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José Carlos Coelho da Costa

Fonte: Simeros

TUBOS FLEXÍVEIS API 17J - Parte 1


José Carlos Coelho da Costa + Siga
Engenheiro Mecânico Rotativos e Estáticos Óleo e Gás Subsea Abendi CBSP
DISPONÍVEL
Publicado em 2 de set. de 2019

Com este artigo eu inicio a primeira parte do curso que estou montando sobre
tubos flexíveis segundo a norma API 17J. A referida norma trata exclusivamente
dos "Unbonded Flexible Pipes". O termo "unbonded" refere-se ao fato das diversas
camadas formadoras do tubo não estarem coladas entre si, permitindo movimento
relativo entre elas.

Tubos Flexíveis especificados pela norma API 17J têm a função de interligar os
diversos componentes de um sistema “subsea” entre si e com as unidades de
superfície.

Por definição, o tubo flexível consiste do corpo do tubo e seus dois conectores
(“end fittings”). O tubo é composto por múltiplas camadas de diferentes materiais
formando um invólucro de contenção de pressão. A estrutura do tubo permite
grande flexibilidade.

Figura 01 - Corte de Tubo Flexível - Fonte: NOV Flexibles

1 - CLASSIFICAÇÕES

Os tubos flexíveis podem ser classificados da seguinte forma (Ver Figura 02):

Risers – Tubo Flexível conectando a plataforma/bóia/navio a um flowline, uma instalação


no leito marinho ou outra plataforma onde o riser pode ser suspenso livremente
(catenária). Pode possuir certa restrição (bóias, cabos, etc), possuir restrição total ou estar
dentro de um tubo (“I ou J-tubes”).

Flowlines – Tubo flexível repousando, totalmente ou em parte, sobre o leito marinho ou


mesmo soterrado nele, e usado em aplicações estáticas.

Jumpers – Pequenos trechos de tubo flexível utilizado em “subsea” ou “topside”, em


aplicações dinâmicas ou estáticas. Jumpers em “topside” com aplicação dinâmica
pertencem a classe de tubos flexíveis com resposta dinâmica oriunda unicamente dos
movimentos da embarcação.
Figura 02 - Risers , Flowlines e Jumpers - Fonte: Subsea Engineering Handbook

O que vem a ser uma aplicação dinâmica ou estática? O Item 4.2.2 da norma API
RP 17B (5. Edição) apresentam as seguintes definições:

Aplicação Dinâmica ("Dynamic Application (DA)") – É um serviço em que o tubo flexível é


exposto a cargas e deflexões que variam em ciclos durante operação permanente. Os
risers têm aplicação dinâmica pois são submetidos a cargas cíclicas como as ondas e
correntes marinhas. Neste tipo de aplicação, a análise de fadiga é mandatória.

Aplicação Estática ("Static Application (SA)") – É um serviço em que o tubo flexível NÃO é
exposto a cargas e deflexões cíclicas durante operação permanente. É o caso típico dos
flowlines. Estes são submetidos a cargas estáticas, como por exemplo, o peso do solo
quando os tubos estão enterrados no leito marinho.

Existem ainda sistemas de risers com aplicação híbrida, ou seja, tubos com
aplicações estática e dinâmica simultaneamente. Como exemplo, temos risers
verticais com parte inferior em aço e parte superior em jumper flexível conectando a
plataforma.

Os jumpers podem ser usados em aplicações dinâmicas ou estáticas. As funções dos


jumpers dinâmicos são similares aos dos risers, contudo sua operação é diferente.
Os jumpers dinâmicos estão mais expostos as cargas geradas por ondas que
impões requisitos extras nos conectores e "bend stiffeners". A performance destes
componentes deve ser cuidadosamente avaliada nos jumpers com aplicação
dinâmica.
As Figuras 2 e 3 da norma API RP 17B (5. Edição) apresentam exemplos de
aplicações estáticas e dinâmicas respectivamente.

2 - CAMADAS ("LAYERS")

Como mostra a Figura 01, o tubo flexível é formado por múltiplas camadas de
diferentes materiais. Cada camada apresenta funções próprias no conjunto do tubo.
A norma API RP 17B (5. Edição) "Table 1" apresenta as diversas camadas básicas
de um tubo flexível e suas respectivas funções. Estas camadas podem ser
consideradas convencionais, pois cada fabricante tem seu projeto próprio com
configurações de camadas específicas que podem desviar desta composição
convencional. Da mesma forma, cada fabricante tem sua própria denominação para
as camadas listadas a seguir.

Carcaça ("Carcass") – Fornece resistência ao colapso, ou seja, evita o esmagamento do


tubo pela pressão externa, descompressão do tubo, pressão da armadura de tração ou
quaisquer cargas de esmagamento mecânico.

Barreira de Pressão ("Internal Pressure Sheath") – Contém o fluido transportado.

Armadura de Pressão (“Pressure Armor”) - Suporta parcialmente os esforços radiais


compressivos. Também suporta parcialmente as pressões internas e externas.

Camada Anticolapso ("Anticollapse Sheath") - Aumenta a resistência do tubo ao colapso.


Evitando que a pressão da água do mar aja diretamente na barreira de pressão no caso
de um rompimento da camada externa ou da selagem no "end fitting".

Camada Intermediária ("Intermediate Sheath") - Serve como barreira para fluidos externos
no caso de tubo "smooth bore"; atua como camada antidesgaste; atua como barreira para
as camadas de isolamento térmico evitando a absorção de água pelas mesmas; Evita a
inundação do anular interno quando o anular externo é inundado pelo rompimento da
camada externa.

Camada Antidesgaste ("Antiwear Layer") - Serve para evitar o contato metal com metal
entre duas camadas estruturais.

Armadura de Tração ("Tensile Armor") - Suporta os esforços na direção do tubo. Também


aumenta a resistência do tubo às pressões internas.

Fita ABC ("Antibuckling Tape") - Fornece resistência contra a expansão radial dos arames
da Armadura de Tração. É o fenômeno do "Buckling" que veremos mais tarde.
Isolamento Térmico - Fornece isolamento térmico para o fluido transportado. Geralmente
está situada entre a armadura de tração mais externa e a camada externa.

Camada Externa ("Outer Sheath") - Serve para manter a posição da armadura de tração,
evita o ingresso de água do mar e demais contaminantes no anular do tubo flexível, além
de proteger os arames de aço da abrasão, corrosão e danos mecânicos.

Figura 03 - Corte do Tubo Flexível - Camadas Convencionais - Fonte: Simeros

Os tubos com carcaça metálica na camada mais interna são conhecidos como
"rough bore". Os tubos com a barreira de pressão como a camada mais interna são
conhecidos como "smooth bore"

A Barreira de Pressão e a Camada Externa são camadas poliméricas obtidas pelo


processo de extrusão.

A Carcaça e as Armaduras de Tração e Pressão são as camadas metálicas e seus


processos de fabricação serão discutidos mais tarde. As Armaduras de Tração e
Pressão são chamadas também de camadas estruturais.

3 - ANULAR ("ANNULUS")

Em um tubo flexível, o espaço anular ("Annulus") compreende a região entre duas


camadas poliméricas extrudadas, como por exemplo, entre a Barreira de Pressão e a
Camada Externa. Esta região é selada nos extremos do tubo pelos conectores ("End
Fitting"). Gases que permeiam através das camadas e líquidos estão livres para se
misturar no espaço anular. Para evitar que a pressão dentro do anular atinja um
valor acima do especificado em projeto, os conectores possuem dispositivos para
vent dos gases ("Gas Venting") para a atmosfera. Estes tema será discutido mais
tarde.

O próximo artigo apresentará as características construtivas de cada camada.


435 · 25 comentários

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Carlos Dalledonne 2a

pablo Henrique silva

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Bruno Dias 3a

Matheus Teles

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João Vítor 3a

Luiz Matheus Chaboudet olha que interessante.

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Alessandro Barros 3a

Muito bom cada camada tem o seu processo começando pela camada externa flexshild inici‐
ando o pedido de usinagem do outer sleve peça muito importante na tubulação onde sai o
gás que passa por furacões existente na peça que é direcionada nas válvulas de alívio, feita a
instalação d do outer sleve é pedido outra usinagem que é do anel de vedação externo Onde
em seguida vem os flextensile que são responsáveis pela estrutura, para cada processo de
extração tem espessura dos arames e espessuras das camadas em seguida o flexlock que é
removido com uma máquina operatriz com disco de corte aí vem a camada de pressão do
tubo que e chamada flex barrier onde se pede outra usinagem o anel de vedacao interno e a
medida do flex lock, que antes de qualquer remoção das camadas é preciso saber se ela estar
abrindo ou fechando para se iniciar o procedimento de solda isso é feito no início da monta‐
gem, por final vem o flex body camada interna por onde passa o fluido para cada pressão
existente existe material diferente inox 304, 316, duplex, super duplex em fim uma monta‐
gem muito boa de fazer saudades dessa época

Gostei Responder 2 Gostaram

Daniel Henrique silva gomes 3a

Saudades !

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Marcelo Silva 3a
Muito bom. trabalho na fabricação desses flexíveis

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Onivelan Costa 3a

Muito bom!

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CARLOS ALBERTO SILVA 3a

Em condições e tensões flutuantes e corrosão sob tensão pode este duto falhar em
operação?

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José Carlos Coelho da Costa 3a

Vou verificar meu material técnico e apresentarei.

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CARLOS ALBERTO SILVA 3a

José Carlos Coelho da Costa, você tem algum artigo publicado nesse contexto, nos
mantenha informados sobre a programação do seu curso, grato pela contribuição e
conhecimento.

Gostei Responder

Micelli Camargo 3a

Parabéns pelo artigo

Gostei Responder 1 Gostou

Ricardo Peron 3a

Excelente apresentação. Se é um aperitivo pro seu curso já antecipo que será um banquete.
Consegue apresentar esse "aperitivo" em inglês?

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Emil Baracat Gazen 3a

Qual o problema ocorrido com os tubos flexíveis utilizados na Bacia de Santos ?

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