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INICIATIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA 4.

Os documentos elaborados pelo BNDES e pelo MCTIC apresentam intenções,


objetivos, metas e caminhos para se levar à frente uma política de fomento ao
desenvolvimento da Indústria 4.0 no Brasil.

Muito se tem falado na necessidade de termos uma indústria mais produtiva e


competitiva. Muito se tem estudado na direção de se ter um ambiente tecnológico
mais eficaz e sustentável. Muitos esforços têm sido levados a efeito no sentido de
se ter uma “destruição criativa” que não venha a ser traumática socialmente.

No entanto, quando se trata destes temas, precisamos ter a consciência de que


estamos tratando de assuntos de caráter estratégico para a perenidade de uma
Nação. Estamos falando, muito mais que da simples (?!) geração de bens com alto
valor agregado a custos aceitáveis, de metas de desenvolvimento sustentável de
longo prazo, que influenciarão a qualidade de vida de gerações futuras. Estamos
tratando, por exemplo, de fatores que afetam a produção de alimentos, de variáveis
que interferem na prevenção e no tratamento de doenças da população e de
condicionantes que afetam a eficiência energética de nosso País.

Atribuindo ao assunto a dimensão que ele merece, podemos perceber o tamanho do


desafio que nosso cenário organizacional tem pela frente. Poderíamos começar
pelo, na minha opinião, problema mais importante e prioritário a ser resolvido: o do
capital humano. Desde uma Educação Básica ineficaz e improdutiva, que, por
vezes, reproduz a mediocridade, até um academicismo exacerbado na graduação e
em seus níveis posteriores Lato e Stricto Sensu, que privilegia a redação de artigos
e, muitas vezes, desconsidera a dinâmica do mundo do trabalho.

Outro importante aspecto a se considerar é a falta de incentivo ao empreendimento


e ao empreendedor. Há necessidade urgente de uma desregulamentação para se
empreender e inovar, além de uma visão mais clara e estratégica da
disponibilização de fontes de fomento e financiamento. Hoje, o emaranhado legal
em que se aventura quem quer empreender é desestimulante, para não dizer
desencorajador.

E o que dizer da morosidade dos processos referentes à Propriedade Intelectual


(assunto pouco referido nos dois documentos), que entrava a inovação num
ambiente mais que volátil, na fronteira do conhecimento?

Todos estes aspectos têm a ver com a visão de Tríplice Hélice, como apresentado
nos documentos estudados.
No entanto, há, também, por mais que queiramos circunscrever nosso ambiente a
um contexto notadamente industrial, a influência política, não só na acepção mais
original da palavra, mas também com o caráter partidário mesmo, com todos os
seus vícios e ranços, o que impede, muitas vezes, uma visão mais estratégica e de
desenvolvimento sustentável. A descontinuidade de políticas ou diretrizes nacionais,
em função de uma visão de governo e não de estado, faz com que venhamos tendo
avanços e retrocessos, sempre impactados por uma nova prioridade (muitas vezes
emergencial) ou uma preferência pessoal, ou um alinhamento de um grupo de
situação, que impede um avanço mais consistente e de impactos significativos.

Enfim, temos muito a avançar. Estes documentos apresentam planos e caminhos


possíveis. Precisamos é nos preocupar em superar algumas barreiras
fundamentais, nos aspectos econômico, tecnológico e social. Se conseguirmos
disseminar uma visão de que o que fizermos agora impactará nossas futuras
gerações, conseguiremos colocar a Tríplice Hélice a rodar com as pás forçando no
mesmo sentido e faremos o tão sonhado e necessário desenvolvimento do País.

Claiton Costa
Gerente de Desenvolvimento Educacional SENAI RS

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