Você está na página 1de 4

Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas

Unidas

Isabela Rodrigues Lopes-RA: 5959866(6º semestre-

vespertino-Turma: 003306A02)

Atividade Prática Supervisionada de Direitos Sociais Coletivos e

Protetivos

São Paulo

2022
Perante o exposto no artigo publicado por Nelma e Victor, uma das principais
ameaças que alarmam a sociedade é o desemprego, o qual é decorrente do processo
de instabilidade econômica, superloteamento nas cidades, falta de acesso à uma
educação de qualidade e, consequentemente, da ampla desigualdade social. Ademais,
o modelo Toyotista, em virtude da intensificação da terceirização, também fora um dos
responsáveis por elevar a taxa de desemprego no mundo, haja vista que exigia que
seus empregados fossem extremamente qualificados e multifuncionais, uma vez que
poderiam ser mudados de função a qualquer momento em razão da alta demanda de
trabalho.

Nesta seara, Enoque Santos Ribeiro afirma que o trabalho é composto de duas
faces, quais sejam, uma em que a pessoa presta serviços a uma empresa ou pessoa
física, já a outra é caracterizada pela prestação de serviço ser a principal fonte de renda
deste prestador.

Outrossim, é importante reiterar que o trabalho gera grandes valores


econômicos e sociais a sociedade, posto que é essencial para o sustento, para
satisfazer as necessidades de lazer, assim como para dar condições a crianças e jovens
para que no futuro eles façam parte deste âmbito, o qual é fomentado pelo
estabelecimento da relação de cumprimento de direitos e obrigações, e que resulta no
desenvolvimento da situação econômica do Estado e a inclusão social das classes
menos abastadas, agregando assim também um enfoque político, sociológico e jurídico
nas relações de trabalho.

Em consonância, faz-se mister abordar o que disciplina o artigo 7º da Magna


Carta, o qual prevê o direito à garantia do desemprego, ou seja, os trabalhadores em
regime de CLT são amparados contra a demissão quando ela for arbitrária ou sem uma
justa causa, dessa forma, o trabalhador despedido terá direito ao 13º salário
proporcional, ao aviso-prévio de 39 dias, repouso semanal, FGTS somado a uma multa
de 40%(quarenta por cento) do valor que ele recebia de salário, férias vencidas
acrescida de multa proporcional e direito ao seguro-desemprego.

Neste viés, é essencial retratar que o pleno emprego para a Organização


Mundial do Trabalho (OIT) é primordial para se ter a erradicação da fome e da pobreza
no mundo, além disso, ele também resta por ser naturalmente indispensável para
recompor a dignidade e estabilidade do trabalhador, visto que um emprego em que não
haja o cumprimento devidos dos direitos e do respeito ao trabalhador, o coloca em uma
posição muitas vezes análoga à escravidão.
De outro lado, é necessário fazer uma breve diferenciação da dispensa coletiva
e da dispensa individual para fins de ressaltar o impacto delas na sociedade, dado que
diferente da dispensa individual, a dispensa coletiva tem como finalidade reduzir a
equipe de trabalhadores de uma empresa para diminuir o impacto econômico da crise
financeira que ela está vivenciando, e de acordo com a Seção de Dissídios Coletivos do
Tribunal Superior do Trabalho, é imprescindível que a empresa realize negociações
coletivas trabalhistas para mitigar os efeitos sociais e econômicos da demissão em
massa, assim como também para evitar problemas jurídicos que envolvem a ação do
sindicato executando a empresa em prol de angariar uma vultosa indenização para os
funcionários demitidos.

Um exemplo em que houve a dispensa coletiva, foi o caso a empresa Ford, a


qual despediu em massa os funcionários e tentou negociar com eles individualmente,
configurando assim, assédio moral. No entanto, a justiça suspendeu a demissão
coletiva, uma vez que não houve a negociação com o sindicato. Na decisão referente
ao processo da Ford de Autos nº 0010097-70.2021.5.15.0102, a juíza do caso em voga,
manifestou que a empresa poderia demitir os seus empregados, mas a problemática foi
que, ao decretar o despedimento, transgrediu uma cláusula da convenção coletiva, dado
que era imprescindível que se comunicasse ao sindicato e estabelecesse a
oportunidade para a tentativa de negociação.

Não obstante, deveria comunicar com antecedência a sociedade e abrir espaço


para que, em conjunto com a empresa, planejassem outras possibilidades de solucionar
o problema financeiro desta, com o propósito de reduzir o impacto social e econômico.

A magistrada nos Autos faz menção ao art. 477-A da Consolidação das Leis do
Trabalho, no qual afirma que o mesmo é inconstitucional, tendo em mente que houve a
violação do art. 7º, caput e inciso I, da Magna Carta, uma vez que o art. 477- A da CLT,
prevê que não precisa realizar a negociação coletiva ou a autorização prévia do
sindicato no momento em que efetuar a dispensa coletiva, entretanto, tal disposição é
divergente do art. 7º, inciso I, da CF, sendo assim, inconstitucional esta ato, pelo fato de
que a Constituição é a Lei Maior que rege o ordenamento jurídico brasileiro.

Neste diapasão, um outro caso que aconteceu referente ao mesmo tema de


dispensa coletiva foi o da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), que dispensou
mais de quatro mil empregados da empresa e da Eleb Equipamentos. Ambas
impetraram um recurso contra o Tribunal Superior do Trabalho (TST) impugnando a
decisão que fora proferida e apontaram a inexistência de lei que estabeleça a
obrigatoriedade da demissão ocorrer somente após a negociação.
Ainda, no julgamento, os ministros Marco Aurélio, Nunes Marques e Alexandre
de Moraes, afirmaram que não é indispensável ter a negociação coletiva primeiro antes
de fazer a demissão em massa. De outro lado, os ministros Edson Fachin, Luís Roberto
Barroso e Dias Toffoli, compreenderam que deve ser exigida primeiro a negociação e
posteriormente a demissão, em função da colaboração com o desenvolvimento da
economia e buscar caminhos para solucionar o problema.

Por derradeiro, observa-se que é necessário ter uma maior regulamentação


jurídica para reger a dispensa coletiva, nos moldes do que está disposto na Convenção
nº 158 da OIT, a qual alberga o instituto da “Ampla Negociação Coletiva”, a qual
determina que sempre que houver a dispensa coletiva, antes deverá ser realizada uma
negociação com todos os funcionários que serão demitidos com o propósito de
resguardar seus direitos trabalhistas e a dignidade da pessoa humana.

Isabela Rodrigues Lopes, Acadêmica do curso de Direito

do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas.

Você também pode gostar