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DINÂMICA

do PONTO MATERIAL e do CORPO RÍGIDO

Jorge Humberto Oliveira Seabra


Carlos Alberto Magalhães Oliveira
José Fernando Dias Rodrigues
Pedro Manuel Leal Ribeiro
Pedro Manuel Ponces Camanho
Marcelo Francisco de Sousa Ferreira de Moura
José Pedro Arteiro Reina

Departamento de Engenharia Mecânica – Secção de Mecânica Aplicada

7ª Edição - Maio de 2020


ii DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO

Unidade curricular de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO iii

PREFÁCIO

Este texto representa um trabalho continuado ao longo de vários anos, de vários


docentes da Secção de Mecânica Aplicada, do Departamento de Engenharia Mecânica e
Gestão Industrial, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, no sentido de
elaborar um texto didático de qualidade. Esta é a 7ª edição destes apontamentos,
sucedendo às elaboradas em 1995, 1997, 2000, 2002, 2003 e 2004.

Merece destaque o trabalho realizado pelo Professor Vasco Sanches da Silva e Sá,
Professor Catedrático Jubilado do DEMEGI, a quem se devem as primeiras monografias
didáticas de qualidade no domínio da Mecânica Racional, publicadas pelo DEMEGI.

Refira-se, ainda, o trabalho realizado pelo Professor Carlos Alberto Magalhães


Oliveira, Professor Associado do DEMEGI, autor de várias notas didáticas, sobretudo no
domínio da Dinâmica dos Corpos Rígidos, e que estão na origem dos presentes textos.

Nesta monografia, para além dos conceitos teóricos da Dinâmica do Ponto Material
e do Corpo Rígido, são desenvolvidas várias aplicações concretas e são propostos
problemas, de modo a permitir ao aluno uma aprendizagem de tais conceitos.

Porto e FEUP, Maio de 2020.

Os Autores

Disciplina de MECÂNICA III - SMAp – DEMec– FEUP 7ª Edição - Maio 2020


iv DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO

Unidade curricular de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO v

Ao Amigo e Mestre
Vasco Sanches da Silva e Sá
Professor Catedrático Jubilado
do DEMEGI – FEUP.

Disciplina de MECÂNICA III - SMAp – DEMec– FEUP 7ª Edição - Maio 2020


vi DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO vii

ÍNDICE

Capítulo 1 – CINEMÁTICA DAS MASSAS

1 INTRODUÇÃO 1

2 TORSOR DAS QUANTIDADES DE MOVIMENTO 3


2.1 Definições 3
2.1.1 Ponto Material 3
2.1.2 Sistema Discreto de Pontos Materiais 4
2.1.3 Sistema Material Contínuo (Sólido Rígido) 5
2.2 Vetor Quantidade de Movimento 6
2.3 Vetor Momento Cinético em O 7
2.3.1 Momento Cinético em G 8
2.3.2 Casos Particulares do Momento Cinético 9
2.4 Unidades da Quantidade de Movimento e do Momento Cinético
no Sistema Internacional 12
2.5 Quantidade de Movimento e Momento Cinético de
Mecanismos Compostos por Vários Corpos 12

3 TORSOR DAS QUANTIDADES DE ACELERAÇÃO 15


3.1 Definições 15
3.1.1 Ponto Material 15
3.1.2 Sistema Discreto de Pontos Materiais 16
3.1.3 Sistema Material Contínuo (Sólido Rígido) 17
3.2 Vetor Quantidade de Aceleração 18
3.3 Vetor Momento Dinâmico em O 19
3.3.1 Casos Particulares do Momento Dinâmico 22
3.4 Unidades da Quantidade de Aceleração e do Momento Dinâmico
no Sistema Internacional 23
3.5 Quantidade de Aceleração e Momento Dinâmico de
Mecanismos Compostos por Vários Corpos Rígidos 23
3.6 Componentes do Vetor Dinâmico em G de um Sólido Rígido 24

4 ENERGIA CINÉTICA DE UM SISTEMA MATERIAL 27


4.1 Definições 27
4.1.1 Ponto Material 27
4.1.2 Sistema Discreto de Ponto Materiais 27
4.1.3 Sistema Material Contínuo (Sólido Rígido) 28
4.2 Energia Cinética de um Corpo Rígido Animado de Movimento de Translação 29
4.3 Energia Cinética de um Corpo Rígido Animado de Movimento de Rotação 29
4.4 Energia Cinética de um Corpo Rígido em Movimento Polar 31
4.5 Decomposição de Movimentos 33

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viii DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO

4.6 Energia Cinética de um Sólido em Movimento Qualquer 33


4.7 Unidades da Energia Cinética no Sistema Internacional 36

5 CINEMÁTICA DAS MASSAS – RESUMO DAS EQUAÇÕES 37

6 APLICAÇÃO – O SISTEMA MANIVELA / BIELA / ÊMBOLO 39


6.1 Geometria do Sistema Manivela – Biela – Êmbolo 40
6.2 Velocidade e Aceleração Angulares dos Corpos 1, 2 e 3 40
6.3 Trajetória do Centro de Massa de Cada Corpo 42
6.4 Torsor da Quantidade de Movimento do Sistema 42
6.4.1 Torsor da Quantidade de Movimento do Corpo 1 42
6.4.2 Torsor da Quantidade de Movimento do Corpo 2 43
6.4.3 Torsor da Quantidade de Movimento do Corpo 3 43
6.4.4 Torsor da Quantidade de Movimento do Sistema no Ponto O 44
6.5 Torsor da Quantidade de Aceleração do Sistema 47
6.5.1 Torsor da Quantidade de Aceleração do Corpo 1 47
6.5.2 Torsor da Quantidade de Aceleração do Corpo 2 47
6.5.3 Torsor da Quantidade de Aceleração do Corpo 3 48
6.5.4 Torsor da Quantidade de Aceleração do sistema no ponto O 50
6.6 Energia Cinética 53

7 APLICAÇÃO – SISTEMA TRIDIMENSIONAL 55

8 PROBLEMAS PROPOSTOS 59

Capítulo 2 – DINÂMICA DO PONTO MATERIAL – Teoremas Vetoriais

1 INTRODUÇÃO 67

2 O PROBLEMA GERAL DA DINÂMICA 68

3 MASSA E INÉRCIA 68

4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DINÂMICA 69

5 EQUAÇÕES DO MOVIMENTO DE UM PONTO MATERIAL 72

6 TEOREMAS VETORIAIS DA DINÂMICA DO PONTO MATERIAL 74

7 FORÇA E MOMENTO DE INÉRCIA 75

8 SISTEMA DE REFERENCIA INERCIAL 76

9 FORÇAS E MOMENTOS 77
9.1 Força Normal e Força Tangencial – Atrito de Coulomb 78
9.2 Força Tangencial – Atrito de Rolamento 79
9.3 Forças e Momentos Elásticos 79

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO ix

9.4 Forças e Momentos Dissipativos 80

10 APLICAÇÕES 82
10.1 Movimento Rectilíneo 82
10.2 Movimento Circular 85
10.2.1 Solução analítica da equação de movimento 86
10.2.2 Aplicação numérica 88
10.3 Movimento Sobre um Referencial Móvel 90
10.4 Pêndulo Cónico 92

11 EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA DINÂMICA EM REFERENCIAIS LIGADOS À TERRA 95


11.1 Forças Gravitacionais 95
11.2 Forças de Inércia 96
11.3 Conclusão 100

12 PROBLEMAS PROPOSTOS 101

Capítulo 3– DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

1 INTRODUÇÃO – MÉTODO DE ANÁLISE 103

2 TEOREMA DO MOVIMENTO DO CENTRO DE MASSA 105

3 TEOREMA DO MOVIMENTO EM TORNO DO CENTRO DE MASSA 106

4 PRINCÍPIO D’ALEMBERT – CONCEITO DE EQUILÍBRIO DINÂMICO 107

5 MOVIMENTO PLANO DE CORPOS RIGÍDOS SIMÉTRICOS 108


5.1 Equações do movimento para um corpo rígido em movimento plano 108
5.2 Análise de sistemas de corpos rígidos em movimento plano 110
5.3 Movimento plano vinculado 110

6 PROBLEMAS PLANOS RESOLVIDOS 111


6.1 Sólido animado de movimento de translação 111
6.2 Sólido animado de movimento de rotação 115
6.3 Sólido em movimento mais complexo 119
6.4 Mecanismo manivela, biela, êmbolo 124
6.5 Mecanismo de accionamento do limador 138

7 MECANISMO ESPACIAL 151

8 PROBLEMAS PROPOSTOS 163

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x DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO

Capítulo 4– DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO – Trabalho e Energia

1 INTRODUÇÃO 175

2 CONCEITO DE TRABALHO 176


2.1 Trabalho de uma força 176
2.2 Trabalho de um sistema de forças concorrentes 177
2.3 Trabalho de um binário 178
2.4 Potência 179
2.5 Unidades de trabalho e potência 180
2.6 Trabalho de um sistema de forças aplicado a um sólido rígido 180
2.7 Trabalho das forças interiores num sistema material 182
2.8 Trabalho de forças conservativas 182
2.8.1 Exemplos de forças conservativas 184
2.8.2 Exemplos de forças não conservativas 187

3 TRABALHO E ENERGIA 189


3.1 Trabalho e energia cinética 189
3.2 Trabalho e energia mecânica total 192
3.2.1 Princípio da conservação da energia mecânica total 193
3.3 Trabalho e energia em deslocamentos finitos 193

4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO TEOREMA DO TRABALHO E ENERGIA 194


4.1 Corpo deslizando sobre um plano inclinado 194
4.2 Cursor deslizando sobre uma guia circular 197

5 TEOREMA DOS TRABALHOS VIRTUAIS 200


5.1 Conceito de deslocamento virtual 201
5.2 Conceito de trabalho virtual 204
5.3 Teorema dos trabalhos virtuais 204
5.4 Aplicação do teorema dos trabalhos virtuais 206

6 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO TEOREMA DOS TRABALHOS VIRTUAIS 207


6.1 Disco rolando sobre um plano inclinado 207
6.2 Mecanismo simples 212
6.2.1 Diagrama de corpo livre 213
6.2.2 Equação de movimento 214
6.2.3 Forças de ligação ao exterior no ponto O 218
6.2.4 Velocidade angular do disco 221
6.3 Sistema came - impulsor 224
6.3.1 Geometria e cinemática do sistema came - impulsor 225
6.3.2 Diagrama de corpo livre do sistema 228
6.3.3 Equação de movimento do sistema came - impulsor 228

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO xi

6.3.4 Forças de ligação entre os corpos 1 e 2 no ponto I 234


6.3.5 Reacção no ponto O 239

7 PROBLEMAS PROPOSTOS 243

Capítulo 5– DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO – Impulso e Quantidade de Movimento

1 MOVIMENTO DE UM PONTO MATERIAL 255


1.1 Impulso linear 255
1.2 Impulso angular 256

2 MOVIMENTO DE UM SISTEMA DE PONTOS MATERIAIS 257


2.1 Impulso linear 257
2.2 Impulso angular 258

3 CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO 258

4 MOVIMENTO PROVOCADO POR UMA FORÇA IMPULSIVA 259


4.1 Aplicação do teorema do impulso e da quantidade de movimento 259

5 CHOQUE OU IMPACTO 261


5.1 Choque central direto 261
5.1.1 Modelização do choque central direto entre duas partículas materiais 262
5.1.2 Coeficiente de restituição 264
5.1.3 Choques perfeitamente elástico e perfeitamente plástico 266
5.1.4 Formulação do problema de choque central direto 267
5.2 Choque central oblíquo 268
5.2.1 Formulação do problema de choque central oblíquo 268
5.2.2 aplicação do modelo de choque central oblíquo 270
5.3 Choque excêntrico 272
5.3.1 Choque excêntrico de dois corpos livres 272
5.3.2 Choque excêntrico de dois corpos ligados ao exterior 275
6 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO 277
6.1 Variação da quantidade de movimento linear 277
6.2 Conservação da quantidade de movimento linear 278
6.3 Conservação da quantidade de movimento angular numa direcção 280
6.4 Choque central oblíquo 281
6.5 Choque excêntrico de um corpo livre 283
6.6 Choque excêntrico de um corpo com ligação ao exterior 287

7 PROBLEMAS PROPOSTOS 291

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xii DINÂMICA DO PONTO MATERIAL E DO CORPO RIGÍDO

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CINEMÁTICA das MASSAS

Jorge Humberto Oliveira Seabra


Carlos Alberto Magalhães Oliveira
José Fernando Dias Rodrigues
Pedro Manuel Leal Ribeiro
Pedro Manuel Ponces Camanho
Marcelo Francisco de Sousa Ferreira de Moura
José Pedro Arteiro Reina

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ii CINEMÁTICA DAS MASSAS

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CINEMÁTICA DAS MASSAS iii

ÍNDICE:

1 INTRODUÇÃO 1

2 TORSOR DAS QUANTIDADES DE MOVIMENTO 3


2.1 Definições 3

2.1.1 Ponto Material 3


2.1.2 Sistema Discreto de Pontos Materiais 4
2.1.3 Sistema Material Contínuo (Sólido Rígido) 5
2.2 Vetor Quantidade de Movimento 6
2.3 Vetor Momento Cinético em O 7
2.3.1 Momento Cinético em G 8
2.3.2 Casos Particulares do Momento Cinético 9
2.4 Unidades da Quantidade de Movimento e do Momento Cinético
no Sistema Internacional 12
2.5 Quantidade de Movimento e Momento Cinético de
Mecanismos Compostos por Vários Corpos 12

3 TORSOR DAS QUANTIDADES DE ACELERAÇÃO 15


3.1 Definições 15
3.1.1 Ponto Material 15
3.1.2 Sistema Discreto de Pontos Materiais 16
3.1.3 Sistema Material Contínuo (Sólido Rígido) 17
3.2 Vetor Quantidade de Aceleração 18
3.3 Vetor Momento Dinâmico em O 19
3.3.1 Casos Particulares do Momento Dinâmico 22
3.4 Unidades da Quantidade de Aceleração e do Momento Dinâmico
no Sistema Internacional 23
3.5 Quantidade de Aceleração e Momento Dinâmico de
Mecanismos Compostos por Vários Corpos Rígidos 23
3.6 Componentes do Vetor Dinâmico em G de um Sólido Rígido 24

4 ENERGIA CINÉTICA DE UM SISTEMA MATERIAL 27


4.1 Definições 27
4.1.1 Ponto Material 27
4.1.2 Sistema Discreto de Pontos Materiais 27
4.1.3 Sistema Material Contínuo (Sólido Rígido) 28
4.2 Energia Cinética de um Corpo Rígido Animado de Movimento de Translação 29
4.3 Energia Cinética de um Corpo Rígido Animado de Movimento de Rotação 29
4.4 Energia Cinética de um Corpo Rígido em Movimento Polar 31
4.5 Decomposição de Movimentos 33

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iv CINEMÁTICA DAS MASSAS

4.6 Energia Cinética de um Sólido em Movimento Qualquer 33


4.7 Unidades da Energia Cinética no Sistema Internacional 36

5 CINEMÁTICA DAS MASSAS – RESUMO DAS EQUAÇÕES 37

6 APLICAÇÃO – O SISTEMA MANIVELA / BIELA / ÊMBOLO 39


6.1 Geometria do Sistema Manivela – Biela – Êmbolo 40
6.2 Velocidade e Aceleração Angulares dos Corpos 1, 2 e 3 40
6.3 Trajetória do Centro de Massa de Cada Corpo 42
6.4 Torsor da Quantidade de Movimento do Sistema 42
6.4.1 Torsor da Quantidade de Movimento do Corpo 1 42
6.4.2 Torsor da Quantidade de Movimento do Corpo 2 43
6.4.3 Torsor da Quantidade de Movimento do Corpo 3 43
6.4.4 Torsor da Quantidade de Movimento do Sistema no Ponto O 44
6.5 Torsor da Quantidade de Aceleração do Sistema 47
6.5.1 Torsor da Quantidade de Aceleração do Corpo 1 47
6.5.2 Torsor da Quantidade de Aceleração do Corpo 2 47
6.5.3 Torsor da Quantidade de Aceleração do Corpo 3 48
6.5.4 Torsor da Quantidade de Aceleração do sistema no ponto O 50
6.6 Energia Cinética 53

7 APLICAÇÃO – SISTEMA TRIDIMENSIONAL 55

8 PROBLEMAS PROPOSTOS 59

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CINEMÁTICA DAS MASSAS v

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 1

CINEMÁTICA DAS MASSAS

1 INTRODUÇÃO

Para o estudo da Dinâmica do Sólido, que constitui o objetivo final e fundamental da


disciplina de Mecânica, vai ser necessário estabelecer as relações que existem entre as
forças aplicadas aos sólidos e os movimentos que estes vão possuir. Nestas relações
intervêm, direta ou indiretamente, a massa, o modo como esta se distribui no espaço e as
distribuições espaciais de velocidades e acelerações dos sistemas materiais.
Caracterizar-se-ão, neste capítulo, os sistemas de vetores "Quantidade de
Movimento" e "Quantidade de Aceleração", em cuja definição intervêm a massa e a
velocidade ou aceleração, respetivamente. Caracterizar-se-á ainda a "Energia Cinética" dos
sistemas materiais.
Trata-se de mais um capítulo (o último) introdutório ao estudo da Dinâmica do Sólido
e o seu interesse é fulcral para o domínio das matérias que se lhe seguirão.

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2 CINEMÁTICA DAS MASSAS

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 3

2 TORSOR DAS QUANTIDADES DE MOVIMENTO

2.1 Definições

2.1.1 Ponto Material

Seja P um ponto material de massa m, que descreve uma trajetória curvilínea S. O


r
ponto P está animado de uma velocidade instantânea v P na direção τ tangencial à

trajetória em P, como se mostra na figura 1.

r
τ
S
r
hO = OP × q

r
q = m vP
Z

hO P(m)

X Y

Figura 1 - Quantidade de Movimento e Momento Cinético de um ponto material P.

Define-se "Quantidade de Movimento" de um ponto material, como um vetor


proporcional à sua velocidade, sendo a massa m o fator de proporcionalidade,

q = m vP .

Define-se "Momento Cinético" de um ponto material em relação a um dado polo O,


como o momento em relação a esse polo do vetor Quantidade de Movimento, acima
definido,
uur uuur ur uuur uur
hO = OP × q = OP × mv P .

O Torsor da Quantidade de Movimento do ponto material P, reduzido no ponto O,

tem como Vetor Principal a quantidade de movimento q = m v P e como Vetor Momento o


uur uuur ur
momento cinético hO = OP × q , isto é,

( )
ur uur
τ QM
O(P )
≡ q ;hO .

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4 CINEMÁTICA DAS MASSAS

2.1.2 Sistema Discreto de Pontos Materiais

A figura 2 mostra um sistema discreto de n pontos materiais, P1, P2, …, Pn, de massas

m1, m2, …, mn, respetivamente, animados das velocidades instantâneas v P1 , v P2 , ..., v Pn .

P2 Pi
hOi = OPi × mi v Pi P1

q i = mi v Pi
O Pn

Figura 2 - Quantidade de movimento e momento cinético de um sistema discreto de n


pontos materiais.

Pode associar-se a cada ponto material um vetor quantidade de movimento e um

vetor momento cinético, definidos por q i = mi v Pi e hOi = OPi × mi v Pi , respetivamente.

Obtém-se, assim, um sistema de vetores deslizantes, cujo Vetor Principal se designa


Quantidade de Movimento (global) e cujo vetor momento no polo O se designa Momento
Cinético (global) nesse ponto O, definidos por:
ur uur
n nuur uur uur uur
Q =  i=
q
i =1
 i Pi 1 P1 2 P2
m v
i =1
= m v + m v + ... + mn
v Pn

uuur n uur n uuur uuur uuur uuur uuuur uuur uuuur uuur
HO =  hOi =  OPi × mi v P = OP1 × m1v P + OP2 × m2 v P + ...+ OPn × mn v P
i 1 2 n
i =1 i =1

Este par de vetores caracteriza, como sabemos, o sistema de vetores deslizantes


acima referido, no sentido em que gera o mesmo campo de momentos que aquele. Este
par de vetores constitui o chamado Torsor das Quantidades de Movimento do sistema de
pontos materiais, reduzido no ponto O, e tem como Vetor Principal a quantidade de
ur uur
n uur
n

movimento Q =  i=
q
i =1
 i Pi
m v
i =1
e como Vetor Momento o momento cinético

uuur n uur n uuur uuur


HO =  hOi =  OPi × mi v P , isto é,
i
i =1 i =1

≡ ( Q ;HO ) .
ur uuur
τ QM
O(Sistema)

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 5

d
Considerando a massa de cada ponto material constante no tempo (mi ) = 0 , a
dt
expressão que define a quantidade de movimento pode ser desenvolvida do seguinte modo:

( ) ( )
ur n uur n
d uuur n
d uuur d  n uuur 
Q = 
i =1
m i
v i
= 
i =1
m i
dt
OPi = 
i =1 dt
m i OPi = 
dt  i =1
m i
OP i 

.

uuur 1 n uuur
A Geometria das Massas mostra que OG =  i i , pelo que
M 1
m OP

( )
ur d  n uuur  d uuur uur
Q =   m i OPi  = M OG = M v G
dt  i  dt

2.1.3 Sistema Material Contínuo (sólido rígido)

Para uma distribuição contínua de massa ou corpo rígido, como a representada na


figura 3, é válido tudo o que foi dito para os sistemas discretos de pontos materiais.

(M)

P, dm
d hOdm = OP × v P dm Z

d q = v P dm

O
X Y

Figura 3 - Quantidade de movimento e momento cinético de um sistema contínuo.

Os sistemas contínuos são constituídos por um número infinito de pontos materiais


discretos, de massa elementar dm (dm = ρ dV), aos quais se associa uma quantidade de
movimento e um momento cinético elementares, definidos por
r uur uur uuur r
dq = v P dm e dhO = OP × dq .

Os vetores quantidade de movimento e momento cinético num ponto, terão definição


análoga, apenas substituindo o somatório por um integral estendido à massa total do
sistema material, isto é

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6 CINEMÁTICA DAS MASSAS

r r uur
Q =  dq =  v P dm
M M
uuur uur uuur r
HO =  dhO =  OP × v dm .
M M

Este par de vetores constitui o chamado Torsor das Quantidades de Movimento do


corpo rígido, reduzido no ponto O, e tem como Vetor Principal a quantidade de movimento

Q e como Vetor Momento o momento cinético HO , isto é,

( )
r uuur
τ QM
Corpo
≡ Q ;HO .

2.2 Vetor Quantidade de Movimento - Q

O vetor quantidade de movimento Q =  v P dm pode ser desenvolvido usando a


M

expressão de Mozzi para as velocidades contemporâneas de um sólido, a qual estabelece


uur uur ur uuur
que v P = v G + ω × GP .

Substituindo na definição da quantidade de movimento obtém-se

( )
ur uur uur ur uuur uur ur uuur
Q =  M v P dm =  M v G + ω × GP dm =  M v G dm +  M ω × GP dm ,

isto é
ur uur ur uuur uur
Q = v G  M dm + ω ×  M GP dm = M v G .

A Geometria das Massas mostra que


r
 dm = M e  OP dm = M OG   GP dm = M GG = 0 .
M M M

Substituindo determina-se que

(1) Q = M vG

Conclusão:
Qualquer que seja o tipo de distribuição de massa (discreta ou contínua) teremos

sempre Q = M v G , isto é o vetor Quantidade de Movimento é igual à massa do


sistema multiplicada pelo vetor velocidade do respetivo centro de massa.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 7

2.3 Vetor Momento Cinético em O - HO

O vetor momento cinético HO =  OP × v P dm pode ser desenvolvido decompondo o


M

vetor OP e usando a expressão de Mozzi para as velocidades contemporâneas de um


sólido, isto é
uuur uuur uuur uur uur ur uuur
OP = OG + GP e v P = v G + ω × GP .
uuur uur
Substituindo OP e v P na definição do momento cinético obtém-se

( ) ( )
uuur uuur uur uuur uuur uur ur uuur
HO =  OP × v P dm =  M OG + GP × v G + ω × GP dm
M

e decompondo os vários termos

( ) ( )
uuur uuur uur uuur r uuur uuur uur uuur r uuur
HO =  M OG × v G dm +  M OG × ω × GP dm +  M GP × v G dm +  M GP × ω × GP dm

isto é

( ) ( ) ( ) ( )
uuur uuur uur uuur r uuur uuur uur uuur ur uuur
HO = OG × v G M dm + OG × ω ×  M GP dm +  M GP dm × v G +  M GP × ω × GP dm .

Como referido anteriormente, a Geometria das Massas mostra que


r
 dm = M e  OP dm = M OG   GP dm = M GG = 0 ,
M M M

logo

( )
uuur uuur uur uuur ur uuur
HO = OG × v G M +  M GP × ω × GP dm .

Sabendo que (ver demonstração mais à frente na secção 2.3.1)

 M GP × (ω × GP ) dm = [ IG ] ω = HG
uuur r uuur r uuur

o momento cinético no ponto O é definido por


uuur uuur uuur uur
HO = HG + OG × M v G

isto é
uuur uuur uuur ur
(2) HO = HG + OG × Q 1º Teorema de Koenig

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8 CINEMÁTICA DAS MASSAS

Conclusão:

O momento cinético de um corpo rígido, num dado ponto O, pode ser obtido pela
soma das seguintes duas parcelas:
• A 1ª resulta da multiplicação da matriz de inércia do sistema, definida no seu

centro de massa [IG ] , pelo vetor velocidade angular ω ;

• A 2ª é o produto vetorial do vetor de posição do centro de massa OG , pelo vetor

quantidade de movimento do sistema M v G .

Este resultado já era esperado. Com efeito, conhecido o vetor principal e o vetor
momento em G de um sistema de vetores deslizantes, é possível calcular o vetor momento
num outro ponto qualquer, utilizando a expressão fundamental dos campos de momentos
que acaba de ser rescrita (expressão (2)).

Esta equação traduz o conhecido 1º teorema de Koenig e é de uso muito frequente


no cálculo de vetores momento cinético.

uuur r
2.3.1 Momento Cinético em G - HG = [ IG ]ω

uuur uuur uuur ur


Na definição do momento cinético no ponto, HO = HG + OG × Q , admitiu-se que

 M GP × (ω × GP ) dm = [ IG ] ω = HG
uuur ur uuur ur uuur
o que se demonstra em seguida.

Definindo ω e GP como vetores genéricos

l  x 
r    
ω = m e GP = y 
n  z 
   

obtém-se que

 l   x  mz − ny 
ur uuur      
ω × GP = m  ×  y  =  nx − lz 
 n   z   ly − mx 
     
e

 x  mz − ny  ly − mxy − nxz + lz 


2 2

( )
uuur ur uuur     
GP × ω × GP = y  ×  nx − lz  =  mz 2 − nyz − lxy + mx 2 
 z  ly − mx   2 
     nx − lxz − myz + ny 2 

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 9

isto é
ly 2 − mxy − nxz + lz 2  y 2 + z2 − xy − xz   l 
     
( )
uuur ur uuur
GP × ω × GP =  mz 2 − nyz − lxy + mx 2 =  − xy x 2 + z2 − yz  × m 
 2 2     
 nx − lxz − myz + ny   − xz − yz x2 + y2   n 

Substituindo no integral e desenvolvendo, determina-se que

y 2 + z2 − xy − xz   l 
   
( )
uuur ur uuur
 GP × ω × GP dm =   − xy x 2 + z2 − yz  × m  dm ,
M M   
 − xz −yz x2 + y2   n 

logo

 
2 2
(
  y + z dm ) −  xy dm  −  xz dm
M M M  l
( ) ( )
uuur ur uuur    
 GP × ω × GP dm =  −  xy dm
2 2
 x + z dm −  yz dm  × m 
M  M M M   n 
 − xz dm



M
−  yz dm
M
2 2
 x + y dm 
M


( )
isto é

 Ixx −Pxy −Pxz   l 


( )
uuur ur uuur     r
 GP × ω × GP dm =  −Pxy Iyy −Pyz  × m  = [ IG ] ω , c.q.d.
M  −Pxz
 −Pyz Izz   n 

2.3.2 Casos Particulares do Momento Cinético

a) Sólido em movimento de translação

Se o sólido está animado de movimento de translação então a sua velocidade angular


r r
é nula ω = 0 , pelo que

HO = [IG ] ω + OG × Q = [IG ] 0 + OG × Q = OG × Q

isto é

HO = OG × Q .

No ponto G (G ≡ O)
r
HG = GG × Q = 0 .

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10 CINEMÁTICA DAS MASSAS

b) Sólido em movimento qualquer

No caso de um sólido animado de um movimento qualquer, a definição geral do


uuur uuur uur
momento cinético estabelece que HO =  M OP × v P dm .

Definindo a velocidade do ponto P em função da velocidade do ponto O,


uur uur r uuur
v P = v O + ω × OP

e substituindo na definição, obtém-se que

( )
uuur uuur uur uuur r r uuur
HO =  M OP × v P dm =  M OP × v O + ω × OP dm ,

logo

( ) ( )
uuur uuur r uuur uuur uur
HO =  M OP × ω × OP dm +  M OP dm × v O .

Sabendo que (ver 2.3.1)

 M OP × (ω × OP ) dm =  I O  ω
uuur r uuur r uuur uuur
e  OP dm = MOG
M

logo

uuur r uuur uur


(3) HO =  I O  ω + M OG × v O ,

b1) Sólido em rotação em torno de um ponto fixo O

Sendo O um ponto fixo, então v O = 0 , pelo que

uuur r uuur uur r uuur ur


HO =  I O  ω + M OG × v O =  I O  ω + M OG × 0 ,

isto é
uuur r
HO =  I O  ω .

A expressão (3), que permite obter o momento cinético utilizando a matriz de


inércia, pressupõe a rigidez do sistema material a que se refere. Só pode, portanto,
calcular-se o momento cinético a partir da matriz de inércia, desde que o ponto usado
para polo pertença ao espaço físico rigidamente ligado ao sólido.
Caso isto não se verifique, o cálculo deverá fazer-se a partir da expressão (2) do 1º
Teorema de Koenig.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 11

b2) Momento Cinético no centro de massa "G"

uuur r uuur uur


Num ponto qualquer HO = [ IO ]ω + MOG × v O , pelo que no centro de massa

uuur r uuur uur r ur uur


HG =  I G  ω + M GG × v G =  I G  ω + M 0 × v G ,

isto é

uuur r
(4) HG =  I G  ω .

uuur uuur uur


Recorrendo à definição do momento cinético HO =  M OP × v P dm , obter-se-ia que

uuur uuur uur


HG =  M GP × v P dm .

Definindo a velocidade do ponto P em função da velocidade do ponto G,


uur uur ur uuur
v P = v G + ω × GP , e substituindo na definição do momento cinético no ponto G,

determina-se que

( )
uuur uuur uur ur uuur
HG =  GP × v G + ω × GP dm
M

uuur  uuur  uur


( )
uuur ur uuur
HG =   GP dm  × v G +  GP × ω × GP dm .
M  M

Atendendo a que

 M GP × (ω × GP ) dm =  I G  ω
uuur ur uuur r uuur r
 GP dm = 0 e
M

determina-se que

uuur ur
HG = [ IG ]ω

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12 CINEMÁTICA DAS MASSAS

2.4 Unidades da Quantidade de Movimento e do Momento Cinético no Sistema


Internacional

A quantidade de movimento q = m v P corresponde ao produto de uma massa por

uma velocidade instantânea, pelo que no Sistema Internacional as suas unidades são
kg m/s .
uur uuur ur uuur uur
O momento cinético hO = OP × q = OP × m v P corresponde ao momento da

quantidade de movimento, isto é, produto de uma distância por uma massa e por uma
velocidade instantânea, pelo que no Sistema Internacional as suas unidades são
kg m2/s .

2.5 Quantidade de Movimento e Momento Cinético de Mecanismos Compostos por


Vários Corpos Rígidos

A figura 4 mostra um mecanismo composto por 3 corpos rígidos.


Considera-se que o sistema de eixos S0 ≡ [O,X0,Y0,Z0] é fixo e os sistemas de eixos S1
≡ [G1,X1,Y1,Z1], S2 ≡ [G2,X2,Y2,Z2] e S3 ≡ [G3,X3,Y3,Z3] são móveis, estão rigidamente
ligados aos corpos 1, 2 e 3, têm origem nos respetivos centros de massa e são sistemas de
eixos principais centrais de inércia.

Y3 G3 X3

Z2 B Z3

Z0 G2 Y2
Z1
A
G1 X2
O Y1
X1
X0
Y0

Figura 4 - Mecanismo composto por três corpos rígidos.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 13

Para cada corpo rígido é possível definir o correspondente torsor das quantidades de
movimento, em relação a um determinado ponto e usando as coordenadas de um dos
sistemas eixos. Assim tomando como sistema de eixos de trabalho o sistema
S1 ≡ [G1,X1,Y1,Z1] poder-se-ia estabelecer que:

 uur1 uuur 
τ 1
QM ≡  Q ; H1G  ,
 S 1 
 1 S1 

 uuu2r uuuur 
τ 2
QM ≡ Q

; HG2  , e
2 
 S1 S1 

 uuu3r uuuur 
τ 3
QM ≡ Q

; HG3  .
3 
 S1 S1 

A determinação do momento cinético de cada corpo, no respetivo centro de massa, é


de simples obtenção se tal operação for realizada no sistema de eixos rigidamente ligado
ao corpo, já que se trata de um sistema de eixos principal central de inércia. Assim,
uuur uuur
H1G1 = I1G1  ω10 S ,
S1   S1 1

uuuur uuuur uuuur   uuuur


HG22 = IG22  ω e HG22 = TS2  HG22 ,
  S2 20 S
S2 2 S1  S1  S2

uuuur uuuur uuuur   uuuur


HG33 = IG33  ω e HG33 = TS3  HG33 .
  S3 30 S
S3 3 S1  S1  S3

Também é possível determinar o torsor da quantidade de movimento do mecanismo,


no seu todo, em relação a um determinado ponto. Por exemplo,

 ur uuur 
τ QM
O(mecanismo)
≡  Q ; HO  ,
 S1 S1 

onde
ur uur uuur uuur
Q = Q1 + Q2 + Q3 ,e
S1 S1 S1 S1

uuur uuur uuur uuur


HO = H1O + HO2 + HO3 .
S1 S1 S1 S1

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14 CINEMÁTICA DAS MASSAS

Para obter os valores dos momentos cinéticos de cada corpo no ponto O, é necessário
efetuar uma mudança de polo usando o 1º Teorema de Koenig, isto é,
uuur uuur uuuur uur
H1O = H1G1 + OG1 × Q1 ,
S1 S1 S1 S1

uuur uuuur uuuur uuur


HO2 2
= HG2 + OG2 ×Q2 ,
S1 S1 S1 S1

uuur uuuur uuuur uuur


HO3 3
= HG3 + OG3 ×Q3 .
S1 S1 S1 S1

pelo que

uuur  uuur uuuur uur   uuuur uuuur uuur   uuuur uuuur uuur 
HO =  H1G1 + OG1 × Q1  +  HG2 2
+ OG2 × Q 2  +  HG3 3
+ OG3 × Q 3 
S1 S1 S1
S1  S1 S1   S1 S1   S1 S1 

Este procedimento, aqui exemplificado para três corpos, pode, obviamente, ser
alargado a qualquer número de corpos que constituam o mecanismo.

Verifica-se, então, que caso o sistema material seja constituído por uma associação
de corpos rígidos, poderá calcular-se o momento cinético de cada um deles no respetivo
centro de massa, transpô-lo para o mesmo polo e fazer então o respetivo somatório, de
modo a determinar o momento cinético do sistema material.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 15

3 TORSOR DAS QUANTIDADES DE ACELERAÇÃO

3.1 Definições

3.1.1 Ponto Material

Seja P um ponto material de massa m, que descreve uma trajetória curvilínea S. O

ponto P está animado de uma aceleração instantânea aP , com componentes nas direções
r r
τ tangencial e n normal à trajetória em P, como se mostra na figura 5.

uur uur uur S


aP = at + an
τ
r uur
q& = m aP
n 0

kO = OP × m aP uur
uur at
Z an
P(m)
O

X Y

Figura 5 - Quantidade de aceleração e momento dinâmico de um ponto material P.

Define-se "Quantidade de Aceleração" de um ponto material P, como um vetor igual


ao produto da massa do ponto pelo seu vetor aceleração.
r uur
q& = m aP .
0

Define-se “Momento Dinâmico” de um ponto material em relação a um dado polo


O, como o momento em relação a esse polo do vetor Quantidade de Aceleração,
uur uuur r uuur uur
kO = OP × q& = OP × m aP .
0

O Torsor da Quantidade de Aceleração do ponto material P, reduzido no ponto O,


r uur
tem como Vetor Principal a quantidade de aceleração q& = m aP e como Vetor Momento o
0
uur uuur r uuur uur
momento dinâmico kO = OP × q& = OP × m aP , isto é,
0
r uur
τ QA
O(P )
≡ ( q& ;kO ) .
0

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16 CINEMÁTICA DAS MASSAS

3.1.2 Sistema Discreto de Pontos Materiais

A figura 6 mostra um sistema discreto de pontos materiais, P1, P2, …, Pn, de massas
m1, m2, …, mn, respetivamente, e animados das acelerações instantâneas

aP1 , aP 2 , ..., aPn .

Pj
P2 Pi
kOi = OPi × mi aPi P1 r uuur
q& i = mi aPi
0

O Pn

Figura 6 - Quantidade de aceleração e momento dinâmico de um sistema de pontos


materiais.

Pode associar-se a cada ponto material um vetor quantidade de aceleração e um


r uur uur uuur r
vetor momento dinâmico, definidos por q& i = m aPi e kOi = OPi × q& i respetivamente.
0 0

O sistema de vetores deslizantes resultante tem por Vetor Principal o vetor


quantidade de aceleração (global) e por Vetor Momento no polo O o vetor momento
dinâmico (global) nesse ponto, definidos por:
r& r n uur
n uur uuur uur
Q =
0
 q& i =
i =1 0
 i Pi 1 P1 2 P 2
m a =
i =1
m a + m a + ... + mn
a Pn

uuur n uur n uuur uuur uuur uuur uuuur uuur uuuur uuur
K O =  kOi =  OPi × mi aPi = OP1 × m1 aP1 + OP2 × m2 aP 2 + ⋅ ⋅ ⋅+ OPn × mn aPn .
i =1 i =1

Este par de vetores caracteriza o Torsor das Quantidades de Aceleração do sistema


de pontos materiais, reduzido no ponto O, definido por

r. uuur
τ QA
O(Sistema)
≡ ( Q ;K O ) .
0

d
Considerando a massa de cada ponto material constante no tempo (mi ) = 0 , a
dt
expressão que define a quantidade de aceleração pode ser simplificada,

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 17

( v ) = dtd  m ( )
r. n uur n d uur n uur  d ur uur
Q = mi aPi = mi Pi i
v Pi  = Q = MaG
0
i =1 i =1 dt i =1  dt

( )
r. d ur d uur uur
Q = Q= M vG = MaG
0 dt dt

Também a expressão que define o momento dinâmico pode ser analisada e


uuur n uuur uuur
desenvolvida. Derivando a expressão do momento cinético HO =  OPi × mi v Pi em ordem
i =1

ao tempo, obtém-se

uuur. d  n uuur uuur  n uuur .


uuur n uuur uuur .
HO =   OP × m v
i Pi  =  OP × m v +  OP × m v
0 dt  i =1 i  i =1
i
0
i Pi
i =1
i i Pi
0

No caso mais geral de o ponto O ser móvel, a derivada de OP em ordem ao tempo


será igual à diferença das velocidades de P e O. Assim,

uuur.
( )
n uuur uur uuur n uuur uur
HO =  v P − v O × m i v P +  OPi × m i aP
0 i i i
i =1 i =1

uuur. n uuur uuur n uur uuur n uuur uur


HO =  v P × m i v P −  v O × m i v P +  OPi × m i aP
0 i i i i
i =1 i =1 i =1

uuur. r uur  n uuur  n uuur uur


HO = 0 − v O ×   m i v P  +  OPi × m i a P
i i
0  i =1  i =1

uuur. uur uur uuur


HO = −v O × M v G + K O
0

Daqui resulta

uuur uuur. uur uur uur uur. uur ur


K O = HO + v O × M v G K O = HO + v O × Q
0 ou 0

3.1.3 Sistema Material Contínuo (sólido rígido)

Numa distribuição contínua de massa ou corpo rígido, como a representada na


figura 7, o torsor das quantidades de aceleração terá definição semelhante à da
distribuição discreta, apenas substituindo o somatório pelo integral estendido a toda a
massa M do corpo.

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18 CINEMÁTICA DAS MASSAS

r uur
d q& i = aP dm
(M) 0

d kO = OP × aP dm Z
P, dm

O
X Y

Figura 7 - Quantidade de aceleração e momento dinâmico de um sistema contínuo.

Efetivamente, os sistemas contínuos podem ser considerados como constituídos por


um número infinito de ponto materiais de massa elementar dm, aos quais se associam
quantidades de aceleração e momentos dinâmicos elementares, definidos por

r uur uur uuur r


d q& i = aP dm e dkO = OP x d q& i
0 0

Os vetores quantidade de movimento e momento cinético num dado ponto serão


então dados por

r& r uur
Q =  d q& i =  aP dm
0 0
M M
uuur uur uuur uur
KO =  dkO =  OP × aP dm
M M

Este par de vetores constitui o chamado Torsor das Quantidades de Aceleração do


corpo rígido, reduzido no ponto O, e tem como Vetor Principal a quantidade de aceleração
r&
Q e como Vetor Momento o momento dinâmico K O , isto é,
0

uur
τ
r&
O(Corpo)
QA
≡  Q ; K O  .
 0 

ur•
3.2 Vetor Quantidade de Aceleração - Q
0

r& uur
A expressão do vetor quantidade de aceleração Q =  aP dm pode ser
0 M

desenvolvida recorrendo à definição da quantidade de movimento, isto é,

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 19

( ) ( ) ( ) ( )
r& uur d uur d uur d uur d r
Q =  aP dm = M dt vP dm = M dt vP dm = dt M P
v dm = Q
0
M dt

( ) ( )
r& d r d uur uur
Q = Q = M vG = M aG
0 dt dt
ur• uuur
(5) Q = M aG
0

Conclusão:
Qualquer que seja o tipo de distribuição de massa (discreta ou contínua) o vetor
Quantidade de Aceleração é igual ao produto da massa do sistema multiplicada
pelo vetor aceleração do respetivo centro de massa.

3.3 Vetor Momento Dinâmico em O - K O

A partir da definição de momento dinâmico no ponto O, K O =  OP x aP dm ,


M

decompondo o vetor OP em

OP = OG + GP ,

usando a expressão das acelerações contemporâneas de um sólido

( )
uur uur ur. uuur ur ur uuur
aP = aG + ω × GP + ω × ω × GP ,
0

e substituindo na definição, obtém-se

uuur uuur  uur ur. 


( ) ( )
uuur uuur uur uuur ur ur uuur
KO =  M OP × ap dm =  M OG + GP × aG + ω × GP + ω × ω × GP  dm .
 0 
 

Desenvolvendo a expressão anterior

uuur  ur. uuur 


( )
uuur uuur uur uuur ur ur uuur
KO = M OG ×aG dm + M OG × ω × GP  dm + M OG × ω × ω × GP  dm +

 0   
 

uuur  ur. uuur 


( )
uuur uur uuur ur ur uuur
M GP ×aG dm + M GP ×  ω
 0
× GP 

dm + M × ω × ω × GP  dm
GP
 

isto é,

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20 CINEMÁTICA DAS MASSAS

uuur ur.
( ) ( )
uuur uuur uur uuur uuur ur ur uuur
( )
KO = OG × aG M dm + OG × ω × M GP dm + OG × ω × ω × M GP dm  +
0  

uuur  ur. uuur 


( ) ( )
uuur uur uuur ur ur uuur
M GP dm × a + M GP ×  ω × GP  dm +  GP × ω × ω × GP  dm .
G
 0  M  
 

A Geometria das Massas mostra que


uuur uuur uuur uuur r
 dm = M e  OP dm = MOG   GP dm = MGG = 0 .
M M M

Logo
uur uuur uur uuur ur. r uuur ur ur r
KO = OG × aG M + OG × ω × 0 + OG × ω × ω × 0  +
0  
,
uuur  ur uuur 
( )
.
r uur uuur ur ur uuur
0 × aG + M ×  ω 0 × GP  dm +
GP M × ω × ω × GP  dm
GP
 

uuur  ur. uuur 


( )
uur uuur uur uuur ur ur uuur
K O = OG × aG M + M GP ×  ω 0 × GP  dm + M × ω × ω × GP  dm ,
GP
 

uuur  ur. uuur  ur ur uuur 


( )
uur uuur uur
  dm ,
KO = OG × M aG + M GP ×  ω 0 × GP  + ω × ω × GP 
  

uuu.r ur uuur
Tendo em conta que GP = ω × GP obtém-se,
0

K O = OG × M aG +
d
( (
 GP × ω × GP dm .
dt M
) )

 GP x (ω x GP )dm = [IG ] ω , pelo que


r
Já foi demonstrado que
M

( [IG ] ω )
uuur uuur uur d ur
KO = OG × M aG +
dt

( )
uuur uuur uur d uuur
KO = OG × M aG + HG
dt

K O = K G + OG × M aG
isto é

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 21

uur uur uuur r&


(6) K O = K G + OG × Q 2º Teorema de Koenig.
0

Conclusão:

O momento dinâmico de um corpo rígido, num dado ponto O, pode ser obtido pela
soma das seguintes duas parcelas:

• A 1ª representa o momento dinâmico do sistema no centro de massa K G , e

corresponde à derivada em ordem ao tempo do momento cinético no mesmo


ponto;

• A 2ª é o produto vetorial do vetor de posição do centro de massa OG , pelo vetor

quantidade de aceleração do sistema M aG .

Este resultado já era esperado. Com efeito, conhecido o vetor principal e o vetor
momento em G de um sistema de vetores deslizantes, é possível calcular o vetor momento
num outro ponto qualquer, utilizando a expressão fundamental dos campos de momentos
que acaba de ser rescrita (expressão (6)).
Esta equação traduz o 2º Teorema de Koenig e é muito utilizada no cálculo dos
momentos dinâmicos, sobretudo quando o ponto usado para polo é um ponto móvel.

uuur
Em alternativa, o momento dinâmico do corpo no ponto O, K O , pode ser obtido a
uuur
partir da derivada em ordem ao tempo do momento cinético HO , isto é,
uuur uuur uur
HO =  OP × v P dm
M

.r .r .
uuu d  uuur uur  uuu uur uuur uur
HO =   OP × v P dm  =  OP × v P dm +  OP × v P dm
0 dt  M  M 0
M
0

Em geral o ponto O é um ponto móvel, pelo que a derivada em ordem ao tempo do

vetor OP é dada pela diferença de velocidade dos pontos P e O. Com efeito,


.r

( )
uuu uur uur uur uuur uur
HO =  v P − v O × v P dm +  OP × aP dm
0
M M

.r
uuu uur uur uur uur uuur uur
HO =  v P × v P dm −  v O × v P dm +  OP × aP dm
0
M M M

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22 CINEMÁTICA DAS MASSAS

.r
uuu r uur uur uuur uur
HO = 0 − v O ×  v P dm +  OP × aP dm
0
M M

.
uur uur uur uur
HO = − v O × M v G + K O isto é
0

uur uur.
uur uur uuur .r
uuu uur ur
(7) K O = HO + v O × M v G ou K O = HO + v O × Q
0 0

3.3.1 Casos Particulares do Momento Dinâmico

a) Ponto O fixo
uur ur
Se o ponto O for fixo, então v O = 0 . Substituindo na expressão (7), obtém-se

.r
uuur uuu r uur
K O = HO + 0 × M v G
0

.r
uuur uuu
KO = HO
0

b) Ponto O coincidente com o centro de massa G

Se o ponto O coincide com o centro de massa G, então a expressão (7) toma a


forma
.r
uuur uuu uur uur .r
uuur uuu uur uur
K O = HO + v O × Mv G ⇔ K G = HG + v G × M v G
0 0

.r
uuur uuu r
K G = HG + 0
0

.r
uuur uuu
(8) K G = HG
0

c) Caso geral – ponto O qualquer

Em geral, porém, o vetor momento dinâmico num ponto não coincide com a
derivada em ordem ao tempo do vetor momento cinético nesse ponto, como mostra a
expressão (7).

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 23

3.4 Unidades da Quantidade de Aceleração e Momento Dinâmico no Sistema


Internacional
r uur
A quantidade de aceleração q& = m aP corresponde ao produto de uma massa por
0

uma aceleração instantânea, o que no Sistema Internacional corresponde a unidades de


força (Newton), isto é

kg m/s2 = N .
uur uuur r uuur uur
O momento cinético kO = OP × q& = OP × m aP corresponde ao momento da
0

quantidade de aceleração, isto é, o produto de uma distância por uma massa e por uma
aceleração instantânea, o que no Sistema Internacional corresponde a unidades de binário
força vezes distância (Newton x metro), isto é

kg m2/s2 = N m .

3.5 Quantidade de Aceleração e Momento Dinâmico de Mecanismos Compostos por


Vários Corpos Rígidos

Caso o sistema material seja constituído por uma associação de corpos rígidos,
pode-se usar um procedimento idêntico ao apresentado na secção 2.5 para a quantidade
de movimento. Assim, o torsor da quantidade de aceleração do mecanismo representado
na figura 4, reduzido no ponto O, é definido por

 r& uuur 
τ QA
O(mecanismo)
≡ Q

; KO  ,
S1 
0S
 1 

onde
r& r& r& r&
Q = Q1 + Q2 + Q3 ,e
0S 0S 0S 0S
1 1 1 1

uuur uuur uuur uuur


KO = K1O + K O2 + K O3 .
S1 S1 S1 S1

Para obter os valores dos momentos dinâmicos de cada corpo no ponto O, é


necessário efetuar uma mudança de polo usando o 2º Teorema de Koenig, isto é,

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24 CINEMÁTICA DAS MASSAS

uuur uuur uuuur r&


KO1 = K G1 1 + OG1 × Q1 ,
S1 S1 S1 0S
1

uuur uuuur uuuur r&


KO2 = K G2 2 + OG2 ×Q2 ,
S1 S1 S1 0S
1

uuur uuuur uuuur r&


K O3 = K G3 3 + OG3 ×Q3 .
S1 S1 S1 0S
1

pelo que

uuur  uuur uuuur r&   uuuur uuuur r&   uuuur uuuur r& 
KO =  K G1 1 + OG1 × Q 1  +  K G2 2 + OG2 × Q 2  +  K G3 3 + OG3 × Q 3 
S1  S S1 0   S S 0   S S 0 
 1 S1   1 1 S1   1 1 S1 

isto é, poderá calcular-se o momento dinâmico de cada corpo no respetivo centro de


massa, transpô-lo para o mesmo polo e fazer então o respetivo somatório, de modo a obter
o momento dinâmico global do mecanismo.

3.6 Componentes do Vetor Momento Dinâmico em G, de um Sólido Rígido

O corpo rígido representado na figura 8, está associado a um sistema de eixos de


referência SG ≡ [G,XG,YG,ZG] rigidamente ligado ao corpo.

Z0 ZG

G
YG
O
XG

X0
Y0

Figura 8 - Corpo rígido e sistema de eixos de referência.

No caso mais geral, o momento cinético no centro de massa é dado por:

 I xx − Pxy − Pxz  ω x 
uuur    
H G =  IG  {ω } =  − Pxy I yy − Pyz  ω y 
   
 − Pxz − Pyz I zz  ω z 

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 25

Como o referencial SG ≡ [G,XG,YG,ZG] está rigidamente ligado ao sólido, a matriz de


inércia é constante. Aplicando o Teorema das Derivadas Relativas obtém-se,
u uur .r
u uu .r
u uu ur u uur
KG = HG = HG + ω × HG
S0 SG

.r ur.
( )
uuur uuu ur ur
KG = HG S =  I G  ω + ω ×  I G  ω
 
0 0

As componentes serão

r
xz z y xz x yz y zz z (
I ω& − P ω& − P ω& + ω − P ω − P ω + I ω − ω − P ω + I ω − P ω
 xx x xy y z xy x yy y xz z ) ( )
 
KG =  ... 
 ... 
 
 

Este vetor é aparentemente muito complicado, no entanto, numa grande parte dos
casos simplifica-se muitíssimo. Por exemplo, analisando o caso de um movimento plano

(  ω x = ωy = 0 ) de um sólido simétrico em relação ao plano do movimento

(  Pxz = Pyz = 0 ) , verifica-se que,


 I xx − Pxy 0  0 
uuur    
H G =  IG  {ω } =  − Pxy I yy 0  0 
 0 ω 
 0 I zz   z

 0 
uuur  
HG =  0 
I ω 
 zz z 

Com efeito, se o plano GXGYG é de simetria, tal implica que o eixo ZG seja principal
central de inércia e, portanto, que os produtos de inércia Pxz e Pyz sejam nulos. O
momento dinâmico no ponto G será então definido por

.r   0 
( )
uuur uuu d uuur d  
K G = HG = HG =   0  ,
0 dt dt   
 I zz ωz  

isto é,

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26 CINEMÁTICA DAS MASSAS

 
uuur .r
uuu  0  0  0 
     
KG = HG =  0  +  0 ×  0 
0
 .  ω   I ω 
I ω   z   zz z 
 zz z 

 
uuur .r
uuu  0 
 
K G = HG = 0 
0
 . 
I ω 
 zz z 

Caso o sólido não seja simétrico em relação ao plano do movimento

(  Pxz ≠ 0 e Pyz ≠ 0 ) , o vetor é, mesmo assim, simples. Neste caso,


 I xx − Pxy − Pxz   o   − Pxz ω
r      
H G =  − Pxy I yy − Pyz   o  =  − Pyz ω
  ω   
 − Pxz − Pyz I zz     I zz ω

− Pxz ω&   o  − Pxz ω


r      
K G =  − Pyz ω&  +  o  × − Pyz ω
 I     ω 
 zz ω&  ω   I zz

 − Pxz ω& + Pyz ω 2 


r  
KG = − Pyz ω& − Pxz ω 2  .
 I zz ω& 
 

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 27

4 ENERGIA CINÉTICA DE UM SISTEMA MATERIAL

4.1 Definições

4.1.1 Ponto Material

Seja P um ponto material de massa m, que descreve uma trajetória curvilínea S. O


r
ponto P está animado de uma velocidade instantânea v P na direção τ tangencial à

trajetória em P, como se mostra na figura 9.

S
r
τ
1 uur uur 1 uur 2 1
T= m vP • vP = m vP = m vP2
2 2 2
uur
vP
Z

O P(m)

X Y

Figura 9 - Energia cinética de um ponto material P.

A energia cinética é uma Grandeza Escalar, cuja definição matemática, no âmbito


do ponto material, é:
1 uur uur 1 uur 2 1
T= m vP • vP = m vP = m vP2
2 2 2

A energia cinética, energia acumulada por um corpo em movimento, pode ser


encarada, como mais tarde se verá, como uma função potencial de que derivam as
chamadas "forças de inércia" associadas a esse corpo. Mais tarde, quando os conceitos de
trabalho e energia forem estudados, esta expressão será justificada.

4.1.2 Sistema Discreto de Pontos Materiais

No caso de o sistema material ser constituído por um conjunto de pontos materiais


discretos, como se mostra na figura 10, a energia cinética global será a soma das energias
de todos os seus pontos. Assim, obtém-se

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28 CINEMÁTICA DAS MASSAS

P2 Pi
( ) ( )
n uuur uuur n 2
P1 T =  mi v P • v P =  mi v P
i i i
i =1 i =1
uuur
v Pi
Pn

Figura 10 - Energia cinética de um sistema de pontos materiais.

n 1 uuur uuur n 1 uuur 2 n 1


T =  mi v P • v P =  mi v P =  mi v P 2
i =1 2 i =1 2 i =1 2
i i i i

4.1.2 Sistema Material Contínuo (sólido rígido)

Num sistema contínuo, como o representado na figura 11, consideram-se um


número infinito de pontos materiais.

(M)

P, dm
Z uur
vP
dT =
2
(
1 uur uur
) 1
v P • v P dm = v P 2 dm
2
O
X Y

Figura 11 - Energia cinética de um sistema contínuo.

A energia cinética de cada elemento de massa dm, associado ao ponto material P


do sólido é definida por
1 uuur uuur 1 uuur 2 1
dT = v P • v P dm = v P dm = v P 2dm
2 i i 2 i 2 i

e, portanto, a energia cinética global da massa será definida por

1 uuur uuur 1 uuur 2 1 2


T = M dT =  v Pi • v Pi dm =  v Pi dm =  v dm
2 M 2 M 2 M Pi

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 29

4.2 Energia Cinética de Um Corpo Rígido Animado de Movimento de Translação

A energia cinética de um sólido rígido animado de movimento de translação, como


o representado na figura 12, é exatamente igual à energia que um ponto material qualquer
desse sólido teria, se nele estivesse concentrada toda a sua massa M. Assim,

1 uuur uuur 1 uuur uuur


T=
2 i i
( 2
)
v P • v P M dm = Mv P • v P , isto é,
i i

1 uuur uuur 1 uuur 2 1


T = Mv P • v P = M v P = Mv P 2 , logo
2 i i 2 i 2 i

1
(9) T = M vG2
2

vP

M
Figura 12 - Energia cinética de um corpo animado de movimento de translação.

4.3 Energia Cinética de Um Corpo Rígido Animado de Movimento de Rotação

No caso de um corpo animado de movimento de rotação em torno, por exemplo, do


eixo OZ, como representado na figura 13, a expressão da energia cinética pode ser
deduzida diretamente a partir da definição.

Z
ur M
ω uur
vP
r
P (dm)
α
R

O
Y
X

Figura 13 - Energia cinética de um sólido animado de movimento de rotação.

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30 CINEMÁTICA DAS MASSAS

A velocidade do ponto P pode ser obtida a partir da velocidade do ponto O, isto é,


uur uur ur uuur ur ur uuur ur uuur
v P = v O + ω × OP = 0 + ω × OP = ω × OP ,

já que o ponto O tem velocidade nula porque pertence ao eixo de rotação.


1 uuur uuur
Substituindo na definição da Energia Cinética T =  v • v Pi dm obtém-se que
2 M Pi

( ) ( )
1 ur uuur ur uuur
T=  ω × OP • ω × OP dm .
2 M

0  x 
  uruuur  
Definindo os vetores ω =  0  e OP =  y  , e realizando as correspondentes
ω  z 
   
operações, determina-se que

  0  x     0  x  
( ) ( )
1 ur uuur ur uuur 1          
T = M ω × OP • ω × OP dm = M   0  × y   •   0  × y   dm
2 2          
 ω   z    ω   z  

−ω y  −ω y 
1     1
T = M  ω x  •  ω x  dm = M (ω x ) + (ω y )  dm
2 2
2  2   
0   0 
   

T =
1
2
M ( ) 1
( )
ω 2 x 2 + y 2 dm = ω 2 M x 2 + y 2 dm .
2

Mas a geometria das massas mostra que

M ( x + y ) dm = Ι zz
2 2

onde Izz é o momento de inércia do sólido em relação ao eixo de rotação OZ. Logo,

1
T= Ι zz ω 2
2

Esta expressão é formalmente idêntica à correspondente ao movimento de


translação, sendo a massa substituída pelo momento de inércia em relação ao eixo de
rotação e a velocidade linear pela velocidade angular.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 31

4.4 Energia Cinética de Um Corpo Rígido em Movimento Polar

Trata-se de um movimento semelhante a uma rotação, cujo eixo, embora móvel,


passa constantemente por um ponto fixo, como se mostra na figura 14.

Z

ur
ω

M uur
vP

O P (dm)

X
Y

Figura 14 - Energia cinética de um sólido animado de movimento polar.

A energia cinética é obtida por uma expressão semelhante à do parágrafo anterior,


substituindo IZZ por I∆∆, isto é,
1
T= Ι ∆∆ ω 2
2

A Geometria das Massas mostra que o momento de inércia em relação ao eixo ∆ é


definido por,
rT r
Ι ∆∆ = u [Ι O ] u
r ur
onde u é o versor da direção ∆ (e portanto versor de ω ) e [ Ι O ] é matriz de inércia do

corpo em relação ao sistema de eixos OXYZ. Assim, sejam

ω x  l 
ur   r  
ω = ω y  e u = m  , então,
ω  n 
 z  

 l = ωx 
 l   ω l  ω x   ω   l ω = ωx 
ur r        ω y   
ω = ω u = ω m  = ω m  = ω y   m = ω   m ω = ω y  .
 n   ω n  ω     
     z  n = ωz   nω = ωz 
 ω 

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32 CINEMÁTICA DAS MASSAS

1
Retomando a expressão da energia cinética, T = Ι ∆∆ ω 2 , e a definição do
2
rT r
momento de inércia em relação ao eixo ∆, Ι ∆∆ = u [ Ι O ] u , obtém-se que

( )
rT r 1 rT r
Ι ∆∆ ω 2 = ω 2 u  Ι O  u =  ω u  Ι O  ω u ,
1 1
T=
2 2 2 

isto é

1 urT ur
(10) T= ω  Ι O  ω
2

Ι xx Pxy Pxz   l 
1 1   
T = Ι ∆∆ ω 2 = ω 2 {l m n}  Pxy Ι yy Pyz  m 
2 2   
 Pxz Pyz Ι zz   n 

l Ι xx + m Pxy + n Pxz 
1  
T = ω 2 {l m n} l Pxy + m Ι yy + n Pyz 
2  
l Pxz + m Pyz + n Ι yy 

(11) T=
1 2 2
2
(
ω l Ι xx + m2Ι yy + n2Ι zz − 2lmPxy − 2mnPyz − 2nlPxz )
T=
1 2
(
ω Ι + ωy2Ι yy + ωz2Ι zz − 2ωx ωy Pxy − 2ωy ωz Pyz − 2ωzωx Pxz
2 x xx
)
1 1 1
T = I x x ωx2 + I y y ωy2 + I z z ωz2 − Px y ωx ωy − Py z ωy ωz − Pz x ωz ωx
2 2 2

No caso particular dos eixos OXYZ serem eixos principais de inércia, o cálculo
simplificar-se-á ainda mais, resultando

T =
1
(Ι ω 2 + Ι 2 ω22 + Ι 3 ω32
2 1 1
)
A energia cinética é assim igual à soma das energias cinéticas correspondentes às
rotações "parciais" em torno dos eixos principais de inércia, no ponto fixo O do eixo de
rotação.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 33

4.5 Decomposição de Movimentos

Numa qualquer decomposição de movimento, a energia cinética não é


necessariamente igual à soma das energias correspondentes aos movimentos parcelares.
Por exemplo, decompondo um movimento absoluto na soma de um movimento relativo
com um de transporte, obtém-se a seguinte expressão de cálculo da energia cinética:

1 uur uur
( ) ( )
1 uur uuur uur uuur
T=  v • v dm =  v + v • v r + vtr dm
2 M P P
2 M r tr

1 uur uur 1 uuur uuur uur uuur


T=  v r • v r dm +  v tr • v tr dm +  v
M r
• vtr dm
2 M 2 M
uur uuur
T = Tr + Ttr + M v r • vtr dm

Como se verifica, a não ser em casos particulares em que as velocidades relativa e


de transporte são ortogonais, a energia cinética global não é igual à soma das energias
correspondentes aos movimentos parcelares.

4.6 Energia Cinética de Um Sólido em Movimento Qualquer

Um movimento arbitrário de um corpo rígido pode sempre ser decomposto na soma


de um movimento de translação do centro de massa e de um movimento de rotação em
torno do mesmo centro de massa. Assim, retomando a definição da energia cinética,
1 uuur uuur uur uur ur uuur
T=  v P • v P dm , e decompondo a velocidade do ponto P em v P = v G + ω × GP ,
2 M i i

obtém-se,

( ) ( )
1 uur ur uuur uur ur uuur
T=  v + ω × GP • v G + ω × GP dm , isto é,
2 M G

1 uur uur
( ) ( ) ( )
1 ur uuur ur uuur uur ur uuur
T=  v • v dm +  ω × GP • ω × GP dm + M G • ω × GP dm .
v
2 M G G 2 M
uur ur
Como v G e ω são constantes em relação à massa e à integração, obtém-se

1 uur uur
( ) ( ) ( )
ur uuur ur uuur uur ur uuur
T=
2
( )
1
v G • vG M dm + M ω × GP • ω × GP dm + v G • ω × M GP dm .
2

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34 CINEMÁTICA DAS MASSAS

A Geometria das Massas mostra que


uuur uuur uuur uuur r
 dm = M
M
e 
M
OP dm = M OG  
M
GP dm = M GG = 0 , logo

1 uur uur 1
( ) ( )
ur uuur ur uuur
T= Mv G • v G + M ω × GP • ω × GP dm ,
2 2

Atendendo a que (ver demonstração mais à frente)

( ) ( )
ur uuur ur uuur ur T ur
M ω × GP • ω × GP dm = ω  Ι G  ω

então,

1 uur uur 1 urT ur


(12) T= MvG • vG + ω Ι G  ω
2 2

Conclusão:

A Energia Cinética de um corpo rígido pode ser obtida pela soma das seguintes duas
parcelas T = T1 + T2 :

• A 1ª representa a energia cinética correspondente à translação do centro de


massa como se nele estivesse concentrada toda a massa do corpo rígido
1 uur uur
T1 = MvG • vG ;
2

• A 2ª representa a energia cinética correspondente à rotação em torno do centro


1 ur T ur
de massa do corpo rígido T2 = ω Ι G  ω .
2

Esta expressão traduz 3º Teorema de Koenig e permite decompor a energia cinética


de um sólido com movimento qualquer, em duas parcelas: a energia cinética de translação
e a energia cinética de rotação.

No desenvolvimento da expressão (12) considerou-se que

( ) ( )
ur uuur ur uuur ur T ur
M ω × GP • ω × GP dm = ω  Ι G  ω .

Com efeito, tomando

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 35

l   xG 
ur   uuur  
ω = ω m  e GP = y G  , e realizando o seu produto vetorial, tem-se que
n  z 
   G

 l   xG  m zG − n y G 
ur uuur      
ω × GP = ω m  × y G  = ω  n xG − l zG 
 n  z  l y − m x 
   G  G G .

( ) ( )
ur uuur ur uuur
O produto interno ω × GP • ω × GP

m zG − n yG  m zG − n yG 
( ) ( )
ur uuur ur uuur
2   
ω × GP • ω × GP = ω  n xG − l zG  •  n xG − l zG 
l y − m x  l y − m x 
 G G  G G

(ω × GP ) • (ω × GP ) =
ur uuur ur uuur

(
ω 2 m2 zG 2 + n2 y G 2 − 2 m n zG y G + n2 x G 2 + l 2 zG2 − 2 nl x G zG + l2 y G2 + m2 x G2 − 2 l m x G y G = )
(
ω 2 l2 y G 2 + l 2 zG2 + m 2 x G2 + m 2 zG2 + n2 x G2 + n2 y G2 − 2 l m x G y G − 2 m n zG y G − 2 nl x G zG = )
( ) ( ) ( )
ω 2 l 2 y G2 + zG 2 + m 2 x G2 + zG 2 + n2 x G2 + y G 2 − 2 l m x G y G − 2 m n zG y G − 2 nl x G zG  =
 

( ) ( )
ur uuur ur uuur
Substituindo o produto interno no integral Int = M ω × GP • ω × GP dm , obtém-se

( )
Int = M ω 2 l2 y G2 + zG2 + m2 xG2 + zG2 + n2 xG2 + y G2
 ( ) ( )
,

−2 m n zG y G − 2 nl xG zG − 2l m xG y G  dm

isto é,

( ) (
Int = ω 2 l2 M y G2 + zG2 dm + m2 M xG2 + zG2 dm + n2 M xG2 + y G2 dm
 ) ( )
−2l m M xG y Gdm − 2 mn M y G zGdm − 2 nl M zG xGdm 

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36 CINEMÁTICA DAS MASSAS

A Geometria das Massas mostra que

M ( y G + zG ) dm = Ι xG xG
2 2
M xG y Gdm = PxGyG

M ( xG + zG ) dm = Ι yG yG
2 2
M y G zGdm = PyG zG

M ( xG + y G ) dm = Ι zG zG
2 2
M zG xGdm = PzG xG

e logo,

(
Int = ω 2 l2 Ι xG xG + m2 Ι y Gy G + n2 Ι zG zG − 2l m PxGy G − 2 mn Py G zG − 2 nl PzG xG . )
Atendendo às expressões (10) e (11),

[ Ι O ]ω = ω 2 (l2 Ι xx + m2 Ι yy + n2 Ι zz − 2lmPxy − 2mnPyz − 2nlPxz )


ur T ur
ω

então

( ) ( )
ur uuur ur uuur
Int = M ω × GP • ω × GP dm

(
Int = ω 2 l2 Ι xG xG + m2 Ι y Gy G + n2 Ι zG zG − 2l m PxGy G − 2 mn Py G zG − 2 nl PzG xG )

( ) ( )
ur uuur ur uuur urT ur
M ω × GP • ω × GP dm = ω  Ι G  ω c.q.d.

4.7 Unidades da Energia Cinética no Sistema Internacional

1 uur uur 1 urT ur


A energia cinética T = MvG • vG + ω Ι G  ω corresponde ao produto de uma
2 2
massa pelo quadrado de uma velocidade instantânea, o que no Sistema Internacional
corresponde a unidades de energia (Joule), isto é

Kg (m/s)2 = J .

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 37

5 CINEMÁTICA DAS MASSAS – RESUMO DAS EQUAÇÕES

Na tabela seguinte estão resumidas as principais equações usadas na teoria da


Cinemática das Massas para o torsor da Quantidade de Movimento, para o torsor da
Quantidade de Aceleração e para a Energia Cinética.

Cinemática das Massas Unidades Centro de Massa G Ponto O qualquer

( ) ( )
ur uuur ur uuur
Torsor da Quantidade de Movimento τ QM
G
≡ Q ;HG τ QM
O
≡ Q ;HO

Quantidade
Vetor
de Kg m/s Q = M vG Q = M vG
Principal
Movimento
uuur uuur uuur ur
HO = HG + OG × Q
Vetor Momento uuur r
Kg m2/s HG = [ IG ]ω ou
Momento Cinético uuur uuur uur
r
HO =  I O  ω + M OG × v O

 r& uuur   r& uuur 


Torsor da Quantidade de Aceleração τ QA
G
≡  Q ;KG  τ QA
O
≡  Q ;KO 
 0   0 
Quantidade
Vetor r& uur r& uur
de Kg m/s2 = N Q = MaG Q = MaG
Principal 0 0
Aceleração
uur uur uuur r&
K O = K G + OG × Q
0
Vetor Momento .
uuur uuur
Kg m2/s2= Nm ou
Momento Dinâmico K G = HG 0
.
uuur uuur uur ur
K O = HO 0 + v O × Q

Energia 1 uur uur 1 urT ur


Kg m2/s2 = J T= MvG • vG + ω Ι G  ω
Cinética 2 2

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38 CINEMÁTICA DAS MASSAS

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 39

6 APLICAÇÃO - Sistema Manivela / Biela / Êmbolo

O sistema biela, manivela, êmbolo é composto por três corpos, (ver figura 15):

y0

G2
ϕ
2

G1
1 θ
O x0

Figura 15 - Sistema biela, manivela, êmbolo.

Parâmetro Unidade Corpo 1 Corpo 2 Corpo 3


comprimento m OA = R = 0.035 AB = L = 0.090 /
posição do
m OG1 = a = 0.015 AG2 = b = 0.045 /
centro de massa
massa kg m1 = 1.00 m2 = 0.75 m3 = 0.50
momento de inércia Kg m2 I1z1z1 = 1.225 E − 3 Iz22 z2 = 6.075 E − 3 /

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40 CINEMÁTICA DAS MASSAS

Corpo 1 - a manivela, de massa m1 e comprimento R, y0


animada de movimento de rotação em torno
B
do ponto O fixo, com velocidade angular θ& e

aceleração angular θ&& constante; 3

Corpo 2 - a biela, de massa m2 e comprimento L,


articula no ponto A com a manivela e no
ponto B com o êmbolo;
G2
ϕ
Corpo 3 – o êmbolo, de massa m3, animado de
2
movimento de translação retilínea segundo a
direção OY.

Suponha conhecidas as matrizes de inércia dos A


três corpos em relação a eixos principais centrais de
G1
inércia. As características do sistema são apresentadas 1 θ

na tabela da página anterior. O x0

O movimento do sistema inicia-se na posição


θ = 0, com velocidade angular nula, e aceleração

angular constante θ&&0 = 10.472 rad s 2 .

6.1 Geometria do Sistema Manivela – Biela – Êmbolo

A análise do triângulo OAB permite afirmar que R cosθ = L sinϕ . Desenvolvendo

esta expressão obtém-se


R
sinϕ = cosθ
L
(13) .
R 
ϕ = arc sin  cosθ 
L 

6.2 Velocidades e Acelerações Angulares dos Corpos 1, 2 e 3

Admitindo que o corpo 1 parte do repouso com velocidade angular nula e


aceleração angular constante α0 rad/s2, determina-se que:

α10 = θ&& = α 0

ω10 = θ& = θ&&t

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 41

A velocidade angular do corpo 2 pode ser obtida a partir da derivação em ordem ao


tempo da equação (13),
R
ϕ& cosϕ = − θ& sin θ
L
(14) .
R sin θ
ϕ& = − θ&
L cosϕ

A aceleração angular do corpo 2 pode ser obtida a partir da derivação em ordem ao


tempo da equação (14)

ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ = −


R &&
L
(
θ sin θ + θ& 2 cos θ )

(15) ϕ&& =
1
cos ϕ
 R &&
( 
)
 − L θ sin θ + θ cos θ + ϕ& sinϕ  .
&2 2

O corpo 3 tem movimento de translação retilínea, pelo que as suas velocidade e


aceleração angulares são nulas.

A figura 16 mostra a variação de ϕ , ϕ& e ϕ&& em função do ângulo de rotação θ . O

valor de θ& está também representado.

Velocidade e Aceleração Angulares do Corpo 2


dq/dt f (º) df/dt d2f/dt2
2
º, rad / s rad / s
25 250

20 200

15 150

10 100

5 50

0 0
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 3.00 3.25
-5 -50

-10 -100

-15 -150

-20 -200

-25 -250
θ (rad / 2 π )

Figura 16 – Velocidade e aceleração angulares do corpo 2.

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42 CINEMÁTICA DAS MASSAS

6.3 Trajetória do Centro de Massa de Cada Corpo

A posição do centro de massa de cada um dos Trajectórias

corpos que compõem o mecanismo é definida pelos OG1 OG2 OG3 OA BM

0.14
seguintes vetores:

a cos θ 
uuuur   0.12
OG1 =  a sin θ  ,
s0
 0 
  0.10

R cos θ  − b sin ϕ 
uuuur    
=  R sin θ  +  b cos ϕ  ,
0.08
OG2
s0
 0   0 
   
0.06

 0 
uuuur  
OG3 = R sin θ + L cos ϕ  0.04

s0
 0 
 
0.02

A figura 17 mostra a trajetória do centro de


massa de cada corpo, dando uma ideia do movimento -0.04 -0.03 -0.02
0.00
-0.01 0.00 0.01 0.02 0.03 0.04

do mecanismo.
-0.02

Figura 17 – Trajetória do centro de massa de


cada corpo.
-0.04

6.4 Torsor da Quantidade de Movimento do Sistema

6.4.1 Torsor da Quantidade de Movimento do Corpo 1

(τ )
uur uuur
≡  Q 1;HG1  .

G1
O torsor da quantidade de movimento da manivela é definido por QM
1  1

A quantidade de movimento é igual a

uur .r  − a θ& sin θ 


uuur uuuu  
Q1 = m1 v G = m 1 OG1 = m 1  a θ& cos θ  .
1 S0 0
S0  0 
S0  
O momento cinético é igual a

 I1 0 
0   0 
x 1x 1 0
uuur uuur    
  
H G1 =  IG1  ω 10 =  0 I1y 0 × 0
  = 0  .
1  1  1y 1 
S1 θ&   1 
 0 0 1
Iz z     Iz1z1 θ& 
 1 1 S1

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 43

1
Atendendo a que o vetor momento cinético do corpo 1, H G 1
, só tem componentes

segundo a direção Z1, e atendendo a que os eixos Z0 e Z1 são paralelos entre si, verifica-se
uuur uuur
1
que H G = H G1 .
1 1
S0 S1

6.4.2 Torsor da Quantidade de Movimento do Corpo 2

( )
uur uuur
O torsor da quantidade de movimento da biela é definido por (τ )
G2
QM 2
≡ Q 2 ;HG2 2 .
A quantidade de movimento é igual a

uuur .   − R θ& sin θ   − b ϕ& cos ϕ  


uuur uuuur  &   
Q2 = m2 vG
2 S0
= m 2 O G2
0
= m2   R θ cos θ  +  − b ϕ& sin ϕ   .
S0  0   0 
S0
   
O momento cinético é igual a

 I2 0 
 0   0 
x2 x2 0
uuuur uuur  
   
H G2 =  IG2  ω 20 =  0 Iy2 0 × 0  =  0 
2  2  2y2 
S2 ϕ&   2 
 0 0 2
Iz z     I z 2 z 2 ϕ& 
 2 2  S 2

Atendendo a que o vetor momento cinético do corpo 2, H G2 , só tem componentes


2

segundo a direção Z2, e atendendo a que os eixos Z0 e Z2 são paralelos entre si, verifica-se
uuuur uuuur
que H G2 = H G2 .
2 2
S0 S2

6.4.3 Torsor da Quantidade de Movimento do Corpo 3

O torsor da quantidade de movimento do êmbolo é dado por

( ) ( )
uuur uuuur
τ QM
G3
≡ Q 3 ; H G3 .
3
3

A quantidade de movimento é igual a

uuur .r  0 
uuur uuuu  & 
Q3 = m3 v G = m3 OG3 = m3 Rθ cos θ − Lϕ& sin ϕ  .
3 0
S0  0 
 

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44 CINEMÁTICA DAS MASSAS

O momento cinético do corpo 3, definido no seu centro de massa, é nulo, já que o


uuuur r
corpo está animado de movimento de translação retilínea, HG3 = 0.
3
S0

A figura 18 mostra a variação da quantidade de movimento do corpo 1 durante o


período de tempo correspondente à primeira rotação completa do corpo 1. Pode-se
verificar que, tal como o vetor velocidade, a quantidade de movimento é, em cada
instante, tangente à trajetória do movimento do centro de massa do corpo 1. Note-se,
ainda, que a intensidade da quantidade de movimento cresce ao longo do tempo, já que a
aceleração angular do corpo 1 é constante.

A figura 18 mostra, também, a variação da quantidade de movimento do corpo 2


durante o período de tempo correspondente à primeira rotação completa do corpo 1.
Pode-se verificar que, tal como o vetor velocidade, a quantidade de movimento é, em
cada instante, tangente à trajetória do movimento do centro de massa do corpo 2. Note-
se, ainda, que a intensidade da quantidade de movimento cresce ao longo do tempo, já
que a aceleração angular do corpo 1 é constante.

Quantidade de Movimento do Corpo 2

OG1 OG2 OG3 OA Q2 BM

Quantidade de Movimento do Corpo 1


0.20
OG1 OG2 OG3 OA Q1 BM

0.14
0.18

0.12 0.16

0.14
0.10

0.12
0.08

0.10

0.06
0.08

0.04 0.06

0.04
0.02

0.02
0.00
-0.06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08
0.00
-0.06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08
-0.02
-0.02

Q1 Q2
-0.04
-0.04

-0.06 -0.06

-0.08
-0.08

Figura 18 – Quantidades de movimento dos corpos 1 e 2.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 45

A figura 19 mostra a variação da quantidade de movimento do corpo 3 durante o


período de tempo correspondente à primeira rotação completa do corpo 1. O vetor
quantidade de movimento está representado segundo a direção OX0 (e não OY0 como
acontece na realidade) de modo a poder ser representado. Pode-se verificar que a
velocidade do centro de massa do êmbolo, e necessariamente, a quantidade de
movimento, anulam-se nos pontos de inversão do movimento do êmbolo. Note-se, ainda,
que a intensidade da quantidade de movimento cresce ao longo do tempo, já que a
aceleração angular do corpo 1 é constante.

Quantidade de Movimento do Corpo 3

OG1 OG2 OG3 OA Q3 BM

0.14

0.12

Q*2y
0.10

0.08

0.06

0.04

0.02

0.00
-0.08 -0.06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12

-0.02

-0.04

Figura 19 – Quantidade de movimento do corpo 3.

6.4.4 Torsor da Quantidade de Movimento do Sistema no Ponto O

(τ ) ≡ (Q;H ) .
ur uuur
O
O torsor da quantidade de movimento do sistema é definido por QM O
S

A quantidade de movimento do sistema é igual à soma das quantidades de movimento de


ur uur uuur uuur
cada um dos seus corpos, Q = Q 1 + Q 2 + Q 3 , isto é,
S0

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46 CINEMÁTICA DAS MASSAS

 −a θ& sin θ   −R θ& sin θ − b ϕ& cos ϕ   0 


ur      & 
Q = m1  a θ cos θ  + m2  R θ cos θ − b ϕ& sin ϕ  + m3 R θ cos θ − L ϕ& sin ϕ 
& &
S0
 0   0   0 
     

A figura 20 mostra a variação das componentes segundo OX0 e OY0 da quantidade


de movimento dos 3 corpos assim como a variação do ângulo ϕ (f na figura). Analisando,
por exemplo, as componentes da quantidade de movimento do corpo 2, verifica-se que
quando Q2X0 é máximo, Q2Y0 é nulo, e vice-versa.

Quantidade de Movimento dos 3 Corpos


Q1x Q1y Q2x Q2y Q3 f (º)
kg m / s º
0.6 30.0

0.4 20.0

0.2 10.0

0.0 0.0
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 3.00 3.25

-0.2 -10.0

-0.4 -20.0

-0.6 -30.0
θ (rad / 2 π )

Figura 20 – Quantidade de movimento do sistema.

O momento cinético do sistema, definido no ponto O, é igual à soma dos momentos


uuur uuur uuur uuur
cinéticos em O, de cada um dos seus corpos, HO = HO1 + HO2 + HO3 . O momento cinético
S0

em O de cada um dos corpos é definido por:

   
uuur uuur uuuur uur  0   a cos θ   −aθ& sin θ   0 
       
HO1 = HG1 + OG1 × Q 1 =  0  +  a sin θ  × m1  aθ& cos θ  =  0  ;
1
 1 &      1 
( )
S0
Iz1z1θ  
0   0   Iz1z1 + m1a θ& 
2
 

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 47

 
uuur uuuur uuuur uuur  0  R cos θ − b sin ϕ   −Rθ& sin θ − bϕ& cos ϕ 
     
HO2 = HG2 + OG2 × Q 2 =  0  + R sin θ + b cos ϕ  × m2  Rθ& cos θ − bϕ& sin ϕ  ,
2
S0 2     
I ϕ& 0 0
 z2 z2     

 0 
uuur  
HO2 = 0  ;
2
( ) ( − cos θ sin ϕ + sin θ cos ϕ )
S0
Iz2 z2 ϕ& + m2 R θ + m2 b ϕ& + m2 Rb θ& + ϕ&
2& 2

uuur uuuur uuuur uuur 0   0   0 


     &  r
HO3 = HG3 + OG3 × Q 3 = 0  +  R sin θ + Lcos ϕ  × m3  Rθ cos θ − Lϕ& sin ϕ  = 0 ;
3
S0 0   0   0 
     

Logo, o momento cinético em O do sistema biela manivela é definido por:

( ) ( )
uuur r
HO
S0  11 2 2
( )
=  I1z z + m1a 2 + m2 R 2 θ& + Iz2 z + m2 b 2 ϕ& + m2 Rb θ& + ϕ& ( − cos θ sin ϕ + sin θ cos ϕ )  k

6.5 Torsor da Quantidade de Aceleração

6.5.1 Torsor da Quantidade de Aceleração do Corpo 1

O torsor da quantidade de aceleração do corpo 1 é definido por

(τ )
G1
QA
1
(
r& 1 uuur
)
≡ Q ;K G1 . A quantidade de aceleração da manivela, corpo 1, é igual a,
0 1

−aθ&& sin θ − aθ&2 cos θ 


r& uuur .r
uuu  
Q1 = m1aG = m1 v G = m1  aθ&&cos θ − aθ&2 sin θ  .
1 1
0S
0 0  0 
 

.r  0 
uuur uuuu  
1
O momento dinâmico da manivela é igual a K G = HG1 =  0  .
1 1 0
S0  1 &&
Iz1z1θ 

6.5.2 Torsor da Quantidade de Aceleração do Corpo 2

O torsor da quantidade de aceleração da biela é definido por (τ ) G2


QA
2

( r& 2 uuur
Q ;K G2 .
0 2 )
A quantidade de aceleração da biela é igual a,

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48 CINEMÁTICA DAS MASSAS

−Rθ&& sin θ − Rθ&2 cos θ  − bϕ&& cos ϕ + bϕ& 2 sin ϕ 


r& uuur .
uuur    
Q2 = m2 aG = m2 v G = m2  Rθ&&cos θ − Rθ&2 sin θ  + m2  − bϕ&& sin ϕ − bϕ& 2 cos ϕ  .
2 2 0
0S
0  0   0 
   

.r  0 
uuur uuuu  
O momento dinâmico da biela é igual a K G2 = HG2 =  0 .
2 2 0
S0 2 
S0 Iz2 z2 ϕ&&

O momento dinâmico da biela pode também ser definido no ponto B, articulação da


biela com o êmbolo. Aplicando o 2º Teorema de Koenig obtém-se o seguinte resultado,
uur uuur uuuur r&
K B2 = K G22 + BG2 × Q 2
S0 0

 0   b sin ϕ   −Rθ&& sin θ − Rθ& 2 cos θ  − bϕ&& cos ϕ + bϕ& 2 sin ϕ 


uur        
K B2 =  0  + − b cos ϕ  × m2   Rθ&&cos θ − Rθ&2 sin θ  +  − bϕ&& sin ϕ − bϕ& 2 cos ϕ 
S0
I 2 ϕ&&  0   0   0 
 z2 z2       

 0     
  0  0 
uur      
K B2 =  0  + m2   0  +  0 
S0 2     2  
I ϕ
&&
 z2z2 
 bR
  
θ&& ( − sin θ cos ϕ + cos θ sin ϕ ) − θ& 2
( sin θ sin ϕ + cos θ cos ϕ ) 
  
−b ϕ&&

{( I }
uur
)
r
K B2 = 2
− m2 b2 ϕ&& + m2 bR θ&&( − sin θ cos ϕ + cos θ sin ϕ ) − θ&2 ( sin θ sin ϕ + cos θ cos ϕ )  k
S0
z2 z2  

6.5.3 Torsor da Quantidade de Aceleração do Corpo 3

( ) ( )
r& uuur
O torsor da quantidade de aceleração do corpo 3 é definido por τ QA
G3
≡ Q 3 ;K G3 .
3
3 0

A quantidade de aceleração do êmbolo é igual a,

.
 0   0 
r& uuur uuur  &&   
Q3 = m3 aG = m3 v G = m3 Rθ cos θ − Rθ&2 sin θ  + m3 −Lϕ&& sin ϕ − Lϕ& 2 cos ϕ  .
3 3 0
0  0   0 
   
uuuur .r
uuuu ur
3
O momento dinâmico da biela é igual a K G = HG = 0 .
3
3 3 0
S

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 49

A figura 21, mostra a variação da quantidade de aceleração da manivela durante


o período correspondente à primeira rotação completa do corpo 1. Verifica-se que a
quantidade de aceleração tem duas componentes segundo as direções OX0 e OY0, as
quais poderiam ser decompostas numa componente tangencial e numa componente
normal à trajetória.

A figura 21, mostra, também, a variação da quantidade de aceleração da biela


durante o período correspondente à primeira rotação completa do corpo 1. Verifica-se que
a quantidade de aceleração tem duas componentes segundo as direções OX0 e OY0, as
quais poderiam ser decompostas numa componente tangencial e numa componente normal
à trajetória.

Quantidade de Aceleração do Corpo 2

OG1 OG2 OG3 OA Q*2 BM

0.18
Quantidade de Aceleração do Corpo 1

0.16
OG1 OG2 OG3 OA Q*1 BM

0.14
0.14

0.12

0.12

0.10

0.10
0.08

0.08
0.06

Q*2x
0.06
0.04

0.04
0.02

Q*2y
0.02
0.00
-0.12 -0.10 -0.08 -0.06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0.06

-0.02 0.00
Q*1y -0.10 -0.08 -0.06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0.06
Q*1x
-0.04 -0.02

-0.06 -0.04

-0.08 -0.06

Figura 21 – Quantidades de aceleração dos corpos 1e 2.

A figura 22 mostra a variação da quantidade de movimento do êmbolo durante o


período de tempo correspondente à primeira rotação completa do corpo 1. O vetor
quantidade de aceleração está representado segundo a direção OX0 (e não OY0 como
acontece na realidade) de modo a poder ser convenientemente visualizado.

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50 CINEMÁTICA DAS MASSAS

Quantidade de Aceleração do Corpo 3


OG1 OG2 OG3 OA Q*3 BM
0.14

0.12

0.10
Q*2y

0.08

0.06

0.04

0.02

0.00
-0.08 -0.06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12

-0.02

-0.04

Figura 22 – Quantidade de aceleração do corpo 3.

6.5.4 Torsor da Quantidade de Aceleração do Sistema no Ponto O

O torsor da quantidade de aceleração do sistema mecânico é definido por

( )
τ QA
O
S0
( r&
≡ Q ;KO
0
uuur
) . A quantidade de aceleração do sistema é igual à soma das

r& r& r& r&


quantidades de aceleração de cada corpo, isto é, Q = Q1 + Q2 + Q3 .
0S 0S 0S 0S
0 0 0 0

Logo,

− aθ&& sin θ − aθ&2 cos θ   −Rθ&& sin θ − Rθ&2 cos θ  − bϕ&& cos ϕ + bϕ& 2 sin ϕ 
r&      
Q = m1  aθ&&cos θ − aθ&2 sin θ  + m2   Rθ&& cos θ − Rθ&2 sin θ  +  − bϕ&& sin ϕ − bϕ& 2 cos ϕ 
0S      
0 0  0 0 
     
 0   0 
   
+m3  Rθ&&cos θ − Rθ&2 sin θ  + −Lϕ&& sin ϕ − Lϕ& 2 cos ϕ 
 0   0 
    

A figura 23 mostra a variação das componentes segundo OX0 e OY0 da quantidade


de aceleração de cada um dos corpos do sistema, em função da rotação da manivela.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 51

Quantidade de Aceleração dos 3 Corpos

Q*1x Q*1y Q*2x Q*2y Q*3 f (º)


N
kg m / s2 º
15.0 30.0

10.0 20.0

5.0 10.0

0.0 0.0
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 3.00 3.25

-5.0 -10.0

-10.0 -20.0

-15.0 -30.0
θ (rad / 2 π )

Figura 23 – Quantidade de aceleração do sistema.

O momento dinâmico do sistema, definido no ponto O, é igual à soma dos


uuur uuur uuur uuur
momentos dinâmicos em O, de cada um dos seus corpos, K O = K O1 + K O2 + K O3 .
S0

O momento dinâmico em O de cada um dos corpos é definido por:

 0  a cos θ   − a θ&& sin θ − a θ& 2 cos θ   0 


uur uuur uuur r&        
K O1 = K G11 + OG1 × Q 1 =  0  +  a sin θ  × m1  a θ&& cos θ − a θ& 2 sin θ  =  0 
I1 θ&&  0     
( )
S0 0
0   Iz1z1 + m1 a θ&&
1 2
 z1z1    
uuur uuur uuuur r
&
K O2 = K G2 + OG2 × Q 2 =
2
S0 0

 0  R cos θ − b sin ϕ   −Rθ&& sin θ − Rθ&2 cos θ  −bϕ&& cos ϕ + bϕ& 2 sin ϕ 
 
       
=  0  + R sin θ + b cos ϕ  × m2   Rθ&&cos θ − Rθ&2 sin θ  +  −bϕ&& sin ϕ − bϕ& 2 cos ϕ 
2       
Iz2 z2 ϕ&& 
0  0 0

 
  

uuur
K O2 = Iz2 z ϕ&& + m2R 2θ&& + m2 b 2ϕ&& +
S0
 22

( ) ( − sinθ sin ϕ + cos θ cos ϕ ) k


r
( )
+m2 Rb θ&& + ϕ&& ( − cos θ sin ϕ + sin θ cos ϕ ) + m2Rb θ&2 + ϕ& 2

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52 CINEMÁTICA DAS MASSAS

uuur uuur uuuur r


&
K O3 = K G3 + OG3 × Q 3 =
3
S0 0

0   0   0   0 
         r
0  + R sin θ + L cos ϕ  × m3  Rθ&&cos θ − Rθ& sin θ  +  −Lϕ&& sin ϕ − Lϕ& cos ϕ  = 0
2 2

0   0   0   0 
        

Logo, o momento dinâmico em O do sistema biela manivela é definido por

( ) ( )
uuur
KO =  I1z z + m1a 2 + m2R 2 θ&& + Iz2 z + m2 b 2 ϕ&&+
S0  11 2 2

( )
+m2Rb θ&& + ϕ&& ( − cos θ sin ϕ + sin θ cos ϕ )

( )
r
+m2Rb θ&2 − ϕ& 2 ( − sin θ sin ϕ + cos θ cos ϕ )  k

A figura 24 mostra a variação da quantidade de aceleração do sistema biela,


manivela, êmbolo, em função da rotação da manivela. Estão representadas as
componentes segundo OX0 e OY0, assim como a sua soma vetorial. Está também
representado o momento dinâmico do sistema.

Quantidade de Aceleração e Momento Dinâmico do Sistema

N Q*x Q*y Q* Ko
kg m / s2 Nm
30.0 0.9

20.0 0.6

10.0 0.3

0.0 0.0
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 3.00 3.25

-10.0 -0.3

-20.0 -0.6

-30.0 -0.9
θ (rad / 2 π )

Figura 24 – Quantidade de aceleração e momento dinâmico do sistema.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 53

6.6 Energia Cinética

A energia cinética de um corpo sólido pode, no caso geral, ser decomposta em duas
componentes escalares: uma componente de translação, devida à velocidade de
translação do centro de massa, e uma de rotação, devida à velocidade de rotação em
torno do centro de massa, de acordo com o 3º Teorema de Koenig.
Usando este princípio podem-se determinar as energias cinéticas de cada um dos
corpos do sistema manivela – biela – êmbolo. A energia cinética total é igual à soma das
energias cinéticas de cada sólido.

T1 =
1
2 s s
1 T
m1 v G1 • v G1 + ω10
2 s1
1
× IG
1 s1
[ ]
× ω10
s1

I1 0 0  0 
− a θ& sin θ  − a θ& sin θ   x1 x1 
1
T =
1
2
 &   &  1
m1  a θ cos θ  •  a θ cos θ  +
2
0 0 θ  0
&

{ } I1y y
1 1
 
0  0 
 
   
I1z z  θ 
0 0  0 &
    0
 1 1 

T1 =
1
2
1
m1 a 2 θ& 2 + I1z z θ& 2 =
2 11
1 1
I (
2 z1z1
)
+ m1 a 2 θ& 2

T2 =
1
2
1
m2 v G2 • v G2 + ω T [ ]
× I 2 × ω 20
2 20 G2

− R θ& sin θ − b ϕ& cos ϕ  − R θ& sin θ − b ϕ& cos ϕ 


2 1    
T = m2  R θ& cos θ − b ϕ& sin ϕ  •  R θ& cos θ − b ϕ& sin ϕ  +
2    
 0   0 
I 2 0 0  0 
 x2 x2 
1  
+ {0 0 ϕ& } 0 I y22 y 2 0  0 
2   
 0 0 I z2 z  ϕ& 
 2 2 

T2 =
1
2
[ ] 1
m2 R 2 θ& 2 + b 2 ϕ& 2 + 2 R b θ& ϕ& (sin θ cos ϕ − cos θ sin ϕ ) + I z2 z ϕ& 2
2 2 2

T3 =
1
2
1
m3 v G3 • v G3 + ω T [ ]
× I 3 × ω 30
2 30 G 3

Ix3 x 0 0  0
 0   0   3 3  
1  &   &  1  
T = m3 Rθ cos θ − Lϕ& sin ϕ  • Rθ cos θ − Lϕ& sin ϕ  + {0 0 0}  0
3
Iy33 y 3 0  0 
2     2   
 0   0   0 0 Iz33 z3  0 
 

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54 CINEMÁTICA DAS MASSAS

T3 =
1
2
(
m3 R 2 θ& 2 cos 2 θ + L2 ϕ& 2 sin 2 ϕ − 2 R Lθ& ϕ& cos θ sin ϕ )

A energia cinética total é igual à soma das energias cinéticas de cada um dos

sólidos do sistema, isto é, T = T 1 + T 2 + T 3

T = (
1 1
I
2 z1z1
)
1
2
[ 1
]
+ m1 a 2 θ& 2 + m2 R 2 θ& 2 + b 2 ϕ& 2 + 2 R b θ& ϕ& (sin θ cos ϕ − cos θ sin ϕ ) + I z2 z ϕ& 2 +
2 2 2

+
1
2
(
m3 R 2 θ& 2 cos 2 θ + L2 ϕ& 2 sin 2 ϕ − 2 R L θ& ϕ& cos θ sin ϕ )
A figura 25 mostra a variação da energia cinética de cada um dos corpos do
sistema, e da energia cinética total, em função da rotação da manivela.

Energia Cinética dos Três Corpos

T1 T2 T3 T
Joule
0.7

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 2.25 2.50 2.75 3.00 3.25

θ (rad / 2 π )

Figura 25 – Energia cinética do sistema.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 55

7 APLICAÇÃO - Sistema tridimensional (Corpo submetido a 2 rotações e uma


translação)

Z0

A 1
Z3

Z1 Z2
2
K
O C X1 ≡ X2
G
CG3 = b
θ , θ& = const.
X3
M G3
B ϕ , ϕ& , ϕ&&
3
a r(t)

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1: um braço em forma de T, de massa m1, que roda em torno do eixo vertical Z0

com velocidade angular θ& constante, acionado pelo Momento Motor Mm conhecido;

Corpo 2: um cursor de massa m2, que translada ao longo do braço OC, estando ligado ao
ponto O por uma mola de rigidez K;

Corpo 3: um braço de massa m3, articulado em C com o corpo 2, e que roda em torno do
eixo Y2 com velocidade angular ϕ& e aceleração angular ϕ&& .

Suponha que todas as ligações são perfeitas. Quando o sistema está em repouso a
deformação da mola é nula e r(t) = 0.

Considere a massa e a inércia dos três corpos, admitindo conhecidas as suas

(
matrizes de inércia em relação a eixos principais centrais de inércia I X3 3 X 3 = I Z3 3 Z 3 . )
Determinar o torsor das quantidades de aceleração do corpo 3 no seu centro de
massa e a energia cinética do corpo 3.

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56 CINEMÁTICA DAS MASSAS

O Torsor das quantidades de aceleração do corpo 3 no ponto G3, é definido por

r& uuur
(τ ) G3
QA 3 ≡  Q 3 , K G33 
 0 
r& uuur
A Quantidade de Aceleração é definida por Q 3 = m3 aG3 .
0 S1 S1

O vetor posição do centro de massa do corpo 3, representado no sistema de eixos S1

 a + r ( t )  b senϕ 
uuuur uuur uuuur uuuur    
é igual a OG3 S1 = OC S1 + CG3 S1 ⇔ OG3 = 0  + 0 
0  −b cos ϕ 
S1

   

A velocidade do centro de massa do corpo 3, representada no sistema de eixos S1, é

uur uuuu
. r uuuu
. r
r uuuur
igual a vG3 = OG3 = OG3 + ω10 × OG3 .
S0 S1

0 
  uuur
Atendendo à definição de ω10 = 0  , θ& = const. , obtém-se que ( )
θ& 
 

r& ( t ) + b ϕ& cos ϕ  0  a + r ( t ) + b senϕ   r& ( t ) + b ϕ& cos ϕ 


uur        
vG3
S1
= 0  + 0  ×  0  =   a + r ( t ) + b senϕ  θ&  .
b ϕ& senϕ  θ&  −b cos ϕ   
       b ϕ& senϕ 

A aceleração do centro de massa do corpo 3, representada no sistema de eixos S1, é

uuur uur
. uur
.
r uur
igual a aG3 = vG3 = vG3 + ω10 × vG3 ,
S0 S1

&&r ( t ) + b (ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 senϕ )  0   r& ( t ) + b ϕ& cos ϕ 


uuur      
aG3 = ( ()
&
r t + bϕ& senϕ ) θ &  + 0  ×   a + r ( t ) + b senϕ  θ&  ,
  θ&   
S1

 b (ϕ senϕ + ϕ cos ϕ ) 
&& &2    b ϕ& senϕ 

&& r ( t ) + b (ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 senϕ ) − ( a + r ( t ) + bsenϕ )θ& 2 


uuur  
aG3 = 2 ( r& ( t ) + bϕ& senϕ )θ& .
S1
 
 b (ϕ&&senϕ + ϕ& 2 cos ϕ ) 

Conclui-se, assim, que a quantidade de aceleração do corpo 3 é dado por

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 57

&& r ( t ) + b (ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 senϕ ) − ( a + r ( t ) + bsenϕ ) θ& 2 


uur
.
uuur  
Q3 = m3 aG3 = m3  2 ( r& ( t ) + bϕ& senϕ ) θ& 
 
S1

b (ϕ&&senϕ + ϕ& 2 cos ϕ )


0 S1
 

O Momento Dinâmico corpo 3, no seu centro de massa, é definido por:

uuur uuuu
. r

K G33 = H G33 .
S1
0 S1

uuuur r
O momento cinético é, por sua vez, definido como H G3 =  I G33  × ω30 S3
S3 S3

 I x33 0 0 
 
A matriz de inércia do corpo 3 é dada por  I G33  = 0 I y33 0 .
S3
0 0 I z33 

O vetor velocidade angular do corpo 3 expresso em S3 é definido por

0  0  θ& senϕ  θ& senϕ 


uuur uuur uuur uuur       r  
ω30 = ω32 + ω 21 + ω10 = −ϕ&  + 0  + 0  ⇔ ω30 S = −ϕ& .
S3 S3 S3 S3
0  0  θ& cos ϕ  θ& cos ϕ 
3

       

Logo
 I x33 0 0  θ& senϕ   I x33 θ& senϕ 
uuuur r      3 
H G3 =  I G33  × ω30 S3
= 0 I y33 0  × −ϕ&  = − I y3 ϕ& .
S3 S3
0
 0 I z33  θ& cos ϕ   I z33 θ& cos ϕ 

uuuur
O vetor H G3 está expresso no sistema de eixos S3 pelo que deve ser convertido
S3

para o sistema S1, usando a correspondente matriz de transformação. Assim,

uuuur uuuur
cos ϕ 
3
(
0 − senϕ   I x33 θ& senϕ   I x3 − I z3 θ senϕ cos ϕ 
3 &

)
   3
H G3 = [T31 ] × H G3 = 0 1 0  × − I y33 ϕ&  = − I y3 ϕ&  ,
S1 S3  
   
 senϕ 0 cos ϕ   I z3 θ cos ϕ  ( )
3 &
 I x3 sen ϕ + I z3 cos ϕ θ 
3 2 3 2 &

0 
uuuur  3 
H G3 = − I y3 ϕ&  , já que I X3 3 = I Z3 3 .
S1
 I 3 θ& 
 z3 

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58 CINEMÁTICA DAS MASSAS

uuur uuuu
. r

O Momento Dinâmico corpo 3, no seu centro de massa, é então K G33 = H G33 .


S1
0 S1

0  0   0 
uuur uuuu
. r
uuur uuuu
. r
r uuuur  3     3 
K G33 = H G33 ⇔ K G3 = H G33 + ω10 × H G3 = − I y3 ϕ&& + 0  × − I y3 ϕ&  ,
  θ&   3 & 
S1 S1
0 S1 1 S1
0     I z3θ 

concluindo-se que o momento dinâmico do corpo 3 é definido por

− I y33θ& ϕ& 
uuur  
K G3 = − I y33 ϕ&& 
0 
S1

 

A Energia Cinética do corpo 3 pode ser decomposta em duas componentes


escalares: uma componente de translação, devida à velocidade de translação do centro
de massa, e uma de rotação, devida à velocidade de rotação em torno do centro de
massa, de acordo com o 3º Teorema de Koenig. Usando este princípio podem-se
determinar a energia cinética do corpo 3 através da expressão

1 uur uur 1 uuuTr uuur


T3 = m3 vG3 • vG3 + ω30 ×  I G33  × ω30
2 S1 S1 2 S3 S3 S3

 r& ( t ) + b ϕ& cos ϕ   r& ( t ) + b ϕ& cos ϕ 


1    
T = m3   a + r ( t ) + b senϕ  θ&  •   a + r ( t ) + b senϕ  θ& 
3

2    
 b ϕ& senϕ   b ϕ& senϕ 
,
 I x33 0 0  θ& senϕ 
   
+
1 &
2
{
θ senϕ −ϕ& θ& cos ϕ × 0 } I y33 0  × −ϕ& 
 3  θ& cos ϕ 
0 0 I z3   

T3 =
1
2
{
m3  r& ( t ) + b ϕ& cos ϕ  +  a + r ( t ) + b senϕ  θ& 2 + ( b ϕ& senϕ )
2 2 2
}
,

+
2
(
1 3 &2
I x3θ sen 2ϕ − I y33 ϕ& 2 + I z33θ& 2 cos 2 ϕ )
T3 =
1
2 
{ } (
& ϕ& cos ϕ +  a + r ( t ) + b senϕ  θ& 2 + I x33θ& 2 − I y33ϕ& 2  .
m3 r& 2 + b 2 ϕ& 2 cos ϕ + 2rb
2


)

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 59

8 PROBLEMAS PROPOSTOS

Problema CM1

Y1 Y2
l

2
r B
1 G2
C θ X1 X2
ϕ h
R
A D

O disco representado na figura rola sem escorregar sobre o plano horizontal estando
articulado em B com um retângulo.

Considerando a massa e inércia de todos os corpos, determine:

a) O torsor das quantidades de movimento de cada um dos corpos que constituem o


mecanismo, no respetivo centro de massa.

b) O torsor das quantidades de movimento do mecanismo, no ponto de contacto do


disco com a superfície horizontal.

uur
m1 = 25 kg; m2 = 30 kg; v C = -1 i m/s; θ = π/2

r = 1.5 m; R = 2 m; l = 7 m; h = 2m.

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60 CINEMÁTICA DAS MASSAS

Problema CM2

y0

y2 , y1 1
OG1 = a ;
x0
O
x1
OB = l;
θ
l x2
2
A ≡ G2 ≡ G3 G1

B
A

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1 - uma barra, articulada ao exterior no ponto 0, animada de velocidade angular

θ& e aceleração angular θ&& ;

Corpo 2 - um cursor, que se desloca ao longo do corpo 1, e está articulado com o corpo 3
no ponto A;

Corpo 3 - um outro cursor, articulado com o corpo 2 no ponto A, que desliza ao longo de
um guiamento exterior horizontal, e está ligado ao exterior por um conjunto
mola - amortecedor.

Todos os corpos têm um plano de simetria coincidente com o plano de movimento,


e são conhecidas as matrizes de inércia de cada corpo referidas a eixos principais centrais
de inércia. O movimento do sistema é conhecido. Determine:

a) O torsor das quantidades de aceleração no centro de massa de cada um dos corpos


que constituem o mecanismo.

b) O torsor das quantidades de aceleração do sistema global reduzido no ponto 0.

c) A energia cinética do mecanismo.

d) O valor da energia cinética quando θ = π/6.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 61

Problema CM3

Z0 ≡ Z1

Z2 2
1
Y2
G
. .. l
s,s,s ϕ = constante
O
Y1

. ..
θ ,θ ,θ

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

corpo 1 - uma manga que pode transladar ao longo do eixo Z1 com velocidade s& e

aceleração s&& , e rodar em torno do mesmo eixo com velocidade angular θ& e

aceleração angular θ&& ;

corpo 2 - um braço cilíndrico (de topos perpendiculares ao seu eixo de revolução)


rigidamente ligado ao corpo 1.

Desprezando a massa e a inércia do corpo 1, determine:

a) O torsor das quantidades de movimento do mecanismo no centro de massa do corpo


2.

b) O torsor das quantidades de aceleração do mecanismo no ponto 0.

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62 CINEMÁTICA DAS MASSAS

Problema CM4

zz 2 zz 3 zz 00 z 11

φ
X1
A
G
R
X3
Y3 φ
O

Y2 Y1
θ

A antena parabólica representada na figura é constituída por:

Corpo 1 - uma base circular que roda em torno do eixo vertical Z1 com velocidade

angular θ& constante;

Corpo 2 - uma casca semiesférica que roda em torno do eixo y1 relativamente à base com
velocidade angular ϕ& e aceleração angular ϕ&& .

Desprezando a massa e a inércia do corpo 1, determine:

a) O torsor das quantidades de movimento do mecanismo no ponto O.

b) O torsor das quantidades de aceleração do mecanismo no ponto O.

c) A energia cinética do mecanismo.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 63

Problema CM5

O mecanismo representado na figura é constituído


y0
por:
1 Corpo 1, um disco de massa m1 e de raio R, que roda

em torno do ponto O fixo, com velocidade angular θ&


Mm
O e aceleração angular θ&& , acionado pelo momento
r x0 motor Mm, e estando articulado com uma barra no
A ponto A;
θ
Corpo 2, uma barra de massa e inércia desprezáveis,
de comprimento L, articulada com um cursor no
ponto B;
ϕ Corpo 3, um cursor de massa m3, que desliza ao longo
2 OA = r
de uma guia vertical, e está ligado ao exterior por
AB = L uma mola de rigidez k.

No instante inicial, o ponto A está na posição


mais baixa (θ = 0) e a deformação da mola é nula.
3
B
Suponha conhecida a matriz de inércia do

k corpo 1 em relação a eixos principais centrais de


inércia, e que todas as ligações são perfeitas.

Determine:

a) O Torsor das Quantidades de Velocidade de cada corpo no respetivo centro de


massa;

b) O Torsor das Quantidades de Aceleração de cada corpo no respetivo centro de


massa;

c) O Torsor das Quantidades de Aceleração do mecanismo no ponto O;


d) A Energia Cinética do mecanismo.

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64 CINEMÁTICA DAS MASSAS

Problema CM6

O mecanismo representado na figura é


Z Z0 ≡ Z1 constituído por:
X2
M2
O ϕ ,ϕ&,ϕ&& 2
a Corpo 1 - Um prato de massa m1, que
G1
a X1 sob a ação do momento motor M1,
b A θ ,θ&,θ&& roda em torno do eixo Z0 com
B
M1 velocidade angular θ& e aceleração
1
angular θ&& .

Y1 ≡ Y2 O corpo 1 está ligado ao exterior pelos


apoios A e B (o apoio A não absorve
esforços axiais).
C R

d
O
Corpo 2 - Um braço em forma de T, de
G2 X1
d
massa m2, que sob a ação do momento

D motor M2, roda em torno do eixo Y1


com velocidade angular ϕ& e

aceleração angular ϕ&& .

O corpo 2 está ligado ao corpo 1 pelos apoios C e D (o apoio C não absorve esforços axiais).

Suponha conhecidas as matrizes de inércia dos corpos 1 e 2, em relação a eixos principais


centrais de inércia.

Determine:

a) O Torsor das Quantidades de Aceleração do corpo 1 no respetivo centro de massa;

b) O Torsor das Quantidades de Aceleração do corpo 2 no respetivo centro de massa;

c) O Torsor das Quantidades de Aceleração do mecanismo no ponto O;

d) A Energia Cinética do mecanismo.

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CINEMÁTICA DAS MASSAS 65

Problema CM7

AG2 = BG2 = l ; OE = R ; EB = b .
2

M2
A y2 ϕ
y1
G2 b z1’≡ z2
y1 ’ y1 ≡ y1 ’
B A M2
E y2
ϕ B x1 ’
y0
y0 θ
G2 C
x1’
z1 θ D
O
R
x2 z0
θ x1 ≡ x0
O
z0

O mecanismo representado na figura é constituído por:

Corpo 1 – Um braço de suporte, com massa e inércia desprezáveis, que roda em torno do

eixo X1 com velocidade angular θ& e aceleração angular θ&& , acionado pelo
momento motor M1;

Corpo 2 – Um prisma quadrangular de massa m2 e comprimento ℓ, que pode rodar em


relação ao corpo 1 com velocidade angular ϕ& e aceleração angular ϕ&& ,

acionado pelo momento motor M2;

Suponha conhecida a matriz de inércia do corpo 2 em relação a eixos principais


centrais de inércia. Todas as ligações são perfeitas e os apoios B e D não absorvem
esforços axiais.

Determine:

a) O Torsor das Quantidades de Aceleração do corpo 2 no respetivo centro de massa;

b) O Torsor das Quantidades de Aceleração do mecanismo no ponto O;

c) A Energia Cinética do mecanismo.

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66 CINEMÁTICA DAS MASSAS

Problema CM8

r(t)
a
M1
θ(t)
x1
O
G1

1 3
2

y1
G2 x1

G3

M2,ϕ(t)

O mecanismo representado na figura é constituído por:

Corpo 1 – Um braço de massa m1, que roda em torno do ponto eixo Z com velocidade

angular θ& e aceleração angular θ&& , acionado pelo momento motor M1;

Corpo 2 – Um cursor e um veio, de massa e inércia desprezáveis, que transladam


relativamente ao corpo 1, e estão submetidos à ação de uma mola de rigidez k;

Corpo 3 – Um disco de massa m3, que roda relativamente ao corpo 2 com velocidade
angular ϕ& e aceleração angular ϕ&& , acionado pelo momento motor M2;

A mola não apresenta deformação quando r(t) = a. Suponha conhecidas as matrizes


de inércia dos corpos 1 e 3 em relação a eixos principais centrais de inércia. Todas as
ligações são perfeitas.

Determine:

a) O Torsor das Quantidades de Aceleração de cada corpo no respetivo centro de


massa;

b) O Torsor das Quantidades de Aceleração do mecanismo no ponto O;

c) A Energia Cinética do mecanismo.

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DINÂMICA do PONTO MATERIAL
TEOREMAS VETORIAIS

Jorge Humberto Oliveira Seabra


Carlos Alberto Magalhães Oliveira
José Fernando Dias Rodrigues
Pedro Manuel Leal Ribeiro
Pedro Manuel Ponces Camanho
Marcelo Francisco de Sousa Ferreira de Moura
José Pedro Arteiro Reina

Departamento de Engenharia Mecânica – Secção de Mecânica Aplicada

7ª Edição - Maio de 2020


ii DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec - FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais iii

ÍNDICE:

1 INTRODUÇÃO 67

2 O PROBLEMA GERAL DA DINÂMICA 68

3 MASSA E INÉRCIA 68

4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DINÂMICA 69

5 EQUAÇÕES DO MOVIMENTO DE UM PONTO MATERIAL 72

6 TEOREMAS VETORIAIS DA DINÂMICA DO PONTO MATERIAL 74

7 FORÇA E MOMENTO DE INÉRCIA 75

8 SISTEMA DE REFERÊNCIA INERCIAL 76

9 FORÇAS E MOMENTOS 77
9.1 Força Normal e Força Tangencial – Atrito de Coulomb 78
9.2 Força Tangencial – Atrito de Rolamento 79
9.3 Forças e Momentos Elásticos 79
9.4 Forças e Momentos Dissipativos 80

10 APLICAÇÕES 82
10.1 Movimento Retilíneo 82
10.2 Movimento Circular 85
10.2.1 Solução analítica da equação de movimento 86
10.2.2 Aplicação numérica 88
10.3 Movimento Sobre Um Referencial Móvel 90
10.4 Pêndulo Cónico 92

11 EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA DINÂMICA EM REFERENCIAIS LIGADOS À TERRA 95


11.1 Forças Gravitacionais 95
11.2 Forças de Inércia 96
11.3 Conclusão 100

12 PROBLEMAS PROPOSTOS 101

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iv DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 67

DINÂMICA DO PONTO MATERIAL


TEOREMAS VETORIAIS

1 INTRODUÇÃO

Na Dinâmica estudam-se as leis que regem o movimento, estabelecendo-se a


relação entre este e as forças que o provocam.
Quando, sobre um corpo, atua um sistema de forças não equilibrado, produz-se
sempre uma alteração no estado do movimento desse corpo. A experiência mostra que, na
alteração sofrida, influem não só as características do sistema de forças, como também a
natureza do próprio corpo. Assim, diferentes sistemas de forças atuando
independentemente sobre o mesmo corpo, produzirão diferentes alterações no movimento
deste; e o mesmo sistema de forças atuando sobre diferentes corpos, também produzirá
alterações de movimento diferentes.
As leis que exprimem as relações entre o sistema de forças que atua num ponto
material, as suas propriedades e a alteração de movimento que este sofre, foram
formuladas por Sir Isaac Newton (1642-1727) e designam-se por Leis de Movimento de
Newton.
Depois de Newton, a Mecânica sofreu grande evolução, graças a Euler (1707-1783),
D'Alembert (1717-1783), Lagrange (1730-1813), Hamilton (1805-1865), ...
As leis de Newton só se aplicam diretamente ao movimento de um ponto material
sob a ação de uma força. Nas aplicações práticas de Engenharia estuda-se, habitualmente,
o movimento de um sistema de pontos materiais (rigidamente ligados ou não), sob a ação
de um sistema de forças qualquer, produzindo qualquer tipo de movimento.

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68 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

2 O PROBLEMA GERAL DA DINÂMICA

Qualquer que seja o movimento, a questão que se põe é basicamente a mesma:


sobre um sistema material atua um sistema de forças que produz uma alteração no seu
movimento. Pretende-se deduzir, usando as leis de Newton, as equações que exprimem as
relações entre:

• os sistema de forças, caracterizado pelo Torsor das Forças Exteriores reduzido

( ) (ou simplesmente τ ( )
uuur uuuuuur ur uuur
num dado polo G, τ FE
G
≡ FExt , MExt G G
FE ≡ F , MG );

• as características de inércia do sistema material definidas pela massa M e pela

matriz de inércia, [ Ι G ] ;

• as alterações do movimento produzidas, caracterizadas pelo torsor das

( ) e pelo campo de acelerações contemporâneas de um


ur uur
velocidades τ vc
G
≡ ω ,v G

 ur ur. uur 
sólido, CACG ≡  ω, ω , aG  .
 
 0 

Pretende-se, assim, determinar o tipo de movimento produzido por determinado


sistema de forças (problema direto); ou determinar que sistema de forças será capaz de
produzir um dado movimento (problema inverso).
Estas equações designam-se por equações de movimento.

Uma definição possível para a Dinâmica é pois:


“A relação entre as solicitações aplicadas a um dado sistema mecânico e as
alterações de movimento que produzem, tendo em conta a distribuição de
massa do sistema”.

3 MASSA E INÉRCIA

A propriedade que confere a um corpo a capacidade de resistir a qualquer


alteração do seu movimento, denomina-se inércia. Todos os corpos físicos são inertes,
mas a inércia é diferente de corpo para corpo.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 69

As medidas quantitativas da inércia de um corpo são a massa (M) e a matriz de

inércia [ Ι G ] . De um modo lato a massa M pode ser associada à inércia de translação do

sistema material e a matriz de inércia [ Ι G ] pode ser associada à inércia de rotação do

sistema material.
Na realidade, a experiência mostra que forças diferentes, atuando sobre um mesmo
corpo, produzem acelerações diferentes, mas proporcionais às forças que as provocaram,
isto é,
uur uur ur
F1 F2 F
uur = uur = ... = r =m
a1 a2 a

Esta constante de proporcionalidade (constante no domínio da mecânica clássica,


mas não no da mecânica relativista) é a massa desse corpo.
No Sistema Internacional de Unidades, a unidade de massa exprime-se em

quilograma e define-se como sendo a massa de 5,0188 x 1025 átomos do isótopo 12 do

Carbono (o que é equivalente à massa de 10-3 m3 de água destilada a 4oC). No Sistema


Internacional de Unidades, a unidade dos momentos de inércia e dos produtos de inércia
exprime-se em quilograma vezes metro quadrado.

4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA DINÂMICA

A Dinâmica baseia-se nos seguintes quatro princípios:

Primeiro princípio de Newton (ou princípio de inércia)

"Se sobre um ponto material não atua qualquer força, o ponto continua em
repouso ou em movimento retilíneo e uniforme",
ur r r uuuuuuuuur
F =0  m v = c onstante .

O primeiro princípio implica que um ponto material tem inércia, isto é, resiste a
que mude o seu movimento. Para que a velocidade varie, em direção, sentido ou
intensidade, é necessário que sobre ele atue uma força.

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70 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

Segundo princípio de Newton

"Se sobre um ponto material atua uma força, o ponto adquire aceleração. A
direção e sentido são os da própria força. A grandeza é diretamente proporcional a
esta e inversamente proporcional à massa do ponto",

ur ur.
ur r F = q
(1) F =ma 0 ;
, isto é

O segundo princípio é quantitativo. Diz-nos qual deve ser a força capaz de produzir
uma dada aceleração. E afirma que o ponto, através da sua massa, influi na alteração do
seu próprio movimento.

Terceiro princípio de Newton (ou da ação e reação)

"Entre dois quaisquer pontos materiais existem ações mútuas tais que a ação
de um sobre o outro é igual, colinear e oposta à deste sobre aquele",
uuur uuur
F12 = −F21 ;

Os dois primeiros princípios dizem respeito a um único ponto material. O terceiro


refere-se a dois. É ele que permite passar da dinâmica do ponto para a dos sistemas
materiais.

Quarto princípio - princípio de Galileu

"O efeito de duas ou mais forças que atuam simultaneamente sobre o mesmo
ponto material é igual ao efeito que produziria a sua resultante".
Com o quarto princípio, é possível estudar a ação de sistemas de forças, em vez de
uma força isolada.
Repare-se, em boa verdade, dos três princípios de Newton apenas o segundo
deveria ser considerado, já que qualquer dos outros dois é corolário deste. Com efeito, se
nenhuma força atua num ponto material, de acordo com o segundo princípio será nula a
respetiva aceleração.

( )
ur r r r d r r r uuuuuur
F = 0  ma = 0 ⇔ m v = 0  m v = Const.
dt

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 71

Mas isso equivale a dizer que a respetiva velocidade é constante, o que significa
que o ponto está em movimento uniforme (ou, em particular, em repouso). E isso é o
conteúdo do primeiro princípio.
Quanto ao terceiro princípio, considere-se um sistema isolado constituído por
apenas dois pontos materiais e sobre o qual não atua qualquer força exterior, como se
mostra na figura 1.

P 1’
uuuur
a,P1 uuuur
uuur a,P 2
aP1
P1

uuur P 2’
aP 2

P2

Figura 1 – Sistema material isolado constituído por 2 pontos materiais e sobre o qual não
atua qualquer força exterior.

Se o sistema está isolado, e não estão aplicadas quaisquer forças exteriores, então
a respetiva "quantidade de aceleração" (soma dos produtos da massa pela aceleração de
cada ponto) será igual a zero. Isto é,

ur uur uur uu.r .


uur
1
F = m1 a1 + m2 a2 = q + q2 ,
0 0

ur r uur uur r uur uur uu.r .


uur
1
F =0  m1 a1 + m2 a2 = 0 ⇔ m1 a1 = −m2 a2 ⇔ q = − q2 .
0 0

Verifica-se que qualquer alteração do movimento de um dos pontos materiais tem


de ser acompanhada de uma alteração do movimento do outro ponto, de modo a que a
quantidade de aceleração global permaneça nula. Logo, atendendo a que o vetor
uur uuur uur uuur
m1 a1 = F21 é igual à força que atua sobre o ponto 1 e o vetor m2 a2 = F12 é igual à força
que atua sobre o ponto 2, resulta, como consequência que estas forças terão de ser iguais
e opostas, o que também previa o terceiro princípio de Newton, isto é
uur uur uuur uuur
m1 a1 = −m2 a2 ⇔ F21 = −F12 .

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72 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

Também este princípio é corolário do segundo.


As consequências práticas deste princípio manifestam-se em vários acontecimentos
da vida corrente, como sejam:
• o recuo de uma arma de fogo quando dispara um projétil;
• o movimento dos passageiros de um autocarro quando este acelera (arranca) ou
desacelera (trava).

5 EQUAÇÕES DO MOVIMENTO DE UM PONTO MATERIAL

As equações que regem o movimento de um ponto material de massa m são afinal


as que resultam da aplicação do segundo princípio de Newton:
ur r
F = ma .
Isto é, o somatório vetorial das forças exteriores que atuam sobre o ponto
material é igual à variação da sua quantidade de aceleração,

ur ur.
(2) F =q
0

Esta equação, habitualmente designada Equação Fundamental da Dinâmica, dará


origem a três equações escalares, correspondentes à sua projeção em três direções de um
sistema de referência. Assim, em eixos OX, OY e OZ, obtém-se:

 F x = &q x  Fx = m a x
0
 
 FY = &q y 0
⇔  FY = m a y
 
 F Z = &q z 0  FZ = m a z

Definiu-se anteriormente o momento cinético de um ponto material P


relativamente a um polo O, como sendo o momento em relação a esse polo, do vetor
uur uuur uur
quantidade de movimento de P (ver figura 3), hO = OP × m v P .

r
q

r P
hO

Figura 3 – Quantidade de movimento e momento cinético de um ponto material P.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 73

Derivando este vetor em ordem ao tempo, obtém-se o vetor "Momento Dinâmico"


em O (se O for um ponto fixo):
d uur uur uur uuur uur
dt
( )
hO = v P × m v P + OP × m aP ,

d uur uuur uur uur


dt
( )
hO = OP × m aP = kO ,

uur uuur uur


(3) kO = OP × m aP .

ur uur
Usando agora a expressão (1), Equação Fundamental da Dinâmica F = m aP , e
uuur
multiplicando ambos os membros pelo vetor OP , determina-se que
uuur ur uuur uur
OP × F = OP × m ap

Como se trata de um único ponto P, pode-se escrever que


uuur ur uuur uuur uur uur
OP × F = MO e OP × m ap = kO ,

logo
uuur uur
(4) MO = kO ,

isto é, “a derivada em ordem ao tempo do momento cinético de um dado ponto

material P em relação a um ponto O fixo (o momento dinâmico), é igual ao momento

em relação a O da força aplicada ao ponto material”.

Esta equação também dará origem a três equações escalares, correspondentes à


sua projeção em três direções de um sistema de referência. Assim, em eixos OX, OY e OZ,
obtém-se:

 MOx = kOx

 MOy = kOy
M = k
 Oz Oz

Esta expressão é consequência imediata da Equação Fundamental da Dinâmica. De


facto, no estudo da Dinâmica de um ponto material nada acrescenta de novo. Apenas
surge um método alternativo de estudar o "equilíbrio dinâmico" de um dado ponto P: em
vez de se usarem forças e quantidades de aceleração, podem-se usar, caso convenha,
momentos dessas forças e momentos dinâmicos, num dado polo.

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74 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

6 TEOREMAS VETORIAIS DA DINÂMICA DO PONTO MATERIAL

No capítulo sobre Cinemática das Massas foram introduzidos os conceitos de


quantidade de movimento e de momento cinético que constituem o vetor principal e o
vetor momento, respetivamente, do designado torsor da quantidade de movimento, isto é,

( )
ur uur ur uur uur uuur uur
τ QM
O
≡ q;hO , q = m vP hO = OP × m v P .

Foram também introduzidos os conceitos de quantidade de aceleração e de


momento dinâmico, que constituem o vetor principal e o vetor momento, respetivamente,
do designado torsor da quantidade de aceleração, isto é,

(
r uur
)
uur uur uuur uur
τ QA
O
≡ &q ;kO , &qr = m a kO = OP × m aP .
P
0 0

Aquando do estudo da Estática, definiu-se o conceito de torsor das forças


exteriores, cujo vetor principal é o somatório das forças exteriores ao ponto material, e
cujo vetor momento é o somatório dos momentos dessas forças em relação a um dado polo
O, isto é,
uur uuur
τ FE
O
≡  F e ; MOe 
 

A igualdade entre os torsores das forças exteriores e da quantidade de aceleração,

( )
uur uuur uur
 F e ; Me  = &qr ;k ,
(9)  O O
  0

isto é, a igualdade entre os vetores principais e os vetores momentos desses dois torsores,
define as seguintes duas equações vetoriais
uur r uuur uur
(10) F e = q& e MOe = kO ,
0

que correspondem às equações vetoriais de equilíbrio dinâmico do ponto material (ver


equações 2 e 4).
Logo, “o equilíbrio dinâmico do ponto material corresponde à igualdade entre
o torsor das forças exteriores e o torsor da quantidade de aceleração”.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 75

7 FORÇA E MOMENTO DE INÉRCIA


r r
Se na equação (2) o vetor "quantidade de aceleração" &q = m a passar para o
0

primeiro membro obtém-se que


uur r r uur r r
F − &q = 0 ⇔
e
Fe − m a = 0
0 .

Supondo que sobre o ponto material, para além das forças exteriores cuja
uur
resultante é F e , atua uma outra força fictícia
uur r r
(5) F j = −&q = −ma
0

a equação (2) passará a traduzir o equilíbrio de um sistema de forças, no sentido "estático"


deste termo:
uur uur r
(6) F +Fj =0
e

uur
Esta força fictícia F j (5) é designada por força de inércia e a sua consideração
permite, como se vê, a abordagem dos problemas de Dinâmica do mesmo modo dos de
Estática. Supõe-se o ponto material em equilíbrio sob a ação de um sistema global de
forças, em que se consideram as forças reais e as forças de inércia. Este modo de estudar
os problemas de Dinâmica corresponde à aplicação do chamado Princípio de D' Alembert
(assim designado em homenagem ao matemático que o formulou).
uur r r
j &
De modo análogo à definição de força de inércia, F = − q 0 = −ma , também se

pode estabelecer um momento fictício designado por momento de inércia. Assim,


uuur uur uuur uur ur
MOe = kO ⇔ MOe − kO = 0 ,
uuur
e definindo o momento de inércia MOj como sendo
uuur uur
(7) MOj = −kO ,

obtém-se que
uuur uuur ur
(8) MOe + MOj = 0 .

Usando o conceito de força e momento de inércia, pode definir-se o torsor das


forças de inércia, isto é,

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76 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

( )
uur uuur r uur
τ FJ
O
= −τ QA
O
  F j ; MOj  = − &q ; − kO
  0

8 SISTEMA DE REFERÊNCIA INERCIAL

A Equação Fundamental da Dinâmica (1), na realidade só será integralmente válida


quando observada em sistemas de referência não acelerados. Com efeito, a nossa
experiência leva-nos a concluir que, num referencial em movimento acelerado, mesmo
que nenhuma força "real" atue sobre um corpo, este sofre, em relação a esse referencial
móvel, alteração do seu estado de movimento.
Veja-se por exemplo, o caso de um automobilista que é projetado para a esquerda
quando efetua uma curva para a direita. Sofre a ação de "forças de inércia"
correspondentes a acelerações de transporte, pelo menos, pelo que apresentará
movimento relativo acelerado. Um outro exemplo é o caso do passageiro de um autocarro,
que de desloca no sentido da traseira quando o autocarro arranca e para a frente quando o
autocarro trava. Finalmente, refira-se ainda o exemplo do carrossel em rotação, em que o
passageiro tem se agarrar a um apoio conveniente de modo a não ser expulso para o
exterior (por ação das forças de inércia – força centrifuga), como se mostra na figura 2.
Em todos estes casos as ações sofridas pelo passageiro têm a mesma direção e sentido
contrário da aceleração do ponto pertencente ao sistema que o transporta e que coincide
com a posição que ocupa.

uur r = OP
Fj
ar = r ω 2
uur P
ar F j = m ar = m r ω 2

O
ur
ω

Figura 2 – Aceleração radial e força de inércia que atuam sobre o passageiro de um


carrossel.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 77

ur r
A partir da Equação Fundamental da Dinâmica F = m a e sabendo que nenhuma

força exterior atua sobre o passageiro, obtém-se que

r r r r uuuur uuuur uuuur ur


F =0  ma = 0 ⇔ m a rel + m atrp + m a cor = 0 ,
uuuur uuuur uuuur
m a rel = − m atrp − m a cor ,
uuuur uur
m a rel = F j .

No caso de o referencial ser inercial (isto é, não acelerado), então serão


necessariamente nulas as componentes de aceleração de transporte e complementar (ou
de Coriolis), isto é,
uuuur ur uuuur ur
atrp = 0 e a cor = 0 , então
uur uuuur ur
F = m a rel = 0
j

Isso implica que, se nenhuma força "real" atuar sobre o corpo, também nenhuma
"força de inércia" atuará. A aceleração absoluta é sempre igual à aceleração relativa
(única diretamente mensurável no referencial móvel). Deste modo, a Equação
Fundamental da Dinâmica terá, nesse referencial, o mesmo significado que teria num
referencial absoluto.

9 FORÇAS E MOMENTOS

As forças e momentos aplicados sobre um sistema mecânico podem ser de vários


tipos, aplicadas à distância ou de contacto e dependentes do tempo, ou da velocidade ou
da posição:

1. Forças e momentos aplicados à distância:


Electromagnéticas;
Gravíticas.

2. Forças e momentos aplicados por contacto:


Ativas;
Reativas ou de ligação.

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78 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

3. Forças e momentos dependentes:


ur uuuuuuuur ur uuuuuuuuur
Das coordenadas do ponto material – F = F( x,y,z ) e M = M( x,y,z ) ;
ur uuuuuuuur ur uuuuuuuuur
Da velocidade do ponto material – F = F( x,y,z
& & &) e M = M( x,y,z
& & &) ;
ur uuur ur uuuur
Do tempo – F = F(t ) e M = M(t )

9.1 Força normal e força tangencial – Atrito de Coulomb

No caso de um ponto material P, de massa m, submetido a uma trajetória


curvilínea qualquer, como representado na Figura 4, é possível em cada ponto da
trajetória definir as forças de ligação nas direções normal e tangencial à trajetória:
ur r ur r
N = Nn e T = Tt .
r
t

r ur
n N ur
T

P (m)
Y

Figura 4 – Componentes da força de ligação nas direções normal e tangencial à trajetória.

Trata-se de um caso típico em que as forças são aplicadas pelo contacto entre o
ponto material e a guia curvilínea. Admitindo que o atrito entre o ponto material e a
trajetória obedece à lei de Coulomb e que o coeficiente de atrito µ é conhecido, então
uur
ur r Vp
(11) T = T t = − µ N uur
Vp

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 79

9.2 Força tangencial - atrito de rolamento

Um disco que rola sobre um plano, como representado na Figura 5, em condições


cinemáticas de rolamento sem escorregamento, sofre a reação do plano na direção normal
(N) e a reação tangencial (T) que garante a existência de rolamento sem escorregamento,
ur r ur r
isto é, N = N n e T = T t .

ω
X

A
ur
T ur
N

Figura 5 – Componentes da força de ligação nas direções normal e tangencial à trajetória,


num contacto com rolamento sem escorregamento.

Admitindo que o atrito entre o disco e o plano obedece à lei de Coulomb e que o
coeficiente de atrito µ é conhecido, então a condição de não escorregamento estabelece
que
ur r r
(12) T = T t ≤ −µ N t

9.3 Forças e momentos elásticos

A figura 6 mostra uma mola de rigidez linear K com um comprimento não


deformado l 0 . Aplicando à mola um deslocamento elástico ∆l =x, na sua própria direção,

esta reage com uma força em sentido contrário ao deslocamento imposto, definida por,
uuuuuur uuur r r
F mola = F K = −k ∆l i = −k x i .

Se a mola já estiver submetida a um deslocamento inicial ∆l 0 =x0, então a força

exercida pela mola será definida por,

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80 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

uuuuuuuuuuuur uuur r r
(13) F mola linear = F K = −k ( ∆l + ∆l 0 ) i = −k ( x + x 0 ) i

K
X

ℓ0

K
X
F

ℓ0 ∆ℓ
ℓ1

Figura 6 – Força de uma mola linear elástica.

No caso de se tratar de uma mola de torção, de rigidez torsional linear Kα, quando
sofre uma rotação elástica ∆α = θ , na direção da própria mola, reage com um momento
em sentido contrário à rotação, definido por,
uuuuuuuuuuuuuuuur uuuur r r
(14) Mmola de torção = MKα = −kα ( ∆α + ∆α 0 ) k = −kα (θ + θ 0 ) k

9.4 Forças e momentos dissipativos:

A figura 7 mostra um dissipador viscoso com atrito cinemático C.

.
C x
X
F

Figura 7 – Força de um dissipador viscoso.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 81

Quando o dissipador viscoso é acionado com uma velocidade linear x& , na sua própria
direção, reage com uma força em sentido contrário à velocidade definida por,

uuuuuuuuuuur uuur
dx r .r
(15) F dissipador = F C = − C i = −C x i
dt

No caso de se tratar de um dissipador viscoso angular, com atrito cinemático Cα,


.
submetida a uma velocidade de torção elástica θ , na sua própria direção, reage com um
momento em sentido contrário à velocidade angular definida por,

uuuuuuuuuuur uuuur
dθ r .r
(16) Mdissipador = MCα = − Cα k = − Cα θ k
dt

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82 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

10 APLICAÇÕES

10.1 Movimento retilíneo

A figura 8 mostra um pequeno corpo, que materializa um ponto P, de massa m,


movendo-se sem atrito sobre um plano inclinado de um ângulo α, relativamente à direção
horizontal.

x
α

Figura 8 - Ponto material deslizando sobre um plano inclinado.

Pretende-se determinar a equação do movimento e calcular em seguida a lei de


variação do parâmetro cinemático x com o tempo, bem como a força de contacto entre o
corpo e a rampa. Isolando o corpo, é possível inventariar todas as forças nele aplicadas e a
respetiva quantidade de aceleração, como se mostra na figura 9.

x
Κ Κ

G G ..
mx
x
mg α α

Figura 9 - Diagrama de corpo livre: forças exteriores e quantidade de aceleração.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 83

Tem de se considerar o peso próprio (mg), a força normal de contacto (N) e a força
da mola [k(x + x0)]. Nesta força da mola, o parâmetro x0 é o valor do parâmetro x que
corresponde à deformação da mola quando o sistema está em repouso. Considera-se ainda
que a força dessa mola é diretamente proporcional à deformação (o que pressupõe que se
trata de apenas pequenas deformações).
A quantidade de aceleração é igual a m&&x , já que se trata de um sólido animado de

movimento de translação.
uur r
F e = &q
A equação fundamental da dinâmica 0, estabelece que,
uuuuuur r ur r
F mola + m g + N = &q , isto é
0

−K ( x + x 0 )   m g sin α   0  m x&&


       
 0  + m g cos α  + N  =  0 ,
 0   0     
    0   0 

dando origem às seguintes duas equações de projeção:

( )
−k x + x + m g sin α = m x&&
 0


N − m g cos α = 0

A segunda equação permite determinar imediatamente o valor da força N. A


primeira expressão representa a equação diferencial que traduz a variação de x com o
tempo:

N = m g cos α


m x&& + k x = m g sin α − k x
 0

Analisando as condições correspondentes à situação de repouso (e portanto de


&& = 0 , pelo que m g sin α − k x 0 = 0 ,
equilíbrio estático), tem-se que para t = 0  x = 0, x

e logo

m g sin α
x0 =
k
Substituindo na equação diferencial de movimento obtém-se

N = m g cosα
(17)  &&
m x + k x = 0

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84 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

A resolução da equação diferencial de movimento conduz à seguinte lei de


movimento
x (t ) = X cos (ω t + φ )

x& (t ) = − X ω sin (ω t + φ )

x&&(t ) = − X ω 2 cos (ω t + φ )

onde
2
V 
X = X + 0 
2

ω 
0

V0
ϕ = arctg
ω X0

K
ω=
m

onde x (t ), x& (t ) e x
&&(t ) representam, respetivamente, o deslocamento, a velocidade e a

aceleração da massa em cada instante t, sendo X a amplitude do movimento, φ o atraso


de fase, X0 o deslocamento inicial do corpo, V0 a velocidade inicial do corpo e ω a
frequência angular natural do sistema (ver figura 10).

Plano Inclinado - M = 6kg, K = 5000N/m


Deslocamento Velocidade Aceleração
x, dx/dt d2x/dt2
1.50 45.0

1.00 30.0

0.50 15.0

0.00 0.0
.00 .03 .06 .09 .12 .15 .18 .21 .24 .27 .30 .33 .36 .39 .42 .45 .48 .51 .54 .57 .60 .63 .66 .69 .72 .75 .78 .81 .84 .87 .90 .93 .96 .99

-0.50 -15.0

-1.00 -30.0

-1.50 -45.0

Tempo

Figura 10 - Deslocamento, velocidade e aceleração da massa para as seguintes condições:


M = 6 kg, k = 5000 N/m, X0 = 0.05 m e V0 = 0.1 m/s.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 85

10.2 Movimento circular

A figura 11 mostra uma pequena corrediça que se move, com atrito de coeficiente
µ, sobre uma guia circular de raio R, contida num plano vertical. Essa corrediça parte do
repouso, de uma posição definida por θ0.

O
θ X
R

Figura 11 - Movimento circular de um ponto material.

Pretende-se calcular a força de contacto e a lei de variação do parâmetro θ com o


tempo. Represente-se o diagrama de corpo livre da corrediça, inventariando as forças em
presença, bem como a quantidade de aceleração, como se mostra na Figura 12.

Y Y
t t O
O
θ n R X θ n R X
µN N m r θ& 2

m m r θ&&
Figura 12 - Diagrama de corpo livre: forças exteriores e quantidade de aceleração.

uur r
A equação fundamental da dinâmica F e
= m a , projetada nas direções tangencial
e normal (radial) permite escrever a seguinte igualdade vetorial,

r ur uuuuuur uur uur


m g + N + F atrito = m ar + m at ,
isto é,

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86 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

µ N − m g cos θ  − m r θ&&
   2
 N − m g sin θ  =  m r θ&  ,
 0   0 
   

de onde resultam duas equações escalares

µ N − m g cosθ = − m R θ&&
 &2 .
N − m g sinθ = m R θ

Da 2ª expressão retira-se a equação que define a força normal N,

(
N = m R θ& 2 + g sin θ . )
e substituindo N na 1ª expressão obtém-se a equação diferencial do movimento:

( )
µ m R θ& 2 + m g sin θ − m g cosθ = − m R θ&&

( )
m R θ&& + µ θ& 2 = m g (cos θ − µ sin θ )

g
(18) θ&& + µ θ& 2 = (cos θ − µ sin θ )
R

10.2.1 Solução analítica da equação de movimento


2
Fazendo uma mudança de variável u = θ& , obtém-se que

du = 2 θ& dθ& ,

dθ& dθ& dθ dθ& & 1 du


θ&& = = = θ ⇔ θ&& = .
dt dθ dt dθ 2 dθ

Substituindo as expressões anteriores na equação diferencial obtém-se:

du g
(19)

+2 µ u = 2
R
( cosθ − µ sinθ )

Começando pela equação (19) sem segundo membro,

du
+ 2 µ u = 0.

du
Separando as variáveis =− 2 µ d θ e integrando, obter-se-á
u

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 87

u
ln = − 2 µ (θ − θ0 )
uo

− 2 µ (θ − θ0 )
(20) uq = u0 e

A esta integral geral, deverá acrescentar-se um integral particular da equação


completa (19). Fazendo

(21) u p = A cosθ + B sinθ

e substituindo na equação (19), obtém-se a expressão

g
− A sin θ + B cos θ + 2 µ A cos θ + 2 µ B sin θ = 2
R
( cos θ − µ sin θ )
Para esta condição ser sempre verdadeira, os termos em cosθ e sinθ devem ser
independentes. Logo

g
sin θ → − A sin θ + 2 µ B sin θ = 2
R
( − µ sin θ )
g
cos θ → B cos θ + 2 µ A cos θ = 2 ( cos θ )
R

 g
− A + 2 µ B = − 2 R µ

2 µ A + B = 2 g
 R

donde se conclui que A e B deverão ter os seguintes valores

 3µ g
A = 1 + 4 µ2 . 2 R


(22)  1 − 2 µ2 g
B = .2
 1+ 4 µ 2
R

Finalmente, somando a solução particular (20) com a solução sem segundo membro
(21), obtém-se o integral da equação completa
u = uq + u p

− 2 µ (θ − θ 0 )  3 µ  g  1− 2 µ2  g
(23) u = u0 e + 2 cos θ +  2 sin θ
 1 + 4 µ2   
 1+ 4 µ
2
  R  R

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88 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

A determinação de u0 depende das condições iniciais:

t = 0  θ = θ0 e θ&0 = 0 ,
e logo,

 3µ  g  1− 2 µ2  g
(24) u0 = −   2 cos θ −  2 sin θ 0
 1 + 4 µ2  R 0   R
 1+ 4 µ
2
  

A solução final será, portanto,

  3µ  g  1− 2 µ2  g  − 2 µ (θ − θ0 )
u = θ& 2 =  −   2 cos θ −  2 sin θ 0  e
 2  0  
  1 + 4 µ   1+ 4 µ
R 2
 R 

 3 µ  g  1− 2 µ2  g
+ 2 cos θ +  2 sin θ
 1 + 4 µ2   1+ 4 µ2  R
  R  

Finalmente a força N definida pela expressão


(
N = m R θ& 2 + g sin θ )
transforma-se em
(25) N = m ( R u + g sin θ )

Ficam também explicitamente conhecidos, em função de u, o valor da velocidade e


aceleração angulares:
1
(26) θ& = u 2

g
(27) θ&& = − µ u + (cos θ − µ sin θ )
R

Para obter a lei de variação de θ com o tempo, seria ainda necessário integrar a
equação diferencial (26).
Y

10.2.2 Aplicação numérica O


θ
X
Retomemos o exemplo da figura 13, R

considerando as seguintes condições: M = 6 kg; M


R = 0.50 m; g = 9.8 m/s2; µ = 0.20; θ0 = 0º.

Figura 13 - Movimento circular de um ponto material.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 89

Na figura 14 mostram-se, as velocidade e aceleração angulares, as quantidades de


aceleração tangencial e radial, a reação normal e a força de atrito.

Velocidade e Aceleração Angulares dq/dt d2q/dt2

rad/s rad/s2
6.0 30.0

5.0 20.0

4.0 10.0

3.0 0.0

2.0 -10.0

1.0 -20.0

0.0 -30.0
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135
teta (º)

Quantidade de Aceleração Radial e Tangencial M R q2 MRq

Newton
80.0

60.0

40.0

20.0

0.0
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135
-20.0

-40.0

-60.0
teta (º)

Reacção Normal e Força de Atrito N mN

Newton
140

120

100

80

60

40

20

0
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135
teta (º)

Figura 14 - Velocidade e aceleração angulares, quantidades de aceleração tangencial e


radial, reação normal e a força de atrito.

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90 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

10.3 Movimento sobre um referencial móvel

A figura 15 mostra o movimento de um ponto material P, de massa m, sobre um


referencial móvel.

A
• P

A Corte A A

θ&
s

Figura 15 - Movimento de um ponto material sobre um referencial móvel.

O ponto P está materializado por uma corrediça que se move em translação


(parâmetro s) sobre uma guia horizontal, a qual se move por sua vez em torno de um eixo
vertical (parâmetro θ). Admitindo que há atrito no contacto lateral da corrediça com a
guia (coeficiente de atrito µ), pretende-se determinar as forças de ligação que ocorrem e
qual a lei s(t), sabendo θ(t).
A figura 16 mostra os diagramas de corpo livre do sistema, representando as forças
exteriores e a quantidade de aceleração projetadas nos planos OX1Z1 e OX1Y1.

Z0 ≡ Z1 Z0 ≡ Z1
OP = S Y1 OP = S
Y1
V
O & &&
S,S,S O & &&
S,S,S mS θ&&
H
m S θ&2

µH P m S&&
X1 P
2 m S& θ& X1
θ ,θ&,θ&& mg θ ,θ&,θ&&

Figura 16 - Diagrama de corpo livre: forças exteriores e quantidade de aceleração.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 91

A Equação Fundamental da Dinâmica estabelece que


uur r
Fe = m a

uur  −µH 
r r r uuuuuu r  
(28) Fe = mg + V + H + F atrito
=  H 
S1
V − mg 
 

r uu•r
m a S = m vP
1 S0

s 
uuur  
OP = 0 
S1
0 
 

• •  s&  0   s   s& 
uur uuu r uuur uuur uuur        &
v P = OP = OP + ω10 x OP = 0  +  0  x 0  =  s θ 
S0 S1
0  θ&  0   0 
       

 &&
s  0   s&  s − s θ&2 
 &&
uur uu•r uu•r uuur uur        && 
aP = v P = v P + ω10 x v P = s& θ& + s θ&& + 0  x s θ&  = s θ + 2 s& θ& 
S0 S1
 0  θ&   0   0 
       
 &&s − s θ& 2

r  && & & 


(29) m aP S = m  s θ + 2 s θ 
 
1

 0 

Igualando as expressões (28) e (29), obtém-se as seguintes equações escalares:

− µ H = m s&& − s θ& 2( )
(30) H = m s θ&& + 2 m s& θ&

V − mg = 0

A partir das expressões (30) é possível definir imediatamente as reações vertical e


horizontal:

H = m s θ&& + 2 m s& θ&


(31)
V = mg

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92 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

Substituindo o valor de H na 1ª expressão de (30), obtém-se a equação diferencial


de movimento do sistema:

(
− µ m s θ&& + 2 m s& θ& = m && )
s − s θ&2 ( )
(32) (
s + 2 µ θ& s& + µ θ&& − θ&2 s = 0
&& )
que admite como solução geral

 
 − µ θ& ± µ 2 θ&2 − µ θ&& + θ&2  t
s = s0 e  
.

Dado que s deverá "crescer" com o tempo t, deve-se optar pela raiz positiva, isto é

 2
(
 − µ θ& + θ& 1 + µ
2
) − µ θ&&  t
(33) s = s0 e 

A partir desta solução obtém-se, facilmente, a força H e a força de atrito


fatrito = µ H.

10.4 Pêndulo cónico

Um pequeno corpo de massa m, move-se de tal forma que é constante a distância l


que o separa de um ponto O, fixo, como se mostra na figura 17. Os parâmetros
cinemáticos utilizados para caracterizar a sua posição em dado instante são θ e ϕ.

z O
z1

ϕ
l

θ

Ρ
m

x1
Figura 17 - Pêndulo cónico.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 93

Pretende-se obter as equações de movimento desse corpo. A figura 18 mostra o


diagrama de corpo livre do pêndulo cónico, estando representadas as forças exteriores
aplicadas e a quantidade de aceleração da massa m.

Z0 ≡ Z1
Z2

O AP = l

ϕ ,ϕ& ,ϕ&&
ur.
Q
ur
N
A X2
Y0

θ ,θ&,θ&& P
X0 X1
r
mg

Figura 18 - Diagrama de corpo livre: forças exteriores e quantidade de aceleração.

A Equação Fundamental da Dinâmica estabelece que


uur r
Fe = m a

uur  −mg sinϕ 


r r  
(34) Fe = mg + N =  0 
S2
N − mg cos ϕ 
 

r uu•r
m aP S2
= m vP
S0
S2

0 
 
OP = 0 
S2
− l 
 
.r .r 0  θ& sin ϕ   0   lϕ& 
uur uuu uuu uuur uuur        
vP = OP = OP + ω20 × OP = 0  +  −ϕ&  ×  0  = lθ& sin ϕ 
S2 S0 S2 S2 S2
0  θ& cos ϕ  − l   0 
S2 S2        

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94 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

uur uu.r uu.r uuur uur


aP = v P = v P + ω20 x v P =
S0 S2

lϕ&&  θ& sin ϕ   lϕ&  lϕ&& − lθ& sin ϕ cos ϕ 


2

 

= lθ&& sin ϕ + lθϕ& & cos ϕ  +  −ϕ&  × lθ& sin ϕ  =  lθ&& sin ϕ + 2lθϕ
& & cos ϕ 
  &     
0  θ cos ϕ   0   lϕ& + lθ& sin ϕ 
2 2 2

 l φ&& − l θ&2 sin φ cos φ 


r  
(35) m aP S2
= = m l θ&& sin φ + 2 l θ& φ& cos φ 
 l φ&2 + l θ&2 sin 2 φ 
 

Igualando as expressões (42) e (43), obtêm-se as seguintes equações escalares:

(
− m g sin φ = m l φ&& − l θ&2 sin φ cos φ )

(
(36-a,b,c) 0 = m l θ&& sin φ + 2 l θ& φ& cos φ )

(
N − m g cos φ = m l φ&2 + l θ&2 sin 2 φ )
Da equação (36 - b) resulta

(37) θ&& = −2 θ& ϕ& cot g ϕ

Da equação (36 - a) resulta

 g
(38) ϕ&& = θ&2 cos ϕ −  sin ϕ
 l

Da equação (36 - c) resulta

(39) (
N = m l ϕ& 2 + l θ& 2 sin 2 ϕ + g cos ϕ )

As equações diferenciais (37) e (38), após integração considerando as

correspondentes condições iniciais ( t = 0  θ& = θ&0 , ϕ& = 0 , θ = 0 e ϕ = ϕ 0 , por

exemplo), permitiriam obter as leis de variação de θ, ϕ e N com o tempo.

Nota: Sugere-se a implementação em MatLab de um algoritmo de integração numérica


das equações diferenciais desenvolvidas neste capítulo.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 95

11 EQUAÇÃO FUNDAMENTAL DA DINÂMICA EM REFERENCIAIS LIGADOS À TERRA

Um referencial ligado à Terra será necessariamente um referencial acelerado. De


facto, como consequência dos movimentos de rotação da Terra, translação desta em torno
do Sol, do movimento do próprio sistema solar relativamente ao centro da galáxia,
movimento desta no Universo..., são muitas as forças de inércia que atuam sobre um
qualquer corpo colocado na sua superfície.
Assim, para que o segundo princípio de Newton seja aplicável em referenciais
ligados à Terra, deverá ser formulado ao seguinte modo
r r r r r
(40) m a r = F + A − m a tr − m a c
r
Nesta expressão, além das forças "reais" diretamente aplicadas F e das forças
r
"reais" devidas à ação da gravidade A , deverão acrescentar-se ainda as "forças de inércia"
devidas às componentes de aceleração de transporte e complementar

(− m ar tr r
e − mac . )
Analise-se, com algum pormenor, cada uma destas componentes.

r
11.1 Forças gravitacionais A

Atendendo a que estas forças variam na razão inversa do quadrado das distâncias,
só deveremos considerar, para um ponto colocado sobre a superfície da Terra, as forças
gravitacionais devidas à ação desta, da Lua e do Sol.

 Atração da Terra

MT m
(41) AT = G = g0 m
RT2

Sendo AT a força de atração da Terra sobre um corpo de massa m; MT a massa da


Terra; RT o respetivo raio; e G (=6.67x10-11 Nm2/kg2) a constante de gravitação Universal.
A aceleração da gravidade terrestre ao nível da água do mar (distância RT do centro da
Terra) será assim

MT
(42) g0 = G
RT2

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96 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

 Atração da Lua

Sendo a massa da Lua cerca de 80 vezes menor que MT e a distância média do


centro da Lua cerca de 60 raios terrestres, teremos

ML 1
(43) AL = G m ≅ g m
L 2
1
80 x 60 2 0

A aceleração da gravidade lunar será

ML
(44) gL = G 2
≅ 3.47 x 10 −6 g0
L 2

 Atração do Sol

Sendo a massa do Sol cerca de 330 000 vezes a da Terra e a distância média do Sol
à Terra, cerca de 23 000 raios terrestres, a atração do Sol sobre um corpo à superfície da
Terra corresponderá uma aceleração da gravidade solar

Ms
(45) gs = G ≅ 6.2 x 10 − 4 g0
L2s

Comparando estes valores podemos concluir que, para fins práticos de Engenharia,
é lícito desprezar a ação dos campos gravitacionais criados pela Lua e pelo Sol. Restará,
portanto, como força de gravidade a considerar na expressão (36), apenas a devida à
Terra, ou seja
r r
(46) A = m go

11.2 Forças de Inércia

 Força de inércia de transporte

Considerando apenas o movimento de rotação da Terra (admitindo, portanto,


desprezáveis as acelerações devidas aos restantes movimentos que esta possui), vejamos
qual deveria ser a força de inércia de transporte, num ponto à superfície da Terra, com a
latitude λ (ver figura 19).

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 97

2 2
mω r cos λ N
N


2
r cos λ Ρ r cos λ
Ρ
r
λ
m ω 2 r sin λ cos λ C C

S
S

Figura 19 - Vista lateral e de frente do meridiano do lugar que contém o ponto P.

Esta força de inércia, perpendicular ao eixo da Terra, pode ser decomposta nas
direções da vertical do lugar e da tangente ao meridiano, dando origem às duas
componentes representadas na figura 19.
Como consequência da existência desta força de inércia de transporte verifica-se
que:
• o ponto material de massa m colocado em P é solicitado por uma força de
inércia que se opõe à de atração gravítica. Tudo se passa então como se
aceleração de gravidade (38) viesse diminuída de uma parcela variável com a
latitude.

(47) g = g0 − ω2 r cos2 λ

• o ponto é ainda solicitado por uma força de inércia horizontal, que tende a
"deslocá-lo" para o Equador (para Sul, no hemisfério Norte, conforme revê na
figura 19).

 Força de inércia complementar

Consideraremos, de novo, que o movimento de transporte se reduz ao de rotação


da Terra. Então, a força de inércia complementar (de Coriolis) será dada por
r r r
(48) Fic = − m 2 ωT × v r

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98 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

Esta força depende do caso particular do movimento do ponto em relação à Terra.


Analisaremos apenas o efeito desta força no caso dos movimentos em "queda livre"
(segundo a vertical do lugar) e dos movimentos no plano horizontal.

Queda livre

Nestes movimentos, como se mostra na figura 20, o ponto material será sempre
deslocado para "ESTE", qualquer que seja a latitude (N ou S).

r
r ω tr N
vr N

Ρ
Ρ r r r
ar c Fi = 2 m ω tr x v r
λ
C C

S
S

Figura 20 - Meridiano do lugar que contém o ponto P e força de inércia complementar


correspondente ao movimento de "queda livre".

Movimentos no plano horizontal

Considere-se um referencial PX1Y1Z1 tal que o plano OX1Z1 seja horizontal, sendo o
eixo Z1 tangente ao meridiano do lugar, como se mostra na figura 21.
O vetor rotação da Terra terá, nesse referencial, apenas duas componentes,

respetivamente ω v = ω .sin λ segundo a vertical (eixo Y1) e ω H = ω cos λ segundo a

direção de Z1.
A força de inércia complementar pode então decompor-se em duas parcelas,
correspondentes a essas duas componentes de ωT. Como se mostra na figura 22, tem-se
r r r r r r r
(49) Fi c = − 2 m ω H × v r − 2 m ωV × v r = Fi cV + Fi cH

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 99

r z1
ωT
y1 λ
ω cos λ = ω H
Ρ Ρ
x1
ω v = ω sin λ
λ

Figura 21 - Meridiano do lugar que contém o ponto P e componentes "verticais" e


"horizontais" do vetor rotação da terra ωT.

Verifica-se assim que surge uma força de inércia vertical (ascendente ou


descendente consoante a direção da velocidade relativa); e uma força de inércia
horizontal que, no hemisfério Norte (λ > 0) provocará um "desvio para a direita" do vetor
velocidade relativa (ver figura 22), enquanto que no hemisfério Sul (λ < 0) provocará
desvio em sentido oposto.

z1 r r r
− 2 m ω v ∧ v r = F ci H
r
ωH r rc
vr r
F i H = 2 m ω sin λ v

x1 x1
r
ωv

Figura 22 - Plano horizontal do lugar que contém o ponto P e representação gráfica da


componente horizontal da força de inércia complementar.

Este desvio da trajetória nos movimentos horizontais permite justificar diversos


fenómenos, como o aparecimento de determinado movimento de rotação do ar em torno
dos núcleos de baixas pressões.

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100 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

Note-se que, dado o baixo valor da velocidade angular da Terra,


ωT = 7,272 x 10-5 rad/s, a força de inércia complementar é, em geral, desprezável. Só
quando a velocidade relativa é muito elevada (caso dos problemas de balística, por
exemplo, com velocidades da ordem dos 100 m/s) é que não poderá deixar de se
1
contabilizar o seu efeito v = 1000 m / s  a ≅
r c
g.
70

11.3 Conclusão

Da análise feita nos parágrafos 12.1 e 12.2 resulta que, nas aplicações correntes em
engenharia, a Equação Fundamental da Dinâmica tomará, sobre a Terra, a forma seguinte:
r r r
(50) F +A = ma

Sendo:
r
F → Soma de todas as forças reais diretamente aplicadas;

→ Força de atração da Terra, que inclui a força de gravidade e uma


parcela da força de inércia de transporte, isto é, A = m g, com

g = g0 − ω2 r cos2 λ , consoante a expressão (47);


→ Aceleração do ponto material, calculada relativamente à Terra.

As restantes forças de inércia, devidas ao facto de a Terra não ser um referencial


inercial, são em geral desprezadas, dada a sua ordem de grandeza muito inferior à das
restantes forças.

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DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais 101

12 PROBLEMAS PROPOSTOS

Problema DPM1

Z1≡Z0

Y1
2
P

1
θ&

O mecanismo representado na figura é constituído por:

corpo 1, um braço horizontal de comprimento 2r, de massa e inércia desprezáveis, que

roda em torno do eixo vertical Z0 ≡ Z1 com velocidade angular θ& constante;

corpo 2, um cursor, de massa m e inércia desprezável, que pode deslizar ao longo do


corpo 1, estando ligado a uma das extremidades do corpo 1 por uma mola helicoidal (l0 =
r) de rigidez k.

Determine a equação diferencial de movimento do cursor e as equações diferenciais que


K
permitiriam determinar as forças de ligação entre o cursor e a guia. Suponha que θ& 2 < .
m

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102 DINÂMICA DO PONTO MATERIAL - Teoremas Vetoriais

Problema DPM2

y 1= y 0
y2
AB = a
D
C BP = s

Z1 // Z2
s,s
θ = const.

x2
A z2

B x1

z1 ϕ

O mecanismo representado na figura é constituído por:

corpo 1, um suporte ABCD, em forma de quadrilátero, de massa e inércia


desprezáveis, que roda em torno do eixo vertical Y0 ≡ Y1 com velocidade angular

constante θ& .

corpo 2, um cursor, de massa m e inércia desprezável, que pode deslizar ao longo do


lado BC do corpo 1.

Supondo que a ligação entre os dois corpos é perfeita, determine a equação


diferencial de movimento do cursor e as equações diferenciais que permitiriam
determinar as forças de ligação entre o cursor e a guia.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA do CORPO RÍGIDO
TEOREMAS VETORIAIS

Jorge Humberto Oliveira Seabra


Carlos Alberto Magalhães Oliveira
José Fernando Dias Rodrigues
Pedro Manuel Leal Ribeiro
Pedro Manuel Ponces Camanho
Marcelo Francisco de Sousa Ferreira de Moura
José Pedro Arteiro Reina

Departamento de Engenharia Mecânica – Secção de Mecânica Aplicada

7ª Edição - Maio de 2020


ii DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais iii

ÍNDICE:

1 INTRODUÇÃO – MÉTODO DE ANÁLISE 103

2 TEOREMA DO MOVIMENTO DO CENTRO DE MASSA 105

3 TEOREMA DO MOVIMENTO EM TORNO DO CENTRO DE MASSA 106

4 PRINCÍPIO D’ALEMBERT – CONCEITO DE EQUILÍBRIO DINÂMICO 107

5 MOVIMENTO PLANO DE CORPOS RIGÍDOS SIMÉTRICOS 108


5.1 Equações do movimento para um corpo rígido em movimento plano 108
5.2 Análise de sistemas de corpos rígidos em movimento plano 110
5.3 Movimento plano vinculado 110

6 PROBLEMAS PLANOS RESOLVIDOS 111


6.1 Sólido animado de movimento de translação 111
6.2 Sólido animado de movimento de rotação 115
6.3 Sólido em movimento mais complexo 119
6.4 Mecanismo manivela, biela, êmbolo 124
6.5 Mecanismo de acionamento do limador 138

7 MECANISMO ESPACIAL 151

8 PROBLEMAS PROPOSTOS 163

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


iv DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 103

DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO


TEOREMAS VETORIAIS

1 INTRODUÇÃO – MÉTODO DE ANÁLISE

Consideremos cada sólido como um sistema formado por n pontos materiais


discretos, cujas distâncias entre si permanecem constantes.
A cada ponto Pk de um tal sistema material podem-se associar dois vetores que, de
acordo com a 2ª lei de Newton, são iguais:
uur
Fk - Resultante das forças que atuam em Pk (1)

uur
mk ak - Quantidade de aceleração de Pk (2)

uur uur
Fk = mk ak (3)

uur
Fk é a resultante de todas as forças que atuam no ponto Pk . Inclui, assim, forças
exteriores e interiores ao sistema material.
De acordo com (3), tem-se que
uuur uuur uur uur uur
Fkext + Fkint = Fke + Fki = mk ak (4)

Se esta igualdade se verifica para todos os pontos Pk , poderemos dizer que o sistema

de forças exteriores mais o sistema de forças interiores iguala o sistema de vetores a que
chamamos quantidades de aceleração.

É condição necessária e suficiente para que dois sistemas de vetores sejam


equivalentes, que tenham elementos de redução no mesmo ponto iguais.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


104 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

A soma de dois sistemas de vetores é um sistema cujos elementos de redução no


mesmo ponto são iguais à soma de cada uma das parcelas.

Daqui resulta que, necessariamente,

n uuuur n uuur n uur



k =1
F kext + k =1
F kin t = 
k =1
m k ak (5)

n uuuur n uuuur n uuuur uur



k =1
M Oext
K
+ k =1
M OinKt = 
k =1
O PK × m k a k (6)

Como as forças interiores, de acordo com a 3ª lei de Newton, são iguais e opostas
duas a duas, o sistema de forças interiores é equivalente a zero, isto é,
n uuur ur n uuuur ur
F
k =1
k
in t
= 0 M
k =1
int
OK
= 0
e .
Como consequência das equações (5) e (6) obtemos as seguintes equações vetoriais,
válidas para um sistema de pontos materiais

n uuuur uuuur uur n uur


F
k =1
k
ext
= F ext
= Fe = m
k =1
k
ak (7)

n uuuur uuuur uuur n uuuur uur


M
k =1
ex t
OK
= M e xt
O
= M Oe =  OP
k =1
K
× m k ak (8)

Estas são as chamadas Equações do Movimento. Nelas não está, por ora, contida
qualquer restrição referente ao sistema material. De facto, são válidas quer este seja ou
não um sistema rígido, um sistema formado por vários subsistemas rígidos considerados no
seu conjunto, ou pura e simplesmente um sistema de pontos materiais discretos cujas
distâncias entre si variam no tempo. Os segundos membros das equações (7) e (8)
representam, respetivamente, o Vetor Principal e o Vetor Momento em O do sistema de
vetores quantidade de aceleração. Foi visto em capítulos anteriores, que, ao primeiro se
chamou Quantidade de Aceleração do sistema material, o qual é sempre definido por
n uur uur

k =1
m k ak = M aG (9)

uur
sendo ak a aceleração do centro de gravidade do sistema material e M a sua massa total.

Esta expressão é sempre válida, independentemente de o sistema material ser rígido ou


não.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 105

O 2º membro de equação (8), é o Momento Dinâmico em O do sistema material cujo


cálculo foi desenvolvido no capítulo sobre Cinemática das Massas. Relembra-se, como
relação particularmente útil, que o momento dinâmico no ponto O pode sempre obter-se a
partir do momento dinâmico em G, usando a seguinte relação (3º teorema de Koenig):
n uuuur uur uur uur uuur uur

k =1
O PK × m k a k = k O = k G + O G × M a G (10)

Substituindo as expressões (9) e (10) nas equações de movimento (7) e (8) obtém-se

uuur uur (11)


F ext = M aG

uuuur uur uur uuur uur (12)


MOext = kO = kG + OG × M aG

2 TEOREMA DO MOVIMENTO DO CENTRO DE MASSA

Num qualquer sistema de pontos materiais, rigidamente ligados ou não, verifica-se,


de acordo com as relações (7), (9) e (11), que
uuur uur
F ext = M aG
(11)

Esta seria também a Equação do Movimento do centro de massa, se nele estivesse


concentrada toda a massa do sistema material e sobre ele atuasse uma força igual à soma
de todas as forças exteriores aplicadas ao referido sistema.
Esta constatação é conhecida por teorema do movimento do centro de massa, o qual
é habitualmente citado do seguinte modo:

"Em qualquer sistema material, rígido ou não, o centro de massa move-se como um
ponto isolado, de massa igual à massa total do sistema, e atuado por uma força
igual à soma vetorial de todas as forças exteriores aplicadas".

Verifica-se, a partir da relação (11) que, se um sistema de forças que atue num
sistema material tem vetor principal não nulo (há desequilíbrio de forças), o centro da
massa adquire movimento acelerado.

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106 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

3 TEOREMA DO MOVIMENTO EM TORNO DO CENTRO DE MASSA

As expressões (8) e (10) também encerram um determinado significado físico que se


pretende explorar. Quando o pólo utilizado no cálculo dos momentos é o centro de massa,
tem-se:
uuuur uur
MGext = K G
(13)
Se o movimento real do sistema material for uma translação, então o seu momento
dinâmico em G é nulo. Neste caso a equação (13) traduz um equilíbrio de momentos em
relação ao ponto G, das diversas forças aplicadas. Noutro qualquer ponto, porém, tal
situação não ocorreria, conforme mostram as relações (10) e (12).

Se o movimento real do sistema material for uma rotação em torno de um eixo que
contém G, o momento dinâmico em G não será nulo, mas sê-lo-á a quantidade de

(a )
uur r
aceleração G
= 0 . Estaríamos então num caso em que haveria equilíbrio de forças

exteriores (equação (11)) mas desequilíbrio de momentos (equação (13)).

Num caso mais geral, as equações (11) e (13) não terão segundos membros nulos,
podendo então interpretar-se o movimento do sistema material como sendo a soma de dois
movimentos:

uma translação do centro de massa, provocada pelo desequilíbrio das forças


exteriores aplicadas, mais uma rotação em torno do centro de massa, provocada pelo
desequilíbrio de momentos das forças exteriores, em relação a esse ponto.

Note-se que a equação (8) é válida qualquer que seja o ponto O utilizado. Para
efeitos de cálculo não necessitamos de utilizar obrigatoriamente o ponto G. O momento
uur
dinâmico K O pode calcular-se por derivação em ordem ao tempo do vetor momento
uur
cinético HO . Considere-se o caso mais geral de O ser um ponto móvel. Então:
uur n uuuur uur
HO =  OP K
× mk v k
k =1 (14)

( )
uur n uur uur uur uuuur
n uur
HO =
k =1
v k − v O × mk v k +  K k k
OP
k =1
× m a
0 (15)

uur uur  n uur 
HO = −v O ×   mk v k  (16)
0  k =1 

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 107


uur uur uur uur
HO = −v O × Mv G + K O (17)
0

A equação (8) tomará então a seguinte forma

uuuur uur uur • uur uur


M Oext = K O = H O + v O × M v G
0 (18)

Esta equação simplifica-se sempre que:


uur r uur uur uuur uur
a) vO = 0 ou v O / /v G  MO = H O (19)
0


uuuur uur
b) 0 ≡G  MG = H G
ext
(20)
0

4 PRINCÍPIO D’ALEMBERT - CONCEITO DE EQUILÍBRIO DINÂMICO

D'Alembert introduziu o conceito de "força de inércia", quando reescreveu a equação


da 2ª lei de Newton sob a forma
uur r r
Fe − m a = 0 (21)
uuuuuur uur r
Chamando força de inércia, F inércia = F j , ao vetor (− m a) , então a equação (21)

toma a forma de uma equação de equilíbrio de forças, na aceção em que esse conceito
apareceu na Estática. É nula a soma de todas as forças que atuam no ponto material
uur uur r
Fe + F j = 0 (22)

Este princípio de D'Alembert pode ser transposto para a dinâmica dos sistemas
materiais, não esquecendo que terão de considerar-se as "forças de inércia" e "os
momentos das forças de inércia", respetivamente iguais (mas de sinais contrários) aos
vetores quantidades de aceleração e momento dinâmico.
As equações fundamentais da dinâmica (11) e (12) tomarão assim a forma de
equações de "equilíbrio dinâmico":
uuur uur uuur uur ur
F ext = M aG  F ext − M aG = 0
. (11)
uuuur uur uuuur uur ur
MOext = K O  MOext − K O = 0
. (12)
uuuuuur uur uuuuuur uur
F inércia = − M aG MOinércia = −K O
Fazendo, , , obtém-se

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108 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

uuuur uuuuuur r
F ext + F inércia = 0 (23)
uuuur uuuuuuur r
MOext + MOinércia = 0
(24)

A principal vantagem desta mudança resulta de ser facilitada a análise,


nomeadamente pelo uso de diagramas de corpo livre e pelo carácter intuitivo que muitos
problemas de estática possuem e que agora continua a ser visível.

5 MOVIMENTO PLANO DE CORPOS RÍGIDOS SIMÉTRICOS

Introduzimos aqui duas limitações aos sistemas materiais considerados:

a) Deslocam-se em movimento plano, isto é, cada ponto material permanece a


distância constante de um dado plano de referência fixo;

b) Os sistemas materiais são constituídos por corpos sólidos simétricos em relação


ao plano de referência, (o que implicará que possuam um eixo principal de
inércia baricêntrico perpendicular a esse plano).

5.1 Equações do movimento para um corpo rígido em movimento plano

Trata-se, afinal, de particularizar as equações gerais já apresentadas (11) e (12).


Assim, sendo (x, y) o plano do movimento, tem-se para o sólido i:
Torsor das velocidades contemporâneas absolutas do sólido

  0  v Gx  
( )
uuur uuur     
τ VC
i
≡ ωi 0 ; v Gi 0 =   0  ; v Gx   ;
 ω   0  
    

Campo de acelerações contemporâneas absolutas do sólido


  0   0  a  
 uuur uuu r uuur        Gx  
CAC i ≡  ωi 0 ; ωi 0 ; aGi 0  =   0  ;  0  ; aGx   .
 0 
   ω  ω&   0  
      

Torsor da Quantidade de Aceleração

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 109


 uur uur 
τ i
≡ Q ; K Gi 
 i
QA
 0 
 


uur aGx 
 
Q = m aGx 
i

0
 0 
 

uur  I −PXY −PXZ   0  −PXZ ω 


uuur  xx     
HGi = IGi  × ωi 0 =  −PYX IYY −PYZ  ×  0  =  −PYZ ω 
 −PZX −PZY IZZ  ω  
 IZZ ω 

• •
   
 − P ω   − P ω + PYZ ω 2 
uur uur•
XZ
 0  −PXZ ω  XZ
uuur uur  • 
     • 
K G = HG + ωi 0 × HG =  −PYZ ω  +  0  ×  −PYZ ω  = −PYZ ω + PXZ ω 2 
i i i

i
 •  ω   I ω   • 
 IZZ ω     ZZ   IZZ ω 
   

Retomando as equações de movimento (11) e (12),

Fxext  aGx 
uuuur uur  ext   
F ext = M aG ⇔ Fy  = m aGx 
F ext  0 
 z   


 
M 
ext  − PXZ ω + PYZ ω 2 
uuuur uur 
Gx
  • 
MGext = K Gi ⇔   YZ + PXZ ω 
= − ω
ext 2
 MGy
P
 ext   • 
 MGz   IZZ ω 
 

determinam-se as seguintes 6 equações escalares:

Fxext = m aGx
Fyext = m aGy
(25)
F z
ext
=0


ext
MGx = − PXZ ω + PYZ ω 2

ext
MGy = − PYZ ω + PXZ ω 2
(26)

ext
MGz = IZZ ω

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110 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Se o plano de movimento [OXY] for um plano de simetria do corpo, então o eixo OZ


é um eixo principal de inércia, pelo que PXZ e PYZ serão produtos de inércia nulos.
Deste modo as 6 equações escalares de equilíbrio dinâmico ficarão reduzidas a:

Fxext = m aGx
(27)

Fyext = m aGy
(28)


ext
MGz = IZZ ω (29)

5.2 Análise de sistemas de corpos rígidos em movimento plano

Esta análise pode ser feita por dois caminhos:

a) Considerando o sistema como um todo, traçando portanto um único diagrama de


corpo livre e não considerando as forças interiores de ligação entre os diversos
corpos;

b) Dividindo o sistema em vários subsistemas, de modo análogo ao que fora feito na


Estática, considerando as equações de movimento de cada um deles e resolvendo
em conjunto os sistemas de equações assim obtidas. Estão obviamente
consideradas, neste caso, as forças de ligação entre os corpos.

Este 2º caminho é o mais utilizado, até porque é o único possível quando o número de
incógnitas é superior a 3 (tal é o número de equações disponíveis numa análise de
equilíbrio plano).

5.3 Movimento plano vinculado

A maioria das aplicações em engenharia trata de corpos rígidos que se movem sob
determinados vínculos (rotação em torno de eixos fixos, rolamentos sem escorregamento,
guiamentos, entre outros). A solução destes problemas exige uma análise cinemática
prévia, após o que não introduzem particulares problemas na sua solução como iremos ver
em alguns exemplos.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 111

6 PROBLEMAS PLANOS RESOLVIDOS

6.1 Sólido animado de movimento de translação

A figura 1 mostra uma placa animada de movimento de translação. Pretende


determinar-se as forças de ligação que ocorrem nos pontos A e B, em que o corpo de
massa M, indicado na figura, se articula com duas barras de massa desprezável, as quais o
obrigam a deslocar-se em translação sobre um plano vertical

(seja θ0 = 0 ). Considera-se o sistema de eixos S1 solidário de uma das barras.

y1
C

B l θ

s • G O
l x1

Figura 1 - Sólido animado de movimento de translação.

Desprezada a massa das barras AO e BC, as forças que atuam em A e B terão de ter a
direção das próprias barras. A figura 2 mostra o diagrama de corpo livre do sistema,
estando representadas as forças exteriores e a quantidade de aceleração da placa.

B•
l θ&& RB

Mg l θ& 2

A• RA

Figura 2 - Diagrama de corpo livre: forças exteriores e quantidade de aceleração.

As equações (11) e (12), estabelecem o equilíbrio dinâmico do corpo:


uuuur uur uuuur uur
F ext = M aG MGext = K G
(30)

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112 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Determinam-se cada uma das componentes das equações anteriores.

uuuur RA + RB − M g sinθ 


uur uur r  
F ext = RA + RB + M g =  − M g cos θ 
S1
 0 
 

 lθ&2 
uur  
M aG = M − lθ&&
S1
 0 
 

− l 
uuur  
OA =0
S1
0
 

0   0  − l   0 
uur uuu•r uuu•r r uuur        
v A = OA = OA + ω10 x OA =  0  +  0  x  0  =  − l θ& 
0 1
 0  θ&   0   0 
       

 0   0   0   l θ& 2 
uur uur• uur• r uur        
a A = v A = v A + ω10 x v A =  − l θ&& +  0  x  − l θ&  =  − l θ&&
0 1
 0  θ&   0   0 
       

O corpo está animado de um movimento de translação, designado por translação circular.

Logo,

 l θ&2 
r r uur uur uur  
ωplaca = 0 e aA = aB = aG = − l θ&&
 0 
 

A igualdade entre forças exteriores e quantidade de aceleração, conduz às


seguintes duas equações

R A + R B − M g sin θ = M l θ&2
uuuur uur 
F ext = M aG  
 (31)
 − M g cos θ = − M l θ
&&

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 113

Igualdade de momentos exteriores e dinâmicos:

uuuur  − s sinθ  RA   s sinθ  RB 


uuur uur uuur uur 1     1   
MGext = GA x RA + GB x RB = − s cos θ  x  0  + s cosθ  x  0 
S1 2    2 0  0 
 0  0    

uuuur  0 
1 
MGext =  0 
2
s cosθ ( RA − RB ) 
S1

uur uur•
K G = HG
0

uuur r r r r
HG S = IG  .ωplaca = 0 → ωplaca = 0
1

uur uur• r
KG = HG =0
S1 0
S1

A igualdade entre momentos exteriores e momento dinâmico, conduz à seguinte


equação

uuuur uur s s
MGext = K G  R A cos θ − R B cos θ = 0 (32)
2 2

Das expressões (31) e (32) retiram-se as seguintes igualdades:

 && g
θ = l
cos θ

R A + R B - M g sin θ = M l θ&2
R = RB
 A (33 – a, b, c)

A equação diferencial de movimento (33–a) pode ser desenvolvida do seguinte modo:

dθ& dθ& dθ dθ& g


θ&& = = = θ& = cos θ
dt dθ dt dθ l

fazendo a separação de variáveis, obtém-se

g
θ& dθ& = cos θ dθ
l

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114 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Integrando a equação diferencial, determina-se que

1 &2 g
θ = sin θ + Const .
2 l

A determinação da constante de integração é obtida a partir das condições iniciais do


problema, ou seja
g
t = 0 , θ = 0 , θ& = 0  0 = sin 0 + Const .
l

logo
Const . = 0

pelo que
g
θ& 2 = 2 sin θ (34)
l

Substituindo a expressão anterior na equação (33 – b) e atendendo a (32 – c)

1
RA = RB = ( 2M g sinθ + M g sinθ )
2

isto é

3
R A = RB = M g sin θ (35)
2

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 115

6.2 Sólido animado de movimento de rotação

A figura 3 mostra uma placa de massa m, que roda em torno de um ponto fixo O,
efetuando um movimento de rotação no plano vertical (OXY). Pretende-se determinar as
forças de ligação que ocorrem no ponto O. Admite-se a existência de simetria material em
relação ao plano do movimento. Considere-se o referencial S1 solidário da placa.

y1

G
S1 x1

Figura 3 - Sólido animado de movimento de rotação.

A figura 4 mostra o diagrama de corpo livre da placa, onde estão representadas as


forças e momentos exteriores e a quantidade de aceleração e momento dinâmico.

y1
θ

sθ&2
G sθ&&
ROX mg x1
O
ROY

Figura 4 - Diagrama de corpo livre: forças exteriores e quantidade de aceleração.

As equações (11) e (12), estabelecem o equilíbrio dinâmico do corpo:


uuuur uur
F ext = M aG
uuuur uur
MOext = K O

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116 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Determina-se cada uma das componentes das equações anteriores.

uuuur  R + mg sin θ 
uur r  Ox 
F ext = RO + M g =  ROy − mg cos θ 
S1  
 0 

 s θ&& 
uur  
M aG = M −s θ&2 
S1
 0 
 

0 
uuur  
OG = s 
S1
0 
 

• •  0   0   0   s θ& 
uur uuu r uuu r r uuur        
v G = OG = OG + ω10 x OG =  0  +  0  x  s  =  0 
0 1
 0   −θ&   0   0 
       

• •
 s θ&&  0   s θ&   s θ&& 
uur uur uur r uur        
a G = v G = v G + ω 10 x v G =  0  +  0  x  0  =  − s θ& 2 
0 1
 0   −θ&   0   0 
       

A igualdade entre forças exteriores e quantidade de aceleração, conduz às


seguintes duas equações

R Ox + M g sin θ = M s θ&&
uuuur uu
r 
F ext = M aG  
 (36)
 R Oy − M g cos θ = − M s θ
&2

Igualdade de momentos exteriores e dinâmicos:

uuuuur 0   m g sin θ   0 
uuur r      
MOext = OG × m g =  s  × −m g sin θ  =  0 
S1 0     
   0  − m s g sin θ 


uur uur
K G = HG
0

Ixx 0 0  0   0 
uur r      
HG =  IG  .ωplaca =  0 Iyy 0  . 0  =  0 
S1
0    
 0 Izz  − θ&  − Izz θ& 

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 117

• •  0  0  0   0 
uur uur uur r uur        
KG = HG = HG + ω10 x HG =  0  +  0  x  0  =  0 
0 1
S1
− I θ&& −θ&  − I θ&  − I θ&&
S1 S1
 zz     zz   zz 

 
 0  0   m s θ 
&&
 0 
uuur uuur uuur ur•         
KO = K G + OG × Q =  0  +  s  × −m s θ&2  =  0 
(I )
S1 0
−I θ&& o   0   
 zz      − + m s 2 θ&&
zz 

A igualdade entre momentos exteriores e momento dinâmico, conduz à seguinte


equação

uuuur uur
MOext = K O  − m s g sin θ = − ( Izz + m s 2 ) θ&& (37)

Das expressões (35) e (36) retiram-se as seguintes igualdades:

msg
θ&& =
I zz + m s 2
sin θ


ROx + M g sin θ = M s θ&&  (38 – a, b, c)


ROy − M g cos θ = − M s θ& 2 
A equação diferencial de movimento (38–a) pode ser desenvolvida do seguinte modo:

dθ& dθ& dθ dθ& msg


θ&& = = = θ& = sin θ
dt dθ dt dθ I zz + m s 2

fazendo a separação de variáveis, obtém-se

msg
θ& dθ& = sin θ dθ
I zz + m s 2

Integrando a equação diferencial, determina-se que

1 &2 msg
θ =− cos θ + Const .
2 I zz + m s 2

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118 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

A determinação da constante de integração é obtida a partir das condições iniciais do


problema, ou seja

ms g
t = 0, θ = 0, θ& = 0  0=− cos 0 + Const.
Izz + m s 2

logo

ms g
Const. =
Izz + m s 2

pelo que

msg
θ& 2 = 2 (1 − cos θ ) (39)
I zz + m s 2

Substituindo a expressão anterior na equação (38-c) e substituindo a expressão


(38-a) em (38- b), obtém-se

msg
ROx + m g sin θ = m s sin θ
I zz + m s 2

ms g
R Oy − m g cos θ = − 2 m s
Izz + m s 2
(1 − cos θ ) (40)

pelo que,

msg  ms 2 
R Ox = − mg sin θ + m s sin θ = mg sin θ  -1+ 
Izz + ms 2  Izz + ms 2 

2ms 2 mg
R Oy = mg cos θ - (1- cos θ )
Izz + ms 2

isto é

I zz
ROx = − m g sin θ
I zz + m s 2

 2 m s2 
ROy = m g cos θ − (1 − cos θ )  (41)
 I zz + m s 2


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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 119

6.3 Sólido em movimento mais complexo

A figura 5 mostra uma placa de massa m, animada de um movimento plano


complexo. A placa está articulada no ponto B a uma barra que roda em torno do ponto O
fixo (parâmetro cinemático θ conhecido) e, no ponto A, a um cursor que translada na
horizontal. Pretende-se determinar as forças de ligação que atuam sobre a placa. As
ligações são consideradas perfeitas, pelo que as forças e momentos de atrito são nulos.
Desprezam-se as massas e inércias dos restantes corpos do mecanismo.

Ο θ X
s
Y

l B
G

t/2
A

t/2
ϕ

Figura 5 - Sólido animado de um movimento plano complexo.

Geometria do sistema

A análise da figura 5 mostra que s × sinθ + t × sinϕ = l . Esta expressão e as suas


primeira e segunda derivadas em ordem ao tempo, permitem obter ϕ , ϕ& e ϕ&& em função

de θ , θ& e θ&& , que é o parâmetro cinemático conhecido:

s sinθ + t sinϕ = l


s θ& cos θ + t ϕ& cosϕ = 0


( ) (
s θ&& cosθ − θ& 2 sinθ + t ϕ&& cosϕ − ϕ& 2 sinϕ = 0

)

o desenvolvimento das expressões anteriores permite estabelecer que

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120 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

  l − s sin θ 
ϕ = arc sin  
  t 


ϕ& = − s cos θ θ&

 t cos ϕ


(42)
 1
(
ϕ&& = t cos ϕ t ϕ& sin ϕ − s θ cos θ + s θ sin θ
2 && &2 )



As equações (11) e (12), estabelecem o Equilíbrio Dinâmico do corpo:


uuuur uur
F ext = M aG
uuuur uur
MGext = K G

Quantidade de aceleração.

Admitindo rigidez na ligação OB, tem-se que

0   s cos θ  − s θ& sin θ 


uur uur uuur uuur      
vB = v O + ω10 x OB = 0  x  s sin θ  =  s θ& cos θ 
sO  &  0   
θ    
0


uur uur uuur uuur uuur
aB = aO + ω10 x OB − ω102 x OB =
sO 0

0  s cos θ   s cos θ  − θ&& s sin θ − θ&2 s cos θ 


       
0  x  s sin θ  − θ& s sin θ  = θ&& s cos θ − θ& s sin θ 
2 2

θ&&  0   0   0 
       

No ponto G a velocidade e a aceleração são as seguintes:


uur uur uuur uuur
vG = v B + ω20 x BG =
sO
 & sin θ + t ϕ& sin ϕ 
 − s θ 
− s θ& sin θ  − t cos ϕ  2
 0   2   
     t   t 
s θ cos θ  +  0  x  2 sin ϕ  =  + s θ cos θ +
& & ϕ& cos ϕ 
  − ϕ&     2 
0   0
     0 
 

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 121


uur uur uuu r uuur uuur
aG = aB + ω20 xBG − ω20
2
xBG =
sO 0

 t   − t cos ϕ 
 − θ&& s sin θ − θ& 2 s cos θ   0   − 2 cos ϕ   2 
 &&       
=  θ s cos θ − θ s sin θ  +  0  x  +
& 2 t sin ϕ  − ϕ&  +
2 t sin ϕ 
2 2
 0   − ϕ&&    
     0   0 
   

 && t t 
 − θ s sin θ − θ s cos θ + ϕ&& 2 sin ϕ + ϕ& cos ϕ 
&2 2

2 ( aG ) x 
 
 
o
 t t 
=  θ&& s cos θ − θ& 2 s sin θ + ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ  = ( G ) y o 
a
 2 2    (43)
 0   0 
 
 

Momento dinâmico em G

Ixx 0 0  0   0 
uur    
HG = [ IG ] . {ω20 } =  0 Iyy 0  .  0  =  0 
s2 s2 s2
 0 0 Izz  − ϕ&  − Izz ϕ& 

 0 
{ }
uur r  
HG  
=  Τ 2  . HG = 0  OZ 2 // OZ 0
s0  0  s2  
− Izz ϕ& 

 0 
uur uur•  
KG = HG = 0  (44)
s0 0 s0  
− Izz ϕ&&

Forças exteriores

A figura 6 mostra o diagrama de corpo livre da placa, onde estão representadas as


forças exteriores aplicadas. Note-se que, na ausência de atrito, RAx = 0 e que RB tem a
direção da barra OB dado que a sua massa é desprezável.

uuuur − R B cos θ 
uur uur r  
F ext = RA + RB + m g = RAY − R B sin θ + mg 
(45)
S0
0 
 

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122 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

O X
θ
Y s
RB

B
l
G
• ϕ

A mg

X2
Y2 RAy

Figura 6 - Diagrama de corpo livre: forças exteriores aplicadas.

Momentos exteriores em G:
uuuuur uuur uur uuur uur
MGext = GA × RA + GB × RB =
S0

−t cos ϕ   0   t cos ϕ  −RB cos θ 


1    1   
 t sin ϕ  × RAy  +  −t sin ϕ  ×  −RB sin θ  =
2   0  2   
 0     0   0 

uuuuur  0 
1 
MGext =  0  (45)
S0 2 
−RAy t cos ϕ − RB t cos ϕ sin θ − RB t sin ϕ cos θ 

Retomando as equações de Equilíbrio Dinâmico do corpo,


uuuur uur uuuur uur
F ext = M aG MGext = K G
e

pode-se escrever a equação de movimento do sistema e determinar as forças de ligação:

uuuur r•
F ext =Q
s0 0 s0
 && t 2 t 
 − θ s sin θ − θ s cos θ + ϕ&& 2 sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ 
&2
 − R B cos θ   
   && t 2 t 
 RAY − R B sin θ + mg  = m  θ s cos θ − θ s sin θ + ϕ&& cos ϕ − ϕ&
& sin ϕ 
2

   2 2 
0   0 
 
 

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 123

uuuuur  0   0 
r 1   
MGext = KG   0 = 0 
s0 s0 2   &&
−RAy t cos ϕ − RB t cos ϕ sin θ − RB t sin ϕ cos θ  − Ι zz ϕ 

isto é,

 t t 
− R B cos θ = m  − θ&& s sin θ − θ& 2 s cos θ + ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ 
 2 2 
 t t 
RAY − R B sin θ + mg = m  θ&& s cos θ − θ& 2 s sin θ + ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ 
 2 2 
(46)
−RAy t cos ϕ − RB t ( cos ϕ sin θ + sin ϕ cos θ ) = −2 Ι zz ϕ&&

As expressões (46) representam um sistema de equações, cuja resolução permitirá

determinar as equações que definem RAy, RB e a equação de movimento do sistema

mecânico.

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124 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

6.4 Mecanismo manivela – biela – êmbolo

O sistema biela, manivela, êmbolo, representado na figura 7, é composto por três


corpos:

Corpo 1 - y0
a manivela, de massa m1 e comprimento R,
animada de movimento de rotação em B
torno do ponto O fixo, com velocidade

angular θ& constante e submetida à ação de


3
um momento resistente MR;

Corpo 2 -
a biela, de massa m2 e comprimento L,
articulada no ponto A com a manivela e no
ponto B com o êmbolo; G2
ϕ
Corpo 3 – 2
o êmbolo, de massa m3, animado de
movimento de translação retilínea segundo
a direção OY, e submetido à ação da força
motora FM. A

Suponha conhecidas as matrizes de


G1
inércia dos três corpos em relação a eixos 1 θ
principais centrais de inércia.
O x0
O movimento do sistema inicia-se na
posição θ = 0, com velocidade angular

constante θ&0 = 104.72 rad s (1000 rpm).

As características do sistema são


apresentadas na tabela 1.
Figura 7 –
Geometria do sistema manivela, biela, êmbolo.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 125

Tabela 1 – Características geométricas e cinemáticas do sistema manivela, biela, êmbolo.

Parâmetro Unidade Corpo 1 Corpo 2 Corpo 3

comprimento m OA = R = 0.035 AB = L = 0.090 /


posição do
centro de massa
m OG1 = a = 0.015 AG2 = b = 0.045 /

massa kg m1 = 1.00 m2 = 0.75 m3 = 0.50

momento de inércia Kg m2 I1z1z1 = 1.225 × 10(-3) Iz22 z2 = 6.075 × 10(-3) /

a) Geometria do sistema manivela – biela - êmbolo

A análise do triângulo OAB permite afirmar que R cos θ = L sin ϕ . Desenvolvendo

esta expressão obtém-se

R
sin ϕ = cos θ
L
(47)
R 
ϕ = arc sin  cos θ 
L 

b) Velocidade e aceleração angulares dos corpos 1, 2 e 3

O corpo 1 parte do repouso com velocidade angular constante ω0 rad/s e aceleração

angular nula: ω10 = θ& = ω 0

A velocidade angular do corpo 2 pode ser obtida a partir da derivação em ordem ao


tempo da equação (47),

R &
ϕ& cos ϕ = − θ sin θ
L
(48)
R & sin θ
ϕ& = − θ
L cos ϕ

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126 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

A aceleração angular do corpo 2 pode ser obtida a partir da derivação em ordem ao


tempo da equação (48),

R &2
ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ = − θ cos θ
L

1  R &2 
ϕ&& = − θ cos θ + ϕ& 2 sin ϕ  (49)
cos ϕ  L 

O corpo 3 tem movimento de translação rectilínea, pelo que as suas velocidade e


aceleração angulares são nulas.

A figura 8 mostra a variação de ϕ , ϕ& e ϕ&& em função do ângulo de rotação θ. O valor

de θ& está também representado.

Velocidade e Aceleração Angulares do Corpo 2

f (º) df/dt d2f/dt2


º, rad/s rad/s2
50 5000

40 4000

30 3000

20 2000

10 1000

0 0
0.00 0.10 0.20 0.30 0.40 0.50 0.60 0.70 0.80 0.90 1.00 1.10 1.20 1.30
-10 -1000

-20 -2000

-30 -3000

-40 -4000

-50 -5000
teta (rad/2*pi)

Figura 8 – Variação de ϕ , ϕ& e ϕ&& em função do ângulo de rotação θ.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 127

c) Trajectória do centro de massa de cada corpo

A posição do centro de massa de cada Trajectórias

um dos corpos que compõem o mecanismo


OG1 OG2 OG3 OA BM
é definida pelos seguintes vetores:
0.14

a cos θ 
uuur  
=  a sin θ  ,
0.12
OG1
S0
 0 
 
0.10

R cos θ  − b sin ϕ 
uuuur    
OG2 =  R sin θ  +  b cos ϕ  , 0.08
S0
 0   0 
   

0.06
 0 
uuuur  
OG3 = R sin θ + L cos ϕ  .
S0
 0 
  0.04

A figura 9 representa a trajectória do 0.02

centro de massa de cada corpo, dando uma


ideia do movimento do mecanismo.
0.00
-0.04 -0.03 -0.02 -0.01 0.00 0.01 0.02 0.03 0.04

-0.02

-0.04

Figura 9 – Trajetória do centro de massa


de cada corpo.

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128 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

d) Equilíbrio dinâmico do corpo 1

y0
Torsor das forças exteriores do corpo 1

B
O torsor das forças exteriores ao
corpo 1 é definido por

( )
uur uuur 3
τ 1
FE
≡ F 1 ; MG11 .

A figura 10 mostra o sistema de forças


exteriores que atuam sobre o corpo 1, as
quais são definidas por:
G2
uur  ROX + RAX  ϕ
 
F1 = ROy + RAy − m1g  2
S0
 
 0 
Os momentos exteriores que atuam
sobre o corpo 1 são definidos por

RAX A
uuur uuur uur uuur uur uur
M G1 1 = G1O × R O + G1 A × R A + M R
S0
G1 RAY
1
isto é
θ
uuur  − a cos θ   R O X  ROX MR
    O x0
M 1
G1 =  − a sin θ  ×  R O Y  + m1g
S0
 0   0 
    ROY

 ( R − a ) cos θ   R AX   0 
     
 ( R − a ) sin θ  ×  R AY  +  0 
 0   0  −M 
     R 

Figura 10 – Diagrama de corpo livre do corpo


1; forças e momentos exteriores.

O resultado dos momentos exteriores é


uuur
M G1 1 =  − a cos θ R O Y + a sin θ R O X +
S0
r
( R − a ) cos θ R AY − ( R − a ) sin θ R AX − M R  k

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 129

Torsor da quantidade de aceleração do corpo 1

O torsor da quantidade de aceleração do corpo 1 é definido por

τ ≡  Q 
uur uuur
1
QA
1
; K G11  .
 0

A quantidade de movimento é igual a

 − a θ& sin θ 
uur uur •
uuur  
Q1 = m 1 v G1 = m 1 O G1 = m 1  a θ& cos θ  .
S0 S0
 0 
 

A quantidade de aceleração da manivela, corpo 1, é igual a,

• − a θ& 2 cos θ 
uur uur •
uur  
Q1 = m1 aG1 = m1 v G1 = m1  − a θ& 2 sin θ 
S0
 0 
 

O momento cinético é igual a

 I1 0 0  0   0 
uuur uuur  x x 1 1
    
H G1 1 =  IG  ω 10 =  0
1
1
I1y 1y 1 0  0  =  0 
S1
     1 
 0 0 I 1z1z1  θ&   I z1z1 θ&  S
1

1
Atendendo a que o vetor momento cinético do corpo 1, H G 1
, só tem componentes

segundo a direção Z1, e atendendo a que os eixos Z0 e Z1 são paralelos entre si, verifica-se
que

uuur uuur
H G1 1 = H G1 1 .
S0 S1

O momento dinâmico da manivela é igual a

•  0 
uuur uuu r   r
K 1
G1
=H 1
G1
=  0  = 0,
S0 0
I1 && 
 z1z1 θ 
S0

já que a aceleração angular do corpo 1 é nula.

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130 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Figura 11 – Variação da quantidade Quantidade de Aceleração do Corpo 1

de aceleração da manivela OG1 OG2 OG3 OA Q*1 BM

0.14
durante o período
correspondente à primeira 0.12

rotação completa do corpo 1.


0.10

0.08
Verifica-se que a quantidade de
aceleração tem duas componentes 0.06

segundo as direções OX0 e OY0, as


0.04
quais poderiam ser decompostas
numa componente tangencial numa 0.02

componente normal à trajetória.


0.00
-0.08 -0.06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08

Q*1y Q*1x
-0.02
O equilíbrio dinâmico do corpo
1 pode ser obtido igualando o torsor -0.04

das forças exteriores ao torsor da


-0.06
quantidade de aceleração, isto é,

τ FE
1
= τ QA
1
.
-0.08

uur uur• uuur uuur


Da igualdade entre os dois torsores resulta que F 1 = Q 1 e MG1 = K G1 . Logo
1 1
0

 ROX + RAX  − a θ& 2 cos θ 


   
ROy + RAy − m1g  = m1  − a θ& sin θ  , e
2

   0 
 0   
r r
( − a cos θ R OY + a sin θ R OX + ( R − a ) cos θ R AY − ( R − a ) sin θ R A X − M R ) k = 0

obtendo-se as seguintes três equações escalares:

1) ROX + RAX = − m1 a θ& 2 cos θ

2) ROy + RAy − m1g = − m1 a θ& 2 sin θ

3) a sin θ ROX − a cos θ ROY − ( R − a ) sin θ RAX + ( R − a ) cos θ RAY − MR = 0

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 131

e) Equilíbrio dinâmico do corpo 2


Y
Torsor das forças exteriores do corpo 2
RBX B

O torsor das forças exteriores ao


corpo 2 é definido por 3 RBY

( )
uur uuuur
τ 2
FE ≡ F 2 ; MG2 .
2

A figura 12 mostra o sistema de forças


exteriores que atuam sobre o corpo 2, as G2
ϕ
quais são definidas por,
2
m2g

uur  −RAX + RBX 


  -RAY
F2 = −RAY + RBY − m2 g 
S0  0 
  A
-RAX
Os momentos exteriores que atuam
sobre o corpo 2 são definidos por, G1
1
θ
uuur uuuur uur uuur uur
M G2 2 = G2 A × R A + G2B × RB , O X
S0

isto é

uuur  b sin ϕ   − R AX 
   
M G2 2 =  − b cos ϕ  ×  − R AY 
S0
 0   0  Figura 12 – Diagrama de corpo livre do
   
.
 − ( L − b ) sin ϕ   R BX  corpo 2: forças exteriores.
   
+  ( L − b ) cos ϕ  ×  R BY 
 0   0 
   

O resultado dos momentos exteriores é


uuuur r
M G2 =  − b sin ϕ R AY − b cos ϕ R AX − ( L − b ) sin ϕ R BY − ( L − b ) cos ϕ R BX  k
2
S0

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132 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Torsor da quantidade de aceleração do corpo 2

O torsor da quantidade de aceleração do corpo 2 é definido por

τ ≡  Q 
uuur uuur
2
QA
2
; K G22  .
 0

A quantidade de movimento da biela é igual a


  − R θ& sin θ   − b ϕ& cos ϕ  
uuur uuur uuuu r    
= m 2 v G2 = m 2 O G2 = m2   R θ cos θ  +  − b ϕ& sin ϕ   ,
Q2 &
0
   
S0 S0
S0
 0   0 

e a quantidade de aceleração é igual a,

 − R θ&2 cos θ  − b ϕ&& cos ϕ + b ϕ& 2 sin ϕ 


uuur• uuur •
uuur    
Q2 = m2 aG2 = m2 v G2 = m2  − R θ&2 sin θ  + m2  − b ϕ&& sin ϕ − b ϕ& 2 cos ϕ  .
0 S
0
0
 0   0 
   

O momento cinético do corpo 2 é igual a

 Ix2 x 0 0  0   0 
uuur uuur  2 2     
H G2 2 =  IG 2  ω 20 =  0
 2
 Iy22 y 2 0  0  =  0  .
S2
     2 
 0 0 Iz22 z 2  ϕ&   I z 2 z 2 ϕ&  S
2

Atendendo a que o vetor momento cinético do corpo 2, H G2 2 , só tem componentes

segundo a direção Z2, e atendendo a que os eixos Z0 e Z2 são paralelos entre si, verifica-se
uuur uuur
que H G2
2
= H G2 2 .
S0 S2

•  0 
uuur uuur  
O momento dinâmico é igual a K G22 = HG22 = 0 
S0 0
S0
I 2 ϕ&&
 z2 z2 

A figura 13 mostra a variação da quantidade de aceleração do corpo 2 durante o


período de tempo correspondente à primeira rotação completa do corpo 1.

O equilíbrio dinâmico do corpo 2 pode ser obtido igualando o torsor das forças

exteriores ao torsor da quantidade de aceleração, isto é, τ FE


2
= τ QA
2
.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 133

Figura 13 –
Quantidade de Aceleração do Corpo 2
Variação da quantidade de aceleração OG1 OG2 OG3 OA Q*2 BM

da biela durante o período 0.14

correspondente à primeira rotação


0.12
completa do corpo 1.
0.10

0.08

0.06

Q*2

0.04

0.02

0.00
-0.06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0.06

-0.02

Da igualdade entre os dois torsores -0.04

resulta que
-0.06


uur uuur uuur uuur
F = Q 2 e MG22 = K G22 .
2
-0.08
0

-0.10
Logo,

 − R AX + RBX   − R θ& 2 cos θ   − b ϕ&& cos ϕ + b ϕ& 2 sin ϕ 


     
− R AY + RBY − m2 g  = m2  − R θ& sin θ  + m2 − b ϕ&& sin ϕ − b ϕ& cos ϕ  e
2 2

 0   0   0 
     
r r
 − b sin ϕ R AY − b cos ϕ R AX − ( L − b ) sin ϕ R BY − ( L − b ) cos ϕ R BX  k = Iz22 z 2 ϕ&&k

obtendo-se as seguintes três equações escalares:

( ) (
4 ) − R AX + RBX = m2 − R θ& 2 cos θ + m2 − b ϕ&& cos ϕ + b ϕ& 2 sin ϕ )
( ) (
5 ) − R AY + RBY − m2 g = m2 − R θ& 2 sin θ + m2 − b ϕ&& sin ϕ − b ϕ& 2 cos ϕ )
6 ) − b sin ϕ R AY − b cos ϕ R AX − (L − b ) sin ϕ RBY − (L − b ) cos ϕ RBX = I z22 z2 ϕ&&

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134 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

f) Equilíbrio dinâmico do corpo 3


y0
Torsor das forças exteriores do corpo 3 Fm

O torsor das forças exteriores ao -RBY


corpo 3 é definido por
N B -RBX

τ FE
3
(
= F 3 ; MG33 . ) 3
A figura 14 mostra o sistema de forças m3g
exteriores que atuam sobre o corpo 3, as
quais são definidas por, Fat

uur  − RBX + N 
 
F3 = − RBY + Fat + FM − m3 g  G2
S0
 
 0  ϕ
2
Os momentos exteriores que atuam
sobre o corpo 3 são nulos porque todos as
forças são concorrentes no ponto B, logo,

A
MG3 3 = 0 .

G1
1
Torsor da quantidade de aceleração do
θ
corpo 3
O x0
O torsor da quantidade de aceleração
do corpo 3 é definido por

τ =  Q 
uur uuur
3
QA
3
; K G33  .
 0
 Figura 14 – Diagrama de corpo livre

A quantidade de movimento é igual a


do corpo 3: forças exteriores.

uur •  0 
uuur uuuur  & 
Q3 = m3 v G3 = m3 OG3 = m3 R θ cos θ − L ϕ& sin ϕ  .
S0 S0 0
 0 
S0
 

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 135

A quantidade de aceleração do êmbolo é igual a,


uur •  0   0 
uuur uuur    
Q = m3 aG3 = m3 v G3
3
= m3 − R θ sin θ  + m3 −L ϕ&& sin ϕ − L ϕ& cos φ  .
& 2 2
0
0
 0   0 
   

O momento cinético do corpo 3, definido no seu centro de massa, é nulo, já que o


uuur r
corpo está animado de movimento de translação retilínea, HG3
3
= 0.
S0

uuur uuur r
O momento dinâmico da biela é igual a K G33 = HG33 = 0.
S0 0
S0

A figura 15 mostra a variação da quantidade de aceleração do corpo 2 durante o


período de tempo correspondente à primeira rotação completa do corpo 1. O vetor
quantidade de aceleração está representado segundo a direção OX0 (e não OY0 como
acontece na realidade) de modo a poder ser visualizado.

Quantidade de Aceleração do Corpo 3


OG1 OG2 OG3 OA Q*3 BM
0.14

0.12

0.10 Q*3y

0.08

0.06

0.04

0.02

0.00
-0.14 -0.12 -0.10 -0.08 -0.06 -0.04 -0.02 0.00 0.02 0.04 0.06 0.08

-0.02

-0.04

Figura 15 - Variação da quantidade de aceleração do êmbolo durante o período


correspondente à primeira rotação completa do corpo 1.

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136 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

O equilíbrio dinâmico do corpo 3 pode ser obtido igualando o torsor das forças

exteriores ao torsor da quantidade de aceleração, isto é, τ FE


3
= τ QA
3
.

uur uur• uuur uuur r


Da igualdade entre os dois torsores resulta que F 3 = Q 3 e MG3 = K G3 = 0 .
3 3
0

Logo,

 − RBX + N   0   0 
     
− RBY + Fat + FM − m3 g  = m3 − R θ sin θ  + m3 − L ϕ&& sin ϕ − L ϕ& cos ϕ  ,
& 2 2

 0   0   0 
     

obtendo-se as seguintes duas equações escalares:

7 ) − RBX + N = 0

( ) (
8 ) − RBY + Fat + FM − m3 g = m3 − R θ& 2 sin θ + m3 − L ϕ&& sin ϕ − L ϕ& 2 cos ϕ )
A força de atrito entre o êmbolo e o pistão Fat, é diretamente proporcional à força
normal e ao coeficiente de atrito sendo definida pela seguinte expressão:

v G3y (Rθ& cos θ − Lϕ& sin ϕ )


Fat = − µ N = −µ N
v G3y Rθ& cos θ − Lϕ& sin ϕ

g) Determinação da equação de movimento e das forças de ligação

Sistema de equações de equilíbrio dinâmico

O sistema de equações de equilíbrio dinâmico do mecanismo manivela, biela, êmbolo


é formado por 8 expressões (ver página seguinte). A resolução do sistema de equações
permite determinar a equação de movimento, as forças de ligação
(ROX, ROY, N) ao exterior e as forças de ligação interiores entre os vários corpos (RAX, RAY,
RBX, RBY).

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 137

1) ROX + RAX = − m1 a θ& 2 cos θ

2) ROy + RAy − m1g = − m1 a θ&2 sin θ

3) a sin θ ROX − a cos θ ROY − ( R − a ) sin θ RAX + ( R − a ) cos θ RAY − MR = 0

(
4 ) − RAX + RBX = m2 − R θ&2 cos θ ) (
+ m2 − b ϕ&& cos ϕ + b ϕ& 2 sin ϕ )

(
5) − RAY + RBY − m2 g = m2 − R θ&2 sin θ ) (
+ m2 − b ϕ&& sin ϕ − b ϕ& 2 cos ϕ )
6 ) − b sin ϕ RAY − b cos ϕ RAX − ( L − b ) sin ϕ RBY − ( L − b ) cos ϕ RBX = Iz22 z2 ϕ&&

7 ) − RBX + N = 0

(R θ& cos θ − L ϕ& sin ϕ )


8) − RBY − µ N + FM − m3 g =
R θ& cos θ − L ϕ& sin ϕ

(
m3 − R θ& 2 sin θ ) (
+ m3 −L ϕ&& sin ϕ − L ϕ& 2 cos ϕ )

O sistema de equações pode ser representado na seguinte forma:

1 0 1 0 0 0 0 0 ROX Q*1X
0 1 0 1 0 0 0 0 ROY Q*1Y + m1g
a sinθ -a cosθ -(R-a) sinθ (R-a) cosθ 0 0 0 0 RAX MR
0 0 -1 0 1 0 0 0 x RAY = Q*2x
0 0 0 -1 0 1 0 0 RBX Q*2y + m2g
0 0 -b cosθ -b sinθ -(L-b) cosθ -(L-b) sinθ 0 0 RBY KG2
0 0 0 0 -1 0 1 0 N 0
0 0 0 0 0 -1 -µ∗ 1 FM Q*3Y + m3g

(Rθ& cos θ − Lϕ& sin ϕ )


µ∗ = µ
Rθ& cos θ − Lϕ& sin ϕ

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138 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

6.5 Mecanismo de acionamento do limador

O mecanismo de acionamento do limador representado na figura 16, é composto por


três corpos:

Corpo 1 - a manivela, de massa m1 e


comprimento 2r, animada de C
FR
movimento de rotação em torno do
ponto O fixo, com velocidade angular Mm
1
θ& e aceleração angular θ&& , e O
submetida à ação de um momento
x0
motor Mm; θ
G1
B 2
Corpo 2 - um cursor, de massa m2,
articulado no ponto B com a
manivela, e no interior do qual pode G3
deslizar o corpo 3; a
ϕ
OB = 2r
Corpo 3 – um braço, de massa m3 e
AG3 = G3C = l
comprimento 2 l, animado de
AB = s
movimento de rotação em torno do
ponto A, e submetido à ação da força 3
resistente FR.

Suponha conhecidas as A
matrizes de inércia dos três corpos y0
em relação a eixos principais centrais
de inércia. Figura 16 – Geometria do sistema de
acionamento do limador.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 139

a) Geometria do mecanismo de acionamento do limador

A análise do triângulo OAB permite afirmar que

2 r sin θ = s sin ϕ
. (50)
2 r cos θ + s cos ϕ = a

Desenvolvendo estas expressões determina-se os valores de s e ϕ:

 2 r sin θ  2 r sin θ
s = sin ϕ s = sin ϕ
 
 
 2 r sin θ  cos ϕ
2 r cos θ + sin ϕ cos ϕ = a 2 r sin θ sin ϕ = a − 2 r cos θ
 

 2 r sin θ  2 r sin θ
s = sin ϕ s = sin ϕ
 
 
 a − 2 r cos θ  2 r sin θ
cot gϕ = 2 r sin θ tgϕ = a − 2 r cos θ
 

isto é,

 2 r sin θ
s =
sin ϕ

 (51)
  2 r sin θ 
ϕ = arctg  
  a − 2 r cos θ 

b) Variação de s e ϕ com o tempo

As velocidades angulares dos corpos 2 e 3 são iguais, e podem ser obtidas a partir da
derivação em ordem ao tempo das expressões (50)

2 r θ& cos θ − s& sinϕ − s ϕ& cos ϕ = 0


; (52)
−2 r θ& sin θ + s& cos ϕ − s ϕ& sin ϕ = 0

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140 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

multiplicando a primeira expressão da equação (52) por cosϕ e a segunda por senϕ ,

2 r θ& cos θ cos ϕ − s& sinϕ cos ϕ − s ϕ& cos 2 ϕ = 0


,
−2 r θ& sinθ sin ϕ + s& sin ϕ cos ϕ − s ϕ& sin2 ϕ = 0

e somando-as, obtém-se que

2 r θ& ( cos θ cos ϕ − sin θ sin ϕ ) = s ϕ&

2r &
ϕ& = θ ( cos θ cos ϕ − sin θ sin ϕ ) . (53)
s

Multiplicando, agora, a primeira expressão da equação (52) por senϕ e a segunda por
-cosϕ,

2 r θ& cos θ sin ϕ − s& sin2ϕ − s ϕ& sinϕ cos ϕ = 0


,
2 r θ& sinθ cos ϕ − s& cos 2 ϕ + s ϕ& sin ϕ cos ϕ = 0

e somando-as, obtém-se a velocidade relativa do corpo 3 em relação a 2 (Vr3/2)

2 r θ& ( cos θ sin ϕ + sin θ cos ϕ ) = s&

s& = 2 r θ& ( cos θ sin ϕ + sinθ cos ϕ ) . (54)

A aceleração angular dos corpos 2 e 3 pode ser obtida a partir da derivação em


ordem ao tempo da expressão (53)

s&ϕ& + sϕ&& = 2rθ&&( cos θ cos ϕ − sinθ sin ϕ ) +


(
2rθ& −θ& sin θ cos ϕ − θ& cos θ sin ϕ − ϕ& cos θ sin ϕ − ϕ& sin θ cos ϕ )
2r && 2r
ϕ&& = θ ( cos θ cos ϕ − sinθ sin ϕ ) + θ&2 ( − sin θ cos ϕ − cos θ sin ϕ ) +
s s
(55)
2r & s&
θ ϕ& ( − cos θ sin ϕ − sin θ cos ϕ ) − ϕ&
s s

A aceleração relativa do corpo 3 em relação a 2 (ar3/2) é dada por

s = 2 r θ&&( cos θ sin ϕ + sin θ cos ϕ ) + 2 r θ&2 ( − sin θ sin ϕ + cos θ cos ϕ ) +
&&
(56)
2 r θ& ϕ& ( cos θ cos ϕ − sin θ sin ϕ )

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 141

c) Equilíbrio dinâmico do corpo 1


O equilíbrio dinâmico do corpo 1 pode ser obtido igualando o torsor das forças

exteriores ao torsor da quantidade de aceleração, isto é, τ FE


1
= τ QA
1
.

Torsor das forças exteriores do corpo


1
C
FR
O torsor das forças exteriores
ROY
ao corpo 1 é definido por Mm
1
( )
uur uuur x0
τ 1
FE
≡ F 1 ; MO1 .
ROX O

G1 RBY
θ
A figura 17 mostra o sistema de
forças exteriores que atuam sobre o B RBX
m1g
corpo 1, as quais são definidas por:
G3 2
 ROX + RBX 
uur   a
F1 = ROy + RBy + m1g  ϕ
S0
  AG3 = G3C = l
 0  OB = 2 r
Os momentos exteriores que

atuam sobre o corpo 1 são definidos 3


por
uuur uuuur r uuur uur uuur
M O1 = O G1 × m1g + OB × R B + M m A
S0 y0

isto é

uuur  r sin θ   0  Figura 17 – Diagrama de corpo livre do


   
M O1 =  r cos θ  ×  m1 g  + corpo 1: forças e momentos
S0  0   0 
    exteriores.

 2 r sin θ   RB X   0 
     
 2 r cos θ  ×  R BY + 0 
 0   0  − M 
     m

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142 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

O resultado dos momentos exteriores é


uuur r
M O1 =  r sin θ m 1 g − 2 r cos θ R B X + 2 r sin θ R BY − M m  k
S0

Torsor da quantidade de aceleração do corpo 1

O torsor da quantidade de aceleração do corpo 1 é definido por

τ ≡  Q 
uur uur
1
QA
1
; K O1  .
 0

O vetor de posição do centro de massa do corpo 1 é definido por

 r sin θ 
 
OG 1 =  r cos θ  .
 0 
 

A quantidade de movimento é igual a


 r θ& cos θ 
uur uur uuur  
Q 1 = m 1 v G1 = m 1 O G1 = m 1  − r θ& sin θ  .
0
 0 
 

A quantidade de aceleração da manivela, corpo 1, é igual a,

uur• • 
(
 r θ&&cos θ − θ&2 sin θ ) 
uur uur
Q 1 = m1 aG1 = m1 v G1
0

(
= m1 r −θ&& sin θ − θ&2 cos θ )
0
 
 0 

O momento cinético é igual a

 Ix1 x 0 0   0   0 
uuur uuur  11     
H G1 1 =  IG1 1  ω 10 =  0 Iy1 1y 1 0   0  = 0 
S1
     1 
 0 0 I z11z1   −θ&   − Iz1z1 θ&  S
1

1
Atendendo a que o vetor momento cinético do corpo 1, H G 1
, só tem componentes

segundo a direção Z1, e atendendo a que os eixos Z0 e Z1 são paralelos entre si, verifica-se
que

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 143

uuur uuur
H G1 1 = H G1 1 .
S0 S1

O momento dinâmico do corpo 1 no centro de massa é igual a

•  0 
uuur uuu r  
K G11 = HG1
1
=  0 .
S1 0
S1
−I1 θ&&
 z1z1 

O momento dinâmico do corpo 1 no ponto O é igual a

uur uuur uuur uur


 0   r sin θ 

 r θ&&cos θ − θ& 2 sin θ

( ) 
    
K O1 = K G11 + OG1 x Q 1 =  0  + r cos θ  x m1 r −θ&& sin θ − θ&2 cos θ ( )
S1 0
−I1 θ&&  0   
 z1z1     0 

 0 
uur   r
K O1 = 0  = − Iz1z1 + m1 r θ&& k
1 2
( )
 1
( 
)
S1
− I + m1 r 2 θ&&
 z1z1 

uur uur• uuur uur


Da igualdade entre os dois torsores resulta que F 1 = Q 1 e MO1 = K O1 . Logo
0

 ROX + RBX 
 r θ&&cos θ − θ& 2 sin θ

( ) 
  
ROy + RBy + m1g  = m1 r −θ&& sin θ − θ& cos θ
2
( )
   
 0   0 

[r sin θ m1 g − 2 r cos θ ( r
R BX + 2 r sin θ R BY − M m ]k = − I 1z1 z1 + m1 r 2 θ&& k )

obtendo-se as seguintes três equações escalares:

1) ROX + RBX = − m1 r θ&&cos θ − θ& 2 sin θ ( )

2) ROy + RBy + m1g = − m1 r −θ&& sin θ − θ& 2 cos θ ( )

3) r sin θ m1 g − 2 r cos θ RBX + 2 r sin θ RBY − Mm  = − Iz11z1 + m1 r 2 θ&& ( )

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144 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

d) Equilíbrio dinâmico do corpo 2

O equilíbrio dinâmico do corpo C


2 pode ser obtido igualando o torsor
das forças exteriores ao torsor da Mm
quantidade de aceleração, isto é, x0
O -RBY
τ 2
FE = τ QA
2
.
G1
Fatrito
θ
M32
1 N
Torsor das forças exteriores do corpo B -RBX
2
G3
2
O torsor das forças exteriores m2g
a
ao corpo 2 é definido por ϕ
AG3 = G3C = l

( )
uur uuur OB = 2 r
τ 2
FE
= F 2 ; MG22 .

A figura 18 mostra o sistema de 3


forças e momentos exteriores que
atuam sobre o corpo 2, as quais são
definidas por A
y0

uur  −RBX + N cos ϕ − Fat sin ϕ  Figura 18 – Diagrama de corpo livre do


 
F2 =  −RBY + N sin ϕ + Fat cos ϕ + m2 g 
corpo 2: forças e momentos
S0  0 
 
exteriores.
A força de atrito não é independente; efetivamente, ela depende da força normal,

do coeficiente de atrito e da velocidade relativa entre os corpos 2 e 3:


uuur
v B3
s&
Fatrito = − µ N uuur2 ⇔ Fatrito = − µ N
v B3 s&
2

Os momentos exteriores que atuam sobre o corpo 2 são definidos por,

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 145

uuur uuur r
M G2 2 = − M 32 k ,
S0

Torsor da quantidade de aceleração do corpo 2



 uuur
O torsor da quantidade de aceleração do corpo 2 é definido por τ ≡  Q 2 2
uur

;K B2  .
QA
 0

O vetor de posição do centro de massa do corpo 2 é definido por

 2 r sin θ 
uuuur  
O G 2 =  2 r cos θ  .
 0 
 

A quantidade de movimento é igual a


 2 r θ& cos θ 
uuur uuur uuuur  
Q = m 2 v G2 = m 2 O G 2 = m2  − 2 r θ& sin θ  .
2
0
 0 
 

A quantidade de aceleração da manivela, corpo 2, é igual a,


uuur • 
(
 2 r θ&&cos θ − θ&2 sin θ ) 
uuur uuur
Q = m2 aG2 = m2 v G2
2
0

(
= m2 2 r −θ&& sin θ − θ&2 cos θ )
0
 
 0 

O momento cinético é igual a

I2 0 0  0  
uuur uuur 
x2x2
   0 
ω =  0    
H G2 =  IG2 Iy2 0  0  =  0 
1  2  20  2y 2   
S2 
 0 Iz z ϕ   I z 2 z 2 ϕ& 

2 & 2
0
 2 2  S2

uuur
Atendendo a que o vetor momento cinético do corpo 2, H G2 , só tem componentes
2

segundo a direção Z2, e atendendo a que os eixos Z0 e Z2 são paralelos entre si, verifica-se
que
uuur uuur
H G2 2 = H G2 2 .
S0 S2

O momento dinâmico do corpo 2 no centro de massa é igual a

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146 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

•  0 
uuur uuur  
K G2 = HG2 =  0  .
2 2

0
I 2 ϕ&&
 z2 z2 
Da igualdade entre os dois torsores resulta que

uur uuur• uuur uuur


F 2 = Q 2 e MG22 = K G22 .
0

Logo,

 −RBX + N cos φ − Fat sin φ  (


 2 r θ&&cos θ − θ&2 sin θ

) 


 BYR + N sin φ + Fat
cos φ + m g
2 

= m2 

(
2 r −θ&& sin θ − θ&2 cos θ )
 0   
   0 

uuur r r
− M 32 k = Iz22 z 2 φ&& k

obtendo-se as seguintes três equações escalares:

(
4 ) − RBX + N cos φ − Fat sin φ = − m1 2 r θ&&cos θ − θ&2 sin θ )

(
5) − RBY + N sin φ + Fat cos φ + m2 g = − m1 2 r −θ&& sin θ − θ&2 cos θ )
6 ) − M32 = Iz22 z2 θ&&

e) Equilíbrio dinâmico do corpo 3

O equilíbrio dinâmico do corpo 3 pode ser obtido igualando o torsor das forças

exteriores ao torsor da quantidade de aceleração, isto é, τ 3


FE = τ QA
3
.

Torsor das forças exteriores do corpo 3

( )
uur uuur
O torsor das forças exteriores ao corpo 3 é definido por τ 3
FE ≡ F 3 ; MA3 .

A figura 19 mostra o sistema de forças exteriores que atuam sobre o corpo 3, as quais
são definidas por,

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 147

uur  RAX − N cos φ + Fat sin φ − FR 


 
F3 = RAY − N sin φ − Fat cos φ + m3 g 
S0
 0 
 

C
FR

Mm
x0
O

G1 -Fatrito
θ
1 M23
B
-N

G3
2
m3g
a
ϕ

AG3 = G3C = l
OB = 2 r

RAY
3

A RAX
y0

Figura 19 – Diagrama de corpo livre do corpo 3: forças e momentos exteriores.

Os momentos exteriores que atuam sobre o corpo 3 são definidos por


uuur
( )
uuuur r uuur ur uuur uur uuur
M A3 = A G 3 × m 3 g + AB × − N + AC × F R + M 23
S0

isto é

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148 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

uuur  l sin ϕ   0   s sin ϕ   − N cos ϕ 


       
M A3 =  − l cos ϕ  ×  m 3 g  +  − s cos ϕ  ×  − N sin ϕ  +
S0  0   0   0   0 
       

 2 l sin ϕ   − F R   0 
     
 − 2 l cos ϕ  ×  0  +  0 
 0   0  M 
     23 
O resultado dos momentos exteriores é
uuur r
M A3 =  l sin ϕ m 3 g − s N − 2 l cos ϕ F R + M 23  k
S0

Torsor da quantidade de aceleração do corpo 3

 uuu•r uuur 
O torsor da quantidade de aceleração do corpo 3 é definido por τ 3
QA ≡
 Q 3 ;K A3  .
 0 
 
O vetor de posição do centro de massa do corpo 3 é definido por

 l sin ϕ 
 
AG 3 =  − l cos ϕ  .
 0 
 

A quantidade de movimento é igual a

uur •  l ϕ& cos ϕ 


uuur uuuur  
Q = m 3 v G3 = m 3 AG 3 = m3  l ϕ& sin ϕ  .
3
0
 0 
 

A quantidade de aceleração da manivela, corpo 3, é igual a,


uur • 
(
l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ )
uuur uuur
Q 3 = m3 aG3 = m3 v G3
0

(
= m3 l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ )
0
 
 0 

O momento cinético no centro de massa é igual a

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 149

 I x3 x 0 0  0   0 
uuur uuur  3 3     
H G3 3 =  IG3 3  ω 30 =  0 Iy33 y 3 0  0  =  0 
S3
     3 
 0 0 I z33 z 3  ϕ&   Iz 3 z 3 ϕ&  S
3

Atendendo a que o vetor momento cinético do corpo 3, H G3 3 , só tem componentes

segundo a direção Z3, e atendendo a que os eixos Z0 e Z3 são paralelos entre si, verifica-se
que
uuur uuur
H G3 3 = H G3 3 .
S0 S3

O momento dinâmico do corpo 3 no centro de massa é igual a

•  0 
uuur uuu r  
K G3 = HG3 =  0  .
3 3

0
I 3 ϕ&&
 z3 z3 

O momento dinâmico do corpo 3 no ponto A é igual a

uur uuur uuuur uur•


 0   l sin ϕ  l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ

( )
  
K A3
 
= K G3 + AG3 x Q =  0  + −l cos ϕ  xm3 l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ
3 3
( )
S0 0
I3 ϕ&&  0   
 z3 z3     0 

 0 
uur   r
K A3 = 0 3
(
 = Iz3 z3 + m3 l ϕ&& k
2
)
 3
( 
)
S0
I + m3l 2 ϕ&&
 z3 z3 

uur uuu•r uuur uuur


Da igualdade entre os dois torsores resulta que F 3 = Q 3 e MA3 = K A3 .
0

Logo,

 R AX − N cos ϕ + Fat sin ϕ − FR  l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ ( )


  
R AY − N sin ϕ − Fat cos ϕ + m3 g  = m3 l ϕ&& sin ϕ + ϕ& cos ϕ
2
( )
 0   0 
   

[l sin ϕ m3 g ( r
− s N − 2 l cos ϕ FR + M 23 ] k = I z33 z 3 + m3 l 2 ϕ&& k )
obtendo-se as seguintes três equações escalares:

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150 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

7) (
R AX − N cos ϕ + Fat sin ϕ − FR = m3 l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ )
8) (
R AY − N sin ϕ − Fat cos ϕ + m3 g = m3 l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ )
9) [l sin ϕ m3 g (
− s N − 2 l cos ϕ FR + M 23 ] = I z33 z 3 + m3 l 2 ϕ&& )

f) Equação de movimento e forças e momentos de ligação

O sistema de equações de equilíbrio dinâmico do mecanismo inferior do limador é


formado por 9 expressões. A resolução do sistema de equações permite determinar a
equação de movimento, as forças de ligação (ROX, ROY, RAX, RAY) ao exterior e as forças e
momentos de ligação interiores entre os vários corpos (RBX, RBY, N, M23) e também
determinar a força de atrito.

1) (
ROX + RBX = −m1 r θ&&cos θ − θ&2 sin θ )
2) (
ROy + RBy + m1 g = −m1 r −θ&& sin θ − θ&2 cos θ )
3) [r sinθ m1 g − 2 r cos θ RBX (
+ 2 r sin θ RBY − Mm ] = − I1z1z1 + m1r 2 θ&& )
4) (
−RBX + N cos ϕ − Fat sin ϕ = −m1 2 r θ&&cos θ − θ&2 sin θ )
5) (
−RBY + N sin ϕ + Fat cos ϕ + m2 g = −m1 2 r −θ&& sin θ − θ&2 cos θ )
6) − M32 = Iz22 z2 ϕ&&

7) (
RAX − N cos ϕ + Fat sin ϕ − FR = m3 l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ )
8) (
RAY − N sin ϕ − Fat cos ϕ + m3 g = m3 l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ )
9) [l sin ϕ m3 g − s N − 2 l cos ϕ FR + M23 ] = ( Iz33 z3 )
+ m3 l2 ϕ&&

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 151

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152 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

7 MECANISMO ESPACIAL

O mecanismo tridimensional representado na figura 20 é constituído por:

Z2 Z0 ≡ Z1
X2
M2

O ϕ ,ϕ&,ϕ&& 2
a
G1
a X1
b
A θ ,θ&,θ&&

B
M1
1

Figura 20 –
Mecanismo espacial.
Y1 ≡ Y2

C R

d
O
G2 X1
d

OG2 = l
D

Corpo 1 - um prato de massa m1 e raio R que roda em torno do eixo vertical Z0 com

velocidade angular θ& e aceleração angular θ&& , submetido à ação do momento


motor M1;
Corpo 2 - um braço em forma de T, de massa m2, que roda em torno do eixo horizontal
Y1 com velocidade angular ϕ& e aceleração angular ϕ&& , submetido à ação do

momento motor M2.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 153

O corpo 1 está ligado ao exterior através dos apoios A e B; o apoio A não absorve
esforços axiais. O corpo 2 está ligado ao corpo 1 através dos apoios C e D; o apoio C não
absorve esforços axiais.
Considere todas as ligações perfeitas, e suponha conhecidas as matrizes de inércia
dos dois corpos em relação a eixos principais centrais de inércia.

a) Equilíbrio dinâmico do corpo 1

O equilíbrio dinâmico do corpo 1 pode ser obtido igualando o torsor das forças

exteriores ao torsor das quantidades de aceleração, isto é, τ FE


1
= τ QA
1
.

Torsor das forças exteriores do corpo 1

( )
uur uuur
O torsor das forças exteriores ao corpo 1 é definido por τ 1
FE ≡ F ; M1B .
1

A figura 21 mostra o sistema de forças exteriores que atuam sobre o corpo 1, as quais
são definidas por:

R AX + RBX + RCX + RDX 


 
F 1
= R AY + RBY + RDY 
S1  RBZ + RCZ + RDZ − m1g 

Os momentos das forças exteriores que atuam sobre o corpo 1, em relação ao ponto B,
são definidos por

r
M 1B = BA × R A + BC × R C + BD × R D + BG 1 × m1 g + M 1
S1

0   R AX   0   R CX   0   R DX 
           
M 1B = 0  ×  R AY  +  d ×  0 +  − d  ×  R DY +
S1 b   0  b + 2 a   R  b + 2 a   R 
       Cz     Dz 

 0   0   0 
     
 0 ×  0  +  0 
b + a   − m g  M 
   1   1

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154 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

O resultado dos momentos exteriores é

 − b R AY + d (R CZ − R DZ ) − (b + 2 a ) R DY   M 1BX 
   1 
M 1B =  b R AX + (b + 2 a ) R CX + (b + 2 a ) R DX  =  M BY 
 − d (R
CX − R DX ) + M 1
S1  M 1 
   BZ 

Z0 ≡ Z1

Y1
1
m1 g O

G1
a X1
A RAX
b RAY B
RBX
RBY OG1 = a
M1
G1A = a
RBZ
AB = b
Y1 ≡ Y2 OC = d
Z1
OD = d
RCZ
R OG2 = l
C
RCX

d RCZ
O Y1
RDZ
X1 Z0≡Z1
d
C RCX
RDX
D RDZ
RDY O

G1 m1g
X1
D RDX
A
RDY RAX
RAY
B
RBX
RBZ
RBY
θ ,θ&,θ&&
M1

Figura 21 – Diagrama de corpo livre do corpo 1: forças exteriores e de ligação, e


momentos exteriores.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 155

Torsor da quantidade de aceleração do corpo 1

O torsor da quantidade de aceleração do corpo 1 é definido por

τ ≡  Q 
uur uur
1
QA
1
; K B1  .
 0

O vetor de posição do centro de massa do corpo 1 é definido por

 0 
 
OG 1 =  0 .
S1
− a 
 

A quantidade de movimento é igual a

• •
uur uur uuur  uuur uuur uuur  r
Q1 = m 1 v G1 = m 1 O G1 = m 1  O G1 + ω 10 x O G1  = 0 .
S1 0  1 
S1
S1  

A quantidade de aceleração da manivela, corpo 1, é igual a,



uur r
Q1 = 0
0
S1

O momento cinético é igual a

 Ix1 x 0 0  0   0 
uuur uuur  11     
H G1 1 =  IG1 1  ω 10 =  0 Iy1 1y 1 0  0  =  0 
S1
     1 
 0 0 I 1z1z1  θ&   I z1z1 θ&  S
1

O momento dinâmico do corpo 1 no centro de massa é igual a

 0   0 
uuur uuu•r   uuur uuu1r  
K G11 = HG11 =  0  + ω10 x HG1 =  0  .
S1 0
S1
I1 θ&& I1 θ&&
 z1z1   z1z1 

Como os eixos Z1 e Z0 são coincidentes


uuur uuur
K G11 = K G11
S1 S0

O momento dinâmico do corpo 1 no ponto O é igual a

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156 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

•  0   0 
uur uuur uuur uur     r
K B1 = K G1 + BG1 x Q =  0  + 
1 1
0 x 0
Iz1z1 θ  − ( a + b ) 
S0 0
 1 &&  

 0 
uur   r
K B1 =  0  = Iz11z1θ&& k
S0
I1 θ&&
 z1z1 


uur uur uur uur
Da igualdade entre os dois torsores resulta que F = Q 1 e MB1 = K B1 . Logo
1

R AX + RBX + RCX + RDX  0 


   
R AY + RBY + RDY  = 0 
 RBZ + RCZ + RDZ − m1g  0 

 − b R AY + d (R CZ − R DZ ) − (b + 2 a ) R DY   M 1BX   0 
   1   
 b R AX + (b + 2 a ) R CX + (b + 2 a ) R DX  =  M BY =  0 
 − d (R
CX − R DX ) + M 1
 M 1  I 1 θ&&
   BZ   z1 z1 

obtendo-se as seguintes seis equações escalares:

1) R AX + RBX + RCX + RDX = 0

2) R AY + RBY + RDY = 0

3) RBZ + RCZ + RDZ − m1g = 0

4) − b R AY + d (RCZ − RDZ ) − (b + 2 a ) RDY = 0

5) b R AX + (b + 2 a ) RCX + (b + 2 a ) RDX = 0

6) − d (RCX − RDX ) + M1 = I 1z1 z1 θ&&

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 157

b) Equilíbrio dinâmico do corpo 2

O equilíbrio dinâmico do corpo 2 pode ser obtido igualando o torsor das forças

exteriores ao torsor da quantidade de aceleração, isto é, τ FE


2
= τ QA
2
.

Torsor das forças exteriores ao corpo 2

O torsor das forças exteriores ao corpo 2 é definido por τ FE


2
( )
= F 2 ; M D2 . A figura

22 mostra o sistema de forças e momentos exteriores que atuam sobre o corpo 2, as quais
são definidas por

− RCX − RDX 
 
F 2
= − RDY 
S1 − R − R − m g 
 CZ DZ 2 

Os momentos das forças exteriores que atuam sobre o corpo 2, em relação ao ponto D,
são definidos por

M D2 ( ) r
= DC × − R c + DG 2 × m 2 g + M 2
S1

 0   − R CX   l cos ϕ   0   0 
         
M D2 = 2 d  ×  0 + d ×  0  + − M 2 
S1  0  − R   l sin ϕ   − m g   0 
   CZ     2   

 − 2 d R CZ − d m 2 g 
 
M D2 =  l cos ϕ m 2 g − M 2 
S1 2 d R 
 CX 

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158 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Torsor da quantidade de aceleração do corpo 2


 uuur
O torsor da quantidade de aceleração do corpo 2 é definido por τ ≡  Q 2 2
uur

;K D2  .
QA
 0

Z0 ≡ Z1
Z2
X2
M2

O ϕ ,ϕ& ,ϕ&& 2
G1
X1
A -m2g

OG1 = a
Y1 ≡ Y2
Z1 G1A = a
-RCZ
R AB = b
C OC = d
-RCX
OD = d
d G2 OG2 = l
O
-RDZ
OG =l X1
2
d
-RDX
D
-RDY -RCZ

Z0 ≡ Z1 Y1

C
-RCX
-RDZ M2
O G2

ϕ ,ϕ&,ϕ&&
G1
D m2 g
-RDX
X1
-RDY A

Figura 22 – Diagrama de corpo livre do corpo 2: forças exteriores e de ligação, e momentos


exteriores.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 159

O vetor de posição do centro de massa do corpo 2 é definido por

 l cos ϕ 
 
OG 2 =  0 .
S1
 l sin ϕ 
 

A velocidade do ponto O é nula, porque o ponto é fixo (O ∈ Z0). Logo, a quantidade


de movimento é igual a

uuur uuur •
uuuur  uuuu

r uuur uuuur 
Q2 = m 2 v G2 = m 2 O G2 
= m 2 O G2 + ω 10 x O G 2  =
S1 S1 0  1 
S1  S1 
  − l ϕ& sin ϕ   0   l cos ϕ    − l ϕ& sin ϕ 
       
m2  0  +  0  x  0   = m 2  l θ& cos ϕ 
  l ϕ& cos ϕ  θ&   l sin ϕ    l ϕ& cos ϕ 
       

A quantidade de aceleração do corpo 2, é igual a,


uuur uuur •
uuu r  uuu

r uuur uuur 
Q2 = m 2 a G2 = m 2 v G2 
= m 2 v G2 + ω 10 x v G 2  =
0 S1 0  1 
S1 S1  S1 

 
(
  − l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ ) 0 

 − l ϕ& sin ϕ  
    & 
m 2   l θ&& cos ϕ − l θ& ϕ& sin ϕ  + 0  x  l θ cos ϕ   =
 
(
 l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ
  )  θ& 
  

 l ϕ& cos ϕ  

(
  − l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ
 
)  − l θ& 2 cos ϕ  
  
m 2   l θ&& cos ϕ − l θ& ϕ& sin ϕ +
  − l θ & ϕ& sin ϕ 
 
 (
  l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ )  
 
0  


uuur 
(
 − l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ − l θ& 2 cos ϕ 

)
Q2 = m2  l θ
&& cos ϕ − 2 l θ & ϕ& sin ϕ 
 &&
( )

0

 l ϕ cos ϕ − ϕ& sin ϕ


S1 2


O momento cinético no centro de massa do corpo 2 é igual a

I2 0   2 
 θ& sin ϕ   I x 2 x 2 θ sin ϕ 
0 &
x2x2
uuuur uuur  
   
H G2 =  IG2  ω 20 =  0 Iy2 0   − ϕ&  =  − Iy 2 y 2 ϕ& 
2
2  2  2y2 
S2
 0  θ& cos ϕ   2 
0 2
Iz z    I z z θ& cos ϕ 
 2 2   2 2  S2

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160 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

O momento cinético do corpo 2 está expresso em coordenadas do sistema de eixos


S2, sendo necessário exprimi-lo em coordenadas do sistema de eixos S1 como todos os
restantes vetores. Assim,

− sin ϕ   I x 2 x 2 θ& sin ϕ 


2
 cos ϕ 0
   
H G2 2 = T 2 1
H G2 2 =  0 1 0  .  − I y2 2 y 2 ϕ&  =
 
cos ϕ   I z2 z θ& cos ϕ 
S1 S2
 sin ϕ 0
 2 2 

 2
(
 I x2 − I z2 θ& sin ϕ cos ϕ 
2

)
H G2 2 =  − I y2 2 ϕ& 
S1  I 2 θ& sin 2 ϕ + I 2 θ& cos 2 ϕ 
 x 2 z2 

O momento dinâmico do corpo 2 no centro de massa é igual a

uuur •
uuur  uuur

uuur uuur 
K G22 = HG22 
= HG22
+ ω10 x HG22  =
S1 0  1 
S1  S1 

(
 2 2
) 2 2
(2 2
)
 Ix2 − Iz2 θ&& sin ϕ cos ϕ + Ix2 − Iz2 θ& ϕ& cos 2 ϕ − Ix2 − Iz2 θ& ϕ& sin 2 ϕ 

( )
−Iy 2 ϕ&&
2

 2 && 2 
Ix2 θ sin ϕ + 2 Ix 2 θ ϕ& sin ϕ cos ϕ + Iz2 θ cos ϕ − 2 Iz2 θ ϕ& sin ϕ cos ϕ 
2 & 2 && 2 2 &

 −Iy22 θ& ϕ& 


 
2
(
+  Ix2 − Iz2 θ sin ϕ cos ϕ 
2 & 2
)
 
 0 

Isto é

( ) ( ) (
 I x2 − I z2 θ&& sin ϕ cos ϕ + I x2 − I z2 θ& ϕ& cos 2 ϕ − I x2 − I z2 θ& ϕ& sin 2 ϕ − I y2 θ& ϕ&  )
 22
( ) 
2 2 2 2 2 2

KG2 2 = − I y 2 ϕ + I x 2 − I z2 θ sin ϕ cos ϕ


&& 2 2 & 2

S1 I 2 θ&& sin 2 ϕ + 2 I 2 θ& ϕ& sin ϕ cos ϕ + I 2 θ&& cos 2 ϕ − 2 I 2 θ& ϕ& sin ϕ cos ϕ 
 x 2 x2 z2 z2 

KG2 
 2 X 
KG2 2 = KG2 2Y 
S1 K 2 
 G2 Z 

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 161

O momento dinâmico do corpo 2 no ponto D é igual a

uuur uuuur uuur•


K G2  l cos ϕ 

( )
−l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ − l θ&2 cos ϕ 

uur   
2X

K D2 = K G22 + DG2 x Q 2 =  K G22Y  +  d  x m2  l θ
&& cos ϕ − 2 l θ& ϕ
& sin ϕ 
 2   l sin ϕ  
( ) 
S1 0

l ϕ&& cos ϕ − ϕ& sin ϕ


2
 K G2 Z    

K D2 
 
X

K D2 = K D2Y 
S1 K 2 
 DZ 


uur uuur uuur uur
Da igualdade entre os dois torsores resulta que F = Q 2 e MD2 = K D2 .
2

Logo,

− RCX − RDX


 
(
− l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ − l θ& 2 cos ϕ 

)
 − RDY  = m2 l θ&& cos ϕ − 2 l θ& ϕ& sin ϕ 
− R − R − m g 
 CZ DZ 2  
(
l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ )

− 2 d RCZ − d m2 g  K D X 
2
   2 
l cos ϕ m2 g − M 2  = K DY 
2 d R  K 2 
 CX   DZ 

obtendo-se as seguintes seis equações escalares:

7) [ ( )
−RCX − RDX = m2 − l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ − l θ& 2 cos ϕ ]
8) (
−RDY = m2 l θ&& cos ϕ − 2 l θ& ϕ& sin ϕ )

9) (
−RCZ − RDZ − m2 g = m2 l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ )
10 ) −2 d RCZ − d m2 g = K D2 X

11 ) l cos ϕ m2 g − M2 = K D2Y

12 ) 2 d RCX = K D2 Z

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162 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

c) Equações de movimento e forças e de ligação

O sistema de equações de equilíbrio dinâmico do mecanismo espacial é formado por


12 expressões. A resolução do sistema de equações permite determinar as equações de
movimento dos sólidos 1 e 2, as forças de ligação ao exterior (RAX, RAY, RBX, RBY, RBZ) e as
forças de ligação interiores entre os corpos 1 e 2 (RCX, RCZ, RDX, RDY, RDZ).

1) R AX + RBX + RCX + RDX = 0

2) R AY + RBY + RDY = 0

3) RBZ + RCZ + RDZ − m1g = 0

4) − b R AY + d (RCZ − RDZ ) − (b + 2 a ) RDY = 0

5) b R AX + (b + 2 a ) RCX + (b + 2 a ) RDX = 0

6) − d (RCX − RDX ) + M1 = I1z1 z1 θ&&

7) [ ( )
−RCX − RDX = m2 − l ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ − l θ& 2 cos ϕ ]
8) (
−RDY = m2 l θ&& cos ϕ − 2 l θ& ϕ& sin ϕ )

9) (
−RCZ − RDZ − m2 g = m2 l ϕ&& cos ϕ − ϕ& 2 sin ϕ )
10 ) −2 d RCZ − d m2 g = K D2 X

11 ) l cos ϕ m2 g − M2 = K D2Y

12 ) 2 d RCX = K D2 Z

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 163

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164 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

8 PROBLEMAS PROPOSTOS

Problema TVD1

y0

O mecanismo representado na figura


1
é constituído por:

Mm Corpo 1 - um disco de massa m1 e de raio R,


O que roda em torno do ponto O fixo, com
r x0
velocidade angular θ& e aceleração angular
A
θ θ&& , acionado pelo momento motor Mm, e
estando articulado com uma barra no ponto
A;
OA = r
Corpo 2 - uma barra de massa e inércia
ϕ
2 AB = L desprezáveis, de comprimento L, articulada
com um cursor no ponto B;

Corpo 3, um cursor de massa m3, que desliza


ao longo de uma guia vertical, e que está

3 ligado ao exterior por uma mola de rigidez k.


B
No instante inicial, o ponto A está na
k posição mais baixa (θ = 0) e a deformação da
mola é nula.

Suponha conhecida a matriz de inércia do corpo 1 em relação a eixos principais


centrais de inércia, e que todas as ligações são perfeitas.

Aplicando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica, determine:

a) As forças de ligação entre o disco e a barra;

b) As reações no ponto O;

c) As forças de ligação entre o cursor e a guia vertical;

d) A equação diferencial de movimento do mecanismo;

e) O momento motor necessário para garantir a velocidade angular constante do disco.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 165

Problema TVD2

y
0
b 1
A
2
3 R
x0 ϕ θ

C Mm
K

O mecanismo representado na figura é constituído por:

Corpo 1 – Um braço de massa m1, que roda em torno do ponto O fixo com velocidade

angular θ& constante, acionado pelo momento motor Mm;

Corpo 2 – Um outro braço de massa m2, articulado no ponto A com o corpo 1 e que
desliza no interior do corpo 3, estando submetido à ação de uma mola de
rigidez k; considere que para θ = 0 a deformação inicial da mola é nula;

Corpo 3 – Uma guia de massa m3, ligada ao exterior no ponto B por uma articulação fixa.

Suponha conhecidas as matrizes de inércia dos três corpos em relação a eixos


principais centrais de inércia.

Considere a existência de atrito entre os corpos 2 e 3, sendo µ o correspondente


coeficiente de atrito. As restantes ligações são perfeitas.

Aplicando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica, determine:

a) As forças de ligação ao exterior e entre os vários corpos;

b) A equação de movimento do sistema.

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166 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Problema TVD3

AG2 = BG2 = l ; OE = R ; EB = b .
2

M2 y2
A ϕ

b z1’≡ z2
G2 y1 y1≡y1’
B A M2
E y2
ϕ B
y0 y0 x
θ
C
y1 G2 x1
θ D
z1 z0 O
R M1

θ x2
x 1≡ x 0
O
z0

O mecanismo representado na figura é constituído por:

Corpo 1 – Um braço de suporte, com massa e inércia desprezáveis, que roda em torno do

eixo x1 com velocidade angular θ& e aceleração angular θ&& , acionado pelo
momento motor M1;

Corpo 2 – Um prisma quadrangular de massa m2 e comprimento ℓ, que pode rodar em

relação ao corpo 1 com velocidade angular ϕ& e aceleração angular ϕ&& ,

acionado pelo momento motor M2;

Suponha conhecida a matriz de inércia do corpo 2 em relação a eixos principais


centrais de inércia.

Todas as ligações são perfeitas e os apoios B e D não absorvem esforços axiais.

Aplicando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica, determine:

a) As forças de ligação nos apoios A e B;

b) O torsor das forças de ligação ao exterior no ponto O.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 167

Problema TVD4

z1
r(t)

M1, θ(t)

O x1
G1

y1 1 3
2

G2 x1

G3

M2,ϕ(t)

O mecanismo representado na figura é constituído por:


Corpo 1 – Um braço de massa m1, que roda em torno do ponto eixo Z com velocidade

angular θ& e aceleração angular θ&& , acionado pelo momento motor M1;

Corpo 2 – Um cursor e um veio, de massa e inércia desprezáveis, que transladam


relativamente ao corpo 1, e estão submetidos à ação de uma mola de rigidez k;

Corpo 3 – Um disco de massa m3, que roda relativamente ao corpo 2 com velocidade
angular ϕ& e aceleração angular ϕ&& , acionado pelo momento motor M2;

A mola não apresenta deformação quando r(t) = a.

Suponha conhecidas as matrizes de inércia dos corpos 1 e 3 em relação a eixos


principais centrais de inércia. Todas as ligações são perfeitas.
Aplicando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica, determine:

a) O torsor das forças de ligação do sistema ao exterior no ponto O;

b) O torsor das forças de ligação do corpo 3 ao corpo 2 no ponto G2.

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168 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Problema TVD5

ZO
Z1 Z2 M3
θ(t)
Z3
K
O A X1 ≡ X2
G1 G2
G3 ϕ(t)

1 2 X3
M1
X(t) 3

Y1 Y2 Y3
M1
K A G3
O
G1 G2
X1
θ(t)
XO

OG1 = l OA = X (t ) AG3 = l 2

O mecanismo representado na figura é constituído por:

Corpo 1 - Um braço de massa m1, que roda em torno do eixo vertical Z0 ≡ Z1 com

velocidade angular constante θ& , sob a ação do momento motor M1;

Corpo 2 - Um garfo de massa desprezável, que translada relativamente ao corpo 1 segundo


a direção X1;

Corpo 3 - Um braço em forma de T, de massa m3, que roda em torno do eixo Y2 com
velocidade angular ϕ& e aceleração angular ϕ&& , sob a ação do momento motor

M2.

Suponha conhecidas as matrizes de inércia dos corpos 1 e 3, em relação a eixos


principais centrais de inércia. Considere todas as ligações perfeitas.

Aplicando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica, determine em S1:

a) Torsor das Quantidades de Aceleração do corpo 3 no ponto A;

b) Torsor das forças e momentos de ligação entre os corpos 2 e 3 no ponto A;

c) Torsor das Quantidades de Aceleração do mecanismo no ponto O;

d) Torsor das forças e momentos de ligação do sistema ao exterior, no ponto O.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 169

Problema TVD6

O ≡ G1
Z0 ≡ Z1 A ≡ G2
C AG3 = a
Z2
k
AB = 2 a
2 A
1 3
G3
M O ϕ Y1
B
θ

X1

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1: um prato de massa m1, que roda em torno do eixo vertical Z0 (braço OC fixo),

com velocidade angular θ& e aceleração angular θ&& , acionados pelo Momento
Motor M conhecido;

Corpo 2: um cursor de massa m2, que roda e translada ao longo do braço fixo OC, estando
ligado ao ponto C por uma mola de rigidez k;

Corpo 3: um braço de massa m3, articulado em A com o corpo 2 e sendo o ponto B


obrigado a transladar segundo a direção OY1, e que roda em torno do eixo X1
com velocidade angular ϕ& e aceleração angular ϕ&& .

Suponha que todas as ligações são perfeitas. Quando ϕ = 0, a deformação da mola é nula.

Considere a massa e a inércia dos três corpos, admitindo conhecidas as suas matrizes de

(
inércia em relação a eixos principais centrais de inércia I y33 = I Z33 = I . )
a) Determine o torsor das quantidades de aceleração de cada corpo no respetivo centro
de massa;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine o torsor das forças de ligação dos
corpos 2 e 3 ao corpo 1, usando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica;

c) Represente o Diagrama de Corpo Livre do corpo 3 e determine a lei de variação do


parâmetro ϕ em ordem ao tempo, usando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica.

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170 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Problema TVD7

z0 ≡ z1
z2
3 M3 x3
M1 C O sistema mecânico
θ, θ&, &θ& B ϕ, ϕ&, ϕ
&& representado na figura é
G3 x2
A constituído por:
G2
Corpo 1: um braço de secção
s, s&, s&&
α=constante reta quadrada e de massa m1, que
O 2 x1 roda em torno do eixo vertical z0
1
com velocidade angular θ& e
OG1 = a OG2 = s OA = 2a
aceleração angular θ&& , acionado
G2G3 = b G3B = c G3C = c pelo Momento Motor M1 conhecido;

Corpo 2: Um cursor de massa m2,


que translada ao longo do braço do corpo 1 com velocidade linear s& e
aceleração linear s&& , e que está ligado ao ponto A por uma mola de rigidez k;

Corpo 3: um disco de massa m3 que roda em torno do eixo x3 com velocidade angular ϕ
&
e aceleração angular ϕ
&& , acionado pelo momento Motor M3 conhecido;

Suponha que todas as ligações são perfeitas, e que o apoio C não absorve esforços
axiais. O comprimento não deformado da mola é l 0 = a .

Considere a massa e a inércia dos três corpos, admitindo conhecidas as matrizes de


inércia de cada corpo em relação a eixos principais centrais de inércia. Exprima todos os
vetores no sistema S2 (G2x2y2z2).

a) Determine os torsores das Quantidades de Aceleração dos corpos 2 e 3 nos respetivos


centros de massa;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine o torsor das Forças de Ligação do


corpo 2 ao corpo 3 nos pontos B e C, usando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica;

c) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine o torsor das Forças de Ligação do


corpo 2 ao corpo 1 no ponto G2, usando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 171

Problema TVD8

zo
z1

θ ϕ 2
AB = L B z2
G2 y1,y2

CG1 = a 1 G1 M2
C
x2
CG2 = r ( t ) yo

A
M1
xo,x1

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1: um braço em forma de “T” de massa m1, que roda em torno do eixo horizontal

x0 com velocidade angular constante θ& , acionado pelo Momento Motor M1;

Corpo 2: um disco de massa m2, que roda em torno do eixo y1 com velocidade angular ϕ&

e aceleração angular ϕ&& , acionado pelo Momento Motor M2, e que translada

segundo o mesmo eixo com velocidade e aceleração variáveis definidas pelo


parâmetro r(t).

A mola de rigidez k, não apresenta qualquer deformação quando r(t) = a. Suponha que
todas as ligações são perfeitas, e que o apoio B não absorve esforços axiais.

Considere a massa e a inércia dos dois corpos, admitindo conhecidas as matrizes de inércia
de ambos os corpos em relação a sistemas de eixos principais centrais de inércia.

Usando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica:

a) Determine o torsor da quantidade de aceleração de cada corpo no respetivo centro de


massa;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine o torsor das forças de ligação do


corpo 2 ao corpo 1, no ponto G2, e a aceleração de G2 relativamente a 1, r&&( t ) ;

c) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine as reações nos apoios A e B e o


momento motor M1.

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172 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Problema TVD9

X2≡X3
O sistema mecânico representado na
figura é constituído por:

Corpo 1: um cilindro de massa m1, que


G3
Y0≡Y1 roda em torno do eixo vertical Y0 ≡ Y1
B BG3 = t com velocidade angular constante θ& ,
M1 F3
G2 acionado pelo Momento Motor M1
ϕ G2G3 = s
Y2 conhecido;

AG2 = l Corpo 2: um cilindro hidráulico de

A Z2 massa m2, que roda em torno do eixo


M2 Z2 (paralelo a Z1) com velocidade
angular constante ϕ& , acionado pelo

G1 Momento Motor M2 conhecido;


h
Corpo 3: um outro braço de massa m3,
X1
h/2 que translada em relação ao corpo 2
X0 segundo a direção X2 com velocidade
O
Z1 constante s& , acionado pela Força
θ Hidráulica F3 conhecida.
Z0

Considere a massa e a inércia de todos os corpos, admitindo conhecidas as suas


matrizes de inércia em relação a sistemas de eixos principais centrais de inércia.

Suponha que todas as ligações são perfeitas. Usando os Teoremas Vetoriais da


Dinâmica e representando todos os vetores no sistema S2 ≡ A, X2, Y2, Z2 :

a) Determine o torsor da quantidade de aceleração de cada corpo no respetivo centro de


massa;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine o torsor das forças de ligação do


corpo 2 ao corpo 1 no ponto A.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 173

Problema TVD10

O sistema mecânico representado


na figura é constituído por:

Corpo 1: um braço de massa m1,


que roda em torno do eixo
vertical Z0 com velocidade
angular constante θ& , acionado
pelo Momento Motor M1
conhecido; considere que o
Centro de Massa G1 coincide com
o ponto A;

Corpo 2: um disco de massa m2 e de raio R, que roda livremente em torno do eixo Y2,
com velocidade e aceleração variáveis definidas pelo parâmetro φ ( t ) ;

Corpo 3: um cursor de massa m3 e de dimensões desprezáveis, que translada segundo o


eixo Z2 com velocidade e aceleração variáveis definidas pelo parâmetro r(t).

As duas molas, iguais e de rigidez k, apresentam o seu comprimento natural para


r(t)=R. As respetivas deformações iniciais, correspondem ao equilíbrio estático do corpo 3.

Considere a massa dos três corpos e a inércia dos corpos 1 e 2, admitindo


conhecidas as respetivas matrizes de inércia em relação a sistemas de eixos principais
centrais de inércia. Por motivos de simplificação, os momentos principais centrais de
inércia do corpo 2, para os eixos paralelos a X2 e Z2 consideram-se iguais, I X 2 X 2 = I Z 2 Z 2 .

Suponha que todas as ligações são perfeitas. Usando os Teoremas Vetoriais da


Dinâmica:

a) Determine o torsor da quantidade de aceleração de cada corpo no respetivo centro de


massa;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre do corpo 3 e determine o torsor das forças de


ligação do corpo 3 ao corpo 2, no ponto G3. Defina os vetores no sistema de eixos S2;

c) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine as equações diferenciais dos três


movimentos definidos pelos parâmetros θ ( t ) , φ ( t ) e r ( t ) .

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174 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais

Problema TVD11

O sistema material representado na figura é constituído por dois corpos:

Corpo 1 - Um suporte, de massa e inércia desprezáveis, que roda em torno de um eixo

vertical Z0, com velocidade angular constante θ& , mediante a ação de um


momento motor M1; o corpo 1 está ligado ao exterior através dos apoios A e B,
mas o apoio B não absorve esforços axiais.

Corpo 2 - Um anel de raio médio R e de secção reta circular de raio r, massa m, animado
de um movimento de rotação uniforme ( ϕ& = constante) relativamente ao corpo

1, em torno do eixo Y1, mediante a ação de um momento motor M2.

Suponha conhecida a matriz de inércia do anel, em relação a eixos principais


centrais de inércia.

i. Considerando desprezável a espessura do suporte na secção que contém o ponto


C ≡ G 1 , determine em S2, aplicando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica:

a) O Torsor das Quantidades de Aceleração do sistema no centro de massa do corpo 2;

b) Os Momentos Motor M1 e M2, necessários para garantir o movimento do sistema.

ii. Supondo que o anel sofre uma rotura, que para efeitos de simplificação se considera ter
ocorrido na secção que contém o ponto C, determine na secção D (secção oposta à de
rotura) e em S2, aplicando os Teoremas Vetoriais da Dinâmica:

c) A força de corte na direção X2;

d) O momento fletor na direção Y2.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Teoremas Vetoriais 175

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA do CORPO RÍGIDO
TRABALHO e ENERGIA

Jorge Humberto Oliveira Seabra


Carlos Alberto Magalhães Oliveira
José Fernando Dias Rodrigues
Pedro Manuel Leal Ribeiro
Pedro Manuel Ponces Camanho
Marcelo Francisco de Sousa Ferreira de Moura
José Pedro Arteiro Reina

Departamento de Engenharia Mecânica – Secção de Mecânica Aplicada

7ª Edição - Maio de 2020


ii DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec– FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia iii

ÍNDICE:

1 INTRODUÇÃO 175

2 CONCEITO DE TRABALHO 176


2.1 Trabalho de uma força 176
2.2 Trabalho de um sistema de forças concorrentes 177
2.3 Trabalho de um binário 178
2.4 Potência 179
2.5 Unidades de trabalho e potência 180
2.6 Trabalho de um sistema de forças aplicado a um sólido rígido 180
2.7 Trabalho das forças interiores num sistema material 182
2.8 Trabalho de forças conservativas 182
2.8.1 Exemplos de forças conservativas 184
2.8.2 Exemplos de forças não conservativas 187

3 TRABALHO E ENERGIA 189


3.1 Trabalho e energia cinética 189
3.2 Trabalho e energia mecânica total 192
3.2.1 Princípio da conservação da energia mecânica total 193
3.3 Trabalho e energia em deslocamentos finitos 193

4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO TEOREMA DO TRABALHO E ENERGIA 194


4.1 Corpo deslizando sobre um plano inclinado 194
4.2 Cursor deslizando sobre uma guia circular 197

5 TEOREMA DOS TRABALHOS VIRTUAIS 200


5.1 Conceito de deslocamento virtual 201
5.2 Conceito de trabalho virtual 204
5.3 Teorema dos trabalhos virtuais 204
5.4 Aplicação do teorema dos trabalhos virtuais 206

6 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO TEOREMA DOS TRABALHOS VIRTUAIS 207


6.1 Disco rolando sobre um plano inclinado 207
6.2 Mecanismo simples 212
6.2.1 Diagrama de corpo livre 213
6.2.2 Equação de movimento 214
6.2.3 Forças de ligação ao exterior no ponto O 218
6.2.4 Velocidade angular do disco 221
6.3 Sistema came - impulsor 224

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iv DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

6.3.1 Geometria e cinemática do sistema came - impulsor 225


6.3.2 Diagrama de corpo livre do sistema 228
6.3.3 Equação de movimento do sistema came - impulsor 228
6.3.4 Forças de ligação entre os corpos 1 e 2 no ponto I 234
6.3.5 Reação no ponto O 239

7 PROBLEMAS PROPOSTOS 243

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec– FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 175

DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO


TRABALHO E ENERGIA

1 INTRODUÇÃO

O movimento dos pontos materiais pode ser estudado por aplicação direta da
r r r
equação fundamental F = ma . Conhecida a força F , esta equação fornece o valor da
r
aceleração a e, por posterior integração, é possível obter a velocidade e a posição em
qualquer instante.
Existem situações em que importa considerar os efeitos acumulados das forças em
desequilíbrio que atuam nos pontos materiais. Estas situações envolvem uma integração
em ordem ao tempo ou ao deslocamento. O resultado destas integrações permite obter
versões transformadas das equações do movimento, cuja resolução não necessita de passar
pelo cálculo explícito da aceleração.
A integração em ordem ao deslocamento conduz ao aparecimento das equações do
trabalho e energia, que são objecto do presente capítulo.

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176 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

2 CONCEITO DE TRABALHO

r
2.1 Trabalho de uma força F
r
A figura 1 mostra um ponto material P, movendo-se sob a ação de uma força F ,
desde a posição P1 até à posição P2 infinitamente próxima.

r
F
P1
s α
→ P2
dr
r
r r →
r + dr

O
r
Figura 1 - Movimento de um ponto P sob a ação de dada força F .

r r
O vetor de posição r sofreu um acréscimo dr , habitualmente designado vetor
deslocamento elementar do ponto P.
r
Designa-se por trabalho elementar da força F sobre o deslocamento dr ao valor

r r
dW = F • dr (1)

Fazendo

F  dx 
ur  x  r  
F = Fy  e dr = dy  , então
F   dz 
 z  

F  dx 
r r  x  
dW = F • dr = Fy  • dy  = F x d x + F y d y + F z d z . (2)
   dz 
 Fz   

Por outro lado, atendendo a que


r r
dr = ds τ (3)

r
onde τ é o versor da direção da tangente à trajectória S no ponto P, determina-se que

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 177

r r r r
dW = F • ds τ = F • τ ds
(4)

dW = F cos α ds (5)

O Trabalho Elementar dW é uma grandeza escalar numericamente igual ao produto


da intensidade da força pela projeção do deslocamento na direção daquela, ou ao produto
do deslocamento pela projeção da força na sua direção. Tendo em consideração a
definição da velocidade instantânea em coordenadas intrínsecas
r ds r
v= τ, (6)
dt
logo
r r
v dt = ds τ , (7)

e substituindo em (4)
r r r r
dW = F • τ ds = F • v dt
(8)

r
O trabalho da força F num deslocamento finito obter-se-á por integração da
equação (1), isto é
r
2 r r
W 1
= rr 2 F • dr (9)
1

Pode-se igualmente escrever a partir das equações (2) e (5),

s s
W12 =  s 2 F cos α ds =  s 2 F t ds (10)
1 1

2
(
W12 = 1 F x d x + F y d y + F z d z ) (11)

2.2 Trabalho de um sistema de forças concorrentes

Se várias forças atuam num mesmo ponto P, o respetivo trabalho elementar é igual
à soma dos trabalhos elementares das várias forças, pelo que
r uur r uur
dW = dW1 + ...+ dW n = F1 • dr + ... + F n • dr (12)

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178 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

( )
r r uur
dW = F1 + ... + F n • dr (13)

r uur
dW = F • dr (14)

Verifica-se assim, que o trabalho de um sistema de forças aplicadas num mesmo


ponto, é igual ao trabalho da sua resultante.

2.3 Trabalho de um binário

A figura 2 mostra duas forças de igual intensidade, mas de sentidos opostos,


uur uur
aplicadas nos pontos A e B de um mesmo corpo rígido. Sejam drA e drB os deslocamentos
desses dois pontos.

A' A uur
r dθ r
F −F
B'
B
b
r r
rA rB
O

Figura 2 - Movimento provocado pela ação de um binário.

Porque pertencem ao mesmo corpo rígido, estes deslocamentos estão relacionados


do seguinte modo (equação de Mozzi),
uur uur ur uuur
v B = v A + ω × AB , isto é
ur ur r
drB drA dθ uuur
= + × AB
dt dt dt (15)
Da equação (15) resulta (multiplicando ambos os membros por dt):
uur uur r uuur
drB = drA + dθ × AB (16)

Calculando agora o trabalho do binário pela soma dos trabalhos das duas forças que
o constituem, obtém-se
r uur r uur
dW = F • drA − F • drB (17)

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 179

( ) ( )
r uur r uur r uuur r uur uur r uuur
dW = F • drA − F • drA + dθ × AB = F • drA − drA − dθ × AB (18)

( ) ( )
r r uuur uuur r r uuur r
dW = F • −dθ × AB = AB × F • dθ = MA • dθ (19)

Porque o momento de um binário é o mesmo, qualquer que seja o ponto tomado


para pólo, a expressão (19) permite obter que
r r
dW = M • dθ (20)

No entanto, tendo em conta a definição da velocidade angular instantânea

ur d r
ω= θ, (21)
dt
logo
ur r
ω dt = dθ , (22)

e substituindo em (20)
ur r ur ur
dW = M • dθ = M • ω dt
(23)

2.4 Potência

Designa-se por potência o trabalho realizado por unidade de tempo. O seu cálculo é
feito utilizando uma expressão que resulta da derivação em ordem ao tempo da expressão
de cálculo do trabalho elementar.
Assim, a potência de uma força será dada pela derivada em ordem ao tempo da

expressão (8)

dW r r
P= = F•v (24)
dt

e a potência de um binário será dada pela derivada em ordem ao tempo da expressão (23)

dW r r
P= = M•ω (25)
dt

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180 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

2.5 Unidades de trabalho e potência

2 2r
uur 2
ur r
O trabalho W 1
= 1 F • dr = 1 M • dθ corresponde ao produto de uma força por um

deslocamento finito ou ao produto de um binário por uma rotação finita, pelo que no
Sistema Internacional as suas unidades são J (Joule),

J = N m = (kg m/s2) m = kg m2/s2.

dW ur r ur ur
A potência P = = F • v = M • ω é igual à derivada do trabalho elementar em
dt
ordem ao tempo o que corresponde ao produto de uma força por uma velocidade
instantânea ou ao produto de um binário por uma velocidade angular instantânea, pelo
que no Sistema Internacional as suas unidades são W (Watt),

W = N m/s = (kg m/s2) m/s = kg m2/s3.

2.6 Trabalho de um sistema de forças aplicado a um sólido rígido

A figura 3 mostra um sólido rígido submetido à ação de um sistema de forças.


r
Fi

Pi

Figura 3 - Sólido rígido sob a ação de sistema de forças.

O trabalho elementar desse sistema de forças será a soma dos trabalhos


elementares de cada uma delas, obtendo-se que
ur ur
dW =  dW i =  Fi • dri . (26)
i i

Porque se trata de um sólido rígido, é possível relacionar a velocidade de cada um


dos pontos de aplicação das forças com a de um determinado ponto O desse sólido.
Sabendo que,

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 181

ur
dri uuur uur ur uuur
( )
ur uur ur uuur
= v Pi = v O + ω × OPi  dri = v O + ω × OPi dt
dt

então, substituindo em (26) determina-se que

( )
ur uur r uuur
dW =  Fi • v O + ω × OPi dt (27)
i

 ur  uur
( )
ur r uuur 
dW =   Fi  • vO +  Fi • ω × OPi  dt (28)
 i  i 

Obtém-se finalmente a seguinte expressão

 ur uur
( )
uuur ur r 
dW =  Fi • vO +  OPi × Fi • ω  dt (29)
i i 
r uur uuur r
dW = F • v O + MO • ω  dt (30)
 

A expressão dentro do parêntesis reto na equação (30) designa-se habitualmente

( ) e do gerador do
ur uuur
por momento relativo dos torsores das forças aplicadas τ FE ≡ F,MO

( )
ur uur
campo de velocidades contemporâneas τ VC ≡ ω,v O .

Este momento relativo dos dois torsores permite o cálculo da potência devida ao
referido sistema de forças, e consiste no produto escalar do vetor principal de um dos
torsores pelo vetor momento do outro torsor, e vice-versa, isto é

( ) ( )
ur uuur ur uur ur uur uuur ur
τ ≡ F,M • τ ≡ ω,v  = F • v + M • ω
 FE O VC O  O O

Da análise da expressão (30) resulta imediatamente o seguinte:

1. Sistemas de forças equivalentes aplicados no mesmo sólido produzem o mesmo


trabalho elementar (têm os mesmos elementos da redução num dado ponto).

2. Um sistema de forças em equilíbrio produz, num sólido rígido, um trabalho


ur ur ur ur
elementar nulo τ FE = 0  F =0 e M=0  dW = 0 .

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182 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

2.7 Trabalho das forças interiores num sistema material

O sistema de forças interiores, representadas na figura 4, está em equilíbrio, pelo


que, se o sistema material for indeformável, o respetivo trabalho elementar será nulo.

xij
Pj
r
Pi Fji
r
Fi j

Figura 4 - Num sólido indeformável, as forças interiores não podem realizar trabalho,
porque constituem um sistema de forças em equilíbrio.

No caso de um sistema material deformável, porém, tal já não se verifica.


Decompondo os deslocamentos dos diversos pontos em deslocamentos "relativos" mais
deslocamentos "de transporte", obtém-se

ab
dW = dW rel + dW tr (31)

A parcela correspondente aos deslocamentos de transporte, porque no seu cálculo


o sistema material é considerado rígido, será necessariamente nula. Mas havendo
deslocamentos relativos dos vários pontos, haverá trabalho realizado.

2.8 Trabalho de forças conservativas

r
Uma força F diz-se conservativa quando existe uma função escalar U tal que
r
F = − gradiente U = −∇ U (32)

T
ur  ∂U ∂U ∂U 
F = − ,− ,−  (33)
 ∂x ∂y ∂z 
r
A função U = U(x,y,z) é designada função potencial de F .

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 183

r
Se uma força F for conservativa, o trabalho elementar realizado por essa força é
igual em grandeza, mas de sinal contrário, à variação elementar sofrida pela função
potencial, num dado deslocamento. Com efeito

 −∂U 
 ∂x  dx 
r uur      ∂U ∂U ∂U 
dW = F • dr =  −∂U  • dy  = − dx + dy + dz 
∂y  ∂x ∂y ∂z 
   dz 
 −∂U    (34)
 ∂z 

dW = −dU (35)

Da integração da equação (35) resulta imediatamente que o trabalho realizado num


r
dado deslocamento finito do ponto de aplicação de força F é igual (e de sinal contrário) à
variação finita da respetiva função potencial,

2 2
W12 = 1 dW = 1 −dU = − ∆U  (
W12 = − U 2 − U 1 ) (36)

Neste cálculo apenas intervieram os valores inicial (1) e final (2) da função
potencial. Verifica-se, portanto, que o trabalho de uma força conservativa é
independente do caminho percorrido pelo seu ponto de aplicação, como se mostra na
figura 5.

U = U2

1
U = U1

Figura 5 - Superfícies equipotenciais contendo os pontos inicial e final de aplicação de


uma força conservativa.

Resulta ainda da expressão (36) que o trabalho realizado por uma força
conservativa num percurso fechado (regressando, portanto, ao ponto inicial) é
necessariamente nulo. Logo

( )
r uur
W12 = − U2 − U 1 = 0 e W =  F • dr = 0

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184 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

A função potencial U é usualmente designada por Energia. Esta, por sua vez pode

ser entendida como uma capacidade de produzir trabalho, ou um “trabalho acumulado”.

Assim, sendo

(
W12 = − U 2 − U 1 )  U 2 = −W12 + U 1 , (37)

logo se o trabalho realizado for positivo a energia diminui,

W12 > 0  U 2 < U1

e se o trabalho realizado for negativo a energia aumenta;

W12 < 0  U 2 > U1

2.8.1 Exemplos de forças conservativas

a) Força constante
r
Se uma força F é constante, então

( )
r uur r r
dW = F • dr = d F • γ (38)

( )
r r
dV = −dW = d − F • γ (39)

A função potencial V resulta da integração da expressão (39).

Na figura 6 mostra-se o exemplo das forças de gravidade sobre a superfície


terrestre. Neste caso,
r r
dW = m g • dr ,

( )
2 2 r r r 2 r r ur ur
W12 = 1
dW =  1
m g • dr = m g •  dr = m g • r2 − r1 ,
1

 0   x 2 − x1 
( )
2 r ur ur    
W =  dW = m g • r2 − r1 = m g  • y 2 − y1  ,
2
1 1
 0   0 
   

W12 = 1 dW = −m g ( y 2 − y1 ) = −m g h
2
,

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 185

(
W12 = −∆Vg = − Vg 2 − Vg 1 = −m g h ) ,
Y r 2
τ

W12 = −∆Vg = − (Vg2 − Vg1 )


α

h2 ∆Vg = (Vg2 − Vg1 ) = m g ( h2 − h1 )


ur r
F = m g (constante)

1
h1
O X

Figura 6 - Força de gravidade, exemplo de força conservativa, e potencial das forças

conservativas, ∆Vg = Vg 2 − Vg 1 = m g h .

( )
∆Vg = Vg 2 − Vg 1 = −W12 = m g h (40)

onde ∆Vg representa a variação do potencial das forças gravíticas (ou variação da

energia potencial gravítica).

b) Força central

No caso de uma força central, como a representada na figura 7, obtém-se


r
dr
P 2

1
F

rB

rA

Figura 7 - Força central, exemplo de força conservativa.

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186 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

r r ur r
dW = F • dr = F • ds τ = F ( ds cos α ) = F dr (41)

2
dV = −dW  ∆V = V2 − V1 = 1 − F dr (42)

No caso da força da gravidade (peso de um corpo), por exemplo, tem-se que:

M m M m
F =G  Vg2 − Vg1 = G (43)
r2 r

À superfície da terra a força da gravidade terrestre é F = mg, logo obtém-se que


GM
g= , pelo que substituindo em (43) se determina que
R T2

mg 2
Vg2 − Vg1 = − RT (44)
r

c) Força elástica

Para o caso de uma força linear elástica, como representado na Figura 8, pode-se
escrever que F = - k x (x = deslocamento da mola).

F = - kx
l0
1
l1 Ve = k x 2
2

Figura 8 - Força linear elástica e potencial das forças elásticas,

(
∆Ve = Ve2 − Ve1 = ) k
2
(x22 − x12
.
)
Então,
ur r r r
dW = F • dr = −k x i • dxi = −k x dx (45)

1 1
( )
2 2 2
W12 = 1 dW = 1 − k x dx = − k  x 2  = − k x 22 − x12
2  1 2 (46)

( 1
)
W12 = −∆Ve = − Ve2 − Ve1 = − k x 22 − x12
2
( ) (47)

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 187

( )
∆Ve = Ve2 − Ve1 = −W12 =
1
2
(
k x 22 − x12 ) (48)
onde ∆Ve representa a variação do potencial das forças elásticas (ou variação da

energia potencial elástica).


1
se x1 = 0  Ve1 = 0  Ve2 = k x 22
2

d) Força de inércia

Também as "forças de inércia" são forças conservativas.


uur r
De facto F j = − m x
&& i ,

uur r r r
dW j = F j • dr = −m x&& i • dx i = −m x&& dx (49)

dx& dx& dx
x&& dx = dx = dx = x& dx&
dt dx dt (50)

dW j = −m x& dx& (51)

1 1
( )
2 2 2
W j = W12 = 1 dW j = 1 −m x& dx& = − m  x& 2  = − m x& 22 − x&12
2  1 2

( 1
) 1 2
W j = W12 = − ∆V j = − V2j − V1j = −  m ( x& 2 ) − m ( x&1 ) 
2
2
2 
(52)

Como se conclui das expressões anteriores, a habitualmente designada energia


cinética é afinal o potencial das forças de inércia, isto é

1
m ( x& 2 ) − ( x&1 ) 
2 2
∆V j = ∆Τ = Τ 2 − Τ1 = −W j = (53)
2  

2.8.2 Exemplo de força não conservativa – Força de atrito

Para se verificar que uma força de atrito é não conservativa basta calcular o
respetivo trabalho ao efetuar um percurso fechado. Analise-se o caso da figura 9.

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188 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

1 2
X

Figura 9 - Força não conservativa - Força de atrito.

uuuur uuuur uuuur


De facto, no percurso 1 − 2 + 2 − 1 = 1 − 1 uma força conservativa não realiza
trabalho, ao passo que o trabalho realizado pela força de atrito não é nulo, isto é

2
uuur ur 1 uuur ur 2 1
W11 = W12 + W21 = 1 −Fat • d x + 2 Fat • d x = −Fat  x 1 + Fat  x  2 (54)

W11 = W12 + W21 = −Fat l + Fat ( −l ) = −2 Fat l ≠ 0 (55)

A força de atrito é, portanto, uma força não conservativa e o trabalho por si


realizado é negativo, já que implica sempre um dispêndio ou dissipação de energia.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 189

3 TRABALHO E ENERGIA

Ao definir força conservativa, introduziu-se o conceito de uma função escalar U,


r
cujo gradiente permitia calcular o valor da força F , e cuja variação era, a menos do
sinal, igual ao trabalho realizado por essa força, em qualquer deslocamento.
r
Esta função escalar é designada por potencial de F , ou, mais habitualmente por
energia. Repare-se que, quando a força realiza um trabalho positivo, a energia "diminui"
de uma quantidade igual a esse trabalho. E quando realiza um trabalho negativo, a energia
"aumenta". Pode-se assim, em certa medida, considerar a energia como a capacidade de
produção de trabalho (devolução do "trabalho acumulado" sob a forma de energia
potencial).

3.1 Trabalho e energia cinética

r r
Usando a equação fundamental da dinâmica F = ma , é possível calcular o trabalho
r
elementar realizado pela força F num deslocamento dr (ver figura 10).

r
r τ
→ Ft
dr
P
r
F
s r
Fn
r
n

ur
Figura 10 - Trabalho elementar da força F , que atua num ponto P, quando sofre um
r
deslocamento elementar dr .

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190 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

r
Utilizando um sistema de coordenadas intrínsecas para representação da força F ,
r r
do deslocamento dr e da aceleração a do ponto, pode-se escrever que:
r r r
F = Ft τ + Fn n (56)

r r
dr = ds τ (57)

r r s& 2 r
sτ +
a = && n (58)
ρ
r r
Retomando a Equação Fundamental da Dinâmica, F = m a , e multiplicando
r r
escalarmente por dr = ds τ ambos os membros, obtém-se

r uur r uur
dW = F • dr = ma • dr ,

r r r r
dW = F • ds τ = ma • ds τ . (59)

e atendendo às expressões (56) e (58),

r r  s& 2 r 
dW = ( Ft τ + Fn n ) • ds τ =  m &&
r r r
sτ + m n  • ds τ
 ρ 

dW = Ft ds = m &&
s ds (60)

r
Repare-se que o primeiro membro é o trabalho elementar da força F e o segundo
membro uma variação elementar da energia cinética do ponto material. De facto,
atendendo a que

ds& ds& ds ds&


s ds =
&& ds = ds = s& ds = s& ds& (61)
dt ds dt ds

a expressão (60) transforma-se em

dW = m s& ds& (62)

1 
dW = d  m s& 2  (63)
2 

dW = dΤ (T = Energia Cinética) (64)

A expressão (64) traduz o "Teorema da Energia Cinética", também designado por


Teorema da Força Viva:

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 191

"O trabalho elementar realizado por uma qualquer força que atua num ponto
material é igual à variação da energia cinética (ou semi força-viva) que produz".

Este teorema, aqui enunciado para um ponto material, é aplicável a um sistema de


pontos materiais. Assim, no caso de um sistema discreto, tem-se

dW =  m i s& i ds& i =  dT i (65)


i i
No caso de um sistema contínuo a extrapolação ainda é válida. O cálculo de energia
cinética de um sólido rígido é obtido através da aplicação do 3º Teorema de Koenig
(Capítulo Cinemática das Massas), resultando:

1 uur uur 1 uurT ur


T= Mv G • v G + ω ×  IG  × ω (66)
2 2

Para um sistema material constituído por vários (k) sólidos rígidos, teremos
uur uur uuuur uur
1 1 
dW = dT =  d  Mk v k • v k + ω k T ×  I k  × ω k  (67)
k 2 G G 2  G  

Como apresentado anteriormente, multiplicando escalarmente ambos os termos da


r r r
Equação Fundamental da Dinâmica ( F = m a ) pelo deslocamento elementar ( ds τ ),

obtém-se a expressão (59)


r r r r
dW = F • ds τ = m a • ds τ . (59)

uur r
Atendendo a que a Força de Inércia é definida por F j = − m a , verifica-se que
r r uur r
dW = m a • ds τ = −F j • ds τ = −dW j

isto é
uur r
dW = dV j = −F j • ds τ = − dW j ,

onde dW j representa o trabalho elementar das forças de inércia e dV j representa o


Potencial das Forças de Inércia.
Atendendo ao teorema da Energia Cinética, dW = dT (equação 60) verifica-se que
uur r
dW = dT = dV j = −F j • ds τ = − dW j , (68)

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192 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

o que significa que a variação da Energia Cinética é igual à variação do Potencial das
Forças de Inércia e igual e de sinal contrário ao trabalho elementar das forças de inércia
(ver expressão 53).

3.2 Trabalho e energia mecânica total

O teorema da energia cinética, relaciona o trabalho de todas as forças que atuam


num ponto (ou sistema) material com a variação da energia cinética que esse trabalho
produz. Podem separar-se, de todas as forças que atuam no ponto (ou sistema) material,
as de gravidade e as elásticas, obtendo-se

dW + dW g + dW e = dT (69)

As forças de gravidade e as forças elásticas são conservativas, pelo que se pode


afirmar que

dW − dVg − dVe = dT (70)

Passando todas as variações de potencial para o 2º membro, a equação (70) tomará


a forma
dW = dVg + dVe + dT (71)

(
dW = d Vg + Ve + T ) (72)

d W = d Emt (73)

A função potencial obtida pela soma das três funções potenciais (gravítica +
elástica + cinética) é designada por Energia Mecânica Total. A expressão (73) estabelece
uma relação entre o trabalho das restantes forças e a variação da energia mecânica total
que produzem.

Note-se que, as considerações feitas para as forças de gravidade e elásticas seriam


aplicáveis a todas as forças conservativas. Nos sistemas materiais correntes estas são as
funções potenciais mais relevantes. Daí que, por tradição, na energia mecânica total
apenas se considerem as três formas de energia (gravítica, elástica e cinética).

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 193

A equação (73) traduz o chamado Teorema do Trabalho e Energia, o qual não é


mais que uma transformação do teorema da energia cinética atrás introduzido (64), e
estabelece que:
O trabalho elementar realizado pelas forças exteriores, que não as gravíticas e
elásticas, é igual à variação elementar da energia mecânica total, isto é, igual
à variação das energias cinética, potencial elástica e potencial gravítica.

3.2.1 Princípio da conservação da energia mecânica total

Como corolário do teorema do trabalho e energia surge a seguinte constatação:

"Se nenhuma força, para além das de gravidade e elásticas, atua sobre um sistema
material realizando trabalho, a energia mecânica total permanecerá constante".

dW = 0  d E mt = 0  E mt = Const. (74)

Este é o enunciado do princípio da conservação da energia mecânica total.

3.3 Trabalho e energia em deslocamentos finitos


Até agora consideraram-se apenas deslocamentos infinitamente pequenos.
Pode-se, entretanto, extrapolar para deslocamentos finitos (entre as posições A e
B, ou entre as posições 1 e 2, ou ainda entre as posições inicial e final), por integração das
expressões anteriores. Assim, o teorema do trabalho e energia passará a ter a seguinte
forma

2 2 2
W12 = 1 d Vg + 1 d Ve + 1 dT (75)

( ) ( )
W12 = Vg 2 − Vg 1 + Ve2 − Ve1 + ( T2 − T1 ) (76)

( ) (
W12 = Vg 2 + Ve 2 + T2 − Vg 1 + Ve1 + T1 ) (77)

W12 = E mt 2 − E mt 1 (78)

De igual modo o princípio da conservação da energia mecânica total tomará a


forma

W12 = 0  E mt 2 = E mt 1 (79)

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194 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO TEOREMA DO TRABALHO E ENERGIA

4.1 Corpo deslizando sobre um plano inclinado

Um corpo de massa m, desliza sobre um plano inclinado em relação à direção


horizontal, como se mostra na figura 11. O comprimento da rampa é l e a altura do ponto
A é h.

A≡1 AB = l

h x1

α B≡2

Figura 11 – Corpo deslizando sobre um plano inclinado.

Pretende-se determinar a equação de movimento do sistema e as forças de


contacto entre o corpo e o plano inclinado desprezando ou não o atrito entre o corpo e a
rampa.
A figura 12 mostra o diagrama de corpo livre de todas as solicitações que atuam
sobre o corpo.

r
N fatrito r
N

m x&& i1 m x&& i1
r r
mg mg
α α

Figura 12 – Diagrama de corpo livre do corpo, desprezando ou não o atrito.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 195

Aplicando o Teorema da Energia Mecânica Total pode-se estabelecer que

dW = dVg + dVe + dT

e portanto

( ) (
W12 = Vg 2 + Ve 2 + T2 − Vg 1 + Ve1 + T1 ) (77)

Desprezando o atrito entre o corpo e a rampa, o termo

W12 = 0

podendo-se escrever que

(Vg2 ) (
+ Ve 2 + T2 = Vg 1 + Ve1 + T1 )
Determine-se agora cada um dos termos da expressão anterior:

Vg 2 = m g h2

Ve 2 = 0 , não há forças elásticas aplicadas .

1
T2 = m v 22
2

Vg 1 = m g h1

Ve1 = 0 , não há forças elásticas aplicadas .

T1 = 0 , o corpo parte do repouso.

Substituindo na expressão

 1 2
 m g h2 + 0 + m v 2  = ( m g h1 + 0 + 0 )
 2 

isto é
1
m g ( h2 − h1 ) =− m v 22
2

v 22 = 2 g ( h2 − h1 )

v 2 = 2g h

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196 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Verifica-se que, na ausência de atrito, a energia potencial gravítica é totalmente


convertida em energia cinética.

Considerando agora a existência de atrito entre o corpo e a rampa, o termo W12 não
é nulo, sendo igual a

B uuuuu r uur B
W12 =  fatrito • dx =  fatrito ⋅ dx
A A

O equilíbrio de esforços na direção vertical (ver figura 12) permite escrever que

N − m g cos α = 0

e supondo que o coeficiente de atrito entre o corpo e a rampa é constante, e igual a µ,


pode-se escrever
r r
fatrito = − µ N i = − µ m g cos α i

Logo

B B
W12 =  fatrito • dx =  − µ m g cos α • dx = − µ m g l cos α
A A

Os restantes termos são exatamente os mesmos:

Vg 2 = m g h2

Ve 2 = 0 , não há forças elásticas aplicadas .

1
T2 = m v 22
2

Vg 1 = m g h1

Ve1 = 0 , não há forças elásticas aplicadas .

T1 = 0 , o corpo parte do repouso.

Substituindo na expressão

 1 
− µ m g l cos α =  m g hB + 0 + m v B2  − (m g hA + 0 + 0 )
 2 

isto é

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 197

1
mv 22 = −mg ( h2 − h1 ) − µ mgl cos α
2

v 22 = 2g ( h1 − h2 ) − 2 µ gl cos α

v 2 = 2g ( h − µ l cos α )

Verifica-se que, na presença de atrito, a energia potencial gravítica é apenas


parcialmente convertida em energia cinética, já que parte dessa energia é dissipada para
vencer o atrito entre o corpo e a rampa.

4.2 Cursor deslizando sobre uma guia circular

O cursor de massa m, representado na figura 13, desliza sem atrito sobre uma guia
circular posicionada na vertical, estando ligado ao exterior (ponto A) por uma mola de
rigidez k. Quando o cursor passa no ponto B a deformação da mola é nula.
Sabendo que o cursor passa no ponto D com uma velocidade vD (m/s), pretende-se
determinar:

a) A velocidade do cursor no ponto C;

b) A velocidade do cursor em C para nas seguintes condições: m = 1 kg,


g = 9.8 m/s, vD = 1.8 m/s, k = 250 N/m, R = 0.3 m e a = 0.125 m.

A figura 14 mostra o diagrama de corpo livre de todas as solicitações que atuam


sobre o cursor. Aplicando o Teorema da Energia Mecânica Total pode-se estabelecer que
dW = dVg + dVe + dT

e portanto

( ) (
W12 = Vg 2 + Ve 2 + T2 − Vg 1 + Ve1 + T1 ) (77)

Como não há atrito entre o cursor e a guia, o termo W12 é nulo, podendo-se
escrever que no percurso DC (posição inicial, 1 - ponto D, posição final, 2 - ponto C)

(V g2 ) (
+ Ve 2 + T2 = Vg 1 + Ve1 + T1 )

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198 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

C v

B A D
O
X
a R

Figura 13 – Cursor deslizando sem atrito sobre uma guia circular.

Y
uur
C m at
r uur
N − m ar
Fk
r
mg
B A
O D X

Figura 14 – Diagrama de corpo livre do cursor.

Determine-se cada um dos termos da expressão anterior:

Vg 2 = m g hC Vg 1 = m g hD

1 1
k (∆l )C
2
k ( Δl )D
2
Ve 2 = Ve1 =
2 2

1 1
T2 = m v C2 T1 = mv D2
2 2

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 199

Substituindo na expressão (64)

 1 1 2  1 1 2
 m g hC + k (∆l )C + m v C  =  m g hD + k (∆l )D + m v D 
2 2
 2 2   2 2 

isto é

m g (hC − hD ) +
1
2
[
k (∆l )C
2 1
] (
− (∆l )2D + m v C2 − v D2 = 0
2
)
(v 2
C )
− v D2 = 2 g (hD − hC ) +
k
m
[
(∆l )2D − (∆l )C2 ]
v C2 = v D2 + 2 g (hD − hC ) +
k
m
[
(∆l )2D − (∆l )C2 ]
v C = v D2 + 2 g (hD − hC ) +
k
m
[
(∆l )2D − (∆l )C2 ]
onde

(hD − hC ) = − R

(∆l )2D (
= (l D − l 0 )2 = AD − AB )2 = [(R + a ) − (R − a )]2 = 4 a 2

( )2
2
(∆l )C2 = (l C − l 0 )2 = AC − AB =  R 2 + a 2 − (R − a )
 
= L2

Logo

v C = v D2 − 2 g R +
k
m
(
4 a 2 − L2 )
2 2
(∆l )C2 = L =  R 2 + a 2 − (R − a ) =  0.3 2 + 0.125 2 − (0.3 − 0.125 ) = 0.150 2
   

v C = 1 .8 2 − 2 x 9 .8 x 0 .3 +
250
1
(
4 x 0.125 2 − 0.150 2 )
v C = 2.713 m / s

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200 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

5 TEOREMA DOS TRABALHOS VIRTUAIS

A equação (64) dW = dT que relaciona o trabalho das forças aplicadas sobre cada
ponto material com a variação de energia cinética que proporciona pode ser reescrita na
forma
dW − dT = 0 ,

o que, atendendo à expressão (68), é equivalente a

dW r + dW j = 0 (80)

sendo dWr o trabalho elementar das forças reais aplicadas ao ponto e dWj o trabalho
elementar das forças de inércia. Isto, porque, de acordo com a expressão (53), a função
potencial de que derivam as forças de inércia é a energia cinética e em consequência, e
de acordo com a expressão (68), a variação infinitamente pequena dessa energia cinética
é igual e de sinal contrário ao trabalho elementar dessas forças de inércia.
A expressão (80) é válida para qualquer ponto material, isolado ou não. No caso de
este ponto pertencer a um dado sistema material, podem dividir-se as forças que atuam
nesse ponto em "exteriores" e "interiores" ao sistema material. Neste caso a expressão (80)
dará origem a esta outra

dW exteriores + dW int eriores + dW inercia = 0

isto é

dW e + dW i + dW j = 0 (81)

Constata-se que, qualquer que tenha sido o deslocamento infinitesimal utilizado no


cálculo do trabalho de todas as forças aplicadas no ponto material, o trabalho elementar
total é nulo. De facto, o sistema de forças aplicadas no ponto material, incluindo as forças
de inércia, é equivalente a zero. Em consequência, o trabalho elementar dessas forças
(igual ao trabalho da respetiva resultante, visto serem forças concorrentes) terá de ser
nulo, qualquer que seja o deslocamento.
A expressão (81) é válida para qualquer um dos n pontos de um sistema material.
Considerando todos esses pontos, tem-se que

( )
n
 dW ke + d W ki + d W kj = 0 (82)
k =1

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 201

 n e
  n i
  n j

  dWk  +   dWk  +   dWk  = 0 (83)
 k =1   k =1   k =1 

dW e* + dW i* + dW j* = 0 (84)

Note-se que a expressão (84) é formalmente idêntica à (81), mas em cada parcela
aparece o trabalho elementar total de cada conjunto de forças (exteriores, interiores e de
inércia).
Importa agora pensar no seguinte pormenor. Para cada ponto material isolado, o
deslocamento infinitesimal considerado é perfeitamente arbitrário. Mas num sistema
material existem ligações entre os pontos que o integram, pelo que o deslocamento
considerado variará de ponto para ponto, de acordo com as relações cinemáticas bem
definidas.

B B''
a) b) dx c)
B
C''
A B'
C dθ
A C'
A C
C
Figura 15 - Exemplos de deslocamentos (linear e angular) compatíveis com as ligações de
um sistema material.

Por exemplo, a figura 15-b) mostra que ao deslocamento dx do ponto C


corresponde um deslocamento diferente para outro qualquer ponto. O mesmo sucede
uur
quando se admite uma rotação elementar dθ para as barras AB e BC, como mostra a
figura 15-c): os deslocamentos lineares dos diversos pontos são diferentes entre si.
Apesar de ocorrerem deslocamentos elementares diferentes de ponto para ponto, a
expressão (81) (que é referente a cada um dos pontos isoladamente) é válida, o que
implica necessariamente a validade da expressão (84).

5.1 Conceito de deslocamento virtual

Diz-se que um sistema material sofre um deslocamento virtual, quando se afasta da


configuração atual para uma outra infinitamente próxima.

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202 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Esta alteração de configuração ocorre respeitando as relações cinemáticas que as


ligações reais, ou hipotéticas, permitem.

Assim, um deslocamento virtual tem as seguintes características:

• Deslocamento infinitesimal;

• Real ou imaginário;

• Respeita ou não as ligações mecânicas do sistema.

A figura 15 mostra dois exemplos de deslocamento virtuais. Em 15-b) representa-se


um deslocamento compatível com as ligações realmente existentes. Em 15-c) mostra-se
um deslocamento virtual que só será possível se a ligação ao exterior em C, for substituída
por uma outra, hipotética ou imaginária, que permita o deslocamento vertical deste
ponto.

Admitindo que a configuração do sistema material é definida por n parâmetros


cinemáticos (n graus de liberdade), um deslocamento virtual ficará caracterizado por uma
qualquer combinação de variações desses parâmetros
A figura 16 mostra uma barra em movimento plano.

B' B B'' B'''


B δy B
B

δx δα
α
A A' A
A'' A = A'''
yA xA A

a) b) c) d)

Figura 16 - Deslocamentos virtuais correspondentes à variação isolada de um parâmetro


cinemático.

A posição da barra fica completamente definida por três parâmetros, por exemplo
XA, YA e α. Um deslocamento virtual poderia ser definido pela variação isolada de cada um
destes parâmetros:

δ x A = 0 δ x A ≠ 0 δ x A = 0
  
Figura 16-b) δ y A ≠ 0 Figura 16-c) δ y A = 0 Figura 16-d) δ y A = 0
δ α = 0 δ α = 0 δ α ≠ 0
  

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 203

Também poderia definir-se um deslocamento virtual por uma combinação de


variações destes parâmetros.
A figura 17 mostra um exemplo em que a mesma barra da figura 16 sofre uma
rotação virtual em torno de um ponto diferente de A, daí resultando uma variação
simultânea de XA, YA e α:

B'

δβ Deslocamento virtual:
B
B
C+  δxA = f 1 ( δβ )

 δy A = f 2 ( δ β )
 δ α = δβ
α
A A' δ y A = f 2 (δ β )
A

δ x A = f1 ( δ β )

Figura 17 - À rotação virtual δβ (em torno de C), correspondem as variações simultâneas


(dependentes) δα , δXA e δYA.

Poder-se-ia ainda considerar um deslocamento virtual que resultasse da variação


simultânea e independente de diversos parâmetros cinemáticos. No caso da figura 18, a
barra sofre uma translação δX e uma rotação δα, independentes entre si:

B'
B*
B B δα Deslocamento virtual:
 δx A = δ x
 δ yA = 0
α  δα ≠ 0
A A δx A'

a) b)

Figura 18 - Deslocamento virtual obtido por combinação de variações independentes de


diversos parâmetros cinemáticos.

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204 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

5.2 Conceito de trabalho virtual

Entende-se por trabalho virtual de uma força aplicada sobre um dado ponto
material, o trabalho realizado por essa força quando o ponto se move em consequência de
r
um deslocamento virtual do sistema a que esse ponto pertence. Assim, para uma força F
aplicada num dado ponto A, escreveríamos
r uuur
δW = F • δ A (85)

sendo δA o deslocamento virtual do ponto A (deslocamento de A em consequência do


deslocamento virtual do sistema material).

5.3 Teorema dos trabalhos virtuais

Pode enunciar-se este teorema do seguinte modo:

"Num sistema material (em repouso ou em movimento), a soma dos trabalhos


de todas as forças que atuam sobre ele num determinado instante, é nula,
para qualquer deslocamento virtual desse sistema".

Incluem-se, obviamente, as forças exteriores, interiores e de inércia. A expressão


matemática deste teorema é

δW e + δW i +δW j = 0 (86)

sendo δ W e ≡ Trabalho virtual de todas as forças exteriores aplicadas ao sistema


material;

δ W i ≡ Trabalho virtual de todas as forças interiores;

δ W j ≡ Trabalho virtual de todas as forças de inércia


(igual mas de sinal contrário à variação de energia cinética ocorrida
durante o deslocamento virtual).

A expressão (86) é equivalente à expressão (84). Com efeito, cada um dos pontos
que constituem o sistema material está sob a ação de um sistema de forças concorrentes
equivalente a zero (isto, se se incluírem as forças de inércia).

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 205

Tal sistema de forças, estando em "equilíbrio", realizará trabalho nulo, qualquer


que seja o deslocamento a que seja submetido. Em particular realizará trabalho nulo, num
deslocamento virtual (real ou hipotético). E se é nulo o trabalho virtual correspondente às
forças que atuam em cada ponto material, há-de ser nulo o trabalho virtual total,
correspondente a todo o sistema material.
No caso particular de o sistema material ser rígido, ou um conjunto de sistemas
materiais rígidos com ligações perfeitas entre si, então o trabalho das forças interiores
será nulo e o teorema dos trabalhos virtuais reduz-se a

δW e + δW j = 0 (87)

Chama-se "ligação perfeita" aquela em que as forças de ligação não realizam


trabalho num qualquer deslocamento virtual. É o caso de um "escorregamento sem atrito",
um "rolamento puro", entre outros, como se mostra na figura 19.
No caso ainda mais restrito de um sistema material em repouso ou em translação
retilínea e uniforme, então também as forças de inércia não realizam trabalho, pelo que a
expressão do teorema dos trabalhos virtuais passará a ser

δW e = 0 (88)

Esta é a forma que se utiliza na estática.


Como é evidente, estas duas expressões (87) e (88) são casos particulares do
Teorema dos Trabalhos Virtuais representado pela expressão (86).

δx
δα δx

δω = 0 δx
δω = 0
δ ω = f a .δ x δω = Mδα

a) b) c) d)

Figura 19 - Exemplos de ligações "perfeitas" e "não perfeitas".

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206 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

5.4 Aplicação do teorema dos trabalhos virtuais

A circunstância da equação (86) ser válida em qualquer deslocamento virtual dá a


este teorema uma amplitude excecional. De facto:

• Impondo um deslocamento virtual a dado sistema definido pela variação,


isolada ou conjunta, dos parâmetros cinemáticos "reais", permite obter as
equações diferenciais do movimento (tantas quantos os parâmetros cinemáticos
independentes que existam, também designados por graus de liberdade –
g.d.l.);

• Impondo um deslocamento virtual na direção de uma força desconhecida,


obtém-se uma equação que, em muitas situações permite calcular de imediato
o valor desta força;

• Substituindo as ligações que existem na realidade pelas forças que estas


introduzem (o que mantém o "equilíbrio" do sistema material) e escolhendo
convenientemente os deslocamentos virtuais, calculam-se de modo expedito
essas forças de ligação.

A grande vantagem deste método reside no facto de não ser necessário, em geral,
resolver simultaneamente todas as equações que regem o movimento dos sistemas
materiais. Podem-se formular e resolver quase sempre as equações parcelares
estritamente necessárias para o problema.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 207

6 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DO TEOREMA DOS TRABALHOS VIRTUAIS

6.1 Disco rolando sem escorregar sobre um plano inclinado

A figura 20 mostra um disco de raio R que rola sem escorregar sobre um plano
inclinado, sob a ação das forças de gravidade e da força elástica de uma mola linear, nas
condições da figura.

x xx
xx

R
• C

θ A

Figura 20 - Disco que rola sem escorregar sobre um plano inclinado.

Sabendo que o disco parte do repouso, de uma posição em que a mola não está
deformada, pretende-se determinar:

a) A máxima deformação da mola;

b) A equação do movimento do disco;

Para resolver o problema, deve-se começar por representar o diagrama de corpo


livre do disco, colocando todas as forças, exteriores, interiores e de inércia, que nele
atuam, como se mostra na figura 21.
Quando o disco se move ao longo da rampa, as forças de ligação em A não realizam
trabalho. Com efeito, a força N é sempre perpendicular ao deslocamento e a força de
atrito está aplicada num ponto de velocidade nula, pelo que ambas não realizam
trabalho.
Trata-se de um movimento em que haverá Conservação da Energia Mecânica Total.

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208 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

α&
FK

Izz&α& C
&&
mx

T mg
A
X

Figura 21 - Diagrama de corpo livre do disco.

Análise cinemática
uur uur ur uuur
v G = v A + ω × AG ,

 0  0  Rα&   x& 
uur r        
v G = 0 +  0  × R  =  0 =  0  , pelo que
 −α&   0  0  0 
       

x& = Rα& , x&& = Rα&& ,

dx dα
=R , dx = Rdα .
dt dt

• Rα&&  x&&
uur uur    
aG = v G =  0  =  0 
0
 0  0 
   

Torsor da quantidade de aceleração

• mRα&& mx&&
ur uur    
Q = m aG =  0  =  0 
 0   0 
0    

I 0 0  0   0 
uuur ur  XX    
HG = [ IG ] × ω =  0 IYY 0   0  =  0 
 0 0 IZZ  −α&  −IZZα& 

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 209

•r
uuur uuu  0 
 
K G = HG = 0 
0 −I α&&
 ZZ 

a) Para responder à alínea a) basta estabelecer o balanço energético entre a posição


inicial (velocidade e deformação da mola nulas) e a posição final (velocidade nula e
deformação da mola máxima). Tem-se que,

(V g2 ) ( )
− Vg 1 + Ve2 − Ve1 + (Τ 2 − Τ 1 ) = W12

1
− M g sin θ x +
144424443
k x2 + (1
0 − 0)
424 3
=
{
0
2424
1 3
∆ Vg ∆Τ ∆W
∆ Ve

2 M g sinθ
donde se obtém x = ( x = deformação máxima da mola).
k

b) Para se obter a equação do movimento do disco deve-se impor um deslocamento


virtual real δx do centro do disco, mantendo a condição de rolamento sem
escorregamento no ponto A, como se mostra na figura 22.

C
δx
δα

A
X

Figura 22 – Campo de deslocamentos virtuais (I).

Aplicando o Teorema dos Trabalhos Virtuais, obtém-se que

δW e + δW i +δW j = 0
r uur uur uur ur uuur ur uuur
δ W e = mg • δ x + FK • δ x + N • δ A + T • δ A

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210 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

δWi = 0

• uur uuur uur


ur
δ W = − Q • δ x − KG • δα
j

r uur uur uur ur uur ur uur ur • uur uuur uur


δ W + δ W + δ W = mg • δ x + FK • δ x + N • δ x + T • δ x − Q • δ x − KG • δα = 0
e i j

 mg sinθ  δ x  −Kx  δ x   0  0 T  0 mx&& δ x   0   0 


                       
−mgcos θ  •  0  +  0  •  0  + N  • 0 +  0  • 0 −  0  •  0  −  0  •  0  = 0
 0   0   0   0   0  0  0  0  0   0  −I α&& −δα 
                     ZZ   

mg sin θ δ x − Kx δ x − mx&& δ x − IZZ α&& δα = 0

mx&& δ x + IZZα&& δα + Kx δ x = mg sinθ δ x

x&& δ x
mx&& δ x + IZZ + Kx δ x = mg sinθ δ x
R R

 IZZ  &&
m + 2  x + Kx = mg sinθ
 R 

a qual representa a equação de movimento do sistema.

ur
Para determinar a reação do plano inclinado sobre o disco ( N ) pode-se aplicar um
uur
deslocamento virtual δ y segundo a direção da normal ao plano inclinado e impedindo a

rotação virtual do disco, como se mostra na figura 23, determinando-se o correspondente


Trabalho Virtual realizado pelas solicitações aplicadas ao sistema.

δy

A
X

Figura 23 – Campo de deslocamentos virtuais (II).

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 211

Assim,

r uur uur uur ur uur • uur


ur uur ur
δ W e + δ W i + δ W j = mg • δ y + FK • δ y + N • δ y + T • δ y − Q • δ y = 0

 mg sinθ   0  −Kx   0   0   0  T   0  mx&&  0 


                   
−mgcos θ  • δ y  +  0  • δ y  + N  • δ y  + 0  • δ y  −  0  • δ y  = 0
 0   0   0   0   0   0  0   0   0   0 
                   

−mg cos θ δ y + N δ y = 0

N = mg cos θ

ur
Para determinar a força de atrito no ponto de contacto A ( T ),pode-se aplicar um
uur
deslocamento virtual δ x segundo a direção do plano inclinado e impedindo a rotação
virtual do disco, determinando-se o correspondente Trabalho Virtual realizado pelas
solicitações aplicadas ao sistema, como se mostra na figura 24.

δx C’

δx X
A’

Figura 24 – Campo de deslocamentos virtuais (III).

Assim,
r uur uur uur ur uur ur uur ur • uur
δ W + δ W + δ W = mg • δ x + FK • δ x + N • δ x + T • δ x − Q • δ x = 0 ,
e i j

 mg sinθ  δ x  −Kx  δ x   0  δ x  T  δ x  mx&& δ x 


                   
−mgcos θ  •  0  +  0  •  0  + N  •  0  + 0  •  0  −  0  •  0  = 0
 0   0   0   0   0   0  0   0   0   0 
                    ,
mg sin θ δ x + −Kx δ x + T δ x − mx&& δ x = 0 ,

T = mx&& + Kx − mg sin θ
.

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212 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

6.2 Mecanismo simples

O sistema mecânico representado na figura 25 é constituído por dois corpos:

Y0
X1
G2

θ
A O
Figura 25 - Mecanismo simples
X0
Mm cos ωt

Corpo1 - Um disco, de raio r e massa m1, que roda em torno do ponto O fixo, com

velocidade angular θ& e aceleração angular θ&& , acionado pelo momento motor
Mm cos ωt; o disco está ligado à mola de rigidez k através de um cabo
inextensível que se enrola sobre o próprio disco;

Corpo 2 - Um braço, rigidamente ligado ao corpo 1, de comprimento 4r e de massa m2.

Na ausência de momento motor (Mm = 0) o mecanismo atinge o estado de equilíbrio


estático, quando o braço (corpo 2) se encontra na posição horizontal e a mola apresenta
uma deformação inicial ∆.

Considerando a massa e a inércia dos dois corpos, e recorrendo ao Teorema dos


Trabalhos Virtuais, pretende-se determinar:

a) A equação de movimento do sistema;

b) A força de ligação ao exterior no ponto O;

Usando o Teorema da Conservação da Energia Mecânica Total, determinar:

c) A velocidade angular do disco quando, na ausência de momento motor, o braço


é largado da posição vertical (θ = -π/2) e roda 90º no sentido contrário ao dos
ponteiros do relógio;

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 213

6.2.1 Diagrama de corpo livre

A figura 26-a mostra o diagrama de corpo livre do sistema, estando representadas


as forças e momentos exteriores que atuam sobre o mecanismo: os pesos dos dois corpos,
a força da mola, a força de ligação ao exterior no ponto O e o momento exterior aplicado,
respetivamente:

r r r
m1 g , m2 g , Fk , RO e M m cos ωt k .

Y0 •
Y0 KG2
X1 Q2 X1

ROY θ θ
A O
ROX O X0
m2 g KG1 X0
Fk Mm cos ωt
m1 g

k k

a) b)

Figura 26 - Diagrama de corpo livre do mecanismo: a) Forças e momentos exteriores; b)


Quantidades de aceleração e momentos dinâmicos.

A figura 26-b mostra o diagrama de corpo livre do sistema, estando representadas


as quantidades de aceleração e momentos dinâmicos dos vários corpos que compõem o
mecanismo: momento dinâmico do corpo 1 em G1, quantidade de aceleração do corpo 2 e
o momento dinâmico do corpo 2 em G2, respetivamente:


uuur uuu r uuur
K G1 , Q 2 e K G2 2 .
1

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214 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

6.2.2 Equação de Movimento

Para se obter a equação de movimento deve ser imposto ao mecanismo um sistema


de deslocamentos virtuais reais, que traduzam o movimento real do mecanismo.

Considera-se uma rotação virtual real δθ em torno do ponto O, do qual resultam


deslocamentos dos pontos A e G2. O ponto O permanece fixo como se mostra na Figura 27.
A rotação virtual dos corpos 1 e 2 é igual.

X’1
δθ
Y0
X1

A O θ
δy X0
A’

Figura 27 - Campo de deslocamentos virtuais (I).

O trabalho virtual realizado pelas forças e momentos exteriores, pelas forças e


momentos interiores e pelas forças e momentos de inércia, devido ao conjunto de
deslocamentos e rotações virtuais aplicado, é representado pela seguinte expressão:

δW e + δW i + δW j = 0

a qual é equivalente a escrever:

r uuur r uuuur uur uuur r uur uur uuur


δ W e = m1 g • δ O + m2 g • δ G2 + FK • δ A + Mm cos ωt k • δθ + RO • δ O

δW i = 0

uuur uur •r
uuu uuuur uuuur uur
δ W = −K G1 • δθ − Q 2 • δ G2 − K G2
j 1 2
• δθ

Note-se que o trabalho virtual das forças e momentos de inércia é igual e de sinal
contrário ao trabalho realizado pelas quantidades de aceleração e momentos dinâmicos.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 215

A soma das três parcelas tem por resultado:


r uuur r uuuur uur uuur r uur
m1 g • δ O + m2 g • δ G2 + FK • δ A + Mm cos ωt k • δθ +
•r
uur uuur uuur uur uuu uuuur uuur uur
RO • δ O − K G1 • δθ − Q 2 • δ G2 − K G2 2 • δθ = 0
1

Tendo em atenção que para o sistema de deslocamentos e rotações virtuais imposto


uuur r
ao mecanismo o ponto permanece fixo e logo δ O = 0 obtém-se
•r
r uuuur uur uuur r uur uuu r uur uuu uuuur uuur uur
m2 g • δ G2 + FK • δ A + Mm cos ωt k • δθ − K G1 • δθ − Q 2 • δ G2 − K G2 2 • δθ = 0
1

a) Forças e momentos exteriores

Os vetores que representam as forças e momentos exteriores envolvidos na


expressão anterior devem agora ser determinados.

 0 
r  
m2 g = − m2 g 
 0 
 

 0   0   0   0 
       
FK = − Fk  = − K (Y + ∆ ) = − K (− R θ + ∆ ) = K (R θ − ∆ )
 0   0   0   0 
       

 0 
r  
M m cos ωt k =  0 
M cos ωt 
 m 

b) Quantidades de aceleração e momentos dinâmicos

Os vetores que representam as quantidades de aceleração e momentos dinâmicos


envolvidos na expressão anterior devem agora ser determinados.

b.1 Momento dinâmico do corpo 1 no ponto G1

Ix1 x 0 0  0   0 
uuur uuur  11      uuur
HG1 1 =  IG1  x ω10 =  0 Iy11y1 0  x 0
  =  0  = H 1
G1
S1
  θ&  I1 θ&  S0

 0 0 Iz11z1     z1z1 

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216 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

 0 
uuur  
K G1 1 =  0 
S0
I1 θ&&
 z1z1 

b.2 Quantidade de aceleração do corpo 2

2 R cos θ 
uuuur  
OG2 =  2 R sin θ 
S0
 0 
 

− θ& sin θ 
uuur  
v G 2 = 2 R  θ& cos θ 
 0 
 

− θ&& sin θ − θ&2 cos θ 


uuur  
aG 2 = 2 R  θ&&cos θ − θ& 2 sin θ 
 0 
 

•r
− θ&& sin θ − θ&2 cos θ 
uuu  
Q 2 = m2 2 R  θ&&cos θ − θ&2 sin θ 
 0 
 

b.3 Momento dinâmico do corpo 2 no ponto G2

Ix2 x 0 0  0   0 
uuur uuur  22      uuur
HG2 2 = IG 2  x ω20 = 0 Iy22 y 2 0  x 0  =  0  = HG2 2
S1
    2  S0

 0 0 Iz22 z2  θ&  Iz2 z2 θ& 

 0 
uuur  
K G2 2 = 0 
S0
I 2 θ&&
 z2 z2 

c) Sistema de deslocamentos e rotações virtuais

0 
 
δθ =  0 
δθ 
 

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 217

0   0  2 R cos θ  − 2 R sin θ δθ 
uuuur uuur uur uuuur        
δ G2 = δ O + δθ x OG2 = 0  +  0  x  2 R sin θ  =  2 R cos θ δθ 
0  δθ   0   0 
       

0   0   − R   0 
uuur uuur uur uuur        
δ A = δ O + δθ x OA = 0  +  0  x  0  = − R δθ 
0  δθ   0   0 
       

Substituindo todas os vetores na equação de movimento

•r
r uuuur uur uuur r uur uuu r uur uuu uuuur uuur uur
m2 g • δ G2 + FK • δ A + Mm cos ωt k • δθ − K G1 • δθ − Q 2 • δ G2 − K G2 2 • δθ = 0
1

obtém-se

 0  − 2 R sin θ δθ   0   0 
       
− m2 g  •  2 R cos θ δθ  + K ( R θ − ∆ )  • − R δθ  +
 0   0   0   0 
       

 0  0  0  0
       
+ 0 •  0  −  0 •  0  −
 M cos ωt  δθ  I1 θ&& δθ 
 m     z1z1   

− θ&& sin θ − θ&2 cos θ  − 2 R sin θ δθ   0  0


       
− m2 2 R  θ&&cos θ − θ&2 sin θ  •  2 R cos θ δθ  −  0  • 0  = 0
     2 &&  
 0   0  Iz2 z2 θ  δθ 

isto é

− m2 g 2 R cos θ δθ − K ( R θ − ∆ ) R δθ + Mm cos ωt δθ

( )
− I1z1z1 θ&&δθ − m2 2 R 2 R θ&& δθ − Iz22 z2 θ&&δθ = 0

Simplificando a expressão anterior determina-se que

(I1
z1z1 )
+ Iz22 z2 + 4 m2 R 2 θ&& + K R ( R θ − ∆ ) + 2 m2 g R cos θ = Mm cos ωt

Neste mecanismo as oscilações dos corpos em torno da posição de equilíbrio são de


muito pequena amplitude. Logo o valor do ângulo θ é sempre muito pequeno. Nestas
condições tem-se que:

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218 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

θpequeno ⇔ sin θ ≈ θ e cos θ ≈ 1 .

Aplicando esta simplificação à expressão anterior obtém-se:

(I 1
z1z1 )
+ Iz22 z2 + 4 m2 R 2 θ&& + K R ( R θ − ∆ ) + 2 m2 g R = Mm cos ωt

Analisando a posição de equilíbrio estático, isto é quando o sistema se encontra em


repouso, verifica-se que:

Mm cos ωt = 0, θ = 0, θ&& = 0

e substituindo na expressão anterior determina-se que

− K R ∆ + 2 m2 g R = 0

isto é

2 m2 g
∆=
K

Deste modo a equação de movimento do mecanismo toma a seguinte forma final

(I
1
z1z1 )
+ Iz22 z2 + 4 m2 R 2 θ&& + K R 2 θ = Mm cos ωt

6.2.3 Forças de ligação ao exterior no ponto O

Para se obter as reações no ponto O, determinam-se as componentes segundo OX e


OY separadamente.
No que diz respeito à componente ROX, pode-se impor a todos os pontos do

mecanismo um deslocamento virtual imaginário δx , bloqueando o movimento real θ do


uur r
mecanismo, δθ = 0 , como se mostra na figura 28.

O trabalho virtual realizado pelas forças e momentos exteriores, pelas forças e


momentos interiores e pelas forças e momentos de inércia, devido ao sistema de
deslocamentos e rotações virtuais aplicado, é representado pela seguinte expressão:

δW e + δW i + δW j = 0
a qual é equivalente a escrever:
r uur r uur uur uur r uur uur uur
δ W e = m1 g • δ x + m2 g • δ x + FK • δ x + Mm cos ωt k • δθ + RO • δ x

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 219

δW i = 0
uuur uur uuu •r uuuur uur
uuuur
δ W = −K G1 • δθ − Q 2 • δ G2 −
j 1
K G2 2 • δθ

X1 X’1
Y0

A O
δx O’ X0

Figura 28 - Campo de deslocamentos virtuais (II).

A soma das três parcelas tem por resultado:

r uur r uur uur uur r r


m1 g • δ x + m2 g • δ x + FK • δ x + Mm cos ωt k • 0 +
•r
uur uur uuur r uuu uur uuur r
RO • δ x − K G1 1 • 0 − Q 2 • δ x − K G2 2 • 0 = 0

Tendo em atenção o sistema de deslocamentos e rotações virtuais imposto ao


mecanismo, obtém-se

 0  δ x   0  δ x   0  δ x   0  0 
               
−m1 g  •  0  + −m2 g  •  0  + K ( Rθ − ∆ )  •  0  +  0  • 0 
 0  0  0  0  0   0   M cos ωt  0 
             m   

ROX  δ x   0  0  −θ&& sin θ − θ&2 cos θ  δ x   0  0 


      
          
+ ROY  •  0  −  0  • 0  − m2 2R  θ&&cos θ − θ&2 sin θ • 0
    − 0  • 0  = 0
 0   0   1 && 0     0   2 && 0 
    Iz1z1θ    
0 I θ
    z2 z2   

(
ROX δ x − m2 2 R − θ&& sin θ − θ&2 cos θ δ x = 0)
isto é

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220 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

(
ROX = − m2 2 R θ&& sin θ + θ&2 cos θ )

No que diz respeito à componente ROY, podem-se impor a todos os pontos do

mecanismo um deslocamento virtual imaginário δy , bloqueando o movimento real θ do


r
mecanismo, δθ = 0 , como se mostra na figura 29.

Y0 X’1

O’ X1

δy
A O
X0

Figura 29 - Campo de deslocamentos virtuais (III).

O trabalho virtual realizado pelas forças e momentos exteriores, pelas forças e


momentos interiores e pelas forças e momentos de inércia, devido ao sistema de
deslocamentos e rotações virtuais aplicado, é representado pela expressão:

δ W e + δ W i + δ W j = 0 , a qual é equivalente a escrever:


r uur r uur uur uur r uur uur uur
δ W e = m1 g • δ y +m2 g • δ y + FK • δ y + Mm cos ωt k • δθ + RO • δ y

δW i = 0

uuur uur uuu •r


uur uuuur uur
δ W = −K G1 • δθ − Q • δ y − K G2 2 • δθ
j 1 2

A soma das três parcelas tem por resultado:

r uur r uur uur uur r r


m1 g • δ y + m2 g • δ y + FK • δ y + Mm cos ωt k • 0 +
•r
uur uur uuur r uuu uur uuur r
RO • δ y − K G1 • 0 − Q 2 • δ y − K G2 2 • 0 = 0
1

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 221

Tendo em atenção o sistema de deslocamentos e rotações virtuais imposto ao


mecanismo, obtém-se

 0  0  0  0  0  0  0  0 


               
−m1 g  • δ y  +  −m2 g  • δ y  + K ( Rθ − ∆ )  • δ y  +  0  • 0 
 0  0  0  0        
         0   0   Mm cos ωt  0 

ROX   0   0  0  −θ&& sin θ − θ&2 cos θ   0   0  0 


      
          
+ ROY  • δ y  −  0  • 0  − m2 2R  θ&&cos θ − θ&2 sin θ • δ y
    − 0  • 0  = 0
 0   0   1 && 0     0   2 && 0 
    Iz1z1θ    
0
   Iz2 z2θ   

( )
−m1 g δ y − m2 g δ y + k(Rθ −∆ ) δ y + ROY δ y − m2 2 R θ&&cos θ − θ&2 sin θ δ y = 0

isto é

( )
ROY = m2 2 R θ&&cos θ − θ&2 sin θ − k(Rθ −∆ ) + ( m1 + m2 ) g

6.2.4 Velocidade angular do disco

A velocidade angular do disco, na ausência de momento motor, após o corpo 2 ter


rodado de um ângulo θ = π/2, partindo do repouso da posição θ0 = -π/2, pode ser
determinada recorrendo ao Princípio da Conservação da Energia Mecânica Total:

2 1
Emt = Emt − Wn cons.

Atendendo a que todas as forças e momentos aplicados ao mecanismo, na ausência


do Momento Motor, são conservativas, a expressão anterior reduz-se a:

Emt 2 = Emt 1 ⇔ T2 + Vg 2 + Ve 2 = T1 + Vg1 + Ve1

A energia cinética de um corpo é definida, em qualquer instante, pela expressão

1 uur uur 1 r T r
T = Mv G .v G + ω [ IG ]ω .
2 2

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222 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Logo a energia cinética total do mecanismo é dada pela soma das energias cinéticas
de cada corpo, isto é

T = T corpo1 + T corpo 2 = T 1 + T 2

Ix1 x 0 0  0 
r r  11   
1
2
1
2
& {
T = m1 0 • 0 + 0 0 θ  0 } Iy11y1 0  × 0  +
   
 0 0 I1z1z1  θ& 

−2Rθ& sin θ  −2Rθ& sin θ  Ix2 x 0 0  0 


    1  22   
1
+ m2  2Rθ cos θ  •  2Rθ cos θ  + 0 0 θ  0
2
& & & { } Iy22 y 2 0  × 0 
    2    
 0   0   0 0 Iz22 z2  θ& 

T = T1 + T 2 =
1 1
2
(
Iz1z1 + 4 m2 R 2 + Iz22 z2 θ&2)
A energia potencial gravítica de um corpo é definida, em qualquer instante, pela

expressão Vg = m g Yh . Portanto, a energia potencial gravítica do mecanismo é dada por

Vg = Vgcorpo 1 + Vgcorpo 2 = Vg1 + Vg2 = m1gYh1 + m2 gYh2

A energia potencial elástica de uma mola é definida, em qualquer instante, pela

1
K ( ∆X ) .
2
expressão Ve =
2
No instante inicial o sistema está em repouso θ& = 0 , os corpos 1 e 2 estão na

 π 
posição vertical Yh1 = 0 e Yh2 = −2R e a deformação da mola é igual a  − R − ∆  ,
 2 
logo:

T1 = 0

Vg1 = −2 m2 g R
2
1  π 
Ve1 = k  −R − ∆ 
2  2 

No instante final o sistema está em movimento os corpos 1 e 2 estão na posição

horizontal Yh1 = 0 e Yh2 = 0 e a deformação da mola é igual a (∆ ) , logo:

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 223

T2 = (
1 1
Iz z + 4 m2 R2 + Iz2 z θ&2
2 11 2 2
)
Vg 2 = 0
1
k ( −∆ )
2
Ve 2 =
2

Substituindo todos os valores na expressão que estabelece a Conservação da


Energia Mecânica Total obtém-se

2
π
1  
− 2m2 g R + k  − R − ∆  =
2  2 
1 1
2
( ) 1
Iz1z1 + 4 m2 R 2 + Iz22 z2 θ&2 + k ( ∆ )
2
2

isto é

 π 
2
2
k  − R − ∆  − ( ∆ )  − 4m2 g R
 2  
θ&2 = 
(
I1z1z1 + 4 m2 R 2 + Iz22 z2 )
 π 
2
2
k  − R − ∆  − ( ∆ )  − 4m2 g R
 2  
θ& =
(I 1
z1z1
+ 4 m2 R 2 + Iz22 z2 )

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224 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

6.3 Sistema came – impulsor

O sistema mecânico representado na figura 30 é constituído por:

Y Corpo 1: Um disco de massa m1,


que roda em torno do ponto O,
FR
com velocidade angular θ&
constante, sob a ação do
C Momento motor Mm;

Corpo 2: um rolete de massa m2,


K
que roda em torno do ponto
A ≡ G2, e rola sem escorregar
sobre o corpo 1 no ponto I;

B Corpo 3: um impulsor de massa


m3, que translada segundo o eixo
OY, e está submetido à ação da
mola de rigidez K e de uma força
3
resistente FR.
a
Para θ=-π/2 a deformação
da mola é nula.
b 2
γ
A Admite-se que todas as
I ligações são perfeitas e são
1 consideradas as massas e as
ϕ
R inércias dos três corpos.

G1 Pretende-se determinar a
e
O θ equação de movimento, as forças
X de ligação entre os corpos 1 e 2,
e as reações no apoio O.
Mm

Figura 30 – Sistema mecânico Came – Impulsor.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 225

6.3.1 Geometria e cinemática do sistema came impulsor

A análise do triângulo OG1A permite escrever as seguintes duas equações:

e cos θ = (R + r) sin ϕ
(89, 90)
OA = e sin θ + (R + r) cos ϕ

A expressão (89) permite determinar o ângulo ϕ em função de θ, isto é,

 e 
ϕ = arc sin  cosθ 
(r + R) 

Derivando em ordem ao tempo a expressão (89) obtém-se

e sin θ
− e θ& sin θ = (r + R)φ& cos φ ⇔ φ& = − θ& (91)
(r + R) cos φ

Derivando em ordem ao tempo a expressão (91) determina-se que

− e θ&& sin θ − e θ& 2 cos θ = (r + R)φ&&cos φ − (r + R)φ&2 sin φ

( )
(r + R)φ&&cos φ = − e θ&& sin θ − θ&2 cos θ + (r + R)φ&2 sin φ

φ&& = −
e
(r + R) cos φ
( )
θ&& sin θ − θ&2 cos θ + φ&2 tg φ

A primeira e a segunda derivada em ordem ao tempo da expressão (90) permitem


determinar a velocidade e aceleração do ponto A, isto é,

v A = e θ& cos θ − (r + R)φ& sin φ


(92, 93)
( ) (
aA = e θ&&cos θ − θ&2 sin θ − (r + R) φ&& sin φ + φ&2 cos φ )

O corpo 1 está submetido a um movimento de rotação em torno do ponto O,


representado pelo parâmetro cinemático θ, e o corpo 2 rola sem escorregar sobre o corpo
1 no ponto I, sendo a sua rotação definida pelo parâmetro γ.
A velocidade e aceleração angulares do corpo 2 podem ser determinadas
estabelecendo que

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226 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

uur uuur
v I1 = v I 2

v tI1 = v It2 → pq.ocorre rolamento sem ecorregamento;

v In1 = v In2 → pq.ocorre permanentemente contacto;


uur uuur uur uur uuur uur
v O + ω10 × OI = v A + ω20 × AI

0  0  e cos θ − R sin ϕ   0   0   r sin ϕ 


           
0  + 0  × e sin θ + R cos ϕ  = v A  +  0  × − r cos ϕ 
0  θ&   0   0  −γ&   0 
           

− ( e sin θ + R cos ϕ ) θ&   −rγ& cos ϕ 


   
 ( e cos θ − R sin ϕ ) θ&  = v A − rγ& sin ϕ 
 0   
   0 

isto é,

− r γ& cos ϕ = − (e sin θ + R cos ϕ )θ&


(94, 95)
v A − r γ& sin ϕ = (e cos θ − R sin ϕ )θ&

Simplificando as expressões anteriores obtém-se

θ&
γ& = (e sin θ + R cos ϕ )
r cos ϕ

v A = (e cos θ − R sin ϕ )θ& + r γ& sin ϕ

isto é,

 e sin θ R
γ& = θ&  + 
 r cos ϕ r 

 e sin θ R
v A = (e cos θ − R sin ϕ )θ& + r θ&  +  sin ϕ
 r cos ϕ r 

 e sin θ R
γ& = θ&  + 
 r cos ϕ r 
(96, 97)
v A = e θ& (cos θ + sin θ tg ϕ )

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 227

As expressões (92) e (97) deveriam ser iguais, o que pode ser obtido após adequada
transformação. Assim retomando a definição de ϕ& apresentada em (91)

e sin θ
φ& = − θ&
(r + R) cos φ

e substituindo-a na expressão de VA apresentada em (92)

v A = e θ& cos θ − (r + R)φ& sin φ

obtém-se

 e sin θ 
v A = e θ& cos θ − (r + R)  − θ&  sin φ
 (r + R) cos φ 

o que simplificando permite obter

 sin θ 
v A = e θ& cos θ +  e θ&  sin ϕ
 cos ϕ 

isto é,

 sin ϕ 
v A = e θ&  cos θ + sin θ  , c.q.d.
 cos ϕ 

A aceleração angular do corpo 2 pode ser obtida derivando em ordem ao tempo a

expressão (94)

− r γ& cos ϕ = − (e sin θ + R cos ϕ )θ&

isto é

− r γ&& cos ϕ + r γ& 2 sin ϕ = − θ&& (e sin θ + R cos ϕ ) − e θ&2 cos θ + R θ& γ& sin γ

− r γ&& cos ϕ = − θ&& (e sin θ + R cos ϕ ) − e θ&2 cos θ + R θ& γ& sin γ − r γ& 2 sin ϕ

γ&& =
1
r cos ϕ
[
θ&& (e sin θ + R cos ϕ ) + e θ&2 cos θ − R θ& γ& sin γ + r γ& 2 sin ϕ ]

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


228 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

6.3.2 Diagrama de corpo livre do sistema

A figura 31-a mostra o diagrama de corpo livre do sistema, estando representados


as forças e momentos exteriores que atuam sobre o mecanismo: os pesos dos três corpos,
a força da mola, as forças de ligação ao exterior nos pontos O, B e C e o momento exterior
aplicado e a força resistente, respetivamente:

r r r uur uur uur uur uuur uur


m1 g , m2 g , m3 g , FK , RO , RB , RC , Mm e FR .

A figura 31-b mostra o diagrama de corpo livre do sistema onde são representadas
as quantidades de aceleração e os momentos dinâmicos no centro de massa dos três corpos
que constituem o mecanismo, respetivamente:
uuur uuur uuur uuur uuur
m1 aG1 , K G1 1 , m2 aG 2 , K G2 2 , m3 aG3 .

6.3.3 Equação de movimento do sistema came-impulsor

Para se obter a equação de movimento deve ser imposto ao mecanismo um sistema


de deslocamentos virtuais reais, que traduza o movimento real do mecanismo.

No caso do sistema came impulsor é imposta uma rotação virtual real δθ em torno
do ponto O, do qual resulta um deslocamento dos pontos G1 e A. O ponto O permanece

fixo. A rotação virtual do corpo 2 é δγ .

O trabalho virtual realizado pelas forças e momentos exteriores, pelas forças e


momentos interiores e pelas forças e momentos de inércia, devido ao conjunto de
deslocamentos e rotações virtuais aplicado, é representado pela seguinte expressão:

δ W e + δ W i + δ W j = 0 , isto é ( δ W i = 0 , ligações perfeitas)

r uuur r uuuur r uuuur uur uuuur uur uuuur r uur


δ W e = m1 g • δ G1 + m2 g • δ G2 + m3 g • δ G3 + FK • δ G3 + FR • δ G3 + Mm k • δθ
uur uuur uur uur uur uur
+ RO • δ O + RB • δ B + RC • δ C


uur • •
uuur uuur uur uuur uuuur uuuur uur uuur uuuur
δ W = − Q • δ G1 − K G1 • δθ − Q • δ G2 − K G2 • δγ − Q 3 • δ G3
j 1 1 2 2

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 229

Note-se que o trabalho virtual das forças e momentos de inércia é igual e de sinal
contrário ao trabalho realizado pelas quantidades de aceleração e momentos dinâmicos.

Y
FR Y

C C
RC

FK

m3 aG3
B B
RB
G3 G3
m3 g

a a
m2 aG2
b b
A I A I
KG2
ϕ ϕ
R R
m2 g m1 aG1
G1 G1
O O
ROX θ X θ X
Mm
m1 g
KG1
ROY

a) b)

Figura 31 - Diagrama de corpo livre do sistema came - impulsor:


a) Forças e momentos exteriores;
b) Quantidades de aceleração e momentos dinâmicos.

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230 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

A soma das três parcelas tem por resultado:

r uuur r uuuur r uuuur uur uuuur uur uuuur r uur uur uuur uur uur
m1g • δ G1 + m2 g • δ G2 + m3 g • δ G3 + FK • δ G3 + FR • δ G3 + Mmk • δθ + RO • δ O + RB • δ B +
• •r •
uur uur uur uuur uuur uur uuu uuuur uuur uur uur uuuur
RC • δ C − Q • δ G1 − K G1 • δθ − Q • δ G2 − K G 2 • δγ − Q 3 • δ G3 = 0
1 1 2 2

a) Forças e momentos exteriores

Os vetores que representam as forças e momentos exteriores envolvidos na expressão


anterior devem agora ser determinados.

 0   0   0 
r   r   r  
m1g = −m1g  ; m2 g = −m2 g  ; m3 g = −m3 g 
 0   0   0 
     

 0 
 0   0   
uur  
FK = −Fk  =
   
−K ∆y  = −K  OA ( ) ( )
− OA π  

 0   
θ =θ θ =− 2 
 0  
     0 

 0   0 
uur    
FK = −K [( e sinθ + R cos ϕ + r cos ϕ ) − ( −e + R + r )] = −K [e (1 + sinθ ) − ( R + r )(1 − cos ϕ )]
 0   0 
   

 0  0  ROX  RBX  RCX 


ur   r   uur   uur   uur  
FR = −FR  ; Mm k =  0  ; RO = ROY ; RB =  0  ; RC =  0 
 0  M   0  0  0 
   m      

b) Quantidades de aceleração e momentos dinâmicos

Os vetores que representam as quantidades de aceleração e momentos dinâmicos


envolvidos na expressão anterior devem agora ser determinados.

b.1 Quantidade de aceleração do corpo 1

e cosθ  −θ& sinθ 


uuuur   uuur  
OG1 =  e sinθ  v G1 = e  θ& cosθ 
S0
 0   0 
   

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 231

−θ&& sinθ − θ&2 cos θ  • −θ&& sinθ − θ&2 cos θ 


uuur   uur  
aG1 = e  θ&& cosθ − θ&2 sinθ  Q 1 = m1e  θ&& cos θ − θ&2 sinθ 
 0  0
 0 
   

b.2 Momento dinâmico do corpo 1 no ponto G1

Ix1 x 0 0  0   0 
uuur uuur  1 1      uuu1r
HG1 1 =  IG1  x ω10 =  0 Iy11y1 0  x 0  =  0  = HG1
S1
 1    1  S0

 0 0 Iz1z1  θ&  Iz1z1 θ& 

 0 
uuur  
K G1 1 = 0 
S0
I1 θ&&
 z1z1 

b.3 Quantidade de aceleração do corpo 2

 0   0 
uuuur uuur   uuur  
OG2 = OA = e sinθ + ( R + r ) cos ϕ  v G 2 = eθ cosθ − ( R + r ) ϕ& sin ϕ 
&
S0 S0
 0   0 
   

 0 
uuur  
( )
aG 2 = e θ&& cosθ − θ& sinθ − (R + r) (ϕ&& sinϕ + ϕ& cos ϕ ) 
2 2

 
 0 

•r
 0 
uuu  && 
2 2
( 2
)
Q = m2 e θ cosθ − θ& sinθ − (R + r) (ϕ&& sin ϕ + ϕ& cos ϕ ) 
 
 0 

b.4 Momento dinâmico do corpo 2 no ponto G2

Ix2 x 0 0  0   0 
uuur uuur  22      uuur
HG2 2 = IG 2  x ω20 = 0 Iy22 y 2 0  x  0  =  0  = HG2 2
S1
     2  S0

 0 0 Iz22 z2  − γ&  −Iz2 z2 γ& 

 0 
uuur  
K G2 2 = 0 
S0
−I 2 γ&&
 z2 z2 

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232 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

b.5 Quantidade de aceleração do corpo 3

A aceleração do ponto G3 é igual à aceleração do ponto G2. Logo


 0 
uur  && 
( ) (
Q = m3 e θ cos θ − θ& sin θ − (R + r) φ&& sin φ + φ&2 cos φ
3 2
) 
 
 0 

c) Campo de deslocamentos e rotações virtuais

Y 0  0
uuuur   uuur  
δ O = 0  δθ =  0 
0  δθ 
   

uuur uur uur uuur


δ G1 = δ O + δθ × OG1
0   0  e cos θ  −e sinθδθ 
       
= 0  +  0  ×  e sinθ  =  e cos θδθ 
0  δθ   0   0 
       
 
 
 0   0
uuuur    
δγ =  0  =  0 
−δγ   e sinθ 
  − δθ 
 ( R + r ) cos ϕ 

uuuur uuuur uur uur uuur


δ G2 = δ G3 = δ B = δ C = δ ( OA )
δγ
A’  0 
 
δy = eδθ ( cosθ + sinθ tgϕ ) 
 0 
A  

G’1
G1
O δθ
X

Figura 32 – Campo de deslocamentos virtuais (I).

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 233

d) Equação de movimento
A equação de movimento pode ser simplificada, atendendo a que

δG2 = δG3 = δB = δC

e logo
• • • 
uur uuur  r uur  uuur  r r uur uur uur uur uuu2r uuu3r  uuuur
 1 
RO • δ O + m1 g − Q • δ G1 + m2 g + m3 g + FK + FR + RB + RC − Q − Q • δ G2 +
   
   
r uuur uur uuuur uur
+  Mm k − K G1 1  • δθ − K G2 2 • δγ = 0
 

Substituindo todos os vetores na equação de movimento obtém-se

ROX  0   0   −e sin θ δθ  −θ&& sin θ − θ&2 cos θ  −e sin θ δθ 


           
ROY  • 0  +  −m1 g  •  e cos θ δθ  − m1e  θ&&cos θ − θ& sin θ  •  e cos θ δθ  +
2

 0  0   0   0   0   0 
           

 RBX + RCX   0 
   
+  −m2 g − m3 g − −K e (1 + sin θ ) − ( R + r )(1 − cos ϕ )  − FR  • e δθ ( cos θ + sin θ tgϕ ) +
   0 
 0   

 0   0 
  
( ) (
− ( m2 + m3 ) e θ&& cos θ − θ&2 sin θ − (R + r) ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ

) 
 • eδθ ( cos θ + sin θ tgϕ )  +
  
0
 0   

 
     
0 0 0 0
       
 0 • 0
   − 0 •
  0 =0
 1 && δθ   2   sin θ 
 Mm − Iz1z1θ     −Iz2 z2 γ&& −
e
δθ 
 ( R + r ) cos ϕ 

Executando os produtos escalares obtém-se a seguinte expressão

&& − ( m g + m g + Ke (1 + senθ ) + F ) eδθ ( cosθ + sinθ tgϕ )


−m1ge cosθδθ − m1e 2θδθ 2 3 R

( )
− ( m2 + m3 ) e θ&& cosθ − θ&2 sinθ − (R + r) (ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ )  eδθ ( cosθ + sinθ tgϕ )

 sinθ 
(M )
− I1z1z1θ&& δθ − Iz22 z2 γ&&  −
e
δθ  = 0
 ( R + r ) cos ϕ
m

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234 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Simplificando a expressão anterior determina-se que

−m1ge cosθ − m1e 2θ&& −

− ( m2 g + m3 g + K e (1 + sinθ ) − ( R + r )(1 − cos ϕ )  + FR ) e ( cosθ + sinθ tgϕ )

( )
− ( m2 + m3 ) e θ&& cosθ − θ&2 sinθ − (R + r) (ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ )  e ( cosθ + sinθ tgϕ )

 sinθ 
(M )
− Iz11z1θ&& − Iz22 z2 γ&& −
e
=0
 ( R + r ) cos ϕ 
m

Agrupando os termos obtém-se, finalmente, a equação de movimento do sistema

e sinθ
Mm = Iz11z1θ&& + m1e 2θ&& − Iz22 z2 γ&& +
( R + r ) cos ϕ

( )
+ ( m2 + m3 ) e θ&& cosθ − θ&2 sinθ − (R + r) (ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ )  e ( cosθ + sinθ tgϕ )

+ ( m2 g + m3 g + K e (1 + sinθ ) − ( R + r )(1 − cos ϕ )  + FR ) e ( cosθ + sinθ tgϕ ) + m1ge cosθ

6.3.4 Forças de ligação entre os corpos 1 e 2 no ponto I

As forças de ligação entre os corpos 1 e 2 no ponto Ι são constituídas por:

• uma componente N normal à tangente comum aos dois discos no ponto Ι;

• uma componente T segundo a direção da tangente comum aos dois discos no


ponto Ι, responsável pela existência de rolamento sem escorregamento entre
os dois corpos.
De modo a ser possível determinar tais forças de ligação é necessário eliminar o
corpo 1 e substituir as suas ações sobre o corpo 2 pelas componentes N e T atrás referidas,
como se mostra na figura 33.
Nesta figura estão representadas todas as forças e momentos que atuam sobre o
“novo” sistema, quer sejam exteriores, interiores ou de inércia.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 235

Y Y
FR

C C
RC

FK

m3 aG3
B B
RB

G3 G3
m3 g

m2 aG2

T
A A
I I
KG2
ϕ ϕ
N R
m2 g
G1 G1

O O
θ X θ X

a) b)

Figura 33 - Diagrama de corpo livre do rolete + impulsor:


a) Forças e momentos exteriores;
b) Quantidades de aceleração e momentos dinâmicos.

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236 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

a) Determinação da componente T

A determinação da componente T pode ser obtida aplicando ao sistema o seguinte


campo de deslocamentos virtuais (ver figura 34):

• Imobilizar os corpos 2 e 3 impedindo a sua translação nas direções X e Y;

• Aplicar uma rotação virtual δ γ em torno do ponto A ao corpo 2.

O trabalho virtual realizado pelas forças e momentos exteriores, pelas forças e


momentos interiores e pelas forças e momentos de inércia, devido ao conjunto de
deslocamentos e rotações virtuais aplicado, é representado pela seguinte expressão:

δ W e + δ W i + δ W j = 0 , isto é ( δ W i = 0 )

r uuuur r uuuur uur uuuur uur uuuur uur uur uur uur
δ W e = m2 g • δ G2 + m3 g • δ G3 + FK • δ G3 + FR • δ G3 + RB • δ B + RC • δ C

r uur r uur
+N • δ I + T • δ I

•r
uuu •
uuuur uuuur uur uuur uuuur
δ W = − Q • δ G2 − K G 2 • δγ − Q 3 • δ G3
j 2 2

Note-se que o trabalho virtual das forças e momentos de inércia é igual e de sinal
contrário ao trabalho realizado pelas quantidades de aceleração e momentos dinâmicos.
A soma das três parcelas tem por resultado:

r r
m2 g • δG2 + m3 g • δG3 + FK • δG3 + FR • δG3 + RB • δB + RC • δC

• •
r r
+ N • δ I + T • δ I − Q 2 • δG2 − K G2 2 • δγ − Q • δG3
3
=0

a.1 Campo de deslocamentos e rotações virtuais

 0  0 
uuur   uuuur uuuur uur uur  
δγ =  0  δ G2 = δ G3 = δ B = δ C = 0 
−δγ  0 
   

0   0   r sin φ  −r δγ cos φ 


uur uuur uuur uur        
δ I = δ A + δγ x AI = 0  +  0  x −r cos φ  =  −r δγ sin φ 
0  −δγ   0   0 
       

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 237

uuuur uuuur uur uur r


Y Atendendo a que δ G2 = δ G3 = δ B = δ C = 0 , a

equação pode ser simplificada, obtendo-se


uur r uur uuur uur
N • δ I + T • δ I − K G2 2 • δγ = 0

−N sin ϕ  −rδγ cos ϕ 


   
 N cos ϕ  •  −rδγ sinϕ  +
 0   0 
   

−T cos ϕ   −rδγ cos ϕ   0   0 


       
+  −T sin ϕ  •  −rδγ sin ϕ  −  0  •  0  = 0
 0   0  −I 2 γ&& −δγ 
     z2 z2   

N sin ϕ rδγ cos ϕ − N cos ϕ rδγ sin ϕ +

+T cos ϕ rδγ cos ϕ + T sin ϕ rδγ sin ϕ −

−Iz22 z2 γδγ
&& = 0

T r = I z22 z2 γ&&

δγ
I z22 z2
A T = γ&&
I r

G1 Figura 34 –
O Campo de deslocamentos virtuais (II).
θ X

b) Determinação da componente N
A determinação da componente N pode ser obtida aplicando ao sistema o seguinte
campo de deslocamentos virtuais (ver figura 35):
• Imobilizar a rotação do corpo 2 em torno do ponto A;

• Aplicar um deslocamento virtual imaginário δy aos corpos 2 e 3.

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238 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

O trabalho virtual realizado pelas forças e


Y momentos exteriores, pelas forças e momentos
interiores e pelas forças e momentos de inércia,
devido ao conjunto de deslocamentos e rotações
virtuais aplicado, é representado pela seguinte
expressão:

δ W e + δ W i + δ W j = 0 , isto é ( δ W i = 0 )

r uuuur r uuuur uur uuuur


δ W e = m2 g • δ G2 + m3 g • δ G3 + FK • δ G3 +

uur uuuur uur uur uur uur r uur r uur


+ FR • δ G3 + + RB • δ B + RC • δ C + N • δ I + T • δ I
•r
uuu •
uuuur uuuur uur uuur uuuur
δ W = − Q • δ G2 − K G 2 • δγ − Q 3 • δ G3
j 2 2

A soma das três parcelas tem por resultado:

r uuuur r uuuur uur uuuur uur uuuur


m2 g • δ G2 + m3 g • δ G3 + FK • δ G3 + FR • δ G3 +

•r
uur uur uur uur r uur r uur uuu uuuur
+ RB • δ B + RC • δ C + N • δ I + T • δ I − Q 2 • δ G2 −
A’

δy uuur uur uur •


uuuur
−K G 2 • δγ − Q 3 • δ G3 = 0
2

A
I
b.1 Campo de deslocamentos e rotações
ϕ
virtuais

G1 0  0
uur   uuuur uuuur uur uur uur  
δγ = 0  δ G2 = δ G3 = δ B = δ C = δ I = δ y 
O 0  0
   
θ X

Figura 35 –
Campo de deslocamentos virtuais (III).

Aplicando o campo de deslocamentos virtuais à equação dos Trabalhos Virtuais


determina-se que

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 239

• •
 r r uur uur uur uur r r uuur2 uur3  uuur
 m2 g + m3 g + FK + FR + RB + RC + N + T − Q − Q  • δ y = 0
 
 

 RBX + RCX   0   −N sin ϕ   0 


       
 −m2 g − m3 g − K e (1 + sin θ ) − ( R + r )(1 − cos ϕ )  − FR  • δ y  +  N cos ϕ  • δ y 
       
 0  0  0  0

−T cos ϕ   0   0  0


   

 0
  
 0

( ) (
+  −T sin ϕ  • δ y  − ( m2 + m3 ) e θ&&cos θ − θ&2 sin θ − (R + r) ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ

)  • δ y  = 0
 0
     0   

N cos ϕ − T sin ϕ − m2 g − m3 g − K e (1 + sinθ ) − ( R + r )(1 − cos ϕ )  − FR −

( )
− ( m2 + m3 ) e θ&& cosθ − θ&2 sinθ − (R + r) (ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ )  = 0

N=
1
cos ϕ
{T sinϕ + m2 g + m3 g + K e (1 + sinθ ) − ( R + r )(1 − cos ϕ ) + FR +

( )
+ ( m2 + m3 ) e θ&& cosθ − θ&2 sinθ − (R + r) (ϕ&& sin ϕ + ϕ& 2 cos ϕ )  }

6.3.5 Reação no ponto O


A reação no ponto O tem duas componentes ROX e ROY.
De modo a ser possível determinar tais componentes da reação é necessário isolar o
corpo 1 e substituir as ações do corpo 2 sobre o corpo 1 pelas componentes N e T
calculadas no parágrafo anterior, como se mostra na figura 36.
Nesta figura estão representadas todas as forças e momentos que atuam sobre o “novo”
sistema, quer sejam exteriores, interiores ou de inércia.

a) Determinação da componente ROX

A determinação da componente ROX pode ser obtida aplicando à came o seguinte


campo de deslocamentos virtuais (ver figura 37):
• Imobilizar a rotação do corpo 1 em torno do ponto O;

• Aplicar um deslocamento virtual imaginário δx ao corpo 1.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


240 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

-N Y

-T A
I I

ϕ ϕ
R R
m1 aG1
G1 G1
O O
ROX θ X θ X
Mm
m1 g
KG1
ROY

a) b)

Figura 36 - Diagrama de corpo livre da came: a) forças e momentos exteriores;


b) quantidades de aceleração e momentos dinâmicos.

O trabalho virtual realizado pelas forças e momentos exteriores, pelas forças e


momentos interiores e pelas forças e momentos de inércia, devido ao conjunto de
deslocamentos e rotações virtuais aplicado, é representado pela seguinte expressão:

δ W e + δ W i + δ W j = 0 , isto é ( δ W i = 0 )

r uuur uur uuur ur uur ur uur uuur uur


δ W e = m1 g • δ G1 + RO • δ O − T • δ I − N • δ I + Mm • δθ

uur uuur uuur uur
δ W = − Q 1• δ G1 − K G1 1 • δθ
j

A soma das três parcelas tem por resultado:



r uuur uur uuur ur uur ur uur uuur uur uur1 uuur uuu r uur
m1 g • δ G1 + RO • δ O − T • δ I − N • δ I + Mm • δθ − Q • δ G1 − K G1 • δθ = 0
1

a.1 Campo de deslocamentos e rotações virtuais

0  δ x 
uuur   uuur uuur uur  
δθ = 0  δ O = δ G1 = δ I =  0  .
0   0 
   

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 241

Aplicando o campo de
Y
deslocamentos virtuais à equação dos

A Trabalhos Virtuais determina-se que


I •
 r uur ur ur uur  uur
 m1g + RO − T − N − Q 1  • δ x = 0
 
ϕ  
R
 ROX   N sin ϕ  T cos ϕ 
G1      
 −m1 g + ROY  + −N cos ϕ  +  T sin ϕ 
  0   0   0 
O θ      

δx O’ X −θ&& sin θ − θ&2 cos θ  δ x 


   
−m1 e  θ&&cos θ − θ&2 sin θ  •  0  = 0
 0   0 
   

Figura 37 - Campo de deslocamentos virtuais (IV).

(
ROX + N sin φ + T cos φ + m1 e θ&& sin θ + θ&2 cos θ = 0 )
(
ROX = − N sin φ − T cos φ − m1 e θ&& sin θ + θ&2 cos θ )

b) Determinação da componente ROY

A determinação da componente ROY pode ser obtida aplicando à came o seguinte


campo de deslocamentos virtuais:
• Imobilizar a rotação do corpo 1 em torno do ponto O;

• Aplicar um deslocamento virtual imaginário δy ao corpo 1.

O trabalho virtual realizado pelas forças e momentos exteriores, pelas forças e


momentos interiores e pelas forças e momentos de inércia, devido ao conjunto de
deslocamentos e rotações virtuais aplicado, é representado pela seguinte expressão:

δ W e + δ W i + δ W j = 0 , isto é ( δ W i = 0 )

r uuur uur uuur ur uur ur uur uuur uur


δ W e = m1 g • δ G1 + RO • δ O − T • δ I − N • δ I + Mm • δθ


uur uuur uuur uur
δ W = − Q 1• δ G1 − K G1 1 • δθ
j

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242 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

A soma das três parcelas tem por resultado:



r uuur uur uuur ur uur ur uur uuur uur uur1 uuur uuu r uur
m1 g • δ G1 + RO • δ O − T • δ I − N • δ I + Mm • δθ − Q • δ G1 − K G1 1 • δθ = 0

b.1 Campo de deslocamentos e rotações virtuais

Y 0 
uur  
δθ = 0 
A 0 
 
I
0
uuur uuur uur  
ϕ δ O = δ G1 = δ I = δ y 
O’ 0
R  

δy G1

O θ Figura 38 –
X Campo de deslocamentos virtuais (V).

Aplicando o campo de deslocamentos virtuais à equação dos Trabalhos Virtuais


determina-se que

 r uur ur ur uur  uuur
 m1 g + RO − T − N − Q 1  • δ y = 0
 
 

 ROX   0   N sin φ   0  T cos φ   0 


           
− m1 g + ROY  • δ y  +  −N cos φ  • δ y  +  T sin φ  • δ y  −
 0  0  0  0  0  0
           

 − θ&& sin θ − θ&2 cos θ  0


   
−m1 e  θ&&cos θ − θ&2 sin θ  • δ y  = 0
 0  0
   

(
ROY − m1 g − N cos φ + T sin φ − m1 e θ&&cos θ − θ&2 sin θ = 0 )
(
ROY = m1 g + N cos φ − T sin φ + m1 e θ&&cos θ − θ&2 sin θ )

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 243

7 PROBLEMAS PROPOSTOS

Problema TE1
A

θ
E

l1

l2
B

A figura representa um mecanismo constituído por uma barra cuja extremidade


superior A se desloca numa guia horizontal e cujo ponto intermédio B é forçado a
deslocar-se na direção vertical.

A extremidade inferior D está permanentemente submetida à ação de uma mola de


rigidez k constante.

Ao ponto B está ligado o êmbolo de um cilindro hidráulico, o qual aplica uma força
F, constante, durante o movimento de descida do êmbolo e uma força nula no seu
movimento em sentido inverso.

Considere apenas a massa da barra AD, suposta uniformemente distribuída ao longo


do seu comprimento. Suponha que todas as ligações são perfeitas.

Considere também a existência de uma deformação inicial da mola que estabelece


o equilíbrio do sistema em repouso.

Aplicando o Teorema do Trabalho e Energia, determine:

a) A constante elástica da mola, de modo que no final do percurso de descida a


velocidade angular da barra seja nula;

b) A velocidade angular da barra, quando esta atingir novamente a posição inicial,


definida por θ = θ0.

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244 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Problema TE2

y 1
3
2

R A
B k
θ r
O
β x

Mm
C

O ≡ G1, B ≡ G3

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1 - Um disco de massa m1, que roda em torno do eixo Z0 com velocidade angular

θ& e aceleração angular θ&& , acionado pelo momento motor Mm constante;

Corpo 2 - Um braço de comprimento l , de massa e inércia desprezáveis, articulado em A


com o corpo 1 e em B com o corpo 3;

Corpo 3 - Um disco de raio r e massa m3, que rola sem escorregar sobre o plano
horizontal, no ponto C, e está ligado ao exterior por uma mola de rigidez K;
considere que para θ = 0 a deformação da mola é nula.

Suponha conhecidas as massas dos corpos 1 e 3, e as respetivas matrizes de inércia


em relação a eixos principais centrais de inércia.

a) Determine a equação de movimento do sistema, aplicando o Teorema dos Trabalhos


Virtuais;

b) Escreva as equações de trabalhos virtuais que permitem determinar as forças de


ligação ao exterior no ponto O, e determine o campo de deslocamentos virtuais
aplicado;

c) Escreva as equações de trabalhos virtuais que permitem determinar as forças de


ligação ao exterior no ponto C, e determine o campo de deslocamentos virtuais
aplicado;

d) Admitindo que o sistema parte do repouso, da posição θ = 0, e aplicando o Teorema

do Trabalho e Energia, determine a velocidade angular do corpo1 quando θ = π/2.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 245

Problema TTV1
y
H
K
B

A
L θ
r
G1 1 Fr
O G2 x
Mm

R 2
O sistema mecânico K
representado na figura é C
constituído por:

Corpo 1 - Um braço de massa m1, que roda em torno do ponto O fixo com velocidade

angular θ& e aceleração angular θ&& , acionado pelo momento motor Mm

conhecido. Suponha conhecida a matriz de inércia do corpo 1 em relação a


eixos principais centrais de inércia;

Corpo 2 - Uma corrediça, de massa m2, que translada horizontalmente sobre duas guias;

a corrediça está ligada ao corpo 1 no ponto A através de um pino e ao exterior


por duas molas iguais de rigidez K, estando submetida à ação da força
resistente Fr conhecida. Considere que para θ = 0 a deformação das molas ∆ é
conhecida.

Considere a existência de atrito entre o pino e o rasgo do corpo 2, sendo µ o


correspondente coeficiente de atrito. Considere as restantes ligações perfeitas.
Determine:

a) A equação de movimento do sistema, aplicando o Teorema dos Trabalhos Virtuais;

b) As forças de ligação ao exterior no ponto O, aplicando o Teorema dos Trabalhos


Virtuais;

c) A velocidade angular do corpo 1 quando θ = π/2, admitindo que o sistema parte do

repouso, da posição θ = 0, e aplicando o Teorema do Trabalho e Energia (considere


Mm e Fr constantes).

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246 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Problema TTV2

G1 FR
A B

C
a G2 P
G3
M
m
θ
O
b
D
d
c
OG2 = l
E
OC = 2 l
OG3 = h
G4 PG4 = 2 h

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1 - Uma barra de massa m1, que translada horizontalmente e sobre a qual atua
uma força resistente; a barra está ligada ao corpo 2 no ponto C através de
um pino deslizante;

Corpo 2 e 3 - Duas barras rigidamente ligadas entre si, respetivamente de massas m2 e

m3, que rodam em torno do ponto O fixo com velocidade angular θ& e

aceleração angular θ&& , sob a ação do momento motor Mm; a barra 3 está
ligada ao corpo 4 no ponto P através de um pino deslizante;

Corpo 4 - Uma barra de massa m4, que translada verticalmente.

Suponha conhecida a matriz de inércia de cada corpo em relação a eixos principais


centrais de inércia. Considere todas as ligações perfeitas.

Aplicando o Teorema dos Trabalhos Virtuais, determine:

a) A equação de movimento do sistema;

b) As forças de ligação ao exterior no ponto O;

c) As forças de ligação ao exterior nos apoios D e E.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 247

Problema TTV3

θ Y

2 1
A
O X

ϕ M r
M
B
O ≡ G1
h B ≡ G3
3
OA = r
FC AB = 2 a
AG2 = a

O sistema mecânico (serrote mecânico) representado na figura é constituído por:

Corpo 1: um disco, de raio R e massa m1, que roda em torno do ponto O fixo com

velocidade angular θ& e aceleração angular θ&& , submetido à ação do momento


motor constante M conhecido;

Corpo 2: uma barra AB, de comprimento 2a e massa m2, articulada em A com o corpo 1
e em B com o corpo 3;

Corpo 3: um cursor de massa m3, com movimento imposto pela guia horizontal, e
submetido à ação da força de corte constante FC conhecida.

Considere a massa e a inércia de todos os corpos, admitindo conhecidas as matrizes de


inércia de todos os corpos em relação a sistemas de eixos principais centrais de inércia.
Suponha que todas as ligações são perfeitas.

a) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine a equação de movimento do


sistema aplicando o Teorema dos Trabalhos Virtuais;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine as forças de ligação ao exterior


no ponto O aplicando o Teorema dos Trabalhos Virtuais;

c) Determine a velocidade do ponto B quando θ = π/2, admitindo que o sistema parte


do repouso a partir da posição θ = 0, aplicando o Teorema do Trabalho e Energia.

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248 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Problema TE3
R2

r
R1

Q I

P
R3
B

h
0

O sistema de elevação representado na figura é constituído por:

Corpo 1 um motor de massa e inércia desprezáveis, que desenvolve um binário motor


constante Mm; no motor está montada uma roda dentada com um raio primitivo
R1 que engrena com o corpo 2;

Corpo 2 uma roda dentada de raio primitivo R2, que engrena com o corpo 1, acoplada a
um tambor de raio r, com massa m2 e raio de giração Rg, sobre o qual se enrola
um cabo inextensível que sustenta o corpo 3;

Corpo 3 uma roldana móvel, de massa e inércia desprezáveis, com raio R3, que sustenta
o corpo 4;

Corpo 4 uma massa m4, que se pretende movimentar na vertical.

Aplicando o Teorema do Trabalho e Energia, determine a velocidade do corpo 4,


quando este parte do repouso, após ter subido uma altura h0. Calcule a velocidade do
corpo 4 nas seguintes condições:
Mm = 75 Nm m2 = 20 kg Rg = 0.12 m m4 = 15 kg

R1 = 0.075 m R2 = 0.20 m r = 0.10 m R3 = 0.05 m h0 = 1.50 m

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 249

Problema TE4

corpo 2
corpo 1

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1 - Um contrapeso de massa m1, que translada verticalmente com velocidade s& e
aceleração s&& por ação da gravidade, e está suspenso de um cabo inextensível
que contacta sem escorregar o corpo 2;

Corpo 2 - Uma roldana móvel de raio R e massa m2, que roda em torno de um eixo

horizontal com velocidade angular θ& e aceleração angular θ&& e pode


transladar na vertical.

Suponha conhecidas as matrizes de inércia de todos os corpos, em relação a eixos


principais centrais de inércia. Aplicando Teorema dos Trabalhos Virtuais, determine:

a) A equação diferencial do movimento do sistema, num qualquer instante do


movimento de descida do contrapeso;

b) A tensão em cada um dos tramos do cabo que contacta com o disco.

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250 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Problema TE5

y0

y2 , y1 1

x0
O
x1
θ
l x2
2
G1

B
A

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1: um braço de massa m1, que oscila em torno do ponto O com velocidade angular

θ& e aceleração angular θ&& , sob a ação do momento motor Mm;

Corpo 2: um cursor de massa m2, que pode deslizar na guia radial do corpo 1 e rodar em
relação ao corpo 3;

Corpo 3: outro cursor de massa m3, com movimento imposto pela guia horizontal, e
submetido à ação da mola de rigidez K;

Considere a massa e a inércia dos três corpos, e suponha que todas as ligações são
perfeitas, e que a deformação da mola é nula para θ = 0. Usando o Teorema dos Trabalhos
Virtuais, determine:

a) A equação de movimento do sistema;

b) As reações no ponto O;

O sistema está em repouso na posição vertical θ = 0, quando lhe é aplicado o


momento motor Mm constante. Usando o Teorema da Energia Mecânica Total, determine:

c) A velocidade do corpo 3 quando θ = 30º.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec– FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 251

Problema TE6

O sistema mecânico representado na figura é constituído


por:

Corpo 1: uma barra OA, de comprimento l e massa m1,


FM que roda em torno do ponto O fixo com velocidade

B G3 angular θ& e aceleração angular θ&& ; a mola de torção K


(Nm/rad) exerce sobre a barra OA um momento de
G2
módulo k|θ| (Nm).

Corpo 2: uma barra AB, de comprimento l e massa m2,


A y articulada em A com o corpo 1 e em B com o corpo 3;
G1 θ
Corpo 3: um cursor de massa m3, com movimento
O imposto pela guia vertical, e submetido à ação da força

k x motora constante FM;

Considere a massa e a inércia de todos os corpos, e admita conhecidas as matrizes de


inércia de ambos os corpos em relação a sistemas de eixos principais centrais de inércia.

Suponha que todas as ligações são perfeitas. O sistema inicia o movimento a partir da
posição θ = 0, posição em que a mola de torção não apresenta qualquer deformação,
movendo-se o ponto A para a esquerda.

a) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine a equação de movimento do


sistema aplicando o Teoremas dos Trabalhos Virtuais;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine as forças de ligação ao exterior


no ponto O aplicando o Teoremas dos Trabalhos Virtuais;

c) Determine o módulo da velocidade angular da barra OA em função de θ, admitindo


que o sistema parte do repouso da posição θ = 0, aplicando o Teorema do Trabalho
e Energia.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


252 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Problema TE7

Y
2 3
B O ≡ G1
G2 B ≡ G3
A OA = a
1 β K
AG2 = G2B = b
M1
θ

O L X

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1: um disco de massa m1, que roda em torno do ponto O fixo com velocidade

angular θ& e aceleração angular θ&& , acionado pelo Momento Motor M1


conhecido;

Corpo 2: uma barra AB, de comprimento 2b e massa m2, articulada em A com o corpo 1
e em B com o corpo 3;

Corpo 3: um cursor de massa m3, com movimento imposto pela guia vertical, e
submetido à ação da força de uma mola de rigidez K (N/m); quando θ = 0 a
deformação da mola é nula.

Considere a massa e a inércia de todos os corpos e admita conhecidas as suas matrizes de


inércia em relação a sistemas de eixos principais centrais de inércia. Suponha que todas as
ligações são perfeitas.

a) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine a equação de movimento do


sistema aplicando o Teorema dos Trabalhos Virtuais;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine as forças de ligação ao exterior


no ponto 0 e na ligação entre o cursor e a guia vertical, aplicando o Teorema dos
Trabalhos Virtuais;

c) Determine o módulo da velocidade angular da barra AB quando θ = π/2, admitindo


que o sistema parte do repouso da posição θ = 0º, aplicando o Teorema do
Trabalho e Energia.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec– FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia 253

Problema TE8

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1: um disco de massa m e de raio R, que rola sem escorregar relativamente ao


exterior, acionado pelo momento motor Mm;

Corpo 2: Um disco de massa m e de raio R, que rola sem escorregar relativamente ao


exterior e que está ligado ao corpo 3, no ponto D, por uma articulação plana;

Corpo 3: Uma barra CD, de comprimento 2l e de massa M, articulada em C com o corpo


1 e em D com o corpo 2.

Considere a massa e a inércia de todos os corpos e admita conhecidas as matrizes de


inércia em relação a sistemas de eixos principais centrais de inércia.

Suponha que todas as ligações são perfeitas. O sistema inicia o movimento a partir da
posição θ = 0, posição em que a mola não apresenta qualquer deformação, movendo-se o
ponto A para a direita.

a) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine a equação de movimento do


sistema aplicando o Teorema dos Trabalhos Virtuais;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine as forças de ligação entre o


corpo 1 e o corpo 3 aplicando o Teorema dos Trabalhos Virtuais;

c) Considerando o momento motor constante, determine a velocidade angular do


corpo 2, quando pela 1ª vez a barra, corpo 3, atingir a sua posição mais baixa,
aplicando o Teorema do Trabalho e Energia.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


254 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Trabalho e Energia

Problema TE9

y
OA=2a OG1=a
C AB=3a BG2=4a
AC=5a G3=B

A 2
1
M
k
θ, θ&, &θ& ϕ, ϕ&, ϕ
&& x
b B

O sistema mecânico representado na figura é constituído por:

Corpo 1: uma barra OA, de comprimento 2a e massa m1, que roda em torno do ponto O

fixo com velocidade angular θ& e aceleração angular θ&& , acionada pelo
momento motor constante M conhecido;

Corpo 2: uma barra BC, de comprimento 8a e massa m2, articulada em A com o corpo 1
e em B com o corpo 3;

Corpo 3: um cursor de massa m3, com movimento imposto pela guia horizontal, e
submetido à ação da força da mola de rigidez K.

Considere a massa e a inércia de todos os corpos e admita conhecidas as matrizes de


inércia de todos os corpos em relação a sistemas de eixos principais centrais de inércia.

Suponha que todas as ligações são perfeitas. O sistema inicia o movimento a partir da
posição θ = 0, posição em que a mola não apresenta qualquer deformação.

a) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine a equação de movimento do


sistema aplicando o Teorema dos Trabalhos Virtuais;

b) Represente o Diagrama de Corpo Livre e determine as forças de ligação na


articulação A (ligação entre os corpos 1 e 2) aplicando o Teorema dos Trabalhos
Virtuais;

c) Admitindo que o sistema parte do repouso da posição θ = 0, determine o módulo da

velocidade angular da barra OA quando θ = π


2 , aplicando o Teorema do Trabalho
e Energia.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec– FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA do CORPO RÍGIDO
IMPULSO e QUANTIDADE de MOVIMENTO

Jorge Humberto Oliveira Seabra


Carlos Alberto Magalhães Oliveira
José Fernando Dias Rodrigues
Pedro Manuel Leal Ribeiro
Pedro Manuel Ponces Camanho
Marcelo Francisco de Sousa Ferreira de Moura
José Pedro Arteiro Reina

Departamento de Engenharia Mecânica – Secção de Mecânica Aplicada

7ª Edição - Maio de 2020


ii DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

ÍNDICE:

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento iii

1 MOVIMENTO DE UM PONTO MATERIAL 255


1.1 Impulso linear 255
1.2 Impulso angular 256

2 MOVIMENTO DE UM SISTEMA DE PONTOS MATERIAIS 257


2.1 Impulso linear 257
2.2 Impulso angular 258

3 CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO 258

4 MOVIMENTO PROVOCADO POR UMA FORÇA IMPULSIVA 259


4.1 Aplicação do teorema do impulso e da quantidade de movimento 259

5 CHOQUE OU IMPACTO 261


5.1 Choque central direto 261
5.1.1 Modelização do choque central direto entre duas partículas materiais 262
5.1.2 Coeficiente de restituição 264
5.1.3 Choques perfeitamente elástico e perfeitamente plástico 266
5.1.4 Formulação do problema de choque central direto 267
5.2 Choque central oblíquo 268
5.2.1 Formulação do problema de choque central oblíquo 268
5.2.2 Aplicação do modelo de choque central oblíquo 270
5.3 Choque excêntrico 272
5.3.1 Choque excêntrico de dois corpos livres 272
5.3.2 Choque excêntrico de dois corpos ligados ao exterior 275
6 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO 277
6.1 Variação da quantidade de movimento linear 277
6.2 Conservação da quantidade de movimento linear 278
6.3 Conservação da quantidade de movimento angular numa direção 280
6.4 Choque central oblíquo 281
6.5 Choque excêntrico de um corpo livre 283
6.6 Choque excêntrico de um corpo com ligação ao exterior 287

7 PROBLEMAS PROPOSTOS 291

Disciplina de MECÂNICA III - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


iv DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 255

DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO


IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO

1 MOVIMENTO DE UM PONTO MATERIAL

1.1 Impulso linear

No capítulo anterior, fez-se uma aplicação direta da Equação Fundamental da


Dinâmica (2ª lei de Newton), na sua forma diferencial. Há situações, porém, que são mais
facilmente analisadas, utilizando a referida equação fundamental numa forma
previamente integrada em ordem ao tempo.
Efetuando tal integração, a Equação Fundamental toma a seguinte forma:

r r r r
r dv r
F = m a ⇔ F = m  F dt = m dv (1)
dt

t
r v
r
r
 F
t0
dt = v0 m dv
r (2)

uur uuur
( )
r r uur
F dt = m  v t − v t0  = m v − v 0
t
 t0 (3)
 
Da equação (3) resultam três equações escalares,
t
(
 t0 Fx dt = m v x − v 0 x )
F dt = m ( v )
t
 t0 y y − v 0y

F dt = m ( v )
t
 t0 z z − v 0z (4)

Disciplina de MECÂNICA III - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


256 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

r
Designa-se por impulso linear de uma força F , que atua durante o intervalo de
tempo t0 , t sobre determinado ponto material, à grandeza vetorial definida por

t
r
 dt .
F
t0

Da equação (3) resulta que esse impulso linear é sempre igual à variação sofrida
nesse intervalo de tempo, pelo vetor quantidade de movimento linear do ponto material
sobre o qual atua a força.

→ t r r r
Imp = q − q0 = ∆ q (5)
t0

1.2 Impulso angular

Calculando o momento em relação a determinado ponto fixo, da força que atua


num ponto material, obtém-se
uuur uuur r d → r
MO = OP × m a =  OP × m v 
dt   (6)

uuur d uur
MO = hO (7)
dt

Integrando em ordem ao tempo a equação (6), determina-se que


r
t uuur H ot uur
(8)
 t0
MO dt =  rt
H o0
d hO

t uuur uur uur


 t0
MO dt = hOt − hOt0 (9)

Da equação (9) resultam três equações escalares,

t 0
 t0 MOx dt = hOx − hOx
t 0
 t0 MOy dt = hOy − hOy
t 0
 t0 MOy dt = hOz − hOz (10)

Designa-se impulso angular de uma força, em relação a determinado ponto fixo,


t
uuur
durante um intervalo de tempo t0 , t , à grandeza vetorial definida por  MO dt .
t0

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 257

Da expressão (9) resulta que o impulso angular é sempre igual à variação sofrida
pelo vetor momento cinético do ponto material em questão, calculado relativamente ao
mesmo ponto usado para pólo no cálculo do momento da força.
Designando o vetor momento cinético por quantidade de movimento angular, é
possível enunciar o princípio (generalizado) do impulso e quantidade de movimento.

"O impulso, linear ou angular, de uma força (ou sistema de forças) que atua
durante determinado intervalo de tempo sobre um ponto material, é sempre
igual à variação da quantidade de movimento, linear ou angular, que produz".

Se sobre o ponto material em questão atuar um sistema de forças, o impulso desse


sistema será a soma dos impulsos das diversas forças que o constituem.

2 MOVIMENTO DE UM SISTEMA DE PONTOS MATERIAIS

A generalização para um sistema de pontos materiais (discreto ou contínuo), é


imediata.

2.1 Impulso linear

O Teorema do Movimento do Centro de Massa, estipula que

uuuuur
( )
uur d uur
Σ F ext = M aG = M vG
dt (11)

Por integração em ordem ao tempo, resulta


uuuur r uur
t vG
t0 Σ F dt
ext
=M v0G dvG
r
(12)

uuuur uur uuur ur uuur uuur


t
t0 Σ F dt
ext
( )
= M vG − v0G = Q − Q 0 = ∆Q (13)

Num sistema de pontos materiais, o impulso linear das forças a ele aplicadas, é
igual à variação da quantidade de movimento linear que produz.

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258 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

2.2 Impulso angular

Partindo agora da equação do Teorema do Momento Cinético, obtém-se, por


integração no tempo
uuuuur d uuur
Σ MOext = HO (ponto O fixo) (14)
dt
uuuuur uuur uuur uuur uuuur
t t
t0 Σ MOext dt = t d HO = HO − HO0 = ∆ HO
0
(15)

Estabelece-se, assim, a igualdade entre o impulso angular das forças exteriores


aplicadas e a variação do momento cinético que produzem.
O princípio do impulso e quantidade de movimento, para um sistema de pontos
materiais qualquer, exprime a igualdade entre o impulso (linear ou angular) de todas as
forças exteriores aplicadas a esse sistema e a variação da quantidade de movimento
(linear ou angular) que produz.

3 CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO

Se nenhuma força atua, ou se é equivalente a zero, o sistema de forças que atuam


sobre um ponto ou sistema de pontos materiais, o impulso dessas forças será
necessariamente nulo. E, em consequência, será nula a variação da quantidade de
movimento,
Retomando as equações (13) e (15), obtém-se que
uuuur r uuur r uur uuur
t
t0 Σ F ext dt = 0  ∆Q = 0 ⇔ Q t = Q t0 (16)

uuuuur r uuuur r uuur uuur


t t
t0 Σ MOext dt = 0  ∆HO = 0 ⇔ H Ot = H O0 (17)

É então possível enunciar o princípio da conservação da quantidade de movimento:

"Num ponto ou sistema material isolado ou submetido à ação de um sistema de


forças equivalente a zero, a quantidade de movimento (linear e angular)
permanece constante".

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 259

4 MOVIMENTO PROVOCADO POR UMA FORÇA IMPULSIVA

Há situações em que uma força muito grande pode atuar durante um pequeno
intervalo de tempo sobre um ponto material, produzindo variação considerável na
respetiva quantidade de movimento. Tal força, é habitualmente designada força
impulsiva.
Em presença de forças impulsivas, o efeito das restantes forças pode, em geral, ser
desprezado (caso do peso próprio, força exercida por uma mola, etc.).

4.1 Aplicação do teorema do impulso e da quantidade de movimento

A arma, representada na figura 1, tem uma massa de 1340 kg, está em repouso
sobre o solo e não possui mecanismo de absorção do choque.

Figura 1 – Disparo de um canhão.

Quando é disparada a arma pode recuar livremente na direção horizontal, lançando


munições de 8 kg com uma velocidade inicial de 450 m/s e com uma inclinação de 30º em
relação à horizontal. Após o disparo a munição demora 5 ms para abandonar a câmara de
explosão. Determinar i) a velocidade de recuo da arma e ii) a resultante das forças
verticais exercidas pela arma sobre o solo.

Na figura 2 estão representadas as forças impulsivas que atuam sobre a arma e


sobre a munição e as correspondentes quantidades de movimento.

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260 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

Atendendo ao Princípio da Ação e Reação, a Força Impulsiva que atua sobre a


munição é igual e de sinal contrário à Força Impulsiva que atua sobre a arma, isto é,
ur ur,
F = −F

Y Y
uur
mB v B ur , uur
30º 30º F mA v A
X X
ur
F

Figura 2 – Forças impulsivas e quantidades de movimento da arma e da munição.

Por outro lado, o Teorema do Impulso e Quantidade de Movimento estabelece que

uur t ur uur
mB v B0 +  F dt = mB v B ,
t0

uur r
mas v B0 = 0 , logo

t ur uur t


0
F dt = m v
B B   F dt = m
0
B vB  F t = mB v B

(a força impulsiva e a velocidade têm a mesma direção), pelo que

mB v B 8 × 450
F = = −3
= 720 × 103 N
t 5 × 10

Analisando o que acontece à arma e recorrendo novamente ao Teorema do Impulso


e Quantidade de Movimento pode-se escrever que
uur t ur, uur
mA v A0 +  F dt = mA v A
t0

uur r
mas v A0 = 0 , logo

t ur , uur

0
F dt = m v
A A

Como a força impulsiva é constante no intervalo de tempo considerado

t ur , uur ur, uur



0
dt F = m v
A A  F t = mA v A , isto é

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 261

 cos 30º  mAv A 


   
F , t − sin 30º  =  0 
 0   0 
   

F , t cos 30º
F , t cos 30º = mAv A  vA =
mA

720 ×10 3 × 5 × 10 −3 × cos 30º


vA = = 2.327 m/s
1350

A resultante das forças verticais exercidas sobre o solo é definida por

R = F , sin 30º = 720 × 10 3 × 0.5 = 360 × 10 3 N

5 CHOQUE OU IMPACTO

Diz-se que há choque ou impacto entre dois corpos, quando, durante um intervalo
de tempo muito curto, eles contactam entre si, exercendo um sobre o outro forças
relativamente grandes.

5.1 Choque central direto

Diz-se que há choque direto entre dois corpos, quando eles se movem ao longo da
normal à superfície que vai ser tangente comum, durante o choque. Esta normal é
habitualmente designada linha de choque.
A figura 3 exemplifica o caso do choque central direto entre duas partículas.
r
v '2
Linha de choque
r G2 G2
v2

r Tangente comum
v1

G1 r G1
v1'

a) Antes do choque b) Após o choque

Figura 3 - Choque central direto entre duas partículas.

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262 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

Se os centros de massa desses dois corpos estão situados sobre linha de choque,
este designa-se por choque central. Em contraposição ao choque direto, ocorre o choque
oblíquo, e todo o choque que não é central, diz-se excêntrico.

5.1.1 Modelização do choque central direto entre duas partículas materiais

O choque central direto, como se mostra na figura 4, pode ser dividido em três
fases: antes do impacto, no instante de máxima deformação e após o impacto.

uuur uuur
t t
v10 v 20

t<to, antes do choque

r
u

t=t*, máxima deformação

uur uur
t t
v11 v 21

t>t1, após o choque

Figura 4 – Modelização do choque entre duas partículas materiais.


uuur uuur uur uur
t0 t0 t t
v1 e v 2 são as velocidades imediatamente antes do choque, enquanto v11 e v 21
r
representam as velocidades dos corpos 1 e 2 imediatamente após o choque. u , representa
a velocidade comum dos dois corpos no instante t*.

Antes do impacto ou choque a quantidade de movimento do sistema formado pelas


duas partículas materiais é definido por
uuur uuur uuur
t0 t0 t
Q = m1 v1 + m2 v 20 (18)

O choque entre as duas partículas tem uma duração designada por tempo de
colisão, definida por

∆t = t0 ,t1  (19)

sento t* ( t0 < t* < t1 ), o instante em que a deformação das duas partículas é máxima e as
r
suas velocidades iguais a u .

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 263

Após o impacto e consequente (ou não) separação das duas partículas a quantidade
de movimento do sistema é definida por
uuur uur uur
t t
Q t1 = m1 v11 + m2 v 21 (20)

A análise do choque entre as duas partículas materiais é habitualmente baseada nas


seguintes hipóteses:

1º O sistema material formado pelas duas partículas materiais, sendo um sistema


isolado, manterá constante a sua quantidade de movimento (global),
uuur uuur uuur uuur uur uuur
t0 t0 t
Q t0 = Q t1  m1 v1 + m2 v 2 = m1 v11 + m2 v t21 (21)

2º Durante o choque, cada um dos corpos sofre uma variação na sua quantidade
de movimento, devida à ação do outro corpo;
uuur uur uuur uuur
t0 t t0
m1 v1 ≠ m1 v11 m2 v 2 ≠ m2 v 2t1 (22)

3º O tempo de colisão t0 , t1 , pode considerar-se dividido em duas partes:

a) Fase de deformação t0 , t *  , durante a qual a força de contacto aumenta

desde zero até ao valor máximo;

b) Fase de restituição [t * , t1 ] , durante a qual a força de contacto diminui,

desde o valor máximo ocorrido no instante t * , até ao valor nulo que

ocorre no instante t1 em que os corpos se separam;

4º A força de contacto varia de forma diferente, durante estas duas fases, como
se mostra na figura 5. Há perdas de energia durante o choque, pelo que nem
toda a energia de deformação é restituída.

F Figura 5 - Evolução da força de contacto


durante o choque.
A1 - Medida do impulso durante a fase
A1
A2 de deformação;
A2 - Medida do impulso durante a fase

t de restituição;
t0 t* t1 A2 / A1 - Coeficiente de restituição.

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264 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

5º Designa-se por coeficiente de restituição e o parâmetro adimensional definido


pelo cociente entre a medida do impulso recebido por cada um dos corpos
durante a fase de restituição e a medida do impulso durante a fase de
deformação,

t
 t*1 F dt (23)
e=
t*
 t0 F dt

5.1.2 Coeficiente de restituição

Atendendo ao princípio do impulso e quantidade de movimento atrás introduzido,


pode-se dar um aspeto diferente à expressão de definição do coeficiente de restituição e.
A figura 6 exemplifica a variação da quantidade de movimento da partícula material 1
durante o período de colisão.

uuur r
t t*
uuur m1 u
m1 v10
t 21 dt
0
F

+ =

a) t0 < t < t*, período de deformação

r uur
m1 u uuur t
t m1 v11
t* F21 dt
+ =

b) t*< t < t1, período de restituição


Figura 6 – Variação da quantidade de movimento durante o tempo de colisão.

Assim, durante o período de deformação, t0 < t < t*, a variação da quantidade de


movimento da partícula material 1 pode ser definida por
uuur uuur r
t t*
m1 v10 + t F21 dt = m1 u . (24)
0

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 265

Durante o período de restituição, t* < t < t1, a variação da quantidade de


movimento da partícula material 1 pode ser definida por
r t uuur uur
t
m1 u + t*1 F21 dt = m1 v11 . (25)

Podem-se definir expressões análogas para a partícula material 2, respetivamente


uuur uuur r
t t*
m2 v 20 + t F12 dt = m2 u (26)
0

r t uuur uur
t
m2 u + t*1 F12 dt = m2 v 21 (27)

As expressões (24) e (25) permitem escrever

uuur r uuur
t* t
t0 F21 dt = m1 u − m1 v10 (28)

uuur uur r
t t
t*1 F21 dt = m1 v11 − m1 u (29)

Dividindo a equação (29) pela equação (28), obtém-se para a partícula material 1

r uur r
t1 t
 t* F21 dt m 1 v 11 − m 1 u
e= = uuur (30)
t * r r t
 t0 F21 dt m 1 u − m 1 v 10

Para a partícula material 2 obtém-se uma expressão idêntica

r uur r
t1 t
 t* F12 dt m 2 v 21 − m 2 u
e= = uuur (31)
t* r r t
 t0 F12 dt m 2 u − m 2 v 20

Note-se que implicitamente se refere o choque de duas partículas materiais (corpos


de dimensões desprezáveis), pelo que faz sentido falar de velocidade de cada um deles
(sem referir "campo de velocidades").
Das equações (30) e (31) resulta que
uur
 t1 r r uuut0
r
 v1 − u = e u − v1

 uur (32)
 t1 r r uuut0
r
 v2 − u = e u − v2

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266 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

isto é,
uur uuur r
 t1 t0
 v 1 + ev 1 = u (1 + e) (33)
 uur uuur r
 t1 t0
v
 2 + ev 2 = u (1 + e)

A partir das duas expressões da equação (33) (subtraindo a primeira da segunda) é


possível escrever uma nova expressão para definir o coeficiente de restituição e:
uur uur
t t
v 21 − v 11
(34)
e = uuur uuur
t t
v 10 − v 20

A expressão (34) define o Coeficiente de Restituição como o cociente entre a


medida da velocidade relativa de afastamento e a velocidade relativa de
aproximação dos dois corpos (de dimensões desprezáveis) que chocam.
Estas velocidades são consideradas nos instantes "imediatamente antes" e
"imediatamente após" o choque, respetivamente.
De modo a simplificar as expressões consideram-se as seguintes analogias:
uur uur uuur uur uur uur uuur uur
t t t t
v 11 = v 1' , v 10 = v 1 , v 21 = v '2 , v 20 = v 2
uur uur
v '2 − v 1'
e = uur uur
v1 − v 2

5.1.3 Choques perfeitamente elástico e perfeitamente plástico

O coeficiente de restituição é característico da natureza dos materiais que


constituem os corpos e da forma destes. O seu valor varia desde zero (choque
perfeitamente inelástico, em que não há qualquer restituição da energia de deformação)
até um (choque perfeitamente elástico, em que há restituição total da energia de
deformação).
No caso do choque perfeitamente elástico o valor do coeficiente de restituição é
igual a um. Logo, atendendo à expressão (34)
uur uur uur uur
e =1  v '2 − v1' = v1 − v 2 (35)

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 267

o que significa que a diferença de velocidades entre as partículas após o choque é igual à
uuur uuuur
diferença de velocidades entre as partículas antes do choque, ∆v ' = ∆v .

No caso do choque perfeitamente plástico o valor do coeficiente de restituição é


igual a zero. Logo, atendendo à expressão (34)
uur uur r
e=0  v '2 − v1' = 0 (36)

o que significa que a diferença de velocidades entre as partículas após o choque é nula,
uur uur uur
isto é, v '2 = v1' = v ' .

5.1.4 Formulação do problema de choque central direto

Retomando o problema do choque central direto, representado na figura 3,


constata-se que sobre o sistema material, constituído pelas duas partículas materiais, não
atua nenhuma força exterior. Logo, haverá conservação da respetiva quantidade de
movimento global.

r
v '2
Linha de choque
r G2 G2
v2

r Tangente comum
v1

G1 r G1
v1'

a) Antes do choque b) Após o choque

Figura 3 - Choque central direto entre duas partículas materiais (bis).

Projetando a equação da conservação da quantidade de movimento global, equação


(21), na direção da linha de choque, tem-se que

m 1 v 1 − m 2 v 2 = − m 1 v 1' + m 2 v '2 (37)

Rescrevendo a expressão (34) de definição do coeficiente de restituição, também


na direção da linha de choque

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268 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

v '2 + v1'
e= (38)
v1 + v 2

As equações (37) e (38) permitem calcular as incógnitas do problema (as


' '
velocidades v 1 e v 2 , imediatamente após o choque), conhecidas as velocidades antes do
choque e o coeficiente de restituição e. Este último é também determinável
experimentalmente, para cada geometria e conjunto de materiais em presença.

5.2 Choque central oblíquo

Neste tipo de choque, os centros de massa dos dois corpos estão na linha de
choque enquanto estes estão em contacto. Porém, antes e após o choque, deslocam-se
com trajetórias diferentes, não paralelas a essa linha, como se mostra na figura 7.

ˆt r
θ'2 v '2


r θ'1
v1'
r
v2

r G2
v1
θ2
θ1
G1

Figura 7 - Choque central oblíquo entre duas partículas.

Note-se que, neste tipo de choque, a velocidade de cada corpo imediatamente


após o choque, é desconhecida em direção e grandeza. Tem-se então 4 incógnitas, pelo
que é necessário obter 4 equações.

5.2.1 Formulação do problema de choque central oblíquo

1. Cada partícula material apenas recebe o impulso devido à força de contacto na


direção da linha de choque. Logo, na direção da tangente (t) ao choque o
impulso é nulo, pelo que a quantidade de movimento de cada partícula
material na direção tangencial permanece constante, o que permite escrever:

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 269

( ) = m (v )
m1 v1
t
1
'
1
t
 (v ) = (v )
1
t
'
1
t

m (v ) = m (v )
2 2 2
'
2  (v ) = (v )
2
'
2
t t t t

isto é

m 1 v 1 cos θ1 = m 1v 1' cos θ1' (39)

m2 v 2 cos θ 2 = m2v 2' cos θ 2' (40)

2. O conjunto das duas partículas materiais não recebe qualquer impulso, pelo
que a quantidade de movimento global, na direção da linha de choque,
mantém-se constante, logo

m1 v1 ( ) n
( )
+ m2 v 2
n
= m1 v1'( ) n
( )
+ m2 v '2
n

isto é,

m 1 v 1 sin θ1 − m 2 v 2 sin θ 2 = −m 1v 1' sin θ1' + m 2 v 2' sin θ 2' (41)

3. Cada um dos corpos recebe um impulso na direção da linha de choque. A


alteração da quantidade de movimento é quantificável, a partir do
conhecimento do movimento antes do choque e do coeficiente de restituição,
uur uur
v '2 − v 1'
e = uur uur =
v '2 ( ) − (v ) n
'
1
n

v1 − v 2 v1 ( ) − (v ) n
2
n

isto é

(
v '1 sin θ '1 + v '2 sin θ2' = e v 1 sin θ 1 + v 2 sin θ2 ) (42)

Conhecidos os valores de e e de v1 ,θ1 ,v 2 e θ2 , determinam-se as velocidades após

o choque e respetivas direções v1,θ1,v 2 e θ2 , usando as equações (39) a (42).


' ' ' '

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270 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

5.2.2 Aplicação do modelo de choque central oblíquo

O choque entre dois veículos ligeiros está esquematizado na figura 8.

Figura 8 – Choque central oblíquo entre dois veículos.

O veículo A circulava na direção Sul-Norte quando ao passar num cruzamento foi


abalroado pelo veículo B que circulava na direção Oeste-Este. Ambos os condutores
reclamam que circulavam com uma velocidade inferior ao limite de 55 km/h estabelecido
para aquelas vias naquele local.
O veículo A tem uma massa de 900 kg e o veículo B tem uma massa de 1600 kg.
Após o choque, os dois veículos permaneceram “colados” um ao outro e deslizaram juntos
segundo uma direção que faz 40º com Este, para Norte, representada na figura 1.
Determinar: i) qual dos veículos efetivamente circulava à velocidade limite de 55 km/h.
ii) qual a velocidade do outro veículo.

Na figura 9 estão representadas as quantidades de movimento dos veículos A e B antes e


após o choque.

Norte
uur
uur
( mA + mB ) v '
mB v B 40º
Oeste Este

uur
mA v A
Sul

Figura 9 – Forças impulsivas e quantidades de movimento dos dois veículos.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 271

O Princípio da Conservação da Quantidade de Movimento aplicado ao sistema


permite estabelecer que
uuur uur uur uur uur uur
Q = Q'  mA v A + mB v B = mA v 'A + mB v B' .
No entanto, após a colisão os dois veículos permaneceram “colados” tendo
deslizado juntos. Tal permite afirmar que
uur uur uur
v 'A = v B' = v ' , pelo que
uur uur uur
mA v A + mB v B = ( mA + mB ) v '

O facto das velocidades dos dois veículos, após a colisão, serem idênticas significa
que a diferença de velocidades entre os dois veículos após o choque é nula, que o
coeficiente de restituição é nulo e que o choque é perfeitamente plástico.
Isto é,
uur uur
v 'A − v B' ur
0
e = uur uur = uur uur = 0
v A − vB v A − vB

Retomando a equação vetorial de conservação da quantidade de movimento do


uur uur uur
sistema mA v A + mB v B = ( mA + mB ) v ' , determina-se que

0 v B  cos 40º 


     
mA v A  + mB  0  = ( mA + mB ) v '  sin 40º 
0    0 
  0  

mB v B = ( mA + mB ) v ' cos 40º




 m v = ( m + m ) v ' sin 40º
 A A A B

isto é

 ( mA + mB ) v ' cos 40º


v
 B =
 mB
 ,
 v = ( mA + mB ) v sin 40º
'

 A mA

 ( 900 + 1600 ) v ' cos 40º


v
 B = = 1.197 v '
1600
 ,
 v = ( 900 + 1600 ) v sin 40º = 1.786 v '
'

 A 900

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272 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

pelo que,

v A 1.786 v '
= = 1.49 ,
v B 1.197 v '

concluindo-se que a velocidade do veículo A é cerca de 50% superior à do veículo B.


Admitindo que a velocidade do veículo B era de 55 km/h, como reclama o seu condutor,
então a velocidade do veículo A seria igual a

v A = 1.49 × v B = 1.49 × 55 = 82 km / h ,

5.3 Choque excêntrico

5.3.1 Choque excêntrico de dois corpos livres

No caso do choque excêntrico, as dimensões dos dois corpos não são desprezáveis e
a linha de choque não contém os centros de massa.
O campo de velocidades de cada um dos corpos sofre uma alteração durante o
choque, em consequência da ação da força de contacto. O impulso desta força provocará
uma variação do torsor das quantidades de movimento de cada um dos corpos.
Sejam A e B, respetivamente, os pontos de contacto dos corpos 1 e 2 durante o
choque, como se mostra na figura 10. No final do período de deformação (instante t* -
figura 10, as velocidades destes dois pontos podem ser diferentes, mas as suas
componentes na direção da linha de choque serão necessariamente iguais.

r
ω2 nˆ
ˆt
r G2
v G2

A B

r
ω1

r
G1 v G1

Figura 10 - Choque excêntrico entre dois corpos livres.

Disciplina de MECÂNICA II - SMAp – DEMec – FEUP 7ª Edição - Maio 2020


DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 273

r
Analise-se o que se passa no corpo 1. Seja F a força de contacto. Por integração
em ordem ao tempo, durante as fases de deformação e restituição, obtêm-se os seguintes
impulsos

→ t* r
t*
Imp = t F dt (43)
t0 0

→ t1 r
t
Im p =  *1 F dt (44)
t* t

O coeficiente de restituição (e) é, por definição, igual ao cociente entre as


intensidades dos impulsos de restituição e de deformação, isto é,

t1
r
t* F dt
e = r
(45)
t*
 t0
F dt
uuur
Note-se que, multiplicando, à esquerda, qualquer destes dois vetores por G1A , o

cociente das respetivas normas irá manter-se. Logo o coeficiente de restituição e também
pode ser definido pela expressão

t1
uuur
t* MG1 dt
e= uuur (46)
t*
t0
MG1 dt

uuur → r r
sendo MG1 = GA x F o momento em G da força de contacto F .

De acordo com as expressões (3) e (9) é possível substituir em (45) e (46) os


impulsos (linear ou angular), pela variação de quantidade de movimento (linear ou
angular) que produzem, obtendo-se

e=
r
(r
m 1 v tG1 1 − v G* 1 ) (47)
r
(r
m 1 v G* 1 − v tG0 1 )
r r
H Gt11 − H G* 1 I G1 (ωr t1
10
r*
− ω 10 ) (48)
e= r r =
H G* 1 − H Gt01 IG1 (ωr *
10
r
− ω t100 )
Das equações (47) e (48) resulta

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274 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

(vr t1
G1
r
− v G* 1 ) = (ωr t1
10
r*
− ω 10 ) (49)
(vr ) (ω )
r r r
*
G1 − v tG0 1
*
10 − ω t100

uuur
Multiplicando cada um dos vetores do segundo cociente da expressão (49) por G1A

e adicionando ao correspondente vetor do cociente do primeiro membro, obtém-se o


seguinte cociente equivalente angular:

(vr )
r r uuur r uuur
t1
G1 − v G* 1 + ω t101 × G1A − ω *10 × G1A
50)
(vr *
G1
r r * uuur r t0 uuur
− v tG0 1 + ω 10 × G1A − ω 10 × G1A )
ou seja

r r r r
v tA1 − v A* v 'A − v A*
e = r * rt = r * r (51)
v A − v A0 v A −vA

Procedendo de modo idêntico em relação ao corpo 2, obter-se-ia uma expressão


semelhante, relacionando o coeficiente de restituição com as velocidades do ponto B, isto
é:
r r
v B' − v B*
e = r* r (52)
vB − vB

r
Se projetarmos os vetores contidos nas expressões (51) e (52) na direção n da linha
de choque, surgirá, em ambas, uma parcela que é comum. De facto, as velocidades dos
r
pontos A e B, no final da fase de deformação, têm componentes iguais segundo n . Pode-
se então escrever

( v 'A ) − v A* ( ) ( ) − e (v A ) n
r r r r
= e v A*
 n n n

 (53)
 r'
( ) ( ) ( ) − e (vB ) n
r* r* r
 v B n
− v B =e v B
n n

e eliminar, destas expressões, o valor comum v A = v B


n n
(r ) (r )
* *

( ) = (v ) ( )
r r' r
(1 + e ) v *A A
+ e vA
 n n n

 (54)

( ) ( ) ( )
r* r r
 (1 + e ) v B n
= v B'
n
+ e vB
n

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 275

obtendo-se

(v ) − (v )
r' r'
B n A n
e= r (55)
(v ) − (v )
r
A n B n

Note-se como também neste caso o coeficiente de restituição pode obter-se pelo
cociente das medidas de velocidades relativas de afastamento e de aproximação dos dois
pontos de contacto.
Só que, agora, estão em causa as componentes das velocidades segundo a normal à
r
superfície de contacto n .

5.3.2 Choque excêntrico de dois corpos ligados ao exterior

Caso os dois corpos que chocam tenham ligações ao exterior, poderão surgir, nessas
ligações, forças impulsivas que obviamente também condicionarão a alteração dos torsores
das quantidades de aceleração durante o choque.
A figura 11 mostra o choque entre dois corpos animados de movimento de rotação.


r
ω 20
D• n̂
xxxxx

+
G2
r
ω B
10 A
C • +
xxxxx G1

Figura 11 - Choque de dois corpos em rotação.

Utilizando para polo do cálculo dos momentos exteriores aplicados a cada um dos
corpos, o respetivo ponto de ligação ao exterior, as forças de ligação produzirão aí
r
momento nulo. Neste caso a única força a considerar passará a ser a força de contacto F .

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276 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

Os impulsos angulares das forças de deformação e o coeficiente de restituição e são


definidos por

t → r
1
t * CA x F dt
e = (56)
t0 → r
t * CA x F dt

O princípio do impulso e quantidade de movimento, estabelece para o corpo 1 que

(ω )
r r ur t1 r*
H Ct1 − H C* IC 10 − ω 10
e= r* rt =
(ωr )
ur t0 (57)
H C − H C0 IC *
− ω 10
10

( )
ur ' r
ω 10 − ω 10
*

e=
(ωr )
ur (58)
*
10 − ω 10

Note-se que esta expressão, apesar de deduzida para o caso dos corpos 1 e 2
estarem ligados ao exterior e movendo-se em rotação, é em tudo análoga à já deduzida
para o caso de os corpos serem livres (expressão 49 - 2º membro).
Multiplicando agora os vetores contidos no numerador e no denominador, pelo

mesmo vetor CA , obtém-se também uma expressão idêntica à (51), correspondente ao


caso dos corpos serem livres.
Tem-se, pois, para este caso, o coeficiente de restituição definível a partir das
componentes segundo a linha de choque, das velocidades relativas de afastamento e
aproximação dos pontos de contacto A e B, imediatamente após e antes do choque

(v ) − (v )
r' r'
B n A n
e= (59)
(v ) − (v )
r r
A n B n

Combinando a expressão anterior com uma das diversas expressões que resultam da
aplicação do princípio da conservação das quantidades de movimento, é possível
determinar os campos de velocidades dos dois sólidos, imediatamente após o choque.

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 277

6 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

6.1 Variação da quantidade de movimento linear

Os corpos 1 e 2, representados na figura 12, movem-se ligados por um cabo


inextensível e sem massa, o qual é conduzido por roldanas de inércia desprezável.
Sabendo que, no instante inicial, o corpo 1 se move no sentido indicado, com
velocidade v, calcular o tempo ao fim do qual a sua velocidade se anula. Calcular também
o valor da força de tração a que o cabo está submetido.

v
1

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX X
X
X
y X
X
X
X 2 m
x X
X

Figura 12 - Variação da quantidade de movimento linear do sistema.

Desprezando a inércia do cabo e das roldanas, os diagramas do corpo livre de cada


um dos corpos estão representados na figura 13:

2F
F V
v 2
mg
Mg

Figura 13 - Diagramas de corpo livre de cada um dos corpos.

Durante o período de tempo t que se pretende analisar, os corpos estão sob a ação
de impulsos devidos às forças neles aplicadas, os quais são calculáveis em função das
alterações na quantidade de movimento que produzem.
Assim, para o corpo 1 determina-se que

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278 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

( )
t r uur uur r t uur uur
 0
Fdt = M v 1' − Mv 1 F  dt = M v 1' − v 1
0

F    0   −v  
( )
r uur uur       
Ft = M v 1' − v 1  0  t = M  0  −  0  
0   0   0  
      

Ft=Mv (60)

e para o corpo 2,

( )
uur uur uur uur
 ( mg + 2F ) dt = mv (mg + 2F ) 
t r r r r t
'
2
− mv 2 dt = m v '2 − v 2
0 0

 0   0   0  

( )
uur uur     
( )
r r  
mg + 2F t = m v '2 − v 2  −mg + 2F  t = m   0  − v 2  
 0    0    
      0 

(mg - 2F) t = m v/2 (61)

A partir das expressões (60) e (61) é possível determinar os valores de F e t,


obtendo-se

1  m M mg
t =  2M + v e F =
mg  2  m
2M +
2

6.2 Conservação da quantidade de movimento linear

Um pequeno objeto, de massa m, entra com velocidade v (inclinação θ) num carro


transportador, inicialmente em repouso, como se mostra na figura 14.
Calcular a velocidade do carro (com o objecto nele incluído), desprezando
eventuais efeitos que o choque entre os dois corpos produziria.
Considerando o sistema constituído pelos dois corpos, verifica-se que sobre eles
apenas atua a força peso e as reações nos apoios do carro, que a compensam. Será nula a
soma destas forças na direção horizontal, pelo que, nessa direção, haverá conservação da
quantidade de movimento.
(Note-se que, considerando o efeito do choque este problema não poderá ser
resolvido de forma tão simplista!).

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 279

m
θ
v

Figura 14 - Conservação da quantidade de movimento linear na direção horizontal.

Obtém-se então

t ' '
( '
) (
 0 Fx dt = Q x − Q x = Q mx + Q Mx − Q mx + Q Mx = )
'
= m v mx( ) (
+ M v 'Mx − m v mx + M v Mx )
Mas

( mv + Mv 'Mx ) − ( mv mx + Mv Mx ) = 0
t
 Fx dt = 0  '
mx (62)
0

Sendo a velocidade inicial do carro transportador nula, então v Mx = 0 .

Após o choque os dois corpos deslocam-se em conjunto e solidários pelo que

'
v mx = v Mx
'
= v'

Substituindo na expressão (62) obtém-se:

(m + M) v ' = m vm

m
v' = v
(m + M) m

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280 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

6.3 Conservação da quantidade de movimento angular numa direção

A figura 15 mostra duas esferas, que podem deslizar sem atrito sobre uma guia
horizontal, animada de movimento de rotação em torno de um eixo vertical, com
velocidade angular ω . As duas esferas são consideradas como duas massas concentradas.

θ
m m

Figura 15 - Conservação de movimento angular das duas esferas segundo o eixo de


rotação.

Inicialmente são mantidas na posição definida por r, por meio de um cabo. Este,
por hipótese, parte-se em dado instante, pelo que bruscamente as esferas se deslocam
para os extremos da guia (posição definida por R).
Calcular a velocidade angular de rotação da guia Ω , quando as esferas ocuparem
esta última posição. Desprezar a inércia da guia horizontal e considerar as duas esferas
como duas massas concentradas.

Neste sistema material atuam as forças "peso" e as de ligação ao exterior, no apoio.


Nenhuma delas produz momento em relação ao eixo de rotação, pelo que o momento
cinético, nessa direção, vai permanecer constante.
Então,

t uuur r r
 t0
MO dt = HO' − HO

mas
t uuur r r r
 t0
MO dt = 0  HO' = HO

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 281

uur uur uuur uur uuur uur uuuur uur uuuur uur
HO' = HO ⇔ OP1' × mv 1' + OP2' × mv 2' = OP1 × mv 1 + OP2 × mv 2

isto é

R   0  −R   0  r   0   −r   0 
               
 0  x m  R Ω  +  0  x m  − R Ω  =  0  x m r ω  +  0  x m  − r ω 
0   0   0   0  0   0  0  0 
               

 0   0   0   0 
       
 0 +  0 =  0 +  0 
       
m R Ω  m R Ω  m r ω  m r ω 
2 2 2 2

2 m R2 Ω = 2 m r 2 ω

r2
Ω = ω
R2

6.4 Choque central oblíquo

Um aro, de massa m e momento de inércia relativamente ao eixo geométrico de


revolução, I, choca com um plano inclinado (fixo), nas condições da figura 16.

ω
G
v

θ v'

'
θ


A

Figura 16 - Choque central oblíquo de um aro com um plano inclinado.

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282 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

uur
Sendo v G a velocidade do centro de massa G imediatamente antes do choque,
uur
calcular a velocidade v G' do mesmo ponto, no instante imediatamente após, admitindo

que não existe atrito entre o aro e a o plano inclinado (µ = 0) e que o coeficiente de
restituição é e.
Considerar as hipóteses: a) ω = 0; b) ω = ω .

Na hipótese de inexistência de atrito (µ = 0), a força de atrito na direção


tangencial é nula, pelo que não provocará momento em relação a G. Logo o impulso
angular é nulo, tanto no caso da alínea a) como da b).
Então, em ambos os casos

ur' ur
HG = HG  Iω ' = Iω  ω' = ω

Não havendo força de atrito na direção tangencial, então também não haverá
r
impulso linear na direção da tangente, t . Assim, e em ambos os casos,

m v cos θ = m v’ cos θ’
r
Na direção da normal n , surge uma força de contacto, cujo impulso provocará a
alteração na quantidade de movimento, isto é

v ' sin θ '


e =
v sin θ

As equações anteriores permitem obter os seguintes resultados:

v cos θ = v ' cos θ '

e v sin θ = v ' sin θ '

Estas duas expressões podem ser trabalhadas de modo a determinar v´ e θ´.

 ' cos θ
'
 ' cos θ  ' cos θ
' '
v = v  v = v  v = v
 cos θ cos θ cos θ
 
  
   '
e v ' cos θ sinθ = v ' sin θ ' e tg θ = tg θ θ = arctg ( e tg θ )
' '

 cos θ  

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 283

(v ) ( ) 
2 2
cos 2 θ = v ' cos 2 θ '


(v ) = (v ) (e )
2 2
  ' 2
sin 2 θ + cos 2 θ

e 2 ( v ) sin 2 θ = v ' ( )
2 2
sin 2 θ ' 

v' = v e 2 sin2 θ + cos 2 θ

Em conclusão:

a) ω' = 0 ; v' = v cos 2 θ + e 2 sin 2 θ ; θ ' = arctg ( e tg θ )

b) ω' = ω ; v t1 = v cos 2 θ + e 2 sin 2 θ ; θ ' = arctg ( e tgθ )


Concretizando as expressões anteriores para os seguintes valores:

θ = 60º, v = 1 m/s, e e = 0.5,

determina-se que,

θ’ = 40.9º, v’ = 0.66 m/s.

6.5 Choque excêntrico de um corpo livre

Uma barra prismática move-se em translação retilínea, nas condições indicadas na


r
figura 17. Em determinado instante, quando possui a velocidade v , sofre um choque
excêntrico (coeficiente de restituição e), que vai alterar significativamente o seu
movimento.

h/2 v
d
2 θ

A

Figura 17 - Choque excêntrico de uma barra com movimento de translação.

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284 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

Definir o campo das velocidades contemporâneas da barra, no instante


imediatamente após o choque.
As incógnitas do problema são:

v' = velocidade de G imediatamente após o choque:

r'
θ' = ângulo da velocidade v com a direção t̂ ;

ω' = velocidade angular da barra após o choque.

Como o coeficiente de restituição e é conhecido, e atendendo à expressão (57) é

  r
possível estabelecer que (  v 'B  =  v B  = 0 )
 n  n

(v ' )
uur
( )
uur r uuur
A
n
v G ' + ω ' x GA • nˆ
e = = uur
(v )
uur (63)
v G • nˆ
A
n

 − h  
  v ' cos θ '  0  2  0 
 uur r' →
   '     d   •  1 =
 v G ' + ω x GA  • nˆ =  v sin θ  +  0  x − 2 
'
  
     '    

  0  ω   0 

 0 
   

  d ω'   v ' cos θ ' + d ω '


 v ' cos θ '
  2    0   2  0 
 '   h '     '   
=   v sin θ
'
 +  − 2 ω   •  1  =  v sin θ − h 2 ω  •  1 
' '

  0     0     
    0      0  0 
     

 vuur ' + ωr ' x GA



 • nˆ = v ' sin θ ' − h
2 ω
'
 G 
 

 v cosθ  0 
uur    
v G • nˆ =  − v sinθ  •  1 = −v sinθ
 0  0 
   

Substituindo na expressão (63) obtém-se

h
v ' sin θ ' − ω ' = e v sin θ (64)
2

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 285

Na direção t̂ há conservação de quantidade de movimento (admitindo que se


despreza o atrito), pelo que se pode estabelecer que

v ' cos θ ' = v cos θ (65)

Na barra prismática, durante o choque, atuam duas forças exteriores: o peso e a


r
reação impulsiva F . Considerando os momentos destas forças em relação ao ponto A,
verifica-se que a força peso produz momento, ao qual corresponderá durante o choque,
um impulso angular em A perfeitamente desprezável.
De facto, o impulso angular será igual a

uuuuuur uuuuuur  h 2   m g cos θ 


t
uuur r    
 MA dt = MA ∆t = AG x m g ∆t = d 2  x − m g sin θ  ∆t =
peso peso
0
 0   0 
   

 1 r

 2 m g ( h sin θ + d cos θ )  k ∆t ≅ 0
 

Durante o choque haverá, portanto, conservação da quantidade de movimento


angular em relação ao ponto A. O estabelecimento desta condição fornece a terceira
equação que permite resolver o problema.
Então
r r r' → r r → r
H 'A = H A ⇔ HG + AG x mv ' = H G + AG x mv

h   v ' cos θ '  h 


 0   2 0   2  v cos θ 
  d   ' ' 
   d   
 0  +  2  x m v sin θ  = 0  +  2  x m  − v sin θ 
 '          
 I ZG ω   0  
0
 0   0   0 
   

h d h d
I ω' + m v ' sin θ ' − m v ' cos θ ' = − m v sin θ − m v cos θ (66)
2 2 2 2

O sistema de equações representativo deste problema é:

h
v ' sinθ ' − ω ' = e v sinθ
2
v ' cosθ ' = v cos θ
h d h d
I ω ' + m v ' sinθ ' − m v ' cos θ ' = − mv sinθ − mv cos θ
2 2 2 2

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286 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

Trabalhando as três equações anteriores, obtém-se

h
v ' sin θ ' + v sin θ = (1 + e ) v sin θ + ω '
2

v ' cos θ ' − v cos θ = 0 (67, 68, 69)

I ω' +
h
2
(
m v ' sin θ ' + v sin θ −
d
2
) (
m v ' cos θ ' − v cos θ ) = 0

Introduzindo as expressões (67) e (68) em (69) determina-se o seguinte valor para ω'.

h  h 
'
I ω' + m  (1 + e ) v sin θ + ω '  = 0
2  2 
 

 h2  h
 I + m  ω ' = − (1 + e ) m v sin θ
 4  2

h
− (1 + e ) m v sin θ (1 + e )
ω' = 2
 h2 
 I +m 
 4 

Conhecido ω’, as expressões (64) e (65) formam um sistema de duas equações em v'

e θ'. Assim

h '
v ' sin θ ' = ev sinθ + ω
2

v ' cos θ ' = v cos θ

cuja solução analítica é

2
 h '
 e v sin θ + 2 ω  + ( v cos θ )
2
v =
'

 

 h '
 ev sinθ + 2 ω 
θ' = arctg  
 v cosθ 
 

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 287

6.6 Choque excêntrico de um corpo com ligação ao exterior

A figura 14 mostra o caso de uma barra prismática que roda em torno do ponto O.
No caso da figura 18-a), no ponto O há uma ligação rígida ao exterior. No caso da figura
18-b) há uma ligação elástica.

a
O

b
G G

+ +
A A

A
A

Figura 18-a) Figura 18-b)


Choque excêntrico de uma barra com uma Choque excêntrico de uma barra com uma
ligação rígida ao exterior no ponto O. ligação elástica ao exterior no ponto O.

Admitindo que se conhece o valor da velocidade angular da barra (ω), no instante


imediatamente anterior ao choque com o ponto A, calcular, em ambos os casos, o valor da
velocidade angular ω', correspondente ao instante imediatamente posterior ao choque.

Suponha conhecida a massa m, o momento de inércia em relação ao eixo de


rotação que passa por G , IG , e o valor do coeficiente de restituição e.

O caso da alínea a) é de resolução simples. De facto, o movimento de barra é


alterado pelo aparecimento de duas forças impulsivas, uma no ponto de choque A e outra
no ponto de ligação ao exterior O. Em todo o caso, antes e depois do choque, o
movimento é de rotação em torno de um eixo que passa por O.

A definição do coeficiente de restituição permite obter o valor de ω' (velocidade


angular da barra imediatamente após o choque), o único parâmetro necessário para
caracterizar o movimento. Então,

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288 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

 0  (a + b )  − c ω 
     
vA = v O + ω x OA = 0 +  0  x  − c  = − (a + b )ω 
− ω   0   0 
     
isto é


( )
v A n = − (a + b )ω  v ' 
 A
   ω ' (a + b )
 e = =  ω' = e ω
 v  ω (a + b )
 v '  = (a + b )ω '   A
 A  
 n 

O caso da alínea b) é um pouco mais trabalhoso. Com efeito, o torsor das


quantidades de movimento vai apenas ser alterado pelo aparecimento, durante o choque,
de uma força impulsiva em A, como se mostra o diagrama de corpo livre da barra
representado na figura 19.

O •
r
m v'

IG ω '
t r
0 F dt
A nˆ

ˆt

Figura 19 - Diagrama de corpo livre da barra.

Realmente, durante o tempo extremamente curto correspondente ao choque, o


apoio O não chega a mover-se, pelo que não aparecerá aí qualquer força elástica
impulsiva. A reação em O é apenas igual à que correspondia ao instante antes do choque e
função da deformação a que as molas aí colocadas então teriam.

'
São agora incógnitas a velocidade v G do centro de massa G e a velocidade angular
ω'. Podem-se escrever as seguintes equações:

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 289

Coeficiente de restituição:

 ' → 
v ' 
 A  v G + ω' x GA  • n̂
 n
e = =  
r →  (70)
v   ω x OA  • n̂
 A
 n  

Conservação da quantidade de movimento na direção tangencial:

r → 
'
m vG • t̂ = m  ω x OG  • t̂ (71)
 

Conservação do momento cinético no ponto A:

t
o M A dt ≅ 0  H 'A = H A ⇔
→ r → r → 
⇔ I G ω' + AG x m v G
'
= I G ω + AG x m  ω x OG  (72)
 

A equação (71) permite estabelecer que

uur  0  a    1   0   1
 r →             
'
t = m  ω × OG  • ˆ
m v G •ˆ t = m   0  ×  0   •  0  = m  aω  •  0  = 0
           
  −ω   0    0   0  0 

' r
isto é v G só tem componente horizontal (direção n ).

O desenvolvimento da expressão (70) permite determinar que:

r →  uur uur → 
e  ω × OA  • n =  v G' + ω ' × GA  • ˆ
ˆ n ⇔
   

  0  ( a + b )    0    0   0   b   0 
       '       
e   0  ×  −c   •  1  =   v G  +  0  ×  −c   •  1  ⇔
  −ω   0    0         
        0  ω '   0    0 

 −cω  0   cω '   0 
     '   
e − ( a + b ) ω  •  1 = v G + bω '  •  1  ⇔
 0  0   0  0 
       

v G' + b ω ' = e ( a + b ) ω (73)

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290 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

O desenvolvimento da expressão (72) permite determinar que:

uur → uur r → r → 
I G ω ' + AG x m vG' = IG ω + AG x m ω x OG 
 

 0  − b  0   0  − b  0 
     '       
 0  +  c  x m vG  =  0  +  c  x − m ω a
 ' 0   0  − I ω  0   0 
+ I G ω       G     

I G ω' − m b vG' = − I G ω + m ω a b (74)

A expressão (73) permite obter que

v G' = e ( a + b ) ω − b ω '

e substituindo na equação (74) obtém-se

I G ω ' − m b e( a + b) ω − bω'  = − I G ω + m a bω

I G ω' − m e abω − m e b2 ω + m b 2 ω' = − I G ω + m a b ω

I G ω' + m b 2 ω' = − I G ω + m a b ω + m e abω + m e b2 ω

− I G + m (1 + e) ab + m eb 2
ω' = ω
IG + m b2

Substituindo o valor de ω’ na equação (73), determina-se

 I G − m (1 + e) ab − m eb 2 
vG' = e ( a + b) +
 b ω
 I + m b 2 
 G 

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DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento 291

7 PROBLEMAS PROPOSTOS

Problema IQM1

O
X
θ

G1

A
2 ϕ

G2
t1
 F dt
t0
B

O sistema de representado na figura é constituído por:

Corpo 1 - uma barra de comprimento l e massa m, a qual pode rodar em torno do ponto

O com velocidade angular θ& ;

Corpo 2 - um barra de comprimento l e massa m, a qual pode rodar em torno do ponto A


relativamente ao referencial fixo com velocidade angular ϕ& .

Aplicando o Teorema do Impulso e Quantidade de Movimento, determine as


velocidades angulares instantâneas das barras 1 e 2 quando, a partir do repouso, for
aplicada uma força impulsiva horizontal F no ponto B.

Determine o valor dessas velocidades angulares instantâneas nas seguintes


condições:
ur
t1
m = 4 kg l = 1.2 m  dt = 14 Ns .
F
t0

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292 DINÂMICA DO CORPO RÍGIDO - Impulso e Quantidade de Movimento

Problema IQM2

30º

10 m/s B
A

O sistema de representado na figura é constituído por:

Corpo A - um cursor de massa mA, obrigado a deslizar sem atrito sobre uma guia
horizontal;

Corpo 2 - um projétil de massa mB e animado de uma velocidade vB que atinge o cursor.

Aplicando o Teorema do Impulso e Quantidade de Movimento, determine os vetores


velocidade do cursor e do projétil, após o impacto, se o Coeficiente de Restituição do
sistema cursor/projétil for e.

a) Determine os valores dessas velocidades nas seguintes condições:


mA = 5 kg mB = 2.5 kg vB = 10 m/s e = 0.75.

b) Represente a variação de intensidade e direção do projétil após impacto em função


do Coeficiente de Restituição.

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