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História Geológica da Vida

Teórico-Prática
Docente: Rute Coimbra
Conteúdos
1- Conceitos básicos em Geologia: minerais e rochas; solo/sedimento/rocha; fóssil e fossilização
2- Continuação, observação de tipos de fossilização e exemplo de ficha de identificação. X
3- Tempo Geológico: o que é, para que serve, como se usa...
Casa- Antropoceno: faz sentido? Pesquisa e relatório X
4- Bioestratigrafia: utilidade, vantagens e limitações.
5 - Correlação estratigráfica: exercícios (entregar)

6- Paleontologia e reconstrução paleoambiental: na fronteira entre a Biologia e a Geologia


7- Ambientes proximais e distais: conceito de biofacies; grupos fósseis mais usados

8- Eventos climáticos extremos: registo geológico e biológico (Eventos Anóxicos, Heinrich, etc)
9- Sexta grande extinção: faz sentido? Pesquisa e relatório

10- Estratigrafia e Sedimentologia: laboratório geo-biológico. Separação de bioclastos (peneiros,


centrifugação, densidade, dissolução: conodontos); drilling de linhas de crescimento em conchas
actuais; como se faz uma lâmina delgada; lupa e microscópio)
11 - Continuação

12- Tema escolhido pelos alunos: sessão de apresentações; grupos de 2; 15 minutos cada.
3- BIOSTRATIGRAFIA
Unidades biostratigráficas

- Baseadas nas características paleontológicas das rochas estratificadas. São objectivas,


baseiam-se na presença física de fósseis variados.

- Vantagens: baseiam-se na evolução, não são repetitivas e cobrem amplas áreas da


Terra.

- Limitações: dependem da presencia de fósseis, pelo que os materiais azóicos não


podem ser classificados, são unidades representadas apenas para o Fanerozóico.

- A determinação das unidades bioestratigráficas deve eliminar a influência de fósseis


herdados de sedimentos mais antigos ou incluídos de sedimentos mais modernos.

-Podem basear-se na presença de um só táxon ou combinação de vários, na


abundância relativa, nas características morfológicas específicas, ou em variações de
conteúdo e distribuição de fósseis.

Táxon (plural: Taxa)


cada um dos grupos ou divisões que se utilizam na sistemática biológica para dividir os indivíduos,
incluindo género, família, ordem e sub-ordem.
Nomenclatura
- A denominação formal de uma unidade bioestratigráfica deve estar formada pelos nomes dos
os fósseis escolhidos, combinados com o tipo de unidade em questão.

- Cada Biozona debe ter um nome único. Para a designação dos fósseis segue-se o Código de
Nomenclatura Zoológica ou Botânica.
Sistema hierárquico para a taxonomia de organismos de
Lineu (“pai” da taxonomia moderna).

Reino
Filo
Classe
Ordem
Família
Género
Espécie
Fósseis índice (ou fóssil de idade, fóssil característico ou fóssil estratigráfico)
- Fósseis de grupos taxonómicos (normalmente de categoria género ou espécie) com base nos
quais são definidas biozonas, para datação relativa dos estratos geológicos.

- A abundância deve ser relativamente alta, ter ampla distribuição global e duração como
espécie relativamente curta. Se for independente de factores ambientais é uma vantagem.

- A presença de determinado fóssil guia indica certa época e permite correlação de idade
relativa entre estratos distantes.

- Braquiópode Lingula não é bom fóssil índice. Embora seja


facilmente identificado e tenha ampla distribuição geográfica,
persiste durante um intervalo geológico muito amplo.

- Atrypa e Paradoxides são bons fósseis índice, apresentam


curta duração em termos de tempo geológico.
Unidades biostratigráficas
Biozona (abreviatura de zonas bioestratigráficas): materiais estratificados diferenciados ou
caracterizados pelo seu conteúdo paleontológico.

Tipos de biozona:

.
.
.

Biozona de associação/conjunto (ou cenozona):

- definida a partir do conteúdo total de fósseis ou a partir de um grupo de fósseis seleccionado.

- Coexistem varias formas fósseis, os seus limites são bio-horizontes que marcam os limites de
presença do conjunto que caracteriza a unidade. A distribuição total de qualquer dos taxa
representados pode extenderse para além dos limites da biozona de conjunto.
Tipos de biozona
Biozona de extensão
- Volume de estratos que representa a extensão total de presença de um fóssil, ou asociação de
fósseis seleccionados.

Tipos biozonas de extensão:

- Biozona de extensão (simples) de um táxon: "conjunto de estratos que representa a extensão


total (horizontal y vertical) de presença de exemplares de um determinado táxon (espécie,
género, familia, etc)" (GEI, 1980). Os limites de este tipo de biozonas são os biohorizontes de
primeira e última ocurrência.
Tipos de biozona
Biozona de extensão
Tipos biozonas de extensão:
- Biozona de extensão concumitante (ou composta)- Parte coincidente das zonas de extensão de
dois taxa; os limites são o biohorizonte de primeira ocurrência de un táxon e de última
ocurrência do outro.

Podem ser diferenciadas em:


- Oppelzona (homenagem ao bioestratigrafo alemão Oppel): biozona de extensão de taxa
"seleccionados" de forma a que possam ser em bom critério geocronológico. Geralmente, a
parte inferior da Zona de Oppel caracteriza-se pela primera ocurrência de determinados taxa e a
parte superior com a última presença de outros.

- Filozona (ou biozona de linhagem): biozona que contém exemplares representativos de um


segmento de linha ou direcção de evolução ou desenvolvimento, limitada por mudanças de
características. Os limites das filozonas são bio-horizontes de primeira ocurrência de espécies
dentro de uma mesma linha evolutiva.
Tipos de biozona
Biozona de abundância (apogeo)

- Baseia-se na abundância máxima de alguma espécie, género ou família.

- Os limites são quantitativos e marcados por mudanças bruscas na abundância do táxon


seleccionado.
Tipos de biozona
Biozona de intervalo

- conjunto de estratos delimitado por dos biohorizontes, de dois organismos distintos.

- limite inferior pode ser o biohorizonte de última presencia de um táxon e o limite superior ou
biohorizonte de primeira ocurrência de otro táxon, sem que no intervalo esteja presente
nehnhum destes taxa considerados.
- Também se podem definir biozonas de intervalo para os conjuntos de estratos limitados por
dois biohorizontes de última presença de taxa diferentes ou por dois limites de primeira
ocurrência de dois taxa diferentes.
Ammonitico Rosso: exemplo de facies ideal para controlo bioestratigráfico
Fósseis mais adequados para biostratigrafia
- Taxa evolutiva: medida das mudanças ocorridas
numa linhagem evolutiva ao longo do tempo. Poucas
mudanças equivale a baixa resolução biostratigráfica;

- Controlo ambiental durante o depósito: natureza dos


ambientes determina a distribuição dos grupos fósseis e
também o seu potencial de preservação. A taxa de
sedimentação pode ser um factor a favor ou contra a utilidade
de determinado fóssil;

McNamara ME, Briggs DE, Orr PJ, Wedmann S, Noh H, & Cao H (2011). Fossilized
biophotonic nanostructures reveal the original colors of 47-million-year-old
moths. PLoS biology, 9 (11)

• A problemática dos ambientes marinhos costeiros: a presença de fósseis guia é limitada!!


Fósseis mais adequados para biostratigrafia
- Mobilidade dos organismos: taxa de
migração influencia a ocupação de
determinados nichos ecológicos.
Organismos nectónicos ou planctónicos
são melhores indicadores, as formas
sésseis são geralmente más indicadoras
biostratigráficas.

- Distribuição geográfica dos organismos:


zonas com condições ambientais similares
podem ser ocupadas por formas muito
diferentes. Provincialismo torna necessário
estabelecer vários esquemas
biostratigráficos para zonas diferentes do
globo (ex. Biozonas de Ammonites
Boreal/Tethys).

(in Przybylski et al., 2010)


Taxones mais usados em Biostratigrafia
Macrofósseis marinhos:

- Trilobites
- Graptolites
- Braquiópodes
- Ammonoides
- Gastrópodes
- Equinodermes
- Corais

(in Coimbra and Olóriz, 2012)


(in Paredes et al., 2013)
Taxones mais usados em Biostratigrafia
Microfósseis marinhos:
- Foraminíferos
- Radiolários
- Nanofóssies calcários
- Outros:
- Ostracodos
- Diatomácias
- Conodontos
- Dinoflagelados

(in Coimbra and Olóriz, 2012()

(in Coimbra et al., 2016)

(Martinez-Peréz et al., 2011)


Taxones mais usados em Biostratigrafia

Indicadores terrestres

- dentes de pequenos roedores e répteis


- Palinomorfos (pólen, esporos)
Dente de roedor
Mioceno (Espanha)

http://www.elmundo.es/elmundo/2009/07/27/ciencia/1248697601.html

Palinomorfos de depósitos costeiros (Albiano, Formação da Galé,


Bacia Lusitânica) (Heimhofer et al., 2012)
Microfósseis como indicadores de ambiente e idade

Bositra (bivalvo de concha fina) 1 mm


Microfósseis como indicadores de ambiente e idade

1 mm
Microfósseis como indicadores de ambiente e idade

Large depth of field (+focus);


High resolution.
Microfósseis como indicadores de ambiente e idade
Upper
Cocolitóforos Tith.
(algas marinhas
unicelulares que
formam placas
calcárias)

Base Mid-
Oxf.
Kimm.
Microfósseis como indicadores de ambiente e idade
EXERCÍCIOS
Estabelecer a correlação lateral entre os perfís apresentados
Estabelecer a correlação entre os perfís A a D.

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