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Universidade do Estado do Mato Grosso - UNEMAT

ATUAÇÃO SINDICAL: A JUDICIALIZAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO


COMO FORMA DE GARANTIR O EFETIVO ACESSO À JUSTIÇA

Alta Floresta
2023
RAFAELA ALVES DA SILVA

ATUAÇÃO SINDICAL: A JUDICIALIZAÇÃO NA JUSTIÇA DO TRABALHO


COMO FORMA DE GARANTIR O EFETIVO ACESSO À JUSTIÇA

Artigo solicitado pela Professora Taciane


Fabin na disciplina de Direito do Trabalho
II, no requisito de obtenção de nota parcial,
referente ao 8º semestre.

Alta Floresta
2023
Atuação Sindical: A judicialização na Justiça do Trabalho como forma de garantir
o efetivo acesso à justiça

I. Análise do contexto social

I.I Vulnerabilidade sociais e econômicas

O Brasil Emerge para o mundo como terras de exploração e domínio


lusitano, perpassa por anos de exploração e escravidão, os quais desaguam em uma
mera libertação burocráticas dos domínios europeus para recair nos domínios de más
gestões, corrupções e ausência de planejamento urbanos.

Soma-se tais elementos e caracteriza-se um país com extremos indicies de


vulnerabilidade econômica e social, os quais oferta pouco aporte para os indivíduos que
vivem à margem social.

Em atenção aos estudos referentes a essa área, observa-se a pesquisa


produzida pelo DIEESE (apud BRASIL, 2012), que expõe como a vulnerabilidade afeta
a vivência dos cidadãos brasileiros e a falta de proteção social. Nessa óptica, têm-se:

“A vulnerabilidade de um indivíduo, família ou grupos


sociais refere-se à maior ou menor capacidade de
controlar as forças que afetam seu bem-estar, ou seja, a
posse ou controle de ativos que constituem os
recursos requeridos para o aproveitamento das
oportunidades propiciadas pelo Estado, mercado ou
sociedade: a) físicos –meios para o bem-estar –
moradia, bens duráveis, poupança, crédito; b) humanos:
trabalho, saúde, educação (capacidade física e
qualificação para o trabalho); e c) sociais –redesde
reciprocidade, confiança, contatos e acessos à informação
(BRASIL, 2012, p.12)”
Diante disso, verifica-se inúmeras preocupações frente à exacerbada
problemática da vulnerabilidade social e econômica brasileira. Desse modo, busca-se
por meio de Políticas de Assistência Social diminuir os abismos de oportunidades,
dignidade, cidadania e acesso à justiça.
Como afirmam Couto, Yazbek e Raichelis (2010, p. 50),“o território é
o terreno das políticas públicas, onde se concretizam as manifestações da questão
social e se criam os tensionamentos e as possibilidades para seu enfrentamento”.

Em síntese do explanado, vislumbra-se que são diversos os grupos


econômicos vulneráveis, os quais abrange-se os déficits econômicos, sociais e de
paridade de armas em amontoados setores.

I.II O SETOR DOS TRABALHADORES,

Em virtude da discussão aqui proposta, observa-se que os trabalhadores são


essencialmente um grupo situado no polo de vulnerabilidades, haja vista a sua situação
de dependência econômica dos vínculos trabalhistas, bem como, tratar-se, em sua
expressiva maioria, de indivíduos sem ascensão econômica.

Diante dessa relação de vulnerabilidade no setor trabalhista, reflete-se muito


sobre a realidade socio laboral e aposição de hipossuficiência do trabalhador. Veja:

O distanciamento atual de uma situação de pleno emprego e as


mutações nas condições e relações de trabalho e no status do
assalariado permitem observar com maior clareza uma ruptura na
trajetória de identificação social e de integração comunitária. E, com
isso, o surgimento de novas vulnerabilidades sociais no capitalismo
torna-se por si só um elemento fundante da exclusão social que se
generaliza neste final de século. […] Não parece haver dúvidas,
portanto, de que a definição de um novo padrão de integração social
está ainda por ser desenvolvida. Todavia, é preciso compreender que o
Estado necessitaria exercer um papel relevante na luta contra a
exclusão social, principalmente no que diz respeito ao enfrentamento
do problema do desemprego e das ocupações precárias nas economias
avançadas. Sem isso, novas vulnerabilidades sociais tendem a ganhar
maior espaço neste final de século (POCHMANN, 1999, p. 11, 23-
24).

Compreende-se a vulnerabilidade e as relações trabalhista em uma


intrínseca relação, a qual a vítima está na figura do trabalhador, indiscutivelmente o
polo mais fraco desta relação.

Como citado anteriormente, o trabalhador está em relação de obediência e


dependência do empregador, o que se baseia a importância dos conceitos de
vulnerabilidade para o direito do trabalho e a sua necessária aplicação. Nesse sentido,
Leandro do Amaral D. de Dorneles esclarece que:

A demanda por proteção ao trabalhador, conforme entendemos, ainda


é um dado inegável e inquestionável ao direito do trabalho. Mas a
definição dos contornos protetivos clássicos do direito do trabalho,
ocorrida no início do século passado, tinha por base uma relação então
predominante e padronizada – a relação de emprego típica (arts. 2º e
3º, CLT) – que não se apresenta mais onipresente. Atualmente nem
sempre podemos identificar um padrão único de vulnerabilidades (e,
consequentemente, uma demanda protetiva uniforme) comum a todos
os empregados, da mesma forma que podemos perceber a combinação
de diferentes vulnerabilidades em outras relações de trabalho não
enquadradas nos contornos dos arts. 2º e 3º da CLT. A ideia de
vulnerabilidade como fundamento do direito do trabalho tem por
intuito aproximar a operacionalidade juslaboral das reais demandas
protetivas que se apresentam em um novo mundo do trabalho,
reconciliando (ou impedindo o divórcio entre) a instrumentalidade
deste ramo jurídico com as reais necessidades sociais, ainda
inegavelmente calcadas na demanda protetiva justificada por um
desequilíbrio em suas relações jurídicas de base (DORNELES, 2013,
p. 296).

Posto essa breve explicação da situação fática nacional em relação as


vulnerabilidades com enfoque na figura do trabalhador e a análise dessas relações
laborais, compreende-se a inerente necessidade de haver mecanismo que auxilie o
cidadão, bem como lhe represente da melhor maneira, a fim de haver uma maior força
em lides e representatividade.

I.III IMPORTÂNCIA DOS SINDICATOS PARA O ACESSO À


JUSITÇA DO TRABALHO

Diante dessa relação de hipossuficiência e ausência de força representativa,


surge a figura dos Sindicatos, entidades capazes de em algum plano suprir o déficit e
amparar os trabalhadores.

Em um país com aspectos tão discrepantes como o Brasil, que superou


inúmeros obstáculos para compreender o trabalhador como um sujeito de direitos, as
organizações dos trabalhadores- sindicatos- constroem uma barreira entre o empregador
exploratório e empregado dependente.
Ainda com muitos reflexos de uma visão influenciada pelas classes
dominantes, os sindicatos, em alguns casos, são vistos como ferramentas políticas e
repelidos por uma casta social, por meio de mentiras e ausência de informações.

Entretanto, entende-se que tais ações, são apenas frutos de uma sociedade
dominada por grupos econômicos e políticos, encarregados de perpetuar uma ideia
escravocrata e de acumulação de lucros.

A luta pela devida efetividade dos Direitos sindicais, em óptica o território


brasileiro, remota as suas raízes durante o período denominado como “Era Vargas” e
desde então passa por intensas modificações, como conquistas promulgadas por meio
Consolidação das Leis Trabalhistas ( CLT), direitos e deveres conquistados ao longo da
criação de Constituições Federais, torna-se necessário mencionar que a área sindical
brasileira foi/é construído por meios complexos e de infinitos desafios impostos.

Desse modo, ganhou-se efetiva força e novo aspecto os direitos sindicais


por intermédio da Constituição Federal de 1988, a qual ainda em seu art. 7º prevê
direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, bem como no artigo seguinte, refere-se à
autonomia e da liberdade sindical, ponderando que “é livre a associação profissional ou
sindical”.

Por conseguinte, nos arts. 10 e 11, é possível, observar também, ressalvas


garantivistas em relação à organização sindical. Observe:

Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e


empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que
seus interesses profissionais ou previdenciários sejam
objeto de discussão e deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados,
é assegurada a eleição de um representante destes com a
finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento
direto com os empregadores.

Por meio do respaldo jurídico, principalmente em nossa carta magna, é


possível verifica a importância dos sindicatos no território nacional, com a sua
aplicabilidade na organização e representatividade dos trabalhadores, principalmente
frente a situações de vulnerabilidades devido ao seu caráter de hipossuficiência.
Analisa-se que os sindicatos nascem como reação às precárias condições de
trabalho e remuneração a que estão submetidos os trabalhadores no capitalismo, diante
disso, um ator fundamental para que haja um Estado democrático de direito é a
existência de um sistema de relações que regulem e protejam os sistemas laborais, ou
seja, a constituição de sindicatos trabalhistas.

II. ANÁLISE JURÍDICA


II.I INSTITUTO DA SUBSTITUIÇÃO LEGAL

Diante do exposto, pode-se observar a posição dos empregados em relação


aos empregadores, a importância e positivação dos sindicatos trabalhista, culminando
assim, na necessidade de mecanismos jurídicos que possibilitem o auxílio aos
trabalhadores.

Nessa observação, é por óbvio que o acesso à Justiça vai além da criação de
mecanismos legais, mas passa, também, pela justiça social, com investimentos em
educação e cultura. Mas, sem dúvida, a facilidade de acesso à Justiça é peça
fundamental para que o indivíduo acredite no Poder Judiciário e, com isso, fortaleça a
instituição.

E, no processo do trabalho, esta tendência de defesa coletiva dos interesses


individuais por uma entidade de classe faz -se mais presente. Por tudo isso, a ação dos
órgãos de classe no processo do trabalho está ligada à questão do acesso à Justiça.

Neste contexto, reside uma das questões mais polêmicas do Direito do


Trabalho, que diz respeito ao instituto da substituição processual.

A substituição processual surge também como um meio de superar outros


obstáculos que se opõem ao acesso à Justiça. Primeiro, porque um corpo jurídico
preparado propiciaria, ao trabalhador, via de regra desconhecedor de seus direitos, por
meio do seu sindicato, pleitear, na Justiça, quando este fosse lesado. Assim, minimizar-
se-ia o fator da ignorância – por parte dos trabalhadores – de seus direitos como
obstáculo ao acesso ao Judiciário.

Outro aspecto importante na atuação dos sindicatos é que esta atuação


livraria o indivíduo do estigma de ser taxado de aético ao ter de acionar seu patrão ou
ex-patrão na Justiça para ver respeitados os seus direitos e, assim, permitiria que o
empregado pleiteasse seus direitos ainda durante a vigência do pacto laboral e, mesmo
após seu término, não seria malvisto perante outros empregadores.

Assim, por meio da substituição processual, a entidade sindical interpõe-se


entre o conflito empregado versus patrão e minimiza este problema.

A substituição processual também facilitaria o acesso ao Judiciário, na


medida em que o sindicato arcaria com as custas e as despesas processuais, uma vez
que, devido ao alto custo do processo brasileiro, as partes se sentem afugentadas com a
possibilidade, por menor que seja, de virem a serem derrotadas no processo.

Entretanto, sem dúvida, o maior obstáculo no acesso à Justiça está na


morosidade da prestação jurisdicional, que, conforme já afirmou Rui Barbosa, a justiça
tardia é a injustiça qualificada.

E os defensores da substituição processual alegam que ela seria um ótimo


instrumento para agilitar a resolução das demandas judiciais, pois decisão proferida em
um único processo resolveria milhares de casos.

Deste modo, verifica-se que o debate sobre a substituição processual na


esfera do Direito do Trabalho, para demarcar seus limites, suas vantagens e
desvantagens, reclama a abordagem da teoria das novas categorias de direitos, para mais
adiante delimitar quais os direitos dos trabalhadores que o sindicato estaria legitimado,
extraordinariamente, a defender.

II.II A EFETIVAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA

Diante do exposto, pode-se observar a posição dos empregados em relação


aos empregadores, a importância e positivação dos sindicatos trabalhista, culminando
assim, na necessidade de mecanismos jurídicos que possibilitem o auxílio aos
trabalhadores, tal como a substituição legal, a fim de propiciar o amplo acesso à justiça.
Devolvendo a essa classe social os princípios mais básicos do ordenamento
jurídico nacional, como a dignidade da pessoa humana e o acesso à justiça, posto que
agora lides coletivas adquirem um representante processual, bem como uma instituição
capaz de instruir e lutar por uma minoria em representatividade, mas a grande maioria
ao que tange o desenvolvimento brasileiro.

A estrutura do Poder Judiciário é débil, com uma sobrecarga desumana


destinada aos juízes e aos serventuários da Justiça, as sim como ocorre com o Ministério
Público, colaborando, também, para a célebre morosidade da Justiça, principal causa,
conforme todas as pesquisas de opinião pública, entre aquelas que levam ao descrédito
da instituição. Mas não adianta simplesmente aumentarmos essa estrutura; temos de
modificar a legislação vigente e, principalmente, viabilizar verdadeiro acesso à Justiça
no Brasil. Este é um passo na modernização do Poder Judiciário Brasileiro, no sentido
de democratizar a sua relação com a população do País. O acesso à Justiça está
diretamente ligado ao pleno exercício da cidadania pelo indivíduo.

Assim, demonstra-se entendimento que consideram a substituição


processual do Sindicato restrita e ampla, respectivamente. Vale ressaltar que a Súmula
310 do TST foi cancelada pela Resolução n.°: 119/2003, em virtude de novos e
consistentes entendimentos da doutrina e da jurisprudência que considera a substituição
ampla, plena e não restrita.

Destarte, nos termos do art. 8.°, inciso III, da CRFB/1988, a substituição


processual pelos Sindicatos é ampla, plena e irrestrita, tanto na Justiça do Trabalho, na
Justiça Estadual e na Justiça Comum Federal, sendo um instrumento que facilita o
acesso à justiça.

O presente trabalho tratou da legitimidade adequada do Sindicato para


ajuizar ação na Justiça do trabalho e revelou a importância do ordenamento jurídico
possibilitar o mais amplo acesso à justiça por parte do cidadão, quer seja pela
legitimação ordinária, quer seja pela legitimação extraordinária.

O cidadão muitas vezes por questões culturais, econômicas, políticas não


tem acesso às informações necessárias para a defesa de seus interesses e, muitas vezes,
sequer procura consultar um advogado a respeito de determinadas situações que o
afligem, em razão da desigualdade material que existe e até mesmo pelo medo de
perseguição política não procura a tutela jurisdicional do Estado, o que é comum nos
países pobres, menos democráticos, principalmente nas cidades do interior, onde todo
mundo se conhece.
Nesta seara, o Sindicato surgiu justamente para dá força ao trabalhador, não
importando se está vinculado ao regime celetista ou estatutário e, portanto, ordenamento
jurídico deve possibilitar instrumentos processuais ágeis para que possa defender com
rigor os interesses de seus sócios e a ação civil pública, pelo seu caráter de interesse
público, é um meio eficaz para fazer valer a importância do Sindicato como agente
político e defensor do respeito à dignidade da pessoa humana, da lei em seu sentido
amplo.

É indubitável que o Sindicato aumenta o rol de legitimados e, assim,


permite que o Estado possa prestar a sua tutela em maior número de casos e, assim,
impedir a violação de direitos humanos.

Ademais, não é razoável que uma associação tenha legitimidade para ajuizar
a ação e o Sindicato que é uma espécie de associação, cujo rigor para existir é maior do
que a de uma associação comum, pois além da personalidade jurídica, tem que obter a
personalidade sindical, como também, é ente reconhecido constitucionalmente para
defesa dos interesses ou direitos dos seus sócios judicial e extrajudicialmente, não a
tenha.
REFERÊNCIAS

DIDIER JR, Fredie. ZANETI JR, Hermes. Curso de Direito Processual Civil: Processo
Coletivo V. 4. Salvador: Jus Podivm, 2007.
TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Litisconsórcio, assistência e intervenção de
terceiros no processo do trabalho: oposição, nomeação a autoria, denunciação da lide,
chamamento ao processo. 3. ed. São Paulo: LTr, 1995.
“O sindicato como promotor de justiça social: uma alternativa para o processo do
trabalho”. Revista LTr Legislação do Trabalho e Previdência Social, vol. 58, no 6, p.
655 a 659, jun., 1994.
MACHADO FILHO, Sebastião. “Da substituição processual”. Revista LTr Legislação
do Trabalho e Previdência Social, vol. 57, no 11, p. 1306 a 1311, nov., 1993.

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