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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE

MINAS GERAIS - CAMPUS MUZAMBINHO


CURSO DE GRADUAÇÃO BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

ANA BEATRIZ DA SILVA SANTOS, BEATRIZ BARONE MARTINS, BIANCA


TAVARES SUHADOLNICK, CAIO OLIVEIRA PÓVOA, JÚLIA HELENA FRANCO
GIROTO, MARCELO BENEDITO PEREIRA DIAS E MARIANA SOARES VIEIRA

FISIOLOGIA DA CÉLULA DE LEYDIG

MUZAMBINHO-MG
2023
ANA BEATRIZ DA SILVA SANTOS, BEATRIZ BARONE MARTINS, BIANCA
TAVARES SUHADOLNICK, CAIO OLIVEIRA PÓVOA, JÚLIA HELENA FRANCO
GIROTO, MARCELO BENEDITO PEREIRA DIAS E MARIANA SOARES VIEIRA

FISIOLOGIA DA CÉLULA DE LEYDIG

Trabalho apresentado no curso de


graduação do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de
Minas Gerais.

Docentes: Dr. Elói dos Santos Portugal e


Dr. Luís Felipe Afonso Toledo.

MUZAMBINHO-MG
2023
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................4
1.1 Células de Leydig......................................................................................................... 4
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................................ 5
2.1 Teste do Metanosulfonato de etilo (EDS) na regeneração das células de leydig........7
2.2 Regulação da diferenciação de células-tronco o testículo adulto................................. 7
3. ATIVAÇÃO DAS CÉLULAS DE LEYDIG...........................................................................10
4. TESTOSTERONA...............................................................................................................11
4.1 Metabolismo da Testosterona..................................................................................... 11
5. REGULAÇÃO DA TESTOSTERONA E SUA IMPORTÂNCIA NA REPRODUÇÃO........ 12
6. INFLUÊNCIA DA TESTOSTERONA NA DIFERENCIAÇÃO SEXUAL.............................12
7. RELAÇÃO DA TESTOSTERONA COM O FREEMARTINISMO...................................... 13
8. CONCLUSÃO.....................................................................................................................13
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 14
1. INTRODUÇÃO
Os testículos, órgãos reprodutores masculinos, desempenham duas funções
primordiais para o funcionamento do sistema reprodutivo e o desenvolvimento sexual
masculino. A primeira função é a produção de células germinativas especializadas chamadas
espermatozoides, responsáveis por transmitir os genes paternos para o filhote. Essas células
são essenciais para a reprodução e a continuidade das espécies. Além disso, os testículos têm,
como segunda função, a de produzir hormônios sexuais masculinos, conhecidos como
andrógenos. O principal hormônio androgênico é a testosterona, que desempenha um papel
fundamental na diferenciação sexual e no desenvolvimento das características distintas dos
indivíduos.
O parênquima testicular é cercado por uma cápsula denominada túnica (O’DONNEL
et al, 2001) e consiste em compartimento tubular e compartimento intersticial. O
compartimento tubular é composto por túbulos seminíferos, células peritubulares e materiais
dentro destes e o compartimento intersticial pelos vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, TC e
células de Leydig (produtoras de testosterona).

1.1 Células de Leydig


As células de Leydig estão localizadas no tecido conjuntivo frouxo no espaço
intertubular do parênquima testicular. Essa distribuição pode variar entre as diferentes
espécies em relação à proporção volumétrica dos componentes do compartimento intertubular.
No entanto, de forma geral, as células de Leydig são o tipo celular mais abundante nesse
compartimento. São células relativamente grandes, com forma poliédrica e limitadas por uma
membrana plasmática que contém microvilos. Seu núcleo está localizado de forma
exocêntrica no citoplasma e geralmente apresenta uma forma arredondada ou oval. Essas
células possuem um a três nucléolos, evidenciando sua atividade metabólica. Uma
característica universal das células de Leydig é a presença de grânulos de heterocromatina,
que formam uma camada intimamente associada ao envoltório nuclear (SETCHELL, 1991).
As células de Leydig surgem nos testículos durante o período embrionário. No início
do desenvolvimento, a proliferação das células de Leydig e sua produção de hormônios
esteróides é regulada pela célula de Sertoli e por macrófagos (COOKE, 1996). Segundo estes
autores, a produção ativa de testosterona inicia-se cedo e é essencial para a diferenciação
masculina normal.
As células de Leydig desempenham um papel crucial na síntese e armazenamento da
testosterona, um hormônio essencial para o funcionamento adequado do comportamento
sexual normal, incluindo a libido, e para a ocorrência do processo de espermatogênese nos
testículos. Essas células atuam em conjunto com os hormônios folículo estimulante (FSH) e
luteinizante (LH) para regular a produção de testosterona e manter a função das glândulas
acessórias envolvidas no sistema reprodutivo masculino (DELLMANN & WROBEL, 1982;
RUSSELL, 1996). A produção de testosterona pelas células de Leydig é controlada pelo LH
que se une especificamente às membranas das células de Leydig e ativa a
adenosina-monofosfato cíclica (CAMP).

2. REVISÃO DE LITERATURA
Foi feita uma revisão com base em dois artigos (“Stem Leydig Cells: From Fetal to
Aged Animals” e “Development of fetal and adult Leydig cells”), em que se destacam as
diferenças morfológicas entre as células de Leydig fetais e adultas, utilizando-se o rato como
modelo animal.
Duas populações distintas de células de Leydig são responsáveis pelos períodos de
esteroidogênese testicular: durante o período fetal-neonatal (células do tipo fetal) e no adulto
(células do tipo adulto), que diferem em sua morfologia, produção hormonal, regulação
parácrina e funções fisiológicas (COLLETA & CARVALHO, 2005).
As células de Leydig foram inicialmente descritas em 1850 como células intersticiais
testiculares que exibiam gotículas lipídicas características. Desde então, diversos
pesquisadores têm observado as células de Leydig utilizando microscopia eletrônica. Essas
células foram identificadas como células intersticiais testiculares, que apresentam um
abundante retículo endoplasmático liso e gotículas lipídicas, além de mitocôndrias com cristas
tubulares e cristais de Reinke. Muitas dessas características morfológicas das células de
Leydig são semelhantes às observadas em outras células esteroidogênicas, como as células
adrenocorticais.
No sétimo dia após o nascimento, células-tronco (SLCs) com forma fusiforme foram
observadas no tecido intersticial dos testículos de ratos, principalmente na camada peritubular,
além de serem encontradas ao redor dos vasos sanguíneos. Essas células são reconhecidas por
sua notável capacidade de se diferenciar em diversos tipos de células especializadas e por sua
habilidade de se renovarem por conta própria, o que as torna essenciais para o processo de
regeneração e manutenção dos tecidos testiculares.
Entre o 10º e o 14º dia pós-natal, ocorre a diferenciação das células-tronco, dando
origem às células progenitoras de Leydig (PLCs). Essas células também apresentam uma
morfologia fusiforme. Ao contrário das células-tronco, as células progenitoras já são
reconhecidas como parte da linhagem das células de Leydig. No que diz respeito à produção
de testosterona, estudos em ratos demonstraram que as células progenitoras exibem uma baixa
capacidade de produção, porém apresentam um alto índice de metabolismo da testosterona.
Células de Leydig imaturas (ILCs) - Após o 28º dia pós-natal, as células progenitoras
de Leydig (PLCs) passam por uma transformação, mudando de uma forma fusiforme para
uma forma arredondada. Durante essa transição, as ILCs adquirem numerosas inclusões
lipídicas, formando uma população significativa de células imaturas de Leydig. O número
dessas células aumenta para aproximadamente 13 a 14 milhões. Além disso, durante essa
transformação, o retículo endoplasmático liso (REL) das células se expande
consideravelmente, resultando em uma ultraestrutura semelhante à das células adultas de
Leydig (ALCs). As células de Leydig imaturas já apresentam uma maior capacidade de
produção de testosterona em comparação com as células progenitoras. Além disso, elas
também têm um alto índice de metabolismo da testosterona. A atividade mitótica das células é
relativamente baixa, acredita-se que a população de ILCs, em média, se divida apenas uma
vez entre os dias 28 e 56. É importante destacar que, devido à presença de enzimas
metabolizadoras de testosterona, como a 3α-hidroxiesteroide desidrogenase (3α-HSD) e a
5α-redutase, a testosterona não é o principal esteróide produzido pelas ILCs. Em vez disso, o
metabólito androgênico se torna o principal produto esteróide dessas células.
A capacidade das células de Leydig imaturas de produzir testosterona não envolve
apenas um aumento na atividade biossintética, mas também uma diminuição nas atividades
das enzimas metabolizadoras de testosterona. Esse equilíbrio entre a síntese e o metabolismo
da testosterona é crucial para manter níveis adequados desse hormônio no organismo. Em
resumo, as células de Leydig imaturas representam uma etapa importante no desenvolvimento
das células de Leydig. Elas adquirem características distintas, como a presença de inclusões
lipídicas e uma ultraestrutura semelhante às células adultas. Além disso, essas células já
apresentam uma maior capacidade de produção de testosterona e têm um papel fundamental
no desenvolvimento e funcionamento adequado do sistema reprodutivo masculino.
No 56º dia, as células de Leydig imaturas (ILCs) se dividem e se diferenciam em
células de Leydig adultas (ALCs), formando uma população total de 25 milhões de ALCs por
testículo. A produção de testosterona aumenta significativamente, sendo 150 vezes maior do
que nas células progenitoras de Leydig (PLCs). À medida que as ILCs se diferenciam em
ALCs, ocorre uma redução do metabolismo de andrógenos e um aumento das enzimas
biossintéticas de testosterona, resultando na predominância desse hormônio. Normalmente, as
ALCs não se proliferam, mas têm a capacidade de regeneração se a população original for
eliminada. No entanto, a diminuição da testosterona com o avanço da idade está relacionada à
perda da função esteroidogênica das células de Leydig e não à redução do número de células.

2.1 Teste do Metanosulfonato de etilo (EDS) na regeneração das células de leydig

A administração de uma única dose de EDS é capaz de eliminar todas as células de


Leydig nos testículos de ratos adultos, que normalmente possuem cerca de 25 milhões dessas
células. Após a EDS, ocorre uma redução das células de Leydig e os níveis de testosterona
sérica tornam-se indetectáveis na primeira semana. Em seguida, células fusiformes ao redor
dos túbulos seminíferos e vasos sanguíneos começam a proliferar e se diferenciar em células
progenitoras. Cerca de quatro semanas após a EDS, aproximadamente 15 milhões de células
de Leydig imaturas (ILCs) formam grupos em locais específicos. Entre 6 e 10 semanas após o
tratamento, as ILCs se transformam em células de Leydig adultas, ocupando o interstício e
restaurando o número de células ao nível pré-tratamento. Esses achados indicam uma
sequência de eventos semelhante àquela observada durante o desenvolvimento natural das
células de Leydig a partir do 7º dia pós-natal.

2.2 Regulação da diferenciação de células-tronco o testículo adulto

Diversos hormônios e fatores de crescimento, incluindo o Hormônio Luteinizante


(LH), o Hormônio da Tireóide (T3), o Fator de Células-Tronco (SCF), a Substância Inibidora
Mülleriana e outros, foram identificados como influências importantes na diferenciação das
células de Leydig durante os estágios fetal e pré-púbere.
A falta de regeneração das células de Leydig em animais hipofisectomizados tratados
com EDS, a menos que recebam gonadotrofina coriônica humana (hCG), sugere o
envolvimento das gonadotrofinas na regeneração dessas células. Embora o Hormônio
Luteinizante (LH) seja essencial para o estabelecimento de uma população normal de células
de Leydig em estágios pós-natal e em testículos adultos, seu papel na diferenciação inicial das
células progenitoras permanece incerto. Estudos em ratos hipogonadais com níveis
extremamente baixos de LH mostraram que o desenvolvimento das células de Leydig foi
afetado, mas não completamente inibido. Esses achados sugerem que a sinalização do LH
pode não ser necessária para a diferenciação inicial dessas células, porém, mais pesquisas são
necessárias para esclarecer essa questão. Para Baker e O'shaughnessy (2001), o
desenvolvimento de ALC foi afetado, mas não completamente inibido. Já Ariyaratne et al.
(2000) mostrou que as enzimas esteroidogênicas, 3β-HSD, P450scc e P45017α, apareceram
antes que os LHRs pudessem ser detectados no progenitor células, o que sugere uma
sinalização de LH não necessária para a diferenciação inicial de SLCs. No entanto, isso foi
contestado em um estudo mais recente (TEERDS et al., 2007). Resultados, tomados em
conjunto, sugerem que o LH pode ou não ser absolutamente necessário para o iniciação da
diferenciação de células-tronco, mas claramente é necessária para a progressão através do
linhagem e, portanto, para o estabelecimento de uma população adulta normal (TEERDS et
al., 1989a, TEERDS et al., 1989b; ARIYARATNE et al., 2000; MENDIS-HANDAGAMA e
ARIYARATNE, 2001; BAKER et al., 2003; SRIRAMAN et al., 2003).
Foi demonstrado que o hipotireoidismo neonatal transitório resulta em aumento do
número de células de Leydig no testículo de ratos adultos (HARDY et al., 1993; MENDIS
HANDAGAMA e SHARMA, 1994), funcionando interrompendo a diferenciação das células
de Leydig e, assim, promovendo a proliferação contínua de células mesenquimais
precursoras. Essas células, por sua vez, acumulam e depois se diferenciam no interstício
quando o eutireoidismo é restaurado (HARDY et al., 1996; MENDIS-HANDAGAMA et al.,
1998; TEERDS et al., 1998). Coerente com isso, o hipertireoidismo demonstrou estimular a
diferenciação de células mesenquimais em CLPs (TEERDS et al., 1998; ARIYARATNE et
al., 2000; WAGNER et al., 2008). A importância da tireóide em relação ao hormônio na
regeneração das células de Leydig em animais adultos, no entanto, ainda é controversa.
Quando hipotireoidismo foi induzido por 6-propil-2-tiouracil ou por tireoidectomia, Leydig a
regeneração celular após o tratamento com EDS foi severamente afetada (ARIYARATNE et
al., 2000). No entanto, o tratamento com EDS de ratos com hipotireoidismo por meio de uma
abordagem dietética teve muito pouco efeito. efeito na regeneração das células de Leydig
(RIJNTJES et al., 2010). A diferença entre os dois estudos não é claro. Uma possibilidade
poderia ser a diferença na gravidade da disfunção tireoidiana induzida deficiência. Assim, a
deficiência grave da tireoide, como a induzida pela tireoidectomia, pode resultam em
alterações no eixo hipotálamo-hipófise-testicular (CHANDRASEKHAR et al., 1986;
ANTONY et al., 1995; CHIAO et al., 1999; MARAN e outros, 2000).
Mudanças nos níveis do Hormônio Luteinizante (LH) certamente teriam um impacto
na regeneração das células de Leydig. Além disso, é possível que a regeneração das células de
Leydig no testículo adulto seja afetada de maneira distinta pelo hormônio tireoidiano em
comparação com o período puberal, quando ocorre a maturação simultânea das células de
Leydig e das células dos túbulos seminíferos. Por exemplo, uma redução nos níveis
hormonais tireoidianos durante a puberdade pode retardar a maturação das células de Sertoli,
o que, por sua vez, pode ter um impacto indireto na diferenciação das células de Leydig.
Além dos hormônios, fatores de crescimento desempenham um papel importante na
regeneração das células de Leydig no testículo adulto após a terapia deplecionadora de células
(EDS). Um desses fatores é o fator de crescimento de células-tronco (SCF). Nos testículos de
ratos, as células de Sertoli produzem duas formas de SCF: uma forma solúvel e outra
associada à membrana. A interação entre o SCF e seu receptor, c-kit, é essencial para regular
a proliferação, diferenciação e apoptose das células germinativas durante o desenvolvimento
testicular. Esses fatores de crescimento desempenham um papel crucial na regulação da
regeneração e função das células de Leydig no contexto da resposta à EDS. O significado da
interação SCF/c-kit no desenvolvimento de células de Leydig também foi examinada em
pacientes tratados com EDS ratos adultos (YAN et al., 2000). Um anticorpo anti-c-kit
bloqueador de função foi encontrado para inibir o proliferação de células precursoras de
Leydig após o tratamento com EDS, sugerindo que o SCF solúvel pode atuar como um fator
de crescimento para células precursoras de Leydig. O efeito da sinalização SCF/c-kit em O
desenvolvimento de células de Leydig também foi examinado em um modelo de rato
deficiente em c-kit (Ws/Ws) (TSUCHIDA e outros, 2003). Após a aplicação de EDS, não
foram detectadas diferenças significativas nos pesos dos órgãos sensíveis aos andrógenos,
como testículos, próstata e vesícula seminal, entre os ratos do tipo selvagem e aqueles com o
gene knockout, o que indica que a via do SCF/c-kit pode não ter um papel fundamental no
desenvolvimento das células de Leydig. No entanto, essa questão ainda não está
completamente esclarecida e necessita de mais investigação para uma compreensão
abrangente.
Pesquisas recentes indicam que a substância inibidora Mülleriana (MIS), produzida
pelas células de Sertoli, exerce uma ação parácrina inibindo a proliferação e diferenciação das
células de Leydig após o nascimento. Camundongos nulos para MIS ou seu gene receptor se
desenvolvem Hiperplasia das células de Leydig (BEHRINGER et al., 1994; MISHINA et al.,
1996), enquanto a diferenciação de precursores de células de Leydig é bloqueada em
camundongos que superexpressam MIS, o último resultando em números reduzidos de células
de Leydig e concentrações séricas de testosterona (BEHRINGER e outros, 1990; LYET et al.,
1995; RACINE e outros, 1998). Consistente com isso, em ratos que receberam MIS
recombinante após o tratamento com EDS, havia menos precursores mesenquimais e,
subsequentemente menos células de Leydig diferenciadas (SALVA et al., 2004).
Além dos fatores discutidos acima, existem outros fatores de crescimento e moléculas
de sinalização que afetam o desenvolvimento das células de Leydig durante os períodos fetal
e/ou puberal. Entre eles estão IGF-1, PDGFAA, TGF-α, LIF, DHH e Vias de sinalização
Notch (CLARK et al., 2000; PIERUCCI-ALVES et al., 2001; GE et al., 2006; TANG et al.,
2008; BASCIANI et al., 2010; HU e outros, 2010). Embora tenha sido descoberto que dois
desses fatores, PDGFAA e LIF, foram significativamente aumentados no testículo após
Ablação de células de Leydig por tratamento com EDS (O'SHAUGHNESSY et al., 2008),
ainda não está claro se algum desses fatores está envolvido na diferenciação das células de
Leydig no testículo adulto após EDS.

3. ATIVAÇÃO DAS CÉLULAS DE LEYDIG


O hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) produzido no hipotálamo é liberado e
enviado para a hipófise onde irá liberar os hormônios FSH e LH, que irão atuar na gônada
masculina (testículo). O FSH é proveniente das células de Sertoli e o LH nas células de
Leydig, e esse acontecimento ocorre devido ao reflexo neuroendócrino. Uma vez próximo ao
seu tecido alvo, que são as células de Leydig, o LH se liga com receptores presentes na
membrana plasmática dessa célula alvo, chamados de receptores de membrana (SENGER,
2005).
Os receptores de membrana possuem 3 regiões/domínios, denominados de: Domínio
Extracelular, Domínio Transmembrana e Domínio Intracelular. O domínio extracelular do
receptor possui um sítio de ação que se liga ao hormônio, e este processo é conhecido como
“chave-fechadura” (SENGER, 2005).
O complexo hormônio-receptor é responsável pela ativação da Proteína G, que é
acoplada à membrana. Consequentemente, essa proteína promove a ativação da Enzima
Adenilato Ciclase, promovendo a conversão do ATP em AMP cíclico (cAMP), o qual é
denominado como segundo mensageiro. Este cAMP faz a ativação de uma família de enzimas
citoplasmáticas, chamadas de enzima proteíno quinases, que tem como atuação a ativação de
outras enzimas no citoplasma, fazendo a conversão de substratos em novos produtos; neste
caso, é quando temos a formação da testosterona. Com isso, a testosterona é secretada pelas
células de Leydig após a ativação destas pelo LH e, finalmente, desempenha sua função
(SENGER, 2005).
Resumidamente, ocorre a ligação do complexo hormônio-receptor. O hormônio se liga
a um receptor de membrana ligado à proteína G, ocorre a ativação da proteína adenilato
ciclase que converte ATP em AMP cíclico (cAMP) e o cAMP, posteriormente a ativação da
proteína quinase e, por último, a liberação ou formação de novas substâncias (SENGER,
2005).
4. TESTOSTERONA
A testosterona, um hormônio androgênico, é sintetizada pelas células de Leydig
localizadas nos testículos dos animais. A síntese da testosterona ocorre a partir do colesterol,
por meio de uma sequência de reações enzimáticas que acontecem dentro das células de
Leydig, presentes no tecido intersticial dos testículos maduros. Existem duas principais fontes
de colesterol utilizadas pelas células de Leydig para a síntese da testosterona. A primeira fonte
é a síntese interna, na qual os ésteres de colesterol armazenados na matriz intracelular são
utilizados como substrato para a produção do hormônio. A segunda fonte é o colesterol
extracelular, presente nas lipoproteínas de baixa densidade (LDL), que pode ser captado pelas
células de Leydig e utilizado na síntese da testosterona. Esses processos bioquímicos
permitem que as células de Leydig convertam o colesterol em testosterona (GEBARA et al.,
2002).
A testosterona é secretada em diferentes fases da vida: de forma transitória durante o
primeiro trimestre da vida intrauterina, de maneira temporária na vida neonatal e
continuamente após a puberdade. A quantidade de testosterona produzida pode ser avaliada
por meio de métodos como a depuração metabólica, a média dos níveis circulantes de
testosterona, a diferença arteriovenosa nos testículos ou a taxa de fluxo testicular. Esse
hormônio desempenha um papel fundamental na expressão das características masculinas, tais
como o interesse sexual, o desenvolvimento corporal e do sistema reprodutor, além de
participar ativamente na gametogênese (GEBARA et al., 2002).
Além disso, a testosterona desempenha outras funções importantes, como a
participação na fase final da espermatogênese, contribuindo para o processo de maturação dos
espermatozóides no epidídimo. Também estimula a atividade do aparelho sexual e promove a
mobilização das glândulas anexas nos machos. A testosterona exerce influência no interesse
sexual e desempenha um papel significativo no desenvolvimento do esqueleto, no
metabolismo das células sanguíneas e na manutenção do equilíbrio hidro-eletrolítico. Durante
esse período, a testosterona exerce múltiplas ações e desempenha um papel crucial em
diversas funções fisiológicas e comportamentais do organismo masculino (GEBARA et al.,
2002).

4.1 Metabolismo da Testosterona


Uma pequena proporção da testosterona sofre conversão em metabólitos
biologicamente ativos em tecidos específicos, enquanto a maioria é convertida em metabólitos
inativos que são excretados pelos rins e pelas vias biliares. Essa conversão ocorre
principalmente na próstata, de forma mais efetiva pela enzima 5-alfa-redutase, mas também
em menor extensão na pele e no fígado (GEBARA et al., 2002).
Assim, a testosterona pode ter efeitos diretos e indiretos em diversos tecidos do
organismo (GEBARA et al., 2002).

5. REGULAÇÃO DA TESTOSTERONA E SUA IMPORTÂNCIA NA REPRODUÇÃO


A secreção testicular de testosterona é regulada pela liberação do hormônio
luteinizante (LH) pela glândula pituitária. O LH atua estimulando a produção de hormônios
esteróides nas células de Leydig, promovendo o aumento do substrato necessário para que a
testosterona seja produzida e dessa forma faça o controle do fluxo sanguíneo no testículo
(GEBARA et al., 2002).
O hormônio do crescimento (GnRH) hipotalâmico é secretado episodicamente,
controlando a secreção de hormônio luteinizante, e a testosterona, por sua vez, exerce
retroalimentação (feedback) negativa, inibindo a secreção de GnRH, ou seja, quando o nível
de testosterona está muito alto a secreção de GnRH é diminuída, se o nível de testosterona
está muito baixa a secreção GnRH é aumentada (GEBARA et al., 2002).
É essencial manter baixas concentrações de testosterona no sangue e altas nos testículos,
devido ao papel auxiliar da testosterona na espermatogênese. A presença de níveis mais
elevados de testosterona nos testículos favorece o processo de formação de
espermatozoides.Isso ocorre porque a testosterona possui uma relação de feedback negativo
com o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), que
desempenham um papel crucial na espermatogênese. Quando os níveis de testosterona
aumentam no sangue, ocorre uma detecção desse aumento, o que leva a uma diminuição na
concentração de FSH e LH, prejudicando assim a espermatogênese (SENGER, 2005).

6. INFLUÊNCIA DA TESTOSTERONA NA DIFERENCIAÇÃO SEXUAL


No feto masculino, a testosterona é secretada pelas células de Leydig a partir da oitava
semana de gestação. Através da ação local dessa secreção, os ductos de Wolff, que no início
da formação do embrião é uma estrutura de drenagem de urina e que foi gerada pelos rins
mesonéfricos, se diferenciam em epidídimo, ducto deferente e vesícula seminal. Os ductos de
Müller, que na ausência do hormônio anti-mülleriano (HAM) dão origem ao trato reprodutor
feminino, sofrem atrofia sob ação do HAM, secretado pelas células de Sertoli (SENGER,
2005).
7. RELAÇÃO DA TESTOSTERONA COM O FREEMARTINISMO
O Freemartinismo ocorre quando há uma gestação gemelar de um macho e uma
fêmea, em que a fêmea recém nascida é estéril, mas o macho é fértil. Nos bovinos, as
membranas extra embrionárias de cada conceptor se fundem para formar um córion, que
compartilham os mesmos cotilédones, que permite um suprimento sanguíneo comum entre os
conceptos. Nos bovinos, o desenvolvimento dos testículos ocorre antes do desenvolvimento
dos ovários (SENGER, 2005).
Os testículos passam a produzir o hormônio antimulleriano, que inibe o
desenvolvimento dos ductos paramesonéfricos (muller) e, por isso, o concepto feminino é
exposto ao hormônio anti-mulleriano, resultando em um desenvolvimento incompleto dos
ductos paramesonéfricos. Além da formação incompleta da porção tubular do trato
reprodutivo feminino, os ovários param de crescer e são incapazes de secretar estradiol, e
frequentemente passam a secretar uma quantidade importante de testosterona. Com isso, a
secreção de testosterona modula o sistema nervoso central para que a fêmea tenha
comportamentos masculinos (SENGER, 2005).

8. CONCLUSÃO
Diante disso, podemos dizer que as células de Leydig possuem grande importância na
fisiologia endócrina reprodutiva devido à produção da testosterona que regula o
funcionamento sexual normal, incluindo a libido e espermatogênese, atuando junto com FSH
e LH, sendo os testículos, os órgãos primordiais para o funcionamento do sistema reprodutor.
Devido a essa importância, estudos continuam sendo realizados acerca dessa célula, e
como citado anteriormente, o experimento com os ratos foi de grande valia pois mostraram
diferenças tanto morfológicas quanto fisiológicas, regulação e produção hormonal entre as
células de Leydig fetais e adultas.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CARVALHO, Fabíola de Araújo. Morfologia e morfometria testicular de

camundongos adultos submetidos a exposição crônica ao arsenato. 2009.

Dissertação (Pós-Graduação em Biologia Celular e Estrutural) - Universidade Federal

de Viçosa, [S. l.], 2009.

2. CHEN, Haolin et al. Stem Leydig Cells: From Fetal to Aged Animals. National
Institutes of Health, 2010; 90(4): 272–283. https: //doi:10.1002/bdrc.20192.
3. DOMENICE, Sorahia et al. Aspectos Moleculares da Determinação e Diferenciação
Sexual. Bras Endocrinol Metab 2002; v. 46, n. 4, p. 433-443.
4. MELLO, Fabíola Peixoto DA SILVA. Endocrinologia da reprodução do macho.

2004. Seminário (Pós-Graduação em Ciências Veterinárias) - Universidade Federal do

Rio Grande do Sul, [S. l.], 2004.

5. SENGER, P.L. Pathways to pregnancy and parturition. Second Revised Edition.

ed. Washington: Current Conceptions, Inc, 2005.

6. SHIMA, Y. Development of fetal and adult Leydig cells. Reprod Med Biol.

2019;18:323–330. https ://doi.org/10.1002/rmb2.12287.

7. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. Efeitos Cardiovasculares da

Testosterona. Rio de Janeiro: Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2002, v. 79, n. 6,

p. 644-9.

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