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RESUMO
A evolução do faturamento do mercado mundial de TI, de 5 bilhões para 18 trilhões de dólares, com
crescimento médio anual de 22,7% (CAGR) entre 1980 e 2020, é um impressionante indicador da
importância da TI no mundo, especialmente se considerado que a economia mundial, nos últimos 40
anos, cresceu em torno de 3,5% ao ano, segundo dados do FMI. O estudo dos conceitos e a
compreensão dos benefícios, e eventuais pontos negativos, do uso de TI nas empresas, e da sua
dinâmica evolutiva e crescente impacto nos diferentes setores econômicos, bem como, das suas
tendências, é de inegável valor e relevância para os executivos de negócios e para a sociedade. Nesse
contexto, foram aqui abordados: i) a pesquisa anual de TI da FGVcia, que é independente e utiliza
critérios objetivos para avaliar, de um lado, o estágio de maturidade e grau de investimento em TI
pelo mercado usuário brasileiro, e, de outro lado, o desempenho dos diversos segmentos da indústria
fornecedora, convalidando os parâmetros de referência para os indicadores, no diagnóstico do uso de
TI pelas empresas; ii) o papel do Gartner no mundo da TI; iii) o diagnóstico de TI realizado na
empresa Galderma, utilizando a ferramenta de diagnóstico, os indicadores e respectivo questionário-
padrão inerente à pesquisa do uso de TI recomendado pela FGVcia; e, iv) por fim, o Metaverso, o
universo virtual em construção, que promete fundir o mundo físico com o mundo digital, que foi tema
de pesquisa realizada em grupo, com a participação do autor.
Palavras-chave: Uso de TI; pesquisa FGVcia; Gartner; diagnóstico de TI; metaverso em construção.
1.1 USO DE TI
Em primeiro lugar, o estudo do uso de TI nas empresas nos permite notar a aparente
contradição, quase paradoxal, entre a tendência decrescente dos custos dos recursos da tecnologia de
informação, e a tendência crescente dos gastos em TI das empresas. Ou seja, de um lado, o gasto total
com TI tende a crescer cada vez mais nas empresas, à medida que elas crescem e se desenvolvem; de
outro lado, seria esperada a redução dos gastos com TI e aumento dos lucros, em razão da maior
eficiência dos recursos, tendo como exemplo, a Lei de Moore, pela qual a eficiência dos
computadores tende a dobrar a cada 18 meses, aumentando a capacidade de processamento, além de
diminuir de tamanho e custo.
Isto se explica pelo fato de que o hardware realmente fica mais barato e mais eficiente, mas,
as empresas demandam cada vez mais software e serviços para gestão e operação dos seus processos
de negócios. Isso gera efeitos positivos como aumento da informação disponível, redução de tempo
para executar tarefas, redução de custos e aumento da produtividade. Mas também pode gerar efeitos
negativos como, aumento de custo, resistência e desconfiança. Outro aspecto importante e de grande
impacto social, se refere à incerteza quanto capacidade e o ritmo de adequação ou recapacitação da
mão de obra em geral, à medida que a tecnologia avança e aumenta o uso da TI nas empresas, podendo
gerar gaps cada vez maiores, levando à falta de talentos humanos de um lado, e desemprego de outro.
Outra abordagem interessante e inovadora, se refere à “gestão trimodal de TI”, que consiste
na orquestração de três níveis de gestão: i) a gestão da TI tradicional, na exploração dos recursos
legados e novos; ii) a busca da inovação digital, para explotar as potencialidades trazidas pelas novas
tecnologias; iii) a determinação estratégica e engajamento das lideranças da organização no processo
de transformação digital, envolvendo desde a assimilação e conversão das novas tecnologias em
oportunidades de novos negócios, como a evolução ou revolução do modelo de negócios, envolvendo,
também, aspectos de cultura organizacional.
A pesquisa FGVCia constitui uma ferramenta de grande valor estratégico para tomada de
decisões e importante, não só para observar na prática, o estado da arte da indústria fornecedora e das
posições relativas dos principais fornecedores, mas também como está o panorama de gastos em TI
no mercado brasileiro, as características principais do mercado usuário e em que ritmo está evoluindo,
e se as previsões tecnológicas estão acontecendo, e em que nível estão impactando os demais avanços.
Na 33ª pesquisa FGVCia de 2022, é interessante observar como a base ativa de smartphones
evoluiu rapidamente de 2013 para, superando os computadores em pouco mais de 5 anos, bem como
a base ativa de notebooks, que também cresceu no mesmo período. Podemos inferir que as pessoas
estão demandando mobilidade no uso dos dispositivos tecnológicos, o que denota a pressão de
mercado de necessidade de informação em tempo real. Essa é apenas uma informação de um banco
de dados valiosíssimo que é a pesquisa e através dela temos uma foto em tempo real do caminho que
o mercado está fazendo. Utilizando-a como base, podemos fazer o diagnóstico de uma empresa e
comparar o resultado com seu setor, no intuito de analisar sua performance para tomada de decisões
estratégicas sobre investimentos em TI.
2. SOBRE O GARTNER
O Gartner é como uma bússola para o mundo de TI, demonstrando para as empresas o cenário
global da tecnologia e, apontando, através da publicação dos seus estudos e pesquisas, quais são as
tendências e possíveis projeções de novos cenários para o futuro. Trata-se de uma das mais
importantes empresas mundiais de pesquisa e consultoria em tecnologia da informação, que oferece
um manancial inesgotável de conhecimento na área de TI e é uma fonte geradora de insights muito
valiosos, para qualquer negócio da área de tecnologia. Sua missão consiste em gerar informações,
métricas e análises especializadas a respeito de tecnologia, para orientar os seus clientes a tomarem
as melhores decisões relacionadas às prioridades críticas da sua missão de negócio.
O “Hyple Cycle” é uma ferramenta muito utilizada como indicador de tendências, mostrando
a evolução e o estágio de maturidade em que uma determinada tecnologia em desenvolvimento se
encontra, bem como, das expectativas de quanto tempo levará, segundo as avaliações do Gartner,
para alcançar o seu estágio mais maduro. Trata-se de um gráfico de expectativas versus tempo,
representados em uma curva. O ciclo “hype” contempla a distribuição, ao longo dessa curva, das
diversas tecnologias em evolução, desde o surgimento, como o estágio inicial de introdução, seguido
pelo estágio das expectativas infladas em torno da tecnologia, passando em seguida por uma fase de
decepção, decadência e quase esquecimento, para depois ressurgir, vigorosamente, até atingir um
patamar de maturidade e produtividade da tecnologia, quando se materializa o seu real impacto para
os negócios e a sociedade, no sentido econômico.
O Gartner oferece aos seus assinantes um vasto material para pesquisa, organizado de forma
a facilitar a busca e o acesso, o que é de valor inestimável, já que, tão importante quanto entender e
usar os conceitos sobre o uso de TI nas empresas, é dispor de um repositório organizado de
inteligência analítica de grande amplitude na cobertura do mercado tecnológico, bem como, na
profundidade, qualidade e confiabilidade das análises, prontas e acessíveis para uso.
Outro destaque é que o ERP será o coração da transformação digital e a informação virá para
a ponta através do edge computing. Isto consiste numa evolução do conceito de nuvem e cria um
intermediário entre o dispositivo tecnológico e a nuvem propriamente dita, com objetivo de acelerar
a troca de informações, ou seja, parte da informação é processada localmente no dispositivo, o qual
será tecnologicamente adaptado para essa evolução.
Além dos indicadores de Indice G e CAPU, que são básicos para qualquer empresa, foram eleitos
outros seis indicadores, que consideramos aplicáveis ao caso de uma indústria farmacêutica e
cosmética, especializada em dermatologia: i) Número de usuários de TI 2021 em relação ao total de
Funcionários (U21/FUN); ii) Nº de Teclados em relação ao total de Usuários 2021 (TEC/U21); iii)
Total de Uusuários 2021 em relação ao Pessoal da Área de TI (U21/PINF); iv) Grau de Integração de
Sistemas (GINT); v) Porcentagem de Transações Eletrônicas com Clientes e Fornecedores (%
TECF); vi) Porcentagem de E-commerce (% EC).
3.4 CONCLUSÕES
Nosso resumo crítico dessa atividade confirma que o modelo de diagnóstico utilizado é uma
ferramenta poderosa, que nos permitiu posicionar a Galderma no seu contexto de mercado, quanto ao
uso de TI, como recurso estratégico e alavanca de resultados de desempenho empresarial. Destaca-
se, entretanto, alguns aspectos ressalvados no trabalho, a esse respeito:
Por ser um tema relativamente recente, a literatura científica sobre o Metaverso ainda é muito
escassa ou inexistente. Portanto, as nossas principais fontes de pesquisa foram as publicações atuais
de consultorias, revistas e sites especializados em tecnologia e negócios.
Antecedentes: O termo Metaverso surgiu no livro de ficção científica “Snow Crash”, de 1992
escrito por Neal Stephenson. O Metaverso era uma forma de fuga da realidade, para viver em outro
mundo, virtual, através de avatares. Depois, essa história chegou ao cinema através de Steven
Spielberg, em 2018 (“Ready Player One”). As primeiras experimentações práticas surgiram a partir
dos games. Em 2003, surgiu o Second Life, que não prosperou, mas gerou uma legião de adeptos.
Outros jogos o seguiram, como Roblox, Minecraft e Fortnite. Também o game Pokemon Go, lançado
em 2016 com 500 milhões de downloadas nos primeiros 2 meses, utilizando realidade aumentada e
GPS para catptura e treinamento de personagens Pokemon, é precursor da tecnologia do Metaverso.
O grande hype: Em outubro de 2021, o Facebook mudou seu nome para Meta, e o CEO da
empresa, Mark Zuckerberg, disse que a mudança marcava uma nova fase da companhia, que estaria
focada em construir um metaverso. Esse evento gerou um grande hype em torno desse tema.
i) É um mundo virtual com interações reais, ainda em construção. A ideia é criar uma
espécie de internet 3D, onde as pessoas vão interagir entre si utilizando avatares
digitais. Essas interações são imersivas e semelhantes às do mundo real;
ii) Dá para fazer de tudo no metaverso. Seu avatar poderá se reunir com amigos, trabalhar,
ir ao mercado, assistir a uma sessão de cinema, aprender, brincar, entre outras
atividades;
iii) É diferente de realidade virtual. A realidade virtual é parte central do metaverso, mas
não é tudo. Essa tecnologia utiliza um sistema computacional para criar ambientes
virtuais que enganam os sentidos humanos como visão e tato, permitindo uma imersão
completa. Para criar esse mundo virtual, serão necessárias diversas tecnologias, como
realidades virtual e aumentada, redes sociais e outros recursos como criptomoedas e
NFTs, também fazem parte da construção do metaverso;
iv) Os NFTs serão a chave de ingresso. Com os tokens não fungíveis, será possível
realizar diferentes tipos de transações no mundo virtual. O token funcionará como uma
chave de ingresso e trânsito;
v) O Metaverso deve complementar a Internet. Para os especialistas, o metaverso não
será um substituto da Internet atual, e sim um complemento (Smith et al, 2022);
vi) Várias empresas já apostam no metaverso. Mas engana-se quem pensa que a
tecnologia é exclusiva da Meta. Roblox, Epic Games, Decentraland, Unity, Amazon e
Nvidia, também já estão investindo nessa próxima fase da Internet;
vii) Ainda não há como garantir que o metaverso será realidade. Vários aspectos da
tecnologia vigente ainda precisam mudar. Ex: o 4G não é capaz de lidar com esse
fluxo de dados; as diversas plataformas digitais precisarão ser intercambiáveis e
compatíveis; também há questões éticas relativas à segurança dos dados pessoais.
InfoMoney
Terrenos no Metaverso:
Como comprar?
OMNIVERSE
Digital Factory
Fonte: Gartner (2022a e b), InfoMoney, Virbela, BMW. Adaptados pelo autor.
Comenta-se, a partir desse condensado expositivo das diferentes nuances que compõem o
metaverso, da esquerda para a direita, de cima para baixo:
- Há treze elementos que gravitam em torno do núcleo da tecnologia do Metaverso, denotando que
esse universo paralelo em construção será um novo ambiente, híbrido, físico-virtual, de interação
social e econômica entre humanos (rede social, trabalho, estudo, entretenimento, compras on-line
etc.) e entre humanos e personas digitais (“digital humans”) através dos avatares; além de ser,
também, um ambiente informacional rico em dados etc. (ativos digitais);
- Inúmeras empresas gigantes do mercado de produtos de consumo, como cerveja, tênis, redes de
fast-food, entre outras, estão buscando os espaços para posicionarem suas marcas no Metaverso;
- Estão também sendo construídos ambientes virtuais para operações industriais, como a “fabrica
virtual” da BMW-Mini-Rolls Royce que se associou ao Omniverse da NVIDIA;
- Pesquisa do Gartner com 278 CEOs, que se posicionaram sobre o tema, revelou que apenas 37%
deles acreditam que o Metaverso muito provavelmente será uma tecnologia-chave para o
desenvolvimento do seu negócio;
- Uma nova pirâmide de Maslow para as necessidades humanas será construída no ambiente dos
humanos-digitais, cuja aspiração máxima será a perpetuidade e a necessidade de “pertencimento
digital” será intermediada pelas Digerati (gigantes digitais).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por seu turno, o contato mais amiúde para buscas e consultas na plataforma do GARTNER
revelou o inestimável valor do seu inesgotável manancial de conhecimentos e riqueza de informações
sobre tudo que se refere ao mundo digital, no passado, na atualidade e nas projeções e tendências.
REFERÊNCIAS
Gartner, 2022a. Digital Humans: How the Digerati combine Human and Digital Me’s. Disponível
em: https://www.gartner.com/search/all?q=Digital%20Humans Acesso em 11/06/2022.
InfoMoney, site. 2022. O que são terrenos no metaverso (E como comprar?). Disponível em:
https://www.infomoney.com.br/guias/terrenos-no-metaverso/ Acesso em 19/05/2022.
Meirelles, F. Uso da TI – Tecnologia da Informação nas Empresas. Pesquisa Anual do FGVcia. 32ª
ed., 2021.
Smith D.; Cearley, D.; Litan, A.; Kandaswamy, R. Web3 and the Metaverse: Incomplete but
Complementary Visions of the Future Internet. Gartner, 22.04.2022. ID G00765430.
TechTudo, site. 2022. O que é metaverso? Sete coisas para saber sobre o futuro da Internet.
Disponível em: https://www.techtudo.com.br/stories/2022/03/17/o-que-e-metaverso-7-coisas-para-
saber-sobre-o-futuro-da-internet.ghtml Acesso em 19/05/2022.