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CURSO DE DIREITO
VITÓRIA
2020
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VITÓRIA
2020
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COMISSÃO EXAMINADORA
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Prof. Me. Alexandro Camargo Silvares
Faculdade Doctum de Vitória -DOCTUM
Orientador
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Prof.
Faculdade Doctum de Vitória -DOCTUM
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Prof.
Faculdade Doctum de Vitória -DOCTUM
VITÓRIA
2020
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente gostaríamos de agradecer a Deus por nos permitir chegar até aqui.
Aos nossos pais que sempre estiveram ao nosso lado nos apoiando ao longo de
toda a nossa trajetória.
1 INTRODUÇÃO
Ter liberdade significa que todo tem direito de agir levando em conta o nosso livre
arbítrio, consiste nas escolhas da forma com pensamos e agimos, considerando as
vontades e desejos, sem precisar levar em consideração a opinião alheia. Para a
Filosofia, ser livre significa ter independência e autonomia sobre os próprios atos e
opiniões, e, para Constituição Brasileira é um direito e garantia individual.
Com isso, o inciso IV, artigo 5º, veda o anonimato, mas a liberdade de pensamento
e expressão são asseguradas, porém, caso essa liberdade de manifestação de
pensamento cause danos e sofrimento a outrem, o infrator poderá sofrer sanções
correspondentes ao dano causado.
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Já o inciso IX, desse mesmo artigo, cita que: “é livre a expressão da atividade
intelectual, artística, científica, independente de censura ou licença”. A declaração
do direito de liberdade prevista no artigo 5º da Constituição Federal Brasileira não é
absoluta, pois está limitada a observação prevista no inciso IV, que veda o
anonimato de forma clara. Como também, aduz em seu inciso X sobre as
responsabilidades do indivíduo que violar a intimidade, a honra ou a imagem do
outro. Essas limitações se fazem necessárias para que a liberdade de expressão
não seja extrapolada, vindo a ferir o direito dos demais.
A nova realidade em que vivemos, onde as tecnologias imperam, tudo gira em torno
das novas tecnologias e das redes sociais. As pessoas utilizam esses novos meios
de interação para expressar suas opiniões e posicionamentos, tanto políticos,
religiosos e referentes ao meio artístico, acreditando que estão imunes atrás de
seus computadores, tablets e smartphones.
Tornou-se comum vermos discursos de ódio e ofensas nas redes, sendo justificados
como poder de liberdade de expressão. Talvez o fato de estar atrás de uma tela,
passe a impressão que seus atos não terão repercussão e que seja lícito discriminar
e ofender o próximo. Infelizmente no Brasil, a responsabilização por esses atos não
é eficaz e célere, aumentando assim a sensação de impunidade e disseminando a
prática desses delitos, motivo que nos levou a escolher esse tema.
Seguindo esse contexto, temos a percepção que o ser humano tem pensamentos
e condutas diferentes umas das outras, por natureza, propenso a inclinações boas
e más. Por isso, as limitações impostas pelo Estado são de extrema relevância para
regulamentar a liberdade de expressão, bem como prevê a possibilidade de exigir
responsabilidades pelo exercício abusivo deste direito, inclusive sendo necessária
para assegurar que nenhum indivíduo faça mal-uso deste.
Assim, por mais abrangente que seja a proteção a liberdade de expressão, não é
tolerado de forma alguma em nossa sociedade o discurso de ódio, constitui crime e
não conduta amparada pela liberdade de expressão, pois nesta situação o que
prevalece é o princípio da dignidade da pessoa humana e da igualdade jurídica.
Nesse mesmo sentido, acerca dos limites da liberdade de expressão, o rel. min.
Celso de Mello, assim dispõe:
Essa prática na maioria das vezes está sendo camuflada, os infratores têm
alegando a imunidade sob a ótica do direito à liberdade de expressão, que em
decorrência disso, vem se tornando cada dia mais difícil sua identificação e
consequente punição.
A nossa Carta Magna em seu artigo 5º, legisla sobre preconceitos e defende a
igualdade de todos, bem como os direitos e deveres do cidadão brasileiro,
condizentes com os Direitos Humanos. Nesse mesmo sentido, a lei brasileira que
criminaliza os diferentes tipos de preconceitos na nossa sociedade é a Lei Nº 7.716,
de 5 de janeiro de 1989. O discurso de ódio é compreendido por esta lei como crime,
pois se baseia em preconceitos e incitações a violência contra diferentes grupos
sociais e parcelas inferiorizadas da sociedade. Além de promover o ódio contra uma
pessoa em específico, o discurso de ódio, procura atacar todo um grupo social, fere
os direitos difusos, aqueles que se relacionam ao um grupo, isto é, quando um
negro, por exemplo, é ofendido pelo simples motivo de ser negro, assim, todos os
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Mas como é sabido, nem sempre as redes são utilizadas de forma correta e com
sabedoria. Alguns usuários acreditando na proteção de estar por de trás de uma
tela, operam de forma ilícita e prejudicial ao conjunto da sociedade, cometendo
crimes virtuais que promovem o ódio e o preconceito.
Nesse capítulo vamos abordar alguns dispositivos que surgiram diante de reais
necessidades e que servem para dar respaldo as vítimas de crimes praticados pela
internet. O que demonstra uma certa evolução diante dessa nova realidade, mas
que ainda se encontra distante de ser o ideal e de garantir segurança e inibir que
os usuários pratiquem esses crimes.
A ideia de implantação desta lei surgiu diante das novas necessidades e da nova
realidade do mundo virtual e da existência de uma rede interligada de dados que
acabam levando insegurança para os usuários, que podem ter seus dados
compartilhados e usados de forma diversa da acordada. Gerando
responsabilidades para empresas e pessoas que armazenam, processam,
comercializam operações e dados pessoais de milhares de pessoas.
No Brasil, não obstante os dados pessoais são utilizados como moeda no mercado
consumerista, ao conceder essas informações muitas empresas recebem em troca
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Outra falha grave é o fato da Lei não se aplicar em casos de tratamento de dados
pessoais executados para fins de defesa nacional, segurança pública em geral,
atividades de investigação e em casos de infrações penais. O que torna a lei ainda
mais frágil, pois autoridades policiais não terão suas atividades fiscalizadas e
sujeitas as regras da lei de proteção de dados. Seria interessante que a lei também
abrangesse a proteção da privacidade nessas esferas, comprometendo a eficácia
abrangência da nova lei.
É possível observar pelo exposto, que a LGPD veio para tentar garantir proteção à
privacidade, liberdade e acima de tudo trazer mais segurança nas relações que
envolvem fornecimento de dados pessoais. Essa proteção abrange também dados
coletados através de formulários em papel, cupons de sorteios fornecidos pelas
lojas físicas e todo tipo de ficha de cadastramento.
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Todo ser humano possui os direitos da personalidade como razão de sua própria
existência, isto é, o simples fato de sermos humano, não necessariamente ter
nascido com vida (nascituro) e independentemente da idade, cor, sexo, religião, a
pessoa tem direito de defender os seus direitos de existência, bem como o direito à
vida, à integridade física, à integridade moral, à dignidade e etc.
Não só a pessoa natural possui tais direitos, as pessoas jurídicas também são
providas de personalidade, regra expressa do art. 52 do novo Código Civil, que
confirmou o entendimento jurisprudencial anterior ao artigo, qual seja, súmula 226
do STJ, pelo qual a pessoa jurídica investida de personalidade, poderia sofrer um
dano moral, em casos de lesão à sua honra objetiva, com repercussão social.
Ao analisar a letra da lei, concluímos que esta visa apenas incriminar a conduta do
agente que apenas invade, driblando os mecanismos de segurança, e obtém,
adultera ou destrói a privacidade digital alheia, isto é, a lei condiciona a ocorrência
do crime com a violação indevida deste. Assim, a invasão do dispositivo informático
que se der sem a violação do mecanismo de segurança pela inexistência deste será
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conduta atípica. Por isso, o texto redigido pelo legislador possuiu falhas que não
garantam 100% a sua eficácia.
Esses direitos estão diretamente ligados aos direitos humanos que protegem a
igualdade e abominam a discriminação no mundo como um todo, prezando sempre
pela dignidade humana. O dever do Estado é proteger esses direitos fundamentais,
que foram conquistados através de muita luta. Direitos esses que são invioláveis e
nunca prescrevem.
Em nosso ordenamento os direitos fundamentais estão assentados na Constituição
Federal de 1988. A maioria desses direitos estão previstos no artigo 5º, como o
direito à liberdade, tema abordado nesse trabalho acadêmico.
e garante que cada indivíduo possa cultivar suas crenças e ter posicionamentos
diversos em relação à política, religião e cultura, sendo respeitado e tendo seu
espaço de manifestação garantido.
Conclui-se, que se expressar não é uma obrigação e sim um direito, o que não gera
obrigatoriedade de externas convicções, posicionamentos políticos e religiosos. As
pessoas podem optar por se abster de professar qualquer religião ou participar de
grupos políticos. Pois, muitas vezes a liberdade de expressão acaba sendo
confundida e ferindo o direito do próximo, através de ofensas e discursos de ódio,
que abordaremos de forma mais ampla no próximo capítulo.
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O meio virtual possui várias plataformas que permitem uma comunicação rápida e
efetiva, como e-mails e mensageiros. No entanto, o ódio, pode se manifestar sob
diversas faces, e em vários meios diversificados. As vezes de forma encoberta,
outras mais descarada.
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A internet veio para modificar a vida da população, está à disposição de todos, como
nos shoppings, praças públicas e supermercados aproximar-se daquele parente
distante, por exemplo, ou até mesmo aumentar a renda ao divulgar o seu trabalho.
Dentre tantas coisas boas, a popularização da internet gerou uma outra realidade,
aquela em que os usuários estão mais ativos e propensos a expor suas opiniões e
ideias sem qualquer filtro, se encaixando perfeitamente em discursos de ódio.
encontra com facilidade, criando-se grupos e tomando força para disseminar o ódio,
sem medo de quaisquer consequências, não medem esforços ao ferir a dignidade
do outro, sabendo que tem usuários que os apoiam e com a certeza da impunidade
da sua conduta criminosa.
As redes sociais hoje em dia nada mais fazem que amplificar esse ódio, reafirmando
os preconceitos que as pessoas carregam camufladas consigo mesmas. Com a
certeza da impunidade, se mostrando serem os donos da verdade, as pessoas que
praticam o discurso de ódio não se importem com incitações ao crime, violência e
possíveis danos morais e materiais à vítima. Tal conduta comprova que a nossa
sociedade é extremamente intolerante a determinadas ideologias, gênero, raça,
condição sexual, dentre outros fatores que sejam distintas ao seu modo de pensar.
O grande problema disso é que após um discurso de ódio, se for denunciado por
algum usuário na própria plataforma da rede social do infrator, o máximo que a rede
social faz como punição é excluir a publicação, se é que pode se chamar de tal
medida de punição.
O telespectador é um alvo frágil e que se deixa levar pelo que a mídia quer mostrar.
No Brasil muitos desses telespectadores acabam formando suas opiniões através
da mídia, que nem sempre se posiciona de acordo com a verdade, mas sim
conforme interesse financeiro.
Infelizmente, o que vemos muitas vezes nas transmissões das emissoras vai além
da liberdade de expressão. É possível observar que as matérias são tendenciosas
e que estimulam o discurso de ódio, principalmente no âmbito político e religioso.
É fato que a liberdade da imprensa é primordial para que a população tenha acesso
as notícias e fatos ocorridos em seu terrível e mundialmente. Porém, essa liberdade
pode ser muito nociva para sociedade, quando não há uma imparcialidade e a
empresa responsável está vinculada com o governo ou empresas privadas que
possuem interesse naquelas informações divulgadas. O fato é que liberdade em
excesso pode ser prejudicial e a sociedade que arca com esses malefícios, pois
esse mercado é uns dos poucos que não possui órgãos públicos para fiscalizar suas
atividades.
Mesmo que muitas pessoas ainda sejam influenciadas pelas redes de televisão, a
verdade é que internet reduziu essa abrangência, limitando a influência e poder
dessas mídias. A internet se mostrou uma mais dinâmica e que contempla maior
número de pessoa, sendo um meio de comunicação excelente para se obter todos
os tipos de notícias, onde as pessoas encontram matérias relacionadas a tudo e
não somente o que é interessante para aquela emissora específica.
A solução para frear essa evolução do discurso de ódio é que a legislação brasileira
se adeque, sendo mais específica a essa categoria e trate como crime em termos
jurídicos e aplique punições severas que limitem esse crescimento que pode atingir
gravemente e modificar o rumo de eleições no país.
A ausência de punição para esse tema faz com que muitas pessoas não sintam
medo das consequências de seus atos, praticando cada vez mais condutas
criminosas, e quem é ofendido fica desacreditado com tanta impunidade, que acaba
não buscando a justiça quando seus direitos são feridos por outrem, deixando de
ter seus direitos resguardados e devidamente reparados.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que por estarmos diante de dois princípios constitucionais, quais sejam
a liberdade de expressão, em poder manifestar livremente os pensamentos, e, a
dignidade da pessoa humana, no qual não pode ser ferido pelo discurso de ódio,
alegando estar em exercício da liberdade de expressão. Frisa-se que um direito
deve servir de limitação ao outro, devendo haver um ponto de equilíbrio entre eles.
Tendo como base o princípio da unidade constitucional, a Constituição Federal não
pode estar em conflito consigo mesma.
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6 REFERÊNCIAS
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Nova Edição, 2004.
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https://jus.com.br/artigos/71639/discurso-de-odio-nas-redes-sociais/3>. Acesso em: 01 jun.
2020.
GOLDZWEIG, Rafael Schmuziger. Por Que Devemos Nos Preocupar com a Influência
das Redes Sociais nas Eleições 2018?. Portal El País, 22 de set. de 2018. Disponível
em:
29
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/21/opinion/1537557693_143615.ht
ml>. Acesso em: 25 mai. 2020.
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NETTO, Letícia Rodrigues Ferreira. Discurso de Ódio. Portal Infoescola, Disponível em:
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SCALIONI, Fernando Gualberto. A Lei e as Redes Sociais: Tire Suas Dúvidas Sobre o
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SCHÄFER, Gilberto; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo; SANTOS, Rodrigo Hamilton dos.
Discurso de Ódio: Da Abordagem Conceitual ao Discurso Parlamentar. Revista de
30
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2020.