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TUDO O QUE
VOCÊ PRECISA
SABER SOBRE A
REFORMA
TRABALHISTA
(mas tem medo de perguntar)
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da Fênix Editora. Por isso, toda e qualquer
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Conteúdo
Conexus
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Mada2209
São Paulo
2018
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INTRODUÇÃO
Por mais críticas que mereça, a Reforma Trabalhista produzida
pela Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017 traz alguns ajustes
tanto no âmbito das relações individuais de trabalho como nas
relações coletivas que parecia inevitáveis. “É comum em mo-
mentos de transição que o novo seja rejeitado porque incomoda
a zona de conforto de quem sempre achou que tudo se resolvia
no modelo estatal de proteção”, diz Paulo Sergio João, professor
de Direito Trabalhista da PUC-SP e FGV.
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A ideia de uma reforma da legislação trabalhista sempre acompanhou
a CLT ao longo de sua existência, sempre com comissões de juristas
notáveis. “É certo que tudo se mistura com o momento político em que
o País vive e os interesses se cruzam no sentido da desqualificação da
reforma. O Direito do Trabalho não foi concebido para ser fechado no
seu campo de atuação. Não foi concebido para ser imutável. Nas pa-
lavras de Evaristo de Moraes Filho e Antonio Carlos Flores de Moraes
‘Caminhando rente à vida, sentindo a própria realidade concreta, al-
tera-se permanentemente a legislação do trabalho, procurando acudir
aos mínimos pormenores das relações da estrutura econômica. O din-
amismo é sua essência, como um organismo em desenvolvimento que
cresce incessantemente’ (Introdução ao Direito do Trabalho, 11ª ed. São
Paulo, LTr, 2014, p. 59). Não fosse assim, não teríamos negociações cole-
tivas pelas quais os grupos vão se aperfeiçoando às suas peculiaridades
e necessidades próprias. O Direito do Trabalho prima pela verdade dos
fatos, sempre privilegiando dois princípios: o protetor e o da primazia
da realidade, restringindo abusos e práticas ilícitas”, diz o acadêmico.
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Eventualmente, o emprego adquiriu características outras, tanto
pelo lado dos novos ingressantes no mercado de trabalho quanto
pela própria modernização da prestação de serviços: o trabalho na
atualidade envolve a participação de trabalhadores em resultados
mais imediatos e o emprego com carteira assinada pode ser o pass-
aporte para integração dos trabalhadores nos negócios empresar-
iais, celebrando com ele relações contratuais de participação em
resultados, sem comprometer o vínculo de emprego. “O empre-
gador não deveria ser mais simples pagador de salários nem o em-
pregado deveria se mover como mero cumpridor de jornada sem
percepção do negócio que representa a atividade empresarial em
que está inserido. Talvez estejamos caminhando para relações de
trabalho e de emprego que reproduzam maior segurança jurídica e
maior responsabilidade contratual”.
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Acordado
acima do
legislado?
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Segundo Paulo Pirolla, redator jurídico trabalhista e previdenciário da
Sage-IOB, a reforma apresenta inovações importantes em 3 modalidades
de contratação: a de trabalho a tempo parcial, cuja duração não exceda a
30 horas semanais; a de trabalho intermitente, com alternância de perío-
dos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas,
dias ou meses; e a de home office. “Essa nova lei abrange todos os tipos de
trabalhadores e, apesar das dúvidas e desavenças que têm surgido sobre
o tema, o governo afirma que está preservando e modernizando o direito
de todos os trabalhadores”, diz Paulo Pirolla.
Eis alguns dos principais pontos das mudanças que afetam o cotidiano do
trabalhador e que passam a valer 120 dias depois da publicação no Diário
Oficial (14 de julho), destacados por Pirolla:
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Tempo reduzido de intervalo de Descansos especiais para a mulher
almoço amamentar o próprio filho
Sindicatos e empresas poderão nego- Os 2 descansos especiais de meia
ciar intervalos de almoço menores que hora cada que a mulher possui para
uma hora. Em caso de descumprimento amamentar o próprio filho até os 6
do período de intervalo, o empregador meses de idade deverão ser definidos
ficará obrigado ao pagamento, apenas em acordo individual entre a mulher e o
do período suprimido, com acréscimo empregador.
de 50% sobre o valor da remuneração
da hora normal de trabalho.
Home office
A prestação de serviços na modalidade
Quitação das verbas rescisórias de teletrabalho (home office) deverá
Na extinção do contrato de trabalho, o constar do contrato de trabalho, que
empregador deverá efetuar anotação especificará as atividades que serão
na carteira de trabalho, comunicar a realizadas pelo empregado. As regras
dispensa aos órgãos competentes. A de duração do trabalho não são apli-
entrega ao empregado de documentos cadas aos empregados em regime de
que comprovem a comunicação teletrabalho.
da extinção contratual aos órgãos
competentes, bem como o pagamento
dos valores constantes do instrumento Trabalhador autônomo
de rescisão ou recibo de quitação A contratação do autônomo, cumprida
deverão ser efetuados até 10 dias todas as formalidades legais, com
contados a partir do término do contrato. ou sem exclusividade, de forma
contínua ou não, afasta a qualidade de
empregado prevista na CLT.
Banco de horas
Poderá ser pactuado por acordo
individual escrito, desde que a
compensação ocorra no período
máximo de 6 meses.
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Segurança
e saúde no
trabalho
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Ele ainda coloca: “Na década de 1960, a Itália já pregava que saúde
não se vende e aboliu o adicional de insalubridade. O Brasil precisa
parar de comprar a saúde dos trabalhadores às prestações e extin-
guir o adicional de insalubridade, exigindo o cumprimento da legis-
lação de proteção à saúde do trabalhador das empresas”.
Para ele, o problema é que existe uma verdadeira disputa pela área
de SST entre o Ministério do Trabalho, Previdência Social e Ministério
da Saúde. “Mas por que será que tantos órgãos querem fiscalizar a
SST? Além destes órgãos, ainda temos o Ministério Público, a Del-
egacia de Acidentes do Trabalho, o Centro de Referência em Saúde
do Trabalhador, a Justiça do Trabalho e outros que se ocupam com
a SST. Como se tudo isso ainda não bastasse, a Previdência Social
instituiu na década de 60 o benefício da aposentadoria especial, cuja
finalidade é afastar do trabalho precocemente o segurado exposto a
um agente nocivo”.
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O que muda
para o RH?
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Para ele, “uma coisa importante é que com isso as empresas poderão
ajustar questões de informalidade, como é do parcelamento de férias,
que não era permitido, mas que ocorria em grande parte das empre-
sas, por anseio do próprio trabalhador. Assim, se observa que os dire-
itos serão preservados cabendo as partes buscarem o consenso. As-
sim, isso significa que, em grande parte, a reforma está regularizando
o que hoje já se faz, o que todos aceitam e poucos questionam”.
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mais segurança jurídica, a norma imposta pelo Estado passará a com-
por a moldura do quadro cujo interior os agentes da relação de tra-
balho preencherão com as linhas e as cores que mais lhes aprouver.
Significa, sobretudo, maior democratização no âmbito produtivo, eis
que aqueles que serão atingidos pelas regras poderão participar de
sua elaboração, diretamente ou por representação. Nesse sentido,
o fim da contribuição sindical obrigatória e a normatização da rep-
resentação dos empregados no interior da empresa apontam para
um panorama jurídico de maior liberdade. A cidadania ativa, assim,
passa a fazer parte do cotidiano laboral”.
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Por isso, Batalha diz que “a Reforma Trabalhista, ainda que tenha vários
pontos positivos, é insuficiente, dado que não altera, por impossibili-
dade jurídica (pois demanda mudança de dispositivo constitucional),
aspecto deletério da realidade nacional que consiste na unicidade
sindical, situação que impede a plena liberdade sindical por impor
legalmente a existência de apenas um sindicato em certo território,
inviabilizando eventual concorrência entre entes que queiram repre-
sentar certa categoria. Não se pode qualificar tampouco como per-
feita a alteração das normas laborais, dado que alguns tópicos são
questionáveis, como, por exemplo, a determinação de um valor máx-
imo vinculado ao salário contratual do trabalhador para o pagamento
do dano extrapatrimonial. Assim, eventual dano moral causado a um
obreiro de hierarquia inferior ensejará pagamento de valor menor
que o montante destinado a alguém, de maior hierarquia, que passe
pelo mesmo constrangimento, protegendo com menos intensidade
justamente o mais vulnerável social e economicamente”.
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