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METODOLOGIA
DESENVOLVIMENTO
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Alves et al.
atenção/hiperatividade diagnóstico de
(TDAH) em adultos TDAH em adultos
Investigar a
viabilidade e
facilidade de
Impacto autoavaliado administração de
em adultos com instrumento
transtorno de déficit simples e breve de
MATTOS et al. 2010
de atenção e avaliação de
hiperatividade comprometimento
(TDAH): estudo piloto em adultos com
transtorno do
déficit de atenção
e hiperatividade
Caracterizar o
Funções executivas perfil executivo de
em um caso de TDAH uma paciente de
adulto: a avaliação 26 anos de idade,
MICHELS;
2014 neuropsicológica aluna de
GONÇALVES
auxiliando o graduação,
diagnóstico e o portadora de
tratamento TDAH tipo
combinado.
Os desafios do
Discorrer sobre as
diagnóstico do
dificuldades do
transtorno do Déficit
PERES; diagnóstico de
2022 de Atenção e
CAMPOS TDAH em adultos
Hiperatividade (TDAH)
de acordo com o
em adultos com base
DSM-V
no DSM-V
Revisar sobre
transtorno do
Revisão bibliográfica: déficit de atenção
SILVA et al. 2022
TDAH em adultos e hiperatividade,
compreendendo-o
em sua totalidade
Investigar o curso
das dimensões
sintomatológicas
Avaliação dos
SCHOLL; do TDAH na idade
2015 domínios de TDHA
GREVET adulta pelo
em adultos
seguimento de
uma amostra
clínica
Fonte: Autoria própria, 2022.
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predominantemente desatenta, nesta apresentação a pessoa apresenta dificuldade de
organização, para prestar atenção aos detalhes ou seguir ordens; a pessoa é facilmente
distraída e esquece. b) Hiperativo-impulsivo, caso em que a pessoa se mexe muito e fala
sem parar; são hiperativos e impulsivos, resultando em muitos acidentes. Pode ainda
ocorrer a apresentação combinada que resulta na apresentação dos sintomas de ambos
os subtipos que coexistem nesta categoria (SCHOLL; GREVET, 2015; SILVA et al.,
2022).
Evidências sugerem que a prevalência de TDAH é maior em homens do que em
mulheres. Além disso, o TDAH é mais comumente diagnosticado em homens adultos em
comparação com mulheres adultas. No entanto, sua apresentação em meninas é um
tópico de crescente interesse científico e pesquisa. Evidências recentes apontam ainda
para a presença de diferenças nos sintomas entre os gêneros e a progressão da
condição, dependendo do perfil do indivíduo, indicando que existem algumas
características especiais no sexo feminino, incluindo neuropatologia e fatores hormonais,
que desempenham um papel decisivo na subestimação do TDAH em mulheres
(ANTONIOU et al., 2021).
O desenvolvimento desse transtorno ainda não é totalmente estabelecido, sabe-se
que se trata de uma condição com etiologia multifatorial onde a manifestações dos
sintomas resulta na propagação de diversos fatores que coexistem, entre eles fatores
genéticos, ambientais, sociais e culturais bem como alterações funcionais ou estruturais
encefálicas (CASTRO; LIMA, 2018). A respeito desses fatores destaca-se que a relação
hormonal e de alteração estrutural e funcional do encéfalo é um aspecto fundamental na
verificação das diferenças sintomatológicas do TDAH nos diferentes sexos (SCHOLL;
GREVET, 2015).
Está comprovado que os hormônios de gênero feminino atuam no sistema nervoso
central e afetam os circuitos neurais, especialmente no período fértil e fetal. Além disso,
os homens têm maior volume cerebral em comparação com as mulheres, resultando em
diferenças significativas entre os dois gêneros. Com relação a essas alterações verifica-se
que os homens têm amígdala e hipotálamo maiores, enquanto as mulheres têm
hipocampo maior. Os receptores de estrogênio estão localizados no hipotálamo, enquanto
os receptores de andrógenos na amígdala, assim, alterações funcionais encefálicas
podem ser verificadas entre ambos os sexos, contribuindo para manifestações diferentes
em relação ao transtorno em homens e mulheres (ANTONIOU et al., 2021).
Um dos principais desafios do TDAH no sexo feminino refere-se a dificuldade do
diagnóstico precoce, especialmente decorrente das manifestações distintas nesse gênero
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Alves et al.
(MICHELS; GONCALVES, 2015). Antoniou et al., (2021) apontam que a idade média do
diagnóstico de TDAH em mulheres, que não foram diagnosticadas na infância, é de 36 a
38 anos de idade, sendo usualmente realizados devido a uma comorbidade associada ou
a seus filhos quando diagnosticados com TDAH. Antes disso, elas geralmente são
erroneamente diagnosticadas com transtorno de humor ou ansiedade. Mesmo que sejam
condições secundárias, seu tratamento não atinge a raiz do problema, que é o TDAH.
Um dos principais aspectos que contribuem para a dificuldade do diagnóstico
precoce de TDAH em meninas refere-se as alterações nas manifestações
sintomatológicas em comparação ao sexo masculino. As mulheres com esse transtorno
geralmente não são hiperativas, ao contrário, apresentam tendência a ter aumento do
déficit de atenção como parte do transtorno. Mesmo quando há presença do subtipo
hiperativo/impulsivo em mulheres as manifestações são mais brandas, resultando em
menor rebeldia do que no sexo masculino, com a hiperatividade marcada principalmente
pelo aumento da dificuldade de atenção com fala exagerada. As meninas também são
mais propicias a sofrerem com baixa autoestima, baixo desempenho e transtornos de
ansiedade e depressão em comparação com o gênero masculino, alterações do humor
também são frequentes, sendo essas usualmente abordadas erroneamente como
distúrbios hormonais próprios do gênero (ANTONIOU et al., 2021; ALBERT; BARTZ,
2018).
Silva et al. (2022) salienta que meninas com TDAH usualmente não apresentam as
manifestações clássicas do transtorno em decorrência disto apresentam menor tendência
de serem diagnósticas na infância, pois a desatenção exacerbada associada a baixa
autoestima leva a maior timidez por parte da menina diferenciando ainda mais o quadro
das manifestações clássicas estereotipadas para o paciente com TDAH. Assim, durante a
infância tendem a ser desatentas e desorganizadas, ansiosas com manifestações de
transtorno de humor consideradas muitas vezes como menos inteligentes, ou até mesmo,
somente como distraídas, contudo, é importante considerar que meninas com TDAH
tendem a apresentar criatividade exacerbada com manifestação principalmente na
habilidade de reprodução de sons e imagens de modo ininterrupto.
Com relação à desatenção, ela é menos frequentemente observada pelos
educadores por não ser considerada intrusiva e não atrapalhar o bom desempenho da
aula, e, portanto, há menor possibilidade de encaminhar a menina para tratamento, pois o
encaminhamento a um terapeuta especial depende da gravidade dos sintomas. Outra
razão pela qual as meninas não são facilmente diagnosticadas com TDAH está
relacionada às diferenças comportamentais de gênero na escola. As meninas parecem
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ser mais responsáveis em completar suas tarefas escolares porque são encorajadas em
nossa cultura a serem mais socialmente conscientes, assim, podem apresentam um
mecanismo compensatório que contribua para realização das atividades apesar da
desatenção, ainda que em menor frequência ou eficiência comparada com outras
crianças (ALBERT; BARTZ, 2018).
O diagnóstico e o tratamento adequado do TDAH na infância desempenham um
papel decisivo para o desenvolvimento de comportamentos na idade adulta. Além disso,
parece que quanto pior a funcionalidade psicossocial das mulheres adultas com TDAH,
piores foram os sintomas na infância. Entretanto, a dificuldade do diagnóstico precoce do
gênero feminino na infância contribui para proliferação de uma série de fatores
prejudiciais que impactam diretamente a vida adulta da mulher (MATTOS et al., 2010).
Esses aspectos da desatenção e desorganização durante a infância tendem a se
propagar na vida adulta, visto que dificilmente apresentam diagnóstico correto durante os
primeiros anos de vida, assim, a mulher com TDAH procede com a manifestações dos
sintomas clássicos do transtorno associados ao seu gênero, contudo, não recebe a
paciência que se tinha quando criança podendo resultar em múltiplos problemas de
convivência e desempenho acadêmico e profissional (PERES; CAMPOS, 2022).
Castro e Lima (2022) reforçam ainda que o TDAH na vida adulta pode resultar em
déficits sociais significativos, especialmente decorrente da dificuldade de desenvolvimento
interpessoal e da relação múltipla em ambientes que demandam do indivíduo uma
postura robusta e caracteristicamente formal. Além disso, pode-se verificar no adulto a
presença de dificuldades relacionadas ao desempenho de atividades diárias tanto de
ordem profissional, quanto de ordem pessoal. Os autores descrevem que o adulto com
TDAH tendem a apresentar grande variabilidade de empregos, usualmente com pouco
tempo de duração.
Em estudo envolvendo 344 adultos com diagnóstico ambulatorial de TDAH, sendo
52% mulheres, Scholl e Grevet (2015) apontaram que o diagnóstico tardio de TDAH
implica em uma série de impactos na vida do indivíduo especialmente relacionado ao
acometimento de diferentes domínios na vida social e profissional, os autores descrevem
que a demora no diagnóstico contribui para aumento acentuado no abuso de substâncias
incluindo álcool e drogas ilícitas, além disso, a própria desatenção não tratada na infância
impacta o desenvolvimento cognitivo e intelectual comprometendo o desempenho
profissional do adulto com TDAH.
De modo geral, a literatura aponta que os sintomas do TDAH tendem a diminuir
com o avanço da vida adulta, contudo, estudos recentes demonstram que o não
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Alves et al.
tratamento do transtorno ainda na infância pode contribuir para piora do quadro com
propagação dos sintomas característicos na vida adulta. A hiperatividade é um dos
principais fatores alterados na vida adulta, evidencia-se que esse aspecto tende a
desaparecer nos tipos combinados de TDAH, ou então, passam por alteração na sua
forma de manifestação, sendo marcado em indivíduos adultos especialmente pelo
acúmulo de tarefas diárias e atividades profissionais (CASTRO; LIMA, 2018; SCHOLL;
GREVET, 2015; SILVA et al., 2022).
Mattos et al., (2010) reforçam que embora seja verificado a redução da
impulsividade e hiperatividade em adultos, a tríade comum do transtorno de mantém com
manifestações em graus variados de desatenção, impulsividade e inquietude, reforçando
que essas manifestações passam a refletir em ações variadas de acordo com a idade do
indivíduo. Nesse sentido, os autores com concordam com Castro e Lima (2018) referindo
que a inquietude e hiperatividade no adulto manifesta-se principalmente no acúmulo de
atividades, especialmente em demasiado trabalho atribuído a adultos workaholics.
Em mulheres verifica-se que esses efeitos podem impactar ainda mais a vida
adulta, considerando que por si só já apresentam a tendência de acúmulos de atividades
diárias e profissionais impostas socialmente ao gênero (ANTONIOU et al., 2021)
No âmbito educacional estudos envolvendo adultos com TDAH demonstram que
déficits de conhecimento escolar tendem a permanência durante a vida, com isso, é
comum que indivíduos com diagnóstico tardio apresente leve ou significativo atraso
educacional e prejuízos de conhecimento escolar (CASTRO; LIMA, 2014; MATTOS et al.,
2006; MATTOS et al., 2010).
Contudo, salienta-se que a verificação desses impactos é variável de acordo com a
idade do individuo adulto, de modo geral, no início da vida adulta os impactos dos déficits
educacionais tendem a ser mais perceptíveis especialmente decorrente do período de
aperfeiçoamento profissional e tentativa de adaptação vida adulta, enquanto que, em
idades superiores, especialmente a partir dos 50 anos, verifica-se o transtorno resulta em
impactos mais significativos no desempenho de relações familiares e intersociais, manejo
de dinheiro e organização da vida (CASTRO; LIMA, 2014). Nesse sentido, Antoniou et al.
(2021) que com o passar do tempo mulheres com TDAH não tratado apresentam maior
tendência antissocial associado principalmente ao isolamento crescente pela dificuldade
no desempenho no domínio intelectual.
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em adultos tem sido cada vez
mais reconhecido como uma condição de saúde mental prejudicial. Parte desses
prejuízos envolve ainda um risco maior de ter acidentes. Estudos recentes ao longo da
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vida e independentemente do sexo, os indivíduos com TDAH correm um risco
significativamente maior de incidentes leves e graves do que os indivíduos sem TDAH.
Esses acidentes referem-se tanto a acidentes decorrentes da desatenção, por exemplo,
acidentes de trânsitos quanto acidentes provocados associados a alterações humorais
ocasionadas pelo transtorno não tratado (SCHOLL; GREVET, 2015).
É importante considerar que em mulheres adultas os impactos do TDAH são
significativamente influenciados pelos aspectos hormonais do gênero, estudos
demonstram que as duas primeiras semanas do ciclo menstrual são mais brandas para
as mulheres com TDAH se comparado com as duas semanas seguintes quando os níveis
de progesterona aumentam. Durante a terceira e quarta semana, chamada de fase lútea,
a progesterona diminui os efeitos benéficos dos estrogênios no cérebro, possivelmente
diminuindo a eficácia da medicação também. Nesse contexto, há a perspectiva de que as
mulheres com TDAH apresentam sintomas pré-menstruais mais graves do que as
mulheres sem TDAH. De mesmo modo, os contraceptivos hormonais demonstram
melhorar os sintomas de TDAH em muitas mulheres, por minimizar as flutuações
hormonais (ANTONIOU et al., 2021).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Alves et al.
ALBERT, Yara Vieira; BARTZ, Adriane de Lima Vila Boas. Sonhadoras e distraídas:
Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade no sexo feminino. In: III congresso
internacional de educação do sudeste do Paraná. Ampére-PR: 2018.
MATTOS, Paulo; PALMINI, André; SALGADO, Carlos Alberto; GREVET, Eugênio; LIMA,
Pedro Padro; ROMANO, Marcos et al. Painel brasileiro de especialistas sobre diagnóstico
do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos. Rev. psiquiatr. Rio
Gd. Sul. v.28, n.1. 2006.
SCHOLL, Ápio Murilo Farezin; GREVET, Eugenio Horacio. Avaliação dos domínios de
TDAH em adultos. In: Salão UFRGS: Conhecimento, formação e inovação. Porto Alegre:
2015.
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