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UNIVERSIDADE PAULISTA

PÓS-GRADUAÇÃO EM AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA

MAURO GOMES BALEEIRO

AVALIAÇÃO DO DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO E


FINANCEIRO DE UM CONTRATO DE EMPREITADA DE
CONSTRUÇÃO DE OBRAS DE SANEAMENTO
ESTUDO DE CASO

BELO HORIZONTE
2021
MAURO GOMES BALEEIRO

AVALIAÇÃO DO DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO E


FINANCEIRO DE UM CONTRATO DE EMPREITADA DE
CONSTRUÇÃO DE OBRAS DE SANEAMENTO
ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Pós-Graduação em Avaliações e Perícias de
Engenharia, Universidade Paulista, como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista.

BELO HORIZONTE
2021
MAURO GOMES BALEEIRO

AVALIAÇÃO DO DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO E


FINANCEIRO DE UM CONTRATO DE EMPREITADA DE
CONSTRUÇÃO DE OBRAS DE SANEAMENTO
ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Pós-Graduação em Avaliações e Perícias de
Engenharia, Universidade Paulista, como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista.

Orientador: Professor André Luiz Daher Vasconcelos

Aprovado em: ____/____/____


Resultado: _______________

BANCA EXAMINADORA:
______________________________________/___/___
Prof.
Universidade Paulista - UNIP

______________________________________/___/___
Prof.
Universidade Paulista - UNIP

______________________________________/___/___
Prof.
Universidade Paulista - UNIP
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho, em primeiro lugar, aos meus queridos pais Jedor e Cecília, que já
não estão mais entre nós, mas que continuam, onde quer que estejam, iluminando o meu
caminho e inspirando as minhas ações e reflexões, e cujo legado de generosidade e sabedoria
resistem ao tempo, pelos exemplos e ensinamentos de amor ao estudo e ao trabalho,
humildade, perseverança e integridade, que estão presentes em toda a minha trajetória de vida.

Dedico ainda este trabalho à minha esposa Raquel e aos meus filhos Maurício, Vitor e
Ighor e às minhas filhas Bárbara e Rafaela, que entenderam, com respeito e generosidade, as
razões da minha ausência do convívio familiar pelos incontáveis fins de semana, ao longo de
mais de dois anos deste curso de pós-graduação.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os mestres que ao longo deste curso contribuíram para a realização
do meu aprendizado e, em particular, ao meu orientador Professor André Luiz Daher
Vasconcelos que gentilmente aquiesceu ao meu pedido de orientação e que foi decisivo para a
consecução deste trabalho acadêmico.

Não poderia deixar de agradecer também a todos os meus colegas da Turma APE1-BH
deste curso, pela intensa e proveitosa troca de experiências e pela confiança e amizade
construídas, ao longo dessa enriquecedora jornada de aprendizagem e networking.
“A tutela ao equilíbrio econômico-financeiro
dos contratos administrativos destina-se a
beneficiar à própria Administração. Se os
particulares tivessem que arcar com as
consequências de todos os eventos danosos
possíveis – mesmo quando inocorressem, o
particular seria remunerado por seus efeitos
meramente potenciais.”

Marçal Justen Filho


RESUMO

O estudo de caso empreendido utilizou as técnicas de avaliações e perícias de engenharia para


apontar se houve desequilíbrio econômico e financeiro em um contrato de empreitada de
construção de obras de saneamento, cuja execução decorreu entre os anos 2001 e 2004, em
que são partes a concessionária de serviços públicos CAEPIRA e a construtora CUSTOSA,
bem como, apurar o eventual saldo contratual devido, atualizado para a data atual. Constatou-
se que por razões devidas a Fatos Típicos da Administração, incluindo alterações de escopo,
atrasos nas entregas de projetos executivos e nas liberações das licenças legais, houve um
considerável atraso no prazo de execução das obras, que inicialmente era de oito meses e
passou, ao final, para 22 meses, dando azo a uma significativa variação de custos, em
desfavor da Contratada, com elevados índices de improdutividade da mão de obra e dos
equipamentos mobilizados. Ocorre que, ao longo do contrato, as Partes firmaram um aditivo
contratual que contemplou as quantidades adicionais resultantes das alterações de escopo e,
por este motivo, a Administração alegou que os eventuais pleitos da Contratada já haviam
sido atendidos. Para a análise dos fatos contratuais e apuração de eventual DEF remanescente,
utilizou-se a metodologia comparativa dos cenários contratuais, preconizada pela Norma
IBAPE 003/2014. Foram inicialmente reunidos todos os documentos disponibilizados pelas
Partes, além de novas informações coletadas por meio de diligências. Apesar dos esforços de
busca, uma parte da documentação relevante restou incompleta. Destarte, a construção dos
cenários contratuais exigiu a combinação de técnicas baseadas no princípio lógico do
nivelamento de recursos de produção, associado a inferências estatísticas, com o objetivo de
reconstruir os histogramas de mão de obra e equipamentos efetivamente utilizados nas obras,
já que nem todos os registros dos Diários de Obras estavam disponíveis para todos os meses.
Comparando os cenários contratuais chegou-se ao resultado do saldo devido a título de DEF,
a valor histórico na data-base contratual. Por fim, foi feita a atualização do saldo devido para
a data atual, utilizando os parâmetros de correção monetária e juros moratórios legais,
aplicáveis ao caso. Esclareceu-se ainda questão relativa à escolha de um terreno para a ETE.

Palavras-chave: Avaliação. Cenários contratuais. Desequilíbrio econômico-financeiro.


Atualização.
ABSTRACT

The case study undertaken used the techniques of Appraisal and Expertise Engineering to
point out whether there was an economic and financial imbalance in a contract for the
construction of sanitation works, the execution of which took place between the years 2001
and 2004, and which Parties are the concessionaire of public services CAEPIRA and the
construction company CUSTOSA, as well as, to determine the possible contractual balance
due, updated to the current date. It was found that for reasons due to typical Facts of the
Administration, including changes in scope, delays in the delivery of executive projects and in
the release of legal licenses, there was a considerable delay in the execution period of the
works, which was initially eight months and passed , in the end, to 22 months, giving rise to a
significant variation in costs, to the detriment of the Contractor, with high levels of
improductive hours of the labor and equipment deployed. It so happens that, throughout the
contract, the Parties signed one contractual amendment that contemplated the additional
quantities resulting from the changes in scope and, for this reason, the Administration claimed
that all the eventual Contractor's requests for compensation had been met. For the analysis of
the contractual facts and determination of any remaining DEF, the comparative methodology
of the contractual scenarios, recommended by the IBAPE Standard 003/2014, was used.
Initially, all documents made available by the Parties were gathered, in addition to new
information collected through due diligence. Despite search efforts, some of the relevant
documentation remained incomplete. Thus, the construction of contractual scenarios required
the combination of techniques based on the logical principle of leveling production resources,
associated with statistical inferences, in order to reconstruct the histograms of labor and
equipment effectively used in the works, since not all records of the Construction Diary were
available for all months. Comparing the contractual scenarios, the result of the balance due as
DEF was reached, at historical value on the contractual base date. Finally, the balance due for
the current date was updated, using the monetary restatement parameters and legal default
interest, applicable to the case. An issue regarding the choice of land for the ETE was also
clarified.

Keywords: Appraisal. Contractual scenarios. Economic and financial imbalance. Due


balance adjustment.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Estrutura do trabalho 18


Figura 2 Medições Mensais Previstas e Curva “S” 27
Figura 3 Planta esquemática de localização dos terrenos Alternativas A e B 61
Gráfico 1 Histórico de atrasos e antecipações de pagamentos das medições 32
Gráfico 2 Comparativo da Receita Mensal Prevista x Real 43
Gráfico 3 Comparativo da Receita Acumulada Mensal Prevista x Real 44
Gráfico 4 Comparativo do Histograma de MOD nos dois Cenários 45
Gráfico 5 Comparativo do Histograma de VME nos dois Cenários 45
Quadro 1 Detalhamento dos Preços por Atividades e Funções Sistêmicas 26
Quadro 2 Histograma de Mão de Obra Direta 27
Quadro 3 Histograma de Veículos, Máquinas e Equipamentos 28
Quadro 4 Composição do BDI 28
Quadro 5 Fórmula para Reajustamento de Preços 29
Quadro 6 Incidência média dos fatores de custos nas obras 29
Quadro 7 Detalhamento do Custo da Planilha “A” – Custo Indireto Previsto 30
Quadro 8 Detalhamento do Custo da Planilha “B” – Custo Direto 30
Quadro 9 Evolução do avanço das obras com base nas medições mensais 31
Quadro 10 Histograma de Mão de Obra Direta conforme RDOs 32
Quadro 11 Histograma de VME conforme RDOs 33
Quadro 12 Resumo do Pleito da CUSTOSA 34
Quadro 13 Principais atores envolvidos no Projeto 37
Quadro 14 Detalhamento do Custo da Planilha “A” – Custo Indireto Real 44
Quadro 15 Histograma de VME – Cenário 2 reconstituído 47
Quadro 16 Histograma de MOD – Cenário 2 reconstituído 48
Quadro 17 Detalhamento do Custo Direto Total de MOD e VME incorrido: Cenário 2 48
Quadro 18 Síntese das Análise realizadas para os três cenários a P0 50
Quadro 19 Períodos de competência para atualização econômico-financeira 53
Quadro 20 Período 1: AEF1 - Atualização econômico-financeira de saldos contratuais 53
Quadro 21 Período 1: AEF2 - Atualização econômico-financeira dos saldos por DEF 54
Quadro 22 Período 1: Resumo da Atualização Econômico-financeira até 30/09/04 55
Quadro 23 Período 2: Índices de atualização monetária IPCA-E e juros moratórios SELIC 57
Quadro 24 Demonstrativo da CUSTOSA para a escolha do terreno da ETE 62
Tabela 1 Metodologia comparativa de cenários contratuais 51
Tabela 2 Quadro para cálculo do Grau de Fundamentação da Avaliação do DEF 58
Tabela 3 Grau de impacto econômico-financeiro sobre o contrato analisado 59
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAT Adutora de Água Tratada


ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AEF Atualização econômico-financeira
ARRASA Agência Regional Reguladora de Águas e Saneamento do Mareião
BDI Bonificação e Despesas Indiretas
CAEPIRA Concessionária de Água e Esgoto do Piraquara S.A.
CAF Certificado de Aceitação Final das Obras
CANETA Câmara de Notáveis Ex-Togados e Árbitros
CAP Certificado de Aceitação Provisória das Obras
COISA Consultoria em Obras de Infraestrutura de Saneamento Ltda.
CT Custo Total
CUSTOSA Construtora União de Serviços Técnicos e Obras de Saneamento S.A.
DEF Desequilíbrio econômico-financeiro
EAT Elevatória de Água Tratada
EB Estação de Bombeamento
ETA Estação de Tratamento de Água
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
FEIA Fundação Estadual do Índio e do Ambiente do Mareião
FIADO Financing for the Inter-American Development Organization
IBAPE Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IESP Instituto de Engenharia de São Paulo
MAT Materiais
MOD Mão de Obra Direta
PV Preço de Venda
RA Reservatório Apoiado
RDAT Rede de Distribuição de Água Tratada
RES Rede de Esgotamento Sanitário
SINAPI Sistema Nacional de Preços e Índices da CEF/IBGE
TCU Tribunal de Contas da União
VME Veículos, Máquinas e Equipamentos
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13
1.1 Contextualização do caso objeto de estudo 13
1.1.1 Da origem da demanda por um expert em avaliações e perícias de engenharia 13
1.1.2 Das obras previstas, processo de contratação e condições de implantação 15
1.1.3 Breve histórico das relações entre as Partes e dos desvios ocorridos 16
1.2 Objetivos gerais da pesquisa 17
1.3 Estrutura do trabalho 18
2 REFERENCIAL TEÓRICO 19
2.1 A Norma IBAPE 003/14 e o Método Comparativo dos Cenários Contratuais 19
2.2 Fontes referenciais complementares para o estudo realizado 21
3 METODOLOGIA 22
4 DESENVOLVIMENTO DA PERÍCIA E APURAÇÃO DO DEF 24
4.1 Levantamento de dados: Pesquisa nos autos e organização das informações 24
4.2 CENÁRIO 1: O Pacto Original das Partes 24
4.2.1 Resumo do Contrato e seus Anexos (assinado após adjudicação em 30/11/2001) 25
4.2.2 Detalhamento dos Preços por Grupos de Atividades do Projeto 26
4,2.3 Cronograma Físico Financeiro e Curva S 27
4.2.4 Histograma de mão de obra direta e veículos, máquinas e equipamentos 27
4.2.5 Composição do BDI e Encargos Sociais 28
4.2.6 Reajustamento de Preços (condição eventual para prazo maior que 12 meses) 28
4.2.7 Estrutura Analítica do Projeto e Incidência dos Fatores de Custos 29
4.2.8 Equação original do equilíbrio contratual 29
4.3 CENÁRIO 2: Medições, pagamentos e recursos mobilizados 31
4.4 Origem da controvérsia e seu encaminhamento para solução por arbitragem 33
4.5 CENÁRIO 2: Dos fatos relevantes levantados relativos ao mérito 36
4.6 Da Análise Pericial e Fundamentação: Comparativo de Cenários Contratuais 43
4.6.1 Análise Gráfica Comparativa da Receita Total Prevista (PV1) x Realizada (PV2) 43
4.6.2 Análise da Variação na Parcela do Custo Indireto 44
4.6.3 Análise da Variação do Custo Direto: Materiais, MOD e VME 45
4.6.4 CENÁRIO 3: Verificação da condição de reequilíbrio contratual a valor P0 49
4.6.5 Cálculo do DEF segundo o modelo da Tabela 1 da Norma IBAPE 003/14 a P0 50
4.6.6 Atualizações econômico-financeiras dos saldos contratuais devidos e desequilíbrio 51
4.7 Grau de Fundamentação e Grau de Impacto 57
4.8 Sobre ingerência indevida das Partes na escolha do terreno da ETE Poço Seco 59
4.8.1 Breve histórico 59
4.8.2 A caracterização dos terrenos: Alternativas A e B 61
4.8.3 A manifestação da CUSTOSA 62
4.8.4 A decisão da Prefeitura 63
4.8.5 A reação da Concessionária CAEPIRA 63
4.8.6 O pleito reconvencional da CAEPIRA 64
4.8.7 A análise pericial sobre o mérito técnico da escolha do novo terreno da ETE 64
5 CONCLUSÃO 65
6 REFERÊNCIAS 66
7 ANEXOS -
13

1 INTRODUÇÃO

O caso estudado pelo autor para a elaboração deste trabalho é derivado de um caso real.
Todavia, intencionalmente, não houve compromisso com a fidedignidade da sua reprodução.
Ao contrário, foram extraídos e reagrupados os fragmentos de realidade mais relevantes,
particularmente com a descaracterização dos seus principais atores reais e a simplificação de
algumas das formalidades do processo pericial, de forma a construir um novo caso para
estudo, adaptado para o contexto e propósito acadêmicos. Portanto, o caso em estudo possui o
seu roteiro próprio, de modo a evidenciar a utilização dos conhecimentos adquiridos pelo
autor ao longo do curso de Pós-graduação em Avaliações e Perícias de Engenharia.

1.1 Contextualização do caso objeto de estudo

1.1.1 Da origem da demanda por um expert em avaliações e perícias de engenharia

Em agosto de 2004, já em situação pré-falimentar, em razão de grandes perdas econômicas e


financeiras advindas da execução de um contrato de empreitada e sem lhes ter dado causa, a
Construtora União de Serviços Técnicos e Obras de Saneamento S.A. (“CUSTOSA”),
notificou a sua Contratante, Companhia de Água e Esgoto do Piraquara S.A. (“CAEPIRA”),
de que entraria com um pedido de solução de controvérsia pela via arbitral, junto à Câmara de
Notáveis Ex-Togados e Árbitros (“CANETA”) regional.

Em sua notificação, a CUSTOSA esclareceu que, depois de cumprir fielmente o contrato e


atender a todas as determinações da Concessionária, foram esgotadas as alternativas
administrativas e amigáveis, na tentativa de demonstrar e justificar a necessidade de reparar
um flagrante desequilíbrio contratual em seu desfavor. Diante disto e, inconformada com as
negativas e a atitude prepotente e unilateral dos prepostos da Contratante, não lhe restava
outra opção senão apelar para o dispositivo contratual previsto para a solução de conflitos,
conforme se extrai:

Condições Gerais de Contratação, Cláusula 26ª – Da Solução de Litígios


26.1. As Partes envidarão todos os esforços para dirimir amigavelmente quaisquer
conflitos oriundos da execução deste Contrato, inclusive por meio de conciliação,
caso prevista nos Dados do Contrato. (grifo do autor)
26.2. Conflitos não dirimidos amigavelmente serão submetidos ao Juízo competente,
de acordo com a legislação aplicável.
Dados do Contrato (Condições Específicas)
14

Cláusula 26ª - O Contrato estará sujeito a conciliação de acordo com o seguinte


procedimento: arbitragem pelo Árbitro indicado pela CANETA regional.

A CAEPIRA respondeu que não poderia concordar com a pretensão da CUSTOSA, tendo em
vista que a designação contratual era para uma solução amigável ou mediante “conciliação”,
que é distinta da “arbitragem”. Mais ainda, segundo um parecer preliminar do seu
Departamento Jurídico, a CAEPIRA alegou que a inexistência de uma “cláusula
compromissória”, específica e mutuamente estabelecida no âmbito do Contrato firmado,
impediria que as eventuais controvérsias fossem diretamente submetidas à arbitragem.

Ademais, a CAEPIRA mostrou-se surpresa com a atitude da CUSTOSA, por considerar que
todas as alterações do escopo contratual, resultando em acréscimos de serviços foram objeto
de ajustes entre as Partes, com a majoração correspondente do valor original do Contrato,
através de aditivo contratual e, destarte, o Contrato já estaria reequilibrado, não havendo
qualquer outra razão subsistente para um novo ajuste.

Seguiu-se uma troca de correspondências, pelas quais os advogados das Partes travaram uma
batalha técnica sobre o instituto da arbitragem, tendo a CAEPIRA, por fim, arguido a
aplicabilidade da arbitragem para o setor público e para as concessionárias de serviço público.
Mais especificamente, a CAEPIRA sustentou que a Lei de Arbitragem 1 era ainda muito
recente e que não estava suficientemente regulamentada e não havia ainda jurisprudência
específica, particularmente, quanto à sua aplicação aos contratos administrativos, que
envolvem o interesse público. Portanto, levantou-se questão de constitucionalidade, para o
esclarecimento da intenção do legislador, e a solução do impasse foi parar no Judiciário e
chegou até aos tribunais superiores, arrastando-se desde 2004 até 2019, com uma decisão final
favorável à CUSTOSA. Instaurou-se, portanto, a arbitragem de direito2, tendo sido nomeado
um árbitro da CANETA regional, Dr. Leonino Raposo, para presidir o procedimento.

Iniciado o procedimento arbitral e ouvidas as alegações iniciais, réplicas e tréplicas das Partes,
entendeu o MM. Juízo Arbitral pela necessidade de nomeação de um expert em avaliações e
perícias de engenharia para apurar: 1) se havia desequilíbrio econômico e financeiro pendente
de ajuste entre as Partes, à luz dos fatos e documentos carreados aos autos pelas Partes; 2)
qual era o saldo devido a título de reequilíbrio econômico-financeiro atualizado à data do

1
Lei nº 9.307 de 23/09/1996: Dispõe sobre a arbitragem; Art. 1º - As pessoas capazes de contratar poderão valer-
se da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.
2
Nos casos que envolvem a administração pública, a arbitragem deve ser necessariamente de direito, conforme o
parágrafo 3º do Art. 1º da Lei 9.307/1996 modificada pela Lei nº 13.129/2015.
15

laudo, se houvesse; 3) esclarecer se houve ingerência indevida das Partes na escolha a cargo
da Prefeitura de Poço Seco de um novo terreno para construção de ETE.

1.1.2. Das obras previstas, processo de contratação e condições de implantação

Em meados de 2001, a empresa Companhia de Água e Esgoto do Piraquara S.A.


(“CAEPIRA”), sociedade de economia mista de controle governamental, concessionária do
serviço de saneamento básico da região do Vale do Rio Piraquara, no Estado do Mareião,
recebeu autorização do Ministério das Regiões Secas para realizar a ampliação da sua rede de
abastecimento de água tratada e esgoto sanitário para atendimento da cidade de Poço Seco,
sob o amparo de um programa de desenvolvimento econômico e social na região em questão,
contando com o apoio de recursos do Financing for the Inter-American Development
Organization (“FIADO”), um organismo multilateral latino-americano provedor de fundos
subsidiados para investimentos sociais, mediante convênio com países membros. O FIADO,
entretanto, por se tratar de organismo multilateral que apoia projetos de investimentos em
países pobres e em desenvolvimento, possui regras muito rígidas e, em geral, estabelece os
padrões técnicos e econômicos mínimos que as obras por ele financiadas devem atender.

Portanto, juntamente com a autorização, a CAEPIRA recebeu uma dotação orçamentária a ser
cumprida, com os respectivos projetos e os padrões a serem atendidos. Com base nestes
parâmetros iniciais, a CAEPIRA propôs ao ministério um plano detalhado de obras, para que
se obtivesse o melhor aproveitamento3 da verba disponível e de forma a proporcionar o maior
alcance social, em termos de benefícios à população a ser atendida, tendo recebido a
respectiva aprovação, com ordem de início imediato de implantação.

Logo em seguida, a CAEPIRA iniciou um processo de licitação pública, cujo edital e anexos
que previam a adesão incondicional dos proponentes aos seus termos e condições,
contemplava a construção por empreitada de preços unitários, das obras do Plano de
Expansão definidas conforme a dotação orçamentária aprovada e com base nos projetos
básicos e especificações técnicas do agente financiador, o FIADO. As propostas dos licitantes
foram recebidas em final de outubro de 2001, seguida de abertura pública, da qual sagrou-se

3
De acordo com o marco legal que regula a concessão da CAEPIRA, os ativos pertencem ao poder concedente e
a concessionária tem o direito de explorar o serviço público por um período de 30 anos. As tarifas para operar e
manter o sistema são reguladas pela agência governamental correspondente.
16

vencedora a CUSTOSA, pelo critério de menor preço, conforme a Lei 8.666/93. Não houve
questionamento ou impugnação do edital pelos licitantes, durante o processo licitatório.

Concluída a fase licitatória e adjudicatória, logo a CAEPIRA convocou a CUSTOSA para a


assinatura do Contrato e início imediato das obras, o que ocorreu em 01/12/2001. O valor total
estimado do Contrato de Empreitada por preços unitários era de R$ 2.250.000,00 (dois
milhões, duzentos e cinquenta mil reais), com prazo total de execução de 8 meses, cujo
escopo era a construção de um Sistema de Captação e Estação de Tratamento de Água (ETA)
na margem do Rio Piraquara, com respectiva estação de bombeamento (EB) e ligação por
uma adutora de água tratada (AAT) até o reservatório apoiado (RA) e construção de rede de
adutoras secundárias e distribuição de água tratada (RDAT) e, também, da rede de
esgotamento sanitário (RES) com respectiva Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) para a
localidade de Poço Seco.

De acordo com o convênio tripartite, firmado entre o órgão financiador FIADO, o Ministério
das Regiões Secas e o Município atendido, ficaria a cargo da municipalidade a definição e a
disponibilização dos terrenos onde seriam construídas as instalações da barragem de captação,
as estações de tratamento e o reservatório elevado, bem como, a eventual faixa de servidão
necessária para as adutoras e o local para a construção da ETE. A CAEPIRA figurava como
interveniente no acordo de convênio, ficando responsável pela Gestão do Projeto de
Implantação e pela Operação e Manutenção das Instalações, depois de concluídas, sendo
remunerada por uma tarifa de serviço público de água e esgoto, sujeita à modicidade tarifária
regulada pela agência correspondente e a ser cobrada dos usuários do sistema.

1.1.3. Breve histórico das relações entre as Partes e dos desvios ocorridos

Anexo ao Contrato de Empreitada e baseado nos documentos de licitação, havia um


cronograma físico financeiro detalhado, que estabelecia claramente a sequência das atividades
construtivas a serem obedecidas pela Contratada, e do qual resultava um histograma mínimo
de disponibilização de recursos de mão de obra e equipamentos, mês a mês, para a execução
do volume de obras contratado. Todavia, para que a Contratada pudesse cumprir tal programa
de atividades, a Contratante diretamente, ou através de terceiros, no caso a projetista, o órgão
licenciador ambiental e a municipalidade, deveriam concomitantemente, cumprir as suas
obrigações, quais sejam, a entrega dos projetos executivos, a liberação das licenças ambientais
e a disponibilização do acesso aos terrenos, livres e desembaraçados, para início das obras.
17

Ocorreu, entretanto, que nenhum desses pré-requisitos foram atendidos nos tempos previstos,
embora a Contratada tenha cumprido sua parte, quanto à mobilização dos recursos de mão de
obra e equipamentos previstos, logo após a ordem de início pleno da Contratante.

Como não poderia ser diferente, as relações entre as Partes sempre foram amistosas e
construtivas, tentando contornar as dificuldades, à medida que se apresentavam. Várias
medidas mitigadoras foram adotadas, como a antecipação de algumas etapas construtivas que
não dependiam de projetos novos ou licenças específicas, a execução de alguns serviços
extras mesmo sem amparo contratual, bem como, a desmobilização parcial do efetivo, por
iniciativa unilateral da Contratada, para a contenção de custos e diante das recorrentes
indefinições da Contratante, que impediam o andamento normal das obras.

A situação chegou a ser caótica e os níveis de improdutividade de mão de obra e


equipamentos eram muito elevados. Ao término do prazo contratual de oito meses avençado,
a Contratada conseguir produzir e faturar apenas 50% do escopo contratado, embora tenha
mobilizado 100% do efetivo necessário, de acordo com as exigências do Contrato. Por razões
diversas que serão adiante detalhadas, houve um acréscimo de escopo de serviços da ordem
de 25%. Todavia, devido aos inúmeros atrasos por culpa da CAEPIRA, o prazo final das
obras foi de 22 (vinte e dois) meses. Portanto, em termos práticos e resumidos, para executar
um escopo de 125%, gastou-se 275% ou quase três vezes o prazo original avençado.

1.2. Objetivos gerais da pesquisa

Como responder às questões formuladas pelo MM. Juízo Arbitral relativas à apuração do
desequilíbrio econômico e financeiro (“DEF”) contratual, à luz dos fatos e documentos dos
autos, utilizando os conhecimentos adquiridos no curso de Pós-graduação em Avaliações e
Perícias de Engenharia? No papel de longa manus4 que compete ao expert de engenharia
como especialista em avaliações e perícias, como aplicar os instrumentos da engenharia legal
para oferecer ao MM. Juízo Arbitral os subsídios técnicos que definam as questões de mérito
e da asserção de direitos ou quantias devidas de uma parte à outra (“quantum debeatur”), de
forma segura e precisa, para a adequada fundamentação da sentença arbitral?

4
“Longa Manus”: O Perito é considerado a “mão alongada” e o homem de confiança do juiz, seu braço direito,
seus olhos e ouvidos, e sempre que o juiz tenha dúvida por determinada matéria vai nomear este profissional;
que de forma honrosa deverá aceitar a nomeação, cumprir com o determinado e emitir seu laudo para que o juiz
consiga dar sua sentença. (Fonte: APEJESP https://www.apejesp.com.br/paginas.aspx?id=49 )
18

O autor acredita que o tema do DEF é recorrente na maioria dos contratos de empreitada,
entretanto, é um assunto muito pouco estudado e difundido no meio acadêmico, razão pela
qual entende que este trabalho possa contribuir para o debate e a construção de conhecimento
a respeito. Depois de cotejar as principais fontes de consulta disponíveis, para reunir os
ensinamentos dos respectivos autores5 e aplicá-los num caso prático, o autor acredita ter
trazido novas perspectivas que acrescentam valor a estas fontes primárias, constituindo-se em
um elemento adicional de consulta e um roteiro prático para novos estudos sobre o tema,
objetivando-se a validação e o contínuo aperfeiçoamento das melhores práticas recomendadas
para a justa e isenta apuração dos DEF em contratos de obras de engenharia.

1.3. Estrutura do trabalho

Após a revisão das fontes bibliográficas mais relevantes para o estudo de caso objeto deste
trabalho, estabeleceu-se um roteiro que define passo a passo a sequência das atividades
periciais e da avaliação do DEF, que se encontra resumido no diagrama da Figura 1 abaixo:

Figura 1 – Estrutura do Trabalho


AVALIAÇÃO DO "DEF" DE UM CONTRATO DE
EMPREITADA DE OBRAS DE SANEAMENTO

RESUMO
INTRODUÇÃO
Contextualização
Objetivo da Pesquisa

REFERÊNCIAL TEÓRICO
Norma IBAPE 003/14
Outras Fontes

PESQUISA EXPLICATIVA COM ESTUDO DE CASO


Levantamento dos Dados
Tratamento e Análise dos Dados
Construção dos Cenários Contratuais
Apuração do DEF: Mérito e Quantum
Grau de Fundamentação
Grau de Impacto
Esclarecimento sobre escolha de um terreno

CONCLUSÃO

Referências
Anexos

5
Destaca-se aqui os estudiosos do assunto e autores de um conjunto de melhores práticas, cujas recomendações
foram reunidas sob a forma de uma norma adotada pelo IBAPE – Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de
Engenharia, como Norma IBAPE 003/2014 para o Cálculo do DEF de Contratos de Obras de Engenharia.
19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Para a adequada fundamentação deste trabalho foi realizada extensa revisão de literatura,
buscando-se reunir o referencial teórico e normativo aplicável ao caso ora em estudo,
notadamente quanto à avaliação de desequilíbrio econômico-financeiro (DEF) de contratos de
obras de engenharia, bem como, realizadas consultas a fontes complementares envolvendo leis,
normas e regulamentos, análise econômica e matemática financeira, práticas orçamentárias,
técnicas estatísticas, além de levantamentos em bancos de dados de preços e indicadores
econômico-financeiros.

Em relação à avaliação de DEF de contratos de obras de engenharia, destaca-se a Norma 003


do IBAPE (2014) e o Parecer Técnico de Tisaka (2011), como as fontes principais e de caráter
seminal, no embasamento deste estudo.

2.1 A Norma 003 do IBAPE (2014) e o Método Comparativo dos Cenários Contratuais

Para a avaliação do DEF de contratos de obras de engenharia, o IBAPE (2014) preconiza o


Método Comparativo dos Cenários Contratuais, que será utilizado para este estudo. Em síntese,
parte-se do CENÁRIO 1 que corresponde à equação básica do equilíbrio contratual, onde
Preço de Venda inicial (PV1) = Custo Total inicial (CT1) + Benefícios e Despesas Indiretas
(BDI), para então, construir a inequação do CENÁRIO 2 (caso de contrato desequilibrado) que
corresponde à situação real, onde PV2 < CT2 + BDI e, por fim, determinar o CENÁRIO 3 para
o reequilíbrio contratual, onde PV3 = CT2 + BDI, com as devidas justificativas e detalhes das
variações dos componentes destas equações, passo a passo.

O DEF corresponderá simplesmente à diferença PV3 – PV2, calculado aos preços da mesma
data-base contratual. Em princípio, os custos unitários do pacto original, que compõem o CT1,
bem como o BDI, salvo alterações estruturais da sua natureza ou especificação ou da
conjuntura do mercado, devem ser mantidos ou retroagidos para a data-base, conforme o caso;
portanto, avalia-se o impacto da variação das quantidades para cada item do objeto contratual.
No caso da mão de obra direta (MOD) e dos veículos, máquinas e equipamentos (VME),
comparam-se as quantidades do histograma da proposta ou do contrato, com a quantidade
efetiva de recursos alocados, conforme anotados em Diário de Obras e validados pela
Fiscalização do Contratante, quando tais informações estão disponíveis. Quando estas
20

informações não estão disponíveis, a Norma prevê que o avaliador pode recorrer à
reconstrução do orçamento do escopo e prazo original (Cenário 1) e do escopo e prazo real
(Cenário 2) utilizando o Método Evolutivo Direto, para enfim compará-los na mesma base de
referência de preços, justificando a sua análise e conclusões.

Em seu preâmbulo, o IBAPE (2014) discorre sobre a caracterização do DEF e do necessário


enquadramento dos fatos nas situações típicas da Teoria da Imprevisão e dos Fatos Típicos da
Administração, que definem o nexo de causalidade entre os atos ou omissões do Contratante e
a ocorrência de ônus excessivo para o Contratado, que justifiquem o pleito de reequilíbrio
contratual, objeto de avaliação e perícia de engenharia. O IBAPE (2014) estabelece ainda os
critérios para cálculo e justificativa do grau de fundamentação6 da avaliação e do grau de
impacto % do DEF em relação à margem de lucro esperada pelo Contratado.

Tisaka (2011) igualmente trata da fundamentação técnica, baseada nos conceitos da engenharia
econômica e de custos, destacando a importância de uma clara e prévia fundamentação legal,
para que se produzam os efeitos da previsão constitucional7 relacionada à manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro dos contratos, a partir das condições efetivas da proposta
original. Mais detalhadamente, Tisaka (2011) especifica uma série de documentos que compõe
a equação econômico-financeira inicial do contrato, dentre eles o edital de licitação e todos os
seus anexos, a proposta de preços e o próprio contrato assinado entre as partes.

Os contratos administrativos são os contratos firmados por particulares com o setor público,
nas esferas federal, estadual e municipal e são regidos pela Lei 8.666/93 – Lei de Licitações e
Contratos. Esta lei estabelece as inúmeras hipóteses de variação de escopo e de prazo dos
contratos, que ensejam a possibilidade de revisão do preço contratual, para fins de reequilíbrio
econômico-financeiro. O Art. 57 - § 1º, define os casos admissíveis de prorrogação de prazos,
assegurada a manutenção do equilíbrio contratual e consonante com a previsão constitucional,
quando não há culpa do Contratado e, particularmente, na ocorrência de: i) alteração do projeto
ou de especificações pela Administração; ii) superveniência de fato excepcional ou
imprevisível, estranho à vontade das partes; iii) interrupção da execução do contrato ou
diminuição do ritmo de trabalho por ordem e interesse da Administração; iv) impedimento de

6
A Norma 003 estabelece sistema de pontuação pelo nível de detalhe da documentação probatória disponível:
Grau de Fundamentação III (ALTA ≥ 70 pontos); II (MÉDIA=40 a 60 pontos) e I (BAIXA ≤30 pontos).
7
O Artº 37 – alínea XXI da Constituição Federal de 1988 prevê que o contrato firmado com a Administração
deve ter cláusulas que assegurem a manutenção das condições efetivas da proposta que lhe der origem.
21

execução do contrato por fato ou ato de terceiro, reconhecido pela Administração; v) omissão
ou atraso de providências por parte da Administração, inclusive quanto aos pagamentos
previstos, entre outros. (TISAKA, 2011)

Ademais, Tisaka (2011) aponta como os índices de produtividade, os custos de mão de obra
produtiva, veículos e equipamentos e da administração da obra são sensíveis ao fator tempo, e
ensina como se devem calcular os efeitos da alteração de prazos sobre os custos diretos e
indiretos de execução das obras ou serviços, de forma a medir o desequilíbrio contratual.

2.2 Fontes referenciais complementares para o estudo realizado

Em relação à análise econômica e à matemática financeira, para os fins de aplicação dos


métodos de cálculo de valor presente, atualização do valor monetário e cálculo de juros
moratórios sobre saldos devidos e lucro cessante, os autores VASCONCELOS (2017) e
ASSAF NETO (2016) foram de grande valia e constituíram-se como fontes de orientação e
consulta obrigatória no desenvolvimento deste trabalho.

Para fundamentar as análises orçamentárias, escolhas e cálculos realizados e suas justificativas


segundo as melhores práticas, bem como, para a definição: (i) da estrutura analítica do projeto;
(ii) histogramas e nivelamento de recursos de produção; (iii) composições analíticas de custos;
(iv) taxas de encargos sociais e (v) abertura de BDI, recorreu-se às publicações do TCU
(2016), IESP (2011) e Mattos (2006), bem como, aos bancos de dados do SINAPI (2020),
IBGE (2020) e do site do Banco Central do Brasil, para o levantamento de séries históricas de
preços e indicadores econômicos conjunturais de mercado.

A utilização dos princípios e técnicas de inferência estatística como elemento auxiliar na


construção dos cenários contratuais foi calcada nos ensinamentos de Ragone (2018) com apoio
da ferramenta padrão de regressão linear em planilha eletrônica do Windows Excel.

Para completar o referencial teórico, há ainda um extenso repositório de leis e regulamentos


objeto de eventual consulta para fins de enquadramento legal ou normativo, quando aplicáveis
para alguns casos particulares, os quais serão devidamente circunstanciados no seu próprio
contexto, com a indicação das respectivas fontes no curso da explanação ou sob a forma de
nota de rodapé.
22

3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho, segundo Bertucci (2008), é do tipo explicativa, pois
tem o intuito de identificar os fatores que determinaram ou contribuíram para a ocorrência de
fenômenos adversos, no caso desvios de custos e prazos, que caracterizam situação de
desequilíbrio econômico-financeiro da relação contratual, de forma a permitir análise de
mérito e o estabelecimento do nexo de causalidade capaz de fundamentar a atribuição de
responsabilidades e a asserção de direitos.

O trabalho utiliza a técnica do estudo de caso de perícia e avaliação do DEF em um contrato


de empreitada de construção de obras de saneamento, entre a concessionária do serviço
público de água e esgoto CAEPIRA e a construtora CUSTOSA, o que requer um estudo
profundo e exaustivo do objeto avaliando, secundado por pesquisa documental necessária
para cotejar todo o acervo probatório constante dos autos do procedimento arbitral em
questão, capaz de reconstruir a realidade fática em todas as suas circunstâncias e eventos
relevantes, seus motivos, causas e efeitos. (BERTUCCI, 2008).

Em relação à forma de abordagem, ainda segundo Bertucci (2008) a pesquisa é de natureza


qualitativa, na medida em considera a relação dinâmica de causa e efeito existente entre o
mundo real e os sujeitos, nos seus respectivos papeis de Contratante e Contratado, vis-à-vis
aos direitos e obrigações pactuados e ao longo do processo de gestão contratual, que se
consubstancia na análise do mérito; ao mesmo tempo, a pesquisa também é quantitativa, já
que se apoia em técnicas estatísticas, quantidades e preços para a construção dos cenários
contratuais, para por fim converter em quantum o mérito apurado, medindo objetivamente o
desequilíbrio econômico-financeiro contratual.

Portanto, a primeira fase do escopo pericial consistirá em reunir todas as informações


relevantes disponíveis e, se necessário, realizar diligências para carrear aos autos as
informações eventualmente faltantes, de maneira a assegurar a robustez do acervo probatório,
necessário para a construção dos cenários contratuais, definidos pelo IBAPE (2014).

Na segunda fase serão construídos os cenários contratuais 1 e 2, segundo a norma.


23

O Cenário 1 deverá refletir o pacto original das partes e a respectiva equação do equilíbrio
contratual inicial, cujos principais componentes são os termos e condições do contrato8 e seus
anexos, com a respectiva planilha de quantidades e preços e o cronograma físico-financeiro
contratual, além das especificações técnicas, histogramas de mão de obra e equipamentos,
composições analíticas dos preços unitários contratuais e a indicação do percentual de BDI,
com respectiva abertura.

O Cenário 2 será construído pelo perito e avaliador a partir das medições mensais dos serviços
efetivamente executados, com respectivos detalhamento de quantidades, além dos registros
dos Diários de Obras em relação ao efetivo de pessoal e equipamentos disponibilizados e de
toda e qualquer ocorrência relevante inerente à execução dos serviços, como eventuais atrasos
do Contratante em relação à entrega dos projetos executivos (se for o caso), atraso na
liberação das licenças ambientais e da entrega do local das obras desimpedido para o seu
início efetivo, alteração de escopo ou especificação no interesse da Administração, atrasos de
pagamentos, condições do tempo e eventos atípicos, entre outros. Eventuais atas de reunião de
planejamento e coordenação e correspondências entre as partes, também são documentos
relevantes a serem levados em consideração pelo perito e avaliador.

A terceira fase será a comparação dos Cenários 1 e 2 e a construção do Cenário 3, tomando-se


os custos efetivos incorridos do Cenário 2 e aplicando-se o BDI do Cenário 1, eventualmente
ajustado se for o caso, e definindo assim a condição de reequilíbrio contratual ou Cenário 3.

Concluídas as análises devidamente justificadas dos cenários e apurado o DEF, na quarta fase
serão compilados o Grau de Fundamentação da Avaliação e o Grau de Impacto do DEF.

No caso, através da conclusão do relatório da análise pericial e emissão do laudo de avaliação,


a explicação técnica do longa manus9, acompanhada da apuração do respectivo quantum10,
será submetida à apreciação do órgão julgador como subsídio para que seja promulgada uma
sentença justa e precisa.

8
Em geral, para os contratos administrativos, tudo se origina de um processo de licitação pública a partir de um
projeto básico e orçamento estimativo para o escopo desejado, para o qual os proponentes ofertam seus preços,
sob a condição de adesão incondicional aos termos do edital, sob pena de desclassificação da sua proposta.
9
Através da sua especialização em um campo específico de conhecimento, o perito e avaliador é considerado o
“braço estendido” (longa manus) do julgador, naquele campo específico.
10
“Quantum debeatur” refere-se à quantia apurada na avaliação correspondente ao saldo devido por uma parte à
outra para o reequilíbrio contratual.
24

4 DESENVOLVIMENTO DA PERÍCIA E APURAÇÃO DO DEF

4.1 Levantamento de dados: Pesquisa nos autos e organização das informações

Realizou-se o levantamento de dados através do estudo dos documentos dos autos, contendo o
termo de arbitragem, as ordens processuais e as manifestações, com respectivo lastro
probatório carreado pelas Partes, relevantes para a análise dos fatos e para a apuração do
eventual desequilíbrio econômico-financeiro (DEF) contratual, objeto desta avaliação.

Procurou-se observar a ordem lógica, preferencialmente a cronologia dos fatos, tanto quanto
possível, para a construção dos cenários contratuais, como recomenda o IBAPE (2014) e,
destarte, extraiu-se do acervo fático disponível todas as informações necessárias para o
atendimento dos requisitos da referida norma, que serão aqui reproduzidas na sequência
correspondente, começando pela construção do Cenário 1, que reproduz o pacto original das
Partes, com todos os elementos definidores da equação do equilíbrio contratual, para, em
seguida, construir-se o Cenário 2, conforme realmente ocorrido, a partir dos registros dos
Diários de Obras, Atas e Correspondências, bem como, dos boletins mensais de medições dos
serviços efetivamente executados, atestadas pela Fiscalizadora da Contratante.

Registra-se ainda que, o Cenário 2 contempla também as alterações de escopo introduzidas


pelo Termo Aditivo nº 1 ao Contrato, firmado por acordo das Partes, em razão de inúmeras
alterações de projetos e especificações e do alcance das obras, para atendimento de interesses
das comunidades locais e das suas lideranças políticas, que serão adiante explicadas.

Por último, o Cenário 3 será construído para restabelecer a equação do equilíbrio estabelecido
no pacto original das Partes, caso de fato se caracterize o DEF em desfavor de uma delas.

4.2 CENÁRIO 1: O Pacto Original das Partes

Os termos legais, as condições comerciais e os elementos econômico-financeiros objetivos


definidores do pacto original das Partes estão consubstanciados nos seguintes documentos:

a) Edital de Licitação e seus anexos contendo:


• Minuta do Contrato com as Condições Gerais e Particulares de Contratação
25

• Planilhas de Quantidades
• Projeto Básico
• Especificações Técnicas de Materiais e Serviços de Construção
• Especificações dos Padrões de Qualidade, Segurança e Meio Ambiente
• Critérios de Medições, Pagamentos e Reajuste de Preços
• Requisitos de Qualificação Técnica Mínima dos Proponentes
b) Contrato e seus anexos firmados pelas Partes contendo:
• Condições Contratuais Gerais e Particulares (Dados do Contrato)
• Planilhas de Quantidades e Preços Unitários e Totais
• Cronograma Físico-financeiro
• Histogramas de Mão de Obra e Equipamentos
• Estrutura Analítica do Projeto e Composições Analíticas de Preços Unitários
• Taxa e Composição do BDI
• Composição dos Encargos Sociais

As informações relevantes desses documentos e pertinentes ao propósito desta demonstração


acadêmica, foram extraídas e reproduzidas resumidamente no corpo deste trabalho, bem
como, também detalhadas nos anexos do presente, a critério do autor, para além de permitir a
adequada compreensão das análises empreendidas, também, instrumentalizar a
fundamentação da avaliação do DEF conforme o IBAPE (2014), disponibilizando os dados
completos das fontes originais correspondentes e possibilitando o seu cotejamento.

4.2.1 Resumo do Contrato e seus Anexos (assinado logo após adjudicação em 30/11/2001)

Objeto Execução de obras de saneamento básico com captação, tratamento,


elevação, adução, estocagem e distribuição de água potável, além de
sistema de coleta e tratamento de esgotos para a localidade de Poço Seco,
em regime de empreitada por preços unitários e conforme planilhas anexas
e Projeto Básico aprovado pelo agente financiador FIADO.
Medições e Medições mensais dos serviços executados aprovadas pela Fiscalização da
Pagamentos CAEPIRA, com pagamento a 30 dias da apresentação das faturas
Prazo de obra 8 (oito) meses a contar da assinatura do Contrato/Ordem de Serviço
Reajuste Preços fixos irreajustáveis em razão de prazo inferior a 12 (doze) meses
Atraso de Em caso de atraso de pagamentos, a Contratante pagará a variação pro-
pagamentos rata die da TR (taxa Referencial) como encargos financeiros pelo atraso
26

Entregar os projetos executivos, as licenças ambientais, o acesso e a posse


Obrigações da
dos locais das obras livres e desembaraçados para início das obras e
Contratante
realizar os pagamentos nos prazos contratuais
Mobilizar os recursos definidos nos respectivos histogramas, obedecer às
Obrigações da Especificações e as Normas Técnicas e de Qualidade, Segurança e Meio
Contratada Ambiente, cumprir o cronograma físico financeiro e atender às
determinações da Fiscalização
Garantias A Contratada entregará apólice de seguro-garantia no valor de 10% do
Contrato em favor da Contratante, para garantia de fiel cumprimento
Retenções A título de garantia adicional, a Contratante reterá 5% de todas as
medições que será devolvido ao término satisfatório das obras
Resolução de Em caso de controvérsia e, após tentativa de resolução amigável, as Partes
controvérsia poderão recorrer ao instituto da arbitragem
Lei aplicável O Contrato será regido pelos dispositivos da Lei 8.666/93.

4.2.2 Detalhamento dos Preços por Grupos de Atividades do Projeto

Quadro 1 – Detalhamento dos Preços por Atividades e Funções Sistêmicas


CONTRATO DE EMPREITADA A PREÇOS UNITÁRIOS ENTRE CAEPIRA E CUSTOSA
PLANILHA DE QUANTIDADES E PREÇOS - DATA-BASE SETEMBRO/2001
PLANILHA A - SERVIÇOS E INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS DE APOIO ÀS OBRAS
TOTAL R$
1. CANTEIRO DE OBRAS, PLACA E ADMINISTRAÇÃO LOCAL unid quant pr. Unit 261.940,00
2. MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO 13.060,00
3. CAMINHOS DE SERVIÇO 90.000,00
TOTAL GERAL ESTIMADO DA PLANILHA "A" 365.000,00
PLANILHA B - FORNECIMENTOS E OBRAS DE SANEAMENTO BÁSICO PARA POÇO SÊCO - ESTADO DO MAREIÃO
1. CAPTAÇÃO FLUTUANTE (Rio Piraquara) 25.080,00
2. ADUTORA DE ÁGUA BRUTA 17.600,00
3. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA 179.540,00
4. CASA DE QUÍMICA 121.400,00
5. ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA 9.000,00
6. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 1 105.240,00
7. RESERVATÓRIO APOIADO R1 - V= 100M3 19.700,00
8. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 2 31.140,00
9. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA TRATADA 534.528,00
10. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA 248.185,60
11. CHAFARIZES (50 unidades) 25.000,00
12. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO 79.700,00
13. REDE COLETORA DE ESGOTO 259.500,00
14. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO 217.686,40
15. EMISSÁRIO 11.700,00
TOTAL GERAL ESTIMADO DA PLANILHA "B" 1.885.000,00

TOTAL GERAL ESTIMADO DO CONTRATO EM R$ 2.250.000,00


Fonte: Elaborado pelo autor, 2021. Extraído da Proposta Vencedora da Licitação disponível nos autos.
27

As Planilhas de Quantidades e Preços completas com todos os detalhes para cada uma das
atividades e funções acima estão disponíveis no ANEXO I deste trabalho.

4.2.3 Cronograma Físico Financeiro e Curva S

Figura 2 – Medições Mensais Previstas e Curva “S”


Medições Mensais Previstas Curva S - Fluxo de Medições
310.000 120,0%
120,0%

300.000
100,0%
100,0%
290.000
80,0%
280.000

270.000 60,0%

260.000
40,0%
250.000
20,0%
240.000

230.000 0,0%
MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 MÊS 7 MÊS 8 MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 MÊS 7 MÊS 8

Fonte: elaborado pelo autor, 2021

O Cronograma Físico Financeiro detalhado para todas as atividades e funções previstas no


objeto contratual está disponível no ANEXO II.

4.2.4 Histograma de mão de obra direta e veículos, máquinas e equipamentos

Quadro 2 – Histograma de Mão de Obra Direta


V_MO1 - CT 01/2001 - MÃO DE OBRA DIRETA - RECURSOS x CUSTOS PREVISTOS PARA EXECUÇÃO DO CONTRATO
HISTOGRAMA DE RECURSOS - ANEXO CONTRATUAL TABELA35
Obra: Poço Sêco MESES SINAPI
Homens x
MAR/02

NOV/02

MAR/03
AGO/02

AGO/03
OUT/02
ABR/02
MAI/02

ABR/03
MAI/03
JUN/02

JUN/03
DEZ/01

FEV/02

DEZ/02

FEV/03

R$/H
JAN/02

JAN/03
SET/02

SET/03

R$/mês
JUL/02

JUL/03

Efetivo: MÃO DE OBRA


Mês

Item set/2001
DIRETA [PARCELA MO1]
c/enc

mês --> 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

1 Serventes 65 66 67 67 67 66 65 64 527 581,43 2,64


2 Pedreiros 3 3 3 3 3 3 3 3 24 906,82 4,12
3 Carpinteiros 1 1 1 1 1 1 1 1 8 906,82 4,12
4 Armadores 1 1 1 1 1 1 1 1 8 906,82 4,12
5 Bombeiros 2 2 2 2 2 2 2 2 16 912,15 4,15
6 Eletricista 0 0 1 1 1 1 1 1 6 906,82 4,12
7 Pintor 0 0 0 0 0 0 0 0 0 912,15 4,15
8 Almoxarife 1 1 1 1 1 1 1 1 8 923,33 4,20
9 Operador de Máquinas 5 5 5 5 5 5 5 5 40 1031,42 4,69
10 Motorista 3 3 3 3 3 3 3 2 23 738,84 3,36
11 Apontador 1 1 1 1 1 1 1 1 8 917,40 4,17
12 Vigia 2 2 2 2 2 2 2 2 16 583,00 2,65
13 Encarregado 5 5 5 5 5 5 5 5 40 1577,08 7,17
14 Mestre 2 2 2 2 2 2 2 2 16 3323,21 15,11
15 Supervisor (fiscal) 2 2 2 2 2 2 2 2 16 3323,21 15,11
16 Engenheiro de Produção 1 1 1 1 1 1 1 1 8 5306,40 24,12
17 Engenheiro Gestor 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7260,00 33,00
18 Cozinheira 0 0 0 0 0 0 0 0 0 528,57 2,64
TOTAL PESSOAL 94 95 97 97 97 96 95 93 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 764
TOTAL HH
81.016,24
81.597,67
83.085,91
83.085,91
83.085,91
82.504,49
81.923,06
80.602,79

656.902

CUSTO MENSAL DA MÃO 168.080


0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00
0,00

DE OBRA DIRETA R$/HH


3,9083
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021
28

Quadro 3 – Histograma de Veículos, Máquinas e Equipamentos


V_VE1 - CT 01/2001 - VEICULOS, MÁQS. E EQUIPAMENTOS - RECURSOS x CUSTOS PREVISTOS PARA EXECUÇÃO DO CONTRATO
HISTOGRAMA DE RECURSOS - ANEXO CONTRATUAL Fonte: Planilha de ref.
Obra: Poço Sêco MESES CAEPIRA SET/2001

Maqs/mês
PRÓPRIO x
Efetivo: Veículos, Máqs e

MAR/02

NOV/02

MAR/03
Próprio ou R$/mês

AGO/02

AGO/03
LOCAÇÃO

OUT/02
ABR/02

ABR/03
MAI/02

MAI/03
JUN/02

JUN/03
DEZ/01

FEV/02

DEZ/02

FEV/03
JAN/02

JAN/03
SET/02

SET/03
JUL/02

JUL/03
Locação R$/ locação
Item Equipamentos [PARCELA mês sem comb c/comb e
VE1] e sem operad operadr

mês --> 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Ri/p -> 0,64


1 Caminhão Basculante P 1 1 1 1 1 1 1 1 8 1.277,28 2.002,00
2 Caminhão c/ Carroceria P 2 2 2 2 2 2 2 2 16 3.509,02 5.500,00
3 Caminhão Guinhco (Munck) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6.316,23 9.900,00
4 Caminhão Pipa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3.509,02 5.500,00
5 Automóvel S 1 1 1 1 1 1 1 1 8 1.276,01 2.000,00
6 Retrosescavadeira P 2 2 2 2 2 2 2 2 16 2.386,13 3.740,00
7 Trator de esteira A 1 1 1 1 1 1 1 1 8 7.298,76 11.440,00
8 Betoneira P 2 2 2 2 2 2 2 1 15 210,54 330,00
9 Vibrador A 2 3 3 3 3 3 3 2 22 558,64 875,60
10 Compactador A 4 5 5 5 5 5 5 4 38 238,61 374,00
11 Bomba Submersa 0 0 0 0 0 0 0 0 0 238,61 374,00
12 Gerador P 1 1 1 1 1 1 1 1 8 1.242,19 1.947,00
13 Escavadeira 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7.298,76 11.440,00
14 Compressor P 1 1 1 1 1 1 1 1 8 1.242,19 1.947,00
15 Pá Carregadeira 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7.018,04 11.000,00
16 Cj Motobomba P 1 2 2 2 2 2 2 2 15 240,85 377,50
TOTAL VME 18 21 21 21 21 21 21 18 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 162
CUSTO MENSAL E CUSTO TOT.HxM
1365,07

221.142
26.860
27.898
27.898
27.898
27.898
27.898
27.898
26.891

MÉDIO MÁQ./MÊS DE 35.640


0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
VEÍCULOS, MÁQUINAS E R$HxM
EQUIPAMENTOS 6,2049

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

4.2.5 Composição do BDI e Encargos Sociais

Quadro 4 – Composição do BDI


COMPOSIÇÃO DO BDI DAS OBRAS
SIGLA DESCRIÇÃO %
AC Administração Central 7,00%
AL Administração Local ¹
S+G Seguros e Garantias 0,62%
R Contingência para Riscos 1,50%
DF Despesas Financeiras 0,99%
L Lucro Bruto 8,00%
I Impostos (3,65% Pis/Cofins + 2,5% ISS) 6,15%

BDI% 26,81%
( ¹) Administração Local está separada na Planilha A como custo indireto a ser medido
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

O percentual médio e a respectiva composição dos encargos sociais aplicados aos salários dos
funcionários da CUSTOSA para a composição dos preços unitários estão detalhados no
ANEXO III e consideram uma jornada semanal de 44 horas e uma média de 5 horas extras
semanais por funcionário, resultando em um percentual total de 142,46%.

4.2.6 Reajustamento de Preços (condição eventual em caso de prazo maior que 12 meses)
29

Mesmo sem eficácia em relação à condição original contratada, por prudência, o Contrato
prevê uma fórmula paramétrica para fins de reajustamento de preços, na eventualidade de que
por algum motivo o prazo total ultrapassasse o período de 12 (doze) meses:

Quadro 5 – Fórmula para Reajustamento de Preços

FÓRMULA DE REAJUSTAMENTO DE PREÇOS

P = P0 * [ (α * M / M0) + (β * MO / MO0) + (γ * VE / VE0) ]

P e P0 = Preço ou parcela do contrato reajustada e preço ou parcela na data-base do contrato, respectivamente

α = Índice de incidência média dos custos dos materiais conforme EAP do Projeto

β = Índice de incidência média dos custos de mão de obra conforme EAP do Projeto

γ = Índice de incidência média dos custos de veículos, máquinas e equipamentos conforme EAP do Projeto

M e M0 = Índice do INCC - Coluna 2 - Materiais publicados pela FGV, no mês do reajuste e no mês da data-base, respectivamte

MO e MO0 = Índice do INCC - Coluna 1 - Mão de Obra publicado pela FGV, no mês do reajuste e no mês da data-base, respect

VE e VE0 = Ìndice do IPA-DI - Coluna 13 - Véculos, Máqs e Equipamentos da FGV, no mês do reajuste e no mês da data-base

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

4.2.7 Estrutura Analítica do Projeto e Incidência dos Fatores de Custos

A estrutura analítica do projeto definida a partir das composições analíticas dos preços
unitários e quantidades estimadas do Contrato estão demonstradas no ANEXO IV tendo
resultado as seguintes incidências médias dos fatores de custos:

Quadro 6 – Incidência média dos fatores de custos nas obras


Materiais diretos e insumos MOD - Mão de obra direta VME¹ – Veículos, equip.

Fator α = 0,409 Fator β = 0,442 Fator γ = 0,149

Obs.: ¹ A composição de custos considera a regra do SINAPI Sistema Nacional de Preços e Índices da
CEF/IBGE pela qual os custos dos operadores estão incluídos na mão de obra direta e os custos dos
combustíveis e lubrificantes estão incluídos como materiais.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

4.2.8 Equação original do equilíbrio contratual

De acordo com o IBAPE (2014), a equação inicial do equilíbrio contratual é assim definida:

Preço de Venda Total = PVT = Custo Total x (1 + BDI%)


30

Ao mesmo tempo, de acordo com a Planilha Resumo Geral mostrada acima no Quadro 1
acima, temos que o Preço de Venda total é:

PVT = PLANILHA A + PLANILHA B = R$ 365.000,00 + R$ 1.885.000 = R$ 2.250.000,00

Portanto, o Custo Total = CT = PVT / (1+ BDI%) e como o BDI = 26,81% (Quadro 4 acima)
então o Custo Total também pode ser expresso como:

CT = [PLANILHA A / (1+ BDI%)] + [PLANILHA B / (1+ BDI%)] = CTA + CTB

e, logo, CTA = 365.000 / 1,2681 = 287.832,19 e CTB = 1.885.000 / 1,2681 = 1.486.475,83

sendo que, conforme a Planilha Resumo do Quadro 1 e o ANEXO I, o custo da Planilha A


pode ser detalhado da seguinte forma:

Quadro 7 – Detalhamento do Custo da Planilha “A” – Custo Indireto Previsto


Item/descrição unid quant Preço unit Custo unit Custo total R$
Canteiro de obras de placas Gl 1 21.300,00 16.796,78 16.796,78
Administração Local e apoio logístico mês 8 30.080,00 23.720,53 189.764,21
Mobilização e desmobilização Gl 1 13.060,00 10.298,87 10.298,87
Caminhos de serviço Km 12 7.500,00 5.914,36 70.972,32
TOTAL CTA1 287.832,19
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

Quadro 8 – Detalhamento do Custo da Planilha “B” – Custo Direto


Item/descrição PVB CTB Distribuição por incidência dos fatores
Planilha “B” - Venda 1.185.000 Materiais MOD VME
BDI% 1,2681 Fator α = Fator β = Fator γ =
0,409 0,442 0,149
Planilha “B” - Custo 1.486.473,06 608.429,05 656.901,99 221.142,02
Quant. de recursos¹ 168.080 HH 35.640 HM
Custo médio unitário¹ R$ 3,9083/HH R$ 6,2049/HM
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021. ¹ Fonte: Quadros 2 e 3 acima

Portanto, podemos reescrever a equação matemática do equilíbrio original do Contrato, assim:


INDIRETO MATERIAIS MOD VME
PVT = [ CTA + ( α * CTB + β * CTB + γ * CTB ) ] * (1+ BDI%) ou

R$ 2.250.000,00 = [ 287.832,19 + 608.429,05 + 656.901,99 + 221.142,02 ] * 1,2681023

A alteração unilateral de qualquer um dos membros desta equação dará origem a uma
inequação, com quebra do pacto original e ocorrência de DEF em desfavor de uma das partes.
31

4.3 CENÁRIO 2: Medições, pagamentos e recursos mobilizados

Pelos dados compilados a partir da pesquisa nos autos, ao longo de 22 (vinte e dois) meses
que correspondeu ao período do andamento da gestão contratual e execução das obras,
conforme comprovado pelas respectivas medições de serviços atestadas pela Fiscalização da
CAEPIRA, com início em Dez/2001 e término em Set/2003, resulta o seguinte a valor P0:

Quadro 9 – Evolução do avanço das obras com base nas medições mensais
HISTÓRICO DE MEDIÇÕES E PAGAMENTOS (A preço fixo/irreajustável)
Período de Valor da Medição Avanço¹ Avanço Pagtos²
Mês Acumulado
medição R$ % % Atraso (dias)
1 dez/01 33.332,39 1,5% 33.332,39 1,5% 3,0
2 jan/02 56.934,31 2,5% 90.266,70 4,0% -9,0
3 fev/02 79.833,06 3,5% 170.099,76 7,6% 7,0
4 mar/02 273.643,52 12,2% 443.743,28 19,7% -13,0
5 abr/02 169.085,02 7,5% 612.828,30 27,2% -10,0
6 mai/02 88.112,79 3,9% 700.941,09 31,2% -24,0
7 jun/02 231.083,70 10,3% 932.024,79 41,4% 31,3
8 jul/02 197.870,77 8,8% 1.129.895,56 50,2% 37,0
9 ago/02 100.062,93 4,4% 1.229.958,49 54,7% 37,0
10 set/02 207.697,86 9,2% 1.437.656,35 63,9% 15,1
11 out/02 14.853,23 0,7% 1.452.509,58 64,6% 16,0
12 nov/02 77.612,63 3,4% 1.530.122,21 68,0% -6,0
13 dez/02 98.903,34 4,4% 1.629.025,55 72,4% -37,0
14 jan/03 172.784,81 7,7% 1.801.810,36 80,1% -3,0
15 fev/03 111.528,10 5,0% 1.913.338,46 85,0% 9,0
16 mar/03 95.349,45 4,2% 2.008.687,91 89,3% 15,0
17 abr/03 120.672,49 5,4% 2.129.360,40 94,6% 9,2
18 mai/03 247.413,38 11,0% 2.376.773,78 105,6% 0,2
19 jun/03 113.711,85 5,1% 2.490.485,63 110,7% 111,6
20 jul/03 37.797,33 1,7% 2.528.282,96 112,4% -24,0
21 ago/03 100.934,82 4,5% 2.629.217,78 116,9% -32,0
22 set/03 183.282,22 8,1% 2.812.500,00 125,0% 50,3
¹ % em relação ao escopo original; ² Dias contados do vencimento da fatura. Nº negativo = antecipação
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Conforme se percebe no Quadro 9 acima, houve um acréscimo de escopo de 25% em relação


à condição do pacto original e um acréscimo de prazo de 8 para 22 meses, ou seja, 14 meses
adicionais. Destaca-se ainda, que ao término do prazo original de 8 meses, o Contratado havia
executado o volume de serviços correspondente a apenas 50,2% do escopo original. Em
relação aos pagamentos das faturas relativas às medições mensais dos serviços, nota-se que
houve atraso, mas também houve antecipações, resultando em uma situação muito próxima de
fluxo de caixa “neutro”, quando olhado no período total do contrato. Entretanto, houve
pontualmente, em relação à Medição nº 19 de junho/2003, um atraso de quase 4 (quatro)
meses. No Gráfico 1 apresenta-se o histórico de atrasos e antecipações de pagamentos.
32

Gráfico 1 – Histórico de atrasos e antecipações de pagamentos das medições


150
140
130 Sequência dos Pagamentos (Acumul.):
120
110 Prazo Previsto (30d) x Real
100
90 ATRASO
80
70
60 ANTECIPAÇÃO
50
40
30
20
10
0
-10
-20

Acumulado de Eventos de Pagamento de 1 a 44 (Lote 1)

30d Atraso ou antecip

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Em relação aos recursos de mão de obra direta de produção, bem como, veículos, máquinas e
equipamentos mobilizados e mantidos pelo Contratado no curso das obras, segundo os
registros dos Relatórios Diários de Obras (RDO) atestados pela Fiscalização do Contratante,
constata-se o seguinte (Quadros 10 e 11 abaixo):

Quadro 10 – Histograma de Mão de Obra Direta conforme RDOs


MO1 - CT 01/2001 - MÃO DE OBRA DIRETA - RECURSOS x CUSTOS INCORRIDOS NA EXECUÇÃO DO CONTRATO
DIÁRIOS DE OBRA OBS.: Os Diários de Obras dos meses de Abril e Novembro de 2002 e Janeiro, Julho, Agosto e Setembro de TABELA35
Obra: Poço Sêco 2003 não foram disponibilizados pelas Partes no autos, sendo dados como extraviados ou desaparecidos SINAPI
Homens x
MAR/02

NOV/02

MAR/03
AGO/02

AGO/03
OUT/02
ABR/02
MAI/02

ABR/03
MAI/03
FEV/02

JUN/02

FEV/03

JUN/03
DEZ/01

DEZ/02

R$/H
JAN/02

JAN/03
SET/02

SET/03

R$/mês
JUL/02

JUL/03

Efetivo: MÃO DE OBRA


Mês

Item set/2001
DIRETA [PARCELA MO2]
c/enc

mês --> 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

1 Serventes 41 57 57 65 64 73 96 96 72 57 52 47 47 64 64 47 999 581,43 2,64


2 Pedreiros 5 5 3 3 9 5 6 6 6 5 5 7 7 9 9 3 93 906,82 4,12
3 Carpinteiros 0 0 0 0 2 2 2 2 3 2 2 2 2 2 2 2 25 906,82 4,12
4 Armadores 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 14 906,82 4,12
5 Bombeiros 4 4 2 2 2 3 2 2 2 2 2 1 1 2 2 2 35 912,15 4,15
6 Eletricista 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 14 906,82 4,12
7 Pintor 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 912,15 4,15
8 Almoxarife 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 17 923,33 4,20
9 Operador de Máquinas 4 4 4 5 2 6 5 5 2 2 1 2 2 2 2 1 49 1031,42 4,69
10 Motorista 1 3 3 3 2 5 5 5 2 3 2 2 2 2 2 2 44 738,84 3,36
11 Apontador 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 20 917,40 4,17
12 Vigia 1 1 2 2 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 19 583,00 2,65
13 Encarregado 4 6 6 6 7 8 8 8 5 4 4 7 7 7 7 0 94 1577,08 7,17
14 Mestre 1 2 2 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 9 3323,21 15,11
15 Supervisor (fiscal) 2 2 3 3 2 3 3 3 2 3 3 3 3 2 2 1 40 3323,21 15,11
16 Engenheiro de Produção 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 16 5306,40 24,12
17 Engenheiro Gestor 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7260,00 33,00
18 Cozinheira 3 3 3 2 11 528,57 2,64
TOTAL PESSOAL 67 87 86 95 0 114 134 134 101 85 77 0 78 0 78 99 99 99 66 0 0 0 1499
TOTAL HH
1.025.173
42.358,00
58.610,00
58.427,00
66.468,00

75.070,00
98.039,00
98.039,00
73.487,00
58.374,00
53.266,00

48.767,00

48.767,00
65.950,00
65.950,00
65.950,00
47.651,00

VALOR DO CUSTO
329.780
0,00

0,00

0,00

0,00
0,00
0,00

MENSAL DA MÃO DE
R$/HH
OBRA DIRETA
3,1087
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021
33

Quadro 11 – Histograma de VME conforme RDOs


VE1 - CT 01/2001 - VEIC, MÁQS. E EQUIPAMENTOS - RECURSOS x CUSTOS INCORRIDOS NA EXECUÇÃO DO CONTRATO
DIÁRIOS DE OBRA OBS.: Os Diários de Obras dos meses de Abril e Novembro de 2002 e Janeiro, Julho, Agosto e Setembro de Fonte: Planilha de ref.
Obra: Poço Sêco 2003 não foram disponibilizados pelas Partes no autos, sendo dados como extraviados ou desaparecidos CAEPIRA SET/2001

Maqs/mês
PRÓPRIO x
Efetivo: Veículos, Máqs e

MAR/02

NOV/02

MAR/03
Próprio ou R$/mês

AGO/02

AGO/03
LOCAÇÃO

OUT/02
ABR/02

ABR/03
MAI/02

MAI/03
JUN/02

JUN/03
DEZ/01

FEV/02

DEZ/02

FEV/03
JAN/02

JAN/03
SET/02

SET/03
JUL/02

JUL/03
Locação R$/ locação
Item Equipamentos [PARCELA mês sem comb c/comb e
VE2] e sem operad operadr

mês --> 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Ri/p -> 0,64


1 Caminhão Basculante P 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 15 1.277,28 2.002,00
2 Caminhão c/ Carroceria P 1 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 22 3.509,02 5.500,00
3 Caminhão Guinhco (Munck) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 6.316,23 9.900,00
4 Caminhão Pipa 0 0 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 16 3.509,02 5.500,00
5 Automóvel S 1 1 2 2 2 3 3 3 2 2 2 2 2 3 3 3 36 1.276,01 2.000,00
6 Retrosescavadeira P 4 4 5 6 6 5 4 3 2 2 2 2 2 1 1 1 50 2.386,13 3.740,00
7 Trator de esteira A 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7.298,76 11.440,00
8 Betoneira P 0 0 0 1 1 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 35 210,54 330,00
9 Vibrador A 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 16 558,64 875,60
10 Compactador A 10 11 11 11 11 11 11 5 5 5 5 5 5 5 5 5 121 238,61 374,00
11 Bomba Submersa 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 19 238,61 374,00
12 Gerador P 0 0 0 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 21 1.242,19 1.947,00
13 Escavadeira 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7.298,76 11.440,00
14 Compressor P 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11 1.242,19 1.947,00
15 Pá Carregadeira 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 7.018,04 11.000,00
16 Cj Motobomba P 0 0 0 0 0 3 3 3 3 3 3 3 3 0 0 0 24 240,85 377,50
TOTAL VME 18 21 24 28 0 28 34 33 25 23 23 0 23 0 23 23 20 20 20 0 0 0 386
CUSTO MENSAL E CUSTO TOT.HxM
1249,71

482.389
17.513
22.538
29.709
37.057

37.057
36.066
33.680
36.673
34.854
34.854

34.854

34.854
34.854
19.275
19.275
19.275
MÉDIO MÁQ./MÊS DE 84.920
0

0
0
0
VEÍCULOS, MÁQUINAS E R$HxM
EQUIPAMENTOS 5,6805

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

Nota-se que há lacunas na sequência dos registros dos Diários de Obras para os meses de abril
e novembro de 2002 e janeiro, julho, agosto e setembro de 2003, para os quais não foi
possível compilar os dados originais, atestados pela Fiscalização. Entretanto, conforme se
extrai do Quadro 9, há registro de produção e medição de serviços nestes mesmos meses e,
logo, não é plausível a hipótese de que não houve efetivo de mão de obra direta e veículos e
equipamentos trabalhando nesses meses.

4.4 Origem da controvérsia e seu encaminhamento para solução por arbitragem

Consta que, logo após o término das obras, dizendo-se em situação econômico-financeira
insustentável e já quase pré-falimentar, a empreiteira CUSTOSA tentou pela via amigável
sensibilizar a sua Contratante CAEPIRA, no sentido de reparar um colossal prejuízo
acumulado ao longo da execução do Contrato, decorrentes, segundo ela, de incontáveis atos e
omissões da Administração, notadamente causadores de seguidos atrasos nas obras e do
incurso em elevada improdutividade dos recursos mobilizados para o cumprimento do seu
objeto contratual. Em seu pleito formulado em maio de 2004, a CUSTOSA anexou um
demonstrativo dos seus prejuízos e dizendo-se disposta a uma negociação, tendo como base o
seguinte:
34

Quadro 12 – Resumo do Pleito da CUSTOSA


Custo médio
Meses Custo total
Discriminação mensal dos
adicionais¹ adicional R$
recursos
Administração Local e apoio logístico² 23.720,53 10 237.205,30
Mão de obra direta³ 82.112,75 10 821.127,50
Veículos, máquinas e equipamentos³ 27.642,75 10 276.427,50
Serviços adicionais não medidos (Mat.2ª Cat)⁴ - - 193.476,03
Reajuste de medições após 12 meses⁴ - - 147.754,24
Liberação da retenção de 5% com reajuste⁴ - - 144.196,56
Encargos financeiros⁵ 3% - A APURAR
SUBTOTAL SEM BDI
BDI 26,81% - - 487.996,47
VALOR TOTAL EM MAIO/2004 2.308.183,60
Obs.: ¹ Computado o prazo total de obra de 22 meses, menos 8 meses do prazo original e menos 4 meses do
Aditivo 1; ² Vide Quadro 7; ³ Vide Quadro 8; ⁴ Vide demonstrativo no ANEXO VI; ⁵ A apurar / negociar.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

A CAEPIRA, por seu turno, manifestou estranheza quanto ao pleito absurdo e extemporâneo
da CUSTOSA, representando mais de 100% do valor original do Contrato e tendo em vista
que as Partes firmaram o Termo Aditivo nº1 ao Contrato, pelo qual, no entendimento da
CAEPIRA, todos os custos adicionais haviam sido contemplados.

Inconformada com a indiferença e inflexibilidade da CAEPIRA, a CUSTOSA não teve outro


recurso senão a tentativa de promover a solução da controvérsia pela via arbitral, com base
em dispositivo previsto em Contrato, tendo notificado a sua Contratante dessa intenção, em
agosto de 2004, sugerindo a utilização da câmara arbitral regional da CANETA. Em
contranotificação, a CAEPIRA tentou dissuadir a CUSTOSA alegando que também havia
sido prejudicada e que, caso o processo fosse adiante, haveria um pleito reconvencional.
Ademais, alegou a CAEPIRA de que nada havia para arbitrar em favor da CUSTOSA e que a
arbitragem implicaria em gastos inúteis, além de que, era ainda questionável a aplicação da
Lei de Arbitragem para empresas públicas, visto tratar-se de lei muito recente e não ainda
devidamente regulamentada, inexistindo jurisprudência específica a respeito.

Em favor da sua tese, a CAEPIRA trouxe princípios jurídicos para minimizar o fato de que a
solução arbitral estar prevista no Contrato firmado entre as Partes, alegando que, todavia,
havia sido um equívoco, e que as condições do edital de licitação foram influenciadas pelo
órgão financiador multilateral, que adota regras internacionais, mas de pouco uso no Brasil.
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Além do mais, não havia no Contrato uma cláusula compromissória específica, com a
definição da câmara arbitral e das regras do processo, o que demandaria um novo acordo entre
as Partes e, por estes motivos, não teria como anuir com tal pretensão da CUSTOSA.

Essa negativa, levou a CUSTOSA a recorrer à Justiça comum, apresentando as suas razões
para fazer valer a previsão contratual e obrigar a CAEPIRA a acatar e anuir ao procedimento
arbitral. Em razão do questionamento levantado pelos patronos da CAEPIRA sobre a eventual
inaplicabilidade da lei de arbitragem no Brasil para o setor público, esse processo percorreu
todas as instâncias do Judiciário Brasileiro, ao longo de mais de 15 anos, indo parar no STF11.
Pelo que consta, a CAEPIRA utilizou-se de todos os recursos e expedientes protelatórios
disponíveis, mas ao final teve que acatar a decisão judicial favorável à CUSTOSA. A
sentença judicial confirmou a indicação da câmara regional da CANETA, com respectivo
regulamento, e, também, já nomeou o Árbitro Único, Dr. Leonino Raposo, para presidir o
procedimento arbitral e resolver a contenda.

Firmado o Termo de Arbitragem em set/2019 e iniciado o procedimento, coube à CUSTOSA


em sua exordial apresentar ao Juízo Arbitral as suas razões e provas, finalizando com o
pedido de ressarcimento de prejuízos no valor de R$ 2.308.183,60 mais os respectivos
encargos financeiros a serem apurados, conforme resumido no Quadro 12 acima. Em sua
defesa, além de refutar as razões da CUSTOSA com base no aditivo contratual antes firmado,
a CAEPIRA contra-atacou com uma peça reconvencional e suas provas, alegando que teria
havido o aumento dos custos de operação e manutenção do sistema de água e esgoto de Poço
Seco, inclusive com impacto nas tarifas, portanto, lesiva ao interesse da coletividade de Poço
Sêco, em razão de culpa da CUSTOSA. Segundo a CAEPIRA, a CUSTOSA teria agido de
forma irresponsável, quando inquirida pela Prefeitura de Poço Seco, por apresentar uma
recomendação com justificativa técnica enganosa e oportunista, para aumentar o seu
faturamento, que induziu a Prefeitura à escolha equivocada de um novo terreno, para fins de
desapropriação, para a localização e construção da Estação de Tratamento de Esgotos e
respectivo emissário, o que será detalhado mais adiante, devendo em razão disto devolver aos
cofres públicos a quantia de R$ 5.550.000,00. Seguiram-se outras manifestações das Partes,
mas que, todavia, não trouxeram fatos ou provas novas.

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O STF Supremo Tribunal Federal é a corte máxima do Brasil e que tem competência para esclarecer a respeito
de questões de constitucionalidade e cujas decisões têm repercussão geral, como jurisprudência.
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Após analisar as razões e os documentos arrolados pela Partes aos autos, o Árbitro Único
percebeu que haviam questões técnicas específicas e complexas para serem esclarecidas, que
demandavam o conhecimento de um expert, perito e avaliador de engenharia. Destarte,
determinou às Partes que o escolhessem por consenso, no prazo de 15 (quinze) dias, caso
contrário, o mesmo seria escolhido pelo Tribunal Arbitral, por sorteio, dentre os peritos
associados do IBAPE e cadastrados na câmara regional da CANETA, na especialidade de
engenharia civil. Por fim, através de uma ordem processual, o Juízo Arbitral nomeou o Perito
de consenso das Partes, no caso, este autor, solicitando às Partes que apresentassem os seus
quesitos técnicos, bem como definiu mais precisamente o objeto da perícia:

i) Avaliar qual é o valor do desequilíbrio econômico-financeiro (DEF) remanescente


do Contrato, se houver, considerando o quanto já contemplado no Termo Aditivo nº1;

ii) Esclarecer e apontar se houve falha técnica ou evidências de desvirtuamento ou


influência indevida de qualquer das Partes na escolha de terreno a ser desapropriado
pela Prefeitura de Poço Seco para a localização e construção da ETE.

4.5 CENÁRIO 2: Dos fatos relevantes levantados relativos ao mérito

Com base na pesquisa realizada nos autos (fls. 0001 a 2701) e em diligências posteriores junto
às Partes, depois de decorridos mais de 15 (quinze) anos do término e entrega das obras, a
perícia constatou o seguinte cenário:

a) Todo o acervo probatório disponível nos autos, havia sido carreado pela Parte
Requerente e, mesmo assim, apesar do esforço empreendido pelo perito em diligências
junto às Partes, algumas deficiências, como o desaparecimento de parte dos Diários de
Obras, não puderam ser sanadas; a Requerida alegou que, em razão do tempo
decorrido, das sucessivas administrações e mudança do local da sede da companhia,
toda a documentação relativa ao Contrato havia sido perdida ou destruída;

b) Inquiridas sobre se teria havido conhecimento prévio das Partes de eventuais


circunstâncias que poderiam ser impeditivas para o início e bom andamento das obras,
e que ensejassem eventuais ressalvas na sua Ordem de Início, ambas as Partes
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responderam, por escrito, que a Ordem de Início emitida pela Contratante,


concomitante com a assinatura do Contrato, fora plena e irrestrita;

c) De acordo com o mapeamento realizado pela perícia, os principais atores envolvidos e


suas responsabilidades na execução do empreendimento objeto do Contrato de
Empreitada entre CAEPIRA e CUSTOSA estão representados no Quadro 13 abaixo:

Quadro 13 – Principais atores envolvidos no Projeto

FIADO
Orgão Financiador
CONVÊNIO DE
CRÉDITO

MINISTÉRIO DAS
REGIÕES SECAS

CONVÊNIO TRIPARTITE
DEPARTAMENTO CONCESSIONÁRIA PREFEITURA
DE CONCESSÕES ÁGUA E ESGOTO MUNICIPAL DE
DE PROJETOS CAEPIRA POÇO SECO

PROJECA FEIA
Projetista Orgão Licenciador
COISA ARRASA
Fiscalizadora Orgão Regulador

CONTRATO DE EMPREITEIRA
EMPREITADA CONTRATADA
CUSTOSA

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Os papéis e responsabilidades desses atores eram:


FIADO – Organismo internacional e multilateral de financiamento de projetos de
desenvolvimento econômico e social nos países membros;
MINISTÉRIO DAS REGIÕES SECAS – Órgão federal representante do Brasil em
convênio de crédito junto ao FIADO para o desenvolvimento das regiões secas;
DEPARTAMENTO DE CONCESSÕES DE PROJETOS – Órgão ligado ao
Ministério das Regiões Secas, representante do Poder Concedente, para concessão de
serviços públicos e repassador de recursos federais para novos projetos de
abastecimento de água e saneamento de grande alcance econômico e social;
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CAEPIRA – concessionária regional de serviço público de água e esgoto, controlada


pelo Governo do Mareião, executora, operadora e mantenedora do projeto de
abastecimento de água e rede de esgoto de Poço Seco;
PREFEITURA MUNICIPAL DE POÇO SECO – Responsável pela
disponibilização em comodato dos terrenos para construção da ETA, ETE, EAB/EAT
e Reservatório Apoiado, além da liberação da faixa de servidão das adutoras, redes de
distribuição de água, rede coletora e emissário de esgotos, de acordo com a
necessidade do projeto e sob a orientação técnica da CAEPIRA. Em contrapartida, os
valores correspondentes aos custos evitados pelos terrenos aportados, seriam abatidos
proporcionalmente das tarifas dos serviços públicos, em benefício da população local.
FEIA – Fundação Estadual do Índio e do Ambiente, órgão vinculado ao Governo do
Mareião, responsável pelo licenciamento e fiscalização ambiental do projeto;
ARRASA – Agência Regional Reguladora de Águas e Saneamento, responsável pelo
controle do uso das águas, pelo controle da qualidade do serviço público das
operações das concessionárias e pela regulação e modicidade das tarifas dos serviços
públicos de água e esgoto, que são cobrados dos usuários consumidores;
PROJECA – Projetos de Engenharia Civil e Arquitetura Ltda., empresa vencedora da
licitação da CAEPIRA para executar o projeto executivo das instalações. Pelas
informações do site da empresa, ela foi fundada em 2001 e este teria sido o seu
primeiro projeto.
COISA – Consultoria para Obras de Infraestrutura de Saneamento S.A., empresa
vencedora da licitação da CAEPIRA para a fiscalização das obras do projeto e
aprovação das medições, com larga experiência em projetos de saneamento;
CUSTOSA – Construtora União de Serviços Técnicos e Obras de Saneamento S.A.,
empresa vencedora da licitação da CAEPIRA para a execução das obras de
implantação do projeto, no regime de empreitada por preços unitários. Pelas
informações disponíveis, a CUSTOSA era uma empreiteira de médio porte, resultante
da fusão de duas construtoras menores, e com mais de 20 anos de experiência em
obras correlatas.

d) Do primeiro relatório de acompanhamento das obras, emitido em Jan/2002 pela


Fiscalizadora COISA para a CAEPIRA, extrai-se que:
- Menos da metade das obras puderam ser iniciadas como previsto, em razão de
atrasos na liberação de projetos executivos pela PROJECA, atrasos na obtenção das
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licenças ambientais junto à FEIA e atrasos na liberação de terrenos e servidões pela


Prefeitura; ademais, as obras de construção de chafarizes e da ETE Poço Seco foram
suspensas pela CAEPIRA e não deveriam ser iniciadas, até segunda ordem;
- Para melhor aproveitar os recursos já mobilizados pela CUSTOSA e evitar ou
diminuir a sua ociosidade, foram antecipadas de comum acordo algumas etapas das
obras que seriam executadas mais à frente, na sequência lógica de construção;
- Em razão da sua grande experiência em obras de saneamento, a COISA alertou a
CAEPIRA de que a qualidade dos projetos executivos liberados às pressas pela
PROJECA era sofrível, pois não estavam sendo revisados, e continham alguns erros
primários, que potencialmente poderiam causar retrabalhos;
- A COISA chamou a atenção da CAEPIRA para o fato de, segundo o Projeto Básico
do FIADO, nem todas as residências que seriam atendidas pelo abastecimento de água
tratada, teriam a contrapartida de coleta de esgotos, devendo, nesses casos, ser
mantido o sistema de fossas sépticas existente;
- Mais importante, todavia, a COISA alertou a CAEPIRA de que o Projeto Básico
licitado conforme os padrões do financiador FIADO, apresentava um processo manual
de dosagem de reagentes na Casa de Química já ultrapassado, de baixa confiabilidade,
mais barato para construir, porém, com elevados custos operacionais e de manutenção;

e) Descobriu-se posteriormente, mediante consulta ao site da FEIA sobre o licenciamento


ambiental do projeto e conforme a Ata da Audiência Pública obrigatória realizada na
sede do Município de Poço Seco, em outubro/2001, o seguinte:
- Na apresentação do Projeto de Abastecimento de Água Tratada e Coleta de Esgoto
realizada pela CAEPIRA à comunidade de Poço Seco houve inúmeros protestos e
reclamações da audiência; alguns vereadores e lideranças de bairros alegaram que o
atendimento dos bairros de periferia com chafarizes era uma medida discriminatória,
que poderia funcionar na África, mas não no Brasil, e exigiram água encanada nas
suas casas; havia ainda grande preocupação da comunidade em saber onde seria
localizada a ETE, tem em vista a questão do mau cheiro exalado pelos biodigestores,
que poderia incomodar os moradores;
- A Prefeita de Poço Seco, muito acuada, comprometeu-se a fazer gestões junto à
CAEPIRA, ao Governo Estadual e ao Ministério das Regiões Secas no sentido atender
aos reclamos da comunidade, e que a localização da ETE ainda estava em estudo e
que, oportunamente, seria informada à população;
40

f) Ainda no site da FEIA, descobriu-se que na emissão da Licença Prévia, foram


estabelecidas algumas condicionantes ambientais a serem atendidas no Plano Básico
Ambiental da CAEPIRA para o devido licenciamento, dentre elas, a necessidade de
dimensionar toda a rede coletora de esgotos e respectiva ETE de forma a permitir que
todas as residências atendidas pela rede de água tratada, também pudessem optar entre
a coleta canalizada e tratamento dos seus esgotos, ou a manutenção da sua fossa
séptica, podendo exercer tal opção a qualquer tempo; ainda, em relação à vistoria dos
terrenos que seriam disponibilizados pela Prefeitura, concernente aos interesses
históricos e culturais, a FEIA delegou à Secretaria Municipal de Meio Ambiente local
para que antes da liberação da posse do terreno à CUSTOSA, no início de cada obra,
realizasse a correspondente varredura para certificar-se da inexistência de objetos de
interesse arqueológico e que os laudos correspondentes deveriam ser enviados à FEIA.

g) Em novembro/2001, a Prefeita de Poço Seco enviou ofício à CAEPIRA solicitando a


revisão do Projeto Básico para substituição de chafarizes por água encanada para as
famílias que deles se utilizariam, devendo-se considerar em média, até 20 famílias
atendidas por cada chafariz, segundo os levantamentos da Prefeitura. Na ocasião,
informou também a localização dos terrenos disponíveis, alguns já públicos e outros a
desapropriar, para cada uma das instalações do sistema, conforme o Projeto Básico
informado;

h) Conforme o relatório de acompanhamento das obras pela Fiscalizadora, em


fevereiro/2002, diante dos alertas da COISA, das exigências ambientais da FEIA e das
pressões da comunidade de Poço Seco, consta que a CAEPIRA decidiu suspender a
execução do projeto executivo e das obras da ETA e da Casa de Química, da ETE e
dos chafarizes, para novos estudos e adequações de engenharia e econômicas;

i) Em comunicado lacônico à CUSTOSA, constante dos autos, a CAEPIRA informou


que estaria realizando alguns ajustes de projetos que resultariam em acréscimos no
escopo contratado, portanto, eventual improdutividade pelos atrasos ocorridos, seria
compensada pelo aumento do volume das obras; além disso, apesar de alguns atrasos
pontuais nos pagamentos devido a questões burocráticas nos repasses do órgão
federal, já havia solicitado ao Ministério e ao FIADO a suplementação de verbas em
41

25% permitida pela Lei 8.666, de forma a assegurar a continuidade e conclusão do


projeto, com o atendimento dos anseios de todos os envolvidos;

j) A Requerente anexou aos autos, um ofício recebido da Prefeitura de Poço Seco em


abril/2002, acompanhando documentação técnica com dados cadastrais e
georreferenciamento de dois terrenos, marcados como Alternativa A e Alternativa B,
no Município de Poço Seco, como sendo possíveis alternativas para a nova localização
da ETE. No ofício a Prefeita de Poço Seco historiava que o terreno inicialmente
cogitado não atenderia ao redimensionamento da ETE diante das exigências
ambientais da FEIA e, então, dois novos terrenos foram procurados e identificados
como Alternativas “A” e “B”, cuja escolha deveria ser fundamentada; o terreno “A”
era púbico, mas estava cedido em comodato a um terceiro e o terreno “B” deveria ser
desapropriado. Mesmo reconhecendo que a CUSTOSA não teria nenhum tipo de
obrigação com relação a tal escolha, a Prefeita entendeu que cada terreno, em função
das particularidades da sua localização, teria grande impacto no custo das obras, em
função das distâncias da rede coletora principal até a ETE e do respectivo emissário de
esgoto tratado, razão pela qual a manifestação técnica da CUSTOSA, como
empreiteira experiente e especializada nesse tipo de obra, seria muito relevante para
que a Prefeitura consolidasse a sua decisão, considerando que já teria recebido a
manifestação da CAEPIRA recomendando a Alternativa A, com as suas razões
técnicas. A descrição técnica das duas alternativas, a manifestação da CUSTOSA e
suas razões e a decisão final da Prefeitura serão objeto de um capítulo específico, mais
adiante;

k) Há inúmeros registros nos Diários de Obras pela Contratada, cobrando da Contratante


as definições e entregas de projetos, as licenças ambientais e os locais das obras livres
e desimpedidos; a CAEPIRA sempre respondeu com medidas paliativas e com a
promessa de que todas as pendências seriam resolvidas, em poucos dias; em
01/06/2002, faltando dois meses para encerrar o prazo original, a CUSTOSA notificou
a CAEPIRA de que vinha sustentando uma operação deficitária ao longo de seis
meses, inclusive já com tomada de empréstimos a bancos para não atrasar salários e
que não suportaria mais manter o efetivo de pessoal e equipamentos mobilizados, sem
a contrapartida de produção e medição originalmente previstos, e que a partir daí
iniciaria a desmobilização gradual do seu efetivo;
42

l) Além disso, após o decurso de 12 meses do início das obras, portanto, a partir de
set/2002, a Requerente CUSTOSA passou a reclamar da Requerida CAEPIRA, através
de sucessivas cartas, o reajustamento das medições mensais, com base na fórmula
contratual; a CAEPIRA sempre respondeu que o reajuste não era previsto em contrato
e não havia verba suficiente para tal, mas que o assunto já havia sido levado ao
conhecimento do Ministério e do FIADO para deliberações a respeito;

m) Deduz-se que todas as alterações de projetos, realizadas no interesse da


Administração e da comunidade local, quais sejam, a substituição dos chafarizes por
extensão da rede de abastecimento, a nova Casa de Química com dosagem
automatizada, o redimensionamento da rede de esgotos e da ETE, com nova
localização e emissário mais longo, desaguaram no Termo Aditivo nº 1 (detalhado no
ANEXO V), o qual foi finalizado em dez/2002, segundo os autos, com data retroativa
a 01/08/2002, tendo resultado em um acréscimo de 25% sobre o total do Contrato
original, a valores históricos, e prazo adicional de quatro meses, e com novo prazo
final em 31/12/2002; ocorre que, a despeito das negociações do novo valor e novo
prazo, as pendências técnicas e sobretudo o equacionamento dos recursos
suplementares de responsabilidade da CAEPIRA, inclusive para os reajustes, não
foram totalmente resolvidos, de sorte que ao termino desse novo prazo apenas 68%
das obras puderam ser concluídas, tendo havido também o represamento de medições
por falta de recursos para pagamento, conforme se depreende do Quadro 9 – Histórico
de Medições e Pagamentos acima; consta, ainda, que a aprovação final da verba
adicional de 25% pelo FIADO somente ocorreu em fev/2003 e os repasses efetivos
desses recursos também atrasaram;

n) A perícia se deteve também em analisar, particularmente, o desempenho do


Contratado, quanto à eventual imperícia, imprudência, negligência ou qualquer outro
ato, falha ou fato que desabonasse a sua conduta ou indicasse má qualidade, mau
desempenho ou descumprimento das suas obrigações contratuais e que pudessem ter
concorrido para a improdutividade e os atrasos das obras; na exposição de motivos que
encaminhou o Termo Aditivo nº 1 para aprovação, o Gerente do Contrato historiou
todos os percalços enfrentados, isentando o Contratado de qualquer responsabilidade;
ademais, não foram encontradas evidências de aplicação de penalidades por atraso ou
mesmo de qualquer notificação de advertência a respeito, em todo o período das obras;
43

o) Pode-se concluir que os atores envolvidos no projeto, pelo lado da Administração, no


afã de levar adiante o projeto de maneira célere e, talvez, pressionados por interesses
políticos, licitaram o projeto sem uma análise crítica mais detalhada do projeto básico
padrão mínimo do FIADO e subestimaram as dificuldades que enfrentariam. Portanto,
pela análise dos fatos ocorridos após a apresentação da proposta e consoante ao item 7
da Norma IBAPE 003/2014, conclui-se que há mérito técnico e procedência do pleito
da Requerente por onerosidade excessiva, em decorrência dos sucessivos atrasos nas
obras enquadrados no grupo de eventos imprevisíveis, de álea extraordinária, alheios
ao controle e à vontade do Contratado, e atribuíveis a Fatos Típicos da Administração,
no caso à Contratante CAEPIRA. (IBAPE, 2014)

4.6 Da Análise Pericial e Fundamentação: Comparativo dos Cenários Contratuais

Em obediência à Metodologia Comparativa dos Cenários Contratuais, preconizada pela


Norma IBAPE 003/2014, particularmente nos seus itens 9 e 11.2.1, discorre-se a seguir sobre
os achados da análise pericial e a compilação dos quadros demonstrativos do Grau de
Fundamentação e Grau de Impacto do DEF, conforme segue:

4.6.1 Análise Gráfica Comparativa da Receita Total Prevista (PV1) x Realizada (PV2)

Apresenta-se nos Gráficos 2 e 3 abaixo os valores das medições mensais e os valores


acumulados mensais (Curva “S”) previstos x realizados, todos a valor da data-base contratual:

Gráfico 2 – Comparativo da Receita Mensal Prevista x Real

350.000,00

300.000,00

250.000,00

200.000,00

150.000,00

100.000,00

50.000,00

0,00

Realizado Previsto

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.


44

Gráfico 3 – Comparativo da Receita Acumulada Mensal Prevista x Real


3.000.000,00
25% ACRÉSCIMO
Medições Acumuladas: DE ESCOPO
2.500.000,00
Previsto x Real
2.000.000,00

1.500.000,00

1.000.000,00 175%
50% ACRÉSCIMO DE
PRAZO
500.000,00

0,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Com base nos dados compilados tem-se que a Receita Total (PV) para cada Cenário é:
CENÁRIO 1 → PREÇO DE VENDA PROPOSTO = PV1 = R$ 2.250.000,00
CENÁRIO 2 → PREÇO DE VENDA RECEBIDO = PV2 = R$ 2.812.500,00

4.6.2 Análise da Variação na Parcela do Custo Indireto

Analisando o Gráfico 3 acima, nota-se que o prazo total das obras se estendeu por 22 meses,
conforme as medições atestadas pela Fiscalização da CAEPIRA, com acréscimo de 14 meses
em relação ao prazo original de oito meses. Analisando o detalhamento da Planilha “A” do
Contrato, do Quadro 7 acima, relativa aos itens do Custo Indireto, tem-se que a única parcela
variável com o tempo de execução das obras é a Administração Local e apoio logístico, cujo
custo mensal de R$ 23.720,48 deverá ser mantido para o Cenário 2.

Logo, o custo indireto total real a valores históricos da data-base é detalhado no Quadro 14:

Quadro 14 – Detalhamento do Custo da Planilha “A” – Custo Indireto Real


Item/descrição unid quant Preço unit Custo unit Custo total R$
Canteiro de obras de placas gl 1 21.300,00 16.796,75 16.796,75
Administração Local e apoio logístico mês 22 30.080,00 23.720,48 521.850,62
Mobilização e desmobilização gl 1 13.060,00 10.298,85 10.298,85
Caminhos de serviço km 12 7.500,00 5.914,35 70.972,19
TOTAL CTA2 619.918,41
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021
45

Portanto, a variação o custo indireto a valores históricos da data-base é de:

Δ CTA = CTA2 – CTA1 = R$ 619.918,41 – R$ 287.832,19 = R$ 332.086,22

4.6.3 Análise da Variação do Custo Direto: Materiais, MOD e VME

De acordo com a definição do item 11.1 – “a” – Modelo Matemático por Valor/Hora-Médio
da Norma IBAPE 003/2014, comparamos inicialmente os dados dos Histogramas de Mão de
Obra Direta (MOD) e Veículos, Máquinas e Equipamentos (VME), mensais acumulados, em
termos de quantidades médias de Homens x Mês e Máquinas x Mês, para os Cenários 1
(Original) e 2 (Realizado), resultando os Gráficos 4 e 5 abaixo:

Gráfico 4 – Comparativo do Histograma de MOD nos dois Cenários


160
140
Histograma MOD - Comparativo Previsto x Real
120 ?
? ?
100
80 ?
60
40
20
0

Realizado Previsto

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

Gráfico 5 – Comparativo do Histograma de VME nos dois Cenários


40
Histograma VME - Comparativo Previsto x Real
35
30 ?
? ?
25
?
20
15
10
5
0

Realizado Previsto

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021


46

Conforme já destacado anteriormente, em razão do desaparecimento de parte dos Diários de


Obras, há lacunas na sequência dos dados dos histogramas em alguns meses. Apesar de não
estarem disponíveis os dados do efetivo de MOD e VME, houve produção e foram atestadas
medições de serviços pela Fiscalização da Requerida, portanto, não é plausível a hipótese de
efetivo zero, nestes meses.

Para o saneamento das lacunas existentes e a reconstrução completa dos histogramas de


recursos de MOD e VME no Cenário 2, utilizando-se das melhores práticas da engenharia de
avaliações, orçamentos e custos, propõe-se a utilização do menor valor resultante dos
seguintes critérios, pela ordem:

a) Critério 1 - NIVELAMENTO DE RECURSOS: Se há registro em RDO do total de


recursos R dos meses n-1 e n+1, então o valor desconhecido de “Rn” será igual a [(Rn-
1) + (Rn+1)] / 2
b) Critério 2 - INFERÊNCIA ESTATÍSTICA POR REGRESSÃO LINEAR: Admite-se
que há uma relação direta entre o efetivo de pessoal e equipamentos disponíveis e a
produção realizada no mês, aferida pelo valor da medição naquele mês, sujeito a um
coeficiente médio de produtividade. Certamente, efetivo zero é igual a produção zero.

Em relação ao Critério 1 acima, Mattos (2010, pgs. 240 a 244) nos ensina que:

“Uma solução ideal... deve ser buscada para distribuir mais razoavelmente os investimentos e
otimizar a quantidade de recursos alocados. O desenvolvimento dessa solução é conhecido
como nivelamento de recursos. O nivelamento de recursos é o processo de suavização do
histograma que gera uma distribuição mais uniforme. Busca-se por meio do nivelamento
atenuar grandes oscilações no histograma, tornando-o mais plano. O procedimento básico do
nivelamento é intuitivo e direto — consiste em “deslizar" as atividades não críticas dentro de
seu limite de folga e buscar a condição de melhor uniformidade da quantidade de recursos
requeridos em cada instante. (grifo nosso)

A grande utilidade do nivelamento é que possibilita ao planejador trabalhar com um número


relativamente uniforme de recursos por dia. Empregar 10 carpinteiros por 1 dia, depois cair
para 4 e logo em seguida subir para 12 é impraticável. Isso é traumático para o projeto e exige
complicada administração de recursos. Tratando-se de equipamento, o cenário piora. Basta
pensar no grande e dispendioso trabalho de logística que é mobilizar e desmobilizar
equipamentos sucessivas vezes.”
47

Pelo Critério 2, ainda que possa haver pequenas distorções de produção e produtividade
média de um mês para outro, ou represamento de medições, sabe-se que através da equação
da reta definida pela regressão linear, para a totalidade do período em análise, há uma
tendência de aplainar estas variações pontuais, admitido o nível de confiança desejado. Assim,
pode-se utilizar esse método adotando-se um redutor de 0,95 (margem de segurança de 5%
arbitrada) sobre o valor correspondente à reta de inferência, com a certeza de estar muito
próximo da realidade e sem o risco de prejudicar a Parte Requerida, já que o ônus da prova é
da Requerente.

Segue no Quadro15 a reconstituição dos histogramas de MOD e VME com os critérios acima:

Quadro 15 – Histograma de MOD – Cenário 2 reconstituído


RECONSTITUIÇÃO DO Nivelamto Regressão Adotado
RDO
HISTOGRAMA DE MOD Recursos Linear x0,95 menor valor
Mês Medições Efetivo em Homens x Mês
1 dez/01 33.332,39 67 67
2 jan/02 56.934,31 87 87
3 fev/02 79.833,06 86 86
4 mar/02 273.643,52 95 95
5 abr/02 169.085,02 0 105 94 94
6 mai/02 88.112,79 114 114
7 jun/02 231.083,70 134 134
8 jul/02 197.870,77 134 134
9 ago/02 100.062,93 101 101
10 set/02 207.697,86 85 85
11 out/02 14.853,23 77 77
12 nov/02 77.612,63 0 78 82 78
13 dez/02 98.903,34 78 78
14 jan/03 172.784,81 0 78 95 78
15 fev/03 111.528,10 78 78
16 mar/03 95.349,45 99 99
17 abr/03 120.672,49 99 99
18 mai/03 247.413,38 99 99
19 jun/03 113.711,85 66 66
20 jul/03 37.797,33 0 - 77 77
21 ago/03 100.934,82 0 - 85 85
22 set/03 183.282,22 0 - 96 96
TOTAL DE HOMENS x MÊS RECONSTITUÍDO 2007
TOTAL DE HOMENS x HORAS (@220 Hs/mês) 441.540
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

Portanto, reconstituiu-se o histograma de MOD para o período total de 22 meses, atribuindo


aos registros indisponíveis dos meses de abril e novembro/2002 e janeiro, julho, agosto e
setembro de 2003, o menor valor entre os Critérios 1 e 2 acima, sendo que para o Critério 2
foi adotado um redutor de 0,95, isto é, uma margem de segurança adicional de 5%.
48

Quadro 16 – Histograma de VME – Cenário 2 reconstituído


RECONSTITUIÇÃO DO Nivelamto Regressão Adotado
RDO
HISTOGRAMA DE VME Recursos Linear x0,95 menor valor
Mês Medições Efetivo em Máquinas x Mês
1 dez/01 33.332,39 18 18
2 jan/02 56.934,31 21 21
3 fev/02 79.833,06 24 24
4 mar/02 273.643,52 28 28
5 abr/02 169.085,02 0 28 24 24
6 mai/02 88.112,79 28 28
7 jun/02 231.083,70 34 34
8 jul/02 197.870,77 33 33
9 ago/02 100.062,93 25 25
10 set/02 207.697,86 23 23
11 out/02 14.853,23 23 23
12 nov/02 77.612,63 0 23 22 23
13 dez/02 98.903,34 23 23
14 jan/03 172.784,81 0 23 24 23
15 fev/03 111.528,10 23 23
16 mar/03 95.349,45 23 23
17 abr/03 120.672,49 20 20
18 mai/03 247.413,38 20 20
19 jun/03 113.711,85 20 20
20 jul/03 37.797,33 0 - 20 20
21 ago/03 100.934,82 0 - 22 22
22 set/03 183.282,22 0 - 24 24
TOTAL DE MÁQUINAS x MÊS RECONSTITUÍDO 522
TOTAL DE HORAS x MÁQUINAS (@220 Hs/mês) 114.840
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

No Quadro 16, o mesmo foi feito para a reconstituição do histograma de VME para 22 meses.

Reconstituídos os histogramas para o período total do CENÁRIO 2, procedeu-se ao cálculo


dos CUSTOS DIRETOS TOTAIS de MOD e VME, a partir dos custos médios horários
correspondentes do Homem-Hora (HH) e da Hora-Máquina (HM), já calculados nos Quadros
10 e 11, aplicados às quantidades totais reconstituídas dos Quadros 15 e 16 acima, cujo
resumo segue abaixo no Quadro 17:

Quadro 17 – Detalhamento do Custo Direto Total de MOD e VME incorrido: Cenário 2


Item/descrição Conforme HISTOGRAMAS (RDOs)
Custo Direto – Planilha “B2” Referência MOD VME
Quant. de recursos ajustada Quadros 14 e 15 441.540 HH 114.840 HM
Custo médio unitário Quadros 10 e 11 R$ 3,1087/HH R$ 5,6805/HM

CUSTO DIRETO TOTAL R$ 1.372.596,54 652.350,09


Fonte: Elaborado pelo autor, 2021
49

Comparando-se os custos médios unitários de MOD (R$/HH) e VME (R$/HM) do Quadro 8


(CENÁRIO 1) e Quadro 17 (CENÁRIO 2) verifica-se que houve uma redução no custo médio
unitário. Conforme se observa dos Quadros 2 e 3 (CENÁRIO 1) e Quadros 10 e 11
(CENÁRIO 2), foram mantidos INALTERADOS todos os custos unitários individualmente
de cada categoria profissional da mão de obra direta, bem como, para os veículos e
equipamentos, conforme prescreve a Norma IBAPE 003/2014. Entretanto, a redução no custo
médio unitário final decorre da variação no “mix” de recursos, em função do acréscimo de
escopo do Termo Aditivo nº 1 e do processo gradual de desmobilização do efetivo de
produção, ao longo de 22 meses, que é distinto da condição do pacto original de oito meses.

4.6.4 CENÁRIO 3: Verificação da condição de reequilíbrio contratual a valor P0

No item 4.2.8 acima, definiu-se a equação do equilíbrio original do Contrato, como segue:

INDIRETO MATERIAIS MOD VME BDI

R$ 2.250.000,00 = [ 287.832,19 + 608.429,05 + 656.901,99 + 221.142,02 ] * 1,2681023

Após a análises e demonstrações com base nos cálculos realizados, tem-se que houve uma
variação dos elementos da equação original de forma desuniforme ou desbalanceada, a saber:

+25% +115% +25% +109% +195% +0%

PV2 INDIRETO MATERIAIS MOD VME BDI

R$ 2.812.500,00 < [ 619.918,41 + 758.671,37 + 1.372.596,54 + 652.350,09 ] * 1,2681023

Donde se origina a inequação:

PREÇO DE VENDA RECEBIDO PV2 < CUSTO TOTAL INCORRIDO + BDI


R$ 2.812.500,00 < R$ 4.316.032,56

A condição para o reequilíbrio do pacto contratual a valor P0 é, portanto, aquela em que o


preço de venda PV3 seja IGUAL ao custo total incorrido mais o BDI% original acordado.

Segue no Quadro 18 o resumo das análises realizadas para os três cenários definidos pela
Norma IBAPE 003/2014:
50

Quadro 18 – Síntese das Análise realizadas para os três cenários a P0


CONTRATO 01/2001 - CAEPIRA CUSTOSA Empreitada a Preços Unitários para Construção do Sistema de Água e Esgoto de Poço Seco

DIAGRAMA RESUMO DOS CENÁRIOS CONTRATUAIS

CENÁRIO 1 - PACTO ORIGINAL

PV1 = PREÇO DE VENDA DO CONTRATO


2.250.000
CENÁRIO 2 "COMO REALIZADO" = RECEITA
Planilha A Planilha B - OBRAS
365.000 1.885.000 PV2 = RT = RECEITA TOTAL / MEDIÇÕES¹
Coeficientes 2.812.500
EAP -> α 0,409 β 0,442 γ 0,149
PVMAT PVMOD PVVME Planilha B2 = RECEITA OBRAS¹
771.550 833.019 280.431 2.327.180
Coeficientes¹
BDI 26,81% BDI 26,81% BDI 26,81% BDI 26,81% PLANILHA A2 α 0,413 β 0,441 γ 0,146
CIND1 CDMAT1 CDMOD1 CDVME1 PVIND2 PVMAT2¹ PVMOD2 PVVME2
287.831,65 608.429,05 656.901,99 221.142,02 485.320,00 962.072,96 1.026.297,24 338.809,80

CENÁRIO 3 = CONTRATO REEQUILIBRADO


CENÁRIO 2 "COMO REALIZADO" = CUSTOS
CIND2 CDMAT2 CDMOD2 CDVME2
+BDI 26,81% +BDI 26,81% +BDI 26,81% +BDI 26,81% CUSTO DIRETO DAS OBRAS CONFORME
PLANILHA A
786.120,00 962.072,96 1.740.592,91 827.246,69 MEDIÇÕES E DIÁRIOS DE OBRAS

EQUAÇÃO DO EQUILÍBRIO CONTRATUAL CUSTO INDIRETO¹ MATERIAIS¹ VME MDO


CIND2 CDMAT2 CDMOD2 CDVME2
PV3 = CT A2 x ( 1+ BDI ) + [ (CT MAT2 + CT MOD2 + CT VME2) x (1 + BDI ) ]
619.918,41 758.671,37 1.372.596,54 652.350,09
PREÇO DE VENDA EQUILIBRADO*
4.316.032,56

(*) A PREÇOS UNITÁRIOS FIXOS ORIGINAIS DO CONTRATO (SEM REAJUSTE) ¹ Aditivo 2 / ANEXO V
FONTE / REF.: METODOLOGIA DA NORMA IBAPE 003/2014

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021

Nota-se que no Cenário 2, com o acréscimo no escopo de serviços em 25%, objeto do Termo
Aditivo 1, houve uma pequena variação nos índices de incidência dos fatores de custos α, β e
γ para materiais, mão de obra direta e veículos e equipamentos, respectivamente. Por seu
turno, conforme detalhado nos Quadros 7 e 14 acima, o custo indireto variou de R$
287.831,65 (Cenário 1) para R$ 619.918,41 (Cenário 2) em razão da dilação de prazo das
obras de 8 para 22 meses, pelos motivos já esclarecidos. Os custos da mão de obra direta e de
veículos e equipamentos variaram de R$ 656.901,99 e R$ 221.142, 02 para R$ 1.372.596, 54
e R$ 652. 350, 09, respectivamente, conforme Quadros 8 e 17 acima. Entretanto, para o custo
dos materiais houve variação de aproximadamente 25%, de R$ 608.429,05 para R$
758.671,37 ou seja, variação na mesma proporção do escopo acrescido e pago através do
Termo Aditivo 1 e, portanto, pode-se confirmar que não houve desequilíbrio econômico em
relação à parcela de MATERIAIS componente da equação de equilíbrio original, o que pode
ser comprovado no Quadro 18 acima, onde PVMAT2 = CDMAT2 + BDI = R$ 962.072,96.

4.6.5 Cálculo do DEF segundo o modelo da Tabela 1 da Norma IBAPE 003/14 a valor P0
51

Consoante aos princípios estabelecidos na Norma IBAPE 003/2014 para Avaliação do


Desequilíbrio Econômico-financeiro de Contratos de Obras de Engenharia, e conforme
modelo da Tabela 1 item 9.1 - página 16, avaliou-se o desequilíbrio ocorrido a valor P0:

Tabela 1 – Metodologia comparativa de cenários contratuais


Resumo dos valores para estabelecimento do equilíbrio-econômico-financeiro do PREÇO DE VENDA a Po
Contrato: Primeiro cenário Segundo cenário Terceiro cenário
CAEPIRA x
CUSTOSA Obras Dos custos realmente incorridos e do preço de
Dos custos originais e do preço de venda Dos valores recebidos pela execução dos
de Saneamento venda, considerada a onerosidade excessiva,
em Poço Seco proposto serviços
advinda dos fatos não previstos em contrato

Descrição % Sobre Prazo Valor % Sobre Prazo Valor % Sobre Prazo Valor

Preço de venda
mês A B C
calculado

Custo direto 1.584.544 1.696.030 2.881.686

Administração
23.720 8 189.764 23.720 22 521.851 23.720 22 521.851
local
Administração
7,0% CD+AL 124.113 7,0% CD+AL 155.141 7,0% CD+AL 238.077
central

Despesas gerais 4,0% CD+AL 71.260 4,0% CD+AL 89.079 4,0% CD+AL 136.700

Lucro bruto 8,0% CD+AL 141.945 8,0% CD+AL 177.430 8,0% CD+AL 272.283

Impost (IR, CSSL,


6,2% PV 138.375 6,2% PV 172.969 6,2% PV
PIS/Cofins, ISS)

Total geral 2.250.000 2.812.500 4.316.033

BDI (%) 26,8% 26,8% 26,8%

Desequilíbrio ∑ (C – B) 1.503.532,56

Fonte: Norma IBAPE 003/2014. Compilado pelo autor, 202112

4.6.6 Atualizações econômico-financeiras dos saldos contratuais devidos e desequilíbrio

Depois de avaliado o DEF a valor P0, a perícia deve considerar também as atualizações
econômico-financeiras dos saldos contratuais devidos e não pagos no devido tempo, tudo isso
à luz dos fatos, das condições contratuais e princípios legais aplicáveis para a correção
monetária, decorrente da desvalorização da moeda ou perda do seu poder de compra por
efeito da inflação, bem como, dos juros moratórios, que visam a remunerar o credor pelo
tempo de espera e das oportunidades perdidas, em razão do retardamento do cumprimento
das obrigações pelo devedor, e que são calculados a partir da sua constituição em mora.
(VASCONCELOS, 2018 - pg 80).

De acordo com o pacto original das Partes e conforme indicado no Resumo do Contrato do
item 4.2.1, apesar de dispor de uma fórmula paramétrica para reajuste de preços, o preço
contratual avençado era fixo e irreajustável, porquanto o prazo de execução original era de

12
Nota do autor: Nos cálculos, tabelas e quadros apresentados neste trabalho pode ocorrer pequenas variações
nos centavos devidas a arredondamentos.
52

apenas oito meses. Todavia, pelas razões já explicitadas e que não são atribuíveis à
empreiteira CUSTOSA, a execução das obras ultrapassou o período de 12 meses e, mesmo
assim, diante da insuficiência das verbas aprovadas e disponíveis, a Contratante alegou que a
Contratada foi beneficiada com o acréscimo de escopo de 25% e, por fim, que não teria como
reconhecer e pagar o reajuste de preços, insistindo na condição do pacto original quanto ao
preço fixo e irreajustável.

Há previsão na Lei 10.192 de 14/02/2001 (anterior à licitação do objeto desta análise pericial)
que rege os contratos administrativos, da admissibilidade da correção monetária ou o reajuste
por índices de preços, após o decurso de um ano conforme o Art. 2º dessa Lei; e também na
Lei de Licitações nº 8.666/93 no Art. 5º-§1º 13, Art. 40–inciso XI14 e Art. 55 – inciso III15 para
que o Contratado tenha direito ao reajuste de preços, devendo tal condição já vir expressa no
edital de licitação. Contudo, no caso particular do objeto desta análise pericial, há uma
previsão ao mesmo tempo de preço fixo irreajustável, e de uma fórmula paramétrica de
reajuste baseada em índices específicos, porém sem eficácia se considerada a condição
original de contratação, o que ensejará uma análise do mérito de direito, a cargo do Julgador.
Portanto, no âmbito da perícia técnica e da avaliação econômico-financeira, caberá ao Perito
apenas oferecer ao Julgador os cálculos correspondentes para auxiliá-lo na sentença, para o
caso de serem julgados aplicáveis e devidos.

Isto posto, procedeu-se à análise econômico-financeira dos fatos do Contrato na perspectiva


temporal, dividindo-os em dois períodos distintos, conforme se ilustra no diagrama do Quadro
19 abaixo, sendo o 1º período entre a data-base (set/2001) e o encerramento do Contrato
(set/200416) e o 2º período após o término da eficácia contratual, sujeitando os valores devidos
ao critérios forenses usuais para atualização monetária e juros, aplicáveis, no caso, aos
contratos administrativos, que envolvem o erário público.

13
Lei 8.666/93 – Art. 5º §1º - “Os créditos a que se refere este artigo terão seus valores corrigidos por critérios
previstos no ato convocatório e que lhes preservem o valor; § 2o A correção de que trata o parágrafo anterior
cujo pagamento será feito junto com o principal, correrá à conta das mesmas dotações orçamentárias que
atenderam aos créditos a que se referem”. (emendada pela Lei 8.883/94) (grifo do autor)
14
Lei 8.666/93 – Art. 40 Inciso XI “- critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de
produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da
proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela”.
15
Lei 8.666/93 – Art. 55 – “São cláusulas necessárias em todo contrato (administrativo) as que estabeleçam”:
[...] – inciso III “– o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento
de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
pagamento”;
16
A Contratante emitiu o Certificado de Aceitação Provisória das obras em 30/09/2003 e o Certificado de
Aceitação Definitiva e Termo de Encerramento em 30/09/2004 depois de decorridos 12 meses do período da
garantia contratual
53

Quadro 19 – Períodos de competência para atualização econômico-financeira


Período 1 - Da Eficiácia Contratual Período 2 - Contrato encerrado
Data-base
contratual MEDIÇÕES MENSAIS CAP CAF CORREÇÃO E JUROS LEGAIS
set/01 dez/01 set/03 30/09/2003 30/09/2004 01/10/2004 31/12/2020
0 22 meses 12 meses 195 meses
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

4.6.6.1 Atualização econômico-financeira de saldos devidos para o PERÍODO 1

ETAPA1: Saldos Contratuais devidos (Reajuste de Preços e Juros por Atrasos): Partiu-se
dos cálculos já realizados a valor P0 e em seguida agregadas as componentes dos encargos
financeiros contratuais por atrasos de pagamentos, reajuste de preços para as medições
posteriores a agosto/2002 e assim por diante, conforme Quadro 20 abaixo:

Quadro 20 – PERÍODO 1: AEF1 - Atualização econômico-financeira de saldos contratuais


AEF1 -ATUALIZAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DO CONTRATO CONFORME MEDIÇÕES E PAGAMENTOS REALIZADOS
A B C D E F G H I J
Atraso Variação Juros por Índice de Reajuste da Variação Juros de AEF1: TOTAL
Vencimto Valor da
Mês Pagtos¹ TR² % atraso Reajuste parcela da TR até mora até a REAJUSTE +
da Fatura Medição R$
a CAF CAF JUROS
(dias) pro-rata faturas fórmula mensal
1 01/02/2002 33.332,39 3,0 0,0119 3,98 1,00000 0,00 1,08621 0,34 4,32
2 01/03/2002 56.934,31 -9,0 -0,0362 -20,63 1,00000 0,00 1,08430 -1,74 -22,37
3 01/04/2002 79.833,06 7,0 0,0506 40,41 1,00000 0,00 1,08175 3,30 43,72
4 01/05/2002 273.643,52 -13,0 -0,0769 -210,40 1,00000 0,00 1,07948 -16,72 -227,13
5 01/06/2002 169.085,02 -10,0 -0,0635 -107,33 1,00000 0,00 1,07778 -8,35 -115,68
6 01/07/2002 88.112,79 -24,0 -0,1247 -109,85 1,00000 0,00 1,07492 -8,23 -118,08
7 01/08/2002 231.083,70 31,3 0,2510 580,04 1,00000 0,00 1,07226 41,91 621,96
8 01/09/2002 197.870,77 37,0 0,2522 499,09 1,00000 0,00 1,07017 35,02 534,11
9 01/10/2002 100.062,93 37,0 0,3331 333,27 1,00000 0,00 1,06721 22,40 355,68
10 01/11/2002 207.697,86 15,1 0,1253 260,20 1,09457 19.641,72 1,06440 1.281,69 21.183,61
11 01/12/2002 14.853,23 16,0 0,1724 25,61 1,09457 1.404,65 1,06057 86,63 1.516,89
12 01/01/2003 77.612,63 -6,0 -0,0615 -47,70 1,09457 7.339,73 1,05542 404,16 7.696,19
13 01/02/2003 98.903,34 -37,0 -0,5493 -543,23 1,09457 9.353,16 1,05110 450,17 9.260,10
14 01/03/2003 172.784,81 -3,0 -0,0376 -65,01 1,09457 16.340,04 1,04714 767,17 17.042,20
15 01/04/2003 111.528,10 9,0 0,1106 123,30 1,09457 10.547,07 1,04277 456,42 11.126,79
16 01/05/2003 95.349,45 15,0 0,2029 193,50 1,09457 9.017,07 1,03795 349,53 9.560,10
17 01/06/2003 120.672,49 9,2 0,1122 135,34 1,09457 11.411,84 1,03364 388,47 11.935,66
18 01/07/2003 247.413,38 0,2 0,0029 7,21 1,09457 23.397,56 1,02802 655,90 24.060,67
19 01/08/2003 113.711,85 111,6 1,1827 1.344,92 1,09457 10.753,58 1,02389 289,03 12.387,53
20 01/09/2003 37.797,33 -24,0 -0,3003 -113,50 1,09457 3.574,44 1,02046 70,80 3.531,74
21 01/10/2003 100.934,82 -32,0 -0,3625 -365,88 1,09457 9.545,28 1,01719 157,78 9.337,18
22 01/11/2003 183.282,22 50,3 0,2963 543,08 1,30031 55.041,36 1,01539 855,18 56.439,62
2.812.500,00 2.506,41 187.367,50 6.280,89 196.154,79
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Na Coluna A do Quadro 20 acima estão indicadas as datas de vencimento das faturas e a


Coluna B contém os valores pagos correspondentes às medições mensais de serviços
executados, no seu fluxo natural e atestados pela Fiscalização. Conforme já demonstrado
54

anteriormente no Quadro 9 e Gráfico 1 do item 4.3, a Contratante atrasou e adiantou


pagamentos como se reproduz na Coluna C do Quadro 20; nas Coluna D e E aplicou-se a
previsão contratual relativa a encargos financeiros devidos por atraso de pagamentos pela
Variação da TR pro-rata die (dados no ANEXO VII), resultando em juros de mora de R$
2.506,41. Caso o Julgador entenda pela aplicabilidade da fórmula de reajuste do edital de
licitação, após decorridos 12 meses da data-base contratual (set/2001), já está calculado o
valor correspondente para as medições posteriores a agosto/2002, conforme índices e fatores
de custos, inclusive materiais, detalhados no ANEXO VII, resultando em R$ 187.367,50
(Coluna G). Por último, calculou-se os encargos financeiros desde a data do pagamento
devido até o encerramento do contrato (Período 1 do Quadro 19 acima) com base na previsão
contratual, pela variação da TR. Portanto, a atualização econômico-financeira (AEF1) dos
SALDOS CONTRATUAIS devidos (com reajuste + TR), totaliza R$ 196.154,79 (Col. J).

ETAPA2: Atualização dos saldos devidos por DEF

Quadro 21 – PERÍODO 1: AEF2 - Atualização econômico-financeira dos saldos por DEF


AEF2 -ATUALIZAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DO SALDOS DE DEF CALCULADOS
K L M N O P Q R S T U
Variação Juros de AEF2: TOTAL
Mês
Vencimto da DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO da TR até mora até a REAJUSTE +
Fatura
a CAF CAF JUROS
INDIRETO reajuste MOD reajuste VME reajuste Δ DEF
1 01/02/2002 0,00 0,00000 58.103,20 0,00000 28.473,03 0,00000 0,00 1,08621 7.463,41 7.463,41
2 01/03/2002 0,00 0,00000 69.558,13 0,00000 31.274,31 0,00000 0,00 1,08430 8.500,18 8.500,18
3 01/04/2002 0,00 0,00000 58.592,46 0,00000 32.686,03 0,00000 0,00 1,08175 7.462,05 7.462,05
4 01/05/2002 0,00 0,00000 -1.743,52 0,00000 16.518,13 0,00000 0,00 1,07948 1.174,30 1.174,30
5 01/06/2002 0,00 0,00000 24.236,57 0,00000 18.993,86 0,00000 0,00 1,07778 3.362,30 3.362,30
6 01/07/2002 0,00 0,00000 77.238,47 0,00000 37.152,79 0,00000 0,00 1,07492 8.570,34 8.570,34
7 01/08/2002 0,00 0,00000 31.531,87 0,00000 25.828,93 0,00000 0,00 1,07226 4.144,95 4.144,95
8 01/09/2002 0,00 0,00000 46.178,93 0,00000 29.082,51 0,00000 0,00 1,07017 5.281,00 5.281,00
9 01/10/2002 0,00 0,00000 56.725,61 0,00000 29.357,19 0,00000 0,00 1,06721 5.786,03 5.786,03
10 01/11/2002 0,00 0,10143 -4.617,29 0,10021 10.523,15 0,10265 617,49 1,06440 420,11 1.037,60
11 01/12/2002 0,00 0,10143 73.490,40 0,10021 38.599,05 0,10265 11.326,42 1,06057 7.475,65 18.802,07
12 01/01/2003 0,00 0,10143 46.246,81 0,10021 29.462,02 0,10265 7.658,51 1,05542 4.620,59 12.279,10
13 01/02/2003 30.080,00 0,10143 24.025,70 0,10021 21.983,06 0,10265 7.715,03 1,05110 4.282,22 11.997,25
14 01/03/2003 30.080,00 0,10143 -8.556,38 0,10021 11.226,79 0,10265 3.345,94 1,04714 1.701,51 5.047,45
15 01/04/2003 30.080,00 0,10143 18.458,12 0,10021 20.145,04 0,10265 6.968,44 1,04277 3.235,99 10.204,43
16 01/05/2003 30.080,00 0,10143 43.804,43 0,10021 22.500,46 0,10265 9.750,12 1,03795 4.027,66 13.777,78
17 01/06/2003 30.080,00 0,10143 32.636,85 0,10021 14.068,22 0,10265 7.765,49 1,03364 2.844,48 10.609,97
18 01/07/2003 30.080,00 0,10143 -23.256,47 0,10021 -4.383,75 0,10265 270,49 1,02802 75,95 346,44
19 01/08/2003 30.080,00 0,10143 7.088,53 0,10021 15.081,61 0,10265 5.309,37 1,02389 1.375,08 6.684,45
20 01/09/2003 30.080,00 0,10143 50.380,77 0,10021 26.896,91 0,10265 10.860,41 1,02046 2.418,37 13.278,78
21 01/10/2003 30.080,00 0,10143 29.519,56 0,10021 20.360,09 0,10265 8.098,96 1,01719 1.513,61 9.612,57
22 01/11/2003 30.080,00 0,30991 4.652,95 0,27126 12.607,47 0,34855 14.978,45 1,01539 958,80 15.937,25
300.800,00 714.295,67 488.436,89 94.665,11 86.694,57 181.359,69
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

No Quadro 21 demonstra-se a aplicação do reajuste de preços sobre os saldos mensais


devidos a título de desequilíbrio econômico-financeiro, partindo-se do valor a P0 das parcelas
55

componentes do PV3 para o Indireto (Planilha A), MOD e VME (Colunas L, N e P), que
resulta na atualização econômica do DEF em R$ 94.665,11 (Coluna R) e, por último, a
atualização financeira do DEF a P0 + Δ DEF (atualização econômica) = R$ 86.694,57 (Col.T)
para o Período 1, utilizando-se da variação da TR, conforme Contrato, em razão da sua
eficácia até o CAF. A atualização econômico-financeira AEF2 dos saldos devidos a título de
DEF, admitida a aplicação do reajuste pela fórmula do edital, após 12 meses, totaliza a
quantia de R$ 181.359, 69 (Coluna U).

Quadro 22 – PERÍODO 1: Resumo da Atualização Econômico-financeira até 30/09/04


JRS. ATRASO ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO SALDOS
DISCRIMINAÇÃO DEF A P0
PAGAMENTO ECONÔMICA FINANCEIRA DEVIDOS
SALDO CONTRATUAL 2.506,41 187.367,50 6.280,89 196.154,79
DEF 1.503.532,56 94.665,11 86.694,57 1.684.892,25
TOTAL GERAL 1.503.532,56 2.506,41 282.032,61 92.975,46 1.881.047,04
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Resume-se no Quadro 22 a avaliação do desequilíbrio econômico-financeiro contratual e


respectivas atualizações (ETAPAS 1 e 2 acima), incorporando saldos contratuais devidos por
atraso de pagamento e reajuste contratual (sub judice) até o fim da eficácia contratual
(Período 1), conforme os termos do pacto original, seja pela aplicação dos parâmetros da EAP
e índices de variação do custo da construção civil INCC / IPA DI da FGV no reajustamento
anual das parcelas contratuais, seja pela aplicação da variação da TR entre o mês em que o
pagamento seria devido (vencimento da fatura) e o mês do final do período (CAF).

4.6.6.2 Atualização econômico-financeira de saldos devidos no PERÍODO 2

Ao término do Contrato, conforme Certificado de Aceitação Final e Termo de Encerramento


de 30/09/2004, e cessada a sua eficácia operacional e administrativa, a discussão da validade
do compromisso de solução da controvérsia pela via arbitral, como havia sido estabelecido no
edital de licitação e no pacto das Partes, já se encontrava em andamento pelas vias legais.
Àquela altura havia um saldo retido a devolver ao Contratado, no valor R$ 140.624,00 a valor
P0, correspondente às retenções de 5% realizadas sobre os pagamentos das medições mensais.
A Contratante, em vista da perspectiva da apresentação do seu pleito reconvencional, resolveu
unilateralmente não devolver tal quantia e aguardar a solução da lide. Portanto, quando do
encerramento do Contrato e para efeito de quitação mútua, ressalvaram-se as questões
pendentes, objeto da disputa em curso.
56

O Período 2 (Quadro 19) é de 195 meses, com início em outubro/2004 e até a data final da
valoração em curso ou data atual, considerada como dezembro/2020. O IBAPE (2014, pg.19)
em seu item 11.1.1, estabelece que “toda a quantificação do desequilíbrio econômico
financeiro deve ser obrigatoriamente realizada na data-base do contrato, ficando assim
referenciada a data a partir da qual serão cabíveis os cálculos dos reajustamentos e
atualizações monetárias até a data final da Valoração.” Todavia, por se tratar de um caso
muito atípico, porque envolve o decurso de mais de 15 anos após o encerramento do Contrato,
o perito entendeu que para o Período 2 aplicar-se-iam os critérios legais do CCB/2002 e
jurisprudência formada perante os tribunais superiores brasileiros, não obstante, admitir que o
Julgador poderá entender de modo diverso e desconsiderar esta análise, a saber:

a) Atualização do valor monetário utilizando-se índices oficiais regularmente


estabelecidos, sendo usual a aplicação do IPCA-E que corresponde à inflação medida
pelo IBGE;
b) Juros moratórios correspondentes à mesma taxa utilizada para a correção de dívidas
perante a Fazenda Pública, no caso a SELIC, por questão de isonomia, salvo se há
outra taxa acordada as Partes;

Ocorre, entretanto, que em relação aos contratos administrativos o tema é ainda mais
controverso, em razão da promulgação da Lei 11.960/2001 em junho/2009, estabelecendo-se
aí um divisor de águas para o tratamento das questões relativas da atualização das obrigações
da Fazenda Pública, no caso, modificando o Art. 1º F da Lei 9494/97:

Art. 1o-F. Nas condenações impostas à Fazenda Pública, independentemente de sua


natureza e para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação
da mora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices
oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. (Redação
dada pela Lei nº 11.960, de 2009) (Vide ADIN 5348 - Decisão do STF declaração
parcial de inconstitucionalidade) (Grifo do autor)

Ao mesmo tempo, em julgamento da ADIN 5348 de 11/11/2019 o STJ considerou


inconstitucional a utilização da remuneração da Caderneta de Poupança e da TR para fins de
atualização monetária.
57

Portanto, para os fins deste trabalho de natureza acadêmica, adotaremos o IPCA-E para a
atualização econômica e a SELIC para atualização financeira a título de juros moratórios:

Quadro 23 – Período 2: Índices de atualização monetária IPCA-E e juros moratórios SELIC

Fonte: Banco Central do Brasil. Calculadora do Cidadão. Compilado pelo autor, 2021.

Com base nos índices de atualização econômica = 2,3503232 pelo IPCA-E e de atualização
financeira pela SELIC = 5,17701402 para o Período 2 conforme Quadro 23 acima, temos que
o DEF atualizado para 31/12/2020 é:

DEFDEZ/20 = R$ 1.881.047,04 x 12,15115 = R$ 22.856.883,41

4.7 Grau de Fundamentação e Grau de Impacto

Segundo o IBAPE (2014), o Grau de Fundamentação deve ser obrigatoriamente apresentado


no Laudo de Avaliação e calculado segundo o modelo da Tabela 2 que segue preenchido
abaixo, tendo-se alcançado 80 pontos, que corresponde ao Grau III (ALTA).

O rebaixamento da pontuação decorreu do impacto da indisponibilidade da totalidade dos


registros dos Diários de Obras atestados pela Fiscalização, para seis meses (alternados) no
total de 22 meses (27%), o que obrigou o perito a reconstituir os histogramas de mão de obra
direta e veículos, máquinas e equipamentos para os meses faltantes, utilizando-se das
melhores práticas de engenharia de avaliações disponíveis e devidamente justificadas.
Todavia, trata-se de uma inegável deficiência do acervo probatório que deveria ter sido
disponibilizado pela Parte Requerente, o que penaliza o grau de fundamentação.
58

Tabela 2 - Quadro para cálculo do grau de fundamentação da avaliação do equilíbrio


econômico-financeiro dos contratos de execução de obras
Graus de pontuação
Contrato analisado
III II I
Fundamentos relacionados aos Pontuação Fundamentação Justificativas/explicações complementares
graus de fundamentação por item Alta Média Baixa
Existem documentos pré-contratuais Disponíveis: Edital de Licitação, Condições Gerais de
que definiram as premissas do Contratação, Prazo; Planilha Detalhada de Quantidades
1 20 20 10 0
equilíbrio econômico-financeiro contido conf Projeto Básico do licitante; Especific Técnicas dos
no Preço de Venda Original? Serviços, requisitos mínimos de pessoal e equipamtos.
Disponíveis: Propostas do Contratado, Planilhas de
Existem documentos que
Quantidades e Preços, Plano de Trabalho Detalhado
2 fundamentaram o Preço de Venda 20 20 10 0
com Organograma de Pessoal e Histograma de Equip.,
Original?
Cronogramas Físicos e Financeiros, Contratos cf Edital.
Existem registros comprobatórios das Disponíveis¹: Relatórios Diários de Obras atestados pela
imprevisibilidades ocorridas e/ou das Fiscalização do Contratante, Medições Mensais de
3 inadimplências contratuais incorridas 10 20 10 0 Avanço dos Serviços, Notas do Gerente do Contrato
pelas Partes, que fundamentem o justificando o Aditivo Contratual, Atas e
DEF avaliado? Correspondências
Disponíveis²: Relatórios Diários de Obras atestados pela
Existem documentos que comprovem
Fiscalização do Contratante, Medições Mensais de
4 os fornecimentos e seus direitos 10 20 10 0
Avanço dos Serviços, Notas do Gerente do Contrato e
contratuais efetivamente realizados?
Pareceres Técnicos, Atestados de Fiel Cumprimento
Existem modelos matemáticos que Disponível: Modelo matemático para o cálculo do
5 sustentam os cálculos do orçamento 20 20 10 0 orçamento reequilibrado devidamente detalhado e
reequilibrado? justificado nos termos da Norma

Grau III (ALTA) -> 70 < x < 100


Pontuação da avaliação
80 Grau II (MÉDIA) -> 40 < x < 60
(somatório de 1 a 5)
Grau I (BAIXA) -> 0 < x < 30
Fonte: Norma IBAPE 003/14

NOTAS ÀS JUSTIFICATIVAS / EXPLICAÇÕES COMPLEMENTARES:


¹ Não estão disponíveis todos os Diários de Obras atestados pela Fiscalização havendo falhas na sequência
para alguns meses; entretanto, o material disponível é suficiente, pela possibilidade de se estabelecer a linha
lógica de continuidade que permite a sua inferência e cuja consistência também pode ser aferida pelo volume
produzido no período conforme as medições; na avaliação do Perito, a pontuação adequada é = 10.
² O mesmo comentário aplica-se ao item 4 dos fundamentos; na avaliação do Perito, a pontuação = 10.
Fonte: Norma IBAPE 003/2014. Compilado pelo autor, 2021.

Da mesma forma o Grau de Impacto deve ser obrigatoriamente apresentado no Laudo de


Avaliação segundo o IBAPE (2014) e calculado de acordo com o modelo da Tabela 3 da
Norma (página 20). A Norma estabelece 4 graus de impacto medidos pela proporção entre o
DEF apurado a valor P0 e o valor da Bonificação prevista no pacto original; todavia, neste
caso, entende-se correto considerar a Bonificação contida no BDI contratual sobre o valor do
Contrato mais o Termo Aditivo 1. No caso, o Grau de Impacto calculado é de 869% (Grau 4),
portanto, de Alta Gravidade Econômica para parte desfavorecida.
59

Tabela 3 - Grau de Impacto econômico-financeiro sobre o contrato analisado

Grau Tipo de impacto Intervalo de comparação

DEF-Grau 1 baixo impacto econômico-financeiro (DEF/B* Cenário 1) ≤ 30%

DEF-Grau 2 médio impacto econômico-financeiro 30% ≤ (DEF/B* Cenário 1) ≤ 60%

DEF-Grau 3 alto impacto econômico-financeiro 60% ≤ (DEF/B* Cenário 1) ≤ 100%

DEF-Grau 4 alta gravidade econômico-financeira (DEF/B* Cenário 1) > 100%


Notas: (*) B Cenário 1 = Bonificação ou Lucro do Contratado. Fonte: Norma IBAPE 003/14.

CÁLCULO DO GRAU DE IMPACTO A P0


VALOR DA BONIFICAÇÃO RECEBIDA CT+TA1 R$172.968,75

VALOR DO DEF0 [VP3-VP2] R$1.503.532,56

DEF0 / B 869%

alta gravidade econômico-financeira DEF-Grau 4


Fonte: Norma IBAPE 003/2014 e Tabela 1 acima. Compilado pelo autor, 2021.

4.8 Sobre a ingerência indevida das Partes na escolha do terreno da ETE Poço Seco

Em atendimento à Ordem Processual que nomeou o Perito e estabeleceu o objeto da avaliação


e perícia de engenharia, e respondendo ao segundo quesito do MM. Juízo Arbitral, qual seja,
“ii) Esclarecer e apontar se houve falha técnica ou evidências de desvirtuamento ou influência
indevida de qualquer das Partes na escolha de terreno a ser desapropriado pela Prefeitura de
Poço Seco para a localização e construção da ETE”, a análise pericial atém-se aos fatos e
documentos a que teve acesso nos autos e em diligências posteriores junto às Partes, conforme
a seguir se relata:

4.8.1 – Breve histórico

- Conforme já relatado no item 4.5 – “f”, o órgão licenciador ambiental exigiu como
condicionante para o licenciamento ambiental do sistema de água e esgoto de Poço Seco, que
o sistema de esgotos fosse dimensionado com uma previsão para atendimento do mesmo
número de residências servidas pela rede de distribuição de água tratada, por que até então, a
rede de esgotos atenderia somente a 50% delas e o restante deveria manter ou construir fossas
sépticas;
60

- Diante disso, houve necessidade de redimensionamento do sistema de coleta e tratamento,


sendo a área necessária para a ETE aumentada de 0,4 para 0, 6 hectares; com isto, houve
necessidade da escolha de um novo terreno para fins de desapropriação, conforme os estudos
e o novo projeto executivo da concessionária CAEPIRA e da projetista PROJECA;
- Conforme as atribuições dos atores envolvidos, já relatadas no item 4.5 – “c”, no acordo de
convênio tripartite entre o Ministério, a Concessionária e a Prefeitura, caberia a esta última a
definição e a disponibilização do local para a construção das instalações, incluída a ETE, e
por sua conta, porém, com o assessoramento técnico da Concessionária CAEPIRA;
- Conforme já relatado no item 4.5 – “j”, em abril/2002 a empreiteira CUSTOSA carreou aos
autos ofício recebido da Prefeitura de Poço Seco, no qual a Prefeita solicitava uma
manifestação técnica acerca de uma análise comparativa para decisão da localização da nova
ETE, conforme os terrenos identificados e georreferenciados como Alternativas A e B de
áreas equivalentes, para fins de desapropriação;
- Embora a Prefeita reconhecesse que a empreiteira não teria nenhuma obrigação quanto à
escolha dos terrenos, entretanto, segundo a Prefeita, a experiência da construtora seria
relevante pelo fato de que a escolha da alternativa A ou B, implicaria em diferentes impactos
nos custos das obras lineares, com distâncias ou comprimentos maiores ou menores da rede
coletora principal e do respectivo emissário da ETE e, também, com diferentes graus de
dificuldade construtiva;
- Ainda no mesmo ofício, a Prefeita relatou, em síntese, que a CAEPIRA havia recomendado
a Alternativa A, alegando que a Alternativa B teria vários inconvenientes, como o aumento
dos custos pela maior extensão da rede coletora e do emissário e, principalmente, por que, no
caso B, o emissário lançaria o esgoto tratado a montante da captação da água no Rio Piraquara
a ser tratada e distribuída para a cidade. Segundo a CAEPIRA, isto poderia ter um impacto
psicológico negativo, pois a população não iria gostar de beber a água do seu próprio esgoto;
- Ao que se apurou em diligência, os cálculos ainda rudimentares da Prefeitura apontavam que
a melhor alternativa seria a B e a Prefeita não estava convencida de que a Alternativa A
recomendada pela CAEPIRA seria a melhor solução para a Prefeitura e para o sistema de
água e esgoto; ocorre que o terreno da Alternativa A, embora pertencesse à Prefeitura e não
possuísse edificações permanentes, era objeto de um comodato há muitos anos com o japonês
Sr. Sokomi Tomati, até então único provedor à comunidade de hortaliças orgânicas, com uso
de estufas e do sistema hidropônico, cuja água era retirada do Rio Piraquara;
- O Sr. Sokomi teria tomado conhecimento da hipótese de rescisão do seu comodato, seguida
de desocupação do terreno, pelos técnicos da Prefeitura que lá foram realizar medições; na
61

ocasião o Sr. Sokomi questionou que seria muito difícil encontrar outro lugar como aquele à
beira-rio, próximo da cidade; ademais, perguntou aos funcionários da Prefeitura quem iria
pagar o seu prejuízo pela interrupção ou até abandono do negócio, se aquilo se confirmasse?

4.8.2 A caracterização dos terrenos: Alternativas A e B

Figura 3 Planta esquemática de localização dos terrenos Alternativas A e B

PASTO POÇO
SECO
ETE?
TERRENO
B ETE ?

EMISSÁRIO

CAPTAÇÃO

Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

Os terrenos A e B possuíam áreas equivalentes de 6.000m2, quase planos, com ligeiro declive
na direção do Rio Piraquara. O terreno “A”, pertencente à Prefeitura, situava-se numa região
de chácaras à beira-rio, dotado de um conjunto de bombas para captação de água, mas estava
cedido em regime de comodato oneroso por 30 anos, dos quais já havia decorrido apenas 5
anos, para uso exclusivo de plantação de hortaliças orgânicas, com a microempresa do Sr.
Sokomi Tomati. Além de R$ 5.000,00 de impostos municipais, o Sr. Sokomi pagava
mensalmente à Prefeitura R$ 10.000,00 pelo direito de uso exclusivo do terreno. A horta
vendia e entregava em média 2.000 unidades de hortaliças orgânicas por dia a R$ 1,50 por
unidade e o faturamento médio mensal chegava a R$ 90.000,00, com um lucro de 20%, ou R$
18.000,00 por mês. Por contrato, a Prefeitura teria a opção de romper o comodato a qualquer
tempo, com aviso prévio de 60 dias, porém, deveria indenizar o Sr. Sokomi, apenas por lucros
cessantes, já que não havia benfeitorias indenizáveis, isto é, as hortaliças produzidas seriam
62

vendidas e as estufas do Sr. Sokomi poderiam ser facilmente removidas e levadas para outro
local. O Sr. Sokomi já havia dado entrada na recém criada agência reguladora ARRASA
solicitando a outorga para uso da água do rio, para fins de irrigação das suas hortaliças. O
terreno B situava-se numa região de campo e pertencia ao dono da fazenda ao lado, local onde
havia funcionado uma indústria cerâmica, desativada há muito tempo, já praticamente
demolida e abandonada em ruínas. Não havia outras construções em volta, apenas pasto.
Pelos índices cadastrais da Prefeitura e suas referências de valores, o terreno B teria um custo
de desapropriação de R$ 300.000,00.

4.8.3 – A manifestação da CUSTOSA

Após analisar a situação, a empreiteira CUSTOSA apresentou um quadro resumo das suas
considerações técnicas e de mercado imobiliário, a respeito da escolha do terreno, entre as
Alternativas A e B:

Quadro 24 – Demonstrativo da CUSTOSA para a escolha do terreno da ETE


QUADRO RESUMO: COMPARATIVO "A" VS. "B"
Alternativas de terreno A B
OBRAS Quant R$ Unit R$ Total Quant R$ Unit R$ Total
1. Rede coletora principal
Em rua pavimentada (m) 300,00 30,00 9.000,00 100,00 30,00 3.000,00
Não pavimentado (m) 200,00 10,00 2.000,00 1.000,00 10,00 10.000,00
2. Área da ETE 0,00 0,00
Estrada de acesso - 2.400,00
Limpeza do terreno 5.000,00 15.000,00
Fundações e urbanização - -
3. Emissário (m) 195,00 60,00 11.700,00 1.205,00 60,00 72.300,00
SUBTOTAL OBRAS 27.700,00 102.700,00
CUSTOS DE LIBERAÇÃO DO TERRENO (Estimado a valor de mercado. M2 e R$/m2)
Desapropriação - ref. urbano 6.000 300,00 1.800.000
Desapropriação - ref. rural 6000 30,00 180.000,00
Fonte: Elaborado pelo autor, 2021.

A construtora demonstrou que aos preços do Contrato de Empreitada com a CAEPIRA,


haveria um acréscimo no valor das obras de aprox. R$ 75.000,00 no caso do Terreno B. Por
outro lado, alegou que não tinha experiência com as questão das desapropriações, porém,
dadas as localizações dos terrenos e as referências do mercado imobiliário local, ainda que
não lastreadas por uma avaliação específica para cada terreno, haveria de se convir que o
valor do terreno “A” por ser urbano, numa região próxima a chácaras de família de alta renda,
comparado ao valor do terreno “B”, situado em zona rural e sem uso produtivo, deveria ter
63

uma relação de R$ 300,00 para R$ 30,00 por m2, ou seja, 10 vezes maior. Portanto, apesar de
um pequeno acréscimo nas obras, o terreno B seria muito mais vantajoso para a Prefeitura, no
entender da empreiteira. Ainda, comentando as razões da Concessionária CAEPIRA sobre a
localização do Terreno B e do emissário de esgoto a montante do sistema de captação de água
da cidade, no ofício-resposta a CUSTOSA alegou que tal situação exigiria maior zelo da
Concessionária em devolver ao Rio Piraquara o esgoto tratado em condições de qualidade
compatível com os padrões internacionais, também em respeito a outras populações rio
abaixo, que se servirão da mesma água. O Engenheiro Residente da CUSTOSA relembrou
ainda que, por ocasião da Audiência Pública realizada em out/2001, uma das preocupações da
comunidade local era com a localização da ETE devido a mau cheiro proveniente dos
biodigestores e, neste caso, o Terreno B também seria o mais favorável, por estar mais
afastado da cidade.

4.8.4 A decisão da Prefeitura

Após cotejar os argumentos da CAEPIRA e da CUSTOSA, além de fazer as suas próprias


avaliações, a Prefeitura optou pela escolha e desapropriação do Terreno B, contrariamente aos
interesses da Concessionária CAEPIRA, que recomendara o A. Em ofício, a Prefeita
justificou à CAEPIRA as desvantagens do Terreno A: i) a quebra do comodato com o Sr.
Sokomi teria um impacto negativo de R$ 15.000,00 mensais na arrecadação municipal; este
valor mensal acumulado e capitalizado numa aplicação a uma taxa de 1% a.m., seria
suficiente para pagar a desapropriação do Terreno B, estimada em R$ 300.000,00, em menos
de 18 meses (payback < 1,5 anos); ademais, por contrato, a Prefeitura deveria indenizar o Sr.
Sokomi por lucro cessante pelos 25 anos remanescentes do comodato, calculado a valor
presente em R$ 156.862,78, com lucro anual de R$ 20.000,00 e taxa de 12% a.a.; ii) Em
ofício, o Presidente da Câmara de Vereadores de Poço Seco havia alertado a Sra. Prefeita de
que o eventual projeto de lei para o rompimento do comodato com o Sr. Sokomi e a
destinação do Terreno A para a construção de ETE não seria aprovado pelos vereadores, por
razões de interesse comunitário, como a questão do mau cheiro da ETE e a interrupção do
fornecimento de hortaliças orgânicas para a população.

4.8.5 A reação da Concessionária CAEPIRA

A Concessionária questionou a Prefeitura, conforme ofício enviado à Prefeita e à Câmara de


Vereadores, alegando tratar-se de uma decisão equivocada e lastimável, pois o Terreno A já
64

era da Prefeitura e não teria custo de desapropriação e a escolha do Terreno B, além de


encarecer o empreendimento em R$ 75.000,00 por obras adicionais de redes, cuja
suplementação de verba não era garantida e poderia atrasar o projeto, poderia gerar mal estar
da população que poderia achar que beberia a água do seu próprio esgoto.

4.8.6 O Pleito Reconvencional da CAEPIRA

Em sua defesa e pleito reconvencional no processo arbitral em tela, a Requerida alegou que a
Prefeitura de Porto Seco foi induzida a erro na escolha do terreno para a localização da ETE,
por uma ingerência indevida da Requerente, ao manifestar-se tecnicamente de forma
equivocada em algo que não era da sua competência e responsabilidade, agindo de forma
oportunista e no seu próprio interesse, com o objetivo de encarecer o custo do projeto e
aumentar o seu faturamento em R$ 75.000,00. Consequência ainda mais nefasta da ação
desastrada da construtora CUSTOSA, segundo a CAEPIRA, teria sido o fato de que a
localização do emissário de esgoto tratado a montante da estação de bombas da captação de
água bruta, impôs à concessionária um custo adicional no processo de tratamento da água à
razão de R$ 0,005 (zero virgula cinco centavo de real) por litro de água tratada durante toda a
sua vida útil de 30 anos, tendo em vista o aumento da turbidez da água, em relação às
medições originais da condição natural das águas do Rio Piraquara. Considerados os 100.000
litros médios, tratados e consumidos diariamente, calcula-se um prejuízo de R$ 5.475.000,00
ao erário público a valores atuais e que não poderá ser repassado às tarifas. Com estes
argumentos, a CAEPIRA pediu a condenação da CUSTOSA ao ressarcimento de prejuízos no
valor de R$ 5.550.000,00.

4.8.7 A análise pericial sobre o mérito técnico da escolha do novo terreno para a ETE

Entende o Perito que a responsabilidade pela escolha dos terrenos sempre foi da Prefeitura.
Não há evidência de conduta da Requerente contrária aos interesses da Requerida e ao
interesse público, na medida em que deixou claro quais seriam os custos a incorrer para cada
opção de terreno, em relação às obras lineares correspondentes. Há evidências de que tanto a
Requerida, quanto a Requerente, desconheciam os detalhes, as circunstâncias e consequências
da escolha de uma ou outra alternativa de terreno e ambas emitiram opiniões genéricas, sem
conhecimento dos detalhes. Portanto, há evidências de que a Prefeitura tomou uma decisão
própria, técnica e economicamente justificada, escolhendo a Alternativa B, sem ser
influenciada por nenhuma das Partes.
65

5 CONCLUSÃO

Analisados os pleitos das Partes, cotejando-se todos os fatos e documentos dos autos e
averiguações posteriores em diligência para o caso em estudo, constatou-se que:

Há nexo de causalidade confirmado entre o DEF apurado e os atos/omissões


1 ✓
da Contratante por atraso de projetos, licenças e liberação dos locais das obras

O efeito cumulativo desses eventos, imprevisíveis para a Contratada, levou o


2 ✓
prazo total de execução das obras de 8 (oito) para 22 (vinte e dois) meses

No Termo Aditivo nº 1, foram ajustados entre as Partes os custos diretos por


3 ✓
acréscimos de escopo e 4 (quatro) meses de administração local (indireto)

O preço fixo irreajustável do Contrato (para 8 meses) foi mantido por todo o
4 ✓
Contrato (22 meses); a Contratante alegou falta de verba para pagar reajuste

Constatou-se onerosidade excessiva para a Contratada (alto grau de impacto)


5 ✓
devido à improdutividade, dez meses de indireto, reajuste e juros não pagos

Não há evidências de erro, falha técnica ou imperícia, imprudência, desídia ou


6 ✓
inépcia da Contratada; ao contrário, esta recebeu Atestado de Boa Execução

Os registros dos Diários de Obras (embora estes com algumas deficiências) e


7 ✓
os Boletins de Medição estão atestados por prepostos da Contratante

Não houve falha técnica ou apresentação de dados falsos ou tendenciosos nas


8 ✓
informações prestadas pela Contratada à Prefeitura de Poço Seco

Portanto, em atendimento aos quesitos formulados pelo MM. Juízo Arbitral, a análise pericial
e Avaliação de DEF empreendida neste estudo, concluiu, s.m.j., que:

1) Há mérito técnico favorável à Parte Requerente em seu pleito de ressarcimento por


desequilíbrio econômico-financeiro, que calculado em estrita conformidade com as
disposições da norma específica IBAPE (2014), aponta um quantum devido de R$
1.503.532,56 a valor P0 de set/2001 e de R$ 22.856.883,41 atualizado com correção
pelo IPCA-E e juros da SELIC em 31/12/2020; estes valores não incluem a devolução
de retenções efetuadas pela Requerida sobre os valores dos pagamentos das medições
mensais, no valor total retido de R$ 140.625,00 a valor P0 e não devolvido até a data;
66

2) Os cálculos das atualizações econômico-financeiras de eventuais saldos contratuais


(reajuste e juros) e saldos devidos a título de DEF devem se ater às regras do contrato
(pacta sunt servanda) durante o seu período de eficácia, isto é, desde a sua assinatura
até o seu encerramento, com a emissão do CAF; portanto, para fins de atualização
econômica deve-se ater ao mês da medição e para fins de encargos moratórios, o
período de apuração deve se ater à data de vencimento contratual previsto da fatura
que corresponde ao respectivo mês de cada saldo de DEF devido, até o CAF;

3) Após o encerramento do Contrato (CAF), ocorrido em 30/09/2004 (Quadro 19), a


atualização deve-se se ater aos parâmetros forenses; entretanto, para este trabalho
acadêmico e evitando-se adentrar em discussão de matéria jurídica, foi adotada a
atualização monetária pelo padrão IBGE de medição de inflação, o IPCA, e, para os
juros moratórios, a taxa mensal da SELIC, por isonomia com a atualização dos
impostos17;

4) Não assiste razão técnica ao pleito reconvencional da Requerida, porquanto não há


falha técnica ou evidências de ingerência indevida da Requerente em relação à escolha
do terreno para a ETE e nem influência sobre o aumento dos seus custos operacionais
do sistema de tratamento de água;

5) Foram encontradas algumas deficiências no acervo probatório acostado aos autos pela
Requerente, em relação à sequência dos registros dos Diários de Obras, atestados pela
Fiscalização da Requerida, o que requereu a utilização de técnicas de inferência para a
reconstituição dos histogramas de recursos ao longo de todo o período contratual; esse
fato, todavia, não inviabilizou a avaliação realizada e está devidamente refletido na
pontuação para o grau de fundamentação.

Tendo sido atingidos todos os objetivos traçados, particularmente no atendimento aos quesitos
formulados para a demonstração das técnicas de avaliações e perícias de engenharia, em um
caso particular de desequilíbrio econômico-financeiro de um contrato de obras de engenharia,
encerra-se o presente trabalho.

17
Trata-se de um tema ainda em análise e julgamento nos Tribunais Superiores em razão de inúmeros recursos
interpostos por diferentes órgãos da administração pública, que pedem tratamento diferenciado para o erário
público.
67

REFERÊNCIAS

ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. 7ª. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

BERTUCI, J. de O. Metodologia básica para elaboração de trabalhos de conclusão de


cursos: ênfase na elaboração de TCC de pós-graduação latu-sensu. São Paulo: Atlas, 2008.

BRASIL, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e


Índices da Construção Civil – SINAPI. Brasília: CEF, 2020. Disponível em:
https://www.caixa.gov.br/Downloads/sinapi-composicoes-aferidas-sumario-composicoes-
aferidas/SUMARIO_DE_PUBLICACOES_E_DOCUMENTACAO_DO_SINAPI.pdf
Acesso em: 28/12/2020

BRASIL, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. SIDRA


Banco de Tabelas Estatísticas. Tabela 35 – Salários medianos por categorias profissionais
(Série encerrada em setembro de 2013). Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/35
Acesso em: 28/12/2020.

BRASIL, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO - TCU. Orientações para Elaboração de


Planilhas Orçamentárias de Obras Públicas. Brasília: TCU, 2014. Disponível em:
https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/orientacoes-para-elaboracao-de-planilhas-
orcamentarias-de-obras-publicas.htm Acesso em: 28/12/2020.

INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA - IBAPE.


IBAPE 003: Norma Técnica para Avaliação do Desequilíbrio Econômico-Financeiro de
Contratos de Obras de Engenharia. São Paulo: IBAPE 2014. Disponível em:
http://www.ibape-nacional.com.br/documentos/ibape-nacional-normas.pdf Acesso em:
28/12/2020.

INSTITUTO DE ENGENHARIA DE SÃO PAULO - IESP. Norma Técnica Nº 01/2011:


Elaboração de Orçamentos de Obras de Construção Civil. São Paulo: IESP 2011.
Disponível em: https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2013/06/13/norma-tecnica-ie-
na-12011-elaboracao-de-orcamento-de-obras-de-construcao-civil/ . Acesso em: 28/12/2020.

MATTOS, Aldo D. Como preparar orçamentos de obras. São Paulo: Pini, 2006.

RAGONE, Adriana A. Inferência estatística aplicada à avaliação de imóveis. Apostila do


Curso de Pós-graduação em Avaliações e Perícias de Engenharia. Fortaleza: INBEC-UNIP,
2018.

TISAKA, Maçahiko. Parecer técnico: Aditivos Contratuais. Sindicato da Indústria da


Construção de São Paulo – SINICESP. São Paulo: SINICESP, 2011. Disponível em:
http://www.sinicesp.org.br/downloads/PARECER%20TECNICO-
%20SINICESP%20%20FINAL%20R2%20-%2018%2009%2011.pdf Acesso em: 28/12/2020.

VASCONCELOS, André L. Daher. Avaliações Econômicas e Análises de Investimentos.


Módulos I e II. Apostila do Curso de Pós-graduação em Avaliações e Perícias de Engenharia.
Fortaleza: INBEC-UNIP, 2018.
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ANEXO I – PLANILHA DE QUANTIDADES E PREÇOS DO CONTRATO


ANEXO I - CONTRATO DE EMPREITADA A PREÇOS UNITÁRIOS ENTRE CAEPIRA E CUSTOSA
PLANILHA DE QUANTIDADES E PREÇOS - DATA-BASE SETEMBRO/2001
PLANILHA A - SERVIÇOS E INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS DE APOIO ÀS OBRAS
1. CANTEIRO DE OBRAS, PLACA E ADMINISTRAÇÃO LOCAL unid quant pr. Unit preço total 261.940,00
Instalação do canteiro de obras unid 1 18.500,00 18.500,00
Placas de identificação da obra, Padrão FIADO e Gov. Mareião unid 2 1.400,00 2.800,00
Manutenção do canteiro e administração local meses 8 27.500,00 220.000,00
Apoio logístico à Fiscalização (veículo com motorista) meses 8 2.580,00 20.640,00
2. MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO 13.060,00
Mobilização de pessoal e euipamentos gl 1 7.750,00 7.750,00
Desmobilização e limpeza da obra gl 1 5.310,00 5.310,00
3. CAMINHOS DE SERVIÇO 90.000,00
Execução e manutenção de caminhos de serviço km 12 7.500,00 90.000,00
TOTAL GERAL ESTIMADO DA PLANILHA "A" 365.000,00
PLANILHA B - FORNECIMENTOS E OBRAS DE SANEAMENTO BÁSICO PARA POÇO SÊCO - ESTADO DO MAREIÃO
1. CAPTAÇÃO FLUTUANTE (Rio Piraquara) 25.080,00
Conj. balsa/bomba Padrão FIADO conf. projeto gl 1 25.080,00 25.080,00
2. ADUTORA DE ÁGUA BRUTA 17.600,00
a) Ø 150 mm FoFo Padrão FIADO conf. projeto m 220 80,00 17.600,00
3. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA 179.540,00
a) Estruturas ferrocimento e=5cm (tanques, decantador, etc) m2 1100 70,00 77.000,00
b) Pintura interna de proteção EPOXI m2 330 38,00 12.540,00
c) Materiais e serviços complementares gl 1 30.000,00 30.000,00
d) Urbanização geral da área e obras afins m2 1000 60,00 60.000,00
4. CASA DE QUÍMICA 121.400,00
a) Edificações completas, acabadas, conf. Padrão FIADO m2 120 740,00 88.800,00
b) Instação de linhas de processo Padrão FIADO gl 1 19.200,00 19.200,00
c) Equipamentos de laboratório Padrão FIADO gl 1 13.400,00 13.400,00
5. ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA 9.000,00
a) Estação Elevatória de Água Tratada Padrão FIADO gl. 1 9.000,00 9.000,00
6. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 1 105.240,00
a) Tubulação PVC 150 mm m 3268 30,00 98.040,00
b) Caixa de descarga ou ventosa unid 16 450,00 7.200,00
7. RESERVATÓRIO APOIADO R1 - V= 100M3 19.700,00
a) Sub-base e base m2 200 15,00 3.000,00
b) Estrutura de ferrocimento acabada e impermeabilizada m2 220 70,00 15.400,00
c) Instalações complementares vb 1 1.300,00 1.300,00
8. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 2 31.140,00
a) Tubulação PVC 100 mm m 1264 22,50 28.440,00
b) Caixa de descarga ou ventosa unid 6 450,00 2.700,00
9. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA TRATADA 534.528,00
a) Rede de distribuição m 27480 18,60 511.128,00
b) Caixa de passagem ou proteção de registros unid 52 450,00 23.400,00
10. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA 248.185,60
a) Ramal predial rua não pavimentada m 9480 10,40 98.592,00
b) Ramal predial rua pavimentada m 6084 20,40 124.113,60
c) Sistema de medição padrão cavalete unid 1960 13,00 25.480,00
11. CHAFARIZES (50 unidades) 25.000,00
a) obras civis e hidráulicas unid 50 440,00 22.000,00
b) duas torneiras unid 50 60,00 3.000,00
12. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO 79.700,00
a) Ramal predial padrão FIADO m 4400 14,00 61.600,00
b) Poço Luminar Padrão FIADO unid 905 20,00 18.100,00
13. REDE COLETORA DE ESGOTO 259.500,00
a) Rede coletora Ø 150 mm PVC m 10500 20,00 210.000,00
b) Poço de visita Padrão FIADO unid 150 330,00 49.500,00
14. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO 217.686,40
a) Terraplenagem e drenagem da área m2 3600 14,00 50.400,00
b) Estruturas de concreto armado fck= 20 MPA m2 50 250,00 12.500,00
c) Estruturas ferrocimento e=5cm (tanques, decantador, etc) m2 780 48,00 37.440,00
d) Pintura interna de proteção EPOXI m2 460 38,00 17.480,00
e) Materiais e serviços complementares gl 1 38.366,40 38.366,40
f) Urbanização geral da área e obras afins m2 2050 30,00 61.500,00
15. EMISSÁRIO 11.700,00
a) Tubulação PVC Ø250 mm m 195 60,00 11.700,00
TOTAL GERAL ESTIMADO DA PLANILHA B 1.885.000,00

TOTAL GERAL ESTIMADO DO CONTRATO EM R$ 2.250.000,00


CONTRATO DE EMPREITADA ENTRE CAEPIRA E CUSTOSA
MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 MÊS 7 MÊS 8 MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 MÊS 7 MÊS 8
ANEXO II - CRONOGRAMA FÍSICO FINANCEIRO - DATA-BASE SET/2001
PLANILHA A - SERVIÇOS E INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS DE APOIO ÀS OBRAS
1. CANTEIRO DE OBRAS, PLACA E ADMINISTRAÇÃO LOCAL
Instalação do canteiro de obras 18.500,00 100% 18500 0 0 0 0 0 0 0
Placas de identificação da obra, Padrão FIADO e Gov. Mareião 2.800,00 100% 2800 0 0 0 0 0 0 0
Manutenção do canteiro e administração local 220.000,00 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 27500 27500 27500 27500 27500 27500 27500 27500
Apoio logístico à Fiscalização (veículo com motorista) 20.640,00 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 12,5% 2580 2580 2580 2580 2580 2580 2580 2580
2. MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO 0 0 0 0 0 0 0 0
Mobilização de pessoal e equipamentos 7.750,00 100% 7750 0 0 0 0 0 0 0
Desmobilização e limpeza da obra 5.310,00 100% 0 0 0 0 0 0 0 5310
3. CAMINHOS DE SERVIÇO 0 0 0 0 0 0 0 0
Execução e manutenção de caminhos de serviço 90.000,00 20% 15% 15% 10% 10% 10% 10% 10% 18000 13500 13500 9000 9000 9000 9000 9000
PLANILHA B - FORNECIMENTOS E OBRAS DE SANEAMENTO BÁSICO_POÇO SECO 0 0 0 0 0 0 0 0
1. CAPTAÇÃO FLUTUANTE (Rio Piraquara) 25.080,00 50% 50% 12540 12540 0 0 0 0 0 0
2. ADUTORA DE ÁGUA BRUTA 17.600,00 40% 40% 20% 7040 7040 3520 0 0 0 0 0
3. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA 179.540,00 20% 30% 25% 25% 35908 53862 44885 44885 0 0 0 0
4. CASA DE QUÍMICA 121.400,00 20% 30% 25% 25% 24280 36420 30350 30350 0 0 0 0
5. ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA 9.000,00 30% 40% 30% 2700 3600 2700 0 0 0 0 0
6. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 1 105.240,00 30% 35% 35% 31572 36834 36834 0 0 0 0 0
7. RESERVATÓRIO APOIADO R1 - V= 100M3 19.700,00 25% 40% 35% 4925 7880 6895 0 0 0 0 0
8. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 2 31.140,00 25% 40% 35% 7785 12456 10899 0 0 0 0 0
9. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA TRATADA 534.528,00 10,0% 10,0% 15,0% 15,0% 15,0% 15,0% 10,0% 10,0% 53452,8 53452,8 80179,2 80179,2 80179,2 80179,2 53452,8 53452,8
10. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA 248.185,60 10% 20% 20% 20% 15% 15% 0 0 24818,6 49637,1 49637,1 49637,1 37227,8 37227,8
11. CHAFARIZES (50 unidades) 25.000,00 30% 30% 40% 0 0 0 0 7500 7500 10000 0
12. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO 79.700,00 20% 20% 20% 20% 20% 0 0 0 15940 15940 15940 15940 15940
13. REDE COLETORA DE ESGOTO 259.500,00 5% 15% 20% 20% 20% 20% 0 0 12975 38925 51900 51900 51900 51900
14. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO 217.686,40 25% 25% 25% 25% 0 0 0 0 54421,6 54421,6 54421,6 54421,6
15. EMISSÁRIO 11.700,00 50% 50% 0 0 0 0 0 0 5850 5850
TOTAL GERAL ESTIMADO DO CONTRATO EM R$ 2.250.000,00 11,4% 11,9% 13,2% 13,3% 13,3% 13,3% 11,9% 11,7% 257.333 267.665 297.636 298.996 298.658 298.658 267.872 263.182
11,4% 23,3% 36,6% 49,9% 63,1% 76,4% 88,3% 100,0%
ANEXO II – CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO CONTRATUAL
69
70

ANEXO III – COMPOSIÇÃO DOS ENCARGOS SOCIAIS


Co m p o siç ão d e E n c arg o s So c iais (H o ras N o rm ais _ jo rn ad a d e 44h /se m an a)
GRUPO I Obrigações de Lei que incidem diretamente sobre a Folha de Pagamento.
INSS 20,00%
INCRA 0,20%
Salário Educação 2,50%
SENAI 1,30%
SESI 1,80%
Seguro Acidente de Trabalho 3,00%
FGTS 8,00%
T o tal d o Gru p o I 36,80%
GRUPO I I Direito de recepção de salários dos dias em que não há prestação de
serviços e portanto sofrem incidência do Grupo I
Parâmetros Básicos
44,00 horas/semana = <---variável
4,35 semanas/mes (365/12/7)
7,3333 horas/dia (44/6)
2.676,67 horas totais do ano (365 x 7,333)
Horas não trabalhadas no ano % Trab's. em idade fértil
Dias h/dia Fecundidade % Masc ;% Fem. Total de Horas
Domingo 52 7,3333 381,33
Feriados 10 7,3333 Número de Feriados = <---Variável 73,33
Enfermidade 3,62 7,3333 26,55
Acidente de Trabalho 3 7,3333 22,00
Ausência Legal 2 7,3333 14,67
Férias 26 7,3333 190,67
Licença Paternidade 5 7,3333 3,00% 50,00% 99,00% 0,54
Licença Maternidade 120 7,3333 3,00% 50,00% 1,00% 0,13
T o tal d e H o ras d e A fastam e n to = 709,22
Trab.Masc. = 97% e Trab.Femin. = 3% e 50% dos trab's em idade Fértil (18 a 59 anos).
Total Anual Total Não Trab. T rab .E fe tivo
T o tal d e H o ras/A n o e fe tivam e n te T rab alh ad as 2.676,67 709,22 1.967,44
Cálculo dos Percentuais do GRUPO I I
horas não Trab.
horas trab. Incidência %
Domingo 381,33 1.942,40 19,63%
Feriados 73,33 1.942,40 3,78%
Enfermidade 26,55 1.942,40 1,37%
Acidente de Trabalho 22,00 1.942,40 1,13%
Ausência Legal 14,67 1.942,40 0,76%
Férias (com abono de 33%) 190,67 1.942,40 13,06%
Licença Paternidade 0,54 1.942,40 0,03%
Licença Maternidade 0,13 1.942,40 0,01%
13o Salário 7,3333 30 220,00 1.942,40 11,33%
T o tal d o Gru p o I I 51,08%
GRUPO I I I Pagos diretamente ao empregado, porém não sem incidência do GRUPO I
AVISO PRÉVIO
95% dos empregados recebem aviso prévio (5% se aposentam ou pedem demissão)
80% de SEMANALISTAS, < 1 ano de serviço e recebe aviso indenizado, permanência média 6 meses
20% são MENSALISTAS, com média de permanência na Empresa de mais de 1 ano de serviço.
SEMANALISTA ((30 x 7,333 x 80% x 95%)/1.942,40) x (12/6) 17,00%
MENSALISTA ((30 x 7,333 x 20% x 95%)/1.942,40) x (12/12) 2,12%
Subtotal = 19,12%
INDENIZAÇÃO POR DISPENSA SEM JUSTA CAUSA (40% sobre os depósitos FGTS)
Total = (8%x(7,333x365/12)x95% x 6meses x (12/6)) x 40%/1.942,40 4,14%
INDENIZAÇÃO ADICIONAL - Lei 6.708
De acordo com artigo 9 da Lei 6.708, o empregado dispensado sem justa causa, no período de 30 dias
que antecede a data base de sua correção salarial, terá direito a uma indenização adicional equivalente
equivalente a um salário mensal (30 dias), seja ele optante ou não do FGTS. Estimando que 14% dos
empregados se desligam da Empresa dentro de 30 dias que antecede a data base, temos:
Total = 14% x 7,333 x 30/1942,40 1,57%
T o tal d o GRUPO I I I 24,82%
GRUPO I V São encargos que recebem a reincidência dos ENCARGOS SOCIAIS
GRUPO I x GRUPO I I = 36,80% x 52,37% = 18,80%
T O T A L GE RA L = GRUPO I + GRUPO I I + GRUPO I I I + GRUPO IV = 131,50%
A DO T A DO 131,50%
Co m p o siç ão d e E n c arg o s So c iais (H o ras E x tras, ac ré sc im o d e 50% so b re H o ras N o rm ais )
T o tal d o Gru p o I (a) 36,80%
Acréscimo sobre o Salário hora diurna (b) 50,00%
Incidência (a) x (b) 18,40%
Obs. 50% se não tiver "Acordo Sindical" alterando essa % para mais.
Não há acréscimo sobre os Grupos 2 e 3 da hora normal
T o tal d o Gru p o I I 51,08%
T o tal d o GRUPO I I I 24,82%
T o tal d o GRUPO I V (to tal d o Gru p o I x Gru p o II) 28,20%
T O T A L GE RA L = GRUPO I + GRUPO I I + GRUPO I I I + GRUPO IV = 159,30%
T O T A L GE RA L = Soma de Encargos Sociais + Acréscimo de Salário sobre Hora Normal)
159,30% 150,00% 238,95%
T O T A L GE RA L = para cálculo de custo de Horas Extras, a partir da Tabela de Horas Normais
A DO T A DO 238,95%
JO RN A DA DE T RA BA LH O A DM IT IDO PA RA E X E CUÇÃ O DE O BRA S
Adotando Trabalho Semanal de 44 horas normais e 1h Extra/dia (exceto sab), no total 49 horas, temos
Total de Horas Normais /Semana = 44
Total de Horas Extras /Semana = 5
Encargos Sociais + Acréscimo de Salário = (44 x 134% + 12 x 242,43%)/56 horas = 142,46%
Para Jornada de trabalho de 49h/semana A DO T A DO p ara c o m p o siç ão d e Pre ç o s 142,46%
71

ANEXO IV – EAP – ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO


CONTRATO DE EMPREITADA A PREÇOS UNITÁRIOS E.A.P.

PLANILHA A - SERVIÇOS E INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS DE APOIO ÀS OBRAS MAT VME MOI MAT VME MOI
1. CANTEIRO DE OBRAS, PLACA E ADMINISTRAÇÃO LOCAL % % % R$ R$ R$
Instalação do canteiro de obras 18.500,00 50% 15% 35% 9.250 2.775 6.475
Placas de identificação da obra, Padrão FIADO e Gov. Mareião 2.800,00 70% 10% 20% 1.960 280 560
Manutenção do canteiro e administração local 220.000,00 5% 15% 80% 11.000 33.000 176.000
Apoio logístico à Fiscalização (veículo com motorista) 20.640,00 5% 50% 45% 1.032 10.320 9.288
2. MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO
Mobilização de pessoal e euipamentos 7.750,00 0% 30% 70% 0 2.325 5.425
Desmobilização e limpeza da obra 5.310,00 0% 30% 70% 0 1.593 3.717
3. CAMINHOS DE SERVIÇO MAT VME MOD MAT VME MOD
Execução e manutenção de caminhos de serviço 90.000,00 0% 50% 50% 0 45.000 45.000
PLANILHA B - FORNECIMENTOS E OBRAS DE SANEAMENTO BÁSICO PARA POÇO SECO - ESTADO DO MAREIÃO
1. CAPTAÇÃO FLUTUANTE (Rio Piraquara)
Conj. balsa/bomba Padrão FIADO conf. projeto 25.080,00 60% 10% 30% 15.048 2.508 7.524
2. ADUTORA DE ÁGUA BRUTA
a) Ø 150 mm FoFo Padrão FIADO conf. projeto 17.600,00 60% 10% 30% 10.560 1.760 5.280
3. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA
a) Estruturas ferrocimento e=5cm (tanques, decantador, etc) 77.000,00 40% 15% 45% 30.800 11.550 34.650
b) Pintura interna de proteção EPOXI 12.540,00 60% 5% 35% 7.524 627 4.389
c) Materiais e serviços complementares 30.000,00 40% 20% 40% 12.000 6.000 12.000
d) Urbanização geral da área e obras afins 60.000,00 35% 25% 40% 21.000 15.000 24.000
4. CASA DE QUÍMICA
a) Edificações completas, acabadas, conf. Padrão FIADO 88.800,00 50% 10% 40% 44.400 8.880 35.520
b) Instação de linhas de processo Padrão FIADO 19.200,00 50% 10% 40% 9.600 1.920 7.680
c) Equipamentos de laboratório Padrão FIADO 13.400,00 70% 5% 25% 9.380 670 3.350
5. ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA
a) Estação Elevatória de Água Tratada Padrão FIADO 9.000,00 60% 10% 30% 5.400 900 2.700
6. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 1
a) Tubulação PVC 150 mm 98.040,00 45% 15% 40% 44.118 14.706 39.216
b) Caixa de descarga ou ventosa 7.200,00 40% 10% 50% 2.880 720 3.600
7. RESERVATÓRIO APOIADO R1 - V= 100M3
a) Sub-base e base 3.000,00 25% 35% 40% 750 1.050 1.200
b) Estrutura de ferrocimento acabada com impermeabilizante 15.400,00 40% 15% 45% 6.160 2.310 6.930
c) Instalações complementares 1.300,00 40% 20% 40% 520 260 520
8. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 2
a) Tubulação PVC 100 mm 28.440,00 40% 15% 45% 11.376 4.266 12.798
b) Caixa de descarga ou ventosa 2.700,00 40% 10% 50% 1.080 270 1.350
9. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA TRATADA
a) Rede de distribuição 511.128,00 40% 15% 45% 204.451 76.669 230.008
b) Caixa de passagem ou proteção de registros 23.400,00 40% 10% 50% 9.360 2.340 11.700
10. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA
a) Ramal predial rua não pavimentada 98.592,00 40% 10% 50% 39.437 9.859 49.296
b) Ramal predial rua pavimentada 124.113,60 40% 10% 50% 49.645 12.411 62.057
c) Sistema de medição padrão cavalete 25.480,00 40% 5% 55% 10.192 1.274 14.014
11. CHAFARIZES (50 unidades)
a) obras civis e hidráulicas 22.000,00 40% 20% 40% 8.800 4.400 8.800
b) duas torneiras 3.000,00 100% 0% 0% 3.000 0 0
12. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO
a) Ramal predial padrão FIADO 61.600,00 40% 15% 45% 24.640 9.240 27.720
b) Poço Luminar Padrão FIADO 18.100,00 40% 10% 50% 7.240 1.810 9.050
13. REDE COLETORA DE ESGOTO
a) Rede coletora Ø 150 mm PVC 210.000,00 40% 15% 45% 84.000 31.500 94.500
b) Poço de visita Padrão FIADO 49.500,00 40% 10% 50% 19.800 4.950 24.750
14. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO
a) Terraplenagem e drenagem da área 50.400,00 10% 40% 50% 5.040 20.160 25.200
b) Estruturas de concreto armado fck= 20 MPA 12.500,00 40% 15% 45% 5.000 1.875 5.625
c) Estruturas ferrocimento e=5cm (tanques, decantador, etc) 37.440,00 40% 15% 45% 14.976 5.616 16.848
d) Pintura interna de proteção EPOXI 17.480,00 60% 5% 35% 10.488 874 6.118
e) Materiais e serviços complementares 38.366,40 45% 15% 40% 17.265 5.755 15.347
f) Urbanização geral da área e obras afins 61.500,00 35% 25% 40% 21.525 15.375 24.600
15. EMISSÁRIO
a) Tubulação PVC Ø250 mm 11.700,00 35% 25% 40% 4.095 2.925 4.680
771.550 280.431 833.019
ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO/PLANILHA B (CUSTO DIRETO DAS OBRAS)
40,9% 14,9% 44,2%
72

ANEXO V – TERMO ADITIVO 1 – PLANILHA DE QUANTIDADES E PREÇOS


ANEXO V - TERMO ADITIVO Nº 1 AO CT DE EMPREITADA A PREÇOS UNITÁRIOS ENTRE CAEPIRA E CUSTOSA
PLANILHA CONSOLIDADA DE QUANTIDADES E PREÇOS - DATA-BASE SETEMBRO/2001
PLANILHA A - SERVIÇOS E INSTALAÇÕES PROVISÓRIAS DE APOIO ÀS OBRAS
1. CANTEIRO DE OBRAS, PLACA E ADMINISTRAÇÃO LOCAL unid quant pr. Unit preço total 382.260,00
Instalação do canteiro de obras unid 1 18.500,00 18.500,00
Placas de identificação da obra, Padrão FIADO e Gov. Mareião unid 2 1.400,00 2.800,00
Manutenção do canteiro e administração local meses 12 27.500,00 330.000,00
Apoio logístico à Fiscalização (veículo com motorista) meses 12 2.580,00 30.960,00
2. MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO 13.060,00
Mobilização de pessoal e euipamentos gl 1 7.750,00 7.750,00
Desmobilização e limpeza da obra gl 1 5.310,00 5.310,00
3. CAMINHOS DE SERVIÇO 90.000,00
Execução e manutenção de caminhos de serviço km 12 7.500,00 90.000,00
TOTAL GERAL ESTIMADO DA PLANILHA "A" 485.320,00
PLANILHA B - FORNECIMENTOS E OBRAS DE SANEAMENTO BÁSICO PARA POÇO SÊCO - ESTADO DO MAREIÃO
1. CAPTAÇÃO FLUTUANTE (Rio Piraquara) 25.080,00
Conj. balsa/bomba Padrão FIADO conf. projeto gl 1 25.080,00 25.080,00
2. ADUTORA DE ÁGUA BRUTA 17.600,00
a) Ø 150 mm FoFo Padrão FIADO conf. projeto m 220 80,00 17.600,00
3. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA 179.540,00
a) Estruturas ferrocimento e=5cm (tanques, decantador, etc) m2 1100 70,00 77.000,00
b) Pintura interna de proteção EPOXI m2 330 38,00 12.540,00
c) Materiais e serviços complementares gl 1 30.000,00 30.000,00
d) Urbanização geral da área e obras afins m2 1000 60,00 60.000,00
4. CASA DE QUÍMICA 205.100,00
a) Edificações completas, acabadas, conf. Padrão FIADO m2 145 740,00 107.300,00
b) Instação de linhas de processo Padrão FIADO gl 3 19.200,00 57.600,00
c) Equipamentos de laboratório Padrão FIADO gl 3 13.400,00 40.200,00
5. ELEVATÓRIA DE ÁGUA TRATADA 9.000,00
a) Estação Elevatória de Água Tratada Padrão FIADO gl. 1 9.000,00 9.000,00
6. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 1 105.240,00
a) Tubulação PVC 150 mm m 3268 30,00 98.040,00
b) Caixa de descarga ou ventosa unid 16 450,00 7.200,00
7. RESERVATÓRIO APOIADO R1 - V= 100M3 19.700,00
a) Sub-base e base m2 200 15,00 3.000,00
b) Estrutura de ferrocimento acabada e impermeabilizada m2 220 70,00 15.400,00
c) Instalações complementares vb 1 1.300,00 1.300,00
8. ADUTORA DE ÁGUA TRATADA 2 31.140,00
a) Tubulação PVC 100 mm m 1264 22,50 28.440,00
b) Caixa de descarga ou ventosa unid 6 450,00 2.700,00
9. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA TRATADA 534.528,00
a) Rede de distribuição m 27480 18,60 511.128,00
b) Caixa de passagem ou proteção de registros unid 52 450,00 23.400,00
10. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUA 372.278,40
a) Ramal predial rua não pavimentada m 14220 10,40 147.888,00
b) Ramal predial rua pavimentada m 9126 20,40 186.170,40
c) Sistema de medição padrão cavalete unid 2940 13,00 38.220,00
11. CHAFARIZES (50 unidades) 0,00
a) obras civis e hidráulicas unid 0 440,00 0,00
b) duas torneiras unid 0 60,00 0,00
12. LIGAÇÕES PREDIAIS DE ESGOTO 79.700,00
a) Ramal predial padrão FIADO m 4400 14,00 61.600,00
b) Poço Luminar Padrão FIADO unid 905 20,00 18.100,00
13. REDE COLETORA DE ESGOTO 363.300,00
a) Rede coletora Ø 150 mm PVC m 14700 20,00 294.000,00
b) Poço de visita Padrão FIADO unid 210 330,00 69.300,00
14. ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO 312.686,40
a) Terraplenagem e drenagem da área m2 3600 14,00 50.400,00
b) Estruturas de concreto armado fck= 20 MPA m2 50 250,00 12.500,00
c) Estruturas ferrocimento e=5cm (tanques, decantador, etc) m2 780 48,00 37.440,00
d) Pintura interna de proteção EPOXI m2 460 38,00 17.480,00
e) Materiais e serviços complementares gl 1 133.366,40 133.366,40
f) Urbanização geral da área e obras afins m2 2050 30,00 61.500,00
15. EMISSÁRIO 72.287,20
a) Tubulação PVC Ø250 mm m 1204,8 60,00 72.287,20
TOTAL GERAL ESTIMADO DA PLANILHA B 2.327.180,00

TOTAL GERAL ESTIMADO DO CONTRATO EM R$ 2.812.500,00


73

ANEXO VI – PLEITO DA CUSTOSA: SERVIÇOS ADICIONAIS E REAJUSTES

Custo médio
Meses Custo total
Discriminação mensal dos
adicionais¹ adicional R$
recursos
Administração Local e apoio logístico² 23.720,53 10 237.205,30
Mão de obra direta³ 82.112,75 10 821.127,50
Veículos, máquinas e equipamentos³ 27.642,75 10 276.427,50
Serviços adicionais não medidos (Mat.2ª Cat)⁴ - - 193.476,03
Reajuste de medições após 12 meses⁴ - - 147.754,24
Liberação da retenção de 5% com reajuste⁴ - - 144.196,56
Encargos financeiros⁵ 3% - A APURAR
SUBTOTAL SEM BDI
BDI 26,81% - - 487.992,17
VALOR TOTAL EM MAIO/2004 2.308.179,30

Obs.: ¹ Computado o prazo total de obra de 22 meses, menos 8 meses do prazo original e menos 4 meses do
Aditivo 1; ² Vide Quadro 7; ³ Vide Quadro 8; ⁴ Vide detalhe demonstrativo abaixo ⁵ A apurar / negociar.

A Contratada apresentou os protocolos de campo e relatório fotográfico demonstrando que do


total de 56.602 m3 de valas escavado, 26.467,31 m3 (46,7%) foram escavados em Material de 2ª
Categoria, com maior grau de dificuldade de escavação, e acréscimo de custo de R$ 7,31 / m3
Total m3 Adicional R$ total
Escavação em material de 2ª categoria 26.467,31 7,31 193.476,03

Entretanto, de acordo com o Método Comparativo dos Cenários Contratuais, baseado em análise
comparativa dos fatores de custos, originalmente previstos versus efetivamente empregados, a
partir dos histogramas respectivos, tem-se que as eventuais diferenças de custos por atividade ou
por grau de dificuldade em razão de demanda maior ou menor quantidade de recursos já estão
devidamente contemplados pelo método na apuração do DEF.

Os cálculos dos reajustes da medições dos serviços posteriores a agosto/2002 (após 12 meses da
data-base), bem como, da apuração dos custos financeiros estão contemplados nas planilhas dos
Quadros 20 e 21.

Quanto à liberação pendente de valores retidos e a serem corrigidos para a data da liquidação da
sentença, entende-se que se trata de um direito regulado pelo pacto original das partes,não sendo
objeto de avaliação de DEF.
74

ANEXO VII – ÍNDICES PARA ATUALIZAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA

A - ÍNDICES DE REAJUSTE CONTRATUAL DAS PARCELAS DOS SERVIÇOS

FÓRMULA DE REAJUSTAMENTO DE PREÇOS

P = P0 * [ (α * M / M0) + (β * MO / MO0) + (γ * VE / VE0) ]

P e P0 = Preço ou parcela do contrato reajustada e preço ou parcela na data-base do contrato, respectivamente

α = Índice de incidência média dos custos dos materiais conforme EAP do Projeto

β = Índice de incidência média dos custos de mão de obra conforme EAP do Projeto

γ = Índice de incidência média dos custos de veículos, máquinas e equipamentos conforme EAP do Projeto

M e M0 = Índice do INCC - Coluna 2 - Materiais publicados pela FGV, no mês do reajuste e no mês da data-base, respectivamte

MO e MO0 = Índice do INCC - Coluna 1 - Mão de Obra publicado pela FGV, no mês do reajuste e no mês da data-base, respect

VE e VE0 = Ìndice do IPA-DI - Coluna 13 - Véculos, Máqs e Equipamentos da FGV, no mês do reajuste e no mês da data-base

Parâmetros MAT MOD VME ÍNDICE INDIRETO


Fatores α, β e γ --> 0,4134 0,4410 0,1456 REAJUSTE MOD+VME
set/02 0,08571 0,10021 0,10265 1,09457 0,10143
out/02 0,10513 0,10508 0,13506 1,10947 0,12007
nov/02 0,14927 0,11398 0,18170 1,13843 0,14784
dez/02 0,18664 0,11398 0,20761 1,15765 0,16079
jan/03 0,22028 0,11398 0,23704 1,17584 0,17551
fev/03 0,24115 0,12541 0,26119 1,19303 0,19330
mar/03 0,26235 0,13660 0,28608 1,21035 0,21134
abr/03 0,28337 0,13660 0,30443 1,22171 0,22052
mai/03 0,29510 0,19508 0,32785 1,25576 0,26146
jun/03 0,29992 0,21702 0,33317 1,26820 0,27510
jul/03 0,30625 0,23614 0,33993 1,28023 0,28804
ago/03 0,31021 0,26982 0,34314 1,29720 0,30648
set/03 0,31431 0,27126 0,34855 1,30031 0,30991

Coluna2 MAT INCC - FGV Coluna1 MDO INCC - FGV Coluna13 VME IPA DI - FGV
set/01 179,9600 0,0000 set/01 248,3040 0,0000 set/01 171,0800 0,0000
set/02 195,3840 -0,15402 set/02 273,1860 0,10021 set/02 188,6410 0,10265
out/02 198,8800 -0,13888 out/02 274,3970 0,10508 out/02 194,1860 0,13506
nov/02 206,8220 -0,10450 nov/02 276,6050 0,11398 nov/02 202,1650 0,18170
dez/02 213,5470 -0,07538 dez/02 276,6050 0,11398 dez/02 206,5980 0,20761
jan/03 219,6020 -0,04916 jan/03 276,6050 0,11398 jan/03 211,6320 0,23704
fev/03 223,3580 -0,03290 fev/03 279,4430 0,12541 fev/03 215,7640 0,26119
mar/03 227,1720 -0,01638 mar/03 282,2230 0,13660 mar/03 220,0230 0,28608
abr/03 230,9560 0,00000 abr/03 282,2230 0,13660 abr/03 223,1620 0,30443
mai/03 233,0670 0,00914 mai/03 296,7430 0,19508 mai/03 227,1680 0,32785
jun/03 233,9340 0,01289 jun/03 302,1910 0,21702 jun/03 228,0790 0,33317
jul/03 235,0720 0,01782 jul/03 306,9380 0,23614 jul/03 229,2360 0,33993
ago/03 235,7860 0,02091 ago/03 315,3020 0,26982 ago/03 229,7850 0,34314
set/03 236,5230 0,02410 set/03 315,6590 0,27126 set/03 230,7100 0,34855

B - INDÍCES DE VARIAÇÃO DA TR PARA ATUALIZAÇÃO FINANCEIRA DOS


SALDOS CONTRATUAIS EM ATRASO, APÓS O VENCIMENTO DAS FATURAS
75

TR (fonte: Portal Brasil.net)


2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
jan 0,1369 0,2591 0,4878 0,128 0,188 0,2326 0,2189 0,101 0,184 0
fev 0,0368 0,1171 0,4116 0,0458 0,0962 0,0725 0,0721 0,0243 0,0451 0
mar 0,1724 0,1758 0,3782 0,1778 0,2635 0,2073 0,1876 0,0409 0,1438 0,0792
abr 0,1546 0,2357 0,4184 0,0874 0,2003 0,0855 0,1272 0,0955 0,0454 0
mai 0,1827 0,2102 0,465 0,1546 0,2527 0,1888 0,1689 0,0736 0,0449 0,051
jun 0,1458 0,1582 0,4166 0,1761 0,2993 0,1937 0,0954 0,1146 0,0656 0,0589
jul 0,2441 0,2656 0,5465 0,1952 0,2575 0,1751 0,1469 0,1914 0,1051 0,1151
ago 0,3436 0,2481 0,4038 0,2005 0,3466 0,2436 0,1466 0,1574 0,0197 0,0909
set 0,1627 0,1955 0,3364 0,1728 0,2637 0,1521 0,0352 0,197 0 0,0702
out 0,2913 0,2768 0,3213 0,1108 0,21 0,1875 0,1142 0,2506 0 0,0472
nov 0,1928 0,2644 0,1776 0,1146 0,1929 0,1282 0,059 0,1618 0 0,0336
dez 0,1983 0,3609 0,1899 0,24 0,2269 0,1522 0,064 0,2149 0,0533 0,1406

ATRASOS DE PAGAMENTO ATUALIZAÇÃO FINANCEIRA PELA TR ENTRE O


TR Prorata die CAF E O VENCIMENTO DA FATURA
1,0075 dias + ou - mês Var.TR Ind.Acum Atualizaç
1,0040 0,0119 3,0 fev/02 0,1171 1,00000 1,08621
1,0052 -0,0362 -9,0 mar/02 0,1758 1,00176 1,08430
1,0071 0,0506 7,0 abr/02 0,2357 1,00412 1,08175
1,0062 -0,0769 -13,0 mai/02 0,2102 1,00623 1,07948
1,0049 -0,0635 -10,0 jun/02 0,1582 1,00782 1,07778
1,0076 -0,1247 -24,0 jul/02 0,2656 1,01050 1,07492
1,0072 0,2510 31,3 ago/02 0,2481 1,01301 1,07226
1,0060 0,2522 37,0 set/02 0,1955 1,01499 1,07017
1,0079 0,3331 37,0 out/02 0,2768 1,01780 1,06721
1,0079 0,1253 15,1 nov/02 0,2644 1,02049 1,06440
1,0100 0,1724 16,0 dez/02 0,3609 1,02417 1,06057
1,0129 -0,0615 -6,0 jan/03 0,4878 1,02917 1,05542
1,0124 -0,5493 -37,0 fev/03 0,4116 1,03340 1,05110
1,0104 -0,0376 -3,0 mar/03 0,3782 1,03731 1,04714
1,0117 0,1106 9,0 abr/03 0,4184 1,04165 1,04277
1,0124 0,2029 15,0 mai/03 0,465 1,04649 1,03795
1,0117 0,1122 9,2 jun/03 0,4166 1,05085 1,03364
1,0142 0,0029 0,2 jul/03 0,5465 1,05660 1,02802
1,0110 1,1827 111,6 ago/03 0,4038 1,06086 1,02389
1,0097 -0,3003 -24,0 set/03 0,3364 1,06443 1,02046
1,0090 -0,3625 -32,0 out/03 0,3213 1,06785 1,01719
1,0055 0,2963 50,3 nov/03 0,1776 1,06975 1,01539
1,0056 dez/03 0,1899 1,07178 1,01346
jan/04 0,128 1,07315 1,01217
Dias com sinal negato significa que fev/04 0,0458 1,07364 1,01170
houve antecipação de pagamento mar/04 0,1778 1,07555 1,00991
abr/04 0,0874 1,07649 1,00902
mai/04 0,1546 1,07816 1,00747
jun/04 0,1761 1,08005 1,00570
jul/04 0,1952 1,08216 1,00374
ago/04 0,2005 1,08433 1,00173
set/04 0,1728 1,08621 1,00000
76

C – INDICES PARA ATUALIZAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA DOS SALDOS DO “DEF”


DE ACORDO COM OS PARÂMETROS ADOTADOS NO ESTUDO: IPCA + SELIC
IPCA SELIC
2309,23 1,25 1,00000
1 out/04 2316,62 1,0032 1,21 1,01534
2 nov/04 2331,21 1,0063 1,25 1,03451
3 dez/04 2350,79 1,0084 1,48 1,05863
4 jan/05 2366,78 1,0068 1,38 1,08054
5 fev/05 2384,29 1,0074 1,22 1,10182
6 mar/05 2392,64 1,0035 1,53 1,12259
7 abr/05 2410,35 1,0074 1,41 1,14685
8 mai/05 2430,36 1,0083 1,5 1,17371
9 jun/05 2433,28 1,0012 1,59 1,19381
10 jul/05 2435,96 1,0011 1,51 1,21317
11 ago/05 2442,78 1,0028 1,66 1,23676
12 set/05 2446,69 1,0016 1,5 1,25732
13 out/05 2460,39 1,0056 1,41 1,28219
14 nov/05 2479,58 1,0078 1,38 1,31002
15 dez/05 2489,00 1,0038 1,47 1,33433
16 jan/06 2501,69 1,0051 1,43 1,36031
17 fev/06 2514,70 1,0052 1,15 1,38311
18 mar/06 2524,00 1,0037 1,42 1,40794
19 abr/06 2528,29 1,0017 1,08 1,42556
20 mai/06 2535,12 1,0027 1,28 1,44771
21 jun/06 2531,32 0,9985 1,18 1,46260
22 jul/06 2530,81 0,9998 1,17 1,47941
23 ago/06 2535,62 1,0019 1,26 1,50090
24 set/06 2536,89 1,0005 1,06 1,51757
25 out/06 2544,25 1,0029 1,09 1,53856
26 nov/06 2553,66 1,0037 1,02 1,56000
27 dez/06 2562,60 1,0035 0,99 1,58096
28 jan/07 2575,93 1,0052 1,08 1,60635
29 fev/07 2587,78 1,0046 0,87 1,62778
30 mar/07 2598,39 1,0041 1,05 1,65161
31 abr/07 2604,11 1,0022 0,94 1,67081
32 mai/07 2610,88 1,0026 1,03 1,69241
33 jun/07 2618,45 1,0029 0,91 1,71276
34 jul/07 2624,73 1,0024 0,97 1,73352
35 ago/07 2635,75 1,0042 0,99 1,75803
36 set/07 2643,39 1,0029 0,8 1,77723
37 out/07 2649,74 1,0024 0,93 1,79807
38 nov/07 2655,83 1,0023 0,84 1,81734
39 dez/07 2674,42 1,0070 0,84 1,84544
40 jan/08 2693,14 1,0070 0,93 1,87564
41 fev/08 2710,38 1,0064 0,8 1,90274
42 mar/08 2716,61 1,0023 0,84 1,92314
43 abr/08 2732,64 1,0059 0,9 1,95190
44 mai/08 2747,94 1,0056 0,88 1,98010
45 jun/08 2772,67 1,0090 0,96 2,01710
46 jul/08 2790,14 1,0063 1,07 2,05152
47 ago/08 2799,90 1,0035 1,02 2,07970
48 set/08 2807,18 1,0026 1,1 2,10804
77

IPCA SELIC
49 out/08 2815,60 1,0030 1,18 2,13932
50 nov/08 2829,40 1,0049 1,02 2,17173
51 dez/08 2837,60 1,0029 1,12 2,20242
52 jan/09 2848,95 1,0040 1,05 2,23444
53 fev/09 2866,90 1,0063 0,86 2,26786
54 mar/09 2870,05 1,0011 0,97 2,29237
55 abr/09 2880,32 1,0036 0,84 2,31990
56 mai/09 2897,31 1,0059 0,77 2,35155
57 jun/09 2908,32 1,0038 0,76 2,37843
58 jul/09 2914,72 1,0022 0,79 2,40250
59 ago/09 2921,42 1,0023 0,69 2,42463
60 set/09 2926,97 1,0019 0,69 2,44600
61 out/09 2932,24 1,0018 0,69 2,46731
62 nov/09 2945,14 1,0044 0,66 2,49452
63 dez/09 2956,33 1,0038 0,73 2,52228
64 jan/10 2971,70 1,0052 0,66 2,55213
65 fev/10 2999,63 1,0094 0,59 2,59131
66 mar/10 3016,13 1,0055 0,76 2,62537
67 abr/10 3030,61 1,0048 0,67 2,65565
68 mai/10 3049,70 1,0063 0,75 2,69242
69 jun/10 3055,49 1,0019 0,79 2,71884
70 jul/10 3052,74 0,9991 0,86 2,73976
71 ago/10 3051,21 0,9995 0,89 2,76275
72 set/10 3060,67 1,0031 0,85 2,79488
73 out/10 3079,65 1,0062 0,81 2,83499
74 nov/10 3106,13 1,0086 0,81 2,88252
75 dez/10 3127,56 1,0069 0,93 2,92940
76 jan/11 3151,33 1,0076 0,86 2,97705
77 fev/11 3181,90 1,0097 0,84 3,03118
78 mar/11 3200,99 1,0060 0,92 3,07742
79 abr/11 3225,64 1,0077 0,84 3,12717
80 mai/11 3248,22 1,0070 0,99 3,18023
81 jun/11 3255,69 1,0023 0,96 3,21815
82 jul/11 3258,94 1,0010 0,97 3,25261
83 ago/11 3267,74 1,0027 1,07 3,29629
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78

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79

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