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05 AGOSTO / SETEMBRO - 2007 UNIVERSO RELIGIOSO

XANGÔ: O Senhor do raio. Ele pegou a justiça, o O mito da imortalidade


machado de duas pedras, com o qual ele julgava de uma
Em um determinado momento, o mundo esta-
maneira absolutamente tranqüila, firme e forte.
Geninho: Olá amigos, tudo bem Neste evento também estava presente Iansã, a Se-
va quase lotado de idosos, jovens, e nada mais. Os
com vocês?! nhora dos ventos e das tempestades, a transgressora jovens revoltaram-se e se dirigiram para
Nesta edição apresento para vocês o meu que desafia todas as formas de vida. Estava Olorum dizendo que os idosos não os
amigo Muenda. Vamos prestar muita atenção deixavam fazer nada e dominavam o
também o Oxumarê, o Senhor da trans-
ao que ele vai nos contar sobre as religiões dos mundo.
formação, o belo arco-íris.
africanos. O Senhor Supremo disse que
O mito da CRIAÇÃO estava cansado disso. Novamente
Muenda: Antes de começar, gostaria de dizer-lhes
que nas expressões religiosas africanas não há céu e do homem e da é Iku quem resolve o novo enig-
mulher ma. Após ter falado com Olorum,
terra, tudo é uma coisa só, tudo faz parte deste mun-
Mas os orixás, sentindo que resolvem o problema fazendo cho-
do, deste cosmos criado. Existe, sim, Òrum, mundo
invisível e, Àiyé, mundo visível. Neles estão todos faltavam o homem e a mulher, ver sobre a terra por dias e noites.
os nossos ancestrais, aqueles que deram origem a resolveram criá-los. Cada orixá O mundo foi se enchendo de água
nossa história e tradições. Não há divisões, não há trouxe para Olorum uma parte e os jovens foram subindo nas
fragmentos, pois nós somos uma totalidade. daquilo que escolheu, mas era maiores árvores, enquanto os ido-
Vocês não conseguirão conceber as religiões impossível criar o homem com sos, não conseguindo subir nelas,
africanas sem a festa, sem comunhão, sem a dança, essas partes. Lembraram-se então acabaram morrendo afogados.
o canto, o gesto, sem o corpo, e, sobretudo, sem da lama que era produzida da dan- Após aquele dia, aconteceu
ça da água com o ar. Mas essa lama uma grande festa na terra porque a
comida farta para os seus filhos e filhas e sem a par-
não se deixava tocar. Chorava, e os imortalidade havia acabado. É por
tilha. A religião dos Orixás é a religião da festa. É
orixás tinham medo ou dó de tocar nessa lama.
a religião onde seus filhos e filhas se juntam com isso que, na tradição africana, o tempo segue o seu
Um dia, porém, chegou Iku, a morte, que não
todos os seus irmãos, mesmo que sejam de outras ritmo: o velho morre para dar oportunidade ao jo-
teve a menor pena da lama e disse para Olorum: “eu
religiões, para cantar, dançar e brindar à vida. arranco um pedaço dessa lama e, com ela, você moldará o homem vem que vem.

O mito da CRIAÇÃO e a mulher”. Olorum concordou. Iku arrancou Geninho: Como viram, as religiões afri-
um pedaço da lama que chorava e ge- canas nos ensinam que, para conquis-
Vou contar agora para vocês um dos mitos da mia. Mas ela (Iku) não se comoveu e, tarmos a nossa ancestralidade, te-
criação presente nas religiões africanas que, por se- entregando para Olorum o peda- mos que construir o nosso bom
rem os mais antigos da humanidade, eles se encon- ço, chamou-o de Orixalá. caráter em consonância com
tram em várias outras religiões. Vamos ao conto: Iku, pegando a lama, mol- Deus, comigo, com o outro,
Certo dia Olorum, o Senhor Supremo, resolveu dou o corpo do homem e da com a natureza e com a co-
criar o universo. Para isso, cada Orixá pegou alguma mulher, soprou o seu hálito munidade. Se não tivermos
coisa para ajudá-lo. e eles vieram à vida. Assim esta relação, acabamos dimi-
Ogun: O Senhor do ferro. Ele pegou o ferro e com foram feitos o homem e a nuindo o tempo que temos
ele criou os utensílios, as ferramentas para a agricultura mulher. para viver.
e a espada para se defender. É ele o dono da música, Mas como a lama ainda A construção do bom
do ritmo. Ele é também chorava, o generoso Olo- caráter é aquilo que me possi-
o orixá da solidão, rum, fez um acordo com bilita receber toda a força vital
aquele que inicia os a lama de que um dia, que nos é oferecida por Olorum.
jovens na guerra, na com a morte, devolveria o A vida foi feita para ser vivida
agricultura, na luta e seu sopro e, conseqüentemente, abundantemente. É isso que a
também no amor. devolveria à lama o que havia arrancado para religião dos Orixás nos ensina. Olo-
OXÓSSI: Senhor da criar o homem e a mulher. rum quer que sejamos capazes de
caça. Ele pegou o arco e a fle- viver bem a nossa vida.
cha, para que pudesse entrar na Muenda: Certo dia Olorum co-
mata, e lá caçar para prover à meçou a movimentar-se e criou o
sua comunidade. ar, a água e, da dança entre a água
e o ar, criou-se uma fusão da qual
OSSAIM: Senhor das folhas. surgiu a lama. Encantado, conti-
Foi ele quem pegou as folhas nuou dançando e, da lama, surgiu Proposta de trabalho:
com as quais sabia fazer todos uma bolha vermelha. Ele soprou Com uma bateria de perguntas, elabora-
os remédios e todas as poções nela o seu espírito e o seu hálito
mágicas para curar as pessoas. das pelo professor sobre o texto estudado, di-
deu-lhe vida.
OXUM: Mãe das águas doces. vidir a turma de alunos (as) em dois grupos.
Dessa relação apaixona-
Ele se encarregou de cuidar das da surge o primeiro ser viven- Eles passarão a competir num jogo de
crianças e de preservar as águas, sem as quais os ho- te: Exu, a força vital, o ser vivente, individual, perguntas e respostas usando a metodologia
mens e as mulheres não poderiam viver. princípio de todas as coisas criadas. O articulador de sorteio de pergunta e de aluno que res-
YEMANJÁ: A grande mãe das águas salgadas. Ela entre um mundo espiritual e carnal. Após Exu ponderá pelo seu grupo.
pegou as águas do mar, com as quais os homens e vieram os outros Orixás. Eles são forças cósmicas Um acerto equivale a um bônus de 10
as mulheres poderiam correr o risco de encontrar a que surgem na natureza, a fazem ficar bela e estar
pontos e, um erro, a perda de 5 pontos.
sua praia. em comunhão com os homens e as mulheres.

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