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omunicaçao G,
Esta obra foi pensada justamente para os gestores que, não tendo de ser peritos nesta
matéria, precisam porém de possuir algumas noções do vasto espetro da Comunica
Este livro dá-nos respostas gerais, globais, práticas e acessíveis a estes desafios
tão simples, e simultaneamente tão importantes na nossa afirmação pessoal
e profissional.
A cada vez maior obra bibliográfica de Martins Lampreia (...) é, por si só, o
garante de que o livro que agora tem nas mãos corresponde a mais um pouco
da valiosa expertise que, desde há muito, este grande profissional da Comuni
cação, nos disponibiliza.
Pedro Luiz de Castro, in Prefácio: Acha Mesmo que Sabe Comunicar?
9789727579846
Ferramentas
de Comunicação
para Gestores
DA MESMA EDITORA
de Comunicação
João Paulo Pinto
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
e-mail: livrarialx@lidel.pt
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ÍNDICE
Parte I
Edição e distribuição
Comunicação Interpessoal
M COJO WO JNJi D MO ^ Ps l WH C r i M
2. Cronémica: a Linguagem Oculta do Tempo....................
Lidei - edições técnicas, Ida.
3. Comunicação Corporal: a Linguagem Oculta do Corpo
4. Falar em Público................................................................
SEDE
Rua D. Estefânia, 183, r/c Dto - 1049-057 Lisboa 5. Comunicação no Neuromarketing...................................
Internet: 21 354 14 18 - livraria@lidel.pt 6. A Praga das Reuniões Inúteis............................................
Revenda: 21 351 14 43 - revenda@lidel.pt
Formação/Marketing: 21 351 14 48-formacao@iidel.pt / marketing@lidel.pt
7. Networking na Gestão.......................................................
Ens. Línguas/Exportação: 21 351 14 42-depinternational@lidel.pt
8. Negociar Também é Comunicar......................................
Fax: 21 352 26 84
9. Como Escolher uma Empresa de Consultoria...............
Linha de Autores: 21 317 32 55 - editec@lidel.pt
Fax: 21 317 32 59
LIVRARIA Parte II
Av. Praia da Vitória, 14- 1000-247 Lisboa
Tel.: 21 354 14 18 - Fax: 21 317 32 59 - livraria@lidel.pt Comunicação Empresarial
Copyright © novembro de 2013
LIDEL - Edições Técnicas, Lda. 10. Comunicação Institucional...................................
respetivas taxas.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
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Epílogo.................................................................. Para estas pessoas é comum acharem que a Comunicação é algo
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Bibliografia..........................................................
de inato, e ou se nasce com algum jeito para isso ou, então, pouco
haverá a fazer.
Não será pois de admirar que, em Portugal, grande parte dos pro
blemas e dificuldades que as empresas enfrentam, tenham a sua
Edições Técnicas
VI VII
Ferramentas de Comunicação para Gestores Acha Mesmo Que Sabe Comunicar?
eixos, consoante se trate da área de Publicidade, de Relações Públicas, Mais recentemente, o Martins Lampreia envolveu-se pessoal e profis
de Jornalismo, de Vendas, de Design, etc.... A Comunicação pouco ou sionalmente na campanha relativa à normalização e, sobretudo,
nada tem de inato e engloba um vasto conjunto de matérias que se têm regulamentação das atividades de lobbying (ou Lóbi) em Portugal.
de aprender e aplicar. Se possuir uma tendência natural para comunicar Acompanho a sua dedicação à causa da transparência das atividades
ajuda muito, contudo só isso não faz um bom comunicador, se não hou lobistas entre nós, para o que, muito justamente, entendeu ser a
ver um correto diagnóstico, estratégia, e depois uma boa execução. sua obrigação, ter o dever ético de se acreditar oficialmente em
Bruxelas como lobista junto da Comissão Europeia e do Parlamento
A Comunicação deve ser, hoje em dia, uma atividade transversal a toda Europeu.
a empresa, com presença na Comunicação Interna como Externa, na
ascendente, na descendente e na horizontal, a nível da cúpula ou das Desta vida profissional de mais de 30 anos, recheada de múltiplas
bases, em suma, a Comunicação está presente em todos os estádios situações marcantes e sempre riquíssimas do ponto de vista viven-
e em todos os momentos da vida de uma empresa. cial e de experiências, retirou o Martins Lampreia um conjunto de
princípios, de regras, e de valores. Em vez de os guardar para si e
Penso não ser necessário dizer muito mais sobre a importância da para a sua febril atividade profissional..., resolveu pô-los à disposição
Comunicação para uma gestão empresarial eficaz. Por isso achei este de todos os empresários e empreendedores que falam e comunicam
último livro do Martins Lampreia simplesmente genial, por tê-los em português.
escrito a pensar, não só nos profissionais do setor, como sucedeu
nas suas obras anteriores, mas também nos gestores e nos que, de Ao percorrer o índice da obra que agora tem nas mãos, é fácil veri
um modo geral, detêm o poder de decisão, dentro de uma estrutura ficar que, desde os princípios básicos da Comunicação Interpes
institucional, sem serem profissionais da Comunicação. soal até à sofisticação das atividades do Lóbi, é longo o caminho
que os gestores têm que percorrer na busca de uma melhor
E devo dizer que, vindo dele, esta iniciativa mais do que oportuna, Comunicação para si e para as suas organizações. Embora seja
já não me admira. óbvio que melhorar toda a Comunicação entre nós, nas empresas
e nos negócios, é determinante para o nosso sucesso pessoal e
Ao longo dos mais de vinte anos que conheço e me relaciono empresarial.
amiúde com o Martins Lampreia, e sempre me impressionou a sua
capacidade para estar à frente de tempo, nos terrenos da inovação Nos tempos de crise que atualmente se vivem, e que não sabemos
e da descoberta. Como se, a exemplo dos exploradores, a sua mis quando acabarão, o conjunto de regras e conselhos ministrados
são fosse desbravar terrenos, e disponibilizá-los, para serem, quiçá, nesta obra está alinhado com os grandes princípios da gestão. Com
aproveitados por outros. efeito, "é nas alturas de crise que mais se deve apostar na imagem
e Comunicação; é nas alturas de crises que mais se deve investir no
Edições Técnicas
Foi assim nos longínquos anos oitenta, na Hill & Knowlton que na altura melhoramento das nossas competências comunicacionais, tanto
dirigia em Portugal, onde foi o pioneiro dos primeiros cursos de Media pessoais como corporativas".
Training, hoje popularizados por muitas empresas. Dez anos depois foi
a Gestão de Crise & Controlo de Danos (Crisis Management & Damage Enquanto empreendedor ou gestor alguma vez já se perguntou:
-
© LIDEL
Control), uma pedrada no charco na gestão das empresas, que partiam "Como comunica a minha empresa?", ou "Como poderei melhorar
sempre do princípio que as crises acontecem apenas às outras.
VIII IX
Ferramentas de Comunicação para Gestores
Certamente que quando acabar de ler esta obra, estranhará o que per A tendência natural, agravada pelas redes sociais, foi de exercer em
guntei no título deste prefácio "Acha mesmo que sabe comunicar?". exclusivo a sua atividade de base e apenas essa, de forma cada vez
mais aprofundada e restrita.
X XI
d
Ferramentas de Comunicação para Gestores Sobre o Livro
atividade, tornando-se peritos "hiperespecializados", em qualquer exemplo, Belmiro de Azevedo foi durante muitos anos a imagem
dos subsetores que todos os anos se vão criando. da Sonae® assim como Ricardo Salgado a do BES® ou Bill Gates a
da Microsoft®, ou pode-se ainda referir o caso do falecido Steve
Não deixa por isso de ser curioso constatar que, a nível de adminis Jobs em relação à Apple®. Tudo o que disserem ou fizerem em
tração, a tendência tenha sido justamente oposta no que respeita à público repercute-se na imagem da sua empresa, e vice-versa.
Comunicação Empresarial. 4. De referir o aspeto não menos importante da rápida evolução
dos meios de Comunicação, nomeadamente da Internet e,
Os detentores do poder de decisão dentro de uma empresa ou de mais recentemente, das redes sociais, onde todos os públicos
um grupo, sejam eles CEO (chief executive officer), Administradores da empresa (funcionários, clientes, fornecedores, etc.) podem
ou Diretores-Gerais, sentem cada vez mais necessidade em saber um
agora exprimir as suas opiniões e mesmo discutir em público
pouco mais acerca de cada uma das áreas da Comunicação. assuntos internos da empresa, coisa que dantes era impensável.
E, claro, o responsável máximo, não pode estar arredado desta
Estes responsáveis empresariais, a que passarei a chamar gestores para tendência, sendo mesmo "obrigado" a nela participar.
abreviar, necessitam de se tornar uns generalistas neste setor, para
O gestor moderno vê-se assim confrontando com a necessidade de
poderem gerir com sucesso os destinos das respetivas empresas.
perceber um pouco de todas as áreas da Comunicação, a fim de não
Com a globalização, entrámos, assim, numa nova era: a dos gestores- perder o controlo da sua empresa.
-comunicadores.
É também por essa razão que a Equipa de Gestão de Crise (Crisis
Esta tendência inversa à do mercado pode ter a sua explicação em Management Team) tem habitualmente o responsável máximo como
Team Leader. É obvio que não precisará de saber a fundo da maté
quatro fatores principais.
ria, para isso terá ao dispor o seu pessoal devidamente treinado e o
1. O facto de ser possível contratar funcionários altamente recurso aos consultores externos especializados.
especializados para qualquer das funções no âmbito da
Comunicação. Se, por um lado, alivia a carga de trabalho das Contudo, em última instância, terá de ser ele a dar a cara pela sua
direções e acaba com as acumulações de funções, obriga, por empresa, e, para determinar se o que se está a discutir no seio da
outro lado, o gestor a ter um conhecimento básico da matéria, sua Equipa de Gestão de Crise é adequado, relevante e coerente, tem
a fim de assegurar um certo controlo de todo o processo. de possuir uns requisitos técnicos mínimos para não serem tomadas
2. O facto de a Comunicação ter passado a ser transversal a decisões irrefletidas e erradas que no, futuro, lhe sairão muito caras.
toda a estrutura empresarial, independentemente do seu
setor de atuação, obrigando a uma responsabilização e, Também na área do Lóbi poderá dispor internamente de um especia
LI D E L - Edições Técnicas
sobretudo, a um envolvimento cada vez maior por parte do lista em Public Affairs (Relações Institucionais) e recorrer em simultâ
gestor. neo a uma agência especializada. Mas se não tiver noções mínimas
sobre o que é o Lóbi Direto, de Topo ou de Base, por exemplo, corre
3. Pelo facto de o gestor, quer queira quer não, fazer parte
o grande risco de não entender o que os especialistas lhe estão a
integrante da Comunicação e da Imagem Empresarial. Basta
propor como estratégia de atuação junto dos decisores políticos.
referir que a imagem da empresa se tornou cada vez mais
©
XII Xlil
Ferramentas de Comunicação para Gestores
XIV
Comunicação Interpessoal
Marshall McLuhan.
© muito específica. Numa reunião mais formal, que exigiria uma
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
Distância Social de cerca de 3 metros, pode, por exemplo, passar Alguns estudos, posteriores aos de Hall, redefiniriam as distâncias,
para uma Distância Pessoal (que é cerca de metade), a fim de tentar conforme as culturas.
"quebrar o gelo" e induzir o outro a uma maior interação. Desde que
se saiba perfeitamente como fazê-lo, não haverá problema de maior, Exemplo _ -................... ....................
e os resultados obtidos com essa tática podem ser relevantes. I Assim, por exemplo, a distância pessoal, de 45 a 120 centímetros,
que Hall atribuiu aos norte-americanos, teria de ser revista para
as outras zonas do globo da seguinte forma:
Exemplo----------------------------------------------------------------------------------------
■ Europa do Norte: 50 a 120 centímetros (semelhante aos
Veja-se a este propósito os bons vendedores de carros, que
EUA);
tentam a todo o custo reduzir as distâncias entre eles e os poten
ciais compradores, a fim de serem mais persuasivos. Isso passa ■ Europa do Sul: 35 a 80 centímetros;
por tratar de imediato a pessoa pelo nome, dar-lhe palmadas a América do Sul: 30 a 60 centímetros;
nas costas, tocar-lhe no braço, falar num tom de voz mais baixo ■ Médio Oriente: 20 a 35 centímetros;
como se estivesse a confidenciar qualquer informação, destinada
■ Japão: > 1 metro.
exclusivamente ao interlocutor.
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Comunicação Interpessoal
partimentado e separado do seu universo familiar e social. a sua orientação natural é sempre para o futuro e não tanto para o
momento presente, e muito menos para o passado.
No extremo oposto, os policrónicos conseguem desempenhar várias
tarefas em simultâneo, saltando displicentemente de uma atividade Já nas culturas ditas policrónicas, como são todos os países de
-
LIDEL
para outra, sem precisar de ter uma linha de atuação bem definida. África, da América do Sul e Central, ou os países árabes, o conceito
Para eles o tempo é flexível e fluido, por isso não se preocupam com @ de tempo é muito mais fluido e menos formal. Não é tanto o relógio
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
ou o calendário a ditar as tarefas a executar mas mais as relações regras estabelecidas nem horários para nada, e onde um programa
interpessoais, a vida comunitária, os hábitos ou as tradições. Para inicialmente delineado pode ser alterado em qualquer altura sem
eles, o que conta é o presente, que valorizam por todos os meios em aviso prévio. É que, apesar de sermos ainda uma sociedade poli
detrimento do futuro, o Carpe Diem4 aplica-se-lhes perfeitamente. crónica, estamos já muito longe do policronismo clássico dos países
africanos ou da América Latina. Entender estas diferentes realidades,
Quando é mesmo necessário planear algo, raramente vão além do já é, só por si, meio caminho andado para o estabelecimento de
curto prazo, considerando que o médio e, sobretudo, o longo prazo, relações profícuas nas negociações com esses países.
são incógnitas que ''estão nas mãos de Deus". Nestas culturas, o
passado tem um valor enorme, sendo referido amiúde e servindo Não vale a pena analisar aqui se uma sociedade monocrónica é
muitas vezes de exemplo para as ações no presente (veja-se o nosso superior a uma sociedade policrónica. Ambas têm as suas virtudes e
caso com os descobrimentos). defeitos. Poderemos sempre constatar que as sociedades monocróni-
cas eram, até agora, mais produtivas e evoluídas em termos mate
No que respeita a Portugal, e à semelhança dos outros países do riais; mas pode-se sempre contrapor com uma maior qualidade de
sul da Europa, apesar de ainda predominar a noção de tempo vida verificada nas sociedades policrónicas, onde há menos stress,
policrónica, a nossa entrada para a UE, a globalização acelerada do o tempo de lazer é maior, e as pessoas são mais afáveis e comuni
mundo ocidental, e a maior abertura ao exterior, verificada após a cativas.
revolução de 1974, vieram alterar um pouco essa perceção. Nota-se
isso sobretudo nas novas gerações que entraram há poucos anos no Note-se que escrevi "eram até agora", pois com a globalização
mercado de trabalho, e cuja formação foi influenciada pelos parâme galopante, a aceleração da história e os progressos em todas as
tros das sociedades monocrómicas; já as gerações mais velhas, con áreas técnico-científicas é muito possível que este paradigma sofra
tinuam arreigadas aos aspetos culturais nacionais e tentam resistir à uma mudança radical. Para além das economias emergentes, os
mudança. Isto é, continuamos a ser uma sociedade policrónica, mas chamados BRICS5, que se prevê serem as potências economicamente
já algo matizada, devido sobretudo à presença de multinacionais no dominantes dentro de poucas décadas, já se perfilam no horizonte
nosso mercado, ao estabelecimento de relações com países tipica os MIKT (neologismo referente a México, Indonésia, Coreia do Sul e
mente monocrónicos, e, naturalmente, devido à crise que atualmente Turquia) para muito rapidamente lhes seguirem as pisadas.
atravessamos, à necessidade crescente de maior competitividade.
Se considerarmos que todos estes países são, na sua essência,
Compreenderemos, assim, melhor a angústia dos gestores portu policrónicos, a nossa atual tendência de ligar a monocronia com o
gueses, quando têm de tratar de negócios, por exemplo em Angola desenvolvimento é capaz de cair por terra muito em breve...
ou no Brasil, onde ficam com a sensação de que não existem
Este mesmo tipo de análise é válida também para as pessoas enquanto
© L ID E L -E d iç õ e s Técnicas
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
Um bom gestor será capaz de entender rapidamente as potenciali pretende é que lhe apresentem ideias novas, então é provável que
dades de cada um deles, e pedir-lhes para desempenharem funções obtenha melhores resultados por parte dos policrónicos, capazes
ou tratar de tarefas que possam condizer o mais possível com as de deixar vaguear o espírito enquanto trabalham simultaneamente
respetivas características. Por outro lado, terá compreendido que em vários assuntos, ao mesmo tempo que ouvem música, telefonam
comunicar com um policrónico não é o mesmo que fazê-lo com um para casa, navegam nas redes sociais, ou enviam emails para os
monocrónico, e saberá escolher a melhor altura e a melhor forma amigos.
para fazer passar a sua mensagem junto de cada um deles.
A terceira questão tem a ver com o contexto em que se movimenta,
Chegados a este ponto, é altura de tentar perceber em que categoria tanto na ótica da sua empresa como do país onde trabalha. No que
se encaixa. Considera-se um gestor monocrónico ou policrónico? Ou respeita à empresa, deverá questionar-se se é nacional ou estrangeira
acha que se situa numa linha intermédia e indefinida, consciente e, neste último caso, de que nacionalidade? Trabalha para uma
de que faz um certo esforço para se sentir monocrónico no local de empresa alemã, suíça ou norte-americana? Ou para uma empresa
trabalho e policrónico fora das horas de serviço? brasileira, italiana ou marroquina?
Esta é a primeira questão que deverá colocar honestamente a si Como já percebeu certamente, o facto de estar em Portugal (país
mesmo, a fim de se poder posicionar corretamente neste contexto. moderadamente policrónico) pouco conta para empresas oriundas de
países monocrónicos, onde a mesma cultura empresarial predomina
A segunda questão tem a ver com as pessoas com quem habitual sobre as culturas locais, em todos os países onde estão instaladas.
mente lida mais de perto, seja interna ou externamente, e tentar
catalogá-las uma a uma. Numa fase seguinte, haverá que adaptar a Como gestor, o que lhe vai ser exigido (com algumas adaptações
sua Comunicação e a gestão de expectativas a cada caso específico. locais evidentemente) é que se comporte, atue e comunique de
Assim, no que respeita aos seus colaboradores ou parceiros de negó acordo com a cultura empresarial, que, por sua vez, estará forte
cio, já sabe, por exemplo, que não poderá confiar mais do que uma mente condicionada com a cultura do país de origem.
tarefa de cada vez a um monocrónico.
O mesmo se passa com as empresas originárias de sociedades poli-
Por outro lado, não deverá contar que um policrónico lhe entregue crónicas.
um trabalho dentro do prazo combinado; não é que ele não seja capaz
de cumprir um prazo, mas para o conseguir este terá de fazer um No que respeita ao país em que exerce a sua profissão, seja em Por
esforço tremendo, enquanto que para o monocrónico, isso não pas tugal ou (se for um expatriado) no estrangeiro, as mesmas questões
saria de uma tarefa óbvia, fácil e natural. Numa situação deste tipo, se irão colocar podendo dar-se o caso de ser um policrónico a tra
a única solução para o gestor é certificar-se amiúde do andamento balhar num país Monocrónico, um Policrónico num país também
Edições Técnicas
dos trabalhos e, se for caso disso, insistir ou chamar a atenção do policrónico ou o inverso destes dois casos. E, claro, adicionar a cada
colaborador, para os atrasos que já se começam a vislumbrar. caso a nacionalidade da empresa para a qual trabalha.
Tão pouco valeria a pena discutir os pormenores dos objetivos da Em qualquer destas situações relacionadas com o contexto, a única
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empresa a médio ou a longo prazo com um policrónico, que está forma de sobreviver e triunfar é adaptando-se rapidamente ao
totalmente focado no presente ou no curto prazo. Mas se o que o ambiente cultural que o rodeia e aprender a atuar e a comunicar em
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
E são esses gestos inconscientes que revelam genuinamente o que a nas entrevistas para um emprego. Pois tanto os administradores,
pessoa está a pensar naquele instante, independentemente daquilo gestores, executivos como os líderes, de um modo geral, não
que estiver a dizer ou que se estiver a esforçar por parecer. podem ficar alheios a este tipo de Comunicação.
Para os mais atentos, a Linguagem Corporal é capaz de revelar tudo O mesmo se passa com quem tem de negociar por razões profis
sobre um indivíduo, até aos mais pequenos detalhes. sionais. Seja um político, empresário ou um simples vendedor, saber
ler os gestos e expressões dos seus parceiros será "meio caminho
É desto modo que a correta leitura corporal permite às pessoas que andado" para conseguir alcançar com sucesso os seus objetivos.
dominam a técnica aperceberem-se dos estados de espírito dos seus
interlocutores. Em determinadas situações, como numa reunião de Convirá, porém, ressaltar que a Linguagem Corporal é influenciada
negociações, esta é uma mais-valia inestimável. por três fatores:
estiver preparado para ler a nossa expressão e os nossos gestos, frequentando um curso ou seminário.
devemos estar em alerta para não dizer por palavras o oposto do
que lhe estamos a comunicar com o corpo.
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LI DEL
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
Esfregaras mãos
auditório espera sempre de um orador que este seja claro, direto,
Desviar o olhar Desconfiança
sincero e, acima de tudo, convincente.
Ansiedade, insegurança
Roer unhas
Indecisão 6 LAMPREIA, J. M. (1998) - Comunicação Empresarial, Texto Editora, Colecção Tex
Tocar ou coçar a orelha
tos de Gestão, Lisboa. Para mais informações sobre este tema, poderá consultar
Estalar os dedos Autoridade
também o livro: PINA, João Aragão e (2011), Apresentações que falam por si,
Olhar para o relógio repetidamente Impaciência Lidei - Edições Técnicas, Lda., Lisboa.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação interpessoal
Aparentemente, não há nada mais fácil, especialmente, quando se Uma boa intervenção de improviso - a mais difícil para quem não
está perfeitamente familiarizado com o tema do discurso. No entanto, tenha o dom da palavra - é, sem dúvida, a que mais prende qualquer
são muito poucas as pessoas que conseguem "agarrar um auditório auditório e produz mais resultados. É também a que assusta mais
pelos colarinhos" logo desde o início, mantê-lo interessado ao longo qualquer orador, pois a capacidade de uma pessoa mobilizar os seus
do discurso, e conseguir fazer passar a sua mensagem no tempo que pensamentos e verbalizá-los com fluência no momento preciso não
lhes foi atribuído. está (pelo menos de início) ao alcance de todos mas também não é um
obstáculo intransponível. Uma pessoa de inteligência e cultura médias,
A grande maioria, mesmo com o dom da palavra e um perfeito à-von- que possua uma boa dose de autodomínio e que tenha praticado
tade perante uma sala repleta de pessoas, não consegue transmitir a minimamente, pode fazer uma aceitável, senão brilhante, alocução
essência da sua Comunicação - porque divagaram sobre aspetos de de improviso.
importância secundária, porque utilizaram termos demasiado téc
nicos, ou porque a sua linguagem era demasiado floreada, ou, pelo A primeira coisa a fazer é exercitar-se ao longo de alguns dias a falar
contrário, era muito terra a terra para as pessoas a quem se dirigia. de forma espontânea, durante um a dois minutos, a respeito dos
mais variados temas que primeiro lhe venham à cabeça. Convirá, num
Situações destas são normalmente o resultado de dois erros que primeiro tempo, escolher temas com os quais esteja minimamente
muitos bons oradores cometem, às vezes por excesso de confiança familiarizado, a fim de não dificultar em demasia a experiência. Os
em si próprios. Um deles é o desconhecimento do tipo de público a bons resultados, que certamente irá constatar de imediato, servirão
quem se dirigem; o outro é o objetivo final em vista. para incutir uma primeira dose de autoconfiança, antes de passar à
fase seguinte.
No primeiro caso é por demais evidente que há que adaptar a lingua
gem ao tipo de público que se tem pela frente. O desconhecimento Após alguns exercícios deste tipo, poderá, então, numa fase pos
deste não permite que essa adaptação seja feita, obtendo-se resul terior, selecionar temas que lhe sejam totalmente estranhos e
tados, por vezes, catastróficos. que não estejam relacionados nem com a sua área de atividade
nem com o seu passatempo preferido, para não falsear todo o
O segundo lapso surge quando uma pessoa vai falar em público sem processo.
ter noção do objetivo da sua intervenção. Este pode ser transmitir
uma simples informação, mas também pode ser o de instruir, de Nesta fase, um gravador poderá revelar-se um precioso auxiliar para
influenciar, de persuadir ou de apenas distrair. Nada pior do que poder comparar os progressos feitos dia após dia.
uma intervenção em público repleta de números, gráficos e de dados
estatísticos quando a finalidade não é persuadir mas apenas informar; Ao fim de uma semana irá certamente verificar que já está apto a
ou, num campo oposto, dar uma agradável palestra bem-humorada e alongar o improviso para cinco minutos ou até mais.
Edições Técnicas
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
Para quem tiver dúvidas, bastará comparar as gravações iniciais às do próprios retirar ideias para um improviso. Como recomendava
último dia para comprovar que nem parece tratar-se da mesma pessoa. Dale Carnegie7 "fale acerca dos seus ouvintes, quem eles são e
o que estão fazendo, sobretudo o que de especificamente bom
A segunda recomendação é estar mentalmente preparado para eles realizaram para a comunidade ou para a humanidade, e
falar de improviso a qualquer momento e em qualquer situação. verá como todos vão ficar presos às suas palavras".
Numa reunião, por exemplo, poderemos sempre treinar para prever
5. Uma outra fonte é a ocasião em si própria - quer se trate
aquilo que diríamos se, de repente, fôssemos interpelados para nos
de um aniversário, um encontro anual de vendas, uma festa
pronunciarmos sobre o tema em discussão naquele momento. O
de Natal ou um momento político -, o que lhe permitirá
mesmo para, num qualquer ato social, se alguém nos pedir para dizer
aproveitar as circunstâncias para falar dos motivos que
espontaneamente umas palavras de ocasião.
levaram as pessoas a estar ali reunidas.
Quanto à forma e conteúdo, os peritos costumam fazer as seguintes 6. Sempre que lhe for possível, não deixe de aproveitar alguma
recomendações: coisa específica que o orador anterior tenha dito, expressando
a sua concordância com a ideia, ampliando-a e reforçando-a.
1. Não tenha pressa em começar a falar- espere uns segundos
pelo silêncio da sua plateia, antes de iniciar. 7. Mantenha um contacto visual permanente com toda a
audiência, olhando especialmente para os que estiverem
2. Tenha especial atenção ao início da sua intervenção - nos pontos mais afastados da sala, em vez de olhar apenas
escolha muito bem as primeiras frases, pois o primeiro para as pessoas mais próximas.
impacto é o que marca mais. Inicie introduzindo um exemplo
vivido, presenciado ou contado, pois é a forma mais segura 8. Tente ser breve, não há nada mais desagradável do que uma
para captar de imediato a atenção. Pode também dar intervenção que por ser improvisada todos esperam que seja
um exemplo de um incidente pessoal que esteja, como é curta, e que acaba por se prolongar por uma dezena de minutos,
evidente, minimamente correlacionado com o que a seguir obrigando o auditório a ter de fazer um esforço de atenção.
se disser. 9. Adote uma linguagem positiva e clara, optando por frases
Em ambiente informais ou festivos, iniciar com uma anedota curtas, vocabulário adequado ao auditório, com palavras
fortes e emocionais.
apropriada também é uma boa forma de captar a atenção,
para além de ajudar a descontrair o ambiente e, sobretudo, 10. Utilize a respiração abdominal e respire fundo para sincronizar
o orador. o fôlego e controlar a ansiedade.
3. Esforce-se por falar de forma assertiva, com entusiasmo e 11. Não se esqueça de que o sorriso causará uma reação positiva
energia, mesmo que os assuntos em questão sejam dos mais e imediata em quem estiver a olhar para si. Por isso sorria
Edições Técnicas
banais. Lembre-se de que a entoação com que comunica é sempre que puder.
tão importante como aquilo que comunica.
7 Dale Carnegie (1888-1955) - escritor e orador americano, autor de vários best-
4. Habitue-se a utilizar o princípio do "Aqui e Agora". Sabendo-
-sellers sobre as regras de um bom relacionamento humano, que, apesar de
-se que os auditórios se interessam por eles mesmos e pelo
-
publicadas nas décadas de 40 e 50, ainda hoje são atuais (por exemplo, Como
© LIDEL
que fazem, estes constituem como que uma fonte, para deles fazer Amigos e Influenciar Pessoas, 2011, Lua de Papel). Foi consultor de grandes
empresas americanas e conselheiro de vários líderes mundiais.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
12. Sempre que possível fale de pé, além de demonstrar um saber qual o objetivo da intervenção e para que público é que se vai
maior à-vontade, pode respirar melhor e abranger com o falar-e que são:
olhar toda a plateia.
B Estudar o tema, recolhendo os elementos necessários,
A segunda situação prende-se com o facto de saber com antece com vista a encarar as eventuais diferentes opiniões que o
dência que irá ter de falar em público, o que lhe permitirá preparar assunto suscitar. É importante coligir argumentos e factos
algumas notas ou apontamentos. mensuráveis, verificáveis e irrefutáveis, sobretudo quando o
tema a tratar possa revelar-se polémico;
É perfeitamente aceite, hoje em dia, que um orador leia os seus B A escolha dos meios auxiliares de apresentação adequados,
apontamentos, seja em palestras, em conferências ou em seminários. como quadros, gráficos e vídeos, deve ser encarada logo de
Aliás, nenhuma plateia estará à espera que alguém fale durante uma início, e a sua apresentação cronometrada (sobretudo os
ou duas horas, sem quaisquer notas ou textos de apoio. vídeos), para não ultrapassar o tempo que lhe foi concedido
para a sua intervenção;
Convirá, no entanto, referir que mesmo a ser lido, um discurso tem
a Depois de selecionar e delimitar o assunto da exposição,
de ser minimamente preparado e ensaiado primeiro. Causa sempre
terá de fazer um esboço sumário de plano. Neste esboço
uma péssima impressão um orador que se limita apenas a ler os
são anotadas as ideias principais que pretender abordar,
seus apontamentos do princípio ao fim, sem nunca levantar os olhos
e, seguidamente, estas são classificadas por ordem de
do papel, num tom monocórdico. Não se deve perder de vista que,
importância. As ideias secundárias serão introduzidas no
pelo facto de haver apontamentos, não se trata de uma leitura em
seguimento de cada ideia principal, e para cada ideia serão
voz alta, mas sim de falar para um determinado público, utilizando
anotados todos os elementos que possam servir para ilustrar,
a ajuda de uns textos de apoio.
provar e explicar cada afirmação (como recortes de jornais,
diapositivos, gráficos, etc.);
A dezena de dicas anteriormente citadas para uma intervenção de
B A partir do esboço é elaborado o texto definitivo, dividido
improviso, podem também aplicar-se ao discurso preparado.
em três partes: uma introdução, um desenvolvimento e uma
conclusão. É recomendável que escolha um título apropriado,
Também aqui há que manter um contacto visual com a audiência,
levantando os olhos do papel tanto tempo quanto possível, aprovei curto e sugestivo, que deverá resumir a ideia principal que se
pretenda inculcar no auditório.
tando, para tal, a pontuação do texto.
A introdução deve prender logo a atenção e despertar a curiosidade,
Haverá também que dar uma ênfase e uma entoação entusiástica ao ou, como disse no início deste capítulo "agarrar o auditório pelos
que se está a dizer, justamente para tentar evitar que se assemelhe colarinhos". É esta a altura ideal para se contar uma história vivida,
a uma leitura em voz alta. Só assim conseguirá captar e manter a relatar um facto chocante, fazer uma citação impressionante ou,
Edições Técnicas
atenção do seu auditório até ao final da sua intervenção. simplesmente, fazer uma pergunta sem esperar resposta.
Para o discurso preparado existem igualmente umas preciosas reco Pode-se fazer tudo isso, mas com a devida rapidez para que o público fique
mendações básicas, adaptáveis a qualquer situação - depois de se
-
preso o mais depressa possível, pois não há nada que desmotive mais
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
do que um orador que, ao fim de uma dezena de minutos, ainda está na após a qual a sessão é dada por terminada com as habituais frases
introdução e não deu a entender para onde quer levar o seu auditório. de fecho e de agradecimentos.
Outra coisa a evitar a todo o custo é o pedido de desculpas gratuito, Uma última recomendação: a menos que estejam previstos outros
quer para invocar o desconhecimento da matéria ou os escassos oradores depois de si, não abandone apressadamente o palco no
dotes oratórios, ou ainda o facto de não dominar bem uma língua fim da sua intervenção, como quem está a fugir do auditório com
estrangeira, caso esteja a falar noutro idioma para pessoas de outras medo que lhe façam perguntas. Deixe as pessoas começarem a
nacionalidades. No primeiro caso porque, quem não tem uns bons levantar-se, e, se necessário, demore-se um pouco mais, fingindo,
conhecimentos do assunto não deve fazer palestras ou discursos; no por exemplo, que está a arrumar os seus papéis. É muito natural que
segundo e no terceiro, a ser verdade, o público depressa o notará alguns dos seus ouvintes venham abordá-lo nessa altura, quer seja
por si mesmo. Se for inexato, o orador fará prova de falsa modéstia, para lhe dar em os parabéns, ou para lhe colocarem alguma dúvida
o que em qualquer dos casos será sempre desvantajoso. ou simplesmente para se apresentarem e deixarem-lhe o seu cartão
de visita. Este é normalmente um bom momento para aproveitar
No desenvolvimento, que constitui a parte essencial da interven e fazer networking, conforme se poderá verificar mais adiante no
ção, devem-se colocar as ideias-força de forma clara e ordenada, Capítulo 7.
ilustrando-as nos momentos apropriados com exemplos e, se
necessário, com ajudas visuais ou audiovisuais. Devemos ter em
mente que o público gosta de intervenções dinâmicas e de fácil
compreensão, por mais complexo que seja o assunto.
fecho, que tanto pode ser um provérbio, uma citação ou uma per
gunta polémica que se deixará propositadamente em aberto,
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Co rn u n: ca ção i n 1:e r pessoa!
Em resumo, a tomada das nossas decisões é totalmente controlada O cérebro primitivo possui a capacidade inata de abarcar, por si só,
pelo nosso cérebro primitivo. Em consequência, e no que respeita todo um contexto.
à Comunicação, é ao cérebro primitivo que a mensagem tem de se
dirigir em primeiro lugar. O bom comunicador só terá de saber facilitar essa visão de conjunto,
para conseguir o impacto pretendido na parte específica e mais
- Edições Técnicas
De entre os diversos estímulos que produzem um impacto muito importante da sua mensagem.
forte no cérebro primitivo citarei apenas os dois que me parecem,
mais importantes, devido à limitação de espaço destes capítulos. São Na Publicidade, há muito que são utilizados, por exemplo, os anúncios
eles o par "início/fim" e "visão de conjunto". "antes e depois" ou "com ou sem" um determinado produto, e que
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação interpessoal
bem ter recorrido a outros meios (uma nota interna, um e-mait, um Na mesma linha, após a reunião, fazer o respetivo follow-up
telefonema, etc. ...). Esta tendência acaba por provocar inevitavel com a entrega das atas e distribuição das tarefas;
mente um excesso de reuniões, que, pela sua banalização, se irá refle ■ Reduzir o número de participantes ao mínimo necessário,
tir de forma prejudicial no normal funcionamento da empresa. convocando apenas as pessoas que forem consideradas
imprescindíveis para o tema a debater, ou que, pelos cargos
O segundo aspeto tem a ver com a falta de preparação da reunião, que ocupam, têm a obrigação de estar presentes;
em que os participantes desconhecem previamente a agenda, os
■ Reduzir o tempo da reunião, dentro do que for possível, através
objetivos, a duração, quem serão os outros participantes, etc. ... E
de uma maior assertividade e de uma boa gestão do tempo
finda esta, não está claro o tipo defollow-up que se espera de cada
de intervenção de cada participante. Para tal, cada pessoa
um deles, nomeadamente sobre o que tem de ser feito, quem o irá
deverá saber, à partida, as horas de início e de fim, bem como
fazer e de que prazos se dispõe para tal. Escusado será dizer, que
o tempo médio de que cada um poderá dispor para intervir.
uma reunião deste tipo (que em Portugal é mais frequente do que
se pode imaginar) estará, à partida, condenada ao fracasso. Só desta forma se poderá assegurar que as reuniões não sejam uma
perda de tempo, e que sejam sinónimo de criatividade, produtividade
Porque muito se escreveu sobre a forma de organizar reuniões produ e de bom trabalho em equipa.
tivas, não me vou alongar sobre esse assunto em particular, pois existe
muita bibliografia, a Internet está repleta de sites e dicas, e o tema é A terminar, e por estar em sintonia com o que anteriormente mencio
abordado amiúde em todas as revistas de economia e gestão. nei, achei oportuno transcrever parte de um texto, publicado no meu
livro Comunicação Empresarial8, sobre a condução de reuniões.
Vou apenas referir os quatro aspetos principais que qualquer decisor
deverá ter em conta, no que respeita à gestão das reuniões, numa "Ao desejar convocar uma reunião, seja ela qual for, dever-se-ão
ótica de pura rentabilidade empresarial. Não me estou a referir, evi previamente ter em mente os seguintes aspetos:
dentemente, às reuniões informais ou restritas a três ou quatro pes a) Marcar sempre com bastante antecedência o momento e o local
soas, onde a amostra é, de um modo geral, distendida, mas a outras da reunião, a fim de todos os participantes se poderem "libertar"
de maior relevância (uma negociação importante, uma assembleia de outros afazeres. Excetuando-se, obviamente, os casos das
geral, um encontro anual de vendas, etc.) com um grande número reuniões ad hoc ou de emergência que têm de ser convocadas
de participantes, onde competirá ao gestor assumir a direção e em cima da hora (numa situação de crise, por exemplo);
condução destas.
b) Indicar claramente o tempo previsto de duração, isso evitará
■ Limitar o número de reuniões ao estritamente necessário, que algumas pessoas se alonguem demais durante as suas
ou, por outras palavras, verificar se a reunião é mesmo intervenções, além de permitir programar as agendas a
imprescindível para o assunto a tratar;
Edições Técnicas
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
savam que se tratava de uma reunião de 15 minutos quando esta Até que ouvi falar pela primeira vez em Networking.
estava prevista para duas horas. Ter em conta estes aspetos básicos
é a forma mais simples e eficaz de evitar os pequenos percalços ini
ciais, e, como referi no próprio título deste capítulo, não deixar que
-
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Co m u f i i ca ç ã o I n t e r p e s s o a I
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
5. Tenha objetivos concretos- Não faça Networking apenas pelo o reiterar do prazer que teve em conhecer a pessoa, fazem
prazer de estar num evento. Tenha sempre como objetivo a normalmente maravilhas e abrem as portas para lhes poder
possível ligação futura dos contactos que faz às estratégias enviar um convite para um evento que esteja a organizar ou
da sua área de negócio. O seu tempo é precioso e limitado, para a marcação de eventuais futuras reuniões.
e terá de ser usado com discernimento, tanto na escolha do
Ultimamente, as redes sociais, nomeadamente o Facebook, o Twitter
evento, como das pessoas com quem decidir conversar.
e o Linkedln, vieram facilitar grandemente tarefa de follow-up, ao
6. Seja pró-ativo-Tome a iniciativa de contactaras pessoas. Não permitir retornar ao contacto com as pessoas num ambiente de
espere que sejam elas a vir ter consigo. Além do mais, tente grande informalidade.
não ficar "ancorado" no mesmo local, percorra a sala (ou as
salas) e não se demore demasiado a falar com uma só pessoa
(15 a 20 minutos é o tempo médio de um primeiro contacto).
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Comunicação Interpessoal
Talvez não nos apercebamos disso, mas a negociação é uma ativi Mas a arte da negociação não se esgota aí, pois desde as relações com
dade transversal a todos os setores e áreas das nossas vidas, quer os Jornalistas à Comunicação Interna, passando pela Comunicação
em termos profissionais quer pessoais. de Marketing (Consumer Relotions), é preciso possuir um certo grau
de sensibilidade para saber que argumentos apresentar, a quem, em
Na realidade, a nossa vida é uma negociação permanente. Desde que altura e de que maneira os iremos apresentar, consoante o tipo
jovens em que tentamos "negociar" com os nossos pais uma de interlocutores.
autorização para uma saída noturna, passando pelas negociações
no escritório, com o chefe, a tentar apresentar-lhe argumentos Por isso, para além do maior ou menor grau de aptidões inatas de
convincentes de que merecemos um aumento de salário - tudo cada um de nós é necessário ter formação nesta área e praticar,
assenta nesta arte e técnica de persuadir o nosso interlocutor com praticar, praticar... Há também que conhecer muito bem os princípios
os argumentos certos. básicos e as formas de aplicação destes consoante o tipo de nego
ciação em que se está envolvido.
Sendo uma atividade tão importante ao longo das nossas vidas, só admira
que não nos seja ensinada desde pequenos, nos bancos da escola. De um modo geral, faz-se a primeira grande distinção entre negocia
ção distributiva e integrativa. A primeira, que se tentará evitar tanto
O âmbito deste capítulo é, no entanto, menos abrangente e refere-se quanto possível, é a forma mais "básica" de negociação, onde um
apenas às negociações profissionais (entenda-se empresariais), ape dos intervenientes ganha proporcionalmente e sempre em função do
sar da base ser comum a qualquer tipo de situação. Qualquer gestor que o outro perde (win-loose). Já a negociação integrativa, prevê a
tem obrigatoriamente que ter algumas noções sobre esta matéria, situação de win-win onde os dois intervenientes saem a ganhar, seja
pois a maior parte do tempo que passa em reuniões, tanto internas porque se conseguiu criar um package à volta do assunto principal da
como externas, é justamente a lidar com esta componente. negociação, seja pela concessão de outros benefícios adicionais que,
Edições Técnicas
Comunicação depende diretamente da boa ou má negociação que Para além disso, convém ter uma noção da sua zona própria negociai
for estabelecida. o (até onde pedir), dos pontos de resistência do adversário e conhecer
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
o ponto de equilíbrio entre ambos. Depois, é só seguir o decálogo 9. Saiba ouvir "ativamente", isto é, demonstrando ao(s) inter-
dos princípios de uma negociação vencedora. locutor(es) que está atento e que entendeu perfeitamente
o que lhe está a ser proposto. Tome sempre apontamentos
1. Prepare-se bem, obtendo o máximo de informação sobre
e, se necessário, peça para repetir o que não ficou claro ou
a outra parte, sobre os seus interesses e sobre o objeto de
que não percebeu.
negociação.
10. No caso da negociação decorrer entre duas equipas, em vez
2. Não tenha pressa, evite ter de negociar a correr por falta
de duas pessoas, deverá prever um conjunto de situações,
de tempo ou devido à agenda, pois é sabido que negociar
como sejam qual é o papel de cada elemento da sua equipa,
à pressa gera ansiedade - um sentimento a evitar a todo o
quem coordena, quem irá falar no início, quem responde aos
custo. Por outro lado, controle bem o tempo de que dispõe,
argumentos, etc. ... Além do mais é sempre bom relembrar
para não ter de apressar na reta finai, obrigando-o a "saltar
que nas negociações em grupo é muito comum recorrer-
por cima" de aspetos que poderão ser relevantes.
-se à tática good cop-bad cop (polícia bom-polícia mau, em
3. Não inicie uma negociação discutindo valores, esses são português), em que um dos elementos se mostra pouco
elementos a apresentar sempre no final, depois de se ter dialogante e frontalmente agressivo, enquanto o segundo
devidamente exposto todos os argumentos que servirão um elemento se apresenta mais aberto ao diálogo, mais
pouco como justificativos do valor que irá ser apresentado. amistoso e compreensivo, emanando dele uma empatia que
4. Por outro lado, evite sempre que possível ter de fazer a se converte em confiança.
primeira oferta, pois, dessa forma, estará a "ancorar" num E, naturalmente, a arte da negociação não se faz apenas com teoria,
determinado valor e com ele toda a sua capacidade negociai. é preciso, como já foi dito, praticar. Nas negociações importantes em
Como dizem meio a brincar os americanos: "He who offers equipa, é corrente os diversos elementos ensaiarem exaustivamente
first, loses". a sua apresentação e argumentação, fazendo o levantamento dos
5. Comece com uma proposta e uma atitude positiva, que pontos críticos e corrigindo-os antes da negociação real. Só assim se
permitam criar um clima de confiança e franqueza entre formam bons negociadores, pois, como referi no início deste texto,
as partes, e facilite a negociação. No caso oposto, evite o não se nasce bom negociador, aprende-se...
"entrar a matar", o que cria de imediato resistência na outra
parte e gera desconfiança.
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Comunicação Interpessoal
9
O recurso à terciarização, isto é, à entrega de uma determinada área - Há quantos anos trabalham neste ramo de negócios?
a uma entidade exterior, é um processo cada vez mais frequente nos - Constituem uma referência na sua área de atividade?
países industrializados. Permite, por um lado, trabalhar com pessoas - Quais são os casos de sucesso que poderão apresentar?
altamente especializadas numa área específica sem os encargos e - Quem são as pessoas que dirigem a empresa?
restrições inerentes ao pessoal efetivo. Por outro lado, e na atual
-Quantos clientes têm? Quem são? Há quanto tempo
conjuntura, é sempre mais fácil mudar de consultores, quando o
trabalham para cada um deles?
trabalho não corresponde ao que era esperado, do que dispensar
colaboradores fixos. ■ Estrutura e Reputação:
-Qual a dimensão da empresa, o seu número de co
Mas a seleção de uma empresa de consultoria competente, idónea laboradores, a sua faturação?
e que saiba adequar-se à nossa realidade empresarial pode não se - Qual a sua missão, visão e quais os seus valores?
revelar tarefa fácil. Que o digam os responsáveis empresariais que já - Qual a sua imagem e reputação no mercado?
tiveram de passar por essa situação, e que, muitas das vezes, com
-Que parceiros têm a nível nacional e/ou internacional?
praram de boa fé "gato por lebre".
- A que associações profissionais pertencem?
Isto acontece frequentemente, porque não houve um critério de -Aceitam dar os contactos de alguns clientes para
seleção ajustado, tendo os responsáveis resolvido escolher o con referências?
sultor que prometia "mundos e fundos", ou o que lhes pareceu ■ Futura Equipa de Trabalho:
Edições Técnicas
mais simpático durante a reunião de apresentação, ou ainda o que -Quem são as pessoas da equipa que irão trabalhar com a
apresentou a proposta mais barata. Terão verificado posteriormente sua empresa no dia a dia?
o seu erro, mas, entretanto, já era tarde para voltar atrás, e até
-Quem está nesse momento a apresentar os serviços
se iniciar um novo processo de contratação muitos meses foram
-
passando.
©
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ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Interpessoal
:xemplo ----—-------------------------------------------------------------------- tratem de clientes "minúsculos" que ocupam poucas horas mensais
O número de empregados versus o número de clientes de pessoal. Mas será esse o seu futuro caso? Revê a sua empresa
nessa situação? Se a sua resposta for afirmativa, então não haverá
Suponhamos que uma empresa candidata a ser selecionada indica problema; caso contrário será melhor ponderar a sua decisão de
que tem 30 colaboradores efetivos a tempo inteiro (os colabo escolha, pois talvez essa empresa de consultoria não seja a mais
radores externos ou em part-time não contam) e apenas cinco adequada para si.
clientes. O que poderia parecer um ótimo negócio a priori - uma
média de seis colaboradores em exclusividade para cada cliente
- pode ser passível de outras leituras menos otimistas: E o mesmo exercício se pode fazer com os rácios dos outros elemen
tos, até se obter um resultado que não seja incongruente. Se, por
■ Ou esses cinco clientes dispõem de orçamentos tão
avultados que justificam plenamente essa média de exemplo, a consultora estiver no mercado há 20 anos (ou 25 ou 30),
seis para um (o que será relativamente fácil de calcular sem dúvida que esse aspeto constitui um trunfo e uma boa referência
conhecendo a faturação anual). Mas aqui atenção! em termos de experiência. Mas, por outro lado, também pode acon
Porque se no seu caso não dispuser também de um tecer que tenha "cristalizado" no tempo e não tenha acompanhado
orçamento avultado, arrisca-se a ser tratado como os progressos das últimas décadas. Na área da Comunicação, seria
cliente de segunda classe; aconselhável verificar se oferecem, por exemplo, serviços na área das
■ Ou, então, a empresa de consultoria é muito mal Novas Tecnologias. Se um consultor não acompanhou os progressos
gerida (seis consultores permanentes para um cliente é da Internet, e não souber colocar ao serviço do cliente os websites,
enorme), não é rentável e terá muito em breve alguns os blogues e as redes sociais, então é porque parou no tempo. E,
problemas de tesouraria; provavelmente continua a fazer o mesmo tipo de trabalho como há
■ Ou, em última análise, a empresa candidata está a faltar 20 ou 30 anos atrás, utilizando os mesmos processos, métodos e
à verdade, no número de empregados seja no número
suportes. Nesse caso, a antiguidade no mercado passa a funcionar
de clientes, isto é, na faturação anual, o que, de qualquer
como uma desvantagem, em comparação com uma consultora mais
maneira, não abona muito a seu favor.
jovem que, apesar dos seus poucos anos de experiência, domina
perfeitamente as novas formas de Comunicação.
Já agora, e apenas para servir de bitola ao que foi dito, esclareço que
A limitação de espaço não me permite abordar todas estas possi
o rácio de um consultor para dois clientes é perfeitamente aceitável,
bilidades exaustivamente, mas o objetivo deste capítulo era apenas
em qualquer das áreas de atividade, em condições normais, mesmo
transmitir a ideia de que não basta seguir uma checklist para fazer um
que trabalhem em equipa, dispensando algumas horas por dia para
outsourcing, é necessário também saber cruzar os dados e... usar a
cada cliente.
cabeça. Isto, para não ter uma surpresa desagradável mais tarde...
No entanto, e pegando no mesmo exemplo, o panorama oposto
Edições Técnicas
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Comunicação
Empresarial
Comunicação Empresarial
Na nossa sociedade de consumo, se atentarmos ao facto de que ■ Quando a imagem é inferior à realidade (l<R).
tanto os produtos como os serviços são cada vez mais parecidos, por No primeiro caso (l>R) estaremos perante um problema de orga
vezes, a melhor forma de uma empresa se poder distinguir dos seus nização, onde a prioridade deverá ir para a resolução das assime
concorrentes, marcando a diferença, é através da identificação da sua trias e não tanto para a Comunicação. Esta situação é bastante
origem. Adquirimos o produto A ou preferimos o serviço B, porque frequente, e já nos aconteceu a todos ter uma boa imagem de
sabemos que a montante (isto é, na sua origem) está a empresa X uma instituição que, depois de melhor analisada (ao visitá-la, ao
ou Y, na qual depositamos inteira confiança, devido à boa imagem e comprar o seu produto ou a utilizar os seus serviços, etc.), se veri
reputação que ela nos transmitiu. fica não corresponder em nada à sua verdadeira "personalidade"
empresarial. Tanto a imagem como a reputação, estão, neste caso,
Contudo, uma boa imagem não nasce espontaneamente nem é fruto do muito acima da realidade, e é natural sentirmo-nos por isso como
acaso, tem sempre subjacentes bons programas de Comunicação Insti que defraudados.
tucional, através dos quais essa imagem foi devidamente veiculada.
No segundo caso (l=R) estaremos numa situação de equilíbrio,
Apesar de já se tratar de uma tendência atual, posso adiantar sem receio havendo uma certa correspondência (que nunca chega a ser total)
de exageros que, no futuro próximo, o sucesso de qualquer empresa
dependerá exclusivamente da imagem (e, por tabela, da reputação) que
ela souber criar e veicular junto dos seus diferentes públicos-alvo. Ela
terá, portanto, de saber criar aquilo que se denomina por Capital Ima Recomendaria aos responsáveis empresariais, que se encontram
gem, e, numa segunda fase, terá de saber divulgá-lo adequadamente. neste tipo de situação, que é fácil de detetar através de
uma auditoria de imagem (ou até, por vezes, de um simples
inquérito), para não desperdiçarem recursos em Comunicação
E esse precioso Capital Imagem só poderá ser acumulado e difundido
Institucional enquanto não conseguirem resolver primeiro esta
através de um adequado investimento em campanhas de Comuni
discrepância.
cação Institucional.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
Já no terceiro caso (l<R) estaremos perante um típico problema de Um elemento primário, a que muitas vezes não se dá a devida
falta de Comunicação, visto que a empresa é boa mas a sua imagem atenção quando se planeia uma campanha de imagem, é a Estrutura
é negativa ou inexistente. Também aqui já terá acontecido a todos Corporativa da empresa [corporate structure em inglês).
nós não termos qualquer apreço especial por uma determinada
organização ou empresa, e percebemos mais tarde que esta é uma Ora a Estrutura Corporativa (que faz parte do elemento organizacio
referência no seu setor de atividade ou até a líder do mercado. Nestas nal na composição da imagem) é determinante tanto para o posicio
situações justifica-se um reforçado investimento em Comunicação namento da empresa e dos seus produtos no mercado, como para a
Institucional para repor o devido equilíbrio o mais rapidamente pos definição das linhas de força da futura campanha, que a ela deverão
sível, e tirar, a partir daí, os respetivos dividendos. estar subordinadas.
Obviamente, este não será o único aspeto a considerar quando se Por isso, deve ser sempre um elemento a tomar em conta, antes
pensar em investir neste tipo de Comunicação, mas é certamente mesmo de iniciar o planeamento, sob pena de se infringir algumas
um dos primeiros que o gestor deverá ter em conta, sob pena de a regras básicas da Comunicação.
empresa nunca vir a atingir os seus objetivos em termos de imagem
e de reputação. Na engenharia da Comunicação costuma-se dividir a Estrutura Cor
porativa em três categorias principais (cada uma delas com diversas
A Estrutura Corporativa (desenvolvida no capítulo seguinte) é outro variantes), que, por sua vez, dão origem a três principais tipos de
elemento determinante na definição dos vetores que servirão de identidade empresarial distintos. Assim, temos as estruturas (ou
base à futura estratégia comunicacional. identidades): Monolítica, Acoplada e por Marca.
A não observância destes dois elementos, que muitas vezes não são ■ Estrutura Monolítica: Em que a companhia utiliza um só
tomados em conta pelos próprios consultores da empresa (agên nome e um mesmo estilo visual para todas as componentes
cias de Publicidade ou de RP), poderá acartar alguns dissabores aos da sua estrutura. Imaginemos o caso de uma empresa
responsáveis empresariais menos atentos, nomeadamente no que estruturada em três divisões distintas, cada qual fabricando
respeita a enormes desperdícios orçamentais. um produto ou prestando um serviço diferente, mas
que utilize o mesmo nome, as mesmas cores, o mesmo
Edições Técnicas
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Empresarial
■ Estrutura Acoplada: Que também se pode designar por a interligação com as suas várias divisões (ou departamentos) será
Endossada (endorsed), verifica-se quando uma instituição, maior quando a estrutura for Monolítica, em comparação com a
possuindo diversas atividades ou divisões, ou produtos Estrutura Endossada, e muito maior ainda quando comparada com
distintos, transfere para estes o nome e a identidade do uma Estrutura por Marca.
grupo. Temos o caso da empresa General Motors, agrupan
do as marcas Chevrolet, Pontiac, Oldsmobile, Buick, Cadillac, Por fim, nas situações de crise, em relação a um dos produtos, o
etc.; ou ainda o clássico exemplo da maioria dos laboratórios "contágio" será maior ou menor se estivermos a atuar perante uma
farmacêuticos que, de uma maneira geral, endossam sempre Estrutura Monolítica ou por Marca. Por exemplo, se a Procter &
o seu nome para cada um dos seus produtos. Por exemplo, Gamble, tiver um problema com as batatas fritas Pringles, os seus
associamos instintivamente o nome da empresa ao produto, restantes produtos, como o champô Pantene ou o detergente Tide,
como a Aspirina da Bayer, ou, no setor alimentar, o Nestum em nada ficarão afetados em termos de imagem/reputação/vendas
da Nestlé. etc. A situação será diferente com a Mitsubishi, onde, por exemplo,
■ Estrutura por Marca: Quando uma instituição opera no mer um defeito de fabrico nos veículos (Mitsubishi Motors) acabaria
cado através de uma série de marcas distintas, sem qualquer sempre, de uma forma ou de outra, por abalar a confiança nos outros
relação aparente entre elas, nem sequer entre estas e a setores, por associação direta com o nome.
empresa-mãe. Poroutras palavras, há umacompartimentação
total entre a empresa-mãe (corporate) e os seus diversos A importância da Estrutura Corporativa deriva do facto de se tratar
produtos/serviços, bem como entre cada um destes. A per da "trave mestra" da organização da empresa, com as evidentes
ceção da relação entre as marcas, por parte do público repercussões em todos os setores de atividade, nomeadamente
consumidor/utilizador, é nula. quando se trata da Comunicação.
É o caso da Procter & Gamble com a sua vasta gama de produtos
É por este motivo que, na altura da sua conceção, qualquer campanha
diversificados como o Tide, Vidal Sassoon, Old Spice, Sunny Delight,
de Comunicação Institucional terá de ter em conta a sua própria
Pringles, entre outros; ou ainda da Mars com várias marcas de choco
estrutura empresarial e o tipo de identidade que dela decorre.
late (Twix, M&M, Bounty, etc.), de comidas para animais domésticos
(Pedigree Pal, etc.) e algumas marcas de alimentação humana como
o arroz Uncle Ben.
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Comunicação Empresarial
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Mas, por outro lado, se é verdade que a imprensa só por si não é
Da Comunicação Interna para o
suficiente para construir e manter a boa Imagem Empresarial, sem
Endomarketinc
ela qualquer programa ou campanha estará incompleto, e muitas
vezes votado ao fracasso. Pois, muito para além da notoriedade, o
papel fundamental da imprensa é o da credibilidade, que, melhor
do que qualquer outra técnica de Comunicação, pode conferir (ou A manter-se a atual tendência, é bem possível que a médio prazo as
retirar) a uma empresa. Relações Públicas Internas - a origem de toda a Comunicação dentro
das empresas, venham a desaparecer ou na, melhor das hipóteses, pas
E é esse, sem dúvida, o seu grande trunfo, em comparação com as sem a fazer parte do triângulo Recursos Humanos/Marketing/RPI.
outras técnicas, nomeadamente a Publicidade, onde um anúncio nunca
conseguirá atingir o mesmo grau de credibilidade de uma notícia. Isto porque a tendência atual é para fazer migrar a Comunicação
Interna para a esfera do Endomarketing.
Não será demais relembrar que cada técnica de Comunicação tem as
suas próprias especificidades, e o segredo do sucesso reside na boa uti E o que é o Endomarketing? Nada mais do que uma das recentes
lização da sua complementaridade. Tentar fazer uma campanha de ima áreas da Gestão que visa adaptar os elementos e estratégias do
gem utilizando apenas uma das técnicas é o mesmo que um jogador de Marketing tradicional, normalmente utilizadas para a abordagem ao
golfe tentar jogar uma partida usando um só taco do princípio ao fim. mercado, para uso interno. Poderia ter sido chamado de Marketing
Interno, mas, em 1995, Saul Bekin10 cunhou o termo Endomarketing,
De realçar que esta visão do assunto só se aplica aos aspetos ditos que acabou por ser adotado universalmente.
promocionais, isto é quando o objetivo é a publicação de artigos
e notícias favoráveis, que visem a divulgação de uma boa Imagem
Empresarial. Porque num contexto desfavorável (numa situação de
crise, por exemplo), onde a empresa está a ser alvo do "fogo cerrado" O termo Endo vem do grego que significa “movimento para den
dos Media, o resultado é justamente o oposto. tro”, e o Endomarketing é, portanto, o Marketing dirigido para
dentro da empresa, ou seja, para o seu público interno.
mmmm *- mmamnmmmmmmmm—— —---------------------- ———
Em resumo, e no que respeita à utilização das Relações de Imprensa
numa campanha de Imagem Empresarial, o que se deverá reter, Vai muito mais além do que a Comunicação Interna, cujo objetivo
fazendo aqui uma pequena análise SWOT9, é que o seu ponto fraco é manter os colaboradores informados sobre o que se passa na
é a volatilidade e o seu ponto forte a credibilidade. Termino relem empresa. No Endomarketing os objetivos são fortalecer as relações
brando que numa campanha de imagem as relações com os Media internas, motivar as pessoas e, sobretudo, integrar nelas a noção de
não devem ser utilizadas isoladamente, e sim em conjugação com Edições Técnicas cliente, de fornecedor e de mercado. Visa fazer com que todos os
as diferentes técnicas de Comunicação, todas elas subordinadas a funcionários tenham uma visão partilhada sobre o conjunto das áreas
uma mesma estratégia. de negócios da empresa, motivando-os para uma colaboração ativa
e participativa que permita uma maior competitividade.
-
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9 Acrónimo composto pelas iniciais das palavras inglesas: strengths, weeknesses, 10 Saul Bekin - consultor, pesquisador e orador brasileiro especialista em Marketing,
opportunities, threats - forças, fraquezas, oportunidades, ameaças em português. criou o conceito de Endomarketing há cerca de duas décadas.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Empresarial
Não se trata propriamente de transformar cada colaborador num E todos sabemos o que acontece quando há duplicação de tarefas
"assistente de vendas" mas incutir neste(s) a noção de mercado, da ou de serviços. Um deles terá de acabar ou integrar-se na nova
posição que a empresa ocupa no mesmo, da situação do empregado estrutura, à qual ficará subordinado. E neste caso, é bem provável
no seio da organização, e do contributo que cada um deles pode dar que na maioria das empresas sejam as RPI a serem integradas no
individualmente para a consecução do objetivo global, em benefício Endomarketing, e não o contrário.
de todos.
Pessoalmente, tenho sido um ferrenho defensor das RPI, sempre
Segundo Bekin, trata-se de um processo que visa, numa ótica endógena, defendi a importância que a Comunicação Interna tem no seio das
adequar a empresa ao atendimento do mercado, tornando-se mais organizações e concordo plenamente com a antiga máxima segundo
competitiva a partir desta integração total dos seus funcionários. a qual "não há boa Comunicação Externa, sem que exista primeiro
uma boa Comunicação Interna".
Isto consegue-se incutindo neles a consciência de que todas as suas
ações, mesmo as mais insignificantes, devem orientar-se para a Mas, neste nosso mundo em acelerada transformação, e num mer
satisfação das necessidades dos clientes. cado cada vez mais competitivo, devido à globalização, reconheço
que o Endomarketing é capaz de melhor responder aos novos
Apesar de inicialmente ter sido concebido a pensar essencialmente desafios que se colocam a qualquer gestor.
nas empresas de serviços (setor terciário), nestes últimos anos, o
Endomarketing começou a ser aplicado também na indústria (setor Daí a minha convicção do desaparecimento, a breve trecho, da área
secundário) e, pelos vistos, com bons resultados. de atividade de RPI ou, pelo menos, da sua integração e total subor
dinação à área do Endomarketing.
Para além da área de Marketing, o Endomarketing articula-se em
permanência, como é evidente, com a área de Recursos Humanos. O futuro dirá se estas previsões se irão concretizar.
São estes que lhe fornecem os elementos para a composição das
políticas, estratégias, e planos de atuação, a partir da análise, da
formação, do comportamento e do nível de dedicação e empenho
das pessoas que compõem o público interno.
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Comunicação Empresarial
Ainda assim, creio ser bem aceite internacionalmente que qualquer 2. Desenvolva uma estratégia de Comunicação para cada uma
média ou grande empresa tenha uma conta aberta em, pelo menos, delas individualmente, mas que, em simultâneo, se possam
três delas. complementar mutuamente.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
Esta lista não é exaustiva, e em vez dez conselhos poderia conter uma
centena deles. Contudo estes aqui apresentados, baseados apenas
no bom senso, parecem-me prioritários para, como gestor, obter um
estatuto de líder nesta área e conseguir granjear a credibilidade e o Claro que o conceito como o conhecemos atualmente demorou
ainda uns bons 20 anos a amadurecer, pois só em 1995 (na cimeira
Edições Técnicas
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Empresarial
maneira, a "oficialização" do conceito, e abre, ao mesmo tempo, até agora, saberão que, por muitas dificuldades que os mercados
a porta de entrada à atividade de RP para este setor da Gestão estejam a atravessar neste momento, nunca deverão cortar
Empresarial. totalmente nesta atividade, mas apenas reduzi-las até aos limites
que forem considerados aceitáveis. Caso contrário, arriscam-se a
A Comissão Europeia adotou por essa altura uma definição muito perder a totalidade do Capital Imagem e goodwill que conseguiram
simples e muito clara de RSE, que considera ser "A integração volun acumular até agora, e a ter, um dia mais tarde, quando o ciclo
tária e a sua interação com todas as outras partes interessadas". económico negativo se inverter, que recomeçar do zero.
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Comunicação Empresarial
até à espionagem propriamente dita. A CIA - Central Intelligence radar, que permite tomar as decisões certas no momento exato.
Agency - é um exemplo bem ilustrativo dessa designação.
Para além da busca proativa, a Inteligência Competitiva analisa, avalia
Por este motivo, a tradução da palavra, à letra, para o termo "Inteligên e transforma os dados recolhidos em informações e, posteriormente,
LIDEL
cia" não veio facilitar em nada a compreensão do conceito no mercado em previsões e recomendações que permitirão aos responsáveis
português, mas, enfim... é a designação oficial. e empresariais tomar as decisões mais adequadas.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
■ Designa-se por dados a informação básica e factual sob a sua Protocolo e Imagem
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Empresarial
As regras protocolares são um conjunto de normas que regem Para se ter uma ideia da importância que é dada a este assunto,
a organização de atos públicos e refletem os usos, costumes e refira-se que, em 2003, o Estado chinês gastou cerca de 900
tradições de um país e das suas instituições. Confundem-se muito milhões de dólares em formação sobre etiqueta e protocolo,
apropriadamente com as regras de etiqueta, de cortesia, de boas destinada a todos os altos funcionários do Estado.
maneiras e de educação, de um modo geral. Apesar de ter con
hecido um certo apogeu com Luís XIV, que definiu as regras de
etiqueta para uso na corte de Versalhes, a importância do proto
Não admira por isso que, não só na Europa como no resto do mundo
colo tem origens muito mais antigas, que remontam a uns bons
ocidental, existem cursos superiores e várias pós-graduações nesta
milhares de anos. Calcula-se que foi por volta de 2 500 a. C. que
matéria. Logo aqui ao nosso lado, em Madrid, a Escuela Internacional
apareceu no Antigo Egito o primeiro manuscrito sobre etiqueta.
de Protocolo (www.protocolo.com) oferece cursos de graduação e
As instruções de Ptahotep dava os conselhos necessários aos mais pós-graduação em Protocolo e Relações Institucionais, para além de
novos para poderem ter o comportamento adequado no palácio,
cursos práticos de curta duração sobre a mesma matéria.
quando em contacto com outras pessoas: “Quando estiveres
sentando ao lado de um superior, ri-te quando ele se rir” - um
dos conselhos que não perdeu a sua atualidade, e que se pode Desde há uns anos, um pouco por todo o mundo surgiram gabi
aplicar perfeitamente nos nossos dias. netes de consultores especializados nesta matéria, como www.
protocolconsultants.org; www.etiquette-school.com ou www.
mannersmith.com, não apenas para darem formação, como também
Atualmente, os conhecimentos básicos de Protocolo devem fazer para prestar apoio prático e aconselhamento aos empresários, em
parte do know-how de qualquer gestor, seja qual for o seu setor qualquer situação específica.
de atividade, e com maior acuidade ainda para quem trabalha em
qualquer das áreas da Comunicação.
duas mãos.
©
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Comunicação Empresarial
18 ------------------------------------- também o conceito de "Aldeia Global", que, com o advento das redes
Tributo a McLuhan sociais, não podia estar mais atualizado.
§U
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
Comunicação Empresarial
consegue explicar as suas teorias e os seus pontos de vista. Inúmeras Apesar de já ter falecido há mais de três décadas (1911-1980), o
vezes vai buscar exemplos ilustrativos a obras de Shakespeare, James
seu pensamento continua espantosamente atual, tendo conseguido
Joyce e outros autores clássicos para conseguir transmitir a sua men antecipar o efeito de homogeneização e desumanização dos Mass
sagem com espantosa clareza. Media, em simultâneo com a aproximação dos povos muitos anos
antes da Internet dar os primeiros passos.
No seu outro livro de referência Understanding Media (em português
Os Meios de Comunicação) analisa os meios de comunicação como Parece-me, pois, de extrema justiça que lhe tenham feito esta home
extensões do ser humano: "tal como o martelo é o prolongamento
nagem nos 100 anos do seu nascimento, e seria bom que a nível
do braço do operário, os meios são o prolongamento dos nossos de administração os gestores de topo tenham alguma noção sobre
sentidos". quem foi este extraordinário personagem, e sobre a obra que nos
deixou, e tentassem aplicar algumas das suas teorias às suas políticas
Neste livro transmite uma mensagem extraordinária que não resisto de comunicação.
em copiar, pela clareza da descrição. Trata-se do momento exato em
que um ser selvagem e iletrado se apercebe pela primeira vez da
importância da palavra escrita, em oposição à palavra oral, a única
que conhecia até então. Este texto serve também para ilustrar a tese
de McLuhan sobre a evolução das sociedades, em que se troca "o
ouvido pelo olho".
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Comunicação Empresarial
Os jornais ficaram, assim, relegados para um tipo de leitura mais Quando Gutenberg inventou (o correto seria dizer: adaptou) a
"tranquila" onde imperam os artigos de opinião de especialistas e o imprensa, tinha em mente apenas a impressão de livros. Só mais
jornalismo de investigação, com assuntos exclusivos. tarde é que foi usada para os panfletos (a Reforma Calvinista muito
lhe deve), e muito depois para os jornais.
Não é novidade que em todo o mundo a tendência dos meios impres
sos é de total declínio, apesar do seu desdobramento em edições Dito de uma forma muito simples: a tecnologia que serviu para a
on-line. E a manter-se esta tendência por mais alguns anos, é bem edição dos livros foi a mesma que foi adaptada, anos mais tarde,
provável que a imprensa em suporte de papel se veja reduzida à sua para a edição dos jornais. Isto com as naturais evoluções, até
expressão mínima. aos dias de hoje. No fundo, houve um desvio da maneira de ler
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Empresarial
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Comunicação Empresarial
20 O suporte
Newsletter: Back to Basics Os meus interlocutores ficam sempre admirados quando recomendo
que a publicação seja em suporte de papel em vez de apenas editada
on-line.
maior interesse.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Empresarial
O conteúdo O grafismo
Nunca será demais repetir que uma Newsletter (na aceção clássica Para ser lida, uma Newsletter tem de ser, primeiro que tudo, atra
de RP) não é um catálogo de vendas. ente, isto é, agradável à vista. Ninguém lerá páginas inteiras de textos
"fechados", por mais interessantes que possam ser. Pelo contrário,
A promoção da empresa e dos seus produtos ou serviços até pode uma boa combinação de cores, com títulos apelativos, textos ilustra
ser feita - com alguma moderação e sempre de forma indireta, à dos com fotografias e gráficos e jogando com espaços vazios dará, de
moda antiga do soft-selling - mas a função da Newsletter de RP não imediato, uma predisposição para continuar a leitura. Volto a insistir
é a promoção das vendas, e sim facultar informação atualizada e de que os espaços vazios (espaços em branco entre os diversos artigos),
interesse aos seus leitores. longe de afastarem qualquer leitor, incentivam a percorrer a página
de cima a baixo. Na realidade, um bom grafismo é "meio caminho
Não devemos esquecer de que se trata do "jornal" da empresa, andado" para o sucesso da publicação.
que tem de ser redigido com objetividade, atualidade e interesse,
em conformidade com as regras básicas do jornalismo. Se assim A periodicidade
não for, o seu destino é o lixo, sem que a publicação tenha sido
Ao definir se pretende uma Newsletter mensal, bimestral ou trimes
lida pelos potenciais leitores.
tral terá de ter em mente duas coisas: o orçamento de que dispõe;
e o volume de informação de interesse que a sua empresa têm para
Independentemente de se tratar de uma publicação destinada aos
divulgar. De pouco adianta pretender ter uma publicação mensal, se
colaboradores; ao público externo; ou a ambos, como em qualquer
depois não consegue produzir informação suficiente para preencher
jornal o seu conteúdo deve ser variado, com artigos da redação,
cada edição.
entrevistas, reportagens e artigos de opinião assinados por espe
cialistas, comentadores ou pessoas reconhecidas na sua área de
Por outro lado, é preferível optar por uma publicação trimestral
atividade. E com textos curtos e simples, ilustrados com imagens,
mais consistente de oito a 12 páginas, do que por outra mensal de
fotografias e gráficos, sempre que possível, e devidamente revistos
quatro páginas. Em caso algum recomendo a chamada monofolha, a
para evitar os erros de gramática ou as gralhas de impressão.
menos que se destine a um encarte de jornal ou revista de grande dis
tribuição. Tenha em conta a seguinte regra de ouro: a periodicidade,
Os exageros tanto de adjetivação (por exemplo, "o nosso maravilhoso
seja ela qual for, é para ser religiosamente cumprida, respeitando as
produto", ou "a nossa extraordinária empresa") como na repetição do
datas de saída de cada edição, caso contrário nunca conseguirá criar
nome da empresa, devem ser obviamente evitados, pois assumem-se
o tão desejado hábito de leitura.
de imediato como uma promoção descarada. Todos já terão lido
Newsletters em que o nome da empresa, para além de ser ferido no
Atenção também aos excessos de protagonismo de certos gestores
título da publicação, aparece em todos os artigos, ao longo das várias
(ou outros responsáveis empresariais), com tendência para o estre
Edições Técnicas
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Empresarial
gestor. A repetição de edições seguidas, em que na primeira página A Newsletter on-line poderá ser reforçada por hiperligações a vídeos
aparece sempre uma foto do responsável empresarial, acaba por ser ou a outros conteúdos que estiverem à distância de um clique, e que
prejudicial ao bom "rendimento" deste meio de Comunicação. o suporte de papel não permite com tanta facilidade.
A única forma de um gestor poder aparecer em todas as edições, sem Escusado será dizer que a divulgação nas redes sociais, sempre que
levantar quaisquer constrangimentos, é pertencer ele mesmo ao corpo uma nova edição é produzida, vai acrescentar uma mais-valia preciosa
redatorial ou (o que é mais comum) ser o diretor da publicação. em termos de visibilidade.
Nesse caso, e apenas nesse caso, poderá, por exemplo, ser o autor E, claro, tente sempre obter periodicamente o feedback dos seus
dos editoriais, onde a sua coluna e fotografia serão publicadas na leitores, pelos métodos tradicionais dos inquéritos ou incentivando-os
primeira página (ou na página três se se tratar de uma revista) sem a darem sugestões ou, ainda, a comentarem os artigos publicados.
causar estranheza.
Existem naturalmente muitos outros aspetos a ter em conta, mas se
A distribuição seguir estes seis passos básicos, posso garantir que a sua publicação
Depois de editada, a publicação tem de chegar rapidamente às mãos fará sucesso, e constituir-se-á certamente como o mais importante
dos seus destinatários, quer se trate de uma Newsletter interna ou veículo de comunicação da sua empresa.
externa (ou mista) haverá que fazer um mailing para casa das pessoas
(sobretudo se for interna) ou para o seu local de trabalho. O que, o Caso esse objetivo não possa ser cumprido, para ter uma Newsletter
priori, pressupõe a existência de uma boa base de dados. menos boa é preferível não ter Newsletter nenhuma.
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Comunicação Empresarial
Thomas dava como exemplo o sistema bancário, em que todos nós Exemplo ------------- ----------------- -----
assumimos que quando depositamos o nosso dinheiro num banco,
E não posso deixar de aproveitar a situação vivida há alguns anos
esse dinheiro estará lá à nossa disposição, podendo nós levantá-lo em Portugal com a escassez de açúcar, para ilustrar esta ideia.
sempre que quisermos. Mas, na realidade, o nosso dinheiro, como
O facto de haver temporariamente menos açúcar no mercado,
bem sabemos, não fica parado no banco, que vai reutilizá-lo para
não constitui per se um problema de maior, nem leva a esgotar
empréstimos e transações financeiras diversas. E se um dia todos os
prateleiras de supermercados - como, aliás, acontece ciclica
clientes desse banco se lembrassem de levantar os seus depósitos ao
mente e de forma idêntica com certos outros produtos (alimenta
mesmo tempo, estariam perante um imenso problema, pois o banco res ou não), e em que a situação não chega sequer a ser percebida
não teria lá o dinheiro de todos. Todos nós sabemos isso, e, no entanto, pela maioria dos consumidores.
todos assumimos que o dinheiro está sempre lá, à nossa disposição,
Nesta situação, foi pelo facto de alguns órgãos de informação
mesmo não sendo essa a realidade. E é essa assunção coletiva que per
se terem referido a este caso com algum alarmismo (ignoro se
mite que o nosso sistema bancário e financeiro funcione em pleno. o fizeram espontaneamente ou se a isso foram induzidos) que
gerou a preocupação coletiva do açúcar poder acabar.
Encontraremos muitos exemplos semelhantes, desde as situações
A partir do momento em que as pessoas assumiram que o açú
mais banais que ocorrem no nosso dia a dia (e que a maior parte
car ia faltar por completo (mesmo não sendo essa a realidade)
das vezes nem damos por elas) até situações bem mais complexas, gerou-se uma onda de pânico, levando a um açambarcamento
relacionadas com todo um setor de atividade ou, o que é bastante do produto, e que teve como desfecho a falta (real) de açúcar
frequente, com a esfera política. ; nas prateleiras das mercearias e supermercados.
A assunção generalizada (e errada) de que o açúcar ia faltar
Edições Técnicas
13 http://fontecodigofonte.wordpress.com 8
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
A terminar, chamo a atenção dos nossos gestores para o facto de Perguntaram-me uma vez, durante uma conferência, em que é que
a aplicação desajustada do Teorema de Thomas, em qualquer das a imagem de um país podia, em concreto, influenciar a imagem de
áreas da Comunicação, poder revelar-se um "pau de dois bicos", e ter marca de um produto, imaginando que esse produto tivesse efeti
efeitos perversos e totalmente opostos aos desejados, com enormes vamente qualidade. Lembro-me de ter feito uma analogia com um
prejuízos para a imagem da empresa. Pelo que, por muito aliciante exemplo (fictício) que inventei na altura, mas que me parece sufi
que possa parecer a aplicação deste teorema, também aqui será cientemente esclarecedor quanto a este fenómeno.
necessário fazer alguma prova de bom senso.
quando se faz alguma "batota" quanto ao local de produção, desde É por isso que, o primeiro passo a dar, a nível dos governantes, é o
que a IMP seja muito forte, e esteja definitivamente implementada de se fazer um levantamento das capacidades e das mais-valias que
no inconsciente coletivo. um país pode proporcionar (isto é, o que o diferencia positivamente
dos outros).
Isto é o que se passa hoje em dia na maioria dos países de refe
rência, onde a matéria-prima e o fabrico dos seus produtos provêm Numa segunda fase, haveria que concentrar-se apenas naquelas que
de países terceiros que oferecem melhores condições. É o exemplo mais se evidenciam, e que irão, através de campanhas adequadas,
da França ou da Itália, berços de marcas de prestígio relacionadas formatar a sua IMP.
com a moda, a perfumaria e os artigos de luxo de um modo geral.
Toda a produção (e, por vezes, até o design) é feita além fronteiras. No caso de Portugal, e apesar de já se ter percebido a importância da
O importante é que o produto final inicie a sua comercialização a IMP, é curioso verificar que, até hoje, nenhum Governo se debruçou
partir de França ou de Itália, para que o produto final continue a ser conscientemente e de forma sistemática sobre este aspeto.
francês ou italiano.
Fazem-se campanhas distintas e compartimentadas para o setor do
É evidente que a IMP tem um alcance muito mais vasto, e não se Turismo, para o investimento estrangeiro ou para o setor da Tecnolo
limita apenas a "cunhar" a qualidade dos produtos de luxo. Constitui gia, sem que haja um fio condutor ou uma "trave mestra" que permita
também um trunfo apreciável para apoiar a atração de investimento alicerçar a IMP de uma forma constante e permanente. Um relatório
estrangeiro, ao Turismo, à Tecnologia, à cultura, ao desporto, às da Anholt Nations Brands Index confirma este aspeto. Portugal ficou,
exportações de um modo geral, ou a tantos outros domínios que em termos de IMP, pelo 20.- lugar do ranking de 38 países, muito
seria fastidioso nomeá-los a todos. atrás da Espanha (12.^ posição) e longe dos três primeiros: Reino
Unido, Alemanha e França.
Por outro lado, é obvio que nenhum país pode aspirar a ter uma IMP
que abranja todos os setores em simultâneo. Seria pura utopia. Nós E se atendermos à diversidade dos elementos que compõe a IMP, veri
próprios temos a noção da IMP de muitos dos países europeus, e ficamos que o nosso país, apesar da sua reduzida dimensão, tem outras
verificamos isso no nosso dia a dia. É assim que, por exemplo, falamos potencialidades que ainda não foram devidamente exploradas.
de perfumes franceses, da moda italiana (ou francesa), de relógios
suíços, de whisky escocês, de chocolates belgas, ou de automóveis De forma resumida, e para não maçar os meus leitores com aspetos
alemães. muito técnicos, pode-se dizer que a IMP é a perceção inconsciente que
os diversos públicos (nacional e internacionais) têm de um país.
Por aqui se pode confirmar que se a IMP consegue "cunhar" muito
bem um determinado setor de referência, não quer dizer que se Um pouco à semelhança da Imagem Empresarial a Imagem dos países
Edições Técnicas
aplique a todos os restantes. É por esta razão que estaríamos even é constituída por diversos elementos, só que com maior número de
tualmente dispostos a gastar mais dinheiro numa gravata italiana, variáveis, das quais as principais serão sempre:
num whisky escocês ou num relógio suíço, mas estranharíamos se,
■ Localização geográfica e clima;
por absurdo, nos tentassem vender uma gravata suíça, um whisky
-
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
Para alguns dos nossos gestores, nomeadamente os que trabalham Limitado ao tempo de uma campanha (e da respetiva pré-campanha),
em setores de exportação, estas noções poderiam muito bem consti o Marketing Eleitoral é um sucedâneo do Marketing Político, que se
tuir um tema de reflexão, para tentar saber, como os seus produtos esgota com o térmico da referida campanha.
(ou serviços) se poderiam articular melhor com a imagem que o
nosso país transmite no exterior, e, a partir daí, reformularem o seu O Marketing Político, pelo contrário, é um processo contínuo, que
posicionamento em termos de Marketing. acompanha o candidato (partido ou instituição) ao longo de toda a
sua vida ativa, isto é antes, durante e depois de todas e quaisquer
Edições Técnicas
campanhas.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Comunicação Empresarial
Outra dúvida frequente diz respeito à Comunicação Política e a sua corresponder em nada à verdade; atacar o adversário diretamente; e, se
relação com o Marketing, quer Eleitoral quer Político. Do meu ponto necessário, pôr a circular impunemente boatos e falsidades sobre este.
de vista, a Comunicação Política é uma das componentes (talvez a
mais importante) do Marketing Eleitoral (e, por tabela, do Marketing É por isso que existe a contrapropaganda - técnica que se destina a
Político), a cuja estratégia estará subordinada. A sua função é a de refutar as afirmações do adversário, e a preparar o lançamento de
conseguir fazer passar a mensagem de forma adequada, simples e contra-ataques através da própria propaganda.
clara, junto do eleitorado.
Para além de outros aspetos, que a falta de espaço não me permite
Sobre a inevitável comparação com o Marketing Comercial, já me abordar, diria resumidamente que as armas utilizadas no "mercado
questionaram em várias ocasiões se concordava com a frase feita comercial" e no "mercado político" não são comparáveis. É o mesmo
segundo a qual, em termos técnicos, "vender um político é o mesmo que falar de dois conflitos armados, um com armas convencionais e
que vender um sabonete". Não considero esta comparação de todo o outro com armas de destruição maciça.
errada, visto que a plataforma técnica do Marketing Comercial é a
mesma do Marketing Político, e o facto de as duas utilizarem os mes Portanto, o Marketing Comercial, como técnica, possui sem dúvida
mos suportes para comunicarem. inúmeras semelhanças com o Marketing Político, mas também muitas
diferenças.
Daí se compreende porque os políticos apelam frequentemente a
especialistas de Publicidade ou Marketing Comercial, quando se Em resumo, pode dizer-se que o Marketing Político, apesar das muitas
avizinham eleições. parecenças com o Marketing Comercial, não pode ser confundido
com este devido ao contexto (político e ideológico) em que está
Mas, não sendo errada, esta comparação peca por ser algo redutora. inserido, e à possibilidade de recorrer a técnicas e meios que estão
Por um lado, o "mercado político", tal como o "mercado religioso" vedados ao Marketing Comercial.
não é em tudo semelhante ao "mercado comercial", constituindo o
aspeto ideológico a sua diferença de fundo. Por outro lado, o facto A terminar, imagino que muitos leitores terão questionado, legitima
de, no campo político (tal como no religioso), se poder recorrer às mente, acerca do porquê de um capítulo sobre Marketing Político num
técnicas de propaganda, altera profundamente certas vertentes da livro de Comunicação Empresarial. De entre as inúmeras respostas que
questão. poderia dar a esta questão, direi apenas que muito do que se faz em
Marketing Político é decalcado de campanhas de Marketing Comercial,
Na técnica publicitária, o ataque direto ao concorrente e até a própria e vice-versa, com as devidas adaptações, naturalmente.
Publicidade Comparativa (toda aquela que de um modo explícito ou
implícito identifique um concorrente, seus bens ou serviços) está Creio que, para um gestor atento, é importante compreender o que
- Edições Técnicas
algo limitado e regulamentado, através do Código da Publicidade. A se passa à sua volta no universo político, e, por outro, estar atento
Publicidade enganosa, também ela, está sob escrutínio e é sujeita a às possíveis oportunidades de benchmarking14 que as campanhas
pesadas sanções. eleitorais poderão trazer para o seu universo empresarial.
LI DEL
Pelo contrário, a técnica de propaganda (seja política ou religiosa), 14 Benchmarking - instrumento de gestão, baseado num processo de comparação
permite contornar estes aspetos e fazer afirmações que podem não © de produtos, serviços e práticas empresariais de outras empresas de sucesso.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
Parte III
Gestão de Crise
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■■■■■ • -L
Gestão de Crise
Quanto mais rápida esta for, mais fácil se tornará o controlo da crise,
e é nessa perspetiva que se deve tomar em consideração os seus
ciclos de vida.
16 Luigi Norsa - consultor, professor universitário e autor de diversas obras sobre
Gestão de Crise. É colega do autor na rede internacional Crisis Management NetWork
Verificamos que estes apresentam uma certa analogia com o modelo
(http://crisismanagementnetwork.com) que se dedica à pesquisa nesta área, para
além de oferecer serviços nos diversos países em que está representada. biológico, quando se olha para a anatomia de uma crise. Com efeito,
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Gestão de Crise
esta também comporta cinco fases - desde o nascimento, seguido Dito de outro modo, uma correta e atempada Gestão de Crise ajudará
do crescimento, maturidade, declínio e, finalmente, a sua morte, à a reduzir substancialmente o ciclo de vida desta, confinando-a a um
semelhança do que se passa também com o ciclo de vida de qualquer intervalo de tempo muito menor entre o seu nascimento e a sua
produto em Marketing. morte, e limitando assim os seus efeitos desgastantes.
No entanto, muitas crises não chegam a passar por todas estas fases, Na análise à anatomia de uma crise, há outros fatores a ter em conta,
e algumas até acabam por “morrer à nascença". E isto somente acon dado que poderão interferir na rápida resolução desta. São eles: o
tece quando é acionado de imediato o plano de Gestão de Crise, que seu grau, o seu âmbito e a própria estrutura corporativa da empresa
permite debelar logo de início qualquer situação de emergência. atingida.
Tudo isto é muito bonito em teoria, mas na vida real, e na maioria dos O grau
casos, o problema mais comum continua a ser o facto de os respon À semelhança do que se passa com as catástrofes naturais (terramo
sáveis só se aperceberem da situação e só começarem a preocupar-se tos, furacões, etc.), a tendência atual é para se classificar as crises
quando a crise se encontra já na sua fase de crescimento, ou, pior empresariais segundo determinados graus ou níveis, conforme a sua
ainda, quando esta já atingiu o seu auge. É nessa altura que, apres
importância, consequências e abrangência.
sadamente, decidem reunir a sua equipa ou chamar os consultores
externos especializados, quando essa decisão deveria ter sido tomada Em Gestão de Crise consideram-se cinco graus - que vão do grau 1,
logo aos primeiros indícios de eclosão, isto é, no seu nascimento. para a chamada "pequena crise", passível de ser resolvida rapida
Numa analogia infantil isto consistiria em chamar os bombeiros mente, com poucos meios, e cujo ciclo de vida é relativamente curto,
apenas quando a casa já estivesse completamente a arder, em vez ao grau 5, considerada como uma crise de grandes dimensões, que
de o fazer logo que se tivesse detetado o início do incêndio. Por tem efeitos planetários, apresentando um ciclo de vida que pode
muito absurdo que possa parecer, é isto que se tem verificado nas durar anos. São exemplos os conhecidos casos de Bhopal, na índia,
empresas portuguesas, na maior parte dos casos em que se veem de Chernobyl, na Ucrânia, ou, mais recentemente, da BP no Golfo
confrontadas com uma situação de emergência. do México, entre outros, onde todos os anos os Media relembram
os tristes "aniversários" destes acontecimentos, cujos reflexos ainda
Em função da forma como uma crise é gerida, o seu ciclo de vida perduram.
terá, por isso, uma extensão muito variável, podendo durar dias,
semanas ou meses até a crise ser esquecida e o clima empresarial O âmbito
voltar à sua normalidade.
Uma crise pode ser de âmbito empresarial, quando afeta diretamente
No entanto, se é verdade que uma condução atempada de qualquer determinada empresa ou instituição, ou de âmbito setorial, quando
abrange todo um setor de atividade.
Edições Técnicas
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Gestão de Crise
acontecimento, seja ele qual for, com maior ou menor envolvimento, Quando se tem de gerir uma crise, seja ela a nível de um produto ou
dependendo das situações. a nível institucional, haverá sempre que ter em atenção a estrutura
corporativa da empresa, pois essa análise será determinante na
A título exemplificativo, e como já referi numa obra anterior17, volto a forma de atuar posteriormente, e dela dependerá em grande parte
citar a crise que varreu a indústria farmacêutica em Portugal, em finais o sucesso ou o fracasso da ação.
dos anos 90, que colocou sob suspeita de corrupção a classe médica
todos os laboratórios farmacêuticos. O que tinha começado como Se a nossa empresa tiver uma estrutura monolítica (ver Capítulo 11
uma crise empresarial que envolvia uma grande empresa farmacêutica por favor), é certo e sabido que a crise terá maior tendência de propa
alemã, através das denúncias de um ex-empregado, rapidamente se gação aos outros produtos, por terem o mesmo nome, do que numa
alastrou a todo este setor da indústria, colocando sob suspeita todos os Estrutura dita Por Marca, onde a compartimentação é maior devido à
laboratórios farmacêuticos a operar em Portugal. Muitas das acusações autonomia de Branding18 de cada produto.
terão sido injustas, mas a verdade é que, aos olhos da opinião pública,
a imagem que ficou foi a de todo um setor de atividade que mantinha Estudos comparativos efetuados por peritos europeus revelaram que,
relações "promíscuas" com a classe médica, com vista a incrementar de um modo geral, o ciclo de vida das crises registadas em empresas
as vendas dos seus produtos. com uma estrutura corporativa do tipo monolítico é, normalmente,
maior do que o ciclo de vida de crises similares (visto que não há
Outras crises setoriais de nível internacional, desde os finais da duas crises iguais), registadas em empresas com uma estrutura por
década de 90, foram, por exemplo, a da doença das vacas loucas marca. Isto deve-se sobretudo ao facto de haver um maior número
(Bovine Spongiform Ecephalopathy - BSE); da gripe das aves e das de tarefas a implementar, com vista a prevenir um possível "contágio"
conservas de peixe; ou, mais recentemente, a da carne de cavalo dos outros produtos da empresa.
detetada em várias marcas de congelados, que afetou os respetivos
setores da cadeia de alimentação em todos os países da Europa. É muito possível que, quando uma crise deflagrar, nem a equipa de
gestão nem os próprios especialistas se lembrarão de se debruçar
De um modo geral, as crises setoriais têm um ciclo de vida mais longo sobre estes aspetos, ocupados que estarão a resolver os problemas
do que as crises empresariais, e, naturalmente, a sua gestão tem de ser imediatos e os assuntos prioritários. Competirá ao gestor ter a capaci
feita em moldes bastante diferentes, dado que envolvem a coordena dade de olhar mais além, e de contextualizar os acontecimentos
ção de todos os atores das diversas empresas desse setor. dentro dos parâmetros acima referidos.
A estrutura corporativa Por outro lado, deverá evitar aquilo que os anglo-saxónicos denomi
A estrutura corporativa, que já abordámos anteriormente na Parte II nam Corporate Myopia, ou miopia corporativa, que, numa situação
de emergência, tende a impedir um certo distanciamento dos acon
desta obra, também terá influência sobre o âmbito, a dimensão e a
Edições Técnicas
17 LAMPREIA, J. M. (2007) - Da Gestão de Crise ao Marketing de Crise, Texto Editora, 18 Branding - atribuição de uma marca a um produto ou serviço e posterior gestão
Lisboa. © da mesma.
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Gestão de Crise
trabalhar "a quente", em cima do próprio acontecimento, condiciona, ter a opinião pública contra ou a favor.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Gestão de Crise
Uma empresa não terá obviamente culpa se uma tempestade ou comportamento ziguezagueante, afirmando uma coisa um dia e
um grande vendaval destruir as suas instalações e provocar alguns outra de sentido totalmente oposto no dia seguinte, a fim de não
feridos. Mas o público quererá de imediato saber o que foi feito perder a credibilidade.
para tentar salvar os restantes empregados; que tipo de ajuda
foi prestada às vítimas; se os familiares foram avisados atempa Os atores
damente; se a estrutura da fábrica estava em boas condições; e Numa emergência, haverá que distinguir entre públicos-alvo e atores,
toda uma série de outras questões similares relacionadas com a sendo que os primeiros têm maioritariamente uma posição passiva,
situação. não interferindo na evolução da crise, enquanto os segundos podem
alterar profundamente o desenrolar dos acontecimentos.
O contexto irá, assim, condicionar não apenas a mensagem que se
pretende transmitir, como todo o comportamento geral da empresa, A sua definição depende do tipo de crise, da sua dimensão e
através dos seus dirigentes, porta-vozes e trabalhadores. Não será abrangência. Assim, entre os públicos mais passivos poderá constar
apenas o que se disser que é importante (como numa campanha tradi
a opinião pública; os funcionários, se se tratar de uma crise externa
cional), mas também tudo o que se fizer e a forma como for feito. e de reduzida dimensão; os consumidores, se a emergência não tiver
qualquer relação com os produtos, etc. O facto de serem uns meros
O planeamento espectadores do acontecimento, não significa que não se lhes deva
Na comunicação de crise o planeamento tem de fazer prova de dar a devida atenção, antes pelo contrário, pois a sua opinião também
alguma flexibilidade, ao contrário do que acontece na comunicação irá afetar a imagem da empresa. Esta divisão é apenas orgânica, com
tradicional. vista a definir, logo à partida, quem são os elementos com poder de
intervenção na gestão da "nossa" crise, e poder, desde o início, dar-
Uma crise nunca se desenvolve de forma linear, mas sempre com -Ihes uma atenção diferente e, em muitos casos, partilhar com eles
altos e baixos, chamados, na gíria, picos de crise, obrigando a Comu a informação e pedir a sua colaboração.
nicação a mimetizar esta evolução, ou seja, a acompanhar estes picos,
colando-se a eles, e, mesmo em certas circunstâncias, a antecipar-se Imaginemos uma crise de dimensão média relacionada com um
mesmo a estes. Este procedimento implica um constante feedback acidente industrial: os públicos-atores, se lhes quisermos chamar
da situação, levando frequentemente a introduzir alterações no assim, seriam normalmente as entidades oficiais, como o Ministério
planeamento inicialmente traçado, a fim de se poder acompanhar da tutela, ou as entidades reguladoras que determinam a super
adequadamente a evolução da crise. visão e o enquadramento jurídico do setor de atividade, ou ainda
a entidade camarária da região, bem como o corpo de Bombeiros,
Por outras palavras, é necessário uma certa flexibilidade tática para caso se tratasse de um incêndio de grandes proporções, ou o INEM
prever as adaptações pontuais a introduzir no planeamento inicial, se houvesse, feridos. A estes poderíamos juntar a comissão de tra
Edições Técnicas
sem, contudo, alterar o posicionamento e a estratégia que foram balhadores e a comissão de moradores, se a dimensão da crise o
definidos à partida, e que devem constituir a trave mestra de todo justificasse.
o projeto. Ou seja, pode-se mudar de tática mas não de estraté
-
gias, de modo a manter a consistência e coerência das decisões Estes atores poderão ter uma interferência direta na evolução da
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que foram tomadas inicialmente. Não se pode enveredar por um crise, e assim deve-se prever um relacionamento distinto do restante
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
tipo de público. Não que sejam mais importantes, mas apenas porque
a sua intervenção e o bom relacionamento com estes pode ajudar Os /Me/os
na resolução do problema. l________ ___ ____ _______ _______________________________
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Gestão de Crise
O manual de crise, cuja finalidade será a de orientar rapidamente de análise SWOT, centrada maioritariamente nos pontos mais fracos
a equipa em qualquer situação de emergência, deverá conter, pelo (ou vulneráveis) da empresa.
menos, a seguinte informação:
Consoante o setor de atividade, os pontos vulneráveis das empresas
■ Todos os contactos pessoais dos elementos da equipa de
variam bastante. Por exemplo, os riscos para uma empresa indus
gestão;
trial de celuloses pouco terão a ver com os de um banco, compa
■ Os contactos dos responsáveis nas filiais e sucursais da nhia de seguros ou de tecnologias de informação (TI), e serão algo
empresa, quando for o caso, e, tratando-se de multinacionais, distintos de uma empresa industrial de tintas ou de montagem de
das pessoas que na sede (headquarter- HQ) lidam com estes automóveis.
assuntos;
■ Contactos dos consultores externos; O caderno com o perfil de risco (que não deverá estar agregado ao
■ Lista de contactos dos órgãos de comunicação social; manual de crise) tem por função identificar os elementos que têm
■ Lista de contactos das entidades oficiais da tutela (Ministério, potencialidade de originar uma situação de crise na empresa, bem
Secretaria de Estado, Direção-Geral, etc.), das entidades como as probabilidades de ocorrência destas situações. Por outro
reguladoras, e das outras entidades (PSP, Bombeiros, INEM, lado, fará uma avaliação do possível impacto de cada tipo de crise,
etc.) que, consoante o tipo de emergência, terão de ser em termos humanos, ambientais, económicos, de reputação, etc.,
contactadas; distinguindo as vulnerabilidades prioritárias das que não o são, e
desenhando os possíveis cenários que daí poderão germinar, bem
b Descrição das principais tarefas a serem executadas logo que é
como a sua provável evolução.
acionado o sinal de alerta, conforme descrito no perfil de risco;
s Comunicados pré-preparados para as várias situações, Esses cenários podem estar relacionados com os processos produ
instruções para lidar com os telefonemas que chegarem, tivos, o impacto ambiental, a segurança, a qualidade, os Recursos
para o encaminhamento de mensagens escritas. Humanos, ou ainda com procedimentos jurídicos, ações dos con
O manual de crise será uma espécie de roadbook, que ajudará a correntes, ofensivas de grupos de pressão, ou mesmo condutas
equipa na tomada de decisões e se irá revelar um precioso auxiliar individuais de trabalhadores.
na poupança de tempo. Pressupõe-se que a equipa tenha deste
documento um conhecimento prévio, adquirido normalmente Em suma, se o gestor tiver consciência do perfil de risco da sua
durante a sua formação e treino em exercícios simulados, e não o empresa, mais facilmente poderá traçar antecipadamente os respe
esteja a manusear pela primeira vez perante uma situação de crise tivos planos de contingência, para aplicar instantaneamente quando
verdadeira. um determinado tipo de emergência se materializar.
Edições Técnicas
Sem ser confidencial, a utilização do manual deve ser restrita aos Na preparação para enfrentar uma eventual situação de crise, o
membros da equipa e o seu conteúdo deve ser revisto e atualizado, plano estratégico, concebido previamente, desempenhará uma
pelo menos, duas vezes por ano. função muito importante, pois constituirá a base de todas as ações
que irão orientar a Gestão do Risco.
-
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
27 -------------------------------------
Qualquer plano estratégico deve tomar em consideração as seguintes
O Perigo das Minicrises
fases:
■ Análise da situação;
■ Definição dos públicos e atores envolvidos;
■ Definição das prioridades e dos timings; A Gestão de Crise parece ter começado, felizmente, a fazer parte das
preocupações dos nossos responsáveis empresariais.
m Ações a empreender;
■ Meios a utilizar; Desde o virar do século, a maioria das grandes empresas e grupos
■ Conteúdo das mensagens a comunicar; empresariais portugueses já dispõem de uma Equipa de Gestão de
■ Controlo permanente e analise dos resultados; Crise devidamente instruída e treinada. Concomitantemente ou em
■ Confirma se esfegamento está correta. alternativa, algumas possuem um contrato (ou avença) com uma
agência de Comunicação, apta a entrar em campo logo que surja
Muito se tem escrito sobre a Gestão de Crises, pelo que não é objetivo
uma emergência.
deste capítulo abordar em profundidade cada aspeto, nem entrar
nos detalhes, mas apenas alertar o gestor para os pontos essenciais
Mesmo não se podendo considerar que se atingiu o patamar ótimo,
deste tipo de Comunicação. há que reconhecer que muitos progressos foram feitos, e que um
longo caminho foi percorrido nesta última dezena de anos.
114
Ferramentas de Comunicação para Gestores Gestão de Crise-
Equipa de Gestão de Crise e pôr em prática o plano de emergência clássica, de maiores dimensões. Mesmo sem ter qualquer cobertura
previamente definido para essa situação específica. mediática. E, pessoalmente, não conheço nenhuma empresa
portuguesa preparada para lidar com este tipo de situação.
De notar que este conceito não é errado, se tivermos em conta que as
crises escalam-se em cinco níveis. Desde o nível 1, referente às peque Qualquer pessoa entenderá e até poderá desculpar um incidente,
nas dimensões, ao nível 5, referente às grandes crises planetárias seja ele qual for, como nos exemplos que descrevi anteriormente,
(Seveso, Chernobyl, Bohpal, etc.), felizmente menos frequentes,. O um atraso na partida de um avião, um crash do sistema informático
leque de situações críticas é extenso e variável consoante o tipo de de um banco ou supermercado, ou um engano na fatura da ener
empresa e o seu setor de atividade, e a Gestão de Crise contempla gia. Desde que aconteça só uma vez! Porque se houver repetições
normalmente os "antídotos" clássicos para cada um dos escalões. constantes desse mesmo tipo de incidente, a atitude dessa pessoa
mudará radicalmente, e passará a ter uma péssima imagem da
Abaixo desta tabela, todos os acontecimentos inusitados são empresa em causa (e provavelmente tentará mudar de fornecedor
considerados simples incidentes, no dia a dia e na rotina de uma desses serviços.,.).
empresa.
Este problema tem duas agravantes: quem lida diretamente com os
Recentemente batizados de Minicrises (ou Microcrises), não justifi utentes não teve formação nesta área; e, por outro lado, a pequena
cam, pela sua pequena dimensão, a mobilização da Equipa de Gestão dimensão desse tipo de incidente não merece que se siga uma
de Crise, ou sequer a existência de um plano prévio de prevenção política de comunicação com os lesados.
ou de intervenção rápida.
Estar à espera de um avião atrasado num aeroporto já é de si angus
Se o sistema informático de um banco, de um supermercado ou de tiante; pior do que isso é ninguém dar a mínima informação sobre as
um aeroporto for abaixo durante uma ou duas horas, não estaremos causas do atraso, e os próprios funcionários do check-in não saberem
propriamente perante uma situação de crise, independentemente o que se passa, nem conseguirem sequer prever quando será aproxi
dos transtornos que durante esse período os utentes estejam a sofrer. madamente a partida. Se esta cena se repetir consigo três ou quatro
O mesmo se passa com um atraso significativo na partida de um vezes, provavelmente nunca mais voará nessa companhia aérea.
avião ou de um comboio, ou no engano de contas de saldo de um E a culpa não é dos funcionários do check-in, mas sim do topo da
banco, ou na fatura de uma companhia de água, gás ou eletricidade. hierarquia que não está sensibilizado para comunicar quando surge
Serão apenas situações anómalas e desagradáveis que constituem este tipo de incidentes.
incidentes de percurso no bom funcionamento da empresa em
questão. Os perigos das Minicrises são, em resumo, a falta de uma Comuni
cação adequada, não através da Equipa de Gestão de Crise, mas do
Edições Técnicas
Contudo, o problema começa a surgir com a repetição sistemática pessoal de "primeira linha" que atende diariamente os utentes, e,
dessas Minicrises, e também com a constante falta de informação por outro lado, a falta de um plano preventivo que tente evitar a
imediata (e respetivo pedido de desculpas) ao utente lesado. repetição desses pequenos incidentes menores.
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A repetição de uma Minicrise acaba por afetar, por acumulação, a A solução para as Minicrises? Nada de muito complicado, desde que
imagem e reputação de uma empresa, do mesmo modo que uma crise haja vontade política por parte dos responsáveis empresariais.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
Sem ser exaustiva, aqui deixo uma lista de meia dúzia de passos fáceis
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de dar que poderia ajudaria substancialmente a controlar melhor este Quando uma Crise Passa Despercebida
problema.
ções de crise, e um sistema implantado para fazer face aos pequenos não constitui qualquer problema de maior e é encarada com total
incidentes do quotidiano, é que uma empresa estará verdadeira displicência por todos os setores da sociedade. Neste exemplo, o
mente preparada para defender a sua imagem e reputação. contexto passou a ser determinante.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Gestão de Crise
minimamente familiarizados com a catalogação que é costume Infelizmente (para os trabalhadores e para a sociedade em geral),
fazer-se das situações de emergências. Sem pretender ser exaustivo no atual contexto, este tipo de crise passou a fazer parte do nosso
relembro que estas podem surgir nomeadamente através de desas cenário quotidiano. O fecho de fábricas e os despedimentos coletivos
tres empresariais, de alterações estruturais, de difamações, acusa banalizaram-se de tal forma que se ainda têm alguma atenção dos
ções e agressões, de sabotagens, de fabrico produtos defeituosos, Media é, sobretudo, para efeitos estatísticos sobre os números do
ou até como consequência de desastres naturais, em que a empresa desemprego.
é acusada de não ter previsto qualquer plano de emergência para
essas situações. Qualquer multinacional que atualmente tenha de fechar portas no
nosso país será sem dúvida menos afetada, em termos de reputação
O "gatilho" para a situação de emergência é geralmente acionado e de Capital Imagem, do que aquelas que passaram pela mesma infe
por um destes principais tipos de crise. E a análise a ser feita terá, liz situação, há dois ou mais anos atrás. Por vezes, uma crise dentro
em primeiro lugar, de tomar sempre em consideração estes dois de outra crise tende a passar despercebida. E este exemplo é uma
aspetos: o tipo de crise e o contexto em que ela ocorre. situação bem ilustrativa disso mesmo.
Voltando agora ao tema deste capítulo, sobre a ocorrência de Relembro que sempre que tiver de se defrontar com o eclodir de uma
uma situação de crise empresarial numa altura em que o mundo crise empresarial, pense, em primeiro lugar, em fazer uma análise
está mergulhado nesta crise global sem precedentes, é óbvio que atenta do contexto antes de iniciar qualquer outra atividade prevista
haverá certos tipos de crise que não serão afetados por este tipo no seu plano de prevenção de emergências. Verá com alguma sur
de contexto, e que manterão toda a sua carga emocional intacta. presa que, em muitos casos, as soluções recomendadas no manual
Se foi fabricado um produto defeituoso, se caiu um avião ou, se se de crise estão desfasadas e não se aplicam à sua atual situação.
registou um incêndio, o risco para a reputação é o mesmo do que se
o contexto fosse diferente, e estivéssemos, por exemplo, num ciclo
de expansão económica.
balho, é, por norma, uma situação delicada, que tem de ser muito
bem gerida, a fim de evitar uma abrupta perda do Capital Imagem
da empresa. É também uma situação que está sob o escrutínio
permanente das entidades oficiais, dos parceiros sociais, dos Media
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Gestão de Crise
a conhecemos hoje. damente a situação, para afastar o perigo da empresa, e poder dar
a crise por solucionada.
Durante a década de 90, os especialistas em Gestão de Risco Somente após ter atingido esse objetivo primordial é que pode reunir
-
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começaram a estudar os diversos aspetos da possível recuperação com a sua equipa (Cr/s/s Management Team), e tentar identificar as
empresarial após terem enfrentado uma situação crítica. E chegaram oportunidades que entretanto se apresentam.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Gestão de Crise
De realçar que essas oportunidades, surgidas no período pós-crise, que venha em nosso auxílio, ou sequer nos apoie numa situação
nem sempre são evidentes numa primeira análise, exigindo uma difícil, mas, sim, que não interfira com o processo, contribuindo para
atitude proativa de pesquisa. O facto deve-se à falta de distância agravar a situação.
focal dos acontecimentos recentes, que turva naturalmente uma
visão clara de qualquer tipo de iniciativa minimamente adequada à Oportunidades a nível interno
situação em que se encontram naquele momento.
Para além da motivação referida anteriormente, de salientar a
melhoria geral do clima organizacional, e em muitos casos a revelação
De referir que as ditas oportunidades, surgem, por vezes, apenas
de talentos, pois é nos momentos difíceis que sobressaem as pessoas
sob a forma de pretextos, permitindo que se tomem determinadas
de grande valor. Mas se é verdade que as situações difíceis permitem
iniciativas, que em condições normais não seriam possíveis.
revelar as pessoas talentosas, também é verdade que podem igual
mente revelar os seus contrários. Uma crise permite ver com maior
De qualquer modo, quer se trate de oportunidades reais ou de
clareza quem são os heróis e quem são os vilões. E é nas situações
simples pretextos, a verdade é que nenhuma destas situações se
difíceis, quando a empresa está "debaixo de fogo", que estes ficam
teria podido materializar se a empresa não tivesse primeiro passado
involuntariamente mais visíveis. Competirá ao gestor estar atento a
por uma situação de emergência.
estes aspetos e saber tirar deles os devidos ensinamentos.
Num campo um pouco diferente, a situação difícil porque passou Quando se trata de um produto que foi afetado, o seu relançamento em
© LID E L-E dições Técnicas
a empresa permite verificar (e confirmar) onde se encontram os novos moldes, seja ele um lifting ou a completa reformulação (nome,
verdadeiros amigos e aliados. As reações dos diferentes stakeholders logótipo, packaging, etc.), pode surgir como uma oportunidade.
(acionistas, banca, fornecedores, parceiros, etc.) constituirão um
excelente barómetro para medir o tal "grau de lealdade" em relação No que respeita às relações com os stakeholders, pode-se constituir
à empresa. O mesmo se passa com a concorrência, que não se espera uma oportunidade para as reforçar e melhorar, ou para iniciá-las,
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Gestão de Crise
caso não existissem antes. E isto verifica-se em quase todos os níveis, 0wsiiriw_18íten(vm^d8 2012. Bürto d* ífertftá»» PUBLICIDADE
As seguradoras do Grupo Caixa Geral de Depósitos atribuíram aos seus peritos uma au
tonomia reforçada na definição das indemnizações aos segurados por forma a acelerar os
processos de indemnização. Esta medida visa minimizar o impacto da situação nas familias
e facilitar a rápida reparação dos danos registados.
meros 808 205 004 (Fidelidade Mundial) e 808 245 004 (Império Bonança), disponíveis
nos dias úteis, complementando o apoio prestado pela Rede de Mediadores e Agências
no Algarve.
16 de novembro de 2012
©
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'ARTE /V
Relações Institucionais
e Lóbi
Relações Institucionais e Lóbi
Se há uma atividade no setor da Comunicação onde o gestor será Nesses países, os poderes públicos estão acostumados a ouvir o que
chamado amiúde para participar ativamente e de "corpo presente" a sociedade civil tem a dizer ou a propor, seja através dos respon
será certamente a de lobista, ou seja, nas relações com o poder político, sáveis de uma empresa, de uma associação profissional, de uma
quer a nível governamental, parlamentar, autárquico e até de admi Organização Não Governamental (ONG), ou de lobistas profissionais
nistração pública, como legítimo representante da sua empresa, em representação destes. E, mesmo assim, sempre que há aspetos
legislativos importantes que irão ser tomados em breve, e que possam
O que, sublinhe-se, é perfeitamente natural, sobretudo em Portugal, vir a afetar uma empresa, ou todo um setor de atividade, é comum
visto que os poderes políticos, sejam governantes ou deputados, mais ver os gestores máximos dessas empresas a pedirem pessoalmente
facilmente aceitarão dialogar com o representante máximo de uma audiências, para exporem diretamente os seus pontos de vista.
instituição, do que com um subordinado sem idêntico poder de decisão,
mesmo que tenha sido indigitado especificamente para essas funções.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
Não será sem razão, que nos EUA (só Washington, considerada
a capital mundial do Lóbi, conta com cerca de 6o ooo lobistas) o
Lóbi é considerado como “o 5.° poder”.
Edições Técnicas
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Relações Institucionais e Lóbi
A Comissão Europeia tem em curso, desde há alguns anos, através da forma profissionalizada. Se esta forma de atuar ainda funciona mais
iniciativa do Comissário Siim Kallas, a ETI - European Transparency ou menos (se bem que cada vez menos) no nosso país, por força da
Iniciative, visando formatar a atividade de Lóbi junto das instâncias tradição enraizada, em Bruxelas é que não funciona mesmo.
europeias. No âmbito da ETI foi lançado, em 2007, o "livro verde
sobre a transparência", ao qual se seguiu um livro branco, com vista a E essa é a principal razão porque não temos tido até agora grande êxito
harmonizar a prática de Lóbi nos 28 Estados-membros. Aproveitando na defesa dos nossos interesses na UE, mesmo atendendo ao facto de o
a Presidência Portuguesa do Concelho da UE, Siim Kallas veio nesse atual Presidente da Comissão Europeia ter nacionalidade portuguesa.
ano a Lisboa justamente para falar sobre este assunto.
Esta situação é fruto de não se ter ainda reconhecido o Lóbi como
Seria bom que o nosso país começasse a alinhar por este "diapasão" uma atividade legítima, de esta não estar regulamentada, e de não
e regulamentasse a atividade. Pois, se internamente teria muito a haver uma formação específica nesta área, como, por exemplo, uma
ganhar em termos de transparência nas relações entre governantes pós-graduação.
e governados, em termos internacionais ganharia imenso em com
petitividade nomeadamente em Bruxelas, onde a nossa presença é Quando isto acontecer (e tudo indica que estará para breve por
ínfima na representação dos interesses portugueses. imposição da UE), poder-se-á, então, formar profissionais idóneos e
competentes, e constituir assim um pequeno "exército", capaz de
lutar no terreno comunitário em pé de igualdade com os lobistas
dos países do Norte da Europa, em defesa dos interesses nacionais
Para termos uma ideia, operam oficialmente em Bruxelas cerca - a bem da nossa competitividade.
de 15 000 lobistas (os números não oficiais apontam para o
dobro). Desses, cerca de 5 000 estão devidamente registados
como lobistas junto do Parlamento Europeu e da Comissão
Europeia; e, dentro destes números, cerca de 800 são alemães, Em Julho de 2013, depois de este capítulo ter sido redigido,
perto de 600 são britânicos, e a própria Espanha (onde a situação deu-se a feliz coincidência de a Assembleia da República ter
do Lóbi é idêntica à de Portugal) tem lá em permanência à volta organizado, através de uma iniciativa do Deputado Mendes
de 180 profissionais, a defenderem os respetivos interesses. Bota, Presidente da Comissão para a Ética, a Cidadania e a
Comunicação, a primeira Conferência/Debate sobre este tema,
com o título “O Lóbi numa Sociedade Democrática”. Para além
Em 2005 Portugal tinha apenas um lobista acreditado no Parlamento da minha pessoa, foram convidados vários oradores nacionais e
Europeu, e no ano de 2012 tinha quatro. Convenhamos que para internacionais, como o responsável por esta área na OCDE, ou a
defender os interesses nacionais é muito pouco, e por isso não Presidente da Associação Espanhola de Lóbi, para exporem os
nos podemos depois queixar da nossa falta de competitividade no seus pontos de vista. Este evento constituiu um marco impor
tante, no processo de regulamentação da atividade, dado que
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Relações institucionais e Lóbi
que apenas se dedicavam aos contactos diretos com governantes nalguns casos é necessário recorrer a uma instância
ou parlamentares. superior para, através dela, se pressionar o alvo desejado
(Presidente da República, Primeiro-Ministro, Comissão
As Relações Institucionais abrangem assim um conjunto de ativi Europeia, etc.);
dades diversificadas, que incluem o Lóbi, e, apesar de continuarem - Lóbi de Base (bottom lobbying ou grassroot lobbying),
a utilizar a mesma técnica e um tipo de estratégia semelhante, quando se faz pressão sobre o alvo através da opinião
136 137
-
pública, de opinion makers, ou de grupos de interesse (ONG, conjunta, havendo, nestes casos, que esperar ser necessário
associações, etc.), utilizando para tal os Media, a Internet ou fazer algumas cedências.
determinados eventos como manifestações, petições, etc.
Menos correntes são as alianças com concorrentes ou
adversários, não tanto para se conseguir uma atuação con
Exemplo ■ ,
junta (o que é muito raro acontecer), mas mais para esta
Para ilustrar, imaginemos, por exemplo, uma empresa do setor
belecer uma espécie de “pacto de não agressão" durante um
farmacêutico que faz Lóbi no Ministério da Saúde, com o objetivo
determinado período.
de conseguir uma alteração à legislação em vigor que permita
a autorização para um novo tipo de medicamento ou para uma
■Ü
■ As relações com decisores (top management relations) as-
nova forma de comparticipação. semelham-se ao B2B, mas para os gestores trata-se mais
Os esforços desenvolvidos junto do gabinete do Ministro fazem de criar uma aproximação entre as partes, partilhando
parte do Lóbi Direto. informações de interesse, potenciando futuras alianças ou
Se optar por recorrer a instâncias superiores - Primeiro-Ministro, até possíveis atuações conjuntas, do que estabelecer bases
grupo parlamentar-ou apresentar queixa em Bruxelas, estará a sólidas de negócios. Por vezes, o estabelecimento de relações
desenvolver Lóbi de Topo. entre decisores tem mais a ver com aspetos sociais do que
empresariais, como pode ser o caso do responsável de uma
Caso escolha o Lóbi de Base para pressionar de “baixo para
cima", pode dar maior visibilidade ao assunto divulgando o caso multinacional estrangeira desejar conhecer o respetivo em
nos órgãos de informação, na Internet, organizando um evento baixador acreditado no país onde está localizado.
com uma associação de doentes desse setor terapêutico, etc. ■ O Market Intelligence, que inclui a recolha e análise da informa
E, claro, em termos estratégicos, pode até utilizar estas três formas ção sensível, bem como a vigilância legislativa, que permite detetar
de fazer Lóbi seguindo um timing adequado, o que multiplica para quando algum grupo parlamentar se prepara para apresentar
umas três dezenas as diferentes hipóteses de atuação. uma proposta de lei. Esta atividade designa-se também por Com-
petitive Intelligence (Inteligência Competitiva).
■ Comunicação Estratégica (strategic communication), dado
■ Gestão das coalições (coalition building), com vista a reforçar que hoje nenhuma empresa consegue ter sucesso e boa
uma posição, através da união pontual com terceiros, que reputação sem uma estratégia de comunicação e de imagem,
podem ser aliados naturais, aliados potenciais ou até mesmo adequadas às suas ambições. A Comunicação Estratégica, em
concorrentes. Esta constitui a mais recente área de es muitos aspetos semelhante à Comunicação Institucional (e
pecialização das Relações Institucionais. que nada tem a ver com a Comunicação de Marketing),
O estabelecimento destas alianças com aliados naturais está normalmente a montante de uma campanha de Lóbi,
implica uma estratégia conjunta que beneficie todas as partes, e visa criar uma base de goodwill, preparando o terreno e
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conforme se poderá observar mais em detalhe no capítulo facilitando a ação das futuras campanhas.
“Gestão de coalições". ■ A Gestão de Crise - algumas grandes consultoras interna
cionais de Relações Institucionais também dominam a área
Relativamente aos aliados potenciais, será necessário encetar da Gestão de Crise, por esta estar em estreita relação com a
-
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negociações com vista a propiciar uma futura atuação Gestão da Reputação (Reputation Management).
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Ferramentas de Comunicação para Gestores
Exemplo ;------------------------------------------------------------------------------------------
33
Poderíamos citar como exemplo o caso do concurso que Gestão de Coalições
Portugal lançou há uns anos para a aquisição de submarinos.
Durante vários meses, os dois principais concorrentes (franceses
e alemães) lançaram nos Media portugueses campanhas de
Comunicação Estratégica, com o objetivo de conduzir a um
melhor conhecimento das respetivas empresas e granjear uma Como abordado sumariamente no capítulo anterior, uma área
boa imagem junto da opinião pública, antes mesmo de iniciar relativamente recente no âmbito das Relações Institucionais é a da
qualquer tipo de negociação com o Governo português. Gestão de Coalições (em inglês Coalition Management), também
chamada de Gestão de Alianças.
Não sendo o príori uma atividade "clássica" em Relações Institucionais A sua importância deriva do facto de se posicionar a montante da
(e muito menos no Lóbi), há que reconhecer que muitas das ações definição de estratégia de qualquer campanha de Lóbi, e do seu bom
de Lóbi que são levadas à prática têm a sua génese em situações de funcionamento depender o sucesso ou o completo fracasso do futuro
emergência. E não deixa de ser verdade que ter conhecimentos em projeto. Vai mais além do que a simples parceria entre empresas ou
Gestão de Crise em muito beneficiará a conceção da futura estratégia instituições (própria do B2B), congregando todas as atividades com
de Lóbi, justamente para não desencadear involuntariamente uma idêntico grau de responsabilização de todos os pares nela envolvidos.
situação crítica. Os exemplos deste tipo de situação abundam, podendo
ser o caso de um produto adulterado ou contaminado, que irá pos Poderíamos definir uma coalição como "o esforço coletivo levado
teriormente desencadear um conjunto de novas medidas legais por a cabo por empresas, associações empresariais, ONG e outros
parte das autoridades para todo o setor (todos nos lembramos ainda grupos de interesse, para temporariamente coordenar e integrar
do caso da doença das vacas loucas ou da doença de nitrofurano nos ativamente e em conjunto uma determinada ação de Lóbi". Tanto
frangos), da presença de levando a que os grupos de interesse visados podem constituir-se para, num curto prazo, bloquear ou incentivar
se mobilizem para tentar impedir essas alterações regulamentares. uma determinada legislação; ou, a longo prazo, sensibilizar e moldar
Por isso, se um dia precisar de recorrer aos serviços de um lobista em as atitudes dos legisladores e da opinião pública, em certas áreas
Bruxelas, não se admire se o puserem em contacto um especialista em específicas da sociedade. O exemplo deste segundo caso pode ser o
Relações Institucionais/Public Affairs. da introdução dos transgénicos (OGM ou Organismos Geneticamente
Modificados, também conhecidos como transgénicos) na legislação
europeia, onde existem dois blocos opostos, a favor e contra, e cuja
guerra de interesses se desenrola há quase uma década.
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voz, passando a mesma mensagem, facilmente percebemos que o conseguir que quatro ou cinco empresas tenham a mesma
sonho de ter num "exército" unido pode muito bem transformar-se cadência do que dez ou 20. É um aspeto importante a não
num pesadelo para o gestor que teve esta iniciativa. Sobretudo se a descurar logo de início;
coalição envolver mais de uma dezena de instituições. Recordo que ■ Caso não arranje um número de aliados naturais suficiente
em Relações Institucionais para formar uma coalição bastam duas para formar a coalição que idealizou, passe a listar os aliados
empresas, mas em casos extremos este número pode ir até às muitas potenciais. Estes, não sendo adversários ou concorrentes,
dezenas. Imagine-se, pois, a árdua tarefa de conjugar os diversos graus não têm, no entanto, interesses idênticos aos seus (quando
de interesse de cada um dos intervenientes, marcar uma agenda que muito, parecidos), pelo que terá de negociar e fazer algumas
seja favorável a todos eles, e arranjar consenso na escolha das ações cedências se os quiser ter "a bordo";
a implementar.
■ Lembre-se de que quanto mais heterogéneo for o universo
das instituições que irão compor a coalição, melhor será. Se,
A Gestão de Coalições foi criada no sentido de facilitar essa tarefa em vez de congregar apenas empresas de um determinado
aos organizadores, passando a fazer parte da atividade de Relações
setor da indústria, conseguir juntar-lhes umas ONG, Defesa
Institucionais, como um novo Tool Kit estratégico para os grupos de do Consumidor, Ambientalistas, etc.); umas associações ou
interesse que desejem unir-se numa causa comum.
confederações empresariais distintas (para além da natural
associação do seu setor); e umas ligas ou think tanks19 (liga
Sem ser necessário estar a par de todos os detalhes, será, no entanto,
de amigos, instituto de estudos, etc.), conseguirá formar um
vantajoso para o gestor-comunicador conhecer alguns aspetos
"exército" multidisciplinar, capaz de atacar o mercado-alvo
básicos a ter em conta, para o caso de um dia decidir formar (ou ser
em várias frentes e com armas diferentes;
convidado para integrar) uma coalição.
■ Poderá também pensar em fazer uma lista de figuras públicas
que, individualmente, se tenham distinguido na defesa de
O ponto de partida uma causa que tenha alguma coisa a ver com o âmbito do seu
Imaginando que já decidiu que será necessário avançarem coalição para projeto (uma doença, defesa dos animais, direitos humanos,
atingir o seu objetivo, deverá ter em atenção os seguintes aspetos: ambiente, etc.).
Não sendo uma empresa ou instituição, este líder de opinião
■ Defina primeiro quem poderão ser os aliados naturais, que
contribuirá para dar maior credibilidade a toda ação, e aju
eventualmente terão interesses idênticos aos seus, para se
dará a reforçar a heterogeneidade da coalição. Podem ser
unirem numa causa comum;
pessoas oriundas da política (ex-governante, ex-deputado,
■ Tente avaliar, de seguida, de quantos desses aliados vai
ex-comissário europeu); da cultura (escritor, compositor,
necessitar para dar mais força ao seu projeto;
artista); do desporto ou da ciência, pouco importa, o que
■ Tenha em atenção que apesar das grandes coalições serem é essencial é que tenha uma qualquer ligação lógica ao
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capazes de dar um forte sinal político de poder negociai, universo em que a coalição se insere.
nem sempre são mais efetivas do que as pequenas. E,
sobretudo, em termos de gestão aplica-se a regra do "smallis 19 Think Tank - literalmente "banco de ideias" ou "oficina de ideias"; são centros
beautiful", pela maior facilidade de consenso e de manobra de pesquisa independentes e sem fins lucrativos, voltados para a produção e
que podem proporcionar. Com efeito, é menos complicado divulgação de ideias e conhecimento sobre temas relacionados com Política,
Ciência, Tecnologia, Estratégia ou Defesa.
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criar uma coalição para defender um (ou vários) interesse ■ Para esta primeira reunião será necessário preparar um
comum. segundo documento, baseado no white paper inicial, onde
todos os aspetos neles referidos serão abordados em detalhe.
Já que esse white paper vai ser idêntico para todos os
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Terá de lhe acrescentar uma sugestão de planeamento que
potenciais integrantes da futura coalição, tenha o cuidado
refira os timings (quando acha que deve começar e quanto
de não mencionar nele os nomes das outras instituições
tempo irá durar) das ações a empreender, dos públicos-
que pretende contactar, ou realçar em demasia aspetos
-alvo (targets) a quem se destina, dos meios a utilizar e,
que possam não interessar grandemente a alguns deles.
naturalmente, dos custos previstos.
Por outras palavras, o white paper deverá ser suficiente
mente generalista para poder ser entregue a todos eles, Para além disso, será bom que cada um tenha, desde o início,
sem ter de alterar o conteúdo em função de cada um uma noção bem clara do que lhe vai ser pedido, em termos
deles. de ações nas quais estará envolvido.
m Marque reuniões individuais com os decisores de cada ■ Apesar de todos terem a mesma quota de responsabilidade,
uma dessas instituições, começando sempre pelos aliados uma coalição não poderá funcionar se não houver um
naturais junto dos quais terá mais hipóteses de receber uma líder. Este terá de ser nomeado (ou votado) por consenso
resposta positiva. entre todos os elementos, e passará a ser o coordenador e
"a cara" da coalição. Q que não quer dizer que terá de fazer
Nessa reunião já poderá indicar (verbalmente) quem são as
todo o trabalho, pois cada um dos elementos ter de dar o
outras entidades que pretende contactar, e, inclusive, aceitar
seu contributo, de uma forma ou de outra, a diversos níveis,
sugestões de outros potenciais aliados dos quais não se tinha
consoante os critérios estabelecidos.
lembrado anteriormente.
Enquanto um elemento poderá participar nas reuniões com
Depois de ter conseguido algumas alianças, pode alargar a sua
deputados de um certo partido; outro poderá reunir com um
intervenção a outros possíveis aliados, para os quais aparecerá
determinado governante; um outro pode escrever artigos de
em maior posição de força, ao falar em nome de um grupo já
opinião para um jornal; e outro ainda pode gerir um blogue
constituído e não apenas da sua empresa.
ou uma conta nas redes sociais, etc.
a Tenha sempre o cuidado de utilizar os mesmos argumentos,
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Relações Institucionais e tóbi
Como em tudo na vida, ser coordenador e dar a cara por Em suma, são indiscutíveis as vantagens que poderão advir para
uma coalição tem a suas vantagens e desvantagens, e convirá qualquer instituição, ao participar numa coalição. Mas esta só fun
pensar muito bem antes de tomar uma decisão. cionará se for bem gerida.
■ Afim de assegurar que todos assumem os seus compromissos,
será vantajoso que assinem posteriormente uma carta de E este pequeno apontamento serve apenas para alertar para algu
intenções. Da mesma forma, se ficar combinado que se irá mas dificuldades com que um gestor se poderá defrontar ao decidir
imprimir um papel de ofício para todas as comunicações da tomar uma iniciativa deste tipo, ou a ser convidado para integrar ou
coalição, é bom que os nomes (e logótipos) das empresas formar uma coalição.
figurem nele. Chamo a atenção que, por vezes, esta intenção
gera algumas resistências por parte de alguns participantes,
que prefeririam agir sob um certo anonimato. Pelo que será
um ponto importante a discutir também logo nesta primeira
reunião.
A Gestão
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■:
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Relações Institucionais e Lóbi
Qualquer responsável empresarial que já tenha tentado contactar Naturalmente, para quem queira ser ativo em Bruxelas os mesmos
com os nossos poderes públicos, nomeadamente o Executivo e o preceitos devem ser aplicados.
Legislativo, apercebeu-se certamente de uma série de dificuldades
com que não imaginava ter de se defrontar. Para formular um pedido de audiência, haverá, em primeiro lugar,
■«
O que não deixa de ser estranho numa sociedade democrática, onde
instituições comunitárias. A maior dificuldade reside na
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uma das "obrigações" dos eleitos é justamente ouvir a opinião do seleção do interlocutor apropriado (target), por isso tem
eleitorado.
de definir previamente qual o deputado (ou qual o grupo
-
parlamentar, ou o governante) mais indicado para apresentar
-
Mas também não deixa de ser verdade que, na maioria das vezes,
o seu assunto;
-tó
os pedidos de audiência não são convenientemente formulados,
■ Pode começar por fazer um telefonema preliminar a fim de
£>'.&
o que, logo à partida, dificulta, ou até inviabiliza, qualquer possi
confirmar o endereço (ou e-mail ou número de fax) para
bilidade de ser recebido por um governante, deputado ou decisor
onde deve enviar o seu pedido. Isto tem a vantagem não só
político.
de confirmar o contacto, como de ficar já de posse do nome
do (ou da) assistente (ou secretário/a) que o vai atender, e,
Comparativamente, em Bruxelas, a tarefa dos lobistas vê-se
eventualmente, de ficar a saber a priori os dias ou as semanas
...........................................
muito mais facilitada nos seus contactos com as instituições
em que o seu interlocutor estará com maior disponibilidade
comunitárias, seja a Comissão Europeia, o Parlamento Europeu
de agenda;
ou qualquer outro organismo da UE, visto que o próprio sistema
está devidamente preparado para lidar com este tipo de iniciativa ■ Faça sempre o pedido por escrito (uma carta, um e-mail ou
da sociedade civil. memo um fax), especificando quem é, quem representa (se
for o caso), o motivo do seu pedido, e porque acha que esse
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No entanto, será bom realçar, que qualquer desses profissionais decisor é o interlocutor indicado.
que tenha de recorrer amiúde ao Lóbi Direto (ou de Topo) junto O texto tem naturalmente de ser breve (uma página), sem
dos decisores comunitários sabe que tem de seguir um conjunto de entrar em detalhes (que serão explicados durante a reunião),
regras básicas para levar a bom termo a sua missão. conter todos os seus contactos e deixar claro que o que
pretende é uma audiência. Escusado será dizer que terá de
..........
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—
dirige a um governante). É conveniente que, na parte final do O último recurso será fazê-lo através da sua associação ou
seu texto, dê uma indicação das semanas em que terá maior confederação, se o assunto puder vir a ser de interesse para
disponibilidade ou de uma data limite, o que constituirá um todo o seu setor de atividade (isto para não falar na possível
bom pretexto, nos contactos posteriores, para fazer alguma contratação de um lobista profissional...).
insistência.
a Reforce o pedido escrito com um telefonema, passado uns Mas, de uma forma ou de outra, se tiver seguido diligentemente estes
dias. É possível que fale novamente com a assistente ou passos, o mais provável é que consiga obter o seu encontro com o
secretária (se não o fez antes, aproveite agora para ficar com o decisor político desejado.
nome e contactos diretos) que lhe dirá em que situação está o
seu pedido (ainda não foi despachado, foi encaminhado para Na fase posterior, e tendo conseguido marcar uma data/hora, o
outra pessoa, já marcaram uma data, etc.). Em Portugal não próximo passo será preparar muito bem o que vai expor nesse
se admire se lhe pedirem para voltar a enviar novamente a encontro.
carta (ou e-mail ou fax), por não conseguirem localizar o seu ■ É conveniente reconfirmar, na véspera, que não houve
pedido... (situação que prefiro não comentar). qualquer alteração de horário ou data, e anunciar quantas
Sempre que necessário, volte a telefonar de vez em quando pessoas vão estar presentes. Se não quiser ir sozinho pode
até ter uma resposta concreta (um sim ou um não é sempre levar mais uma pessoa, no máximo duas. Três pessoas
melhor do que uma resposta evasiva). para uma reunião com um governante (ou deputado) é
■ Se o seu pedido foi aceite, basta agendar uma data/hora, considerado um número aceitável, mais do que isso tende a
conciliando a sua agenda com a do interlocutor. Recomen- ser exagerado. Evite a todo o custo levar consigo uma vasta
da-se que seja flexível, pois os decisores políticos têm geral comitiva, sobretudo se os outros elementos não tiverem
mente as suas agendas muito preenchidas, pelo que mais nada a dizer;
vale adiar outros compromissos, do que tentar agendar ■ Leve sempre algum documento escrito (os ingleses chamam
este encontro para outras datas posteriores; -lhe white paper) para deixar ficar ao seu interlocutor. Este
* Se o seu pedido não foi aceite, tente saber a razão - se foi deve ser sucinto (três páginas no máximo), conter os pontos-
por uma questão de agenda, ou porque o assunto não é da -chave do assunto que vai expor, e deixar bem claro o que
competência do seu interlocutor, etc. e volte a analisar a pretende com este pedido de audiência (para pedir uma
situação. revisão da atual legislação; para fazer uma chamada de
■ Seguidamente, terá de fazer uma opção: ou volta a contactar atenção para os problemas da sua empresa ou do seu setor
o mesmo interlocutor, utilizando outros meios (uma carta, de atividade; para dar informação antecipada sobre novos
se enviou anteriormente um e-mail e vice-versa) e referindo investimentos que vão ter lugar, etc.);
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que é a segunda vez que entra em contacto; ou muda de ■ Se for acompanhado, combine antecipadamente quem vai
interlocutor, quer verticalmente, subindo (Lóbi de topo) falar sobre o quê, em perfeita sintonia. Pior do que algumas
ou descendo na hierarquia (por exemplo, um Secretário de das pessoas presentes não fazerem qualquer intervenção, é
Estado se tentou o Ministro), ou horizontalmente (outro quando todos querem falar em simultâneo sobre o mesmo
Ministro, ou outros deputados ou mesmo outro grupo assunto, muitas vezes, com pontos de vista que nem sequer
parlamentar, no caso da Assembleia da República). coincidem. Por outro lado, esteja preparado para responder
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■ Se quiser, uns dias antes da data limite que lhe foi comunicada,
pode telefonar à assistente a perguntar se já tem uma
resposta para o caso. Não ficará mal visto por causa disso e,
muito provavelmente, dir-lhe-á que é muito cedo e que não O que tem a ver o Lóbi com a possível revisão constitucional que
tem nada para si. Mas aqui o mais importante é relembrar às ciclicamente faz parte da agenda política? A priori nada. Na prática,
pessoas que este caso está a atingir uma data limite, alertá- muita coisa.
-las para esse facto e, ao mesmo tempo, mostrar que está
atento a esse facto; Comecemos por relembrar o conceito europeu de Lóbi. Quem está
minimamente familiarizado com este assunto, sabe que não é mais
■ Se não lhe for dada resposta dentro do prazo previsto (e em
do que a defesa dos interesses de um determinado setor da socie
Portugal não se admire se isso suceder frequentemente),
dade perante os poderes públicos. Como já escrevi no blogue de
peça para lhe definirem outra data limite. E depois é repetir
uma colega, tal como o advogado defende os interesses dos seus
as mesmas ações, telefonando ou enviando e-mails. Mostre-
clientes perante o poder judicial (responsável pela aplicação da lei),
-se flexível mas persistente. Verá que, no fim, alcançará o seu
o lobista defende os interesses dos seus clientes, mais a montante,
objetivo.
perante os poderes legislativo e executivo, isto é, perante quem
faz as leis.
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Ferramentas de Comunicação para Gestores Relações Institucionais e Lóbi
É claro que o exercício dessa profissão tem de ser feito com grande Os Media terão também a sua quota-parte de responsabilidade, dado
profissionalismo, pois está sujeito a apertadas regras de ética, de que, até há bem pouco tempo (já não é verdade desde há uma meia
transparência e sob um rigoroso controlo (nem poderia ser de outra dúzia de anos), sempre que se falava de Lóbi, Lóbis ou lobistas era
forma). O que nos leva à questão recorrente: se o Lóbi traz tantas inevitavelmente feito de forma pejorativa, como sinónimo de uma
vantagens, porque é que não é reconhecido e regulamentado em atividade obscura, marginal e pouco recomendável.
Portugal? (e, já agora, em Espanha também?).
Isso ajudou, em muito, a criar na opinião pública a conotação negativa
Na verdade, é intrigante que, ao fim de quatro décadas de democra que ainda envolve a atividade, identificando-a, erradamente, com o
cia, a atividade ainda tente funcionar com os requisitos do pré-25 de tráfico de influências, a manipulação ou até a corrupção.
abril, isto é, através do pedido, da cunha, do compadrio, etc., também
é verdade que, ao longo destes últimos anos, houve por parte de Por outro lado, os grandes grupos económicos presentes em Portugal,
alguns governantes umas tímidas tentativas de discutir o assunto, e que poderiam, devido à sua influência, alterar a situação, tão pouco
no âmbito de uma maior transparência e do combate à corrupção. se mostraram muito interessados em mudar seja o que for, visto
Contudo, nenhuma iniciativa teve qualquer seguimento. que, do seu lado, nunca tiveram qualquer dificuldade de acesso aos
órgãos de poder. Como se pode imaginar, qualquer responsável de
Porque será, então, que o Lóbi não é legalizado, nem controlado no um desses grupos, ou das nossas 100 maiores empresas, sempre que
nosso país? quiser falar com um governante, um deputado ou um político influ
ente, bastar-lhe-á pegar no telefone e fazê-lo diretamente. Para quê
Já me fizerem várias vezes essa pergunta e, pessoalmente, vejo qua alterar esta situação confortável, criar novas regras, alargar o leque
tro razões principais na origem desta situação. de influência a outros setores e, nomeadamente, às PME?
Apesar de termos sido dos poucos países a traduzir para o Por último, e certamente a razão mais importante a meu ver, é que
dicionário, em 2002, a palavra original Lobby para Lóbi e lobbyist um terço dos nossos deputados na Assembleia da República (cerca
para lobista, a verdade é que não temos, como os países nórdi de 70), só estão lá em part-time.
cos, nenhuma tradição na defesa de interesses da sociedade civil
perante os poderes instituídos. Nesses países, questionar os eleitos E o que fazem na outra parte do tempo? A maioria trabalha no setor
é um direito que o sistema democrático confere a qualquer cidadão. privado em grandes escritórios de advogados ou em grandes empre
A nossa estrutura mental ainda está formatada pela influência de sas, muitas das quais são multinacionais estrangeiras (refira-se, a
meio século de ditadura, e mesmo uma geração após o 25 de abril, título de exemplo, o caso do ex-deputado Pina Moura que trabalhava
ainda se aborda com um laivo de "servilismo", um distanciamento em simultâneo para a Iberdrola).
respeitoso, e até um certo receio, os detentores dos cargos públicos,
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esquecendo o cidadão que foi ele, com o seu voto, que os elegeu. Ao acumularem estas duas funções, acabam por estar com um pé
Com esta forma de estar como pano de fundo, ousar abordar os no setor público e outro no privado.
eleitos para propor seja o que for não é uma prática corrente para
a maioria dos grupos de interesses. Ou se quisermos, e por outras palavras, são lobistas em part-time.
Qualquer pessoa terá o bom senso de reconhecer que é natural
e humano que defendam no Parlamento os interesses das outras
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Como referi no início, esta obra não se destina tanto aos profissionais
da Comunicação, que certamente já estarão mais do que familia
rizados com os temas aqui tratados, mas é dirigida sobretudo aos
responsáveis empresariais, que pretendem ser mais interventivos
neste domínio.
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MC LUHAN, Marshall (1962) - The Gutenberg Gataxy, University of 0 que motiva realmente as pessoas? E o
Toronto Press, Canada. que fazem as melhores empresas para
motivar os seus colaboradores? Saiba
MC LUHAN, Marshall (1979) - Os Meios de Comunicação, Editora como melhorar a motivação da sua equi
pa ou empresa, através desta ferramenta
Cultrix, São Paulo.
de análise.
MOURA, Sofia (2013) - Marcas e Entretenimento, Guerra e Paz Edi
tores, Lisboa.
APRESENTAÇÕES
VAN SCHENDELEN, Rinus (2003) - Machiavelliin Brusseis, Amsterdam QUE FALAM POR SI
University Press, The Nederlands.