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EBOOK

Dr. Bruno Figueiredo Damásio

valeria sousa de andrade - valeria.andrade@uftm.edu.br - CPF: 638.553.566-53


valeria sousa de andrade - valeria.andrade@uftm.edu.br - CPF: 638.553.566-53
ÍNDICE
SOBRE O AUTOR..............................................................04

SOBRE O LIVRO...............................................................05

01 Tenha uma pergunta de pesquisa científica relevante....06

02 Certifique-se de utilizar referências atualizadas..............11

03 Normas gramaticais e o estilo da escrita científica.........13

04 Respeito às normas da revista........................................19

05 A estrutura do Método.....................................................22

06 Apresentação dos resultados.........................................30

07 A discussão dos resultados.............................................41

08 Conclusões / Considerações Finais................................44

09 Conclusões do Ebook......................................................47

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SOBRE O AUTOR
BRUNO FIGUEIREDO DAMÁSIO

Foi professor do Instituto de Psicologia (IP) da Universidade Federal


do Rio de Janeiro (UFRJ; 2013-2020) e chefe do Departamento de
Psicometria (IP/UFRJ; 2015-2018).

Psicólogo (UEPB), mestre e doutor em Psicologia pela Universidade


Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS - CAPES 7). Realizou estágio de
mestrado na Università di Bologna (Itália), onde desenvolveu
atividades de pesquisa, supervisão e docência junto ao Laboratório de
Psicometria (PAT - Psicometria Assessment e Testistica).

Foi editor-chefe da Revista Trends in Psychology/Temas em


Psicologia, da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP) durante os
anos de 2012 a 2016 (Qualis B2 --> A2). Foi Editor-Associado da
Spanish Journal of Psychology (Sub-área Metodologia e Psicometria;
QUALIS A1; 2015-2020).

É fundador do Psicometria Online, portal de divulgação do


conhecimento e desenvolvimento de jovens pesquisadores, com
ênfase em Psicometria e Análise Quantitativa de Dados.

É pesquisador independente e dedica-se à consultorias nacionais e


internacionais em Psicometria e Análise de Dados. É expert em
construção, adaptação e validação de instrumentos psicológicos,
utilizando Modelagem por Equações Estruturais e Teoria de Resposta
ao Item.

Visite o currículo lattes.

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SOBRE O EBOOK

Olá!

Obrigado por ter baixado o ebook. Trata-se de um livro escrito de


maneira informal, mas com conhecimento retirado ao longo de mais
de 14 anos dedicado à publicação científica e com base em mais de 8
anos de experiência enquanto editor de revistas nacionais e
internacionais.

Cada um dos tópicos apresentados traz informações práticas para


que você possa consultar quando estiver escrevendo o seu estudo e,
eventualmente, aplicar na sua escrita.

A ideia é oferecer algumas diretrizes que aumentam a chance de seu


artigo ser publicado em bons periódicos.

Bons estudos!

Atenciosamente,

Bruno Figueiredo Damásio

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01

TENHA UMA
PERGUNTA DE
PESQUISA
RELEVANTE

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TENHA UMA PERGUNTA DE PESQUISA
QUE AVANCE O CONHECIMENTO.

O objetivo da ciência é avançar o conhecimento e, para


isso, você precisa ter uma boa pergunta de pesquisa.

Boas perguntas de pesquisa, em geral, são


questionamentos que vão tentar responder algo que a
literatura ainda não sabe.

Ou seja, encontrar as lacunas da literatura e tentar


responder às questões ainda não explicadas.

Para que você possa ter um projeto inovador, é preciso


conhecer o estado da arte.

O que é Estado da Arte?

Estado da arte é o nome que se dá para o status atual do


saber. É o que se sabe hoje.

Na medida em que você mapeia o estado da arte da sua


área de estudo, você se torna capaz de desenvolver um
projeto de pesquisa que traga contribuições inovadoras
para o tema e evita que você faça pesquisas que sejam
mais do mesmo.

E é possível que você esteja pensando:

“Mas a replicação também é de extrema importância


para a ciência”.

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TENHA UMA PERGUNTA DE PESQUISA
QUE AVANCE O CONHECIMENTO.

Sim. Concordo totalmente.

A replicação é, de fato, crucial para a solidificação do


conhecimento científico.

A partir do momento que um achado é replicado várias


vezes, a evidência se torna cada vez mais forte.

Porém, cabe destacar que buscar a replicação ou


refutação de um achado é bem diferente de fazer ‘mais
do mesmo’.

Quando você delineia uma pesquisa científica com o


objetivo de replicar ou tentar refutar um achado já
encontrado previamente você precisa ter um método
delineado para isso.

E mais que isso, as razões para buscar refutar ou


corroborar um achado precisam estar muito claras e bem
explicitadas.

Por exemplo:

Por que você acredita que os resultados encontrados em


outro país não se replicarão no Brasil?

Você acredita que existem razões culturais que influencia


m determinado fenômeno que lhe leva ao interesse de
replicar um estudo internacional aqui?

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TENHA UMA PERGUNTA DE PESQUISA
QUE AVANCE O CONHECIMENTO.

Os achados são antigos demais e você tem uma hipótese


sobre a manutenção ou não do efeito esperado?

Você acredita que determinada pesquisa foi malfeita e que


um delineamento mais robusto irá chegar a conclusões
distintas?

Os achados são muito novos e muito importantes e precisam


de replicação?

Veja que nos exemplos acima, eu tenho razões ou hipóteses


claras as quais me levam a buscar replicar estudos prévios!

E isso é muito diferente de ‘fazer mais do mesmo’.

Geralmente, o que se vê na trajetória de pesquisadores


iniciantes são pesquisas que nem tem o objetivo explícito de
buscar replicar ou refutar um achado, nem avançam no
conhecimento.

São projetos de pesquisa que repetem achados já


conhecidos, apenas porque os pesquisadores não tiveram a
capacidade de pensar em boas perguntas de pesquisa que
avancem o conhecimento.

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TENHA UMA PERGUNTA DE PESQUISA
QUE AVANCE O CONHECIMENTO.

E em geral, essa dificuldade de elaborar bons projetos de


pesquisa se dá porque os pesquisadores não conhecem a
fundo o estado da arte.

Conhecer o estado da arte leva tempo.

Você precisa ter um certo tempo de dedicação a um tema


para ter domínio sobre ele.

Por isso, se você for estudante de graduação ou estiver no


início do seu mestrado, não se preocupe tanto com isso!

Essas etapas iniciais da vida acadêmica são necessárias


para que você desenvolva suas habilidades de
pesquisador.

Entretanto, quanto mais você for avançando na sua


trajetória, mais você deve estar atento à necessidade de
desenvolver boas perguntas de pesquisa.

Assim, você vai se tornando um pesquisador de relevância


e seus estudos começam a ter potencial de ser publicados
em excelentes revistas nacionais e internacionais.

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02
CERTIFIQUE-SE
DE UTILIZAR
REFERÊNCIAS
ATUALIZADAS

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REFERÊNCIAS ATUALIZADAS

Em consonância com o tópico anterior, você só terá um


estudo forte se as suas referências forem atualizadas.

Não existe estudo relevante que seja baseado


majoritariamente em referências antigas.

Isso porque, a sua fundamentação teórica estará


defasada, não cobrindo o estado da arte.

Obviamente, estudos clássicos são importantes de serem


mencionados, principalmente quando se faz necessário
trazer um panorama histórico sobre o tema, ou quando a
forma de conceber o construto não mudou desde o seu
surgimento.

Porém, lembre-se: se você quer ter um estudo forte, você


precisará estar por dentro de tudo que se sabe sobre a
temática e você só terá essa capacidade se as suas
referências forem extremamente atualizadas.

Cabe destacar que, infelizmente, a produção científica no


Brasil é defasada, quando comparada com outros países
da América do Norte e Europa.

Assim, ao menos na Psicologia, é impossível você


contemplar o estado da arte utilizando apenas referências
nacionais.

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03
NORMAS
GRAMATICAIS E
ESTILO DA
ESCRITA
CIENTÍFICA

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NORMAS GRAMATICAIS E ESTILO
CIENTÍFICO

Muitos pesquisadores consideram a escrita científica os


"ossos do ofício". Ou seja, uma atividade pouco prazerosa,
mas necessária.

É fato que muitos pesquisadores não gostam de escrever,


ou não gostariam de ter que escrever. Entretanto, essa é
uma parte inerente ao fazer científico.

Isso porque, “pesquisa não publicada é pesquisa não


existente”. Então, para publicar, você precisa não só
escrever, mas escrever bem!

Artigos científicos mal escritos serão sumariamente


rejeitados. Além do mais, a sua reputação enquanto
pesquisador(a) poderá estar em jogo, caso você apresente
um artigo com fortes deslizes gramaticais.

Cabe destacar, também, que a escrita científica é um


estilo próprio. E como qualquer estilo, têm as suas
próprias características que precisam ser respeitadas.

Então, duas habilidades necessárias para o pesquisador


são:

1) Conhecer as normas gramaticais da língua e;


2) Conhecer as características da escrita científica.

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NORMAS GRAMATICAIS E ESTILO
CIENTÍFICO

É importante destacar que pesquisadores são pessoas


que sustentam os mais altos níveis educacionais, seja
ensino superior completo, mestrado e/ou doutorado.

Assim, o mínimo que se espera de pessoas com essa alta


titulação é a capacidade de escrever bem, respeitando as
normas cultas da língua e as características do estilo da
escrita científica.

Por isso, artigos mal escritos serão sumariamente


rejeitados.

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NORMAS GRAMATICAIS E ESTILO
CIENTÍFICO

É preciso que você entenda:

Os pesquisadores não podem esperar que editores e


revisores percebam a grandeza do seu trabalho por trás de
um texto mal escrito.

Erro de apresentação nas normas ou na escrita pode ser


interpretado pelos revisores ou editores como desleixo.

E essa impressão irá perpassar não apenas à confecção


do texto, mas à toda a investigação, pesquisa ou trabalho
conduzido.

Por outro lado, uma boa escrita científica causa, de


imediato, uma boa impressão aos editores e aumenta
substancialmente a probabilidade de o seu artigo seguir
nas próximas etapas da avaliação e chegar a ser,
posteriormente, publicado.

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NORMAS GRAMATICAIS E ESTILO
CIENTÍFICO

Alguns dos principais erros da escrita científica são:

- Erros gramaticais (digitação, pontuação e concordância);

- Uso de figuras de linguagem, tais como metáforas,


metonímias, hipérboles, que não cabem no estilo
científico;

- Parágrafos com uma única frase (PUF). Parágrafo é,


obrigatoriamente, um conjunto de frases. Na linguagem
científica não deve existir PUFs.

- Frases muito grandes, com mais de 4 linhas, que deixam


a leitura truncada;

- Ideias incompletas (i,e., o pesquisador não consegue


escrever exatamente tudo que está na sua cabeça, de
modo que a informação não faz sentido para o leitor).

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NORMAS GRAMATICAIS E ESTILO
CIENTÍFICO

Em relação às referências bibliográficas:

Muitos pesquisadores cometem uma série de erros na


hora de citar as referências do seu estudo, tais como:

1) Utilizar citação antiga, para informações atuais:

Atualmente, o consumo de substâncias vem sendo


considerado um problema de saúde pública (Araújo, 2002).

2) Citar uma única referência e fazer alusão a vários


estudos

Diversos estudos têm demonstrado que há associação


entre nível socioeconômico e desenvolvimento de
funções executivas em crianças (Margreth, Smith, &
Jones, 2015).

3) Desordenação na ordem das citações

Algumas normas requerem citações em ordem alfabética,


outras por ano da publicação. Fique atento a isso.

4) Não inclusão na lista de referências todos os estudos


utilizados ao longo do texto ou inserção na lista final
referências não utilizadas no texto.

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04
RESPEITO ÀS
NORMAS DA
REVISTA

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NORMAS DA REVISTA

As revistas científicas, principalmente as brasileiras, são


instrumentos de divulgação do conhecimento
gerenciados por um grupo de pesquisadores que não
ganham absolutamente nada para isso.

Editores, editores-associados e pareceristas fazem um


trabalho gratuito visando a disseminação do
conhecimento. É um trabalho árduo, que se soma a uma já
exaustiva carreira com dezenas de outras demandas.

A contextualização ‘humana’ da revista é para que você


entenda uma coisa:

Além de aumentar as chances de tramitação do seu


estudo, submeter os artigos nas normas da revista é,
antes de tudo, um respeito ao trabalho da equipe
editorial.

Por incrível que pareça, um número substancial de artigos


é rejeitado logo de cara por não estarem nas normas que a
revista solicita.

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NORMAS DA REVISTA

E embora seja fácil submeter os artigos nas


normas da revista (afinal de contas, basta
seguir o que é informado), muitos
pesquisadores não o fazem.

E por que isso acontece?!

Isso acontece porque a formatação do


estudo é a última etapa antes da submissão.

Muitas vezes, os autores já estão cansados


e esperam que um ou outro coautor assuma
a tarefa de fazer a revisão final.

Não raramente, acaba que ninguém se compromete a


fazer essa etapa direito e o artigo é submetido com várias
falhas.

É o verdadeiro ‘barato que sai caro’. O artigo pode ser


rejeitado logo de cara pelo editor, na etapa do desk-
review, ou até ser submetido para apreciação por pares,
mas com chances mínimas de ser publicado.

Boas revistas recebem muito mais artigos do que são


capazes de publicar. Por isso, o mínimo a ser feito é
submetê-lo de acordo com as diretrizes e regras da
revista.

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05

A ESTRUTURA
DO MÉTODO

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O MÉTODO

É crucial que o seu estudo tenha um método bem


delineado e apresentado.

Em geral, nas publicações científicas de caráter empírico,


o método se subdivide em:

1) Descrição dos participantes


2) Descrição dos instrumentos
3) Procedimentos de coleta de dados
4) Procedimentos de análise de dados
5) Procedimentos éticos.

Seguido, posteriormente, de:

6) Resultados e;
7) Discussão.

A boa apresentação de cada uma dessas sessões é crucial


para que seu artigo seja bem avaliado.

Vamos aprender a otimizar cada uma delas.

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PARTICIPANTES

Nessa sessão, descreve-se, de forma sucinta, quem são


os participantes do estudo.

Em geral, coletamos várias informações


sociodemográficas dos participantes do nosso estudo.

Algumas dessas informações são mais relevantes que


outras.

Portanto, é necessário que você faça uma escolha de


quais informações serão apresentadas.

Caso haja uma quantidade muito alta de informações a


serem descritas, sugere-se que uma parte seja descrita
em forma textual e outra parte (mais completa) em
formato de tabela.

Em geral, opta-se por descrever textualmente as


características amostrais que de fato serão usadas nas
suas análises ou que sejam relevantes para o desfecho
como, por exemplo, sexo, idade, estado civil,
escolaridade, etc.

Outras variáveis que ajudam na compreensão da amostra,


mas que não são imprescindíveis podem ser ocultadas, ou
se forem ser apresentadas, podem ir em uma tabela mais
completa.

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INSTRUMENTOS

Aqui, deve-se citar todos os instrumentos utilizados no


seu estudo.

Lembre-se que os instrumentos utilizados são o ‘proxy’ do


fenômeno a ser observado. Por isso, é imprescindível que
você utilize boas medidas para o construto que você está
mensurando.

Escalas ruins jamais conseguirão atingir bons resultados.

Na hora de descrever as medidas, crie um padrão na


apresentação das informações, e repita esse mesmo
padrão para todas as escalas.

Veja um exemplo de estrutura.

Título do instrumento (Título original, Autor da versão


original; versão brasileira adaptada por Autores
Brasileiros). O que a escala mensura, em quantos itens e
em quais fatores. Como a escala é pontuada e qual a
amplitude possível do escore. Apresente algumas
propriedades psicométricas da medida no estudo de
validação e na sua amostra.

Na próxima página, vamos ver uma descrição real.

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INSTRUMENTOS

Exemplo real:

Escala de Bem-Estar Afetivo no Trabalho (Job-Related


Affective Well-being Scale, JAWS; Katwyk, Spector, Fox, &
Kelloway, 2000, adaptada por Gouveia, Fonsêca, Lins,
Lima, & Gouveia, 2008): A Escala de Bem-Estar Afetivo no
Trabalho (JAWS) avalia os afetos positivos e negativos
eliciados pelo trabalho. O questionário é composto por 30
itens respondidos em uma escala Likert (1 = discordo
totalmente; 5 = concordo totalmente), dos quais 15
avaliam afetos positivos (AP) 15 avaliam afetos negativos
(AN), podendo os escores variar de 15 a 75 em cada
dimensão. No estudo de validação brasileiro, a JAWS
apresentou adequada consistência interna (AN, a = 0,94;
AP, a = 0,87). No presente estudo, a escala apresentou
adequados índices de ajuste: CFI = 0,97, TLI = 0,96, RMSEA
(90% IC) = 0,092 (0,086–0,097), e SRMR = 0,079. A
consistência interna da escala (Fidedignidade Composta)
foi de 0,88 para AN e 0,91 para AP.

Crie um padrão de descrição dos instrumentos e o repita


para todas as escalas do seu estudo.

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PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

Na hora de descrever a sua coleta de dados, busque


responder ao menos essas três perguntas:

1) Como os dados foram coletados?


2) Onde os dados foram coletados?
3) Quando os dados foram coletados?

Veja o exemplo a seguir:

Os dados foram coletados de maneira presencial e online


[como], entre Janeiro e Outubro de 2017 [quando]. Do
total da amostra, 91,4% respondeu aos questionários em
uma plataforma web enquanto 8,6% respondeu a pesquisa
presencialmente, no formato papel-e-caneta. Os
participantes foram convidados a participar da pesquisa
por diferentes formas. Foram realizadas coletas de dados
presenciais em instituições públicas de ensino superior da
cidade do Rio de Janeiro, e coletas online através de
convites enviados por e-mails, divulgação em redes
sociais (e.g., facebook e instagram) e por meio da técnica
da bola de neve (Patton, 1990), na qual participantes
interessados divulgavam a pesquisa para outros possíveis
respondentes [onde].

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PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

Os procedimentos de análise de dados talvez seja a parte


mais importante do método de um estudo quantitativo.

Isso porque, qualquer decisão tomada aqui afetará os


resultados obtidos.

Assim, essa seção precisa descrever em detalhes tudo


que foi feito e, para dar coerência ao artigo, todos os
passos precisam ser descritos em ordem (i.e., na mesma
ordem dos resultados apresentados).

Todas as decisões metodológicas precisam ser descritas.


e explicadas.

Por exemplo:

- Como testou normalidade dos dados?


- Por que usou correlação não paramétrica?
- Qual método de entrada da regressão foi utilizada?
‘- Por que usou determinado método de estimação?
- Quais índices de ajuste foram utilizados para avaliar o
modelo e quais foram os pontos de corte utilizados’?
- Optou por fazer uma análise não tradicional? Justificar a
razão.

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PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE

É importante que todas as decisões metodológicas sejam


descritas e, além disso, referenciadas.

Tenha clareza sobre isso:


Nenhuma escolha metodológica pode ser arbitrária.

Uma sessão de procedimentos de análise de dados bem


referenciada passará credibilidade.

Pareceristas e leitores em geral perceberão que você não


só sabe o que está fazendo, mas também tem respaldo da
literatura para as ações escolhidas. E isso é
extremamente protetivo.

Muitas vezes, pareceristas não tem o domínio completo da


análise ou método que você está propondo. Assim, ao ver
as referências, mesmo que ele não entenda totalmente da
técnica implementada, ele tenderá a confiar que o
procedimento está correto, já que está respaldado em
literatura especializada.

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06

APRESENTAÇÃO
DOS
RESULTADOS

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Chegou a hora de descrever os seus resultados. Essa


seção é muito objetiva. Aqui, você precisa exclusivamente
descrever os seus achados.

Veja alguns dos principais erros da escrita dos resultados:

Erros nas normas técnicas de como reportar:

Como qualquer outra seção do seu estudo, existe formas


adequadas para fazer o relato dos achados.

A American Psychological Association, em seu livro de


normas, por exemplo, tem um capítulo inteiro dedicado à
publicação dos resultados.

Ou seja, existe formas certas e erradas de fazer esse


relato.

Assim, é importante que você conheça a forma sugerida


pela norma a qual você seguirá (ABNT, APA, Vancouver,
etc.)

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Falta de ordem na apresentação dos resultados:

É importante que os resultados sejam apresentados na


mesma ordem descrita nos procedimentos de análise.

Ao chegar nos resultados, o leitor já terá lido a descrição


dos procedimentos, de modo que ele já tem uma
expectativa sobre o que vai encontrar na sua seção de
resultados.

Quando a estrutura de apresentação dos resultados


diferente do que está descrito nos procedimentos, é
criada uma confusão mental desnecessária.

Os pareceristas e os leitores já não conseguiram


compreender integralmente do que se trata o seu artigo e
os seus achados.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Inserção de análises não descritas nos procedimentos:

Um outro erro comum é incluir análises adicionais ao


longo da elaboração do artigo e não as mencionar na
descrição dos procedimentos.

Parece óbvio, mas acredite, esse erro é extremamente


comum e isso se dá porque, muitas vezes, a elaboração de
um artigo não se dá de forma sequencial.

Ou seja, as partes são escritas e re-escritas sem uma


ordem pré-estabelecida.

Por isso, ao 'finalizar' as análises do seu estudo, verifique


se a estrutura está coerente com o que foi apresentado
no Método.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Omissão de resultados indesejáveis:

A Psicologia, e possivelmente outras áreas do saber,


sofrem com um efeito que é a tendência de se reportar
apenas os resultados estatisticamente significativos.

Esse artigo do Keith Laws, por exemplo, discute as


implicações dessa prática.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

As fontes dessa omissão se dão tanto por vieses da


própria revista, mas também por questões inerentes ao
pesquisador.

Aqui, irei focar em você, autor(a) do estudo.

Em geral, pesquisadores elaboram suas pesquisas com


hipóteses e expectativas sobre os achados.

Costumo dizer que tais expectativas são expectativas


científicas e expectativas emocionais, no sentido de que,
não raramente, há um envolvimento emocional com o
estudo também.

Os resultados obtidos podem corroborar ou refutar essas


expectativas. E, muitas vezes, quando os resultados não
corroboram as hipóteses prévias, alguns pesquisadores
podem se sentir frustrados e acabar omitindo, consciente
ou inconscientemente, os resultados que não são
favoráveis.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Entretanto, é importante destacar que a frustração frente


a hipóteses não corroboradas não deveria existir.

O conhecimento científico avança justamente quando se


descobre algo novo e não quando se corrobora algo que já
se esperava que acontecesse.

Em geral, há muito mais espaço para fazer uma excelente


discussão dos resultados quando eles fogem do esperado.

Nessas ocasiões, o pesquisador terá condições de


discutir, buscar compreender por que algo esperado não
aconteceu, propor novas perguntas de pesquisa etc.

Entretanto, quando os resultados são exatamente o que


os autores esperam, muitas vezes isso se dá porque
aquele efeito já era sabido; já havia sido encontrado em
estudos anteriores.

A partir de agora, lembre-se:

Sempre que você tiver resultados não esperados, coloque


a sua cabeça de investigador para pensar e discutir
porque esse resultado apareceu no seu estudo.

Esse exercício resultará em uma excelente discussão.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Ausência de tamanho de efeito

Um erro comum é discutir os resultados encontrados


apenas utilizando o valor de significância (valor de p).

Muitos pesquisadores acreditam que o valor de p é a


medida de importância do achado. Erroneamente,
pensam que quanto menor o valor de p, maior a força do
achado.

Essa concepção é equivocada, uma vez que o valor de p


depende, em grande medida, do tamanho da amostra.

Ou seja, amostras grandes tenderão a oferecer valores de


p muito pequenos, mesmo que os achados sejam fracos.

Portanto, é importante que todos os resultados


estatísticos da sua pesquisa sejam discutidos com base
no tamanho de efeito.

Tamanho de efeito é o que, de fato, indica a magnitude


dos resultados (quanto forte ou quão importante é o
achado).

Diferentes análises apresentam diferentes estimativas de


tamanho de efeito, sendo que é relativamente fácil de
você encontrar no Google diferentes opções para as
diferentes análises que você esteja utilizando.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

É importante notar que muitos autores não reportam o


tamanho de efeito, seja porque desconhecem a sua
importância ou porque o tamanho do efeito não corrobora
a sua expectativa (ou seja, são baixos demais e o
pesquisador acredita, erroneamente, que essa
informação irá prejudicar o seu estudo).

Obviamente, como discutido no ponto anterior, omitir


informações as quais não corroboram as suas
expectativas emocionais, não é uma boa prática
científica.

Para finalizar, cabe destacar que embora as revistas


nacionais ainda não solicitem muito a apresentação do
tamanho de efeito, essa é uma boa prática que você deve
começar a adotar já.

Você irá elevar o seu nível de pesquisador e vislumbrar


publicações nacionais ou internacionais de melhor
qualidade.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Repetição dos resultados em tabelas e texto:

Um outro erro comum, é a repetição dos resultados tanto


em texto, quanto em tabelas.

A ciência preza por parcimônia, de modo que o seu estudo


precisa ser completo e objetivo ao mesmo tempo.

Nesse sentido, não há nenhuma necessidade de que


resultados sejam apresentados duas vezes, em texto e em
tabela.

Se o seu estudo tiver muitas análises, e a apresentação


textual ficar cansativa, opte por trazer os principais
achados em tabelas.

Porém, use tabelas com parcimônia, pois os artigos


científicos apresentam um limite de páginas e o uso
excessivo de tabelas pode comprometer o espaço para
elaboração completa do seu estudo.

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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Discussão dos resultados:

Por fim, um outro erro bastante frequente é a discussão


dos achados no tópico de resultados.

Revistas empíricas, em geral, apresentam as seções de


resultados e discussão distintamente.

Assim, não sessão de resultados, cabe apenas reportar os


resultados, sem tentativas de explicação do achado.

Reserve a discussão dos dados, para o tópico correto, o


qual iremos abordar agora.

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07

DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A discussão dos resultados é a parte onde você vai extrair


todo o potencial do seu estudo.

É aqui onde você problematiza o que você encontrou e dá


significado teórico aos achados.

Um erro comum é a repetição dos resultados com outras


palavras.

Em geral, discussão que é uma mera repetição dos


achados, demonstra que o autor tem pouco domínio sobre
o tema.

Para fazer uma boa discussão, é inevitável ter muita


leitura sobre o tema, para que a problematização seja feita
com profundidade.

Veja as questões a seguir e as utilize para aprofundar a


forma como você irá discutir os seus resultados.

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para cada achado, tente responder:

- O que, de fato, o resultado significa?

- Como esse dado avança o conhecimento?

- Esse resultado era esperado?

Em caso positivo, apresente os estudos lhe forneceram


base para a criação dessa expectativa.

Em caso negativo, como explicar algo que não se


esperaria que acontecesse?

- Quais são as hipóteses explicativas para o que foi


encontrado?

- Quais são as novas perguntas de pesquisa que se abrem,


a partir desses achados?

Essas perguntas poderão guiar o desenvolvimento da sua


discussão.

E lembre-se: bons estudos geram mais perguntas do que


respostas. Deixe claro como os seus resultados gerão
novos questionamentos.

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CONSIDERAÇÕES
FINAIS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A última seção do artigo é a de Conclusão ou Considerações


Finais.

Aqui, é imprescindível que você insira, ao menos, três tópicos:

1) Resumo do estudo: Aqui, é feito um overview de tudo que foi


abordado, destacando os principais achados,

2) Limitações do estudo: Aqui, são descritas as lacunas que o


estudo apresenta. Essa apresentação é protetiva, pois você já
deixa claro que reconhece as fragilidades do artigo e não
espera o parecerista apontar os erros.

3) Perspectivas futuras. Nessa etapa, você indica quais são os


próximos passos. Quais as perguntas que ficarão abertas e
como novos estudos podem ajudar a avançar o estado da arte
sobre o tema.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em geral, dois erros comuns acontecem nesta seção:


1) Tentativa de omissão dos problemas ou das limitações do
estudo e;
2) Desvalorização ou supervalorização dos achados.

Em relação às limitações, caso haja problemas no seu estudo,


não os omita.

Se você o fizer, o parecerista irá perceber e, certamente irá


destacar isso na avaliação do artigo. Isso pode levar a uma
rejeição ou ao atraso na publicação.

Entretanto, cuidado para não desvalorizar demasiadamente o


seu estudo.

No outro extremo, atente para não supervalorizar o seu


estudo, para além do que ele merece.

Se o seu estudo tem pontos fortes, destaque-os, mas cuidado


para não trazer como extremamente relevante algo que não é.

Bom senso e é fundamental, tanto na autocrítica quanto no


elogio!

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CONCLUSÕES DO
EBOOK

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CONCLUSÕES
Obrigado por ter concluído a leitura deste material.

Ao longo destas breves páginas, busquei trazer para você


algumas características importantes que todo estudo
científico, de caráter empírico, precisa ter para que seja aceito
em boas revistas nacionais e internacionais.

Esse material é uma compilação muito resumida do curso


'Escrita Científica de Alto Impacto', oferecida como bônus na
formação continuada 'Psicometria Online Academy'.

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de Alto Impacto

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