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À guisa de exemplo, citam-se os atos de ingerência nas empresas nas organizações dos
trabalhadores, inclusive o financiamento da entidade sindical pelo ente patronal, a
proibição/inibição/ameaças ao livre exercício dos direitos sindicais, como filiação,
desfiliação, recusa à negociação coletiva, de forma a macular a independência do sindicato na
busca dos direitos e interesses dos trabalhadores.
As principais condutas antissindicais indicadas pela doutrina que afrontam contra a estrutura
e organização sindicais são as seguintes:
Mise à I'index (conhecida como lista negra) – consiste na divulgação do nome dos
empregados que possuem relevante atuação sindical entre as empresas com o fim de manter
esse empregado fora do mercado de trabalho. Dessa forma, mitiga-se a força da atuação
sindical como instrumento de pressão sobre os empregadores, visando a melhores condições
de trabalho, dado que desmobiliza o movimento sindical, atuando sobre seus possíveis
líderes;
Yellow Dog Contract (contrato de cão amarelo) – representa o compromisso assumido pelo
empregado de não-filiação, de manter-se desfiliado ao sindicato de sua categoria, como
Camila Vieira Ribemboim
Direito sindical e coletivo do trabalho
M7
Prof Fábio Túlio
condicionante à admissão e à manutenção no emprego. Praticado geralmente de forma
velada, informal, mas que afronta contra a liberdade de associação.
- Closed Shop – compromisso assumido pelo ente patronal de apenas contratar empregados
regularmente filiados ao sindicato;
- Label – consiste em uma marca realizada pelo sindicato nos produtos comercializados pelo
empregador, com o intuito de demonstrar que há sindicalização naquela empresa;
- Agency Shop – consiste na obrigação de contribuir com o sindicato, porém não exige a
filiação ao sindicato respectivo.
O Juízo da 16ª vara do Trabalho de Belo Horizonte/MG decidiu que não é possível o
recolhimento de parcelas obrigatórias de trabalhadores não sindicalizados para o sindicato,
seja contribuição confederativa, seja assistencial ou qualquer outra, como o “desconto
negocial”. O entendimento é de que isso viola a liberdade de associação e de sindicalização
protegidos pela Constituição (processo nº 0010196-74.2020.5.03.0016, DEJT de 15/09/2020).
Julgando em desfavor do sindicato autor, a magistrada do caso entendeu que não existe
obrigação de recolhimento de nenhuma parcela pelo trabalhador que este não tenha
autorizado expressamente e de maneira individual. Nesse sentido, apontou a Súmula 666 do
STF, com previsão de que “a contribuição confederativa de que trata o artigo 8º, IV, da
Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”. A magistrada também
invocou o princípio da livre associação e sindicalização (artigo 5º, XX e artigo 8º, V, da
CR/88), para concluir que empregados não sindicalizados não podem sofrer os descontos
mencionados, pois, a exemplo da contribuição confederativa, a contribuição assistencial, a
contribuição social e o “desconto negocial”, instituídos pelos sindicatos, somente podem ser
exigidos de seus filiados.