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UNIDADE CURRICULAR: Etnografias

CÓDIGO: 41101

DOCENTE: Lúcio Sousa

A preencher pelo estudante

NOME: Ana Rita C. Ferreira

N.º DE ESTUDANTE: 2103857

CURSO: Licenciatura Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 06/11/2023

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TRABALHO / RESOLUÇÃO:

Questão 1.

A seguinte frase, presente logo no início da obra "Etnografia em


Casa: entre parentes e aproximações" caracteriza bem o processo
pessoal de confronto com a alteridade experimentado pela autora:

"Eu nem me dissolvo absolutamente na similitude/proximidade/ do


“Nós”, nem me associo totalmente com a diferença do “Outro/Eles”,
esse jogo dependia diretamente das circunstâncias e de questões
conjunturais." Damásio (2020)

Essa frase revela que a autora, ao realizar uma etnografia em


sua própria casa, precisou lidar com a dualidade de ser tanto
pesquisadora quanto parte do grupo observado. Por um lado, ela
compartilhava muitas semelhanças com os seus parentes, o que
dificultava a perceção da alteridade. Por outro lado, ela também se
deparava com diferenças significativas, que a obrigavam a questionar
seus próprios valores e crenças.

A autora descreve esse processo como um "jogo", que dependia


das circunstâncias e das relações estabelecidas com os interlocutores.
Por vezes, ela aproximava-se mais dos parentes, partilhando as suas
experiências e perspetivas, passando a percebê-los como
interlocutores, o que foi um passo importante para o desenvolvimento
de uma relação mais horizontal entre a autora e seus interlocutores.
Todavia, noutros momentos, ela distanciava-se, procurando uma
perspetiva mais objetiva e crítica.

Esse processo de confronto com a alteridade foi fundamental


para o seu desenvolvimento como pesquisadora o que ajudou a
compreender melhor a si mesma e o mundo ao seu redor. A frase

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selecionada é clara e concisa, e transmite de forma precisa o processo
experimentado pela autora. Além disso, ela é relevante para o tema da
pesquisa, que é o estudo do processo de etnografia em casa.

Questão 2.

Os textos de Damásio e de Rodrigues abordam o tema do


trabalho de campo na etnografia. Ambos os textos ressaltam a
importância do trabalho de campo como fonte de produção etnográfica
e como procedimento reflexivo. O trabalho de campo é a fase da
pesquisa etnográfica em que o/a pesquisador/a entra em contato
direto com o campo de pesquisa, com o propósito de recolher dados e
informações. Os dados recolhidos no trabalho de campo podem ser de
natureza qualitativa, como entrevistas, observações participantes e
análise de documentos, ou de natureza quantitativa, como
questionários e levantamentos estatísticos.

Em "Etnografia em Casa", Damásio relata a sua experiência de


realizar uma etnografia na sua própria casa. A autora, decidiu
investigar as relações de género e parentesco da sua família, e para
isso, ela passou um ano a viver com eles, participando nas atividades
quotidianas e conversando com os mesmos. O trabalho de campo
realizado pela autora foi fundamental para a produção da sua
etnografia, pois as entrevistas com seus parentes, permitiram-lhe
compreender as suas perspetivas e experiências, e as observações
permitiram-lhe visualizar as interações e práticas quotidianas.

Em "O Trabalho de Campo", Rodrigues também ressalta a


importância do trabalho de campo como fonte de produção etnográfica.
O autor afirma que o trabalho de campo é "um processo de construção
de conhecimento que se realiza por meio do contato direto com o
campo de pesquisa". (Rodrigues, 2012)

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Rodrigues identifica três tipos de dados que podem ser coletados no
trabalho de campo:

• Dados descritivos: descrevem o campo de pesquisa, incluindo


sua história, cultura, sociedade e economia;

• Dados interpretativos: interpretam os significados dos


fenômenos observados no campo de pesquisa;

• Dados reflexivos: refletem sobre o processo de pesquisa,


incluindo as experiências e as perceções da pesquisadora ou do
pesquisador.

O trabalho de campo não é apenas um processo de coleta de dados,


mas também um processo de reflexão. A pesquisadora ou o
pesquisador deve estar atento aos seus próprios preconceitos e
perspetivas, a fim de evitar que eles interfiram na pesquisa.

Damásio relata que, ao realizar sua pesquisa, ela precisou lidar com
a dualidade de ser tanto pesquisadora, como parte do grupo
observado. Por um lado, ela compartilhava muitas semelhanças com
os seus parentes, o que dificultava a perceção da alteridade, mas por
outro lado, ela também se deparava com diferenças significativas, que
a obrigavam a questionar seus próprios valores e crenças.

O processo de reflexão experimentado por Damásio foi fundamental


para a qualidade de sua etnografia. A autora foi capaz de compreender
as suas próprias perspetivas e experiências, o que lhe permitiu
compreender melhor as perspetivas e experiências de seus parentes.

Por outro lado, Rodrigues também enfatiza a importância da


reflexão no trabalho de campo. O autor afirma que "a reflexão é um
processo contínuo que acompanha todo o processo de pesquisa".
(Rodrigues, 2012)

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Os textos de ambos os autores, ressaltam a importância do trabalho
de campo como fonte de produção etnográfica e como procedimento
reflexivo. O trabalho de campo é uma fase essencial da pesquisa
etnográfica, pois permite que o/a pesquisador/a recolha dados,
interprete os seus significados e reflita sobre o processo de pesquisa.

O etnógrafo deve estar atento aos seus próprios preconceitos e


perspetivas, para evitar que eles interfiram na pesquisa. A reflexão
também permite que se compreenda melhor os seus interlocutores, o
que é essencial para a produção de uma etnografia autêntica e
comprometida com a justiça social.

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Bibliografia

Damásio, A. (2020). Etnografia em Casa: entre parentes e


aproximações. Pós - Revista Brasiliense de Pós-Graduação em
Ciências Sociais, [S. l.], v. 16, n. 2, p. 1–32, 2021.

Textos 1, e 2 e 3 em Sousa, Lúcio. (2019). Textos e Escritos:


Etnografias – Tema 1. Lisboa: Universidade Aberta.

Webgrafia
https://blog.mettzer.com/pesquisa-etnografica/ (consultado no dia
03/11/2023)

https://paginas.fe.up.pt/~ei99042/erss/Etnografia.pdf (consultado no
dia 03/11/2023)

https://biblio.direito.ufmg.br/?p=5108 (consultado no dia


03/11/2023)

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