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Universidade do Minho

Escola de Engenharia

Mestrado em Sistemas de Informação


2022/2023
UC: Tecnologia da Informação nas Organizações

TEMA: Migração de sistema em Linguagem COBOL


para a linguagem JAVA em um Banco Público do
Brasil

Equipa 1:

 André Marcelo Lopes (PG50034)


 António Lucas Kuenhe Paraíso (PG45225)
 Fernando de Oliveira Melo Junior (PG48564)
 Tiago Alexsander Ferreira (PG50040)

Docente: Professora Doutora Teresa Pereira

Dezembro de 2022
ÍNDICE

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................. 4
A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIAS INFORMÁTICAS NAS ORGANIZAÇÕES ......................................... 5
Importância dos Sistemas de Informação para o Negócio do Crédito Bancário ........................ 7
O AMBIENTE DO NEGÓCIO E A CORPORAÇÃO .................................................................................. 7
Sistema Financeiro Nacional (SFN) do Brasil e o setor bancário ............................................ 7
O Banco ..................................................................................................................................... 8
Estrutura do Atual Sistema de Crédito .................................................................................... 9
Modelo CANVAS ........................................................................................................................... 11
Banco....................................................................................................................................... 12
Aplicação ................................................................................................................................. 13
Perspectivas com as novas tecnologias e Inovações de TI.................................................................. 14
Computação em nuvem (Cloud Computing) ......................................................................... 14
Big data ................................................................................................................................... 14
Data lake ................................................................................................................................. 15
Data Warehouse ..................................................................................................................... 15
Plataforma digital ................................................................................................................... 16
CONCLUSÃO.................................................................................................................................. 19
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................................... 20
INTRODUÇÃO

Nesse trabalho, apresentaremos um caso prático que envolve as tecnologias


informáticas nas organizações e seus conceitos. Partiremos da jornada, seguida por uma
grande organização frente a necessidade de mudanças tecnológicas radicais em um dos
seus sistemas de grande relevância.

A organização que será representada aqui, está inserida no setor bancário do


sistema financeiro do Brasil. Trata-se de um grande banco público, com 161 anos de
fundação e que conta com mais de 80.000 empregados, 600 sistemas no seu portfólio
tecnológico e mais de 145 milhões de correntistas.

Uma das principais atividades de um banco é o empréstimo, que representa


uma das atividades core business. Nessa organização, o sistema informático voltado aos
empréstimos comerciais foi elaborado há mais de 30 anos e atualmente é tratado como
um sistema legado. O software que representa esse sistema foi concebido sob uma
plataforma desenvolvida para mainframe, utilizando linguagem de programação
COBOL, banco de dados IDMS, sistema operacional z/OS, aquivos VSAM e comunicação
VTAM.

Manter a integração entre um sistema informático criado há tanto tempo com


as novas tecnologias, geram diversos problemas, mas, principalmente na ordem
financeira e que reverberam nas estratégias da organização. São exemplos de elementos
com impacto direto sobre o financeiro, custos para manutenção do sistema, seja para
mudanças no código fonte do software, banco de dados, sistema operacional, hardware,
custos com as licenças e suporte técnico, além dos custos elevados para constituição de
equipe técnica em virtude da escassez de mão de obra. Outros elementos como o
extenso tempo para manutenção, visto que as soluções são sempre muito complexas, o
esforço técnico aplicado ao processo de mudanças no sistema, são exemplos que
impactam as estratégias da organização, pois seu reflexo pode impedir o
estabelecimento de uma posição de vantagem competitiva frente aos seus
concorrentes.

Como solução, será desenvolvida uma nova plataforma de empréstimos ou


sistema de crédito, sob um modelo de negócio já consolidado e utilizando as tecnologias
mais modernas atualmente disponíveis no mercado, diminuindo assim, os esforços
técnicos no processo de integração, manutenção e mudança, além de inserir novos
conceitos como orientação a micros serviços e APIs, computação em nuvem, Big data,
Data lake, Data warehouse e plataformas digitais. Uma outra consequência será o maior
acesso a mão de obra especializadas com um custo relativamente menor.

Nessa solução não haverá migração de base de dados. Após a data implantação
do novo sistema, todas as concessões de novos empréstimos deverão ocorrer nele e
todos os contratos de empréstimos concedidos antes da data de implantação do novo
sistema serão mantidos no sistema legado até sua liquidação antecipada ou por decurso
de prazo.
A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIAS INFORMÁTICAS NAS ORGANIZAÇÕES

As Tecnologias da Informação (TI) correspondem hoje em dia a um dos principais


pilares das organizações. A procura do controlo da informação e da flexibilização tornou
a integração de sistemas informáticos uma das grandes prioridades organizacionais. Por
seu turno, a constante evolução das TI criou realidades tecnológicas díspares,
fomentando a necessidade de partilhar informação e funcionalidades entre sistemas
[Houston 1998]. Para as organizações, a questão tecnológica da integração de SI tornou-
se cada vez mais complexa e é hoje, um autêntico desafio quanto à sua flexibilidade,
adaptabilidade, implementação, manutenção e gestão.
É comum encontrar organizações cujos SI são compostos por diversos sistemas,
processos e informação cuja interação é suportada por canais de comunicação e ligações
específicas. A crescente necessidade de integração de SI deriva de fatores relacionados
com a evolução das organizações, dos mercados e da tecnologia. Por exemplo, a
necessidade de expor na Internet informação residente nos sistemas informáticos
internos, a necessidade de partilhar informação entre sistemas heterogéneos ou a
automatização de processos organizacionais são algumas das situações que necessitam
de soluções específicas. Estas necessidades surgem normalmente no dia-a-dia das
organizações, devido à sua dinâmica e à constante evolução tecnológica. Esta é uma
realidade complexa, onde existe uma forte competitividade ao nível das soluções, e
onde as organizações facilmente não encontram as respostas mais adequadas às suas
reais necessidades.
Nas últimas décadas, as empresas seguiram diferentes abordagens com o
objetivo de integrar sistemas, quer para partilhar informação residente em diferentes
nichos, quer para aproveitar funcionalidades existentes nesses mesmos sistemas.
Inicialmente, um dos problemas mais comuns era o facto das aplicações não terem sido
concebidas para ser integradas com outras aplicações. Neste sentido, foram
encontradas soluções de integração, cujas primeiras abordagens não seguiram normas
técnicas específicas dada a sua inexistência. É com a crescente necessidade de soluções
nesta área, e com a própria evolução tecnológica, que estas especificações foram criadas
e aperfeiçoadas. Estas normas vieram facilitar a conceção de soluções, mas há hoje uma
realidade tecnológica repleta de alternativas viáveis. A maioria das soluções existentes
baseiam-se em normas técnicas o que facilita a sua classificação. No entanto, cada
norma tem a sua especificidade e pode, ou não, ser adotada de acordo com a sua
adequação, utilidade e enquadramento nas diversas arquiteturas tecnológicas. Por força
da evolução do mercado tecnológico, certas normas sobrepõem-se em algumas áreas,
ou são incompatíveis, o que aumenta a dificuldade na definição de solução mais
adequadas.

Dimensões dos Sistemas de Informação - Hierarquia de autoridade

O exponencial crescimento diário do volume de dados e de informações nas


organizações, desperta a necessidade evidente de SI que asseguram a recolha,
processamento, armazenamento, consulta e comunicação da informação necessária
para o desenvolvimento desejado das suas atividades e tomada de decisão.
Os SI segundo Varajão (2002), têm atualmente um papel fundamental na
melhoria do funcionamento interno da organização, no potenciar de novas formas de
gerir e organizar, na melhoria da produtividade e do desempenho, e até mesmo na
abertura do caminho para novos negócios.
Os SI devem suportar as necessidades de informação de todos os níveis de
decisão da organização, sendo, consequentemente, necessário ter em consideração a
existência de vários tipos e necessidades específicas de informação, cujas contribuições,
em termos de valor para o negócio, são bastantes diferentes. Assim, é normalmente
composto por diversos tipos de subsistemas de natureza conceptual idêntica à daquele
que integram, mas com características específicas quanto à sua finalidade, quanto ao
tipo das tecnologias utilizadas e quanto ao nível dos processos ou natureza das pessoas
que envolvem (Varajão, 2002).
A utilização das TI como suporte do SI tem sofrido evolução, em função a
mudança de papel que se atribui:

 Sistema de Processamento de Transações (Transaction Processing Systems -


TPS): recolhe e mantém informação sobre transações e controla pequenas
decisões que fazem parte das transações;
 Sistema de Informação Gerencial (Management Information Systems - MIS):
converte informação sobre transações em informação para a gestão da
organização. O MIS fornece aos gerentes, informações, em relatórios, que
subsidiam efetivamente a tomada de decisão e oferece também um retorno
sobre as operações diárias.
 Sistema de Apoio à Decisão (Decision Support Systems - DSS): o foco de um DSS
é a eficácia da tomada de decisão, no enfrentamento de problemas de negócios
não estruturados ou semiestruturados.
 Sistema de Apoio a Executivos (Executive Support System - ESS), também
chamado de sistema de informação para executivos (Executive Information
System - EIS): é um tipo especial de DSS e, como tal, foi projetado para apoiar as
tomadas de decisão de alto nível na organização, fornecendo aos gestores, de
modo muito interativo e flexível, acesso a informação geral para a gestão da
organização.
Alguns autores incluem outros tipos de SI, como: Sistema Pericial (Expert
Systems -ES): suporta os profissionais no desenho, diagnóstico e avaliação de situações
complexas que requerem conhecimento especializado em áreas bem definidas; Sistema
de Automação de Escritório (Office Information Systems - OIS): mantém as tarefas
características do ambiente de escritório de comunicação e processamento de
informação; e outros.
Importa realçar, que no presente trabalho são evidenciados apenas os seguintes
tipos de sistemas de informação: TPS, MIS, DSS e o ESS.
Depois do desenvolvimento do primeiro computador comercial, o computador
assumiu o crescente volume do processamento de dados, fazendo uso das grandes
capacidades de cálculo e armazenamento que foram sendo desenvolvidas. Atualmente
o Sistema de Informação Baseado em Computador, é muitas vezes sinónimo do conceito
de SI em geral e a atual condução de uma organização sem computadores é
virtualmente impossível. Tal como evidenciam MCKeown e Leitch (1993, citado por
Varajão, 2002) no seu estudo, ao estimarem o tempo que uma organização pode
sobreviver sem a utilização de computadores nas suas atividades. As companhias de
seguros, por exemplo, poderiam durar algo como cerca de seis dias. Outras áreas
(incluindo a bancária, distribuição e indústria) poderiam operar apenas num período
muito reduzido.

Importância dos Sistemas de Informação para o Negócio do Crédito Bancário

Hoje em dia, qualquer negócio só pode ser bem-sucedido quando há uma gestão
consistente de dados organizacionais e financeiros com Sistemas de Informação
eficientes, de dados confiáveis e precisos.
Tal necessidade faz com que empresas invistam no desenvolvimento de sistemas
que possam ser implementados para tornar as informações precisas, que possam ser
acessadas rapidamente sob demanda, pois um sistema de informação eficaz pode dar a
uma organização um melhor planejamento, tomada de decisão e, portanto, os
resultados desejados, além de ajudar no controle dos processos internos e externos.
Um Sistema de Informação bem estruturado, pode ajudar na análise de
processos independentes e permite atividades de trabalho organizadas.
No decorrer dos últimos anos tem-se observado um grande desenvolvimento
tecnológico, o que torna essencial o acompanhamento deste crescimento por parte das
empresas dos mais variados setores para que se mantenham atualizadas face a esta
transformação digital.
A crescente concorrência na área do crédito bancário exige que as entidades de
acompanhem os rumos tecnológicos, optando pela automatização e integração dos seus
sistemas, da qual resulta uma maior eficiência, praticidade e segurança. Estas
características ajudam a entidade bancária a alcançar os resultados esperados e,
simultaneamente, fazer frente face à concorrência.

O AMBIENTE DO NEGÓCIO E A CORPORAÇÃO

Sistema Financeiro Nacional (SFN) do Brasil e o setor bancário

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por um conjunto de entidades e


instituições que promovem a intermediação financeira, ou seja, o encontro entre
credores e tomadores de recursos. É por meio do sistema financeiro que as pessoas, as
empresas e o governo circulam a maior parte dos seus ativos, pagam suas dívidas e
realizam seus investimentos.
O SFN é organizado por agentes normativos, supervisores e operadores. Os
órgãos normativos determinam regras gerais para o bom funcionamento do sistema. As
entidades supervisoras trabalham para que os integrantes do sistema financeiro sigam
as regras definidas pelos órgãos normativos. Os operadores são as instituições que
ofertam serviços financeiros, no papel de intermediários, como os bancos, especialistas
em intermediar o dinheiro entre poupadores e aqueles que precisam de empréstimos,
além de custodiar ao guardar esse dinheiro. Ele providencia serviços financeiros para os
clientes como saques, empréstimos, investimentos, entre outros. Os bancos são
supervisionados pelo Banco Central (BC), que trabalha para que as regras e regulações
do SFN sejam seguidas por eles.

Fonte: Banco Central do Brasil, https://www.bcb.gov.br/

O Banco

O Banco foi fundado em 1861, por Dom Pedro II e hoje é classificada como uma
instituição financeira, sob a forma de empresa pública, com patrimônio próprio e
autonomia administrativa com sede em Brasília, no Distrito Federal, e com filiais em
todo o território nacional. É vinculada ao Ministério da Economia.

Integra o Sistema financeiro nacional, auxiliando na política de crédito do


Governo federal do Brasil, submetendo-se às suas decisões e à disciplina normativa ao
Ministro da Economia, e à fiscalização do Banco Central do Brasil. Presta serviços
bancários autorizados pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Suas contas e
operações estão sujeitas a exame e a julgamento do Tribunal de Contas da União (TCU).

Atualmente conta com mais de 53.800 pontos de atendimento, presentes em


mais de 99% dos municípios brasileiros, sendo 26.700 pontos de autoatendimento,
4.300 pontos de venda e atendimento (agências) aos clientes, 13.400 unidades lotéricas,
9.000 correspondentes bancários, 9 agências-caminhão e 2 agências-barco.

Atualmente tem uma posição consolidada no mercado como um banco de


grande porte, sólido e moderno. Como principal agente das políticas públicas do
governo federal. Sua estratégia corporativa tem como objetivo fortalecer a orientação
ao cliente, reforçar a qualidade no Atendimento e intensificar a experiência digital. Seu
propósito é ser o bando de todos os brasileiros. Sua visão é ser o maior parceiro dos
brasileiros, reconhecido pela capacidade de transformação, com eficiência e
rentabilidade e a estratégia para o alcance da dessa visão está centrada nos objetivos e
ações de gestão, que buscam flexibilidade, competitividade e simplicidade, além de
manter os princípios da governança e incentivar a adoção de práticas socioambientais
com impacto positivo em todos os negócios. Seus valores estão pautados sob a ética,
foco no cliente, integridade, meritocracia e responsabilidade socioambiental.

Estrutura do Atual Sistema de Crédito

O início do desenvolvimento do sistema foi no ano de 1989 e ele foi implantado


e começou a operar em 1991, utilizando as tecnologias disponíveis a época como
COBOL, IDMS, modelo de aquivos VSAM e comunicação VTAM.

COBOL

O COBOL, Common Business Oriented Language, é uma linguagem de


programação de alto nível. Criada em 1959, é uma das linguagens de programação mais
antigas do universo da computação ainda em uso, surgiu quando um grupo de empresas
de tecnologia, entre elas a IBM, e órgãos governamentais dos EUA se reuniram para criar
uma linguagem de programação capaz de facilitar o controle dos negócios e que pudesse
ser utilizada em diferentes computadores. Trata-se e uma linguagem compilada, segura,
flexível e com elevada capacidade de processamento. O Cobol tem sobrevivido ao
tempo porque cerca de 70% do processamento de transações empresariais ainda
depende de sistemas escritos em Cobol, segundo estudos. A principal razão disso é a
dificuldade para migrar os softwares existentes para linguagens mais modernas.

IDMS

O IDMS, Sistema Integrado de Gerenciamento de Banco de Dados é um sistema


de gerenciamento de banco de dados em rede. Foi desenvolvido pela General Electric
em 1964 a partir do IDS, Integrated Data Store, que era um sistema projetado como uma
linguagem de programação portátil, capaz de produzir código para uma variedade de
máquinas-alvo, podendo ser portado para outras arquiteturas de máquina. Um dos
recursos IDMS é o seu dicionário de dados integrado (IDD) integrado, desenvolvido
principalmente para manter as definições de banco de dados usando uma linguagem
chamada Data Dictionary Definition Language (DDDL). No modelo de banco de dados
em rede os principais elementos são os registos, que seguem o padrão COBOL e
representam campos de diferentes tipos, e os conjuntos, que representam uma relação
um-para-muitos entre os registos. O fato de que um registo pode ser um membro em
muitos conjuntos diferentes é o fator chave que distingue o modelo de rede. No IDMS a
chave do banco de dados está diretamente relacionada ao endereço físico do registo no
disco ou na unidade de armazenamento. As chaves do banco de dados também são
usadas como ponteiros para conjuntos na forma de listas encadeadas e árvores.
Contudo, no início da década de 1980, os sistemas de gerenciamento de banco de dados
relacionais se tornaram mais populares, incentivados pelo aumento da potência do
hardware e pela mudança para microcomputadores e arquitetura cliente-servidor, com
isso os bancos de dados em rede perderam espaço no mercado.
z/OS

Atualmente o sistema utiliza o z/OS, sistema operacional para mainframe, criado


pela IBM, hoje disponível em versões de 64 bits, oferece muitos dos atributos de outros
sistemas operacionais modernos, mas também conserva muito das funcionalidades
originadas nas décadas de 1960 e 1970, que ainda estão em uso. A IBM comercializa o
z/OS como um sistema operacional destacado talhado para operações contínuas, de
grande volume, com elevada segurança e estabilidade.

VSAM

O VSAM, Virtual Storage Access Method é um método de acesso ao armazenamento de


arquivos IBM orientado a registos e utilizados pelos sistemas que operam em mainframe
com o z/OS.

VTAM

O VTAM, Virtual Telecommunications Access Method é o subsistema de comunicação


da IBM que implementa Systems Network Architecture (SNA) para ambientes de
mainframe. O VTAM foi introduzido em 1974 como um componente do SNA, Network
Control Program (NCP) e o Synchronous Data Link Control (SDLC).

Funcionamento dos Sistema e Dimensões

O funcionamento do sistema está dividido basicamente em duas partes: um


segmento de processamento batch e outro online.
O segmento online representa a interface do sistema, que está disponível apenas
para os usuários internos, funcionários do banco com perfil de acesso. A integração com
os outros sistemas ocorre, ou por troca de arquivos, ou através da chamada de serviço,
ou rotinas online. O segmento online fica disponível todos os dias úteis, das 7h as 19h,
período em que é possível efetuar as concessões de crédito.
O processamento batch ocorre todos os dias úteis a partir das 19h, onde são
executadas todas as rotinas referente e evolução dos contratos. No período do
processamento batch, o sistema apresenta um grave problema. Por consequência de
uma limitação tecnológica, não é possível a disponibilização do segmento online durante
o processamento batch e por consequência, todos os dias úteis, durante um período de
12h seguidas, não é possível a concessão de novos contratos.
Atualmente o sistema possui mais de 1.100 programas em linguagem COBOL,
1.900 programas online em ADS (linguagem nativa do IDMS), mais de 700 rotinas e sub-
rotinas em JCL e acima de 30 milhões de registos de contratos na base IDMS e
diariamente são concedidos cerca de 15.000 novos contratos.

Modelo de Negócio do Crédito

O crédito bancário é representado por uma relação contratual entre uma


instituição bancária e um cliente, sendo que o banco beneficia de juros que variam de
acordo com o risco associado à possibilidade de não cumprimento das cláusulas
contratuais por parte do devedor. Ou seja, um contrato de crédito é um acordo através
do qual uma instituição de crédito disponibiliza recursos em dinheiro a um cliente
bancário, que fica obrigado a devolver esse montante ao longo de um prazo acordado,
acrescido de encargos com juros e outros custos. Em outras palavras, um pedido de
crédito consiste na cedência de liquidez a um terceiro que visa satisfazer uma
necessidade de consumo ou investimento, sendo posteriormente efetuado um
reembolso do montante concedido acrescido de juros. A palavra “crédito” deriva do
latim “credere” que significa confiar. Assim, acredita-se no cumprimento, por parte do
devedor, da sua promessa de reembolso e honra dos seus compromissos.

Modelo CANVAS

Uma vez que a base de um negócio é a geração de valor, é importante que as


empresas saibam como se devem estruturar de forma a concretizar este objetivo. Para
isso são utilizados os modelos de negócio. O modelo Canvas é uma ferramenta de gestão
estratégica que permite avaliar o impacto que determinadas áreas possuem sobre um
negócio. Este modelo divide-se em nove áreas, sendo que todas elas se relacionam e
comunicam entre si.

Assim, com o objetivo de suportar este negócio, foram criados dois modelos de
negócio Canvas um Caixa (Banco) e outro da Aplicação que contém um resumo das
múltiplas variáveis envolvidas no modelo de negócio.
Banco

https://docs.google.com/drawings/d/1TNMfYPd4mH8SyxDuVExQrMtAQqLQUMZ9j-
Vmfl_unVY/edit
Aplicação

https://docs.google.com/drawings/d/1Voaj-RZP1_K5fpXUTkRGPXHz1ZJG4a819-
1laP0Buqw/edit

Motivação para a mudança de tecnologia


Com a crescente concorrência e disputa por clientes, as instituições bancárias
necessitam, cada vez mais, de gerir eficazmente os seus processos de concessão de
crédito, de forma a aumentar a sua carteira de clientes e gerar uma maior receita. Assim,
é necessário que estas instituições tenham à sua disposição métodos rápidos e ágeis ao
longo de todo o processo de crédito para obter um bom posicionamento e vantagem
competitiva no mercado, face à concorrência.
Nesse contexto, ter um sistema com elevado custo de manutenção, extensos
prazos para mudanças e correções, um alto grau de complexidade nas soluções e baixa
integração com as atuais tecnologias, dificulta e em alguns casos, inviabilizam a
automação ou agilidade no processo de concessão de crédito, tendo como
consequência um posicionamento em desvantagem frente a concorrência.
Assim, nesse cenário surge a necessidade por uma nova aplicação, moderna,
mais aderente às novas tecnologias, mais adaptativa às tendências de mercado e
necessidades dos clientes, robusta, segura, estável e escalável, onde as soluções possam
ser mais simples, ou seja, menos complexas, que as mudanças possam ser
implementadas com mais agilidade, rapidez e baixos custos.

Perspetivas com as novas tecnologias e Inovações de TI

Tecnologia de informação (TI) pode ser definida como, um conjunto de


tecnologias utilizadas para o processamento e armazenamento de dados e comunicação
entre pessoas e organizações1.
Não obstante ao número de tecnologias existentes, muitas organizações
enfrentam dificuldades no processamento de dados, ou seja, coleta, armazenamento e
disponibilização de dados para processos analíticos, perdendo oportunidades para
melhor fundamentar decisões técnicas ou táticas.
A tecnologia move o mundo e, está em constante inovação, trazendo inúmeros
benefícios para o dia a dia das pessoas e organizações, como a possibilidade de ter fácil
acesso à informação, entretenimento, conhecer novas pessoas e ser mais produtivo.
Devidos as constantes inovações das TI novos conceitos estão a surgir, como:
Computação em nuvem, big data, data lake, Plataforma digital móvel, etc.

Computação em nuvem (Cloud Computing)

Computação em nuvem é computação independente de localização e hora de


acesso, por meio do qual os servidores compartilhados fornecem recursos, software e
dados para computadores e outros dispositivos sob demanda. Os consumidores não
precisam ter experiência ou controle sobre a infraestrutura de tecnologia "na nuvem"
que os suporta (Ramya e Ramya 2015).
Cloud Computing é um paradigma com muito sucesso no que diz respeito à
orientação de serviços de computação. Este paradigma permitiu uma revolução na
utilização da computação e das infraestruturas a ela associadas, mas quando falamos de
Cloud Computing existem três conceitos de negócio que lhe estão associados:
Infrastructure as a Service (IaaS), Platform as a Service (PaaS), e Software as a Service
(SaaS) (Vaquero, et al., 2009).
Cloud Computing mudou a forma como comunicamos e ampliou a oferta de
serviços e de negócios (Foster, et al., 2008).
Big data

O termo Big Data é recente e por ser pouco familiarizado por muitos, não fácil
defini-lo, tal facto deve-se à grande diversidade de definições existentes, mas
importante ter em conta que o mesmo está assente no princípio dos V’s. Quando
surgiram as primeiras abordagens teóricas relativas a Big Data eram 3 V’s (Volume,
Variedade e Velocidade), mas com o trabalho realizado por toda a comunidade científica

1
https://blog.tecjump.com.br/afinal-o-que-e-tecnologia-da-informacao/
e académica da área sugiram mais dois V’s, V de Veracidade e o V de Valor (Stonebraker,
2012).

O Big Data deve ser entendido como uma combinação de antigas e novas
tecnologias que procuram ajudar as organizações a obter conhecimentos. Desta forma
as organizações conseguem gerir a grande quantidade de dados e os problemas
associados ao seu armazenamento. Os dados podem ter origem em diversas fontes
internas e externas, streaming de dados, rede socais e médias sociais, dados com
referenciação geográfica, entre outros, podendo estes dados ter diferentes tipos de
estruturas (Halper & Krishnan, 2013), a saber: estruturados, não estruturados e
semiestruturados.

O Big Data é uma oportunidade e uma mudança na sociedade. A grande


quantidade de dados é o mais conveniente para descobrir insights que permitam à
organização melhorar o seu negócio.

Data lake

O conceito de Data Lake surgiu com a necessidade de suprir a tecnologia Big


Data. As organizações passaram a coletar, organizar e processar um volume maior de
dados de diferentes tipos. Entretanto, essa nova forma de captação de informação tem
gerado problemas no gerenciamento desses grandes volumes e variedades de dados
coletados. Nesse aspeto, os Data Lakes, permitem consumir e armazenar todos os dados
produzidos ou relacionados em uma organização.

Um data lake é um repositório centralizado que permite armazenar todos os


dados estruturados e não estruturados em qualquer escala. Os dados podem ser
armazenados como estão, sem precisar primeiro estruturá-los e executar diferentes
tipos de análise, desde painéis e visualizações até processamento de Big data, análise
em tempo real e machine learning para orientar melhores decisões.2

Data Warehouse

Um Data Warehouse é um repositório relacional de dados provenientes de


diversas fontes. Estes dados, que contêm informações relevantes acerca do negócio, são
armazenados e posteriormente usados para gerar relatórios e realizar análises que
suportam importantes decisões do negócio (Microsoft Azure, 2018). De forma resumida,
Data Warehouse pode ser definido como, uma base de dados que guarda a informação
de uma empresa com a finalidade de construir análises sobre os dados carregados.

A partir dos resultados destas análises, os analistas de negócios podem obter


informações para tomar decisões bem informadas (Monteiro, 2019).

2
https://aws.amazon.com/pt/big-data/datalakes-and-analytics/what-is-a-data-lake/
Plataforma digital

As plataformas digitais são um modelo de negócio que permite conexão entre


produtores e consumidores, para que eles se conectem a esse ambiente e interajam
entre si, buscando criar algum valor de troca.

A utilização de Cloud Computing e Big Data, podem num curto prazo tornar-se:
soluções inovadoras, com baixos custos e acessíveis, a possibilidade de efetuar análises
ao negócio em qualquer parte do mundo e através de um qualquer dispositivo móvel ou
portátil, torna-se numa vantagem que permite a criação de soluções económicas e que
não exigem nenhuma implementação complicada, devido à simplicidade de utilização.

Benefícios com a Nova Plataforma de Crédito

 Redução dos custos de manutenção no sistema;


 Diminuição na complexidade das soluções de crédito;
 Simplificação na integração com as novas tecnologias;
 Melhorias na interface e experiência dos usuários;
 Criação e customização de novos fluxos para concessão de crédito;
 Fortalecimento na imagem da instituição como provedor de solução de crédito;
 Aumento no nível de satisfação dos usuários com a solução.

Tomada de decisões nas Organizações

Atualmente, as informações e o apoio à decisão são vitais para as organizações.


Graças aos Sistemas de Informação e de apoio à decisão, os gestores e os funcionários
podem obter informações úteis, em tempo real.
Tal como disse Stair (2015), o principal objetivo dos SI de gerência e de apoio a
decisão, é ajudar aos gestores e aos executivos, de todos os níveis, a tomar melhores
decisões e a resolver importantes problemas. O resultado pode ser um aumento nas
receitas, redução de custos e a realização dos objetivos corporativos.
Com os sistemas de apoio à decisão nas empresas, embora estes tenham
registado um maior lucro para as mesmas ao melhorar as decisões tomadas pelos seus
colaboradores, os investimentos nestes sistemas nem sempre são sinónimo de
melhores decisões e resultados positivos a nível de desempenho da empresa.
Os principais fatores para isso são:

 Qualidade da informação – decisões de alta qualidade exigem informações


igualmente de alta qualidade, no entanto as bases de dados das empresas
contêm informações imprecisas e incompletas, o que irá, indiscutivelmente,
afetar a qualidade da tomada de decisão.
 Filtros de gestão – aliado à natureza humana estão os preconceitos em recusar
todo o tipo de informação que se pensa não se adequar aos nossos princípios ou
conceções. Os gestores não fogem à regra e, ainda que tenham à sua disposição
informações precisas, acabam por ser seletivos e concentrar-se apenas em certo
tipo de problemas e soluções.
 Cultura organizacional – as decisões tomadas por uma empresa, por norma
representam um equilíbrio entre os vários grupos de interesse da empresa, ao
invés da melhor solução para o problema. Assim, as organizações não passam de
burocracias com capacidades e competências limitadas para tomar decisões,
sendo que quando ocorrem alterações no ambiente, as organizações tendem a
resistir à tomada de decisões que exigem grandes mudanças.

Benefícios com a Nova Plataforma no Processo de Decisão

 Aumenta a capacidade do decisor de processar informação e conhecimento;


 Diminui a complexidade dos problemas;
 Diminui o tempo consumido na tomada de decisão;
 Melhora a confiança num processo de decisão e nos seus resultados;
 Estimula a componente de exploração e descoberta do decisor;
 Divulga novas abordagens a ter em conta no contexto da decisão;
 Gera evidências no suporte a uma decisão;
 Cria uma vantagem estratégica e competitiva face a outras empresas.

Estratégia de Migração da Aplicação

A estratégia de migração da aplicação será baseada no processo de reengenharia


de software, tendo em vista o já consolidado modelo de negócio e a estrutura do atual
sistema, contudo, algumas situações específicas poderão ser tratadas de forma singular.
Basicamente o processo de migração para o novo sistema envolverá a
compreensão do programa que tem de ser mudado e, em seguida, a implementação
dessas mudanças para a nova linguagem de programação. No entanto, a um alerta, por
se tratar de sistema legados, alguns programas podem ter sido otimizados para o
desempenho ou uso de espaço à custa de inteligibilidade, ou, ao longo do tempo, a
estrutura inicial do programa pode ter sido danificada por uma série de mudanças.
Esse processo de reengenharia poderá envolver a redocumentação, nos casos
em que as especificações de negócio documentada não estejam aderentes ao
comportamento apresentado pela aplicação. Nesses casos a funcionalidade de software
não é alterada e a documentação será ajustada ao comportamento apresentado pelo
sistema.
Os benefícios com a estratégia de reengenharia:

 Risco reduzido. Existe um alto risco em desenvolver novamente um software


crítico de negócios. Podem ocorrer erros na especificação de sistema ou pode
haver problemas de desenvolvimento.
 Custo reduzido. O custo de reengenharia pode ser significativamente menor do
que o de desenvolvimento de um novo software.
A Figura a seguir representa de forma geral o modelo de reengenharia. A
entrada para o processo é um programa legado, e a saída, uma versão melhorada e
reestruturada do mesmo programa.

Fonte: Sommerville (2011)

As atividades previstas no processo de reengenharia:

1º. Tradução de código-fonte: Usando ferramentas de tradução, os programas serão


convertidos a partir do COBOL para uma versão em Java.
2º. Engenharia reversa: O programa é analisado e as informações serão extraídas a partir
dele. Isso ajudará no processo de documentação e a organização das funcionalidades.
3º. Melhoria de estrutura dos programas: A estrutura de controle do programa será
analisada e modificada para que se torne mais fácil de ler e entender. Isso pode ser
parcialmente automatizado, mas, algumas intervenções serão manuais.
4º. Modularização de programas: Partes relacionadas do programa são agrupadas, e
onde houver redundância, se apropriado, esta é removida. Em alguns casos, esse estágio
poderá envolver refatoração de arquitetura. Esse é um processo manual.
CONCLUSÃO

Atualmente todas as organizações precisam fazer gestão da informação, por ser


um dos elementos mais importantes da organização, que influencia no seu sucesso.
Por outro lado, as organizações necessitam de dispor de um Sistema de Informação
(SI) que suporta a tomada de decisão em todos os níveis e abrangências e pode abrir
caminho a novas oportunidades, auxiliando na racionalização dos procedimentos, bem
como, reorganizando o negócio, em alguns casos alterando a sua natureza.

A integração de Sistemas da Informação (SI), permite às organizações que a


tecnologia suporte eficazmente a sua lógica funcional e que estas fiquem mais bem
preparadas para responder às constantes exigências e mudanças do seu meio
ambiente. Cada organização tem diferentes necessidades de integração de SI que
dependem do seu tipo de atividade e da realidade tecnológica existente. Em qualquer
caso, diferentes abordagens podem ser válidas e complementar-se na definição de
uma arquitetura de integração mais abrangente.

Os desafios tecnológicos gerados do ambiente de negócio da organização


exposta nesse trabalho, tornam quase imperativo a necessidade da migração de um
sistema legado, concebido a mais de 30 anos e codificado em linguagem COBOL, para
uma tecnologia mais moderna, segura, acessível, intuitiva, capaz de gerar vantagem
competitiva e que facilita a tomada em todos os níveis de decisão dentro da
organização.
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