Neste capítulo, aborda-se aspectos da educação e da formação do docente que atua nos anos iniciais do Ensino Fundamental brasileiro. Para tanto, faz-se necessário esclarecer que a Educação Básica compreende Educação Infantil, Ensino Fundamental (anos iniciais – 1º ao 5º ano – anos finais – 6º ao 9º ano) e Ensino Médio.
Neste capítulo, aborda-se aspectos da educação e da formação do docente que atua nos anos iniciais do Ensino Fundamental brasileiro. Para tanto, faz-se necessário esclarecer que a Educação Básica compreende Educação Infantil, Ensino Fundamental (anos iniciais – 1º ao 5º ano – anos finais – 6º ao 9º ano) e Ensino Médio.
Neste capítulo, aborda-se aspectos da educação e da formação do docente que atua nos anos iniciais do Ensino Fundamental brasileiro. Para tanto, faz-se necessário esclarecer que a Educação Básica compreende Educação Infantil, Ensino Fundamental (anos iniciais – 1º ao 5º ano – anos finais – 6º ao 9º ano) e Ensino Médio.
UM BREVE HISTÓRICO SOBRE A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DO
DOCENTE DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO BRASIL
Neste capítulo, aborda-se aspectos da educação e da formação do docente que
atua nos anos iniciais do Ensino Fundamental brasileiro. Para tanto, faz-se necessário esclarecer que a Educação Básica compreende Educação Infantil, Ensino Fundamental (anos iniciais – 1º ao 5º ano – anos finais – 6º ao 9º ano) e Ensino Médio.
1. DOS JESUITAS À ESCOLA NORMAL.
1.1. Os jesuítas como docentes.
Descoberto em 1500 pelos portugueses o Brasil, nos dois primeiros séculos, tinha os jesuítas como os educadores oficiais da Colônia. Examinar esse período colonial é constatar que o contexto religioso foi fundamental no surgimento do Brasil com seu imenso território e as peculiaridades de suas populações nativas. Assim, a dualidade: os jesuítas, com seu projeto educacional e sua estrutura escolar, e os portugueses em busca de riquezas para explorar e saquear, foram importantes na formação da estrutura social, administrativa e produtiva da sociedade que estava sendo formada. A Companhia de Jesus cujos membros são chamados jesuítas foi fundada no contexto da Reforma Católica (Contrarreforma) por Inácio de Loyola e um grupo de estudantes da Universidade de Paris em 1534. Seus princípios fundamentais eram a busca da perfeição humana por intermédio da palavra de Deus e a vontade dos homens; a obediência absoluta e sem limites aos superiores; disciplina severa e rígida; hierarquia baseada na estrutura militar; valorização da aptidão pessoal de seus membros, o que a tornou útil à Igreja e à Coroa Portuguesa. O primeiro grupo de jesuítas chegou ao Brasil, então Colônia de Portugal, em 1549 com a armada do Governador Geral Tomé de Souza. Era chefiado pelo padre Manuel da Nóbrega que tomou para si a responsabilidade de abrir a primeira “escola de ler e escrever” brasileira que foi fundada em abril do mesmo ano na cidade de Salvador. Ao longo dos anos, dezessete eram os colégios mantidos pelos jesuítas no Brasil colônia. Em geral, esses colégios destinavam-se a formar e educar os moços para a Igreja, embora nem todos os alunos entrassem para a ordem. “A educação para Deus era o objetivo do ensino dos inacianos, e a formação científica era o meio para alcançar tal fim” (Silva, 2003, p.14). O método educacional jesuítico – Ratio Studiorum – era uma coletânea de regras e prescrições, instituído por Inácio de Loyola, que estabelecia o currículo, a orientação e a administração do sistema educacional a ser seguido pelos padres, ou seja, um manual prático e sistematizado que apresentava ao professor a organização e a metodologia de ensino a ser utilizada. Para Hansen (2000) o Ratio Studiorum era “como um conjunto de normas, que definiam saberes a serem ensinados e condutas a serem inculcadas, e um conjunto de práticas, que permitiam a transmissão desses saberes e a incorporação de comportamentos, normas e práticas”. (p. 13). O aluno, a partir dessas normas, aprendia por meio da repetição e da memorização. A educação escolar, portanto, era feita em forma de pregação com caráter civilizatório. Os estudantes eram divididos em grupos sob a direção de monitores, e aos pares, de modo que um podia exercer fiscalização sobre o outro. Embora com estas características de autoritarismo, a ordem e a disciplina eram asseguradas, como também assegurada a boa educação. Outro motivo do êxito educativo dos jesuítas foi a perfeição do ensino em suas escolas, como resultado do preparo cuidadoso dos seus professores, quase todos oriundos do Colégio Romano, criado por Loyola, de modo que este prestaria para as demais instituições da Ordem “[... benefícios de uma Escola Normal Superior que prepararia, entre os estudantes da Ordem, os futuros professores, adestrando-os nos melhores métodos e pondo-os em contato imediato com os educadores mais abalizados.]”. (FRANCA, 1951, p.10). Porém, mesmo com todo o sucesso da educação jesuítica, a Metrópole Portugal mantinha a politica de impedir a implantação de instituições de nível superior, o que obrigava os membros da elite colonial irem a Portugal para ingressar na Universidade de Coimbra. Identificam-se, neste período, semelhanças e diferenças entre duas Colônias: uma portuguesa (Brasil) e outra espanhola (Argentina) iniciando pela orientação educacional de ordens religiosa. Como Colônia Espanhola, a Argentina teve sua educação sob as ordens dos franciscanos, dos dominicanos e dos jesuítas. Quanto à educação superior, diferente dos portugueses, os espanhóis não se opuseram à criação de universidades em suas colônias, então a primeira na Argentina foi a Universidade de Córdoba em 1613, sob o controle de jesuítas e dominicanos, fato que futuramente, deu à Argentina uma larga tradição de autonomia universitária. Em relação aos indígenas, os jesuítas desejavam converte-los ao cristianismo e aos valores europeus, criaram então, as reduções ou missões no território de ambas as colônias. Nestas missões os índios, além da catequização, eram orientados ao trabalho agrícola e à pecuária garantindo, aos jesuítas, uma de suas fontes de renda. Mas em meados do séc. XVIII, o trabalho da Companhia de Jesus entra em decadência, foi acusada de ser empecilho à conservação da unidade cristã e da sociedade civil; era detentora de um poder econômico que deveria ser devolvido ao governo e educava o cristão a serviço da ordem religiosa, e não dos interesses do país. (RIBEIRO, 1995; FERREIRA, 2000). Tudo isso porque a Europa do séc. XVIII palco de grandes transformações sociais e econômicas se opunha ao regime monárquico engrandecendo a ascensão da burguesia e do liberalismo econômico, acreditando no poder da razão humana para interpretar e reorganizar o mundo, abdicando das verdades religiosas. Assim, em contraste a essa realidade europeia, vivia o Brasil uma sociedade escravista e submetida à opressora Coroa Portuguesa e com educadores voltados às questões sociais, politicas e, evidentemente, religiosas.
1.2. Reforma Educacional Pombalina.
As transformações sociais advindas do movimento Iluminista e dos
princípios liberais requeriam a formação de um novo homem, o burguês, o comerciante, e não mais o homem cristão. Por conseguinte, a Companhia de Jesus tornara-se um empecilho aos interesses do Estado Moderno, tanto por ser detentora de grande poder econômico, cobiçado pelo Estado, quanto por não formar um homem com novos ideais para uma nova filosofia de vida, como o homem que estava sendo formado na Europa. A Companhia de Jesus foi exilada de Portugal e da Colônia brasileira pelo Ministro de Estado, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, a partir de 1759 com o Decreto-lei de 03 de setembro de 1759 promulgado pelo rei D. José I, ocasião em que todos os seus bens materiais e financeiros foram confiscados para a Coroa portuguesa. Oito anos mais tarde, em 1767, por ordem do rei Carlos III, a Companhia de Jesus foi expulsa da Argentina. Os índios remanescentes das missões foram incorporados às forças armadas portuguesas e espanholas, sendo envolvidos nos conflitos regionais subsequentes. Compreende-se que a expulsão dos jesuítas envolve questões políticas, ideológicas e econômicas, pois, segundo Serrão: “o fenômeno da expulsão dos jesuítas da Península Ibérica se liga fundamentalmente a uma dada conjuntura imperial quer de Portugal quer de Espanha. É que no Brasil as minas de ouro tendiam para a exaustão, o que tornava necessário rever e recondicionar uma nova política geral para com a grande colônia sul americana, sem a qual Portugal não fazia sentido no mundo de então. Ora, o tradicional papel dos jesuítas no Brasil – a sua força ideológica e até econômica – impedia ou dificultava esse recondicionamento da política luso-brasileira.” (SERRÃO, 1984, p.356). Nesse sentido, os jesuítas representavam um obstáculo e forte resistência à implantação da nova filosofia iluminista, e impediam a transformação e adaptação da sociedade portuguesa aos movimentos que rapidamente se difundiam por toda a Europa do séc. XVIII. Ao assumir o cargo de Ministro de Estado do rei D. José I, Pombal empreendeu reformas em todas as áreas do reinado: políticas, administrativas, econômicas, culturais e educacionais, visando tornar mais ágil e eficiente a máquina administrativa do Estado e aumentar a arrecadação. Em consequência da política reformista no reinado de D. José I e capitaneada por Marques de Pombal, era obrigação de o Estado garantir escola pública e gratuita à população, estabelecer suas diretrizes educacionais e pagar os professores que eram subordinados a uma política totalmente centralizadora. A partir de então, na educação inicia um processo de laicização da instrução com o envio de professores régios. Ou seja, “o processo de estatização do ensino consiste, sobretudo, na substituição de um corpo de professores religiosos (ou o controle da Igreja) por um corpo de professores laicos (ou sob o controle do Estado), sem que, no entanto, tenha havido mudanças significativas nas motivações, nas normas e nos valores originais da profissão docente: o modelo do professor continua muito próximo do padre”. (NÓVOA, 1995, p.15). Considerando que as reformas educacionais, por meio do Alvará de 28 de junho de 1759, autorizavam: total destruição da organização e metodologia da educação jesuítica; instituição de aulas de gramática latina, de grego e de retórica; criação do cargo de “diretor de estudos”; introdução das aulas régias (aulas isoladas que substituíram o curso secundário de humanidades criado pelos jesuítas); realização de concursos para escolha de professores para ministrarem as aulas régias; aprovação e instituição das aulas de comércio. (AZEVEDO 1996). As “aulas régias” dividiam-se em dois níveis de ensino – Estudos Menores e Estudos Maiores – suas características marcantes davam-se em função do seu caráter centralizador, da falta de autonomia pedagógica do docente e por destinar-se a uma parcela da população, o que evidenciava sua característica excludente. Os Estudos Menores, ou Escolas Menores e de Primeiros Estudos correspondia, sem distinção, ao ensino primário e ao ensino secundário. Os Estudos Maiores, aqueles oferecidos pela universidade, destinavam-se aos concluintes aptos dos Ensinos Menores. O Alvará de 28 de junho de 1759, conforme o já exposto autorizava a realização de concurso público para a admissão ao cargo de professor. O primeiro aconteceu em Recife a 20 de março de 1760. Neto & Maciel, destacam uma peculiaridade neste momento histórico de implantação da reforma educacional pombalina: “as reformas educacionais brasileiras apresentam como característica marcante a total destruição e substituição das antigas propostas pelas novas, não havendo assim, uma continuidade nas políticas educacionais.” Contudo, havia uma grande carência de professores aptos ao exercício da docência, como também a falta de implantação de um projeto educacional formal e eficaz à altura da organização jesuítica. Algumas ordens religiosas como a dos beneditinos, dos carmelitas e dos franciscanos, abriram suas Escolas de Primeiras Letras com a permissão de Portugal sem, contudo, preencher a lacuna na parte da instrução primária. Portanto, a reforma de ensino pombalina pode ser avaliada como desastrosa para a educação brasileira, já que destruiu uma organização consolidada e com resultados, embora discutível e contestável, e não implantou uma que garantisse um novo sistema educacional. Fato que provocou um longo período (1759 a 1808) de decadência na educação da Colônia. O que nos faz lembrar os dias atuais em que algumas propostas na área educacional, não têm condições de suplantar uma proposta educacional consolidada e com resultados, como por exemplo, a extinção do Curso Normal.
1.3. O Método Lancaster.
Motivada pela invasão das tropas francesas de Napoleão e como
estratégia para preservar a monarquia, as suas colônias e a integridade do império luso, a Família Real veio para o Brasil em 1808, início do séc. XIX. Vieram para uma colônia em piores condições que as demais colônias das Américas. Não havia Universidades, nenhuma produção industrial nem infraestrutura cultural, nem mesmo imprensa. Fizeram do Rio de Janeiro a cidade do Império e o centro de todo o processo político. Foi criada, no padrão europeu, a Imprensa Régia, a Biblioteca Nacional, o Museu Real, o Jardim Botânico, o Observatório Astronômico, o Banco do Brasil, a Academia Militar, enfim, instituições necessárias para o funcionamento de uma metrópole colonial. Como consequência, foi inevitável o desmantelamento do movimento de independência que começava a se estruturar no Brasil. Nesse período, segundo Neves (2007), os homens que sobreviveram à margem da escravidão e da agricultura, os chamados “homens livres”, considerados pela Corte como uma ameaça aos seus interesses, precisavam ser controlados e disciplinados através da educação para que, assim, contribuíssem com os setores de produção vigentes. E, para se inserir no mercado de trabalho era necessário apenas ler, escrever e contar, por meio de um ensino de baixo custo, mecânico e coercitivo que não permitia a liberdade de pensamento. Partindo desse pressuposto, o governo imperial adotou o Método Lancaster com o objetivo de disciplinar e formar a massa popular, para inseri-la no mercado de trabalho, através do decreto imperial publicado no Diário do Governo e datado de 09 de abril de 1823. (Arquivo Nacional – Série Guerra IG³ (1823-1827) – Documentos de Sergipe – Ensino Mútuo – Hirão Fernandes Cunha e Souza, Luis Gomes, Ricardo Nascimento Abreu. Na verdade tem assim: OLIVEIRA, K., CUNHA E SOUZA, HF., and SOLEDADE, J., orgs. Do português arcaico ao português brasileiro: outras histórias [online]. Saalvador: EDUFBA, 2009. 329 p. ISBN 978-85-232-0602-4. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. No séc. XVIII, especificamente em 1789, Andrew Bell, médico e pastor anglicano, iniciou a aplicação do Método Mútuo em Madras em uma escola da Companhia das Índias Orientais, para os filhos de soldados britânicos. Como não contava com mestres capacitados utilizava os melhores alunos como monitores, para transmitir aos demais alunos os conhecimentos que haviam aprendido com o professor. Anos mais tarde, em 1798, Joseph Lancaster empregou o Método Mútuo ao criar uma escola para crianças pobres, em Londres. Diante do problema de instruir muitas crianças, divide a escola em várias classes, colocando em cada uma um aluno monitor com conhecimento superior aos dos outros e sob direção imediata do professor. Tanto Bell quanto Lancaster desenvolveram, separadamente, um método de ensino baseado no Método Simultâneo, no qual o professor instrui simultaneamente a todos os alunos da classe, criado por Jean Baptiste de La Salle. Ambos reivindicaram a autoria do que veio a ser conhecido como Método Mútuo. Tal método foi implantado diferentes países como França, Portugal, Cuba, Guatemala, Porto Rico, México, Colômbia, Brasil, Argentina, Chile, Peru, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Paraguai e Equador, com seus aspectos físicos, estruturais e pedagógicos. Em 1818, Joseph Lancaster a convite de Simon Bolívar, realizou viagem à América do Sul, onde divulgou seu método e estabeleceu escolas. Em Portugal, segundo Cardoso (1999), o ensino mútuo popularizou-se com o nome de Método Lancasteriano e foi introduzido em 1815 nas escolas militares de Lisboa. Por intermédio de D. João VI, o método chegou ao Brasil por volta de 1812 e somente com a Lei de 15 de outubro de 1827 se oficializou no país perdurando até 1846. A Lei de 15 de outubro de 1827, Lei do Ensino de Primeiras Letras, em seu Art. 1º cria escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos do Império. O Art. 4º estabelece que as escolas sejam do ensino mútuo. Quanto aos professores que não tiverem a necessária instrução deste ensino, irão instruir-se em curto prazo e à custa dos seus ordenados nas escolas das capitais, este é o Art. 5º no que se refere aos professores. Esta lei criava, também, escolas para meninas, mas excluía as noções de geometria e limitava o ensino das quatro operações em favor das prendas que servem à economia doméstica. Os conteúdos a serem trabalhados eram: leitura, escrita, as quatro operações de aritmética, práticas de quadrados, decimais e proporções, as noções mais gerais de geometria prática, a gramática de língua nacional, e os princípios de moral cristã e da doutrina da religião católica e apostólica romana, proporcionados à compreensão dos meninos; preferindo para as leituras a Constituição do Império e a História do Brasil. Art. 6º da lei. Importante observar que esta lei geral para o ensino, valorizava o professor em termos financeiros (gratificação anual que não excedia à terça parte do salário, com mais de 12 anos de exercício ininterrupto, prudente e com grande número e aproveitamento dos alunos) e o acorrenta às fiscalizações dos Presidentes das Províncias (taxavam interinamente o ordenado dos professores, como também o suspendiam, fiscalizavam as escolas e os professores). O processo de avaliação do Método Lancasteriano formava o aluno competitivo. A competição era incentivada com recompensa aos alunos que se avaliavam mútua e continuamente e verificavam junto com o professor, a dominação dos saberes de sua série. Em 1829 foi publicado em Ouro Preto, Minas Gerais, o livro Castigos Lancasteriano em que pautava as punições praticadas pelos professores em substituição à palmatória, à vara e outros. Por volta de 1846, o método havia sido extinto no Brasil, justificada pela falta de professores, ausência de um local adequado, enfim, fracassou um método de ensino que instrumentalizaria o maior número de alunos em menor tempo possível em uma escola com a incumbência de moralizar os costumes e formar cidadãos com direitos e deveres voltados aos interesses do Estado. Quanto à formação dos professores do ensino público, “... as primeiras instituições brasileiras fundadas com o objetivo, embora não exclusivo, nem específico de formar o professor primário, foram as próprias Escolas de Primeiras Letras.” (TANURI, 1969, p. 14).
1.4. A Escola Normal.
A primeira instituição com o nome de Escola Normal foi instalada em
Paris em 1795. Já a partir desse momento houve distinção entre Escola Normal Superior para formar professores de nível secundário e Escola Normal ou Escola Normal Primária, para preparar os professores do ensino primário. Além de França e Itália, a Alemanha, a Inglaterra e os Estados Unidos também foram instalando suas Escolas Normais, ao longo do séc. XIX. No Brasil, após a promulgação do Ato Adicional de 1834, que colocou a instrução primária sob responsabilidade das províncias, estas tendem a adotar, para formação dos professores, a criação de Escolas Normais. A primeira Escola Normal foi instituída em Niterói, já em 1835, Província do Rio de Janeiro. Esse caminho foi seguido pela maioria das províncias ainda no séc. XIX, na seguinte ordem: Bahia, 1836; Mato Grosso, 1842; São Paulo, 1846; Piauí, 1864; Rio Grande do Sul, 1869; Paraná e Sergipe, 1870; Espírito Santo e Rio Grande do Norte, 1873; Paraíba, 1879; Rio de Janeiro (DF) e Santa Catarina, 1880; Goiás, 1884; Ceará, 1885; Maranhão, 1890. Essas escolas, entretanto, tiveram existência intermitente, sendo fechadas e reabertas periodicamente. (SAVIANI, 2008). Couto Ferraz, quando presidente da Província do Rio de Janeiro, fechou a Escola Normal de Niterói em 1849, substituindo-a pelos professores adjuntos. Os adjuntos atuariam nas escolas como ajudantes do regente de classe, aperfeiçoando-se nas matérias e práticas de ensino. Assim, seriam preparados os novos professores e abolidas as Escolas Normais. Com o evidente fracasso dessa maneira de formação de professores, os cursos normais continuaram a ser instalados e a Escola Normal de Niterói, foi reaberta em 1859. Os currículos contemplavam a leitura e a escrever através do Método Lancaster, as quatro operações e proporções, a língua nacional, elementos de geografia e os princípios da moral cristã, os mesmos conteúdos que eram dados nas aulas de primeiras letras. Para Saviani (2009, p. 144) “[...] o que se pressupunha era que os professores deveriam ter o domínio daqueles conteúdos que lhes caberia transmitir às crianças, desconsiderando-se o preparo didático- pedagógico.” Com a reforma da instrução pública do Estado de São Paulo, em 1890, as escolas normais tomaram novos rumos na maneira de ensinar. Pois, uma vez que a Escola Normal pecava “por insuficiência do seu programa de studo e pela carência de preparo prático dos seus alunos” (São Paulo, 1890), era imperioso reformar seu plano de estudos. Dois eixos marcaram a reforma: enriquecimento dos conteúdos curriculares anteriores e ênfase nos exercícios práticos de ensino, cuja marca característica foi a criação da escola-modelo anexa à Escola Normal. (SAVIANI, 2008). Dessa forma, o padrão de Escola Normal do estado de São Paulo, expandiu-se por todo o país, se tornou referência para outros estados que enviavam seus educadores para observar e estagiar em São Paulo.
2. DA ESCOLA NORMAL AO CURSO DE PEDAGOGIA.
2.1. 1932 – 1939
“As Escolas Normais estão na origem de uma profunda mudança, de uma
verdadeira mutação sociológica, do pessoal docente primário. Sob sua ação, os mestres miseráveis e poucos instruídos do início do séc. XIX vão, em algumas décadas ceder lugar a profissionais mais formados para a atividade docente” (LOPES, 2000). No entanto, mesmo com padrão estabelecido pela reforma de São Paulo, o resultado não se traduziu de maneira expressiva continuando o ensino sob o domínio dos conhecimentos dos professores. Ante as novas perspectivas inspiradas pelo surgimento da Escola Nova, dois institutos foram criados no Brasil. Anísio Teixeira implantou o Instituto de Educação do Distrito Federal em 1932, sob a direção de Lourenço Filho. O outro, implantado em 1933 por Fernando de Azevedo foi o Instituto de Educação de São Paulo. O instituto do Distrito Federal, concebido por Anísio Teixeira objetivava ser um espaço de ensino e de pesquisa, erradicando o que ele considerava o “vício de constituição” das Escolas Normais, que, “pretendendo ser, ao mesmo tempo, escolas de cultura geral e de cultura profissional, falhavam lamentavelmente nos dois objetivos” (VIDAL, 2001, p. 79-80, APUD SAVIANI). Revista Brasileira de Educação, v.14, n.40, jan/abr. 2009. Para esse fim, transformou a Escola Normal em Escola de Professores, com um novo currículo em que a prática de ensino, realizada mediante observação, experimentação e participação, era o suporte ao caráter prático do processo formativo. Assim, iniciava um novo contexto com conhecimento de conteúdos e conhecimento da prática de ensino. O instituto em São Paulo, sob a direção de Fernando de Azevedo, criou também a Escola de Professores, inspirado no ideário da Escola Nova. Este período caracteriza-se como início da consolidação do modelo pedagógico-didático de formação do professor primário, hoje anos iniciais do Ensino Fundamental.
2.2. EXTINÇÃO DA ESCOLA NORMAL E LDB 9394/96
ESTE TERMINO DEPOIS QUE DERES TEU PARECER ATÉ AQUI. Estou estudando o assunto BJ. Ana