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FACULDADE METROPOLITANA UNIDAS – FMU

DIREITO

ANA CLARA FARIAS BOSCARDIN SANTOS


R.A. 7405416

RESNHA CRITICA DO TEXTO “A (DES)NECESSIDADE DE REGULAMENTAÇÃO DA


DISPENSA COLETIVA NO BRASIL: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DO VALOR SOCIAL DO
TRABALHO E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA”

SANTO ANDRÉ – SP
2022
APS – Direito Sociais Coletivos e Protetivos
O artigo escrito por Nelma Karla Wieman Fukuoka e Victor Hugo de Almeida, A (Des)
Necessidade de Regulamentação da Dispensa Coletiva no Brasil: Uma análise sob a ótica
do Valor Social do Trabalho e da Dignidade da Pessoa Humana relaciona a possibilidade
de flexibilização dos direitos trabalhistas sob uma análise da situação econômica de uma
empresa.
Ainda, os autores expõem que fatores políticos atrelados a fatores econômicos podem
impedir que as garantias do trabalhador se efetivem.
Por uma breve contextualização, os autores apontam que um dos grandes problemas
da atualidade é o desemprego e justifica tal problema por conta da globalização, como
exposto por Orlando Teixeira da Costa: Através do uso da tecnologia e da exigência de
trabalhadores extremamente qualificados, o modelo loyolista criou um exército de
reserva, pronto para ocupar postos de trabalho, cada vez mais raros, elevando as taxas
de desemprego no contexto global. (COSTA, 1991)
Nesse ponto, podemos firmar com os escritores pois é notável que com o progresso da
tecnologia, a informatização e a abertura do mercado os benefícios para os empregados
também reduziram o que, por seu motivo, afetou o mercado de trabalho. os autores
expõem que a o utilizar um dos requisitos para reconhecimento de vínculo
empregatício, a alteridade, como motivação para dispensa coletiva, ou outra alteração
que afete o empregado, torna -se errôneo, pois se trata do requisito essencial para
caracterização da relação empregado e empregador, o fato do empregado não poder
correr o risco do negócio, como respaldado pela Consolidação das Leis do Trabalho, CLT
no artigo 2º “considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação
pessoal de servi só.” (Brasil, CLT, 1943).
Mas, tal posição não é respeitada pelas empresas brasileiras, frequentemente nos
deparamos com notícias informando que o motivo para a dispensa coletiva dos
empregados de grandes empresas se deu por problemas econômicos das mesmas.
A ideia liberal que essas empresas usam, de que os funcionários que geram menos
custos para os empregadores também criarão mais empregos, é ilusória porque a
receita se concentra apenas nos proprietários das empresas, agravando a desigualdade
social e deixando a maioria da população não há poder aquisitivo suficiente para
movimentar o mercado, apenas insumos de subsistência. Também é importante
destacar os anos de sorte de 2020 e 2021, em que o mundo foi duramente atingido pela
crise da pandemia de Covid 19.
Não há como se falar em dispensa em massa, sem trazer a memória os momentos
passados enquanto durou a pandemia, onde diversas empresas, sofreram agravadas
crises financeiras devido os fechamentos realizados com intuito de frear a pandemia,
contudo, dispensando milhares de trabalhadores. Como o direito dos trabalhadores
busca equilibrar a relação entre empregado e empregador, visto que este é detentor de
uma supremacia econômica, é indissociável a este direito o princípio da dignidade da
pessoa humana, pois os direitos fazem parte dos direitos fundamentais. Corroborado a
isso, existe o Princípio do Valor Social do Trabalho, diretamente ligado à dignidade
da pessoa humana que reconhece ao trabalhador e seu trabalho um pilar da estrutura
de todo sistema da ordem econômica.
Outro ponto no qual podemos concordar com os autores, é a premissa de que é
fundamental o pleno emprego par a erradicação da pobreza e fome, ou seja, como o
trabalho é uma obrigação e um direito que decorre do direito à vida, permite que todos
sejamos detentores de capital para a subsistência básica e movimentação da economia
do país.
É então que os autores discorrem sobre a (dês) necessidade de regulamentação da
dispensa coletiva no Brasil, trazendo como pontos importantes o respaldo pela
Constituição Federal no que tange a proteção contra dispensa arbitrária em âmbito
individual, prevendo indenização compensatória e outros direitos, e também a proteção
quanto à dispensa coletiva, no qual respaldo é mais amplo em decorrência ao impacto
econômico e social.
Os autores também apontam que há formas legais em que as empresas podem utilizar
para casos em que estas estejam passando por dificuldades econômicas, como o Plano
de Proteção a Empresa – PPE, que permite a diminuição da jornada de trabalho para
não ser necessária a demissão do empregado.
Ainda assim, Fukuoka e Almeida sustentam que, no caso de demissões coletivas, a única
forma legal de a empresa utilizar é reduzindo o número de funcionários. Ao final, os
autores concluem que fica claro que as leis coletivas trabalhistas do Brasil precisam de
uma verdadeira transformação para se tornar verdadeiramente um instrumento de
justiça social, redistribuição de renda e inclusão social de todos os trabalhadores à beira
do desemprego. dizendo que o corolário lógico a tudo isso é que o trabalhador não pode
suportar sozinho ou principalmente as consequências da crise econômica, até porque é
o mais fraco na relação.
Comprovada a necessidade de uma dispensa massiva, os empregados merecem uma
proteção para além da prevista para a dispensa individual. (Fukuoka e Almeida, 2017).
Ainda os autores expõem outra consequência de não haver ordenamento jurídico no
que tange a dispensa coletiva, sendo necessário a utilização da jurisprudência como
forma de suprir a lacuna e impedir que as ameaças de desemprego sejam utilizadas
como argumento para diminuição de direitos.
A solução para os autores para proteção dos direitos dos trabalhadores, a proteção da
não utilização da dispensa coletiva e proteção ainda das empresas que estariam
sobrevivendo à conjuntura econômica adversa é por ação do Poder Executivo “(...) que
deve promover a ratificação da Convenção nº 158 da OIT e, junto com o Congresso,
internalizá-la no ordenamento jurídico pátrio, elaborando novas políticas públicas para
empregos mediante cenário de crise econômica.”.
Outro ponto que concordamos com os autores é a necessidade de atualização e
adequação do Direito do Trabalho brasileiro em vista da atualidade da economia,
trazendo a indigência do enfrentamento os grandes desafios desse ramo, e
principalmente os mais urgentes e complexos como a crise do emprego.

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