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Teste 12 Ricardo Reis
Teste 12 Ricardo Reis
02/09/1923
Fernando Pessoa, Odes de Ricardo Reis.
(Notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (imp.1994).
1. Identifica a principal oposição entre o homem e a abelha que se pode observar neste poema.
1
5 E pôr plantas em jarros...
Apresente, de forma clara e estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
GRUPO II
Lê o texto seguinte.
“Mas há alguém sobre quem escrevi e que amo muito: Pessoa, esse grande poeta português, que
era um fanático de Hamlet e de Shakespeare. Encontra-se nele uma melancolia minimalista: é a
melancolia da gota de água que cai, indefinidamente, e que olhamos a cair. É a melancolia do intervalo,
diferente da melancolia baudelairiana, mas também uma melancolia poética. É esta melancolia que
impele Pessoa a escrever em várias línguas e a ter várias identidades. Reencontra-se assim o problema da
pluralidade do Ego, mas na sua versão melancólica - sendo que o mais melancólico é Bernardo Soares,
com o seu desassossego do ser. Lembro-me de ter descoberto Pessoa na sua língua: estava sentada junto
ao Tejo e sonhava com o seu drama de alma, o seu amor pelas coisas de nada, o verso em que ele
encontra Shakespeare ao dizer que não é ninguém, apenas uma sombra. Nesse sentido, é preciso
'acreditar no mundo como num malmequer' (Alberto Caeiro)... Dito de outra maneira, a melancolia é
mais o desassossego do que o spleen: e este desassossego conduz a uma estética do artifício e da
indiferença. Ser o amante visual de todas as coisas...
Shakespeare, Baudelaire, Benjamin, Pessoa: há toda uma filiação melancólica que realmente me
fascinou e que caracteriza a modernidade ocidental. Esta travessia de mais de vinte anos foi-me
necessária para chegar ao além da melancolia, graças a uma confrontação com as culturas da Ásia. Na
estética pós-melancólica, o efémero é afirmado como positivo e inultrapassável. Ele é, ao mesmo tempo,
intervalo ligeiro, aceitação da passagem e da precariedade e, sobretudo, da instabilidade ontológica da
nossa finitude. Klee dizia: «O devir é a nossa única eternidade.»"
Num livro-diálogo com François Soulage ("Une femme philosophe"), a que pertence esta
passagem sobre Pessoa e a sua melancolia, Christine Buci-Glucksmann fala da sua filosofia e da sua
vida. Ao longo de muitos anos, esta filósofa, antiga professora de Estética e de Arte Contemporânea da
Universidade de Paris, tem escrito sobre alguns dos temas mais atuais da nossa cultura. Indo e vindo do
cinema à literatura, da arte à tecnologia, da arquitetura à política, Christine pensou a razão barroca, a
estética do efémero, a filosofia do ornamento (…), a passagem de uma cultura dos objetos e das
permanências a uma cultura das 'imagens-fluxos'. E diz a este propósito "Verdadeiro signo da sociedade,
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o efémero tornou-se uma nova modalidade do tempo na época do virtual e da mundialização. Efémero
das famílias de geometria variável, efémero do trabalho cada vez mais ameaçado, efémero das vidas e
das identidades que perdem as suas referências fixas, tudo revela uma espécie de aceleração do tempo,
que desenraíza as estabilidades, ocultando sempre o limite extremo do efémero: a morte." […]
Esta é uma filosofia que salta sobre os nossos velhos dualismos (o ser e o nada, a alma e o
corpo, o consciente e o inconsciente, o tempo e a eternidade) e que assume o efémero, a imanência, o
intervalo, a passagem, a impermanência, a instabilidade, a fluidez, a mudança, a metamorfose, a troca, a
articulação, a bifurcação, a duplicação, a pluralidade, a multiplicidade, o movimento, a vaga, a
heterogeneidade, a energia. Fazendo sua a tão bela síntese ética de Deleuze: "Estar à altura do que
acontece" ("Être à la hauteur de ce qui arrive"), Christine diz: "Da sofística dos gregos, que valorizaram
o momento oportuno (o kairos), à ocasião barroca ou à impermanência das culturas da Ásia, esta arte da
passagem define uma filosofia e uma sabedoria da existência exposta à fragilidade, porque o efémero é
sempre, para lá do trágico, promessa de leveza, de transparência e desse materialismo aéreo de que
gostava Bachelard."
1. Seleciona, em cada um dos itens de 1 a 7, a única alternativa que permite obter uma
afirmação adequada ao sentido do texto
1.1. A expressão «é a melancolia da gota de água que cai, indefinidamente, e que olhamos
a cair.» (linhas 3 – 4) contém uma
A
A. um eufemismo. B. uma hipérbole. C. uma metonímia. D. uma metáfora.
1.6. A oração «a que pertence esta passagem sobre Pessoa e a sua melancolia» é:
3
A. subordinada adverbial consecutiva. B. subordinada adjetiva relativa explicativa.
A. marcar uma expressão ambígua. B. destacar uma parte de um texto de José M. dos Santos.
3. “Pessoa, esse grande poeta português, que era um fanático de Hamlet e de Shakespeare.”
4. “Pessoa, esse grande poeta português, que era um fanático de Hamlet e de Shakespeare.”
GRUPO III
4
PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DA FICHA DE AVALIAÇÃO 3 – RICARDO REIS
Grupo I
1. Para o sujeito poético, a oposição entre o homem e a abelha reside numa questão muito
simples: o homem é mortal e a abelha é imortal. É óbvio que a abelha é tomada aqui como
elemento de uma espécie (morre uma, nascem outras; por isso, há sempre abelhas) e o homem é
visto, não em termos de espécie, mas tomado como um indivíduo.
2. Nesta estrofe, afirma-se que o homem tem consciência de que envelhece e de que é
diferente dos outros seres. Em suma, conhece-se.
3. O desejo mais profundo do homem é “ter mais vida que a vida”, isto é, é ser diferente das
abelhas, não se limitar a viver.
Grupo II
Hipérbole
Modificador apositivo
Pronome indefinido
Complemento oblíquo
Adjectivo relacional
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2. Efémero
3. Subordinada adjetiva relativa restritiva
4. Subordinada adjetiva relativa explicativa