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Academia de Ciencias Ocultas

Biografia Nicolas Flamel


Nicolas Flamel nasceu em 1330 em Pontoise. Após a morte de seus pais, ainda jovem foi trabalhar em
Paris como escrivão. Tudo indica que até esta época Flamel ainda não se interessava pela Alquimia mas,
segundo relato seu, certa noite ele teve um sonho em que um anjo segurava um grande livro com capa
de cobre, do qual lhe mostrou a página de guarda e disse: "Flamel, olha bem para este livro, não
percebes nada do que ele contém, nem tu nem muitos outros, mas um dia verás nele o que ninguém
seria capaz de ver."

O sonho se acabou aí mas não saiu da lembrança de Flamel, até que um dia ele se viu na presença do tal
livro, que, por força de seu ofício, havia adquirido de alguém, como ele mesmo narra na sua obra
Explicação das Figuras Hieroglíficas, ou O Livro das Figuras Hieroglíficas: "Pois eu, Nicholas Flamel,
escrivão, logo que, após a morte dos meus pais, comecei a ganhar a vida com a nossa arte da escrita,
fazendo inventários, pondo contas em ordem e suspendendo as despesas dos tutores de menores, veio
cair-me nas mãos, pela soma de dois florins, um livro dourado muito velho e bastante grande; não era de
papel ou de pergaminho, como são os outros, mas era feito apenas de delgadas cascas (segundo me
parecia) de arbustos tenros.

A capa era de cobre muito fino toda gravada com letras ou figuras estranhas e, em minha opinião, creio
que podia muito bem tratar-se de caracteres gregos , ou de uma outra língua antiga semelhante. Tanto
assim que eu não era capaz de as ler e que sabia muito bem que não eram sinais ou letras latinas ou
gaulesas, pois nós, disso percebemos um pouco. Quanto ao interior, as suas folhas de casca estavam
gravadas e escritas com grande habilidade, com uma ponta de ferro, em belas e nítidas letras latinas
coloridas.

Continha três vezes sete folhas (pois estas encontravam-se assim numeradas no alto da folha), a sétima
das quais nunca estava escrita, e, em vez disso, tinha pintadas uma vara e serpentes a devorarem-se; na
sétima folha a seguir, uma cruz em que uma serpente estava crucificada; e na última destas sétimas
folhas estavam pintados desertos no meio dos quais brotavam fontes belíssimas, de onde saiam muitas
serpentes que corriam por aqui e por ali.

Na primeira folha estava escrito, em grandes letras maiúsculas douradas: ABRAÃO O JUDEU, PRÍNCIPE,
PADRE, LEVITA, ASTRÓLOGO E FILÓSOFO AO POVO DOS JUDEUS OU DISPERSOS PELA IRA DE DEUS NAS
GÁLIAS, SALVE D. I. Depois disto, encontrava-se cheio de grandes blasfêmias e maldições (com a palavra
MARANATHA, que estava repetida muitas vezes) contra toda a pessoa que pusesse os olhos nesse livro
se não fosse sacrificante ou escrivão."

Achou muito intrigante o livro e passou a estudá-lo, descobrindo que se tratava de cabala e alquimia.
Nesta época, ele nem sabia o que realmente significava a alquimia. Estudou anos a fio e descobriu que o
livro relatava diretamente a Grande Obra, sem contudo indicar a matéria-prima.
Casou-se com Dame Perrenelle, que era viúva, por volta de 1364 e a partir de então consegue uma
pequena quantia de dinheiro para se dedicar totalmente a alquimia, quantia esta que a vi úva havia
herdado do falecido marido. Percorre o caminho de Santiago de Compostela, padroeiro dos alquimistas,
e encontra um mestre que lhe passa ensinamentos sobre a matéria-prima.

Flamel, a partir de 1380, começa a se dedicar a experimentos alquímicos, consegue produzir prata em
torno de 1382 e depois finalmente a transmutação em ouro. Cerca de dez anos mais tarde ao início dos
experimentos, começa a realizar um grande número de obras de caridade como a construção de
hospitais, igrejas, abrigos e cemitérios e os descora com pinturas e esculturas contendo símbolos
alquímicos.

Flamel, apesar de sua súbita fortuna, possuía uma modesta residência e usava roupas humildes. Mas
suas vultuosas doações levantaram suspeitas do rei Carlos V que havia proibido, jáem 1379, todas as
práticas alquímicas mandando inclusive, destruir todos os laboratórios que supostamente fabricasse
ouro alquímico. O rei enviou o chefe das finanças para investigar a origem de sua fortuna. Acredita-se
que Flamel tenha sido franco com o emissário do rei, tendo inclusive lhe dado um pouco da pedra
filosofal. Este voltou sensibilizado com dignidade de Flamel, nada relatando ao rei e durante muitas
gerações a pedra ficou guardada em sua família.

Escreveu "O Livro das Figuras Hieroglíficas" em 1399, "O Sumário Filosófico" em 1409 e "Saltério
Químico" em 1414 .

Relatos mencionam que o casal, aos 60 anos de idade, possuía um aspecto jovem não condizente com
as pessoas da mesma faixa etária da época. Flamel faleceu em 1417, porém alguns viajantes relatam
terem o encontrado no oriente com sua esposa , após sua suposta morte. Ele teria sido um ser
iluminado que quis viver entre os homens.

Acredita-se que todo o relato de Flamel desde o encontro do livro até a peregrinação a Santiago de
Compostela e seu encontro com o mestre são alegorias para explicar a matéria-prima e o conhecimento
adquirido através do estudo da alquimia.

Oração de Nicolas Flamel

Ao que parece Flamel precedia toda operação alquimica com uma oração que lhe era particular. Ela é
ainda hoje usada pelos praticantes que desejam enveredar pelo caminho da alquimia. Ela deve ser
memorizada e repetida mentalmente todas as noites até adormecer e também em qualquer momento
de ócio mental, durante a ginástica, no banho, cozinhando etc. Isto irá fazer com que você tente atingir
os objetivos alquímicos involuntariamente, lendo e se dedicando mais as práticas alquímicas.
Deus todo-poderoso, eterno, pai da luz, de quem provém todos os bens e todos os bens perfeitos,
imploro vossa misericórdia infinita; deixai-me conhecer vossa sabedoria eterna; aquela que circunda
vosso trono, que criou e fez, que conduz e conserva tudo.

Dignai-vos enviá-la do céu a mim, de vosso santuário, e do trono de vossa glória, a fim de que ela esteja
em mim e opere em mim; é ela que é a senhora de todas as artes celestes e ocultas, que possui a ciência
e a inteligência de todas as coisas.

Faz com que ela me acompanhe em todas as minhas obras que, por seu espírito, eu tenha a verdadeira
inteligência, que eu proceda infalivelmente na nobre arte à qual estou consagrado, na busca de
miraculosa pedra dos sábios que ocultastes ao mundo, mas que tendes o hábito de descobrir ao menos
a vossos eleitos.

Que essa grande obra que tenho a fazer cá embaixo seja começada, continuada e concluída ditosamente
por mim; que, contente, goze-a para sempre. Imploro-vos, por Jesus Cristo, a pedra celeste, angular,
miraculosa e estabelecida por toda eternidade, que comanda e reina convosco.

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