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RESENHA DE MOTRICIDADE OROFACIAL

PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO EM MOTRICIDADE OROFACIAL: UMA


REVISÃO SISTEMÁTICA

O artigo apresenta uma revisão sistemática de estudos acerca de protocolos de


avaliação e diagnóstico miofuncional orofacial com a finalidade de identificar os
protocolos utilizados na detecção de distúrbios miofuncionais orofaciais. A
avaliação em motricidade orofacial é fundamental para o diagnóstico dos
distúrbios oromiofaciais que são caracterizados por alterações nas estruturas
estomatognáticas, verificando a integridade dessas estruturas, como a
musculatura dos lábios, bochechas, mento, língua, soalho bucal, palato duro e
mole, tonsilas palatinas, gengivas e mucosas. Também serão analisadas as
características craniofaciais visando definir o perfil facial em mesocefálico,
braquicefálico e dolicocefálico, considerando também as proporções de maxila
e mandíbula.
A metodologia utilizada consiste em um resumo dos resultados e evidências de
todos os estudos originais deste tema, selecionados a partir do anagrama
PICO, em que P (participantes) refere-se a crianças/adolescentes e adultos, I
(Intervenção) refere-se aos protocolos de diagnóstico orofacial, C
(Comparador) sem comparação e O (Outcome/Desfecho) refere-se ao
diagnóstico miofuncional orofacial. A seleção dos estudos se deu a partir da
combinação da estratégia PICO com os termos de busca fazendo o
levantamento bibliográfico nas bases de dados da PubMed, LILACS e SciELO.
Este estudo seguiu as diretrizes do PRISMA (Principais Itens para Relatar
Revisões Sistemáticas e Meta-análises) sendo realizado em fluxograma e
avaliado em duas etapas conforme o estabelecido no instrumento STARD 15.
Em função do método utilizado, o resultado foi de concordância entre os juízes
sendo classificada como uma concordância perfeita e uma confiabilidade das
atribuições dadas.
A partir do estudo, foi evidenciado que muitos artigos veiculados na literatura
trazem protocolos de avaliação direcionados ou não para os distúrbios
miofuncionais orofaciais produzidos por profissionais da área da motricidade
orofacial não validados metodologicamente. Esses estudos afirmam que o
fonoaudiólogo atuante em motricidade orofacial deve ser capaz de diagnosticar,
estabelecer um prognóstico e elaborar um plano terapêutico,
independentemente do protocolo escolhido.
Os protocolos mencionados nos estudos foram: “Questionnaire D’Alimentation”
(Qualidade de Alimentação), que tem como objetivo avaliar exclusivamente a
mastigação, conduzido com adolescentes, os quais foram questionados quanto
à frequência da dificuldade de mastigação. O protocolo MBGR, que tem como
objetivo ser mais detalhado e específico nas avaliações de motricidade
orofacial, esta proposta faz o uso de escores a partir de perguntas (breve
anamnese) que averiguam a realização das funções estomatognáticas e
também engloba aspectos envolvendo a comunicação, fala, audição, voz e
escolaridade. Envolvendo outra etapa de verificação das estruturas
oromiofuncionais, como a postura de cabeça e ombros, análise facial,
mobilidade e tonicidade dessas estruturas, entre outros. O diagnóstico é dado
por meio dos escores atingidos pelo paciente. Esse protocolo também poderá
ser utilizado na avaliação de indivíduos adultos que apresentam Disfunções
Temporomandibulares (DTM), tendo em vista que pessoas com esse distúrbio
podem apresentar alterações na postura habitual, mobilidade de lábios e
línguas, dentre outros.
O PROFITI (Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial para Indivíduos com
Fissura Labiopalatina), é um protocolo que está em processo de validação, foi
elaborado a partir do protocolo MBGR mas direcionado para pessoas
portadoras de fissura labiopalatina, com intuito de identificar e diferenciar essas
alterações estruturais no pré e pós- operatório das cirurgias corretivas das
malformações e cirurgias ortognáticas.
O AMIOFE (Protocolo de Avaliação Miofuncional Orofacial com Escores), foi
validado para a população de jovens e adultos, apresentando bons níveis nos
resultados da especificidade (80%) e sensibilidade (80%), possibilitando a
análise da aparência e condições posturais das estruturas orofaciais. Os
protocolos AMIOFE e MBGR são os mais utilizados na prática clínica
fonoaudiológica brasileira.
Portanto, a partir da revisão sistemática desses protocolos, concluiu-se que há
uma discrepância metodológica em relação ao tamanho da amostra e quanto
aos instrumentos utilizados na avaliação dos distúrbios miofuncionais
orofaciais. Desse modo, é sugerido que ocorram mais pesquisas na área com o
fito de promover uma prática fonoaudiológica baseada em evidências.
Em virtude das pesquisas, concluímos que é de extrema importância o
aumento dos estudos em relação aos protocolos de avaliação e diagnóstico
dos distúrbios miofuncionais orofaciais para que haja uma evolução da prática
fonoaudiológica em relação ao planejamento terapêutico.

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