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CASTRAÇÃO E O ODOR DA CARNE SUÍNA

Controle do odor de macho inteiro Por séculos, suínos têm sido castrados para
evitar o odor de macho inteiro. A antiga prática determina a castração dos
leitões no período entre 2 e 3 semanas de idade. Em alguns países (por
exemplo, Holanda, Suíça e Noruega) já é comum utilizar anestesia geral ou
local para reduzir a dor e o estresse associados à castração.[2]Quanto a ser
obrigatório ou voluntário, ou ser executado pelos produtores ou médicos
veterinários, isso depende de cada país. Nos últimos anos, a castração, com
ou sem anestésico, tem sido alvo de críticas por parte de grupos de proteção
do bem-estar animal.
Em alguns países, como, por exemplo, a Austrália, os suínos são abatidos
mais precocemente. A razão disso é porque as duas substâncias naturais que
causam o odor de macho inteiro — androstenona e escatol — começam a ser
acumuladas na gordura dos suínos machos apenas quando estes atingem a
maturidade sexual. Portanto, o abate antecipado pode reduzir a presença do
odor de macho inteiro.
Outra opção de controle do odor de macho inteiro é a seleção do sexo do leitão
antes do nascimento, numa tentativa de produzir apenas fêmeas, e utilizando
uma classificação de esperma baseada nos cromossomos sexuais e na
inseminação artificial. Este método foi utilizado com sucesso na criação de
bovinos, porém a técnica ainda se encontra em estágio experimental e não há
uma solução econômica ou prática equivalente para uso na produção suinícola.
Além disso, também foram estudadas opções como a de reproduzir apenas os
machos de "baixo nível de odor", porém o êxito desta tentativa não foi
significativo.[3] Entre outros produtores, os da granja Sugar Mountain Farm
afirmam ser possível atingir esse objetivo através de adaptações no manejo e
no regime de alimentação. Uma das vantagens é a de que o cachaço
apresenta menor teor de gordura na carcaça e o crescimento se dá 10% mais
rápido que o dos leitões (machos castrados) ou marrãs (fêmeas), convertendo
ração em carne de maneira mais eficiente.[4]
[editar] CausasO odor de macho inteiro é causado pelo acúmulo de dois
compostos — androstenona e escatol — na gordura de suínos machos.
A androstenona (feromônio masculino) é produzida nos testículos quando os
suínos machos atingem a puberdade, enquanto que o escatol (subproduto da
flora bacteriana intestinal, ou metabólito bacteriano do aminoácido triptofano) é
produzido tanto nos suínos machos como nas fêmeas. Entretanto, os níveis
são muito mais altos nos machos inteiros, uma vez que os esteroides
testiculares inibem a degradação pelo fígado. Como resultado, o escatol fica
acumulado na gordura dos suínos machos à medida que amadurecem.
Os suínos machos produzem esses compostos naturalmente durante o
amadurecimento sexual, e caso haja acúmulo dessas substâncias ao longo do
tempo, tornam-se perceptíveis durante a cocção da carne. A fim de evitar o
acúmulo desses compostos, procede-se à castração dos leitões machos.
[editar] Novos métodosVisto que esta prática tem sido criticada nos últimos
anos, alguns produtores e associações de produtores buscam métodos
alternativos para controlar o odor de macho inteiro.[2] A vacinação, utilizada na
Austrália e Nova Zelândia desde 1998, é uma solução segura e altamente
eficiente[2][5][6], que usa o sistema imunológico do suíno para controlar o odor
de macho inteiro. O uso da vacina é tão simples e confiável quanto a castração
cirúrgica no controle do odor de macho inteiro. A vacina pode ser administrada
com segurança por funcionários da granja devidamente treinados e permite a
produção de carne suína de alta qualidade e segura para o consumo
humano.[7].
A vacina estimula o sistema imunológico do suíno a produzir anticorpos
específicos contra o fator liberador de gonadotrofinas (GnRF). Essa reação
provoca a inibição temporária da função testicular, interrompendo a produção e
o acúmulo dos compostos que causam o odor de macho inteiro.
Ao estimular a produção de anticorpos específicos anti-GnRF, a vacinação
interrompe a cadeia de eventos que leva à liberação de testosterona e de
outros esteroides produzidos nos testículos, inclusive da androstenona, uma
das duas substâncias que causam o odor de macho inteiro. A outra substância
responsável pela produção do odor, o escatol, também é eliminada porque o
nível mais baixo de esteroides permite que o fígado a metabolize com mais
eficiência.
Cada suíno deve ser vacinado duas vezes para que o odor de macho inteiro
seja controlado com êxito. Há certa flexibilidade quanto ao momento da
primeira dose; porém, deve haver um intervalo mínimo de quatro semanas
entre as duas doses, sendo que a segunda deve ocorrer de quatro a seis
semanas antes do abate. Após a segunda dose, os testículos do suíno param
de crescer. O funcionário responsável deve ser treinado no manuseio da vacina
e da seringa com recursos avançados de segurança.
Além de não causar sofrimento ao animal, a vacina é uma solução sustentável
e ambientalmente correta para o odor de macho inteiro e possibilita que os
interessados de todos os setores da cadeia de produção suinícola colham os
benefícios do desempenho do crescimento natural dos machos inteiros,
preservando a qualidade para o consumo

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