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Disciplina: Ecumenismo e diálogo inter-religioso


Professor (a): Prof. Pe. Ademir Eing
Alunos: Clovis Martins /Judá Gabriel Freitas
Data: 06/03/2018

RELIGIÕES CHINESAS

A China é um imenso e populoso país: 1,2 bilhão de habitantes. Evidencia-se um


caráter multiétnico, com manchus, mongóis, tibetanos, muçulmanos, chineses de Han. A
história e a cultura milenar chinesas conseguiram influenciar todos os povos que a
conquistaram. Geograficamente trata-se de uma imensa massa de terra de proporções
continentais, isolada, em via de regra, por desertos, estepes e montanhas. Os antigos a
denominavam “Terra Média”, como sendo o centro do mundo por excelência.
Apesar dos diferentes dialetos falados, o povo chinês mantém-se unido por uma
escrita comum, formada por sinais- logogramas ou ideogramas – que tem o intento de
expressar mais o sentido do que o som da palavra. Quanto à política e visão de um
mundo é, hoje, a China, uma janela aberta dado a sua vastidão, principalmente ao que
tange às práticas religiosas. O que se estabelecerá, depois de décadas do regime
comunista ateu de Mao Tsé-Tung (1949-1976) O movimento de 1989, em favor da
liberdade e dos direitos democráticos, foi reprimido com tanques blindados na praça da
Paz Celestial.
A partir de então, o Estado toma distância de muitos setores da vida do povo e é
implementada uma reforma econômica voltada que traz uma tendência à privatização.
Hoje na China, porém, observa-se uma religiosidade latente ou ainda, nunca esquecida,
apesar das proibições e restrições referentes a diversas expressões.
Uma geração de chineses, nascidas durante o regime comunista, fez-se indiferente
ou cética. Essa geração se vê dentro de um movimento de nascimento de novas seitas,
que têm na Internet um ambiente para comunicação e organização.
Vê-se, no entanto, também confrontada com as grandes tradições chinesas,
presentes nas centenas de templos, nos escritos, nos costumes milenares, dos quais as
populações camponesas que registram 75% da população, são depositárias especiais. O
teólogo Hans Kung chama a atenção para alguns valores da cultura chinesa em sua
análise de Cingapura, cidade-estado multiétnico, no qual reconhece estes valores
asiáticos: A comunidade vem antes do indivíduo; Mas a comunidade respeita e dá
suporte ao indivíduo; A família é a pedra fundamental da sociedade; Os problemas
devem ser resolvidos por consenso, e não por confrontação; A harmonia étnico-religiosa
deve ser favorecida.
Tais valores são herança de uma cultura e tradição milenares. Desta maneira, para
que haja compreensão da atual conjuntura da China e de Cingapura em sua
complexidade, faz-se necessário regressar profundamente na história do povo chinês. O
confucionismo, o taoísmo e o budismo zen chineses integram a tradição chinesa
ricamente, por sua vez, o cristianismo só integrará esse quadro muito recentemente, em
termos de história desse povo e, ainda hoje, encontra-se entre as expressões religiosas
minoritárias.
A partir daqui, buscar-se-á reconstituir historicamente as principais expressões
religiosas chinesas, apresentando suas respectivas datações, fundadores e influências na
história e vida do povo chinês.
Para tanto, faz-se mister fundamentar tais concepções religiosas que, no fundo,
irão moldar-se à mais fundante expressão de religiosidade deste povo: a veneração
ancestral. Trata-se da piedade filial (xiao), onde o filho tem a responsabilidade de cuidar
e servir de três maneiras: em vida, cuidando deles, na morte fazendo o luto, e após o
luto fazendo sacrifícios em sua honra. Seus ritos podem ser designados em dois vastos
grupos, a saber, os ritos mortuários e os ritos sacrificiais. Este segundo grupo integra a
vida cotidiana do povo chinês com as ocasiões de veneração por aniversários ou ainda
outras datas especiais como casamentos e nascimentos na família. Estes sacrifícios
tratam-se as ofertas de comidas, incensos e lanternas de papel dedicadas aos
antepassados.
Também na China antiga era comum, em consonância com o culto aos
antepassados, práticas animistas, divinatória e xamanísticas, com ritos de fecundidade,
adivinhação por meio de ossos de animais ou mesmo de adoração aos deuses e espíritos,
alguns desses dados perduram na cultura chinesa até hoje, como o costume anual da
dança dos dragões na virada do ano novo chinês. Dentro da cosmovisão chinesa antiga
não existia separação entre a realeza e o sacerdócio, apesar de jamais reclamarem sua
natureza divina, eram os reis os chamados “filhos do céu”, os mais altos mediadores
entre o humano e o divino. Tendo o “céu” (tian) como um plano central, entendido
como uma força cósmico-moral invisível, porém dotada de inteligência e vontade e
dirige o destino dos homens.
Integrando as expressões religiosas chinesas encontramos o confucionismo, não
que essas grandes expressões da cultura chinesa, como o é o confucionismo, adequem-
se perfeitamente ao conceito de religião, uma vez que retratam um caráter mais
sapiencial e filosófico que estritamente religioso. O confucionismo, não prega um deus
ou deuses, mas funda-se no conjunto de compilações de antigas tradições da sabedoria
chinesa deixadas por Confúcio, versão latina de Kong Fuzi, filosofo chinês datado do
VI a. C século.
Sua doutrina foi assumida por oficial durante 25 séculos a fio. Encontrou uma
reação contrária por parte da Revolução Cultural chinesa em 1966-76. Todavia, após as
recentes mudanças no quadro político o confucionismo tomou novo vigor, assumindo
24% da população chinesa como declarada confucionista. Faz-se importante resgatar o
caráter humanístico da tradição confucionista, foca-se na máxima da reciprocidade e,
traz o homem e sua racionalidade como uma prioridade maior que os deuses e espíritos,
fundando-se na sabedoria da história, a literatura e das artes.
Irá somar-se a este mosaico o taoísmo. O Tao, que significa “caminho” encontra-
se também em outras doutrinas chinesas, mas para essa doutrina específica designa
“fonte”, “força motriz”. Como obra principal o taoísmo apresenta o Tao Te Ching, que
possui os ensinamentos de Lao Zi, ou Lao Tsé, que teria sido contemporâneo a
Confúcio. Esse texto baseia o arcabolso filosófico desta expressão religiosa. Apesar das
variações das tradições das escolas taoístas, pode-se em via geral enfatizar em todas elas
a serenidade, a não ação, o vazio, a moderação dos desejos a contemplação e a harmonia
com a natureza. Também o taoísmo foi reprimido durante a Revolução Cultural da
China, com sua pregação comunista de Mao Tsé-Tung. Apesar disso, continuou a ser
praticada fortemente com a instauração da República Popular da China, sendo uma das
grandes expressões religiosas chinesas, em 1997 marcava-se 1500 templos taoistas e
25000 monges e monjas.
Por sua vez o budismo Zen surge como uma forte expressão religiosa. Apesar do
budismo tradicional ser proveniente da Índia essa expressão bebe abundantemente do
taoísmo, o Zen encontra, portanto, sua gênese na China. Conforme a tradição zen
apresenta como fundador, ainda que seja questionável, o monge indiano Bodhidharma,
por volta do ano de 520. Trás a novidade de uma doutrina reencarnacionista, ressaltando
a importância da busca pela iluminação, isso é o estado de buda. O budismo possui na
China até 1997, aproximadamente 1300 templos e mosteiros, e cerca de 200.000
monges e monjas budistas.
Quanto ao mundo cristão encontrou-se de maneira esporádica desde o século VII,
expandindo-se após a Guerra do Ópio em 1840, com a invasão da Grã-Bretanha.
Todavia a grande figura cristã que surge como missionária em território chinês é a de
Matteo Ricci, um jesuíta que organizou a missão baseando-se na cultura local,
principalmente do confucionismo para fundamentar a fé católica. Ainda, foi ele que
proporcionou um primeiro contato dos chineses com a as ciências e tecnologia europeia
Infelizmente houve resistência por parte da inquisição da Igreja acerca das
adaptações bastante heterodoxas realizadas na pregação da doutrina. Além da proibição
de usar a serviço da fé católica a cultura confucionista, a Igreja põe como condição para
o batismo o abandono radical e quase total de toda a cultura chinesa, o que não soou
bem aos ouvidos do povo chinês. Também a Igreja católica sofreu repressão por parte
da Revolução Cultural chinesa. Todavia, ainda hoje a Igreja Católica Apostólica
Romana ainda encontra desafio, apesar de haver uma igreja católica de cunho
nacionalista. Ademais, os cristãos na China tem encontrado um grande crescimento em
pouco tempo de história, principalmente nos últimos 200 anos, hoje encontra 3% da
população chinesa, o que equivaleria a aproximadamente 45 milhões de fiéis.

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