7.
desheutigen
Geistdesrimischen
JrtRING,
Rechts(Berlin
Romischen
°IIH/I
Rechts (Leipzig
1840),
1877),328,
>

Winpscite1p,
historia
Recht―, cf. ―
ComnG,
Geschichte
(Eds),
i n Comve/Lawson/Gnonrors
(Frankfurt
LehrbuchdesPandektenrechts
dogmatica
do
direitosubjectivo, Zur
a m Main 1891),

Dassubjektive
88;sobrea
desBegriffs"subjektives
RechtundderSchutzder
Persdnlichkeit
7ssa, M/Berlin
(Frankfurt 1959),
8
$19 EsTUDODo DIREITO

como “Tu
naoés
nada,o TeuPovo¢ tudo― (1889-1945))*
(HirLeR ou “no
centro
dopensamento liberal
juridico
nacional-socialista
estava
o individuo
estaa colectividade―’
no centro dapolitica
~

dodireito

24, Perspectiva
adoptada
Deacordo com a visioestiticadodireito acimaadoptada,naosio con-
sideradas
as consequéncias
aos factos
juridicas
dasconsequéncias
juridicos, juridicas
decorrentes
Dadoqueos direitos
daaplicagao dasregras
dasregras
daaplicagio
subjectivos
sto uma
a adopeao
possiveis juridicas,
daquela
metodologia significaque,nesta introdugo se analisa
ao direito,
objectivo.
o direito
apenas
IL,
Disciplinas
juridicas
1. Histéria
doDireito
doDireitoé
A Histéria quetrata daformagio
o ramo daHistdria ¢evolu-
cao N
dodireito. ormalmente,a do
HistériaDireitoanalisa
o direitocomo
umarealidade
cultural uma certa homogenei-
toma como base
e,porisso,
dadecultural:
é 0 caso,porexemplo,
daHistéria
doDireitoRomanoo u
daHistéria
doDireitoPortugués.
2. Sociologia
doDireito
2.1. Nogao
A Sociologia
doDireitoé0 ramo daSociologia
quese ocupadodireito
facto
enquanto
vidade
procurando
social,
dodireitona sociedade
e visando¢
determinarfung6es
graudeefecti-
analisar
as
as relagdes
o
entre a ordem

é ea
juridica
pela
vista Para
ser:
perspectiva a
social.
realidade
o
do é Direito,
Sociologia
éavalidadedo
eaplicado.
observado
validodireitoque
dodireito

Asrelagéesentre o direito
e a sociedade
saoindiscutiveis. Constitui
uma evidéncia
que a realidade
socialconforma o direito:
essa realidade
&sempre determinante (embora muito além
para de uma mera causali-
dade)paraa formagio dodireito,dadoqueeste pretende darrespostaa

problemassociais.Eporissoquea cadaépoca (antiga,


histérica feudal,
moderna, pés-industrial)
industrial, correspondeum direitodiverso.
Tam-
©
bistnichts,
“Dw DieVolkesgemeinschaft
DeinVolkist alle":ef.Stenen, i m biirgerlichen
Recht, Nationalsozialistisches
(Ed),
i n FRANK Handbuch
fiirRechtundGesetzgebung ?

(Manchen
1935),
961.
°
Frank,Einleitung, (Ed),
in FRANK Nationalsozialistisches
Handbuch
2,XIV.
NOGOES
INTRODUTORIAS

bém
¢
indiscutivel
social:
doéxito
um direito
queo direitoprocura
desta fungiododireito
observado na sociedade
a e
orientar conformar
dependeeficdcia,
sua
um direito
a realidade
pois
que
ineficaz.
quenio seja ¢

2.2.Modalidades
NaSociologia entre a Sociologia
doDireitocostumadistinguir-se doDireitoEmpfrica
doDireitoTeorética.
a Sociologia
€ ASociologiadoDireitoEmpirica analisaa forma

o
como direito Âaplicado
socialempirica
¢ ¢observadona sociedade;
elaserve-sedométodo
social,A Sociologia
e do inquérito doDireitoTeorética
daanilise
ocupa-se
querdaandlise tedricadodireitocomo fenémeno social(e,em especial,dafungio
socialdodireito),querdasrelagées
dosistemajuridico com a ordem sociale com
normativos. Comocultores
outros sistemas representativos hi quereferirEHRLICH
1862-1922)",
(1927-1998)
Weer (1864-1921)
(nadptica
(na da
perspectiva
dateoriasistémica)"*,
teoria daacgo)""¢
LuMANN

3. FilosofiadoDireito
3.1. Nogio
A Filosofia
doDireito uma expresso
-

quese vulgarizou
depois dapubli-
cago,
-1831) em
1821, dasG rundlinien
0 ramo da Filosofia
é
-

dofimdodireito,
derPhilosophie
quese ocupa
des
Rechts
dofundamento,
deanilisedaFilosofia
A perspectiva
de e
HEGEL (1770-
daesséncia
doDireitosobre a

ocupe
juridica
realidade
dequestdes o
transcendedireitopositivo,
como 0 queé
o queconduz
aquevalores
0 direito,
a queelase
este estasujeito
e quefactoreso podem legitimar.
jusfiloséficas
3.2.Correntes
Grosso haqueconsiderar
modo, fundamentais
duasorientacGes na Filosofia
doDireito,
uma corrente jusnaturalista Segundo
uma corrente positivista.
¢
jusnaturalista, em fungao
aorientacao o direito
Âdefinido
¢ decritérios
supra-
ea sua legitimacio
(como
positivos e a moral)
a justica
depende
daconfor-

Eurtici, Grundlegung
"©
derSoziologie
desRechts(Miinchen/Leipzig
1913)
(+(Bd
Rennie) (Berlin1989)); R
Enrticx,, undLeben/Gesammelte
echt Schriften
zur
Rechtstatsachenforschung (Ed.
undzur Freirechtslehre Restsrnpex)
(Berlin
1967);
sobre
a controvérsia ef.KELSEN/EHRLICH,
 ¢KELSEN,
entre EHRLICH und
Rechtssoziologie
Rechtswissenschaft/Eine
(1915/1917)
Kontroverse (Baden-Baden
2003),
1ss.
Cf. Wener,
Wirtschaft
undGesellschaft
*
(Tubingen
1972),
387.
©
Lunmann,Rechtssoziologie
*
(Opladen
1987);
Lunmanw,
DasRechtderGesellschaft
(Frankfurt
am Main 1993)

20
$19 EsTUDODo DIREITO

midade Ojusnaturalismo
com essescritérios, naoaceitaa separagdo
entre o
direito
que é eo direito
quedeves er,poisque
os valores
inerentes
ao direito
que deve s er sfo relevantes
para determinar a validadedodireitoqueé.
Segundo (de ou realista),
cariznormativista
positivistas
as orientagdes
6 direitoédefinido em funcao decritérios e a sua legitimagio
juridicos
depende de fornecidos
critérios pelapropria juridica'’.
ordem O positi-
vismobaseia-se
que€ (direito
na distingio
vigente) o ser,separando
entre ser ¢o dever
dodireitoquedeveser (direito
o direito
nao vigente)!*,
Como afirmou
0 seu valor
Austin(1790-1859),
ou desvalor outra―",
é
existéncia
“a
é
dodireito uma coisa;

3.3.Definigoes dedireito
a) Em muitas dosaber
éreas naohanenhuma discussio
sobrea definicao
dorespectivoobjecto:nao& comum os fisicos,quimicos,
os os bidlogos
ou
0s astrénomospreocuparem-se definigao
com a da da
fisica, da
quimica,
biologiaou daastronomia ou divergirem sobrea definicio doobjecto das

como odireito A
suas investigagdes. situagao
émuito diferente
© quetem deser construido,
Ãalgo
no que respeita
as definicdes
ao direit
dedireito nao
visamdescrever pré-existente,
uma realidade mas antesfornecer os elemen-
qualificar
tos para como direitouma realidade queé produzida. Epor isso
quea definicéo
dodireitotem um cardcter constitutivodoproprio direito:
édireitoaquilo quecorresponder aos elementos dadefinigao dedireito.
Apesar
resposta
daimportanciadadefinicao
“O
para pergunta que
a €
0
dodireito, naoé
direito?―,
Nesta
facilencontrar
matériacontinuaa
uma
poder queja (1724-1804) juristas
dizer-seo Kant afirmou: “Os procuram
aindauma definigio Apesar
parao seu conceitodedireito―'S, disso, pode
referir-seque,na procuradeuma definigao dedireito, se tem recorrido,

-1uma anilisedasprincipals ef,Ort, DerRechtspositivismus/


correntespostivistas,
Kritische
335s,
[NJW 1986,
auf
para
890s. uma
565s,¢7485;
der
Wiirdigung Grundlagejuristischen
apreciagso
eines

Der
(Berlin
Pragmatismus
dopositivism,cf DxxteR, Begrffdes
1976),
Rechts,
°
CE,
15786
°
por
exemplo,
Sumatens,
“1s―
Austin,TheProvince
“Ought―
Legal
Philosophy,
and

of Jurisprudence
Phil.
in

Determined (1832)
Quart.
(Cambridge
131963),

1995),157.
°
Kant,Kritikderreinen Vernunft
(1781/1787), A731n/B759n. (tad.por, * Lisboa
2001,
seiner
591);
sobreaevolugio
geschichtlichen Archiv fr
Entwicklung, Begriffgeschichte in
doconcelto dedreito,ef BcKENPSRDE,DerRechtsbegrff
12(1968),145.
INTRODUTORIAS
NOGOES

da justiga,
dagarantia
entre muitosoutros,aos critérios deliberdade, da
produgio
normativa,
b)Comoexemplos
da
efectividade
social
e da
dedefinigdes
coercibilidade
baseadas
dodireito―.
dajustiga
no critério podem ser
mencionados
~ et lusstars boni aegui
osseguintes:
Eaarte deconhecer
o que justo.[..]Assim, pr.);~"O
(Cetsvs,D.1.1.1. direito
foiconstruido
0 conceito«ius» para
significara coisajusta;
prépria tornou-se,de maneia derivada,
mas,maistarde, 0

ciéneia
nome da pela se
qual
(c.1224-1274))'8,
conhece
o
quedeveser o
justo―
(S.
dedefinigdes no critério
da
AQUINO TomasDE

daliberdade
exemplos apoiadas garantia
‘Como podem,
ser citados
seguintes:
os ~

direito€ conjunto
[..]0
“O das
condigées sobasquais0
de
versalcada
arbitrio
um pode se
deliberdade―
(Kant que,
(1724-1804))";~“Aquilo
segundolet
conciliar com o arbitrio
geral,
deoutrem
em
uma
faz.com
uni-
queum
sersejaum ser davontade
‘Como
exemplos de
livre¢
detfinigées
0 direito―
(Hct.(1770-1831))â„¢.
produgio
fundamentadas de
no critério normativa
podem
poraquelas
seguintes:
ser expostos
regras
os

entre o bem¢o mal,


impés
istoé,
(.]
queo EstadoIhe
=

“A
entre 0 que €
odistingio
constituida,
Let c1vit ¢ para
contririo¢0 quenfo é
todo stibdito,
de
usar como critério
para
contrério
aregra―
(Howpes -"[..]o direito[..]&definido,
(1588-1679))*!; deformaadequada, como
sendo«umaregraparaa condutacivil queé produzida pela maisaltaautoridade
num Estado, impondo o que¢ justoe proibindo o queé injusto»―
(BLACKSTONE
(1723-1780)}*;~
assim chamado,
“Todo
é
o direito

produzido
paraum membro
positivo,
por pessoa
uma
o u membros
ou todoo direito
soberana
dasociedade
o u e
simples estritamente
por corposoberano
um de
pessoas, politica independente, na
qual
aquela pessoa é
ou corpo soberano ou supremo―(AUSTIN (1790-1859).
exemplos
‘Como dedefinigdesapoiadas deefectividade
no critério social podem
ser enumeradosos seguintes:~ em sentido
“Direito juridico tudoo que
em geral,
é,
quevivem umas com as outras numa qualquer
as pessoas, comunidade, aceitam
reciprocamentecomo norma e regradestavidaconjunta―(BIERLING(1841-1919))*;

JW
fem
parte,
ALExy,
definigiound
tentativa de
‘uma
1986,
8935,
des
BegriffGeltung (Freiburg/Miinchen
dodircito
conjugando
alguns
2002),
Rechts
dosreferidos
29;para
cf DREIER,
critérios,

"©
S.TomAs SummaTheologiae
be Aquino, (1267-1273),
1/1,$7,1
Kanr,Die Metaphysik
derSitten(!1797/°1798),
AB33 ((tad. por., Lisboa2005),
43);
Kanr,
cf.também Uber
A
denGemeinspruch:
nichtfir diePraxis(1793),
234
dasmagi n derTheorie
richtig
ein, taugtaber
%

21
®
Het, Grundlinien
Honnes,Leviathan
BLackstoxe,
derPhilosophie
(1651),
26,3(rad.
desRechts
*
(Berlin
Commentarieso n theLawsofEngland
34
(§
1821), 29).
port, Lisboa2002)
(tradugio
I (Oxford
adaptads),
1765),
44.
2
of Jurisprudence
Austin,TheProvince Determined,116s.
LING,Juistische
Prinzipienlehre 1894),
I(Tabingen
19

2
$19 EsTUDODo DIREITO

~“As sobre
previsoes o que fardo
ostribunais maisambicioso
e nada
n a realidade, do
slo0queew entendo pordi Propomos
ignarcomo direito«umconjunto de regrassociais,
queprescrevem um
exterior ¢quesio vistascomo apliciveis
comportamento pelostribunais»―
(Katorowicz (1877-1940))*; “Podemos
=

[..]definiro direitocomo a estrutura


deum sistemasocial quese baseiana generalizagio congruente deexpectativas
normativas decomportamento―(LUHMANN (1927-1998).
Comoexemplos dedefinigdes
assentesno critériodacoercibilidadedodireito

peladeve(..]ou
podem ser referidososseguintes: ordem chamar-se:direito,
“Uma quando
através
garantida
claestiver
daactuagdo
documprimento
exteriormente
deum corpoproprio
ou dapena
possibilidade
depessoas
daviolagio―
dacoergio (Fisica
recrutado
(WER(1864-1920);
psiquica)
paraa imposigio
“Pordircito
~

entende-se [..]uma ordemnormativaqueprocura orientar um determinado com-


portamento humano detal modoqueelaprescreve que,no casodeum comporta~
mento contririo, dochamado comportamento ilicito,do“ndo-direito―
("Unrect―),
deve
seguir-se,
consequéncia
do de
forga,
Nestesentido,
como
0 direito
(KeLsEN sancio.
uma ordem
ilicito,u m acto
normativacoactiva―
(1881-1973))―.
é
um a chamada

4, TeoriadoDireito
4.1, Nogio
A TeoriadoDireitoanalisa
Para
sistema,
o direito

prosseguir
estas
vigente
finalidades,
construi-lo
e procura como
doDireito recebecon-
a Teoria
tributos
deoutras reasdosaber
tica e a economia), a(como
procurando,
especial,
a sociologia,
filosofia,
em
a linguis-
delimitar
a ordem
juridica
outras ordens
perante elaborar
normativas, alguns operativos
conceitos
para andlise
a dodireito como ~

os dodireitoe deregrasjuridi-
defontes
juridicoâ„¢.
cas*" e construiro sistema
—

2%

75.
Justice, ef.
Hots, ThePathoftheLaw,Harv.L-Rev.10(1897),
461; também On Lawand
Ross,
®
> Begriff
Kantorowicz,
Der
Rechts
Rechtssoziologie
Lunmans,
(1939)
des
>,105,
1963),
(Gottingen 90.

2%
Weer,Wirtschaft
Soziologie *
‘zu
einer
undGesellschaft,
(Ed,
17;emsentido
Retimrwpex)
desRechts
juristischer
1987),e
(Berlin GeiceR,
semelhante,
ef
167 297,
Vorstudien
©
KeLseN,
Wasi st Rechespositivismus?, JZ1965,465.
Distinguindo juridcal-operative
®
entre os
function (que aquelesconcepts so queso usados

proprio o
paraanalisar
direito)e
diteito), law-stating
os
function
cf FRiwpneRG,
Concepts
Prorpren,
Essay
An Legal
(que
Concept
on
pelo
HaGE/VON
Formation,
it
York2009),
i n Law(Dordrecht/Heidelberg/London/New 2
DER
utilizados
conceptssio os conceitos

®
Cf,Cattisss, alsSystemtheorie,
Rechtstheorie i n Janx/MatntoreR,
Rechtstheorie/Bei-
aur Grundlagendiskussion
twiige (Frankfurt
am Main 1971),
142ss
NOGOES
INTRODUTORIAS

4.2. Distingio
do
andlise®.
distingue-se
A Teoria Direito
A Filosofia
doDireitoé
doDireitopela
daFilosofia
uma reflexao
sobre
de
perspectiva
o funda-
a esséncia,

dade,¢
mento 0 fimdodireito e recorre a soft comoos dejustiga,
concepts, equi-
liberdade e seguranga, A TeoriadoDireito¢ uma reflexiosobre
0
ito vigente¢serve-se dehard concepts,
como os defontes d odireito,
principios
juridicos,
regras juridicas¢sistemajuridico,
4.3,Teoria vs. pritica
ATeoria doDireitocomunga daméfamaque,porvezes,seassocia Ateoria.
Averdade & quenenhum jurista (advogado
pratico ou juiz, porexemplo)
pode actuar sem conhecimentos deTeoria doDireito, Naobasta conhe-
cer um preceito legal;
é
sempre necessariosaberse preceito de
consta
uma fonte dodireitoque¢ vilidae queestaem vigor. Portanto, a Teoria
doDireitotambém “presta
um servigo―
ao aplicador dodireitoâ„¢,
O importante descobrir
¢ aTeoriadoDireitoquesejarelevante paraa
pritica
afirmou
juridica,
SaviGny
evitandoo adigio
(1779-1861),
Bonus
“[..] practicus**.
malus
theoreticus,
ondea separagio
Como
entre teoriae pri-
ticase torne absoluta,
degrade para um jogovazioe a pritica
para
o a
afcorre-se inevitavelmente riscodeque teoriase
uma mera actividade bragal―’,
Seé verdade queum pritico dodireitosem teoriaé u m ignorante, tam-
bém
passa
¢
verdade
de um
queum tedrico
diletante.
dodireito
sem preocupagdes priticasno

® a ea
dedistinguir
Sobrea dificuldade doDireitocf.Dxeter,Zum
entre Teoria Filosofia
FSHermannKlenner(Frankfurtam
undRechtstheorie,
Verhiltnisvon Rechtsphilosophie
ain/Berlin/Bern/New
in
York/Paris/Wien
Cf.Kuwz/MonA,
Rechtsphilosophie,
Grundlagen
dietheoretischen
1992),
19ss
Reehtstheorie,
Rechtssoziologie/Bine
Einfthrung,
(Bern/Stuttgart/Wien
2006),
derRechtswissenschaft 17,
nestecontexto,deum “modelo
falando, deservigodasdisciplinas (Servce-
fundamentais―
derGrundlagenficher.
“Modell
% CEAaRNto,
Essays
York2011),95. on
theDoctrinal
of
StudyLaw (Dordrecht/Heidelherg/London/New
* desheutigen
Savieny,System
denZusammenhang zwischen
Romischen

juridico-sociales/Homengje
in Estudios
RechtsI,XX;ef.também
Rechtsphilosophie,
Rechtstheorie
alProfesor
LuisLegaz.y
Vienwes,Uber
und Rechtsdogmatik,
Lacambra de
I Santiago
Compostela 1960),
212;n um ambiente distint,cf.Dworxw,In PraiseofTheory,
bastante
(1997),
Ariz.St.LJ-29 35356.

By
$19 EsTUDODo DIREITO

doDireito
IIL. Ciéncia
1. Nogio

dogmatic;
doDireito(scientia
A Ciéncia
doctrine)
legal
nomeadamente
iuris;Rechtswissenschaft;
procura
dadeterminacao
através
legal
science law;
orientara resolugao of
decasos concretos,
dosignificado
dasfontesdo
direito¢doenunciadodeproposigdes
e deteoriasquepossibilitam
a
resolugio desses
casos"
2. Distingso
2.1. Sociologia
doDireito
A distingao
entre a Cigncia
ea dadiferenga
doDireitoresulta
Sociologia
deperspectivas pelas quais consideram a realidade juridica.Refere-se,
porv ezes,que,enquanto a Cigncia d oDireito analisa o direitocomo uma
realidade normativa~
como pertencendo
istoé, aordem dodever ser -,
a Sociologia doDireitoestuda o direito como uma realidade social ow
-

seja,como pertencendo
lecera distingao a
ordemdoser―. O melhor
e a Sociologia
entre a Ciéncia doDireitoé,
paraestabe-
critério
porém,
outro:
enquanto a Ciéncia doDireitoconsidera o direito
deum pontodevista
interno(ou
Gio
deum legal
decasos concretos,
point of
view")
a Sociologia
¢estuda-o na sua fungao
doDireitoconsidera
deresolu-
o direito
deum
ponto devista externo ¢examina-ona sua efectividade social.

2.2. Filosofia
doDireito
‘A
GiénciadoDireitodistingue-se doDireitopela
daFilosofia de
perspectiva
anilise.AFilosofiadoDireitocoloca-senuma perspectiva
que transcende
0 sistema juridico
e procuraresponder &pergunta Quidestius?A Ciéncia
doDireitoposiciona-se numa perspectivaimanenteao sistema juridico
e
responde &pergunta Quid sit
iuris?
ou Quidiuris?

%
CEPeczentk,
Juridica,
(Eds),
of,Neumann,
Introdugto,
ofLegal
A Theory Doctrine,
463ss. (NeuMANN,
RatioJuris
a
75ss; sobreCigneia
14(2001),
i n KAUFMANN/HASSEMER
dodireito,
Teoriacientficadaciéncia
Wissenschaftstheorie
derRechtswissenschat,
in

KaveMan/Hasseater/Nevaann
» Jé
(Eds),
KetseN,Uber
porexemplo,
assim, ,
Einfihrung
Grenzen
385ss.
zwischen undsoziologischer
juristischer
Methode(Tiibingen
‘©

Excet/ScitOx
1911),
Ernst,Gelehrtes
Geicer,
Sef.
einer
Soziologie
Vorstudien
Recht DieJurisprudenz
(Eds),
~

DasProprium
2u
ss
aus derSicht
desRechts,165
desZivilrechtlehrers,
(Tabingen
derRechtswissenschaft 2007),
in

18 ssef-tam-
bém on theDoctrinal
Essays
AARNr0,
of
StudyLaw,22ss.
NOGOES
INTRODUTORIAS

2.3,TeoriadoDireito
A Ciéncia
doDireitotambém se distinguedaTeoria doDireito: a Teoria

em a
doDireitoensina a conhecer mas nao resolver
o direito, casos coneretos
daaplicagio
através dodireito; contrapartida, doDireitoensina
a Ciéncia
a resolver
casos concretos através juridicos.
decritérios JaWiNDscHEID
(1817-1892) referiaque “nunca
se deveesquecer queos finstitimosda
Ciencia doDireitosio finspriticos―
e que“aCiéncia
doDireitoé uma
pritica―®,
ciéncia
A propésito
dadistingao entre a Teoriae a CiénciadoDireitodeve
que objectivo
esclarecer-se 0 do Curso de Direitoéformar do
cientistas
direito,
naotedricos d E
odireito. por
issoque formagio
a na area da Teoria
doDireitodeveter um sentido instrumental: essaformagio devecoadju-
var e complementar aquela
doDireito.Issonaoimpede
TeoriadoDireito,
que
¢
fornecida
que jurista
naodevendo,
o
na
possa
area especifica
cultivar
daCiéncia
exclusivamente a
contributo
contudo,esquecer queo seu
tedricodeve incentivar uma melhor praxisjuridica,
3. Caracterizagio
3.1.Generalidades
doDireitoé
A Ciéncia social,
uma ciéncia porqueelaconsiderao direito
como uma realidade
no s6talcomo ele¢legislado,A
social. Ciéncia
mas tambémcomo ele¢
efectivamente o
doDireitodeveconsiderardireito
pra-
ticadoe aplicado,
havendo,porisso,que examinarnao a lawin books,
sé
também
‘mas a Jawin action".
doDireito¢
A Ciéncia igualmenteuma ciéncia dado
normativa, queela
determina c omo os casos concretos devemser resolvidos
deacordocom
juridicos;
ctitérios ao contririo do as realistas
que orientagGes entendem,
a Ciéncia
doDireitonao procuradescrever (nem prognosticar)as suas
decisdes*!,
Estecaricternormativo daCiéncia
doDireitocontrasta com
o caricterdescritivodeoutras perspectivasdeanilisedodireito,
como a
Hist6riae a Sociologiado Direito, quese ocupam, respectivamente, do
modocomo os casos concretosforam no passado
resolvidos ou como eles
sdoefectivamente ¢no como deviam
~

ser resolvidos
~

no presente.

»

(Ed), der
DieAufgaben
WinnscitetD,
in
Rechtswissenschaftin
oderRechtsphilosophie
Rechtstheorie
(1884),
Deutschland
(Darmstadt
1988),
83.
ROELLECKE
+

* CE
PouND,
Cf,
no Law
in and
law
inaction,
ambito L-Rev.
books
12. Am, 44 (1910),
dasrferidasorientagées
realistas,
ROss,
OnLawandlJustice,
64.

26
$19 EsTUDODo DIREITO

doespirito―
3.2.“Ciéncia
a) Ascaracterfsticas
daCiéncia
doDireitomostram queesta nadatem
em comum com as ciéncias
naturais.
DILTHEY (1833-1911)estabeleceu
uma conhecidadicotomiaentre 0
“explicar― (Eriliren)
ow 0 “esclarecer―
queé proprio naturais e o “compreender―
dasciéncias (Verstehien)
que&
dasciéncias
caracteristico doespirito"―. “explica~
ComoDirHey referiu,
compreendemos
mos a natureza, a vidadoespirito―™’.
Utilizandoesta dicotomiaou aquela
~

quese referea “uma


praxis
técnicacom fundamento no conhecimento deleisdanatureza― ¢a “uma

praxis social e moralmente relevante―* ~, torna-se claro que a realidade


juridica néopode ser descoberta
explicada
¢
(porque elanaose situano
plano doser),
aum dever
mas apenas
ser). A Ciéncia
construida
do Direito e
~
compreendida
que é
u ma
(porquerefere
“ciéncia ela
se
compreensiva,
significativae interpretativa’s ~

integra-se, porisso, nas chamadas “cién-


ciasdoespirito― (Geisteswissenschaften).
b)Quando se passa parao plano dadecisioatravés daqual se resolve
casos concretos deacordo com critérios juridicos, claroque
também ¢
nio se trata dedescobrir ou deexplicar mas antes defundamen-
algo,
tar a propria decisio: naose procura demonstrar quealgo épossivel ou
necessdrio atravésdeargumentos empiricos, mas antes justificar,através
deargumentos racionais, um dever s er (como, porexemplo, a obrigagio
deo devedor pagarqueo devea o seu eredor).
Asdecis6es juridicas —

talcomo,alias, as acgdes humanasnio se expli-


—

cam,justificam-se; (¢acces)podem
as decisdes as sé ser avaliadas pela
©
Dinrney, Iden dbereine beschreibende und zergliederndePsychologie(1894),in

Der Vinden
Divriey,Gesammelte
AufbauWelt
Schriften
Schriften(Stuttgart/Gottingen
dergeschichtlichen Geisteswissenschaften
VII (Gottingen1958),
79 ss. €88ss.
1957),
138
ss;
ef também DittHEY,
in Ditruey,Gesammelte
“
Ditraey,Ideenabereine beschreibende undzergliederndePsychologie,
i n Dutaey,
Gesammelte Schriften
V,144;of.também Wener, Die»Objektivitit«
sozialwissenschaft-
licherundsozialpolitischer Erkenntnis(1904), i n Weve,Gesammelte Aufsitzezur
Wissenschaftslehre *
(Tibingen1985), 180ss; criticandoa distingio,
ef.Parzic,Erkliren
undVerstehen,
394
NeueRundschau
Die
verse i n transzendentalpragmatischer:
84(1973),ss;Are, Erkliren Verstehen
Sicht (Frankfurt
Kontro~
ss;Ricorur,
am Main1979),319 Du
texte
*
Vaction/Essais
a
Szientistik,
ApnL, II
d’herméneutique
(Paris
1986),
Hermeneutik,
Ideologiekritik,
phie(Frankfurtam1973),
Il Main 112.
in
179ss.
Transformation
APEL, derPhiloso-
4

Richterliche
Lanenz,
als Problem,
Rechtsfortbildung NJW
8. methodisches 1965,
NOGOES
INTRODUTORIAS

sua justificagioou fundamentagio. A decisio juridicatambém reflecte


a
diferengajuridico
entre o (ow ser)
o dever ¢o natural(ouser).
0

3.3,Valores especificos
A Ciéncia doDireitotem valores préprios quenaosio compartilhados
pelas Nas
ciéncias
naturais: essesvalores so 0 da 0 da
justica, confiancaeo da
eficiéncia**, palavras deLARENz (1903-1993), “a
CiénciadoDireito
{..]buscaosentidodeuma regraou deuma regulacéo maisampla no con-
texto deuma certa ordem juridica,mas sempre em referéncia4adequa-
40deuma regrano sentido dasua aptidao parapossibilitaruma decisio
«justa»――,
Foi afinala falta
dareferéncia a valoresque levou KIRCHMANN
(1802-1884)
8Ciéncia
a negar,

torna-se elaprépria
entretanto
num escrito
doDireito:“[...]a ciénciaque constréi
o carictercientifico
célebre,
como objectoo casual,
rectifica-
uma casualidade―, pelo que palavras
“trés
doras dolegislador e bibliotecas inteirastornam-se papel deembrulho―*.
A dafronesis
ineréncia dosvalores 4 CiénciadoDireitomostra queelacontinuaa
estarproxima

e&
praticacapacidade eda
gregaprudentia latina,
deraciocinare dedeliberar
daCienciadoDireitocom a prudentia
respeitantes
deforma
sabedoria
sensata®,
Esta
relagdo éexplicitamentemantida na
designacao inglesa e
dejurisprudence alema deJurisprudenz

doDireitoutilizao método
ACiéncia juridico,
queé
0 método
quepermite
daaplicagao
decasos concretos através
a resolugio juridicas®.
deregras
A Metodologia
(daCiencia) doDireitoocupa-se
detrés funda-
questdes
“©

ENcIscu, 4 ENGrscH,
Cf,referindo-se
justiga,Wahrheit
(Frankfurt
2ur Rechtstheorie
Beitrige
i m juristischen
undRichtigkeit
am Main 1984),294 ss
Denken,in

©

LaKeNz,
«© DieDie in
Kincraawn, Wertlosigkeit FS
Franz
derRechtswissenschaft,
Sinnfrage
als
derJurispruden2 (Gottingen 423,
Wieacker
Wissenschaft(Berlin
1978)
1848),
23;igual-
mente céptico
der
peranteocaricter
desRechts
Soziologic (Miinchen/Leipzig
1913),dosobre do
problema
1ss; o Grundlegung
centifico daCigneiaDitto,cf Eun,

JZ ci
caricter
© da
fico Ciéncia
doDircito,cf
Nicémaco,
Cf AnisréreLes,
Eticaa und
Jurisprudenz
HENKE,
Alte
(tad.
neue Wissenschaft,
2 004);
245s, port,Lisboa
1140a
1987,
685s
cf AUBENQUE,
Laprudence
5
Sobreas
lizagbes
(Paris
priticas
prética’,
afastadas
da
ss.
1963),7
chezAristote
exigéncias colocadas4
modo
metodologia,
Juristische
ef.Neumann, aafastar
o“risco
de
das
Methodenlehre
idea-
undTheorieder
juristischen
Arguments ,
(2001),
RTh32 239ss, onde
se afirmaque“ametodologia
juridica
clissica
est morta― metodologia
e que “a morrew das
juridica suas idealizagies

28
$19 EsTUDODo DIREITO

mentais:quemétodo
deveser utilizado juridi-
dasregras
na construgao
cas através
da dasfontes
interpretagio dodireito?;
quemétodo deveser
seguido
detecgao
na
qualmétodo
o e
das
integragao
adequado
lacunas
construgio
para.a
do juridico?;
sistema
dadecisio
porfim,
decasosconcretos?
4. Fungées
Importa
destacar, as seguintes
entre outras, fungdes daCiencia doDireito:
A fungio
~
heuristica (ouprodutiva); a CiéneiadoDireitopossibilita
a resolugio decasos concretos atravésdoenunciado deproposigdes
juridicasformulagio
e da de teorias*!;
=A fungio desistematizagio; a Giéncia doDireitopropoe classifica-
es, elabora proposigées
e formula teorias coerentes entre si e com
0s princfpios dosistemajuridico®;
e as regras
A funcio
~

elaboradas
estabilizadora
pela
(ouorientadora);
doDireitofornecem
Ciéncia
as proposigdes
modelos
casos concretos queevitam uma constante discussio
dedecisio
sobre
¢
as teorias
de
a solugio
denovos casos*;
A fungao
~

criticaou politico-legislativa;
a CiénciadoDireitochama a
atengao para incoeréncias,
as as insuficiénciase as lacunas do orde-
namento juridicoâ„¢.

Letantz(1646-1716)
cia doDireito,
fazendo-a
em
assentar a e
foidosprimeirosatribuir
um caricter sistemiticoCién-

prinefpios universais* construindo 4


prineipios
dedecisioa ssentesn o direito tarde,
naturale na leiescrita®,
Mais
KaNT(1724-1804)
concluiu
queo sistema
é 4
essencial tendo
ciéncia, afirmado
que“toda
a teoriaque

%
CE.Nrwo,
Algunos Metodolégicos
Modelos Juridica―
de“Ciencia― (México
1999),
895s.
©Gi
Recht,
Ems, Gelehrtes dasteorasjuridieas,e.
28 ss;sobrea coeréncia PEczENTK,
OnLawandReason (Dordcecht2009),
132.
®
Cf, Aanwto,
ReasonandAuthority/ATreatiseon the DynamicParadigmof Legal
Dogeaties(Aldershot/Brookticld
1997),
78ss
as
Sobre fungdes
pradenzals
Wissenschaft
(Berin
1966),
JS1971,452
doDireit,cf Lanes,
daCiéncia
Aufgabe der
Eigenart
Ober
Jorspruden2,
12;
LaRENz, nd
derJursprudenz
sf aindaDxzte,ZumSelbstverstindnis
derJuris-
dieUnentbehrlichkeit

alsWissenschaft,
RTH2 (1971)4 ss; Prczentk,
Scientia
furs An unsolved
Philosophical Ethic.
Problem,
ssdocendaeque
~

Th,MoralPract.3 (2000),
275
*
Lem, Novamethodus
discendae
furispradentine, ex artis didactiexe
princpisin
%
generali
parce
Il, lice (1667),
praemissis,experientiaeque
Leura,Novamethodus
discendac
Il, §
71s.
§25s,
NOGOES
INTRODUTORIAS

seja
um uma totalidade
tema,istoé, doconhecimento
ordenada
segundo
prinei-
pios,
chama-se Enesta
linha otitulo
dado
s

cigneia―®―, compreende
quese porSaviGxY
(1779-1861)&obraqueviriaaser a fundadora
damodernaCiencia doDireito 0
~

System des Rémischen


heutigen Rechts
(1840-1849) ~, embora,
curiosamente, SAVIGNY
no
oque
explique
em juridico,
dodireito sentido
A
por
entende
préprio, e
sistema
apenas
com exclusio
dosdireitos"â„¢.
Desde
afirme
ques6vai tratar do “sistema
doprocesso
ou dos
entio,aCiéncia
institutosdestinados
doDireitocontinental
ficou
prossecugio
quer
ligada, do especial
construgio
&
samentosistemitico:
sistema
&0 que
argumentagio
sucede,
quer
importéncia,
com
da
interpretagio
na
com base
no pen-

leie na
eintegragio
deteccio daslacunas―,

5. Construgio
5.1.Ambitodaconstrugao.
a) A doDireitoformulaproposigoes
Ciéncia juridicas.
e teorias Aspro-
posig6esjuridicas
porexemplo,
descrevem
daafirmagao
principios
ou regrasjuridicas:
direitoprivado
deque“o
0 caso,

portugués
orienta~ ¢
-se pelo principiodaautonomiaprivada― (cf.art. 405.%, n." 1,CC) ou
deque“no
direitoportugués,
a maioridade aos dezoito
atinge-se anos―
(cf. CC).
art. 122.°
Asteorias juridicas so hipéteses ou modelos de decisdo decasos
concretosâ„¢.Porexemplo: o art. 563."CCestabelece quea obrigagao de
indemnizagio relacao que
sé
existe em aos danos o lesado provavelmente
nJotetiasofrido se nao fossea lesio;no entanto, naoé razoaveladmitir
que o causador doacidente fique responsivel
pelos prejuizos causados
a todos os automobilistasquesofreram prejuizos em virtude deterem
©
Kanr,Metaphysische
System" und,Begriindung" der (1786),
Anfangsgriinde A
NaturwissenschaftIVscf:
alswissenschaftliche
KamnaRret,
undphilosophische
Ordnungsbegriffe
beiund
vor
Kant,
Bezichungim
i n Rrrrex (Ed),
19,Jahrhundert
Methodin Law(Aldershot
Philosophie
(Frankfurt
2003),
am

53ss
undRechtswissenschaft/Zum
Main 1969),
Problemihrer
Epistemology
99s;SamurL, and

Savtany, System desheutigenRémischen


Rechts River, UberdieNotwendig-
I,3;¢f
eit desrechtsystematischen FSKnutWolfgang
Denkens, Norr(Wien2003),10ss.
CE.
port,
©
Canaris,
Cf,Canaris,
Pensamento
Lisboa2002),
149ss ¢ na
SistematicoConceito

undTheorienstruktur,
Theorienrezeption
doDireito(trad.
deSistema Ciéncia

(Berlin
FSZentaroKitagawa
1992),60s sef-também
12.1993,
1978),
Funktion,
Strukturund
Canants,
Falsifikation
juristischer
379;Deter, ZurTheoriebildungin
103ss. Scum, Rechtsdogmatik
FSHelmut
derJurispradenz,
Theorien,
Schelsky
undWissenschaft/Rechtliche
(Berlin
Theorienund
Modellen (Berlin
2006),
95ss

a0
$19 EsTUDODo DIREITO

ficado retidos no engarrafamento originado pelo acidente (desde a noiva


quechegou atrasada ao casamento atéao estudante que pode
nao tentar
a melhoria deuma classificagao por nao ter chegado a tempo exame);
ao
por isso,
quepodem é
necessario
ser
formular
imputados ao
uma teoria que
causador
permita
doacidente.
delimitar os danos

b)Umateoria juridica encontra-secorrectamente formulada quando


puder resolver
correcgao
todos o s casos
deuma teoriajuridica
queporeladevem
naoé
ser abrangidos,
questionada pela a
pelo que
decasos
existéncia
excepcionais quenaodevamser abrangidos. Assim, porexemplo: a teoria
T, resolve os casos Cy,Cs Cy;
€ 0 caso C, merece uma solugao diferente
daquela quevaleparaos casos C,,Cy€ Cy;caso C,deveser resolvido por
uma excepgio
adequada & Ty;T;
quando
teoria teoria é
houver casos que,
correcta. Umateoriajuridica
néo podendo ser considerados
nio é
casos

excepcionais,
resolve
nao
os casos Cs,
possam ser resolvidos por ela, P or
C,e Cr;0 caso Cymerece a mesma solugio a
exemplo: T,teoria
quevale
para os casos Cs, Cy¢Cy;a teoria T; nao resolve 0 caso Cs;a teoria T;no
éaceitavel.Pode assimconcluir-se aliésdeacordo com o adgio segundo
qual “a
excep¢io confirma a regra―
~

queas teoriasjuridicas sio confir-


madas pelas excepgdes
5.2.Doutrinajuridica
¢ infirmadas pelos casos naoexcepcionais.

O resultadodecorrente
doenunciado juridicas
deproposigdes ¢dafor-
mulacio juridicas
de teorias chama-se
doutrina
ou dogmética
juridica:
a
esta doutrinaincumbe
o
orientar aplicador
dodireito".Quando
se uti-

numao
“dogmitica
lizaa expressao juridica―
naose pretende
incluir direitono
Ambitodaquelas dogmiticas
quese baseiam fé,
numa mundividén-
cia ou numa verdade
revelada,
mas antes exprimir juridica
uma “opiniao
racionalizada’®
ou “fornecer
a melhor fundamentagio
racionaldeuma

©:

(Bds,), Zur
CEWaeaccer,praktischen
Hermeneutik
1970),
Leistung
Gadamer
undDialektikIl/Hans-Georg
316;ef também
Esser,
VIEHL
derRechtsdogmatik,
i n Buowen/Cramter/

Geburtstag zum 70,


HWbSozWiss
Rechtswissenschaft, VIII (1964),
7
(Tibingen
Moglichkeiten
undGrenzendesdogmatischen Denkens i m modernen Zivilrecht,
AcP172
(1972),
113;Esser,

Dogmatik
Esser, 2wischen
TheorieundPraxis,
der
i n Enzyklopadie
MethodikdesPrivatrechts,
Arbeitsmethoden/Methoden
derRechtswissenschaft
FSLudwig
Geisteswissenschatftichen
TeilI (Miinchen/Wien
Raiser(Tabingen
1972),
1974),
19s s
522s,
Butvain, Legal
Dogmatics Systematization
andthe (1986),
ofLaw, RTh-BH10 193ss
Vienweo,
©
alProfesor
Homenaje Luis
y
Legaz LacambraI,
204

a
NOGOES
INTRODUTORIAS

regra―®® dareferéncia
através
e construir, a valores
imanentesao sistema
juridico,
o “sistema
designado interno",Paralelamente,
quando se fala
de“dogmas
juridicos― pensa quaisquer
tambémnio se em fundamentos
axiomiticosdodireito,
mas antes em certas
premissas quenaosio ques
como a dequeo sistema
tionadas, juridicopermitesolucionar as contra-
.squenelese verifiquem
graudasua incompletude,
cidosdetutelajuridica.
ea deque
fornece uma solugao
qualquer
esse sistema,
paratodos
queseja
os casos care~ 0
A actualdogmitica juridica
é,neste sentido,uma
“dogmitica
naodogmatica’’’.

6. Historia
6.1. Linhasdeevolugio
a)ACiéncia
doDireitoiniciou-secom a actividade
dosju \s romanos no acon
selhamento daspartes a consultas.
¢na resposta Comose escreveu, “as
ciéncias¢a
filosofia aCiéncia
sio gregas, doDireitoé
romana",Oconhecimento destaactivi-
dadedosjurisconsultos romanos decaricter foifacilitado
casuistico pelacodificagio
elaborada porIustintanus(527-565) sobo nome deCorpus lurisCivils.
A codificacao favoreceu
justinianeia a recepgio dodireitoromano durante a
IdadeMédia
formou-se &
e levou formagio
em Bolonha,
dojuscommune.A partirdoiniciodoSéculo
poriniciativa deIkNERIUS (c.1050-1130),
XII
a Escola
os comentiriosaos textos doCorpus
dos
Glosadores, assimdesignada porque luris
Civiliseram denominados “glosas―.
Posteriormente, formou-se e m Perisia,
com

Bypiiskt, Unentbehrlichkeit
undGrenzenmethodisches
Rechtsdenkens,
AcP188
(1988),
477,
&

um a und
Heck,Begrifsbildung
Interessenjurisprudenz
anilisehistérico-dogmatica
daunidade
derRechtsordoung/Bedeutungen
(Tiibingen
daordem
1932),
juridica,
84n.2 143;

einer juristischen
para
DieEimheit
ef BALDUS,
Formelin Rechtstheorie, Zivil- und
des19,und20.Jahrhunderts
Staatsrechtswissenschaft (Berlin 1995),
24 s.e113s.
©MrveR-Corpin, Kann der
Jurist heutenochDogmatiker sein#/Zum
Selbsverstindnis
derRechtswissenschaft (Tabingen 1973),32;sobrea histdriada dogmética juridica,
cf,HERBERGER, Dogmatik/Zur Geschichte von Begriff undMethode i n Medizinund
Jurisprudenz (Frankfurt am Main 1981), 3 ss. (aassociagio daMedicina& Ciéncia do
Dircitona historia
dadogmatica deve-se 4circunstincia detersidoo médicogreco-romano
Gatexo (129-199)
‘genérica
Barbus,
construida
Auslegung
0 primeiro a utilizar a expressio com
a partirdedados
undAnalogic
daexperiéncia:
im 19,Jabrhundert,
o
dogma sentidodeproposigio
cf.HeRBERGER,
i n RreseNntuneR
Dogmatik,
(Ed),
83 ss);
Europiische
Methodenlehre/Handbuch fir Ausbildung undPraxis(Berlin 2006),
32s.
Hinwxe,
dologia
AlteJurisprudenz
Juridiea,
ef Ratscu,
undneue Wissenschaft,
Juristische Methoden/Vom a
JZ1987, 686;sobre evolugiodaMeto-
antiken Rombiszur Gegenwart

(Heidelberg 1995),$55.41 5, 8155.€133ss

2
$19 EsTUDODo DIREITO

grande na légica
apoio e na escolistica,
aristotélica a Escola
dosPés-glosadores
ou
Comentadores
(Séculos
(1313/14-1357).
conhecido
XIII-XV),
O método
dosglosadores
soba designagio
demostaicus
¢dos foi
mais importante
representante
cujo BARTOLUS
comentadores
posteriores ficou

Franga os
A dosfundamentos
superagio escolisticos
queorientaram0 mositalicuse
ideais
humanistas
doRenascimento
conduziram
ao surgimento
em domos
gallicus
A galante―,
rudéncia
“jurisprudéncia
galante―
especialmente
procurava,
cultivada
a
durante
filologia
com recurso
o s Séculos
XVIe XVI.
clissica, reconstituir
a ciéncia
juridica principal
romana e teve como expoente (1522-1590),
Cujactus
Maistarde, na Alemanha
surgiu o ususmodernus
pandectarum
(designago retirada
deuma obra
publicada pelo
em 1690 jurista alemio
(1640-1710)),
StRvK quepro~
curava
metodologiao
direitoromano as
adaptar condigdes
nos Séculos
dominante
doseu tempo
XVII e XVIII.
e que viriaa constituira

Tluminismo
com forte
docultivo, &elaboragioprimeiras
levou
influéncia
dodireitoromano na Alemanha
das
codificagies e esteve na origem
dosconceitos e dasistemitica do
jusracionalismo,
do inicio doSéculo
a partir
Opondo-se XIX, as
orientagoesracionalistas
e baseando-se numa visio romantica
(com ingredientes
como 0(1779-1861),
Savieny
dopovo,
espirito cultura),
o sentimento ¢a

contestava
dodireitoromano, Ambas
asvantagens da
codificagio
a Escola

as correntes conduziram
Historica, fundada
e propugnavaa
por
actu-
alizagio a um movimento que
ficouconhecidosoba designacio
deCiéncia
dasPandectas
ou Pandectistica.
Como
principais daPandectistica
representantes quereferir,
alemahé além
deSaviGny,
autores como Pucitta(1798-1846),
WinpscHEtD (1817-1892),
JHERING (1818-
-1892) eDernure
(1829-1907).
daCiéncia
b)Na evolugao doDireitoteve particular a chamada
importincia
Escola
que“a Escola
danagio,
SaviGnyquefoio seu principal
Histérica. ~

considera
Histérica
todavia
expoente
~

apresenta-a
dizendo
juridica ¢fornecida
quea matéria
doarbitrio[..],m as proveniente
pelopassado
daesséncia
global naoatravés
interna dapropria nagioe dasuahistéria――.
Numaoutra formulagio, &Escola
His-
torica“[.] subjazuma superior ideia,segundoa
qual a
propria CiéneiadoDircito
rio é outra coisasendoHistéria doDireito,
detalmodo queum cultivo da
separado
Histria doDireitosé pode dequalquer
ser distinguido outro cultivodaCiéncia
do
deuma
ito através deluz ¢sombras―®*
diferentedistribuicéo
Segundo a EscolaHistérica,odireitoé
um produto dahistdria e brotado“espi-
rito dopovo― SaviGny
(Volksgeist): entende
o €
quedireitoconstruido, naoatravés
do

©
Savicxy, Zeitschriftflr geschichtliche
UeberdenZweckdieserZeitschrift, Rechtswii
1 6; 1
senschaft(1815),
~
cf.ReckeRt,DieHistorische
Botschaft,
Legende, JZ2010,ss.
Rechtsschule nach200Jahren
Mythos,

2te Recension
Ausg,des
Satay,
©

1799,der
Geschichte
Ausg, des
Rimischen
Rechts
von
nSaviGNy,Gustav
Hugo,
Lehrbuchs
Vermischte
Berlin 3te
Schriften
(Berlin
2.
Berlin
1806, V 1850),
a
INTRODUTORIAS
NOGOES
arbitriodolegislador,
masatravés
dosusos,dascrengas
e doscostumes―.
Odireito
colectiva
vivena consciencia dopovo, queeleécriado
pelo pelo dopovo
espirito que
vive¢actuaem cada
u m dos
individuos―.

6.2,Evolugio
recente
Maismodernamente,
da
a histdria Ciéncia
é
doDireito essencialmente
uma historia

‘Como
principais metodologicas
orientagbes deentre asmaisrecen-
haquereferi,
tes,ascorrentes hermeneuticasse baseiam
(que numa reflexividade
entre a regra
0 caso,no sentidodequea regra ser construida
sem0 casoe deque
pode
nio 0 caso
rio &compreensivel
sem a regra) analiticas
¢as orientagies (quepreconi:
sucessivadaregra
coneretizagio elacorresponder
até importa
ao casoconcreto que
resolver)―.
desolugio
6.3.Critérios
Paralelamente
térios
res comentadores,a
da
&evolugio CiénciadoDireito,
dedecisiodecasosconcretos,Desde aépoca
doDireitodecidia
Ciéncia a oudos
romana até cri-
ocorreu um a outra no ambito
dosglosado-
época
c asoacaso. Afronesis “sabedoria
aristotélica’―
pritica― (queesteve na base
daprudentia estéica)
e a
equidade(igual-

©Savicny,

1814),
13s.
Savicny,
Beruf
Vom
unserer
System
Zeit und
desheutigen
fir Gesetzgebung

Réimischen Rechts
I, M4
Rechtswissenschaft(Hi berg

―

Juristentages
2001),
Ss,
Entdeckungen,
BI Verhandlungen
Cf.Dau,Juristische
(Bd),
1958),ss.= Hore
(Tiibingen
deszweiundvierzigsten
Zivilrechtliche
Entdecker
Deutschen
(Miinchen

Culpa
JuteRiNG,

_gelangten contrahendo
in
Vertragen, oder
(1861),Schadensersatz
ef. bei
JhJb4 1555Mepicus,nichtigen
FGMaxKaser(Wien/Kéln/Graz
incontrahendo,
oder Perfektion nichtzu
Zur Entdeckungsgeschichte
1986),
169ss
derculpa
> desbitrgerlichen
DieGestaltungstechte
‘SrcxEt, Rechts, FGRichard Koch(Berlin1903),
208s,
>
Doppelwirkungenim ber
Uber
Kupr,
die von
insbesondere Konkurrenz
Recht, Nichtigkeit
undAnfechtbarkeit, (Berlin
FSFerdinand 1911),
v on Martitz 211ss.
Vertrauenshaftung
Canants,
Die (Miinchen
i m deutschen1971)
Privatreche
©

(1988), ¢
%
Leiturascomplementares,
MENEZES CORDEIRO, Juridica
Ciencia doDireito
Metodologia
nos Finais (Lisboa
doSéculo
XX 1989) =
ROA48 697-772;BarristaMacHapo,
Introdugio juridico, Baptista
ao pensamento Machado/Obra
in
Joao dispersa
(Braga II
1993),7-68.
―
Etica
CEAnisTOTELES, aN icémaco, 24ss. (trad,
1140a port,Lisboa
2004).
ao
$19 EsTUDODo DIREITO

de
mente basearistotélica―)
no direito
romano, a iurisprudentia
éo
orlentavam decisor
definida
para isso
just.Epor que,
a decisto
dojusto doinjusto―
como a “ciéncia
prudentia
(luris est[..
tustiatque scientia:ULPLANUS,
injusti D.1.1.10.2)..
‘Com
asprimeiras codificagbes
e,
racionalismo,
estabeleceus
uma fonte geral,
abstracta
e Estepredominio
daregrajuridica
sobre 0 casolevou
a
uma
defendia
da
desvalorizagio
sentido
(num
e daequidade
prudentia
“ascendente―) e
conduziu
a uma metodologia
docaso &regrajuridica
a subsuingio
que
¢(num
sentido
“descendente―)dasolugio
a dedugio docasodessaregra
Emtempos
mai recial
porinfluénciadas
hermenéuticas,
correntes a simbiose 0 caso nfo pode
entre o caso €a regra: ser
compreendido e
decidido
sem regra,
dafontesem atender a
masesta regra também
ao caso. Paralelamente,
naopode
verifica-se
um a
ser inferida
darazio
reabilitagio
o quefezrenascer a importincia
pritica, dafronesis
ou prudentia de
como critério
decisiodecasosconcretos―.

7. “Geografia―
Odireitoportugués no ambito
integra-se, dosvariossistemas dedireito,
nafamiliaromano-germinica,0 quemostra que0 direitoportugués
tributariodareelaboragio
actualé pela
dodireitoromano realizada
Pandectistica
alema XIX. Eporissoqueo conhecimento
doSéculo da
doutrina
alema particularmente
é titilpara
o estudod odireito
portugués,
podendo mesmo dizer-se
temas,nas maisvariadas
doutrina.
é
quenao possivel
areasjuridicas,
procurar aprofundar
sem 0 conhecimento
alguns
dessa

auxiliares
IV. Ciéneias
1. DireitoComparado
0 DireitoComparado que,apesar
-
dadesignagio,
naodeve ser confun-

juridicas
ou entre institutos—
didocom um ramo dodireitorealiza
de diferentesordens
entre varias
u ma comparacao

juridicas.
No
ordens
plano da
macrocomparagao, 0 DireitoComparado distinguir
permite varios siste-
(como,
mas juridicos porexemplo, o sistemaromano-germinico e 0 sis-
tema anglo-saxdnico).
AnistéreLs,
(rad.
»
Nicémaco,
Ftieaa
port, Lisboa2005),
Cf.Katee,Recht
und
1137b
lseftambém
Vernunft
praktische (Gattingen
ARISTOTELES,

1978),
13742-1374
Retorica

17ss.

as
NOGOES
INTRODUTORIAS

2. PoliticadoDireito
Odireitovigente deve espelhar queras estruturassociais (como as econ6-
micas,
dade,
as cientificas
quer
doDireitoé
ainda o
ou as
técnicas),
pensamento
a deassegurar
quer
juridico0s valores
dominante.
estacorrespondéncia
prevalecentes
A fungio
na socie~
daPolit
dodireitovigente com
realidades extrajuridicas, elafornece
pelododireito orientagées
que as para o desen-
volvimento e 0 aperfeigoamento vigente.
A Politica doDireitoanalisa o direitonuma perspectiva delege ferenda,
poisquea sua dptica nao¢ a dodireito talcomo eleexiste(de ie condito
ou dejure lata),mas talcomo eledevia existir(de iurecondendo).Porque 0
constituirdecorre
‘0a
doDireitorelaciona-se
principalmente
estreitamente
de actos
com a Ciéncia a
legislativos,
daLegislagao
Pol
e com
a Legistica.
Umazona deintersecgio entre a Sociologia doDireitoe a Politica
doDireito&
constituida pelachamadaTeoria (ou Ciéncia)Feministado Dircito,cujoobjectivo
depoder
corrigir as relagdes
€ deum dossexos sobreo outro. Emconcreto,a
‘Teoria
biol6gico) do
Feminista Direitoprocura
se repercuta
a quea esfera
evitarquea diferenga
numa diferenca entre
constitua uma forma
os
géneros
entre ossexos(no
(no
deperpetuagio
p social)
lano
dopapel
plano
obstar
¢
dominante
privada
dohomem®.

3. CiénciaEconémica
O direitoregula, davidasocial,
entre muitosoutros aspectos aproducao
debense servigos.
a distribuigdo
€ regulagio,
Nessa nao pode
o direito
ignoraras leiseconémicas
quea Ciéncia Econémica
é a
queregemactividade econémica.
auxiliares
uma dasciéncias
Eporisso
dodireito.

©Paraum
geral,
panorama Wetsners (Ed),
ef,porexemplo, FeministLegal
Theory/
(Philadelphia
Foundations 1993);Orsen(Ed), FeministLegalTheory
I/Foundations
and
Outlooks
Theory
tioningFeminist
(Eds),FeministLegal
Legal
(Aldershot/Singapore/Sidney OtseN(Ed),
1995); Feminist
WithintheLaw (Aldershot/Singapore/Sidney
Theory/An Reader(New
Anti-Essentialist
Theory
1995);
l/Posi-
Dowb/Jacons
York/London 2003);
Fouanry, L./Lensxe, U. (Eds), Rechtswissenschaft/Bin
Feministische Studienbuch*

(Baden-Baden2011);ef,tambémDan, ODircitodasMulheres/UmaIntrodugio& Teoria


do
Direito
(trad.MacKinnon,
Feminista
State(Cambridge,
Mass.2007),11's,
snow,a of
port,Lisboa1993);
Women's
lives
Mass,1989),237ss;
MacK TowardsFeministTheory
laws(Cambridge,
men’s

36
$19 EsTUDODo DIREITO

Darelagao entre o direito€a economia


nasceu,designadamente
por
iniciativadeCoast,CALABRESt® a Anilise
e POSNER", Econémica
do
Direitoâ„¢,
¢das que
instituigées
tanto daquesto
se ocupa
juridicas
no
dedeterminar
dos
comportamento i
os efeitos
dasregras
ndividuos,como do
problema dedeterminarcomo que regras
as juridicas cons-
devem ser
truidas
e aplicadas
recursos econémicos,
querutilizagio
demodoa garantir
dobem-estar.
quera maximizagio a mais
eficiente
dos

8
Coase,
© Social
Catapnest,
499 ss,
Some Cost,
TheProblem

Thoughts
of
LL-E. I Law
(1960),
and
3
of Yale
on RiskDistribution
ss
LJ.70
(1961),
the Torts,
©

um a
“
Poswer,
Cf,v.g,
Analysis
Economic
perspectiva
critica,Law― of
cfMestMAckER,
LegalTheory
A
Jouts/Sunstets/THater, Approach
York
(Austin/Boston/Chicago/New
A Behavioral
ss,
2007),23
2007),
withoutLaw
(Tilbingen
para
9s
to LawandEconomics,

from
(1998),
‘Stan.L.Rev.
50
Theory,
Legal of
TheRelation
5 ss WINTGENS,
Sretmtact/BRoZeK/Zatuskt
in (Eds),
Studies Philosophy
andEconomics:
Perspectives
Law

in the of Law
(Krak6w
2007),
(Coimbra 372009), Econémica
2008),
8;F.ARAUIO,
do
Anilise
15ss; RiseixoMenpes, eGuia
Direito/Programa
José
Direitoe Economia,
deEstudo
LiberAmicorumde de
eea (Coimbra
SousaBrito
doDireito,
Direito Cigncia
171999,
90ss;
a
estabelecendo
ligagio
cf.ExpeNmiter,
entre a Anilise
Rechtswissenschaft
do
Econdmica
alsRealwissenschat,

―
Parte
|
Elementos
deteoriadodireito
Titulo!
Delimitacdo
daordem juridica
§2.2ORDEM
SOCIAL
ENORMATIVIDADE
I. Seredeverser
dadistingio
1. Apresentagio
LL. Aspectos
dadistingio
a)A diferenga
entre o ser ¢0 dever
ser tem sidotragada
através,
entre
outras,dasseguintes
contraposigdes:
descrito(por
~O ser é exemplo:
“Est “E
dedia―;
a chover―; “Estou
a

estudar―);
0 dever (por
prescrito
ser é exemplo: portal―;
“Fechaa “Os
contratos devem
ser cumpridos―);
0 ser serve-se deuma linguagem
deverser deuma linguagem
descritiva,
o prescritiva;
~

ao dominio
Oserpertence darazaotedrica,queé arazaoqueorienta
dever
oconhecimento; pertence
o ser ao ambito da razio pratica,
isto
da
é,raz4oqueorienta a dai
acgao!; que o ser se refira
a uma fungao
cognitiva ser a uma fungao
e o dever comunicativa;

*(Oxford1974),
vs.
Practical
(@
Discutindo negando)
distinglo
a

Theoretical
Reason
An
entre a razio teérica

Legacy,
Ambiguous (Fd}),
Practical
e a razio pritica,of.HINTIKKA,
in KORNER Reason

2011), o
sobre
83ss; problema,
ef tambémResponsibility
Raz,FromNormativity to
(Oxford 129s

a
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

~O ser é o dever
existente; vigente,
ser é porque vigorano mbitode
determinada
‘uma
o dever
ordem normativa
ser compartilha
oua
do
(comodireitoda moral);
com os valores?.
esta caracteristica

b)Adistingto
dental,
sada
remontando
porHUME
a HUME
nos seguintes
(1711-1776) ser
entre o ser e 0 dever tem uma longa
¢Kant (1724-1804).
todos
termos: “Em
na filosofia
tradigfo
A questio
os sistemasdemoral
oci-
foianali-
queencontrei
aquitenho
até sempre notado
amaneira comum deraciocinar,
queo autor durante
estabelece
algum
a existéncia
tempo
deDeus,
procede segundo
ou fazobservagées
sobrea
verdas
humana;
condigio
copulas
é¢
estejamligadas
pordeve
depois,
ndoéhabituais
derepente,ficosurpreendido
nasproposigoes,
o u ndodeve. Estamudanga
ao
verificarque,em
ndoencontro proposigfes
¢ é
imperceptivelmaior
mas
queno
da
Comefeito, como este deve ou ndodeve exprimem uma nova relagioou

dé u ma razio
daquilo queparece totalmente inconcebivel, decomo esta nova
isto é,
relagdo se pode deduzirde outras relagdes inteiramentediferentes―.
‘Na
perspectivadeKanr, 0 problema mereceu asseguintes observagoes:“Odever
ser
exprime uma
em outra parte
a
denecessidade
espécie ligagio
e de
e m toda natureza. Oentendimento
com fundamentos
s6pode
quenio ocorre
conhecer desta o queé,
foiou sera.[..]0 dever

reza, nem tio-pouco


nio tem qualquer
olhoso curso danatureza. Naopodemos
quepropriedades
se
significagio
perguntar
deverd
possuir
tivermosapenas
o quedeverd
diantedos
acontecer na natu-
um circulo; mas o quenela
aconteceou quepropriedades este tiltimopossui.[..] Estedeverser exprime uma
acgio possivel,cujo fundamento éu m
simples enquanto
conceito, o fundamento de
‘umamera acgdo danatureza teraqueser um fenémeno―.

2 “Die
Wertegelten―:
sobreos problemas
HetDeGceR,
colocados
Binfihrung
pela
theNormative(Cambridge/Malden,
delimitagéo
i n dieMetaphysik

MA 2010),14
da normatividade,
(Taibingen
©

ef.TorweR,
ss;Raz,FromNormativity
1998),151;
Explaining
o Responsi-

bility,
» ss.€
13 855.
Home,A Treatiseof HumanNature(1739),
of, Mactwryre,Humeon “Is" and“Ought―,
III, 1,1(¢rad.port,Lisboa2001),
Phil.Rev.68 (1959), 451s83 BLACK,
543);
The
Gap Between “Is― Phil.Rev.73 (1964),
and“Should―, 165ss, referindo-se
a um a “Hume's
Guilhotine"
MoralTheory influéncia
(LondonOckham’
(eertamente razor;
MAckte,
por
1980),
damaisconhecida
61ss3 Scx1uRz, TheIs-Ought Problem/An
Hume's
Investigationin

dde Logie
Philosophical
Hume, Estudos O
(Dordrechtea
Lei
1997),
em homenagem
68 ss; Sousa
a Professora
& Br1To,positivismo
DoutoraIsabeldeMagalhies
jurfdieo
Collago 1
(Coimbra
Ought
2002),895
Right/A
ss, Partano,T heLaw and
to Be(Dordrecht/Berlin/Heidelberg/New
the
York2005),
Reappraisal
3 ss
ofthe that
Reality
*

2001),471 AS47
/Bder
s.
Kan, Kritikdereinen Vernunft
Problem
und
s}jefButscumtp, Das
Kants(Kéln/Berlin/Bonn/Miinchen
('1781/!1787), 575 (rad.port,§Lisboa
von Sein Sollenin Philosophie

1968), 7s.
Immanuel

2
CIAL&NORMATIVIDADE

1.2.Verdade
e validade
2)Odeverser nio pode
ser considerado ou falso
verdadeiro segundo
a
teoria dacorrespondéncia daverdade, ou seja,através dacorrespondén-
ciaentre a realidade¢0 que¢ afirmado sobre ela:veritasestadaequatiorei
Porexemplo:
et intellectus’, a regra queimpée a obrigagao de cumprir os
compromissos(cf.
assumidos art. 406, n.°1,CC) pode
nunca ser,neste
ntido,verdadeira ou falsa, poisqueessa regranfo descreve nenhuma
realidade ou qualidade com a qual elapossaser comparada. A razaopara
a insusceptibilidade deaplicar ao deverser 0 valor deverdade e defas
dadenao tem agora deser aprofundada: elaradica na circunsténciade
nenhumfactopoder constituir uma condigio deverdade deum enun-
ciadodedever ser e dea linguagem dodever ser “fazer
sentido―
mesmo
que a realidadea que ela se refira nao possater nenhuma correspondén-
ciafactual, Porexemplo: aregra segundo residentes
a qual “os daLuaque
se desloquem &Terradevem ficardequarentena― écompreensivel, ainda
que, n aturalmente,sejainsusceptivel deser aplicada.
A impossibilidade
dereconduzir
o dever
s er aosvalores
deverdade
e defalsidade
6 igualmentereconhecida na teoria dosactos defala,AustIN
(1911-1960)consi-
deraqueos actosperformativos ~

quesio aquelesatravésdosquaisseconstréi
uma
realidade
(como, dever
porexemplo, set)* insusceptiveis
um ~
sio de conside-
ser

radosverdadeiros Maistarde,
ou falsos―. SEARLE serve-se docritério
das “direcgdes
deajustamento―
a direc¢io
tém of
(directions
deajustamento
ft)paraconcluirqueos enunciados
palavra-mundo(word-to-world
s6 sio verdadeiras
a s descrigées
€

of
directionfit),pelo
se estiverem deacordo
queos enunciados e as
descrigdes c om 0
mundo, e queasordens, oscomandos téma
e assolicitagdes direcgiode ajustamento
mundo-palavra
acordoc om as ordens, direction
(world-to-word
0s comandos
oft),
e as
p queé
ois 0 mundo quetem deestar de
porisso,se um enunciado
solicitagSes; nao

§
CE.
TuGeNpitat/Worr,Logisch-semantische Propideuik (Stuttgart 1983),222.s8;KONNE,
Conceptions
semantica
Logic,
of Truth(Oxford
daverdade:ef,
Semantics,
2003),
TaRskt,
93ss;0 mesmo pode
TheConcept
Metamathematics/Papers
in
ser ditoe m relagio
of Truth Formalized
from1923to 1938(trad.
&concepgi0
Languages,
in TARSK!,
ingl,ÂIndianapolis
®
1983), 152ss,
um dosmaisinteressantesdesafios teoria dacorrespondéncia provémda
conhecida
they
state;
Papers?
afirmagio
not are
a re what what
deSrrawsox(1919-2006),
about―:
statements
(Aldershot/Burlington
2004),
deque“facts
STRAWSON,
151.
are
Truth,SRAWSON
in
(when
statements true)
Logico-Linguistie
©
Austiy,PerformativeUtterances,i n Philosophical
Papers
*
(Oxford 1979), 235.
7 Aust, Performative
Elements ofSymbolic
Logic(New
i n Philosophical
Utterances,
York1947), 337,
Papers',237; cf.também REICHENBACK,

8
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

forverdadeiro, elequefalha
é ¢nao0 mundo; se uma ordem fordesobedecida, nao
éclaquefalha, maso mundo’,
HABERMAS entende quetodaa afirmagiodeum facto, alémdeconter uma pre~
tensio deverdade, implica ainda
uma pretensio decorrecgio (emfungio docon-
texto no quala afirmagio proferida)
¢ e uma pretensio desinceridade (em fungio
daintengio dofalante)’.
Noentanto,exactamenteporque o deverser nao¢repre~
sentativo denenhum facto,
HABERMAS analisa
o s actos defalarespeitantes ao dever
ser apenas em fungio daspretensGesdecorrecgio e desinceridade"―,
Suponha-se,
porexemplo, queum dosinterlocutores afirma perante 0 outro “Prometo levar-te
{asessiodocinema das§
afirmagio hé
(“Nao nenhumao horas!―),
horas―,
sessio as$a
declaratario
pode questionar
quer a
quer correcgio
sinceridade
do
da
promitente
ontem me fizeste
(“J
naoé ¢
nao
amesmapromessa
deser considerada
susceptivel verdadeira
cumpriste!―);
o u falsa
noentanto, a promessa
nosmesmostermos em que
0 € descritiva
uma afirmagio (como,porexemplo, sol―
“Esta bilhetes
ou “Os para0
concerto jaestio esgotados
b)A distingaoentre a verdade doser e a validadedodever ser torna-se
bastante
nitidaquando se utiliza o chamado discursoindirecto. Tome-se
como exemploas seguintes proposicées formuladas no discurso indirecto:
(1)©Anténiodisse queesté a chover;
(2) sargento
O Bento ordenou a o coronelCarlosquefosse vestir 0
camuflado decombate.
Serealmente Anténio dissequeesté a chover,a proposigio (1)é ver-
suponha-se,
dadeira; porém, queafinalestaum solradioso; entao, a des-
crigaodoqueAnténio disseÃverdadeira,
© mas a afirmacao deAnténio
&
é
falsa.
Diferentemente, a proposigao (2) Âv¢erdadeirase realmente Bento
ordenoua Carlos quefosse vestir 0 camuflado decombate, mas, como é
evidente, possivel
nao
©quepode
é dizer
ser ditoquanto
s e a ordem
a essa ordemé
de
¢
Bento
queela¢
darordens
falsa o u verdadeira;
invalida,
coronel
porque0
Carlos.
Bento
sargento nao tem competéncia para ao
(Osexemplos mostram que, enquanto se descreve o ser, pode falar-se
deverdadeo u defalsidade; no entanto,quando se passa parao plano do

*
Seance, i n the Philosophy
Intentionality/An
Essay 1983),
ofMind(Cambridge
7 s;

of
¢ ANScoMBE,
indiciada
53adistingio por Intention(Oxford
logic
Foundationillocutionary
Sean.t/VaNDERVEKEN,
of.também
1957),
56.
(Cambridge
1985),
Cf. Hanenmas,
©
Theorie
Hanermas, I
deskommunikativen
Handelns(Frankfurtam
Theoriedeskommunikativen
Handeins I,443.
Main 1981),
149,

“
5.2" ORDEMSOCIALENORMATIVIDADE

deverser deixadeser possivel falardeverdade ou falsidade e s6 pode


falar-se devalidade ou invalidade (ou,num outro patamaranilise,
de de
justica injustiga),compreender
ou de Para se que assim
éb asta atentar

quease
outro exemplo 0 paiordena ao filho“Vaiestudar
‘num
simples: para
&
claro
exame!―,
verdade!―,
so aquelas
Alias,
nao tem
a admitit-se
nenhum sentido
entre
que o
distingioproposicéesque
filho
dosignificado
responda
~
“Nao
analiticas
&

cujaverdade depende apenas dosseus termos


(Como, porexemplo, a afirmagio deque“todos os naocasados sto soltei-
10s―) proposigdes
€ sintéticas
~

queso aquelas cuja verdade depende de


algo quedeveser provado (como, porexemplo, a afirmacio deque“todos
0s solteiros saoinfelizes―), facilmente se compreende quenenhum enun-
adodedever ser pode ser qualificado seja como analitico (pois queno
éverdadeiro em si mesmo), seja como sintético (pois que pode
nio ser

comprovado por nenhum facto empirico).


Osexemplos
averdade (da
acimareferidos
descri¢ao) com a
também
invalidade (do é
mostramquepossivel
deverset), o que,
conjugar
alids,pode
ser generalizado na afirmacao dequea verdade dadescrigio deum dever
independente
ser é davalidade dodever ser descrito.

©) Aseparagao entre o ser e 0 dever ser estende-se &importante dis-


tingioentre a questo defactoe a questdo dedireito.Suponha-se que
e celebra
alguém vai a um notério
tura decompra ¢venda
com um outro contraente uma escri-
deum imével, declarando este tiltimo, nesse
sé
acto,que pagara metade do prego;imagine-se que esse contraente
descobre queestavaem erro,dadoqueafinaljé tinhapagoa totalidade
dopreco;porque
procurar provarque
se trata deuma questo
o facto que declarou esse
defacto, comprador
énao verdadeiro.
pode
Suponha-
se agora quealguém requer queum tribunalnotifique um locatério de
quetem trés meses paraabandonar a casa arrendada; porquese trata
deuma questao dedireito, o locatério pode contestar a legalidade da
obrigagio desair dacasa,mas no pode procurar provar queessa obri-
naoé
gacdo verdadeira.

1.3.Validade
O dever e
violagio
ser,além
devilidoou pode
invalido, ser observadoou violado
pelos destinatérios:
seus como é de
préprioqualquer regradedever
ser, respectivos
os
podem
destinatarios respeitar
o queéobrigatério
proibido
ou 0 queé ou agircontra o que obrigatério
¢ ou proibido.
Em

6
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

contrapartida,
deviolagio: a doser nao pode
propésito
deum estado
a descrigao
falar-se
deobservincia
decoisas naose destina
ou
a impor
ser,pelo
um dever quedessadescri¢ao
s6pode dizer-se
queelaéver-
dadeira
ou falsa.

dadistingio
2. Consequéncias
naturalista―
1,“Falicia
Umadasprincipais dadistingio
consequéncias entre o ser €0 deverser
dededuzirqualquer
idade dever ser doser. Como Kant
(1724-1804) “[..]
afirmou, relativamente
&natureza,a experiéncia dé-nos
aregra e éa fontedaverdade;que
no toca asleis morais, a
experiéncia ¢
(infelizmente) aparéncia
a madre
leisacerca doquedevo
&feito―),
d a
fazerdaquilo ¢
altamente
¢
quesefaz
reprovivel
o u querer
extrair
reduzi-las
as
ao que
Maismodernamente, PoIncarE (1854-1912)que,“se
afirmou
as deum silogismo
premissas sto ambas
domodoindicativo,
a conclusio
ser igualmente pelo
domodoindicativo―, que,“para
quea conclusio
possa
ser colocadano modo imperativo,sera necessério
que,pelomenos,uma
daspremissas se encontre no modo imperativo―"?,
Numoutro contexto,
Moore (1873-1958) queentendem
acusa as posigdes quepodem descre-
ver os conceitos
vés
(como
éticos
dassuas propriedades 0 ou de“bondade―)
conceitode“bom―
naturaisdecairemnuma “falicia
atra~
naturalista―
(naturalistic
fallacy),
dafalicia
2.2. Confirmagio
Aolongo dostempos tém sidoensaiadas algumas tentativasdedemonstrar que
deduzirum deverser deum ser. Umadasmais conhecidas
possivel foiempreendida
porSEARLE,quese serviu, parao efeito,deum exemplo entretanto muito conhe~
cidoe debatido:
“Considere-se
a
seguinte deafirmacées:
série
1, Jones
pronunciou aspalavras“Euprometopagar-te, Smith,cinco délares―
2. Jones
prometeu pagar cincodélaresa Smith.

4"

© Kawt,
reinen
Poincaré,
sentido,
A319
s/B
Kritikder Vernuntt, 37 ((trad.
Lamoraleet la science,
JORGENSEN,Imperatives
i n Derntéres
andlogic, Erkenntnis
port, Lisboa
pensées
(Paris
2001),
1913),
7 (1937/1938),
225;
312).
no mesmo
288ss.;Hane,The
Language ofMorals(Oxford1952),28,
8
Moore,Principia Ethica(1903)(trad. port.,Lisboa1999),
91;paraum a anilisedesta
facia, of.FRANKENA, TheNaturalistic Fallacy,
in Foor (Ed), ofEthics(Oxford
Theories
1967),50s.

46
§
2 ORDEM SOCIAL
ENORMATIVIDADE

3, Jones (assumiu)
atribuiua eleproprio depagar
a obrigagio cincodélares
a
Smith,
tem a obrigagio
4, Jones depagar
cincodélares
a Smith.
5, Jones
devepagarcinco délares
a Smith―.
Esteexemplodemonstrariaque&possivel deum ser (aproniincia
passar decertas
palavras)
paraum deverser (aobrigagio algo)'*.
derealizar No entanto,
as palavras
pronunciadas s6significam
porJones queeste assumiuu ma obrigagio Smith,
perante
numa determinada
porque, ordem
normativa,vigora
uma regra segundo
a qual
quem
realiza assumeuma obrigagio,
uma promessa A promessa fontedeuma obri-
s6é
‘gaglo
porque hé uma regra constitutivaquepermite transformar um “facto
bruto―
(apromessa) num “facto institucional― (aobrigagio)".regra
Se essa nio vigorasse
em nenhum ordenamento normativo, nunca aspalavras proferidasporJones pode
riam constituir
qualquer obrigagio"―,
proferimento dedeterminadas palavras origina uma obrigagio paraquemas
tiver pronunciado se elas forem proferidas num ambiente queIhes atribui
essesigni
ficado normativo. Alias,
mativosdistintosproduzem
é
que
possivel concluirpalavras
efeitosnormativos igualmente
em ambientes
proferidas nor~
Porexempl
distintos,
se 0
comprador
juridica,porqueo
se vincular

ambiente
meter darum chupa-chupa
o se é
a pagarprego
em queas
até
partes
certa data,
colocam
eleassumeuma obrigacio
juridico;
masseo pai pro-
o ambiente
20 filho,nio se constituinenhuma
e m queos interessados actuam naoé
obrigagiojuridica,
porque juridico.
Etambém possivel configurar situagdes em quepalavras quepossuem, normal-
mente,um significado normativo sio completamente desprovidas dessesignificado,
porqueo contexto em queelassio pronunciadas nio énormativo.Podem ser refe-
ridos doisexemplos elucidativos: a cele-
(i)0 “sim―
dado pelos nubentes s6implica
bragio do casamento, s e ele formanifestado perante um funcionsriodo registo civil
um celebrante se isso nao suceder, salvose for
ou perante
religioso; o casamento ¢,

urgente, inexistente (ef. art. 1628,al.a), CC); (i) o actor que,na representagto de
uma pega deteatro ou nasfilmagens deum filme, promete comprar um automével

Searue,Speech
Acts/An
Essay
i n the Philosophy
of Language (Cambridge
1969),177,
°
Speech
SeARLE, Acts, ss;ef
177 CeawrorD, OntheUsesof is―
and“Ought―,
Phil.Phen.
Res,39 (1979),
592ss; BLack, Phil.Rev.73(1964), 169s,, procurandodefender a mesma

possibilidade
SeaRLE,
quanto
Speech
a

Acts,
regras
50s
téenicas
a
relativas
jogosou 8 construgioimobilria.

ss; Man,
©
CE.
von Wein, Is and Ought, (Eds), and
in Butycn/Garores/Numwrvoro Law

ModernFormsofLife(Dordrecht/Boston/Lancaster 1985),273 GuastiN1, Constitutive


RulesandtheIs-Ought
‘World/Poznam
(Amsterdam
Problem, in bt
BERNARDO
Studiesi n the Philosophy
(Fd),
Normative
of theSciences
79ss; para um a diferente
1988), andlise
of
Structures the Social
andthe Humanities/Volume
doproblema, cf.GaRbts,Normeet
11

Nature,FGOtaWeinberger (Berlin 1984),


105ss.;GARTNER, IstdasSollenableitbaraus
(Berlin
einem Sein? 2010), SI ss,

―
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

4 outro actor naoassumenenhumaobrigagio;


trata-se deuma declaragio
naoséria
(cfart, 245.2,
ne 1,CC)"

3. Deverser e querer
Odever ser relaciona-se com um querer (ou com uma vontade): algo
deve
ser porque alguém querque assim deva s er. O dever ser exigeuma vontade
dealguém: algo deveser porque alguém quis queesse algo fosse devido.
leisprocedem
“As pelo
davontade―®, que, jé
como foiafirmado, “nenhum
dever ser sem um ainda queapenas ficcionado~

querer―.Estarelagio
entre o dever ser e o quererpode ser resumida n a formula â €œKein
Imperatiy
ohneImperator―?
A circunstancia dese admitirqueo dever ser tem porbase um que-
rer nio significa queesse dever ser possa ser resumido a um querer: 0
dever ser resulta deum querer, mas naopode ser apenas um querer. As
experiéncias histéricastotalitariasdemonstram os riscos daidentifica

gio do dever s er com um querer, pois que nelas f oi muito facilpassardo


querer para a arbitrariedade, O de
querer quem estabelece um dever ser
deve, elemesmo,ter porbase
normativa, Estaligagao
num exemplo
valores compativeis
entre os valores,
muitosimples:
a
com respectiva

¢
o querer 0 dever
ordem
ser pode ser
demonstrada éporque desejével
n ao é que
alguém tenhadesuportar os danos queIheforamcausados poroutrem
queo legislador
©Cf.
pode
Gorrutss,The Logic
quererqueessa situagao
of Choice/An of the Concepts
Investigation
¢
nao ocorra e porisso

of Ruleand
Rationality
similar
(London
set
in he
sgn
1968),40:“A
onthetage
par
ofthe
is theatres
probably directed
«nonsmoking
igni n a
décor―.
audience,
othe buta
©

% Kans, DieMetaphysik
Kexses,
Begriff
Zum
derSitten(1797/1798),
AB27 ((uad.
derNorm,FSHans CarlNipperdey
port,Lisboa2008),
(Minchen/Leipzig
37).
1965),
63
=Kurcarsk1/Mancic/Scnauneck
TheoriederNormen(Wien
1979),
(Bds,),
DieWienerrechtstheoretische
1968),
(Frankfurt/Zirich/Salzburg/Minchen
1461; Allgemeine
ef também
dieNorm,
Sollen,
2:“Das
KeLsen,
Schule

ist derSinneines Wollens,


eines
Willensaktes; Rechts
KeLses, undLogik, (Eds),
in KuEcATsk1/Mancte/ScHampeck
Die
‘Wiener
rechtstheoretischeSchule, Normohnec inen Willensak,desen
1484:“Keine Sinndiese
[Norm (@ontra
st® esteentendimento danorma como o sentido
de um querer, ef PECZENIK,
?
quedetermina é
(OnLawandReason(Dordrecht
a validade
2009),44);
doqueéquerido,
note-seque,segundo
mas a validade
KELSEN,
quedetermina
nio 0 querer
o quepode ser
querido:ef,
der
Staatsrechtsleh
porexemplo, Hauptprobleme
Kexses,
is gig,weilund
Rechtgeschaft
133(“Ein sofermes (psychologic)
gewollt
(Tibingen
is, sondern
1923),
m an wind

sumgekehrt
21schlieBen:
Gesciftit
soferm
oder3 Bin gewol,
ZurUnbegriindbarkeit
Dunistav,
weles gist J")
derForderungssitze,Theoria(1937), 331.

8
5.2" ORDEMSOCIALENORMATIVIDADE

queelepode ao infractor
impor o dever o prejudicado
deindemnizar
Gf.
art, 483. 1,C C).
né

IL, Normatividade
daordemsocial
1. Generalidades
Osmembros dasociedade
orientam as suas condutas
querporhabitos
ou usos sociais, dedeverser. Oshbitosou usos decor-
querporregras
rem do damaioriadosmembros
comportamento da
sociedade, semquea
esse subjacente
esteja
comportamento qualquer
consciéncia
dedever
ser.
E 0 caso,por exemplo,
doshabitos
alimentares
ou damoda. de
As regras
deverser, em
contrapartida,
determinam,independentementedequal-
queradesio dosdestinatérios,
o queeles
devem ¢0 queeles
cumprir no
devem realizar.
2. Ordens
normativas
Naordemsocial
coexistemvariasordens importa
normativas: considerar,
em especial,
a ordem
moral,
a ordem
dotrato social
¢a ordem
juridica.
A ordemmoralorientaa conduta humanaparaa realizagio
dobem.
A ordem moralé
uma ordem queadquire
intra-individual uma dimensio
intersubjectiva no ambito damoralsocial, dadoqueesta regula aspectos
relacionados com 0 decoro, a decénciae a probidade docomportamento.
moralsocial
‘A pode ser relevante para a ordem juridica:
basta verificar,
por
exemplo, que a ofensa aos bons costumes éu ma dascausas denulidade
dosnegécios juridicos (¢f.art. 280,n! 2,e 21862 CC)e estasubjacente
invalidade dosnegécios usurarios (cf. 282, 1,CC).
art. n.
Aordemdotrato socialresultadosconvencionalismos sociais. 0 caso,
porexemplo, dos convencionalismos deboa educagao ou decortesia que
sio observados pelageneralidade da populacao ou doconvencionalismo
sobre 0 vestuario adequado paracada ocasio. A ordem dotrato social¢
uma ordem intersubjectiva na qual podem ter expressiosangGes baseadas
na reprovagio social.
Finalmente, a ordem juridica uma ordem
¢ constituida
porregras juri-
dicas.A ordem juridica uma ordemintersubjectiva
é nas sociedades
e é,
modernas, a maisrelevante ordem normativa daordem dadoque
social,
elaéa tinicacujaviolagao determina a aplicagao desangdes quepodem
ser impostas
pela forca.

~
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

social
3. Interaccao
3.1.Modelos deinteracgio
©comportamento dosmembros dasociedade édeterminado mais pela
social
do
posigio queporpreferéncias pessoais.Por exemplo: 0
compor-
eleocupa é
tamento doalunoqueassiste&aula estabelecido
nesse momento;essaconduta
alunofrequenta uma discoteca,
pela
outra quando,
é
posicao social
4noite,omesmo
que

A interacgio socialpode verificar-sedeacordo com doismodelos ba


tante distintos.Segundo um dosmodelos, os individuos, apesar denio
interagirem directamente uns com os outros, modificam, doseu
através
comportamento individual, global
o sistema e
reagem A modificacao deste
com alteracdes
formacio
individuos
doseu comportamento:
daopiniio publica ou é
damoda,
0 quesucede,
Segundo
directamente
um
porexemplo,
outro modelo,
na
os

interagem cooperam
¢ uns com os outros, seja
constituindo um grupo, sejapertencendo a uma instituigao―,

20
Comocada
de uma
grupoou instituigaoprossegue
mesma pessoa em diversos grupos
fim
um
ou
prépri
instituigéespermite-lhe
arealizacio devariosfins.Porexemplo: uma mesma pessoa prossegue uma
certa finalidadecom os demais membros deum partido politico e uma
outra finalidadecom os demas deum clubedefutebol,
sécios

3.2. Grupos
¢instituigdes
a) grupossociaissio constituidos
Os porum deindividuos
conjunto que
uma
entre sie estabelecem
interagem
fungao
integradorade
determinadas
c
varias
deuma finalidade
a obtencio
ondutas relagdes
sociais. Ogrupo
individuais,
comum: 0s membros
porque as
tem
orienta
deum grupocom-
para
partilham
certas convicgdes
b)Asinstituigdes ¢
estodispostos
a realizar
acgdes
entre outras,a fungdes
estio ligadas,
colectivas.
como a reprodu-

¢4odaespécie
cugéo
humana(de
dobemcomum (como
que¢exemplo
sucede a instituicaofamiliar),
a prosse-
coms instituigdespoliticas),a orien-
tagiodoscomportamentos porvalores(de quesio exemplo as instituigdes
culturais religiosas),
e as instituigdes a transmissiodeconhecimentos e
experiéncias
(comoérealizado
debens(de
€.distribuigao
pelasinstituigdes
questo exemplo
deensino)ea produgio

econémicas).
as instituigdes

Trorrzscu,
Individuelle
‘und
Einstellungen
CE.
der
Ordnung/Formen
undkollektives
i n Naturund
Selbstorganisation
Verhalten,
Gesellschaft
Stuttgart
1996),202.
Chaos
i n KOrreRs,

so
5.2" ORDEMSOCIALENORMATIVIDADE

Ecaracteristicodasinstituigdes a atribuicdo deum statusaos seus


membros: as instituigdes permitem quealguém possa actuar deuma certa
maneira (por exemplo,professor como paiou filho).
como ou aluno ou
Estestatusinstitucional decorre dedeterminadas regras institucionais,
pelo quetoda a de
instituigao comportar
tem igualmentesangdes.
certas
Deuma forma sintéticapode dizer-se queas instituigdes possuem uma
ordem propria impde
que se aos seus membros que
€ estes estio dispen-
sados
istemasdedesoneragdo― é
dedefinir.Eporissoque possivel qualificar
(Entlastungssysteme)*,
as instituigses como

©)As instituigées distinguem-se dosgrupos. Nosgrupos visa-se a


obtengio de uma

contrapartida, nas
tinicafinalidade
instituigdes sio
comum
a coordenada,
realizados,
todos
de
o

varios
forma
s seus membros; em

fins.Osgrupos sio realidades interindividuais, porque elessio 0 resultado


dainteracgao entre os seus membros; em contrapartida, as instituigdes si0
independentes que compdem
dos membros a e, por isso, sio realidades
supra-individuais. Porexemplo: umaescola naose altera c omo institui-
io com a mudanga ~

normal
alids, e frequente -

doseu corpo docente e


discente.

membros
¢
A distingao
social, a
Enquanto
e é
entre gruposinstituigdes
nos grupos
construida
ordemsocial
reflecte-se na respectiva
assentanos interesses
ordem
dosseus,
hi uma ordemsocial
poreles, nas instituigdes
imanente que imposta
é aos seus membros.
3.3. Fungdes dasinstituigdes
toda
Porque instituigéo
a portadora
é deuma ordemnormativaprépria,
realizamuma fungio
as instituigdes desocializagao
e deestabilizagao.
As
instituigdes
prosseguem uma fungaodesocializagao(oudeintegragio),
porqueelasdistribuemdiferentes
papéis
sociaisaos seus membros.As
também
instituigdes realizam deestabilizagao,
uma funcio poisqueelas
definemnormas decomportamento deacordo
com valores dio
préprios,
aconhecer
aos seus membros ¢definem
essesvalores os comportamentos

expectiveis,
pois que“quanto
maisa conduta forinstitucionalizada,
tanto
maiselase torna previsivel
e controlada―™'.

®
Urmensch
GpuLeN, (Frankfurt
undSpitkultur am Main2004),
40s.
»

(trad.
Conhecimento
A Construgto
BeRcER/LuckMtann, SocialdaRealidade/Um
port, *Lishoa
1999),
73(tradugio
Livrosobre
adaptada)
Sociologia
do
a
st
DA ORDEMJURIDICA,
DBLIMITAGAO

3.4, Institucionalismo juridico


a)A ordemsocialque¢imanente asinstituigbes levou alguns a considerar
juristas
quehanelas uma ordem transpessoal
outra corrente designada
‘uma ~

por quedeveorientar a produgio


neo-institucionalismo-, 0
dodireito®.
préprio direito
Para
no
s6engloba os padrdes
ais va vasto
exemplo, a
decomportamento
doqueassuasfontes,
propriedade,
provenientes
como também criaalgumas
0 contrato ou o casamento) através
¢,
por
&
dasinstituigbesisso,
(como,
instituigdes
dasapropriadas
por
regeas
constitutivas",
‘Comorepresentantes daprimeira orientagiopodem ser referidosHauriou
(1856-1929) ~

queentendequea a deobraou de
empresa―
(idée
(1912-1984) ¢ainda~,
d’oewvre
owd'entreprise)―
OLivEIRA
SaNttROMANO
ASCENsKoâ„¢,
quereferirMacCormick  ¢ WeINBERGER,
ambos
(1875-1947),
Comorepresentantes
defensores
SCHELSKY
dasegunda
doinstitutionalistisches
hi

Rechtspositivismus'',
WeINbERGER
a o
afirma,
este
propdsito, “Quando
seguinte: se

(Tiabingen
denken,
und Pkidoyer
CERaise,Rechtsschutz Institutionenschutzim
1963),
FSErnst-Joachim
145ss. 147s RevTER,
Mestmicker
Bin
(Baden-Baden
Privatrecht,

1996),
271ss.
inSummumiussumma
fir dasinstitutionelleRechts-
®
Cf.LaTorre,Insttutionalism (6
OldandNew,RatioJuris
1993), 190s
2%
Havriov,Précis
Sart RomANo, de
de Droit Administraifet Droit Public®(Paris

Giuridico®
LOrdinamento
(Firenze 1948),29s,
1921),
188. 1

pologischedie rechtssoziologischen
besonders
»
Verfassungen/Kulturanthro-
Scutsky,Uber Stabilititvon Institutionen,
Gedanken zu einem Thema(1949), Aufder
i n Scxtetsky,
Suche nachWirklichkeit/Gesammelte Aufsitze(Disseldorf/Kéln1965 =
Scunur
(Bd),InstitutionundRecht
Recht/Abhandlungen Soziologie
(Opladen
1980),
undVortrigeSeHtEt
sky, Planung
(Darmstadt
zur
1968),
265ss;
von Recht,
DieSoziologen
Institution und
unddas

8 ODireito "33 s.€ 48 ss.


ASCENSKO,
OLavetRA
MacCoraicx,
®

tutional Lawas
Theory
ter/Tokyo
institutional
1986),
ofLaw/New
Approaches
Legal
49ss; MacConmick,
to
Legal
(Eds),
An
Insti-
i nMacConatick/We1wnenceR
Fact,
Positivism
Reason
(Dordrecht/Boston/Lancas-
andtheInstitutionalTheory of Law,
RTh-BHT 14(1994), 117ss; MacCoraicx, Institutional
Normative Order:AConception of
Law,
Cornell
tutional
L.Rev.82(1996/1997),
(1998),
Facts,LPh17 Norms,
Institutions,
and
1051ss; MacCorattcx,
301ss; MacCoratick/WernaeRcer,
Grundlagen
Insti
desinstitu-

{gart1987),
Rechtspositivismus
tionalistischen
desRechts,
6
RTh-BH(1984),
11ss WennneRGeR,
Das
(Berlin1985);
DieBedeutung
We1wsenGeR, institutionelleDasein
Institutionund
Rechtspolitik
(Stutt-
245ss; WeIvneRGER,
derLogik fir diemoderne Rechtstheorie/
Grundlagenprobleme desinstieutionalistischenNormativismus,
in KALINOWSK1/SELVAGGI
(Eds), LesFondements Logiques delaPensée Normative/Actes duCollogue deLogique
DéontiquedeRome(les
Institution/Eine
1983)
29et 30avril
Einftihrung
Institutionund
Recht,
ss; (Roma 1985),
in dieTheoriedesRechts
109 WernpeRceR,
(Wien 1988),
Normund
79ss; WEINBERGER,
Rechtspolitik
(Stuttgart
1987), Grundlagenpro-
33;WeINBERGER,

st
5.2" ORDEMsi CIAL&NORMATIVIDADE

o
consideradireitocomo uma realidade institucionalportanto,
juntodenormas,mascomo uma formadaorganizagio
-
nto como um con-
daconvivéncia e da a

-,
a

40humanas0 direitopode ser visto como um complexo deestratossistémi


Abstraindo
estratossistémicos da (1) ‘os
dasparticularidades
funcionalmente caracterizados:
trutural,
diferenciagio revelam- seguintes
osistemadasregras
dajurisprudéncia
juridicas,
(2)0 sistemadasrelagies juridicas,(3)o sistema e (4) 0 sistema
daCigncia doDireito, queabrange a Dogmitica doDireito¢a TeoriadoDireito.
©queuma regrasignifica
anilise hermenéutica, é
mas também
dosoutros estratos sistémicos―*,
e
nfo apenas determinado
se aclara
atravésdotexto dalei dasua
dasreacgdes
através decompreensio

+b) Para confirmar asorientagdes institucionalistas no Ambito dodireito bastaria


pensar ~ poderia argumentar-se
~
no casodafamilia, poisqueelapossui, enquanto

umtem
um a certa ordem imanente queo legislador derespeitar,
instituiglo, No entanto,
se&verdade
direito,na
truida
que
medida
asinstituigies
e m que
desempenham
elasfornecem
também
importante
uma ordem
a o legislador
verdade
papel na produgio do
normativa jfcons-
(ou ja‘pré-formatada―), é queasinstituigbes nfo podem estar

impor o seu menos ~e,


foradodireito~e,
quadro
dodireito
porpodem
ainda,acimadodireito
normativoao legislador.
a o jogodos
nfo
isso, pretender
Pensaro contrarioseriasubordinar
dasinstitu
a

produgao interesses

III. Ordem social¢ordemjuridica


1, Sociabilidade humana
O direitoencontra a sua justificagao
espécie humana nio viverem
na circunstancia
isolados.
Como referia
A
deos membros
RISTOTELES
da
(384
-322a.C),
destinado
forincapaz
é,
por
“ohomem
a viver na comunidade
dese associar
um ser vivo politico―
natureza,
queé
ou quem
a cidade
(polis)
-istoé,
-, pelo
naosente essa necessidade
um ser
que“quem
porcausa
dasua auto-suficiéncia, naofazpartedequalquer cidade, e sera um bicho
ou um deus―,
Na mesma GR6cIO refere
perspectiva,(1583-1645) que¢
a sociedade
nao
¢ 0 individuo
—

isoladoque
- corresponde
ao estado
natu-

des
bleme institutionalistischen
ss;
14(1994),173 WetneRGeR,
(Ed),The
undderGerechtigkeitstheorie,
Rechtspositivismus RTh-BH
of
MyViewso n thePhilosophy
Neo-Institutionalism: Law,i n
Law (Dordrecht)
‘WreTGENs Lawin Philosophical Philosophy
Perspectives/My of
Boston/London 1999),
250s
©
WervarxceR, RevisiondestradtionellenRechtssatzkonzepts,in Scwit.cHtk/KOLLER/

Fon (Eds), Regeln,


PrinzipienundElemente im
SystemdesRechts (Wien 2000),
66.
%
AnisTSTELES, 253a3(tad.
Politica, por, Lisboa cf.ARENDT,
1998); ACondigio Humana
(Grad.
port, Lisboa2001),
38ss.
%
ApisTOTELES Politica,
1253a27

st
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

raldohomem e acentua queestetem um “desejo (appetitus


desociedade―
societatis)**(1588-1679) em criticaao caracter
e Hoppes entende alids
—

politico,
pornatureza, dohomem no sentido
aristotélico queos homens
~

a
seassociam outros pelos
Assim,o homo sapiens&sempre um
quepodem
beneficios
homosocius―. retirar
dessaassociagio

2. Necessidade dodireito
Odireito s6existeem sociedade (ubiiusibisocietas),
mas também éimpres-
cindivelem qualquer sociedade (ubi ibiius).
societas Ocomportamento de
cadamembro dasociedade tem decoexistire dese compatibilizar com
©
comportamento detodos o s demais, atendendo, nomeadamente, a que
as necessidades humanas sio satisfeitas por bens e scassos. Como referia
Home(1711-1776), 0 direitoe a justiga seriamdesnecessirios na situagio
em que“cadaindividuo se acharia completamente provido aquilo
detudo
queos settsmaisvorazes apetites pudessem desejar, ov a sta maisfaustosa
imaginagdo quisesse ou pretendesse―*, Acresce a inda queos membros da
sociedade daopreferéncia a satisfacdo dosseus interesses egoistas, pelo
é
queo direito indispensivel
esses membros,
querparapossibilitar
querparaassegurar 0 respeito
a cooperacio
dosinteressesalheios
entre
e
dosinteressescolectivos.
Porvezes,nao é preciso maisdo queuma ordempuramente formal
parapossibilitar a harmonia dos sociais:
comportamentospense-se, por
exemplo, nas regras queregulam
temente o direitonaoserve apenas a circulagio rodovidria. Masfrequen-
parainstituiruma ordemformal: j
ArisTGTELES
cidadesubsiste
afirmava que,
paraassegurar
“formada
a
a principio
vidaboa―®
e os a
parapreservar
que “[..] homens
vida,
nio se
a

associaram apenas
6 um elemento
sobrevivéncia.
paraviver,
essencial
mas sobretudo
paraassegurar
a
para vidaboa’. O direito
uma vidaquevai paraalém da

%
Gn6c10,
Decive (1642),
Hones, tres
Dejure bell ae pacs
1,2
libri (1625),
ProlegVI

Bexor/LUCKMANN
°
An Inquiry
Home,
Lisboa2005),
61)
A
Construgio
Social
Concerning
daRealidade
the Principles
3,63
of Morals(1751),
1, 1,2(rad.port,
»
Politica,
AnisrdreLes, 125%30
©
Politica,
AnisréreLes, 1280a3.
5.2" ORDEMSOCIALENORMATIVIDADE

3. Caracteristicas dodireito
O direitoé
leceregras
uma realidade
deconduta
humana,
humana,
porque,
Apenas
em grande
condutas
medida,
humanas
estabe-
podem ser
reguladas pelo poisqnao
direito,
direito,Destacircunstdncia
riamentecondutas depessoas
s6
as
ue pessoas
se segue que
podem
o
ser
direito
outras pessoas:também
do
destinatarias
regulenecessa-
haregras
perante
queproibem sobre
tratamentos cruéis animaise regras quesancionam a
poluicao domeioambiente.
Odireitoé uma realidade social,
porque a sociabilidade intrinseca
¢ A
pessoa direito
eo é
inerenteavidaem sociedade.Vises de uma sociedade
sem direitonunca foram confirmadas e visdesutdpicasdecons
primitiva
truco de uma sociedadesem direitoapenasconduziram, momento,
até
a0
a sociedades sem direitos.
O direito Ãtambém
© uma realidade cultural,poisqueo direitoéconsti-
tuidoporuma actividade humana deérgios
através competentes (nomea-
damente,
érgios
legislativos) propria (como
através
ou da
consuetudinario). cultural,
no caso dodireito
sociedade sucede
Comofenémeno o direito
um sistemadevalores
é quepode
e deconviegées ser apreendido
e trans-
mitidoasgeragdes
seguintes.
4. Normatividade dodireito
4.1, Ordem dedever
ser

O
renga é
bem
“dodos
uma ordem
direito é normativa distintadaordemdoser. Estadife-
expressa seguintes
os homens
nas
acabam
palavras
deRapsrucn(1878-1949):
deves
«Nao
por morrer»
~

matar»:estes exem-
plos mostram a diferenca espécies
entre duas deleis:as leisdo ter de
ser (Miissen) ser (Sollen);
e as leisdodever leisquepretendem
exprimir
0quese realizarinevitavelmente
mente permanecera
¢
leisqueordenamalgoquepossivel-
leisquevalemdevido&sua concor-
nao realizado;
dancia
com a factualidade
no concordancia
com
doacontecer
¢leisquevalemapesar
leisquefornecem
factualidade;
essa
dasua
uma descri-

mundomelhor― o
giodomundoreale leisquedesenhamprojecto deconstrugao
deum

*\
RapaRuc#,
in
dieRechtswissenschaft
Hinfidhrung â„¢
(Leipzig
1929),
13,

ss
DAORDEMJURIDICA,
DBLIMITAGAO
realistas
4.2. Correntes
a) Algumas
correntes jusfiloséficas o direito&ordem
reconduzem doser €
como um facto
perspectivam-no desprovido
empirico decaracte jeasnorma-
I
como Houates
legal
tivas, issoquecaracteriza
o
(1841-1935)",
realism
norte-americano com representantes
Pounp(1870-1964)*,
~

Luwettyn (1893-1962)
€
~
Lerrer’s
0 realismo
como HcrnstRdm
escandinavo
daEscola deUppsala
(1868-1939)", (1882-1955)*,
LuNpsrept
com representantes
Ross (1899-1979)
OLIVECRONA
€ (1897-1980)®.
As orientagdesrealistas,
ao reconduzirem o direitoa um factoempirico,
equiparama Ciéncia
do Direitoa qualquer
jologia, orientagoes,
Para essas as
ciéncia
natural,
regrasjuridicas
podemexplicadas
ser a
como fisicaou a
sem
nenhumareferéncia
na regulagio
a0 dever Como
ser. afirma
OLIVECRONA,
deuma conduta[.] deveser explicada
eficacia
porfactores “a
dasregras
psicolégicos
que

©
ThePathofLaw,Harv.L.Rev.
Houses, 10(1897),
457ss
4 TheCallforaRealist
Pounn, Harv.L.Rev.44 (1931),
Jurisprudence, 697 ss.
“
Lurwettyn,TheBramble
Bush/Onour Lawandits Study (NewYork1930)(0curioso
justiicado
titulodestaobraé pelo
intoa “There
trechointrodutério:
seguinte
BUSH
wasa m an in our town

jumped out both


hiseyes~an
andhewaswondrous
vise: hejumped and
BRamBLEscratched when
was blind,
‘he
saw thathe
might
withal his andmainhe intoanother one andseratched
them
inagain―);
LuzweLtyn,ARealistic
Jurisprudence: Step, TheNext Colum.L.Rev.
(1930), 30

(1931), Some
t o DeanPound,
431ss; LueweLLvw, Realism ~Responding
aboutRealism Marv.L-Rev.

44
+
Lorre,
122255.
Naturalizing on
Jurisprudence/Essays LegalAmerican Realism andNaturalism
in Philosophy
Legal (Oxford
2007),
4
CEOutvecrowa,
Legal
The Theoriesof Axel
Higersteém andVilhelmLundstedt,

phie 3 (Paris la(Frei-


(1959),
Sc.StL. 125ss; StROMHOLMY/VoEL, Le«RealismeScandinavedans Philoso-
»

duDroit 1975), 19ss. ¢4358;BJanuP,Skandinavischer


Rechtsrealismus
burg/Miinchen
Juris
1978),
(2005),
18 Iss.
13ss; Brarvr,The
of(Ed.Ourvecnoxa)
Philosophy Legal
Scandinavian Realism, Ratio
©
Inquires
1953),
Stockholm 348ss;ef,
Higerstrm
ofAxel (Aahrus
of
HiGexsradny, into theNature Law andMorals
BlaRvr,
1982),
Reason,
358ss.
emotion
(rad.ingl,
Law/Studiesin
andthe the
Philosophy
+ Law andJustice
Lunpsrepr, (Upsala
1952); Legal
:NDsTEDT, Thinking
Revised/My
Viewso n Law(Upsala
1956).
+ Towards
Ross, a Realistic
Jurisprudence/A oftheDualismin Law(trad.
Criticism ingl,
Copenhagen 1946);
Ross,OmRetogRetfeerdighed(Kebenhaven1953); Ross,
OnLaw
andJustice
(rad.
ingl,London 1958)
(ef.Harr,Scandinavian
Realism,
i n Essays
HaKr, in
Jurisprudence
andPhilosophy(Oxford
1983),
161ss);Ross, andNorms(London
Directives
ef ARNO,Essays
1968); on theDoctrinal
StudyofLaw(Dordrech/Heidelberg/London/
NowYork2011),
81ss.
©

Law
OLtvEcRONA,as Fact(Copenhagen/Loncdon1939/?
London 1971).
S6
5.2" ORDEMsi CIAL&NORMATIVIDADE

responder
levamas pessoas
modernos,
nos tempos a
legislagio, maneira,
na forma entre
estabelecidas
a regeas decerta
Constituigto
prescrita
poruma
asquai
aceite,
a
mais
€
O
proeminente―®,
direito é
reconduzidorelagao
a uma entre uma causae um efeito:perante um

deuma facto
determinado
(aviok a)surge
sangio). significa
Comoescreve HAGERSTROM: palavra
“O
um outro Facto
ilegaldade,
que a
(aaplicagio

seseconsidera apenas factual


a realidade e, porconseguinte, sedekxa delado a.qua-
qual, certos aquela esta
apela Nada mais
lidademoral com a em casos, realidade
dotada?
doqueo comportamento, sejaeleomiss4oo u acco, que a uma certa reacgio
coerciva em concordincia
sariamenteexecutadas
decoergao
com as regras
como uma matéria
eral
defacto e
que sio em
n uma comunidade
aplicadas
neces-
humana, No
mesmocontexto,legal(legalidade)
dever naoé nadamais doqueo comportamento
oficaprecisamente
tos,ascondigdes
A
acgio
quea
é &
como
[.]ilegalidade,
com caricteroposto.
qualquer
detal
espéciecoisa
quequeela
preenche,
realmente existe,
em viriosaspec-
ligada
paraser penalizagio―®.
b)Aestasorientages
relagio
a sua com o
realistas
pode odireitoé
objectar-se
que pensivel
relagio
nao
deverser. Antesdomais,o direitonfo determina
u ma
sem

facto eumx,
entre uma causa

eumefeito
("Se
juridico
entdodeve
a,deve
efeito
entio 6―),
(“Se
relagio
entio

y―;
por
masuma
exemplo:alguém
ser
dedeverser entre um.
comprar
respectivo Aisto acresce ainda
“Se
cofsa,
‘uma pagar
o prego―). que,s emacon~
sideragio dodeverser como elementodo direito,
naoé realizarnenhuma
possivel
sobre doefeito
valoragio adequagio juridico
a
(como,exemplo, prisio)
por a penade
ao facto
quecondicionaptodugio
a sua (no praticado)..
caso,o crime

5. Prevaléncia
dodireito
Odireito © dasordens
Ãuma mas,dentro
normativas, destas,
étinicaa que
o Estado empresta
a sua que possibilidade
coercibilidade,é
a de impor
pelaforgasangdes infligidas
as que sao Aqueles
queviolamas regrasjuri-
dicas.Istosignifica como ordem
queo direito, prevalece
normativa, sobre
todasas demaisordens,
IV. DelimitagSo
danormatividade
1. Normatividade
e natureza
LL. Origens
dea ordem
Accircunsténcia ser algo em qualquer
natural
queé sociedade
no
significa
queessaordem seja uma ordem regida
natural leis
por naturai

5
Law as Fact2,270,
Ouavecrowa,
©

HAcERsTROM,
Inquires
ofLaw
and intotheNature Morals,
348,

7
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

que significa
isso équehauma ordem
social
assenteem ordens
norma-
tivas quesio pela
respeitadas generalidade
dos membros dasociedade.
Asordens sto ordens
normativas construfdas
com base
numa vontade
ou numquerer;as leisnormativas resultamdeum acto devontade deum
érgio de
ou uma entidade, pelo que tambémpodem ser modificadas ou

as a
revogadas
poressemesmo érgioou entidade.
Diferentemente, natureza
6independentedequalquer actividade decriagio;leis naturaisnio so
produzidas,
mas descobertas, pelo quenaopodem ser afastadas pela von-
tadedeum érgio
ou deuma pessoa. Emsuma: enquanto as leis
dasordens
normaativas as leisdanatureza sio descritivas*
saoprescritivas,

1,2,Caracteristicas
a)“Aordem
naturalé
uma ordem
denecessidade―®,
poisqueela éregida
porleis (fisicas,
naturais quimicas,
bioldgicas
ou outras)
queenunciamuma
relagio
entre uma causa (ou
antecedente) (ou
e um efeito consequent).
Sobreestas leispode
dizer-se
o seguinte:

Asleisnaturaissio gerais,
~
no sentidodequeelasnaose referem a

objectos singularesquantidadeobjectos
oua uma finita de singulares;
Asleisnaturais sio universais,
~

porque elasvalem em todas as condi


de
des espago tempo;
e de
Aseisnaturaisvalem
~

mesmo quesejam submetidas a uma condigéo


irrealou contrafactual, como,porexemplo, a deque“se as baleias
tivessem penas, entio seriam aves―;
As leisnaturaisnio sio violéveis,
~

porque naosio susceptiveis deser


contrariadasporuma conduta humana; se tiversidoformulada uma
leiparaexplicar um certo fenémeno e se o fendmeno observado nfo
estiver deacordo com a lei,issos6demonstra que a lei era falsa
b) Em contraposicao ao caracternecessiriodasleisdanatureza,
ordem
“a [.] é
social uma ordem daliberdade―*S.
Numaprimeira acep¢io,
esta afirmagio significa quesé em sociedade
é
o homem livre, porque

Entendendo dediferentes,
que,apesar as leis(¢
ambas regras)
respectivas slo "genera-
lizagées―, bytheRules/A
ef. Sctaver,Playing Philosophical
Examination
of Rule-Based
5 inLaw
Decision-Making
O
andin Life(Oxford
1991),
OuivernaAscensio,Diteito®,26.
17s.
55
OLIVEIRA
ASCENSAO,
Direito
O , 26,

ss
5.2" ORDEMSOCIALENORMATIVIDADE

a liberdadesempre
é uma liberdade perante Numsegundo
outrem®s,
sentido,aquela afirmagao significaque a ordem socialdeixasempre
a0 agenteuma opgio entre o cumprimento daregraow a sua violacao,
sem que,no entanto,isso
queira que,paraa ordemsocial,
significar seja
indiferente
a opgio tomada pelo agente actuar deacordo
entre com essa
ordem ou desrespeité-la,
Efectivamente,“odireitoé
necessarioondeos
homens naosio [..] nem todos nem todos
livres, conformistas,ou seja,
numa sociedade na qual os homens necessitam denormas,e, portanto,
naosaolivres,
e ndoconseguem sempreobserva-las, naosio
e, portanto,
conformistas―"―.
daordem
Accaracteristica normativa como uma ordem deliberdade surgeexpli-
cita nadistingio,
e “tera
tragada
de―
porHar (1907-1994),
“Ha
(ouser)
entre “estar obrigado a―
obrigacio nos seguintes termos: uma
diferenga [.] entre a assergio
dequealguém fo’
obrigado a fazeralgo e a assergdo dequeessapessoa tinhaa obriga-
io deo fazer.A primeira éfrequentemente
rmotivosporquese fazuma acgio: a frase «B
uma afirmagio
foiobrigado
respeitante
a entregar
is erencas €
0 seu dinheiro»

pode simplesmente quererdizer, como sucede no caso doassaltante armado, que


acreditouquealgum malo u outras consequencias desagradaveis recairiam sobreele,
o dinheiro
se no entregasse e entregou-o paraevitar tais consequéncias. [..]Masa
afirmagiode
sinaisdesta de
quealguém
diferenga.
tinka
Assim,
motivos,no caso doassaltante
a
0s factos
[..]
armado,
fazer
obrigagdoalgo tipo de
¢
acerca daacgio
embora suficientes
diferente e ha
deBedassuascreneas
muitos
e
parajustficar aafirmacio
dequeBfoi
obrigadoa
bolsa,
si para
dequeeletinhaobrigagio justificar
entregara sua
deo fazer..]"â„¢.
insuficientes aafirmagio

(ou
0 “estar set)obrigado aâ€nao
• pertence a uma ordem normativa,
porque sujeito
o obrigado
ga0. contrapartida,
Em o
naotem
“ter
a
liberdade
obrigagao ade
de―
é
ndocumprir a obriga-

proprio ordem
de uma
normativa,porque sujeito
o obrigado
cumprir cumprir obrigacio
ou ndo a
tem liberdade
(sujeitando-se, a
deescolher
neste caso,a
entre
softer
umasangio).
Podeassim concluir-se
queas ordens normativas atribuem
a escolha
ao agente
sempre entre observar
ou violaros seus comandos.

©

©

alla
der
Sitten
Metaphysik
Cf-Kanr,Die
Bonpio,
Lanalisifunzionale
funzione/Nuovt eAB
33
(11797/°1798),
(Milano
1977),
port,
in
deldirito:tendenze 2005),
((crad. Lisboa
Dalla
studidi teoria deldiritto
43)
struttura
problemi,
Bouo1o,
97.
8
deDireito 92 ¢98.
Harr,Conceito

%
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

2. Normatividadetécnica
2.1.Generalidades ¢
Asordens normativas orientam condutas humanas,mas omesmo também
pode ser
ditoda
um determinado
técnica:
problema
uma casa outa velocidade
desta
através
(como,
s abe-se
que, se pretende
porexemplo,
se
calcular
a quese move um automével)
a
resolver
dimensio
de
ou alcancar
um
determinado resultado(como, porexemplo, prepararuma refeicio
com
basenuma receita
tem dese escolher
culinéria
ou montar
uma certa técnica um comprado
mével
ou estratégia.
desmontado),
A técnica
impoe
um
silogismoou uma pratica―®
“inferéncia cujaconclusaoé (ou
uma acgio

S,quevive em Lisboa,
(1)Osujeito quervisitar a namorada,
quevive
no Porto;
(2)S65e$ forao Portoconseguevisitara namorada;
(3)Logo,$tem dedeslocar-se
ao Porto,

2.2. Distinggo
a)As ordensnormativasimpéem
um dever
ser. A conduta pelaqualse
pratica
o é (comohomicidio) que obriga-
que proibido um ou se omite o €
trio (Como dosalimentos
o pagamento devidosao filho)violauma regra
deuma ordemnormativae, em geral, sujeitao infractora uma sangio.
Diferentemente,
jados,
pelo que
atécnica
ela ¢o
determina
pela
rientada a adequagio
contingéncia
dos meios
(“Se 0
se aos
fins
querr
dese-
esolver
problemax..― "Sese
pretende obter o resultado y..―)
e pelaracionalidade
instrumental ("..entio tem dese utilizar o meioz―)".Natécnicapodem
ser distinguidas as regrasdescritivas
¢as regrastecnolégicas"!:
as regras

©
Practical
Yon Waionr, Phil.Rev.72 (1963),
inference, 159;ef tambémvon Wri,

Explanation
andUnderstanding(London 1971),
96;vos Waucttt,Onso-calledpractical
inference,
Raz (Bd),
in

I
(1966), prefere
72s,
Practical
Reason/Philosophical
Papers
assentar
=
Reasoning
(London
inferéneia
a
(Oxford
1983),
pritiea
numa
1978),
46 vow Wain, Practical

“li
Analysis
18;Key, PracticalInference,
ofsatsfctorins―,
26
segundo a

tos
¢
qual“um
planosatisfatério
planosatisfito,
omembro
todo
relativamente

de
desejos€
aum conjunto

satisfeto"
daqueleconjunto sobre
mbi-
dedesejos

ef,com muito interesse,HaneRatas,


dara2%opritica, Eiuterungen
se,quando
see sé
outros
0

zur Diskursethik

(Frankfurtam
Main 1991),100s.
©

©
Scuaver,by
Das
Wesen
WeiNneRcer, der is
PayingtheRules,4, refere-s,
Regeln, (1991),
nestecontexto, rulesofthumb
RTh-BH 11 171s

o
5.2" ORDEMSOCIALENORMATIVIDADE

descritivasfornecem instrugdessobre como resolverum problema (como


60caso,porexemplo, dasregras docéleulo aritmético); tecno-
as regras
logicas determinam como atingir um certo resultado (se, porexemplo,
alguém obter
quiser gua a ferver,
tem dea aquecer elaatingir
até a tem-

peratura100°C).
de
Podeparecer queas regras técnicas talcomo as regras
utilizam, das
ordens normativas,uma linguagem prescritiva,
mas tal nfo sucede: as
regras normativas
as regras
€
contém
técnicas
um
enunciam
dever ser (ought em
um ter deser (must
inglés,
em
sollen
em
inglés,
alemao)
miissen em
alemao),Importa distinguir silogismo
assim entre um praticonormativo
e um
silogismo
priticotéenico.
Em concreto,
a s ordensnormativascon~
duzem silogismo
ao seguinte prati
(1)O sujeito
$ pretendeobtero resultadox;
(2)Paraobtero resultado
x, a regraRobriga $a fazer
o sujeito y;
$deve
(3)Logo, fazer
y.
Ou,maisem concreto
(1)Osujeito$,querconduzir
o seu automével;
(2)Parapoder o
conduzirseu automével,
deconducio;
ater carta R,
a regraobriga S,
o sujeito

(3)Logo,sujeito
o S,devetirara carta decondugao.
Diferentemente, as regras técnicas referem-se, na expresso deKANT, a
um imperativo hipotético® silogismo
e fundamentam um do
priticotipo:
(1) sujeitopretende
O $ obter o resultado z;
2) $6quando o sujeito $ fizert, eleobtera o resultado7;
(3)Logo,sujeito
o S tem defazer t.

}) Ecurioso verificar
que,e m diferentes linguas,o “dever
ser―
(normativo)e0
“ter
deser―
(técnico)
nem sempre sio utilizados deformaidéntica.
Porexemplo,em
diz-se
inglés to gotothedentist―,
"I ought mas em o habitual
portugues dizer-
nio é

©
Kant,Grundlegung
bra1960/Lisboa
1995),
50). 2ur der
Metaphysik
Sitten(1178:786),
BA39s.((trad.
port,
A fontedoexemplo
©

Derived, ¢
especialmente
Karl
autorizada:
Festskrifttillignad Olivecrona
(Stockholm
Obligations,
ef.Broan,
1964),
63.
Ultimace
and.

a
DAORDEMJURIDICA,
DBLIMITAGAO
-se “Devo
ir aodentista―,
mas“Tenho dentista’;
deir ao identicamente, em alemio_
maiscomum é
‘o dizer-se“Ich
musszum Zahnarzt―.
Também éinteressanteverificar
queem se recorre a0 “dever
portugues ser―
(normativo) paraexpressarum “ter
de
(técnico),
ser―
aquilo paraquefoi
nascomputadorfazer
exemplo,
comosucede,
programado―
relégio
por tudo
ou “O
“O
frases
deve
darhoras
certas―.
deve

2.3.Confluéncia
Asordens e a técnica
normativas confluem
sempre queuma ordem nor-
mativaimponha
Nestahipétese, a
um agente
a conclusio
o dever

Porexemplo:
deobterum determinado
dosilogismo
pritico
resultado.
tem um cardcter
norma-
tivo ouprescritivo"*.
(1)O sujeito
$ deve
comecara trabalhar
as9 horas;
(2) isso,sujeito
Para o Stem de de
sair casa com uma hora
deantece-
déncia;
(3)Logo,
para
cumprir
a regra pontual
daentrada no trabalho,
o sujeito
Stem o dever
desairdecasa 4s8 horas.

&
VonWaicit,Phil.Rev.72(1963),
161

e
§3.°
ORDEMJURIDICA
EDIREITO
I. dodireito
Posigao
1. Condicionantes
dodireito
L.L.Envolvente
dodireito
Odireitonaodeveser produzido
e nao
pode ser foradoambiente
aplicado
social pois
em quese insere, queo direito
deve responder
asexigencias
quesao colocadaspelasociedade'.
Importa lembrar,
neste contexto, a
complexidade
crescente dassociedades
modernas,a qual
se manifesta,
no pluralismo
nomeadamente, politico (multiculturalismo),
e cultural na
doEstado
intervengio c omo forma
delegitimaciodoregime
econdmico,
naglobalizacao
econémica¢nos conflitos queelaimplica entre capital
ecapital,
entre capital
e trabalho e mesmo entre trabalho e trabalho,no

“hiperconsumismo―
dohomo consumericus’,
nos riscos
emergentes datecno-
logia
(“Sociedade
derisco―’)
¢ainda na tendéncia
paraa entropiasocial,
designadamente,
expressa, na reivindicagao sem a aceitagio
dedireitos de
(“O
deveres crepiisculo
do dever―),na instabilidadedasrelagdessociais

°

2001),
73ss
Law and
CENoner/Seizntck,

Le bonheur
Society
in Transition/

sur lasociété
Toward (New
Responsive Law York
>

L1poversky, paradoxal/Essai d’hyperconsommation


(Paris
2006),
117s,

® Beck,
in
Risikogesellschaft/Aufdem
Weg
Society Theory, Critiques
Risk
Risk
Revisited:
1999),
(Frankfurt
eine Moderne
BEcK,
Programmes,
Poities,
World
andResearch
am
in
Beck,
Main1986);

(Cambridge
Society 1335s.
+
Lapoversky,
O
port,Lisboa
(trad, do indolor
erepiisculo
1994),
dever/A
dos
ética (1992)novos democriticos
tempos

6
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

(“O
caos completamente doamor―s)
normal e na dificuldadedesolidifi-
cagod formas
as sociais das
¢ (“Modernidade
instituig6es liquida―).
1.2.Natureza dascoisas
Odireitonaopertence &ordem doser, mas isso naosignifica queeleno
devatomar em consideracio a realidade ou,como mais frequentemente
se diz,a “natureza dascoisas―(Natur derSache’.Numdosseus sentidos
possiveis, anatureza das coisasrefere-se a uma realidade preexistenteque
o direitotem derespeitar, como a quese reporta a
aspectos
-
fisicoscomo
©
a
tempo €0 espago
aspectos
-, a aspectos

psicolégicos~

como os
bioldgicos
-

ligados a
como a vidae a morte -,
vontade ¢aos sentimentos a

aspectos sociais-
como 0s relativosao grau dedesenvolvimento e astra-
digdesculturais d asociedade
-

¢a aspectos econémicos


-

como os res-

peitantes as leisda economia (nomeadamente, procura


a lei da ofertae da
ealeidaconcorréncia)
2. Subsidiariedade
dodireito
2.1, Justificagio
dasubsidiariedade
O direitoé uma das
apenas ordens pelo
normativas dasociedade,
queele
concorre com outras ordens
na decondutas
orientacéo humanas. Cabe
perguntar,
por isso,quala importancia
quedeveser concedidaao direito.

quetodas
deve
necessdrio em toda
Odireitoé
a s relagdes
submeter-se
e
qualquer
sociaisdevamser reguladas
a um prinefpio
mas issonaoimplica
sociedade,
pelo
direito.O direito
desubsidiariedade, assentena premissa
dequeno se devesobrepora outras ordens normativas(como a ordem

quando queassegurar
moraleaordemdotrato social) nio houver ocum-

primentodas
suas porérgios
regras doEstado.
desubsidiariedade
Esteprincipio dodireitoencontra a sua justifica-
40 numa dupla
ordemderazdes.Quando a regulagao deuma conduta
poruma ordemnormativanaojuridica foreficaze m termos sociais(seja

* LiquidModernity
*
Cf. Bauman, Das
ganz
normale
Cf.Brox/Beck-Gernsirint,
(Cambridge der(FrankfurtLiquid1990).
2000);
Chaos Liebe
ef.também
Bavaan,
am Main
Life

inan
of
Age Bauman,
(Cambridge Liquid (Cambridge
2005);
(Cambridge
2006).
Uncertainty
Fear
Bauman,
Liquid
2006); Times/Living

―porexemplo,
Cf,
Denkens,
ELLscite1D,
(Eds),problema
O
do
dreito
ss.
Introdugio,
Kavrmann/Hassemer 259 Uma
(E1scxter,
(Fds),
Strukturen
ss)
Einfahrung’,
i n KAUEMANN/HASSEMER/NEUMANN 148
in
natural orientagiosistematca,
naturrechtlichen

o
5.8" ORDEMJURIDICA
EDIRELTO

porque
é
a regra ¢
suficientemente desmotivadoraseguida,
espontaneamente seja
da no
daviolagio
porque
regra),
a sangioaplicada
tem nenhuma
justificagao procurarregular conduta
essa em termos juridicos, jaqueisso
setraduziria apenas multiplicagio
numa de custos sociais relativosquer&
produgio das &
quer imposicao
regras, das respectivas sangdes*,
Além disso,seo direitopretender regular todas as condutas, corre-se
orisco deconcorrer maispara a desintegragio socialdoquepara a coesio
ea harmonia
deuma promessa realizada no
Bastapensar quesucederia
sociais.
entre amigos (como,
se o incumprimento
porexemplo, “Empresto-
te 0 carro no Sébado―)
fosse tratado pela perspectiva dodireitoou se 0
reito pretendesse regular o
espago deintimidade e de
privacidade que
éproprio dafamilia. A jurisprudéncia com um caso
alema confrontou-se
em queteve dedecidir se um acordo, concluido entre os membros de
uma unio defacto e segundo 0 qual a mulher se comprometia a tomar
a pilulaanticoncepcional, mereciatutelajuridica; oBGHentendeu que
esse acordo, porrespeitar ao Ambito mais restrito da liberdade pessoal,
nao se revestiadecaricterjuridico, pelo que,apesar dea mulhernio
ter avisado 0 seu companheiro dequesuspendera 0 método anticon-
cepcional, recusou aquele qualquer indemnizagao pelo nascimento de
uma crianga’,
bem ao contririo dastendéncias
Assim, recentes nas sociedades
modernasnas quais,
~

para recorrer a uma afirmagio,


conhecida se veri-
fica, vez,
cada uma colonizagio domundo-da-vida por uma crescente
“juridificagao―
(Verrechtlichung)"®-, a verdade&que0 diteitose justi-
ficaapenas na medida e m queas suas fungées naosejam realizaveispor
nenhuma outra ordemnormativa"'. Eporisso quea subsidiariedade do
direitoencontra o seu complemento na prevaléncia
dodireito:na 4reana
qualo direitoseja necessirio,eletem deprevalecer sobre qualquer outra
ordem normativa.

*
CESuavett,
Lawversus Morality
as Regulators
of Conduct,
Am-L.Econ
Rev.
(2002),
4

©

2
CEHaneaoas,
539s.
=
BGHZ97,372 NJW 1986,
Theorie
2043JZ1986,
deskommunikativen -
1008 FamRZ,
Handelns
1986,
773
If (Frankfure
am Main 1981),

°C
GF.
Lontann,DasRechtderGesellschaft am Main 1993),
(Framkfurt ESRUOG
72,
‘sistema
juridico
“nio
prossegue
¢nenhum
interesse
imperialista
em
decomunicagées
ppossivel attair
©
maior
ndmero
em manté-las
no sistema’

6s
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

debensjuridicos
2.2. Proteegdo
direito naodeveimiscuir-seem todosos aspectos
davidasocial,
mas
limitar-se certos bens 0s chamados
a proteger ~
bensjuridicos.
Com base
no dequeas regras
principio devem
juridicas proteger
as pessoas,ascoisas
€
as o bem
situagoes,juridico (Rechtsgut)
foiconcebido como tudo 0 que
como condigéo
6 relevante deuma vidasi dacomunidade juridica e que
6 legislador
tem interesse em preservar €em procurar assegurar contra
violagdes
ou ameagas"
Como todosos bens, também os bens juridicosse destinam a satisfa-
zer determinadas necessidades. Bensjuridicos so, desde logo, aqueles
quesatisfazem necessidades como a sobrevivéncia
bisicas, dapessoa e a
nos mais variados
sua realizacio campos (como o pessoal, 0
o familiar ou
profissional).
2.3. Espago livrededireito
A subsidiariedadedodireitoperante normativasimplica
outrasordens que
existe uma dreaquenaoé abrangida pela juridica.
ordem Ea essaareaque
se chama o espagolivrededireitoo u espagoajuridico,
o qual
abrangetudo
indiferente
seja
o que ou irrelevante
parao direito
ou quedetermine a apl
cacao naojuridicas'*.
desangées O espago livrededireitocaracteriza-se
pelaausénciatanto deuma regra juridica(por exemplo, nenhuma regra
juridica
regula p),
a conduta como de justificagao
para a dessa
existéncia
regra(0sistemajuridiconaoexige a regulacaodaconduta p).
sublinhar
Importa que, c omo resulta d oprincipiodasubsidiariedade,
o espagolivrededireitorepresenta um valor em si mesmo,pelo quetam-
bémhi quedefendé-lo perante o direito'*,O direitonao deve regular
tudo:hé
uma zona davidasocial e davidaprivada quenaopode ser inva-
didapelo direito.

©

©
Binpine,
CEENetscu,DerRechtsfrete
livrededireitotambém
oespago
Raum,
abrange
I* 415,
DieNormenundihreObertretung
(Leipzig
192),
ZStaatsW
3538.
421;
discutivel
108(1952),17 ¢
decostode deveres¢
as situagies
se
a actuagfo
em
estado
denecessidade:ef,no entanto, ENGISCH,ZStaatsW108(1952),
408s; KAUEMANN,
Raumundeigenverantwortliche
Rechtsfreier Entschetdung,
FSReinhartMaurach(Karls-
rahe1972),321
Â¥

dles
Rechts 1976),
(Berlin queda
Bestaperspectiva Cows, DerRechtsfree
107s,fala “normatividade
do der
Raum/Zur
espago
Fragenormativen
livrededireito―
Grenzen

66
F
58°ORDEMJURIDICADIRELTO

3. Favorlibertatis
3.1, Generalidades
Dentrodamargem na regulagio
queIhecabe davidasocial,
o
legislador
pode estabelecer
queuma conduta seja proibida
obrigatéria, ou permitida.
Istonaoimplica,todavia,que legislador
o tenha detomar posicao sobre
todasas condutas,dadoqueos ordenamentos juridicos por
se orientam
uma regrageralde liberdade,
decorre
Desteprincipio
expressa num
quetodaa obrigagaoe
principio
todaaproibigao libertatis,
defavor
témdeser
pelo
estabelecidas legislador,
poisques6pode ser
obrigatério
ou proibido
aquiloqueo legisladorconsagrarcomo tal,o queimplica que¢ permitido
o
tudo queo legislador naosubtrair
permitido
Maisem concreto:é
a essa mesma regra
tudoo quenaoseja
g eral
proibido
deliberdade.
ou obrigatério.

3.2.Regras permissivas
Setudo0 quenio é obrigatério
ou proibido permitido,
é as regras com
um significado permissivo deveriam ser raras, por serem redundantes, na

generalidade
principalmente
dos ordenamentos
no ambito
juridicos.
dodireitoprivado, ¢
Porém, nao
Importa
isso que
perceber
sucede,
porqué.
necessidade
‘A daconsagragao deregras permissivas encontra-se no
caracter social dodireito. Efectivamente, a liberdade deum impée sem-
preuma restrigdo
direitosa alguns
& liberdade
sujeitos,
deoutrem,pelo que,quando
necessariamenterestringida
é
saoatribuidos
a liberdade de
outros sujeitos.Eesta restrigdo quejustifica a necessidade de estabelecer
regras com significado permissivo,dadoque,se elasnaosio necessarias
a
parajustificar
indispensiveis
liberdade
paralegitimar a
do
dotitular direito,elassio,e m contrapartida,
restrigdoimposta 4liberdade deoutrem.
Porexemplo: o art. 1367! CCestabelece de
que proprietirio drvore
o uma
contiguaprédio pode a apanha
aum deoutrem fazer dosfrutos neste pré-
dio;estaregra decaracter permissivo énecesséria,porque ela implica uma

a
restrigao
&apanha
liberdade
dosfrutos.
doproprietirio doprédio no qual o vi

IL. Fungoesdodireito
1. Fungao constitutiva
LL. Construgaodarealidade
a) Odireitodesempenha uma funcio darealidade
constitutiva juridica,
poisqueconstitui
uma realidade
quenaoexiste
sem ele:basta
pensar,
por
o
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

exemplo, quesem leispenais naohé crimee quesem leisqueatribuem 0


poder de 0
alienar
Mesmoquando
e 0 poderadquirir
de
direitoregula nao hacontrato
condutascomo sucede,
~
decompra e venda,
porexemplo,
quando proibe 0 homicfdio ou o furto~, ele
cumpre uma fungio consti
tutiva:sem a regra queproibe condutas
essas hi homicidioou furto, mas
naocrime dehomicidio ou defurto; este crime s6se verifica porque ha
uma regra quequalifica
lidadejuridica enquanto
como crimeaquelas
“facto
condutas.
institucional―,
O
direito
ou seja,
cria
enquanto
a rea-
reali-
dade queprecisa dodireitoparaser juridica,
Parase perceber a importincia desta fungio constitutivadodireito,
bastaatentar nos seguintes
dosnuma salalevantam-se
exemplos: (i)alguns homens
num certo momento; isto
ea
mulheres
implica
reun

aprovagéo de
uma nova lei,porque vigora regrajuridica
uma quequalificapessoas
essas
como deputados
competéncia
¢
uma outra regra
legislativa;(li)uma pessoa vestida da
queatribuiaAssembleiaRepiblica
denegropronuncia que
alguém é
c ondenado a cumprir pena prisio;istodeterminaque
uma de
0 policiadeveconduziro condenado parao carcere, porque vigora uma
regrajuridica queconcede aquela pessoa a qualidade dejuizeuma outra
regraqueIheatribuicompeténcia paraproferir decisdescondenatérias de
criminosos; (iii)uma pessoa propéea outra a aquisicaodeuma coisa por
um determinado prego e esta declara queaceita a proposta; isto implica
a celebragéodeum contrato,porque vigora regrajuridica
uma quequa-
lificaessa actuacao
como a conclusdo
deum contrato decomprae venda.

Ross(1899-1979) nem sempre reconheceesta fungioconstitutivadodireito,


a
atribuindoalgumas regras juridicas
estacionamentodosautoméveis
uma actividade
~
-

como, porexemplo,
uma fungio
aquelasqueregulam
meramente regulativa, porque
o
elas
regulam queexistiriamesmo quenaoexistissem regras juridicas'®;
em
contrapartida,
rem a “fazer
uma promessa’,
juridicas
outras regras ~

como, por
exemplo,
aquelas
uma promessa’,
“aceitar “quebrar
quese refe-
uma promessa―
um carcterconstitutivo,3 semelhanga
ou
dasregras
“cumpriruma promessa―
~
tém
queinstituem um jogo(como, porexemplo,o
xadrez)". Eindiscutivelqueas regras

Speech
Cf.Seanue,
"©
Acts/An i n thePhilosophy
Essay of Language(Cambridge
1969),51
Ross, andNorms(London
Directives 1968),
53
Ross, andNorms,
Directives 56;cf.também Rawts,TwoConcepts of Rules,
Phil.Rev.
64 (1955),
1999),
25ss.
= Collected
Rawis,
36.8;Aarsto,Reason
Papers(Ed.
andAuthority/A
FREEMAN) (Cambridge
o n theDynamic
Treatise
(Mass)/London
Paradigm
of Legal
(Aldershot/Brookfield
Dogmatics 1997), ss;
160 PeczENik, Reason(Dordrecht
OnLawand

o
5.8" ORDEMJURIDICA
EDIRELTO

deum jogoserevestem decarscter


constitutivo, semelasnada
porque hd(porexem-
plo,semasregras
nada
hacom
juridicas,
regras
hsjuridica,
dofutebolnfo futebol);
relevincia que do
pelo
mastambém assenteque,sem
parece
hi quereconhecer
caricter

maior a
todas
constitutivo
quandoas
regras Alids,
afunglo
juridicas".
eleatribuirelevinciaa uma promessa
dosautoméveis:
quandoregula
sem direito,
constitutiva direitonto
doque ele 0
estacionamento juridica,
a promessanio é mas ape~
socialou moral;s em direito,0 parqueamento
nas, eventualmente, u m facto
naoé

proibido). que
seja
aplicada por
(0 impede,exemplo,
juridico que por umacoima estaciona
mento em local

b)Afungao dodireitoestende-se
constitutiva juridico:
aos conceitos
aqueles
estes conceitossio quesio criados pelo direito(tal
como, num
plano
maisgeral,
os conceitosnormativos sio aquelesquesaocriados
pelas normativas). juridicos
ordens Os conceitos como,porexemplo,
~

0
conceito subjectivo―,
de“direito de “dever―,
de de “culpa―
“validade―, ou
de“diligencia―
naose referem
~

a coisas domundo, poisqueelesnaose


referem
a nada queexistaforadodireito; essesconceitosconstroem a sua
referéncia
propria e, porisso,s4o conceitos auto-referenciais.Assim, se
porexemplo,
se pergunta, a querealidade se refere
o conceito de“direito

subjectivo", sé
a resposta pode ser a dequeesse conceito se refere
&reali-
dadequeeleproprio O
cria. mesmo pode porexemplo,
ser dito, docontrato

2009),
226ss;
como  conhecido,
¢

jogosio constitutivasdoprépro
(Frankfurtam Main 1977),
a WrrTGENSTEIN
pertence
ef WrrrENsre1x,
jogo:
n2205e 867(trad.
aideiadequeas regras
Philosophische
port,Lisboa1995).
deum
Untersuchungen
° CE

Theory
Institutional
Norms?
Raz,Practical
institucionalista (Oxford
Reasonand
n0
e referindo-se

Approaches
Legal
of Law/New
1990),
a “institutive
1085s; ambiente

to
dopositivismo
rues",ef. MacConstick/WeINRERGER,
Positivism(Dordrecht 1986),
An
S183
no sentido dequeas regras constitutivaspodem ter igualmente a fungiodeimportagio de
um a realidade para um certo ambiente, cf.RANDSELL, Constitutive RulesandSpeech-Act
Analysis, JPhil.
68 (1971),3885s.
HarvL 820,
qualquer afirmando
CERoss,THT,
possuem 0s
conceitos
“referéncia
tentendendo 69
Rev.70(1956/1957), que

que0s comandos
(et,no entanto,Ross,
semAntica―
juridicos
nfo
Norms,ss);
Directivesand
auto-referenciais,
(directive) siosempre porquese conotam
denotam
‘e a elesproprios,of.Oratex,TheProblem Meaning―,
of“Directive Festkriftti
Professor & Phil.AlfRoss
Dr Jur. (Kobenhaven 1969), 420;
OPaLK, Ontthe
Logieal-Semantic
Structureof Directives, L&A 13(1970), 19053Oratex, TheoriederDirektivenundder
‘Normen
i n Law, York
(Wien/New1986),
i n HaGEN/VON
25;diferentemente,
DER ProxpTEN (Eds),
VONDERPFORDTEN,
Concepts
AboutConcepts
i n Law(Dordrecht/Heidelberg/
London/New
York 2009),31ss.

6
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

decompra
e venda: a querealidade
sese questiona se refere esse
contrato,
pode que
sé
aresposta
proprio
ser
constitui.
a de esse contrato se refere
&
realidade
queele

Afungto
©)
convencionalista
(0 é
direito é
dd
constitutiva
aquilo e conjugivel
oireito facilmente com uma orientagio
forproduzido
que,porconvengio, aceitecomo

e
direito)
siio,porisso, conceitos
nominalista
simples
(osnao
Se ¢
nomes). a
nada
de e
juridicos correspondem
esta
existemalternativasarelagio
existente
dafungio
consti-

nio pode o
tutiva dodireitocom o convencionalismo
ser aprofundada―,
issoé
nominalismo, questoqueagora

1.2.Atribuigio
derazées
O direito¢
constituidoporregrasquecumprem uma dupla
fungao:essas
regraspodem servir tanto paraorientar quando
condutas, constituem
raz6espara ou naoagir,
agir como parafundamentar quando
juizos, cons-
tituem razes parajulgar.exemplo:
Por a queimpoe
regra que comprador
o
devepagar dacoisa
o preco (cf.
adquirida al.c),CC)
art. 8792, funciona
como o comprador
razaoquerpara essaobrigagao,
cumprir querparaum
juizo condenar
a pagar
o prego.
Pode assimconcluir-sequeo direitofornecetanto uma razaopritica,
como uma razaojudicativa:
aquela é
uma razaopara agirou nfo agir,
esta
6uma raziopara formular um juizo.Istosignifica
queo direitopodecon
tanto deum raciocinio
tituir a premissa como deum raciocinio
pritico,
judicativo:no primeiro caso,o direitodetermina0 quese devefazerou
naofazer; no segundo, como se deve julgar.
2. Fungio politica
2.1, Combate &anarquia
Odireitorealizauma fungao politica,
dadoqueeleorganiza 0 poderpoli-
tico (0queimpede a anarquia)
¢colocalimitesao seu exercicio(0que
impede o totalitarismo).
As ideologias
anarquistas ~

tanto decarécter
como denatureza
colectivista, individualista
propugnam
—

uma socie-
dadelivredequalquer pelo
coacgao, quehaquesubstituir0 dominiodo
homem
obtida
sobreo homemporuma liberdade
sem qualquer
desociedades
Porém,
coacgao,
toda
e
totalporuma harmoniasocial
se encontram exemplos
dificilmente
sociedade
anarquicas,
porque a exigeum conjunto,

%
Sobre ef,AaRNtO,
o problema, andAuthority,
Reason 127ss.

0
5.34ORDEMJURIDICA
F DIREITO

aindaqueminimo,
deregras
¢desangdes a possibilitar
destinadas a con-
vivencia
social
Andaassim, entender
poder-se-ia ~como fazem algumas deflosofia
orientagbes
politica queo direito
-

seriaum “mal
necessério―
nassociedades
humanas.Algumas
-1704) e Rousseau
(particularmente
dastesesdocontrato social
(1712-1778)) quehouve por
na versiodefendida

consideram
efelicidade,
um estado
Locke(1632-
denacurezaem
ohomem
‘que viveuem perfeitaliberdade semnecessidade
dequaisquer
regras Honnes(1588-1679),
juridicas"!,
raldoshomens
antes deterem entrado
pelo
na sociedade
entendia
contririo, que“o
estado
deguerra,
natu-
foium estado nio
guerra
‘uma simples,
massimuma guerra
[Asteses marxistas Manx
detodos contra todos"®,
¢ENGELS entendem
(de
(1818-1883) (1820-1895))
que
0
direito
demais®*
sociedade
e o Estado
evolugio
¢quea
diodominagio
expressio
dasociedade
&
atingiré
~

que
lema“De
cadau m
deuma classe social
o iltimoestédio
sobreas
com uma
regida
comunistapelo segundo capacidades, as suas a
cada segundo
um
primeiro qual
siio:“O acto no
a sociedade
assuasnecessidades"*

a tomada
o Estado
deposse
~
conduziinevitavelmente
realmente
representante
surge
dosmeios de
como
&suasupres-

em nomedasociedade
detoda
é,
~

produgio -

20mesmotempo, 0 seutiltimo como Estado. No


(..] lugar
acto auténomo dogoverno
sobreaspessoas decoisas€a
administragio direcgao
aparece a deprocessos depro-
dugio. nio ¢«abolido»,
OEstado elemorre―™.

®
Cf.Locke,TwoTreatises
ofGovernment(1690),
Il, 4 (trad.
port,Lisboa2006);
Rous-
seau,Du contract social(1762),
, eI; sobre
a
progressivadegenerescéncia
doestadode
natureza,ef.RovsseAv,
Discours
sur Vorigine deV'inégalité
et lesfondements parmles
(1755),
hommes. Seconde
partie.
©
Hons,Decive (1642), Leviathan(1681),
I, 12;Hosaes, 1,XIM (rad.port,* Lisboa
2002), 110.
©
CE,porexemplo, Marx/ENGELs, Mdeologie
Diedeutsche (1845/1846),
i n INstrrur FOR
-MARXISMUS-LENINISMUS
lin 1969),
63¢311;
desStaats(1884),
BEIMZK DERSED
Excets,
cf também
in INSTITUT
(Eid) M
Karl
DerUrsprung
FURMARXISMUS-LENINISMUS
Engels
arx—Friedrich Werke3 (Ber-
desPrivateigencums
derFamilie,
BEIM ZK DER SED(Ed),
und
Karl
Marx FriedrichEngels
~

Werke21(Berlin1975),
164ss;ENGELS, Ludwig Feuerbach und
derAusgang derklassschen Deutschen
Philosophie
(1888), INSTITUT
in FOR MARXISMUS-
-LpnINIsMUS neiM ZK peR SED(Ed),KarlMarx FriedrichEngelsWerke 21,299ss.
%

srt
®
Kritik
C£Manx, des
Gothaer
ZK Dex SED(Ed),
Hern Bugen
ENarLs,
Progeamms
Dithrings
—
(1875),
in INSTITUT
KarlMarx FriedrichEngels
FOR MARXISMUS-LENINISMUS
Werke19(Berlin
derWissenschaft
Umweilzung
1976),
(1894),
2
in Insrrrut FOR

-MARXISMUS-LENINISMUSBEIM ZK DER SED(Ed),KatlMarx FriedrichEngels


~
Werke20
(Berlin1975),
262,

n
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

Nierzscue(11844-1900) a “morte
prognostica do
daconstatagio
consequéncia
ressedogoverno
demiosdadas
no seu
deque “Deus
papel
morreu―®
=nos
termos:“O
seguintes inte-
¢ointeresse dareligito
detutela
domomento no
andam detalforma
os funda-
esta comece a definhar,
que,a partir qual
mentosdoEstado
também
stoabalados.
Acrenganuma ordem
divina
das
coisas poli-
ticas,num mistério doEstado,
na existéncia ¢ religiosa:
deorigem logoqueareligito
comece a desaparecer, [..] cessara
o Bstado deinspirar [..]ademocracia
veneragio.
‘modlerna
seriaforma histérica
dadecadéncia
doEstado―,
Nenhuma destasutopias parece ter tidoqualquer hist6rica
expressio ou poder
ira o que acrescente-se nio retiravalorao sentido
té-la, ~ ~
criticodasteoriasque
as sustentam,O problema s er antes 0 deconseguir
parece colocar0 direito a0 ser-
utilizando-o
‘ociedade, paralimitar0 poder
as necessidades
politico,
garantir as liberdades
â€ãssegurar daspessoas.

2.2. Combate ao totalitarismo


O totalitarismo pela
caracteriza-se e aplicagao
formulagio arbitrérias
das
regrasjuridicas poder
por um politico
quenaose submete
a nenhum
con-
trolo.Odireitoobsta
ao
poder querdefinindo
totalitério, a dos
repartigao
poderes soberanos
as liberdades
cfvicas ¢ politicos,
closérgios
a competéncia quergarantindo
dedireito(cf.
0 Estado
e construindo CRP).
art. 2°

social
3. Fungo
A fungio dodireitopode
social ser vistaquerno planodasrelagées dos
individuos
entre si,querno dasrelagdes entre a sociedade
¢os individuos.
o direitodefine
Naqueleprimeiro plano, o s comportamentos quesaoper-
obrigatérios
mitidos, ou proibidos, tornando-os, paratodos o s membros
dasociedade,menos aleatérios¢fortuitos e maisprevisiveis e expecta
veis",ComojaacentuavaMit. (1806-1873), a existéncia
deregras juri-
dicasgarantea seguranga a quem age,facilitao trabalhoa quem tem de
julgar
e diminuios riscosdoerro na decisao―.

plano
‘No dasrelagdes
quera contribuigao
entre a sociedade
dasociedade ¢
os o direitoregula
individuos,
(como
paraos individuos acontece,por

Die
Scuturcita)
(Darmstadt Il
CENuerzscut, frdliche Wissenschaft,
1997),
i n Nierzscu,Werke
205(343).
i n DreiBinden (Ed

©

Nievzscite,
‘Werke
%
DreiBinden Buch
flr
1,682
Cf.LonMann,
allaumenschliches/Ein
Menscliches
in Logic, (472).
DasRechtderGesellschaft,
131ss
freieGeister,inNiev2scHe,

®

n
of and IT (London
Mit, ASystem Ratiocinative Inductive 1865),
545.
E
5.8" ORDEMJURIDICADIRELTO

exemplo,
areadaeducagio,
na doscuidados
desatide
¢dasprestagdes

quer
sociais),
a contribuigdo
dosindividuos
porexemplo,pagamento
com 0 de
para
impostos).
(como
a sociedade sucede,

4.Fungio
pacificadora
fungao
Odireitorealiza pacificadora,disciplina
propriaqualquer
que¢ de
uma
sociedade®,
dado
determina
solugio
que
os modos de
a violéncia
dos
conflitos aplica
deinteressesentre os membros dasociedade
sangdes e as
decorrentes da
violagao
trolosocial
A fungio
suas
existentes
das regras.
nas sociedades
Odireitoé
modernas"!
um dos

dodireitoser tanto maiorquanto


modos decon-
maiorfora
pacificadora
confianga por eletransmitida, Esta confiangano direitoe directamente
sté

0 ofaw:
ligada ao Estado dedireitoe & chamada rule “despido
detodas as
tecnicidades,
acces, a regras
nam possivel
significa
isto que governo vinculado,
estabelecidas
razoavel
esta
e divulgadas previamente
de
~
em todas
regras
é
a s suas
quetor-
prever com um grau certeza como quea auto
ridade usard os seus poderes coercivosem certascircunstancias ¢planear
as suas actividades com base neste conhecimento―®.
Noentanto, a fungio pacificadorado direitonaodeveser sobrevalori-
zada,Comoé comprovado pelaobservaciosociolégica,
naobasta aumentar
as sangGes
¢ incrementara repressio
violacao partilha
dodireito. A
sobreos desviantes
devalorese a estabilidade
paracombater
socialconstituem
a

modbos decontrolo social bastante maiseficazes doqueaquele quepode


ser proporcionado pelo direito.
Ill. Direito e moral
1, Generalidades
Aanilisedodireito e damoralcolocaduasquestoes:haquedeterminar
que
deve
critério paradistinguir
ser utilizado o direito
damorale querelagoes
ou devem
existem, entre o direito
existir, Comose compreende,
e a moral.
estas s6 podem
questées ser colocadas
se 0 direitoe a moralforemcon-
siderados
duasordens
normativas distintas.
Porisso,se ~

como defendeu
(1851-1911)
JELLINEK “o sendoum minimoético―,
direitonaoé
-

porque

%
©

©
CESorsky,
Traktataberdie
Hayek,TheRoadto Serfilom
Gewale 7
CERenmin, Rechtssoziologie
§
(Frankfurt
(Berlin
(London
am Main2005), ss.¢
1993),
1944),
54.
164.
209ss

a
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

s6elepode as condigdes
fornecer desubsisténcia
dasociedade®,
entao0
direitofazparte
damoral pode
e nada damoral.
distingui-lo
dedistingto
2. Critério
2.1,Enunciadodocritério
Dadoquea morale 0 direitosio ordens normativas,coloca-seo problema
desabercomo ¢ possivelrealizar a sua A diferenciagio
distingioâ„¢. entre
ito e a moralradica na exterioridade dasregrasjuridicas(0direito
ocupa-sedoscomportamentos exteriorizados e doladoexterno dacon-
duta)
e na interioridadedas regras morais (amoralpreocupa-se com a
do
intengioagente e com o lado interno da conduta).
Estecritérioquejaremonta a THomastus
~

(1655-1728)"*
-
foienunciado por
Frowre(1762-1814)
dasua liberdade
si, Portanto,
daseguinte
sé
forma:“E
no mundodossentidos,
deacgdes,
através deexteriorizagdes
queos seresracionaisinteragem
o conceito dedireitorelaciona-se
entre
apenas com o quese exterioriza no
mundo dossentidos: 0 quenao tem nelenenhuma causa,mas permanece no inte-
rior daalma, pertence a uma outra frac¢io,
a damoral", Embora com premissas
distintas,Kant (1724-1804)
[..]distinguir-seatendendo
devere simultaneamente
afirmou
aosmobiles
desse
algodesemelhante:
|... Alegislagio
deveru m mébilé
a
“Toda legislagio
quefaz.deuma acgio
pode
Masaquenaoincluio tltimo
ética,
um

na lei e que,consequentemente, admiteum mébil diferentedaideiadoproprio


dever juridica―®―.
¢ Esta baseia
distingao diferenciagio
a entre a legalidade(Lega-
tat)©a moralidade (Moralitit),queKant enunciadaseguinte maneira: “A
mera
concordancia ou discordincia deum a accio com a lei,sem ter em conta os seus
mobiles,
mas
chama-se
legalidade
aquela
(Legalitit)
a ideiadedeverdecorrente
em que daleié a
com lei(Gesetzmafigkeit)),
(conformidade
a 0 mesmo tempo mébil da
acgiochama-se moralidade
(Moralitit)(eticidade da
(Sittlichkeit)) mesma.
deveres decorrentes
dalegislagio
juridica
s6podem ser deveresexternos,porque
esta legislacdo
naoexigequea ideiadedever,
queé interna,sejaporsimesmafun-
damento dedeterminagio
doarbitriodoagente[..].Aoinvés,
a
legislagio
éticacon-
verte em deveracgesinternas[..].
A legislagio
ética
éa quenaopode ser externa

®

*
CfJetunveK,
Diesozialethische
Paraumaanilise
dosdiferentes von
Bedeutung Unrecht
Recht,
de entre
critérios
und
Strafe
(Wien
1878),42.
distingio direitoea moral,cf.
GEDDERT,
*

%
undMoral/Zum
Recht
Tyomastus,
Fundamentaiuris
Ficiire,Grundlage
(Berlin
SinneinesaltenProblems
naturaeet gentium
desNaturrechts
nach Prinzipien
ss. (1796),
1984),
86
(1708),
Lc.V.§17,
derWissenschaftslehrein
Johann
GottliebFictrr®’s
simmtliche WerkeIII (Berlin
1845),
55.
Kant, DieMetaphysikderSitten('1797/°1798), port,Lisboa
ABI4 ((rad. 27).
2008),
―*
F
58°ORDEMJURIDICADIRELTO

(mesmo queos deveres ser também


possam externos); ¢
juridica
a a quepode
ser
também
externa’.

docritério
2.2. Apreciagio
o critério
a)Aparentemente, daexterioridade juridicas
dasregras e da
interioridade dasregras morais ¢inaceitavel para distinguir o direito da
moral, Antesdomais,pode dizer-se que nao &exacto que o estado ani-
micodoagente sejairrelevante parao direito, Porexemplo: aconduta do
agente pode ser dolosa
~
se o agente intengaoprovocar
tiver a de um certo
resultado
tiver
ada
(como
intengio
a morte deoutra pessoa)
deproduzir
um
~

resultado, -o
ou negligente se agente
mas este se verificar
nio
como conse~
queéncia violagio deum dever decuidado ou dediligéncia(como sucede
quando uma pessoa fereuma outra na sequéncia domanuseamentodes-
cuidado deuma arma defogo); 0 direito valora negativamente a declaracio

que emitida
é s ob coaccao (¢f. CC)
fisica art. 246." ou moral (ef.art. 255.
2562CC),
n! I, € exactamente porque a coaccio levao declarante a emi-
tir uma declaragdo que nao tem a intengao de exteriorizar.
disso,
Além também
elevantepara a moral.
nfo é
A
exacto quea exteriorizacao
intengaoagir de deacordo com
daconduta
a moral
seja
pode
nio ser suficiente, poisquetambém ¢preciso actuar deacordo com essa
Para
intengdo. exprimir esta insuficiéncia da intengdo, dizer-se
costuma
que“De boas intengdes est o infernocheio!―.
0
b)Emtodo caso,o critério
entre o direitoe a moral nos seguintes
enunciado permite
termos: para
tracara distingao
o direito,nadahade
relevante
a moral,
de
ser
antes exteriorizada
a intengio doagente é
uma intengio;
sempre relevante.
em contraposigao, para
O direitos6intervém depois deser realizada uma conduta, Desta
premissa decorre que a mera de
intengdo comportamento
um antijuri-
dico, enquanto nao forexteriorizada, nunca é juridicamente relevante.
Porexemplo: a intencao dealguém matar outrem nao é relevante para
0 nao podendo
direito,
essa intengao.
ser aplicada
Diferentemente,
a simples
a moral
a moral,
deagirsegundo aindaquenao
&
nenhumapena pessoa
ocupa-se sempre
quetem
daintengao do
Assim,
agente. intencao
concretizada pode
em actos, merecer uma valoragio
positiva,
Porexem-
plo:
aquele deajudar
quetem a intengao um necessitado,
mas quenao0

%
Kaw,DieMetaphysk
derAB 27
Siten, 15¢17(trad.
port, €29)
8
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

consegue fazerpormotivosalheios
&sua vontade,jamerece serelogiado.
Domesmo modo, deuma conduta
a mera intengao imoral, mesmo que
no concretizada, émoralmentereprovivel.
Porexemplo: a de
intengio
matar outrem écensurada pela
a executar o seu plano,
moral,
mesmo queo agente
a falta
Finalmente, deintengao
nunca chegue
na realizacao
de
conduta
‘uma moralé moralmente
sempre censurivel.
Por exemplo:
aquele
queajuda os pobres, com 0 tinicoobjectivodealardear a sua riqueza, age
demodomoralmente condendvel, aindaqueo resultado dasua conduta
nadatenhadereprovivel.
Doexposto decorre queas posigées dodireitoe damoralperante a
do
motivagioagente quecumpre regra(juridica
a ou moral) sio com-

pletamente distintas,Parao direito, a motivacdodoagente queobserva


a regra juridica relevante;agente
nao é se o cumpriuregrajuridica
a por
receio dasangio ou porqualquer em termos juridicos,
isso é,
outro motivo,

porque de 0
indiferente. Porexemplo:
receiater pagar
se automobilista
uma coima ou o
observa
é
um
limite develocidade
porque condutor cuidadoso,
¢
isso irrelevante
em cumprimento
parao direito. Partindo dadiferenga
daregrae 0 comportamento
entre a actuagio
em conformidade com a

regra®, o queéimportante parao direitonao&quehaja o cumprimento


deuma regra, mas apenas quese verifiqueum comportamento conforme
Aregra, mesmo queo agente nio saiba quea estacumprir ou ainda quea
queira Emcontrapartida,
naocumprir. como se demonstrou,
a motivagio
doagente moralÃsempre
quecumprea regra © relevante.
3. Relagdes
mutuas
3.1.Generalidades
dea moral¢0 direitoserem ordens
Apesar distintas,
normativas nao é
dificilverificar
quegrandesproblemas
moraisconstituemfrequentemente
grandes problemasjuridicos,
Basta em realidades
pensar como a procria-

rupco
sobre células
aprodugio
ao medicamente assistida,
dagravidez,
voluntaria
a produgao
deembrides excedentérios,
sobre0 genoma
a investigagéo
detransgénicos,
a
inter-
humano¢
estaminais, a eutandsiapassiva
doambiente.
ow activae a contaminagio

Raz,Practical
» andNorms, 179.
Reason
F
58°ORDEMJURIDICADIRELTO

deanslise
3.2. Perspectivas
Dado que
o direitoeamoral
sioduas
ordens coloca-se
distintas,
normativas
problema
© desaber querelagdes se estabelecem entre essas mesmas
ordens, Asrelagées
perspectiva:numa ¢ ser
entre o direito a moral
perspectivaempirica,
podem
trata-sede
vistasnuma dupla
saber quaisas relagdes
que,na pritica,
sagragio que a entre
existem
moral o averiguar
encontra qual
direitoeamorale de
no direito positivo; perspectiva
numa
a con-
nor-
mativa,trata-se dedeterminar quaisas relagdes quedevem existirentre 0
direitoe a morale deindagar se a correspondénciadodireitocoma moral
é
um critério para aferigao
a da validade dodireitoâ„¢.
3.3. Perspectiva
empirica
a)Numaperspectiva
serdecoincidéncia
as relagdes
empirica, entre o direito
ou denaocoincidéncia.
e a moral
Hi regras podem
juridicas
quecon-
cordam com regrasmorais, mas também hé
regras juridicasquedivergem
dasregras morais ou quesio moralmente neutras.
A coincidénciadasregras juridicascom as regras moraispressupoe
a atribuigdoderelevincia &moralpelo direito.Estaatribuigio pode ser
feitadevariosmodos. Um delesÃa©incorporagio deregras moraisno
direito,Porexemplo: no plano constitucional,esto consagradas a proi-
bigdo dapenademorte (cf. art. 242,n2 2,CRP) e a proibicio datortura
Gf. n 2,CRP);
art. 254, no plano penal,encontram-setipificados como cri-
meso homicidio (cf.art. 131.2CP), difamagao (cf. art. CP)
180." eo furto

Gf.art. 203.CP);plano
no civil,encontram-se consagradas a proibicaoda
uusura(cf.
art. 282.― CC), a indignidade sucesséria (cf.
art. 20342CC) ea

deserdagio (¢f.
art. 21662, n2 1,CC).
Umoutro modo ¢
a concessio derelevincia juridica
quera valoragdes
morais, consideradas
em conceitos
334. e 762",
juridicos
n2 1,CC)
em simesmas

(como os de
(cf,
boa
e dedolo(ef.
».g,
fé
art.

art.
(cf,
art. 253°
128.
v.g,
CC) ou condensadas
3!,n21,227%,n2 1,
n." 1,CC;art. 14°
e 483°,
CP), quera valoragées (como,
ético-sociais porexemplo, os bonscostu-
mes (cf.art. 2802, n# 2,2828, n# 1,334.3402,n? 2,e 21862CC). Um
terceiromodo aindaéa atribuigao derelevnciajuridica a deveresmorais,
os transformar
sem,no entanto, em deveres 0 quesucede
juridicos. nas

CEKetsex,
“
TeoriaPuradoDireito°,
72;Deter,Recht i n Desten,
undMoral, Recht ~

MoralIdeologie/Studien
~

(Frankfurt
zur Rechtstheorie am Main 1981),
180
ss

―
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

obrigagdes naturais(ef. art. 402°, 4952, n.°


3,12452¢18952, n2 2, CC),
cujac aracteristica essencialéa impossibilidadeexigir
de 0 credor 0 seu

cumprimento dos
através tribunais (ef.
art. 402°CC).
b)Asregras juridicas nem
sempre coincidem com as regras morais.
E0 caso,porexemplo, dasregras legais queregulam a competéncia de
0 transitoautomével ou as férias
escolares.
um érgio legislativo, Tam-
bém haregras morais quenaopossem nenhuma correspondénciacom
regras
tados
juridicas. Porexemplo,
naotem nenhuma
aregra
expressio
moralquemanda
juridica foradocfrculo os
ajudar necess
dosfamiliares
(cf.
art. 20092, n? 1,C C). Finalmente, haregras moraisquesto contra-
riadasporregras juridicas,Porexemplo: a regra moralquejustificaquese
possaretirar aos ricos
para dar a os pobres (quehabitualmente
¢ designada
por“regraRobin Hood―) pela
écontrariada regrajuridicaqueprotbe 0
furto€f.
art. 2032 CP);regras queproibem
as morais 0 aborto
o u a euta-
nisiaactivaesto em confronto comas regras juridicasdosordenamentos
queadmitemessascondutas.
3.4, Perspectiva
normativa
a)Apesar denem sempre se verificaruma coincidénciaempiricaentre
0 direito isso naosignifica
e a moral, queo direitodevaficarindiferente
a
perantemoral.Oregime
o
linistae sistema
nacional-socialista,
doapartheid
constituem
o direito
os regimes

experiéncias
s e afasta
de

damoral.
caricter
esta-
eloquen-
hist6ricas
tes sobre
o quesucede quando Importaassim
averiguar0 queo direitodever eceberdamoral.
Arecepgao damoral pelo
direitodeve orientar-seporum principiode
necessidade,
necessérias
o
&convivéncia
mas naoimplicar
que
pois direito sé
Aquilo
social.
deve receber as
queformoralmente
nenhumdanosocial, tem derelevar
regras
morais
censurivel,
quesejam
néo parao direito.
Em grande a aplicagio
parte, doprincipio
danecessidade
traduz-se
em
deixarparao dominiodamoralaquilo
cidadee em reservar parao direitoaquilo a
quepertenceesfera dapriva-
quese revestirderelevancia
social",Assim,porexemplo, sexuais deum casalquaisquer
as priticas -

queclassejamnaotém
—

deser censuradas pelodireito,


mas os maus-

*
cf,porexemplo,
Diferentemente, Devtan,
MoralsandtheCriminalLaw,i n Dworxin
(Ba), ofLaw(Oxford
ThePhilosophy 1977),
72s

1"
5.8" ORDEMJURIDICA
EDIRELTO

-tratosinfligidos dosmembros
porum docasalao outro saojuridica-
mente relevantes.

no da
b)Oprincipio necessidadedecorre deuma diferenga entre o direito
camoral tratamento dosmesmos problemas. Odireito preocupa-se com
em sociedade;
a convivéncia isso,
por para o direito, a proibigio dohomi-
cidio¢justificada necessidade
pela deassegurar a convivéncia humana.
Diferentemente, pretende
a moral orientara s consciéneias para a realiza-
giodobem; paraa moral,
poresta razao, a proibicio dohomicidio éum
imperativoéticoimpostopelo
amor devido ao préximo.
diferenga
‘A deperspectivasentre a ordem juridica (preocupada com
social)
a convivéncia ¢
a ordem moral (preocupada com a realizagio do
bem) conduz a que,enquantoa ordem juridica pode ser orientada paraa
obtengio fins,
devarios aordem moral valeem si mesma ¢por si mesma
em referéncia
ao bem.A possibilidadedeadaptacio daordem juridica
devariosfinsconstitui,
prossecugio a0 mesmo tempo, uma dasprinci-
pais
vantagens
e um dos maiores perigos
que a elaesto associados:
tudo
depende, dos
afinal, finsque sao escolhidos.
3.5,Tesedaseparacio
O quefoiafirmado sobre as relagéesentre o direitoe a moral coincide
com a chamada tese daseparacéo (pelo menos,na versio dequenaohé
uma coincidéncia
desejavel
que naoexista
entre o direito moral?
necesséria
nenhuma conexio necessiria ea
ou dequeé
entre o
mesmo
direitoea

moral)#, que
dado nem tudo o que émoral tem de ser tutelado e prote-
gido pelo
direito,
Estatesedaseparacao subjaz asdiversasorientagdes posi-
mas haqueacentuar quealgumas
tivistas, destascorrentes conhecidas
~

soba designacao desoftou inclusivepositivism s6defendem~

a separagio

*
CE.
Kesey,TeoriaPurado Direito °, 76 s; der
Hoerster,Wasist Recht?/Grundfragen
Rechtsphilosophie
(Miinchen
2006),
79ss, referindo-se daneutralidade―
a um a “tese do
contetido
dodireito.
©
Cf WatpRow, Normative (orEthical)
Positivism,i n Couzsa (Ed.), Hart'sPostscript/
on thePostscript
Essays
‘Trennung
to the
von Recht of
LawConcept
undMoralalsBegrenzung
(Oxford 2001),
desRechts,
411
ss. ef.também
RT 20(1989),
Maus,
191ss
Die
+

das
relagdes
Paraum a analise
entre
direito
moral,
ef. Recht
i n KavEMANS/Hassemen/Neumany
o
(Eds),
ea
Binfhrung *,
ELLscHEID, und
214ss. cf também
Moral,
Menezes

Brivo,Liberse
Conpetro, DasObrigagSes Direitoou Moral?, amicorum deJosé
Naturais: deSousa
¢
Brito(Coimbra 2009),Sousa
61 s;
‘comose auto-suspende,
£
RFD51(2010),
Oqueéo positivismo
195ss,
juridico,Como autodefine

~
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

entre
valores omorais,
direito¢a naoafastando
moral,
o
em casos de
extrema,
injustiga
nem que, direito
queo direitonaopossa
incorporar
néo
possa
ser considerado (ou
invalido
“derrotado―) porcritérios
morais",
A separagio entre o direito ¢a moral pode ser obtida deduas
através
vias,Odireitopode considerar indiferente o queé moral,néotomando
nenhuma posi¢io (nem sequer através deuma regta permissiva)perante
um comando moral. E0 quenormalmente sucede em todasaquelas éreas
damoralquenfo contendem com a convivéncia em sociedade. O direito
também
ral,d
pode
eixando
limitar-se
ao
a
individuo
permitir
a escolha
é
tanto o quemoral, como o que
doseu comportamento, ¢ imo-
Porexem-
plo: em certas condigées, 0 aborto nao¢ punivel(fart.142.8,n°1,CP),
pelo que o direito permite que a mulher escolhase querrealizarou nio
realizar 0 aborto; o direito permitecumprimento
0 voluntiriodas obri-
gagdes naturais, mas nio permite que o credorexija cumprimento
o seu
Gf.art. 402. e 403, n 1,CC), pelo queo cumprimento dasobrigacdes
naturaisdepende exclusivamente
davontade dodevedor.
Em qualquer dassituagées,
tidoem termos juridicos correcto. Esalutar
moralmente
é é
nem tudoo que indiferenteou permi-
queassimseja,
porque isso conduz
a que0 agente escolher
possa entre a realizagio
ou
a nao realizagao
dacondutamoralmente mas juridicamente
censuravel,
ferente ou permitida―,

©
Cf,Ferner BeLreAn/Rartt, andDefeasiility
Validity i n the Legal
Domain,LPh29
(2010),
617,referindo-seum a “defeasiility
a in thecriteriaof recognition―
davalidadede
um aregra,
©
Sobrea problemética,ef,porexemplo, ALEXY,On Necessary RelationBetweenLaw
andMorality, RatioJuris
2 2989),167ss WaLvcxtow, InclusiveLegal (Oxford
Positivism
1994), 80 ss; Hinea,InclusiveLegal in CoLeman/Swarino
Positivism, (Eds),TheOxford
Handbook of Jurisprudence
andPhilosophyof Law(Oxford 2002),125ss; BrrvoBastos,
Positivismo
1(Coimbra
Meet(Oxford
Juridico
2011),
2004),17s.
Estudos
Inclusivo,
o do
em Meméria Prof.DoutorJ. Saldanha
901ss;sobre “incorporationio’,
cf.Kramer,
Sanches
WhereLawandMorality
©
Leituracomplementares:
Harr,Conceito deDieto *,201-228; Lyows, AsRegras Morais

=Harr,
a Etica (1984) bras,
(trad. Campinas 1990), 65-109; Positivism andthe Separation
ofLawandMorals, Harv. Rev.71 (1958),593-629 Harr,Essays i n Jurisprudence
and
Philosophy (Oxford 1983),49-87;
Harr,Law, Liberty andMorality (Oxford/New York
1963);
(1958),
FULLER, Positivism
630-672, A
to Law~ Reply
andFidelity to ProfessorHart,Harv.l.Rev.71

80
5.8" ORDEMJURIDICA
EDIRELTO

IV. Direitoe justiga


1. Generalidades
O direitonao¢pensivel
tagionaturalmente
~
sem a referéncia
bastante
Acosrinno (354-430) numa frase
coincide
comum
dajustiga"*.
ao valor
~
Estaorien-
com aquela queSanto
exprimiu, entretanto célebre,
a0 per-
“afastada
guntar, a justiga,
quesio,na verdade,
os reinossendo grandes
quadrilhas
deladroes?".Osentidododireitoé,porisso,0 deservir a
naopode
A justiga ser considerada absoluto
um valor parao direito,
queeste também
pois
daeficiéncia.
deve
Noentanto,parece salvaguardar
inegavel
queo
como os daconfianga
valores
direito
s6
ou
afastar-se
pode
doscritérios
dejustigaquando hajaque,justificadamente,
salvaguardar
outros valores.
Numcerto sentido,pode dizer-se é
quea justica 0 valor

primariodoordenamento juridico,pois é
que contraposigao
em a elaque
se demarcam ¢justificam
outros valores.

2. Modalidades dajustiga
2.1. Distributiva
e comutativa

a)Arisroretes(384-322 a. C)propés a distingao


entre a justigadistri-
butivae a justigacomutativa.A justicadistributiva
éa justica queorienta
a distribuicao debensmateriais e imateriaise que“tem o seu campo de
aplicagao nas distribuig6es
da honraow riqueza,bem como detudo quanto
pode ser distribuidoem partes membros
pelos deuma comunidade (na
verdade, possivel
¢ distribuirtudoistoem partes iguais ou desiguais por
poroutros)―.
uns € A justiga comutativa(oucorrectiva, na expresso de
ARISTOTELES) éaquela
que aplicatransacgdes
se “nas entre
osindividuos’™.

+
Parauma visio de conjuntodasrelagdes
entre 0 direito¢ a justiga
numa perspectiva
historica,
cf KavrManns,TheoriederGerechtigheit/Problemgeschichtiche
Betrachtungen
(FrankfurtMain 1984),
am 9 ss
©
SawroAcostinno,DeCivitateDet(426),1V,
IV (trad.
port,I Lisboa1996),
383)
©
RapprUcn,
Unreche do
undabergesetaiches
(trad.
FilosofiaDireito
Recht,JZ1946,107.
1974),
port,‘Coimbra
RADRUCH,
86;
Gesetaliche
Leitara complementar:
©
HoMEM,
BaRBAS
a
BticaNicémaco,
Anisréretes,
1646),
belliac pacis(Amsterdami
113030 (trad. €
o 2004);
OJusto Injusto (Lisboa
2001).
Grortus,
port,Lisboa
I I. VIL, faladeuma iusitia experi.
Dejure
©

am a a
Anistéretes,Etica
Nieémaco,113la
iusttiaattributri De
jure
ac
1;Grorwws, belli pacis, LLVIL reere-se

a
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

distributiva
A justica regula (verticais)
as relagdes entre acomunidade
€0
ou de desigualdade.
benssegundo
poisqueelareparte
indivéduo,
Estajustiga
critério
orienta-se um
deigualdade
porum prinefpio deproporcio-
nalidade geométrica (0mesmo para aqueles que necessitam domesmo ¢
mais para aqueles de
queprecisammais), Diferentemente, a justigacomu-
tativa regeas relagdes (horizontais) entre os membros dacomunidade e&
relevantesegundo
-
um principio deproporcionalidade aritmética
-

para
aferirquer
tumdareparagio entree
o equilibrioa prestagio
dequalquer violagao dodireitoâ„¢. 0
a contraprestacio,
Nesta
quer quan-
iltimavertente,
ajustiga comutativa pode
se concretiza na
dividir-se
antiga (hoje
maxima
em iustitia
que
é
vindicating,
ndomais praticada
aquela que
nas civilizagdes
debase crist ou demodelo ocidental) “fractura porfractura, olhopor
dente
olho, pordente―Ss, e
¢ m justitiarestitutiva, que aquela
é queimpée
queaquele queviolouum bemjuridico devareconstituir a situagao que
existiaantesdaviolagio.
b)A justica distributiva assenta no principio dotratamento igual do
queé igualdesigual desigual: iguais
e do que é todos o s devem receber 0
mesmo ¢todos o s desiguais devem receber deforma desigual. Por exem-

plo: todosos menores devem ter proteccao dodireitoe doEstado, mas essa
proteccao deveincidirespecialmente sobre o s menores desamparados
carenciados. Sobre a relagio dajustiga distributivacom a igualdade ea

desigualdade, Arist6rELES afirmou o seguinte: “[.]


ha quem considere
quea justiga consistena igualdade. Assimé, com efeito, mas nao para
todose apenas para que iguais,
os sio Outros consideram que¢ justa a
desigualdade; ena verdade assim é,mas unicamente paraaqueles que sio
desiguais e nio para todos―®*.
da
O principio
todosos cidadaos
igualdade
sio iguais
deve ser observado
perante alle(art.
na reparti¢ao
13\n.1,CRP).
dosdireitos:
Noentanto,
uma discriminagao na reparticao dosdireitos ou bens pode justificar-se
porfactores dediscriminagao
sua justificacao na prestaco
(positiva), que,
ou na necessidade
porsua vez,pode
dobeneficidrio. aencontrar
Deacordo
como primeiro critério,aquele quemais contribuiu a paraobtengao deum

%
Leituracomplementar: DE Brio,ThePriority
NoGveIRA of Corrective
over Distributive
LiferAmicorum
Justice,
Levitico, 24,20.
S
José
e
deSousaBrito(Coimbra
1280a10(trad.
Politica,
AnistéTELES,
2008),
port,Lisboa
639-658.

1998).
F
58°ORDEMJURIDICADIRELTO

resultado
maistrabalhou
receba a mais;
temdireito receber porexemplo:
¢ queaquele
justo
uma maiorremuneragio.
que
Emconformidadecom 0
segundo aquele
critério, que necessitade mais tem direito
a receber
mais
doqueaquelequenao
por que
de
necessita
tenhamaior apoiosocial otanto;
doque0 remediado
exemplo:
ou o abastado.
justo pobre
¢

2.2.Legal ou geral
a)S.TomAs DE Aquino (1224/6-1274) acrescentouum terceirotermo as
modalidades dajustiga:
ajustica legal(justtia
legals)éa
justigaqueorienta
arealizagao
legalé,
dobemcomum
assim,o (bonum
correlativo
da
commune)
justica
pelosindividuos®―.
distributiva,
porque,
Ajustiga
enquanto esta
rege reparticao pelos
a debens membros da comunidade, aquela
justiga
legaldetermina a contribuigaoqueé devida paraa comunidade porcada
tum dosseus membros. A justigalegaldeterminaos deveres e encargosdos
individuospararealizagio
a do bem comum e espelha-se,porexemplo, na
fungio propriedade participar politica,
socialda ou no deverd e na vida
nomeadamente dovoto,
através
A contribuigaoindividual
parao bemcomum orienta-seporum princi-
piodeproporcionalidade: essa contribuigdodeve ser proporcional
a0 que
cada um pode pelo
prestar, quedeveser exigido mais aquelesque,pela
(social,
posicao
sua econémica,
cultural, ou outra),
educacional esto em
condigdes
de
prestar
queaqueles
impée
umamaior exemplo:
contribuicao,
Por
quetenhammaioresrendimentos
a
devampagar
legal
justica
mais
(cf. 1032, CRP).
impostos art. n2 1,
'b)Entreos interessesindividuaise o bemcomum podem estabele-
cer-serelagdesdeconcordancia ou deconflito.Verifica-seuma relagao
de

todososo
concordancia quando individual
interesse coincide com o bem comum.
Porexemplo: individuos estaointeressados num meioambiente
sadioe ecologicamente equilibrado proprietirio
(embora o e os trabalha-
doresdafabrica poluidora possam subvalorizaresse seu interesse).
No conflitoentre o interesseindividuale o bemcomum haqueconsi-
derarduas situagdes. Umadelas quando
verifica-se o interesse individual
conflitua
ciopara
com o bem
comum,
mas,
o prejudicado,
em abstracto,
Porexemplo:a
pode
construcao de
haver
uma
algum benefi-
auto-estrada
mas prejudica
ou
deum caminho-de-ferro beneficia
a colectividade, aqueles
©

pe Summa II/I,
58,
6.
Theologiae,
TomAs AQUINO,
§,

83
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

quevivem perto daauto-estrada ou davia-férrea,


embora qualquer deles
também possavir a utilizar
e ssasvias de comunicagio. A outra situagio
quando
verifica-se o interesseindividual conflituacom 0 bemcomum ¢
no ha, mesmo no plano abstracto,qualquer beneficioparao prejudicado.
Porexemplo: as experiéncias clinicasrealizadasnum doente em estado
terminalnaoThepodem salvara vida, mas podem ajudar outros
a curar
doentes quevenham a padecer damesma doenga.
2.3.Justigasocial
‘A distributiva
justiga legal
e a justia constituem, o nticleo
no seu conjunto,
dajustica
os membros
referida
social, a de
reparticao
deuma sociedade,
deveres
direitos, e encargos
Emcausa estanaos6uma dimensio
entre
po
tica darepartigaodaqueles deveres
direitos, e encargos, como também
uma dimensio sociale econémica
dessamesma reparticao. Ajustigasocial
rege relagées
as entre os particulares
e 0 Estado,
material
3. Justiga
Especialmenterelevante
na areadodireito a chamada
é material,
justiga
que&a justiga deadequagao
queassentaem critérios ou dejustificagao.
Eneste sentidoque,no passado,
se falou
debellumiustume que,no pre-
sente,s e faladejustacausa ou depenajusta

V. Direitoe democracia
1. Generalidades
Opoder politico um poder
é sobre a sociedadee os seus membros, pelo que
paraestes nio
¢
distribuido.
€
indiferente
o modo
Estaatribuicao
como essepoder
e estadistribuigdo
se encontra atribuido
s4oigualmente
dadoque,numa medidamuito significativa,
relevantes
o direitoé
parao direito,
criado pelo poder politico
através deérgiosparatalcompetentes. Epor
issoqueé essencial se o poder
saber politico
respeita direitos,liberdades
e garantiasfundamentais,acata o principiodamaioriae observa a divisio
depoderes.
2, Regimedemocritico
2.1. Fungiodelegitimagéo
A democracia palavra
~

formada dogrego (povo)


demos ¢kratia(poder) ~

60 sistemapolitico
quese caracteriza pela
igualdade
politica
detodos
os

i
F
58°ORDEMJURIDICADIRELTO

membros, pela dasoberania


reivindicagio pela e pelo
colectividade exer-
ciciodoautogoverno. No clissico
enunciado deincon (1809-1865),
“a
democracia ¢0 poderdopovo,pelo povoe parao povo―’*,
Atendendo
relagées
entre 0 poderpolitico
¢o dircito,
torna-se claro
quea demo-
craciaé delegitimacao
um critério dodireito,
tanto no quese refere
4sua
produgio, respeitaaplicagio.
como no que &sua

2.2. Blementos
dademocracia
a)Ademocracia comporta aspectos normativos ¢funcionais. Osaspectos
normativos prendem-se quecom os valores constituem os fundamentos
dademocracia e
podem ser reconduzidos aconhecida trilogiaestabele-
cidaporKant (1724-1804): a liberdade como pessoa (“Die
Freiheit[.]als
Menschen―), a igualdade como stibdito(“Die[..)
Gleichheit alsUntertan―)
a autonomia
€
peito
como cidadao
daliberdade de ser
(“Die
pessoa, a [.]
Selbstindigkett alsBirger―).
igualdade perantepoderes
detodos os
O res-

piiblicos e a autonomiadecada um perante a sociedade continuam a ser


imperativos de qualquer democraci
'b)Osaspectos funcionais dademocracia respeitam ao processo demo-
criticodedecisio. A observancia desteprocesso assegura, a parda liber-
dade e daigualdade, um terceirovalor fundamental dademocracia, que
éa prevaléncia davontade damaioriasobrea daminoria.Atendendo a0
de
processodecis4o,
biscitéria)
comum é
ha
e a democracia
0 dademocracia
quedistinguir democracia
entre
representativa
a
(ouindirecta).
directa (ou
O modelomais
em alguns
ple-
representativa, embora, regimes
politicos,conjugue
ela se com elementos dedemocracia directa, como &
0 caso doreferendo.
A escolha atravésdeum processo deelei¢ao submetido &regrada
maioriaé a regra mais comum, tanto na democracia directa, como na
democracia representativa, possibilita
Essa escolha uma aproximagao &
situacao
©mesmo poder que
é
ideal, a doconsenso sobre
dedecisio e viabilizaa reparticio a
uma certa solucao, atribui todos
deresponsabilidades

Lincoun,Gettysburg Adress(19/11/1863) of Hon.EdwardEverett,


cf Address a the
consecrationof the National
cemetery
at 19thNovember,
Gettysburg, occasion 1863, withthededi
catory
© other
exercises84
speech
Kant,Uber
ofPresident
Lincoln,andthe
denGemeinsprch:
fir die Praxis(1793),
A 235;
ofthe
Dasmagi n derTheorie
f também
(Boston 1864),
sein,taugtaber
richtig nicht
Kas, ZumewigenFrieden.Einphilosophischer
newurf
(1795/1796),
AB20, 8s
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

os
também os
podem eleitos,
entre eleitores
¢ pois
confrontados
dasua escolh:
ser estes
falharem,
que,no casode
responsabilidades
com as decorrentes
aqueles

VI. Direito¢Estado
1. Generalidades
Saoduasas questoes quese colocam no Ambito dasrelagdes entre 0
direito¢o Estado:umaprimeira respeitaao problema desaber se deve
prevalecer
blema
o direito
dedeterminar
ou o Estado; uma
segunda
se hadireitofora
doEstado, ¢
questorelativaao pro
Emconcreto, quanto
a este tiltimo se todoo direito
ordemjuridica
aspecto,pode perguntar-se
tem uma origem estadual
vigente numa
e se todoo direitovigente &
aplicado no Estado.
2. Anilisedasrelagdes
2.1. Estadodedireito
a)Naohé Estado sem direito:
todoo Estado dodireitoparase
necessita
organizar regular
e para a sociedade.
Aspectodistinto
éaquelequese
prende com as relagdes entre 0 Estado 0 direito.
€ Podeentender-se que
0 Estado estaacimadodireito; o Estado naose submete ao direitoe nao
estélimitadopelo quepode definirc omo direito:éa concepgioquese
encontra nos regimes absolutistas¢totalitirios.
Também se podeenten-
derqueo direitoestaacimadoEstado: o Estado submete-sea0 direito
a sua produgio esti limitadapelo direito;é quepreside
a orientagdo a0
Estado
dedireito.
O Estadodedireitoaceita, em todasas suas actividades decardcter
legislativo, jurisdicional, impostos
executivo  ¢ os limites pelosprincipios
democriticos e pela leidecardcter abstracto e geral.
OEstadodedireito
reconhece o primado
Constituigao
Estado
dodireitosobre
e asleis(cf. n.°
art. 3°,
dedireitocom a democracia
1,CRP).0
a politica:Estado subordina-se
Paraacentuar a relagao
&
do
fala-se,porvezes,de“Estadodedireito
democritico―(ef,porexemplo, art. 2, 72, n26,e 82,n.24,CRP) ou de
DemocriticodeDireito―
“Estado (cf. CREB),
art. 1.2

A
ligagao
democracia
entre 0 Estado
estaem condigées
ticae, porisso,s6 elagarante
dedireitoe a democracia
deaceitara primazia
o Estado
¢evidente:
dodireitosobre
s6a
a poli-
dedireito.A este propésitodizia
Rapprucu(1878-1949): “A
democracia certamente um bemmerecedor
é

86
5.8" ORDEMJURIDICA
EDIRELTO

deser enaltecido,
mas o Estado dedireitoé
como o piodecada dia,como
4 4guaparabeber e como 0 ar pararespirar,¢0 melhor
dademocracia &
facto
precisamente que
o d e s6 ela adequada
é paragarantiro Estadode
viel
b)Nosprincipios subjacentes ao Estado dedireitodestacam-se 0
da
prine{pio separagio e interdependénciade poderes(cf.
art. 2 111,
n! 1,CRP),0 principio
fundamentais
garantias
daatribuigéo
(¢f. e
protecgio
art. 2 ¢12.%,n.1,CRP),
liberdades
dedireitos,
o principiodavin-
e

culagio legislativa
daactividade &ordem (cf.
constitucionalart. 3. n.°
3,
CRP),
0 dasubmissio
principio do poder
executivo
e dafungio jurisdi-
gio &
cional lei(¢f.
detodos
meios(cf,
o s n!
doEstado
&
¢ainda
art. 112, 7,¢203 CRP)
poderes proporcionalidade
o
principio
entre os
dasujei-
fins¢os
como consagragiodeste o disposto 18.%,n.2
principio, nos art. 2,
¢ n.22,CRP).
266%,

dogoverno
defendeu
Locke (1632-1704)
dacolocagdo
através
a necessidade
demanter
em mios diferentes o“equilibrio
dassuasvariaspartes―,
mas
poder do

coubea Monresqutet
(1689-1755)
a primeiraformulagio
do principio
dasepa-
depoderes:
ragio “tudo se 0 mesmo homem
estariaperdido de
o u o mesmo corpo
ou denobres
(principaux),
governantes ou dopovoexercesseestestrés 0de
poderes:
fazerleis,odeexecutar asresolugdes piiblicas¢0 dejulgar oscrimeso u os diferendos
Maistarde,
dosparticulares"®, Kant (1724-1804) exprimiu-se do seguintemodo:
“QualquerBstadocontém e m si tréspoderes,querdizer, avontadeuniversal unifi-
cada queseramifica e m trés pessoas (trias
politica):0poder soberano(soberania) na
pessoa do legislador,o
poder executivo na do
pessoa governante (em observncia
3

let)e 0 judicial
(que atribui a cada u m o seu deacordo c om a lei)
n a pessoa dojuiz
rectoriaet iudiciaria),
(potestaslegislatoria, &semelhanga dastrésproposigdes deum
silogismo pritico:
a premissa maior, que contém a lei
daquela vontade, a premissa
menor, quecontém o preceito deproceder em conformidade com a lei,ie., prin=
da
cipio subsungio
sobreo queé
& lei, e
direitoem cada
a conclusio,
caso―.
que
veredicto
contém
judicial
o (asentenga)

©

undGesetaiches
Fakzitit Unrecht
Rapanucis,
und
(Frankfurt
Geltung Recht,
SJZ
tbergesetzliches
que nio
am Main1992), Estado
13,afirmando
“o dedireito
1946, HaBeRstas,
108;cf.

“

©
epodeEsprit (1748),
‘épossivel
Locke,
nfo ser

Montesquieu,
De
mantido
sem uma
(1690),
ofGovernment
TwoTreatises
deslois
democracia

XI,VI
radical―.
11,107.
©
Kaw,Die
der (trad. 178).
Metaphysik Sitten,
A 165/B
195 port.,

fa
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

2. “Paradoxodasoberania―
OEstado dedireito subordina-se ao direito,
Porém, se 0 direitoÃproduzido
©
pelo Estado,cabe perguntar quesentido u til tem a afirmagio dasubordi-
nagio doEstado ao direito queo proprio Estado produz, podendo mesmo
questionar-sese a expressio “Estado
dedireito― nao é
afinal tautoldgica,
porque 0 proprio
é Estado queproduz o direito
queo limita.O problema
costumaser resumido na pergunta colocada pelo poeta latinoJUVENALIS
(€.
60-130), Sed quis custodiet custodes?**,
ipsos divulgada na versio inglesa
como “Who watch thewatchmen?―.
‘Mais
recentemente, com base na definigao deque“soberano é
quem
decide
rano]
sobre
esté
o estado
forada e ¢
deexcepcao―*
normal ordem
na consideracao

juridica vigente
deque“ele
pertence a [o
contudo
sobe-
ela,
poisqueeleé competente paraa decisiosobre s e a Constitui¢iopode
ser suspensa AGAMBEN
in toto―®*, enunciou 0 “paradoxo dasoberania―
da
forma:
seguiinte “«o
soberano est, a0 mesmo tempo, fora e dentrod aordem
“an―
Este“paradoxo
juridica»"®, dasoberania―pode ser generalizado na afir-

magio de que o soberano estafora daordem juridica quando


néo sé su
pende a Constituicao, mas também quando elabora a prépriaConstituigio.
A questo queimediatamente sobrevém éa desaber como limitar0
soberano quando actua foradoordenamento juridico. Procurarrespon-
a questoresposta
der esta
ingenuidade: possivel
a tinica
estritamente juridicos
baseem critérios
com
situa-se no plano
politico
e
seriauma
chama-se
democracia.
Oqueé importante¢
que soberano,
o quando como
intervém
alguém
exterior
a 0 ordenamento juridico, deobservar
nao deixe os valo-
res dademocracia
e derespeitar
as virtudes
democraticas
dajustiga
e da
tolerancia.

3. Direitosem Estado
Na anilisedasrelagdes entre o direitoe o Estado da
na perspectiva
produgio
pelo
dodireito,
Estado,
salientar
haqueconsiderar
o
Hi direitoquetem a sua fontena propria
produzido
quenem todo direito¢
sociedade:
cabe
quer0 direitoconsuetudinario ~

quedecorredeuma pritica
©
Satirae
Jovenatis,
Scustrrr,
‘©
Politische
Poitische
6,
347,
Theologie
(Manchen/Leipzig
1934),
11
©
Scumrrr, Theologie,
13
©
AcampeN,O PoderSoberano sacer (1995)
e a VidaNua/Homo (trad.
port.,Lisboa
1998),
25.

88
5.8" ORDEMJURIDICA
EDIRELTO

social
reiterada quese torna juridicamente vinculativa=, quer aimportante
produgio que
normativa estéreservada aos particulares
~

quese manifesta,
porexemplo, nos estatutos das associagées¢d:
nas convengées colectivas detrabalho. Também hadireitoquetem a sua
origem em entidades supra-estaduais, como, porexemplo, a comunidade
internacional, a UnidoEuropeia ou, no quese refere ao futebol, ¢FIFA.€
a UEFA, Finalmente, hédireitoquetem a sua fonte em entidades infra-
~estaduais,
quer debase territorial como as Regides
-
Auténomas e as
autarquias locais -, quersem base territorial como as universidades
-

piiblicas
ou as ordens profissionais,
Noquese refere avigéncia dodireito,também facilmente
¢ verificével
que nem todo o direito vigora no de
territério um Estado. Assim, pode
haverdireito com vigéncia
queinstitui¢regula a UnidoEuropeia.
é
0caso,
supra-estadual:
Também
porexemplo,
pode haver
dodireito
direitocom
limitada
vigéncia a certas partes do de
territério um Estado (delimitagio
territorial):
é
0 que sucede, porexemplo, com o direitoregional e o direito
local.
Finalmente, pode haver direito
c om vigéncialimitada a certos grupos
depessoas
regras
(delimitagao
decasamentoquesio aplicaveis0
pessoal): queacontece,porexemplo, com as
aos crentes deuma certa religiio
Gf,quanto aos catdlicos, art. 15879, n 1,CC; of.art. 13 e 14° Conc).

―
§4.0ORDEM JURIDICA EIMPERATIVIDADE
I. Enquadramento geral
1, Imperatividade dodireito
A ordem juridicaimpde um dever ser e esperaqueos agentes actuem de
acordocom esse dever ser. Muitas vezes,a observancia dasregras juridi-
cas é
mecinica:Ã0©que
sucede, porexemplo, coma observancia
detrinsito,Outrasvezes,no entanto,a observancia
dasregras
dasregrasjuridicas
intencional:
validade
é0queacontecequando
uma determinada formadepois
donegécio!
um
alguém contrato
celebra segundo
dese inteirar dequea lei a exigeparaa

Importa determinar o quesucede quando o deverser imposto pela


ordemjuridica naoforobservado, Aresposta daordem juridicaorienta-se,
em linhas gerais,pelosseguintes parimetros:
=

Nalguns casos,odireito limita-se a atribuir


um certo desvalor ao acto
juridicoque foirealizado contra o direito;
uma das consequencias da
imperatividade dodireito¢ a atribuicao deum desvalor ao acto anti-
juridico;
—Noutroscasos,o direito, independentemente deatribuirum certo
desvalorao acto juridico,cominaa aplicagao deuma sancio a0 autor
doacto;o direitopode quereratingirpréprio
o agente (e apenas
nao 0
acto queelepraticou),pelo que outra dasconsequénciasdaimperativi-
dade dodireitoéaplicagio deuma sangao aquelequeviolouo direito.

»
Cf.Aarnto,LawandAction.Reflections
Actions,
Norms,Values(Berlin/New
on
Collective
Legal
York1999), in Actions, Mracte(Ed.)
40 s,,distinguindo
entre um comporta-
‘mento
e
institucional intencional
um comportamento

o
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

Uma dase imperatividade


coercibilidade
2. Coacgio
consequéncias da
¢a
direito do
cominagio deuma
a Depois
sangao
ordem
quem violar
j uridica,
u
cominada
coactiva?,
ma

asangio
de
juridica
regra é,
que aviolagio
A
corresponde
ordem por uma
isso,

dodever ser,éaindanecessario
sangio queessaapli- sejaefectivamente
cadaao infractor, Porexemplo: naobasta queo direitoimponha a pena
deprisio ou o dever deindemnizagao como consequéncia daviolagio de
uumcerto dever também
ser; é indispensavel queessa penadeprisioseja
efectivamente
realmente
cumprida
ao lesado,
peloinfractor ¢
Comofoiafirmado
queaquela
demodo
indemnizagio seja
direito
paga enfitico,
“o
no podedizer
mente naote podemos
de
verdade,
permanentemente:
A
tu tens, na
susceptibilidade
ajudar―’.
chama-se
de
coercibilidade.
razo,masinfeliz~
imporpelaforga 0
cumprimento sangio
uma
Nageneralidade dassociedadesmodernas, a coercibilidade possfvel
s6é
no ambito
de
—
dodireito, poisque pode
juridicas.
sangées
como a ordem
As
sangGes
elas6
prdprias aplicacio
ser

moralou a ordemdotrato
utilizada
para obter
deoutras ordensnormativas
social naosto dotadas
~

de
nenhuma
coercibilidade naopodem
e, por isso, pela
ser impostas forga.
Doquefoiditoresulta da
3. Caracteristicasordemjuridica
quehaque distinguir a
imperatividade,
coacgio a e
a coercibilidade:
a imperatividade
manifesta-se deum dever
na prescri¢ao
Ser; a coacgio
exprime-se deuma
cominacao
na sancioagente
ao que
violouuma regrajuridica;
a coercibilidade
manifesta-se da
na aplicagio
sangao é
que imposta queinfringiu
ao agente

que
concluira ordemjuridica
é
juridica.
a regra
simultaneamente
Istopermite
uma ordemimperativa,
coactiva
e coerciva.

juridicos
IL. Desvalores
1. Generalidades
Aactuacio juridicos
dossujeitos pelo
limites,
tem certos quenem tudo0
pode
queelesfazem ser valorado pelo
positivamente Porexemplo:
direito.
ninguémpode um objecto
danificar alheio,
um menor naopode vender

2»
enquadramento
Paraum
interessante

Liber e (Coimbra
José
LUHMANN,
2009),
Amicorum deSousaBrito
DasRecht 1993),
derGesellschaft
(Frankfurtam
cfP.MUR s,Coacgioem
dacoacgio,
681ss.
Main 153.
Amplo,
Sentide

Bs
5.4 ORDEMJURIDICA
F IMPERATIVIDADE

tum imével
e os e adminis
legislativos
érgios derespeitar os
rrativostém
limites
dasua competéncia
Estes
valores
Osprincipais
desvalores
juridicos
incidemsobre
negativos
a s condutas a a e ilegalidade.
sao ilicitude
dosautores dosactose sobre
os actos
60 desvalor
queé
quedecorrem
juridicos
atribuido
dessas
condutas.
ascondutas
Em
conereto,
ailicitude
dosautores dosactosqueinfrin-
gemobrigagbes
ou proibigdes
e a ilegalidade sobre
o desvalor
é querecai
08 actos juridicos.
2. Desvalor decondutas
A ilicitudeéa desconformidade deuma condutacom uma regrajuri-
dicaquando o agente actua deforma
voluntéria,
A ilicitudesubjaz
&res-
ponsabilidade civil,disciplinar, ou penal,
contra-ordenacional poisque
apratica
deum acto ilicitoimplica
a responsabilidade
civil,disciplinar,
mentos
ou penal
contra-ordenacional
daresponsabilidade
juridica. A
doagente.ilicitudeé, um dos
assim, ele-

Desvalores deactos
3.1,Megalidade
A ilegalidade
da
é
todo0 acto queviolaa lei é
de
deum acto juridico
a contrariedade
um acto ilegal:
bem
é
a lei.Nestesentido,
0 caso,porexemplo,
do
do
de
homicidio,apropriagao alheio, cumprimento
um nao
contrato ou dapratica
‘um deum acto administrativo
porquem naotema
necessiria
tomada
competéncia
numa acep¢ao
legal.
Noentanto,habitualmente
ligada
maisrestrita, apenas a a ilegalidade
determinados
&
actos
comportando
juridicos, entio,como modalidades a inexistén-
principais,
cia,a invalidade
e a ineficdcia.

3.2,Inexisténcia
A inexisténcia
éa forma maisgrave deilegalidade. Ovicioqueafecta o
acto é pelo
considerado direitotao graveque,juridicamente, se considera

quenadaexiste.Porexemplo: é o acto normativo em quefalte


inexistente
doPresidente daReptiblica,
a
promulgagéo
ou a assinatura
idas(art,
1372CRP), ¢0 casamentocelebrado perante
quando sejam
quemnaotenha
parao acto (art.
funcional
competéncia 1628"al.a),
CC).

o3
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

3.3. Invalidade
A invalidade uma desconformidade
é doacto com 0 direitomenos grave
doquea inexisténcia,A invalidade
comporta, deacordo com os interesses
que sio afectados,as modalidades
denulidade e deanulabilidade.A nuli-
dadedoacto decorre daviolagiodosinteresses mais relevantes(cf,,por
exemple, art. 280.¢294.°
CC;quanto cf.art. 133°
ao acto administrativo,
CPA);a
mente é
nulidadeinvocével
pelo (art.
a todo
tribunal 286.°
doacto decorredaviolagio
pode
o tempo

deinteresses
e oficiosa-
ser conhecida
CPA).
CC;art. 134.°,
n?2, A anulabilidade
a anulabilidade
menos relevantes;
arguida
tem deser pelos interessados
num determinado (art.
prazo 287°,
n°1,CC; n.°2,CPA)
art, 1362, sanavel
e é mesmos mediante confir-
pelos
magio (art, 1,CC)
288.%,n.? ou ratificagao
(art. n°
137%, 2,CPA).
3.4.Ineficd:
acto juridicopode ser meramente ineficaz, Estaineficacia surge, na
doscasos, através
maiorparte deuma situagioinoponibilidade
de de um
acto (existente
e vilido)
normativonaopublicado
a certas pessoas.
(¢f. é
Porexemplo: ineficaz
CRP)eo acto administrativo
art. 119.,n.22,
0 acto

a publicidade
sujeito obrigatéria quenaotiversidopublicitado (art.
1302,
n.°2,CPA);os actos dedisposicao, oneragao ou arrendamento dosbens
penhorados quesejamrealizados pelodevedor executado sio inoponi-
veisAexecugio (art. CC),
819. pelo quetudo se passa como se essesactos
no tivessemsidopraticados; domesmo modo, sio ineficazes em relagio
&massa falidaos actosrealizados pelo
devedor insolvente (art. 81,n26,
CIRE).
IIL. Sangoesjuridicas
1. Generalidades
LL. Nogio desangao
A sangfo juridicaé,
em conjunto dosactos juridicos,
com os desvalores
um dosmeiosa queo direitorecorre para
imporo cumprimento ou evi-
tar o incumprimentodeuma regrajuridica,Essemeio normalmente a
imposigio deuma desvantagem ao infractor
daregra,mas também pode
consistirna atribuigao
A concepgio dasangio
uma
de vantagem a quemtiverobservado
contra a violagio
como um a reacgio
a regra.

deum a regraresulta
deuma interessanteevolugio
semantica,
A palavra“sang2o―
tem origem na palavra

oO
5.4 ORDEMJURIDICA
F IMPERATIVIDADE

latinasancti,derivada quesignifica
doverbosancir, consagear, ratificar,
confirmar
ou
tornar
sagrado sancta,sancire
¢cujo

éadquiriu
ficaconsagrar
ou estabelecer
é
participiosanctus, sanctum,
porlei 6 depoisquesancire
lege signi-
Assim,
o significado
de
contra a violagio
reacgio
‘A
dualidade
lidade. palavras
desentidos
Além
dereacgio
dasou na
daquilo porle
quese encontra consagrado
“sancionar―e
estabelecido
“sangio―
mantém-se
as palavras
deuma regra,
contra a violagio
actua-
“sancionar―
também
empregadas “aprovar―,
sio no sentidode “concordar
com―
o ude
“aprovagio― Fcom estesentido
ou “concordincia
com’ queseafirma,
porexemplo,
que“O daRepiiblica
Presidente sancionoua demissio
doGoverno―,

1.2.Significado
dasangao
A sangiomanifesta daordemjuridica
a reprovagio perante a conduta
do
antijuridicainfractor,
porque,para ordem,
essa nio ¢
indiferente
que
observadas
sejam
as regras ou violadas. juridica
A ordem pretende que0
actue em conformidade
agente
deuma sangio algoindesejado
so sempre de o
com direito;
acominagao

poressa
a aplicagio
ordem. ¢
1.3.Finsdassangdes
Genericamente, podem
as sangdes uma finalidade
prosseguir preventiva,
ou reparadora:
repressiva
~

AssangGes realizam uma finalidade quando


preventiva elasprocuram
obstaraviolacio dodireito,como sucede, porexemplo,
quando aquele
quepraticou um crime ficainibidodeexercer determinadas fungées,
demolde a acautelar denovo crime;
a pratica
~

As sangées cumpremuma finalidade quando


repressiva elasvisam
impor uma pena ao infractor,
como €
0 p
caso, orexemplo,
dapena
deprisio ou dacoima(“multa’, na linguagem quotidian);
~

As sangGes realizam uma finalidade reparadoraquandoelasvisam


reconstituir a situagao que existiaantes daviolacio
daregra,como
sucede, porexemplo, no deverd ereparagiodosdanosprovocadosa
outrem.

Independentementedeterem uma finalidaderepressivaou derepara-


todas
¢40, sangdes
a s prosseguem igualmente uma finalidadepreventiva
geral,
decaracter Assimsucede porque o receiodasua aplicagioconduz
potencial
© violador
a procurarevitar
a violagaoda regra.

9s
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

1.4,Regras
sancionatérias
a)Asangao
qual
sobre
_géncias €
estabelecida
seja regra,
esta Podee
mas hé
juridica,
poruma regra
ntender-se
algumas
que sangio
a
diver-
decorre
deuma regra auténoma, complementar ou subsidisria deuma regrade
conduta:uma regra impée uma conduta e uma outra regradetermina a
reacgiocontra a sua violagiot, De acordo com esta orientagio, as regras de
conduta definem o comportamento que¢ obrigatério ou proibido e outras
regras~
~
auténomas,
determinam
complementares
a respectivasangao na
ou subsidisrias
hipdtese
das r
dedesrespeito
egrasde conduta
daquele com-
portamento’,
Em conereto: a regradeconduta definea acco ou omissio
que¢ obrigatéria
ou proibida
(por exemplo: "0funcionario publico deve
observar0 segredo profissional―);
a regra sancionatéria determina a san-
io aplicével
no caso deviolacao deuma regra deconduta (por exemplo:
“Ofuncionario piiblicoquenaorespeitar o segredo profissional deveser
demitido dassuas fungées―),
Estaseparagio entre as regras deconduta e as regras sancionatérias€
um dado facilmente verificavelem qualquer sistema juridico,mas tem de
ser entendida com algum cuidado, porqueé semprepossivel inferirde
uma regra sancionatéria qual €
0 comportamento queé devido®. Emter-
mos deorientacéo docomportamento devido, a regra deconduta e a regra
sio equivalentes:
sancionatéria daregra sancionatéria (dirigida tanto aos

*
undsubjectives
Cf-TuoN,Rechtsnorm Recht(Weimar
1878), BIERLING,
Jurstische
I Nawtaskcy,
Allgemeine
7ss3

Prinzipienlehre 1894),
(Tabingen 135s Rechtslehre?(Einsiedeln/
1948),
Ziwrich/KéIn 14,distinguindo primérias―
entre “normas (asnormas queregulam
comportamentos)
¢“normas (snormas queordenam juiz aplicagio
secundrias― a0 a de

845.Der Norms
sang6es); distingio,
idéntia
com cf.Montz, praktische
Sllogismus
unddasjuriische

Denken,
Theoria
(1954),
20
Cf Lactaven,Grundziige
»

desRechts (Berlin1977),
38
;eftambém
1968),
Ross,
845s.
Directivesand(London
einer Normentheorie/Zur derNormena m Beispiel
Strukeus
©

KetseN,The
Kusex, PureTheory
General
Theory (New
of
of LawandAnalytical
Law

Allgemeine
s; Ketsex,
Direito―,61
andState
Experience,
York1961),
HarvL-R.$5(194),
61;KELSEN,
TheoriederNormen(Wien1975),
585;

TeoriaPurado
43s;cf.tambémem

sentido semelhante,
Inquiries
HAGERSTROM,
Morals (Ed.
into theNatureofLawand of
OnFundamental
ProblemsLaw. 1939,
OLtvEcnona)
(wad.
in HAGERSTROM,

ing,Stockholm
1953),
HorrsreR,
348;
Wasist
Recht?/Grundéragen
diferentemente,
der
WenvnenGen,
undRechtstheorie,
der
Rechtsphilosophie
(Minchen
des
DerBegriffSanktion
(Ed),
Normenlogik
n Lenk
2006),
undseine Rollei n Normenlogik
(Pullach
beiMiinchen 1025s.¢
1974), 10753
15s;

(Eas), Revision
Wervnecen,
Regeln, des System in
und
elemente
Prinzipien
Rechtssatzkonzepts
traditionellen
im (Wien
ScutLcsteR/KOLLER/FUNK
desRechts 2000}, 57.

96
5.4 ORDEMJURIDICA
F IMPERATIVIDADE

agentes,
queé
juiz)
como ao
(pelos
devido
possivel qual comportamento
é
sempre
E,alids,
agentes).
deduzir
estacircunstincia
é
quetorna as regr:
s
sancionatérias qualquer
muito comuns em juridico.
ordenamento D
exemplos
n2
demonstram
CCimpée
1, um
(i) infligit
esta assergao:
dever
a regra
deindemnizar
que
a quem
consta doart. 483
danos a outrem;
desta
regra qual comportamentopelo
decorte é
sancionatéria 0 devido
agente, é, ¢claro,
que como prejudicar (ji)
o denao terceiros; o art. 131.―
CPdispée “Quem
seguinte:
0 punido
matar outra pessoa é com pena de
priso deoitoa dezasseis anos―desta regra sancionatéria épossivel retirar
qual a conduta
é devida, que¢ naturalmente a deno matar outrem. Em
a norma deconduta
linguagem logica, queproibe ppode ser representada
porFp ¢a norma sancionatéria quedispoe que a realizagio dep implica
a obrigagio deaplicar a sangio s porp Os;
+ como proibir uma conduta
ou impor uma sangao no caso deessa conduta ser praticada ¢equivalente,
pode escrever-se queFp (p Os).
© +

A
ilagio
mente devido
quepode
Ãsempre
©
ser extraida éa deque0 comportamento
o contririodaquele queconstadaprevisio
juridica-
daregra
sancionatéria.Porexemplo: “Sealguém matar outrem [..]―
(previsio da
regrasancionatéria) “..]
ficasujeito a uma pena deprisdo― (estatuigio da
regrasancionatéria); logo, a conduta devida Ãn©o matar outrem.
'b)Oquefoiafirmado demonstra que,conhecendo-se a respectiva regra
sancionatéria,ésempre possivelqual comportamento
inferir é0 devido:
a regraquefornece uma razio judicativa paraum julgador fundamentar
uma decisio também fornece uma razo pratica para agente
um realizar
ou omitir uma conduta.
Estaconclusio naoimpede quepossam coexistirregras decomporta-
¢a
mento regras
de,em parte,regra decondutaA ¢
sancionatérias. distingdo
e a regra
justificada
sancionatéria
pela circunstincia
terem destinatirios

a
distintos:regradeconduta
mento e a regra sancionatéria
dirige-se
dirige-se
aquem pode praticar
tanto a quempode
0 comporta-
realizar esse
comportamento (que ficaa saberqual a sangao quepode sofrer), como a

quemtem deaplicar
aplicarao infractor),
a sangio
Desta
(que
diferenga
ficaa conhecer
entre as regras
qual a sangio
decomportamento
quedeve
eas
regrassancionatérias decorre uma outra, também importante: se as regras,
decomportamento e as regras sancionatorias tém diferentes categorias de
destinatirios,entio elas6 podem ser violadas por diferentes destinaté-
rios,Suponham-se, porexemplo, as seguintes regras: “E
proibido matar―;
o―
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

“Aqueleque
matar
(que regra conduta)
éuma de
deve ser punido com pena
violada
é
deprisio―;a
porqualquer pessoa
primeira regra
queassassine
outra; segunda
pelo agente
é regra
queesteja
(queuma regrasancionatéria)
obrigado a
aplicar a de
pena prisio
ser
s6pode
a0
violada
hom
1.5.Desvalor juridico e sangio
desvalor
Enquanto juridico
o incidesobre condutas ({licitude) ou sobre
actosjuridicos (ilegalidade),
a
sangio atinge o agente queviolouo direito.
Aocontrario
CC,
¢1687―
doqueé
o s
referido
desvalores dos
no
art.
actos
220." CCe na epigrafe
juridicos nio devem
dosart. 580°
ser confundidos
com as sangdes. Comoescreveu Hart (1907-1992): a extensio da
“{..]
ideiadesangio demodo a incluira nulidade Ãu©ma fonte(¢ um sinal) de
confusio. [.]Assim, em muitos casos, a nulidade pode nao ser um «mal»
paraaquele quenaosatisfez uma qualquer condigio exigida paraa validade
juridica,[.,] a parte que descobre nao estar vinculada ao contrato relativa-
mente ao qual foidemandada, porque era menor ou nao tinhaassinado
documento escritoexigido paracertos contratos, poder naoreconhecer
aquia «ameaga deum mab» ou «sancio»――.
Osdesvalores juridicos dosactospodem conjugar-se com sancdes. Por
exemplo: a anulabilidade donegécio juridico decorrente dedoloou de
coacgio moral(¢f. art. 2532, 254.2, n2 1,255.e 256.CC) constitui aquele
que se serviu dodolo ou quecoagiu outrem na obrigagao deindemnizar,
pelo
brado as
menos, despesas
o negécio
que o declarante
anulivel(indemnizagao
nio teria tido se
dochamadointeresse
nio tivessecele-
contratual
negativo); além dodesvalor do acto praticado, aplicacao
verifica-se a de
uma sangio
ao agente
queactuou ilicitamente.

2. Delimitagio
dassangdes
2.1. Generalidades
Odireitoregras,
dassuas &jf que,
disposigao
tem sua dois
segundo
fomentarobservancia
principios
meiospara
utilitarismo,
os do
pessoas
a
as
orientartanto pelo
deixam-se castigo,
como peloprémio.
Assim, os meios
pelos quais
vos (lato o
direito
pode
orientaras condutas
oupremiais.
sensu) Osmeiospunitivos
humanas
podem ser punit

sensu)
(lato caracterizam-se
pela imposigdo desvantagem
deuma ou deum sofrimento
aos infractore

>

Harr,
de 42,
ConceitoDireito%,

8
5.4 ORDEMJURIDICA
F IMPERATIVIDADE

Osmeios caracterizam-se pela


premiais deuma recompensa
atribuigo
queobservam
Aqueles o direito’,
Isto concluir
permite que,através
dos
meiospunitivos(lato
sensu),sanciona-se daregra
a violagio juridica
e que,
dosmeios premiais,
através a observancia
premeia-se da regrajuridica.
Normalmente, o direitoescolhesancionara violagaodaregra juri-
dica,Issojustifica-se,
antes domais,
porque émaisfacile pratico
punir
6s poucos transgressores doquepremiar os muitosquerespeitam 0
dircito,Além
disso,os meios distorcem
premiais o sentidododever ser,
dadoque,em vez depuniros infractores, os obedientes,
premeiam pois
queé quea observancia
desejavel juridica
daordem sejaalgo
denatural
espontineo
€ ¢nio
algoqueseja provocado
pela deobter
expectativa
uma recompensa,

2.2, Coneretizagio
Encontram-se algumas-

alias,
poucasconsagragdes
-

demeiospremiais.
Porexemplo:
doachado,
dono(art.
(i)
aquele
se promover
que acharu m tesouro
as diligéncias
tem direito
necessirias arecebermetade
paraencontrar 0 seu
1324,n 1 ¢2,CC), mas se o naofizer, perde todo0 achado
em beneficio doEstado (art.
1324.n°3,CC); paraqueaquele queachou
0 tesouro desenvolva as diligéncias
necessériasparaapurar quemé 0 seu

proprietirio, o
atribui-se-lheprémio demetade
docrimedetrificoe consumo deestupefacientes
dotesouro;(ii)
no dominio
e desubstanciaspsico-
admissivel
trépicas, atenuagiodispensa
é a ou dapenaquando 0 agente
auxilieas autoridades
na recolha
deprovas
decisivas
paraa identificagao
oua captura (art. 15/93,
deoutros responséveis31.°
DL de22/1);0
mesmo
prevé
se no ambitodoscrimesdebranqueamento (art.
decapitais 3682-A,
n29,CP)
e deterrorismo(art.
4, n 3,L de22/8).
$2/2003,
3. Modalidades
dassangdes
3.1. Generalidades
podem
As sangGes compulsérias,
ser preventivas, reconstitutivas,
com-

pensatérias
¢punitivas.

*
Cf.Bonsto, i n Bossro,
Lesanzione positive, Dallastruttura allafunzione/Nuovi
studidi
(Milano
teoria deldritto 33 ss; eftambém
1977), Lise, OnCoercion, in
Retpy/RIKER
(Eds), andtheState(Dordrecht
Coercion 2008),
36ss; sobre“threats, “throes―,
“ors―
cf RuoDES, Nonevaluative
Coercion/A Approach
(Amsterdam/Atlanta
2000), 35 ss.

9
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

preventivas
3.2. Sangdes
{Assangdes so aquelas
preventivas daregra
a violagao
quevisam prevenir
juridica, civil,podem
Noambito ser referidos
os exemplos
seguintes de
(i)importa
preventivas:
sangdes
obrigado,
a queesta
se 0 devedor
isso
deixardepagar
o vencimento
uma dasprestagdes
detodasas prestagé
aindaem divida (art.
781."
C vigora,
G; no entanto,um regimeespecial
decompra
no contrato e venda: art. 934 CC);
ef.
(i)aquele queforcon-
denado pelo
crimedelenocinio queconsiste em, profissionalmente
~

lucrativa,
ou com intengao fomentar, favorecer
ou facilitar
0 exercicio
da
prostituicéo (cf,art. 169",
poroutra pessoa 1,CP)pode
n.° -
ficarinibido
doexerciciodasresponsabilidades (art.
parentais 1792CP;art. 1913.3,
n L,al.a), CC).
3.3.Sang6es compulsérias
As sangées compulsériasso aquelas quese destinam a levar o infractor

aadoptar, depoisinfraccao
dea jater sido cometida, 0 comportamento
devido,Podereferit-se os seguintes exemplos desangdes compulsdria:
(a penadeprisioou demultaqueé imposta a0 devedor quenaocum-
prira obrigagao dealimentos (cf.
art. 250.n 1,CP), pois que,se a obri
gacio vier a ser cumprida,o tribunal pode dispensara pena ou declarar
extinta,n o todoou em parte, a penaaindanaocumprida (art.2502, n.°4,
CP); (ii)asangao pecunidria compulséria (astreinte):nasobrigagoes de
defacto
prestagio infungivel (ouseja, de um factoque s6 0 devedor possa
realizar),
mas quenaoexijam especiais qualidades cientificasou artisticas
doobrigado, o tribunal
devecondenar o devedor no pagamento deuma
quantia pecunidria porcada diade atraso no cumprimento ou porcada
infraccao (art.8292-A,n.?1,CC); sancio
assim, a pecuniria compuls6-
ria pode
ser imposta porcadadiadeatraso na conclusio
a0 empreiteiro
daobraow ao proprietério deum prédioporcada intromissionum pré-
diovizinho; (ii)0 direitoderetengao:0 devedor quedisponha deum cré-
ditocontra o seu credorgoza dodireitoderetengio se,estando obrigado
a entregar certa coisa,o seu crédito
resultardedespesas feitasporcausa
delaou dedanos porelacausados (art. CC);
754.° assim, omecénico pode
recusar-se a entregar 0 automével
enquanto proprietrio
o seu naopagar
areparagio efectuada e 0 depositario
pode recusar-se a devolver o animal
que Ihe foi
0s estragos
entregue enquanto
paraguarda
que0 animalIheprovocou.
o seu
proprietario nao reparar

100
5.4 ORDEMJURIDICA
F IMPERATIVIDADE

3.4, SangGes
reconstitutivas
As sangées
reconstitutivas sio aquelas
quese destinama reconstituira
situagio
que
referidas
existiria
as seguintes
se o nao
agente
modalidades
violado
tivesse
desangdes
regra.
destinadas a
Podem s er
a reconstituir
a hipotética:
situagio
=

Areconstituigdo natural especifica,


ou indemnizagao queéa formade
reparacao deum danoatravésdareposicaodolesado na situagaoque
existiriase a lesio
se naotivesse (cf.
verificado art. 562.2
CC); assim,
se alguém estragou um relégio
deoutrem,a reconstituigao natural
ao lesado
consisteem entregar um outro relégio;
~
A execugioespecifica, através
em obter,
queconsiste dorecurso a0
tribunal,prestacio
a a queo devedor deste
obrigado;modo,
esta se
0 estiver obrigado
devedor a entregar o credor
um automével, tem
a faculdadederequerer, em execucio, Ihe
que entrega seja
a feita
8272CC);
(art. se o devedorestivervinculado
a realizar
um facto fun-
givel
(isto
é,
um facto quepodepraticado
ser por uma pessoadiferente
dodevedor),ocredor tem a faculdade derequerer,
em execuco, que
sejaprestado
0 facto poroutrem &custa dodevedor (art.828 CC).
3.5.Sangdes compensatérias
a)As sangdes compensatdriasso aquelas quese destinam a colocaro
lesadonuma situagioequivalente aquela que existiria se naotivesseocor-

a
ridoviolagio daregra
restaurar a situagio
juridica.
que
Enquanto
existiria
finalidade
sem a
as sangGes
violagao do
reconstitutivasvisam
direito,as sangdes
compensatériastém
por atribuir
ao lesado u m sucedineo dessa
mesma situagao.
Assang6es compensatérias
operam deuma obrigacio
através deindem-
dolesado
nizagao fixada
queé Dodisposto
em dinheiro. no art. 5662, n!

CCresulta queas sangSes sfo subsididrias


compensatérias dassangdes
dadoquea indemnizacio
reconstitutivas,
natural
reconstituigto possivel
naoseja
s6 fixada

(porque, ¢
em dinheiro

porexemplo,
quando
o quadro
a

que
deviaser entreguej4naoexiste),
naorepareintegralmenteos danos(por-
que,porexemplo, hi lucros quedevem
cessantes ser reparados
(fart.S643,
n? 1,C C)),ou sejaexcessivamenteonerosa parao devedor(porque,
por
exemplo, a entregadeuma coisa igual&quefoidestruidaimportao dis-

péndiodeuma quantia muitosuperior dacoisaquefoiestragada)..


ao valor

to
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

b)A indemnizagao em dinheiropode reparardanospatrimoniais


ou nao patrimoniais. patrimoniaisdanosprovocados
Osdanos sio os
em bensque podem sereconomicamente avaliados(art.483. n. 1,
CC). exemplo:
Por alguém danifica 0
computador de outrem; o su

prejudicadotem direito a ser indemnizado dosdanos patrimoniais que


sofreu. Osdanos nao patrimoniais (oumorais) sioos danos resultantes
dalesio debenssem expresso econémica 483"¢496.n.°
(art. 1,CC).
Porexemplo:
mado ¢
alguém
tem direito
causou (cf.
difamado
a ser indemnizado
no seu bomnome poroutrem;o difa-
dodanomoralquea difamagao Ihe
CC).
art. 484,―

3.6,Sagespunitivas
As sang6es
punitivas so as queconsistemna
imposi¢ao deuma penaao
infractordaregra juridica. Atendendo ao respectivo deaplica
dominio
as penas podem disciplinares,
ser civis, contra-ordenacionais ou criminais.
As penas civis sio aquelas que valem no dominio dodireito privado,
podendo ser referidos os seguintes exemplos: (i)aindignidade suce
ria (art.
2034.° CC); porexemplo: aquele quecometeu homicidio doloso
contra o autor dasucessonaopode ser herdeiro davitima(fart.2034.,
al,a), CC); (ii)a inibigdo doexerciciodasresponsabilidades parentais
(art.1913!CC); porexemplo: aquele quefoicondenado pela pritica do
crimedeabuso sexual demenores dependentes ou deactos sexuais com
adolescentes pode ser inibidodoexercicio dasresponsabilidades paren-
taisem relagio aos seus filhos(art. 1792CP;art. 19132, n! 1,al.a),CC).
penadisciplinar
‘A éaquela quecorresponde a uma infracedo discipli-
nar e que éaplicada porentidades providas depoder disciplinar.
Possuem
estepoder, porexemplo, patronal
aentidade relativamenteao trabalhador,
as universidades piiblicas relativamente aos seus docentes, funciondrios
alunos,
€ o Conselho Superior da Magistratura em relagioaos juizes dos
tribunais judiciais e a Ordem dosAdvogados em relagao aos advogados.
A pena
duta, pelo é
disciplinar
queelapode
sempre determinada em fungio
consistirnuma simples
dagravidade
admoestagao
dacon-
doinfrac~
tor, mas igualmente
pode assumirmaiorseveridade,
como a suspensio
e
mesmo a demissio
de do
fungoestransgressor.
penacontra-ordenacional
‘A a coima(art.
é 1. DL 433/82, de27/10).
Acoimaconsistenum montante pecuniario
tor (art. DL433/82).
17° Comoexemplo
quedeves
decoima pode
er pago pelo infrac-
aquela
ser referida
5.4 ORDEMJURIDICA
F IMPERATIVIDADE

queé devidapelo estacionamento em localproibido


ou pela entrega de
uma declaragiodeimposto foradeprazo.
A penacriminal
criminalpode éaquelaque¢aplicada
ser,entre outras,uma pena
deum crime.Apena
ao agente
(cf.
deprisio art. 41. CP), uma

pena d (cf, CP),


emulta art. 472 a d e
pena prestagio detrabalho a favor
da
comunidade (cf.
art. 582 $9!CP) ea penade admoestagio
(cf. CP).
art. 60°

IV. Actuagiodaimperatividade
1. Generalidades
A distingio
tividade a
entre imperatividade radica
e a coacgio
de
no seguinte:aimpera-

dever
exprime-seimposigao ser; coaccio
na
deuma sangao
um a
no caso deviolagio
manifesta-se
dodeverser. Normal-
nacominagio
mente,a imperatividade
éacompanhadada de
cominagio sangio
uma a0

agentequedesrespeitou
o dever
ser;nesta hipétese,
¢
aindanecessaria
a
coergioparaassegurar
a aplicagao
da sangio agente.
a esse

2. Imperatividade e coacgio
2.1. Imperatividade coactiva
A coaccio decorre dacominagaodeuma sangio, havendosangdes
com
ou sem expressio fisica.A possibilidade
decominagao desangdes
com
expressio como,porexemplo,
fisica
~

deprisio,
a pena a penadeexpulsio
doterritério
ao é
uma
—
nacional,
caracteristicada de
a apreensao
um bem
das
ou um dever
generalidadejuridicas.
ordens
deindemniza-
Masnem
todas
as sangdesimplicam fisica:
uma expressio €
0 quesucede
nas san-
besde institucional, porexemplo,
caracter como, a destituigo
doadmi-
nistrador
deuma sociedade,
aexclusio
deum membrodeuma associagio
a
ou inibigdo dasresponsabilidades
doexercicio
2.2. Leximperfecta
parentais.

a imperatividade
Emcasos excepcionais, naoéacompanhadadenenhuma
sangio:é0 quesucede est definido
quando u m dever
ser,mas nio existe
nenhuma aplicdvel
sangio na hipétese Quando
dasua violagao. a ordem
nfo cominanenhuma
juridica no caso daviolagdo
sancio deuma regra
deuma leximperfecta.
fala-se
juridica
dosraros exemplos
‘Um a imperatividade
em que completada
naoé pela
coaccio
encontra-senas obrigagées obrigacées
naturais.
E stas fundam-se
num mero dever
deordem e correspondem
moralou social a um dever
de

os
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

justica,
mas o seu cumprimentojudicialmente
nao¢ exigivel
(art.
4022
CC); assim,o devedor podecumprira obrigagio natural(respeitando
a
imperatividadedo respectivoset),
dever mas o credor
nio pode exigir
0
seu cumprimento (¢,
em juizo porisso,naohanenhuma sancio parao seu
incumprimento). jogo
Asdividasd e constituem um dos raros exemplos
deobrigagéesnaturais(¢f.
art. 12452CC).
2.3.
Soft
law
Hi algumas dodireitoque,além
areas denaopreverem
&partida,
uma imperatividade
sangio
diminuida: nenhuma
para violago,
a sua possuem,
6 0 quesucedecom os deconduta
cédigos o u deboas
priticas,
com as

recomendagdes ou as linhas
¢com os princfpios (guidelines).
orientadoras
Paradesignar
generalizou-se
nuida a soft
expressio law.
e com imperatividade
este direitonaosancionatério dimi-

3. Coacgio
e
coergio
3.1.Nogiodecoergio

consiste
€
A coergao
é
uma
a)Acoercibilidade caracteristica
na susceptibilidade
normalmente
deaplicar
atribuida
juridica
uma sangio
douso daforca,
através a aplicagio
ao direito

pela forca.
deuma sangao.
garante,
Kant (1724-1804),
Segundo “o ligado
direitoesté &faculdade
decoergio―,
quetambém
orientagio ¢
expressa porJHERING “A
(1818-1892): coergiocolocada
Estadon a execugio
pelo constituio critério dodireito;
absoluto juridica
um a regra
semcoergto
é
alumia――,
em si mesma,um fogo
uma contradigio

direito
Numaoutra formulagio:“O naoé
uma luzqueno
quenaoarde,
mero pensamento, mas forgaviva.
direito,
E porissoquea justica, quesegura numa mo a
balanga qual
com a pesao

segura n a outra uma espada com a qual ela& imposta. A espada sem a balanga éa
forga bruta¢a balanga sem a
espada ¢
a
impoténciadodireito―!.
Certasordens juridicasno conhecem a coersao. E0 caso dodireitocandnico,
dadoquea ordemjuridica candnicanio comporta nenhuma autoridadequepossa
exercer a coergio, mesmo para
impor 0 cumprimento desangdes com
expressio
§a
fisica,como a proibigio ou daresidéncia
fixagio e m determinado ou terri-
lugar
t6rio(can, 1336, 1.4,n. 1 CDC) proibigio
, ou a de oficioou cargo
exercer poder,
(cin.1336,§ 1,n2 3,CDC),
»
derSitten('1797/21798),
Kaw,DieMetaphysik port.Lisboa
AB35((trad. 44).
2008),
"©

4
Jutenane,
JuteRiNG,
Der im
Recht
Kampfum’s
Recht,
(1872)1893),
(Leipzig
DerZweck I
322,
(Wien
1903), '
1.

os
5.4 ORDEMJURIDICA
F IMPERATIVIDADE

b)A coergao
mento desang6es
exclusivamente
um poder
pressupde
Nas
juridicas,
deimporpela
eapaz
sociedades
doEstado.
a drgios
actuais,
forga
cumpri-
esse poder
pertence o
3.2.FungGes dacoercio
a) Dado que a coacgioresulta dacominagio deuma sangio ¢a coer-
gio consiste na aplicagiodessasangio,pode afirmar-se que a coacgio &
completada pela coergao.Assim, primeiro,
coage-se o agente a actuar de
certa forma soba ameaga deuma sangao: é
a chamada
depois,
vis coactiva;
recorre-se &coer¢ao paraaplicara sangaoagente
ao queinfringiu a regra
juridicaqueimporta que
ou acautelar nao a viole:Ã ©
a chamada vis direc-
tiva,Torna-se claroquea coacgio pretendeagente
levar 0 orientar a sua
conduta
violado
pelaregra
ou ameagado s6 o
juridicae que coergio
a
violara regra.
actua quando agente tiver

b)Quanto asrelagdes
entre a coacgao
e a coer¢io,importa considerar
duas
situagdes. (cominagao
Emcertos casos,a
coacgao sangio) da conduz
necessariamente
pela
forga).exemplo:
Por o prisio dispensa
aplicacéo
a
(aplicacio
ao uso dacoerciocontra infractor
sangio
deuma penade
da
nao
a coergio,
poisquea sangio é
sé cumpridaquando 0 criminosoestiver
a imposicéo
preso; especifica
daexecucio dodeverdeentregar
uma coisa
naopode dodesapossamento
ser dissociada dodevedor.
Noutros
acompanhada
a
dacoergio
(cominagio
casos, coacgao sangao) da
naoé
necessariamente
contra o infractor (aplicagiodasangio pela
forca).exemplo:
Por a imposi¢ao de um dever de indemnizar podenao
necessitardenenhuma coer¢o,indemnizacao
se a devida a o lesado
for
voluntariamentepaga pelo lesante; masessa coergao indispen-
torna-se
savelquando naose verificaresse cumprimento voluntarioe houverque
instauraruma execugaocontra o lesante (cf.
art. 8172CC).
3.3, Finalidade
dacoergio
Cruzando decoergio
a nogio com as varias
espécies
desangGes,
resulta
queacoergao conduza observincia
deuma regra juridiea
quando a sancao
a aplicar
foruma sangaopreventiva
ou uma sangao compulséria,
poisque
estasvisamque0 agente
demais sang6es,
actue segundo
naovisaimpor
a coer¢ao o
direito.
o respeito
Em conjugagao
deuma regra
com as
juridica,
apenas
‘mas
aplicarsangioagente
uma ao que tiver violadouma regra,Por
exemplo: quando se aplica sangao
uma punitiva (comoa pena prisio)
de

tos
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

a um claroquenaose visaque0 sujeito


é
criminoso, adopte
uma deter-
minada segundo
conduta o direito,
mas antes sancionar
um determinado
antijuridico,
comportamento
decoergio
4. Regras
1. Generalidades
A regradeconduta define
0 comportamento devidoe a regradesan-
40determina a sangaoaplicivel
no caso deviolagio daquele dever
ser.
A aplicagao
destasangaonaoéregulada pornenhuma daquelas regras,
mas poruma regra Porexemplo:
decoergao. desangao
se a regra definea
de
pena prisio
a aplicagio
como sangio
efectiva
dessa
a
aplicar,
nio é essa mesma regra
define
queregula
o dever
de
sancao;
se uma regra juridica
indemnizarcomo sangioaplicivel,
nio ée ssa mesma regraqueregula a

entregaefectiva
ao lesado
da quantiaindemnizatéria através
de um pro-
cesso executivo.
Doafirmado
regras
resulta
deconduta
queacoergio
e dasregras é
regulada
desangao.Umaregra
diferentes
porregras
define
uma outra cominaa correspondente
mento devido,
das
o comporta-
e ainda
sangio uma

queme como se aplica


outra determina daforga.
através
a sangio

4.2. Coergioestadual
A coergaopressupde0 poder
douso daforga. Nassociedadesmodernas,
esse podercompete Estado,
ao que,alias, reivindicaomonopéliodouso
daforga.A coergao a alguns
estireservada do
érgios Estado, os tri-
como
bunais,que érgaos
so desoberania
com competénciaparaadministrar
em nome do povo
a justica (art.
202, 1,
n°
CRP),policia,
e a queéum
da
<érgao administragao
publica
(cf.
art. 272. CRP).
5. Problemas dacoer¢io
5.1. Violagao dacoergio
Asregras decoercao podem impor um comportamento ao agente (juiz
ou

policia,
podem
de
porexemplo)
ser violadas
aquem compete a
realizar
oque
coer¢ao;
a
poressemesmo agente, pode
mas essasregras
conduziraplica~
¢4o sangdo sujeito
uma a esse e,eventualmente,dacoergao
a0 uso con-
tra ele,Porexemplo: suponha-seque juiz quemcompeteexecucao
o a a da
dividarelativa &indemnizagio se deixoucorromper por uma das partes;
o juizpratica um crime e deve (cf.
ser sancionado art. 372. 3732 CP),0

106
5.4 ORDEMJURIDICA
F IMPERATIVIDADE

quepodefazer (se,
decoergio
actuar uma outra regra porexemple,
0 juiz
forcondenado
a cumprir uma pena deprisio).
5.2.Coergao sobre coergio
Sealguém &coergio,
estiversujeito compete a uma autoridade estadual
0 exercicio dopoder decoergio;
mas se uma autoridade estadual
estiver
sujeita Acoergio, cabeperguntar
a quem cabee xercer esse poder
coer-
civo,Porexemplo: admita-se
queo Estadodevepagar uma indemnizagio
particular;
4.um se o no fizer,
pode como se pode
perguntar-se exercer
sobre
coergao o Estadoparaquea indemnizagaoefectivamente
seja paga
ao lesado,
OEstado
dedireitoe a
separagaodepoderes
quelhe¢
inerente

blema a resposta—e possivel


constituemmelhor talveza
tinica
a leiporaquele
defazercumprir
paraeterno
quetem porfungio
~

o
fazé-Ia
pro-
acatar.

7
§5.°
ORDEMJURIDICA
TUTELA E
JURIDICA
juridica
1. Meiosdetutela
1, Necessidade
datutela
A ordem
teladas juridica
antes de
Istoimplica
que
necessitam
subjectivas
atribuisituagdes
qualquer
violagio reparadas
e deserviolagio.
apés
deser acau-
a sua

quea ordemjuridica
tem decomportar
meiosdetutelade
subjectivas.
situagdes
2. Coneretizagiodosmeios
2.1. Autotutela
Osmeiosdetutelajuridicapodem deautotutela
ser meios ou deheterotu-
tela.Osmeiosdeautotutelaconsistemna realizagao
dodireitopeloproprio
ofendido, sem recurso a uma entidade
ou seja, ou a um drgio imparcial e

independente paradirimiro litigio.


Costuma identificar-se
a autotutela
com as sociedades
primitivas,mas a verdade
équenaose conhece ao certo
a depossiveis
importincia (como
érgaos o chefe dafamiliaou datribo)
destinados
a resolver
os conffitos
deinteressesn essas sociedades.

2.2, Heterotutela
a)Aheterotutela uma forma
é deresolugdo
deconflitosdeinteresses
atra-
vésdeérgaos imparciais independentes.pressupde,
¢ Esta forma quase
sempre, 0 recurso aos tribunais estaduais,
queséo érgiosdesoberania
com competéncia
n2 1,CRP). Naadministragao a
paraadministrar justiga
dajustiga
em nome dopovo
incumbe
(art.
aos tribunais
2028,
assegu-
rar a defesadosdireitose interesseslegalmente
protegidos doscidadaos,
dalegalidade
a violagdo
reprimir democritica
e dirimiros conflitos
de
puiblicos
interesses e privados
(art. 2,CRP).
202.n.―
9
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

¢admissivel
Emcertas situagdes, recorrer aos tribunais
arbitrais
para
obter
a tutela subjectivas
desituagées (cf. 209, 2,CRP).
art. n .° A arbitra-
gempode ser voluntiriaou necessaria: a arbitragemévoluntiriaquando
as
partesdecidem atribuir,atravésd acelebragaodeuma convengioarbi
tral,a resolugdodeum litigio a um tribunal arbitral(cf.art, 1,?NLAV);
énecessariaquando a lei impée a resolugiodeum litigio porum tribu-
nalarbitral.
b)A evolugio histéricamostra uma acentuagio daheterotutela em
detrimento daautotutela. Paraissomuitocontribuem os inconvenientes
desta autotutela:sabe-se queo ofendido tem tendéncia paraaumentar
6 malsofrido e paraaplicar sangio
uma
desproporcionada ao
agressor.
Nofundo, confirma-se
propria’.
a maxima
é
deque “Ninguém bomjuizem causa
A prevaléncia
daheterotutela
sobrea autotutela © principio
Ãum da

e o
ordem juridica ninguém
portuguesa: pode recorrer 4forgacom fimde
realizar
dalei (art. CPC).
12 o
ou assegurar
proprio salvonos casosdentrodos limi
direito,
resulta
Desteprincfpio quea heterotutela é
a
regra
no ordenamentojuridico
portuguéstalcomo, alias,
-

em qualqueroutro
ordenamento dassociedades contemporineas
~
¢quea autotutela tem um
carfctersubsidiério e residual
perante a heterotutela.
Opredominio daheterotutela justifica que0 acessoaos tribunaiscon
titua um direitofundamental doscidadaos, querparaa tuteladedirei-
tos e interessesindividuais (art.20.2, 1,CRP;
n° cf.também art. 2682,
n24,CRP), querpara a tutela
de interessesd ifusos(art. 522, 3,CRP;
cf. também a 3 LPPAP).
art. 1.― Osprocessos jurisdicionais devem ser

equitativos e toda a causa deve ser decidida n um prazo razoavel (art.208,


1n24, CRP; art. 6:,n.1,CEDH). Oproceso equitativo pressupde a impar-
cialidadedotribunale a igualdade daspartes, cujaconsequéncia mais
importante ¢0 contraditério (ef. art. 3,n 1, C PC),istoé,a faculdade
decada uma das partes doprocesso se pronunciar sobre as alegacées da
outra parte,
Il. Meiosdeautotutela
1. Generalidades
doseu ambito
Apesar subsidiério
ordem
manifestacdesjuridica
na e
aautotutela
residual,
E0 caso dalegitima
portuguesa.
dodireitoderesistencia,
doestado
denecessidade
e daacgao
encontra
algumas
defesa,
directa.

uo
5 JURIDICAE TUTELAJURIDICA
ORDEM

defesa
2. Legitima
2.1, Enquadramento
A defesalegitima
¢ quando tanto
sobre u ma
pessoa, como sobre um patriménio.A legitima defesapode ser
utilizada para defender qualquer pessoal
direito (respeitante,por exem-
plo,&vida, a0 corpo, aliberdade,&privacidade ou ahonra) ou patrimonial
(relativo,
porexemplo, &propriedade)..
Noplano civil,considera-se (¢,
justificadoportanto,licito)
0 acto desti-
nadoa afastar qualquer agressioactual econtriria
Âlei
§ contra pessoa ou
o patriménio doagente ou deterceiro, desdequenaoseja possivelfazé-lo
pelos meios normais ¢o
prejuizo causado peloacto nao sejamanifesta~
mente superior a0 quepode resultardaagressio (art.3372,n.°1,C C).No
plano penal, legitima
constitui defesa o factopraticado como meio neces-
sariopararepelir
protegidos doagente
a agressio
e
actual ilicitadeinteresses
ou deum terceiro (art.
32."CP).
juridicamente

2.2. Requisitos
A legitima
defesa
estasubordinada
poisquenaopode
a um
ser desproporcionada
deproporcionalidade,
principio
ao bem
em relagao queatingido é
pelaofensa.
Setalsuceder,excesso delegitima
hé (cf.
defesa art. 337°,
n# 2,CC;
no é n2
art. 33.4, 1,CP)
exemplo:justificado 0
ea reacgao
acto deum
doagredido
adulto
torna-se ilicita.Por
queespanca a crianga
que o

atinge
tal
agrediu, como tambémnao
¢
justificado
o acto
queThedeuuma bofetada.
com um tiro uma pessoa
de
O acto é,
no
alguém
que

entanto,justificado,aindaquehaja excesso delegitima defesa,quando


este fordevidoa perturbagio ou medonaoculposo doagente (art. 3372,
n22,CC).
Noambito penal,se o excesso resultardeperturbagio, medo o u susto
naocensuraveis, 0 agente nao épunido, porque beneficiade uma causa
deexclusio daculpa (art. 33%, 2,CP).
n.° O chamado excesso asténico
naocensuravel determina, dofacto,
nio a justificagao mas a exclusio da
culpa doagente. Seo agente actuar na conviccao dequeestio
errénea
preenchidos os elementos dotipojustificador dalegitima defesa, veri-
fica-sea chamada legitima putativa: aplica-se
defesa a esta 0 regime do
erro (cf.
art. 162,22, CP).

um
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

de
3. Direito resisténcia

moderno
(jus
esistendi)
Odireitoderesisténcia larga
possui
uma
constitucionalismo
tradicao
hist6rica,
atenuou bastante
mas 0 importancia.
a sua

lidade
juridico
Noordenamento
legitima
da
portugués,
defesa
quese a é
o direito

uma
atribuir
deresisténcia
pessoa
caracteriza por
uma mod:

quer
€ a qualquer
odireitoaresistir ordem
pela
repelir
quero direitode
garantias, seus
forga direitos,
queofenda
qualquer
os
agresséo
liberdades
contra

(art.eCRP),primeira
nao &
direitos,liberdades quando
garantias, possivel
seja recorrer
publica
autoridade 21." Na
situagio, a resisténcia
é
passiva(porexemplo,cumprimento
o ndo deordensou instrugdesque
impliquema deum crime (art.
prética 271,n2 3,CRP)); na
segunda, a
é
resisténcia
activa,

4, Estadodenecessidade
4.1, Enquadramento
Oestadodenecessidade ou 0 aumento deum
visaevitar a consumagéo
dano.O estado
denecessidadedistingue-se dalegitimadefesapela
cir-
denaopressupor
cunstincia
No ambito
nenhuma
civil,considera-se
praticada
agressio
daquele
licitaa acgio
contra
o
agente.
quedestruirou
danificar
uma coisaalheia com o fimderemover o perigo actualdeum
danomanifestamente querdoagente,
superior, querdeterceiro(art.339.
n? 1,C C).
Quem actua em estado denecessidade naoactua deforma ili-
d
cita, esde
que
manifestamente
o dano quepretende préprio
superiorAquele
evitar a ele
a ou
quecausa aoutro terceiro.
terceiroseja
NoAmbito
paraafastar
penal,
um ¢
nao ilicitoo facto
actual
perigo que ameace
praticadocomo meioadequado
interesses juridicamentepro-
tegidosdoagente ou deterceiro, quando a situagaodeperigo nao tiver
sidovoluntariamente criadapelo agente, quando houversensivelsuperio-
quando do
ridadeinteresse
forrazoavel
a salvaguardar
impor
relativamente
ao lesado o sacrificio
ao interessesacrificadoe
doseu interesseem aten-
go8natureza ou ao valordointeresseameagado
(art.
34. CP).

4.2. Modalidades
O estado pode
denecessidade ou defensivo.
ser agressivo No estadode
necessidade
agressivo,
o destréi
agente ou danifica
u ma coisa remo-
para
Porexemplo:
ver um perigo. parasalvaruma criancademorrer deuma
degas,
intoxicacio é uma janela
cito partir ou arrombar uma porta.No

um
5 JURIDICAE TUTELAJURIDICA
ORDEM

estado denecessidade defensivo, destréi


o agente ou danifica
a propria
Porexemplo:
coisa quecria o perigo. paraevitar uma &
ameagapessoas,
a
licitomatar o led quefugiudajaula
docirco.
4.3,Requisitos
a)Oactopraticado
remover um dano
em estado
manifestamente sé
denecessidade
superior
nele(cf.
¢
Aquele
justificado
quevais er
quando
causado
possa
pelo
al.b),
agente queactua com base art. 339,n. 1,CG; art. 342,
CP). Istopermiteconcluirque,quando o acto praticadoponha em causa
a vidadeuma pessoa, o mesmo nunca pode ser justificadoporestado de
necessidade,poisque,no ordenamento juridico,nao haum valor superior
ao davidahumana. A violagiodoprincipio daproporcionalidade conduz
ao excesso deestadodenecessidade.
Nashipétesesnas quaiso dano quese pretende evitarnaosejamani-
festamente superioraqueleque se vai
causar, pode verificar-se o chamado
estado desculpante
denecessidade (art.
35,n 1,CP),
o qualcomo a -

designacio
indica
Porexemplo:
s6pode
naoexclui
~

a
ilicitude,
mas apenas
a culpaagente.
encontram um destrogo
doisnéufragos
servirdebéia
desalvagio
do
que,pela
a um deles;
sua reduzida
actua em estado
dimensio,
desculpante
denecessidade o néuftago
quemata 0 outro paraprocurar
sobreviveragarrado ao destroco.
Noambito penal, se 0 agenteactuar com a conviccdo erréneadeque
se verificamos elementos dotipojustificador doestado denecessidade,
o estado
constitui-se denecessidade putativo e sio aplicdveis
as disposi-
ges relativasa0 erro (cf. 16, 2,CP).
art. n!
b)Mesmoqueo acto praticado em estado denecessidadeseja justifi-
cado,ssonaoimpede
lesado.
o qual
possa
que
Odeverdeindemnizagio
tenhasidoprovocado
haveruma obrigagio
constitui-sesempre do
deindemnizagio
que0 perigo contra
se reage porculpa exclusivadaqueleque actua
emestado denecessidade (art.
3392,n22 1. parte,CC).Mesmo foradesta
hipotese, pode ser sempre fixada
u ma indemnizagio
equitativaao lesado

(art.
3392,n22 2 parte, CC). em fungao
Sé dascircunstdncias docaso
concreto pode se a equidade
ser determinado essa indemnizagio
impée
dolesado
ou se a mesma
daactuagioem estado justifica
queestedeva
denecessidade.
0dano
suportar decorrente

us
DBLIMITAGAO
DA ORDEMJURIDICA,

directa
5. Acgio
5.1,Enquadramento
Aacgio directa (em alemio, Selbsthilfe,auto-ajuda) torna licitoo recurso a
forga com o fimde realizar ou
assegurar um direito proprio
~

nunca,por-
umde
tanto, direito terceiro-, quando
bilidade derecorrer em tempo
elaforindispensavel, pela
titilaos meios coercivosnormais,para
impossi
evitar
a inutilizagéopratica desse direito, contanto que 0 agente nao exceda o
quefornecessario paraevitaro prejuizo art.3362, n2 1,C C). Dadoque
a acgio directa Ãu©m sucedineo daheterotutela, sédireitos quepossam
ser invocados e protegidos em juizo podem ser objecto daquela acco.
A defesa contra perturbagao ou o esbulho daposse constituiu m exem-
plodeaccodirecta, jéqueo perturbado ou esbulhado pode manter-se
ou restituir-seporsua propria forga e autoridade (art. CC).
12772 Aacgio
directa também
¢
outros direitos
€
admissivel
reais (¢f.
para d a
efender
art. 1315.°CC),
propriedade (cf.
como,porexemplo,
art. 1314.2CC)
o usufruto
fart. CC)1439 ou uma servidio legalpassagem
de (¢f. CC
art. 15502
5.2. Distingio
A accio pode
directa ou deteriora-
destruigio
consistirna apropriagio,
dodeuma coisa, na eliminagio irregularmente
daresisténcia opostaa0
(art.
reito ou aindanoutro acto andlogo 336,n2 2,CC).
Aacgao directa doqual
o género
&p, orisso, a legitima 0 direito
defesa, de
resisténcia
directa
cobre ¢
o estadodenecessidade
constituemespécies.
quenaos4oabrangidas
as situagdes
Assim,acco
a
porestasmodalidades
deautotutela,
¢
Nestesentido, a distingao
essencial entre a accodirecta¢os outros
meiosdeautotutela. entre a legitima
A distingdo defesa
e a acgaodirecta
podesuscitar dificuldades,
algumas mas elapode ser realizada n os

seguintes termos: a legitima


defesa pressupde em realiza-
uma agressio
aoou aindanaoconsumada
directapressupde (cf.
uma agressio
n 1,
art. 337°,
ou violacio
jé CG;
art. accao
consumada,
CP);a
32.°
mas que ainda
permite uma reaccao passivel
deevitara inutilizagao dodireito
pritica
(cf.
art. 3362, 1,C C).
n.°

5.3, Requisitos
directa
Paraquea accio sejalicitaé
necessario
quenio sacrificados
sejam
interesses superiores
aos queo agente
visa realizar (art.
ou assegurar 336,

us
§
8 ETUTELAJURIDICA
ORDEMJURIDICA

n#3,C C):
também directa
a acgio se orienta depropor-
porum principio
cionalidade, verifica-se
Porisso, um excesso deacgao
directa
se0 interesse
sacrificado
forsuperior protegido.
ao interesse
Emmatériapenal,a actuagiodoagente, baseada osele-
em erro sobre
mentos dotipojustificador,
constitui
uma directa
acgio putativa. A esta
accoaplicam-seas disposigdes (cf.
relativas
ao erro art. 2,CP).
16.%,n.?

us
Titulo
Il
Regime
dasfontes
dodireito

§6.2SISTEMAS
DEDIREITO
I. Comparagio
juridica
1. DireitoComparado
LL. Nogio
0 DireitoComparado ocupa-se dacomparagio entre variasordens juri-
dicaso u entre institutos dediferentes ordensjuridicas. ODireitoCom-
parado serve-se do método comparativo, queconsiste na andlise das
semelhangas ¢das diferengasentre os direitos
o u os escolhi-
institutos
dosparacomparagio.

1.2.Ambito
ODireitoComparado assentana comparagio entre diferentes
ordens
jurt-
dicasou entre alguns
dosseus institutos (em alemao, Rechtsvergleichung)
e nfo énaturalmente
~

um direitovigente
—

em nenhum ordenamento
juridico,
A dedireitos
comparacao que r
éealizada doDireito
através
Comparadopode ser uma macrocomparacio ou uma microcomparagio:
a macrocomparacioincidesobre a s ordensjuridicas consideradas na sua

globalidade
e permitedistinguir os varios
sistemas de direito;a micro-

Ihangas
e
incidesobreinstitutosjuridicos
comparagio
diferengas regulagio
existem na de e
procura
um mesmo
analisarqueseme-
institutojuridico
(como,
porexemplo, a responsabilidade civil,o casamento ou a sucesso
em diferentes
mortiscausa) ordens
juridicas.
ur
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

1.3,Caracteristicas
0 DireitoComparadoéum auxiliar
daPolitica
doDireito,
dadoqueele
permite o
conhecerdireitoestrangeiro
dasnessaslegislagdes.
e analisar
Além disso,
as solugdes
preconiza-
0 DireitoComparado facilitaa harmo-
nizagiouniformizagio
e a entre varias ordensjuridicas,porque permite
encontrar as semelhangas e discutiras diferengas entre esses direitos.
0 DireitoComparado pode ser igualmente ttil naaplicagiododireito
nacional,dado quefrequentemente importa conhecer o direito
estrangeiro
paracompreender o direito proprio, Assimsucede querporque mut
dassoluges adoptadas no direito nacionalsio importadas dedireitos
estrangeiros,querporque o direito vigenteem ordens juridicas estran-
geirasfornece uma orientagio para integragio
a das lacunasdetectadas
no direitonacional.

de
2. Critériosclassificagio
2.1. Enunciado
doscritérios
Paradeterminar
os variossistemas dedireito, haqueutilizarum critério
declassificagao,
pois que podem
sé pertencer a um mesmo sistemaaquelas
ordensjuridicas
que apresentem entre si mais semelhancas doquediferen-
Segundo
gas. um dos critérios
mais utilizados,
pertencem ao mesmo sistema
as ordens
juridicas o mesmo catilogo
quecomportam defontes
dodireito.
2.2.Apresentagio
daclassificagio
De acordo dasfontes
o critério dodireito, pode distinguir-se entre os
direitos tradicionais (como,exemplo, muculmano,
por o direito o direito
hebraico ou o direitohindu) ¢os direitos
modernos. Noambito destes tilt
a distingao
‘mos, fundamental
o sistemacomunista.
€
éa quediferencia
ocidental
entre o sistema

Osistema ocidental
se baseia n a heranga
assenta na civilizacaoocidental,
gregaqueencontra uma expressao
~
que,grossomodo,
paradigmitica
na afirmagao deque“o
homem éa medida detodas as coisas―!
-, no pen-
samento cristo (catdlico
e protestants),
na tradi¢io
humanista
herdada
do Renascimento, industrial
na revolugao capitalista
e no sistema. dela
Osistema
emergente,
continental,
o comporta
cidental
dois
subsistemas:
0 subsistema
ou decivillaw o subsistema
romano-germanico
romanistico,
anglo-americano
ou decommon law.

'
citado
Proricoras, Kratylos,
porPLATAo, 385¢.

us
6.6 SISTEMASDEDIREITO

dasequéncia
2.3. Indicagao
~ &
Atendendo pouca
na sua pureza,
da
expresso
talvezapenas
queo sistemacomunistapossui
vigenteReptiblica
na Popular
actualmente
Coreiado
importa
considerar
Norte,
somente,
ocidental,
temadedireito direitos Atendendo
no ambito dos modernos,
deproximidade
a um critério
osis-

geogr’-
fica,diteitos
dentro dos tradicionais,
IL. Sistemaromano-germinico
alude-seapenas ao dieitomuculmano.

1. Formagio
Osistema romano-germanico tem uma base romanistica, Asordens juri-
dicaspertencentes ao sistema romano-germinico-

como é 0 caso da

portuguesa ~

formaram-se atravésdarecepgao dodireitoromano,muito


facilitada pela
compilagio constante doCorpus Civilise
luris elaborada por
Iustintanus(§27-565) no Século VE.
A recepcao dodireitoromano quetambém
~

se verificou e m terri-
trios quenunca pertenceram ao Império Romano ocorreu,segundo
~

variasdpticas, em especial na AltadadeMédia (Séculos XII ¢XIII), no


Renascimento e na
Epoca Humanista (SéculosXVI e XVII)e, porfim,
durante a Pandectistica alema (Séculos XVIII ¢XIX). As Universidades
desempenharam um papel fundamental nessa recepgio, pois foinelas que
se formaram as grandes escolas e correntes depensamento queacompa-
nharam 0 movimentoderecepgao (como as Escolas dosGlosadores e dos
o ususmodernus
Comentadores, Pandectarum e a Pandectistica).
dacolonizagio
Através
-germinico
a Africa,
expandiu-se e
deoutroseventoshistéricos,
sistema
paraoutras zonas doglobo,
romano-
nomeadamente
para
o
a América
Latinae 0 ExtremoOriente(comdestaque
parao
e a Coreia).
Japio
2. Caracteristicas
a lei¢
No sistemaromano-germinico, fontedodireito,
a principal o que
motivou a elaboragio politicas
deconstituigdes escritas ¢
a codificagao
dasprincipais juridicas.
éreas Nesse o costume e a jurisprudén-
sistema,
cia(que resulta dostribunaisproferidas
dasdecisdes na solugo decasos
concretos),
embora ser igualmente
possam fontes
dodireito,
assumem
uumpapel
secundai
2

acodificagioQuellen
Sobre
rdmischen
Rechts
(Wien
deIustintanus, ef WENGER,
Die des

us
REGIMEDASFONTESDODIREITO

cialmente
pela dodireitocomo
concepgio
atécnica
cientifica
Nosistemaromano-germanico, caracteriza-se
essen
Dafresulta
que
um sistema, as
(aplicdveis
leissaoabstractas a uma multiplicidadeindeterminada
de casos
coneretos)
e
(aplicaveis
gerais a uma indeterminada
pluralidade dedes-
e que analogia
tinatérios) a entre 0 caso omisso
e 0 caso regulado
é
0 pri-
deintegracao
meirocritério delacunas.
3. Codificagio
3.1.Generalidades
Nosistema a leiconstituia principal
romano-germanico, fontedodireito
e neledé-se sistematizacio ¢&abs-
dodireito
particular
importincia&
tracgaoe generalidade
das
leis.
Importa assimreferiruma consequéncia
directa postulados:
destes 0movimento decodificagao

decédigo
3.2.Nogio
Um cédigo contém
um ordenado
sistema deregras
juridicasrespeitan-
tes a uma determinadamatériajuridica.A codificagio
modernaque¢
~

aquela queocorreu depois


doSéculo XVIII tem variascausas,nomeada-
-

deabstracgao
e
mente ideoldgicas politicas.
Ascausas ideolégicas
e nas ideias
tram-se no jusracionalismo
dacodificagao encon-
deordenacio
desistematizacio,
€ quedecorrem dessa jusfilosdfica.
orientagao As causas
politicas
forte,
dacodificagio
a0 favorecimento
Italiae daAlemanha)
4
reportam-se demonstragio
politica
daunificagao
¢&definig&o
(como
de um
sucedeu
poderpolitico
nos casos da
deregimes juridicos e nao
universais
discriminatérios,
istoé, a aboliros privilégios
destinados quealgumas
classes possuiam
sociais Régime.
no Ancien
A codificacio
requeralgumas
condigées Umcédigo
técnico-juridicas.
sistematizada
uma ordenagio
exige deregras pelo
juridicos,
¢regimes
um determinado
quesé juscientifica
graudematuragio chegar
permite
Acodificacio.

3.3. Epocas
dacodificagio
moderna
a)Nacodificagéo ser consideradas
duasépocas: a codificagio
podem jusra-
cionalista,
ow primeiracodificacao,
e
codificacao
positivista,
ou segunda codificacao.
foiobraquerdopoder
codificagio
A primeira revolucionirio(como sucedeu em
querdodespotismo esclarecido
(como n a Austria)
Franga), aconteceu na Prissia¢ €

codes― o fir
dieNapoléon)
aclapertencem, Allgemeines
entre outros,
o
Landrecht preupischenStaaten(ALR)
(1794), cing franceses
“les
civil
~

queenglobam Code (ou Code (1804),


120
6.6. SISTEMASDEDIREITO

©Code
de civile(1806),
procédure 0 Codedecommerce(1807),0 Code deprocédure
pénale
0
eGode
(1808) penal
(I8L1)Codigo
e0 -,0 (1810)Allgemeines
Civilportugues
Gesetzbuch
Birgerliches
(CodigodeSeabra)(1867).
austriaco
(ABGB)

© a
Pertencemsegunda
Gesetzbuch
Biirgerliches
codificagao
alemio(BGB)
(ou codificagto
(1896),0 Code
positivista),
entre outros,
civilsuise (1907)(que foi

Civile por
‘completado
0
(1942),
um Code
Cédigo
des
obligations
(1911)),
Givilportugues(1966),
Civilgrego
0 Cédtigo
Wetboek
oBurgerlijk
(1940),0
holandés
Codice
(1992
2003), 0Cédigo
©0 Cédigo
Civilda Federagdo
Civilbrasileiro
Russa (1995-2002),
0Cédigo Civil
turco (2001)
(2002).
) principal
A novidade dasistematizagio
doBGB conhecida
~

porsistemati-
zagio germinica é
~
deuma ParteGeral
a existéncia (ef.
§1a§ 240BGB), a pardo
tratamento diferenciado dodircitodasobrigagdes,
dodireitodascoisas, dodireito
dafamiliadodireitodassucessdes.
e como,aliés,em
Nesteaspeeto, muitos outros, 0
BGBfoium produto daPandectistica
germanicadoSéculo XIX.
Atécnica
utilizada
n a sistematizagio
germanicacaracteriza-se porpartir domais
.geral
contratual
deuma mediante &
paradefiniro regimeaplicivel
parao mais concreto. Porexemplo,
coisa o pagamentodeum precoa prestagbes,
sobre
alienacio
haque
as seguintes
percorrer etapas:comega-se
porprocurar 0
regime o s negécios
constantedaParte
juridicos Geral; haqueindagar
posteriormente, no Direitodas
Obrigagdes
disposigoes sobre
gerais relagbes obrigacional;
as as depoisdecaricter

o ode em
geral;
disso,
hi que
encontrar aplicavel
regime depois
aoscontratos hi quepro-
ccurar regime
relativo
docontratocomprae vend;
a prestagbes.
ao pagamento o
finalmente,
hdqueencontrar regime
tendoinfluenciado
OBGBeve umaenorme importincia, numerosascodificagdes
ivis,como asdoJapao
(1898), (1907),
Suiga Grécia Itilia (1942),
(1940), Portugal
Brasil
(1966) (2002).
e Para
o doBGBcontribuiram
éxito v iriasrazOes,
em espe
ial a
disciplina conceptual,
e o rigor sistemética
a coeréncia clareza
ea
pedagégica.
dacodificagao
3.4, Apreciagao
A codificacao
apresenta vantagense desvantagens. As principais
vanta-
d a
gens codificag4o saoa facilidade
no acesso ao direito
vigente,
a siste~
matizacioe ordenagdo porfim, orientagao
das matérias
e, a doaplicador
na solugao desvantagens
doscasos concretos.Asprincipais dacodificagio
so a rigidezregulamentagao
da
esta tendea seguir
as
juridica
solugdes
queconstam dos¢
a fixidez
dadoutrina,
cédigos.
porque

A propésito
dasvantagens e dasdesvantagens
dacodificagio referira
importa
<célebre
controvérsia
entre THIBAUT (1772-1840) (1779-1861)*.
e SAVIGNY THIBAUT

Sobre
»
textos dacontroversia,
os principais cf SrERN(Ed),
ThibautundSavigny/Ein
pro-
Rechtsstreit
_gramatischer aufGrundihrerSchriften 1914 Darmstadt
(Miinchen =
1958).
fe
REGIMEDASFONTESDODIREITO

defendiaa necessidade
politica
‘integragio
conclufa
dacodificagto
edemoeritica do
daAlemanha’,
instruida
dado
direitocivilalemao, queelafavoreceria
No mesmosentido,
classe
HEGEL (1770-
damesmaa
-1831) que “retirarauma nagio ou 4 juridica
capacidade declaborar um Cédigo [..]seriauma dasmaioresafrontas quepoderia
serfeitaa uma nagdo
Emcontrapartida,
boragio deum Cédigo
ou Aquela
SaviGNy,
classe―®,
o fundador
Civil,porqueisso
daEscola Historica,era contriio 8 ela-
a espontaneidade dodireitona
quebraria
vidasociale aforma como eleseconstitui
“onginica― a partirdasconviegbes dopovo:
a fontedodireito deve dopovo―
s er 0 “espirito (Volksgeist)’,
poisque dircito
“o [.]
crescecom o povo, desenvolve-se com este e, porfim, morre,domesmomodoque0
povoperde a sua identidade――,
Assim, acodificagio vista porSaviGNY
era como um
obsticuloao desenvolvimento
civilfrancés
o entio recente Code
nesta mesmalinha,
dodireito’
¢, qualificou
SaviGNY
curada―.
como uma
“doenga
politica
[entretanto]
Porironiadodestino,a pujanteprodugiocientifica
daEscola haveria
Histérica de
ter enorme influéncia
na preparagio
¢
claboragiodofuturoBGB.

4, Direitopuiblicoe privado
4.1, Enguadramento
A distingao
continuaa ter grande
piblico
entre o direito
importincia
privado
e o direito bastante
antiga ¢
no sistemaromano-germinico. Elaja
aparece estabelecida
porUranus, publicumquod
D.1.1.1.: iusest adstatum
rei Romanaespectat,
privatum
dedistingao
4.2. Critérios
ad
quodsingulorum utilititatem",

Paratentar estabelecer
a distingao
entre o direitopiiblicoe o direitopri-
vado, tem-se recorrido
aos do
critérios da
interesse, qualidade dossujeitos
+

Uber
Tininavr,
(Heidelberg
dieNocwendigkeit
einesallgemeinen
5 ss;Tuumav,Uber
1814),
AcP21(1838),
Rechtsschule, 391ss
birgerlichen
die sogenannte Rechts
fiir Deutschland.
undnicht-historische
historische

'* Beruf
Hct, Grundlinien
Savicny,
1814),
85s unsrer
Vom
detPhilosophie (Berlin
desRechts
Zeitfir Gesetzgebung
1821),210(6211.
(Heidelberg
undRechtswissenschaft

―
Savicny,
® Beruf
Beruf
Vom
Savion,Vom
unsterZeit,1
unsrer
Zeit,16s.

BorBeruf
»
Savicny,
Vom Zeit,135.
unsrer
©
CE
grandeo10,La
deldritco
‘eoria
dicotomia,
(Milano1977),
i Bonnio, Dallastruttura allafunzione/Nuovi
148ss; parauma perspectiva
studi
di
historia,cf,Honwrrz,The
of
History the Public/Private
(évisi)
Classification
Distinction,
U.Pa.L-Rev.
of ModernLegal
into ‘Branches’
Bur.J. LawReform
Traditions, 2007), 8 361ss.
130(1982),
Systems
1423ss3Hamza,
(Orders)andRoman
The
Law

fey
6.6 SISTEMASDEDIREITO

edaposigao dossujeitos. Segundo dointeresse,


o critério o direito puiblico
respeitaa interesses piiblicos ¢o direito refere-se
privado a interessespri-
vados.Contraestecritério costuma invocar-se a dificuldadededistinguir
teresses puiblicos ¢os interesses privados. Bastaverificar que
dointeresse publico
€ tutelaro interessedosparticulares (por exemplo,
édointeressepiblico punir as ofensas avidae aos bensdaspessoas) ¢

(por é
que dointeresse privado
exemplo, o interesse
deuma auto-estrada,
queos interesses
na circulagio
puiblicos
automével
mas esta vai beneficiar
sejam
justifica
protegidos
a construgio
todosos queporelapodem
passartransitar).
a
Segundo o critériodaqualidade dossujeitos, 0 direito
publico é
aquele que tem como sujeitos entes puiblicos privado
¢o direito éaquele
queregula as relagéesentre particulares. Contraeste critério éhabitual
dizer-sequeos entespiblicos também podem actuar,no mundo dodireito,
como qualquer particular,pelo que nao basta amera qualidade dosujeito
dedireito.Porexemplo: o Estado, quando compra um automével paraum
Ministério,
actua como qualquer particular,
Segundo o daposigio
critério
em queos entes puiblicosintervém
dossujeitos,
dotadosdepoderes
piiblico
o direito aquele
é
(ius
desoberania
imperit)¢
0 direitoprivado aquele
é aindaquepuiblicos,
em queos sujeitos,
intervémnuma posigéodeparidade Apesar
com outros interessados. do
seu caracteralgo formal,
é 0 habitualmente
critério seguido distin-
para
0
guirentre direitopuiblico e o direitoprivado.
IIL, Sistemadecommon law
1. Formagao

pelaconquista a
Odireitoromano chegow
normanda
vigorar
nas IIhas
ocorrida
e m 1066,Nafalta
de
mas foierradicado
Britanicas,
um direitovigente,

ficcionadodos
as decisdes
tribunais
assumiram
queessasdecisées
entdoum papel
se fundavam
tendo-se
primordial,
n um pretensodireitocomum
a todosos povos
dasIlhasBritanicas 0 chamado
~

common law(comune
ley,
na normanda).
expresso
©common lawmostrou-se insuficiente pararesolversatisfatoriamente
todosos casos coneretos,pelo que no Século
XV o Chancelerpassoua
decidir,
em nome doRei, certos casosque podiam
nao ser pelo
resolvidos
common law:assimse formou a equity,queassumiu uma funcio paralela
4 docommon law(repetindo, curiosamente, o quese tinhaverificado
no
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

direitoromano com a dualidade pelo


constituida e pelo
iuscivile ius prae-
torium).Os Acts
Judicature d e1873-1875
suprimiram a distingdoos
entre
tribunaisdocommon lawe os tribunais
daequity.
Coma colonizagio daAmérica doNorte, o sistema
anglo-saxénico
passou paraos Estados Unidos daAmérica (onde, recebeu
alids, um
elemento quenao constava dasua matriz: a aceitagio daescravatura).
A expansao dosistema anglo-saxénicoverificou-se igualmente para
situados,
outros territérios,
destaque
paraa Austrdlia
Africa
nomeadamente,
Zelindia).
e a Nova
em e na Oceania(com
2. Caracteristicas
2.1, Valordajurisprudéncia
a jurisprudéncia
Nosistemadecommon law, assume um papel
determi:
como
nante fonte direito,
(precedent
rule):
precedente
o
do funciona precedente
poisque
pelos superiores
fixado tribunais
nelea regra do
na decisio
decasos concretos
apreciem
¢
vinculativo
casos anélogos.
para os
O funcionamento
tribunais inferiores
quando
daregradoprecedente
estes
pre
supde uma distingao entre a ratio decidendi,queé a maximaquefunda-
menta a decisio e quese torna vinculativa paraos outros tribunais, e os

obiter quesaoconsideragdes
dicta,
quenaose tornam vinculativas.
colaterais
&
relativamente ratio decidendi

precedente ¢vinculativo paraos tribunaisdehierarquia inferior


(regra decisis).
do stare No entanto, estes tribunais, através
da practiceof
distinguishing,
podem deixardeseguir esse precedente se entenderem
quea solugao doseu caso concreto exige a aplicagao deum principio
maisrestrito doqueaquele que foiutilizado no precedente. $6perante
circunstanciasmuitoespeciais os tribunais deixam deseguir um prece-
dente,podendo fazé-Io
se o considerarem errado o u ultrapassado: é
0 que
se chama overruling.
2.2. Outrascaracteristicas
No sistema decommon lawtambém oftheParliament;
existem leis(Acts
statutes),
masa principal
fontededireitoé
aindaa jurisprudéncia
ea regra
doprecedente. Osistema decommon lawcomporta juridica
uma técnica

o
com a sistematizacio
menor preocupagio
se manifesta
com sistemaromano-germinico,
que,em comparagio numa
dodireitoe com o carécter
e geral
abstracto dasregrasjuridicas.
Emcomparagio com o sistema

fey
6.6 SISTEMASDEDIREITO

contribuicdo
priticos
dos o
sistemadecommonlawcaracteriza-se
romano-germinico,
euma menor das
prestagao
poruma maior
Universidades
e da
doutrina
paraa evolucao dodireito,
e a construgio

mugulmano
IV. Sistema
1. Formagio
O sistema mugulmano caracteriza-se poruma ligagio estreitaentre
6 direitoe a religiao.
A religiiomugulmana comporta, alémdecertos
dogmas, algumas decomportamento:
regras
defineas obrigagdes
querdohomem
a leidivina(char’

perante Deus(como
chari’)
a oragio ¢0 ou
jejum),quer dohomem perante os seus semelhantes.
2. Caracteristicas
2.1, Basereligiosa
A ligagaododireitomugulmano com a religito
decorre
dofactodeas
fontes Emconcreto,e ssas fontes
dodireitose encontrarem na religiio.
sio as seguintes:
=OCorao(Qur'an),queé 0 livrosagrado
dosmugulmanose no qual
se
contémas revelagées
deDeus(Ald) a0 Profeta
Maomé;
=
A Suna,
constituida
queé
vas 4conduta,
pelas
hiadith, pelas
ou seja,
doProfeta
aos actos e aos propésitos Maomé;
relati-
tradigdes
=Olijma’, opiniso
que a (fugaha);
unanimedos
jurisconsultos doislio
Idjma’
©completa
evolugio
mordial
na
desempenhou
0 Corioe a Suna
efungio
actualizagio mugulmano,
e
pelo dodireito
uma pri-
que
é,em priticos,
termos principal a fontedesse
direito.
2.2,
Aadaptar mugulmano
Adaptacio
A necessidade
de
realidade
o direito evolugiotempos dos
que
Jevoua o costume tenha
direito.
Além
a
disso,
alguma
privada
importincia
assumido
autonomia tem sido
utilizada
fontedo
como
contornar
para
algumas
proibigdes pelo mugulmano
impostas (comoproibigio
direito a
do
a
empréstimo
juros ou seguro).
docontrato de
§7.2DELIMITACAO
DASFONTES
D0DIREITO
I. Delimitagio
positiva
1. Generalidades
LL. Nogao
As fontes algo
do direito expressio
-

metaférica ter sido


queparece
cunhadaporCicero(106-48a. C)! sto modos
derevelagao
~

decrité-
riosnormativosdedecisao decasos concretos ou, numa expresso mais
sintética,
sio modos de de
revelagio regras juridicas.nogio
Esta d efonte
fundamentodoconhecimento
dealgo
gnosiolégico
dodireitoassentanum critério
como direito―? as
fontesdodireitosao“um
elacons
-, porque
dera
essasfontes

1.2.Formacio
como
um modo
deconhecimento
dasfontes
decritérios
dedecisto*,

A
a) concepgio dasfontesdodireitocomo os modos
riosnormativosdedecisionaodeveesquecer
derevelacao
quetodasas fontes
doscrité-
sio factos

-
normativos ou,numa formulacio
guetodaselasresultam
aindamaisamp,
deum processo deformacio.
factos
sociais-, pelo
Eraneste sentido
queSaviGny(1779-1861) se referia
asfontes dodireitocomo os “funda-
mentos deformagio (Entstehungsgriinde)
do |..]direito―.
Afonteforma-se
quando
¢, estiver revela
formada, um critério
dedecisto.
*

por
lage
CE, exemplo,
Theorie
Ross,
Cicexo,

dogmenhistorischer
Untersuchungen
II, 72((trad.
Deofficls,
zur
derRechtsquelle/Ein
port,Lisboa2000),
BeitragTheorie
(Leipaig/Wien
1929),
292,
141).
despositiven
Rechts
aufGrund-

® complementar:
Leitura
II
Digesea
(Coimbra
1995), 8-94.
Systemheutigen Rechts
NEVES,
CASTANHEURA dodireito,
Fontes NEVES,
in CastANHEIRA

+
Saviany,
and2008),
Right/A
the
York
‘New
des
Reappraisal
ofthe
41ss
(Berlin
Reality
Ought
1840),
Rimischen
TheLaw 1l;¢f
(Dordtecht/BerlinHeldelberg/
that to Be
PsrraRo,

ur
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

dafontedodireitoé
A formagio relevante
paravariosefeitos.
Desde
logo,essaformagio condicionaa qualidadedocritério
dedecisio queé
por
elarevelado.
exemplo,
Eatendendo
entre a regra
ao
modo
de
formagao
deorigem se
legal,
que podedistinguir,
consuetudinéria
ou
por
jurispruden-
cial.Alémdisso, os vicios
queatingem a formagao dafonte¢os respecti-
vos desvalores (dei deinvalidade
nexisténcia, e deineficacia)
reflectem-se
no proprio critériodedecisio queé revelado: podehaveruma regraque
éreveladaatravésdafonte, mas a mesma ser inaplicdvelpora respectiva
fonte padecer deum viciona sua formagio.
b)Asfontes saoessenciais paraa construgéodequalquer sistema
juri-
dico:naohi sistema juridico sem fontes. Naoqueristo dizer,todavia,
que
tudose possa
suificiente ao
resumit estudo
uma sourcethesis®
dessas
possa
ou
fontese quepossaser considerada
ser aceiteum mero conventionalism’,
Noentanto,sem fontesinsiste-senaohasistemajuridico.
~ ~

Ossistemasjuridicos,
juntodefontes
além
deprodugio
decriadospelas
deoutras fontes:
so também
fontes,
as fontes
con-
que produzidas
sio um
com fundamento em outras fontessaofontes Porexemplo:
derivadas. uma
IeidaAssembleia daRepiiblicapode servirdefundamento a um decreto
doGoverno¢f. art. 1992, CRP);
al.¢), o decreto doGoverno Âe¢ntio uma
fontederivada;
fontedeproducao a
mas lei da
é
Assembleia
também,
elatem como fontedeproducao
daRepublica
elaprépria,uma fonte
quefuncionou
derivada,
como
poisque
a Constituicao (ef.
art. 161.al.¢),CRP).
No entanto,nem todasas fontes dodireitopodem ser derivadas de
outras fontes,dadoqueha,pelo menos, u ma fonteque pode
nio ter deri-
vadodequalquer outra fonte.
A fonteorigindria éaquela quenao tem
nenhuma outra fonte dodireitocomo fonte, coincidindo, quase sempre,
com uma Constituigio produzida um acto degrande
apés relevincia poli-
tica,c omo uma declaragio deindependéncia ou uma revolugio. Hé uma
certa tendéncia paradescurar as fontes embora
originérias’, elastam-
bém compartilhem dacaracteristicademododerevelagio decritérios
dedecisio.

>
de
Na formulagio
Cf.Lunmaww,
Raz, of Law94 47,
Naexpressio TheAuthorityLaw/Essays
proposta porDworkin,Law's
DasRechtderGesellschaft
on

Empire
andMorality
(London
(Frankfurtam
Main 1993),
(Oxford
1979),
1986), 1145s.
524:“A
metiforada
o
fontesugere[. um corte com «le
ondedoqual afontebrota―.

bs
78 DELIMITAGAO
DASFONTESDODIRELTO

1.3.Limitesdasfontes
Como as fontes
dodireitosio os modos derevelagao doscritérios
norma-
tivosdedecisio, quando se pretendequal
saber ¢o direito
vigente numa
certa ordem juridica,haque considerarnecessariamente assuas fontes.
Noentanto, parao conhecimento dodireitovigente nunca ¢suficiente
a consulta dassuas fontes: paraobtere sse conhecimento, indispensi-
é
a
velatenderrealidades quenaosio fontes
Enesta basequese distingue
a jurisprudéncia.
dodireito,como a doutrina
entre as fontes
e
dodireito
(emalemao, Rechtsquelle)
¢as fontes
doconhecimento dodireito(em ale-
mio,Rechtserkenntnisquelle)
1.4.Linguagemdasfontes
a)As fontes
dasfontes
dodireito
constamdeenunciados
dodireitonaoé
uma informagio
nem informativa ~ linguisticos.
porque
linguagem
A
naose pretende dar
sobre algo expressiva
-, nem porque
~

nao se visa transmi-

tir
emogGes
constréi
ou sentimentos -, mas performativa
delauma realidade
através
ou ilocutéria

(incasu, juridica,
a realidade
-

porque
Os
se
enun-
ciadosperformativosou ilocutérios" podem referir-sea enunciados muito
distintoscomo a atribuigao
-
deum nome a uma pessoa ou a um animal, a
realizacao
deuma aposta quanto a um evento futuroou a constitui¢ao do
estadodecasado doduplo
através ditopelos
“sim― nubentes -, mas todos
clesapresentam uma caracterfstica comum: esses enunciados constroem
depalavras
através uma nova realidade, detalmodoqueo mundonaoé 0
mesmo antesdeles depois
¢ deles.
Nestecontexto, facilverificar
¢ quea linguagem dodireitoé uma lin-
guagem performatival!,Assim, designadamente, CC,a0
o art. 663, n . 1,
que personalidade
estabelecer a se adquire no momento donascimento

Maislarga
York concepgio
é
aindaa
(Wien/New1983), Peczenrx,de
der
59,queentende juristischen
Argumentati
Grundlagen
que“todos juridicos
os fundamentos sio fontes
do

of of
direitoe m sentidoamplo―; AaRsto,
cf.também OntheSourcesLaw,RTh15(1984), 395
ss AARNIO, Essays theDoctrinal
on
StudyLaw (Dordrecht/Heidelberg/London/New
York2011), 147s
»
Cf.Austin,Performative
Philosophical
Papers
Utterances
in
(Oxford
1979), 235;também
Legal
Language
Ourvecrowa,
York1962),
(Indianapolis/New Essays
Reality,
and
174s
Jurisprudenceof
in in Honor Roscoe
Pound
©
Naexpressio
CE. von WriaHtt, Things
deAustix,Howto Do
NormandAction/A
Logical *(Oxford
Enquiry
1976),
with Words
York
(London/New
1963),
98.
6 €
94.

ie)
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

completo
pessoa ¢ com vida, determina quequalquer
juridica; 483.", CC, imporreparagio
o art. n2 1, a0 o
pessoa
a
paradireito,
é,
dos danos
uma
por
aquele quecausou prejuizos a outrem,qualifica a responsabilidade civil
como uma das fontes dasobrigagées; 0 art. 1577! CC,ao definir0 casa-
mento,determina o que, para o direito, vale como casamento,

como
©baptismo
sio de
b)Osenunciados
verdadeiros ser performativos
ou falsos"?,
deuma pessoa
insusceptiveis
Talcomo,porexemplo,
com um nome ou que pedido
nfose pode
qualificados
dizerque
dedesculpas
poruma ofensa sejamverdadeiros ou falsos, também naose pode dizer
quea obrigagao deindemnizar decorrente daresponsabilidade civilou a
nogio legal decasamento sejam verdadeiras ou falsas.

2. Enquadramento
2.1. Fungées doEstado
a) O Estado exerce, através deérgios préprios, uma fungao legislativa,
uma fungio executiva(ou r egulamentar) e uma fungio jurisdicional.
Num
plano abstracto, em todas e ssas fungdes é possivel a formacio defontes
dodireito, pelo que,nesse mesmo plano, pode haver regras juridicas com

origem legal,regulamentar ou jurisprudencial.


problema complica-se quando se considera a separacao depode-
res ¢a distribuigio dasfungées do Estadopordiferentesérgios que
actuam segundo um principio deespecialidade ¢deinterdependéncia
(fart.111%,n2 1,CRP). Seé evidente queos érgios legislativospodem
produzir que érgios
leis e os administrativos podem fazerregulamen-
muito menos seguroqueos tribunais
tos,j f é possam produzir fontes do
direito.O poder jurisdicional que éexercido pelos comporta
tribunais a

resolugao de casos coneretos


nos sistemaspertencentes
aos tribunais a funcao
atravésda
regras
aplicacao juridicas,
4 familiaromano-germanica,
decriagao dedireito.
de
naoé
mas,
atribuida

b)O controlopelos tribunaisdaconstitucionalidade ou legalidade


defontes dodireitocoloca-se num outro plano, porque, neste caso,a sua
fungio nao éa decriagao defontes, mas a decontrolo daconformidade
legal dessas fontes. Aatribuigio deuma eficécia obrigatéria geral adeci-
so quese pronuncia pela inconstitucionalidade ou ilegalidade de uma
norma (¢f.art. 281.n. 1,e 282° CRP; art. 76. CPTA) contrapar-
&uma

®Austin,Performative
Utterances,
237,

130
78 DELIMITAGAO
DASFONTESDODIRELTO

tidanecesséria
graro
davinculatividade
ordenamentojuridico
com
daregra:
uma
esta
decisao
pode s6
deixardeinte-
dotada
queesteja deuma
geral.
mesma vinculatividade

2.2.Acceptatiolegis
As fontesdodireitonio podem ser consideradasdesinseridasdaordem
socialem que integram:
se as fontesdodireitonecessitamigualmente de
uma aceitagio social.
Assim, paraquea 0 direitoseja nio basta
efectivo,
queum érgio legislativo
ou administrativo o produza,Esse érgio
s6pro-
duziudireitoefectivo
se 0 mesmo se integrou realmente na ordem social
ese elefoiaceite
pela
comunidade; rejeitou
se esta o direito(por mas
o mesmo

impraticével
ser injusto, ou desadequado), houveprodugio dodireito,
o mesmo no alcangou nenhuma efectividadesocial"
3. Espécies
3.1,Intencionais
¢naointencionais

Quanto ao modo deformagio, dodireitopodem


as fontes ser intencionais,
ou no intencionais.As fontes intencionais(ou voluntirias)sio aquelas
quetém na sua origem 0 caso,porexemplo,
um acto normativo: ¢ dalei.
Asfontes intencionaispressup6em um érgio
com competéncia legislativa
ou
regulamentar
confirapoderes
para
normativosa esse
a
elaborarleie,por issomesmo, exigem
érgio.
uma leique

Asfontesnfo intencionais(ou so aquelas


naovoluntirias) quetém na
sua origemum facto naovoluntiriodeproducio normativa. O costume
constituiexemplo deuma fontenio intencional.
3.2. Mediatas
e imediatas
a)Quanto as fontesdodireitocostumam ser classificadas
&eficadcia, em
imediatas
e mediatas.
Asfontes
imediatas
s4ofontes
porsi proprias,
nao
necessitando
denenhuma queas qualifique
outra fonte como tal;a s fon-
imediatas
tes possuem uma juridicidade
prdpria.As fontesmediatas sio
qualificadas
como talporuma fonte as fontes
imediata; mediatas
retiram

°S
Cf,Parrano,
TheLawandtheRight/A oftheReality
Reappraisal thatOught
to Be

(Dordrecht/Berlin/
Heidelberg/New
2008),
atleast ofa
existence
one believer―
‘presupposes
York 98ss, referindo
que“the norm

fe
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

Oart.
1!n2
€as normas
1, dispde
CC
corporativas.
queas fontes imediatas
Semdiscutir porora 0 cardcter
~ ~
dodireitoso as leis
exaustivo
desta enumeragio legal, pode ja
desde concluir-se que as leis ¢
as normas
corporativas sosempre fontes imediatas e que estas fontes podem atri
buirocardcterdefontes mediatas a outros modos derevelagao de critérios
normativos dedecisio (cf,quantoaos usos,art. 3, n2 1,CC).
Considerando queas fontes imediatas séoindependentes dequais
queroutras fontes, haquefazeruma interpretacao cuidada doart. 1.,
CC.Oproblema
1n.’1,
as normas corporativas
€
ser definidas
é
o
como aquelas
seguinte:
como fontes
se o art. 1.%,n.°
imediatas,
1,CCqualifica
entaoestasnéo
as leis
podem
quepossuem uma juridicidade prépria e
auténoma dequalquer qualificag4o por outra fonte, Para obstar a esta
conclusio incompativel com a nogio defonteimediata torna-se neces-
sarioentender que 0 art. 12, n 2 1, C C nao visa proceder a uma quali-

ficagao das leis e das normas corporativas como fontes imediatas, mas
&
apenasenumeragio das fontes imediatas na ordem
vigentes juridica
portuguesa. Quer dizer:as leise as normas corporativas s6podem ser
fontes imediatas se o art. 1.%,n.2 1,CCnaopretender atribuir-lhes esse
caricter, ou seja, se aquele preceito usar uma linguagem descritiva (ou
constativa) quese limitaa reconhecer as leise as normas corporativas
como fontes dodireito.
b) propésito
A dadistingao entre fontes imediatas e fontes media-
tas,impde-se fazer uma observagdo importante: ndo hi nenhuma relagio
necessériaentre essa distingao e a hierarquia dasfontes. Paraconfirmar
esta afirmagio basta atender a quealgumas fontes mediatas podem ter
uma hierarquia superior 4 das fontes imediatas. Por exemplo: a lei que
reconhece a jurisprudéncia normativa como fonte(mediata) dodireito
estabelece igualmente queas decisdes obrigatérias dostribunais (nomea-
damente, as quedeclaram uma lei inconstitucional) prevalecem sobre a
lei(no caso,a leideclarada inconstitucional).
3.3,Internas¢externas
Quanto a origem, as fontes
dodireitopodemser internasou externas:
internas(de
as fontes um ordenamento)
saoas fontes quetém origem
nessa mesma ordem juridica;
as fontes
externas um (de ordenamento)
sioas fontes tém
que origem numa outra ordem juridica
e quevigo-
ram nesse ordenamento
pormeioderegras de Note-seque
recepgao.
78 DELIMITAGAO
DASFONTESDODIRELTO

podem
estasregras ser impostas
porum sistemaa outro sistemajuri-
dico:é quandosistemaé
o quesucede um subordinado (ounaoauté-
nomo)
perante
outro.
Importa naoconfundir a situagio
em que uma ordem juridicapossui
fontesexternas com a situagio em quecoexistem varias
ordens juridicas
num mesmo espago. Quando uma ordemjuridica
possui fontesextern:
elarecebe ou incorpora fontes de
provenientes outras ordens juridicas.
erentemente,quando varias ordensjuridicas
coexistem num mesmo
espago,vigoram
quesucede
nelefontes
em Portugal com as regrasa
respeitantes diferentes
doordenamento
ordensjuridicas.
juridico
Eo
portugués
eas regras
provenientes dodireitoeuropeu e dodireitocanénico.

3.4, Simples
e complexas
As fontes
dodireitopodem ser simplesou complexas.
Asfontessimples
provémdeum tinicofacto
normativo e as complexas
fontes so aquelas
guesio constituidas
produgao dafonte.
porum factoorigindrioe porum facto
posterior &
As fontes complexas pelo
sio compostas factooriginario
e porum ou
variosfactossupervenientes,
ginrioo u a modificacao
dafonteverifica-se
a
como novagio dafonteporoutro facto
dafonteporinterpretagaoauténtica.
ori-
A novagio
contidana fontese mantém,
quandoa regra mas com

alteragio
dofactonormativo.
Porexemplo:
quando consagra
uma lei uma
quejaconstava deum decreto-lei
solugdo ou quejé
vigorava
como regra
consuetudindria, embora
mantém-se,
a regra com uma nova fonte

A interpretagio de
auténticauma fontedodireito
éaquela
lizadaporuma outra fontedamesma ou dehierarquia
queé
rea-
Assim,
superior.
quando uma fonte interpretauma outra fontehéuma modificagao dafonte
originaria,poisq ue,antes da auténtica,
interpretagéo a fonte¢
apenas 0
factooriginarioe,depois daquela interpretacao,
essafonte passa.a
ser cons-
tituidapelo factooriginario e pelofactosuperveniente deinterpretagio.
IL. Delimitagao negativa
1. Doutrina
1.1.Enquadramento
A doutrina decorre dotrabalho dosjuristas sobre a lei e manifesta-se
na opiniio sobrea solucio deum certo problema juridico. Adoutrina
pode ser fonte
dodireito num sentido individual
ou colectivo,
Podeser

rey
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

atribuida a qualidade defontedodireito4 resposta dadaporum juris


consulto a um problema juridico, que
Foio sucedew no direito romano,
no qual
através
era concedido
doiuspublice aalguns
repondendi
jurisconsultos
ou do ius
o
de
poder o direito
respondendi
definir
ex auctoritateprin-
cipis. Portugal,
Em a glosa deAccurstus (€.
1185-1263) e a opiniao de
BarroLus(1313/14-1357) estiveramprevistas como fontes subsidiarias
nas OA(¢f. OA2.9).
‘Também
do uniforme
pode ser concedida
ou, pelo
a qualidade
menos,prevalecente dadoutrina sobre&
defontedodireitoorienta-
a
resposta
a dara uma questao juridica, houve
Ja épocas quaishistéricas
nas a com-
opinio
‘munis doctorum foifonte dodireito. Em Portugal,a communis
opinio
foiconsiderada uma fonte subsidiariadurante dasOM(cf.
a vigéncia OM
2.5.1.) (cf. 3.64.1).
e das OF OF

1.2,Direitoportugués
actual,
Nodireitoportugués adoutrinanaoé fontedo direito.Nenhuma
opiniaodoutrinarianem
-

mesmo aquelaseja
que unanime tem qual-
~

quer poder
vinculativo
aplicagao
do direito.
ou paraqualquer
paraos tribunais
Asteoriasconstruidas
outro érgio
¢as proposigoes
de
enunciadas
pela doutrina nao siofontes dodireito.
Istonio devefazer esquecer o papel fundamental dadoutrinana vida
juridica.E indiscutivelquea doutrina m oldao direito vigente, criticando
as solucdes legais
e propondosolugdes.
novas E igualmente incontestavel
quea doutrina exerce uma forga persuasiva sobre os tribunais e os outros
aplicadores dodireito,poisque, se ela
se orienta num certo sentidoquanto
4 solugo a dara um certo problema ou se um jurisconsulto deespecial
renome se pronuncia sobrea resposta a dara uma questo juridica, claro
é
queissonaopode deixardeproduzir um efeito persuasivo érgio
sobreo
deaplicagio dodireito. Porestasrazdes, naoé exagero afirmar que,ape-
sar dea doutrina naoser uma fontedodireito n a generalidade dasordens
juridicas, o direitoqueé aplicado nessas ordens é
muito mais0 “direito
dosjuristas―doque0 “direitodoseédigos―.
2. Jurisprudéncia
2.1. FungGes dajurisprudéncia
A fungio jurisdicional¢exercidapelos tribunais, aos quais
compete admi-
nistrara justiga em nome dopovo (cf. 2022, 1,CRP).
art. n? A jurispru-
fey
78 DELIMITAGAO
DASFONTESDODIRELTO

déncia é0 resultado daactividade deciséria dostribunaisna resolugio


doscasos concretos.
A decisio proferida porum tribunalna apreciago deum caso conereto
ser vinculativa
pode nesta apreciagdo na de casos anélogos pelomesmo ou por

outro
tribunal:
gatérioe torna-se uma
hipétese,
fonte
é
essadecisio
dodireito, Nos
c

0 dequeas decisdes
onstitui
sistemas
um precedente
dedireito
dostribunais
obri-
romano
-germinico o principio naoconsti-
tuem precedente vinculativona apreciagio decasos idénticos,
Nodireito
austriaco
a forga
estabelece-se mesmo queas “decisdes [dostribunais]
nunca tém
deuma lei― (§ 12ABGB). Estandovinculatividade permite que
0 juizdeuma acgio possa decidir diferentemente doquedecidiuantes
‘numaoutra causa ou doquefoidecidido,
outros juizes,
cesso pendente,
havendo apenas que ressalvara
quantocasos semelhantes,
a hipéteseem que,
por
num pro-
um tribunal devaacatar as decisdes proferidas
em via de
recurso pelos tribunais superiores(cf.art. 5°,n.°LOFTJ).
2,
2.2. Papeldajurisprudéncia
a)Numaafirmagio muito conhecida,Montesquieu (1689-1755) refe-
riu que“[..]
os juizes danagio naosao[..]sendoa boca quepronuncia as
palavras
mente
dalei―.Avisdoquese tem hoje
diferente,sendoreconhecido queo juiz,longe é
dajurisprudéncia substancial-
deser um autémato
queaplica a lei a casos constréi
coneretos, a decisio docaso concreto a
partirdasfontes e desempenha uma funcioenformadora daordemjuri-
dica,Osentido actual dajurisprudéncia
estamuitoproximo doseu étimo
latino(juris+ prudentid), dadoquea prudentia latina(derivadadafronesis
‘grega)
integra a sabedoria pratica
e a capacidade e dedeci-
de raciocinar
dirdeforma
sensata'’,

Embora
avinculagio
Atendendo
afirmar
que“o
juiz «descobre»
o papel
&
dojuiz lei (¢f.
art. 2032CRP),possivel
s6¢
mas naotem de0 «inventar»"®
o direito,
dajurisprudéncia
naodeva s er sobrevalorizadonomea-
-

a aplicagio
damenteporque dodireito © actividade
Ãuma quotidianaques6
numa pequenaparte desempenhada
é pelostribunais-, a verdade
éque,

°
Mowresquirv, deslois(1748),
Deesprit XI,
°

‘
Gf.AnisréreLs,
Richter
FLumE, a
Eien Nicémaco,
undRecht,
i WeRNER
245s,(ra.port, Lisbon2004)
11403
FLUME Gesammelte I (Kéln
Schriften 1988),
20.

Ls
REGIMEDASFONTESDODIREITO

quando talsucede, o direito pela


“trabalhado― jurisprudénciaacaba por
se sobrepor ao direito definido pelolegislador"―
b)Ajurisprudéncia nao¢ fontedodireito', mas issonaodeve fazer
esquecer o importante papel que desempenha
ela na vida Qual-
juridica.
querdecisiodostribunais ¢,principalmente, dostribunaissuperio-
~

res constitui um modelo


~

paraoutras decisées sobre a mesma que


dedireito―,Seé verdade quea jurisprudéncia nfo é fonte dodireito,ela
&sempre uma fonte doconhecimento dodireito―,
Além disso, a jurisprudénciaadapta constantemente os textos legais &
dos Sabe-se
evolugiotempos. que,quanto antiga lei, mais fora maior éa
possibilidade da sua desactualizagéo;no entanto,a sua aplicagaojurispru-
dencial pode adapté-la a novas realidades e dar-lheum novo significado―,
Porexemplo: suponha-se queum texto legal determina a forma escrita
paraa celebragao deum negécio; a jurisprudéncia pode quea
entender
comunicagao atravésdecorreioelectrénico (email)&equivalente &forma
escritareferida na lei.
Ajurisprudéncia também estareservada uma importante fungio na
concretizagio deconceitos indeterminados. Porexemplo: a jurisprudén-
cia,a o concretizar conceitoscomo o dadiligéncia dobompaidefamilia
(cf.
art. 4878, CC) justa
n22, ou oda de causa dedespedimento (cf.
art. 53°
CRP), contribui decisivamente para o entendimento dessa diligéncia
ou
justa causa no ordenamento juridico.
Diepericusen,
¢) analisando 0 construtivo dajurisprudéncia,
papel encontra
quatro utilizadas
técnicas nesta fangai
A diferenciagio
~

prudéncia
conceptual:
entende
integraprevisio
a da regra R
a
previsio
que0 conceito x deve
s;
s er distinguido x
daregraR,utiliza0 conceitoa juris-
doconceito y que

Cf. Esser,Richterrecht, undGewohnheitsrecht,


Gerichtsgebrauch FSFritz von Hippel
(Tbingen1967),
113, referindoque juizélivee
“o
& lei~ mas
e s6 estasujeito alet &oque
ele proprio
devidamente entende c omo tal―;
em sentido muito semelhanteno ambiente da
commonlaw,
©
Sobre
1985,
ef
GRAY,
a discussio
149s
oftheLaw(New
TheNatureandSources
ef,BYDLINSKI,
do problema,
York1909),
119 162
¢
zum Richterrecht,
Hauptpositionen JZ
Sobre os requisitos
‘geglickter
2"
para
richterlicher
ByDLINski, Jurstische
jurisprudencial
a construgio
Rechtsfortbildung
(Karlsruhe
Methodenlehre
1968), ef
doditeto, LaReNz,
1ss.e13
undRechtsbegritf®
(Wien/New
Kennzeichen

York1991),
594,
®
CfHinsex,Richterrecht undGesetzesrecht, 334,referindo-se
JR1966, ajurisprudéncia
como um a “fonte
dodireito
modificadora
dodireito―(rehtsindernde
Rechtsquell)
136
578 DELIMITAGAO
DASFONTESDODIRELTO

~
Atransferéncia
conceptual: a previstodaregra R,,quedetermina a consequén-

C,, cia emprega


ye xy; previsto
ceitoy quepode
0 conceito
daregra
x,quecomporta
R,,queestabelece
ser interpretado
designificado
aspossibilidades x),
C;,utilizao con-
a consequéncia
deuma nova
sequéncia
y, ¢.y,;na
no sentido

ajurisprudéncia
valoragio,
devem
Arredugio a
antesser integrados
entende queoscasosquecabiam
nosentido x ,passando
o conceito xconstante da
n a interpretagio,y:
constituirainterpretagio
daregra
xj
Rcomporta,
~

conceptual: previsio
ossignificados
habitualmente,
xydeixa x,
ex;
possiveis entende
jurisprudéncia
significados
de
integrar os que
osignificado
dex;
~
Aextensio
tiva
consequéncia previsio
conceptual: daregraR
exige, produgio
a
doselementos
para
ajurisprudéncia
C,a verificagdo E,4 :
a darespec-
entende
aprodugio
que,para dessa
consequéncia
doelemento
Ey
verificagio
C,Ãainda
indispensivel© a

Orientagoes
2.4. doutrinarias
papeljurisprudéncia, alemao
Referindo-se
a da (1837-1907)
o processualista BOLow
a afirmar
chegow legislador
queo direitoemanadodo “nao
é
aindadireito
vigente
deu ma ambicionada futura
(Geltendes
Recht), 6apenasum
plano,apenas o
projecto
ordem juridica"®,Afungaocriadoraque¢ desempenhada porqualqueraplicador
dodireitoe,em especial,pelostribunaislevou EsseR (1910-1995)a atribuirjuris-
prudénciaum a
funcio “transformadora―
deprineipios pré-positivos
em regras
juri-
dicaspositivas*.Os juridicosalgo
principios sio que descoberto,
"é compreendido
¢preservado como elemento no precedente―
positivo estabelecido
pelas decisdes
dostribunais®,Antesdadescoberta
s6ha“principiosinformativos―
dosprincipios
guides",
ou “meras para.a
solugéo decasos concretos
poisqueestass6adquirem legal
authority
atravésdeuma jurisprudéncia
constante―.
(
papel queestareservadojurisprudéncia
docaso―
a “norma
&

definida
(Fallnorm),
conduziu
como “[..]
aquela
FIKENTSCHER a construir

regradodireito objectivo
queatribuia uma factualidadecarecida desolugio juridica
a consequéncia queThe
Esta “norma
corresponde―®. que docaso― é,
no fundo, anorma que aplicador
o do

®

FranzWieacker
Zur Begriffstechnik
Dirpenicnsen,
(Gottingen 1978),
330
s
richterlicher
s. im
Rechtsfortbildung
Zivilrecht,ES
®

%
BilLow,
Geseta
Essex,
undRichteramt
Grundsatz
undMethodenwahl
(Leipzig
*
undNorm (Tabingen
i n derRechtsfindung
1885), 3
52 Essee,
1990),ef.também
(Kronberg/Ts.
s;

1972),
187ss.
Vorverstindnis

2%
»
Grundsatz
Esser,
Esser,
Grundsatz
undNorm4,267.
undNorm,885,
®
»
Grundsatz
Esser, undNorm, 267.
MethodendesRechtsin vergleichender
Frkentscuer, Darstellung
IV (Tabingen
197), 202,

ir
REG E
DASFONTES DODIREITO

direitoconstr6i parafundamentodasuadecisio produz


~
um “efeito
fururo―
ou um
“efeito rna medida
expansivo’ em queela¢ a outros casossemelhantes―,
aplicavel
A “norma docaso―
&uma construgioqueevidencia
a transformagio queo direito
é
aplicado
legislado
que, do Mais
principio
o dodiscutivel
sofrequando
porimposigio
de a casosconcretos.
daigualdade,aplicador deve
éa aceitagio
direito

partir,nio
dalei,m asda“norma
titui apenas outro
aplicador
docaso―
aconfirmagio―
uma“ajuda
para
jaconstruidapor
dasolugio
segundoa
e deque a
do
“norma
le co
caso―.

Jurisprudéncia
2.5. constante
paradigmas
Aobservincia dos estabelecidos
ou modelos dedecisio nas

prudénciadé ainterpretagio
decisdes jurisprudéncia
dostribunais
origem juri constante. Esta

¢
concretiza o desiderato
aplicagio
dodireitoaos casos andlogos
da
(ef. 8°, 3,CC),qualaliés,
art. n.° o é,
uniformes
uma
do
imposigioprincfpio daigualdade (cf.
art. 13%,
n? 1, CRP). A jurispru-
déncia
constante também incrementa a confianga no sistema juridico,na
medida em queo sentido dasdecisdes dostribunais se torna previsivel
expectivel,
epermite poupartrabalho aos tribunais,
pois queestespodem
ciagio
a reproduzir
limitar-se
decasos semelhantes.
daprevisibilidade
as proferidas
decisdes poroutros tribunaisna apre-

Através quefornece asdecisdes dostribunais,a juris


prudéncia importante confianga.
constante é
um factor de Estaconclusio
colocaa questio ser modificada
desaberse essa jurisprudéncia
pode a

qualquer momento ou se,pelo deveser tutelada


contririo, a expectativa
daspartes em que0 seu caso seja
cia constante. A resposta
resolvido
a estaquesto
deacordo
deveser dada em dois a
c om jurisprudén-

planos.No
plano positivo,
dodireito ha queconsiderar
que, atendendo a quea juris-
prudéncia nao é fontedo direito,
naohaqueseguir qualquer analogi
pelo o
com principio danaoretroactividade
queos tribunais podem alterar,
daleinova (ef.
na apreciagao
art. 122,n?
dequalquer
1,C C),
caso con-
creto,uma jurisprudéncia Istonaosignifica
constante®. que,num plano
doutrindrio,naopossam ser considerados
vantajososalguns mecanismos
® Methoden
Frxenrsciter, desRechts
IV, 205.
®

5158s. f. IV,220; ByDLINskr,Juristische


Fixentscier,MethodendesRechts Methodenlehre*,
®

zur
Cf Bypawska,
beschrinkten
Richterrecht/Der
Richterreche
Bindungskraft
ber
Jahre
Prijudizien,
von in
Bundesgerichtshof
aus
Bundesgerichtshof/FG
i n $0
Zivilsachen
der
I(Miinchen
Wissenschaft
segundo
qual na
mudanga
a 51,
2000), a“teoria
rejeitando
urisprudéncia
uma
doretardador―
constante
poderia
(«Zeitsindertheories),
valer
para.
os
casos
novos.
s6

ir)
78 DELIMITAGAO
DASFONTESDODIRELTO

destinadosa salvaguardar daspartes


a expectativa no proferimento
de
uma decisiobaseada
na jurisprudéncia
constante,tendonomeadamente
presente daconfianga
o principio quedecorre
do Es

craticoconsagrado
no art. 2."CRP―.

uniformizada
2.6.Jurisprudéncia
Ajurisprudéncia
mos,demodo
mesma questio
uniformizada ¢
a evitar0 proferimento ¢pelos
aquela tribunais
que fixada
dedecisdes
dedireito.Ecerto que“cada
s

contraditérias
caso éum caso―,
sobr
pois que,
aindaqueos casos sejam anilogos (porque,
porexemplo, todosse referem
aacidentes deautoméveis ou a
incumprimentos decontratos),os factos

alegados
causa (0s
numa acgao
acidentes
em momentos,
sempre
sio diferentes
ou os incumprimentos
em lugares
dosfactos
¢em circunstncias
alegados
distintas).
numa outra
ocorreram necessariamente
No entanto, 0
direitoaplicavel aos casos andlogos deveser 0 mesmo,pelo que se veri-
ficauma contradicio entre as deciséesquando estas divergiremsobre 0
direitoaplicévelna solug4o decasos semelhantes. Comoestacontradiga0
p6e em causa a interpretacio e a aplicacao
uniformes dodireitoreferidas
no art. 8, n23,CCe os prineipios daconfianga e daigualdade, ¢
neces-
sdrioencontrar mecanismos quepermitam uniformizar a jurisprudéncia.

2.7. Uniformizagio
dejurisprudéncia
uniformizada
A jurisprudéncia destinada
-

decisoes
a evitar ou a resolver
contraditérias
sobre juridica
a mesma questio ¢ admissivel
-
no ambito
doprocesso do
civil, processopenal
e docontencioso a dministrativo.
Os
regimeslegaisinjustificadamente
sio algodistintos em cadaum destes
processos.
No ambito
doprocessocivil,auniformizacao
pode ser obtida querda
através
ampliada,
revista ou do do recurso pelas
seja, julgamento secgdeseiveisdo ST]
(cL.art.732.-A
¢
recurso
CPC),querdo
732.-B

770.!
jurisprudéncia
extraordinario
(cfart. 763.°a CPC). duas
Esterecurso comporta
de
parauniformizagio
modalidades.
Umadelas
iudice:as ¢a
de
partes
este tribunal
tenha
ecom
um recurso deAmbito

para
opleno
podem
individual
recurso dassecgées
interpor
um acérdio
deciséria
fungao no casosub
civeisdoST} quando
proferido queestejaem contradigiocom outro por

Sobreo problema,
®
Grundaiige
ef,ByDLINskr, derjuristischen (Wien
Methodenlehre
2008),
120ss.

i)
REGIMEDASFONTESDODIREITO

eleproferido
direito
io fundamental
de
no dominio
anteriormente,
(art. CPC).
763.",n 1, ea
da mesmalegislagao
sobre
mesmaques-
Aoutra modalidade
corresponde
interposto
41.umrecurso unificagio e fungio
no interesseda dodireitosem deciséria

quando se
no casosubiudice:0 recurso foradmissivelnostermos gerais,o Pablico,
Ministério
no sejapartena causa, deve
interpor uniformizagio
ju
recurso para de
embora,
prudéncia,
‘ternenhuma
No ambito
a (art, CPC).
resolugto
nestecaso,
influéncia
doprocesso
na decisio
conflitojurisprudencial
do
dacausa 766.°
naopossa vit

dorecurso
uniformizacio
penal,a conseguidaé através

(de 448.°
extraordinario
fixagiojurisprudéncia
para de (cf. art. 437.°a
CPP). Esterecurso
também admiteduasmodalidades.
parao das
interposto pleno secg6es ¢
Umadelas cardcter
0
preventivo)
do doacérdo
criminais
ST}
recurso
nfo transitadoque,
no dominio legislacio,dado, a questio
damesma tenha sobre mesma dedireito,uma
oposta queconsta deum acérdio
solugio aquela anterior, querdo
ST](art. 437.4,
no 1,
CPP),
dadeé
querdeuma das
Relagdes
(ct.
0 recurso no interesse daunidade
do
CPP).
art. 437, n2 2,
direito, queé
fixagio
Aoutra modali-
0 recurso para de
queha (art. CPP)Repiiblica
jurisprudéncia
deuma decisio
¢ d eterminagio
interpostopor doProcurador-Geral
transitadamaisdetrinta dias 447.5,n.*1,
da
ou o recurso

¢
que interposto Procurador-Geral
zagiode
pelo
jurisprudéncia
da
Reptiblica
com o fundamento
deum acérdo
dequeesta se encontra
ultrapassada
deuniformi-

447,n22,
(art. CPP).
imbitodo contencioso adi inistrativo,
‘No dajurisprudéncia
a uniformizacio
também
pode deduas
ser obtida formas.Umadelas
(denatureza preventiva)
é0
julgamento
ampliadodorecurso, isto é, portodosos juizesqueinte-
o julgamento
a secgao
‘gram
tes ou pelo
A
doSTAou doTCA (art.
dejurisprudéncia,
uniformizacio
Publico,
Ministério
148°CPTA). outra forma
que¢o recurso interposto
no prazo
é0 recurso para

para0 STApelas par-


detrinta diasa contar dotransitoem jul-
gado doacérdao
impugnado,
quandoeste acérdioestiver em contradicio, sobrea
questio
‘mesma
fundamental
(art,1522,n#
1,CPTA). do
TCA
dedireito,
com um acérdo anterior ou doSTA

2.8. Valordauniformizagio
a)A jurisprudéncia
uniformizada obrigatéria
naoé paraos tribunais,
nem
mesmo paraos tribunaisinferiores
daordema quepertence o tribunal

queproferiuo acérdao
de uniformizagaodejurisprudéncia
(cf.
art. 445°,
123,CPP).significa
Isto a uniformizada
que jurisprudéncia pode nao ser
considerada
uma fonte dedireito.
Emtodoo caso,a jurisprudéncia
uniformizada
tem, paraalém deum,
especialpersuasivo, legal
valor um valor especifico.
No processo civile
no contenciosoadministrativo ¢
sempre qualquer
admissivel, queseja0
valordacausa,interpor que sigajurisprudéncia
recurso dadeciséo nao a
78 DELIMITAGAO
DASFONTESDODIRELTO

uniformizada (art.6782,n2 2,al.¢), CPC; art, 142,n. 3,al.¢), CPTA).


Noprocesso penal, o Ministério Publico d eve recorrer dequalquer deci-
so proferida contra jurisprudéncia fixada pelo STJ (art. CPP).
4463,n.°2,
b)A jurisprudéncia uniformizada tem uma eficadcia dado
retroactiva,
que elavai ser aplicada que praticados
a factos foram e a situagoes
que
foram constitufdas antes dessa uniformizagio. Pode perguntar-sese,em
certas
hipsteses,
quepode
eficécia
essa
ser retirado doEstado
retroactiva naoviola
dedireitodemocratico
Umaforma deevitarestaviolagio
daconfianga
o principio
quese encontra
consagrado CRP.
no art. 2.° éreconhe-
cer queo tribunal queprofere a decisio d euniformizagio pode (oudeve)
a eficaciaretroactivadesta decisio.
restringir
A jurisprudéncia uniformizada naoé uma fonte dodireito, peloque
0 interessados que recorrem a juizo podem com a aplicagio
n ao contar
daleinos termos definidos pela jurisprudéncia uniformizada. Emtodo0
caso cabe perguntar se o referido principio da confianca pode
néo consti-
tuir, em certas hipéteses,
causa e um factor
uniformizada.
queimpoe a
um limite liberdade
a vinculagao desse
dedecisiodotribunalda
tribunalajurisprudéncia

2.9.Conversio dosassentos
a)Naversiooriginaria do CC, CCestabelecia
o art. 2.° que“noscasos
declarados podem
na lei, os tribunais fixar,pormeio deassentos, doutrina
com forca obrigatéria
geral―,atribuindo o valor
defontedodireitoaos
assentoseram aqueles
daocom forca
a
assentos.Oscasos em que leideclarava
em quehavia
queos tribunais
quesolucionar,
podiam
de
através um
emitir
acér-
obrigatoriageral, oposig&o
uma dedecisdes sobre a mesma

questao fundamental dedireito(¢f. art. 7638,n? 1,CPC/67).

actual a
Com introdugio,
art. 1122,
nalidade
pela 1/82,30/9,
n2 5,CRP,
LC de
cedose comegou
dosassentos: o art. 2.°
do entio art. 1152,
a questionar
CCseriainconstitucional,
n. 5,¢
a constitucio
porqueargu-
~

o quese dispde
mentava-se -, violando naquele preceito constitucional,
conferea actosdenatureza jurisdicional o poderde,com eficdcia externa,
interpretarou integraractos legislativos.Aderindoa esta orientagio, oTC
declarou inconstitucionalo art. 2°CC,“na parte que
em atribuiaos tribu-
naiscompeténcia parafixardoutrina com forga obrigatéria
geral―*,Por

8
de28/5,
Ac,TC753/96, DR, de18/7/1996,

ui
REGIMEDASFONTESDODIREITO

estasrazes,0s assentos depoder


deixaram ser fontes
doordenamento
portugués,
juridico tendo, n DL
alids, 4, 2, 329-A/95,
o art. de12/12,
optado
porrevogar
0 art. CC
2°
b)Mostrando-se sensivel
a0 contributodosassentosparaa confianga
nosistema,o legislador
entendeuatribuiraos assentosquetinhamsido
proferidospeloSTJomesmo valordosactuaisacérdaosdeuniformizagio
dejurisprudéncia:é
esse0 sentido
doart,172,n.°2,
DL329-A/95, Note-se
que,apesar doseu efeitoretroactivo, n2 2,DL 329-A/95
o art. 17%, nio-
afecta produzidos
os efeitos pelos
assentosno passado (ef. 1
art. 129,12
28parte, CC).

%
complementares:
Leituras CastanttetnaNevES, e a Fungio
O Institutosdos«Assentos»
Juridica
dosSupremos (Coimbra
Tribunais 1983);CastANHeIRA O Problema
Neves, da
Constitucionalidade (Comentario
dosAssentos ao Acdrdion. 810/93doTribunalConsti-
tucional)
(Coimbra
1994).
rey
§
8.2MODALIDADES
DAS
FONTES
00DIREITO
I. Fontesexternas
1. Direitointernacional
piiblico
O direitointernacional tem diversas talcomo
fontes, consta do
art.38,n.°1, ETY, havendo que distinguir, quantoelas, o direito
a entre
internacional comum e convencional. O direitointernacional comum ¢
constituido, entre outras fontes,pelo costume internacional (resultante
deuma “pritica geral aceitecomo direito―) e pelos principios geraisde
direito
cipios
reconhecidos
fazem parte
pelas nagdes
integrante
civilizadas.Aquele
dodireitoportugués ¢
costume
(art.
estes prin-
82,n.? 1,CRP).
O direitointernacional convencional éconstituido pelasconvengdes
internacionais— que,quando ratificadas ou aprovadas,
vigoram na ordem

juridica portuguesa depois depublicadas (ef.art. 82,n? 2,CRP) ~e por


outros instrumentosdeharmonizagio e deunificagio legislativaqueso
ou se tornam vinculativos paraos Estados como é
~

0 caso dasnormas
emanadas dosérgios das
competentesorganizages internacionais de
quePortugal
quando
sejaparte, quais
as
vigoram
talse encontre estabelecidonos respectivos
ordem
directamente
interna,
na
tratados constitutivos
(art. CRP).
8, n.°3,
2. Direitoeuropeu
2.1. Modalidades

peia,importa a
a)AtendendoquePortugal
considerar
um dos
é
o direito
Estados-membros
daUnio Euro-
e derivadoque
europeuoriginério
- ~

vigorana ordem juridica


portuguesa, originario
Odireitoeuropeu é
c ons-
tituidopelostratados
queestaona da
origem Europeia:
Unio estedireito

ir)
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

érecebido
na ordemjuridica
portuguesa dodis
através
no 4,CRP.Odireitoeuropeuderivado ¢ pelo
constituido direitoprove-
nientedosérgios
dasinstituigdes
europeias (designadamente,
0 Conse-
IhoEuropeu, Europeia
aComissio e o Parlamento
Europeu):
este d
6recebido juridico
no ordenamento portugues doestabelecido
através no
art. 85n24,CRP.
b)Odireitoeuropeurege-seporalguns fundamentais.
prineipios
Quanto
diariedade:
na medida
a o direito
sua criagio,
segundo esteprincipio,
em queos objectivos
pelo
orienta-se
europeu
a
dasubs!
principio
UnidoEuropeia
naopossam
intervém
ser suficientemente
apenas¢
se
realizados
pelosEstados-membros e, em contrapartida,
possam ser melhoralcanga-
dosa0 niveleuropeu (art.5:4,n."
1 3,TUE).
¢
Quanto
doprimado &
sua aplicagio,
e doefeito
o direitoeuropeu
directo(ambos,
orienta-se pelos
alias,
com origem
principios
jurispruden-
cial),
Segundo doprimado,
o principio o direitoeuropeu prevalece
sobre
0 direitointerno dos Estados membros'. Segundo o principio
do efeito
directo,os efeitos imediatos,produzidos pelodireitoeuropeu na esfera
dosindividuos, devemser respeitadospelosEstados-membros?.
2.2.Fontes
fontes
Asprincipais do direito saoos regulamentos,
derivado
europeu as
directivas (Cf. 288%,
¢as decisdes art. § TFUE).
1’, Em conereto:
Osregulamentos
~

os seus
tém
um caricter
elementos geral,
sendo
obrigatérios
apliciveis
e directamente
em todos
em todosos Estados-
-membros
(art. §
2882,28,TFUE);
As directivas vinculamo Estado-membro destinatario
quantoao
resultado a aleangar, deixando,entanto,
no as instdncias
nacionais
a competéncia quanto& formae aos meios (art. §
288., 3, TFUE);
as directivas necessitam,porisso, (sobre
deum acto detransposi¢ao
este acto,c f.art. 1128,
n.28,CRP);
~

AsdecisGes s4o obrigatérias


em todos os seus elementos
paraos res-
destinatarios
pectivos (art. §
2882,42,TFUE).

°

®
C£TJCE
CETICE (6/64,
VanRee.
15/7/1964 Costa/Ewer),
(26/62,Gend
$/2/1963
1964,1141.
en Loos),
Ree.1963,
205.
58 MODALIDADES
DASFONTES
DO DIREITO

Il, Fontesinternasimediatas
1. Generalidades
As fontes
dodireitointernasimediatas10a lei,as normas corporativas
€
0 costume.

2. Lei
2.1,Nogio
A lei tem, dentrodasfontes especial
intencionais, relevancia.
A lei é
considerada uma fonte
como qualquer enunciadolinguisticoart. pode
ser
imediata pelo 1.,n 1,CCe
significado
cujo
definida
sejauma regra
juridica.
2.2.Leismateriaise form:
a)Eusual
sentido
distinguir-se
material é em
entre leis sentido
qualquer linguistico
enunciado
material e formal®,
cujo
A leiem
significado seja
regra
‘uma juridica. Aleiem sentidoformal éo enunciado linguistico cujo
significado éuma regra juridica equeemana deum érgio com competén-
cialegislativa e, portanto,deum acto legislativo (cf.
art. 112!,n2 1,CRP).
Assim, atendendoa que,para esteefeito, haqueconsiderar, como érgios
com competéncia legislativa,aAssembleia daReplica, oGoverno e as
Assembleias Legislativas Regionais, sio leisem sentido formal:
=
Asleisconstitucionais, isto&,aquelas queprovém daAssembleia da
Repiiblica no exercicio d epoderes constituintes (¢f.
art. 161. a a),
l.
€1663, n2 1,CRP);
~

AsleisdaAssembleia daRepublica (¢f.


art. 161!, al.d),€1662,n23,
CRP), incluindoas leisorginicas (cf.art. 1662, n. 2,¢168,n2 5,
CRP) eas leisreforgadas (cf.art. 1682, n 5,CRP);
~

Osdecretos-leis doGoverno(¢f. art. 1982, n? 1,CRP);


~

Osdecretos legislativos
regionais (cf.art. 227%, n! 1,CRP).

b)Umcaso especial de leiem sentidomaterial éa lei interpretativa,

que & lei que realizaa interpretacio auténtica deoutra lei.A leiinter-
pretativa ndo tem um cardcter inovatério, o que justifica a atribuigao de

» dadistingio,
Sinne,,
‘materiellen
histérica
Paraum a perspectiva
(Leipzig
1888),
ef,HaENEL,
Studien2 um Deutschen
formellen
DasGesetz.im
II/2
Staatsrechte
undi m
99ss;Korn,
Inhalt I(Ziirich
1958),
ss,
undFormderGesetze 12

us
REGIMEDASFONTESDODIREITO

eficdcia retroactivaa essa lei (cf. art. 13, n.? 1,C C). Istosignifica que
a lei interpretada vai ser aplicada, com o sentido queIhefoidadopela
lei interpretativa, mesmo a factos ocorridos antes doiniciodevigéncia
desta lei.
©) Asrelagdes entre as leisem sentido formale em sentido material
podem ser diversas.Hé leis que simultaneamente
sio leismateriais (por-
quesioenunciados cujo significado sio regras juridicas)e formais (porque
provém deérgios com competéncia legislativa). As leisemanadas dos
érgios desoberania s2o, na sua generalidade, simultaneamente leisem
sentido material e em sentido formal. E0 quesucede, porexemplo, com
uma leidaAssembleia daRepiiblica (¢f.161. c),CRP) um
art. a l. ou com
decreto-lei doGoverno (ef. art. 1982, n° 1,al.a), CRP).
Hi leisem sentido material (porque sto enunciados cujosnao
ignificadosto
regras juridicas)que nao sio leis em sentido formal(porque provém de
6rgios competéncia
com legislativaprovém
ou néo de érgiosno exercicio
decompeténcia E0 caso,respectivamente,
legislativa). dosregulamentos
dasautarquias (¢f. CRP) regulamentos
locais art. 241.° e dos doGoverno
Gf.art.
1992,e
al.¢),
1122,
d) Um problema
n.26,
importante
CRP).
é0 desaber
em quesentidodeveser

questionar-se&
entendida leinos textos legais,
a referéncia que,muitasvezes,pode
pois
se essa referénciase reportaa leisem sentidomaterial ouem_
sentidoformal. Naoparece quepossa ser dada u ma tinica
resposta a esta
questo, dependendo
tudo da dafonte
interpretacio legal. Porexemplo:
aigualdade perante (¢f.132,n.°
dos cidadaos alei art. 1,CRP) uma igual-
é
dade perante qualquer lei, seja
em sentido material ou formal; a vinculagio
lei&
dostribunais lei (cf. art. 2032 CRP) valequerparaa lei material, quer
paraaformal,
e garantias(cf.
Emcontrapartida,
art. 18,n.?2 e 3,CRP) sépodem de
as leisrestritivasdireitos, liberdades
ser leisformais, porque
esas restrigdescabem na reserva relativa decompeténcia daAssembleia da
Republica (cf.art. 165.,n? 1,al.b), CRP); omesmo pode ser ditodas leis
quecriamimpostos (cf.
art. 1032,n.22, CRP), porque a criagio deimpostos
36pode ser realizada atravésdeuma leidaAssembleia daRepiblica ou,na
sequénciadeuma autorizacio legislativa,deum decreto-lei doGoverno
art.1652,n2
1,al. CRP).
i),
+

Fondamenti a
Criticoperante
retroactividade
teorici (Milano
2010),
145
ef.Guastist,Le fontideldiritto/
dalel interpretativa,

M6
58 MODALIDADES
DASFONTESDO
DIREITO

2.3.Actosnormativos
A todaa leiestasubjacente Odisposto
um acto normativo, no art, 112."

regulamentar:
0 acto ser pode
CRPmostraque0 acto normativo
decorre
legislativo do
um acto legislative
exerciciodeuma
ou um acto
competéncia
do
legislativa
regulamentar
o acto
trativa dodrgio
edé
érgiopratica
origem
queo
decorredoexercicio
auma leiem sentido
formal;
deuma
competéncia
e produz
um regulamento.
adminis-
queo realiza
Excepto no caso dosregulamentos
independentes (cf.
art. 112,n 6
in
fine,CRP), doacto regulamentar
deveconstar a lei queelevisa regu-
lamentar ou quedefine subjectiva
a competéncia e objectiva paraa sua
emissio (art, CRP).
112.%,n7, justifica-se
Esteregime pela
circunstincia
deo acto regulamentar
(fart. 1 al.
992, c),CRP).
a possibilitar
se destinar “boa
adasleis―
execugao

2.4.Actoslegislativos
Asleisem sentidoformal deactos legislativos.
decorrem Estesactos cons-
tituemuma tipologia
taxativa: leipode
nenhuma criaroutras categoriasde
actos legislativos,
de,com eficacia a
nem conferiractos denatureza
externa,interpretar,
nao
suspender
modificar,
integrar, ou
o poder
legislativa
qualquer
revogar (art.
dosseus preceitos 1122,n25,CRP).
haqueconsiderar
Nosactos legislativos, (art.
os seguintes1122,
n2 1,

CRP):
~

AsleisdaAssembleiadaReptiblica,
(fart.166,n.1, e286, CRP),
n.22, as
o queinclui eisconstitucionais
as leisorganicas(cfart. 166°,
n22,¢1682,n25, CRP), as leisdevalor reforgado(cf.art. 112°,n23,
1662,n2 2,1682,nS e 6,CRP) eas leis(ordinarias)(cf. art. 166.
ser promulgadas
n2 3,CRP); estasleisdevem pelo Presidente da
Repiblica(art.1342, a l.b),CRP), devendo esta promulgacao ser
referendada
pelo Governo (art.
1972, n2 1,al.a),CRP);
=
doGoverno(art.
Osdecretos-leis 1982, n. 1,CRP); os decretos-leis

ser
devem promulgados pelo Presidente
CRP), depoispromulgagio pelo
sendo esta
da Repitblica
referendada
(art. 1342, al.b),
Governo
(art. n. 1,al.a),
1972, CRP);
~

legislativos
Osdecretos (art.
regionais n.21,CRP);
112,n.24,2272,
os legislativos
decretos pelo
so assinados
regionais Representante
daRepublica Regio
na respectiva (art.
Auténoma 233.,n!1C
, RP).

ur
REGIMEDASFONTESDODIREITO

2.5, Actosregulamentares
a)Osactos regulamentares pelo
numerusclausus
naoestioabrangidos que
éimposto
criados
ser
pelo art,
1122, 5
n.’
quaisquer
,
C RPaos
actospelo
que
legislativos,podem
actos regulamentares
¢pode ser conferidaa actos
deoutra natureza 0 poder de,com eficécia
externa, interpretar,
integrar,
suspender
modificar, ou revogar dosseus preceitos
qualquer
b)Nosactos regulamentares, hi quedistinguir aquelesqueprovém
doGovernoe aqueles quesio produzidos poroutras entidades. Provém
doGoverno os seguintes regulamentos:
Osdecretos
~
e os decretos regulamentares(art. 112,n.26,¢1993,
al.c),CRP); regulamentares
0s decretos devem ser promulgados pelo
identedaRepublica 134,al.b),
(art. CRP), devendo estapromul-
gagio ser posteriormente pelo
referendada Governo (art.
1972,n."1,
al.a),CRP); os demais decretos sioassinados peloPresidenteda
s6

Repiiblica (art.134,al.b)inifine, CRP);


As portarias,
~

os despachos normativose as resolugées


doConselho
deMinistros; estesregulamentos nao estéoprevistos,como tal,na
CRP, mas tém uma base consuetudinéria;
estes regulamentosnao
promulgacio
de
necessitam presidencial.
Saoproduzidos
poroutras entidades regulamentos,
os seguintes qual-
querquesejaa formadequese possam revestir:
Osregulamentos
=
daadministrag4o como, porexemplo,
auténoma,
a posturas e os regulamentos municipais(cf. $3, n.°2,
art, al.a),
L 169/99,de 18/9)a s posturas e regulamentos defre-
dasjuntas
guesia€f.
art. 17%,n22,al.j),L169/99);
Os regulamentos daadministragio
indirecta,
nomeadamente aqueles
quesoproduzidos pelas
entidades independentes
administrativas
com fungio deregulagio
Gf.art. 102.2CRP), a Comissio o
e desupervisao,
como Banco
doMercado dosValores
dePortugal
Mobilidrios
(CMVM), 0 Institutodos
Seguros dePortugal (ISP)
e a Autoridade
Nacional dasComunicages (ANACOM);
~
Osdecretos regulamentares questo regulamentos
regionais, dacom-
dos
peténcia regionais;
Governos
~Osestatutos,quesio regulamentos produzidos colecti-
porpessoas
vas dedireito
e
piblico destinados
a
organizagio
definir
a sua interna
58 MODALIDADES
DASFONTESDO
DIREITO

(porexemplo:
EstatutosdaUniversidade
deLisboa,statutos da
Faculdade deLisboa);
deDireitodaUniversidade
~
Osregimentos,
namento que
sto regulamentos
dedrgiios
colectivos
bleiadaRepiblica
quedefinem
(por
ou o Regimento
o modo
exemplo:
defuncio-
o Regimento
doConselho
daAssem-
deEstado);
~

Asinstruges,que sioactosdecaracter administrativo


queregulam
bemcomo os procedi-
deum servigoadministrativo,
a organizagio
mentos neleadoptados neleexigidas.
e as condutas

2.6.Actosatipicos
Além e dosactos
dosactos legislativos hi aindaactos
regulamentares,
normativos E0 caso,porexemplo,
decaracteratipico. dosdecretos do
daRepiiblica,
Presidente dasresolugdes daRepublica
daAssembleia e
dosdecretos daRepiiblica
dosRepresentantes Auténomas.
nas Regiées

2.7. Ambito territorial


a)As leis(66materiaisou simultaneamente podem
¢formais)
materiais
ser

~
centrais,
¢
regionais locais:
Asleiscentraissio as leisproduzidas pelos
érgios desoberaniae des-
tinadas,principio,
em a vigorarem todoo territério nacional;
essas
leispodem
CRP) ou da
provir
doGoverno
Assembleia
(¢f.
art.
da
n?
Republica
1982, 1,
 ¢
(f.
1992,
art.
al.
1662,n."
c),CRP);
1a3,
~

As leisregionais saoas leisemanadas dosdrgios legislativos


das
e daMadeira(cf.
Regides Auténomas dosAcores art. 2272,
n2 1,

CRP);
~

so as leis(66
As leislocais material)
e m sentido produzidas
pelas
locais
autarquias (cf.art. 2412 CRP).
b)Asautarquias locais
séo pessoas territoriais(cf.
colectivas art. 2354,
n2 2,CRP) ¢as leis(em sentido material)
delas e manadas sao fontes
dodireito.O disposto CRPenquadra
no art. 241.― a competénciadas
locais:
autarquias as leisdasautarquias podem
locaissé revestir-se de
cardcterregulamentar,
devendo
obedecer
&CRP, asleise aos regula-
mentos emanadosdasautarquias
degrausuperior
ou dasautoridades
com poder
tutelar.

i)
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

2.8. Ambitolegal
Asleissto definidas
no art. 1.,n.22 1.!parte, CCcomo as disposigoes
genéricasprovindas dos estaduais
érgios competentes. Deacordo com
esta nogio, a lei
pode a que apresenta,
deduzir-se na suadefinigao legal,as
seguintes proveniéncia
caracteristicas: deum érgioestadual com com-
peténciaparaa produzir,
eo seu caracter genérico, o niimeroinde-
isto é,
terminado dosseus destinatirios.
Dacomparagio danogio deleiqueconsta doart. 1,22 1. parte, CC
com a leiem sentido e formal
material pode concluir-se queaquela nogio
nio coincidecom nenhum destes possiveissentidos dalei.Elano coin
cidecom as leisem sentidomaterial, porque hé
leis em sentidomateria
que provém
nao de drgiosestaduais:é0 caso,porexemplo, dasposturas
¢ regulamentos Anogio
municipais. legalquese encontra no art. 1,n.22
1 CCtambém
parte, naocoincide formal,
com as leisem sentido porque
hi leisem sentido
formalquenio provém
dedrgios
estaduais:
é
0 caso,
porexemplo, dos legislativos
decretos regionais’.
3. Normascorporativas
3.1. Enquadramento
O direitonaoé
tododeorigemestadual:alguns infra-estaduais
érgaos
também podem direito.E0 queacontece com as organizagées
produzir
deques4oexemplo
corporativas, as ordensprofissionais
(Comoa Ordem
dosAdvogados
e aOrdem dosMédicos)
eas federagdes
desportivas
(como
a Federacio
Portuguesa deFutebol
ou deAndebol).
Noordenamento
juri-
dicoportugués, saofontes
as normas corporativas imediatas
dodireito
(art. CC).
12,n21,
3.2. Nocio
Asnormas
corporativas
aquelas pelos noart.
esto definidas
ditadas
queséo
organismos
1.2222parte,
representativos
culturais
econdmicas
CCcomo
dasdiferentes
ou profissionais,
no dominio das
morais,
categorias
suas atribuigdes,
bemcomo os respectivos estatutose regulamentos
inter-
nos. Assim,
so normas corporativas, elabo-
entre outras, os regulamentos
rados pela
Ordem dos Advogados &
querquantoinscrigao deadvogados
*
Leitura
doCodigocomplementar:
FRextas
Themis
Civil,
bo AMARAL,
1(2000),9-12.
Danecessidade
derevisio dosartigos
1a 13

150
58 MODALIDADES
DASFONTESDO
DIREITO

de
€ advogados
estagiérios, disciplinar
ao regime
querquanto aplicavel
aos advogados.
3.3.Valor
naopodem
As normas corporativas contrariar as disposigées
legais
de
cardcter (art. CC). sejam
imperativo 1.,n 3, Embora consideradas
fon-
dodireito(¢f.
tes imediatas n.! 1,CC),
art, 1%, as normas corporativas
subordinam-se
&
lei.
dalei
4. Caracteristicas
4.1, Generalidades
A lei é
normalmente geral,
abstracta
¢ embora, elatam-
em certos casos,
bémpossa ser concreta (quanto deaplicagao
a0 ambito material)
e indi-
vidualou colectiva(quantoao ambito
d eaplicagio
subjectivo).
4.2. Caracter
abstracto
a)Aleiéabstracta
desituagées
quando
ou defactos, se
ela refereauma pluralidade
ou melhor,quando
indeterminada
a sua previsiose refere
a uma
desituacdes
categoria
bracdo
(por a
exemplo, conduta
deum contrato ou a morte dealguém)
creta (por
queprovoca danos,a cele-
e naoa uma situacao con-
exemplo, aconduta danosa deS,,a celebragaodeum contrato
porS;ou. morte deS,). A abstraccdoimplica quea leivaleparauma plu-
ralidade indeterminada decasos.

bes
Pode
ou a
entender-se
factos
quea abstraccio
futuros®.Neste
daleiimpoe
sentido, a
queelase
abstraccaonao refiraa
éu ma
situa-
caracte-

gue concede uma bolsa d e a


risticadasleisquese referem factos
estudo aos
passados(como,
estudantes que,n
porexemplo,
os trésanos
a lei
lecti-
vos anteriores,tenhamobtido u ma determina classificagdo) ¢dasleisque

atingem passados
factos (como,exemplo,
por a lei que considera validos
os contratos que,contra o dispostona leivigente no momento dasua cele-
bracio, naotenham sidocelebrados porescrito).
Parece
leisabstractas
quea abstraccao
discutivel
quando da leiimplique
as mesmas utilizamfactos
quenaopossa
passados
haver
na sua previsdo

(leiscom retroconexao) ou regulam factos passados(leisretroactivas). Hé

CEOxavenra
©
AscENsio,
ODireito®,508;Guasrant,
Lefontideldiritto,16;Guasrinr,
deldirito(Torino
Lasintassi 2011),47 €
48.

1s
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

quedistinguir duassituagdes. Umadelas Ãaquela


© em quea leise refere a
uma categoria defactos passados: neste caso,a leié abstracta, Por exemplo:
aleidaAssembleia
al,),CRP) é
cia, nfo deixa
daRepublica
uma leireferida que
amnistia
essa
a factos
de serabstracta,
passados,
ela
certoscrimes(ef. art. 161°,
mas,por circunstin-
a todos os crimes(jf
porque respeita
punidos ou ainda no punidos) praticados no passado. A outra éaquela
em quea lei serefere a factos passados concretos:nesta hipétese,a leino
6 abstracta. Porexemplo: a lei queconsta dodecreto doPresidente da
Repiilica
porque
queindulta
o indulto
uma pena
concedido
é
(cf.
a uma pessoa £),é
art, 134,al. CRP)
quepraticou
nao abstracta,
um certo crime.
b)Aabstraccio nao éuma caracteristica e ssencialda lei,sendo igual-
mente possiveis leisconeretas.Emvez deuma mera oposigio entre leis
abstractas e concretas, talvezs e devaantes falardediferentes grausde
abstracgao e deconcretizagao das leis.P orexemplo: a lei que determina
a atribuigdo deum subsfdio asvitimasdeinundagées émais concreta
doquea lei queconcede u m subsidio asvitimas decatistrofes naturais
em geral
43. Carictergeral
a)A generalidade
daleidecorre
dacircunstancia
deelase referirauma
pluralidade
indeterminada dedestinatrios(porexemplo, qualquertra-
com mais de65anos, qualquer
balhador queocupeposigao
pessoa a de
qualquer
herdeiro, pessoa que cometa um homicidio)sujeitos
e naoa deter-
minados(por exemplo,o trabalhador 0 herdeiro
§;, $;ou o homicida S;).
A generalidade
implica
dedestinatarios.
uma leigeral:
que
a
leivalepara pluralidade
uma indeterminada
Eporesta razio queuma lei quese dirigeauma pessoa
naoé a ordem dada pelo comandantedobarco paraqueum
dospassageiros o abandone,porquea embarcacio naosuporta o pesode
todos os embarcados,naoégeral’
b)A generalidade naoé u ma caracteristica essencial
dalei,dadoque
também sio admissiveis
leisindividuais, ou seja,leisquetémdestinatirios
determinados, Porexemplo: éindividual a leiquerecompensa alguémpor
um acto debravura, queimpée 0 encerramento deuma instalagao hote-
leiraporfaltadecondigoesdesalubridade ou queindultauma pena.A lei
pode
também dirigir-se determinavel
a um conjunto podendo
depessoas,

NormandAction/A
VowWricnT, Logical (London/New
Enquiry York1963),
79.
>

1s
58 MODALIDADES
DASFONTESDO
DIREITO

falar-se, Porexemplo:
entio,deleicolectiva. aleiquetem pordestinatirios
0s trabalhadores
deuma empresa uma leicolectiva,
é
Muitasvezes,a lei éfalsamente genérica, E0 quesucede quandoa
leipossui,na sualetra,
mas, na realidade,
uma

apenas
pluralidade
indeterminada
certas pessoas
dedestinatirios,
ou mesmo uma tinicapessoa
preenche a
que,apesar
sua previsio,
dea sua formulagiovezes,
Outras a
parecer
lei éfalsamente
individual,
individual,
elapossui
por-
realmente
variosdestinatarios.
Presidente daRepiiblica
dadepolitica
(¢f. as
Porexemplo: leisquese referem
art. 133.’
doPrimeiro-Ministro(cf.
a 136.°CRP)
aos poderes
do
ou &responsabili-
CRP)
art. 191.° saoleisgenéri-
cas,porque elasnao tém por destinatarios as pessoasque,num deter-
minadomomento,ocupam as posigdesdePresidente daRepiiblica ou
dePrimeiro-Ministro, mas qualquer pessoa quedesempenhe ou venha
a desempenhar esse cargo.

4.4. Importincia
dascaracteristicas
Ocardcter e geral
abstracto daleigarante
quecasos idénticos
so decidi-
dosdeforma idéntica e assegura a igualdade entre os seus destinatérios'.
ComoreferiuRousseau (1712-1778): “..]
a lei pode perfeitamente esta-
tuir quehaverprivilégios, mas elanaoos pode dardeforma nominativa
a ninguém; a leipode constituirvariasclasses decidadaos, mesmo deter
minaras qualidades que darao d ireito a integrar classes,
essas mas elanao
pode nomear tais e tais paranelas s erem admitidos [...]――.
Estascaracteristicas dalei constituem uma importante garantia dos
cidadaos,porque sfo elas quegarantem, além do mais, a igualdadeperante
alei Gf.art. 132,n1,CRP). Eporissoque,porexemplo, as leisrestriti-
vas dedireitos, liberdades e garantias témderevestir carécter abstracto
e (cf.
geral n2 3,CRP).
art. 182, Aquelas
caracteristicas
também
con-
tribuemparaa justiga, dadoqueelaspermitema universalizagio
queé¢
exigida, pelo
entre outras construgées, kantiano:
categérico
imperativo
“age
apenas segundo uma maximatal quepossas
a0 mesmo tempoque-
rer queelase torne leiuniversal―,
Umaleiqueé (porque
abstracta vale

» des
contract
Rousseau,
social
Du
VI ss.
Cf Kincnttor,DieAllgemeinheit
(1762),
II, ss,
(Tubingen
Gesetzes 2009),
114 ¢607

Kays, zur
Grundlegung
1960/Lisboa
1995),
59). Metaphysik
der
Sitten 52
('1785/°1786),BA
((rad. port,, Coimbra

83
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

paraqualquer
caso) que¢
¢ geral
(porque
valeparaqualquer
destinaté-
rio)preenche
a condigaodeuniversalizagao possuird
e raramente um
contetido
arbitrério.
4.5,Conjugagao
dascaracteristicas
A abstraccio sio caracteristicascomuns dalei,porque
e a generalidade a
leiqueé abstracta
Noentanto, étambém
a lei pode é
geral ~ela uma lei“eminentemente
ser concreta (porque referida a situagdes
geral―,
concre-
dedestinatérios):
tas)e
geral (porque tem um niimero indeterminado é
0
aso, porexemplo, da leiqueaprovaOrgamento (ef. 161.,
o doEstado art.
al,g),€
166,n.°3, CRP) ou daleiqueautoriza e confirma a declaragio do
estado desitio ou deemergéncia (ef.art. 161.%, 1),
al. ¢166, n2 2,CRP).
Aleitambém pode ser concreta (porque respeitante a situagées con-
cretas) ¢individual (porque tem destinatarios determinados). Eo que
sucede, nomeadamente, leis-medida,
coms queso aquelas quedefinem
um objectivo e concedem o s meios para o atingir: é0 caso, porexemplo, do
decreto-lei queconcede uma pensio vitalicia Aquelesdistinguiram
que se
pelos actos decoragem quepraticaram numa situacao decatstrofe o u do
decreto-lei
dade anénima.
ou delegacao
Também
depoderes,
uma
quetransforma entidade puiblica
sio concretas ¢individuais
as leisqueatribuem
empresarial numa socie-
as leisdeautorizagio
ou seja,
competéncia a um
outro érgao pararegular uma certa matéria: é
0 quesucede, porexemplo,
com as leisdeautorizacao legislativa (cf. art. 1652, n 2,CRP).

5. Costume
5.1, Elementos
docostume
a)Podeafirmar-se
que“sao
doisos modos deformagao
tipicos deuma
vontade
cientee voluntirio―;
0 primeiro
¢
social:um modoinconsciente involuntarioeum modo cons-
e corresponde
assenta na tradigao a0
costume;0 segundo
Ocostume consiste no uso queé
dasua juridicidade.
assumido e
numa vontadecorresponde
baseia-se
pelo
agente
&legisla
com a convicgio

O costume éu ma fonteem cuja formacio um elemento


intervém
ou quantitative)
factico(externo e um elemento
normativo(interno
ou

vor
Wrucrtr,
Bowsto, Norm
and
Action,
81
come fatto
Laconsuetudine 2010),31s.
normativo (Torino

st
58 MODALIDADES
DASFONTESDODIREITO

qualitativo)!®,
O elemento ficticodocostume ¢0 uso (longa consuetudo),
que éuma praticasocial
reiterada,A formagio deum uso ¢ frequente no
dominiocontratual, em certas areas profissionais e em certos ramos da
actividade econémica(comocomeércio),
ado Dado que o art. 3.,n.°1,CC
estabelece queos usos s6podem ser atendidosquando naoforem contré-
rios 4 boafé,
macgio
um uso contririoa boafé
deuma fonte consuetudinéria.
nunca pode
&
servirdebase for-

Oclemento normativo docostume&a convicgao dajuridicidade (opinio


jurisvelnecessitatis),
ou seja,
a convicgao quepermite considerar factico
“o
permanentemente repetidocomo o normativo―™.
A convicgio dajuridici-
dade decorredosentimento dequealgo deve s er ou naodeve ser,porque
talcorresponde ao direito(oua uma ideia dedireito)!5. Asociedade quer
quevigore determinada regra, quese forma
pois nelaa conviccao deque
36uma certa acco ou omissioé conforme ao direito.
Paraa formacao dafonteconsuetudinéria basta
néo a convicgao da
obrigatoriedade da respectiva regra'®,
Esta conviegio pode ser suficiente
noutras ordens normativas (como a dotrato social ou a damoral), mas é
insuficienteparaformar uma fontedodireito consuetudiniria. Porexem-
plo:
para
pode
jantar
a
haverconviccao arreigada
em casa deoutra pessoa, é
deque,quando
debom-tom
se aceitaum convite
levaruma pequena lem-
branca,mas esta conviegdo nunca poder vir a revelaruma regra juridica,
porque jamais se firmard a conviegaodequea violacdo dessa regradeve
corresponder a aplicagaosangao
de uma juridica.
b)Paraquese formeo costume,além dosreferidos elementos (0uso
reiteradoe a conviecao dajuridicidade),
nadamais¢ necessirio. Emcon-
°
J&assimPuctTa,DasGewohnheitsrecht
1545s. ¢ 159ss NORR, Zur Entstehung
I (Erlangen
Moke,TheoriedesGewohnheitsrechts/Problementwicklung
1828), 78 ss. ¢91 ss3ef.também
undSystem
dergewohnheitsrechtlichen Theorie,
(Wien 1932),
FSWilhelm
Felgentraeger (Gottingen1969),
353ss;sobrealguns aspectos histéricos,cf.BEDERMAN,
Custom as a SourceofLaw (Cambridge2010),16ss; sobreo
aspecto externo e interno das
rogras
'

'S
juridicas,
JeLtiNex,
Harr, Conceito
s, deDireitoS65
of Hart, Conceito
Staatslehre
Allgemeine * (Leipzig
deDireito 66,conclui,
1913),
339,
em referéncia
a o ladoexterno das regrassocials,

€
{queno necessirio
em
reflexiva
acertos
relagio tipos
de deenquanto
qualquer sentimento
comportamento
padres
compulsio, bastando “uma atitude
critica
comuns―;em
critica

LJ.ef,
a The
Harr, Ross,Concept Byof Law. Hart.Oxford:
H.L.A. TheClarendon
Press,
1961,
Yale 71(1962),s,
1188
OL O ¢
Diferentemente, IRA ASCENSKO,
Dircito®,
265 266,

ss
REG E
DASFONTES DODIREITO

ereto,qualquer o modo
queseja como leiencara o problema
a prépria da
formagio consuetudinéria,
é
da fonte
necessariaa consagracio legal
paraque ocostume sejarelevante
docostume,pois issopressuporia
nao
uma
subordinagio do costume @ lei impediria
¢ que o costume pudesseser
consideradouma fonte imediata. Também naoé necessaria a recepgio
€
do
imposicdo pelos
costume érgiospublicos(tribunais,nomeadamente),
pois que0 costume sé deixadevigorar quando desaparecer algumdos
seus elementos ou quando se formar um costume contrario―

docostume
5.2,Formagao
a)Os elementos
constituintes docostume mostram como 0 mesmo se
forma na sociedade.
Primeiro,apareceo uso quando
um comportamento
esta habitualidade
se torna habitual; resultadeuma mera repeticao
e &
ditada
social
apenas
quando
por“fazer
o habito
oquetodosfazem―.
Âacompanhado
¢
forma-se
Depois, convengio a
deuma ideiadeobrigatoriedade;
essaconvengiojf pertenceao dominiodeuma ordemnormativa em ~

conereto,daordem dotrato social.


Finalmente,constitui-se
o costume
quandoa convengiosocialcompletada
é pela dasua juridicidade,
convicgao
quando
ou seja, se forma a convicgiodequea convencaosocialrequer
uma tutelajuridica.
Daexposi¢aosobrea formagao dafonteconsuetudinariatambém
resultao modocomo este deixa
devigorar. docostume veri-
A extincao
tanto quando
fica-se desaparece0 uso, como quandopermanece0 uso
masdeixadehaver social,
uma convengio porfim,quando
como ainda,
permanecem
sua
uso
0 ¢
a

juridicidade.
social
convengio mas desaparece da
a convicgao

b)Emcomparagao
com a lei quepode
-

ser eficaz
ow ineficaz, conso-
ante observada
seja ou naoobservada
-, o costume s6pode ser eficaz.
Um
costume quenao observado uma impossibilidade:
é se o costume deixa
deser observado,
eledeixanecessariamente deser vigente.

Wener,
Gesellschaft
(Tabingen
und
Diferentemente, Wirtschaft
entendend
queo direitoconsuetudinarioesse “conceito
—
508,
1972),
meio mistico―
herdado
daEscolaHistérica
=

direitojudicial
€
bunais;
cf.também isto
&,
(Jurstenrech),
Geicer,Vorstudien
direitocom origemn a actividade
2 u einer SoziologiedesRechts
*
deciséria
(Ed,
dostri-
REstB1NDER)
(Berlin
1987), 142s.

136
58 MODALIDADES
DASFONTESDO
DIREITO

5.3. Modalidades
docostume
a)Deacordo
legem,praeter
com a sua relagao
legem legem.
e contra
a com lei,0 costume pode
© costume secundum leg
ser secundum

quea regra consuetudiniria coincide com a regra legal;nesta hipdtes


entre o costume ea leiuma relagéo decoincidéncia, pelo que0 costume
realiza apenas fungao
uma declarativa (a lei),
‘O
costumepraeter legem (ou costume para-legal) é0costumequecom-
plementaa lei(integrando, nomeadamente, eventuais lacunas desta),pois
queelevaialém daquilo quea leidispde, sem,contudo, a contrariar;
nesta
situacao, verifica-se entre o costumee a leiuma relagio decomplementa-
ridade, pelo que o costume praeterlegemforma u ma nova fontedodireito.
Finalmente, o costume contra legem (ou c ostume ab-rogante) é
0 cos-
tume quecontrariaa lei;nesta hipétese, hé entre o costume e a leiuma
relagio deoposigio, pelo queo costume contralegem implica a cessagio
devigéncia dalei,O costumecontralegem pode formar-se tanto quando
hia consciéncia dequea leicontrariaestiem vigor, como quando erra-
damente se formou
sua vigéncia,
a conviccao
ja
dequea leicontrériatinhacessado a

b)Avigéncia deum costumecontralegem significa queé admissivelum


costumequeé invélido deacordo com uma lei,Note-se queéconcebivel
queum costume contralegem contrarieleiscom diferentes hierarquias.
Por
exemplo: pode
o costume contrariar a disposicao de um decreto-leieser
igualmente incompativel com uma disposicao constitucional; nesta hipé-
tese,trata-se de um costume contralegem inconstitucional.
5.4.Costume
e desuso
contralegem
Occostume naodeve
ser confundido (iesuetudd).
com o desuso
Quando se forma u m costume contralegem,
constitui-seuma regraconsue-
tudindria
é a
contriria lei;0 costume contralegem
a regraconsuetudinéria contraria&regra
cria algo
legal.
depositivo,
Porexemplo: hoje,
que
nin-

guém pode aceitara aplicacao


deuma lei antiga
queexige medidasmini-
mas aos fatosdebanhoincompativeis com o biguini ou com 0 calgaode
banho, Diferentemente, quandohadesuso (desuetudd),verifica-se
apenas
a naoaplicagio deuma regra; 0 desuso ésomente algo denegativo,
pois
8

fungioconstitutiva
Sobrea
costume, come
declarativa
fattonormativo,39ss.
ou do cf Borsto,Laconsuetudine

\s7
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

quenada
tituiu
se construiu
nenhum em
alternativa
legem).
costumecontra
(¢,
legal
aregra porisso,
porexemplo:
Assim, a
naose cons
(i) leipermite
quequalquer dosconjuges acrescenteao seu nome os apelidos dooutro
(art.16774,n.1,CC); c de
ircunstancia a regra quase s6 ser utilizada
pela
mulhersignifica0 seu desuso peloscdnjuges masculinos; no entanto,no
se formounenhuma conviegio dequeo marido quequeira acrescentaros
apelidosdamulher a o seu nome naoo possa fazer; ( ii)
0 estacionamento
dosautoméveisem cimados passeiosdestinados aos pedes pode exprimir
uumcerto desuso daregra queo proibe(cf. art. 49!,n. 1, al.£),
CEst);no
entanto,naose pode dizerquese tenhaformado a convicgao dequeesse
ser sancionado.
estacionamento sejapermitido e naodeva

55. Relevancia
legal
a)Aparentemente,
a lei nfo concede
nenhuma
relevancia
ao costume.
a leinada
Assim, refere
sobre legem,
0 costume secundum Estesiléncio
é,
no entanto,perfeitamente compreensivel, dadoque,se a regra consuetu-
dindriae a regralegal saocoincidentes, nao édeesperar quea leitome
posicao sobre o costume. Asformas deintegracio delacunas estabeleci-
dasno art. 10° GCtambém naoprevéem o costumepraeter legem:
a ver-
dade, todavia,
costume practer
lacuna,
équetambém
legem
naotinham
quesupra
deo fazer,
as insuficiéncias
modalidades de
pois um
que,se houver
dalei,nio hanenhuma
da daleiprevi
Finalmente, as cessagao vigéncia
tas no art. 7°
também nao¢ suficiente o
CCnaoincluem costume
pararetiraro cardcter
todavia,
contralegem: esta omissi0
defontedo direito ao cos-
tume contralegem; pelo contrarioaté:é
essa omissiode qualquer referén-
cia na lei ao costume contralegem quepermite concluirqueesse costume
pode ser uma fonte imediata.
Apesar referira nenhuma
de nao se dasmodalidades docostume,a
lei ndo ignora 0 costume como fontedodireito. O art. 3482,n21,CC
&
impe partequeinvoca,
sua prova;
em juizo,
esta circunstancia
direitoconsuetudindrio
Âsuficiente
¢ parademonstrar
o énusda
queo costume
6fontedodireitono ordenamento juridico portugués.Além disso,
varios
preceitos legais referem-se ao costume ou a costumes: assim, porexem-
plo, o art. 7372, n2 1,al.a), CCatribuium privilégio geral mobilirioa0
crédito pordespesas dofuneral do devedor, conforme a sua condigio e
costume daterra; o art. 1400, n2 1,CCregula a divisiodeaguas por
um costume seguido hamaisdevinte anos e queconstruiuum regime

18
58 MODALIDADES
DASFONTESDO
DIREITO

“estivel
e normal―; , OAdetermina
1E
o art. 832,n2 pelo
o cumprimento
advogado,
entre outros,dos deveres
impostospelos segundo
costumes; 0

disposto 5,n. 68/93,4/9,


no art.
regulados pelos
1, L de 0uso
usose costumes.
a fruigao e
dos
baldios sto

b) indirecta
A relevincia concedida
d a
ao costume como fonte
dalei fonte
dodireitoestana
dodireito:
proporgio importincia como quanto
maiorfora relevincia concedida &lei,menor é a importancia reservada
a0 costume, ¢vice-versa. A evolucao histéricademonstra facilmente esta
assergio, NoSéculo
mar queo direito (jus)¢0 do X1-2)
XII,Grartanus(finsSéculo aindapodia
costume(consuetudd) quese encontra reduzido
afi
a
NoSéculo
escrito―, XIX, o costume jépodia
s6 ser defendido como fonte
dodireitocontra a lei,como &demonstrado pelas concepgdes daEscola
Historica:0 direitonaodeve
um legislador―,
siléncio― o
mas queé
com base
produzido ¢
s er o que “realizado

“por
no costume e na convicgio
internas
dopovo,
doarbitrio
através
forgas queoperam em
de
Naactualidade,
\discutivelo predominio daleisobre o costume.
Pode dizer-sequeocombate
a proprialei.Destatensioentre o costumee a leipodem é
tao
daleicontra o costume antigo
resultar
como
diferentes
situagdes, Umadelas
Gf.art. 1401.CC) é aquela
ou proibe
em quea leiextingue
o costume (cf.
em quea lei reconhece
0
ou faz.cessar
art. 1718.CC).
costume
Umaoutra
o costume e fornece-
situagio possivel
-lheum titulolegal.
éaquela
Porexemplo: o art. 3.%,n.°4, L92/95, de12/9, aceita
a realizagao deespectaculos com touros demorte,no caso em quesejam
deatender tradigGes locais quetenham sidomantidas deformaininter-
ruptaquesejam
e expresso da cultura popular. outra situacio
Ainda uma
possivelé
contrariado
aquelaque
pela
em
lei,
o
continua
costume
a
se
vigorar A
sobrepée
como
lei eem que,apesar
costumecontra legem.
de

Convém aindareferirquehacertas reas do ordenamento juridico


em que,porhaver uma reserva constitucional dalei,s6pode aceitar-se
©costume como fonte dodireitodepois dese constituir um costume
contrario a disposigdes constitucionais. Eesse o caso dasrestrigdes aos
direitos,liberdades e garantias, ques6podem ser realizadas delei
através

©
CEST)
18/5/1989.
Discordantium
GratiaNus,Concordia
®
Gratiani,L1.CY.
Canonum/Decretum
2
SaviGwy,
1814),
14
VomBeruf
unster
Zeitflr Gesetzgebung (Heidelberg
undRechtwissenschaft

39
REGIMEDASFONTESDODIREITO

(cf.art. 182, 2,CRP),


n22
e dacriagao deimpostos, quetambém
sépode
ser obtida delei(¢f.
através 2,CRP).
n.°
art, 1032,

5.6,Costume jurisprudencial
u ma fonte
dodireito*.Oselementos
deste
©costume jurisprudencial
é costume
coincidem com as docostume em geral, pelo queelerequertanto 0 uso, ou seja,
decasosconcretos,como a conviegio
a
repetigio constantedadecisio n a resolugio
dajuridicidade, istoé,aconviegiodacomunidade (enio apenas dosjuizese dos
interessados)de quea decisio direito
correspondeaplicével
ao aoscasosconcretos.

é
‘Nao
cexemplo
facilfornecerexemplos decostumesjurisprudenciais.
deum costume jurisprudencial
ST]
a admissio pelo
Parececonstituir
dorecurso derevista
interposto dedecisdes quemodificaram, com baseem critériosdeequidade, um
contrato com fundamento
tes fundaram
melhorapreensio
doexemplo,
na
anormal
alteragio dascircunstincias
a decisiodecontratar (cf. at. 437.4,
queo recurso derevista s6pode
n°1,CC).
fundar-se
numa
em queaspar
Recorde-se, para
alegada daleipelo
violagao tribunalrecorrido (ef. n 1,al.a),
art. 722.2, CPC), 0
quenunca pode seessetribunaltiver fundamentado
suceder a sua decisio
e m cri-
deequidade®.
térios

IIL. Fontesinternasmediatas
1. Generalidades
Asfontes s4o0s usos,a jurisprudéncia
internasmediatas vinculativa
e as
fontes
privadas.
2. Usos
deanilise
2.1, Perspectiva
Osusos s4oum doselementosdocostume e, nesse sentido,
elespartici-
pamdestafonteimediatadodireito.Importa
agora analisar
em quecon-
digdes
os usos,considerados podem
em si mesmos, ser fontes
dodireito.
2.2.Condigdesderelevancia
Dodisposto
no art. 3,n.° 1,CCresulta
queos usos so uma fontemediata
dodireito,
porque os usos quenaoforemcontririosaos princfpios
daboa
s4ojuridicamente
£6 atendiveisquando a lei o determine.
Um uso que
Reticente a0 costumejurisprudencial,
quanto ef.Essex, Gerichtsgebrauch
Richterrecht,
‘und
Gewohnheitsrecht,
FSFritzvon Hippel 1967),
(Tabingen 99ss. e 113.
2

Leitura
complementar:
74(1998), O
241-272,
Cura, costume
VoetRa como fontedodireitoem Portugal,
BED

160
58 MODALIDADES
DASFONTES
DO
DIREITO

porexemplo,
contrariea boaféporque,
~

deuma
a realizagio
permite
contratual
prestagio deuma forma (yg,
inaceitavel com enorme sacrificio
dodevedor)ou porque dedesequilibrio
criauma situagio entre as partes
deum contrato nunca pode
~

dodireito.
ser fonte

legal
2.3. Previsdo
Como exemplos desituagdes nas quais a leiconcede relevanciaaos usos
podem
quando
ser referidas
esse valor
mente aquele
as
seguintes:o
Iheforatribuido
siléncio
pelos
valecomo declaragio
usos (art. CC),
218.°
negocial
nomeada-
quefor comum num certo grupoprofissionalcerto
ou num
a declaracio da
ramo deactividade; 0s usos
podem dispensar deaceitagio
proposta contratual
dacoisa comprada
0 locador naopode
(cf
pode
a
234.°
rt. CC);omomento
ser determinado pelos
do pagamento
usos (art.
do prego
885: 2,C C);
ou diminuam da
praticar actosqueimpegam 0 gozo
coisa pelo locatério,
com excepcao daqueles quesejam permitidos pelos
uusos(art.10372,1,CC);0 uso pode
0 donodaobra deveverificar o
determinar prazo dentrodoqual
se elase encontra nas condigdes conven-
cionadas ¢sem vicios(art. 1218,n 2,CC); 0 contrato detrabalho est
sujeitoaos instrumentos deregulamentagao colectivadetrabalho, assim
como aos usos laborais quenaocontrariem o princ{pio daboafé (art.L.?
CT). aindaexemplos
Encontram-se darelevancia
dosusos nos art. 112:
n# 1163.8
1,1128.2, n.°
e 13598,2,CC.
24, Valorlegal
dodisposto
Daconjugagao 1,CC(egundo
no art. 3°,n.' 0 qual os usos s6

quandodetermine)
relevam a lei o como estabelecido
no art. 3,n.22,CC
Gegundo o qual prevalecem
as normas corporativas sobreos usos)
resulta
quequalquer uso mesmo aquele quesejarecebidopela fastado
lei a
é
~ -

porestasnormas. Assim, porexemplo,


a remissiopara 0 uso queé
rea-
lizadapelalei é
substitufdapela
remissioparaa norma corporativa
que
prevalece
sobre0 uso.

2.5.Usoe costume
A distingao
possui
entre 0 uso
nenhumvalor e
0 costume naolevanta
préprio, cle
problemas.
poisque apenasqueé
é
fonte
o
O uso nao
habitual
sendo
fazer-se, por que
isso 0 uso pode
sé ser
quando
dodireito
uma fonte Iheatribuiressaqualidade,
imediata O costume conjuga
0 uso

61
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

€ dajuridicidade,
aconviegio pelo
que,como a juridicidade
é
imanente
fonte
a0 costume,este é
uma imediata
dodireito,
3. Jurisprudéncia normativa
Osacérdaos com forcaobrigatéria
geral
saofontedo constituindo
direito,
achamada jurisprudéncia juridica
normativa,Aordem portuguesa admite
como acérdaos normativos doTCquedeclaram
os acérdaos a inconst
tucionalidade
acérdios a
ou ilegalidade
dostribunais
riageral,
a ilegalidade
denormas (art.
administrativos e
com
1, 3,CRP)
281, n.’
quedeclaram,forga
¢os
obrigaté-
deregras administrativas(art. CPTA).
76.’
A jurisprudéncianormativacomo fontedodireitorefere-sea um valor

negativo:jurisprudéncia
essa impede,através
de um juizode inconstitu-
cionalidadeou deilegalidade sobreuma outra fontedodireito,quedesta
fontepossa ser retirada
uma regra juridica, (1881-1973)
KeLseN exprime
estaideiafalando deuma “ab-rogagio
daleiinconstitucional―™.
4, Fontesdodireitoprivadas
4.1. Nocio
Asfontes dodireitoprivadas sio aquelasqueresultamdaautonomia pri
vada,embora s6se possa falardefontes privadas
quando as respectivas
regrastiveremuma eficicia puderem
externa e,porisso, ser invocadaspor
terceirosou opostas a terceiros*®,
Assim, porexemplo,
um contrato ques6
pode
valeentre os contraentes néo ser considerado
uma fonte dodireito.
Asfontes privadas so fontes
sempre mediatas,que dado elas resultamdo
pela
lei,daautonomiaprivada
reconhecimento, (cf. 1,C C).
art. 405.,n.°

4.2. Exemplificagio
Oscontratos normativossio instrumentosdecarécter
Comoexemplo
negocial
quecon-
tém regrasjuridicas. paradigmético hi
destes
contratos
quereferir colectivas
as convengdes detrabalho: podem
estas convengdes
ser celebradas sindicais
entre associagées deempregado-
e associagdes

(contratos
res colectivos), e uma pluralidade
sindicais
entre associagdes
paradiferentes
deempregadores (acordos
empresas colectivos)
ou entre
associagdes eum empregador
sindicais parauma empresaou estabeleci

%
CE.
Kinenwor, of
Kusen,GeneralTheoryLawandState(New
(Berlin
PrivateRechtsetzung
York1961),
1987),
98's
157,

fey
5 §*MODALIDADESDASFONTESDODIREITO

mento (acordos
deempresa) (art. 3,CT).
2.8,n.!2.¢ colec-
Asconvengdes
tivasobrigam
todosos empregadores e todosos trabalhadores
quenelas
foramrepresentados
(cf.
art. CT),
552° podendo também
verificar-se
a
adesio colectivas
a convengées (f.art. 2.%,2,¢$632.
concluidas
jé CT).
Saoigualmentefontesdedireitoprivadas,
entre outras,os estatutos das
(cf.
associagéesart. 167CC) e dassociedades
comerciais (cf.art.9.2,n21,
CSC),bemcomo os regulamentos doscondominios (ef.
art. 1429-A CC)
cos regulamentosdeatribuigio
deprémios.
(Osstandards
decomportamento
nos maisvariados o daCorporate
(como
campos
Governance variamentre o soft
ou 0 damedicina) law,
quando dereco-
naopassem
mendagdes eas fontes
ou sugestdes, dodireito,
quando vinculativos*
sejam

Sobre
®
ef:MOLLERS,
o problema, Standards
alssekundiire
Rechtsquellen/Ein
Beitrag
zur

von
Bindungswirkung
2008),
Baden 143 ss, und
i n Mttens,GeltungFaktiziti von Standards
Standards, (Baden-

tes
§
9.2VICISSITUDES
DAS
FONTES
DODIREITO
I. Desvalores
doacto normativo
1. Generalidades
Todaa leiemana deum acto normativo, deum acto produzido
istoé, no
termo deum proceso
normativopode
legislative.qualquer
Como acto juridico,
0 acto
quepode
ter um valornegativo, ser deinexisténcia,
de
invalidadeou deineficécia.

2. Coneretizagao
2.1,Inexisténcia
A inexisténcia quando
doacto normativoverifica-se o vicioqueo afecta
é
tao gravequenem sequer¢possivelafirmarquehaja de
a aparéncia
um acto, Conduzem doacto normativoa faltadepromul-
&inexisténcia
gacdo daRepublica,
doPresidente
ou assinatura quando exigidas
sejam
(art.
137°CRP), ea falta
dereferenda doGoverno
a os actos doPresidente
daRepiiblica,quando requerida
seja (art.
1402, 2,CRP).
n A inexistén-
ciadoacto normativopode pelo
ser declarada préprio legislativo
érgio
pode
€ ser verificada
oficiosamente porqualquer
érgio deaplicagaodo
direito(como,porexemplo, os tribunai
2.2. Invalidade
A invalidade doacto normativocomporta as modalidadesdenulidadee
deanulabilidade.A nulidade correspondeao viciomaisgraveno ambito
dainvalidade. A nulidadeimpede a produgao dequaisquer pela
efeitos
lei (cf, n2 1,CPA)
art. 1348, e pode ser apreciada porqual-
e declarada
deaplicagao
querérgao dodireito(ef.
art.
286.2
CC;
1348, CPA).
n.22,
art.

ss
REGIME
DAS
FONTES DODIREITO

exemplo mais comum denulidade dalei éa sua inconstitucionalidade


(cf. 3.",n.―
art. 3, 204.", 2772, 1, 281%,1a, l.a),
n# Â ¢ n.
â €• CRP) ou ilegalidade
(cf. 2814, 1, b)ad),
art. n2 a l. CRP). igualmente normativo
nulo o acto
que viole
tias(¢f,
a extensio

n.3,
e o contetido
art. 188, CRP).
A anulabilidade
de
essencial direitos,iberdades e garan-

no dominio da
corresponde a um viciomenos grave
invalidade. A anulabilidade s6impede a produgio deefeitos depois da
anulagao doacto e pode ser sanada deconfirmagio
através ou deratifica-
dodoacto (cf. art. 1372,n.2
doacto normativopode
1¢2,CPA).
referir-se
Como
o regulamento
de
exemplo anulabilidade
quefoielaborado com
base n uma
delegacio de poderes que afinal naoexiste; note-se queesta
anulabilidade pode ser invocada sem dependéncia de prazo(cf. art. 74.
CPTA).
2.3, Ineficécia
A ineficécia
doacto normativodecorredeuma irregularidade
deformacao,
no seu processo Oacto ineficaz.¢
verificada
existente e vilido,
mas nio
produz Comoexemplo
efeitos.
quaisquer dovicioquecausa a ineficacia
doacto normativo
n2,CRP).
pode a
ser referidafaltadasua publicagao (fart.1192,

Il. Publicagao
dasfontes
1. Regimedapublicacao
dapublicagao
LLL,Necessidade
A publicagao
dosactosnormativos a formadeos tornar conhecidos
atra-
vésdapublicitagdo texto. Estapublicagio
do respectivo uma condi¢io
é
pelos
doseu conhecimento respectivos destinatirios.
1.2. Publicago oficial
Nageneralidade
direitoé das juridicas,
ordens a publicagao
oficiais.Em Portugal,
feitanos jornais
daRepublica
dasprineipais
0 jornal
fontes
do
oficialÃ0©Diario
(art. n2 1 proémio,
1192, CRP),queéeditado porviaelec-
(art,
trénica 22,n.21,DL 116-C/2006, e disponibilizado
de 19/6) no sitio
daInternetgerido pela
Imprensa Nacional-Casa daMoeda, (art.
S.A. 2,
12, DL 116-C/2006).
tuito art.32,
Estaedigao
n2 1,DL 116-C/2006).
electronica
é
e
deacesso universalgra-

166
5.98 TUDESDASFONTESDODIRELTO

AL 74/98,
de11/11
(naredacgao
daL 2/2005,de24/1,daL 26/2006,
de30/6,e daL 42/2007,
de24/8) regula
a a identificagao
publicagio, e0
dosdiplomas
formulario legais.
Aquelalei habitualmente
é conhecida
sob
a de“Lei
designacio Formularia―,
1.3.Formas depublicagio
Asfontes dodireitointernasquedevem ser publicadas
no Didrio daRepti-
blicaencontram-se enumeradas no art, 119%,n. I,al.a)
ah),CRP. Oart. 82,
n2 2,CRPimpde
ou aprovadas
a
publicagiodasconvengdes internacionais ratificadas
porPortugal.
Paraalém dapublicacéoem Didrioda
Republica quando a leiexpres
samenteo determine, as deliberagéesdosérgaos autarquicos,bemcomo
as decisdes
cécia
dosrespectivos
externa,devem
estilo(art.
91.%,n.
titulares,
ser publicadas
de18/9),
quando sejam
em editalafixado a
destinadas ter efi-
nos lugares
assimcomo no boletim
de
oficialda
1,L 169/99,
autarquiae nos jornais
regionais editados na 4readorespectivo muni

(art.
912, n.22,L 169/99).
14. Bfeitos dapublicagio
Deacordo com o disposto no art. 5.°,n21,CC,aleis6se torna obrigatéria
depois depublicada no jornal oficial.Istopermite concluirquea publi-
cacao dalei éu ma condigao da sua eficacia
(art. 1198,n22,CRP; art. 1,
n? 1,L.74/98).
Conjugando o art. 5, n21, CC comanogiodeleiqueconstadoart. 12,
n22 18parte, CC, resulta queapenas devem ser publicadas no Diirio da
Repiiblicaas leisemanadas dos érgios estaduais, Estaconclusio é,
no
entanto,insuficiente, atendendo a quetambém devem ser publicadas no
jornaloficialleisque nao provém de érgiosestaduais, como é0 caso dos
decretos
al.c)eh),
n? 1, edos
legislativos
CRP).
doart. $,n21,CCconduz
decretos
Assim,
regulamentares
uma interpretagao
4 conclusio
regionais
conforme
(cfart. 1198,
4Constituiga0
dequetodasas leis(em sentido
formalou material) queconstam doenunciado doart. 1192, n# 1,CRP
so ineficazes enquanto nao forempublicadas no Diirio daRepublica.
As demais leisnao devem ser publicadas no DiariodaRepublica, pelo
quea sua eficacia ndodepende dasua publicacdo neste jornal oficial:é
0
quesucede, porexemplo,posturas regulamentos
com as ¢
os
municipais.

sr
REGIMEDASFONTESDODIREITO

2. Publicagao
e disponibilizagio
Frequentemente, a data dapublicagao doDiriodaRepublica naocoincide
com a dasua disponibilizacao no sitiodaInternetdaImprensa Nacional-
-Casa daMoeda, pois que, néo
raramente, o s suplementos do da
Diério
Republica sio disponibilizados muito depois dadata da sua publicagio.
Demolde a esclarecer quaisquer dtividas sobre a data dadisponibiliza-
giodoDisriodaRepiblica, encontra-seacessivel na Internet um registo
dessa data(art. 1, n 3,L 74/98). Esteregisto fazprova, paratodoso s
efeitos legais,dadatadadisponibilizagio doDiariodaRepublica (art.
1,
n4,L 74/98),
3. Rectificagio dapublicagio
3.1, Admissibilidade darectificagio
A lei quetiver sidopublicada
Embora a pritica nem sempre
com incorrecgoes
o confirme,
pode ser rectificada.
as rectificagdes sio admissi-
veisexclusivamente para correcgao
a de lapsos gramaticais, ortogrificos,
decilculoou denatureza aniloga ou para a correcgao deerros mate-
riaisprovenientes dedivergéncias entre 0 texto original ¢o texto dequal-

querdiploma publicado doDiariodaRepiiblica


na 1. série (art.5, n.1,
L 74/98). As rectificagoes saofeitas mediante declaragao doérgio que
aprovou o texto original, sendopublicadas na mesma série doDiarioda
Repiiblica (art. 5%,n.? 1in fine,
L 74/98).

60diasapés
tém
limite
u
a publicagao
m
temporal:
‘Asrectificagdes elasdevemser publicadas
dotexto a rectificar
doacto derectificagao
(art. n.2,1.74/98),
5.2,
até
sob
penadenulidade (art. 52,n.? 3,L.74/98). Estaexi-
temporal
‘géncia é
por vezes contornada através d apublicagio dadeclara-
Gao derectificagao num suplemento doDirio daRepiiblica com uma data
querespeita aquele temporal, disponibilizado
limite mas que jadepois
deesgotado o prazo legal.
3.2. Retroactividadedarectificagio
derectificagao
A declaracio na leirectificada,
integra-se porquea leiree-
tificada
passa daquela
queresulta
a ter a redaccio declaracao,
Istosigni
ficaquea declaracao
derectificagéo tem uma eficacia dado
retroactiva,
que tudose passa
como se a leirectificada
tivessetidosempre
o contetido
queIhefoi fornecido
poraquela declaracio.

8
5.98VICISSITUDES
DASFONTESDODIRELTO

3.3. Valia
dotexto rectificado
2)Quando um texto legal éreetificado, omesmo comporta duas versbes:
uma
anterior
consequéncias da por
e outra posterior 4rectificacao.
rectificagio,indispensavel
sendo
Importa analisar, isso,
considerar duas
as

6,8ea rectificacio em
ges.Sea rectificagao tiverocorrido
se tiver verificado
antesdaentrada vigordalei isto
durante a vacatiolegis
~

-, a leirectifi-
cada
nenhuns quaisquer
efeitos
aindanaoproduziu
efeitos. Noentanto,parece dever
e,porisso, nfo haqueressalvar
entender-se quehaquecome-
da
gara contar um novo prazo
rectificacao, Impée-se,
no art. 2.2 4,L 74/98
neste
devacatioa partirdatadapublicagao
ponto,aplicacao
a
acontagem
analégica do
da
estabelecido
doprazodevacatioa partir
quanto
dadatadadisponibilizagao doDidriodaRepublica.

que
Sea rectificacao
a
contar
a
com em hi
tiver sidorealizada
possibilidade
Nestahipétese,
de lei
depois daentrada
rectificada
vigor
jéproduzido
ter
dalei,
alguns
efeitos, impée-se recorrer,poranalogia, ao regime estabe-
lecido paraa aplicagio no tempo dasleisinterpretativas, querporque, tal
como a leiinterpretativa se integra na lei interpretada (fart. 134,n2 1,
CC), também
aindaporque
e dadeclaracao
a declaracio derectificagio
os interessesquehaqueproteger
derectificacao
se integra
quer
na leirectificada,
no caso daleiinterpretativa
sio substancialmente os mesmos: trata-se

que
dedeterminar
daleise altera o interesses devem
porum acto posterior
tativa ou declaragao derectificacao).
ser acautelados
deeficécia
quando
retroactiva
significado
(leiinterpre-
b)
plinar,
No
ambito
hé da penal, edisci-
responsabilidade
quecontar,na solugodoproblema
com doisprineipios fundamentais. Um deles
contra-ordenacional
davaliadotexto rectificado,
Â0¢principio dequeninguém
pode pena
sofrer o u medida d e mais d o
seguranca grave queas previstas
no momento dacorrespondente conduta o u daverificacéo dosrespectivos
pressupostos
se dadeclaragio
(ef.art. 292, n
principio
resultar
um
regime
derectificacéoimplica
.24 1. parte, CRP), Este
queé
que,
menos favordvel
aoarguido
origindria
quepraticou
queIhe€
O outro principio
o factoantes dessa
aplicdvel.
€0 daaplicagao
declaracao, éa
lei na sua versio

retroactivadaleidecontetido mais
favorivel ao arguido (cf. art. 292, n 2 4 2# parte, CRP). principio
Deste
decorre que,se dadeclaragao derectificacao proferida apés o iniciode
vigéncia da lei resultar um contetido mais favoravel ao
arguido quepraticou
o facto antesdessa
é
declaragao, esteregime maisfavorvel quese Iheaplica.
69
REGIMEDASFONTESDODIREITO

4. Ignorantia
iuris
A publicagao quese estabelega
daleipermite quea ignorancia
ou ma
daleinaojustifica
interpretagao a falta
doseu cumprimento,
nem isenta
as das nela
pessoassangées estabelecidas 6.8 E
(art. CC). principio
0 de
queignorantia
iuris non escusat.
Note-se,
no entanto,que, juridicas
em areas especialmente
sensiveis,
o errosobrea leipode E0 quesucede
ser relevante. penal,
no direito no
qual
o erro naocensurivel a proibigéo
sobre excluia culpa
daconduta do
agente (art. 17%, CP).
n.21,
III. Entrada dalei
em vigor
1. Generalidades
A entrada pode
em vigordosactos normativosnunca ser anterior & data
dasua publicagao
(art.
52,n."1, 12,21,
CC;art. L Omomento da
74/98).
entrada daleipode
em vigor ser,segundo
o disposto
no art. 8, n.22,CC,
aqueleque propria
a lei fixar
o u aquele
que fordeterminado porlegisla-
especial
Gao (que a L 74/98).
actualmente,
é,
2. Vacatiolegis
2.1. Nogio
A vacatiolegis
¢0
tempo quedecorreentre a datadapublicagio
e a datada
entradaem vigordalei.Segundo
o disposto n 2,CC,hé
no art. $2, um
prazosupletivo legis
sobre
de
—
vacatio
o momento daentrada
que é
utilizadoquando dispuser
dalei-, mas também
em vigor
nada
s e
so admissi-
veisprazos

2.2. Prazos
—
sao
adhac que fixados
devacatio
pelo
legisladorpara lei.
cada

O prazosupletivo devacatiolegis 6determinado pelaseguinteregra: a lei


entra em vigor, em todo0 territério nacionale no estrangeiro,no quinto
diaapés a sua publicacao no Diirio daRepublica (art. 2,L 74/98).
n.°
2°,
Assimporexemplo:
contar no diaseguinte
entra em vigor
a lei foi publicada

as0 horas
ao dapublicagao
dodia6.
(ef. o
no dia 1;como prazocomega
art. 2, n24,L 74/98),
a
lei

Olegisladorpode um prazomaiordoqueo prazosupletivo


vacatio,Estasolugio
fixar
justifica-se quando importa possibilitar a
o estudo e
de

apreensio legislagio
da nova ou facultara
adaptaciodosdestinatarios a0
novo regime legal.legislador pode prazo
O também fixarum menor do

70
soe TUDESDASFONTESDODIREITO

queo prazo supletivo justificado


devacatio.Esteencurtamento ¢ quando
0s objectivos prosseguidos
pela leisé
possam ser obtidos
com um inicio
imediato ou antecipadodasua viggncia (como sucedequandoimporte
proibir a comercializacéo
riscos para
numa situagao
deum

piiblica
a satide
produto
ou quando
decatastrofe).
alimentar
haja por
omesmo
quetomar medidas
envolver
urgentes

doprazo
2.3. Contagem
A contagem adhoe
dosprazos devacatiolegis
&distinta,consoantese trate
deprazos
fixados
em dias,
semanas,
m eses ou anos, Nestacontagem, hé
queobservardiversas tendopresente
regras, quea datadapublicagao do
diplomaéaquela
que d
é pela disponibilizacao
eterminada sua no sitioda
pela
Internetgerido ImprensaNacional-Casa
daMoeda (cf. 2.4,n.24,
art.
1.74/98).
Em concreto:
=
fixados
Osprazos em diascontam-sea partir
dodiaseguinte
ao da

=
publicagao
art.
Osprazos
(dies a termind)
quonon computatur
L 74/98);
2.2,n.24,
fixados em semanas,
(art. in
279.al.b),
CC;
meses ou anos,a contar decerta data,
terminam as24 horas do dia quecorresponda, dentrodaiiltima
semana,més ou ano a essa data (art.
279. ¢)parte,
a l. 1.* CC); assim,
porexemplo: datadepublicagao dalei: 10/2;
prazodevacatio:um més
acontar dadata dapublicagio; termo davacatio: 24horas dodia10/3;
entrada em vigor dalei: 0horas dodia11/3;
~Seo prazo tiver sidofixado e m meses a contar decerta datae se no
liltimomés naoexistirdiacorrespondente, o prazo findano iltimo
diadesse més (art.279.al.c)22parte, CC); porexemplo: (i)datade
publicagio31/3;
da lei: prazo d evacatio:
um mésa
partirdadata da
publicagao; termo davacatio: 24 horas d odia 30/4; entradaem vigor
dalei: 0horasdodia 1/5; (ii)datadepublicagao dalei:31/12; prazo
devacatio:
24horas dodia28/2
lei: Ohoras dodia1/3,
da
doismeses a partirdatadapublicagao;
(29/2, bissextos);em vigorda
nos anos
termo davacatio:
entrada

3. Vigéncia
imediata
O art.
2,1, 74/98exclui,
ciodevigéncia
n2 L
daleipossaocorrer
em termos
no
algo
perempt6rios,
queo ini
diadasua publicago.
préprio No

m
REGIMEDASFONTESDODIREITO

entanto,importa
naopode
referirque,se é
ser afastado
por uma
verdade
fonted e
que0 art.
hierarquia
2,
n.?
1,L.74/98
inferior, mesmo
esse
podepostergado
preceito ser por uma fonte
de igual hierarquia,
como é
caso deuma
‘© leidaAssembleia
daRepublica ou deum decreto-leido
Governo,Como bemse compreende,
a resolugiodaAssembleiadaRept
blica(ef.
art. 166.n2 5,CRP) queautorizae confirma do
a declaragio
estadodesitioou doestado (cf.
deemergéncia art. 161,al.1),
CRP) ou
daReptiblica
queautoriza o Presidente a declarar ow a fazer
a guerra a
paz(f.art. 161.8,
al.m),
CRP)devepoderentrar em vigorno préprio
dia
dasua publicagio.
4, Protecgao deinteresses
4.1,Garantia doconhecimento
O art. 2, n.24,L 74/98 estabeleceque0 prazosupletivo
devacatio
legiscomega
s6 a correr a dodiada
partir disponibilizagao
doDidrioda
Repiiblica.
Esta regra deveser considerada
um afloramento
do princi-
piodequea lei nunca pode
ser obrigatéria disponibiliza-
antes dessa
ao publico.
Gao
4.2,Factos intermédios
doDidriodaReptblica
Antesdadatadedisponibilizagéo nenhuma lei
podeser consideradaem Cabe
vigor. perguntar,entanto,
no se os factos
queocorreram entre a datadapublicagao
e a datadadisponibilizagio

podem ficarabrangidos pelo novo diploma legal.Suponha-se,porexem-


plo, que 0 Diario da Republica dodia 10contém um suplemento ques6
foidisponibilizado no dia20e que se pretende saberse um factoocorrido
no dia15ficaabrangido poruma leinelepublicada.
problema do regime aplicavel aos factos intermédios
~

isto é,
aos
factos queso praticados ou queocorreram entre a data dapublicagio
¢a data
vés
dadisponibilizagio
do seguinte
daReptiblica
doDidriodaRepublica
~

¢ resolvido
um factoanterior 8 disponibilizacéo
critério:
nunca pode ser regulado
atra-
do Dirio
poruma leiqueaindanaopodia
estar em vigor
assim, quem exerceu um direito o
no momento em que facto
ou
foi praticado
cumpriu segundo
um dever
ou ocorreu;
a leique
estavaem vigor nesse momento naopode alterada
ver a sua situagio por
uma lei queé
publicitada posteriormente. No entanto, no ambito dares-
ponsabilidade penal, contra-ordenacional e disciplinar,
hé
queconsiderar
soe TUDESDASFONTESDODIREITO

6 daaplicagao
principio daleidecontetido
retroactiva maisfavorivela0
(cf. 29.
arguidoart. n.°4parte,
2.’ CRP),qual que, que
do decorre se alei
constadoDiarioda
momento
Republica
dapratica
doacto tiver um contetido nao
queainda tiver sidodisponibilizado
mais favorvel
ao
no
arguido,
&esse regime quese aplica.
maisfavorivel

dalei
davigéncia
IV,Vicissitudes
1. Generalidades
davigéncia
Como vicissitudes dalei importa o impedimento
considerar &
vigéncia,
a da
suspensiovigéncia
e a davigéncia,
cessagao
2. Impedimento
2.1. Requisitos
Oimpedimento
A
vigéncia
daleipressupde
avigéncia requisitos:
os seguintes antes
dealeientrar em vigor(ou durante
sefa, 0 periodo
devacatio)
publicada
¢
uma outra leisobre a leique¢
a mesma matéria; publicada
em momento

posterior
entra em vigor quea leipublicada
antes ou ao mesmo tempo
em condigdes,
momento anterior.Verificadas
estas haqueentender
que,
segunda
comoa leicontéma tiltima posicao dolegislador
sobre
a matéria
regulada, leinaochega
a primeira a entrar em vigor.

2.2. Coneretizagies

~AleiL;é
vigéncia
doimpedimento
Osrequisitos
publicada em 5/1
&
justificam solugdes:
as seguintes

e entra em vigorem 30/1;em10/1 publi-


é
cadaallei
Ls,queentra em vigor em 20/1; leiLsimpede,
no momento
em quese torna vigente (20/1), a entrada daleiL::
em vigor

Ly: §/139/1
10/1
:
————

20/1
=

publicada
AleiLsé
cadaem 15/1
a
em 5/1¢entra em vigor
¢entra em vigor
entrada
em vigordaleiLs:
igualmente
em 25/1;
em
lei épubli-
25/1; Lyimpede
a lei Ly
Lg§/1
25/1
Ly:15/1
———-. 25/1
iy
REGIMEDASFONTESDODIREITO

davigéneia
3. Suspensao
3.1,Generalidades
dalei pode
A vigéncia ser suspensa porum prazo maisou menos longo.
Recorre-se
lei a
suspensao
que permanega vigor,
a em
da vigéncia
m as
quando
se
se
entende
considera
quea lei
inconveniente
continua
a ser
justificada
e podevir a retomar a sua vigencianum momento posterior.
3.2. Modalidades
devigéncia
A suspensio ser conjugada
dalei pode com duas hipéteses:
a
dalei
vigénciasuspensa
é findoo qual
porum certo tempo, a leivoltaré
a
vigorar temporaria);
(suspensio a dalei é
vigéncia suspensa,mas naose
define0 prazodesuspensio naose fixanenhuma
¢,por isso, dataparaa
(suspensio
leivoltara vigorar indefinida).
davigéncia
4. Cessagio
Asprincipais
causas quedeterminam
a cessagio daleisto as
davigéncia
seguintes:
~A caducidade, que¢ a cessagio quedecorre dotermo doprazode
lei
vigéncia desaparecimento
da ou do dos defactoo u
pressupostos,
dasua aplicagio;
dedireito,
—

A revogagio,queé0 termo devigéncia daleiporum acto,expresso


dolegislador
ou tacito, (f. art. n2
78, 1,CC);
~

Adeclaragao ou ilegalidade
deinconstitucionalidade com forca
obri-
gatoria (cf.
geral art. n.2
281.4,1e 3,
CRP; art. 762 CPTA);
~
deum costumecontralegem,
A formacao que¢ deum cos-
a formagao
tume contrarioalei.

5. Caducidade
dalei
5.1. Vigéncia
temporaria
A caducidade quando
verifica-se a leise destina
a ter uma vigéncia
tem-
(situacao pelo
poraria admitida art. 72,n2 CC),que
1, o sucede
quando
a prdpria
leiprevé
um factoqueimplicaa cessagao dasua vigéncia,
Este
factopodeser um facto cronolégico
(porexemplo,
a lei queregula
os
beneficios
fiscais duranteum determinado
e m vigor ano civilcaduca
no
fimdoano) ou um facto naocronolégico
(porexemplo,
a lei queimpoe
uma campanha devacinagao caducaquandoa doenga
estiverdebelada).

4
5.98VICISSITUDES
DASFONTESDODIRELTO

se pode
Nestetiltimocaso também dizerquea vigéncia
daleiesti sujeita
uma (resolutiva).
condigao
5.2.Faltadepressupostos
A caducidade também quando
se verifica desaparecem os pressupostos,
defactoou dedireito,
porconseguinte,
¢€,
chida',Porexemplo:
dasua aplicagao
quando a previsio
(cessante
da leideixa
a leiqueatribuium suplemento
cessat
ratione
de
legisser lexipsa)
poderpreen-
remuneratérioou
depensao aos invilidosdeuma guerra caduca com a morte dotiltimo
dosbeneficidrios;
comerciais
o art.
de 10.°
CCom
prdprias cnjuges,
um dos
isentadamoratéria forgadaas dividas
mas como,com a nova redacgio
doart. 1696.°,2 1,CC(dada pelo art. 4. DL 329-A/95, de12/12), essa
moratériaforcada deixou de existir no ordenamento juridico,
desapa-
receu 0 pressuposto daaplicagio doart. 10.CCom(que, apesar disso,
nunea foirevogado).

dalei
6. Revogagao
6.1. Nogio
dalei a cessagao
A revogacio dasua vigenciadeterminadaporoutra |
é

‘Na verifica-se
revogacdo a entradaem vigor deuma lei(@
leirevogatéria)
devigéncia
e acessagio deoutra lei (alei revogada).

6.2.Leirevogada
e revogatéria
daleié
A rrevogacio realizadaporuma outra leiposterior
(lex dero-
posterior
legi
gatpriori),
pelo revogacio
lei
e
pressupde
quea
arevogada, revogacao vigor
gada revogatéria.
revogada A lei deestar em
tem
modo d
duasleis: leirevo-
sempre
e
no momento
da
em que¢ porque
a ¢vigén-
cessagao
u m
ciadasleis,
e a leirevogatéria
sé
operaa revogacZo no momento em que
entrar em vigor.
Assim, porexemplo:
~

AleiL, publicadaem 10/2 em 25/2;


entra em vigor publi-
lei Ly€
cadaem 20/2
e entra em vigorem 1/3;lei Lsrevoga,
em 1/3, leiLy:
Ly:12 25/2
Ly20/2 1/3
*
CE
Hxcxaawn,
Geltungskraft
41955.6459
ss,
Geltungsverlust
und (Tubingen
von Rechtsnormen 1997),

us
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

AleiLyépublicadaem 1/4 entrou em vigor


cadaleiLy,queentra em vigorem 15/6;
em 15/4;
a leiL,revoga, é
em 1/6publi-
no momento
que
‘em entra em vigor(15/6),
a lei Ls:
Ly:1/4—————— 15/4
Ly:1/615/6
6.3. Modalidades
darevogagio
ou ticita.A
a
revogagio
é
a)Atendendoformacomo realizada,
é
expressa
a revogagio
aquela
queresulta
d e
pode
uma
ser expressa
declaragéo do
legislador(cf.
art. 72,n.°2
1. CC). exemplo:
parte, Por “E
revogada a leiL,―;
revogados
‘Sao os artigos x a ydaleiL―. A revogagio ticitaé aquela que
resulta daincompatibilidade dalei revogada com uma nova lei(f.art. 72,
n22.' parte,
implica
CC).
a revogacio a
Porexemplo: nova redacgio deum artigo
daanteriorversio desemesmo artigo.
deuma lei
Considerando os seus efeitos, arevogagio pode ser substitutiva ou sim-
ples. Arevogagio substitutiva éa quese verifica quando a leirevogatéria
substitui o regime jurfdico dalei revogada, Porexemplo: a lei revogatéria
defineo novo regime doarrendamento urbano. A revogacao simples é
a
que ocorre a lei
quandorevogatéria se limita a revogar a lei anterior, sem
definirnenhum novo regime juridico: a leirevogatéria contém um mero
actuscontrarius.Porexemplo: a lei revogatéria lei
revoga queimpée
a o

pagamento de uma taxa, s em nada definir quanto & mesma matéria,


A revogacio ticitaé necessariamenteuma revogagio substitutiva, pois
queé a incompatibilidade deum regime anterior
posterior regime
com um

queprovoca a revogagio tacitadeste regime maisantigo. Emcontrapar~


tida,a revogagio expressa pode ser uma revogacio simples ou substitutiva.
1b) Atendendo ao seu objecto, a revogacao
pode ser individualizada ou
global: a revogacao individualizada ¢aquela queatinge apenas uma leiou
algumas regras juridicas lei; revogacio
de uma a global ¢aquela que recai
sobre um institutojuridico ou um ramo doditeito. A revogacio global¢
ticitaquando decorre dacircunstnciadea leinova regular todaa matéria
daleianterior (cf. art. 72, n2 2 infine, CC), ou melhor, recair sobre todoum
ramo dodireito ou um regime juridico, mesmo que nem todas a s disposi-
Ges donovo regime incompativeis
sejam com as anteriores.
Considerandoo seu ambito,a revogacao pode ser totalou parcial.
A revogagao
étotalquando
a leianteriorforrevogadano seu todo;a revo-

176
5.98VICISSITUDES
DASFONTES
DO DIRELTO

gagio pode
totaltambém ser designada
porab-rogagio.
A revogagio
&
parcial quando apenas foremrevogadas algumas regrasdaleianterior;
num dossentidos da
possiveis expressio,&revogagaoparcialtambém se
pode chamar derrogacio. a
6)Atendendosua eficacia temporal, revogacaopode ser retroactiva
ou nio retroactiva:a revogagio aquela
retroactivaé em que leié
a revogada
com eficécia
ex tunc, ou seja,
a partir daleirevogada;
doiniciodevigéncia
a revogagao nio retroactivaéaquelaem quea leiérevogadaapenas com
cficaciaex nung, istoé,somente a partirdavigéncia
dalei revogatéria.
Normalmente, naotem eficicia
a revogagao retroactiva.

64, ticita
Revogagao
a)Arevogacio tacita queé
-

porincompatibilidade
arevogaciio deregimes
sucessivosresolve
~
os conflitos
deleisatravésderegras (também desig-
nadas por“regras depreferéncia―?)
quedefinem os seguintes critérios:
a
prevaléncia
priori) (cE.
da fonte
art. 72,
posterior
n°1C , C),
sobrea fonte
a
a prevaléncia posterior
derogat
legi
nterior(lex
dafontedehierarquia superior
sobre a fonte dehierarquia
fim,a prevaléncia
inferior(lex
dafonteespecial sobresuperior
derogat
a fonte geral
gi inferiori)
specials
(lex
e, por
derogat
leggenerali) (cf. art. 78,n. 3,CO)’
Importa ter presente quea revogacio pode
sé operarentre uma leiante-
rior e uma leiposterior damesma hierarquia ou entre uma leianterior€
‘umaleiposterior dehierarquia lexposterior
Porisso,os critérios
superior.
2
ALcHOURRON/BULYGIN, Theexpressive conception of norm in Hivpiven (Ed), News
‘Studies
i n Deontic Logic(Dordrecht/Boston/London 1981),107; \LCHOURRGN/BULYGIN,
La concepeidn
cho(Madrid 1991), de
expresiva
136,
lasnormas,i t ALCHOURRON/BULY’
,

y
Analisislbgico Dere

®Diferentemente, KEtsen,RechtundLogik,
DieWienerRechtstheoretische
ss,entende
Schule
queas regrasconflituantes
in KLEcaTski/Mancic/Scuampec

(Frankfurt/Ziirich/Salzburg/Minchen
(Ed),
1968), 1477
dado
continuam a pertencer ao sistema
juridico,
quea revogacio s6 pode ser realizadaporuma rograquese refiraexpressamente a regra
revogadsa;cf.também KELseN, Derogation, Essays in
Jurisprudencein Honor of Roscoe

formula
York=
Pound(Indianapolis/New
Rechtstheoretische
adopted from
Schule,
1962),353 Kuzcarsky/Maxcic/Scamneck,
1441:“Am
theRoman been
insight by
into
jurisprudence,
the
“lex
nature
posterior derogat
has
ofderogation
DieWiener
blurred
priori―.
the
Thissentence
is

misleading
becausebecause
norms. Thisis that
derogation
it creates

norms
refer
conflicting
wrong, bth
toa ofBut
theimpression
function
certain
oftheisthe
conflicting
nether
behavior of
them
refers
one two

tothe
of
validity
another―;
Allgemeine
KeLsBN, Theorie
(Wien derNormen
1979), 89.

7
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

dlerogat legipriorie lexsuperior derogat legiinfériorinaosaoindependentes


si, a
entre pois
énecessdrio
que,para
lei
que
que revogatéria
uma lei posterior
tenha, pelo
possa
menos,
revogar
amesma
uma leianterior,
hierarquia da
leirevogada, dizer:
Quer pode haver uma
revogagio horizontal entre le
damesma hierarquia euma revogagao verticalentreuma lei(revogatéria)
dehierarquia superior euma leide hierarquia inferior, mas nunca se pode
verificar uma revogacio vertical entre uma lei(revogatéria) dehierarquia
inferiore uma leidehierarquia superior. Seesta regra naoforrespeitada

é a
=
isto 6,se a lexposterior forinferiorlexprior-, qualquer incompatibili-
dade entre as leis resolvida através dainvalidade dalexposterior. Omesmo
ser ditodarelacéo lex e lex
pode entre as regras
posterior deragat legipriori
specialisderagat leggeneral: alex specialis também tem de ter,pelo menos,a
mesma hierarquia dalexgenerals.
Emtodas estassituagdes hduma incompatibilidade entre a leirevoga-
toriaea leirevogada
étotal, na hipétese caso
(no da
dalexspecialis
lexposterior (superior)
a incompatibilidade
a incompatibilidade
éparcial), mas nao

chega a haver u m verdadeiro conflito normativo, exactamente porque


uma das leisrevoga ou derroga a outra lei.Nahipotese dea lexspecialis
ser posterior &lexgeneralis, a leigeral naodeixadevigorar: 0 quesucede &
queo ambito deaplicagio daleigeral érestringido, dado queeladeixade
ser aplicavel aos casos abrangidos
pela leiespecial. Nestaeventualidade
também se pode falardederrogagao, embora haja quelembrar que,neste
sentido, a derrogagio expressasubtracgio
a do ambito d e aplicagio dalei
geral quepassam regulados
dos casos
se trata deuma vicissitude
a estar
na
na vigéncia
lei
daleigeral,
especial, pelo
mas apenas
quenao
deuma
alteragio no ambito da sua aplicagio.
b)Doexposto resulta que,pressupondo quenaose verifica nenhum
problema hierarquiarevogada revogatéria,
quanto & dalei e dalei a lei

posterior s6 pode revogar a lei anterior quando ambas forem leis gerais
(leigeral revoga leigeral) ou especiais (leiespecial revoga lei especial)
ou quando

trapartida,a lei anteriorfor geral


uma lei geral posterior
ea lei posterior
nao revoga
for especial.
a lei especial
Em con-
anterior,
excepto se outra fora intengio inequivoca dolegislador (art.72,n2 3,C C).
Compreende-se que assim seja, porque, apesar danova leigeral, pode con-
tinuar a justificar-se a vigéncia daanteriorleiespecial.

v8
5.98VICISSITUDES
DASFONTESDODIRELTO

6.5. Efeitos
sistémicos
a)Arevogagao
que considerar os
a
implica hi
cessagio devigencia
efeitos
importantesque revogagio a
daleirevogada,
pode
mas ainda
produzir no

se situagaoé
sistema juridico',primeira queimporta aquela
Uma analisar em.

quea revogagio limita a eliminaruma redundancia no sistemajuridico,


sem nada alterar desubstancial neste sistema.Suponha-se, porexemplo,
quenum sistema
(Bp),
juridico
a leiL,,de acordo
€
a
vigoramleiL,,segundo
com a qual “Nao épermitido
a qual “Eproibido
pâ(~Pp);
ۥ revo-
p―
gacio (simples) dalei Lynadaaltera n o sistema juridico, porque, como a
naopermissio
aindaqueaquela
depe a proibigio
permissio
depsio
regras
sejarevogada,
equivalentes
mantém-se a
(~Pp©Fp),
proibigio dep.
A situagio merece, entanto,
n o uma solugio diversa se tiver havido
uma revogagio substitutiva dalei L;,ou seja,se esta lei tiver sidosubs-
tituidapela leiL;queestabelece que “E permitido pâ€(Pp);
• esta nova lei
revoga, expressa ou tacitamente, a lei L,, mas também revoga tacitamente
aleiL;,dadoquea (nova) permissio de p incompativel
¢ com a (anterior)

proibicio de p.Assim, admitindo que nio hi nenhum problema quanto 4


hierarquia dasfontes implicadas, o critério daincompatibilidade quese
encontra estabelecido no art. 78, n22,CCabrange todas as leisincompa-
tiveisdo sistema
abrangido a
com nova lei,mesmo quea revogagio
uma delas.
expressa s6tenha

b)A revogacio
aplicagdo de uma
deuma leipode
outra lei. S efor o
implicar
revogadaexcepcional
uma
alargamento
lei
doambito
ou uma
de
lei
especial,que respectiva
é
claro a lei geral passa a ter um ambito d eaplicagio
maisvasto.Admita-se quevigoram
tidocirculardebicicletanos espacos L;,
a lei queestabelece
ptiblicos―,
queé “E
permi-
¢a lei L;,quedetermina
que“Aos
jardins
Domingos
se
e feriados
piblicos’;revogada,
esta lei for é
nio permitido
a lei L,
circulardebicicleta
também se torna
nos
aplicavel
2 circulagao debicicletas aos Domingos feriados nos jardins puiblicos.
©)Importa aindareferir quea revogagio deuma leidetermina a cadu-
cidade detodas a s demais leisquepercam o seu ambitodeaplicagao
apés
a cessagio devigéncia daquela lei.Porexemplo: a revogagio deuma lei
determina a caducidade detodasas leisquetenham como previsio a lei

revogada; se,porexemplo,
a leiL, tem como
alei
previsioL,(como sucede

*
Parau m a anilisedoproblema,
ef.ALcHoURRGN/BuLYGIN,
Sobreel concepto
deorden
juridico,ALCHOURRON/BULYGIN,
in Anilisisldgico
y
Derecho,
400ss.

v9
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

quando a previsio daleiL,se refere aos casos regulados na leiL,) e estalei


€
deaplicagao a
1, revogada, L caduca,
entio
possivel.
lei
deuma leitambém
porque deixa de ter

a caducidade
qualquer
detodas
ambito
as le
A revogagio implica
dependentes. Por exemplo: (j) revogagao
a de uma leidaAssembleia da
Reptiblica implica a caducidade do respectivo decreto regulamentar;
(ii)a revogagio deuma proibigéo ou deuma obrigagio implica a caduci
dade daleiquedetermina a sangio aplicivel &violagao daquela proibicao
ou obrigagao.

6.6. Revogagio e
aplicabilidade
A revogagao implica o fimdevigéncia dalei,mas importa
~ ~
referi-lo
issonem sempre
resolugao de casos
quer dizer
concretos. a
que
A
lei revogada
possibilidade de
deixe de
aplicagao
ser
de
aplicavel
uma lei
na
no
vigente decorre dachamada aplicagao daleino tempo e,em especial, de
uma dassolugées

ultra-actividade)
possiveis no
daleiantiga. Ambito
dessa
Umexemplo
aplicagao:
simples
a sobrevigéncia
ajuda a compreender
(ou
é
como queuma leirevogada
nova leipenal, procurando
aindapode
combater
ser aplicada: suponha-se
o crime decarjacking,
queuma
aumenta em
alguns
desse
anos a pena
crime; prisio.a
de
admita-se
queficam
quealguém
sujeitos
pratica
danova lei;em direitopenal
os condenados
um crimedecarjacking
pela pritica
antes
daentrada em vigor vigoraregrasegundo
a
a qual é
(cf-art.
aplicével
22,n21,CP); a
ao acusado

a
lei vigente
ainda
assim, que o
no momento dapratica
acusado venha ser
dofacto
julgado ji na
vigéncia dalei nova, s6 Ihe éaplicével a lei vigente no momento da pr:
tica do crime,apesar dea mesma ja se encontrar revogada ao tempo do
julgamento.
‘Uma forma deexplicar a sobrevigéncia daleirevogada éentender que
a revogacdo nao implica a cessagao davigéncia dessa lei,mas apenas a
restrigéo doseu ambito deaplicacéo:a lei revogada passaria a ser aplicada
apenas aos factos queforampraticados ou assituacdes quejé existiam
durante a sua vigéncia’,Averdade é,no entanto, queno é a revoga¢ao
querestringe o ambitodeaplicagao dalei revogada, mas o regime sobre
a aplicagao dalei no tempo que a define como aplicavel ¢as
aos factos
situagdes passadas. Portanto, a
da
sobrevigéncia lei antiga nunca pode ser

180
Tiempo
CEBotvain,
yvalde, iv ALCHOURRON/BULY y derecho,
Anilisislogico 211
5.98VICISSITUDES
DASFONTESDODIRELTO

um efeito
vistacomo darevogagao,
mas antes como uma do
consequéncia
regime aplicagio tempo.
da daleino

6.7.Naorepristinagio
a)Alei revogatéria pode serrevogada poruma leiposterior. Nestahipé-
a qual
tese,valea regra danaorepristinacao dalei revogada, segundo a
lei
revogagiorevogatdria
da néoimporta o renascimento da leique esta
revogara (art. 72,n.24,CC). Porexemplo: a lei Lyrevoga a lei Ly; leiLy
revoga a leirevogatéria Lalei L;naoretoma a sua vigéncia. A solugio vale
independentemente
retome a sua vigencia
de a
A regradanio repristinagio
da lei
ser
revogagiorevogatdria
significa
no momento darevogagio
expressa ou ticita.
que,paraquea lei revogada
dasua lei revogatéria,
énecessirioqueissoresulte danova lei revogatéria, Porexemplo: uma

sobre o
nova leiregula
a matéria;
conduzem
regime
o legislador
das rendas
as criticasdirigidas
a revogar
a
habitacionais,
ao novo regime
revogando lei
a nova lei; a antiga
anterior
sio devariaordem
lei s6voltaa vigorar
e

se talresultar (nomeadamente pordeclaragao expressa dolegislador) da


leirevogatéria,
b)A regradanaorepristinagao nem sempre &seguida. A declaragio
deinconstitucionalidade ou deilegalidade com forca obrigatériageral da
lei revogatéria
inconstitucional a
determina repristinagio
ou ilegal tinharevogado (art. a
dasregras
282.%,
que lei declarada
1,CRP),
n.° pelo que
essadeclaragio implica vigéncia
a retoma de da leirevogada. Porexemplo:
aleiL>revogou a leiL,;alei L € declarada inconstitucional; aleiL,reini-
ciaa sua vigéncia. Esteregime
deevitar quea declaragio a
encontra sua justificagdo
deinconstitucionalidade
na necessidade
ou deilegalidade de
uma leiimplique a abertura deuma lacunano ordenamento juridico; de
molde a evitar esta lacuna, a leirevogada pelaleideclarada inconstitucio-
nalow ilegal retoma a sua vigéncia.

6.8.Revogagio e remissio
Podesuceder
sejarevogada
a
que leiparaa qual
poruma leiposterior.
uma outra leirealizou
Porexemplo:
uma remissio
a lei L,remete paraalei
Ly,queentretanto é revogada
pela lei Ls.Perantea revogacio daleipara
a qual a remissio(a
se efectua leiL;), importaverificar quais os refle-
sio
xos dessarevogacio na Ha
remissio, quedistinguir,andlise,
nessa entre a
revogagio simplese a substitutiva.
revogacio
81
REGIMEDASFONTESDODIREITO

simples
A revogacio daleiparaa qual a remissioimplica
se realiza a
interpretagio daleiremissiva. Porexemplo:
ab-rogante a lei Lyremete
para L;a Ls revogada
a lei lei é pelaLg; Ly
lei a lei remete para uma leinao
vigente,pelo
que tem deser objecto interpretagio
de uma ab-rogante.
Em
contrapartida,
realizadas lei
revogagao
para revogada
a
a
passam
implica
substitutiva
feitas
quetodas
paraleirevogatoria.
a ser a
as remissdes
Por
exemplo: L,remete paraa leiLy leiLe&substituida
a lei pela
leiLyja
lei
entaoa remeter para leiLy.
L,passa a
de suspende
7. Problemas hierarquia
A revogatéria
lei lei que
vigéncia
ou a adeoutra lei tem de
hierarquia hierarquia
ter a mesma
lei suspensa.
Estaregra &revogada
superiorou uma
aplica-se prépria
também
&
lei
lei
ou &
revogatériaou
Aleidesuspensio, Assim, como uma leide hierarquiasuperior pode
nao
ser revogada
ou suspensa poruma leidehierarquia inferior, issosignifica
que,depois
hierarquia
de a lei
inferior
L;
&
ter
lei
revogado
Lypode
ou suspendido
voltara atribuir
leiL,
vigéncia4a
nenhuma
leiL:*,
leide

©
CENavaRko, andDerogation
Promulgation of
Legal
Rules,
(1993), ¢LPh12 387,
388 390.

iy
§ DAS
10.2HIERARQUIA
FONTES
DODIREITO
I. Relagdes
dehierarquia
1. Generalidades
LL. Fontes
e regras
a)Quando se analisa
um juridico
sistema adquire-se facilmente a percep-
de
gio que comporta
este fontes d ehierarquia mais alta fontes
¢ dehie~
mais
rarquia baixa.
Por
é
exemplo: que Constituigio
intuitivo a nao tema

mesmahierarquia
de
rarquia um
de uma leiordinaria,
regulamentar
decreto e
que
que
esta
este
nao
no
possui hie-
tem
a mesma
a mesma hierar
deum despacho
quia doReitordeuma Universidade.
geral
A nogao dehierarquia
permiteretiraruma conclusdo
importante.
Beladequea hierarquia
dasfontes
¢ algo
sempre derelativo,
poisques6
possfvel
é
Ahierarquiadasf a
determinarhierarquia
ontes
d
uma fonte
odireito
dadoqueestas regras
r de
em
eflecte-se
na
relagio
hierarquia
a hierarquia
a outra fonte.
dasregras
dasrespectivas
juri-
fontes.
dicas, possuem
Podeassimconcluir-sequea hierarquia dasregrasnao tem autonomia
perantehierarquia
a dasfontes.
b)Ahierarquia defontes dodireitonaoimplica nenhuma diferenga
quantoa o vinculativo
cardcter d asregrascontidas
nessas fontes. Qual-
querregrainferidade qualquer fonte, qualquer
quesejaa hierarquia
destaultima, vinculativa
¢ no seu ambito deaplicagao. Hi fontes de
diferentehierarquia,
mas nao haregras maisvinculativas
e menos vin-
culativas.

ir)
REGIMEDASFONTESDODIREITO

1.2,Determinagaodahierarquia
Dadoquea hierarquia dasfontes
é
sempre um dosmodos
relativa, de
determinar a hierarquia
deuma fonteé
confronté-la
com uma fonte
con-
flituante.
Emconcreto:
~A
dehierarquia
fonte Ãaquela
mais altadeum sistema © queafasta
qualquer
outra fonte
conflituantedomesmo sistema;
~

Asfontes
dehierarquia
afastadas
porqualquer
dehierarquia
~As fontes
mais baixa
outra fonte sistema
deum sio aquelas
conflituante
desse
deum sistemasio aquelas
intermédia
queso
sistema;
que
prevalecem fontes
algumas sistema,
sobre do mas quesio afastadas
poroutras fontes
conflituantes
domesmo sistema.

dahierarquia
1.3, Relevincia
A determinagioda hierarquia
dasfontesreleva
paravariosaspectos.
Nomeadamente,essa hierarquia
érelevante efeitos:
paraos seguintes
10daadmissibilidade
ticadeuma fonte,
darevogagao
queuma fonte pode
dado eda ou
interpretagao
s6
autén-
ser revogada
inter-
pretada
autenticamente poruma outra fonte
damesma ou dehierar-
quiasuperior;
~A definigéo
docontetidoadmissivel deuma fonte; porexemplo: as

restrigbes
aos liberdades
direitos, e garantias
s6 podem ser realiza-
dasporuma leidaAssembleia daRepublicaou porum decreto-lei do
Governo,mediante
1,al.b),
1652,n2 CRP). autorizacao
prévia legislativa (cf. 18,n22,e
art.

2. Stufenbautheorie
2.1. Apresentagio
A Stufenbautheorie
¢KELSEN(1881-1973)?
destes
(weoria
da escalonada)
construgio
baseia-se,
numa hierarquia
deMex(1890-1970)!
que so comuns na cons-
nos aspectos
dinamicaentre as fontes,
trugdo autores, poisque
*

Scnamneck
Prolegomena
Cf:Menkc.,
undRecht/FS
einer
Kelsen
Hans
(Bds),
Theorie Gesellschaft
zum 50.Geburtstage
(Wien
Stufenbaues,
desrechtlichen
1931),
252
in Staat
ss.= KLECATSK1/MARCIC/

Schule(Frankfurt/Ziich/Salaburg/
DieWienerRechtstheoretische
Miinchen
1968),
1311ss
*
CEKetsex,ReineRechtslehre/Einleitung
i n dierechtswissenschaftliche
Problematik
1934).
(Leipzig/Wien
iy
5 10" HIERARQUIA
DASFONTES
DODIREITO

elapartedoprincipio dequetodaa fontetem o seu fundamentodevali-


dade numa outra fontedehierarquia dai
superior: decorreuma “constru-
gioescalonada daordemjuridica―(Stufenbau
derRechtsordnung)’.
Antes
daformulagio desta construgio jé
BERLING (1841-1919) “nor-
falava
de
mas subordinadas e supra-ordenadas
exclusivamente validade
[..]quando
das
a validade
dasprimeiras
repousa na segundas―*
A Stufenbauthcorie
quedeterminam
mereceu asseguintes
a formae o contetido
~
formulagdes: “As
deoutras proposigées
proposigdesjuridicas
na medida
juridicas,
queestasproposigbes
‘em derivadas
juridicas ndopodem ou nio thes Ãpermitido
©
numa maneiradiferente
‘surgir dadeterminada [.),chamamos juridicas
proposigées
condicionantes e, Aquelas
Asquais elasservem defundamento devalidade,proposi-
juridicas
‘gbes
condicionadas
Aordem
condicionadas,[..] deproposigdes
assimcomo uma ordem
apresenta-se
juridicas
degrau; falando e
condicionantes
deuma forma
figurada,
caricter
como um a
dinimico
hierarquia e
deactosmaiselevados
¢
uma norma somente vilida
doDireito,
mais baixos―’;-

porque e na o
dado
“[.]
medidaem
quefoiproduzida poruma determinada mancira,istoé,pelamaneira determinada
poruma outra norma [..J.A relagioentre a norma queregula a
produgio deuma
utra e a norma assimregularmente
cialdasupra-infra-ordenagio.
produzida
A norma queregula
podefigurada
ser pelaimagem espa~
a
producio
é
a norma superior,
a norma inferior.
anorma produzida
segundoasdeterminagoes
daquela
é A ordem
nfo &um sistema
juridica denormas juridicas
ordenadas
no mesmoplano, situadas
uumasa0 ladodasoutras,mas uma construgio
escalonada
dediferentes
camadas
ou
niveisdenormas juridicasâ„¢.

2.2. Apreciacao
A Stufenbautheorie em alguns
&criticavel dosseus aspectos.
Osfundamen-
tos dacriticadecorremdaverificacao
dequenem semprea hierarquia

> Cf.
Ware, DerAufbau derRechtsordnung (Graz 1964),53563LeIMINGER,
Die Pro-
blematikderReinenRechtslehre(Wien/NewYork1967), 3s; BestREND,Untersuchungen
‘zur
und
Stufenbaulehre
Hans
AdolfMerkls
Adolf
DieLchrevom StufenbaudesRechts nach
(Berlin
Kelsens
Julius
1977),
Merkl,
8; BOROWSKI,
13s.€49
(Eds),
a Pavson/Sroutess

122.55; Jaxan,
Probleme
dieAussichten
des
HansKelsen/Staatsrechtslehrer
undRechtstheoriker
derStufenbaulehre/Das
derReinenRechtslehre,
20,Jahrhunderts
Scheitern
ARSP91(2005),
2005),
(Tabingen
desAbleitungsgedankens
3335s.
und
+

§
Brextino,
FSHansKelsen
Merxc.,
sxcx (Eds),
i. =
Juristische
Prinaipienlehre
I (Freiburg
zum 80,Geburtstage,
Die WienerRechtstheoretische
B,/Leipzig 1894),
107.
275Â ¢276 KLECATSK/MARCIC/SCHAM-
Schule,
1339 1340,
©
Teoria
Keisen,
Pura
do Diteito, 251

iss
REGIMEDASFONTESDODIREITO

dasfontes dodireitocorresponde &hierarquia dasrespectivas fontes de


produgio,quedado uma mesma fonte pode fundamentar a produgio de
outras fontes damesma hierarquia. Porexemplo: a CRPprevé o regime
darevisio constitucional (ef,
art. 284.a 2892CRP), ou seja, prevé a ela-

boragao deuma leiconstitucional (¢f.


art. 161.,al. a),1 66. n 1,
.’ e 2863,
n? 2,CRP), queé uma lei que tem necessariamente o mesmo grau hi
rirquicoprépria
da CRP.
Sucede aindaquealgumas fontes dodireitocriam organizagoes que
contém com diferentes
érgios hierarquias. Porexemplo: (j)as autarquias
locaiscompreendem uma assembleia dotada depoderes deliberativos
€um
drgio executivo queresponde ela
perante (art. 2392, n.°1,CRP);
(ii)0 s tribunaisjudiciais comportam tribunais d ediferentes hierarquias:
os tribunais decomarca,0s tribunais derelagio e o ST] (cf.
art. 2102, n! 1
a4,CRP). Assim, uma tinicafonte pode érgios
criar com diferentes hie-
rarquias, peloque relagdes
as de hierarquia entre érgiosnaosio 0 reflexo
denenhuma diferenga nas hierarquias dasrespectivas fontes. Portanto, a

hierarquia, em vez de se encontrar nas fontes, pode algo


antes ser que
criado pelaspréprias fontes.
Il. dinamica
Hierarquia
1. Generalidades
daanilise
LLL,Pressupostos
Ahierarquia dasfontesatende
dindmica entre a fonte
&relagao queserve de
fundamento
aprodugao
um “principio
fonteproduzida
deoutra
fonte
deconformidade――
ea fonteque¢produzida, Segundo
desubordinacao―®,
ou uma “cadeia
deveser conforme4fontequepermite
a
a sua produgio.
Umafontepode autorizara produgao deuma fonteporuma outra
fonte.Porexemplo: uma leidaAssembleia daRepitblica pode autorizar
que0 Governo, deum decreto-lei,
através aumente a taxa deum imposto
(cf. n 1,al.i),CRP).
art. 165.", A situagiomaiscomum é, no entanto,
aquela em queuma fontefundamenta, elamesma,a produgio deoutra
fonte; porexemplo: um decreto-lei
doGovernosobre transportesurba-
nos fundamenta queum ministro possaelaborar uma portaria sobre0

respectivo tarifirio,
>

*
A.Napats,
As
relagoesdos
érgios
deYork
entre actos legislativos
NormandAction/A
von WriGnr, Logical (London/New
Enquiry
(1.1984),
soberania
1963),
11.
199.

186
5 10" HIERARQUIA
DASFONTESDODIREITO

1.2. Resultado
daanilise
a) principio
O queorientaa hierarquia dinamica a fonte
Âo¢seguinte:
produzidapode hierarquia
nunca ter uma superior produgao.
& fonte
de
Estaafirmagio
no ¢
facilmente
entanto,s6possui
verificavel doseguinte
através
exemplificativo),
um cardcter no qual
(que,
esquema
as fontes
de
hierarquia
superior deprodugio
constituem fontes dasfontes
imediata-
mente inferiores:

Constituigio

| legislative
Actolegislativo!| Acto
Acto
n
legislativo

Acto 1| regulamentar2
regulamentar | regulamentar
Acto
3|Acto
regulamentar
Acto

b)Seéclaroquea fonteproduzida nunca pode ter uma hierarquia


fonte
superior’ d eprodugao, é
muito menos evidente que a fonte deprodu-
aonaodevatransmitir &fonteproduzida a sua prépria hierarquia.Poder-
-se-ia efectivamente imaginar quefontes deprodugao de hierarquia dis-
tinta conduziriam a fontes produzidas dehierarquia igualmente distinta.
Masnaoé necessariamente assim:a hierarquia dafonteproduzida pode
naodepender dahierarquia dafonte deprodugao, Porexemplo: suponha-se
o
que acto legislativo
mentar AR, que
€ 0
AL,constituia fontedeprodugio
acto regulamentar AR, c onstituia
do acto regula-
fonte deprodugio
doacto regulamentar
fontedeproducéo,
acto regulamentar
AR; apesar
uma hierarquia
de o acto
superior
legislativo AL; enquanto
ter,
ao acto regulamentar AR,,0
AR,naotem,poressemotivo,uma hierarquia superior
ao acto regulamentar AR;(ambos os actos podem ser,porhipétese, uma

portaria,que tem a mesma hierarquia independentemente de a sua fonte


ser um acto legislativo ou um acto regulamentar),

2. Fontesexternas
2.1.Direitointernacional
encontra-se consagrado
No direitoportugués, derecepgio
um sistema
automaticadodireitointernacional,
quercomum (cf. 8.°,n.°
art. 1,CRP),
querconvencional(f.art. 82,n.2 e 3,CRP).Isto significa
queo direito
87
REGIMEDASFONTESDODIREITO

internacional
vigora, como tal,na ordemjuridica portuguesa,sem neces-
sidadedeser incorporado defontes
através internas.
Osprincipios comum (cf,
dodireitointernacional art. n2 1,CRP)
72, e
a DUDH¢f. art. 162,n22,CRP) prevalecem sobre a CRP. No entanto, a

generalidadedodireito internacional
convencional subordina-se4 CRP,
demonstrado
como é pela possibilidade
deaferigao dasua constituciona-
lidadepelostribunais portugueses (ef,
art. 277°,n. 2,2788,n." 1,2798,
3,CRP).
n24,e280.°,n.
2.2.Direitoeuropeu
Asdisposigdesdostratados
queregem a Uniio Europeia e as regras
ema-
nadasdassuas instituigdes
queconstituem
~
0 chamado direitoderivado
=

s4oaplicveis juridica
na ordem portuguesa, nos termos definidospelo
propriodireito
curopeu,com respeito pelosprincipios fundamentais do
Estadodedireitodemocritico 8°, 4,CRP).
(art. n. Verifica-se,
assim,a
prevaléncia
(ouprimado) europeu
o dodireito sobre
o
direitointerno.

3. Fontesinternas
3.1. Leieregulamento
Osactos legislativos
prevalecem,
em termos hierérquicos,
sobre o s actos

(cf.
regulamentares CRP).
art. 112.%,n27, Esta hierarquia aespe-
limita-se
Iharas relagdes
entre a fungio
legislativa
e a fungio (ou
executiva regu-
lamentar).
dosactos regulamentares
A subordinagio aos actos legislativos
vale,
paraos regulamentos
nomeadamente, emanados (¢f.
doGoverno art. 1993,
os regulamentos
al.c),CRP), produzidos
pela
administragio
auténoma
(como, porexemplo, ¢os regulamentos
as posturas dasautarquias
locais
(art. CRP),regulamentos administracio
241.2 os emanadosda indirecta
(como, porexemplo,os regulamentos dasentidades
provenientes admi-
nistrativasindependentes
com fungao deregulacao
e desupervisao)
e os

pelas
estatutos elaborados dedireitopuiblico.
colectivas
pessoas
3.2.Actoslegislativos
Nosactos legislativos,
~
haqueconsiderar, a
Asleisconstitucionais
(¢f.
quanto
sua
art. 1662,n
seguinte:
hierarquia,o
CRP)
1,¢2862,n22, possuem
uma hierarquiasuperior
a todos actos legislativos;
os demais

88
5 10" HIERARQUIA
DASFONTESDODIREITO

Dentro dasleisnao constitucionais,


as leisdevalorreforgado

alguns ¢n.’
$e
6,CRP)em
(fart.112,n.°3,
166, 2, 1682,
n
casos, sobre
."
todas as demas
com os estatutos politico-administrativos
prevalecem,
leis(como sucede,
dasRegiées
porexemplo,
Auténomas:
CRP)
elas casos,
cf. art. 281.,n2 1,al.d), e, noutros
sucede,
legislativosespecificamente
que condicionam
sobre
apenas os actos
(como por
exemplo, a quanto
ne L,al.¢), CRP); ef.
decretos-leis emanados doGoverno: art. 198.

da
ou leisdevalornao
Asleis Assembleia daRepiblica,
reforcado (cf.
que sejam
art. 166.n.° 3,CRP),
leisconstitucionais
0s decretos-leis
€
doGoverno (art.198, 1,CRP)
n .? téma mesma hierarquia (art. 112,
n22,CRP);
=

Osdecretos legislativos regionais (art.2272, n.° 1,CRP) subordi-


nam-se ao estatuto politico-administrativo darespectiva Regio
Autonoma (art,112°,n.°4, CRP).
3.3.Actosregulamentares
a)Nadeterminagao dahierarquia dosactos regulamentares naoexis-
tem regras muito definidas, Emtermos genéricos, aplicam-se as seguintes
regras, algumas delas com uma origem consuetudinéria: os regulamentos
deforma m ais solene
prevalecem sobre o s regulamentos deforma m enos
solene;regulamentos
os produzidos porérgaos superiores prevalecem
sobreos regulamentos emitidospor orgios inferiores; os regulamentos
emanados deérgaos com competéncias maisvastasprevalecem sobre os
regulamentos provenientes de érgoscompeténcias
com mais restritas;
por
fim,
valecem
os regulamentos
sobre
produzidos
os regulamentos
porérgios
emanados
desuperintendéncia
dosérgaos superintendidos.
pre~
b)Osregulamentos emanados dosérgios centraisdoEstado que
~

sao os decretos, os decretos regulamentares (cf.


art, 112,26, €1994,
al.¢),CRP), as portarias, os despachos normativose as resolugdes do
Conselho deMinistros prevalecem
~

sobreos actos regulamentares de


outras estruturas
tes dosérgios administrativas.
centrais, os decretos
Dentrodosregulamentos
regulamentares
provenien-
prevalecem sobre
os decretos simples e estes tiltimos prevalecemportarias
sobre a s €os
despachos normativos.
Osregulamentos dasautarquias locaissio hierarquicamente inferiores
4sleise aos regulamentos dasautoridades com poder tutelar(art. 241.2

ir)
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

CRP).
Osregulamentos
dasautarquias
locais
degrau prevalecem
superior
os regulamentos
sobre degrauinferior.
dasautarquias
3.4,Leie costume
A lei (emsentidomaterial)
e 0 costume possuem 0 mesmo grauhierir-
quico,embora, naturalmente,o costume constitucional
prevalecasobre
Eaquela
a leiordinaria, identidade hierarquica
que justifica
tanto a pos-
sibilidade
decessagao davigénciadalei pela
formagio deum costume
contralegem,
como a possibilidade
dacessagaodocostume pelaprodugio
deuma leidesentido contririo.

3.5.Normascorporativas
As normas nao podem
corporativas contrariaras disposigées de
legais
caricterimperativo(art.
1, n2 3,CC).Atendendo & nogao que&
delei
fornecidapelo
art. 1.
1.’,n.°2 CG,
parte, istosignifica
queas normas cor-
naopodem
porativas ser contrarias dedrgios
a leisprovenientes estaduai
Mas,
porque admissivel
naoé queas normas corporativas contra-
possam
riar actos legislativos
(mesmo
naoestaduais),tambémse deve
entender
queaquelas normas naopodem legislativos
contrariar decretos regionais
(fart.112°, n2 1,CRP).
n24,e 227%,

3.6.Fontesmediatas
Osacérdaos doTC quedeclaram
normativos ques4oos acérdaos
~

a
ou a ilegalidade
inconstitucionalidade denormas (art.
281,n.! 1 e 3,
CRP) ¢os acérdaos
dostribunaisadministrativos quedeclaram, com
forcaobrigatoriageral,
a ilegalidade de regras administrativas(art.
762
CPTA) ~

prevalecemprépria
sobre a regraque d
¢ eclaradainconstitu-
cionalou ilegal.
Osusos
lidade
possuem
defontes
uma
hierarquia
dodireito,
inferior4daleiqueIhesatribuia qua-
Osusos séo aindahierarquicamente inferiores
Asnormas corporativas(cf.art. 32,22, CC).
As fontes privadas
saohierarquicamente inferiores4sfontes legais.
Compreende-se queassimseja, porquea autonomia privada nao é
um
livrede
espago direito, mas um espagoregulagio
de que 0 Estado deixaaos
particulares,Ressalvam-seos casos em queas fonteslegaissupletivas
so
dasfontes privadas:
nesta hipétese, qualquer fonteprivada pode afastara
fontelegal supletiva.
190
5 10"
DAS
DO
HIERARQUIA
FONTES DIREITO

IIL. Debilitagio
dahierarquia
substitutiva
1. Concretizagao
A concretizagao deuma fonteocorre
substitutiva quando elaaceitaser
comum quando por concretizar
coneretizadauma fonte
édehierarquia
programiticos.
se trata de
inferior,
principios
Aconeretizagio
Por
muito
exem-
plo:o art. 602, n." 1,C RP atribui
aos consumidores o direito& qualidade
dosbense servigos
tinadas a assegurar
ocorre quando
a prestados;
a propria fonte
cabe leiordinaria
essa qualidade.
definir
A concretizagao
remete para
as medidas
substitutiva
uma outra fonte
des-
também
coneretizadora,
Porexemplo:
o direitodeparticipar e
na
1,CRPdispoe
o art. 77!,n.’
gestio
queos professores
democritica dasescolas,nos
alunos
termos
tem
da
lei;
à ©
esta lei que vai coneretizara extensio e 0 daquele
exercicio direito
deprofessores ¢alunos.

2. Regime dadebilitagao
2.1. Fontes constitucionais
Umafontedehierarquia pode
superior aceitara sua concretizagaosubs-
titutiva poruma fonte dehierarquiainferior.A situagao
maisinteressante
nesta hipétese é
a quese verificano ambito Porexemplo:
constitucional.
oart. 20. n?3,CRPdetermina
quada protecgio dosegredo &
quecabeleidefinir e assegurar
o art. 268,n.22,CRPdispde
dejustiga,
a ade-
que
compete &
leiestabelecer
40abusivas,
Aspessoas
ou
garantias
contrarias
¢4sfamilias;
8 dignidade
contra a obtengio
efectivas
humana,informacées
de
n22,CRPremete para
o art. 362,
¢
utiliza-
relativas
lei a regulacio
dosrequisitos docasamento e dasua dissolugio.
¢efeitos
A admissibilidadedaconcretizagiosubstitutivaderegras
constitucio-
deleisordindrias
naisatravés conduz.a
regras debilitadas
constitucionais
na sua hierarquia,
dadoqueelass6podem
ser aplicadas
em conjunto
com
a leiordinaria A
queas concretiza. daregraconstitucional
debilitagao ¢
tanto mais acentuada maisvincado
quanto foro seu sentidoremissivo
paraa leiordinaria
quea concretiza.Por exemplo:1178, 2,
o art. n2 CRP
estabelece
¢
quecompete
incompatibilidades &
leidispor
doscargos
sobre responsabilidades
os deveres,
bemcomo sobre
politicos, o s correspon-
dentes regalias
direitos, e imunidades;
dado
s6enumera o quedeveser regulado
pela oconstitucional
que preceito
leiordindria,
mas naofornece
nenhuma
hadolegislador
programatica
orientagio
ordinario ©
para regulacio,
essa
Ãparticularmente
amplo. o
ambitodeesco-

i
REGIMEDASFONTESDODIREITO

2.2. Fontesordinsrias
A debilitagaodahierarquia
nio se verifica ao nivel
apenas dasregras
cons-
Qualquerque
titucionais, fonte admite s er completamente
concretizada
poruma fontedehierarquia u ma debilitagao
inferiorsofre na sua hie~
E
rarquia.que0 sucedequando, porexemplo, uma leidevalor
reforgado
aceita ser concretizada deum decreto-lei.
através

IV. Modificagao
dahierarquia
1, Generalidades
Emcertos casos,o contetido a sua hierarquia
dafontemodifica dinamica.
Estamodificagao
dahierarquia
dindmica contetido
pelo dafontepode
verificar-se
nas duas quesio logicamente
situagdes fontes
possiveis: que,
segundo a anilise
dinémica,
possuem uma mesma hierarquia
podem afi-
nalpossuir,segundocontetido, hierarquias;
o seu diferentes fontes
que,
segundoa andlise sio hierarquicamente
dindmica, podem
distintas afinal
ser,segundo hierarquicamente
0 seu contetido, equivalentes.
Destapossibilidade
demodificacao
dahierarquia
dinamica
dafonte
atendendo
ao seu contetido hipoteses.
haqueexcluirduas Ahierarquia
da
seu contetido;
em fungao
eda
leiconstitucional jurisprudéncia
isto significa
doseu contetido.
é
normativasempre
que asuahierarquia
independente
nunca pode
Pelocontrario,
do
ser modificada
o costume tem sempre a sua

hierarquia fungio contetido;


definida e m doseu porexemplo: o costume
tem, conforme
contralegem a fonte daleicons-
a hierarquia
quecontraria,
titucional, legislativo regulamentar.
do acto ou doacto

2. Limites damodificagao
A modificagao dahierarquia
dinamicapelo contetido
dafontetem limi-
tes. Nenhuma
naoIhepermita
fontesobedehierarquia
ter um determinado
a
quandohierarquia
contetido,
sua
Porexemplo:
dinamica
um decreto-
-leiqueregula matéria 4reserva absoluta
quepertence daAssembleia da
Republica (cf.
art. 164."CRP)naopodeadquirir hierarquica
a posicao de
uma leidaAssembleia daRepiblica;
neste caso,a consequéncia
é
a inva-
lidade(ou inconstitucionalidade)
dodecreto-lei.
Além nenhuma
disso, fontebaixadehierarquia
quando, nomeada-
consequénciadeslegalizacdo, nao
mente em dachamada o seu contetido
corresponder
4 sua hierarquia
dinamica,Porexemplo:um decreto-lei
doGovernonao perde hierirquica
a sua posigao pela de
circunstincia

iy
5 10" HIERARQUIA
DASFONTESDODIREITO

6 seu ser 0 deum acto regulamentar;


contetido esse decreto-
por isso,
-lei,apesar
de ter um regulamentar,
contetido nfo pode
ser revogado
por portaria.
uma

damodificagio
3. Resultados
3.1, Diferenciagio
na hierarquia
Ainfluéncia
docontetido dasfontes dodireitoparaa determinagao da
sua hierarquiapode levara concluirquefontes que,segundo a anélise
dindmica,pertencem ao mesmo grauhierarquico possuem afinaluma
hierarquia exemplo:
distinta,Por
dasua reserva absoluta
matéria
uma hierarquia
uma leida
decompeténcia da
Assembleia
(cf.
art.
doGoverno¢f.
a um decreto-lei
Republica
CRP)
164.°
sobre
possui
art. 198.%,n.°
superior 1,
al.a),
CRP),embora, em termos dindmicos,essesactoslegislativostenham
a mesma hierarquia.
A diferenciacao
dahierarquia
em fungio
docontetido
também se veri-
ficaquando
uma dasfontes
devaprevalecer,
atendendo
a esse contetido,
sobrea outra. Eo quesucede,
relagio 4leiinterpretada,
porexemplo, a &
com a leirevogatdria
com leiinterpretativa
em relagio
em
leirevogada
ou ainda com a leidefinitéria:mesmo quepossuam a mesma hierarquia
dinamica, prevalece
a leiinterpretativa sobre a leiinterpretada, a leirevo-

gatoria
vada
prevalece
na interpretagao
‘Uma
outra situago
lei
sobrea lei revogada
dequalquer
ea definitéria
leiqueutilize0 definido.
em que,atendendo ao contetido,
tem deser obser-

uma fonte deveser


considerada superioraoutra fonteé aquelaque primeira esta-
em a fonte
belecelimites4modificagao destatiltimafonte. Umexemplo tipico desta
hipétese pelas
é c onstituido disposigdes legais queestabelecem limites
materiais &revis4o constitucional(cf. art. 288° CRP). Estasdisposigdes
originam dupla
uma superioridade de algumas fontes,nao s6porqueelas
mesmas tém deser consideradas superiores a qualquer disposigao que
permite a revisio constitucional,mas também porque as disposigéesque
naopodem ser modificadasdevem ser consideradas
superiores asdemais,
disposigdes
constitucionais.

dahierarquia
3.2, Equiparagio
a) Ocontetido
defontes na perspectiva
quepossuem, diferen-
dinamica,
hierérquicos
tes graus também pode
implicarequiparagio
uma dasua
hierarquia, equiparagio
Essa em docontetido
fungao ocorre quando
uma

ws
REGIMEDAS FONTES DODIREITO

fontedehierarquia permite
superior queuma outra fontedehierarquia
inferior
a interprete A interpretagao
ou integre. deveser reali-
auténtica
zadaporuma fontedamesma hierarquia ou dehierarquia &fonte
superior
interpretada,
mas podeperguntar-sese isso exclui
a de
possibilidade uma
fonteserinterpretada
autenticamentepor u ma fonteque,
em termos dina
micos,pertence
a um grauhierarquico inferior.
A leinaopode conferir
a actosdeoutra natureza o poderde,com efi-
ciciaexterna,a interpretar (art.
ou integrar 112,n2 5,CRP).
Um acto
legislativo s6podeinterpretado
acto legislativo,
s er

oquesignifica
ou integrado nas suaslacunas
poroutro
que um acto legislativenunca podeatribuir
aumacto regulamentar
pensivel
€ o
queum acto legislativo
de
poderde interpretar
o

hierarquia
ow

superior
No
integrar. entanto,
permita a sua
interpretagio por um acto legislativo de hierarquia exempl
inferior.
Por
uma leidevalor reforgado pode prever quea sua interpretagio auténtica
possa ser realizada por uma lei.
Oprincipio deinterpretagio poracto damesma categoria também vale
para os actosregulamentares: qualquer acto regulamentar pode a
atribuir
qualquer outro acto regulamentar, ainda quedehierarquia (dinamica)infe-
riot, o poder deo interpretar ou integrar. Porexemplo: um decreto pode
admitirquea sua interpretacao auténtica sejarealizada poruma portaria.
revogagio
O
b) referido
de um
valeigualmente
acto legislativoou
paraa suspensio
regulamentar
devigéncia
(¢f.art.
e para
112,25,CRP).
a

Assim, porexemplo, um decreto-lei aplicavel apenas asRegidesAuténo-


mas pode prever revogagio
a sua por u m decreto legislativo
regional eum
decreto regulamentar pode estabelecer que revogagao
a sua possa feita
ser
poruma portaria.
V. Espéciesdeinvalidades
1. Invalidadeoriginiria
LL. Generalidades
Avalidadedequalquer fonteest sujeita a duas
condigées,
uma respei-
tante asua produgio
e outra relativa
ao seu contetido?,
Assim,a cireuns:
tncia de uma fontese basearnuma outra fontenao ésuficiente para
>
Importa a polissemia
ter presente dapalavra
“validade―
em diversos
autores e em varios
contextos:ef BuLyrx,Existence
of Norms, (Ed.),
i n Meccte Actions,
Norms, Values/Dis-
cussions withGeorgHenrikvon Wright
(Berlin/New
York1999),
236ss; AaRNIO,
Essays
the
‘on Doctrinal
StudyofLaw(Dordrecht/Heidelberg/London/New
York2011),
125ss.

196
5 10" HIERARQUIA
DASFONTESDODIREITO

assegurar a sua validade:


¢sempre indispensavel queelatenhaum con-
tetidocompativel com a respectiva fontedeprodugio, Corresponden-
temente,a invalidade deuma fontepode resultarquerdafaltadeuma
fontedeprodugio,
fontedeprodugio. da
querincompatibilidade
das situagdes,
doseu contetido
concluit-se
coma sua

Emqualquer pode quea validade deuma


fonteÃs©empre relativa,
porque uma fonte s6¢vilida(ou invélida)
em
relagioa outra fonte.Daqui naose infere, contudo,quea validadedeuma
fonte sejasempre sistémica, no sentido des6
poder ser aferida
em rela~

go a outra fonte do mesmo sistema, Se o sistemaa quepertence a fonte


forum sistema subordinado a outro sistema (como sucede, porexemplo,
na posigao dosistemaportugués perante o sistemadaUnidoEuropeia), a
invalidade dafontepode resultar dasua incompatibilidade com uma fonte
dosistemasubordinante.
1.2.Coneretizagao
Quando a
falta fontedeprodugio,
quese pode
€0 designar a fontenem sequer
porinvalidade dinamica.
pode ser produzid:
Porexemplo: é
inva-
lido,porfaltaderegradeprodugao e porinconstitucionalidade orgénica,
0 decreto legislativo regionalquelegisla sobrea organizagao dadefesa
nacional (¢f.
art. 227%, n2 1,al.a),¢ 164,al.d),CRP) ou sobre a aquisi-

perda
¢f0, e dacidadania
reaquisigao portuguesa (cf. 227%,1,al.a),
art. m2
¢164: al),
CRP);
a
a.um concurso para
éinvélida

professores
portaria
antes
meioderecrutamento ter sidopublicado.
queregulamenta
deo decreto-lei
as candidaturas
queestabelece esse

Quando se verificaaincompatibilidade docontetido dafonteproduzida


coma sua fonte deproducio, a fonte podeproduzida
ser pelo érgiocom-
petente,mas tem um contetido

producao: podequalificada
esta situagao sernao
que é compativel
como da
com o
invalidade
sua fonte
estitica,
de
pois
queo problema naoreside na falta defontedeprodugio, mas no contetido
dafonteproduzida.
orginica,o decreto-lei ¢
Porexemplo:
que,ao legislar
porinconstitucionalidade
invélido,
na sequénciadeuma autorizagio
concedida
legislativa pelaAssembleia daRepublica (cf. art. 165!,n22,¢
1982, 1, a),CRP),
n2 a l. excede 0 ambito d esta
autorizacao; éinvalidaa
portariaque, regulamentar que
a o o decreto-lei fixa os requisitos da atri-
buigao dalicenga deporte dearma,exige algunsrequisitos quenao estio
previstosnaquelelegislativo.
acto

ws
REG E
DASFONTESDODIREITO

2. Invalidade
superveniente
Dadoquea fonte deproducdo queassegura a validade
dafonte produzida
se pode alterar,importa verificar
as consequencias modificacao.
desta S80
duasa s situagdes hé
que que analisar. Sea fonte
produzida forvalida, cla
no deixadeservilidapela circunsténciadea fontedeprodugio se alterar.
Porexemplo: a fontedeprodugio deixoudeser uma leidaAssembleia da
Republica e passoua ser um decreto-lei doGoverno (ouvice-versa);as leis
produzidas com base na leidaAssembleia daRepiilica (ou no decreto-|
doGoverno) a ser vilidas.
continuam
merece uma avaliacio
Asituagéo quando
distinta a nova fonte
depro-
dugio deixadepermitir o contetido dafonteproduzida.
Nestahipétese,
verifica-se
a invalidadesupervenienteproduzida.
dafonte Porexempl
fontequeregulava a candidatura continha
a0 ensinosuperior uma discr
minagio positiva relagio
em aos alunos das
provenientesRegisesAut6-
nomas;a nova fontedeprodugao proibe qualquer
discriminagao
entre os
alunoscandidatos;
a fonte a referida
quecontém discriminagio
passa
a
ser invalida.

196
Titulo
Ill
Regras
e proposigoes
juridicas
§
11." JURIDICA
CARACTERIZAGAO
DAREGRA
I. Nogées
gerais
juridicas
1. Fontese regras
LL. Revelacaodaregra
A concepgao segundo
a qual
as fontes
dodireitoso os modos
dereve-
lacio regrasjuridicas
das pode desdobrar-se
nas seguintesassergoes:
as
fontes um significado
dodireitotém normativo;regras
as juridicas
si0
significado
normativo dasfontes
dodireito'; juridicas
as regras sio

»
CE,porexemplo,
1963),
98;
AaRN10,
vox Waicitt,

Rational
as
Reasonable/A
The
Treatise York
NormandAction/ALogical

LegalJustifiatio
Enquiry
(Dordrecht
(London/New
on

Boston/Lancaster/Tokyo
language―;
through
expressed
1987),
Weinnencr, thought
meaning)
content
queanorma és (Le,
30,afirmando
distinguindo (Berlin
Rechtslogik 1989),
55, entre
©
(que Logik,
Normsatséa
(€£
ainda da linguistica
expressio
Semantik,
norma)eaNorm(que
Wernnencen/Wetvnrncer, Hermencuttk(Minchen
Atexy,TheoriederGrundrechte*(Prankfurtam
Main 1996),
significado
€o doNormsat2)
1979),
425;AuctiourRos,
20};
OnLaw

Logic,
and
Juris
attacked
maybe (1996),
ro ot 338,
Ratio
coneluindo
9

he
“bya
linguistic
expression
BULYGIN/
lingusicexpresion
que
MENDONC
norm Tunderstandthe
isl";
that
meaning

‘Normas
Sistemas 2008),
Normativos

(Coimbra ea de
Administativa/A
lidadeProcedimental
na Discricionariedade
Instrutéria
de
(Madrid/Bareelona 16;D.Duarte, ANorma Lega-
TeoriadaNorma CriagioNormas
2006),
deDecisio
64;Guasrust,L efontideldiitto/Fon-
dlamenti
teorici (Milano
interesse,
cef-também,
com muito
2010),13e 86;Guastim,
LawsHak1)(London
BENTHAM,Of
La sintasi deldivtto (Torino
i n General(Ed,
2011),
43;
1970),
wr
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

inferidas
deuma fonteatravés deinterpretagao®.
deuma actividade Em
esquema:
Fonte >
F Regra R
I
Interpretagio
A interpretagiodafonteé a actividadepela qualse determina o seu
significado
e, portanto,a regra juridica
que ela contém.Sendoa ssim,hi
que quequalquer
concluir formula
intérprete regrajuridica
uma quando
uma fonte
interpreta dodireito,O intérprete inferea regrajuridicada
fonte
respectiva numa
~

linguagem maislivre, poder-se-ia


mesmo dizer
descobre
queo intérprete a regra -, pelo
na fonte que,parao intérprete,
a
regrajuridica ponto partida,ponto chegada.
naoéo de mas o de
dafonte
1.2, Interpretacéo
dafonte
A interpretacao permite o significado
descobrir dafonte;
porque
aregra
pratico
se destina
(practical
a ser aplicada,
meaning)
pode
dafonte’.
dizer-se
é
quea regra o significado
Podeacontecer quefontes d
tas contenham a mesma regra juridica: s
isso ucedequandofontes
essas
tenham o mesmo significado e, porisso,quandoseja
delas extraidauma
mesma regra,
A fontetem um significado distintoparaum agente ou para um julga-
dor:quando forum agente,
o intérprete a regra forneceuma raziopara uma

acco ou omissio;
exemplo),a
quando
regrafornece o
o fundamento
for
intérprete um julgador
deum juizo.
(comojuiz,
Assim,
um por
atri-
as regras

buemaosagentes
damentos para
razdespara
um juizo. ou
nao
agir
Asregrasagir e fornecem
si, porisso,
aos juulgadores
fun-
razdespratico-judicativas.

152.ss;
num
114s;contra
plano
mais geral,

aconcepgio semintica
derNormi n derRechtswissenschaft,
of
f, BLack,Noteso n themeaning
dasregras,
‘rule’,
ef,OPALEK,
RTI 20(1988), 433ss
Theoria24(1958),
DerDualismus derAuffassung
®
AaRNIo, TheRational as Reasonable,
78,propde quese partadainterpretagdo
paraas
fontes:“every
usedasthe
ofthe
justificatry
-

bass
of of
reason thatcan according
~
tothegenerally
interpretation
isa
source
aceptedrules thelegal
law―.
communitybe
*
Peczentx,
se de ?(Dordrecht
OnLawandReason 2009),
significado,
também
analisararegra,alémser um pode uma
42;neste momento nio
considerada“entidade
ser
interessa

ideal―:
Studien WerNnexceR,
cf nestesentido,
Normenlogik
zur (Berlin
1974),
undRechtsinformatik 298ss
i n WEINBERGER,
undRealitit,
DieNormalsGedanke

98
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRAJURIDICA

Note-seque,muito frequentemente,deuma mesma regra pode ser

inferida
uma
a regra
tanto
queconsta doart. 131.CPquanto &punigao
Porexemplo:
como uma razaojudicativa.
razaopratica,
dohomicidiovale
tanto no plano (la
darazaopratica forneceuma razio ndo
para cometer
um
damentohomicidio),
comono plano
0 homicida).
punir
para
dojuizo(ela um fun-
constituiigualmente

2. Regrase proposigées
2.1. Generalidades
a)As regrasjurfdicas um poder
se uma conduta,
expressam ou um
efeitoé
obrigatério,
permitido
ou
proibido.
Deste
caracter
prescritivo
dasregras decorre
juridicas queelasnao podem ser verdadeirasou fal-
sas,nem as contradigées
dade(de umas)
coisaspodem
entre elas
e defalsidade
ser condigées
(de
se podem

outras)#,
deverdade
Comoapenas em
resolver termos dever-
deproposigées,
os estados
as regras
de
nao
podem ser submetidas a um teste deverdade,poisqueelasnaodescre-
vem nenhum estado decoisas, antes impdem quese mantenha ou que
se altere
u m certo estado decoisas.As regrasjuridicassaosignificados
defontes e 0 seu valorespecifico talcomo o destas
é, fontes,0 devali-
dadeo w invalidade.

+ Em relagio aos imperativosef JORGENSEN, andLogie,


Imperatives Erkenntnis7
(1937/1938),289("Be
traeorfle?Unanswerable")
Denken,
A
false?
quiet—isietrueor
¢
meaningles
296;Motz, Der praktische
Theoria20(1954),
81;Davinsox,
<Do
question, yourduty»
Syllogismus
TruthandMeaning,
nd
Synthese
17(1967),
~ iit
dasjuridische
821;
cf também von Watons,Norm andAction, 108s3Harr, Universal
Prescriptivism,
sn
SixcEs(Bd), A Companion to Ethics(London 1991),
458;WerwsenceR, Studien2ur
Normenlogik
relagho und
asmoral
HcExsrR6w,
‘n
1974),
336;
propositions
Berlin
Rechtsinformatik
of HiceRstxéxt,
andReligion
Philosophy trad. ing,
WervornorR,
London
Rechtsogth?,
1964),
55;

OntheTrathofMoralPropositions
(1911),
92;diferentemente,
Répic, Oberdie Notwendigkeie einer besonderen LogikderNormen,JbRSozRTh 2
(1972),
1643s;RoDi6,LogikundRechtswissenschaft,
in Gain (Ed), Rechtswissenschaft
undNebenvissenschaften(Minchen 1976),
61ss. (em critica directa
cf,WEINBERGER,
Bemerkungen zur Grundlegung derTheorie
des juristisehen Denkens,JORSoZRTh
2
(1972),
ss); and
271;MacConmick,
2008),
Legal
Theory
159 MacCoratcx,
18855.¢
Rhetoric
Legal
Reasoning
andtheRuleofLaw/A
imbito dafilosofiadalinguagem,
63 .;no
Theory
ct:Daviosox,
of Legal
(Oxford
1978),
(Oxford
Reasoning
MoodsandPerformances,
jn
Daviosox,
Inquires (Oxford
into TruthandInterpretation 1984),114s

9
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

Diferentes dasregras juridicas sto as descrigées dessasregras, istoé,


as proposigées juridicas*,Tome-se como exemplo a regraque se infere do
art. 875.2CC;0 contrato decompra
se forcelebrado
e venda
atravésdecerta forma: estaregra pode s6
debensiméveis¢ vilido
ser descrita,
afirmando-se que, n o direitoportugués, a compra e venda d eum imével
36pode ser feitaatravésdecerta forma.
'b)A diferenga
sio significados entre as regras
normativos
e as proposigdes
e as proposiges
radica em queas regras
sio descrigdes desses signi-
ficados. Estadiferenga acompanha o distinguo entre o direitoe a Cigncia
doDireito:o caracternormativodalinguagem
caracterdescritivo dalinguagem ¢prdprio é
da
préprio
Ciénciado
dodireitoe 0
Direito.Por-
tanto, o direito contém fontes  regras,
¢ mas a Ciénciado Direito opera
com proposigées.
O uso deuma linguagem
impossibilitar
extrairdela
uma
numa fonte
descritiva
regra. exemplo:
Por é
nao suficientepara
(i)0 art. 1212,
n2 1,
CRPdispoe que“o daRepiiblica
Presidente eleitoporsuftigio
¢ uni-

este
directo¢secreto doscidadaos
versal,
enunciado contém a regra qual
segundo
a ¢
portugueses―;
evidente,
como
o Presidente
Repit- da
blicadeveser eleitoporsufragio universal, directoe secreto doscida-
diosportugueses; (fi)o art. 203.n.―1,CPestabelece que,“quem, com
ilegitima
intengao deapropriagio parasi ou paraoutra pessoa, subtrair
coisamévelalheia, punido
é com pena deprisio atétrés anos ou com
de
pena multa―; dbvio,
como é este enunciado contém a regrasegundo a

qual quem, ilegitima


com de
intengdoapropriagio si
para paraou outra
pessoa,subtraircoisamével alheiadeveser punido com pena deprisio
ou demulta.

0 entre regrase proposigées,ef KELSEN, TeoriaPuradoDireito 7,8258:


Ross,OnLawandJustice
NormsandNormative
1(London 1983),
(tad.
ingl,
Statements, ss;
London1958),8 vox WrrGu,TheFoundations
i n von Waitt, Practical Reason/Philosophical
67ss; von Waitt, NormandAction,104ss, (¢f. BULYGIN,
of
Papers
El papelde
Javerdade n eldiscursonormativo,Doxa26(2003), 79ss);AARNIO,OnLegal Reasoning
ss
(Turku1977), 16 Botxcin,Norms,
Forsrap,Contemporary philosophy/A
normative propositions,
new survey III (The
andlegal
statements,i n
Hague/Boston/London 1982),
ButyGrw,
12783
y
Butyatn, normativasyy
enunciados
juridicos,
iuALCHOUR
Normas,proposiciones
AnilisislogicoDerecho
200n,*,referia
1921),
(Madrid1991),
daleipenal
queo preceito
169ss;jé
quemanda
Logik
Sicwant,
aplicar
I? (Tubingen
um a certa penatambém
pode ser entendido
no sentido
dedescrever
o quenormalmente
acontece.

200
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRA JU
pica

2.2. Deserigao
vs. prescrigao
a)Entreas regras hauma diferenga
e as proposigdes resultante
essencial,
docaricterprescritivo dasregras e descritivo dasproposigoes. Asregras
juridicas nao representam uma realidade, antes prescrevem um dever ser;
diferentemente, as proposigdes naoprescrevem nenhum dever ser,antesse
limitama descrever regras juridicas. Portanto, adiferenga entre as regras
as proposigdes
€ espelha a diferenga entre o dever ser ¢ ser.
Paraalém daquela diferenga, muitasoutras podem ser tragadas entre

uma regra
e
as regrasas proposigdes.
ou uma proposigio,
“E
Assim, um mesmo
consoantequem
enunciado
0 exprimir.
pode conter
Porexemplo:
o enunciadoproibido fumarnos espagos piiblicos―contém uma regra se
forpronunciado
forpronunciado
pelo
pelo
legislador,
frequentador
mas
s6
de
pode
um
enunciar
espago
u ma
piiblico;
proposigio
o mesmo pode
se

dizer-se doenunciadoobrigatério
so os mesmos,mas a elescorrespondem “Ecircular pela direita―.
doisdistintos
Osenunciados
actosdefala: um
éperformativo, o outro édescritivo (ou constativo)'
Porisso,a distingdo entre as regras as proposigdes
¢ assentanuma com-
peténciacomunicativa: enquanto a regra exige uma competéncia comuni-
cativaespecifica (a alguém
de ter 0 poderimpor
de prescrigdes a outrem),
a descrigao
(que naotem esse efeito performativo) pode ser realizada por
qualquer falante―.
A proposigao juridica épronunciada poralguém que
pode assumirum “ponto devistaexterno―, ou seja, poralguém quepode
no aceitara regra enunciada', correspondentemente, pode dizer-se queo
plano das r egrasjuridicas ¢0 deum “ponto
de vista interno―ao sistema,pois,
queessasregras s6podem ser produzidas em concordincia
o
com sistema’.

*
Guasrint,
©

del afirmando
Laws
Cf.BENTHAM,
mas porindividuos
legislador,
La
Lefonti diritto,6; Guastin1, sintassideldiritto,27
Of i n General, 153,
privados(.]eontém,
naopelo
queos livrosquesio “escritos,
na verdade, ledroit,
jus,mas nfo legs mas
no
também
lesfoiysef
Dex
AvcneR/Bosta/van
tionsin Dynamic
Epistemic
DeonticTorre,
Prescriptive
and
Descriptive
Obliga-
AL
Logi, CasaNovas/PaGauto/Sarror/AJANt
(Eds),it

Approachesto
Complexity
lin/Heidelberg
2010), of
Legal
System/Lectures
the
outro
sujeitodiza Computer
Science
159:"Sum (Ber-
fazer
alguma
obrigadoa
Notesin
quecl esta
sujeito
6237

apode segundo
coisa,maso
criar sujeitodiscorda,entio
uma este
norma ou setera oprimeiro
sueitoests
esti a deserever
sujito desaber
um sistema
se
normativoexistente.Noprimeiro
caso,

«le
no discordar
segundo respondendo
pode o ntoautorizado
que
caso, ele criar
quesujeito esté
aplica
a norma nfo se Ihe
invocar para
ele;
obrigagSesa
ou quea norma nio existe―
©

* Hant,
CE
Conceito
(1962), of
GE.
Ross,Concept
The 99.
deDireito*,
Law.
ByH.L.A, Hart.Oxford:
linguageme
1,J.71 189,referindo-se
a uma 1961,
Yale
TheClarendon
externa interna,
Press,

Ea)
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

Umaoutra diferenga juridicas


¢as proposigdes
entre as regras éa de
que regras prépriaspratico-judicativa
as sto da razao e as proposigies
darazdotedricaou, ditodeoutra forma, as regras
possuem um caricter
dedntico
e as proposigdesum caracter
epistémico. do
Assim,ao contririo
quesucede com as regras, as proposigbes podem ser verdadeiras ou fal-
sas’,
pode
Se,
ser disser
porexemplo,
transaccionado
alguém
verbalmente,
que,no direito
é
issou ma
portugués,
afirmagio
um
falsa(¢
imével
nao
afirmagio
‘uma
a
tem porreferéncia é
invilida). Como proposigao
uma regra juridica
juridica
¢apenas
uma expressio
pretende transmitirum
que
conhecimento sobre um facto linguistico
-

queé deuma regra


a vigéncia
com um
certoa
ser aferida
contetido
através
-, verdade
dareferéncia
ou
&regra
falsidade de uma

queeladescreve!!.
proposigio
Emconereto,
podea

crigio é
proposigio
¢ com
verdadeira se a regraque
quedela feitana proposicao
a ela
e ¢
se
falsa
refere coincidir
se a regra
a des-
a queelase refere
no coincidir com a descrigao que se contém na proposigio.
b)A distingdo
cagopritica na provauma
entre regras
dodireito
e proposicées juridicas
consuetudinsrio,
encontra
local
apli-

ou estrangeiro
(cf.art. 3482, n? 1,C C). Dadoqueo objecto daprovasé pode ser cons-
tituidoporafirmagies relativas a factos,situagdes ou coisas, 0 quepode
ser provado nio é a regra jurfdica, mas a proposi¢&o quea descreve. Por
exemplo: uma daspartes daacco a lega
que,no direitojaponés, a maiori-
dade se atinge aos dezoito anos;o quepode constituirobjecto deprova ¢
esta mesma proposi¢io.

exemplo,
CE,por
"©

KeLsex,
diferentemente,Ke1sey,

quedescrevem
proposigoes regras
s.
Allgemeine
TheoriederNormen(Wien
TeoriaPuradoDireto’,
1979),
122 @lgo
87 €93,atribuindo
dedeverset);
NuNuLvoTO,
earicter normativo 3s
OntheTruthofNormsPro-
RTI-BH3 (198!),
positions, TheRationalas Reasonable,
171ss; AARNIO, 49s;GuaSTINI,
"Y

queas proposigdes
La (Wien/New
Lefontideldirito,8;Guastins, sintassi
CEALeHOURRON/BULYGIN, Normative
se situamnum plano
delditto 30.
Systems
metalinguistico
York1971),
(areferéncia
121,referindo
ao caricter metalin-

guisticodasproposigdes nfo constadeALCHOURRON/BULYGIN, Introdueciéna la meto-

dologia
estructura
ligica
Analisislégico
y
deas ciencias jurdieas sociales
delasproposiciones
y Derecho,
(Buenos Aires1987),
delaciencia delderecho,
336;entendendo, no Ambito
174s);BuLxGrN, Sobrela
in ALCHOURRON/BULYGIN,

deu ma orientagio realist,quea


proposigiojuridica
regraforobservada
sé
umsocial―,
€
pela isto
verdadeira
se elaexprimir
comunidade, f. Nuixt.voro,
“facto &,sea respectiva
OntheTruthof NormPropositions,
3
RTh-BH(1981), 1735s.
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRAJURIDICA

2.3. Diferengas
légicas
As relagGes relativas
juridicas
entre as regras a poderes
a condutas, ou a
efeitossto regidas
pelalégicadeéntica(do grego déon,dever),cujosope-
radores si0um comando (O, obligatory),
de uma proibicao (F,deforbidden)
ou uma permissio
desenvolvimento
(P,depermitted
dalégica modal, ou
permissible). Alégica
dadoqueas modalidades
dedntica Ãum
©
(da
aléticas
logicamodal) correspondem is modalidades dednticas (dalogica debn-
tica):
a necessidademodal corresponde ao comando dedntico,a impossi-
bilidade modal aproibigdodedntica ea
possibilidade modal apermissio
Estaequivaléncia
dedntica'’, dosoperadores dednticos aos operadores
modais nao, alis,recente: jaLetan1z(1646-1716) faziacorresponder
©debitum
A légica
o licitum
ao necessarium,
dasproposicées¢
ao possibile
distintadalégica
“E
dedntica 0
€ illicitumao impossibile'*.
queé aplicdvel
“E
asregras juridicas'S.
Por exemplo: as regras proibido qâ¢
ۥ permi-
tidoq―
sio contraditérias;
mas naoé contraditério afirmar que“No sistema

Wart,
" 2 von

1957),58ss;
Vox
Logic, (1951)
Deontic

WaiGttr, Logic
Mind60

Revisited,
Deontic
desSollens/Elemente
Logical (London
1ss.= von Wricttr,

(Graz
RT
(1973),37
ss;anteriormente,
1926) Logische
Studies
MALLY,
Grundgesetze Logik der desWillens =

Matty,
Schriften/GroBes
Logikfragment
Grundgesetze (Ed. desSollens
Wout/WeINGARTNER)
éxito
-

(Dordrecht
1971), als, sem
grande
227 ss, tentou ~

“ligicadeuma
~a construgio da
vontade―,
©von

the 1= (Dordrecht/Boston/London
(1951),
Wricir,Mind 60
Logic ofNormsandActions,
andtheFoundations
Actions,
Logical
vow Warcnr,

(Ed),
i n HitrineN
of Ethics
Studies,58;von Waitt, On
Logic/Norms,
NewStudies
1981),
i n Deontic
3 ss. Seria
explorar
a ideiadeBRANDoM,
interessanteprocurar Between SayingandDoing/Towards
Pragmatism 2008),
ie (Oxford 181,segundo a
qual normativevocabulary
o & um

pragmatic
‘da
semintica a
-se no queé
dovocabulary,
metavocabulary
modal
para saying
pragmatics),
dito
que impossivel
feitoem resultado
é
0 que
doqueé
é
do
poisque,ao passar
necessiri, proibido
comandado,
parao doing
ou
(stoé,
possivel
ou permitido.
torna-

%
Modalia
Lemytz, et elementa
juris naturals,
i n Letptz, Schriften
Philosophische 4/C
(Berlin
2006),2758;sobrea historiadaligica
deOntica,
of.Knvurrm.a,TheEmergence
‘of in theFourteenth
DeonticLogie Century, HiLeiNen (Ed)
in NewStudies Deontiein

Logic,
2255.
©
CE,ALCHOURRON, Logie ofNormsandLogic of NormativePropositions,
L&A 12
(1969),
242ss ArcHouRRON,
ALCHOURRON/BULYGIN,
Légicadenormaslégica
Anilisislogico
y sistemasnormativos,28 ss.;L. Ropriauez,
y
deproposiciones
25

y ligica
Naturaleza
normativa, i n
y Derecho,583;BULYGIN/MNDoNCA,Normas
delasproposiciones
homenaje
normativas.Contribucién
en G.H. von Wright,
Doxa26 (2003),
a 95 ss. algo
ambfguo
quantodistingio,
cf vor Wricirr,
NormandAction, (outalvezseja)
133, estaé
orientagiodefendida Theorie
por KetseN,Allgemeine derNormen,
168s. 171s

203
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

juridico
Ãproibido
SJ©
proposig6es
so
qâ€que
verdadeiras
see
• “No
o
sistemajuridico
sistemaSJc
SJ
ontém
Ãpermitido
as
© q’;
“E
estas
regras proibido
SJ
e“E
q’ q’;
permitido0 queessasproposigdes
mas hanada
“nao
&inconsistente,
tente deum sistema
d e
demonstram
paradoxal
numa
inconsistente―
normativo
que sistema
é
descrigo
consis- o
A entre a logica
distingto dasproposigbes juridicas
(que s e servem deuma
linguagem descritiva)
e a légica
das (que
regras utilizam
uma linguagem pre
tiva)
torna-se patente quando se conjugamvirias descrigdes e varias
prescrigdes.
Suponha-se quealguém faz. detudoo queé
uma descrigio obrigatério numa certa
ordemjuridica;em linguagem formal,
essadescrigo podeser resumida na formula
DescO (p& q & ... &F). Porém,destadescrigio nao decorre que,quando seja
cumprida a Op,devas er igualmentecumprida a Og, a Dese
ou seja, O (p&p)no
pode ser consideradaequivalente &PreseO (p& p).Porexemplo: na ordem juri-
dicaportuguesa valea regradequeestio vinculados &prestago dealimentosquer
os descendentes
ascendentes
dizer-se,
em relagio
em relacio
aosascendentes
aosdescendentes
descritiva,
(art,
(art.
2009.2,
2009.",n."
filhos devem
n 1,al.b),
I, alc),CC);
alimentos
os
CC), quer
pode assim
em
linguagem que os aos pais(Os)€

(s0
que0s paisdevem alimentos aosfilhos(Ot), pelo quea proposigio Dese (s& t)
é
a
verdadeira;
obrigacio
masesta proposi¢io
de os filhos
deos paisprestarem
é
prestarem
nao equivalente
alimentos
alimentos
a
aosfilhos;
os
4regra
nao
como ¢
é
PreseO &t),porque
pais acompanhada
evidente,
daobri-
estasobrigagoes
_gagiio
rio sio cumulativas, mas alternativas.

dasregras
2.4, Légica
a)Segundo os parimetros dalégica dedutiva a conclusio
aristotélica, de
um silogismo
éverdadeirase as premissas forem igualmente verdadeiras.
A deste
transposigao
porque
axiomaparaas regras
estasnaopossuem o valordeverdade
juridicas porém,
é,
ou defalsidade.
imposstvel,
Daconjuga-
afirmagoes
Glodestas resultao queficou conhecido como o dilema ou para-
doxodeJORGENSEN (1894-1969)―: que
ou se entende nao héuma
légica
dasregras,
porque naoépossiveloperar nelascom os valoresdeverdade
ou falsidade,
ou se entende quehauma légica dasregras,mas entio ha
que abandonaros valores
de verdade e falsidade como valoresdessalégica.
©
ALcHoURRGN/BuLYGIN,
alametodologia,
175.
Systems,
Normative 123;
ALCHOURR6N/B
IntrodueciÃ
"
JoncENseN,
Theoria
7 (1941),
54ss. 7
Erkenntnis(1937/1938),
292ss; ef também
Ross,
Imperatives
Logic, and

208
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRAJURIDICA

A escolha
tem derecairsobre termo daalternatival:
este segundo as
relagdes obedecem
entre regras a uma légica;
no entanto,porque
essas
regras
prescrevem ser,essa légica
um dever nfo pode com os valo-
operar
resdeverdade deconsisténcia
masantes com os valores
ou falsidade, ¢de

implicagao entre regras―.


'b) perspectiva
N uma (que
pragmatica ¢talveza tinicaadequada para
analisaras relagbesentre regras),
a légica
dasregras assentanas seguin-
tes relagdes:

Relagdes
=
deinconsisténcia:
duasregras so inconsistentes quando
no épossivel
regras“E
obrigatériop"e “i uma
cumprir delassemviolara outra; porexemplo,
proibidop― inconsistentes;
sio
a

Relagdes
=

deimplicagio: uma regraimplicaoutra regra quandonao


possfvel
€ cumprir a primeira
sem cumprir a segunda; porexemplo:
aregra “E
obrigatério €• aregra“E
qâimplica permitido q―,
porquenio
€
possivel
derealizar
a

q.
derealizar
cumprir obrigagio q sem cumprirpermissio
a

referida
Quando
relagées:
seguintes
juridicos,
aefeitos légica
dasregras
a
baseia-se
nas

=
deinconsisténcia:
Relagdes duasregras
so quando
inconsistentes
efeitodeterminado
© poruma delas néo compativel
é com o efeito
definidopela outra;porexemplo, as regrasqueestabelecem que
“p
vilido―
é e que“p
éinvalido―
saoinconsistentes;
—

Relagéesdeimplicagio: uma regra implicaoutra regra quandonao


possivel
é a doefeito
verificagao que eladetermina sem a verificagio
CE,
â„¢

a porexemplo,
dedas do
posigio Logic
without
Trath,
ALCHOURRSN/MARTINO,VON
vox Waicitrevoluiu longo
a0 Ratio
Juris
(1990),
46.3
tempo: primeirafase, WRIGHT
numa con-
siderouquea
‘Waicttr,
©
ligiea
mesmo considerou =
regras
Mind 60 (1951),
a sua
é
deede
compativel
5s. von WrrcHr,
posigio
com os valores verdade flsidade(ef.

Logical
anterior “muito
Studies,
insatisfatéria’,
precisamente
voN
62 s),mas,posteriormente,
ela
porque
comouma
trata as “normas
[.J€umerro―, espécie
valoragies,
normas eas
proposigio
o podeou
de
dedntica
significado
porque a“logicaretira seu
deafastadas
apesar
alsa’;
ora
que ser verdalira
filoséfico
doimbitodaverdade,
dofacto
estio todavia
“isto
dequeas
submetidas
logics―,
lel da légica
“mostra
o que quea tem,porassim dizer,
u m imbitomais vasto doque
(vox Logical vii).
averdade― Warsi, Studies,
©
von Waicur,
state―,
‘can
Is
aLogic obtaining
There
coneretizando
que“a
betheresultofhuman
action―,
4(1991),
Juris
of Norms?,
sat is doable
Ratio
when obtaining
i ts or not
269,refere-sea um “doable
on a givenoccasion

208
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

porexemplo:
deoutro efeito; a regra $ tem capacidade
sujeito
“o de
exercicio―
implica
a regra sujeito personalidade
“o Stem juridica―,
porque possivel
nio é atribuircapacidade
deexercicio
ao sujeito
$se
clenaoforuma pessoa(singular
ou colectiva).
Il. Estruturadaregra
1. Generalidades
1.1.Enunciado doselementos
Aprevisio
A
comporta, elementos,
regrajuridica
factispécie
(fattispecie;
ou
previsioestatuigio―.
como
protasis"";
Tatbestand; facts;
operative
a ¢a

&o elemento daregrajuridicaquedefine a s condigées


factualpredicate?)
em queelaé aplicadae a estatuigao ¢
0 elementoda regra juridica
na qual
se definea consequencia juridica que decorre dasua aplicacao.
A estatuigaodaregra comporta doiselementos: 0 operador dednticoe
0 objecto.Recorrendo a uma conhecida terminologia, 0 operadordeén-
ticopode designado
ser como o elemento (neustic)
“neustico― daestatuigao
=

éelequemostra o quea regrapretende transmitirao destinatdrio ¢0-

objecto pode ser denominado o elemento (phrastic)


“fristico― daestatui-
g40é
elequeestabelece
~
daregra
a relagao com um “estado
decoisas―
a
constituirou a evitarâ„¢,

doselementos
1.2.Caracteristicas
A previsio (por forpraticado
exemplo:
tem um caricterrepresentativo “Se
ofacto
F..") estatui¢ao prescritivo
ea um caracter (“,..entdo
deveverificar-
-se a C―
consequénciaefeitoE―).
ou “o se pode
Também dizerquea pre-
visio é dadoqueelaconstitui
constitutiva, factocomo
um determinado

juridica,
factocom relevincia e a regulativa,
¢
que estatuigao porqueela
regulao facto
quea qualifica juridico.
estatuigo como facto
®
Preferindo
uma estrutura tripartida operador
previsio,
~

deéntico
¢estatuigio -,

cf D.Duarte,ANormadeLegalidade Procedimental 75583sobre


Administrativa, 0 pro-

blema
dasf,
deJosé
regras,
ceSousa
tambémL..D.‘ALMEIDA,
e Brito(Coimbra2008),
Normas
395ss.
Completas,
Juridicas
Lifer
Amicorum
2
Gorries, TheLogic
(London
1968), 39 of
ofChoice/An theConcepts
Investigation ofRuleandRationality

%
>

Legal
MacCoraick,Reasoning
Playing
Legal
by Rules/A
ScitaveR,
Theory,
Philosophical
the
and 43,
Examination
of Rule-Based
Decision-
“Making (Oxford
&
Hare,The 23
1991),
in Law andin Life

Language (Oxford1952),
ofMorals 18,

206
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRA JU
pica

Entrea previsio
enquantoa previsio
e hé
aindauma
a estatuigdo
referencial,
tem um cardcter dado outra
diferenga
importante:
queelase refere
a
uumfacto
pois
ou a uma situagio,
queelaconstréi
a sua a
estatuigio
propria
tem um auto-referencial,
cardcter
referéncia’®,
Porexemplo:
enunciar a
que“E
regra proibidomatar―
constréi (aproibigio
realidade
a propria de
matat)
a ela
que se refere®.
2. Previsio
2.1, Elementos daprevisio
A previsio daregrajuridicacontém um elemento subjectivo e um ele-
mento objectivo:0 elemento subjectivo da previsioéo destinatario da
regra¢0 elemento objectivo
¢
o facto
o w a situacaoque constitu o pres-
suposto deaplicagiodaregra.Osfactos juridicossaorealidades dinami-
case
transitérias,
deindemnizagio
Porexemplo:
refere-se
a previsio
a um facto
daregra
juridico
queimpée
(0 danoso).
acto
a obrigagio
Assitua-
gdes juridicas
sio realidadesestéticas
e duradouras. Porexemplo:
deuma regra
previsio pessoal
forum estado (como
o defilho,
o depai,
0
ou o decasado),
desolteiro é
essa previséoconstituida
poruma situagio
juridica,
Emconclusio:aprevisiodefine objectivas
as condigdes e subjec-
tivasdaaplicagao
daregra.
daprevisto
2.2. Fungoes
define
A previsio a s condigoes aplicavel
em queelaé eaqueméqueelaé
aplicivel.previsdo
Esta cumpre fungao
uma na é
previsdo
representativa:
representadoum estado decoisasdecujaverificagdo
depende a aplicagao
daregra.Emais adequado falardeuma funcio doquede
representativa
uma fungio descritiva
daprevisto,dadoqueesta naodescreve nenhuma
situacio
ou facto,
como se comprovapela de
circunstincia a previsio
nunca

poderser verdadeiraou falsa.


A previsdorepresenta querd ~
“faz
izer,
presente―
uma realidade
-

que¢ imaginadacomo possivel,


mas quepode

%
entendendo
Diferentemente, quea estatuigio nio tem nenhum cardeter referencial,
ef.Guastinr,Lasintassidelditto, 35;
ef também Ross,OnLawandJustice, 158ss.
®
Cf.BLAck,Theoria24 (1958), 112:"theruleis,in some way,constituted
byitsformulation―;
cf.tambémOratex, TheoriederDirektivenundderNormen(Wien/New York1986),25;
{quanto (directives),
a0s comandos Oatek,TheProblem
of “Directive Festkrift
Meaning―, tl
Professor
Dr,Jur. (Kobenhaven
&Phil.AlfRoss 1968),
Oratex,OntheLogical-Semantic
420;
of
StructureDirectives,L&A13(1970),
190s.

207
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

nunca elaesté
vir a verificar-se; deuma
maisproxima picté-
composigio
rica queconstr6i algo quepode
retrata o queji existe.
Além destafungiorepresentativa,
do
vir a existir que deuma fotografia
também
que
a
previsio cumpre uma
fungio constitutiva,dadoque basta que uma realidade
sejarepresentada
poruma previsio para queelase torne uma realidade (com
relevancia)
juridica, E0 quehabitualmente se designa porqualificagio:
a represen
tagio deuma certa realidade na previsio deuma regrajuridica
qualifica
essa realidade
como juridica.

2.3, Modalidades
daprevisio
A previséo pode
deuma regra ser fechada
ou aberta. ¢
fechada
A previsio
quando elaenunciatodosos casos quea elasaosubsumiveis ¢aberta

quando elaadmite a subsungao andlogos previstos.


de casos aos casos
Estatiltimahipétese quando
verifica-se a previsaoéuma tipologiaou uma
enumeragio enunciativa(ou taxativa). porexemplo,
nao Admita-se, quea
previsio da regra R¢ integrada pelossubtipos (rulotes)
S, eS; (atrelados
parabarcos); se a tipologiaforenunciativa, aprevisiotambém engloba 0

subtipo S;(atrelados paramotos), dadoqueeste¢ andlogo a qualquer dos


subtipos previstos.
3. Operador deéntico
3.1. Generalidades
O operador deéntico
uma permissio
Assim:
pode
Os
ser um comando
(P). operadores
(0),uma proibigao
deénticossao definiveis e
(F)ou
ntre si.

deppode
=O comando ser definido
c omo denaopou como
a proibigao
ano permissio p (por
denao exemplo:a obrigatoriedade
decircular
pela pode
direita
denio circular
ser

pela a
definida
dircita;
c omo proibicZo permissio
aobrigatoriedade
ou a no
pode
deir asaulas ser
c omo a proibigao
definida denaoir asaulas);
ou a nio permissao em

légica:
notagio F~p=
Op (def)=
def)~P~p;
=

Aproibigiopode
dep ser definida
permissio
comoa nao depou como
a
obrigacao (por
exemplo:
denaop proibigio a
pode deestacionar ser
definida
aproibicdo
permissio
como nao
nio estacionar;
a copiar de aobrigagio
deestacionar
pode
ou como
nos exames ser
de
definida

208
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRAJURIDICA

como a no permissio decopiar ou como a obrigacio


nessas provas

~
denaocopiar);
A permissio
em notagio
dep pode
Fp(def)
légica:
ser definida
de
=
~Pp(def)
como 0 naocomando =O~p;
denaop
definida
(porexemplo:a
permissio estacionarpode ser como 0
no comando denaoestacionar; apermissio derealizara provaoral
podeser definida
c omo o néocomando de naorealizaressa prova);
em notagio Pp(lef)~O-p.
légica: =

3.2.Tripartigao
dedntica
O operador
clepode
dedntico
referir-se
pode referir-se
a uma accao
a duas
e,portanto,
realidades
a um
bastante
deverfazer
distintas:
(Tun-Sollen;
Ought-to-do)
owa um estado decoisas e,porisso,a um deverser (Sein-Sollem;
Ought-to-be)―:
0 primeiroé proprio dasregras deconduta ou depoder; 0

segundo dasregras a efeitos


respeitantes juridicos. Numa andlise m ais
finapodedistinguir-se
entre as regras ought-to-do
(aquelas
querespeitam
a condutas),
as regrasought-to-make (aquelasquese referem a poderes)€

ought-to-be
as regras (aquelasque se referem a efeitos).
3.3.Relagdes
dednticas
Entreos operadores
deénticos proibigio
decomando, e permissio
estabelecem-se relagoes:
as seguintes

a
Ocomando
“Ought
entails
implica
may―
permissio
ou,como se costumadizerem inglés,
(0 obrigatério
que ¢ épermitido):
Op> Pp; note-se
que,no entanto,a implicagao
Pp Op
> no éverdadeira;
=
A proibigaoimplica (0que
a naopermissao proibido
é naoépermi-
tido):
pode a
Fp> ~Pp; como implicagio
concluir-se
queFp© ~Pp;
~Pp >
Fp também verdadeira,
¢
~

A obrigagio
tente com a
¢
inconsistentecom
pelo
permissio,
aproibigio
que
proibicao
possivel
naoé
ea
a
éinconsis-
coexisténcia
num
sistema
‘mesmo juridico
deOpe Fpou deFpe Pp.
®

outro
Sobre
(um
~
Ought-to-dosentido
para)
Ought-to-be,
a
FSCarlos
ought-to-b,WRIGHT,
ough-to-do
distingio
entreo
(Berlin
A. Alehourrén
Bulygin
Eugenio and
0
1997),
cf.VON

(Bd),
427 ss,= Meat
(Berlin/New1999),
York
Actions,
Norms,
o Georg
aught-to-be
3s., entendendoque Henrik
Values/Discussions Wright
with
ought-to-do
€descritivo
e queo
von

&prescritivo,
légica
(London
sobre oimpede
o quenio

a
distingio
estetltimo;sobre
1930), 141s.
aquele
deconsiderarqueprioridade
ef.também
Types
primeirotem um a
Theory
BRoAb, Five ofEthical

209
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

3.4, Dualidade
dapermissio
Ocomando implica uma permissio (Op >
Pp; O~p >
P~p). Porexem-
a â €œ
plo:regra obrigatério fechar a porta―
implica a permissio adefechar
porta, exemplo,
Neste a
permissio nao concede ao
agente nenhuma opga
agente permissio
a fechar
tem a
e naopode deixar
a
defechar
de fechar.
a porta,porque a
Estapermissio
ele tem
que¢
obrigagio
implicada
de
por
um comando nio atribui ao destinatario nenhuma escolha entre cumprit
ou no cumprir o queé obrigatério e pode ser designada porpermissio
naoalternativa.
A permissio pode ser tomada, no entanto,num outro sentido bastante
distinto:pode imaginar-se uma situagao em que agente
ao sejaconcedida
aescolha
no estaobrigado a
entre fecharporta
a fazé-lo, a
ou naofecharporta
nem proibido
(0quesignifica
deo fazer).
queele
Estapermissio, que
atribuiao agente uma opgio sobre a sua actuagéo(P(p V~p)),designa-se
normalmente porpermissio mas também
forte®’, pode ser denominada
permissao alternativa, Esta permissio (ouforte alternativa)tem porfonte
uma regra permissiva, que éu ma regra q uepermite a realizagioou a ndo
realizacio deum acto. O titulardeuma permissio fortedep é alguém
quenaoestaproibido derealizar p,mas quetambém nio estiobrigado a
realizar
05 pais
Eo
p. este o sentido coloquial
autorizam filhoa ir a0 cinema,
dapermissio: quando,
cabeao filhoa escolha
porexemplo,
entre ir a0
cinemaou ficarem casa

4, Objecto
4.1. Determinagio doobjecto
O operador definequealgo
deéntico éobrigatério,
proibidoou permi-
tido:esse algo o objecto
é daregrajuridica. este objecto
Em concreto,
pode um poder
ser uma conduta, ou um efeito Talc omo sucede
juridico.
a
quantoprevisio,
juridica,
tambémo objecto
dequalqueré
regra uma realidade

4.2. Condutas

a poderes
e
poderes
a)A verificagio podem
juridicas
dequeas regras referir-se
acondutas
deque0 exerciciodeum poder,
assentano pressuposto
€
ape-
sar deser realizado deuma conduta,
através tem autonomia perante
esta

*
CE.
von Wricn,NormandAction,
86,

20
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRAJURIDICA

conduta―,Umexemplo simples ¢suficiente parademonstrar estepressu-


posto: quando que
se verifica a Assembleia da Repiiblica tem uma reserva
absoluta decompeténcia legislativasobre algumas (cf. 164.°
matérias art.
CRP)que,por
e isso, 0 Governo n ao tem competéncia paraelaborar
decretos-leis sobre essas mesmas matérias, ninguém estara certamente
4 pensar que regra
essa juridica se resume a permitir uma certa conduta
aos deputados e a proibi-la ao Primeiro-Ministro e aos ministros: 0 que

6 relevante
05 ministros
équeos deputados
nio possuem,
tém um poder
Omesmo sucede
queo Primeiro-Ministro
no ambito daautonomia pri-
vada: suponha-se quealguém pergunta a um amigo “Querescomprar 0
meu automével?―

pronunciaram
e
que responde
este
ou escreveram algumas &
“Quero―;
palavras,
claro que os
mas também
dois
é
amigos
intuitivo
que,em termos juridicos, relevam naoapenas essas condutas, mas tam-
bém o poder
Butyanw: “As e
dealienaro poder
normas depoder, 0
decomprarautomével.
como as regras
definem
Comoconclu
dleum jogo,
formas
nao exigem
determinadas condutas; [.]
antes as porquese fazem os
contratos, os testamentos¢os casamentos, paraqueestessejam juridica-
mente vilidos―®.
b)Adistingdo
nitidaquando
facilidade
entre as regras
se considera a sua violagao. as
decondutaeregras depoder
Podedemonstrar-se
torna-se
com
quea faltadepoder paraa pratica de um acto pode ter uma

©
Cf.Harr, Conceito deDireito*,34 s, 40 Â ¢50;Ross,Directives andNorms(London
1968),54,referindo-se
as“constitutive (afastando-se
rules― deRoss, On Law andJustice, 32

(que
von Warettt,
;

sio aquelas
NormandAction,
eujoobjecto ofthe
191ss.,distinguindo
séoactos no normativos)
entre as “norms
ofthe
e as “norms
fst
second
onder―
(que
order―
aquelas
‘io
firstordere
cujoobjecto
nas quaisse é
Introductionto theTheory
um acto normativo de produgio

competence
incluem
Concept
as
of Legal System? (Oxford
The
norms);Raz,
ou derevogagio

1980),
denorms ofthe
ofaLegal Systen/An
156ss.e 224ss;ButyGtn, On
norms ofcompetence,
LPh11 (1992), Sobre
201 ss.;BULYGIN, las normas decompeteneia,
AvcHouRRON/BULYGIN,
in Anilisisldgico
y Derecho,
485ss.com um a posigio
restritiva
distingio
‘quanto decondutaregeas
entre regras ¢depoder,
ef HorRsreR, WasistRecht]
Grundfragen
derRechtsphilosophie(Miinchen
2006),
18ss; ejeitando
a distingio
entre

e
regrasdeconduta
concédant
‘World
des
depoder,
regras
lescompétences,
(Amsterdam 1988),
ef.ZimnINskr,
i n D1 BerNaxpo(Bd),
159ss; Seaax,
Lecontenuet lastructure normes
NormativeStructures
NormsthatConfer Competence,
of theSocial
RatioJuris
16
(2003),
ofquestio
cf.
GRanowski,
Enactment,
the
normativeness
XVII (2008),
provision,
895;sobrea
on
the
provisions
129ss
regulating oflegislation,
process
norm: reflections

InvestigationesLinguisticae
%

LPh
BuuyatN,11(199: 208;BuLGIN, Sobre
lasnormas decompetencia, 490.

a
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

relevancia auténoma dasangio dequalquer conduta. Porexemplo: a falta


decompeténcia doGoverno paralegislar sobre m integradas
atérias na
reserva absoluta decompeténcia
icionalidade da
daAssembleiaRepiiblica
doactolegislativo
(efa rt,
governamenta
164.

pode ¢
‘Também possivel
determinar quer
demonstrar
o desvalor
quea violagdo
do acto
deuma regra
praticado,aplicagao
quera
depoder
de
uma sangiio ao agente.Suponha-se, por exemplo, agente proi-
que um esti
bidodeexercer um determinado poder; o exercicio indevido desse poder
pode implicar quera aplicagao deuma sangao (isciplinar,
porexemplo)
ao agente, querum desvalor (de invalidade, porexemplo) doacto prati-
cado. Ficaassim demonstrado que a ordem juridica nao analisaa situagio

apenas pelo prisma da conduta do agente, interessando-se poralgo mais:


esteplus
é0 desvalor
Esteexemplo
doacto praticado
evidencia uma possivel fonte deconfusio nesta matéria.
Quando regras
se fala de deconduta e de regras poder
de nio se est’ a
referirduascategorias deregras que incidam necessariamente sobre r eal
dades distintas,mas antesduas categorias deregras quepodem decompor
uma mesma realidade diferentes. A anilisedeuma
segundo perspectivas
mesma realidade segundo variasperspectivas juridicaséalgo bastante
comum e nada tem deinvulgar: lembre-se, porexemplo, queum mesmo
ser fonte deresponsabilidade civile penal.
pode
acto ilicito Portanto, uma
mesma factualidade
deuma regra
pode
deconduta
Umadasmodalidades
analisada
ser
simultaneament
e deuma regra
dasregras
depoder.
relativas
pela
a poderes
perspectiva
€
constituida
©)
pelas regras producao
de juridica.regras
Estas implicam tipos
dois outros
deregras: as regras decompeténcia, quedefinemos érgios competentes
paraproduzir 0 direito, eas regras deprocedimento, quedeterminam a
tramitagdo que deve ser observada nessa produgio.
juridicos
4.3. Efeitos
a)As regras quese referema efeitos
juridicas impdem estadosdecoi-
sas, Comoexemplos deregras quedefinem efeitosobrigatérios
podem
ser referidasas seguintes:
a regra segundo a qual quemnasce com vida
adquire personalidadejuridica(art.66, n 1,CC), a regraqueesta
belece que personalidade
a cessa com a morte (art.
68, 1,CC),
n.? a

segundo
regra
(ef.
a qual
quem
CC).
art. 122° perfizer
dezoito anos deidadetorna-se maior

a2
§IL CARACTERIZAGAO
DA REGRAJURIDICA

Asregras quepermitema produgio dedeterminados juridicos


efeitos
so muito frequentes,
principalmente na rea daautonomia privada, Por
exemplo:a regra consta
que do art, 874.CC faculta
ao proprietario
a trans
missiodapropriedade
deuma coisa,o u deoutro direitosobreela,
através
dacelebragio deum contrato decompra e venda; portanto,o proprietrio
pode produzir o efeitode transmissio da sua propriedade.
Asregras relativasaos desvalores dosactos juridicos definem efeitos
proibidos, pois que0 acto queé inexistente, invélidoou ineficazÂi¢nsus
ceptiveldeproduzi como exemplos deregrasque
protbem a produgio
mesmo alienante
deefeitos
a
podem ser referidas
transmitir a propriedade sobre
regra queprofbe
u m mesmo bem
aum
suce
vamente a doisadquirentes
regra que determina (ef. a
art, 408!n.°
que proibido
é transmitir
1,CC; ef.art.
propriedade
892°
deum
CC) ea
imével
se o contrato forcelebrado verbalmente (ef. art. 875 CC).
b)Osefeitos juridicos produzem-se quando estio verificadasdeter-
minadas condigdes(dependentes davontadedosinteressados
ou inde-

pendentes vontade).
dessa Por exemplo:quandoalguémperfizer
dezoito
anos,torna-se maior(¢f.
art. 122°CC); celebrar
se alguém um contrato
decompra verifica-se
e venda, dapropriedade
a transmissao dacoisaalie-
nada(fart.879:al.a),
CC).
Podeassim concluir-se
queas regras
que
porobjecto
tém efeitos
juridicos deser violadas,
sio insusceptiveis dado
que0s efeitos
s6podem produzir-se produzi
ou naose

5. Previsioe estatuigio
5.1,Justificagao
daestrutura
juridicas
Adivisiodasregras em previsio corresponde
e estatuigio aformu-
Jago pois
Jado)
habitual, que
estanormalmente
nelasa estatuigao
condicionada
(que respeita algoregu-
uma
por previsdo
ao como
(quese refere ¢
ao qué

queéregulado). exemplo
Tome-se como a regraquese d
extrai oart. 483,
n? 1,CC:aquelequeprovoca um dano a outrem (previsiodaregra) deve
(operador
mais,podereduzir-se
estaregra o
indemnizarlesado
deéntico) (objecto
aformulagdo
daregra).
p > Og(em
Emtermos for-
quepéaconduta

5
O
danosa,operador
0

Sobrealguns
decomando
dosproblemas
e q indemnizagio
a

suscitados pelas
devidaa o lesado)*.

regrascondicionais,
ef. vow Waucitt,
Bedingungen
~ein PriisteinfardieNormentogik, FGOtaWeinberger (Berlin 1984),
430;
On
Conditional
von Waicitr,
Obligations,
ActaPhilosophica 60(1996),
Fennica
i n von WaiGHtr, i n Philosophical
SixEssays Logic/

a3
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

5.2. Anélise
dasrelagdes
a)Acstatuigéo a consequéncia
determina daverifi-
quedecorre
juridica
cagaoda situacao
ou dofacto daregra,
queconstitui a previsto Levanta-se,
de saber
assim,0 problema a relagioexisteentre a
qual que previsio
¢a
da
estatuigao regrajuridica.
Umaresposta possivel
a esta questio consiste em entenderqueas
regras naose distinguem,
juridicas quanto aspecto, natu
a este dasleis
rais€que,porisso,talcomo estasdescrevem
uma relagio
causal
entre
um
uma
¢um efeito,
facto
relacdo
também
decausalidade, a
relagio
entre a previsio é
¢a estatuigio
Estaorientagao foidefendida porZ1TELMANN
(1852-1923), queexprimiuque “todaa
proposicéo juridica individual
afirmauma relagio causal
se encontrarem realizadas
entre certos factos
as condigées dever
e um
asquais
este efeito
ser―?
o direito
que,“se
ligaprodu-
a

giodoefeitojuridico, entaosegue-se juridicocom a mesma


infalivelcerteza com quea pedra
podendo impedir―™*.
atirada
8
ao ar regressa terra,nada0

Estaequiparagio dacausalidade juridica &causalidade naturalnaoé


aceitavel.KetseN(1881-1973), criticando a utilizagaodacausalidade
naturalno Ambito dasordens normativas, substitui-aporuma relagio de
imputagio: descrigio
“na deuma ordem normativadaconduta doshomens
entre
dade,
aplicado
si¢
quepodemos
aquele ordenador,
outro principio
designar«imputacio»―’s,
como
diferente
Enquanto
dacausal
“o
principio
dacausalidade
daimputagio
afirmaque,quando
afirmaque,quando
a qualquer
é
A é, é
A,Btambém
B deve
(ou
ser―.
ser)’, principio
“o

Umaboaalternativa dasorientagdes apresentadas éenten-


derqueentre a previsio e a estatuigio dasregras juridicas relagio
ha uma
deimplicagao normativa:
a
se ocorrer o facto ow situagao representada na

IertumundRechtsgeschift
‘ZrreLmans, (Leipzig
1879), 222,
IrrtumundRechtsgeschift,
‘TELMANS, 207.
%
Bnarscxt,Introdugio ®,
69.
Kise, TeoriaPuradoDireito7,89.
%
Kets, TeoriaPuradoDireito,105; Ketsen,
cf também KausalititundZurechnung,

retische =
OZAR6 (1954),
Schule
125ss. KLecaTsk1/Mancic/ScHammeck
(Frankfurt/Ztrich/Salzburg/MUnchen
in What
Imputation,
1968),
(Eds),
ss;
DieWienerRechtstheo-
663 Kes, Causality and
i n theMirrorofScience/Collected
LawandPolitics
is Justice/Justice,
EssaysbyHansKelsen(Berkeley/LosAngeles 1960),
324ss; KetseN,Allgemeine Theorie
derNormen, 19s.

as
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRA JU
pica

entio aplica-se
previsio, o dever
ser estabelecido Comojase
na estatuigio.
salientou,
a aplicagao
dodever ser podefornecer
ao destinatario
daregra
(uma para acco omissio) razio
uma razio pritica razio uma ou ou uma
judicativa (uma razo para um juizo)"―.

b) ddistingao
resulta
A entre
acontraposigio
a causalidade natural¢a “causalidade
entre a natureza e o direito,
juridica―
Nanatureza, um
mesmo efeito s6pode ter uma causa ¢naose pode produzir mais do que
vez; porexemplo:
‘uma se um livrofoidestruido pelo
fogo naoé possivel
encontrar outra causa para
truf-lo,Emcontrapartida,
a sua destruigao
em direito,
é¢nao
possivel
um mesmo efeito
voltar
podevarios
ter
a des-

fundamentos (concurso defundamentos ou “fundamentos duplos―) e

podeproduzido (“efeitos
ser varias vezes duplos―’),
Osfundamentos duplos deum mesmo efeito¢os efeitos duplos sio
especificos deordens n ormativas  ¢,em especial, juridica.
daordem
Constituem exemplos deconcurso defundamentos as seguintes hipé-
teses: um contrato pode ser nuloporque é simulado(ef. art. 2402 CC)
porque,
€ além disso, a sua celebragao naorespeitou a forma legalmente
exigida (cf a rt. 220. CC); os modos de aquisigéodapropriedade previs-
tos no art. 1316! CCsio concorrentes, pelo queum mesmo sujeito pode
tornarse proprietario deuma coisa porque a comproue ainda porque a
recebeu e m heranca. Sioexemplos deefeitos duplos
as seguintes situa-
ges:um contrato dealuguer quefoidenunciado pelo
locador com base
no incumprimento pelo locatério das suas obrigagGes(cf.art. 1038.2 CC)
também pode ser denunciado poreste locatriocom fundamento no
incumprimento poraquele locador das s uas obrigagées
(cf.
art. 1031. CC);
um casamento dissolvido pelo divércio (¢f. CC)
art. 1788.2 pode ser anu-
ladof. art. 1631." ¢16433, n2 1,al.c), CC), dadoque,enquanto o divor
cio séproduz efeitos ex nunc (isto à desde
©, a datadoseu decretamento),
aquela anulagao produz efeitos ex tunc(ou seja, desde
a data dacelebragio
docasamento).

Leitarascomplementares:
ENGasch,Introdusio $8.70;
®,
KeLseN,
TeoriaPuradoDireito
81-96 104-106.
©

Ober im
CiKipn,
Recht,
dber
die
Konkurrenz
von
undAnfechtbarkeit,
tigkeit Nich-
Doppelwirkungen
FSFerdinand
insbesondere
von Martitz(Berlin
1911),
211ss

as
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

IIL, Cardcterhipotético
hipotéticas
1. Regras
LiL.Caracteristica
a)As regras
juridicas (oucondicionais)
saohipotéticas elass6
quando
sio aplicaveis
sua
sese verificar
factispécie:
todaa regra
ou facto
a situagao
o
queestio previstos
quecontém
na
uma previsio é
uma regra hipo-
tética,Como refereALCHOURRON
sto como pontes
ser (feito).
queligam 0 queé (ou as
(1931-1996),
pode ser)
condiciona
“normas
0 caso com 0 quedeve

O
caricter
previsio
hipotético
eaestatuicao,
derdaverificacio
daregra juridica
mas circunstincia
naose refere
d ea
&implicagio
aplicagio da regra
do factoou dasituagioqueconstituia sua previsto®.
entre a
depen-
Oque¢ hipotético verificacao,
¢a em concreto,desse factoo u dessa situa-
¢40, relagdo previsioestatuigioregrajurfdica,
nao a entre a e a da Sendo
assim, representando porOD0 operador dedntico queliga a previsio &
estatuicéo,uma regra juridica hipotéticapoderepresentada
ser através
da
formula p ODq,
+
quese Ié daseguinte forma: “se
se verificar o factop,é
obrigatéria,proibida ou permitida a consequéncia q―.
Ajustificagao docaricterhipotético dasregras juridicasencontra-sena
dificuldade dedefinirregras quedevam ser aplicadas em todas e quaisquer
circunstincias, Note-se quenem sempre a previsio aparece explicitada na

regra. exemplo:
Por (j) 0 art. 1672.% CC limita-se a enunciar os deveres a
que conjuges
os esto reciprocamente vinculados; éevidente,entanto,
no
que,paraquehaja cOnjuges, é
necessirio quehaja casamento, pelo quea
regra tem,
piblico
como previsio
se encontra um letreiro
issonaosignifica a proibicao
o
implicita, casado;
estado
quediz“Nao
de
fumar―
(ii) espaco
se num
ou “Proibidofumar―,
absoluta defumar, mas apenas queaqueles
quese encontram nesse espago estdoproibidos defumar.
b) O caricter hipotético das regras marca o seu distinguo perante as
ordens: enquanto as regras so,normalmente, hipotéticas,as ordens sio,
também normalmente, categoricas. Se, porexemplo, alguém disser“Joao,

chover, a
vaifecharjanela!―, enuncia uma ordem;
fechaa janela―,esté
mas,se alguém
a construiruma regra.
afirmar “Joao,
se

«© Detachment
ALCHOURRON,
Defeasibilityin
Deontic
Logic,
Studia
and
Wolf (1996),8,
Logica
juristischen
(Frankfurt
YomSinndeshypothetischen
Byeisext, Urteils,
FSErik
57
am
Main
1962),
411.
ne
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRA JU
pica

1.2.Consequéncias
Ocaricter hipotético
daregrajuridicasignifica
que,uma vez verificada
se constituiou produz
a sua previsdo, uma determinada consequéncia
juridica,
Ditodeoutra forma:a verificagio
daprevisio implicauma certa

consequéncia
chamar a atengio Sem
emé
juridica,entrargrandes
paraqueesta implicagéo
desenvolvimentos,
diferente
importa
danormalimpli-
cagiolégica".
afirmagao,
Parademonstraresta considere-se dedugao,
a seguinte exem-
plo simplesdochamado modusponendo
ponen.
(1)SeoPucky forum cio,entaoé
um animal;
(2) Pucky gato;
O é
u m
(3)Logo, naoéum animal.

Estadedugioénaturalmente
falaciosa,
porque (falsa)
a conclusio no
pode ser deduzida
daspremissas dacircunstdncia
(verdadeiras): deos ces
serem animais,
naose seguequenio haja
outros animais(comoos gatos).
Considere-se
agoraseguinte
a dedugio:
(1)SeoPuckyforum cao,entaodeveser vacinado;
(2)OPuckyé
um gato;
(3)Logo,
nio deveser vacinado.

Nestecaso,deduz-se deuma eventualregrajuridica (adequeos cies


devemser vacinados)
que gato
o Puckynaodeves er vacinado.Estadedugio
naturalmente
é vélida
e nadatem defalaciosa.
Embora possamser apre-
sentadas a diferenga
viriasraz6esparajustificar légicos
nos valores das
duasdedugdes acimaapresentadas,
a maisevidente éa deque,enquanto
© universodosanimaisnaose
além
doscaes), o
esgota
legislador (se
determinou
(ha
no
bem mal,
doscies
ou
animaispara
outros
issoé
agorairre-
levante) cdesdevemser vacinados,
quesé
os incluiuos cesno
sé
isto é,
uuniverso dosanimaisque
devem Olegislador
ser vacinados. escolheu
como

quisa factispécie
daregra,pelo
quequalquer
conclus4o
conforme
com
é valida.
necessariamente
essa previsio

a
Sobre
condigio
Werteund
‘men,
dasregras
Entscheidungen ef.
hipotéticas
1973),
(Freiburg/Minchen
248s. indie Nor-
Einfihrung Logik
KursciteRa, der

27
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

fo
A implicagio
caracteristica
intensional por
referida von
daregra
WricitT condicional
juridica
(1916-2003): uma
“estabelecer
implica~
coincide
implica~ com a

40material,
independentemente
doseu antecedente pode[.]
e consequente, ser
designado
cisamente
implicagio forma
como estabelecendo a
esse0 caso darelagioentre a
previstoestatuigio E
materialde
impli
ea
intensional―™.
daregra:a
pre~
fo
A
previsto
entre a
de
relagioimplicagio
qualquer
e a estatuigio opera

e
a
quese verifica
previsto eestatuigto.
sejaprevisio que
estatuigto
entre a
a a
daregra"Se
Pucky
©
Rocky for
forum
gato, ser
um cio,entto deve vacinado― continua
entio naodeveser vacinado―,
quese estabelece
Pelo
a verificar-se
relagioimpli-
contririo,
“Se
a
na regra
de
“Se
forum cio,entio
0

cago afirmagio
na (verdadeira) Pucky o
animal―
‘um afirmagio
nio se mantém na (falsa) Rocky gato,
“Se
o forum entio no

deira
destas
qualquer
orque, em
nal) antecedente
entre o
s eo antecedente
foruma oafirmagdes,
e(ou aimplicagio
consequente, dependever
demodoqueelas6é
do da
darela-

espécie subclasse) (ou classe)


género
u ma
doconsequente
(0
“gato―
entre
quesucede
“nio
relagio
animal―)
¢
na
e entre “cdo―
“animal―,
relagio
masnaona

2. Categorias defactos
A previsiodaregra juridicapodereferir-sea factos
voluntérios
ou involun-
tarios.Quando
daregra a
previsio
s6se verifica
forconstituida
se aquelefacto
porfactos
forpraticado.
aplicacio
voluntérios,
Porexemplo: obriga-aa
giodeindemnizacao estabelecidano art. 4832,n.’ imposta
1,CCs6é se
alguém praticar
um
ou datitularidade
acto danoso;a transmissio
dodireitoreferida
da propriedade
al.a,CCsé
no art. 879%,
da coisa
se verifica
se forcelebradoum contrato decompra e venda.

Quando forconstituida
a previsio porum factonaovoluntirio,
ela
preenche-se
independentemente dequalquer acto dointeressado: é
neste
sentidoquese costuma dizerqueum efeito juridico derivadirectamente
daleiow operaporforcadalei.Porexemplo: a aquisicaodamaioridade por
aquelequecompleta dezoitoa nos deidade (cf. CC)
art. 122.° verifica-se
sem necessidade dequalquer
dapritica actopelosujeito;o estabelecimento
dafiliagao
decorre donascimentodofilho(ef.art. 1803°,n¥
1,1804°,n.'
1,
¢
tivodessa n?
18268, 1,CC),
filiago
naohavendo
dos
denenhum
necessidade
porparte progenitores;
dasrelagées
a chamada
acto constitu-
dos sucessiveis
Atitularidade juridicas (cf. 2032,n.°
dofalecido art. 1,CC)
ocorre sem dapratica
necessidade dequalquer
acto poraqueles
sujeitos.

*
von WricH,OnConditionals,
i n von WaicHr, Studies,
Logical 135,

as
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRAJURIDICA

3. Legal
defeasibility
ComoHarr (1907-1994)
referiu,
os conceitos juridicos
possuem um
defeasible
character, eles
porque proprios definem as condigdes em que
so aplicaveis podem
e em que ser “derrotados®,
Dito deoutro modo:
0s conceitos juridicos
naos6naoesto preenchidos
se nao estiverem
verificadasdeterminadas
1 essas condigdes
Porexemplo:
condigées,
como também
estiverem presentes em conjunto
deixam
o
de estar
com outras condi-
goes", quemagride uma outra pessoa (p)ficaresponsdvel
pelo seu acto (q)
(p)actuando
&r > ~q).
(ou seja,
em legitima defesa
A consideracao
(*), se
p > q);mas, alguém agredir
deixadeser responsivel
outra pessoa

demais um factoqueo factojé


(~q)(isto
atendido
é,p
obsta4inferéncia deuma consequéncia que poderia apenas
se extrair
com base neste tiltimo.Assim, uma regra é (defeasible)
“derrotavel― se,
apesar de estarem preenchidas todasa s para aplicagio,
condigdes a sua
elapuder naoser aplicada*
Podeassim concluir-se que0 quepode ser obrigatério
(oupermitido,
ou proibido)no caso C,pode naoser obrigatério(oupermitido,ou proi-
bido)
na conjugacao doscasos C,e C, Nestasituacdo, diz-seque0 caso
C,“derrota―
a regraC,> Opou queOp/C, representaa nogaodeum
dever (ou
“derrotivel―prima facie)*©.
Hé assim queconcluir quea impli-
cagioentre a previsio é
a estatuigio
€ uma relacionio monoténica(isto
é,umarelagoque
em o aumento das premissas diminuigao
conduz.4 das
conclusdespossiveis),
pois que naoha a garantiade que implicagio
essa se
mantenha se,além
dofactosubsumivel
&previsio, a ser atendido
passar
um outro facto.

*
Har, Theascriptionof responsibility
andrights,
in FLew (Ed), Essays
on and
Logic
Language (Oxford 1951),
147ss. of.BaxeR, andMeaning,
Defeasibility i n Hacker/Raz

(Eds),Law,MoralityandSociety/Essays
in honour of HLL.A.Hart (Oxford 1977),
26 ss
*
Sobrea
matérta
defeasibility,
Legalcf, 26perspectivas,
dalegal
rules, ss.BooNIN,
Tur,Concerning
com diferentes

Law Ox.
theDefeasibility
of Phil.Phen,Res.(1966), 371 Defeasibilism,
+

2004),203;
358
ss.
J.L.St.21(2001), Hace,
Cf,em relagio Artif
Intell
a deontic
sobrea defeasible
Lawanddefeasibility,
defeasbiity,Defeasibility
logic,
BRoZek,
cf.Sretataciy/BuoZex,
of Legal
11(2003),
Reasoning
Methodsof Legal
221ss
(Krakow
Reasoning
(Dordrecht
2006),
49ss.
CEAucHouRRON, parauna teorfageneral
Fundamentos (Madrid/Barce-
delosdeberes
©

lona/Buenos
Aires2010),
142 143.
¢
219
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

4. Regras categéricas
As regras juridicastambém podem ser categéricas
ou no condicionais:
issosucedesempre queelasnao nenhuma
comportem previsto. Porexem-
mnal
dapena demorte (cf. CRP)
art. 24.%,n.?2, é
aplicavel qualquer
em toda e ela
circunstancia; é
porisso uma regrac ate-
Alguns
_gorica. imperativos (como,
simples porexemplo "Naomataras―ow
‘Nao
roubards―)
séotambém exemplos categéricas.
deregras
‘A
circunstancia dea regraser categoricas6significaquea sua aplica-
giono estadependente denenhuma condigao, queelanaopossa
nado ser
“derrotada―
poruma excep¢o, Porexemplo: o imperativo“Nao
mataris―
ser “derrotado― delegitima
defesa.
pode poruma situacao
IV. Anilisedoimperativismo
1. Orientagdesimperativistas
Ll. Origens
Paraas orientagGes
imperativistas, juridicas
as regras sio sempre
recon
duziveis dadoquetodas
a imperativos, uma obrigagao
impdem
as regras
a.um ow a varios As orientagées
sujeitos. imperativistas
encontram a sua

queatribuem
nas concepgGes
origem a um poder
soberano
a faculdade
defazerleis.
Austin (1790-1859) ~

um discfpulo deBewtHast(1748-1832)~

costuma
ser referido como o fundador dasmodernas orientagdes imperativistas.
Escreveu
A "Toda a [eio u regra
(tomada no mais
amplo significadoquepode ser pro-

priamente dadoao termo) &um comando, Oumelhor, leis¢regras,


assimchamadas

o sio [..]
decomandos―’―.
Relativamente 20 comando,
propriamente, uma
espécie AUSTIN
afirmou seguinte:
1,Umquerero u desejo
devers realizar
“asideiascompreendidas
formulado
ou abster-se
porum ser racional,
derealizar. Ummalqueprocede
2.
as
no termo comando sio seguintes.
queum outro ser racional
doprimeiro ¢a que
ficasujeito0 tltimo, no caso deo tiltimonao 3.
cumprir o querer. Uma expressio ou

intimidagio doquererporpalavras ou outros signos―.


A orientagio imperativista
implica a
negagio deregras queatribuamdireitos. EoquefazAUSTIN, ao afirmar
o nao haleiscriando
seguinte:“[..] meramente Ha leis,
direitos. verdade,
é quecriam
‘meramente
deveres[..]".

©
Austin,TheProvince (1832)
Determined
ofJurisprudence (Cambridge
1995),
21
**
of Jurisprudence
Austin, TheProvince Determined,
24
“Austin,
of
TheProvinceJurisprudence
Determined,
33

220
5 IL®CARACTERIZAGAO
DA REGRAJURIDICA

1.2.Evolugio
também
Ascorrentes imperativistas encontraram adeptos
maisrecentes. Assim,
podem ser referidas,
a titulodeexemplo, formulagdes:
as seguintes =

“Anorma
deveser [..]definida
c omo um imperativoabstractopara
a actuagiohumana
(..]Aordemética
do damoral
deuma comunidade
deconjuntodo
domundo
direito, (JHERING
e dos
conhece
usos―
trés
(1818-1892))*;~"O
espécies
direito
naoénadamaisdoqueum complexo
tais imperativos
abstractos:
deimperatives―
(THON
os

(1839-1912); ~“A
norma é deum quererqueespera
expresso a sua realizagio
poroutros [..};fall reconhecer
valercomo proposigées
a razio pela
qual
apenas e proibigdes
comandos
s6elasprosseguem directa
podem juridicas
auténomas:
porelas
mente € o fimdetodo
proprias o direito,
que&0 dedeterminar 0 compor-
tamento depessoas parapessoas o deestabelecer
ou, poroutras palavras, um tal
comportamento
pertence
(BIERLING
uma relagio
devemser abrangidos
pessoal~[..]
(1841-1919))'%;
Como
entre duas
todosaqueles
“A
pessoas.
um a ordem

casosnos quais
e m sentido

imperatives
uma indicagio
préprio
auténomos
imperativa
actua
independentemente darelagéopessoalcaracteristicadaordem.[..]Também a lei
deves er
sempre
cordem
nos
imperativos ..]
integrada
imperativo;
caracter
em sentido
a
auténomos.porum lado,&claro
poroutro lado,é
qualquer
Aleipertence,
que leitem
claroqueelanaocontém
doqueaq
proprio, porconseguinte,acategoria
foramdesignados como imperativosauténomos―
(OtivECRONA (1897-1980))**
~“Retomemos [..]a formulasegundoa
qual juridicas
as regras Ela
sto imperativos.
querdizerqueasregras juridicas
exprimemuma vontadeda comunidadejuridica,
doEstado o u dolegislador.Estadrige-seauma determinada dossibditos,
conduta
exigeesta
juridicos conduta
vista sua
estiverem realizacio,
com
os
a determinar
em vigor, elestém
a
forga
Enquanto
Osdeveres
obrigatéria,
imperatives,
(obrigagées)
0
so, portanto,correlato
cuja tese afirma:
dosimperativos.
o Direito é,
Apartirdistofoielaborada
em substincia,
constituido
a entendemos
correcta quando
uma «teoria»
¢s6por
porimperativos
imperativos.
E esta teoria é adequadamente
e sem

(ENarscit
exageros― (1899-1990))*.
doimperativismo
2. Apreciagio
darealidade
2.1. Distorgao
Contra pode
imperativistas
as orientagdes queelascondu-
ser objectado
zema uma distorgio
na anélise dodireito(ou
dosentido dojuridico).
Afir-
mar, porexemplo, que0 proprietirio
quea regraquepermite use a sua

JuteRING,
‘©

Tox,
©
im
Recht
DerZwveck
*(Leipzig
undsubjectives
Rechtsnorm
Jaristische
BIERLING, Prinzipienlehre
1904),
257s
Recht(Weimar
1878),8.
1894),
I (Tubingen 29Â8¢ 7.
©
Ouavecnowa,
ENa1scH, Der
Imperativ
Introdugio
, 38,
(Kopenhagen
desGesetzes 1942),
24,26,27
e 28,
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

coisa(ef. CC)
art. 1305.’
é
um regra juridica
porque elaimpoeum dever
derespeito dessedireitoa todosos nio proprietirios¢ aquilo
considerar

que éaé
que relevanteque¢
cessério
nio violarem
ou
~

mero
o direito
0 uso dacoisa pelo
reflexo que
~

¢
0
doproprietério®,
seu proprietirio
dever de os nao
através
~
do
proprietirios
nenhuma 0
Emtodo caso,haquereconhecer
correspondénciaexemplo:
com
quedeterminados
direitos.
Por
deveres
aquele
que
tem
néo
divul-
garum segredo deEstado épunido com uma pena deprisio (art.
316°,
1n21,CP);noentanto,naotem sentido afirmarquealguém titularde
seja
uumdireitoa queos segredos deEstado naosejam divulgados.
A critica
ao
imperativismo nio pode esquecer queha certos deveresquenaotém
correspondénciacom nenhuns direitos.
2.2. Unilateralidade
visio
Umaoutra criticaquepode da
ser dirigida a impossibili
ao imperativismo
é
dadedereconduzir todasas regras pode
O imperativismo
a imperativos.
ser compativelcom ordens juridicas
rudimentares e,mesmo assim,
~

na
condigao
¢fora
dea autoridade
deste-, mas é
mentos juridicos,
soberanaque
produz.o
direito
certamente incompativel
se encontrar acima
com os modernos ordena-
nos quais indispensivel
é entre outras,de
a vigéncia,
regrasqueatribuam poderesparaa produgio
e a revogacio do direito®
e
deregrasque definam os juridicos®.
desvalores

55
Cf.LAREN7, ',3545.
Metodologia
Negando
®

possibilidade
theSeparation reconduzir
Morals,
of Lawand egrasa
de
imperativos,
(1958),
estas
and
The
ALCHOURRON/BULYGIN,
Harv.L-Rev.71 604;
cf Har, Positivism

Expressive
€108
Conception
ss; ligicoy La
Butyats,
Analisis
(Ed.),
of Norms,
de
expresiva
concepcidn
ALCHOURRGN/BULYGIN,
Derecho,
1275s.e131
ss.
100
ss.
Logic,
i n Hitpusex NewsStudies
i n Deontic
lasnormas,i t ALCHOURRON/
©

complementar:
Leitura Metodologia',
LaRENz, 353-359.

a
§12.2MODALIDADESDEREGRAS JURIDICAS
doobjecto
I. Critério
1. Generalidades
Asregrasjuridicas
podem ser,deacordo com a sua incidéncia,
regras pri-
miriasou secundérias:
as regras
primédrias
(oudeprimeira ordem) sio
regrasqueregulam poderes juridicos;regras
condutas, ou efeitos as secun-
drias(ou ordem)
desegunda sio regrasqueincidem sobre
outras regras,
ou seja,
so regras regras!
sobre
2. Concretizagao
2.1. Regtas primarias
As regras primériasorientam a realizagio decondutas, 0 exerciciode
poderes ou a producio deefeitos.Dentrodasregras primarias podem
ser distinguidas
as regras regulatérias
¢as regras constitutivas.Asregras
regulatériassao
as
respeitantesa condutas ou ao exercicio deum poder.
Estasregras podem ser violadas
se alguém realizaruma conduta proibida
ou omitir uma conduta devidao u se alguém exercer um poder quenao
possui dedesempenhar
ou deixar um poder
quedeve
exercer.
constitutivas so as relativas
As regras juridicos.
aos efeitos Estas
regras podem
nao ser violadas.
Por o efeito
exemplo: aquisigao
de da

® distinglo
Sobreum a
Booato,
aproximada,
1970),¢
Normeprimarie normesecondarie, 6,
ef, Harr,Conceitode Direito89 ss; ef.também
Studiperuna teoria generale
in Bono1o, del
(Torino
diriteo
trativa/A
(Coimbra
t6ria e D.
183

2006), algumas
Duane, ANormadeLegalidade
ss;

TeoriadaNorma a Criagio
99 ss;
deNormas
Procedimental
Adminis-
deDecision a Discricionariedade
sio qualificadas
dasregrassecundérias
Instru-
porCanca-
1974), constitutivas―
(Milano 52¢61,c omo “normas
-TeRRA,L enorme costitutive
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

maioridade dodisposto
quedecorre no art. 122.CCproduz-se
sempre
quealguém perfaz
dezoito
anos; a produgio efeito
deste insusceptivel
¢
deser violada,

2.2.Regras
secunda
Comomodalidades
deregrassecundirias,
hi querefer,entre outras as
seguintes:
~
Asregras deprodugio, questo regras sobre a produgio deoutras
regras ou sobre a modificagio deregras vigentes;porexemplo: as
regras que constam dos art. 1128,1614,164: 1652 ¢ 198°CRP;
~
Asregras revogatérias,
quesio regras sobre a revogagio deoutras
regras;porexemplo: a regra quese encontra no art. 7°CC;
~
Asregras interpretativas, queso regras sobrea interpretagio de
outras regras;porexemplo: a regraqueconsta do art. CC;
9°
~

Asregras deconflitos,quesaoregras aresolucao


relativas deconflitos
deaplicagao daleino espago ou no tempo; porexemplo: as regras
que
25a 65. CC(quanto
se encontram nos art.
nos art, 12. 132CC(quanto
&aplicacao a
aplicacao
no espaco)
no tempo).

doambito
IL. Critério
1. Generalidades
De acordo doambito
com 0 critério deaplicacao, podem
as regras ser
e especificas.
_gerais Estastltimas regras
aindase subdividem
em regras

especiais excepcionais.
¢regras

especificas
2. Regras
2.1. Nogao
Asregrasespecificas
definem
um préprio
regime diferen-
parasituagdes
tes daquelas
quecabem
no ambito
dasregras
gerais.
2.2. Ambito
especificas
Asregras tém,
em comparacdo
com as regras um Ambito
gerais,
deaplicagao (0quenaoimpede
mais limitado queos casos abrangidos
pelaregraespecifica
naopossamser maisdoqueos casos subsumiveis
&
regrageral).
Aquela decorre
limitagao da de
circunstancia que previ-
a
so dasregrasespecificas
delimitada
é dascorrespondentes
na previsio

ae
§12" MODALIDADESDEREGRASJURIDICAS

pelo
gerais,
regras que,se o legislador elaborado
nao tivesse uma regra
especifica,
a situagao abrangida
seria pelaprevisio regrageral
da e seria
estaa regra aplicével.
3. Regras
especiais
1. Generalidades
As
regras
especiais
edo
daspessoas
damatéria,
delimitar
podem o seu ambito
pelo
territério,
uma especialidade
quepode
em fungio
deaplicagio
uma especiali-
haver
territorial.
dade material, pessoale uma
especialidade
3.2. Especialidade material
Segundo material,
um critério as regras gerais regulam uma certa situagio
e as regras especiais regulam uma situagio que se insere na categoria da
situagio previstaregrageral.exemplo:
na Por a regra sobre a punigio
doinfanticidio (cf.art. 1362CP) é especial perante a regra quepuneo
homicidio (¢f.
art. 131. CP);as regras sobre a nulidade davendadecoisas
alheias (¢f.
art. 892° a 904."CC) especiais
sio perante as regras relativas
a nulidade dosnegécios juridicos (cf.art. 285."e 286.° CC); as regras

respeitantes afaltae aos viciosdavontade no casamento(cf. art. 16342 a


1638!CC) sio especiais perante as regras sobre amesma matéria previstas
paraa generalidade dosnegécios juridicos (cf. art. 240.2a 2572 CC);as,

regras
sobre
perante
a interpretacio
as regras relativas
dotestamento(cf.
4 interpretagio
art. 2187"CC)
dosdemaisnegécios
sioespeciais,
juridicos
Gf. art. 236 a 238.°CC). processos
Nos jurisdicionais, éfrequente haver
processos
comuns e processos aqueles
especiais: definem
a tramitagio

paradigmitica, estes contém


desvios
e adaptagdes
parao julgamento
de
certasquestoes.
material
Aeespecialidade também pode referir-searamos dodireitoea
Porexemplo:
juridicos.
institutos (i)0DireitoComercial um direito
é espe-
cialperanteo DireitoCivil; o DireitoCivil €
o direito privado
comum eo
DireitoComercial ¢um direito privado especial; (ii)o regimedoarrenda-
mento urbano (f.art. 10642a 11132CC) é especialem relagioao regime
definidoparao contrato delocagio (cf.
art. 1022.21063 CC).

3.3. Especialidade
pessoal
Segundo um critériopessoal,
podem
as regras ser comuns ou particula-
comuns sio as quesaoaplicaveis
res: as regras &generalidadedaspessoas;
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

particulares
as regras so as quese aplicam depessoas.
a certas categorias
Porexemplo:a regraquetem pordestinatarios
todos
o s estudantes
deuma
Faculdade ¢uma regracomum;a regra tem
que por destinatarios
apenas
os finalistas
é particular.
u ma regra

territorial
3.4, Especialidade
Deacordo com um critério territorial,as regras podem ser nacionais,regio-
naisou locais,
nal;estasregras nacionais
As regras
s6podem emo sio apliciveis
ter origem
sio aplicdveis
em érgios
todo territério
centrais doEstado,
nacio-

dosAcores
Asregras regionais nas Regides Auténomas
edaMadeira (cf.
art. 225. a CRP). regras
234.― Estas podem ter origem
quer drgios
nos préprios das Regides Auténomas (f. 227°,
art. n°1,
al.a),
logo,
CRP), quer érgios Estado,
nos
dosrespectivos
al.a),
centrais do
é
como
estatutos politico-administrativos
0 caso, desde
(cf.art. 161.%,
CRP).
Asregras locaissio as quese aplicam apenas em certas zonas doter-
nacional.
ritério Estasregras podem origem
ter a sua quernas autarquias
dado
locais, queestas tém competéncia paraproduzir leisaplicaveis no res-

pectivo territério
(f. art. 241.CRP), quernos érgios centrais doEstado,
quando estesproduzam leisques6podem ser aplicadasem certas zonas
doterritérionacional (como sucede, porexemplo, quando ¢criadauma
regidodemarcada para produto
um alimentar).
4, Regras
excepcionais
4.1, Generalidades
Asregras definemum
excepcionais regime contrarioaquele
juridico que
geral.
consta daregra a distingao
Portanto, entre as regrasespeciais e as
reside
excepcionais regime
regras no quedefinem paraos casos a queso
apliciveis:
enquanto especiais
as regras adaptam o regime geral,as regras
contrariamo regime
excepcionais geral.
4.2. Fundamentos
Osfundamentos

rem
dacontradigao
Osfundamentos
micosou pragmiticos,
juridicas
entre as regras
sistémicos
dosistema juridico
deprincipios ou dealgum
podemser
s4oaqueles
quedecor-
dosseus subsistemas:
sist.
geral
regra segue principio
um e a regraexcepcional
baseia-se
num outro
principio,exemplo:
Por (i)
0 art, 219 CC admite,
com fundamento num

ne
§12" MODALIDADESDEREGRASJURIDICAS

daeficiéncia,
principio dageneralidade
a pritica dosactos juridicos
sem
aexigéncia deuma forma
raz0esdeconfianga,
uma forma
prépria os ¢
especifica;
e venda
na compra
art, 875. 1143.°
deiméveis
e
CCexigem, por
no contrato demiituo devalorsuperior a €
20000, respectivamente; (i as
decisdes dostribunais, quandopossam impugnadas,
nao s er adquirem
o valor decaso julgado e tornam-se indiscutiveis; ditada
esta regra, por
razdes deconfianga, pode ser afastada, com base n um principiode justiga,
nos casos quepermitem a revisiodadecisio (cf. art. 771.2CPC; art. 4492
CPP; art. 154,n.°
justiga,quequalquer
1,CPTA);
das
(ii)oart. 3,n2 1,CPCexige,
partes deum processo de
porrazdes
tenhaa oportunidade de
se sobre
pronunciar alegagies
as e os formulados
pedidos pela contraparte
(principio docontraditério);porém, o art. 3.,n.2,CPCadmite, com base
em razées deeficiéncia,
que certas decisées sejam tomadas antesde a parte
ser ouvida (necessidade do efeitode surpresa).
Osfundamentos pragmiticos so ditados pormeras razdespriticas.
Porexemplo: detransitodetermina
umaregra que proibido
“E
estacionar,
exceptoDomingos
naoé
aos
danecessidade
deassegurar
afectada
nos dias
a fluidez. a
feriados―,proibicao
dotransito,
de estacionamento
mas, como esta fluidez
em quehi menos transito,
naose justificamanter
decorre

a proibigio
deestacionamento
aos Domingos e feriados.

5. Regimes
préprios
5.1. Revogacao
a)Alleigeral (posterior)
naorevogaa leiespecial(anterior),
excepto
se
outra fora intengao do
inequivoca legislador (art.
72, 3,C C).justifi-
n.° A
cagodesteregime
quefoidefinido ¢
facildeperceber:
a lei especial
paracorresponder
a leigeral,
contémum regime
a certas circunstncias particulares;
naopode
porisso, quenaoatende a essascircunstincias, revo-

gara leiespecial.
no revoga
Porexemplo:
a leisobreo arrendamento lei
uma nova sobre
urbano.
o contrato delocacio

4 regrade quea lei geral


Admite-se, contudo, uma excepcio no
revoga a leiespecial. Danova leigeral pode resultar queelatambém se
deveaplicar assituages quesio abrangidas pela leiespecial,hipétese
na qual se verificaa revogacao dalei especialpelanova leigeral (art.
in fine,
1n°3 CC). Saberse issosucede é de
questo interpretacao danova
leigeral
e dadeterminacio, através da
dela, intengio
ladordequefala0 art. 72,n2 3,CC.Paraisso,é
inequivoca
importante
dolegis
determinar
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

as razdesque
se permanecem justificaram dalei especial;
a elaboragao
se talnaosuceder,
pode queo legislador
concluir-se de
teve a intengao
revogar a lei especial
Oart.78,n.°3,CCestabelece um regime ques6se refere &especial
dadematerial, peloquese colocao problema desaberse o mesmo prin-
cipiovaleigualmentepara a especialidade pessoal
e paraa especialidade
territorial. naopode
A resposta deixardeser afirmativa,pelo quehé que
concluirquea leicomum naorevoga a leiparticular(porexemplo, uma
nova lei sobre escolar
o apoio naorevoga o regime daacgio social para
os estudantes universitarios)
nalou local(por exemplo, a
e que leinacional
uma nova lei sobre
naorevoga
0 horario
a lei regio-
deabertura dos
estabelecimentos comerciaisnéorevoga regional
a lei ou local s obrea
matéria),
mesma
b)A leiespecial
(posterior)derroga
a lei geral Comoa lei
(anterior).
especialaplica especiais,
sése em casos a lei geral permanece
anterior
aplicdvel
em todos
os outros casos.

5.2. Prova
¢0 contetido
A existéncia dodireitolocaldevem ser provados
pelaparte
queo invoca(art, 3482, n2 1,C C). Estaregra quetambém
-

valepara0
direitoconsuetudinario e para o direitoestrangeiro-contém
uma excep-

ao principio
ao de que o tribunal conheceoficiosamenteda de
matéria
direito(jura
culdade ¢
novitcuria: art. 6642CPC)
dodireitolocalpelo
deconhecimento
e justificada
tribunal.
pela
eventualdifi-

justificag4o
Estamesma impée, interpretagao
no entanto,
uma restri-

interessada,€todo
tiva doart.
3483, n2 1,CC:nfo provado
o direitolocalquedeveser
pela
parte aquele
mas apenas érgaos
que emana dos locais.
Odireitolocalque
provém érgiosdos publicado
centraisdoEstado
é no

Repiblica
da
Diério
objecto
(ef.
deprova. n2
1,C pelo
RP),
art. 1192, quenaotem deser

dadisponibilidade
Ill. Critério
1. Regras injuntivas
Deacordo
0 dadisponibilidade,
com critério
ou supletivas.
ser injuntivas As regras
as regrasjuridicas
sfo as regras
injuntivas
podem
queso
aplicadasaindaquehaja
uma manifestagaodevontade contririadosseus
destinatirios.

ae
§12" MODALIDADESDEREGRASJURIDICAS

supletivas
2. Regras
Asregras
lacdoda matéria sio
supletivas
pelos
as regras queapenas
interessados.Atendendo
sioaplicadas
ao
na falta

principio
deregu-
daliberdade
contratual (fart.405, n.?1,CC), os regimes legaisquese encontram
estabelecidos na érea dos contratos privados sto, emgrande medida, regi-
mes supletivos.
nada tenham
amatéria,
Estes
disposto
Porexemplo:
sobre
apenas
na falta
quando
regimes aplicados interessados
sio
ou nfo tenham
a matéria
deestipulagao daspartes,
os
disposto sobretoda
ocumprimento
daobrigagio pode ser exigido ou realizado a todoo
tempo (art.
777%
ns 1,CO);
as
se partes
Gf.art, 16982CC),
naotiveremcelebrado
0 casamento considera-se
deadquiridos
uma convengao
celebrado
antenupeial
sobo regime de
comunhio (art. CC);
17172 se 0 falecidonao tiverdisposto
validae eficazmente, no todoou em parte, dosseus bens, so chamados &
sucessio os seus herdeiros legitimos 2131.2
(art. CC)
3. Critérios daqualificagio
Paraa classificagao deuma regrajuridica como injuntiva ou dispositiva,
podem ser utilizados varioscritérios:os maiscomuns saoos daqualifica~

giopelo legislador ¢davaloracao daregra. Deacordo com 0 critério da


qualificagao fornecida pelo legislador,so injuntivas as regras queo legis
ladornaoadmitequesejam afastadas
pela vontade daspartes. E0 caso,por
exemplo, das regras que constam dos art. 809.,1037°, n? 1,11708, n2 1,
1882 20082,
Em contrapartida, s4odispositivasa
n. 1,CCedasregrasquese refere
as regras cuja
o art. 3832,

aplicagao seja
n.1,CT.
expressa-
mente ressalvada pela faltadedisposigio ou deestipulacao daspartes em
contrario. E0 quesucede, porexemplo, regras
com as que constam dos
art,7722,n2
1,7772,n2
1,8782, 8852, n 1,9122,n/
1,9852,n21,10268,
n2 1,11482,
10438, n. 1,11832, 17172e 21312
CC.
Emconformidade
com o critériodavaloragio
daregra, segundo
ou seja,
queatende
ocritério regulada
&matéria pelaregrae aos interesses queela
procurasalvaguardar,
podeconcluir-se
quesio injuntivas as regrasque
a um determinado
sfo essenciais regime. Porexemplo: a regraqueimpoe
©pagamento pelo
darendaou aluguer (cf.
locatério art. 10382, al.a),
CC)
é
injuntiva, porque esse pagamentoéessencial
a0 contrato delocagio;
por motivo
comodatada
idéntico,
é
injuntivaregraqueimpée
a
findoo respectivo a
restituigo
11352,h),C C).
contrato (art. al.
dacoisa
Também
saoinjuntivasas regrasqueprotegeminteresses
queas partesndopodem

ns
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

Porexemplo:
afectar. a regra quedetermina que,enquantose verificar
a mora docredor,
a divida deixadevencer juros(art,814, 2,CC)
n.! é
injuntiva, de
porque, outro modo, permitir-se-ia
queo credorlucrasse,
a
expensasdodevedor,
com a sua recusa em receber
a
presta
davinculagio
IV. Critério
1, Regrasderesultado
Deacordo davinculacdo
com o critério dosdestinatarios, jurt
as regras
dicaspodemser regrasderesultado técnicas,
e regras Asregrasderesul-
tadosaoaquelas que,pordefinirem
um resultado ser alcangado
quedeve
ou quedeve no deixam
s er evitado, ao destinatério
nenhuma opgiona
sua conduta.
Aviolagéodeuma regra pelo
deresultado desti-
respectivo
natirioimplicaa violagao
deum dever.
2. Regras
téenicas
As regras sio aquelas
técnicas quedeterminam0 meio quedeveser
utilizadoparaalcangar um determinado resultado, caso 0 agente 0
pretenda obter.As regras técnicas
caracterizam-sepor nao imporem
nenhumresultado, mas pordefinirem 0 meioquedeve ser utilizado
parao alcancar.
‘Aimportincia
dasregras técnicas
resideem queelascriam énus juri-
dicos,que sio uma situagaosubjectivaquese caracteriza porimpor um

60 chamado aquem
comportamento quiser
daprova:
énus
obterum
nenhuma parte
O
resultado, mais
deum processo
conhecido énus
judicialest
obrigada a apresentar
as dos
provas f actoscontrovertidosquealega,se
mas,
ni fizeressa prova,0 factoconsidera-senaoprovado (cf.
art. 516."
CPC);
assim,se a partequiser beneficiar
da prova d osfactos controvertidos que
Ihesio favoraveis, deos provar(cf.
elatem 0 énus art. 342.%,n.21e 2,CC)
dosrespectivos
através meiosdeprova.

V. Espécies
deregras
1. Regrasdefinitérias
LL. Nogio
A definigao na explicagao
consiste dosignificado
deuma palavraou de
A definigao
um enunciado, contém um definiendum
(quepalavra
éa ou 0
enunciadoque definido)definiens
¢ e um
(queexpresso
éa quedefine0

definiendumi),
Adefinigaopode ser uma definigao
dediciondrio
ou uma

20
g 12" Moni )ADESDEREGRASJURIDICAS

definigdo
estipulativa’.
Adefinigéo dedicionério(ouinformativa)explica
o significado
que palavra
uma ou expresso tem numa lingua;estadefini-
Porexemplo:
giotem caracteranalitico, “pessoa pode
solteira― ser defi-
nidacomo a pessoaque nunca foicasada.
A definigio estipulativa
explica
o significado
comqualo uma palavra
contexto;esta definigao
tem caracter
ou uma expresso usada
Porexemplo:
sintético, é
num certo
porconven
ao,“DIN A4―
define
uma folha depapel com a medida de210x297 mm
“AI―
€ definea auto-estrada
queliga Lisboa ao Porto.

1.2.Fangio
a)Asregrasdefinitorias definicées
contém estipulativasdeconceitos juri-
dicos:
elasnaoprocuram descrever
deum conceitojuridico’,
uma realidade,
definitorias
As regras equiparam o
mas fixarsignificado
um conceito
(odefiniendum)
juridico a uma descrigaodesseconceito (0definiens).Por
exemplo:
ferente
atendendo
a
definigdo
queconsta
falardecoisaou detudoaquilo
doart.
quepode
202%, 1,
ser objecto
C C,n?
éindi-
derelagbes
juridicas.
Asregrasdefinitdrias,
porqueequiparam descrigdes
conceitos a
deconceitos,sio insusceptiveis
deser verdadeiras
ou falsas*.

Asdefinig6es
legaissio relativamente frequentes.
Atitulo deexemplo, pode
121, asdo
aludir-se definig6es
queconstam doart. 82.°,n."
art.n22, nistico
CC (coisa), 204.2, CC(prédioe prédio
1,CC(domicilio),doart. 202.
urbano),doart.216.
n? 1,CC(benfeitorias),
dodo
CC (condigio),
art.270." e
doart. 362!CC doart, 255. al.a),
397.°
CC (confissio),
art. 352." doart.
CP(documento), do
do
CC(obrigagio),

art,
402.°CC(obrigagao
CC(hipoteca),
natural), art. 627.2,n2

venda),
CC(compra doart. 940.2,
doart. 874.° do
art,
1,CC(fianga), 686.2,1,
CC n.?1, (doagio),
CC do art. do art.
doart.1122." (locagio), 1142."CC(miituo),
doart. 1185.2
CC(depssito), doart, 1207.2 1157.°CC
(mandato),
CC(empreitada), doart. 1251.2CC

®
Cf.RosiNson,

Sprache
die
(Oxford
Definition

(corresponclentes
1954),
(Miinchen
‘wissenschafilichen
Definieren
definig6es
asanaliticas)
22,
Festsetzungen
von Savicny,
35ss. Â ¢9 ss;BE.
1980), distinguindo ber
Fesstellungen
fir Sprache
e
Grundkursi m
entre
(corres- ene

pondentes
definigées
is (Berlin
Rechtslogik1988),
WerNnERGER,
sintéticas); ?
360,dis
‘guindo
fststllend analytische
entre a

Zur
CE.KivG,
©

Problematik
1978),e
Definition
oder
juristischer
festsetzende
Definitionen,
ea

Rédig
Jirgen Definition.
synthetische
oder
(Berlin/Heidelberg/
GS

1983), in
NewYork 203206; TheoryJurisprudence,Essays
Harr,Definitionand in Hart,
Jurisprudence
in and (Oxford
Philosophy 31ss
+
Avcnourrén/Butycin,
Cf. y normas,i n AvcHOURRON/BULYGIN,
Definiciones Anilisis
yderecho
légico (Madrid
1991), 448,

2a.
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

(posse), do CC do ¢
art. 1287.°(usucapiio),
doart, 1439.°
CC(usufruto),
art. 1403. n.°
doart. 1484."
1,CC(compropriedade),
CC(usohabitagio), doart, 1543.°
CC
(servidaopredial),doart. 1577.°
CC (casamento),do art. 1578.°
CC (parentesco),
art,
CCedo
do 2024."
CC
art. 2156. do
art.
art.
(sucessio), 2030.’,n.?
(legitima) 2320.CC
2 CC(herdeiro
3,

(testamentaria) e do legatirio),

b)Apesar dealgumas regrasjuridicas,na sua formulagio linguistica,


no parecerem elass4o verdadeiras
definitérias,
regras definicdes
legais.
Por exemplo:
a enumeragio (cf.art. 2042,n? 1,CC)
dascoisasiméveis
conduz.auma definigio
deuso,fruigioe disposigao mesmas
dessas
coisas;
a enumeragio
queassistemao proprietario
dospoderes
(cf.art. 1305.2
CC) constréia definigdo dodireitodepropriedade.
1.3.Importincia
Primo conspectu,
tanciaresidual:
pode
quando
talvez
parecer
alguém
queas regras
(mesmo
definitdrias
sendo jurista)
homicidio
temuma impor-
pensa numa regra

juridica,
pensa n a regraquepune o o u nas regras que
regulam a compra e venda, mas nao, muitoprovavelmente, na regra que
defineprédio ruistico, documentoou legatario. Estaaparéncia é, no
entanto,enganosa: as regras definitérias
revestem-se deuma enorme
importancia, dadoqueelasdeterminam e m quetermos algo valecomo
realidadejuridica. A de
construgao regra partir
uma a da sua fontenio
pode dispensar as definigoes legaisdosseus termos e qualquer alteragio
na definigao
legal implica uma alteragiona regra quecomporta os ter-
mos queso definidos®.
Nestesentido, as regras desempenham
definitérias um importante

papelconstrugio
na doordenamento juridico’.
Antes de mais,um papel
desimplificagao: é maisfacildefiniru m conceitodoquedescrevé-lo ou
delimité-lo
cadavez queeleé Além
empregue. disso, a definigio assegura
que0 conceito é interpretado deacordo com a defini¢ao, o que¢ espe-
cialmenteimportante quando a definigioatribuiao conceitoum signifi-
cado quenaocoincide com o dalinguagem doquotidiano. Pense-se, por
exemplo,na nogao de posse que f
éornecida pelo art. 1251.― CC;em todas
as demaisregras doordenamento juridicoreferidas aposse, esta deveser
entendida na acepgao daquele preceito.
*
Cf Avcnournéy/Butvarx,
Definiciones
Grundkurs
fB,VONSaviGny, y
normas,453,
i m wissenschaftlichen
Definieren
5,25s,
§12" MODALIDADESDEREGRASJURIDICAS

deremissio
2. Regras
2.1, Nogio

delas
deremissioequiparam
Asregras
juridico
0 regime est4
duas
auma
aplicando
distintas,
situagées
paraa outra. Porexemplo:
que previsto 0 art.

aplicar
499!CCmanda responsabilidade
4pelo aplicavel
risco, parte na e

de factos (cf. as CC); ares-


na falta legais
preceitos
ponsabilidade
por
contrario,em regulam
disposigdes
ilicitos art. 483.°
que
a 498.° 0 art. 678.CC
aplicacio
determinaa
913%,1,
teca;o art,
penhor preceitos
ao
aplicagao
n.2 CCdetermina a &hipo-
respeitantes
devarios
a venda decoisas defei-
tuosasdo
regime relativo&venda (cf.
debensonerados art. 905.’ a 912."

); 4 adquiridos CCconsidera
aplicaveis
0 art. 1734.°

disposigdes relativas (cf.


comunhao de
geral &comunhio debensa s
CC). 1731."
art. 1721.%a

2.2.Justificagio
A remissioassentanuma analogia entre duasou maissituag6es:em vez
dese definiru m regimelegal, para ja
remete-se outro existente,porque
as situagdes sioanilogas
e merecem um mesmo tratamento juridico.Por
exemplo: CRPmanda
o art. 17°
neleestabelecido
garantias
aplicar
aos direitos
o dosdireitos,
regime liberdades
denaturezaandloga.
fundamentais
e

Eeste aspecto distinguir


quepermite deremissiodasficgdes
as regras
legais: nas regras deremissioequiparam-se realidades anilogas (0facto
é
equiparam-se
ao facto
realidades 6
F,,que analogo F,, equiparado a este
distintas(0factoF;,apesar
titimo);ficgdes
nas legais
deser diferente do
factoF,,é equiparado a este tiltimo).
Note-se que,no dominio dasregras deremissio, se trata apenas deuma
analogia (¢nao de uma igualdade) situagGes:
entre as épor que,por
isso
vezes, a lei,em vez deproceder a uma remissio,equipara duassituagoes
juridicas.exemplo:
quanto aos
Por
seus
o
efeitos,
art.
a
4332
nulidade
CC
o u
a
equipara resolugao
anulabilidade do
docontrato,
negéciojuridico
(©queremete para0 disposto no art. 289° CC); o art. 2166. n2 2,CC
equipara o deserdado ao indigno (0queremete parao art. 20372CC);
oart, 9392CCestende a aplicacio
outros contratos onerosos pelos
dasregras
quais 8 evenda
relativas
se alienem
compra aos
bensou se estabelegam
encargos sobre eles, oqueimplica uma equiparacao entre aqueles contra-
tos; 0 art. 13
CT, ao determinar ficam
que sujeitosprincipios aos defini-
dosno CTos contratos quetenhamporobjecto detrabalho,
a prestagio
sem subordinacaojuridica,
semprequeo trabalhador
devaconsiderar-se
REGRASE PROPOSIGOES
JURIDICAS

na dependéncia econdmica dobeneficiario


daactividade, equiparaestes
contratos a contratos detrabalho.
E a
também derelacioanalogia duassituagdes
muitas remissdes sejam a
entre
companhadas
as

daindicagao
quejustifica
que
deque,na aplicagéo
doregime adquam, haqueproceder adaptagoes―
is “necessirias (cf,por
exemplo, art. 4502,n2 2,594.678°,
7538,911,n22,9132, n? 1,12923,
1404. 1407°,n2 1,1734, n? 1,1794.°e
17782-A, 1873.2
CC), dequeessa
aplicagaose verifica“na
parteaplicivel―
(cf. n.? 3,€423!CC)
art. 297°,
ow ainda dequehaquerespeitar a
analogia em anélise
entre as situagdes
(cf,porexemplo, CC).
art. 939"

depresungio
3. Regras
3.1. Nogio
AspresungGes sio,na definigao
doart. 3492 quea leiou 0
CC,as ilagdes
julgador
tira de um facto
c onhecido parafirmar
u m facto
d esconhecido.
Dofactoconhecido FCinfere-seo factodesconhecido FD,podendo essa
inferéncia
ser retiradapela(presungdes
lei legais: CC) pelo
art.350. ou
(presungées
julgador judiciais: CC).
art. 351.2

3.2. Modalidades
juridicas
Asregras quecontém estabelecem
legais
presungées
cagoentre doisfactos:segundo
impli-
a presungao legal, uma
um facto(conhecido)
implica um outro facto
(presumido).Estas podem
presungées ser ilidiveis
ou inilidiveis, ilidiveis(ou
Aspresungies podem
iuris tantumi) ser ilididas
mediante a prova contrario(cf.
dofacto 2,C C).exemplo:
art. 350.n.° Por
o art, 12682, n? 1,CCestabelecequeo possuidor gozadapresungio da
titularidade deum direitosobrea coisa;
esta presungaobaseia-se na cir-
cunstincia deque,normalmente, quemest na posse deuma coisatem um
ela(nomeadamente,
direitosobre depropriedade);
um direito no entanto,
a presuncio
¢
nenhumdireito
podendo
ilidivel, queo possuidor
provar-se
sobrea coisa;também
constamdoart. 441."CC(presungao
naotem afinal
ilidiveisaquelas
so presung6es que
dequetodaa quantiaentregue pelo
ao promitente-vendedor
promitente-comprador desinal),
tem cardcter
dosart. 491.2a 4932,4973, n2 3,CC(presungies
n2 2,¢5032, legais
de
culpa) 12602,n.°2,
e
‘As
doart,
presung6es
trario(ef.
CC
inilidiveis(ou
n22 in fine, et mé
(presungao
de é
daboa
em
iuris ure)
ou fé
do
no admitem
possuidor).
prova con-
art. 3502, CC), pelo
quenao permitido
provar
que
ae
§12" MODALIDADESDEREGRASJURIDICAS

6dispoe
facto
que o nao adquirido
presumido
terceiro
exemplo:
é
que
()
verdadeiro,
tenha
Por 3,
depoisregisto
um
0 art. 243.%,n2CC
direito do
da de
acgaosimulagio fé;significa
se considera
sempre de ma isto que0
registoacgaosimulagao
da de
possivel
quenaoé
€ a(ii) 12602,
presumir faz
o facto
contrério;
provar 3,
mAfé
adquirente doterceiro
0 art. n.? CC
dispoeque a posse que for adquirida
porvioléncia¢sempre considerada
demafé;assim,daprova daviolenciana aquisigaodaposse infere-se,
por
presungioinilidivel,a mafé dopossuidor(sobre as consequénciasdama
£6 cf,».g,
daposse, art. 1271. 12952,n2 1,al.b),C C).
3.3. Importinc
revestem-sedeuma grande
Aspresungdes dadoque,aquele
importancia,
guetiver a seu favoruma presuncio escusa deprovar
legal, o facto a que
elaconduz (art. 3502, 1,CC), seja,
n. ou esse interessadono tem o nus
deprovaro factopresumido. Alémdisso,as presuncéesjuris tantum s6
podem ser ilididas
mediante a provadocontrario(art. 350.n.? 2,CC),
isto6,pela prova pela parte
outra deque o facto presumido naoé verda-
deiro(cf.art. 344. n 1,C C). Porexemplo: o possuidorgozadapresun-
ga0datitularidade deum direitoquejustifica a sua posse(cf.art. 12682,
n 1,CO),
existe;
pelo
enquanto
queincumbe
esta prova
&partecontréria
naoforrealizada,
provar queessedireitonao
o possuidor continuaa ser
considerado titulardaquele direito.
4. Ficgoeslegais
Através legais
dasficgdes o legislador
ficciona
queduasrealidades distin-
tas saoidénticas, o legislador
ou seja, equipara
uma realidade
a outra rea-
lidadeparapermitira aplicagio
a ambas daregraqueregula
uma destas
Asficgoes
realidades’. legais
operam através
de um se―’.
“como Nadou-
a liberdade
trinaalema, dolegislador legais
nas ficgdes frequentemente
¢
exemplificadacom o caso quese supée
~

ser real doregulamento


~

de

Cf,Ross, Fictions,Hucies (Ed),Law,Reason,


Legal in andJustice/Essays
Legal in

(New
PhilosophyYork/London
(Frankfurt
*
1968),
am Main 1969),
Cf.VarminceR,
29s,
222; Essex,
DiePhilosophie
Wertund

desAlsOb(Berlin
Bedeutung
derRechtsfiktionen?

1911),
171sss paraum a apreciagio
desta
construgio dodireto,
na érea ef.KELSEN,
Zur Theoriederjuristischen
Fiktionen,
in

Kurcarsk1/Mancc/Scrtampeck
(Bds),DieWienerrechtstheoretische
Schule (Frankfurt/
“Ziirich/Salzburg/Miinchen
1968),
1222's,

238
REGRAS PROPOSIGOES
JURIDICAS

uma piscina, no qual, apds se estabelecer no § 1."que“Durante o hordrio


especial para mulheres s6 permitida a entrada a mulheres nas cabines
instalacdes da piscina―, que
se determinava “Para efeitosdo § 1
banheiro é considerado uma mulher―.
A distingao entre as ficgdes legais
as

e presungées inilidiveistorna-se
claranos seguintes postulados: legais
as ficgbes baseiam-se numa rel
giodeequiparagio entre realidades distintas; as presungies inilidive
fundamentam-se numa relacio deimplicagio entre um facto conhecidoe
um facto
presumido. Considere-se, porexemplo, 0
disposto no art. 2752,
n!2, CC: s
f8,poraquele
ea verificacio
a
quem
da
for
condicao
ela
impedida,
prejudica, porverificada;
tem-se
se
contra as regras
essa
daboa
verifica-
a0forprovocada poraquele aquem a condicao aproveita, elaconsidera-se
como nio verificada; portanto, ficciona-se, respectivamente, quea condi
¢40se verificou ou nao se verificou, Em concreto: suponha-se quealguém
promete a outrem uma certa recompensa se este passar num exame;se 0
promitente impedir 0 promissario derealizar 0 exame, considera-se que
a condigao se verificou (isto é,considera-se que 0 promissério passou no
exam) e que,por isso, a recompensa é devida. Algo desemelhante se
encontra disposto
dirainterpelagao
no art. 8052,
para
na dataem quenormalmente
cumprimento
n.22,
pelo
o teria sido.
o
al.¢), CC:se proprio
credor,
devedor
considera-se
Emconcreto: imagine-se
impe-
interpelado
que0
eredor
se o devedor
momento. Também
a
se desloca casa dodevedor
se recusar a abrira porta,
no art. 10024,
o
para
o
para interpelarcumprimento;
eleconsidera-se interpelado
n? 1,CCse encontra consagrada
nesse
uma
ficgao legal: se a sociedade tiver sido constituida por toda a vidade um
sécioou porum periodo superior a trinta anos, ficciona-se, para efeitos do
direitodeexoneracio dosécio, que duracao
a dasociedade nao foifixada
no contrato.

5. Regras deconflitos
As regrasdeconflitosdestinam-se a resolver conffitosno espago ou no

tempo. As regras queresolvem conflitos


no espago determinam quala
regraque,entre as regrasdevariosordenamentos juridicos,éa compe-

regular
tente para uma situagao plurilocalizada;
estasregrasconstituem 0
chamado DireitoInternacional Privado(cf.
art, 14.°a
65. CC).regras
As
queresolvem conflitos
n o tempo definem,nomeadamente deuma
através
escolhaentre a regraantigaregra qual regraque aplicavel
e a nova, é
a é

26
§12" MODALIDADESDERE JURIDICAS
s

quetransitadodominiodaleiantiga
situagio
4 uma parao dalei nova
Gf 12.°e
13.°
art, CC); regras,
estas que aplicadas
séo quando se verifica
uma sucessiodeleisno tempo,
constituem 0 chamado
direitotransitorio,

Regras
6. auto-referenciais
incluemclassese a
auto-referenciais
Asregras que referemelasprdprias?,
sio as regras ou

seja,
Por
sioas regras
exemplo:
(i)
quese
o art,
na dasregras
CRPestabelece
288° os limites
se referem.
a queelas
darevisio
materiais
constitucional;
como esteslimites
derevisio s6vigoram
enquanto
vigo-
288.2
rar o art, CRP, este preceito tambémnio pode ser alterado ou revo-
gado,pelo que ele contém uma (ji) 6.2CC
regraauto-referencial"®; 0 art.
estatuio principio dequea ignorancia dalei naojustifica a falta doseu
cumprimento; ignorancia
como a de que ignorincia
a nio justificaoincum-
primento daleitambém naoconstituicausa dejustificagio desse ineum-
primento, o art. 6°CCcontém uma auto-referencial;
regra (iii) art. 9°
0
CCestabelece os critérios
deinterpretagio dalei;estescritériosaplicam-se
Ainterpretagio doproprio art. 9 CC,

©
CEHanr, SelFreferringLaws, Festskrfttillignad
Professor,Juris
DoktorKarlOlivecrona
(Stockholm
°

Self-Reference
ss.
=
1964),307
quanto
a a
Hart,
Diferentemente,regraqueprevé
anda Puzzle
in
Essays
and ss.
Jurisprudence
forma
i n Constitutional
Philosophy,
170
derevisio constitucional,
Law,Mind78 (1969),
cf,Ross,
On
1 ss, argumentando
‘que nfo se pode
u m a tal regea
auto-referencial
‘aricter
aplicar
a elamesma,
o
exactamente porquehi queevitar seu

237
Titulo
IV
Regras juridico
e sistema

CONSTRUGAO
13.2
§ JURIOICO DO
SISTEMA
dosistema
I. Caracteristicas
1. Generalidades
LL. Nogiodesistema
Umsistema¢ deelementos
um conjunto queconstituemum todoorga-
nizado
e consistente,
que“se idéntico
mantém num meio ambiente
extre-
mamente complexo,
mutvel,naototalmente
domindvel―!
e querealiza,
em relagio ambiente,
a0 meio “redugio
uma dacomplexidade―?,
Danogio
desistema
um
podem
conjunto
retirar-seas
deelementos;
ilagdes:
seguintes
o
todo sistema
todo sistema
o
comporta
diferencia-se
domeioambiente
e deoutros sistemas decritérios
através préprios dosseus ele-
depertenga
mentos;
juridico, o todo sistema
finalmente,
a decomposigaodesistemapode
danogio
consisténcia’,
exige Quanto
ser feitadaseguinte
ao sistema

Lunmany,
®

systemen )stemeationaliti/
Zweckegrffund
(Frankfurt
1973),
am Main Zwecken
Uber
oziaen
dieFunktiono n in
7;sobreconcetodesistema,of Prrvr,DasRecht

in 29
ss;Ecxnorr/Suwpay,
(Berlin Rechtsysteme/
Eine
o

alsSystem(Berlin
1983), systemtheoretische
Einfihrung dieRechtstheoric 1988),18ss.
Cf.Lunas, Soziale
®

1984),
48, einer
allgemeinen
Systeme/Grundti® Theorie(Frankfurtam Main
*

na Philosophia
Soliitas,expressio
tad
pertractata ust rationals
deWoe,
methodo
(Frankfurt/Lcipig (§
sive logis,
scientarum et vitae aptata 1740),
scienifica
440 285).

239
REGRAS SISTEMAJURIDIC

o
forma:sistemajuridico
distingue-se de outros
éconstituido porprineipios
sistemasnormativos por um
e regras
critério
juridicas,
prépriode
validade aplicdvel principios regras por
a esses e a essas e, fim, c onstitui
um conjunto consistente deprincipios ¢regras*.
Podeperguntar-se porque razio se incluementre os elementos do
sistemaos principios em vez dese dizerque
e as regras, o sistemaé um
conjunto defontes. Haum motivo para assim se entender: se se considera
apenas o niveldas fontes, s6podem ser consideradas as relagées depro-
dugio ou derevogagio entre clas;
em
contrapartida, se se opera ao nivel
dosprincipios
prineipioscom
e das regras,
de é
possivel
principios,principios
abarcar
com
as multifacetadas
de
relagées
regras regras regras.
e com
de

vs. aplicabilidade
1.2,Pertenga
conjunto dosprincipios ¢dasregras aplicaveisnum sistemaé maior
doque©conjunto dosprineipios e dasregras quepertencem sis a esse
tema,
relativasEsta
conclusiodecorre
4 aplicagdo
ser aplicadas
dacircunstincia
dalei no tempo e no espago, as
deque,atendendoregras
num sistema podem
querleisquejadeixaram devigorar nesse sistema’,quer
leisquepertencem a sistemasjuridicos estrangeiros. Porexemplo: a val
dadedeum contrato é
sua celebracao,
apreciada
mesmo queesta ja a
segundo leivigente
se encontre revogada
no momento da
(cf.
art. 12%, n22
1 parte, CC), aplicavel
e a lei ao divércio dedoisalemaes em Portugal é
aleialema Cf. $52, 1, $2, 1,CC). suma, possivel
art. n. e n. Em é enun-
ciar as seguintes regras:
Asregras
~

aplicaveis no momento M,asolugao docaso C; naocoinci


demnecessariamente com as regras vigentesnesse momento;essas
regrastambém podem ser regras quevigoraram no momento anterior
‘M,
e quejétinham deixado de ser vigentessistema;
no
~As regras aplicdveis no sistemaS,&solugio docaso C;naocoine!
demnecessariamentecom as regras vigentes nesse sistema; essas
regras
geiros
também
$9 ser
regras
podem pertencentes aos sistemas estran-

+
Sobrea escolha juridico,
doselementos DasRechtalsSystem,
ef,Penve,
dosistema 60 ss

o Normas
ySistemas 71
5
(Madrid/Barcelona
CEButyGIN/MENDONCA, Normativos 2005), s.
distinguindo
entre“tempo
bilidade―
dessa
mesma regra aumeo“tempo
depertenga― aplica-
deuma regra sistema de

240
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

Asregras a leiaplicavel
quedefinem decritérios
em fungao temporais
(Chart. CC)espaciais
a
12%13°
pertenga
e (ef art. 14.°
65.
a
CC)naodeterminam
deuma regraao sistema,antes se limitama definira regra
aplicavelao caso.

1.3.Importineia do sistema
Odireitosé pode ser compreendido e aplicadoconsiderandoo préprio
Epor issoque,na interpretagio
sistema juridico. dalei,haquecontar com
a“unidadedosistemajurfdico―
(cf.
art. 92,n#1C, C)
e que,na
integragio
delacunas, haqueconsiderar 0 “espirito (fart.102,m.°3,CC).
dosistema’
oque
Neste
as o ea
contexto, relevaé
permite “ordem
imanente―
do
sistemaâ€
chamado
desvendarconexdesmateriais―
interno―,
“sistema aquele
queé que

2. Formagio
dosistema.
2.1. Generalidades
O sistemajuridico é deprincipios
um conjunto juridicas,
e deregras Esta
banalafirmagio pareceenvolver,
no entanto,algoparadoxal:
de para que
os principios
sistema
integrem
e as regras

jaexista,mas,paraquehajao
sistemajuridico
€
sistema,
é
necessirio
necessirio
queeste
queexistam
principios e regras.

2.2. Produgio
O paradoxo ¢ 0
recepgao
acabado
deenunciar sistemaé porprincipios
composto
-

regras,
mas, paraque principios sejam
estes juridicos,
é
necessirio
e regras
queo
dosistema
sistema
- juridicos
jaexista
juridico.
pode ser
Os sistemas
resolvido deuma
através
nao existemdesde
evolutiva
visio

sempree para
sempre:eles
tém d eser criadospodem
¢ deixarde existir.
P ortanto,
para
quese forme um sistemajuridico tem dehaver uma regra deprodugio
dessesistema;¢esta regraquecriao sistemaao qualvaopertencer todos
0s principios
e regras queforemaceitespelo prdprio A fungio
sistema.
deregradeproducio deum sistemajuridico éhabitualmente desempe-
nhada
poruma Constituigto,
©
undInteressenjurisprudenz
Heck,Begriffsbildung (Tabingen 1932),
84 n. 2 ¢143;
ef,Coin, GeschichteundBedeutung desSystemgedankensi n derRechtswissenschaft
(Frankfurt 41,referindo-se
am Main 1956), Begrindungscusammenhang
a um “innerer der
of também
Rechtssitze
Beitrge Sinn
und
ENcascuy, Trageweite
am
(FrankfurtMain1984),
2ur Rechtstheorie
juristischer
108ss.
Systematik,
i n ENGISCH,

By
REGRAS SISTEMAJURIDIC

Emuito raro,no entanto,queos juridicos completa-


sejam
sistemas
mente criados
ex novo,sendo mais frequentes
os fendmenos
de recepgio
deanteriores
sistemas pornovos sistemas juridicos.
Um exemplo
deuma
regra derecepgao deum sistema antigo porum novo sistemaencontra-se
2,CRP,
no art. 290.,n.’ no qual
se estabelece queo direitoordinario
ante-
rior 4entrada em vigordaCRP queocorreu em 25/4/1976
~

(art.
296,
n? 2,CRP) se mantém,
~
desde queelenaoseja contrario&nova CRPe
aos principiosnelaconsagrados,
I. Componentes
1. Principios do
sistema
juridicos
1.1.Modalidades
Osprincipios juridicos
podem ser programiticos, formai
0s principiosprogramiticosdefinem o s fins¢os quedevem
objectivos
ser alcangados pelo juridico;
sistema os prineipios formaisdestinam-se a
optimizar
juridica a
efectividade
pela
orientada
dodireitona sociedade,
confianga
justiga,
construindo
e eficiéncia;
uma ordem
os principios
mate-
riaisso dos
principios
concretizagées formais’.
1.2,Prinefpios
programiticos
Osp: -0s definem a alcangar
objectivos e finsa atin-

gir; principios
estes tém uma fungio
orientadora, procurando levara que
sejam alocadosos meios necessirios
paraatingir determinados objectivos
€fins.Entreestesconta-se a construgao dasociedade livre,justae soli-
dariaa quese refere o art. 1.’
CRP,bem como a realizagaodademocracia
econémica, sociale culturale o aprofundamento dademocracia partici
pativa referidosno art. 2° CRP.
Osprincipios programaticos impdem a obtenciodecertos objectivos e
fins,masindicam apenas queelesdevem em cada
ser realizados, momento,
possivel
na maiormedida (pro tanto).
Assim,os principios
programaticos
obrigatérias
tornam todasa s medidas
quefavorecama obtengio desses
objectivos
¢finse proibemtodasaquelas
queimpegam vir a aleangé-los.

*Leituras
complementares:
CaNaxis,
Metodologia
Lanenz,
Neves,
A Conceito
Pensamento
unidade
Castantteina
674-686; Sistema’
Sistemtico ¢
juridico:
de
dosistema
76-102;
oseu

1995),eo
problema seu sentido
(Dislogo
Kelsen),com (Coimbra
Digesta
in CastaNttetaNeves, If

eA 2011),e
Vicene,ponderagio
95-180;
L. adjudicago
judicial: na EstadoDireito,i mAAVV,
Argumentagio
Teoriada (Coimbra
Neo-Constitucionalismo 239-262.

2
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

formais
1.3.Prinefpios
Osprineipiosformais
so os prineipios
dajustiga, daconfianga e daefi-
ciéncia*: dajustiga
0 principio exigequeo juridico
sistema sejajustoe
equitativo;
o da
principioconfiangajuridicarequer que o juris
sistema
transmita porfim,
previsibilidade; o princfpiodaeficiénciaexige queo
tema juridico obteros melhores
procure resultados com o menor dispéndio
derecursos’.
Dadoqueos sistemassociais
visam reduzir a complexidade
proveniente pode
domeioambiente’, dizer-se queo sistemajuridico é
tanto maiseficiente
A producio
quanto
menos complexo
for.
possivel
dodireitonao¢ sem atender formais
aos principios
dajustica,confianga
e eficiéncia,
Istosignifica
que principios
os formais
constitutivosregulativos:
sio simultaneamente direitonao pode
oser
construido
sem essesprincipios
e, a0 mesmo tempo, elesregulam
situagdes
e fornecem
juridicas critérios
de solugdo de casos concretos.

14. Princfpiosmateriais
a)O sistemajuridicoorienta-sepelos formaisdajustiga,
principios
confiangae eficiéncia
quese concretizamem princfpios
materiais.Estes
princ{pios
s4omaisou menos contingentes.
Porisso, dosprin-
ao contrario
formais—
cfpios quedesempenham
s6
uma fungéo
constitutiva
materiais realizam uma fungio
0s prine{pios
regulativa
regulativa. e -,
*
Preferindo constituidapelos
um a tripartigio principiosdajustiga,
daseguranga
e da

adequagio
losophie
1976),
ao
fim
#(Géttingen
1959),
159ss; BYDLINSKr,
ef,
(Ziveckmassigke)f, porexemplo,
24ss; RapBRvcH,
Juristische
Methodenlehre
RaDaRUCH, Yorschule
doDircito(rad.
Filosofia
undRechtsbegriff?
derRechtsphi
port.,Coimbra
©

(Wien/New York
1991),
(1985),28s;ByouaNskt, Die
2905s,317ss; BrDLINskt, normativenPrimissen
Fundamentale derYork
Rechtsgrundsitze
Rechtsgewinnung,
(Wien/New1988),270s.<
RTh16

294;qualquer
Wirtschaft
dasformulagdes
undGesellschaft
racionalidade
*
tem semelhangas
(Tiibingen
formale a racionalidade
1972),¢ por a
estabelecida WenER,
com a tripartigio
13 44,entre racionalidade
finalista(Zoeckrationaitt).
material,a

9(Leipzig
Il
JajineRING,
des fungio
Geist rémischen
1877), 236, refere
se
Rechts aufden
poupanga―
“lei
auma da
verschiedenenStufen
como u ma
seiner
das
mais
Entwicklung,
da
importantes
*

juridica;atribuindo
téenica deficiéncia
Anilise
Instituigdes’,efF.ARatjo, do
uma
na normativa

Guiade
Direto/Programae
Econémica
(Coimbra
“reforma
dasnormas.
Estudo
das

2008),negando
33:
Effizienzals aefciénciaprinefpio
como
geral
Rechtsprinzip/Moglichkeiten
juridico,
dosistema
undGrenzen Analyse
derdkonomischen
ef,ENDENMOLLER,
des
Rechts
(Tabingen
juridico,
20 sistema
463ss3
a Mass/London
1995), acentuando
Legality
fungioplaneamentoincumbe
(Cambridge,
cf.Savino,
de
2011),
socialque
1548s.¢171.
©

CE, exemplo,
por
LUHRMANN, Soziale
Systeme, 48ss,

Ba
REGRAS SISTEMAJURIDIC

b)Noplano
cretizado
dosistema juridico,
em viriosprineipios
cada um dosprineipios é
formaiscon-
(formal)
o principio
materiais. Assim, de
igaconcretiza-se,entre outros,
n os seguintes
principios(materiais
Oprinefpio
-

ser tratadodeforma da
igualdade;
este principio
igualque que desigual
e o ¢
que que igual
impde o
deve
s
é
er
deve
tratado
de
desigual;
forma
=O

principio
daproporcionalidade;
este principiodetermina
queos
meios utilizados
devem aos finsquese procura
ser adequados atingir
ou realizar.

principio
(formal)
deconfianga
concretiza-se,
entre outros, nos
principios
seguintes (materiais)
0
dequea alteragao
principio daleideveser justificada
porrazées
objectivas;
dequea ignorincia
=O principio dalei nio justificaa sua violagio
(ignorantiaexcusat)
iurisnon (cf. CC);
art. 6."
=O

prinefpio
da naoretroactividadedalei nova;a lei nova no deve
factos,
atingir situagdes ou efeitos a sua entrada
anteriores em vigor
(fart.12,n21,CC).
(formal)
principio deeficiéncia
concretiza-se,
entre outros, nos
principios
seguintes (materiais)
~0 daalocagao
principio dosmeiosnecessérios os objec-
paraatingir
tivos definidos;
o sistema juridico
nao deve
fornecer
menos doque
‘0s
meios necessirios a
daqueles
para prossecucao objectivos;
daalocagio
~O principio dosmeios suficientes aleangar
para os objecti-
vos determinados;
os meiossuficientes
o
sistemajuridiconaodevecomportar
paraa realizagaodaqueles
maisdoque
objectivos,
peloque
deve
esse sistema sobre-regulacio,
evitar quer queras redundancia
deoptimizagio
1.5.Critério
a) principios
Os juridicos
sé
admitemuma medidadeconsagragio
pos-
sivel:0 maximoqueforcompativel principios"’.
com os demais Assim,
Neumawy,
(Eds),
FoN« Regeln, Die
Geltung
Prinzipienvon
Regeln,
und
im
Prinzipien Elementen,
undElemente
(Unersttlichket)
deum a “insaciablidade―
System
i n Scum.cwteR/KOLLER/
desRechts
dosprineipios.
2000),
(Wien 121,fala

as
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

relativamente aos prineipios formais, istosignificao seguinte: tem deser


consagradajustiga
cigncia,
a maxima
amaximaconfianga
for
que compativel
que compativel
for
com
com a
a
¢
confianga
justigae a
a efi-
eficién-
a maximaeficiéncia
ia, € queforcompativel com a justiga e a confianga.

E por que afirmagio


isso a frequente
tem deser entendida
¢“importincia――
deque principios
os
com muitocuidado:
tém
nfo hé
“peso―
uma
medida
aceitavel;
minimaou média
a tinicamedida
dejustiga,
aceitivel
maximaqueforcompativel
deconfianga
dejustiga, que
deconfiangaseja
ou deeficiéncia
e deeficiéncia
&amedida com os outros prineipios formais.
Quando interpretada nestesentido, compreende-se a afirmagio dequeos
principios sao“comandos deoptimizagio―,
b) O critérioda optimizagao também se aplica aos principios mate-
riais:também estesprincipios devem ser consagrados na medida mxima
queforcompativel com outros principios materiais. Deacordo com este
critério deoptimizagio, épossivel distinguirprincipios
entre materiais
absolutos ¢relativos.
Osprinefpios absolutos s40aqueles que,sendo concretizagdes deum
principio formal, naoadmitem nenhuma excepgio segundon2 outro princi-
pioformal.Porexemplo: o principio nullapoene sinelege cf.art. 292, 1,
CRP) concretizao principio formaldeconfianga e néo admite nenhuma
excepgio segundo outro principio formal. Osprincipios relativossi0
aqueles queadmitem uma concretizagao segundo um principio formale
‘umaexcepgdo segundo principio exemplo:
um outro formal. Por 0 princi-
piodaautonomiaprivada (¢f.
art. 4052, n? 1,CC) concretiza o principio
formaldaeficiéncia, mas admite excepgdes com base no principio dajus-
tiga(nomeadamente, aquelas que justificadas
so pela proteccio devida
aos trabalhadores e aos consumidores) ou daconfianga (designadamente,
aquelas quedecorrem dasexigéncias deforma impostas paraa celebracio
dealguns negécios).
©

Auexy, Dworxt,
CE,por exemplo,
Begriff
Taking
undGeltung
Rights
desRechts Mass.
(Cambridge,
Seriously
(Freiburg/Miinchen s
2002),
1977),
26
ef.também
120;
Auexy,
Zum
Begriff
praktische
Main1996),s;
desRechtsprinzips,
RTh
Vernunft, 18(1987),
75 entendendo
RTh BH1(1979),
407;
ALExy,
-

Theorie
der
80;Atexy,Rechtssystem
Grundrechte
optimizados
devem
queos principios ser
und
(Frankfurtam
deacordoc om um

principiode
Koren/Fonk(Eds), cf.
proporcionalidade,
Regeln,
Prinzipien
ZurStrukturder
ALEXY, Rechtsprinzipien,
System
undElemente im
it
SCHILCHER/
32;ALexy,
desRechts,
of
OntheStructure
LegalPrinciples, (2000),
RatioJuris
13 295,

as
REGRA "EMAJURIDIC

2. Principios
e
regras
2.1,Critério
comum
Segundo uma orientagio muitodifundida proposta
~
em particularpor
tos: (i) -,
Dworkin 0s prineipios
e em as
0s princfpios
tém
distinguem-se
“peso―
das pelos
regras
“importincia―,
pelo
seguintes
quepodem
aspec-
ser aplica-

juiz.em
dospelo diferentes
so totalmente aplicadas
medidas; contrapartida,
ou naoaplicadas pelojuiz(critério
juridicas
regras
do“tudoou
nada―);(ii)os prineipios
podem conflituar
com outros prineipios;nesta
situagio, prevalece
nenhum dos
0 principio
com mais peso
conflituantes
tenha
ou mais importante,
deser considerado
sem
que prine‘pios invé-
lido;em contrapartida, as
queentram em conflitonio podem
regras ser,
todas elas,
regrasvalidas",Estaorientagiofoiretomada, em algunsaspee-
porALEXY'S,
tos essenciais,

2.2. Aplicagao
dosprincipios
Segundoa deDworkin,
construgio ao contrario
0s principios, dasregras,
naofornecem
uma razao conclusiva
ou definitivaa
favor
deuma certa solu-
aoou decisio,
mas apenasuma razaoprimafacie'*.
Nestaperspectiva,a
critica quepode
mais importante ser dirigida
4construgao
deDworKiné
Â¥

tive
und
Dworkin,
Taking
Analysis
Rights cf:
Seriously,22s.¢
1987),
71ss; BaYLs,
Principles
(Dordrecht/Boston/Lancaster/Tokyo
Prinzipienmodelle desRechtssystems
(Baden-Baden
1990),
Regelmodelle
ofLaw/A
11s;StecKMANN,
Norma-

86;HaGe/PECZENIK, Law,
MoralsandDefeasibility, RatioJuris13(2000),305ss; HetNoxb,Die Prinzipientheorie bei
RonaldDworkinundRobertAlexy (Berlin2011),70ss; estaorientagio pode ser recon-
duzidaatéao direito romano: ef,BEHRENDS, undprinzipielles
Institutionelles Denkeni m
rmischenPrivatrecht, ZRG(Rom. Abt)95(1978), 187ss, of também AaRNto, Essays on
theDoctrinalStudy of Law (Dordrecht/Heidelberg/London/New York2011), 122,que,
com base no critériodo“tudo distingue
ou nada―, (R),
entre “rules rul-lte principles
(RP),
rules(PR)
principle-like principles
and (P)";
ef.também Aannto,Taking RightsSeriously,
ARSP-BH 42 (1990), 184.
'
Avexy,
Begriff
RTh18(1987), dess3ef, 1
undGeleung Rechts,119 ALEXY,
405ss; Aexy, TheoriederGrundrechte
RTh~BH (1979), 6356;ALEXY,
*,71ss; ALexy,ZurStrukturder
Rechtsprinzipien,
Abwigungim ss,
32ss; ALEXY,
ss.
RatioJuris13(2000),
RechtundMoral(Freiburg/Miinchen
295 ef. também
1992),81 ¢
BRiosa
ENDERLEIN,
e Gata, Regras
principios
(Coimbra
Alexy,
2011),
173s,
e
em DworkinAlexy, in AAVV,

35ss; He1Noun,
TeoriadaArgumentagio
DiePrinzipientheorie
Neo-Constitucionalismo
beiRonaldDworkinundRobert

Cf.Laporta,Legal
Georg
Principles,
n Mracue (Ed),
(Berlin/New
Henrikvon Wright
Norms,
Actions,
York1999),
280, with
Values/Discussions

246
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

adequeo critério
pois que também
do“tudo
hi
como exemplo,
ou nada―
principios
naoé
das
especifico
queestdosubmetidos
regras juridicas,
a esse critério―.
‘Tome-se paracomparagio, o principio (elativo) daauto-
nomia privada
minagio
decorrente
(cf.
(¢f CRP):
art.
art.
13’
doprincipio
4052
formal
¢
CC) principio
o
enquantoprincipio
o
deeficiéncia,
(absoluto)discri-
daautonomia
limitado
da nao
privada,
da
pode ser porforca
relevincia queimporta
nio discriminacio, fundado a
conceder outros prineipios
no prinefpio formal
formais,o
dejustiga,
principio
néo pode
da
com-
portar nenhuma
em fungao
restrigao, pois
dosexo ou dequalquer outro factor de
quenaohauma medida discriminacio
queseja aceitavel. Assim,
o
principio discriminagao sujeito
ou nada―;
da
pode
nao também
dizer-semesmo doprinefpio estaao critério
danao retroactividade
do“tudo
das
leisrestritivasdedireitos, liberdades e garantias (cf. 184,n.°2,
art. CRP)
e doprincipio nullapoene sine lege(cf.art. 292, n2 1,CRP).
A aplicagio docritério do“tudo ou nada― também se impde quando
houver a necessidade deescolher, num caso concreto, a aplicagéo deum
dosprincipios conflituantes. Nestahipétese, o principio queprevalece
(que é0 quetem mais“peso― e “importancia―) afasta completamente 0
outro principio conflituante’, Porexemplo: se,na regulamentagio (do
legislador) ou na decisao (do juiz)deum caso concreto, houver quepon-
derarentre o principio daliberdade deforma e o principio daexigéncia de
forma para celebragao
a de um contrato,solugao
a que vier a ser adoptada
decorre exclusivamente daescolha deum desses principios, e naodeuma
misturadeparcelas decada um deles
Pode assimconcluir-se queo critério do“tudo ou nada― nio é suscep-
tiveldeser utilizadopara alicergardistingao principios
uma entre os e as
regrasjuridicas,
ser aplicados
pois
na medida
que prineipios
os ~

do“tudo―.
como, a lis, a
Pormuito quea aplicagao~regras podem
s6
deum prin-
cipiodecorra de uma complexa ponderagao
valoragao ou ou por pouco que
um principio prevalega sobre u m principio conflituante, a sua aplica:

©
CE.
Pano,
Dirt’ nelloStatocostivzionale
e interpretazion/IIragionamento
givrdico
(Bologna
2010),
Browz, A outras
56; para

Metodonomologia
entre
perspecivas
aSemelhangae
Diferenga
(Relexto
daRadicalMatrizAnalégica
Palos doDiscurso
a
Jridico)
(Coimbra
deDwoRK, PINTO
critica daconstrugio
Problematizante
1994),
dos
508 ;H.Avia,
°
of
“Theory
Legal (Dordrecht
Priniples
CE,apesarde,e m tese geral,
2002),1558.¢
208
defendera dstingio ALE,
entre principioseregras,

|
RTh-BH(1979), 68ss.;ALexy,Theorie
derGrundrechte *,88.

297
REGRA "EMAJURIDIC

sempre
ocorre na medidado“tudo―, também
Portanto, os principios
si0
aplicadosaplicados.
totalmente ou nao

2.3.Compatibilidade deregras
Umaoutra criticaquepode ser feita 4construgio deDworKINé a de
que,tal como sucede com os principios, também as regras juridicas
podem conflituarsem queuma delas tenhadeser considerada invalida―,
Paraisso, basta queo conflitoentre as regras se resolva transformando
uma delas numa regra especial
a liberdade
ou excepcional daoutra. Porexemplo:
deformana celebracéo doscontratos
a regra quepermite
(cf a rt. 2192 CC) regrasegundo
ea a
qualo contrato de compra e venda
deiméveis exige uma forma propria (cf.art. 875,’CC) sto facilmente
compatibilizadas numa regra quedetermina queos contratos decompra
¢venda naoexigem escriturapiblica, com excepgio daqueles quei
damsobre bensimévei
Torna-se a: im evidente que,talcomo sucede c om alguns principios,
também haregras juridicas cuja aplicagao poroutras regras.
¢ a fastada
Podeconcluir-se, por isso, quenem todos o s principios e nem todas as

regras fornecem razdesconclusivas, pois quetambém haprincfpios e


regras quesaosuperados poroutros principios ou poroutras regras. Dito
deoutro modo:alguns principios e algumas regras fornecem apenas uma
azo protanto, ou seja,uma tazio quepode ser superada por outras con-
sideragdesâ„¢,
Â¥
CERaz,Legal andof
Principles Law,
Yale
theLimits L.J.81 8308851.Avtta,
(1972), The-

189,que ossentido 7
ory ofLegal
Principles,
48;Santor, AFormalModelof Legal
Argumentation,
RatioJuris
(1994),aficmando as
regrastalcomo a2desquepodem
“sto
prineipios, ser derr0~

tadas(defeated)
porconsideragéesprevalecentes
em contririo’;cf.tambémas
obser-
vagoes
®
deGuastins,
anogio
Sobre de“pro s.ess.
Le fontideldirito/Fondamentiteorici
(Milano 2010),
TheLimitsofMorality
ef.KaGax,
tantoreason―,
208 216
(Oxford
1989),17;
ria
eaD.
diferentemente,
A
Criagio
daNorma de
Duar, NormaLegalidade
deNormas
ProcedimentalAdministrativa/A
deDecistona Discricionariedade
Teo-
(Coim-
Instrutéria
bra2006),
4 propondo
139,
sua aplicagio
ocorre todas
“em o
atribuido
pressuposto
queaos principios
seja
dequalquer
as stuagdes
implictode que
género(al-situations-of
any-kin
por
oposigio
as
regrasjuridicas,cuja
dogéneo
situagdes &dotipo
implicita, “em
as
previsto,explicita
(all-situations-ofthe-kind),
algo
ou
VERHEN)/HAGE/VAN
semelhantemente,
todas

Integrated
DENHERI,An
reservam as
Viewon Rules
Principles,
exclusionary
asregrasjuridicas,
reasons (ou
and
6(1998), ArtifIntellLaw
sea,as razBesparanfo aplicar
18s,
um outro critéric)
para

a8
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

dosprineipios
2.4. Axiologia
a)Asobjecgées anteriores mostramquea distingao entre os principios e
as regrasjuridicas tem de ser feita atravésdeum critérioque nio assente
no “tudo
ou nada―,
naos6porque alguns prinefpiose algumas regras cons-
tituem“razéesexcludentes― daponderagio dequaisquer outras razées,
mas também porque alguns principios ¢algumas regras fornecem ape-
nas razdes protanto a favorde uma solugio.Propde-se,a seguinte
por isso,
distingio: os principios juridicos referem-se a valores estruturantes do
ordenamento
sociedade
juridico destinados
segundo justiga,confianga
critériosde
a
a
optimizar
de
efectividade
e
dodireitona
deeficiéneia?!; as
regras juridicas sio concretizagdes daqueles mesmos valores ou sio,em
certos casos,valorativamente neutras,
Hi assimdoisaspectos quedistinguem os principios dasregras: os

principiossio
clespermitem
deregras
sempre estruturantes
a produgao
com eles
deregras ¢
valorativos®2,nomeadamente
vilidasou determinam
em contrapartida,
porque
a invalidade
conflituantes; as regrassto sempre
instrumentais e podem nio ser valorativas. A este propésito convém refe-
rir que,paramelhor preencherem a é
sua fungio
mas ao contrario
sio,porvezes,“abertos―, ~
axiolégica,
doquecomum
os principios
aceitar-se?*—
essa mesma fungio também pode exigirque,noutras situagées, eles
sejam “fechados―.
Porexemplo: tanto contém um principio o enunciado

(aberto) queimpoe queas restrigdes aos direitos, liberdades e garantias


sejam proporcionais8 necessidade
resses constitucionalmente
de
protegidos
salvaguardar ou inte-
outros direitos
(f. art. 182,n2 2,CRP), como o
enunciado (fechado) queproibe a pena de morte (ef. 24.,n.°
art. 2,CRP).
21 CE

®
Jaxan,
a relacio
Sobre
RTh37 (2006),
Prinzipien,
Regeln ausgdrickt:
_grundstzlch)allgemeine(cher sehr
56:“Prinzipien

dosprinefpios ideal,
com um
(oder
sind wichtge grundlegende,
Strukturenscheidungen)―.
embora sempre
nemconcordante com 0

no texto,of.Peczentk,
exposto
und
Regelmodelle
Prinzipienmodelle
“modelo
e m dois
®
OnLawandReason(Dordrecht
des
Rechtssystems,
degraus―:avalidadefacie (relativa
2009),
plano
615;SIECKMANN,
76ss €83 ss, no Ambito
idealo u prima dosprineipios ao
deum
da
ponderagic) davalidade
distingue-se real e defnitiva
das
regras (Fespeitanteao da
plano
acgio}; TheoriederGrundrechte
ALEXY, *,120,reconduzindo,emboradeformacontida,
‘0s
aum
prineipios
Fundamentos
»
CE,porexemplo,
Salen’;
“ideals dosPrinejpios/Ensaio
Jurisprudéncia
A.Corr’,
daDecisioJurisdicional (Lisboa
Raz,YaleLJ.81 (1972),
2010),
sobre
221ss
836s s DWORKIN,TakingRights
os
Seriously,
228s;Guastin1,Lasintassi deldiritto (Torino
<f,PINo,
Dirittieinterpretazione,
53ss. ss;
2011),
75 eriticoperante
estaorientagio,

29
REGRAS SISTEMAJURIDIC

b)Mesmoquando
les fornegam
apenas os
principios
fundamentos, argumentos ou
issonao significa
“abertos―,
sejam
justificagdes*
que
e naio
elesmesmos,
desolugio tal
como sucede
com as regras
decasosconcretos. Independentemente
stoambos
elementos
do sistema
juridicas,
critérios,
dasuadiversidade,
com aptidio
os
principios
easregras juridico
servirem decritérios
para dedecisio
decasos concretos:
so
Aconcluséo dequeos prinefpios
atenua a importincia e sio
as regras ambos
dasua distingao. A esta parece
dedec
critérios
estar subjacente
que0s principios
ciadas; ora,a as
¢ regras
verdade
sioduas realidades
queos principios
é
distintas.
ontologicamente
sio apenas
e as regras
diferen-
realidades
axiologicamente
so uma construcio
Osprincipios
deum observador
naoexistem em si mesmos,antes
dosistema: estequequalifica
é
uma
determinada disposicio legal de
como um principioou que infere um prin-
cfpio deuma regra ou deum conjunto regras.
isto acresce que,se0 aplicador encontra no ordenamento juridico um
critério dedecisiodeum caso concreto,pouco importa que essecritério
seja um prineipio ou uma regra: a solugiotem exactamente omesmo valor
se forfundamentada com uma grande dimensio
num principio
axiolégica
ou numa regra sem nenhuma carga valorativa.Também esta verificagio
demonstra que,enquanto dedecisio,
critérios os principios no se dis-
tinguem dasregras.

2.5. Resolugio
deconflitos

juridico, &
Atendendoligagdo
poder-se-ia
dosprincipios
pensar que um
com valores
conflito
estruturantes dosistema
entre um principio e uma
regra deveria
s er resolvidopela prevaléncia
daquele sobre esta. Dir-se-ia
quea hierarquia axiolégica
zir-senuma hierarquia ¢
entre os princfpios as regras deveria
normativaentre essesmesmos principios
tradu-
e regras.
Masaverdade équenaoé assim,podendo estabelecer-se 0 seguinte crit

ou das
os
rio: principios tém
dosquais
regras
a hierarquia normativadasregras
elessaoinferidos.Portanto,
queos consagram
naoéa hierarquia axio-
Jogicaquedetermina a hierarquia normativa, mas precisamente 0 contré-

2
Grundsatz
Esser,
fundamentagio *
undNorm
(@
(Tabingen 51s;situando
1990),
nio dodaregulagio
dasdecisées daacglo),
os da
no plano
prineipios
DieGeltung
ef.Neumann,
Regeln,
von
Prinzipienpodems;
undElemente,
118 considerando s40“metanor-
queos principios

Prinzipientheoriee Die
porqueeles6 se referem
‘mas, HetNotp,
referira outras normas', ef.também
beiRonald
Dworkin
undRobert 395.
Alexy,
250
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

pelo
rio: é grauhierarquico pelo
atribuido legislador
ao prinefpio
quese
a sua hierarquia
descobre axiolégica.
inferidos
3. Elementos
3.1.Generalidades
O
sistema comporta
juridico eprincipios,
regras
todoselessio dotados que,
pelo qualidade,
deum valordepositividade®’,
nessa
Assim,o sistema
juridico&muitomaisdoqueas regras quenelese encontram: em teoria,
as fronteiras
dosistemasaodeterminadas
deconfianga
pelos principios formais
de
justica, poisqueo sistema deveabranger
e deeficiéncia,
tudoo queseja necessiriopara darsatisfacdo
a cada u m desses
principios
na medida maximadasua vigéncia, Napritica,todavia, as fronteiras
do
sistemasiobastantemais limitadas,pois
que,como resultada delimitagio
aquelas
dassuas lacunas, fronteirassiodefinidas,
naopelo que¢imposto
poraqueles formais,
principios mas peloque¢ditadopelo queo proprio
sistema regula.
Quer
dizer: asfronteiras

queserianecessirioparadarplena
daconfianga
do sistemanio sio definidas
expressoprincipio
mas pelo
aos
pelo
dajustiga,
e daeficiéncia, queé
necessirio paracompletar0
sistema em fungaodoqueelemesmo regula.
3.2,Elementos implicitos
A ilagdo
o
dequetodo sistema
significarque todos eles
e
juridico
ncontram
comporta
neleuma
principios
consagragio
naopretende
explicita,
seme-
IhanteAquela
decorre a das
que se verifica
dacircunstincia
quanto generalidade
deo graudeabstracgio
regras
dosprineipios
uridicas.Isto
naofacilitar
asua
consagragio
explicita:
a consagraré legislador
venha
algumprincipios
dos
se pode
nao realistapensar
formais
quealgum
e,mesmo quanto aos principios
materiais,sé esperarqueo legisladorexplicitealguns deles(como
sucede,porexemplo,
n."1,CRP) sine
ou quanto
quantoprincipio
ao
ao principio
mullum
Disto resultaque,muito frequentemente,
c rimen
(ef.
docontraditério
lege
(cfart.
art. 3°,n.
os principios
1,CPC)).
s6podem
29:

ser
inferidosdeconcretizagdes, necessariamenteparcelares, em regrasjuri-
%

WeInpeRGeR,
Rechts Norm
und
Institution/
(WienFine
Identicamente,
1988),indTheorie
iedes
Einfidhrung
96s; Wetnnener, DasWesenderRegeln,RTh-BH11(1991),182;
Lanenz, Richtiges
Recht/Grundziige
juridicos
atribuiraos principios a qualidade
(Miinchen
einer Rechtsethik
de“pensamentos
Recht,
178,
1979), des6
apesar
orientadores―
insusceptiveis
aplicagio
‘de num caso conereto(LAREN7,Richtiges 23)
251
REGRAS SISTEMAJURIDIC

dicas,Sem excluirquealguns prine{piosmateriais estejam explicitamente


consagrados, o mais frequente é
que principios
os sejam inferidosdassuas
concretizagbes que
mais comuns, sio as regrasjuridicas
A circunstancia de,com grande frequéncia,os principiosserem infe~
ridosdealgumas concretizagéesgrande
tem uma importancia na sua
aplicagao, A relevancia éa
seguinte: sehouver que resolver um caso que
naocoincida com a concretizagao legalmente prevista, ocaso naoprevisto
deverd ser regulado pelo mesmo principio subjacente aquela concretiz:
do.Porexemplo: o art. 2272,n 1,CCestabelece queas partes deuma
negociagéo contratual devem actuar deboafé; esta regra é
uma concre-
tizacdodoprincipio dequequememite declaragdes negociaisdeve estar
deboafé, pelo que o mesmo principio paraquem uma
deve valer realiza
promessa piblica(cf. 459,n. 1,CC),
art. como,porhipstese, adeatribuir
um prémio ao melhor estudante daturma. Pode assimconcluir-se quea
concretizagao legal principio
de um se estendea todas a s demaispossiveis
domesmo principi
concretizagdes
3.3, Elementos
derivados
Osprincipios juridicas
e as regras num sistemajuridico
vigentes naose
resumem aquelesqueestdoexplicitamente
consagrados:
qualquer
princi-
bém um elemento
derivado,
ser inferido
pioou regraquepossa
dosistema
Estainferéncia
daqueles
queesto consagrados
juridico,
vigorando é
tam-
nestecomo um elemento
pode assentar em razées
puramente logicas.Por
exemplo: da
(i) regraque estabelecea obrigatoriedade de frequentar a
escolaridade minimainfere-se a permissio (¢
0 direito)frequentar
de essa
escolaridade;
gar a coisa
(ii)daregraquedetermina
vendida
atribuiao comprador
(cfart. 8792, al.
0 (correlativo)
a
b),CC)
obrigacio
pode
deo vendedor
deduzir-se
direitoa receber
a
entre-
regraque
a coisacomprada.
Porvezes,aregra derivada decorre daconjugagio deduas(ou mais)regras
explicitamente
gastém
formuladas.
direitoaescolaridade
ras residentesem Portugal tém
da
Porexemplo,
a
gratuita―
conjugacao
com regra
os mesmos direitos
daregra
“As
criancas
dascriangas
“As
crian-
estrangei-
nacionais―
decorrea regra segundo a qual as criangas estrangeirasqueresidamem
Portugal tém direito&escolaridade gratuita.
(Oselementos derivados dosistematambém podem ser inferidoscom
baseem argumentos juridicos. Por exemplo: regraque
de uma estabelece
“Aseriangastém direitoa ser vacinadas gratuitamente―
(regra explicita)
282
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

deduz-se, deum argumento


através
derivada).
direito(regra
aquele
contrario,
a
queos adultos
naotém

III. Autonomiadosistema
1, Pressupostosdaautonomia
Paraqueo sistemajuridico
seja é
auténomo, queelecomporte
necessario
principios cuja
regras
¢ validade aferida
seja porele Naohaum
préprio,
sistema juridico elemesmo definirquais
sem queseja
auténomo os prin-
cipios juridicas
e as regras que0 compdem.

e
2. Validadeautonomia
2.1.Generalidades
Algumas
Xinica
fazem
orientagGes
diferente
regra, detodas a s a
demais,
Sao
dosistemajuridico
assentar validade
especialmente
numa
conhecidas
duasversdesdesta
deHarr (1907-1994)
e a regra a
regradevalidade:norma fundamental
deKetsen(1881-1973) dereconhecimento
(Grundnorm)
(rule
of
recognition)
2.2. Normafundamental
A construgio danorma fundamental assentanas seguintes premissas:todaa regra
retiraasua validade deum a outra regra de
juridica hierarquia a regra
superior,
de hierarquia maximan um sistemajuridico (como 0 casodaregra
¢ constitucional)
s6pode retirara suavalidadedeuma norma pressuposta queéa
¢naoescrita, norma
fundamental. ComoKELSEN expos:“Se
se pergunta fundamento
pelo devalidadede
norma pertencente
‘uma a uma determinada ordem juridica,a respostaapenaspode
consistitn a recondugio &norma fundamental destaordemjurfdica, querdizer:n a
afirmagao dequeesta norma foiproduzida deacordo c om a norma fundamental―.
Comfundamento nestaspremissas, KeLseN entende quea norma fundamen-
tal ndo ¢u ma regrado prépriosistemajurfdico, mas uma “pressuposigiolégico-
© CEKruse,TeoriaParadoDiceto’, Theorie
215ss; Kets, Allgemeine derNormen
(Wien
1979),
2085s;
sobrea vida a obradeKelsen, HansKelsen/Leben
cf.Mératt, und
Werk
(Wien ss; Koj
1969), HansKelsen
oderdieReinheit (Kaln/Graz
derRechtslehre
1988),7s;sobre
Kelson,
asorigens
FSElmar
Wadle
(Bern2008),84938 Herkunfe
Hans
Ober
deKetse of,Ourcrtowsxt,
familiares die
©
CE
Hanr,
(Stanfordde
ConceitoDireito®
2008),
130.
1015 e 111
ssjcf-também
MacConarex, H.L.A.
Hare!
®

in do
Ketsts,TeoriaPura Direito―,222;cf
dierechtswissenschaftliche
Problematik
também
(Leiprig/
Kesey,ReineRechtslehre/Einleitung
Wien1934),
62ss

283
REGRA "EMAJURIDIC

transcendental―, Naspalavras deKets: “Um exemplo aclararé


este ponto.

opai0 ¢ ir
Umpaiordena ao filhoquev4aescola, Aperguntadofilho: «por
quedevo eu 4
escola»,
a respostapode ser: «porque assimordenouo filhodeve obedecer
asordensdopaiv.Seo filhocontinuaa perguntar: «porquedevoeu obedecer As
ordensdopai,a resposta pode Deusordenow
ser: «porque a obediéncia
aospais
endsdevemos obedecer is ordens deDeus».
Seo filhopergunta:«por
que devemos
obedecer asordens
norma, resposta
deDeus?»
&quenfo podemos se
querdizer, elepeem questio
porem questio
sequer
dasua validade,
a validadedesta
talnorma, querdizer,
queno podemos procurar o fundamento queapenas a podemos
pressupor―®,
formulagio
‘Numa posteriorKELSENreferiu
quea norma fundamental
éu ma
ficcionada’,
“norma dequea elanaosubjaz
no sentido nenhumverdadeiro
acto de
vontade, dequeelaé
mas também
depoderes
atribuigio
contraditéria
&autoridade
em
siporquepressupde
mesma,
maisaltaporuma autoridade
ser visto nestecaricter ficcionado
Talvezpossa
ainda
a

superior*!
danorma fundamental
um desenvol-
vimentodaideia inicialdeKeLsENdequea eficéciadasregras
(e danorma
também
determina
fundamental) a sua validadeâ„¢:
estavalidade
¢
ficcionada dasua
a partir

como~da
eficacia,
peloquea validade quedeveria daeficacia¢
s er o pressuposto a ntes
~

ficcionadaconsequéncia eficdca,

2.3. Regra dereconhecimento


A regradereconhecimento deHarr decorredasseguintes premissas: (i)no orde~
namento juridico,
existem regras primérias,
que sio aquelasimpdem
que deveres
deaccoou deomissio, e regrassecundarias,
quesio aquelas queconferem pode-
determinadas
res.a pessoas ou instituigdes;
estasregras secundiriaspermitem criar
priméias,
novas regras
aregradereconhecimento é a
determinarsuaincidéneia
secundaria
u ma regra
ou fiscalizar
quepermite
a suaaplicagao;(il)
aferira validade
das
otras regras

»
Ketsen,
dos
dosistemae quedecorre dapriticatribunais,

TeoriaPuradoDireito ,224
dosfuncionsrios edos

®

undLogik, KetseN,
KaseN,TeoriaPuradoDireito, 218$;of também Recht,Rechtswissenschaft
ARSP52(1966),547s
Ketsex,
®

Allgemeine
e Ketsew
refere
expressame
Theorieder Normen,
se trata deum a “verdadeira
queé pela
caracterizada circunstancia
206s,
fegio
«propria»
onde
n o sentido
daflosofia
que
docomo se deVaihinger,
dequenio s6 contraria a realidade,
mas também

1911),em
deque&contraditdriasi mesma―
Philosophie
24;Pavtsow,
a evolugio
sobre
Legal
Kelsen’s
dopensamento
(ef.
Theory:
deKELSEN,
Rechtspositivismus
VamtiinatR,
Die
TheFinalRound,
ef.NocuerRaDias,
desAls-Ob
Ox.J.L.St.12(1992),
(Berlin
268ss);
und
Rechtstheorie/Das
Verhiltnisbeideri m WerkeHansKelsen (Tilbingen 2005),
184ss. 233
55HERDEMANN, DieNormals Tatsache/Zur NormentheorieKelsens (Baden-Baden1997),
© ss, 58.
90 144 s., 208 €
3485,
TeoriaParadoDiteito7,236
KrLsen, ss

ase
18" CONSTRUGAO
s
DO STEMAJURIDICO

(il)
particulares;
primérias',
regras reconhecimento
de
aregra
4
Ao contrario
obviar incerteza
permite
danorma fundamentalkelseniana,
doregime
das
dereco-
a regra
nhecimento
cessencial,
é
nao uma fieg0,
A diferenga
numa diferente
masuma regra
entre a norma fundamental
doproprio juridicoâ„¢.
sistema
dereconhecimento
a regra
¢
danormatividade:
radica,
no
norma fundamental
concepgio aquela
€
um pressuposto pelo
davalidade dasregrasdosistema, queo queelatransmite
ao sistema
regras é
a pelo
a norma fundamentalé a a Enquanto
validade;
¢
dereconhecimento
estaregra
dosistema, queo queelafornece
necessiria
reflecte
ao sistemaefectividade"*.
a validadedasregras
socialdas
aceitaglo
dosistema
parajustficar
juridico, dereconhecimento
a regra limita-se
a reconhecercomo direitoaquiloque
aceite como direitoâ„¢,

2.4. Apreciagiocritica
Antesdese colocar o problemadavalidade dosistemapoe-sea ques
tio dasua autonomia: porisso,antes desabero quepode fundamen-
tar a validade
dosistemahaquesaber Ãa
se o sistema Efacil
©uténomo―,
demonstrar
distintas:
um sistema pode ¢
quea autonomia a validade dosistemasio duasrealidades
ser subordinado outro sistema;
perante esta
subordinagao
nao afecta a validade (pelo
dosistemasubordinado con-
ela
trario, constitui mesmo o fundamento
da suavalidade),aquela
mas

relagao
incompativel
¢ do
com a autonomia sistemasubordinado. Isto
demonstra é
que que importante
o é
determinar a autonomia do sis-
tema,porque 4questo
a resposta desabero que¢ vilidonum sistema
depende,
antes domais,daresposta
aquesto desaber se esse sistemaé
auténomoou naoauténomo.
Seo sistemaforauténomo,
como valido. é
entao6 vilidoo queeleproprio
daautonomiadosistemapermite
A consideragio
definir
evitar 0
&
Han, Conceito
‘Nightmare
Har, Conceito
and the ¢
deDireito,104 111ss cf.também
NobleDream(Oxford
deDiteito*,
2004),
249 ss
117ssf: Bavtrs,
A H.L.
Lacey,Lifeof
Hart'sLegal Philosophy/An
A.Hart/The

Examination
(Dordrecht/Boston/London 1992), 57's.
Emsentidoaproximado, cf.MAcConaick, LegalReasoning andLegal Theory(Oxford
1978), 62, fazendo depender a thesis
validity daaceitagaodaregran a sociedade
â„¢
Cf.Raz,Kelsen’s
Concept
Theory Am,.Juris.
of theBasicNorm,
ofLaw.ByH. L. A. Hart,Mind71 (1962),
“determinam as fontesdodireito―
19(1974), 103;Cone,The
408:as regrasdereconhecimento
©
extensivel
A critica€ deidentificagio―
ao “critério proposto Algunas
por BULYGIN,
consideraciones sobrelossistemasjuridicos,Doxa9 (1991), 263ss;ef.também Butye1N/
Menponca, Normas y Sistemas Normativos,495s,

258
REGRAS SISTEMAJURIDIC

problema da“validade
davalidade―,
dadoquenaohaqueprocurar solu-
cionar a questiodavalidadedaregrademaiorhierarquiadosistema’,
3. Construgio daautonomia
3.1,Regra deselecgio
8)Qualquer tem deestabelecer
sistema assuas fronteiras o meio
perante
ambiente os outros sistemas―,
nomeadamente,
¢, perante Domesmo modo,
qualquer
perante
car -
sistema normativocomo o direito
outros sistemasnormativos.
ouamoral tem dese demar-
-

Maise m concreto: cadasistema


normativo
6vilido,
tem depossuir
poisque
eleproprio
um sistema
préprio
um critério
normativo
a definir0 quenele¢
s6é
para
um
vilido.
determinar
sistemaauténomo oque
nele
se for
A autonomiadeum sistemanormativo(como, porexemplo, o sistema

juridico)perante outros sistemas normativos (como,porexemplo, a ordem


moralou a dotrato social) implica o funcionamento de uma regrade
selec¢io, regraque
isto de
é, uma define o quepertence ao sistema S),Sp
ou §,,
Teoricamente, seriapossivel construiruma regradeselecgao que
visassea distribuicio decadaregrapelo respectivosistemanormativo,
ou seja,uma regra quedeterminasse que,porexemplo, a regra R;per-
tence ao sistemajuridico, aregra R,&ordemmoral¢a regraRsaordem
dotrato social. Estaregradeseleccio teriade ser concebida como uma

regra“supra-sistémica―
que teriade ser colocadaacima detodos os virios
sistemasnormativos.
Noentanto, a construgao daautonomia deum sistema normativo nao
exige regra selecgao
uma de exterior a esse sistema; paraconseguir essa
autonomia bastauma regra deselecgio do proprio sistema, isto é,
uma
regraqueapenas visadeterminar o que év ilido num certo sistemanor-
mativo.A regra deselecgao quepermite delimitar um sistemanormativo

peranteos demais enunciado:


tem o seguinte o queévalidonum sistema
normativo¢definido exclusivamentepelo préprio sistemaou, numa outra
formulagio,as fontes deum sistemasio definidas pelopropriosistema―.
®
Entendendo
{.-]oc onceito
queo problema
devalidade
nem sequer

simplesmente
€ dirito,
257:
se coloca,
ef.Guastant,
inaplicdvel
as
Lefontidel
Constituigées.
UmaConstituiglo
é
CE,
»
porexemplo,
Recorrendo
«©
LOHMANN,
a uma “Sources und del
io valida,n em invilida―;identicamente,
Zweekbegriff ditto,
Guasrint,Lasintassi
Systemrationalitit,
na determinagio
thesis― dodireito,
247,
120 s.¢
264.
cf.Raz,TheAuthority
of
Law, 47s.

256
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

Quando aplicadaao sistemajuridico, aquela regradeseleegao conduz &


conclusio dequeo “direito éo queo direito determina como direito™.
b)Aparentemente,
com a atribuigao
delimitagao
esta do sistema
é
juridicoincompativel
do cardcter defontedodireitoao costume. Se poderia
~

argumentar-se
dadeque ~
o que¢
0 costume ¢
vilido no
uma das
sistema
fontes
juridicoseja
dodireito,
exclusivamente
naoé
entéo ver-
definido
em
fungao deregras doproprio sistema,Noentanto,a objeccionaoprocede:

pertencem
¢
se o costume fonte
ao sistema
dodireitoe se,portanto,
juridico, entio este sistema
consuetudinérias
as regras
comportanecessaria-
mente uma regra segundo a qual deorigem
as regras consuetudinaria
sto
regras vilidas do sistema juridico. regra regra selecgio.
A referida é
a de
daregra
3.2. Fungio
primordial
A fungio daregra a deidentificar
deselecgao
é o quepertence
um sistema essa fungio
normativo: permite“encaixar―
uma regrajurf-
determinado sistema.
ica num Note-seque impede
nada queuma regra
com um mesmo contetidopossa satisfazer
regrasdeselecgao
devariossis-
temas e pertenga sistemas normativos,Porexemplo:
a diversos a regra
que
profbe
o homicidio
pertencetanto 4ordem como &ordem
moral, juridica,
queessaregra
pois
pelas
juridica é
identificada
deselecgao
regras
Estafungaodeidentificagao
morale como uma regra
como uma regra

a
relativascadauma daquelasordensnor-
mativas. que r
¢ pela
ealizada regradeselec~
aodesdobra-se positivo
num aspecto negativo:
e num aspecto 0 aspecto
d e refere-se
&
(ou inclusao) identificagao
positivo do ao sis-
quepertence
tema juridico;
é
(ou exclusio)
o negativo
excluidodesse
d
sistema.
e respeita &
identificagdo
do que
outra fungdo
‘Uma primordial
daregradeseleccaoéa deassegurar
a
identidade dosistemajuridico.
Todoso s diasharegras
queentram em
vigore outras quedeixam devigorar,
mas,aindaassim,o sistemanao
deixadepermanecer
idéntico:
o
sistemavariano seu contetido,
quea dinimicadosistemanaoé
manece idéntico,
pois
mas per-
incompativel com
sua identidade®.
Enquanto
HMANN,DerRecht
a
regradeselecedocontinuar a ser aplicavel

(Frankfurt
derGesellschaft am Main
1993),143s
e

*
ALCHOURRON/BULYGIN,
Diferentemente, Sobreel conceptodeordenjuridico,
in

como y
ALCHOURRGN/BULYGIN, (Madrid
Derecho
Andlisislogico 1991), distinguem
397, entre o
“sistema―, denormas,e a“ordem
um conjunto

igualmente,
juridicos;
mas Tiempo
BULYGIN, y valide7, comode
juridica―,
um a sequéncia
siste-
Andlisis
i n ALCHOURRON/BULYGIN,

287
REGRAS SISTEMAJURIDIC

permanece sé
enquantoforconsiderado
inalterado, pese o
vilidoque
embora a
foraceiteporessaregra,
criaglo extingao
e a
o sistema
quotidianade
regras
quenele ocorre,
consideradovilido
Isto
o quenaopuder o s6
ser se a
significa
que
tido
sistema altera
como vélido
quando
segundo
for
regra
deselecgio,como sucede quando se verificauma ruptura revolucionéria
a ser consideradas
passam
€ vilidasregras quenaosio vilidassegundo a
regradeselecgao atéaivigente, Neste caso, & a propria
regradeselecgio
quedeixadevigorar e ¢substituida poroutra regra.
3.3. Explicitagao
daregra
Apés
que o e
concluir
que todo sistema normativorequer
determina o que neleé
valido invalido,
se encontra positivada
suscita-se
a
no sistemajuridico
deselecgio
uma regra

questaodesaber
se essa regra portugués,
Nao
parece queaquela regratenhauma consagracao expressaneste ordena-
mento,embora neleexistamafloramentos dessa mesma regra.

afloramentos
Umdestes
segundo
qual
a
¢
CRP,
os tribunais
sujeitos
a regra

& primeira
apenas
que
esto
ser redundante:
est contida no art. 2032
lei,Numa
se o direito vinculativo
leitura,
esta regraparece é para
todos entaoos tribunais
os seus destinatirios, esto obrigadosa aplicar0
direito.Noentanto,numa segunda aquela
leitura, algo
regrarevela mais:
paraalém doquenelase estabelecedeforma expressa,a regratambém
exclui,deforma implicita,
que regras
as deoutras ordensnormativaspo
sam servir defundamento asdeciséesjudiciais.
Assim,a regraconstante
doart. 2032CRPpressupde quehi uma regradeseleccao quedetermina
0 quevalecomo direitono sistemajuridicoportugués.
3.4, Limitesdaautonomia
podem
Ossistemasjuridicos numa base
relacionar-se deautonomia.Nesta
hipotese,
nenhuma de
regra um doss depende,
istemas em termos devali-
dasregras
dade, dooutro sistema.Porém,
entre os sistemasjuridicos
tam-
se pode
bém verificaru ma relacao
desubordinacao, Nestasituacéo,
um
encontra-sesubordinado
sistema o queimplica
a um outro sistema, duas

y e que
ligicoDerecho,
mais efémera
197 199,
“os
sobre
queas normas’; t8m a
concluindo sistemasjuridicosum a existéncia
ef.também
o problema, Raz,TheConcept
muito
of Legal
‘ystem/An
entre
0s to
¢
0s TheoryLegal
Introduction the
legal
“momentary― (Oxford
of System?1980);
“non-momentary
systems―,
187s,distinguindo

ase
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

as fontes
consequéncias:quesio vilidasno sistema
subordinante
também
so vilidas (por
no sistemasubordinado exemple,
a leiL;dosistemaS,¢
igualmente vilidano sistema $,);asfontes produzidas
no sistemasubordi-

plo,a
s6
nado saovalidas
leiL do
seforem
sistema S 8
;
aceitespelo
6¢
valida s e
subordinante
sistema
forconformeao sistema
(porexem-
S,).
O sistemajuridico portuguésaceitaa prevaléncia
dasdisposigées do
direitoeuropeu originirio ¢das normas dodireitoeuropeu d erivado
Gf.art, 8, n.24,CRP), Nestesentido e neste ambito,
o sistemajuridico
portugués~
como,
aliis,muitosoutros naoé

dosistema
IV. Funcionamento
~
auténomo.

1. Generalidades
dosistemajuridico
Ofuncionamento pode devariosaspec-
ser vistoatravés
tos,podendo designadamente,
considerar-se, a consisténcia
a construgio,
ea abertura
dosistema.
2. Construgio dosistema
(do
Ossistemas sociaissio sistemasautopoiéticosgregoauto (préprio)
¢

poiesis
Prios
(produgao,construgao)),
auto-referenciais"*,
e sio,porisso,
sistema autopoiético,
também
é a
dequese constroem si prd-
no sentido
O sistemajuridico um
poisqueeleproduz-se, e reproduz-se
mantém-se
si proprio". O que¢direitos6podeser determinado
em referéncia
a0
direito’.
préprio

+
Lunmann, Soziale Systeme, Diesoziologische
25Â ¢60ss, LuHMANN, Beobachtung
des
Rechts (Frankfurt am Main
1986),
5; 11 alssoziologischer
Autopoiesis
LOHMANN, Begriff,
i n Luumans, AufsitzeundReden(Stuttgart 2001),
137ss; Luann, DasRechtder
Gesellschaft, 38ss, ¢552ss; LUHMANN, Einftthrung
in die Systemtheorie
(Heidelberg
2002),
~

+
LapeuR,
109ss; cf
Postmoderne
Rechtstheorie/Selbst
Prozeduralisierung
CE.em especial,
Selbstorganis
(Berlin
TevBNER,
1992),
107ss.
(trad.
Odireitocomo sistema autopoiético port.,Lisboa
1993),
58ss; ef.também LUHMANN, Die Finheit
des (1983),
Rechtssystems, 131s83
RThI
LoHMann, desRechts,
PositiviticalsSelbsbestimmtheit RTh19(1988), 22ss. cf.ainda
Lapeur,Postmoderne Rechtstheorie,
155s s PINTO A Metodonomologia
BRONZE, entre a
Semelhanga eaDiferenga, 272ss
©
Cf.LOHMANN, GesellschaftsstrukturundSemantik/Studien der
zur Wissenssoziologie
rmodernen
Gesellschaft II (Frankfurt
am Main 1981),99;cftambém
LunMANN, DieGeltung
Rechts,
‘des RTh22(1991), 277s

259
REGRAS SISTEMAJURIDIC

dosistemajuridico
O caracterautopoiético é
uma consequéncia da
regra selecgio
de que determina o e o nao
quepertence que pertence a
esse sistema:éprecisamente essa regraquegarante que o sistema se pro-
duzae reproduza
sistemas6receba a si
préprio,
pois
0 queelapossa
queéessaregra que assegura
aceitar como direitovilido.©
queesse
caricter
do
autopoiéticojuridico
sistema decorre,entre da
outras, circunstincia de
a competéncia paraa formagio defontesdodireitoser definida porregras
doproprio sistemae dea validadedasregras juridicas
reveladas pelasfon-
tes ser aferidaem fungao deoutras regras juridicas(nomeadamente, em

fungio dasua conformidade com regras of.


constitucionais: art. 3.,n23,
1,CRP).
€2772,n2
Asrelagoesdeprevalénciae desubordinagao juridicos
entre sistemas
implicam
queapenas sejamvilidasas do
regras sistema subordinado
que
aceitespelo
forem subordinante.
sistema Portanto, subordinado,
o sistema
além
denao ser auténomo,também autopoitico,
nao é dadoquea sua
subordinagio
a um outro sistemaretirao cardcter 4produgio
circular do
direitoqueneleocorre. Eclaroque,vendo o conjunto formadopelo
si

tema subordinante
ou deduplo epelo
sistemasubordinado
grau,este japode
como um sistemacomplexo
ser considerado um sistema autopoiético.
3. Consisténcia
do sistema
daconsisténcia
3.1, Principio
O sistemajuridico
tem deser um consistentedeprincipios
conjunto e

juridicas,implica que
regras nao
oque s6 elenaopode princi-
comportar
pios
e regras mas também
contraditérias"’,
queos principios
e as regras
témdeser consistentescom os principios
e as regras
queconstituem as
deprodugio―.
suas fontes Istosignifica
queesse nio pode
sistema admitir
Cf ALcHoURR6N/BULYGIN,
*©
NormativeSystems (Wien/New York 1971), 62 ss.
AxcHouRx6y/Butvery, a la metodologia
Introduccién delascfencias juridicasy sociales
(Buenos
Airesss;algo
diferentemente,
entender
1987),
aexigencia
101
consisté por que
dalef,ef Raz,Ethicsi n thePublicDomain/Essays
contraria a autoridade
de
i n theMorality
of
Lawand
295
cfALExy,ss;
sobre
os Kohiirenz,
Polities
que
(Oxford
Juristische
sistema,
Begriindung,
System
1994),
in do factores
und
contribuem para.aconsistencia
BeRENDS/D1EGeLHORST/
praktische
Dreier (Eds),
FranzWieacker Vernunft/Symposiu
Rechtsdogmatik
(Gattingen
defundamentagio―
und
1990), von
96ss, utilizando
zum 80.Geburtstag
c omo critérios deconsisténcia“relagies
dosistema.
(Begriindungsrelationen)
entre as proposigies
©
Cf.Raz, TheRelevance of Coherence,BostonU.L-Rev. 72 (1992), 286:“Ifall
principles
{fellow
from
oftheir
number,
one
strong then
froma
we havea
coherence
ftheyallfllowsmall
monistic

260
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

quaisquer conflitosentre os seuselementos ou queeletem decomportar


0s meios necessérios para afastaros principios
e as regrasincompativeis
com outros principios ou regras.
Pode assim concluir-se
decertosprineipios formais, dele
mesmo a
que,se 0 sistemajuridico
também
construidopartir
¢
decorre um importante
principio juridico: principio
pio segundo
trata-se
o qual
o sistema
do
naopode da do
consisténcia,
comportar
ou seja,princi
elementos inconsisten-
tes entre si e no pode admitirelementos quenaose baseiem em outros
elementos dosistema.
deconsisténcia
3.2. Tipos
a)Quandose fala
deconsisténcia
dosistema, Ãreferi-la
o mais intuitivo © a0
contetido doselementos
tente quando qualquer
outra e quando
obrigagio um
dosistema,Assim, sistema
podecumprida
ser sem
juridico
violar n é
consis-
enhuma
qualquerpermissio pode ser gozada sem violar nenhuma
obrigagio;
©
em

cumprimento
correspondéncia, um
sistema
deuma dassuas obrigagées
éinconsistente
implica
querquando
a violagao deuma
outra obrigagio,querquando o gozodeuma dass uas permissdes implica
aviolagio deuma daquelas obrigacdes*. Emnotagao légica,um sistema
éinconsistentequando elecontém as regras Op& O~pow as regras
Pp& O~p ou P~p & Op.
Convém observar,
no entanto, queestainconsisténcia érara,atendendo
a queas regras juridicas
sio quasesempre hipotéticas, pelo quenio hi
nenhuma contradicao
se algo obrigatério
for e nao obrigatério em situa-
bes distintas.
Por exemplo:as “Se
regras chover, proibido a mais
é circular
de 80km―e“Se
nao chover, proibido
é circular a mais de120km― nio sio
contraditdrias,
porque elass4o aplicaveis
em casos distintos.

of of or principles
_roupprinciples
principles
{he
which
derive
froma
spiritor approach―;
display
a unified

which
plurality
Corse,
cf.também
spiritapproach,
display
stinct
a nd
irreducible
undBedeutung
Geschichte
d
butmoreso thanif
thea e lesscoerent
not a unified
desSystemgedankens in

mentos 26,
umentendendo
de sistema
juridico
derRechtswissenscha,
como
uma de
sentido
segundopontovista unitirio―
efalandodosistemae m
“ordenagio
conhect
estito quando
“aconexio
na forma

Legal
dededugionio
entre cada
um
comporta
dosconhecimentos
poderepresentada
dedeterminadas
Justification,
Weinberger1984),
EGOta
lacunas
e
iniciais";MacCoraucx,
proposigées
(Berlin 41s.
ser
Coherence
in

369 Concurso
Dis}17(2008),
rnormas, 2355. econilitos
LPh19(2000),ss;J.
RuleConsistency,
C£-Hace, A,VeLoso, de

261
REGRA "EMAJURIDIC

b)Apesar deser a maisintuitiva,a consisténciadosistemanao se


resumeaquelaquerespeita ao contetidodos seus elementos,Talcomo a
das
propdsito
contetido
darelagio
fontes
dafonte) se
distingue hierarquia(ligada
entre
e uma hierarquia
uma
dinamica
dafontecom a sua fontedeprodugio),
estatica
(determinada
também
em
a0
fungio
&con-
quanto
sisténcia
ha
dosistema quediferenciar
einvalido. respeitante
contetidouma consisténcia
um elementodosistema forincompativel 4
origem. Estailtima
com a sua fonte
referida
entre uma consisténcia
falta
a0
quando
deprodugio ¢
for,por isso,

3.3.Conflitonormativo
Verifica-se
um conflitonormativo quando um mesmo caso é subsumivel
a duas regrasquegeram consequéncias incompativeis―, O conflitonor-
mativomaisfrequente éaqueleque se verificaquando, para 0 caso C,,a
regra impoe
R , p (Op)regra impoe
e a R ; ~p (O~p) regra impoe
ou a R ;
a obrigacio deq (Og) ea regraRy impée a proibigio deq (Fq). Ocon-
flitonormativoorigina
um dileman o destinatario das regrasconflituantes
quanto ao comportamento a seguir.
No entanto,séhaum verdadeiro conflitoquando nao forpossivel
revogar ou invalidar
uma dasregras conflituantes ou transformar uma
dasregras conflituantes
em regra
e special
ou excepcional daoutra. Disto
decorre que0s conflitosnormativos podem ser decididos quera0 nivel
davigénciadasregras conflituantes(66 u ma das regrasvigente),
é quer
ao niveldavalidade
niveldoambito
dessasregras
deaplicagao
(66
daquelas regras ¢
uma delasvalida)®,
(apenas
queraindaa0
uma delas éaplicével).
© sobreos conflitos
CE, Ziemp1sskt,
normativos, of Norms,
Kindsof Discordance FGOta
‘Weinberger
(Berlin
1984),480s; Hizriven,Normative ConflictsandLegalReasoning,in
(Fds),
Butyets/Gaxptss/Nunttvoro Man,Law andModernsFormsofLife (Dordrecht/
Boston/Lancaster
1985),194ss; ALcHOURRON, ConflictsofNormsandTheRevision of
Normative
Rebutting
LPAIO
Systems,
Defeasiblity
(1991),
413
as Operative
ss J.
Liber
A.
D.
Vt0so,
Amicorum
Die]17
NormativeDefeasibility,
(2003),
235
ss; Duarte,
deJosé de
5 e
SousaBrito(Coimbra
Lembre-se
deu m a dasregras
2008),161ss.
queparao “Segundo
Kets ‘©
conflituantes:
ef.KeLseN,a conflitonormativo nfo conduz invalidade
desNaturrechts,
Grundlage Die in KLECATSKI/

Mancic/Scuamnec
(Eds), (Frankfurt/Zirich/
DieWienerrechtstheoretische
Schule
Salzburg/Miinchens;
870 Ketsen,Rechtund
1968), Logik, i n KLECATSKI/MARCIC/
(Eds),
Scutantuecx DieWiener
ZumProblem (1980),
derNormenkontflikte,
ARSP66 cf,
questi,
Schule,
rechtstheoretische 1476;
487ss.
sobre a PAULSON,
18" CONSTRUGAO
DO STEMAJURIDICO

naose pode
Assim, falardeconflito nem quando
normativo uma das
regras
prevalecer
deva sobrea outra quando regras
portanto,
¢, uma das revoga
ou invalidaa outra,nem quando entre elasdecorra
a harmonizagio da
de
qualificagao uma delascomo regra da
geral um “conflito
¢ outra como regraespecial
ou excepcional,Emqualquer destashipéteses aparente―*!
transforma-senum falsoconflito.

Segundo
Ross(1899-1979), trés deincompa
espécies
sio possivels ibilidade
entre regras juridicas
=

A incompatibilidadetotal-total
(ouincompatibilidade
absoluta); esta incom
patibilidade
verifica-se
quando nenhuma forapliedvel,
dasregras em nenhuma
circunstincia,
sem conflituar
com uma outra;porexemplo: a regraRyimpde
conduta
‘uma R proibe
e a regra essamesmaconduta;
esta incompatibilidade
um verdadeiro
‘gera conflito
normativ
‘A
incompatibilidadetotal-parcial;
esta incompatibilidadeocorre
quandouma
dasregras naopuder em nenhuma
ser aplicada, circunstincia, sem conflituar
com a outta, ao passo
queesta tem um campo deaplicagio
adicional quenio
entra em conflitocom a primeira;esta incompatlidade €
a que se verifica
entre a regraespecial
ou excepcional regrageral;
e a respectiva porexemplo:
sea regra R;proibe depescar
os estrangeiros territoriaisdeum pas
nas 4guas
ea regra R,estabelecequeos estrangeiros queresidam hamais dedoisanos
no pais podem entéo
pescar, a regraR; Ã ©
uma regrageral relagio
em a regraRy;
estaincompatibilidade como resulta
resolve-se, doafirmado, erigindouma das
regras como regra
especial
ou
excepcional,
A incompatibilidade
parcial-parcial deregras);
(ousobreposigio
parcial esta
incompatibilidade verifica-se
quando uma dasregras tiver um campo deapli-
cagoquenio conflituacom o daoutra,mas também tiver um campo adicio-
naldeaplicagio queé conflituante
com o daquelaregra; porexemplo:s eopai
ordenar a0 filho“Tensdeir regar e “Nao
asplantas― podes sair decasa―,
essas
regras parcialmente
sio compativeis(quanto asplantas que estio dentrode
casa)e parcialmente incompativeis (quantoasplantas queesto no jardim)*;
estaincompatibilidade
embora possa
resolve-se
erigindo
ser dificilescolher
a regra
uma das
ea excepsio em
regras excepeo
(tantopode
se
daoutra,
entender
quese deve regartodas as plantas,
excepto aquelasqueestejam foradecasa,
como que naose devesairdecasa,excepto seforpara regar plantas).
as

©
CEEncrscx,DieEinheitderRechtsordnung
(Heidelberg 1935),43.
©
CERoss, OnLawandJustice(London
1958),128s; ef.Guastint, Le fontideldiritto,
357,distinguindo,
antinomie
‘eas bilateral;
parzili entre
Guastist,La
as antinomieparzaleunilaterale
espectivamente,as antinomictotale,
eftambém s intassi deldiritto,
294

263
REGRAS SISTEMAJURIDIC

3.4, Resolugao
doconflito
a)Podesuceder queo conflito entre as regras nfopossa ser resolvidonem
darevogacio
através ou dainvalidade deuma dasregras conflituantes,nem
daharmonizagio
através
cialou excepcional
dessas regras,erigindo uma
daoutra, E0 queacontece,porexemplo,
delas e m regraespe-
quando
regrasconflituantes pertencem ao mesmo diploma legal (0queimpede 0

recurso
produgao adas
qualquer
ou especifico
regras)
baseado
critério
e ambas
no
possuem
momento ou
o mesmo campo
na competéncia
deaplicacio
para a
geral
(0queexcluia aplicagio dequalquer baseado
critério no con-
tetidodasregras). Nestahipétese, pode entender-se quese est perante
um conflito irresohivel,conducente a uma “lacuna decoliséo―®*.
Masesta
solugio nao éa mais adequada: o mais acertado ¢invalidar (apenas) uma
dasregras conflituantes*,
Parao fazerhé queresolver 0 conflito através deuma ponderagio
deinteresses, dando-se preferéncia,regrasconflituantes,
de entre as &
regraqueproteger
regras quefornecem
os mais Assim,
interesses
solugdes
relevantes®,
incompativeis
havendo duas
paraum caso concreto €
se 0 conflitose mostrar irresoliivel por outro meio,haqueproceder a
uma ponderacao deinteresses paraescolher a regra quevaisolucionar
0 caso, Porexemplo: a regra R,permite a realizacao daconduta p ea
regraR,proibe a realizacao dessa mesma conduta; 0 conflito¢resolvido
mediante a ponderagio dosinteresses protegidos atravésdarealizagio

CE,porexemplo,
*
Somt6,Juristische
EinheitderRechtsordnung,
Sistema *,218ss
*
Grundlchre(Leipzig
42, 50¢84;CaNanas,
1927),
Pensamento
412s; Enorscx,
Sistemstico
Die
e Coneeitode

Esta orientagio

fii eine Theorie


incompativel
¢
daregradoplano
com as

dasua aplicagao
derjuristischen
concepgies
(ef.
GoNTHER,
Argumentation,
da
quedistinguemo
Finnormativer
RTh20 (1989),
planofundamen-
Begriff
172.¢
derKohirenz
178ss; HABERMAS,
FaktizititundGeltung (Frankfurtam Main 1992),
265ss);doquese trata exactamente
deretirar fundamentacio a uma
regra(¢, deinvalidar
portanto, um a regra) quenfo pode
seraplicada,
CED,
5°

Duarre,
ARSP-BH Drawing
sna
UptheBoundaries
deKant,
124(2010),57expressio Die
der that
ofNormative
Conflicts Lead
Sitten
toBalances,
Metaphysik ('1797/°1798),
‘AB
(ortior
S
port,Lisboa
24(trad.
obligandi
vinit)―
Cf,por
rato"“é
2005),
exemplo, Metodologia
LARENZ,
mais
34), aobrigagio forteparaobrigar
queprevalece
Theorie
8,$74s s ALEXY, derGrundrechte
§
Thinking
71 ssi;naéreadaética
ef,Hane,(Oxford
Moral 1981), Tatsachen,
117ss; Parzio,
Normen,
Satze 1980),
(Stuttgart 169ss,

268
18" CONSTRUGAO
DOSISTEMAJURIDICO

oudanaorealizagao
daconduta em tiltimaandlise,
p,recorrendo-se, a0

‘favor
libertatis,
Istosignifica
conflituantes
regras
que
(aquela
¢
querespeitar
invalida
considerada apenasuma das
quefortidocomo
ao interesse
relevante).
menos
Estasolugio E
tem uma fundamentagio pragmitica. que,se 0 conflito
fosseresolvido dainvalidade
através deambas as regrasconflituantes,
uma lacuna
criar-se-ia quedeveria ser integradaatravésdaregraque0
intérprete se houvesse
criaria, delegislar dentrodoespirito dosistema
Gf.art. 102,n2 3,CC). Ora,sendodificilqueo intérprete naovenha a
construiruma regra semelhante a uma das conflituantes,
regras nao tem
sentidoeliminarambas as
regrasconflituantesparadepois vir a reintro-
duziruma delasatravés daintegragio dalacuna. O mais lgico Ãque
© o
espiritodosistema oriente o desde
intérprete na escolhada
logo foraeliminada.
regra que
deveprevalecer, e
naona reintrodugio
b)Osconflitosnormativostambém
daprépria
regra
se podem
que
verificar
entre regras
destetipodeconflitos,
dedois sistemasjuridicos.Quanto &resolugio a
Xinicahipétesequeimporta consideraraquela
é em que um sistemanao é
auténomo perante em queo conflito
um outro,isto é, s e verifica
entre um
sistemasubordinado ¢um sistemasuperior (como 0 caso,porexemplo,
€
dosistema juridico
éevidente,
portugués perante
dosistema superior
as regras
subordinado.
prevalecem europeu).
o sistema juridico Como
sobreas do sistema

4, Abertura
dosistema
4.1, Necessidade
daabertura
s dosistemas autopoiéticos,
mas naosio sistemasfecha-
dosem relagao ao seu meioambiente,
pois
que o auto-referencial
caracter
dessessistemasnaocontradiza sua abertura
ao meioambienteâ„¢:
“os
sis-
temas[.,]sfo estruturalmenteorientados
parao seu meioambiente e no
podem subsistir
sem meioambiente―’*.
Oquedecorre realmentedaquele
cardcterautopoiéticoé significado
que“o domeio ambiente paraum sis-
tema resultadosistemae naodomeioambiente―®.

©

Luuaann,
©
LuHMAns,
Soziale
Systeme,
Soziale
LOHMANN,Systeme,
Biographie
63,
35.
Interview/Gesprich
in Januar
am 8, 1996i n Oerlinghausen,
in
Honste, Niklas
Lubmann 2005),
(Miinchen
?

37,

268
REGRAS SISTEMAJURIDIC

O juridico
sistema
elecomunica
igualmente
é
com outros sistemas,
um sistema aberto
normativos (como
no sentido
a moral)
deque
ou nao
normativos (como a politicaou a economia). Assim, apesar deo sistema
juridicoautopoiético,que
ser nada obsta a ele utilize c onceitos prdprios
deoutros sistemas nas suas proprias operagdes. Podemesmo afirmar-se
quea abertura dosistemajuridico é algo deinevitével ~

quando como
naopode deixardesucederesse sistemapretende
~
comunicar com 0
meioambiente. “Osistemajuridico pode receber elementos normativos
damoral ou deoutras fontes sociais,mas istotem deaconteceratravés de
transformagio
‘uma explicita™,
ou seja, esseselementos deixam devaler,
o direito,
como morais ou sociais¢passam a ser elementos juri
para
Algumas comunicagao juridico
vezes, a do sistema com outros
realiza-se darecepcao
através deconceitospréprios destes iltimos, sendo
muito frequente
a consideragao
o recurso a conceitos
decritérios especificos valoracio
indeterminados
daqueles
cuja exige
sistemas.E0 queacon-
tece com conceitoscomo os deboafé (Cf.
art. 32, n 1,227%, n. 1,3342
©762,n! 1,CC) ou debons costumes(cf. art. 280°, n.°2,2822,n. 1,
334.,3402,
assim,
ordens
e
n.2, 2186.°
uma “fungdo
CC). Estes
deremiss4o― conceitos indeterminados
paravaloragbes
o que significa
originirias
realizam,
deoutras
normativas*, queo sistemarecebe como préprias
essasmesmas valoracées

4.2. Flexibilidade
dosistema
Quanto mais o juridico
sistema foraberto
a conceitos deoutros
préprios
maisflexivel
sistemasnormativos, elese torna na solucao
decasosconcre-
tos. Com
aregra
esta flexibilidade
segundo
a qual
“Os
surge a ser cumpridos
dificuldade:
também
contratos devem
é
maisfacilaplicar
pelas
partes―
doquea regra com a qual
deacordo ser cumpridos
contratos devem
“Os
deboafé pelas E
partes―.
porisso que se pode concluir
queos “casos
difi-
ceis―tém no préprio
sistema,
origem

© DasRecht
Lummann, derGesellschaft,
85.
©
Moglichkeiten
Cf Byoansxs, undGrenzenderPrizisierung
aktuellerGeneralklauseln,
in

von (Eds), undpraktische


Besteenps/DieeLHorst/DReter
posium ;eftambém
2um 80.Geburtstag
Rechtsdogmatik Vernunfi/Sym-
TevaneR,
und
FranzWieacker,
198 Standards
in
DirektivenGeneralklauseln
(Frankfurt 1971), am Main 16

266
14.SITUAGOES
§ SUBJECTIVAS
I. Enunciado
dasfontes
1. Generalidades
Aeestatuigio dasregras
relativas
a uma condutaou a um poderconstitui
uma situacio subjectiva.
A desta
categoriasituagio depende doobjecto
daregra dooperador
e dosentido dedntico,
pois queelaédiferente
con-

cardcter
porobjecto
soante a regratenha
deobrigacio,
uma
proibigdo
ou
conduta
ou um poder
daquele
permissio e
depende
operador.
do

doobjecto
2. Coneretizagao
2.1, Conduta
a)Sea regrajuridica
tiver porobjecto as hipéteses
uma conduta, sio as
seguintes
=
Se0 operador dedntico
forum comando ou uma proibigio, a situa-
aojuridica constituida
éu m dever (dea cgio ou deomissao); por
(f) “E
exemplo:obrigatério virar a direita―;
esta regraconstitui
(ii)“E
deverdevirar 4 direita; proibido circulara mais de50 km
porhora’;
esta regraconstitui o deverdenaoexceder este limitede
velocidade;
de6ntico
~Seo operador foruma permissio, juridica
a situacio cons-
tituidaé porexemplo:
um direito; “E
permitido estacionar entre as
20he as 7h―, constituium direitodeestacionar entre as,
esta regra
20heas7h.

267
REGRA "EMAJURIDIC

Distinguindo
b)
traditérias,
subjectivas
situagdes
(1879-1918)
HonFELD
opostas,
entre
relativas
quantosituagdes
apresenta, as
correlativas
¢
con-

a condutas, construgao!:
a seguinte

Direito (S:) Nao-direito(S,)

<——____
Dever (S:) > (83)
Privilégio
Desteesquemano qual
“alternatividade―),
as setas —
verticais
significam
as seteshorizontais “oposiga0―
“correlatividade―
(ou
¢
as setascruzadas

“contradigao―
resulta
queo seguinte:
—

direitodeS,Ãc©orrelativo
—O dodever
deS,,istoé,
S,tem um direito
um dever
S;s e este tiver S;;porexemplo:
se §;
tiver
perante perante
um direitodecrédito
sobreS,, S;
entao t em o dever
decumprir
a res-
pectivaprestagio;
=O

privilégio
deS;Ãcorrelative
© donaodireitodeS,,ou seja, Stemum
privilégio
perantequando
S, estenaotiver um direitoperanteele;
por
exemplo: se S;tiver o
privilégio
de nio trabalhar em determinados
dias,entdoS;naotem o direitodeexigir queS,vatrabalhar nesses
dias,
~O privilégio
deS,Ãc©ontraditério
tem um privilégioperante
com direito
§,, S, pode
entio n ao odeS,,porque,
ter um direito
se S
sobre
Sy
=O

ndo-direitode§, &contraditério
com o dever deS:,porque, se S,
naotem nenhum direitoperante
S,,entio este naopode ter qualquer
dever peranteS).
'
Legal
Horrex,SomeFundamental Conceptions
as Applied
i n Judicial
Reasoning,
Yale

London1964),
((trad.=
30 Hort, Fundamental
LJ.23 (1913),
36
Legal
port.,Lisboa2008),
Yale L.J.29
28);
(Ed.
Conceptions Cox)(New
Haven/
Legal
Coratw,
ef.também Analysis
and
Terminology, (1919),165ss

268
5 142SITUAGOES
SUBJECTIVAS

2.2. Poder
a)Searegra
=
tiver porobjecto
Seo operador dedntico
um poder, 0s casospossiveis

foruma proibigio, a situagio


os
sio seguintes:
juridica
constitu-
idaé uma sujeigdo (ouuma incompeténcia); porexemplo:o art. 877:
n 1,CCproibe os pais devender
e avés bens a filhosou netos,salvo
se 0s outros filhosou netos consentirem nessa venda;
=

Se0 operador dednticoforuma permissio, a juridica


situagio cons-
tituidaé uma faculdade (ou competéncia);mais
u ma a modalidade
frequente das faculdades quesio atribuidas poruma permissio é
constituida pelos potestativos,
direitos que sio direitosa constituir,
modificar
deopgio uma 4 da
ou extinguirsituagio
na aquisigio
ou Ademtincia
deum bem;
deum contrato.
juridica; porexemplo:
o direito prorrogacao
o direito

vigencia

contraditérias, situagées
subjectivas
b) Combase
distingio
na opostas,
entre correla-
tivase HOHFELD
quantosituagées
apresenta, ds relativas
a

poderes, construgio―:
a seguinte

Faculdade ($))
(§,)__Nao-faculdade
<>

——___
S.)
Sujeigao >
Imunidade
(S.)
Desteesquema
~A faculdade
€
possivel
de$;¢ correlativa
conclusbes:
retiraras seguintes
dasujeigao deS,,isto é,
$,tem uma
faculdade S;se esteficarsujeito
perante &sconsequénciasdoexercicio
dafaculdade deS,;porexemplo: se S,tiver a faculdadederesolver
0
contrato quecelebroucom Sz,entdoS;estasujeito a essa resolugio;

Honretp,YaleLJ.28(1913), Legal
30 Home, Fundamental
=
Conceptions,
36(rad
port,28)

269
REGRA "EMAJURIDIC

A imunidade
deS,€
correlativa (ou
danao-faculdadedaincompe-
de
téncia)
S,, seja,Stem
ou uma imunidade §;S,naotiver
perantese
nenhuma faculdade
peranteele;porexemplo: se $;naopuder anular
©contrato
queconcluit
c om $,, S,
entio e sta
imune a essa anulagio;
~
Aimunidade deS;Ãcontraditéria
© com a faculdade deS,,porque, se
S;tem uma imunidadeperante S,,
e ntio ; néopode ter uma facul-
dadesobre Sx
~

A niio-faculdade
deS;Ãc©ontraditéria
com a sujeicao deS,,porque,
se S,no tem nenhumafaculdade S,,ento estenaopode
perante ter
nenhuma
sujeigio S,.
perante
3. Situagdes
relativas
e absolutas
subjectivas
Assituagées podem ser relativas
ou absolutas.
Utilizando
a dis-

tingio
entre
moldes:
nos seguintes e
implicagao,
correlatividade adiferenciagio
podetragada
ser

Hi direitosquesio correlativos
dedeveres (sao
os habitualmente
chamadosdireitos porexemplo: docredor
relativos); o direito (S,)a

receber
‘essa
aprestagio:
prestagao
mesma
correlativo
¢ dodireito
@
d odevedor
Pp$, OpSouPp$, F~p$3;
(S;)cumprit
©
a

queimplicam
Hi direitos (40os normalmente
deveres designados
absolutos);
direitos
passear
porexemplo:
o (S,)
proprietario
no seu terreno;dado
tem direito
de
o
queestedireitoÃexclusivo
© doproprieté-
rio,ninguémmais(S;._.,)
todosos demais(S,,_,)
tem esse mesmodireito
estdoproibidosdepassear é
ou,queomesmo,
ou témo dever
de
naopassear naquele terreno: Pp S,> ~Pp 0 Pp
S:__, S;> FpSi.
ouainda Pp$, > O~p Ss...
Il, daacgao
Légica
1. Generalidades
‘Uma
accaointroduz no mundo
uma modificacao e uma omissao
naocausa
nenhuma modificagao légica
no mundo.A da accao refere-se
as opcdes
deconduta (acg4o
ou omissio)
que,num certo momento,se abrema um
agente*, podem
Os agentes confrontar-se
com conflitos
normativos,ou
seja,
com regrascontraditérias pode
sobredireitosou deveres: suceder
>

Cf.vox
1972),Wricitr,
885s, Essay
Deontic
Logic
General
Theory
Action
(Amsterda
An in andthe of

20
5 142SITUAGOES
SUBJECTIVAS

queuma regra atribua um direitoou imponha um dever e queuma outra


regranegue esse direitoou contrarie esse dever.
(Osagentes também podem confrontar-se com conflitos de situagdes
subjectivas,
que se verificam quando,o ou o direitos
num caso conereto,h i ou
deveres cujogoz0 cumprimento
ou impede gozo cumprimento
deoutros direitos ou deveres*,Estesconflitos naopressupdem nenhuma
incompatibilidade entre juridicas,
regras peloque elesnio podem ser
confundidos com as hipdteses em quese verifica uma inconsisténciano
sistema,porque hauma regraqueatribuium direitoou queimpde um
devere uma outra regra quenega esse direitoou isentadesse dever’,
Os
conflitosdesituagées subjectivas
pressupdem apenas que, num caso con-
creto,se mostra impossivel gozartodosos direitos ou cumprir todosos
deveres queconstam deregrasvilidas.

pragmatica
2. Incoeréncia
Um sistema consistente quando
é qualquer
obrigagio
pode
ser cumprida
sem violar
nenhuma
outra e quando
qualquer pode
permissioser gozada
sem violarnenhuma obrigagao,
Noentanto,mesmo queo sistemaseja con
naoé
sistente, possivel quetodos
assegurar 0s direitos
possam ser simulta
neamentegozados
cumpridas.
actosque “devem
e as obrigagdes
quetodas -

referia
Istoporquecomo jé
possamsimultaneamente
Kan (1724-1804)
também
-, quanto
ser
aos
é
necessario
acontecer, quepossam acontecerâ„¢,
*
Sobree stescontltos,
ef,CitisoLM,Practical ReasonandtheLogic of Requirement,in

KOxweR (Ed),
andPractical
Reason(Oxford
Practical
Conflicts,i n KoxweR(Ed), 6ss;
1974),Raz,Comment:’Reasons,
Reason,
Practical 22ss Raz,
Requirements
FromNormativity
to
Systems,
(Oxford
Responsibility
n FRANDBERG/VAN
ALCHOURRN,
Conflict
2011),
173ss; ef. aindaHiLPINeN,

Law
Hoecxe(Eds), TheStructure of
andChange
(Uppsala
Conflictsof NormsandtheRevisionof NormativeSystems,
i n Norm

1987), 3738;
LPh10(1991),
41s
ENetscu,
§

Binheit
que“um
‘em der
Rechtsordnung
Die
(Heidelberg
comportamento 1935),
46, entre
dedeterminada espécie
distinguea situagio
n o Ambitodaordemjuridica, a0

‘mesmo ou nao
é,

proibido
permitido
tempo proibido
e obrigatério
obrigatério
obrigatsrio―
e ou e
dasituagio
0 mesmo
em que“um

tempo
como
tiltimasituagio
‘esta como um
¢ a
segundo
mesma
concretocomportamento
proibido
permitido,
surge, juridica,
“Konkurrenzwiderspruch―.
designa
etc.,aomesmo tempo
ordem
ilicitoelicito―
e

©
Kant,Kritikderreinen Vernunft
(1781/1787), ((¢rad. A 807/B
835 port, Lisboa
2001),
(641):
reine dass solche
[Handlungen]
[ie Vermuni]gebietet,
“Denn,
dasie geschehensollen,
so missen

m
REGRAS SISTEMAJURIDIC

peloque,mesmo o queé consistente no sistema, pode naoser consistente


na pritica.Ditodeoutro modo: o principio dequea obrigagio pressupée
a possibilidade(expresso nas formulas Sollen impliziertKinnenou Ought
impliescan)pode ser respeitado pelosistema, maspode no poder ser res-
peitado na pritic
quepeqsio duas
‘Suponha-se
quenunca podem ser cumpridas em
si
condutas mesmas compativeis,
simultaneamente (como, mas
porexemplo,
¢
fazer0 exame ir a0 médico)
realizarsimultaneamente
dealimentos
(como,
ou quealguém
porexemplo,
aos filhos).Adiferenca
naoest4em condigdes
liquidar ¢
os impostos
de
pagar
entre a inconsisténcia
sisté-
apensio
pragmitica
mica e a inconsisténcia torna-se evidente na tabela:
seguinte
Sing sabjectva Tnconstnciaitémica
| tnconsnca pragma

Op
Bp
Fy/O~p
Fy/O~p
oyF~4
oyF~4
Istosignifica possivel
quenunca € a consisténcia
assegurar pragmé-
juridico:
tica num sistema aindaqueestesistemaseja podem
consistente,
verificar-se
sempre em quenem todas
situag6es as obrigagdes
possam ser
cumpridas e em quenem todos os direitospossamser gozados.
Essassitta-
ges aquelas
so em que se verifica
u ma colisdo
dedeveres
ou dedireitos.
Embora a tipologia destesconflitos maisampl’,
seja considerar
importa
apenas os casos maisfrequentes: os conflitos de direitos,
interpessoais ou
seja,a impossibilidade devariostitulares gozarem simultaneamente os
seus direitos, os conflitos
¢ unipessoaisdedeveres, impossibilidade
istoé,a
deuma mesma simultaneamente
cumprir
pessoa todosos seus deveres.

3. Espéciesdeconflitos
3.1, Colisiodedireitos
Acolisio(interpessoal)
dedireitosocorre quando variossujeitos
sfo titu-
laresdedireitosincompativeis homogéneos
entre si8.Acolisiodedireitos
quando
verifica-se os direitos saotodos
incompativeis damesma espé

>

CEKanon,
Rights,(Eds),
The
eOxford
in
Handbook and
Jurisprudence
CouemAN/SHP1Ro of

38 ss. 221
Law(Oxford
2002),4995s.:J.
A.Vex.oso,
Concursoconflitodenormas,Dit]17(2003),
©

Da
colisio
CEMenezes
de
CorDEtRo, Dir.137(2005),
direitos, ss.

am
5 142SITUAGOES
SUBJECTIVAS

porexemplo: todosos condéminos sfo titulares dodireitodeutilizar as


partescomuns doimével(cf. 1420.',n."
art, I, 14062,
e n? 1,CC) e todosos
credores
Acolisiode direito
tém a penhorar o patriménio
heterogéneos
s
dodevedor
ocorre quando
(cf. CC).
direitos
0s
art. 601."
conflituantes
pertencem
deaespéciesporexemplo:
expressiosujeito
um
distintas;
(cf.
art. 37,n.° 1,CRP)
o
&
direito
pode
liberdade
colidir
c om o
de
direito
ao bom-nome
gridade
¢reputagio(cf
moraldeoutro sujeito
art. 26.',n.1,CRP)
(cf.
art. 252, o
ou com direito inte-
n! 1,CRP);
n2 1,CRP)
0 direito &cria
intelectual
deum sujeito (ef.
art. 42%, pode conilituar com 0
direito&imagem deoutro sujeito (¢f.
art. 26",n."1,CRP).
3.2.Conflitodedeveres
Oconflito(unipessoal) ocorre quando,
dedeveres sobreum mesmo sujeito,
recaem deveres
os deveres
incompativeis,
pertencem &
No
mesma
conflitod edeveres
porexemplo:
espécie; homogéneo
um médico
todos
pode
encontrar-se numa
var um dedoissinistrados.
em
situagdo
ques6 pode
Noconflito
darassisténcia
dedeveres
e procurar

heterogéneos,os
sal-
deve-
res pertencem a diferentes porexemplo:
espécies; um trabalhador pode
ter deescolher entre entregaratempadamente uma obraou prestar assis-
ténciaa um filhodoente.

Aanilisedosconflitos
supra-rogatdrios latim
dedeveres
(do supererogatio,
implicauma referéncia

quesignifica
aos actos

paraalém
“pagar do
queé devido―)":esses actos so aqueles cujapritica élouvada,
mas cuja
omissionaopode ser censurada.Porexemplo: o bombeiro correndo
que,
riscode
vida,
-rogatério:
salvauma crianga
merece louvor
sura se 0 tivesseomitido.
pelo
deuma casa a arder,
um
pratica acto supra-
seu acto,mas nao mereceria nenhuma cen-

4, Solugio dosconflitos
4.1. Direitopositivo
fornece
Odireitopositivo alguns parasolucionar
critérios 0 conflito
dedireitos",
sendo a hierarquizacao
um deles dosdireitos
conflituan-
°
° 223,a uni-e
Cf,Urmson,
Dir} 17(2003),refere-se
J.A,VeLoso,
SaintsandHeroes,i n MELDEN
“conflitos
(Ed),
plurinormativos―.
i n MoralPhilosophy
Essays (Seattle
1958),
‘The 60
198s.= Feiner (Bd),
Inquiry
MoralConcepts
Natureof Supererogation,
J.Value
(Oxford
1969),ssf. também
20(1986),
289ss.
JACKSON,
4

Menezis
C£,
CorpetRo,
ss Dir.137(2008),47

ms
REGRAS SISTEMAJURIDIC

tes!2,Porexemplo: os beneficios justificam


colectivos a expropriagao por
utilidade
defesa
desde
da
publica
e o estado
propriedade
denecessidade
interessesd
privada(fart,62.!,n.22,
permitem
efendidos
a lesto
CRP);a
dedireitos
legitima
deterceiros,
interessesafec-
que os sejamsuperiores aos
tados (cf.
art. 337! n. 1,
e 339,n . CC);
1, 0 direito
convencional depre-
feréncia
épostergado pelo
direitolegal
depreferéncia(cf. CC);
art. 422.°
6 direitoa alimentos dofilhoprevalece
sobre o direitoa alimentos do
(art.
excénjuge n? 2,C C).
2016!-A,
Umoutro critérioa prioridade
é dodireitoou doseu exercicio (prior
tempore,potior
iuré);
lugar
primeiro
porexemplo:
prevalecesobre
o direitorealinscritono registo
o s quese Ihe
seguirem relativamente
em
aos
mesmos bens(art. 1,CRegP).
6. n.° Umterceiro critério
dehierarqui
zaciodedireitos
conflituantesconsistena preferénciana satisfaciodo
dircito; os
porexemplo:
buemaos respectivos
direitos
credores
na satisfagio
reais degarantia hipoteca
uma preferéncia,
como
—
a
relativamente
sobre0 devedor(cf.
dosseus créditos art. 604.
~
atr
aos demais
credores,
n#Le2,CC).
4.2.Férmula deponderagio
a)Nafaltadeum critério legal,a colisiodedireitose 0 conflito dedeveres
s6podem ser solucionadosatravésdeuma ponderagio deinteresses, ou

seja, de
através uma hierarquizagao querespeitam
dos interesses
a aque-
lesdireitose deveres.
Importa perceber como se efectua esta ponderacio
dosdireitos ou dosdeveresconflituantes.
Todos os direitos
e deveres tému ma medida éptima deserem gozados
ou deserem cumpridos. Eprecisamente esta medidaquepode ser afectada
por um outro direito
ou por um outro dever,poisque um direito ou um

Podea0
deverconflituante pode “sub-optimizar―
ou impedir gozo de um outro
direitoou o cumprimento deum outro dever. ssimenunciar-se a
férmuladeponderagio em situagées deescolha dedireitos o u deveres
conflituantes:
prevalece gozoou o dever
o direitocujo cujocumprimento
“derrotar― fornecida
a contra-razao porum direito
ou porum dever
incom-

Parauma
*©

anilise
clissica
AcP155(1956), do der
problema,
cf:Husman,Grundsitze
a estrutura da
97 ss. Â ¢123ss; sobre
Interessenabwagung,
deinteresses,ef.RIEHM,
ponderacio
=

Wertung in
dpraktischen
2006),
(Miinchen er Rechtsanwendung/Argumentation
Abwiigungsentscheidungen
57ss. ~Beweis
am
5 142SITUAGOES
SUBJECTIVAS

pativel;
os direitos sio equivalentes
ou deveres a razdopara
0 gozo
se

ou
de
cumprimento um for
deles igual
4 f
contra-razio ornecidaoutro
por
direitoou poroutro dever conflituante parao seu nio gozoou parao seu
naocumprimento, Asrazdes ¢contra-razées fornecidas porcadau m dos
direitosou porcada um dosdeveres aferidas
séo pela importancia dos
interessesa queelesrespeitam"’,
Se,apds a avaliagio
dosinteresses a querespeitam os direitos ou os
deveres se concluir
conflituantes, queum delesprevalece sobre todos os
demais, haquedarpreferéncia ao direitoou ao dever superior. Esta preva-
pode
léncia originarduas situagées (referindo apenasas mais frequents).

ou seja,
direito
é
Umadelasaquela
aquelaem
inferior:
em queapenas
quegozo de um
o
direitoprevalecente
direitosuperior
pode
impede o
ser
gozado,
gozodeum
é
a situagioquese encontra regulada no art. 335.%,n.22,CC.
enoart. 364,n. 1,CP.Porexemplo: o direitoao bom-nome ¢reputagio de
uma pessoa prevalecesobre a liberdade de de
expresso sujeito,
outro que,
naturalmente, ndopode usar esta liberdade paradifamar aquela pessoa.
A outra situacdoéaquela em queo cumprimento dodever prevalecente
nao afastao cumprimento dodeverinferiorconflituante. Porexemplo:
6 dever deprestar assisténciaa um filhodoente
prevalece sobre 0 dever
deentregar uma obra nos prazos contratuais, mas naoisentao devedor
dea entregarmais tarde.

b) Seum direito ou um dever respeitar


a um interesse equivalente dos
demaisdireitoso u deveres conflituantes,
entio nenhum dos direitos
o u dos
prevalece
deveres sobreo s demais.
Também nesta hipétese haque consi-
derarduassituagées(analisando,denovo,apenas as maisfrequentes). Uma
Ãaquela
delas © em que, de
apesarconflituantes, todos os podem
direitos ser

‘gozados,
embora “sub-optimizada―,
somentenuma medida Entéo,
como se
estabelece CC,cadaum dosdireitos
no art. 335.n. 1, conflituantes
deve

©
CE,por exemplo, Methodische
LakENz, der,Giterabwigung",
Aspekte FS Ernst
Klingmiller
(Karslruhe
1974),
247;numa formulagio
mais analitica,
Hi.riNeN,
Normative
Conflicts
andLegalReasoning,Buvyein/Garpies/Nuntivoro
in (Eds),Man, and Law

ModernFormsofLife (Dordrecht/Boston/Lancaster
1985),199,concluiqueum agente
deverealizar
se o
p
q
0 acto em detrimento

contra-fundamento
doacto se 0 fundamento
dep forinferiora0 contra-fundamento
fn WavLace/Pertir/ScHErLeR/SmiTH (Eds), Reasons
dep forsuperiora0 deq
deg; Bkoome,
andValue/Themes
Reasons,
fromtheMoral
Philosophy Josef As nif ®,
of Raz(Oxford2004),
as razdesparafazersobrepesam
‘que
36ss, refere-se
em relagio
as protanto reasons num quadro
razdespara fazer
em

ms
REGRAS SISTEMAJURIDIC

na medida
ceder, donecessario,
paraquetodos ser gozados
elespossam
opta-se,
neste caso, pela solugéo
chamada de Por
compromisso, exemplo:
(i)se naoforpossivel
tempo partes
certas
quetodos
comuns
os condéminos
do prédio
~

como
possam
uma a0
utilizar mesmo
saladereunides,um
jardim piscina
ou uma -, cadau m deles d eve c eder,
na proporgio queseja
necessiria, paraqueos demais também possam desfrutar dessas partes
comuns;(ii) se o patriméniododevedor nio chegar parasatisfazer todas
assuas dividas, os credores quenaobeneficiem denenhuma causa depre~
feréncia(como
deser pagos ¢caso dahipoteca:
proporcionalmente pelaquantia
n.22,CC)
cf.art. 604.°,
queseja
tém
apurada
o direito
da
através
venda dosseus bens(art. 604, 1,C C).
n.*
Umaoutra situagio
deequivalentes, naoé
¢ especifica
possivel e
dosdeveres
cumprir
todos os deveres
quando,
verifica-se apesar
conflituantes:nesta
hipotese, podecumprido
ser qualquer exemplo:
dever. Por cumpreseus
os
deveres legais e deontolégicoso médico que, impossibilidade
na depres-
tar
a
assisténcia
dois
a
salvar vidadeapenas
sinistrados,
procura um
dele:
facie
5. Valorprima
5.1, Condigio
pragmitica
a)Aponderagio deinteresses subjacente &resolugao dacolistodedireitos
edoconflitodedeveres mostra quenenhumasituagio subjectivapode ser
considerada absoluta:hasempre que contar que um direito obstar
possa a0
gozo de outro
deoutro dever.
direito e que
Nestesentido,
um dever possa
as situagdes
0
justificarcumprimento
subjectivas
no
valem apenas prima
facie,
poisque, hipéteses
nas decolisio ou de elaspodem
conflito, ser

postergadas poroutras situagdes subjectivasprevalecentes",


Destaobservagao decorre queas situacdes subjectivasatribuidaspelo
sistemajuridicoesto submetidas a uma condigio
pragmitica,com um dos

seguintes enunciados:
concreta,naohouver
lars6est obrigado
o
titulars6pode
um direito
gozar o seu direito
se,na situagio
deoutrem quedevaprevalecer; o titu-
a cumprir o seu dever
perante alguémse,na situacio
concreta, naohouver um dever perante outrem quedeva prevalecer. As
situagdessubjectivas quecedem perante outras situagdessubjectivasestdo
a uma pragmatic
sujeitas defeasbility.
“CE,
diferentes,
com perspectivas
Primafacie
83 SEARLE,
W.D.
Raz(Ed)
Obligations,
in Ross,
Right
The (Oxford
Practical
Reasoning
1930),
andtheGood
(Oxford 81
19
1978),ss
m6
5 142SITUAGOES
SUBJECTIVAS

) Quanto aosdeveresprimafacie,
importareferirquese pode entenderquea
deum deles
prevaléncia osdeveres
torna inexistentes conflituantesou considerar
que
todos
eless e mantém embora
existentes, releve
uma causaque justifica
0 no cum-
deum deles.&escolha
primento deum dostermos daalternativa tem importantes
juridicas,
‘consequéncias masno importa analisar
agora o
problema.
excludentes―
5.2.“RazOes
Razdistingue agir
entre razdespara e desegunda
deprimeira aquelas
ordem: for
necem razbes agir
para ou nio estasfornecem
agir, agir
razdespara ou nio de
agir
acordo com outras razdes!®,
Porexemplo:0 soldado
recebeuma ordem dosupe-
rior para
seapropriar furgio
e utilizar
o deuma comerciantena frentede batalha;
a obediéncia
a0 comandodosuperior
é
uma razio paraosoldado
agir,
ou seja,
é
uma
razio desegunda
ordem'.AsrazGes desegunda ordem quejustificam
a
abstengio
deagir deacordocom uma razio sio denominadas exeludentes―
porRaz“razdes
reasons)".
(exclusionary A diferenca deprimeira
entre as razées ordem¢as “razdes
excludentes―
radica deas razbesdeprimeira
na circunstincia ordem poderem ser
afastadas
poruma razo com maiorforga excludentes―
e deas“razdes prevalecerem
sobrequaisquer qualquer
outras razées, relativa's,
quesejaa sua forca Portanto,
as
razbesdeprimeiraordem cedemperante contra-razes,masas raz6esexchudentes
no cedem perante nenhumas contra-raz6es.

podem os
Semdiscutir méritosintrinsecos
existirrazdesparaagir
destaconstrugioâ„¢
(ouparanfo agir)
elapermite
queexcluem
demonstrar
qualquer
que
outra razi0
parandoagir (ouparaagir) e que,
datortura (ef.
qualquer
porisso,estio imunesa contra-razio.
admita-se
‘Tome-se
como
exemploa
proibicéo art. 25.1, 2,CRP);
{ques esabe
aescondeu;
quemraptou
apesar
uma crianga,
dea vidadacrianga
Atortura paratentar obterdoraptor
poder o o
masquesedesconhece

¢
correr perigo,
lugar onde
inadmissivel
sobreo esconderijo
o raptor
recurso
dacrianga;
a
informacio
a razdoparanaotorturar excluiqualqueroutra razaoe naoé vencida pornenhuma
contra-razio,

°S
Raz,Practical
Reason (Oxford
andNorms? 1990),
39.
°

Raz,
Practical
Morality
Reason
Raz, Practical
(Oxford
Reason
1979),
17
andNorms?38.
andNorms=,39;Raz,TheAuthority
of Law/Essays
on Lawand

°
Raz,Practical andNorms?
Reason 46.
Authority,
Cf Moore, 8.CaLLRev.62(1988/1989),
Law,andRazianReasons, 839ss.
Second-Order
Perky,
9165s;Eowuxpsox,
Uncertainty
Reasons,
Rethinking
Exclusionary
Reasons:Theory,
and Legal S.Cal-L-Rev.62
A Second
(1988/1989),
Faitionof Joseph
Ra2's
Practical
Reason
LPh
andNorms, 12(1993), 329s.

a
REGRA EMA JURIDICO

ofduties
5.3. Defeasibility
0sconfltosdedeveres deveres deve=
Niosioapenas queoriginam facie,
prima isto €,
podem
res que (defeated)
ser “derrotados―poroutros deveres.
GiRtLtfornece uma
andlise,
e maisampla
interessante baseada
em trés distintas:
hipoteses
=
Umadashipéteses ¢
a cancellation; porexemplo:$prometeu aT ir visité-lo
a0

= Tadoece
Porto;
$
e iberta
Umaoutra hipétese,
T
$ dasuapromessa
decorrente deum contlito
visiti-lo Porto;
ha
dedeveres,
doente d
&a overriding;
por
eSquenecessita
cexemplo: prometeu a ir ao um
daassisténciadeS;$ pode quebrar dei visitarT ;
a promessa
~
uma outra hipétese
Porfim, éanullification;
porexemplo:S prometeu aT dar-Ihe
um cio; o cio morre entretanto;a promessa deSficasemefeitoâ„¢,

» ChGm
OnDefeasibility
the
ofDuties,
Inquiry(1978), 199
J.Vale
ss.¢
2045s,
12 1985,

a8
Titulo
V
Aplicacao
daleinotempo

§15.°DIREITOTRANSITORIO FORMAL!
I. Enquadramento geral
1, Enunciado doproblema
Asfontes dodireitosio produzidas
num determinado momento ¢entram
em vigornum certo momento. Quando ocorre o iniciodevigénciadaLN
(leinova) verifica-se
a
revogagio(leiantiga)
da LA (cf. 72,n22,CC).
art.
A revogagio daLA pela LN permiteassegurar a consisténciadosistema
juridico, evita
porque quevigorem duasleissobre a mesma matéria,
mas
no resolve
quase
todosos problemas
inevitvel hasituagGes
-

ram na vigéncia
juridicas SJ,8
relativos lei aplicavel,
(Shy, SJa)
daLA e quetransitamparaa vigéncia
j4que
que se
como -

é
constitui-
daLN.Emesquema,
o problema apresenta-sedaseguinteforma:
LA | LN
SisSJ Sfp
0» >

Umasolugiopossivel o problema
pararesolver dasucessiodeleisno
Ã
tempoentender
© que situagdes
as juridicas antes doiniciode
constituidas
vigéncia
daLN continuam a ser
regidas
pela
LA.Seassimsuceder,entio

Uma
versio
anterior deste
paragrafo
publicada foi nos CDP18(2007),
3.
APLICAGAO
DA LEINO TEMPO

haqueconcluir queas fontesaplicaveis


na decisio
decasos concretos nao
coincidem necessariamentecom as fontes num sistemajuridico,
vigentes
dadoquepodem ser aplicadas
fontesque nao vigoram
j4 nesse sistema.
Comoa s fontesaplicdveis distintas
dasfontes
podem dasfontesnem vigentes,
ser pode
concluir-sequeo tempo deaplicabilidade sempre coincide
com o seu tempo devigéncia’,
2. Exemplificagio
casuistica
Oproblema daaplicacdo daleino tempo pode ser esclarecidocom alguns
exemplos:(i)0 sujeito$,empresta ao sujeito
S,uma certa quantia moneté-
ria (elebra
um contrato demiituo) demero acordo
através verbal;antes do
cumprimento de qualquerprestagao decorrentedo contrato uma LNvem
exigiraforma e scritapara
os contratos demituo iquela
relativos quanti:
(ii)$5celebracom $,um contrato decompra ¢venda deum automével;
antes daexecugio docontrato,uma LN vem regular diferentemente as
relagdes (iii)SseS,contrairamum casamento catd-
entre os contraentes;
lico;na alturadacelebragao docasamentonaoera admitido o divércio,
mas uma LNvem admitir 0 divércio
paraos casaiscasados
catolicamente;
(iv)S;pratica uma acgao queconstituicrime; depois uma LN des-
disso,
criminaliza
a conduta
deS,.
3. Principiosorientadores
3.1. Referéncias
daLN
Osproblemas relativosaplicagao
daleino tempo decorrem dasucessode
leispararegular
uma mesma realidade,Demolde a facilitara
clareza
nesta
matéria,impde-sedistingio
uma entre duaspossiveis LN.
referéncias
da
ALN pode referir-se juridicos,
a factos isto6,a acontecimentosque
ocorreram num determinado

juridicos,
factos
momento
haaindaquedistinguir e
num determinado
duasmodalidades:
lugar.
Nestes

Osfactos
—

os factos
ou seja,
instantaneos, deverificagao
instantanea;
porexemplo:acelebracionegécio
deum aconduta
juridico, quepro-
voca o fogo,
amorte deuma pessoa;

2
Sobreo problema,
y
lgicoderecho
cf.Butyai,
(Madrid1991), y
Tiempo i n AxcHouRR6x/BULYGIN,
validez,
198ss, distinguindo
(otempoquemedeiaentre o iniciodasua vigncia
Anilisis
de
uma
externo― regra
entre o “tempo
ea sua revogagio)
e 0 “tempo
interno―
de
regra(otempo
‘uma durante o qual ¢
uma regra aplicivel.

280
15" DIREETOTRANSITORIO
FORMAL

Osfactos
duradouros&,
duramno tempo;
dapropriedade
(ou
porexemplo:
o
defacto),
situagies
tempo
isto 0s factos
necessirio
queper
paraa aquisig
(cf.
porusucapido art. 1294,1295, n 1,1298,€
12992
3102
CC),
a
ciondrio.
o

CC),doenga (Cf,
decurso
dos
prolongada
de
prazos prescrigdo
quejustifica
a
v. g,art. 309.2
aposentagio
€
dofun-

pode
ALN também referir-se juridicos.
a efeitos efeitos
Nestes importa
igualmente duasmodalidades:
considerar
=
Osefeitos
instantineos,
quesio consequéncias de
momentaneas
factosjuridicos;
porexemplo: o efeito
translativodocontrato de
compra (cf,
e venda art. 8792, CC)
al.a), ou os efeitos
damorte’;
~

jurfdicas,
As situagdes quesio consequénciasduradouras defactos
porexemplo:
juridicos; as relagdes entre os cénjuges,
patrimoniais
a situagaodearrendatirio ou detrabalhadorou 0 direitodepro-
priedade.
3.2. Fundamentos
dosprinefpios
Naresolugio
dosproblemas
relativos daleino tempo
a aplicagao haque
escolher
entre um “interesse
na estabilidade―
naturalmente
-
conducente
Aaplicagao
da LA ~e um adaptacdo―
“interesse
na que
—

natural-
conduz,
mente,aaplicaco daLN‘.
3.3.Enunciado dosprincipios
a)Arresolucaodosconflitos
deleisno tempo pelos
orienta-se principios
danio retroactividade
actividade e
daLN daaplicagio
daLN constituium reflexo
imediata
dointeresse
daLN.A naoretro-
na estabilidade
e uma

emanagioprinefpio
sados
do
e efeitos da
confianga,
produzidos
jé
dado
naoséo
ela
que assegura
abrangidos
daLN significa
estanaoretroactividade
pela
0 seguinte:
quefactospas-
LN.Emconcreto,

» uristische
WieackeR,
Wolf
Erik
Main
Die
421,
Sekunde/Zur
do
“segundo
juridico―,
der
Konstruktionsjurisprudenz,
Legitimation
(Frankfurtam1962),refere-seimportincia
FS
isto

+
Barisrasituagio
do momentoquesepara
Macttano,
uma

no nove de
juridica
a aplicagio
Sobre
deuma situagio
do
tempo
posterior,
Cédigo Civil/Casos
aplicagio
fandamentais
(Coimbra
imediata/Critérios 1968),
56

2a
ap GAO
DA LEINO TEMPO

ALN nio se aplica


ocorreram antes da
passados
a factos
entrada
(F,, F,),
em vigorda F2,
a factos
istoé, que
«.,

LN:

LA» | LN»
Fy,BayFy oy

~
ALN naose aplica passados
a efeitos (E),
E2, ..,
Ey), a efeitos
isto¢,
quese produziram e durante
seextinguiram a da
vigéncia
LA:
LA» | LN
Bay
Bh,oy En
b)Aaplicagao daLNreflecte
imediata
doEstado
exigéncia
titui uma
interesse
o
na adaptagio
¢cons-
dedireitoe docaractertendencialmente
abstracto
e
genérico
dasregras Desta
juridicas. aplicagio
imediata
daLN
decorrem consequéncias:
quatro
ALN aplica-se
a todos futuros(Fa,
o s factos Fs, F,)
quevenham
a ..,

vigéncia:
ocorrer na sua

ALN aplica-se
a todos futuros(Es,
os efeitos Es, ..
E,)quevenham
a produzir-se
na sua vigéncia:

LA——_____> |LN
Ey,Ey, ..

ALNaplica-se
a todos juridicos
0s factos (Fs,
Fs, F,)
quese tenham,

B5, Fy
By ey
v
—

aplica-se
ALN a todasas situagées (SJ;,
juridicasSJ, SJ,)
quese ..,

tenhamconstituido daLA e quenaose tenham


na vigéncia extin-
guido vigéncia
antes da daLN:
LA» | LN-——______>
SJSJay $= ey
Jp
15" DIREETOTRANSITORIO
FORMAL

IL. Direitotransitério
1. Nogio
O pelos
citados
(ou
direitotransitériodireitointertemporal)
conflitos
deleisno tempo.
os problemas
resolve sus-

2. Modalidades
2.1,Enunciado dasmodalidades
O direitotransitério pode ser materialou formal.
O direitotransitério
material
dicos,
fixaum regime especifico
istoé,instituium regime
paradeterminados
quenio coincide
ou
factos efeitos
nem com o daLA,nem
juri-
como daLN.Encontram-se deregras
dedireito
algunsexemplos transité-
rio material a 23?
nos art. 6.° DL47344, de25/11/1966 (cujo 1. apro-
art.
o actual
‘vou CC). O direitot formal
ransitério de
escolhe,entre a LA ea LN,
qual aplicavel
éa lei a um certo
a determinado
facto
ou um
efeito juridico.
formal
2.2.Direitotransitério
O direitotransitério
formalcomporta especificos,
regimes um regime
especial
e um regime especificos
geral.regimes
Os dodireitotransitério
formal em alguns
vigoram ramos dodireito.
Assim, penal,
no direito vale
daaplicagao
o principio daleiLA ou LN queforconcretamentemaisfavo-
(art.
ravelao agente 29,n.24.2.8parte,
CRP;
art. 2.2, CP);
n.24, no direito
processual,
valea regradaaplicagdo
imediata
daleirelativa
4forma dos
actos (art,
142.°,n1,CPC) requisitos
e aos daexequibilidade
dostitulos
executivos (cf.
art. 462CPC)’,
Oregime especial dodireitotransitério
formal
encontra-se estabelecido
no art, 2972CC, &
relativo o
e
alteragioprazos, regime
de geral
dodireito
formalconstadosart. 12.¢13.2CC.Estetiltimoregime
transitério
também
geral
é o regime
legal
subsidiario.

2.3. Regras deconflitos


O direitotransitdrioformalescolhe s e a lei aplicével
ao facto
o u a0 efeito

juridicoéa LA oua LN.Istosignifica queo direitotransitério


formalé
constituidoporregras
deuma escolha
vés
deconflitos,
é,
por
isto regras
entre a LA €LN,qual
quedeterminam,
a leicompetente atra-
pararegular
um certo factoou um certo efeito juridico. tinhasidointuido
Comojé

Cf.STJ BM]354,467;RE22/6/1999,
18/2/1986, 488,421.
BMJ
283
APLICAGAO
DA LEINO TEMPO

porSaviGny (1779-1861),
héuma identidade entre os confitos deleisno
espaco tempo:
¢no nos conflitos
deleis no espago as leisencontram-se
“ao (neben
ladouma daoutra― e nos conffitos
einander) deleisno tempo as
leissurgem apés (nach
“uma a outra― einander)’.
Asregrasdecontfitos
asregras
idéntica
truttra ade
destinadasresolver
leis
deconflitos
no
osconflitos
espago,
deleisno tempo
essas
tém
regras
Emconcreto,
u ma

deconflitos
comportam
A previsio
~

contém
uma previsio
¢
doiselementos,
uma estatuig

o objecto o elemento
€ deconexio:(i)0
objecto de conexio define o de
campo aplicagio da regradeconflitos, ser-
vindo-se,paraisso,deum conceito-quacdro; no casodas regrasdedireitotran-
sitério,
este conceito-quadro
quese procura determinar ¢o facto,
se ¢
a situagto
regulado
jurfdicaou o efeito
pela pela (ii)0 elemento
LA ou LN;
juridico

mento deconexio é
o
deconexioéelemento utilizado
a ocorréncia
pela regradeconfitos
conexiocoma LAou com a LN;n o casodasregras
dofacto,
paraestabelecer
dedireitotransitério,o
dasituacio
a existéncia juridica
a
ele-
ou
a produgio doefeito daLAou daLN;
n a vigéncia
Aeestatuigio
~

determinagio
éa
ou o efeitojuridico
juridica
daleicompetente para
o
regular facto,
a situagio

IIL. Solugdes
doconflito
1. Enunciado
A resolugdo
deum conflitodeleisno tempopodeser obtida da
através
aplicagio
imediatadaLN, d asobrevigéncia
(ouultra-actividade)
daLA,
daretroactividade
daLN ou daretroconexaodaLN.
2. Regime legal
geral
2.1. Analise
o disposto
Tendopresente as solugdes
nos art. 12. ¢13. CC,
possiveis
distribuem-se
estatuida
daseguinteforma: a aplicagao
da
imediata LNencontra-se
1 1 partee 2 2#parte,
no art. 12.%,n.° CC,neste tiltimocaso
quando o contetido
da
situagao pelo
naoformodelado
juridica respectivo
facto
constitutivo;
12parte, a
sobrevigéncia
daLAestaestabelecida
CC;a retroactividade
n2 12 parte, e 134,
no art. 12.2%,n°2
daLN encontra-se prevista
nos art. 122,
n2 1,CC;a retroconexaodaLN estaprevista no
CC,embora
1 1. parte,
art. 12,n.2 apenasde formaimplicita,
©
desheutigen
Savin, System Rémischen VIII (Berlin
Rechts 1849),
369.

ase
15" DIREETOTRANSITORIO
FORMAL

Doexposto constitutive
2.2. Titulo
resultaque¢ importante determinar se a situagio juridicatem
uumcontetido quedepende do seu factoc onstitutivoo u se esse contetido
éindependente destefacto, Nestecontexto,parece titilrecorrer ao titulo
na base dequalquer situacaojuridica, entaoadmitir-se
devendo
duashipéteses.
UmadelasÃaquela
© em que0 titulonaomodela a situagio juridica,
dadoquea situagao juridica tem sempre o mesmo contetido, qualquer
queseja o tituloquea elaesteja subjacente. Porexemplo: o contetidodo
direitodepropriedade ésempremesmo,independentemente
o dotitulo
dasua aquisigéo (que pode ser,nomeadamente, um contrato decompra e
venda, um testamento ou a usueapiic), Esta hipdtese é a esté
que prevista
no art. 128,n2°2 2! parte, CC.
A outra hipdtese &aquela em queo titulomodela a situagao juridica,
pectivo
em queo contetido
isto é,
o
dasituagao
tituloconstitutivo,Porexemplo:
deum contrato decomodato
juridica varia
ocontetido,
ou demtituodetermina
deacordo
definido
com res-
pelaspartes,
os correspondentes

e épelo 1.‘
direitosdeveres, Estahipotese regulada art. 122,n°2 parte, CC.

metodolégica
Orientagao
2.3.
O referido
n2 CC¢
2, considerar
que hauma
daLA)
odispoe
quea melhormaneira de
demonstra interpretar 12,
alternatividade
entre 0 que
art.
se
na primeira(sobrevigéncia parte(aplicagio
e na segunda imediata
daLN)deste
preceito.
IV. Critérios
subsidiarios
gerais
1. Aplicagao imediatadaLN
LL. Factosjuridicos
O principiodaaplicagao
imediata juridicos
daLN aos factos encontra-se
expresso CC,a0 estabelecer
1.4parte,
no art. 122,n.°1 dispoe
quea leisé
significa
parao futuro.Estepreceito quea LN regulaqueros factosjuri-
dicosqueocorram apés queros factos
a sua vigéncia, duradouros
quese
iniciaramna vigéncia
daLA e quese mantenham
no momento doinicio
daLN.Porexemplo:
devigéncia a lei quealteraa listadas doengas
pro-
longadas
quepermitemqueo funcionario requeira é
a sua aposentagio
deaplicagio aqueles
imediata que se encontrem afectados poralguma
dessas
enfermidades.

28s
APLICAGAO
DA LEINO TEMPO

1.2.Efeitos
instantineos
referida
Quando a efeitos
juridicos a aplicagao
instantaneos, imediata
da
LN implica
quesio abrangidos
pela quese produzam
LN os efeitos (ou
se modifiquem depois iniciodevigencia.
ou se extingam) dosew
Aconstituigio deum efeitojuridicopodedecorrer daconjugagao de
factos
que ocorreram
na vigéncia
na
daLN.Porexemplo:
da
vigéncia LA
¢
defactos que
a alguém
a atribuigéo
se verificaram
daqualidade de
herdeirotestamentario dodecuius pode daelaboragao
resultar dotesta-
mento na vigéncia daLA ¢damorte dodecuius na vigencia daLN.Em
hipétesescomo a descrita
verifica-se
a formagiosucessiva de um efeito
juridico,
o que,todavia, impede
ndo a imediata
aplicagio da LN. Assim,
porexemplo, aquele quetinhasidodesignado como herdeiro em tes-
tamento elaborado daLA,¢quedeixadeo poder
na vigéncia ser por
da LN
imposigio quevigora
aquela
sua qualidade.
no momento
da
abertura da sucessio, perde

juridicas
1.3.Situagies
A regradaaplicacao
imediata
tuiram vigéncia
na
da
daLA que ¢
juridicas
LNassituagées quese consti-
transitamparao dominio
daLN consta
doart, CC.Paraquese verifique
22. parte,
12.%,n.° a aplicacao
imediata
daLNaessas situagdes
preceito,
que a LN
juridicas,
disponha
abstraindo
é
dosfactos
como se estabelece
necessirio,
directamentesobre 0 contetido
naquele
decertas
juridicas,
situagées queIhesderam origem,ou seja,
abstraindo Nestahipétese,
doseu tituloconstitutivo. o titulonaomodela
o contetido
dasituagao juridica,
peloquenadaobsta&aplicagao imediata
daLN. Eassim possivelelaborar quadro:
o seguinte

Titulo
modelador
no Letaplicivel
LA:
define
conteidoxparaaSJ_| ypara
aSJ
contetido
LN: define LN

exemplos
‘Como daaplicagdoimediata
daLN queincidesobre o con-
tetidodesituagdes independentemente
juridicas, dotitulo lhes
que esteja
podem
subjacente, ser referidos (i)a LNrelativa
os seguintes: ao contetido

é
dodireitodepropriedade
da em
aplicavel
Adata sua entrada vigor, porque
depropriedade
aos direitos
o contetido
desse
existentes
direitoé
0mesmo
qualquerquetenhasidoo titulodasua aquisigaoquepode
~

ser,entre

286
15" DIREETOTRANSITORIO
FORMAL

outros,o contrato,
LN relativa aplicavel
ao divércio
é a todoso s
e
a usucapizo
a sucessopormorte (art.
1316.CC);
casamentosque
(ii)a
subsistam
a datadasua entrada dadoqueo contetido
em vigor, docasamento¢0
mesmo
que
qualquer
civilou religiosa
tenhasido
(art.
15872,
n
a forma
1, CC).
dasua celebragao quepode
—

ser

2. SobrevigénciadaLA
2.1. Generalidades
A sobrevigéncia

dade
daLA esta
-se a sobrevigéncia
prevista
daLA sempre
deum acto juridico
no
que aart.
12.9,n.22
LN
ou ao contetido
se refira
4s
desituagdes
CC:verifica-
1.!parte,
condigoesdevali-
juridicas
quenao
abstrair
possam doseu tituloconstitutivo.
2.2. Condigoesdevalidade
Quando a LN
dequaisquer
novos (art.
dispuser
sobre
factos,
ascondigées
devalidade
substancial
em caso dediivida,
entende-se, que s6
ou formal
o s factos
visa

CC).
1.!parte,
12.4,n22 Ditode outro modo:aessas condigdes
devalidade aplica-se pode
a LA. Assim, elaborar-se
o seguinte quadro:
Disposigo
legal Letapicivel,

|
LA:validadedex

dey|
LAzinvalidade
LN:invalidade
dex
LN:validadedey
LA

LA

Comoexemplos daLA podem


desobrevigéncia ser referidos
os seguin-
tes: ())a LA admitiaa celebracdo
deum determinado juridico
negécio
porforma verbal;
a LN passaa exigir a formaescritana celebragiodesse
negécio; os
negécios
que foram verbalmente celebrados durantea
vigén-
cia daLA permanecem (ii)a LA exigia
validos; a escritura publica
como
forma decelebracaodeum certo negécio juridico; passa
aLN a admitira
desse
celebragao porforma
negécio verbal; queforam
os negécios verbal-
mente celebrados
durante daLA eram invilidos(cf.
a vigéncia art. 2202
CC) depois
e continuama sé-lo davigéncia
daLN;(iii)a LA considera
queum certo viciodavontade(erro,
dolo,
coaccaomoral)
constituicausa
denulidade do negécio
juridico; queessa mesma falta
a LN estabelece
determinaapenas a anulabilidade
desse negécio; celebrados
os negécios
durante
a vigénciadaLA permanecem nulos,
287
APLICAGAO
DA LEINO TEMPO

2.3, Contetido
desituagoes
Quando disponha
a LN sobre
o contetido
deuma situagio
juridica
e no
abstraia
dorespectivo
facto pode
nado
constitutivo, verificar-se
a aplicagao
imediatadaLN,pois
12.,n22.2.
quea hipétese
CC;
parte, logo,
haqueaplicar é
ndo enquadravel
no
disposto
a essa hipétese
no art,
0 estabelecido
CC,pelo
no art, 12,n 2 1 parte, queo contetidodasituagiojuridica
continua pela
a ser reguladoLA.Ditodeoutra forma:
quando a LNincide
sobre 0 contetido juridicas,
desituagdes a sobrevigéncia
verifica-se daLA
o
se tituloconstitutivo dessas tiverum efeito
situagdes
E,assim,possivel
o seu contetido, elaborar
modelador
tabela:
a seguinte
sobre

Comoexemplos
desobrevigéncia
daLA sobre
o contetidodesituagdes
juridicas
podem
ser mencionados
os seguintes:
os efeitos
donio cumpri-
ou do
‘mento defeituoso
cumprimento docontrato so regulados
pela
lei
vigenteno momento dasua celebragao";
os efeitos
deuma conduta
ilicita
sio definidos lei em vigorno momento da
pela daconduta.
realizagio
3. Retroactividade daLN
3.1. Generalidades
ALN éretroactiva quando elase aplica
a factosjéocorridos ou a efeitos
jé
produzidos antes dasua entrada em vigor.Porexemplo: aLN quedeter-
minao montante indemnizatério (B,)que¢ devidopela pratica deum
(F,)
factoilicitoanterior&sua vigéncia éu ma lei retroactiva:
LA» | LN——________>
5h!
ALN também
¢
gueum efeitojuridico
quando
retroactivaproduz
produzido com base
n
um efeito
um
juridico
titulomodelador
ou extin-
ante-
rior Asua vigéncia.
sobrevigéncia
Como,
daLA (cf.
quando o
titulomodela
art. 122,n2214parte,CC),
o s efeitos,
a produgio
a regraé
denovos
a

efeitos deefeitos
ou a extingao produzidos
jé s6podem ser obtidasatravés

RE6/7/1995,
C}95/4,257,
»

288
15" DIREETOTRANSITORIO
FORMAL

daLN.Porexemplo:
daretroactividade pelas
o contrato celebrado partes
(F,)tinhaproduzido
apenas
um efeito
juridico (B,);a
LN queextrair um
juridico
outro efeito (E;)
domesmo contrato (F)Ãu©ma leiretroactiva:
LA» | LN
v v
F, > E, +
E,
3.2,Admissibilidade
daretroactividade
é
0da
naoduas
Oprincipio retroactividade
principio
mas este
activa(art.
daLN (art.
comportaexcepgdes:
122,n."1 CC),
1.parte,
ter eficicia
a LNpode retro-
12%,n.’ CC) interpretativa
12 parte, e a lei tem, em regra,
retroactivo(art.
cardcter 1,C C).
13%,n?

a
3.3.Limites retroactividade
Falando
deformametaférica,
a retroactividade daLN implica que0
passado
se s
torna, ob
o de
ponto vista juridico, daquilo
diferente quefoi
Siojustificados,
realmente.
quehaja
sempre
por alguns
isso,
quesalvaguardarque
limites
interesses nao 4
retroactividade
devam ser
daLN
atingidos
porum regime juridico retroactivo.
NaCRPencontram-se as seguintes limitagdes aretroactividade da
LN;as leisrestritivasdedireitos, liberdades e garantiasnao podem ter
efeitoretroactivo(art. 182,n2 3,CRP); a lei penalincriminatéria
ndo
pode ser retroactiva(fart.192, n.°6,CRP), dadoqueninguém pode ser
sentenciado criminalmente sendoem virtudedeleianteriorquedeclare
punivel asua acco ou omissio(ullum crimen sinelege; sinelege)
nullapoena
(art.29,n2 1,CRP; art. 1,n. 1,CP); leiqueregula dos
a competéncia
tribunaiscriminaisnao pode ser retroactiva,dadoquenenhuma c ausa

pode ser subtraida


ao tribunal fixada
cujacompeténcia
esteja em leiante-
rior (art.32.2, 9,CRP);que impostospode retroactiva
n° a lei cria nao ser

(art.1032,n23, CRP).
Lei
3.4.
retroactiva

05 aLN
Quandotenhaeficécia
efeitos
retroactiva,
factos
jé,produzidos
pelos
Porexemplo:
queficamressalvados
presume-se
queelase destinaa regular (art.
122,
n2 124parte,CC). se a LN retroactivaregular 0 cumpr
mento das obrigagdes
decorrentes
decontratos jacelebrados,elanaoafecta
produzidos
608efeitos pelos
cumprimentos entretanto realizados.

289
APLICAGAO
DA LEINO TEMPO

35. Leiinterpretativa
a)A leiinterpretativa
¢a leiquerealiza auténtica
a interpretagdo deum
acto normativo,o quepressupdeo caricter
(noinovatério)
interpretativo
daquela lei,Segundoo estabelecido
no art. 13%, n 1,CC, a lei
interpre
estabelecido
na leiinterpretada,
tativaintegra-se ou seja,
leiinterpretativa
pela coincide
ficciona-se
com o tinicosignificadoo
que significado
que
aleiinterpretada
sempre E
comportou. quea leiinterpretativa
por isso é
uma leiretroactiva.
‘Nos constitucionalmente
casosem queesteja excluida
a retroactividade
naopode haver
leiinterpretativa porexemplo,
Assim,
retroactiva. uma lei

leiinterpretativa
liberdades
restritivadedireitos, ou
sem eficécia
garantias
(cf.
retroactiva s6
ser objecto
podedeuma
art. 18.,n.° 3,CRP).
b)A retroactividade
clanio atinge
dalei
todosos factos passados¢
nao
interpretativa
todos o ¢
s efeitos
dadoque
irrestrita,
produzidos.
jé
Segundo o dispostono art. 13°, 1,CC,a retroactividade
n.° daleiinter-
no
pretativaatinge cumprimento
nem o daobrigacio, nem a sentenga

queadquiriu a forgadecaso julgado pornaoser impugnavel (cf.


art. 6772
CPC), nem a transacgio (ef.art. 1248.,n. 1,CC) e os actos anslogos.
A transacgio ¢0 contrato pelo qual as partesprevinem ou terminam um
litigiomediante reciprocas concessdes (art.
1248.,n." 1,C C). Quando seja
realizadaem juizo (cf.art. 2932,n22, CPC), a transacgao tem deser homo-
logada pelotribunal da causa (art.300, 3,CPC).
n.° No entanto, mesmo a
transaccio
interpretativa
nic
€f.13,n21,CC),
art.
¢ pela
judicialhomologada retroactividade
nao
pelo
afectada
que 0 acordoque partes
as
dalei
alcan-
garam atravésdatransac¢ao nunca é atingido poraquela retroactividade.
Nosactos denatureza aniloga
CCincluem-se a desisténcia
& transaccio o art. 134,
dopedido
referidos
realizada pelo
n
autor (cf.
n.21,
art. 2932,
n2 1,CPC) eaconfissiodopedido dainiciativadoréu (cf.art. 2932,n2 1,
CC). A desisténcia e a confiss4o também nunca saoabrangidas pela retro-
actividade daleiinterpretativa (¢f.
art. 13°,n2 1,C C),
mas,enquanto nao
forem homologadas pelo tribunaldacausa (art. 3002,23, CPC), podem
ser revogadas
favoravel
pelo
(art.
desistente
13,n? 2,CC).
ou confitente
Porexemplo: a
a quemletinterpretativa
o réuconfessou-se
seja
devedor
de€1000; depois disso, entra em vigor uma leiinterpretativa querealiza
uma interpretagao daregra que fundamentou a confissio segundo a qual
0 réus6pode ser responsivel por 500; homologacao
€ até& da confissio,
o confitente pode revogar a sua confissao (art, 134,n.2,CC).
20
15" DIREETOTRANSITORIO
FORMAL

6)Aleipode
ser qualificada
pelo
legislador
como interpretativa
¢vir
a verificar-se
que,afinal,
elatem um contetido
inovador. hipétese,
Nesta
é
alei falsamente mas,salvo situagdes
interpretativa, de
inconstituciona-
deveser-lhe
lidade,
nf 1,CCS.
também
Everdade
verdade
o a
atribuidaretroactividade
est4
a
estabelecida
que legisladormanipular
dentrodamargem
a
no art. 134,
realidade,
deactuagio
mas
é queestéa agir queIhe
é pela
concedida lei.
3.6,Retroactividade
in mitius
a)ALN pode ser menos exigente quanto devalidade
aos requisitos for-
malo u substancial deum acto juridico doquea LA. Emprincipio, essa
circunstancianaotem nenhum reflexosobre os actosjuridicospraticados
durante daLA: é
a vigéncia 0 quedecorre dodisposto no art. 12.4,n.°2
1 parte, CC,deacordo com o qualaplicagto
a imediata
da LN nao torna
vilidoo queera invalidona vigénciadaLA.
A solugio
édiferente se a LN dispuser quese consideram vilidosos
actosjuridicosque,tendosido praticados vigéncia
durante a da LA,pre
enchem os requisitosdevalidade determinados pelaLN.Porexemplo:
a LN quediminuios impedimentos ao casamentopode considerar validos
os casamentos, subsistentes4 datadasua entrada quetenham
em vigor,
sidocelebrados com violacao deum impedimento matrimonial queagora
deixoudevigorar. Fala-se entaodeuma leiconfirmativa e deuma retro-
actividade in mitius.

b)O problema torna-se maiscomplicado quando a LN naotenha um


sentidoconfirmativo e quando naose possa falar,
por isso, de uma retro-
actividade in mitiusexpressa. Cabeentio perguntar em quecondigdes

pode ser reconhecida uma retroactividade


in mitius técita auma LN que
diminuios requisitos devalidade deum acto juridico. A resposta a esta

questdo nem sempre pode ser amesma,


Seo acto juridico naoestivera produzirquaisquer efeitos no momento
daentradaem vigorda LN,haqueaplicar o disposto no art. 122, n? 2
1 parte, CC,naose verificando qualquerretroactividade in mitiusdaLN.
Porexemplo:
foicumprido 0 acto juridico
por nenhuma
foianulado
das
ou o negécio

partes; caso,
neste nao
juridico
se
nulonunca
justificaatribuir
qualquer retroactividade in mitius &LN.

©
Tdenticamente, ASCENSKO,
OLIVEIRA
O
Direito", S64.

Ea)
APLICAGAO
DA LEINO TEMPO

Emcontrapartida,
se0 acto juridico, deinvalido,
apesar a produ-
estiver
zir efeitos
no momento doiniciodevigéncia
daLN,hé
queentenderque
produz
esta lei um efeitoconfirmativo doacto invilidoe verifica-se uma

& daas
retroactividade
in mitius LN.Porexemplo: o contrato dearrendamento
6invilidoquantoforma, mas partes vém cumprindo as respectivas
dele
obrigagées decorrentes e
¢ stio a fazé-lo
quando a LN entra em vigor;
justifica-se
nesta hipétese, reconhecer a retroactividade in mitiusdaLN.

3.7.Graus
deretroactividade
a)Oart. 12!,n.12. parte, CCdispoe que,quando a LN tenha uma efi-
ciciaretroactiva,se
presumeque ficam ressalvados
0s efeitos produz
jé
dospelos factosqueelase destinaa regular.
Nestecontexto, a presungio
constante doart. 12.°,
2 12. parte, CCsignificaqueo legislador pode
atribuira uma LN uma retroactividadediferente
daquela quese encontra
estabelecida em vez deressalvar
nesse preceito: todos produzi-
os efeitos
dosantes daentradaem vigordaLN,o legislador pode ressalvarapenas
alguns desses efeitos,
Istodemonstra quea retroactividade daLN pode
ser consagrada em diferentes
graus.
confronto
‘Um entre o disposto n2124parte,
no art. 128, CCeo esta-
belecido
CCpresume
no art. 13.n.°
queficamressalvados
o
1,CCmostra seguinte:
daeficacia
122parte,
0 art. 12.°,n2
retroactivadaLNtodosos
efeitos j&produzidos pelos porelaabrangidos;
factos em contrapartida,
o art. 134,n21,CCsé ressalva
daeficdcia
retroactivadalei interpreta
tivaalguns efeitos(em aqueles
concreto, quedecorram documprimento
deobrigagées, desentengas em julgado
transitadas e detransa
actos anilogos).
Estacomparacio 1 2#parte,
entre o art. 12.2,n2 CCeo
art.13°,n21,CCtambém demonstraque a podecon-
retroactividade set
sagrada em diferentes
graus
e quea retroactividade no art. 122
prevista
n? 123 parte, CCé
no art. 13°,n.21,
CC.
menos ampla
a
doque retroactividade estabelecida

1b)Oexpostodemonstraqueexistemviriosgraus possiveisderetroac-
tividade:a daLN pode
retroactividade ser maisou menos ampla, poisque
elapode maisou menos factos
abranger passadosou efeitos japroduzidos.
A perguntaqueimediatamente se colocaÃa©desaber atéondeépossivel
ira retroactividade
daLN.
dadapelo o s efeitos
A resposta
é dispostona CRPsobre dadeclara-
ao dainconstitucionalidade
ou ilegalidadede uma norma com fora

22
15" DIREETOTRANSITORIO
FORMAL

obrigatériageral pelo TC.Estadeclaragio produz efeitos desde a entrada


em vigor danorma declarada inconstitucional ou ilegal (art. 282.%, n2 1,
CRP), geral,
mas, em ficam ressalvados dos efeitos d essa declaracio os
casos julgados (art. 2824, n# 3 1." parte, CRP), é,
isto as decisdes tran-
sitadas em julgado queforamproferidas com base na norma que0 TC
declarou inconstitucional ou ilegal. Oscasos julgados s6naoficamressal-
vados dadeclaragio deinconstitucionalidade ou deilegalidade se estive-
rem preenchidas duascondigées: se a norma declarada inconstitucional
ou ilegal queesteve na base dadecisao transitada em
julgado respeitar
a matéria penal, disciplinar ou deilicitode mera ordenagio social; se
essa mesma norma tiver um contetido menos favorivel ao autor doacto
doquea norma posterior queregule amesma matéria (art. 282°, n23
2. parte, CRP). regime disposto
O mesmo consta do no art. 76, n. 3,
CPTA quanto adeclaragio deilegalidade deregras administrativas pelos
tribunais administrativos.
Pode assim concluir-se que,na ordemjuridica portuguesa, o caso jul-

gado, em regra, nao podeatingido


ser por uma LN de caracter retroactivo.
Seadeclaragio deinconstitucionalidade ou deilegalidade deuma norma
naopode afectar, salvonuma situacio excepcional, 0 caso julgado, entio
haqueconcluir, com base num argumento deanalogia, queo legislador
também nio pode atribuira uma LN uma retroactividade queatinja esse
mesmo caso julgado. Eeste,porisso, o limite geral & retroactividade no
ordenamento juridico portugués: todos os actos t
€odos os efeitos podem
ser atingidos pela retroactividade daLN,com excepgio daqueles queeste-
jamdefinidos em deciséo com valor decaso julgado.
Exceptua-se, hipétese
no entanto, a em quea LN respeite a maté-
ria sancionatéria ¢seja decontetido maisfavoravel ao autor doacto ili
semprepossivel
cito: é produzir uma LN retroactivaem matéria penal,
disciplinar ou deilicitode mera ordenagio social, se essa LN formais,
favoravel doquea LA. Estapossibilidade é,
no entanto, redundante,
atendendo ao disposto no art. 2.2, n.24 2 parte, CP:se a lei posterior
formaisfavorivel ao agente e se este jativersidocondenado, cessam a
execucio e os seus efeitos
trar cumprida atinja
penais logo
o limitemaximodapena
quea partedapenaquese encon-
prevista na leiposterior.
Assim, mesmo que a LN mais favoravel ao agente tenhaeficicia
n ao
retroactiva, ela nao deixa de se aplicar is condenagées anteriores &sua
entrada
em vigor.

23
APLICAGAO
DA LEINO TEMPO

©)
Doafirmado
siveis
0s seguintes
resulta
graus
que,na ordemjuridica
deretroactividade:
portuguesa, so
admis-

~Aretroactividade
duzidos
ordiniriaé
antes daentrada
n2 12 parte,
art, 128,
a querespeita
em vigor j
todosos efeitospro-
daLN;encontra-se prevista
no
CC;
agravada
=A retroactividade é determinados
a querespeita efeitos
produzidos antes davigénciadaLN,mas queatinge outros efeitos
igualmente j produzidos antes desse
momento; encontra-se consa-
grada no art. 13%,
=Aretroactividade
1,
n.° C C;
¢
a ques6respeita0 caso julgado
quase-extrema
obtidoantes davigéncia daLN;esta retroactividadeé,em regra, a
mais fortequeé admissivel
no ordenamentojuridicoportugués.
~

Aretroactividade
anterior 4
vigéncia
s6sendo
é
extrema a quenem sequer

admissivelem matéria
o
respeita
daLN;esta retroactividade
caso julgado
tem cardcter
sancionatéria
excepcio-
e se a LN formais
nal,
favordvel
a0 agente.

Osdiferentes podem
grausderetroactividade ser visualizados
no
seguinte
esquema:

escosiade Betts abrangdos

Reeroactidade
uaseetrema
abrangidos Efeitos Efeitos
ressalvados

—— Bfeitos
abrangidos Bfeitos
ressalvados

ewossade fetosressalvados

4. RetroconexiodaLN
4.1. Generalidades
A retroconexiodecorre dopreenchimento daprevisio
daLN com factos
passados ou efeitosproduzidos.
jé A retroconexaonaoconduzanenhuma
alteragao dopasado, dopresente
mas &defini¢ao defactos
em fungao ou
efeitos dopasado, Porexemplo:
suponha-se que a LN passa
a estabele-
cer a transmissiodoarrendamento hamaisdeum ano, em
a quem viva,

ae
15" DIREETOTRANSITORIO
FORMAL

economiacomum com o falecido (cf.


arrendatitio n? 1,al.b),
art. 11063,
CC); dadoqueesta leié
d eaplicagio
imediataa os arrendamentosem
curso (art. CC),
12, n°2 22parte, verifica-se
uma de
situagdo retroco-
nexio quando jase encontrar completado
esseprazo quando
aquela
LN
entrou em vigor’,
4.2.Modalidades daretroconexio
A etroconexio pode ser totalou parcial.A retroconexioé totalquando 0
factoou 0 efeitoqueserve deprevisio daLN jé se verificoutotalmenteno
passado, Porexemplo: (i)aLN encurta 0 prazodaseparagio defactoque
permite requerer
a aplicagéo
o divércio
daLN a um prazo
de seispara um ano (f. 1781,al.a),
art.
quejase encontra preenchido
CC);
no momento
doiniciodasua vigéncia implicaa retroconexao t otal dessaLN; (ii)
uma
fundacio prémio
instituium para os estudantes de Direito quetenham
obtidouma determinada classificagio
nos doisanos lectivos anteriores;
nestaparte,o regulamento
doprémio
constitui uma hipétese deretro
conexiototal.
parcial
A retroconexioé quando daLN
a previsio
englobaquerfactos
queocorreram ou efeitosquese produziram daLA,querfactos,
na vigéncia
ou efeitos
quese verificaram daLN.Porexemplo:
na vigéncia (i)aconduta
quedesencadeou o danona satidedolesado foipraticada
durante a vigéncia
daLA,mas estedanosé se revelou daLN;aaplicagio
na vigéncia destaLN
20 direito
dereparagio dolesado implicauma retroconexioparcialdaquela
LN;(fi)oacidente detrabalho daLA,mas o direito
ocorreu na vigéncia
pensio nasceu na vigénciadaLN;a remigéo dessapensio éreguladapela
LN",o quepressupde uma retroconexio parcial destalei.

4.3. Limitesdaretroconexio

&¢
Aretroconexaodistinta mas alguns
daretroactividade, limitesdesta
sio
extensiveisretroconexao.Assim, porexemplo:
a proibigaodaaplicagio
retroactiva dalei penal(cf.art. 29,n.24,CRP) implicaigualmentea

impossibilidade
penais de
uma oLNextrair, para futuro,
deuma condutaqueera licitaquando
quaisquerconsequéncias
foipraticada;a proibigio
daretroactividade dasleisrestritivas
dedireitos,
liberdadese garantias

*
CERC8/4/2008,
C}2008/2,
34;ST}
22/4/2004,
CVS2004/2,
45.
RP27/11/2000,
C}2000/5,
248.

2s
APLICAGAO
DA LEINO TEMPO

(Cf.
art. 18, 3,CRP)
n2
determina a impossibilidade
deuma LN retirar
quaisquer consequéncias
doexercicio l icito
deum direitoou dogozo
legitimode uma liberdade
ou garantia;a necessidade
de a leiretroactiva
respeitar julgado
o caso (cf.
art, 282, 3,
n.’ CRP)impedequeuma LN0
ignoreparao futuro.
44, Consagragio daretroconexio
Aretroconexioconduz.
conexiototal,a LN¢
mente passados;
aplicagao
aplicada
imediata daLN.Emconcreto,
imediatamente
na retroconexioparcial,
a factos
na retro-
ou a efeitostotal-
a LNéimediatamente aplicada,
a factos ou a efeitos a factos ou a efeitos
em
parte, passados
e, em parte,
presentes.
Dadoquea retroconexiopressupde
semprea aplicagao
imediatadaLN
factos
a certos ou efeitos
(que,
pelo
menos em japertencempas-
parte, ao
quando
sado a LN entra em vigor),
hé
queconsiderar
queelase encontra
consagrada no art. 12!,n.11 parte,CC.

V. Critériosupletivoespecial
1. Generalidades
art, 297?CCestabelece especial
uma regra sucessiodeleissobre
paraa
prazos.O regime ~

daentrada
aplicavel
legalque,note-se,s6é
da
aos prazos queeste-
jam em curso no momento em vigor LN varia
-

consoante
a LN estabelegaum prazomaiscurto ou maislongo.

2. Aplicagio doregime
2.1. Diminuigio
doprazo
SeaLN estabelecer maiscurto doquea LA,a LN ¢
um prazo imediata-
mente aplicavel quejf estiveremem curso, mas 0 prazos6se
aos prazos
conta

a LA
apartir
daentrada
tempo
‘menos para
em
o prazo
estabelecia
se
um prazo
daLN,andoser que,segundo
vigor
completar (art.297°,
falte
a LA,
n2 1,C C).
Porexemph
decincoanos e a LN defineum prazo dedois
anos;nestasituagao so possiveis as seguintes hipéteses:
())quandoa LN
entra em vigor faltamtrés anos parase completar o prazodecincoanos
estabelecido pela LA: 0 prazo passa dedoisanos fixado
a ser o prazo pela
asé
LN, m as ele se conta a partir doinicio de desta
vigéncia LN;(ii)quando
a LN inicia sua vigéncia faltaum ano para se completar
o prazodecinco
anos determinado pela LA: como o tempo falta
que (um ano) é
menor

236
15" DIREETOTRANSITORIO
FORMAL

doqueo prazofixadopela LN (doisanos),


o prazo completa-sequando
decorrer um ano.
Esteregime
necessidade
traduz-senuma sobrevigéncia
é
daLA e justificado
deevitar queum encurtamento doprazose viesse
pela
a tradu-
num aumento desse
zir, afinal, mesmo prazo. Suponha-se, porexemplo,
que a LN baixao de trés
prazo paraum ano e que,no momento em que
elaentra em vigor, faltamsomente seismeses paracompletar 0 prazo
definido pelaLA;se fosseaplicado, definido
semmais,0 prazo pela LN,
0 interessado,em vez deesperar apenas seismeses,teria de aguardar
aindaum ano.
2.2.Aumentodoprazo
Sea LN fixarum prazo maislongo doqueaquele pela
queera definido
LA, a LN éimediatamenteaplicavel
aos prazos curso, mas computar-
em
-se-dnelestodoo tempo
n2 2,CC).Estasolugio
lecida
decorrido
desde
momento
o seu
inicial
c om a aplicagio
coincide
CC.Porexemplo:
11.*parte,
no art. 122,n.°
imediata
(art.
2972,
daLN estabe-
a LA definia
um prazo
um prazodedezanos; suponha-se
decincoanos ¢a LN estabelece que,
quando a LNiniciouasua vigéncia,tinhamdecorrido
jé anos doprazo;
trés
©prazocompleta-seao fimdesete anos.

3. Campo deaplicagao
3.1.Extensio
n2 3,CCdetermina
O art. 2972, relativas
queas regras &sucessiodeleis
sobre so igualmente
prazos aplicéveis,
na medida dopossivel,
aos prazos
fixados
pelos
tribunais
ou porqualquer
outra autoridade.

3.2. Restrigao

a
verificar
a)Importa
todosos prazos o
se disposto
quesejam fixadosporuma LN.A resposta¢
n2 1 e 2,CC aplicavel
no art. 297%,
é
negativa,
porvariosmotivos. Antesdomais, n 1 2,CCnaoé
0 art. 2972,
aplicé-
velquando tenham
os prazos sidodefinidospelaspartes ou quando estas
naotenham estipulado
quaisquer prazose tenham legais
aceiteos prazos
supletivos(cf,,
porexemplo,art, 4532, CC).
929%,n.°1,
n.?1,¢ Nestahips-
n
tese, adajustifica
as estipulagdes
quese afastea
vale,
solugdo que
dadoqueo contetido
negociais:
em termos
dassituages
gerais,
para
decorrentes
denegécios juridicos
naoabstrai dorespectivo
nao
tituloconstitutivo,lhe

27
APLICAGAO
DA LEINO TEMPO

aplicavel
€ o disposto CC,pelo
n 2 2.!parte,
no art. 122, que,quanto a
contetido,
se verifica
a sobrevigéncia
da LA.
&aplicagao
b)Relativamente doregimeestabelecido
no art. 2972CC
0s legais
prazos
ha
partes que
-,
~

&,
considerar
duas
definidos
isto aos prazos
Se
pela
a LN
leie indisponiveis
pelas
situagoes. aumentar o prazoque
a0 consagrar
uma da
LA,
consta aplica-se
sempreodisposto
hipétese
no art. 297,n.°2,
deretroconexio
alias,
CC,que,
parcial,coincide com a regra
da aplicagao daLN quese encontra estabelecida
imediata no art, 12,
nol 12parte, CC.
Emcontrapartida, se a LNencurtar 0 prazo queestadeterminado pela
LA,importa distinguirduas hipdteses. Se a
aplicagio imediata doprazo
maiscurto criar um desequilibrio entre as partes, no sentido dequeuma
delasÃbeneficiada
© em detrimento daoutra,o disposto no art. 2972, n2 1,
CCacautela suficientemente os interessesdetodas as partes. Porexem-
plo: i) odecurso doprazo deusucapiao faculta ao possuidor dodireitode
propriedade ou de um outro direito real d e gozo aquisicao
a destedi
(art. CC);aplicagio
12872 a imediata de um prazo mais curto deusuca-
pido traduz-senum prejuizo efectivo do(ainda) proprietario ou titulardo
direitoreal, pelo quehaqueaplicar o art. 2978, n 1,CC; (ii)0 decurso
doprazo deprescrig4o torna a obrigagao inexigivel (art. 304,n? 1,C C);
a aplicacio imediata deum prazo mais curto traduz-se n um prejuizo efec-
tivo docredor, pelo que também deve s er aplicado297%,1,CC.
o art. n.
Noentanto,se a aplicacio imediatadoprazomaiscurto naooriginar
nenhumdesequilibrio entre as partes, nomeadamente porque qualquer
disposto¢
delas pode beneficiar desse mesmo prazo, a solucao a aplicagio imediata
daLN deacordo c omo no art. 12.,n? 1 1.parte, CC, havendo
nao
qualquer necessidade de aplicar o art. 2978, n2 1, C C.Por exemplo: aLN
encurta o prazodeseparagio defactoqueé necessaria pararequerer 0
divércio (¢f.
art. 17814, al.a)e b),CC) ou a converstodaseparagio em
divércio (¢f.
art. 1795!-D, n? 1,C C); como qualquer doscénjuges pode
requerer o divércio ou a conversiodaseparacio em divércio, amera apli-

cacao imediata
nenhum
naoprejudica
daLN segundo
deles!'. 0 disposto no art. 12.%,n.2 1 1.!parte, CC

©
CEST]
3/5/2000,
497,
BMJ 369
=CJ/S
rentemente,RL-4/11/1999,
BMJ 38;
2000/2,ST]
491,316. CYSdife-
5/7/2001,2001/2, 164;

28
Parte
Il
Elementos
demetodologia
dodireito
Titulo
|
Inferéncia juridica
daregra
§
16.2
LINGUAGEM
EDIREITO'
I. Generalidades
1.
Regrase
linguagem
Odireitoé
construido
porfontes
quese exprimem deenunciados
através
pelo
linguisticos,
dadoque“um
que naohédireito
sem
porprincipio,
sujeito,
linguagem
pode
sé realizar
fora
os actos ¢
dalinguagem:
cuja
inten-
gioelepode “as
fronteiras
descrever―, sao[..]
daaccao pelas
definidas
fronteiras
dalingua―, também
A linguagem marca a fronteira
dodever
sere dodireito’.

*
Umaversio anterior deste parigrafo
foi publicada
nos Estudosem Honta doProfessor
DoutorJosé I (Coimbra
deOliveiraAscensio 2008),
267ss
2 Hanenatas, Zur LogikderSozialwissenschafien (Frankfurt
am Main
1982),
180;
cf.KaUEMANS, RechtundSprache, i t Kaurwanw, Beitrige
2ur Jurstischen
Hermencutik
(Kéln/Berlin/Bonn/Minchen 1984), 102 ss; KAUFMANN, UberSprachlichkeit
und
Begriflchkeitdes
Rechts, Uber
i nKavemanw, Gerechtigkeit
(Koln/Berlin/Bonn/Manchen
1993),
174s
» a
f,
Sobre materia,aindacom
richterlichen
mena zu einer Hermeneutik
ef.Kocx,Sprachphilosophische
actual,
(Saale)
Grundlagen
Forstitore,
muito interesse,
(Halle 1940),
RechtSprache/Prolego-
und
1 8 5 paraum a perspectiva
derjuristischenMethodenlehre,i
Aurxy/Kocn/KurtLa/ROeManw(Eds), einerjuristischen
Elemente Begeindangslehre
(Baden-Baden2003), Juristische
128ss; Busse, Semantik/Grundfragen
derjuristischen
Interpretationstheorie (Berlin
Sicht?
in sprachwissenschaftlicher 2010),
18 AGUIAR &
ss;

Su.va, daJustiga/Repercussbes
Paraum a TeoriaHermendutica jusliterias
no EixoProble-
Juidieas
dasFontesedaInterpretagio
miético (Coimbra
2011),
335s.

aa
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

A linguagem da
2. Dimensdes linguagem
possuiuma dimensio extensional, ou classifica-
conceptual
toria¢uma dimensio intensional, tipoldgicaou ordenatéria’.
Es
dade parte distingio
da entre a extensio ¢
a intensio’,
A extensio deum conceito é determinada pela
realidadeextralin-
guisticaque
a elese refere, isto pela
é, sua referéncia,
A intensio de
informativo.¢
um conceito o seu sentido,
Compreender
é
ou seja, 0 queeleexprime
um conceito ésempre
ou o seu valor
compreender a sua
intensio; segundo a tese da
prioridadesemantica, s6apds ter compre~
endidoa intensiodeum conceitoé possiveldeterminar a sua referén-
a realidade a queelese refere'.
Porexemplo:
cia,isto é, compreender 0
conceito implica
de“mesa― compreenderque se trata deum mével
com
determinadas s6depois
caracteristicas; deter compreendido o sentido
doconceito de“mesa―pode determinar-se a queespécieele
demével
se refere.

Il, Dualidadedalinguagem
1. Generalidades
Noplano dalinguagem
a verificagio
nelautilizados
queos conceitos mais
juridica,importante doquea confirmagio de
uma extensio ¢uma intensio é
possuem
dequeo legislador
podeexprimir-se
tanto numa dimensio

+
Kaurmans, Filosofia
do Direito ¢,
170;ef também Die Geschichtlichkeit
KAUFMANN,
i m LichtederHermeneutik,
desRechts FSKarlEngisch(Frankfurt
am Main 1969),353s
KAUFMANN,
desRechts, 106;
RechtundSprache, KAUFMANN,
178;cf.aindaHemret/Orrenstermer,
UberSprachlichkeit
undBegrifflichkeit
DerTypusbegriff
i m Lichtederneuen

Logik/Wissenschaftstheoretische
Untersuchungenzur
Konstruktionsforschung
und
Paychologie
im
(Leiden
Rechtsdenken,
1936), 10ss.¢-44s;Rapanvcu,
Revue internationale
DerHandlungsbegriff
delathéorie
i n seiner Bedeutung
und
Klassenbegriffe
dudroit 12(1938),
fir dasStrafrechtssystem
Ordnungsbegriffe
46..=Ravaxven,
(Ed.KAUFMANN)
(Darmstadt
1967), ¢
167 s;critico
perante
o sentidodarecepgio porRADPRUCH dadistingso
porHewre Orrenttein,
proposta ef.Kuen, Typuskonzeption i n derRechtstheorie
(Berlin
1977),57
ss; KuMLEN, Die DenkformdesTypus unddiejuristische Methodenlehre,
inKocu(Ed) Juristische
Methodenlehte undanalytische
Philosophie(Kronberg/Ts. 1976),
62s,
*
Meaning
Gf. Carwar, andNecessity/A
Study andModalLogic
i n Semantics (1947)
(Chicago/London
1988),
1245s.
*
Cf,porexemplo,
Derst,GrundkursPhilosophie
III/Philosophie
desGeistes
undder
Sprache(Stuttgart
2007),
87.

302
§
F
16" LINGUAGEM DIRELTO

conceptual classificatéria, dimensiotipolégica


ou como numa ou orde-
natéria’, pode
Maisem concreto, afirmar-se
quea dimensio
classificat6-
ria tem expressio juridicos
nos conceitos e quea dimensio
ordenatéria
sereflecte
nos legais.
tipos
Nomundododireito, defesa
Benritam(1748-1832)
significativo,
dedefinir0 método
a afirma o
deuma linguagem
que“em
etdfferentiam,
tem um antecedente
tipoldgica
muitoscasos,método
como os ligicos
comum
Ihechamamnfo res-
~

per
genus
=

ponderidemodoalgum ao propésito―,
dadoque“entre termos abstractosrapida-
mente chegaremosAqueles quenio tém genus―®,
superior Para esta dificul-
suplantar
dade,
BENTHAM propde 0 recurso A“parifrase―
(paraphrasis):"*pode
dizer-se
queuma
palavra
é
explicada de
através uma pardfrase
quando naoéapenas aquelapalayraque
&traduzida
‘uma
em outras palavras,

¢palavras,
partetraduzida
masquando
frase
uma
Narealidade,
numa outra frase―.
completa
a parstrase
daqualelaconstitui
consistee m des-

(1907-1992)é
crever, poroutras a referéncia
doque definido.
Pelocontrério, Haxr utilizaum métodoextensional
dedefinigio,
baseno pressuposto
‘com que,aliés,
~
no dominio dafilosofiadalinguagem,
s6mais
tarde viriaa ser proposto
significado
porDavinson(1917-2003)"*
deuma expressto juridica,
é
-

recorrer is condigdes
necessério 0
deque,paradeterminar
em quea
mesmaé
digdes
verdadeira'',
dasua verdade,
ou seja,
Assim, o
de que significado
dessa
paradefinira expressio expressio
depende
"X tem um direito
elaéverdadeira:
dascon-
subjectivo
de
(egal right)―,
Haneespecifica ascondighes nasquais a existéncia
tumsistema
€no
qual
juridico
no qual
esta obrigacio
porX),detalmodo
Yesteja

que¥s 6 esteja
obrigado
deY decorra daescolha
vinculado
a
realizar
ou a omitir uma certa accio
deX (ou
a realizar
dealguém autorizado
ou a omitir uma acgio s eX
(ow porele)
alguém assimescother ou atéXescolheroutra coisa'?,Portanto,em vez
deprocurar dodireitosubjectivo,
enunciaras caracteristicas Hakr prefere indicara
realidade
a queeleserefere.

* categoria
Diferentemente,
lei é e
FSKarl
Engisch,
KAUFMANN,
tipoldgica
queelas6se torna ordenatdria
ou
269 s,,afirmando
linguagem quea
através
da“decisio
da
juridica
©

AFragment
Bewritan,
A Meaning
BenTHAM,
°

©
Fragment
CEDavinsox, Truthand
(Ed.
BuRNs/Hant)
(London
ofGovernment
ofGovernment,
(1967),
1988),
108 n.p
Inquiries
i n Davipsox,
108n.p.

into TruthandMea-
(Oxford
ning 1984), 17ss,
1

and
Philosophy
(Oxford
1983),
Jurisprudence,
nition i n
Jurisprudence
Harr,DefinitionandTheory

Quart.(1969),
Phil.
(1953), Essays
in
in
Jurisprudence
31s s sparaa apreciagio
19 3435
i n Har,
desta cf,HACKER,
orientagio, Defi-
12 Haxr,Definition andTheory, 38

303
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

determinados
2. Conceitos
2.1,Nogio
Osconceitos determinados
(oudescritivos) so conceitos
quepossuem
uma extensio determinada.
Porexemplo: depessoa
os conceitos ou de
livroso conceitos
determinados,
porque nao hanadaquepossa qua-
ser
lificado
como “mais
ou
menos pessoa―
conceitosdeterminados
pertencema uma
hardmenos
ou como “mais
ou
language,
livro―.
porque  ¢
Os
sempre
possiveldistinguir queelase refere
a qué ea quéqueelanaose refere"’
2.2, Modalidades
Osconceitos determinadospodemser normativos ou
empiticos.
Osconcei-
tos normativos deuma ordem
sto préprios normativa (e,
nomeadamente,
daordem juridica).
Elesenglobam,
antes domais,conceitos ques6sig
ficam algono ambitod euma ordemnormativa: ¢0 porexemplo,
caso, do
conceito deacto juridico, factojuridico,
divércio, invalidade, ineficécia,
negéciojuridico, personalidade juridica,
pessoa colectivaou resolugao do
contrato. Nosconceitos determinadosnormativos cabem também aqueles
quetém u ma acepgio extrajuridica,
mas que,parao direito, podem
sé ser
considerados no seu sentido juridico:é
0 quesucede com os conceitos de
documento (¢f. CC),
art. 362.° domicilio(cf. art. 82°,n.°1,C C),
ilicitude
Gf.art.4832,n21, CCart. 172,n2 1,CP),lei Cf, art. 112.4,n2
».g, 1,CRP),
menor (cf. CC),
art, 121.― obrigagao(f.art. 397° CC), pena(ef.art. 40°,
n2 1,CP), prova(¢f. CO),
art. 341.2 sinal(cf.art. 4422, n? 1,CC) e tribu-
nalCf,v.g,art. 1104, n2 1,e 2028,n2 1,CRP).
Osconceitosdeterminados empiricossio conceitospréprios deuma
naonormativa.E0 caso deconceitosc omo aguas
realidade (cf. 13852
art.
barrotes
CO), (fart. 1 373%,n? CC), (ef,
1, dano ».g, CC),
art. 562.° doenga
(cf.
contagiosa
gado lanigero
(cf. n
art. 2832, 1,CP),
art. 11272 CC),
enxame deabelhas
homicidio
(cf.
art. 1322.°CC),
art. 131 CP),
(ef,v.g, janela
(cfart. 13722CC),
morte (cf,
».g,art. 68.%,n2
1,e 20258,n."1,C C),
muro
(cf.art, 13722
a 13752CC),nascimento(cf. art. 662,n 1,CC),tesouro
(Cf.
art. 1324.2CC) (ef.
e veiculo art. $03!e 506 CC).

©
CEWroatewski,Legal andLegal
Language
andDoubt:Understanding
Watewskr, Transparency 4 in
LPh(1985),
Interpretation, 241;Dascat/
andInterpretation
Pragmatics
and
Law,
(1988),
in
217,
LPh7

aoe
F
§16" LINGUAGEM DIRELTO

3. Conceitosindeterminados
3.1. Nogao
Os
conceitos
indeterminados
conceitos
vagos'*.
conceitos
Os
deextensio variivel,
so conceitos

indeterminadosquanto
comportam, ao
ou seja,

e zona
sio

seu significado,
umniicleo um haloou um iluminada
e uma zona
de niicleode
penumbra'®:significado
“um rodeado
certo ¢ porum halode
significado gradualmente―®,
quese dissipa Osconceitos indeterminados
so prépriosdeuma fuzzy language,
isto6,deuma linguagem na qual,
em
© a qué
certos casos,Ãclaro queelase refere naoé
e, noutros, claro
a
qué
queelanaose refere"―.
3.2.Preenchimento
Oconceitoindeterminado estapreenchidonao quando
sé a situagao
con-
creta se incluano seu niicleo,mas tambémquandosituagio
essa ainda
possa ser inclufdano haloou na penumbra desse conceito.Sendo assim,
©juizo s obre
resultados:
u m conceito indeterminado pode conduzir a um detrés

~O conceitoindeterminado
situagio
a conduta
concreta se ¢
integrano micleo
ou violaclaramente
do
aplicavel,
indiscutivelmente
conceito;
a boafé
porque
porexemplo:
a

respeita ou é notoriamente
grave;
~Oconceito indeterminadoé
manifestamente naoaplicvel,
porquea
situagao
concreta esté além
para doquepodeabrangido
ser pelo
seu
porexemplo:
halo; o comportamento do trabalhador
foi irrepreen-
pelo
sivel, quenaoIhepode ser imputadanenhumaviolagaogravee
culposadosseus deveresprofissionais;
CEWank,Die juristische (Minchen
Begriffsbildung 1985),
44;HERBERGER/SIMON,
fir Juristen
Wissenschaftstheorie (Frankfurt
am Main 1980),
287;referindo-se
a um a
intensionale
Vagheit,
cf. SrecMUtteR, Das unddieIdee
Wahrheitsproblem derSemantik
(Wien1957),
316.
'S
CE.Heck,Gesetzesauslegung AcP 112 (1914),
undInteressenjurisprudenz, 46
Gistinguindo
entre um Vorstellungskern
e um Vorstllungshof)
173(@iferenciando
entre um
Bedeutungskern
e um Bedeutungshof).
AcP112(1914),
Heck, Teleological
173;Exe16r, of Statutes,
Construction Se.StL.2
82,falade “inner
(1958), andouterword-limits―, andtheSeparation
Hane,Positivism of Law
and
© Morals,
71(198),
Harv,L,Rev.
LPh4 (1985),
CEWromuewskt,
refere-se “problems
607, aos
ofthe
penumbra
LPh7 (1988),
241s Dascat/WR6BLEWSKi,
5 218,

0s
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

O
conceitoé
claramente
indeterminado
nao aplicavel,
creta ndocabeno niicleo
nao nem manifestamente
porque, sendo
doconceito,
c erto
a
que
aplicavel,
si
nem

no éno entanto certo queela


ser abrangida a alteragiodas
no possa pelo porexemplo:
seu halo;
circunstinciasqueocorreu depois daconclusio do contrato nao é
manifestamente inesperada,mas tambémnao podeser considerada
previsivel'
completamente
Oscasos maisdificeissio como se intui imediatamente
~ ~

aqueles em
do
que situagao exigeintérprete
a concreta a determinagio deuma fron-
entre 0 queainda abrangido
é pelohalodoconceito indeterminado
¢aquilo quejaestaparaalém dessehalo,O quetorna os conceitos inde-
terminados probleméticos
é
a circunstinciad eeles poderem ser concre-
tizados em diferentesmedidas e de,
portanto, a fronteira
ser fluida entre
0 seupreenchimentoe 0 seu naopreenchimento.

3.3, Exemplificagio
Saoimimerosos conceitosindeterminados, podendo a indeterminagio
resultar
danecessidadederealizar devaloragao
um juizo ou deprognose.
Saoexemplos
além
de
conceitos
indeterminados
deoutros,os seguintes:
quecarecem deuma valoragio,
abusodireito(cf.art. 334°
CC),alteragio
anormaldascircunstancias(cf. 4372, 1,CC),
art. n.° (cf,,».g,
boafé art. 32,
n21,2272,n2
CC), bons
2186."CC),
1,3342,
costumes
7628,
(cf. 2802,
art.
n2 1,12602,1,13404,n2
n2

n? 2,2828, ¢
1, 1648%,n2
n2 1,3342, 3402,
1,
n2 2,€
condugo com seguranga (art.
11.!,n.°1,CEst), critériosde
racionalidadeempresarial (cf. 72.2, CSC),
art. 2,
n°
diligéncia
dobom pai
defamilia(¢f.art.4872,
véncia
e
n.2,CC),
criteriosoordenado
diligéncia
(art.592, n21,CIRE),de
um de
administrador
elevados padries
dainsol-
dili-
profissional
_géncia (¢f.
art. 64.2,
n2, CSC),gravidade culposa
daconduta
dotrabalhador (cf.
art. 396.n 1,CT), justacausa (ef.art. 461,n2 1,â ‚¬
11702,n22, justacausa dedespedimento
CC), art. 532
(¢f. CRP; art. 396,
1n21,CT), motivoou caso deforga maior(ef.
art. 321."¢1072.4,n22, al.a),
CC),questéesdeparticular importdncia (cf.
art. 1901!,n22, CC), regular
'S

(Bd),
deKoch,Derunbestimmte
Na expressio
Juristische
Methodenlehre Philosophie
undanalytische
de“candidatos
trata-se,espectivamente, positivos,
im
Rechtsbegriff
Verwaltungsrecht,
(Kronberg/Ts.
1976),
Kocit
205,
e neutros―.
negativos
in

306
§16" LINGUAGEM
F DIRELTO

funcionamento dasinstituigdes democraticas (ef.art. 195., n. 2,CRP),


rupturadefinitivado casamento (art, 17812,d),C C),
al. tempo estrita-
mente necessario(art.62., 2, b), CEst),
n al. tempo (art. CC)
itil 1162.°
utilizagéo
imprudente (ef.
art. 1135Â¥,al.d), CC).
Constituem exemplo deconceitos indeterminados queassentamnum
de
juizo prognose, entre outros, os seguintes: domenor (cf.
interesse art.
1905.,n.*1€2),
interesse dosfilhos (ecf. interesseda perigos
art. 1878, n 1,CC),
dadedoagente (cf.
art. 40.n.3,CP) superior (cf.
crianga
art, 1,CC).
1974,n.°
3.4. Concretizagio
s6podem
indeterminados
Osconceitos ser compreendidos
e aplicados
através pela
deuma concretizagioqualajuuiza
se o queneles
à integravel
©
€
o quedelesest excluido―, a titulodeexemplo,
Considere-se, 0 con-
deviolagio
ceitoindeterminado dosbonscostumes (cf,».g,art. 280,
n2 2,CC);como a violagao
dosbonscostumes é
um conceito com uma
extensio daidecorre
indeterminada, quea cleso subsumiveis
condutas
e
distintasmerecedoras
consideradas
como violando
os bons
valoracées.
dediferentes Porexemplo: devem
costumesquera actividade
ser
decor-
rupgao(activa
ou passiva), (heterossexual
deprostituicéo
querapritica ou
homossexual),
querainda
aindaquecadauma destas
a
condutas
dealguém
contratacao
represente
paraassassinar
um grau
outrem,
diferente
devio-
aco dosbonscostumes―.

legais
4, Tipos
4.1. Nogio
Apalavra
“tipo―
designa ou uma entelequia
um arquétipo ou algo
depara-
deexemplar
digmitico, ou demodelar*'.

©
Sobre os parimetros dessa ef,por exemplo,
coneretizagio, Standards
TeUBNER, und

und
Grenzen
der
(Frankfurt
Ditektiveni n Generalklauseln
ByDLINsKs,
Generalklausl,
Priziserungaktueller Méglichke
am Main 1971),
115;
in BEHRENDS/D1eseLHorst/DREIER

(Eds)
Rechessogmatik
Wieacker
realizam
undpraktische
(Gattingen
1990),
u ma “fungSo
Vernungt/Symposion von
2u m 80.Geburtstag
198s, defendendo
a discutivel
Franz
tesedequeas eléusulas
(Verweisungsfimktion)
deremissio―
gerais
paraa diserictonariedade
dojuz
©

Sobrea evoluglo
® ENGISCH,
Introdugio
Leturascomplementares: ®,
5406-413.
Metodologia
208-214;
LAREN7,
Zur Logik
do conceito detipo,ef. Kemrsks, derOrdnungsbegriff
den Stud.20853
besondersinSoziahwissenschaften,
(1952), sobre
Gen.5
de
tipo,
adefinigio
a7
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

4.2. Classificagao
Podedistinguir-se entre um tipomédio ¢um tipoconstitutivo™.Otipo
médio (Durchschnittstypus)ou tipo frequéncia
d e (Hiujigkeitstypus)
descreve
6 que se verifica com maiorfrequéncia, 0 que acontece normalmente ou

que &mais comum ou usual; éneste sentido que se porexemplo,


fala, de
alunomédio, detemperatura médiaou deusos tipicosdocomércio.O tipo
detotalidade ou constitutivo (Ganzheits- oderGestalttypus)
descreve uma
realidade de acordo com os seustragos os seuselementos
caracteristicos,
essenciaisou as suas notas distintivas; nestesentido
é quese falade
culinériaportuguesa, deuma casatipica deuma regio ou deum automé-
veltipo todo-o-terreno e, na linguagem juridica,deum tipo contratual,
deum tipoderegime debensdocasamentoou detipos desociedades
omerciais. Jas e exprimiu com felicidade estesentido dotipoao dizerque
pico querepresentageral singular―™,
Âo¢ um num caso o tipo
ou seja, &
o quehadegeral em cada caso,factoou situagao singular.
IIL, Redugio
tipolégica
1. Classificagao
vs. ordenagio
Utilizandoa distingaoentre a linguagem classificatéria
e ordenatéria,
a
diferenciacao
entre o conceito ¢o tipo(constitutive)
pode ser tracada
da
forma: 0 conceitotem uma fungio classificatéria, queele
seguinte pois
procuradistinguir realidades;o tipotem uma fungao ordenatéria,
pois
queelevisaordenar realidades deacordo com as suas caracteristicas
ou

qualidades*.
of Srracitr,
por esta

DasDenkeni n
raz4oque pode que tipo
se afirmar
Standards/Zugleich
ein
o

zur
é
“fluido―
e

BeitragTypologik (Berlin 1968),


19ss; LEENEN, Typus undRechtsfindung/Die Bedeutung dertypologischenMethodefiir
dieRechtsfindung dargestellt
am Vertragsrecht desBGB(Berlin 1971),25s.
®
BnoiscH,
(Heidelberg
distingue
DieMeederKonkretisierung
1953),
entre o tipomédio(que
in
237 ss; Wee, Wirtschaft
Recht
construido
é
undRechtswissenschaft
undGesellschaft(Tibingen
n uma base
§

empiricae
unserer Zeit
1976),
estatistica)¢
10,
o tipo
idealo u puro(que Ãu©ma construgio queprocura optimizar algo
que,na sua formapurae
ideal,
raramentesurge na realidade).
®
Dittutey,Grundgedanken
(Leipzig/Berlin
Studie,
1931), ef
177;
meiner Philosophie,
também
FGHermannundMarieGlockner
Laren,
(Bonn
i n DittHeY,
Fall
~ ~

1966),
VIII
Gesammelte
Norm Typus/Eine
15l;sobre
Schriften
rechtslogische
a concepgio deLARENZ,
of Kunze, Typuskonzeptionen
beiKarlLarenz(Berlin
2%
Cf Zipre.ius,
1995),
i n derRechtstheorie,
84ss
DieVerwendung von Typen
i n Normen
Begriff
des
87 ss; Koxert, Der

undPrognosen,
Typus
FSKarlEngisch
am
(Frankfurt Main 1969),226s

08
§16" LINGUAGEM
F DIRELTO

queatravés“de
uma deslocagiodopeso, davariagio deum «elemento»,
cletransforma-se
num outro tipo―*,
que pode
se sustentar que“os
tipos
representam sempre ilustragesou manifestagdes de um conceito―
¢
que pode
se concluirque tipo pode
“um nao ser «definido»,
mas apenas
«dlescrito»――,
Distodecorre que,enquanto 0 conceito¢sempre (mais ou
menos) abstract,o tipo é
sempre (maisou menos) concreto.

2. Conceitovs. tipo
2.1. Generalidades
A diferenga acimatragada permite demarcar a distingioentre 0 conceito
co tipo atravésdosseguintes ()
aspectos: 0 conceito Ófechado―,
© no sen-
tidodequeo conceito exigea verificagiodetodos o s seus elementos cons-
titutivos;no conceito,tudo¢ (i)pelo
essencial; contrério,o tipo“vago―
à ©
ou “poroso―,
no sentidodequeo tipo preenchido
esté aindaqueos seus
elementos se verifiquem em diferentes
configurages ou ainda queesses
elementos se combinem com elementos ou mesmo com elemen-
acessérios
tos atipicos.
queé
Nummesmo tipo,
acessérioe algo
que¢
podeconjugar-se
atipico. algo algo
queéessencial,
Estetiltimoaspecto pode ser demonstradoatravésdealguns exemplos:
( um carro todo-o-terreno determinadas
possui tipicas
caracteristicas
(esenho, robustez, poténcia),
tem certas caracteristicasacessérias(cor,
pneu sobresselente colocado no exterior ow no interior)
e pode ter algu-
mas caracteristicas atipicas(aceleracéo rapida, mudangas automsticas);
no entanto,estascaracteristicas acessériasou atipicas
nao impedem que
o carro continue a ser classificado
como um carro todo-o-terreno; (ii)um
contrato decompra e vendaproduz certos efeitostipicos,enunciados no
art, 8792CC; todo0 negécio queproduza essesefeitoséum contrato de

compra e venda, aindaquea transmissiodapropriedade dacoisa tenha


uma finalidade fiduciéria,
a obrigagao de entregara coisas6 se venga trés
meses depois daconclusio do contrato ou o pagamento do pregoseja
®

Lanen7,
und Typologisches
Marie
Glockner,
in Recht
158; ARSP
34
Rechtsdenken,
aproximado,
em sentido
undRechtswissenschaft,
FG
(1940/41),20s;ef
LAREN, Hermann
DieIdeederKonkretisicrung
ENGISCH,
A Tipicidade
238s; OLIVEIRAASCENSAO, dosDireitos
(Lisboa
Reais 1968), 335s
®

AscENsio,
Ouiverna
Atipicos
Contratos
Tipicidade
(Coimbra
Analogie
KAUFMANN,
A
1995), cfBeitrag Typus
dosDireitosReais,40; também
41ss
Sache"/Zugleich
undNaturder ei n
ParspE Vasconcetos,

zur Lehrevom

2(Heidelberg
1982), 50.

309
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

realizado
cionada
em prestagdes
ao casamentodeuma daspartes. a
ou mesmo que eficacia fique
donegécio
condi

2.2. Prevaléncia
dotipo
a) Uma mesma linguistica
expressio pode servistacomo um conceito
Porexemplo:
€como um tipo. 0 conceito deautomével écompativel
com diferentes
tiposdeautoméveis
(comoos automéveis
depassagei-
decorrida
os automéveis
os camiées,
+05,0s autocarros, e os carros todo-
-o-terreno) desociedade
¢0 conceito comercial
podeconeretizar-se
em
diferentes
tiposdesociedades
comerciais (como
as sociedades
porquotas
eas anénimas).
sociedades
Seé
certo queuma pode
expressio
mesma ser considerada
como um
conceitoe como tipo,
um a verdade
élinguagem
quena quotidiana
o tipo
&muito maisrelevante Podemesmo afirmar-se,
doque0 conceito, com
seguranca, quea linguagem doquotidiano fundamentalmente
é uma lin-
_guagem
aulas
tipol6gica.
priticas,
Por exemplo:
tem-sepresente distingue
entre ¢
quandose
doisdiferentestiposdeaulas;
aulastedricas
quando se faz
uma apreciacao
deuma pessoa,
se encomenda
sobre
(fisicas,
a s qualidades
recorre-se aos elementos tipicos dessas
no restaurante um certo prato,
moraisou outras)
intelectuais,
qualidades;
utiliza-se
quando
0 conhecimento
se afirma
quese tem dorespectivo tipo;quando “Estum diadeverio!
recorre-se, paracomparacio, a um tipicodiadeverao; quando se diz que
¢f ora
algo vulgar, do
'b)Especificamente,
realiza-se uma comparacéo
no caso dalinguagem
com
¢
algo
cabe
juridica,
que tipico.
ao legislador
escolher
tipol6gica
entre uma dimensio
ou ordenatéria.Aescolha
conceptual
frequente
ou
e
classificatéria
uma dimensio
destadimensiotipoldgica
nao é
um acaso: assimsucede porque, mais doqueproceder delimitago
deconceitose a0 enunciado declassificagées,
o legislador
procuranor-
malmente fornecer 0 enquadramento decertas matérias
juridico e para
issonao é
necessario (nem alidsconveniente) ir alémdadescrigao
dos
elementostipicosdofactoou dasituacéo queintegra daregra
a previsio

juridica.
O legisladorlimita-sea recorrer 4 mesma dimensio tipoldgica
queéhabitualmente utilizadana linguagem doquotidiano™.

®
CfOavernaAscENsko,ATipicidade
deAnalise
Pragmatica
daLinguagem
dos
DireitosLiber
dasPosigies Um
34555].
Reais,
Juridicas
A.Vetoso, Esquema
Subjectivas,Amicorum
de
José
dee
SousaBrito(Coimbra
a
234s.,em referencia
2009), modelos juridicas
deposigbes

a0
§16" LINGUAGEM
F DIRELTO

Eporissoquea previsdo dasregras relativas a condutas ou ao exercicio


depoderes &,quase sempre, constituida portipos. Tome-se como exem-
plodisposto
o no art, 483., n? C C:
1, para determinar se a actuagio do
agente foidolosa
tipicamente culposa,
ou
dolosa
culposa,
o u
ilicita e
ilicitao éé
danosa,
e danosa;
ha
que que
0
saber
que exigido
se
ao
ela foi
intér-
prete, naoé queeleconstrua o conceitodedolo, deculpa, deilicitudee
dedano, mas queeleaverigite se esta preenchido o tipod e dolo, deculpa,
deilicitudee dedano.
O mesmo carictertipoldgico pode ser atribuido asdefinigdes legais,
porque elassaodescrigdes doselementos tipicos decertos conceitos, E0
quepodecomprovado seguintes
ser através d os exemplos: (i) 82%,
0 art.
n2 1,CCdefine o domicilio como o lugar daresidéncia habitual dapessoa;
esta definigao elege a residéncia habitual como elemento essencial para
descrever
definigao o domicilio,
(como,
habitual
abstraindo
porexemplo, pela a
dequaisquer
razao
outros elementos
qualpessoa
a fixou a
para
sua
n. 1,CCdefine
essa
resi-
déncia em determinado lugar); (ii)0 art. 2028,
como coisa tudoo quepode ser objecto derelagbes juridicas;esta defini-
gioescolhe a fungio caracteristica dascoisas no comércio juridico para
definircoisa; (jit)0 art. 362.2 CCdefine documento como qualquer objecto
elaborado poruma pessoa com o fimdereproduzir ou representar uma
pessoa, coisaou facto; esta definicao serve-se deuma finalidade essen-
cial(a dereproduzir uma pessoa, coisa ou facto) paradefinirdocumento;
(iv)o art.
daspartes
12072 C
se obriga
C define
em relagio
a
o
empreitadacontrato pelo
como
aoutraa realizar certa obra,
qual
mediante
uma
um
preco; esta definigao serve-se de uma finalidade caracteristica (a de cons-
trugiodeuma obra) paradescrever este tipo contratual――.
©) A prevaléncia dotipo sobre 0 conceito mostra-se, com particular
evidéncia, no ambito dosconceitosindeterminados. A indeterminagio
destes conceitos é uma indeterminagdo quanto aos casos queeles abran-
_gem, pelo queessesconceitossaoafinaltipos®. Omesmo pode ser ditodos
conceitos determinados quesi empregados numa dimensio tipolégica.
Porexemplo: perante a regra queestabelece quenenhumveiculopode
entrar num parque, ¢ indiscutivel quea regra abrange um automével, um

®

ATipicidade LAREN?,
*,300-312.
Leiturascomplementares: 655-664;
Metodologia
dosDireitosReais(Lisboa 1968),
21-37,
OLIVEIRAASCENSKo,

©
CE. Typuskonzeptionen
KuHILEN,
undRechtsfindung,
‘Typus 66ss, conchisio,
i n derRechtstheorie,
132s, 162;em LEENEN,

a
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

motociclo,
autocarro ou um mas jé
nfo é
seguro queo mesmo devasuce-
derquantoa um tractor corta-relva;
assim, 0 conceito determinado
“ve
culo―
também
se torna indeterminadose,como frequentemente sucede
dasregras
na previsio juridicas,
eleforusado numa dimensio tipolégica.
IV. Divisioe partitio
1. Apresentagao dadistingio
LL. Termos dadistingao
A divisio
so deum género
n a divisiodaextensio
consiste
nas suas espécies;
é
deum conceito,
isso cada
por que parte
ou seja,na divi-
resultante
dadivisio
contém,alémdecaracteristicas
proprias,
todasas caracteristicas
doconceito dividido,Emcontrapartida, a partitio na decompos
consiste
ao deum conceitonas suas notas épor quenenhum
caracteristicas; isso
‘membro
resultante
dapartitio
contém
todas
as caracteristicas
doconceito®!
1.2. Consequéncias da
A divisio
Ãpropria
© dadimensio conceptual
dalinguagem e deum sistema
fechado, Seum conceitodescrever uma realidade com as caracteristicas
4,bec, s6podem ser consideradosespécie
desse conceito aqueles conce
tos que,alémdecaracteristicasespecificas,
comunguem igualmente das
a,bec. Eporisso quecadaum dosmembros
caracteristicas resultantes da
divisio
tem necessariamente todas dorespectivo
as caracteristicas género.
A é
partitio
sistema
propria
aberto.
dadimensiotipolégica
Seum conceito comportar
dalinguagem
as caracteristicas
e de um
x, y€z, isso
permite relacionar
o conceito repartido
proprias,
dassuas caracteristicas
com
possuama
todos o s conceitos
caracteristicax,
que,além
y z. Epor
ou
isso queos membros da
provenientes podem ¢naotem
partitio naoter
-

normalmente -

dorespectivo
todasas caracteristicas género.
dadistingao
2. Relevancia
2.1. Apresentagio
dadistingao
A importancia
a diferenga
cia dequeelaacompanha e
entre a divisioa partitio
da
resulta circunstin-
A divisio
entre o conceitoe o tipo.

Ct.Enctscut, undKlassfikation
Begriffseinteilang i n derJurisprudenz,
FSKarl Laren,
(Manchen
1973),
126ss; Nog, DivisioundPartitio/Bemerkungen
zur rmischenRechts-
undzur antiken
quellenlehre (Berlin
Wissenschaftstheorie 1972),
58.

31
§16" LINGUAGEMF DIRELTO

&a divisiodeum conceito em todos


maisextenso (género) os conceitos
menos extensos(espécies)
queaquele comporta.exemplo:
Por adivisiodo
facto juridico em acto juridico
sio doconceito defacto efacto
jurfdico,no sentidodestricto
juridico sensu esgota
que todo o facto
a exten-
juri
ou éum acto juridico ou éum facto juridicostrictosens
A partitioéa decomposigio deum conceitonos seus elementos carac-
teristicos.Eporissoquea partitio constituia primeira operagio queé
necessiria parapassar doconceitoparao tipo. Porexemplo: 0 contrato
decompra ¢venda Ãum
© contrato oneroso (caracteristica x)pelo qual se
transmitea propriedade deum bem(caracteristica y)(¢f. art. 874.2 CC);
sendo assim:(i)0 contrato decompra e venda
pertence ao
tipodoscon-
tratos onerosos (ou seja,tipo
a0 d os contratos queapresentem a caracte-
risticax);
locagao
elecomunga
(cf.
art. 1022.
dessa
CC)
qualificagao
eo contrato
com,
de
porexemplo,
muituo art.
0 contrato
(cf.ao doscontra-
1142." e
de
1145.2,
n 1,C C); (ii)0contrato decompra e venda pertence tipo
tos pelos quaisse transmite a propriedade deum bem (istoé, a0 tipo dos
contratos queapresentam
em comum com, porexemplo, y);
a caracteristica elepossui
o contrato dedoagio
essa caracteristica
(¢f.art. 9402CC).

2.2. Exemplificagio
Procurando a distingao
visualizar entre a divisio
¢a partitio
¢a respectiva

relagio
~
com o conceito o
¢ pode
tipo,
Divisiodoconceito abc
apresentar-se
nas suas espécies:
os quadros:
seguintes

Conceito abe

Divisio.
aberd
abere aber

do
Partitiotipo abc
nas suas caracteristicas:

Tipo abe

Perttio a >

Podeassimconcluir-sequea partitio
est na origem daconstrugao do
tipo,poisq ue,paraconstruirum sio
tipo, imprescindiveis
as
seguintes
operagoes:primeiro,haquedecompor, dapartitio,
através o conceito nos
seus elementos depois,
tipicos; haqueconjugarcadau m desseselementos
aa
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

com elementos
semelhantesdeoutros conceitos. como exemplo,
Tome-se, 0
contrato de
pois
comprae vendade
quedeveser celebrado
iméveis:
este
porescrito (cf.
essecontrato pode
caracteristica,
é
contrato
ser enquadrado,
um
CC);
art. 875.°
contrato
com base
formal,
nesta
conjuntamente com
outros negécios
juridicos,
no tipo negécios
dos formais.

as
HERMENEUTICA
$17.2 EDIREITO
I. Hermenéutica
normativa
1. Normatividade
dacompreensio
fundamentais
LL. Premissas
a)Com a dehermenéutica
designagio normativapretende
expressar~
-se uma cuja
orientagao essencial
premissa é significa-
a dequenaohé
dos, mas antesatribuigdes
designificados
com base
e m certas regras'.
Estahermenéutica
resulta
querdocaracter dainterpretagio
pratico ¢
dasua ligagao
com 0 caso,querdaposigao significado
deque“o deuma
palavraé
o seu uso na linguagem―?
e dequecompreenderuma regraé
" Aannto, Reason
(Aldershot/Brookfield
ScHIFFAvER,
1997), Treatise Legal
53: “Meanings Dogmatics
andAuthority/A on theDynamic Paradigmof
haveto begiven,notfound―;
tnd Rechtserkenntnis/Entwickelt
Wortbedeutung an
cf. também
Handeiner Studie
zum Verhiltnisvon verfassungskonformer
Auslegung undAnalogic (Berlin
1979),89
Gesetzesbindung@/Eine
Washeit
$8 CHRISTENSEN, rechtslinguistische
Untersuchung
(Berlin
1989),
227ss.;CrnistENSEN, ergibt
DieVerstindlichkeit
desRechts
sichaus der
gutbegriindeten
Entscheidung,
Lexcx,,
Die
in
Sprache I
desRechts/Recht
verstehen
(Berlin/New
York2004),
27
ss; Sprache
CrRIsTENSEN, undNormativitatoder
wie m an
eineFiktionwirklich macht,
in KrUrrpr/MERTEN/Mortox (Eds.),
An derGrenzen
derRechtsdogmatik (Tibingen
2010),
127ss; paraum a anilisedealgumasorientagées
hermeneuticas, Hermeneutik
ef. RorTLEUTHNER, undJurisprudenz,in Koc (Ed),
Juristische
Methodenlehreund analytische
Philosophie(Kronberg/Ts.1976),
7 ss.
STeLMacH, Diehermeneutische der
Auffassung Rechtsphilosophie(Ebelsbach
1991),
19
Juristische
ss; Busse, Semantik/Grundfragen
derjuristischenInterpretationstheorie
in
Sicht(Berlin
sprachwissenschaftlicher
?
2010),
76 ss.
2
Philosophische
WrrrGensrein, Untersuchungen
(Frankfurtam
Main 197),
n°43(cra.
port,Lisboa
1995 cf.também Mind59(1950),
OnReferring,
StRawsox, The
327;RvLE,

us
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

saberaplicé-la’,
hermenéutica
Essa recolhe
aindacontributos
doneo-
-pragmatismo,em especial
doentendimento
de que significado
0 do
quese explicitamente
afirma depende
doque implicitopri-
est numa
tica social’,
uma fonte
Interpretar ¢
determinaro seu significado,
ou seja,¢infe~
regra
rir a dafonte.
A interpretagio
permite dafonte
passar pararegra,
a
pelo quese coloca
quea questdo é
a desaber como podeinferira regra
se

dafonte.A resposta éevidente: essa inferéncia


séÃpossivel
© atravésda
determinagio doscasos,reais ou hipotéticos,
a quea fonte foraplicavel:
sea fonteFé aplicivelaos casos C),C;¢Cs,entio a regraqueelacontém
éaquelaqueregula C,, Cs.
implicitona
os casos
dafonte.
praxis C,
€ Assim,a regra
explicitaqueestio
‘Aregra
é0 significado (pratico) pelo
dafonte’, quea interpretagio de
uma fonte pressupde a sua aplicagao.E isso
por que nao se pode que
dizer
a fontetem o significado S,,$;¢$ quando elas6¢ aplicavel
ao caso C,
(€
naoaos casos C, C,);que
€ 0 esti foradocampo aplicagao
de dafonte

‘Theory
of Meaning,in Mact (Ed),
BritishPhilosophy
in the Mid-Century/A Cambridge
Symposium (London 1987),
255,
»
Wirrcexstain, PhilosophischeUntersuchungen, a! 225 ¢454;ef. KEMMERLING,
RegelundGeltung i m LichtederAnalyseWittgensteins,
RTH6 (1975), 107ss; HeRBeRr,

Busse,auf
die
alsSprachkritik/Zam
Rechtstheorie Binflu Wittgensteins Rechtstheorie (Baden
1995),
“Baden 76s. 225ss; Normtextauslegung alsRegelfeststellung,
i n KOLLER/
Scimam/WenvneRceR (Eds), desRechts,
Philosophie derPolitikundderGesellschaft
(Wien 1988),
207ss;Busse, SemantischeRegelnundRechtsnormen ~
EinGrundproblem
von
GesetzesbindungundAuslegungsmethodikin Sicht,MrLLaNoniort/
linguistischer én

Tavre (Eds),DieLeistungsfahigkeit
desRechts(Heidelberg 1988),23 553Busse, Zum
Regel-Charakter
Regelbegriffin
juristischen
von
Normtextbedeutungen
einer anwendungsbezogenen
RTh19(1988),
Methodenlehre?, 308.
tnd Rechtsnormen/
Semantik Was
lestetWittgensteins
fir dasInterpretationsproblemder
+

in
Making
BRanpom,
acabada
it Explicit

Hapenatas,
Wahrheit
(Cambridge,
deeitar,Hapenmas,
VonKantu
Mass/London
undRechtfertigung
1994),xviit
(Frankfurt
Robert
Hegel/Zu Brandoms
a m Main 2004),
e649
s;sobrea obra
Sprachpragmatik,
138,escreveu 0

“Making
seguinte: constitu, par filosofia
it Explicit» te6rica,um marco semelhante
{quele
que,no inicio dosanos setenta,constituiu, paraafilosofiapratica, Theory
«A of
Justices―
[de
Rawls)
Naterminologia
deWrrrcensret,fonte
sinalatravés
‘proposigio―(Sat2):"Ao
posicional.
a
doé
qual 0
exprimimoso
&o sinalproposicional
Eaproposigio
proposicional―(Satezeicher)
“sina
pensamento,
na sua relagto
ea regra

chamoo
sinal
pro-
com o mundo’
projectiva
Tratado
WirraENsrein, Légico-Filosdfcopor. Lisboa
(rad. 1995),
3.12.

a6
&
5.17 HERMENGUTICADIREITO

foradoresultado
estaigualmente dasua interpretagio.
Estaorientagio
apresentaa vantagemdepoder em relagao
ser utilizada fonte
a qualquer
dodireito(¢
naoapenas
conhecer
tume é a
em relagao
praxis Ihe a
lei). exemplo:
Por
que corresponde,
interpretarcos
um
hanenhum
quenéo
pois
costume foradessa daquela
ou diferente
praxis praxi:
b)Ainterpretagio naovisa traduzir um enunciado (afonte)
linguistico
num outro enunciado
osignificado
linguistico
doenunciado
(a
a fonte.
queé
regra):a
néo
regra
Se assim
nao
um
a
é enunciado,
fosse,
mas
interpretagio
seriaalgo
juridica deinfindavel: quando se tivesserealizado
a interpretagio
doenunciado “fonte―
serianecessitio recomegar do
com a interpretagéo
enunciado
“regra―; se tivesserealizado
quando com interpretagao a do enun-
ciado“regra―
serianecessario
delaresultante, a
recomegar interpretagio
e assimsucessivamente. A interpretagio
doenunciado
dafontetermina
no momento em quese obtém a regraqueé 0 seu significado
pritico.
Nadaimpedeque regra
a seja descrita,
mas esta descrigao
japertencea0
dominiodasproposig6es juridicas.
Assim, dadoquea regrajuridica
€
0 si
nificadodeuma fonte,
Eclaroquequalquer
tion’, descrigao
é
uma norm proposition sempreuma meaning
deum significadotambém propo:
estasujeita
ainterpretacao,pelo
queo significadodeuma proposigaojuridica
s6pode
significado
ser o préprio descrito,
ou seja,
a regrajuridica descrita
queé
atendendo
Nestaperspectiva,
nessa proposigio, a queo significado
dapro-
posigao igualsignificado
¢ ao da fonte,a melhordefinigao
deproposigées
juridicas a dequeelas
é constituempardfrases defontes.
designificados

inferencial
1.2.Semantica
a)BRANDOM uma anilise
propée normativa――e
assentenuma “pragmtica destinada
atornar explicito
oqueesti implicito priticaqueconfere
sociais:“a
naspraticas con-
tetidoproposicional decontetido
ou outra espécie contém
conceptualimplicitamente
querespeitam é
normas a como correcto expressdes,
usar sobquecircunstancias
é
apro-
realizar
priado diversos
actos defalae sio
quais as apropriadas
consequéncias de tais

preender
Assim,
realizagdes―™. que
sio asnormas
explicitas:“[..]
as regras
esto implicitas
as normas queestio
na
pritica
quepermitem
n a forma
explicitas
com-
deregras,

«©
Estabelecendo,
deum a regea
ef,AaRNtO,
Truthand
distingio
no entanto,uma
juridica) meaning a
propostion
ea
of
(deserigSo
entre normproposition
(descrigio
significado
do legal),
Propositions, (1981),
deum
RTh-BH
docontevido
texto

Acceptability
Interpretative 2 44,
7Branpont,
* Making
itExplicit,
Making
BRaNDoM, Explicit,
it
3.
x

a7
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

prine(pios
maisfundamental
[..]dependem
ou pretensdes
denormas queesto implictas
na (..]¢
pratica
deuma forma
asua inteligibilidade
para
mais no que do
feito ~

dito―.
queno queé O queéexplicito implicitoé
ditotorna o queest no que feito,
peloquedeum resulta
knowing-how knowing-that,
um ComoconcluiRANDOM:
“O
pragmatismo acerca dos compreender
conceitosprocuraexplicitamente
o que¢

(er ou
pensar
dizer a
quelgo é0 casoem implicitamente
termos doquese deve saber
como
fazer―,
de)
capaz
A
pragmitica permite explicar
normativa a BRANDoM 0contetido
deuma asser
a pragmitica,
fo sem recorrer verdade'?,
cleordem
pressuposto,
A alternativa
consisteem entender
dequeo que¢importante
que,com base
consequéncias
sio as
no

réncias o pritica
deumenunciado,
é exemplo,
contesido
materiaisassumidas
ainferéncia
de
numa
pelo lugar
destedeterminado sew numarede
discursiva:
deinfe~
“Como considere-se
ficaa Oestede Filadélfia»
«Pittsburgh para«Filadélfia
ficaa Estede
Pittsburgh»,«Hoje
a inferéncia
de ¢
Quarta-Feira» para«Amanha
Quinta-Feira» sera
ade «Fol
contetido
relimpagoe
vistoagora um
dosconceitos Oeste «O
primeira
e Esteque
para trovio val ser ouvidoem breve».
faz da u ma boa inferéncia,
Eo
0con-
tetidodosconceitos
Quarta-Feira, hoje
Quinta-Feia, segunda
e amanha quetorna a
inferéncia
¢
correcta contetido dosconceitos de
relémpago
“ser
¢trovao,
assimcomo 0

oexplicito
dosconceitostemporais, quefirmaa terceira―",Distoresulta que no
conceptual papel
sentido é
jogarum significado
inferencial
especifico―* ou que
deuma expressio decorre dopapel inferencialqueelapode desempenhar. Portanto,
Branpomfundamenta uma semantica inferencialnuma pragmitica normativa'®:
6 significado
naoé,assim,algo dealeatério,
mas o que resulta daquela pragmstica.
Emparticular
dever
quanto
e a0 dominio
ser)
ao “vocabulrio
doraciocinio é usado
normativo―
fungao
pratico,“a
sua
(como aquele queé pelo
expressivaétornar expli-

*
Branpow,
©Sobre
as
255.01355.
Making
itExplicit,
relagbes 62knowing-that, MakingExplieit,23,
knowing-how
entre e ef.BRANDOM, it

"
BraNpom,Articulating
2000),
London Reasons/An
18.
(Mass)/
IntroductiontoInferentialism
(Cambridge
©
© itExplicit,
Making
Brapom,
Making
Branpom,
Explicit,
it
329.
97s.
+
Brannom,
destas
tivo Articulating
Reasons,
inferéncias “incompatibilityocaricter
incluindo-as
numa
17;
norma
BRANDOM
posteriormente, acentua
cf,BRANDOM,
semantics: Between
Saying Doing: an
and Towards
Analytic (Oxford
Pragmatism 2008), que
123ss;entendendo
de Meaning,
significado
cf SELLARS,
Inference
and é pelo
um conceito

62(1953),de
conjunto que
inferéncias
determinado
Mind uso
dele,
318ss,
fazem

Normativitité
outraa
Nestamatéria
°©

indpode
er perspectiva
juristischen
quea normatividade
Argumentation
Wortlautgrenze/Semantische
obtidaatravés
ser
deK1.arr,
(Baden-Baden
Theorieder

de“razGes
2004), 281ss.,entendendo
semanticas―
¢conctuindoporum a
“reabilitagio dainterpretagio
semintica paraodireito―,

ae
5 17 HERMENGUTICA
EDIREITO

citos
compromissos
de
est implicito
{que
bancério,
priticas,
pelo regras
inferéncias―
a
numa inferéncia explicito
Porexemplo,
pritica
o trabalho,
queas
feitapelo
inferéncia empre-
tornam 0

gado dirige
quese implicita
gravata!―
para dequedeve
ir de tem

4 impde
regra
queeempregados
queos bancérios
devemusar gravata
no trabalho".

dapré-compreensio
2. Relevincia
Ahhermenéutica
(ou
normativa
dopré-juizo
aceitao
(Vorurteil)). papel
(Vorverstindnis)
dapré-compreensio
Todaa compreensio tem como pressuposto
uma pré-compreensio―,
pretende
pois
compreender,
nada à ©
sem se

possivelque,
formar
um
compreender®,
sobre
pré-juizo o que
se
perspectiva,
Nesta
pode queantes decompreender
concluir-se algo é saber
necessario nio
s60 quese quercompreender,mas também compreender*!,
como se quer

e pela
deGapaMeR(1900-2002),
Na perspectiva
histéria dado
a
dosentido
tradigio®, antecipagio
entendimento
que“a
legitimada
pré-comprensio pela
queorienta0 nosso
um acto dasubjectividade,
deum texto nio é
é
antessedeterminaatra~
dacomunhio
vvés que nos liga
com a
tradigio―.
A compreensio c
é ondicionada
por
“fusdo
‘uma dehorizontes―
(Horizontverschmelzung)
entre o passadoe o present
Wirrcenstetn(1889-1951) serve-se dosconhecidos delinguagem’
“jogos
(Sprachspiele)
para
exprimir uma ideia
de
semelhante*“a
expresso «jogo linguagen>
BeaNpow,

Meaning, Articulating
Nots 32 Supl.Reasons,
92;
(1998), cf. BRANDow,
134. Norms,
Practical
também Action, and

Ocexemplo
©
é Explicit,
referidoporBrannom,Making
it 245,
'
©
Branpowt,
Gapamter, itExplicit,ss.
Making
Wahrheit
1990),
47
undMethode*,i n Gapamer, GesammelteWerke1/Hermeneutik
SeinundZeit *
1 (Tabingen
270 ss. ¢ 296 ss; ef.também(Tabingen
HepEGcER,
1977),
150,entendendoquetodaa compreensio um a “pré-aquisigio―
comporta (Vorhaby),
um a (Vorsicht)“pré-apreensio―
“pré-visio― ¢uma
(Vorgrf}).
®

caricter
Atribuindoum
transcendental
«incrontologischen
Grundlegung pré-compreensio,
juristischen
der KavrMANN,
cf,
Hermeneutik,
GSRené
Gedanken
Marcie
2u
(Berlin
1983),
2" 600.
Leituras
complementares:
LARENZ,
J. Hermenéu
*,285-293;Lameco,
Metodologia ¢

Jusliterdrias x
jurisprudéncia/Anslise
um ade (Lisboa
1990),
srecepgio» 134-137;
Acuran Siuva,
Para
da
Justiga/Repercussées
TeoriaHermenéutiea
‘uma no EixoProblemitico
das
® eda
Fontes Interpretagio
Juridicas
und
(Coimbra
2011),
Wabrheit Methode281ss
GapameR,
315-410,
®

Gapamter,
Gadamer:
2
Wahrheit
Sentido
undMethode298;
Reabilitagio
deuma
Gapaw, Wahrheit
(Lisboa
1995),
undMethode$311
307ss em
H.-G.
cf.FerntimaDa Sitva,0Preconceito

®
Cf.WerTGENSTEIN,
Philosophische
Untersuchungen,n.7,

n9
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

deve[..]
o s6
realgar
&uma
facto dequefalar lingua
submeter-s
formadevida", Alingua compreensivel
delinguagem,
fazpartedeumaactividade
poraquele queaceita
ou deuma
As
regrasdeum jogo poraquele
ou seja, queseintegra numa certa forma
devida, porque
Foradosjogos
io, pelo nao uma
“conceber
delinguagem
uma linguagem
auma¢
conceber forma
implica
atribuir
possivel nenhum significado
devida―®―
expres-
que,antes decompreender uma expressio, é
necessério integré-la num
jogodelinguagem, Comoexprimiu WrrTGENSTEIN, “é
preciso i saber (ou ser capaz
de)alguma
pelonome coisa
[de
‘Também
algo] ¢“s6
parapoder
quem
perguntar
ji sabe
ser reconduzida
pelo
alguma
nome―
coisa
dealgo pergunta
do que¢ capaz defazer
com sentido
com ela―®.
a ideladeBraNpomdeque
pode &pré-compreensio
contetido
©
discursivas®,¢ pelas
Para normas
dosconceitos fornecido
compreender o
explicito
no que
queesto implicitas naspraticas
ditoé
é necessirio ter compreen-

é
didoantes o queestaimplicito quecorresponde
na praxis a o que dito.

II. Hermenéutica juridica


1, Enquadramento geral
1.1,Fungio dainterpretagio
é
a
juridicaactividade
A interpretagio
Numalinguagem
fontedodireito. didactica
afirmar-se
(que naopode se
daqualcompreende
através uma
ser considerada
completamente rigorosa),pode queo texto dalei é a fonte
e
que aregra
abre é
o queo intérprete
u m cédigo,
véfontes
extraidesse
¢naoregras.
texto ou que,
Estasasserges
quando
permitem
alguém
concluir
que interpretagio
a é
0 meio atravésdoqualchega
se & regra contida
na
fonte,poisque“sinterpretar»mediagio
é
u ma actividadede pelaqual
0
intérprete
compreende texto,que
o sentido de um se lhe tinha deparado
como problemético―®!.
Daquelas assergdesconclui-se aindaquea inter-
pretacionaoéum acto,m as um processo: o intérprete vai interpretando
afonteaté inferira regra.
conseguir
a 4 um
Relativamentefungao
dainterpretagao,
importaacentuaraspecto
deuma fontenaovisadeterminar
essencial:interpretacao um qualquer

2
Philosophische
WrrrcENsTen,
BlueandBrown
®
Books(London
1969), m2 TGENSTEI
Untersuchungen,
17e 81
também
23;ef, WIT The

WrrrGENstety,
2%
Philosophische
Philosophische
Wrrrcensrery, m2
Untersuchungen,
n°
261.
Untersuchungen,
19.

n 30 ¢31;ef.também
®
Philosophische
WrrteNstetN, Untersuchungen, von WRIGHT,
Wittgenstein
Certainty,
on (Ed),
i n von Warsi Knowledge
Theory Problemsi n the of
(The 1972),57
Hague
®

®
Making
Branpom, it
62
Explicit,
Metodologia’,
LaReN7, 282:

320
5 17 HERMENGUTICA
EDIREITO

significado,
mas apenaso seu significado
pritico, um significado
ou seja,
quepossa
é um
constituir elemento
um conhecimento
cura néo
fornecer
de um
tedricosobre
a razo para
uma acgao
pritico.
raciocinio Oquese pro-
afonte,
mas um conhecimento
ou omissioâ„¢.
O queimporta
quepossa
determinar
éo significadoquepermite
ao destinatario
saber
0 quefazer
coma fonte:
0 destinatério
quesabe
o quea fonteIhepermite
fazerou no
fazer
j4inferiua regradafonte.
aplicagao
1.2.Interpretagio
e

a)“O
conhecimento
dosentido
deum jurfdicoaplicagio
texto ea do
mesmo a um caso juridico concreto nio sio doisactos
separados, mas
um proceso pelo
unitério―®,
que“atarefa dainterpretacaoéa dacon-
da
cretizagao lei em cada é,
caso, portanto, a tarefa
d aaplicagao―™’.
Para
extraira regradafonte, é
sempre necessirio conheceros casos a que
aquela
0 queé ¢
fonte aplicével,“S6
quea leirealmente
no caso e através
«quer dizer»―®*,
compreensivel
docaso é
A interpretagiojuridicaé
sempre “operativa――,
pois
queelanao éexplicatio,
mas applicati
©
Cf,Auexy,
Juristische
Interpretation,
i n ALexy, Recht, Vernuntt,
Diskurs(Frankfurt
am Main 1995),
73:“A juridica
interpretagio tem um earicter prético, nelatrata-se
porque
proibido
®
de
ouforma
eo de que
sempre, directa
permitido
Gapawer,Wahrheit
sistema
uridico
ou indirecta,determinaro

queelefacuta―.
undMethode 315.
n um ¢obrigatério,

%
Gapawer,WahrheitundMethode%, 330ss. ef,num plano mais
geral,
GADAMER,
Hermeneutik alspraktischePhilosophie,
i n Rtepet(Ed.),Rehabilitierung
derpraktischen
PhilosophieI (Freiburg 1972),
325ss. ef. também A. M, Hrsranwa, Ideiassobrea
Interpretagio,
Liberamicorum deJosé
deSousa Brito(Coimbra 2009), 48 ss; paraalguns
aspectos
juristischen ef.
histiricos,MeDER,MiGverstehen
Hermeneutik
% Diferentemente
(Tiibingen
2004),
undVerstehen/Savignys
63ss.
of Statutes,
Grundlegung der

Teleological
EKELOF, Construction Se.StL.2 (1958),
84,
&
Kavrmanns,
Durch sphere
propeu ma distingio
of
entre a
e0 application
Rechtspositivismus
Naturrecht
und
meaning
zurjuristischen
deu ma li
Hermencutik JZ
1975,
339¢f
Kruete,
também
‘Tatbestand
und
Typus Theorie
Rechtsgewinnung?
der (Berlin
(Kéln/Berlin/Bonn/Miinchen
1976),
Hermenéu
lJ. LaMeco,
1968),
160;
HASsEMER,
¢
jurisprudéncia,
193ss;ef.
‘entendendo
mesmo
que,
adeterminagio
Meaning,
aindaSears,Literal
significado
literal
do
expressio,ss.¢
(1978),207
Erkenntnis
de
deum a
depende
13 217,

do “set
uu m
or
background
ofcontextua
“Shut
imperativo
assumptions―,
thedoors―
pelo pode perguntar
andhearer
nos easos em que“the
speaker qual
quese significado
with
adoor
floating are
o

inthe
© the
middleaf ocean’“they
ow em
Judicial
CEWROBLEWSKI,
The
que
are
door
Application
stting
andthe
1992),
of
(Dordrecht Law
alone
intheSahara―
88,
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

dea interpretagio
Acitcunstincia adeterminagio
dafonteexigir dos

a ¢
casos a que ela aplicavel permite extrair varioscorolarios. Oprimeiro é0
deque fontenaocontém
dafonte Ãaquele
© queIheé
nenhum
dado(ou
significado
queIhepode
em
simesma;
ser dado)
o significado
pelo intér-
prete. exemplo:
Por a lei segundo a “E
qualproibida a entrada de veiculos
no parque― significaque¢proibido circulardeautomével, mas néo que
sejaproibido circular com uma cadeira derodas eléctrica;mas o signifi-
cado
necessério €
dafonte diferente no caso dehaver
evacuar rapidamente um ferido
um acidente no parque e deser
com recurso a uma ambulincia,
Comoo exemplo revela, a fonte no tem,em simesma,nenhum significado,
pois este dos
que depende a queaquela casos aplicavel
¢é ou nao
aplicavel.
Umsegundo corolirio Ã0©dequeentre a fonte ea regra sése interpoem
os casos a fonte o modo
é derevelagio daregra e estarevela-se através da
aplicagio da fonte a casos. Interpretar sempre
uma fonte à © qualificar 0 caso
aqueelase refere como juridico, pelo quea interpretacio e a qualificagio
sio realidades correlativas entre Estailagdo
si―,

permite concluir que


daregra, a é
casos quea fonte aplicivel
mas antes desta.
naosio determinados
Sendo
a
assim,ligagio
depois
a
daconstrugio
entre fonte (F),a regra
(R) cos casos (C) naoé, como corresponde ao entendimento habitual, ade
F-R-C,masantesade F- C-R,
passou pelo caso a queela¢
poisque,quando
aplicavel.
se chegaa
Ditodeoutro modo:chega-se jé
regra, se
aregra
atravésdomundo, naoao mundo atravésdaregra(ou0 queé
-

0 mesmo
~

haquever a regraatravés do mundo, néoo mundoatravés daregra).


Destecorolirio decorre um outro,igualmente importante: 0 conheci
mento pritico que resulta d ainterpretagio da fonte, seja,conheci-
ou 0
mento doquese pode
o conhecimento
istoé, a
fazercom fonte, antecede
doquea fonteprescreve,
o conhecimento

pois ques6¢ possivel


teérico,
saber
©quea fonte prescreve conhecendo os casos a queelaé aplicivel. Pode

°®
Posigdes J.
Diferentemente,
Juridicas
Subjectivas, José
LiberAmicorum
deAnilise
Esquema Pragmética
A. Vetoso,
Um
e (Coimbra
da
Linguagem
2009),
de deSousaBrito
das
234,
{nterpoe
®
Diferentemente, aLegal
entre afonte
ea norma
MacCoratck,
“frase
Reasoning
normativa’.
Legal (Oxford
and 1978),
Theory 203
distinguindoa
8, (da do
regra)classification
entre interpretation e a de
caso como juridico);
formasemelhante,
Guasrist, (Torino 2011), distingue
Lasintassideldiritco 390, entre a

fonte)in
interpretazion (queai testi― consistee m determinar
astrattoo u “ovicantata significado o de
‘uma ea interpretazione fati―
i n concreto (que di
o u “ovientata consiste em subsumir
um

uma
factoa
regra abstracto―)..
identificada
previamente “em

an
5 17 HERMENGUTICA
EDIREITO

assimafirmar-se
que,na interpretagio 0 knowing-how
dafonte, é
anterior
a0 knowing-that®,
uma fonte
Compreender © aplicé-la.
Ãsaber
Oanteriormente
+b) referido
s6pode ser compreendido no quadrode umacon-
cepgilo
pragmiitica
vistapela Nao,
todavia,
concepgto
das
legislador~
segundodopragmatica
regrasjuridicas. nodeuma
perspectiva
uso deuma linguagem
a qual
oaspecto decorre
pragmitico do
-, mas antes no deuma concep
pelo
prescritiva legislador*
pragmatica
‘glo
resulta
pela
considerada
dainferéncia
dointérprete
dptica
daregra
~

segundo a dimensio
a qual
dafontecom recurso aoscasosa queesta
pragmética
&apl vel.Nestamedida,pode falar-se
deuma concepgio pragmitico-inferencial
dasregras
juridicas.
1.3.Normatividade
dainterpretagao
juridica
A hermenéutica naopode dispensar um método na interpretagio
dasfontesdodireito*,A raziofundamental pela qualassim tem deser é
facildeexplicar.
rir qual
a
regra
Nainterpretagao
que se contém
deuma fonte,
nessa fonte(muito procura
o intérprete
frequentemente,
infe-
visando
deum caso real),
a solugdo peloque¢ possivel
concluir que“a
interpretacao
juridica
nunca éu m fimem si mesmo, antes esta ao servigodaaplicagio
dodireito™®
e quea hermenéutica ¢
juridica“aplicativa
e nunca apenas
reconstrutiva,
Nenhuma fonteassegura,
elamesma,a correcgaodasua
4 Num plano
Aristotelean
25s.¢1355.
maisgeral,
ef.RvLe,
Knowing
46 (1945-1946),
Society 4s; cf.também That,
How andKnowing Proceedings
Making
BRANDON,
ofthe
it Explicit,
23,
+
Sobrea “concepgio
expressiva―
dasregrasjuridicas,
cf,ALCHOURRON/BULYGIN, The
Expressive of Norms,
Conception in Hi-riNen
(Ed.),
New Studiesin Deontie Logie

1981),
96
=
(Dordrecht/Boston/London
AtcHourr6x/ButyGtN,
delasnormas,in ALCHOURRON/BULYGIN,
©
Cf, por exemplo,NEuMANN,
La
Anilisisldgicoconcepeion
expressiva
y Derecho(Madrid
ZurVerhiltnis von philosophischer
1991),
123.
und juristischer
Heermeneutik,in Hasseaer (Ed), Dimensionen der Hermeneutik/Arthur
Kaufmann
zum 60,Geburtstag (Heidelberg1984),
53ss;Scrnorr, Philosophische
Hermeneutik
undinterpretationsmethodische in Hasseaer(Ed), der
Fragestellungen, Dimensionen
Hermencutik,835s;FREITas Do Amanat,Reconsideragdessobre interpretagtojuridicae
‘fo
juridica,
emHomenagem
‘embora
* &relagio
Coine,Diejuristsche
ao Prof.
DoutorAndréGongalves
de“normasjuridicas―
interpretagio
Auslegungsmethoden unddieLehren
(Coimbra
Pereira 2006),
derallgemeinen
166,
Herme-
neutik(Kaln/Opladen 1958),
28,
+
juristischer
Krieup,Besonderheiten Hermeneutik,
i n FUHRMANN/JAUS/PANNENDERG
(Bas),Textund Applikation/Theologie,
Jurisprudenz
undLiteraturwissenschaft
im
hermeneutischen (Munchen
Gesprich 1981),
408.
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

interpretagao: s6pode
essa correcgio em fungio
ser avaliada deelemen-
4fonte
tos estranhos interpretada, Istomostra ser necessirio recorrer a
regras
na interpretacao das fontes dodireito.
vinculagao
‘A
carfcternormativo a
dointérprete leitambém
Ainterpretagio:
mente uma vinculagio ao método
naopode

&
a vinculagao
dasua interpretagio",
deixar
leiabrange
deexigirum
necessaria-
A vinculagio &
lei que¢
~
uma emanagao directa daseparagio depoderes (¢f.
art, ILL,
n! 1,CRP), dadoqueelasignifica quenenhum intérprete pode assumir
as fungdes quecabem ao legislador
-
encontra-se constitucionalmente
estabelecidaem relagio aos juizes e aos tribunais (cf.art. 203.2CRP), mas
elavaleparaqualquer doditeito,
intérpretePortanto, a subordinagio do
intérprete
ou aplicador pode
&lei nfo deixar de se reflectirna atribuigio
deum caracternormativoaos critérios deinterpretagio dalei,designa-
damente aqueles que constam do art. 92CC.

2. Fungio dasubsungio
2.1, Papel dasubsuncio
Numsentido a subsungio a relagéo quese verifica entre duas
légico, é
extensdesquando uma delas est incluida na outra: porexemplo, a > b*.
Muitofrequentemente, a subsuncio entendida
é como o juizo queper-
mite a selec¢io
dofacto davidaqueé juridicamente relevante atravésda
sua inclusiona previséo deuma regrajuridica. Estaconcepgao assenta,
todavia,numa orientagio queconstréi primeiro a regra e ques6depois
subsume a elaos factos concretos. Ora, se referiu
jé quea regras6pode
ser extraidadafonteatravés daaplicagao desta a casos concretos. Nesta

éptica,
a subsuncao deveser entendida c omo o juizo quepermite deter-
minaros casos abrangidos pela quepossibilita regrada
fonte ¢ inferir a
fonte.Assim, quando se
chega a regra j ase passoupela subsungio, pelo
queestanaoé
daconstrucao
um elemento
da
daregraaplicavel.
aplicagao daregra, mas antesum elemento

©
Cf.Lars, DieBindung
desRichters
an dasGesetz alshermeneutischesProblem,FS
Emnst RudolfHuber 1973),
(Gottingen 291 ss, Â 308
¢ s3 MeteR-Havor,Strategischeund
Aspekte
taktische derFortbildung
desRechts, JZ1981,421,referequeo juizs6 se pode
no
‘mover,plano dentro
téctico, da
Derlogische
Cf.Canwar,
43,632)
estratégia
definida
pelo
legislador.
AufbauderWelt"(Frankfurt
am Main/Beslin/Wien
1979),

ae
&
5.17 HERMENGUTICADIREITO

levanta
A subsungio problema
o delicado daintegragao
deum facto
todo caso
de
desubsumir
e abstracta
previsio
concreto na

0 sentido
um facto
geral
chegam
dafonte.
minoritario~
Algumas
mesmonegara
orientagdes
abstracta a
~em
possibilidade
concreto a uma previsiolegal e geral,
por
entenderem
quehé
um (Klufi)
“abismo― entre 0 concreto e 0 abstracto"―.
Porisso,como nao possivel um caso concreto numa previsio
integrar
legal,aaplicagao
daleitraduz-sena criag4odeuma regraindividual**,
No
entanto,o problemanaoconsiste em aceitar como,aliés,
~
foihémuito
reconhecido―queexiste um “abismo―
~

dafontee o factoconcreto;o problema


entre a previsio
reside antes em saber
geral
abstracta
como é
que
e
esse “abismo―
podeser
transposto.
desubsungio
2.2. Operagio
implica
A subsungao entre 0 facto
uma comparagao legal
concreto ¢0 tipo
utilizado na lei,Ditodeoutro modo: a subsungao analégica
é ou tipologica,
o que,alids, em completa
est4 sintoniacom o carcteranalégico ou tipolé-
gico linguagem
d a das f ontes
dodireito. Assim, porexemplo: ao conceito
eterminado) de“veiculos―
utilizado n os art. 503.e 5062CCsio subsu-
miveiscoisas algo
quetodas
distintas
elascabem
como automéveis,
no tipodeveiculos; e
tractores motociclos,
ao conceito(indeterminado)
por
de
dedireito―
“abuso referido no art. 334.°CC siosubsumiveis todasas con-
dutas quepossam ser consideradas como coneretizagéo daquele conceito;
20 tipo contratual decomprae venda sdosubsumiveis todosos contratos
queproduzam os efeitos essenciaisprevistos no art. 8792CC.

Naturezadasubsungio
é
desubsungio―.
“gutémato
légica
nao uma actividade
A subsungao ou conceptual
A subsungdo
é
eojuiz
antes um juizo
naoéum
valorativo
que

CERoss,
©
Theorie
derRechtsquellen/Bin
zur Theorie
Beitrag despositiven
Rechts
auf
Grundlage
dogmenhistorischer
Untersuchungen
(Leipzig/Wien
1929),
336.
* CERoss,Theorie derRechtsquellen, 348;ef.tambémKELsBN,DieLehre v on derdrei
GewaltenoderFunktionen desSeaates,
Kant (Berlin
Festschrift? 1924),222;KELseN, Teoria
PuradoDireito7,274
Â¥

© Cf,
por
exemplo,
*Aconcepgio
histéria
Enntzen, DieJuristischeLogik
[..]dojuiz.como um «autémato
Kavrmany,
dodireito―:
?
(Tubingen
desubsungio»
Freirechtshewegung
~
1925),
pertence
lebendig
287ss,
a arrecadagio
odertot i n KAUFMANN,
da

in
Rechtsphilosophie Wandel/Stationeneines Weges(Frankfurt
a m Main 1972), 268,
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

utiliza
como
que procura
se
critério

nioanalégico*!,
a analogia,
subsumir ¢0
Assim,a situagao
dado
tipoque
a
quea comparagio
se refere a fonte
davidaquese procura
entre a realidade
exige um racioc!
subsumir &fonte
tem deser compreendida na sta “idealidade,
representatividade, caracter
paradigmatico, carécter
O cardcter analégico
modelar, [ous eja]
na sua tipicidade―®,
doraciocinio quepermite a subsungio docaso
Alei também
qualquer éficildeexplicar
fontedodireitoé
tendopresente
sempre pragmitica,
quea interpretagio
pois quea inferénc'
de
deuma regradeuma fonte Ãsempre
© determinada pelos casos aos quais
esta fonte¢ aplicivel. Sendo assim, demolde a ultrapassar a dificuldade
decomparar um caso concreto com 0 caso tipico constante daprevisio
legal, oquehaquefazer quando se procura subsumir um facto a uma lei
&comparar este facto com os factos a quea lei¢ indubitavelmente apli-
civel.Se0 facto
aquele
forandlogo
factoésubsumivel
aos factos
alei.Como,
foi
no ambito a
aos quais lei é aplicavel,
deuma “teoria
entao
daequi-
significa
paragio― (Gleichsetzungsthcori¢), afirmado, a “subsungao a

equiparagao do caso concreto em apreciacao com os casos indiscutivel-


mente pela
abrangidos legal―.
previsio a subsungio
Nestesentido, nao
6aintegragéo
deum concreto num abstracto,
mas a comparacio
entre
variosconcretos.

8! CE.Lanenz,Fall Norm Typus/Eine


- ~

Studie,
rechtslogische FGHermann undMarie
Glockner(Bonn 1966),150;Kavrmans, Analogie
und,Natur derSache'/Zugleich ei n

2ur auma
BeitragLehreTypus?
601,
vom
(Heidelberg1982),
1983),referindo-se “correspondéncia―
0 casoconcreto;KAUFMANN, DasVerfahren
18ss;KAUrMANN,
(Entsprechung)
GS René Marcie
entre a previsio
derRechtsgewinnung/Eine
(Berlin
daregrae
rationaleAnalyse
(Manchen 1999), I ss. 13;
ef.Pinto Bronze,Ligoes3,940
ss; critico perante estasolucio,
Juristische
cf,BYDLINSKI, Methodenlehre undRechtsbegriff?(Wien/New York1991), 397,
©
S
Kavrmany,
ENetsc#,
Analogie
Subsumtion Sache"
3,46.
und,Natur der
FSderJuristischen
undRechtsfortbildung, Fakultitzur 600-Jahr
FeierderRuprecht-Karls-Universitit
S
ENarscH, Studien
Logische Gesetzesanwendung
zur 8.
Heidelberg
(Heidelberg
1963),
(Heidelberg *
1986), 7¢
26;of.am-
bemEncrscu, DieIdeeder
1953),ss;Juristische
(Heidelberg 194 Hart, Recht
Konkretisiorung Rechtswissensc
in

Rhetorik―
und
unserer
(Preiburg/Minchen
2007),
Zeit
88ss.

III
Darstellung cf
critica, iKENTSCHER,
153ss numa perspectiva
1976),
(Tibingen 750ss
vergleichender
Methoden
desRechts
in

26
&
5.17 HERMENGUTICADIREITO

2.4. Subsungio
e concretizagio
Oentendimento dequea subsungio é
a comparagio deum caso con-
creto com outro caso conereto permite concluirquea interpretacio de
uma fonte Ãu©ma actividadedeconcretizagio dessa fonte®.Porexem-
plo:a previsio legalrefere-se
aos casos C)..Cy; a subsungio docaso C;a
essa previsio legaléum modo de concretizagio dessa mesma previsio.
A interpretacao dalei6,assim,uma actividade inversa 4dasua produgio:
enquanto a interpretagio
exige a verificagio dese 0 caso C,é regulado
pelaleie é
orientada pelaconcretizagio, a
produgio deuma leiexige que
6 legislador
queé guiada
preveja
pela
naoapenas
abstracgio.
0 caso C,, mas todos pelo
0s c4808 Cy..Cy,

Estaactividade deconcretizagio dafontepermite juri-


inferira regra
dicaquese encontra naquela fonte.Podeassimafirmar-se queas regras
so construidas no planodocaso,pelo quese pode concluirquesem 0
caso naoépossivel regra
extraira contida n a fonte.
3.
Interpretagio
juridica
dointérprete
3.1. Perspectiva
juridicas6pode
A interpretacao porquemadopte
ser realizada um ponto
E,aliés,
devista internoao sistemaem quese inserea fontea interpretar.
por issoquequalquer
uma fonte
juristatem semprealguma
deum sistemaestrangeito.
dificuldade
em inter-

pretar
3.2. Objecto
dainterpretagio
Pormuito indiscutivel
quepossaparecer o significadodeuma fontedo
é
direito,semprepossivel circunstincias
imaginar queexigem a determi-

nagio significado, que


desse Considere-se um sinald etransito enuncia
que“E
proibidoestacionardeambosos lados d arua―;
cabe perguntar se

alguém
mentar
que estacionouseu
o automével
quenao deveser multado,
num
porque
dos ladosd arua pode
naoestacionouem ambosos
argu-
lados queestacionouno meiodarua pode
darua, ou se 0 condutor aduzir
quenaoinfringiu nenhuma regra,dadoquenaoestacionou em nenhum
SS

Cf,
(1986),
e m diversos
208ss.;MdtueR,
Currustensen,
Hassemer,
contextos dogmiticos, Juristische
Rechtslehre(Berlin
Strukturierende
JuristischeMethodik (Berlin
I
>

2009),
Hermeneutik,
1994),
2745s;ef.também
ARSP72
184ss;MELLER/
LazzaRo,
Storia
e teoria dellacostruzione giuridica
(Torino
1968),
227 ss; Busse,Juristische
Semantik
228s

nr
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

doslados darua*,Imagine-setambém que,&portadeum centro comercial


se encontra um letreiro
ou um simbolo queindicaa proibigao daentrada
decies;seum domador detigresou deursosquiser entrar com um destes
animaisnesse centro,haquedeterminar se ele pode fazer,porqueum
tigreou um urso nao¢
um cio,ou se elenfo o pode porqueque
fazer, o
valeparacies também devevalerparatigrese ursos

Podem
determina
s er referidosalguns exemplos jurisprudenciais. Oart. $03. n.°3,CC
queaquele queconduzir um veiculo porconta deoutrem respond pelos
danos quecausar,salvo s e provar quenfo houve culpadasua parte; pode pergun=
tar-se se0 revisor-condutor deum comboio cabenessaprevisioâ„¢. Umaleiconcede
Amie um periodo deamamentacio a seguir a0 nascimento dacrianga; se nascerem

_gémeos,cabe seesse deve


perguntar periodo duplicado®. CCesta-
s er O art. 2194.
belece que¢ nulaa disposigio testamentiriafeitaa favor deenfermeiro quetratar
dotestador, se 0 testamento forfeitodurante a
doenga ¢o seu autor vier a falecer
dela; pode questionar-se se o preceito abrange apenasquemtem a qualidade legal
deenfermeiro ou também quem, movidoporrazées deamizade ou desolidariedade,
haajaprestado ao testador servigose cuidados deenfermagem®. Oart. 204, n°2,
al.f),CPpunecoma penacorrespondente ao furto qualificado aquele quefurtacoi
mével alheiatrazendo, no momento docrime, arma aparente ou oculta; cabeper-
seuma pistola dealarme ser considerada, efeito,
‘guntar pode para esse um a arma".

(Osexemplos
apresentados
mostram queas dificuldades
dainterpre-
normalmente
taconaosurgem ao significado
quanto deéntico
dafonte.
Embora naose possaexcluira dificuldadededeterminarse a fonteesta-
beleceu ma obrigacao,
uma proibi¢do a verdade
ou uma permissio, Ãque
©
quanto significado
as incertezas a esse saoraras. Onde
as dificuldades
ser duvidosoé
dafontenormalmente
interpretativas
a quecasos équea fonte¢aplicavel. é
surgemna previsio: o quepode

3.3.Assimetria
doobjecto
A verificagao
dequeas dificuldades
dainterpretagio
recaem normal-
mente sobre legal
a previsio degrande
é De acordo
importincia. com

© sio
Osexemplos 9
referidos Hermeneutik
porJorcENSEN,
ef ST]
Bmsentidoafirmativo,
undAuslegung,
4/7/1995.
RTh (1978),
65.
5

sentido
® afirmativo,
Em ef.TCA11/5/2000,
ef,STJ
Bmsentidonegativo,
497,460,
BMJ
24/11/2003,
©

98/1,
243; ef ST]26/3/1998,
Bmsentidonegativo, CY/S ST]22/2/2006,
a
&
5.17 HERMENGUTICADIREITO

essa verificagio,pode decomposta,


a lei ser paraefeitosdeinterpreta
gio, n um elemento com significado determinado e num elemento com
significado indeterminado: o primeiroestatuigio,segundo
é
a o éa pre-
visio dalei,Esta constatagdo permite extrair uma importante orientagio
metodoldgica: o
ser um significado
significado
queseja
quedeveser atribuidoaprevisio
o
compativel com da
significado
s6pode
estatuigao.
Assim, a interpretagio daprevisio deveser realizada em fungao daesta-
tuigio,pelo quea interpretagio deveser efectuada no sentido inverso
a0 daregra, istoé,naodaprevisio paraa estatuigdo, mas daestatuigio
paraa previsio.
¢
Nao dificildemonstrar
dependeestatuigio.
dasua
quea interpretagio
Suponha-se,
daprevis
porexemplo,
do deuma lei

queuma leiesta-
belece “E
que proibida a entrada de animais nos jardinspuiblicos’
o signi-
ficado daestatuigio (proibigao deentrada e m jardins piiblicos)
éclaro,
mas pode perguntar-seprevisio interpretada de
se a deve s er no sentido
quea entradadeanimaisest proibida em qualquer caso (também para
0s cies-policia?) e para todas as espécies
e ragas deanimais(também para
um papagaio dentrodeuma gaiola?; também paraum pequeno cio que
adonatransporta ao colo2). Asrespostas a estasquest6es s6sio possiveis,
em fungio
ligeiramente
daestatuigéo
0 exemplo:
dalei,Paraverificar
admita-se é
queassim basta
queuma leideterminaque“E
modificar
proi-
tuigdo a
bida entrada deanimaisnos hospitais―;
(cubstituigo dejardins puiblicos
apequena modificagao
porhospitais)
na esta-
suficiente
é para
tornar claroo significado daprevisio legal, quecertamente também se
refere
a0
a cies-policia,
colo.
a papagaios
e
dentrodegaiolas a ciestransportados

3.4,Necessidade
dainterpretagao
a)A interpretagio dispensivel,
nunca € sem elanao €
porque possi-
velnenhumacompreensiodafonte,Estaconcepgao
pareceser contra-
riadapelas
naohouver
orientagdesquepretendem
queresolver uma ambiguidade a
dispensar interpretagioquando
dotexto Cumin verbis
~

nulla
ambiguitas
quando o significado
da admitti
est,non debet voluntatis
fonte
mesma linhadeorientagio,
forclaro
~

firmou-se
quaestio
In
(Pautus,
claris
non
no sistemafrancés
D.32.1.25)
-

ou

fitinterpretatio,
Nesta
a doutrina
do
e
acteclair nos sistemasanglo-saxénicos
vras daleisao, elasmesmas,precisas
a plain-meaning
endo ambiguas,
as pala-
rule:“se
ento naopode ser

x9
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

necessério essas palavras


maisdoqueinterpretar no seu sentido
natural
ecomum―"
as orientagGes assentamno pressuposto dequea interpre-
erréneo
destinaapenas a tornar claro 0 que éobscuro.Antesdainter-
pretagio dafonte
claro
parece pode
nao é possivel
tornar-se
saber
bastante
se o
obscuro.
seu
Por é
significado claro:0 que
exemplo:202.°
ser objecto
0 art. CC
define como tudoaquilo
a coisa quepode derelagdes juridicas,
incluindonestas,nomeadamente as estabelecidasnum contrato dedoa

se
a
ao; fonte
aquele
parece nio suscitar
quedoaum érgio
quaisquer
préprio
dtividas, pode
mas
a um terceiro
perguntar-se
dispde gratuitamente
deuma coisaquepertence ao seu
patriménio ¢se celebra um contrato de

doagao (fart.9402, 1,C C).


n’
Hi assimqueconcluir queantes dainterpretagio dafontedodireito

tagio.é0
nadaclaro;quepode
Por
saberqual
isso, s6
ser claro
depois
ou indubitavel
derealizada a
éo resultado
interpretagaoé
infere deforma
dafonte
dainterpre-
possivel
a regrajuridicaque dela se inequivoca.
b)A vigéncia deuma lei interpretativa naoexcluia necessidade da
interpretacao. ¢
Como evidente, esta passa a incidirsobre a leiinterpreta-

tivaea leiinterpretada,
também necessirio
pois que,para
interpretar alei
se compreender
a leiinterpretada,
interpretativa,
e vice-versa.

3.5. Proibicdo dainterpretacao


Aindaquea necessidade dainterpretagao constituaactualmente uma evi-
déncia,a historia demonstra que tém s idovarias as tentativas de proibir
a interpretagio dostextos legais.Muitoconhecida éa proibigao, imposta
porIusrintanus (527-565), dequalquer comentirioaos Digesta queele
proprio compilar, juristas
mandara ficando o s proibidos de “langar
inter-
pretacées das leis,
ou melhor, perversdes das mesmas― (cf.Constitutio
Tanta, 21)proibigto
~

que,alids,foirapidamente desrespeitada.
Duranteo absolutismo francés,os juizes naopodiam interpretar a lei
a0s juizes
“€
aLei
quecabeaplicarasdiferentes
tam,mas 6a0 tinicoLegislador, querdizer,
se
causas que Ihesapresen-
ao Rei, quecabe interpretar―™
©
Peerage
Sussex Case(1884),
8ER1084(Lon Tinpat); ef,numa perspective
historica,
Meer, MigverstehenundVerstehen,
17ss
©
Questions
Roprer, sur POrdonnance
deLouisXIV,dumois d’avril relatives
1667, aux
usagesdesCoursdeParlement,
referindo-se dopoder
(clissico)
ao “temor de
et principalement

politico
(Toulouse
celuideToulouse 1761),11;
deum direitocon-
ante a possibilidade

330
5 17 HERMENGUTICA
EDIREITO

Continuando aAssembleia
estatradi¢ao, instituiuo regime
Constituinte
doréfré
législatif,
segundo 0 qualojuiz,perante
o qualquer davidasobreo
significado
da d
lei, evia
consultar legislador®*. que,
Conta-se também
perantea
publicagiodoprimeirocomentarioao Codecivil proveniente,
~

alis,deum dosseus redactores* NaPOLEAO


-

(1769-1821)ter exclamado:
Code
“Mon estperdu!―.

Naperspectiva deuma estrita separagio depoderes, também seencontram posi-


goes
+1788) desfavoriveis
pronunciouse
interpretagio
daseguinte
dalei,Assim,
forma: “No
porexemplo,
governo
MONTESQUIBU
republicano,é
(1689-
danaturezada
constituiglo queos juizes
sigam a letra
uma lei quando
dalei,Naohé qualquer
se trata dosseus bens,
cidadao contra o qual
dasua honraou dasua
interpretar
pretagio da
Dentro mesmaorientagfo,
dasleisé
BEcearta (1738-1794)
um mal― acrescentao seguinte:
~
~

“Para
paraquem“a
qualquer
inter-
delitodeveo
juizconstruir um silogismo
4 acgio conforme
perfeito: a premissa
ou nfo &lei;a conclusto,
doqueaqueleaxioma
maior deve
aliberdade
ser
a a
leigeral;

a consular
N&ohé
ou a pena. (..]
menor,
coisa
dalei.
maisperigosa comum que obriga o
espirito
Eu m a brechaaberta4 torrente dasopinises――
4. Dificuldades
dainterpretagio
4.1. Generalidades
Asdificuldades
mais,aquelas a
quesio colocadas
dificuldades
incluem-se
juridica
com que interpretacao

a ambiguidade
se defronta
ao intérprete
dequalquer
antesdo
séo,
texto. Nessas
a polissemia
ou ambi-
sintéctica,
ou porosidade
e a modificabilidade
guidadesemantica,
a vagueza dosigni-
ficado,
Além
destas
dificuldades ha
gerais,
que aquelas
considerar quesio
especificas
dodireito.

substanciadona interpretagio

~ de
DireitodeJuristas
‘QuERQuE, isso,
criadora
dosjuristse, por
Direito Estado,
aelealheio®,
RFD42 (2001),
ef.R.De ALBU-
759e760s.
©

16-24/8/1790
Leide
sTadreseront
faire
art nécessare,
auégislatf
toutes
corps
u ne nouvelle―)
(Tit. pourront
point
faire
les elements,
I, 12:“Islesjuges)
une
fois soit
e Lei de27/11-1/12/1790den
ne

quilscroiront interpreter
(art.
21).
sit
de
lt,
masils

+
MaLEVILLE, Analyse raisonnéedela discussion
ducodecivilau conseil (Paris
d’Etat
1804/1805)
«©
lesprit
Mowresqureu,
Dei
De
delle VI,
(1764),IL,port,
deslois(1748),
((trad.
5). 1998),
71).
Beceanta, delittie pene Lisboa
©

Deidelle IV 68
BrccartA, delittie
pene,
( rad.
port,
a
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

4.2, Ambiguidade
sintéctica
A ambiguidade verifica-se
sintactica quando daexpressio
a construgio
diwvidas
origina sobre Eo quesucede,
o seu significado. porexemplo,
na
“A
expresso Mariatrouxe vinhodoPorto―,
pois
queeste pode
enunciado
significar
tanto quea Mariatrouxe doPortoqualquer
vinho,como quea
Mariatrouxe 0 vinhoqueéconhecido como “vinho
doPorto―;
uma mesma
idadeencontra-sena expressio “O
gatocomeu os bolos
atrisdo
pois quenao é clarose 0 gatocomeu os bolosquetinhamcaido
paratrisdosofa ou se o gato f oibuscar os bolos a
qualquer outro sitio
comeu-os atrasdosof,Noplano juridico, podem aduzir-se os seguintes
exemplo: (i)0 disposto no art, 399° CCestabelece queéadmitida a pres-

tagio de coisa
podeproibido
ser
futura,
pela
sempre
lei nao
que
éa
a lei
coisa
nao
futura
a protba;
(como, ¢
como claro,
porexemplo, a
0 que
fruta
que pomar dar), prestagio
0 vai mas a da coisa futura; (ji)0 estabelecido
no art. 162,
“decisoes
n2 1,Cone.regula
relativas 4nulidadee & dispensa ¢
a confirmagio revisio em Portugal
docasamento rato e no con-
das
sumado pelas autoridades eclesiasticas competentes―; como ¢ evidente,0
queo preceito disciplina naoé 0 casamentonaoconsumado pelasauto-
ridades eclesidsticas,mas o reconhecimento danulidade ou da dispensa
desse casamentoquetenha sidodecretada poraquelas autoridades. Para
ultrapassar a ambiguidade sintactica, o intérprete tem deescolher entre
atribuir4expresso ambigua o significado S,ou o significado
43. Ambiguidade semintica
A ambiguidade semintica o u polissemia
daspalavras verifica-se quando a
mesma palavra pode ter varios significados,
dependendo do contexto em
que¢ aplicada®,
peloque,também neste caso,o intérpretetem deesco-
her entre atribuir&expresso ambiguao
significado
S, o u o
significado
S).Estaambiguidade -

quedecorre, porassimdizer, deum “excesso de


significado―~

ébastante frequentenas palavras “e―


e “ou, Porexem-
plo:a leiquedetermina

significaqueéproibida
que“E proibida
a entradaquera ciclistas
a
a entradaciclistas
sem animais,
¢a animais―

quera ani-
maissem ciclistas,
apesar dea copulativa“e―
poder justificarquesé fosse
proibida
a entrada
a ciclistas acompanhados
quefossem lei
poranimais;

CE, porexemplo, Sprachphilosophie


KursciteRa, ?
(Minchen
1978),
111.
©

On
Law
ALcHOURRON, and
Logie,
(1996),
345.
Ratiojuris9
5 17 HERMENGUTICA
EDIREITO

que“E
queestabelece proibidocomer ou fumarnas salas significa
deaula―
que proibido
é
¢fumar
tanto comer
ao mesmo tempo,
derques6fossem
sem fumar
apesar
cada
fumarsem
dea disjuntiva ou
comer,
poder
“ou―
como comer
levar enten-
a
proibidas u ma das condutasisoladas.
44. Vagueza ou porosidade
a) Avagueza ou porosidade daspalavras(paguenses,
open texturefuzziness―)
ocorre quando as palavras possuem um significado indeterminado, isto
é,quando haobjectos a queas
palavrasso indiscutivelmente aplicaveis,
(‘positive
core reference―),
objectosa queessas palavras talvezsefamaplicé-
veis
(“penumbra e ainda
reference―) objectos a queaquelas palavrasnao sio
indiscutivelmente
circunstincia
aplicaveis
dequehé
(negative
factosou situagdes
referire naoreferir’,
core
reference―,
A vaguezadecorre
a que,simultaneamente,
da
uma
palavrase pode dadoquea vagueza admite,como
&proprio dafuzzy logic,qualquer concretizagio entre 0 e 1―.
A vagueza
decorredeuma indefinigao delimitesou fronteiras (nao importando
agora discutirse elaé apenas epistemoldgica ou émesmo ontolégica),
distinguindo-se da ambiguidade, porque enquanto nesta haum “excesso
designificado―,naquela héuma “falta
ou insuficiéncia
na determinagio
dosignificado―,

©

on
Essays of
Law WatsMANN,
Hat, TheConcept (Oxford
(Oxford
andLanguage
Logie
1994),
123;
1951),
120,
a Verifibility,
da
distinguiaopen
i n FLEW

texture:
vagueness
(Ed),
“Open
fu
texture
rules,
7 texture
open
Cf,
lie
issomething
cannot―.of
possiblity
vagueness,
Prczentk/WrOnLewskt,
be
remedied
Vagueness
can
by
giving accurate
more

explaining
Fuzziness legal
andtransformation:
Towards
reasoning, (1985),
TheoriaSI 24s.
Prczenik/Wrostewsk1,(1985), Russet,
Vagueness Language:Philosophical1
Cf Vagueness,
TheoriaSl AJP(1923),
25s;
®

84 s s Waprow, Lawand
in Some CalL.Rev.
Issues,
82(1994), Philosophy (New 1936),
5095s RicHtaRDs,
The ofRhetoric York 1, fala, pro-
pésito dascausas dosmal-entendidos,
deuma
“Proper
Superstition―,
Meaning decorrenteda
‘renga palavras significado
dequeas
independente
tém
um
e doseu uso dafinalidadepara
qualio
pronunciadas
â„¢ em Theoria
Peczenrk/WROsLewsKt,
Cf, aos (1999),ss
relagioconceitos51(1985), ss
indeterminados,
i n derRechtswissenschaft,
RTh30 540
KRIMPHOVE,
24ssc 32
Fuzzy-Logik
DerEinsatz
von

®

Ambiguity, Logic,
OnLawand
ALCHOURRGN,
Ratio
(1964), Juris9
Theoria30 (1996), cftambém
345;
(Un-WVerstindlichkeit
179ss; Scriwarr,
Vonder
KHATCHADOURIAN,
der
Juristensprache,
JZ2004,
475,

a
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

Perante
expressio
uma vaga, tem deescolher
0 intérprete se,além
do
significado
S,,a também
expressio pode
comportar
o significado
S;.Nesta
dosignificado
determinagio releva essencial
a caracteristica davagueza:
pequenasdiferengasentre os objectos
naofazem nenhuma difereng
quantoatribuigio
a eles d eum mesmo significado,
Por exemplo:se du

pessoas
téma
diferemapenas
mesma altura,
um milimetro
porque
pode-se dizer
em altura,
“alto―
o predicado é
queambas
vago".Umadaspos
lidades
é
entendera
deexplicaraplicagio
quea vagueza a proximidade
dospredicados
condigao
vagosrealidades
estasubmetida a uma
distintas
de
(closeness),
pois predicado relacao
que 0 objectos
Fé vagoem aos a e b se
elesforem
esio jaem a
relagio
similares
relagio
dosFa Fb similares
(caso
predicado
em
que
verdade)―.
esse

possibilidade
a
em
Umaoutra
os enuncia-

entender
é referiu,predicados préprios
que, como se os vagos sio dos
conceitos indeterminados e deuma linguagem tipolégica―.
b)A vagueza ou porosidade daspalavras estasubjacente ao chamado
paradoxo (do
do sorites grego mont).
s oras, O sorites éum conhecido
paradoxo exemplo,
que, p or leva a concluirque, se nao ¢por retirarum
grio que deixa dehaver um monte deareia,entio o
gro de areiarestante
apésterem sido removidos todosos outros &aindaum monte deareia.
Noentanto, a aplicagao deum conceitoindeterminado ou deum tipo em
a solugio
direitonio requer
dese confrontar
desteparadoxo,
comanecessidade
porque aquela aplicacio,
dedefinira aplicabilidade
longe
doconceito
ou dotipo, implica apenas que se valorese,numa situacao concreta,o con-
otipo profbe
ceitoou
suponha-se
preenchidopreenchido.
se encontra
queuma lei
exemplo:
circulagio
a
ou nao
deveiculos com pneus
Por
gastos
(pneus
e sem sulcos “carecas―,
na expressiovulgar);
parao intérpreteda
lei,o problema o desaber
naoé quedesgasteé
que é
n ecessadrioparaque
um pneuse torne “careca―,
mas apenaso deverificar
se 0 pneuem causa
esta“careca―,

~
Vagueness
Cf,Surris, andDegrees ofTruth(Oxford 2008), 145s

Th.
Vagueness
C£.Surmu,
Vagueness
CEEnpicorr, and Degrees
Law
ofTruth,
in(Oxford Necessarily
Vague,
151ss.
2000),31ss; Epicor, Lawis
and
Legal (2001),
7 379ss; ENpicorr, Vagueness Law,in Rowzimt(Ed),Vagueness:
A Guide(Dordrecht/Heidelberg/London/New York2011), 171ss; JONsson,
Vagueness,
andtheLaw,Legal
Interpretation Th.15(2009),195sss;diferentemente, ef.Kocit,Das
PostulatderGesetzesbindung i m LichtesprachphilosophischerUberlegungen,
ARSP61
(1975),
am
osa
37s, reserva para tiposqualidade de “porosidade―.
&
5.17 HERMENGUTICADIREITO

dosconceitos
A concretizagio indeterminados ou dostiposnaoexige
gradual
uma delimitagao do é
que concretizagio para quejé&con-
o nao
cretizagao,
mas antes um “salto―
do que concretizagao
é o quejanao
para
doconceito ou dotipo.
&concretizagio A concretizagio dosconceitos
indeterminados
ou dostiposérealizadase assim
-
se podedizer “aos
~

saltos―.
Suponha-se,
porexemplo,
quese pretende concretizar os conceitos
denegligéncia
levee denegligéncia
grosseira;importa
0que determinar
naoéquando quea negligéncia
é levepassaa grosseira, mas o desaber
se um caso denegligéncia
constituiuma situacaodenegligéncia leveou
grosseira,
.5. dosignificado
Modificabilidade
A modificabilidade
dosignificado
também
contribuiparaa dificuldade
juridica.palavras aquelas
dainterpretagio As mesmo
~

queso bastante
comuns na linguagem
juridica
podem significado
-

d
variar e ao longodo
Basta
tempo. pensar, porexemplo,
em palavras
como bonscostumes, igual-
ou responsabilidade
liberdade
dade, parental
(sintomaticamente
corres-
pondente porpoder
ao queantes se designava paternal).
4.6. Dificuldades especificas
Além dasdificuldades ahermenéutica
gerais, juridica
tem ainda deenfren-
taralgumas complicagdes préprias juridica, destas,
darealidade No ambito

é proliferacio
cabe comegar porreferira legislativa:
a interpretacaodasfon-
tesdodireitodificultada pela producio
enorme legislativa,
porque nunca
hi a certeza deque,na interpretagio deuma fonte, naosejadescurada
uma outra fonte determinante paraaquela interpretagio.A isto acresce
o hermetismo dalinguagem juridica,
pois que,apesar as leisterem,
de
como tiltimosdestinatarios, a verdade
os cidadaos, que,porvezes,a lin-
é
guagem
4.7. Resolugio
é asua
quenelasutilizada
dificulta
compreensio juristas.
dasdificuldades
pornao

Asdificuldades
dainterpretagio deser vencidas
tém dorecurso
através
aos elementos
dainterpretacio
enunciados
no cf.art. 9°
CC.O intérprete
no tem,alis,nenhuns
outros elementos
parasolucionar eventuais casos
dificeis.

us
INTERPRETACAO
§18.¢ DALEI
I. Generalidades
1. Aspectos
relevantes
Ainterpretagio
desdobra-se
seguintes
nos
qualquer
dalei bemcomo de
aspectos:
-

outra fontedodireito
~

Aescolha dafinalidadedainterpretacio:
antes demais,importasaber
visadescobrir
se a interpretacao a intengaodolegislador
ou o signi-
ficado objectivo
dalei;
~
A selecgiodoselementos depois
dainterpretagio: desaber o quese
procura obtera da
través interpretagio,
importaseleccionaros ele-
quevio ser usados
‘mentos para alcangar
essa finalidade;
~

daregrajuridica:
A inferéncia haqueconjugar
finalmente, os vérios
elementos
dainterpretacéo
parasaber
a quecasos é
quea leiéapli-
cével paraobtero resultado
e,portanto, dainterpretagio
dalei,que
deuma regrajuridica
6a inferéncia dalei interpretada.
2. Careter normative
A perguntaa quea interpretagio daleipretende responder nio éc omo
&queuma leié interpretada, que
mas como é uma leideve s er interpre-
tada,A interpretagiotem, porisso, um cardcter normativo:ao cardcter
normativodainterpretacdo em geral acresce o recurso a regras especifi-
dalei(cf.
cas dainterpretagao CC).
art. 9° Eporestarazaoqueconhecer
como é

jurisprudéncia)
nunca ¢
quea lei interpretada
prejudica
(nomeadamente,
a questdo desaber
peladoutrinaou pela
como queeladeve
é
ser interpretada.
a7
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

IL, Finalidade
dainterpretagio
1. Generalidades
LL. Subjectivismo
ws,objectivismo
a finalidade
a)Sobre dainterpretagio
dalei siopossiveis
duas
orienta-
ges:segundouma subjectivista, interpreta-
orientacao a finalidade
da
da intengao
Gioéa reconstituigéo subjacente
dolegislador &produgio
dalei(oudareconstituigio dolegislador
daintengao deinduzirum com-
portamento nos destinatérios
daleiatravés
doreconhecimento porestes
daquela intengio);segundo objectivista,
uma orientagio a finalidadeda
interpretacdo a determinagio
¢ dosignificado
objectivo
dalei,qualquer
quetenhasidoa intengio
se reveste denenhum
dolegislador.
pritico
interesse quandoa
¢ a
Comoevidente, dicotomia nao
intengio legislador
do
coincidir
a o
com significado
quando
maximaimportancia
objectivo
dalei,Pelo
assimnaosuceder, quando
istoé,
a distingio
contririo,
se veri-
tem

ficarum conflito
sta,prevalece
legislador
entre o
o legislador;
Paramelhor
elucidar
e
o intérprete:
na orientacio
o intérprete.
na objectivista,
dadiferenca
a importincia
subjecti-
entre estasorienta-
des,considerem-se
as seguintes
proposicSes:
(1)“Olegislador
quis proibir a conduta C,―;
2) legislador
“O proibiu C,―;
a conduta
(3)“O proibiu
legislador a conduta C,―;
@)“Ollegislador
nao proibiu conduta―,
nenhuma
A proposigao legislador
“O quis proibira conduta C,"enunciaapenas a
intengo legislador,
do ou seja,intengaoque legislador
a do o quisatingir
@proibicao dacondutaC,).Supondo quea proposigio é
verdadeira—e
que,
porisso,o legislador
teve realmente a intengdodeproibir a conduta C=,
issos6significa
queo legislador representou decoisas―?
um certo “estado

(nocaso,a proibigdodaconduta C,)como desejivel; daquela proposigao


naoresulta queo legislador,
porequivoco ou porqualquer outro motivo,
no tenha afinalproibido
tenhaafinalproibido
outra conduta
nenhuma
ou,pordesisténcia
conduta,Assim, ou
inércia,
torna-se evidente
nao
quea

*
Cf.Grice,Meaning, Phil.Rev.66(1957), 377ss,
2
SeARLE, Intentionality/An
essayi n thephilosophy
ofmind(Cambridge 1983),11:“os
estadosintencionaisrepresentamobjectos ¢estados
decoisas no mesmo sentidoqueos
actosdefalarepresentamobjectos¢ decoisas―.
estados

a
518 INTERPRETAGAO
DALEI

proposigdo enunciada em (1)pode ser verdadeirasem quea proposigio


constante de(2) tenhatambém deo sere sem queas proposigdes
expres-
sasem (3) ¢(4)tenham deser falsas.
Portanto,escolheruma orientagio
subjectivista
ou objectivista
na
interpretagio dasfontesdodireitonao&
indiferente paraa regra quese pode inferirdessas fontes.
b)Asorientagées subjectivistas
bemcomo nas metodologias
lutismo’,
foram predominantes
doSéculo XIX',Para o
duranteabso-
estascorren-
tes, a finalidadedainterpretacao éa reconstrucao davoluntas legislatoris,
pois que,como jaafirmava ECkHARD (1716-1751), nihilaliud
interpretari
esse,quam sensu auctoris ex v
efus erbis
et rationedeclarare*.
Muito explicita
dareferida orientacao subjectivista
era a
posigio deSaviGNy (1779-1861):
60sintérpretes“devem colocar-se em pensamento na posigaodolegisla-
dore repetirem em si,deforma artificial,a daquele―,
actividade pelo que
a interpretagio é
“a
reconstrugio dopensamento queestainsitona lei―.
Umaidéntica orientagéo encontra-se em WiNDSCHEID (1817-1892): “a0
intérprete nao pode ser dada nenhuma outra orientagio,
a nao ser a de,
através daconsideragao detodosos elementos disponiveis,
se imaginar,
damaneiramaiscompleta possivel,
na alma dolegislador――.
Actualmente,
as orientagdes subjectivistas so defendidas poruma dasverses docha-
mado originalism
norte-americano (uma orientagéoqueprocura interpretar
08 preceitos constitucionais deacordocom a intengao dosseus Founding
Fathers’),
bemcomo poralgumas correntes detendénciapragmética que
diorelevancia ao aspecto comunicativodalinguagem?.

®
(Graz
CEConran,
ss;
1971), 8
19.Jahshundere
Richterkonig
OGoREK,
(Frankfurt 1986),
am Main
vom
Ubergang
RichterundGesetzim Absolutismus
zum

oderSubsumtionsautomat?/Zur
107s,
Verfassungsstaat
Justiztheorie
im

+
Ensaiosobrea TeoriadaInterpretaglo
CEM.d e Axprape, dasLeis* (Coimbra
1987),
oderSubsumtionsautomat?,
14s;Ocorek, Richterkénig 158ss.
©

©
System
Saviewy, (Pisis
9(§
XVD.
juris civilis 1770),
Cur.Henn.EcnanptHermeneutica
desheutigen
Rémischen I (Berlin
Rechts
Miiverstehenund Verstehen/Savignys
Grundlegung
1840),
213;ef,MeDeR,
der juristischen
Hermeneutik
2004),
(Tiibingen 21.
©
*
Wipscutenp,
―

CE.Scatia, Lehrbuch
CE,com orientagées
[*(Frankfurt
a. 58 35s.
desPandektenrechts
AMatterofInterpretation/Federal
bastantedistintas,
M. 1887),
CourtsandtheLaw(Princeton
Hecennanr, Juristische
1997),
Hermeneutikund
juristische
Pragmatik/Dargestellt derLehrevom Wortlaut
am Beispiel alsGrenzeder
Auslegung(Kénigstein/Ts,
1982),
54s.e176s;Manor, InterpretationandLegal
Theory
2 (Oxford/Portland
2008),21ss;parauma anslise
destas Juristische
ef.Busse,
orientagdes,

Ee)
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

tendem
Naactualidade, a prevalecer
as correntes objectivistas,
ainda
que em algo
versdes embora
distintas, todas c oincidindo
em que fina-
a
éa determinagao
lidadedainterpretagao davoluntaslegis, outras,
Entre
as objectivistas
orientagdes implicam
uma
consequénciaa de
importante:
quenaoh4nenhuma entre a producao
continuidade daleie a sua inter-
pretagio!!
1.2 Semantica vs. pragmética

entre
e e
A opgio o subjectivismo
de―
a“intengio
o objectivismo
a “expresso
de―
O subjectivismo
e, em grande
fica-se
é
também
medida,
uma opgio entre
entre a semintica
€
a
pragmatica. quefoiquerido
poraquilo (pelo
legislador)
¢,por esgota-se
isso,
orienta-seporaquilo quepode
na dimensio
ser feito(pelo
s
o ¢,
emantica;
destinatario
objectivismo
daregra) por-
tanto,move-se numa dimensio pragmatica.
Acresceaindaque,enquanto subjectivista
a orientagao atribui&inter-
pretagio uma dimensio factual ligada 4determinagio do
davontade
a
legislador,orientacaoobjectivista
normativa,j 4quenio importa
dolegislador.
permite
uma interpretacéo
como facto
determinar,
puramente
interpretativo,
a

intengio
2. Orientagées objectivistas
2.1. Justificagao
a)A favordascorrentes objectivistas
frequente
é com a igual-
argumentar
dadeperante a lei (¢f. n2 1,CRP),
art. 132, pois qualquer
que,enquanto

Semantik/Grundfragen
derjuristischen
Interpretationstheorie
i n sprachwissenschaftlicher
Sicht (Berlin
2010),
189s;ef.tambémas reflexdes de
gerais FoLtesbat/WALLOF/ELSTER,
Argumentation/Ein
Rationale Grundkursi n Argumentations-
undWissenschaftstheorie
(Berlin/New
York1988),115ss.
®
Cf.Atexy,Juristische
que,
Interpretation,
embora
3,defendendo
sedeva
i n Atexy,Recht,
atribuir
prevaléncta
uma am
Vernuntft,
vontade
(Frankfurt
Diskurs
primafacica
dolegislador,
‘uma
no caso concreto pode

interpretagio
objectivista;
para
uma visto a
haverquerecorrer
globalambas
justifiquem
outroselementos

as objektive
ef.
orientagbes,
de
que
Hassot,

â„¢
des
Wille
des oder
Gesetzgebers
ZZP
94
Gesetzesauslegung, Sinn
objektiver
(1981),
exemplo, Authority
Diferentemente,
cf, por
—subjektive
Raz,
desGesetzes
192. Theorie
Law/EssaysonMorality
The of
oder

Lawand
1979),
(Oxford
Law/Essays 55;
206 Raz,
Legal
on
Interpretation,
Intentioni n
(Oxford
theTheory
1996),
Positivism
(Oxford
of LawandPractical
(Fd),
Authority of
Autonomy
in GEORGE

256s.=Raz,Between
The
andInter-
pretation/On Reason 2009),
279s,

40
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

leitorpode fazer, pelo menos,uma ideiadosignificado dalei,a investi-


gagio sobre a vontade do legisladorexige esforgo preparagio
um e uma
quenaoesto ao alcance detodos. Invoca-se também a impossibilidade
dedeterminar a intengao dolegislador histérico,
atendendo, nomeada-
mente,&insusceptibilidade dedefiniruma vontade comum a todos os
intervenientesno proceso legislativo(comodeputados,
os o Primeiro
Ministro,
apenas,
os ministros
como jé chegou
¢ Presidente
Âo
Republica),
da
a ser proposto,
ainda
o quefoiditopelos
quese considere
intervenien-
tes ¢as maisimportantes opinidesporeles expressas!®.
Aduz-se também
anecessidade deassegurar a integragiodalei no ambiente dado
social,
que que
o

o
deve
mas quea leivale
c ontar
é
no 0 que legislador
o
no momento em que¢
quisquando a
interpretada, pois
elaboroulei,

cédigo
que“o
pode largo
ser mais de vistas doque o seu autor―,A leideve libertar-se
dolegislador e passar a valer com um significado objectivo adequado as
circunstancias
sua interpretacio". econdmicas,
(sociais, culturais) existentes no momento da
A necessidade deintegrar a leino ambiente social ¢ particularmente
importante. Perante u ma modificacéo no significado dapalavra
~

que,
naturalmente, naopodia ter sido pelo
prevista legislador -, naopode deixar
dese atender
frequente
a0 seu significado
em alguns
deboa
Estamodificagao
actual.
conceitosindeterminados,
de bons de
é especialmente
como os dealteracio
censurabilidade de
das
circunstancias,fé, costumes, ou gra-
vidadedaviolacao,
determinados.
mas elapode
Bastaatender
igualmente
aos seguintes exemplos: a
ocorrer em relacao conceitos
() 0 art. 348,24,
CRPproibe todaa ingeréncia nas telecomunicagées e nos demais meios
decomunicagao; quaisquer que fossemos meios de comunicagio queexis
tissemno momento daelaboragao dopreceito, éclaroqueessaproibigio
abrange os meiosdecomunicagio queentretanto se tornaram possiveis,
como 0 telemével ou 0 correioelectrénico; (ii)0 art. 362.224 parteCC
defineo documento
duzirou representa
como qualquer objecto
elaborado
coisaou facto;Âevidente
uma pessoa, ¢ o
com fimderepro-
queesta nogio
©
Cf Peczentx,
OnLawandReason? (Dordrecht2009),283.
8
Konter,UberdieInterpretation
von Gesetzen,GréinhutsZ. 13(1886),
40.
°
Rapaxucs,
andJustice
(trad.
jz oferega
ingl,
oposigio
in
die
London
ao poder
(Leipzig
EinfulhrungRechtswissenschaft―®
144,afirmando
1958),
dosmortossobre
201OnLaw
que“é
1929),s; Ross,
praticamente inevitivel
eleproprio,se as condigdes
queo
davidapresente
favorecereminterpretagio
um a num novo
espirito―
MI
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

abrange realidades desconhecidas no momento dasua redacgo, como,


entre outras,0s documentos informaticos e as fotografias digitais.
Emtodo0 caso,importa
desenvolvida em tribunal,
referir
que,
éalgo
principalmente
frequente invocar a
na argumentagio
(pretensa) vontade
dolegislador.Porque a intengio relevante éa intengaoqual
com a o legis
ladoragiu,issosucede, no entanto, quase sempre a propésitodafina
dade dalei,0 quemuitas vezes estalonge depoder desvendar a intengio
dolegislador. Suponha-se, porexemplo, que,quanto a um acto praticado
pelo proprietariolocador,hadiividas sobre se a invalidade estatuida na lei
6a nulidade ou a anulabilidade; invocarque“O queo legislador quis foi
protegerinquilinos― para
ladorquis
os nio
foiestabelecer
ésuficiente
a nulidade
concluir
doacto―,porque
o
que que legi
“O
aindaficaporsaber
se, mesmo queaquela tenhasidoa realintencéo dolegislador, afinalcle
nao
deveria
ter querido apenas
estabelecer
sistemitica)
consisténcia a anulabilidade
(nomeadamente,
do acto.
porrazdes de

b)Aleié um
enunciado
leceum determinado o
dever
para
linguisticoatravésdoqual
ser
legislador
certos destinatérios.
estabe-
Estaafirmagio
conduz imediatamente &questo desaber se,mesmo que,em principio, o

parametro deinterpretacao daleideva ser objectivista, oconhecimento da


realintengio
ser na
sua
deva considerado daé
dolegisladorpelos destinatérios leindo um elemento
Aparentemente,
interpretacio. poderia
que
parecer
quehaveria
poraqueles datemnegativa.
quedarrelevancia
destinatirios, masa
Mesmoqueos destinatirios
ao conhecimento
verdade é
intengao
que resposta ser
a
a realintengao
de
dolegislador
dolegislador,
conhecam
isso nfo justifica

intengio (para,
o
nem que legislador
porexemplo, impor um
possa
dever
invocar
que a lei
contra
nao
elesa sua
impée ou para
retirarum direitoquea leiatribui), nem queos destinatarios possam uti-
lizara seu favora intengio dolegislador (para,exemplo,
por gozarem de
um direito
leinaoisenta).
a confianga
alei
que naoatribuiou parase isentarem
Ajustificagéodaprimeira
¢
deum dever
conclusiofacil: bastainvocar
quea
no sistemapara justificar queninguém pode ser prejudicado

poruma intengio dolegislador quenao encontra expressio no texto da


lei.A justificagao dasegunda conclusio nao ¢ a ssim tao evidente, por-
que,se é conhecida a intengao dolegislador deatribuirum direitoou de
acabar com um dever, nem sequer o caracter geral daleipoderia impedir
que esta valesse
de acordo c om essa intengao: quetodoso s destina-
desde
tariosfossem beneficiadoscom a intencao dolegislador, o cardctergeral
ae
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

daleiseriarespeitado.
encontra-seexcluida
Em0
pelo
todo caso,essa interpretagao
disposto
subjectivista
2,CC,segundo
no art, 9.",n." o qual o
que conta ¢
o que expressolei,
esta na nao o quepoderia estar
s e tivesse
havidouma correspondéncia
6)Estetiltimoaspecto a e
entre intengio o afirmado,
marca a diferenca fundamentalentre a inter-
pretagio da lei e a interpretaciodos negécios juridicos.
Na interpretagio
dalei,a intengio dolegislador naoprevalece sobreo sentidoobjectivo da
lei,pelo
merecer nenhuma dessa
queo conhecimento intencao
tutela,Diversamente,
dodeclarante
na
pelos
interpretagao
a prevaléncia
naopode
destinatérios
dosnegocios
dasua vontade
juridicos,a proteccéo impde
real(cf.art. 2364, n 2,¢238!,n2 2,CC).
2.2. Consequéncias
A prevaléncia
dasorientagdes significa
objectivistas queo intérprete
nao
tem deprocurar
nem a intengio dolegislador, nem sequer o significado

que um ficcionado ou supostolegisladorteriaquerido exprimir numa certa


fonte's,Estaassergdonaodeixadeter uma consequéncia politica parti-
cularmente importante: dadoqueo intérprete ~

maxime,o juiz no tem


-

dese preocupar com a intengio dolegislador, isso significa


naos6quea
competéncia para interpretar nio coincide com a competéncia paralegis-
Jar,mas também o poder
que,neste dominio, jurisdicionalprevalece sobre
0 poder legislativo, pois que 0 direito nao éo que legislador
o quisque
fosse, mas o queo juiz. considera que&.Naoé este omomento adequado
paraanalisar os pressupostos ¢as consequéncias politicasdesta conclu-
sfo!*, sempre pode que,
mas se dizer entre outros aspectos,realga
ela a

importincia das regras sobrea interpretacio da lei,pois


que essasregras,
so as tinicasquepodem limitaro juizna sua actividadedeinterpretagio.
Apreferéncia
entanto,
concedida
a irrelevancia
ao significado
daintencao
objectivo
dolegislador,
daleinaoimplica,
¢
poisque,comoevidente,
no

as correntes objectivistas
possa ser coincidente
no impedem
com a intengio
o
que significado
do legislador.
objectivo
Econcebivel
dalei
que0
legislador tenhaexprimido adequadamente o eque
seu pensamentonada

'S
Entendendo,
contrafactuais,
rizado
pelo
decerto modo’,
a
contririo, quefinalidade

cf, MaRMOR,
quepodem
isto 6, as intengdes éas
dainterpretagio
aum
ser atribuidas
andLegal
encontrar “intengBes
autor ficcionado
2,23s
caracte-

Interpretation Theory
°
Parau ma visto geral, ef. LoosceLpERs/Rori, Juristische
Mechodiki m Proze® der
Rechtsanwendung (Berlin 1996),28ss

Ma
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

justifique aplicar a leia casos naoprevistos pelo legislador ou deixardea


aplicaraos casos que legislador
o procurou abranger, pelo que, nestascon-
digdes, o significado daquele
daleinto seafasta queo legislador Ihedeuno
momento dasuaelaboragio, Emtodo0 caso,das orientagées objectivistas
decorre queo intérprete naotem deprocurar resolver as diividassobre
a verdadeira do
intengio legislador e que,mesmo que intengao
essa seja
conhecida,
lei,ainda
Como
0 intérprete tem dedarprevaléncia
queelenaocoincida
facilmente
com a intencao
se compreende,
ao significado
dolegislador.
a “idade―
objectivo
daleireveste-sedegrande
da

importancia nestecontexto, Quanto mais recente fora lei,maiores so as


hipoteses
lador.
de
Como¢
o seu
deesperar
objectivo
significado
queo legislador com
coincidir a
tenhaconsiderado
do
intengiolegis
o ambiente
politico, social, econémico ¢ culturalem quelegisla utilizado
¢tenha
expressdes significado
com 0 seu actual, raramente o intérprete pode
atribuira uma leirecente um significado objectivo quese afasta dainten-
dodolegislador. Emcontrapartida, quanto maisantiga fora lei,maiores
sio as possibilidades deo seu significado objectivo se afastar daintengio
dolegislador. Amedida queo tempo passa surgem novos ambientes poli-
ticos,sociais, econdmicos
foioriginariamente
&
e culturais
dado lei pelo legislador, o
quemodificamsignificado
podendo
que
acontecer que0
significado actualdalei seja mais amplo ou mais restrito do queaquele

quecorresponde 8
3. Direitoportugués
intengao do legislador
histérico―.

3.1. Generalidades
O art. 98,n2 1,CCdeterminaquea interpretagio
tem porfinalidade
a

reconstituigao legislativo
dopensamento
legislativo―
sto “pensamento
é A
dotexto dalei. expres-
a partir
algo
ambigua,
dolegislador
poisqueelatanto pode sig-
nificaro pensamento (significado
subjectivista),
como 0
pensamento dalei(significado
objectivista).
Odireitoportuguéspresenta,
nesta matéria,
dado
uma certa
ambiguidade ~

quese encontramno art. 92CCelementos


pelo
desejada
alids, legislador*—
quecorroboram uma orien-
tagao subjectivista
e outros queconduzema uma orientagaoobjecti
©
Introdugio®,
Letrascomplementares:
ENatsc, 169-183; Metodologia',
LAREN7, 44
©
M, px Anpnape,
(1961),
150.
dedireito/Vigénci,
Fontes interpretagio
e
aplicagio
dalei, BMY
102

ae
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

subjectivistas
3.2. Tendéncias
Oart. 9, n. 2,CCestabelece
quenaopodeser consideradopelo
intér-
pretepensamento
o legislativo
quenaotenhana letra
dalei um minimo
decorrespondéncia
verbal,ainda queimperfeitamente Dado
expresso.
queapenas alguém
pode exprimir ~

ser levado
deformaperfeita
a concluir
ou imperfeita
~

um pensamento,poder-se-ia quea expressio “pen-


samento legislativo―
utilizada 2,CCsé
no art. 9, n.° referir
se poderia a0
pensamentodolegisladore,portanto, &voluntaslegislatoris.

objectivistas
3.3, Tendéncias
a)Paraprocurar
lativo―
referida a
resolverambiguidade
1e2,CC,
no art. 9°,n!
daexpressio
a
considerar
importa
legis-
“pensamento
oposigao
entre
0
¢
actualismoo historicismo: enquanto, paraa orientagio actualista,
0

que conta
relevaé
é
0 significado
0 significado
actualda
orientacao
lei,para
a
historicista,
quea leitinhano momento dasua criag4o.
oque
A oposi-
do entre o actualismo e 0 historicismopode cruzar-se com a oposi¢io
entre 0 subjectivismoe o objectivismo,
como resulta daseguinte
tabela:

Historicismo Actualismo

Subjectvisma1 2

Objectivismo3 4

Daanilisedestatabela
decorre is finalidades
que,quanto dainterpre-
tagiodalei,sdopossiveis
as seguintes
orientagoes:
=

subjectivista
Umaorientagao (posigao
historicista 1):0 significado
da
aquele
leié Ihedeuno momento dasua elaboragio;
queo legislador
=

subjectivista
Umaorientagao
aquele
leié queo legislador
(posi¢ao
actualista
0
2): significado
thedariase tivessedelegislar
da
na actua-
lidade;
=

objectivista
Umaorientagio (posiga0
historicista significado
da
aquele
leié queelatinhano momento dasua criagio;
=

objectivista
Umaorientagio (posicdo
actualista 4):0 significado
da
aquele
leié queelatem na actualidade.

b)Avangando
um pouco importaesclarecer
mais nesta matéria, que
© actualismo
podeser entendido
deduasmaneirasdiferentes.
Umadelas

Ms
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

corresponde ao actualismo que¢


projectivo, queimplica
0 actualismo
4 projeccao na actualidadedavontade dolegislador (versio
histérico
subjectivista) na actualidade
ou a projeccao dosignificadoobjectivo
his
t6rico(versio objectivista).
Uma outra maneita deentender
o actualismo
corresponde ao actualismo
prospectivo,queé queimplica
0 actualismo
a prospeccio davontade actual(versio
dolegislador subjectivista)
ou a
prospecgio do significado actual
objectivo (versio referido
objectivista),
O
pode ser resumido tabela:
na seguinte

Hioritme
|
‘Actualismo
projective
Projecgio
Actullamoprospecivo

|Vontade
subjectiismo do
legislador actualidade
histérico
na
donors
dolegislador|
davontade
viedoled
brospeceio

4,lo legislador
eae actual

Projecgto
| histérico
Orjectivsne Significado
5

St
| significado |foSznificado
4objectivo
do
na actualidade
object
objectivo
histérico
Prospec
4° significado
actual
objectivo

Sendocerto quequalquerdestas é admis


teoricamente
orientagdes
possivel
sivel,
é concluirqueo complemento
naturaldosubjectivismo
€ e quea ligagdo
o historicismo naturaldoobjectivismo écom o actua-
lismoprospectivo.Sedeve valera intengaodolegislador
(subjectivismo),
¢
entio o que légico
Pelocontririo,
é
queeste seja
actualista
o subjectivismo
hist6rico(historicismo).
o legislador

requereria
imaginar o signifi-

o
cadoque legislador daria&lei setivesse dea elaborar
ou construiro significado
queo legislador
na actualidade
actualdaria4 leise fosse
ele
aproduzi-la,
Se, em contrapartida,devevalero significado
objectivo dalei(objecti-
vismo), que légico
entao 0 é é ele
que seja aquele que pode
Ihe ser dadona
actualidade (actualismo prospectivo). objectivismo
Pelo
contririo,o histo-
ricistaimplicaria quesignificado
verificar objectivotinhaa leino momento
em quefoi criada ¢ objectivismoactualista
projectivo implicaria
imaginar
o significado
©)
actualdosignificado
Importa
hist6rico.
objectivo
acrescentar queuma orientagao objectivistanao impoe
queo intérprete desconsidere ou tenhadeignorar a intengo dolegisla-
dor.Quando o art. 92,n2 1,CCimpde considere
que intérprete as ci
o

M6
5 18 INTERPRETAGAO
DA LEI

cunstancias dificilqueelenaose depare


em quea leifoielaborada,
¢ com
indiciosdequal foia intengiodolegislador.
Assim,0 quea orientagio

objectivistaimpoe éque,quandointengaoseja
essa conhecida,0 intér~
pretenio se fixenesse subjectivopoisque
sentido dalei, o objec-
sentido
tivo(¢
actual) desta mesmo queelepossa
Ão©tinicoque¢relevante, trait
do
aintengiolegislador.
3.4, Conclusio
Oart. 92,n°1,CCmanda atender, na reconstituigio dopensamento
legislativo,
as condigGes especificasdo tempo em quea lei é aplicada.Isto
demonstra o art, n2 CC
que 92, 1, consagra orientagao pros
uma actualista

possuinoo
pectiva:significado
momento
queo intérprete
dasua
deveatribuir8lei é
interpretagao(eno no da sua
aquele queela
criagdo).Sendo
assim,pode
legislativo,
concluir-se
o considera o
que 92,n.1C
art. , C,
como o complemento
ao referit-se
natural
ao
daquela
pensamento
orientagao
actualista.
concluir
Como esse
a
que expresso é
umaobjectivista,
complemento
“pensamento
orientagio
legislativo―
utilizadano art.
haque
92,n21,
CCdeve s er entendida
taslegis,
Assim,
no sentido
o art. 92, de
depensamento
n2 1,GCconsagra
dadoquea interpretagdo
dalei,o u seja,volun-
uma orientacdo
uma actividade
naointencio-
dereconstituigio
nalista, naoé
davontade dolegislador,mas deconstrugio dosignificado objectivo da
lei.Ditodeoutra forma: a interpretacaoécorrecta,nao se elaestiver d e
acordocom a vontadedolegislador, mas antes se elaobservar as regras
definidasno art. 92CC.
Podeassimconcluir-se quea finalidadedainterpretacao naoé expli-
a
deum raciociniopratico. e
car lei,masantes aplicé-laencontrara sua
A interpretagao
razio
é
deser
nao realizada
como elemento
no sentido da
fonteparaa sua origem (ou seja, perspectiva
numa “de
diante para tras―
portanto,
¢, e subjectivista),
historicista mas dafonte paraa sua aplicagio
(isto
é, “de
numa perspectiva paradiante―
trés actualista
e, portanto, e
objectivist
IIL. Elementos dainterpretagio
1, Fungio
Interpretaruma fonte dodireitoé
inferir, daaplicagao
através dafontea
certos casos,a regra
aplicagio
daquela
quenela
se
contém,
fontetem deobservar
Como
determinadas
toda
regras: a
aplicacéo,
também
estas regras a
aT
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

especificasdainterpretagao juridica costumamser denominadas clemen-


tos dainterpretagao.Estas regras possibilitam naoséescolherentre varias
interpretagdes possiveis dafonte interpretada, mas também determinar
se a interpretagiorealizada écorrecta ou incorrecta.
‘Comoelementos dainterpretagio haqueconsiderar, segundo SAvIGNY,
6 elemento gramatical (ou s entido literald alei),
o elemento légico(oua
construcao légica
da lei),0 elemento sistematico(ou a conexio sistemé-
tica existenteentre as diversas regras queconstam dalei) e, porfim,0
elemento (ou
histérico a circunstancia quemotivoua elaboragao dalei),
Naactualidade, os elementos (ou cinones) dainterpretagio continuam a
estar proximos
uma lei,hé
daqueles que
queconsiderar
dasua histéria,
foram
definidos
naos6a sua letra,
dasua teleologia
porSaviGNy: para
mas também
e dasua contextualizagio
interpretar
o queresulta
no respectivo
sistema juridico―,―,
2. Enunciado
2.1, Generalidades
a)Ainterpretagio
€ com base
2,CC),
n? 1,CO),
nas “circunstdncias apartir
dosistemajuridico―
da
aleida
lei―1
realizada, “letra (art.9n2
daleié
em que foielaborada―(art.
92,
na “unidade (art. 1,CC)
9!,n.° e nas “con-
especificas
digées dotempo em que[a
¢ 98,n.°1,CC).
lei] aplicada―
(art,
desheutigen
Savion,System Rémischen
RechtsI, 213 ss; ef. RUcKERT,Savignys
~ einer
Hermeneutik Kernstiick Jurisprudenz obnePathologie,
i n ScxtnneR
von Humanismusbis2ur Romantik Rechtswissenscha,
derInterpretation
(Ed), Theorie
Philosophie,
Savigay’s der
~

Theologie
(Seurtgart
2001),287ss;HumER, Lehrevon derAuslegung Gesetze
in heutiger JZ2003, 1 ss; MrDer,Mi@verstehen
Sicht, undVerstehen, 28 38; sobreos
antecedentes
dahermenéutica cf.Lonco,
savignyana, Philosophiegeschichtebeschreibung
nachderAufklirang:
Schleiermacherundderhermeneutische Zirkelvon Philosophie
und
Geschichte
Denken
Interpretationim in
derPhilosophie,
der
BUneR(Ed), Unzeitgemige
(Frankfurtam
Aufklirung
Hermeneutik/Verstehen
parauma
Main 1994),
223s; sintese
und

daevolugio da
interpretagio
dieLehrender
®
cf. juristischen
juridica,Counc,
Die
Hermeneutik
1958),
allgemeinen (Kéln/Opladen
Einteressanteverificarqueos elementos
Auslegungsmethoden
6.
dainterpretagdo
und

porSaviGNY
propostos néo
seafastam daqueles
m uito queforam porBLACKSTONE,
propostos Commentarieson the
Lawsof EnglandI (New
or the
consequence,
and
spirit
York1838),
ofthe
reason law―
words
40:“the
effets
thesubject
thecontext, mater,the and

(1986), I
2
Leituascomplementares:Sav1Gw,
SystemdesheutigenRmischen Rechts(Berlin1840),
212-245; direito,
Sousa& Brio, Hermenéuticae BED62 183-195

ae
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

Em concreto,os elementos
dainterpretagio
sio o elemento
literal
(respeitante daletradalei),
ao sentido 0 elemento (referido
histérico a0

ao
enquadramento
a
momento em que leifoiproduzida),
dalei)
sistematico ¢0 elemento
(referido
0 elementosistemitico
(respeitante
teleoldgico
Afinalidadedalei),
Oelemento historicoe 0 elementosistematicosio ambos
elementos decontexto ¢esseselementos constituem,em conjunto com 0
elemento teleoldgico, na sua interpretagio,
os elementos nio literais
d a Estesele-
mentos dainterpretagio coincidem, globalidade, com aqueles que
normalmentesioreconhecidos nos maisvariados ambientes juridicos.
b) Eimportantereter algumas
Antesdo mais,apesar
observacées
deo art. 9.°
CCse referir
decaricterterminolégico.
&interpretacio dalei,0
quenele se dispoe aplicavel
¢ a qualquer leiem sentido material,peloque
também valeparaos actosdecaraicter regulamentar. Importa igualmente
esclarecerqueo quevalepara a interpretacio daleivale,mutatismutandis,
para interpretagio
a decada u m dosseus preceitos. haque
Finalmente,
mencionarque,como a regra juridica ¢0 resultadodainterpretagao, nao
correcto falardeinterpretagio
é daregra.
2.2. Letrae espirito
Oart. 92,n2 1,CCopée
a reconstituigio
a letradaleiao pensamento
destepensamento com fundamento
legislativo
e impde
no elemento hist6-
rico,sistemiticoe teleolégico,
O que verdadeiramente
se pretende&que
o intérprete
encontre o espirito dasua letracom base
dalei a partir n a sua
histéria,
na sua sistematicae na sua teleologia.

doselementos
Hierarquia
Pode se os virioselementos
perguntar-se dainterpretagaose encontram
todosno mesmo plano ou se hé
queestabelecer
entre elesu ma qualquer

hierarquia.
No ambito deum “sistema
mével―
-
deum sistema
istoé,
cujoselementostém distintaem situagdes
u ma importancia diferen-
possivel
tes* -, é entender quenaohanenhuma hierarquia rigida
entre

C£MacConmcx/Suatmens,
®
Interpretation
andJustification,
i n MacConattcx/SUMMERS

(Bds),
Interpreting Study
Comparative
Statutes/A (Aldershot1991),
s; 531GREENAWALT,
Constitutional Interpretation,
andStatutory i n Coueman/Suarino (Eds),
TheOxford
Handbook
ofJurisprudence
andLaw(Oxford
CF,Witnurc,Entwicklung
»

1950),
12s.
2002),27
eines beweglichen
ss;uss, Jurstische
Systems
Semantik?,
i m irgerlichen
245s.
Recht(Graz

M9
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

0s elementos
da interpretagio*, Outraé, no entanto, a solugio doorde-
namento
quia
portugués,
relativa a0
no
método ¢
qualindispensavel
da
distinguir
interpretagiohierarquia
e uma
entre uma hierar-
respeitante a0

dadapelo
da
resultado interpretagio,
Quanto &hierarquia
art. 92,n I, CCé
relativa ao método dainterpretagio,
clara:a interpretagio
a resposta
devereconstituir 0
pensamento legislativo a partir dostextos,o quepermite concluirque0
elemento
gramatical
rais,Naopodia primazia
aos
varios
deixar
tem

o nao
lite-
deser assim:
em relagao
s6depois
elementos
dedeterminado significado
literaldalei(ou
tica épossivel asua
meaning―)
“basic―
reconstituir o
e deencontrada dimensto
pensamento legislativo (ou“deep―
semin-
meaning?)
atravésdoselementos
Quanto &hierarquia
n2 1,CCtambém
da
nio literais
relativa
e procurar a dimensio
a o resultado,
pragmética
a resposta
4
lei.

fornecida pelo
o intér-
art, 98, é clara,mas inversa anterior: porque
prete devereconstituir0 pensamento legislativo a partirdotexto dalei

ée
com base nos elementos nio literais porque qualquer divergéncia entre a
letradaleie 0 seu espirito resolvida atravésdaprevaléncia deste tiltimo,
60selementos naoliterais prevalecem sobre o elemento
gramatical―.Isto
permite estabelecer, em termos metodolégicos, uma hierarquia entre 0
elemento relativo aletradalei(elemento gramatical ou dimensio seman-
tica) e os elementos relativos a o espirito dalei(elementos nio literaisou
dimensio pragmética).
2.4, Meta-regra deprevaléncia
Oreferido permite concluir queos varioselementos dainterpretagio pos-
sibilitama construgio deuma meta-regra deprevaléncia: a dimensio prag-
miticadaleiprevalece sobre a sua dimensao seminticae,porisso,que0
intérprete
podefazer sobre
com a leiprevalece o quea sua letra
diz.Ape-
sar dasorigens
oitocentistasdoselementos
dainterpretagio elencados
%
Cf.Bypuinsxt,Juristische
ss; BYDLANSKI,
$533
Methodenlehre
DieNormativen
Authority
Raz,Between
* 16445s.
undRechtsbegriff
(Wien/New
derRechtsgewinnung,
Primissen
andInterpretation,
242,
York1991),
RTH (1985),

Authority
Raz,Between andInterpretation,
242.

sobre
in
se a
Para perceber
o elemento
importincia
literalbasta
Méuxn/Wimmer,
ter presente
NeueStudienzur
asdesta
metodolégica primazia
legal
observagées
doselementos
deBusse,
Rechtslinguistik
(Berlin
Semantik
2001),
nioliterais
derPraktiker,
57 ss.,sobreas
divergéncias alema
sobre
najurisprudéncia dalei,
deinterpretagio
os eritérios

350
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

no art.92,n2 1,CC,a circunstdnciadeser claroquea interpretagao


da
leinunca deveficarpela
no devem
ser descurada:
metodolégicas
sua letratem potencialidades
que
3. Valordoselementos
Oselementos dainterpretagio queconstam doart. 92CCtém um valor
préprio.
Na interpretagao de qualquer leidevem ser utilizados todosos
elementos queconstam doart. 92CC;pode enunciar-se, porisso,um
principio
deexaustividade doselementos dainterpretagioâ„¢.Esteprinc{-
piojustifica
que,ao contrériodoquesucede noutros ambientes legais, 0
intérprete justificar
nao tenha de a
aplicagéo
denenhum dos elementos da
ajustificagéo
interpretagio: paraasua utilizagaodecorredopréprio art. 92
CC.Acresce aindaquena interpretacéo podem
daleisé ser utilizados os
elementos que sio referidosno art, 9°
CC: podefalar-se,porisso, de um
deexclusividade
principio doselementos dainterpretagio.
Daconjugagao doprincipio daexaustividade com o principio daexclu-
sividade
resulta queos elementos dainterpretagio queconstam doart.92
lizados
normativos:todos
CCsio critérios
na interpretagao
os elementos
elesdevem
dalei,Destaverificagdo
dainterpretagao tenham
e
apenaselespodem
naose deve
necessariamente o mesmo peso
ser uti-

concluir
emque
todasas situagGes:
mente distinta
arelevancia
na interpretacio
decadaum desses
decada fonte.
Noentanto,
¢
elementosinevitavel-
qualquer que
sejaimportancia
a relativa
decada um desseselementos na interpretagio
deuma fonte, éexclusivamente porelesquese pode aferiracorrecgio da
interpretagao―,
4, Modelos
deinterpretagao
deuma leipode
Ainterpretacéo ji se encontrar “formatada’
através
querde
precedentes
jurisdicionais,de
quer teorias e pela Nesta
laboradas doutrina,
®
Cf.Avexy,Theoriederjuristischen Argumentation(Frankfurt am Main 1978),293e

aum
argumentagio fordernis
302,referindo-se “eB derSttigungs―
pertencentes aos cinones
segundo
dainterpretagio
o
qual“eada
urna das
deveser saciada―;
formas
de
GREENAWALT,
Legal Interpretation
Perspectives
approach
381 "Acours
be and fromOtherDiseiplines PrivateTexts(Oxford
n oproceeding
should holistic,
to inerpretation byseparate
2010),
independent
stags
» to(1981), only
according
RTh-BH
Dogmatics, 2
which carer
one reaches

44ss
averstag fan
CF.Aanwto,OnTruthandthe Acceptability
tages ndecisve
of Interpretative
Propoions in Legal

asi
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

hipotese,
pelo
argumento
frequéncia
sucede intéxprete
com muita
seguir
queo
precedente
deautoridade
¢tende
a 0
se deixa
convencer
ow a teoria,

IV. Significado literal


1. Generalidades
Todaa interpretagao daleidevecomegar pelaandlise dasua letrae pela
tentativa dacompreensio doseu significado,Diferentemente daorien
tagio clissica,
a letradalei naodeve
s er entendida apenas um ele-
como
mento dainterpretagio a par dosdemais,mas antes como a base textual
dainterpretagao.

2. Historicismovs. actualismo,
A dapodeinterpretada
letra lei
alista:
ser
historicista,
perspectiva
na
perspectiva
intérprete o
numa

&
historicista
ou actu-
tem deatribuir letrada
leiosignificado queelatinhano momento daformacio dafonte;na pers-

pectiva actualista,intérprete
o tem deatribuir 4 letrada leio significado
queelapossuino momento dainterpretagao. Emboranadase encontre
no art. 92CCquepossa elucidar
este ponto, ¢indiscutivel quea letrada
leideveser interpretadadeacordo com o seu significado actual.
Além do
mais,s6essa solucao pode garantir
que as leis
permanecam adequadas 20
tempo em quesio aplicadas.
A necessidade deseguir uma interpretagio
actualista especialmente
dotexto daleié saliente no caso dainterpreta-
aodeconceitosindeterminados
Porexemplo:
ligados
a valoragGes
aos bonscostumes (cf.
as referéncias
sociaiso u culturais.
art. 280., n.*2,282.2,
n21,3402,n2
2, e 21862CC) inexperiéncia
ou sexual daalegada vitima
(¢f.art.
1734,n21,CP) devemser interpretadas
com o significado queelas
no momento dainterpretacao.
tém

3. Coneretizagaodoelemento
3.1. Generalidades
clementoliteraldainterpretagio
comporta uma dimensiosintactica
e
uma dimensio
matical a
semantica:dimensiosinticticarespeita
dalei e considera-ana totalidade
4estrutura gra-
doseu enunciado,sendo rele-
porexemplo,
vante, paraa de
compreensio oracio
uma relativa
ou deuma
excepgaoperante uma regra; adimensio semanticarefere-se
ao significado
daspalavrasutilizadasna leino contexto dasua estruturaâ„¢.

%
CEALexy,
Interpretation,
Juristische 85,

382
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

3.2.Dimensiosemintica
a)A determinagiodosignificado daspalavras
literaldaleidepende que
nelaso utilizadas. haqueobservar
Nestadeterminagio certas regra

ade nao
nomeadamenteque
ficado
delas
a todas as expresses
o
intérprete
como imitil ou redundante",
dalei,ou seja,
deve deixar
nfo pode
deatribuiru msigni
considerar nenhuma
Umaoutra regra que er obser-
deve s
vada &a dequehé queevitara atribuigio designificados incompativeis,
que
istoé,
entre
designificados
valéncia palavras
naorespeitam
ou expressdes
ou semelhantes.
relagées
ou que sio
deimplicacio ou deequi-
a palavras
atribuidos ou
expressdes iguais
Sio irrelevantes, em regra, quero género (masculino ou feminino),

quer 0 niimero (singular ou plural)palavras


das que constituem a letra
dalei,A irrelevancia dogénero implica quepalavras masculinas tam-
bém incluam o género feminino. Porexemplo: a palavra “filho―
utilizada
nos art. 1798. 18142, 18262, n." 1,e2228 CCtambém abrange a filha.
Airrelevancia doniimerodetermina quepalavras empreguessingular
no
também valham
as palavras
para o
plural,
vice-versa,
queconsta doart. 3972CCtambém
“descendentes―
a Porexemplo:
abrange a pluralidade
e “ascendentes―
palavra “pessoa―
dedevedores;
utilizadas, respectivamente,
nos art. 2009, n.'1,al.b),€21332, n2 1,al.a) e ©),CCe nos art. 20092,
n! 1,al.¢), 2133%,n.
€
uumtinicodescendente b), ocaso
haja
Lal. CCtambém
ou ascendente.
abrangemem que
b)Quanto ao significado a atribuir aspalavras utilizadasna lei,importa
distinguir as palavras da linguagem juridica,linguagem
da técnica e da
linguagem palavras
corrente. As proprias da linguagem juridica (como,
porexemplo, crédito, cumprimento, declaragao devontade, ilicitude,
invalidade, legitima defesa, nulidade, obrigagao ou pena) devem ser inter-
pretadas significado
com o que elas possuem no direitoem
geral ou no

respectivo ramo dodireito em que se


a
insere lei interpretada. Para tal sio

%
Aludindo
a um
justice
forbids
retrospective
of that
“principle
Rhetoric
words",c f.MacCormick,
chosen
(Oxford
2005),
139;Kart, Theorie
of
the judicial
rewritinglegislature's
Theory
andtheRuleof Law/A of Legal
derWortlautgrenze/Semantische
Reasoning,
Normativitit der
in

juristischen
inferencial,
quatro(Baden-Baden
Argumentation
regras 2004),
2385s,
sentido
quedelimitam com
base
na
literal;
as fronteiras
Wortlautgrenze, Sprache Il/Recht
Die in Lercx, Die
do
desenvolve,

(Berlin/New
desRechts
semAntica
eftambém
Kart,
verhandeln
2004),
York 3585s.

as
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

relevantes
se as houver
~ ~
as

legais,
definigées
poisqueo intérprete
est
Vinculado
a atribuirao definido
o sentido dadefinigio,
queresulta
pode quehaja
‘Também suceder diferentes juridicas
acepgdes paraa
mesma
cia ¢
palavra
entendida,
em distintos
no Ambito
ramos dodireito.
a
Porexemplo:
civil,como a omissio dadiligéncia
negliggn-
devida
(cf.art. 487°, n. 2,CC) e, no ambito penal, como a omissio dodever de
cuidado dequeo agente seja capaz ( cf.
art. 15.°CP). Nesta hipétese,hé
queconsiderar apenas o significado queforespecifico doramo dodireito
aquepertence a letinterpretada,
lidadena interpretacao dalei.
valendo, porisso,uma regra deespecia~

6)Aspalavras técnicas devem ser


interpretadas com o
significado que
clastém no respeetivo ramo doconhecimento, salvose houver queconcluir
queelasso empregadas com o seu sentido mais corrente. Porexempl
suponha-se que uma lei considera justificadas as faltasa0 trabalho mot
vadas pordoenga do trabalhador; embora, em termos técnicos,
a esterili
dadenaopossa ser considerada uma doenga, o facto de,n a comunidade
defalantes, se associar a esterilidade a algoquepode ser “curado―
através
detratamentos médicos é suficiente paraqueelapossa ser considerada,

paraefeitos deaplicacao daquela lei,uma doenca.


d)Aspalavras
significado
dalinguagem
quepossuem ser
corrente deveminterpretadas
no seu uso quotidiano,
o significado
ou seja,
segundo
com 0
os usos

queIhesdefinem na comunidade*, $6assimnaosucede se


o legislador tiver usadoo termo deacordo com uma definigio legal ou
houver um qualquer indicioquelevea entender quea palavra tem um sig-
nificado juridico distintodaquele queelapossino quotidiano. Quando
assim acontega, a palavra deveser interpretada segundo a sua acepgao

juridica,
Porexemplo: (i)o termo “aluguer―
é na linguagem
utilizado,
quotidiana,como sinénimo de arrendamento; na
linguagem juridica
aluguer
designa a locagio decoisasméveise 0 arrendamento a locacio
decoisasiméveis
roubodesignam
(cf.
o acto desubtraccao (ii)
art. 1023.CC); na linguagem vulgar,
deuma coisaalheia;
o furtoe 0
na linguagem

juridica
o roubo distingue-se dofurtoporser um acto desubtracgao de
coisamévelalheiaqueé praticadocom violéncia,
ameacasou intimida-
des(cf.art. 203",n? 1,e 2102, n 1,CP);(ili)na linguagemquotidiana,
CE.Neumann, Juristische
Fachsprache
undUmgangssprache,
i n Grewexpore(Ed),

und
Rechtskultur Sprachkultur
(Frankfurt
am Main 1992),
111ss

ast
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

6 documento
épapel
um escrito; juridica,
na linguagem o documento
&
objecto
qualquer elaborado
com o fim dereproduzir
ou representar
uma
-ssoa,uma coisa ou um facto (art.362.°
CC); por isso,aquele quefalsi-
ficarum marco quedelimitaa extrema deum prédio comete o crime de
falsificagiodedocumentos (cf. al.a),e 2568,
art. 255%, ne 1,al.a), CP);
(jv) ohherdeiroé,
na linguagem vulgar,todaa pessoaquerecebe benspor
sucessio
~
mortiscausa;
queéaquele quesucede
dofalecido¢o legatirio
juridica,
na linguagemdistingue-se
na totalidade
ou numa quota
entre o herdeiro
dopatriménio
ou valores
~

que¢
-

aquele
quesucede em bens
determinados ¢f. n.!1e 2,CC).
art. 2030’,

4, Valordaletra
4.1, Limiteslegais
A letradaleitem um valorprdprio
quenaopode
ser ignorado
pelo
intér-
pretee queimpée doislimites.
Umdesses limitesdecorre
daspresungdes
que se encontram estabelecidasno art. 92,3, CC:ade queo legislador
consagrou as solucdesmaisacertadas (algo quedecorre
dochamadoprin-
cipleofcharity’)
e a dequeo legislador
em termos adequados. Assim,
soube
o
exprimirseu pensamento
todoo significado quecorresponde
&letra
daleitem deser umsignificado
possivel
dessalei.
outro limite consagrado
encontra-se no art. 9, n! 2,CC:naopode

pelo
ser considerado um significado
intérprete quenaotena na letrada
lei um minimodecorrespondénciaverbal, queimperfeitamente
ainda
expresso. o significado
Assim, quenao encontra uma correspondéncia
minimana letradaleiestaparaalémdoseu significado possivel.
Desta
afirmagiopodem duas
retirar-se ilagdes.primeira que letra
Uma éa de a
daleiconstitui um limitepara todos
os outros elementosdainterpretagao:
emespecial,
no ambito essa
letra
doelemento
limitasubstancialmente
sistemstico,
o
Umasegunda
quepodeser considerado

ilagao
éa dequenao
pode ser qualificada a conclusio
como interpretacao dointérprete
queno
©
CE,porexemplo,
Interpretation
(Oxford
1984),DaviDsoN,
TruthandMeaning,
Davinsow,
and of
27:“Charity
in into Truthan
Inguiries
thewordsthoughts
i n interpreting others
is

tmavoidabl
about, agreement
senscofwhat
thealien
[justaswemustmaximize we orisknatmakeo n
self of
so we mustmaximize the
him’.
stalking
attributehim, pain
consistency understanding
not

»

Cf,outra(Berlin
com
Cimisrensen/Kup.tcn,
horizontalen
‘zum
profundidade,
Verstindnis 2008),
88.
Gesetzesbindung:
Vom
vertikalen

85
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

forcompativel
com a letra
dalei: é porexemplo,
0 quesucede, quando
a
leié analogicamente previsto.
aplicada a um caso nela
nao

4.2. Limiteminimo
Como n? 1,CCimpée
o art. 9.’, dopensamento
a reconstituigdo legisla
tivo a partirdostextos,a letradaleinunca constitui um obsticulo
a que
se possa ir além
dela:0 quese exigeéuma correspondénciaminimacom

Acorrespondéncia exigida ser pelo


espirito
aletradalei,nfo quea letranaopossaultrapassada dalei.
pelo 2,CCimpoe
art. 9, n.° um limite minimo
(isto
é,um limiteabaixo d oqual o intérpretenao pode passar),naoum
mitemaximo(ou seja, néoum limite que intérprete
o nao possa ultra-
passar).Assim, a letradalei nfo constitui uma fronteira inultrapassavel
peloresultado dainterpretag4o%, mas antes um ponto departida paraa
obtengio deste resultado,
Podeassimperguntar-se atéondese pode ir na interpretagio, desde
queesta
posta&,
tenha
dentro
um
d
ondeos elementos
e
minimode
uma orientagao
nio literais
o
correspondéncia Ares
objectivista,
dainterpretagio
com texto
aseguinte:
dalei.
pode ir-seaté
o permitam ou, maisem.
concreto,pode ir-se atéqualquer dosextremos dainterpretagio, ou seja,
até
ainterpretagio
restritivaou até
ainterpretagaoextensiva.Porexem-

reduzi-la de
a
apesarleise referira comidaparaanimais domésticos,
plo:
&comida
paragatos
estende-la
e,apesarde
a
leise referir
4 vacina
4 vacinadeoutros animaisdomésticos.
possivel
é
doscaes,
possivel
é A conjuge-
Gao objectivista
daorientagao dacorrespondéncia
com a exigéncia literal

pela
adosignificado
minimaatribui interpretagio
confirmacio
esta pode
uma enorme margem: ficar-se
pode
literaldalei,m as também restrin-
gir alargarsignificado.
ou esse Eigualmente grande, porconsequéncia,
a
margem legitimacio
de doresultado d ainterpretagio.
5. Significadoprovisério
Oart. 92,n2 1,CCestabelecequeo intérprete, depois
dedeterminar
0 significado
daletradalei,devereconstituir0 pensamentolegislativo,
°
Metodologia
Cf Lanenz, 454,
Derenneven, alsGrenze/Thesen
DerWortlaut zu einem ToposderVerfassungsinter
(Heidelberg
pretation
dimento
1988),
17ss,procura,
daletradalei como 0
“fronteira―
dainterpretagio.
legal,
num outro ambiente combater enten~

386
5 18 INTERPRETAGAO
DA LEI

servindo-separaissodosvarioselementos nio literais dainterpretagao.


Osignificado literaléapenasprimeiro
0 degrau na interpretagio,dalei
pelo que eleésempre algo provisério
de ou deinacabado, Essesignifi-
cado forneceapenas uma hipdtese de interpretagio, dadoque, depois de
obtido o significado
ou infirmagio a
literal,o intérprete
atravésdoselementos
deveprocurarsua corroboragio
nao liter:
Sendo
assim,
e0s certacircularidade
daleicondiciona
hauma
literal elementos significado
naoliterais
o quepode
de
relagéo
dainterpretacao,
resultar
doselementos
Seé
entre o
verdade quea letra
naoliteraisdainter~
pretagao dalei,também éverdade queesteselementos sio igualmente
relevantesparaconfirmar ou infirmaro seu
significado literal.Deste
modo,interpretacao
a dalei parte dasua letra para consideragio
a dos
elementos nio literais dainterpretagio e, depois deos ter considerado,
tem deregressar denovo aquela letra,nomeadamente paraverificagio
dacorrespondéncia minimadainterpretagao naoliteralcom aquela letra
(fart.99,22,CC).
Y. Elemento
histérico
1. Generalidades
O elemento
histérico pode
quetambém
~

ser designado
porelemento
st6rico-genético
ga0 d afonte:
ou
trata-se
apenasporelemento
desaber
factos
o que que
levaram
&
genético
motivou a a justifica-
~ respeita

producaodafonte,
nomeadamente que o legislador a produzir leisobre
uma
uma determinada matéria
e quenecessidades eram satisfeitaspela fonte
no momento dasua produgao.
No elemento historicohaqueconsiderar aspectos objectivos
e subjec-

da
objectivos
tivos:os aspectos
no momento formacio
respeitamsituacao
dalei;o s aspectos
social
subjectivos
e juridica
existente
referem-seainten-
ga0dolegislador queproduziu a lei.O elemento histérico
encontra-se
consagrado na referéncia
realizada no art. 9%,n. 1,CCas“circunstancias
em quea leifoielaborada’.
objectivos
2. Aspectos
Noelemento haqueatender,
histérico, como objectivos,
aspectos queraos
precedentesnormativos
ou comparativos:
¢ quer
doutrinérios,
aos antecedentes
normativos respeitam
os precedentes
&occasiolegis.
dalei,quepodem
histéricos
referem-se
Osprecedentes
ser histéricos
asleisqueantece-

87
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

deram a leiquese interpreta e queesta substituiu; os precedentes com-


parativos referem-se&sleis vigentes em outros ordenamentos juridicos
no momento daformagio dalei,Proximos destes precedentes normativos
estio os precedentes
vante conhecer
doutrinarios:
0 ambiente
parainterpretar
doutrinérioque existia no ¢
a leitambém
momento da
rele-
sua
elaboragio, poisque nao¢ raro que a lei consagre como direitopositive
orientagdes decarécter
doutrinario.
A occasiolegis
respeitaa0 condicionalismo querodeou a formacio da
lei,Todaa leiinteragecom a realidade politica, social, econémica,cultu-
ralou outra queexisteno momento dasua formagio, peloqueo conhe-
cimento desta
legis
realidade
encontra-se
se alude
ajuda
expressamente
ascircunstancias
a
compreender
referida
no art, o
seu
significado.
9°,n.
em quea leifoielaborada.
1, CC,
A occasio
quando neste

3. Aspectossubjectivos
Osaspectossubjectivos
doelemento histérico
referem-se &intengio do
legislador.
Como meios auxiliarespara a determinagio da intencao do
ha
legislador queconsiderar,
entre outros, os
seguintes:
as exposigdesoff-
ciaisdemotivos;
os trabalhospreparatérios, quecomportam os estudos
queforam elaboradosparaa preparagio dalei,os variosanteprojectos
queantecederam a sua versio finale a discussio
projectos queocorreu
nos legislativos
érgios (como,
porexemplo, parlamentares)"―;
os debates
os preambulos
porfim, dosdiplomas
internacionais.
convengées ¢
0s
legaisrelatorios explicativos
das

Importa que,quando
precisar neste contexto se faladeintengéodo
legislador,referir,
se esta
a ndo tanto a vontader eal
d olegislador,
mas antes
o que pode
ser inferido
dosaludidos
meios auxiliares a hipo-
como sendo
tética
vontadedolegislador. também
Poresta circunstancia, nao dificil
é
perceber enquadramento,legislador
neste
que, a
do
intencao
doquea verificacao
dointérprete
uma construgéo
muito mais
deum facto. é
4, evolutivo
Aspecto
Apesardenfo se encontrar referido
n o art. CC,0 elementohistérico
9.°

além
tem também, deuma dimensio uma dimensio
retrospectiva, evolu-

©
Sobrea matéria, Rechtsvergleichende
of. FLetscaten, Beobachtungen
zur Rolleder
Gesetzesmaterialien
beiderGesetzesauslegung,
AcP211(2011),
329ss.

as
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

qual
tiva: trata-sedesaber pela
quetem sidodada,
a interpretagdo juris-
prudéncia e pela doutrina, a uma determinada leiapés o iniciodasua

vigéncia,ou seja,trata-se de averiguar que novas necessidades, diferen-


tes daquelas quejustificaram produgio,
a sua tém s idoe ntendidas como
podendo ser pela
satisfeitas lei,Para isso ¢indispensivel apli-
conhecer a
cagodalei,dadoqueapenas a aplicagao desta a novos casos pode cons-

um
tituir ponto
a base
departida
paraa interpretagio
paranovas interpretagdes
evolutiva dasfontes
dessa
dodireito.
fonteâ„¢.Eessa

¢20
A
influéncia
é
dasaplicagées
um dosfactores
anteriores daleiparaa sua (re)interpreta-
quemaiscontribuiparaa diferenga entre o direito
talcomo eleresulta dostextos ¢0 direitotalcomo ele¢ aplicado ou, para
utilizaruma dicotomia
a law
entretanto muitoconhecida,
inaction,DwoRKINembora -

no enquadramento
entre a lavin books
deuma discutivel€
proposta
central
de “usar
a
daanélise
trar a ligagdo
interpretacao
legal― literdria o
serve-se
-

estabelece
de
como
uma
um
imagem
modelo para método
sugestiva parailus-
que se entre a aplicacio dalei a novos c: sea
nova interpretagao dafontequeessamesma aplicagao justifica:
a situagao
&semelhante &deum “romance em cadeia’, deum romance que
isto é,
vai sendo
escrito porviriosautores e em quecada um deles
tem decon-
0 quefoianteriormenteescritopelos
siderar outros parapoderescrever
asua
parte",
VI. Elemento sistematico
1. Generalidades
LL. Enguadramento
a)Oelementosistemiticodainterpretagio daleidecorredaorientagio,
jadefendidapor de
SavrGny, que os institutosjuridicos um
constituem
em conexiocom este sistemapodem
sistemae apenas ser completamente

®

» Bvarsca,
Cf
Logische
Law
Cf.PounD, in
Studienzur
inaIngction,
books
andlaw *
Gesetzesanwendung
(Heidelberg
44Tex.L
(1910),
1963),
Am.L-Rev. 12s.
27.
#©
Interpretation,
Dwonxty,Lawas
AEmpire of
Principle
Dworkin, Matter
Interpretation
Politics
of
(1982),
Mass.
(Cambridge,
(Chicago/London
1983),
1985),= Rev.
Crit. 9(1982),
(Ed),
262
192=
60
158 Mircwtt
541
The
*\
(London
Dworkin,Law’s 1986),228 também
ssef.
Ing.(1982),Dworkin,
Crt. 9

5s,="Tex.L
The Rev.
191
(Bd), 540s.=
(1982),
60
Polities
of Dworkin,
Interpretation, Matter
261ss. 158
Principle,= A of Mrrewent

389
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

compreendidos*?¢baseia-seno pressupostodequeo significado


deuma
leiresultanormalmente deregula-
doseu contexto,isto&,do “conjunto
4odentrodaqual elarealizauma determinada fungao™®.
Assim, 0 ele-
da interpretagio
mento sistematico tanto uma consequéncia,
é como um

nenhumada
postulado unidade dosistemajuridico,
fontesejainterpretada
queelevisaassegurar
pois
(¢
em divergéncia
que
aindamenos em con-
tradigao)
com esse sistema.

garante
sistemético
(Oelemento
impde interpretacio
sistemstica,
uma
conformesistema,
queo resultado uma
sejainterpretagao ao
mas nio
dado
queé possivel
queo intérpreteconclua quenenhuma interpretacao dalei
a conformidade
ésusceptivel
deassegurar
torna-senecessirioresolvero conflito
normativo através
Nestahipdtese
com o sistema“.
darevogagio ou da
invalidadedeuma dasregras, daqualificagio deuma dasregras como espe-
cialou excepcional
dasregras conflituantes a
peranteoutra
através
ou, em iltimaandlise,
daponderacio
daescolha
dosrespectivos
deuma
interesses.
b)O elementosistematicoencontra-se consagrado no art. 92,n2 1,
CC,na parte em queestepreceito impde que, na reconstituicao dopensa-
se considere
mento legislativo, a unidade dosistemajuridico. Oelemento
sistematicoimpde quea leiseja interpretada no respectivo ambiente sis
temitico,ou seja,impée quese passe dopreceito parao texto legal que
©contém,desteparao respectivo subsistema e, finalmente, destepara 0
sistema juridico, afirmacao
Desta épossivel que
extrair nenhuma leideve
isolada
ser interpretada deoutras leiscom as quais elaapresenta uma cone-
xio sistemitica
e que, deentre os viriossignificados literaispossiveis, hi
que preferir
aquele o que compativel
for com
aunidadedosistemajuridico.
assimse daexpressio
significado $6
de outras leis.

avicny, System
desheutigen
Romischen I,10;cf.também
Rechts Enetscn,
DieBinheit
derRechtsordnung 1935),
(Heidelberg 26 ss.
+

46;ef J.A. Dieindde er


Anilise
daWieacker
Lanenz, Sinnfrage Rechtswissenschaft,
das
Um Esquema Pragmatiea
Vetoso,
FSFranz
Linguagem
(Gdttingen
1978),
Juridicas
PosigBes
0

a
Lier
Subjectivas,
“campo
relagdes
a de
Amicorum
linguisticas
ou
José
deSousa
ligico―(referido
relagdes
ligicas
entre
e Brito(Coimbra

normas)
ragmatico―
“campo(espeitante
exemplo,
2009),
€
relagbes
extra-linguisticas
0
distinguindo
247,
entre normas,como,por as
entre

teleoldgicas,
axioligicas
ou empiriea).
+
Sobrea distingio sistemética
entre a interpretagdo conforme20
e a interpretagio
ef,HOPFNER,
sistema, DieSystemkonformeAuslegung/Zur
Auflosung
einfachgesetzlicher,
verfassungsrechtlicher
undeuroparechtlicher
Widerspriiche
Recht(Tiibingen
im2008),
1425, 160,

360
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

1.2.Importineia
Oelemento sistemitico
orienta-sepelo daigualdade
prinefpio (consagrado,
em no
art.
13 ¢
igual
odeve
ao nivelconstitucional, CRP):0 que ser tratado
de
forma igual o juridico,
todo valorativas
sistema Considerar enquadramento dalei
permite evitarcontradigées dentrodosistema, poisqueatravés
deleconsegue-se obviara queos mesmos factosou as mesmas situagdes
sejamvaloradas deforma desigual leis distintas.
em duas
O elemento também
sistemético resolver
permite uma das
principais
dificuldades dalei: a dapolissemia
na interpretagio ou ambiguidade
daspalavras.
semantica $6em fungao possivel
docontexto ¢ determinar
se,por exemplo,
a “acco―
palavra uma conduta
designa humana,
um
pro-
cesso pendente
em tribunal
ou um valor
m obiliario,

dopelos
A importincia
elemento
sistemstico
na
num curioso casodecidido tribunais
daleié
interpretagio bemdemonstrada
ingleses.
estradas
A lei
inglesa circulagio
de“veiculos―
sobrea
terrestrecirculagio
protbe pelas
a quenaousem pneumsticos;

com rodas
colocou
‘umagricultor
estrada atrelada
umasrodas
colocou-se
a um tractor;
deferro
capoeira
deferronuma
entio a
ser considerada
rebocou-a
pela
de galinhase
desaber
questio
um “veiculo―
se uma capoeira
poderia e se o
agricultor
poderia
ser
multado
Bench
por
inglés circular
fazer
respondeu
rida leisobre
na estradaum vesculo
afirmativamente".
a circulagao
quenao
Atendendo
deveiculosa deassegurar
~
tinha pneumiticos;
i finalidade
a seguranga
o
previsivel
King’s
darefe~
rodoviiria ¢a de
evitaradegradacio dopisodaestrada -, a decisio certamente aceitivel:
é paraefeitos
deuma lei sobrea circulagao tetrestre,u ma capoeira com rodas pode ser conside~
radau m “veiculo―.
No entanto, se 0 queestivesseem causa fosse saber,
porexemplo,
sea capoeira com rodas deferropode ser considerada um “veiculo―
paraefeitos de
pagamento doimposto rodovistio, &claroquea resposta teria deser negativa, Por-
deum a capoeira
tanto,a qualificagio com rodas c omo um “veiculo― dores-
depende
pectivo contexto legal:
em algumas situagdes pode
a resposta ser positiva, noutras
tem deser negativa,

2. Historicismovs. actualismo
O elemento sistemiticopode
cistaou numa perspectiva
ser considerado
actualista:
numa perspectiva histori-
o intér-
historicista,
naperspectiva

prete tem deconsiderar a integragio


sistemética
queexistiano momento
daformacao dalei;n a perspectiva o intérprete
actualista, tem deconsi-
derara integragao
sistemitica daleina actualidade.
*
vs. Burr(1951)
Garner 1KB31

%61
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

Emborao
qualdestas
art. 9"CCnaoforneca
orientagdes seguida,
deve
temiticodeveser entendido
ser nenhuma
parece que
&questo
resposta
claro o
actualista,
numa perspectiva Hé
desaber
elemento sis-
um argu-
mento decisivoparaassim se entender: leideveser consistente
qualquer
com os principios
pelo
vigéncia, que
e
a as
demais
leideves er
juridico
leisdosistema
interpretada
durante
deacordocom as
todaa sua
sucessivas
sistematicas
integracdes e, designadamente,segundoaquelase veri
que
fiqueno momento dasua interpretacao,

3. Concretizagiodoelemento
3.1, Generalidades
O elemento sistematico em duas
expressa-se vertentes, Umadestas
ver-
uma relacio
tentes é decontexto, que intérprete
pois o s6 pode
interpre-
tara leidepois dea ter enquadrado no conjuntomais vasto em queelase
integra.A outra vertente doelemento Ãu©m prinefpio
sistemitico decon-
sisténcia,
que é t anto uma consequéncia daunidade do sistema juridico,
como um postulado daconstrugao dessa unidade.
O elemento sistemiticotraduz-se em duasregras interpretativas,uma
decaricterpositivo e outra decardcter A regra
negativo. positiva impoe
queo significado
outras fontes
a atribuirleideve
o u com outros preceitos oser quemelhor
damesma fonte.
se harmoniza com
A regranegativa
impede queo intérprete atribua4leium significado quenaoseja consis
tente com outras fontes damesma fonte(regra
ou com outros preceitos da
dafonte)
consisténcia ou queseja redundante em relagio a outras fontes
(regra doaproveitamento dafonte).
3.2, Relagao decontexto
A lei deveser interpretada
legal interpretado
deveser
no contexto dosistemajuridico;
no contexto dalei em quese
um preceito

integra.
Para
este efeito
releva
o chamado
“sistema
externo―,
isto é, aquele
queresulta
deuma “actividade
ordenatériado investigador― da“construgio
através
deconceitos de“divisdes―
ordenatérios―, e da“ordem
dotratamento das
matérias*,
através
deprocurarencontrar
Doquese trata é
doseu enquadramentonum conjunto maisgeral. o dafonte
significado

Hick,Begriffsbildung
“©

(Tubingen
1932),
undInteressenjurisprudenz 142.¢
143.

362
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

Noenquadramento dainterpretagao
sistemstico deuma leihaquedis-
entre o contexto vertical
tinguir e horizontal:
o contexto vertical
respeita
Aconexio dalei com outras leisdehierarquiasuperiorsobrea mesma
0contexto horizontal
matéria; refere-se
&conexaodaleicom outras leis
damesma hierarquia
sobre
idéntica
matéria,
3.3.Contexto vertical
Ocontextoverticalimplica que,na interpretagio dalei,deveser conside-
radaa sua coordenagio com a respectiva fonte deprodugio. Porexemplo:
a interpretagio deuma leiordinaria queregula o exerciciodeum direito
fundamental deve s er
aquela
nalqueatribuiesse mesmo direito,
‘Tomando como base a fonte
da
quemaisse aproximar
deprodugio,
fonteconstitucio-
hi queconsiderar, como
modalidades dainterpretagao, a interpretagao conforme &Constitui-
G40,a0 direito europeu e ao direito ordinério,
A interpretagio conforme
4Constituigéo implica que o direitoordinario deve ser interpretado de
acordo com os respectivos preceitos constitucionais,demolde a evitar
interpretagdes inconstitucionaisdeleisconstitucionalmente validas―.
Atravésdainterpretagao
titucionalidade &
conforme
dalei a interpretar:
conforme
pode
Constituigdo
neste sentido
é
obviar-se
quese pode
aincons-
dizer
guea interpretagio &Constituicao é antecipado
u m “controlo
denormas"*, Porexemplo: se a lei quese interpretaséconcede, no seu
texto, um certo beneficio a trabalhadores de um dossexos, interpreta-
a
¢40conforme &Constituigao~
em concreto, conforme ao principio da
naodiscriminagao (cf. CRP)
art. 13°
-

permite estender esse beneficioa


todosos trabalhadores.
conforme
A interpretagao ao direito doprimado
decorre
europeu deste

este direito
o
direitosobredireitodosEstados-membros―.
prevalece
direitoeuropeu
nacional
sobre o direito
nacional
deveser interpretado
na
Assim,medidaem que
dosEstados-membros,
com aquele
em consonancia
o
direitoeuropeu.Em concreto,dadoqueas directivas devem
europeias
paraa ordem
ser transpostas juridicadosEstados-membros,
as leisque

©
Cf,Hopper,DieSystemkonforme
Auslegung,
171ss.
4

BerreRMann,
1986),
22. Verfissungskonforme
Auslegung/Grenzen
Die
Gefahren
(Heldelberg und

Auslegung, (6/64, Die


CETICE15/7/1964
©
Costa/Ene),
Rec.1964, Systemkonforme
1141;cf HéreweR,
216

Fay
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

procedem devem
a esta transposigdo ser interpretadas
deacordo
com a
directiva®,
respectiva A conforme
interpretagio ao direito pode
europeu
evitaruma violacdo direitopela
desse leiinterpretada,
Porexemplo:
se 0
texto daleiquese excluideum certo beneficio
interpreta os trabalhado-
res deoutr a interpretacio
, conforme ao principio
curopeu da nao discriminagéo
em razio danacionalidade (cf.art. 18.,
§1, TFUE) permiteestenderesse beneficio aos trabalhadores de outros
Estados-membros.
Porf im,a conforme
interpretacao ao direito
ordindrio determina que
aleideveser interpretada deacordo com a respectiva fontedeprodugio
ordinaria.Porexemplo: queconsta deum decreto-lei
a disposicéo deve
ser interpretada com a leiquepermite
em coeréncia a sua produgao ¢0
preceito que consta deum decreto regulamentar deve ser interpretado
em consonincia com a respectivaleiqueest subjacente &sua produgio.
3.4.Contextohorizontal
O contexto horizontal implica quea interpretagao daleideveconsi
deraroutras leisdamesma hierarquia (contexto inter-textual) ou, se
foresse 0 caso,outros preceitos damesma lei (contexto intra-textual).
Assim, a interpretagio daleideveatender a todas as leis(oua todas as
outras fontes quese encontram na lei) que,em conjunto com a lei (ou
com a fonte) interpretada, contribuem paraa solugao domesmo caso.
Porexemplo: se se estaa interpretaruma lei queestabelece a nulidade
deum determinado acto juridico,héque considerar o regime jur
desse desvalorjurid
Ainterpretacao daleitambém deveter presente o quese encontra di

posto
cado
para lugares
os paralelos,
dasleisqueregulam
ou seja,também
as mesmas matérias
deve
noutros regimeso
considerar signifi-
juridicos.
5
No sentido

qualquer
diferente
interpretagio,
outro,
de directivas
dequea interpretagio
conformeis
cf.CANARis,
de
exigeum cinone especifico
Auslegung
Dierichtlinienkonforme
‘und
im der Die1994),
Rechtsfortbildung
NewYork2002),
System
79ss; sobreo problema,
Methodenlehre,
juristischen
cf.BRECHMANN,
(Wien/
FSFranzBydlinski
richtlinienkonforme
Ausle-
gung/Zugleich Dogmatik
Beitrag
ein
der
zur
Auslegung,
Dierichtlinienkonforme (Ed),
in
EG-Richtlinie
(Miinchen
Europiische
Methodenlehte/
Riesexnuner
31ss; Ror#,

Handbuch fitr
Auslegung,
2006),
undPraxis
Ausbildung (Berlin DieSystemkonforme
308ss. HirrNeR,
249ss; MOtters,Dieunionskonforme
unddierichtlinienkonforme
Interpre-
(Miinchen
tation,GSManfred Wolf
2011), 673ss,

368
5 18 INTERPRETAGAO
DA LEI

Porexemplo:
na
o
h4queconsiderar
deuma leirelativa
interpretagao
significado
ao arrendamento
daleiparalela
urbano,
a
quevale,paramesma situa-
¢40,locacao;
na na interpretagio de uma leirelativa&responsabilidade
pelo risco deve
a tender-se ao significado
da correspondente leino ambito
daresponsabilidade porfactos ilicitos,
contexto horizontal ¢particularmente importante quando se trata
deinterpretar uma leiespecial ou excepcional. AAinterpretagiode uma
leiespecial devetomar em consideracao a respectivaleigeral,Porexem-
plo:a interpretagio deum preceito relativo ainterpretagaodotestamento
Gf. art, 21872 CC) deve atender aos preceitos sobrea interpretagio dos
negécios juridicos(cf.
art. 236.’a 238." CC);interpretago
a de uma dis-
posigio relativa
4 compra e venda decoisas defeituosas deveatender as
disposig6es respeitantes ao contrato de compra e venda.O mesmo pode
ser ditodaleiexcepcional: também na interpretagdo desta haqueconsi-
derara respectiva leigeral.
Finalmente, dalei remissiva
a interpretagio deveconsiderar o signi-
daleiparaa qual
ficado elaremete,pois ques6assimestaassegurada a
harmonia entre ambas as leis.Porexemplo: CCdetermina
0 art. 499.2
a aplicagaoAresponsabilidade pelo riscodasdisposigdes queregulam a
responsabilidade porfactos ilicitos(cf.art. 483,"a498° CC);
0s conceitos
comuns a estas modalidades daresponsabilidade civiltemdeter omesmo
significadona lei remissivae na leipara qualremete.
a se

daconsisténcia
3.5. Principio
a) principio
O daconsisténcia
decorre daunidade dosistemajuridico.
Paraeste efeito
releva
o chamado “sistema
interno―,
ou seja,
0 sistema que

correspondeas “conexdes
materiais―
ea uma “ordem
imanente―*!.
Oprin-
cipiodaconsisténcia
valenum duplo sentido,dadoque indispensavel
ele¢
tantoparaencontrar o significadodaleina unidade do sistemajuridico,
como paraafastar significados
incompativeiscom essa unidade.
Assim, o elemento sistemitico
dainterpretagdofuncionadeuma forma
construtiva: eleimpde quea leisejainterpretadademolde a assegurar
a
unidade dosistemajuridico,querdizer, demolde a garantiruma harmo-
nizagao
sistema,pois que da
contextuallei interpretada
as “varias
leis
de um
com todas
sistema
as demais
juridico
leisdomesmo
desenvolvidodevem
S\

und
Cf,Hex, Begriffsbildung
Interessenjurisprudenz,
143

us
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

«fazersentido» quando consideradas em conjunto―’®,


Nomeadamente,
leisquesto coneretizagdes domesmo principio dejustiga, deconfianga e
deeficiéncia ou deum mesmo principio materialdevem ser interpretadas
deformaa dara melhorexpressio a
qualquer desses prinefpios. Se,por
exemplo, se interpreta uma fonte em matériade contratos, importa con-
siderar nessa interpretagio o principio daliberdade contratual.
Podeassim concluir-se quea unidade dosistemajuridico nao¢ uma
realidade daqual o intérpretese possa mas algo
limitara partir, quedeve
ser construido poreleatravés dainterpretacao dasfontes. Em matéria
deinterpretagao, a construgio dessa unidade implica que ser dada
deve
preferéncia a uma
interpretagao quesejacompativel com o maior ntimero

possivel de regras do mesmo sistema juridico.interpretada


A let ¢con
tente com as demais leisdosistemajuridico quando conjugarem
elas se
harmonicamente entre si®*.
b)O quevaleparao sistemajuridico considerado na sua globalidade
valetambém para cada um dos seus subsistemas. Assim, porexemplo,
na areadodireito civil,dodireitoadministrativo ou dodireito penal ha
queassegurar, dainterpretacao
através dalei,aunidade decada u m des-
tes subsistemas, Aliés,atendendo a um principio deproximidade, a leia
interpretar tem deser integrada, antesdomais, no respectivo subsistema.
Porexemplo: uma fonte de direito dotrabalhotem deser interpretada
deacordo com os prineipios caracteristicos deste subsistema (como, por
0 dofavor
exemplo, laboratoris).
VIL. Elementoteleolégico
1. Generalidades
1.1.Delimitagao
doelemento
a) O elemento
teleolégico &finalidade
respeita dalei:através
desteele~
‘mento determinar-se so os
procura quea leipode
quais objectivos pros
teleolégico
O elemento
seguir*, distingue-se
doelemento pelo
histérico
©Cf MacCormick, Legal
Reasoning andLegalTheory(Oxford
1978),
152.
5
Cf.BrackeR, undjuristische
Kobiiren2 Interpretation
(Baden-Baden
2000),
231ss
&
Sobrea relevincia
doelemento teleologico,
ef. teleol6gica
Interpretagio
ALEXY, e vin-

a2008),da
culagio
Jeia
lei,RFD51(2010),
sua
determinagio
9 ss; sobreuma orientagZo
Interpretation(trad.
cf BaRak,
finalidade,
Purposive
“reducionista―
ingl,
dainterpretagio
in Law
da

Princeton
listsfrom critico
peranteManiNc,
86ss;
purposivists?,Colum.L.Rev, What cf.
estaorientagho,
106(2006),
70ss.
dividestextua-

366
518 INTERPRETAGAO
DALEI

seguinte:
enquantoo elemento
hist6rico a justificagio
procura paraa pro-
dugiolei,
da o elementoteleolégico
procuraencontrar a finalidade
que
justifica dalei’,
a vigéncia
elemento teleolégico visa responder &pergunta “para queé que
serve a lei?―,
Esteelemento impoe que intéxprete
o procureescobrir
d a
ratiolegis, estando-Ihe vedadopelo
~

menos como ponto departida


-

0
entendimento dequea fonte nfo prossegue a realizagaodenenhuns fins.
Esteelemento encontra-seconsagrado na referéncia constante doart. 9.

n! 1,CCas“condigées especificas dotempo em quefa lei]¢aplicada―.


b) Reconhece-se facilmente a importéncia teleolégico
do elemento da
interpretacéo, dado quecompreender uma leié perceber a que situagées
eladeveprocurar daruma resposta®―, O elemento teleolégico permite
descobrir a ratio legis¢utilizé-lana determinagio doespirito dalei.Para
melhor se perceber a importancia doelemento teleolégicodainterpreta-
¢f0,pode referir-se o seguinte exemplo®: uma lei dispde quequemdor-
mir nas estagdes decomboiodevepagar uma coima; um passageiro que
esperava, num dos bancos dasaladeespera, um comboio ques6partia de
madrugada foivencido pelo sono e adormeceu; pergunta-se se eleinfrin-
gitialeie devepagar a coima; a resposta naopode deixardeser negativa,
dado quea teleologia daleié evitar quealguém possautilizaras estages
decomboios para passar a noitee naoqueos passageiros possam adorme-
cer enquanto
o
aguardam viagem.
inicio da sua

1.2,Relevancia
daestatuigao
a teleologia
Paradeterminar
mais, estatuigdo.
a sua $6 percebendo
o é
que queé
compreender,
dalei necessério
a lei estatui
antes do
ou seja,o -

proibe
queelapermite, ou obrigapossivel
~é determinar qual afinalidade
S
Distinguindo
entre um a rule-gencrating
justification
©uma
justification,
substantive
Playing
of.ScrtaveR, bytheRules/APhilosophical
ExaminationofRule-Based
Decision-
in Law andin Life(Oxford
“Making 1991), 94
©
LaRENz,Metodologia *,468;cf.também Lanen7,FSFranzWieacker,
417 5; paraum a
historiea
perspectiva daratio legis
na interpretacio ef.
juridica, Ratiolegis,
ScHRODER, FS
KnutWolfgang Narr(Wien 2003), 959s.
Cf.Exe1dF,
©

the of
Law,
-Legalism/Five ss; Ser.
construction ofstatutes,
Teleological
Universitatis
Essaysin Theory
Finalistic
SeStL. 2 (1958),
Annales
79 Kast, Anti-
Turkuensis
B~
Tom,
(1980),
€
31 and
153
Oexemplo
®

the
15ss. ss.
to Reply
érecolhido
deFutter, Positivism Fidelity Law~A to Professor
outro
contexto.
(1958),
Hart,Harv.L.Rev.71 664,que,alias,o utiliza
num

ast
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

porelaprosseguida,
considerar
a compreensio
Para
o enquadramento
da
sistematico estatuigao
dalei,pois
pode
que,
necessirio
ser

muitas vezes,0

a
lei
que permite, protbeobrigapode
ou
seu contexto, Porexemplo:a
s6

de
ser entendido
imposigio obrigacéo
uma
no ambito
deindemn
do

io tem um significadono dominio daresponsabilidade civil(pois


quese
destina &reparacio deum dano) e outro no campo daexpropriagéo
por
utilidade publica(pois
quevisa a compensagio deuma perda).
2. Historicismo
vs.actualismo
2.1. Generalidades
daleipode
A teleologia ser considerada
numa historicista
perspectiva ou
actualista:na perspectiva o intérprete
historicista, tem deprocurar encon-
trar a finalidadeque legislador prosseguir (numa
o intentava com a lei
orientagio historicista
zarno momento dasta elaboragao
ou a finalidade
subjectivista)
(num s entido a
que leipodia real
objectivista);
historicista
na perspectiva

correspondente
actualista, ointérprete
&finalidade queelapode
A
tem deatribuir leium significado
realizarno momento dasua
interpretago―.
2.2.Direitopo

ou
fornece,
Odireitopositivo quanto
actualista,resposta
uma 4 9, teleologia
op¢ao
entre uma
inequivoca: 1, 0 art. n
historicista
CCmandaobser-
dostextos legais,
var, na reconstituigao legislativo
dopensamento a partir
as especificas
condigGes do tempo que aplicada.
em a leié Queristodizer
determinar
que,para a finalidade
da hé
lei, que analisar
as circunstncias
politicas,
sociais,econémicas
¢culturais
o u outras existentesno momento

pelo
dasua interpretagao, que o direito
positivo impoe a consideragao
de
uma teleologia
objectiva
e actualista,
doelemento
3. Concretizagio
3.1.Generalidades
Ateleologiaaquela
pode
daleino
quea lei realizaé
ser determinada
pode
queela fungio
prosseguir
em si mesma: a finalidade
em defactores
queIhesaoestranhos,
Paradeterminara teleologia indispen-
dafonte é

Propondo,
®
paraa determinagto
dateleologia
dalei, u ma ponderagio
entre elementos
subjectivos
objectives
desentido
incompativel, ef
BARAK, Purposive
Interpretation,
1885s.

368
5 18 INTERPRETAGAO
DA LEI

sivelatender
fonte
a0 ambiente
Âinterpretada,
¢ mas étambém
politico
sécio-econémico,
necessirio ¢ a
cultural
em que
factores
considerar jurf-
dicos,Haqueprocurar
factores,
a
optimizar, através
dalei
teleologia da todos
de
consideragio estes

3.2. Factoressistémicos
daleideve
a)Ainterpretagio considerar os principios
dosistemajuridico
edorespectivo
subsistema
em queelase insere.A relevanciadoelemento
teleolégico principalmente
manifesta-se
determina
na
interpretagioconforme
aos
ser interpretada
princfpios:
estainterpretagio quea leideva em
consonancia
com os
principios formais e materiaisqueelaconcretiza. Por

exemplo:
tuais deve
interpretagaodisposigao
a
ter presente
de
de uma
o principio daliberdade
leiincriminatéria
relativa
tipos
a um dos
contratual
deve considerar
contra-
(cf. 405°
art.
CC);interpretagio
a uma o prin-
cipio danao retroactividade dalei penal (ef. art. 29, n2 1,C RP; art. 1,
n2 1,CP);no
Ambito dodireitoeuropeu, firmou-se a doutrinadoeffet utile,
melhor
descobrir
oqual
segundoaquele
a
possibilitar
direito d eve s
sua efectividade".
er

determinante
interpretadosignificado
Estes
com o
variosprineipios
que
permitem
dosignificado da
a ratioiuris queé paraa fixacio
leiinterpretada.
Ointérprete
principio que
deveprocurar
material
descobrir
fundamenta a lei
o principio
e visar a sua o
formal ou respectivo

optimizagio através
dainterpretacio. A melhor interpretagio aquela
é queconseguir a melhor
optimizacao
porexemplo,
doprincipio
o
regime legal
formalou material queest subjacente
estiver fundado no Aformal
prine‘piojustiga,da
lei.Se,
a melhorinterpretagio daleié aquela quemelhoroptimizar a justica®.

b) Pode s uceder que intérprete


o se defronte com a dificuldade de
determinar o principio
o
formalquedeve orientarna interpretagao dalei,
ou seja,pode
com um dos
acontecerque,
principios
formal
formais, procurar
antes de
interpretar
o intérprete tenhadeprocurar
a leideacordo
o préprio

principio queo deveorientarnessa tarefa.A escolha desse princi


pioformalexigeentaouma ponderagao entre os principios dejustiga, de
confianca e deeficiéncia, devendo o intérprete escolher o principio for-
malquemelhor se adequar aos interesses quea leivisaproteger. Se, por
©
C£.T)
22/70(1/3/1971),
Rec.1971,263,
©
complementar:
Leitura LAREN2,
Metodologia 469-479,

109
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

exemplo,o intéxprete aresponsabili-


uma leirelativa
estivera interpretar
dade civil, natural
é que escolha o prinefpioda parao orientarna
justiga
se, pelo
sua interpretagio; a leia interpretar
contrario, respeitar&forma
deum acto juridico,
énaturalqueo intérprete tenhadeescolher entre a
e a eficiéncia,
confianga
3.3,Avaliagao dasconsequéncias
Paraa determinagao dateleologia dafontenaopode deixardese aten-
derAsrespectivas consequéncias.Queristodizerque,havendo duasou
maisteleologias haqueevitaraquelas
possiveis, quesejam incompativeis
com 0 ¢haqueescolher
sistema a quemelhor se coadunar com esse
tema, Nestaperspectiva, a interpretagao
quemelhor se insere no sistema
6,m uito frequentemente, uma interpretacéo
que Ihe acrescenta algo,ou
seja, interpretagao
uma quepermite protegerinteresses que, antes da lei
interpretada, nelenaose encontravam acautelados.
34, daexperiéncia
Regras
teleoldgico
Oclemento dainterpretacao frequentemente
exige o recursoa
daexperiencia,
regras davidaquotidian.
isto&,ao acervo deexperiéncia
Porexemplo:
se destina
a
com base
apenas
possibilitar
sivelinterpretar
na regra
uma maior
dequea exigéncia
confianga
uma leirespeitante
forma
na declaragio
emi
&forma
dae

deum acto juridico; somente


com fundamento na regra daexperiéncia dequeum facto ilicitopode pro-
vocar danos quedecorrem directamente dele(como 0 contigio dosdemai
animaisdoestabulo pelaentrega pelo vendedor deum animaldoente) ¢
danos que consequéncia
sio a de um posterior desencadeamento de acon-
tecimentos (como os ferimentos queo veterinério teve em consequéncia
doacidente quesofreu quando se deslocava paratratar 0 animal doente)
épossivel interpretar uma leirelativa ao nexo decausalidade entre o facto
ilicitoe o danoindemnizavel.
‘As
regras daexperiencia doquotidiano também sio importantes numa
outra fungi. Elasatribuem ao intérprete o indispensavel background de
vivéncia quelhepermite realizar a interpretagao daleideacordo com pari-
metros quemelhor correspondam &normalidade davidaem sociedade.
que a maioria dos membros dasociedade nao espera dolegislador nao
deveser escolhido c omo resultado dainterpretacio, sempre que se mos-
trem possiveis outros resultados interpretativos.
370
5 18 INTERPRETAGAO
DALEI

doelemento
4, Importincia
4.1, Interpretagao
dalei
teleoldgico
O elemento uma grande
possui importancia
na interpretagio
dalei,pois ele
é
que que melhor controlar
permite dessa
correcgio inter-
pretagio, Etambémo elementodainterpretagao
quemenos provémdo
sistema e quemaisapela
ao intérprete,
q
poisue Ihe utilizar
permite v alo-
politicos
res éticos, ou econémicos doprinei-
daoptimizagio
na procura
pioquesubjaz
aleiqueinterpreta.
daleitem uma dimensio
A teleologia consequencialista,dadoquea
finalidade independente
dalei nao é das consequéncias resultantes
da
sua Se,porexemplo,
aplicagao. uma lei visa uma finalidade sancionaté~
claroquea aplicagao
ria,é dessa leivaiproduzir um efeito sancionatério.
Importa,no entanto,acentuar que,quaisquer quesejamconsequéncias
as
resultantesdaaplicagaodalei afinalidade encontradapelo intéxprete
na
leitem deser valoradacomo positiva, pois que,salvoe m casos extremos
dificilmenteverificaveis
num Estado dedireito, esse intérprete
naotema
faculdadededeixardeaplicar a leiinterpretada.

4.2. Fungioespecifica
Paraalém dasta fungdona interpretagao dalei,o elemento teleoldgico
cumpre uma fungio
cobriras situagées
defraude é
especifica: poresse elementoquese podem
a lei,ou seja,
as situagdesque sao
des-
artificial
pelos
mente criadas interessadosparaevitar aaplicagio
dalei.Porexemplo:
(@ naopodem
0s pais vender bensa filhosou netos,se os outros filhosou
netos naoconsentiremna venda (art.877,n."1,C C); porisso, verifica-se
4
uma fraudelei se o sujeito

gacodeestevoltara vendé-lo
a S.;
de
S,,pai S), vender um bem
(fi)0 representante
aS; a obri-
naopode
c om
celebrar
consigo (cf.
um negécio mesmo art. 261.2, n? CC),
1, isto , ndopode ser
a0 mesmo tempo
parte activa
e de
passiva negécio
um actuando
juridico,
simultaneamenteem nome préprio porisso,ha
e como representante;

a
fraude leise,para
seus poderes
evitaressa situagio,
numa outra pessoa (cf.
substabelecer
o representante
art. 261,n#2,CC).
os

VIII. doselementos
Conjugagio
Nenhumdoselementosdainterpretagao suficiente,
é em si mesmo,para
o significado
determinar dalei,m as cadaum deles
dé
um contributo
para
essa determinagio,
Comrespeito pela daminimacorrespon-
exigéncia
m
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

déncia
dainterpretagio
daqueles
demais.
contributos
Ainterpretagio
tem o
com texto dalei(ef.
de ser sopesado
dafonteresulta
em
art. 92,n° 2,CC),
conjugagio os
daconjugacio
com
cada
todos
decadaum daque-
um

lescontributos.
Oart.98,21,CC,ao imporque
legislativo
6 elemento
a partirdo texto dalei,
literale os varios
o intérprete
mostra
elementos
quepode
naoliterais,
o
reconstituapensamento
haver oposigio entre
mas naoentre cada
um destes tiltimos,Isto significa que0 elemento 0 elemento
histérico,
sistemitico¢0 elemento teleolégico devem ser vistosnuma perspectiva
“aditiva’:
aquilo
que
cada um desses
resultad elementos
ecada u m dos
traz algo
demais,
quedeve
Em suma:
ser conjugado
o
intérprete
com
deve
escolher
a interpretagio que,dentro doslimitesimpostos pelacorrespon-
déncia
lei,
melhor se
a
minimacom letradaleie com apoio
integrar no sistema juridicoe
na justificagao
melhor se
histérica
adequar s
da
neces-
sidades
sociais.

an
§ DAINTERPRETAGAO
19.2RESULTADOS
I. Generalidades
dalei naose esgota
A interpretagio no seu significadoliteral,pois que,
como se dispde
no art. 92, n 1,CC, importa reconstituir 0 pensamento

como baseapartirdotexto dalei,Estareconstituicao


legislativo
o significadoliteral,
O significado
dainterpretacio.
dos
através varios
literaldesvenda
é
realizada,
elementos
a dimensio
tomando
nao literais
semantica da
fontedodireito,
mas so os virioselementos dainterpretagao quepossi-
bilitamdeterminar a quecasos a leiéaplicével,
ou seja,sfo esseselemen-
tos quepermitem descobrir a sua dimensio pragmitica.
A reconstituigdo dopensamento legislativo
a partirdotexto dalei
pode originar situagdesdecoincidéncia ou denaocoincidéncia entre 0
significadoliterale o espiritodalei,ou seja,
entre a dimensao semintica
ea dimensao pragmitica dalei:as situag6esdecoincidénciaconduzem &
interpretacio (ou
declarativa confirmatéria),
poisque intérprete
o limita-se

géncia &
a atribuir leio seu significado

de coincidéncia
naodescobrindo
literal, nenhuma
e a sua dimensiopragmitica;
entre a sua dimensiosemintica
determinam
as
diver-

situagdes nao a interpretagio


reconstru-
queo significado
tiva,pois dalei (ou a sua dimensio
seja, pragmitica)
é
pelo
reconstruido partir significado
intérprete
a doseu literal(istoda
é,
semantica).
sua dimensdo

declarativa
Il. Interpretagio
1. Nogio
aquela
declarativa
A interpretagio é queresultadacoincidéncia
entre 0

significado
literale o espirito
dalei:a letrafornece
um certo significado
mm
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

literale 0 espirito
resultante
doselementos
naoliterais
dainterpretagio
mostra-se compativel
com aquele
significado,
naoficando
aquém,
nem
indoalémdele. declarativa
A interpretacdo secundum
uma interpretagao
é
¢
uma
litteram
a dimensio
interpretagao
pragmatica
em
a
quedimensio semantica
coincide
com

2. Modalidades
Deacordo com a influéncia
doselementos naoliterais
paraa compreen-
sio dosignificadoliteraldalei,pode distinguir-se entre uma interpre-
tagdodeclarativalata,médiae restrita,A interpretacao declarativalata¢
aquela em queo literal
significado Ã0©mais extenso possivel.Porexemplo:
apalayra “homem―
utilizadano art, 362.°2.!parteCCabrange, natural-
mente,pessoas dosexo masculino
nos art. 1798.2, 1826.%,
1814.°, ae feminino;palavra
n2 1,e 2228.2 CCtambém
“filho―
utilizada
incluia filha.
A interpretacao
menos extenso
‘0
declarativa
n°1,¢493.,n2
Por é
restrita aquela
exemplo:
possivel. palavra
a
em queo significado
“culpa―
empregada
denegligéncia,
naoincluindo:
literal&
nos
art.4922, 1,CCé
sinénima

0 o
nela dolo.Porfim,a interpretagio
significado
dapalavra;
declarativa
literalÂ0¢ quecorresponde
aquela
média
é em que
ao significado
mais frequente
naohavendo nenhuma razio paraadoptar
uma interpretagio
lataou restrita,a s palavras
declarativa témo significado,
técnico
ou ndo
maiscomum.
técnico,
III. Interpretagio reconstrutiva
1. Generalidades
O significadoliterale o espirito
dalei podem no coincidir: nestahip6-
tese,hé
que reconstruir o significadopartir
daleia doseu texto com apoio
no seu espirito.
Nestareconstrugao haqueobservar
o limiteimposto pela
letradalei:s6pode valercomo espirito daleiaquele
quetenha um minimo
decorrespondéncia com a sua letra,aindaqueimperfeitamente expresso
art.92,n22, CC). como jdse referiu,
Trata-se, deuma exigéncia minima,
peloquenadaimpede respeitada
queo intérprete, essa exigéncia,
possa
restringirow alargar literaldalei.
o significado
A letrapode
dainterpretacdo a
levara atribuirum significado
podem
leie os virioselementos
imporatribuigaosignificado
a deum mais amplo

uma interpretagao a
ou maisrestrito lei interpretada:
no primeiro
extensiva;segunda
na
caso, intérprete
hipétese,
o
uma
realiza
interpretagio
am
DA INTERPRETAGAO
5.19 RESULTADOS

restritiva,Dito deoutro modo: o intérprete


extensiva,
na interpretacdo
induz.ocampo
restritiva,
sualetra,
deaplicagao
da
leiparaalém
reduzo ambito
o intérprete
dasua letra;
deaplicagio
na interpretagio
dalei paraaquém
da

2. Interpretagio
extensiva
2.1.Configuragio
a)Nainterpretacao
extensiva, o resultado
dainterpretagiomaisamplo
é
literaldalei:o espirito
doqueo significado daleivai além
dasua letra,
pelo
queessa fontepermite inferiruma regraquenaoestéabrangida
na
sua letra,A interpretagdo extensiva ¢ u ma
interpretagio praeterlitteram:
a dimensio dalei
pragmatica para vai além da sua dimensio s emantica.
Nainterpretacdo extensiva, hacasos nio abrangidos pela letradaleique
também devem ser atingidos pela regra a inferirda lei,pelo quenelao
mundo Ãm©ais amplo doqueaquela letra.
A interpretagao extensiva ocorre sempre quea letrase refira&espécie
0 seu significado
€ deva abarcar, porimposigao doselementos naoliterais,
dainterpretagio, o género ou sempre quea letradeuma tipologia taxativa
respeite aum ou a alguns
mesmo motivo, outros subtipos
¢ iAnterpretagao
subtipos o seu significado
domesmo tipo.
deva abranger, pelo
extensiva
est subjacente um juizo deagregacio: o quevalepara a parte devevaler
igualmente
dade
para o todo.
horizontal,é,&
isto
Por
o
exemplo:
situacaoqueem
art.
cada
1414."
um
CC
dos
refere-se
andares
aproprie-
de um edi-
ficiopertence a um proprietirio diverso;mas, como evidente,
€ o regime
também deve valerparaa situacdo depropriedade vertical, ou seja,paraa
hipéteseem
a
que
Nainterpretagio
divisiodo
extensiva,
edificio
a letra
Ãr©
ealizada
daleicomporta
n a vertical.
uma excepgio impli-
citaquenaoé admitidapelo seu espirito. Suponha-se quea letradaleiper-
mitea subsungao docaso C;com as caracteristicas xe y, naoenglobando,
nessa letra,nem 0 caso C;apenas
nem 0 caso C;c omas caracteristicas xe z (ou
x
com a caracteristica
seja,
(isto
outra espécie
0 género),
é,
domesmo
_género);
a interpretagdo extensivaconsisteem afastar estaexcepgao impli-
citae em englobar os casos CeC;no ambito dalei.
b)Nadaimpede queas regras excepcionais possam ser obtidas atra-
vésdeuma interpretacio extensivadasrespectivas fontes. Porexemplo:
oart, 13732,n2 1,CC, excepcionando o disposto no art. 1372.2 CC, admite
quequalquer dos consortes possa edificarsobre a parede ou o muro comum.

us
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

nele
cintroduzir traves e barrotes;
deveser considerada
no muro comum'.
a de
extensivadopreceito,
porinterpretagio
legalconstrugiopilares na parede
verticais ou

2.2.Exemplificagio
ser referidos
Podem
previsto
veiculos
também valepara
exemplos
os seguintes
no art, 506.,n.'1,CC
a
extensiva:(i) regime
deinterpretagao
para responsabilidade
outros danos
danos
pelos
resultantes
provocados
dacolisio?,
dado
nos o
quaisquer que
estesdanos(causados,
Jossinistrados)
davenda
tém
porexemplo,
nos condutores
a mesmaorigem
demais
daqueles
a filhos
e
passageiros
a que o preceito
o u a netos estabelecida
dos
(ii)veicu-
se refere; aproi-
bicio porpais ou avds no art. 877. n." 1,
CC também abrange a vendaa genros ou a noras'; atendendo &comunicagio do
patriménio dosconjuges, vender um bem a um genro ou.a umanora pode equivaler
venderessebemao respectivo
devetambém
filho,pelo
valerparaos seus cOnjuges;
queo queestiestabelecido
industrial
para os filhos
imobiliria
(iii) a acessio que
esti prevista no art. 1340.4, nt 1,CCem relagio &construgio deobraem terreno
alheiotambém valeparaa obraedificada em prédio urbanoalheio'; como aquela
acessiose fundamenta
prédio alheio quepode
na natureza inovadora

justificar
neleexistente;
e
a acessiopode
transformadora
ter lugar
de indemnizacio
obra
daobra,
tanto no solo,
a
como em
dosproprietirios
em

dos
construgio (iv)aobrigagio
prédios vizinhosqueé imposta pelo art. 1348.', n°2,CCtambém existeperante
6 dono deum estabelecimento comercial instalado no prédio afectado pelas esca~
vagdes realizadas no prédio contiguo’,pois queo quevaleparao proprietirio do
prédio vizinhovalenecessariamente parao proprietirio deum estabelecimento
comercial instalado nessemesmoprédio; (v)a obrigagio, queseencontra estatuida
no art, 1349.2, n 1,CC, deo donodoprédio consentirque,parareparar algum
edificiocontiguo, nelese levanteandaime o u se
cologue objectos ou queporele

passem os materiais paraa obratambém valepara.a edificagio deuma construgio


nova’,
poisqueo quese encontra prescrito para a
reparacio deum edificiojf exis-
tente também devevalerparaa construcio deu m edificionovo; (vi)o regimede
caducidade
estabelecido
sofridos
deé
daacco anulagio dacompra
no art. 917.CC aplicavel
deuma coisadefeituosa
& acgio
dosviciosdaobraconstruida
deindemnizacio
através
queseencontra
pelos prejuizos
deum contrato de
em
consequéncia
"
RC3/6/1997,
BMY468,485;ST]
26/2/1998,
BMJ474,
492.

2
»
St]12/10/1989.
RP30/11/1978,
RL 15/12/1993, CJ
78/5,
C)93/5,1631;
ST) 15/5/1979,
BMJ
$1]8/7/1997,
187; CYS
287,275; (3/1982,
97/2,
168
BMJ315,256;
ST]
2
+
»

©
ST17/3/1998,
BMJ
St}25/9/2008.
RL25/5/2006,
=
475,690 CV/S 134;ST}
98/1, 12/2/2004,

36
dadoqueo queseencontra previsto a dentincia
DA
5.19 RESULTADOS INTERPRETAGAO
dosviciosdacoi a
empreitada’, para
valetambém
‘comprada paraos viciosdacoisaconstruida daempreitada,
através

2.3.Delimitagio
extensiva naose confunde
A interpretagao com a declara-
interpretacao
significadoo oda da
tivalata,Enquanto
na interpretagioextensiva significado leivai além
doseu literal, na interpretagiodeclarativa lata significado
lei o seu significado literalmais extenso
A interpretagio extensiva também naodeveser confundida com a
situagio previsio
em que a dalei é
u ma tipologia enumeragio
ou uma
nio taxativae em quea leié aplicadaa um
subtipo ou a uma situagio que
no estaprevista, Nestahipdtese cabem na previsio legalnaos60s casos
tipificadosou enumerados, como também os casos
andlogos a essescasos.

Suponha-se, porexemplo, queuma tipologia enunciativa comporta os


subtipos S,,
S;eSy; essa tipologia
deelenaoconstar daquela
os subtipos
também englobao subtipo
cleforum subtipo
tipologia,
Sy, se,apesar
do mesmo tipo
a quepertencem previstos*,
O queimporta éconcluir quea
aplicagao daleia um caso nao previsto, andlogo tipificados
mas aos casos
ou enumerados, naodecorre denenhuma interpretagio extensiva,dado
que elaest4em completa correspondéncia com a previsto alei
aberta d
3. Interpretacao
restritiva
3.1. Configuracio
a)Nainterpretagio o resultado
restritiva, dainterpretagao
é
maisrestrito
doqueo significado
literaldalei:0 espirito
daleificaaquém
daletrada
quenaose justifica
lei,pelo quese infirauma regraqueseja
aplicdvel
a
todosos casos ques4oabrangidos pelasua letra.
A interpretagio restri-
tiva é
uma interpretagio citra litteram
e baseia-senum principio derestri-
¢40,poisquea dimensao pragmitica daleificaaquém dasua dimensio
semintica, Nainterpretacao o mundo
restritiva, émais pequeno doque
a letradalei,pois
que ha casos abrangidos
por esta letraque devem
nfo
ser abarcados pela
lei,
A
_género
¢
0 seu
restritivaverifica-se
interpretagio
significadodeva l
sempre
imitar-se,
por
quea letradaleirespeite
imposicao dos elementos
a0
da

7$1]20/10/2003.
® Analogie
of.Kavrmawn,
Nestesentido, derSache"/Zugleich
und“Natur ei n Beitrag
2ur

Lehre (Heidelberg
Typus®
von 1982), 62.

a7
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

interpretagdo,
&espécie quea letradaleise refiraa variascon-
ou sempre
cretizagdes tipo significado
deum  0
¢ seu devarestringir-se,pela mesma
razio,a alguma ou algumas dessas concretizagbes. Istosignifica que,na
interpretacio intérprete
restritiva,o
ou a uma dasconcretizagdes
a todoum tipo.
um regime
Ditodeoutro modo,
é
levadoa reduzir auma das

quese reporta
a interpretagio
espé
a um género ou
restritivabaseia-se
num jurizo dedesagregacao, dado queo queestiestabelecido parao todo
s6deve valerparaa parte.
Nainterpretagio a letradalei é
restritiva, “derrotada―
pelo seu espi-
d ado
rito, que,apesar de essa letranéo comportar nenhuma excep¢ao, 0
dalei
espirito implica ela
que sejainterpretada como
comportando uma
excepgio, Nestesentido,
titui exemplo
self apode dizer-se
deuma defeasiility,
que interpretacao
pois quea ei
restritiva
“derrota-se―
a
con:
siprépr
a
Segundo
letra, aplicdvel C,
pretacao
a lei¢
implicaaplicé-Ia,
restritiva dalei
ao caso
hipétese,
nao C;
com a caracteristica x;
por a0 caso
inter-
com
as
xy;equivale
caracteristicas isto
aqueles
casoscom a caracteristica
exceptox, a
aplica que leise
a concluir

que,além
caracteristica,
a
desta
todos 0s

tenham também y. Porexemplo:


a caracteristica a lei L proibea entrada
dequaisquer automéveis(x)numa rua;a interpretagiorestritivadesta
lei
queelaproibe
consisteem entender a entrada
dequaisquer automéveis(%),
os automéveis
excepto (+9).
dosresidentes

3.2. Exemplificagio
n° 1,al c),CEstestabelece
O art. $0.%, proibido
queé o estacionamento
nos
luga-
res porondes e faca0 acessodepessoas
ou veiculos
a propriedades,
aparquesou a
lugares
deestacionamento.Istosignifica nao&permitido
que,porexemplo,
c omo €
estacio-
narimpedindo
o acesso a garagens;mas, evidente,
nao aquela
ser regra pode
aplicdvelao
préprio
proprietirio dagaragem. Portanto,o art. 50.5,n.°1,al.c), CEst
deveser interpretadono sentido deexcluirdoseu Ambitodeaplicagio as pessoas a

quepertencem

(@oart. 261.2,
aspropriedades
Podemaindareferir-se e
os parques
os seguintes
m21,CCconsidera
ou lugares
exemplos
anulivelo negécio
deestacionamento.
de interpretagio
celebrado
restritiva
pelo representante
consigo mesmo;parece claro, no entanto,queo preceito nao pode impedir queos
paisdeum menor Ihedéem presentes,apesar denelesse confundir a
qualidade de
representantes
tipifica
pessoa
dodonatario
como crime a conduta
um facto,ou formular
é
(queomenor)
daquele
e dedoadores;
que,dirigindo-se
sobreelaum juizo,
(i!)oart. 180.2,n.°1,
a terceiro,imputar
ofensives
CP
a outea
dasua honraou consi-
deragio,ou
reproduzirum a tal imputagio todavia,
ou juizo; haqueentender que
no pode como crime a conduta
ser qualificada daquele mesmotipoqueocorre no

a7
DA INTERPRETAGAO
5.19 RESULTADOS

restrito
cfrculo(
perigo
seencontre em
devido
nio é
familiar;
devida;
1, CPpune
dever
parece
a omisstodoauxitioaquem
entender-se,
n o entanto,queesseauxilio
cometeu uma tentativa desuicfdio.
a quem

3.3,Delimitagio
A interpretagao
restritivaédistintadainterpretagaodeclarativa
restrita.
Enquanto
na interpretagio significado aquém
restritiva
o dalei fica doseu
significado
literal,
na interpretagao restritivao significado
declarativa da
lei€0 seu significado
literalmenos extenso.
Umdospontos maissensiveis no ambito dainterpretagio restritiva¢odesaber se

é
ela distinta dachamada
Ecomum distinguir ambas
redugio teleolégica
as figuras: redugio
“A
Reduktion
(teleolagische
teleolégica
ou Restriktion)’.
comporta-se em rela-
fo Ainterpretacio restritiva demodosemelhante 4 analogia particular em relagio
4 interpretagioextensiva. Oambito deaplicagio danorma umasvezes reduz-se
mais doqueindica o limitequese infere dosentido literalpossivel e outras vezes
amplia-sc,Emambos os casos,trata-se deuma continuidade deinterpretacio trans-
cendendo
duvidoso, o limitedosentido
no caso particular,
deu m a redugio
literalpossivel.Comoeste limiteé«fluido»,
se se trata aindadeuma interpretagio
fala,
pode ser
restritivaou jf
nio raras vezes,deinterpretacio
teleol6gica. A jurisprudéncia
na realidade
restrtiva[..]quando janaosetrata deinterpretagdo, masdeuma redu-
teleoldgica―™®.
‘glo
a distingio restritivaeareducio
Segundo esta orientagio, entre a interpretagio
teleoldgica traduz-se no seguinte:
a interpretagao consistena exclusio
restritiva de
ccertosc asosdoambito deaplicagio dalei;aredugio teleolégica
na naoaplicagio de
um a lei a u m caso queé sua letra, de
abrangidopela isto 6,na construcio um a excep-

G40 20 regime
teleoldgica
‘Glo
legal. a
Noentanto, disting20
torna-se discutivel
se concebe
quando
entre a interpretagio
seconclui
a
restritiva earedu-
quetoda interpretagio
daaplicagio
dalei
da
6 pragmatica e
quando a interpretacio como
inseparivel
leia casosconcretos.Nestaperspectiva, a construgio dequalquer excepeio a uma
leiatravés daredugio doseucampo deaplicagio é,20mesmotempo, interpretagio
restrtivae reducio quenio hanenbuma
teleolégica,
pelo justficagéo
paraautono-
mizar esta daquela
redugao interpretagio.

°
Cf,Ewweccrnus/Niprerney,
Allgemeiner
TeildesBurgerlichen
Rechts'* (Tubingen
1959),
347,
©
Lanenz,Metodologia
*,556;cf.também
Laxenz,RichterlicheRechtsfortbildung
alsmethodisches
Problem, NJW1965,5;BRANDENBURG, Dieteleologische
Reduktion
(Gottingen
1983),
York1991),
‘New
s.
480 PeczEN1k,
Juristische
75 ss; ByoLtNsK1,
2009),
OnLawandReason(Dordrecht
317s.
?
und
Methodenlehre Rechtsbegriff®
(Wien/

9
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

3.4, Consequéncias
inaplicabilidade
restritiva conduza
A interpretacao daleia factos
ou situ-
agesque stoabrangidos pelasualetra,o queimplicaqueessesfactosou
situagéesregulados
vio ser porum outro regime Adeterminagio
juridico.
deste
regime comporta hipéteses.
varias Uma delasv quando
erifica-se a
interpretacao implica
restritiva que 0 caso nao tem relevanciajuridica
¢
pertence
ao espago livrededireito.Umaoutra hipdtese ocorre quando
a
restritivadalei (nomeadamente,
interpretacio especial
ou excepcional)
deixaespago paraa aplicagio deuma outra lei (designadamente, geral)
também vigente no ordenamento. Porexemplo: a interpretacao restritiva
deuma leisobre limitagées &liberdade deexpressio torna aplicvel a

queconsagra esta mesma liberdade (cf. 372, 1,CRP).


art. n.°
‘Além
dasreferidas, importa aindaconsiderar uma terceirahipétes
&a quese verifica quando a interpretagao daleino conduz&
restritiva

porta de
aplicagéo vigente
nenhuma
uma outra
lei
lei
aplicavelaos
no ordenamento,
factosou situagées
porque
que
este no com-
naosio abrangidos
pela leiinterpretada. Nestahipétese, a interpretagao restritivatem como
resultado a construgio deuma regraexcepcional, aplicavel aos casos que
naosaoabrangidos poressa lei,Estasolugio fundamenta-se no seguinte
argumento: sea regra Ãc©onstruida com base numa interpretagio restr:
tiva dalei, na falta
entaoo quenaocabenesta lei é regulado, dequalquer
outra regra
por uma
aplicdvel, poruma regra
regraexcepcional. Por
designificado
exemplo: segundo 4
contrario lei,ou seja,
o significado literalda
lei,0 factoF,implica E,;porinterpretagao
o efeito restritiva dessa lei,0
factoF,nao incluio factoF,;desta interpretagio restritiva resulta u ma

regra geral~

“Ofacto efeito
F,..,produz.oE,― regraexcepcional
~

e uma
~"OfactoF,naoproduz.o efeitoE,―.
4. Sinteseesquematica
A diferenca
no
extensiva
entre a interpretagio
seguinte
esquema:
e restritiva pode
ser resumida

Seidelops inrda

[__tmepreasiocnesta cp cve-p

oo cve~ yogi

380
DA INTERPRETAGAO
5.19 RESULTADOS

A propésito dainterpretagao dalei afirmava


Verney(1713-1792) o seguinte:
Se a raziodaleiformaisextensaqueos termos dalei,servir-nos-emos dainter-
pretagioextensiva. Seos termos foremmaisextensosquea razio,servir-nos-emos

se ¢
a
darestritiva;B, os termos razio tiveremigual
declarativa―"!
extensio,servir-nos-emos da

IV, Desconsideragao
daregra
1, Vineulagao

é
lei
uma importante
a a vinculagio
art, 2032CRPestabelece dostribunais
doEstado
4lei:esta
dedireitoe daseparagiodepoderes
vinculagio
garantia
Gf.art. 111,n2 1,CRP),porqueelanaos6asseguraa prevaléncia
dalet
sobre qualquer O se afirmousobrea
dolegislador
intuigao
pelo
ou
juiz. que
do
sentimento
juiz,
como obsta4 substituigao
interpretagio
permite
concluirquea vinculagdo
interpretagao, &interpretagao
ou seja, &
dojuiznaoéletradalei,mas ao resultado
&interpretagto
declarativa,
da
exten-
sivaou
&interpretagio
A conclusio
restritiva.
dequeo juiz.esté
vinculado
ao resultado
dainterpretagio
o problema
deixaem aberto desaberem quecondigdes ele ou qualquer
-

outro intérprete
pode aplicar
nao
~

a regra inferida
dafonte.
Issoimplica
ab-rogante
aanilisedainterpretagao e dainterpretagao
correctiva.

ab-rogante
2. Interpretacio
2.1. Caracterizagao
A
falhado
ab-rogante
interpretagio
e pode
éimposta
porum
ser qualificadacomo singular
acto de comunicagio
ou sistémica,
A interpreta
a0ab-rogante
quando
€,
¢singular quando
naolhepode
o intérprete
a fonte
¢
nao inteligivel
atribuirnenhum
em si mesma,isto

significado.
A inter-
pretacaoab-rogante sistémicaverifica-sequando a fonteremete paraum
regime que naoexiste no sistema juridico,A remissio ¢
v aziadesentido,
poisquea fontenaotem nenhuma referéncia,
Efrequente
falar-se
juridicas:
regras
dainterpretagio
interpretagio
concluisse
ab-rogante
ab-rogante
deduasregras
a
propésito
verificar-se-ia
contraditérias
da a
contradicao
igualmente
quando
entre
inter-
pretacio pela
vigéncia
a conduta
(por
exemplo,
a regra
R,quepermite Ce regraR;queprotbe
a mesma
conduta)
e conduziria

©
Verney,Si
2010),
486. jvros
Légica
dos
Jovens
de
(1749)
Portugueses
paraUso (trad. Coimbra
port,,

381
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

ab-rogante
pretagio ambasas
simultineade
{climinagio regras da inter-
conflituantes!?,
queexistamconflitos
pressupde
tiveis deser solucionados.
Estaconcepgio
normativos quesejaminsuscep-
s e demonstrou
Ora,jé quetodos os conilitos
normativos
conseguem sersolucionados, tiltimaanilise, auma
recorrendo-se,em
ponderagio de
interesses
falar
da invalidar
para
interpretagiodasconflituantes,
uma
ab-rogante
eis
propésito
a
Sendo
justificagio assim,niotem
deconflitos
normativos.

2.2.Bfeitos
A interpretagao
oculta,
daleiremissiva
ab-rogante
ondese pensava
porque,
podeoriginar
haverum regime
Ha,entio,queproceder
lacuna
chamada a
nfo ha,afi-
juridico,
nal,nenhumregime. dessa
&integracao lacuna
(fart.102CC).
3. Interpretagao
correctiva
3.1, Generalidades
Ainterpretagio (ou
lege)
86interpretagao podemanifestar-sesed
interpretacaolegem
correctiva
contra
secundum
contra
aplicagio
lei tanto na
iusou
da
a.um caso queela exclui, na climinagao
ou seja, deuma excepgao
prevista
daleia um caso queelaabrange,
na lei,c omo na naoaplicagio isto é,
na
construgao ceuma excepeao na Ainterpretagio
naoprevista correctiva
valores
le.

6justificada
pela
incompatibilidade
dafontecom juridicos
funda-
mentais,
justica,
aqueles
nomeadamente
daconfianga
a quese referem formais
os principios
e daeficiéncia. da
A interpretagiocorrectivanaose confunde
tritivaou extensiva,
Nestas interpretagoes,os
com
a
elementos
interpretagio
nao literais
c
res
on-
duzem ou a uma extensiodosignificado
a uma restrigio literaldalei;n a
interpretagio
desconsiderados,
pelo
correctiva, contritio,
dadoqueessa interpretacao eo sio
ambos
a letra espirito

implica
dalei
quea leideixade
ser aplicadaa um caso queelaabrange
(quer no espirito,
na letrae quer,
pelo
menos,no espirito).

3.2.Coneretizacio
a)A interpretacio
correctivafoientendida porARisTOTELES (384-
322 a.C.)
como constituindo
universal,
um principio
a base
e se verifica
daequidade:
resultarem
“Quandoalei enuncia
casos quevaocontra essa
nessa altura
universalidade, estécerto quese rectifique
o defeito,
istoé,
que

®CfOLIVEIRA ASCENSKO,
O 8 ss
Diteito 428

382
5.19 RESULTADOS
DA INTERPRETAGAO

serectifique
0 queo legislador
deixouescapar doque,porse
e a respeito
de
pronunciarmodo absoluto,
ter errado.
Eisso o o legislador
que proprio
determinaria, se presenciasse0 caso ou viessea tomar conhecimento da
situagio,rectificando,assim,a lei a
partir situagdes quede
das coneretas
cadavez se constituem. ..]A natureza daequidade entdo,serrectifica-
é,
doradodefeito dalei,defeito
queresulta dasua caracteristica
universal―,
A generalidade dasordens juridicasexcluia interpretagiocorrectiva,
no admitindo o recurso &equidade
sequer paraevitarconsequéncias
legaistidasporindesejiveis. Eesse também 0 caso dodireito portugués,
pois que,conforme se dispde 2,CC,o dever
n.°
no art. 8°, deobediéncia &
leinaopode ser afastadosobpretexto deser injusto ou imoral o contetido
dopreceito legal.Nofundo, doquese trata ¢ derespeitar a separagio entre
a fungio legislativa
estatiltimapela
e a fungio
vinculacio &
jurisdicional que impostos
lei (f.art. 2032
¢os limites
CRP): fungaoséo
a
jurisdicional
naotem poderes decorreceao dasleisemitidas pelo poder legislativo".
Nestecontexto ¢ importante fazerduasobservagées, ambas visando
demonstrar queo rigor doestabelecido no art. 8.%,n."2,CCnao¢ taoacen-
tuadocomo, aprimeira vista,poderia parecer. Umaprimeira observacio
destina-se a acentuar queuma interpretagio correctiva pode ter alguma
justificagdo naquelas ordens juridicas em quea letradalei ou a vontade
dolegislador sejamos elementos determinantes paraa interpretacio da
lei.Ora, nfo éessaa orientagao dodireitoportugués, no qual o elemento
sistemitico(e, em especial, a interpretagao conforme &Constituigio) e0
elemento teleolégico
da interpretagio resultados
permitem interpretativos
que tornam a necessidade da interpretagao correctiva bastante discutivel,
quea colocariam
pois nio s6em colisiocom o sistema,
mas também
para
dequalquer
além teleologia
dalei interpretada's,
Uma interpretagio
cor-
rectivadaleiseria,portanto, quenaorespeitaria
uma interpretagao os cri-
deinterpretagio
térios definidos uma interpreta
no art. 92CCe,porisso,

tia a Nieémaco,
Anrsréretes
°
1137b20-25(cad. port,Lisboa2004),
%

1195s,
anilise
Porauma goral,cf
1545s,,2075s,¢
(Berlin
Rechtsanwenduing
Wank,
Grenzen Rectsfortbildun
richtrlicher
232 Looscie.pens/Rorm,
1996),
244,
ss;
Jristische
(Berlin1978),
Methodtki m Proze@
der

CE,n o ambiodadoutrnaalems,
°

132:“Verifca-se
2005),
legislador
histrico€
Neuwex,
uma «decisio
desacatada,
Rechtsfindung
Die
legen»
contra quando regulagio
a
legem
contra
de
intengto
queelaaindasejacompativel
desde
(Munchen
*

com o possivel
do
sentido

ou
literal possaser realizada daanalog
através ou darestrigio"

a
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

contralegem
«40 num duplo dado
sentido, queseriauma interpretagio
quer
contra a lei interpretada, deinterpretacao
quercontra os critérios dalei.
que injustiga
A istoacresce que,sempre a ou imoralidade
daleiinter-
pretada constitua igualmente uma violagio depreceitos ou principi
constitucionais0 quesucedera
~

muito frequentemente -, essalei é


incons-
titucional(f.art. 2778,n! 1,CRP) e, por isso,no pode ser aplicada(cf.
art. 204.CRP). Sendoassim, s6importa justificar
o regime estabelecidono
CCnos casos,verdadeiramente
art. 8,n.22, residuais,
nos quais
a injustica
ou imoralidade
daleinaopossaser afastada dasua interpretagio
através
ou teleolégica
sistematica ou nos quaisessesdesvalores
naoconduzam&
inconstitucionalidade dale
b)A solugio estabelecida no art. 8, n.?2,CCencontra a sua justifica-
éo na vinculagiododecisor (maxime, dojuiz)&lei (cf.
art. 203 CRP). Esta
vinculacéo,por turno,
seu fundamenta-se na falta
delegitimidade do deci

solugio de um caso da
sor parase afastar leie paraa substituir
concreto. A lei ¢
porqualquer
produzidapelos
outro critério
érgios
na
competentes
¢democraticamente legitimados, pelo queelanaopode ser afastadapelo
juiz,sejacom base n as suas convicg6es pessoais, com fundamento
seja na
mundividéncia dequalquer grupoou instituicao. Porexemplo: 0 juiznao
pode deixar
&contra o divércio o
dedecretardivércio
ou a adopcao
ou aadopgao
e naopode
com fundamento
deixardecondenar
daRepublica
em que

aquele
queatentou contra a vidadoPresidente com o argumento de
queprofessa uma ideologia
anarquistaou monarquica. A naovinculagio

tério a afinalnuma vinculagao


dojuiz leitraduzir-se-ia
(ideolégico,
religioso
ou outro)
a um qualquer
e na substituicéo
outro cri-
davinculagio alei
e geral
abstracta pelavinculacéo dedecisio.
a um outro critério Tudoisto
significaria
um inaceitvel retrocesso num importante acquiscivilizacional.
‘Ao
aspecto
peitanteao estatuto &
relativo
do
separagio
O
de
nao
poderes
se houver
ser
acresce
juiz. juiz poderesponsabilizado
ainda um outro res-
pelas
motivosparao responsabilizar
suas
decisdes,salvo,naturalmente, em
termos disciplinares, civisou penais (cf.
art. 216.n.?2,CRP). Estairres-
ponsabilidade éuma consequéncia davinculagao dojuiza lei: juizaplicaa
leie,porisso,naopode ser responsabilizado pelas consequéncias, eventual-
mente nefastas para uma das partes,dadeciséo queprofere. Em contra-
partida,qualquer desvinculagao do
doestatuto dasua irresponsabilidade,
-se-iatodae qualquer aleatoriedade
lei
juiz.a teria
porque, de
de
uma
implicarrevisio
outro
e arbitrariedade
modo, permi
nas suas decisdes ¢
anular-se-iatodoe qualquer valordeconfianga no ordenamento juridico.
ae
§ DETECCAO
20.2 DELACUNAS
I. dalacuna
Determinagao
1. Faltaderegulamentagio
1.1.Generalidades.
a)Alacunadecorre deuma regrapararegular
dainexisténcia um caso

pelo
juridico, que,
numa férmula pode que uma
concisa, dizer-se existe
lacunaquando
hé
caso mas naohé
regra',
Note-sequeo queimportaé
quefalteuma regrajuridica e naoquefalteuma regra legal, porque nao
existe nenhuma lacuna quando vigorauma regra inferida d eoutra fonte
deorigem
—

consuetudinaria, porexemplo
-

queabrange 0 caso. Refira-se


também quenio existenenhuma lacunase o caso puder ser resolvido por
um principioimplicito ou poruma regra derivada: a lacuna naoéfaltade
uma regulamentagio expressa, mas a falta dequalquer regulamentacio.
Paraqueexistauma lacuna naobasta uma lacuna legis,
antesé necessério
que verifique
se uma lacuna iuris,
Em conclusio:s6existeuma lacunaquando denenhuma fontedo
direitopossaser inferida u ma regrapararegular um caso. O art. 102CC
fala~é
certo delacunas
sivadesse
~

preceito,
dalei,mas haque
porqueproblema
o da fazer
uma
integracao
interpretagio
de lacunas s6 se
exten-
coloca
quando falte,
em absoluto, qualquer regrajuridica pararegular um caso.

AucHourR6s/BuLyGIn, Systems
Normative (Wien/New York1971), 4 ALCHOURRON/
Botvarn, a la metodologia
Introduccién delasciencias juridicas (Buenos
y sociales Aires
1987),23;ef
Jona 43;
2005),
(Bas,),
também
RetstnGeR, Normas
BULYGIN/
Zar
und
Rechtsphilosophie
MENDONCA,
Vollstindigkeit
normativer
Systeme,
(Wien/New
Gesetzgebung Moxne/ in
York1976),
Normativos
Sistemas

108ss.
Wen
(Mak

3s
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

b)Aslacunas
axiolégicas
do
legais
sistema
ndodevem
juridico
ser confundidas
(isto6,c om as
com
chamadas as insuficiéneias
lacunas axiol6gi
cas
(axiolagical
gaps): algodeveestar regulado,
dosistemao exija,mas porque se entende
deveconter uma solugio
naoporque a completude
que,em nome deum qualquer
valor,
o sistema paraum caso ou naodevedar
4 um caso a mesma solugaoquefornece a outro. Pense-se, porexemplo,
na problemitica
deveria
daeutandsia:
daruma resposta
pode
ao problema
entender-se
dacutandsia
delanaoconstituiuma lacuna,
que
o sistema
activa,
juridico
mas a falta
dadoquea completude
de
regulamentagao
dosistemanaoexige essa regulamentagio.

dafalta
1.2.Causas
Aocontrariodoquese poderia delacunas
a existéncia
pensar, © fata-
Ãuma
lidade~e, muitas vezes,uma vantagem ~
em qualquer ordenamento jur
dico,atendendo, nomeadamente, aos seguintes factores:
~O legisladorpode naoquerer regular umadeterminada matéria,
por
que entende que solugio
a ainda nao se encontra suficientemente
amadurecida parapoder ser consagrada na lei;
~A técnicalegislativapodedeficiente,
ser dadoqueo legislador pode
naoter previsto todas as situagdes que devia ter previstoe, porisso,
ter deixado deregular uma matéria quedeviater regulado;
~A fontepode nio ter valorjuridico, porque a fonte queregula uma
determinada matéria éafinalinexistente, invalidaou ineficaz;
A evolugio
~

socialou tecnolégica pode abriru ma lacunaquenio exis


tiaanteriormente; porexemplo: s6a aquisicao daigual-
civilizacional
dade entre os sexos criou as lacunas relativas&posigao damulhern a
familia

Apesar
dea existéncia
delacunas em qualquer
ser uma inevitabilidade
ordemjuridica,algumas
hé formas deas combater. A maisadequada é
a codificagio,
dadoqueo seu carictercientifico
e sistemstico
evita,em
grande delacunas.
o surgimento
parte,

Normative
Auchounnéy/Butvcrn,
®

alametodologia,
15s Systems,
ss;
ALCHOURRON
IntroducciÃ
106

386
5.20 DETECGAO
DE LACUNAS

2. Incompletudeno sistema
2.1. Generalidades
Ãu©ma faltaderegulamentagio
A lacuna legal,
mas nem todaa faltade
regulamentagioimplicauma lacuna.
A lacuna
s6surge quando, sobo
ponto devista juridico,
falta, juridica,
paraum caso com relevancia a res-
pectivaregulamentacio., alias,
por que
isso 0 art. 2,
n.2
EMJpro-
s63,

ibea abstengio com base


dejulgamento na falta
deleiquanto a casos que
devamser juridicamente
n1,CC. A lacuna
regulados;
pressupde
mesmo o dodisposto
resulta
uma incompletude
no art.
no ordenamentojuridico 82,
a
quantocertos
uumfactor
casos,pelo
queé
negativo,
queeladecorredaconjugagio
dedoisfactores:
deuma regulamentagio
a auséncia
legal, eum
factor
positivo, é
que exigéncia
a regulamentagio.
dessa
daincompletude
2.2, Possibilidade
A lacunaéuma incompletude no sistema juridico,
0 quepressupée,

que incompletude
naturalmente, esta sejapossivel.
Talvez admirar
possa
a necessidade
deenfatizar
esta evidéncia,
mas a verdade quealgumas
é
orientagdes a possibilidade
negam juridico
deo ordenamento ser incom-

pleto.Ketsen(1881-1973) defendeu a completudedosistemacom base


deque,quando
no “facto a ordem juridica
naoestatuinenhum deverde
um individuoderealizar determinada conduta,permiteesta conduta―®
O argumento apresentado é dadoqueo quenaoé
0 seguinte: proibido
épermitido(em formal:
linguagem~EpPp), a faltadeuma proibigio
>

implica derealizar
a permissao ou naorealizar
o quenaoé proibido,
pelo
que o ordenamentojuridico én completo‘.
ecessariamente Ditodeoutra

KeLsen,TeoriaPurado Direi *,275;


»
semelhante
uma conclusio
resultado “principio
negativo―
enunciadoporZ1rEL MANN,Ltickeni m Recht(Leipzig
1903),19,segundoo qual
dequalquer
regulado
regulamentagio
(“positiva―)
¢
possivel
extrair que

porum a regradesentidocontritio;ef também


LawandMorality (Oxford
aquilo
Raz,TheAuthority
referindo-se closure
&
queelanio regula
ofLaw/Essays
‘on 1979), 75 ss., As rules
que, na auséncia

deu m a proibigio, fechamo sistema(ef. Moreso/Navargo/Repoxpo, Legal Gapsand


Reasons,
Conclusive
a u ma “liberdade
Theoria68(2002), 52ss), conclusio dequea auséncia
ji tinhasidoextraidaporHouses,
defazero u omitit―
deleiconduz
Leviathan (1651),
XXI
((trad.
port,
2002),
der ef,
também
Sitcen Hopsrs,
1798), Cive
(1642),
Lisboa 181);
((¢rad.
pore.
2005),
32):
"uma
DieMetaphysik ('1797/* AB21
De
Lisboa
XIII, XV;Kant,
acg20
# nem¢
Sobreas
ordenada proibida
nio é
‘que
of e cf.
relagses
simplesmente
entre o Principle
i n DeonticandtheGeneral
Prohibition a Normative
(tradueio
permitida― adaptada).
Completeness
ofAction,ActaPhilosophica
vox WRIGHT,
An Essay Theory Fennica21

387
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

suficientea
forma:permissio fraca dep isto¢,
~

paracompletar quanto regime


o sistema
a auséncia
ao
deproibigao
aplicavel
~

a
dep* é
p*.
Contraesteargumento pode ser aduzido quea circunstincia deo
sis

tema juridico nio comportar a


proibigio deuma conduta nao significa
que sejacompleto: incompletude se eleexigir
ele existeuma no sistema
uma regulamentagio diferente danao proibigio daconduta, ou seja, se
elerequerer quea conduta seja obrigatéria ou nfo permitida, Pore xem-
plo: suponha-se queo sistema juridico nadadizsobre a assisténcia
que&
devidaaos feridos
deregulamentagio
provocados pelos acidentes deviagao; desta auséncia
resulta queé permitido ajudar esses feridos;todavia,
isto naosignifica que nao
a essesferidos.
assisténcia
exista uma lacuna
&
quantoobrigagio deprestar
Istoé
assimporque, na andlise dacompletude dosistemajuridico, hé
©quenao é entre
sobre
a emo
quedistinguir hipdtese
proibido épermitido
quelegislador que
e a hipétese
estabelece
em queo legislador
tudo
nao
se pronuncia s e 0 quenao ¢ proibido deve ser considerado per-
mitido,No primeiro caso,o legislador fechou o sistema, pelo queeste
naocomporta nenhuma lacuna; no segundo, o sistemanaoé completo
comporta
€ uma lacuna se,apesar denaohavernenhuma proibicao de
uma conduta, se conclui queo préprio sistemaexige queesse acto seja
obrigatérioou proibido. Podeassim concluir-se quea inexisténcia da
proibigdo de uma conduta n ao garante nao
que possa verificar-seuma
lacunaquanto4 obrigagio ou proibigio dessaconduta, ou seja, nao
assegura que a lacuna nio consista precisamente na necessidade de
estabelecer a obrigagao ou a proibigo derealizara conduta que é
nao
proibida.
expressamente

(1961),85 ss; ALCHOURRGN, Logicof NormsandLogic of Normative


Propositions,
L&A
12(1969),258ss ALcHOURRGN, Légicadenormas y légica
deproposiciones
normativas,
in

Butvein,
Normative
Systems, y
ALCHOURRON/BULYGIN,
ALcHOURRSN/BuLY 40
Anilisislogico
119s;
Juridico
Derecho(Madrid 1991),ss; ALCHOURRGN/
almetodologéa,
Introduccién
a
171ss3BULYGIN, Fl Positivismo (México, 2006), ea
D.F. 748s.
5Sobrea distingao
(permissiode p), um
v on WriGutr,
fraca(auséncia
entre a permissio
ef. Norm and
deproibicio
Action/ALogical
dep) permissto
(London/New
Enquiry
forte
York
in
©
outro
1968), &
85;atvibuindo
(Eds), Weak
Law,i n FRANDBERG/VAN
exemplo,
HoecKs
Legal
Gaps,
Nestesentidoef,por SoETMAN,
On
Permission
sentido distingSo,
cfSoran,
TheStructureof Law
(Uppsala
andStrong
1987),
24ss.
FSCarlosE,Alchourrén
and
(Berlin
Bulygin
Eugenio 1997),
331

a3
5.20 DETECGAO
DE LACUNAS

Estaverificagto
demonstra entre a falta
quehi quedistinguir deproibigao
ea
no proibigio:
proibigio
s6 podem
ALCHOURRON
comorefere
equivalentes
ser consideradas
a falta
(1931-1996), ea
deproibigio
num sistemacompleto
(isto
aid
é,
no

6,
lacunas)
‘sem (ouseja, contradigées)’,
¢consistente sem Aqueladistinglo
mais do
profunda pode
que estando
a
realmente
parecer,
elasubjacente
diferenga a

podee a
descriglo
entre a (prépriada normativa)
proposigio (prépria
prescrigdo daregra
Oenunciado nio
juridica).
no hi nenhuma
“p
regraque é
proibido―
protba p que
dedoissentidos:
ter um
(0 pode designadoproibigio
ser pornio
o deque

fraca
nio
de ou 0 dequehauma regra
p) protbe
quenao
fortede 0 primeiro
proibicio p);
(0 pode
sentido ser(Dese
p que
corresponde
verdade
referido
a uma descrigio
c omo

Fp), segundo
0 (Prese
~Fp)’.
a uma regra Seé Fpsignifica
quea Prese
queo sistemanaocomporta nenhuma lacuna
quanto a p,nio é
accitivelconcluir

4p.No
completo quando
queessesistema é
undo,aqueles
quantoap
o sistema
que como Ke1seNdeduzem
~ ~

~Fp
nadarefereem
relagio
(ou Pp)
Prese Prese de
~Fp
Dese estio
a(aincorrer
zir um dever
ser
obrigatoriedade
nio p)
naturalista’,
naconhecida“faldcia
(a
pois
de
queestio a dedu-
de deum ser inexisténcia
qualquer
sobre
regra p).
2.3.Sentido daincompletude
Alacuna © incompletude
Ãuma no sistemajuridico.
Recorrendoa uma ima-
gem,pode que,
dizer-se se o sistema for
juridicoequiparado a um puzzle,
alacunaéa faltadeuma pega desse puzzle.
Primeiro ha s6depois
sistema;
&quepode haver lacuna.
Importa precisaro sentidodaincompletude no ordenamento juridico,
tomando como parimetro deaniliseo direitoportugués.
O art. 10°CC
forneceos critérios
paraa integracio delacunas:a analogia
(cf.art. 10:,
n2 1,CC) ea regrahipotética criadadentrodoespirito dosistema
Gf.art. 108,
juridico,
n23,CC);
nunca podendo
estes critérios
desconsider-lo
apenaspodem completar
ou,menos ainda, o afir-
sistema
violi-lo.Do
mado extrai-seuma conclusio particularmente importante:os sistemas
juridicos podemincompletos
ser ao nivel
d asfontes~

e,porisso, podem
possuir lacunas-, mas saosempre completos ao niveldasregras quando
admitemcritérios
deintegracao
delacunas delespréprios.
extraidos

ALCHOURRON, L&A 12(1969), Légica


258ss,;ALCHOURRON, de normas y légica
de
>

normativas,40 ss;ef.também
proposiciones ALCHOURRON/BULYGIN,
Permis
n ALCHOURRGN/BULYGIN,
permisivas,
Algodiferentemente ButyGtn, DasProblem y
Anilisislbgico
Derecho,
221
derNormenlogik,
RTh-BH 14(1994),
41,
referenclando
a
entrenegagio os
ambos sentidas
¢
is proposigbes
e
normativas
distinguindo,
interna deuma proposigio,
externa a negagio
respectivamente,

389
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

O
sistema
dicamente
juridico
relevante,
pode naocomportar
mas,quando esse
uma fonte
sistema manda que
paraalgo éjuri
integrar a lacuna
com 0s recursos fornecidospelopréprio sempre solugio
sistema, ha nele
para
lacunoso o
tudo que seja juridicamente
ao niveldasfontes,
relevante.
mas ésempre
Portanto,o
ao
sistema pode
completo regrniveld as
ser

Bpor
quefornecem as solugdesparaos casos com relevnciajuridica.
isso quese pode falardeuma incompletude no sistema,mas naodeuma
incompletude dosistema.
2.4, Detecgaodaincompletude
naoencontrar nenhuma
Umcaso concreto pode respostano ordenamento
sem queissoindiciequalquer
lacuna, Hi que,antes domais,procurar
delimitar livrededireito(ou
o espago ajuridico)
espago a lacuna.
perante
Ocspagolivrede englobaqueseja
direito tudoo indiferente o direito,
para
nomeadamente todoo deverser quepertenga
apenas a ordens
normati-
vas E0 caso demuitasdasactividades
naojuridicas. doquotidiano,
como,
porexemplo, os conhecidos,
cumprimentar ou daresmola
usar gravata a
um pobre.
em contrapartida,
A lacuna, pressupde uma incompletude no ordena-
mento juridico, alacuna
ou seja, © “incompletude
Ãuma insuportavel―,
uma
insatisfatéria
“incompletude no seio dotodojuridico――
ou uma “incom-

pletude a um plano
contréria no ambito dodireitopositive―.
Existeuma
lacuna quando regulamentagio
faltauma que exigida
é pelo juri-
sistema
dicoâ„¢, quando
ou seja, haja juridica
casos com relevancia quenaoencon-
trem nenhumasolugio
nesse sistema.Portanto, deformafigu-
“falando

© derBegriffRechtshicke,
1, Der

Bnetscu,
Introdugio
", 276
FSWilhelmSauer

von Liicken Gesets/Eine


CaNanis,DieFeststellung
(Berlin
1945),
93.

Studiether
im
methodologische
Voraussetzungen
undGrenzenderrichterlichenRechtsfortbildung
praeterlegem
*

(Berlin 39;ef.eambém
1983), KAUFMANN, DieGeschichtlichkeit
desRechts
im Lichteder
FSKarl Engisch
Hermeneutik, (Frankfurtam Main 1969), Juristische
266;ByoutNsxr,
Methodenlehre
undRechtsbegriff
(Wien/New York1991),
473
"©

Iacunas/O
Hece,
cf. discussio
portugues,
caso in
und
Jaassim Gesetzesauslegung
Interessenjurisprudenz,
AAVY,
AcP112(1914),
deum caso interessanterealizada
161ss;
A moderna
porJ.VARELA,
TeoriadaArgumentagio
de
integragio
e Neo-Constitucionalismo

(Coimbra
2011),
171ss.

390
5.20 DETECGAO
DE LACUNAS

rada,a lacuna
esta«nodireito»,
um espago pelo
livredediteito, contrario,
est «ivolta
dodireito»―!,
Aincompletude no uma insuficiéncia
é
sistema domesmo paraabran-
ger c asosque eledeveria incluir.E0
proprio quese torna incom-
sistema
pleto a elemesmo, porque incompleto
e leé em fungio doqueregula.
‘UmalacunaÃu©ma incompletude no naouma qualquer
sistema, faltade
regulamentagio de uma qualquer matéria: enquanto naohouver
sistema,
naohanenhuma lacuna; s6 medida queo sistema se vaiconstruindo é
queas lacunas podem ir aparecendo.~
Se naturalmente porabsurdo0
=

sistema naoregulasse as relagéesdefiliagdo,entaotambém naoteria de


regulara
6 sistema
procriagaomedicamente
naodefinisse ~
assistida;igualmente
um valorprobatério
a forga
se
para documentos,
os ~
porabsurdo
entio
também nio teria dedeterminar probatéria dosdocumentos
electrdnicos.
queentendem
Paraas orientagdes deduasregras
quea vigéncia incompati
(porexemplo,
a regraR,permitea conduta
C e a regraR;profbeessamesmacon-
uta)justifica ab-rogante
a interpretagao deambas entdo esseconflito
as regras,
também uma lacuna’,
origina Estalacuna (inconsistency
gap'*)
nao existe,
porém,
se
se considerar
quea contradigZo incompativeis
entre regras pode ser resolvida,
em
Ultima
andlise,
através
deum critério
valorativo
quepermite a escolhadeuma das
regras detrimento
em daoutra.

daincompletude
2.5. Indicios
A lacunacorresponde
ordenamento
haqueverificar
a uma falta
juridico,
deregulamentagao
Paradeterminar
queé
se este requisito
est incompleto
contririaa0
preenchido,
esté
faltadeuma regu-
se o ordenamento pela
lamentagao decasosanslogos a outros queestejam previstos.A regulamen-
tago decasos semelhantes a0 caso omissoconstituii de
ndicio uma lacuna,

poisque implicaviolagio
isso uma do principiodaigualdade a lei
perante
Gf.art. 13,n."1,CRP).
Noordenamento
decasos
portugués,
juridico
lamentagdoanilogos que regulados
a outros saoé a quefalta deregu-
indiscutivel
um indicio
é de

% DerO ZStaatsW
Byatscu, Rechtsfreie
Direito
Cf OLIVEIRA
428
ss
Raum,
ASCENSKO,
108(1952),
428,
°S

% Reason
Cf,CaNaris,(Dordrecht
Cf.Peczentx,
OnLawand
von Lticken
DieFeststellung
2009),
2,71ss.
18

wi
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

uma incompletude
no sistema,dadoquea analogia
constitui 0 primeiro
critério delacunas
deintegragao (cf. 102, 1,CC).
art. n." Para quea lacuna
possa preenchida analogia
ser da
através é
n quehaja
ecessario um cas
anilogo regulado.
se encontre juridicamente
a0 caso omisso que Portanto,
aanalogia tempo,
é,a0 mesmo critério
dedeteccao
e critério
deintegra-
iodelacunas,
no ordenamento
Porém, juridico a lacuna
portugués, indiciada
nao¢
somente pelaregulamentacio deapenas algum ou alguns dosvarioscasos
analogos.
tadas
Oart. 10.n.23,
sem haver
CCmostraquehalacunas
um caso anélogo regulado de
quetémser detec-
na lei.Distodecorre quetam-
bém
constitui indicio
tum caso quenao¢
de umalacuna
andlogo a nenhum
a inexisténciaderegulamentagio
caso previsto.O que¢
para
relevante &
que regulamentagio
a do caso seja exigida pelo juridico.
sistema

2.6, Exclusio daincompletude


a) aanalogia
Se
sistema,
pode
entdoum sistema indicio
uma
ser utilizada como

quenaoadmite
de incompletude
a analogia naopode
no

comportar
nenhuma incompletude. Naosio frequentes sistemasjuridicosque,na sua
globalidade,
desubsistemas mas
recusem a analogia,
quea excluem.
podem
E0 quesucede,
encontrar-sealguns
porexemplo,
exemplos
no ambito
dodireitopenal, quanto asregras quequalificam um factocomo crime,
definem um estado deperigosidade ou determinam a pena ou medida
deseguranga aplicével
(art. 1.%,n.2 3,CP), e no dominio dodireitofiscal,
quanto Asregras abrangidas na reserva deleidaAssembleia daReptiblica
art.1L!,n"4,LGT).
Aanalogia também est excluida e m relagioAsregras juridicas
cujapre-
vistose refere aum facto que é0 tinico quepode desencadear a aplicagao
dasua estatuigdo― Porexemplo: aregra “Aquele
queperfizerdezoitoanos
torna-se maior― ¢insusceptivel de aplicagio analégica,
porque nenhum
outro facto,
maioridade.
além daidade dedezoito
Paraquea aplicagio
anos,pode
analégica aadmissive
determinar
deuma regra seja
aquisigaoda
€
necessirio queoutros factos, quenaoapenas aqueles queconstamdasua
previsdo,
possam a aplicacao
desencadear dasua estatuigao.

CE KLoosteRHuts,TheNormative ofAnalogy
Reconstruction i n Judicial
Argumentation
a Pragma-Dialectical
Decisions: Perspective,
FAPR‘96Proceedings
oftheInternational
Conference
on Formal Practical
andApplied Reasoning 1996),
(London 380.

292
5.20 DETECGAO
DE LACUNAS

b)Numplano maisgeral, haqueconcluirquea incompletude no sis-


tema estiexeluida
hanenhum
nfo s6 quando
caso quenaoencontre
o sistema é completo,
mas o
solugao, quando
também
isto quando
é, nao
sistema
&fechado, ou
quando
seja, o sistema comporta uma regra queexcluia
aplicagio analdgica regras
das suas a casos omissos. Enquanto no sistema
completo nao halacunas porque no hi casos nao regulados, no sistema
fechado no halacunas, naoporque nio existam casos quenaodevessem
estar regulados,mas porque o sistema naoadmite a sua aplicagao a casos
omissos.
sentido
Num sistema
forte),pelo
fechado, ¢ é
tudoo quenao proibido
quenelenaoexistemcasos omissos..
permitido (em
Um sistemacompleto équase uma impossibilidade pritica,mas,teo~
ricamente, o legislador
pode qualquer
fechar Para
sistema, basta
isso, que
exclua a aplicagiodo sistema aos casos naoprevistos.

IL. Classificagdesdaslacunas
1. Generalidades
Aslacunas podem
ser
deregulacio,
classificadas
variosmais
tantes classificagdes
daslacunas
intencionais
segundocritérios.
e nao intencionais,
lacunas
distinguem normativas¢
entre
As impor-

iniciaise subsequentes e,
e ocultas.
porfim,patentes
2. Coneretizagao
e deregulagio
2.1.Normativas
Aslacunaspodem ou deregulagao.
ser normativas As lacunas normati-
vas correspondem
juridica
numa regra &
faltadeuma regrajuridica
deregulagio
e as lacunas
ou a uma incompletude
decorrem dafaltadetodo
um juridico',
regime
2.2.Intencionais
e naointencionais
Aslacunaspodem Aslacunas
ser intencionaisou naointencionais. inten-
resultam
cionais dacircunstancia deo legislador
nao ter querido
regular
uma determina
porsolugdes
matéria porter considerado
desenvolvidas primeiropela deve
queela vira ser regulada
jurisprudéncia
ou pela
doutrina.

â„¢

a
Negando
qualificagio
deuma
possibilidade
dafaltaderegulagio
cf.LARENZ,
“lacuna ~ negando
a
dedireito―
(Reckislick)
detodoum sector ou um instituto
istoé,
como um a lacuna
-

Metodologia
8,5335s.

ws
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

Aslacunas dofactodeo legislador,


decorrem
naointencionais porequi-
naoter regulado
voco ou impericia, uma determinada
matéria,
2.3.Iniciaise subsequentes
As lacunas podem ser iniciaisou subsequentes―,
Aslacunasiniciais(ou
primérias)
regime
sio aquelas
juridico
¢
as
que se
lacunas
verificam
desde
subsequentes o
inicio de
(ou econémica
s ecundérias)
so
deum
vigéncia
aquelas
quesobrevém, porrazées
a0 iniciodevigénciadeum regime social,
deevolugaotécnica
juridico.
ou outra,

a)Aslacunas ¢
24, Patentesocultas
podem ser patentes ou ocultas.Aslacunas resultam
patentes
dafaltadeuma regra
tada easlacunas
ou de
ocultas
um regime
decorrem é
juridico
uma
que
de interpretagio
imediatamente
detec-
ab-rogante,
pois
que,numa primeira andlise, parece haver uma regra juridica
queregulaa
situagio, apés
mas, a interpretagao verifica-se
ab-rogante, que, afinal,
nao
hénenhuma regraaplicavel aessa situagio.
Note-sequea interpretagio restritiva no originanenhuma lacuna
oculta?®,
A interpretagio restritivadetermina, dequalquer
na auséncia
outra solugio,a aplicagao ao caso concreto deuma regra desentidocon-
&regrainferida
trério dafonte, pelo quenio hanenhumafaltaderegra
aplicavela0 caso.

Tornou-se famoso um caso jurisprudencial norte-americano em queo tribunal


concluiu pela faltadeuma regra e xcepcional:0casoRiggs vs,Palmer!,Amatéria do
caso resume-se no tratava-se desaber
seguinte: se u m neto
quetinhamorto 0 seu
av6podia
deNovaTorque ~
do
ser beneficidrio
testamento
entendeu que,apesar
deste;o tribunal
dainexisténcia
seu acto―
—_que
dequalquer of
era oCourt Appeals
lei,0 neto nao
ser herdeiro
podia ser
“recompensadopelo criminoso, pelo quenio podia
doseuavd.Noentanto, naosepode concluir pela faltadesta regraexcepcional, pois
queeladecorre daprépriainterpretagio restritivadaregra g como se referiu,
eral:
estainterpretacio
no cabe n a regrageral,
definiru m regime
permite
Bastaa interpretagao
excepcional éque aplicado
restritiva deuma regra
ao caso que

juridica para
Cf.LarEnz, Metodologia837
®
Diferentemente,
OuiverRaAscENsio, ODireito¥,
437;ef também
PeRELMAN,Légica
Juridica/Nova (trad,
Ret6riea bras, Sio Paulo
lacunacontralegen―
ceria“uma
67,considerando
2004), a
que interpretagio
2
ISNY, $06=22N.E,188
(1889).
ae
20. DETECGAO
§§ DELACUNAS

da nao
excepcional,
construiru ma regra quepelo hanenhumalacunaquando essaregra
pode ser obtidaatravésinterpretagio daregta
restritiva geral,
'b)Larenz(1903-1993)~
assimcomo a generalidade dadoutrina
~
alemadi
outro sentido
‘um &lacunaoculta:“Falamos deuma lacuna«oculta»
quando a lei
ccontémprecisamente uma regra a casosdesta
aplicivel espécte,
mas que,segundo
seu sentido
‘0 e fim, a essedeterminado
nfo se ajusta grupo devaloragio.
A lacuna
consisteaqui na auséncia
deuma restrigio.Porisso,a lacunaests «oculta»,
porque,
menos &primeira
‘0 ndofaltaaqui
vista, uma regra aplicivel.(..]
Opreenchimento
detallacuna leva-sea caboacrescentando,pela teleolégica»
via deuma «redugio da
norma,a restrigiooF
ye,
Estaconcepgio delacuna ocultadecorredaaceitagio dequea incompletudeno
‘ordenamento
juridicopode dafaltadeuma regra
resultar e xcepcional
parar egular
um certo factoou situagio.Na medida em quese entenda quea interpretagio
res-

cexcepcional
lacuna
resultante
torna
tritivadeumafonte
ao
aplicivel casoexcluido
daregra
entio haqueconcluir
desentidocontririo,
dainterpretacio
restrtiva quedeva
delainferida
uma regra
quenfo existe nenhuma
s er preenchida,

©

Metodologia
LaReN7,
f,
535; também von Liicken
DieFeststellung
Cananis, #,151s,

208
INTEGRAGAO
§21.2 DELACUNAS
I. Enquadramento
geral
1. Necessidade
deintegragio
Perante deuma
a existéncia lacuna,
sto possiveis, duassolu-
em teoria,
Segundo
goes. uma o considera
delas,juiz. que0 caso naopodeser juri-
dicamente resolvido porfaltaderegulamentagio aplicével
e abstém-se
deproferir uma decisio; nesta hipétese,o tribunal verifica
a situagaode
non liquete, porfalta deregraaplicével,naoesta em condigoes deprofe-
rir nenhuma decisio, Segundo outra solucao, o juiz tem,aindaassim,de
proferir
disposto
uma decisio
no art. 84,
mento portugués,
o
sobre caso
éa
omissol: solugio
n. 1,CCe no art. 32,n ! 2,EMJ,
bemcomo na generalidade
que,atendendo
ordens
a0
no ordena-
vigora
dasmodernas juri-
dicas.Note-se, alias, quequalquer destes preceitos tem deser objectode
uma interpretacio extensiva,porque o queeles estabelecem naoéque0
juiz,depois dedetectara lacuna, decidecomo entender, mas queo juiz,

depois aquela
derealizar deteccao, integrar ¢s6depois
tem de a lacuna
pode decidir.
A obrigacao dedecidiro caso omisso requerqueo proprio sistema
juridico juiz
faculte a o os meios necessdrios para integragio
a dalacuna.
a obrigagio
Portanto, dedecidircasos omissos e a possibilidade
decom-
pletar
o sistema
saorealidades
correlativas,dado queaquela
obrigagao
s6
pode se esta possibilidade
ser cumprida existir.

*Logic, 9contexto,
principle
Referindo-se,
of
neste
RatioJuris(1996),
333.ef. On
unavoidabilty
atum ALcHOURRGN,
Lawand

a7
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

2. Critérios
de
integragio
art. 102CCestabelece
os seguintescritérios delacunas:
deintegragao
A analogia
~

juridica;
a analogia éprimeiro critério
deintegragio
delacunas,
poisque0s casos omissossio regulados
segundo
a regra
(art.
aos casos andlogos
‘vel n." 1,C C);
10.%,
a; se a lacunanaopuder ser preenchida da
através
analogia,
porfaltade uma queregule andlogo
regra um caso ao caso
‘omisso,
é
esta regra
&
procede-se
aquela
suaintegragao
que proprio
o
deuma regra
através hipotética:
criariase houvesse
intérprete de
legislar espirito (art.
dentro
d o dosistema 108, n.°3,CC).
deuma lacuna quese destina
A integragio ~

a completar
um sistema
que¢incompletorealizada
¢ ~

daaplicagio
poruma regraqueresulta
deuma regraou daconstrugio
analégica deuma regrahipotética.
No
direitoportugués,
naohanenhuma disposigao
legal queprevejaorecurso
Aequidade
nunca se preenche
deintegragio
como critério de
estabelecida
a condi¢ao lacunas,
pelo
que,nestamatéria,
no art. 4, al.a),
CC.

IL. Analogia
juridica
1. Generalidades
A analogia
foientendida (384-322
porArisTOTELES a. C,)
no sentido
de
uma dequalidades
comunhio particulares:
em dois daigual-
ao contrario
dadequepressupde
—

quantitativaanalogia
uma identidade -,a (em grego
em latimexemplum) assenta na partilha
de,pelo
paradeigma, menos,u ma
qualidade, poisqueelaexige queduascoisas possuam igual
“mais doque
diferente’
Noart,102,n22, CCestabelece-se quehi analogia
sempre que,no caso
omisso,procedam justificativas
as razdes daregulamentagaodocaso pre-
visto na leis,Estanogo deanalogiajuridicapressupde
uma identidade de
raz6esdaregulamentagao legal previsto
do caso e docaso omisso.

sobrealems,Wurzburg
>
Metaphysik,
Anisréretes, (rad.
V,9,1018415,10212. 2008);
paraum a
daevolugio
perspectiva
EinBeitrag doutrinéria Prinzip
dermethodologischen
zur Geschichte
ef LaNGHEIN,
analogia,
Analogie/ Das
Grundlagenforschung
der
von ausgehenden
18.biszum 20,Jahrhundert
*
Paraumaandlise
Analogie:
dealguns
cin eigener
1992),
Berlin
da€
Auslegungstopos?
117s.
385844655.
dirito
aspectosistéricos
analogiaemef Ratsca/Maasc,
zur einheitlichen
ei n Beitrag
~

des
Interpretation
a8
21
§ INTEGRAGAO
DE LACUNAS

2. Proibigdes
daanalogia
2.1, Regras
penai
A proibigao
daaplicacao
analégica
dasregras baseia-se
penais no princi-
pionullumcrimen
doqual
uumfacto
decorre sine
que
lege
nao
(ow
é
nullapoena
como crime,definirum estado
o
sinelege:
permitido analogia
recurso &
cf.
art. 292,

deperigosidade
n 3,CRP),
paraqualificar
ou determinar
pena
‘uma ou uma medida deseguranga (art. 3,
1.!,n.° C Aquele
P). prinei-
pioassentanuma longatradigao liberalqueno admite queuma conduta
andloga&
politicos
conduta tipificada
totalitarios
possa
se afastam
Note-seque,foradocampo
ser considerada
deste principio.
dasregras
um crime.S6regimes

penais positivas,a
legislagio
penal recorre,por vezes,4 analogia,Assim, 132.!,n.!CPcontém
0 art, 2,
uma tipologia naotaxativadascircunstincias querevelam a especial
cen-
surabilidade ou perversidadedohomicida ¢o art, 1SL!, n2 1,al.b),CP
puneos maus-tratos infligidosa pessoa com quem o agente convivaem
andlogas
condigées doscénjuges.
is

fiscais
2.2. Regras
Segundo o dispostono art. 11,n.°4, LGT,as lacunas
resultantes
denor-
abrangidas
mas tributérias na reserva deleidaAssembleiadaReptiblica
nio sio susceptiveis
deintegragio analdgica. nenhuma
Portanto, lei tri-
incluidanessa reserva pode
butéria ser considerada
lacunosa.
2.3. Regrasexcepcionais
a)Oart. 11°CCdispde queas regrasexcepcionais naocomportam apli-
cagoanalégica, interpretacio A redacgio
mas admitem extensiva. do
preceito irrepreensivel,
naoé porque,como se viu, n ao hainterpretagio
mas sim defontes.
extensivaderegras,
A solugioquedecorre dodisposto no art. 11.8 CCpoderia ser justi-
ficadapelacircunstdnciadeo conjunto constituido pela regrageral
pela regraexcepcional
naopoder admitirnenhuma lacuna, dadoque0
quenao fosse abrangidopela regraexcepcional serianecessariamente

(Kiln/Berlin/Bonn/Manchen
GWE-, FSWernerBenisch 1989),
206ss; Lanaute1n,
Das
Prinzip alsjuristische
derAnalogie Methode (Berlin
1992),33ss; CHANos, und
Begriff
Gestaltungsgrundlagen
derRechtsanalogie
i m heutigen
juristischen (Kaln/
Methodenstreit
‘Weimas/Wien
1994),
19ss

299
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

regulado pela regrageral. Nemsempre, contudo, esta solugio pode ser


considerada satisfatéria, pois que o caricter excepcional de uma regra
pode resultar apenas daformulagio escolhida pelo legislador. Porexem-
plo:a
regra “E
proibido estacionar,excepto aos Domingos― tem 0 mesmo
significado da â €œE
regra permitido estacionar aos Domingos―; ora, se nada
impede a aplicagio analégica desta tiltima regra aos diasferiados, naose
vislumbra nenhuma razdoparangopermitir uma idéntica aplicagéo ana-
logica daquela regraexcepcional.
'b)Oexposto significa quehaqueencontrar um critério quepermita
justificara proibigéo da aplicagio analégica dasregras excepcionais que
consta doart, 11.2 CC.Esse critérioassenta na distingao entre umaexcep-
cionalidade
substancial é e
substancial
aquela que
uma excepcionalidade
constréi um ius aformal:excepcionalidade
singulare,ou seja,um direito que
¢introduzido por razes deutilidade particular razaogeral:
contra a ius
singulare
est, quod contratenorem rationis propteraliquam utilitatem auctoritate
constituentiumintroductum est(Paws, D.1.3.16); excepcionalidade formal
aquela
€ que contraria uma regra geral sem contrariar quaisquer valores
fundamentais dosistema juridico ou que,apesar decontrariaros valores
fundamentais daregrageral, se apoia em outros valores fundamentai
A razio desta
justificada porvalores
¢
tiltimahipdtese facildeexplicar.
fundamentais diferentes
Sea excepcionalidade
daqueles quejustificam a

regra geral,apenas
hd uma escolha do legisladorentre dois valores funda
mentais:u m deles orientaa regra e 0 outro subjaz aexcepcio.
Relativamente asusceptibilidade deaplicagio analégica dasregras
excepcionais, esta distingio traduz-se em que excepcionalidade
séa subs-
tancialÃincompativel
© com aquela aplicacao. Por exemplo: nao admitem
aplicagio analdgica, porserem regras substancialmente excepcionais,
aquelas quedispensam
processos judiciais
a observancia
(f.art. 32,n2 2,CPC)
do principio
ow aquelas
docontraditério
queproibem
em
avenda
a
depaisfilhos(¢f.
excepcional
art. 877° CC).
constituemum conjunto e
Aregrageral
completo,
a regra substancialmente
isto é,
um conjunto que
ndo pode comportar nenhuma lacuna, poisque,como a regrasubstan
cialmente excepcional éinsusceptivel deaplicacao analdgica, tudoo que
a clanio seja subsumivel énecessariamente abrangido pela regrageral.
Pelocontririo, aexcepcionalidade formalé compativel com a aplicagio
analégicaa casos omissos. Porexemplo: suponha-se queuma regra proibe
oestacionamento, excepto para cargasdescargas
e de produtos comerciais;

400
21
§ INTEGRAGAO
DE LACUNAS

se houver
quedeterminar qual
o regime aplicavel
que€ a um camiioque
recolher
pretende
déncia,
mais
é o da
recheio casa deum morador
aplicar
razodvel analogicamente a
quevai mudar
excepgaodo
deresi-
queaplicar
regradeproibigao
aquela deestacionamento, Doexposto decorre
que0
CCdeve
art, LL.? ser objecto
ceuma interpretacio dado
restritiva, queno
todas
siio
excepcionaispodem
as regras quenao ser aplicadasanalogica-
aquelas
mente,mas apenas um iussingulave
quecontém
2.4. Tipologias
taxativas
a)As tipologias
legais enunciativas
so concretizagGes, de
ou taxativas,

um tipo. tipologias (exemplificativas


aquelas
As
podem
que
enunciativas
além
das
ou naotaxativas)

comportar, previstas, concretizagoes,


outras
so

mesmo
do
dica
tipo. exemplo:
Por tipos
sio naos6
portuguesa
0s contratuaisadmitidos
aqueles previstos
que lei,
estéo na
na ordem juri-
mas tam-
aqueles
bém queresultem
daliberdade
contratualdaspartes(¢f.
art. 4082,
n21,CC).
Astipologias taxativas sioaquelas quesé comportam as concretizagbes
dotipoquenelaestiveremprevistas. Porexemplo: os tipos decrimessi0
apenas aqueles
unilaterais
quesaodefinidos
sio somente aqueles
deresponsabilidade
pela
queesto previstos
civilindependente
os
lei(fart.14,23,CP);negécios
na lei(art.
deculpa
457.CC); os

tipos sao apenas


aqueles
queestio regulados na lei(art. 483.8,n.22,C C); 0 tipos dedireitos reais,
sio somente aqueles lei
que consagra
a (art.1306.n2 1,C C);tipos
0s de
sociedades comercias sio apenas aqueles que a lei enuncia (art.14,23,
CSC). Astipologias taxativassobastantefrequentes, dadoqueo sentido
regulativododireitoatribuiamitidecardcter taxativo Astipologias legais.
A relaciodecada uma destas modalidades dastipologias legaiscom a
analogia é
bastante distinta. As tipologiasenunciativas sio tipologiasaber-
tas,pelo quenelasnunca pode verificar-se
nenhuma lacuna. E0 préprio
legislador,
ao estabelecer o caracter enunciativodatipologia, quedeter-
mina quenelacabem todosos subtipos deum mesmo tipo; portanto,a

tipologiaenunciativa engloba nio sé


as concretizagdes quedelaconstam,
como também todosos demaissubtipos quesejam concretizagdes do
mesmo tipo. Pelo contrario,tipologias tipologias
as taxativas sio fechadas,
pelo queelasnfo admitem a aplicagio analégicaa subtipos naoprevistos,
embora nadaimpeca, se os elementos dainterpretacdo assimo impuserem,
a interpretagio extensiva deum ou deviriossubtipos delaconstantes.

401
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

porexemplo,
Considere-se, o tipoT;,quese encontra concretizado
numa tipologia queabrange
enunciativa os subtipos §,, coloca-s
S:¢Sy;
o problema subtipo
desaber se 0 S,pode ser incluidonesta tipologia;
se 0

a tipo afirmativa,
8, forum do
subtipo¢T,, resposta
a é
necessariamente dado
que,como tipologia qualquer
enunciativa, subtipo dotipo T,pode ser
incluidanela.
Considere-se o T ,,
agoratipo que se encontra concretizado
numa tipologia queengloba
taxativa os subtipos Ss,S,€S>;
poe-sea ques-
tio desaberse o subtipo quetambém
Ss, é um subtipo dotipoTs,pode
ser cluido dadoqueestiexcluida
nessa tipologia; a extensio
analégica
dessa tipologia,
essa inclusdonaoépossivel.
b) que explicado
O foi a das tipologias
propésito também
valeparaas
enumeragées,
tipo. exemplo:a
Por é,
istopara um mero
enumeragaio
enunciado
dosc asos de
sem referéncia
reserva de
aum mesmo
legis-
competéncia
lativadaAssembleiadaRepiiblica(fart.154.%e 165 CRP)
ou aenume-
ragio dosimpedimentos matrimoniais (cfart. 1601,1602."e 16032CC)
-

ambas taxativas ndoadmitemaplicagio


enumeracdes ~

analégi
a,

3. Comunhiodequalidades
3.1.Generalidades
quehaanalogia
n.22,CCdetermina
O art. 102, sempre
que,no caso
omisso,procedam
as razes justificativasda regulamentagio do caso
previstona lei,Esta definigdo
regraqueregula previsto é
o caso
de
nao ¢
analogia justificar:quea
facil
aplicavel
de
ao caso omisso(6e
dado
0 fosse
nao existirianenhuma lacuna),tem dehaver r azdes quejustifiquem a
aplicagaoanaldgica da regraqueregula previsto
0 caso ao caso omisso*.
Noutrostermos: se a razio subjacente ao regime do caso previsto for
igualmente adequada para 0 caso omisso, entdo os casos sto (juridica-
mente) andlogos. E,aliés,o queé imposto pelo principio daigualdade
art. 132CRP).
(Cf.
3.2.Analogia
a)Arelagio e tipo
desemelhanga pressupde queas realidades comparadas sejam
simultaneamente idénticas
e diversas:ji OckHAM(c. 1287-1347) definia
o semelhante (simile) como “qualquercoisa quepossui uma talqualidade

5
CEHace,TheLogic
CECaNanis, in
of Analogy
theLaw,
von
Liicken
DieFeststellang
19(2008),
Argumentation 406s.
(Berlin1983),
i m Gesetz? 71ss

402
21
§ INTEGRAGAO
DE LACUNAS

queuma outra coisapossui―®.


Sendo o problema
assim, reside em saber
qual é0 critério
quepermite aferir
as semelhangas previsto
entre 0 caso
o seguinte:
0 caso omisso. O critério
€ é os io semelhantes se eles
apresentarem
as mesmascaracterii sso,a relagio
deanalogia
entre doiscasos pode
ser resumidanos seguintes
aspectos:
(1) C,
O caso t em como caracteristicas
essenciais
as propriedades
P),
PrePy
(2)Ocaso C,apresentacomo caracteristicas as proprieda-
essenciais
desP,e Ps;
(3)Logo, andlogo
0 caso C;¢ ao caso Ci*,

bém
Acomunhio
pode
decaracteristicas
essenciais entre
ser vistadeoutra forma: 0 caso previsto
os casos
e 0 caso omisso sto
analogos
tam-

anilogos se elespertencerem a um mesmo tipo,ou seja,se forem subti-


posdeum mesmo tipo. Portanto, analégico
o raciocinio ¢igualmente um
raciociniotipolégico―.
Sendo assim,a relagiodeanalogia
entre doiscasos
pode ser deseritanos seguintesaspectos:
(1)O caso C;tem como caracteristicas as propriedades
essenciais P,,
PrePs;
(2)Ocaso C;apresenta
como caracteristicas as proprieda-
essenciais
desPye P35
(3)Logo, o
caso
C;pertence
C:€ C, subtipos tipo.
0 caso sio do mesmo
docaso Cy, seja,
ao mesmo tipo 0 caso
ou
©
Ocsnam, Logicae,
Summa 1,10,5:
Cf,
>

porexemplo,
1965, TheRational
4;AaRwio, Rechtsforebildung
Laxewz,
on methodisches
Richteliche
as Reasonable/A Problem, als
Justification
Treatise Legal (Dordrecht)
NJW
Boston/Lancaster/Tokyo
1987),
371,
(1997),
Ariz, St.LJ.29
afirma que
nestecontexto Dwonxis,In
1035;6
a“analogia
cega―
que
ofTheory,
Praise
sem teoriaé

® Cf, BREWER,
‘of Argument
Legal
analogia
Exemplary
byAnalogy,
Reasoning:
(1996),
Semantics,
Hatv.L.Rev,
109
Pragmatics,
cf.We1wre,
n o contexto dodireitonorte-americano,
andtheRationalForce
962ss4paraum a discussio
Legal Reason/The
da
Useof
Analogy i n LegalArgument (Cambridge2005),19ss.¢ o raciocinio
77 ss ritico perante
analégico,consideradocomo uma “fantasia―,
cf.ALEXANDER, BadBeginnings,UPa.LRev
145(1996),
©

i m Lichte
57
ss
Cf.Kavemann, Filosofia
derHermencutik,
doDireito 170;
FSKarlEngisch
Kaurmawn,
(Frankfurt
DieGeschichtlichkeit
am Main 1968), 353s
desRechts

408
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

b)Alacunaé preenchida atravésdaaplicagio daregra


analégica queé
aplicavel aoscasos andlogos. Por exemplo: a regra R, aplicével
é aos casos
CyCx,
e caso
vistodaregra Cy
é andlogo C, C2,
aos
Rj; lacunarelativa
daregra
casos e
ao caso Cy¢
mas naoésubsumivel
integrada
a pre~
daapli
através
cagioanaldgica R,.As lacunas sio “auto-integraveis―,
porque,
paraintegrar
dalacuna
a lacuna,
ao naoprever
¢aplicada a propria
um caso anilogo
regraquemostra a existéncia
aos casos nelaprevistos.
Umexemplo histérico(¢curioso) pode ilustraro queacaba de serd
as leisromanas s6previam a responsabilidade doproprietiriopelos danos
causados por “quadrtipedes―;
depois das G uerras Puinicas,
passaram a ser
importadas para Italia
avestruzes do norte de Africa,tendo-seentio colo-
a so bipedes
cadoquesto
como se sabe,
desaber
~
se os prejuizos provocados
estavamsujeitos
-

porestesanimais que,
a0 mesmo regime dosdanos
ocasionados por“quadriipedes’;
0 pretor romano respondeu afirmativa-
mente (¢f.
des―
PAULUS,
valeigualmente
08 “bipedes―
é, os
D.9.1.4). Isto 0quevalepara animais“quadriipe-
paraos animais“bipedes―, poisqueos “quadripedes―
€ saoconcretizagoes dotipo pelo
“animal―, quea integracao
dalacuna Ão©btida atravésdaaplicagao analégica doregime estabelecido
para os animais “quadriipedes―
aos animais “bipedes’.
3.3.Analogia e valoragio
O raciocinioporanalogia estabastante presente na vidaquotidiana™®:
&
esse raciocinio quesubjaz 4 aprendizagem e &solugao deproblemas e
também elequepermite dizerqueuma pessoa parecida
¢ com outra ou

queum lugar fazlembrar um outro. Naintegragio delacunas, esta ana-


logia baseada
juridica
na razio pratica
tem deassentar num juizo
é
ou na intuicao
valorativo,
nfo suficiente;
naosé
a analogia
porquea escolha
entre o queéconsideradoessenciale o queétidoporacidentalno caso
omisso € previsto
no caso exige juizovalorativo,
um mas tambémporque
a ponderacio sobre
se as caracteristicas docaso omissoe do
essenciais
so suficientemente
caso previsto préximas paraqueos casos possam ser
consideradosandlogos igualmente
é valorativa,
Suponha-se que retomando
~

um exemplo dajurisprudéncia
norte-
-americana se pretende
~

saberse o regime deresponsabilidadedopro-

Cf,porexemplo,
°

Language Why
i n the Study
in Mind/Advances
(Eds),
GentweR, we're so smart,i n GeNTNER/GotDIN-MEADow
ofLanguage (Cambridge,
andThought Mass
2003),195ss

408
21
§ INTEGRAGAO
DE LACUNAS

deum hotelpelos
prietério furtosdequesaovitimas os seus héspedes
pode ao donodeum barco
ser aplicado depassageiros";
uma resposta
afirmativaimplica que
concluir nao hé uma substancial
diferenga entre 0
caso em queum héspede
pretende ser ressarcido
dosdanosresultantes
de
um furtoocorrido
num hotel¢0 caso em queum passageiro deum barco
os danos
querver reparados provenientes deum furtorealizado
a bordo!.

Procurando elucidar 0 juizovalorativo quesubjaz 4 analogia, podem ser referi-


dosdoisexemplos retiradosdajurisprudéncia portuguesa:0 contrato deconcessio

produtos
pelo
ao
qual,
concedente, é
u mA
paravenderclientela,
contrato
o concessionério
inominado que nao se
tem decomprar
encontra
os
regulado
na lei,pelo que,havendo querecorrer &analogia, surgecomo mais apropriado 0

regime do contrato de agéncia'’;


os contitulares deuma quota adquirida por suces-
silo
mortisa
causa
no caso denio
assumemcontitularidade
pretenderem permanecer
socorrer-se, por analogia,
de direitos
na indivisio
doregimedeacgio
a pelo
reaissobre mesma,
(cf.art. 1412,n°1,CC),
dedivistodecoisacomum
que,
podem
(chart. 1052.21056." CPC)"
3.4. Analogia e ratio legis
A identidade derazes queintegra a nogiodeanalogia fornecida pelo
n.#2,CC levaa concluirquea consequéncia
art. 108, juridicaqueé
atribuidaa o caso previsto deveser igualmente adequada para0 caso
omisso.Assim, se a regra estabelecera proibicao,
a obrigagaoou a per-
missiodeuma conduta, deum poder ou deum efeito,essa proibicao,
obrigacioou permissao tem deser apropriada para0 caso omisso;se a

juridico,
regradefinirum desvalor tem deser apropriado
este desvalot
parao caso omisso,
Doexposto resulta
quesé analogia
hé juridica
se a consequénciaque
decorte
daregra queregulao caso previsto foradequadaao caso omisso,
pelo
queos casos naosaoandlogos consequéncia
se a mesma naoforade-
quada
a ambos'®,Ditodeoutra forma: 0 caso omisso
s6 andlogo
¢ ao caso
quando
previsto queorientama regulagao
os principios docaso previsto
puderem
ser para solugio
transpostos a docaso Porexemplo:
omisso.
1
Gx.Adams Steamboat
Jersey
os. New Co.(151
NY. 163(1896))
"=

Para
umado
BM] ef.
discussio caso, BREWER,
476,
$1} 23/4/1998, 379.
°»

RC30/10/2002, CJ2002/4,
28,
HarL-Rey.109
(1996),
ss
1003'5s.¢1013

°

in
CEBecKER, Analogy Legal Ethics
Reasoning, 83(1973),
253,

40s
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

imagine-se
estabelece a
que leidefinea forma
nem para
e venda
a locagio
e aquela
docontrato decompra
financeira
(leasing),
nem
e vendanada
paraa perfilhagio;
decertas caracteristicas
e
a compra locagaocomungam
(ambos sobre
negécios
sao bens)quejustificam
quea formaestabelecida
paraa compra e vendapossaser aplicada
aquela
locagao;
issonio sucede
entre a compra e a perfilhacio
e venda
debens¢esta destina-se
a obter
(aquela é
um negéciodealienagio
dapaternidade
o reconhecimento
foradomatriménio),
deum
filhonascido ou concebido peloque que esta-
o se

belece quanto a formadaquela alienacéo


naopodetransposto
ser paraa
forma deste
reconhecimento.
3.5. Analogia
e interpretagio

a)A distingio problemas,


nio levanta
e a analogia
entre a interpretagio
atendendo
(da
logica &
diferenga
regra).
A interpretacao
(da
entre a interpretacao
destina-se
a
fonte)
extrair
e a aplicacao
a da
ana-

regra fonte;
aaplicagao
interpretagao)
a um
consisteem aplicar
analdgica
caso que elanaoprevé. a
regra(quefoiobtida da
através

A
ginados)
dafontepressupée
interpretacao
a essa fonte,
a subsungao
oquerequer
decasos (reaisou ima-
queestes casos sejam andlogos 20 caso
tipico nelaprevisto. Convém no entanto,quea analogia
esclarecer, quese
utilizana integragio delacunas naoéa analogia entre um caso concreto
0 .caso tipico
€ (isto a analogia
é, quepossibilita a subsungio), mas a analo-
gia entre um caso tipicoe 0 caso omisso.P ortanto,a analogia queserve de
base
que
&interpretacéo
é
no deve
utilizada
de
integracao
na
s er confundida
com
uma fonte
de
naodeve
delacunas,
a integracio
s
tal
er confundida
lacunas,como, alias,interpretagao a
com a analogia

b) podetracardistingao
dificil
Mais ser a entre a interpretagao
exten-
sivadafontee a aplicagio
analégica possivel
daregra.Noentanto,é pro-
cedera essa distingao
nos seguintes
extensivadafonteimposta
termos:
pelos
elementos
mesmo com
nio literais ainterpretagio
dainterpretagio,
naoabrange
a fonte 0 caso omisso; este caso s6 pode
portanto, ser resol-
daaplicagao
vidoatravés analégica
daregrainferidadafonte.Ainterpre-
tacoextensivadafontepossibilita deuma regraparaalém
a construcao
dosignificado
literaldessa fonte; tem, como todas
esta regra as regras,
um ambitodeaplicagio;a aplicagioanalégica
daregra que foiinferidada
fontereporta-se
a um caso queestafora deste
ambito,ou seja,é utilizada
uma lacuna.
paraintegrar Portanto,a analogia
quese utiliza paraintegrar
a lacuna
comega ondeacaba extensiva.
a interpretacio

406
21
§ INTEGRAGAO
DE LACUNAS

©quefoireferido porGammarus
era explicado (1480-1528) atravésdeuma
muitointeressantedistingdo
4 ~

&
intensio correspondente a ¢
entre intensio a extensio",
actual
ReferiaGAMMARUS que
u ma intra tensio―,
extensiva é
interpretagio ~

(0é,
uma “ampliagio
‘elementos
da dentro―:
para
interpretagio
é
isso
precisamente
interpretagio
impOem
a
0 quesucede quando
extensiva deuma fonte;
os
pelo
contritio,a extensiobaseia-se &uma “ampliagéo
a simile®
numa argumentato para
fora―
(ex
tensio):
que acontece quando
uma regraaplicada,
é poranalogia,
a uma
queelanfo prevé
situagio
3.6.Modalidadesdaanalogia
a) prinefpio ¢o principio
O formal material
queorientamuma determi-
nadasolugiojuridica
podem estar consagradosnuma tinicaregra
ou ser
deuma pluralidade
inferidos deregras Istosignifica
juridicas. quehé
duas
formasdedescobriresses principios,quesio habitualmente designadas
poranalogialegis
e analogia iuris:aanalogialegis(‘analogia
particular―
(‘Einzelanalogie―))
6 aquela em quese utiliza, na procura dosprincipios
orientadores
deum regime juridico,apenasregrajuridica
a queregula
uumcaso andlogo;a analogia iuris(“analogia
geral―
(“Gesamtanalogie―))
&
aquelaque utiliza,
em se na busca d essesprincipios,pluralidade
uma de
juridicas―,
regras Portanto, a analogia legis
pressupde o seguinte:

Aregra
~

R;regula 0 caso Cy;


—O andlogo
caso C;€ a0 caso C;;

Aregra
~

R,,aplicada analogicamente, regula0 caso C>.

Emcontrapartida, a analogia juris éconstruida


daseguinteforma:
Asregras
~

Ry...Ry regulam 0s casos Cy..Ca;

€
=O caso Cs distintodoscasos C)..Cy5
~O caso Csnaoé regulado pornenhuma regra;
AsregrasR,..R,
~

Oprincipio
~
permitem
é ao caso C;*°.
P aplicavel o
inferir principio

°
©
®
De i n Tratactusunivers jurisXVII (Venetia
Ganaanvs, extensionibus,
De
Gamaarws,extensionibus,
Gammarus,
253
Deextensionibus,
253,
1584),
283

»
Cf,Lanenz,
Metodologia
, 54.
©

Leitura
complementar:
',
Metodologia
LARENZ, 540-5

407
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

b)A distingao entre a analogia legis ¢a analogia iuris naose resume &
utilizagao de uma tinica regrajuridica ou de uma pluralidade deregras
juridicas na dos
procura prinefpios que devem orientar uma solucao jur'
dica,Sebemse repara, a distingdo passa também pela existéncia ou ine-
xisténcia deuma regra juridica queregula um caso semelhante: na ana-
logia legis,
essa regra existe;na analogia iuris,essa regra naoexiste,mas
decorre doordenamento juridico um principio quepermite resolver 0
caso em apreciagao. Porexemplo: 0s art. 702, n. 2,¢1276.CCadmitem
a propositura
tivamente,
deuma acgao
aconsumagio
inibitéria
deuma ameaga a
com finalidade
20s direitos
deevitar,
dapersonalidade
respec-
¢

aperturbacio
partindo destes
ou esbulho
afloramentos a
daposse;analogia
legais,
iuris permite
a tutelainibitoria
afirmar
Âgenericamente
¢
que,
admitida na ordem juridica portuguesa.
3.7.Criticadaanalogia iuris
A caracterizacao daanalogia iuris mostra queelase confronta com a

seguinte dificuldade: como essa analogia pressupdevigore, orde-


que no
namento juridico, um principio queseja aplicével a0 caso em apreciagio,
no hé sequer uma lacuna quedevaser integrada, dadoqueafinalhé um
principio queregula aquele caso. Omaisquese pode dizerÂque,
¢ enquanto
na analogia legis,
iuris a aplicagio
analégica
a admissibilidade
é
hduma regraqueaplicada
deum principio
é
daanalogia
na
analogicamente,
juridico. Mas,
iuris como critério
analogia
mesmo nesta
deintegra-
perspectiva,
a0 delacunas implica negar que os principios juridicos ser crité-
possam
riosdedecisao decasos concretos.
Estaobjeccao permite concluir quea analogia iurisnaopode ser inclu-
idana analogia prevista 104, 2,
no art. n2 1 e CC como forma d eintegra-
de
0 lacunas, pelasimples que,
razo de se ha um principio queabrange
caso,entaoo caso naoé
‘© omisso.Procurando esclarecer esta concluséo,
suponha-se,
deum contrato;
porexemplo,
a aplicacao
jurisa esta hipétese
a
que leinada
dadistincao
dispde a e
sobreforma
entre a analogia
decelebracio
legis a analogia
concretiza-se no seguinte: (i)u ma regrajurfdica deter-
minaa forma deum contrato anélogo eo principio formalqueorientaessa
regradeve orientarigualmente a solug&o docaso omisso;nesta situacio,
verifica-se a aplicagao analdgicaregrajuridica
de uma e funciona a analo-
gialegis; (ii)n enhuma regra d etermina a forma para um contrato anélogo,
mas extrai-se deum conjunto deregras juridicas quena ordem juridica
valeo principio daliberdade deforma;nestahipstese -

quecorresponde &

408
21
§ INTEGRAGAO
DE LACUNAS

analogia uris no hanenhuma


~

lacuna,porque haum principio material


queabrange e regula0 caso.

IIL. Regra hipotética


1. Generalidades
Nafaltadeum caso anélogo a0 caso omisso,a lacuna
Âpreenchida
¢ através
daregra que
dosistema ointérprete
(art. criaria
n23,CC)".
102,
como modo
se houvessedelegislardentro
Eassimclaroquea regra
doespirito
hipotéticaséé
utilizada deintegragio deuma lacuna quandoestanfo possa
ser preenchida daanalogia
através equando a lacuna a ser uma hard
passa
gap. Como se verificou, isso suceder
pode quando, um caso
s6 havendo
omisso, nao se encontre regulado nenhum caso anilogo.
A construgio daregra hipotética quando
excluida
esta o sistemaseja
fechado, ou seja,quando elenio comporte nenhuma lacuna.Quando 0
legislador,atravésexclusioda aplicagaoanalégica
deuma regra, fecha u m
naoexistesequer
‘tema, uma lacuna quedevaser integrada.
daregra
2. Construgao
2.1.Abstracgio e generalidade
A integragaodalacuna daconstrugao
através deuma regra hipotética
deve
risticosdas de
orientar-sepelos
valores abstracgio
regras
e degeneralidade
juridicas. Istosignifica
quesio caracte-
queesto afastados,
comocrité-
riosdeconstrugio daregra hipotética,
quer a (assente
discricionariedade
e
deconveniéncia
em critérios
docaso concreto).
na justiga
deoportunidade), a equidade
quer
(baseada

dosistema
2.2. Espirito
Ointérpreteaplicador)
(ou hipotética
tem deconstruir a regra com obser-
vinciadoespirito
dosistema(art.
102,n.°3 infine,
CC). solugao
Esta cer- ~

tamente inspirada
no estabelecido
no art. 1,Â2,§CC“ significa
que -

2
H.Castaxo,Aslacunas
(Coimbra
e Neo-Constitucionalismo
mentagio 2011), da
n a teoria contemporinea i n AAV,TeoriaArgu-
do direito,
ao disposto
95,reportaa analogiaiuris
danegagio
consequéncia
‘como dospréprios
principios
juridicos
que regra
decasos coneretas. hipotética
orientam
como
a
de da
construgso critérios decisio
2

dgfaut
disposition
“A

selonlégale
dune
les
rglsqu'il
<coutume, applicable,
sil
avaitprononce
afaire
éablirait elon
droit
coutumieret,
dfaut
législateur―, d'une
lejug
acede
e a

409
DA REGRAJURIDICA
INFERENCIA

© tem deconsiderar
intérprete formais
os principios e materiais que,na
<éptica
dosistema,d evem orientar a da
integrag4o lacuna?
A consideragiodoespirito
antes domais,uma actividade
descobrir
dosistema na integragao
deprospecgio, dado da implica,
lacuna
que aplicador
formal
o deve
procurar nesse sistema o principio principio
e o mate-
rialqueo devem orientarnaquela Mutatismutandis,
integragio. omesmo
valeem qualquer subsistema juridico:também haqueprocurar neste 0
principioformale o principio materialquedeveorientar o intérprete
na
construgaodaregrahipotética,
Depois o principio
dedescoberto formal
ou material, est4em condigoes
o intérprete deconstruira regrahipoté-
basta
tica,poisque,paraisso, aplicar
esse mesmo
principio
na construgio

daquela
regra.
2.3.Comparagio dassolugdes
A construgio daregrahipotética ¢,em relagio 4 aplicagao analdgica de
uma regra, um critériosubsidiario deintegracio delacunas (cf.
art. 10,
n 3,CC). Noentanto, esta subsidiariedade naosignifica uma diferenca
substancialentre os doiscritériosdeintegracao, jé que,em qualquer deles,
0s principiosdesempenham uma fungao essencial: relativamente ao crité-
rio daanalogia,
6adequado
essesprincipios
pararegular para
servem
verificar
0 caso omisso;relativamente
se o regime previsto
ao critério
daregra
hipotética,
aqueles principios construgaoregra.
orientam a desta
Portanto, pode concluir-se que,no direitoportugués, a integragao de
lacunasse orienta sempre porprincipios materiais,
formais e pois que les
e
esto presentes tanto na aplicacao analégica da regraqueregula o caso

previsto, construgioregrahipotética
como na da que regular
vai caso
omisso, Oque
integraco: é
varia apenas
algumas
o meiopelo qual principios
daanalogia,
vezes através
esses actuam
outras vezes através
nessa
daregra
hipotética,
Quando
daregraqueregula a
naosio os adequados
lacuna nao for
o caso previsto
resolvida
porque
através daaplicagao
os principios
anal6gica
quea orientam
verifica-se
pararegular 0 caso omisso, mesmo uma

dupla relevancia daqueles prineipios: primeiro, esses princfpios relevam

®

de
um und
CfHecK,Gesetzesauslegung
“efeito dojuridico;
sobre
propésito, distancia―
este (Fermwirkung)
AcP112(1914),
Interessenjurisprudenz,
dosvalores sistema
230,alando,a

dda cf ¢
amatéria,
Amoderna
integragio
J.VARELA, caso AVY,delacunas/O
Neo-Constitucionalismo,
Argumentagio 179s
portugués,
in Teoria

a0
{521¢INTEGRAGAO
DELACUNAS

para
relevam a
obstaraplicagao
paraorientar
a
analégica depois,
deuma regra; aqueles
principios
daregrahipotética.
construgio
2.4. Disposigdes
especia
delacunas
A integragio através deuma regrahipotética
daconstrugao
baseadaem principios desubsistemas
préprios juridicosencontra-sepre
emalgumas
vista disposigées E
especiais.
0 caso doart. 4.°
CPP,queestabe-

penal.
doproceso
gerais
sio regulados,
leceque0s casosomissos
anilise,
em tiltima pelos
prinefpios

daregra
3. Caracteristica
Arregra
hipotética
naocriadireito,
porquenaoéuma fontedodireito.
Isto
nio impedeque construgio
a daregrahipotética,
quando sejarealizada
porum juizparaa decisio
deum caso concreto,
naopossa ser considerada
um exemplo dachamada jurisprudencial
construgio dodireito.

au
Titulo
Il
Solugao
decasosconcretos

22.CRITERIOS
§ DE
SOLUGAO
I. Generalidades
1. Enunciado
Umcaso com relevincia pode
juridica ser resolvido
através
decritérios
normativos
ou naonormativos.
Oscritérios
normativosbaseiam-se
em leis,
abstractas e assentam num principio
e gerais deuniversalizagio:
todos
os
casos semelhantesdevem ser decididosdomesmo modo; em contrapar-
tida,
os critérios quese baseiam
naonormativos sio critérios num principio
deespecialidade:
cadacaso deveser decididoatendendo
assuas parti-
cularidades.
2. Ponderagio
Aescolha
entre os critérios
normativos ou naonormativosé, no essencial,
‘umaescolha
entre duas Umadelasé
opgdes. a op¢io entre a prevaléncia
da
confiancajustiga',
ou da A de
utilizagao um critérionormativo privilegia
a
confianca
em detrimento d a dado
justica, que o recurso a uma leiabstracta
e geral
torna previsivel docaso concreto; emcontrapartida,
a solugao esse
naopode
critério quea solugio
garantir Pelocontrario,
a maisjusta.
seja
*
Cf Lanenz,
(Bonn
Glockner ~ s.
Fall Norm Typus/Bine
1966),
157
~

rechtslogische
Studie,FGHermannundMarie

413
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

a utilizagiodeum critério ndo normativo garante uma maiorjustiga da


solugio,porque pode
esta atender as particularidades decada c aso con
creto;em contrapartida, confronta-se
esse critério com uma diminuigio
daconfianga, porqueeleenvolve uma certa sobre
imprevisio a
que
decisio
vaiser proferida pelo julgador.
A outra opgio verifica-seentre a aplicagao automatica (ou ex lege)dalei
ou aintermediacao deum érgio decisério deum caso concreto.
na solugéo
Seo legislador estabelecer queum certo efeitodecorre directamente da
lei,entaoo caso concretoé solucionado
a que solugéo
sem intervengio denenhum
decisor.
seja
Se,pelo
obtida a
contririo,
travésd e
o legislador
critériosndo
pretender a
normativos, implica
isso a
docaso
intermedia
io deum érgio queaplique aquelescritérios.

IL. Critérios
nio normativos
1. Discricionariedade
A
dir segundo
atribi
discricionariedade
o queformaisconveniente
lidadededeci
paraa prossecugio
e oportuno
deum determinado interesse.Porexemplo:
(j)um particular
requer&
camariria
administragao autorizagao uma manifestagio
parapromover
artisticana via publica;
a administra¢ao
conceder4ou recusara
essa auto-
rizagao,atendendo, ao locale 4 hora
nomeadamente, manifestagio
dessa
previsivel
€ dopuiblico;
afluéncia (ji)os progenitores
pedem autorizagao
aentidade paraalienarem,
competente dofilho,
como representantes um
imével
quepertencea este (fart.18892, n. 1,al.a),
CC); a autorizagao
ser concedida
ou recusada poraquela entidadeconsoante queforcon-
siderado
c omo a melhorsolugio
paraa defesa
dosinteressesdo menor.

2. Equidade
2.1. Nogio
A equidade (em epicikeia
grego, aequitas)
e, em latim, é
a justigadocaso
concreto. Porexemplo:
o art. 494.2CCpermite que,quandoa responsa-
bilidade se fundar em mera culpa, a indemnizagio sejafixada,
equitati
vamente, em montante inferiora o quecorresponde aos danoscausados,
desde queo graudeculpabilidade doagente, deste
econémica
a situagdo
e dolesado e as demais
circunstancias docaso o justifiquem;
assim,
aten-
dendo a estes factores,
o tribunalpode fixarum quantum indemnizatério
inferiorao montante dosdanos efectivamente pelo
sofridos lesado.

as
5.22"ERITERIOSDESOLUGAO

2.2. Antecedentes
Oprimeiro teorizador daequidade foiARISTOTELES (384-322 a. C),que
afirmou o seguinte:“Ajusticaequidade
e a sio |...omesmo. E,embora
ambas sejam qualidades sérias,a
equidade éa mais
poderosa. Oquepoe
aquiproblemas é0 facto de a equidade ser justa,néodeacordo com a
lei,mas na medida em quetem uma fungio rectificadoradajustiga legal.
[1]© fundamento paratalfungao rectificadora resultade,embora todaa
leisejauniversal,haver, contudo, casos a respeito dosquais naoé possivel
enunciar demodo correcto um principio universal.[...]Quando a leienun-
ciaum prinefpio universal, e se verifica resultarem casos quevo contra
essa universalidade,nessa altura estacerto quese rectifique o defeito
[.
Anatureza daequidade é,
entio, ser rectificadora dodefeitod alei,defeito
queresulta dasua caracteristica universal―?
Emcontraposigio ao carcterabstracto e geraldalei,aequidade atende
asespecificidades procura
considerando
do caso concreto e
essasmesmas especificidades.
encontrar uma
ARISTGTELES
solugao
exprimia
justa
esta
adaptagio da justigaao caso concreto através de uma curiosa analogi
regradoque¢
“A indefinido Ãt©ambém elapropria indefinida,talcomo
acontececom a régua dechumbo utilizada pelos construtores deLesbos.
Domesmo modoqueesta régua se altera consoante a forma dapedra e
naopermanece sempre a mesma, assim também o decretoteradese ade
quarasmaisdiversas circunstancias―:
Depois deCfceRo(106-43
iniuria’,
er acentuado
Escoléstica
é
a.
C.),
que possivel
continuowa valorizar-se
reproduzindo
cometer uma
o provérbio
a
injustiga
do
ius
summum summa
travésdodireito,na
a
equidadejustica
como caso concreto,por

oposigao
ajustiga
decorrente
autemepicheia
“dicitur
etepiches,
dalei:nas
abEntquod estsupra
deALBERTUS
palavras
et Kevct quod
MaGNus (1193-1280),
estjustitiam, quasisupra
dereconhecer
justitiam, superjustus―’.
quasi Kant (1724-1804), depois
quea equidadetem uma fungio correctiva dodireito,acaba porconcluir, no ambito
deuma visio positivista,
quea equidade
~

qualificadacomo “uma divindade muda,

>

a
EticaNicémaco,
Anisréretes, 1137b| (trad.
port,Lisboa2004);
1374a-1374bpor, Lisboa
-reLs, Retoriea(trad. 200).
cf.também
Anist6-
>

+ Etica
CfceRo, aNicémaco,
Anisréretes, 1137b
L2000).
(rad.
Deofiis, 138 port,Lisboa
>

Ethiea,Macwt
AunenrusMacau,
1891),
(Parisis 383).
V.IV.1
Opera
Omnia
(B,ALERT!VIL (Ed.
Borowe)

ais
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

que nao
pode
ser serpelos
daequidade é
ouvida"*
nao podeutilizada tribunais:“A
[.] na verdade:«O
dlvisa (dictum)
direitomais estrito constitui a maior injustiga»
maseste malndopode ser remediado direito,
(ummum issurama inturia); porvia do
apesar dedizertambém respeito
a uma exigéncia juridica,porque s6pertence
ao tribunal
daconsciéneia (forum
pol),enquanto todaa questo juridicadeves er
suscitada
face civil(forum
a 0 direito soll)"
2.3.Direitovigente
Oart.4.CC, relativoarelevancia daequidade, encontra-se integrado nas
fontes dodireito(cf. art. 1― CC).
a 4.° Estasistematizagio legalédiscu-
tivel,porquea equidade naopode ser considerada uma fonte dodireito,
dadoqueelanunca possui as caracterfsticas deabstracgao e degenerali-
dade quesaocaracteristicas normais dalei,Infelizmente, nadanos traba-
Ihospreparatérios
a equidade
esclarece
entre as fontes
tuar queas solugéestomadas
os motivosquelevaram
dodireito?,
com base
mas talvez se tenha
deequidade
e m critérios
a
o legislador

querido
incluir
acen-
so igual-
mente solugdes recebidas pelo juridico,
sistema

dedecisio
24, Critério
a)A equidade
pode exclusivo
ser um critério ou concorrente desolu-
io decasos concretos.Ashipétesesem quea equidade
pode ser 0 tinico
critério
dade
desolugao
nas seguintes
42, a),
a l.
constam doart, 42 CC,
situagdes:quando
haja
queadmite
disposicio
legal
0 recurso eq)
queo permita a
(art. CC;of,».g, 724,
art. n22 24 2834, 14003,
parte, n n2 1,
4372,n2 1,4942,
5662, n23,1407%,n2 2,¢2016.n.2,CC); quandohaja
acordo e a relagao
daspartes juridicaseja
nao indisponivel
(art.
4.,al.b),
CO),isto&,quando o direito
ou a situagaojuridica
naoestiveremsubtra-
{dosa vontade
daspartes (como porexemplo,
acontece, com os estados
pessoais dafiliacéo
queresultam ou dapaternidade);
finalmente,
quando
©
derSitten('1797/'1798),
Kaw,DieMetaphysik AB39((trad. 2008),
port.Lisboa 49)
>

®Leituras der
SittenAB
40
(trad.
ARAUJO,
complementares:F.
dose m Homenagem
port,
Kant, DieMetaphysik ('1797/°1798),
Tilio
Cicero,
Ossentidos
daaequitas
49).
em Marco
GalvioTellesI (Coimbra
a0 Prof.DoutorInocéncio 2002),
Estu-
875-990;
D1asPeReiRa, Daequidade (Fragmentos),
BFD80 (2004), 347-402;
Brasit.DE BRITO,
A Justiga
2009),
doCasoConereto
467-478, Liber
éa Equidade,Amicorum José e Brito(Coimbra
deSousa
°
CEM.pg AnpRape,
(1961),148.
Fontes
\erpretagio
aplicagio
dedireito/Vigenci dalei,BMJ102

a6
5.22"ERITERIOSDESOLUGAO

partes
as tenhamconvencionado dacausa seja
quea apreciagao realizada
porum tribunal
arbitral
e queeste julgue
tribunal segundo a equidade
(art.
42,al. ¢),
CC).
Acquidade tambémpodeconcorrer com outros critérios
decasos concretos.Asituagéo
mais comum é aquela em a
para decisio
quea equidade
se
porexemplo,
normativo,como sucede,
com um critério
conjuga quando,
nombitodaandlise doselementos daresponsabilidade civil,haquepro-
ceder&quantificagao dosdanos, sejaquando o agente actuou com mera
culpa(¢f. CC),
art. 494.° sejaquando naopossa ser averiguado o montante
exacto dessesdanos(art,566.", 3,C C).
n.’
b)Seja como critério concorrente dasolugio
tinico,sejacomo critério
decasos concretos,0 recurso 4equidade s6&permitido se houveruma
disposigiolegal queo estabeleca.
ou negocial a equidade
Portanto, nio
podeser utilizada f ora
d oenquadramento
dosistemajuridico
ou davon-
tadedaspartes,nomeadamente qualquer
corrigir
para solucio
decorrente
daquelesistema.

Ill. Critérios
normativos
1. Generalidades
Oscritérios
deuma regra juridica
sio aqueles
normativosdedecisio
na resolugdo
queconduzemaplicagio
deum caso concreto. a
2. Determinagio
daregra
2.1, Generalidades
Se, juridico,
no ordenamento houver queregula
uma tinicaregra 0 caso,¢
ela,naturalmente,
a regra vai
que ser aplicadasolugao.
na sua Mastambém
pode uma pluralidade
haver potencialmente
deregras aplicéveis
a0 caso.
verifica-se
hipstese,
‘Nesta uma dastrés
seguintes:
situagGes
~

Todas aplicadas
so
a s regras ao caso,porque elasdefinemdiferentes
juridicos
efeitos que compativeis que
sio entre si: é
0 se chamacumu-
lagdo
deregras;
~

Qualquer dasregras pode ser aplicadaao caso,porque todaselas


definem0 mesmo efeito juridico: designa
é
0 que se porconcurso de
regras;
=
S6uma dasregras pode ser aplicadaao caso,porqueelasso incom-
pativeis o quese denomina
entre si: é conflito(pragmitico)deregras.

47
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

deregras
2.2, Cumulagio
deregras
A cumulagio verifica-se quando
varias sio aplicadas
regras em
conjunto na decisio
deum casoconcreto,Esta cumulagio
a que
no direito
penal se chamaconcurso realde frequente,
regras bastante
¢ ~

porqueé
uma consequéncia dacircunstincia dea ordem juridica analisar pordife-
rentes Angulos uma tinicasituagao davida,Raramente um caso ¢ resol-
vidoatravés daaplicagio deuma tinicaregrajuridica: normalmente, hi
uma regra quefornece uma qualificagao principal e variasoutras regras
queatribuem qualificagdes acess6rias. Porexemplo: 0 contrato celebrado
entre as partes podequalificado principal
ser ~
a titulo ~
como um con-
trato decompra e venda (cf. art. 874° CC) e a titulo~

acessério como
um contrato decompra e venda a prestagdes com reserva depropriedade
(cf. art. 4092, n. 1,e 9342CC).

todosE possivel,com alguma


efeitos
o s possiveis
facilidade,
isto
imaginar
juridicos, queconduzem
é,casos
casos quedesencadeiam
aaplicagao
deregras queatribuem um direito, estatuem um desvalor para0 acto ¢
cominama aplicagio deuma sangio ao agente. Porexemplo: suponha-se
quealguém, fazendo-se passar porproprietirio deum imével, o vende
a um terceiro; esta situagio implica a nulidade docontrato decompra e
venda dobemalheio(cf. art. 8922CC), atribuiao comprador deboafé um
direitoaindemnizacio (cf. art. 898 CC) e pode aindaconduzir&puni¢io
dovendedor pelo crime deburla (¢f. CP).
art. 2172

2.3,Concurso deregras
Occoncurso juridicas
deregras
sumivela uma pluralidade
deregrasque
quando
verifica-se
definem
um mesmo um
efeito
sub-
caso conereto é
juri-
pelo
dico, docaso pode
quea deciséo em qualquer
ser fundamentada
delas. implica
O concurso deregras uma relagio
dealternatividade
entre
as regras pelo qualquer
concorrentes, que pode
delas ser utilizada
para
resolver0 caso em apreciagio.exemplo:
Por suponha-se
queum restau-
rante provoca nos seus clientes
uma alimentar,
intoxicagio porque um
alimento
quenelefoiconsumido nao se encontrava em boas condigdes
nesta hipstese,
higiénicas; tanto a responsabilidade
verifica-se contratual
dorestaurante,porqueestenaocumpriu (ounaocumpriu devidamente) a
contratual
sua prestacdo (fart. CC), responsabilidade
7 98.’ como a extra-
contratual
satide
(ou daquele
delitual)
dosseus clientes art.
restaurante,
n2
(cf. 4838, 1,CC);se
porque
um o
esteviolou direitoa
tribunalforchamado

a8
5.22"ERITERIOSDESOLUGAO

aapreciar pode
0 caso,esse drgio imporao restaurante o dever
dereparar
provocados
0s danos com fundamento
nos clientes dares-
tanto na regra
ponsabilidade
contratual,
como na da responsabilidade
extracontratual.

de
24, Conflito regra
O conflitoderegras verifica-se quando um caso é subsumivel a varias
regras, mas s6uma delas podeaplicada
ser na sua decisio, Aescolha da
regraaplicavel ao caso érealizada através doscritérios deespecialidade,
deexcepcionalidade, desubsidiariedade e de
consumpsio.
Seuma dasregras forgeral e a outra forespecial, prevalece a regra
especial sobre a regrageral (lex specialis
derogat leg generali). Por exemplo:
aregra
sobre A
relativainterpretagao
a s regras gerais
dotestamento (¢f.
respeitantes 4interpretagio
art, 2187CC)
dosnegécios
prevalece
juridicos
Gf. art. 2362 a 2382 CC). igual
De modo, se uma das regras geral
for ¢a
outra regra forexcepcional, prevalece a regraexcepcional sobre a regra
geral.
relativos a
Porexemplo:
a direitos
regrarespeitante
sobrebensiméveis (cf.
&formadoscontratos onerosos
art. 875.° ¢939 CC) prevalece
sobre a regra geral daliberdade deforma(cf. art. 219° CC).
Seuma dasregras forprincipal e outra subsidiaria, a regra subsididria
86pode ser aplicada quando a regra principal naoforaplicavel ao caso.
Porexemplo: (j)a prisio preventiva naodeveser decretada, sempre que
possa ser aplicada caucao ou outra medida maisfavordvel (art.
288,n."2,
CRP), pelo queaquela prisioé subsidiaria perante a s demais medidas
decoacgao;
quando a
(ii)nao
leifacultar
hé
ao &
lugarrestituicdo
empobrecido
isto implica
outro
porenriquecimento
meio de ser
sem
indemnizado
causa
ou
restituido(art. 474.2CC); que, g,s e, v. 0 contraente puder
obtera restituigao daquilo queprestou com base no regime danulidade
Gf.art. 289,n 1,CC), entio naopode recorrer-se ao regime doenri-
quecimento
sem causa.
Finalmente,
regra
se uma das
consumptiva.Porexemplo:uma
regras
consumir
se alguém
outra regra,s6se aplica
matar outrem com dolo, tendo, a
agredido
antesdisso, a
sua
vitima,
3
o crimedehomicidio
consome o crimedeofensaintegridade fisica(cf.
(cf. CP)
art. 131°
CP).
art. 143°

3. Principiosjuridicos
Osprincipiosjuridicos
normativos dedecisao ~
sejamformaiso u materiais também
sio critérios
~

decasos concretos.Comose compreende, émais

49
SOLUGAO
DECASOSCONCRETOS

oprinefpios
comum (mais
concretos)
recurso a0s
abstractos) formais, excluido do
mas que
materiais
prineipios (mais
nfo esta queuma
aos
decisio
se
possa fundamentar nos principios justica,confianca
formais de de ou de
eficiéncia,
Porexemplo: (i)0 art. 282,n24,CRPpermite queo TCres-
trinjaos efeitos
-
em principio, retroactivos
~
dadeclaragio deconstitu-
cionalidade ou deilegalidadedeuma norma;nestecaso,o principio formal
deconfianga sobrepde-seao formal
principio justiga da (nomeadamente,
na sua concretizagio como principio daigualdade);(ii)0 art. 50,nL,
CPpermite
conclua
forma
queo tribunal
quea simples
suspenda
censura dofacto da
a execugao
e a ameaga
finalidades da
penadeprisio
daprisio
quando
realizam,de
adequada e suficiente,
as punicio; hipétese,
nesta 0

principio formalda eficiéncia sobre o formal


prevaleceprineipio justiga. da

420
§
23.2
TEORIA JURIDICA
DAARGUMENTAGAO
I. daargumentagio
Fungio
(como,
juridica
A argumentagio qualquer
alias, argumentagio)
visacriar
uma conviegio Aquela
num destinatério, deum
provém
argumentagio
interessadoe tem,
pelo
menos,um destinatério
o contra-interessado
-

ou

contraparte-, mas,muitofrequentemente,
elatem aindaum outro desti-
paraa decisao
natario o juizcom competéncia docaso concreto. Nesta
—

hipotese,os interessados procuram influenciar a construgio dadecisio,


recorrendo a argumentos quepossam levara formar no julgador aconvic~
giodeque0 caso deveser resolvido pela regra j uridica
que pretendem que
seja aplicadae daforma como pretendem queelaseja aplicada.
A argumentacio juridica pode ser aberta— quando o interessado pode
argumentar
temassobre
sobre qualquer
os quais
dametodologia
pode
tema ou fechadaquando
~

recaira argumentagao,
~

a lei limitaos
Emimportantes
dodireitoos temas dadiscussioestio fixados
areas
pela lei:
lembre-se, porexemplo, o que se encontra estabelecido quanto aos ele-
mentos dainterpretacao dalei(cf. art. 92, n.21,CC) ou aos parametros da
tegragdodelacunas (¢f. CC).
art. 10

Il. Teoria processual


1. Generalidades
ALEXYconstruiuuma teoria processual daargumentagao com base na
premissa dequeas questoes praticas (de ambito valorativo ou normativo)
podem ser resolvidas através daargumentagao, porque qualquer juizo
devalorou dedever ser tem uma pretensio decorrecgio ¢também por-
que,nas discussdes nos quais esta pretensdo seja questionada e deva ser
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

fundamentada,
épossivel entre bons¢maus fundamentos
distinguir ¢
validos
entre argumentos Estemodelo
¢invalidos'. assenta no pressu-
posto possivel
dequeé argumentarracionalmenteno ambito doracioc!
nio pritico?,

dateoria
2. Premissas
2.1,Premissas gerais
a)ALExyvisadesenvolver uma teoriaanalitica e normativa dodiscurso
juridico’,
comegando porprocurar estabelecer, no ambitodo“projecto de
uma teoriadodiscurso pritico geral―, as condigdes quedevem estar pre-
enchidas paraquese possa verificar um discursopriticoracional’,
Estas
condigdes consistemnum conjunto de regras que devem ser observadas
no
discurso®,
ALEXYpelo que
tagiojuridica,palavras
Nas
constréiuma teoriaprocessual
deALExy: “A
teoria dodiscurso
daargumen-
éuma teoria
processual
por
¢, isso,
dacorreccao
valida quando
pratica.
puder
Segundo
ser o
ela,
resultado
uma
d eum ¢
norma [.]correcta
determinado pro-
cesso,nomeadamente o deum discurso pratico racional.O processo do
discurso é
u m processo
argumentativo―.
A racionalidade daargumentacao éassegurada atravésdautilizagao
deum sistemaderegras e deformas deargumentacio préprias dodis
curso pritico: “No
coragio dateoria discurso pratico geral encontramos
um sistema deregras
A observancia destesistemagarantede
e deformas argumento deargumentacio
que argumentacio
a éracional
pratica.
e que,

"
Aunxy,
Theorie am 2
Theoriederjuristischen
Juristischen
Argumentation,
Dieldeeeiner prozeduralender
Argumentation (Frankfurt Main 1978),
221s;ALEXY,
RTh-BH (1981), 178
=

Recht, am umageral,
Atexy,
cf,AARNI0/ALEXY/PEczeNtK,
(Frankfurt
Vernunft,Diskurs
TheFoundation
Main1995),
of Legal
95;para
Reasoning,
juristischen
perspectiva
RTh12(1981), 259ss.
=
Aannto/ALExy/Peczentx, Grundlagen dee Argumentation,
i n KRAWIETZ/
Auexy(Eds),
»
CE, Struktur
porexemplo, ss juristischer
Metatheorie
Ideeund
ALEXy,
Argumentation (Berlin
1983),
eines verniinftigen
39
Rechtssystems,ARSP-BH
44
*
(1991),
ALExy,
Notizen
zu
Auexy,
35;
49.
Rechtsphilosophische
einer Diskurstheorie
Kontroversen
Theoriederjuristischen
derGegenwart
Argumentation,
nSttteR/BenrRam
desRechts,
(Baden-Baden
33
1999),
(Eds),

+
Auexy,Theoriederjuristischen
Argumentation, 219,
*
Avexy,Theoriederjuristischen
Argumentation, 221ss; ALexy,RTh-BH2 (1981),180
=

* Recht,
Vernuntt,
Auexy,
AvExY,Diskurstheorie
Diskurs,
Atexy,Theoriederjuristischen
98.
Argumentation,
undMenschenrechte,
234ss
i t ALEXY, Recht,
Vernuntt,
Diskurs,129

a
23° TEORIADA ARGUMENTAGAO
pica
JU
poresta razio,os resultados
siocorrectosou justificados.Estarelagaoentre
correcgio e é
processo c aracteristica
detodas a s teoriasprocessuais,Se
a é
um representante deuma teoriaprocessual que esti baseadano pro
cesso P,entio a daa seguinterespostaaquesto sobquecondigées uma
proposigao normativaNécorrecta:
Umaproposigao
tadodoproceso
normativaN é
P―*. ¢
correcta se sé se Npode ser o resul-

b)ALexyentende quea razio pratica ¢ dechegar


a faculdade a conhe-
cimentos priticos através
dosistemaderegras dodiscurso?,
préprias
Enesta basequeALEXYdefende a tese dequeo discurso juridicoéum
caso dediscurso
especial pritico",palavras
Nas de ALEX:“Oque os dis-
cursos juridicos
que,em ambas
tém
as formasdediscurso, o
em comum com discurso pritico
geral
se trata dacorrecgio
consisteem
deenunciados
normativos.[.]ocorre sobuma
O discursojuridicoé um caso especial,
porquea argumen-
tagiojuridica sériede condigéesDevemser
limitadoras.
especialmente
mencionadas
precedentes,
o enquadramento
na
a obrigatéria
lei,a consideragio
a sujeicio

dogmitica pela juri-


elaborada
dos
ciéncia
dicaorganizada
assim
como
institucionalmente, [...]limitagées
dasleisprocessuais"".
dasregras
através
impostas as

Apesar deentre o discurso e o discurso


pratico juridiconao haver
nenhuma diferengaquanto ao objecto(ambosprocuram determinaro que
&correcto e ambos aferir
permitem que o deves er realizado
ou omitido),
0 discurso
podem
juridico
ocorre num ambiente

pelos
ser utilizados
quelimitaos argumentos
O discurso
seus participantes. juridico
é,
que
por
um discurso
isso, praticocom uma racionalidade nomeadamente
prépria,
a0 niveldasua justificagao
argumentativa,

©
AaRNto/ALexy/Peczentk,
RTh12(1981),
261 AARNIo/ALEXy/PeczeNrk,
=
Grundlagen
derjuristischenArgumentation,40 ef também ALEXy,RTh-BH2 (1981), 178 ALEXY,
=

Recht, Vernunft,
Diskurs,95;ALexy,ARSP-BH 44 (1991),
30s.
»

©
Auexy,RTh-BH2 (1981),
=
1845. ALExy,
Atexy,Theoriederjuristischen
Recht,
Vernunti,
Argumentation,
Diskurs,103,
Atexy,RTh-BH2
261ss; ef.também
(1981),
nality =
178
i n Law,
(1999),
Avexy,
ARSP-BH
Recht,Vernunft,
42 (1990),
374ss ef.1.TeIxetRA,
Diskurs,95;ALExY,Problems
174ss; ALExy,TheSpecial
"EneantamentodoMitoda
Case
ofDiscursive
Racionalidade’,
Ratio-
RatioJuris12
Thesis,
inAVY,Teoriada

4 e juristischen
Argumentagio
Neo-Constitucionalismo
Atexy,Theorie
der
(Coimbra
2011),
Argumentation,
335,
121ss

a3
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

2.2, Relatividade
dacorreegio
A correegiodeuma decisiopode
ser obtida deum discurso
através pré-
tico,mas~ importa
necessariamente
datinicadecisdo
&obtengio ~
sublinharissonaosignifica queessediscurso conduza
deum consenso entre os participantes,
ser a correcta, Naopiniao deALEXY,
nem
issonem
quepossa
sucede
«quer num discurso ideal!?, queé aquele“emque,sobas condi-
gesdetempo departicipagao
ilimitado, ilimitadae decompleta faltade
Coer¢aio paraconstrugao completalinguist
como via a de uma clareza
-conceptual, deuma completa informagio empirica,deuma completa
capacidade e disponibilidade para troca de papéis
¢de uma completa
liberdade perante pré-juizos,
éprocurada uma respostaparauma ques-
tio pratica―’,
Dafquequalquer correccao quesejaobtida num discurso
sejanecessariamente em funcio
relativa querdassuas regras, querdos
queraindadaocasio em queeleocorre"*
participantes,
3. Condigéesdo discurso
3.1.Generalidades
Oponto departida
dodiscurso pratico¢ pelas
constituido dos
conviccdes
sobre
participantes o modoc omo haque resolver
uma pratica,
questao mas
todasessasconviccdespodem ser alteradas deuma argumentagio
através
racionaldesenvolvida
um discurso
chidasa s condiges
durante
ou seja,
daargumentagio
A
a discussio'.teoria
pritico-racional, um discurso
processual
no qual
pressupée
estejam
racional’®,
preen-
pritica
dodiscurso
3.2. Regras
a)ALEXYdistingue
detransigio.
deregras
cincotipos
racionalidade, as
sobreo nus daargumentacio,
as regras
bisicas
Asregras s2orelativas
basicas,
dodiscurso:regras de
as regras
dejustificagio
as regras
ascondigdes
e as

regras prévias
possi-
quee
bilitam
qualquer
comunicagao.
®

©
4
Avexy,
Probleme
Probleme
Avexy,
in
ALExY,
derDiskurstheorie,
derDiskurstheorie,
Atexy,Probleme
113.
derDiskurstheorie,
Recht,
1245s.
Vernunft,
Diskurs,
115s,

Atexy,RTh-BH2 (1981),
"©
Atexy, Diskurstheorie
Cf.ALExy,
¢
183 180= ALExy,Recht,
undMenschenrechte,
juristischen
Theorieder
130, ¢
Vernunft,
Diskurs,
102 97.

233535ef.também,
Argumentation, numa versio
mais resumida,
ALEXY, BineTheorie
despraktischen
Diskurses,
in OrLMULLER
(Ed),
Normenbegriindung (Paderborn
1978),
Normendurchsetaung
-
36 ss; AaRNIO/ALEXY/
PeczeNtx,
RTh12(1981), AARNIO/ALEXY/PeczENtK,
263s. =

Grundlagen
deruristischen
Argumentation,
42's.

as
23 TEORIADA ARGUMENTAGAO
JURIDICA

Estasregras
Nenhum
“(L.1) orador as
seguintes:
sto
podecontradizer-se,
Qualquer
(1.2) pode
orador afirmar
oradorqueaplique
aquilo
apenas em queeré,
Fa um objecto
atem deestar
(1.3)
Qualquer um predicado
preparado
os
paraaplicar
Faqualquer
relevantes.
aspectos
Diferentes
outro objecto

oradores
seja
que semelhante a aem todos

com diferentes
(1.4) naopodem usar a mesmaexpressio
significado―.
b)Asregras deracionalidadebasciam-se numa regra geral defundamentacio
o
quetem seguinte
damentarqueafirma,
enunciado:“(2)
Qualquer
amenos quepossa
oradordeve,
invocar
deracionalidade
quando solicitado,
razdesquejustifiquem
fun-
recusar
fundamentagio"―,
‘uma Asregras garantem a igualdade daposigio
dosparticipantes a universalidade
no discurso, daargumentagio ea liberdadedesses
participantes
perante qualquercoergio®,
©) Asregras sobreo dnusdaargumentagio sio as regras,decarictertécnico,
querepartem, pelos participantes
no discurso,o énus de argumentar e de
justificar.
Estas
regras
“@.L)
sio asseguintes:
Aquele quequertratar a pessoa
justificé-o.
Adiferentemente dapessoa Bestaobri-
gadoa
[.]
(3.2)Aquele queatacauma afirmagio ou uma norma quenfo sejaobjecto da
discussiotem defornecer,paratal,u m fundamento. [..}
(3.3) Aquele
argumentos
perante
queapresentou
[..]
um argumento
um contra-argumento. apresentar
s6estiobrigadoa outros

(34)Aquele queintroduzn o discurso um a afirmagio


ou u ma sobre
expressio
assuasatitudes,
desejos ou necessidades, ligada
quenaoesteja como argumento a

expressio
‘uma anterior,deve,quando fundamentar
solicitado, porque razdointro-
duzestaafirmagio
ou
expressio―®!
4)Asregras dejustificagao sio relativas
aosargumentosutilizados
no discurso
Nelas
ptitico, incluem-se,entre outras,as seguintesas
regras:
=*(5.1.1) Qualquer
queépressuposta
dosinteresses
numa proposicio
deuma qualquer
deve
poder
[participante]aceitar
e
normativa poreleafirmada
também
daregra
consequéncias
destinada
asatisfa-
deele
no casohipotético
‘gio outra pessoa,
destapessoa.
encontrar na posigio
‘se
[.]";
=(6.1.2) dequalquer
Asconsequéncias dosinteresses
regraparaa satisfagio
dequalquer um devempoderser aceites portodos.[.]";,

°
Theoriederjuristischen
Avexy, Argumentation,
234s
»
Aexy,Theorie derjuristisehen
Argumentation,
239,
»
Atexy,Theoriederjuristischen 240,
Argumentation,
2
Theorie
ALexy, derjuristischen
Argumentation, ¢
243,244 245,

as
SOLUGAO
DECASOSCONCRETOS

poder morais
"(6.2.1Asregras que
resistira o escrutinio
resistea.um talescrutinio
subjazem
histérico-critico
is concepgdes moraisdoorador
dasua origem,Umaregra
devem
moralnio

a)se ela, embora na suaorigem sejar nalmentejustificavel, tiver perdido


entretanto asta justificagio,
ou
') seelajé naoera justificivel
na suaorigem e se naose puderem alegarem seu
favor nenhuns novos fundamentos.(.]"s
~"($.2.2)
poder morais
Asregras quesubjazem
resistirao escrutinio
resistea um talescrutinio
dasua origem
seelativer sido
is concepgdes
histérica
moraisdoorador
individual,
devem
Umaregramoralnio
com base
adoptada apenas em condighes
desocializagio naojustficéveis.
€)Asregras detransig: incia deos resultados deum
discurso pritico
dodiscurso,
poderem depender dosresultados
no discurso
conseguidos noutras
é
espécies
0 discurso
nomeadamente, linguistico-analitico (que que
tem porfinalidade obterclareza e sentido no falar’) e no discurso teéricosobre0
discurso (que
dasregras
‘Uma
orador
discurso
é0
sobre
detransi¢io
asregrasdodiscurso
tem o seguinte
transitar,e m qualquer
enunciado:
momento,paraum discurso
e sobre a suafundamentagioâ„¢),
“(6.1) Epossivela
qualquer
tedrico
(empirico)"*s.Em
relagio aestaregra, acrescentouALEXY o seguinte: “(6.1) édeparticular importincia.
vezes os oradores
“Muitas estio deacordo sobreas premissas normativas, maslitigam
sobre 0sfactos. Frequentemente, o necessirio conhecimento empirico naopode ser
obtidocoma certeza desejivel. Nestasituagio, sio necessirias asregrasdapresungio
racional―*,

4. Justificagao
dodiscurso
dajustificagao
4.1. Modalidades
Atexy distingue
entre a justificagio
interna¢a justificagio
externa da
a justificagao
decisao: interna respeitaquesto desaber
s e a decisio

logicamente
decorre daspremissas
constantesdafundamentagio;
a jus
tificagdo porobjecto
externa tem a das
correc¢ao premissas
queconsti-
tuem a fundamentacao―,

Aurxy,Theoriederjuristischen
Theorie
ALExY,
Argumentation,
derjuristischen
251,
252 253.
Argumentation,
Aurxy,Theoriederjuristischen
185s
233,
Argumentation,
¢
Theorie
ALExY, derjuristischen
Argumentation,
255
Aurxy,Theoriederjuristischen 258,
Argumentation,
LEXY,Theorie derjuristischen
Argumentation,
273

426
23 TEORIADA ARGUMENTAGAO
JURIDICA

4.2, Justificagio
interna
Sobrea justifieagso
interna,explicou
ALEXYo formamais simples
seguinte:
“A de
justificagio
interna tem a seguinte
estrutura

GL) ) @)(Ts ORs)


—

Q)Ta
(3)ORa
x' ― © variévelindividual
Ãuma no am
“T―
individual,exemplo, préprio,
uma constante por &um qualquer
um nome pre~
dicaclo complexoque concentra o da da
previsio (1)como uma
pressuposto
norma
depessoas,
ccaracteristica ¢“R―
igualmente
qualquer
¢ predicado
queexprime
o que
destinatiiodevefazer.
©

juridicas
Existemquestdes
Umexemplo disso
seriaqualquer é
nas quais suficiente
coisacomo:
um a daforma
justficagio (J.1.1).
(1)Osoldado
deve, deservigo,
em questies dizera verdade
.(2)
O Senhor
M. é
soldado.

4.3,Justificagio
M.
(3)0 Senhor deve,
externa
deservigo,
em questées dizera verdade™

Asregrasqueorientam a justificagio daspremissas


(externa) quesio utilizadas
no processodejustificagio
foramreconduzidasporALEXY asseguintes:a argu-
~

com base
mentagio dogmatica,
queéa argumentacio
dogmaticas,
e m proposigées

quepodem
em proposigdes
cu seja, ser justficadas
atravésdeproposigdes
priticas
geraise que podem ser sistematicamente escrutinadas―;
~
a argumentacio empi
rica,queé aquela que éu tilizadaquantoafirmagSes como as quese
a empiricas,

a
referemfactos, aacgdes,
decoisas;asformasespeciais
~
amotivagdes dosagentes,
deargumentagio
aacontecimentos ou a estados

que
jurfdica, comportam a ana~
logia,o argumento
03 cinones
a contrario,
dainterpretagio,
o argumento a
fortiori
quesereconduzem ad
e 0 argumento
aosquatro
absurdum®";
cinonestradicionais
dainterpretagio (0argumento
temitico e o argumento o
semintico,
teleolégico®)
argumento
e quecomportam
genético,
factos
ainda
o argumento
0 argumento
sis-
his-
quese utiliza“quando
térico, podem ser alegados doproblema
dahistéria
em discussio
juridico c omo fundamentos
a favoro u contra uma
interpretagio―®,
®
Theoriederjuristischen
Auexy, 274
Argumentation,
®
©

§
Aupay,
Theorie
Auexy,
der
Theorie jurstischenArgumentation,
Theoriederjuristischen
Aumxy,
322,325Â3¢ 34,
286,
Argumentation,
derjuristischen
Argumentation,
341
©
Auexy,Theoriederjuristischen 288s,
Argumentation,
Lexy,Theorie derjuristischen
Argumentation,
294.

a7
SOLUGAO
DECASOSCONCRETOS

€
0argumento
passada,
comparativo,no qual,“em
se
vez de referir
u ma numa outra sociedade―™;
serefere
u ma situagio
finalmente,
~
juridica
depre~
a utilizagdo

queimplica
cedentes, que“aquele
0 dnusdaargumentagao"â„¢.
queiraque deum precedente
divergir suporta

racionale irracional
IIL. Dissenso
1. Necessidadederegras
Eindiscutivel numa discussio
queos participantes racional deobe-
tém
decer a determinadas pelo
regras, quehaquereconhecer quea teoria
processual da fornece
argumentagio um dos possiveis
modelos dessa dis-

cussio®,Talveznem seja dificil


sequer conseguir algum sobre
consenso
as regrasa quedeveobedecer
um discursoracional,
Para comparagio formuladas
com as regras porALEXY, ser consideradas
podem
asregras porAaRNt0:
propostas
=

deconsisténcia
Regras asquaisodiscurso
(Consistency-Rules),
segundo pritico
deveser consistente
—

Regrasdeeficiéncia deacordo
(Eficiency-Rules),
c om as
quaiso
discurso
pritico
deve
conduzir
a uma conclusio"
~

Regrasdesinceridade(Sincerty-Rules),
quepermitem quetodospossam parti-
cipardeum discurso
deformahonesta e sem
quaisquertabus";
=

Regrasdegeneralizagdo
(Generalization-Rules),
deacordo c om asquais
um par-
no discurso
ipante emitir um juizo
naopode devalorquenaoseja a plicivel
~ 4Regrasfundamentagio
outros

tal
casos
de
s
similares";
(Support-Rules),
olicitado,
segundo
deve
todaa proposigio,
asquais
quando seja ser justificada*';

®ALexy,
ALBxy,
juristischen
Theorie
juristischender 294,
Argumentation,
Theorie
der
339.
Argumentation,
®

outro
Sobreum
Begriff
Der daquele
modelo,
que
¢referido
além
juristischen
derrationalen cf,
Begriindung/Zurporexemplo,
Bucrwatp,
no texto,
juridischen
Theorie
der Vernunft
(Baden-Baden
®
1990),
Aanwto,
ARSP79
TheRational
as
der
277ss; Buestwatp,
Begriindung,(1993), 29 ss.
Reasonable/A Legal
und
Auslegung
Diecanonesrationale
Justification
Treatise
on
juristische
(Dordrecht/Boston/
Lancaster/Tokyo
1987), 196.
â„¢

%
©AaRNto, as
AaRwto,TheRationalReasonable,

Rational
as 197,
The
196,
Reasonable,
as Reasonable,
Aanwo, TheRational 198,
“1
TheRational
Aanwto, as Reasonable,
198ss.

a8
JU
23° TEORIADA ARGUMENTAGAO
pica

justificagio oftipo
of certo
=
Porfim,regras
deénus
daprova BurdenProof),
(Rules queexigem,
em cer-
situagdes,
tas uma dedeterminadoou com um contetido
(como respeito
o
igualdade de
doprincipio
da
casos
detratamento
similares)",
2. Apreciagao dateoriaprocessual
2.1. Insuficiénciadodiscurso
Para a teoriaprocessual daargumentagio, o resultado deum discurso é
considerado correcto quando tenham sidoobservadas daargu-
as regras
mentagio racional. Noentanto,o reconhecimento dequequalquer dis-
curso racional estasubmetido a determinadas regras naopode conduzir
aaceitacio irrestritadequalquer resultado desse discurso. Eporissoque
aquela teoria merece uma critica totalmente procedente resumida na
seguinte afirmagao: “Averdade resulta d odiscurso,didlogo.
do Mas ela
nio resulta,em todoo caso naodeforma através
exclusiva, dodiscursoâ„¢.
Quer dizer: o discurso éum meio paraatingir a verdade,a utilizagio
mas
desse meionaogarante a obtencio daverdade.
Assim, aindaque0 processo possa ser considerado necessiriopara
descobrir a verdade ou correcgéo deum resultado, elenunca pode ser
suficiente paraconstituiressa verdade ou correcga .]totalmente
infundado e extremamente confuso aceitarqueos resultados deuma
discussio(discurso) possam ser teses verdadeiras ou orientagdes priti-
cas correctas (racionalmente fundamentadas)™ Isto é, algo
alids, que
qualquer observador ou participante num processo jurisdicionalnio
pode deixar d ecorroborar: a decisio podecompletamente
ser correcta
em face doqueas partes discutiram e dosfactos queforam apuradosem
juizo;mas resta sempre saber se as
partesdiscutiram o que deviame como

*
Aanwio,TheRationalas Reasonable,
201ss
*
Kaurmanny, der Rechtswissenschaft/Ansitze
Uberdie wissenschaftlichkeit zu einer

Wahrheit,
Konvergenztheorie
der
Rationalitit/Gedanken (1986),
ARSP72
440;
beimWiederlesen
derSchriften
também
Kavemann,Rechtund
von Werner Maihofer,
FSWerner

Auexy
am
Mathofer(Frankfurt
WenvperorR,
(Eds),Logische
Analyse eArgumentation
Main 1988),
35 36;
Basis
juristischer
Metatheorie
als der
juristischen
Argumentation,
(Berlin
1983), 188;
in

cf.também
KRawiet2/
DieRolledesKonsenses
‘WeinnerGbR, in derWissenschaft,
i m Recht
undi n derPolitik,
in 2(1981), juristischen
RTh-BH
ALBxy, resposta,
160;em
Theorie
der cf:ALexy,
Nachwort(1991):
(Frankfurt
Argumentation ?
auf
Aneworteinige
Kritiker,
am Main 1991),
399s s
Avexy,
RTh-BHWeinbergets
Ota
(1994),
14
diskurstheoretischen
13 ss
Kritikder
juristischer
Deutung Rationalitat,

29
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

se 0s factos
deviam, apurados correspondemaos factosverdadeiros
e se
naoficaramporapurar factos Portanto, processual
relevantes. a teoria da
argumentagio fungao
realiza
u ma heuristica
da verdade ou dacorrecgio,
a verdade
porquemostra como ¢que ou a correcgto podem ser obtidas,
masnaopode pretender uma fungio
cumprir constitutivadessa
mesma
verdade
ou correcgio,
porque
o nio
proceso garanteque a verdade
ou a
correcgio sejamatingidas.
Considere-se,
porque
obtida
todos
porexemplo,
concordam
deum didlogo
através
a seguinte
Eclaro
com ela―.
afirmagio:“A
queestaconcordancia¢
regraR justa,
pode ser
mas estaconcordincia
entre os interessados;
naoéconstitutivadajusticadaregra R: nfo éporquetodosconcordam
com a regraRqueela¢justa;precisamente é
é o contrario:porquea regra

R 6 justa quetodospodem
que¢
relevante
naoé
concordar Eporesta razio que0
com ela'®,
obterum consenso,mas uma convergéncia
sobre
a
verdade
owa correcgao:
pode
¢,portanto,
enquanto
ocorrer quanto
o consenso
a naoverdades é intersubjectivo
puramente
ou a incorrecgdes,
acon

vergéncia
pressupde
uma baseada
concordancia, em objectivos,
elementos
sobre
um ser ou um dever
ser‘®,

2.2. Eventualidade
dodiscurso
outra
‘Uma critica quepode
é
mentagao que
a de o
ser dirigida
discurso a
asorientagdes
(oudiscussao) nem sempre
daargu-
processuais
podeocor-
ideais
rer em condicées o u sépodeverificar-se
com um numero restrito
Eporissoquej4se afirmouque“a
deinteressados*, teoriadiscursiva
do
direitosubjaz
uma concepgao quepodedesignada
ser por«idealizacao
do
Aquelas
ausente»™®, orientagdes pressupdem
processuais uma realidade
que, as
atendendo
condigdes
caso
concreto,
quase
do é sempre contrafactual.

Zur Entwicklung
Cf.TucENpnar, Begriindungsstrukturen
von moralischen i m moder
nenRecht,
ARSP-BH 7 ss;BRavw,Diskurstheoretische
I4 (1980),
RTh19(1988),
derRechtswissenschaft,
ARSP72 (1986),
255.
441;ef.também
in
Normenbegriindung
in der
4
KavPMANN, Rechtsphilosophie
Kavrmanny,
Nach-Neuzeit/Abschiedsvorlesung
(Heidelberg
1990),
37.
*

WeivoeRcek,
derEngel)
(Diskurs
des
Grundlageprobleme
institutionalistischen
259,
Gerechtigkeitstheorie, a
Rechtspositivismus
RTh-BH14(1994),opde,
a0“discurso (Diskurs
daspessoas―
este
derMenschen
undder
dosanjos―
propésito,o"discurso
Lunas, Quod
©
omnes tangit../Anmerkungen von Jirgen
zur Rechtstheorie Habermas,
Journal
Rechtshistorisches 12(1993),
48

430
DA JU
23° TEORIA ARGUMENTAGAO
pica

3. Consenso vs. dissenso


3.1, Importincia dodissenso
Ateoriaprocessual
curso racional
daargumentagao
com vistaa obter visaas definir condigées
um consenso sobre
deum dis-
uma solugio. Essa

deracionalidade
—aobtengio
- -,
teoriaacerta no método na necessidade
isto é,
dadiscussio mas equivoca-se
deum consenso, Efectivamente,
dedefiniras condigdes
quanto
ao contrario
ao objectivo
doqueaquela
o é
teoriapressupée,
dosparticipantes,
normal
no ambito
no uma discussio
mas com uma dissensio
daética:o normal
terminarcom o consenso
entre eles.Basta recordar 0
quese passa équeuma discussio sobre 0
aborto o u sobre

gioaceitivel.
0 resultado
a cutandsia
Lembre-se
destes
terminecom uma discordancia
também &
quanto
o queocorre nos processos
solu-
judiciais:
favoravel
processosqueé necessariamente a uma
~

daspartes e desfavoravel 4 outra dificilmente


~

pode encontrar 0 assen-


timentodapartevencida, Portanto,em vez deprocurar uma teoriada
consensual daverdade o u dacorreccio, 0 queimporta construir éuma
teoriadodissenso irracional.
é
que relevante
mas antes demonstrar
naoé pensarquepode
queuma discordancia
marca uma diferenga
haverconsenso sobre
pode
tudo,
ser irracional.Este
aspecto importanteentre uma argumentagdo que
um euma
procura consenso
nalidade dodissenso:
argumentacio
enquanto aquela visa
fundamentar
que
primeiraé quetudo
aceita
airracio-
passivel
deconsenso,esta tiltimasé procurademonstrar queo dissenso pode ser
racional ou irracional.

3.2.Racionalidade dodissenso
Nassociedades pluralistascontemporineas existemmuitas matérias
sobreas quaisse pode dizerquequalquer dissenso Ãr©acional: pense-
-se,porexemplo, nas ideologias,
nas crengas, nos gostos, nos desejosou
Existeum consenso sobre
nas aspiragdes. a racionalidade dodissenso
em todasas referidasmatérias, achariirracionalque
pois queninguém
nem todospartilhem
mos gostos,
das
mesmas
dosmesmos desejos
damesma ideologia,
crengas,
e dasmesmas aspiragées.
dosmes-
Trata-sede
em que,mesmo queseja
matérias possivel
discutirc om base e m argu-
a tinicaposigao
mentos racionais, racional
¢aceitarquetodoo dissenso
sobreelaséracional.

431
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

3.3. Irracionalidade
dodissenso
a)Além dasmatériassobre as quaisqualquerdissensoéracional,também
existem outras em relagio quais
as
qualquer dissenso setorna irracional.
Se,porexemplo, duas pessoas estoem desacordo sobre um facto passado
(que éafirmado por uma e negado pelaoutra) ou sobre uma valoragao
(que éconsiderada correcta poruma e incorrecta pela outra), nenhuma
delas estadispostaa prescindir deargumentos racionaisparadeterminar
0 factoou proceder &valoragao, demolde a demonstrar a irracionalidade
dodissenso doseu contra-interessado,
Nestas hipsteses,o convencimento
deum dosinteressados pelos argumentosracionais dooutro é uma pos-
sibilidade;entanto, provavel
no mais que0 consenso éa
persisténcia
do
dissenso.Importa entio analisaras condigdes em queum dissensoapés
uma racional torna irracional,
argumentagio se

Paraqueum dissenso possa ser considerado tém


irracional, deser
observadas na discussio,
certas regras Saoelasas seguintes:
~

Aregra tudoo queforpassivel


dauniversalidade: pode
dediscussio
ser discutido;
~

daexaustao:todos
Aregra admissiveis
os argumentos paraa discusséo
devem poderser invocadose discutidos;
~

Aregraigualdade:
da todos
os argumentosqueum interessadopode
invocarpodem ser invocados porqualquer
contra-interessado;
~
A regra tudoo quefor argumentado
docontraditério: porum inte-
ressadopode ser contrariadopor qualquer
contra-interessado;
~

A regradoénus daprova: tudoo queforafirmadoporum dosinte-


ressadose contraditadoporum contra-interessado
deve ser provado;
~

A regradaindiscutibilidade:tudoo queforprovadoou naoprovado


éindiscutivel.
Observadas sobreuma afirmagio
todoo dissenso
estas regras, ou uma
valoragio
irracional,
é o quedemonstra racional
que argumentacio nao
a
se destina
a obter a racionalidade
doconsenso,mas a irracionalidade do
Seforgarantida
dissenso. a racionalidade
dadiscussio, est igualmente
asseguradaa irracionalidadedodissenso.
Até se chegar
&irracionalidade
dodissenso,haqueargumentar
irracionalidade
nalidade
impossivel
¢
dodissenso
racionalmente;
qualquer
depois
argumentacio
a “fundamentacio
¢ tiltima―
de
racional.
dequalquer
a
se chegar essa
A irracio-
argumen-
23 JURIDICA
TEORIADA ARGUMENTAGAO

tagioracional,
porque quenaose pode
Ã0©ponto ultrapassar
sem entrar
em contradigéo
com a racionalidade
daargumentagio,
b)Osprocessos jurisdicionais mostram a importancia daargumen-
tagio racional como forma de assegurar a irracionalidade dodissenso.
Essesprocessos sioorientados, nao paraobtengio
a deum consenso entre
as partes (para isso existem outros meios, como a mediagio), mas para a
obtengio deum dissenso irracional entre aquelas partes.E por issoque
nelesÃtio
© importante a igualdade entre as partes (cf.
art. 3°-ACPC) ea
observincia doprincipio docontraditério (cf. n2 1,CPC):
art. 34, éque,
sem essa igualdade e sem aquele contraditdrio, o dissenso entre as partes
nunca pode ser qualificado como irracional.

40
§ ANALISE
24.2 DAARGUMENTACAO JURIDICA
I. Elementos
daargumentagio
deargumento.
1. Nogio
um meiodefundamentagio
Oargumentoé darelagdoentre uma premissa
e uma conclusio,
ou seja,
algo
é quepermitetransferir
a aceitabilidade
de
premissa
‘uma para uma conclusao',
Comoji QuintiLtanus (40-96)
defi-
nia,0 argumento 0 “fundamento
é doqual
através o queécerto atribui
veracidade duibio"?
ao que¢ ou,como se referena actualidade,
o argumento
a proposig&o quepermitetransformar em conhecimento―’,
uma “opiniéo
Assim, o argumentopode ser visualizado
no seguinte
esquema:
Premissa>
P C
Conclusion

Argumento
A

2. Estruturadoargumento
Numaconstrugio quenaose afastamuito doesquema
doepiquirema
da
antiga’,
retdrica ToutMIndistingue
os elementos
seguintes doargumento:
' Cf.
EEMEREN/GROOTENDORST, A Systematic Theory of Argumentation/The pragma-
dialecticalapproach
2
QuINTILIANUS, 4.
(Cambridge 2003),
Institutiooratoria,V,10,20;ef.também
commentariorum,in Manlii Severini BoethiiOpera Omnia,
Borritius,In topica
i n MicNe(Ed.),
ciceronis
Patrologiae
>
Hagermas, latinae B,
cursus completus/Patrologiae tomus64 (Paris
Theoriedeskommunikativen Handels
1847), 1048
I (Frankfurt a m Main 1981),
48.
*
CEKtenpomnTwer,
Argument,
HWRh
(1992),
891 I 899,
€

435
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

(claim
A conclusio ou conclusion)
(C)
~
Osdados queconduzem (data)
&conclusio (D);
~
As raz6esquejustificam entre os dados
a relagio ¢a conclusio
(warrants)
(R);
AsexcepgGes
~
&relagioentre os dadose a conclusio (exceptions
ou
rebuttals)
(E);
Ofundamento
~

quealicerga (backing)
as razbes (F)',
Assim, pode queo dadoD implica
dizer-se a conclusioCcom base
na razio Rquese alicerga
no fundamento F,a nio ser quese verifique
a
E.Emesquema:
excepgio
Dado
D ————> Conelusto

t
RazioR
|
E
Excepgio

f
Fundamento
F

3. Ambito
dosargumentos
Aaplicagao
dodireiton um caso concreto érealizada deuma dec
através
sdo,qual,
a por turno,
seu assenta em certas premissasfacto
de e dedireito.

Osargumentos querconstruiressaspremissas,
permitem dos
querpassar
factos
e dodireitoparaa decisio.

dedireito
Il. Matéria
1. Generalidades
relativa
A argumentagio dedireitobaseia-se,
4 matéria entre outros,
no
argumentoa simile,

permitem
Estesargumentos
a contrarioe no argumento
no argumento
descobrir
no sistema juridico a
fortiori.
deriva-
regras
dasdeoutras regras.

*
(Cambridge
Touran,TheUsesof Argument 1958),
97s, of:Ferenss,
Fundamentals
of
Legal (Dordrecht/Boston/London
Argumentation 1998),
40ss

436
6.240ANALISEDA ARGUMENTAGAO
JU
pica

2. Argumento a simile
2.1, Generalidades
O argumento
analogia
entre
a
simile ou argumento
doisou
—

mais casos*.
Se0 caso
na analogia
com base
é ao
baseia-se
C, andlogo C;,
caso e
na
ntio ~
6 quevale parao caso C,tem devalerigualmente
parao caso C;.Oargu
alicerga-se
mento a simile na unidade dosistemajuridico e,em particular,
no principioda igualdade(cf. Comoafirmava
art. 13."
CRP), segundo o qual
o que¢igual
tem deser tratadodeforma igual. QUINTILIANUS,0 juizo
poranalogia
demolde
permite“ligar
0 duvidoso
incerto
ao analogo
do
através
quenaoest em ques-
tio, a provar
o certo―.

2.2.Coneretizagio
a)Oargumento asimile
permite integrar, atravésdeum raciocinio porana-
logia, uma lacuna (f. 102,
art. n. Le 2,CC): hipdtese,
nesta o intérprete
verifica uma incompletude no sistema e completa-o através daaplicacio
analdgica deuma regra. Torna-se entio claroque0 argumento a similes6
pode ser utilizado quando a analogia seja admissivel, o que o exclui ~nos
termos gerais daproibigio daanalogia
-

sempre quea regra defina u m ius

singulare ou contenha uma tipologia ou uma enumeragao taxativa


b)Oargumento
delimitar0 campo
a lacuna
asimile também
deaplicagao
pode ser utilizado
deuma regra:
pelolegislador
nesta situagio,
dainclusiodoscasos andlogos
para
o legislador
deuma
previne através na previsio
mesma regra. Parao fazer,o legislador pode recorrer a uma remisséo para
outra regra ou a uma tipologia ou uma enumeracio enunciativa ou esten-
dero campo deaplicagio daregraaos casos andlogos.
Olegislador pode &remissiodeuma regraparaoutra regra,
recorrer

conseguindo, assim,quedoisou maiscasos anélogos tenham0 mesmo


tratamento juridico.
responsabilidade
Porexemplo:
risco, na
dasdisposigées
o art, 499 CCdetermina

pelo parteaplicével preceitos e na a


falta de
aplicacéoa
legais
em contrério, queregulam a responsabilidade porfactos
ilicitos(cf. art. 4832a 4982CC);art. 913%, n2 1,CCmandaaplicar &

©
Sobre
a estrutura formaldoraciocinio
por analogia, Zur Strukturder
ef. ReisiNGeR,
Analogie
in Rechtsdenken,RTh-BH1 (1979),
267ss;paraum a ansliseinferencialista
do
argumento simileef.CANELE/Tozer,
a TheA SimiliArgument:An Inferentialist
Setting,
RatioJuris
22(2009),
503ss,
7

QuiTHL1aNus, 1,6,
Institutio Oratoria,
4.
a7
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

venda decoisas defeituosas 0 regime relativo&venda debensonerados


(Cf.art, 905.2 912" CC).
O legislador também pode recorrer a uma tipologia ou a uma enume-
ragioexemplificativa: nesta hipétese,
a
tipologia ou. a enumeragio pode
ser completada com todos os casos anilogos aos casos nelaenunciados.
A jurisprudéncia
vs, Stevenson,
ciativa:segundo
fornece,
norte-americana
um curioso exemplo
uma leimunicipal,
docaso City
através
deaplicagio
ofTallmadge
deuma tipologia
o proprietario tem o dever
enun-
devigiar
“gado, cavalos, porcos, ovelhas, patos, cabras, perus, galinhas ¢outras
aves ou animais―; colocou-se o problema desaber se um gato cabe nesta
o tribunal
tipologia; respondeu negativamenteargumentoque,
com o de
sendo certo queé possivel encontrar gatos em quintas, elesso, acima de
tudo, animais domésticos. Um outro exemplo: uma tipologia refere-sea
“motociclos,carros, c amionetas, camides e outros veiculos motorizados
dadoquea tipologia respeita a veiculos decirculagio elapode
terrestre,
ser completada com tractores,m as naocom barcos ou avides.
Umatipologia contém variasconcretizagoes deum mesmo tipo; pelo
contrario,
uma enumeragao contém avulsas,
variasconcretizagées isto é,
a um mesmo tipo.
nao pertencentes Quanto doargumento
& aplicagio

(@)
diferenga
a simile,a entre a tipologia
forenunciativa,
se a tipologia e
possivel
é
traduz-se
a enumeragio
estendé-la
no seguint
a outras concret
zacdes d omesmo tipo;porexemplo:
a tipologia aos subtipos
T refere-se
$30subtipo
S,,$:€ $,é
uma domesmo tipo;o argumento
concretizacao
justifica
a simile quea tipologia se estenda ao subtipo (ii)se aenumera-
S«;
40for exemplificativa,s6¢possivel estender uma ou varias enumeragées
a casos analogos;porexemplo: a enumeragio E especificaos casos C,, Cp
Cy;0 caso C,€
€ anilogo ao caso Cy; 0 argumento a similepermite quea
enumeracio se estenda a0 caso Cy.
Finalmente,0 legisladorpode estender 0 campo deaplicagio daregra
aos casos anélogos,
0 que,alias, néoémaisdoqueuma forma dedecom-
porum tiponum caso paradigmatico e nos demais casos pertencentes a0
mesmo tipo. Tome-se como exemplo o disposto no art. 1871.!,n? 1,al),
CC: paternidade presume-se quando, duranteo periodo legal deconcep-
go, tenhaa
existidoentre
devidaem condigées
mae e o pretenso
andlogasconjuges;
is dos
pai uma
esta
comunhao
presungao
duradoura
éparalela
681NE.2d
©
476 (1996).
438
6.240ANALISEDA ARGUMENTAGAO
pica
JU
Aquela quese encontra estabelecida
no art. 1826, n 1,CC ~

a presun-
godequeo filhonascido
ou concebido
na constancia
domatriménio
da
maetem
a
como
tenha
paternidade
quem a
-, pelo
paio maridoda
convivido com mie
queambas
a mie.
atribuir
permitem

3. Argumento
acontrario
3.1,Generalidades
a)Dainterpretagao dequalquer fonteresulta uma regra positiva (corr.
pondente ao conjuntodecasos abrangidos pelaregra) uma regra
¢ negativa
(relativa ao conjunto decasos a quea regranao¢ aplicével),O argumento
4@-contrario sensu(ouapenas argumento a contrarioou e contraria)éaquele
concluir
quepermite que regranegativa regra
a é
uma de sentido contré-
rio ao daregra Oargumento
positiva. a contrarioassentano seguinte prin-
cipio: regra(positiva)
se a abrange
sé um determinado caso,entéo pode
concluir-se quetodosos casos quenaosejam anélogos ao caso regulado
saoabrangidos pelaregra (concluir-se
negativa)desentido contrario, Assim, se aregra
se aplica a0 caso Cy,pode que 0 caso C; éregulado poruma
regra desentido contririo.
‘Ocnunciado doprincipio queesta subjacente ao argumento acontrario
mostraasia grande dificuldade:trata-sedesaber
caso,excluidoseu ambitotodosos outros casos (hipétese
ao
se a regra, regular um
quejustifica0
recurso ao argumento a contrarid)ou se a regra,apesar de se referir
ape-
nas a.um caso,deveseraplicadaa outros casos naoprevistos (hipétese
em
quese justifica aplicacao
asua analdgica)―.
Suponha-se, porexemplo, que
&porta deum restaurante se encontra uma placa com o texto “E
proibida
a entradaa pessoas sem T-shirtou sem sapatos―;pode ento perguntar-se
se issosignifica
quequem apresentarcalgdes
se sem pode entrar (argu-
mento a contrario)ou se também
Estadificuldade
nio pode
intrinsecadoargumento
entrar (argumento

a qual
contrario a simile).
nao deveser
aumentada com uma outra dificuldade: a dedeterminar foia intengio
dolegislador'!.
Talc omo na interpretacio dalei,também na aplicagiodo
argumento a contrariohaqueutilizarparimetros puramente objectivos,
°
OnLawandReason(Dordrecht
CE-Peczentk, ?

2009),
323ss
©
©exemplo
Legislator, ¢
referidoporJansex,
EContrarioReasoning:
19(2005),
Argumentation 485. of
TheDilemmathe Silent
\
Jansen,
C£. Argumentation
reasoning.
19(2005),
e
487ss.,no ambitodeum contextualcontrario

439
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

pelo devistaobjectivo,
se,deum ponto
queo queconta é o sistemarequer
de
aconstrugao regraoposta
uma
b)Oargumento acontrario aregra
pode
explicita,
ser entendido
num sentido forte(se
a
foruma regra
sua base
excepcional)(se
ou fraco a sua base foro siléncio
legal).
3.2,Sentido forte
sivel, se se a
a)Para determinar0argumento
haqueatender
contrario
factor:
ao seguinte a regra
(nosentidoforte)
queo fundamenta
admis
¢
tem de
ser uma regrainsusceptivel
deaplicagao analégica aos casos nelanaopre-
vistos,de moldea dizer-se todos
poder que contrario.Aqueo s casos elanéoabrange
so regulados poruma regradesentido insusceptibilidade
deaplicagéoanaldgicaquepossibilita
0 recurso ao argumento a contrario
ocorre quanto asregrasquedefinemum jus singulare ou que contémuma
tipologia bem
taxativa, como quantoas fontes que séosubmetidas auma
restritiva.
interpretagio
esta
gica
excepcional
Searegta
necessariamente (¢f.
excluida art. um
constituir iussingulare,
asua aplicagio
pelo
CC),
11." queo
analé-
argumento
acontrario
é
admissivel.
CCestabelece
porexemplo,
Assim,
quedeterminadas
dividas,
oart. 16914,n2
apesar
L,al.b)
ae),¢
2,
deterem sidocontraidas
ambos
apenas responsabilizam
porum doscénjuges, os cénjuges;
como
© o de
principio queninguém
é poderesponsabilizado
ser por actos que
no praticou,
essespreceitos um iussingulare
contém e sfo insusceptiveis
deaplicacao analégica; a contrariosensu,pode
portanto, concluir-se
que,
em todos
o s outros casosem queapenasum dos tenhacontraido
conjuges
uma
é
divida,eleo tinicoresponsivel
Sea regraexcepcional
pelo
seu cumprimento.
nao constituirum ius singulare,aindahaque
ponderar se, no caso concreto, s e justifica
a aplicagioanalégica dessa
regraou a aplicagio daregra contrériabaseadano argumento a contrario.
Porexemplo: considere-sea regra“E permitidoestacionaraos Domin-
gos―;
destaregradecaracterexcepcional (perante a regra
geraldeque
proibido
é estacionar nos dias titeis)pode
deduzir-se,com base no argu-
mento
¢,
c om
asimile,
base n um
que€igualmente
argumento a
proibido
contrario,
estacionara os diasferiados
que&permitido estacionar em
todosos demais
dias.
b) regrasquecontém
As uma tipologia
taxativa sio insusceptiveis
deaplicacao
analégica
e, também
porisso, fundamentam o argumento

40
JU
6.240ANALISEDA ARGUMENTAGAO
pica

a contrario,Porexemplo:s6pode
como ser considerado
crimea conduta
quecomo talseja
a contrario,
que
mesmo pode
qualificada
nenhuma outra
pela
conduta pode
ser ditodasenumeragées
ser punida pode
lei(cfart. 12,n.?3, CP), inferir-se,
como criminosa.
dado
taxativas. Porexemplo:
da
que enumeragio do art. 209%, n. 1,CCrelativa a os familiaresque
esto obrigados
concluir-se,
a
&
prestagio
contrario
sensu,
dealimentos naoconstam os primos,
queelesnaoesto vinculados
pode
a essaprestacio.
Peranteuma previsio legal quese refere aos casos C,e Cy, coloca-se
necessariamenteo problema desaber se elacontém uma tipologia (ou
uma enumeragao)
abrangido
taxativa hipétese
poraquelaprevisio
—

C;
em que0 caso nunca poderia
legal que,portanto,pode
e em se
ser
recorrer
a0 @contrarioou uma
argumento ~

tipologia
(ou
enumeracao)
exempli-
ficativahipétese
—

em que,se 0 caso C;foranilogo ao caso C,ou Cs,s e

justifica argumento
utilizar
datipologia (ou
dospelodireito
0
daenumeragao) a
simile, determinagio
Paraa
haqueconsiderar da
os elementos
modalidade
forneci-
positivo,interpretados regras
deacordo c om as geraisem
deinterpretacao.
matéria
6)Oargumento a contrariotambémpode ter porfundamento a inter-

pretacaorestritivadeuma fonte, sempre


ciodeoutra regradosistemajuridico.
que aquela
nao
A interpretacao
implique a aplica-
restritivadaleiLy,
ao factoF,,m as nao ao facto
daqual
através se conclui queelaé aplicdvel
F,,implicaque,na faltadeoutra regraaplicével, se aplica ao facto F;uma
regrade sentido contrario aquelaquese extrai da lei L;.
3.3. Sentido fraco
O argumento também
a contrario pode ser construido dosilén-
a partir
ciodeuma regra com fundamento na regra segundo
interpretativa a qual
expressio unius
este xclusio (ou
alterius inclusio
est
unius exclusioalterius).
Assim,
se a regra juridica
issosignifica
R,determina
queo factoFs,quenaoé o
ques6 facto F,produz.o
subsumivel
efeitoE,,entao
4 regraR,,ndo pode
produzir o efeitoEy.Porexemplo: (i)0 art. 294.CCdispée que,em prin-
cipio, os negécioscelebradoscontra disposigao legaldecarcterimpera-
tivo so nulos; destaregra resultaquetodosos negécios querespeitam as

disposigdes legaisde caricterimperativo (ousaovalidos naosao nulos);


(i oart, 1305."CCestabelece queo proprietirio goza dosdireitosdeuso,
fruigio e disposig&odascoisas quelhepertencem; destaregradecorre que
0s nao proprietérios desses
naogozam mesmos direitos.
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

Procurando explicitar a diferengaentre 0 argumento a contrario em


forte
sentido e em sentido fracoimporta consideraro seguinte:
=O

argumento em sentido
a contrario fortebaseia-sena inadmissibil
dadedaanalogia; porexemplo: o facto F;sé subsumivel
é a previsio
daregraR, s e estaforaplicada
analogicamente; a regraR, aoadmite
n
aplicagio
analégica;
aregraRy
logo,
a contrario
s ensu,
o facto
é
F, subsumivel
nao
=O

argumento em sentido
a contrario fracoassentanuma relagao de
mivel&regra entre
alternatividade doiscontrarios;
R,€produzo efeito
Es;
porexemplo:F,
0 facto
o
F, que¢
~
facto subsu-
é
0 contririo
do
factoF;~naoé subsumivelaregraR;¢naoproduz.o efeitoE>.
3.4. Delimitagao
doargumento
Oexposto sobreo argumento

quando
ser utilizado
a contrario
naose possa
permite que
concluir
recorrer ao argumento
eles6pode
a simile:
enquanto
©argumento a contrario
pressupée quea regras6é aplicavel
aos casos que
elaabrange, o argumento a similerequer sejaaplicavel
quea regra a casos

andlogos aquelesque abrange. modo,argumento


ela Do mesmo 0 a simile
excluiquea regrapossa fundamentar 0 argumento dadoque
a contrario,
0s casos queelanaoprevé vao ser regulados pelamesma regra aplicada
analogicamente, e néo
por uma regra de sentido construida
contrario com
base a contrario,
no argumento

4. Argumentoafortiori
4.1, Generalidades
afortiori
Oargumento poderevestiras modalidades
deargumento
a minori
admaiuse deargumento
a maiori adminus!

4.2. Concretizacao
O argumento admaiuscomporta
a minori duasformulagdes.
Umadasfor-
mulagées atende
zit certos efeitos&
previsio
da regra:
juridicos,
se o
é
“menos―
produz
entaoo “mais―
suficiente
paraprodu-
necessariamente
esses
mesmos efeitos. Porexemplo:
é
sea negligénciasuficiente
pararesponsa-

®Sobre légicos
os aspectos

a
juridicos
‘mentos
doargumento a ef.ALCHOURRON/BULYGIN,
fortiori, Losargu-
Anilisislégico
fortioriy a pari,i n ALCHOURRON/BULYGIN, y Derecho
(Madrid
1991),
3s.

“2
JU
6.240ANALISEDA ARGUMENTAGAO
pica

bilizaralguémpela sua conduta, entdoo dolotambém tem deser funda-

maius de
mento responsabilidad.
consideraa estatuigao
A outra formulagdo
daregra e o efeito
a ad
doargumento
juridico
minori
neladefinido: se
a
regrapesta entio também
roibe deonerar um bemproibe
o “menos―, o “mais―,
Por exemplo: se
alguém impedido com uma hipoteca,
entéo tam-
bém proibido
esté deo alienar.
Oargumento a maioriadminus também comporta duasformulagoes,
Umadelas parte daprevisio daregra: naoproduz
se 0 “mais― certo efeito
juridico,entiotambém o “menos―
naoo pode produzir. Porexemplo: se
0 conselho deadministragio deuma sociedade no pode praticarcerto
acto,entio também nenhum dosadministradores o
pode fazer.A outra
formulagio
a regra
do
permite
argumento
o a maiori
“mais―,
entio
ad minus
também permite
da
0 da
parte estatuigao
“menos―,
Por
regra:
exemplo:
se

se 0 proprietariopode alienaro seu bem, entaotambém Ihe¢permitido


apenas com uma hipoteca.
oneré-lo
4.3, Fungdes
Osargumentos a minoriadmaiuse a maioriadminus constituemdoisdos
elementos
principais dequese pode servir0 aplicador pararesolver
as
valorativas
inconsisténcias queexistem no ordenamento juridico.
Por
a maiori adminus,as causas deexclu-
exemplo:segundo um argumento
saodaculpa ou dailicitude
que valem paraum homicidio dolosotémde
valerigualmentepara uma conduta que nao visa matar outrem,mas que,
imprevisivel
porum encadeamento dosacontecimentos,
acaba
porhe
provocar
a morte.

IIL. Matéria
defacto
1. Tipos deargumentos
1.1,Basedoargumento
Numprocesso jurisdicional, conhecido
o queé sobre defacto
a matéria

pode ser quer defacto,


uma premissa defacto.
queruma conclusio Sefor
conhecida defacto,
uma premissa o argumento pretendefundamentar a
conclusio quepodeser extraida
dessapremissa;porexemplo:sabe-seque
S,viveucom a maedeS,durante
6 sujeito o periodolegaldeconcepgio
Gf.art. 17982 CC); importadeterminar
se destef acto
se poderetirar a
conclusio deque$ é de
progenitorS). Se forconhecida uma conclusio
defacto, o argumento pretendedeterminaro factoquea elaconduziu;
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

porexemplo: $,teve um acidente


o sujeito deautomével;
haquedetermi-
nar se o acidente
teve a sua origemnuma falha
mecinica
ou no adorme-
cimentodocondutor.

1.2,Presungioe abdugio

Adistingioo conhecimento
defacto
entre
permite
deuma premissa
dois
tipos
enumerar argumentos:
de
ou deuma conclusio
quandoforconhecida
defacto,
apremissa quepode
o argumento conduzir&conclusiodefacto
é
decardcter
presumptivo;quandoforconhecida
a conclusiodefacto,
0

quepode
argumento
2. Argumentos
conduzir
& defacto
premissa ¢
de abdutivo.
caracter

presumptivos
argumento aquele
é
presumptivo que,partindo
deum facto,
procura
justificar
uma conclusio
de facto,
pelo
que aquele
é estabe-
queprocura
lecera relacao entre um facto (dad) e uma conclusio defacto(conclu-
sio). porexemplo,
Assim, deacordo com 0 esquema (D)
de‘ToutMtn'*:0

sujeitoS,c ausou uma explosdo quando manipulavapirotéenico;


material
(R)a condutadescuidada éu ma causa possiveldaexplosiodematerial
pirotécnico;
quando
(F)tal éo
se verifica
é naoforam
da
queresulta regra
uma explosio durante
tomados
daexperiencia
segundoa qual,
o manuseamento dematerial
os necessiriosdeveres
decuidado;
perigoso, porque
© logo, $, naotomou os cuidados
necessérios (0quepermitea conclusio
dequeS,actuou com negligéncia).
abdutivos
3. Argumentos
3.1.Origem
A abdugao éuma operagao légica
quefoiproposta porPEIRCE (1839
-1914),
“A no
ambito
abdugio€
dalégica
da descoberta
deformagio
o processo
cientifica,
nos
deuma hipétese
seguintes
termos:
E0
explicativa.
linicotipodeoperagao légica [..]A dedu-
queintroduzu ma ideianova’,
doprova quealgo
tivo;a abdugao
deveser;a indugao
apenassugere quealgopode é
mostra quealgo
ser―.
realmente
opera

©
TheUsesof Argument,
CEToutsay, 97ss

ofHarvard
Lectures
Pearce, onPragmatism
(1903), (Eds),
i n HaRtsHoRNe/WeIss Collected
Papers PeirceV (Cambridge,
CharlesSanders Mass.1931),
n! 172(CP5.172)
=
Prince,
Antologia (Fd.
Filoséfica (Lisboa
MacttucoRosa) 221(tradugio
1998), adaptads).
as
JU
6.240ANALISEDA ARGUMENTAGAO
pica

muito
Sobrea abdugio
antes
de
eu ter a o como
acrescenta PEIRCE

uma
classificado
abdugio
“Foi
reconhecido
seguinte:
que
a
inferéncia,
pelos
operagio
légicos,
de
a
~ de
adopgio
abdugioest
hipétese
uma
sujeitaa ~
sendo
explicativa
certas condigdes. a
Nomeadamente, que
nisso consiste
precisamente
hipstesepode nio
admitida,
ser
cladé enquanto
mesmo queapenas
conta datotalidade
4 seguinte
ou de
hipdtese, suponha
dosfactos.
parte
a nfo ser quese
dehipétese
a forma
Portanto, &
que

O surpreendente
facto observado;
fosseC natural;
Masse A
hi
Cé
verdadeiro,
seria
Logo, razdes s
para queAé
uspeitar verdade,
Portanto,
A nio pode inferidoou, se preferirem
ser abdutivamente outra
nao pode
expressio, ser abdutivamente
conjecturado,
sendoquando a totalidade
doseucontetido A fosse
«Se
na premissa:
seencontra presente verdadeiro,
C seria
naturaly―

3.2. Caracterizagao
Porvezes,a dificuldade o facto,
naoresideem determinar mas em encon-
trara sua causa (ou
soa morta,as
explicagao).
dificuldades
Por exemplo:quando
n a determinagio
residem se
encontra
uma pes-
dascausas damorte
(causas naturais, homicidio);
suicidio, quando
um se despista,
automével
as dificuldades
colocam-se dascausas queconduziram
na averiguagio
ao acidente(avaria excesso develocidade,
mecinica, adormecimento
do
condutor).
argumento Ãaquele
abdutivo © que,partindo deuma conclusio de
facto,
sivel.
procura
Portanto,
a causa (dado)
o a
encontrar facto
o argumento
que justifica
abdutivo
deuma conclusio
daforma
visadeterminar
defacto(conclusio).
mais plausivel

o
facto
pos-
queconstitui
Porexemplo: (C)0
sujeitoS, teve um acidente
deautomével;(R) o rebentamento deum pneu
éumacausa deacidentes (F)tal é
deviagio; o quepode ser fundamentado
na regra
pneupode
dever-se
daexperiéncia
causar um
ao rebentamento
segundo
acidente;
deum pneu.
a
qualo inesperado
(D)logo, o acidente
rebentamento
ficou
deum
possivelmente a

ef. M. =
°
Harvard
Prince, Lectures
on Pragmatism,
n°189(CP
5.189) Peirce, Filo-
Antologia
280(tadugio
séfica,
(Lisboa1989),
895. adaptada); tambémM. Carnitto,Itineriris
daRacionalidade

as
SOLUGAO
DECASOSCONCRETOS

3.3. Importancia
com facilidade
Percebe-se a importancia
dosargumentos
abdutivos
no
Ambito
damatéria
defacto",Peranteuma conclusio
defacto,
héque
pois estascondicionam
encontrar as suascausas, que a
regra aplicavel
a0
caso coneretoPorexemplo:
fogo
um numa floresta
tem um tratamento juri-
dicocompletamente
diferente
consoante eletenha sidodesencadeado por
uma acgio (crimefogo
humana de posto:ef.art. 272. CP)
n ! 1,al.a), ou
tenhasidoprovocado
porum raiodurante uma trovoada (casofortuito).
‘Também facilmente
se compreende quea dialéctica
deargumentos
abdutivos ¢frequente em qualquer
processo judicial.
Porexemplo:num
julgamento
tério
Publico
de alguém
procuraraé
que
o assassinato e o acusado
acusado
provar
da
tentar4demonstrar
de
pritica homicidio,
um
oMi
vitimafoi
quea causa damorte daalegada
de
que pessoa
essa morreu
causas naturais ou se suicidou.

%
Cf,Uustrato,Abduction,
andLaw/lssuesin
Frankfurtam
Pragmatism,
Legal
Legal
Realism,
MainjParis/London
1991),
and
Reflexive
Reasoning,Law,
(New
(Ed),
i n KEVELSON

York/San
Francisco/Bern/
andSemiotics
175ss.
Peirce
§ CONSTRUCAO
25.2 DADECISAO
I. Generalidades
1. Discovery
vs. justification
Noambito dafilosofiadaciéncia,estabeleceu-se a distingao entre o con-
texto dadescobertae o contexto dajustificagio: 0contexto dadescoberta

(context
ofdiscovery)
refere-se 4 formulagio deuma teoria; 0 contexto da
justificacao
mulada!,Nodominioof
(context justification)
respeita
dametodologia
& demonstragao
juridica, disting4o
esta
dateoria for-
corresponde
Abastante mais antiga distingéo
entre a ars inveniendie a ars iudicandi:
j
Cicero(106-43 a. C)referia que“todoo método diligente deargumen-
tago comporta
(iveniendi)
duas partes, uma respeitante
¢a outra a0 seu julgamento de
&descobertaargumentos
(judicandi)―>.
A distingao entre 0 contexto dadescoberta (ou ars inveniendi)
¢0 da
justificagao
(ou ars iudicandi)facilmente
é transponivel paraa decisiode
dajustificagao 0
um caso concreto: contexto dadescoberta
afundamentacao dadecisio.
respeitaadecis4o;
Noentanto,
0 contexto
a descoberta ea
justificacao podem
dadecisio nao ser vistascomo actividades separaveis,
poisquea decisio tem sempre Qualquer
deser justificada, quetenhasido
0 modo dedescoberta dadecisio,parao direitoesta s6pode ser conside-
radaaceitavel se puder ser justificada
em termos juridicos’.

?
Rescuennacn,
Experience
Knowledge
ture of
Topica,
Cicero,
Prediction/An
1938),
(Chicago
I, 6.
andAnalysis
6s and
oftheFoundations theStruc-

»
argumentagio
decisio,
Hermeneutik,
da
KaurMans/Hassemer
in norma
aplicagio
Perspectivas
Cf.ScHNEIDER/ScHROTH,
e (Eds), jurfdica:
determinagio,
da
s
Introduglo,
undrichterliche
522 Suro,
Norminterpretation Normanwendug, in KAUPMANN/
“7
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

2. Precedéncia
daregra
Emteoria, a decisios6deveser tomada depois deestarem apurados os
factosrelevantes
um fendmeno e
dedeterminada
bemconhecido
dodireito(maxime,0 juiz)
aplicével,
a regra Constitui,
que,muitofrequentemente,
no entanto,
0 aplicador
comeca portomar a decisio e, s6depois,pro-
cura fundamenté-la, esse aplicador
ou seja, antecipa a discovery&justifica-

seu
Eporisso quej
tion’.
o meiodeinterpretagao
resultado;
determinado
0 resultado―’.
se disse
que“a
escolhido
s6 é
semelhante
¢
dejaestar
[..]0 resultado
interpretacio
depois
do
Emsentido tambémjase referiu
que“é aquele
escolhido método
deinterpretagio
que,porassimdizer,
requer»™.
«0caso concreto
daregraaplicavelfoimesmo considerada
dado law
Esta

uma dasinversio
ea
entre a decisio deter
dosistema
vantagens
de
anglo-saxénico, que “o
common tem 0 mérito queeledecide
primeiro
o caso e determinao [decidente]
principio depois―.
A precedénciadadescobertadadecisao naoconstitui, em si mesma,
nadadepreocupante: essa precedéncia
apenasimplica quetem de ser
uma a
encontrada justificagao
Noentanto,importa
paradecisio
sublinhar
que
um aspecto
foi construida
essencial:
pelo decisor.
aceitavel
se é quea
descoberta
dadecisio preceda qualquer
justificagao daregra aplicével,
ha
queesta justificago
quesalientar naopode ser influenciadaporaquela
e s6pode
descoberta ser encontrada dainterpreta~
nos estritos parimetros

a0 dasfontes
deuma regra
e daaplicagao das regras, especial,
Em
a um caso concreto implicasempre
dado
a
que aplicacao
deum acto
a conjugagio
deconhecimento(pelo qualse determinam os factos deum
relevantes),
acto devaloragio
(peloqualse determina
a regraaplicdvel) acto
e deum
volitivo(pelo
qualse constréi
a decis4o),
o apuramento factos
daqueles ¢

ea

da (Eds),
Hasseaten/Neumann
também distingio
Binfdhrung',
NEUMANN, entre
a
e m referéncia
280,
Juristische
decisioyef.
Darstelling Argumentation (Darmstadt
Herstellng
1986),
3s;
durch Neumawn,
imWahrheit
Autoriti/
MBglichkeit
Grenzen
state
Recht,Lexct (Bd),
Begriindung
(Berlin/New
York2005),
381s
und
DieSprache
in
einer Legitimation
Tl/Recht
desRechts vethandeln
+

® Introdugio
CEENatscH,
Rapanucu,
Binfuhrung
completo
encontra em
®,
145
o (Leipzig
dieRechtswissenschaft
in
Introdugio
RaDPRUCH,
1925),129; recho
doDireito(trad.
&Ciéncia
nose
bras,SdoPaulo
1999),
134
©
MERKt, (1916),
GriinhutsZ.42
Zum Interpretationsproblem, 548.
andthe Arrangement
Codes,
Hotatss, ofthe Law, 5 (1870),
Am.L.Rev. 1 HarvL.Rev.
=

44.(1931),
725,

8
6.254 CONSTRUGAO
DA DECISAO

a extracgao ser justificada


daregradasua fontenaodeve pela
vontade
de
proferir Oaplicador
uma certa decisio. direitopode
do querertomar uma
mas naopode
certa decisio, estabelecer
querer os factos
relevantes
¢fazer
uma certa dafonte’,
interpretagio
Fundamentagio dadecisio
3.1.Necessidade
Embora nem todos os casos sejam resolvidospelostribunais e nem todos os
tribunaisapliquem nas suas sentencas regrasjurfdicas (porque, em
algu-
mas hipéteses,
essesdrgios
ou dediscricionariedade),
tuir o paradigma
decidir
podem segundo
as decisdes
dasdecisdes
dostribunais
deaplicagao
deequidade
critérios
continuama const
dodireitoa casos concretos
porérgios tal
para competentes.
Asdecisoesdostribunais aplicam uma regraa um facto, pelo queelas
conjugam matériade facto, que ¢constituida pelos juridicamente
factos
e matéria
relevantes, dedireito,que¢ constituidapela regrajuridica que
aplicada
€ a esses factos. Eporissoquea decisiocomporta premissas
defacto(relativas aos factos relevantes) ¢dedireito(relativas 4 regra
aplicavel).
Emprincipio, a matéria defactodeveser alegada pelas par-
tes doprocesso,
2.2parte,CPC).
isto é,pelo
Diversamente, e
autor pelo
a matéria
réu(cf.art. 264.%,n.?
dedireitoé sempre
1,€6642
conhecida
oficiosamente pelo tribunal (jura curia), que nao esta
novit dado este
vinculado asalegagdes daspartes e m matériadedireito(cfr. art. 664.2
1 CPC).
parte,
3.2.Importincia
A fundamentagio
dadecisioÂe¢ssencialparao controlo
dasua raciona-
podendo
lidade, dizer-se
que esta racionalidade
é
u ma funcéodaquela
Dadoquea racionalidade
fundamentacio, dadecisto s6podeser aferida

CE,n o entanto, falando


©
deuma “interpretagio
deeidente―,
CastanneinaNEVES, O
ActualProblemaMetodoligicodaInterpretagso
Juridica
1 (Coimbra2003),82;eftambém

Filosofia
Tépicosdo (Coimbra
CasranatinaNeves,ACriseActual

ReflexivaReabilita
2003),
daFilosofiaDiteitono ContextodaCrise
paraaPossibilidade
deum a
Global
da
58s.
Vorverstindnis
Esser,
Methodenwahl
des der
Rechtsfindung
@116s,Esser, (Kronberg/Ts.
und in
Methodik Privatrechts,
Arbeitsmethoden/Methoden
in
Enzyklopidie
1970),
175.
derGeisteswissenschafiichen
Teil I (Miinchen/Wien
derRechtswissenschaft 1972),
31ss.

49
SOLUGAO
DECASOSCONCRETOS

pela fundamentagao,
sua
racionalidade’.
fundamentagao
esta é dessa
constitutiva mesma

Tipos
3.3.
a)Ostribunais
Esta
coeréncia
devem
de
exigéncia suas
fundamentagio decisoes
fundamentaras
(art. CRP).
decorredanecessidade
externa dadecisio:
interna¢a correcgao
1,
205:,n.°
decontrolar
a

(oujustificagao)
~A coeréncia internadadecisioreporta-se&sua
coeréncia
naopode
premissas
com as respectivas defacto
ede a
direito;decisio
validase naoforcoerente com aquelas
ser logicamente
premissas;
=

A correcgao(ou justificagio)
externa dadecisiorespeita a correc-
giodaconstrugao dassuas premissas defactoe dedireito; ainda
quea decisiosejacoerente com aquelas premissas e ainda que,por
isso, logicamente
elaseja valida, naopode
a decisio ser correcta se
aquelaspremissasnaotiverem sidoobtidas correctamente (porque,
porexemplo, 0 factonao ¢verdadeiro ou a regraaplicével foimal
escolhida)®,
A distingdo
entre a coeréncia externa dadeci-
internae a correegao
so reveste-sedeenorme relevancia. a disting’o
Antesdomais, mostra
quea légica
silogistica
tem aplicagio dadecisio em
na justificagio -

elaintegra
concreto, internadadecisdo
a coeréncia -, mas nao satisfaz
justificagao
todasas exigéncias
dessa essa légica
em concreto,
~

¢
insu-

»
Neumann, Theoriederjuristisehen in
KAUPMANN/HASSEMER/NEUMANN
Argumentation,
(Bas), Einfithrung’,341s,
©CE. Wroatewsk1,Legal Syllogism of Judicial
andRationality RTh5 (1974),
Decision, 39;
Auexy, Theoriederjuristischen Argumentation
(Frankfurtam Main 1978),
273;Atexy,Die
logische Analyse juristischer
Entscheidungen,
ARSP-BH 185(f.Hu.cENDoRe,
14 (1980),
Argumentation i n derJurisprudenz/Zur
Rezeption Philosophie
von analytischer undkriti-
scher
Theorie
Essaysof der
in derGrundlagenforschung

York
on theDoctrinal
s s sef.também
StudyLaw
MacCoraick,Legal
Jurisprudenz 1991),
(Berlin 20358);
(Dordrecht/Heidelberg/London/New
andLegal
AARNIO,
2011),
1978),
134
Reasoning Theory (Oxford 19ss.
100ss,
Logique
JnPensée
second-order
justification;
distinguindo
(Eds),
Déontique
entre uma deductivustification

Fondements
e um a
et Droit, KaLtNowsky/SELVaGct
in

Normative/Actes duColloque
deLogique
Les
DéontiquedeRome(les
GARDIES,
Logiquesde
29et 30avril
1983) (Roma 1985), 89s,

450
6.254CONSTRUGAO
DA DECISAO

ficiente paraassegurar a correccio externa dadecisio!!. Epossivelutili-


zar ainda
~

que algumas
com restrig6es -
um raciocinio silogistico
para
obtera decisio deum caso concreto,mas issos6 pode suceder depois de
respectivas premissas defacto e dedireito terem sido
correctamente
obtidas, Portanto,acoeréncia internasé pode fornecer uma justificagao
expost dadecisio,
Ostermos daquela distingiodemonstram queas dificuldades naoresi-

¢extrair
demna coeréncia dadecisi0,
interna mas na sua correcgdo externa:
aconclusto adequada daspremissas defacto e dedireito nao dificil;0que
pode
naoé
ser
muito
dificil 0 S, estabelecer
é
certamente dificilconcluir
essasmesmas premissas.
quesujeitoproprietario
Porexemplo:
dobemx, 0
pode (efi.
alienar art. CC); pode complicado
1305.° mas ser muito concluir
que sujeito
0 Séefectivamente proprietario de x― ,
b)A diferenga
menor dificuldade
culdade Âgrande
¢
e entre os hard os easy
deassegurar
nos hard
ou clear
a correegao
cases€menor nos easy
casesreside

ou clear
na maior ou
externa dadecisto: essa difi-
cases.Quanto
maiorfora dificuldade em averiguar os factos relevantes,em interpretar
a fonte ou em concretizar efeitosindeterminados mais0 caso se aproxima
deum hard
case.
IL. Correceao
externa
1. Generalidades
Ajustificacao dadecisiorespeita
externa
premissas dedireito.
suas defacto e
correc¢ao
juridica
regra
&
construgio
Comoa
comporta
da das
uma
previsio a correc¢aoexterna dadecisao
e uma estatuigio, refere-se quer&
determinagio relevantes,
dosfactos quer correspondéncia
4 desses factos
daregraescolhida,
com a previsao quer a inda
4 determinagao doefeito
juridico
quedecorredaestatuigo daregra aplicével..
Esteenunciado implicaque,na construgio dadecisao,se conjugam
elementos valorativos
cognitivos, e volitivos:osprimeirosrespeitam &
determinagiodaspremissas defacto, os segundos 4 construgiodaregra
aplicdvel doefeitoquedecorre
e 4concretizacao dessaregrae os tiltimos
4

©
CE,
exemplo,
por
ENGIse!
Stud.Gen.12(1959),
Aufgaben
83s.
Cf ScHormNHavER,
Logik
Eristische
Dialektik,
juristischen
einer

i n ARTHUR
undMethodik
des
simtliche
SCHOPENHAUERS Werke
Denkens,

VI
(Ed.
Deussex)
‘erradas
1923), apreciagBes
(Miinchen
extremamenteraras―. erradas
frequentes,
397:“as dedugdessio as

451
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

Atomada
dadecisao. conhece-se
Portanto, dematéria
defacto
¢ valora
dedireitoparase poder
matéria tomar uma certa decisio.
querer
defacto
2. Premissas
2.1,Necessidade daprova
dos
Noaimbito processos
uma diferente
tes afirme
jurisdicionaisé que
versiodeum acontecimento: naoé
um facto e quea outra negue
cada
frequenteparte fornega
raro queuma das
esse mesmo facto.
par-
Porexempl
©autor afirma
dade; 0 autor afirma é
que0 réu 0 seu paie o réu
queo réu
depaterni-
negaesta relagio
Thedeveuma certa quantia¢0 réualega
quejapagou
ca diivida
essemontante. Quando
sobre a sua veracidades6pode o é
assim sucede, factocontrovertido
ser resolvida daprova.
através

2.2. Nogio deprova


Asprovas visamdemonstrar
recai sobre a
realidade
facto 0 objecto
u m determinado ~
(art.
dosfactos 341.CC).
daprova
A prova
-, utilizacertos
meios os meiosdeprova ¢destina-se,
~ ~

depoisdasua produgao, a ser


pelo
valorada tribunal.
2.3.
Procedural
defeasibility
a)Umargumento (defeasible)
diz-se“derrotivel―
ser questionada
factos
quando a sua forga
pode
por que poem questo suas premissas.
nao em as
“derrotiveis―
Osargumentos frequentes:
sio bastante exemplo tipicode
um argumento
pode
cisnes brancosé
“derrotivel―
inferir-se
bertadeum cisnepreto
0 argumento
(todos) s4o
brancos;
que
daobservacao
indutivo;
os cisnes
a induc,
“derrota―
detrés

mas nio invalida


a desco-
a verifica-
de
ao que ha cisnes brancos.
A distribuigo doénus daprovapelaspartes deuma acgio baseia-seno

postulado possivel
de que é “derrotar―
um argumento pér
sem em causa
as suas premissas. Parase ver porqueassimé, considere-seo seguinte

exemplo:
emprestou
o autor A instaurauma acgio
uma certa quantia tendojé
¢que, o
contra réu
R,invocando
0 decorrido
0 prazoparaa
queIhe

denadoa pagar
aquele
sua restituicao, RaindanadaIhepagou;

-se-iapensarqueaquele
paraqueréu
em divida,
ao autor A a quantia
autor tivessedeprovar
oR
fossecon-
serianecessiriopoder-
-

quecelebrou
naosé 0
mas também
réu,
contrato com o quenenhuma causa deinvalidade afecta
esse negécio;
entanto,
no se assimfosse,
a provaexigida seria
ao autor

452
§2 5+ CONSTRUGAO
DA DECISAO

queessa parteteria deprovarnéo


incomensurivel,
pois a cele-
apenas
bragio a no verificagio
docontrato,mas também dasintimerascausas
quepodem afectar
causasrelativas
daprova
a validade
doautor e a
desse
a propria
negécio (como,
porexemplo,
ou aos viciosdesta).
faltadevontade
actividade
todas
Paraaligeirar
0 nus
dostribunais, o énus
daprova
as
é
distribufdo deforma a evitar queo autor tenhadeprovar todosos factos
dosquais depende a procedéncia dasua acgio.
‘Umadasformas encontradas parasolucionaro problema dadistribui-
giodoénus daprova entre as partesdeuma acco f oiadeestabelecer
uma
distingao entre os factos impeditivos,
e os factos
constitutivos modificati-
vos ou extintivos ¢a deatribuir a prova
daquelesfactos (constitutivos)
a0
autor ¢a prova destes factos (impeditivos,modificativos ou extintivos)
ao réu,
Emtermos isto significa
priticos, o seguinte:

O autor s6tem deprovar os factos dodireitodequese


constitutivos
arroga (cf.art. 342,n.?1,CC);exemploreferido,
no acima o autor A
s6tem deprovar quecelebrou o contrato com o réu R;
AoréuR incumbe provarqualquer factoimpeditivo, modificativo ou
~

extintivododireitoinvocado pelo autor A (¢f.


art. 3422 n# 2,CC);
quanto 20 referidoexemplo, cabe ao réuRprovar, porhipétese, que
o negocio ¢invilido,
porque o autor A 0 enganou ou o coagiu a con-
cluilo,ou quenadadeve, porque jé
restituiua quantia ao autor.

+)Oesquema derepartigaodoénus
daprovaassenta,quando
visto pela
pers-
doautor daacco,
pectiva numa distingio e non-refutanda:
entre probanda

Osprobanda
=

saoao factos
quetémdeser provados
pelo autor,ou seja,
sio os
factosconstitutivos;
Osnon-refutanda
~

so 0s factosqueo autor naotem deprovar,mas que,para


quea acgio possaproceder,nio podem ser refutadospelo os non-refutanda
réu;
ser refutados factos modificativos extintivos"
podem por impeditivos, ou

Osnon-refutanda, se refutados “derrotam―


peloréu, os
probanda
provados pelo
autor sem, no entanto, questionarema sua veracidade,
Suponha-se que0 autor A

Defeasibility
Sanrow,
°» i n Legal RTh24 (1993),
Reasoning, 285ss. sobre
a process-based
sdefeasibilty,
cf.PRaxxcen/Santor,
TheThreeFaces
125s; acentuando
172004), que in of
of Defeasbility
adefeasblty
encontraa
explicacio
sua
the Law,RatioJuris
"inthe
pragmatics
legal
(Oxford
ef.MacConaticx,
process’
2005),
24s
Rhetoric
of
andtheRuleof Law/ATheory
Legal Reasoning

483
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

fazprova dequecelebrou circunstinciadeeste réu


o contrato com o réuR;a provar
invalido,
que0 contrato ¢ porque aquele autor o coagiua celebré-lo,
nio nega queo
contrato tenasido
a provadacoacgio é 0que
celebrado;
suficientesucede
para semesse é
que,
“derrotar―
mesmo
o argumento doautor.
facto,
questionar

24, Valoragio daprova


Ovalor daprovapode encontrar-se fixadopela lei:fala-seento deprova
legalprova
ou E queacontece,porexemplo,
tarifada. 0 com a prova rea
lizadaatravésdedocumentos auténticos,sio,
como e ntre outros, os
documentos exarados pelos (cfr. 363%,2,CC):
notérios art. n.° estes
documentos fazem provaplena que
dos factos referem c omo praticados
pelaautoridade pitblico,
ow oficial assimcomo dosfactos quenelesso
atestadoscom base nas percepgdesdaentidade documentadora (art.
371,
n21 1 CC).
parte,
‘Tambémpode suceder quea provanaotenha nenhum valorpré-fixado:
fala-se
entio deprovalivre, porqueelaé livremente valorada pelo
julga-
dordeacordo com a sua prudente convicgio (cfr.
art. 655!n# 2,CPC).
A prova testemunhal constituiexemplo deuma prova sujeitalivreapre-
ciagio(cfr.
segundo
art. 396.CC),
a conviccao
testemunha.
peloqueo julgador
queformarsobre a
valora prova
a veracidade
testemunhal
dodepoimento da
Navaloragao daprovalivrerelevam frequentemente regrasdaexpe-
rigncia,Algumas destasregraspermitem inferirresultados indiscutivei
se,porexemplo, ficaprovado quealguém estava num certo dia¢horano
entaopode
Porto, com toda
concluir-se, a seguranga, queessapessoa nao
estava,n esse mesmo momento,em Lisboa. Outrasregras daexperiéncia
apenas permitem inferirresultadosprovaveis: se,porexemplo, ninguém
mas alguém
assistiuao homicidio, a fugir
viu uma pessoa com uma arma
na lugar
mio do
queessapessoa
pode
dohomicidio, concluir-se,
era 0 assassino. a
com toda probabilidade,

2.5. Resultado
daprova
Depoisrealizacao
da daprova,so possiveis hipéteses.
trés Umadelas
ocorrequando a r
provaealizadaconduza quese considere
queo factofoi
provado; porexemplo: é
controvertido
tenciaao autor daac¢ao;
outra hipétese
prova-se
se o computador
queo computador
emprestado
pertencia
per-
a essaparte.
‘Uma quando
verifica-se produzida
a prova levaa concluir

456
6.254CONSTRUGAO
DA DECISAO

o
que factonaofoiprovado;
tou dinheiro
a0 réu
porexemplo:é
daacgao;
controvertido
que parte recebeu
prova-se esta nio o
se autor empres-
qualquer
quantiado
realizada
autor. Finalmente,
for inconcludente
uma terceirahipdtese
ocorre quando
porexemplo:
ou insuficiente;
prova
controvertido
é a
paiconviveucom a maedacriangaduranteo periodo
se o pretenso legal
daconcep¢io;
naose provanem que essa convivéncia
existiu,
nem queela
nio se verificou.
o
Se factoestiver provado
problemas quanto
ou nao provado,
ao sentido
dadecisio:
nao se levantam
no primeiro
nenhuns
caso,haum facto
quepode ser integrado na previsio deuma regra juridica; no segundo, nio
haqualquer factoquepossa ser incluido na previsio deuma regra, Mais
problemética é
a situagao em quese verifica a insuficiéncia deprova e em
que,portanto, nao h4 motivos nem para avaliar o facto c omo verdadeiro,
nem para qualificaresse facto como naoverdadeiro. Dadoqueo art. 8.2,
n! 1,CCnaopermite queo tribunaldeixedese pronunciar invocando
uma ctividasobre os factos relevantes,hé que encontrar um critérioque
permita ultrapassaressadtivida, Noambito dageneralidade dosprocessos
judiciais,
a solugaobaseia-se no seguinte o tribunal
critério: decide contraa
partesobre a qual
recaioénus deprovaro facto controvertido (cfr.
art. $16.2
CPC). Porexemplo: ()0 autor daacgio afirma quecelebrou um contrato
decompra e venda deum quadro com o réu; este facto Ãc©ontestado por
esta parte;nao¢ realizada prova convincente dacelebracao docontrato;
como era 0 autor queestava onerado com a prova dofacto(cfr. art. 342,
n£1,CO), 0 factoÃconsiderado
© naoprovado; (ii)0 réu
da accoconfirma
gue recebeu do autor,a titulode determinada
empréstimo, quantia,
uma
mas alega
d
que,entretanto,
esta
prova restituigao
ja restituiu;
(cfr.art. 342",n?
como ao réu
2, CO), se
quecabe
houver a
realizar
diividas sobre
facto,
este o mesmo é naoprovado.
considerado
O critériodesolugao distintono ambitodoprocesso
é penal:neste
processo, em consequénciadapresungao deinocéncia doarguido
(cfr.
art. 32.4,n2 2,CRP),valeo principio proreo, pelo
in dubio quea
insuficiéncia
deprova sobre
um facto ao arguido
desfavoravel é
sempre
resolvida Porexemplo:
a seu favor. num processorelativo
a um crime de
homicidio,
no nao obtida
é provaconvincentesobre
a
presenga
pelo
localdocrime;o tribunaldevedecidira favordoréu,
doarguido
que,nio
podendo
atribuir-Ihe
a autoriadocrime,
tem deo
(pelo
absolver menos,
como autor material),
485
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

3. Premissasdedireito
3.1,Generalidades
A decisioé
construida daregraaplicivel
a partir ao caso concreto. Por-

a
tanto,seleccio
gio dadecisio.
daregra antecede
aplicavel necessariamente constru-
a
3.2,Seleccao daregra
Nemtodosos factos davidatém relevincia juridica: nfo 0 tém sequer
todosos factos quesaorelevantes paraalgumas ordens normativas nao
juridicas,
como a ordem dotrato socialeaordem moral. A selecgio deum
factoc omo um facto com relevancia juridicasé pode ser realizada através
decritériosjuridicos.Mais em concreto: um facto sépodejuridica-
ser
mente relevante se preencher uma previsiolegal, se corresponder
isto é,
a0 factorepresentado nesta previsio. factos
Quanto juridicos
aos também
possivel que pode propésito
€ concluir0 se afirmar a de outros factos:os

so
factos aquilo
enunciados
que os

preexistem
enunciados
aos factos.
verdadeiros
Osfactos
enunciam',
juridicos
pelo
sio aqueles
que est
queso
subsumiveis asprevisdes legais: antes da sua qualificagio como juridicos,
08 factosnaosio factos juridicos. Sendo assim, a determinagao darele-
vinciajuridica dofactocoexistecom a construgio daregraqueo inclui
na sua previsio:uma vez determinada a fonte quequalifica o factoc omo

juridico,est também encontrada a regraque regula's,


o
Paradescrever
como juridico
a relago
fala-sede“um
entre o facto e a previsio legal
ir e vir doolharentre a premissa
queo qualifica
maior[do

da constitui
silogismojudiciério]vida―,
e 0 facto d a o que uma forma felizde
o
descrevercaracter
quando que proprio
se conchui
analdgico
“o
subsungio. Algo
de
desemelhante
processosubsungao [.
se afirma

ISL
"©
Truth,
SrRawson,
Papers
Répic,
C£.também
i n SRawsoN Logico-Linguistic
DieTheoriedesgerichtlichen
(Aldershot/Buslington
2004),
(Berlin/Heidel-
Erkenntnisverfahrens
berg/New York 1973), 178.
©

Byarscu,
Logische
ENetsci, Gesetzesanwendung
Subsumtion
Studienzur
undRechtsfortbildung,
Feierder Ruprecht-Karls-Universitat Heidelberg
(Heidelberg
(Heidelberg
1963),
FSderJuristischen
1986),
1S;cf.também
zur 600-Jahr
Fakuleit
6; em sentido
semelhante,
=
of Katee,TheoriederRechtsgewinnung
critico, of. Hxuscuxa,
Vorverstindnis, 79.
(Berlin
(Berlin
DieKonstitutiondesRechtsfalles
159ss.;emsentido
1976),
1965),
48 ss.;Essex,

456
6.254 CONSTRUGAO
DA DECISAO

comparago
constante para Identre
c4e para a ou as normas quedevem
ser tomadas
em ¢0caso quedeve
consideragio ser decidido,
a semelhanga
davistadoretratista quedesliza deforma
permanentemente, totalmente
entre o quadro
inconsciente, e o modelo――.

3.3. Formula
deponderacio
I
Adecisio pode exigiruma aturada valoragao reeiproca deprincipios e de
regras conflituantes,
Por
mes deum determinado
exemplo: () se alguém
o tribunal
realizador,
apela a
um
tem deponderar
boicote aos
se deve
fil-
dar
prevaléncia&liberdadedeexpressio doapelante (cf.
art. 372, n.°1,CRP)
ou a liberdade decriagaoculturaldorealizador (cf. 42., 1,CRP);
art. n°
a prevaléncia
daquelaliberdade sobre esta iltimas6pode ser obtida atra-
deuma ponderagio
vés deinteresses"; (ii)s e um romance descreve uma
situagao com uma taladesio & realidade quepermite a identificagao de
uma das o tribunal
suas personagens, tem deponderar se deve fazerpre-
valecera liberdade cultural
decriagio (cf.
art.42n.1,CRP) oo diteito
Aintimidade davidaprivada
(cf.art. 26. n.? CRP);
1, prevaléncia
deste
aquela
uiltimodireitoperante liberdade também s6pode
ser conseguida
deuma ponderagio
através deinteresses―.
Ponderar
pressupée,
primeiro, e, depois,
comparar escolher
um dos
aponderacio
termos dacomparagio: é seguida
uma comparaciodeuma
escolha:®,
Assim,quando se trata deescolher entre dois ou duas
principios
regrasconflituantesnao pode deixar d ese considerar a influéncia
que
cada um dosprincipiosou quecada uma das regras exerce na aplicagio
dooutro principio
ou daoutra regra. Amaneiramaisfacildeanalisar esta
influéncia
¢
através
doseguinte compara-se que princi-
critério: a razdo o

pioou a regraforneceparaa sua aplicagio com a contra-raziopara a sua


naoaplicagao queéfornecida pelo principiopela
ou regra conflituante;
©
Konstruktion
Wertung,
Esser, undArgument
im Zivilurteil 1965),
(Karlsruhe 21 3
Hassemer,
cf.também undTypus
Tatbestand (Kiln/Berlin/Bonn/Minchen
1968),
18;
Kavrmany,
York1973),
17. in
Uberden Zirkelschlug
derRechtsfindung,
FSWilhelm (Berlin/New
Gallas

°%Rights, Rationality,Juris(2003),
CE,
BVerfG
15/1/1958
Constitutional
CEBVerfG
BVerfGE
(Lilth-Urteil),
and
Balancing
7 (1958),
198;sobre
Ratio
BVerfGE
16
ef.ALEXY,
a matéria,

131ss,
(Esra-Beschluss),
13/6/2007 (2007), 119 1.
® und im
Wertung Abwigung
Cf.Husmanw,
20s,
(Kiln/Berlin/Bonn/Minchen
Recht 1977)

4s7
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

apés prevalece
esta comparagio, o principio que“derrotar―
ou a regra a
fornecida
contra-razio pelo
outro principio
ou pela
outra regra―.
Comoresulta deste escolha
do ou daregra
enunciado,
a
principiocon-
fliquante
ou a regra
bascia-se
ser “derrotado―
por
no postulado
u m outro principio
nunca sio escolhidos pelo que
prineipio
dequequalquer ou regra
valem em
pode
ou poruma outra regra:
si
o principio
mesmos,mas pelo
queelesvalem no confronto com outros principios ou regrasconflituantes,
Acescolha resultante daponderagao é
sempre uma escolha queimplica a
exclusio deoutras opgdes: escolhe-se a
opgao queafastar (ou“derrotar―)
todas as demais opgées fornecidaspelo sistema,
‘Suponha-se,
porexemplo, que principios
os conflituantesséoo pi

cipioda reserva daintimidade davida privada ¢


o principiodaliberdade
deimprensa; apésa ponderagao destes principios prevalece
conflituantes,
aquele que“derrotar―a contra-razaofornecida pelo outro principio.
Num
certo caso,pode prevalecer o principio da reserva da vida privadao
sobre
prinefpiodaliberdade deimprensa: issosucede quando aquele principio
dereserva “derrotar― emanada
a contra-raz4o doprincipiodeliberdade
(pense-se na hipétese deserem desvendadas na imprensaas tendéncias
homossexuais deuma personagem piiblica); pode
num outro caso, prepon-
deraro principio daliberdade deimprensa sobre dareserva da
o principio
vidaprivada:issoacontece quando aquele principiodeliberdade“derrotar―
a contra-raziofornecida peloprincipio (imagine-se
dereserva a situagio
em queé revelado nos meiosdecomunicagio socialum crimedecorrup-
aoqueenvolve uma personagem publica).
%
Avexy,TheoriederGrundrechte
*
(Frankfurt
a m Main 1996), 146,
utilizaum critério

fagi0 ao seguinte
semelhante,
formulara
ou deafectagio
dooutro―
leide “Quanto
deum dosprincipios, for satis-
ponderagio: maior o grau denio
maior deveser a importancia
tanto
Formula,
dasatisfag3o
(Eds),
(ef: PULIDO,
BERNAL On Alexy’s
Weight in MENENDEZ/ERIKSEN

ArguingFundamental
for
FormulaWeighing
355ss);
Rights
ALexy,
ef.também
(Dordrecht
andLiber Amicorum On
2006), Robert
Balancing, deJosé
Rechtssystem
Alexy’s
101ss;Linpatt.,

undpraktische
deSousa
Vernunft,RTh18(1987),
Weight
2009),
e Brito(Coimbra
415;
Lexy,OntheStructureof Legal
Principles,
RatioJuris13(2000), 298;ALexy, TheWeight
Formula,
2007),
Der der
Begriff
10;Bucuwaub, in
the
in Sretaact/Broéex/Zatusk1
(Eds),
rationalen of
Studies Philosophy
Theorie
juristischen
Begriindung/Zur
Law(Kraksw
der
juristischen (Baden-Baden
Regeln,
Vernunft
Prinzipien
Prinzipien
1990),
undElementen
im Recht,

i m System
undElemente
Begriff
316ss; StECKMANN, undStrukturvon
in

(Wien
desRechts
(Eds),
Sciii.ceR/Kottk/FUNK Regeln,
2000),
70s,, SuckMANN, Rechtals
Prinzipientheorie
normative Systemy/Die (Baden-Baden
desRechts 2009),
66ss.

458
6.254CONSTRUGAO
DA DECISAO

deponderagio
3.4. Formula II
A formula
deponderagao
que¢ paraescolher
utilizada um dos
principios
ou uma dasregras pode
conflituantes semgrandes
ser transposta, difi-
culdades,para situagées
outras queimponham uma ponderagiodode
sor. E0 quesucede quando haqueoptar
poruma dasvariasalternativas
constantes da estatuigéo
deuma regrajuridica.
Suponha-se,porexem=
plo, queuma regraincriminatéria permite queo juizaplique ao crimi-
noso uma pena
Sanos quando
deprisio
a razao
para a o
entre 4e 6 anos; juiz
aplicagiodesta pena
deve aplicaruma pena
“derrotar―
de
a contra-razio
decorrente deuma penade4 ou de6 anos, Pode enunciar-se, portanto, 0
seguinte deescolha
critério de uma das alternativas legais:compara-se a
razio queaalternativa fornece paraa sua escolha com a contra-razao para
a sua no escolha queé fornecida pelas demais alternativas legalmente
estabelecidas; apésesta comparagio, prevalece a alternativaque“derro-
tar―
a contra-raziofornecida pelasdemais alternativas.
Umaidéntica formuladeponderagio éutilizadaquando se trata de
concretizar um conceito indeterminado. Nestahipétese, héquecompa
rar a razio quea concretizagio fornece paraa sua escolha com a contra
-razaopara.sua naoescolha que¢ fornecida pelas demais concretizagies
possiveisdoconceito indeterminado; depois desta comparacio, prevalece a
concretizagao a contra-razofornecida
que“derrotar― porqualquer outra
concretizacao possiveldaquele conceito.

deregra
3.5. Auséncia
A decisiotambém pode ser construida daauséncia
a partir deuma regra
aplicdvel
ao caso concreto. Nestahipétese,haque considerar
duassitua-
ges. U ma delas &aquelaque
em 0 caso concreto tem juridica,
relevancia
regraaplicavel,
mas nio hé ou seja,em queo decisor tem deintegraruma
lacuna.Nestahipétese,
logicamenteaplicada (cfr. é
adecisio construidaa

n2
art. 10, 1,C C)
partir
ou daregra
da regra
que
hipotética
é
que
ana-

¢
construidapelo proprio decisor(cfr.
art. 102, 3,CC).
n2

A outra situagao aquela


é em que0 caso éomisso, mas nao tem rele-
vanciajuridica e, por isso,
pertence a o espagolivrededireito.Nesta
hipotese,o decisor decidecom basena faltaderelevancia juridicado
caso, que
o sélhe permite proferiruma decisdoquerejeitapedido
o do
autor daacgio.

459
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

dosefeitos
4. Determinagio
4.1, Generalidades
deo tribunalter escolhido
Depois aplicivel
a regra daseleegio
através €
dasubsungio dosfactos, conhecidos,
sio daestatuigaodessa
através regra,
0s efeitos
juridicosque decorrem daqueles(que
factos podem ser a cons-
tituigdoou extingdo deuma situagaosubjectiva,a definigdodeum desva-
lordoacto juridico ou a imposicaodeuma sangio). Comisto,no entanto,

a &
©problema relativoresolugao docaso concreto sése deslocou
daprevi-
(0 paraestatuicio daregra
desta
aplicével:
agora o problema o daaplicagao
é
estatuig&o
ao caso concreto.

4.2. Modalidades
dosefeitos
a) O juridico
efeito estabelecidona estatuicaopode ser determinado
ou indeterminado,O efeito
juridico¢
determinado quando forcomple-
tamente definidopelaestatuigoregra. exemplo,
da Por a maioridade
atinge-se
aos dezoito
anos (art. CC),
122! 0 contrato de compra e venda

a
tem como efeitotransmissio
dodircito(art.
8798,al.2,CC)
dapropriedade dacoisaou datitularidade
juridico
¢0 negécio quenaorespeita a

legalmente
forma exigida (art. CC),
é
nulo 2202
O efeito
pelo
concretizagio¢
juridico(relativamente) quando
aplicador
indeterminado admitiruma
daregra.(j) aplicador
Assim: 0pode ter de
quantificar
amedida exemplo:
dapenadeprisio;por o art. 131.2
CPesta-
belece punido
que,quemmatar outra pessoa, é com uma penade
priséo
termos deuma
escolha
(i) exemplo:pode juiz
deoito a dezasseis aplicador
anos;
alternativa;
entre decretar
pode
0
por
a anulagio dacompra
a
ter
lei
deescolher
e venda
entre virios
concederao
ou adequaro prego
a

em fungao dodefeito dacoisa(cfr.art. 905!¢911%, Quando


n? 1,CC). o
efeitoforindeterminado, hi uma margem deapreciagio quecabe a o deci-
sor ea decisio Ãsempre
© dependente docaso concretoâ„¢.
b)Algumas regras juridicasdefinem um efeito jurfdico
quetem de
ser concretizado em fungio deproporcionalidade
deum critério dotipo

destes mais,e
“quanto “quanto
tanto mais―
efeitosqueconstam deregras
—
Comoexemplos
menos,tanto menos―,
que,porvezes,so designadas por

®

caso
45(1992),
entre uma decisio
Distinguindo
ef.KuHLEN,
concreto―,
103.8,¢110s.
Regel caso―
do
“independente e u ma decisio
undFalli n derjuristischen
Methodenlehre,
do
“dependente
ARSP-BH

460
§2 5+ CONSTRUGAO
DA DECISAO

regrascomparativas’®
podem
~

ser referidos
os seguintes:
quanto maior
forcensurabilidade
a
quanto
agente, do
maiorfora culpa
Iheédevida.
maiorÃa©pena
doprépriolesado,
Ihe
que
menor é
deve
s er
a indemnizagao
aplicada;
que
Comose concluifacilmente,
as regras
queestatuem estes
efeitos também
proporcionaisatribuem
ao decisor
uma importante
mar-
de
gem apreciagio.
III. Coeréneia
interna
1. Generalidades
internadadecisao
Acoeréncia respeita Asua adequagdocom as respectivas
de
premissas facto
ede direito,
Os efeitos
deser coerentescom os factos
sio tém
juridicos
¢com a definidos
nessa

apurados regraaplicivel. deci-


2. Silogismo
judiciirio
2.1,Estrutura
A aplicagio
da regrajuridica
a um caso concreto costuma ser descrita
dochamado
através silogismojudiciario,
quetem a seguinte estrutura
(correspondente
ao chamado modusbarbara):
(1)A premissamaioré poruma regrajuridica;
constituida
(2) premissa integrada
A menor é porum factoincluidona previsio
daregrajuridica;
@)A conclusioconstituidapelo daaplicacéo
efeitodecorrente da
regrajuridica
ao factoâ„¢.

®

Orre,
(1972),
Komparative
301;ef.
também Logik
Sitzei m Recht.Zur
komparativer
eines beweglichen Systems,
Orre,Zur Anwendung Sitze Recht, BYDLINSKI/
im
JBRSozRTh2
it

Kreyer/Scin.citen/SretninceR
Recht
%
(Wien/New York1986),
Jaassim ScHorennaveR,
(Eds),
273ss. und
DasBewegliche System
i m geltenden

DieWeltalsWilleundVorstellung
kiinftigen
Il, i n AntHUR SCHOPEN
avers simtliche
of.MacCoratcx,
theRuleof Law,
Werke
Legal defesa
I, 120;sobre
Reasoning andLegal
dopapel
Theory,
Juristische
dadedugio
na

19ss MacCormck,
dodireito,
aplicagio
Rhetoric
and
32s s Kociy/RUsmann, Begriindungslehre (Méinchen
1982),
Koctt,DeduktiveEntscheidungsbegriindung,
14 ss; i n BenReNps/Dresettonst/DREIER

(Bas)
Rechtsdogmatik
(Gottingen
‘Wieacker
und
praktische
1990),
Vernunft/Symposion
papel
70s; sobre
o -
von
Geburtstag zum 80.
no exclusivodoraciocinio dedutivo
~
Franz
na

do Jann/Marstoren
Giéncia cf.vow Saviany,
Direito,
Rechtswissenschaf,
kussion
in (Bds),
Rechtstheorie/Beitrgein
ZurRollederdeduktiv-axiomatischen
Methodeder
Grundlagendis- 2ur

(Frankfurt
am Main 1971),
332ss.

401
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

porexemplo:
Assim,
(1)Premissa
maior: “Quem
provocaum dano deveindemnizar
o pre~
judicado―,
(2)Premissamenor: O sujeito
$;,a0 danificar
o carro dosujeito
S:,
provocou-lhe
um dano;
(3)Conclusio:
Osujeito$,deveindemnizaro sujeitoS,

2.2.Consagragio
Asdeciséesdostribunais
pela
direitoe concluir
devem
decisiofinal
(art.
6592, n.*os
comportarfundamentos
CPC),
2,
defacto
peloque
e de
essas
deciséesdevem segundo
ser estruturadas 0 esquema dosilogismojudi
cidrio.Istosignifica
queaquelas decisdes
devemutilizar, na respectiva
fundamentacao e na relago entre estafundamentacao e a conclusio,
um
métododedutivo. A faltadecoeréncia entre a decisio¢as suas premis
um viciolégico
sas é a quecorresponde um desvalor juridico especifico:
acontradicéoentre a decisioe os fundamentos geraa nulidade dadeci-
sto(cfr. n2 1,al.c),
art. 6682, CPC).
3. Esquemaalternativo
So duasas
gismo
principaiscriticasquepodem
judiciério®, que
Uma delas à ©
a de ser ao
ele
dirigidas
encerra uma
esquema dosilo-
inversio meto-
dolégica,
porque ponto partida
o de dequalquer drgio
entidade ou de
aplicacao
dodireito nao éa regra juridica, situagao
mas a da vidaque The
cabe A outra criticaé
apreciar, a dequea premissa menor naoé apenas
deum facto,
a descrigao antes encerra um facto queé qualificadocomo
juridicamenterelevantepela regraqueé enunciada na premissa maior;
assim,
a premissa
naoé
menor jé
isso, independente da
contém
a
premissa
integracio
maior―,
dofactona regrae, por
Mais préximo darealidade
é,
portanto,
o seguinteesquem:
(1)Aconteceuo factoF;
(2)O factoF integra a previsiodaregraRs
%Cf Brustin,
Humanorum dasDenken,
Societas
Scientiarum
Uber uristische
LitterarumXVILS (1951),
juriicose esgota
pensamento
104:“seria
em dedugoes―
Fennica/Commentationes
se se afirmasse
u m erro grosseiro que
2
Cf,Enarscu,FSderJuristischen
Fakultit zur 600-Jahr
Feierder Ruprecht-Karls-
UniversititHeidelberg,
6

462
6.254CONSTRUGAO
DA DECISAO

(3)Aregra Restatui o efeitoE;


A)Logo, Fproduz
o facto o efeito
E.

Esteesquema pode ser resumidonum enuneiadodecaricterdinimico,


no qual a passagemdeum antecedente para consequente
um émediada
por regra
uma juridica:
(1) Antecedente: verificagiodofactoFy;
(2)Regra aplicagao
juridica: daregraR,ao factoF,;
(3)Consequente: produgio Ey.
doefeito
IV. Aceitabilidade
dadecisio
1, Generalidades
A decisionaopodeabstrair
doambienteextrajuridico
em que0 caso con-
decidido.
creto é Aspectos culturais
éticos, ¢sociaissioalgunsdosque
conformamo ambiente quepode influenciar dadecisio―.
a construgao
A consideragao
destes factores
externos permite &decisio
assegurar um

importante
valor:o daaceitabilidade
depende
lidadedadecisto
Em especial,
racional**,
doseu cardcteruniversalizavel
a
aceitabi-
e docritério
subjacente dassuas consequénci
&optimizacao

2.Cardcteruniversalizivel
Hi inevitavelmente
uma medidadesubjectividade dequal-
na construgio
querdecisioquenio pode
ser controlada
pornenhumcritério
relativo
&
dafonteou 4 concretizagio
interpretagio doefeitoindeterminado.
No
haum factor
entanto, objectivo quepodediminuiressa medida desub-
jectividade:
refere-se
eleao imperativo
relativo
4interpretacioe aplicagio

formidadedo
uniformes direitoaos casos andlogos
(cfr.
e aplicagio
na interpretagio dodireitoé
n2 3, CC).
art. 8.2,
ditada
Estauni-
querporum
»
CEWieacker, undRichterkunst/Zum
Gesetz Problem
derauergesetalichen
Richter-
ordnung
(Karlsruhe
1958),
12s.
Sobre
®

arelevincia
Reasonable/A
Rational
as ou no
darazoabilidade
Treatise
aceitabilidade
raciociniojuridico,cf
on Legal
OnRational
Justification
ARNO,The
(Dordrecht/Boston/Lancaster/Tokyo
Remarks Justification,
188ss; AAR10,
1987), Acceptability.
Some on
Legal in

Nernior(Ed), Interpretation
Law, andReality/Essays
i n Epistemology,
Hermeneutics
and

(2004),ss; Certainty,
Reasonablen
Jurisprudence 1990),79
(Dordrecht/Boston/London BERTEA,
andArgumentation, 18
Argumentation 472ss; Peczenix,
OnLawandReason
?

(Dordrecht
2009),
24.

463
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

deconfianga,
critério dadoqueelaassegura podem
queos interessados
prevera solugaodocaso conereto,querporum critério dejustiga, dado
que que igual
o ¢ d
éecidido deforma igual
Assim,qualquerdeciséo
deve poder ser universalizavel:o
que ela impoe
devepoder paraqualquer
valer caso andlogo.
Aobservancia deum critério
deuniversalizagiomarca os limites daconsideragio dasespecificidades
docaso concreto pelo
decisor, pois quea uniformidade na interpretagio
¢aplicagao
dodireitoimplica quenao podem ser consideradas as parti-
cularidadesquesejam irrelevantesnessa universalizagio.Porexemplo:
amarca doautomével
deresponsabilidade
queatropelou
ao seu condutor
no plano
o pedo
(embora ¢
irrelevante
possa
paraa atribuigio
nio ser irrelevante
paradeterminar, dosfactos,condutor quefoiresponsivel pelo
acidente)..
deoptimizagao
3. Critério
3.1.Valoragiodasconsequéncias
A aplicagao
daestatuigao
deuma regraa um caso concreto determina
a
producio decertos efeitosjuridicos.
Quando aplicivel
a regra reconhecer
ao aplicador uma margem deefeitos
na concretizacao indeterminados, a
construgio dadecisio naoépensivel
sem uma ponderagiodassuas con-
sequéncias®,
Pode quea aplicacao
assimconcluir-se daregraéconsequen-
porque aplicagao
cialista, essa tem detomar em consideragaoos efeitos
que vio ser desencadeados poraquela aplicagdoâ„¢.
Qualquer orientagao
consequencialista é utilitarista,
uma orientacio que,se se atende
pois as

Cf,WAupe,Juristische
Folgenorientierung
(Kénigstein/TS
1979),
5 s, 12¢129ss.
»

parece
ser demasiado
redutor
c onsiderar
que, propée
como Uberdie
FREUND, Bedeutung
JZ.1992,
perdas.
1000, fir
e allgemeine
ine
der ,Rechts'-Folgenlegitimation
a avaliagio Theorie
juristischer
implique
dasconsequéncias Argumenta
u ma ponderagio
entre
ganhos
€

5
Legal
Cf, MacCormick,ReasoningLegaland
Theory, 100 ss.,no ambitode uma

second-onde
Theory
of a justification;
cf.ambém
Justification,
ofCommon-Law
Types
SumateRs,
Two
Cornell
(1978),
ofSubstantive
L. Rev,63
Reasons:
TheCore
735ss; FETERIS,The
Considerations
autilizagio
WeighingBalancing
RationalReconstruction
i n the
of
of
Justification
and
Judicial of
Teleological-Evaluative
on theBasis
Decisions,
consequencialista
deuma argumentagio algo
constitu
(2008),
RatioJuris 21
deindiscutivel
488;
na analise
econémiea exemplo, The
dodireitoef,por PosNeR,
of
Problems
Jurisprudence
(Cambridge,
1990),
Mass,/London353ss; no mbito deum a orientagio judicial,
pragmitica dadecisio
cf Pose, HowJudges Mass,/London
Think(Cambridge, 2008), 230ss

408
6.254CONSTRUGAO
DA DECISAO

(de
consequéncias
uma acgio porexemplo),
ou deuma decisio, entio hi
minimizaros efeitos
queprocurar ¢maximizaros efeitos
inconvenientes
desejavei:
Perante do
3.2.Escolha critério
o afirmado,coloca-se a questo desaber quecritériospodem ser
utilizadosna concretizagao deefeitos indeterminados". A resposta mais
Sbvia Ãde
©a queha que darrelevancia aos principiosformais e aos respec
tivos principios
so deve
materiaisqueesto subjacentes
optimizar principioo de de
justiga,
a
regra
confianga
ou de &
plicével™.
A deci-
eficiénciaque
subjaz.aregraaplicavel, pelo quetudose resume a saber qual a decisio

é
que(amais)
Porexemplo:
correcta em termos dejustiga,
se uma das partes do contrato
deconfianga ou deeficiéncia.
que verificou
alegar se uma
alteragioanormal das c ircunstdnciasaps celebragio
a sua (cfr.é
art. 437%,
n? 1,CO), o tribunaltem deponderar se,em termos dejustiga, melhor
manter 0 negécioinalterado ou permitir a sua resolugio ou modificagao.
‘Também
hacasos certamente aindamaisdificeisderesolvernos
~ ~

quais a construgiodadecisio requeruma ponderagio entre variosprin-


cipios quefornecem solugdes opostas.Porexemplo: perante a declaragio
deinconstitucionalidade
dajustiga,
declarada
a declaragio
produz
inconstitucional
efeitos
desdea entrada oTC
deuma norma, tem dedecidirse,emnome
e m vigor
ou se,em nome daconfianga,
danorma
esses efeitos
devemser restringidos no tempo (cfr.
art. 282.°,n24,CRP).

right
4. “No answer?―
4.1, Apresentagio
doproblema
Quando juridico
o efeito definidopelaregra juridicaforindeterminado,
0
aplicadorregra
dessa tem deo a
concretizar través
de uma ponderagio
ou
Nashipéteses
valoragao, em quea decisiotem deser encontradaatravés
ponderagio,
desta coloca-se desaber
a questio se o direito
permite
con-
cluirquehauma tinicaresposta
correcta
para
cada Importa
caso concreto.

»

an alguns para
Sobrea discussioe de
diversas
critérios aescolha
racionalentre alter
nativasdedecisio,
Folgenorientierung
ef: DeckERT, Rechtsanwendung
(Miinchen in der
1995), 158ss; consideragio
critico perante
a dadecisio,
dasconsequéncias of LUHMANN,
Rechtssystem
©
und
Rechtsdogmatik
aplicagio
Sobrea importancia
dosprincipiosna 40
ss.
(Stuttgart/Berlin/K6ln/Mainz
do diteito,
1974),
cf.Dworkin,The 1984
Lecture/Law's
McCorkle
Ambitions (1985), forItself, Va.L.Rev.
71 176ss

465
SOLUGAO
DE CASOSCONCRETOS

determinar,porexemplo,
se a tinicapenadeprisio a dex anos,
correcta ¢
sea tinica adequada
indemnizagio dos danos
para reparagio naopatri
a
0 domontante y ou se a tinicamodificagao
¢
moniais correcta docontrato
Gaquela
que0
que lheatribui
contetido
o contetido
dodireitonao é i z, baseado
DworK1N,
ndeterminado
e
fornece
de
no postulado
que,por isso,
afirm:
o
de
juz
no exerce qualquer
discricionariedade’,
uma resposta
tivaa esta questo,entendendo aplicador
quecada écapazdeencontrar
correcta".
a inica resposta
‘Numplano juridico,
estritamente
nem numa dimensio ontolégica o
problema
(relativa
naotem deser discutido
deuma verdade
&existéncia ou
correcciosi mesma),
em

possibilidade
nem numa
deconhecer a verdade dimensio
gnosiolégica
correccao)'s,
ou a &
(respeitante
bastando discuti-lo
numa dimensio puramente metodolégica. Nesta dimensio,se pode
s6
aceitar quepossaexistir uma tinicadecisio correcta deum caso conereto
admitindo-se que0 método juridico é
capaz defornecer um critério
que
permite
controlarse
decisiose
Dworkin afasta
daquela
deveria
ter
sido
a
entende quehé um método
que
queassegura
dedireito[..]Ãverdadeira
proferida.
uma tinicaresposta
correcta: “uma
proposicio © se a melhorjustifica-
a0quese pode fornecer parao conjunto deproposigdes dedireitotidas
doquea favor favor
dessa
como estabelecidas
fornece um argumento
daproposigéo contraria―
melhor
ou “se
a
fazparte
proposicio
damelhor justifi-
oferecer
cacao para
quese pode
como estabelecidas―*.
0 conjunto
Semquestionar
deproposigbes
a importincia
juridicas
do método,
tidas
a ver-

é um
dade que,
aindaquehaja “método
se elefoiefectivamente seguido na decisio d o
pode
infalivel―,
caso,
sempre
pelo que
discutir-se
nunca pode
havera certeza dequea deciséo proferida era a tinicadeciséocorrecta―.
®
Cf Dworkin, TakingRights Seriously(Cambridge (Mass) 1977),31ss.
%
CEDworkin,No Right Answer, in HackER/Raz (Eds,
Law,MoralityandSociety/
Essays
1985),
in H. AMatter
of=
Honourof L.A. Hart (Oxford
NY.UL Rev.$3(1978), 1 ss.= Dworki,
119sj sobreo problema, cf.Brrtwer,
58ss. Dworkin,No Right
1977),
Principle
Cambridge,
Rechtalsinterpretative
Answer?,
Mass,/London
Praxis/Zu
Ronald
%

Related
allgemeiner
Dworkins
Acentuando
Theorie
Right
a base
desRechts
cognitivista
to theOneRight Answer
daOne
Thesis,
1988),
(Berlin
Answer
215ss.

Thess,
2 (1989),
RatioJuris
of.WROnLewsk1,
245.
Problems
%

©
Dworkin, 28
s.e Answer,
critica,
Dworkin& Contemporary
A
NY.ULL.Rev.
¢
53(1978), 30; Dworkin,Matter
CE,mumaoutra perspectiva Woozi.Y,No Right i n COHEN
Jurisprudence (London1984),
ofPrinciple,

173ss, Peczentx,
142 143,
(Ed),
Ronald
OnLawand
2,
Reason255;AaRNIO, Essays on theDoctrinalStudyofLaw, 1668s.

466
6.254 CONSTRUGAO
DA DECISAO

Ecerto queHércules
0 jui:imaginado
~

porDworkIN como sendo


dotadode“pericia,
erudigao, e sagacidade
paciéncia sobre-humanas
=

qualquer
nio teré dificuldade
em acertar na tinica correcta,
resposta
mas ¢
muito quealgum
duvidoso desprovido
juiz.
daquelas
capacidades
sobre-humanas
possaalguma queencontrou essa res
vez assegurar
Imaginar
posta. o contririo nio passa, conhecida
numa expressio, de
sonho――,
um “nobre

ws,razoabilidade
4.2. Certeza
O entendimento dequehauma tinicaresposta
correcta mostra-se,nas
suas premissas
positivismo essenciais,
mais
ea deque0 juizsé
da
radical:a
bastante
de que o
préximo
tem dea descobrir.
ja
sistema
Porisso, nao¢
a
defendida
orientagio
contém resposta
pelo
correcta
facilcompatil
zat a right
answer thesis com. uma orientagio naopositivista. Mesmoque
se defenda que resposta
a correcta tem de ser procurada, ndo nas regras
dosistema, mas nos seus principios, is 0 substituium “positivismode
regras―“positivismo
porum de principios―,
A
right
¢answer
que possivel
thesis
atingir
éainda criticivel
a tinicasolugio
numa outra perspectiva. Aceitando
correcta docaso,a discussio sobre
a correcgaodequalquer decisio ficarestritaa uma opgio entre uma res-
posta favordvel euma resposta desfavordvel. Estacircunstinciadiminuia
margem legitimagao
de
consideradas
recta implica
das
incorrectas,
d ecisdes
a sua qualificagio
¢
porquequalquer
aumenta

como decisio
as hipéteses
desvio d a
deelasserem
tinica
incorrecta.
solugiocor-

Esteinconvenientepode ser evitado se,em vez dese insistir no cri-


tério correcta,s e utilizarum mais abrangente
datinicaresposta e mais
facilmente controlavel de“aceitabilidade
critério racional―
ou de

»Dworkin,
Dream,
TakingRights
Essays
i n Hat,
Seriously,
CEHarr,American
Jurisprudence
Jurisprudence
in
105,
through
English
Byes:Nightmare
Philosophy
and (Oxford
1983),
The andtheNoble
132s

Reasoning, ss,ef.=
40 Cf.AaRNt0,TheRational
as Reasonable,
188ss.  ¢225 também
AARNIO/ALEXY/
Pzczestx,
TheFoundation
ofLegal (1981),
RTh12 275 AARNIO/ALEXY/
Prczentk, der
Grundlagen juristischen
Argumentation, in
(Eds),
KRAWIETZ/ALEXY
podem
‘86
juristischer
Metatheorie
pretender
Argumentation
1983),
(Berlin
ser “racionalmente 54, referindo judiciais
queasdecisbes
quadro juridica
fundamentiveis
no daordem
vvigente’;
Neumann, i m Recht/Zu
Wahrheit
(Baden-Baden
Denkform 2004), 3s. Legitimitat
Problematik
und
einer
fragwirdigen

467
SOLUGAO
DECASOSCONCRETOS

razoabilidade
posta
dadecisio",Porexemplo:
correcta,a decisdo uma
segundo
queaplicoupena priséo
de 0
eritério
tem
datinicares-
deser qua-
lificadacomo incorrecta sempre que penaaplicada afastado,
a se tenha
para maisou para
diferentemente, segundo um
essa decisio
da
menos,tinicamedida
critério
dapena
é
que por correcta;
daaceitabilidade
considerada
tida

racionalou de
medida da
razoabilidade, pode do é
ser correcta se a
penaaplicada se encontra entre as margens que racionalmente acei-
tavelou dequeé razoavel.

©
Sobrea distingio
entre a racionalidade cf,Rawts,
e a razoabilidade, PoliticalLiberalism
York1993),
(New TheReasonableness
48ss; ALEXY, andLaw,in BONGIOVANNI/SARTOR/
(Eds), andLaw(Dordrecht/Heidelherg/London/New
Reasonableness York
(noice
NOGOES
INTRODUTORIAS
§
1" Estupo po pirerro,
deanilise
1. Perspectivas 1s
1. Perspectiva
estitica 1s
1.1,Generalidades 1s
1.2,Visiodindmica dodireito 15
1.3,Visioestiticadodireito 7
14, Perspectivaadoptada 7
2.
Perspectiva
objectiva
2.1. Generalidades
2.2.Direito objectivo
7
7
7
2.3.Direito subjective 18
24, Perspectiva
adoptada 19
IL.
Disciplinas
juridicas
1,Histéria
doDireito
2. Sociologia
doDireito
19
19
19
2, Nogio 19
2.2. Modalidades 20
do
3. Filosofia Direito
3.1. Nogio
3.2.Correntesjusfiloséficas
20
20
20
dedireito
3.3. Definigbes a
4, TeoriadoDireito 23
4.1.Nogio 23
4.2,Distingio 24
43, Teoriaw spratica 24

409
INTRODUGAO
AO DIREITO

1.Nogio do
IIL,Ciencia Direito

2. Distingdo
2.1,Sociologia
2.2,Filosofia
do do
Direito
Direito
doDireito
Feoria
3 Caracterizagio
3.1,Generalidades
3.2.“Ciéncia
doespirito―
especificos
3.3.Valores
3.4,Metodologia
4. Fungdes
juridica
Construgio
5.1,Ambitodaconstrugio
5.2,Doutrinajuridiea
6. Histé
6.1.Linhas
de
6.2.Evolugio
evolugao
recente
desolugio
6.3.Critérios
7. “Geografia―
IV, Cignciasauxiliares
1.DireitoComparado

3. Cignciado
2. Politica Direito
Econémica

Parrel
ELEMENTOS
DETEORIADODIREITO

Tirvtol
DA ORDEMJURIDICA
DELIMITACAO
ORDEM
§22 SOCTALENORMATIVIDADE

Sere
1.
dever
1,
ser
distingio,
Apresentagio da
41
41
da
Aspectos
distingio
LL.
1.2,Verdade e validade
1.3.Validadee
41
43
violagio 45
da
distingao
Consequéncias
abE
2.

naturalista―
2.1, “Falicia
2.2.
Confirmagio dafalicia

470
inpice

3. Deverser e querer 48
Il, Normatividadedaordemsocial 49
1,Generalidades 49
2, Ordensnormativas 49
social
Interacgao 50
de
3.1,Modelosinteracgio
3.2.Grupos
¢instituigdes
dasinstituigoes
3.3,Fungdes
50
50
Bt
3.4,Institucionalismo
juridico 52
e
IIL,Ordemsocial ordemjuridica 53

Reps
Sociabilidade
humana 583
Necessidade
.. dodireito S4
.Caracteristicas
dodireito 35
.Normatividadedodireito 55
4.1,Ordem dedever ser 55
4.2,Correntesrealistas, 56
5, Prevalencia
doditeito 57
IV. Delimitagio da
normatividade
1, Normatividade
11. Origens
e natureza
57
57
57
1.2,Caracteristicas 38
2, Normatividade
e técnica 60
2.1.Generalidades 60
2.2.Distingio 60
2.3.Confluéncia 62

Orpen
§3! yuri
Eaas
dodireito
1, Posigio
1. Condicionantes
dodireito
1. Envolventedodireito
1.2,Naturezadascoisas
2.Subsidiatiedadedodireito 64
2.1,Justificagao
dasubsidiariedade 64
2.2.Protecgao debensjuridicos 66
2.3.Espaco livrededireito 66
Favor libertatis o7
3.1. Generalidades 67
3.2. Regeaspermissivas 67

a
INTRODUGAO
AO DIREITO

II, Fungdes
1.Fungio do
direito
constitutiva
LL. Construgio
1.2,Atribuigto da
realidade
de
razées
2, Fungiopoliti
2.1,Combate&anarquia
2.2.Combateao totalitarismo
.
social
Fungio
4. Fungio
pacificadora
oe moral
1.Generalidades
2. Critério
dedistingio

3, Relagies
do
2.1,Enunciado critério
2.2.Apreciagiodocritério
miituas
Generalidades
3.1L,
deanilise
3.2.Perspectivas
3.3.Perspectiva empirica
34, Perspectiva
normativa
daseparagio
‘Tese
IV, Direito
ejustiga
1.Generalidades
2, Modalidades dajustiga

2.2.Legale
2.1,Distributivacomutativa
ou geral
2.3,
3,JustigaJustiga
social
material
V, Direito e democracia
1. Generalidades
2. Regime democritico
de
2.1.Fungiolegitimagio
2.2.Blementosdademocracia
e
VI. Direito Estado
1.Generalidades
2. Anisedasrelagoes,
de
2.1. Estado direito
2.2. “Paradoxo
dasoberania―
3. Direito sem Estado

ay
inpice

geral e
$4!OnpeMjuRipICAIMPERATT
DADE
1,Enquadramento 1
1, Imperatividadedodireito 1
2. Coacgio e coercibilidade 92
3.Caracteristicasdaordem juridica 92
IL, Desvaloresjuridicos 92
1.Generalidades 92
2. Desvalordecondutas 93
3.Desvalores deactos 93
3.1.Tlegalidade 93
3.2.Inexisténcia 93
3.3,Invalidade 94
34, Ineficécia 94
IIL.
Sangdes
juridicas
1, Generalidades
11. Nogio desangio
94
94
94
dasangio
1.2, Significado 95
1.3,Finsdassangoes 95
14, Regras
sancionatérias 96
15. Desvalor
juridico
e
sangio 98,
2. Delimitagio
dassangoes 98,
2.1.Generalidades 98,
2.2.Concretizagio 99
3. Modalidades
dassangbes 99
3.1,Generalidades 99
3.2.Sangies
preventivas 100
compu!
3.3.Sangoes 100
3.4,Sancdes
reconstitutivas 101
3.5, Sangdes
compensatérias 101
3.6, Sangdes
punitivas 102
IV. daimperatividade
Actuagéo 103
1,Generalidades 103,
e
2. Imperatividade
coacgio
2.1,Imperatividade
coactiva
2.2.Leximperfecta
103
103
103

3. Soft
23. law
coergio
Coacgioe
104
104
3.1.
de
Nogiocoergao
dacoergio
3.2. Fungoes
inalidade
dacoergio
104
10s
105

a3
INTRODUGAO
AO DIREITO

4, Regrasde
coergio 106
4.1.Generalidades 106
estadual
4.2.Coergio 106
5, Problemas
dacoergio 106
da
5.1, Violagio
coergio
sobre
5.2,Coergio coergio
106
107

detutela
5°OnDEM
§
juridi
JURIDICA
E
TUTELA
sURIDICA
109

da
1. Necessidade
tutela
2. Concretizagio
dosmeios
2.1.Autotutela
109
109
109
2.2.Heterotutela 109
de
IL,Melos autotutela
1.Generalidades
defesa
2. Legitima
110
110
ul
2.1.Enquadramento ul
2.2. Requisitos Ml
Direito deresisténcia 112
4, Estadodenecessidade 112
4.1, Enquadramento 12
4.2.Modalidades 12
4.3.Requisitos 113
5, Acciodirecta 14
5.1,Enquadramento 14
5.2.Distingio, rey
5.3.Requisitos 4

Térutol
REGIMEDASFONTES DODIREITO

62 SIsTEMAS
§ DEDIREITO
1.
Comparagio
juridica
1.DireitoComparado
LI. Nogio
7
7
7
1.2.Ambito 7
1.3.Caracteristicas us

dedos
2. Critériosclassificagio
2.1. Enunciado critérios
2.2.Apresentagio
daclassificagio
us
1s
1s

6
inpice

2.3,Indicagio
IL,Sistema da
sequéncia
romano-germinico
1.Formagio
19
119
19
2.Caracteristicas 119
120
3.1,Generalidades 120
decédigo
3.2,Nogiio 120
3.3,Bpocas
dacodificagio. 120
da
3.4,Apreciagio
codificagio
4, Direitopiiblico
e
4.1,Enquadramento
privado,
121
122
122
4.2,Critérios
dedistingio 122
IIL Sistemadecommonlaw 123
1, Formagio 123
2, Caracteristicas 124
2.1,Valor
dajurisprudéncia 124
2.2.Outrascaracteristicas 124
IV. Sistemamugulmano 125,
1, Formagio 125,
2. Caracteristicas 125,
2.1.
Base religiosa 125
2.2.Adaptagio &realidade 125

§72 DELIMITAGAO
DASFONTESDODIREITO
1,Delimitagio
positiva 127
1, Generalidades 127
LI. Nogio 127
1.2,Formagio
dasfontes
1.3.Limitesdasfontes
14, Linguagem dasfontes
127
129
129
2, Enquadramento 130
2.1.Fungées
doEstado, 130
legis
2.2.Acceptatio 131
3. Bspécies 131

ee
3.1,Intencionaisnaointencionais,
3.2.Mediatas imediatas
131
131
Internase
3.3.
3.4,
externas

ecomplexas
Simples
132
133
IL. Delimitagio
negativa 133
1. Doutrina 133

5
INTRODUGAO
AO DIREITO

LL.Enquadramento 133
1.2,Direitoportugues 134
2, Jurisprudéncia 134
dajurisprudéncia
2.1,Fungoes 134
2.2.Papel
dajurisprudénei 135
24, Oriemtagdes
doutrindrias 137
2.5,Jurisprudéncia
constante 138
26,Jurisprudéncia
uniformizada 139
27. Uniformizagio
dejurisprudéncia 139
2.8,Valordauniformizagio 140
2.9.Conversio
dosassentos 41

§.8 MopaLtpaDes DAsFONTESDODIREITO


1.Fontes externas 143
1,Direitointernacional 143
2,
Direito europeu
2.1,Modalidades
2.2, Fontes
143,
143
44
II, Fontesinternas imediatas 145,
1. Generalidades 4s,
2. Lei 14s
21. Nogio 14s
2.2,Leismateriais¢formais 145
2.3,Actosnormativos 147
24, Actoslegislativos 47
2.5,Actosregulamentares 148
Actos
26,
atipicos
27, Ambito
Ambito
territorial
49
v9
28. legal 150
3, Normascorporativas 1s0
3.1,Enquadramento 1s0
3.2.Nogio 1s0
3.3.Valor is
dalei
4, Caracteristicas Isl
41. Generalidades 1s
Carieter
4.2.
abstracto
Cardeter
4.3.
geral
1s
152

das
44, Importincia

das
8.Costume
caracteris
caracteristicas
45. Conjugagio
153
Is¢
Is,

76
inpice

5.1,Elementos docostume 184


5.2,Formagio

5.4.Costume
do
5.3,Modalidades
costume
docostume
e desuso
156
187
187
5.5,Relevincia legal 158
5.6,Costume jurisprudencial 160
TIL,Fontesinternasmediatas 160
1.Generalidades 160
2, Usos 160
2.1.Perspectiva deanilise 160
Condigées derelevincia 161
2.3,Previsiolegal 161
24, Valorlegal 161
2.8.Usoecostume 161
3. Jurisprudéncia
normativa 162
4, Fontesdodireitoprivadas 162
4.1.Nogio 162
4.2. Exemplificagao 162

§
92 VicisstruDEsD asFONTESDo DIREITO
1. Desvalores
doacto normativo 165
1, Generalidades 165
2. Concretizacio 165
Inexisténcia 165
Invalidade 165
Ineficécia
3. 166
dasfontes
TL Publicagao 166
1, Regime dapublicagio 166
LL. Necessidade
dapublicagio 166
oficial
1.2.Publicagio 166
1.3,Formasdepublicagio 167
14,Bfeitos dapublicagio 167
2. Publicagio e disponibilizagio 168
3. Rectificagtodapublicagio 168
3.1.Admissibilidade darectificagto 168
3.2.Retroactividade darectificagao 168
3.3, Valiadotexto rectificado 169
4, Ignorantia
iuris 170
IIL, Entrada
em
vigordalei 170
1, Generalidades 170

a7
INTRODUGAO
AO DIREITO

2,
Vacatio
legis
Nogio
devacatio
Prazos
170
170
170
2.3.Contagemdoprazo 71
imediata
3, Vigéncia 71
deinteresses
4, Protecgio 172

4.2.
IV, Vicissitudes
do
4.1,Garantia conhecimento
Factos
intermédios
davigéncia
dalet
172
172
173,
1. Generalidades 173,
2,
2.1. avigéncia
Impedimento
Requisitos
2.2.
173,
173
173,
Coneretizagdes
3,
da
Suspensio
vigencia
3.1,Generalidades
3.2.Modalidades,
174
174
174
4. Cess 174

S.L. da
5, Caducidade
Vigéncia
lei
temporiria
5.2. Faltadepressupostos
174
174
175,
6. Revogagio dalei 175,
6.1.Nogio 175,
Lei e
6.2. revogada
da
6.3.Modalidades
64, Revogacio
revogatéria
revogagio
ticita
175
176
77
6.5.Bfeitossistémicos 179
6.6,Revogacio
e aplicabilidade
67. Naorepristinagio
180
Isl
68.
7. Problemas
de¢
Revogacio
remissio
hierarquia
Isl
182

610 HreRaRQuta
DAsFONTESDODIRETTO|
1. Relagdes
dehierarquia 183
1.Generalidades 183
LL.
Fontese
regras
da
1,2.Determinagiohierarquia
183
184

2. da
1.3.Relevncia hierarquia
Stufenbautheorie
2.1. Apresentagio
184
184
184
2.2.Apreciagio 185

18
inpice

TL,
Hierarquia
dinimica
1.Generalidades
186
186
LL.
da
Pressupostos
da
anilise
1.2,Resultadoanilise
ntes externas
186
187
187
Direito
2.1, internacional
2.2,Direitoeuropeu
ternas
187
188
188
regulamento 188
3.2.Actoslegislativos 188
3.3.Actosregulamentares 189
e
34. Lei costume
3.5,Normascorporativas
3.6,Fontesmediatas
190
190
190
Ill, dahierarquia
Debilitagto 191
Concretizagio
1,
2, Regimesubstitutiva
dadebilitagio
2.1. Fontes
constitucionais,
191
191
191

IV. Fontes
2.2.
ordindrias
da
Modificagio
hierarquia
1, Generalidades
192
192
192
2. Limitesdamodificagio 192
damodificagao
3. Resultados 193
na hierarquia
3.1.Diferenciagio 193
dahierarquia
3.2,Equiparagio 193,
V.
1, de
invalidades
Espécies
Invalidade
originaria
LI. Generalidades
194
194
194
1.2.Coneretizagio 195
2. Invalidade
superveniente 196

‘Tiruto
Il

E
REGRAS PROPOSIGOES

G11Caracrerizagio
JURIDICAS
pa REGRAJUREDICA
L. Nogdes
gerais 197
juridicas,
1, Fontese regras 197
LA. Revelagiodaregra 197
1.2,Interpretagio
2. Regras da
fonte
e proposigdes
198
199

479
INTRODUGAO
AO DIREITO

Generalidades 199
Descrigdo
ws,preserigto 201
logicas
Diferengas 203

dadas
24, Logica regras 204
IL, Estrutura regra 206
1,Generalidades 206

2, Previsio
dos
1,1,Enunciadoelementos
1,2,Caracteristicas
doselementos
206
206
207
2.2.Fungoes da
2.1,Blementos previ
daprevisio
2.3.Modalidades
daprevisio
207
207
208
3, Operador
dedntico
3.1,Generalidades
dedntica
3.2.Tripartigio
208
208
209
3.3,
Relagdes
dednticas
34, Dualidade
daper a0
209
210
4, Objecto 210
Determinagio
4.1, do
objecto 210
4.2.
e
Condutaspoderes
43. Efeitos
juridi
5, Previsioe estatuicio
210
212
213
S.L,Justificagdo
daestrutura 213
5.2.Anilisedasrelagoes 214
IIL,
Caracter
1, hipotético
Regrashipotéticas
LL. Caracteristicas
216
216
216
Consequéncias
1.2. 217
Categorias
2. defactos 218

Legal
3,
defeasbility
Regras
4,
categéricas
219
220
IV.
1. do
Aniliseimperativismo
Orientagoes
LL.
imperativistas
220
220
220
Origens
Byolugio
1.2, 221
do
Apreciagio
2.

dada
Distorgio
2.1.
imperativismo
realidade
2.2. Unilateralidadevisto
221
221
222

480
inpice

§122
doobjecto
1,Critério
1,Generalidades
JURf
MopatipapesDE REGRAS

2. Coneretizacio
2.1,Regras
primarias
2.2.Regras
Il, Critério secundirias
doambito
1.Generalidades
2, Regras
especi
2A.Nogio

3. Regras
espe
3.1.Generalidades
3.2.Especialidade
material
3.3,Bspecialidade
pessoal
territorial
34, Especialidade
4. Regras
excepcionais
4.1. Generalidades
4.2. Fundamentos
5. Regimes
préprios
S.L.Revogasio
Prova
dadisponibilidade
IIL.Critério
1, Regras
injuntivas
supletivas
2. Regras
da
3. Critérios
qualificagto
davinculagio
IV. Critério
1.
2. de
Regras
resultado
Regras técnicas
V.
1, de
Espécies
Regras
regras
definitérias,
11.
Nogio
1.2,Fungio
1.3,Importincia
deremissio
2. Regras
21. Nogio
2.2. Justificagio
3. Regras
de
presungio
3.1. Nogio
3.2.Modalidades

481
INTRODUGAO
AO DIREITO

3.3,Importineia 235
legais
4. Ficgdes 235
5, Regrasdeconflitos 236
6, Regrasauto-referenciais 237

TirvLolV
REGRASE
SISTEMA JURIDICO
§132 Construgao
po sistema yun
1. Caracteristicas
dosistema 239
1.Generalidades 239
11. Nogio desistema 239
1.2,Pertengavs, aplicabilidade 240
1.3,Importincia dosistema 241
2. Formagio dosistema 241
2.1,Generalidades 241
Produgioe
2.2.
do
Tl. Componentes
recepgio
sistema
241
242
1.
Princfpios
juridicos
1.1.Modalidades
242
242
242
jos
programiticos
1.3,Principios
formais 243,
14, Principios
materiais 243
1.5.Critério
deoptimizagio 244
2. Principiosregras 246
2.1,Critério
comum 246
dos
2.2. Aplicagio

de
prineipios
2.3.Compatibilidade regras,
246
248,

dos
24. Axiologia principios
deconffitos,
2.5. Resolucao
3. Blementosinferidos
249
250
251
3.1,Generalidades 251
Blementos
3.2.
implicitos
Blementos
3.3. derivados
251
282

1. doda
TIL,Autonomia sistema
Pressupostos
autonomia
253
253
e
2, Validadeautonomia
2.1. Generalidade
2.2.Normafundamental
253
283
283
2.3,Regra
dereconhecimento 254

482
inpice

24, Apreciagiocritica 255


3. Construgiodaautonomia 256
3.1,Regradeselecgio 256
da
3.2,Fungioregra
da
3.3,Explicitagdo regra
34, Limitesdaautonomia
287
258
258
IV.Funcionamento dosistema 259
1.Generalidades 259
2. Construgiodosistema 259
3.Consivénciadosistema 260
3.1.Prinefpio
daconsisténcia 260
3.2.Tiposdeconsisténcia 261
3.3.Conflito
normativo 262
3.4,Resolugiodoconflito 264
do
4, Abertura sistema
4.1.Necessidadedaabertura
4.2,Flexibilidade
dosistema
265
265
266

§
42 Srroagoes
sumjeerivas
1. Enunciado
dasfontes 267
1, Generalidades 267
2. Concretizacio
doobjecto 267
2, Conduta 267
2.2.Poder 269
relativas
3. Situagies e absolutas 270
daacgio
Tl, Légica 270
1, Generalidades 270
2. Incoerénciapragmstica am
deconflitos
3. Espécies 272
3.1. Colisiodedireitos 272
3.2.Conflitodedeveres 273
dosconflitos
4, Solucdo 273
4.1.Direitopositivo 273
4.2,Pérmuladeponderagio 274
8. Valor facie
prima 276
5.1.Condigaopragmatica 276
5.2. “Razdes
excludentes― 277

of
5.3. Defeasibility
duties 278

483
INTRODUGAO
AO DIREITO

Tire. ¥
APLICAGAO
DALEINO TEMPO

15 Dinero TRANSITORIO
§ FORMAL

geral
1. Enquadramento
do
1. Enunciado problema
279
279
2.
3, Exemplificagio
Principios
casuistica
orientadores
3.1,Referencias
daLN
280
280
280
3.2.Fundamentos
dosprineipios 281

Il.
Direito
Nogio
1.
dos
33. Enunciado prineipios
transitério
281
283
283
2, Modalidades 283

2.3.
das
2.1,Enunciado modalidades

deconflitos
283
283
283
Regras
IIL,
do
Solugées
conflito
1,Bnunciado
284
284
2. legal
Regime 284
Anilise
geral
2.1.
2.2. Tituloconstitutive
284
285
285
metodolégica
2.3.Orientagio
285
imediata
1. Aplicagao daLN 285
11.Factos juridicos 285
1.2,Efeitosinstantineos 286
1.3,
Situagoes
2. Sobrevigencia
juridicas
daLA
2.1.Generalidades
286
287
287
de
2.2. Condigoes

de
validade
2.3. Contetido situagoes
3. RetroactividadedaLN
287
288
288
3.1. Generalidades 288
3.2.Admissibilidadedaretroactividade 289
3.3.Limites&retroactividade 289
Lei
34, retroactiva
3.5,Leiinterpretativa
289
290
3.6,Retroactividade
37. Grausderetroactin
mitius 291
292

a6
inpice

4, Retroconexio
daLN 294
4.1.Generalidades 294
4.2,Modalidadesdaretroconexio 295
4.3,Limitesdaretroconexio 295
44, Consagragiodaretroconexio 296
V.Critério
supletivo
especial
1.Generalidades
2. Aplicagiodoregime
296
296
296
2.1.Diminuigiodoprazo 296
2.2.Aumento doprazo 297
3. Campo deaplicagio 297
3.1.Extensio 297
3.2.Restrigio 297

ParreIl
ELEMENTOS
DEMETODOLOGIA
DODIREITO

Tirvtol
INFERENCIA
DA REGRAJURIDICA

162LincuaGeMF pIREITO
§
1.Generalidades 301
1,
Regrase
linguagem
dalinguagem
2.Dimensdes
Il, Dualidade
dalinguagem
301
302
302
1,Generalidades 302
2.
Conceitos
Nogio
21.
determinados
2.2. Modalidades
304
304
304
3.
Conceitos
3.1.indeterminados
Nogio
3.2.Preenchimento
305
305
305
3.3,Exemplificagio 306
34. Concretizagio 307
4. Tiposlegais 307
4.1,Nogio 307
4.2. Classificagio 308
IIL,
Redugio
tipolégica
1. Classificagio
2, Conceito
vs, ordenagio
vs tipo
308
308
309

485
INTRODUGAO
AO DIREITO

Generalidades 309
Prevalencia
dotipo 310
e
IV.Divisiopartitio
dadistingio
1.Apresentagio
312
312
dada
LL. Termos distingio
1.2,Consequéncias
distingio
312
312
2, Relevincia
2.1. da
distingto
Apresentagio
2.2.
312
312
313
Exemplificagio
617!HeRMeNéurica
&pIREITO

normativa
1, Hermenéutica
1,Normatividade
dacompreensio
315
31s
1,1,
Premissas
fundamentais
inferencial
1,2,Semantica
2, Relevincia
dapré-compreensio
315
317
319
juridica
TI,Hermenéutica 320
1. Enquadramento
geral 320
da
11. Fungointerpretagio
e
aplicagio
1.2.Interpretagio
320
321

2. da da
1.3,Normatividade
interpretagio
Fungiosubsungio
2.1,Papel
dasubsungio
323
324
324
2.2,Operagio
desubsungio 325,
dasubsungio
2.3,Natureza 325
24, Subsungao
e concretizagio 327
juridica
3. Interpretacio 327
do
3.1,Perspectiva intérprete
dainterpretagio
3.2. Objecto
3.3.Assimetriadoobjecto
327
327
328,
34, Necessidadedainterpretagio 329
3.5.Proibigio
dainterpretacio 330
4, Dificuldades
da
interpretagio
4.1,Generalidades
4.2,Ambiguidade sintéctica
331
331
332,
4.3.Ambiguidade semantica 333
44, Vagueza ou
porosidade 334
45. Modificabilidadedosignificado 335,
46. Dificuldadesespecificas 335
47, Resolugio dasdificuldades 335

486
inpice

§18! INTERPRETAGAO
DA LET
1,Generalidades 337
1,
Aspectos
relevantes
2.Cardcter
normativo
337
337
da
Tl, Finalidadeinterpretagio
1,Generalidades
1.1,Subjectivismo
338
338
ys.
objectivismo 338
1.2,Semantica
wspragmética 340
2, Orientagies
object 340,
Justificagio 340
2.2.Consequéncias 343
3. Direitoportugues 344
3.1.Generalidades 344
subjectivistas
3.2.Tendéncias 345
3.3,Tendéncias
objectivistas 345
34, Conclusio 347
IIL.Elementos
da
interpretacio
1, Fungio
2. Enunciado
347
347
348
2.1. Generalidades 348

24,
Letra
2.2.
2.3. espirito
dos
Hierarquia
de
elementos
349
349
350
Meta-regraprevaléncia
3. Valor
doselementos 351

IV, de
4, Modelos
interpretagio
literal
Significado
1, Generalidades
351
352
352
2. Histor no vs. actualismo 352
3.
do
Concretizacio
elemento
3.1. Generalidades
3.2.Dimensiosemintica
352
352
353
4, Valordaletra 355
4.1,Limiteslegais 355
4.2,Limiteminimo 356
5. Significado
provisério 356
V. Elemento
historico 357
1. Generalidades 357
objectivos
2, Aspectos 357
3. Aspectos
subjectivos 358
evolutivo
4, Aspecto 358

487
INTRODUGAO
AO DIREITO

VI.
Elemento
sistemstico
1.Generalidades
11. Enquadramento
1.2,Importincia

.
ws,
istoricismo actualismo
doelemento
Coneretizagio
3.1,Generalidades
3.2,Relagio
decontexto
3.3.Contextovertical
34,Contextohorizontal
3.5.Principio
daconsisténcia
VIL.
Elemento
teleolégico
1.Generalidades
1,1, doelemento
Delimitagio
da
1.2,Relevancia
estatuigio
vs, actualismo
2. Historicismo
2.1.Generalidades

doelemento
Concretizagio
1. Generalidades
3.2.Factoressistémicos
3.3,Avaliagiodasconsequéncias
34, Regrasdaexperiéncia
4, Importanciadoelemento

4.2.Fungio da
4.1,Interpretagiolei
especifica
doselementos
VIII. Conjugagao
§ DA INTERPRETAGAO
19 RESULTADOS
1. Generalidades
IL,
Interpretagio
1.
Nogio
declarativa

2, Modalidades
IIL,
Interpretagao
reconstrutiva
1,Generalidades
2. Interpretagio
extensiva
2.1. Configuragio
2.2. Exemplificagio
2.3,Delimitagio
3, Interpretagao
restritiva

488
inpice

3.1.Configuragio 377
3.2,Exemplificagio 378
3.3,Delimitagio 379
34. Consequéncias 380
4,Sintese
esquemitica 380
da
regta
IV. Desconsideragio
&let
1.Vinculagio
2. Interpretagio
381
381
381
ab-rogante
21, Caracterizagio 381
2.2.Bfeitos 382
3.
Interpretagio
correctiva
3.1.Generalidades
3.2.Coneretizagio
382
382
382

202 Derecgio
§ pe Lacunas
dalacuna
1, Determinagio 385
1, Falta
deregulamentagio 385
1.1.Generalidades 385
dafalta
1.2.Causas 386
2 Incompletude
no sistema 387
2.1.Generalidades 387
2.2.Possibilidade
daincompletude 387
2.3,Sentidodaincompletude 389
da
24, Detecgao
2.8,Indicios
2.6,Exclusio
incompletude
daincompletude
daincompletude
390
391
392
I
das
Classificagoes lacunas
1. Generalidades
393
393
Concretizacgio
2. 393

ede
2.1. Normativas
regulagio
2.2.Intencionaise naointencionais
393
393
e¢
2.3.Iniciais
subsequentes
24, Patentesocultas
394
394

§
212InrEGRagao pe LAcUNAS
1.
geral
Enquadramento
de
1, Necessidade
integragio
397
397

IL.
Analogia de
2. Critérios
integragio
juridica
1, Generalidades
398
398
398,

489
INTRODUGAO
AO DIREITO

2, Proibigdes
da
analogia
2.1,Regras
penais
fiscais
2.2.Regras
399
399
399)
2.3.Regras
excepcionais 399
24, Tipologias
taxativas 401
.

de
Comunhio qualidades
3.1,Generalidades
402
402
e
3.2,Analogia
e
tipo
3.3.Analogia
valoragio
402
404

3.5.e
34,Analogiaratiolegis

einterpretagio
Analogia
405
406
3.6.
da
Modalidades
analogia
3.7.Criticada
analogia iuris
407
408
IIL,
hipotética
Regra
1.Generalidades
409
409
2,
2.1, da
Construgio
regra
Abstracgio
egeneralidade
dosistema
409
409
409
Espirito
2.2.
2.3.
das
Comparagiosolugdes
Disposigoes
24. especiais,
410
aul
3.
daregra
Caracteristica
Tirutol
41

SOLUGAO
DECASOS
CONCRETOS

222Crrréxtos
§ pe soLugio
1. Generalidades 413,
1. Enunciado 413
2. Ponderagio 413

no
I. Critérios normativos
1. Discricionariedade
2, Bquidade
414
414
414
2.1,Nogio 414
2.2.Antecedentes 415
2.3.
Direito
vigente
dedecist0
24. Critério
IIL, Critérios
normativos
416
416
417
1. Generalidades 417
2, Determinagio
daregra 417
2.1.Generalidades 47

490
inpice

2.2.Cumulagioderegras 418
2.3.Concursoderegras 418
24, Conflito
deregras 419
juridicos
3. Prineipios 419

23 THORIA
§ JURIDICA
DA ARGUMENTAGAO
1, Fungiodaargumentagio 421
IL.Teoriaprocessual 421
1. Generalidades 421
2. Premissas dateoria 422
2.1.Premissas gerais 422
2.2.Relatividade dacorrecgio 424
3. Condigoes dodiscurso 424
3.1.Generalidades 424
3.2.Regras dodiscurso 424
doda
4, Justificagto
4.1.Modalidades
discurso
4.2. Justificagio
justificagio
interna
426
426
427
4.3.Justificagio externa 427
IIL, Dissenso racionale irracional 428
1. Necessidade deregras 428
2. Apreciagio dateoriaprocessual 429

3. Consenso
do
2.1,Insuficiéncia
2.2.Bventualidade
discurso
dodiscurso
vs,dissenso
429
430
431
3.1.Importancia dodissenso 431
3.2.Racionalidade dodissenso 431
3.3,Inracionalidade dodissenso 432

242 ANALISE
§ JURIDICA
DA ARGUMENTAGKO

da
1. Elementos argumentagio
1,Nogio deargumento
2, Bstrutura
doargumento
435
435
435

dedos
3. Ambito
Tl, Matéria
argumentos
direito
1, Generalidades
436
436
436
2,
asimile
Argumento
2.1. Generalidades
2.2. Concretizagio
437
437
437
3. Argumento @contrario 439

491
INTRODUGAO
AO DIREITO

3.1.Generalidades 439
forte
Sentido 440
Sentido
fraco 441
doargumento
34, Delimitagto 442
afortiori
4, Argumento 442
4.1,Generalidades 442
4.2.Coneretizagio 442
4.3.Fungoes 443,
de
IIT,Matériafacto
1. Tiposdeargumentos
LiL.Basedoargumento
443,
443,
443,

2, Argumentos
3, Argumentos
e
1.2,Presungioabdugio
presumptivos
abdutivos
3.1,Origem 445,
3.2.Caracterizagio 445,
3.3,Importincia

252Construgao
§ Da DECISKO
1. Generalidades
vs.justification
1. Discovery

da
regra
2. Precedéncia
3. Fundamentacio
dadecisio
3.1,Necessidade
Importincia
3.3.Tipos
Il,
Correcgao
externa
1. Generalidades
defacto
2. Premissas
2.1. Necessidade
daprova
2.2.Nogiodeprova
Procedural
2.3.
dfeasibility
da
24, Valoracio
2.5.Resultado
prova
daprova
de
3. Premissas direito
3.1,Generalidades
3.2,
da
Selecgao
de
3.3. Formula
regra
III
ponderagio
de
34, Formula
ponderagio
de
3.5.Auséncia regra

492
inpice

4, Determinagiodosefeitos 460
4.1.Generalidades 460
4.2,Modalidades
dosefeitos 460
IIL,Coeréneia
interna 461
1.Generalidades 461
2, Silogismo
judictirio 461
24, Bstrucura 461
2.2.Consagragio 462
3, Esquema
altern: 462
IV.Aceitabilidade
dadecisio 463
1.Generalidades 463
2.
Cardcter
universalizivel
3. Critério
deoptimizagio
463
464
das
3.1,Valoragio
3.2,Escolha
4. “Noright
consequéncias
docritério
answer?"
464
465
465
4.1.Apresentagio doproblema 465
vs, razoabilidade
4.2. Certeza 467

498

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