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A Longevidade Produtiva e a Ressignificação do Trabalho como Missão

para a Vida Toda


Na esteira dos dilemas e paradoxos da longevidade produtiva que hoje vivenciamos, gostaria de
agregar algo mais para o debate:

“Paradoxo”: na teoria, a maioria das empresas valoriza muito experiência, maturidade e inteligência
emocional dos seus líderes; entretanto, na hora de contratar fazem justamente o contrário; os 50+
não são sequer cogitados e, portanto, descartáveis. Neste aspecto, o mundo corporativo é
imediatista e míope, para não dizer, hipócrita.

“Futuro200+”: não é mais profecia, mas projeção matemática de expectativa de vida (predição
SingularityU x biotecnologia); primeiro humano a viver 200 anos já está entre nós. Em breve
alcançaremos a expectativa média de vida de 150 anos para os humanos.

“Longevidade improdutiva”: a combinação dos fenômenos acima, traz grave problema econômico-
social (desperdício de recursos de produção) e saúde pública, além da falência do sistema
previdenciário. O descarte massivo dos profissionais 50+ é vetor de demência precoce e outras
doenças degenerativas cognitivas e motoras, em razão do desuso.

“Política pública”: a política “Envelhecimento ativo” (OMS/Min.da Saude) tem viés assistencialista
talvez adequada para 80+ (por enquanto); como tal, deixa um gap de 30 anos (50-80) que requer
menos assistência e mais incentivos para a inclusão produtiva; (note-se que a compulsória do setor
público = 70);

“O efeito Orloff”: o efeito do dia seguinte é que o tempo passa igualmente para todos. Portanto, é
um tema cuja discussão é de interesse para todas as gerações.

“Ressignificação disruptiva”: conscientização e mobilização geral em torno da inovação social


(alavancagem pelos benefícios da diversidade e maior responsabilidade social = inclusividade/ESG);
reconceituação e reclassificação dos padrões ou rótulos das faixas etárias, para destruir os
estereótipos sociais; ruptura do modelo mental “CLT” (quase centenário/anacrônico) para
ressignificar o trabalho como uma missão dignificante, ao contrário de um fardo a ser carregado até
que um dia se alcance a recompensa de não precisar mais carregá-lo, vulgo, “aposentadoria”.

“Crença limitante”: ainda hoje cultivamos em nossas crianças a ideia de que elas devem se esforçar
muito enquanto jovens para que aos 60 possam desfrutar do ócio ou seja, não precisar mais
trabalhar, o que é nada mais do que uma ilusória promessa de felicidade, sem significância. Só quem
chega lá é capaz de entender que a aposentadoria é o “inferno”; significa a linha divisória entre o
útil e o inútil, o que acelera o processo do “fim = morte”, quando não se tem arraigado o significado
para a própria existência, como uma missão permanente de vida.

“Era da ansiedade”: o tempo cada vez mais acelerado, muito bem descrito por Augusto Cury, tem
como resultado a produção de novos lideres muito jovens e prematuros/crús, lembrando que o
domínio de um novo ferramental tecnológico é apenas um meio e não um fim; portanto, tecnologia
não significa nada sem o discernimento de propósito.

Mauro G Baleeiro (68), especialista em estratégias digitais e disrupção pela Harvard e MIT; VUCA’s
surfer e moonshot thinker; empreendedor serial.

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