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Módulo III

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INVESTIGAÇÕES CIVIS E CRIMINAIS
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Módulo III

Índice

MÓDULO III

I.Crime e Contravenção
II. Investigação Criminal
III.Homicídios

IV. Investigando Suicídios

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I.Crime e contravenção

Crime é a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer
isoladamente, quer alternativamente, quer cumulativamente com a pena de multa.
A infração penal pode ser cometida por ação ou omissão, consciente e
voluntariamente, dela decorrendo um dano para o cidadão ou para a sociedade.

O crime pode ser consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de


sua definição legal; e tentado, quando, iniciada a execução não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade do agente. Neste último caso, o agente está sujeito
à pena cominada para o delito consumado, diminuída, porém, de um a dois terços.
Entretanto, quando o agente se arrepende ou desiste da consumação do crime,
impedindo-lhe os resultados, só responde pelos atos já praticados. Por outro lado,
não se pune a tentativa, quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.

A contravenção é a inobservância das leis e dos regulamentos que têm por fim
prevenir crimes, acidentes ou atos que possam causar prejuízo à ordem pública ou
ao direito alheio e que o Estado considera infração punível diversa do crime, por ser
este mais grave. Na contravenção é aplicada a pena de prisão simples ou multa.

A contravenção é o ilícito penal mais brando. E, por isso, enquanto o agente,


no caso de crime, não pode arguir o desconhecimento da lei penal, no caso de
contravenção, o juiz poderá deixar de aplicar a pena quando houver ignorância ou
errada compreensão da lei (sendo escusáveis). A pena cominada à contravenção é
mais leve do que a aplicada ao crime, sendo cumprida sem rigor penitenciário,
nunca excedendo de cinco anos.

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O crime pode ser:

!Doloso: quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzido;

!Culposo: quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, imperícia ou

negligência.

O crime do volante é um caso típico de crime culposo, uma vez que é praticado ou
por negligência, ou por imprudência ou imperícia. Agora, se o agente matou o
desafeto com um tiro na rua, temerariamente, ou por exibição no volante matou um
transeunte (dolo eventual), praticou o crime doloso.

A distinção entre ação e omissão é simples. Ação é um ato voluntário em virtude


do qual o agente dá causa a um resultado. Exemplo: furto, homicídio. Omissão é
alguém deixar de fazer determinada coisa ou praticar determinado ato. Exemplo: o
médico que não comunicar às autoridades sanitárias a existência de moléstia
contagiosa, que coloca em perigo a coletividade, comete um crime de omissão. Outro
exemplo: quem, podendo e sendo capaz, deixar de socorrer alguém que está se
afogando, comete um crime de omissão.

No crime pode haver co-autoria, quando existe a participação de vários agentes


para a perpetração de um mesmo crime. Os co-autores também são punidos.
Segundo o Código Penal Brasileiro, quem, de qualquer modo, concorre para o crime,
incide nas penas a este cominadas. Entretanto, o ajuste, a determinação ou auxílio
não são puníveis se o crime não chegar, pelo menos, a ser tentado.

Para os crimes e as contravenções, as penas são de reclusão, detenção e


multa. Há que distinguir entre reclusão e detenção: ambas devem ser cumpridas em
penitenciária, ou, à falta desta, em seção especial de prisão comum. A pena de
detenção, contudo, cominada para delitos menos graves, admite a suspensão
condicional, uma vez que o acusado seja primário. Demais, o condenado à pena de
detenção ficará sempre separado dos condenados à pena de reclusão e não está
sujeito ao período inicial de isolamento diurno.

A pena de reclusão não admite suspensão condicional, salvo quando o


condenado for menor de 21 anos (ou maior de 70) e a condenação não for por tempo
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superior a dois anos. No período inicial do cumprimento da pena de reclusão, o


recluso, ao contrário do condenado à pena de detenção, fica sujeito a isolamento
durante o dia pelo período de três meses.

Devemos, a esta altura, ressaltar a diferença entre primário e reincidente.


Diz-se primário o agente que nunca foi condenado em processo criminal de qualquer
natureza. Reincidente é o que foi condenado anteriormente por outro delito. A
reincidência pode ser genérica (delito doutra espécie cometido anteriormente) ou
específica (o delinquente que voltou a praticar um crime da mesma natureza).

A suspensão condicional da pena chama-se sursis e é aplicada desde que: a) O


sentenciado não haja sofrido, no Brasil ou no estrangeiro, condenação por outro
crime; ou condenação, no Brasil, por motivos de contravenção; b) Os antecedentes e
a personalidade do acusado, os motivos e as circunstâncias do crime autorizem a
presunção de que não tornará a delinquir. A suspensão fica subordinada a
determinadas condições e será suspensa se o condenado não pagar a multa
(frustrar o pagamento) ou cometer outro crime pelo qual venha a ser condenado.
Também será revogado o sursis se o condenado deixar de cumprir as outras
condições impostas pelo juiz criminal. Se o beneficiário do sursis está sendo
processado por outro crime ou contravenção, considera-se prorrogado o prazo da
suspensão até o julgamento definitivo. Se o prazo expirar sem que haja ocorrido
motivo para a revogação, não mais se executará a pena privativa da liberdade.

A suspensão condicional da pena não se confunde com livramento


condicional. Este último é concedido ao condenado à pena de reclusão ou de
detenção superior a três anos, desde que: a) cumprida mais de metade da pena, se o
criminoso for primário, e mais de três quartos, se reincidente; b) verificada a
ausência ou cessação da periculosidade, e provados bom comportamento durante a
vida carcerária e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho
honesto; e c) as obrigações civis satisfeitas resultantes do crime, salvo quando
condenado à pena de 15 ou 20 anos por crime da maior gravidade; se tiver bom
comportamento com 8 ou 16 anos vai para a rua. Dizemos 15 ou 20 anos, uma vez
que, com as limitações clássicas de nossa lei penal (atenuantes de todo tipo), gira

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em torno daqueles limites as condenações impostas às vezes a autores de crimes


monstruosos.

II. Investigação Criminal

O detetive ao investigar um crime, diferentemente do que muitos imaginam


não se exporá diretamente aos criminosos, nem portará armas, muito menos
efetuará perseguições. Ele deve entrar na cena do crime e ter raciocínio e intuição
superiores ao da polícia. Não existe crime sem solução, apenas crime mal
investigado. O policial não tem grande motivação para resolver um crime que
investiga. É um funcionário público que vai receber o mesmo salário se resolver 30
ou 100 casos em um mês. Além do caso que esse policial investiga ele possui
dezenas de outros casos abertos que também necessitam de sua atenção. Para
conciliar essas demandas, o policial corta muitos caminhos para obter respostas
rápidas e fáceis.

Segue abaixo um guia com todos os passos que um detetive deve seguir em
todos os seus casos:

!O detetive deve investigar o mais rápido possível se há indícios que o crime


aconteceu. Com isso o profissional pode rapidamente verificar se a denúncia é falsa
ou verdadeira;

!O detetive deve responder a um crime assim que for chamado para o caso. As
pessoas e equipamentos utilizados na investigação de um crime fazem a diferença
entre um crime com ou sem solução;

!Não existe atalho ou maneira fácil de resolver um crime. Resultados são


diretamente proporcionais aos esforços investidos no caso;

!O detetive deve fazer muitas perguntas. Uma resposta, embora negativa, é


positiva, pois elimina uma possibilidade. Ex: Quando uma testemunha diz que o
suspeito entrou pelos fundos, elimina todas as outras entradas como pontos de

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acesso e o detetive pode investigar todas as rotas que dão na entrada dos fundos em
busca de dicas;

!O detetive deve reconhecer que existem criminosos em todos os níveis sociais.


Aparências podem enganar;

!O detetive não deve achar que alguém é inocente ou culpado antes de ter apurado
todos os fatos;

!O detetive deve esperar e se preparar para o pior com relação a todos os


envolvidos num crime. Uma pessoa de aparência ignorante ou simples não é burra
ou incapaz de cometer atrocidades com qualquer um que entre no seu caminho;

!O detetive não deve ter confiança em excesso na certeza dos fatos. Deve deixar em
aberto a possibilidade de outros eventos terem ocorrido;

!O detetive não deve fazer conclusões precipitadas. Uma boa decisão é baseada em
profunda análise de fatos;

!O detetive deve partir do pressuposto que o criminoso esteve na cena do crime e


deixou algo e/ou levou algo. Pode ser marca de pneus, indícios de uma luta com
alguém, marcas de pegadas, digitais, propriedade roubada, etc.;

!O detetive deve fotografar as áreas do crime. Isso vai facilitar sua visualização do
local mais tarde quando estiver refletindo sobre o crime;

!O detetive deve refazer o trajeto do criminoso da entrada à saída do local.


Visualizar tudo que ele possa ter visualizado, encostado, esbarrado, derrubado, etc.;

!O detetive deve pensar na maneira como o crime foi praticado; de acordo com isso,
o investigador poderá concluir se o criminoso tinha conhecimento prévio ou não do
local. Se sim, o criminoso possivelmente mora perto em residência permanente ou
temporária;

!O detetive deve observar o modus operandi (modo de operar) do criminoso. É


possível identificar o criminoso através de sua aparência, voz, utilização de
expressões e palavras pouco comuns, maneira de andar, roupas, arma, costumes,
local escolhido para atacar, objetos que almejou possuir, transporte utilizado, etc.;

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!O detetive é quem deve fazer o interrogatório e não ser o interrogado. Conduzir de


maneira segura, sem deixar que a pessoa ouvida se imponha de maneira que lhe
prejudique;

!O detetive deve duvidar de qualquer informação que a polícia ou testemunhas lhe


derem como sendo verdadeira. Deve apurar tudo e duvidar de todos. Não deve
assumir que uma investigação já tenha sido efetuada;

!O detetive deve reconhecer o valor dos peritos. Um trabalho investigativo aliado à


ciência moderna pode dar indícios valiosos;

!O detetive deve valorizar a cooperação e o trabalho em equipe. Cada detetive


profissional traz uma experiência de vida com conhecimentos, e juntos podem
solucionar um crime;

!O detetive deve aprender a obter informantes. Eles são muito precisos na solução
rápida de um crime.

MODUS OPERANDI

Modus operandi é o termo em latim que significa modo de operar. A polícia em


todo o mundo usa o termo para relacionar ao modo como o criminoso pratica o
crime. A primeira matéria publicada sobre o tema foi em 1913 pelo Major Atcherley,
na Inglaterra. A Scotland Yard possui um índex de diversos modus operandi
usados que facilitam a conexão de crimes. Os detalhes de um criminoso, seus
métodos, técnicas, descrições, ferramentas usadas, etc. são cuidadosamente
anotadas, registradas e indexadas.

Teoria do Sistema Modus Operandi

A teoria do sistema modus operandi é desenvolvida a partir do pressuposto


que o criminoso, como todo ser humano, é uma pessoa de hábito. Depois de fazer
alguma coisa que trouxe sucesso e prazer, o criminoso ficará condicionado a repetir
a ação do mesmo modo.

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Não podemos assumir que o criminoso vá sempre usar os mesmos métodos e


ferramentas. Ele pode evoluir e se aperfeiçoar cometendo crimes diferentes e mais
violentos.

CRIMES CONTRA A VIDA

Código Penal - art.121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de 6 a 20 anos.

Parágrafo 1o - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor


social ou moral, ou sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3.

Parágrafo 2o - Se o homicídio é cometido:

I- Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por motivo torpe;


II- Por motivo fútil;
III- Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura, ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV- Á traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido
V- Para assegurar a execução, ocultação, a impunidade ou vantagem de outro
crime:

Pena - reclusão, de 12 a 30 anos.

O detetive profissional certamente será procurado por clientes para


investigações complexas, como os casos de homicídio. Nos casos criminais, o
detetive tem de ser muito cuidadoso, porque em geral este tipo de crime envolve
grandes interesses ou perigosas vinganças. O profissional deve questionar ao cliente
todas as informações possíveis sobre o último ano de vida da vítima. Procurar obter
informações da vítima com os familiares, a esposa, os filhos, os amigos, os vizinhos,
os colegas de trabalho, etc. a fim de descobrir o perfil psicológico da vítima: se
estava feliz, deprimido, preocupado ou com problemas financeiros. É

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importantíssimo entender o estado psicológico da pessoa, pois ele está diretamente


ligado ao motivo do assassinato.

O detetive deve comparecer na residência da vítima (com autorização dos


seus familiares) para realizar uma busca minuciosa nos pertences pessoais, roupas,
agendas, arquivos, armários, etc., para encontrar documentos, recibos, bilhetes,
cartas, telegramas, diários, extratos bancários, entre outras pistas que possam
direcionar as investigações e identificar os verdadeiros motivos do crime.

O detetive tem de procurar a delegacia policial onde foi registrada a


ocorrência e onde o crime está sendo investigado, para conversar com o policial
encarregado de apurar os fatos a fim de tomar ciência de algum detalhe que tenha
passado despercebidos por todos. É importantíssimo que o detetive tome
conhecimento também do laudo pericial do cadáver e do local do crime, para que
possa constatar se há nesses documentos indícios que robusteçam sua linha de
investigação.

Infelizmente, os órgãos policiais de nosso país são pouco desenvolvidos na


área de polícia técnica, pois há carência de equipamentos científicos que
possibilitem ao perito pesquisar os vestígios no corpo da vítima e no local do crime;
estes, após serem analisados, podem identificar os autores do crime e servir de
prova processual indiscutível contra os mesmos. Nossos policiais são instruídos nas
academias sobre a importância da preservação dos locais do crime, entretanto, na
realidade, inúmeros casos de homicídio não são logo esclarecidos, porque não
tiveram o local preservado adequadamente pelos policiais que fizeram a ocorrência.

Há casos, porém, em que o homicídio não foi cometido no local onde o cadáver
foi encontrado. Pode acontecer de o corpo ter sido levado até o local em que foi
descoberto. Devem então ser procurados vestígios nas proximidades como pegadas,
manchas de sangue, marcas de pneu, etc.

O corpo pode ter sido retalhado e suas partes dispostas em vários lugares; o
cadáver pode ter sido colocado numa mala e esta foi guardada num depósito de
bagagens ou o corpo foi atirado num lago. Deve, portanto, ser notada a natureza do

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material que envolve o corpo, isto é, alguma matéria incomum, tecidos defeituosos,
pedaços de jornal cuja origem e data devem ser descobertas, etc.

Devem ser procuradas partículas apegadas ao corpo como poeira, indícios de


homicídio cometidos por assassino profissional. Para fins de identificação serão
verificadas impressões digitais, marcas de lavanderia, conserto de relógio, etiquetas
das vestimentas, tratamento dentário, sinais de enfermidades, etc. Não devem ser
esquecidas igualmente as possibilidades de exames de raios-X, reconstituição da
face e exames antropológicos.

Deve ser observado este esquema nos casos de homicídios:

!Coleta de informações e testemunhas;


!Possíveis motivos para matarem a vítima;
!Número de possíveis assassinos;
!Armas utilizadas;
!Possíveis caminhos percorridos pelos criminosos.

Detido um suspeito deve ser observado:

!Inspeção da vestimenta, unhas, etc. para verificar se contém sangue. Se a cena


possuía poeira, terra ou outras substâncias características que devem ser
procuradas na vestimenta, sapatos, etc. do suspeito;
!Entrevista com parentes, associados, namorados, amigos, inimigos, etc.
! Inspecionar lugares que costumava frequentar;
! Atentar para marcas e indícios encontrados na cena do crime, ou em outro lugar,
que possam relacionar o suspeito com o assassinato;
! Impressões digitais encontradas na cena do crime devem ser comparadas com as
do suspeito.

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Quando for descoberto um cadáver desconhecido devem ser observados os


seguintes pontos:

!Local onde foi descoberto o corpo;

!Hora da descoberta;

!Causa da morte;
!Hora em que ocorreu a morte;
!Idade presumível;
!Profissão presumível;

!Descrição do cadáver;

!Descrição da vestimenta;

!Jóias e objetos diversos.

As mãos e unhas podem fornecer importantes informações quanto à profissão


da pessoa; sapateiros, ferreiros, músicos, costureiras, etc. possuem calosidades
características nas mãos. O aspecto das unhas poderá também dar informações; por
isso deve ser notado seu formato, comprimento e corte, bem como se são quebradas,
roídas ou bem tratadas.

Sangue coagulado sob as unhas, causado por pancadas ou pressão, persiste


por longo tempo e vai-se estendendo até atingir a ponta da unha. As unhas das mãos
crescem um milímetro por semana e as dos pés 1/4 de milímetro. Um aspecto
característico é encontrado nas unhas dos dedos indicador e polegar da mão
esquerda dos empregados em lavanderias, do polegar esquerdo dos sapateiros, do
polegar direito dos manufatores de rendas. Os tintureiros, os fotógrafos e os
farmacêuticos geralmente possuem unhas quebradiças.

Todo cadáver desconhecido deve ser fotografado da mesma forma que os


criminosos, isto é, de frente e de perfil. Para fotografá-lo é necessário fazer a face de
o morto parecer o mais natural e viva possível, em vista da dificuldade encontrada

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pela maioria das pessoas em reconhecer um parente ou amigo por uma fotografia
póstuma. Os olhos em geral estão fechados e, quando se acham abertos, estão
encovados e revestidos de uma película acinzentada.

Se o corpo tiver ficado submerso na água por muito tempo, ocasionando a


perda parcial da pele, a face poderá mostrar-se mais natural se for polvilhada com
talco, procedendo-se a uma leve massagem com ele sobre a carne e os restos de pele.
Esse trabalho deve ser executado com luvas de borracha.

Nos casos de assassinato, devem ser tomadas as impressões digitais dos


cadáveres. A experiência ensina que grande número de cadáveres descobertos é de
indigentes ou criminosos previamente fichados, tornando fácil sua identificação
pelos arquivos datiloscópicos.

No caso de morte recente, os dedos são estendidos, recebendo cada um deles,


em separado, uma leve camada de tinta com um rolo de borracha. Uma folha de
papel é colocada sobre um pedaço de madeira em forma de colher e rolada
uniformemente sobre o dedo. No caso de o punho encontrar-se demasiadamente
cerrado, poderá ser feita uma pequena incisão na base dos dedos. A contração
também cessará, se as mãos forem mergulhadas em água quente.

Para tomar impressões digitais de afogados que permaneceu pouco tempo na


água, o dedo é secado com uma toalha macia, injetando-se depois glicerina com uma
seringa sob a pele das pontas dos dedos, a fim de amaciar a superfície. Em seguida,
tomam-se as impressões. Se o afogado tiver permanecido na água por mais tempo e
as saliências papilares tiverem desaparecido, a pele das pontas dos dedos é retirada
e colocada em pequenos tubos contendo uma solução de aldeído fórmico. Os tubos
são conservados numa caixa especial para este fim.

Se as saliências papilares ainda se mostrarem preservadas na superfície


externa, a pessoa que faz as impressões coloca a porção de pele sobre seu dedo
indicador direito (protegido, naturalmente, por luvas de borracha) e procede ao
trabalho normalmente.

Se as saliências papilares da superfície externa tiverem sido destruídas,


como acontece com frequência, a porção de pele deverá ser cuidadosamente presa a
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um cartão com a parte externa exposta e fotografada. Como se sabe, todo o desenho
das saliências papilares pode ser encontrado na superfície interna, aí
permanecendo até que a pele seja totalmente destruída. Deve ser fotografada com
iluminação oblíqua para se obter o relevo.

A cena de um crime desempenha, com frequência, papel de relevo na reunião


de provas necessárias à acusação, e uma descrição clara da mesma servirá para
facilitar a compreensão dos juízes e jurados. Os detalhes da cena devem ser
apresentados de forma que as testemunhas, a acusação, a defesa, os jurados e os
juízes possam compreendê-los perfeitamente.

A história da investigação criminal demonstra que em alguns casos o


julgamento não foi bem sucedido por não ter sido feita imediatamente uma precisa
descrição, minuciosa e meticulosa, antes que qualquer coisa possa vir a ser
alterada, removida ou destruída.

Nas cidades em que não existe corpo policial técnico especializado, nem
órgãos como o Instituto de Criminalística do Rio de Janeiro, o problema tem de ser
resolvido mesmo pelo contingente de detetives e efetivo policial. Houve um tempo
em que longas e intrincadas descrições eram realizadas por escrito. Tais descrições,
por serem demasiado complicadas, não chegavam a fornecer à imaginação
elementos suficientes para a formação de uma imagem precisa da cena.

A utilidade da fotografia da cena do crime é óbvia. Ela constitui uma espécie


de memória artificial da qual o policial e o detetive necessita com muita frequência.
Muitos pequenos detalhes poderão escapar ao investigador no primeiro exame da
cena, os quais talvez venham mais tarde a revelar-se de grande importância. Na
maioria dos casos torna-se impossível inspecionar os detalhes inúmeras vezes, por
ter a cena do crime sido modificada, a mobília deslocada, os assoalhos lavados, etc.

As fotografias também são necessários como instrumentos de prova junto aos


tribunais. Os elementos de destaque nos processos legais, como os juízes, os
advogados de defesa e mesmo os promotores públicos, não visitam a cena do crime,
razão pela qual terão seu trabalho sumamente facilitado pelo material fotográfico.

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Desnecessário ressaltar a influência psicológica das fotografias sobre o


acusado e os jurados, bem como sobre o tribunal. Nenhuma descrição consegue
mostrar com tanta força os horrores de um homicídio como o faz uma fotografia.

CASO DO VERÍDICO

Ao cair da noite no Leblon, uma Mercedes Benz prateada com o motorista e


dois passageiros no banco de trás, para no sinal vermelho. Três homens aparecem,
anunciam um assalto e sem que as vítimas reagissem, eles atiraram no motorista e
nos passageiros, fugindo sem nada roubar. O motorista e o patrão vêm a falecer; só
uma mulher que viajava de carona sobreviveu. A delegacia da área registrou o caso
como assalto seguido de morte (duplo latrocínio) de autoria ignorada.

A família resolveu contratar um detetive profissional quando havia se


passado três meses após o ocorrido; o policial encarregado do caso ainda achava que
se tratava de uma ocorrência de latrocínio, apesar das evidências contrárias.
Iniciamos no caso e como de praxe fomos à residência da família da vítima para
colhermos informações. Soubemos que a vítima era um empresário do ramo de
navegação e também uma pessoa muito reservada; não costumava fazer
comentários de seus negócios com a esposa ou filhos. Segundo a família, ele era
caseiro e tinha costume de chegar à casa sempre às 19 horas. Disseram que a
secretária poderia fornecer mais informações sobre seus negócios.

Conversamos com a secretária da vítima e ela mostrou a agenda do


empresário com o nome de todas as pessoas que mantiveram contatos pessoais e
comerciais com ele nos últimos meses. Todos foram investigados e sem exceção
tinham negócios comerciais com a vítima, mas nenhum teria motivos para executá-
lo.

Voltamos à casa da vítima e pedimos aos familiares para fazer uma busca em
seus pertences a fim de achar pistas. Encontramos alguns bilhetes dentro de uma
pasta escritos em alemão com alguns corações desenhados, que nos deixaram
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intrigados e por isso mandamos traduzir. Percebemos com o bilhete traduzido, que
ele mantinha um relacionamento secreto com uma mulher alemã. Investigamos
àquela mulher e descobrimos que ele há seis meses não mantinha mais
relacionamento amoroso com ela, mas continuavam sendo amigos e, por
coincidência, a mulher que viajava de carona na Mercedes Benz no dia do atentado,
era a filha dela que escapou ilesa.

Localizamos esta mulher alemã e pedimos para entrevistá-la juntamente com


a filha que sobreviveu ao atentado. Ao receber o convite da entrevista, notamos que
ela se mostrou muito apreensiva e querendo saber qual o motivo da entrevista com
ela e a filha, alegando que já havia dito o que sabia em depoimento na delegacia que
apurava o assalto. Explicamos que estávamos novamente investigando os fatos,
pois haviam surgido novos dados; ela, então, antes de marcar um dia pediu para
consultar o seu advogado.

É muito estranho uma pessoa amiga fazer tantas perguntas para dar
informações sobre um amigo que morreu ao lado de sua filha. Depois de insistirmos
muito, ela resolveu nos atender. Comparecemos na empresa dela e para nosso
espanto, apenas ela nos esperava; alegou que sua filha ainda estava traumatizada
com os fatos e não queria mais falar sobre o assunto. Ao cumprimentá-la, notamos
que suas mãos estavam frias e que aparentava grande nervosismo.

Ela respondeu as perguntas friamente e negou qualquer envolvimento


amoroso com a vítima, alegando que seu relacionamento com ele seria comercial.
Ela disse que a filha descreveu os assaltantes como dois homens brancos e um
moreno. Contou que a filha não morreu porque se jogou no chão do carro, mas que
vários tiros foram disparados. Alegou que sua filha encontrara casualmente com a
vítima na saída do Shopping Rio Sul e pegara carona até Ipanema; duas quadras
antes de ela descer aconteceu o “assalto”.

Estivemos no local do crime e conversamos com um garçom que assistiu ao


crime. Ele informou que os homens eram dois “crioulos” e o terceiro, era moreno e
usava boné, mas ficou no volante de um Chevete, e não saiu do carro. Descrição
totalmente contraditória à da mulher. No inquérito policial, verificamos o laudo da

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perícia e constatamos que os assassinos efetuaram apenas três disparos: um no


motorista e dois no empresário, todos em pontos vitais e contra os vidros. O
empresário estava com um relógio rolex no pulso e dois mil dólares no bolso do
paletó. No entanto, nada foi mexido e é claro que os disparos quebraram os vidros
do veículo, dando fácil acesso para os “assaltantes” retirarem os pertences da
vítima e ainda eliminar a mulher que poderia reconhecê-los.

Por que não roubaram os pertences e não eliminaram a testemunha?

Os indícios apontavam que aquela mulher sobreviveu não por sorte, mas por
algum motivo ligado ao crime. Pelo modus operandi (Modus operandi é uma
expressão em latim que significa "modo de operação", utilizada para designar uma
maneira de agir, operar ou executar uma atividade seguindo sempre os mesmos
procedimentos.) dos criminosos, podemos perceber que na realidade, a intenção era
matar e não roubar. Seria um crime passional, por isso não mataram aquela
mulher? Investigamos esta possibilidade e concluímos que na realidade, a vítima
mantinha relações amorosas com a mãe e não com a filha, que era casada. O quebra-
cabeça estava quase montado, mas faltavam algumas peças chaves.

Retornamos para a residência do industrial para conseguir outras


informações com a família. Indagamos da família sobre a existência de algum cofre
escondido na casa onde a vítima guardasse algum segredo. A esposa levou-nos ao
banheiro da suíte do casal e nos mostrou o cofre escondido dentro do armário. Ela,
entretanto, nos confidenciou que não possuía a senha. Tivemos que utilizar nossos
equipamentos para descobri-la.

Ao abrir o cofre encontramos vários documentos de bancos estrangeiros e


passaportes em seu interior. Nem a família sabia que o industrial tinha contas no
exterior, mas no seu passaporte havia muitos registros de saída do país, pelo menos
dois por ano. Perguntamos a esposa se ele viajava com a família, ela respondeu que
raramente, pois quase sempre ele viajava só ou com algum amigo, como fez na
última viagem. Ela nos forneceu o nome do amigo que viajou com ele dessa vez e nós
o procuramos.
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Era a peça que faltava para completar o quebra-cabeça. Ele tentou se esquivar
várias vezes, mas conseguimos interrogá-lo após alguma insistência. Contou-nos
que a vítima era uma pessoa muito reservada, e era com ele, durante as viagens,
que costumava contar confidências. Na última viagem, ele estava muito aborrecido.
Disse que durante anos manteve relacionamento extraconjugal com uma mulher,
mas que há três meses resolveram terminar. Havia emprestado 200 mil dólares
para o genro dela para montar um negócio há um ano. Pediu então que o genro da
mulher devolvesse o dinheiro conforme combinado, sem juros. Disse que pediu ao
mesmo que depositasse o dinheiro, em uma de suas contas no exterior.

Ao chegarem à Suíça, o amigo notou que o industrial estava meio aborrecido


e lhe perguntou o motivo. Ele disse que o pilantra não depositara o dinheiro, e iria
cobrá-lo assim que chegasse de viagem. Um mês após retornarem da viagem,
aconteceu o crime. Como a vítima era muito reservada, o amigo acredita que
ninguém da família sabia da dívida; com a sua morte a dívida acabaria, pois não
havia documentos que a comprovassem.

Fizemos uma visita ao escritório do criminoso para instigá-lo e colocar uma


escuta eletrônica na sua sala. Ele, como esperávamos, negou que tivesse pegado
qualquer dinheiro com a vítima. Ao sairmos, ele amedrontado correu para contatar
os executores, pedindo que sumissem do mapa. O crime foi esclarecido com o
mandante e os executores levados ao tribunal do júri.

III. Homicídios

A investigação de homicídios é a tarefa mais importante e fascinante no


campo das diligências criminais e policiais pela importância da missão, em defesa e
segurança da sociedade. Nas grandes cidades existem delegacias especializadas
conhecidas como Delegacias de Homicídios, cujas equipes são compostas por
detetives hábeis na apuração de casos de assassinatos. Se ocorrer um crime de
morte e o autor for preso, o distrito policial, que possui jurisdição sobre o local onde
foi cometido o crime, registra-o, toma as providências cabíveis, solicita o concurso

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da perícia e o inquérito respectivo, que será distribuído dez dias depois à Justiça
Criminal.

Se o homicídio for misterioso ou não forem presos seus autores a tarefa será
confiada à Delegacia de Homicídios, que possui profissionais especializados na
descoberta de assassinos e na apuração de casos de assassinatos.

Mas como atuar num caso de homicídio? São bem grandes as exigências
impostas ao detetive que chegar, em primeiro lugar, à cena de um homicídio ou
qualquer crime grave. O resultado final da investigação geralmente depende das
medidas preliminares ou preventivas que ele terá de projetar ou realizar. Ao chegar
à cena do crime, o detetive deve procurar formar uma imagem clara da situação.
Entrar no local cuidadosamente e prestar bem atenção para não destruir alguma
possível pegada ou outro vestígio no assoalho.

Furtos e Roubos em Residências e Empresas

Nos dias atuais esta é a especialidade que o detetive tem mais oportunidades
de trabalho. Provavelmente em razão da decadência moral porque passa a nossa
sociedade; há um aumento significativo de furtos em residências e empresas,
realizado quase sempre por pessoas que, até então, eram tidas como idôneas,
muitas vezes sendo até familiares do investigado. Antigamente quando se
investigava esses furtos, quase sempre seus autores eram pessoas marginalizadas
pela sociedade.

Ao fazer esse tipo de investigação, o detetive irá deparar-se com casos em que
os autores são pessoas de bom nível social e cultural. Quando os furtos ocorrerem
em empresas, o detetive encontrará casos em que o autor do crime é aquele
funcionário exemplar, de total confiança da direção da empresa. Por isso, o detetive
deve estar atento aos mínimos detalhes, investigando todos os suspeitos em
potencial, sem distinção de sexo, raça e nível social.

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Desvio de Mercadorias em Empresas

Essa especialidade possui as mesmas características dos furtos e roubos. Mas


no desvio de mercadorias em empresas e indústrias, há, muitas vezes, a
participação de funcionários dessas empresas na elaboração dos desvios, e na
efetiva execução deles. Existem empresas onde vários funcionários se reúnem com
a intenção de desviar mercadorias, formando uma quadrilha interna, que, às vezes,
chegam a dar prejuízos incalculáveis – até levando as empresas à falência. Por outro
lado, também existem funcionários que já entram nas empresas com intuito de
verificar as falhas administrativas existentes para, mais tarde, com ajuda de
terceiros, aplicar grandes golpes contra a empresa.

Apropriação Indébita

O detetive profissional tem sido procurado também para investigar casos de


apropriações indébitas de objetos, bens e valores. A diferença da apropriação
indébita para o furto consiste em que, no furto a pessoa que pratica o crime, não
possui a posse do objeto furtado, e na apropriação indébita a pessoa tem a posse do
objeto o qual se apropriou indevidamente. Como exemplo clássico, podemos citar o
caso do advogado que tem uma procuração para representar um cliente junto à
seguradora e quando recebe o valor de um bem sinistrado (perda total em um
automóvel) não o repassa ao cliente.

Do Furto
Código Penal art.155. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:

Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.

Parágrafo 1o - A pena aumenta de um terço, se o crime for praticado durante


o repouso noturno.

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Parágrafo 2o - Se o criminoso for primário, e a coisa furtada for de pequeno


valor, o juiz poderá substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um
a dois terços ou aplicar somente a pena de multa.

Parágrafo 3o - Equipara-se a coisa móvel, a energia elétrica ou qualquer outra


que tenha valor econômico.

Parágrafo 4o - A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime for


cometido:

!Com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa;


!Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
!Com emprego de chave falsa;
!Mediante concurso de duas ou mais pessoas.

No furto, não há o emprego da violência contra pessoas; se houver, passa a ser


roubo (art.157 C.P.). Pode haver o uso de violência apenas para romper obstáculos
que impeçam a subtração do objeto, tornando o crime de furto qualificado
(Parágrafo 4o, inc. I). É o clássico exemplo do ladrão que arromba a porta da casa na
ausência dos moradores para furtar objetos em seu interior.

O detetive profissional após possuir alguma experiência neste ramo começará


a ser procurado por clientes que foram lesados em seus patrimônios por ladrões
residenciais - conhecidos na gíria policial por “caxangueiros”. Com o aumento da
criminalidade nas grandes cidades, a insegurança tomou conta das ruas; ninguém
está livre dos arrombamentos.

Os furtos em casas são mais difíceis de apurar, pois geralmente são feitos
durante fins de semana quando os moradores costumam viajar. Na maioria dos
casos, são realizados por profissionais que observam a rotina dos moradores e
sabem que eles têm o costume de viajar deixando o imóvel vazio. Esses casos são de
difícil solução porque os crimes são cometidos quase sempre na “calada da noite” e
poucas pessoas testemunham o fato. Por ser um crime sem testemunhas oculares, a
única arma que resta ao detetive é a perícia do local.

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Para efetuar uma perícia bem-feita, o detetive precisa ter conhecimentos


técnicos e de equipamentos. A finalidade principal dessa perícia é encontrar
vestígios de impressões digitais deixadas pelos ladrões. Infelizmente, para facilitar
as investigações do detetive, os órgãos policiais e institutos de identificação não
possuem arquivos com sistemas computadorizados de confrontação de impressões
digitais. Sendo assim, mesmo que o detetive ou perito consiga encontrar no local do
furto vestígios aproveitáveis das impressões digitais dos ladrões, tem que
identificar algum suspeito durante as investigações para efetuar a comparação.
Caso seja positiva, essa comparação servirá como prova contra o suspeito podendo
a autoridade policial indiciar aquela pessoa como o autor do furto.

Já nos furtos ocorridos em prédios residenciais ou comerciais, o detetive


possui mais elementos para desenvolver suas investigações. Geralmente quando
ocorrem furtos nestes lugares, existe uma cumplicidade interna que fornece
informações (valores, jóias, bens, etc.) para os ladrões. Além de dar detalhes do bem
a ser furtado, o cúmplice ensina as falhas do esquema de segurança e, às vezes,
facilita a entrada e a saída dos ladrões, fornecendo cópia das chaves, desviando a
atenção da segurança ou de porteiros, deixando-se dominar facilmente pelos
ladrões, desligando alarmes, etc.

Quando o detetive efetuar investigações em locais dessa natureza, deverá


partir da possibilidade de existir um cúmplice no local (funcionário, morador,
prestador de serviço, etc.). Deve procurar conhecer quais as pessoas que sabiam da
existência do bem furtado (se várias sabiam ou se apenas um determinado grupo de
pessoas). Tem que identificar se o local possuía trancas especiais, alarmes ou
circuito de vídeo que necessitassem ser desligados para o sucesso do criminoso.
Deve verificar se o local foi arrombado ou aberto com cópia da chave. Se for
arrombado, procurar saber qual o material utilizado (pé-de-cabra, alicate de
pressão, alicate de cortar aços, etc.). Se não foi arrombado, conhecer quais as
pessoas que teriam acesso às chaves. Deve saber também qual o trajeto usado pelo
ladrão, por onde entrou e por onde saiu; além de conhecer como os ladrões fugiram:
a pé ou de automóvel; se usaram algum veículo para a fuga, procurar saber se

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alguma testemunha anotou a placa ou se foram gravados por câmeras de


segurança.

O detetive tem que interrogar todos os funcionários do prédio/empresa, os


prestadores de serviço, os moradores e/ou qualquer pessoa que estava no local no
horário aproximado do ocorrido. Durante os interrogatórios o detetive deve
perceber o comportamento de cada pessoa. Avaliar a tensão emocional do
interrogado e, após a narrativa de cada um, anotar os principais pontos para
confrontar todos os depoimentos e verificar quais são as pessoas que escondem
detalhes ou faltam com a verdade.

Nas investigações de furtos em residências/empresas, o detetive profissional


deve seguir o seguinte roteiro:

!Periciar o local do crime, sempre que possível;


!Interrogar moradores, vizinhos, empregados, testemunhas, etc.
!Identificar o horário aproximado do crime;
!Identificar as pessoas que estavam no local neste horário;
!Saber se houve dispensa de algum empregado recentemente;
!Levantar o perfil de comportamento social e antecedentes criminais dos suspeitos
em potencial;
!Seguir todos os indícios apurados nos interrogatórios; não desprezar pistas;
!Comparar as impressões digitais colhidas no local do crime com as impressões dos
suspeitos em potencial;
!Colher informações na delegacia policial da área a respeito da ocorrência de furtos
semelhantes.

O detetive seguindo o roteiro acima, certamente conseguirá elementos


probatórios para o esclarecimento dos furtos que investigar.

Nos casos onde grandes somas de dinheiro forem furtadas, o detetive deve
prestar atenção nos seguintes indícios:

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!Suspeito que seja viciado em drogas;


!Suspeito que tenha dívidas financeiras;
!Suspeito que passou a efetuar gastos acima de suas posses;
!Suspeito que prestou um depoimento contraditório;
!Suspeito que acusa outras pessoas de participação no crime;
!Suspeito viciado em apostas e jogos de azar.

Durante uma investigação de furto, o detetive, após ter identificado algum


suspeito, pode fazer uso de vários métodos investigativos para conseguir as provas
necessárias no indiciamento, são eles:

· Campana

· Escuta eletrônica

· Infiltração

Quando o detetive profissional for contratado para esclarecer casos de furtos


ou roubos, deve verificar com o cliente se a ocorrência policial foi registrada na
delegacia da área. Caso o cliente não tenha feito o registro, o detetive deve orientá-lo
a fazer uma petição ao delegado titular da jurisdição noticiando o crime. Isto é
necessário para que o detetive tenha respaldo no seu trabalho (pois estará
auxiliando as investigações oficiais); quando obtiver as provas de autoria do crime
as encaminhará ao responsável na delegacia pelo procedimento investigatório. Este
poderá solicitar à autoridade policial instauração do inquérito e o indiciamento do
suspeito como autor do crime.

CASO VERÍDICO

Numa conceituada empresa que importa e comercializa lentes de contacto


fizeram uma auditoria onde foi constatada a falta de um grande número de peças do
estoque. O relatório da auditoria não conseguiu explicar de que maneira centenas de
lentes de contacto sumiram do almoxarifado da empresa, causando prejuízo
significativo aos proprietários. Insatisfeitos e curiosos, os diretores resolveram
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contratar o nosso escritório para esclarecer os fatos e identificar os autores daquele


furto qualificado.

Inicialmente desconfiamos que o furto fosse realizado pelo pessoal da


segurança ou limpeza que trabalham durante a noite, pois com a empresa vazia
seria possível um dos funcionários abrirem o almoxarifado e retirar o material.
Resolvemos, então, instalar pequenas câmeras com visão noturna naquele local
para detectar se alguém entrava ali à noite.

Durante 15 dias mantivemos o sistema de vídeo acionado e constatamos,


pelas gravações, que nada de anormal acontecera. Passamos, então, a nos
concentrar na hipótese do furto ser realizado por funcionários da seção do
almoxarifado. Começamos a investigar a vida social daqueles funcionários para
verificar se algum vivia acima de sua remuneração mensal. Investigamos todos e
apenas um funcionário demonstrou viver muito além de sua renda mensal. Esse
funcionário suspeito era o chefe do estoque. Constatamos que o mesmo havia
reformado recentemente a casa onde morava e, além disso, comprado um carro
novo. Seus filhos estudavam em bons colégios particulares e sua esposa não
trabalhava.

Em razão desses indícios, resolvemos montar uma campana em cima do


suspeito para verificar seus contatos. Pela manhã, o investigado chegava à empresa
carregando uma bolsa de mão. Saía logo que chegava com a desculpa de ir tomar
café; seguia até uma ótica nas proximidades, sempre carregando a bolsa. Após dois
minutos retornava e parava num bar para tomar o seu café. Na hora do almoço, saía
sozinho e seguia novamente para a ótica. Rapidamente saía de lá e, só então, ia
almoçar. À tarde, novamente saía com a desculpa de tomar café, passava na ótica e
depois ia ao bar tomar café. Ao final do expediente, antes de ir para casa, passava
na ótica, sempre acompanhado de sua bolsa.

Esse comportamento do funcionário repetiu-se durante vários dias quando


constatamos que o investigado estava usando o método chamado “formiguinha” -
que consistia em cada saída furtar duas lentes de contacto, colocá-las na bolsa e
entregá-las ao receptador que era a ótica. Durante um dia de trabalho, ele furtava

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cerca de oito lentes que no final do mês significavam um prejuízo de 176 lentes, e no
final de um ano, 2.112 lentes furtadas aproximadamente.

Com base nesses indícios entramos em contato com a autoridade policial


competente, que prendeu o funcionário em flagrante delito quando ele entregava o
material furtado na ótica receptadora. Tudo esclarecido e o caso encerrado.

CASO VERÍDICO
Uma famosa empresa foi lesada em cerca de US$ 500.000,00 (quinhentos mil
dólares) furtados do cofre do diretor. Imediatamente contrataram os serviços do
escritório Bechara Jalkh para elucidar o crime.

O cofre furtado pertencia a um dos diretores e ficava na sala de sua secretária


que possuía a senha. Raramente o cofre era usado para guardar valores, mas sim
documentos. No entanto, um dos diretores da empresa vendeu um apartamento de
sua propriedade e, como recebeu o pagamento em dólares, pediu para guardar
aquela quantia no cofre até o dia seguinte quando trocaria o dinheiro e o depositaria
no banco.

Por volta das 17 horas o diretor entregou o pacote com os dólares para a
secretária do outro diretor e disse-lhe: “Guarde com cuidado porque minha vida
está aqui”. A secretária colocou o pacote dentro do cofre, trancou-o e às 18 horas foi
embora. Na manhã seguinte, ela foi trabalhar e nada de estranho percebeu. Às 10
horas, o diretor foi à sala da secretária e pediu-lhe o pacote de dólares. A secretária
prontamente abriu o cofre e, para o espanto de todos, nada havia em seu interior
além de documentos.

Iniciamos as investigações no mesmo dia e detectamos que na sala onde


ficava o cofre não havia sinais de arrombamento, nem nas portas, nem nas gavetas
e o cofre foi aberto com a senha. Providenciamos imediatamente o equipamento de
perícia e, enquanto a sala era periciada para encontrar vestígios de impressões
digitais do ladrão, outra equipe de detetives interrogava os funcionários. A primeira
pessoa a ser interrogada foi o diretor em cujo setor estava o cofre. Segundo ele,

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raramente colocava valores no interior do cofre, pois era usado para guardar
documentos. Alegou que autorizara o uso do cofre pelo outro diretor por telefone
por volta de 17 horas. Disse que não sabia da senha do cofre porque é sua secretária
quem costuma utilizá-lo; só ela possuía a chave e a senha. Afirmou que poucas
pessoas circulam naquele setor além dele e mais três funcionários.

Passamos, então, a interrogar a secretária que seria a responsável pelo


manuseio do dinheiro e sua guarda no cofre. Ela confirmou que no dia anterior, por
volta de 16h45m recebeu a orientação de seu chefe de que outro diretor da empresa
iria utilizar o cofre para guardar uma encomenda até o dia seguinte. Às 17 horas, o
diretor entregou-lhe um pacote contendo dinheiro pedindo a ela que o colocasse no
cofre até a manhã seguinte. Ela disse que, de imediato, abriu o cofre e guardou o
pacote, mas não sabia quanto havia no seu interior. Disse que ao término do
expediente trancou a sala e foi embora. No dia seguinte, como de costume, chegou às
9 horas, abriu sua sala normalmente e nada de estranho notou.

Por volta de 10 horas, chegou o diretor que lhe confiara o dinheiro; ela então
abriu o cofre e ficou espantada quando o viu vazio. Ela alegou que era a única que
possuía a senha e a chave do cofre, mas disse que nunca o trancava com a chave,
girando somente o segredo. Disse que não guardava de cabeça o segredo; por isso
mantinha a senha escrita em um pequeno papel colado debaixo da gaveta de sua
mesa e, sempre que abria o cofre, fechava sua sala e olhava a senha debaixo da
gaveta. Disse que o setor o qual trabalha é composto de quatro funcionários: um
diretor, uma secretária, um assistente e um contínuo. Disse também que após a
entrega do dinheiro, só havia três pessoas na seção: ela, o assistente e o diretor.

Passamos a interrogar o assistente do diretor que trabalhava na sala ao lado


da secretária. Ele confirmou que viu no dia anterior quando um diretor da empresa
foi à sala da secretária carregando um pacote. Alegou que não sabia o que havia
nele. Disse que por volta de 18 horas saiu do trabalho, mas lembra que se despediu
da secretária. Alegou que no dia seguinte chegou ao trabalho por volta de 8h30m;
ligou o ar-condicionado do setor e foi tomar café no restaurante da empresa. Não
reparou nada de anormal no setor. Quando voltou às 9 horas a secretária já havia

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Módulo III

chegado. Por volta de 10 horas, o diretor chegou ao setor carregando uma pasta e
quando foi para a sala da secretária comunicaram-lhe o ocorrido.

Nesse espaço de tempo, a perícia concluiu seu trabalho e conseguiu detectar,


através de reagentes especiais, vestígios de impressões digitais no cofre e na mesa
da secretária. Baseado nos depoimentos dos funcionários daquele setor e de outros
funcionários da empresa, concluímos que os indícios e circunstâncias do crime
indicavam dois possíveis suspeitos: a secretária e o assistente.

A secretária seria a principal suspeita pelos seguintes fatos:

!Foi para ela que o diretor entregou o pacote de dólares;


!Somente ela possuía a senha do cofre;
!Foi a última pessoa a sair do setor; poderia carregar o dinheiro na bolsa;
!Segundo informações, sua mãe estava muito doente, precisando de uma cirurgia;
ela já havia pedido dinheiro ao diretor que não pôde emprestar.

O assistente seria o segundo suspeito pelos seguintes fatos:

!Assistiu a entrada do diretor com o pacote de dólares. As salas do setor são


separadas por divisórias finas, que permitem ouvir conversas. Ele poderia ter
ouvido o diálogo do diretor com a secretária;
!Segundo a secretária, um dia o assistente abriu sua sala no momento em que ela
estava com o cofre e gaveta abertos e a senha em cima da mesa;
!O assistente mentiu quando disse que às 8h30m havia ido tomar café no
restaurante da empresa, pois foi visto por um funcionário saindo de um
estacionamento por volta de 8h50m.

Utilizamos a perícia realizada no local para tentarmos pressionar os


suspeitos, alegando que suas impressões digitais haviam sido encontradas no
interior do cofre. Pressionamos primeiramente a secretária para verificar a sua
reação psicológica. Ela prontamente revoltou-se, alegando ser óbvio que houvesse
impressões suas no cofre, pois somente ela o abria. Em contrapartida, usamos a
informação de que ela estava precisando de dinheiro para a cirurgia de sua mãe; por
isso havia furtado o dinheiro. Prometemos que se ela devolvesse os dólares não
seria processada criminalmente, apenas demitida com todos os direitos. Ela
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Módulo III

revoltou-se mais ainda e tentou agredir os detetives. Essa reação psicológica da


secretária é típica de pessoas inocentes, acusadas injustamente.

Passamos, então, a pressionar o segundo suspeito. Usamos o mesmo método,


alegando que a perícia encontrara as impressões digitais dele no interior do cofre e
que se ele devolvesse os dólares não seria processado criminalmente apenas
demitido com todos os direitos. O assistente negou o crime e começou a chorar,
dizendo ser inocente e que estávamos cometendo uma injustiça. Por volta de 22
horas liberamos os funcionários suspeitos.

No dia seguinte, fomos informados, na parte da manhã, que o assistente não


fora trabalhar. Comparecemos em sua residência e soubemos pela vizinha que ele,
de manhã, parou com o carro da marca Monza vermelho na porta do prédio, colocou
algumas malas dentro e saiu com a esposa. Fomos à casa da mãe do funcionário e
ela nos informou que o filho passara por lá dizendo que fora transferido para São
Paulo, e que depois ligaria para dar o seu endereço naquela cidade. Comparecemos
na empresa que a esposa do funcionário trabalhava e soubemos que eles estiveram
lá e contaram a mesma história. Ao percebermos que o patrão da esposa do
funcionário tinha muita afinidade com ela, resolvemos contar a verdade e pedimos a
colaboração dele, pois se recuperássemos os dólares, o funcionário não seria
processado ou preso.

Emocionado o patrão resolveu nos confidenciar que eles na verdade haviam


viajado para de Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde passariam a morar. A partir
dessas informações, nossa equipe deslocou-se para aquela cidade com a finalidade
de localizar o fugitivo. Durante quatro dias vasculhamos toda a cidade à procura de
informações que nos levassem ao funcionário. Sabendo que ele necessitaria trocar
os dólares, montamos vigilância durante dia e noite nas lojas de câmbio, nos
restaurantes e nas casas de diversões da cidade.

No quinto dia de vigilância, obtivemos sucesso ao localizá-lo quando


compareceu a uma loja de câmbio para trocar dólares. Convencido de que havia sido
pego, o funcionário resolveu colaborar e confessou os detalhes do crime:

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!Determinado dia, entrou na sala da secretária e viu que ela fixava o olhar numa
etiqueta colada no fundo de uma gaveta e mexendo no cofre. Percebeu que ali ficava
a senha do cofre;
!Sua companheira era muito gananciosa e seu salário não permitia dar a ela o
conforto que almejava. Com medo de perdê-la, resolveu arquitetar um plano para
dar um desfalque na empresa e colocar a culpa na secretária;
!Passou a chegar cedo à empresa e, costumeiramente, a acender as luzes e os
aparelhos de ar-condicionado do setor, aguardando que um dia o cofre tivesse
valores altos para furtá-los;
!Naquele dia, estranhou quando o diretor de outro setor entrou na sala da
secretária com um grande pacote nas mãos e ficou ouvindo a conversa por detrás da
divisória. Teve certeza do alto valor do pacote quando o diretor disse para a
secretária: “Minha vida está aí”;
!No dia seguinte, pediu o carro do irmão emprestado, estacionando-o próximo à
empresa num terreno particular. Como de costume, foi o primeiro a chegar ao setor.
Acendeu as luzes e os aparelhos de ar- condicionado e foi para a sala da secretária.
Copiou a senha, abriu o cofre e apanhou o dinheiro. Espalhou-o por debaixo das
roupas e do paletó, e saiu do setor dizendo que ia para o restaurante da empresa
tomar café. Mas seguiu para o estacionamento para colocar todo o dinheiro debaixo
do banco do carro, retornando para o restaurante onde só deu tempo de tomar um
suco e voltar para o setor.

Investigação terminada, autor identificado e preso, dinheiro recuperado. Mais


um trabalho executado com sucesso que motivou inúmeras indicações de outros

clientes.

EXEMPLO DE COMO UM DETETIVE DEVE PROCEDER QUANDO FOR


NOTIFICADO DE UM CASO:

Loja de conveniência é assaltada durante a noite quando está fechada. O cofre


foi arrombado e a quantia de R$1.000,00 foi roubada. Na manhã seguinte o dono

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Módulo III

liga para seu detetive de confiança e solicita que o mesmo compareça ao local para
investigar o caso.

Procedimento:

A primeira coisa que o detetive deve fazer é perguntar ao cliente se ele já


comunicou o fato à polícia. Se essa providência não foi tomada, deverá ser feita. O
detetive deve esperar a polícia terminar a investigação. Quando o investigador
entrar no caso é necessário preparar as seguintes informações:

!Nome e endereço do local do assalto;

!Nome, endereço e telefones para contato do gerente ou funcionário responsável


pela loja;

!Efetuar uma lista detalhada de todos os itens que foram roubados;

!Descobrir a pessoa responsável pelo fechamento da loja. Pegar nome, endereço e


telefones para contato. Se esse funcionário não estiver presente o detetive deverá
interrogá-lo posteriormente. Quando for questionar esse funcionário o investigador
deve perguntar se ele foi cuidadoso ao fechar a loja e se notou alguma coisa ou
pessoas suspeitas ao sair de lá;

!Descobrir o funcionário responsável pela abertura da loja. Fazer uma relação


completa de todos que estão presentes inclusive com informações para contato;

!Averiguar quem foi que descobriu o roubo. O detetive pode conseguir algum indício
conversando com essa pessoa sobre o horário em que foi cometido o roubo;

!Indagar sobre a atitude que essa pessoa tomou mediante a descoberta;

!Descobrir se as evidências foram protegidas e quem as protegeu;

!Saber se o dinheiro e as mercadorias da loja estavam segurados. Se o produto


roubado estava no seguro e se os produtos não roubados também eram assegurados.
Às vezes quando o próprio responsável pela loja efetua o roubo, pega apenas o que é
assegurado para não dar prejuízo ao dono da loja e não incentivar uma investigação

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Módulo III

aprofundada. Esse pode ser um indício de que o roubo foi cometido por um
funcionário com acesso a essas informações;

!Verificar se já existe uma estimativa de como o crime foi cometido, qual foi a
pessoa que o concluiu e qual foi a maneira para chegar a essa conclusão;

!Verificar se a loja possui um sistema de alarme, se o mesmo foi alterado e se estava


ativado ou não na hora do assalto;

!Conversar com o cliente, gerente, funcionários à procura de suspeitos. Sempre


anotar detalhadamente quem suspeitou de qual elemento e por quais motivos. Se
esses motivos se tornarem fictícios, é possível que a pessoa que suspeitou dela
esteja tentando desviar a investigação.

Com essas informações, em qualquer caso, o detetive profissional terá uma


base sólida para iniciar suas investigações. O investigador terá a seu dispor dezenas
de alegações e comentários feitos pelas pessoas envolvidas. Com isso, se verificar
falhas nessas alegações terá indícios que podem revelar a autoria do crime.

IV. Investigando suicídios

Se a perícia é fundamental para o sucesso e o encaminhamento do processo


criminal nos casos de crime de morte, de acidente de trânsito, de roubo ou assalto,
nos casos de suicídio é condição imprescindível. E o motivo é simples: nos outros
casos podem-se ter vários tipos de provas para instruir os inquéritos instaurados; já
nos suicídios a prova técnica é quase única e exclusiva.

É a perícia que vai dizer se o suicídio se trata apenas de um caso aparente de


morte voluntária ou se, o suposto suicídio, não passa de um homicídio bem
arquitetado por um criminoso esperto.

Houve tempo que uma pessoa morta no interior de um aposento, com a porta
trancada por dentro, era um caso tranquilo de suicídio que não admitia
controvérsia ou maiores exames. Uma porta encontrada fechada por dentro era um
sinal seguro de que ninguém saíra por aquela porta. Em muitas investigações os
detetives consideravam o fato infalível, e se não surgisse nenhuma circunstância
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Módulo III

especial que sugerisse homicídio, inevitavelmente o caso era concluído como de


suicídio.

Uma porta com fechadura comum é facilmente trancada por fora depois de
deixar a chave do lado de dentro. Os criminosos profissionais podem abrir muitas
fechaduras pelo lado de fora e ao saírem conseguem trancar a porta pelo lado de
fora. Também serão encontrados arranhões nas alavancas dos basculantes.
Vestígios de carbono no interior da fechadura indicam que o arrombador
experimentou chaves em bruto carbonizadas para poder tirar o modelo. Assim,
teria utilizado sua própria chave para entrar e sair.

Nas portas com fechaduras comuns, o criminoso poderá escolher entre dois
métodos para trancar a porta por fora e depois deixar a chave na parte interna:
utilizar uma ferramenta conhecida pelos tarôs de hotéis internacionais por oustiti,
termo de gíria francesa ou improvisar um instrumento simples constando de um
cordão e um pequeno pedaço de madeira.

O oustiti pode variar de forma, mas em princípio é sempre o mesmo. Um par


de fina, tenaz, semilunares estriadas para evitar que deslizem, é introduzido na
fechadura agarrando a extremidade da chave e virando-a em qualquer direção. Para
determinar se o oustiti foi utilizado, o investigador deve fazer um minucioso exame
da chave. Em muitos casos, as estrias das tenazes deixam marcas na chave, que
podem ser observadas, sem dificuldade, através de ligeira ampliação.

Modalidades mais comuns de suicídio

O envenenamento é um dos meios mais frequentes de suicídio e o detetive


deve familiarizar-se com os venenos mais comuns e seus efeitos. Geralmente, um
assassino não usa venenos que poderão levantar suspeita, em função de sua cor,
odor ou gosto. Já o suicida poderá tomar qualquer substância de odor e gosto
desagradáveis. No homicídio ou suicídio por envenenamento, o investigador deve
dar atenção especial ao aspecto da pele, ao odor e às alterações que se processaram
na boca, no órgão genital e ânus, bem como nas adjacências do corpo da vítima.

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Quando houver suspeitas de envenenamento, as garrafas e remédios da casa


devem ser apreendidos. Os copos, xícaras, pratos, vômitos, excrementos, urina e os
alimentos que a vítima ingeriu serão recolhidos e encaminhados para o devido
exame.

O recolhimento e transporte dessas substâncias e objetos não devem, de


forma alguma, ficar com os membros da família ou vizinhos do morto, pois o
envenenamento resulta, muitas vezes, de uma questão familiar. É de suma
importância agir rapidamente porque a prova é deteriorável e de fácil destruição.

Há vários tipos de envenenamentos. O envenenamento agudo é produzido


pela ingestão de uma única dose excessiva de veneno - em geral o caso é de suicídio.
Várias doses reduzidas, quando ingeridas com frequência, são suficientes para
ocasionar uma enfermidade súbita, coma, inconsciência que poderão resultar no
envenenamento agudo.

O envenenamento crônico é causado pela ingestão de pequenas doses de


veneno durante um longo período, resultando na gradual e progressiva
deterioração das funções orgânicas. O envenenamento com arsênico, por exemplo, é
em geral de natureza crônica.

O envenenamento cumulativo é causado pelo súbito aumento na intensidade


da ação sequencialmente em lentas ingestões do veneno. Certos glicosídeos
cardíacos, como os digitálicos, são venenos cumulativos típicos.

Os principais sintomas de envenenamento são:

! Vômitos geralmente causados por veneno como arsênico, mercúrio etc.;

! Convulsões causadas, em geral, pela nicotina, cianetos e estriquinina;

! Paralisia causada possivelmente por arsênico e bário;

! Delírio, distúrbio mental que pode ser causado por ingestão de atropina,
barbitúricos, morfina e álcool;

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! Alterações pupilares - as dilatações das pupilas podem ser causadas por


atropina, benzedrina, cocaína, morfina, ópio, etc.;

! Odor do hálito, salivação, modificações na pele (causadas pelos ácidos e


álcalis ou pelo arsênico e chumbo), coma e sonolência.

A ação dos venenos pode ser local (venenos ácidos minerais que destroem os
tecidos com os quais entram em contato direto); remota (venenos que atuam
somente após sua absorção pelo sangue, como a morfina) e local e remota (venenos
que afetam os tecidos com os quais entram em contato e tem uma ação ulterior após
sua absorção, como o arsênico).

A suspeita de envenenamento surge quando a vítima gozava de boa saúde e


subitamente manifestou sintomas patológicos em rápida progressão até ocorrer sua
morte. Essa suspeita será fortalecida se os sintomas aparecerem pouco após a
ingestão de alguns alimentos ou bebidas com odor ou gosto particular. A suspeita é,
mais tarde, confirmada quando os sintomas coincidirem com os que são causados
por certo grupo de venenos, e não pode ser atribuída a alguma enfermidade.

O primeiro passo importante para a investigação de suspeita de


envenenamento fatal é uma inspeção no local onde o cadáver foi encontrado. O
detetive deve fazer uma busca intensiva nos copos, xícaras, pratos, vidros de
remédios etc. que possam ter servido de recipiente para o veneno. Qualquer resto de
alimento ou bebida deve ser confiscado e submetido à devida análise.

O suicídio por afogamento é também muito comum. Sempre surgem


problemas de perícia. É extremamente difícil para o detetive determinar um caso de
morte por afogamento como suicídio ou homicídio dissimulado, já que as escoriações
e mutilações presentes no corpo poderão ser atribuídas à colisão dele com objetos
existentes na água, por exemplo, como hélices. O fato é que é frequente ocultar o
homicídio atirando o cadáver à água após a perpetração do crime. A autópsia, no
entanto, pode desvendar homicídios dessa natureza. Na morte por afogamento o
conteúdo de cloreto de sódio no sangue dos ventrículos direito e esquerdo do

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coração poderá mostrar uma diferença acentuada e deve ser determinado nos casos
suspeitos.

O princípio desse teste baseia-se no fato de que, ao ocorrer o afogamento, a


água passa dos pulmões para o sangue; se a água, onde foi o afogamento, possuir um
conteúdo baixo de cloreto como na água fresca, o sangue do lado direito do coração
receberá um conteúdo de cloreto inferior ao normal.

Por outro lado, se o afogamento for ao mar, o conteúdo de cloreto será acima
do normal. A diferença entre o conteúdo de cloreto dos lados direito e esquerdo do
coração representa, portanto, um bom critério para a conclusão de afogamento. A
água não pode entrar no lado esquerdo do coração se a pessoa estiver morta antes
de ser atirada na água.

A perícia tem mais dificuldades de chegar a uma conclusão definitiva nos


casos de suicídios praticados por tiro. Para haver a conclusão de suicídio, o
ferimento produzido por bala disparada de uma curta distância deverá apresentar
um aspecto característico – assim como a área circundante imediata.

Ninguém poderá alvejar-se de distância superior a meio metro. Geralmente, o


suicida apertará o cano da arma contra a pele ou, pelo menos, o manterá bem
próximo. A entrada do ferimento nesses casos é sempre maior que o diâmetro da
bala.

Os pelos em volta do ferimento apresentam-se chamuscados e a pele que


contorna o orifício mostra uma coloração castanha avermelhada ou castanha
acinzentada. A pele em torno do orifício estará revestida de grãos de pólvora não
queimada, e se o tiro tiver sido disparado de menos de vinte centímetros, uma
camada de resíduos de pólvora será encontrada, principalmente, se a pólvora for
preta. Esses vestígios são inexistentes quando o tiro for disparado de distâncias
maiores, embora as partículas de pólvora não queimada possam propagar-se até
bem longe.

Se a parte atingida estiver situada de forma que o suicida tenha disparado o


tiro de uma posição confortável, pode-se concluir pelo suicídio - principalmente

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quando a parte ferida do corpo foi descoberta. Em muitos casos, no entanto, os


suicidas dispararam a arma por sobre a roupa.

O investigador não deve esquecer, contudo, de examinar com o máximo


cuidado, impressões digitais, pegadas, sinais de violência etc., que possam indicar
um assassinato. Se vários ferimentos de bala forem encontrados numa pessoa,
deduz-se que se trata de um assassinato, muito embora já tenha havido casos de um
suicida alvejar-se mais de uma vez. Já aconteceu de um homem ferir-se em cinco
pontos da cabeça. Sem dúvida, é um caso para deixar qualquer detetive
conjecturando por muito tempo.

Nos suicídios normais, a entrada do ferimento é maior que a saída, pois a bala,
em sua trajetória no corpo, encontra certa resistência que altera sua forma. As
bordas à entrada, geralmente, são voltadas para o interior e as de saída para o
exterior.

Mas há exceções a essa regra. Os ferimentos da entrada e da saída podem ser


bastante semelhantes, especialmente quando a bala é atirada de longa distância e
percorrida com grande velocidade. A decomposição e a dissecação também podem
alterar o aspecto primitivo do ferimento. Um método muito comum de suicídio, pela
facilidade de sua execução, é o enforcamento. Cordas de todos os tipos, toalhas,
lençóis, suspensórios, aventais, cintos, gazes para ataduras, fios elétricos etc.
podem ser usados. Não é necessário que o corpo oscile livremente para que o
resultado desejado seja produzido.

Geralmente o suicídio por enforcamento é um problema melindroso para o


perito. É difícil, por exemplo, determinar - seja através de exame microscópico das
marcas seja pela autópsia - se uma pessoa foi pendurada depois de morta, ou não.

O enforcamento de uma pessoa viva por assassinos não é frequente, embora


existam registros de alguns casos. Se a vítima for um adulto, quase sempre, são
encontrados indícios de violência. Por outro lado, esses indícios não são
encontrados em crianças e pessoas embriagadas ou de idade avançada.

Na maioria das vezes, o enforcamento é utilizado para simular suicídio,


embora envenenamento ou, principalmente, estrangulamento tenha causado a
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morte. Em casos como esses, a cena do crime deverá ser cuidadosamente


examinada, além de serem verificadas as possibilidades de enforcamento
voluntário. Por exemplo, se o corpo oscila livremente, deve existir um lugar de onde
a pessoa pudesse haver saltado como uma cadeira, uma mesa, uma escada etc. Tais
objetos devem ser meticulosamente inspecionados para verificar a existência de
marcas dos pés do suicida e, nos casos mais duvidosos, deve ser tentada uma
reconstituição.

O investigador tem que examinar com cuidado as fibras da corda. Elas podem
revelar se o caso é de assassinato ou suicídio. Se uma pessoa desliza ao longo de
uma corda, as fibras estarão voltadas para baixo. Se o que aparenta ser um
enforcamento voluntário for, na realidade, um homicídio (nesse caso o assassino
deve ter erguido o corpo), as fibras se dirigirão para cima na parte que foi puxada
pelo assassino, em virtude do contato da corda com a base.

A pessoa morta fica muito pesada, razão pela qual é grande a dificuldade de
erguê-la e colocar a cabeça no laço. As experiências indicam que, em alguns casos, o
assassino passará a corda pelo galho de uma árvore, por exemplo, colocando o laço
no pescoço do cadáver e puxando-o para cima.

Se as fibras da corda mantêm sua posição normal, isso não provará se tratar
de suicídio, pois o assassino, talvez, tenha erguido o corpo e colocado a cabeça no
laço.

Os nós da corda podem fornecer valiosas informações, não devendo ser


desfeitos quando se retirar o cadáver. Em vez disso, a corda deve ser cortada com
grande cuidado. É aconselhável conseguir uma grande e resistente caixa de
madeira para o transporte da corda e mantê-la imóvel por meio de um dispositivo
feito com barbante. Desnecessário dizer que a parte da corda que esteve em contato
com a base bem como suas extremidades (no caso de ser cortada), deverá ser
marcada, por exemplo, com etiquetas presas por barbantes.

O enforcamento deixa sinais de corda em volta do pescoço da vítima. Haverá


uma interrupção da marca no local em que foi dado o nó. Se esse foi feito num dos
lados do pescoço, a face em geral ficará avermelhada em vista da total compressão

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das artérias e vias naquele lado. Isso é tão frequente, que as suspeitas de homicídio
têm algum fundamento, quando a vítima é encontrada com a face lívida, apesar de o
nó ter sido dado em um dos lados do pescoço. Na maioria dos enforcamentos em que
o nó foi feito na nuca, a face se mostrará pálida.

As marcas encontradas no pescoço são de dois tipos: as fracas e as fortes. A


marca fraca consiste de um sulco suave com bordas arroxeadas e inchadas. Tais
marcas são produzidas quando um objeto macio e amplo é utilizado para o
enforcamento. As marcas fortes resultam da utilização de instrumentos duros e
ásperos como cordas resistentes, fios elétricos etc. Essas marcas geralmente são
marrons, porque a camada calosa da epiderme foi raspada pela corda, causando a
dissecação da epiderme.

Algumas vezes as marcas fracas podem desaparecer por completo,


principalmente quando o cadáver ficou oscilando por espaço de tempo reduzido e foi
utilizado um material pouco consistente. As pessoas obesas, em virtude da pressão
do colarinho ou da camisa após a morte, poderão apresentar sinais no pescoço que,
talvez, sejam confundidos com marcas de enforcamento. É também o caso de alguns
recém-nascidos cujos sulcos normais de tecido gorduroso poderão ser definidos
como marcas de enforcamento.

A morte é quase instantânea através do enforcamento. As artérias do pescoço


que conduzem sangue do coração para o cérebro são comprimidas. Isso
imediatamente bloqueia o suprimento de sangue causando instantânea
inconsciência resultante da anemia do cérebro. O efeito sobre o cérebro ainda é
agravado pelo fato de que o retorno do sangue ao coração através das veias também
é impedido pela pressão. Essa interferência aumenta a pressão no cérebro e
contribui para produzir a inconsciência. É necessária uma pressão relativamente
pequena no pescoço, o que explica as posições estranhas das pessoas enforcadas
(sentadas, em pé, deitadas). Ocorre, então, o enforcamento propriamente dito – a
asfixia – que causa a morte da pessoa inconsciente.

Nos casos de estrangulamento, as marcas no pescoço têm uma aparência


diversa das produzidas por enforcamento. Estão dispostas quase horizontalmente

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em volta do pescoço, não existindo interrupção, como ocorre no enforcamento onde


a interrupção é devida ao nó. Poderá ser encontrada, no entanto, uma interrupção,
se um colarinho ou algo semelhante impedir a produção de marcas. A auto-
estrangulação com as mãos é obviamente impossível, pois elas vão perdendo força à
medida que vai processando a inconsciência. As marcas deixadas pelo
estrangulamento geralmente são mais profundas que as do enforcamento. Vestígios
de violência encontrados em outras partes do corpo e não ocasionadas por
anteriores tentativas de suicídio indicarão tratar-se de homicídio.

Os suicídios com ferimentos por objetos cortantes também são muito comuns.
Tais ferimentos são encontrados em regiões que podem ser alcançadas com
facilidade pelo braço, isto é, a parte fronteira do pescoço, o centro do antebraço,
cotovelo, os pulsos ou as coxas. Raramente, em casos de suicídio, são verificados
ferimentos no abdome. Mas pessoas com desequilíbrio mental produzem em si
mesmos ferimentos em outras regiões do corpo que são de difícil acesso. É muito
frequente encontrar-se, além da incisão fatal de uma artéria, outros ferimentos
causados por tentativas frustradas.

Nos casos normais, a direção dos ferimentos num suicídio deverá indicar se
uma pessoa canhota ou destra foi capaz de praticá-lo com pressão suficiente e em
uma posição normal. Se, por exemplo, supomos que uma pessoa destra cortou o
próprio pescoço, o ferimento deverá ter início no lado esquerdo, atrás ou debaixo da
orelha esquerda e correr obliquamente pela frente do pescoço para a direita.

Se a linha da incisão correr na direção oposta e se o morto for canhoto


poderão ser suscitadas fortes suspeitas de homicídio. É o caso quando são
encontradas mais manchas de sangue nas regiões posteriores do corpo, isto é, na
nuca, na parte traseira da cabeça, dos ombros e nas costas. Nos suicídios autênticos,
as manchas de sangue localizam-se geralmente na região anterior do corpo, na
parte fronteira do pescoço, no peito e no abdome. As incisões serão várias e algumas
bastante profundas. Por outro lado, se o ferimento estende-se até as vértebras do
pescoço será indício de homicídio.

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Ás vezes, como nos casos de suicídio, os ferimentos característicos são


encontrados nas pontas dos dedos e nas unhas, além do ferimento fatal. Isso resulta
porque o suicida distendeu a pele com os dedos de uma das mãos sobre a região que
escolheu para cortar e, involuntariamente, corta-os com a faca segurada pela outra
mão. Esses ferimentos nos dedos poderão também originar-se porque ele agarrou a
lâmina da faca com ambas as mãos para exercer uma pressão maior durante o ato.
Tais ferimentos não devem ser confundidos com os de defesa que se acham na
palma da mão, os quais representam sinais de homicídio.

Em geral, os suicidas descobrem a parte do corpo que pretendem atingir,


tanto nos casos de cortes, de facadas ou de tiros. Se a roupa da vítima tiver sido
atravessada será justificável a suspeita de homicídio, principalmente se a zona
atingida foi mais tarde descoberta para que o crime passasse por suicídio. O mesmo
sucede com relação aos cortes em casos característicos. Poderá tornar-se
extremamente difícil para o investigador chegar a uma conclusão definitiva sobre
se o caso é de suicídio ou de homicídio apenas pela aparência dos cortes.

Não pode ser determinado, com absoluta segurança, se um corte foi feito da
direita para a esquerda ou vice-versa. Igualmente, não há possibilidade de
conclusão com base no número de cortes no pescoço, já que tanto nos casos de
suicídio como nos de homicídio poderemos encontrar um ou mais cortes. Nem pela
profundidade dos ferimentos, nem por sua direção o detetive poderá tirar
conclusões definitivas. Os suicidas, muitas vezes, produzem em si mesmos
ferimentos que diferem totalmente dos tipos clássicos acima descritos.

Em resumo, não se pode chegar a qualquer conclusão absoluta sobre a


questão de homicídio ou suicídio com fundamento exclusivamente no aspecto dos
cortes. Todavia, existem certos detalhes, além dos ferimentos fatais, que até certo
ponto os diferenciam. Um sinal de suicídio é a presença de um ou mais cortes
irregulares e profundos, principalmente se acompanhados de equimoses, contusões,
escoriações ou arranhões. Já os ferimentos de defesa nas mãos e do lado externo
dos braços são indícios quase certos de homicídio.

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Atirar-se na frente de um veículo em alta velocidade e saltar de grande


altura. Esses tipos de morte tanto podem significar homicídio como suicídio. E, às
vezes, em tais casos, será difícil determinar se a morte foi voluntária ou não.

A crônica policial registra um sem número de casos de crimes, em que o


assassino projeta sua vítima, após uma altercação, do alto de um prédio. Já houve
casos, até, de atirar-se a vítima do alto de um morro. Por outro lado, ocasionalmente
poderá acontecer que o assassino procure ocultar a natureza de seu ato fazendo-o
parecer um acidente de tráfego ou morte resultante de um salto.

Marcas de unhas, de pontapés etc. podem levar à conclusão de assassinato. A


perícia do médico-legista deve ser, nesses casos, suficientemente cuidadosa. Deve-se
distinguir entre as lesões causadas pelo impacto da queda ou do atropelamento e as
equimoses resultantes da ação do criminoso.

Na França ocorreu um caso interessante. Um empreiteiro e dois de seus


mecânicos seguiam de carro, certa noite, por uma rodovia paralela aos trilhos da
estrada de ferro. Dirigiam em alta velocidade, muito embora os faróis do carro
estivessem defeituosos iluminando apenas alguns metros à frente. Em consequência
da imprudência, atropelaram um trabalhador agrícola polonês que caminhava a pé
pela estrada. A fim de dissimular o acidente, os motoristas colocaram a vítima sobre
os trilhos do trem e prosseguiram viagem. Um trem que por ali passou em
velocidade, pouco depois, mutilou o corpo do polonês. Durante o exame dos
destroços do cadáver foram descobertas marcas de pneumáticos de automóvel na
perna do defunto. Por causa dessa constatação uma investigação resultou na
captura dos motoristas e do carro. Eles negaram unanimemente serem os culpados,
mas a polícia descobriu alguns vestígios de sangue humano num dos pára-lamas do
carro e eles acabaram confessando.

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Módulo III

LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES ABAIXO.

01 - Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 (cinco)


alternativas classificadas com as letras (A), (B), (C), (D), e (E); só uma responde
adequadamente ao quesito proposto. Você deve assinalar UMA RESPOSTA: a
marcação em mais de uma alternativa anula a questão, mesmo que uma das
respostas esteja correta.

02 – No CARTÃO RESPOSTA, a marcação das letras correspondentes às respostas


certas deve ser feita cobrindo a letra e preenchendo todo o espaço compreendido
pelos círculos, a caneta esferográfica de tinta na cor preta, de forma contínua e
densa. A LEITORA ÓTICA é sensível a marcas escuras; portanto, preencha os
campos de marcação completamente, sem deixar claros.

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1)A perícia é fundamental em qualquer situação do processo criminal, como crime


de morte, de acidente de trânsito, roubo ou assalto. Nos casos de suicídio, ela é
condição imprescindível. Por quê?

a)No primeiro caso, só há uma prova técnica para casos de crime de morte, de
acidente de trânsito, roubo ou assalto; já nos casos de suicídio pode haver várias
provas técnicas.

b)Nos casos de crimes de morte, de acidente de trânsito, roubo ou assalto a perícia


usa vários artifícios para o sucesso e o encaminhamento do processo criminal; nos
casos de suicídio, a perícia trabalha com tranqüilidade, pois esses casos não
admitem controvérsias ou exames aprofundados.

c)Nos casos de crime de morte, acidente de trânsito, roubo ou assalto podem-se ter
vários tipos de provas para instaurar os inquéritos; já nos suicídios a prova técnica
é quase única e exclusiva.

d)Na perícia de suicídios, o perito pode, rapidamente, fazer um diagnóstico da


situação, pois as provas técnicas são inúmeras e a olhos nus.; nos crimes de morte,
de acidente de trânsito, roubo ou assalto, a perícia é imprescindível porque a prova
técnica é única e exclusiva.

e)Nenhuma das alternativas acima.

2)A cerca de suicídio por envenenamento assinale a afirmativa INCORRETA:

a)O envenenamento é um dos meios mais freqüentes de suicídio e o detetive deve


familiarizar-se com os venenos mais comuns e seus efeitos.

b)O recolhimento e o transporte de garrafas e remédios no caso de suspeita por


envenenamento devem ficar com os parentes da vítima, pois isso pertence à família.

c)O envenenamento agudo é produzido pela ingestão de uma única dose excessiva
de veneno – em geral o caso é de suicídio.

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d)No homicídio ou suicídio o investigador deve dar atenção especial ao aspecto da


pele, ao odor e às alterações mais precisamente na boca, no órgão genital e ânus,
bem como nas adjacências do corpo da vítima.

e)No homicídio por envenenamento, o assassino não usa venenos que poderão
levantar suspeita em função de sua cor, odor ou gosto. Já o suicida poderá tomar
qualquer substância de odor e gosto desagradáveis.

3)A investigação de homicídios é a tarefa mais importante e fascinante nas


diligências criminais e policiais cujo objetivo é a defesa e a segurança da sociedade.
Em casos de homicídios devem ser observados (as):

a)Contatos com os parentes da vítima, motivos, armas, digitais.

b)Marcas de pneus, número de assassinos, coleta de informações.

c)Impressões digitais, coleta de informações, armas, parentes da vítima.

d)Coleta de informações e testemunhos, motivos, número de assassinos, armas,


caminhos percorridos pelo criminoso.

e)Caminho percorrido pelos criminosos, partículas apegadas ao corpo, poeira,


armas, motivos.

4)Assinale a afirmação INCORRETA sobre alguns procedimentos necessários que


um detetive deve ter quando assumir um caso de assalto a uma loja, por exemplo.

a) A primeira coisa que o detetive deve fazer é perguntar ao cliente se ele já


comunicou o fato à imprensa.

b)Descobrir o funcionário responsável pela abertura da loja. Fazer uma relação


completa de todos que estão presentes, inclusive com informações para contato.

c)Verificar se a loja possui sistema de alarme, se o mesmo foi alterado, se estava


ativado ou não na hora do assalto.

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d)Saber quem foi que descobriu o roubo. O detetive pode conseguir algum indício
conversando com essa pessoa sobre o horário em que foi cometido o roubo.

e)Efetuar uma lista detalhada de todos os itens que foram roubados.

5)A contravenção é a inobservância das leis e dos regulamentos. O crime é a


violação culpável da lei penal. As penas tanto para os crimes quanto para as
contravenções são de reclusão, detenção e multa. A diferença entre a aplicação de
uma pena em relação à outra é:

a)A pena de detenção para delitos menos graves admite a suspensão condicional; a
de reclusão não admite a suspensão condicional, salvo quando o condenado for
menor de 21 anos ou maior de 70 anos, e a condenação não for maior que dois anos.

b)Na detenção a pessoa fica presa de dia e sai à noite para dormir em casa. Na
reclusão fica presa somente durante a semana.

c)A pessoa fica detida na prisão aos sábados e domingos e reclusa quando vai para
um convento.

d)Na detenção o sujeito fica preso durante 50 anos, e na reclusão pode ficar preso
até 100 anos.

e)Nenhuma das respostas acima.

6)O crime de sequestro foi enquadrado na relação de crime _________, onde os


criminosos condenados são obrigados a cumprir toda a pena, sem direito a benefício
legal como ___________ e ____________.

Preenche corretamente as lacunas a opção:

a)Normais, visita íntima e indulto.


b)De delito, sursis, visita íntima.
c)Hediondos, liberdade condicional e indulto.
d)Passional, indulto e visita de advogado.
e)De legítima defesa, visita íntima e visita de advogado.

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7)Considere as afirmações a seguir sobre a conduta do investigador em caso de


sequestro.

I.O detetive que for contratado para servir como mediador do pagamento de resgate
num caso de sequestro necessitará de muita habilidade e tranqüilidade para
dialogar com o sequestrador.

II.O mediador não deve negociar com o seqüestrador a diminuição do valor do


resgate estabelecido por eles.

III.Não deve exigir provas de vida da vítima aos sequestradores.

É (São) correta (s) apenas a (s) afirmativa (s):

a)I.

b)II.

c)III.

d)I e II.

e)II e III.

8)Nos casos de homicídio o detetive deve seguir um esquema que é:

a)Coleta de informações e testemunhos, motivos, número de assassinos, armas e


caminho percorrido pelo criminoso.

b)Visita à família da vítima.

c)Procurar as testemunhas

d)Comparecer ao enterro da vítima para dar pêsames à família.

e)Esperar alguns dias depois do crime para começar a trabalhar nele.

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9) Qual das alternativas abaixo NÃO é obrigatoriamente necessária que o


investigador proceda quando um suspeito for detido?

a)Inspeção das roupas, unhas, sapatos do suspeito para verificar se há vestígios de


sangue.

b)Impressões digitais encontradas na cena do crime devem ser comparadas com as


do suspeito.

c)Inspecionar os lugares onde o suspeito costuma frequentar.

d)Atentar para marcas e indícios encontrados na cena do crime, ou de outro lugar,


que possam relacionar o suspeito com o crime.

e)Torturar o suspeito até que ele confesse o crime.

10) Local e hora onde foi descoberto o corpo, causa da morte, hora em que ocorreu a
morte, idade e profissão presumíveis, descrição do cadáver, da vestimenta, jóias e
objetos diversos.

O esquema acima é feito pelo investigador quando:

a)Perguntar à testemunha sobre o corpo.

b)Um cadáver desconhecido for encontrado.

c)Solicitar ao IML um cadáver.

d)Busca por indícios para concluir a investigação.

e)Nenhuma das respostas acima

11) Todo o cadáver desconhecido deve ser fotografado de frente e de perfil da


mesma forma que os criminosos. Alguns truques são usados para que sua aparência
rígida tenha um aspecto mais natural. Dentre eles, aponte o que NÂO é necessário
fazer.

a)Uma mistura de glicerina e água é injetada nas órbitas com o auxílio de uma
seringa de ponta fina para suspender as pálpebras.
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b)Para que a face de um corpo que ficou submerso na água por muito tempo
ocasionando a perda parcial da pele fique mais natural um talco é polvilhado
fazendo uma massagem com ele sobre a carne e os restos de pele.

c)No caso de o punho encontrar-se cerrado poderá ser feita uma pequena incisão na
base dos dedos.

d)Para tirar impressão digital de afogados que permaneceu pouco tempo na água, o
dedo é secado com uma toalha macia, injetando-se depois glicerina com uma seringa
sob a pele das pontas dos dedos para amaciar a superfície.

e)Nenhuma das respostas acima.

12) Juízes, advogados de defesa e promotores públicos raramente vão à cena do


crime. O material fotográfico é um importante instrumento de prova junto aos
tribunais. Por quê?

a)Os jurados estão curiosos de ver o rosto da vítima depois de morte.

b)Através da fotografia o juiz encerra o caso.

c)Nenhuma descrição consegue mostrar com tanta força os horrores de um


homicídio como faz a fotografia.

d)Com as fotos, o jurado pode ver a verdadeira face do morto.

e)O juiz analisa as características do morto.

13) No furto não há o emprego da violência contra pessoas; se houver passa a ser
tipificado como roubo. O furto é aquele clássico exemplo do ladrão que arromba a
porta da casa na ausência dos seus moradores para furtar objetos em seu interior.

Com a insegurança das grandes cidades ninguém está livre dos arrombamentos.

O furto acontece porque os ladrões:

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a)Furtam qualquer imóvel.

b)Não gostam dos donos de determinadas imóveis.

c)Observam a rotina dos moradores do imóvel visado, e sabem que eles têm o
costume de viajar deixando o lugar vazio.

d)Acham o imóvel bonito e aconchegante.

e)Só querem passar uma noite na casa desfrutando das suas acomodações.

14) O crime de furto em uma casa é de difícil solução, pois é cometido à noite, e
poucas pessoas costumam testemunhar o fato. A única arma que resta ao detetive
para descobrir o autor é a perícia técnica.

Qual é a finalidade dessa perícia?

a)Encontrar vestígios de impressões digitais deixadas pelos ladrões.

b)Calcular o prejuízo do cliente.

c)Verificar o que foi furtado.

d)Catalogar os objetos furtados.

e)Fazer um relatório para o cliente

15) Mesmo de posse de vestígios e impressões digitais deixadas pelos ladrões no


local do furto, o detetive terá que identificar algum suspeito durante as
investigações para fazer as comparações das digitais.

Esse empecilho acontece em virtude de:

a)A polícia não se interessa em fazer perícias técnicas.

b)Os equipamentos da agência de investigação estarem quebrados.

c)Os institutos de identificação não se interessarem em impressões digitais.

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d)O mercado não possuir equipamentos de impressões digitais para vender.

e)Os órgãos policiais e os institutos de identificação não possuírem arquivos com


sistemas computadorizados de confrontação digital.

16) Nos furtos ocorridos em prédios residenciais ou comerciais, o detetive possui


mais elementos para desenvolver suas investigações. Quando o detetive fizer
investigações dessa natureza deve levar em consideração alguns detalhes
importantes.

Assinale a alternativa que NÃO indica um elemento de investigação.

a)Partir da possibilidade de existir um cúmplice no local do furto como funcionário,


morador, prestadores de serviços.

b)Procurar saber quais as pessoas que sabiam da existência do bem furtado.

c)Identificar se o local possuía trancas especiais, alarmes ou circuito de vídeo que


necessitasse ser desligados para o sucesso do criminoso.

d)Interrogar todos os funcionários do prédio/empresa, os prestadores de serviço, os


moradores e/ou qualquer pessoa que esteve no local no horário aproximado do
ocorrido.

e)Durante o interrogatório não há necessidade de o detetive avaliar a tensão


emocional das pessoas, pois ele não é um psicólogo para isso.

17) Quando o profissional for contratado para esclarecer casos de roubos ou furtos
convém verificar com o cliente se a ocorrência policial foi registrada na delegacia da
área. Em caso negativo, o detetive deve orientá-lo a fazer um (a):

a)Relatório ao delegado notificando o crime.


b)Comunicação administrativa ao delegado.
c)Divulgação noticiando o crime.
d)Petição ao delegado titular da jurisdição noticiando o crime.
e)Documento ao delegado.

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18) Em caso de furto em residências ou empresas, o detetive depois de ter


identificado o (s) suspeito (s) pode usar vários métodos investigativos a fim de
conseguir as provas para o indiciamento dele (s).

Dentre as alternativas, qual a que NÃO corresponde a um método investigativo.


a)Campana.
b)Sistema de vídeo.
c)Infiltração.
d)Cooptação.
e)Escuta eletrônica.

19) Caso de furto que consiste em uma pessoa pegar produtos em pequenas
quantidades ao longo do dia é conhecido na gíria investigativa como:
a)Policial.
b)Formiguinha.
c)Ocultação.
d)Subtração.
e)Cachorrinho

20) Quando um funcionário de uma empresa - que está sofrendo desfalque em


dinheiro ou de produtos - possuir um padrão de vida muito superior à sua renda
mensal, isso é indício de que ele:

a)Possivelmente furta a empresa.


b)Está fazendo bicos para complementar a renda.
c)Recebeu uma herança de família.
d)Trabalha em 2 empregos.
e)Nenhuma das respostas acima.

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Não serão aceitas folhas de respostas com rasuras.

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