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VOLUME 1
DIRETORES
COMITÊ EDITORIAL
VOLUME 1
Organizadores
Luiz Alex Silva Saraiva
Alexandre de Pádua Carrieri
Diagramação: Marcelo Alves
Capa: Arthur Roveda
Revisão: Os organizadores
E82 Estudos organizacionais e sociedade [recurso eletrônico] / Luiz Alex Silva Saraiva,
Alexandre de Pádua Carrieri... [et al.]. – Porto Alegre : Fi, 2023.
V. I ; 320p.
ISBN 978-65-5917-713-4
DOI 10.22350/9786559177134
CDU 303:314/316
1 9
ESTUDOS ORGANIZACIONAIS E SOCIEDADE: UMA NECESSIDADE, UMA AGENDA
Luiz Alex Silva Saraiva
Alexandre de Pádua Carrieri
PARTE 1
PRODUÇÃO SOCIAL DO COTIDIANO
2 17
PRODUÇÃO SOCIAL DO COTIDIANO: HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DA GESTÃO NA VIDA
ORGANIZADA NAS/DAS SOCIEDADES
Alexandre de Pádua Carrieri
(Krrieri ou só K)
3 33
A EDUCAÇÃO COMO UMA PROMESSA DA MODERNIDADE
Denis Alves Perdigão
4 75
HISTÓRIAS, MEMÓRIAS E SABERES POPULARES: REFLEXÕES E APROXIMAÇÕES COM
A GESTÃO ORDINÁRIA
Paula Gontijo Martins
Gabriel Farias Alves Correia
5 114
DE SPRAY NA MÃO: RESISTÊNCIAS DE GRAFITEIRAS EM BELO HORIZONTE
Alexsandra Nascimento da Silva
Fabiana Florio Domingues
Alexandre de Pádua Carrieri
PARTE 2
CIDADES, TECNOLOGIAS E DIFERENÇAS
6 149
CIDADES, TECNOLOGIAS, DIFERENÇAS E VIDA SOCIAL ORGANIZADA: PASSOS DE
UMA AGENDA INTEGRADA
Luiz Alex Silva Saraiva
7 175
ENTRE O VISÍVEL E O INVISÍVEL: OS VÍNCULOS TRANSITÓRIOS ENTRE A CIDADE E AS
VIDAS QUE NÃO GERAM ACÚMULOS
Bruno Eduardo Freitas Honorato
8 213
CONTATOS NÃO TÃO IMEDIATOS EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS: FAZER
PESQUISA SÓCIO-ESPACIAL COM OS “MALUCOS DE ESTRADA” EM BELO HORIZONTE
Jessica Eluar Gomes
9 258
BLACK MONEY E AFROEMPREENDEDORISMO
Elisângela de Jesus Furtado da Silva
Ana Flávia Rezende
Danielly Mendes dos Santos
1
Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Associado da
Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. E-mail: saraiva@face.ufmg.br.
2
Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Titular da Faculdade
de Ciências Econômicas da UFMG. E-mail: alexandre@face.ufmg.br.
10 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
REFERÊNCIAS
Hobsbawm, E. & Ranger, T. (1997). A invenção das tradições (6a ed). Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1997.
14 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
(Krrieri ou só K)
1
Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Titular da Faculdade
de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: ale.krrieri@gmail.com.
18 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
Correia; Carrieri, 2019; Carrieri et al., 2018; Barros & Carrieri, 2015;
Carneiro, 2016; Costa & Silva, 2019). Os mesmos autores retratam que a
discussão histórica na Administração avançou no sentido de discutir a
gestão (management history), as histórias dos negócios (business history)
e das organizações (organizational history). No entanto, consideramos
importante discutir e avançar em novas visões e abordagens no campo,
incentivando trabalhos direcionados às memórias da gestão e dos
sujeitos que vivenciaram os acontecimentos no âmbito do próprio
trabalho, em seu cotidiano e na vida organizada da sociedade. Cabe
destacarmos, sobretudo, a visão localizada do território que ocupamos.
É impossível falarmos de uma ciência administrativa brasileira sem
considerarmos um passado de aniquilação da população indígena da
região e a negra trazida para a região. É preciso retomarmos os
ensinamentos indígenas de contato com a natureza que sofreram
diversas tentativas de apagamento ao longo de nossa história. De igual
modo, não cabe falarmos dos Estudos Organizacionais se não
estivermos atentos ao nosso passado escravocrata pautado no trabalho
à base da violência como instrumento de competitividade no mercado.
Estes aspectos influenciam, direta ou indiretamente, nossos modos de
gerir, ser e estar no território brasileiro, bem como em nossas práticas
e estratégias cotidianas.
A tríade dialética entre vida organizada, história e memória e
cotidiano produz para o grupo uma encruzilhada. Este termo
encruzilhada já é trabalhado por Martins (2021a, p. 50) e é utilizado
como “conceito e como operação semiótica que nos permite clivar as
formas que daí emergem”. Ao pensar a encruzilhada temos que explorar
Alexandre de Pádua Carrieri • 29
REFERÊNCIAS
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Trivizas, E. & Oxenbury, H. (1996). Os três lobinhos e o porco mau. São Paulo: Brinque-
Book.
1
Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Adjunto da
Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: denis.perdigao@ufjf.br.
34 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
Pública
Ano Total Total Federal Estadual Municipal Privada
2
PROUNI – Programa Universidade para Todos.
3
FIES – Financiamento Estudantil.
4
REUNI – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais.
Denis Alves Perdigão • 49
5
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
6
Pronunciamento realizado em 29/08/2012 na cerimônia de sancionamento da Lei 12.711.
50 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
fazer face a esses dois desafios, não apenas a um. Nada adianta eu manter
uma universidade fechada e manter a população afastada em nome da
meritocracia. Também de nada adianta eu abrir universidade e não
preservar a meritocracia.
cultural. Embora sejam seduzidos por esse sentido de sucesso que o pop-
management busca legitimar, a classe social da ralé brasileira (Souza,
2009), enquanto uma classe subcidadã, não consegue corresponder à
sedução. Configura-se, portanto, como excluída, pois como esclarece
Tonelli (2001, p. 10), os excluídos são, justamente, “[...] aqueles que não
conseguem, apesar de seduzidos, corresponder à dedução”.
Por outro lado, a sociedade, em um sentido geral, não percebeu
ainda que essa concepção de sucesso é uma construção influenciada,
principalmente, pelos valores capitalistas americanos, que atendem,
portanto, a interesses relacionados à colonização de nosso País. O
sucesso, assim como o gosto (Bourdieu, 2013), passou a ser uma criação
social influenciada pela elite dominante. A sociedade, como um todo,
carece de uma reflexão sobre outras possibilidades de sucesso, outros
sentidos.
7
Embora as pesquisas de P. Bourdieu tenham sido realizadas na França e digam respeito ao sistema de
ensino francês, o autor nos convida a ultrapassar a leitura particularista buscando verificar a pertinência
e alcance de suas teorias à nossa realidade local (Bourdieu, 2011a).
62 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
REFERÊNCIAS
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INEP. (2011). Censo da educação superior 2010: resumo técnico. Brasília: Ministério da
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Denis Alves Perdigão • 73
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Organizações & Sociedade, 9(24), 39-51.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1
Doutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora Substituta na
Universidade Federal de Alfenas. E-mail: pgontijomartins@gmail.com.
2
Doutorando em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Substituto na
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. E-mail: correiagfa@gmail.com.
76 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
OS SABERES POPULARES
A GESTÃO ORDINÁRIA
Muitas vezes bem debaixo do nariz do poder, dando força à massa anônima
e a sua subversão silenciosa. Gente agindo como toupeiras, minando os
edifícios bem instalados da moral e da lei, sem objetivos políticos
determinados. Pequenas subversões sem propósitos, mas que temperam o
cotidiano de ‘maravilhas’ como ‘festas efêmeras que surgem, desaparecem
e voltam’ (Sousa Filho, 2002, p.132).
o cotidiano não pode ser considerado constante, mas como aquele que
pode ser construído e reconstruído. Os sujeitos que estão envolvidos na
construção do cotidiano se identificam com formas variadas de existir
diferentes umas das outras, sendo impactados pela forma de organizar
o tempo e pelos contextos em que estão inseridos em uma estrutura
social. É por isso que Cantoral-Cantoral (2016, p.74), afirmou que o
“acontecer cotidiano se encontra organizado por um tecido de tempos e
espaços que garantem a reprodução da ‘ordem social’ construída e
dinamizada [...]”
O estudo que envolve o cotidiano abarca, sobretudo, as ações dos
sujeitos, suas formas criativas e não lineares de apropriação do real. O
comprometimento com o realce de interações que são múltiplas
permite uma oposição à história hegemônica (Joaquim & Carrieri, 2018).
Estudar o cotidiano possibilita ainda identificar a forma com que as
grandes estruturas afetam as ações cotidianas das pessoas comuns,
além de permitir a reflexão de como essas ações são compreendidas e
rebatidas, confrontadas por meio de pequenas astúcias que resistem à
dominação (Gouvêa, Cabana & Ichikawa, 2018; Wanderley & Barros,
2018; Correia, Pereira & Carrieri, 2019; Martins, 2021).
O trabalho com o cotidiano tem sido utilizado em termos de gestão
por meio das reflexões denominadas por Carrieri, Perdigão e Aguiar
(2014, p.700) de gestão ordinária. Para os autores, ela é a “gestão realizada
no cotidiano dos pequenos negócios e constitui uma prática social e
cultural formada por uma pluralidade de códigos, referências, interesses
pessoais e relacionais”. Ela se refere à gestão exercida por pessoas
comuns, à gestão popular de seus cotidianos, de acordo com suas diversas
Paula Gontijo Martins; Gabriel Farias Alves Correia • 95
“sonho com uma ciência – digo mesmo uma ciência – que teria por objeto
esses espaços diferentes, estes outros lugares, essas contestações míticas e
reais do espaço em que vivemos. Essa ciência estudaria não as utopias, pois é
preciso reservar esse nome para o que verdadeiramente não tem lugar algum,
mas as hetero-topias, espaços absolutamente outros” (Foucault, 2013, p.21).
3
Conversa informal com pescadores na associação de pescadores de Cumuruxatiba, distrito de Prado,
Bahia, em agosto de 2019.
102 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
4
Pesquisa realizada nos meses de fevereiro e março de 2018, em vigem para o Estado de Oaxaca, México.
Paula Gontijo Martins; Gabriel Farias Alves Correia • 103
5
Pesquisa realizada nos meses de janeiro e fevereiro de 2019, em viagem para a cidade de Caldeirão
Grande, Bahia.
104 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
6
Fragmentos de pesquisa realizada como trabalho de doutorado de Martins (2021).
Paula Gontijo Martins; Gabriel Farias Alves Correia • 105
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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e suas práticas: o caso da Cafeteria Will Coffee. Revista de Contabilidade e
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110 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
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Paula Gontijo Martins; Gabriel Farias Alves Correia • 113
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Organizações e Sociedade, 9(24), 39-51.
DE SPRAY NA MÃO: RESISTÊNCIAS
5
DE GRAFITEIRAS EM BELO HORIZONTE
Alexsandra Nascimento da Silva 1
INTRODUÇÃO
1
Administradora na Universidade Federal de Minas Gerais. Mestra em Administração pela Universidade
Federal de Minas Gerais. E-mail: Alexsandra.n.silva@gmail.com.
2
Professora da Professora da Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Cachoeiro de
Itapemirim. Doutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail:
fabianafd@gmail.com
3
Professor Titular da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: ale.krrieri@gmail.com.
Alexsandra Nascimento da Silva; Fabiana Florio Domingues; Alexandre de Pádua Carrieri • 115
O GRAFITE
1960 e 1970. Foi nos anos 1980 que os grafites se consagraram como
linguagem artística, quando conquistaram espaço na mídia e chegaram
a ser expostos inclusive na Bienal (Gitahy, 1999). Nas revoltas de maio
de 1968, os estudantes escreveram as suas reivindicações nas paredes,
e, em pouco tempo, elas se espalharam pela cidade. Por serem
manifestações subversivas, elas eram feitas à noite, no intuito de seus
autores se esconderem das autoridades policiais. Para Ivo (2007) e
Furtado e Zanella (2012), os espaços urbanos são meios de comunicação
e espaço para expressão de grupos e indivíduos. E, nesse contexto, o
grafite seria uma arte rebelde, e o discurso do hegemônico a seu
respeito é que se trata de uma poluição visual.
O suporte para o grafite não é apenas o muro, mas é a cidade como
um todo, estando presente também em postes, calçadas, chão,
escadarias que são preenchidos por imagens enigmáticas repetidas
várias vezes à exaustão, sob influência da Pop Art. Suas mensagens,
dentre diversas possibilidades de sentido passam por várias questões
tais como a crítica social ou o humor com fins de descontração e se
contrapõem aos outdoors e às publicidades, procurando ser uma
expressão que convida as pessoas para o diálogo ao invés da posição
passiva a que os indivíduos são submetidos enquanto consumidores
(Baudrillard, 1979; Gitahy, 1999).
Os grafites eram considerados expressões de grupos
marginalizados, eles são desenhos pautados numa estética que não é a
oficial e veiculam mensagens transgressoras, ou não-mensagens, de
acordo com Baudrillard (1979). A própria existência deles já é um desafio
às normas, pois os muros devem ser mantidos em branco. No entanto,
122 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
o lugar de fala das mulheres, de modo que tudo sobre as mulheres foi
inicialmente dito por um homem. As vozes nunca são neutras.
Saffioti (2001), Fonseca (2018) e Tiburi (2018) definem o patriarcado
como algo que representa uma estrutura tida como natural, que
favorece uns ao passo que desprivilegia outros na sociedade, por meio
da violência. O patriarcado, para se manter, jamais dará espaço ao
feminismo, por isso é preciso a luta para que as mulheres saiam deste
lugar de subalternidade. Para Fonseca (2018), no patriarcado, a mulher
foi criada como um outro para a servidão, tal qual no sistema capitalista
em que o trabalhador é escravo.
METODOLOGIA
RESISTÊNCIAS E IRRESISTÊNCIAS
passassem por ali iriam terminar o mandato vivo. Ainda de acordo com
Luana, a praga pegou, porque três governadores morreram e dois, que
não terminaram o mandato, morreram também. Ela acrescenta dizendo
que ela será novamente retirada da Praça da Liberdade junto com os
tapumes, ao final da obra. A outra era de um morador da praça . Isto
demonstra que há sim uma reflexão a respeito sobre o significado do
grafite ali na praça, e não podemos supor que a mera presença do grafite
ali significa a sua perda de sentido de resistência, apesar de todas as
críticas que se pode fazer a uma arte de rua em um local elitizado. Gitahy
(1999) traz também essa questão do grafite sair da rua e ir para espaços
mais elitizados, no caso, as galerias de arte. No entanto, para este autor,
isto não quer dizer nada em relação ao teor de resistência e transgressão
da obra, que permanece a mesma.
Como diz Lazzarato (2010), o capital destrói as subjetividades como
consequência dele mesmo criando oportunidades para se pensar
diferente. Então, ao mesmo tempo que vemos uma arte que surge como
resistência ser cooptada pelo capital, virando produto e espetáculo, o
resistir a isto aparecerá na reinvenção daquela arte. Então, é uma arte
que sai da periferia, mas que não se esvazia do seu significado – ele se
reinventa. Sobre isto, Betânia comenta:
Então, eu tenho visto que tem crescido, assim. Muito recentemente, mas
existe um viés. É muito doido, né, como é que também, o sistema dá um jeito
de se apropriar, né?! É uma cultura e uma arte, que ela nasce de contramão,
é totalmente uma crítica à sociedade, né, mas aí, hoje em dia, tipo assim, a
Nike quer grafite nas roupas dela. As grandes marcas, a Coca-Cola quer um
grafite na latinha dela... Então, o grafite, ele pode ser associado a muita
coisa, pelo mercado, sabe?! (Betânia)
134 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
(...) É... eu não faço trabalho comercial. A gente fala que trabalho comercial
é quando a pessoa paga, fala o que quer que a gente pinta, e a gente pinta,
né: “Ah, eu quero uma borboleta ou não sei o que, na minha casa”. Eu não
me identifiquei com esse tipo de trabalho. Tem pessoa que trabalha só com
isso, grafiteiro que vivem disso, mas eu não me identifiquei, assim. Então
eu busquei que meu traço tivesse uma força que as pessoas quisessem
aquele trabalho específico. Quisessem a indígena, não a borboleta. Não
desmerecendo a borboleta, porque a borboleta é linda. (risos)
a uma arte cuja própria produção passa a ser algo a ser assistido e
fotografado, conforme vimos na Praça da Liberdade.
Outra possibilidade da carreira de grafiteira é atuar como agente
cultural, como nos conta Luiza:
Hoje eu faço um curso de agente cultural que eu tô tendo uma base, mas
isso é hoje, depois de muitos anos que eu tô correndo atrás disso. E assim,
muita coisa, eu fui aprendendo, errando, quebrando a cabeça... lendo,
entendendo, perguntando pro outro que eu sabia que entendia, que tinha
paciência de explicar... então foi muito por essa linha assim. E eu acho que
artista no Brasil, todo mundo já sabe, né?! (...) E é uma resistência mesmo.
Você colocar seu próprio dinheiro, seu próprio material, seu próprio tempo,
que o tempo também... quanto tempo você vai escutar.... isso eu, não muito,
mas, eu sei das meninas que escuta a família falando “nossa, que você tá
ganhando com isso, né?! Nossa, tá perdendo dia em rua”...então, assim,
muito... tem gente que escuta isso até hoje.
4
Crew é um termo que indica um grupo de grafiteirxs.
Alexsandra Nascimento da Silva; Fabiana Florio Domingues; Alexandre de Pádua Carrieri • 137
E eu acho que artista no Brasil, todo mundo já sabe, né?! Então assim, se a
gente não correr atrás... eu acho que é o mínimo assim, que a gente tem um
pouco de acesso, pra gente querer mover um pouco. (Luiza)
Porque, o grafite, ele é uma arte, que se pode ganhar dinheiro com ela. Mas,
as pessoas que fazem grafite, elas gostam de pintar por pintar também. Ela
num quer o tempo todo ganhar dinheiro. Às vezes, ela quer sair e pintar de
bobeira, pra dar um rolê, conversar, trocar ideia... ficar ali sozinho... então,
o grafite é uma arte, que ela tem essa possibilidade. Então, as pessoas, às
vezes, elas não entendem isso. (Luiza)
caráter crítico? Existe uma essência do grafite ou ele é algo que vai se
transformando ao longo do tempo?
Para Guattari e Rolnik (1996), a criação da arte já se constitui em
um ato de resistência, porque não há sistemas para controlar sua
criação, assim o caráter crítico do grafite ainda está presente na sua
produção. No entanto, há formas de controlar sua distribuição e
consumo, o que contribui para sua cooptação pelo capitalismo. Nesse
contexto, a subjetividade criada possui elementos de resistência, mas
também colocam as pessoas em uma relação semiótica em que tudo vira
uma relação de consumo, inclusive os próprios artistas, uma vez que
existe apenas uma subjetividade com o poder de absorver todas as
demais – a subjetividade capitalística – considerando o capital torna-se
o estruturante das relações humanas.
A produção de subjetividades se dá via sujeição social e servidão
maquínica (Lazzarato, 2010), sendo que, na sujeição, o indivíduo recebe
uma subjetividade quando é entregue a ele uma identidade pré-
fabricada, para atender as necessidades do capital. Paralelamente, na
servidão maquínica, ocorre uma dessubjetivação, uma destruição da
consciência. É na intersecção desses movimentos que há a possibilidade
de construção de uma nova subjetividade, com oportunidade para a
singularização. Neste sentido, é difícil constituir uma resistência
porque é preciso pensar em novas instituições a nível macropolítico
para representar uma barreira a isto.
A produção de subjetividades é elemento importante para todo tipo
de produção, e no grafite não é diferente. As grafiteiras são trabalhadoras
sociais, pois desenvolvem um trabalho pedagógico ou cultural voltado
140 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
Nesse contexto, constitui uma resistência definir onde vai ser realizada
a pintura, ao passo que só pintar em lugares autorizados denota certa
passividade.
Para Baudrillard (1979), escrever seu nome na parede já é um modo
de resistência no meio da subjetividade massificada, pois é um tipo de
desvio da norma e esforço de singularização. Ainda para o autor os
grafites, quando reprimidos e considerados apenas como meras obras
de arte, foram cooptados pelo sistema. No entanto, acreditamos que
nem sempre essa visão do autor é verdadeira, uma vez que podem haver,
sim, signos transgressores ocultos nas obras que passam despercebidos
para quem não tem olhos treinados para percebê-las.
Conforme Rink e Mattrau (2010), os grafites e pichações podem ser
interpretados como processos de subjetivação pois envolvem criação. É
importante buscar modos criativos para lidar com o mundo e produzir
resistência pela propriedade de vencer a força que assujeita produzindo
novas formas de viver. Os autores ainda argumentam que, para alguns,
o grafite da atualidade se tornou a pichação permitida e por isso morreu
politicamente. Mas, por outro lado, “a prática de grafitar se vista pela
ótica de um conceito corresponderia à possibilidade de cidadãos e
pessoas desconhecidas atuarem subversivamente no cenário público”
(Rink & Mattraup, 2010, p. 87). Se o grafite foi engolido pelo capitalismo,
pensaríamos na lógica de um capital que produz exclusivamente
consumidores; nesta visão, o grafite não poderia ser outra coisa além de
mercadoria. No entanto, não concordamos com essa visão de que o
grafite deve ser uma coisa ou outra, e sim que as duas possibilidades
coexistem, sendo o grafite mercadoria e resistência ao mesmo tempo.
Alexsandra Nascimento da Silva; Fabiana Florio Domingues; Alexandre de Pádua Carrieri • 143
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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PRIMEIROS PASSOS
1
Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Associado da
Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail:
saraiva@face.ufmg.br.
150 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
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ENTRE O VISÍVEL E O INVISÍVEL:
7
OS VÍNCULOS TRANSITÓRIOS ENTRE A CIDADE
E AS VIDAS QUE NÃO GERAM ACÚMULOS 1
Bruno Eduardo Freitas Honorato 2
1
O termo “vidas que não geram acúmulos” foi tomado de empréstimo de Mendes (2007).
2
Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Adjunto da
Universidade de Brasília. E-mail: brunoefh@gmail.com.
176 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
3
Especialmente no que diz respeito às populações vulneráveis, a questão da consciência, no sentido de
escolha racional, é problemática. A “opção” ou “escolha”, para essas populações, sempre vem
acompanhada de um estigma que a deslegitima: o estigma da “inconsciência” ou da incapacidade de
decidir. A depender da linha argumentativa que se opta, essa inconsciência pode ser atribuída a um
trauma anterior que “quebra” a psiquê do indivíduo; a questões de ordem temporária e condicionadas
a situação de extrema vulnerabilidade em que o sujeito está inserida; ou mesmo, em uma noção mais
determinista, a uma condição genética. O entrelaçamento entre a situação de rua, adoecimento mental
e utilização de drogas lícitas e ilícitas, compõe um dos principais tópicos que torna a situação de rua
uma questão social de alta complexidade.
Bruno Eduardo Freitas Honorato • 177
4
Abreviação de População em Situação de Rua.
Bruno Eduardo Freitas Honorato • 179
5
O termo “produção” é utilizando em seu sentido amplo, seguindo conceituação de Henri Lefebvre
(1998). Para esse autor, os homens enquanto seres sociais produzem sua vida, história, consciência,
imaginação e seu mundo. Toda a realidade que se pode observar, toda a natureza que se pode imaginar
é uma produção humana, isto é, efeito de uma permanente construção (simbolização) realizada pelo
homem no cotidiano (no plano dos sujeitos em ação) de suas vidas.
Bruno Eduardo Freitas Honorato • 187
apropriação das demandas sociais por meio dos debates, como afirma
Decreto s/n (2008, p.2),
6
Movimento Nacional de População de Rua.
194 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Bruno Eduardo Freitas Honorato • 211
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CONTATOS NÃO TÃO IMEDIATOS 1
8
EM ESTUDOS ORGANIZACIONAIS:
FAZER PESQUISA SÓCIO-ESPACIAL COM OS
“MALUCOS DE ESTRADA” EM BELO HORIZONTE
Jessica Eluar Gomes 2
1
Em alusão ao filme de 1979, Contatos Imediatos de IV Graal, que trata da Sociedade Alternativa (Costa
& Musse, 2016), para enfatizar que são muitas as mediações culturais que antecedem e permeiam as
interações sociais.
2
Mestra em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Funcionária do Banco de
Desenvolvimento de Minas Gerais. E-mail: jessica.eluargomes@gmail.com.
214 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
3
Nem todos os entrevistados se denominam hippies. Alguns se chamam de “malucos de BR”, “malucos
de estrada”, “micróbios”, “artesãos nômades” ou, simplesmente, “malucos”. Utilizei a nomenclatura
“maluco de estrada” por ser essa mais difundida e aceita pelos entrevistados. O termo hippie foi utilizado
em alguns momentos por ser a forma socialmente reconhecida e por ser também mencionada pelos
entrevistados. A própria visão dos artesãos sobre si como um grupo coeso ou não, como um grupo que
pode ser chamado de hippie ou não é parte dos resultados da pesquisa.
Jessica Eluar Gomes • 217
4
Motivo pelo qual, inclusive, o termo sócio-espacial é grafado por esse autor assim mesmo, com hífen,
enfatizando cada dimensão e contrariando a norma culta da língua portuguesa vigente.
224 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
Não se pode negar que ocorria, para além da pesquisa, outro processo
de construção identitária, o meu, que é o único lugar a partir de onde eu
falo. O próprio fato de eu estar lá também já possibilitava novas
interações e construções entre membros e não-membro do grupo,
sendo de partida utópica a tentativa de tornar invisível quem fez a
pesquisa.
O maior valor da pesquisa junto aos ‘malucos de estrada’, sem
dúvida, foi a escuta da percepção de cada indivíduo sobre sua situação
de vida em geral. As falas, expressas no trabalho, são o registro das
vivências no campo e das conversas com entrevistados que sempre
situavam historicamente os movimentos que conheciam e/ou tinham
vivido, localizavam os acontecimentos em seus contextos de vida,
observando o ambiente político a sua volta e as construções sociais
reproduzidas em cada momento e espaço.
O fato de estar na Praça, no território dos malucos foi fundamental
para perceber as interações dentro e fora do grupo. As interrupções das
entrevistas por clientes que se interessavam pelo artesanato ou por
outro artesão que vinha oferecer comida, pedir material emprestado ou
dicas para a confecção de uma peça foram fundamentais para compor
minha percepção geral. Em alguns momentos, eram justamente tais
interrupções que faziam fluir as entrevistas, fugindo ao roteiro
previamente estabelecido, mas enriquecendo os diálogos com histórias
já vividas com alguém que passava. Um exemplo disso foi uma das
entrevistadas, Amana , que se emocionou ao ver passar um jovem que
5
5
Nomes fictícios.
Jessica Eluar Gomes • 225
ela havia ajudado a criar quando viajou com a família dele, ou o Arthur,
que falava comigo enquanto orientava sua filha a tomar o sorvete sem
se sujar.
A intenção era a de inserir-me no território, compartilhar o mesmo
espaço, passar o dia todo em interação, conversando, observando-os e
repetir isso por algumas vezes, conhecendo e ganhando a confiança dos
indivíduos do grupo. Assim, colocando-me ali, sentada no chão, fazendo
artesanato, vivendo um pouco, muito pouco certamente, do que é ser
‘maluco de estrada’, pude perceber o olhar dos transeuntes sobre mim,
o olhar dos demais artesãos sobre mim, as relações identitárias se
construindo. A observação participante, que fiz na pesquisa, tem
justamente o mérito de abordar as pessoas “enredadas em relações
sociais que são importantes para elas” (Becker, 1999, p. 76). São
justamente essas restrições sociais que o pesquisador está interessado
em conhecer, pois são elas que tornam “difícil para as pessoas que ele
observa fabricarem seu comportamento segundo o que acham que o
pesquisador poderia querer ou esperar”.
A observação participante é uma estratégia de campo que combina
a um só tempo a participação ativa com os sujeitos, a observação
intensiva em ambientes naturais, entrevistas abertas informais e a
análise documental. A observação participante “refere-se a uma
situação onde o observador fica tão próximo quanto um membro do
grupo do qual ele está estudando e participa das atividades normais
deste” (Mann, 1975, p. 95), também envolve a introspecção, sendo uma
construção da visão do pesquisador sob diversos ângulos (Denzin &
Lincoln 1994).
226 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
(01) [Se] alguém chamar: “Ô hippie”, eu nem olho. Sou artesão, trabalho com
arte. Não existe nem nunca teve aqui [um movimento hippie]. O pessoal aqui
foi no embalo da turma de lá, entendeu? Nunca teve. Existe uma cultura
própria do artesão, que tem muita comunidade que o pessoal é ali fechado,
que tem sua cultura de subsistência. A educação dos filhos em escola, eles
mesmo que educam. Tá todo mundo fechado. É tudo pessoal da antiga
mesmo, que é um pessoal já de idade, entendeu? (Arthur)
6
Nesta e nas demais transcrições das entrevistas não levei em consideração os eventuais erros
linguísticos e gramaticais, visto que minha intenção foi preservar a espontaneidade das expressões dos
entrevistados.
7
A antropologia e a administração intensificaram relações, especialmente na década de 1980 (Jaime,
1996), sendo a etnografia, por exemplo, adotada por pesquisadores na área da administração nos
variados contextos, entre o quais posso citar: Zimmer (2009), Flores-Pereira e Cavedon (2009), Tureta
(2011), Pinto e Santos (2012), Oliveira e Cavedon (2013), Davel e Santos (2015).
228 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
DOS CHOQUES
(02) Movimento hippie, não. Existe uma cultura, de malucos de estrada, uma
malucada. Tem cara que chega aqui e não cumprimenta, “Olá! Bom-dia”.
Tem gente que vem aqui, faz um brinco, um colar, aprende na internet. É
isso que nós chamamos hippies, porque são burgueses, que vem, faz umas
coisas aí, passam por hippie, mas não têm nem ideia do que é nossa cultura.
Jessica Eluar Gomes • 229
Não troca ideia, não nos respeita. Chega com sainha curtinha... Nós não
aceitamos isso, pra não ter briga entre nós. Somos sérios. Mulheres são
sérias. Não pode chegar aqui mostrando as pernas aqui. (Juan)
Neste trecho (02), Juan afirmou existir uma cultura dos malucos e
que muitas pessoas desconhecem isso, acreditando que apenas o fato de
chegar fazendo o artesanato já os colocaria dentro do grupo, mesmo
tendo apenas aprendido a técnica na internet. Esses que tentam se
passar por malucos é que seriam os hippies, na visão dele, por serem
burgueses e não respeitarem a cultura. O respeito implicaria então, o
seguimento das regras, para que não houvesse conflitos internos. Entre
as práticas das pessoas de fora que desrespeitam o grupo, Juan
apresentou exemplos como: não cumprimentar, não trocar ideia e não se
adequar ao padrão de vestimenta aceito, visto na fala chega com sainha
curtinha. Nós não aceitamos isso. O fato de serem homens e mulheres
sérios é o que justifica que os corpos devem ser cobertos em respeito uns
aos outros. Ou, como ficou ainda mais claro neste outro trecho de
entrevista:
(03) Então, hoje em dia é totalmente diferente. Uma mulher, pra virar hippie,
tá ligado, no mínimo, ela tem que ter um saião até o joelho, tem que ter uma
calça por baixo do saião, ela tem que usar uma blusa, um topper e outra blusa
por cima, porque nós ficamos 24 por 48 horas juntos, cara, homem e mulher.
Então não preciso falar mais nada, né, cara. Homem e mulher dá choque,
venhamos e convenhamos. É uma convenção...
Porque têm pessoas casadas no meio, né, velho...
Então, não fica muito legal minha mulher ficar sentada e o cabra ficar
olhando pras pernas dela ou alguma coisa assim. Não que não aconteça,
porque, venhamos e convenhamos, acontece mesmo, mas é pra evitar.
(Miro)
230 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
Me pediram para tirar fotos com elas, para colocar no Facebook. Todas
tinham celulares. Luana disse que ia me dar uma ideia. Falou para não eu
não me sentar com saia curta no pano de maluco. Disse: “Ah! A gente gosta
da saia comprida. É mais bonita... Mas não é só isso. Maluca é muito
ciumenta. Se você tiver falando com o namorado dela e ela tiver bêbada, já
vai chegar te dando voadora”. Me disse que, para evitar problema, era
melhor eu ter cuidado. A Graziela disse que às vezes até usa saia no joelho,
mas aí coloca uma calça por baixo. E levantou a saia para me mostrar que
estava de calça, pois às vezes precisa usar as pernas e pés para fazer algum
trampo e pode ficar à vontade. As outras concordaram e me disseram para
eu também chegar primeiro conversando com a mulher que estiver por
perto, nunca com o homem, porque a maior parte ali na praça era de casal.
E Luana disse que, como maluco chama muita atenção, as “cocotinhas”
gostam. (Trechos de diário de campo)
no fim das contas, portanto, meu intuito ao estar ali naquele dia deveria
ser o de conquistar algum dos malucos e não o de fazer pesquisa. Para
minha subjetivação da construção cultural, não havia problema nenhum,
justamente por ser um domingo de sol e calor, não faria sentido usar duas
blusas de manga sobrepostas com saia longa sobre calça. Mas, quando na
“Roda de Lulu” as mulheres me repreenderam, aprendi de forma explícita
que era necessário respeitar os códigos para estar ali e, só
posteriormente, refletindo sobre o processo, é que elaborei como aquela
roda foi um rito de passagem meu entre as mulheres do grupo.
A sensação logo depois que saí da praça foi de estar inadequada e
culpada, pois de certa forma eu havia invadido o espaço delas, sem me
aproximar das mulheres primeiro, sentia como se tivesses ferido a um
tácito código de ética feminino, mas que, como percebi ao me deter um
pouco mais na questão, mais do que tudo reforça a rivalidade entre
mulheres e é pautado em padrões heteronormativos de dominação
masculina e disputa pelo falo. Hoje, acredito, um dos meus focos da
pesquisa no/do grupo social seria o de tensionar o pensamento dicotômico
instituidor do sexo e definidor do gênero e da ação compulsória da
heterossexualidade. Sobre a relação heterossexualidade versus
homossexualidade, por exemplo, não tenho dados para validar, pois não
fiz este recorte nos questionários. Certo é que não registrei em nenhum
relato sobre casal homossexual no grupo dos ‘malucos de estrada’, também
não me lembro de ter conversado com nem ouvido falar sobre alguma
pessoa transexual no grupo. Assim, a partir do que observei, suponho
apenas que haja dois únicos gêneros representados prioritariamente, com
seus papeis muito marcados na cultura dos malucos.
Jessica Eluar Gomes • 235
vezes tive medo da polícia, tive medo de ser assaltada, agredida, senti
ainda mais como estar na rua é estar exposta; com minha quase
nenhuma experiência tão intensa na rua, mal consigo imaginar o medo
que todas essas mulheres sentem. Se as malucas constroem couraças é
porque pode ser necessário para aguentar a dureza do asfalto. Aprendi
muito com a força e o olhar delas. Hoje talvez eu reagisse de forma
diferente a cada situação, mas somente por me permitir ir mais fundo
em muitos conflitos internos, resultando em muitas desconstruções dos
meus valores, todo o tempo.
A cobertura do corpo com saia até os pés e várias blusas de manga
comprida que, tal qual uma burca, podem ser consideradas
aprisionadoras, podem esconder e isolar a mulher, além de uniformizar
a aparência e apagar a subjetividade. Mas, é necessário expandir a
percepção para o fato de que eu também não posso dizer que tenho um
corpo livre por ser o uso de saia curta ou short permitido em minha
cultura ocidental, há diversas outras prisões inscritas em meu corpo
mais ou menos sutis. Fiz essas considerações de ordem particular, que
julgo importantes para situar as percepções feitas sob o meu olhar, e
ressalto que, assim como a burca pode não incomodar às muçulmanas,
o uso da saia longa foi reafirmado pelas ‘malucas de estrada’, como
vimos, e, mais ainda, que não é possível separar as mulheres que usam
porque querem daquelas que usam por uma questão social,
considerando que todas foram socializadas nessa cultura. Como bem
analisou Ferreira (2013, p. 184), “considerar que toda mulher que usa
burca é submissa e deve ser ‘salva’ pelos ocidentais é tão violento quanto
obrigá-la a usar tal vestimenta. É importante dizer que o véu não subtrai
238 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
DAS EXPANSÕES
8
Grupo social nascido na Holanda, na década de 1940. Responsável por antecipar os questionamentos
à ordem social e propor, por exemplo, o abandono dos automóveis e o uso do transporte público,
marcado pelas bicicletas brancas de propriedade coletiva. Ligados ao movimento feminista, os Provos
defendiam libertação sexual da mulher, a adoção de métodos de contracepção e a disseminação da
242 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
educação sexual. Pode ser considerado um dos resultados das manifestações dos Provos na sociedade
holandesa o reconhecimento, não jurídico, mas fatual, do uso de drogas leves e política de contenção
de dano das drogas pesadas (Guarnaccia, 2001).
Jessica Eluar Gomes • 243
um novo? É tentar um novo. Olha, pra você ver: você nasce, você já nasce
com uma coisa pronta e que antigamente era bem mais forte de “faz o que
eu mando e guarda o que você sabe, entendeu?” E, como se sabe, se cada ser
humano é único. Todos nós somos feitos de conviver com o outro, do que
você vê, do que você percebe, do que você convive, das pessoas com quem
você convive. Então, você vai virando dentro de você um porquê, uma
vontade de trilhar um caminho. E, muitas das vezes, o sistema, que que ele
faz? Você olha pra dentro da escola hoje. O que que é essa escola? É uma
escola falida! Por quê? Porque você vai dentro da escola, muitas das vezes,
e o próprio professor que tá ali dentro (... ) quer passar o que ele acha. E ele
é o dono daquele saber ali. E ele quer fazer com que todos os alunos pensem
como ele ali, senão ele vai ser excluído. Uma coisa muito que chamou a
atenção comigo: “dê a sua resposta, sua opinião”. Aí, você dá sua opinião e
você tira zero na prova por que não era a opinião do professor, não era
aquilo que ele queria. No fugir disso, você consegue perceber, você começa
a perceber que tem um furo ali. (Amana)
(06) A sociedade tem resistência, uma resistência aos meus dogmas, à minha
ideia de vida. Ao mesmo tempo, eu me sinto um pouco parceira, porque, ao
mesmo tempo que eles são resistência pra mim, eu sou resistência pra eles.
Então, há aí um choque, e nesse choque... Quando você tem um choque com
uma pessoa, você tá querendo entender ela. Então, em muitos momentos, as
pessoas começam a compreender, em muitos lugares, como eu tô tendo com
você aqui agora, a gente acaba tendo direito à fala. Muitos lugares já é uma
exclusão. Então, aqui você não entra, né. Do seu jeito, não. Só se você mudar.
Hoje é menos, antes era mais. Eu já tive, muitas vezes, de você ser mandado
embora do local por você não saber dos seus direitos. Hoje não. Hoje, pra
você ver, eu estou dentro de uma escola. Às vezes, não tão estereotipada, mas
com uma ideia que continua a mesma dentro da cabeça. No momento que eu
estou com educadores, eu posso me expressar. É uma resistência. Em alguns
momentos, ela não é boa, mas é precisa. Eu aprendo também a respeitar o
sistema e até dentro do próprio sistema eu tento me colocar e ser respeitada,
me impor com respeito. (Amana)
244 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
Como diz Sartre (2003, p. 383), “não é suficiente que eu negue a mim
o outro para que o outro exista, mas é preciso também que o outro me
negue a si, em simultaneidade com minha própria negação. É a
facticidade do ser-para-outro”. Há uma negação instantânea recíproca
entre o “eu” e o “outro”, mas, ao mesmo tempo, como esses não têm
como se negarem a si mesmos, estão se “colidindo entre si”, e a partir
desse momento, não há como retroceder, pois ambos estão refletindo
um no outro. Assim, nas palavras de Amana no trecho 10, a sociedade
tem resistência a mim e eu tenho resistência a eles. Há uma dupla negação,
e esse choque da negação recíproca estabelece uma proximidade, me
sinto parceira, pois, para negar o outro, é preciso compreendê-lo em suas
bases, ainda que seja para desconstruí-las. Embora pareça ser
movimento de separação, o choque que denuncia rupturas, é o que
forma algo novo, sendo o próprio fenômeno da aculturação tomando
corpo e produzindo novas realidades.
A relação de negação opressora e excludente por parte da
sociedade, que só aceita o contato se você mudar, se deixar de ser como
é fez com que ela tivesse que se adaptar para estar dentro da escola,
onde estava cursando faculdade de Pedagogia. As ideias continuaram as
mesmas dentro da cabeça, mas externamente ela teve que mudar para
entrar e ser aceita. Em verdade, ela não foi aceita de fato pela sociedade,
pois teve que modificar sua imagem, deixar de ser estereotipada para
parecer mais próxima do ideal de normal. Amana fala que tal relação
naquele momento da entrevista, em comparação a um período anterior,
estaria melhor, por ter direito à fala e conhecer seus direitos. No entanto,
observando os rumos cíclicos da história, podemos traçar um paralelo
Jessica Eluar Gomes • 245
Para resistir, é preciso que a resistência seja como o poder. Tão inventiva,
tão móvel, tão produtiva quanto ele. Que, como ele, venha de "baixo" e se
distribua estrategicamente. (...) Não coloco uma substância da resistência
face a uma substância do poder. Digo simplesmente: a partir do momento
em que há uma relação de poder, há uma possibilidade de resistência.
Jamais somos aprisionados pelo poder: podemos sempre modificar sua
dominação em condições determinadas e segundo uma estratégia precisa.
com uma das mulheres que expunha ali seus trabalhos. O homem
questionava o posicionamento político da mulher, descreditando das
afirmações que ela fazia sobre as políticas educacionais com as quais ela
concordava, de governos posicionados à esquerda do espectro político
no Brasil. A conversa estava acalorada, o homem defendia o novo
presidente eleito no Brasil em 2018. Passei por eles, reconheci a voz da
mulher e percebi que era Amana. Olhei para ela e tentei verificar se ela
se lembraria de mim, resgatei na memória nossa conversa sobre a
Pedagogia, curso que ela estava fazendo à época, seu conhecimento
sobre as escolas para ciganos que não existiam para os malucos, e as
políticas públicas de educação e assistência social.
Resolvi intervir e contei para o homem que eu havia entrevistado
aquela mulher em Belo Horizonte alguns anos antes para minha
dissertação de mestrado sobre o grupo dos ‘malucos de estrada’, que a
admirava pelo seu conhecimento em educação, suas sugestões de
políticas públicas e que eu, assim como ela, tinha visões semelhantes
sobre política e relações sociais de poder, inclusive na visão sobre o
momento político vivido no Brasil sobre a vitória da direita e a ascensão
do fascismo. Ele pareceu impressionado, se assustou ao ver defendendo
o mesmo que Amana defendia, do mesmo lado que ela, embora ali eu
fosse turista como ele.
Quando aconteceu esta situação, percebi que quando fiz a pesquisa,
nos idos de 2016, embora já estivessem mais fortes do que em anos
anteriores, as discussões políticas ainda não estavam tão espalhadas por
todo o país, de forma tão intensa, urgente e polarizada como se mostrou a
partir de 2018. Fosse este o momento das entrevistas, pressuponho que
Jessica Eluar Gomes • 247
Acontece que me ocupei de pessoas que estavam situadas fora dos circuitos
do trabalho produtivo: os loucos, os doentes, os prisioneiros e atualmente
as crianças. O trabalho para eles, tal como devem realizá−lo, tem um valor
sobretudo disciplinar. A função tripla do trabalho está sempre presente:
função produtiva, função simbólica e função de adestramento, ou função
disciplinar. A função produtiva é sensivelmente igual a zero nas categorias
de que me ocupo, enquanto que as funções simbólica e disciplinar são muito
importantes. Mas o mais frequente é que os três componentes coabitem
(FOUCAULT, 1979, p. 124, grifos meus).
9
Na dissertação (Eluar Gomes, 2016) fiz um resgate histórico das políticas públicas de uso e ocupação
dos espaços públicos de Belo Horizonte, desde o primeiro Código de Posturas de 1898. O último
documento analisado no trabalho foi a Portaria SMSU 111/2014 (Belo Horizonte, 2014), que
“regulamenta, no Município de Belo Horizonte, as atividades exercidas pelos artesãos nômades/hippie,
em logradouro público, de caráter nitidamente artesanal e transitório”. O texto do documento menciona
o “direito à livre expressão artística e cultural dos artesãos nômades/hippie que transitam na cidade de
Belo Horizonte e vivem da confecção e exposição, no logradouro público, de peças e objetos artesanais
produzidos manualmente” A portaria obriga os artesãos a ficar em pontos da Praça Sete fora da Rua Rio
de Janeiro, sua “pedra”, seu lugar de identificação escolhido, afirma que a fiscalização pode obrigar o
artesão a fabricar peças em sua presença para comprovar que não está comercializando produtos
industrializados e, ainda, que o artesão nem pode colocar valor para venda, mas sim, aceitar
“contribuições pecuniárias espontâneas”. Analisei que, ao mesmo tempo em que o intuito pode ser o
de diferenciar o artesãos nômades/hippie, como denominados no texto, dos camelôs, o que já é um
avanço na forma como os hippies são vistos pela sociedade e certa valorização das especificidades de
sua cultura, a determinação de que a fiscalização pode obrigar o artista a fazer o trabalho na hora, para
certificar-se de que foi fruto de trabalho manual, é uma interferência arbitrária na relação do artesão
com seu trabalho, parte fundamental de sua construção identitária.
Jessica Eluar Gomes • 251
(08) Enfiei a mão no bolso, tirei uma porrada de grão de arroz, joguei no
chão e falei: “Então, pega. Se ficar um, eu vou falar que você num sabe o que
tá fazendo”. Minha estratégia pra fugir da repressão foi essa, começar a
escrever no grão de arroz, porque essa arte eu levo pra todo lugar e quem
souber quanto vale um grão de arroz com dez nomes escritos em trinta
segundos, então me fala que eu pago à vista. “Se você num me falar o preço
agora, vou te falar procê procurar outro emprego pra você”. (Eduardo)
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256 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
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Velho, G. & Kuschnir, K. (Orgs.). Mediação, cultura e política. Rio de Janeiro: Aeroplano.
1
Doutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora da Fundação Dom
Cabral. E-mail: elisangela.jfs@yahoo.com.
2
Doutora em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professora Adjunta da
Universidade Federal de Ouro Preto. E-mail: anaflaviarezendee@gmail.com
3
Mestra em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais. Produtora Cultural. E-mail:
dannymendescanal@gmail.com.
4
A Roda de Conversa Black Money e Mercado de Trabalho aconteceu no dia 13 de novembro de 2018,
integrando a programação do novembro Negro UFMG e as atividades do Núcleo de Estudos
Organizacionais e Sociedade (NEOS). Evento divulgado pela UFMG em: https://ufmg.br/comunicacao/
noticias/evento-na-face-discute-empreendedorismo-negro
Elisângela de Jesus Furtado da Silva; Ana Flávia Rezende; Danielly Mendes dos Santos • 259
INTRODUÇÃO
5
O mito da democracia racial é a crença que o Brasil é um país constituído por uma sociedade que não
possui conflitos raciais abertos. Havendo uma crença fortemente difundida do país como uma nação
democrática no que diz respeito a questão racial. Para aprofundamento, sugere-se a leitura de:
Guimarães, A. S. A. (2001). Democracia racial: o ideal, o pacto e o mito. Novos Estudos Cebrap, 61, 147-
162.
262 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
6
A Terceira Convenção Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Forma
Correlatas de Intolerância (Conferência de Durban), foi um evento mundial promovido pela ONU,
Elisângela de Jesus Furtado da Silva; Ana Flávia Rezende; Danielly Mendes dos Santos • 263
realizado em 2001, na cidade de Durban, África do Sul. Ela marcou uma sequência de eventos mundiais
sobre racismo e discriminação durante o século XX, bem como o estabelecimento de formas de
reparação histórica aos povos negros em diáspora.
264 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
Gráfico 1: Distribuição dos Donos de Negócio no Brasil, em 2003 e 2013, por Raça/Cor
7
Do original “Since the majority of the producers of these goods are in the organised sector, it should
be possible to bring the additional profits within the tax net. In other words, the elimination of controls
converts black incomes into 'white'” (Tradução nossa).
Elisângela de Jesus Furtado da Silva; Ana Flávia Rezende; Danielly Mendes dos Santos • 269
anos, uma vez que os fenótipos de pessoas negras eram recessivos. Nos
Estados Unidos e na África, houve a institucionalização de políticas de
segregação, impedindo casamento inter-racial, prevendo espaços
separados para pessoas brancas e não brancas (Pereira, 2011).
Tomados como animais sem humanidade e mais tarde como seres
inferiores, as pessoas negras sofreram violência brutal, tanto física
quanto simbolicamente. No nível simbólico, houve um processo de
apagamento histórico por meio de discursos homogeneizantes e de
mercado (Bernardino, 2002; Apple 2001; Oliveira, 2003). Apesar de não
problematizada, a raça por diversas questões se mantém como presença
ausente (Apple, 2001). Ou seja, embora não existam diferenças genéticas
significativas para embasar a ideia de raças humanas distintas, o termo
passou a ser chave para compreensão de importantes questões sociais.
Raça é entendida como uma construção, um conjunto inteiro de
relações sociais baseada na existência de diferenças que resultam na
existência de diferenças no nível racial, concepção originária no campo
da Biologia (Apple, 2001; Bernardino, 2002; Pereira, 2011). Em oposição
a noção de raça, surge a noção de etnia, que diz respeito às diferenças
culturais (Oliveira, 2003).
Franz Fanon é um teórico negro que nasceu em Martinica, uma das
quatro ilhas localizadas no Caribe, se mudando para a França ainda
criança, em busca de formação profissional. Fanon formou-se em
medicina psiquiátrica e atuou em áreas de conflito civil na Argélia, em
prol da descolonização. Em seu doutorado aos 25 anos, Fanon (2008) ao
estudar as consequências físicas e psicológicas impostas pela
colonização, aborda questões psicossociais e filosóficas ligadas ao
Elisângela de Jesus Furtado da Silva; Ana Flávia Rezende; Danielly Mendes dos Santos • 273
Brasil é o segundo país com mais casos de abuso sexual contra crianças
e adolescentes, atrás apenas da Tailândia (Agência Senado, 2022).
Esses são os fatores que demonstram o discurso racista existente
no país, o que remete que visões que apresentam o racismo brasileiro
um caso “a parte” sendo invisível ou cordial, na verdade são rasas, já que
estamos falando de um processo social altamente eficaz na
configuração de modos de ser e viver e com desdobramentos
dramáticos, que operam no nível do apagamento de humanidades.
Estamos falando de gerações inteiras em que o debate em torno da raça
e etnia era inexistente e falar de racismo era um verdadeiro tabu. Desse
modo, podemos inferir que o preconceito motivado pelas diferenças
raciais nem sempre é imediatamente associado ao racismo.
Ainda que o nível de debate social sobre o racismo não tenha
alcançado todos os grupos sociais no país, podemos observar que houve
avanços importantes. Como fruto das mobilizações iniciadas em 1960,
houve a criação das Ações Afirmativas. Essas dizem respeito à criação
de políticas públicas voltadas à promoção das pessoas negras, por meio
da discriminação positiva, ou seja, concessão de benefícios sociais
baseando em critérios racializados, de modo a corrigir as desigualdades
socioeconômicas além de valorizarem as pessoas negras, valorizando o
pertencimento (Bernardino, 2002,). Nos Estados Unidos as Políticas
Afirmativas compreendem o mercado de trabalho e a educação, por
meio de cotas, que devem refletir nos diferentes níveis hierárquicos o
percentual de pessoas negras percebido na população. No Brasil, houve
a institucionalização das cotas no ensino superior, privilegiando
pessoas negras, quilombolas e indígenas.
Elisângela de Jesus Furtado da Silva; Ana Flávia Rezende; Danielly Mendes dos Santos • 283
8
Minorias intermediárias, tradução nossa.
302 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
CONSIDERAÇÕES FINAIS
mercado, já que ele está impregnado nas relações sociais de uma forma
muito mais abrangente.
Não temos a pretensão de oferecer uma alternativa às questões
aqui expostas. Ao contrário, estudos já realizados como o das minorias
intermediárias indicam que alternativas são possíveis, mas estão
acessíveis pela dimensão política em uma construção contextualizada e
conectada com as especificidades dos grupos sociais, imersos em um
processo dinâmico e fluído. Em nossa compreensão, o Black Money e o
Afroempreededorismo sinalizam que a análise de processos sociais
relacionados a grupos minorizados, bem como das alternativas de
agenciamento é complexa por envolver esferas distintas, como a social,
a econômica e a cultural. É justamente por esse motivo que tais
processos não podem ser lidos e tratados como ‘solução’ de forma
isolada, já que sua existência está condicionada ao que se apresenta
como vida possível ao negro no país.
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31, 33, 54, 73, 74, 75, 76, 78, 79, 80, 38, 39, 41, 42, 43, 44, 47, 48, 49, 51,
86, 87, 95, 96, 101, 107, 108, 109, 110, 54, 59, 71, 72, 73, 74, 109, 110, 111,
112, 113, 114, 146, 149, 155, 161, 165, 112, 136, 137, 145, 146, 149, 171, 172,
166, 171, 172, 173, 174, 175, 198, 209, 173, 174, 175, 177, 179, 180, 194, 195,
210, 211, 212, 213, 221, 254, 255, 256, 198, 199, 204, 207, 209, 210, 211, 241,
258, 264, 287, 291, 307, 308, 309, 311, 245, 246, 255, 256,257, 259, 260, 261,
313, 314 262, 264, 265, 266, 267, 273, 276,
278, 280, 281, 282, 284, 285, 286,
afroempreendedorismo, 13, 261, 265
287, 289, 290, 293, 299, 302, 303,
artesanal, 249, 250 304, 306, 307, 308, 309, 310, 311, 312,
321
Baudrillard, 121, 122, 142, 144
capital, 9, 17, 24, 33, 40, 50, 51, 58, 63,
Belo Horizonte, 11, 12, 13, 31, 72, 73, 74,
64, 67, 68, 88, 117, 118, 129, 133, 134,
104, 108, 110, 112, 114, 116, 127, 131,
136, 138, 139, 142, 165, 171, 181, 247,
146, 156, 170, 171, 172, 173, 174, 177,
268, 279, 288, 294, 307
178, 187, 193, 207, 209, 210, 211, 213,
216, 217, 222, 231, 245, 246, 247, 250, capital cultural, 58, 63, 64
254, 255, 289, 306
capital social, 63, 64, 118
Benjamin, 77, 84, 85, 90, 91, 107, 108,
capitalismo, 12, 115, 116, 118, 119, 126,
109
128, 135, 139, 140, 141, 142, 143, 144,
bissexualidades, 235 158, 172, 308
Black Money, 258, 259, 263, 267, 268, Certeau, 76, 92, 93, 97, 98, 110, 111, 113,
269, 270, 278, 286, 287, 288, 290, 184, 185, 186, 187, 198, 209, 211, 251,
297, 302, 303, 304, 305, 306, 310 255
Bourdieu, 33, 34, 37, 57, 58, 59, 60, 61, cidade, 12, 24, 25, 31, 32, 103, 104, 111,
62, 63, 64, 65, 66, 68, 69, 70, 71, 73, 114, 115, 120, 121, 122, 130, 131, 132,
288, 307 138, 143, 144, 145, 154, 155, 156, 157,
165, 170, 172, 173, 174, 177, 178, 179,
branco, 55, 99, 121, 266, 276, 281, 307,
180, 181, 182, 183, 184, 187, 192, 193,
308
197, 199, 200, 204, 205, 209, 212, 216,
branquitude, 281, 304 222, 223, 236, 245,248, 250, 253, 257,
263, 308
316 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
Ciência, 113, 145, 150, 170, 173, 257, 309, Didi-Huberman, 76, 85, 87, 105, 106,
311 108, 110, 140, 143
colonial, 87, 88, 89, 90, 108, 268, 302 Diferenças, 12, 147, 149, 151, 173, 298
conhecimento, 9, 12, 20, 23, 27, 33, 60, direito, 13, 31, 36, 44, 45, 46, 47, 124,
65, 75, 78, 81, 84, 86, 87, 88, 89, 90, 157, 197, 208, 211, 243, 244, 250
93, 95, 106, 107, 109, 113, 155, 158,
discurso, 18, 46, 56, 71, 111, 114, 121,
161, 163, 164, 168, 169, 171, 176, 179,
124, 126, 131, 144, 160, 170, 172, 174,
200, 246, 289, 301
179, 197, 218, 219, 220, 221, 241, 254,
contemporaneidade, 40, 85, 107 255, 256, 257, 278, 282, 292, 293, 295,
299, 308, 311
corpo, 20, 29, 32, 35, 58, 74, 86, 89, 110,
116, 117, 145, 222, 237, 244, 250 Durkheim, 162, 171
cotidiano, 10, 11, 15, 18, 19, 20, 21, 22, educação, 11, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38,
23, 25, 27, 28, 30, 31, 32, 54, 56, 62, 39, 40, 41, 42, 44, 45, 46, 47, 48, 50,
75, 76, 77, 78, 85, 87, 92, 93, 94, 95, 51, 52, 53, 57, 58, 59, 62, 63, 64, 65,
97, 98, 101, 103, 104, 105, 106, 108, 66, 67, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 145,
109, 110, 111, 113, 128, 129, 138, 150, 149, 170, 211, 227, 242, 246, 260, 263,
170, 185, 186, 206, 209, 211, 215, 217, 270, 274, 282, 288, 289, 291, 296,
218, 223, 228, 236, 239,240, 249, 251, 304, 305, 307
255, 300, 301, 303
Educação Superior, 42, 47
crítica, 17, 21, 29, 32, 68, 70, 71, 96, 110,
embranquecimento, 261, 279, 281
121, 133, 134, 145, 155, 211, 214, 256,
277, 292, 293, 295, 303, 307 ensino superior, 34, 38, 41, 42, 43, 44,
46, 47, 48, 50, 51, 69, 71, 263, 282,
cultura, 23, 32, 54, 55, 58, 60, 62, 71, 77,
288, 321
90, 109, 113, 126, 131, 132, 133, 145,
171, 188, 189, 211, 213, 214, 215, 226, erudito, 77, 86
227, 228, 229, 234, 235, 237, 241, 242,
espaço, 19, 21, 23, 24, 25, 27, 29, 40, 65,
250, 253, 255, 257, 273, 274, 288, 289,
76, 79, 85, 87, 93, 97, 98, 99, 100,
305
105, 106, 107, 112, 114, 115, 117, 121,
Deleuze, 76, 110, 143, 161, 171 122, 123, 126, 127, 130, 131, 134, 136,
141, 155, 157, 170, 179, 182, 183, 184,
democracia racial, 261, 273, 278, 280,
186, 187, 201, 205, 211, 212, 215, 218,
304, 307
220, 222, 223, 224, 225, 234, 247, 253,
desconstrução, 19 269, 301
desigualdade, 13, 48, 56, 73, 126, 180, estudos organizacionais, 9, 11, 12, 109,
258, 262, 263, 288, 289, 290, 294, 111, 113, 146, 151, 152, 155, 157, 161,
298, 308, 309, 311, 312
Índice remissivo • 317
170, 171, 172, 173, 177, 179, 182, 210, 113, 146, 150, 169, 174, 186, 202, 205,
254, 255 206, 207, 211, 242, 244, 256, 276
etnia, 271, 272, 278, 282, 285 Honneth, 190, 191, 210
exclusão social, 13, 29, 38, 258, 261, ideologia, 52, 59, 69, 184, 248
262, 265, 268, 286, 291, 298, 301,
indígena, 12, 28, 113, 135, 138
302, 303
interdisciplinar, 79, 155, 180
experiência, 54, 61, 91, 137, 149, 165,
166, 167, 189, 204, 221, 237, 238, 240, Lazzarato, 117, 118, 133, 134, 139, 144,
257, 292, 294 145
Fairclough, 196, 210 Lefebvre, 19, 21, 22, 23, 25, 27, 31, 183,
186, 211
Foucault, 35, 72, 87, 99, 100, 111, 185,
245, 248, 249, 255 luta antirracista, 260, 261, 268, 275,
278, 283, 285, 288, 290, 301, 303
Fraser, 191, 210
mainstream, 10, 17, 75, 77, 78, 86, 93, 97,
gênero, 29, 88, 112, 116, 123, 124, 125,
101
126, 127, 145, 146, 168, 169, 172, 228,
230, 231, 234, 285, 297, 298, 303 malucos de estrada, 12, 171, 216, 217,
219, 223, 224, 228, 234, 235, 239, 245,
Gestão, 17, 31, 73, 75, 109, 110, 111, 112,
246, 247, 250, 252, 253, 255
170, 171, 173, 210, 255, 291, 305
memória, 28, 31, 32, 77, 78, 79, 81, 82,
gestão ordinária, 11, 13, 26, 75, 76, 78,
83, 84, 86, 90, 91, 101, 102, 105, 106,
92, 94, 95, 96, 97, 101, 104, 105, 107,
107, 108, 109, 112, 113, 150, 151, 174,
109, 254
246
grafite, 11, 115, 116, 119, 120, 121, 122,
Mignolo, 88, 89, 108, 112
127, 129, 130, 131, 132, 133, 134, 135,
136, 137, 138, 139, 140, 141, 142, 143, miséria, 192, 207, 211
144
modernidade, 11, 22, 23, 34, 35, 41, 57,
Guattari, 110, 117, 118, 119, 139, 140, 70, 88, 90
143, 145
mulher, 12, 116, 122, 123, 124, 125, 126,
hippies, 157, 216, 217, 228, 229, 241, 242, 127, 137, 141, 144, 146, 229, 230, 232,
247, 250 235, 236, 237, 241, 246, 276, 277, 281
história, 19, 23, 24, 27, 28, 30, 32, 77, 78, multidisciplinar, 19
79, 80, 82, 84, 85, 87, 91, 93, 94, 95,
negritude, 166, 274, 275, 277, 281
101, 105, 107, 108, 109, 110, 111, 112,
318 • Estudos Organizacionais e Sociedade – Volume 1
negro, 12, 138, 144, 213, 258, 259, 260, Raça, 150, 265, 266, 270, 271, 272, 280,
261, 262, 267, 270, 272, 275, 280, 283, 310, 311
284, 285, 287, 289, 293, 303, 305,
racial, 166, 167, 260, 261, 262, 263, 266,
306, 307, 309
267, 271, 272, 277, 278, 280, 281, 288,
origem social, 61 290, 301, 304, 305, 307, 308, 309,
310, 311
pandemia, 43, 263, 307
racismo, 13, 87, 259, 261, 262, 263, 268,
periferia, 131, 132, 133, 211
271, 273, 274, 275, 277, 278, 280, 282,
Pesquisa, 14, 31, 102, 103, 110, 113, 144, 283, 284, 285, 286, 289, 291, 292,
145, 146, 198, 211, 213, 255, 309 294, 296, 297, 298, 299, 303, 304, 305
pobre, 33, 40, 50, 131, 312 relações sociais, 12, 18, 19, 21, 22, 24,
27, 125, 160, 180, 225, 235, 246, 257,
pobreza, 31, 38, 109, 268, 281, 298, 299,
272, 281, 298, 306
303, 311
resistência, 11, 76, 85, 96, 97, 98, 112,
poder, 21, 29, 35, 44, 53, 55, 58, 70, 71,
114, 116, 118, 120, 122, 127, 129, 130,
74, 76, 84, 88, 89, 92, 93, 96, 98, 104,
131, 133, 134, 135, 136, 137, 138, 139,
107, 108, 113, 120, 130, 139, 154, 164,
140, 141, 142, 143, 144, 146, 157, 164,
165, 184, 185, 186, 187, 193, 207, 215,
172, 220, 221, 243, 244, 245, 247, 249,
219, 220, 230, 235, 245, 246, 248,
250, 253, 254, 256, 274, 303, 307, 312
250, 253, 255, 268, 269, 289, 290,
291, 298 Revolução, 70
Pollak, 81, 84, 112, 242, 257 saberes populares, 11, 29, 75, 77, 78, 84,
86, 88, 90, 100, 101, 104, 105, 106,
popular, 11, 29, 34, 40, 50, 53, 54, 56, 57,
107, 168, 169, 173, 230, 231, 235, 281
74, 76, 77, 86, 87, 90, 91, 94, 97, 98,
101, 104, 107, 134 Sartre, 244, 257
práticas, 9, 10, 11, 19, 26, 27, 28, 29, 31, sexismo, 235
67, 71, 75, 77, 78, 80, 81, 83, 84, 85,
situação de rua, 12, 157, 171, 172, 175,
86, 91, 92, 93, 95, 96, 99, 104, 105,
176, 177, 178, 179, 183, 184, 185, 186,
107, 108, 109, 110, 111, 120, 154, 157,
188, 189, 191, 192, 193, 195, 196, 197,
162, 164, 166, 168, 169, 173, 174, 179,
199, 200, 202, 203, 204, 205, 206,
184, 185, 188, 189, 193, 194, 198, 211,
207, 208, 209, 210, 211
217, 218, 219, 223, 229, 240, 247, 248,
256, 264, 269, 296, 300 sobrevivência, 13, 20, 25, 26, 85, 101,
104, 105, 171, 190
produção de conhecimento, 18
sociedade, 9, 10, 11, 18, 21, 23, 24, 25,
Quijano, 88, 113
26, 27, 28, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38,
Índice remissivo • 319
39, 40, 46, 53, 55, 56, 57, 59, 70, 74, 174, 177, 179, 187, 191, 197, 198, 199,
79, 83, 91, 99, 107, 109, 116, 122, 126, 201, 202, 206, 207, 208, 211, 216, 224,
127, 133, 145, 160, 161, 162, 164, 167, 227, 233, 238, 247, 248, 249, 250, 254,
168, 169, 180, 186, 187, 188, 190, 193, 256, 257, 263, 267, 273, 274, 276, 279,
197, 198, 203, 205, 223, 226, 228, 242, 280, 282, 286, 288, 291, 294, 295,
243, 244, 248, 250, 252, 253, 258, 261, 296, 297, 301, 302, 305, 307
270, 271, 277, 279, 280, 283, 288, 293,
tradição, 10, 90, 162
294, 296, 297, 299, 300, 301, 305, 312
tradições, 10, 13, 36, 285
tecnologias, 12, 54, 150, 154, 158, 160,
162, 164, 252 universidade, 12, 50, 151, 153, 154, 155,
163, 164, 166, 168, 169, 170
teoria, 9, 31, 32, 59, 63, 71, 123, 163, 164,
167, 187, 191, 223, 301 urbano, 24, 114, 115, 117, 122, 130, 145,
156, 158, 165, 174, 180, 182, 190, 210,
Território, 166
212, 216, 217, 236
trabalho, 21, 27, 28, 30, 32, 35, 36, 37,
Van Dijk, 220, 257
47, 52, 53, 55, 56, 60, 61, 66, 67, 69,
75, 76, 79, 81, 82, 84, 87, 88, 94, 95, vida social organizada, 12, 26, 150, 154,
98, 100, 104, 115, 117, 119, 120, 123, 158, 162, 164, 171, 172, 183
124, 125, 126, 127, 128, 130, 134, 135,
vivência, 188, 236, 239, 250, 293
137, 138, 139, 140, 141, 144, 145, 146,
151, 153, 154, 155, 157, 166, 167, 171,
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