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Nesta capital europeia praticou a medicina com êxito, e diz-se que combinava a cura espiritual com o
tratamento puramente médico. Nos países mencionados, com a convivência de homens de ciência,
aperfeiçoou os seus conhecimentos de Filosofia, Medicina, História Natural, Alquimia e Teosofia, que
tinha adquirido em Oxford, tornando-se um dos homens mais eruditos do seu tempo.
Adversário dos "peripatéticos" (os que seguem a filosofia de Aristóteles), e em geral de toda a filosofia
pagã, introduziu na Inglaterra a filosofia natural e a teosofia de Paracelso e de Cornélio Agripa. Tal como
Paracelso, esforçou-se por formar um sistema de filosofia fundado na identidade da verdade espiritual e
física.
Nos seus escritos notam-se as antigas doutrinas rosacrucianas que se consubstanciam nisto: o Universo e
todas as coisas procedem de Deus – o princípio e o fim de todas as coisas, que a Ele retornarão.
O acto de criação é a reparação do princípio activo (luz), do principio passivo (obscuridade) no seio da
unidade divina (Deus).
Para ele, como para qualquer rosacruciano, a unidade de toda a vida é um facto indiscutível. A sua
explicação do acto da Criação recorda-nos o princípio do evangelho de S. João, no qual este fala do papel
que a Luz (Espírito) e as trevas (matéria) desempenham na Criação do Universo. Fludd diz que o universo
consiste em três mundos: o arquetípico (Deus), o macrocosmo (o mundo) e o microcosmo (o homem).
Este é o mundo em miniatura. Todas as partes de ambos se correspondem simpaticamente, actuando
uma sobre a outra.
Com tais opiniões, dá-nos a entender que também para ele era certa a verdade do axioma hermético:
"Como em cima é em baixo, e como em baixo é em cima".
Diz ainda que é possível para o homem (e também para o mineral e para a planta) sofrer a
transformação e obter imortalidade. Ora, isto não é mais que a expressão, por outras palavras, do
princípio da evolução. O sistema de Fludd pode ser descrito como um panteísmo materialista
apresentado em fórmulas místicas. Isto quer dizer unicamente que, para ele, o Universo material não é
mais do que Espírito (Deus) cristalizado, sendo uma coisa vivente e o corpo de Deus, tal como o
aprendemos na nossa Filosofia Rosacruz.
Entre as suas obras figuram: Utriusque Cosmi metaphisica atque technica historica (Oppenheim, 1617);
Tracttatus theologiae philosophica (Oppenheim, 1617); Clavis philosophiae et alchymiae Fluddano
(Francfrt, 1633), obras nas quais reuniu os dois princípios dominadores da natureza, a simpatia e a
antipatia, com a força magnética universal; De Monochordum Mundi (Francfort, 1623), obra na qual
compara o Universo com um monocórdio (instrumento musical duma só corda).
É notável a sua interpretação do fogo. Segundo Fludd o fogo contém: 1º – uma chama visível (corpo); 2º
– um fogo astral invisível; 3º – um "espírito". Quando uma chama se extingue no plano material, não faz
mais do que passar do mundo visível ao invisível. Com esta interpretação equipara-se aos Rosacruzes,
que também foram chamados os "filósofos do fogo".
O primeiro emblema da Irmandade Rosacruz foi dado a conhecer em 1619, por Fludd, sob a forma de
uma cruz com uma rosa ao meio, colocada sobre um pedestal com três degraus.
Entre os seus escritos contam-se mais os seguintes: Tractatus apologeticus (Leyden, 1617), que é a
defesa detalhada dos Rosacruzes contra a maledicência e a calúnia dos ignorantes e mal intencionados;
Apologia compendiaria fraternitatem de Rosea Cruce suspicionis et infamiae maculis aspersam abluens
(Leyden, 1617).
Como bom rosacruz, Fludd mostra o equilíbrio entre o coração e a mente, que a nossa filosofia ensina
ser absolutamente necessário para o desenvolvimento perfeito do homem e assim vemos que, apesar de
ser um místico, eram também um homem de muitos e variados recursos, e nunca desdenhou as
experiências científicas.