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VIDAS NEGRAS FEMININAS NO CEEP DO CHOCOLATE NELSON SCHAUN:

ENTRELAÇANDO CONCEPÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS

RESUMO
A formação dos discentes centrada em aulas teóricas, práticas, seminários, possibilita uma
interação contribuindo efetivamente em sua construção de ser e a produção da pesquisa
científica com o intuito de amenizar problemas existentes. Como consequência há o
fortalecimento e concretude das ações afirmativas que agem contra o sistema da desigualdade
social, a intolerância na diversidade, a concepção elitista brasileira, a bancada política contrária
aos princípios norteadores dos processos democráticos e participativos na desvalorização
humana. A formação humana coletiva promove a motivação sociopolítica e cultural em cada
discente tomando para si o princípio da responsabilidade de reintegração social, de consciência
política educacional, transformando uma sociedade como o foco na equidade. Partindo desta
afirmação, é possível adotar um pensamento alicerçado na formação humana e na construção
da melhoria de vida através do mundo do trabalho, acreditar nos ideais da diversidade e
equidade, numa assistência à saúde adequada e numa educação de qualidade direitos já
adquiridos por meio de muita luta, no entanto, ainda apresenta um sistema precário. Isto
provoca o aumento no índice da evasão escolar elevando o número de analfabetos e da
marginalização no país. A transferência do aprendizado se faz por meio do diálogo, dos estudos
e da iniciativa à pesquisa propondo a extensão por meio da intervenção, e, essa será a
contribuição na formação das estudantes negras, que mesmo fazendo parte de todo processo
educativo, ainda se tornam invisíveis na própria comunidade escolar, porém as experiências
vivenciadas devem ser compartilhadas nas instituições de ensino médio e superior, como
também, na sociedade e movimentos sociais. As ações afirmativas e as políticas públicas devem
fazer parte da proposta e do currículo nas escolas criando ações políticas, corroborando com a
ideia de que pode reverter todo o processo de injustiça social causado no passado, prova disto,
é o reconhecimento de identidade étnico racial defendida pelos direitos humanos. Compreender
as ações afirmativas/identidades culturais desenvolvidas pela discente faz parte da formação da
escola como um meio dinâmico, pertinente à questão da diversidade e dar significado a todo
contexto produzido dentro e fora da escola expresso em sua marca – a identidade. Apresentar
instrumentos que construam a identidade negra por meio do sentimento de pertencimento e do
empoderamento faz com que cada discente passe a exercitar o pensamento crítico e a
personalidade proativa dentro do princípio da coletividade. A pesquisa é pautada nas ações
afirmativas de um ambiente escolar que pode auxiliar a estudante negra a se identificar como
mulher negra e tornar-se pertencente e empoderada. A falta de conhecimento sobre a identidade
dessas estudantes, bem como o autoconhecimento de sua etnia intrigou a pesquisar o porquê
dessas estudantes não saberem sobre relação étnico-racial, bem como o que a escola oferece
para que essa identidade seja descoberta e fortalecida. O colonialismo brasileiro ainda deixa
marcas na história da existência dos sujeitos. Existência essa que traz seus conflitos, suas
dúvidas, suas lutas. Lutas que vem crescendo hodiernamente e pedindo novas pautas para a
campanha de políticas públicas e de ações que tenham como intuito o empoderamento e a
equidade étnico-racial. Neste panorama encontra-se as mulheres negras e pobres que numa
sociedade patriarcal, enfrentam a desigualdade e invisibilidade social. Os desafios enfrentados
pela mulher negra não podem vir separado do processo de formação da sociedade brasileira, a
qual se deu em um contexto de desumanização e exploração da população negra por meio da
mão de obra escrava e mesmo após a suposta “libertação” (grifo meu), os direitos seguiram
sendo negados quando não foi dada nenhuma possibilidade que permitisse construir uma
realidade justa e igualitária a partir daquele momento. Torna-se perceptível que as mulheres
negras é o grupo social que mais sofre os impactos sociais causado por um alicerce de poder
que é patriarcal, elitista, machista, misógino, racista que atua na perspectiva de assegurar as
desigualdades sociais, de gênero e sobretudo a desigualdade racial. O que é alcançado pelas
mulheres, no percurso da história, atribui a muitas lutas, efetivas conquistas de direitos. Porém,
vale ressaltar que esse alcance de direitos nem sempre engloba todas as mulheres de forma
integral, principalmente pela razão racial e de classe que permeia a sociedade. O debate
permanente que abarca as demandas referentes a essa pauta precisa acontecer partindo de uma
perspectiva que leve em consideração as peculiaridades de cada grupo de mulheres. A educação
é mais uma maneira de defesa contra a opressão e o trabalho escravo comandado pela classe
dominadora, que em algumas situações é o próprio Estado, agindo como comparsa das
crueldades e injustiças cometidas ao povo, por isto, a luta deve ser contínua até a equiparação.
As ações afirmativas na escola pública devem ser pretensas e estruturadas de forma coletiva
para que desperte o sentimento de pertencimento nas mulheres negras. É necessário formar
cidadã, para a vida, consciente e fortalecida contra o preconceito e o racismo existentes, capazes
de fazer parte do mundo do trabalho com uma visão profissional e humana. O que a escola tem
realizado para fortalecer, ressignificar o pertencimento identitário negro e como tem
contribuído na formação de suas mulheres negras? Como colocar em prática a Lei 10.639/2003?
Sendo assim, um estudo de caso que analise as ações afirmativas, no campo da identidade da
mulher negra, como contribuição para visibilidade das estudantes negras é a forma de
contracenar com um mundo repleto de ações que possibilitem a formação holística das
estudantes negras e a sua percepção no mundo do trabalho e na vida. Os caminhos para essa
investigação serão através da cartografia social que se utiliza de planejamento e transformação
social, respaldada na investigação-ação-participativa e desenvolvimento local porque
possibilita articulação entre saberes e conhecimento por uma linguagem acessível e a oralidade
será ferramenta utilizada nesta pesquisa. Espera-se a construção de um memorial virtual para
acolher histórias narradas pelas estudantes/mulheres negras para fortalecimento da identidade
negra. Através do uso da língua materna, mais especificamente da comunicação oral e da análise
de ações afirmativas no campo da identidade da mulher negra pretende-se contribuir para
visibilidade das mulheres negras da 2ª série do curso técnico em Logística do turno matutino
do Centro Estadual de Educação Profissional do Chocolate Nelson Schaun.
Palavras-chave: Identidade; Mulher Negra; Educação; Relações Étnico-Raciais.
Referências:

BRASIL. “Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003”. Disponível em:


https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em 06 de nov. de 2022

GOMES, Joaquim Barbosa. “Ação afirmativa e princípio Constitucional da igualdade. O


direito como instrumento de transformação social”. Rio de JANEIRO, 2001 ed. Renovar.

GOMES, Nilma Lino. “Relações étnico-raciais, educação e descolonização dos currículos”.


In.: Currículo Sem Fronteiras, v. 12, nº 1, p. 98-109, jan/abril, 2012.
http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v16n58/a07v1658.pdf. Acesso em: 31 de jul. 2023.

HALL,Stuart. “A Identidade cultural na pós-modernidade”. Rio de janeiro, 3. Ed. 1999.

ROCHA, José Cláudio. “Abordagens Baseadas em Direitos Humanos: Uma Estratégia para
fortalecimento da Democracia e do Desenvolvimento Sustentável no Brasil e no Mundo”.
Disponível em: https://jus.com.br/peticoes/27769/abordagem-baseada-em-direitos-humanos-
memorial-de-pesquisa#ixzz3JnF4s0dg. Acesso em 01 nov. 2022.

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