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COMO REDIGIR

UM ARTIGO CIENTÍFICO?
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José Daniel Diniz Melo

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Maria da Penha Casado Alves (Diretora)
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Maria Carmem Freire Diógenes Rêgo Maria da Penha Casado Alves – SEDIS
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Wicliffe de Andrade Costa – CCHLA
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Revisão Linguístico-textual
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Eugênia Maria Dantas – CCHLA Capa
Ione Rodrigues Diniz Morais – SEDIS Laércio Almeida de Melo
Isabel Dillmann Nunes – IMD
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

COMO REDIGIR
UM ARTIGO CIENTÍFICO?

Natal, 2022
Fundada em 1962, a EDUFRN permanece dedicada à
sua principal missão: produzir livros com qualidade
editorial, a fim de promover o conhecimento gerado na
Universidade, além de divulgar expressões culturais do
Rio Grande do Norte.

Publicação digital financiada com recursos do fundo de Pós-graduação (PPg-UFRN). A


seleção da obra foi realizada pela comissão de Pós-graduação, com decisão homologada
pelo Conselho Editorial da EDUFRN, conforme Edital nº 2/2019 - PPG/EDUFRN/SEDIS
para a linha editorial Técnico-científica.

Catalogação da publicação na fonte


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Secretaria de Educação a Distância

Carreiro, Adriana da Fonte Porto.


Como redigir um artigo científico? [recurso eletrônico] / Adriana da Fonte
Porto Carreiro, Laércio Almeida de Melo e Valentim Adelino Ricardo Barão. –
1. ed. – Natal : EDUFRN, 2022.
5000Kb.; 1 PDF.

ISBN 978-65-5569-322-5

1. Metodologia Científica. 2. Metodologia Científica - Escrita Acadêmica.


3. Escrita Acadêmica - Saúde. I. Melo, Laércio Almeida de. II. Barão, Valentim
Adelino Ricardo. III. Título.
CDU 001.8
C314c

Elaborada por Edineide da Silva Marques CRB-15/488.


Todos os direitos desta edição reservados à EDUFRN – Editora da UFRN
Av. Senador Salgado Filho, 3000 | Campus Universitário
Lagoa Nova | 59.078-970 | Natal/RN | Brasil
e-mail: contato@editora.ufrn.br | www.editora.ufrn.br
Telefone: 84 3342 2221
Agradecimentos

Agradecemos à Editora da Universidade Federal do Rio Grande do


Norte (EDUFRN), pela oportunidade de publicação deste livro, o
qual tende a contribuir com alunos de graduação e pós-graduação
na construção de artigos científicos.
Apresentação

Até que se chegue a uma publicação científica de qualidade, o


autor de um estudo passa por diversas fases criteriosas, compre-
endendo desde a elaboração de um projeto de pesquisa (o qual
deve ter sido gerado após uma busca detalhada da literatura
prévia e apresentar um delineamento metodológico claro e bem
organizado), passando pela coleta de dados, análise dos resulta-
dos e, por fim, a escrita e a publicação de um artigo científico
para mostrar à sociedade os impactos do estudo. Nas primeiras
fases desses caminhos, no intuito de elaborarem estudos com
qualidades metodológicas, os autores seguem check-lists específi-
cas, de acordo com o desenho metodológico do estudo, sendo os
mais usados: Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-
Analyses (PRISMA), Strengthening the Reporting of Observational
Studies in Epidemiology (STROBE) e Consolidated Standards
of Reporting Trials (CONSORT) para estudos do tipo revisões
sistemáticas, observacionais e ensaios clínicos, respectivamente.
Vale salientar que a utilização desses instrumentos não garante
a publicação do trabalho de pesquisa. Caso a apresentação dos
dados e suas implicações não sejam expostas de forma clara e
objetiva, trabalhos com validades internas e externas e de grande
relevância para a sociedade podem ficar engavetados devido às
sucessivas rejeições de publicação pelas revistas científicas.
Nesse contexto, existem diversos obstáculos para a escrita
de um artigo científico que podem levar ao insucesso de sua
publicação. A não utilização de coesão textual, fortemente ligada
à falta de conectores entre ideias e parágrafos e a ausência de
coerência textual, com apresentação de contradições e redação
sem sequências lógicas são exemplos desses entraves. Ademais,
um fator não menos importante é a língua inglesa, conhecida
como a língua universal da ciência mundial. Trabalhos científi-
cos, quando traduzidos de forma incorreta e/ou literal, carentes
de linguagem técnica-científica adequada, em sua grande maio-
ria, são recusados para publicação devido à não compreensão
por parte dos revisores, mesmo apresentando mérito científico.
Neste livro, serão apresentados um protocolo e sequências
de ideias para a construção de um artigo científico com escrita
clara, objetiva, concisa e de qualidade. O objetivo desta obra é
que, ao final da leitura, o autor, com os dados de pesquisa em
mãos, possa elaborar um artigo científico com as informações
necessárias para publicação. Para tal, serão apresentados dicas
e tópicos obrigatórios para escrever título, resumo, introdução,
metodologia, resultados, discussão e conclusão de um artigo
científico. Além disso, será possível identificar particularidades
na escrita desses tópicos em estudos laboratoriais, estudos de
revisões e facilitadores para escrevê-los em inglês.
É importante destacar que será apresentada, neste estudo,
a estrutura de redação científica mais comum encontrada nos
periódicos da área de Saúde, reforçando que não existe uma
regra absoluta. Portanto, ressaltamos a importância de selecio-
nar o periódico ao qual se pretende submeter o artigo antes de
iniciar a redação. Após a seleção, deve-se proceder à leitura de
artigos recentes, semelhantes ao que se pretende escrever, e iden-
tificar as particularidades do formato de redação do periódico.
Esperamos que este livro venha a contribuir para a construção
de trabalhos de conclusão de curso, dissertações, teses e qualquer
outro manuscrito que possuam um formato de artigo científico.
Sumário

Capítulo 1
Tópicos de um artigo científico
TÍTULO.............................................................................................11

Capítulo 2
Tópicos de um artigo científico
INTRODUÇÃO................................................................................21

Capítulo 3
Tópicos de um artigo científico
METODOLOGIA........................................................................... 34

Capítulo 4
Tópicos de um artigo científico
RESULTADOS................................................................................ 59

Capítulo 5
Tópicos de um artigo científico
DISCUSSÃO......................................................................................76

Capítulo 6
Tópicos de um artigo científico
CONCLUSÃO.................................................................................. 85
Capítulo 7
Tópicos de um artigo científico
RESUMO.......................................................................................... 92

Capítulo 8
ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES
DA LITERATURA: NARRATIVA, INTEGRATIVA
E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE.............................. 100

Capítulo 9
REVISÕES DE ESCOPO............................................................. 145

Capítulo 10
ESTUDOS LABORATORIAIS...................................................178

Capítulo 11
WRITING IN ENGLISH............................................................. 202

Capítulo 12
DÚVIDAS FREQUENTES NA SUBMISSÃO
DE ARTIGOS CIENTÍFICOS.................................................... 220

REFERÊNCIAS............................................................................. 234

AUTORES...................................................................................... 248

COLABORADORES.................................................................... 250
Capítulo 1
Tópicos de um artigo científico

Título
TÍTULO
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

O título corresponde à primeira parte do artigo científico a ser


lido pelos editores e revisores de periódicos e por aqueles que
venham a se interessar pelo trabalho redigido. Dessa forma, a
fim de entusiasmar o leitor para que leia na íntegra o manuscrito,
é necessário que o título seja bastante chamativo, o mais simples
e direto possível e que seja escrito de forma apropriada, com
linguagem adequada e científica para o público-alvo. É sempre
importante fazer a seguinte reflexão quando se avalia o título
de um artigo: o que meu título tem de diferente dos títulos de
outros artigos já publicados sobre a mesma temática? O quanto
ele está chamando a atenção do leitor? Assim, costuma-se dizer
que o título é a frase mais importante de um artigo científico,
pois, diante de tantos artigos publicados, ele é o responsável por
atrair a atenção de possíveis leitores para seu artigo. Importante
ainda destacar que muitos leitores irão julgar seu artigo pelo
título. Uma dica interessante é o rascunho de diferentes versões
do título. Assim, todos os autores do trabalho podem opinar e
chegar em um consenso para tornar o título mais adequado.
Em sua construção, alguns fatores devem ser observados a
fim de que o título possua as características já citadas, são eles:

11
CAPÍTULO 1 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – TÍTULO

1. Evitar títulos longos

Títulos longos desencorajam a continuidade da leitura do


artigo. Na maioria das vezes, a compreensão do título fica pre-
judicada, forçando o revisor/leitor a repetir por diversas vezes a
leitura do título. Nesse sentido, deve-se buscar um título curto
que seja assertivo, claro e apresente a finalidade do seu estudo.
Normalmente, um bom título tem em média de 10 a 12 palavras.

Figura 1 - Exemplo de um título longo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Perceba o quanto é cansativa a leitura, chegando a torná-lo


incompreensível. Além do mais, o título está parecendo o objetivo
completo do trabalho. Uma opção para que esse título fique mais
curto seria condensar as variáveis analisadas e suprimir informa-
ções que serão apresentadas na metodologia. Segue o exemplo:

Figura 2 - Exemplo de um título compacto

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Outros exemplos de títulos longos, entediantes e de difícil


entendimento:

Figura 3 - Exemplo de um título longo

Fonte: Meurice et al. (2004).

Figura 4 - Exemplo de um título longo

Fonte: Cieplak, Caldwell e Kollman (2001).

2. Evitar abreviações em títulos

Por mais que o título deva ser escrito para um público-alvo


que provavelmente seja da área correlacionada ao tema, a uti-
lização de siglas e abreviações não universais podem torná-lo
incompreensível. Sabemos que muitas revistas limitam o número
de caracteres do título (algumas sugerem até 50 caracteres), e os
autores usam erradamente a estratégia de incluir abreviações não
usuais para reduzir a quantidade de caracteres.

13
CAPÍTULO 1 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – TÍTULO

Figura 5 - Exemplo de um título com diversas abreviações

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Velluto et al. (2011).

Vejam que as siglas utilizadas não são universais, com exce-


ção do “DNA”. Um leitor, por mais que seja da área da saúde e
que tenha estudado melanoma, certamente terá dificuldade de
compreender o significado da maioria das abreviações.

3. Deixar claro o objetivo do estudo

É essencial que, ao término da leitura do título, o leitor saiba


identificar o que o estudo está se propondo a fazer. Apesar de
precisar ser curto, o objetivo do trabalho deve ficar claro. Uma
forma de fazer isso é ter a variável dependente já no título.

Figura 6 - Exemplo de um título com o objetivo do estudo presente

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2016).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Ao ler esse título, é possível perceber que o objetivo do


estudo é identificar que fatores estão associados a um relato
negativo das condições de saúde bucal por parte de idosos que
residem em instituições de longa permanência.
Outra estratégia de título é valorizar o ineditismo do
trabalho e, ao mesmo tempo, mostrar para o leitor o principal
resultado. No exemplo a seguir, os autores explicitam que o tra-
tamento de superfície (coating) super-hidrofóbico desenvolvido é
novo (ou seja, nenhum estudo prévio da literatura usou a mesma
técnica dos autores para obter esse tratamento), sendo capaz de
gerar um perfil microbiológico mais saudável. Apesar disso, um
cuidado deve ser tomado em títulos dessa natureza, uma vez que
é perigoso o autor se “gabar” de algo que não é tão novo ou que
extrapole demais o resultado do trabalho.

Figura 7 - Exemplo de um título com a presença dos resultados do estudo

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Souza et al. (2020).

4. Descrever a população ou o tipo


de tratamento estudado
Para se ter clareza do objetivo do estudo, é necessário que
o grupo, o tipo de tratamento ou o tipo de material analisados
estejam explícitos no título de um artigo científico.

15
CAPÍTULO 1 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – TÍTULO

Figura 8 - Exemplo de um título com a presença


de uma população específica estudada

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Pinheiro et al. (2016).

Figura 9 - Exemplo de um título com a presença


de tratamentos específicos estudados

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Cardoso et al. (2016).

Figura 10 - Exemplo de um título com a presença


de um tratamento específico e objetivo do estudo explícito

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Takamiya et al. (2011).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Na Figura 8, o foco do estudo era analisar certo grupo


populacional: idosos institucionalizados. Na Figura 9, o intuito
do artigo era comparar dois tipos de tratamento: prótese conven-
cional mandibular e sobredentadura. Já na Figura 10, o objetivo
era verificar os hábitos de higiene e uso noturno de usuários de
próteses totais. Perceba que, caso esses componentes não estives-
sem presentes no título, os objetivos dos estudos não ficariam
claros, ou o título não seria assertivo.

5. Deixar claro o tipo de estudo

Ao ler o título, devemos ser capazes de identificar se o


estudo é do tipo transversal, caso-controle, coorte, ensaios clí-
nicos, estudos de caso, acurácia ou revisões. Para isso, existem
palavras a ser postas no título que deixam explícito o tipo de
estudo. O quadro a seguir ilustra os termos a ser incluídos no
título de acordo com o desenho do estudo.

Quadro 1 - Termos utilizados em títulos de acordo com o tipo de estudo

DESENHO DO ESTUDO TERMO USADO NO TÍTULO


“Fatores associados”, “Prevalência”
Estudo transversal
e “Associação”
Estudos longitudinais, podendo
ser coorte, caso-controle ou ensaio “Fatores de riscos”
clínico
“Acurácia”, “Validação”,
Estudo de acurácia
“Sensibilidade” e “Especificidade”
Ensaios clínicos “Terapia 1 versus terapia 2”

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

17
CAPÍTULO 1 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – TÍTULO

Em alguns casos, quando não é possível utilizar palavras


que deixem implícito o tipo de estudo, recomenda-se no próprio
título escrever de forma explícita: “Revisão sistemática”, “Caso
clínico”, “Ensaio clínico controlado e randomizado”.

Figura 11 - Exemplo de um título de um estudo transversal

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2020).

Figura 12 - Exemplo de um título de um estudo do tipo revisão sistemática

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Medeiros et al. (2019).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

6. Buscar na literatura títulos pré-existentes


sobre o tema a fim de evitar plágio e tornar
seu título único

De modo a não repetir títulos já existentes, ao término


de sua formulação, é necessário pesquisá-lo em bases de dados
para identificar se ele já existe e está publicado. Além disso, é
importante tornar seu título único para atrair mais a atenção dos
possíveis leitores.

Check-list para o tópico “Título”


Seu título é conciso, objetivo e claro?
Ele está isento de siglas e abreviações desconhecidas universalmente?
Expõe nele o objetivo do estudo?
Contém o público-alvo, o tratamento ou os materiais que foram estudados?
Deixa explícito o tipo de estudo do artigo científico?
É um título inédito, não publicado na literatura?

Se todas as respostas forem “sim”, você está pronto(a) para a


realização do próximo tópico.

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Capítulo 2
Tópicos de um artigo científico

Introdução
INTRODUÇÃO
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

O corpo de uma introdução é baseado em justificar o porquê da


realização do seu trabalho e as implicações que os futuros resul-
tados podem trazer para a sociedade. A introdução tem papel
fundamental para promover o interesse de outras pessoas lerem
seu trabalho completo e prover informações prévias do que se
sabe a respeito do tema, dessa forma, evidenciar a lacuna da lite-
ratura e, consequentemente, a necessidade de realização de sua
pesquisa. Em suma, a introdução deve trazer uma revisão geral
do que esperar nas demais partes de seu trabalho. A introdução
deve ter uma estrutura em formato de triângulo invertido. Isso
quer dizer que ela começa com ideias/conhecimentos mais gerais
a respeito do tema, passando pela problemática (com conheci-
mentos mais específicos do tema) e finalmente afunila para o
objetivo e a hipótese do trabalho.
Dessa forma, para a realização desse tópico, é necessária
uma leitura prévia de artigos científicos sobre o tema, o que
permitirá a identificação de lacunas existentes na literatura a
fim de encontrar as justificativas para o seu estudo. Ademais,
em artigos científicos, o objetivo do estudo deve estar contido na
introdução e não em um tópico separado.

21
CAPÍTULO 2 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – INTRODUÇÃO

Para expor os conteúdos obrigatórios da introdução (con-


texto e justificativa do trabalho, sua relevância e o objetivo),
esta deve ser escrita em 3 ou 4 parágrafos, ocupando entre 1 a
2 páginas (fonte Times New Roman 12, espaçamento duplo).
Atualmente, as revistas científicas estão restringindo cada vez
mais o número de palavras e caracteres totais de um artigo para
a publicação. Nesse sentido, não cabe mais colocar nesse tópico
vários conceitos e históricos longos, uma vez que, partindo do
princípio que o objetivo do seu trabalho está claro no título, o
leitor já tem um conhecimento prévio do assunto e está buscando
um aprofundamento sobre o tema. Introduções grandes não são
vistas com bons olhos por revisores e podem restringir espaço
para os tópicos “Metodologia” e “Discussão”. Outro fator que
torna uma introdução não atrativa é a falta de coesão textual.
O uso de conectores como “além disso”, “mediante” e “diante
disso” entre parágrafos e frases deve ser frequente para que
haja uma conexão de ideias. Uma dica interessante a respeito
de conexão entre os parágrafos é você pedir para seu colega ler
um parágrafo de sua introdução e ele tentar adivinhar o que está
escrito no parágrafo anterior e posterior a este. Se ele conseguir
acertar, pode-se dizer que suas ideias estão conectadas entre os
parágrafos. Veja o exemplo abaixo:

Figura 13 - Exemplo de um parágrafo de uma introdução

Fonte: Souza et al. (2020).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Esse parágrafo foi retirado do meio da introdução de um


artigo. O que você espera que os autores tenham abordado
antes e depois desse trecho? Se você disse que eles abordaram
previamente algo sobre o desenvolvimento de peri-implantite e
posteriormente os tratamentos para essa doença, podemos dizer
que os autores foram coerentes em suas ideias. Para tirar suas
dúvidas, veja os parágrafos que antecederam e que sucederam o
reportado na Figura 13.
Parágrafo anterior:

Figura 14 - Exemplo do parágrafo anterior ao da figura 13

Fonte: Souza et al. (2020).

23
CAPÍTULO 2 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – INTRODUÇÃO

Parágrafo posterior:

Figura 15 - Exemplo do parágrafo posterior ao da figura 13

Fonte: Souza et al. (2020).

A seguir, faremos algumas recomendações de escrita para a


construção de uma introdução dividida em parágrafos:

1. Primeiro parágrafo

Na construção do primeiro parágrafo, devemos evitar ao


máximo expor conceitos e históricos muito gerais, a não ser que
o objeto de estudo seja extremamente recente e pouco visto na
literatura. Sugere-se, portanto, que o início de uma introdução
seja baseado na justificativa do estudo da população, do trata-
mento ou dos materiais a ser analisados. O primeiro parágrafo
deve abordar o significado do principal problema do estudo.

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 16 - Exemplo de um estudo com uma introdução adequada

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2019).

Nesse estudo, objetivou-se avaliar a saúde tecidual ao redor


de diferentes implantes em usuários de um tipo de prótese
específica (overdenture). De acordo com a recomendação para
a redação do primeiro parágrafo, ele deverá ser embasado numa
justificativa do estudo da overdenture. A seguir, é possível confe-
rir o primeiro parágrafo do estudo.

Figura 17 - Exemplo do primeiro parágrafo


do estudo correspondente à figura 16

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2019).

2. Segundo e terceiro parágrafos

Mediante a necessidade de apresentar a justificativa e a


relevância do estudo, essas informações podem ser descritas no
segundo e terceiro parágrafos. Lembrando que a temática nesses
parágrafos deve ser afunilada, ou seja, ser mais específica com

25
CAPÍTULO 2 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – INTRODUÇÃO

o objetivo do trabalho. Seguindo o mesmo exemplo do trabalho


anterior, perceba a descrição da relevância (impacto clínico da
saúde peri-implantar para a longevidade da reabilitação oral) e
da justificativa (negligência de estudos de saúde peri-implantar
no âmbito de tecidos moles). Vale salientar que a ausência de
estudos sobre o tema não deve ser o fator principal que justifica
a realização de determinado estudo. Nesse sentido, citar estudos
prévios enfatizando seus achados e lacunas sobre a mesma temá-
tica deve ser uma prática rotineira para a redação da relevância e
da justificativa do seu trabalho.

Figura 18 - Exemplo do segundo parágrafo


do estudo correspondente à Figura 16

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2019).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 19 - Exemplo do terceiro parágrafo


do estudo correspondente à Figura 16

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2019).

3. Quarto parágrafo

O último parágrafo pode ser reservado para descrever o


objetivo do estudo. Alguns autores, além de apresentar o obje-
tivo, também reapresentam o problema principal que envolve
seu trabalho e a hipótese nula ou hipótese de pesquisa, a qual o
autor irá discutir no tópico Discussão.
Seguindo o mesmo exemplo anterior, perceba a descrição
do objetivo no último parágrafo da introdução.

Figura 20 - Exemplo do último parágrafo


do estudo correspondente à Figura 16

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2019).

27
CAPÍTULO 2 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – INTRODUÇÃO

O exemplo a seguir traz uma introdução redigida de acordo


com as orientações descritas nesta subseção.

Figura 21 - Exemplo de um estudo com uma introdução adequada

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Carreiro et al. (2017).

Figura 22 - Exemplo do primeiro parágrafo


do estudo correspondente à Figura 21

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Carreiro et al. (2017).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 23 - Exemplo do segundo parágrafo do estudo correspondente à Figura


21

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Carreiro et al. (2017).

Figura 24 - Exemplo do terceiro parágrafo do estudo correspondente à Figura


21

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Carreiro et al. (2017).

29
CAPÍTULO 2 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – INTRODUÇÃO

Figura 25 - Exemplo do último parágrafo do estudo correspondente à Figura 21

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Carreiro et al. (2017).

Finalmente, e de maneira opcional, algumas revistas de


impacto permitem que os autores incluam após o objetivo/hipó-
tese do estudo uma sentença ressaltando os resultados e con-
clusões mais significantes do trabalho. Isso, de alguma forma,
estimula os leitores a continuarem lendo o seu trabalho, além de
prover, de forma objetiva, a relevância de seus achados.

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 26 - Exemplo de um parágrafo com resultados e conclusões

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Em amarelo, os autores do texto justificam a necessidade


do trabalho e apontam o objetivo central do estudo. Em verde,
são reportados, de forma breve, os achados do trabalho, fazendo
que os leitores busquem mais informações no artigo a respeito
desses resultados.

31
CAPÍTULO 2 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – INTRODUÇÃO

Check-list para o tópico “Introdução”


Sua introdução é concisa e possui uma média de 3 a 4 parágrafos?
Ela ocupa entre 1 e 2 páginas?
Ela segue uma estrutura de triângulo invertido (da ideia mais ampla para
a mais específica)?
É possível identificar a justificativa do estudo proposto e o gap da
literatura?
A relevância/implicação do estudo é apresentada?
Existe ligação entre parágrafos e coerência de ideias?
Estudos prévios foram referenciados adequadamente?
O objetivo/hipótese do estudo foi apresentado?
*gap: Lacuna; Falhas; Ausência de informações.

Se todas as respostas forem “sim”, você está pronto(a) para a


realização do próximo tópico.

32
Capítulo 3
Tópicos de um artigo científico

Metodologia
METODOLOGIA
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

O objetivo deste tópico é permitir que outros pesquisadores


sejam capazes de replicar o estudo a fim de se obter os mesmos
resultados. Para tal, é necessário que a descrição do delineamento
metodológico no item metodologia de um artigo científico des-
creva o passo a passo para a realização do estudo. É imperativo
explicar a finalidade de qualquer procedimento cuja função não
esteja clara, garantindo que o leitor entenda o porquê de cada
procedimento ter sido realizado e como cada um está vinculado
à questão central do trabalho. Este tópico é ainda importante
para os editores/revisores e leitores julgarem se os métodos usa-
dos no trabalho são coerentes com as conclusões reportadas. Em
outras palavras, sempre se questione se as conclusões do estudo
estão suportadas pela metodologia nele aplicada para a obtenção
dos resultados. Lembre-se que conclusões não suportadas pela
metodologia aplicada levam a uma rejeição imediata do artigo.
A qualidade de um artigo com relação à sua validade
interna e externa está diretamente relacionada com a meto-
dologia utilizada para a execução da pesquisa. Diante disso, a
utilização de check-list específica para cada tipo de estudo deve
ser uma rotina em trabalhos científicos. Os recursos mais usados

34
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

são: Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses


(PRISMA), Strengthening the Reporting of Observational Studies
in Epidemiology (STROBE) e Consolidated Standards of Reporting
Trials (CONSORT) para estudos do tipo revisões sistemáticas/
metanálise, observacionais e ensaios clínicos, respectivamente.
O tipo de voz utilizado e o tempo verbal na metodologia
são parâmetros com que devemos nos preocupar. É preferido o
uso da voz passiva (Os experimentos foram realizados...) ao invés
de voz ativa (Nós realizamos os experimentos...), uma vez que o
foco está no que foi feito, e quem realizou o experimento não tem
relevância nesta seção. No entanto, algumas revistas de grande
impacto preferem o uso de voz ativa. Dessa forma, é imperativo
que o autor consulte as normas do periódico-alvo antes da escrita
do artigo científico. O tempo verbal é, em sua maioria, utilizado
no passado, visto que os experimentos já foram executados.
Em alguns casos, a metodologia pode ficar longa, devido
à necessidade de expor detalhes para possibilitar a replicação
do estudo. Nesses casos, algumas medidas para condensá-los
podem ser adotadas, dentre as quais, destacamos:

• Referenciar métodos de coleta

Para que o autor não utilize diversos parágrafos explicando


algum método de coleta já consolidado na literatura, uma solu-
ção viável é referenciar o instrumento validado.

35
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 27 - Exemplo de um estudo que utilizou


a referência de um método de coleta

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2017).

Nesse estudo, um dos objetivos foi avaliar a taxa de sucesso


de diferentes implantes. Para isso, foi necessário, na metodolo-
gia, descrever todos os fatores a ser considerados e os métodos de
avaliação para, ao final, responder se o implante obteve sucesso
ou não na reabilitação. Caso a redação de todo o método fosse
detalhada no manuscrito, a metodologia iria ocupar grande
parte do espaço do artigo e a descrição de outros tópicos ficaria
prejudicada. Assim, optou-se por referenciar o método (referên-
cia de número 23) de acordo com o exemplo a seguir.

Figura 28 - Parágrafo da metodologia do estudo referente à Figura 27,


o qual utilizou a técnica de referenciar um método de coleta

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2017).

36
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

A estratégia de referenciar estudos prévios, sem a necessi-


dade de descrição detalhada de todo o método, evita autoplágio
ou plágio de estudos que não são do autor. Lembre-se de que
nunca devemos “copiar” trechos de um artigo prévio, mesmo
que seja de nossa própria autoria. Isso é considerado autoplágio e
infringe os princípios de ética em escrita científica.
Em algumas ocasiões, usamos o método descrito por um
estudo prévio, com algumas modificações ou adaptações que
foram realizadas. Nesse caso, é essencial descrever quais modifi-
cações foram realizadas. Veja o exemplo a seguir.

Figura 29 - Parágrafo referenciando um método modificado

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Alguns autores usam ainda outra técnica para descrição


da metodologia, quando ela é baseada em estudos prévios. Veja
exemplo a seguir.

Figura 30 - Parágrafo referenciando um método


modificado e resumindo a técnica utilizada

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

37
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Apesar de os autores terem se baseado em um estudo prévio


para executar o ensaio de adsorção de proteínas, eles preferiram
descrever esse protocolo resumidamente. Isso facilita o enten-
dimento dos leitores e evita que tenham de ficar retornando ao
estudo de “Beline et al. 2016” para entender o que foi feito real-
mente. Obviamente, se alguém quiser replicar esse mesmo pro-
tocolo, a leitura do artigo base (Beline et al., 2016) é necessária.

• Dividir a metodologia em subtítulos

Em metodologia longa, o autor pode considerar a possibi-


lidade de escrevê-la a partir da divisão em subtítulos. Escrever
uma metodologia grande em um texto único pode tornar a lei-
tura cansativa e dificultar a retomada de algum ponto específico
que o leitor queira reler.

Figura 31 - Exemplo de um estudo que utilizou


o tópico Metodologia dividido em subtópicos

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Cardoso et al. (2016).

No estudo apresentado na Figura 31, foi utilizada a ferra-


menta de divisão da metodologia nos seguintes tópicos:

լ Study design: explicando o tipo de estudo que foi realizado;

38
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

լ Participants: mostrando a alocação dos participantes em


grupos;
լ Treatment: apresentando os tratamentos que cada grupo ia
receber;
լ Measurements: explicando como cada variável do estudo foi
obtida;
լ Statistical analysis: descrevendo a análise dos dados.

O título dos subtópicos usados na metodologia pode ser


utilizado de maneira idêntica ou similar na seção de Resultados,
facilitando a conexão entre essas duas seções do artigo científico
e melhorando o entendimento do leitor. No entanto, lembre-se
de que é importante checar as normas da revista a que o artigo
será submetido, uma vez que algumas revistas (felizmente pou-
cas) não permitem essa subdivisão.

• Considerar a realização de um diagrama/fluxograma

Uma figura pode suprimir a necessidade de que se redija


uma quantidade considerável de parágrafos. Quando bem exe-
cutados, diagramas e fluxogramas nos apresentam de forma
didática muita informação. Seguindo o mesmo exemplo ante-
rior, no item “participants”, foi necessário explicar como se deu
a alocação dos participantes em dois grupos. Com a finalidade
de tornar mais didático e evitar uma redação extensa desse item,
optou-se pela realização do seguinte fluxograma:

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 32 - Exemplo de um fluxograma com a finalidade


de resumir a escrita do tópico Metodologia

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Cardoso et al. (2016).

É possível interpretar que, inicialmente, havia 50 parti-


cipantes, dos quais, 25 foram alocados no grupo que recebeu
prótese total e 25 no grupo que foi reabilitado com overdenture.
Ambos os grupos foram acompanhados por 3 meses após a insta-
lação dessas próteses. Nesse período, houve perda de 3 pacientes
no grupo que recebeu a prótese total. Dessa forma, 22 pacientes
foram analisados nesse grupo e 25 pacientes foram analisados no
grupo que recebeu a prótese do tipo overdenture.
Independentemente da utilização das medidas supracitadas,
existem conteúdos inseridos na metodologia que não podem
deixar de ser citados e explicados, são eles: a descrição do tipo
de estudo, evidenciando se do tipo transversal, caso-controle,
coorte, ensaios clínicos, estudos de caso, acurácia ou revisão;
local de realização da pesquisa, expondo em que espaço se
deu o estudo; população, tratamento ou materiais analisados,
explicando qual grupo de pessoas, como se deu o tratamento
ou que tipo de materiais estão sendo investigados; a coleta das
variáveis do estudo, descrevendo os instrumentos de coleta de
dados; a amostra, explicando o cálculo amostral para se chegar

40
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

ao número de participantes ou corpos de prova; as considerações


éticas para estudos que envolvem seres humanos ou animais, em
que é necessário relatar o número de aprovação por um comitê
institucional; e a análise estatística, mostrando como se deu a
análise dos dados e que testes estatísticos foram utilizados.
A seguir, está o passo a passo para a construção de uma
metodologia de acordo com o tipo de estudo proposto e seus
conteúdos pertinentes:

1. Metodologia em estudos clínicos

Para esses estudos, a redação da metodologia pode ser feita


a partir de um texto corrido, sem subdivisões; ou por meio de
tópicos. Independentemente do formato escolhido, devemos
encontrar na metodologia o desenho da pesquisa, o local do
estudo, as considerações éticas, a descrição dos participantes e o
tratamento, o número de participantes, os critérios de inclusão e
exclusão, detalhes como gênero e idade (se relevantes), os méto-
dos utilizados para se obter as variáveis estudadas e a análise
estatística. Quando da realização de ensaios clínicos, é impor-
tante ter o registro em plataformas específicas, como: ReBEC
– Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (disponível em: http://
www.ensaiosclinicos.gov.br) e Clinical Trials (disponível em:
https://clinicaltrials.gov). Muitas revistas irão exigir o protocolo
de registro quando da submissão do artigo científico.

1.1. Desenho, local do estudo e considerações éticas

Neste item, devem-se apresentar o tipo de estudo, o local de


realização da pesquisa e o número do protocolo de aprovação do
comitê de ética.
41
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 33 - Exemplo de um parágrafo descrevendo


o desenho, local e considerações éticas do estudo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

1.2. Participantes ou delineamento da pesquisa

O grupo populacional específico que está sendo estudado


deve ser apresentado neste item. Além disso, o método para a
obtenção da amostra (como foi calculado o tamanho da amos-
tra), a alocação dos participantes em grupos e os critérios de
inclusão e exclusão também devem ser descritos.

Figura 34 - Exemplo de um parágrafo descrevendo os participantes do estudo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

42
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

1.3. Tratamento

No item tratamento, deve-se apresentar as terapias e suas


particularidades aplicadas nos grupos estudados.

Figura 35 - Exemplo de um parágrafo


descrevendo o tratamento realizado no estudo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

1.4. Variáveis do estudo

O método/instrumento validado para a coleta das variáveis


dependentes e independentes deve ser descrito. Como explicado
no início deste capítulo, uma forma de reduzir a quantidade de
palavras para descrever a forma como se deu a obtenção das vari-
áveis é referenciando o método de coleta.

43
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 36 - Exemplo da descrição das variáveis coletadas no estudo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

1.5. Análise estatística

A descrição da análise dos dados, incluindo o programa


estatístico e a versão e apresentação dos testes utilizados, é apre-
sentada neste item.

Figura 37 - Exemplo de um parágrafo


descrevendo a análise estatística do estudo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

44
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

2. Metodologia em estudos transversais

Como nos estudos clínicos, a metodologia pode ser escrita


com base em divisões ou em um único texto. Em estudos trans-
versais, as descrições do desenho da pesquisa, o local do estudo,
as considerações éticas, a população estudada, a amostragem, as
variáveis do estudo e análise estatística são de suma importância.

2.1. Desenho, local do estudo e considerações éticas

A descrição deste tópico é semelhante à de ensaios clínicos.

Figura 38 - Exemplo de um parágrafo descrevendo


o desenho, local e considerações éticas do estudo

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2016).

2.2. População estudada e Amostragem


ou Delineamento da pesquisa

Devem-se apresentar nesse item o grupo de indivíduos


estudados, o delineamento para a obtenção da amostra e como
se deu o cálculo amostral. Ademais, os critérios de inclusão e
exclusão do trabalho também devem ser descritos.

45
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 39 - Exemplo de um parágrafo descrevendo a população do estudo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

2.3. Variáveis do estudo

A descrição deste tópico é semelhante à de ensaios clínicos.

Figura 40 - Exemplo da descrição das variáveis coletadas no estudo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

46
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

2.4. Análise estatística

A descrição deste tópico é semelhante à de ensaios clínicos.

Figura 41 - Exemplo de um parágrafo


descrevendo a análise estatística do estudo

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2016).

3. Metodologia em estudos de caso clínico

Uma particularidade desse tipo de estudo é que não se faz


necessária a apresentação do cálculo amostral e da análise esta-
tística, já que o trabalho inclui apenas um único participante.
Também é necessário ficar atento ao parecer ético. Algumas
revistas exigem o parecer de aprovação em estudos de caso. Em
casos clínicos, a metodologia requer a apresentação do caso, do
tratamento realizado e das variáveis do estudo. Alguns autores
descrevem todos esses itens em texto único e substituem o termo
metodologia por “case report”. O guia de reporte “CARE – Case
report guidelines” (disponível em: equator-network.org/repor-
ting-guidelines/care) apresenta detalhadamente todos os itens

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

que devem estar contidos em um artigo de relato de caso e pode


ser utilizado para facilitar a escrita deste tipo de artigo.

3.1. Apresentação do caso

Aqui, deve-se apresentar as características gerais do paciente


(sexo e idade), suas condições clínicas iniciais e como o paciente
do caso clínico foi selecionado para o estudo.

Figura 42 - Exemplo de um parágrafo descrevendo o caso do estudo

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2020).

3.2. Tratamento

Nesse item, é necessário descrever que tipo de terapia foi


feito e o passo a passo para a realização do tratamento, incluindo
marcas e fabricantes dos materiais utilizados.

48
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

Figura 43 - Exemplo da descrição do tratamento do caso clínico

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2020).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

3.3. Variáveis do estudo

A descrição deste tópico é semelhante à de ensaios clínicos.

Figura 44 - Exemplo da descrição da variável do estudo

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2020).

4. Metodologia em estudos de acurácia

Esses estudos, em sua grande maioria, possuem como


finalidade a construção de um instrumento de diagnóstico e/ou
a comparação com o padrão ouro já existente. Nesse sentido, é
necessária a apresentação, na metodologia, de: desenho da pes-
quisa; local do estudo; considerações éticas; participantes; desen-
volvimento do instrumento; validação do conteúdo, de face, de
estrutura interna; e validação comparando com o padrão ouro e
a análise estatística.

4.1. Desenho, local do estudo e considerações éticas

A descrição deste tópico é semelhante à de ensaios clínicos.

50
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

4.2. Participantes

Neste tópico, é necessário descrever a população estudada


e os critérios de inclusão e exclusão para entrarem na pesquisa.
A obtenção da amostra do estudo geralmente não é escrita nesse
espaço, uma vez que o número de participantes varia de acordo
com o que se quer validar. Dessa forma, o número de indivíduos
que entrou no estudo será descrito em cada etapa de validação.

Figura 45 - Exemplo de um estudo de acurácia

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Cavalcanti et al. (2019).

Figura 46 - Exemplo da descrição dos participantes


referente ao estudo da figura 40

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Cavalcanti et al. (2019).

51
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

4.3. Desenvolvimento do instrumento

Neste tópico, são apresentados os métodos utilizados para a


construção do instrumento.

Figura 47 - Exemplo da descrição do desenvolvimento de um instrumento

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

4.4. Validação do conteúdo

A partir da elaboração e obtenção de um instrumento de


diagnóstico, é necessário validar o conteúdo. Nesse sentido, este
item deve fornecer informações com relação aos participantes
que validaram os métodos e a se houve mudança do instrumento
proposto inicialmente. Seguindo o exemplo hipotético anterior,
temos uma sugestão de como escrever esse tópico.

Figura 48 - Exemplo da descrição da validação de conteúdo de um instrumento

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

52
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

4.5. Validação de face

A validação de face tem por objetivo identificar se o ins-


trumento é compreensível e se há a necessidade de mudar ter-
minologias de termos para se realizar o diagnóstico de alguma
condição.

Figura 49 - Exemplo da descrição da validação de face de um instrumento

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

4.6. Validação da estrutura interna ou fatorial

Para que o instrumento de diagnóstico seja considerado


ideal, é necessário que ele seja reprodutível, ou seja, os indivíduos
devem responder da mesma forma ao instrumento, mesmo que
ele seja aplicado em dias diferentes. Obviamente que para existir
uma reprodutibilidade de respostas, o indivíduo não pode sofrer
qualquer interferência (tratamento, por exemplo) por parte do
investigador. Nesse item, é necessário apresentar como se deu o
método para se avaliar a reprodutibilidade e a amostra necessá-
ria para tal. Além disso, deve-se fornecer o tamanho amostral
para que o instrumento de diagnóstico tenha resultados válidos
para uma determinada população.

53
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 50 - Exemplo da descrição da validação fatorial de um instrumento

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

4.7. Validação em comparação com o padrão ouro

Neste tópico, é necessário identificar qual é o instrumento


padrão ouro, a amostra em que se aplicou os instrumentos a ser
comparados, os critérios de inclusão e exclusão dos participan-
tes e os critérios para se classificar “doente” e “não doente” de
acordo com o instrumento de diagnóstico proposto.

Figura 51 - Exemplo da descrição da validação


em comparação com o padrão ouro de um instrumento

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

54
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

4.8. Análise estatística

Os testes que foram aplicados para se avaliar a consistência


interna, a reprodutibilidade, a sensibilidade e a especificidade do
instrumento devem ser apresentados neste tópico.

Figura 52 - Exemplo da descrição da análise estatística

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

5. Metodologia em estudos de revisões


e laboratoriais
A descrição e os exemplos de metodologia para esses estudos
serão apresentados nos capítulos “Redação científica em estudos
de revisão” e “Redação científica em estudos laboratoriais”.

5.1. Delineamento experimental

Muitos autores utilizam este subtópico para iniciar a seção


de metodologia, uma vez que ele provê uma visão geral do que foi

55
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

feito em seu artigo científico. Algumas revistas exigem a presença


desse subtópico, enquanto, em outras, ele é opcional. A escrita do
delineamento experimental deve conter os seguintes tópicos:

• tipo de estudo experimental e objetivo;


• definição de grupos experimentais;
• unidades experimentais e tamanho;
• como as unidades experimentais estão distribuídas nos
grupos;
• definição de variáveis dependentes (variáveis de resposta) e
como elas serão avaliadas
• hipótese;
• análise estatística (versão curta) – opcional.

Para melhor entendimento, veja o exemplo a seguir.

Figura 53 - Exemplo da escrita de um delineamento experimental

Fonte: Souza et al. (2020).

56
CAPÍTULO 3 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – METODOLOGIA

Checklist para o tópico “Metodologia”


Sua metodologia está descrita de uma forma que permita a replicação do
estudo?
Ela contém a descrição do tipo de estudo?
É possível identificar o local de realização da pesquisa?
As características da população, do tratamento ou dos materiais
estudados estão descritas?
Os instrumentos de coleta de dados foram explicados e referenciados?
A função de cada teste realizado está clara para o leitor?
O cálculo amostral está presente, quando necessário?
As considerações éticas foram relatadas?
A análise estatística dos dados foi explicada?

Se todas as respostas forem “sim”, você está pronto(a) para a


realização do próximo tópico.

57
Capítulo 4
Tópicos de um artigo científico

Resultados
RESULTADOS
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Este tópico representa o esqueleto do artigo em que os achados


são sumarizados por meio de figuras, tabelas e texto. Esta seção
não deve ser utilizada para discutir por que e como o experi-
mento foi realizado, tampouco para discutir se os achados foram
esperados, inesperados, decepcionantes ou interessantes. Outro
ponto a ser considerado na redação dos resultados é que, na uti-
lização de tabelas e figuras, não se deve repetir informações que
estão presentes nelas no texto do tópico.
Para facilitar a escrita deste tópico, é sugerido que o autor
tenha fabricado previamente todas as tabelas e figuras que irão
entrar no artigo. Isso facilitará sobremaneira o entendimento e
a organização dos dados. Além disso, é importante que o autor
siga uma ordem cronológica de descrição de seus resultados.
Uma dica é utilizar os subtópicos presentes na metodologia e os
transferir para esta seção de forma literal ou similar, garantindo
o entendimento do leitor a respeito de seu artigo.
A utilização de tabelas e figuras são estratégias de leitura
bem vistas por um revisor e por quem está lendo seu artigo cientí-
fico. Elas correspondem a representações ilustrativas que possibi-
litam a demonstração de dados de forma clara e bastante objetiva.

59
CAPÍTULO 4 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESULTADOS

Para que essas ferramentas possam cumprir suas finalidades, é


necessário que, no texto escrito deste tópico, quando forem feitas
referências a algo que está em tabelas e figuras, elas sejam indica-
das e identificadas em ordem crescente na redação. Por exemplo:

Figura 54 - Exemplo de um estudo que utilizou


tabelas e suas descrições de forma correta

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Silva et al. (2019).

Figura 55 - Exemplo de um parágrafo descrevendo


a interpretação dos dados de uma tabela (figura 56)

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Silva et al. (2019).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 56 - Exemplo de uma tabela de resultados

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Silva et al. (2019).

Percebam que, ao final da descrição dos dados no parágrafo


da Figura 55, colocou-se a referência da tabela ao final do texto.
Essa identificação facilita a ida do leitor para a ilustração que
foi referenciada. Nota-se, ainda, que o autor proveu uma expli-
cação sucinta do que o leitor vai encontrar na tabela, uma vez
que nunca devemos deixar o leitor interpretar por ele mesmo os
nossos dados. É importante que o autor do trabalho guie o leitor
para aquilo que deve ser observado e destacado.
Independentemente do tipo de estudo, com exceção de estu-
dos de casos e revisões, para facilitar a escrita e o entendimento
do tópico “Resultados”, sugere-se que sua redação seja iniciada
pela apresentação dos dados gerais da amostra (por exemplo,
idade média e quantos indivíduos por sexo foram avaliados). Em
seguida, venham os resultados, que respondem a sua pergunta de
pesquisa. Assim, o primeiro parágrafo pode ficar reservado para
os dados gerais e os seguintes para os específicos.

1. Primeiro parágrafo do tópico “Resultados”

O ideal é que o primeiro parágrafo seja destinado à caracte-


rização dos participantes da pesquisa.

61
CAPÍTULO 4 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESULTADOS

Figura 57 - Exemplo de um estudo em que o primeiro


parágrafo foi destinado à caracterização da amostra

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2016).

Nesse exemplo, o primeiro parágrafo limitou-se a apre-


sentar a distribuição do sexo da amostra, a idade média, a
quantidade de participantes em cada grupo e a predominância
de determinadas características gerais. Perceba que não foram
apresentados os dados que respondem ao objetivo da pesquisa,
que seriam os fatores que estiveram associados à autopercepção
negativa de saúde bucal dos idosos.

2. Segundo parágrafo e subsequentes


do tópico “Resultados”
A partir do segundo parágrafo, a descrição dos dados que
respondem à pergunta de estudo e a interpretação dos números
contidos em tabelas e figuras devem ser apresentados.

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 58 - Exemplo de um segundo parágrafo ou de subsequentes

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2017).

Figura 59 - Tabela correspondente a níveis ósseos de implantes Hexágono


externo e Cone Morse no dia da instalação da prótese e 1 ano após

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2017).

No parágrafo da Figura 58, os autores responderam à per-


gunta de pesquisa. Um detalhe a ser notado é que a redação não
repetiu dados presentes na tabela, limitando-se apenas a inter-
pretar o que foi apresentado na ilustração. Além disso, nenhuma
explicação dos resultados e comparação com outros estudos
podem ser vistas na escrita, evidenciando que o propósito desse
tópico é de apenas relatar o que foi visto na coleta de dados. Outro
ponto importante na apresentação dos achados é incluir as infor-
mações estatísticas e interpretar os dados. Veja o exemplo a seguir:

63
CAPÍTULO 4 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESULTADOS

“A reabsorção óssea no grupo controle foi diferente da


observada no grupo de enxerto ósseo (p<0,05)”.

Apesar de o leitor entender que houve uma diferença esta-


tística entre os grupos estudados, não fica claro que grupo apre-
sentou maior ou menor reabsorção óssea (grupo controle – sem
enxerto ou grupo que recebeu enxerto?). Além disso, os autores
usaram o valor de P genérico. Sempre que possível, o valor de P
real deve ser utilizado. Assim, essa sentença deve ser reescrita da
seguinte forma:

“O grupo de que recebeu enxerto ósseo exibiu maior reab-


sorção óssea que o controle (p=0,002)”.

Veja que, desse modo, o leitor entenderá perfeitamente


que o grupo que recebeu enxerto apresentou maior reabsorção
óssea quando comparado ao grupo controle, e que essa diferença
foi altamente significante (p=0,002). Note ainda que o autor
reportou que os dados quantitativos dessa reabsorção podem ser
encontrados na Figura 1 do artigo. Assim, não há necessidade,
nem é recomendado, que os valores quantitativos de reabsorção
óssea sejam também descritos no texto.

3. Resultados em estudos de caso clínico

De maneira geral, os periódicos sugerem que estudos de casos


clínicos possuam os seguintes tópicos: Introdução, Metodologia
ou “Case Report”, Discussão e Conclusão. Nesses casos, o tópico
“Resultados” deve ser descrito na Discussão (geralmente no
primeiro parágrafo). O exemplo a seguir mostra o início de uma

64
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

discussão de um estudo de caso. Perceba que é nesse tópico que os


resultados da pesquisa são descritos e discutidos.

Figura 60 - Exemplo da descrição de resultados


no tópico da discussão em um estudo do tipo caso clínico

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Carreiro et al. (2020).

4. Resultados em estudos laboratoriais e revisões

A descrição e os exemplos de resultados para esses estudos


serão apresentados nos capítulos “Redação científica em estudos
de revisão” e “Redação científica em estudos laboratoriais”.

5. Tabelas e figuras

Muito pode ser dito sobre como e por que algum estudo
foi realizado, apenas olhando cuidadosamente figuras/gráficos,

65
CAPÍTULO 4 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESULTADOS

tabelas e suas legendas. A decisão de usar tabelas, figuras/gráfi-


cos ou apenas a descrição dos achados no texto é uma tarefa que
deve ser fortemente refletida pelo autor.

5.1. Tabelas

Este tipo de ilustração é feito no próprio “Word” e devemos


ficar atentos a alguns detalhes pertinentes à construção de tabe-
las. A seguir, encontram-se algumas dicas e dúvidas referentes a
sua elaboração.

5.1.1. Formato

Para a ilustração ser considerada tabela, é necessário que ela


não contenha bordas internas nem laterais.

Figura 61 - Exemplo de uma tabela correta

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 62 - Exemplo de uma tabela incorreta

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

5.1.2. O que devemos colocar em uma tabela?

O conteúdo de uma tabela vai depender do teste estatístico


utilizado para responder à pergunta de pesquisa e do desenho do
estudo. A seguir, estão algumas dicas de conteúdos de tabela de
acordo com testes e tipos de estudo.

Quadro 2 - Conteúdos de tabelas de acordo com o tipo de estudo

Tipo de testes Sugestão de conteúdos que devem


ou Tipo de estudo estar presentes na tabela

Testes não
Mediana das variáveis
paramétricos
Testes paramétricos Média das variáveis
Variáveis e suas categorias, número e/ou
Estudos porcentagem dos indivíduos de cada categoria,
observacionais razão de prevalência, intervalo de confiança
e valor de “p”

67
CAPÍTULO 4 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESULTADOS

Variáveis, suas médias ou medianas


correspondentes ao tratamento, número de
indivíduos avaliados na variável, quartis 25 e 75
Estudos clínicos ou limite superior e limite inferior e valor de “p”.
Em estudos que avaliam fatores de risco (coortes
e caso-controle), é necessário colocar na tabela os
valores de risco relativo.
Sensibilidade, especificidade, valor preditivo
Estudos de acurácia
positivo, valor preditivo negativo
Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Figura 63 - Exemplo de uma tabela em um estudo clínico

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

68
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 64 - Exemplo de uma tabela em um estudo observacional

RP: razão de prevalência; IC: intervalo de confiança; RPAJ: razão de


prevalência ajustado; ICAJ: intervalo de confiança ajustado.

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Figura 65 - Exemplo de uma tabela em um estudo de acurácia

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

69
CAPÍTULO 4 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESULTADOS

5.2. Figuras

As ilustrações de um artigo científico podem ser divididas


em desenho, esquema, fluxograma, fotografia, gráfico, mapa,
organograma, planta, quadro, retrato, figura, imagem, entre
outras, podendo ser feitas em qualquer programa que edite
figuras. Um detalhe a ser observado é que cada periódico possui
orientações específicas com relação ao tamanho e à resolução.
Uma dica interessante de programa gratuito que realiza as edi-
ções de resolução e tamanho é o GIMP.

Figura 66 - Imagem sendo editada no programa GIMP

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

O uso de gráficos em artigos científicos é altamente


recomendado, uma vez que eles capturam a atenção do leitor
e conseguem sumarizar os achados sem necessitar de muita
escrita no texto. Um bom gráfico é aquele em que o leitor é
capaz de interpretá-lo por si mesmo. Algumas regras gerais

70
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

devem ser observadas: i. cada eixo do gráfico deve ser identi-


ficado e incluir as unidades de medida; ii. as marcas de escala
em ambos os eixos (x e y) devem ter intervalos regulares o sufi-
ciente para permitir ao leitor estimar o valor de cada ponto de
dados; iii. o significado de cada símbolo utilizado ou cor deve
estar claramente indicado na legenda da figura; iv. o tamanho
e o tipo de fonte utilizados devem ser de fácil entendimento e
em tamanho adequado para a correta interpretação. Lembre-se
de que alguns periódicos de circulação impressa cobram por
cada figura colorida incluída no artigo científico. Dessa forma,
gráficos em escala de cinza são muitas vezes recomendados
para redução dos custos de publicação.
Diversos softwares podem ser utilizados para fabricação de
gráficos: Excel (apesar de ser amplamente utilizado, não é o mais
indicado e apresenta diversas limitações em modelos de gráfi-
cos), Prism – Graph Pad (software de fácil uso, permite a cons-
trução de diversos modelos de gráficos e, ao mesmo tempo, torna
possível realizar análise estatística dos dados), Origin (similar ao
Prism – Graph Pad), entre outros.
Os gráficos mais utilizados em artigos científicos na área
de Saúde são os de barras ou colunas, linhas e box-plot. Os grá-
ficos de barras são amplamente utilizados e reportam os valores
médios e o desvio padrão dos dados. Normalmente, no eixo y,
são reportados os valores de determinada variável resposta; e no
eixo x, são colocados os grupos de comparação. No exemplo a
seguir vemos os valores médios e o desvio padrão da adsorção
de proteínas na superfície de titânio com diferentes tratamen-
tos (M, Sb, MAO e GDP). As letras colocadas sobre as barras
representam a comparação estatística entre os grupos. Grupos
com letras diferentes são estatisticamente diferentes. Assim, é
possível observar que o grupo GDP apresentou menores valores

71
CAPÍTULO 4 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESULTADOS

de adsorção de proteínas quando comparado ao grupo M. No


entanto, seu valor foi similar aos grupos Sb e MAO.

Figura 67 - Valores médios e desvio padrão da adsorção de proteínas


na superfície de titânio com diferentes tratamentos (M, Sb, MAO e GDP)

Fonte: Matos et al. (2020).

Os gráficos de linhas são muito utilizados quando determi-


nado dado (variável resposta) está sendo investigado em diferentes
tempos. Com isso, é possível ter uma visão geral do comporta-
mento dessa variável em função do tempo. O gráfico de linhas, a
seguir, representa os valores de ângulo de contato de superfícies
de titânio expostas (UV+) e não expostas à luz UV (UV-) em fun-
ção do tempo. Assim, é claramente visto que o ângulo de contato
aumenta com o passar do tempo, principalmente no grupo UV+.
Se tivéssemos utilizados outro tipo de gráfico (barras, por exem-
plo), essa tendência seria mais difícil de ser notada.

72
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 68 - Exemplo de gráficos de linha

Fonte: Dini et al. (2020).

Os gráficos do tipo box plot são muito utilizados quando os


dados não apresentam distribuição normal (dados não paramé-
tricos). É um modelo de gráfico que permite ao leitor verificar
toda dispersão dos dados que são representados em quartis.
Nesse caso, em vez de valores médios e desvio padrão, são usados
valores de mediana e intervalos inter-quartis. Nesse gráfico, é
possível ainda incluir outliers (valor atípico da amostra que por-
ventura pode ou não ser removido da análise estatística).
A Figura 69 reporta os valores de desajuste de infraestrutu-
ras protéticas fabricadas por diferentes técnicas (cast – fundição,
SMB – CAD/CAM subtrativo. SLM – CAD/CAM aditivo). Com
isso, é possível observar que as infraestruturas fabricadas pela
técnica SLM apresentam os menores valores de desajuste, e, ao
mesmo tempo, os dados são menos dispersos. Isso implica dizer
que é uma técnica que garante mais confiabilidade. Se tivésse-
mos utilizado um gráfico do tipo barra/coluna que representaria

73
CAPÍTULO 4 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESULTADOS

a média e o desvio padrão dos dados, não seria possível verificar


essa correta dispersão dos dados.

Figura 69 - Exemplo de gráficos do tipo box plot

Fonte: Presotto et al. (2019).

Check-list para o tópico “Resultados”


Seus resultados apresentam dados que respondem à pergunta de pesquisa?
Você considerou a possibilidade de colocar tabelas e figuras para facilitar
o entendimento e a leitura dos dados?
Na utilização de figuras e tabelas, você as referenciou no texto escrito?
Suas figuras e tabelas são autoexplicativas e as legendas adequadamente
descritas?
Sua escrita não repete dados contidos em tabelas e figuras?
A redação do tópico “Resultados” está isenta de discussão?
Os seus resultados, além dos dados que respondem à pergunta de
pesquisa, apresentam dados gerais que caracterizam a amostra?

Se todas as respostas forem “sim”, você está pronto(a) para a


realização do próximo tópico.

74
Capítulo 5
Tópicos de um artigo científico

Discussão
DISCUSSÃO
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

O tópico “Discussão”, em sua grande maioria, é o que ocupa


mais espaço em um artigo científico, já que é nele em que iremos
encontrar: a interpretação dos principais resultados, a relevância
deles, as possíveis explicações dos dados encontrados compa-
rando com a literatura pré-existente sobre o tema, as limitações
da pesquisa e as futuras perspectivas do trabalho. Ele é tido como
o “coração” do artigo científico e a parte de mais dificuldade para
escrita. Por isso, para escrever esse componente, faz-se necessária
uma leitura extensa de trabalhos presentes na literatura sobre a
temática, além do conhecimento acurado da seção de resultados.
Um erro frequente em sua redação é deixar o corpo desse
tópico baseado em repetições dos resultados e relatos do que
estudos sobre a temática encontraram. Outro erro comum é
os autores fazerem uma extensa revisão da literatura em detri-
mento de uma adequada discussão de seus achados. Assim, o
ponto forte de uma discussão é apresentar os possíveis porquês
dos resultados e deixar explícita a relevância e a implicação deles
para a sociedade. Como facilitador da leitura, o ideal é escrever
a discussão dos dados na mesma ordem em que foram dispostos
no tópico “Resultados”.

76
CAPÍTULO 5 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – DISCUSSÃO

Diferentemente da Introdução, que tem o formato de um


triângulo invertido (em que o conhecimento é exposto de um
parâmetro geral para o específico), a discussão tem um formato
de triângulo convencional, de forma que partimos do topo, res-
pondendo ao objetivo do trabalho (conhecimento específico) e,
com o decorrer da discussão, chegamos a uma ideia mais ampla
(base do triângulo com a exposição de uma ideia geral). A seguir,
serão apresentadas algumas dicas de redação de acordo com a
ordem dos parágrafos a ser escritos.

1. Primeiro parágrafo

Existem algumas possibilidades de se iniciar uma discus-


são. O que se tem mais visto são autores reafirmando o objetivo
do estudo e, em casos de apresentações de hipótese nula na
introdução, o início desse tópico pode se dar pela resposta se a
hipótese foi aceita ou não.

Figura 70 - Exemplo de um primeiro parágrafo de uma discussão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2020).

77
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Nesse estudo, optou-se por iniciar a discussão reafirmando


o objetivo da pesquisa e, em seguida, evidenciando a relevância
de se estudar tal tema. O maior erro nesse parágrafo é o autor
iniciar com uma ideia geral, perfazendo uma nova revisão de
literatura. Qualquer leitor espera que, no primeiro parágrafo da
discussão do estudo, seja especificamente respondida/interpre-
tada a pergunta-chave do trabalho.

2. Segundo parágrafo

No segundo parágrafo, sugere-se fazer um pequeno resumo


dos principais resultados que serão discutidos. Vale salientar que
é de suma importância que esse resumo não ultrapasse mais de
um parágrafo, evitando que revisores reclamem que sua discussão
está repetindo o tópico de resultados (outro erro muito comum).

Figura 71 - Exemplo de um segundo parágrafo de uma discussão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2019).

78
CAPÍTULO 5 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – DISCUSSÃO

3. Terceiro parágrafo e subsequentes


até o penúltimo
A partir do terceiro parágrafo, é necessário discutir os prin-
cipais resultados encontrados. Lembre-se de que não é necessá-
rio discutir cada achado singular detalhadamente. Nesse caso,
tendências gerais podem ser agrupadas e discutidas, deixando
essa seção mais dinâmica. Essa discussão deve ser embasada
na explicação dos possíveis porquês dos achados, identificar se
a literatura prévia corrobora e descrever suas implicações para
a sociedade. Muito cuidado para não ser realizada uma “fofoca
científica” em que os autores apenas discorrem se seus resultados
corroboram ou não estudos prévios. É imperativo que os auto-
res respondam ao porquê do achado de determinado resultado.
Quando da comparação com estudos prévios, muito cuidado
deve ser tomado para não plagiá-lo, nesse caso, deve-se tentar
parafrasear, resumir e generalizar. A explicação de discrepân-
cias, achados inesperados podem ser abordados nesses pará-
grafos. Seguindo o exemplo do artigo anterior, após o resumo
dos principais resultados, o segundo e o terceiro parágrafos do
estudo devem mostrar as possíveis explicações e as implicações,
conforme mostra Figura 72.

79
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 72 - Exemplo de um terceiro parágrafo ou subsequentes de uma


discussão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2019).

A discussão dos resultados desse artigo continua até o


antepenúltimo parágrafo. Os últimos foram destinados para
apresentar os outros pontos obrigatórios do tópico: limitação do
estudo e relevância para a sociedade.

4. Penúltimo parágrafo

Esse parágrafo pode ser iniciado com a limitação do estudo


e terminar com a relevância do conjunto dos resultados para
a população. O ideal é não colocar as limitações do estudo no
último parágrafo, já que o revisor terminará a leitura do artigo
científico com elas em mente.

80
CAPÍTULO 5 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – DISCUSSÃO

Figura 73 - Exemplo de um penúltimo parágrafo de uma discussão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2020).

5. Último parágrafo

O último parágrafo de uma discussão pode ser reservado


para indicar a necessidade de mais pesquisas na área, diante
das limitações do seu estudo. Outra opção para se finalizar esse
tópico é, em vez de deixar a relevância do trabalho com as limi-
tações, unir, no último parágrafo, a relevância e a sugestão de
mais estudos sobre o tema. No último parágrafo, pode ser feita
uma sumarização geral dos principais achados e, assim, guiar o
leitor para as implicações mais gerais e futuras perspectivas do
trabalho. Para aqueles periódicos que não possuem um tópico de
conclusão, ela deve ser colocada nesse parágrafo final.

81
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 74 - Exemplo de um último parágrafo de uma discussão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2019).

Figura 75 - Exemplo de um último parágrafo de uma discussão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2017).

82
CAPÍTULO 5 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – DISCUSSÃO

Figura 76 - Exemplo de um último parágrafo de uma discussão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Cardoso et al. (2016).

Check-list para o tópico “Discussão”


Você evitou deixar o corpo desse capítulo baseado em repetições dos
resultados e relatos do que estudos sobre a temática encontraram?
Foi apresentada a interpretação dos principais resultados?
A sua discussão contém as implicações e a relevância dos resultados?
É possível encontrar nessa seção as possíveis explicações dos dados
encontrados?
As limitações do estudo foram apresentadas?

Se todas as respostas forem “sim”, você está pronto(a) para a


realização do próximo tópico.

83
Capítulo 6
Tópicos de um artigo científico

Conclusão
CONCLUSÃO
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

A conclusão corresponde ao tópico que tem por finalidade


responder aos objetivos do estudo proposto. Dessa forma, uma
ótima dica para redigir esse item é colocar o objetivo do estudo
de forma visível e redigir a conclusão. Alguns autores optam
por escrever esse tópico quando na presença de vários objetivos,
no formato de subtópicos. Entretanto, o que se tem mais visto
na literatura são conclusões no formato de texto corrido. Além
disso, alguns periódicos permitem que nesse item sejam extra-
poladas algumas implicações e relevâncias do seu estudo. Por
isso, é necessário checar os artigos publicados no periódico-alvo
e tentar seguir a forma que ele utiliza para o tópico conclusão.
Algumas revistas ainda sugerem que os autores incluam a
seguinte frase na conclusão: “Dentro das limitações deste estudo,
as seguintes conclusões podem ser obtidas”

85
CAPÍTULO 6 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – CONCLUSÃO

Figura 77 - Exemplo de um estudo com uma conclusão adequada

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2020).

Objetivo:

Este estudo, através de uma revisão sistemática da literatura de


ensaios clínicos controlados e randomizados, tem como objetivo
avaliar a efetividade da terapia manual no tratamento da dor
miofascial relacionada à disfunção temporomandibular.

Conclusão:

A terapia manual apresentou-se mais efetiva que a não aplicação


de nenhum tratamento e também ao aconselhamento, quando
feito sem a associação com outras terapias. No entanto, a terapia
manual combinada ao aconselhamento não foi estatisticamente
melhor que o aconselhamento, nem a terapia manual foi mais
efetiva que a toxina botulínica.

86
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 78 - Exemplo de um estudo com uma conclusão adequada

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2020).

Objetivo:

O presente estudo, de grande abrangência populacional, objeti-


vou buscar a associação das multimorbidades mais frequentes
em idosos brasileiros com variáveis socioeconômicas e de estilo
de vida.

Conclusão:

Como conclusão, verifica-se que a multimorbidade em idosos


brasileiros é uma condição bastante frequente em mulheres,
naqueles mais jovens e socioeconomicamente desfavorecidos.
Ademais, para as principais multimorbidades as condições
socioeconômicas desfavoráveis e o estilo de vida influenciaram
nas suas prevalências.

87
CAPÍTULO 6 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – CONCLUSÃO

Figura 79 - Exemplo de um estudo com uma conclusão adequada

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2017).

Objetivo:

Avaliar a perda óssea peri-implantar de implantes Hexágono


Externo (HE) e Cone Morse (CM) em usuários de sobreden-
taduras mandibulares com carga imediata por um período de
acompanhamento de 1 ano.

Conclusão:

Em um período de acompanhamento de 1 ano, conclui-se que


ao comparar os níveis ósseos peri-implantares, os implantes
Hexágono Externo possuem perda óssea significativa, ao con-
trário dos implantes Cone Morse, os quais não possuem. Ao
comparar os grupos em relação à perda óssea peri-implantar, é
possível concluir que maiores perdas foram verificadas no grupo
Hexágono Externo em comparação com implantes Cone Morse.

88
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Outros formatos de conclusão:

Figura 80 - Exemplo de outro formato de conclusão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Lagha et al. (2017).

Figura 81 - Exemplo de outro formato de conclusão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Celebić et al. (2003).

89
CAPÍTULO 6 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – CONCLUSÃO

Figura 82 - Exemplo de outro formato de conclusão

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Hamad et al. (2018).

Check-list para o tópico “Conclusão”


A conclusão apresenta-se de forma concisa?
Ela responde aos objetivos do estudo?
Para escrevê-la, você colocou os objetivos visíveis para conferir se
respondeu a todos eles?

Se todas as respostas forem “sim”, você está pronto(a) para a


realização do próximo tópico.

90
Capítulo 7
Tópicos de um artigo científico

Resumo
RESUMO
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Este tópico, considerando também o título da pesquisa, serve


de triagem para que seu estudo seja considerado ou não para a
publicação em determinado periódico e, assim, seja revisado.
Nesse sentido, uma atenção especial deve ser dada ao resumo.
Sua redação deve ser clara e apresentar em poucas palavras os
principais componentes do manuscrito. Em geral, as revistas
científicas exigem que o tópico “Resumo” contenha, no mínimo,
objetivo, metodologia, resultados e conclusão do trabalho. Alguns
periódicos solicitam que outros componentes estejam presentes,
como uma breve introdução (evidenciando o gap da literatura)
e implicações clínicas no final do resumo. Assim, escrever um
resumo adequado é uma das habilidades mais importantes do
pesquisador, uma vez que seu artigo será, a priori, julgado pelo
resumo. Mesmo após a publicação de seu trabalho, se seu resumo
não for claro, chamativo e convincente, certamente outros pes-
quisadores não terão interesse em ler seu artigo completo.
Como visto, os componentes de um resumo estão presentes
em todo o artigo científico. Diante disso, recomenda-se escrevê-
-lo por último, já que o único trabalho para a sua redação seria
literalmente resumir o que já foi apresentado. Assim, selecione

92
CAPÍTULO 7 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESUMO

frases e sentenças de seu artigo num sistema de copia e cola (após


isso, essas frases e sentenças devem ser editadas e revisadas de
acordo com o limite de palavras do resumo), inclua preferencial-
mente resultados primários e verifique se a conclusão está apoiada
nas hipóteses e nos resultados do artigo. Apesar de ser simples, a
escrita desse tópico deve seguir algumas recomendações:

1. Evite utilizar referências no resumo;


2. Utilize palavras simples e evite jargões;
3. Não utilize abreviações. Elas dificultam a fluência da leitura e,
muitas vezes, comprometem o entendimento do leitor;
4. Inclua termos-chave (por exemplo, se no texto do artigo é
usado o termo “prótese parcial removível”, ele deve ser utili-
zado no resumo);
5. Inclua conectores adequados entre as frases (exemplo de tran-
sições de adição: Além disso, Em adição; transições de contra-
dição: No entanto, Entretanto, Contrariamente; transições de
conclusão: Assim, Dessa forma, Portanto etc.);
6. Em geral, os resumos não devem ultrapassar 250 palavras;
7. O formato (subtópicos que devem estar presentes) e o tama-
nho do resumo são dependentes das exigências dos periódi-
cos, dessa forma, é necessária a visita do autor às normas da
revista antes de escrever esse tópico;
8. As palavras-chave, as quais acompanham o resumo, prefe-
rencialmente devem conter termos que não estejam no título.
Além disso, outra recomendação é que essas palavras-chave
estejam indexadas no Medical Subject Headings (Mesh) ou
nos Descritores em Ciências da Saúde (Decs). Isso amplia e
facilita que outros pesquisadores encontrem seu artigo em
bases de dados;

93
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

9. Compare seu o resumo completo em relação ao artigo. Um


erro muito comum é observamos objetivos, resultados e con-
clusões divergentes.

O exemplo que será descrito a seguir corresponde a um


artigo publicado no periódico Ciências e Saúde Coletiva. A exi-
gência dessa revista para o resumo é que ele contenha: objetivo,
metodologia, resultados e conclusão. Vale salientar que a revista
solicita ainda que esses componentes não sejam apresentados
nominalmente no resumo, conforme vocês podem ver:

Figura 83 - Exemplo de um estudo com resumo adequado

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Melo et al. (2020).

Resumo:

Objetivou-se identificar a prevalência de multimorbidade em


idosos no Brasil e seus fatores associados com variáveis socioe-
conômicas e referentes ao estilo de vida. Trata-se de um estudo
transversal e de base populacional. Para a sua realização, foi
utilizada a base de dados da Pesquisa Nacional de Saúde. O
idoso foi considerado com multimorbidade quando se tinha um
diagnóstico de duas ou mais doenças crônicas. Na análise dos
dados, o teste Qui-quadrado foi utilizado e em seguida as razões
de prevalência foram estimadas por meio da regressão múltipla

94
CAPÍTULO 7 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESUMO

de Poisson, ambos com nível de confiança de 95%. Foram avalia-


dos 13.121.848 idosos e a prevalência de multimorbidade foi de
53,1%. Como resultado na análise multivariada, os idosos do sexo
feminino (p<0,001), os mais envelhecidos (p=0,002), os que não
são solteiros, mais fortemente associados aos viúvos (p=0,001)
e os que possuem plano de saúde no ato da entrevista (p<0,001)
estão associados à multimorbidade. Ademais, comparando com
os idosos que possuem duas doenças crônicas, as mulheres estão
associadas à presença de três (p=0,003) e quatro ou mais doenças
crônicas (p<0,001). Conclui-se que a multimorbidade em idosos
brasileiros é uma condição bastante comum e que ela tem sido
influenciada por fatores socioeconômicos e pouco relacionada ao
estilo de vida.

Para esse trabalho, algumas palavras-chave podem ser uti-


lizadas sem repetir termos já existentes no título, por exemplo:
doença crônica, estilo de vida e fatores socioeconômicos.
A seguir, inserimos outro exemplo de resumo publicado
no Journal of the Mechanical Behavior of Biomedical Material.
Perceba que os autores incluíram a problemática do tema que
guiou o objetivo do trabalho. Veja ainda que, no objetivo, foi
usada a primeira pessoa (We investigated...). Muitas revistas
não permitem o uso de primeira pessoa, no entanto, existe uma
tendência mundial das revistas de maior impacto solicitarem
esse uso, o que evidencia o autor (pessoa que executou o traba-
lho). Na seção de resultados, foram incluídos dados estatísticos
como valor de P real, o que é uma obrigatoriedade em alguns
periódicos. Finalmente, as conclusões foram combinadas com
uma frase de implicação clínica do trabalho mostrando a sua
relevância prática.

95
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 84 - Exemplo de um resumo adequado

Fonte: Barbin et al. (2020).

O American College of Physicians apresenta um tutorial de


escrita de resumos para artigos científicos clínicos ou até mesmo
para apresentações em eventos científicos. Perceba que, nesse
caso, foram incluídos todos os cabeçalhos (Introdução, Métodos,
Resultados e Conclusão). A introdução ressalta a problemática
clínica (lembre-se de definir por completo qualquer abreviação
utilizada) e termina com a hipótese ou o objetivo do trabalho. A
seção de métodos deve descrever o desenho do estudo, sua amos-
tra e os controles, as variáveis mensuradas e a análise estatística
utilizada (este último item é obrigatório em alguns periódicos). A
seção de resultados inicia com a descrição de amostra do estudo,
controles e exclusões. A lista de frequências dos dados primários
e as comparações entre os grupos devem estar explícitas. Na
seção de conclusão, é feito um sumário e incluída uma implica-
ção dos achados.

96
CAPÍTULO 7 - TÓPICOS DE UM ARTIGO CIENTÍFICO – RESUMO

Figura 85 - Tutorial de escrita de resumos, segundo o American College of


Physicians

Fonte: American College of Physicians.

97
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Check-list para o tópico “Resumo”


O seu resumo contempla componentes do manuscrito exigidos pelo
periódico?
Ao ler, é possível ter uma noção geral de todo o trabalho?
Ele está escrito de forma concisa e clara?
Os objetivos, resultados e conclusões são similares ao do próprio artigo?
Você evitou utilizar referências no resumo?
Seu resumo possui até 250 palavras?
Nas palavras-chave, você evitou repetir termos já existentes no título?
Utilizou descritores indexados no Mesh e/ou Decs?
*Mesh: Medical Subject Headings.
*Decs: Descritores em Ciência da Saúde.

Se todas as respostas forem “sim”, o seu resumo está pronto


e de acordo com o escopo da revista científica previamente
selecionada.

98
Capítulo 8

Escrita científica em revisões
da literatura: narrativa,
integrativa e sistemática
e/ou meta-análise
ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES
DA LITERATURA: NARRATIVA,
INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA
E/OU META-ANÁLISE
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

1. A importância das revisões de literatura

A corrida científica proporciona um grande volume de publi-


cações diariamente. Entretanto, é difícil para o pesquisador/
clínico absorver toda a informação, visto que na literatura
ainda há detalhes quanto ao tipo de estudo, desenho do estudo,
a amostragem, o método para avaliação dos desfechos, entre
outros, os quais conduzem a diferentes resultados. Dessa
forma, as revisões da literatura tornam-se necessárias, pois por
definição são agrupamentos de artigos científicos sobre deter-
minado tema ou pergunta da pesquisa (MARTINS et al., 2018),
com a finalidade de demonstrar a necessidade de novas pesqui-
sas, determinar condutas clínicas (HONÓRIO; SANTIAGO,
2019) e aplicar metodologias ativas de ensino-aprendizagem
(ROMAN et al., 2017).

100
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

Os tipos de revisões da literatura mais comuns são: nar-


rativa, integrativa, sistemática e/ou meta-análise. A revisão de
escopo será abordada no capítulo 9. As diferenças metodológicas
de cada tipo de revisão estão relacionadas com o grau de siste-
matização e com a sua aplicabilidade. Então, qual tipo de revisão
de literatura devo escrever sobre um tema? Um recente estudo
(FAGGION JR; BAKAS; WASIAK, 2017) observou que o maior
volume de publicação na área da saúde são as revisões narrativas
que utilizam algum tipo de sistematização (46%), seguido das
revisões sistemáticas (27%) e das revisões narrativas (27%).
Porém, a decisão para escrever um determinado tipo de
revisão da literatura deve ser influenciada pelo número de estu-
dos publicados sobre o tema proposto, o tipo de estudo incluído
(estudos clínicos, in vivo (animais), in vitro (laboratoriais), com-
putacionais etc.), bem como o número de revisões já publicadas
e a finalidade dessa revisão (GREGORY; DENNISS, 2018). Neste
capítulo, vamos explorar as principais características e conceitos
das revisões narrativas, integrativas e sistemáticas e/ou meta-a-
nálise e auxiliar o leitor na condução da escrita científica.

2. Conceitos, Aplicações e a Escrita Científica

2.1. Revisões Narrativas

As revisões narrativas são agrupamento de estudos sobre


um tema amplo, que discutem o desenvolvimento ou o “estado
da arte”, sob o ponto de vista teórico ou contextual (ROTHER,
2007). As revisões narrativas são o tipo mais comum de revisão
da literatura (AGARWAL; DEWAN, 2016) e podem ser aplicadas

101
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

nas diversas áreas da saúde. Não há uma limitação entre a esco-


lha de um tema e a execução de uma revisão narrativa.
Não há aplicação de critérios metodológicos, estratégias
de buscas ou critérios de elegibilidade (inclusão e exclusão) na
seleção dos artigos. Além disso, o autor tem a possibilidade de
inserir suas ideias sobre o assunto e concluir de forma crítica
(BERNANDO et al., 2004). Esse fato é fundamental, visto que a
execução de uma revisão narrativa sem critérios metodológicos
está relacionada diretamente a um baixo nível de evidência cien-
tífica e os seus resultados devem ser interpretados com cautela.
Gregory e Denniss (2018) propôs quatro etapas para execu-
ção de uma revisão narrativa (Figura 86) para facilitar a escrita
científica, entretanto não é obrigatório seguir esses passos. Além
disso, aconselha-se que a estrutura do artigo (título, resumo,
introdução, desenvolvimento, conclusões) seja observada previa-
mente na revista na qual a publicação será submetida, a fim de
seguir o padrão e aumentar as chances de sua publicação.

Figura 86 - Esquema das quatro etapas


para execução de uma revisão narrativa da literatura

Etapa 1: Etapa 2: Busca Etapa 3: Seja Etapa 4:


Definir tópico e Validação da Crítico Encontrar uma
e Público Alvo busca estrutura lógica

Definir um tópico Identificar a Não realizar apenas Redigir uma revisão


de interesse geral. literatura mais um resumo da de maneira direta e
relevante da sua literatura. eficaz.
Garantir dados área.
suficientes para Realizar uma Evitar apresentar
atender as Dica: combinar análise, fornecer seu material de
necessidades da palavras-chave com uma discussão crítica maneira
revisão. operadores e identificar desorganizada.
Booleanos. problemas
Ter cuidado para metodológicos.
Escreva ponto a
não selecionar Estar ciente das ponto, parágrafo a
tópicos divergências entre as Faça anotações das parágrafo, não omita
abrangentes. ortografias das prováveis referências informações
palavras-chave. que você utilizará. importantes.

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

102
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

2.2. Revisão Integrativa

Define-se revisão integrativa como o maior agrupamento de


estudos experimentais ou não experimentais sobre determinado
assunto, a partir de uma pergunta norteadora ampla (SOUZA;
SILVA; CARVALHO, 2010). Logo, este tipo de revisão fornece o
maior panorama possível sobre determinado assunto. A área da
saúde que mais publica as revisões integrativas é a enfermagem,
seguido da medicina (SOARES et al., 2014). Entretanto, em uma
busca no Pubmed, em 2020, utilizando os unitermos “integrative
review AND dentistry”, foi possível encontrar quase 1400 revisões
integrativas na área da odontologia, sendo aproximadamente 300
só no ano de 2020, caracterizando-se como uma área promissora
para futuras publicações.
Existem três tipos de revisões integrativas, quanto a sua
finalidade: metodológica, teórica e empírica. A metodológica
avaliará o desenho dos estudos incluídos, a teórica faz críticas
ao tema e a empírica analisa os resultados quanto à qualidade
e quantidade (SOARES et al., 2014). Whittmore e Knafl (2005)
definiram cinco etapas metodológicas necessárias para a exe-
cução de uma revisão integrativa, são eles: (1) identificação do
problema, (2) busca na literatura, (3) avaliação dos dados, (4)
análise dos dados e (5) apresentação. A Figura 87 apresenta a
descrição de cada uma dessas etapas. A revisão integrativa é
o primeiro passo para execução de uma revisão de literatura
baseada em evidências.

103
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

Figura 87 - Descrição metodológica das etapas


para construção de uma revisão integrativa

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

2.3. Revisão Sistemática e/ou Meta-Análise

Na prática odontológica, mediante inúmeras possibilida-


des de materiais e/ou técnicas, o profissional da área deve estar
apto a buscar evidências científicas que norteiem a sua escolha.
Certamente, é rotina em consultório odontológico a pergunta
“Que tipo de resina composta devo usar?” ou então “Esse medi-
camento/conduta terapêutica é eficaz no tratamento da condição
em que o paciente se encontra?”. A revisão sistemática é carac-
terizada por um agrupamento de estudos primários a fim de
responder uma pergunta clínica específica. Utiliza um processo
de revisão de literatura abrangente, imparcial e reprodutível, que
localiza, avalia e sintetiza o conjunto de evidências dos estudos
científicos (HONÓRIO; SANTIAGO-JR, 2019).

104
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

Quando realizamos estatística nas revisões sistemáticas,


ela é caracterizada como meta-análise. Meta-Análise é uma
análise estatística que combina os resultados de dois ou mais
estudos independentes, gerando uma única estimativa de efeito
(HONÓRIO; SANTIAGO-JR, 2019). Uma revisão sistemática
não necessariamente precisa apresentar uma meta-análise, ao
contrário, em alguns casos não é apropriado que seja realizada,
podendo até mesmo gerar conclusões errôneas.
A colaboração Cochrane foi criada em 1992 e definiu por
meio de um “handbook” a metodologia para confecção das revi-
sões sistemáticas. Esse “handbook” é atualizado periodicamente
(HIGGINS; GREEN, 2011). Entretanto, seguimos o PRISMA
2020 para elaboração das revisões sistemáticas que não seguem
o método Cochrane e são publicadas em revistas nacionais e
internacionais. Abaixo, separamos os 27 itens do PRISMA para
condução das revisões sistemáticas e/ou meta-análises com as
características que o autor deve incluir em cada item para facili-
tar a escrita científica.

3. Principais itens para relatar Revisões


sistemáticas e Meta-análises: PRISMA 2020
TÍTULO

Título - Item #1 - Identifique o artigo como uma revisão


sistemática.

O título deve ser conciso, não apresentar siglas, expor o


objetivo do estudo, conter o público-alvo, tratamento ou mate-
riais que foram estudados, ser inédito e deixar claro o tipo de

105
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

estudo. As revisões sistemáticas devem conter em seus títulos o


nome “systematic review” ou “systematic review and meta-analy-
sis”. Esse item é fundamental no processo de busca e nas futuras
citações do artigo. Abaixo, seguem dois exemplos de títulos:

լ “Efficacy and Patient’s Acceptance of Alternative Methods for


Caries Removal-a Systematic Review” (CARDOSO et al., 2020).
լ “Accuracy of Mobile Device-Compatible 3D Scanners for
Facial Digitization: Systematic Review and Meta-Analysis”
(MAI; LEE, 2020).

RESUMO ESTRUTURADO

Resumo - Item #2 - CHECKLIST PRISMA 2020 PARA


ABSTRACTS.

O PRISMA 2020 aborda 12 subitens que não devem faltar


na construção do resumo em revisões sistemáticas:

• Identifique o artigo como uma revisão sistemática;


• Forneça uma declaração explícita do(s) principal(is) objeti-
vo(s) ou questão(ões) que a revisão aborda;
• Especifique os critérios de inclusão e exclusão para a revisão;
• Especifique as fontes de informação (como bancos de dados,
registros) usadas para identificar os estudos e a data em que
cada um foi pesquisado pela última vez;
• Especificar os métodos usados para​​ avaliar o risco de viés
nos estudos incluídos;
• Especificar os métodos usados para​​ apresentar e sintetizar
os resultados;

106
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

• Dê o número total de estudos e participantes incluídos e


resuma as características relevantes dos estudos;
• Apresente os resultados para os principais desfechos, pre-
ferencialmente indicando o número de estudos incluídos e
participantes para cada um;
• Se a meta-análise foi feita, relate a estimativa resumida e o
intervalo de confiança/credibilidade;
• Ao comparar grupos, indique a direção do efeito (ou seja,
qual grupo é favorecido);
• Forneça um breve resumo das limitações das evidências
incluídas na revisão (como risco de viés, inconsistência e
imprecisão do estudo);
• Forneça uma interpretação geral dos resultados e implica-
ções importantes;
• Especifique a fonte primária de financiamento para a revisão;
• Forneça o nome do registro e o número de registro.

Todos os itens acima citados são fundamentais no resumo


da sua revisão sistemática, porém adicionar os 12 pontos ao
resumo é um desafio para o autor já que as revistas geralmente
limitam o número de caracteres, porém o autor tem a liberdade
de justificar, nesses casos, na carta ao editor no momento da
submissão do artigo. Os autores devem observar que a sequência
desses tópicos pode ser alterada, a fim de melhor a compreensão
do leitor. Dicas de pontos que podem ser omitidos e justificados:
“Forneça um breve resumo das limitações das evidências inclu-
ídas na revisão (como risco de viés, inconsistência e imprecisão
do estudo);” e “Forneça uma interpretação geral dos resultados e
implicações importantes;”, por exemplo.

107
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

Statement of problem: A consensus about the effect of


crown-to-implant (C/I) ratio in single crowns regarding
the implant survival rate and marginal bone loss (MBL) is
lacking. Purpose: The purpose of this systematic review
and meta-analysis was to evaluate the influence of C/I
ratio in implant-supported single crowns on clinical
outcomes. Material and methods: The search was made
in the PubMed/MEDLINE, Scopus, and the Cochrane
Library databases following the Preferred Reporting Items
for Systematic Reviews and Meta-Analyses criteria and
registered with the International Prospective Register
of Systematic Reviews (PROSPERO: CRD42018095711).
The focused question was “Does the crown-to-implant
ratio influence clinical outcomes for implant-supported
single crowns?” Results: Five direct comparative studies
were included (C/I ratio ≤1 or >1, or ≤2 or >2), including
a total of 262 participants with a mean age of 54.5 years.
The meta-analysis comparing C/I ratio between ≤1 or
>1 revealed no significant differences (P=.18; risk dif-
ference:-0.05; 95% confidence interval: -0.11 to 0.02) in
terms of implant survival rate; the same was true for C/I
ratio between <2 or ≥2 (P=.05; risk difference:-0.06; 95%
confidence interval: -0.12 to -0.00), both analysis were
made with a mean follow-up period was 36 months. The
mean MBL was calculated based in the qualitative data
for each C/I ratio: ≤1 (0.15 mm [-0.34 to 0.34]); >1 (0.07
mm [-0.29 to 0.22]); <2 (1.32 mm [0.38-0.9]); and ≥2 (1.37
mm [-0.02 to 0.91]). The qualitative data reported that
the most common mechanical complication was screw
loosening, and the most common biological complication
was peri-implantitis. Conclusions: The meta-analysis
revealed no relationship between categories of C/I ratio for
implant survival rate. The qualitative data also suggested
that MBL increased as the C/I ratio increased (PELLIZZER
et al., 2020, p. 1).

108
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

Revistas com perfil clínico pedirão a inclusão das “impli-


cações clínicas” no final do resumo. Os autores devem escrever
de forma clara a importância e a prática dos seus achados na
clínica diária.

Clinical Implications: Fully digital workflows for dental


restoration fabrication could result in slightly better or
comparable marginal and internal adaptation when com-
pared with partially digital or fully conventional workflows
(HASANZADE et al., 2020, p. 2).

INTRODUÇÃO

Construção Lógica - Item #3 - Justificativa: Descreva a justifica-


tiva para a revisão no contexto do que já é conhecido.

Os autores devem descrever o atual conhecimento e as


dúvidas sobre o tema, expressando para o leitor a importância
de se realizar a revisão sistemática. O PRISMA 2020 solicita aos
autores que abordem se existem outras revisões sistemáticas e
as principais diferenças entre estas e a que o autor está desen-
volvendo, incluindo quando é uma atualização de uma revisão
existente. Alguns pontos devem ser observados na escrita da
introdução em revisão sistemática, tais como: a) Sequência lógica
dos parágrafos; b) Número de parágrafos; c) Uso de hipóteses
nulas ou pergunta da revisão.

a) Sequência lógica dos parágrafos


Em geral, os parágrafos em uma introdução de uma revisão
sistemática devem seguir uma sequência de lógica: 1) O que
é conhecido sobre o tema; 2) Aspectos sobre o controle; 3)

109
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

Aspectos sobre a intervenção; 4) A falta de consenso na lite-


ratura; 5) Hipóteses ou a pergunta da revisão; 6) Objetivos.

b) Número de parágrafos
Nem sempre o número de parágrafos segue a sequência
lógica abordada no item a. Entretanto, os autores devem
ter a cautela de escrever entre 4 e 5 parágrafos, sempre
levando em consideração as normas da revista à qual o
artigo será submetido.

c) Uso de hipóteses ou pergunta da revisão


É comum em artigos de pesquisa clínica ou em estudos
laboratoriais os autores elaborarem hipóteses. O mesmo
pode acontecer nas revisões sistemáticas e meta-análise,
principalmente quando há a presença da estatística. Porém,
algumas revistas aconselham a não criar hipóteses sobre
estudos primários, logo, em uma revisão da literatura, seria
apenas necessária responder à pergunta PICO formulada.

Item #4 - Objetivos: Forneça uma declaração explícita das questões


a serem abordadas com referência aos participantes, intervenções,
comparações, resultados e desenho do estudo (PICOS).

O objetivo da revisão sistemática e/ou meta-análise deve ser


o mais claro possível e os autores devem estar atentos para incluir
todos os pontos da pergunta PICO. Por exemplo:

The main purpose of this study was to systematically


review the literature to determine whether VSP is currently
superior to TSP in terms of surgical accuracy for hard tissue
and prediction precision for soft tissue. In addition, this

110
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

study attempted to explore the comparative advantages


of the two techniques regarding the time required for
surgery and planning, cost and patient-reported outcomes
to further guide clinical practice (CHEN et al., 2020, p. 2)

Therefore, the purpose of this systematic review and


meta-analysis was to evaluate the influence of C/I ratio
in single crowns on clinical outcomes. The review ques-
tion was Does the crown-toimplant ratio inf luence
clinical outcomes in single-unit crowns? (PELLIZZER
et al., 2020, p. 2).

Ao fim desses itens, os autores devem ter cerca de 3 a 4


parágrafos na sua introdução, seguindo para metodologia.

METODOLOGIA

Critérios de Elegibilidade - Item #5 - Especificar os critérios de


inclusão e exclusão para a revisão e como os estudos foram agru-
pados para as sínteses.

Critérios de elegibilidade são fundamentais na revisão siste-


mática, eles irão indicar quais estudos serão incluídos a partir da
pergunta PICO formulada. Os Critérios de Inclusão são aque-
las características que você quer incluir sobre a sua população,
intervenção, controle ou desfecho, além do período de busca,
o período de acompanhamento mínimo dos estudos, o tipo de
estudo etc. Critérios de Exclusão são aquelas características que
podem estar contidas na sua população, intervenção, controle
ou desfecho, entretanto, não são objeto do seu estudo. Alguns
autores ainda indicam como critérios de exclusão aqueles outros
tipos de estudo que não foram incluídos, idioma, follow-up etc.

111
Jéssica Marcela de Luna Gomes
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Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

O PRISMA 2020 indica organizar os critérios de elegibilidade


por tópicos da pergunta PICO.
PICO é uma sigla que significa: P) População; I) Intervenção;
C) Comparação e O) Outcome (desfecho, em português). A per-
gunta PICO deve ser específica e clínica. Além disso, deve ter sem-
pre os grupos comparativos em destaque. Por exemplo: “Próteses
sobre implante parafusadas são superiores a próteses sobre
implante cimentadas em termos de complicações protéticas?”. É
comum o uso da PICOS, onde o “S” significa “Study Design”.

The inclusion criteria for the research literature were


articles published in the last 10 years and that were in
English or Spanish, that were carried out on humans and
that included the following types of studies: cohort studies,
cases and controls or randomized clinical trials. Exclusion
criteria removed articles that contained clinical cases, case
series or systematic reviews. (CARRASCO-GARCÍA et
al., 2019, p. 2).

We included parallel and split-mouth randomized con-


trolled trials (RCTs) that compared low/medium and high
concentrate HP for inoffice bleaching in patients with
permanent dentition. RCTs were excluded if the studies
employed low and high concentrate products but the low
concentrate product was used in the at-home bleaching
protocol. In all primary studies, we classified the HP
concentrations into high (when the concentrate HP was
greater than 30 %), medium (for HP gels with concen-
trations ranging from 20 % to 30 % HP), and low (when
the in-office products have concentrations lower than 20
%). This classification was done based on the previous
knowledge of the different HP concentrations available in
the market. Although this arbitrary classification may have
implications in the study results, the lack of classification

112
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

would merge a wide variety of HP concentration into a


single subgroup. To minimize this classification’s impact in
the results, a metaregression analysis using the continuous
predictor (HP concentration) was conducted, as seen later
in the article. Additionally, it is worth mentioning that this
classification was performed a priori in the study protocol
and, therefore, it was not influenced by the results of the
primary study. (MARAN et al., 2020, p. 3).

Fontes de Informações - Item #6 - Especificar todas as bases de


dados, registros, sites, organizações, listas de referências e outras
fontes pesquisadas ou consultadas para identificar estudos.

Estratégia de Busca - Item #7 - Especifique a data em que cada


fonte foi pesquisada ou consultada pela última vez.

Processo de Seleção - Item #8 - Especificar os métodos usados


para decidir se um estudo atendeu aos critérios de inclusão da
revisão, incluindo quantos revisores examinaram cada registro
e cada relatório recuperado, se eles trabalharam de forma inde-
pendente e, se aplicável, detalhes das ferramentas de automação
usadas no processo.

Os itens #6, #7 e #8 são bem semelhantes, portanto, serão


comentados de forma conjunta. As informações contidas em um
artigo, quanto às bases de dados e à adição de estudos manuais,
devem ser reproduzíveis até a data limite da busca indicada na
metodologia. Logo, um parágrafo deve conter a identificação de
quantos pesquisadores reproduziram a busca; o período da pes-
quisa; as bases de dados e os descritores utilizados na pesquisa
devem ser descritos. Na metodologia das revisões sistemática e/
ou meta-análises, o autor deve fazer a escolha por três ou mais

113
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

bases de dados e sempre que possível adicionar a busca manual


nos periódicos de maior importância da área de interesse. Hoje
em dia, as revistas pedem a busca na literatura cinza (Google
Scholar, OpenGrey, Lilacs) e é uma indicação do Handbook da
Cochrane. Para determinação da estratégia de busca, é interes-
sante obter o apoio de uma bibliotecária para evitar algum viés
de busca. Ao final deste capítulo, você encontrará um apêndice
com TUTORIAL de como realizar a busca nas principais bases
de dados. Entretanto, alguns pontos devem ser ressaltados:

լ O tema indicará o período de busca para a inclusão dos


artigos. Temas de grande abrangência devem cobrir todo o
período na literatura; já temas novos, os autores podem optar
pelos últimos 10 anos, por exemplo.
լ No momento da busca, evite utilizar filtros das bases de
dados, eles podem influenciar no algoritmo que recupera os
artigos.
լ A busca pode ser de três tipos:

a) Busca Única: uma única combinação de unitermos unidos


por operadores booleanos.
b) Busca Múltipla: várias combinações de unitermos são forma-
das com operadores booleanos e são realizadas várias buscas;
c) Busca Avançada: os autores montam a estratégia de busca
direto na base de dados.

լ As palavras-chaves devem conter unitermos da população, da


intervenção, do controle e dos desfechos.
լ As bases de dados Pubmed, Embase, Lilacs terão seus próprios
unitermos, que são conhecidos como Mesh, Emtree e Decs,

114
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

respectivamente. Os autores devem lançar mão desses uniter-


mos específicos para as buscas em cada base.

լ Uma combinação de unitermos pode ser utilizada em todas


as bases de dados, entretanto, sempre que possível e obser-
vando as características de cada base (idioma, unitermos
específicos), os autores podem lançar mão de combinações
específicas para cada uma das bases.
լ Caso, na sua busca, apenas o resumo de um dos artigos sele-
cionados esteja disponível, os autores devem entrar em con-
tato via e-mail e solicitar o artigo ao autor correspondente.
Outra opção é entrar em contato com universidades parceiras
que tenham acesso a esse artigo via periódicos Capes.
լ Sempre os autores devem deixar claro o período em que a
pesquisa foi realizada.
լ Cuidado na restrição de idiomas e no período de acompanha-
mento, pois alguns estudos podem acabar ficando de fora.

Antes de realizar uma busca, consulte o TUTORIAL para


busca nas bases de dados, no fim deste capítulo.

Processo de Coleta de Dados – Item #9 - Especifique os métodos


usados para coletar dados dos artigos, incluindo quantos reviso-
res coletaram dados de cada artigo, se eles trabalharam de forma
independente, quaisquer processos para obter ou confirmar dados
dos pesquisadores do estudo e, se aplicável, detalhes das ferramen-
tas eletrônicas utilizadas no processo.

Nesse ponto é importante os autores estarem atentos ao fato


de que deve indicar onde serão feitas todas as traduções dos arti-
gos fora da língua nativa, quais foram as ferramentas eletrônicas

115
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Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

utilizadas para coleta dos dados e se alguma regra foi utilizada


para coleta desses dados.

Dados Coletados – Item #10a - Liste e defina todos os resulta-


dos para os quais os dados foram buscados. Especificar se todos os
resultados compatíveis com cada domínio de resultado em cada
estudo foram procurados (por exemplo, para todas as medidas,
follow-ups, análises) e, se não, os métodos usados para decidir
quais resultados coletar.
Item #10b - Liste e defina todas as outras variáveis para as quais os
dados foram buscados (como características dos participantes e da
intervenção, fontes de financiamento). Descreva quaisquer supo-
sições feitas sobre qualquer informação faltante ou pouco clara.

Seguindo os itens anteriores, os autores devem explicar


como será feita a triagem dos estudos.

Two reviewers (H-NM and D-HL) independently partici-


pated in collecting, screening, and selecting the potential
studies based on the information provided by the titles and
abstracts. The full texts of relevant articles were assessed
and reviewed by both reviewers. The papers that satisfied
all the inclusion criteria were considered eligible for review.
The following information was collected from full-text
papers and recorded on an electronic spreadsheet (Office
Excel, Microsoft Inc): authors, year of publication, study
purpose, participant information (sample size, mean age,
age range, and gender proportion), scanning methods (scan-
ning device, capture technology, working condition, and
scanning process), reference standard for validation (direct
anthropometry or another 3D scanning device), types of
measurement performed (linear distances or surface-to-
-surface deviation), number of measurements (number of

116
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

landmarks, measurement times, and raters), measurement


results (mean, estimation errors, and types of statistical
analysis), and major conclusions (MAI; LEE, 2020, p. 8).

Risco de viés dos Estudos Incluídos - Item #11 - Especifique os


métodos usados para avaliar o risco de viés nos estudos incluídos,
incluindo detalhes da(s) ferramenta(s) usada(s), quantos revisores
avaliaram cada estudo e se eles trabalharam de forma indepen-
dente e, se aplicável, detalhes das ferramentas de automação usa-
das em o processo.

Descrição dos dados de risco de viés - Item #14 - Descreva quais-


quer métodos usados para avaliar o risco de viés devido à falta de
resultados em uma síntese (decorrente de vieses de relatório).

Os itens #11 e #14 são avaliados em conjunto. Honório e


Santiago (2019) conceituam qualidade dos estudos como “um
conjunto de critérios utilizados durante a execução e análise dos
trabalhos de uma revisão sistemática com o propósito de diminuir
os vieses”. Para cada tipo de estudo, o autor poderá lançar mão de
uma ferramenta para análise do risco de viés, como, por exemplo:

լ Ensaios clínicos Controlados e Randomizados (RCT):


Lista Delphi, Escala de qualidade Jadad, CASP checklist;
լ Estudos Observacionais: Escala NewCastle-Ottawa
(estudos coorte e caso controle), Minors, CASP checklist
(estudos coorte e caso controle), STROBE (estudos coorte,
caso-controle ou transversais);
լ Revisões Sistemáticas: AMSTAR e AMSTAR 2.

117
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Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
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Quando os autores querem avaliar o risco de viés sobre o


ponto de vista da metodologia dos estudos primários incluídos,
algumas das ferramentas abaixo são utilizadas:

լ Risco de viés Cochrane (RCT);


լ QUADAS (Quality Assessment of diagnostic accuracy
studies);
լ ROBINS- I (Estudos não-randomizados).

Além disso, os autores devem pontuar se a análise do risco


de viés foi realizada por pares, se utilizaram algum aplicativo
eletrônico e as razões para usar uma ou mais ferramentas de
risco de viés.

Mensuração do efeito – Item #12 - Especifique para cada resul-


tado a(s) medida(s) de efeito (como razão de risco, diferença média)
usada na síntese ou apresentação dos resultados.

Síntese dos Métodos – Item #13a - Descreva os processos usados


para decidir quais estudos são elegíveis para cada síntese (como
tabular as características da intervenção do estudo e comparar
com os grupos planejados para cada síntese (item 5)).
Item #13b - Descrever quaisquer métodos necessários para prepa-
rar os dados para apresentação ou síntese, como tratamento de
estatísticas de resumo ausentes ou conversões de dados.
Item #13c - Descrever quaisquer métodos usados para tabular ou
exibir visualmente os resultados de estudos e sínteses individuais

118
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

Item #13d - Descreva quaisquer métodos usados para sintetizar


os resultados e forneça uma justificativa para a(s) escolha(s). Se
a meta-análise foi realizada, descreva o(s) modelo(s), método(s)
para identificar a presença e extensão da heterogeneidade estatís-
tica e pacote(s) de software utilizado(s).
Item #13e - Descreva quaisquer métodos usados ​​para explorar
possíveis causas de heterogeneidade entre os resultados do estudo
(por exemplo, análise de subgrupo, meta-regressão).
Item #13f - Descreva quaisquer análises de sensibilidade realiza-
das para avaliar a robustez dos resultados sintetizados.

Os itens #12 e #13 do PRISMA Checklist geralmente são


descritos juntos na sessão de metodologia, e o autor deve des-
crever as medidas encontradas para realização da meta-análise.
Um exemplo da descrição da metodologia para a realização da
meta-análise está descrito abaixo:

The meta-analysis was based on the inverse variance and


Mantel Haenzel methods. Mechanical and biological
complication rates and prosthesis survival rates were the
dichotomous outcomes evaluated using the risk ratio
(RR). Marginal bone loss was considered the continuous
outcome and evaluated using mean difference (MD) values.
In analysis with significant heterogeneity (P<.10), a ran-
dom-effects model was used to assess the significance of
the treatment effects. Where no statistically significant
heterogeneity was found, analysis was performed using
a fixed effects model.24 The RR and MD values were
considered significant when P<.05. Software (Reviewer
Manager 5; Cochrane Group) was used for meta-analysis
(LEMOS et al., 2019, p. 881).

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Certeza da evidência - Item #15 - Descreva quaisquer métodos


usados para avaliar a certeza (ou confiança) no corpo de evidên-
cias para um resultado).

Alguns métodos podem ser utilizados neste item, seja ava-


liação dos estudos por meio de gráfico funnel plot (gráfico em
funil), no qual assimetrias sugerem a presença de viés de publica-
ção ou por meio dos testes estatísticos (teste de Egger e o teste de
Begg). Quando avaliamos a evidência produzida pelas revisões
sistemáticas, principalmente aquelas que os estudos incluídos
são do tipo RCT, podemos utilizar a Grading of Recomendations
Assessment, Developing and Evaluation (GRADE) (HONÓRIO;
SANTIAGO, 2019).

Small-study effects and publication bias were assessed


using funnel plot asymmetry in all meta-analysis with at
least ten studies. The presence of small-study effects was
evaluated by drawing a comparison adjusted funnel plot
that accounts for the fact that different studies compare
different sets of interventions. The Egger test tested the
null hypothesis of no publication bias in all outcomes
at a significance level of 5% (MARAN et al., 2020, p. 8).

The certainty of the body of evidence was assessed using the


Grading of Recommendations: Assessment, Development,
and Evaluation (GRADE) [49]. The GRADE approach to
RCTs addresses five reasons (risk of bias, imprecision,
inconsistency, indirectness of evidence, and publication
bias) to downgrade the certainty of evidence (1 or 2 levels).
In order to categorize the certainty of the evidence into
high, moderate, low, and very low, each topic was assessed
as having no limitations, serious limitations, or very serious
limitations (MARAN et al., 2020, p. 8).

120
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

A certeza da evidência muitas vezes é avaliada por meio


do GRADE. O Grade é uma ferramenta que avalia, entre outros
pontos, imprecisão, risco de viés e inconsistência dos estudos. A
ferramenta é online e pode ser acessada por meio do site: https://
www.gradeworkinggroup.org/. Todas as revisões sistemáticas de
estudos clínicos precisam ter o GRADE na sua avaliação.

RESULTADOS

Seleção dos Estudos - Item #16a - Descreva os resultados do pro-


cesso de busca e seleção, desde o número de artigos identificados
na busca até o número de estudos incluídos na revisão, idealmente
usando um fluxograma.
Item #16b - Cite estudos que possam parecer atender aos critérios de
inclusão, mas que foram excluídos, e explique por que foram excluídos.

Nesta sessão os autores devem descrever todo o processo de


coleta de dados, desde o número de artigos revisados em cada
base de dados até a inclusão dos artigos na revisão. Para tal, além
da descrição, um fluxograma deve ser montado, como demons-
tra a Figura 88.

121
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

Figura 88 - Flowchart PRISMA 2020

Fonte: disponível em http://www.prisma-statement.org/

Ainda na escrita dos resultados, é necessário a apresentação


dos porquês da exclusão de estudos que foram lidos na íntegra.
A realização de uma tabela, apresentando a referência do estudo
e o motivo de exclusão, é uma ótima ferramenta a ser utilizada.
Essa pode ser incluída em material suplementar caso o periódico
restrinja a quantidade de material a ser apresentada no texto
principal do artigo científico.

Item #17 - Cite cada estudo incluído e apresente suas características.

As características dos estudos incluídos será o segundo


tópico dos resultados. Nele, os autores devem agrupar os dados
dos estudos, podendo até criar médias, por exemplo: “Follow-up
médio de 36 meses” ou “Uma média de idade de 65 anos”. Uma

122
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

tabela com os dados importantes dos estudos deve ser incluída na


revisão sistemática e inserida nesta etapa. Logo, os autores podem
iniciar esse tópico dos resultados com “As principais característi-
cas dos estudos incluídos estão na Tabela 1”, por exemplo.

Item #18 - Apresentar avaliações de risco de viés para cada


estudo incluído.

É importante neste ponto a construção de uma tabela ou


gráfico (Risco de viés Cochrane) indicando os domínios avaliados
(seleção, randomização, cegamento, por exemplo) e, dependendo
do tipo de escala utilizada, se é um alto ou baixo risco. (Figura 89)

Figura 89 - Exemplo de gráfico do Risco de viés da Cochrane

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Item #19 - Resultados de estudos individuais.

Para todos os resultados considerados (benefícios ou malefí-


cios), apresentar, para cada estudo: (a) dados de resumo simples para

123
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

cada grupo de intervenção; (b) estimativas de efeito e intervalos de


confiança, de preferência com um gráfico florest plot (Figura 90).

Síntese dos resultados - Item #20a - Para cada síntese, resuma breve-
mente as características e o risco de viés entre os estudos contribuintes;
Item #20b. Apresentar resultados de todas as sínteses estatísticas
realizadas. Se foi feita meta-análise, apresente para cada uma a
estimativa resumida e sua precisão (como confiança/intervalo de
credibilidade) e medidas de heterogeneidade estatística. Se com-
parar grupos, descreva a direção do efeito.
Item #20c. Apresentar resultados de todas as investigações de pos-
síveis causas de heterogeneidade entre os resultados do estudo.
Item #20d. Apresentar resultados de todas as análises de sensibili-
dade realizadas para avaliar a robustez dos resultados sintetizados.

A meta-análise é essencial para mensurar o efeito da inter-


venção. Em geral, as meta-análises de revisões sistemáticas de
estudos clínicos controlados e randomizados são realizadas em
um programa específico da Cochrane, o RevMan 5. Ao adicionar
os dados ao programa, você consegue formar o gráfico. Os dados
da meta-análise devem ser apresentados tanto em forma de gráfico
como a descrição do valor de p e da heterogeneidade (I²) devem
ser descritos, assim como o intervalo de confiança. Para mais
informações sobre como aplicar a meta-análise, os leitores devem
consultar o Handbook da Cochrane (HIGGINS; GREEN, 2011).

124
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

Figura 90 - Exemplo de um gráfico do tipo florest plot (meta-análise)

Fonte: Pellizzer et al. (2020).

Reportar risco de viés - Item #21 - Apresentar avaliações de risco


de viés devido à falta de resultados (decorrente de vieses de relató-
rios) para cada síntese avaliada.

É importante salientar, que diferente do PRISMA 2009,


o PRISMA 2020, não apresenta o item de análises adicionais,
porém os autores podem lançar mão a fim de enriquecer os
dados da revisão. Em revisões que não apresentam meta-aná-
lise, é comum o uso de gráficos de média ou mesmo o uso do
Kappa. Todos esses dados devem ser descritos.
Os autores devem ter um cuidado especial com a construção
da tabela com as características dos estudos incluídos na seção
dos resultados. Tabelas devem ser limpas e com os dados neces-
sários reportados, por exemplo, os dados quantitativos devem
ser apresentados separados pelos grupos (intervenção/controle),
que são de interesse da revisão. Outro ponto é que, em casos de
revisões sistemáticas sem análise estatística (meta-análise), os
autores podem lançar mão de uma coluna com o efeito da inter-
venção – Negativo, Positivo ou Nenhum –, assim o agrupamento
dos dados torna-se mais fácil para interpretação.

Certeza da Evidência – Item #22 - Apresentar avaliações de certeza


(ou confiança) no corpo de evidências para cada resultado avaliado.

125
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

DISCUSSÃO

Item #23a - Fornecer uma interpretação geral dos resultados no


contexto de outras evidências.

A construção da discussão se assemelha ao que já foi apre-


sentado no capítulo “Discussão”. Cada autor apresenta seu estilo
próprio de escrita, entretanto, o importante nas revisões siste-
máticas é conseguir resumir essas evidências, confrontando-as
de forma que a resposta clínica, ou seja, o efeito da intervenção,
esteja claro para o leitor ao final da discussão. Importante levar
em consideração todas as implicações clínicas, mesmo que sua
revisão tenha incluídos artigos in vitro (laboratoriais) ou artigos
in vivo (animais), isto é, os autores devem fazer associação com
a clínica diária.

Item #23b - Discutir quaisquer limitações das evidências incluídas


na revisão.
Item #23c - Discuta quaisquer limitações dos processos de
revisão usados.
Item #23d - Discutir as implicações dos resultados para a prática,
política e pesquisas futuras.

É importante ressaltar que, mesmo as revisões sistemáticas


e/ou meta-análises estando no mais alto nível da pirâmide de
evidências científicas, elas apresentam limitações. As limita-
ções podem ser o tipo de estudo incluído, o uso ou não de teste
estatístico, o tema, entre outras. Em casos de impossibilidade
de realizar meta-análises, em geral, os motivos são: ou falta de
homogeneidade metodológica dos estudos, ou número reduzido
de artigos incluídos na revisão. Nos dias atuais, é importante

126
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

que os autores estejam cientes e ressaltem as limitações de todo e


qualquer estudo que será submetido à publicação.

OUTRAS INFORMAÇÕES

Protocolo e Registro – Item #24a - Forneça informações de regis-


tro para a revisão, incluindo nome de registro e número de regis-
tro, ou declare que a revisão não foi registrada.
Item #24b - Indique onde o protocolo de revisão pode ser acessado
ou indique que um protocolo não foi preparado.
Item #24c - Descrever e explicar quaisquer alterações às informa-
ções fornecidas no registro ou no protocolo.

As revisões sistemáticas e/ou meta-análises devem ter seus


protocolos registrados. Existem diversas bases que registram
revisões, porém a mais comum é o PROSPERO (International
Prospective Register of Systematic Reviews). A base de registros
PROSPERO foi criada pelo Centre for Reviews and Dissemination
(CRD) da Universidade de York em 2011, com o suporte finan-
ceiro do National Institute for Health Research (NIHR) (https://
www.crd.york.ac.uk/prospero/). Nessa base, os autores encon-
traram os registros das revisões sistemáticas e/ou meta-análise
em andamento ou concluídas, sejam com estudos clínicos, em
animais, sejam em alguns estudos in vitro. Recentemente, o
PROSPERO não considera mais o registro de revisões sistemáti-
cas e/ou meta-análises de estudos in vitro.
Dessa forma, é imprescindível que uma revisão sistemática
e/ou meta-análise tenha sido realizada no início da sua metodo-
logia: “Esta revisão sistemática seguiu o PRISMA e está regis-
trada no PROSPERO (número de registro)”, por exemplo.

127
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

Financiamento - Item #25 - Descrever fontes de financiamento


para a revisão sistemática e outro suporte (por exemplo, forneci-
mento de dados); papel dos financiadores da revisão sistemática.

Alguns pesquisadores apresentam linhas de pesquisa base-


adas em revisões sistemáticas ou mesmo vinculam publicações
de revisões sistemáticas a auxílios financeiros recebidos por
instituições públicas, empresas, institutos ou mesmo de pessoas
físicas. Além disso, bolsistas de graduação, mestrado e douto-
rado devem citar a fundação da qual recebe a bolsa. Dessa forma,
ao final da revisão, os autores devem elencar o financiamento e
fazer os devidos agradecimentos.
Alguns dos órgãos de fomento à pesquisa que podem ser
citados:
լ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq);
լ Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES);
լ Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte
(FAPERN);
լ Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP);
լ Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ).

Conflito de Interesse – Item #26 - Declare quaisquer interesses


conflitantes dos autores da revisão.

Este ponto pode ser escrito ao final do artigo. Várias revistas


solicitam também aos autores o preenchimento de um formulário
eletrônico quanto ao conflito de interesse durante a submissão.

128
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

Disponibilidade de dados, QR code e outros materiais – Item


#27 - Relate quais dos seguintes estão disponíveis publicamente e
onde podem ser encontrados: modelos de formulários de coleta de
dados; dados extraídos dos estudos incluídos; dados usados para
​​
todas as análises; código analítico; quaisquer outros materiais
usados ​​na revisão.

Consideração final

Ao final deste capítulo, esperamos que os autores tenham


adquirido uma base teórica e uma ideia da prática para execução
das revisões narrativas, integrativas e sistemáticas e/ou meta-
-análise. Não esqueçam que a escolha do tipo metodológico de
revisão está relacionada ao tema de escolha, e o nível de dificul-
dade na execução dessas revisões pode ser ultrapassado com a
prática diária dessas metodologias. Boa escrita!

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Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

APENDICE - TUTORIAL PARA BUSCA


EM BASES DE DADOS

Pubmed, Scopus e Web of Science

Essas bases de dados possuem acesso restrito de seus arti-


gos científicos. No entanto, a maioria das Instituições de Ensino
Superior (IES) estabelecem convênios para que o acesso aos
artigos na íntegra no interior dessas instituições/universidades
sejam possíveis. Dessa forma, caso você esteja vinculado a ins-
tituições, principalmente às públicas, certamente irá conseguir
acessar estudos que estejam presentes nessas bases de dados. Uma
outra forma de acesso a essas bases gratuitamente e em casa, é
acessando o periódico Capes, por meio de sua matrícula institu-
cional, como aluno ou servidor dessas IES. Segue o passo a passo
para acessar as bases de dados Pubmed, Scopus e Web of Science
de qualquer lugar, quando houver um vínculo institucional.

• 1° Passo: No google, digite o nome “plataforma café capes”

Figura 91 - Primeiro passo para acessar o periódico capes de forma gratuita

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

130
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

• 2° Passo: Ao acessar a página, após clicar no primeiro link


da busca no google, selecione a instituição com a qual você
possui um vínculo;

Figura 92 - Segundo passo para acessar o periódico capes de forma gratuita

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

• 3° Passo: Digite seu login e senha institucional;

Figura 93 - Segundo passo para acessar o periódico capes de forma gratuita

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

• 4° Passo: Clique em “Buscar base”;

Figura 94 - Terceiro passo para acessar o periódico capes de forma gratuita

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

• 5° Passo: Digite a base de dados que deseja utilizar.

Figura 95 - Quarto passo para acessar o periódico capes de forma gratuita

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

132
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

Dicas na aplicação dos operadores booleanos

Na pesquisa em base de dados, é necessário utilizar estra-


tégias de buscas para que se obtenham estudos que realmente
sejam capazes de responder a sua dúvida. Essas estratégias com-
preendem a união de palavras-chaves ou descritores que estejam
presentes na biblioteca americana (Medline) (chamados de mesh
terms) ou na biblioteca virtual de saúde (BVS). Para a união des-
ses descritores, deve-se utilizar os operadores: AND, OR e NOT.

• AND
Corresponde a um operador que tem por objetivo a soma
de palavras que devem estar presentes no artigo. Caso eu esteja
querendo saber a eficácia de uma conduta terapêutica para uma
determinada doença, os estudos que devo buscar e ler devem con-
ter o nome da conduta e o nome da doença. Por exemplo: estou
na dúvida se o medicamento Amoxicilina é eficaz no tratamento
da Pericoronarite. Dessa forma, terei que buscar artigos nas bases
de dados que contenham o nome Amoxicilina e Pericoronarite.
Sabendo disso, deverei utilizar a união dos descritores nas bases
de dados da seguinte forma: “Amoxicilina” AND “Pericoronarite”.

• OR
Este operador é utilizado quando queremos unir descrito-
res que possuem o mesmo significado. Dessa forma, ao utilizar o
“OR” na união de descritores, os artigos que estarão presentes na
sua busca irão conter o primeiro descritor ou o segundo unido por
“OR”. Por exemplo: estou na dúvida se uma placa oclusal é eficaz
no tratamento do bruxismo. Em alguns estudos, a placa oclusal
pode ser chamada de placa miorrelaxante. Para que não passe
despercebido nenhum estudo importante que possa esclarecer

133
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

minha dúvida, a utilização do operador “OR” é necessária. Nas


bases de dados, eu irei utilizar os descritores da seguinte forma:
“Placa oclusal” OR “Placa miorrelaxante” AND “Bruxismo”.

• NOT
A sua utilização é indicada quando eu não quero que uma
determinada palavra venha nos artigos a serem buscados. Por
exemplo: estou na dúvida se o medicamento Amoxicilina é eficaz
no tratamento da Pericoronarite. No entanto, eu queria ler apenas
estudos sobre o tema que fossem realizados em humanos e não em
animais. Nesse sentido, a minha busca nas bases de dados seria
dessa forma: “Amoxicilina” AND “Pericoronarite” NOT “Animais”.

Busca na base PUBMED

O passo a passo será mostrado a partir do seguinte questio-


namento: A Cloroquina ou Hidroxicloroquina é eficaz no trata-
mento da Covid-19? Vale lembrar que nas bases de dados Pubmed,
Web of Science e Scopus, só podemos digitar descritores em inglês.

• Ao entrar na base de dados Pubmed, clique em “advanced”;

Figura 96 - Primeiro passo para a realização de pesquisa na base PUBMED

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

134
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

• Digite o primeiro descritor e clique em “add” (adicionar);

Figura 97 - Segundo passo para a realização de pesquisa na base PUBMED

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

• Digite o nome do segundo descritor e escolha o operador


booleano que deseja utilizar para unir ao primeiro descritor;

Figura 98 - Terceiro passo para a realização de pesquisa na base PUBMED

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

• Digite o terceiro descritor, se necessário, e escolha o ope-


rador booleano;

Figura 99 - Quarto passo para a realização de pesquisa na base PUBMED

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

• Ao finalizar a união de descritores, clique em “search”;

Figura 100 - Quinto passo para a realização de pesquisa na base PUBMED

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

136
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

• No resultado de sua busca, irão aparecer os títulos dos


estudos (no exemplo abaixo, apareceram 525 artigos). Caso
queira acessar o artigo por completo, clique no título. No
lado esquerdo dos títulos dos trabalhos, você pode refinar
a sua busca de acordo com alguns itens presentes: ano de
publicação ou tipo de estudo, por exemplo. Digamos que você
esteja procurando apenas trabalhos do tipo ensaio clínico
controlado e randomizado sobre o tema, então clique na aba
correspondente a esse tipo de estudo.

Figura 101 - Resultado de buscas na base PUBMED

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

137
Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

• Ao refinar a busca com apenas estudos do tipo ensaio clínico con-


trolado e randomizado, o total de trabalhos foi reduzido para 4.

Figura 102 - Refinamento dos resultados de buscas na base PUBMED

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Busca na base SCOPUS

• Ao entrar na base de dados Scopus, clique em “advanced”;

Figura 103 - Primeiro passo para a realização de pesquisa na base SCOPUS

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

138
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

• Nesta base de dados, existem algumas particularidades na busca.


Antes dos descritores, é necessário digitar as letras “ALL”. Os
operadores booleanos também devem ser escritos manualmente,
sem a necessidade de clicar em alguma opção como no Pubmed.
Após digitar os descritores desejados, clique em “search”;

Figura 104 - Segundo passo para a realização de pesquisa na base SCOPUS

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

• Resultados da pesquisa no Scopus.

Figura 105 - Resultados da pesquisa no SCOPUS

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

Busca na base WEB OF SCIENCE

• Ao entrar na base de dados Web of Science, clique em “pes-


quisa avançada”;

Figura 106 - Primeiro passo para a realização


de pesquisa na base WEB OF SCIENCE

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

• Nesta base de dados, existem algumas particularidades na


busca. Antes dos descritores, é necessário digitar as letras
“TS=”. Os operadores booleanos também devem ser escritos
manualmente, sem a necessidade de clicar em alguma opção
como na Pubmed. Após digitar os descritores desejados, cli-
que em “pesquisa”;

140
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

Figura 107 - Segundo passo para a realização


de pesquisa na base WEB OF SCIENCE

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

• Resultados da pesquisa na Web of Science.

Figura 108 - Resultados da pesquisa na WEB OF SCIENCE

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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Jéssica Marcela de Luna Gomes
Laércio Almeida de Melo
Valentim Adelino Ricardo Barão
Adriana da Fonte Porto Carreiro

Busca na biblioteca SCIELO

Considerada como uma biblioteca virtual, na busca de estu-


dos na Scielo, podem-se utilizar descritores tanto em inglês como
em português. Seus artigos são acessados sem a necessidade de
entrar no periódico capes.

• Ao entrar na biblioteca Scielo, clique em “pesquisa avançada”;

Figura 109 - Primeiro passo para a realização


de pesquisa na biblioteca SCIELO

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

• Digite os descritores manualmente, associados aos descrito-


res booleanos pertinentes. Em seguida, clique em “buscar”;

Figura 110 - Segundo passo para a realização


de pesquisa na biblioteca SCIELO

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

142
CAPÍTULO 8 – ESCRITA CIENTÍFICA EM REVISÕES DA LITERATURA:
NARRATIVA, INTEGRATIVA E SISTEMÁTICA E/OU META-ANÁLISE

• Resultados da pesquisa na Scielo.

Figura 111 - Resultados da pesquisa na SCIELO

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

143
Capítulo 9

Revisões de escopo
REVISÕES DE ESCOPO
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

Em decorrência do número crescente de publicações científicas,


surge a necessidade de reunir esse vasto conteúdo. Com isso,
as metodologias que visam à sintetização do conhecimento, ao
longo dos anos, vêm sendo aprimoradas (GRANT; BOOTH,
2009; TRICCO et al., 2016), tendo como propósito o entendi-
mento de evidências contraditórias, o aumento do conhecimento
em determinada área/tópico e a identificação de lacunas no
conhecimento para guiar futuras pesquisas e que são aplicadas
nas diversas áreas da Saúde. Considerando a diversidade de situ-
ações na saúde, a integração de métodos de estudos variados se
faz necessária (STRAUS et al., 2016). Entre os variados tipos de
estudos de revisão, encontra-se a Revisão de Escopo, que será o
foco deste capítulo, com o intuito de fornecer uma fundamenta-
ção teórica e prática para a redação desse tipo de estudo.

145
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

1. Definição

A revisão de escopo é uma ferramenta utilizada para


mapear tópicos de uma área de conhecimento, examinar a exten-
são da evidência disponível, sumarizar os achados e identificar
assim as lacunas de pesquisas existentes na literatura (ARKSEY;
O’MALLEY, 2005).
As revisões de escopo são aplicadas para (PETERS et al., 2020):
• ser precursor de uma revisão sistemática;
• identificar os tipos de evidências disponíveis em determi-
nada área;
• identificar e analisar lacunas no conhecimento;
• esclarecer os principais conceitos/definições na literatura;
• examinar como a pesquisa é conduzida em determinado
tópico ou área;
• identificar as principais características ou os fatores relacio-
nados a um conceito.

2. Revisão de escopo x revisão sistemática

Diante da popularidade e aparente semelhança com a revisão siste-


mática, o presente tópico terá como objetivo a diferenciação desses tipos
de revisão. Podemos destacar a principal semelhança entre ambas, no
que diz respeito ao processo estruturado de redação. Entretanto, são rea-
lizadas por diferentes motivos (MUNN et al., 2018). Enquanto a revisão
sistemática visa produzir achados e conclusões que levem a decisões clí-
nicas (HIGGINS; THOMAS, 2011), a revisão de escopo procura mapear
a literatura sobre determinado tópico e fornecer o volume de evidência
disponível (ARMSTRONG et al., 2011). O Quadro 3 sumariza as princi-
pais diferenças de ambas as revisões (MUNN et al., 2018).

146
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

3. Histórico

Quadro 3 - Principais características das revisões de escopo e sistemática

Revisão de escopo Revisão sistemática

լ Questão de pesquisa ampla լ Questão específica ou série de


լ Mapeia a literatura questões
լ Mapeia os principais conceitos լ Confirma ou refuta determinada
que sustentam uma área de prática atual
pesquisa լ Estabelece a qualidade da
լ Variedade de estudos incluídos evidência científica
լ Tomada de decisão clínica
լ Identifica novas práticas clínicas

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Com base no trabalho pioneiro realizado por Arksey e


O’Malley (2005) e atualizado por Levac e colaboradores (2010),
em 2015, o Instituto Joanna Briggs (JBI) publicou orientações
específicas para a realização de revisões de escopo (PETERS et
al., 2015a). Essas orientações da JBI foram atualizadas, posterior-
mente, nos manuais publicados em 2017 e 2020 (PETERS et al.,
2020). No ano de 2018, Andrea Tricco e um grupo de especialistas
em revisões de escopo desenvolveram guias de desenvolvimento
específicos para condução desse tipo de trabalho (PRISMA-ScR)
com o intuito de facilitar a redação, aumentar a transparência
metodológica e melhorar a compreensão dos resultados das
pesquisas realizadas desse tipo de trabalho, uma vez que as revi-
sões de escopo apresentam um propósito diferente das revisões
sistemáticas, e, assim, não seria adequada a utilização do mesmo
protocolo já utilizado para as revisões sistemáticas (PRISMA)
(TRICCO et al., 2018) (Figura 112).

147
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

Diante disso, nesta seção, iremos comentar e discutir alguns


pontos relevantes para a condução de uma revisão de escopo que
pode ser dividida em várias etapas (Figura 113), as quais podem
ser estruturadas sequencialmente de acordo com itens de rela-
tório sugeridos pelo PRISMA-ScR (TRICCO et al., 2018), assim
como o manual atualizado da JBI (PETERS et al., 2020).

Figura 112 - Linha do tempo das metodologias desenvolvidas


para o processo de condução da revisão de escopo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Figura 113 - Etapas necessárias para condução da revisão de escopo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

148
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

Título
Item 1. Título

É importante que essa seção se apresente de forma clara,


explícita e informativa a respeito do tópico definido para a
revisão de escopo. O título deve refletir os componentes-chave
de uma revisão de escopo, de forma que seja possível informar,
aos olhos do leitor, os critérios de elegibilidade definidos pela
revisão de escopo (exemplo de mnemônico proposto: População,
Conceito e Contexto [P.C.C.], que será discutido posteriormente).
O manual da JBI recomenda que essa etapa não seja apresentada
em formato de questões ou conclusões afirmativas.
Uma das etapas obrigatórias é considerar a menção do
termo “Revisão de Escopo” em alguma parte do título – no final,
meio ou início – para permitir a identificação dos leitores a res-
peito desse tipo de trabalho. Essa característica foi acrescentada,
principalmente, após o levantamento de uma revisão de escopo
feita por Tricco e colaboradores (2016), que observaram uma
variabilidade em relação à denominação desse tipo de trabalho,
sendo o termo revisão de escopo mais utilizado (73,5%), havendo,
ainda, outros termos, como estudo de escopo, revisão sistemática
de escopo, revisão de mapeamento, mapeamento de literatura,
entre outros. Embora a terminologia de “Revisão Sistemática de
Escopo” tenha sido considerada em trabalhos prévios (PETERS
et al., 2015b, 2017), atualmente, é considerado apenas “Revisão
de Escopo”. Isso decorre porque se acredita que todos os tipos
de trabalhos de síntese de conhecimento e evidências devam ser
conduzidos de forma sistemática (PETERS et al., 2020). Alguns
exemplos de títulos observados na literatura são: Antimicrobial
Therapeutics in Regenerative Endodontics: A Scoping Review
(RIBEIRO et al., 2020); A scoping review of surgical masks and

149
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

N95 filtering facepiece respirators: Lerarning from the past to


guide the future of dentistry (SMITH; AGOSTINI; MITCHELL,
2020), ou Interventions to improve oral health of older people: A
scoping review (ROSSI et al., 2020).

Resumo
Item 2. Resumo estruturado

Esta seção deve apresentar o conteúdo do trabalho de


forma resumida e estruturada com precisão, dando ênfase à
metodologia de condução, e, principalmente, aos resultados
encontrados. Geralmente, os tópicos definidos desta seção, bem
como a quantidade de informações, deverão seguir os critérios
definidos pela própria revista, porém, é recomendado que um
resumo estruturado apresente seções como: introdução breve
(se necessário), objetivos, métodos (critérios de elegibilidade,
fontes de evidência, limites definidos, métodos do mapeamento
da literatura), resultados encontrados e mapeados por meio da
revisão de escopo e conclusões, com possíveis implicações para
pesquisas futuras. Esses tópicos são importantes para facilitar o
entendimento pelo leitor do trabalho. Algumas questões especí-
ficas relacionadas ao número de registro do protocolo, ou fontes
de financiamento podem ser consideradas, caso exista possibili-
dade de acrescentá-los no resumo estruturado.

Introdução
Item 3. Justificativa

Não diferente de qualquer outro tipo de trabalho científico,


na seção de introdução, é importante destacar o que motivou a
condução do trabalho, nesse caso, a revisão de escopo (TRICCO

150
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

et al., 2018). Essa apresentação deve acontecer de forma clara


e objetiva para melhor entendimento do leitor, descrevendo e
ressaltando conceitos, definições importantes e conhecimentos
existentes do tópico da revisão de escopo.
A maioria das revisões de escopo é essencialmente explora-
tória, logo, é importante destacar que essa etapa da introdução
não necessariamente precisa cobrir todo o histórico existente
sobre o tópico em análise, visto que, na maioria das vezes, esse
é o objetivo principal desse trabalho (PETERS et al., 2020).
Entretanto, toda revisão deve apresentar, de forma clara e articu-
lada, a justificativa ou o motivo que levou à condução desse tipo
de trabalho, frente ao que existe a respeito do tópico selecionado.
É importante também que os autores destaquem a existência dos
trabalhos primários disponíveis e/ou de trabalhos de revisões
(incluindo a revisão de escopo) sobre o tópico, e caso exista, qual
a justificativa para a condução desse novo trabalho. Isso pode ser
destacado em um trabalho publicado recentemente, que mostra-
remos a seguir.

Synbiotics are defined as “mixtures of probiotics and


prebiotics that beneficially affects the host by improving
the survival and implantation of live microbial dietary
supplements” (Andersson et al. 2001). The development
of synbiotics may be more efficient in the prevention of
dental caries than the use of either one alone as the mixture
could compensate for the drawbacks of the individual
components while imparting a synergistic caries-pre-
ventive effect. The evidence of prebiotics and probiotics
on dental caries prevention has been separately reported
in clinical trials and summarized in several systematic
reviews (Astvaldsdottir et al. 2016; Li et al. 2015; Cagetti
et al. 2013). However, until now the role of synbiotics in

151
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

caries prevention is currently unclear. A preliminary search


of published studies examining the effect of synbiotics on
caries prevention showed relatively broad heterogeneity
in design and quality; therefore, a systematic review was
inappropriate. Instead, we performed a scoping review
to critically review the evidence of synbiotics on caries
prevention, addressing any research gaps to inform the
design for future investigations. (BIJLE et al., 2020, p. 3)

Item 4. Objetivos/Questão

Em determinada etapa da introdução, os autores precisam


destacar o objetivo primário da revisão de escopo. Para isso, é
importante, inicialmente, que a questão do tópico evidenciado
esteja muito bem delineada e definida pelos autores. Detalhando
a respeito da questão considerada na revisão de escopo, ela deve
ajudar, orientar e direcionar no desenvolvimento dos critérios de
inclusão definidos. Nesse sentido, diferentes estratégias podem
ser consideradas, dentre as quais, destacamos a recomendada
pela JBI e PRISMA-ScR.
Nesse contexto, em definição de população de uma revi-
são de escopo, algumas características específicas podem ser
consideradas, tais como: faixa etária, gênero, região, aquilo que
de certa forma apresenta uma familiaridade próxima com o que
se pretende com o objetivo da revisão de escopo. Em relação ao
conceito, isso pode incluir detalhes específicos a respeito dos
objetivos da revisão de escopo, seja por meio de intervenções,
fenômenos de interesse e até mesmo resultados, visto que cada
um desses elementos pode estar implícito no conceito/foco
central definido de acordo com a avaliação realizada. Por fim, o
contexto depende diretamente do objetivo da questão da revisão
de escopo, de forma que os achados dessa revisão poderão trazer

152
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

informações importantes a respeito de fatores culturais, locali-


zações geográficas, políticas de sistemas de saúde de algum país,
ou avaliações de pacientes dentro de um hospital ou clínicas, se
resumindo tudo isso a um objetivo definido. As questões deli-
neadas podem apresentar subitens, embora não seja necessário,
desde que facilitem ainda mais a interpretação do que se pretende
a respeito da revisão do escopo, ou seja, em determinados tópicos
existem particularidades definidas sobre o PCC, de forma que os
subitens considerados podem ser úteis para delinear como será
mapeada a evidência selecionada (PETERS et al., 2020; TRICCO
et al., 2018). Outras formas de abordagem podem ser considera-
das para a contextualização dos objetivos centrais e perguntas,
como a estrutura PICO (Population, Intrevention, Comparator,
Outcome) e SPICE (Setting, Population/Perspective, Intervention,
Comparison, Evaluation), desde que se alinhe diretamente com
o que se pretende com a revisão de escopo. Em um protocolo de
revisão de escopo publicado recentemente, Lansdown e colabo-
radores (2019) destacam as seguintes características:

Review question: What types of oral health-related con-


cerns, outcomes and experiences have been reported for
people with CP? Inclusion criteria: Participants: This
scoping review will consider any global, pertinent oral
health studies that include people with CP with no par-
ticipant exclusion criteria pertaining to age, ethnicity
or sex. Concept: The concept of interest for the scoping
review is oral health outcomes experienced by people with
CP. Articles that focus on oral health, including dental
diagnosis, trauma and treatment, oral health, facial pain,
saliva, sleep apnea, and/or make statements regarding oral
health pertaining to CP will be considered for inclusion
in this scoping review. Context: This review will include

153
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

all studies evaluating oral health and/or reporting on oral


health concerns of people with CP that are conducted
in dental clinics, dental hospitals, hospitals, healthcare
settings, acute care, primary care, special care, the commu-
nity or in a home-care environment. Types of studies:
This scoping review will consider quantitative and/ or
qualitative evidence from study designs such as systematic
reviews, randomized controlled trials, non-randomized
controlled trials, prospective and retrospective cohort
studies, case control studies/ reports and cross-sectional
studies that report on oral health concerns or improved
care for people with CP. In addition to research studies,
unpublished studies will be considered from the gray
literature including opinion papers and reports, expert
opinions, discussion papers, position papers, abstracts and
conference proceedings. (LANSDOWN et al., 2019, p. 2553)

Métodos
Item 5. Protocolo e Registro

Assim como observado nas revisões sistemáticas, as reco-


mendações atuais indicam que, ao conduzir uma revisão de
escopo, deve-se procurar realizar um protocolo de condução
prévio, seguindo alguma ferramenta de instrução (PETERS et
al., 2020; TRICCO et al., 2018). Esse registro do protocolo da
revisão de escopo, como observado nas revisões sistemáticas,
previnem e limitam a possibilidade do viés de reporte, favorece
a transparência da condução da revisão de escopo, e reduzem a
possibilidade de duplicação de esforços sobre o mesmo tópico.
Todo projeto de síntese de evidência, a partir de estudos
de revisão, deveria iniciar por um adequado delineamento da
metodologia. Isso, sem dúvidas, acrescenta um ganho para uma
correta abordagem das evidências selecionadas para a revisão

154
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

(PETERS et al., 2020). Conforme já realizado recentemente pela


colaboração PRISMA, que estabeleceu um guia para o desen-
volvimento dos protocolos de revisões sistemática (PRISMA-P)
(SHAMSEER et al., 2015), também se deve priorizar a redação
de um projeto para a revisão de escopo para depois execução da
pesquisa completa.
Entre as ferramentas disponíveis para a execução desse pro-
tocolo, pode ser considerada a lista de verificação do PRISMA-ScR
(TRICCO et al., 2018), ou até mesmo o manual da JBI, que define
uma sequência de informações relevantes a respeito do protocolo
da revisão de escopo: 1) título; 2) desenvolvimento da questão;
3) introdução; 4) critérios de inclusão; 5) estratégia de busca; 6)
seleção das fontes de evidências; 7) extração dos dados; 8) aná-
lises das evidências; 9) apresentação dos resultados (PETERS et
al., 2020). Algumas poucas alterações do que foi proposto no
protocolo podem ser modificadas durante a fase de execução da
revisão de escopo, principalmente porque o mapeamento tem a
função de verificar as possibilidades previstas nesse tipo de mate-
rial. Entretanto, quaisquer que sejam as modificações considera-
das após a conclusão do protocolo, os autores devem destacar de
maneira clara e explicar os motivos que justificam as alterações
(PETERS et al., 2020; TRICCO et al., 2018).
É importante que o protocolo de condução seja publicado
em algum site ou domínio de acesso aberto e que seja dispo-
nibilizado o número de registro para acesso dessa publicação,
porém, diferentemente do que acontece nas revisões sistemáti-
cas, as revisões de escopo, até o momento, não são consideradas
para publicação na base internacional de registro de revisões
sistemáticas PROSPERO (Booth et al., 2013; Peters et al., 2020).
Por isso, podem ser considerados outros domínios, como Open
Science Framework (https://osf.io/), Figshare (https://figshare.

155
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

com/), Research Registry (https://www.researchregistry.com/),


ou até mesmo algum periódico específico, que permita a publi-
cação do protocolo, como o situado na base de dados da JBI
(PETERS et al., 2020).

The study protocol was prepared prior to conducting the


study selection and registered on Open Science Framework
for public view with the accession link - https://osf.io/srdc5/.
The protocol was drafted using PRISMA-ScR guidelines and
included the following sections–study aim, search strategy,
eligibility criteria, outline for data summary charting as
per consensus by all the contributors of the study (BIJLE
et al., 2020).

Item 6. Critérios de Elegibilidade

Esta seção faz referências aos critérios estabelecidos que


foram selecionados pelos autores da revisão de escopo para
inclusão dos diferentes tipos de estudos sobre o tópico, com as
justificativas de quais foram os motivos que levaram os autores a
considerar esses critérios (TRICCO et al., 2018). Para que mini-
mize a possibilidade de viés, é importante que essa seção seja
o mais transparente e sem ambiguidade, de forma que o leitor
compreenda a importância dos critérios alinhados ao objetivo da
revisão de escopo, que muitas vezes vai estar relacionado ao PCC,
descrito previamente. Os autores da revisão de escopo devem
declarar de forma explícita qualquer informação imposta a res-
peito das restrições elencadas, por exemplo: idioma, tempo, tipo
de estudo, entre outras características, e assim direcionar uma
justificativa plausível para cada uma dessas questões. Embora
possa ser considerada, é recomendada uma busca ampla com o

156
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

mínimo de restrições necessárias, e caso exista, elas precisam


estar bem descritas e justificadas, conforme observado abaixo:

The present review included studies involving full economic


evaluation (CEA, CBA and CUA) of dental interventions
published between the years 1980 to 2017 as literature search
results before 1980 would be of minimal relevance to current
standards and economics of dental treatment. Papers obtained
in languages other than English could not be read, as the
authors did not have the resources to hire a translator. These
papers were eventually excluded. There were no restrictions
on country of origin or PICOs (Population, Intervention,
Comparison and Outcome) of publications as this review
intended to encompass all forms of dental intervention that
performed a full EE (EOW et al., 2019).

Item 7. Fontes de Informação

Por ser tratar de um trabalho reproduzível, os autores


precisam descrever e detalhar todas as fontes de informações
relevantes que foram incluídas para a revisão de escopo, que
deve idealmente considerar diferentes fontes de informações de
evidência, sejam elas estudos primários, estudos secundários
(revisões), e outras fontes de informações, permitindo uma busca
mais abrangente possível, delimitando qual período foi conside-
rado e informações sobre quantos e quais revisores, se possível,
alguns especialistas sobre o tópico de interesse que realizaram
as buscas.
As diferentes bases de dados (Medline/PubMed; Embase;
Web of Science, CINAHL, dentre outras), ou até mesmo outras
formas de fontes de evidência como plataforma de mídias
sociais, websites que estejam alinhadas a questão da revisão

157
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

do escopo podem ser consideradas. Independentemente de


quais bases forem eleitas para a revisão de escopo, os autores
precisam detalhar as diferentes estratégias de buscas, sendo
única ou individualizadas para as bases de dados, para melhor
compreensão do leitor.
A realização de buscas manuais pode ser uma escolha na
revisão de escopo, que podem ser feitas em periódicos específi-
cos, em listas de referências de trabalhos relacionados ao tópico
selecionado, ou até mesmo por meio de contatos com autores para
requisitar alguma informação não disponível. Além disso, é viá-
vel a inclusão de informações não publicadas (literatura cinza).
Como existe uma variabilidade muito grande em relação a essas
informações e a sua maneira de obtenção, é imprescindível que os
autores detalhem, de forma precisa, como essas estratégias foram
realizadas. Caso os autores utilizem algum tipo de gerenciador
de referências (ex: Endnote, Rayyan, JBI Summari, Covidence),
esses detalhes precisam ser considerados nessa seção.

To identify potentially relevant documents, the following


bibliographic databases were searched: PubMed/MEDLINE,
Scopus, Web of Science, and Google Scholar. The search
was run on April 22nd (PubMed/MEDLINE, Scopus, and
Google Scholar)/April 25th (Web of Sciences) of 2019, and
repeated on February 5th of 2020. The search included both
controlled vocabulary (e.g., MeSH terms) and keywords in
the title, abstract or keywords list. The final strategies were
drafted by an experienced librarian (JW) and further refined
through the other co-authors. The final search results were
exported into a single EndNote database, and duplicates
were removed by the first author (RADICE et al., 2020).

158
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Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
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Item 8. Buscas

As estratégias propostas devem ser delimitadas para faci-


litar a replicação, se necessária. Podem ser consideradas mais
de uma única base de dados, e devido a particularidades das
bases de dados, a busca individualizada para cada uma das
bases selecionadas pode ser recomendada. Dependendo do
tamanho das estratégias de buscas apresentadas, muitas vezes,
os arquivos com essas estratégias podem ser inseridos, durante
a submissão para a revista, como um arquivo suplementar ou
apêndice. Geralmente essas informações vêm acompanhadas
das informações de buscas e seleções das fontes de evidências
na descrição metodológica.

Three electronic databases were searched (MEDLINE


[PubMed], SciVerse Scopus, and The Cochrane Library)
following the search strategy described in Table 1. The last
search was performed on 16 October 2019, with no limit
regarding the year of publication. Only records in the English
language were considered. The records identified were
imported from each database and saved into software (Excel
Office 360, Microsoft, Redmond,WA, USA); duplicates were
then removed using the corresponding software function
(RICHERT et al., 2020).

Table 1. Electronic database and search strategy (16 October


2019). Database Search

“ finite element model premolar” OR


“ finite element analysis premolar” OR
MEDLINE
“ finite element model premolar [Mesh]”
[PubMed]
OR “ finite element analysis premolar
[Mesh]”

159
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

TITLE – ABS -KEY + finite + AND +


element + AND + analysis + AND +
SciVerse
premolar + OR + TITLE – ABS – KEY +
Scopus
finite + AND + element + AND + model +
AND + premolar”
“TITLE – ABS -KEY + finite + AND +
element + AND + analysis + AND +
Cochrane
premolar + OR + TITLE – ABS – KEY +
Library
finite + AND + element + AND + model +
AND + premolar”
(RICHERT et al., 2020)

Item 9. Seleção das fontes de evidência

Apesar de certa similaridade com o item 7, descrito anterior-


mente, a própria recomendação PRISMA-ScR recomenda evitar
esse tipo de confusão (TRICCO et al., 2018), uma vez que esse item
consiste em um termo mais inclusivo/heterogêneo que deve ser uti-
lizado pelo revisor para identificar os diferentes tipos de evidências
ou fontes de dados incluídas (pesquisas quantitativas, qualitativas,
opiniões de especialistas, ou até mesmo documentos de políticas,
se estiver ligado a tópico de interesse). Nesse ponto, é importante
descrever se existiu algum exercício de calibração entre os reviso-
res, o número de pessoas que realizaram esse teste piloto, e quantos
artigos foram considerados para leitura durante esse piloto, desta-
cando as mudanças que foram realizadas, bem como os motivos.
É recomendada uma concordância inicial mínima, principalmente
nesse tipo de trabalho, que tende a ser mais abrangente. Por fim,
é necessário descrever todo o processo de triagem: número de
revisores, o grau de concordância desses revisores, resoluções das
possíveis discordâncias, e como isso será resolvido. No processo da

160
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

descrição metodológica, esse item tende a ser incluído com os dois


itens citados previamente (PETERS et al., 2020).

Item 10. Processo de Mapeamento dos Dados

Nesta etapa do trabalho, é importante que sejam descritos


todos os métodos utilizados para mapeamento dos dados, que
é mais comum para os estudos de revisão de escopo, levando
em consideração todas as fontes de evidências incluídas. Dessa
forma, é recomendada a utilização de um formulário ou uma
tabela de extração pré-definida para mapeamento dos dados,
desenvolvida pelos autores durante o protocolo e antes do início
da revisão de escopo. Caso exista alguma modificação do que
foi projetado anteriormente durante o protocolo, essas mudanças
devem ser identificadas e registrada pelos revisores. Além disso,
é importante que esse processo de mapeamento dos dados seja
realizado em duplicata por mais de um revisor.
Em situações que não for possível essa avaliação em dupli-
cata, é importante que exista pelo menos uma checagem dos
dados mapeados por algum outro revisor. Independentementte
da forma optada, é importante que o grupo responsável pelo
mapeamento dos dados esteja familiarizado com o formulário
de extração. Para o processo de buscas, pode ser considerado
teste piloto com o formulário pré-definido para treinamento do
mapeamento (ARKSEY; O’MALLEY, 2005; PETERS et al., 2020),
conforme detalhado a seguir:

Data relevant to the scoping review that report on oral


health outcomes experienced by people with CP will be
extracted by two reviewers. The reviewers will indepen-
dently document and tabulate this data in accordance

161
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

with JBI methodology to include specific study details as


shown in Appendix II. (LANSDOWN et al., 2019, p. 2554)

Item 11. Itens de Dados

Nesta seção, é destacada a necessidade de detalhar como


será realizada a coleta dos dados específicos, sejam qualitativos
ou quantitativos, ou combinação de ambos de acordo com o foco
e o tópico da revisão de escopo. Assim, qualquer dado que for
importante para a compreensão do leitor sobre a forma como será
realizado esse mapeamento é significativo, principalmente se
algum desses itens envolver interpretação dos revisores. A função
dessa etapa é fornecer ao leitor um resumo lógico e descritivo de
como será realizado o levantamento e o mapeamento dos resul-
tados, e como que ele será alinhado diretamente para responder
aos objetivos e à pergunta da revisão de escopo. Informações que
sejam relevantes para o objetivo do tópico – tais como: autor, ano
de publicação, título, local de publicação, população, conceito,
contexto, país de execução, bem como outros domínios específi-
cos que podem favorecer a compreensão do leitor em relação as
especificidades do tópico selecionado – devem ser consideradas.
Geralmente, a descrição dessa etapa pode ser apresentada junto
ao item 11, descrito anteriormente.

A standardised data extraction tool was developed by


the research team and included the following informa-
tion: author(s); year; title; aim of study; study design;
country; setting; number of participants; age; gender;
intake and excretion data; methods of data collection,
analytical procedures, and outcome(s). The developed data
extraction tool was tested with 10% of the articles before
implementation. Data extraction was then carried out by

162
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa
one reviewer (IO) and verified by another (PV). Due to
the work undertaken being a scoping review, no quality
appraisal was undertaken (IDOWU et al., 2019, p. 4).

Item 12. Avaliação crítica de fontes individuais de evidências


(Opcional)

Atualmente, a avaliação do risco de viés ou qualidade dos


estudos não é recomendada para as revisões de escopo, uma vez
que apresentam diferentes fontes de evidências e seu objetivo não
é necessariamente responder a uma pergunta ou a uma hipótese.
Esse foi o motivo considerado pela ferramenta PRISMA-ScR para
esse tipo de abordagem, o qual deve ser uma avaliação crítica,
e não necessariamente, do risco de viés. Tricco e colaboradores
(2016) verificaram que a grande maioria dos trabalhos de revisão
de escopo não apresentava esse tipo de análise. Isso está ligado ao
fato de que as revisões de escopo geralmente são conduzidas para
fornecer uma visão geral das evidências existentes, independente-
mente da qualidade metodológica ou do risco de viés (PETERS et
al., 2015b; TRICCO et al., 2018). Entretanto, o PRISMA-ScR con-
siderou a inclusão desse item para as revisões de escopo, de forma
opcional, pois, dependendo do objetivo que se pretende alcan-
çar, pode ser considerado um ponto importante. Dessa forma,
quando for considerado esse tipo de avaliação crítica das fontes
individuais, os autores devem fornecer uma explicação clara de
como a avaliação se alinha com os objetivos da revisão, e a forma
de abordagem metodológica utilizada, tendo em vista as possí-
veis diferenças das fontes de evidências usadas para as revisões
de escopo. Embora ainda não exista um instrumento específico
para avaliação do risco de viés das revisões de escopo, até para
padronizar essas abordagens, provavelmente esse possa ser um

163
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

dos pontos a ser considerados pelos especialistas com esse tipo de


metodologia para trabalhos futuros, com a intenção de criar um
instrumento específico para essa modalidade de trabalhos.

Item 13. Síntese dos resultados

Nesta seção, os autores devem claramente detalhar os méto-


dos que serão utilizados para apresentação dos resultados da
revisão de escopo, diferentemente do item 10, que destaca como
que seria realizado o processo de extração ou o mapeamento dos
dados. Devido à natureza descritiva desse tipo de trabalho, essa
abordagem pode ser diagramática com base em gráficos, tabula-
res, ou em formato descritiva, desde que as estratégias respondam
à questão e oas objetivos formulados. Como as revisões de escopo
apresentam uma abordagem ampliada, pode ser recomendado
que os resultados sejam extraídos e agrupados a partir de um
processo interativo, e possam ser atualizados de maneira contínua
(PETERS et al., 2020), como no caso de uma nuvem de palavras
(DOTTO et al., 2020; TRICCO et al., 2016). Deve ficar claro que
a utilização de análise quantitativa para implicação clínica dos
resultados – por exemplo, metanálise, sensibilidade, subgrupo, ou
metaregressão – não é recomendada para esse tipo de revisão. Por
isso, a abordagem específica deverá ser considerada pelos revisores
de forma que os resultados agrupados consigam alinhar e mostrar
ao leitor os indícios importantes, conforme observado abaixo:

The synthesis focused on describing the irrigant solu-


tions used, their characteristics, the properties tested,
and whether solutions affected the mechanical properties
of the teeth. A descriptive analysis was performed that
considered the study design, the characteristics of the

164
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa
different irrigants, and the properties tested. Analysis was
then presented in tables and graphs. Finally, we created
a word cloud considering the substances tested by using
the website https://www. wordclouds.com/ to illustrate the
prevalence of using each solution graphically (DOTTO et
al., 2020, p. 597).

Resultados
Item 14. Seleção de fontes de evidência

Nesta etapa, devem-se reunir os artigos selecionados para


a revisão de escopo, conforme os critérios de inclusão e exclu-
são. Sugere-se que seja utilizado um fluxograma (TRICCO
et al., 2018), nesse caso, foi utilizado o fluxograma PRISMA
(PETERS et al., 2020) para as revisões de escopo, adaptado do
disponibilizado no site principal (PRISMA, 2020), o qual tam-
bém foi traduzido na íntegra e está disponível em português
(GALVÃO; PANSANI, 2015). Uma diferença clara em relação
ao fluxograma disponível pelo PRISMA está ligada ao fato de
que não existe uma caixa para a inclusão dos estudos seleciona-
dos para análise quantitativa, algo que não é preconizado para
as revisões de escopo. A Figura 114, a seguir, ilustra um modelo
de seleção dos artigos para a revisão de escopo. Deve-se atentar
que, ao seguir o modelo PRISMA, os autores precisam relatar
os motivos de exclusão dos artigos completos, mas não necessa-
riamente indicar as referências excluídas. O número de artigos
duplicados e excluídos também deve ser fornecido, assim como
apresentar o número final de artigos incluídos para a síntese
qualitativa (setas em azul).

165
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

Figura 114 - Modelo alterado de diagrama para relato da seleção de estudos


para a revisão de escopo

Fonte: adaptado pelos autores, com base em PRISMA (2020).

Um dos principais objetivos do diagrama é apresentar o


método de seleção, o qual deve ser transparente indicando que
foi eficaz e pode ser verificado. Essa etapa deve ser minuciosa-
mente realizada (Figura 115).

Figura 115 - Destaque para o processo de seleção de artigos

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

166
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Item 15. Características das fontes de evidência

Os autores devem, em seguida, realizar uma apresentação


das principais características que envolvam os artigos seleciona-
dos. Uma forma eficiente para a realização dessa etapa é definir os
principais tópicos, assuntos abordados e, dessa forma, descrever os
dados obtidos. Outra forma eficiente para abordagem também é o
uso de tabelas que possam apresentar ao leitor a análise de todos os
dados. Além disso, é possível agrupar os estudos conforme temas
e metodologias propostas a fim de organizar uma sequência da
apresentação dessas informações (TRICCO et al., 2018)

Item 16. Avaliação crítica de fontes de evidência

Ao incluir os artigos, não se deve somente apresentar os


resultados principais, mas é possível fazer uma avaliação crítica
dos dados de evidência e, ao adotar essa avaliação, comparam-se
os diferentes estudos incluídos (TRICCO et al., 2018). Um exem-
plo mencionado no modelo disponível no website do PRISMA
(PRISMA ScR, 2019) representou uma revisão de escopo que
avaliou as características e qualidades metodológicas de 456
network metanálises realizando uma avaliação em relação aos
pontos: protocolo previamente definido, questão de pesquisa,
critério de elegibilidade, estratégia e bases de dados utilizadas,
buscas adicionais, forma de busca, diagrama dos estudos, dados
coletados, qualidade dos estudos (ZARIN et al., 2017). No estudo
de revisão de escopo (ZARIN et al., 2017) também se empregou a
escala AMSTAR, o qual é usual para se avaliar a qualidade meto-
dológica de revisões sistemáticas (SHEA et al., 2009), assim como
a figura ilustrativa da frequência de publicações em diferentes
áreas de periódicos. Embora não exista uma ferramenta padrão

167
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

para avaliação crítica dos estudos de revisão de escopo, os auto-


res devem levar em consideração os diferentes tipos de estudos
incluídos na revisão de escopo, para que, assim, decidam sobre
as ferramentas mais indicadas de acordo com os tipos de estudos
selecionados.
Conforme comentando anteriormente, essa é uma etapa
opcional e pode ser considerada a depender do objetivo que se
pretende alcançar com a revisão de escopo (PETERS et al., 2020).
Entretanto, revisões de escopo não devem atuar sintetizando os
resultados e indicando a força da evidência. Assim, sugere-se que
seja viável extrair os resultados de forma descritiva, realizando
um mapeamento do problema clínico proposto.

Item 17. Resultados de fontes individuais de evidência

Os autores precisam estabelecer as principais variáveis que


serão avaliadas (dados que serão coletados). Assim, em cada estudo,
é realizada a coleta de informações com o enfoque nos questiona-
mentos principais e nos objetivos da revisão (TRICCO et al., 2018).
Sugere-se que essa etapa não seja realizada somente por um avalia-
dor e, sim, por mais de um revisor, a fim de evitar erros na coleta
de dados. Nesse caso, dois revisores podem atuar conjuntamente ou
um deles ir realizando a conferência dos dados utilizados. Isso torna
o processo mais transparente e reduz erros (PETERS et al., 2020).

Item 18. Síntese dos resultados

Devem-se resumir ou apresentar os principais resultados


por meio de gráficos, mapas ou figuras ilustrativas (TRICCO et
al., 2018). O uso de mapas, gráficos e tabelas conceituais reunindo

168
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

as principais informações com frequência de palavras, conceitos


e temas também pode ser realizado.
Por exemplo, em uma revisão de escopo recentemente
publicada, incluindo autoria de pesquisadores que elaboraram
o PRISMA-ScR, selecionaram-se 160 artigos que avaliaram a
prevalência de transtornos relacionados a atividades de jogos na
internet (DARVESH et al., 2020). Os autores pontuaram a cons-
trução dos resultados da seguinte forma (Quadro 4):
Etapas para os resultados:

Quadro 4 - Exemplo das etapas utilizadas


para abordagem dos resultados em Revisão de Escopo

1. Seleção de fontes de evidência


2. Características dos estudos
3. Tabela com dados: Métodos usados para identificar pessoas com
transtorno de jogos na Internet
4. Prevalência de transtorno de jogos na Internet em geral, dados
populacionais.
5. Figura ilustrativa de informações mostrando o mapa dos países.
6. Variáveis relatadas em populações com jogos na Internet
7. Tabela com dados: Prevalência de transtorno de jogos na Internet por
tipo de população
Fonte: Darvesh et al. (2020).

Há a possibilidade de se trabalhar com arquivos suplementa-


res. Para esse estudo, os autores utilizaram um documento suple-
mentar relatando nove apêndices, nos quais se destacaram todos
os processos de estratégia de busca, lista de estudos incluídos,
tabelas com variáveis pré-definidas e características coletadas em
cada estudo. Uma tabela à parte, contendo a frequência do uso de

169
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

variáveis nos estudos, também foi realizada (DARVESH et al.,


2020). Essa abordagem, gerando a publicação de suplementos nas
revistas, é aceitável, uma vez que a quantidade de páginas para
os artigos é restrita na maior parte dos periódicos internacionais.
No manual de síntese de evidência da JBI, sugerem-se, por
exemplo, alguns tópicos que podem ser usados para coleta de
dados, como: 1) autores; 2) ano de publicação; 3) país/origem da
pesquisa e fonte publicada; 4) objetivos e propostas dos estudos;
5) população e tamanho da amostra de acordo com a fonte de
evidência (quando aplicável); 6) metodologia; 7) tipo de interven-
ção, comparação e detalhes importantes como tempo de acom-
panhamento (se aplicável); 8) resultados e detalhes (variáveis e
medidas utilizadas; 9) principais descobertas relacionadas aos
questionamentos realizados (PETERS et al., 2020). A Figura 116
resume as principais etapas que devem ser contempladas para o
desenvolvimento dos resultados.

170
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

Figura 116 - Etapas resumidas para confecção


dos resultados conforme descrito no PRISMA-ScR

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Tricco et al. (2018).

O manual de síntese de evidência do instituto Joanna Briggs


também aponta como possibilidades para estudo de evidência
alguns formatos específicos, como o desenvolvimento de uma
tabela, na qual é possível analisar o que foi observado em cada
estudo incluído na revisão de escopo. Isso permite, por exemplo,
estudar lacunas existentes na literatura, direcionar novos estu-
dos ou revisões sistemáticas sobre o tema. A Tabela 1 exemplifica
esse processo e as células destacadas em verde mostram lacunas
existentes nos estudos avaliados para, por exemplo, em uma
situação hipotética, na qual foram coletados dados de avaliação
amostral, intervenção, comparação e principais desfechos identi-
ficados (MOSDØL et al., 2018; PETERS et al., 2020).

171
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

Tabela 1 - Modelo de tabela hipotética


para análise dos dados em revisão de escopo

Amostra Tipo de intervenção Comparação Desfechos apresentados


Estudos
Estudos em Cultura Inter- Inter- Inter- Compa- Compa- Compa- Desfe- Desfe- Desfe-
Animais
humanos de células venção 1 venção 2 venção 3 ração 1 ração 2 ração 3 cho 1 cho 2 cho 3

Referência 1 x x x x x x x x x

Referência 2 x x x x x x x x

Referência 3 x x x x x x x

Referência 4 x x x x x x x x

Referência 5 x x x x x x x x

Referência 6 x x x x x x x x

Referência 7 x x x x x x x

Referência 8 x x x x x x x

Referência 9 x x x x x x

Referência 10 x x x x x x

Fonte: Modificado de: Peters et al. (2020),


originalmente concebido por Mosdøl et al. 2018

As próprias estruturas de diagrama propostas para a Figura


116, ou seja, destacando-se uma sequência de ponderações para o
tópico analisado, podem ser adaptadas para expressar importantes
conceitos relatados nos diferentes artigos incluídos em uma amos-
tra de revisão de escopo. Como se pode ver, e também mencionado
anteriormente no item 13, os resultados podem ser agrupados por
meio um processo interativo (PETERS et al., 2020), por exemplo,
um gráfico pode apresentar informações com os diferentes anos
no eixo da abscissa (x) e diferentes tópicos avaliados no eixo das
ordenadas (y), com isso, teremos a frequência, ao longo dos anos,
com que determinado assunto foi abordado. Outro modelo pode
representar, por meio de diagramas com círculos que interagem,
variáveis que estão em intersecção e outras que fazem parte de um

172
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

grupo apenas nos exemplos de diagrama de venn (TRICCO et al.,


2016). Além disso, o modelo de nuvens de palavras, indicando as
que mais se destacam, representa uma alternativa para se desta-
car uma informação que se repete com frequência nos estudos
(TRICCO et al., 2016). Cabe destacar que o modelo de tabelas
comparando a estrutura PCC ou ainda com outras variáveis pode
ser utilizado conforme destacado na literatura (LUTFIYYA et al.,
2018; MOSDØL et al., 2018; PETERS et al., 2020).

Discussão
Item 19. Resumo da evidência

No momento inicial da discussão, devem-se resumir os


mais importantes tópicos dos resultados de acordo com os con-
ceitos, objetivos e evidências disponíveis. Os autores devem focar
nos objetivos e desfechos idealizados para uma revisão e abordar
a temática resumidamente. Deve-se também abordar uma con-
tribuição em cada objetivo proposto. Uma informação impor-
tante é adaptar esses principais dados obtidos para os possíveis
usuários da revisão de escopo: pacientes, profissionais da área da
saúde, pesquisadores (PRISMA ScR, 2019).

Item 20. Limitações

As principais limitações da revisão de escopo devem ser


definidas ao leitor. Os autores também podem abordar tópicos
ausentes, necessidade de estudos na área, deficiências metodológi-
cas da própria revisão de escopo (PRISMA ScR, 2019). Devem-se
também fornecer recomendações para pesquisas futuras, as quais
podem incluir revisões sistemáticas mais focadas em perguntas
específicas. Recomenda-se que políticas para a prática clínica

173
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

não sejam sugeridas, já que o objetivo central é mapear, de forma


ampla e inicial, as informações disponíveis (PRISMA ScR, 2019).

Item 21. Conclusões

Os autores devem apresentar as principais conclusões com


base nos resultados e objetivos definidos, assim como é relevante
indicar as implicações e próximas etapas para o desenvolvi-
mento na área (TRICCO et al., 2018). Nessa etapa, deve-se incluir
direcionamento específico para pesquisas baseadas nas lacunas
de conhecimento existente, tornando-se viável a indicação de
revisões sistemáticas para temas específicos ou desenvolvimento
de pesquisas na área. Como na maior parte das vezes não é feita
uma avaliação metodológica da qualidade dos artigos incluídos
na revisão de escopo, uma avaliação e a indicação de recomenda-
ções para a prática clínica não devem ser necessariamente reali-
zadas, porém, se forem realizadas, devem estar alinhadas com os
resultados do trabalho (PETERS et al., 2020).

Item 22. Financiamento

Eventuais fontes de financiamento dos estudos incluídos e


da própria revisão de escopo devem ser incluídas. Dados sobre o
tipo e a atuação dos financiadores de projetos da revisão de escopo
também devem ser disponibilizados, quando houver, e podem ser
realizados por meio de uma tabela, por exemplo (TRICCO et al.,
2018). Eventuais conflitos de interesse também devem ser repor-
tados, assim como os agradecimentos a eventuais pesquisadores
que contribuíram e uma descrição da atuação de cada autoria do
trabalho (PETERS et al., 2020). A Figura 117 resume as principais
etapas da discussão e conclusão de uma revisão de escopo.

174
Sandra Lúcia Dantas de Moraes
Joel Ferreira Santiago Júnior
Cleidiel Aparecido Araújo Lemos
Rayanna Thayse Florêncio Costa

Figura 117 - Etapas resumidas para confecção


da discussão e conclusão conforme descrito no PRISMA-ScR

Fonte: adaptado pelos autores, com base em Tricco et al. (2018).

Evolução das revisões de escopo

Em uma busca realizada na base de dados eletrônica


PubMed/Medline, podemos acompanhar a curva crescente de
publicações das revisões de escopo (PETERS et al., 2015b) em
periódicos odontológicos e mais fortemente na área da saúde
como um todo (Figura 118). Espera-se que esse interesse conti-
nue a aumentar, devido ao volume de estudos que são publicados
(PETERS et al., 2015b).

175
CAPÍTULO 9 – REVISÕES DE ESCOPO

Figura 118 - Gráfico das publicações de artigos com o termo scoping review
no título ao longo dos anos, indexados na base de dados PubMed/Medline

Fonte: PubMed/Medline (2020).

Considerações finais

Face ao exposto, ressaltamos que:


1. A redação de uma revisão de escopo deve ser realizada
pautando-se pelo uso do reporte PRISMA-ScR (Tricco et
al., 2018) com o manual de síntese de evidência do Instituto
Joanna Briggs, realizado em 2020, para revisões de escopo
(PETERS et al., 2020);
2. Há necessidade de os autores dominarem a etapa de realização
da busca nas bases de dados de diversas fontes de evidências,
tendo em vista a amplitude que esse estudo deve alcançar;
3. A revisão de escopo é uma metodologia que fornece uma
nova perspectiva das lacunas existentes em determinados
tópicos ou áreas do conhecimento, permitindo a condução
de estudos que visem ao avanço da ciência.

176
Capítulo 10

Estudos laboratoriais
ESTUDOS LABORATORIAIS
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

1. Introdução

Os estudos in vitro ou laboratoriais têm como objetivo simular


situações clínicas em um laboratório utilizando amostras com
formas e dimensões padronizadas (ex.: discos, blocos, barras,
coroas, etc.), as quais são testadas por máquinas e equipamen-
tos. Além disso, esses estudos também possuem a finalidade
de avaliar as propriedades de determinado produto, predizer o
comportamento clínico de um material, investigar as causas de
um problema clínico específico, testar novos materiais e novas
técnicas ou investigar a efetividade de novos tratamentos. Apesar
das limitações em simular igualmente as condições clínicas do
ambiente oral, os estudos in vitro têm fundamental importância
na decisão de um protocolo clínico, uma vez que esses estudos
representam as etapas iniciais para que se possa, em seguida,
definir os protocolos clínicos de qualquer material ou técnica,
servindo também de subsídio para delineamento de outros tipos
de estudos, como os ensaios clínicos controlados e randomiza-
dos (HONORIO; SANTIAGO, 2018).

178
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

É importante salientar que o excelente desempenho de um


material em condições laboratoriais (in vitro) não determina
que em condições clínicas (in vivo) ele terá o mesmo resultado.
Entretanto, maus resultados in vitro certamente predizem um
desempenho clínico ruim. Na odontologia, esses estudos são
realizados em condições laboratoriais padronizadas e seguem um
delineamento metodológico que orientado, muitas vezes, por nor-
mas internacionais de normalização, como a ISO (International
Organization for Standardization) ou a ASTM (American Society
for Testing and Materials), o que permite que outros pesquisado-
res sejam capazes de replicar a metodologia e os resultados dos
estudos possam ser comparados entre si. Por se tratarem de estu-
dos normalizados, todos os passos devem ser preferencialmente
descritos em detalhes durante a escrita do artigo.
Dessa forma, o objetivo deste capítulo é apresentar as
principais características de um artigo científico, fruto de uma
pesquisa in vitro, destacando especialmente a seção de materiais
e métodos; bem como da seção de resultados, já que os demais
tópicos como Introdução, Discussão e Conclusão são comuns
aos demais tipos de estudos já abordados previamente neste
livro. É importante ressaltar que existem diversas formas de
escrever artigos científicos de pesquisas laboratoriais, e a forma
que será apresentada é uma proposta usada pelos pesquisadores
envolvidos no capítulo deste livro e pode servir como uma orien-
tação para outros alunos e pesquisadores. Os artigos que serão
utilizados como exemplo ao longo do capítulo foram publicados
pelo nosso grupo da UFRN, que tem como linha de pesquisa
principal a avaliação das propriedades mecânicas e adesivas de
materiais restauradores cerâmicos.

179
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

2. Descrição dos materiais e métodos

A organização da seção de materiais e métodos (M&M) de


estudos laboratoriais, para a maioria dos periódicos internacio-
nais e nacionais, é organizada em tópicos. Essa divisão deve pre-
ferencialmente ser apresentada na mesma ordem em que foram
executadas as etapas laboratoriais da pesquisa, seguindo uma
linha de raciocínio crescente. Por exemplo:

a) Descrição dos materiais utilizados no estudo;


b) Desenho experimental da pesquisa;
c) Confecção das amostras;
d) Ensaio Mecânico;
e) Análise de Falhas;
f) Análises complementares;
g) Análise estatística.

Todas essas etapas e a forma de escrita de cada uma delas


serão detalhadas a seguir.

2.1. Descrever os materiais utilizados no estudo

Como já relatado, diversos tipos de materiais são comu-


mente utilizados em pesquisas laboratoriais e é preconizado que
a descrição detalhada das suas respectivas marcas comerciais,
fabricantes, composição química e até mesmo o lote, sejam dis-
ponibilizados no artigo. Todas essas informações descritas no
texto podem torná-lo cansativo e extenso, e ser um motivo para
desencorajar a leitura completa do artigo. Dessa forma, no início
dos M&M, uma tabela é apresentada com uma síntese dos mate-
riais. Além dessas informações, algumas partes da metodologia

180
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

também podem ser omitidas do texto e ser descritas nas tabe-


las, como a forma de aplicação ou utilização de determinado
material, evitando uma redação extensa desse protocolo (VILA-
NOVA et al., 2020). A Figura 119 mostra um modelo de tabela,
com a descrição dos materiais.

Figura 119 - Modelo de tabela para apresentação dos materiais utilizados no


estudo

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

2.2. Desenho experimental da pesquisa

Uma das primeiras partes da metodologia de ensaios


laboratoriais é apresentar o design experimental do estudo, o
qual pode ser descrito no texto ou utilizando fluxograma. Esses
fluxogramas podem sem simples (com a descrição de grupos
apenas) (MOURA et al., 2018) ou mais completo (MOURA et
al., 2020). Um fluxograma completo permite uma síntese grá-
fica e didática da sequência de todas etapas da pesquisa com

181
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

explicação resumida, permitindo que o leitor tenha uma ideia


inicial do que foi desenvolvido no estudo. A Figura 120 ilustra
um exemplo de um fluxograma com as informações metodo-
lógicas sintetizadas. De maneira geral, essa é uma ferramenta
importante para tornar a leitura do artigo mais dinâmica, e deve
ser, sempre que possível, realizada.

Figura 120 - Modelos de fluxograma com desenho experimental do estudo. A:


Fluxograma completo; B: Fluxograma mais simples
A B PANC
PERGUNTA DA PESQUISA Qual a influência da concentração do ácido fluorídrico, tempo de condicionamento e da aplicação do
ácido fosfórico na resistência de união entre uma cerâmica feldspática e o cimento resinoso?
PAN30d

PAN6m
1) O aumento da concentração do ácido fluorídrico ocasionará um aumento da resistência de união;
HIPÓTESES 2) O aumento no tempo de condicionamento promoverá maiores valores de resistência de união; Panavia F
3) O tratamento com ácido fosfórico melhora a resistência de união.
PAN5TC

FABRICAÇÃO DAS AMOSTRAS Sample 2mm thick sliced from 10 x 12 x 2 mm Vita Mark II blocks (N=80; n=10) PAN20TC

PAN10TC
Ácido Hidrofluorídrico - HF: 5% e 10%:
VM5% 60s, VM5% 120s, Sistema de
TRATAMENTO DE VM10% 60s, VM10% 120s, Cimentação
SUPERFÍCIE E GRUPOS HF: 60s e 120s ULTC
EXPERIMENTAIS VMPA5% 60s, VMPA5% 120s,
Ácido fosfórico (PO): com e sem
VMPA10%60s, VMPA10%120s
ULT30D

CIMENTAÇÃO ADESIVA Cilindros de cimento resinoso (AllCem Dual, FGM) de Ø=2mm e h=2mm foram construídos na superfície tratada. ULT6M
Relyx Ultimate
ULT5TC
STORAGE Todas as amostras foram armazenadas em água destilada em uma estufa bacteriológica a 37ºC por 90 dias.

ULT10TC
EVALUATION OF
SBS (50 KgF, 0.5 ANÁLISE DA TOPOGRAFIA ANOVA 3-FATORES E
FRACTURED SURFACES
mm/min)
WITH SEM
DAS SUPERFÍCIES (SEM) TUKEY 5% ULT20TC

Figura 2. Fluxograma com o desenho experimental do estudo. Figura 2. Fluxograma da distribuição das amostras (n=10) em 2 níveis
experimentais: tipo de cimento (2 níveis) e envelhecimento (5 níveis).

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

2.3. Confecção das amostras

Em estudos in vitro, a descrição detalhada de confecção das


amostras é fundamental. Amostra, espécime ou corpo de prova é
tudo aquilo que será submetido a determinado ensaio, ou seja, é
o produto final, resultado de diversas fases, que será “testado” em
um equipamento. Durante a escrita dessa seção, muitas varia-
ções podem existir, o que é decorrente do tipo de ensaio que está

182
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

sendo conduzido. Cada ensaio tem suas particularidades e, para


cada um deles, diferentes corpos de prova podem ser feitos. No
entanto, de maneira geral, alguns pontos durante a escrita são
comuns a muito experimentos e devem ser descritos, conforme
exemplos a seguir:

a) Descrever o número total de amostras produzidas (N) para


a realização dos ensaios, bem como o tipo de material uti-
lizado para a confecção das amostras. O tipo de material
(ex.: resina composta, cerâmica, metal, etc.), a sigla de
identificação do material (ex.: RC, C e M), marca comer-
cial, fabricante, cidade, estado e país devem constar dessa
descrição. Caso o material para a confecção da amostra
seja um bloco/disco pré-fabricado – por exemplo, um bloco
de cerâmica para CAD/CAM –, as dimensões do material
devem ser especificadas. Importante salientar que nos arti-
gos científicos que serão escritos para publicação na língua
estrangeira, as siglas devem ser elaboradas para o material
conforme a tradução (ex: lithium disilicate, LD). Os estudos
in vitro que utilizam dentes para a confecção da amostra
devem informar a origem (humano ou animal); o comitê de
ética em pesquisa utilizado, com nº do parecer no caso de
dentes de humanos; e a forma de limpeza e armazenamento
dos dentes, medidas que são orientadas pelas normas de
padronização internacionais (ISO) (SENA et al., 2018). A
Figura 121 exemplifica a descrição do preparo dos dentes.

183
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

Figura 121 - Descrição detalhada sobre o preparo


de dentes bovinos para confecção das amostras

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

b) Descrição das dimensões das amostras conforme recomen-


dação das normas de padronização dos equipamentos e
os detalhes de cada etapa para realização das amostras. A
depender do formato da amostra, devem ser citados, por
exemplo, o diâmetro (Æ) e a espessura para amostras em
formato de disco; a altura, a largura e a espessura para
amostras em formato de barra ou similares. No caso de
materiais que sofrem alterações na dimensão ao longo do
processo de confecção (ex.: algumas cerâmicas que sofrem
redução do seu volume após a sinterização), é recomen-
dado que as dimensões pré-sinterização e pós-sinterização
sejam descritas, tendo em vista a contração de sinterização
sofrida pelas amostras, o que altera as dimensões. Além
das dimensões, informação sobre o forno e o seguimento
das orientações do fabricante para a sinterização devem ser
mencionados. Por exemplo, é muito comum a utilização de
máquinas de corte para seccionar os materiais e confeccio-
nar as amostras. O corte é comumente realizado por um
disco diamantado montado em uma máquina de corte de
precisão (ex.: Isomet 1000, Buehler) ou um disco montado
em peça de mão. Além do corte, os materiais geralmente
184
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

são lixados para obtenção de uma superfície plana e homo-


gênea, assim, a descrição da sequência da granulação das
lixas utilizadas também deve ser descrita (MOURA et al.,
2020) (Figura 122).

Figura 122 - Descrição da confecção das amostras,


etapas de corte e lixamento durante a fabricação de blocos cerâmicos

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

c) Descrição da etapa de inclusão das amostras. Para alguns


ensaios, como no de resistência de união, os blocos ou den-
tes devem ser incluídos em resina acrílica ou similar para
permitir que a elas sejam posicionadas paralelas ao solo no
equipamento que executará o teste. A descrição dessa etapa
deve citar o tipo de molde, o material utilizado para inclu-
são, bem como a sequência das lixas utilizadas (Figura 123).
d) Distribuição das amostras de acordo com os grupos experi-
mentais. O tópico do preparo das amostras pode ser finali-
zado com a explicação da distribuição aleatória das amostras
para os grupos experimentais, o quantitativo de grupos e o
número de amostras por grupo (n), bem como os fatores do
estudo e os respectivos níveis (MOURA et al., 2020) (Figura
123). Os fatores de estudo são as variáveis independentes da

185
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

pesquisa submetidas a comparações por meio de um teste


estatístico. Por exemplo, uma pesquisa pode avaliar o efeito
de tratamentos de superfície (ácido hidrofluorídrico - HF e
jateamento com óxido de alumínio - JT) em diferentes mate-
riais (cerâmica de dissilicato de lítio e zircônia) na resistência
de união ao cimento resinoso. Nesse caso, o tratamento de
superfície é um fator de estudo com dois níveis (HF e JT). O
tipo de material será considerado um fator de estudo se ele
for considerado um fator na análise estatística. Porém, se o
objetivo do estudo for comparar os tratamentos para cada
material e esse não forem comparados estatisticamente, o
tipo de material não será um fator de estudo. O fluxograma
supracitado (Figura 120) é importante para representar os
fatores de estudos e o desenho da pesquisa.

Figura 123 - Descrição das etapas de inclusão e descrição


da distribuição das amostras nos grupos experimentais

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

e) Descrever os grupos experimentais. Os grupos experimentais


são organizados por siglas, de acordo com fatores em estudo.
Alguns pesquisadores comumente descrevem os grupos

186
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

numerando-os por números (G1, G2). No entanto, essa prá-


tica tem caído em desuso e nomear os grupos com siglas que
remetam ao tipo de material ou técnica testada é o mais pre-
conizado, como: C- para grupo controle, HFS – ácido fluorí-
drico e silano, RCS- resina composta e silano (VERISSIMO
et al., 2020). Os grupos podem ser apresentados ao longo do
texto, seguidos da descrição dos tratamentos de superfície
detalhadamente, desde a utilização de delimitação da área
adesiva, como também da utilização de equipamentos para
que a amostra esteja pronta (Figura 124).

Figura 124 - Descrição dos grupos experimentais

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Os grupos experimentais podem também ser apresentados


no fluxograma, como demonstrado na Figura 2. Alguns autores
também utilizam diagramas mais simplificados, com a descrição
resumida dos grupos experimentais, como demonstrado na Figura
125 (VERÍSSIMO et al., 2020). É importante que, nessa etapa, o N
e o n (número de amostras para cada grupo) sejam apresentados.

187
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

Figura 125 - Fluxograma mais simplificado da distribuição dos grupos


experimentais

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

f) Descrição da área adesiva e cálculo da resistência. Para


as amostras do ensaio de resistência de união, a área da
interface adesiva (mm2) deve ser delimitada e a dimensão
deve ser especificada no texto (por exemplo, 1mm², 2mm²,
3mm²), uma vez que essa informação será importante para
o cálculo da resistência (MOURA et al., 2020). É importante
que a verificação das dimensões das amostras seja realizada
com um paquímetro digital, sendo relatada na metodologia
do estudo (Figura 126).

Figura 126 - Descrição da área da interface


adesiva e do cálculo da resistência de união

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

188
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

2.4. Ensaio mecânico

O ensaio principal do estudo deve ser descrito seguindo as


normas especificadas de cada ISO, quando houver. A descrição
da marca do equipamento utilizado, a célula de carga, velocidade
e tempo são pontos que não podem deixar de ser descritos nessa
etapa. Os ensaios trabalham com unidades de medidas diferentes
que podem ser em Newton (N), Megapascal (MPa), micrômetro
(µm), porcentagem (%), entre outros. A forma em que os dados
serão gerados deve estar descrita. Caso haja necessidade de alguma
transformação de uma unidade para outra, por exemplo N para
MPa, a fórmula utilizada correspondente a cada ensaio também
deve ser apresentada (VILA-NOVA et al., 2020) (Figura 127).

Figura 127 - Descrição do ensaio mecânico

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Muitas vezes, são utilizados ensaios que promovem um


envelhecimento das amostras, com o intuito de submetê-las a
condições de estresse mecânico (SOUZA et al., 2013), térmico
(MOURA et al., 2020; VILA-NOVA et al., 2020) ou químico

189
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

semelhantes aos existentes na cavidade bucal (ex.: ciclagem


mecânica, térmica, Ph etc.). Essa não é uma etapa obrigatória em
todos os trabalhos laboratoriais, no entanto, sempre que possível,
deve ser realizada e adequadamente descrita no artigo (Figura
128). Nessa etapa, é importante que seja descrito detalhadamente
o tipo de envelhecimento utilizado e suas características (ex.:
tempo, temperatura, ciclos, velocidade etc.). Esse tópico pode
ser descrito no artigo antes ou no mesmo tópico da descrição do
ensaio principal. A referência a outros estudos que realizaram
uma metodologia semelhante também pode ser citada.

Figura 128 - Exemplos da descrição de métodos de envelhecimento

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

190
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

2.5. Análises complementares

Análises complementares são executadas para auxiliar na


compreensão dos resultados de uma pesquisa. Por exemplo, ao
estudar o efeito de tratamentos de superfície na resistência de
união entre a cerâmica e o cimento, a avaliação microscópica das
alterações superfícies produzidas por cada tratamento testado
pode auxiliar no entendimento dos resultados do ensaio de resis-
tência de união. Existe uma série de análises complementares
utilizada nas pesquisas laboratoriais da área odontológica. A
Figura 129 descreve algumas das principais análises executadas
nas pesquisas na área de materiais dentários. A descrição da aná-
lise complementar deverá incluir o número e as dimensões das
amostras utilizadas; o objetivo da análise; o equipamento e o sof-
tware específicos; e as condições de execução, as quais dependem
do tipo de análise (VILA-NOVA et al., 2020). As pesquisas des-
crevem cada análise de forma padronizada, assim, é importante
observar a forma descrita em estudos prévios que executaram a
análise de interesse (Figura 130).

191
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

Figura 129 - Tabela 1: Exemplos de análises


complementares e seus respectivos objetivos

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Figura 130 - Análise complementar em microscopia de força atômica (MFA)

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

2.6. Análise estatística

A análise estatística dos dados gerados por cada ensaio e/


ou análise realizados na pesquisa deverá ser descrita com o res-
pectivo nome do teste, o nível de significância (se aplicável), o
intervalo de confiança (se aplicável) e o programa utilizado para
execução do teste (VILA-NOVA et al., 2020) (Figura 131). Nos

192
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

artigos científicos desenvolvidos pelo nosso grupo de pesquisa,


os seguintes parâmetros são descritos nesse tópico:

• Poder do teste: pode ser executado por meio da compara-


ção de médias, considerando um intervalo de confiança de
95%. O site OpenEpi é uma das ferramentas disponíveis de
acesso gratuito;
• Distribuição dos dados (paramétrica e não paramétrica):
uma série de análises pode ser aplicada para avaliar a dis-
tribuição dos dados, como o teste de homogeneidade de
variância de Levene, análise de resíduos, teste de Shapiro-
Wilk e teste de kolmogorov-smirnov. O método utilizado
para avaliar a normalidade e os resultados pode ser descrito
nessa etapa, pois a normalidade influencia na seleção do
teste estatístico e, portanto, deve ser avaliada previamente;
• Teste estatístico para comparação dos grupos: a seleção do
teste estatístico e avaliação dos dados estão relacionados a
vários fatores, como o tipo de variável (variável categórica
nominal ou ordinal e variável quantitativa discreta ou
contínua), a distribuição dos dados (paramétrica e não
paramétrica), a quantidade de grupos e se as amostras são
independentes ou pareadas/dependentes. O nível de signifi-
cância e o programa estatístico utilizado devem ser descritos;
• Análise de Weibull (não obrigatório): a análise de Weibull
pode ser aplicada para avaliar a confiabilidade de um mate-
rial. A fórmula para o cálculo do módulo de Weibull e da
resistência característica devem ser descritas, bem como
o intervalo de confiança, o nível de significância e o pro-
grama estatístico utilizado.

193
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

Figura 131 - Descrição da análise estatística dos dados

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

3. Descrição dos resultados

A apresentação dos resultados deve ser objetiva e deve


incluir a descrição dos achados para cada análise, bem como
figuras/gráfico e tabelas para apresentação dos dados. Dessa
forma, a elaboração textual (VILA-NOVA et al., 2020) (Figura
132) e a construção de tabelas (MOURA et al., 2020) (Figura 133)
e figuras/gráficos (VERISSIMO et al., 2020) (Figura 134) podem
seguir algumas recomendações:

3.1. Elaboração do texto

• seguir a mesma ordem das etapas da metodologia: em


alguns artigos, quando existe uma grande quantidade de
ensaios e análises complementares, os resultados, assim

194
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

como a metodologia, podem ser divididos em tópicos e ser


apresentados na mesma sequência;
• utilizar as siglas dos grupos previamente identificados;
• informações adicionais, como amostras perdidas durante
determinada análise ou alterações do N/n, devem ser tam-
bém apontadas;
• é importante que a unidade de medida de cada resultado
(MPa, N, %) esteja com os valores numéricos do texto;
• no texto, os resultados devem vir acompanhados com o
nome do teste estatístico e o valor de P correspondente;
• deve-se evitar a duplicação dos dados apresentados nas
tabelas. Valores de média e desvio padrão de resultados
principais, como um grupo com maior média e um grupo
com menor média, ou ainda os grupos que apresentaram
diferença estatística em relação a um grupo controle são
informações interessantes e podem ser descritas no texto;
• ao final de cada resultado, a indicação de tabela, figura/gráfico,
em que o resultado geral é apresentado deve ser mencionada.

195
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

Figura 132 - Descrição dos resultados para o ensaio mecânico de miniflexão

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

3.2. Construção das figuras/gráficos e tabelas

• A utilização desses recursos é fundamental para a apresen-


tação de dados como média e desvio padrão de todos os
grupos experimentais.
• Notas de rodapé das tabelas e as legendas das figuras/
gráficos devem incluir a descrição de eventuais siglas que
tenham sido utilizadas para apresentar os resultados.
• Comumente são utilizados letras e/ou símbolos sobrescritos
para identificar as diferenças estatísticas entre os grupos
apresentados nas tabelas. Assim, a comparação, à qual as
letras e/ou os símbolos se referem, deve ser descrita na nota
de rodapé da tabela.

196
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

Figura 133 - Apresentação dos dados


de resistência de união em formato de tabela

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Figura 134 - Apresentação dos dados em forma de gráfico

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

197
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

3.3. Resultados de análises complementares com figuras

• Uma descrição por extenso dos principais resultados obser-


vados por meio de figuras ou gráficos de análises comple-
mentares pode ser inserida no texto. Ao final da descrição,
a figura em que o resultado principal aparece é indicada
(VILA-NOVA et al., 2020) (Figura 135).
• Figuras ou gráficos devem indicar o tipo de análise, a
ampliação utilizada e a escala numérica (VILA-NOVA et
al., 2020) (Figura 136).
• Quando possível, setas, asteriscos, ou outros elementos,
podem ser utilizados para identificar pontos importantes
na compreensão das figuras (Figura 137).
• O título de figuras e gráficos é apresentado na parte inferior
dessas ilustrações.

Figura 135 - Apresentação dos resultados


de Perfilometria óptica no texto e na forma de figura

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

198
CAPÍTULO 10 – ESTUDOS LABORATORIAIS

Figura 136 - Apresentação dos resultados


de Difração de Raios X na forma de figura

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Figura 137 - Apresentação dos resultados


de Microscopia Eletrônica de Varredura na forma de figura

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

4. Considerações finais

Assim como em qualquer outro tipo de estudo, a escrita


de artigos científicos de estudos in vitro é um processo lento,
complexo e demanda muita leitura e dedicação. Entretanto, com-
preender os principais pontos que foram previamente abordados
neste capítulo contribui e muito para esse processo, além de redu-
zir o risco de vieses metodológicos da pesquisa. Como já rela-
tado, há diversas formas de escrever os tópicos da metodologia e

199
Dayanne Monielle Duarte Moura
Nathalia Ramos da Silva
Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

dos resultados de artigos científicos, mas esperamos que a forma


apresentada neste capítulo possa servir de referência e facilitar a
publicação dos estudos laboratoriais dos leitores.

200
Capítulo 11

Writing in English
WRITING IN ENGLISH
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Laércio Almeida de Melo
Ericka Janine Dantas da Silveira
Valentim Adelino Ricardo Barão

1. Como proceder diante da redação de artigos


científicos na língua inglesa?
Nos capítulos anteriores, abordamos como escrever um artigo
científico fundamentando o conteúdo e o formato da escrita cien-
tífica separadamente em cada parte que compõe o artigo. Embora
tenhamos ressaltado a necessidade de uma escrita concisa e clara,
voltamos essa abordagem para a língua portuguesa, no entanto, a
comunicação científica universal ocorre na língua inglesa, o que
requer algumas considerações que serão esclarecidas.
Objetivando a redação final do seu artigo na língua inglesa,
acreditamos existirem 2 opções de condutas: (1) escrever o
artigo na língua portuguesa, porém, estruturada para futura
versão para a língua inglesa; ou (2) escrever diretamente na
língua inglesa, o que certamente é a melhor opção para se obter
um artigo mais claro e objetivo. Sabemos que a língua portu-
guesa é mais prolixa, envolve sentenças longas e muitas vezes
uma linguagem rebuscada. Assim, a tradução literal deste artigo
em português para língua inglesa pode, muitas vezes, culminar

202
CAPÍTULO 11 – WRITING IN ENGLISH

na rejeição do seu artigo pelo editor/revisores, mesmo apresen-


tando mérito científico.
A primeira opção já foi apresentada e discutida ao longo dos
capítulos anteriores. Destacamos, nesse sentido, alguns aspectos
relevantes:

• Quanto mais direto e organizado for seu texto, maior será


sua abrangência. Prolixidade é algo que afeta muito os
textos acadêmicos, principalmente os escritos em língua
portuguesa. Esse tipo de produção textual tende a abusar
da escrita, prorrogando desnecessariamente o discurso com
excessivas argumentações e sentenças longas. Isso deixa seu
texto mais confuso, monótono e entediante. Busque escre-
ver da forma o mais simples e concisa possível.
• Evite o uso de metáforas, analogias, ou outras figuras de
linguagem que você está acostumado a ver em artigos na
língua portuguesa.
• Se, no processo de escrever, você ficar confuso, pare de
escrever. Vá ler um bom artigo, traga novas ideias ao seu
pensamento. Pesquise, descanse e volte ao processo mais
tarde. Com isso, você poderá trazer mais argumentos para
solidificar suas hipóteses e para organizar melhor suas ideias.
• As palavras são suas ferramentas para convencer os leitores
com seus argumentos, conquistando-os e, provavelmente,
vendendo sua ideia. Busque uma escrita de fácil entendi-
mento. Use palavras, frases e parágrafos mais curtos. Não
tenha medo de começar uma nova sentença ou parágrafo. No
entanto, faça isso de forma lógica e quando o ritmo do texto
exigir. Quanto mais você o fizer, melhor será o resultado.
• Evite palavras complicadas e abreviaturas em demasia.

203
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Laércio Almeida de Melo
Ericka Janine Dantas da Silveira
Valentim Adelino Ricardo Barão

• Por fim, peça para alguém ler seu trabalho antes de finali-
zar e avalie o quanto essa pessoa sentiu-se motivada para ler
e entender o seu texto. Pode ser um colega de trabalho, um
pesquisador do grupo, um orientador, um amigo próximo
ou familiares, enfim, qualquer pessoa que possa ter uma
visão diferente sobre seu texto.
• A versão para a língua inglesa pode ser realizada em sites
especializados em redação acadêmica como o Editage by
Cactus (www.editage.com.br), American Journal Experts
(www.aje.com), sites das próprias editoras de bons perió-
dicos internacionais (Elsevier, Wiley, ACS etc) ou enca-
minhados para profissionais independentes. No caso de
profissionais, é válido selecionar os que têm mais intimidade
com a área do artigo, pois, para eles, os termos técnicos já
são familiares. Esses sites ainda fazem correções da língua
inglesa (proofreading service), caso seu artigo já tenha sido
escrito diretamente nessa língua. É sempre importante sub-
metermos artigos sem erros grosseiros da língua para evitar
uma rejeição imediata pelo editor.

A opção 2 (redação de artigos científicos diretamente na


língua inglesa) requer que o autor tenha um bom nível de inglês e
que esteja habituado a ler fluentemente artigos na língua inglesa.
Considerando-se que a segunda opção será conduzida, sugeri-
mos algumas dicas:

• Leia cuidadosamente todos os artigos publicados na língua


inglesa utilizados para a redação do projeto de pesquisa e
destaque frases que considere pertinente para a redação do
artigo em questão, identificando em que parte do artigo a
frase se encaixa. Cuidado para não fazer um “copia e cola”

204
CAPÍTULO 11 – WRITING IN ENGLISH

direto, para evitar plágio. Lembre-se de que frases copiadas


de artigos prévios, quando não referenciadas em seu artigo,
são consideradas plágio e infringem os princípios de ética
em escrita acadêmica.
• Com o auxílio do banco de frases disponível no site da
Manchester University (www.fhasebank.manchester.ac.uk),
prossiga organizando as frases e as conectando de acordo
com as opções de frases disponíveis para cada parte do artigo,
conforme se observa no “print” da página principal do site.

Figura 138 - Página principal do site

Fonte: Manchester University (www.fhasebank.manchester.ac.uk).

• O banco de frases encontra-se disposto separadamente para


cada parte de cada tópico do artigo. Por exemplo, “a reco-
mendação de futuros trabalhos” integra um dos temas que
devem ser abordados na discussão. Para essa parte, existem

205
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Laércio Almeida de Melo
Ericka Janine Dantas da Silveira
Valentim Adelino Ricardo Barão

frases específicas para auxiliar na redação, conforme se


observa a seguir.

Figura 139 - Banco de frases

Fonte: Manchester University (www.fhasebank.manchester.ac.uk).

• A montagem dessas frases, de acordo com o conteúdo


que se pretende abordar, bem como a conexão entre elas,
representa o maior desafio. Para tal, um bom nível de
inglês é necessário.
• Ao final, existem programas que auxiliam na correção do
texto, por exemplo, o Grammarly editor. Como podemos
observar na imagem a seguir, é possível selecionar o tipo
de texto que será corrigido. Para artigos científicos, o ideal
é selecionar as opções: “knowleadgeable”, “formal”, “aca-
demic” e “neutral”. No entanto, a opção “academic” não é
acessível na versão gratuita e o seu uso depende da aquisi-
ção da versão premium do programa.

206
CAPÍTULO 11 – WRITING IN ENGLISH

Figura 140 - Versões do programa

Fonte: Manchester University (www.fhasebank.manchester.ac.uk).

• Ao final, recomenda-se encaminhar o artigo para revisão do


inglês. É importante que esse revisor não seja simplesmente
um nativo da língua inglesa porque os termos técnicos e o
formato da escrita científica são diferentes de uma redação
comum. Nesse sentido, o revisor deve ser idealmente nativo
em inglês e ter conhecimento dos termos técnicos e formato
de redação científica. Os sites mencionados para tradução
do artigo da língua portuguesa para língua inglesa também
oferecem esse tipo de serviço. Lembre-se de que o custo de
uma correção de inglês é inferior ao de uma tradução.

Na maioria dos periódicos, o seu manuscrito passará por um


detector de plágio. Na identificação de 25% ou mais, o seu artigo
retornará para que seja revista a utilização de conteúdos já publi-
cados. Dessa forma, assim que seu artigo científico retornar do
revisor do inglês, recomenda-se que o autor verifique a porcenta-
gem de conteúdos já publicados em seu artigo. Existem diversos
programas para tal, um site gratuito e bom para se verificar é o:

207
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Laércio Almeida de Melo
Ericka Janine Dantas da Silveira
Valentim Adelino Ricardo Barão

http://smallseotools.com/plagiarism-checker/. Algumas univer-


sidades assinam sistemas de detecção de plágio como Turnitin
(https://www.turnitin.com), que provê um excelente relatório
de plágio. Alguns sites, como o da editora Taylor, oferecem o
serviço de detecção de plágio a um custo relativamente viável
por artigo científico (https://www.tandfeditingservices.com/br/
services/plagiarism-check.html). Assim, não há a necessidade
de assinar um software que demandará um custo relativamente
alto. Vale ainda destacar que essa porcentagem de 25% não é um
número mágico e literalmente representaria que seu artigo não
apresenta plágio. Nesse sentido, é necessário verificar não apenas
a porcentagem total de possível plágio mas também a quantidade
de palavras em sequência que está com possível plágio. Assim,
seu artigo pode, por exemplo, ter 15% de possível plágio, mas,
na introdução, é identificado quase que um parágrafo inteiro de
cópia. Isso não pode acontecer e seu artigo continuará infrin-
gindo normas éticas de escrita acadêmica.
A seguir, abordaremos os erros mais comuns cometidos
por brasileiros na escrita de artigos científicos em língua inglesa
(MARLOW, 2014).

• Evite frases iniciais com “É ...”.

Em português, as frases que devem enfatizar geralmente


começam como:
“É importante…”, “Também é muito comum…”, “Há pouca
atenção…”

Muitas pessoas traduzem diretamente essas frases como:


‘‘It is important...’’, ‘‘Also, it is very common...’’, ‘‘There is little
attention...’’

208
CAPÍTULO 11 – WRITING IN ENGLISH

Embora essas frases sejam gramaticalmente corretas, são


fracas e têm uma estrutura um pouco juvenil. Um ou dois por
seção pode ser bom, mas o uso repetido dessa estrutura de sen-
tenças pode diminuir a maturidade percebida do seu trabalho.
Essas frases quase sempre podem ser reforçadas com a reformu-
lação (ou mesmo a reversão direta):

Exemplo 1:
Português: “É importante destacar os trabalhos mais recentes
que...”
Inglês fraco: “It is important to highlight the most recent works
that...”
Inglês forte: “The most recent works that (...) are important to
highlight”.

• Aprenda quando usar “the”; tente removê-lo do início


da frase e incluí-lo apenas quando se referir a eventos/
objetos/pessoas específicas.

Em português, uma frase começa com “O”, “Os”, “A” ou


“As” ao iniciar uma frase com um assunto:
“As células foram plaqueadas…”

O que significa que a tradução em inglês seria:


“The cells were plated...”

Especificamente para a escrita científica, “the” pode ser


removido para parecer mais profissional.
“Cells were plated...”

209
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Laércio Almeida de Melo
Ericka Janine Dantas da Silveira
Valentim Adelino Ricardo Barão

No entanto, você deve adicionar “the” a uma frase quando


se refere a pessoas, lugares, eventos ou populações específicas.
Esses tipos de erros geralmente resultam do uso incorreto de
“de”, “da” ou “do” em português; portanto, o uso de “the” na
frase dependeria muito do contexto do parágrafo:
“... que ocasionou grande fluxo de populações humanas para
uma região” (referindo-se a um evento específico no tempo)
“...which caused large influx of human populations to the region”.
“...which caused the large influx of human populations to the
region”.

• Somente coloque em maiúscula os assuntos se eles se


referirem ao nome formal de um local/departamento/cargo.

O erro mais comum é “estado”. Essa palavra só é maiúscula


quando vem depois do nome de um estado como parte de seu
título formal.
“O Departamento de Pediatria da UFF não está localizado no
Estado do Rio de Janeiro”.

Como essa frase se refere ao nome formal específico de um


departamento de pediatria, e se mantivermos o estado na frente
do Rio de Janeiro, a capitalização deve ser:
“O Departamento de Pediatria da UFF (FORMAL) está locali-
zado no estado (INFORMAL) do Rio de Janeiro”.

No entanto, às vezes, você pode se referir ao local em que


realizou um estudo pelo tipo de local/departamento/clínica, e
não pelo nome formal:

210
CAPÍTULO 11 – WRITING IN ENGLISH

“O estudo foi realizado no Hospital Universitário da Universidade


Federal do Rio de Janeiro no Estado do Rio de Janeiro. O Hospital
da Universidade atende mais de 100 pacientes por dia”.

Nesse caso, você não precisa capitalizar o departamento/


universidade na segunda frase, porque eles não são os títulos for-
mais do hospital e da universidade. Além disso, se você colocar
“estado” depois de “Rio de Janeiro”, ele poderá agora ser capitali-
zado porque faz parte do título:
“O estudo foi realizado no Hospital Universitário da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (FORMAL), no Estado do Rio de
Janeiro. O hospital (INFORMAL) da universidade (INFORMAL)
atende mais de 100 pacientes por dia”.

Outro erro comum ocorre quando se refere a direções


ou regiões, como “norte” ou “Norte”. Coloque em maiúscula
“norte”, “sul”, “leste”, “noroeste” e termos relacionados quando
se referirem a nomes de regiões específicas ou a pessoas que
moram nessas regiões. Por exemplo:
“A maioria das cores foram coletadas no Centro-Oeste do Brasil”.
“A maioria das amostras foi coletada no Centro-Oeste (ou
Centro-Oeste) do Brasil”.

Não coloque em maiúscula essas palavras se elas se referi-


rem à direção ou local geral:
“A maioria das amostras foi coletada na região centro-oeste
do Brasil”.

211
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Laércio Almeida de Melo
Ericka Janine Dantas da Silveira
Valentim Adelino Ricardo Barão

• Remova “That”!

Esse é um problema de estilo muito comum feito por falan-


tes nativos de inglês e é uma maneira rápida de não apenas escre-
ver em inglês mas também de escrever bem em inglês.
“That” deve ser usado apenas no início de uma cláusula
dependente ou ao descrever um sujeito/substantivo:
“Os resultados mostram que muitas pessoas gostam de frutas”.
“The results showed that many people like fruits”.

Se você remover o “that”, o significado da frase não será


alterado e a frase não será interrompida quando você ler a frase
em voz alta:
“The results showed many people like fruits”.

Leia os dois em voz alta. Você pode ouvir como “that” pode
quebrar uma frase e não fluir tão bem?
No entanto, você precisa do “that” em outras situações:
“Os resultados que foram encontrados nesse estudo mostraram
que muitas pessoas gostam de frutas”.
“The results that were found in this study showed many people
like fruits”.

A seguir, estão algumas palavras que são frequentemente


usadas na literatura científica que geralmente não precisam ser
seguidas de “that”:
Suggest or suggested (sugere que ou sugerido que)
Observed (observamos que ou foi observado que)
Found or was found (encontramos que ou foi encontrado que)
Show or shown (mostramos que ou foi mostrado que)

212
CAPÍTULO 11 – WRITING IN ENGLISH

Is important (é importante que)


Highlight (destacamos que)

• Tente colocar adjetivos, incluindo adjetivos possessivos,


na frente dos substantivos, quando possível (substantivo
adjetivo em vez de substantivo “adjetivo”). Pode ser
necessário remover o “s” de um adjetivo plural.

“Caraterísticas do programa”
“Program characteristics”
“Prontuário do paciente”
“Patient chart”
“Prontuários dos pacientes”
“Patient charts” or “Patients’ charts”

Nesse caso, você tem duas opções. Se você estiver usando


“patient” para descrever o tipo de gráfico, não precisará do “s”
para “patient”. Embora o assunto seja plural, esses adjetivos
em inglês não são plurais. No entanto, se você estiver usando
“patients” como um adjetivo possessivo (os gráficos pertencem
aos pacientes), poderá manter os “s”, mas deverá colocar um
apóstrofo antes ou depois dos “s”. Se houver um paciente, a frase
deve ser “Patient’s charts”; se houver mais de um paciente, a frase
deve ser “Patients charts”.
Existem algumas frases comuns na ciência que normal-
mente são escritas como substantivo – “of” - adjetivo em inglês.
Por exemplo:
O “Número de casos” deve permanecer como “number of cases”,
and not “case number”.
O “Departamento de Imunologia” pode permanecer como
“Department of Immunology”.

213
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Laércio Almeida de Melo
Ericka Janine Dantas da Silveira
Valentim Adelino Ricardo Barão

Outra observação sobre o uso de “of”: apresentamos outro


erro muito comum:
“Em 2010, houve 8,8 milhões de casos dessa doença no mundo”.
Incorreto: “In 2010, there were 8.8 millions of new cases of this
disease around the world”.
Incorreto: “In 2010, there were 8.8 millions new cases of this
disease around the world”.
Correto: “In 2010, there were 8.8 million new cases of this dise-
ase around the world”.

• Em português, é comum o uso de um assunto “assumed”


se você já mencionou o tópico na frase anterior;
no entanto, em inglês, você precisa continuar explicando
a que você está se referindo ao longo da frase.

“Neste estudo, 74 pacientes foram incluídos. Destes, 7 (9,5%)


foram do sexo masculino”.

Traduzido diretamente:
“In this study, 74 patients were included. Of these, 7 (9.5%) were
male”.

No entanto, é importante reafirmar o assunto. A importân-


cia dessa prática se tornará mais aparente em frases mais longas
e mais descritivas. Caso contrário, em inglês, às vezes fica difícil
dizer a qual assunto você está se referindo na frase subsequente.
‘‘In this study, 74 patients were included. Of these, 7 (9.5%)
patients were male.’’

214
CAPÍTULO 11 – WRITING IN ENGLISH

• Tente usar a primeira pessoa (“eu” e “nós”) o mínimo


possível e a troque com voz passiva.

O uso da voz ativa e passiva na literatura científica tem


sido intensamente debatido ao longo dos anos. Enquanto alguns
argumentam que a voz ativa é mais direta, a voz passiva também
tem seus usos. A sugestão de usar a voz passiva está diretamente
relacionada à tradução Português-Inglês, na qual a primeira pes-
soa do plural é frequentemente usada em excesso.
Muitas frases em português começarão com “nós” assumimos:
“Encontrou vários tipos de mosquitos”.

Essa frase seria traduzida diretamente para:


‘‘We found various types of mosquitos.’’

Muitos pesquisadores nativos de língua inglesa usarão


“nós” em seus escritos. No entanto, existe uma teoria definida
sobre porque a voz passiva é usada especificamente na literatura
científica e não em outros tipos de material escrito em inglês. Em
geral, a voz passiva é usada para enfatizar um objeto sobre o qual
uma ação está sendo executada. Por exemplo:

Na voz ativa: “O homem comeu a maçã”. O ponto principal dessa


frase é que o homem foi quem comeu a maçã. Se a revertermos
para voz passiva: “A maçã foi comida pelo homem”. Agora, o
ponto principal da frase é que a maçã foi comida. Voltando à
frase anterior, se você disser “encontramos vários tipos de mos-
quitos”, enfatize que encontrou os resultados.

Se você coloca a frase em voz passiva, como no exemplo: “Vários


tipos de mosquitos foram encontrados”, nesse caso, enfatiza que

215
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Laércio Almeida de Melo
Ericka Janine Dantas da Silveira
Valentim Adelino Ricardo Barão

vários tipos foram encontrados e não é mais tão importante que


você os encontrou. Desse modo, você enfatiza que em seu estudo
bem elaborado, que pode ser repetido por qualquer outro pes-
quisador, vários tipos de mosquitos serão encontrados. Afinal,
não são resultados reproduzíveis o que é realmente importante
enfatizar ao comunicar a pesquisa?

Sinta-se livre para usar o “we”, tendo em mente a teoria des-


crita acima. Se você o usar, tente limitar o uso de “we” para trans-
mitir informações ou resultados que você gostaria de enfatizar
como novos ou de alto impacto. Além disso, “we” deve ser usado
em vez da voz passiva, quando uma frase verbal construída em
voz passiva além de um gerúndio não está sendo executada (ou
não corresponde) ao sujeito:
Incorreto: “PCR was conducted using taq DNA polymerase”.
Here, it is not PCR that is “using” taq DNA polymerase; it is the
author. Therefore, “we” would be the appropriate choice.
Correto: “We conducted PCR using taq DNA polymerase”.
O verbo “usar” é mais comumente mal utilizado nesse con-
texto. Você deve realizar uma pesquisa “Localizar” no Microsoft
Office Word para “usado” e “usando” e verificar se você usou
esse verbo corretamente.

O ideal em escrita acadêmica em inglês é utilizar uma


mistura de voz ativa e passiva para evitar que a leitura fique
entediante. No entanto, esse tipo de escrita demanda mais
conhecimento de escrita. Veja o exemplo a seguir, em que foram
usados os dois tipos de vozes.

We stained tissue samples for X using an anti-X antibody (abCam,


Cambridge, MA) on tissue slides. For this purpose, the slides

216
CAPÍTULO 11 – WRITING IN ENGLISH

were de-paraffinized and rehydrated as previously reported [34].


After rinsing slides in Tris-buffered saline, we applied primary
antibodies to the tissue sections and incubated them for 30 min
at room temperature. Secondary antibodies were then detected
using diaminobenzedine tetrahydrochloride.

• Frases preposicionais, transições e advérbios no início


das frases devem ser seguidas por vírgula:

“Neste estudo encontre este resultado”.


“In this study, this result was found”.

Outras frases comuns:


In Brazil,
Of these,
However,
Therefore,
Currently,
As previously reported,

• Use palavras simples:

Um dos grandes erros de nós, brasileiros, é pensar que o uso


de palavras rebuscadas irá impressionar o editor e revisores de
revistas científicas. No entanto, ao mesmo tempo que devemos
evitar palavras informais, as muito formais também precisam
ser eliminadas. O Quadro 5, a seguir, mostra diferentes tipos de
palavras em uma linguagem informal, adequada e formal demais.

217
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Laércio Almeida de Melo
Ericka Janine Dantas da Silveira
Valentim Adelino Ricardo Barão

Quadro 5 - Diferentes tipos de palavras


em uma linguagem informal, adequada e formal demais

Fonte: Adaptado pelos autores, com base no curso de Inglês Acadêmico da


University of Bath, Inglaterra (2020).

Por fim, a frase “A prática leva perfeição” aplica-se bem


quando nos referimos à prática de redação científica em inglês.
Com o exercício contínuo, o autor vai dominando a técnica e
criando o seu próprio banco de frases, bem como vai aprendendo
com a revisão de cada artigo. Se você tem um bom nível de inglês,
mas ainda não se sente seguro para escrever seus artigos, comece.
Muitos profissionais que fazem versão para língua inglesa come-
çaram enquanto eram alunos de pós-graduação.

218
Capítulo 12

Dúvidas frequentes na submissão
de artigos científicos
DÚVIDAS FREQUENTES NA SUBMISSÃO
DE ARTIGOS CIENTÍFICOS
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

É muito comum surgirem dúvidas no processo de elaboração


e submissão de artigos científicos. Nesse contexto, o presente
capítulo tem por objetivo esclarecer dúvidas frequentes de reda-
ção e submissão de trabalhos a periódicos científicos a partir de
perguntas e respostas.

1. Quais os documentos necessários


para a submissão de um artigo científico?
Para que possamos completar a submissão de um artigo, é
necessário anexar alguns documentos durante o processo. Eles
variam de revista para revista e devem ser buscados no site do
periódico em “orientação para os autores” ou “authors guide-
lines”. No geral, as revistas exigem os seguintes documentos:

լ Title page;
լ Abstract;
լ Cover letter;
լ Manuscript.

220
CAPÍTULO 12 – DÚVIDAS FREQUENTES NA SUBMISSÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

1.1. Title page

Em um arquivo separado do artigo, alguns periódicos exi-


gem que, nesse documento, sejam inseridos o título completo
do trabalho, um título curto (com no máximo 50 caracteres),
o nome completo de todos os autores, a titulação, seus e-mails,
instituição, departamento, estado, cidade e país aos quais cada
autor está ligado. Além disso, é necessário colocar o nome de
um autor correspondente, o qual receberá todas as informa-
ções com relação ao processo de submissão. Vale salientar que
alguns outros itens podem ser solicitados nesse arquivo, o que
reforça a necessidade de visitar as recomendações para submis-
são no site da revista.

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 141 - Exemplo de uma página de títulos

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

1.2. Abstract

De forma geral, os periódicos também solicitam que o


resumo seja anexado em arquivo separado. Nessa página, geral-
mente se pede o título do estudo, o resumo e as palavras-chave.

222
CAPÍTULO 12 – DÚVIDAS FREQUENTES NA SUBMISSÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

1.3. Cover letter

Toda submissão requer a escrita de uma carta de apresen-


tação do estudo à revista. Esse arquivo deve conter o título do
trabalho, os principais resultados e idealmente o ineditismo do
trabalho (o que meu trabalho tem de novo em relação aos tantos
da literatura?). A escrita deve ser baseada em uma linguagem
formal e direcionada ao editor-chefe do periódico escolhido.

Figura 142 - Exemplo de uma carta de apresentação

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Além dos principais resultados, a cover letter pode ressaltar


as implicações clínicas e os impactos dos resultados, destacando
quão relevante é o estudo proposto.

Figura 143 - Exemplo de uma carta de apresentação


com implicações e impactos dos resultados

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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CAPÍTULO 12 – DÚVIDAS FREQUENTES NA SUBMISSÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

1.4. Manuscript

No arquivo manuscript, geralmente, as revistas solicitam


que ele seja composto por: título, resumo, introdução, meto-
dologia, resultados, discussão, conclusão, agradecimentos,
referências, legendas de figuras, figuras e tabelas. A depender
do periódico, figuras e tabelas podem estar dispostas no meio
do texto do artigo ou no final do artigo, após as referências. Em
outros casos, os periódicos exigem que tabelas e figuras sejam
anexadas em arquivos separados do manuscript.

2. Para qual periódico eu submeto


meu artigo científico?
Uma dúvida comum que surge é: qual a revista científica
ideal para a submissão do manuscrito diante de tantas opções?
Idealmente, a escolha do periódico deve ser feita antes do iní-
cio da redação. Tal fato, ajudará o autor a redigir o manuscrito
já respeitando as normas estruturais da revista científica. Para
solucionar essa dúvida, é necessária a construção de filtros
que possam direcionar a um periódico mais apropriado. Dessa
forma, o Quadro 6 apresentará alguns questionamentos e dicas
que possam direcionar na seleção.

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Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Quadro 6 - Dicas para a escolha de revistas científicas

Filtros Dicas
Quais as opções de revistas que
aceitam o tema geral do seu
estudo? Olhar as referências citadas no seu
Por exemplo: próprio trabalho.
tema geral: odontologia; saúde
coletiva; medicina
Quais as opções de revistas que
aceitam o tema específico do seu
estudo? Olhar as referências citadas no seu
Por exemplo: próprio trabalho.
tema específico: prótese dentária;
epidemiologia; oncologia
Quais revistas aceitam o seu tipo
de estudo?
Diante das opções encontradas
Por exemplo:
acima, é necessário entrar no site
revisões sistemáticas; carta ao
desses periódicos e verificar se eles
editor; short communication;
aceitam o tipo de estudo proposto
artigos originais (transversais e
para a publicação.
longitudinais); estudos de caso;
técnicas
Diante das opções apresentadas,
quais revistas se enquadram
no perfil da estrutura do artigo
Para identificar a revista que mais
escrito?
se enquadra no perfil estrutural
Por exemplo:
do seu manuscrito, é necessário
alguns periódicos aceitam artigos
ler as recomendações para os
com introduções longas, outros
autores do periódico. Outra dica
seguem uma tendência de aceitar
seria observar os últimos artigos
apenas introduções curtas; existem
publicados para identificar o perfil
revistas que limitam o número de
estrutural da revista.
referências e até mesmo pedem que
o tópico “conclusão” seja escrito
junto à discussão do trabalho.

226
CAPÍTULO 12 – DÚVIDAS FREQUENTES NA SUBMISSÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

Durante a elaboração dos filtros,


o autor deve ficar atento para
guardar as opções viáveis de
periódicos. Uma atenção deve
ser dada às particularidades de
Meu artigo foi negado. E agora, a
cada revista. As normas mudam
qual revista eu submeto?
de periódico para periódico.
Nesse sentido, normalmente será
necessário realizar alterações no
artigo científico para uma nova
submissão.
Fonte: elaborado pelos autores (2020).

Alguns pesquisadores podem selecionar o periódico base-


ado no Fator de Impacto, no Qualis – Capes, no tempo para
publicação e/ou no índice de rejeição do periódico. Para verifi-
car o tempo de publicação de um artigo (entre a submissão e o
aceite), sugere-se que o autor entre nos artigos da revista e essa
informação está em muitas delas. Importante fazer uma média
para estimar mais ou menos o tempo para publicação de seu
artigo. Lembre-se de que alguns periódicos levam mais de um
ano para publicar seu artigo e devem ser evitados, uma vez que
sua lista de referências ou até mesmo o ineditismo de seu tra-
balho podem ficar comprometidos. A editora Elsevier (https://
journalinsights.elsevier.com/) provê um site no qual é possível
obter essas informações. A seguir, mostramos a busca de uma
revista da área de Prótese nesse sistema. Por meio dele, é possí-
vel observar que a taxa de aceite dos artigos submetidos para o
The Journal of Prosthetic Dentistry foi de 29,6% em 2019 (ou seja,
aproximadamente 7 em cada 10 artigos submetidos para esse
periódico são rejeitados). O tempo para os autores receberem
o primeiro parecer dos revisores/editor foi de 7,7 semanas e a
decisão final foi de 11,7 semanas, o que pode ser considerado
um tempo adequado.

227
Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 144 - Site da Elsevier com informações sobre o fator


de impacto, tempo de publicação e índice de rejeição

Fonte: Elsevier (https://journalinsights.elsevier.com/).

Outros sites podem ainda ser utilizados para selecionar a


revista-alvo para publicação de seu artigo (journalfinder.else-
vier.com; journalguide.com; journalsuggester.springer.com).
Nesses sites, é possível incluir o título e o resumo do seu artigo e
o sistema provê uma lista de opções de revistas com potencial de
que seu artigo seja de interesse para o corpo editorial. Veja um
exemplo a seguir:

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CAPÍTULO 12 – DÚVIDAS FREQUENTES NA SUBMISSÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

Figura 145 - Sugestão de periódico a partir de título e resumo do estudo

Fonte: Elsevier (journalfinder.elsevier.com).

Nesse caso, foi inserido o título e o resumo do artigo para ser


submetido à publicação. Após isso, o sistema provê uma possível
lista de periódicos, como mostrado a seguir. Lembre-se de que
esse sistema utilizado é da Elsevier, portanto, ele só irá apontar
periódicos dessa editora. Baseado nessa busca, o sistema sugeriu
como primeira opção a Archives of Oral Biology e como segunda
opção o Dental Materials. Atualmente, esse artigo encontra-se
publicado no Dental Materials, evidenciando que esse sistema
pode ser relevante para auxiliar na seleção do periódico-alvo
para seu artigo.

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Laércio Almeida de Melo
Adriana da Fonte Porto Carreiro
Valentim Adelino Ricardo Barão

Figura 146 - Resultado da sugestão de periódico a partir de título e resumo do


estudo

Fonte: Elsevier (journalfinder.elsevier.com).

3. Como ocorre a seleção de um artigo científico


para ser publicado?
Após a submissão em determinado periódico, o seu artigo
passará inicialmente por uma avaliação de estrutura. Nessa ava-
liação, será verificado se o trabalho está nas normas da revista.
Muitos autores não se atentam a ler com detalhes as normas de

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CAPÍTULO 12 – DÚVIDAS FREQUENTES NA SUBMISSÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

submissão e, como consequência, o trabalho acaba voltando para


o autor corrigir os pontos que fogem das normas estruturais.
Vale ressaltar que, em alguns casos, o artigo pode ser negado de
imediato, frente a diversos erros relacionados às normas.
Passada essa fase inicial, normalmente, o seu trabalho é
encaminhado para o editor-chefe da revista. Com o artigo em
mãos, o editor decidirá se o seu trabalho deve ser revisado por
dois profissionais experientes da área (revisão por pares) ou se
deve ser rejeitado de imediato. Na avaliação por pares, dois pro-
fessores irão ler o manuscrito na íntegra, de forma crítica, e fazer
suas considerações. Essas considerações podem ser dúvidas com
relação a algum item do trabalho ou sugestões de melhoria. Ao
final das considerações, cada revisor as passará para o editor-
-chefe com a recomendação ou não de publicação do artigo. Em
seguida, o editor-chefe decide se rejeita a publicação ou se solicita
alterações no trabalho, de acordo com as sugestões dos revisores.
Durante todas essas fases, é possível o autor e os coautores
do trabalho acompanharem todo o seguimento do processo de
submissão. A seguir, apresentamos o Quadro 7, mostrando as
fases encontradas na maioria das revistas e os seus significados
após a submissão de um artigo científico.

Quadro 7 - Fases de submissão de um artigo científico

Fases de submissão Significado


Submission form; Submit to Avaliação do artigo referente às
journal. With the journal. normas da revista.
Avaliação preliminar para o
Awaiting AE assignment. encaminhamento à revisão por
pares.

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Revisores estão sendo selecionados


Awaiting reviewer selection. para a revisão por pares do
trabalho.
Awaiting reviever scores; Under
Artigo em revisão por pares.
review.
Awaiting EIC decision; Awaiting
AE recommendation; Under editor Avaliação por pares foi finalizada.
evaluation, Required reviews Esperando a decisão do
completed, Decision in process, editor-chefe.
Ready for decision.
Fonte: elaborado pelos autores (2020).

4. Meu trabalho voltou com correções, como devo


responder às sugestões dos revisores?
Quando o artigo volta com correções, é um ótimo sinal
de que o editor-chefe possui interesse em publicar seu trabalho.
Entretanto, as correções realizadas não garantem o aceite do
artigo. Nesse sentido, essa etapa exige um cuidado especial para
corrigir o que foi pedido ou explicar possíveis questionamentos.
Na revisão por pares, os revisores serão chamados de “revisor 1”
e “revisor 2” e suas considerações devem ser respondidas, dire-
cionadas exatamente a quem solicitou determinada alteração ou
explicação. Uma dica nessa etapa é sempre agradecer ao revisor
pela contribuição no arquivo com as respostas aos questiona-
mentos. Em geral, as revistas solicitam que alterações realizadas
no texto sejam destacadas com uma escrita colorida.

232
CAPÍTULO 12 – DÚVIDAS FREQUENTES NA SUBMISSÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS

Figura 147 - Exemplo de uma carta de resposta

Fonte: elaborado pelos autores (2020).

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247
Autores

Laércio Almeida de Melo

• Especialista em Prótese Dentária (Universidade Federal do


Rio Grande do Norte-UFRN)
• Mestre em Odontologia (Universidade Federal do Rio Grande
do Norte-UFRN)
• Doutor em Saúde Coletiva (Universidade Federal do Rio
Grande do Norte-UFRN)
• Professor do Departamento de Odontologia nas disciplinas de
Prótese Dentária e Clínica Integrada (Universidade Federal
do Rio Grande do Norte-UFRN)

Adriana da Fonte Porto Carreiro

• Mestre em Reabilitação Oral (Faculdade de Odontologia de


Araraquara-UNESP)
• Doutora em Reabilitação Oral (Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto-USP)
• Pós-doutorado em Microbiologia (New York University e
Indiana University)
• Professora do Departamento de Odontologia nas disciplinas
de Prótese Dentária e Implantodontia (Universidade Federal
do Rio Grande do Norte-UFRN)
• Professora do programa de pós-graduação em Ciências
Odontológicas (Universidade Federal do Rio Grande do
Norte-UFRN)

248
Valentim Adelino Ricardo Barão

• Mestre e Doutor em Odontologia (Área de concentra-


ção em Prótese Dentária) (Faculdade de Odontologia de
Araçatuba-UNESP)
• Doutorado Sandwich (University of Illinois at Chicago-UIC)
• Pós-Doutorado em Prótese Dentária (Faculdade de
Odontologia de Araçatuba-UNESP)
• Livre Docente em Prótese Total (Faculdade de Odontologia
de Ribeirão Preto-USP)
• Professor do Departamento de Prótese e Periodontia
na área de Prótese Total (Faculdade de Odontologia de
Piracicaba-UNICAMP)
• Coordenador do programa de pós-graduação em
Clínica Odontológica (Faculdade de Odontologia de
Piracicaba-UNICAMP)

249
Colaboradores

Cleidiel Aparecido Araújo Lemos

• Mestre em Odontologia – Prótese Dentária (Faculdade de


Odontologia de Araçatuba - UNESP)
• Doutor em Odontologia – Prótese Dentária (Faculdade de
Odontologia de Araçatuba - UNESP)
• Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) –
Campus Governador Valadares

Dayanne Monielle Duarte Moura

• Especialista em Prótese Dentária – Associação Brasileira de


Odontologia, Seção Rio Grande do Norte (ABO/RN)
• Mestre em Odontologia – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN)
• Doutora em Odontologia – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN)

250
Ericka Janine Dantas de Silveira

• Doutora em Patologia Oral – Universidade Federal do Rio


Grande do Norte (UFRN)
• Pós-doutorado no Laboratório de Biologia Oral/Epitelial –
Universidade de Michigan, EUA
• Professora Associada do Departamento de Odontologia –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
• Professora Permanente do Programa de Pós-graduação
em Ciências Odontológicas - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN)

Jéssica Marcela de Luna Gomes

• Especialista em Prótese Dentária – Faculdade de Odontologia


de Araçatuba (UNESP)
• Mestre em Odontologia – Prótese Dentária (Faculdade de
Odontologia de Araçatuba - UNESP)
• Doutoranda em Odontologia – Prótese Dentária (Faculdade
de Odontologia de Araçatuba - UNESP)

Joel Ferreira Santiago Júnior

• Mestre em Odontologia – Implantodontia (Faculdade de


Odontologia da USP-FOUSP)
• Doutor em Odontologia – Prótese Dentária (Faculdade de
Odontologia de Araçatuba - UNESP)
• Pós-doutorado em Odontologia (Faculdade de Odontologia
de Araçatuba – UNESP)
• Professor do Centro Universitário Sagrado Coração
(Unisagrado)

251
Nathalia Ramos da Silva

• Especialista em Prótese Dentária – Faculdade de Odontologia


de Bauru (USP)
• Mestre em Reabilitação Oral – Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto (USP)
• Doutoranda em Odontologia – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN)

Rayanna Thayse Florêncio Costa

• Especialista em Saúde Coletiva – Secretaria de Saúde do


Estado de Pernambuco (SES-PE)
• Especialista em Prótese Dentária – Associação Brasileira em
Odontologia – Seção Pernambuco (ABO-PE)
• Mestranda em Odontologia – Universidade de Pernambuco
(FOP/UPE)

Rodrigo Othávio de Assunção e Souza

• Especialista em Prótese Dentária – Universidade Paulista


(UNIP/SP)
• Mestre em Prótese Dentária – Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho (UNESP/SJC)
• Doutor em Prótese Dentária – Universidade Estadual Paulista
Júlio de Mesquita Filho (UNESP/SJC)
• Professor Adjunto do Departamento de Odontologia –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
• Professor Permanente do Programa de Pós-graduação em
Ciências Odontológicas - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN)

252
Sandra Lúcia Dantas de Moraes

• Mestre em Odontologia – Prótese Dentária (Faculdade de


Odontologia da USP-FOUSP)
• Doutora em Odontologia – Prótese Dentária (Faculdade de
Odontologia de Araçatuba - UNESP)
• Pós-doutorado em Odontologia (Faculdade de Odontologia
de Araçatuba – UNESP)
• Professora da Faculdade de Odontologia de Pernambuco da
Universidade de Pernambuco (UPE)

253

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