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AMAMENTAÇÃO ESTIMULA DESENVOLVIMENTO CEREBRAL

Por: Prof. Marcus Renato de Carvalho, IBCLC

Leite materno é benéfico para o cérebro dos bebês

A quantidade de mielina aumenta com a amamentação e os cientistas garantem que


as mudanças no desenvolvimento do cérebro acontecem quase de imediato. © Baby
Imaging Lab/Brown University;

Ressonâncias magnéticas efetuadas durante o sono mostraram que os bebés


alimentados com leite materno apresentavam um maior desenvolvimento em zonas
fundamentais do cérebro em comparação com os restantes. © Baby Imaging
Lab/Brown University

Um novo estudo norte‐americano revela que o leite materno é capaz de incrementar


em até 30% o desenvolvimento cerebral dos bebês em apenas três meses. Os
benefícios aparecem, sobretudo, associados às áreas responsáveis pela linguagem,
função emocional e cognição, dizem os cientistas.

Os investigadores da Brown University, nos EUA, utilizaram equipamentos de


ressonância magnética adequados para bebês (silenciosos e que funcionam durante o
sono) para analisar o crescimento do cérebro de uma amostra de crianças com menos
de quatro anos de idade.
A análise mostrou que, aos dois anos, os bebês que tinham sido alimentados
exclusivamente através da amamentação durante, pelo menos, três meses,
apresentavam um maior desenvolvimento em áreas fundamentais do cérebro em
comparação com as crianças alimentadas com fórmula de leite ou com uma
combinação de fórmula e leite materno.

Embora não se trate do primeiro estudo a sugerir a importância da amamentação para


o desenvolvimento cerebral, os trabalhos anteriores têm associado estes benefícios a
uma fase posterior da vida, nomeadamente à adolescência e à idade adulta. Neste
caso, os especialistas, coordenados por Sean Deoni, estudaram os cérebros de crianças
"muito jovens e saudáveis".

"Queríamos compreender o quão cedo estas alterações no desenvolvimento do


cérebro se manifestam e provamos que elas acontecem imediatamente [após o início
da amamentação]", explica, em comunicado, o líder do estudo publicado na revista
científica NeuroImage.

Através do Advanced Baby Imaging Lab daquela universidade, Deoni e os colegas


recorreram a uma técnica que analisa as microestruturas da substância branca do
cérebro, que contém fibras nervosas e ajuda as diferentes áreas cerebrais a comunicar
entre si, estudando, em particular, a quantidade de mielina, a matéria gorda que
"acelera" o envio de sinais elétricos entre os neurônios.

Os 133 bebês envolvidos no estudo tinham idades entre os 10 meses e os quatro anos
e todos nasceram após gestações normais e integrados em famílias com estatutos
socioeconômicos semelhantes.

As crianças foram divididas em três grupos ‐ os que apenas tinham consumido leite
materno nos últimos três meses, os que foram alimentados com uma combinação e os
que apenas beberam fórmula ‐ e os investigadores compararam as crianças mais
jovens com as mais velhas para estabelecer a trajetória de crescimento da substância
branca em cada grupo.

Período de amamentação mais longo é mais eficaz

Os resultados mostraram que uma alimentação exclusiva com leite materno foi a que
provocou maior crescimento desta matéria cerebral, sendo que o aumento do volume
da substância branca começou a ser particularmente relevante a partir dos dois anos
de idade.

O grupo alimentado com uma combinação de leite materno e fórmula apresentou


maior desenvolvimento do que o alimentado apenas com fórmula, mas ambos
demonstraram uma evolução mais lenta em comparação com os bebés do primeiro
grupo.
"Descobrimos que a diferença [no crescimento da substância branca] é na ordem dos
20% a 30% quando comparamos os bebês que foram amamentados e aqueles que não
consumiram leite materno", afirma Deoni, considerando que é "impressionante que se
observem diferenças tão grandes numa fase tão precoce da vida".

Para sustentar estas conclusões, a equipa realizou ainda com os bebês mais velhos um
conjunto de testes cognitivos, que, entre o grupo alimentado com leite materno,
produziram melhores pontuações ao nível da linguagem, da recepção visual e do
controlo motor.

A duração do período de amamentação parece ter, também, importância no


desenvolvimento cerebral: os bebês que foram alimentados com leite materno ao
longo de mais de um ano revelaram um cérebro mais evoluído do que os
amamentados por um período inferior, em particular nas áreas associadas à função
motora.

Segundo Deoni, esta descoberta vem juntar‐se a um já amplo corpo de investigação


que comprova os benefícios da amamentação para a saúde do cérebro dos bebés.
"Creio que, considerando todas as outras evidências, a alimentação com leite materno
é absolutamente benéfica", conclui.

Publicado em: 12/6/2013

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