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ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

MANUAL

SALVAMENTO EM ALTURA

2021
COMPÊNDIO REALIZADO E ATUALIZADO POR

CAP DAINER MARÇAL DIAS


CAP ADSON MACHADO WILLI
CAP JOSE GUILHERME BOECHAT TEIXEIRA
2° TEN EUNICE PAIVA SCARDUA
2° TEN MARCELO ALVES DE LIMA
2º SGT LUIZ CARLOS RODNITZKY JUNIOR
2° SGT FABRICIO SALLES
2° SGT MARCOS DOS SANTOS MERCIER
2° SGT MARCOS ROGERIO ZARDO STEIN
2º SGT MARCEL XAVIER SANTANA
3° SGT WARLLES DE LIMA REIS
3° SGT JULIO CESAR NOYA LOPES
3° SGT IZABEL MARTINS REIS DE OLIVEIRA
3° SGT FELIPE RHEIN DOS REIS
3° SGT CAROLINA ANTUNES DE OLIVEIRA MATOS
3° SGT ANILDO BULLERJAHN
3° SGT FABIANO DUARTE
3° SGT RODRIGO TORREZANI DE OLIVEIRA
3° SGT MARCUS PIGNATON DOS SANTOS
3° SGT VINICIUS SPERANCINI DE FREITAS
CB JAIME JOSÉ MILHOLO JÚNIOR
CB THIAGO DE OLIVEIRA VALIN
CB ESTEVAO KWAME DE SOUZA LEITAO
CB VALDINEI DOS ANJOS ROCHA
CB RENATO ALVES ALBINO
CB RHUAN CHRISTIAN PATROCINIO PORTO
CB ANDRE FERNANDES NUNES
CB THIAGO BRANDÃO MOREIRA
CB ALDINO ALVES DE SOUZA
CB GABRIEL ROCHA BOTELHO
CB RAFAEL SILVA VAZ
CB BEATRIZ FERREIRA DE CARVALHO
CB FILIPE MARTINS DA COSTA
SD LAYONS BISPO DA SILVA
SUMÁRIO

1 FUNDAMENTOS BÁSICOS DE SALVAMENTO EM ALTURAS ............................. 1

1.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

1.2 DEFINIÇÕES.................................................................................................... 1

1.3 GENERALIDADES ........................................................................................... 5

1.3.1 Salvamento ................................................................................................ 5

1.3.1 Salvamento em alturas............................................................................... 5

1.4 PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA ....................................................................... 6

1.4.1 Garantir a própria segurança...................................................................... 6

1.4.2 Não agravar as lesões ............................................................................... 6

1.4.3 Avaliar o binômio risco/benefício ................................................................ 6

1.4.4 Redundância na segurança ....................................................................... 6

1.4.5 Revisar os sistemas ................................................................................... 6

1.4.6 Economia de esforço e de tempo ............................................................... 7

1.4.7 Usar a ferramenta do sistema de comando de operações ......................... 7

1.4.8 Simplificar .................................................................................................. 7

1.5 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA ATIVIDADE DE


SALVAMENTO EM ALTURAS COM SEGURANÇA ............................................... 7

1.6 CLASSIFICAÇÃO DA SEGURANÇA ................................................................ 8

1.6.1 Segurança individual .................................................................................. 8

1.6.2 Segurança coletiva ..................................................................................... 8


1.6.3 Segurança dos materiais ............................................................................ 9

1.6.4 Segurança e proteção de bens materiais ................................................... 9

1.7 FASES TÁTICAS DE UM SALVAMENTO EM ALTURAS ............................... 10

1.7.1 Preparação .............................................................................................. 10

1.7.2 Avaliação (aviso) ...................................................................................... 10

1.7.3 Operações de pré-salvamento ................................................................. 12

1.7.4 Salvamento .............................................................................................. 13

1.7.5 Desmobilização ........................................................................................ 13

2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE SALVAMENTO EM ALTURA ...................... 15

2.1 CORDAS ........................................................................................................ 15

2.1.1. Quanto ao material de fabricação ........................................................... 15

2.1.2. Quanto ao diâmetro ................................................................................ 16

2.1.3. Quanto à elasticidade.............................................................................. 16

2.1.4 Nomenclatura ........................................................................................... 17

2.2 FITAS ............................................................................................................. 18

2.3 CONECTORES METÁLICOS ......................................................................... 18

2.3.1 Malha rápida/ maillon ............................................................................... 19

2.3.2 Mosquetão ............................................................................................... 19

2.4 DESCENSORES ............................................................................................ 22

2.4.1 Freio oito de salvamento .......................................................................... 23

2.4.2 Descensor em barras (freio tipo rack) ...................................................... 23


2.4.3 Autoblocante (tipo ID industrial descender) .............................................. 24

2.5 ASCENSORES ............................................................................................... 24

2.5.1 Ascensor de punho .................................................................................. 25

2.5.2 Ascensor ventral ...................................................................................... 25

2.6 BLOQUEADORES ......................................................................................... 25

2.6.1 Blocante estrutural ................................................................................... 26

2.7 EQUIPAMENTOS PARA TRANSPORTE DE VÍTIMAS .................................. 26

2.7.1 Triângulo de resgate ou de evacuação .................................................... 26

2.7.2 Macas ...................................................................................................... 27

2.8 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ........................................... 28

2.8.1 Cintos de segurança ................................................................................ 28

2.8.2 Capacetes ................................................................................................ 29

2.8.3 Luvas ....................................................................................................... 30

2.8.4. Outros equipamentos de proteção individual ........................................... 30

2.9 PLACAS ORGANIZADORAS OU DE ANCORAGEM ..................................... 31

2.10 POLIAS ........................................................................................................ 32

2.11 ESTRIBO ...................................................................................................... 32

2.12 TALABARTE................................................................................................. 33

2.13 PROTEÇÃO DE CORDA: CATERPILLAR .................................................... 33

2.14 CHAPELETA E PARABOLT ......................................................................... 34

2.15 TRIPÉ DE SALVAMENTO ............................................................................ 34


2.16 ESCADA ....................................................................................................... 35

3 SISTEMAS DE ANCORAGENS DE SEGURANÇA (SAS) .................................... 37

3.1 REQUISITOS DE UMA ANCORAGEM .......................................................... 37

3.2 PONTOS DE ANCORAGEM .......................................................................... 37

3.2.1 Naturais ................................................................................................... 38

3.2.2 Estruturais ................................................................................................ 39

3.2.3 Artificiais................................................................................................... 39

3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ANCORAGENS......................................................... 43

3.3.1 Ancoragem em linha ................................................................................ 43

3.2.2 Ancoragem distribuída ............................................................................. 44

3.3.3 Ancoragem à prova de bomba ................................................................. 47

3.4 PLUG FUSÍVEL .............................................................................................. 48

4 NÓS E AMARRAÇÕES......................................................................................... 51

4.1 CARACTERÍSTICAS E CONFECÇÃO DE CADA NÓ .................................... 52

4.1.1 Nós de extremidade ................................................................................. 52

4.1.2 Nós de emenda ........................................................................................ 53

4.1.3 Nós de fixação ......................................................................................... 56

4.1.4 Nós formadores de alça ........................................................................... 57

4.1.5 Nós blocantes .......................................................................................... 61

4.1.6 Cadeirinhas ou Assentos ......................................................................... 62

4.1.7 Outros nós importantes ............................................................................ 65


5 CUIDADOS E ACONDICIONAMENTOS DE CORDAS ......................................... 69

5.1 CUIDADOS COM A CORDA .......................................................................... 69

5.1.1 Que antecedem seu uso .......................................................................... 70

5.1.2 Durante as operações de salvamento ...................................................... 70

5.1.2 Após o uso ............................................................................................... 70

5.2 INSPEÇÃO DA CORDA ................................................................................. 71

5.2.1 Como inspecionar a corda ....................................................................... 71

5.2.2 Retiradas de utilização ............................................................................. 72

5.3 HISTÓRICO DE USO (FICHA DE CONTROLE) ............................................. 72

5.4 MÉTODOS DE ACONDICIONAMENTO ......................................................... 74

5.4.1 Oito .......................................................................................................... 74

5.4.2 Coroa e Anel ............................................................................................ 74

5.4.3 Andina ou Charuto ................................................................................... 75

5.4.4 Corrente ................................................................................................... 75

5.4.5 Sacola ...................................................................................................... 76

6 RAPEL .................................................................................................................. 77

6.1 COM O USO FREIO OITO ............................................................................. 77

6.1.1 Equipagem ............................................................................................... 77

6.1.2 Blocagem ................................................................................................. 77

6.1.3 Segurança ................................................................................................ 78

6.2 RAPEL COM ID: EQUIPAGEM E POSICIONAMENTO DE DESCIDA ........... 81


6.2.1 Partes e posições do ID ........................................................................... 81

6.2.2 Equipagem do ID na corda ....................................................................... 84

7 ASCENSÃO .......................................................................................................... 86

7.1 UTILIZANDO CORDELETES ......................................................................... 86

7.2 UTILIZANDO BLOCANTES: ASCENSORES DE PUNHO E VENTRAL ......... 87

7.2.1 Preparando o Equipamento ..................................................................... 87

7.2.2 Montagem do sistema para operação ...................................................... 90

7.2.3 Técnica de subida .................................................................................... 91

8 MUDANÇA NO SENTIDO DE DESLOCAMENTO E TRANSPOSIÇÃO DE NÓS . 92

8.1 MUDANÇA NO SENTIDO DE DESLOCAMENTO .......................................... 92

8.1.1 Usando cordeletes ................................................................................... 92

8.1.2 Usando blocantes .................................................................................... 93

8.2 TRANSPOSIÇÃO DE NÓ INDIVIDUAL NA ASCENSÃO E NA DESCENSÃO 94

8.2.1 Transpondo o nó na ascensão ................................................................. 95

8.2.2 Transpondo o nó na descensão ............................................................... 97

9 VANTAGEM MECÂNICA .................................................................................... 101

9.1 TIPOS DE SISTEMAS MULTIPLICADORES DE FORÇA ............................ 103

9.1.1 Sistemas Ímpares .................................................................................. 103

9.1.2 Sistemas Pares ...................................................................................... 104

9.2 SISTEMA DE DESVIO DE FORÇA .............................................................. 104

9.3 SISTEMA DE CAPTURA DE PROGRESSO (AUTO BLOCANTE) ............... 105


9.4 SISTEMAS SIMPLES ................................................................................... 105

9.4.1 Sistema Simples estendido .................................................................... 106

9.4.2 Sistema simples reduzido ...................................................................... 108

9.4.3 Sistema Simples Independente .............................................................. 109

9.5 SISTEMA INTEGRADO DESCIDA/SUBIDA – ID ......................................... 111

10 MONTAGEM DE TIROLESA (HORIZONTAL E INCLINADA) ........................... 113

10.1 COM OITO BLOCADO ............................................................................... 114

10.2 UTILIZANDO SISTEMA INDEPENDENTE ................................................. 117

11 PADRÃO DE TRABALHO POR CORDAS NO CBMES – RESGATE EM


INCLINAÇÃO ......................................................................................................... 119

11.1 USO DE CORDAS EM RESGATE CONFORME TIPO DE INCLINAÇÃO E


TIPO DE TERRENO ........................................................................................... 119

11.1.1 Cabo Principal e Cabo de Backup ........................................................ 122

12 DESCENSOR FIXO .......................................................................................... 124

12.1 CORDA PRINCIPAL E BACKUP ................................................................ 124

12.1.1 Considerações importantes para a montagem da técnica .................... 124

12.2 UTILIZANDO O ID NO PONTO FIXO ......................................................... 126

13 SALVAMENTO COM MACAS ........................................................................... 129

13.1 DESCENSÃO DE MACA ............................................................................ 129

13.2 ASCENSÃO DE MACA .............................................................................. 130

13.3 SISTEMA DE LIBERAÇÃO DE CARGA (SLC) ........................................... 131

13.3.1 Componentes do sistema ..................................................................... 131


13.3.2 Montagem do SLC ............................................................................... 131

13.3.3 Utilização do sistema ........................................................................... 132

13.3.4 Possibilidade de deixar o SLC pronto da VTR ...................................... 133

13.3.5 Cuidados .............................................................................................. 133

13.4 MUDANÇA NO SENTIDO DE DESLOCAMENTO ...................................... 133

13.4.1 Descensão para ascensão ................................................................... 133

13.4.2 Ascensão para descensão ................................................................... 136

13.5 TRANSPOSIÇÃO DE NÓS......................................................................... 138

13.5.1 Transposição de nós na descida .......................................................... 138

13.5.2 Transposição de nós na subida ............................................................ 139

14 SALVAMENTO COM ESCADAS E TRIPÉ ........................................................ 140

14.1 ESCADAS .................................................................................................. 140

14.1.1 Técnica da escada rebatida (dobradiça) .............................................. 141

14.1.2 Técnica da escada deslizante (trilho) ................................................... 145

14.1.3 Técnica da mão francesa (ancoragem elevada) ................................... 148

14.2 TRIPÉ ......................................................................................................... 150

15 APLICAÇÕES ................................................................................................... 152

15.1 RAPEL COM VÍTIMA .................................................................................. 152

15.1.1 Técnica japonesa ................................................................................. 152

15.1. 2 Utilizando o I`D .................................................................................... 154

15.2 RESGATE DE VÍTIMA PRESA EM RAPEL ................................................ 157


15.2.1 Não preservando o cabo da vítima ....................................................... 157

15.2.2 Preservando o cabo da vítima .............................................................. 160

16 REFERÊNCIAS................................................................................................. 164
1 FUNDAMENTOS BÁSICOS DE SALVAMENTO EM ALTURAS

1.1 INTRODUÇÃO

A busca por técnicas mais eficientes, a aquisição de equipamentos modernos


e o trabalho em equipe com táticas de gerenciamento de risco focando na
simplicidade, fazem parte da realidade do CBMES nos aspectos relacionados à
atividade de Salvamento em Alturas.

Porém, para que a Corporação alcance a excelência na prestação de serviços


à sociedade, os procedimentos de execução das técnicas e a correta utilização dos
equipamentos devem ser implementados por um processo organizado e estruturado,
oriundo de um planejamento bem feito, com foco na capacitação contínua dos
bombeiros militares e na melhoria das condições de trabalho e treinamento.

Este trabalho apresenta técnicas utilizadas nas atividades de salvamento em


alturas no plano vertical, explorando princípios importantes, como ancoragens e
técnicas de descensão e içamento adaptados ao grau de lesão das vítimas, além de
orientações quanto aos materiais e equipamentos utilizados nas práticas de
salvamento em locais elevados.

1.2 DEFINIÇÕES

Acochar: apertar.

Alça – volta em forma de “U”.

Ancoragem: ponto de fixação do estabelecimento.

Anel de Fita: trata-se de um pedaço de fita tubular ou plana, unida através do Nó de


Fita ou previamente costurada (fita expressa), que são mais resistentes.

Arremate: arranjo feito no final de um cabo para reforçar o nó principal e evitar que
se desfaça aumentando a segurança.

Ascensão: subida.

1
Autoblocante: que bloqueia por si só. Termo usado para nos referirmos aos nós que
se apertam quando submetidos à tração, por exemplo, Prussik, Marchand entre
outros.

Auto-segurança: consiste em fazer em si mesmo, segurança durante uma escalada


(o que é menos comum, mas possível) ou num rapel (mais comum). Usa- se
geralmente um cordelete com um nó autoblocante preso acima ou abaixo do aparelho
de frenagem.

Backup: termo inglês que significa voltar atrás, ter uma segunda chance. Na escalada
e em técnicas verticais o termo é usado para designar um segundo sistema de
segurança independente do primeiro.

Baudrier: mesmo que cadeirinha, cinto de segurança. Termo muito usado no


militarismo.

Blocante: equipamento utilizado para realizar blocagens. Um tipo de bloqueador.

Cabo Aéreo: cabo tracionado entre dois pontos de ancoragem, na horizontal ou


inclinado, e que serve para transposição de socorristas, equipamentos e/ou feridos.
Também conhecido como tirolesa.

Cadeirinha: conjunto de fitas costuradas nas pernas e cintura formando uma espécie
de “arreio” o qual é vestido pelo usuário, ajustando-se às pernas e cintura. Existem
modelos diversos de acordo com as várias atividades existentes. Também chamado
de cinto de segurança.

Carga de Trabalho (CT): é a carga máxima “teórica” que o equipamento pode


suportar, dentro de uma margem de segurança. É o resultado de uma fórmula na qual
dividimos a Carga de Ruptura (CR) pelo Fator de Segurança (FS). CT=CR/FS

Carga de Ruptura (CR): é a carga máxima “real” que o equipamento pode suportar,
segundo testes de laboratórios. É a carga na qual o equipamento se romperá.

Chicote: é a extremidade livre de um cabo (mesmo que “ponta”).

Clipar: ato de instalar o mosquetão a alguma coisa.

2
Cocas: torções indesejáveis do cabo.

Coçar: atritar o cabo em alguma estrutura ou nele próprio. Mesmo que roçar.

Corda Dinâmica: fabricada com uma “elasticidade” natural acima de 5% (depende da


literatura) do seu comprimento com vista a absorver o impacto causado pela queda
de quem estiver escalando, evitando danos à ancoragem, ao equipamento e/ou ao
corpo do escalador. Sua “alma” ou “miolo” é constituído de fios torcidos que funcionam
como “molas” ao receber tensão.

Corda Estática: praticamente não existem. No Manual de Salvamento em Altura do


Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro encontramos referência a um
cabo “estático” que tinha inclusive alguns fios de aço na constituição da “alma”. Seria
um cabo “que não se estica”. Porém, é difícil conceber tal hipótese em atividades de
altura. Tal cabo seria utilizado apenas para içamento de cargas e, principalmente, para
montagem de cabos aéreos.

Corda Semi-estática: cabo que está no meio termo entre um cabo estático e um
dinâmico. Estica-se cerca de 1 a 5% do seu comprimento (depende da referência). É
usada em técnicas verticais para içamento de cargas, em sistemas de redução,
tirolesa entre outras.

Cordelete: mesmo material da corda, contudo com diâmetro menor (geralmente entre
4 a 8mm). É usado normalmente com um nó de Pescador Duplo para a confecção de
nós autoblocantes, para tracionamento de cabos ou para autosegurança durante o
rapel. Também conhecido por cordim.

Correr: mesmo que escorregar.

Cote: arremate utilizado em alguns nós.

Desclipar: ato de retirar o mosquetão de alguma coisa.

Equalização: arranjo feito com anéis de fitas ou fitas tubulares onde o peso da carga
é dividido igualmente entre as ancoragens.

Falcaça: acabamento do chicote para evitar que as fibras destrancem

3
Fita Plana: fita que não é tubular, ou seja, não é “oca”. Trata-se de uma fita única
costurada.

Fita Tubular: fita “oca”. Quando apertamos suas bordas ela fica com o formato de um
“tubo”, daí o nome.

Gatilho: parte móvel do mosquetão por onde é clipado o cabo. Também conhecido
como “portal”, “dedo”, “mola”.

Grampo: modelo de proteção fixa feita de aço. Normalmente em forma de “P”. É fixada
perpendicularmente à rocha por pressão e à “marreta” ou ainda encaixe.

HMS: modelo de mosquetão desenvolvido para se dar segurança com o nó dinâmico


“UIAA” (mosquetão coletivo). HMS é uma sigla originária do alemão
Halbmastwurfsicherung.

Mosquetão: anel de tamanho e formato variável que permite a conexão entre


diferentes equipamentos de escalada.

Morder: pressionar ou manter a cabo sob pressão.

Passar o cabo: desenrolar o cabo e deslizá-lo sobre as mãos inspecionando seu


estado de conservação e desfazendo possíveis cocas (torções).

Permear: dobrar ao meio.

Proteção/protetor de cordas/quina: Estrutura metálica utilizada para proteger as


cordas do atrito com as quinas de janelas ou pedras, por exemplo. No CBMES utiliza-
se também como meios alternativos pedaços de mangueira de incêndio, gandolas ou
capa de aproximação.

Puído: danos no cabo causados pelo atrito. É o mesmo que coçado.

Rapel: “termo que vem do francês, é usado mundialmente nos círculos Alpinistas e
significa descer com auxílio de um cabo fixo”.

Safar: liberar o cabo.

4
Segurança: é aquele que faz a proteção de quem está escalando ou rapelando,
cuidando para que não caia, tensionando o cabo e, consequentemente, travando o
equipamento de frenagem.

Seio ou anel: parte compreendida entre os chicotes ou volta em que as seções


cruzam entre si, meio do cabo.

Tracionamento: puxar, esticar, tensionar um cabo.

UIAA: União Internacional das Associações de Alpinistas. Órgão oficial que realiza
testes em equipamentos de escalada emitindo uma homologação que é mundialmente
conhecida como sinônimo de qualidade, confiança e segurança.

Vaqueta: tipo de couro com o qual se fazem luvas utilizadas no rapel.

1.3 GENERALIDADES

1.3.1 Salvamento

Os perigos resultantes das condições adversas da natureza e da imprudência


das pessoas determinam que as comunidades bem organizadas criem serviços para
atendimentos de emergência. A atividade de resgatar vidas humanas, salvar animais
e patrimônios e prevenir acidentes denomina-se Salvamento.

1.3.1 Salvamento em alturas

Definido como atividades de salvamento realizadas em locais elevados,


podendo ser no plano vertical, inclinado ou horizontal.

Devido ao nível de comprometimento que o profissional de Salvamento em


Alturas possui, é imprescindível recordar que, apesar de todos os conhecimentos
teóricos e técnicos, há de se ter experiência e bom senso, em virtude dos trabalhos
serem realizados sob pressão psicológica, onde qualquer erro pode ser fatal.

5
1.4 PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA

1.4.1 Garantir a própria segurança

De nada serve socorrer a uma vítima, se o sucesso da operação custar a vida


de um bombeiro. É necessário garantir a segurança da equipe de salvamento e
demais bombeiros envolvidos na situação, além da segurança do próprio acidentado.

1.4.2 Não agravar as lesões

Em muitos casos é mais importante a qualidade no atendimento e o correto


manuseio do acidentado (imobilização, contenção de hemorragia, prevenção de
choque, etc.) do que a rapidez. Primeiro afastando-o do perigo sem submetê-lo a
novos danos, para que adiante seja realizada a estabilização da vítima e para que
seja possível a aplicação dos primeiros socorros.

1.4.3 Avaliar o binômio risco/benefício

Analisar friamente cada caso e procurar soluções simples e seguras, através


de opções alternativas, sem improvisações.

1.4.4 Redundância na segurança

Em uma operação de salvamento não podemos agravar o acidente e, como


deve ser em qualquer operação de bombeiros, há de se duplicar ou triplicar os
sistemas de segurança. Toda e qualquer operação de risco, seja no meio militar ou
civil, exige a redundância da segurança.

1.4.5 Revisar os sistemas

Em operações de salvamento a segurança é primordial (novamente percebe-


se a redundância) e antes que qualquer operação seja iniciada, todo o sistema deve
6
ser revisado. Se as montagens são simples e estão ordenadas, não haverá perda de
tempo.

1.4.6 Economia de esforço e de tempo

Sempre que possível, devemos nos ater ao princípio da simplicidade para


economizar esforço e tempo. Na maioria das vezes é mais fácil descer as vítimas do
que içá-las. Tenhamos isto em mente quando possuímos as duas opções.

1.4.7 Usar a ferramenta do sistema de comando de operações

Em toda e qualquer situação de emergência, a ferramenta de gestão do


Sistema de Comando de Operações – SCO deve ser utilizada. A assunção do
comando e consequente desencadeamento da operação segundo um Plano de Ação
é algo natural, que deve ser uma doutrina de qualquer operação de bombeiros,
incluindo as de salvamento em alturas.

1.4.8 Simplificar

O conhecimento e domínio das técnicas de salvamento em alturas não nos


obrigam a usar todas elas. Há ocasiões em que com uma solução simples evitamos
uma manobra complicada.

1.5 CONDIÇÕES BÁSICAS PARA A REALIZAÇÃO DE UMA ATIVIDADE DE


SALVAMENTO EM ALTURAS COM SEGURANÇA

Para realizar uma atividade de salvamento em altura com segurança é


necessário que os itens relacionados a seguir sejam atendidos durante toda a
atividade.

 Controle emocional próprio;

7
 Controle da situação;
 Controle dos materiais;
 Controle de vítimas;
 Executar as atividades com convicção do que está fazendo;
 Dispor os materiais em local seguro e de fácil acesso.

1.6 CLASSIFICAÇÃO DA SEGURANÇA

Nenhuma operação realizada em ambiente elevado deve ser individual. Mesmo


em operações (sejam elas simuladas ou reais), as ações não podem ser realizadas
isoladamente.

Desta maneira, toda operação em ambiente elevado deve ser realizada por um
membro da equipe de salvamento e observada por outro membro que estará
“CONFERINDO” se todos os passos (nós, ancoragens, cadeiras, etc.) foram
metodicamente seguidos, o que possibilitará uma segurança maior da Operação.
Essa prática é conhecida como Regra dos quatro olhos.

O estudo da segurança pode ser divido para ser melhor compreendido. Segue
a divisão utilizada no CBMES.

1.6.1 Segurança individual

É toda e qualquer ação realizada pelo bombeiro para minimizar, prevenir, ou


isolar as possibilidades de acidentes pessoais em uma operação de salvamento.

1.6.2 Segurança coletiva

É todo o conjunto de procedimentos realizados com o intuito de assegurar a


integridade física e/ou psicológica de um determinado grupo, que envolverá a
atividade em si, todos os integrantes da guarnição, as vítimas e os bens coletivos.

8
A segurança coletiva é determinada a partir da avaliação prévia da situação,
onde serão tomadas as decisões de como assegurar a realização da operação, que
dependem basicamente do número de vítimas envolvidas, condições e características
do local, e proporções do evento.

Um dos principais riscos dentro dos trabalhos realizados na segurança coletiva


é, sem dúvida, a perda do controle da situação, além da falta de conhecimentos
técnicos, inexperiência e descontrole emocional.

1.6.3 Segurança dos materiais

A segurança e a proteção dos materiais são alcançadas quando estes são


adequadamente utilizados de acordo com a função e os parâmetros técnicos para os
quais foram desenvolvidos.

Desta forma, a guarnição desenvolverá melhor o seu trabalho, conservará


todos os materiais e equipamentos, e a existência dos riscos dentro da operação será
consequentemente menor.

1.6.4 Segurança e proteção de bens materiais

Os bens deverão ser protegidos desde que sua proteção não coloque em risco
vidas alheias. Para tanto, é importante verificar as condições do local, a existência de
materiais adequados para a proteção, fatores adversos que impossibilitem a proteção
e identificar os principais pontos a serem protegidos.

Proteger é um ato de guardar e resguardar um bem de uma situação adversa.

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1.7 FASES TÁTICAS DE UM SALVAMENTO EM ALTURAS

1.7.1 Preparação

Considerada por muitos especialistas como a etapa mais importante, a fase de


preparação antecede a ocorrência, ou seja, é toda a preparação que a equipe faz para
estar apta a realizar um salvamento com segurança.

Formações, especializações, capacitações continuadas e treinamentos


ordinários fazem parte dessa fase. Conhecer a habilidade individual de cada
integrante da sua equipe, bem como ter familiaridade e treinar com os equipamentos
disponíveis no seu serviço também são elementos da fase de preparação.

Mapear, conhecer e visitar os possíveis locais que possam acontecer


ocorrências de salvamento em altura na sua região de trabalho também é
fundamental.

Como tudo isso antecede o chamado, algumas doutrinas não classificam como
uma das fases do salvamento, contudo, devido a sua importância, no CBMES entra
no escopo do salvamento, justamente para ser lembrado e massificado.

1.7.2 Avaliação (aviso)

A avaliação começa desde o chamado e continua com a chegada no local da


ocorrência.

Assim sendo, a avalição começa quando a guarnição é avisada da ocorrência


e inicia a coleta de informações para atendimento. Vale frisar que a coleta de
informações não termina nessa fase, ela se estende durante todo o atendimento.

Nesta fase deve-se reunir o maior número de informações possíveis através de


contatos prévios com pessoas que possam trazer informações valiosas acerca do
local e do tipo de sinistro, como:

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 Altura;
 Natureza da ocorrência;
 Número de vítimas e grau de lesão;
 Idade das vítimas;
 Hora do acidente;
 Lugar exato, ou o mais aproximado possível.

Uma vez no local da ocorrência, devemos lembrar e ser rigorosos nos seguintes
pontos: segurança do local e avalição 360°, prioridade do atendimento médico,
acesso, estabilização e remoção da vítima com segurança.

No local, lembrar de avaliar os seguintes pontos:

a) Análise das informações: complementando a avalição, devemos


confirmar as informações levantadas anteriormente, pois informações mais confiáveis
e sem distorções são mais facilmente levantadas in loco. Confirmamos o número de
vítimas, localização, gravidade, nível de consciência, dentre outros;

b) Necessidade de reforços: confirmadas as informações e tendo uma ideia


do espaço de trabalho, deve-se avaliar a necessidade de reforços e comunicar tal
necessidade imediatamente, para que a ajuda seja enviada o quanto antes;

c) Levantamento de riscos: refere-se aos riscos que podem existir em um


serviço de salvamento em alturas, como eletricidade, fogo, produtos tóxicos,
explosivos, pontos de ancoragem, arestas vivas, superfícies abrasivas, dentre outros;

d) Plano de Ação: após confirmar todas as informações acerca do sinistro,


devemos nos ater às decisões a serem tomadas sobre o desenvolvimento da atuação
da equipe. Há diferenças técnicas e níveis de exigências diferenciados entre um
salvamento de vítimas e a recuperação de cadáver, por exemplo.

11
1.7.3 Operações de pré-salvamento

Nessa fase ocorre toda a preparação para o resgate e só deve ser iniciada após
a garantia de cena segura. O briefing com a equipe para passar o Plano de Ação é
primordial.

a) Montar um primeiro acesso à equipe de salvamento, que possa avaliar


a vítima e prestar os primeiros socorros, além de estimar a necessidade de uma
equipe de APH para sua estabilização e posterior transporte;

b) O Plano de Ação deve ser bem estruturado, porém deve ser flexível
diante de situações inesperadas que exijam modificações no plano original. Por
exemplo, um edifício colapsado com bombeiros atuando no salvamento, um novo
desabamento pode fazer com que tenhamos que resgatar os resgatadores. É latente
a necessidade de nos anteciparmos a tais situações;

c) Preparar recursos humanos: dependendo do número de vítimas e da


natureza do sinistro, necessitaremos de reforço, com pessoas de diferentes níveis de
formação e especialização, que devem ser instruídos quanto aos procedimentos
durante a ação de salvamento;

d) Dispor todo o material para a montagem do sistema de resgate. Além


disso, disponibilizar materiais necessários para a proteção da equipe de salvamento,
como equipamentos de proteção respiratória, capas de aproximação, protetores
auriculares, além de equipamentos de uso coletivo: iluminação, escoras, material de
sapa, dentre outros;

e) Adequar-se ao local e eventualidades da ocorrência: refere-se a


recursos que previsivelmente serão necessários como: rádios para comunicação,
iluminação para a noite, proteção contra fogo, proteção contra desabamentos, dentre
outros.

12
1.7.4 Salvamento

Fase em que ocorrem o acesso a vítima, sua estabilização e remoção. É o


salvamento/resgate propriamente dito.

a) Mentalizar claramente a montagem do sistema e os possíveis acidentes,


antecipando-se a eles;

b) Escolha e montagem dos pontos de ancoragem;

c) Montagem dos sistemas de descenção, transposição ou içamentos de


vítimas;

d) Comodidade de acesso para quando a vítima se encontrar fora de


perigo;

e) Uma vez que tenhamos acesso à vítima, devemos avaliar a sua situação
e verificar a necessidade de uma equipe de APH ou se a operação se resume em
retirá-la do local de perigo. Importante ressaltar o apoio psicológico que a vítima
deverá receber por parte da equipe de salvamento durante todo o desenrolar da
ocorrência;

f) Disponibilizar equipamentos de evacuação de vítimas (triângulo,


peitoral, macas);

g) Por fim, realizaremos a descenção, transposição ou içamento das


vítimas. É de grande importância a comunicação entre os bombeiros de cima, de baixo
e os que acompanham a vítima.

1.7.5 Desmobilização

Término do salvamento.

a) Neste momento é realizado um levantamento quanto aos bombeiros


empenhados na ocorrência, além do equipamento utilizado, após sua correta
desmontagem e acondicionamento;

13
b) Após o recolhimento de todo o material, é feita uma reunião com todos
os bombeiros participantes da ocorrência para que o comandante da operação possa
levantar os acertos e as falhas da atuação de sua equipe. A análise de tais aspectos
é de suma importância para aumentar a segurança, coordenação e eficiência em
ocorrências futuras.

14
2 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DE SALVAMENTO EM ALTURA

2.1 CORDAS

De maneira geral, conceitua-se ‘corda’ como sendo o


conjunto de fibras torcidas ou trançadas, dentro ou não de
uma capa, que forma um feixe longitudinal e flexível,
resistente a determinada tração.

As cordas podem ser classificadas quanto a diversos


aspectos. Dentre eles, os mais relevantes são quanto ao
material de fabricação, quanto ao diâmetro e quanto à
elasticidade.

2.1.1. Quanto ao material de fabricação

Fibras naturais: as cordas de fibras naturais não são mais utilizadas para
realização de salvamento em alturas, tendo em vista que se decompõem com mais
facilidade e não suportam muita carga de trabalho.

Fibras sintéticas: para elaboração deste tipo de corda são usadas


preferencialmente 3 fibras: o polipropileno, o poliéster e a poliamida.

As cordas produzidas de polipropileno não se deterioram com a umidade e são


resistentes a diversos produtos químicos, entretanto, sua capacidade de suportar
carga é baixa e se desgastam mais facilmente quando expostas ao calor e raios
solares.

As cordas produzidas de poliéster são bem resistentes à abrasão, produtos


químicos e calor, e possuem uma carga de ruptura elevada. Contudo, são pouco
elásticas e amortecem menos que as de poliamida.

As cordas fabricadas em poliamida possuem grande elasticidade, resistência à


abrasão, raios solares, produtos químicos e boa absorção de umidade. Porém,
quando molhadas, podem perder de 10 a 20% de sua resistência.

15
Existem, ainda, as cordas fabricadas em ARAMIDA, um novo tipo de fibra
sintética, que pode ser comparada a fibras de aço em razão de sua grande resistência
à ruptura.

2.1.2. Quanto ao diâmetro

Podem ser classificadas em cordas simples, cordas de apoio e cordeletes.


Importante ressaltar que o diâmetro define a utilização do cabo.

As cordas simples são aquelas com diâmetro igual ou superior a 11mm e são
empregadas no serviço de salvamento em alturas.

As cordas de apoio/cordas duplas são aquelas entre 10,5mm a 8mm, que são
utilizadas sempre de maneira permeada ou dobrada para aumentar seu poder de
frenagem. Essas cordas não são muito utilizadas em atividades de bombeiro.

Os cordeletes são cordas de pequenos diâmetros, sendo os mais utilizados


com bitolas de 6 mm a 8 mm, chegando, em alguns casos, a até 3 mm. Esses
cordeletes, quando empregados em conjunto com cordas de bitolas diferentes, têm
como finalidade garantir a segurança individual e auxiliar progressões verticais.

2.1.3. Quanto à elasticidade

Podem ser divididas em corda estática, semiestática e dinâmica. Essa divisão


varia de acordo com o material referência.

As cordas estáticas são aquelas com elasticidade inferior a 2%, isto é,


absorvem pouco impacto durante uma queda. As cordas estáticas normalmente são
utilizadas para criação de pontos de ancoragem e sistemas complexos, sendo
similares a cabos de aço.

As cordas semiestáticas possuem a elasticidade entre 2% e 5% e são


empregadas em condições similares às cordas estáticas para atividades de bombeiro.

16
Atualmente são as mais utilizadas em operações de resgate e algumas literaturas
entendem que a porcentagem da elasticidade um pouco maior ainda será considerada
como semiestática. Reduzem o “efeito ioiô” e permitem a armação de cabos de
sustentação.

As cordas dinâmicas são aquelas com elasticidade superior a 5%. São cabos
que se alongam quando sob tensão, com o objetivo de absorver choque em caso de
quedas, dissipando a tensão por toda corda. Por esse motivo é principalmente usada
para a prática de escalada.

2.1.4 Nomenclatura

Termos empregados no manuseio com cordas.

Nomenclaturas. Fonte: Manual CBMGO

17
2.2 FITAS

As fitas são muito utilizadas como elemento de fixação em ancoragens, nas


quais têm a função de equalização de tensão sobre os meios de fixação, além de
protegerem as cordas, substituindo-as em arestas vivas e pontos de abrasão
exagerada.

A resistência à ruptura das fitas está relacionada à sua largura e material de


fabricação, sendo utilizadas em anéis, que podem ser obtidos através de costuras
(feitas durante o processo de fabricação) ou nós de emenda.

Os nós usados para unir as extremidades das fitas são tradicionalmente


conhecidos como “nós de fita”. Os cuidados que devemos ter com as fitas são
semelhantes aos das cordas, lembrando que a qualquer sinal de desgaste prematuro
as fitas devem ser descartadas.

2.3 CONECTORES METÁLICOS

Conectores metálicos são equipamentos muito utilizados para segurança


durante atividades de salvamento, escalada, montanhismo ou trabalhos em alturas.
Trata-se de um objeto fabricado em liga metálica e serve como fixação ou união de
outros equipamentos. Os principais tipos de conectores utilizados no CBMES são a
malha rápida e mosquetões.

18
2.3.1 Malha rápida/ maillon

Elo metálico com uma porca sextavada, possuindo roscas de conexão em


ambas as extremidades de sua base principal. Fechado, é capaz de suportar esforços
em qualquer direção, podendo ser produzido de diferentes metais. A malha rápida
pode ser encontrada em diversos formatos.

Fonte: Manual CBMGO

2.3.2 Mosquetão

Trata-se de um anel com abertura e trava, pelo qual são conectados objetos e
cordas, podendo ter trava de segurança com molas/roscas ou não. É comumente
fabricado em aço ou alumínio e se apresenta em vários formatos, sendo mais comuns
os simétricos (oval), assimétricos (“D”) e HMS.

Cada mosquetão traz também, normalmente em sua espinha, informações


sobre cargas de trabalho e certificações. O operador deve sempre observar se o
material é certificado, pois é isso que garante a qualidade do produto, bem como sua
carga de trabalho, uma vez que essa informação indicará se o objeto é ideal para
salvamento ou apenas para uso individual, por exemplo.

Os mosquetões possuem nomenclatura específica e são compostos por topo,


nariz, trava, base, dobradiça e espinha (dorso), conforme imagem:

19
Fonte: salvamentobrasil.com.br

Os mosquetões sem trava são normalmente utilizados para elementos de


segurança temporária, para escaladas ou para movimentação de objetos em altura.
Já os mosquetões com trava são utilizados em elementos de segurança definitiva
como ancoragens, montagem de circuitos, ligação do operador a descensores ou
ascensores e ligação da vítima ao operador. Esses devem ser utilizados SEMPRE
fechados e travados.

Posição correta do uso do mosquetão e exemplo de resistência de acordo com o uso

As travas também podem ser do tipo automática, isto é, quando o operador


solta o mosquetão ela trava automaticamente sendo necessário um giro para abri-la,
ou pode ser tipo rosca, em que é necessário que o operador rosqueie a trava para
abrir e para fechar.

20
Mosquetão de trava automática (trava rápida)

2.3.2.1 Mosquetão simétrico (tipo oval)

O mosquetão simétrico ou tipo oval permite o melhor manuseio do mosquetão


em razão de seu formato. Uma vez conectado a outros materiais, ele pode ser girado
com maior facilidade. Por isso, é indicado para utilização em polias, grampos,
ascensores e descensores.

2.3.2.2 Mosquetão assimétrico (tipo “D”)

No mosquetão assimétrico, o ponto mais resistente é o ponto do maior eixo e


o ponto mais fraco é o da abertura do mosquetão. O seu formato tipo “D” foi planejado
para permitir que a carga seja sempre transferida para o eixo oposto da abertura do
mosquetão, isto é, para que a carga esteja sempre em seu ponto mais forte. Sendo
assim, o mosquetão assimétrico é tido como mais resistente estruturalmente do que
os mosquetões simétricos.

21
2.3.2.3 Mosquetão HMS

Sua sigla vem da palavra alemã Halbmastwurfsicherung, que significa


“segurança com nó dinâmico”. Por isso, o mosquetão HMS é um mosquetão maior e
seu formato foi originalmente pensado para a utilização de nó dinâmico (também
conhecido como UIAA) para realizar o freio de uma descida na ausência de um
descensor.

Por fim, é importante lembrar que os mosquetões, assim como qualquer


material de altura, devem ser SEMPRE inspecionados e descartados caso seja
detectado algum ponto de ferrugem ou fissura. É importante também que os
mosquetões não sofram impactos tais como quedas e batidas, devendo, nesses
casos, ser descartados.

2.4 DESCENSORES

Os descensores são os equipamentos utilizados como freios que possibilitam


a descida em atividades verticais. Os freios funcionam através do atrito da corda com
o equipamento. Existem diversos tipos de descensores, entretanto, no CBMES são

22
encontrados o freio oito de salvamento, freio descensor em barras (tipo rack) e o
descensor autoblocante tipo ID – industrial descender.

2.4.1 Freio oito de salvamento

O freio oito é o descensor mais utilizado e comumente difundido para prática


de atividades de altura. Trata-se de um material de aço inoxidável ou alumínio e possui
o formato de um número oito, como o próprio nome indica. Pode ser encontrado em
diversos modelos. Para realização de salvamento em alturas existe o chamado oito
de salvamento que é diferente do oito esportivo, pois o primeiro possui abas/orelhas
na parte de cima que facilitam a realização de técnicas necessárias para salvamentos.

2.4.2 Descensor em barras (freio tipo rack)

O freio rack funciona pelo atrito na corda e possibilita que o operador controle
a quantidade de atrito através da retirada ou colocação das barras móveis. Tem como
benefício o fato de não torcer a corda, de permitir o uso com corda de grandes
diâmetros de ser eficiente no controle de grandes cargas.

23
2.4.3 Autoblocante (tipo ID industrial descender)

O ID’L ou descensor industrial é um dispositivo autoblocante para resgate


técnico. O operador controla a descida através do toque na alavanca e basta retirar
as mãos do equipamento para permanecer travado na corda. Também possui um
sistema antipane no qual, mesmo que o operador pressione a alavanca por inteiro
para realizar uma descida muito rápida, o sistema trava uma vez que atinja velocidade
superior a 2m/seg. O dispositivo utilizado hoje no CBMES é compatível com cabos de
11,5 a 13mm e suporta uma carga de até 280kg.

2.5 ASCENSORES

Os ascensores são equipamentos destinados à subida dos operadores nos


planos verticais. São equipamentos compostos por uma cunha dentada que pressiona
a corda através de uma mola. Desta forma, o ascensor é acoplado à corda e corre em
apenas um sentido. Quando empurrado para cima ele desliza e quando pressionado
no sentido contrário, ele trava. No CBMES são utilizados os ascensores de punho e
os ascensores ventrais (de peito).

24
2.5.1 Ascensor de punho

2.5.2 Ascensor ventral

2.6 BLOQUEADORES

Existem algumas diferentes maneiras de classificação de materiais. Os


bloqueadores podem ser divididos em blocantes (nesse caso se enquadram os
ascensores, por exemplo, que preferimos abordar em tópico separado) e trava-
quedas.

Os blocantes são utilizados para içamento de cargas pesadas e segurança nos


tracionamentos. Funcionam com sistema antirretorno, isto é, correm em apenas um
dos sentidos. Possuem uma canaleta fechada, por onde a corda desliza e uma cunha
que pressiona a corda contra a canaleta, travando-a.

25
2.6.1 Blocante estrutural

Para a montagem do bloqueador é necessário desengatar um pino removível,


desmontando o aparelho para a passagem da corda.

Esses equipamentos também são denominados na literatura como


bloqueadores de came móvel e do tipo rescucender (nome de uma marca)

Blocante mecânico de uso geral (Rescucender): É um blocante que possui


uma braçadeira de cabo que pode ser aberta e projetada para uso em sistemas de
içamento de cargas ou dispositivo de captura de progresso.

2.7 EQUIPAMENTOS PARA TRANSPORTE DE VÍTIMAS

2.7.1 Triângulo de resgate ou de evacuação

Trata-se de um elemento utilizado para resgate de pessoas conscientes, sem


grandes lesões e que não estejam equipadas com algum tipo de equipamento
individual de trabalho em altura. É um material compacto, leve, altamente resistente e
de fácil aplicação, bastando apenas vestir na vítima e escolher o ajuste conforme o
tamanho mais adequado.

26
2.7.2 Macas

Existem diversos tipos de macas, porém as mais utilizadas em salvamento em


altura no CBMES são as macas tipo cesto e macas tipo envelope.

As macas tipo cesto, também conhecidas como macas rígidas, possuem uma
estrutura metálica fabricada normalmente em aço tubular, que corre por todo seu
perímetro. As partes que envolvem a estrutura metálica normalmente são fabricadas
em PVC, envolvendo a vítima como um cesto. Essas macas podem ser inteiriças ou
desmontáveis em duas partes.

Existem, ainda, as macas tipo envelope, também conhecidas como macas


flexíveis, que são fabricadas em um material plástico altamente resistente, compacto
e dobrável. A maca tipo envelope, apesar de compacta e leve, não proporciona a
imobilização da coluna, justamente por não ser rígida. Por este motivo, deve ser
utilizada juntamente com a prancha longa, sempre que houver necessidade de
imobilização dorsal. Maca indicada para utilização em ocorrências envolvendo
espaços confinados, locais de difícil acesso ou onde o deslocamento é muito longo.
27
2.8 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

2.8.1 Cintos de segurança

Os cintos de segurança são equipamentos individuais, também conhecidos


como cadeiras de salvamento ou baudrier, altamente resistentes com fivelas em aço
carbono ou inoxidável, como pontos de ancoragem. A quantidade de pontos de
ancoragem define as classes das cadeiras de salvamento, sendo essas divididas em:

Classe I – conhecidas como “cinto de um ponto”, que se ajustam em torno da


cintura e aguentam apenas a carga de uma pessoa.

Classe II – também conhecidas como “cinto de dois pontos”, possuem ajuste


em torno da cintura e das coxas e são dimensionadas para suportar a carga de
salvamento. Mesmo podendo ser utilizada em salvamento, sua principal utilização é
durante a prática de escalada esportiva.

28
Classe III – são conhecidas como “cinto de três pontos”, pois se ajustam em
torno da cintura, das coxas e do peito, através de um suspensório. Esse cinto é o mais
utilizado pelo CBMES para a realização de salvamento em alturas.

2.8.2 Capacetes

Possuem a função primordial de protegerem contra a queda de objetos que


possam incidir diretamente sobre a cabeça do bombeiro durante as atividades de
salvamento, além de protegerem contra obstáculos em locais baixos ou elementos
móveis pendentes. Devem possuir uma jugular que os prenda à cabeça e furos para
promoverem a ventilação adequada.

29
2.8.3 Luvas

São essenciais nas atividades de salvamento em altura, devendo ser


confortáveis e adequadas ao tamanho da mão de quem a estiver usando. As luvas
devem possuir uma proteção extra na região da palma da mão e no dedo polegar, que
são os locais mais suscetíveis a queimaduras por abrasão. A proteção que a luva
proporciona durante as atividades de salvamento em alturas é imensamente superior
à falta de tato que ela produz. O bombeiro deve se adaptar à sua utilização e não a
retirar durante as operações que já estejam envolvendo carga, fato que poderia
facilmente culminar em um acidente.

2.8.4. Outros equipamentos de proteção individual

Para a realização de salvamento em altura, além da utilização dos


equipamentos vistos acima, é essencial a utilização de outros itens básicos de
proteção individual. É indicada a utilização de ÓCULOS durante toda a operação. É
aconselhável sempre que o operador tenha um CANIVETE disponível às mãos, em
caso de necessidade, e que utilize LANTERNA DE CABEÇA, para permitir a
visualização em operações noturnas.

30
Fonte: adaptado do Manual do CBMGO

2.9 PLACAS ORGANIZADORAS OU DE ANCORAGEM

Trata-se de placas metálicas ou de alumínio que têm o objetivo de facilitar e


organizar a distribuição de diversas linhas de ancoragem ao mesmo tempo. Com a
utilização da placa é possível visualizar e manipular mais facilmente os diversos
sistemas ou linhas que forem usados na operação.

Existem diversos modelos variando em tamanho, capacidade de carga e


quantidade de pontos de ancoragem.

31
2.10 POLIAS

As polias servem para desviar o sentido de aplicação da força, para compor


sistemas de vantagem mecânica e, ainda, para proporcionar o deslize por uma corda
ou cabo de aço. Existem diversos modelos, cada qual com destinações específicas.

Normalmente são fabricadas em aço inoxidável e possuem diversos tipos de


rolamentos. Cada polia possui uma limitação quanto à espessura da corda utilizada,
sendo normalmente para cordas de até 13mm. Deve-se atentar também para o fato
de que cada polia possui seu limite de carga descrito na própria peça.

Os principais tipos encontrados no CBMES são as polias simples, que


permitem a passagem da corda apenas uma vez, e as polias duplas, que permitem a
passagem da corda duas vezes pela mesma peça.

2.11 ESTRIBO

Possibilita o deslocamento vertical da vítima ou do socorrista e a ascensão,


quando utilizado juntamente com os ascensores ou equipamentos de escalada.
Equipamento utilizado no conjunto socorrista-maca.

32
2.12 TALABARTE

O talabarte possui a função de conectar o seu usuário a uma estrutura elevada.


É considerado um objeto de segurança para realização de trabalhos em altura por ter
um sistema capaz de absorver a energia da queda.

Existem diversos tipos de talabartes. No CBMES são encontrados o talabarte


tipo Y e o talabarte de posicionamento.

O talabarte tipo Y é formado por uma fita de material sintético e dois ganchos
metálicos nas pontas, ideal para subida em estruturas metálicas.

Já o talabarte de posicionamento é constituído por uma corda com proteção


(normalmente envolvida por fita tubular) com dois conectores nas pontas e um trava-
quedas. Possui um sistema mecânico de controle e regulagem. O talabarte de
posicionamento tem o objetivo de posicionar o operador, podendo afastar ou
aproximá-lo de seu alvo e permanecer de maneira confortável e segura.

2.13 PROTEÇÃO DE CORDA: CATERPILLAR

Os materiais de proteção de corda têm o importante objetivo de impedir que as


cordas corram em quinas ou em superfícies que possibilitem sua deterioração ou
abrasão. É importante frisar que, mesmo que não se tenha o caterpillar, é
imprescindível a proteção da corda nas quinas em que ela corre, podendo ser utilizado

33
também mangueiras de incêndio descartadas, lonas ou algum material similar para
proteção.

No CBMES utiliza-se pedaços de tubulação de incêndio cortadas ao meio,


apresentando excelentes resultados. Além disso, como meios alternativos, pedaços
de mangueira de incêndio, gandolas ou capa de aproximação também são utilizados.

2.14 CHAPELETA E PARABOLT

Chapeleta é um objeto de aço inoxidável utilizado para criação de ancoragens


em paredes e vias de escalada ou onde não houver ponto de ancoragem. O parabolt
é o parafuso que prende a chapeleta na superfície desejada.

Fonte: https://blogdescalada.com

2.15 TRIPÉ DE SALVAMENTO

Equipamento destinado a dar suporte adequado em locais onde a ancoragem


se torna difícil ou durante o salvamento de vítimas em poços. Esse equipamento é
essencial nos salvamentos em vias negativas, em rapéis com saída do mesmo nível
e, principalmente, no resgate de vítimas em ambientes confinados. Podem ser do tipo
monopé, bipé, tripé ou quadripé.

34
2.16 ESCADA

As escadas, na gama de utilização profissional pelo Corpo de Bombeiros, são


equipamentos de emergência, têm diversos empregos, tanto em ações de buscas e
salvamentos quanto em ações de prevenção e combate a incêndios. Sua utilização é
fundamental para se vencer obstáculos, locais com diferença de nível, transposição
de vãos, acesso a locais obstruídos ou com acesso prejudicado, permitindo a ação de
ascensão, descensão e transposição, com relativa segurança, rapidez e eficiência.

Algumas partes básicas da ESCADA: Banzo, degraus, pés, topo, lanço ou parte
prolongável, cabo de extensão, carretilha e clique.

35
36
3 SISTEMAS DE ANCORAGENS DE SEGURANÇA (SAS)

Os sistemas de ancoragem são meios de prender uma pessoa, uma corda ou


uma carga em um ponto fixo, seja para fins permanentes ou temporários.

A montagem do sistema de ancoragem é o início de qualquer trabalho vertical,


sendo de suma importância a identificação da melhor técnica a ser empregada pelo
resgatista, desde a escolha do material e a forma como ele será utilizado. Nas
palavras de Eduardo José Slomp Aguiar, autor do livro Resgate Vertical, “a ancoragem
é, para o resgate, o que uma coluna é para a construção, um pilar fundamental”
(AGUIAR, 2013, p. 105).

Para a realização de uma ancoragem, o bombeiro deve atentar para alguns


requisitos básicos de segurança, a fim de se evitar acidentes no decorrer da operação,
no tocante às características e requisitos das ancoragens.

3.1 REQUISITOS DE UMA ANCORAGEM

● Deve-se sempre utilizar mosquetões superdimensionados


(preferencialmente com capacidade acima de 42KN);
● Evitar fazer os braços de alavanca. Sempre procurar fazer a amarração
da sua ancoragem em um ponto próximo à base da estrutura, pois quando ancoramos
em um ponto mais distante da base estrutural a força sobre esta aumenta muito,
colocando em risco a operação.
● Fazer o SAS sempre em, no mínimo, 02 (dois) pontos de ancoragem, o
Principal e o Secundário, quando não se trata de um ponto à prova de bomba;
● Procurar se ancorar diretamente sobre o local de descida, evitando
assim grandes pêndulos e trabalho excessivo para o bombeiro.

3.2 PONTOS DE ANCORAGEM

Os pontos de ancoragem são as bases empregadas para realização das


amarrações. Esses pontos devem apresentar características que garantam sua

37
eficiência na execução de uma manobra pelo profissional, principalmente, no que diz
respeito à segurança.

Para escolher um ponto de ancoragem devemos observar:

● Resistência

Esse é o critério mais importante na escolha do ponto de fixação. O ideal é que


se escolham pontos de fixação extremamente confiáveis, conhecidos como “pontos à
prova de bomba”, para então se construir a ancoragem. Nesse sentido, colunas de
concreto, ferro e aço são, em princípio, bastante confiáveis.

● Localização

A localização deve procurar facilitar as manobras no platô ou parede, bem como


a confecção das ancoragens principal e secundária.

Na verdade, são variados os meios para servirem de base para as diversas


amarrações. Esses pontos podem ser encontrados no local da ocorrência, tanto em
condições ideais como também de forma não ideal, podendo ser qualificados de
formas variadas, como naturais, estruturais e artificiais.

3.2.1 Naturais

São aqueles advindos da própria natureza, podendo ser encontrados tanto no meio
urbano quanto no meio rural. Exemplos de ancoragens desse tipo: árvores, pedras e
raízes, etc.

Pontos naturais de ancoragens.

38
3.2.2 Estruturais

São aqueles classificados como arquitetados, construídos e/ou habitados pelo


homem. Encontramos essas estruturas geralmente no meio urbano, fazendo parte das
edificações.

Olhais de ancoragem predial

Ancoragem em colunas de prédio

3.2.3 Artificiais

São aqueles que implantamos no local da atividade. Chamamos de ancoragens


artificiais todos aqueles elementos que fixamos, em uma parede ou em uma rocha,
com a finalidade exclusiva de servirem como pontos para ancoragens para
assegurarmos e/ou ancorarmos uma corda. Eles podem ser classificados em fixos ou
móveis.

FIXOS: CHAPELETAS E GRAMPOS P (CBMSC)

39
Chapeletas: A chapeleta é uma chapa de aço dobrada, muito parecida com
uma orelha humana, de aproximadamente 10 mm de espessura, geralmente
acompanhada de um parafuso rosca, uma arruela e uma luva de expansão.

Funciona como um gancho capaz de suportar significativas massas, desde que


esteja devidamente fixada sobre a rocha a ser escalada. É um equipamento de
proteção utilizado em larga escala em todo o mundo, sendo considerado o mais
adequado para a abertura de vias de escalada.

O padrão mínimo de resistência da chapeleta deve ser de 22 KN, o que


equivale a dizer que o material deve suportar uma força de 2.200 KgF
(aproximadamente, pois 1KgF = 9,81N).

Tipos de chapeleta

A fixação da chapeleta é realizada com chumbadores, sendo que os mais


indicados para a escalada são os modelos “Parabolt ou do tipo “UR”.

chapeleta e parabolt

40
Ao utilizar um chumbador, esse deverá suportar uma carga ou força de
cisalhamento igual ou superior à resistência do material da chapeleta (22KN), a fim de
garantir as condições mínimas de segurança do sistema de proteção.

Grampos P: Grampos “P”: O grampo tipo “P” trata-se de um vergalhão de


aço, normalmente com um diâmetro de 1⁄2”, com um olhal do mesmo material (e
normalmente com um diâmetro de 3/8”), formando um “P”.

Grampo P

MÓVEIS: NUTS E FRIENDS

São as ancoragens que são fixadas por um dos escaladores e retiradas pelo
outro. A seguir serão apresentados alguns equipamentos utilizados na ancoragem
móvel.

Nuts: O Nuts (também conhecido como chocks) é um equipamento de proteção


que consiste num pequeno cabo de aço em forma de “looping”, ligado em uma
“cabeça” metálica na sua ponta. São excelentes entaladores e são muito utilizados
em pequenas fendas e fissuras.

41
Nuts/ Nuts entalado na fissura da pedra

Friends: É constituído geralmente por quatro peças móveis (Cams), unidas


entre si por um eixo e um cabo (rígido ou maleável). A extremidade do cabo destina-
se à união de uma fita ou mosquetão.

Esse equipamento pode ser facilmente adaptado a várias larguras de fendas,


através de Cams que são movidas por controle de molas acionadas pelo escalador.

É considerado um entalador, pois sempre que é solicitada a sua extração da


fenda, ele tende a expandir-se e fixar-se ainda mais na fenda. Em linhas gerais, são
pequenas placas metálicas com aresta curva que se ajustam ao se expandir.

Friends

42
3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS ANCORAGENS

PONTO PRINCIPAL: é o ponto escolhido para a realização da ancoragem


devido à sua resistência e que deverá ser capaz de suportar todo o peso do sistema
montado e do trabalho que será realizado.

PONTO SECUNDÁRIO: diz respeito a uma segunda segurança, que deve ser
utilizada para um ponto de ancoragem ou um equipamento. Sua função é garantir a
segurança de todo o sistema.

Para a confecção dos pontos de ancoragem devemos observar:

- Os pontos devem estar preferencialmente alinhados;

- O ponto secundário de ancoragem não deve receber carga e somente será utilizado
em caso de falência do ponto principal;

- Não deverá haver folga entre os dois pontos de ancoragem, para evitar o aumento
da força de choque em caso de rompimento do ponto principal;

- O ponto secundário sempre deverá ser mais forte e resistente do que o principal.

De acordo com a quantidade e o posicionamento das ancoragens, Principal e


Secundária, em relação ao objetivo da operação, podemos classificar uma ancoragem
da seguinte forma:

3.3.1 Ancoragem em linha

As ancoragens em linha são aquelas em que o ponto Principal e o Ponto


Secundário estão dispostos verticalmente, ou seja, um sobre o outro. Esse tipo de
ancoragem pode ser dividido ainda em:

3.3.1.1 Tradicional

No qual o Ponto Principal está mais próximo do objetivo do que o Ponto


Secundário.

43
Ancoragem tradicional em linha

3.3.1.2 Contraposta

Neste caso, o Ponto Secundário se encontra mais perto do Objetivo em relação


ao Ponto Principal.

Ancoragem contraposta

3.2.2 Ancoragem distribuída

As ancoragens distribuídas são aquelas em que fazemos uma divisão de forças


sobre os pontos de ancoragens, quer seja no Ponto Principal, quer seja no

44
Secundário. Nessas ancoragens, normalmente os pontos de fixação estarão dispostos
horizontalmente, facilitando dessa forma a equalização da ancoragem. Essa técnica
consiste em dividir, em partes iguais, a carga sustentada pelo sistema entre os pontos
de ancoragem. As ancoragens distribuídas podem ser de dois tipos: Equalizada e
Equalizável.

3.2.2.1. Equalizada

É o tipo de ancoragem feita quando estamos com o ponto de descida já


definido, ou seja, não precisamos mudar a posição da ancoragem para realizar a
atividade de salvamento. Normalmente esse tipo de ancoragem é realizado utilizando-
se apenas a corda de descida, confeccionando-se um nó para a fixação da mesma ao
SAS, independente do uso de materiais acessórios como fitas tubulares.

Ancoragem equalizada

3.2.2.2 Equalizável

Pode-se dizer que é o mais prático tipo de ancoragem existente, pois permite
variar o ponto de descida de acordo com a necessidade da operação. Uma vez que
essas ancoragens são realizadas, normalmente com o emprego de fitas tubulares,
tem-se uma grande mobilidade da ancoragem, sem perder a segurança, bem como
agilidade na sua confecção.

45
Ancoragem equalizável em dois e três pontos utilizando fitas

Ancoragem Equalizável em três pontos utilizando a própria corda

Atenção: Em qualquer sistema de equalização (divisão), os ângulos que


formam os seguimentos do cabo que unem as diferentes ancoragens terão de estar
os mais próximos possíveis e inferiores a 60º. Quanto maior o ângulo formado, maior
a possibilidade de a ancoragem entrar em colapso, pois aumentará exponencialmente
a sobrecarga nos pontos de fixação, tendendo ao infinito.

46
Esforço na ancoragem de acordo com os ângulos

RECOMENDAÇÕES GERAIS

- Os mosquetões, quando em contato direto com paredes, devem ter sua abertura
(rosca) voltada para o lado oposto à parede;

- É preferencial o uso de fitas tubulares para fazer a união dos mosquetões nos SAS;

- Deve-se proteger os pontos de abrasão, quinas vivas, arestas com material


resistente para não danificar a corda e assim não colocar em risco a operação de
salvamento;

- Reforçar a segurança dos SAS, quando for verificado que a integridade estrutural é
duvidosa.

3.3.3 Ancoragem à prova de bomba

O ponto “à Prova de Bomba” (PAB) é aquele escolhido para a realização de


uma ancoragem que, devido a sua grande resistência, dispensa qualquer outro tipo
de sistema secundário de ancoragem de segurança. Sendo assim, ao utilizarmos um

47
“Ponto-Bomba”, qualquer reforço, ancoragem de segurança ou back-up da ancoragem
se tornará obsoleto, pois a resistência do ponto de ancoragem é superior à resistência
de qualquer outro componente do sistema de ancoragem e, a seu respeito, não paira
qualquer dúvida sobre sua resistência. Ao encontrarmos um “ponto-bomba”,
partiremos para a confecção de uma ancoragem simples utilizando fitas tubulares,
mosquetão, cordeletes e cordas.

Ancoragem em ponto à prova de bomba.

3.4 PLUG FUSÍVEL

Ancoragem padrão/ Plug fusível

Montagem utilizando-se de mosquetão, cordelete e fita tubular:

48
Montagem Final de Ancoragem Simples

Posicionar o maior Cordelete a


frente Prussique a corda com três voltas Posicione o cordelete menor

Efetue o segundo prússico Clipe o mosquetão aos cordeletes Mantenha ambos tensionados

Faça um oito duplo com a corda Clipe o mosquetão à corda Trave o mosquetão

49
Figura: Passo a passo do plug fusível

Essa montagem apresenta características importantes:

● Tira a carga da Aselha em oito da corda;


● Evidencia sobrecarga no sistema (quando o prússico “corre”).

50
4 NÓS E AMARRAÇÕES

Nas operações de Salvamento em Alturas os nós e amarrações são


fundamentais. A escolha do nó para um salvamento dependerá das qualidades dele
e da operação a ser realizada.

Sendo assim, a prática deste conteúdo por parte de um operador do Corpo de


Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) deve ser constante, para que na hora
da ocorrência sua confecção possa fluir naturalmente sob quaisquer circunstâncias.

QUALIDADES DE UM BOM NÓ: Para escolher um nó que deve ser empregado


em uma operação de salvamento algumas qualidades devem ser levadas em
consideração. São elas:

● Ser seguro, isto é, não se desfazer quando tensionado;


● Ter estabilidade, quando submetido a cargas anormais;
● Ser forte, ou seja, perder pouca resistência (lembrando que a resistência
perdida é no chicote da corda após o nó);
● Ser fácil, de aprender e de confeccionar;
● Ter um desenho, que seja fácil de visualizar se o nó está correto;
● Ser fácil de desfazer, após sua utilização.

Nesse contexto, é preferível que o operador de salvamento em alturas conheça


poucos nós, mas domine sua confecção e aplicabilidade, do que conheça uma gama
muito grande de nós, mas não tenha domínio deles e acabe por não os utilizar.

Nesta unidade aprenderemos alguns nós, os quais serão utilizados na


disciplina de Salvamento em Alturas e no decorrer da vida profissional dos Bombeiros
Militares. Dividiremos esses nós em 7 (sete) classes para facilitar o aprendizado (vale
salientar que os percentuais de perdas que aparecerão nas descrições têm por
referência os manuais encontrados nos referenciais bibliográficos e que o compêndio
desse levantamento se encontra em anexo nesse manual). São elas:

1-Nós de Extremidades: Alemão ou Volta-do-Fiador, Simples ou Pescador Simples.

51
2- Nós de Emenda: Direito com arremate, Escota Simples com arremate, Escota
Dupla com arremate, Nó de Fita ou Nó D’água, Pescador-Duplo.

3- Nós de Fixação: Boca-de-Lobo com arremate, Volta-do-Fiel com arremate, Voltas-


sem-Tensão.

4- Nós Formadores de Alça: Aselha Simples, Aselha em Sete, Aselha em Oito,


Aselha em Oito- Duplo Alçado, Borboleta, Balso-do-Calafate, Balso pelo Seio, Lais-
de-Guia com arremate.

5- Nós Blocantes: Marchard, Prussik ou Prússico.

6- Cadeirinhas ou Assentos: Americano, Bombeiro, Japonesa.

7- Outros nós Importantes: Catau, Cote, Nó-de-Tração ou Paulista, UIAA ou Meio


Fiel, Voltas da Ribeira.

Análise de desempenho e resistência dos nós dependem de várias questões.


Em anexo à apostila temos um compêndio de análise de resistência de nós que
encontramos na revisão de literatura.

4.1 CARACTERÍSTICAS E CONFECÇÃO DE CADA NÓ

4.1.1 Nós de extremidade

Nó Alemão ou Volta-do-Fiador: Pode ser utilizado como arremate, mas tem


como principal função servir de base para confecção de outros nós como por exemplo,
o Aselha-em-Oito pelo chicote. Perda de resistência de aproximadamente 20%.

Confecção do nó alemão ou volta do fiador

52
Simples ou Pescador Simples: Nó comumente utilizado para arrematar
outros nós, confeccionado pelo chicote da corda com a finalidade de impedir que o nó
principal se desfaça, pode ainda ser utilizado como base para confeccionar outros
nós, como o Nó-de-Fita, por exemplo. Perda de resistência de aproximadamente 30%.

Confecção do nó Simples ou Pescador-Simples

4.1.2 Nós de emenda

Direito: Nó utilizado para emenda de cabos de mesma bitola não


escorregadios. Perda de resistência de, aproximadamente, 15 a 20%.

Confecção do nó direito com arremate

Escota: Nó para união de cabos de bitolas diferentes, rápido e fácil de


confeccionar, porém não é considerado um nó com boa estabilidade. Perda de
resistência de 35%.

53
Confecção do nó escota simples com arremate

Escota duplo: Nó bastante similar ao escota simples, porém, executado com


a adoção de uma volta a mais.

Confecção do nó escota duplo com arremate

54
Nó-de-Fita: Utilizado para emendar fitas, pois é o único em que a estrutura da
fita se encaixa. Pode deslizar quando submetido a cargas cíclicas, perda de
resistência de 36%.

Confecção Nó de Fita

Pescador Duplo: Nó comumente utilizado para emenda de cabos de mesma


bitola, podendo ser utilizado em cabos de bitolas diferentes, porém com o prejuízo de
dificultar muito a soltura após ser tensionado, tal nó gera uma perda de resistência de
21% na corda.

Confecção do nó Pescador Duplo

55
4.1.3 Nós de fixação

Boca-de-Lobo: Nó utilizado para ancoragem rápida ou para prender material


no cinto de segurança, perda de resistência de 55%.

Confecção do nó Boca de Lobo pelo seio

Confecção do nó Boca de Lobo pelo chicote.

Volta-do-Fiel: Nó utilizado para ancoragens rápidas e amarrações, perda de


resistência de 45%.

PELO SEIO

Confecção do nó Volta do Fiel Pelo Seio com arremate

PELO CHICOTE

56
Confecção do nó Volta do Fiel Pelo Chicote com arremate

Voltas-sem-Tensão: Sem dúvidas o nó mais confiável para uma ancoragem


rápida, desde que o ponto de ancoragem seja liso e sem grandes ângulos
(preferencialmente circular), mínimo de três voltas no ponto de ancoragem. Perda de
resistência 1%.

ou

Confecção do nó Voltas-sem-Tensão.

4.1.4 Nós formadores de alça

Aselha-Simples: Provavelmente o mais fácil de confeccionar, porém, trata-se


de um nó fraco e que tende a acochar muito, perda de resistência de 36%.

57
Confecção do nó Aselha Simples

Aselha-em-Sete: é utilizado quando se precisa exercer uma carga no meio de


uma corda que será tensionada, sempre atuando de forma paralela à corda principal.
Pode ser confeccionado nos dois sentidos, perda de resistência de 27%.

Confecção de Nó Aselha em sete. (Fonte: Pinterest)

Aselha-em-Oito: Preferido como nó de alça pelos operadores do CBMES e por


diversos grupos de resgate, pela segurança (fácil de analisar seu desenho pela
equipe) e estabilidade, perda de resistência de 23%.

58
Confecção do nó Aselha em oito. (Fonte: CBMGO)

Aselha-em-Oito-Duplo-Alçado: Bom nó quando se precisa de duas alças,


utilizado também para confeccionar uma ancoragem equalizada ou equalizável, na
ausência de fitas, perda de resistência de 23%.

Confecção do nó Oito em Duplo Alçado

Borboleta: extremamente confiável quando na necessidade de três tensões


partindo do nó, podendo também ser utilizado para isolar um puído em um
determinado ponto de uma corda numa situação extrema, além de ser recomendado
para substituir a função do nó 7 (sete), quando a carga for aplicada
perpendicularmente à corda principal. Perda de resistência de 23%.

59
ou

Confecção do Nó de Borboleta.

Balso-do-Calafate: Nó confeccionado para formação de duas alças,


comumente utilizado para resgate de vítima que necessita de uma cadeirinha,
podendo também ser utilizado para uma ancoragem equalizada, perda de resistência
de 55%.

Confecção do nó Balso do Calafate

60
Balso pelo seio: Nó formador de alça, cuja finalidade específica está no
resgate de vítimas de modo geral. Também empregado no salvamento aquático pelos
socorristas.

Confecção do nó Balso Pelo Seio

Lais-de-Guia: Nó tradicional muito utilizado devido a facilidade de confecção,


e de soltura após o uso, perda de resistência de 33%.

Confecção do nó Lais de Guia com arremate

4.1.5 Nós blocantes

Marchard: Um nó rápido e fácil inventado em 1961 por um alpinista francês,


Serge Machard. Indicado para uso individual, este nó desliza entre 5 a 10 KN.

61
Confecção do nó Marchard com uma alça.

Prussik ou Prússico: inventado pelo montanhista austríaco, Dr.Karl Prusik, é


o mais tradicional e também mais indicado para resgate desde que com as três voltas
padrão , garantindo assim maior segurança. Este nó desliza entre 8 a 12 KN.

PELO SEIO:

Confecção do nó Prussik pelo Seio

PELO CHICOTE:

Confecção do nó Prussik pelo Chicote

4.1.6 Cadeirinhas ou Assentos

Entraremos agora em um tema à parte dentro de nós e amarrações que é a


confecção de cadeirinhas ou assentos de corda, pois, apesar da existência de cintos
62
de segurança e triângulos de evacuação para vítimas e o bombeiro deve saber
confeccioná-las de forma rápida e segura. Para tal, necessita-se de uma corda de
aproximadamente 5 metros (cabo solteiro).

Assento Americano: parte-se da lateral esquerda do quadril onde se apoia o


seio do cabo solteiro permeado, dá-se uma volta em torno da cintura trançando a
corda duas vezes por dentro do seu eixo à frente do corpo; em seguida, passam-se
os chicotes entre as pernas subindo na parte posterior do copo dando um cote na
corda que está envolvendo a cintura; passa-se o chicote da direita acompanhado as
voltas que se formaram à frente do corpo, unindo-o junto ao outro chicote na lateral
esquerda do corpo com um nó direito; arremate dos dois lados do nó com um cote
envolvendo as duas cordas que estão juntas à cintura do Bombeiro.

Confecção do Assento Americano

Cadeirinha Japonesa: Tem esse nome por ter origem nos corpos de
bombeiros japoneses. Inicia-se a cadeirinha passando a corda pela cintura,

63
lembrando-se de partir com ela permeada da lateral esquerda do corpo, em seguida
se faz um nó direito bem no centro da cintura; passe ambos os chicotes por baixo das
pernas realizando um cote na corda que esta envolvendo a cintura, isso na parte das
costas; passe pela frente novamente apenas o chicote que vem da direita, entrando
por dentro do seio formado logo abaixo do nó direito; junte os dois chicotes na lateral
esquerda finalizando com um nó direito e o arremate com dois cotes envolvendo as
duas cordas que estão junto ao corpo do bombeiro.

Confecção da Cadeirinha Japonesa

Cadeirinha Bombeiro: Essa é a mais rápida e fácil de ser confeccionada.


Pegue o seio da corda, prenda-o na cintura de forma que os dois chicotes fiquem
caindo em direção ao chão, passe-os entre as pernas e retorne para frente passando
entre o seio que estava preso a sua cintura, cruze a corda atrás das costas e retorne
entrando com o chicote direito dentro do seio, em seguida junte os dois chicotes na

64
lateral esquerda finalizando com um nó direito e o arremate com dois cotes
envolvendo as duas cordas que estão junto ao corpo do bombeiro.

Confecção da Cadeirinha Bombeiro

4.1.7 Outros nós importantes

Catau: Nó que serve para encurtar um cabo ou para isolar um puído de uma
corda danificada em caso de necessidade de continuar a operação sem possibilidade
de substituir a corda avariada.

65
Confecção do nó Catau

Cote: Nó que é uma variação do nó simples, não sendo seguro por si só,
contudo, é um valioso componente de uma vasta variedade de engates, dobras e nós
úteis e confiáveis.

Confecção Nó cote

Nó-de-Tração ou Paulista: Nó utilizado para tração quando não se tem outros


meios a não ser a própria corda, a desvantagem é o atrito entre as cordas, o que pode
gerar danos.

66
Confecção Nó Paulista

Nó-UIAA ou Meio-Fiel: Nó descensor feito direto no mosquetão, utilizado nas


técnicas verticais em substituição aos aparelhos descensores. Funciona criando atrito
e reduzindo a velocidade de descida.

Confecção do Nó UIAA

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Volta-da-Ribeira: Esse nó é muito utilizado por Corpos de Bombeiros no
serviço de corte de árvore por ser um nó muito útil para se fazer segurança individual,
além de ser rápido e fácil de confeccionar e de desfazer após o uso. É muito utilizado
para prender um chicote a um mastro, árvore ou barra, ficando mais apertado e firme
à medida que sofre tensão por carga. Como é feito por um dos chicotes, não é possível
utilizá-lo como safa-cabo.

Confecção do nó Volta da Ribeira

68
5 CUIDADOS E ACONDICIONAMENTOS DE CORDAS

As cordas apresentam uma longa vida útil, se bem manutenidas e


acondicionadas, quer seja no seu armazenamento ou transporte. Para tanto, devemos
nos ater aos seguintes parâmetros:

● Não pisar ou permitir que grandes pesos sejam postos sobre as cordas;
● Evitar que a corda tenha contato prolongado com areia ou terra, uma vez que
os grãos se incrustam entre as fibras da corda e podem causar o cisalhamento
da mesma;
● Não deixar a corda sob o sol por intervalos de tempo prolongados;
● Não permanecer a corda sob tensão desnecessariamente. Após o
encerramento das atividades com as cordas, os sistemas de ancoragens
devem ser desmontados ou afrouxados;
● Não sobrecarregar os nós e as amarrações;
● Não trabalhar, dentro do possível, com as cordas molhadas;
● Evitar o aquecimento da capa da corda, com uma descida rápida de rapel, por
exemplo, pois tal aquecimento pode cristalizar as fibras da capa e diminuir sua
resistência (lembrar que 15 a 20% da resistência de uma corda se concentra
em sua capa);
● Não permitir que as cordas entrem em contato com produtos químicos,
incluindo os derivados de petróleo, como querosene, gasolina ou diesel;
● Se as cordas estiverem sujas, lavá-las com detergente neutro, e secá-las
estendidas sob a sombra, sem tensão;
● E, principalmente, evitar a abrasão das cordas com arestas vivas, o que pode
causar inesperadamente a sua ruptura. As cordas são mais vulneráveis ao
corte sob tensão do que as fitas.

5.1 CUIDADOS COM A CORDA

As cordas, como qualquer outro equipamento, necessitam de cuidados e


controle durante e após sua utilização, tratamento que garantirá à mesma um maior
tempo de uso.

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5.1.1 Que antecedem seu uso

● Seguir o que prevê o fabricante antes da primeira utilização. Geralmente as


cordas necessitam de uma imersão em água, ficando nessa situação por um
período de 24 horas, em seguida, passar por processo de secagem, à sombra
e com ventilação, por um período de 72 horas;
● Aferir o comprimento da corda após a primeira lavagem, pois a mesma pode
perder até 5% de seu tamanho após a secagem;
● Realizar falcaças nos chicotes das cordas;
● Identificar o comprimento da corda nos chicotes;
● Verificar se existem coças nas cordas, sempre antes do uso;
● Verificar o que prevê o fabricante sobre a vida útil da corda. Geralmente a vida
útil é de 05 anos podendo se estender a igual período, dependendo do uso ou
armazenamento.

5.1.2 Durante as operações de salvamento

● Proteger as cordas contra fricção em quinas vivas ou com outras cordas;


● Proteger contra exposição às condições atmosféricas por longos períodos;
● Evitar pisar na corda ou arrastá-la;
● Evitar contato com areia, terra e produtos químicos;
● Evitar contato com água suja;
● Evitar tencionar a corda por muito tempo, desnecessariamente;
● Evitar choques violentos;
● Respeitar sempre sua carga de trabalho;
● Transportar de forma adequada dando preferência ao uso de mochilas de
transporte;
● Utilizar nós adequados à atividade.

5.1.2 Após o uso

● Evitar o armazenamento da corda quando a mesma estiver molhada ou úmida;

70
● Evitar o armazenamento com cocas;
● Acondicionar em locais com sombra, secos e ventilados (a temperatura de uso
e de armazenagem jamais poderá ultrapassar a 80ºC);
● Secar sempre à sombra e sem tração;
● Cortar a corda na altura de uma avaria e remarcar o seu comprimento;
● Lavar a corda em água fresca e limpa e, se necessário, adicionar sabão neutro
e usar escova de fibras sintéticas (lavador de cordas).

5.2 INSPEÇÃO DA CORDA

A vida útil de uma corda não pode ser definida pelo tempo de uso. Ela depende
de vários fatores como o grau de cuidado e manutenção, frequência de uso, tipo de
equipamentos com que foi empregada, velocidade de descida, tipo e intensidade da
carga, abrasão física, degradação química, exposição a raios ultravioletas, entre
outros.

A avaliação das condições de uma corda depende da observação visual e tátil


de sua integridade, bem como de seu histórico de uso.

5.2.1 Como inspecionar a corda

Cheque a corda em todo seu comprimento e observe:

● Qualquer irregularidade, caroço, encurtamento ou inconsistência;


● Sinais de corte e abrasão, queimadura, traços de produtos químicos ou em que
os fios da capa estejam desfiados (felpudos);
● O ângulo formado pela corda realizando um semicírculo com as mãos, devendo
haver uma certa resistência e um raio constante em toda sua extensão; e
● Se há falcaça, se a capa se encontra acumulada em algum dos chicotes ou se
a alma saiu da capa.

71
Fonte: Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros-CBPMSP

5.2.2 Retiradas de utilização

Situações em que as cordas deverão ser retiradas das atividades de


treinamentos e operações de salvamento:

● Quando forem expostas a uma carga ou impacto violento;


● Quando a alma apresentar dano, nesse caso, providenciar o corte da acorda;
● Quando a capa apresentar grande desgaste;
● Quando entrar em contato com reagentes químicos.

5.3 HISTÓRICO DE USO (FICHA DE CONTROLE)

Rejeite cordas para salvamento em altura que:

● Tenham sido utilizadas para fins para os quais não tenham sido destinadas
(salvamento de vidas humanas) como rebocar veículos, movimentação de
cargas, progressão em ambientes confinados, etc.
● Tenham sido submetidas a grandes forças de choque, como em balancinhos
de cortes de árvores.

Esta avaliação deve ser feita periódica e sistematicamente, preenchendo-se a


ficha de inspeção e uso da corda.

72
Anote todos os usos, lavagens, cortes, abrasões, etc., pelos quais a corda
tenha passado. A identificação de cada corda é primordial.

A ficha de controle de cordas do CBMES possui muitas informações, conforme


pode ser visto.

Ficha de controle de corda

A ficha de corda disponibilizada pelo CBMES possui um informativo


ensinando o preenchimento e o que precisa ser verificado na inspeção.

Ficha de controle de corda. Informativo de inspeção

73
5.4 MÉTODOS DE ACONDICIONAMENTO

As cordas devem ser acondicionadas em um local seco e limpo, longe da


umidade e da luz solar, podendo ser utilizados os seguintes métodos:

5.4.1 Oito

Método para cordas estáticas com comprimento acima de 50 metros;

Acondicionamento em oito

5.4.2 Coroa e Anel

Para cordas dinâmicas ou para cordas estáticas com comprimento inferior a 50


metros. Acondicionamento em coroa é utilizado para rapel de resgate de suicida e em
descidas onde a corda não é lançada, ou seja, fica junto com o socorrista, a fim de
evitar que ela se enrole em alguma raiz ou gravatá.

Acondicionamento em coroa e em anel

74
5.4.3 Andina ou Charuto

Utilizado principalmente em operações em montanha, em que a corda deve


estar firmemente atada ao corpo do bombeiro que a estiver transportando. O
acondicionamento tipo andina também é conhecido como cabeleira.

Acondicionamento em charuto e andino

5.4.4 Corrente

Utilizada para diminuir o comprimento das cordas. Bastante utilizado para


acondicionamentos rápidos e em operações de corte de árvores.

Acondicionamento em corrente

75
5.4.5 Sacola

Método empregado para acomodar cabos para as atividades com o emprego


em aeronaves e em tentativas de suicídio.

Tal método também pode ser utilizado para acondicionar as cordas de


salvamento nas viaturas, pois facilita o transporte até o local de ocorrência. Somado
a isso, a corda não embola e pode ser usada por apenas uma ponta ou até mesmo
pelas duas extremidades simultaneamente, fazendo principal e backup, por exemplo.

76
6 RAPEL

O rapel consiste em uma descida controlada por uma corda. É utilizado o atrito
da corda com o corpo ou aparelho de frenagem.

6.1 COM O USO FREIO OITO

6.1.1 Equipagem

Com o freio oito clipado ao mosquetão pelo olhal maior, faça uma alça na corda,
deixando o chicote da corda para a direita (socorrista destro) ou com o chicote para a
esquerda (socorrista canhoto). Passe a alça, de cima para baixo, pelo olhal maior e
envolva o olhal menor com alça formada. Retire o oito do mosquetão e clipe o olhal
menor ao mosquetão para então travá-lo.

Equipagem do oito

6.1.2 Blocagem

É muito importante o resgatista saber blocar (travar e destravar) o freio oito na


descida, pois essa técnica fixa o resgatista na corda e a possibilita retirar a mão da
corda para realizar uma tarefa como, por exemplo, pegar equipamento para mudar o
sentido do deslocamento ou fazer uma ancoragem em um salvamento.

Trava do oito

77
Eleve a mão de comando, mantendo a corda tesada, fazendo uma trajetória
circular imaginária. Segure então a corda com a mão de apoio para completar a
trajetória, posicionando o chicote entre a corda tesada e a peça oito, puxando-o para
baixo com as duas mãos, para realizar a primeira trava. Em seguida, faça uma alça
passando-a por dentro do mosquetão, repetindo a sequência anterior, a fim de realizar
uma segunda trava, finalizando o procedimento. Para desfazer a trava, repita as ações
em ordem contrária, prestando especial atenção no momento de desfazer a última
trava com segurança.

Sequência de blocagem

6.1.3 Segurança

6.1.3.1 Segurança por terceiro

É uma técnica de segurança muito empregada em treinamentos, sendo


necessário que haja um bombeiro no solo, para fornecer segurança à descida de
rapel.

Caso ocorra algum imprevisto na descida, o segurança deverá tesar o cabo de


descida. O ato de dar tensão à corda fará com que ocorra o travamento do socorrista.

78
Nesse tipo de segurança deve haver comunicação entre o socorrista e o
segurança antes da descida. Os comandos de “atenção segurança” e a resposta
“segurança pronta” devem ser claros.

Militar realizando segurança no rapel

6.1.3.2 Autosseguro

Empregado em situações em que não haja um bombeiro no solo, caso seja o


primeiro a descer e se a descida não permitir segurança por baixo (uma descida em
montanha ou quando a corda não toca o solo, por exemplo).

Uso do nó prússico (prussik) como backup:

É a utilização do nó prussik para bloquear o rapel e pode ser feita de duas


maneiras: com o nó prussik logo acima do descensor, trazido pela mão fraca, e com
o nó abaixo do aparelho (oito), com o cuidado de não o deixar longo com a
possibilidade de entrar na peça e travá-la.

Rapel autosseguro com prússico acima do freio oito e na perna (abaixo)

Uso do nó marchard como backup:


79
Nó autoblocante que também é usado no CBMES para autossegurança de
rapel.

Rapel autosseguro com o marchard unidirecional acima do oito

Rapel autosseguro com o marchard bidirecional abaixo do oito

O marchard unidirecional realizado acima do descensor uma vez acionado


(travando o sistema) proporciona ao socorrista uma soltura mais fácil que o prússico,
bastando o socorrista atuar com a mão fraca no nó no sentido da descida.

O nó blocante abaixo do descensor é mais cômodo, pois deixa a mão fraca livre
para realizar outros procedimentos (proteger a vítima, por exemplo) e ao ser acionado
é de fácil soltura. Contudo, vale ressaltar que a utilização do nó abaixo do descensor
não necessariamente precisa ser montado na perna. Conhecer os pontos estruturais
do cinto de segurança e saber os limites de ruptura é importante para escolher em
quais pontos podemos montar o autosseguro.

80
6.2 RAPEL COM ID: EQUIPAGEM E POSICIONAMENTO DE DESCIDA

O I´D L é um aparelho descensor autoblocante adquirido recentemente pelo


CBMES. É um equipamento descensor prático e eficiente para realizar rapel. A prática
do rapel utilizando o I´D é bastante simples: basta puxar a alavanca, mantendo a
pressão sobre a corda e controlar a velocidade de deslizamento sobre a mesma
através do chicote. Quando a alavanca for solta, o aparelho se travará
automaticamente. O equipamento ainda possui uma função antipânico: ele trava
automaticamente quando sua alavanca é puxada fortemente.

6.2.1 Partes e posições do ID

O I´D é composto das seguintes partes:

Posições da alavanca:

81
A (store): Transporte ou armazenamento: nessa posição a alavanca ficará
totalmente fechada, para transportar ou armazenar o I’D. Jamais deixe assim com
corda instalada, pois forçará o mecanismo da came e poderá danificar a corda;

B (block): Mãos livres (bloqueio da corda): o I’D trava automaticamente quando


as duas mãos ficam livres, mas somente quando a alavanca estiver na posição “B”
será considerado bloqueio correto, pois do contrário (posição “C” ou “E”) o
acionamento poderá ocorrer sem querer, caso alguma coisa encoste na alavanca
(movimentação do socorrista). CUIDADO para não bloquear demasiadamente
deixando na posição “A”;

Trabalhador com as mãos livre. Posição de block correta. Posicionamento errado (A) para block

C (descent): Posição de descida: Segure a alavanca com a mão esquerda e


segure a corda com a mão direita bem à frente do I’D para que ela corra sobre a guia
arredondada. Ao acionar a alavanca você deverá ficar imóvel. A descida ocorrerá
quando a mão direita aliviar o atrito com a corda. Se precisar ficar com as mãos livres
volte para a posição “B”. A velocidade máxima de descida não poderá ultrapassar dois
metros por segundo (sistema anti-pânico);

82
Posicionamento de descida

D (Bloqueio antipânico da came): quando a descida ocorrer em velocidade


superior a dois metros por segundo, o sistema anti-pânico efetuará o bloqueio
automático da corda evitando acidentes resultantes de descidas descontroladas. A
alavanca ficará solta e perderá todas as funções; para retomar o controle da descida
ela deverá retornar para a posição “C” até que se ouça um “click” – isso indica que o
mecanismo foi reativado. IMPORTANTE: quando a liberação rápida da corda for algo
necessário para a realização do resgate (ex.: rapel de impacto com suicida em sacada
de prédio, evacuação de emergência, etc...) o uso do I’D não é indicado. Recomenda-
se nesses casos outros freios sem sistema anti-pânico, como o Oito de Resgate;

E (belay): Dar segurança a outra pessoa (assegurar): opção utilizada quando


se deseja realizar a segurança de alguém que estiver escalando uma torre ou se
deslocando por um telhado, por exemplo. O I’D deverá ser posicionado lateralmente
com o dedo polegar da mão direita entre a corda e a came dentada. Caso ocorra
queda, o bloqueio ocorrerá automaticamente, bastando soltar as mãos.

83
posicionamento de belay

6.2.2 Equipagem do ID na corda

Nas imagens a seguir é possível observar o modo de equipagem no I´D, bem


como suas posições de trabalho.

Equipagem do ID na corda

Podemos observar, na figura anterior, a posição de equipagem do descensor


I´D. O lado esquerdo do cabo se considera que seja de onde parte a ancoragem e o
lado direito é onde sempre estará posicionado o chicote do cabo para a equipagem
do I´D.

84
Posição de descida ou também denominada posição de trabalho

Na figura anterior podemos observar o militar posicionado para a descida no


rapel utilizando o I´D. Observa-se também que o posicionamento da mão direita do
militar é semelhante ao rapel com a peça oito, já a mão esquerda segura a alavanca
controlando a descida.

85
7 ASCENSÃO

7.1 UTILIZANDO CORDELETES

De maneira geral e, prezando pela segurança, as ascensões devem ser


realizadas com uso de aparelhos específicos (blocantes de punho, ventral e estribo),
pois o bombeiro terá maior agilidade, segurança e eficiência. Contudo, quando não se
dispõe dos ascensores, os nós que bloqueiam a corda são uma boa alternativa
técnica, como o prussik ou marchard. Neste manual, será apresentada a ascensão
utilizando o nó prussik com três voltas.

Montagem do sistema

O tamanho dos cordeletes, usados para o estribo e para a parte superior,


deverá ser ajustado de acordo com a estatura do bombeiro. O comprimento do
cordelete superior, após feito o nó prussik na corda de subida e ser conectado à alça
no mosquetão do cinto de segurança, deve permitir que o bombeiro, quando sentado,
tenha o nó prussik ao alcance das mãos com os braços esticados. O estribo, após
aplicado à corda, deverá permitir que o bombeiro possa posicionar os pés para apoio.

Execução

1. O cordelete superior deve ser colocado na corda aplicando-se o nó prussik e


sua alça presa a um mosquetão no olhal central do cinto.

2. Abaixo do cordelete superior, aplique o segundo nó prussik (estribo) na corda


e à sua alça conecte o longe maior do cinto de segurança para que o bombeiro
fique preso a dois pontos de ancoragem.

3. Progressão. Em pé e com o peso sobre o cordelete inferior (estribo), deslize o


prussik superior o máximo possível para cima. Após feito isso, sente no cinto
deixando o peso sobre o cordelete superior e deslize o prussik inferior para
cima.

86
Ascensão utilizando cordeletes (detalhe do longe no estribo)

7.2 UTILIZANDO BLOCANTES: ASCENSORES DE PUNHO E VENTRAL

São dispositivos que, quando engatados em uma corda, permitem que ela
deslize livremente através deles apenas em uma direção, podendo também deslizar
no sentido oposto, quando o equipamento for liberado manualmente. Servem para o
deslocamento vertical em corda fixa e para autossegurança. Os ascensores são
destinados ao uso para chegar até a vítima quando não há outro acesso fácil.

Nessa técnica o Bombeiro deve ascender, realizar o procedimento de resgate


e descender trazendo a vítima consigo, liberando os ascensores para que não
atrapalhem a descida.

7.2.1 Preparando o Equipamento


● Ascensor de Punho

Estando de posse do ascensor de punho já equipado com o mailon e cordelete


de aproximadamente 3 metros, iremos preparar o que chamamos de estribo. Em um
dos chicotes do cordelete, pode-se utilizar o nó UIAA para unir o ascensor de punho

Figura - Ascensor de Punho 87


ao cordelete; na outra extremidade do cordelete irá ser confeccionado o nó lais de
guia com arremate, conforme pode ser visto nas figuras a seguir.

Montagem do estribo no ascensor de punho

Quanto à regulagem do estribo: com o ascensor de punho em uma das mãos


e com os pés dentro da alça, regule o ascensor de punho de forma que o antebraço e
o braço formem um ângulo de aproximadamente 90°; após feito o ajuste, devemos
finalizar o nó UIAA com arremate. Essa altura depende muito da elasticidade do
socorrista, pois essa mesma medida de altura pode ser feita com apenas um dos pés
na alça, por exemplo.

Medida do estribo no ascensor de punho

● Ascensor Ventral

88
O ascensor ventral é fixado com o mesmo mosquetão que une a parte inferior
e superior do cinto tipo paraquedista; no olhal superior do blocante ventral iremos usar
uma fita ou corda bem fina (pode ser utilizado também um mosquetão) para prender
no ponto de ancoragem do cinto localizado na altura do tórax para não atrapalhar no
decorrer do trabalho/atividade, melhorando o desempenho na ascensão.

Ascensor ventral na posição junto ao corpo

89
7.2.2 Montagem do sistema para operação

Colocar o ascensor de punho no cabo de salvamento, com um dos “longes” do cinto


no olhal inferior (segurança).

Colocação do ascensor de punho na corda

1. Colocar o ascensor ventral no cabo de salvamento, abaixo do ascensor de


punho.

Ascensor ventral na corda

Figura
90
7.2.3 Técnica de subida

1. Equipar o ascensor de punho na via e logo abaixo o blocante ventral;


2. Elevar o ascensor de punho o mais alto possível e em seguida passar o peso
do corpo para o blocante ventral;
3. Colocar os pés na alça do estribo, em seguida ficar em pé e recuperar o
blocante ventral, passando novamente o peso do corpo para o blocante ventral.
No momento da pisada no estribo deve-se prender a corda com as pontas dos
pés visando facilitar o deslizamento do blocante ventral;
4. Devem-se repetir os 2° e 3° passos até a conclusão da atividade/trabalho.

Execução da ascensão com blocantes

91
8 MUDANÇA NO SENTIDO DE DESLOCAMENTO E TRANSPOSIÇÃO DE NÓS

8.1 MUDANÇA NO SENTIDO DE DESLOCAMENTO

Este é o último subitem do capítulo que trata da ascensão, até agora você
aprendeu a subir por um cabo utilizando cordeletes e equipamentos blocantes. Mas,
como mudar o sentido de deslocamento, uma vez que você chegou à altura desejada
e realizou seu trabalho ou salvamento?

O objetivo geral desse item é assimilar a importância dessa ferramenta para a


comunidade montanhista, trabalhadores em altura e profissionais de segurança
pública.

8.1.1 Usando cordeletes

Objetivo: Realizar descida no cabo em que se está subindo,


usando cordeletes, sem ter que chegar ao ponto de ancoragem para descer na corda.

Sequência procedimental:

Você está fazendo a ascensão em cabo e chegou à altura desejada. Você está
ancorado à corda pelos nós inferior (com uma alça para estribo e apoio dos pés) e
outro superior (preso à sua cadeirinha, com espaço para correr para cima e para
baixo). A partir daí, para iniciar sua descida, faça:

1. Com o peso no prusik inferior (estribo), fique com o corpo na posição ereta,
esticando as pernas para alcançar o prusik superior (cadeirinha);

2. Enquanto uma mão segura no cabo logo acima do nó (superior), com o objetivo
de se equilibrar, a outra afrouxa o nó prusik superior (cadeirinha), para que esse
possa correr livremente para baixo;

3. Descer o prusik superior até o aproximar do prusik inferior (estribo)


(aproximadamente 15 cm de distância);

4. Soltar o peso do corpo no prusik superior, liberando totalmente a tensão do


prusik inferior;
92
5. Afrouxar o prusik inferior, para que possa correr livremente para baixo e,
posteriormente, correr o nó para baixo;

6. Deslocar o peso para o prusik inferior novamente, para que possa repetir os
passos anteriores.

Caso queira mudar para subida basta seguir os procedimentos inversos, conforme
já visto no item ascensão com cordeletes.

8.1.2 Usando blocantes

- Mudando de subida para descida

Objetivo: Realizar descida no cabo em que se está subindo, utilizando


blocantes, sem precisar chegar ao ponto de ancoragem para equipar o freio oito e
fazer o rapel.

Sequência procedimental:

Você está fazendo a ascensão em cabo e chegou à altura desejada. Com os


equipamentos blocantes, a ordem dos aparelhos é diferente de quando usamos
cordeletes, o blocante de punho (estribo) fica acima do blocante ventral (cadeirinha).
Ancorado a esses dois pontos e com a peça oito (freio) a postos em sua cadeirinha,
faça:

1. Equipar a peça oito e fazer a blocagem logo abaixo do blocante ventral;

2. Subir no estribo do punho e soltar o blocante ventral da corda. O blocante de


punho não deve ficar muito alto (longe), para que você possa alcançá-lo com
facilidade;

3. Apoiar na peça oito blocada e retirar o blocante de punho;

4. Desbloque a peça oito e realize seu rapel até a altura desejada.

Lembre-se de comandar “atenção segurança” antes de realizar essa manobra


ou faça o rapel autossegurado.

93
- Mudança de descida para subida

Objetivo: Realizar subida no cabo em que se está descendo, utilizando o freio


oito (rapel), sem precisar chegar ao solo para equipar os equipamentos blocantes (30-
40cm) e subir na corda.

Sequência procedimental:

1. Fazer a blocagem da peça oito;

2. Colocar o blocante de punho com o estribo a dois palmos acima da peça oito;

3. Apoiar-se no estribo e colocar o blocante ventral, que deverá estar aberto, entre
a peça oito e o blocante de punho;

4. Descer do estribo e ficar apoiado no blocante ventral;

5. Retirar a blocagem do oito e iniciar a subida.

8.2 TRANSPOSIÇÃO DE NÓ INDIVIDUAL NA ASCENSÃO E NA DESCENSÃO

Na atividade de Salvamento em Alturas, quando na realização de acesso por


cordas, tanto para a ASCENSÃO quanto para a DESCENSÃO, por vezes exigirá do
resgatista a capacidade de utilização de emendas de cabos para executar um
determinado resgate. E, quando se depara com uma situação dessa, na qual o
tamanho de um cabo não é suficiente para desempenhar uma atividade, será
necessário realizar um “NÓ DE EMENDA” para unir dois cabos e assim alcançar o
objetivo pretendido. Portanto, a partir deste momento será necessário utilizar a
“técnica de transposição de nós” para concluir a atividade.

É importante frisar que quando o socorrista tem por objetivo realizar uma
emenda de cabos a fim de executar a técnica de transposição de nó, seja na
ascensão ou na descensão, ele já pode aproveitar e confeccionar essa emenda a
partir de um nó de alça na extremidade de um dos cabos a ser emendado - (sugestão
do nó aselha em oito) e com o segundo cabo realizar a costura desse nó e assim

94
concluir a emenda. Criando uma alça de segurança na construção do nó de emenda
de cabos, de forma que durante a transposição o resgatista possa clipar seu longe.
Entretanto, vale ressaltar que há outras formas de realizar a segurança quando estiver
a realizar a transposição de nó, vale destacar aqui a passagem do longe acima do nó
de emenda, de forma a fazer o entalamento da própria segurança ao nó de emenda,
por exemplo.

8.2.1 Transpondo o nó na ascensão

A Técnica de Transposição de Nó na Ascensão tem por objetivo possibilitar


que o socorrista de salvamento em altura transponha o nó de uma emenda de cabos
e continue progredindo até alcançar o seu objetivo final.

Sequência procedimental:

1. Equipar-se com os blocantes (punho e ventral) a corda e fazer a ascensão


normalmente até se aproximar do nó para fazer a transposição;

2. Ao chegar perto do nó garanta a segurança com “o longe” na alça do nó, caso


tenha criado. Se não houver alça, faça com entalamento do mosquetão do
longe no nó ou crie uma segurança por meio do "safa-onça" fazendo um
prússico acima do nó;

95
3. Passe o punho para cima do nó. Suba mais um pouco até que o blocante
ventral fique bem próximo do nó, com distância suficiente para conseguir tirar
o peso e abrir o blocante (entre 5 e 10 cm, por exemplo). Nesse momento, caso
tenha um mosquetão de sustentação do blocante ventral, abra o mosquetão
superior e já deixe pronto para abrir o blocante ventral ao tirar o peso;
4. Depois pise no estribo, abra o blocante ventral e equipe acima do nó;

5. Retire a segurança do nó e continue a ascensão até o objetivo.

96
8.2.2 Transpondo o nó na descensão

A Técnica de Transposição de Nó na Descensão, assim como a técnica de


ascensão, tem por objetivo possibilitar que o socorrista de salvamento em altura
transponha o nó de emenda de cabos e continue progredindo até alcançar o seu
objetivo final.

Sequência procedimental:

1. Equipar a corda no FREIO e descer no rapel normalmente, já com o blocante


de punho na corda, conectado a cadeirinha por 02 (dois) mosquetões,
independente do freio;

97
2. Quando a mão tocar o nó descer com cuidado até o ascensor ficar
aproximadamente a um palmo (10cm aproximadamente) do descensor;

3. Fechar a trava do punho e fazer com que o peso caia no blocante de punho;

4. Garantir a segurança com “o longe” na alça do nó (caso tenha criado), ou a


faça com entalamento do mosquetão se não existir alça, ou ainda crie uma

98
segurança alternativa por meio do cordelete "safa-onça" fazendo um prússico
acima do nó.

5. Retirar o FREIO do cabo, e equipá-lo abaixo do nó, deixando-o blocado para


manter a segurança.

6. Pise no estribo, abra um dos mosquetões e retire o punho da cadeirinha.

7. Lentamente desça até que o peso fique do descensor;

8. Retire o blocante de punho da corda e o acondicione na alça de suporte da


cadeirinha;

9. Após isso basta retirar a segurança do nó, desblocar e descer.

Observação:

Dependendo do FREIO que se utiliza, a saber: Oito, Rack, ID, vale considerar que a
manobra de blocar e desblocar deverá ser por mecanismos diferentes.

99
100
9 VANTAGEM MECÂNICA

Nas atividades de Salvamento cotidianamente se faz necessário utilizar


sistemas de multiplicação de força para realizar a movimentação de cargas que estão
ACIMA DA CAPACIDADE FÍSICA E FUNCIONAL DO BOMBEIRO.

Os locais mais comuns em que se empregam tais métodos geralmente são


ocorrências envolvendo vítimas em poços, cavernas, depressões, túneis, silos,
declives, espaços confinados, dentre outros.

Esses sistemas são formados em sua maioria por um conjunto de roldanas,


fixas ou móveis, transpassadas por uma corda fixada na carga que se pretende
movimentar.

Os principais materiais operacionais utilizados na confecção dos sistemas de


multiplicação de força são: polias, cordas, mosquetões, placas de ancoragem,
blocantes estruturais, tripé de salvamento, etc.

A combinação desses materiais proporcionará ao Bombeiro uma condição de


vantagem mecânica que o permitirá executar o resgate, seja de uma vítima ou de
carga qualquer, de maneira mais fácil e eficiente.

A vantagem mecânica é a relação estabelecida entre o peso da carga a ser


vencida e a força necessária para movimentá-la. De forma prática, essa vantagem é
traduzida em uma redução na força da puxada que o bombeiro deverá exercer no
sistema para que ele execute o salvamento.

𝑉𝑀=𝐹𝑂𝑅Ç𝐴 𝐸𝑋𝐸𝑅𝐶𝐼𝐷𝐴 𝑃𝐸𝐿𝐴 𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴÷𝐹𝑂𝑅Ç𝐴 𝐸𝑋𝐸𝑅𝐶𝐼𝐷𝐴 𝑃𝐸𝐿𝑂 𝑂𝑃𝐸𝑅𝐴𝐷𝑂𝑅

Dessa forma, a vantagem mecânica (Vm) exprime a existência ou não da


redução de esforço, ou seja:
Vm = 1: não há nem vantagem nem desvantagem mecânica, isto é, não há redução
nem acréscimo de esforço para deslocar a carga.
Vm > 1: existe uma vantagem mecânica e uma redução do esforço a ser empregado
pelo bombeiro.

101
Vm < 1: temos uma desvantagem mecânica. Nesse caso não haverá interesse em se
utilizar ou empregar o sistema.

Na montagem de um sistema de multiplicação de força as polias são


empregadas principalmente na busca de duas situações: redirecionamento e divisão
de forças.

Quando as polias estão fixas ao sistema elas não acompanham a carga,


apenas desviam a força.

Sistemas 1:1 e 2:1

Quando as polias estão móveis no sistema elas dividem as forças e


acompanham a movimentação da carga.

É importante ressaltar que, em um sistema de vantagem mecânica, quanto


maior o número de polias MÓVEIS empregadas, MENOR será a força aplicada
pelo operador e MAIS LENTA será a movimentação da carga.
Por outro lado, quanto menor for o número de polias móveis utilizadas, maior será a
força a ser aplicada e mais rápida será a movimentação da carga.

Comparativo de força x velocidade da carga

102
Outro fator importante a ser observado na confecção do sistema de
Multiplicação de força é o ângulo formado entre as cordas. Quanto mais se retirar a
corda do contato com a polia, aumentando o ângulo que se forma entre a posição
original da corda e a posição que o operador do sistema está utilizando a mesma,
maior será a força necessária para movimentar a carga. Quanto menor o ângulo, maior
será o ganho do operador no momento de tracionar a carga. O ÂNGULO IDEAL É 0º.

9.1 TIPOS DE SISTEMAS MULTIPLICADORES DE FORÇA

É costume na atividade de Salvamento Terrestre o uso de sistemas


multiplicadores de força (2:1, 3:1, 4:1, 5:1, 9:1) como sistemas que permitem
movimentar uma carga fazendo um esforço de 2, 3, 4, 5, 9 vezes menor ao que deveria
ser feito em um sistema comum de proporção de 1:1, ou seja, em um sistema sem
vantagem mecânica.

Os sistemas são classificados em DOIS TIPOS: ÍMPARES E PARES.

9.1.1 Sistemas Ímpares

Os sistemas ímpares são caracterizados por terem a amarração de


ancoragem fixados à carga ou em um bloqueador mecânico de arraste (rope grab ou
grip...) fixo na parte do cabo responsável por rebocar diretamente a carga, seja um
sistema confeccionado para deslocamento de carga na horizontal ou na vertical.

Sistema 1:1

103
9.1.2 Sistemas Pares

Os sistemas pares se assemelham à confecção dos sistemas ímpares, porém


destacamos que sua principal diferença é o fato que a amarração de ancoragem
permanece fixa em lado oposto à carga, ou seja, a amarração ficará no ponto fixo, não
se movimentando com o deslocamento da carga. Verifiquemos o sistema 2:1 na
vertical.

Sistema 2:1 sem polia de desvio de força

9.2 SISTEMA DE DESVIO DE FORÇA

Nesse caso a polia será empregada somente como desvio de força,


permanecendo fixa na ancoragem do sistema. O operador deverá utilizar-se desse
artifício de forma que sua puxada fique mais cômoda à realização do Salvamento.

Sistema 2:1 com desvio de força

104
9.3 SISTEMA DE CAPTURA DE PROGRESSO (AUTO BLOCANTE)

Utilizam-se bloqueadores estruturais ou cordeletes com nós autoblocantes para


dar maior segurança ao sistema, tanto para a vítima quanto para o operador.
Preconiza-se que o dispositivo autoblocante seja colocado na corda de tensão (mais
fácil a análise e diminuiu o erro do operador).

Sistemas de captura de progresso

Os sistemas são classificados quanto a forma em:


⮚ Sistemas Multiplicadores de Força Simples;

⮚ Sistemas Multiplicadores de Força Compostos (não serão abordados nesse


material);
⮚ Sistemas Multiplicadores de Força Complexos (não serão abordados nesse
material).

9.4 SISTEMAS SIMPLES

Todas as polias móveis empregadas no sistema se movem com a mesma


velocidade;

A força de tração incide diretamente sobre a carga ou a corda em que a carga


se encontra ancorada;

Os sistemas simples dividem-se em estendidos, reduzidos, independentes


ou dependentes;

105
Para se chegar ao quociente da vantagem mecânica atingida, basta somar o
número de ramais de corda que saem da carga ou do bloqueador.

9.4.1 Sistema Simples estendido

Neste sistema a corda percorre todo o espaço entre o ponto fixo e o ponto
móvel (carga);

Quanto maior a vantagem mecânica, maior será o comprimento de corda


empregada.

Sistemas 1:1 (sem desvio) e (1:1 com desvio)

Sistemas 2:1 (sem desvio) e 2:1 (com desvio)

106
Sistemas 3:1 (sem desvio) e 3:1 (com desvio)
Observação: Os dois sistemas possuem captura de progresso

Sistema 4:1 com desvio de força e captura de progresso

Sistema Simples estendido (5:1)

107
9.4.2 Sistema simples reduzido

Utilizam-se bloqueadores estruturais ancorados à corda;

A força de tração é exercida sobre a corda, e não diretamente sobre a carga;

Possibilita empregar uma extensão menor de corda;

Para efetuar a tração deve-se avançar o bloqueador em direção à carga;

A manobra de avançar o bloqueador quando as polias móveis e fixas encostam


é denominada reset.

Sistema 3:1 Simples Reduzido Horizontal. 3:1 Z

Sistemas 3:1 Simples Reduzido na vertical com roldana de desvio. Nó Prússico


como bloqueador estrutural e captura de progresso

108
Sistema 3:1 Simples Reduzido Vertical. Nó Prússico como bloqueador
estrutural (vermelho) e captura de progresso (verde)

9.4.3 Sistema Simples Independente

Neste caso se tem dois ou mais sistemas que trabalham juntos de forma
independente.

Sistema Simples Independente 2:1, vertical com captura de


progresso com prússico

109
Sistema Simples Independente 5:1, Vertical com captura de progresso na
corda principal

Exemplo para a montagem do sistema 3:1 independente: utilizaremos uma


roldana dupla, uma roldana simples, dois mosquetões HMS, dois cordeletes e um
cabo de 15 metros.

As figuras acima apresentam a montagem do sistema 3:1 independente passo a passo.

110
9.5 SISTEMA INTEGRADO DESCIDA/SUBIDA – ID

Antigamente, num passado não tão distante, equipes de salvamento e resgate


vertical sentiam a falta de um equipamento multifunção, que servisse tanto para
descer quanto para ascender cordas, compor sistemas de vantagem mecânica,
assegurar sistemas de subida e descida de maca, etc. O bom e velho freio oito serviu
bastante, e até serve bem ainda para alguns casos específicos, mas a falta de
bloqueio automático, a formação de torções na corda e a possibilidade de ocorrência
de acidentes devido a descidas rápidas demais fez com que alguns fabricantes
fervessem os neurônios para atender essa necessidade. Foi aí que surgiram os
descensores de bloqueio automático, tais como o MPD, Stop, Grigri, Quadra, Indy,
Spider, entre outros. Mas temos um que se destacou não só pelo fato de possuir o
bloqueio automático, mas também pelo sistema antipânico, velocidade de descida
controlada, etc. Estamos falando do I’D da marca francesa Petzl.

O I’D (sigla de “Industrial Descensor”) acabou tornando-se o “queridinho” de


especialistas, pois reúne tudo isso em um equipamento compacto, de fácil manuseio
e operação (evidente que você deverá ser treinado e experiente para isso), facilitando
a execução de muitas técnicas – o que resulta em menos tempo empregado nas
missões, menos possibilidade de ocorrência de erros e multifuncionalidade.

Sistema 4:1 estendido com ID

Na imagem anterior temos um sistema 4:1 estendido onde o ID permite uma


captura de progresso na subida e um descida controlada, caso necessário.

111
112
10 MONTAGEM DE TIROLESA (HORIZONTAL E INCLINADA)

Tirolesa é um sistema de travessia em vãos livres por meio de cabos de


salvamento, sendo esses ancorados em dois pontos, utilizando-se para o
deslizamento polias, descensores ou conectores metálicos. A tirolesa pode ser
montada no plano horizontal ou inclinado, sendo a forma horizontal (denominada cabo
aéreo) para travessias entre planos do mesmo nível; já no plano inclinado, pode ser
utilizada em travessia entre planos de alturas diferentes.

A tirolesa pode ser empregada para o resgate em diversos locais, tais como:
prédios, pontes, vales, cachoeiras, rios, ribanceiras, pedreiras, dentre outros.

É necessário observar alguns procedimentos antes da montagem da tirolesa,


tais como, a escolha dos pontos de ancoragem, o ângulo de montagem no plano
inclinado, a tensão dos cabos, etc. Para o tracionamento dos cabos de salvamento
não se deve utilizar equipamentos mecânicos, tais como: tifor, talhas ou veículos,
sendo assim, a tração deve ser realizada utilizando-se apenas de força humana.

Vale ressaltar que, mais do que qualquer outra técnica de salvamento em


altura, a tirolesa tem o potencial de sobrecarregar a corda, equipamentos e
ancoragens, podendo causar falha do sistema.

Dessa forma, deve-se levar em consideração alguns procedimentos durante a


montagem:

Verifique o grau de inclinação (deve variar entre 25º a 30º), o qual também
poderá atingir uma inclinação bem maior, às vezes, atingindo 45º, porém, o cuidado
deverá ser extremo, pois vários são os fatores que influenciarão no sistema: distância,
altura entre um ponto e outro, preparação dos materiais e dos pontos de fixação e as
técnicas que serão empregadas.

É importante saber identificar, por meio de uma inspeção prévia, que a distância
a ser percorrida em um sistema no plano inclinado não poderá ser superior a 70
(setenta) metros para uma altura média de 30 (trinta) metros, razão pela qual teremos
que observar: velocidade, atrito e desgaste do material empregado e sistema de freio
ineficiente em função do ângulo de visão.

113
Todo sistema inclinado deverá ter um sistema de segurança partindo sempre
do ponto superior, para impedir a velocidade excessiva, pois se deve manter sempre
uma velocidade lenta e constante e, principalmente, isenta de trancos durante todo o
percurso.

Esteja sempre atento aos mosquetões para que não permaneçam destravados
durante a operação, pois, em decorrência do atrito deles com o cabo de sustentação,
podem destravar por si só. Observar também a saída das vítimas, para que não ralem
em cantos ou quinas vivas e venham a sofrer escoriações.
Vantagens

Possibilitar o transporte de vítimas por trechos não percorríveis por via terrestre.
Maior eficiência e velocidade no transporte de vítimas de um ponto a outro se
comparadas com o transporte terrestre. Ex. evacuação de vitimas em prédios.
Desvantagens

Criar cargas altíssimas nas ancoragens, a lentidão da montagem e o fato de


normalmente apresentar funcionamento incerto e difícil de ser remediado. Assim,
deve-se optar por essa técnica somente quando não haja outras alternativas mais
simples, seguras e exista tempo suficiente, além de pessoal habilitado para executá-
la.

10.1 COM OITO BLOCADO

Técnica já não tão utilizada em virtude do desgaste da corda, contudo vale a


pena conhecer.

MONTAGEM DA TIROLESA

Dividimos a montagem da tirolesa em quatro partes, a saber:


● Ponto de ancoragem;
● Cabo aéreo (linha de sustentação);
● Ponto fixo do sistema de forças;
● Ponto móvel do sistema de forças.

114
Ponto de ancoragem

Primeiramente, deverá ser escolhido o ponto de fixação da ancoragem de


forma estratégica, sabendo-se que no outro ponto será realizado o tracionamento do
cabo. Além disso, caso a tirolesa seja inclinada, a fixação da ancoragem deve ser
realizada no ponto mais alto possível. Deve ser levada em consideração as condições
de relevo, segurança e espaço.

Escolhido o local da ancoragem, o bombeiro deve realizar um nó (sugestão é


o nó sem tensão no local pretendido, arrematando com Aselha e mosquetão). O cabo
de salvamento é muito exigido nos nós da ancoragem, os quais devem ser bem feitos
em razão dessa exigência. Prioriza-se, portanto, o uso de nós sem tensão, pois se
preserva integralmente a resistência do cabo, uma vez que a tensão é dissipada em
cada volta.

É importante ressaltar que, caso haja a necessidade pode-se empregar um


cabo-guia no sistema, seja para controlar a descida, seja para permitir o içamento de
uma carga pelo sistema.

Ponto de ancoragem, utilizando voltas sem tensão

Cabo aéreo (linha de sustentação)


A linha de sustentação delimita-se entre o ponto de ancoragem e o ponto móvel
do sistema de forças, consistindo no trecho percorrido pela vítima e/ou resgatista.
Essa linha deve ser formada por um cabo duplo, estático e com tensionamento
moderado para evitar fadiga do sistema.

115
Militar utilizando a tirolesa para o resgate de uma vítima na maca rígida

Ponto fixo do sistema de forças


Terminada a ancoragem principal, faz-se necessário escolher um ponto
adequado para o ponto fixo do sistema de forças, que será um ponto de sustentação
para o tracionamento do cabo duplo proveniente da ancoragem. Tem-se a opção de
utilizar fitas dobradas, evitando nó boca de lobo, ou cabo solteiro, com nó direito e
dois cotes em cada lado, ou nó pescador duplo, por exemplo.
Deve-se evitar utilizar placa de ancoragem em tirolesas, visto que ela se torna
o “elo fraco” do sistema. Mesmo que placa de ancoragem facilite a distribuição das
linhas, distribua os esforços e ajude na visualização, organização e manipulação dos
equipamentos empregados, só é indicado utilizar em tirolesas de demonstração com
pouca carga, pois levando em consideração as placas que o CBMES possui, os olhais
distribuídos possuem carga de ruptura baixa ao se comparar com um mosquetão
HMS, por exemplo.

Ponto móvel do sistema de forças


Depois de montado o ponto fixo, será estabelecido o ponto móvel do sistema
de forças, onde será realizada a tração dos cabos provenientes do ponto de
ancoragem. Para isso, é realizado o sistema de tracionamento com a peça oito com
meia blocagem.
Mantendo os cabos paralelos, passar o seio do cabo duplo pelo freio oito e
realizar a meia blocagem. Clipar um mosquetão no olhal menor do freio oito. Passar
o cabo duplo por dentro do mosquetão no ponto fixo, mantendo ainda os cabos

116
paralelos. Passar o cabo duplo por dentro do mosquetão no freio oito, prendendo-o
no mosquetão do ponto fixo, a fim de evitar o retorno do cabo que será tracionado.
Obtém-se um sistema de vantagem mecânica de 3:1.
Ressaltamos que, em serviços de salvamento, recomenda-se tão somente
sistemas de vantagem mecânica movidos por força humana, jamais utilize aparatos
mecânicos como viaturas, talhas ou tifor para tensionar o cabo e utilize no máximo a
força de quatro homens.
Feito o tracionamento do cabo, deve ser realizado o arremate com o cabo
sobressalente, através da confecção de dois cotes e um pescador simples.
As imagens a seguir mostram, de maneira elucidativa, a montagem da tirolesa
com o oito blocado, essa técnica é comumente utilizada pela equipe de salvamento
em altura durante a montagem da tirolesa horizontal. Vale ressaltar que para o
tracionamento dos cabos é necessária uma quantidade maior de militares, haja vista
que o atrito nas peças metálicas é maior do que o atrito quando utilizamos o sistema
independente.

Montagem dos sistema de tracionamento com o freio oito

10.2 UTILIZANDO SISTEMA INDEPENDENTE

A utilização do sistema independente é fundamental para o auxiliar no


tracionamento dos cabos da tirolesa. Nesse sentido, pode-se utilizar um sistema 3:1
independente, que pode ser composto, por exemplo, por 2 roldanas simples ou uma
roldana dupla e uma simples, um rescucender e um cordelete para captura de
progresso. Como já fora dito, no tensionamento dos cabos não se pode utilizar

117
equipamentos mecânicos, logo, deve-se utilizar, observando a regra dos 12, quatro
militares, a fim de que a tensão dos cabos seja ideal para se realizar o resgate.

Nas imagens a seguir, optamos por fazer a tração dos cabos utilizando o
sistema 3:1 independente, mas pode-se utilizar outros sistemas independentes, tais
como: 4:1, 5:1, 6:1, porém, deve-se lembrar que quanto mais aumentamos a
passagem da corda pelas roldanas, aumentamos também o atrito e,
consequentemente, temos mais dificuldade em tracionar os cabos.

As imagens acima representam o tracionamento da tirolesa no plano inclinado, utilizando para a


tração dos cabos o sitema 3:1 independente.

Deve-se lembrar também que, como procedimento de segurança, um nó


Aselha, simples ou em oito, deve ser feito no chicote do cabo que os militares
empunharão para realizar a tração, pois, caso o cabo venha a se desprender das
mãos deles, o nó não permitirá que a corda corra livre nas roldanas.

118
11 PADRÃO DE TRABALHO POR CORDAS NO CBMES – RESGATE EM
INCLINAÇÃO

11.1 USO DE CORDAS EM RESGATE CONFORME TIPO DE INCLINAÇÃO E TIPO


DE TERRENO

A obrigatoriedade do uso de Cordas para execução de um resgate em


Ocorrências no CBMES se desmembra basicamente em Resgate Não Técnico e
Resgate Técnico. Esse desmembramento compreende uma avaliação a ser feita
observando o Tipo de Inclinação e Tipo de Terreno.

Até 40º de inclinação no Terreno compreende-se como Resgate não Técnico,


e acima de 40º de inclinação, estamos diante de um Resgate Técnico. Uma forma
eficiente para medir essa inclinação é baseada na “Tensão do Cabo de Descida”,
para tanto, se a maior parte do peso de uma Maca com Vítima, estiver sobre o chão
(peso estiver sobre os Socorristas que estão transportando a Maca), e não sobre o
cabo de descida, entendemos que estamos realizando um Resgate não Técnico.
Sendo essas características existentes na Ocorrência, podemos fazer utilização de
apenas 01 corda. Até 15º de inclinação do terreno podemos realizar um deslocamento
simples até a vítima não fazendo necessidade do uso de Corda.

Acima de 40º de inclinação do terreno surge a necessidade de utilização do


SAS em 02 Cordas de Segurança, exigindo um Procedimento Operacional Padrão a
ser adotado! Tais procedimentos podem ser exemplificados no gráfico abaixo:

119
Esquema do uso de cordas no CBMES de acordo com a inclinação e tipo de terreno

Importante salientar que a utilização de 02 Cordas em um SAS é regra e para


esta regra existem algumas poucas exceções.

Ambientes controlados como, por exemplo, locais de instrução e treinamento,


oferecem uma logística de materiais prévia, conforme o tipo e grau de instrução, esses
locais são considerados excepcionais e por esse motivo podem ser exceções à regra.

EXCEÇÕES:

Para que um resgate por cordas em terreno de ângulo alto entre na exceção
do Regate Técnico Individualizado, algumas perguntas devem ser respondidas.

 RESGATE TÉCNICO INDIVIDUALIZADO:


 Tenho o controle da Ancoragem?
 Tenho o controle da Quina?
 Tenho visual constante do Socorrista?
 Tenho Comunicação constante?
 Tenho o controle da Vítima?

120
 Se a resposta for sim para todas as perguntas: Está
autorizado o uso de 01 Corda!

Por exemplo: se meu ponto de ancoragem for um Ponto a Prova de Bomba


(Coluna, viga principal de Edificação), sem desvios para a descida do Socorrista, sem
quaisquer riscos de quina viva que possa danificar a capa da Corda, com proteções
de quinas previamente instaladas na edificação, passando a ter um controle da
ancoragem, com um cenário limpo, sem obstáculos que possam interromper a
visibilidade entre os pontos de descida e acesso a vítima, e que tenha uma
comunicação constante com o Socorrista, com uma vítima orientada e lúcida, tornam
um cenário totalmente controlado, proveniente para o aprendizado técnico.

Essas são as respostas que um Cenário típico de Instrução e Treinamento


fornecem, autorizando assim o uso de uma única corda no Resgate Individualizado.

Da mesma maneira, em um cenário de ocorrência simples, que as respostas


para as perguntas feitas são as mesmas, o Chefe de Guarnição poderá optar em usar
apenas uma corda, porém sempre é indicado o uso de duas cordas.

Ocorrências e cenários onde o uso de uma segunda corda atrapalhe a


execução do resgate, a equipe também poderá escolher apenas uma, contudo vale

121
lembrar que isso é a exceção da exceção. Uma boa organização do cenário e um bom
plano de ação, na grande maioria das vezes, são fundamentais para que possamos
utilizar todos os equipamentos e técnicas com a maior segurança.

Exceção não é regra!

11.1.1 Cabo Principal e Cabo de Backup

Por padrão institucional, o CBMES utiliza sempre 02 Cordas em seus resgates


(Principal + Backup). Cabo Principal, ou via de descida Principal, é o Cabo que estará
sempre tencionado, recebendo a carga de trabalho nas ocorrências de Resgate, seja
em sentido de descida ou subida. Cabo de Backup, é o segundo sistema que também
será montado, geralmente sobre o mesmo ponto bomba que o cabo Principal, porém
não estará tencionado, nem tampouco dividirá a carga com o Cabo Principal, o Método
adotado pelo CBMES, seguindo a NFPA, é sem dúvidas o melhor, em segurança. A
confecção do backup “consiste basicamente de dois blocantes Prussic três voltas
(Tandem Prussic), presos à corda de segurança e a um sistema de liberação de carga
que permite retirar facilmente a tensão da corda de segurança, se vier a ser usada”
(SLC comentado em capítulo à parte dessa Apostila). Existem mecanismos criados
excepcionalmente para confecção do Cabo de Backup, (MPD e 540), a Figura abaixo
exemplifica a elaboração desse sistema:

 Se houver uma queda, a carga é distribuída entre


os blocantes, sendo 75% no primeiro nó e 25% no
segundo (aproximadamente, isso pode variar muito).
 A configuração padrão de Placa de ancoragem,
sistema de liberação de carga, a Polia de mudança
do sentido e nó Prussik, podem ser substituídas pelo
MPD ou 540.

122
O trabalho com duas cordas tensionados também já é bastante utilizado em
regate e está previsto em normas e manuais, seguindo certos tipos de regras, contudo
não será objeto de exposição nesse material didático.

123
12 DESCENSOR FIXO

12.1 CORDA PRINCIPAL E BACKUP

Sistema de “Oito Fixo” com backup sem SLC

Trata-se de uma técnica de descensão realizada na atividade de salvamento


em altura. Técnica bastante utilizada para uso de macas ou triângulos de evacuação.
A escolha desses equipamentos, macas ou triângulos de evacuação, deve ser
realizada considerando-se as lesões que a vítima tenha sofrido. Para grandes lesões,
utilizam-se macas e para lesões leves, triângulo de evacuação.

Vale ressaltar que o padrão utilizado pelo CBMES para salvamento em alturas
envolve uma operação com duas cordas (principal e backup). As exceções são
trabalhadas em outro capítulo.

12.1.1 Considerações importantes para a montagem da técnica

A técnica do “oito fixo”, apesar de ser relativamente simples, requer muita


atenção no que tange à segurança, assim como toda e qualquer atividade de
salvamento em alturas. Portanto, é essencialmente importante considerar que para
confecção da montagem desta técnica, sobretudo dentro dos princípios e doutrinas
preconizados no CBMES, faz-se necessário a utilização de dois cabos:
a) Um cabo principal - (primário) - cabo de salvamento usado para realizar a
descida da vítima, portanto, é o que recebe a tensão do peso no sistema.

124
b) Um cabo backup - (secundário) - cabo de salvamento que garante a segurança
do sistema em uma eventual falha.

Vale destacar que o termo “BACKUP” – é um termo em inglês que significa


voltar atrás, ter uma segunda chance. E, na atividade de altura, utiliza-se esse termo
em referência ao sistema secundário utilizado para substituir o primário, caso este
venha a se romper ou falhar.

A corda de backup passa numa polia chata e assegurado por um CONJUNTO


DUPLO DE PRUSSIK, feitos com três voltas (PRUSSIK TANDEM), por meio de dois
cordeletes de tamanhos diferentes, objetivando distribuir melhor o peso da carga no
backup, no caso de falha do sistema principal.

Através dessa técnica, o freio oito permanece fixo e a descida da vítima é


controlada de cima por integrantes da equipe de salvamento em altura, havendo tão
somente uma alça em cada um dos cabos, que serão ambas conectadas ao
equipamento (triângulo de evacuação, ou maca) no qual se encontra vítima. Vale
ressaltar que a vítima durante a descida poderá ou não estar acompanhada por um
bombeiro, entretanto, descendo isolada, deverá ser conectada uma corda guia para
liberá-la de eventuais obstáculos, durante o trajeto até o solo.

Vale destacar que a técnica do oito fixo pode ser utilizada usando outros
descensores como o rack ou mesmo o ID na corda primária.

Técnica de oito fico com o Rack

Será preferível a utilização do descensor de barras à peça oito, em razão da


formação de cocas por este tipo de freio, bem como da praticidade e maior segurança
que o descensor de barras permite no aumentar ou diminuir do atrito, necessitando
125
apenas adicionar ou diminuir o número de barras no qual a corda está equipada. Vale
ainda ressaltar a maior capacidade de carga de trabalho do descensor de barras
quando comparado à peça oito.

12.2 UTILIZANDO O ID NO PONTO FIXO

Para uso na ancoragem (I’D ancorado em estruturas):

ID em ponto fixo e equipado com o mosquetão de reenvio

O I’D nesses casos de oito fixo é utilizado de ponta-cabeça. É aplicado um


mosquetão auxiliar de reenvio para auxiliar no controle da descida.

Obrigatoriamente após instalar a corda efetue o teste de funcionamento,


puxando o lado da corda onde está a ancoragem (uso pessoal) ou onde está a vítima
(uso na ancoragem). Faça esse procedimento conectado a uma segunda ancoragem,
transferindo-se ao I’D somente após o teste. Se a corda estiver instalada
incorretamente não ocorrerá esse travamento.

Teste de funcionamento do I’D

126
O equipamento ID deverá ser fixado em um ponto que ofereça condições
suficientes de segurança.

Para a fixação do ID, normalmente, deve-se empregar mosquetões de aço


(preferencialmente de 42 KN), a placa de ancoragem e utilizar backup.

Descida de vítima pela ancoragem

A descida é com velocidade máxima de dois metros por segundo (dependendo


do modelo e fabricante do descensor) e uso do mosquetão de reenvio. A descida deve
ser controlada pela mão que segura a corda, e não pela mão que controla a alavanca;
isso resultará em controle melhor do atrito.

Para descer cargas de até 150-200 kg, basta utilizar o mosquetão auxiliar. Para
cargas maiores deverá ser realizado um nó dinâmico (ou Nó UIAA) no mosquetão
auxiliar e o I’D deverá ser operado por duas pessoas, sendo que uma controlará a
liberação da alavanca e a outra controlará o atrito com o nó, conforme figura a seguir:

Descida de vítima pela ancoragem com carga máxima.

127
Progressão em torres com I’D

Técnica semelhante à da escalada em rocha clássica: o primeiro progride e o


segundo (ou segurança) libera a corda gradativamente, não deixando totalmente
tesada, nem totalmente solta; a corda deve estar levemente solta. Para deixar a
corda livre, mantenha a alavanca na posição “E”, deixe o lado da mão direita com folga
e puxe o lado da mão esquerda (lado do escalador), ou ainda, posicione o I’D
lateralmente com o polegar da mão direita entre a corda e a came dentada (ilustração
acima). Caso ocorra queda, basta o segurança soltar as mãos e o bloqueio ocorrerá
automaticamente. Após a queda controlada o segurança poderá descer o escalador
de forma segura até o chão.

128
13 SALVAMENTO COM MACAS

13.1 DESCENSÃO DE MACA

Trabalhos de resgate com macas seguem o padrão do uso de duas cordas,


sendo uma corda principal passando por um descensor e outra corda de backup com
sistema autoblocante, conforme pode ser observado na imagem a seguir.

No backup foi adicionado uma roldana clipada no mosquetão junto aos


blocantes, e um sistema de liberação de carga (SLC) para facilitar o trabalho, no caso
de haver uma blocagem não programada facilitando o destravamento do sistema.

Todos os descensores que possuímos no CBMES podem ser utilizados na


corda principal, sendo que a escolha do mais apropriado vai depender do cenário que
a guarnição encontrará na ocorrência.

Vamos relembrar algumas características dos descensores:

 Descensor em barras (rack): é o mais indicado para trabalhos com cargas


superiores a 180 Kg (cento e oitenta quilos);

129
 ID: é mais versátil na mudança do sentido de deslocamento, mas deve ser
verificado a carga aplicada no sistema e o diâmetro da corda;
 Freio oito: é o menos indicado nas operações com macas, devido ao atrito com
a corda, formando cocas, mas em uma emergência pode ser utilizado.

13.2 ASCENSÃO DE MACA

Para realizar tal atividade utilizamos o sistema de vantagem mecânica.


Lembrando que independentemente de qual sistema a guarnição opte em usar, é
padronizado que cada ABTS tenha um sistema independente montado e preparado
para uso, pois é um sistema versátil e de rápida utilização em emergência, podendo
ser utilizado em desvios, SLC, retirada de vítima presa em rapel, mudança no sentido
de deslocamento, etc.

1. Ascensão com o sistema estendido: é o procedimento onde o sistema de


vantagem mecânica vai clipada direto na carga. Tem o benefício de ser uma
operação mais rápida, contudo é a que demanda maior comprimento de corda.

2. Ascensão com o sistema reduzido (3:1 ou 5:1, por exemplo): é o


procedimento onde o sistema de vantagem mecânica é montado na corda
principal, que deve ter um blocante (prússico ou outro bloqueador) no cabo
que vai direto na carga, para realizar a captura de progresso. Com a principal
blocada estende-se novamente o sistema de vantagem mecânica e continua a
ascensão.

3. Ascensão com sistema independente: é o procedimento onde se monta um


sistema de vantagem mecânica à parte, e este é colocado na corda principal.
Lembrando que para fazer o travamento deste sistema deve-se usar um
blocante. Com a principal blocada estende-se novamente o sistema de
vantagem mecânica e continua a ascensão. Esse sistema é o mais indicado
onde há pouco espaço para a realização dos trabalhos.

130
Obs: Em ambos os procedimentos deve-se realizar a recuperação do sistema de
backup para manter a segurança da operação.

13.3 SISTEMA DE LIBERAÇÃO DE CARGA (SLC)

O Sistema de Liberação de Carga (SLC) consiste em uma montagem


relativamente simples através de corda e mosquetões como intuito de liberar a corda
quando se encontra tracionada, afim de possibilitar controle e maneabilidade nas
operações de resgate em altura.

A doutrina do CBMES adota o sistema de forma obrigatória trabalhando


juntamente ao backup, em qualquer trabalho de altura; e de forma conjunta aos
sistemas de mudança de direção em trabalhos verticais.

Existem vários tipos de SLC. Iremos abordar apenas o modelo padrão


estabelecido pelo CBMES.

13.3.1 Componentes do sistema

O material necessário para a montagem do SLC é composto de:


● Dois mosquetões assimétrico HMS; e
● Uma corda estática de oito metros (cabo solteiro).

13.3.2 Montagem do SLC

1° passo: fazer um nó aselha em oito em cada ponta da corda estática. Em seguida


passar a alça de uma das aselhas no primeiro mosquetão e seguir passando a corda
no segundo e retornando ao primeiro mosquetão (conforme figura a seguir);

2° passo: com a corda que sai do primeiro mosquetão, faz um nó dinâmico no


segundo mosquetão.

3° passo: com o SLC pronto, arrematar com a corda que sai do sistema com um nó
de mula.

131
4° passo: se finaliza o SLC com um pescador e o restante da corda acondicionar em
forma de corrente. No final da corrente devemos ter uma aselha em oito, conforme
dito no 1° passo.

13.3.3 Utilização do sistema

O sistema de liberação de carga é um sistema relativamente simples, de rápida


e fácil montagem o que o torna um meio versátil para o emprego na atividade em
alturas. Basicamente ele é utilizado em duas situações.

Conforme visto, a doutrina do CBMES preconiza a utilização de backup em


toda atividade de resgate. Sendo assim, o SLC compõe esse sistema de forma que,
em caso de necessidade de utilização do backup, seja de forma acidental ou de
necessidade de seu emprego durante a operação, a carga que passou para o sistema
backup poderá retornar ao sistema principal sem demasiado esforço.

Outra situação em que durante as operações de resgate o SLC é empregado


será na necessidade de mudança de direção. De forma intencional o SLC será
empregado para retirar ou adicionar equipamento na corda com carga.

132
13.3.4 Possibilidade de deixar o SLC pronto da VTR

Considerando que o trabalho de resgate em altura onde o CBMES atua, por


vezes, além do salvamento em si é influenciado por outros fatores como estresse,
efeitos climáticos e fadiga física. Visando a correta utilização e agilidade para o
decorrer da operação, além de diversos outros meios que devem ser montados, o SLC
pode ser um equipamento pronto para sua utilização sem que sua montagem interfira
no tempo resposta do resgate. Assim sendo, a orientação é que o sistema fique pronto
no ABTS.

13.3.5 Cuidados

Para a utilização de forma correta do SLC, alguns cuidados devem ser


tomados, assim como em todo procedimento nas operações de salvamento, são eles:

 Certificar-se de que a carga a qual o sistema estará submetido será suportado;


 Estar ciente do correto manuseio do meio, assim como ter a certeza de que
será possível o movimento controlado na liberação da carga; e
 Certificar-se de que o tamanho da corda utilizada será suficientemente
necessário para a finalidade empregada.

13.4 MUDANÇA NO SENTIDO DE DESLOCAMENTO

Por vezes as operações de resgate com cordas mudam o sentido de


deslocamento com a corda tensionada, ou seja, sem que a carga esteja no solo.
Segue um passo a passo de como podemos fazer essas mudanças.

13.4.1 Descensão para ascensão

Mudando de descida com rack ou oito de salvamento, para subida utilizando


sistema reduzido

1º passo: Realizar a blocagem do descensor;


133
2º passo: Equipar um blocante na corda tensionada utilizando como alongador um
Sistema de Liberação de Carga (SLC) ou, nesse caso, até mesmo uma fita;

3º passo: Desblocar o descensor, descer a carga até que fique no SLC e desequipar
o descensor;

4º passo: Montar o sistema de vantagem mecânica reduzido, com o próprio cabo


principal, (coloca-se uma roldana no mosquetão onde estava o descensor e outra em
um blocante que vai no cabo tensionado, se necessário uma vantagem maior é só ir
acrescentando roldanas nos pontos especificados. Se faz necessário um blocante no
primeiro cabo que vai na carga para captura de progresso);

5º passo: Com o sistema montado e tensionado é possível liberar o SLC.

Obs.: Lembrar sempre de recuperar o backup.

Mudando de descida com ID, para subida utilizando sistema reduzido;

1º passo: Realizar a blocagem do ID;

2º passo: Equipar um blocante na corda tensionada a frente do ID;

3º passo: Clipar uma roldana no blocante passando o cabo principal por ela voltando
em uma outra roldana clipada na placa onde está o ID, se necessário;

Obs: Nesse caso o próprio ID faz a função de uma roldana e captura de progresso;

4º passo: Executar a subida da carga.

Obs.: Lembrar sempre de recuperar o backup.

134
Obs: A diferença entre o reduzido para o estendido, e que não se faz necessário o
uso do blocante, pois o cabo principal é clipado diretamente na carga. Porém a
quantidade de corda deve ser multiplicada pelo sistema de redução de força escolhido
(exemplo: 3x1 deve se ter três vezes o tamanho da corda).

Mudando de descida com rack, oito de salvamento ou id, para subida


utilizando sistema independente;

1º passo: Realizar a blocagem do descensor;

135
2º passo: Inserir o sistema de redução de força, clipando-o na placa, e o blocante no
cabo tensionado;

3º passo: Recuperar o sistema de redução de força para aliviar o descensor;

4º passo: Retirar o descensor e colocar uma roldana com um blocante para a captura
de progresso;

Obs: Fazer o 4° passo no caso do oito de salvamento ou rack. No caso do ID , tal


equipamento faz essa função.

5º passo: Executar a subida da carga.

Obs.: Lembrar sempre de recuperar o backup.

13.4.2 Ascensão para descensão

Mudando de subida com o sistema reduzido, para descida utilizando rack ou


oito de salvamento

1º passo: Inserir um SLC da placa de ancoragem à frente da roldana do sistema de


redução de força do cabo principal;

2º passo: Deixar o cabo principal cair no SLC (puxar o sistema de redução de força
e liberar o blocante);

136
3º passo: Retirar o sistema de redução de força e montar o descensor, fazendo a
blocagem do mesmo;

4º passo: Liberar o SLC para fazer com que o cabo principal caia no descensor
blocado ;

5º passo: Desblocar o descensor e realizar a descida da carga.

Obs.: Lembrar de ir liberando o backup para não travar.

Obs: No caso do sistema estendido basta equipar a corda principal que está sendo
puxada em um descensor devidamente blocado e clipado na placa de ancoragem,
realizar uma puxada a frente do descensor para liberar o blocante do sistema de
redução de força. Liberado e retirado o blocante, desbloca o descensor e realiza a
descida. (lembrando da necessidade da quantidade de corda suficiente para a
chegada ao ponto almejado).

Mudando de subida com o sistema reduzido, para descida utilizando ID.

1º passo: Retirar o sistema de redução de força deixando o ID;

2º passo: Realizar a descida com o ID.

Obs.: Lembrar de ir liberando o backup para não travar.

Mudando de subida com o sistema independente, para descida utilizando rack


ou oito de salvamento

1º passo: Deixar o cabo principal no blocante do sistema independente;

2º passo: Retirar a roldana e o blocante de captura de progresso;

3º passo: Montar o descensor devidamente blocado na corda principal clicando-o na


placa de ancoragem;

4º passo: Retirar o sistema de redução de força independente;

137
5º passo: Desblocar o descensor e realizar a descida da carga.

Obs.: Lembrar de ir liberando o backup para não travar.

13.5 TRANSPOSIÇÃO DE NÓS

Algumas ocorrências podem propiciar descidas longas e a guarnição poderá


ter que fazer a emenda de cordas para chegar no alvo. Nesse sentido se faz
necessário conhecer a transposição de nós, principalmente na corda principal
tensionada.

Via de regra, não se pode utilizar o backup para fazer o procedimento de


transposição de nó da corda principal, pois enquanto se realiza a transposição do nó,
ainda temos o backup para realizar a atividade com segurança.

13.5.1 Transposição de nós na descida

1º passo: Parar a descida antes do nó (distância suficiente para conseguir blocar o


descensor antes do nó);

2º passo: Equipar um SLC na frente do descensor (corda tensionada);

3º passo: Desblocar descensor e deixar o peso cair no SLC;

4º passo: Desequipar o desensor da corda;

5º passo: Equipar o descensor blocado depois do nó;

6º passo: Liberar o SLC e deixar o peso cair no descensor;

7º passo: Continuar a descida.

Obs: Lembrar de ir liberando o backup para não travar. Vale lembrar que existem
outras maneiras de transferir essa carga para transpor o nó. O SLC pode ser

138
substituído por um descensor blocado num cabo de no mínimo 10 metros, por
exemplo.

13.5.2 Transposição de nós na subida

Subindo com um sistema de redução de força reduzido

1º passo: Puxar o sistema de vantagem até chegar perto do nó;

2º passo: Passar o blocante para frente do nó, continuar a subida até o nó chegar
próximo a roldana da placa de ancoragem;

3º passo: Inserir uma roldana na corda tensionada após o nó, com um blocante para
a captura de progresso usando um alongador até a placa de ancoragem, através de
uma fita tubular ou SLC (ou sem esse alongador, mas devendo puxar o sistema de
vantagem até a cordar afrouxar e a nova roldana conseguir clipar na placa);

4º passo: Puxar o máximo até que o sistema fique no blocante da roldana após o nó;

5º passo: Retirar a roldana que ficou frouxa e continuar a subida.

Obs: Lembrar de recuperar o backup.

Subindo com um sistema independente

1º passo: Passar o blocante para frente do nó, continuar a subida até o nó chegar
próximo a roldana ou ID clipado na placa de ancoragem;

2º passo: Puxar o sistema independente com captura própria, até a corda principal
formar um volume que seja suficiente para transpor a roldana ou ID;

3º passo: Transpor o nó na roldana ou ID;

4º passo: Continuar a subida.

Obs: Lembrar de recuperar o backup.

139
14 SALVAMENTO COM ESCADAS E TRIPÉ

14.1 ESCADAS

A utilização de escadas, nas atividades de salvamento, é realizada em locais


onde a altura não é o maior obstáculo, tais como sacadas, varandas, janelas e
marquises; sendo proficiente no resgate de pessoas em locais incendiados ou com
excesso de fumaça, o que atrapalharia uma evacuação pela entrada principal da
edificação.

Nas atuações em que se faz necessário o uso da escada é de suma importância


que o primeiro bombeiro a ascender utilize um cabo solteiro para prover sua fixação
no ponto elevado, sendo obrigatória para o início da ascensão a presença de outros
militares responsáveis por realizar a segurança embaixo da escada.

As escadas são fabricadas em alumínio ou fibra de vidro, porém são


encontrados alguns modelos em aço, os quais caíram em desuso por conta do peso
elevado, sendo compostas por: banzos, pontos de poio da parede e do chão, roldana
e corda para arvorar o lance móvel, o próprio lance móvel, lance fixo e degraus, como
pode ser visto na imagem.

Componentes da escada

140
14.1.1 Técnica da escada rebatida (dobradiça)

Demonstração didática da Técnica da Escada Rebatida com variações (Fonte: figura 1.7, MTB 26 –
PMESP).

Essa técnica consiste em apoiar a escada junto ao local onde a vítima se


encontra.

Para o procedimento de descida, a escada ficará encostada na vertical e a


maca descerá até que ambos - escada e e vítima - fiquem na horizontal. Em caso de
ascensão, o procedimento é o inverso, ou seja, a escada estará na horizontal e a
vítima apoiada nos banzos, sendo erguida de forma a estar alinhada horizontalmente
ao plano de saída.

Para realização deve ser seguida a dinâmica abaixo:

 Apoiar a escada junto ao patamar da vítima para que os socorristas realizem a


abordagem, já munidos do material para o salvamento. Caso o acesso seja
somente pela escada, ela deve ser ancorada e estabilizada com um socorrista
travando-a;
 Após o acesso realizado, deve ser feita a estabilização da vítima com maca
rígida ou flexível com ou sem a utilização da prancha rígida;

141
 Montar sistema de ancoragem seguro utilizando o descensor - ID, freio oito ou
rack em barras – (Figuras A e B ). Não havendo um local confiável, a fixação
pode ser feita utilizado os socorristas como ponto de fixação (Figura C);

Obs.: O cabo de descida deve ser ancorado na parte INFERIOR da maca (região dos
pés), de forma a equalizá-la para que não haja movimentação lateral, o que pode ser
feito com um nó lais de guia ou um fiel em cada lado do equipamento (Figura D);

Figuras A e B

Figuras C e D

 Efetuar uma ancoragem em cada lado da parte superior da maca, ligando o


degrau ao banzo da escada, para melhor estabilização. Essa fixação pode ser
realizada através de fitas tubulares, mosquetões ou simplesmente utilizando
um cabo solteiro - nó fiel - tanto na maca, quanto no banzo/degrau da escada
(Figura E);
142
Obs.: a distância dessa ancoragem deve ser a mesma nos dois lados, acerca de um
palmo, para que a maca encaixe na escada e não haja um distanciamento grande
entre elas (Figura F).

Figuras E e F

 Após a ancoragem da maca no cabo de descida e na escada, deve-se


assegurar a segurança com o socorrista que realizará a frenagem;
 Inclinar a escada para ficar 90.º com o solo (consequentemente a maca
também irá ficar mais alta) e realizar seu travamento com os pés, para o caso
de não haver outra estrutura abaixo do local de descida (seja vazado);

143
 Dois socorristas se posicionam na parte inferior da escada, para controlar a
direção do rebatimento da maca, e outro socorrista (Chefe de guarnição) fica
responsável pela visualização/ comunicação entre os socorristas debaixo e o
socorrista que está com o freio;
 Assim que todo o sistema estiver pronto e seguro o chefe autoriza a liberação
do freio e orienta o socorrista sobre o controle da velocidade da descida.
 A descida é feita de modo que a vítima esteja sempre paralela ao solo ou com
a cabeça ligeiramente mais alta em relação ao corpo, até que a escada esteja
completamente apoiada no solo. Os socorristas “caminham” segurando a
escada em direção à cabeça da vítima ou utilizam cabos de estaiamento para
direcionar a descida do sistema.

 Os socorristas retiram a maca da escada e, caso seja necessário, reposicionam


a escada e fazem seu travamento para a descida dos socorristas que estavam
no pavimento superior.

Para a execução correta da atividade, algumas orientações devem ser


seguidas, sendo elas:
1. Sendo necessário realizar a subida da vítima, substituir o sistema de
descensão para ascensão, utilizando a vantagem mecânica, se preciso;

144
2. Nunca confeccionar a ancoragem, da maca ou da escada, através do último
banzo superior da escada, visto que é o elemento mais frágil do
equipamento;
3. É muito importante que haja espaço para o total tombamento ou içamento
da escada, estando o local livre de obstáculos (fios, veículos etc.).
4. Utilizar cabo de backup, assim como o controle de quinas;

14.1.2 Técnica da escada deslizante (trilho)

Técnica de Escada Trilho (Fonte: figura 1.1, MTB 26 – PMESP)

A técnica de utilização da escada como uma rampa ou trilho será empregada


para criar um plano inclinado e assim deslizar a maca com a vítima, tanto para os
movimentos de subida ou descida. A tática bastante usual quando não é possível
utilizar o rebatimento de escada quando há algum obstáculo.

Para a execução devem ser seguidas as orientações abaixo.

 Apoiar a escada junto ao patamar da vítima para que os socorristas realizem a


abordagem, já munidos do material para o salvamento. Caso o acesso seja
somente pela escada, ela deve ser ancorada e estabilizada com um socorrista
travando-a com mãos e pés;
 Após o acesso realizado, deve ser feita a estabilização da vítima com maca
rígida ou flexível com ou sem a utilização da prancha rígida;
 Montar o sistema de ancoragem segura utilizando o descensor - ID, freio oito
ou rack em barras. Não havendo um local confiável, a fixação pode ser feita

145
utilizado os socorristas como ponto de fixação (mesmas figuras da técnica da
escada rebatida;

Obs.: O cabo de descida deve ser ancorado na parte SUPERIOR da maca (região da
cabeça), de forma a equalizá-la para que não haja movimentação lateral, o que pode
ser feito com um nó lais de guia para envolver toda a parte superior;

 Ancorar um cabo em ambos os lados da parte inferior da escada (região dos


pés), com mosquetões ou com um nó fiel para estaiamento pelos socorristas
que se encontra embaixo do ambiente.

146
 Dois socorristas se posicionam na parte inferior da escada e recebem os cabos
de estaiamento para controlar a direção da maca e um socorrista (Chefe de
guarnição) fica responsável pela visualização/ comunicação entre os
socorristas debaixo e o socorrista que está com o freio;
 Assim que todo o sistema estiver pronto e seguro, inclusive a ancoragem da
escada, muito importante nessa técnica de salvamento, o sistema é
tensionado, os socorristas levantam a maca para que ela ultrapasse a altura da
escada;
 O chefe autoriza a liberação do freio e orienta o socorrista sobre o controle da
velocidade de descida;
 A maca transpõe a escada e é posicionada, ficando as duas no mesmo plano;

 A descida é feita de modo que a vítima esteja sempre com a cabeça mais alta
em relação ao corpo, deslizando sobre os “trilhos” (banzos), até que a maca
chegue ao solo sob os cuidados dos socorristas;

147
 Liberar a maca da escada.

Para a execução correta da atividade, algumas orientações devem ser


seguidas, sendo elas:
1. Sendo necessário realizar a subida da vítima, substituir o sistema de
descensão para ascensão, utilizando a vantagem mecânica, se preciso;
2. Utilizar cabo de back up, assim como o controle de quinas.

14.1.3 Técnica da mão francesa (ancoragem elevada)

Demonstração da Técnica Escada Mão Francesa com croque (Fonte: figura 1.4, MTB 26 – PMESP).

148
Essa técnica consiste em utilizar a escada como ponto de ancoragem e
proporcionar um vão para realizar uma descida segura, seja para salvamento com
maca ou utilizando o triângulo de salvamento.

Para a execução correta da atividade, algumas orientações devem ser


seguidas, sendo elas:

 A escada deverá ser arvorada em local seguro, em um ponto acima do local de


saída;
 Com a utilização de fita tubular no topo da escada, efetuar uma ancoragem
equalizada e a técnica do oito fixo;
 Dois bombeiros ficam responsáveis para o afastamento da escada criando o
espaço para uma melhor saída;
 Dois bombeiros ficam responsáveis por estabilizar e direcionar a descida com
o cabo guia e receber a vítima ao solo;
 Conferida a segurança, checadas todas as funções, o comandante da
operação determina que se avance a escada e, cuidadosamente, a maca seja
colocada no vão;
 A descida é controlada pelo cabo no descensor até sua chegada ao solo.

Para a execução correta da atividade, deve ser seguida a seguinte orientação:

1. Utilizar cabo de backup, assim como realizar o controle de quinas, sempre


que necessário.

149
14.2 TRIPÉ

O tripé é um equipamento utilizado quando não há pontos de ancoragem


satisfatórios na cena de salvamento. Pode ser utilizado com o centro de gravidade
centralizado, como em algumas ocorrências de espaço confinado (cisterna, poço,
bueiro, caixa d’água ou fosso de elevador) ou como desvio de ancoragem, em
operações envolvendo precipícios e penhascos a fim de proporcionar um ponto
elevado para facilitar a montagem dos sistemas de descida e subida, bem como a
entrada do socorrista e a saída do bombeiro e da vítima (CBMSC, 2017).

Ele é constituído por três pernas tubulares feitas de liga de alumínio aeronáutico
que estão unidas por um cabeçote de aço. Este cabeçote apresenta olhais para a
montagem do sistema de ancoragem de segurança. As pernas do tripé possuem
pontos de regulagem que permitem alterar o tamanho conforme a necessidade da
missão, variando de 1,8 m até 3,1m (dependendo da marca, pode ser uma amplitude
maior ou menor). Ao final de cada perna há patas de articulação feitas de aço que
permitem a acomodação em terrenos planos e irregulares, além de possuir orifícios
que permitem a sua fixação no chão, bem como a passagem de uma fita para impedir
sua abertura de forma indesejada. Existem tripés de vários tamanhos e pesos, o que
o CBMES possui atualmente, todo o conjunto pesa cerca de 32 kg (TASK).

150
Este recurso segue especificações nacionais e internacionais que lhe garante
os requisitos mínimos de segurança e empregabilidade nas atividades de salvamento
em altura. Como, por exemplo, o fator de multiplicação de 15 x 270 kg para
equipamentos de uso coletivo (CBMSC, 2017). Ou seja, um equipamento de uso geral
deve ser capaz de suportar uma massa de 4050 kg (15 x 270 kg = 4050 kg) em
operações de salvamento em altura. Esta é a grande diferença do tripé de salvamento
para o aparelho de poço utilizado usualmente nas viaturas do CBMES. Uma vez que
o aparelho de poço não possui as especificações citadas acima, o seu uso fica vedado
à atividade de salvamento em altura, sendo empregado em outras situações
corriqueiras como resgate de animal e afins.

Tratando-se do uso do tripé em ocorrências, vale ressaltar que este


equipamento é naturalmente instável, sobretudo, quando utilizado com o centro de
gravidade fora de sua área central, ou seja, fora dos limites internos de suas pernas.
Esta situação ocorre com maior frequência quando o tripé é empregado como desvio
na beira de precipícios, em que a força resultante não está apontada para o centro do
equipamento, mas para fora, em direção ao abismo. Nestas situações é
imprescindível o uso de cabos de estaiamento ou, até mesmo, a própria fixação do
tripé ao chão com parafusos a fim de evitar que ele tombe durante a operação. Outro
fator digno de nota é que quanto maior for a altura do tripé, mais instável ele ficará
(TASK).

151
15 APLICAÇÕES

15.1 RAPEL COM VÍTIMA

Descidas com vítima são técnicas de salvamento em altura em que o socorrista


ou equipe realiza a descida de uma vítima, de certa altura, que pode necessitar de
socorro, devido a alguma adversidade. A vítima pode estar inconsciente ou
consciente. Estando consciente, pode, inclusive, contribuir para o salvamento.

15.1.1 Técnica japonesa

Chamamos de ‘Japonesa’ ou ‘vítima-bombeiro’ a técnica em que a vítima desce


junto ao bombeiro, entre suas pernas, o que requer procedimentos específicos para a
segurança da operação e para que o bombeiro tenha controle suficiente da descida.
Essa técnica é utilizada nos casos em que a vítima está consciente e não possui
lesões graves.

Para controle do rapel do socorrista com a vítima, necessitamos de maior atrito


da corda ao freio oito, pois, além do peso do bombeiro, há o peso da vítima a ser
suportado. Para tanto, podemos utilizar a passagem meio blocada da corda (conforme
figura) e, neste caso, a passagem da corda no freio oito deverá ser feita para a mão
“fraca” do socorrista, já que, ao executar a meia blocagem, a mão utilizada para
controle de frenagem da vítima e do próprio socorrista se inverterá para a mão “forte”.

Meia blocagem na técnica japonesa

152
Sequência procedimental:
1- No patamar superior, executar o rapel com a mão “fraca”, garantindo sua
segurança por terceiros (solicitando “Atenção Segurança”) ou autossegurado;

2- Ao acessar o patamar da vítima, deixe o freio oito meio blocado (ajudará a não
se atrapalhar na saída com a vítima);

3- Clipe o longe maior em algum ponto de segurança do patamar para


providenciar a própria segurança;

4- Use 2 mosquetões para unir o olhal menor da peça oito do socorrista à


cadeirinha (ou triângulo de salvamento) da vítima (se necessário, equipe-a);

5- Clipe o outro longe do socorrista na vítima para aumentar a segurança durante


a operação;

6- Garanta sua segurança e da vítima (por terceiros ou autossegurado);

7- Desclipe o longe da segurança do patamar;

8- Posicione a vítima entre as pernas e deixe o peso “cair” no sistema;

Posicionamento rapel com vítima na técnica japonesa

153
9- Realize o rapel com o freio oito meio blocado, controlando a frenagem com a
mão “forte”;

10- Durante a descida, atentar-se em proteger a vítima de obstáculos e também de


abrasões no descensor e mosquetões de seu cinto, que aumentam a
temperatura durante a descida. Para proteção da vítima o socorrista deve
utilizar a mão de posicionamento e as pernas.

15.1. 2 Utilizando o I`D

O bombeiro realiza o resgate da vítima utilizando essa técnica quando houver


a possibilidade de acessar a vítima através de um cabo independente utilizando o ID.

Sequência procedimental:
1. Montar o aparelho ID na corda e acessar a vítima no patamar;

Rapel com ID para acessar a vítima

2. Realizar a blocagem. O aparelho ID permite que o socorrista se mantenha


blocado colocando sua manopla na posição de block (B);

3. Vestir a vítima com o triângulo de salvamento – “fraldão”;

154
Rapel com vítima utilizando o ID

4. Ligar-se à vítima utilizando 2 mosquetões do fraldão ao ID. Utiliza-se um longe


de segurança do bombeiro na vítima para aumentar a segurança durante a
operação;

Socorrista protegendo a vítima

5. A vítima é posicionada abaixo do socorrista. Para cargas maiores de 150-200kg


utiliza-se um mosquetão de reenvio de carga. Agora, se a carga for superior a
isso e próximo ao limite de carga do ID, que é próximo de 280 kg, deve-se
realizar um nó dinâmico.

155
Rapel com vítima utilizando o mosquetão de reenvio após o ID

6. Com a vítima no sistema do socorrista, esse deve desfazer o block, trazendo a


manopla do ID novamente para a posição “descent”, e então realizar a descida.

Descida controlada da vítima

156
15.2 RESGATE DE VÍTIMA PRESA EM RAPEL

Neste capítulo você aprenderá os procedimentos para resgate de vítima presa


em rapel (também conhecido como vítima presa em corda tensionada ou resgate de
operário). Para efeitos didáticos, consideramos apenas uma vítima em cada situação
(ocorrência) e subdividimos o conteúdo em função do cabo da vítima, que poderá ser
preservado, cortado a altura da vítima (pelo socorrista) ou cortado na ancoragem (pela
equipe de salvamento).

Pelo padrão institucional do CBMES, em todos os resgates deverão ser


utilizados dois cabos, um principal e um backup. A técnica do “descensor fixo” é
facultativa à equipe de salvamento no local da ocorrência, que deverá escolher a
melhor tática para cada operação.

15.2.1 Não preservando o cabo da vítima

15.2.1.1 Cortando o cabo na altura da vítima

Sequência procedimental:

1. Fazer a ancoragem e lançar um cabo de descida;


2. Fazer rapel até a vítima utilizando o longe curto conectado ao cabo desta;
3. Blocar o ID quando estiver pouco acima da vítima (suficientemente acima para
clipar os mosquetões), tomando cuidado para não ficar abaixo;
4. Estabelecer a segurança na vítima (clicar o longe maior no cinto da vítima);
5. Clipar o mosquetão do ID (do socorrista) no loop da cadeirinha da vítima;
6. Cortar o cabo da vítima quando tiver certeza de que ela está clipada no ID do
socorrista e com a segurança (longe);
7. Deverá ser feito um desvio (reenvio) com um mosquetão clipado à alça lateral
de sustentação do cinto do socorrista, visando reduzir a carga no ID e aumentar
o controle da descida;
8. Desblocar o ID e realizar o rapel com a vítima.

157
Observação:
Ao cortar o cabo da vítima, posicione a lâmina (fio) do canivete/faca fora da direção
da vítima

15.2.1.2 Cortando o cabo da vítima na ancoragem

Sequência procedimental:

1. Fazer nova ancoragem clipando um mosquetão e um ID (ou freio oito) ao lado


da ancoragem da vítima (técnica do ID/oito fixo);
2. Usar o rescucender ou fazer um nó blocante (prussik ou machard) no cabo da
vítima e clipar um mosquetão;
3. Usando um cabo de resgate de comprimento apropriado para completar a
descida da vítima ao solo, confeccionar um nó oito neste e equipar no
mosquetão do rescucender (ou nó blocante) do cabo da vítima;
4. Fixar o cabo de resgate no descensor da nova ancoragem para controlar a
descida da vítima;
5. Cortar a corda da vítima próximo do ponto de ancoragem e fazer um nó de
frade na ponta deste;
158
6. O peso da vítima ficará no cabo de resgate. Descer a vítima até o solo
controlando a velocidade através do ID (ou freio oito).

Observações:
1. Pode-se utilizar um sistema de vantagem mecânica independente;
2. Com o sistema de vantagem mecânica, elevar o cabo da vítima até que haja
espaço para a confecção de um aselha em oito neste cabo;
3. Com um mosquetão, unir o aselha em oito do cabo da vítima com o aselha do
cabo de resgate (emenda) equipado no ID fixo;
4. Cortar o cabo da vítima na altura da ancoragem (acima do aselha em oito
confeccionado pela equipe de salvamento);

5. Retirar o sistema de vantagem mecânica e realizar a descida da vítima.


6. Utilizando esta técnica é possível desfazer a ancoragem da vítima, já que a
tensão desta foi transferida para o ID fixo antes do corte. Podendo poupá-la de
ser cortada pelo socorrista.

159
15.2.2 Preservando o cabo da vítima

Existem várias técnicas e montagens para realizar este tipo de resgate. Iremos
apresentar a sequência da técnica conhecida como pêndulo e a técnica utilizando um
sistema de vantagem independente, preservando o cabo da vítima e terminando o
salvamento através de um rapel com vítima na técnica japonesa.

15.2.2.1 Pêndulo

Sequência procedimental:

7. Antes de realizar a descida, é interessante que o socorrista prepare o blocante


de punho, passando o cordelete por dentro da malha rápida, deixando em uma
das extremidades uma alça para ser usada como estribo e na outra um
mosquetão;
8. Fazer ancoragem, o mais próximo possível da direção da descida da vítima;
9. Lançar um cabo de descida;
10. Equipar o descensor na corda (ID’L, por exemplo);
11. Descer próximo a vítima utilizando o longe curto conectado ao cabo da vítima;
12. Descer até uma altura logo acima da vítima, aproximadamente a cintura do
socorrista na altura do rosto da vítima (para a técnica do pêndulo essa altura é
muito importante para tirar o peso da vítima da corda);

13. Fazer a blocagem do ID, colocando a alavanca na posição “block”;

160
14. Equipar o longe maior na cadeira da vítima;

15. Equipar o blocante de punho no cabo de descida, acima do ID (descensor);


16. Conectar o mosquetão do estribo que passa dentro da malha rápida do
blocante de punho na cadeira da vítima;
17. Pisar no estribo. Ficar em pé no estribo e com o peso do corpo fazer um pêndulo
visando içar a vítima, buscando o alinhamento da vítima com o socorrista.
Segurar o cinto da vítima e puxar em pontos estruturais pode auxiliar nesse
içamento;

18. O socorrista deverá clipar a vítima abaixo do seu ID (descensor), utilizando no


mínimo dois mosquetões que devem ser conectados no mosquetão que prende
o ID à cadeirinha do socorrista;

161
19. Neste momento o peso da vítima pode ser liberado do estribo sendo transferido
para o ID (descensor);
20. Recuperar e retirar o ascensor de punho;
21. Retirar o descensor da vítima;
22. Deverá ser feito um desvio (reenvio) com um mosquetão clipado à alça lateral
de sustentação do cinto do socorrista, visando reduzir a carga no ID e aumentar
o controle da descida;
23. Retornar a alavanca para a posição “descent” e realizar uma descida
controlada, protegendo a vítima de possíveis obstáculos ao longo do percurso.

15.2.2.2 Utilizando um sistema de vantagem mecânica independente

Sequência procedimental:

Até o item 8 o procedimento é o mesmo citado anteriormente;


9. Equipar um sistema independente (um 4:1, por exemplo) no cabo de descida,
acima do ID (descensor), utilizando um rescucender (bloqueador) ou um
blocante de punho;
10. Conectar o sistema independente na cadeira da vítima;
11. Puxar a corda do sistema içando a vítima até a mesma altura do socorrista;
12. O socorrista deverá clipar a vítima abaixo do seu ID, utilizando no mínimo dois
mosquetões que devem ser conectados no mosquetão que prende o ID à
cadeirinha do socorrista;

162
Socorrista usando um 3:1. Sistemas com VM maior, como um 4:1, por exemplo, ajuda no içamento.

13. O socorrista deve puxar novamente o sistema independente, aliviando o peso


da captura de progresso (prusik) do sistema, em seguida segurá-lo e deixar o
peso da vítima cair sobre os mosquetões presos ao ID;
14. Retirar o sistema independente da vítima e do cabo de descida;
15. Retirar o descensor da vítima;
16. Deverá ser feito um desvio (reenvio) com um mosquetão clipado à alça lateral
de sustentação do cinto do socorrista, visando reduzir a carga no ID e aumentar
o controle da descida;
17. Retornar a alavanca para a posição “descent” e realizar uma descida
controlada, protegendo a vítima de possíveis obstáculos ao longo do percurso;

163
16 REFERÊNCIAS

Aguiar, Eduardo José Slomp. Resgate Vertical. Editora: AVM - ASSOCIAÇÃO DA


VILA MILITAR - Departamento Cultural - Publicações Técnicas; Edição: 2 (17 de junho
de 2019).

Budworth, Geoffrey. The Ultimate Encyclopedia of Knots e Ropework. London,


Ed. Lorenz Books, 1999. 122p. Disponível em:
<https://www.cs.hmc.edu/~geoff/prusik_knot.html>. Acesso em: 01 jan. 2020.

Catálogo da Petzl 2019.

Delgado, Delfin. Rescate urbano en altura. 4. ed. Madrid: Desnível, 2009.

Distrito Federal, Corpo de Bombeiros Militar do (CBMDF). Manual de instruções


Técnico-Profissional.

Espírito Santo, Corpo de Bombeiros Militar do (CBMES). Apostila de Resgate


Técnico I.

Espírito Santo, Corpo de Bombeiros Militar do (CBMES). Curso de Formação de


Brigadista Profissional – Salvamento em Altura, 2016.

Goiás, Corpo de Bombeiros Militar do (CBMGO). Manual Operacional de


Bombeiros. Salvamento em Altura, 2017.

Luciano, Elias Jose. Operações com escadas. Belo horizonte, 2015.

Matochi, Geison. Dicas macetosas: Descensor I’D Petzl. Disponível em:


<www.salvamentobrasil.com.br/dicas-macetosas-descensor-id-petzl/>. Acesso em:
13 jan. 2020.

Pendley, Tom. The Essential Technical Rescue. Edition 5, 2017.

164
Santa Catarina, Corpo de Bombeiros Militar do (CBMSC)., Curso De Capacitação
Em Salvamento Em Altura, 1ª ed., Florianópolis – SC, 2017.

São Paulo, Corpo de Bombeiros da Polícia Militar (CBPMSP). Manual Técnico de


Bombeiro 26 – Salvamento em Altura, 2006.

Task Votorantim. (s.d.). Ficha Técnica Recue. Votorantim.

Unidade Especial de Resgate e Emergência (UERE). Manual de Técnicas Verticais.


Belo Horizonte, 2001.

Outros sites consultados para utilização de imagens:


http://www.salvamentobrasil.com.br
https://www.arcoeflecha.com.br
https://www.climbclean.com.br
http://artigosesportivosusa.com
http://www.petzl.com.br
http://www.sossul.com.br
https://blogdescalada.com
https://www.pinterest.com
http://bombeiroswaldo.blogspot.com

165
ANEXO: ANÁLISE DE RESISTÊNCIA DE NÓS

PERDA DE
CLASSIFICAÇÃO NOME E FIGURA DO NÓ REFERÊNCIAS
CARGA

- Health and Safety Executive: Industrial Rope


35 a 40% Access - Investigation into items of personal
protective equipment (IRATA)

Pescador simples
- Resgate Vertical
21% - CBMSC
- CBMSP
- Apostila BPC – CBMES
NÓ DE EMENDA OU DE
UNIÃO
25% - Resgate Urbano 3ª edição
- Resgate NFPA 1006- Apresentação
- Health and Safety Executive: Industrial Rope Access -
Pescador Duplo 30 a 35% Investigation into items of personal protective
equipment (IRATA)

- Health and Safety Executive: Industrial Rope Access -


15 a 19% Investigation into items of personal protective
equipment (IRATA)

1
15% - CBMSC

19% - Resgate NFPA 1006- Apresentação


Direito com arremate

- Health and Safety Executive: Industrial Rope Access -


35 a 45% Investigation into items of personal protective
equipment (IRATA)

- Resgate Vertical
- Apostila BPC - CBMES
NÓ DE EMENDA OU DE
UNIÃO
36% - Resgate Urbano 3ª edição
Nó de Fita - Coletânea de Manuais 26 - CBMSP
- CBMSC

21% - Resgate Vertical

35% - CBMSC

Escota Dupla
36% - Resgate NFPA 1006- Apresentação

36% - Resgate Vertical

- Apostila BPC - CBMES


41% - Resgate Urbano 3ª edição

2
- Health and Safety Executive: Industrial Rope Access -
NÓ FORMADOR DE ALÇA
E FIXAÇÃO 32 a 42% Investigation into items of personal protective
equipment (IRATA)

Aselha Simples

27% - Resgate Vertical

Aselha em Sete

- Resgate Vertical
20% - CBMSC

- Health and Safety Executive: Industrial Rope Access -


20 a 25% Investigation into items of personal protective
equipment (IRATA)

- Apostila BPC – CBMES


20 a 30% - Resgate Urbano 3ª edição
Aselha em Oito - Resgate NFPA 1006- Apresentação

30% - Manula Resgate Vertical 8

3
NÓ FORMADOR DE ALÇA 10% - Resgate Vertical
E FIXAÇÃO

- Resgate Urbano 3ª edição


30% - Coletânea de Manuais 26 - CBMSP

- Health and Safety Executive: Industrial Rope


Aselha em Nove 16 a 32% Access - Investigation into items of personal

- Resgate Vertical
- Apostila BPC – CBMES
- Resgate Urbano 3ª edição
18% - Resgate NFPA 1006- Apresentação
- Coletânea de Manuais 26 - CBMSP

- Health and Safety Executive: Industrial Rope


Aselha em Oito Duplo 23 a 39% Access - Investigation into items of personal
Alçado

33% - Resgate Vertical

- Health and Safety Executive: Industrial Rope


NÓ FORMADOR DE ALÇA 26 a 45% Access - Investigation into items of personal
E FIXAÇÃO

Lais de Guia 48% - Manula Resgate Vertical 8

4
25% - Resgate Vertical

- Health and Safety Executive: Industrial Rope


28 a 39% Access - Investigation into items of personal

- Resgate Urbano 3ª edição


Borboleta 31% - Resgate NFPA 1006- Apresentação

- Resgate Vertical
55% - Resgate Urbano 3ª edição
- CBMSC

NÓ DE FIXAÇÃO Bola de Lobo


40% - Resgate NFPA 1006- Apresentação

- Health and Safety Executive: Industrial Rope


35 a 40% Access - Investigation into items of personal

- Resgate Vertical
45% - CBMSC
Volta do Fiel

- Resgate Vertical
NÓ DE FIXAÇÃO 1% - CBMSC

5
0% - Coletânea de Manuais 26 - CBMSP

Trapa ou Volta sem Tensão

25% - Resgate NFPA 1006- Apresentação

Prússico
NÓ BLOCANTE

- Apostila BPC – CBMES


50% - Resgate Urbano 3ª edição

Machard

6
Health and Safety
Executive:
Resgate Apostila Resgate Manula Resgate NFPA Coletânea de
Industrial Rope
Resumo Vertical BPC - Urbano 3ª Resgate 1006-
Access -
CBMSC Manuais 26 -
2ª edição CBMES edição Vertical 8 Apresentação CBMSP
Investigation into
items of personal
EMENDA
PESCADOR SIMPLES 36% não consta não consta não consta não consta 35 a 40% não consta não consta
PESCADOR DUPLO 21% 25% 25% 44% 25% 30 a 35% 21% 21%
DIREITO COM ARREMATE não consta não consta não consta não consta 19% 15 a 20% 15% não consta
NÓ DE FITA 36% 36% 36% não consta não consta 35 a 45% 36% 36%
ESCOTA DUPLA 21% não consta não consta não consta 36% não consta 35% não consta

FORMADOR DE ALÇA
ASELHA SIMPLES 36% 41% 41% não consta não consta 32 a 42% não consta não consta
ASELHA EM SETE 27% não consta não consta não consta não consta não consta não consta não consta
ASELHA EM OITO 20% 20 a 30% 20 a 30% 30% 20 a 30% 20 a 25% 20% não consta
ASELHA EM NOVE 10% não consta 30% não consta não consta 16 a 32% não consta 30%
ASELHA OITO DUPLO
ALÇADO 18% 18% 18% não consta 18% 23 a 39% não consta 18%
LAIS DE GUIA 33% não consta não consta 48% não consta 26 a 45% não consta não consta
BORBOLETA 25% não consta 31% não consta 31% 28 a 39% não consta não consta

FIXAÇÃO
BOCA DE LOBO 55% não consta 55% não consta não consta não consta 55% não consta
VOLTA DO FIEL 45% não consta não consta não consta 40% 35 a 40% 45% não consta
TRAPA OU VOLTA SEM
TENSÃO 1% não consta não consta não consta não consta não consta 1% 0%

7
BLOCANTE
PRÚSSICO não consta não consta não consta não consta 25% não consta não consta não consta
MACHARD não consta 50% 50% não consta não consta não consta não consta não consta

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