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IA E METAVERSO DEIXAM EMPRESAS MAIS ÁGEIS, DIZ

ESTUDO
Estudo revela ainda que carência de mão de obra em tecnologia será desafio para as organizações
Redação Homework | 13Fev-2023

A expansão das novas tecnologias de IA (Inteligência Artificial), a adesão a ecossistemas e


arquiteturas descentralizadas e os experimentos com o metaverso são algumas das tendências que as
empresas brasileiras devem acompanhar nos dois anos para tonar suas operações mais ágeis. A
carência de mão de obra, por outro lado, é um desafio que essas organizações vão encarrar para a
transformação digital de seus negócios.
É o que mostra o Tech Trends 2023, estudo anual da Deloitte, organização de serviços
profissionais, que oferece percepções, insights e inspirações para a jornada digital.
“Um número crescente de organizações, em todos os setores, está buscando acelerar seus
esforços de transformação digital para tornar suas operações mais ágeis e eficientes, assim como para
responder a flutuações de grande impacto na rotina e nas expectativas dos clientes”, disse Ronaldo
Fragoso, líder de alianças de negócios e do CIO Program da Deloitte.
“O relatório apresenta as estratégias e tecnologias que possivelmente conduzirão a novos
planejamentos, a fim de promover a primazia dos negócios para a TI, minimizar riscos, otimizar o valor
dos investimentos e trabalhar para construir confiança nos ecossistemas de negócios.”

As 6 forças tecnológicas
O 14º relatório identifica as seis macroforças tecnológicas que, juntas, fornecem uma
estrutura para a evolução contínua em direção a três estratégias: simplicidade, inteligência e

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abundância. Essas tendências revelam novas tecnologias e abordagens para oportunidades em áreas
que valorizam a interação, informação, computação, negócios, cyber, trust e core modernization.
“Cada tendência oferece oportunidades para testar novas abordagens e aprender e
transformar tanto a tecnologia quanto os modelos de negócios. A transformação deve ser liderada por
negócios e missões, alimentada não só por tecnologias já consolidadas, mas também por tecnologias
emergentes, com o objetivo de criar e moldar novos mercados. O Tech Trends 2023 pode ajudar as
organizações a nutrir o que temos agora enquanto navegamos para o que vem a seguir, construindo
algo significativo, sustentável e favorável para o amanhã”, acrescenta Rodrigo Moreira de Oliveira,
sócio de Technology Strategy & Transformation da Deloitte.
Conheça as seis tendências e o impacto delas para as empresas brasileiras:

1. Abrindo caminhos para novas tecnologias de IA (Inteligência Artificial)


Enquanto ferramentas do IA crescem exponencialmente, poucas organizações ainda percebem
o grande ganho que os algoritmos podem trazer. A maior ferramenta do IA é a confiança e as
organizações estão aos poucos aprendendo a confiar nas novas tecnologias personalizadas.
A Inteligência Artificial já está presente em mais de 40% das organizações mundo afora. Em
uma recente pesquisa da Tortoise Media, que analisou 140 indicadores e 62 países, e considerou
pilares como implementação, inovação e investimento, o Brasil ficou posicionado em 39° lugar. O País
lidera o ranking na América Latina, mas ainda há um grande caminho para avançar em direção aos
países que utilizam amplamente a tecnologia, como Estados Unidos, Índia e Reino Unido. Um indicador
que demonstra um avanço, ainda tímido, é a disponibilidade de profissionais especializados no tema.
Nesse ranking o Brasil figura em 31° lugar.
Com o projeto de lei para o Marco Legal da Inteligência Artificial em tramitação, o País começa
a pavimentar um importante caminho para princípios e diretrizes que irão dar a transparência e
credibilidade necessárias para a universalização da tecnologia.

2. Além da nuvem: como controlar o caos do multiverso


Para driblar a complexidade do universo multicloud, algumas organizações estão começando a
automatizar processos. Serviços de cloud promovem acesso a ferramentas e técnicas exclusivas para
reduzir a complexidade desse tipo de operação.
O Brasil é um dos líderes mundiais em uso de multiclouds. A mais recente pesquisa de Enterprise
Cloud Index da Nutanix aponta que 54% dos entrevistados utilizam duas ou mais nuvens, enquanto
globalmente esse número é de 36%. A adoção desses sistemas trouxe também alguns desafios, como a
capacitação de profissionais, além da própria complexidade de gerenciamento das nuvens.
Umas das abordagens que tem sido adotadas é o conceito de Site Reliability Engineering (SRE),
que incorpora aspectos de engenharia de software a questões de infraestrutura, segurança e operação.
Como complemento a esse controle, organizações estão adotando também plataformas de
Infraestrutura Hiperconvergente, ou HCI, especializadas em trazer uma camada de abstração para
gestão.

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3. Nós confiamos em nós mesmos: ecossistemas e arquiteturas descentralizadas
Blockchains-powered não estão sendo só valorizados, mas estão criando confiança digital.
Considerando a complexidade na gestão dos ecossistemas, a segurança cibernética tem cada vez mais
sido prioritária nas organizações.
A Web3 traz o conceito da descentralização e novos modelos de propriedade, comunidades e,
claro, oportunidades de negócio. Utilizando-se de tecnologias como blockchain, NFT e do metaverso,
algumas startups brasileiras já estão se inserindo nesse mercado que, segundo o Gartner, deve
movimentar R$ 14 trilhões no mundo até 2030. No foco dessas startups e organizações está a
democratização da Web3, o fomento e ampliação da cultura e do uso de NFTs, e a experimentação,
popularização e comercialização no mundo dos games, que tem se mostrado uma excelente porta de
entrada para o tema. Assim como globalmente a segurança da informação ainda segue sendo uma das
preocupações, mesmo com o blockchain, existem outros temas sobre privacidade de dados,
propriedade intelectual que ainda estão em discussão.

4. Conectar e expandir: a modernização da realidade salta a passos largos


Mais do que substituir os mainframes, as organizações procuram aprimorá-los, conectando e
estendendo a tecnologias modernas.
Diante das dificuldades de integração com plataformas legadas, agilidade limitada no
desenvolvimento de novas soluções e dificuldade em encontrar ou reter talentos para manutenção dos
mainframes, muitas organizações ainda seguem migrando ou com planos para migrar seus workloads
para nuvem no Brasil. No entanto, conforme aponta o relatório global da Deloitte, percebe-se um novo
movimento para complementar essas plataformas e dar a agilidade ou extensão necessária às suas
funcionalidades, sem aposentá-las.
Isso se deve, em parte, pelo receio de disrupção dos negócios com a migração, assim como as
dificuldades técnicas e também de talentos, novas abordagens que se utilizam de API’s e camadas de
integração que incorporam AI e tecnologias mais recentes estão surgindo para se conectar aos
mainframes e criar essa nova camada de serviços flexível. É provável que esse pêndulo entre nuvem
pública e mainframes indique outro ponto de equilíbrio, no País, nos próximos anos.

5. Flexibilidade, a melhor habilidade: reimaginando a força de trabalho


Nos últimos anos, as empresas têm se comprometido com as novas ferramentas tecnológicas.
Já não é novidade que existe um grande déficit de profissionais de tecnologia no mundo e, no
Brasil, não é diferente. Um estudo da Brasscom mostra que esse déficit pode chegar a quase 800 mil
profissionais até 2025. A transformação digital, acelerada pela pandemia do Covid-19, expôs esse
grave problema.
Para evitar disrupção em seus planos de negócio, as organizações já perceberam a importância
da formação e capacitação de profissionais de tecnologia, buscando não somente profissionais com
formação na área, mas também de outras carreiras. A flexibilidade nas habilidades, ou o reskilling

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(requalificação profissional) e o upskilling (atualização profissional constante), passam a ser
fundamentais para complementar a oferta acadêmica no país.

6. Imersão na internet para empresas


Por muitos anos, a internet foi conhecida como um meio a ser acessado por telas retangulares.
Atualmente, especialistas em tecnologia reconhecem que a internet não pode continuar reduzindo sua
complexidade, pois usuários estão utilizando interfaces conhecidas como metaverso.
No Brasil e no mundo, o metaverso é um tema em expansão. Uma pesquisa realizada pela
Toluna, em 2022, apontou que mais de 80% dos brasileiros ainda não tiveram nenhum contato com o
metaverso, mas 33% gostariam de ter essa experiência para compras, jogos ou shows virtuais. O
crescimento moderado no mercado nacional já mostra algumas experiências.
Enquanto algumas organizações utilizam a tecnologia para promover ou posicionar suas
marcas estrategicamente, ainda sem mirar novas fontes de geração de receita, outras já caminham
nessa direção e lançam plataformas para extensão de seus negócios físicos e geração de receita
adicional.
Por exemplo, recentemente, uma Feira de Negócios criou um mundo onde seu público pudesse
não só fazer networking, reuniões, mas também fechar negócios por meio brokers e produtores. Uma
imobiliária no Sul do país lançou um empreendimento no Metaverso para complementar suas vendas.
Ou seja, é uma ferramenta ainda em fase experimentações e descobertas.

REDAÇÃO HOMEWORK. IA e Metaverso deixam empresas mais ágeis, diz estudo. Terra. Disponível
em: <https://www.terra.com.br/economia/dinheiro-em-dia/ia-e-metaverso-deixam-empresas-mais-
ageis-diz-estudo,ac951ba870d72897df6ae1cbe921ba9cit1m8nge.html>. Acesso em: 22 fev. 2023.

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AS DIFERENÇAS ENTRE FAKE NEWS, PÓS-VERDADE, DEEPFAKES
E O PAPEL DA ESCOLA
Estudiosa da disseminação de notícias falsas e manipulação da realidade na internet, Mariana Barbosa
destaca a função da instituição escolar em formar pessoas conscientes de seu papel como propagadores de
informações
Eduardo Marini | 18Mai-2020

A jornalista Mariana Barbosa deu uma contribuição importante para entendimento dos
conceitos de fake news, pós-verdade e deepfakes (falsidades profundas). E também sobre suas
aplicações nessa era de popularização da internet e redes sociais. Nascida em Londres, com parte da
formação em Brasília e passagens por alguns dos principais veículos de comunicação do país, ela
organizou e lançou recentemente o livro Pós-verdade e fake news – Reflexões sobre a guerra de
narrativas (Editora Cobogó, R$ 27,90 em média o e-book, e R$ 39 a edição impressa). O trabalho reúne
duas entrevistas e oito textos de estudiosos do tema, entre eles o jornalista e pesquisador brasileiro
Eugênio Bucci e o cientista político americano Peter Warren Singer. Nesta entrevista a Educação,
Mariana explica cada um desses fenômenos e detalha como eles penetram na sociedade brasileira. E
defende o estudo de media literacy (literatura de mídia) em escolas e cursos superiores. “É o que já
fazem boas instituições de ensino no mundo, algumas delas brasileiras”, destaca. Acompanhe:

Vamos começar pelo começo: o que é fake news e no que ela difere, tecnicamente, da notícia com
erro?
Notícia errada é equívoco involuntário, não intencional. Fake news é informação intencionalmente
tomada por erros ou falsidades, emitida e reproduzida para construir uma narrativa e atingir
determinado objetivo. Na eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, há um clássico:
eles editaram uma foto, exibindo apenas parte do local, a que estava mais cheia, para dizer que na posse
dele havia mais gente do que na de Barack Obama. Logo depois, a agência de notícias Reuters publicou
uma foto geral do ambiente, mostrando claramente que a quantidade de pessoas presentes era menor
na posse de Trump. O jornalista e pesquisador Eugênio Bucci trata bem dessa diferença no livro. Ele
destaca que, no caso dos veículos de comunicação sérios, não é certo chamar notícia com erro de fake
news, notícia falsa na tradução literal, e sim de notícia errada ou com erro. Esses veículos, quando
publicam algo errado, reconhecem o equívoco e publicam as correções. Não erram por deliberação ou
intenção, mas porque houve ruído no caminho. É diferente de pessoas, grupos ou até veículos de
comunicação que trabalham com fake news e publicam coisas intencionalmente erradas para atingir
uma meta qualquer, seja ela comercial, política ou mesmo individual.

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Erro deliberado embalado em formato jornalístico para convencer?
Exato. Normalmente, os emissores de fake news usam técnicas jornalísticas – um título, um site com
características de veículos tradicionais – para angariar credibilidade no conteúdo falso transmitido.
Falsidades com embalagens convincentes. Políticos costumam classificar de fake news as notícias com
erro publicadas por veículos sérios, sobretudo quando o resultado não lhes favorece. É um erro. OS
veículos de jornalismo legítimo possuem endereço, CNPJ, registros nacionais, estaduais e locais,
origem declarada, se retratam, e você pode processá-los. Donald Trump e Jair Bolsonaro costumam
identificar tudo contrário a eles, vindo de qualquer veículo, como fake news, mas na suprema maioria
dos casos são notícias verdadeiras que não lhes agradam.

No caso das fake news por crença em algo desmentido pela realidade e a ciência, você acredita que
há relação com o que os estudiosos chamam de viés confirmatório, o processo cognitivo que faz crer
e compartilhar informações de forma seletiva para continuar convencido de que o correto é
unicamente o que já se crê?
Sim, e os casos da Terra plana, do homem que ainda não foi à Lua, das vacinas que não funcionam e
matam e da mamadeira de piroca são clássicos. Alguns desses com muitos seguidores não só Brasil,
mas no mundo todo. Os crentes na Terra plana acreditam ser ao menos 5% da população mundial, ou
385 milhões pessoas. No Brasil, uma pesquisa feita pelo Datafolha no início de julho de 2019 mostra
que 7% dos maiores de 16 anos, aproximadamente 11 milhões de pessoas, não acreditam que o planeta
seja esférico. Trinta milhões de brasileiros, cerca de 15% da população, simplesmente dizem que o
homem não foi à Lua e tudo o que se vê sobre isso é armação. Os disparos de robôs foram decisivos nas
últimas eleições e estão aí para quase tudo, mas muita gente recebe fake news e dissemina sem a menor
reflexão sobre a veracidade ou não da coisa. Querem, na verdade, reafirmar a própria convicção, se
divertir ou as duas coisas. Um perigo.

A pessoa quer pertencer a determinado grupo de qualquer jeito, porque se identifica com ele, e faz
qualquer negócio para isso…
Sim. E aí posta qualquer coisa que reforce as teses do grupo, que são também as suas. Conferir se é
verídico fica secundário. Os casos da mamadeira de piroca e dos grupos radicalmente contrários e
refratários a um partido ou ideologia política são exemplares dessa questão. Nas 24 horas anteriores
ao pedido de demissão do então ministro Sérgio Moro, várias pessoas – dezenas de jornalistas políticos
importantes, respeitados e badalados no país, inclusive – enviaram mensagens ao jornal Folha de S.
Paulo, que antecipou a saída, dizendo que era fake news, inclusive com o argumento de que a coisa fora
desmentida por “fontes importantes e respeitadas” consultadas por eles. No dia seguinte, a Folha fez
questão de lembrar a cada um dos contestadores que não era fake news, “e sim jornalismo”. É a
realidade que estamos vivendo…

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E o que é a pós-verdade exatamente?
Pós-verdade foi o termo do ano do Dicionário Oxford em 2016. Na definição da própria obra, significa
uma situação em que os fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que
apelos nacionais, teses comprovadas e conclusões pessoais. Não importam as evidências de que a
Terra é redonda, os aviões e navios que comprovadamente partiram, deram a volta ao planeta com
escalas e chegaram, pelo outro lado, ao mesmo lugar. O importante é a verdade individual, a minha
verdade, a verdade que desmente o fato comprovado. Em resumo, a pós-verdade. A onda é a de não
analisar mais nada; apenas emitir opinião, seja ela qual for e de qualquer maneira.

Todo mundo com opinião imediata sobre tudo. Agora, procurar estudar para embasar ou não aquela
opinião, aí é outra coisa…
Isso. Na história, a humanidade construiu a verdade em cima de fatos, mas para quem acredita na Terra
plana, por exemplo, essa é a verdade, ainda que não baseada nos fatos. Para quem acha que vacina não
resolve e ainda faz mal, não adianta dizer que eles e nós estamos aqui porque nossos ascendentes mais
próximos foram vacinados. Neste novo mundo da pós-verdade, cada um escolhe a tese em que deseja
acreditar e transforma aquilo em verdade. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, por
exemplo, parece viver em um mundo absolutamente paralelo. Não é possível questionar coisas tão
elementares daquela forma. Atitudes como essa são péssimas para a sociedade. Aquelas coisas que
ficavam restritas como folclore em meio à gente de comportamento folclórico viraram teses de
multidões com a internet e as redes sociais. A pessoa precisa acreditar que a pandemia é real e mata,
senão vai continuar em aglomerações sem cuidados, se infectar e contaminar outro que acredita no
perigo, se cuida e não tem nada a ver com isso. Além de tudo, é extremamente injusto. E como fazer
política pública sem seguir dados e experiências, apenas na base do achismo? Impossível.

Os algoritmos contribuem para isso?


Muito. Demais da conta. Dia desses acompanhei um trabalho com um dos criadores do algoritmo na
mídia americana. Ele dizia que, no começo, eles foram implantados apenas para buscar audiência, gerar
cliques. Com esse único apelo, eles passaram a criar frustração nos consumidores entre o título e o
conteúdo. Por isso, aprimoraram os algoritmos para eles trabalharem também na manutenção do
consumidor o maior tempo possível à frente dos conteúdos. Então, se você abrisse um vídeo ou
propaganda de um gatinho, ele em seguida te mandava outro e outro e outro e outro gatinho. No caso
do YouTube e de outras plataformas de vídeo, isso aumentou drasticamente o tempo de uso das
pessoas. O objetivo inicial foi comercial, e não o de criar instrumentos para a ascensão da extrema-
direita, por exemplo. Mas a consequência residual, o efeito colateral, acabou sendo jogar as pessoas,
cada vez mais, em bolhas.

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Qual o papel da ciência nesse cenário?
A questão da credibilidade da ciência é importante no contexto. As pessoas começaram a questionar a
credibilidade da ciência, em grande parte, por uma série de atitudes erradas. Teve cientista que ganhou
muito dinheiro defendendo cigarro, veículos e jornalistas levando grana para alavancar grupos de
interesse e produtos nem tão eficazes assim, amplificando artificialmente as soluções apresentadas,
atitudes antiéticas por dinheiro, aquecimento global, aumento de pobreza e desigualdade, imigrantes
humilhados sofrendo como nunca nos países ricos, enfim, uma série de coisas negativas.
Convenhamos: o mundo, antes da guinada à extrema-direita vista em vários pontos, e também da
pandemia, não estava em boa fase. Ao contrário. Com a internet e as redes sociais, cada cidadão
plugado virou um “veículo”. Quando se soma tudo isso à realidade constatada pelo escritor Umberto
Eco, de que a internet tem pontos positivos, mas também o efeito colateral negativo de dar voz aos
imbecis em todo o mundo, deu no que deu. No início da internet, havia a ilusão de que ela seria apenas
positiva, democracia geral, mas hoje vemos que não. As pessoas perderam renda e qualidade de vida
no mundo todo e, ressentidas, com descontentamento, passaram a questionar a política, a ciência e
todas as outras instituições que deveriam promover as soluções e, a rigor, falharam.

E as deepfakes, o que são?


São a manipulação levada ao extremo, normalmente de áudio, imagem estática e vídeo, por produtores
de fake news, com a intenção de tornar difícil, até mesmo impossível ao primeiro contato, a percepção
de que o material foi adulterado e não corresponde à verdade. Com a evolução, democratização e o
barateamento da tecnologia, as deepfakes serão cada vez mais comuns, volumosas e disseminadas na
sociedade. Caminho evidentemente perigoso, mas claramente sem volta. Elevarão as fake news a um
patamar imprevisível. Um dos primeiros casos mundiais clássicos foi aquele do filme em que Barack
Obama aparece falando coisas que jamais disse, com uma perfeição técnica extremamente
convincente. Uma das propostas, ao menos para os veículos sérios, é identificar e descrever
minimamente os casos em que houve edição daqui para frente, mesmo que com objetivos estéticos.
Agora, o resultado final da manipulação tende a ficar tão perfeito em tão pouco tempo que poderá
haver o discurso contrário. Imagine a seguinte situação: alguém é filmado fazendo algo que o
comprometa e sai com a desculpa de que o filme verdadeiro é manipulado. O real e o adulterado ficarão
tão próximos que será extremamente difícil identificar um ou outro neste mundo com desequilíbrios
técnicos e de todas as ordens.

Há como controlar tudo isso?


Não acho as ações de censura convenientes. E nem aparentemente possível criar leis para proibir fake
news. Mas isso não significa que a coisa deve funcionar sem qualquer regulamento. Os veículos de
comunicação precisam ser chamados à discussão. E as pessoas devem ser individualmente
responsabilizadas e punidas toda vez que houver violação do direito alheio. Afinal de contas, a
sociedade funcionou assim até agora. Mudaram as plataformas.

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O que fazer nessa realidade de fake news e pós-verdade, que pelo visto vieram para ficar, no universo
da educação?
Não posso responder como educadora, mas é caminho sem volta, elas só irão se aprofundar.
Precisamos de ações individuais. As pessoas precisam ter noção de responsabilidade sobre o que
propagam e consomem no espaço da internet, e neste ponto as escolas e universidades precisam ter
papel de formação. Isso pode ser feito de forma multidisciplinar, mas é importante que os programas
educacionais contemplem essa missão. Na era do “eu difusor”, os jovens precisam ter dimensão do que
isso representa e do potencial de prejuízo a ser gerado quando a ferramenta é usada de forma errada.
Precisam ser educados para navegarem de forma consciente, e a escola não pode simplesmente julgar
que não tem um papel nessa história. É a chamada media literacy, que já está presente em boas escolas
do mundo e até do Brasil. As pessoas precisam saber identificar os contornos de uma notícia, e isso
deve, sem dúvida, ser trabalhado também nas escolas e graduações, e não apenas na família e na
sociedade. A educação se torna, cada vez mais, um dos pilares de responsabilidade para atingir essa
meta.

MARINI, Eduardo. Diferenças entre fake news, pós-verdade, deepfakes e o papel da escola. RFM
Editores. Disponível em: <https://revistaeducacao.com.br/2020/05/18/fake-news-deepfakes-
escola/>. Acesso em: 23 fev.. 2023.

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QUASE 40% DA AMAZÔNIA FORAM DEGRADADOS POR
ATIVIDADES HUMANAS, DIZ ESTUDO
Estudo internacional com a participação de 11 cientistas brasileiros mostra que atividades humanas na
Amazônia destruíram uma área maior do que se pensava, com impactos que reverberam em todo o planeta.
Autores propõem a criação de sistema de monitoramento
Gabriela Chabalgoity | 27Jan-2023

Quase 40% da Floresta Amazônica foi degradada por atividades humanas, afirma um estudo
publicado na revista Science, que aponta um efeito catastrófico da destruição para todo o planeta. A
área, equivalente a 10 vezes a do Reino Unido, foi afetada por ações como incêndios intencionais e
extração ilegal de madeira, entre outras. Uma das consequências preocupantes é a emissão de CO2 na
atmosfera equivalente ou superior às causadas pelo desmatamento. A Amazônia detém 10% da
biodiversidade do planeta e impacta o ciclo hidrológico da Terra. A situação, alertaram os
pesquisadores, é mais grave do que se imaginava.
Os dados divulgados por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe) e da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, correspondem à região Pan-Amazônica, que
envolve a Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname, além do Brasil. O
estudo é assinado por 35 cientistas, sendo 11 brasileiros.
O estudo mostra que os ecossistemas amazônicos estão sendo rapidamente arruinados pelas
atividades industriais humanas. Um total cumulativo de 17% da floresta original já foi desmatado e

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14% substituído pelo uso da terra agrícola. Após milhões de anos servindo como um imenso
reservatório global de carbono, sob um aquecimento ainda maior, a Floresta Amazônica deverá se
tornar uma fonte líquida de CO2 para a atmosfera. Algumas regiões já fizeram a transição, com a
respiração e as queimadas superando os efeitos da fotossíntese.

Ritmo acelerado
Segundo os resultados publicados na Science, as ações humanas impactaram o bioma milhares
de vezes mais rápido que processos climáticos e geológicos naturais teriam feito. As consequências
ainda não são de total conhecimento dos pesquisadores, mas, de acordo com eles, "está claro que o
efeito cumulativo pode ser tão importante quanto o desmatamento para emissões de carbono e a
perda de biodiversidade", como disse, em nota, Jos Barlow, professor de ciência da conservação na
Universidade de Lancaster, no Reino Unido e coautor do projeto.
O conceito de degradação florestal é definido pelos cientistas como mudanças transitórias ou
de longo prazo causadas pelo homem. "A degradação é diferente do desmatamento, onde a floresta é
completamente removida e um novo uso da terra, como a agricultura, é estabelecido em seu lugar.
Embora florestas altamente degradadas possam perder quase todas as árvores, o uso da terra em si
não muda", destacam os autores, em nota.
A pesquisa indica quatro principais ações que impulsionam a degradação: incêndios florestais,
efeitos de borda (mudanças que ocorrem em florestas adjacentes a áreas desmatadas), extração ilegal
de madeira e seca extrema. Esses distúrbios podem afetar diferentes áreas florestais. Projeções feitas
durante o projeto sugerem que, em 2050, os fatores continuarão sendo as mais importantes fontes de
emissão de carbono na atmosfera, independentemente do crescimento ou da supressão do
desmatamento. Para chegar a esse cenário, foi necessário fazer uma revisão analítica de dados
científicos baseados em imagens de satélite.

Estresse hídrico
Os pesquisadores também sintetizaram dados que descrevem as mudanças na região entre
2001 e 2018.
"Mesmo em um cenário otimista, quando não houver mais desmatamento, os efeitos das
mudanças climáticas farão com que a degradação da floresta continue levando a mais emissões de
carbono", disse, em nota, David Lapola, líder do estudo e pesquisador do Centro de Pesquisa
Meteorológica e Climática Aplicada à Agricultura da Unicamp (Cepagri/Unicamp). "Prevenir o avanço
do desmatamento continua sendo vital e também pode permitir que mais atenção seja direcionada a
outros fatores de degradação florestal", destacou.
O cientista do clima e professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE) Alexandre Costa
destaca que as condições apresentadas pelos estudiosos podem levar a estresse hídrico, mudanças na
eficiência da fotossíntese e na distribuição de eventos extremos. "Em 2005, 2010 e 2016, tivemos
secas de uma dimensão que, tradicionalmente, só ocorriam em um em cada 50 anos. Essas secas

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produzem um impacto sensível, porque a vegetação da Amazônia não é adaptada para essas condições.
A mortalidade de árvores cresce muito nessas secas também", pontua.
"A degradação beneficia poucos, mas coloca fardos importantes sobre muitos. Poucas pessoas
lucram com os processos de degradação, mas muitas perdem em todas as dimensões do bem-estar
humano — incluindo saúde, nutrição e os apegos locais às paisagens florestais onde vivem", afirmou,
em comunicado, Rachel Carmenta, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e coautora do
estudo. "Além disso, muitos desses fardos estão ocultos no presente; reconhecê-los ajudará a permitir
uma melhor governança com justiça social."

Soluções
O estudo demonstra o grau de vulnerabilidade do sistema e mostra que o risco do ponto de não
retorno é bem mais grave do que se imagina, acredita o cientista climático Alexandre Costa. Por isso,
há urgência na solução desses problemas, diz. Os autores do estudo propõem a criação de um sistema
de monitoramento da degradação florestal, prevenção e combate ao desmatamento ilegal e controle
do uso do fogo.
Os pesquisadores também sugerem a implementação de "florestas inteligentes" que, assim
como a ideia de "cidades inteligentes", usaria diferentes tipos de tecnologias e sensores para coletar
dados úteis a fim de melhorar a qualidade do meio ambiente. "Ações e políticas públicas e privadas para
conter o desmatamento não irão necessariamente abordar a degradação também. É preciso investir
em estratégias inovadoras", ressalta David Lapola.
A ecologista humana e diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
(Ipam) e coautora do estudo, Patricia Pinho, afirma que uma governança adequada é fundamental para
combater os efeitos das ações humanas. "O Brasil, assim como outros países detentores de florestas
tropicais, tem sido um grande emissor de gases de efeito estufa por conta do próprio desmatamento,
incidência de incêndios e períodos de seca extrema. O que o nosso estudo mostra é que diversas ações
precisam de uma governança adequada, um sistema de monitoramento para desmatamento e para o
próprio processo de degradação ambiental."

Recomposição crucial
"Se nós não tivermos políticas que envolvem fatores locais, como reversão dos processos de
degradação, fragmentação, defaunação e, também, políticas globais que limitem o aquecimento
planetário a valores não muito maiores dos que a gente tem agora, mesmo se zerarmos o
desmatamento, talvez percamos o bioma da Amazônia. Não é que o desmatamento zero não seja
necessário, é, na verdade, fundamental. Mas é crucial um trabalho que trata da recomposição do
sistema com respeito às comunidades e povos que habitam o local de forma sustentável." Alexandre
Costa, cientista do clima, professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

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Reflexos no Tibete
Os extremos climáticos na floresta amazônica estão afetando diretamente as mudanças
observadas no Tibete, a 20 mil quilômetros de distância, destaca um estudo publicado na revista
Nature Climate Change. "Ficamos surpresos", disse Jurgen Kurths, coautor do trabalho, que envolveu
cientistas de China, Europa e Israel. Os pesquisadores usaram dados de todo o mundo sobre a
temperatura próxima da superfície ao longo dos últimos 40 anos. Com essas informações, montaram
um mapa de conexões climáticas da América do Sul ao sul da África, e dali para o Oriente Médio e,
finalmente, o Tibete. No estudo foram utilizadas simulações de computador para mapear como o
aquecimento global poderia determinar essas correlações de longa distância até o ano de 2100.

CHABALGOITY, Gabriela. Quase 40% da Amazônia foram degradados por atividades humanas, diz
estudo. Ciência e Saúde. Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-
saude/2023/01/5069173-quase-40-da-amazonica-foi-degradada-por-atividades-humanas-diz-
estudo.html>. Acesso em: 25 fev. 2023.

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O QUE A ESCRAVIDÃO CONTEMPORÂNEA NOS DIZ SOBRE O
BRASIL?
Daniel Macedo | 19Fev-2021

O Brasil já reconheceu oficialmente diante da comunidade internacional que, em seu território,


ainda se pratica o trabalho escravo contemporâneo. Segundo os dados da Secretaria de Inspeção do
Trabalho, em 2020 foram regatados 942 trabalhadores em condições análogas à escravidão e um total
de mais de 55 mil nos últimos 25 anos.
Porém, apenas 6,3% dos acusados desse crime (Artigo 149 do Código Penal) foram levados a
julgamento e somente 4,2% foram condenados. A maioria dos réus foi absolvida em primeira instância
(38,1%). Na Europa, o percentual de condenações pelo mesmo delito chega a 63% e na Ásia atinge
70%.1
Esses dados perturbadores de indiferença e impunidade nos remetem à reflexão do
economista Jeffrey Sachs sobre o fim do tráfico de escravos no Império Britânico: “foram necessárias
décadas, perante muito cinismo e manobras desonestas, mas, em 1807, o Império Britânico aboliu o
tráfico de escravos e, em 1833, aboliu a escravatura em todas as possessões britânicas. Isso
representou um golpe para os poderosos e arraigados interesses econômicos britânicos. No fim das
contas, as ideias e a moralidade foram as forças crucias da mudança”.2
Onde reside nossa força de mudança, nossa moralidade para erradicar o trabalho escravo se,
em janeiro deste ano, a Chacina de Unaí completou 17 anos de impunidade? Nela, perderam a vida três
auditores fiscais do Ministério do Trabalho e o motorista, que foram executados a tiros, em meio à
apuração de denúncia de trabalho similar à escravidão em Unaí, Minas Gerais. Entre os acusados,
estava um fazendeiro e ex-prefeito da cidade, mandante confesso do crime, condenado a 65 anos, que
continua solto, aguardando a execução da sentença pela Justiça.
Isso configura que o direito de propriedade de uma pessoa sobre outra ainda existe no Brasil,
mesmo depois de mais de 130 anos da abolição da escravatura. O conceito de trabalho escravo está
expresso na Portaria 1.293/2017, do Ministério do Trabalho, como sendo aquele “onde houver
trabalho forçado, jornada exaustiva; condição degradante de trabalho; restrição, por qualquer meio,
de locomoção em razão de dívida contraída com empregador ou preposto, no momento da contratação
ou no curso do contrato de trabalho ou Retenção no local de trabalho em razão de: cerceamento do

1
Dados levantados pela Clínica de Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas da Universidade Federal de Minas
Gerais, que analisou 1.464 processos criminais e 432 ações civis para realizar um diagnóstico sobre como a
Justiça brasileira reprime o trabalho escravo.

2
SACHS, Jeffrey D. – A Era do Desenvolvimento Sustentável. Lisboa:Actual,2017, p.540.

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uso de qualquer meio de transporte; manutenção de vigilância ostensiva e Apoderamento de
documentos ou objetos pessoais.”3
O perfil dos escravizados contemporâneos não mudou muito daqueles registrados durante o
tráfico de escravos para o Brasil. Em sua maioria, são homens negros, jovens, analfabetos funcionais,
que começaram a trabalhar ainda criança, ou seja, uma parcela de excluídos e pobres na formação
social brasileira. E o perfil da maioria dos que escravizam é surpreendente: empresário rural, idade
média de 47 anos, do Sudeste e com ensino superior completo, segundo levantamento da Organização
Internacional do Trabalho, publicado pelo Ministério Público Federal/Procuradoria Geral da
República.
Algumas iniciativas públicas funcionam como estratégias de enfrentamento à escravidão
contemporânea, à impunidade e ao descaso. Uma delas é a Lista Suja do Trabalho Escravo, um cadastro
de empregadores autuados por terem submetido trabalhadores à condição análoga à escravidão,
criado pela Portaria 540/2004 do Ministério do Trabalho e Emprego. Os empregadores (pessoas
jurídicas e físicas) permanecem por dois anos na lista, que serve para análise de risco para investidores
e bancos públicos e privados do mercado, uma vez que a Resolução 3.876/2010 do Conselho
Monetário Nacional (CVM) 4 proíbe que empresas ou pessoas físicas incluídas na Lista Suja tenham
acesso ao crédito rural.
Isso tem efeito prático e simbólico porque a maior incidência de trabalho análogo à escravidão
no Brasil ocorre na área rural, não em fazendas arcaicas, mas em propriedades agrícolas modernizadas,
como se a economia brasileira nunca tivesse esquecido que foi construída à base do trabalho de
pessoas escravizadas. Em muitas dessas fazendas, estudos constataram que a qualidade de vida do
gado é incontavelmente superior à dos trabalhadores. É o espírito do século passado da Casa-Grande,
revelado por Gilberto Freyre, herdado daqueles que eram chamados os “donos do Brasil”, porque
tinham mais força que vice-reis e bispos, pois podiam punir com a morte e até enterrar em seus
domínios os escravos, à revelia de qualquer lei, sem temer punição. No ano passado, o Supremo
Tribunal Federal, ao analisar a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 509)
considerou a Lista Suja do Trabalho Escravo constitucional. Havia contestação que somente uma lei
poderia criar tal cadastro – e não uma portaria. O relator, Ministro Marco Aurélio Mello, contudo,
votou pela constitucionalidade da portaria, argumentando que a mesma está respaldada pela Lei de
Acesso à Informação (12.527/2011).
Neste ano que mal começou, uma força-tarefa contra o trabalho escravo contemporâneo da
Polícia Federal, Ministério Público do Trabalho e Defensoria Pública da União conseguiu resgatar mais
de 100 pessoas submetidas ao trabalho análogo à escravidão, em diversas atividades. Além dos
mutirões de resgate, há os casos isolados, como o de Madalena Gordiano, recentemente resgatada. Ela
é uma mulher negra de 46 anos, que por 38 anos viveu na cidade de Patos de Minas (MG) na condição
de escrava contemporânea, trabalhando para uma família daquela cidade, sem direitos, formalização

3
BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria 1.293, de 28 de dezembro de 2017. Disponível em Gov.br. Confira as
últimas atualizações jurídicas sobre o impacto do Coronavírus no Brasil e no mundo/a></a

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de vínculo empregatício, sem salário, sem descanso, sem liberdade. Ela era considerada “quase da
família”. Madalena bateu à porta daquela casa aos 8 anos para pedir comida e foi prometido à sua mãe
que ela seria adotada. Na verdade, iniciou ainda criança nos chamados “trabalhos domésticos”,
primeiro para a matriarca da família e, depois, para seu filho – um professor universitário.
Ao colocar em pauta a discussão sobre a cadeia produtiva, perguntando quem foi o responsável
pelos alimentos que nos sustentam, pelas roupas que vestimos, pelo carvão que usamos no churrasco
do final de semana e pelo tênis que colocamos para caminhar ou correr, damos mais transparência ao
processo. As empresas brasileiras do agronegócio, por exemplo, estão começando a implantar o
sistema de rastreabilidade nas cadeias de produção de carnes, soja e frutas por exigência dos países
importadores, principalmente da União Europeia, que querem consumir alimentos de qualidade, de
origem conhecida, que não coloquem em risco direitos humanos ou o meio ambiente.
Outro fator positivo vem sendo a adoção do compliance trabalhista por parte das empresas,
que busca rever políticas e procedimentos no sentido de implantar um programa de integridade capaz
de prevenir e detectar práticas lesivas, como o trabalho escravo contemporâneo. Estas ações podem
configurar antídotos contra a humilhação, a violência e a exclusão que movem a roda do trabalho
forçado no Brasil e no mundo, fazendo mais de 20 milhões de vítimas anuais, segundo a Organização
Mundial do Trabalho.
Arquimedes dizia: dê-me um ponto de apoio e moverei o mundo, o Brasil precisa de uma
alavanca civilizatória para erradicar o trabalho escravo contemporâneo e esta pode ter três pontos ou
forças fundamentais: a atuação diligente da Justiça, a transparência das empresas e empresários e o
fim da indiferença das instituições e da sociedade diante desse grave delito, que ajuda a sustentar o
racismo estrutural.

MACEDO, Daniel. O que a escravidão contemporânea nos diz sobre o Brasil? LBCA | Lee, Brock,
Camargo Advogados. Disponível em: <https://lbca.com.br/o-que-a-escravidao-contemporanea-nos-
diz-sobre-o-brasil-trabalho-escravo/>. Acesso em: 23 fev. 2023.

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GUERRA NA UCRÂNIA ACABA EM 2023? TUDO O QUE VOCÊ
PRECISA SABER SOBRE O CONFLITO ATÉ AGORA
A guerra na Ucrânia completa seu primeiro ano sem um fim no horizonte. Relembre por que o conflito
começou, os objetivos de Putin e Zelensky e como se posiciona o Brasil no embate
Carolina Riveira | 24Fev-2023

A guerra na Ucrânia completa um ano neste 24 de fevereiro de 2023, após os primeiros ataques
de forças da Rússia à capital Kiev no ano passado.
A partir de agora, o cenário é incerto. No front militar, as forças se preparam para uma escalada
dos confrontos. Pela via da diplomacia, uma saída segue difícil. Os governos do presidente russo,
Vladimir Putin, e do ucraniano, Volodymyr Zelensky, têm demandas irreconciliáveis sobre a situação
do território ucraniano, sobretudo no que diz respeito às áreas hoje dominadas pela Rússia no leste e
sul do país.
Relembre abaixo os motivos que levaram à situação atual da guerra na Ucrânia e tudo o que
você precisa saber sobre os impactos para 2023 no Brasil e no mundo.

Por que a Rússia invadiu a Ucrânia?


Há um debate sobre os motivos oficiais e extraoficiais do conflito. A professora Alexandra
Vacroux, da Universidade de Harvard, apontou em entrevista anterior à EXAME que há três linhas
concorrentes e, em alguma medida, complementares de argumentação:
• A insatisfação russa com a expansão da Otan para países vizinhos a Moscou;
• Falas de Putin de que a Ucrânia, e sobretudo seus territórios ao leste, têm alta ligação com a
Rússia e, no limite, não podem existir de forma independente;
• Questões internas do governo Putin na Rússia, que vinha sofrendo alguma oposição e poderia
desejar, em resposta, devolver a Rússia ao tabuleiro político global e mostrar influência dentro
e fora de casa.
Quando começou a guerra na Ucrânia?
Oficialmente, a guerra na Ucrânia começou na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, quando
ocorreram os primeiros ataques russos à capital ucraniana, Kiev, além de outras áreas do país.
Mas, na prática, a crise remonta à anexação russa da Crimeia, então território ucraniano, em
2014.
Além da Crimeia, a Rússia é acusada pela Ucrânia de apoiar separatistas em Donbas, que estão
em guerra civil com o governo ucraniano desde então. Os conflitos na fronteira leste da Ucrânia
deixaram 14.000 mortos naqueles primeiros sete anos, e muitos analistas posicionam esse primeiro
momento como parte da guerra atual.

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Quanto tempo há de guerra na Ucrânia?
A guerra na Ucrânia em seu formato atual completa um ano oficialmente em 24 de fevereiro de
2023.
Tamanha duração, porém, não estava clara quando o conflito começou: dias antes de Putin
ordenar os primeiros ataques a Kiev, a leitura era de que a Rússia poderia derrubar "em poucos dias" o
presidente Volodymyr Zelensky e instalar na Ucrânia um governo aliado, como já ocorre em alguma
medida na vizinha Belarus.
Com uma resposta vista por muitos como surpreendente do Exército ucraniano (leia mais
abaixo), a estratégia militar russa de tomar a capital em poucos dias não foi bem-sucedida, e a guerra
se prolongou.

Por que a Rússia não conseguiu vencer a Ucrânia rapidamente?


A Rússia tinha, no começo da guerra, 900.000 cabeças ativas no Exército e 2 milhões na
reserva, o segundo maior Exército do mundo, além de força aérea muito mais sofisticada do que a
ucraniana. Mas algumas razões levaram a Ucrânia a conseguir evitar que a Rússia derrubasse o
governo com a facilidade que era prevista.
A Rússia iniciou a invasão em fevereiro de 2022 dividindo as tropas e atacando o país por todas
as frentes, certa de que sufocaria a reação. Pelo contrário, a combinação entre o ataque difuso, a
surpreendente resistência ucraniana e a resposta unificada de potências do Ocidente travou o avanço

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russo nos arredores da capital Kiev ao norte. Os confrontos, hoje, se restringem principalmente ao
leste da Ucrânia, embora ainda haja bombardeios em outras áreas.
“Putin não conseguiu colocar um fantoche em Kiev como esperava, e esse tipo de vitória não é
mais vista como viável”, diz Vacroux, de Harvard. Ela argumenta, por outro lado, que Moscou, apesar
de tudo, ainda controla quase 20% do território ucraniano. “Então há algum sucesso militar, mesmo
que a estratégia inicial tenha falhado.”

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Por que há uma desavença entre Rússia e Otan?
Desde o desmantelamento da União Soviética, a Otan e a União Europeia passaram a incluir
nos anos 1990 e 2000 países do leste europeu, a contragosto da Rússia. Nesse meio tempo, enquanto
quase todos os países da antiga órbita soviética entraram na Otan, como os Bálcãs, a Hungria e a
Polônia, a Ucrânia ficou no meio do caminho, uma espécie de fronteira geográfica entre a Rússia e o
resto da Europa.
Um famoso discurso de Putin em 2007 é visto um divisor de águas nesse debate. O governo em
Moscou vem acusando desde então a Otan de estar "cercando a Rússia" ao angariar membros do leste
europeu, vizinhos russos. A gota d'água veio com um convite à Ucrânia e à Geórgia, ambas vizinhas
russas. A Rússia invadiu a Geórgia em 2008 e, em 2014, iniciou seu embate direto com a Ucrânia ao
apoiar separatistas na Crimeia e no Donbas.
• Essas invasões, na época, fizeram a Rússia sofrer algumas sanções do Ocidente, mas muitos
argumentam que a resposta foi pouco efetiva e teria encorajado a Rússia a ampliar seus
ataques à Ucrânia, culminando na guerra de 2022.
• Na outra ponta, também há debates acalorados sobre o quanto, ao patrocinar o esforço de
guerra ucraniano neste momento e ter expandido a aliança, a Otan não tem feito ela própria
parte do conflito.

Em qual continente fica a Ucrânia e qual é a relação histórica com a Rússia?


A Ucrânia fica no leste europeu: sua parte leste faz fronteira com a Rússia e a oeste, com países
da União Europeia, como Polônia e Hungria. A Ucrânia é um país de dimensões continentais, com mais
de 43 milhões de habitantes antes da guerra e mais de 600 mil quilômetros quadrados.
No passado, parte do território que hoje é a Ucrânia chegou a ser parte do antigo Império
Russo. A partir de 1922, virou uma república da URSS. Com o colapso do bloco, a Ucrânia selou de vez
a independência em 1991 e sua integridade territorial em um acordo de 1994, sendo, portanto, uma
democracia ainda muito jovem.
Para Putin, um ex-espião da KGB, serviço secreto soviético, há um fator histórico relevante na
Ucrânia. A Ucrânia e Belarus (onde o ditador Alexander Lukashenko apoia Putin) são vistos pelo
presidente russo como, na prática, partes por direito da Rússia - por terem muitos russos étnicos e
culturalmente mais próximos de Moscou do que do Ocidente.
Em discurso dias antes do ataque a território ucraniano, Putin colocou dúvidas sobre a própria
existência da Ucrânia como país soberano, afirmando que o país fora uma "artificial" de Vladimir Lenin,
primeiro líder soviético.
Com a entrada de outros países do leste europeu na Otan e na União Europeia, a Ucrânia tem
sido, desde o fim da guerra fria nos anos 1990, uma fronteira entre a influência da Europa Ocidental e
da Rússia.
Nesse embate, um dos marcos antes da guerra veio em 2013, quando protestos varreram a
Ucrânia exigindo maior integração europeia (movimento que ficou batizado de "Euromaidan"). Sob

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pressão popular e internacional, o Parlamento depôs o então presidente pró-Rússia, o que Putin viu
como uma afronta, somada à expansão da Otan e da União Europeia. Em resposta, o Kremlin apoiou
separatistas na Crimeia e em Donbas.

O que falta para um acordo Rússia-Ucrânia hoje?


A disputa pelos territórios da Crimeia e de Donbas é o principal entrave.
Com a guerra iniciada em 2022, as repúblicas de Luhansk e Donetsk em Donbas se declararam
independentes. Parte desses separatistas defende que a região, habitada por muitos russos étnicos,
vire parte da Rússia, como ocorre até o momento com a Crimeia. O governo ucraniano e seus aliados,
porém, afirmam que a guerra só acabará com a devolução por parte da Rússia desses territórios
ocupados.
Com um passado tão complexo no leste europeu, as naturais divisões internas entre a própria
população ucraniana — com a parte oeste querendo se aproximar mais da União Europeia e a parte
leste sendo mais próxima da Rússia — também entram na conta. A Rússia e mesmo observadores
internacionais já acusavam uma minoria de milícias, com ou sem apoio oficial do governo ucraniano, de
ferirem os direitos humanos de russos étnicos na guerra civil em Donbas, em um debate complexo. Por
fim, a ascensão da China como potência antagonizando com os Estados Unidos só ajuda a intensificar
a discussão, com ambos os lados travando uma disputa indireta na guerra ucraniana.

Quantos mortos há na guerra na Ucrânia?


Os números são difíceis de confirmar de ambos os lados, mas há algumas estimativas. O Exército
norueguês divulgou no começo deste ano projeção de que a guerra já deixou:
• Dentre o Exército russo, cerca de 180 mil mortos ou feridos;
• Pelo lado do Exército da Ucrânia, 100 mil mortos ou feridos.
Uma projeção da ONU em 21 de fevereiro de 2023 apontou que a guerra deixou, no caso dos civis:
• Cerca de 8.006 civis mortos e 13.287 feridos;
• 14 milhões de pessoas deslocadas de suas casas, tanto as que migraram para outras áreas
da Ucrânia longe do front de batalha quanto as que fugiram para outros países;
• A ONU também aponta que 18 milhões de pessoas estão em necessidade absoluta de
assistência humanitária.

O que esperar da guerra em 2023?


Entrando no segundo ano de guerra, os dois lados estão agora preparados para novas ofensivas.
• No fim de 2022, a Ucrânia retomou alguns territórios que havia perdido, como a estratégica
cidade de Kherson. No começo de fevereiro, potências ocidentais também ensaiavam
enviar equipamentos mais modernos ao país.

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• Já a Rússia, depois de perder pessoal experiente nos primeiros meses do conflito, convocou
300.000 reservistas, colocou a indústria em modo de guerra e está pronta para tentar mais
avanços.
“Hoje, o consenso é claro de que vai ser uma guerra longa”, disse em entrevista anterior
à EXAME Tomas Jermalavičius, pesquisador de inteligência de guerra no Centro Internacional para
Defesa e Segurança (ICDS), na Estônia.
“A Ucrânia obteve sucessos espetaculares em se defender, mas também terá certa
desvantagem até estar pronta para usar os novos equipamentos. Já a Rússia parece estar se movendo
em modo de contraofensiva, tentando afastar os ucranianos e reivindicar Donbas em breve. É difícil
dizer quem vai ser bem-sucedido e quando.”

A Rússia pode usar uma bomba nuclear?


A ameaça nuclear segue como um risco no horizonte, embora esse cenário seja ainda visto
como uma tragédia impensável e pouco provável pelo potencial de destruição mútua.
A Rússia tem o maior arsenal de armas nucleares do mundo, seguida pelos Estados Unidos, em
uma herança da guerra fria. Embora declarações do tipo ainda soem como pura retórica, a cartilha
nuclear é vez ou outra citada por Moscou. O ex-presidente Dmitry Medvedev, por exemplo, foi às
redes sociais neste mês dizer que um ataque à Crimeia (território ucraniano anexado pela Rússia em
2014) seria visto como ataque ao próprio território russo e respondido com “inevitável retaliação,
usando armas de qualquer tipo”.
Um ponto importante é que a China, importante aliada econômica russa (embora não direta,
sem envio de armas) já declarou que o uso de armas nucleares no conflito é inaceitável. Para Varcroux,
de Harvard, isso dá ao mundo uma garantia que "não haveria de outra forma".
Ainda que nada disso ocorra deliberadamente, outro risco sempre presente é o de que embates
atinjam usinas nucleares da Ucrânia, como no complexo de Zaporizhia, o maior da Europa e hoje
controlado pela Rússia. Batalhas chegaram a ocorrer perto do local e a danificar o complexo, e agências
nucleares internacionais apontam que as margens de segurança estão no limite. Na linha do “tudo pode
acontecer”, mísseis que atinjam acidentalmente países da Otan também criariam um cenário de caos.

Quem tem mais chance de vencer a guerra, Rússia ou Ucrânia?


No momento, tanto Rússia quanto Ucrânia têm condições de vencer, o que ajuda a arrastar o
conflito, uma vez que nenhum lado tem incentivos para abrir mão de seus objetivos, dizem analistas.
No início da guerra, a Rússia esperava, na prática, derrubar o governo Zelensky, mas isso não
parece mais militarmente possível. O plano da Rússia hoje parece ser manter todo o leste e sul da
Ucrânia, aumentando seu poder de barganha.
Já a Ucrânia afirma que não abrirá mão de nenhum território, incluindo a Crimeia que perdeu
em 2014. As tropas ainda estão longe de obter tal cenário militarmente, mas apostam no aumento do

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apoio ocidental para chegar lá. O desafio, porém, é que isso implicaria em uma derrota total de Putin, o
que Moscou não admitirá por vias diplomáticas no atual governo.

Qual é o papel de China e EUA na Ucrânia?


A guerra na Ucrânia, mais do que o embate entre dois vizinhos, escancarou a disputa de
gigantes que se desenha entre Estados Unidos, China e suas respectivas órbitas de influência. Já se
argumenta que o embate na Ucrânia é um "divisor de águas" na política internacional e pode afetar
outros territórios, como Taiwan, que a China reivindica.
Nenhum dos dois diz em alto e bom som que está envolvido no conflito. Mas a ajuda financeira
e o envio de armas dos Estados Unidos são cruciais para que a Ucrânia brigue de igual para igual na
guerra, enquanto a parceria econômica chinesa (e de alguns outros países vistos como ainda neutros,
como a Índia) é chave para Moscou.

Como a guerra na Ucrânia afeta o Brasil?


Os principais efeitos no Brasil vieram na inflação, com alta de alimentos e combustíveis, e nos
fertilizantes.
Quando a guerra estourou, o risco de alguma interrupção na oferta de petróleo russo fez o
barril do tipo Brent chegar à casa dos 130 dólares e ajudou a disparar a inflação no Brasil, que superou
10% com a alta de gasolina, diesel e outros combustíveis. O preço das commodities alimentares, como
grãos, também subiu. A partir de junho, no entanto, o preço do petróleo baixou e está hoje na faixa dos
80 dólares — ainda alto na série histórica, mas longe do pior cenário.
Para este ano, a desoneração de combustíveis promovida pelo Brasil para baratear os insumos
foi prorrogada temporariamente, mas deve acabar progressivamente nos próximos meses com a
questão fiscal difícil. Se a demanda global pressionar o preço do petróleo (que pode voltar a subir para
perto de 100 dólares), a inflação poderá novamente piorar.
Outra preocupação imediata do Brasil no começo do conflito foi a situação dos fertilizantes,
dos quais a Rússia é o principal fornecedor nacional. A incerteza levou o preço dos insumos (derivados
do petróleo) às alturas na época, embora a situação agora esteja equacionada. As exportações russas
continuaram acontecendo, e os produtores brasileiros fizeram amplo estoque de fertilizantes, ainda
que mais caros.

Qual é a posição do Brasil na guerra?


Como em boa parte das guerras anteriores, o Itamaraty tem um posicionamento visto como
neutro na comunidade internacional: defende a autodeterminação dos povos, mas pede uma busca
diplomática pela paz e se nega terminantemente a um alinhamento militar, como enviar armas à guerra.
Na véspera do primeiro ano de guerra, com apoio do Brasil, a Assembleia Geral das Nações
Unidas (ONU) aprovou em 23 de fevereiro uma resolução que pede a retirada das tropas russas da

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Ucrânia. A posição do Brasil se diferenciou de outros países do chamado "Sul Global", como China,
Índia e África do Sul, que se abstiveram.
O presidente Lula também vem propondo criar um "clube da paz" para negociar um cessar-
fogo, com participação dos países neutros e não envolvidos no confronto. Mas as possibilidades de tal
negociação ocorrer de fato ainda não se materializaram.

RIVEIRA, Carolina. Guerra na Ucrânia acaba em 2023? Tudo o que você precisa saber sobre o conflito
até agora. Exame. Disponível em: <https://exame.com/mundo/guerra-na-ucrania-acaba-em-2023-
tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-conflito-ate-agora/>. Acesso em: 01 mar. 2023.

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