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~IVOS NÃO SÃO, DE MANEIRA ALGUMA, CEMITÉRIOS DE DOCUMENTOS
,lHOS E ESQUECIDOS. A QUALIDADE ESSENCIAL DOS ARQUIVOS

J~ 1SJ iJ 3 j j J SJ!J
1M QUE REGISTRAM NÃO SOMENTE AS REALIZAÇÕES, MAS TAMBÉM
OS PROCESSOS PELOS QUAIS FORAM EFETUADOS."

651.5
S322m-P
6.ed. '-•....
FGV
ISBN - 85-225-0374-5

Título do original em inglês: Modem al'chiues: principies and techniques


(Chicago, USA, The University of Chicago Press)
Copyright © 1956 T. R. Schel1enberg
.J
Direitos para a edição em língua portuguesa cedidos pelo Arquivo N a- APRESENTAÇAO DA EDIÇAo ORIGINAL
cional à Fundação Getulio Vargas. A reprodução não autorizada desta 9
PREL\CIO DO AUTOR
publicação, no todo ou em parte, constitui violação do copyright (Lei
nº 9.610/98). 11
APRESENT.\Ç.\O DA I'RIMEIKA EDIÇAo BRASILEIRA
EDITORA FGV
15
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22250-900 - Rio de Janeiro, RJ - Brasil NoT.\ DA TR.\IlI:TOR.\
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web site: www.editora.fgv.br da 8ibliotecc~ :omia C.\I'ÍTl'LO 1- h!PORT.\NCL-\ DOS ARQUI\'OS
Impresso no Brasil / Pl'inted in Brazil e COmuni~y~o 25
Arquivos nacionais
1" edição - 1973 N° CHAMADA 2;)
2" tiragem - 1974 Razões para a instituição de arquivos públicos
]0
2" edição - 2002
CAPíTULO 2 - NATUREZA DOS ARQUIVOS
3" edição - 2004 35
4" edição - 2004 Definições
5' edição - 2005 3.'5
Elementos das definições
6" edição - 2006 37
Definição de arquivos modernos
40
EDITORAÇAo ELETRÓNICA: Cálamo
CAPÍTULO 3 ~ PAKALELO ENTRE BIBLIOTECAE ARQUIVO
REVISAo: Fatima Caroni e Sandra Pássaro 43
Diferenças no acervo
CAPA: Visiva Comunicação e Design
Diferenças nos métodos 4:3
47

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca CAPíTULO 4 -INTERESSES DO ARQUIVO DE CUSTÓDIANA ADMINISTRAÇAo
Mario Henrique Simonsen/FGV DOS ARQUIVOS CORRENTES
53
Interesse quanto aos métodos de guarda
Schellenberg, T. R. (Theodore R.), 1903-1970 54
Interesse quanto ao descarte
Arquivos modernos: princípios e técnicas / T. R. 56
Schellenberg; tradução de Nilza Teixeira Soares. _ 6. ed. _
Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.
388p.
63
Tradução
niques. de: Modern archives: principIes and tech- CAPíTULO 5 - PONTOS ESSENCIAIS DA ADMINISTRAÇAo DE ARQUIVOS
CORRENTES
Inclui bibliografia e índice. 65
Natureza dos documentos modernos
1. Arquivos e arquivamento (Documentos). 1. Fun- 65
Natureza das atividades
dação Getulio Vargas. lI. Título. 67
Natureza da organização
70
Valores informativos
CAPÍTULO 6 - CONTROLE DA PRODUÇÃO DE DOCUMENTOS Conclusões
Simplificação das funções
CAPÍTULO 13 - PRESERVAÇÃO DE DOCUMENTOS
Simplificação dos métodos de trabalho
Simplificação da rotina de documentação Equipamento de armazenagem
Equipamento de restauração
CAPÍTULO 7- PKINCÍPIOS DE CLASSIFICAÇj\.O
Alternativas para a restauração
Elementos da classificação
Práticas de classificação CAPÍTULO 14 - PRINCÍPIOS DE ARRAN.I0 DE ARQUIVOS

Princípios ele classíficação Evolução dos princípios de arranjo na Europa


Evolução elos principios de arranjo na América
C\PÍTULO 8- SISTDL-\S DE KEGISTRO
97 Conclusões
Evolução dos sistemas
99
Características dos sistemas
108
Tipos de coleções
CAPÍTULO 9 - SISTEMAS AMERICANOS DE ARQUIVAMENTO
113 Componentes das coleções
Origem dos sistemas
114 Arranjo elas coleções
Evolução dos sistemas modernos
117 Arranjo dos componentes elas coleções
Tipos moelernos de sistemas de arquivamento
120 Sistemas de notação
CAPíTULO 10 - DESTINAÇj\.O DOS DOCUl\IENTOS
131 CAPÍTULO 16 - DESCRlçAo DE ARQUIVOS PÚBLICOS
Tipos de descrição
132 Instrumentos de busca europeus
Instrumentos ele destinação
134 Instrumentos de busca americanos
Operações de eles ti nação
143
CAPÍTULO 17 - DESCRIÇÃO DE PAPÉIS OU ARQUIVOS PRIVADOS

Caráter do programa de descrição


PARTE III - ADMINISTRAÇi\.O DE ARQUIVOS DE CUSTÓDIA
Unidades e elementos de descrição
CAPÍTULO 11 - PONTOS ESSENCIAIS DA ADMINISTRAÇÃO Descrição dos grupos
DE ARQUIVOS DE CUSTÓDIA
Descrição das séries
155
Natureza elos arquivos modernos Descrição das unidades documentárias
155
Natureza elas atividades Descrição dos assuntos
159
Natureza ela autoridade Descrição do to elo
162
Natureza da organização
170 CAPÍTULO 18 - PROGRAMA DE PUBLICAÇÕES

CAPÍTULO 12 - AVALIAÇÃO DOS DOCUMENTOS PÚBLICOS MODERNOS


179 Responsabilidade pelas publicações
Valores elos documentos
180 Formas de publicação
Valores probatórios
182
CAPÍTULO 19 - SERVIÇO DE REFERÊNCIA
345
Política de acesso aos documentos
Política de uso dos documentos 346
353
Apresentação da edição original

OS RESPO~SAVEIS PELO planejamento e execução de novos programas de orga-


nização de arquivos em países novos como a Austrália, por exemplo, têm-se
ressentido da falta de trabalhos autorizados que se ocupem dos problemas
peculiares aos documentos modernos, bem como de problemas agravados
por tais documentos. A alta qualidade e autoridade dos trabalhos ingleses, e
europeus de um modo geral, dedicados principalmente a documentos anti-
gos têm tolhido o estudo e a experiência necessários ao controle de docu-
mentos modernos de países mais novos. Apesar disso, há indícios de que
alguns países mais novos estão de fato invadindo esse novo terreno. A obra
do dI'. Schellenberg é, por conseguinte, bem-vinda e muito oportuna. Sem
descurar dos aspectos tradicionais da administração de arquivos, dedica es-
pecial atenção aos novos problemas com que se deparam os arquivistas.
Justifica-se plenamente que este livro tenha surgido nos Estados Uni-
dos, onde já foram encontradas muitas soluções para tais problemas, espe-
cialmente no Arquivo Nacional, cuja liderança tem sido um traço marcante
na evolução da teoria e prática da arquivística. Justifica-se, igualmente, que
esta obra seja conseqüência direta de uma visita riatrocinada pelo programa
Fullbright, cujo objetivo é o intercâmbio de conhecimentos entre os Estados
Unidos e outros países. Desejaríamos, pois, que a utilidade e influência des-
te livro se estendessem não só aos países que têm sistemas arquivísticos já
definidos, mas, também, àqueles cujo rápido desenvolvimento político e so-
cial esteja a exigir novas idéias e técnicas em todos os setores da administra-
ção e na organização de sua vida intelectual, em geral. Os Estados recém-
criados preservaram os documentos oficiais, no passado, com o intuito de
fortalecer o crescente sentimento de nacionalismo, assim como o fizeram as
nações já firmadas para documentar acontecimentos de relevo. Na Austrá-
lia, por exemplo, o governo federal criou, em 1942, um sistema de arquivos,
movido pela consciência do sacrifício daquela nação na IIGuerra Mundial,
bem como do perigo que aquela crise internacional representava para os
próprios documentos. É de se esperar que as sucessivas crises provocadas
pela descoberta da energia atômica exerçam efeito semelhante quanto à pre-
servação dos arquivos no futuro, a menos que percamos inteiramente a fé
em nossa civilização. Em verdade, um dos sérios problemas q11eo arquivista
enfrenta nas suas relações com a administração e com o público, em geral, é
justamente essa incerteza. De fato, a atitude do governo e do público em
relação à preservação dos arquivos é um índice de nossa fé no futuro. A in-
fluência da obra do dr. Schellenberg deve ser a mais ampla em virtude da
atenção por ele dispensada aos atuais problemas da teoria e da prática FUI, E~,I1954, à Austrália, na qualidade de conferencista Fullbright. Cum-
arquivística. Oriundos, com freqüência, do crescimento universal da orga- prindo programa que me fora preparado, coube-me tratar de vários aspec-
nização econômica e social que demanda novos controles por parte dos go- tos do problema da administração de documentos públicos. Dados os as-
vernos, e do desenvolvimento nos meios de comunicação de idéias, refletem suntos específicos sobre os quais deveria discorrer tive de ordenar meus
uma relação nova e mais aproximada entre o trabalho de arquivo e o que se pontos de vista sobre os mesmos, preparando notas ligeiras e em alguns ca-
passa no mundo. Os arquivos não são, de maneira alguma, cemitérios de sos redigir, antecipadamente, informes completos. Posteriormente, a fim de
documentos velhos e esquecidos. A qualidade essencial dos arquivos está ordenar minhas idéias mais sistematicamente do que me fora possível du-
em que registram não só as realizações, mas também os processos pelos quais rante aquela visita apressada, comecei a escrever este livro.
foram efetuadas. Por conseguinte, como a organização de nosso sistema de O primeiro capítulo, apresentando argumentos em prol do arquivo como
vida atual, tanto no âmbito oficial como no particular, torna-se cada vez mais instituição, reúne as opiniões que emiti nos Rotary Clubs de Camberra,
complexa, os arquivos assumem maior importância, quer como precedente Hobart, Perth, Adelaide e Sidney, no Constitutional Club em Melbourne e
para o administrador, quer como registro para o pesquisador e historiador. no Institute of International Affairs, em Brisbane. O terceiro capítulo é a
Além disso, os encarregados de empresas importantes, tanto oficiais como versão modificada de uma palestra dirigi da aos bibliotecários da Tasmânia
particulares, estão reconhecendo a eficácia e economia que resultam da boa sobre "Problemas da administração de arquivos por bibliotecários". O quin-
administração de documentos de uso corrente, e da íntima relação existente to capítulo, da mesma forma, contém trechos das conferências proferidas
entre esta e a administração de arquivos permanentes. Assim, este livro deve no Royal Institute of Public Administration de Adelaide, Melbourne, Sidney
igualmente interessar ao funcionário público e ao administrador de empre-
e Brisbane. Minha dissertação sobre o problema do acesso dos estudiosos
sa e transmitir-Ihes conhecimentos quanto às práticas arquivísticas.
aos documentos oficiais, feita para os altos funcionários do governo federal,
Segundo o autor, este livro é, de certo modo, produto de seu trabalho na
em Camberra, vai reproduzida no último capítulo. Às principais partes do
Austrália. Os que, como nós, contribuíram de algum modo para que fosse
livro, contudo, surgiram dos debates dos seminários realizados em Camber-
escrito, desejamos testemunhar-lhe nossos agradecimentos por complemen-
ra, Melbourne e Sidney. Isso ressalta de um simples exame da matéria que
tar de maneira tão importante a grande influência que sua visita teve em
foi objeto de considerações nos seminários:
toda a nação, e por permitir que nos associássemos, ainda que indiretamen-
te, a essa grande contribuição p~ra o conhecimento mundial da arquivologia.
as relações existentes entre arquivos e outras formas de material do-
cumentário;
H. L. White
a evolução das práticas de registro e da administração de documentos;
Bibliotecário-arquivista da Austrália
o registro corrente e a administração de documentos;
Camberra,18-1-1956
padrões de seleção e o possível uso dos arquivos para fins de pesquisa;
técnicas de destinação dos documentos;
• evolução e aplicação dos princípios e técnicas de arranjo; São de minha inteira responsabilidade todas as afirmações contidas neste
instrumentos de busca descritivos e de outros tipos; livro. Apesar de muitas das opiniões aqui expressas serem extraídas de pu-
• serviços de referência e de relações públicas. blicações oficiais por mim escritas, na qualidade de funcionário do governo
federal norte-americano, são aqui mencionadas como expressão de minha
Meu plano inicial era reproduzir as <apressad'ls' <, IIOt'lSd
, • as con f"erenclas e própria opinião e não como opinião oficial de qualquer órgão federal ao qual
das conclusões dos seminários na sua fornla 0"1'01'11'11 '1I'IleI' ' 1 eu esteja ou haja estado ligado. Não há, em absoluto, sanção oficial.
) .' , ,.,'. ' I b ',' a que mcomp eta.
I Olem, ao reexal1lma-las, quando do meu re"res'so b ,
\'e ,'f"
11Iquel que mUltas , O conhecimento dos princípios expostos por sir Hilary Jenkinson, fale-
aspectos
_.
do problema da administração de ':!ocun1el1tc'JS'
"
r)I'lbl'
t
, i
ICOSmoe ernos cido diretor (deputy keepel' ofthe I'ecol'ds) do Public Record Office por par-
nao :oram aprecIados, Afigurou-se-me que, para apresentar um trabalho te dos arquivistas australianos, possibilitou-me analisá-Ios claramente, cons-
razoavel que abrangesse e estudasse deviehmente os• 1)I,!'11e" :lpl0S I" )aSICOSe as
• ' • • • • <,
tituindo uma grande contribuição às opiniões por mim emitidas, Extrai
tecnrcas , de
, adrml1lstração
, de tais documentc')s ., 111111't " ', .', , ,
o LdIa d acrescentar, também informações fundamentais sobre a evolução dos arquivos e seus
Este h~ro~, aSSIm, ant,e~ uma ampliação do que uma reprodução de minhas
princípios das palestras e trabalhos de Adolf Brenneke, reunidos e editados
conferenCIas na Austraha,
por Wolfgang Leesch, que foram recentemente publicados sob o título
Os princípios , e as técnicas de arquivo têm
' evoluído eln todos o s palses .
Al'chivkullde (Leipzig, 1953). Tanto os arquivistas dos órgãos do governo
no que se refere a maneira pela qual os documentos oficiais são tratados
central, quanto os dos departamentos estaduais da Austrália foram muito
quando
• ,,'
em ,_
uso corrente na administração '.<Os métoeIos' 1lsacIos no governo
solícitos ao me explicar seus métodos de registro.
dmellcano , sao fundamentalmente diferentes cios da~ O Ut·10S palses,
. N os Es-
As conferências proferidas na Austrália estimularam-me a escrever este
tados Ul1ldos os documentos oficiais são tratados segundo diversos siste-
livro; premido por meus deveres administrativos cotidianos em Washing-
mas,novos, baseados no simples arquivamento. Em todos os outros países,
ton, D.C" não teria conseguido escrever sobre tão difícil assunto. Este livro,
pratIcamente,
d se obedece ao sistema de registro " Este 11'\'1'0e,
. pOIS,
'd e certo
portanto, deve sua origem aos que patrocinaram minha ida à Austrália: ao
mo o, um estudo de contrastes entre os princípios e as técnicas desenvolvi-
dos sr. H, L. White, bibliotecário da Comunidade Australiana, que muito fez pe-
. nos EUA em relaç'lo
." a 110vos.,'SISt emas d e arqUIvamento
' e os desenvolvi-
uos em outros parses em relação ao sistema de registro, las conferências, e ao dr. Wayne C, Grover, arquivista dos Estados Unidos
Espero que este livro ajude a outros, como me ajudou ao escrevê-Io a que patrocinou minha candidatura, e aos funcionários da United States
~olocar a a~quiv~stica sob uma perspectiva melhor e que os leve a compree~~ Educational Foundation na Austrália, e particularmente ao seu diretor,
er a relaçao eXIstente entre as práticas adotaclas na administração dos do- Geoffrey G. Rossiter, que cuidou da parte financeira. O sr. lan Maclean, ar-
cumentos
" ,. de uso" corr en t e e as a d ota d as num arquivo de custódia; entre os quivista-chefe, sugeriu os temas para as conferências e nos debates dos se-
pllncl.pl.aS e as tecnrcas da arquivística e da biblioteconomia' entre as dive _ minários ajudou a desenvolver meus pontos de vista sobre a natureza dos
sas atIvIdades de' ,r arquivos e a do sistema de registro. O dr. Robert H. Bahmer e o sr. Lewis J.
. um arqUlvo e entre os princípios e técnicas dos arquivos
europeus e amencanos, Darter, Jr., auxiliaram-me a desenvolver a parte relativa aos métodos segui-
Ao comparar os p'nncIplOs" ..
e as tecl1lcas adota dos nos Estados Unidos dos pelo governo dos Estados Unidos no preparo de tabelas de descarte de
com os d e outros paíse ' , documentos. Muito lhes devo também pela ajuda prestada na formulação
natureza N- . s, meu UI1lCOpropósito é mostrar a sua verdadeira
. ao creIO que os mét d ' . de meus conceitos sobre o importante problema da avaliação de documentos.
res do qlle os dtO os amencanos sejam forçosamente melho-
e ou ros paíse S- , Quando de meu regresso, o dr. Grover animou-me a completar o ma-
métodos dev - . s. ao apenas dIferentes. As diferenças dos
eraa ser entendIdas devid - nuscrito que eu começara no exterior. Ao escrever este livro contraí uma
para que haJ' o a razoes puramente profissionais:
a uma compreensão g , I d ., , dívida para com o dr. G. Philip Bauer que, pacientemente, leu todo o original
arquivística, el a as tecnIcas e pnncípios de
e sugeriu alterações muito valiosas em benefício de sua clareza e concisão.
Desejo encarecer a ajuda do sr. Lester W Smith f' f A •

" ,. . por con enr as re erenClas


blbhografIcas e da srta. Lucinda F. de Shong p d t'l i' ••
01' a I ogralar o ongmal e
rever as provas.

Apresentação da primeira edição brasileira


T. R. Schellenberg
Washington, D.C., 15-9-1955

QUANDO FUIDIRETOR do Arquivo Nacional (1958-64), lima das primeiras ini-


ciativas que tomei foi procurar trazer ao Brasil Theodore R. Schellenberg, o
mestre americano da arquivística. Não foi difícil buscar e conseguir o apoio
da divisão cultural da Embaixada Americana, e pOllCOdepois aqui tínha-
mos, por uma quinzena, o dI'. Schellenberg.
Lembro-me que, ao falar ao diretor da divisão cultural, ele procurou um
Who's who e, depois de encontrar a bibliografia do homem, disse-me logo:
, I
"E uma pessoa importante, é o maior arquivista americano". Eu não queria
menos, sabia quem ele era, e queria que ele viesse e me aconselhasse sobre
os problemas do Arquivo Nacional.
Schellenberg nasceu em 1903 em Harvey County, no Texas, de origem
alemã, e fez seus estudos superiores ná Universidade de Kansas e da
Pennsylvania, onde doutorou-se em história, em 1934. Foi, então, em 1934 e
1935, secretário executivo do comitê sobre material para pesquisa do Conse-
lho Americano de Sociedades Eruditas (American Council of Learned
Societies) e do Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais (Social Science
Research Council). E, depois, historiador-assistente do Serviço Nacional de
Parques. Nessa época escreveu um importante artigo histórico, citado por
autores reputados.
Quando o presidente Monroe recebeu as propostas de Canning relati-
vas a uma declaração conjunta anglo-americana contra a intervenção da Santa
Aliança na América Latina, então em luta pela independência, procurou ou-
vir as opiniões de seus dois antecessores, Jefferson e Madison. Entre 15 e 26
de novembro de 1823, o gabinete discutiu as opiniões dos dois estadistas,
apresentadas por Monroe. Pois bem, Schellenberg procurou provar as ori-
gens jeffersonianas da Declaração de Monroe (2 de dezembro de 1823). No
artigo "Jeffersonian origins of the Monroe Doctrine"l sustenta que não foi
como porque a transferência para Brasília e o desenvolvimento econômico
Adams, então secretário de Estado e sucessor de l\1onroe, a influência res-
exigiam cuidadosa atenção pelo problema da avaliação documental e da efi-
ponsável que levara o presidente à sua famosa declaração. Para ele, Adams
ciência e boa organização dos arquivos, instrumentos indispensáveis da boa
tinha certas idéias básicas sobre a América Latina, que eram irreconciliáveis
e eficiente organização administrativa.
com aquelas em que a doutrina das duas esferas (a européia e a americana) Ele nos ofereceu um relatório, "Problemas arquivísticos do governo bra-
se baseou.
sileiro".3 Porque havia a real ameaça de eliminação indiscriminada ou reco-
Diz Schellenberg, por exemplo, que ele não tinha fé no republicanismo lhimento desordenado, publicou o Arquivo Nacional o seu O preparo de lis-
cio povo latino-americano e não acreditava que houvesse qualquer comu- tas de documentos. 4 Publicou o Arquivo, ainda, A avaliação dos documentos
nhão real de interesses entre os Estados Unidos e a América Latina; e que públicos modernos5 e o Manual de arquivos,6 todos obras de real mereci-
conquanto tivesse falado, com aprovação, de um "sistema americano", o sis- mento e que muita influência tiveram e continuarão a ter na formação do
tema que tinha em mente era de caráter exclusivamente nacional, e limitado arquivista brasileiro.
estritamente aos interesses diretos dos Estados Unidos. Schellenberg organizou em Washington, em 1961, a Primeira Reunião
Schellenberg não estava, no entanto, buscando diminuir Adams mera- Interamericana de Arquivos, que teve a participação de 42 arquivistas e his-
mente para exaltar Monroe, e o principal argumento de seu artigo é mostrar toriadores de 18 países e de 29 arquivos. Ela teve um grande êxito, que con-
que pela doutrina das duas esferas e pela própria fraseologia, Monroe devia sagrou sua obra de insigne arquivista, como escreveu seu amigo e colega do
a Jefferson, e este ao seu amigo Abade de Pradt, publicista francês." Arquivo Nacional dos Estados Unidos George S. Ullibari, no necrológio pu-
Como se vê, Schellenberg iniciou muito bem sua carreira de historiador blicado na Revista de História da América.7
num estudo bem lançado, bem fundamentado e que teve repercussão n~ Theodore R. Schellenberg faleceu em 14 de janeiro de 1970 e agora sua
m~io erudito. Mas ele preferiu abandonar a história pelos arquivos, a pes- obra Modern (l/'chives: principies and techniques8 é traduzi da pela compe-
qlllsa pela administração arquivistica. E nesta se tornou um mestre sem tente e dedicada documentarista, arquivista e bibliotecária da Câmara dos
dúvida o maior que a América teve e um dos maiores de todos os tem~os e Deputados, Nilza Teixeira Soares, que acompanhou com interesse a partici-
lugares. pação de Schellenberg nos problemas do Arquivo Nacional, na sua visita ao
Sua carreira no Arquivo Nacional dos Estados Unidos se inicia em 1935 Brasil. Com seus conhecimentos especializa dos, ela fez uma tradução m~re-
e chega a arquivista-assistente (subdiretor do Arquivo) entre 1957 e 1963. cedora do renome do afamado arquivista.
Teve grande atividade como conferencista e consultor de programas de re- Merece também o aplauso de todos a obra discreta, positiva e duradou-
forma entre 1954 - quando foi à Austrália - e 1960, quando visitou o Brasil, ra que Raul Lima promove à frente do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro,
a convite do Arquivo Nacional. a cúpula do sistema arquivístico nacional.
. Sche.llenberg era alto, rosado, olhos azuis, falava pouco, parecia
mtrovertldo, era sério, competente e rapidamente conhecia os problemas
que enfrentava. Sua visita e sua lição autorizada chegaram-nos na hora exa-
ta - , ,
, nao so porque tentavamos empreender uma larga reforma da instituição, 3 Arquivo Nacional, 1960. Trad. Lêda Boechat Rodrigues. rnirneog.
4 Rio de Janeiro, 1960. Trad. Lêda Boechat Rodrigues.
5 Rio de Janeiro, 1959. Trad. Lêda Boechat Rodrigues.
6 Rio de Janeiro, 1959. Trad. Manoel A. Wanderley.
~His~allicAmerican Historical Review, 14:1-31, 1934.
Whltaker, Arthur P Os E t d U'd . , 7 Revista de História da América (69):133-7, 1970. Nela Ullibari levantou a biblio-
1800-1830. Trad D I' . ,s a os III os e a l~ldependencia da AmériCCl Làtina, grafia de Schellenberg sobre arquivos.
. e amo Baurngratz. Belo Honzonte, 1966. p. 319, 324-5 e 334.
H Chicago University Press, 1956, e Melbourne, Austrália, 1956.
Apresentação da nova edição
de Arquivos modernos

NESTEMOMENTO EMque O progresso científico e tecnológico alcançado pela


humanidade vem introduzindo incessantes e significativas modificações no
quotidiano do homem, principalmente invadindo o universo daqueles que
têm a informação como matéria-prima de seu desempenho profissional _
arquivistas, bibliotecários, documentalistas, analistas de sistemas etc. -, a
Fundação Getulio Vargas, em boa hora, dispõe-se a lançar nova edição de
Arquivos modernos: princípios e técnicas, do renomado historiador e ar-
quivista T. R. Schellenberg, traduzido por Nilza Teixeira Soares e editado
pela própria FGV em 1973.
Este trabalho de Schellenberg, cujo original foi editado pela primeira
vez em 1955, mantém-se atualizado até nossos dias em razão do tratamentó
integrado que o autor dispensou à problemática arquivista. O livro discorre
sobre conceitos e técnicas arquivísticas, ressaltando a importância dos ar-
quivos correntes na organização dos acerv~s permanen~es.
Schellenberg preocupa-se ainda com questões referentes ao controle e
ao planejamento da produção documental e dedica o capítulo 12 à avaliação
de documentos, temas da maior atualidade não apenas no setor público, mas
também no privado.
Em resumo, Arquivos modernos ainda é uma obra de referência e de
leitura obrigatória para todos aqueles que desenvolvem atividades de gestão
de documentos, em qualquer suporte, inclusive documentos informáticos,
ou para aqueles que se dedicam ao estudo da arquivologia.

Marilena Leite Paes


Rio de Janeiro, abril de 2002
Nota da tradutora

o TRAlnLHO DO dI'. Schellenberg aqui apresentado é da maior importância e


atualidade. Seu mérito maior está no tratamento integrado que dispensa à
problemática da arquivistica. Teve por objetivo final os arquivos de custódia
ou históricos, mas se ocupou igualmente da fase preliminar, ou seja, dos
arquivos correntes, ativos ou de movimento que se constituem dia a dia nas

repartições.
Os arquivos permanentes se formam de corpos de arquivos recolhidos
dos arquivos correntes. O trabalho destes repercute naqueles. Torna-se im-
portante a atuação do arquivista na fase de administração corrente dos do-
cumentos. O problema recua até ao próprio controle e planejamento da pro-
dução de papéis nas repartições e passa pelas várias fases de determinação
dos valores dos documentos, eliminação ou recolhimento definitivo ou tem-
porário, descrição e uso.
Da tradução em língua portuguesa constam dois capitulos adicionais
que não integram a edição original. Esses capitulos versam 30bre o arranjo e
descrição de papéis e arquivos privados e foram inseridos após os capítulos
14 e 15 do original, por determinação do autor.
O capítulo 12 sobre avaliação dos documentos da edição original foi subs-
tituído por artigo do autor, divulgado no National Archives Bulletin.
Longos anos decorreram sem que eu desse por acabada a tradução des-
ta obra que me fora inicialmente encomendada por editora particular. Es-
crúpulo excessivo impedia-me de considerar definitivo o meu trabalho. As
dificuldades em captar o exato sentido do texto e os problemas decorrentes
da fixação da terminologia técnica foram se cristalizando com o decorrer do
tempo e foram sendo contornados com a preciosa colaboração de especialis-
tas no assunto, inclusive o próprio autor quando de sua visita ao Brasil, e
funcionários do Arquivo Nacional da Inglaterra, quando de minha perma-
nência em Londres como bolsista do Conselho Britânico, e de pessoas mi-
nhas amigas que não se furtaram a me prestar a ajuda e esclarecimentos
necessários. A todos os meus agradecimentos, e, em particular, a Maria de
Lourdes Costa e Souza, arquivista brasileira de renome, pela leitura comple-
ta que fez dos originais.

Nilza Teixeira Soares


Bibliotecária da Câmara dos Deputados

Introdução

Que sua eminência ordene em todas e em cada uma


das províncias que se reserve um prédio público no qual
o magistrado (defensor) guarde os documentos, escolhendo
alguém que os mantenha sob custódia, de forma que não sejam
adulterados e possam ser encontrados rapidamente por quem
os solicite; que entre eles haja arquivos e seja corrigido
tudo que foi negligenciado nas cidades.

Imperador Justiniano*
Importância dos arquivos

SE PERGU1\TASSEMOS A um homem comum da rua por que razão os governos


criam os arquivos, ele por certo nos interrogaria: - Que vem a ser arquivo?
Se lhe explicússemos, então, os objetivos de uma instituição dessa natureza,
provavelmente ele responderia, de pronto, tratar-se de mais um exemplo
das extravagâncias dos governos. Quanto ao material do arquivo, faria esta
pergunta final: - Por que não queimar essa papelada?
Visto ser esse conceito popular em relação ao arquivo encontrado em
todos os países é de se admirar que eles existam, instituídos com fundos
públicos. Deve, portanto, ter havido outras razões que não a solicitação po-
pular para a sua criação.

Os arquivos como instituição, provavelmente, tiveram origem na antiga


civilização grega. Nos séculos V e IV a.C. os atenienses guardavam seus do-
cumentos de valor no templo da mãe dos deuses, isto é, no Metroon, junto à
corte de justiça na praça pública em Aterias. No templo conservavam-se os
tratados, leis, minutas da assembléia popular e demais documentos oficiais.
Entre outros, havia o discurso que Sócrates escrevera em sua própria defesa,
manuscritos de peças de Ésquilo, Sófocles e Eurípides e as listas dos vence-
dores das olimpíadas. Esses documentos foram conservados e transmitidos
desde os tempos primitivos, até talvez o século III da era cristã, na forma de
rolos de papiro. Embora não sejam atualmente guardados em arquivos, a
sua preservação inicial ocorreu em tais instituições.
O desenvolvimento atingido pelos arquivos, durante o declínio das civi-
lizações antigas e na Idade Média, exerce alguma influência no caráter dos
arquivos que apareceram no início da Idade Moderna. Contudo, será sufi-
ciente, de acordo o objetivo deste livro, considerar os arquivos modernos, e,
entre esses, anesar do grande desenvolvimento alcançado na Alemanha, Itá-
lia, Espanha e outros países, tomaremos os da França, Inglaterra e Estados
Unidos como melhor servindo para ilustrar a importância dada à preserva- órgãos do governo central, em Paris, os quais mantinham, até então, seus
ção do patrimônio dos arquivos nacionais. próprios depósitos de arquivos sobre os documentos das províncias, comu-
nas, igrejas, hospitais, universidades e famílias nobres e sobre os arquivos
distritais nos quais foram colocados, durante a Revolução, os documentos
dos órgãos municipais extintos.

A importância básica dos arquivos para a sociedade organizada pode Aquele decreto estabeleceu também o direito de acesso aos documentos
ser mais bem aquilatada, observando-se a maneira pela qual foram eles tra- públicos, tornando-se assim uma espécie de "declaração dos direitos" da
tados quando da queda de um regime. Durante a Re\'()lução Francesa foram arquivística. A administração nacional dos arquivos foi ainda reforçada pela
destruídas as instituições que se haviam desenvolúdo gradativamente des- lei de 26 de outubro de 1796 que deu aos Archives Nationales jurisdição so-
bre os que foram criados nas principais cidades dos départements para cui-
de os tempos feudais. Atingidas as instituições do Estado, posteriormente
dar dos documentos antes mantidos nos depósitos distritais.
outras, como as religiosas e econômicas, foram igualmente exterminadas.
Durante toda a Revolução Francesa, os documentos foram considera-
Desapareceram os direitos de propriedade e os privilégios. TentoU-se apa-
gar qualquer vestígio do odiado antigo regime. dos básicos para a manutenção de uma antiga sociedade e para o estabeleci-
mento de uma nova. Os documentos da sociedade antiga foram preservados
Que aconteceu nesse período de revolução aos documentos da socieda-
principalmente e, talvez, sem essa intenção, para usos culturais. Os da nova
de? No fervor inicial da Revolução, em 1789, a Assembléia Nacional criou'
sociedade o foram para proteção de direitos públicos. O reconhecimento da
um arquivo no qual deveriam ser guardados e exibidos os seus atos. Um ano
importância dos documentos para a sociedade foi uma das grandes conquis-
depois, por decreto de 12 de setembro de 1790, esse arquivo tornou-se os
tas da Revolução Francesa. Este reconhecimento resultou em três impor-
Archives Nationales de Paris. Foi o primeiro arquivo nacional criado no
tantes realizações no campoarquivístivo:
mundo. Nele deveriam ser guardados os documentos da Nova França, docu-
mentos esses que traduziam suas conquistas e mostravam suas glórias.
1. Criação de uma administração nacional e independente dos arquivos.
O que se deveria fazer com os documentos do passado? Dever-se-iam
2. Proclamação do princípio de acesso do público aos arquivos.
conservar os ricos tesouros do antigo regime - os documentos do conselho
3. Reconhecimento da responsabilidade do Estado pela conservação dos do-
real no Tl'ésol' des C/zartes que datavam do século XII, ou os documentos da cumentos de valor, do passado.
CUl'ia Régis, a mais antiga unidade central de governo, com origens no sécu-
10 XIII? Os revolucionários mais radicais insistiram na sua destruição, pois
nele estavam consolidados os direitos e privilégios de um Estado; entretan-
to, os mais conservadores argumentaram que esses tesouros eram agora pro-
priedade pública e, logo, haviam de ser preservados. Desde que eram pro- Cerca de 50 anos mais tarde, em 14 de agosto de 1838, foi criado na
priedade pública, o povo poderia ter acesso aos mesmos, dando-se-Ihe Inglaterra um arquivo central, o Public Record Office. As razões para a cria-
op.ort~lI1idade de investigar os documentos oficiais para proteger os seus pró- ção deste arquivo foram totalmente diferentes das que levaram os revolu-
pnos mteresses que estavam envolvidos na liquidação dos direitos feudais e cionários franceses a criar os Archives Nationales. Não foi motivada pela
nas relações de propriedade. preservação da prova dos privilégios adquiridos, até muito pelo contrário,
Um decreto de 25 de junho de 1794 estabeleceu, em todo o território pois os direitos básicos e privilégios do povo inglês, que se foram estabele-
nacional, uma administração dos arquivos públicos. Por esse decreto os cendo gradativamente através dos séculos, estavam firmados em registros.
Archives Nationales passaram a terjurisdição sobre os documentos dos vários Do século XIII em diante os textos de documentos importantes, quer na for-
ma abreviada, quer na completa, foram lançados em rolos de pergaminho.
Esses lançamentos, aceitos como prova legal, tornaram desnecessária a re-
ferência aos originais. Como resultado desse inquérito foi nomeada em 1800 uma Comissão
dos Documentos (Record Comission), a primeira de seis comissões idênti-
As razões para a criação do Public Record Office britânico tanto foram
cas, entre 1800 e 1834. O trabalho do governo, entretanto, foi tão moroso
de ordem prática como de ordem cultural. As considerações práticas rela-
que a Câmara dos Comuns nomeou uma comissão para investigar o traba-
cionaram-se com as condições em que os documentos oficiais se encontra-
lho da última Comissão dos Documentos. Essa comissão, em 1836, relatou
vam. Ainda que o volume dos rolos na sua totalidade fosse considerável, não
que em certo depósito todos os documentos públicos "estavam extremamente
era isso motivo suficiente para obrigar o governo a criar um arquivo central
úmidos, alguns haviam aderido aos muros de pedra, numerosos fragmentos
para sua conservação. Os documentos subsidiários dos rolos eram uma ou-
de documentos escaparam de destruição total pelos insetos, e muitos se apre-
tra questão; foram negligenciados, pois careciam de valor como prova legal.
sentavam no mais adiantado grau ele deterioração. A deterioração e a umi-
O seu volume, porém, aumentou muito quando o antigo mecanismo da Chan-
dade tornaram uma grande parte deles tão frágil que dificilmente resisti-
celaria, da Fazenda e das cortes de Justiça deu lugar a uma nova administra-
ção mais complexa. riam ao toque; outros, particularmente aqueles em forma de rolos, estavam
tão colados que não podiam ser desenrolados".1l Esse inquérito levou à san-
No reinado de Carlos II, William Prynne, conservador de arquivos, ten-
ção a Lei dos Documentos Públicos (Public Record Act) de 1838.
tou restaurar a ordem dos documentos que "durante muitos anos permane-
O impulso cultural para a criação do Public Record Office partiu dos
~eram ,n~m verdadeiro caos, deteriorando-se sob teias de aranha, poeira e historiadores. Do século XVII em diante tentaram fazer com que o público
Imundlcle no canto mais escuro da Capela de César na White Towe'" C
' I. OlTI reconhecesse o valor dos documentos. Seus esforços, entretanto, encontra-
esse objetivo disse ele que empregou soldados e mulheres "para remover a ram, de imediato, pouca repercussão, quer pública, quer oficial. Em 1848,
imundície, limpando-os, mas que, estes, em pouco tempo, cansados desse uma comissão criada pela Câmara dos Comuns relata que "somente uma
tedioso trabalho, largavam-nos quase no mesmo estado em que os encon- pequena fração do público conhece a extensão e o valor e percebe a rara
travam".9 Um século depois, certos documentos do reinado de Carlos I não perfeição dos documentos históricos deste país. Nossos documentos públi-
podiam ser localizados, até que, sob a direção de um funcionário antigo, cos não despertam interesse no funcionalismo cujos atos registram, nem
alguns livros velhos foram desenterrados de Uma sala próxima ao portão de nos órgãos cujas atividades consignam e nem por eles se interessam os pro-
entrada do Whitehall.
prietários cujos direitos de propriedade assegur;lm fornecendo-Ihes os mais
Dado a um desastroso incêndio na Cotton Library temos um relatório autênticos, e talvez os únicos títulos".'2
de 1~32, s~bre o qual si,. Hilary Jenkinson diz: "poderia bem ter provocado O Public Record Office, de acordo com a lei que o criou, é um órgão
rec~lOs, nao.só em relação ao perigo do fogo em muitos dos repositórios nos independente, não está, como na França, subordinado a um ministério. Atém-
q~als se sabIa vagamente da existência de grande parte de documentos pú- se exclusivamente aos documentos do governo central e não cogita daqueles
blIcos, mas também diante da possibilidade de perdas por outros motivos de origem local ou dos particulares.
que não acidente".1O Em 1800 descobriram-se documentos em cerca de 50
d:pósitos diferentes, espalhados por toda a cidade de Londres. Essa situa-
çao determinou um inquérito oficial levado a efeito por uma comissão no-
meada para investigar a situaçao dos documentos oficiais. Cerca de 100 anos depois da criação do Public Record Office o governo
americano criou um arquivo nacional, por lei de 19 dejunho de 1934. Du-
99 TThh~om~p~so~n;,--;1-;:;9:4-::;2:-:::4;-;:O;-.------------- _
10 Great Britain, Public Record Office, 1949. parte 1,p. 9. 11Great Britain, Parliament, House of Commons, 1836. parte 1, p. xiv.
12 On the perilous state ..., 1949:4-5.
rante todo o século XIX repetidos esforços foram feitos para induzir o gover-
lução, os ministérios centrais pré-revolucionários da França acumulavam
no a melhor cuidar dos documentos públicos.IJ Já em 1810 uma comissão
depósitos de documentos por toda a Paris, ao mesmo tempo que no interior
do Congresso encontrou os papéis públicos "em grande desordem, expostos
a danos, numa situação nada segura e pouco honrosa para a nação". Incên- do país os arquivos dos distritos também transbordavam. Na Inglaterra, cinco
séculos de governo abarrotaram muitos depósitos espalhados em Londres.
dios em 1814, 1833, 1877 e ainda em outras datas destruíram documentos
Os arquivos da Fazenda, por exemplo, foram mudados diversas vezes, de
valiosos. O incêndio de 1877 provocou a nomeação de uma comissão presi-
um lugar para outro, "ocasionando perdas e confusões difíceis de avaliar",
dencial para investigar as condições em que se guardavam os documentos
segundo Jenkinson.l~ Nos Estados Unidos, durante um século e meio de
oficiais. Em face do relatório apresentado, o presidente Rutherford B. I-Iayes
existência do governo federal, os documentos oficiais encheram águas-fur-
recomendou, em suas mensagens de 1875 e 1878, a criação de um arquivo
nacional. Diz o presidente Hayes na primeira dessas mensagens: "Os docu- tadas, porões e outros desvãos.nos quais eram simplesmente jogados quan-
do não mais necessários ao trabalho corrente. Com o decorrer do tempo, um
mentos do governo constituem uma valiosa coleção para o país, seja quanto
ao valor pecuniário, seja quanto à importância histórica". Nas décadas que governo naturalmente acumula tantos documentos que se faz mister tomar
providências em relação aos mesmos. Quando tais documentos obliteram as
se seguiram àquela mensagem, o Congresso fez diversas tentativas para pro-
videnciar melhores condições de guarda para os documentos governamen- repartições e dificultam a execução dos trabalhos, ocupando espaço valioso,
tais. Visava à construção de "a cheap building ... as Cl hall of records ... " Ao servem como uma advertência diária de que alguma providência precisa ser
tomada.
mesmo tempo a Associação Histórica Americana, fundada em 1884, iniciou
A segunda razão foi de ordem cultural. Os arquivos públicos constituem
uma campanha pela criação de um arquivo nacional. Em 1899 foi instituída
um tipo de fonte de cultura entre muitos outros tipos como livros, manuscri-
uma Comissão dos Arquivos Públicos (Public Archives Commission), que
publicou, em 1900 e 1912, vários inventários de arquivos estaduais, patroci- tos e tesouros de museus. São uma fonte tão importante como os parques,
nou a publicação de guias dos arquivos federais e dos arquivos europeus monumentos ou edifícios. Desde que produzidos por um governo são fonte,
relacionados com a história americana, promovendo também reuniões anuais particularmente, desse governo. Em contraste com outros tipos de fontes
a partir de 1909. Essa associação, em debates com o presidente e com o Con- culturais que podem ser administradas por entidades particulares, os arqui-
gresso, em 1908, ressaltou a importância da criação de um arquivo "para vos só podem ser administrados pelo próprio governo. O cuidado com os
pesquisas da história americana". Em 1910 requereu ao Congresso a cons- valiosos documentos oficiais é, portanto, uma obrigação pública. Esse fato
trução de "um depósito nacional onde os documentos do governo possam foi reconhecido, em primeiro lugar, na França. Durante o período revolucio-
ser reunidos, convenientemente cuidados e preservados". O Congresso au- nário, como já foi dito, os documentos da Assembléia Nacional foram con-
torizou, em 1912, a elaboração dos planos de construção, mas só em 1933 se servados para estabelecer a nova ordem, mas os documentos do antigo regime,
iniciou a construção desse edifício. considerados propriedade pública, foram preservados, principalmente para
fins culturais. Esses documentos de valor cultural, ou seja, Chartes et
monwnents appartenant à l'histoire, ma sciences et ma arts foram coloca-
Razões para a instituição de arquivos públicos dos à parte para preservação nos Archives Nationales. Na Inglaterra e nos

Recapitulando: que motivos levaram a França, a Inglaterra e os Estados


Estados Unidos, coube aos historiadores a primazia de reconhecer a impor- 4
tância dos documentos públicos e foi em grande parte por influência deles
Unidos a criar seus arquivos? A primeira e, é claro, a mais importante, foi a
que se criaram os arquivos nacionais nesses dois países. Os historiadores
4
necessidade prática de incrementar a eficiência governamental. Até a Revo- I.


viram que tais documentos, na sua totalidade, refletem não apenas a expan-

~-------J
• J
são e o funcionamento de um governo, mas também o desenvolvimento de
crescimento. São a principal fonte de informação de todas as suas ativida-
um país. Nos Estados Unidos, onde os historiadores permaneceram na van-
des. Constituem os instrumentos administrativos básicos por meio dos quais
guarda do movimento pela criação de um arquivo nacional, as suas idéias
é executado o trabalho governamental. Contêm provas de obrigações finan-
foram habilmente expressas pelo falecido professor Charles M. Andrews
(1863-1943), eminente historiador americano, que disse: ceiras e legais que devem ser preservadas para protegê-Io. Englobam o gran-
de capital da experiência oficial de que o governo necessita para dar conti-
"Quanto mais se compreender que a verdadeira história de uma na- nuidade e consistência às suas ações, tomar determinações, tratar de
ção e de um povo baseia-se não em episódios e acontecimentos super-
problemas sociais e econômicos, bem como de problema.s de organização e
ficiais, mas nas características substanciais de sua organização cons-
titucional e social, mais valorizados e preservados serão os arquivos. métodos. Em suma, constitUem os alicerces sobre os quals se ergue a estru-
Nenhum povo pode ser considerado conhecedor de sua própria histó- tura de uma nação.
ria antes que seus documentos oficiais, uma vez reunidos, cuidados e
tornados acessíveis aos pesquisadores, tenham sido objeto de estudos
sistemáticos e antes que se determine a importância das informações
neles contidas ... Tem sido afirmado que 'o cuidado que uma nação
devota à preservação dos monumentos do seu passado pode servir
como uma verdadeira medida do grau de civilização que atingiu'. En-
tre tais monumentos, e desfrutando o primeiro lugar, em valor e im-
portância, estão os arquivos nacionais e locais."15

A terceira razão foi de interesse pessoal. Esta razão forçou, em parte, os


revolucionários franceses a criar os Archives Nationales. Objetivando a des-
truição de uma sociedade antiga e a criação de uma nova, tinham consciên-
cia da importância dos arquivos públicos para a determinação das várias
relações sociais, econômicas e políticas. Achavam que tais documentos eram
imprescindíveis à proteção de direitos feudais e.privilégios e criaram, então,
um órgão especial- Agence Temporaire des Titres - cuja atividade precípua
era segregar, para eliminação, todos os documentos alusivos a tais direitos e
privilégios (titres jéodaux). Também consideravam esses documentos fun-
damentais para determinar os direitos e privilégios então adquiridos, e as-
sim marchavam para preservar todos os papéis úteis que consubstanciassem
os direitos do Estado sobre as propriedades confiscadas. Os documentos ofi-
ciais, é óbvio, definem as relações do governo para com os governados. São a
derradeira prova de todos os direitos e privilégios civis permanentes e a pro-
va imediata de toda propriedade temporal e direitos de ordem financeira
que se originam ou se ligam às relações do cidadão para com o governo.
A quarta razão foi de ordem oficial. Os documentos, mesmo os mais
antigos, são necessários às atividades do governo. Refletem sua origem e
Natureza dos arquivos

HA UMA FORTE tendência, por parte dos que exercem uma nova Profissão, para
criar termos com significados altamente especializados. E, além disso, quando
se trata de disciplina que carece de substância científica ou erudita, surge
outra tendência, a de criar termos com significados não só especializados,
mas também tão obscuros que dão a falsa impressão de grande profundidade.
A arquivística, ainda que relativamente nova, não carece de substância
científica ou de erudição e, fugindo à regra, tentou evitar uma terminologia
especializada. Mas, pelo simples uso de termos comuns, os arquivistas mui-
tas vezes caem na obscuridade em sua literatura técnica. Pretendo, portan-
to, definir os termos usados neste livro à medida que ocorram.
Neste capítulo tratarei amplamente das definições dos termos "docu-
mentos" (records) e "arquivos"(archives), não por merecerem atenção es-
pecial, mas porque é essencial para o nosso estudo uma análise das princi-
pais características dos documentos e dos arquivos, ou seja, do material de
arquivo.

Definições

A palavra archives, de origem grega, é definida no Oxford English


Dictionary como: a) "lugar onde são guardados os documentos públicos e
outros documentos de importância; e b) "registro histórico ou documento
assim preservado". Essa definição é um pouco confusa, em virtude do seu
duplo sentido. Na linguagem corrente, e principalmente na literatura técni-
ca, deve-se distinguir entre a instituição e os materiais de que se ocupa. Essa
distinção só se poderá tornar clara pelo uso de termos diferentes para os
dois casos. Os alemães usam o termo Archivalien para designar os mate-
riais, mas o seu equivalente em inglês, archivalia, jamais logrou aceitação
geral. Para esclarecer essa distinção, a palavra "arquivo" (m'chival institution)
será empregada neste livro para designar a instituição, enquanto a expres-
sclo "material de arquivo" ou simplesmente arquivos (archives) sera usada
para indicar 0 material que e objeto cla instituic;ao. A definic;ao do citado a arquivista Italiano Eugenio Casanova (1867-1951), no seu manual in-
diciol1ilrio, ademais, nao deixa clara a natureza intrinseca do material de titulaclo Archivistica, publicado em Siena, em 1928, define arquivos como
arquivo, 0 que passaremos a ilnalisar agora. Para isso, sera de grande utili- "a acumulac;ao ordenada de documentos criados pOl' uma instituic;ao ou pes-
clade examinarmos as clefini<,:6es encontradas nos manuais tecnicos escritos soa no curso cle sua atividade e preservados para a consecuc;ao de seus obje-
DOl' arquivistas de vclrios paises. tivos politicos, legais e culturais, pela referida instituiyiio ou pessoa".18
. Do ponto de vista da contribui<;ao universal para a arquivistica 0 mais a arquivista alemao Adolf Brenneke (1875-1946), pOl' muitos anos dire-
importante manual escrito sobre administra<;iio de arquivos e, provavelmen- tor do Arquivo do Estado cIa Prllssia, cujas conferencias foram rcunicIas em
te, 0 de um trio de arquivistas holandeses, S. IVluller (1848-1922), J. A. Feith forma cle manual pOl' Wolfgang Leesch numa publicac;ao intitulada
(1858-1913) e R. rrllin (1857-]935). Esse manual, intitulado Handleiding Al'chivkullcIe, publicada em Leipzig, 1953, define arquivos "como 0 conjunto
lIoor her On/ellell ell Bcschrijven VClIlArchicven, foi publicado em 1898 sob cle papeis e documcntos que promanam de atividades legais ou de neg6cios
os auspicios cia Associac;iio Holandesa de Arquivistas. Uma traclw;ao em in- de uma pessoa fisica ou juridica e se clestinam cl conserva\,;}o permancnte
gles foi feita pOl' um arquivista americano, Arthur H. Leavitt, e publicada em cleterminado lugar como fonte c testemunlO I (I0 passa d0 "19
.

sob 0 titulo ]yJunuulfor the ar/'(1ngclllellt und description of archives, em


Nova York, em 1940. ,. Essa tracluyi\O clefine a palavra holanclesa urchiefcomo
Elementos das defini~oes
"0 conjunto de documentos escritos, clesenhos e material impresso, recebi-
dos ou produzidos oficialmente pOl' lJlll 6rgiio administrativo ou pOl' um de
Se analisarmos os elementos destacados nas dcfiniyc)es dos arquivistas
seus funcionclrios, na medida em que tais clocumentos se clestinavam a per-
dos cliversos paises, veremos que se relacionam tanto a fatores concretos
manecer sob a cust6dia clesse 6rgao ou funcionario". 1(,A palavra archief, que (tangible) como a fatores abstratos (intungible). as elementos relativos aos
Leavitt traduziu pOl' archivol collection, significa real mente clocumentos cle fatores concretos - a forma dos arquivos, a fonte de origem e 0 lugar de sua
uma determinada
(reg is try o!li'ce) .+'
enticlade que foram mantidos num servi(;o de registro conservac;ao - nao sao essenciais a caracteriza<;:ao do material de arquivo,
pois os arquivistas, em suas definic;6es, deixam claro que os arquivos podem
8ir Hilary Jenkinson, no seu manual Ingles intitulado 1\;Jal111alof archive tel' v{lrias formas, podem vir cle varias fontes e podem ser guard ados em
administration, edi<;ao de 1937 (1" edic;ao publicada em Oxford, 1922), defi- varios lugares. as elementos relativos a fatoresabstratos sao os elementos
niu arquivos como clocumentos " ... produzidos ou llsados no curso de urn ato
essenciais. Sou de opiniao que s6 existem dois elementos dessa natureza;
administrativo ou executivo (pllblico ou privaclo) de que san parte
contudo, consideraremos tambem um terceiro elemento que Jenkinson re-
constitupinte e, subseqiientemente, preservados sob a custodia da pessoa puta essencial.
ou pessoas responsaveis pOl' aquele ato e pOl' seus legitimos sucessores para
sua pr6pria informac;ao".17
a primeiro elcmento essencial refere-se a razao pela qual os materiais
foram produzidos e acurnulados. Para serem consideraclos arquivos, as clo-
cumentos devem tel' sido criados e acumulados na consecu<;:ao de algurn
objetivo. Numa reparti<;:ao do governo, esse objetivo e 0 cumprimento de sua
.* N. do T.: Traduzido para 0 portugues POl'Manoel Adolpho Wanderley e editado na
finaliclade oficiaL as arquivistas holandeses salientararn 0 fato de que as
serie Publicar,:6es Tecnicas, pelo Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, em 1960. 145p.
16 Muller & Fruin, 1940: 13. arquivos SaG "oficialmente recebidos ou produziclos", Jenkinson acentuou
*"* N. do T.: Equivale a protocolo geral. Vel' nota da tradutora no capitulo 8. que a produc;ao clos mesmos tem origem "no curso de um ato administrativo
17 Jenkinson, 1937:11.

18 Casanova, 1928:9.
19 Brenneke, 1953:97.

1'7
ou executivo"; e para Brenneke, resultam de "atividades legais ou de neg6- Um terceiro elemento, que, segundo Jenkinson, e essencial a caracteris-
cios". E, pois, importante a razao pela qual os documentos vieram a existir. tica dos arquivos, refere-se a custodia. Para este autar os documentos saG
5e foram produzidos no curso de uma atividade organizada, com uma deter- arquivos se "0 fato da cust6dia ininterrupta" puder ser estabelecido, ou, se
minada finalidade, se foram criados durante 0 processo de consecuc;ao de ao menos, se puder estabelecer uma "presunc;ao razoavel" do mesmo. Uma
um certo fim administrativo, legal, de negocio ou qualquer outro fim social "razo{lvel presunc;ao" desse fato, segundo aquele autor, e a differentia entre
SilOentio considerados como tendo qualidade de material de arquivo em um documento que e e um que nao e considerado material de arquivo".21 Ou,
potencial. como afirma no seu Manual of archive administration, "a caracterizac;ao
o segundo clos elementos essenciais refere-se aos valores pelos quais os clos arquivos (archive quality) depende da possibilidacle de provar a conti-
nuidade de uma linha imaculada de cust6dias responsaveis"."" A opiniao de
arquivos SilOpreservados. Para que OSdocumentos sejam arquivados devem
Jenkinson em relac;ao a cust6dia cliferc da opiniao dos arquivistas holande-
ser preservados pOI' razoes outras que nao apenas aquelas para as quais fo-
ses para os quais bastava que os documentos fossem criados no intuito de
ram criados on acumulados. Essas razoes tanto podem ser oficiais quanto
permanecerem no servi\o origin,lrio. [sto, na verdade, significa que aceita-
culturais. Em suas vilrias definic;oes de arquivos Jenkinson ressaltou a pre-
Yam, como possuindo todas as condic;6es para serem considerados material
servac;ao pOI' quem os haja criado "para sua propria informac;ao" ou "para
de arquivo, aqueles que houvessem pennanecido fora de cust6dia oficial. Ao
sua pr6pria referencia". E interessante observar-se que em seguida, quando
fonnular esse principio de cust6dia respons<lvel, Jenkinson provavelmente
analisa a maneira pela qual os documentos se tornam arquivos, Jenkinson,
pensava na possibiliclade de esta ser estabelecida na base dos antigos rolos
embora essencialmente interessado em arquivos do pass ado, formula ob-
da Chancelaria, da Fazenda e dos trihunais de Justic;a. Em se tratando de
servac;6es posteriormente enunciadas pOl' arquivistas que se ocupam de do-
documentos produzidos sob modernas condic;6es de governo, a prova da "li-
cumentos modernos, ao declarar que os documentos se tornam arquivo quan-
nha imaculada de custodias rcspons{lveis", ou da "cust6dia ininterrupta" nao
do, "terminado 0 seu usa corrente, sejam definitivamente separados para
pode ser tomada como um teste de caracterizac;ao dos arquivos. Os docu-
preservac;ao uma vez julgada conveniente a sua guarda".20 E 6bvio que os
mentos modernos existem em grande volume, sao de origem complexa e sua
arquivos modern os SaG guardados para serem us ados pOl' outros que nao
criac;ao e, muitas vezes, casual. A maneiril pela CJualSaG produziclos toma
aqueles que os criaram, e devem ser tomadas decis6es conscientes quanta infrutifera qualquer tentativa de controlar os documentos de per si, ou, em
ao valor dos mesmos para tal uso. Casanova ressaltou a preservac;ao dos ar- outras palavras, de seguir "linhas imaculadas" de "custodia intacta". Isto e
quivos para atenderem a fins politicos, legais ou culturais. 0 arquivista ale- uma verdade, nao importa 0 sistema de arquivamento usado. POI' conse-
mao afinnou que os arquivos saD preservados "como fonte e testemunho do guinte, se forem oferecidos documentos modemos a um arqllivo, serao acei-
passado", portanto, e claro, para fins de pesquisa. Esta e tambem a opiniao tos comO arquivos, desde que satisfac;am os outros quesitos essenciais, na
dos arquivistas americanos. Devemos admitir que a razao primordial para a "suposic;ao razoavel" de que sejam real mente documentos do orgao que os
preservac;ao da maiaria dos documentos e alcanc;ar 0 objetivo para 0 qual oferece.
foram criados e acumulados. Em se tratando de um governo, este fim, como o arquivista moderno, e logico, interessa-se pela qualidacle dos docu-
sabemos, e realizac;ao de sua atribuic;ao. Documentos conservados somente mentos que recebe de um 6rgao clo govemo. Aspira a tel' a "integridade dos
em func;ao dessa finalidade na~ sao necessariamente arquivos. Para que 0 clocumentos" preservados. POI' isso, entende-se que os documentos de um
sejam faz-s8 mister uma outra razao - a de ordem cultural. Sao preservados cleterminaclo 6rgao: a) devem ser conservados num todo como documentos
pan. uso de outros alem de sellS proprios criadores.
21 Great Britain, Public Record Office, 1949. parte 1, p. 2.
22 Jenkinson, 1937:11.
desse orgao; b) devem ser guardados, tanto quanta possivel, sob a arranjo "Todos os livros, papeis, mapas, fotografias au oU5ra~ ~species docu-
que Ihes foi dado pelo orgao no curso de suas atividades oficiais; e c) devem men to"anas, I'ndependentemente de sua apresenta<;ao . f!slca'bl'au caracte-.
.' t'
liS Icas, expedidos ou recebidos par qualquer entJdade
f pu - Ica d au pn-
ser guard ados na sua totalidade, sem mutila<;ao, modifica<;iio au destrui<;iio
vada no exercicio de seus encargos legais au em un5ao as suas
nao autorizada de uma parte deles. 0 valor de prova do materi:J do arquivo
atividades e preservados au depositados para preserva<;ao par aquela
para a arquivista moderno baseia-se na maneira pel a qual foram as docu- entidade au par seus legitimos sucessores c.?tnO prova de ~u~s fun-
mentos mantidos na reparti<;ao do governo, de como passaram a custodia <;oes, sua politica, decisoes, l11etodos, opera<;oes ou outra~ atl\::dades,
do arquivo e nao no sistema pelo qual eram controlados, de per si, na repar- ou em virtude do valor inforl11ativo dos dados neles contldos.
tir;ao.
Pode-se observar que esta e a defini('ao, ligeiral11ente 1110dificada, que
aparece na I~el. de. Destin'wlo
. , " dos. DOCUillentos (Records Disposal Act) ell' 7
de julho de 1943 (44 U.S. Coele, 366-80). ,
. Outrossim, e preciso lel11brar que 0 terl1lo "entidade" aplica-se tambem
Os arquivistas de diversos paises, eomo 'limos, definiram 0 termo "ar- a organiza<;oes como igrejas, firmas comerciais, associa<;oes, ligas e ate mes-
quivos" ell' maneira diferente. Cada qual definiu-o segundo 0 modo como se mo a familias.
aplica aos materiais eOIll que lidam. Assim, as holandeses denominaram o termo "arquivos" pocle agora ser elefinielo como:
arquivos a contelldo de um archie); au servi<;o de registro, e elaboraram re-
gras para a seu arranjo e deseri<;ao codificados em um manual. 0 arquivista "Os documentos de qualquer instituir;ao Pllblica ou p~'ivada que ha-
jam sido considerados de valor, n?erecendo preser.va\a~ pe~~n:anente
ingles .Jenkinson da mesma maneira definiu arquivos como correspondendo
para fins ell' referencia e de pesqUlsa e que hajam :ll~Odeposltdelos ~u
aos antigos documentos Pllblicos dos quais essencialmente se ocupou e ela- selecionados para deposito, num arquivo de custodia permanente.
borou principios para a seu tratamento aplic{lveis particularmente aqueles
documentos. Portanto, e claro, nao ha uma defini<;ao do tenno "arquivos" As caracteristicas essenciais dos arquivos relacionam-se, pais, com ~s
que possa ser considerada final, que deva ser aceita sem modifica<;oes e que razoes pelas quais as documentos vieram a existir e com as razoes pelas quais
seja preferivel cis demais. A defini<;ao po de ser modificada em cada pais de foram preservados.
acordo com suas necessidades peculiares. De'll' fornecer uma base sobre a Aceitamos, agora, que, para serem arquivos, as documentos deve.m ~er
qual 0 arquivista possa lidar de fato, eficazmente, com a material produzido sido produzidos ou acumulados na consecu<;ao de um deten~inado obJetlvo
pelo governo a que serve. Nao de'll' ser aceita uma defini<;ao que nao e possuir valor para fins outros que nao aqueles para os ~ua.ls foram produ~
corresponda a realidade. Uma defini<;ao que tenha surgido da observa<;ao de zidos au acumulados. Arquivos pllblicos tem, entao, dms tipOS de valores.
material da Idade Media nao pod era atender as necessidades dos arquivis- val ores primarios, para a reparti<;ao de origem, e valo:es s~cu~darios, para
tas que trabalham principal mente com documentos modernos. A reciproca as outras reparti<;oes e para pessoas estranhas ao sen'1<;o publico.
desse fato tambem e verdadeira.
o arquivista moderno, penso eu, precisa de fato dar nova defini<;ao ao
termo "arquivos" de maneira mais adequada as suas proprias exigencias. 0
elemento sele<;ao de'll' estar implicito na sua defini<;ao de arquivos, pois 0
maior problema do arquivista atual consiste em selecionar, da massa de do-
cumentos oficiais criados por institui<;oes publicas au privadas de todos as
generos, as arquivos que se destinam a preserva<;ao permanente. Minha de-
fini<;ao de documentos (records) e a seguinte:
Paralelo entre biblioteca e arquivo

NESTE CAPiTULO DESEJO tratar das rela<;6es existentes entre as profiss6es de


biblioted\rio e de arquivista. Proponho-me a fazer isso assinalando as dife-
renyas que h[\ no material com que lidam esses dois profissionais e as dife-
ren<;as de metodos de tratamento. Meu objetivo nada tem de capcioso. Nes-
se intento de real<;ar essas diferen<;as viso tao-somente a escJarecer 0 carMer
essencial da profissao de arquivista.

As diferen<;as observadas entre as materiais de biblioteca e de arquivo


referem-se: a) ao modo pelo qual se originam; e b) ao modo pelo qual entra-
ram para as respectivas cust6dias.
Examinemos rapidamente a primeira dessas diferen<;as. No capitulo pre-
cedente destaquei como uma das caracteristicas essenciais dos arquivos te-
rem sido produzidos ou acumulados em conexao direta com as atividades
funcionais de um 6rgao do governo ou de qualquer outra entidade; e grande
parte do seu valor depende da rela<;ao orgfll1ica que mantem, quer entre si,
quer com 0 proprio orgao. Os valores culturais sao acidentais. 0 material de
uma biblioteca, pOl' outro lado, visa, em primeiro lugar, a fins culturais. E
pOl' essa razao consistem, geralmente, em peyas avulsas, cujo valor inteira-
mente independe da rela<;ao que mantem entre si. A diferen<;a entre 0 mate-
rial de biblioteca e 0 de arquivo independe de sua forma fisica. 0 material
impresso, normalmente, fica na esfera dos bibliotecarios, mas sob determi-
nadas circunstfll1cias pode tel' ou adquirir um carateI' arquivistico. Esse e 0

caso, pOl' exemplo, de jornais recebidos pOl' uma administra<;ao em conse-


qiiencia de uma atividade oficial, ou de impressos, folhetos ou circulares
quando anexados aos documentos oficiais. E tambem 0 caso dos proprios
documentos oficiais quando aparecem em forma impressa.
Os materiais audiovisuais e cartogrMicos apresentam quase a mesmo ganizada - como par exemplo os de uma igreja, ~e uma f~rma, o.ume~m~ de
interesse tanto para as bibliotec{lrios quanta para as arquivistas. As pelicu- um individuo - poderao ser considerados arqUlvos. Dill a deslgna<;ao ar-
las cinematograficas, par exemplo, quando produzidas au recebidas par uma . 1"
qUlvOSre IglOSOs" , "arquI'vos economicos" '."arquivos privados". Alem disso,
administra<;ao no cumpril11ento de fun<;oes especificas, podem ser conside- quando os manuscritos historicos constituirem parte ,mtegrante ~a docu-
radas arquivos. Este e a cas a de filmes feitos para registrar atualidades, tais
menta<;ao de uma atividade organizada, podem tambem ser conslderados
como filmes de cenas de combate durante a guerra, au para influenciar a
arquivos, como e a caso de cartas de amor que constituem prava em causas
opiniao Pllblica, ou ainda para treinar 0 pessoal civil au militar. As copias
de divbrcio.
desses filmes equivalem ~l duplicatas ell' li\TOSe s~logeralmente postas a dis-
Tratemos agora do modo pelo qual as materiais entram para a custodia
posii,:ao, antes pebs bibliotecas do que peJos arquivos, para fins educativos e
do arquivo e da biblioteca. Os arquivos SaDorgaos recept~r:s, a~ ~asso qu.e
recreativos. Verifica-se 0 c(Jntr~'tri(Jcom reb<;ao a negativo e fill11espositivos
as bibliotecas sao colecionadores. Um arquivo, seja institUl<;ao oflcla~ au ~n-
que san usados sobretudo para a produi,'au de (Jutras hlmes.
vada, e criado com a objetivo de preservar as expedientes da .orgamzac;ao.a
Nao se pode estalwlecer a diferel1i,'a entre a cole<;ao ell' l11anuscritos das
que serve. VI'a de I'egl"l '1l'quivo nao conta com grande capaCldade de aqUl-
<, 0 <
bibliotecas e os arquivos, considerando-se-Ihes a forma, a autoria ou a valor.
si<;aode material pOl' compra ou pOl' doa<;ao. Normalmente, em ap:nas uma
Podem tel' vinelo ell' fontes identicas de institui<;ilo au de um particular, e
podem possuir identico valor de pesquisa. Esse valor foi destacaelo pOl'
fonte, que e 0 governo, a institui<;ao ou a pessoa a que serve. 0 arqlllvo de um

Phyllies Mander Jones, bibliotec{lrio da Mitchell Library. em Sidney, qUilI1- pais deve receber apenas materiais produzidos pelo ~overno a q~e serve,
do escreve que, ao contdlrio do que se veri fica com arquivos, "nos papeis nao os produzidos pOl' outras paises. Um arquivo destmado a ser~ll' apen~s
privados 0 estudioso entra em contato mais intimo com () assunto de seu a urn ministerio deve receber somente materiais daquele determmado ml-
interesse, talvez pOl'que esses papeis mais provavelmente ref1etel11os senti- nisterio. 0 destinado a servir a administra<;ao de um certo nivel nao recebe-
mentos e preconceitos naturais do homem, e pOl'que esses mesmos papeis e ra senao os materiais produzidos naquele nivel de administra<;ao. Assil11,
as documentos de ernpresas privadas e semiprivadas podem oferecer uma um arquivo federal nao devera aceitar documentos de govern os estaduais,
fonte mais rica de dados de v{lrios matizes". ":l Pode-se fazel', no entanto, uma nem urn arquivo estadual aceitar{l os do governo federal. . .
distin<;ao baseada no modo pelo qual os manuscritos vieram a existir. Os Um arquivo, note-se, nao coleciona material. Esse ponto fOJesclareCldo
documentos ditos arquivos, de acordo com a historiador americano Charles par Hilary Jenkinson, que escreveu:
M. Andrews, "diferem elos l11anuscritos historicos 1'01' nao constituirel11 uma
massa de papeis e pergal11inhos reunidos ao acaso e ordenados tendo em "Os arquivos nao sao colecionados. Quem dera que a palav:a colec;ao
fosse banida do vocabulario do arquivista, ao menos para fmnar este
vista apenas a importancia do assunto e a cranologia dos"mesl11os"."4 En-
fato, Sua existencia nao e devida, ou pelo menos nao 0 deve se~, ~o
quanta as arquivos aparecem como resultado de uma ativielade funcional fato de alguem os haver reunido com a ideia de que pudes~em ser utels
regular, as manuscritos historicos, ao contrario, sao, em geral, a produto de aos estudiosos do futuro ou para pravar uma questao ou Ilustrar uma
uma expressao espontanea do pensamento au sentimento. Sao, assil11, cria- ~eoria, Agrupam-se e atingem a fase do seu ar~'anj.o pOl' um pro~esso
dos ao acaso e nao sistel11aticamente. natural: SaGurn produto, quase, como se podena dlzer, urn orgamsmo
Toda vez que os documentos escritos, embora classificados como ma- como uma arvore ou urn animal. Tern, pOl' conseguinte, uma estrut~-
nuscritos historicos, forem criados em conseqiiencia de uma atividade or- ra, uma articulac;ao e uma inter-relac;ao natural das partes que sa.o
essenciais ao seu valor. Um documento avulso de um fundo de arqUl-
vo nao teria, pOl' si so, maior expressao do que teria urn .tinico ossa
23 Jones, 1952:79.

" Andrews, 1913: 262.


separado do esqueleto de urn animal extinto e desconhecldo. A qua-
lidade propria do ma~erial de arquivo so se conserva integral mente nistrayao, pois tais pec;:asSaGparte constituinte de um corpo de documentos
enquanto a forma e a II1ter-relayao natural forem mantidas".25
correlatos. Cada um desses dois tip os de instituiyao tem trabalho suficiente
as b~bliotecarios, pOl' outro lado, nao recebem seu material de determi- no seu proprio campo sem precisar invadir 0 do outro, pois a feitura de mui-
l~a~a entldade. Podem obte-Io de qualquer parte do mundo. Na hipotese de tos documentos assim como a "feitura de muitos livros" - como diz a Biblia
lU11Itarem suas aquisiyoes a material sobre determinado as t - "nao tem fim" (Ec. 12, 12).
. ". " ( sun 0, como pOl'
exemplo, agl'lcultura, pode ser adquirido de qualquer fonte em que seja
encontrado .
. As bibl.iotec~ls, muitas vezes, tem arquivos sob sua custodia. De fato,
mUltas ll1stItUlyOeSde arquivos originanm-se 11'IS...I· .',- ...I •
Ao discutir as diferenc;:as entre os metodos empregados, abordarei pri-
• • ( ( ul\'lsoes ue manuscntos
(c

de blbllOtecas. A Biblioteca do Conuresso pOl' exemj)lo re 11' . meiro as tecnicas que se aplicam a materiais especiais que tanto podem ser
. b " • , co 11aos arqUlvos
do governo federal antes da criayao do Arquivo Nacional e se bem mantidos pOl' bibliotecas como pOl' arquivos. Esses materiais, convem lem-
t 'b)' -. " . que a
JI loteca n~1Osep a precursora do Arquivo Nacional, 0 chefe de sua Divisao brar, tem em comum a caracteristica de consistirem em pec;:asindividuais,
de Manuscntos, 0 falecido dr. J. Franklin Jameson, foi um combativo bata- separadas umas cbs outras, cada qual com significado proprio, independen-
Ihaclor pel a criac;:ao de uma arquivo nacional 2(, Nos Est'ldos U . 1 . temente de sua relac;:ao para com as demais. E, desde que consistem em pe-
. . . ( l1lCos mUltos
arqUlvo~ estaduais originaram-se das seyoes de manuscritos de bibliotecas c;:asavulsas, podem-se seguir os metodos bibliotecon6micos no seu arranjo e
estaduals. S~ u.m estaclo nao dispoe de verb as para manter um arquivo sepa- nil sua descric;:ao, pois tais tecnicas, de modo geral, se aplicam a pec;as avul-
rado, a adnlllllstrac;:ao de seus arquivos pode ser' cOlnbl'll d' d sas. Esses materiais especiais podem, e logico, ser reunidos em colec;:oescomo
. . a a com a e sua
blbllOteca. ~entro de uma biblioteca, a administrac;:ao c10sarquivos tambem de manuscritos, de filmes, ou ainda de fotografias. as manuscritos, pOl'exem-
p.o~leser felta em comum com a de seus papeis privados e manuscritos his- pl0, podem ser reunidos em coleyoes relativas a pessoas, familias, institui-
t~nc:os. Pode-se adotar esse criterio desde que a diferenc;:a entre os varios yoes ou organizayoes. Conquanto tais coleyoes possam ser consideradas se-
tll~O~de l:lateriais, a metodologia aplicada aos mesmos e as exigencias ad- melhantes em carateI' a um corpo de arquivo (archival groups), falta-lhes a
1~lI1lstratlvas de lIm program a de arquivo sejam perfeitamente compreen- coesao propria dos arquivos, que deriva da corr8spondencia destes com uma
dldas.
atividade ou fim. as metodos de arranjo e de descriyao de tais colec;:6essao
Embor~ '.ISbibliotecas hajam, mU.itas vezes, recolhido arquivos Pllbli- de certa modo semelhantes aqueles empregados para os corp os de arquivos.
cos, .essa pratlca deve ser lamentada. E logico que as bibliotecas prestaram as bibliotecarios e arquivistas, portanto, podem igualmente contribuir na
s~rvIC;:os~e gr.ancl.eu.ti~idade.a cultura, pela preservayao de arquivos, quando elabora<;ao de um metodo destin ado ao tratamento desse material.
11<10
eXlstJam lllstltUlc;:oes proprias para cuidar desse material. Mas lima vez Pretendo, agora, ocupar-me das tecnicas que se aplicam a materiais a
que 0 goven:o crie uma biblioteca e um arquivo, essas organizac;:oe~ nao de~ serem conservados, exclusivamente, ou pOl' arquivistas ou pOl' bibliotedl-
vem competlr entre si na aquisic;:ao dos documentos plIblicos. A biblioteca rios para mostrar as diferenyas fundamentais entre elas. No caso do arqui-
neste caso nao deve de .. I 11 '
, maneu a a guma I'ec:o leI' documentos oficiais. Nem vista do governo temos a documentayao escrita, textos produzidos pel a ad-
deve guardar pec;:asque hajam sido alienadas indevidamente de uma admi- ministrayao a que serve. No caso do bibliotec<lrio temos publicayoes de varios
tipos. A primeira das diferenyas de tecnica diz respeito a avaliayao e a sele-
"' Je~n~k~il~ls~o~n;-;-1~9~4;8~'4;-:;A:-::-;I~'
~--:-~l-~'- -:.-~------------- c;:ao.Ao apreciar 0 valor dos documentos expedidos pOl' um orgao oficial ou
de 0utubl'o d'e 1 " u a tn~ugUl'a m1l11strada na Univel'sidacle de Lonclres em 14
H, Shelley, 1949~47, POl'ocaSldO cia abel'tul'a do Curso de Administrac;:ao de Arquivo. privado, 0 arquivista nao 0 faz tomando pOl' base partes do material. Nao
examina e conclui quanta ao valor de uma simples peya avulsa como uma
carta, um relat'orio ou qualquer Olltro documento. Faz 0 julgamento da peya
em relaGao as outras, isto e, em relaGao ,,1 inteira documentaGao resultante
rios. Todos resultaram desastrosos, pois, uma vez que as peGas foram retira-
da atividade que a produziu. Normalmente, portanto, seleciona as documen-
das do seu contexto inicial, destruiu-se muito do seu valor de prova. Surgiu
tos para preservaGao no agregado de peGas, nao como peGa (mica, e selecio-
entao 0 principio da proveniencia, pelo qual os clocumentos SaGagrupados
na-os mais em relaGao ,,1 funGao e a organizaGao do que ao ass unto. Seu es-
pelas suas origens. 0 arquivista deve estabelecer uma classificaGao ditada
forGo visa a preservar a prova de como os orgaos funcionaram. No cas a de
pelas circunstancias originais de criaGao. 0 lugar de cada unidade de arqui-
orgao oficial visa a manter os documentos que possam ret1etir sua origem, 0
vo, geralmente, um grupo ou uma serie, so pode ser decidido em relaGao as
desenvolvimento clesua organizaGao, programas politicos e normas adotadas
outras unidades produzidas pOl' um determinado orgao. 0 tipo de arranjo
e a titulo de exemplo, os detalhes de suas ope1'a<;oes. Compete-lhe, nao
requer, como se tern observado, um conhecimento da organizaGao e funcio-
obstante, preservar alguns clocumentos pOl' sell conte(llio informativo, os
namento - conhecimento este adquirido atraves de muito trabalho, quase
quais poclem ser muito llteis para estudos de natureza socioccon()mica. SellS
sempre apos longas pesquisas da historia administrativa clo orgao.
julgamentos sao finais e i1'revogflveis. Os documentos, uma vez destruidos,
Os bibliotecflrios, no arranjo de seu material, que consiste em peGas avul-
nao podem ser recllperados, pois, comumente, existem em uma (mica via.
sas, podem empregar qualquer sistema de classificaGao. 0 principal objetivo
Ao emitir julgamentos quanto ao valor, entretanto, 0 arql1ivista deve esta1'
de urn sistema e reunir materiais identicos, mas 0 valor de determinada peGa
bem seguro, na sua analise, da organizaGao e fl1ncionamento 00 o1'ganismo
nao estan! necessariamente perdido se nao for classificado em determinado
com 0 qual trata e tel' amplo conhecimento das provflveis necessidades e
lugar. Todos os assuntos importantes aos quais esta unidade se refere po-
interesses de pesql1isa.
dem, comumente, aparecer no catalogo, at raves de entradas de assunto. 0
o bibliotedlrio, ao contr'lrio, avalia a material a ser aclquirido por sua
bibliotecario deve conhecer perfeitamente 0 esquema que usa, bem como 0
instituiGao como peGas isoladas. Seu julgamento implica conhecimentos de
conteudo e 0 significado das peGas que classifica.
biblioteconomia, cia bibliografia cia assunto em questao e, no casu das bi-
A terceira diferenGa existente nos metodos clo arquivista e do bibliote-
bliotecas cientificas, das necessidades imediatas e clo desenvolvimento da
cario refere-se a descriGao. 0 termo "catalogaGao", que e usado pOl' ambos,
pesquisa. Mas as suas decisoes nao sao irrevogaveis, pois, exceto no caso de
mais uma vez, tern significados inteiramente diversos. A catalogaGao na bi-
obras raras das quais so exista um (mica exemplar, um livro, em geml, pode
blioteca (refiro-me aqui ao que os bibliotecarios chamam de catalogaGao
ser adquirido em fontes diversas. Se um livro naa existe em uma biblioteca,
"descritiva", distinta da catalogaGao de "assunto") comumente diz respeito a
provavelmente sera encontrado em autra. Os julgamentos, portanto, enval-
peGas indivisiveis, em gerallivros, que sao identificaveis pelo autor e titulo.
vem apenas questoes de conveniencia e nao de preservaGao ou perda total.
Ha, e verdade, 0 casu de publicaGoes seriadas como periodicas, jornais, anua-
A segunda diferenGa nos metodos do bibliotecario e do arquivista refe-
rios e relatorios de sociedades que apresentam problemas especiais, mas
re-se ao arranjo. Conquanto 0 termo "classificaGao" seja usado pOl' ambos, 0
que sao, de fato, tratados como simples unidades para fins de catalogaGao.
seu significado e inteiramente diverso. Aplicado a material de arquivos sig-
De modo geral, a catalogaGao descritiva das bibliotecas refere-se a pec;as in-
nifica arranjo clesse material dentro de um arquivo de acordo com a sua pro-
dividuais e separadas.
veniencia e em relaGao a organizaGao e funGoes da entidade criadora. Quan-
No arquivo, pOl' outro lado, os materiais sao catalogados, quando 0 sao,
clo aplicado a material de biblioteca, significa 0 agrupamento de divers as
pOl' unidades constituindo agregados de pec;as, tais como grupos ou series.
peGas segundo um sistema logico predeterminado e a atribuiGao de simbo-
los que mostram sua posiGao relativa nas estantes.
o grupo ou serie equivale ao livro. Na identificac;ao desse material, 0 arqui-
vista deve primeir~decidir quanta as unidades adequadas para serem trata-
Os arquivistas nao podem arranjar seus documentos de acordo com es-
das. No casu de aplicar 0 conceito de auto ria a tais unidades, teria que iden-
quemas predeterminados de classificaGao de assunto. Na Europa, tentou-se
tificar 0 autor em termos de um ministerio do governo - sua maior divisao
o emprego de esquemas diversos e nenhum apresentou resultados satisfato-
organizacional- e em seguida a subdivisao menor ou especifica que produ-
ziu a unidade de arquivo. A identificac;ao de autoria nao e tao faci! como para origem de urn grupo de documentos com 0 qual esteja trabalhando. Deveria
a maior parte do material publicado, mas pode ser estabelecida, como frisei, tel', como parte do seu equipamento de trabalho, uma biblioteca especializa-
atraves de longas pesquisas da historia administrativa. Se quisermos aplicar da contendo as principais especies de document os oficiais publicados e res-
o conceito de titulo a uma unidade de arquivo, teremos de faze-Io em termos pectivos trabalhos sobre a hist6ria administrativa, e 'linda as obras de maior
de: a) titulo composto, extraido da an,llise dos tipos de documentos nela importancia a respeito de administrac;ao de arquivos e documentos. Do mes-
compreendidos e das datas de sua produc;ao; ou b) assuntos (atividades ou mo modo, muitas vezes 0 pesquisador tanto tera que usar material de arqui-
topicos) aos quais se referem os documentos da unidade. vo como de biblioteca nas suas investigac;6es, pois as fontes impressas e os
Da analise anterior pode-se ver que as diferenc;as b{\sicas entre os meto- arquivos freqiientemente se completam. Deve, pois, tel' pronto acesso a uma
dos do arquivista e do bibliotecario devem-se a propria natureza dos mate- biblioteca especializada provida das principais publicac;6es que provavelmen-
riais com que lidam estes do is tecnicos. Ao bibliotecario concernem, de modo te usara em conexao com os arquivos, como sejam: obras b{lsicas de hist6ria
geral, unidades avulsas e indivisiveis, cad a uma tendo 0 seu valor proprio; e biografia relacionadas com 0 desenvolvimento do pais e sua administra-
ao arquivista, unidades que sao agregadas ou unidades menores cujo valor c;ao, trabalhos juridicos, documentarios e bibliograficos.
deriva, ao menos em parte, de sua relac;ao Ulnas com as outras. Conquanto No desenvolvimento de seus metodos, os arquivistas e os bibliotecarios
as duas profiss6es us em, algumas vezes, a mesma terminologia para desig- podem tambem ajudar-se mutuamente. Como indiquei acima, no que diz
nar alguns dos seus metodos, estes, de fato, diferem pela base. E mesmo a respeito a descric;ao fisica de certos tipos de materiais especializados, as duas
terminologia esta se tornando diferente. Assim e que ao material recebido profiss6es podem, livremente, empregar as tecnicas uma da outra e adapta-
pelo biblioteca.rio da-se 0 nome de aquisic;6es, subentendendo-se compras, las as necessidades inerentes de cada uma. As tecnicas biblioteconomicas de
doac;6es ou permutas, e ao recebido pelo arquivista chama-se recolhimentos catalogac;ao e indexac;ao, pOl' exemplo, podem ser aplicadas, com pequenas
ou acess6es (accesions), pOl' transferencia ou pOl' deposito. 0 bibliotecario alterac;6es, a tipos especiais de material de arquivo que consistem em pec;as
seleciona 0 seu material, enquanto 0 arquivista 0 avalia. 0 bibliotecario clas- avulsas, tais como mapas, plantas, filmes, diapositivos e discos. Podem tam-
sifica 0 seu material de acordo com esquemas de classificaC;ao predetermi- hem ser aplicadas a pe<;as individuais em forma de textos, tais como docu-
nados, ao passo que 0 arquivista arranja 0 seu em relac;ao a estrutura organica mentos, unidades de arquivamento, dossies e volumes. Em pequenos arqui-
e funciona!. 0 bibliotecario cataloga 0 seu material, ao passo que 0 arquivis- vos essas tecnicas sao muitas vezes usadas para' fornecer informac;6es sobre
ta descreve 0 seu em guias, inventarios e listas especiais. documentos, em forma de textos, relativos a pessoas ou lugares, enquanto
Acentuar as diferenc;as basicas entre as duas profiss6es nao e, natural- em gran des arquivos sao usadas, ate certo ponto, na elaborac;ao de listas dos
mente, ignorar os setores em que ha contribuic;6es reciprocas. Em relac;ao documentos individuais, para atender a solicitac;oes especificas de pesquisa.
aos acervos, os bibliotecarios e os arquivistas compartilham 0 objetivo co- o tipo de pesquisa que 0 bibliotecario faz para determinar a forma de entra-
mum de torna-los acessiveis 0 mais eficaz e economicamente possive!. Para da de publica<;oes de instituic;6es ou entidades corporativas tem alguma se-
esse fim ambos devem saber, ao menos em termos gerais, que tipo de infor- melhanc;a com a pesquisa que 0 arquivista realiza quanta a hist6ria adminis-
mac;ao 0 outro esta habilitado a prest'll' ao consulente. 0 arquivista deve trativa. E 0 trabalho dos bibliotecarios na elaborac;ao e uniformizac;ao dos
saber que classes de informac;ao podem ser obtidas da grande riqueza dos cabec;alhos de assuntos pode, muitas vezes, ser Util ao arquivista no preparo
trabalhos de referencia publicados, assim como 0 bibliotecario deve com- dos instrumentos ou meios de busca (finding aids) a serem organizados pOl'
preender que tipos de informac;ao poderao ser encontrados nos arquivos nao assunto ou na selec;ao de termos empregados no preparo de indices de as-
publicados. Alem disso, os materiais que sao tratados pelas duas profiss6es, sunto de um instrumento de busca tal como guia, inventario ou lista especial.
muitas vezes, devem ser usados em conjunto. 0 proprio arquivista tera mui- Quanto a formac;ao profissional 0 arquivista e 0 bibliotecario podem tam-
tas vezes que usaI' os recursos da biblioteca para descobrir a proveniencia ou bem trabalhar em conjunto. Considerando, entretanto, que a pratica biblio-

~
r~
teconomica focaliza 0 tratamento de pec;as individuais, isto constitui um
perigo para a profissao do arquiv.ista, perigo que s.e ~grav~ quando os ar.q~i-
vos e manuscritas saa colocados Juntos sob a admmlstrac;ao de um arqulvls- Interesses do arquivo de custodia na
ta com formac;ao de bibliotecario. Tal formac;ao pode, embora n300necessa- administra~ao dos arquivos correntes
riamente, leva-lo a preocupar-se com as pec;as individuais no trabalho de
arquivo. 0 principia biblioteconomico de colecionar tais pec;as e, particular-
mente, perigoso se for praticado na avaliac;ao de documentos oficiais, pais,
neste caso, enquanto 0 arquivista se ocupa da separac;ao das pec;as individu- As OBSERVAl;UES ULTER10RES que apresentarei sobre as principios e tecnicas da
ais, poden! deixar escapar a documentac;ao basica de uma atividade. 0 mal profissao de arquivista serao feitas com referencia principalmente a dacu-
dai resultante anula qualquer vantagem que possa advir das facilidacles de mentos p{lblicos e em relac;ao a dois problemas principais que lhes dizem
que dispoe para a preservac;3oo de documentos. As tecnicas bibliotcconomi- respeito: a) como devem ser tratados nas repartic;oes on de se originam; e
cas de classificaC;3ootambem, quando aplicadas aos arquivos, tern, invaria- b) como devem ser tratados no arquiva de custodia permanente. Dedicarei
velmente, ocasionado resultados indesejaveis, e nao deveriam ser usadas varios capitulos a cacla uma dessas questoes.
pel0 arquivista. Os arquivos e os manuscritos hist6ricos, em particular, se Explicarei, inicialmente, as razoes que me levaram a tratar do problema
guardados sob a cust6dia de um mesmo arquivo, devem ser sempre conser- de administrac;ao de documentos de uso corrente neste livro devotado a ana-
vadas separados. A intercalac;3.o de manuscritos hist6ricos e arquivos e um lise das principios e tecnicas da arquivistica. Os documentos das repartic;6es
erro imperdmlvel do arquivista. Quando, entretanto, os bibliotecarios reco- (public records) saa as provisoes do moinho do arquivista. A qualidade des-
nhecem as diferenc;as b{lsicas na metodologia das duas profissoes, podem, sa provisao e determinada pel a maneira como os documentos sao produzi-
com vantagens, incluir cursos sabre as principios e tecnicas de arquivos como das e mantidos durante 0 seu uso corrente, e como sac descartados. A docu-
parte do curricula de suas escolas. Assim senda, a arquivista deveria passuir mentac;3oosabre qualquer assunto - quer se trate de politica ou planejamento
um conhecimento geral dos principios das sistemas de classificaC;3oo,quanta governamental, de problemas sociais au econ6micos, objetos daquela poli-
mais naa seja pelo fato de que alguns desses principios podem ser aplicados tica au planejamento - sera mais adequada ou menos adequada, depen-
(embora geralmente n3000 sejam) na administrac;iio de documentos corren- dendo da maneira pela qual as documentos sao produzidos e mantidos para
tes. uso corrente e do destino que se lhes da depois de terminado aquele uso. As
apreciac;oes do arquivista quanta ao valor, e logico, dependem da maior au
men or preservac;ao dos documentos sabre determinado assunto; entretan-
to,o modo pelo qual as document os sac mantidos para uso corrente deter-
mina a exatid300 com que podem ser fixados os valores da dacumenta<;ao
recalhida. Esse cuidado inicial det€nnina, tamhem, a grau de facilidade com
que os documentos de valor podem ser selecionados para retenc;ao num ar-
quivo permanente. 0 uso dos documentos para fins de pesquisas depende,
igualmente, da maneira pel a qual foram originariamente ordenados.
Os metodos de administra9ao de arquivos permanentes, alem disso, de-
senvolvem-se, na sua maio ria, em fUI1l;aodos utilizados na administrac;ao
dos arquivos correntes. Talvez seja suficiente lembrar, neste ponto, que to-
dos as problemas do arquivista, de arranjo, descric;ao, avaliac;ao e utilizac;ao,
mo, is to e, a pessoa que se ocupa dos documentos dentro de urn orgao do
decorrem da maneira pela qual tais documentos SaD tratados nas reparti-
governo.*
c;6es publicas. Todos os principios e praticas desenvolvidos pelos arquivis-
tas de varios paises referem-se, especificamente, <1SconJic;6es em que rece-
o arquivista se interessa pelas pr:iticas adotadas na manutenc;ao dos
documentos correntes, primeiro pot'que ele devera aceitar 0 arranjo dos do-
bem os documentos publicos. Como estas variam de pais para pais, variam
tambem os principios e prMicas dos arquivistas. A literatura de um determi- cumentos dado pelos orgaos que os hajam criado. Esse arranjo pode nao
nado pais sobre tais principios e tecnicas e freqiientemente ininteligivel para satisfaze-Io, pois, na gUal'da dos documentos para usa corrente, 0 encarre-
os arquivistas dos outros paises, a menos que sejam perfeitamente com pre- gado visa, sobretudo, fazer com que sirvam as necessidades correntes do
endidas as condic;oes sob as quais os documentos pllblicos sao mantidos na governo. Todas as tecnicas e metodos que emprega visam a atender este ob-
fase corrente. Praticamente todas as formulac;oes de principios relativos ao jetivo. Ao arranjar os documentos ele os classifica tendo em vista a maneira
arranjo de arquivos, pOl' exemp]o, c!esenvo]vidas pelos arquivistas, basea- peb qual serao usados pela sua repartic;ao. Essa classificaC;ao podera, em
ram-se nos metodos particulares pel os quais os documentos eram ordena- alguns casas, nao representar nem a estrutura do orgao, nem 0 seu funcio-
dos nos seus respectivos paises. Os holandeses criaram 0 princi pio de namento, e raramente resultara no agrupamento dos papeis pOl' assunto,
herkomstbeginsel e 0 corolario de princlpios dele c!erivado, em relac;ao ao para atender as necessidades de pesquisas. Mas 0 arquivista ace ita 0 arranja
produto de um archief ou servi C;Ode registro. 0 princlpio prussia no dado aos documentos durante a fase de usa corrente, embora nao satisfac;a
Registraturprinzip, igualmente, deve-se <lmaneira pela qual os documen- bem <ISsuas proprias necessidades, pois e um dos principios b:isicos da
tos eram arranjados nos seus registros. Mesrno 0 principio Ingles da custo- arquivistica conservar, nos arquivos de custodia, 0 arranjo original.
dia, de que ja nos ocupamos em capitulo anterior, baseou-se, ao menos em Em segundo lugar, 0 arquivista se interessa pelas praticas adotadas na
parte, na relac;ao existente entre os registros ou rolos produzidos pelas anti- fase corrente, pot'que descreve os documentos segundo a maneira pel a qual
gas repartic;6es inglesas e os documentos originais. foram arranjados pelas repartic;6es criadoras. Nos seus instrumentos de bus-
Destarte, 0 estudo dos metodos e tecnicas dos servic;os de arquivos cor- ca, inicialmente, descrevera os documentos em termos da organizac;ao e da
rentes, com respeito aos documentos modernos, representa uma replica do funC;ao, nao em relac;ao aos seus assuntos; e esses se refletem, geralmente,
que e 0 estudo da diplomMica em relac;ao abs documentos medievais. E um na maneira pela qual os documentos foram organizados para uso corrente.
estudo vital para manter 0 alto nivel do material de arquivo e do trabalho Em terceiro lugar, e missao do arquivista tornar os documentos acessi-
arquivistico.
veis ao usa, de acordo com as exigencias feitas pelo orgao do governo que os

Interesse quanto aos metodos de guarda * N. do T.: Na falta de term os distintos para designar os funcionarios que se ocupam
de trabalhos realizados em relaC;aoaos arquivos nas suas duas fases: a) corrente,
o interesse do arquivista quanta a maneira pel a qual os documentos papeis em tral11itac;aoou consultados com freqiiencia; e b) de custodia, papeisja nao
mais necessarios as atividades correntes; empregamos a expressao "encarregados
SaGmantidos para uso corrente envolve-o em ligac;6es intimas com os fun- dos documentos de uso corrente" para aqueles que se ocupam de arquivos adminis-
cionarios publicos e especial mente com os encarregados dos documentos trativos ou correntes (record officer e registrar) e reservamos os termos arquivista
(record officers). A expressao "encarregado dos documentos" e usada, neste ou conservador de arquivos para os encarregados de arquivos de custodia. Melhor
seria talvez 0 emprego de arquivista para a primeira e arquivologista para a segun-
caso, para designar qualquer funcionario que controle a administrac;ao dos da, terminologia encontrada no funcionalisl11ofederal ate 1960. A atual classificac;ao
documentos correntes. Pode ser UI11oficial de registro (registrar), isto e, de cargos (Lei nO3.780/60) estabeJeceu as classes de arqnivista e documentarista,
uma pessoa encarregada de um servic;o de comunicac;6es (registry) ou um enquadrando como documentaristas os antigos arquivologistas, ou seja, os arqui-
vistas de nivell11aiselevado, com maiores qualificac;6es,sem, no entanto, distinguir
encarregado dos documentos (record officer) no sentido americano do ter-
os seus campos de ac;ao.
criou. E seu desejo torna-Ios amplamente acessiveis, agindo assim como um
cumentos preservados devido as informac;6es sociais, economicas etc. que
intermediario entre 0 estudioso e os funcionarios, eliminando restric;6es
contenham.
desnecessarias quanta ao usa, sempre em funC;ao do interesse publico.
o encarregado dos documentos pode prestaI' informac;6es uteis para a
Deve, pOl' conseguinte, ser tarefa do arquivista promover a adoc;ao de
avaliac;ao daqueles que devem ser preservados em face da prova que contem
normas de administrac;ao que sirvam eficientemente a dois prop6sitos: as
sobre a origem da repartic;ao, sua organizac;ao e desenvolvimento, a maneira
necessidades imediatas dos funcion{lrios e ,1s posteriores do cidadao parti-
de execuc;ao de suas atividades e quais as conseqiiencias destas. No curso do
cular. 0 arquivista pode, em conseqiiencia disso, ver-se envolvido em proble-
desempenho de seus deveres, em geral, adquire um conhecimento, sobre
mas de metodos ou prMicas de administrac;ao de documentos de usn corrente.
sua repartic;ao e respectivos documentos, que muito 0 ajuda na identificaGao
o grau de sua participa<;ao nesses problemas depender{l da complexidadc, cios papeis especificos que contem, de modo mais pratico e resumido, prova
volume e iclade dos clocumentos com que trata, c cia existt~ncia de um 6rgao
cia organizac;ao e funGao. Entretanto, devido ao seu trabalho, a atenc;ao do
de assessoramento em outro setor do govcrno cuja fun<;ao seja, justamente,
encarregado dos documentos, normalmente, se detem nos valores prima-
estimular boas pr{lticas de administrac;ao de clocumentos correntes.
rios. Precisara, pOI' isso, da ajuda do arquivista no sentido de preservar a
documentac;ao relativa ao funcionamento de sua repartic;ao.
o arquivista nao e parte interessada no que diz respeito a preservac;ao
cla prova, quer favoravel, quer desfavora.vel, a administrac;ao de um orgao.
De U111 capitulo anterior, poclemos lembrar que os arquivos pllblicos Seu julgamento e imparcial, interessando-se, tao-somente, pela guarda de
apresentam dois tipos de valor: valor prilmlrio para reparti\~ao de origem, e tudo que considere um testemunho importante.
valor secundArio para as outras reparti<;6es e consulentes estranhos ao ser- o encarregado dos documentos pode prestaI' informac;6es uteis na ava-
vic;o publico. Diversas observac;6es podem ser feitas sobre 0 papel do encar- lia<;ao daqueles que contem informac;6es sobre assuntos sociais, economi-
regaclo dos documentos e do arquivista na apreciac;ao clesses valores. cos e similares. Tais documentos saG produzidos em grande quantidade pe-
Primeil"Cl observar;ao: os encarregados dos documentos e demais fun- los governos modernos no cursu de suas atividades sociais e legislativas e
r:ion{lrios sao respons,lveis, principalmente, pelo julgamento clos valores contem informaG6es cle grande utilidade para os diversos tip os de analises,
prim{ll'ios. Os funcion{lrios conservam os documentos para seu uso corrente que podem ajudar 0 governo na sua politica e formulac;ao de pIanos maiores.
- aclministrativo, legal ou fiscal - e ten clem a julgar-lhes 0 valor somente Entretanto, 0 encarregado dos documentos, geralmente, ou 0 funcionario
em relac;ao a tal uso. Isso e perfeitamente razoavel. Deverao preservar os que com ele trabalha, nao esta habilitado a fazer apreciac;6es finais sobre
documentos ate que se extinga 0 seu valor, ou esteja quase extinto, para a tais documentos. Nao estara apto a reconhecer nos documentos valores de
aclministrac;ao. E, quando aquele valor termina, devem descarta-Ios para que pesquisa, a menos que tenha uma formac;ao especializada em certo assunto.
nao fiquem em suas repartic;6es tomando espac;o, estorvando 0 bom anda- Alem disso, a nao ser que receba a atribuic;ao especial de determinar os valo-
mento das atividades correntes. Se existe um arquivo de cust6dia, os funcio- res de pesquisa de seus documentos, nao the cabera preocupar-se com esse
mlrios nao devem conservar os documentos destinaclos a us os secundarios problema. Esse ponto de vista foi vigorosamente expresso par Oliver Wendell
n~s suas repartic;6es, a menos que sejam especificamente encarregados, pOI' Holmes, do corpo de funcionarios dos National Archives, que escreveu 0 se-
lei, dessa responsabilidade.
guinte:
Segunda observar;ao: os encarregados dos documentos devem coope-
rar com 0 arquivista no julgamento dos valores secundArios. Isto tanto se "Penso ... que as encarregados de documentos, na sua maioria, nao es-
tao, pOI'formaGao e experiencia, preparados para fazer determinac;6es
aplica aos documentos preservados como prova do desenvolvimento fun-
cional e '. I mais amplas quanta ao valor. Nao se po de esperar que tenham ideias
orgal1lZaclOna de uma repartic;ao, como tambem em relac;ao a do- dos valores em potencial dos documentos para: as pesquisadores do
os ontos precis os a serem tornados em consideraGao no julgamento dos
futuro, a menos que eles proprios tenham feito cursos que tratem de
val~res dos documentos. 0 arquivista, alem disso, esta numa posi<;ao em
metodos de pesquisas ou que delineiem {lreas tipicas de pesquisa; man-
tenham-se ate certo ponto atualizados em relaG3.oaos interesses e ten- que pode atuar como intermediario entre 0 fun~ionario e 0 p.esquisador, na
dencias da pesquisa e tenham eles proprios alguma experiencia em preservaGao dos documentos llteis para a pesqUlsa numa vanedade de cam-
materia de pesquisa ... pos de assuntos. .
Nao tern, na sua maioria, vivencia academica. Sao, pode-se presumir, Se tiver duvidas quanto ao valor de certos documentos para a pesqUlsa
homens de 'aGao' e vivem sob pressoes. Tem urn ponto de vista prag-
historica pode com facilidade obter a ajuda de seus confrades.
matico, 0 que po de ser bom, encarando-se valores administrativos,
mas inadequado, considerando-se val ores de pesquisa mais amplos."27 o grau de controle do arquivo no que diz respeito a destruiGao de docu-
mentos pllblicos varia de pais para pais. As prMicas inglesa e alema podem
De modo geral, os encarregados dos documentos e outros funcion:lrios scr tomadas como exemplo para ilustrar algumas dessas varia<;oes em pai-
da repartiGao podem contribuir substancialmente para a aprecia<;3.o dos v«- ses que usam sistemas de registro. Nos departamentos ou ministerios do
lores secundarios de seus documentos e deveriam interessar-se pOl' isso, pais, governo Ingles as pastas (files), em geral, consist:m em agregados de doc.u-
no sentido lato, tem uma continua necessidade de todos os documcntos que mentos relativos a determinados assuntos e contem, comumente, uma mlS-
refletem as experiencias do governo no que concernc a assuntos de organi- tura de pe<;as valiosas e nao valiosas. Muitas vezes nao podem essas pastas
zaGao, metodos e politica administrativa, problemas sociais e economicos. ser avaliadas a nao ser pela inspe<;ao de cada uma das peGas que contenham;
Assim, nao considerarao um requinte cultural desnecessario uma institui- nao podem ser identificadas para descarte (disposal) quanta a or~aniz~~ao,
Gao arquivistica criada para preservar tais documentos, mas, sim, como uma func;ao, atividade ou ass unto, com a minima seguranGa de que talldentIflCa-
parte integrante da estrutura do governo. Ao lidarem com os documentos c;ao redundara em preservar-se os documentos essenciais rel~tivos. a tais
correntes hao de encarar a preservaGao dos que tern valor permanente como aspectos. Os arquivistas do Public Record Office, pOI' essa razao, delxam 0
um dos aspectos essenciais de sua atividade. Uma repartiGao do governo, exame das pastas, em grande parte, a cargo dos proprios funcionarios do
como parte de suas funGoes normais, deve preservar os documentos de cer- registro e demais fun~iomlrios. Na Alemanha, onde tambem se usa 0 sis~e-
tos tipos que possam tel' outros us os que nao os das operaGoes correntes. ma de registro, ao contrario, os documentos sao classificados de t~l ~anel~a
Terceim observac;ao: os arquivistas clevem tel' a responsabilidade final que os relativos a criaGao e a estrutura de umorgao, a sua adn:lnIstraG:o
no julgamento dos val ores secund{lrios dos documentos, quer sejam preser- interna e ao seu pessoal permanecem separados dos referentes a execu<;ao
vados como prova da evoluGao organizacional ou funcional de um orgao, de suas fun<;oes; e de tal modo que, em certas func;6es, os documentos que
quer sejam preservados pOl' sua informa<;ao social, economica ou qualquer contem materia geral e de politica administrativa ficam separados daqueles
outra. 0 arquivista e comumente um historiador pOl' forc;a da profissao e, relativos a politica aplicada a casos individuais. Em conseqiiencia, os arqui-
em conseqiiencia, preservara os documentos que contenham prova do de- vistas alemaes formularam principios de avalia<;ao segundo os quais os va-
senvolvimento do governo e da naGao, de valor para a pesquisa historica. lores dos documentos SaGjulgados com base nas suas origens administrati-
Preservara tambem, desde que se possa certificar da necessidade de sua con- vas e relaGoes funcionais e reservaram para si proprios a tarefa de avalia-los.
serva<;ao, documentos que contenham informes de utilidade para a pesqui- Pela lei de 19 de junho de 1934, que criou 0 Arquivo Nacional, 0 Con-
sa em outros campos das ciencias sociais, como a economia, a sociologia e a gresso dos Estados Unidos atribuiu ao arquivista norte-americano a respon-
administraG30 publica. Esta familiarizado com os interesses e necessidades sabilidade da avaliaGao dos documentos incluidos em relac;oes para descart~
da pesquisa, po is adquire consciencia dos mesmos no exercicio de suas ati- pelas repartiGoes federais. POI'essa mesma lei, 0 Congresso reservou para SI
vida des oficiais. Pelo treinamento na metodologia de sua profiss30 conhece a responsabilidade de autorizar a destrui<;ao (disposal), pois esta era uma
prerrogativa que guardava ciosamente pOI' mais de 50 anos, mas pOI' outro
lado atribuiu ao arquivista a responsabilidade da indicar;ao dos documentos
federais a serem destruidos. 0 Congresso considerou a arquivista um arbi- Resumindo, entao, as arquivistas devem encarregar-se de rever todos
tro independente que faria suas avaliar;6es cuidadosa, imparcial e compe- as documentos que as orgaos do governo propoem para destruir;ao. Deve-
tentemente, conservando-se alheio aos demais orgaos federais, mas viva- se-Ihes atribuir a responsabilidade de avaliar os documentos para os usos
mente interessado em todos as documentos par eles criados. 0 atual papel secundarios que possam vir a tel' depois que 0 seu usa primario haja termi-
do National Archives and Records Service no que diz respeito ao descarte de nado. Devem julgar, quanta ao valor dos documentos, em termos de sua
documentos e regulamentado pela Lei de Destinar;ao de Documentos utilidade final para 0 povo e para 0 governo, valendo-se de toda a assistencia
(Records Disposal Act) e pela Lei dos Documentos Federais (Federal Records profissional que possam obter quer de funcion~lrios pllblicos quer de pes-
Act) de 1950 (41 U.S. Code Suplement 281-90). A autoridade do National soas eruclitas.
Archives and Records Service nesse ass unto e complementada pelos regula- A fim de fazer a analise dos documentos, sistcmaticamente, os arquivis-
mentos expedidos pela Administrar;ao de Servir;os Gerais (General Services tas devem participar da elaborar;ao de programas exaustivos de descarte de
Administration), da qual faz parte 0 National Archives and Records Service documentos das entidades com quc lidam. Devem promover e, talvez algu-
sob 0 titulo 3 - "Federal records". mas vezes, participar de inqueritos destin ados a obter informar;6es sobre a
Considerando a experiencia do govern a federal dos Estados Unidos na contelldo e valor dos documentos. Devem interessar-se pOl' todas as ativicla-
avaliar;ao dos documentos, 0 dr. Philip C. Brooks, ex-presidente da Society des do governo que afetem 0 descarte de documentos. A extensao de sua
of American Archivists, escreveu: participar;ao real em tais atividades depende, entretanto, do carateI' do go-
verno com 0 qual estejam associados, e do carMer das medidas adotadas
"A mais importante contribuir;ao do Arquivo Nacional na apreciar;ao para 0 tratamento dos documentos nao-correntes.
dos valores dos documentos, que I' para descarte (disposal), quer para
transferencia, e a do julgamento do ponto de vista da pesquisa. Nao
h[l razao para se crer que as funcionarios administrativos, ocupados
com suas tarefas correntes, devam saber ate que ponto as seus docu-
mentos podem vir a ser solicitados futuramente pelos historiadores,
cientistas, politicos, economistas, sociologos, estatisticos, genealogis-
tas, e pOl' uma grande variedade de pessoas cujo trabalho consiste em
pesquisar. 0 Arquivo Nacional, POl' outro lado, com seu objetivo ex-
presso de tornar os documentos disponiveis, tanto para a governo como
para a povo, esta acumulando uma experiencia pela qual conhece as
especies de documentos e de informar;6es que san procurados. 0 seu
corpo de funcionarios consiste, na maio ria, de pessoal especializado
em historia e dele se espera que estude a utilizar;ao dos documentos
como parte de seu trabalho diario. Alem disso, a organizar;ao do Ar-
quivo Nacional e, intencionalmente, de tal ordem que os funcionarios
incumbidos da avaliar;ao dos documentos adquirem, tambem, expe-
riencia no servir;o de referencia relativo a grupos especificos de docu-
mentos para as quais san designados."28
PARTE II

Administra~ao de
arquivos correntes

A instabilidade da administrac;ao penetrou nos habitos do povo:


parece ate mesmo ser do agrado geral. Ninguem se preocupa com 0 que se
passou antes de sua epoca. Nao se busca urn sistema met6dico, nao se
formam arquivos e nao se reunem os documentos quando seria tao facil
faze-Io; quando existem, pouco valor se lhes da...

Alexis de Tocqueville*
Pontos essenciais da administra~ao
de arquivos correntes

NESTE CAPiTULO ANALISAREI amplamente os tres grandes fatores a que est{l con-
dicionada a eficiencia da administra(,:ao dos arquivos correntes. Sao eles:
a) as caracteristicas dos documentos modernos; b) as atividades inerentes
ao proprio trabalho de organiza(,:ao e administra(,:ao dos arquivos correntes;
e c) 0 tipo de orgao que deve executa I' esse trabalho.

o volume dos documentos oficiais tern sofrido tremendo aumento nos


ultimos 150 anos. Esse fenomeno esta intimamente relacionado com 0 au-
mento da populac;ao desde meados do seculo XVIII. Se representassemos,
pOl' meio de urn grMico, 0 desenvolvimento da popula(,:ao desde 0 inicio da
Historia, teriamos uma linha praticamente horizontal, em ascensao quase
imperceptivel atraves dos seculos, tornando-se abruptamente vertical nos
ultimos 150 anos. 0 aumento da popula(,:ao e, em grande parte, atribuido a
desenvolvimentos tecnologicos que possibilitaram uma produ(,:ao espanto-
sa de materiais necessarios a existencia humana. 0 aumento da popula(,:ao,
pOl' sua vez, provocou a expansao das atividades do governo, e essa expan-
SaG afetou a produc;ao de documentos. Uma vez que se aplicaram metodos
tecnologicos modernos no preparo de documentos, 0 volume destes, nas ul-
timas decadas, atingiu urn indice de progressao antes geometrica que arit-
metica.
Conquanto 0 emprego das modern as maquinas de produzir documen-
tos, tais como a de escrever e outros meios de duplicac;ao, haja tornado pos-
sivel uma enorme proliferac;ao de documentos, as raz5es dessa prodw;ao,
note-se bern, sao inerentes ao proprio carateI' dos governos modernos. 0
homem nao faz documentos somente porque disp5e de maquinas para pro-
duzi-Ios, mas sim, e principal mente, como resultado da execuc;ao de um traba- 1
Iho; e a propon;ao de sua cria(,:ao e, em geral, aumentada pela expansao da

J
atividade. Pode-se ilustrar esse fato com a experiencia do governo federal
600 mil pes lineares (182,800m) de material preservavel nos departamen-
dos Estados Unidos, que, sem duvida, tern produzido mais documentos do
tos ou ministerios. Essa diferenc;a de volume nao guarda a minima propor-
que qualquer outro governo contemporaneo e, muito provavelmente, mais
C;aocom 0 tamanho dos dois govern os. ,
do que todos reunidos. A expansao de suas atividades, especialmente du-
rante os periodos de emergencia, resultou em colossal aumento do nllmero as arquivos, a medida que aumentam em volume, tornam-se tambem
de documentos. a volume destes, ate a Guerra Civil (1861), era de cerca de mais complexos. A complexidade dos documentos oficiais dos Estados Uni-
3
100 mil pes cubicos (2.832m ); entre essa e a I Guerra Mundial, cerca de 1,5 dos e devida, em grande parte, a complexidade do proprio governo. No Po-
3
milhao (42,480m ) e entre a I Guerra Mundial e 0 periodo da crise economi- del' Executivo, ergueu-se uma estrutura em forma de piramide cujo apice e 0
ca, cerca de 3,5 milhOes de pes cubicos (99.120m3). Durante a decada de aabinete do presidente e cuja base e formada pOI' inumeros orgaos. Essa es-
1930, quando 0 governo enfrentava a depressao economica e se preparava ~rutura tornou-se mais complexa em sua organizac;ao e funcionamento de-
para outra guerra mundial, foram acrescentados outros 10 milhoes vido a certas caracteristicas inerentes a forma de governo americano: pOI'
3
(292.200m ). Durante a II Guerra Mundial a prodw;ao atingiu a media anual exemplo, 0 sistema de checks and balances, pelo qual 0 Poder Legislativo
de 2 milhoes de pes Cllbicos (56.640m3), media que ja foi ultrapassada apos controla 0 funcionamento do Executivo, e 0 sistema de dois partidos, pelo
essa epoca.
qual a organizaC;ao governamental sofre, de cert~ modo, mod~fi.cac;6esperio-
a volume de documentos oficiais produzidos num pais e tambem deter- dicas de programa e de politi ca. Em geral, a medlda que as atlVldades gover-
minado pela maneira como os orgaos do governo os empregam em suas ati- namentais se expandem, vao-se tornando mais especializadas e os papeis ou
vidades. Esse ponto pode ser ilustrado comparando-se a situac;ao dos docu- documentos a elas pertinentes, mais complexos.
mentos nos Estados Unidos com a de outros paises. as servic;os de arquivos Em parte, pode-se tambem atribuir a complexidade dos arquivos of i-
correntes americanos (file moms), orgaos que mais se assemelham aos ser- ciais modernos a maneira pel a qual SaDguardados. Na maioria das vezes SaD
vic;os de comunicac;oes (registry offices) europeus, existem na maioria das conservados ao acaso. Nos Estados Unidos, pOI'exemplo, os documentos do
'repartic;oes publicas; contudo, ao contrario dos seus similares europeus, ra- governo federal SaD arranjados sob uma grande variedade de sistema~ e a~-
ramente conseguem exercer um controle rigido sobre os documentos; e gumas vezes sao simplesmente acumulados, sem metodo algum. as pnmel-
muitas vezes nao podem evitar a criac;ao de arquivos volumosos nas diversas ros sistemas americanos de arquivamento eram I1mito simples e correspon-
sec;6es subordinadas. Nos ultimos tempos, umavez que 0 processamento de diam de certo modo, ao sistema de registro usado na Europa durante 0
uma operac;ao e feito atraves de diversas sec;oes de um orgao, cad a sec;ao, em
mes~o periodo. Aos poucos, entretanto, os simples sistemas ~lfabeticos.e
geral, cria e mantem, em separado, um documento sobre 0 mesmo. Prova-
numericos foram dando lugar a sistemas mais complexos - Sistema DeCI-
velmente foi essa prMica que contribuiu, em grande parte, para que 0 gover-
mal de Dewey, assunto-numerico e outros. Cada orgao ou repartic;ao adotou
no federal, em 1954, contasse com cerca de 23 milhoes de pes cubicos
3 o sistema de sua preferencia, de modo que nao havia uniformidade entre os
(651.360m ) de documentos nas suas varias repartic;6es. Na Inglaterra, no
divers os orgaos, nem mesmo dentro de urn so orgao, entre as diversas se-
mesmo ano, de acordo com um relatorio do Comite dos Documentos dos
29 c;6es e, tampouco, havia uniformidade na maneira de aplicar os diversos sis-
MinisterioS (Committee on Departmental Records) so foram encontrados temas.

29 Great Britain, Committee on Departmental Records, 1954:64. Comite designado

em 18 de junho de 1952 pelo chance IeI'do EI'<1rioe arquivista-mor "para estudar 0


arranjo para preserva~iio dos documentos dos departamentos do governo". 0 seu
relatorio, apresentado pelo chanceler do departamento, em julho de 1954, tornou-
A administrac;ao dos arquivos correntes oficiais tem pOI' objetivo fazer
se conhecido como Grigg report, devido ao nome do presidente do comite, sir James
Grigg. com que os documentos sirvam as finalidades para as quais foram cria~os,
da maneira mais eficiente e economica possivel, e concorrer para a destma-
<;aoadequada dos mesmos, depois que tenham servido a seus fins. as docu- onde se processa, de fato, a maior parte do trabalho - onde os atos relativos
mentos san eficientemente administrados quando, uma vez necessarios, a pessoas especificas, entidades ou assuntos san realmente executados -, os
podem ser localizados com rapidez e sem transtorno ou confusao; quando documentos san necessarios para transmitir, de cima para baixo, a orienta-
conservados a urn custo minimo de espa<;o e manuten<;ao enquanto indis- <;aoe os processos a serem seguidos, e, de baixo para cima, 0 relato das rea-
pe':!saveis as atividades correntes; e quando nenhum documento e preserva- liza<;oes e execu<;oes e, ainda, para registrar todas as fases dos atos do gover-
do pOl' tempo maior do que 0 necessario a tais atividades, a menos que te- no em rela<;ao as partes envolvidas em suas opera<;oes.
nham valor continuo para pesquisa e outros fins. as objetivos de uma A tarefa mais difkil da administrac;ao de documentos prende-se aos do-
administrac;ao eficiente de arquivos so podem ser alcan<;ados quando se dis- cumentos mais valiosos. Quanto mais importantes ou valiosos, mais difkil
pens a atenc;ao aos documentos desde sua criac;ao ate 0 momenta em que san se torna administra-Ios.
transferidos para urn arquivo de custodia permanente ou sao eliminados. Geralmente, os documentos mais valiosos sao os que se referem as ori-
A administra<;ao de arquivos preocupa-se, assim, com todo 0 periodo de gens, a organiza<;ao e ao desenvolvimento funcional de urn orgao, e aos seus
vida da maim'ia dos documentos. Luta para limitar a sua cria<;ao e, pOl' esse program as essenciais. Referem-se antes a direC;ao do que a execu<;ao das fun-
motivo, vemos defensores do "controle da natalidade" no campo da admi- c;oes da reparti<;ao. Constitui uma curiosa anomalia 0 fato de que, quanta
nistra<;ao de arquivos correntes como se encontram no campo da genetica mais importante 0 assunto, menor a probabilidade de se encontrar uma do-
humana. Exerce urn controle parcial sobre 0 uso corrente dos documentos e cumenta<;ao completa sQbre 0 mesmo. Se pOl' urn lado a tecnologia modern a
ajuda a determinar os que devem ser destin ados ao "inferno" do incinerador , facilita de muitas maneiras a confec<;ao e a guarda de documentos, pOl' OU-.
ou ao "ceu" de urn arquivo permanente, ou ao "limbo" de urn deposito inter- tro, torna desnecessaria a produ<;ao de muitos que, de outra forma, passa-
mediario. riam a integral' 0 registro da a<;aogovernamental. Grande parte do que in-
a aspecto mais importante da administrac;ao de arquivos correntes re- . fluencia 0 desenvolvimento da politica administrativa e programas nao fica
laciona-se com 0 usa dos documentos no cursu das opera<;oes governamen- registrada de maneira formal. Assuntos de importiincia podem ser tratados
tais. Pouco se faz dentro de uma repartic;ao que nao se torne objeto de urn oralmente, em conferencias ou pelo telefone, aparelho que foi apontado pOl'
documento. Tanto os administradores de cupula, que tratam dos principais Paul Hasluck, ministro dos Territorios da Australia, como 0 "grande ladrao
programas, quanta os funciomirios de categol'ias·inferiores, que executam da historia".3D
operac;oes de rotina, precisam de documentos no seu trabalho. As especies as documentos importantes san difkeis de classificar para usa corren-
de documentos necessarios nos dois casos podem ser diferentes, mas san te. as que fixam uma politica nem sempre podem ser identificados como tal,
tao importantes no topo como no primeiro degrau da hierarquia adminis- quando san inicialmente expedidos. As decisoes de politica surgem em rela-
trativa. Na cupula, os documentos nao so dao 0 estimulo inicial, como forne- <;aoa determinados casos e, assim, os documentos referentes a elas podem
cern tambem as informac;oes basicas para decisoes executivas. Sobre cada ser arquivados intercaladamente com outros que nao apresentam valor du-
problema tratado reunir-se-ao documentos de muitas fontes e de muitos radouro, mas tambem san relativos aos mesmos casos com que estavam
tipos: correspondencia, memorandos e similares, nos quais 0 problema seja inicialmente ligados aqueles documentos. as documentos referentes a dire-
inicialmente exposto; tabelas e analises estatisticas, relatorios de pIanos de trizes e normas - de urn modo geral distintos de assuntos especificos - san
trabalho e de atividades executadas que contenham a informac;ao necessa- difkeis de reunir para se organizar em unidades de arquivamento e dificeis
ria para se tomar decisoes; circ~lares, memorandos e outras diretrizes de de identificar de forma que seu valor se torne evidente. POI' outro lado, os
processamento e de politica que sirvam como urn meio de controle adminis- documentos sobre opera<;oes de rotina san facilmente classificaveis.
trativo, documentos selecionados, de atos anteriores, que sirvam como pre-
cedente dando consistencia aos metodos de governo. No nivel de execuc;ao
AS documentos de importancia sac dificeis de ser retirados de circula- aquisi~ao de material e questoes relativas a instalac;oes. Dessa mane ira, 0
~ao uma vez terminado seu uso corrente. Aqueles que estabelecem diretri- orgao encarregado da administra~ao de documentos pode estar ligado a urn
zes e normas nao se tornam obsoletos ou nao-correntes tao logocessam as 6rgao que trate, de uma maneira geral, de assuntos or~amentarios, de pes-
atividades que os originaram. As orienta~oes neles continuam, muitas ve- soal ou administrativos de to do 0 governo. Nao convem que fique vinculado
z~s, em vigor. E mesmo que estas sejam substituidas, os documentos que as a urn orgao de linha, coordenado a outros da mesma categoria. Em resumo
contem servem para justificar e explicar a mudan~a. Tais documentos sao, nao deve caber a funcionario de urn departamento ou ministerio a atribui~
assim, dificeis de ser afastados porque nao e facil precisar 0 seu periodo de c;aode dizer aos de outro como tratar seus documentos. No governo federal
utilidade administrativa. POI'outro lado, os que apenas evidenciam a execu- dos Estados Unidos, 0 National Archives and Records Service faz parte da
~ao da politica e normas tornam-se nao-correntes hiD logo todos os atos se- Administra~ao dos Servi~os Gerais (General Services Admini!>tration), 01'-
melhantes, no caso particular, tenham sido executados. a termino das ope- gao de staff de ambito nacional, responsavel pelo que diz respeito a edifi-
ra~oes de rotina e, comumente, claro e definido. as documentos importantes, dos, material, documentos oficiais e aquisic;ao de artigos racionados de guer-
alem disso, sao diflceis de reunir para serem preservados num arquivo de ra. No governo federal da Australia, 0 Conselho do Servic;o Publico (Public
custodia permanente, porque muitos deles tern que ser segregados de uma Service Board), que tern jurisdi~ao sobre toda a administra~ao no que se
grande massa de documentos insignificantes onde se acham submersos, e refere a problemas de pessoal, trata tambem do programa de administrac;ao
comum fazer-se essa separac;ao apos perderem os documentos 0 valor para de documentos. Na Nova Zelfmdia a situa~ao e semelhante.
as opera~oes correntes, quando ja se tornou obscura a sua identifica~ao. As atribui~oes legais do orgao central de administra~ao dos documen-
tos oficiais pode variaI' desde 0 simples ato de inspecionar ate a completa
regulamenta~ao dos trabalhos concernentes aos documentos dos orgaos de
linha. Essa variedade de atribuic;6es e parcialmente ilustrada pelos disposi-
tivos que dizem respeito a administrac;ao dos documentos correntes nos Es-
A administra~ao eficiente dos arquivos correntes e assunto da maior
tados Unidos. A lei que criou 0 Arquivo Nacional, de 19 de junho de 1934,
importancia para 0 governo, e a eficacia deste pode ser testada pel a eficien-
atribui-Ihe "amplos poderes de inspe~ao" e poder, limitado, de requisitar
cia com que haja organizado e administradO'seus documentos. as funciona-
documentos de todas as reparti~oes federais. A 'Lei dos Documentos Fede-
rios, mesmo os do mais alto nivel da administrac;ao, tern interesse no pro-
rais (Federal Record Act) de 1950, que substituiu a lei basica, nao faz refe-
blema dos documentos, pois to do 0 aperfeic;oamento na administrac;ao e
rencia ao poder de requisitar, visto que as categorias de documentos que
organizac;ao destes influi na execu~ao das fun~oes governamentais.
estavam sujeitos a requisi~ao foram recolhidas ao edificio do Arquivo Na-
As atividades de administra~ao de arquivos correntes sao de categoria
cional, entre a vigencia da primeira e segunda lei. A nova lei, pOl' sua vez,
altamente especializada, exigindo aptidoes especiais e uma larga experien-
dedicou especial aten~ao a administrac;ao dos documentos quando ainda nas
cia de servi~o. POI' conseguinte, em todo governo grande e complexo deve
r~parti~oes federais. POl'esta os chefes das repartic;oes sao responsaveis prin-
haver urn orgao de assessoramento especial que se dedique exclusivamente
clpalmente pelo "controle eficaz da cria~iio, manuten~iio e usa dos docu-
a assistir todas as repartic;oes nos problemas de administra~ao de documen-
mentos nas atividades correntes". A lei de 1950 atribuiu ao chefe do orgao
tos. A posi~ao de urn orgao dessa natureza, seu tamanho e 0 carateI' de suas
central de staffa responsabilidade pelos documentos em rela~iio aos seguintes
atividades sac determinad~s pelo vulto, complexidade e organiza~ao do go-
pontos: a) poder de inspe~ao, ja existente no National Archives Act; b) poder
verno a que serve. Sempre que possivel, esse orgao especializado deve per-
de regulamentar a transferencia dos documentos entre os diversos orgiios;
tencer a urn orgao de administra~ao geral, isto e, que sirva a todas as repar-
c) poder de estabelecer "normas, metodos e tecnicas destinados a melhorar
ti~oes do governo em determinados assuntos. Esses assuntos em geral
a ad m1l11S
.. t rac;ao
- d os documentos correntes, garantir a manutelwao e segu-
abrangem or~amento, pessoal e atividades auxiliares como, pOl' exemplo,
ranc;adaqueles considerados merecedores de preservac;ao e facilitar a tria- cumentos e que submetam a sua aprecia~ao todos os pedidos de espa~o ou
gem e descarte dos que apresentem valor temporario"; d) poder de "estabe- de outros recursos para fins de arquivamento; e c) controlar 0 emprego de
lecer normas para preservar, mediante selec;ao,os documentos de valor per- equipamento fotografico e de outros processos de reprodu~ao existentes nas
manente e assistir as varias repartic;oes na aplicac;ao de tais normas aos reparti~oes objetivando 0 usa comum dos mesmos POl'qualquer orgao que
documentos sob sua custodia", e e) poder de "'criar, manter e dirigir centros deles necessite.
de armazenamento, preparo e utiliza~ao dos documentos dos orgaos fede- Urn orgao central deve proporcionar as reparti~oes recurs os de instala-
rais que estejam dependendo ou de transferencia para 0 Arquivo Nacional c;aoonde possam guardar seus documentos semicorrentes ou nao-correntes
ou de descarte pOl'qualquer forma autorizada em lei". Embora nao seja obri- a serem conservados ainda pOl'periodos de tempo limitados. Essas instala-'
gatoria a adoc;aodas norm as e tecnicas de administrar documentos corren- c;oestanto podem servir a diversos orgaos numa base de ocupa~ao conjunta,
tes estabelecidas pelo orgao central, solicitou-se as repartic;oes que as ado- como e 0 caso dos depositos "limbo" do Public Record Officeingles, ou numa
tassem. base de ocupa~ao exclusiva, como e 0 caso dos depositos "purgatorio" dos
No setor de controle da produ~ao e manuten~ao de arquivos correntes, Estados Unidos. Se as instalac;oes saGocupadas conjuntamente, 0 trabalho
as fun~6es do orgao central de administrac;ao de documentos devem ser, de processamento e usa dos documentos e executa do pOl'funcionarios dos
sobretudo, de analise e de promo~ao de iniciativa. Urn orgao central pode
orgaos que os criaram. Se as instala~oes sao administradas, exclusivamente,
coletaI' informac;6es sobre os metod os e tecnicas adotados nos diversos 01'-
pc10orgao central encarregado da administra~ao dos documentos, este exe-
gaos do governo, na elabora~ao e conserva~ao de papeis, tornando-se assim
cuta todas as atividades de processamento e uso. 0 orgao central, alem dis-
urn repositorio de tais infor.ma~oespara toda a administra~ao. Pode anali-'
so, pode dar assistencia as reparti~oes quanto aos metodos de elabora~ao de
sar as informa~oes para determinar quais os metodos e tecnicas mais efi-
pIanos de destina~ao de documentos, inclusive no que concerne as ativida-
dentes, quais os aplicaveis de urn modo geral e quais os que so se aplicam
des correlatas de levantamento, descri~ao, analise, preparo de tabelas e lis-
em circunstancias especiais. Pode realizar estudos de casos concretos no que
tas de descarte. Pode elaborar tabelas gerais de descarte de documentos re-
diz respeito a tecnicas e metodos eficazes, incluindo: a) estudos do controle
lativos a atividades de administra~ao geral e auxiliares, comuns a todos os
de formularios, relatorios, circulares, instru~6es e similares; b) estudos de
orgaos do governo.
tecnicas microfotograficas e mecanizadas;' c) esttidos dos sistemas de classi-
ficac;aocomo preliminar a publicac;ao de manuais de servi~o, identicos aos A principal parte da elabora~ao de urn programa de administrac;ao de
editados pelo Conselho do Servi~oPublico da Australia - records procedures documentos, entretanto, deve ser feita numa base descentralizada. Cada 01'-
- e pela Comissao do Servi~o Publico da Nova Zelandia - Records; e gao deve tel' 0 seu proprio staff que se ocupe exclusivamente dos problemas
d) estudos de administra~ao de servi~os de arquivos correntes e de registro de documentac;ao. 0 tamanho deste depende do ambito e da complexidade
(file room e registry office). 0 orgao central pode tambem dirigir programas do orgao. Esse staff encarrega-se da maior parte do trabalho de controle da
de tFeinamento para melhorar 0 nivel tecnico e a eficiencia do pessoal que criac;aoe administra~ao de documentos. Poe em pratica, adaptando, se ne-
trabalha com documentos. cessario, as proprias conveniencias, metodos e tecnicas de boa administra-
No que diz respeito a destina~ao, as fun~oes do orgao central de admi- c;aode documentos que podem ser planejados pelo orgao central de staff
nistra~ao de documentos podeij1ser de carateI' executivo de analise, ou de especificamente para aquele orgao. Determina, pOl'exemplo, que sistemas
promo~ao de iniciativa. Deve-se dar a urn orgao dessa natureza competencia de arquivamento devem ser usados e como devem os papeis ser classifica-
para: a) solicitar as reparti~oes que formulem pIanos de destina~ao de docu- dos segundo os mesmos. 0 staff de uma reparti~ao esta na posi~ao ideal
mentos e submeter tais pianos a apreciac;ao da autoridade maxima no as- para estabelecer metodos e tecnicas capazes de resultar em maior eficiencia
sunto; b) solicitar as reparti~oes que comuniquem 0 descarte de seus do- eeconomia.

~-
e mtrtt
o staff descentralizado, isto e, da repartil;3.o, deve tambem se en carre-
gar da maior parte do trabalho de controle da destinal;3.o dos documentos,
ou seja, determinar 0 que convem se fal;a com os papeis depois que hajam
servido aos fins correntes, isto e, se convem sejam microfilmados, transferi- Controle da produ~ao de documentos
dos para urn centro intermediario ou para urn arquivo de custodia perm a-
nente, ou se devem ser destruidos; elaborar pIanos de destinal;3.o, tabelas e
listas de descarte, fazendo a maior parte do trabalho de levantamento, ana-
lis~ e descril;ii.o de documentos, necessarios a estes fins. SEM DUvIDA ALGUMA, a maioria das repartil;oes publicas, especialmente as do
Urn staff encarregado da administral;3.o de documentos tern como obje- governo federal dos Estados Unidos, produz documentos em quantidade ex-
tivos, conforme se observou, fazer com que os papeis atendam as necessida- cessiva. Esse excesso pode ser reduzido, simplificando-se: a) as funl;oes;
des dos funcionarios do governo e dar-Ihes destinal;3.o depois que estas te- b) os metodos de trabalho; e c) a rotina de documental;3.0 adotada nas diver-
nham sido atendidas, da maneira mais eficiente e economica possivel. 0 staff sas repartil;oes. A prodUl;3.0 de papeis sofre influencias que se fazem sentir
deve visar ao duplo objetivo de aumentar a "economia" e a "eficiencia" _ desde as decisoes de cupula relativas a organizal;3.o e aos programas ate as
palavras que se tornaram quase inseparaveis na terminologia dos que se menores atividades predominantes e nas operal;oes de rotina. Essa produ-
ocupam de metodos de administral;3.o publica. A eficiencia de urn program a l;3.0,portanto, diz respeito, no primeiro caso, aos administradores dos niveis
de administral;3.0 de documentos correntes n3.o deve ser julgada apenas em mais elevados, responsaveis pela formulal;3.0 e administral;3.0 dos progra-
termos estatisticos. N3.o se reflete unicamente no volume de documentos mas do org3.o; no segundo, diz respeito aos funcionarios especializados em
que se transferem de urn lugar para outro, das repartil;oes para centros in- administral;3.0 de urn modo geral; e, no terceiro, aos funcionarios de espe-
termediarios, para incineradores ou fabricas de papel. Reflete-se tam bern, e cializal;3.0 restrita a urn campo da administral;3.0 - os encarregados dos do-
talvez mais fielmente, na maneira de analisa-Ios para se determinar como cumentos. Esses tres grupos de funcionarios devem coordenar esfon;os vi-
classifica-Ios e quais os que devem ser eliminados. A eficacia de urn progra- sando a simplifical;3.0 das operal;oes. Os especialistas em administral;3.0 de
ma de administral;3.o de documentos correntes depende do zelo e compe- documentos e os tecnicos em administral;3.0 geral devem constituir uma equi-
tencia do pessoal. Quanto mais honesto e habilitado 0 pessoal, mais eficaz- pe unica, cujas atividades sejam estreitamente coordenadas no mais alto nivel
mente ser3.o os documentos classificados e arquivados para uso corrente. da administral;ii.o.
Quanto mais bem classificados, mais facilmente poder-se-a dar-Ihes urn
destino final, depois de haverem servido as atividades correntes. Quanto
melhor 0 pessoal, mais segura a avalial;3.o dos documentos para fins de des-
tinal;3.o. 0 grau de excelencia dos julgamentos feitos depende da competen-
Consideremos, em primeiro lugar, a simplifical;3.0 das funl;oes adminis-
cia profissional e da maneira mais ou menos perfeita pela qual se analisam
trativas. E obvio que a crial;3.0 e a manutenl;3.0 desnecessaria de documentos
os documentos.
devem-se, sobretudo, a amplitude dos governos, a extens3.o de suas ativida-
des e a maneira pela qual se executam essas atividades. A extens3.o e com-
plexidade dos programas de governo n3.o constituem nossos objetivos ime-
diatos, pois estes est3.o diretamente relacionados com a natureza dos
problemas economicos, sociais etc. afetos ao proprio governo. A extens3.o
desses program as n3.o pode, assim, ser controlada pelos funcionarios, me-
ros agentes de sua execul;3.o. A maneira pela qual se executam tais progra-
1

1
mas, entretanto, e outro caso. 0 funcionamento de uma repartif1ao publica melhorar as norm as e simplificar os metodos de trabalho, de maneira que
pode, quase sempre, ser simplificado. Eis, portanto, 0 primeiro ponto a ser cada fase contribua, de fato, no sentido de que aquela operaf13.oseja realiza-
1
atacado no problema da reduf1aodo volume dos documentos oficiais. da. Deve-se analisar, fase por fase,·a seqiiencia administrativa. Essas anali-
o mecanismo dos governos tende a se tornar por demais complexo com ses costumam ser feitas por especialistas no campo da administraf13.opubli- 1
o correr do tempo. Mesmo nos periodos de expansao lenta das atividades ca. Na analise das normas e metodos, esses especialistas usam muitas vezes
normais surgem problemas que, nos periodos de emergencia, saD inevita- fluxogramas para ilustrar as varias etapas. Esses fluxogramas permitem que 1
veis. Vez por outra, a maquina governamental precisa ser cuidadosamente se tenha uma vis3.ode como a opera<;aoe executada e como pode ser modifi-
revista em sua estrutura e simplificada em seu funcionamento. Um exemplo cada. As mudan<;as pwpostas tambem podem ser assinaladas graficamente 1
de revisao desse tipo encontramos nos Estados Unidos, onde, ha poucos anos, nos proprios fluxogramas. Pela analise do trabalho, os tecnicos conseguem
a Comissao Hoover de Reorganiza<;ao do Poder Executivo (Hoover simplificar, ou, para usar a terminologia propria, conseguem racionalizar os 1
Commission on the Reorganization of the Executive Arm of the Government) metodos. 0 trabalho desses tecnicos, se bem-sucedido, reduz automatica-
fez um estudo completo da organizal;ao e do funcionamento das reparti<;oes mente a produ<;ao de documentos, pois estes nada mais SaDdo que urn 1

federais. As recomendaf1oes finais dessa comissao resultaram em melhoras subproduto da atividade administrativa. Sua criaf13.onao e em si urn fim.
1
e economias sensiveis nas operal;oes do governo. No campo da contabilida- Podemos extrair da experiencia australiana urn excelente exemplo de
de, por exemplo, acusou a existencia de urn "sistema oneroso" pelo qual a simplifica~ao de metodos de execu<;aode uma determinada ativida~e, que
Contadoria Geral (General Accounting Office), orgao do Poder Legislativo, diz respeito ao importante assunto da expedi<;aode titulos de propnedade 1
controlava as opera~oes fiscais dos orgaos do Poder Executivo. Por esse sis- de bens im6veis. A Australia, inicialmente, adotou a antiga lei inglesa de 1
tema milhoes de recibos e comprovantes de despesas eram enviados de todo transmissao. A propriedade da terra iniciava-se mediante doa<;3.o,por parte 1
o pais a um ponto de convergencia para exame individua1.31 A Comissao da Coroa, e cada transmissao subseqiiente do titulo se fazia por escritura. )~
'. II 1

Hoover propos urn programa de auditoria in loco, tornando, assim, desne- Estabeleceu-se, dessa forma, umalonga serie de titulos de propriedade. De-
cessario remeter todos aqueles papeis a Washington. Em conseqiiencia des- vido, em grande parte, aos esforf1osde sir Robert Richard Torrens (1814- ~.;'; 11
~:
se programa, simplificaram-se e uniformizaram-se os metodos contabeis e 84), esse complexo sistema foi substituido por urn simples sistema de regis- I

I
fiscais em todo a pais, ficando grandemente reduzido 0 volume dos docu- tro de titulo de propriedade da terra. 0 novo sistema foi adotado pela Lei de
mentos relativos a esse assunto. Bens Im6veis (Real Property Act), promulgada pelo Parlamento sul-austra-
liano em 1857. Segundo essa lei, a propriedade e representada por urn titulo,
cuja validade e garantida pelo governo. 0 titulo e registrado com base na
prova de propriedade originaria da doa~3.oda Coroa e subseqiientes atos ~e
Consideremos, em segundo lugar, a simplifica<;aodos metodos de tra- transmiss3.o. Nele se registram todas as subseqiientes mudan<;asde propne-
balho. Estes sao, em geral, muito mais complicados do que 0 necessaria. dade e estas SaDlevadas a efeito sem que haja necessidade de se proceder a
Quando se atribuem determinados encargos a uma repartif1ao,nao se cogita busca dos documentos que deram origem ao titulo. Assim, pelo sistema
de observar, inicialmente, como SaDdesempenhados. Com 0 correr do tem- Torrens, urn titulo e comprovado por urn simples exame e registrado num
po e provavel que surjam metodos de trabalho defeituosos. 0 problema con- unico documento, no qual SaDregistradas, simples e economicamente, to-
siste em analisar as fases'de uma dete~minada operaf1ao,com 0 objetivo de das as mudan~as posteriores de propriedade. 0 efeito desse sistema na cria-
~o e guarda de documentos e tremendo. Foi adotado pela maioria dos esta-
31 United States, Commission on Organization of the Executive Branch of the dos australianos, Nova ZeHindia,Canada, por parte das ilhas britanicas, por
Government, 1949:99. varios paises da Europa e por alguns estados dos EUA. \

r r• ..JJ
Butler e por O. R. Johnson, foi publicado sob 0 titulo Management control
through businessforms. Nesse trabalho os autores expuseram, como jamais
Consideremos, em terceiro lugar, a simplifica~ao da rotina da documen- se havia feito, as razoes para 0 controle de formularios. Afirmam que os for-
tar;ao. Dois aspectos do processamento da rotina dos docum~ntos tern parti- mularios san urn meio de padronizar as opera~6es de rotina, "que consti-
cular influencia na quantidade de papeis produzidos. 0 primeiro refere-se a tuem 0 volume de todos os neg6cios"; que, "quando se elaborar 0 melhor
criar;ao de documentos para a execur;aode ar;oes repetitivas ou rotineiras; 0 metodo de executar opera~6es de rotina" sera este "padronizado por meio
segundo refere-se a distribui~ao e ao arquivamento. de formularios, manuais e modelos de instru~6es praticas cuidadosamente
Os documentos pertinentes a operar;6es repetitivas sao, de modo geral, planejados". Os autores indicam, alem disso, que "a maior parte do trabalho
passiveis de padroniza~ao. Num governo de grande porte como a adminis- de rotina gira em torno de formularios". E acrescentam: "Urn estudo desses,
trar;ao federal dos Estados Unidos, a maioria dos document os tende a ser especialmente em conjunto, mostra, de maneira cabal, quais os pass os ou
dessa natureza. Entre eles incluem-se os relatorios, instrur;oes, cartas e urn opera~6es que podem ser eliminados, que alterar;oes san necessarias no
sem-numero de formularios usados nas atividades auxiliares, graficos, ta- processamento, e como 0 trabalho de redar;ao e demais atividades de escri-
belas estatisticas e varios tipos de documentos usados em rela~ao a pessoas torio podem ser reduzidos atraves do planejamento de formulas mais racio-
fisicas ejuridicas. Todos tern essa caracteristica em comum: san passiveis de nais".32
padronizar;ao, tanto no estilo quanta no conteudo. Devido ao volume, 0 con- Ate a II Guerra Mundial 0 problema de controle de formularios nao re-
trole de tais papeis constitui urn importante aspecto da administra~ao de cebera aten~ao muito sistematica por parte do governo federal dos Estados
documentos correntes. Se nao forem controlados, multiplicam-se como ce- Unidos. Durante a guerra, os programas do governo relativos ao controle da
lulas e tornam-se urn verdadeiro cancer no orgao governamental. produr;ao, prer;os, transporte e consumo de mercadorias ou riquezas envol-
Na execur;ao de urn programa que vise a controlar os documentos viam todos os cidadaos do pais. Deram origem a muitas operar;6es de rotina
padronizaveis, seguern-se os mesmos passos peculiares a urn programa des- que deviam ser executadas Com a rapidez exigida pelas contingencias da
tinado a sirnplificar os metodos de trabalho. 0 tecnico em administra~ao de guerra. Nessas circunstancias, os documentos objeto de aten~ao simultanea
documentos pod era percorrer 0 mesmo caminho trilhado pelo tecnico em de muitos funcionarios foram reproduzidos em numero espantoso e em ge-
administrar;ao geral. Ambos poderao analisar os mesmos metodos de traba- ral reduzidos a formulas. Sobre 0 assunto varios' orgaos do governo edita-
lho - 0 tecnico de administrar;ao para se inteirar de como os trabalhos estao ram grande quantidade de manuais. 0 primeiro foi publicado pelo Conselho
sendo executados, 0 tecnico de documentar;ao para se inteirar de como os de Produr;ao de Muni~6es (War Production Board) em 1942. Nos anos sub-
documentos san usados no tocante as fases de execur;ao desses trabalhos. seqiientes 0 6rgao Controlador de Prer;os(Office of Price Administration), 0
Ambos poderao analisar os papeis resultantes do processamento dos traba- Servir;odas Forr;as Armadas (Army Service Force) e a Jurisdir;ao do Vale do
lhos visando ao mesmo objetivo, isto e, simplifica-Io. Possivelmente urn de- Tennesse (Tennesse ValleyAuthority) editaram tambem manuais. A melhor
les se interessara mais pela mecanica, 0 outro, pela substancia dos metodos publicar;ao do pos-guerra foi a da Repartir;ao de Or~amento (Bureau of the
de trabalho. Budget) intitulada Simplifying procedures throughforms control, de 1947.
Nos Estados Unidos as firmas comerciais foram as primeiras a iniciar Para controlar os formullirios, e preciso que se esteja informado quanta
programas regulares para a simplificar;ao e a padronizar;ao dos papeis. Urn ao emprego e contexto de cada urn. Tomando-se por base essa informar;ao,
dos primeiros estudos de formularios e artigos de papelaria foi feito pela decide-se, em primeiro lugar, se 0 formulario e realmente indispensavel e,
Hammermill Paper Company, em 1930, que encarregou a Business Training em segundo, qual deve ser 0 seu conteudo, formato, aplicar;ao, distribuir;ao e
Corporation de Nova York de analisar as praticas mercantis de algumas fir-
mas por urn periodo superior a 18 anos. Esse estudo, escrito por Ladson
envolve a questao de arquivos descentralizados. Se os arquivos forem im-
propriamente descentralizados ou se os documentos nos arquivos forem mal
classificados, serao produzidos documentos desnecessarios. 0 tecnico em Principios de classifica~ao
administra~ao de documentos deve, principalmente, zelar para que as ca-
pias de documentos essenciais, isto e, as que servem como documentos au-
tenticos de urn assunto, sejam distribuidas e arquivadas convenientemente.
Nas reparti~6es criadas para atender a situa~6es de emergencia torna-se No TRATAMENTO DISPENSADO aos documentos de uso corrente, os orgaos gover-
muito importante designar que conjuntos de determinados documentos pro- namentais preocupam-se sobretudo com a guarda dos mesrnos, de modo
duzidos em serie serao considerados oficiais. Esses conjuntos pod em incluir que possam ser rapidamente encontrados quando solicitados. 0 problema ba-
series de documentos relativos a normas, orientac;ao ou politica, organiza- sico, portanto, na administrac;ao de documentos correntes, eo de conserva-Ios
c;ao e relatorios. Tais documentos, muitas vezes, sac reproduzidos em inll- de maneira ordenada e acessivel. Para se atingir esses objetivos torna-se neces-
meras vias distribuidas amplamente pelos varios setores. Nao serao, porem, sario que os documentos sejam: a) bem classificados; e b) bem arquivados.
acumulados nem preservados sistematicamente. A menos que 0 encarrega- A classificac;ao e basica a eficiente administrac;ao de documentos cor-
do dos documentos de instruc;6es para a conservaC;ao de series completas. rentes. Todos os outros aspectos de urn program a que vise ao controle de
Ao determinar a eficiencia de varias medidas tomadas para controlar a documentos dependem da classificac;ao. Se os documentos sac adequada-
produc;ao de documentos e importante que se coloquem as coisas nos devi- mente classificados, atenderao bem as necessidades das operac;6es corren-
dos term os. A administrac;ao de papeis, de modo geral, esta ligada 11 mecani- tes. E, para tanto, devem ser arranjados em func;ao do uso que tern em deter-
ca e nao a substancia das atividades governamentais. Conquanto se possam minadas unidades administrativas de urn orgao. Em todos os casos, desde
auferir gran des vantagens pela simplificac;ao da administrac;ao de papeis, os relativos a importantes assuntos de politica ate os de opera~oes de rotina,
muitos dos melhoramentos nas opera~6es governamentais podem ser atri- deverao ser agrupados em relac;ao ao seu uso. Refletirao a fun~ao do orgao,
buidos tanto a simplificac;ao dos processos de trabalho, quanto a simplifica- no amplo sentido do termo, e, no sentido mais restrito, as opera~6es especi-
C;aono trato dos papeis. As soluc;6es propostas para melhorar a administra- ficas individuais que integram as atividades do mesmo orgao.
c;ao dos papeis, alem disso, sac muitas vezes inadequadas, nao passando de Se os documentos sac classificados de modo a .refletir a organizac;ao e a
, 'I" , .••

referencias vagas e indefinidas para a "adoc;ao de padroes e controles" ou fun~ao, podem ser dispostos em rela~ao a elas. Na avalia~ao de documentos
"uso de metodos e praticas aprovadas" para a feitura e a guarda de docu- publicos, 0 primeiro fator a ser levado em considera~ao e 0 testemunho ou
mentos. Os problemas do tratamento de papeis nao podem ser resolvidos prova que contem da organizac;ao e da fun~ao. Tanto os funcionarios de urn
pela elabora~ao de frases que, como formulas de charlatoes, sao receitadas arquivo como os das proprias repartic;oes, ao tratarem dos documentos
indiscriminadamente para veneer todas as dificuldades que cercam os que concernentes a organizac;ao e funcionamento, levam em conta 0 valor com-
utilizam documentos. A ineficiencia nesse campo e, muitas vezes, urn sintoma probatorio dos mesmos. Se a classificac;ao dos documentos visa a refletir a
de administrac;ao inadequada. Tais males nao podem ser sanados melho- organizac;ii.o, pode-se remove-l os para uma destina~ao adequada, uma vez
rando-se simples mente a administrac;ao dos papeis. Sao muito mais profun- extinta a unidade administrativa. Ese, alem, disso, sac classificados pela
dos. A solu~ao de muitos problemas de documentos jaz no aperfeic;oamento fun~ao - separando-se a fun~ao substantiva da auxiliar, a politica da execu-
dos processos de trabalho e, em geral e principal mente, da organizac;ao e tiva " ou em geral , distinguindo-se a documentac;ao importante da secunda-
funcionamento da administrac;ao governamental. ria - entao 0 metodo de classifica~ao proporciona as bases para a preserva-
c;aoe destruic;ao, seletivamente, dos documentos depois que hajam servido
aos objetivos das atividades correntes.
Relativamente, tem-se dispensado pouca atent;ao aos principios que
.
voNaclOna" I por exemplo compreende muitos atos isolados, visando a.trans-
norteiam a classificat;ao de document os oficiais. Classificat;8.o, em se tratan-
do de documentos publicos, significa 0 arranjo dos mesmos segundo um ferencla d e corpos especificos de documentos procedentes
A •
'. de determmados
plano destinado a facilitar 0 seu uso corrente. Os esquemas ou sistemas de ,orgaos.
- A a t'Vl'dade
I de emprestimo compreende . dlversos
,_ atos Vlsando ao
arranjo, e logico, sao muitos e variados, mas, para estuda-los, pode-se divi- emprestimo de documentos especificos a det.ermmados ~rgaos. . .
di-los em duas classes: sistemas de registro e sistemas de arquivamento Vma repartit;ao publica, a fim de cumpnr suas funt;oes baslcas, reahza
(registry systems ejilling systems). Estes tanto incluem 0 arranjo fisico como .'
dOlStIpos p rl'ncI'pais de atividades que se podem caracterizar
. . como
. _ fins (subs-
a atribuit;ao de simbolos para identificar as lInidades documentarias e mos- tantivas) e meios (facilitativas ou auxiliares). As atlVldades-fim saD ~s ~ue se
trar a relat;ao entre lima e outra unidade. Os principios de classificat;ao des- referem ao trahalho tecnico e profissional do orgao, trabalho q~e 0 dlstmgue
cern as raizes do problema do arranjo de docllmentos. Determinam 0 agru- dos d emms.. Chamam-se atividades-meio aquelas. .. que se relaclOnam
.. com a
pamento de documentos em pequenas unidades e 0 agrupamento destas em administrat;ao interna da organizat;ao, ou seJa, atlVldades aux~lares, com~ns
unidades maiores. a todos os orgaos. Sao meramente incidentais para a execut;ao das funt;oes
basicas. .
Elementos da classifica~ao Na execut;ao de qualquer especie de atividade, quer substantIva, quer

auxi'll'ar , ocorrem dois tipos de operat;oes ou atos: politicos ou normativos


'd e
Ha tres elementos principais a serem cOl1siderados na classificat;iio de executivos. Os de natureza politica determinam a diretriz a ser segu~ a em
documentos publicos: a) a at;ao a que os documel1tos se referem; b) a estru- todos os cas os do mesmo genero. Vma determinada politica pode aphcar-se
tura do orgao que os produz; e c) 0 assunto dos documentos. aos atos de todo urn orgao ou restringir-se aos de uma de suas partes. Tanto
Desses tres elementos, pretendo ocupar-me em primeiro lugar da at;ao. pode aplicar-se as atividades auxiliares como ,a~ ativida~es-fim. Os atos de
Os documentos publicos, na sua maioria, sao produto de uma at;ao e subdi- ordem executiva decorrem das diretrizes pohtlCas. A dlferent;a entre atos
videm-se natural mente em grupos que se referem a at;oes. Vma at;ao po de "executivos" e "politicos" nao e perfeitamente definida, pois em geral as d~-
ser tratada em termos de funt;oes, atividades e atos (transactions). 0 termo cisoes politicas saD tomadas, pela primeira vez, em razao de urn caso parti-
"funt;ao" e aqui usado com referenda a todas as responsabilidades atribui- cular que se apresenta ao funcionario.
das a um orgao a fim de atingir os am pIos objetivos para os quais foi criado. Se analisarmos os atos administrativos dos governos, podemos obser-
Comumel1te, essas ful1t;oes SaDdefil1idas nas leis ou regulamentos que criam var que a maioria deles refere-se a pessoas, uma vez que os governos moder-
o orgao. A titulo de i1ustrat;8.o podemos citar as funt;oes do Arquivo Naciol1al nos ocupam-se, em proport;oes surpreendentes, com a vida dos cida~~os, no
dos Estados Unidos, as quais podem ser enumeradas como: a) destinat;ao;
desempenho de suas atividades de bem-estar social, de controle e atI~dades
b) preservat;ao e arranjo; c) descrit;8.o e publicat;ao; e d) servit;o de referen-
militares. Muitos outros atos referem-se a entidades, tais como .as ~m~a~es
cia. Cada funt;ao de um orgao pode ser subdividida em diversas "ativida-
administrativas do proprio governo, organiza90es privadas ou mStItu~90es.
des", termo este aqui usado no sentido de uma serie de at;oes, levadas a efei-
Consideravel numero tamhem se relaciona com lugares ou areas geograficas
to no desempenho de uma funt;ao especifica. Por exemplo, 0 pessoal do
- estados cidades, municipios e similares. As areas geograficas podem es-
Arquivo Nacional dos EUA, ao se desil1cumbir da funt;ao de dar 0 destino
tar repres~ntadas por entidades. Os atos que nao se relacio~am ~om pes-
adequado aos documentos do governo, executa atividades de recolhimento
soas, entidades ou lugares dirao respeito a assuntos ou temas, ISto e, aconte-
e de eliminat;ao; ao dispor dos documentos para usa, executa atividades de
cimentos, ideias etc. concernentes ao governo. .
pesquisa e de emprestimo. As atividades, por sua vez, podem ser subdividi-
A subdivisao de funt;oes em atividades e destas em atos pode ser Ilustra-
das em diversas operat;oes ou atos especificos. A de recolhimento ao Arqui-
da graficamente da seguinte maneira:
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o segundo elemento a ser observado na cIassifica9aO de documentos e a >
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organiza9aO da entidade criadora, pois os documentos podem ser, e geral-


mente sao, agrupados de modo a refletir a estrutura orgfmica da entidade. A .---
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estrutura que se imprime a urn orgiio e determinada, em geral, pelos objeti- •••
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vos ou fun90es a que se destina. Assim, a organiza9iio, freqiientemente,


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fun9iio. 0::1
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A estrutura organica de uma entidade pode ser dividida em unidades de . .:
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assessoramento (staff) e unidades de Iinha. As unidades de assessoramento ;;:
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encarregam-se, em geral, das grandes questoes de poHtica, como, por exem- ::IUo ><
plo, a maneira pela qual a entidade pode ser mais eficientemente organizada ~
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para executar seu trabalho, como este deve ser planejado e quais as princi- ...,::::>
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pais Iinhas de a9iio que devem ser observadas. Nessas unidades se proces-
sam as decisoes relativas a organiza9iio, polltica e process os pelos quais a •.•.•
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entidade se pauta. Nas grandes reparti90es podem criar-se servi90s espe- .":20 U<

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dais que se ocupem exclusivamente do trabalho de planejamento ou de for- 8GS I-
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mula9iio de metodos. Ligados aos argiios de staff de autoridade superior, ha
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tambem, em geral, alguns que tratam de problemas juridicos, fiscais, de pes- •.•.•1-
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soal e outros assuntos de administra9iio interna da entidade, ou seja, de suas '..: 0'"
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atividades auxiliares. Abaixo dos orgiios de stafJvem os orgiios de Iinha, isto ~
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e, aqueles que de fato executam 0 trabalho. Numa grande reparti<;ao publica reportam a assuntos ou topicos. Aqui, 0 tipo de entidades, de topicos etc. e
estes obedecem a uma escala hierarquica - aos superiores compete a super- que determina a base segundo a qual se estabelecem as unidades de arqui-
visao e administra<;ao e aos de nivel inferior, na escala administrativa, ca- vamento. Os documentos com eles relacionados sac mais dificeis de distin-
bem as opera<;oes detalhadas e freqiientemente de rotina. guir e de reunir do que os que se relacionam com uma unica entidade. As-
o modelo de organiza<;ao hierarquica e ilustrado no organograma da sim, se uma opera<;ao se refere a determinada classe de individuos, a classe,
Administra<;ao de Servi<;os Gerais (General Services Administration), da qual ao inves das pessoas, vem a ser a base para se agrupar os documentos em
faz parte 0 Arquivo Nacional. Reproduzo-o aqui para mostrar a estrutura da
unidades de arquivamento. Ou, se uma opera<;ao se relaciona.com urn as-
maioria dos 6rgaos dos Estados Unidos.
sunto que e objeto de interesse de diversas pessoas, tal como determinada
o terceiro elemento a ser considerado na classifica<;ao de documentos politica ou fate, 0 assunto, ao inves das pessoas, serve de base para 0 agrupa-
publicos e 0 assunto. Deixaremos esse elemento para mais tarde, quando 0
mento. Por exemplo, os documentos relativos a uma questao trabalhista se-
estudaremos em rela<;ao a maneira pela qual e realmente considerado no
riam agrupados em rela<;ao a causa, isto e, a questao, ao inves de 0 serem em
trabalho de classifica<;ao.
rela<;ao as pessoas nela envolvidas. Os documentos relativos a determina~o
de uma polltica que afeta urn certo numero de pessoas seriam grupados em
Praticas de classifica~ao rela<;ao a politica e nao as pessoas por ela atingidas.
As unidades de arquivamento relativas a politica sac extremamente di-
Vejamos como os elementos - fun<;ao, organiza<;ao e assunto - entram ficeis de determinar, pois os funcionarios do governo, em geral, nao conce-
na classifica<;ao dos documentos publicos. Visando ao estudo desse po~to, bem linhas de politica isoladas em "torres de marfim", embora seja esta a
os metod os de classifica<;ao podem ser divididos em tres tipos: funcional, ideia que se tern desses funcionarios. Formulam as diretrizes politicas em
organizacional e por assuntos.
rela<;ao aos cas os especificos que se Ihes apresentam. Disso resulta a possi-
bilidade de os documentos que refletem politica se encontrarem reunidos
aqueles relacionados com casos individuais. Outras vezes as determina<;oes
de politica e planejamento originam-se de diferentes opera<;oes, 0 que torna
Para tratar do problema de agruparos documentos publicos de acordo dificil 0 agrupamento de todos os documentos·importantes. Documentos
com a fun<;ao, vamos partir do menor agrupamento que em geral se faz para sobre relevantes questoes de metodos, de programa, de organiza<;ao e politi-
os maiores. 0 menor agrupamento pode ser chamado de unidade de arqui- ca estao assim, muitas vezes, submersos nas unidades de arquivamento re-
vamento ifile unit), que, como ja foi observado, nos Estados Unidos e na lativas principalmente a questoes de menor importancia. Essa mistura de
Australia, e normalmente representada por uma pasta. documentos importantes e nao-importantes reduz a utilidade dos mesmos
Via de regra, devem ser criadas unidades de arquivamento para todos para 0 administrador no seu trabalho corrente e dificulta, grandemente, 0
os atos (transactions), tomando-se este termo no sentido acima exposto. trabalho do arquivista, num estagio posterior, quando da sua tentativa de
Sempre que uma opera<;ao ou ate se refere a uma pessoa, entidade ou lugar, preservar a documenta<;ao basica referente a organiza<;ao e a fun<;ao. Sem-
os documentos que lhes dizem respeito pod em ser reunidos com relativa pre que possivel, portanto, devemos criar unidades de arquivamento sepa-
facilidade; e como grande pa'rte dos atos de urn governo relaciona-se a enti- radas para os documentos que se relacionam com importantes diretrizes,
dades avulsas, a classifica<;ao da maio ria dos documentos publicos e relati- opinioes, decisoes etc. Em resumo, os documentos que fixam diretrizes poli-
vamente simples. ticas devem ficar separados dos executivos; os gerais, dos especificos; os
. 0 agrupamento de documentos por atos, entretanto, torna-se mais difi- importantes, dos de rotina. Se nao se pode assim proceder, deve-se, de urn
cd quando se refer em a diversas pessoas, entidades ou lugares ou quando se modo ou de outro, anotar a existencia de documentos importantes em de-
terminadas unidades de arquivamento. Nesse caso, os indices de preceden_
tes sac de grande utilidade.
As unidades de arquivamento, pOl'sua vez, podem ser agrupadas em A estrutura organica fornece a base para gran des agrupamentos de do-
unidades maiores. Em geral, sao agrupadas em rela9ao a atividade. As va- cumentos. Esses agrupamentos podem estar refletidos no proprio esquema
rias classes de atividades necessarias a execu9ao das fun90es principais de de classifica9ao ou na descentraliza9ao fisica dos documentos.
urn orgao fornecem a base para determinar os cabe9alhos sob os quais as Se a estrutura organica se reflete num esquema de classifica9ao, as clas-
unidades de arquivamento podem ser agrupadas. Os documentos sobre ati- ses primarias, em geral, representam os principais elementos organizacio-
vidades auxiliares devem ser agrupados sob cabe9alhos separados. Estes nais da reparti9ao. A divisao em classes organizacionais e possivel e aconse-
podem dizer respeito a assuntos fiscais, de pessoal, material, transporte Ihavel somente em governos de organiza9ao estavel, e cujas fun90es e
comunica90es e similares. ' processos administrativos sejam bem definidos.
. Os documentos, uma vez agrupados POl'atividades, podem ser, alem Entretanto,o principal meio de agrupar organizacionalmente os docu-
dISSO,agrupados de acordo com a fun9ao. Os grupos funcionais sao as clas- mentos e a descentraliza9ao, que pOl'si so constitui urn importante ate de
ses maiores normalmente criadas para a classifica9ao dos documentos d classifica9ao. Na Alemanha e na Inglaterra os servi90s de registro sao des-
uma enti.dade. O.dr. ~rnest Posner, professor de administra9ao de arqUivo: centralizados de acordo com as linhas de organiza9ao, encontrando-se, ge-
n~ Ame~lcan Villverslty, de Washington, fez a seguinte observa9ao em rela- ralmente, urn registro separado para cada divisao de urn departamento ou
9ao ao sIstema de registro alemao: ministerio.
No governo federal dos EVA os documentos foram descentralizados
"D~sde 0 seculo XVIII tern 0 consenso geral admitido que 0 servi90 de'
quase ate 0 ultimo grau. Esse processo de descentraliza9ao pode ser ilustra-
reglstro co~respondente a uma entidade, ou a uma de suas divisoes,
d:ve arran!ar os seu~ ~ocumentos de acordo com as principais fun- do pelo Programa de Administra9ao dos Servi90sGerais anteriormente apre-
90es da ~ill~c:deadmlillstrativa a que serve. A organiza9ao da entida- sentado. Relembramos que sao os seguintes os quatro principais 6rgaos de
de, a atnbUl9ao de fun~oe~~s suas di.visoes,e os principais grupos de linha daquela administra9ao: Servi90 de Abastecimento de Emergencia
documento~ devem cOll1cldl~.0 reglstro ou 0 conjunto de registros (Emergency Procurement Service), Servi90 de Edificios Publicos (Public
reflete a enhdade com suas dlversas opera90es e e uma imagem dura- Buildings Service), Servi90 Federal de Material (Federal Supply Service) e
doura de suas multiplas atividades."33 • "
Arquivos Nacionais e Servi90de Documentos (National Archives and Records
Na cria9ao de urn esquema de classifica9ao para documentos oficiais Service). Cada urn desses orgaos de linha conserva os seus proprios doeu-
entao, a :un9ao, tomada no sentido anteriormente definido, deve ser levad~ mentos, 0 que alias e muito acertado, uma vez que suas fun90es sao inteira-
em consldera9ao, dividindo-se os documentos sucessivamente em classes e mente distintas. 0 National Archives and Records Service, pOl'sua vez, com-
subclasses. As maiores classes ou classes principais podem ser criadas to- preende quatro divisoes. Cada uma executa atividades bem distintas e
m~~do-se pOl'base as maiores fun90es do orgao; as classes secundarias, as mantem os seus proprios documentos. 0 Arquivo Nacional, que constitui
atlvldades e as classes mais detalhadas compreendem uma ou mais unida- uma dessas divisoes, tern muitos documentos descentralizados pelas se90es
des de arquivamento, criadas em fun9ao de atos relativos a pessoas, entida- dos diversos setores de documentos (records branches).
de~, lugares ou assuntos. Intermedilirias entre as classes secundarias e as Os documentos podem tambem ser agrupados pela divisao em series,
umdades individuais pode, se necessario, haver classes terciarias que agru- em base tanto organizacional, quanta funcional. Vma serie pode ser defini-
pam unidades de arquivamento em rela9ao a areas, classes de pe~soas etc. da como urn grupo de documentos, pastas ou dossies reunidos pOl'se rela-
cionarem com uma atividade especifica. A serie pode ser arranjada segundo
3333IP~o;;s~ne;'r;-,~19;;:4;1~:5;;-.----------------------- urn sistema de classifica9ao met6dico, ou segundo a forma ou origem dos

.,.~.
documentos, e pode ainda ser acumulada de maneira a atender a uma ne- tipos de documentos, tais como os que nao provem da aC;aogovernamental
cessidade administrativa especifica. positiva ou nao estao a ela vinculados. Incluem-se nesses documentos as
Nos paises que empregam 0 sistema de registro, a correspondencia, que pastas de referencia e informac;oes. Nos governos modernos tais pastas sao
geralmente compreende a grande massa de documentos oficiais, e dividida muito numerosas. Surgem sempre que as atividades governamentais se tor-
em varios grupos ou series, a medida que as atividades governamentais se nam altamente especializadas em rela(:iio a determinados assuntos ou sem-
tornam mais complexas. Quando as pastas relativas a pessoas, entidades ou pre que, como no caso das praticas americanas de arquivamento, os 6rgaos
lugares crescem muito, podem ser retiradas dos arquivos do protocolo e executivos insistem em ter a mao ou em compartimentos a parte, arquivos
mantidas nos servi(:os onde saD mais usadas. Assim, criam-se series de pro- verticais de documentos que nao servem a outro fim a nao ser 0 de referencia.
cessos nas quais todos os papeis que se relacionam com urn dado assunto Na classifica<;ao de tais documentos, os cabe<;alhos de assunto devem
sao colocados juntos de modo a representar a hist6ria completa de uma ope-
ser tirados da analise do assunto dos documentos. Se os documentos se refe-
ra(:ao, desde 0 seu inicio ate 0 seu termino. Na Inglaterra, por exemplo, os
rem a urn campo especial de pesquisa, como por exemplo "quimica agrico-
cham ados particular instance, tais como documentos do servi(:o militar, de
la", os cabe<;alhos de assuntos ou t6picos devem corresponder as subdivi-
seguro, manifesto de passageiros e documentos sobre firmas comerciais, saD
soes 16gicas daquele campo especifico. No livro Subject headings, Julia Pettee
identificaveis como series separadas. Mesmo nos governos menores, certos
apontou que "nenhum t6pico e uma entidade por si pr6prio ... Relaciona-se
documentos podem ser mantidos fora de urn servic;o de registro, em face da
intimamente e forma uma parte integrante, de urn todo maior".34 Os cabe<;a-
natureza confidencial dos mesmos, que requer sejam conservados a parte
lhos para arquivos extraidos de uma analise puramente 16gica dos assuntos,
dos outros documentos ou para atender a eficiencia de trabalho, uma vez
abrangendo urn campo de conhecimento humano, comparam-se aqueles sob
que documentos de tipos especiais saD muitas vezes necessarios em deter-
minadas se(:oes. os quais 0 material das bibliotecas e classificado.
No governo federal dos Estados Unidos, a maioria das series de docu- o dr. Martin P. Claussen, da cidade de Washington, autorde urn estudo
mentos que foram separadas do arquivo principal de correspondencia reI a- especial sobre os sistemas de classifica(:iio por assuntos e sua aplica<;ao a
ciona-se com classes especiais de atividades ou operac;oes. documentos oficiais, e que esta preparando urn manual sobre esses siste-
Assim, a maior parte dos documentos relativos a atividades fiscais de mas, escreve que encontrou mais de 100 classifica~oes do conhecimento cor-
pessoal, material e outros servi(:os auxilia;es;que constituem uma grande rente altamente usaveis e flexiveis. Estas, diz ele, SaD"excelentes instrumen-
pdrte dos documentos criados por urn governo moderno, e mantida separa- tos" para a organiza<;ao de documentos relativos "a tipos de industrias, tipos
damente. 0 mesmo se da com os documentos concernentes a atividades subs- de utensilios e de materiais, areas e localidades especificas, nomenclatura
tantivas altamente especializadas e com os documentos dos 6rgaos de linha organica e partes de organismo etc., que podem ser de real valor para deter-
atinentes a pesquisas e atividades de planejamento. A maioria das reparti- minado servi<;o de arquivo corrente, mas so se e quando confrontados com
c;oes, de fato, tern, alem de sua correspondencia principal, series separadas as fun<;oes especificas que correspondem a alguns destes e a outros campos
de varias especies. Se executam 0 mesmo tipo de opera(:ao relativamente a dos conhecimentos acima sugeridos".35
urn grande numero de pessoas, entidades, ou lugares, e provavel que criem Na elaboraC;ao de esquemas de classifica<;ao para documentos publicos,
series de processos (casefiles) ou dossies. comete-se muitas vezes 0 erro de aplicar urn grande esquema geral de cabe-
c;alhos de assuntos onde os documentos poderiam ser mais eficientemente

34Pettee, s.d.:57.
Conquanto os documentos publicos, geralmente, devam ser agrupados 35Claussen, Martin P. Comentarios sobre 0 manuscrito deste capitulo, 15-12-1954.
segundo a organizac;ao e func;ao, far-se-a excec;ao a essa regra para certos (MS em posse do autor.)
arranjados segundo a funl;ao e a organizal;ao. Este e provavelmente 0 caso Interdepartmental Study Group, no seu relatorio de outubro de 1945 sobre
do Sistema Decimal de Dewey, idealizado pelo bibliotecario norte-america- os Registries, nao recomendou nem a centralizal;ao nem a descentralizal;ao
no Melvil Dewey (1851-1931), em 1873, para a classifica~o de livros, quando como uma politica padrao; tao-somente observou que "onde quer que haja
aplicado na classifical;ao de documentos publicos. 0 sistema de Dewey divi- urn grupo homogeneo, deve haver 0 seu proprio Registro" e "sujeito a urn
de 0 conhecimento humano em 10 grandes classes, cad a uma dessas classes controle central unificado de sistemas e metodos".36 Num esquema de clas-
em 10 subclasses, cada subclasse em outras 10 subclasses. 0 sistema e muito sifical;ao, a divisao em classes organizacionais e, em geral, desaconselhada,
aprimorado para ser aplicado com vantagem a documentos publicos sobre po is a estrutura organizacional de orgaos de govern os modernos e por de-
assuntos gerais, e nao e suficientemente detalhado para ser aplicado a mate- mais fluida para fornecer uma base segura para a classifical;ao de seus docu-
rial altamente especializado. A maior parte dos documentos publicos deve mentos. As grandes divisoes de documentos num esquema de classifical;ao,
ser classificada segundo a origem organizacional e funcional. Os que mere- alem disso, podem com a mesma facilidade estar relacionadas tanto as fun-
cern classifica~o por assunto nao devem ser forl;ados num esquema elabo- ~oes quanta as unidades organizacionais; e
rado segundo principios estabelecidos a priori, mas devem ser agrupados c) os documentos publicos geralmente devem ser classificados em rela-
em classes estabelecidas pragmaticamente sobre uma base a posteriori. Es- ~ao a fun~ao. Resultam de uma fun~ao, SaD usados em relal;ao a fun~ao e
sas classes devem ser criadas gradativamente, a medida que a experH~ncia devem, portanto, ser classificados de acordo com esta.
atesta a sua necessidade. Na elabora~ao de urn sistema de classifical;ao base ado na analise das
fun~oes, atividades e al;oes, devemos observar os seguintes pontos:
PONTO1. E essencial que as classes sejam formadas a posteriori e, nao, a
priori. As classes devem ser fixadas a medida
que a experiencia atesta a sua
Podemos agora formular varias observal;oes a respeito da classifical;ao necessidade, isto e, a medida que os documentos sao criados na execu~ao
de documentos publicos, como sejam: das funl;oes. Elas nao devem ser estabelecidas arbitrariamente na base da
a) s6 em casos excepcionais os documentos publicos devem ser classifi- especulal;aO quanta ao aS$unto dos documentos que ainda estao para ser
cados em relal;ao aos assuntos que se originam da analise de determinado produzidos. No inicio de uma atividade, os documentos podem ser agrupa-
campo de conhecimento. Esses cas os ,excepcionais referem-se a materiais dos sob urn certo numero de grandesclasses cOQrdenadas, ou seja, de igual
de pesquisa, de ref~rencia e similares; valor. A propor~ao que a atividade se expande, as classes podem ter que ser
b) os documentos publicos podem ser classificados em relal;ao 11organi- subdivididas num certo numero de subclasses. A complexidade e 0 tamanho
zal;ao. Podem ser fisicamente separados em varias sel;oes de urn orgao, isto de uma entidade irao normalmente determinar quantas classes devem ser
e, podem ser descentralizados. E a descentralizal;ao, como ja chamei a aten- criadas para a classifical;ao de seus documentos. Urn teste priitico do 11I1me-
I;ao, e, por si s6, um grande ato de classifical;ao. Ou se sao fisicamente man- ro de subdivisoes necessarias pode ser feito perguntando-se: - Ha necessi-
tidos num ponto central, pode-se conseguir 0 agrupamento por servi<;os, dade de uma subdivisao aMm da classe secundaria para se encontrar os do-
segundo um plano de classifical;ao. Os documentos devem ser fisicamente cumentos? Se a resposta for positiva: - Ha necessidade de uma subdivisao
descentralizados somente se as repartil;oes que os acumulam executam ati- alem da classe terciaria? E assim por diante. 0 objetivo da classifical;ao e
vidades relativamente distintas e reparaveis. Se as atividades sao muito inter- facilitar a localiza~ao dos documentos quando se t1zerem necessarios. Nao
relacionadas, como acontece, em geral, em entidades pequenas ou nos or- se deve prosseguir na subdivisao de classes alem do ponto exigido para uti-
gaos de assessoramento de gran des entidades, os documentos a elas relativos lizar as buscas em unidades razoavelmente pequenas. Os documentos nao
nao devem ser descentralizados. E, em qualquer caso, deve-se proceder a
urn controle central sobre os documentos descentralizados. Na Inglaterra, 0
devem ser ultraclassificados. A tendencia normal, ao se elaborar urn esque-
ma de classifica'tao, e descer a minucias extremas, ao inves de se limitar a
generalidade dos assuntos.
PONTO2. E importante que haja consistencia quanta ads sucessivos ni-
Sistemas de registro
veis de subdivisoes de urn sistema de classifica'tao. Assim, se a subdivisao
primaria e pelas fun'toes, todos os cabe'talhos nesse nivel devem ser fun'toes;
se a divisao secundaria e por atividades, todos os cabe'talhos naquele nivel
DESDEQUESEcome't0u a registrar a hist6ria em documentos, surgiu para 0
devem corresponder a atividades. Os cabe'talhos e titulos das pastas devem
homem 0 problema de organiza-Ios. Entre os povos da Antigiiidade, os habi-
ser escolhidos cuidadosamente. Devem refletir as fun'toes ou as atividades,
tantes da Mesopotamia foram talvez os que mais documentos deixaram. In-
ou asopera'toes as quais se relacionam. Cabe'talhos como "generaIidades"
cansaveis escritores de cartas, seus escritos se conservaram, pois escreviam
ou "miscelanea" devem ser evitados, pois eles encobrem grande numero de
em materiais imperedveis. Os tijolos de argila nos quais inscreviam caracteres
pecados, em geral pecados de erros de arquivamento. Se os cabe'talhos nao
cuneiformes eram cozidos em fOrmas que os convertiam em pequenos
sac mutuamente exclusivos, ou se 0 significado dos mesmos nab e aparente-
tabletes, algo parecidos com 0 material usado hoje em dia nos telhados da
mente claro, devem ser elaboradas instru'tOes para 0 arquivamento, expIi-
Australia. Nesses tabletes encontram-se nao s6 cartas particulares, contra-
cando quais os documentos que devem e quais os que nao devem ser inclui-
tos de neg6cios, rituais religiosos, disserta'toes matematicas, cientificas e Ii-
dos sob os mesmos.
terarias etc., como documentos oficiais, isto e, correspondencia, leis e gran-
PONTO3. Convem estabelecer cabe'talhos separados para as atividades
de numero de regulamentos. Embora se haja descoberto milhares desses
auxiliares e para as atividades substantivas.
tabletes em escava'toes arqueol6gicas, nunca se percebeu que apresentas-
PONTO4. Convem estabelecer cabec;alhos separados para os documentos
sem qualquer ordem aparente. Presume-se que os tabletes eram acumula-
importantes relativos a politicas, metodos, programas e coisas semelhantes,
dos em pilhas, ou melhor, eram acumulados como urn monte de telhas, e a
e subdividir esses cabe'talhos mais detalhamente do que os de documentos
indica'tao do conteudo era inscrita nas bordas dos tabletes para evitar 0
executivos. Se isso nao for possivel, d~ve-se instituir urn outro meio de os
manuseio desnecessario na busca de uma pilha.
assinalar ou lhes dar destaque. • .'
o sistema de registro talvez seja 0 mais antigo 'sistema conhecido para
PONTO5. Convem manter urn esquema de classifica~ao corrente, no sen-
conservar documentos em ordem. Esse sistema originou-se na Roma anti-
tido de que seus cabe'talhos reflitam as fun'toes correntes da agencia. Os
ga, quando os magistrados come'taram a fazer notas particulares chamadas
esquemas de classifical;iio devem ser periodicamente ajustados as necessi-
comentarii dos assuntos de que tratavam diariamente. Essas notas logose
dades correntes.
ampIiaram, transformando-se em diarios da Justi'ta ou comentarii diurni,
nos quais se faziam lan'tamentos, em ordem cronol6gica, de todos os docu-
mentos recebidos ou expedidos, inclusive minutas de atos judiciais, provas
submetidas pelos litigantes e outros documentos. Esses diarios, cujos lan'ta-
mentos eram aceitos como prova legal, passaram a ter urn carater oficial no
fim da Republica romana e tornaram-se parte do acervo dos arquivos publi-
cas. Sob a administra'tao dos diversos imperadores que se seguiram, varios
orgaos do governo mantiveram registros semelhantes aos diarios de justi'ta.
Os atos oficiais do imperador, por exemplo, registravam-se nos comentarii
principis.
devem ser ultraclassificados. A tendência normal, ao se elaborar um esque-
ma de classificação, é descer a minúcias extremas, ao invés de se limitar à
generalidade dos assuntos.
PONTO2. É importante que haja consistência quanto aos sucessivos ní-
Sistemas de registro
veis de subdivisões de um sistema de classificação. Assim, se a subdivisão
primária é pelas funções, todos os cabeçalhos nesse nível devem ser funções;
se a divisão secundária é por atividades, todos os cabeçalhos naquele nível
devem corresponder a atividades. Os cabeçalhos e títulos das pastas devem DESDEQUESEcomeçou a registrar a história em documentos, surgiu para o
ser escolhidos cuidadosamente. Devem refletir as funções ou as atividades homem o problema de organizá-Ias. Entre os povos da Antigüidade, os habi-
ou as operações às quais se relacionam. Cabeçalhos como "generalidades': tantes da Mesopotâmia foram talvez os que mais documentos deixaram. In-
cansáveis escritores de cartas, seus escritos se conservaram, pois escreviam
ou "miscelânea" devem ser evitados, pois eles encobrem grande número de
em materiais imperecíveis. Os tijolos de argila nos quais inscreviam caracteres
pecados, em geral pecados de erros de arquivamento. Se os cabeçalhos não
cuneiformes eram cozidos em fôrmas que os convertiam em pequenos
são mutuamente exclusivos, ou se o significado dos mesmos não é aparente-
tabletes, algo parecidos com o material usado hoje em dia nos telhados da
mente claro, devem ser elaboradas instruções para o arquivamento, expli-
Austrália. Nesses tabletes encontram-se não só cartas particulares, contra-
cando quais os documentos que devem e quais os que não devem ser incluí-
tos de negócios, rituais religiosos, dissertações matemáticas, científicas e li-
dos sob os mesmos.
terárias etc., como documentos oficiais, isto é, correspondência, leis e gran-
PONTO3. Convém estabelecer cabeçalhos separados para as atividades
de número de regulamentos. Embora se haja descoberto milhares desses
auxiliares e para as atividades substantivas.
tabletes em escavações arqueológicas, nunca se percebeu que apresentas-
PONTO4. Convém estabelecer cabeçalhos separados para os documentos
sem qualquer ordem aparente. Presume-se que os tabletes eram acumula-
importantes relativos a políticas, métodos, programas e coisas semelhantes,
dos em pilhas, ou melhor, eram acumulados como um monte de telhas, e a
e subdividir esses cabeçalhos mais detalhamente do que os de documentos
indicação do conteúdo era inscrita nas bordas dos tabletes para evitar o
executivos. Se isso não for possível, deye-se instituir um outro meio de os
manuseio desnecessário na busca de uma pilha.
assinalar ou lhes dar destaque. 'O"

O sistema de registro talvez seja o mais antigo sistema conhecido para


. PONTO5. Convém manter um esquema de classificação corrente, no sen-
conservar documentos em ordem. Esse sistema originou-se na Roma anti-
tIdo de que seus cabeçalhos reflitam as funções correntes da agência. Os .
ga, quando os magistrados começaram a fazer notas particulares chamadas
esquemas de classificação devem ser periodicamente ajustados às necessi-
comentarii dos assuntos de que tratavam diariamente. Essas notas logo se
dades correntes.
ampliaram, transformando-se em diários da Justiça ou comentarii diurni,
nos quais se faziam lançamentos, em ordem cronológica, de todos os docu-
mentos recebidos ou expedidos, inclusive minutas de atos judiciais, provas
submetidas pelos litigantes e outros documentos. Esses diários, cujos lança-
mentos eram aceitos como prova legal, passaram a ter um caráter oficial no
fim da República romana e tornaram-se parte do acervo dos arquivos públi-
cos. Sob a administração dos diversos imperadores que se seguiram, vários
órgãos do governo mantiveram registros semelhantes aos diários de justiça.
Os atos oficiais do imperador, por exemplo, registravam-se nos comentarii
principis.
••••
•• o costume romano de conservar registros de documentos expedidos in-
fluenciou fortemente os métodos adotados pela Igreja que, no sentido inte-
lectual, foi o elemento de ligação do hiato entre o mundo antigo e o moder-
Desde que o sistema de registro é um dos sistemas mais antigos imagi-
nados para o trato de material documentário, o equipamento usado era o
que originariamente mais se adequava e que durante séculos tem sido mais

•• no, durante a Idade Média. Sendo a Igreja a única instituição estável nesse
período de instabilidade, os reis e cavaleiros medievais confiaram-lhe seus
prontamente disponível para a guarda desse material - as estantes. Con-
quanto o uso de estantes não seja essencial à operação do sistema de regis-

•• valores, inclusive seus documentos.


ção onde se encontravam
E como também fosse a única institui-
escribas, aqueles eventualmente confiavam sua
tro, na verdade elas são empregadas na maioria dos países que usam esse
sistema. Os documentos tratados por esse sistema, é óbvio, poderiam ser
colocados em móveis como arquivos verticais, mas não há nenhuma vanta-

••
corresp~ndência, e, ao desincumbir-se desta tarefa, a Igreja adotava o uso
dos a~tl~os romanos. Guardavam as cartas recebidas na sua forma original gem especial nesse uso.

••• constltumdo uma série, e faziam cópias das cartas expedidas em livros sepa-
rados .

••• . Com a expansão das atividades dos governos depois da fundação dos
remos modernos, e principalmente depois do uso generalizado do papel na
segunda metade do século XIV, o volume dos documentos aumentou consi-

•••• deravelmente.
que, geralmente,
Criaram-se novos órgãos para cuidar das novas atividades
em todas as casas reais relacionavam-se com assuntos bu-
Os serviços de registro, unidades administrativas governamentais res-
ponsáveis pela guarda e uso dos documentos oficiais, tiveram na Europa

••
~
rocr~ticos, financeiros ejudiciais.
celanas encarregados
ceber e preparar os documentos
nasceram os serviços de registro.
Criaram-se órgãos burocráticos
do trabalho documentá rio, isto é, encarregados
necessários à administração
ou ~han-
de re-
real. Daí
continental um desenvolvimento diferente do da Inglaterra. A diferença bá-
sica origina-se da sua posição na estrutura governamental. Na Europa a fun-
ção burocrática de escrever e copiar cartas estava separada da de administrá-
Ias. Criaram-se, aos poucos, serviços especiais conhecidos como registries
? s~stema de registro primitivo consiste em guardar os documentos de para se ocuparem exclusivamente com o problema de preservar e tornar aces-
~

•• um o:gao em duas séries, uma constituída de papéis expedidos e outra de


recebIdos. A característica essencial do sÍstema, da qual se deriva o seu nom
síveis os documentos correntes. *

-••
, . . e, Atualmente, os serviços de registro alemaes são descentralizados por
e o regIstro. No serviço de registro protocolam-se os documentos na ordem divisões. Há um registro para cada divisão de um ministério, o equivalente a
em que se acumulam. Atribuem-se-Ihes números consecutivos. Esses nú- um departamento do Executivo do governo federal dos Estatlos Unidos. Os
mero~ são a chave para o controle dos documentos em ambas as séries, e serviços de registro recebem de um serviço central a correspondência da
constItuem um meio de referência para o nome dos signatários e para os divisão. Registram, ficham, encaminham aos funcionários competentes com

•• assuntos dos documentos; nos índices as pessoas e os assuntos são identifi-


cados pelos mesmos. Indicam a ordem dos documentos em cada série
os respectivos anexos, e depois, quando os recebem de volta, c1assificam-
nos de acordo com um esquema de classificação estabelecido. Na execução

••
. N~m sistema de registro mais aperfeiçoado, os documentos de u~ ser-
* N. do T.: Equivalem, no serviço público federal brasileiro, aos serviços de comuni-
~ço sa~ guardados numa série que consiste em unidades de arquivamento
cações, órgãos incumbidos das funções de receber, registrar distribuir, expedir e
as quals tanto os documentos recebidos como expedidos são colocados jun- arquivar a correspondência oficial e os papéis relativos às atividades dos ministéri-

•• tos. Essas unidades são registradas numericamente na ordem em que se acu-


mulam e fa
'
' d'
zem-se m Ices para os nomes das partes e para os assuntos dos
d ocumentos cu' h " .
os, bem como prestar informações. São integrados pelos setores de recebimento e
expedição, movimentação, informação e reclamações, e arquivo. Nesses serviços
protocolam-se, ou seja, registram-se os documentos à medida que são recebidos ou

••
Ja c ave e o numero das umdades de arquivamento. expedidos.

••..---------------------------_ .....__ ._ .... _.


Decimal de Dewey. Nesses esquemas, o primeiro algarismo representa a di-
desse trabalho mantêm: a) registros, que consistem em livros de tombo ou
visão principal ou primária de assuntos, que geralmente designa os princi-
de fichários com entradas para os documentos de per si, em ordem numéri-
pais campos de atividades ou as maiores unidades administrativas; o segun-
ca crescente; b) índices para os nomes das pessoas ou assuntos; c) esquemas
do e o terceiro algarismos designam as divisões secundárias e terciárias, que
de classificação, indicando os cabeçalhos de assuntos sob os quais os docu-
representam as classes ou subclasses dos assuntos principais; e as próprias
mentos estão fisicamente arranjados; e d) inventários, mostrando as pastas
unidades de arquivamento, que geralmente são agrupadas em relação a tó-
já abertas, segundo os esquemas de classificação.
picos individuais, são designadas pelo quarto algarismo. Não se permite mais
Cada unidade consiste em uma pasta que contém toda a documentação
de 10 agrupamentos por tópicos individuais sob os quatro algarismos, de
sobre determinada matéria. Os documentos são presos às capas. Antigamente
era hábito costurá-Ias; atualmente empregam-se processos mecânicos. Se modo que o uso do ponto decimal, depois do algarismo, em geral é desco-
houver um grande número de documentos sobre determinada matéria po- nhecido. Um exemplo do sistema de quatro algarismos usado no serviço
dem ser usadas várias capas para os conter. As capas são identificadas por postal da Alemanha é o seguinte:
números de chamada. Eram antigamente guardadas horizontalmente em 2 - Serviço e operação postal
escaninhos de estantes, mas nos últimos anos vêm sendo,guardadas em ar- 22 - Regulamentos postais internos
quivos verticais. 220 - Acordos com administrações postais estrangeiras
O sistema alemão de registro foi explicado aos arquivistas americanos 2201 - Primeira pasta geralmente identificada por um
pelo d~. Ernest Posner, que afirmou serem os serviços de registro interme- tópico
2202 - Segunda
diários entre as chancelarias e os arquivos, e existirem na Alemanha há mais
2203 - Terceira
de 300 anos, período durante o qual, ao mesmo tempo que se ocuparam do
arranjo dos documentos públicos obsoletos, desenvolveram vários sistemas As repartições governamentais de menor vulto podem usar um sistema
para classificação de documentos. Os primeiros sistemas, observa ele, mos- semelhante de apenas três algarismos, enquanto as mais complexas preci-
travam uma tendência para "subdivisões super-racionalizadas e ultra-refi- sarão recorrer ao quinto algarismo. Criaram-se esquemas de classificação
nadas", mas esses sistemas complicados foram sendo, gradativamente, subs- uniformes para todas as dependências dos departamentos, de modo que tanto
tituídos por esquemas de classificação silnples'e lógicos.37 As contribuições nos serviços distritais e regionais, quanto nos serviços centrais os documen-
dos serviços de registro para a teoria e ciência arquivística foram habilmen- tos pertinentes a uma mesma matéria são classificados da mesma maneira.
te expostas por Brenneke-Leesch emArchivkunde. Doiscapítulos desse livro Os esquemas de classificação prevêem a separação dos documentos re-
foram dedicados ao estudo dos princípios prático-indu ti vos de classificação ferentes à criação e à organização do órgão, à sua administração interna e ao
que apareceram nos séculos XVI e XVII e os princípios racional-dedutivos
seu pessoal, dos documentos pertinentes às suas funções e à execução das
do século XVIII.
mesmas. Na classificação de documentos pertinentes a funções, além disso,
De acordo com a moderna teoria arquivística alemã, os documentos ofi-
faz-se uma separação entre os assuntos gerais e de diretrizes, de um lado, e
ciais são arranjados em classes pelos nomes das entidades físicas ou corpo-
os materiais referentes à aplicação das diretrizes a casos individuais, do outro.
rativas, pelos nomes das unidades geográficas ou administrativas (países,
províncias, distritos, cidades etc.), pelo assunto ou pela data. Para se classi-
ficar um grupo de papéis combinam-se, em geral, dois ou mais métodos.
Nos atuais esquemas de classificação alemães usa-se em geral um siste-
ma de quatro algarismos que é uma adaptação do Sistema de Classificação Originariamente, confiava-se ao capelão do rei a tarefa de escrever as
cartas reais. Mais tarde, essa tarefa passou a ser executada pelo chanceler ;~

que tratava d~~dos os oegócios da casa real. Em tt 99, e_s:.t._e_c_o_m


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tica do arrolamento, isto é, de guardar, em rolos de pergaminho, as cópias nham um caráter diferente. Não eram serviços separados como na Alema- 11
das cartas mais importantes por ele expedidas. Inicialmente, só as cartas nha, aos quais se atribuía o cuidado de arquivos inativos. Na Inglaterra, por I.'
importantes eram copiadas, mas, aos poucos, as menos importantes foram isso,houve pouca oportunidade para se criarem teorias sobre a classificação i
também sendo reproduzidas em forma resumida. Gradativamellte passou- de documentos inativos, pois estes eram tão-somente relegados, como dis-
se a fazer cópias também das cartas recebidas, de modo que as entradas nos semos no primeiro capítulo, a lugares onde não estorvassem. Quando no
rolos, ou registros, começaram a ser divididas com o correr do tempo, em século XIX os antigos órgãos do governo inglês foram substituídos pela or-
recebidas, expedidas e internas. Os rolos passaram a ser considerados como ganização departamental atual, foi introduzido o moderno sistema de regis-
tendo o mesmo valor dos documentos originais recebidos para efeitos de tro. Conquanto tivesse certas características dos sistemas de registro da Eu-
prova, da mesma maneira que os comentarii da Roma antiga, e, assim, pas- ropa continental, foi aplicado sem referências a princípios de classificação
sou-se a usá-Ias em vez dos originais na maioria das transações. Os originais tais como os desenvolvidos no continente através de uma experiência secu-
dos documentos entrados nos rolos foram, por essa razão, negligenciados lar. Atualmente, os registros ingleses são, em geral, descentralizados por di-
como documentos subsidiários. Os documentos, cuja relação com os rolos visões, como na Alemanha. Geralmente, cada divisão recebe sua mala de
não pode ser estabelecida, foram chamados de "Miscelânea Antiga". correspondência de um serviço central do departamento ou ministério e é
V. H. Galbraith, no seu trabalho Introduction to the use of the public responsável pelo registro, classificação, fichamento e guarda dos documen-
records, trata detalhadamente das várias séries de rolos que foram criadas tos. Na classificação dos documentos, em geral, dividem-se os papéis em
pela Chancelaria, pela Fazenda e pelos tribunais de Justiça. Os rolos da Chan- dois grupos: pastas individuais e de assuntos (case files e subjectfiles). O
celaria, que começaram como uma série, dividiram-se mais tarde em três termofiles possui, na Inglaterra e na Austrália, um significado inteiramente
séries principais. A primeira destas foi a série dos Charter rolls, ou conces- diferente do dos Estados Unidos.
s~e.sde privilégios a casas religiosas, cidades e corporações; a segunda foi a Umfile comumente consiste em um certo número de papéis que são
sene dos Patent rolls, ou cartas dirigidas com a grande chancela real aos reunidos e colocados em pastas ou em capas. É o menor agrupamento mate-
senhores feudais, e a terceira foi a série dos Close rolls, ou cartas enviadas rial que se faz num serviço de registro. Este faz-se, em geral, com referência
com a chancela real a pessoas particulares para fins privados, não sujeitos a a pessoas, organizações ou lugares ou a assuntos no mais abstrato significa-
inspeção pública. Essas divisões principais dos rolos da Chancelaria conti- do de tópicos, idéias, acontecimentos, conceitos etc. Na.Inglaterra os papéis
nuaram durante séculos, embora outras séries hajam sido formadas entre relativos a assuntos são agrupados em pastas na base da regra de "cada as-
as quais estavam os Fine rolls, contendo a escrituração de rendas (o~ mul- sunto, uma pasta"; papéis relativos a organizações, pessoas e coisas seme-
tas) pagas ao rei pela doação de terras e os Liberate rolls, contendo vales lhantes são agrupados na base de "cada pessoa, uma pasta" ou "cada organi-
e~iti~o~ autorizando o Tesouro a fazer pagamentos a terceiros. As princi- zação, uma pasta" e assim por diante.
~als senes de rolos do Exchequer, órgão encarregado das finanças originá- As pastas não são agrupadas em classes tão cuidadosamente definidas
no da casa real, eram os Pipe rolls, os Receipt rolls e os Memoranda rolls. como as do sistema de registro alemão. Em alguns serviços de registros as
~s ~ais conhecidos de seus documentos é o Domesday book. As principais pastas não são absolutamente classificadas por assuntos, mas tão-somente
senes de rolos dos tribunais de Justiça que representavam o órgão judicial mantidas na seqüência numérica em que são criadas. Em tais casos são ape-
destacado da casa real eram os Curia regis e os Plea rolls. nas fichadas por títulos, isto é, pela palavra-"chave" do assunto do mesmo.
No sistema de registro inglês os rolos constituíam assim os registros e Na maioria dos registros, entretanto, foram elaborados esquemas de classi-
era~ mantidos nas unidades governamentais onde as operações a que per- ficação segundo os quais as pastas são classificadas sob cabeçalhos princi-
tencIam eram realizadas. Não apenas a forma de registro era diferente da pais e subdivisões dos cabeçalhos principais. Os cabeçalhos, em geral, deri-
forma dos registros do continente, mas também os serviços de registro ti- vam de uma análise dos assuntos das pastas. São classificadas à medida que
vão sendo criadas, e não depois que tenham sido devolvidas ao serviço de quase se equivale ao dossiê quando se refere a pessoas específicas, organiza-
registro, como na Alemanha. Os sistemas empregados para a correspondên- çõese coisas semelhantes; pois o dossiê foi definido por Fournier como "uma
cia das seções do Serviço de Negócios Estrangeiros (Foreign Office) podem coleção de peças relativas a um affair" que "deve ser homogêneo, o que equi-
servir para ilustrar o método de classificação: vale a dizer que não deve conter nada mais do que documentos sobre um
mesmo assunto e pode consistir tanto em uma única, quanto em um grande
111 Grupos de assuntos
,
numero de peças."381 sso nao
- ocorre quan do uma pasta se relere
& a um assun-
135 primários ou
148 secundários to de alcance mais amplo do que a matéria específica, como seja o de uma
1481 Primeira pasta do grupo 148 pasta relativa a uma política diretriz, organização, norma ou um tópico de
1482 Segunda pasta do grupo 148 interesse de muitas pessoas.
1483 Terceira pasta do grupo 148 Para estabelecer as pastas, segue-se, de modo geral, o princípio inglês
1481/37 Primeira pasta do grupo 148 que pertence a
de "cada assunto, uma pasta". Um papel, assim que entra no registro, é colo-
um país cujo símbolo é 37
1482/37 Segunda pasta do grupo 148 referente ao cado como o primeiro documento de uma nova pasta quando se relaciona a
mesmo país um novo assunto ou pessoa. Se, por outro lado, refere-se a assunto de que já
se tratou previamente, é simplesmente carimbado, acrescentado à pasta ade-
quada, e recebe o número de folha (número do documento dentro da pasta).
Os papéis não são necessariamente colocados ou classificados em grupos
O registro australiano é conseqüência do sistema de guardar documen- estabelecidos antes que os documentos sejam criados como no caso do siste-
tos recomendado pelo British Colonial Officepara os documentos das secre- ma de registro alemão, sob o qual todos os documentos são agrupados em
tarias coloniais na Austrália. Na administração colonial os secretários ocu- classes preestabelecidas.
As próprias pastas são arranjadas quer sob sistema muito simples, quer
pavam lugares de destaque. Não eram apenas funcionários administrativos
importantes que, praticamente, tomavam conhecimento de todos os negó- sob sistema muito complexo. O sistema mais simples, conhecido como o
ci~s oficiais, mas também os responsáveis pelo registro (registrars), pois sistema de número único, é um sistema pelo qual cada pasta, à medida que
p~ticamente todos os documentos passavam por suas mãos. Pelo sistema é criada, recebe um número e é então colocada em sua ordem numérica. A
de registro cujo uso lhes era recomendado, a correspondência recebida era seqüência numérica é geralmente recomeçada no início de cada ano, sendo
arquivada separadamente e as cópias de cartas expedidas eram conservadas os números precedidos da indicação do ano - exemplo: 54/2356. Vários
em livros de correspondência. Muitas vezes criavam-se séries para despa- instrumentos de busca são, é claro, necessários para ajudar a localizar as
chos recebidos ou expedidos para a Secretaria de Estado das Colônias, em pastas arquivadas dessa forma simples. Esses instrumentos consistem, ha-
oposição àquelas para e de outros correspondentes. Cada carta ou despacho bitualmente, em um índice de nomes de pessoas que identificam as pastas
recebido era lançado, na ordem de recebimento, num registro, do qual cons- que, na Inglaterra, seriam chamados case files, e um índice de precedentes
tava o número do documento, datas de expedição e de recebimento, assunto que identifica determinadas pastas, por assuntos ou de nomes, que contêm
e providência tomada. A carta' ou despacho era também registrada num li- matéria que fixa política ..
vro-índice, que era subdividido alfabeticamente em seções segundo os as- O sistema de numeração simples, advogado pelo Commonwealth Public
suntos principais com que lidava a repartição. ServiceBoard no seu manual de serviço Records procedures, está tendo gran-
Segundo o atual sistema de registro, geralmente usado tanto no gover- de aceitação nos serviços australianos. Aquele conselho afirma que enquan-
no federal quanto nos estaduais, reúnem-se os documentos recebidos e ex-
pedidos em pastas, da mesma forma que na Inglaterra. O file australiano

tí 1 T tren t#~
to o controle numérico das unidades de arquivo é essencial à perfeita corre-
O emprego de uma lista desse gênero pode ser observado seguindo-se
lação dos assuntos contidos nas pastas de uma organização, cujas funções e
as várias fases do registro de um processo. Segundo os métodos recomenda-
atividades mudam com freqüência, não pode ser satisfatoriamente incluído
dos pelo Conselho do Serviço Público da Austrália, uma nova pasta é aberta
numa classificação formal rígida que se aplique às pastas individuais. Será
(ou criada) quando se recebe uma carta ou qualquer papel sobre um novo
sempre impossível classificá-Ias minuciosamente tomando-se por base o
assunto ou pessoa. O expediente é em primeiro lugar encaminhado ao clas-
primeiro papel relativo a uma determinada operação. O sistema numérico,
sificador, que, baseado na lista de cabeçalhos aplicáveis, determina aquele
como é hoje aplicado, transfere a classificação do assunto para o índice de
sob o qual deve ser fichado, depois de protocolado e devidamente carimba-
assuntos. O controle do índice é feito por uma lista autorizada de cabeçalhos
do. Encaminha-se então a um funcionário que o coloca numa pasta, em cuja
adotados e que podem ser modificados sem afetar o agrupamento numérico
capa anterior anota o número de protocolo (file number), isto é, o próximo
das próprias pastas. As referências adicionais ou modificações nos assuntos
número consecutivo e o assunto. O funcionário então registra-o num fichá-
de cada pasta podem ser feitas sem afetar o seu agrupamento numérico. As
rio (file reg is ter) , cujas fichas contêm, cada uma, cerca de 10 títulos (file
referências adicionais ou as nuances dos assuntos de cada pasta podem ser
titles) em ordem numérica e nas quais se anota o movimento subseqüente
feitas na medida em que o conteúdo se acumule sem modificar o número da
do processo pelo ministério. Depois de lançado na ficha de registro, o pro-
pasta e sem duplicar documentos. Na lista de cabeçalhos, os assuntos são
cesso passa para o encarregado do índice, que lança o título do processo na
divididos em classes como nos esquemas de classificação para arquivos. Um
ficha apropriada, num índice arranjado na mesma ordem da lista de cabeça-
trecho de uma lista de cabeçalhos de assuntos feita pelo serviço central do
lhos. Fazem-se referências cruzadas (em tinta de cor especial) para outras
Department ofLabour and National Service, da Austrália, é reproduzido aqui:
fichas de assuntos correlatos. Um outro funcionário prepara o índice de no-
mes de pessoas interessadas no processo. A pasta é então encaminhada ao
Cabeçalhos principais Cabeçálhos serviço ou funcionário competente, que, depois de terminar seu trabalho
secundários com a mesma, ou a devolve ao serviço de registro ou a encaminha a outro
e subcabeçalhos
serviço ou funcionário por meio de uma nota na capa do processo. O movi-
1. Comissões Ver também "Indústria mento é, em geral, feito através do serviço de registro, onde novos papéis são
2. Traslados e • .eprofissões" juntados e onde são despachadas as cartas expedidas e, se necessário, são
comprovantes
feitas alterações nas entradas do índice de assunto. Depois da volta definiti-
1. Acordos va ao serviço de registro, o processo é analisado por um revisor, que faz quais-
2. Laudos e decisões Ver também "Ofícios e quer entradas necessárias no índice de precedentes, faz as correções exigi das
profissões"
.01 Serviço Público no índice de assuntos e indica os eventuais atos de destinação, mediante
Federal consulta à "tabela de descarte", baseada na lista de cabeçalhos e que foi devi-
3. Salário base Ver também "Custo de damente aprovada pela autoridade competente.
4. Infrações e vida" Nos sistemas de classificação mais complexos, chamados de numeração
instauração de múltipla ou de três algarismos, as pastas podem ser agrupadas em duas ou
processos
mais classes, mas colocadas em cada uma dessas classes, na seqüência nu-
5. Julgamentos
.6. Salários e limites mérica em que são criadas. Em muitos serviços de registro os novos grupos
salariais de assunto, como no caso de novos processos, são criados à medida que se
tornem necessários, o que resulta serem os grupos de assuntos principais e
secundários freqüentemente muito numerosos. Nos departamentos maio-

rj1("r.~
res, como o Departamento da Marinha, os numerosos cabeçalhos de assun-
tos foram organizados em grandes grupos correspondentes às funções dos As unidades de arquivamento têm algumas características de livros. Em
vários setores dos departamentos. geral contêm toda a documentação de um assunto específico de acordo com
As várias classes em que se agrupam os processos são ePl geral indicadas a regra "cada assunto, uma pasta". Quando surge um assunto no curso das
por números. Esse método pode ser ilustrado por meio da produção de um atividades oficiais, todos os documentos a ele pertinentes são reunidos e
trecho do sistema de classificação do Departamento dos Correios: presos, em ordem cronológica de sua produção, em pastas ou capas. Dentro
232 Serviço de Encomendas, que é assunto principal da unidade de arquivamento todos os documentos são, em geral, numerados.
232/2 Aden, que é um assunto secundário do Serviço de Enco- As unidades de arquivamento australianas foram descritas da seguinte
mendas maneira:
232/4 Canadá, que é outro assunto secundário do mesmo serviço
"Cada pasta de arquivo de um ministério é, por si só, uma fração da
(neste exemplo todos os assuntos secundários dizem res- história da atividade do ministério. Cada processo é, na sua apresen-
peito a países e áreas geográficas) tação física, um apanhado de papéis presos dentro de uma capa de
232/2/1 Primeira pasta sob Serviço de Encomendas cartolina na qual se escrevem o título e os números de referência dos
232/2/2 Segunda pasta sob Serviço de Encomendas mesmos. Os papéis são anexados, um por um, à medida que as opera-
ções com as quais a pasta se relaciona vão sendo executadas. Uma
Há, é lógico, muitas variantes do sistema de múltipla numeração. Pode- pasta pode ser extremamente delgada ou pode ter várias polegadas de
mos usar letras ao invés de números, como símbolos para indicar a classifi- espessura. Pode ser limpa, perfeitamente ordenada e bem cuidada ou
cação principal de assuntos. Podem-se usar esquemas de classificação, às pode ser uma massa desleixada de papéis descuidadamente compila-
vezes variantes do sistema de classificação decimal de Dewey, para dividir da e manuseada."39
as pastas em várias categorias de assuntos. O uso desses sistemas pode ser
As unidades de arquivamento são tratadas como livros enquanto têm
ilustrado da maneira seguinte:
uso corrente. Os documentos nelas inclusos, geralmente, existem numa úni-
300 Finanças ca via. Não se extraem cópias para fins de referência no sistema de registro
300/20 Bancos (um assunto secundário sob Finanças) com a mesma liberalidade com que são extraídas nos sistemas de arquiva-
300/20/1 Primeira pasta sob Finanças, Bancos mento americanos. Dá-se carga das próprias unidades de arquivamento para
300/20/2 Segunda pasta sob Finanças, Bancos os serviços e o andamento é controlado à medida que passam de serviço
para serviço. Durante a sua tramitação, até que retomem ao serviço de re-
No sistema de numeração múltipla, o processo de registro é idêntico ao
gistro, todos os documentos componentes das unidades de arquivamento
descrito sob o sistema de numeração simples, exceto no ponto em que os
são mantidos juntos.
novos processos são registrados em fichas de assunto ou em folhas soltas orde-
nadas segundo o esquema de classificação de assunto. Mantêm-se também ín- As unidades de arquivamento são também guardadas em estantes, como
dices de nomes e muitas vezes de assuntos específicos para esses sistemas. livros. Tanto são conservadas em posição vertical quanto horizontal, em or-
dem numérica ou classificada.
A classificação das unidades de arquivamento tanto pode ser feita antes
quanto depois de terem passado pelas mesas de trabalho, isto é, podem ser
Há diversas características do sistema de registro que devem ser obser- pré-c1assificadas ou pós-classificadas. Quando pré-c1assificadas são distri-
vadas. A maioria delas advém da composição física das unidades de arqui- buídas em classes, de acordo com um esquema de classificação, à medida
vamento e dos métodos de ordená-Ias.
que são produzidas. São também pré-classificadas se indexadas de acordo
Arquivos (Archives Management Seminar), realizado pelos arquivistas aus-
com uma "lista de cabeçalhos", como foi recomendado pelo Conselho do
tralianos, em Camberra, de 12 a 23 de julho de 1954,40 são as seguintes:
Serviço Público da Austrália, pois o índice em fichas mostrará que unidades
de arquivamento se referem a determinados assuntos. Quando pós-classifi-
• deve ser planejado em relação às funções e atividades do ministério;
cadas são distribuídas em classes depois que o trabalho com as mesmas es-
teja ultimado. • deve, tanto quanto possível, refletir a organização do ministério;
• devem os grupos de documentos relativos a atividades específicas ser
As unidades de arquivamento, da mesma maneira que os livros, são em
destacados do corpo principal de documentos registrados, Se seu vo-
geral unidades indivisíveis. Cada uma, individualmente, contém a documen-
lume e sua característica o justificam;
tação sobre um assunto específico. No seu conjunto as unidades têm uma
• devem os diversos níveis de valores ser claramente identificados no
certa afinidade, 0lJ. relação, tão-somente por serem produzidas por um mes-
esquema de assuntos, devendo o arquivista (entenda-se arquivista do
mo serviço, ou em conseqüência de uma determinada atividade, ou em rela-
arquivo de custódia) ser consultado durante a sua elaboração, para
ção a um assunto mais geral. O valor das unidades de arquivamento, no seu
assegurar condições satisfatórias de destinação; e
conjunto, pode ser julgado quer pela importância do órgão que as produziu,
• não se devem registrar, de início, os documentos de valor puramente
isto é, a importância do autor das mesmas, quer pela importância da ativi- efêmero.
dade que resultou na sua produção, ou do assunto a que se referem, ou seja,
a importância do conteúdo das mesmas. O valor das unidades de arquiva-
mento, individualmente, pode, algumas vezes, ser aquilatado pelos seus tí-
tulos, da mesma maneira que livros o são pelos seus. Considerando que os
títulos e cabeçalhos de assuntos atribuídos às unidades de arquivamento
são, muitas vezes, desprovidos de sentido ou falhos - da mesma forma que
o são os de livros -, os méritos do conteúdo de tais unidades muitas vezes
devem ser julgados pela análise dos documentos.n~~as contidos.
O problema das atividades de um serviço de registro, no que concerne
ao uso corrente ou à destinação dos docuI11entos, reduz-se a um problema
de claSSificação - agrupar os documentos individuais em unidades de ar-
quivamento e agrupar essas unidades em relação a atividades e assuntos. Se
os itens inclusos nas unidades de arquivamento estiverem agrupados de
maneira acertada, as unidades podem ser avaliadas individualmente, como
livros, na prateleira de uma biblioteca, pelos seus títulos. Se as unidades de
arquivamento, por sua vez, estiverem agrupadas acertadamente, podem ser
avaliadas, como classes de livros de uma biblioteca, de acordo com o esque-
ma de classificação pelo qual estão organizadas.
As principais características de um sistema de registro sob Q ponto de
vista de arquivo, segundo as conclusões do Seminário de Admini~tração de
40 A I'

1. .__
---------------
ustra Ia, Commonwealth National Library, Archives Division, 1954:1.
Sistemas americanos de arquivamento

OS MODERNOS americanos de arquivamento distinguem-se dos siste-


SISTEMAS

mas de registro pelo fato de não usarem registros ou protocolos, isto é, livros
ou fichas nos quais se anota a entrada e o movimento dos documentos du-
rante o seu uso corrente. Noutros pontos esses dois sistemas, por vezes, muito
se assemelham. Em alguns serviços de registro alemães modernos os docu-
mentos são arranjados segundo o Sistema de Classificação Decimal de Dewey,
devidamente adaptado, sendo os papéis registrados agrupados nas menores
classes do sistema e guardados em arquivos verticais, em vez de serem nu-
merados e colocados nas estantes como geralmente se procede nos sistemas
de registro. No seu aspecto exterior as unidades de arquivamento (files) des-
ses serviços são exatamente iguais às dos serviços de arquivos correntes ame-
ricanos (file rooms). A única diferença aparente é que os serviços alemães
usam o registro ou protocolo para controlar a entrada e o movimento de
papéis, mas ainda aqui a diferença pode ser considerada mais aparente do
que real, pois os serviços de arquivos correntes americanos podem se valer
dos arquivos de prosseguimento ou fichas-lembretes (tickler cards) ou de
qualquer outro dispositivo semelhante, para conseguir o mesmo controle.
Nos arquivos de movimento americanos, por outro lado, as unidades de ar-
quivamento, tais como os processos ou pastas individuais (casefiles), são
muitas vezes arranjadas em ordem numérica, exatamente como o seriam,
normalmente, nos arquivos alemães, os papéis protocolados ou registrados.
Os modernos sistemas americanos de arquivamento, entretanto, comu-
mente também diferem dos vários sistemas de registro na maneira pela qual
se dispõem fisicamente os documentos. Estes, nos sistemas americanos, são
arranjados sob uma variedade de métodos que só podem ser empregados
com eficiência quando se dispõe de certos tipos de equipamento, bem como
duplicadores de documentos e outros materiais. Nos sistemas de registro, as
unidades de arquivamento são em geral ordenadas em seqüência numérica;
nos sistemas modernos de arquivamento, são ordenadas alfabeticamente
por nome, lugar ou assunto, ou segundo esquemas de classificação d Quando se instaurou o governo federal nos Estados Unidos, adquiriu
. d . e as·
suntos, ou am a numencamente Além disso nos sl'stemas a . este "todos os livros, documentos e papéis" do governo anterior - o Con-
. " mencanos de
arqUIvamento, os documentos são controlados enquanto d gressO Continental, constituído sob os artigos da Confederação.43 Tais "li-
. _. ' e uso corrente
pela maneira como sao arranjados, e não pelo emprego de registro D ' vros, documentos e papéis" consistiam em volumes manuscritos e em pa-
.. s. emodo
geral os documentos se apresentam numa ordem direta que d' , péis avulsos. Os volumes manuscritos eram de diversos tipos: a) os que
_ . ,. Ispensa Indi.
ces - sao ~uto~mdexavels. Recorre-se a guias ou outros auxiliares para indi. continham cópias de documentos expedidos que tratavam de assuntos in-
cal' a locallzaçao dos documentos nos arquivos embora em e t . ternos; b) os que continham cópias de documentos expedidos que tratavam
. . ' c r os sistemas
haja necessidade de se preparar índices Na maioria dos s· t . de assuntos estrangeiros; c) os que continham cópias de documentos rece-
, . . IS em as amenca-
nos, alem disso, descentralizam-se os documentos a tal ponto q d' bidos sobre assuntos estrangeiros, tais como" as cartas recebidas dos minis-
. ue se Ispen-
sa o uso de registros para um controle rigoroso do movimento dos m tros americanos no exterior"; e d) os que continham diário borrão (rough
E d I' - , esmos.
ssa escentra Izaçao so se torna possivel pelo emprego d d' , journal) do Congresso Continental. Os papéis avulsos que incluíam docu-
·
d os d e d up IIcaçao. - e Iversos meto-
mentos importantes tais como os artigos da Confederação, a Declaração de
Nest~ capítulo ~ nosso intento analisar, rapidamente, em primeiro lu- Independência e a Constituição, consistiam, em sua maioria, em cartas diri-
gar, a~ orIgens d~s Sistemas americanos de arquivamento, mostrando como gidas ao presidente do Congresso, expedidas por representantes no exterior,
e~olUIram dos Sistemas europeus de registro; em segundo, a evolução dos comunicações oficiais das diversas nações, relatórios de comissões e cre-
sl~temas mode~n~s de arquivamento, tratando particularmente das preli- denciais dos delegados. O sistema adotado pela secretaria do Congresso Con-
ml~ares essenCIaiS ao seu aparecimento, tais como o desenvolvimento d tinental era semelhante ao empregado pelo governo inglês naquela época.
eqUipamento e materiais de reprodução e d'e arquivo' e em t . 1 o Pode-se observar que as séries de documentos mantidas por aquela secreta-
". . " ercelro ugar
os ~a~lOstipos de SIstemas de arquivamento modernos, mostrando as carac~ ria têm uma semelhança marcante com as mantidas nas secretarias colo-
tenstlCas essenciais de cada um. niais australianas.
Logo em seguida à posse do presidente Washington, em 30 de abril de
1789, os "livros, documentos e papéis" do Congresso Continental foram en-
tregues ao Departamento de Estado, da Guerra e ao Tesouro, então criados.
Esses departamentos, de modo geral, seguiram os métodos de conservação
As ~ráticas primitivas, tanto americanas quanto australianas, provavel-
mente tiveram origem nas instruções do governo britânico ou pelo menos de documentos do governo precedente, simplesmente fazendo acréscimos'
nas séries de documentos que já existiam.
correspo~l~em ~uito de perto à prática daquele governo. ~s documentos
das admInIstraçoes coloniais americanas foram sem dúvida' d Segundo Helen L. Chatfield, o primeiro sistema de arquivamento que
pelo sistema de . tAs' , .' , conserva os empregaram era "simples e primitivo" e tinha as seguintes características
~ . " regIs 1'0. sim e que uma lei de Massachusetts, de 1665 faz
referencla a Rolls Recorts, 01' Registrer"41 de vários trl'bunal' , _ ' gerais:44 criavam-se, comumente, três séries principais de documentos:
_ ~ s e orgaos, en-
qu:nt~ uma resoluçao da Camara Legislativa de Maryland em 1740 ~ _ a) cartas recebidas; b) cartas expedidas; e c) papéis miscelânea. As cartas
ferencla a " d .." laz re entradas eram, em geral, numeradas na ordem do seu recebimento, e dobra-
. recor s, enrollments, publzc regzstries and oF'Fz'cesoif thz's
prouznce".42 'JJI das e provavelmente amarradas em pacotilhas. As cartas expedidas eram
transcritas em copiadores. Mantinham-se registros, em muitos casos, para

::ID~a~n~e~e;t
;al~iii,
~19~1;-:;4;-::1~8;-;1:-:-3~.------------ 43 Lokke,1954:1.
Maryland Historical Society, 1921:547. 44 Chatfield, 1950:261.

$;Z·1111.4
ambas as séries, bem como preparavam-se, para ambas, índices, a princípio da Guerra criou séries especiais que se relacionavam com os principais com-
em forma de livros e mais tarde em fichas. Os papéis ditos miscelânea eram, ponentes do Exército - os homens que compunham suas unidades milita-
em geral, arquivados em várias séries; algumas relacionavam-se com assun- res, as provisões de que se alimentavam e os equipamentos com que luta-
tos de administração interna e outras com atividades especia~. vam. As atividades relativas a pessoal militar e abastecimento aumentaram
A aplicação desse sistema - que é uma forma primitiva do sistema de com as guerras. A guerra de 1812, as guerras com os índios, a Guerra Civil, e
registro - pode ser mais bem ilustrada se analisarmos os documentos do assim por diante. Muitas das operações relativas a homens e provisões tor-
Departamento de Estado. A correspondência diplomática desse departamen-
naram-se rotineiras e repetitivas, de modo que podiam ser registradas em
to consiste, principalmente, em duas séries: a) os despachos recebidos de
fórmulas. O desenvolvimento das fórmulas no Ministério da Guerra ilustra
representantes no estrangeiro, que eram mantidos na sua forma original e
de maneira impressionante como certos formulários se dividem e se subdi-
também em forma de cópias "registradas" em livros de cartas a partir da
videm em novos para tratar das várias fases de uma atividade em expansão.
época do Congresso Continental, e b) as instruções expedidas aos represen-
O Departamento do Tesouro, o terceiro ministério executivo inicialmente
tantes no estrangeiro, que eram copiadas em livros, em série cronológica até
criado para onde se transferiram os "livros, documentos e papéis" do Con-
1820, e daí em diante em várias séries, segundo o país. A correspondência
gresso Continental, tinha as séries de documentos de costume: os copiadores
consular segue uma forma semelhante: a) despachos; e b) instruções. As
"cartas locais", uma continuação das American letters do Congresso Conti- de cartas, os papéis dobrados não encadernados e os livros de registros, as-
nental, consistiam em respostas às cartas recebidas pelo departamento, que sim como séries especiais de volumes enormes e incômodos intitulados diá-
eram copiadas em livros de cartas. A série "miscelânea" consistia em cartas' rios, razão e borrador. Os outros ministérios do Executivo - Marinha, Jus-
originais recebidas. Essas séries principais de correspondência foram tiça, Interior, Agricultura, Comércio e Trabalho - percorreram toda a gama
mantidas praticamente sem interrupção durante todo o século XIX, embora de métodos usados para tratar documentos. Os ministérios mais antigos
se acrescentassem novas séries miscelâneas, à medida que o âmbito das ati- começaram pelo sistema de registro, os mais novos adotaram os sistemas de
vidades do departamento aumentava. "No campo das relações exteriores, ao arquivamento por ocasião de sua criação.
menos", segundo o dr. Carl L. Lokke, "o novo governo não se desligou abrup-
tamente do antigo", na manutenção das séries dedocumentos.45
Originariamente os documentos do Departamento da Guerra eram ar-
ranjados da mesma maneira que os do Departamento de Estado. As cartas
Fazia-se mister a existência de certas condições físicas para a criação e a
recebidas eram conservadas como uma série separada. Eram dobradas e
manutenção de documentos antes de aparecerem os modernos sistemas de
provavelmente mantidas em maços entre papelões. Já em 1835 os regula-
arquivamento. Os novos métodos de duplicação e de arquivamento foram
mentos do Exército determinavam: "cada carta será dobrada em três partes
importantes preliminares na criação dos sistemas modernos de arquivamen-
iguais ..."46As cartas expedidas eram copiadas em livros de cartas, já citados
to. Isso se explica da seguinte maneira: em primeiro lugar, antes que os pa-
como uma "venerável instituição do Exército e ponto de estrangulamento da
péis expedidos e recebidos pudessem ser combinados numa única unidade
correspondência".47 Mantinham-se registros tanto para as cartas recebidas
de arquivamento, seria necessária a existência de cópias dos papéis expedi-
quanto para as expedidas. Pouc~ tempo depois, entretanto, o Departamento
dos e, por isso, deveriam existir meios de obtê-Ias. Em segundo lugar, antes
4S Lokke, 1954:3. que pudessem ser instituídos sistemas para o arranjo das unidades em outra
46 United States. General regulation oftheArmy ofthe United States. Washington, ordem que não a numérica, deveria existir equipamento material pelo qual
1835. art. 41.
47 Rieprna, 1941:182.
estas pudessem ser prontamente agrupadas e reagrupadas à proporção que
novo material era incorporado, e era necessário a existência de material de . da Guerra comprou uma de Sholes & Glydden por US$125. As máquinas
arquivamento de forma que tornasse evidente o seu agrupamento. ~: datilografia tiveram emprego generalizado nas repartições federais já no
Consideremos, em primeiro lugar, a relação existente entre os métodos fim do século XIX, quando os modelos foram melhorados, permitindo ~ue o
de duplicação e o aparecimento dos sistemas de arquivamento. O primeiro
d ~ 'ló grafo visse o trabalho à medida que batia. Não foram, entretanto,
. .
Ime-
invento usado para produzir cópias de documentos expedidos foi a prensa diatamente usadas para produzir cópias de documentos. Os prImeIrOS pa-
copiadora, inventada em 1780 por James Watt (1736-1819), o inventor da
péis carbonos eram oleosos e não fixavam bastante. Os carbonos per~anen-
máquina a vapor. Naquela época foi um invento de grande utilidade prática
tes só começaram a aparecer depois de 1905, quando a cera de carnauba do
na cópia de manuscritos. Empregava-se uma tinta glutinosa e imprensava_
Brasil foi pela primeira vez usada para dar estabilidade às tintas do carbono.
se a página escrita contra uma folha úmida de papel fino. Tanto George
Em 1912 a Comissão de Economia e Eficiência (Commission on Economy
Washington como Thomas Jefferson usaram esse invento. Washington re-
and Efficiency) criada por lei do Congresso, de 25 de junho de 1910, e no-
cebeu uma dessas máquinas de presente de John de Neufville & Son, comer-
meada pelo presidente William Howard Taft, recomendou "~ue cópias ~e
ciantes holandeses que abasteceram o Bon Homme Richard para John Paul
48 carbono devem constituir o registro da correspondência expedIda e que nao
Jones. Esse invento foi usado pela primeira vez no governo federal em 1970,
se continuem as cópias prensadas".49 Por fim a máquina de escrever e o pa-
no Departamento de Estado, que, em 21 de abril daquele ano, pagou a
el carbono revolucionaram o trabalho de escritório. Foi a primeira de uma
monsieur le prince 20 libras "por uma prensa copiadora e aparatos de co- p . ,. d
érie de máquinas para duplicar documentos que apareceram no InICIO o
piar cartas". Antes da Guerra Civil, alguns setores do Departamento da Guerra s . , ~
século XX. As primeiras destas foram inventos mecânicos como o mImeogra o
e da Marinha usavam-na para obter cópias de segurança de vários tipos de
documentos, a maioria das quais também era transcrita em copiadores. Com e o hectógrafo. A estas seguiram-se inventos fotográfic.os dos quais ~ ~ais
o aparecimento de tinturas anilinas, que tornaram as tintas mais perma- conhecido é a fotostática e agora começam a aparecer os mventos eletromcos.
nentes, as prensas copiadoras vieram a ser adotadas em muitas repartições Abordaremos, a seguir, a importância.do equipamento de arquivo em
do governo. Tiveram llSO generalizado no Ministério da Guerra durante a relação ao desenvolvimento dos sistemas de arquivamento. Os ponto:-cha-
Guerra Civil e nos demais órgãos da administração federal, cerca de 10 anos ve desse equipamento são a facilidade de novas inserções e a expansao. As
mais tarde. Em 1887, quando a Comissão Cockrall sobre os Métodos de Tra- prateleiras admitem facilmente inserções, mas só permitem expansões nas
balho nos Departamentos do Executivo (Cockrell Committee on Methods of extremidades. No início do século XIX as cartas e demais papéis do governo,
Business in Executive Departments) recomendou que se abandonasse a prá- exceto os copiadores e registros, eram em geral dobrados e amarrados em
tica de transcrever em livros, cartas prensadas em copiadores, as prensas pacotilhas e colocados nas prateleiras, ou, em alguns casos, como no Depa~-
copiadoras haviam-se tornado um utensílio de escritório muito comum. No tamento da Marinha, em arcas. Em 1868 inventaram-se dois tipos de eqUI-
começo do século XX empregaram-se motores elétricos para movimentá- pamentos de arquivo. Ambos tiveram uma influência relevante nos métodos
Ias. Essas máquinas caíram em desuso na maioria das repartições federais de arquivamento. Ambos permitiam expansões em qualquer ponto, com o
em 1912, quando a Comissão Taft de Economia e Eficiência (Taft Commission mínimo trabalho.
on Economy and Efficiency) instou pelo uso da máquina de escrever para os O primeiro desses equipamentos foi um arquivador (file holder) inven-
trabalhos de cópias.
tado por E. W. Woodruff que consistia em uma caixa de madeira com cerca
A máquina de escrever, inventàda em 1868, foi usada pela primeira vez de 3,5" (8,89cm) de largura por 8" (20,30cm) de altura, na qual os docu-
no governo federal em 1874. No dia 13 de novembro daquele ano o Ministé- mentos dobrados podiam ser colocados obedecendo a uma seqüência. Boa
,
Fitzpatrick, 1931-44, v. 1, p. x.
48
I
I

t.!
parte da correspondencia recebida do governo federal foi colocada nesses que arquivam as unidades numa ordem racional, de acordo com urn esque-
arquivadores nos 40 anos que se seguiram a sua inven~ao. ma de classifica~o. Ha tambem a observar os que resultam de combina~o
o segundo tipo de equipamento de arquivo consistiu em arquivos verti- dos tipos citados.
cais do tipo moderno. 0 primeiro a aparecer no mercado antes que as repar-
ti~6es federais estivessem preparadas para adota-Io foi produzido pela
Amberg File and Index Company em 1886.50 Vinte e cinco anos mais tarde ,
em 1893, Nathaniel S. Rosenau, secretario de uma organiza~ao de caridade
Em alguns departamentos do governo, 0 usa de registros foi abandon a-
em BUtalo, estado de Nova York, inventa urn arquivo vertical. Seu equipa-
do de ha muito. 0 emprego de numeros para designar unidades de arquiva-
mento, semelhante aos arquivos de hoje em dia, foi feito para acomodar as
mento, entretanto, continuou, mesmo depois que os modern os equipamen-
pastas de arquivo, isto e, os relatorios e papeis dos agentes visitadores de
tos de arquivamento possibilitaram urn agrupamento mais racional das
sua organiza~ao preparados para os que recebiam beneficios. 0 sistema pelo
unidades. Como os funcionarios estavam acostumados a lidar com nume-
qual esses documentos eram organizados, empregando guias e pastas, foi
ros, devido ao sistema de registro, era natural que atribuissem numeros as
melhorado em 1892, pelo Library Bureau, organiza~ao fundada em 1876 pOl'
unidades de arquivo, mesmo quando nao mais se fazia necessario ou conve-
Melvil Dewey para atender aos interesses dos bibliotecarios. Os arquivos do
niente. Muitas series de correspondencia, inicialmente, foram entao arran-
dr. Rosenau foram alvo da aten~ao do publico nao so pOl'queforam exibidos
jadas em ordem numerica. As cartas sobre cada opera~ao - recebidas e ex-
na Feira Mundial de Chicago, em 1893, mas, sobretudo, devido ao patroci-
nio do Library Bureau. Varios outros tipos de equipamento de arquivo se- pedidas - eram colocadas em pastas consecutivamente numeradas,
melhante aos arquivos verticais de Rosenau logo apareceram no mercardo. fazendo-se urn indice para 0 conteudo das mesmas pelos nomes dos signata-
No ana de 1912 a Comissao Taft de Economia e Eficiencia (Taft Commission rios e, eventualmente, pelos assuntos.
on Economy and Efficiency) estava habilitada a recomendar que nao mais o sistema numerico simples e improprio, sobretudo para 0 manuseio
se dobrassem os documentos, que os documentos fossem arquivados aber- de arquivos nominais, isto e, que podem ser identificados em rela~ao a pes-
tos em arquivos verticais, e que "nao se deveriam fazer registros em Iivros ou soas ou entidades. E urn sistema que obriga a elabora~ao de indices alfabeti-
em fichas da correspondencia recebida ou,exp.edida, a nao ser nos casos es- cos que nao se fazem necessarios se as pastas saDarquivadas em ordem alfa-
senciais, e que todos os protocolos em volumes encadernados deveriam ser betica, pelos proprios nomes. Esse sistema resulta no arquivamento de
suspensos".51 Como resultado dessas recomenda~6es decisivas osultimos documentos de urn correspondente especifico em pastas separadas cujo con-
vestigios de protocolo foram eliminados do governo federal e 0 caminho es- teudo e assim, em geral, muito escasso. Tal sistema dificulta a pesquisa pela
tava aberto para a introdu~ao de novos sistemas de arquivamento. subdivisao excessiva dos documentos, tornando dificH encontrar uma de-
terminada pasta de que se venha a precisar.
Tipos modernos de sistemas de arquivamento o sistema numerico simples, entretanto, foi tambem usado muito cedo
e de maneira muito eficaz no tratamento de processos (casefiles). Estes po-
Os sistemas modernos dividem-se em varios tipos: a) os que arquivam dem ser definidos como unidades de arquivamento que contem todos os
as unidades em sequencia nU!TIerica;b) os que arquivam as unidades, quer documentos pertinentes a uma determinada opera~ao. Aparecem muitas
se refiram a pessoas, assuntos ou lugares, em sequencia aIfabetica; e c) os vezes no decorrer de atividades legals, controladoras e de investiga~o de
umgoverno.
50 Chaffee, 1938:3. Urn born exemplo de urn processo (casefile) sera, digamos, urn que se
51 United States, President's Commission on Economy and Efficiency, 1912:7. refira a uma questao trabalhista. Nessas quest6es saDenvolvidas, como ad-
••
t• versárias, no mínimo duas partes; poderão envolver muitos assuntos como
os vários pontos questionados, e muitos tipos de documentos
criados, tais como atas, minutas, regulamentos.
podem ser
Os casefiles normalmente O primeiro sistema de arquivamento alfabético moderno introduzido

•• serelacionam com transações que envolvem uma variedade de assuntos qUe


são objeto de interesse de muitos indivíduos ou entidades e que consistem
em diversos tipos de documentos. Não podem, portanto, ser facilmente ar-
no governo federal foi, provavelmente, o de Fred C. Ainsworth (1852-1934),
que o aplicou aos vários formulários que criara em relação ao pessoal militar
no Ministério da Guerra. O sistema foi introduzido da seguinte maneira: em
t ranjados, seja por nomes ou assuntos, seja por tipos de documentos. Podem 1879 o Congresso dos Estados Unidos promulgou legislação concedendo
t ser arquivados com mais facilidade na ordem consecutiva em que as transa- pensão aos veteranos da Guerra Civil. Devido a essa legislação, o Ministério
t ções a que se referem são iniciadas e, se forem numerados à medida que são da Guerra, através do serviço médico e administrativo, teve de conferir os


t
arquivados, os números servirão de chaves para índices.
O sistema numérico simples foi também aplicado de maneira nada aper-
feiçoada nos primeiros anos do governo federal a arquivos por assuntos. Sim-
pedidos de inúmeras pessoas por meio de consulta aos documentos de ser-
viço militar e hospitalares. A maneira pela qual esses documentos eram guar-
dados tornou-se então assunto da maior importância.

•t plesmente se atribuíam números aos vários cabeçalhos de assuntos. Os do-


cumentos se acumulavam em relação a esses números, habitualmente na
Quando Ainsworth foi designado chefe da SGO Record and Pension
Division em dezembro de 1886, encontrou em atraso grande número de pe-

•t ordem em que os cabeçalhos eram escolhidos. Esse sistema pode ser ilustra-
do da seguinte maneira:
didos de revisão de pensão naquele serviço. Alguns meses mais tarde fez
algumas inovações radicais no tratamento desses pedidos. Deu início a um
projeto de copiar em "fichas-índices" (index-record cards) os nomes e as

• 1- Educação
2 - Comunicações
fichas médicas de cada soldado. Ele próprio descreveu o seu trabalho de co-

• 3- Contabilidade
piar as infonnações em fichas simples ou simples papeletas, da seguinte

•• 4-
5-
6-
Pessoal
Material
Organização
maneira:

"Essas papeletas são separadas e arranjadas em ordem alfabética pe-


los regimentos, de maneira que os registros hospitalares de um solda-
~ 7- Finanças do porventura tratado em diversos hospitais, em épocas e lugares di-
8- Publicações
• 9- Relatórios
ferentes, podem ser localizados prontamente, sem trabalho, sem que
haja necessidade de se pesquisar, muitas vezes para nada se encon-

~
10 - Legislação

Desse sistema de numeração simples surgiu o sistema dúplex. À pro-


trar, nos velhos e apagados registros hospitalares originais, e aten-
dem, ao mesmo tempo, ao duplo objetivo de cópia e de índice geral. "52


~
porção que os documentos aumentavam em quantidade
suntos, os diversos cabeçalhos principais foram subdivididos
e variavam os as-
em relação a
O trabalho de Ainsworth em relação aos registros médicos, naquele meio
tempo, despertou a atenção da Comissão do Congresso sobre os Métodos de
cabeçalhos subordinados. A esses cabeçalhos subordinados atribuíam-se Trabalho nos Departamentos do Executivo (Congressional Committee on
• números que eram acrescentados aos que haviam sido atribuídos aos cabe- Methods of Business in the Executive Departments), cujo presidente era o
• çalhos principais. Assim, temos por exemplo: senador F. M. Cockrell. Essa comissão, em 1887, "fez minuciosa investiga-

• 2. Comunicações
ção nos trabalhos do sistema de ficha-índice aplicado aos registros médicos
no Exército, e dedicou minuciosa atenção à possibilidade de ampliar a sua
• 2.1 Correio

•~ 2.1.1 Porte

•l
aplicação e estendê-Io à reprodução e preservação de outros documentos".53 são assim agrupadas pelos nomes que soam de maneira idêntica, sem levar
Como resultado das recomendações dessa comissão, o sistema de compila- em conta se a grafia é ou não a mesma. Esse sistema foi aplicado a 100 mi-
ção index-record cards foi aplicado aos documentos de serviço militar do lhões de fichas referentes a 400 milhões de pessoas, nas quais se anotaram
Serviço Administrativo Geral (Adjutant General Office). Os documentos informações extraídas das tabelas da população dos recenseamentos de 1880,
militares e médicos foram reunidos em 1889 e Ainsworth nomeado chefe da 1900 e 1920. O trabalho de resumir aquelas informações para serem usadas
Record and Pension Division, diretamente ligada ao Gabinete do Ministro como prova da idade ou cidadania foi executado, como um projeto de traba-
da Guerra. Finalmente cerca de 62 milhões de fichas foram preparadas, co- lhos federais, por pessoas desempregadas, em meados da década de 1930.
brindo os serviços de soldados americanos desde a Revolução até a Guerra Conquanto o sistema alfabético tenha sido usado em primeiro lugar para
Civil. ordenar documentos relativos a pessoas, foi, aos poucos, aplicado a docu-
O sistema de Ainsworth de "fichas-índice" deu início a uma verdadeira mentos relativos a assuntos. Talvez o mais simples sistema de arranjar do-
"revolução industrial" em matéria de guarda de documentos. Por esse siste- cumentos em relação a assuntos seja arquivá-Ias em ordem alfabética dos
ma resumia-se em fichas à informação sobre o serviço militar dos soldados, cabeçalhos selecionados, sob os quais os documentos podem ser agrupados.
informações essas extraídas de numerosas listas de revistas, relatórios, li- Um exemplo de tal arranjo encontra-se nos documentos gerais do gabinete
vros e papéis de toda espécie. Todas as fichas pertencentes ao mesmo indiví- do ministro da Agricultura, dos anos 1906-39. Os papéis, que consistem em
duo eram reunidas e colocadas em invólucros de papel, um para cada nome. correspondência, memorandos, relatórios e demais papéis recebidos e ex-
Os invólucros eram arranjados alfabeticamente pelo nome do soldado, pelas pedidos, eram arquivados sob cabeçalhos de assuntos arranjados em ordem
unidades do Exército, e estas pelos diversos estados. Os invólucros eram alfabética. Alguns dos cabeçalhos eram os seguintes:
colocados em arquivadores W oodruff, na frente dos quais se afixavam rótu-
Acetileno
los para mostrar que envelopes continham e a que unidades pertenciam. O
Arrendamentos, contratos
sistema reunia, assim, certas características essenciais dos modernos siste- Batatas
mas de arquivamento: juntava todos os documentos de assuntos determi- Contabilidade
nados em unidades de arquivamento d,istint!l.s e arranjava-as pelas unida- Endereços
des organizacionais dos arquivadores que mostravam a ordem do seu arranjo. Máquinas de somar
Matadouros
O sistema de arranjo alfabético foi também aplicado a arquivos verti-
Recibos
cais pelo Library Bureau. No fim do século XIX, essa organização tirou a
patente de dois tipos de sistemas alfabéticos que lançou no mercado. Por um Esse sistema serviu razoavelmente às necessidades da secretaria duran-
desses sistemas os papéis eram arquivados em simples ordem alfabética com te os anos em que as atividades <;laqueIe ministério eram simples e limita-
guias e pastas especialmente planejadas para uso nos arquivos verticais; pelo das. À medida que as atividades se expandiram novos cabeçalhos de assun-
outro, chamado sistema "automático", os papéis eram arquivados com guias tos foram acrescentados para cobrir os documentos a elas relativos. Os
e pastas que já indicavam as divisões das letras do alfabeto. Para os arquivos cabeçalhos de assuntos tornaram-se uma mistura de "maçãs, batatas e la-
alfabéticos onomásticos, de grandes proporções, foi inventado o sistema ranjas" - uma mistura de cabeçalhos desordenados, arranjados sem qual-
Soundex, segundo o qual as unidades de arquivamento são ordenadas por quer indIcação da inter-relação dos assuntos. O uso do sistema simples de
código, ao invés de o serem pela seqüência estritamente alfabética. O código assunto, geralmente, deve limitar-se a casos em que o volume de documen-
baseia-se no som das consoantes dos nomes. As unidades de arquivamento tos é pequeno e os assuntos pouco complexos.
O sistema de simples alfabetação de assuntos pode ser modificado de
várias maneiras para se obter um melhor agrupamento dos documentos. A
-.
i
li
primeira maneira é estabelecer cabeçalhos padronizados, de modo que não
haja entradas separadas para assuntos correlatos ou semelhantes. A segun-
da é subdividir os assuntos correlatos. Assim, o principal cabeçalho de as-
sunto pode ser subdividido em diversos cabeçalhos subordinados. Estes po-
A relação dos cabeçalhos de assuntos subordinados com os cabeçalhos
de assuntos principais pode também ser indicada por símbolos tirados dos
nomes das unidades da organização. Esse sistema, conhecido como sistema
orgânico, pode ser ilustrado da seguinte maneira:

••
dem ser indicados como cabeçalhos principais. Por exemplo, o cabeçalho
principal COMUNICAÇÕES pode ser subdividido nos cabeçalhos secundá-
rios e terciários de

••t Correio
Porte
Correspondência
Telecomunicações
ER
EI
EE
EM
Seção
Seção
Seção
Seção
de
de
de
de
Medidas e de Resistência
Indução e Capacitância
Instrumentos Elétricos
Medidas Magnéticas

t Esse sistema vem sendo empregado com êxito pelo Serviço Nacional de

••
A inter-relação dos cabeçalhos de assuntos subordinados e os cabeça-
lhos de assuntos principais pode ser indicada por números. Esse sistema, Normalização (National Bureau ofStandards). O seu emprego deve limitar-
conhecido como assunto-numérico, substituiu o sistema de simples orde- se a organizações cujas estruturas sejam estáveis e onde as funções sejam
perfeitamente definidas.
nação alfabética usado na Secretaria da Agricultura até 1939. Outro sistema
••
••
semelhante, conhecido como alfanumérico, usa letras do alfabeto para de~
signar os cabeçalhos principais de assuntos e números para indicar os cabe-
çalhos subordinados. O uso do sistema assunto-numérico pode ser ilustra-
do da seguinte maneira: Os sistemas classificados diferem dos sistemas numéricos e alfabéticos
t
COMUNICAÇÕES porque tentam reunir todos os documentos numa ordem lógica. Pelos siste-

••

1. Correio mas numéricos as unidades de arquivamento, como já vimos, são, em geral,
1. 1 Porte simplesmente agrupadas numa seqüência numérica consecutiva e nos siste-
t 2. Correspondência mas alfabéticos, em seqüência alfabética. Por alguns desses sistemas, é bem

•• 3. Telecomunicações

A inter-relação dos cabeçalhos de assuntos subordinados e os cabeça-


verdade, as unidades de arquivamento podem ser reunidas, segundo uma
inter-relação lógica, com outras, sob os cabeçalhos principais de assunto.


Mas essa racionalização limita-se a documentos agrupados sob tais cabeça-
lhos principais podem também ser indicados por símbolos alfabéticos que
lhos.
sugiram os assuntos. Esse sistema, conhecido como sistema mnemônico,
t pode ser ilustrado da seguinte maneira: Os sistemas classificados originaram-se na classificação decimal para o
arranjo de livros idealizado em 1873 pêlo bibliotecário americano Melvil
Ia
Dewey. A premissa de Deweyera de que todo o conhecimento humano, e os

"• Ae Administração de Edifícios e Jardins


livros a este relativos, podia ser dividido nas 10 classes seguintes:

••
Ag Administração Geral' 000 Obras Gerais
Agi Administração Geral, Legislação 100 Filosofia
Ap Administração de Pessoal 200 Religião
300 Sociologia
~ 400 Filologia
~
~
n
~ _
500 Ciências Puras
600 Ciências Aplicadas
700 Belas-Artes Para concluir gostaria de fazer algumas observações gerais sobre os sis-
800 Literatura
temas de arquivamento.
900 História
A primeira seria que os sistemas de arquivamento apenas fornecem a
o Sistema Decimal de Dewey teve ampla divulgação através do Library estrutura mecânica em relação à qual os documentos devem ser arranjados.
Bureau. Foi aplicado a documentos, pela primeira vez, pela Estrada de Ferro Pelo uso de símbolos ou de outro meio, indicam a ordem em que as unidades
Baltimore-Ohio em 1898. Essa empresa criou um sistema de organizar os de arquivamento devem ser agrupadas. Mas ajudam pouco no que concerne
documentos da estrada, conhecido como Railmad Classification File, cujos à determinação dos cabeçalhos de assuntos sob os quais certos papéis ou
direitos autorais registrou em 1902. pastas devam, mais acertadamente, ser colocados. Esse processo que envol-
Muito embora viessem sendo aplicadas, à documentação de algumas ve uma grande parte de julgamento subjetivo é o processo de classificação.
repartições do governo, adaptações do Sistema de Classificação Decimal de Minha segunda observação é que os documentos podem ser eficazmen-
Dewey antes de 1912, só depois que a Comissão Taft de Economia e Eficiên- te arranjados em quase todos os sistemas de arquivamento. Há algumas ex-
cia publicou seu Memorandum of conclusions, em 12 de fevereiro daquele ceções que serão observadas. De modo geral, no entanto, qualquer sistema
ano, é que o sistema foi adotado amplamente nas repartições federais. Uma de arquivamento, não importa qual seja, pode apresentar resultados
das recomendações da comissão foi "que toda a correspondência, tanto re- satisfatórios se for adequadamente aplicado. A insuficiência do arquivamento
cebida quanto expedi da, seja arquivada obedecendo a uma classificação sub~ deve-se, com mais freqüência, a falhas humanas do que a falhas do sistema.
jetiva, arranjada tanto quanto possível em bases de auto-indexação e, onde Minha terceira observação,. oriunda da segunda, é que os sistemas de
se considerar os números como essenciais, deve ser empregado um arranjo arquivamento devem ser explicados e deve-se preparar instruções relativas
lógico destes, obedecendo a um sistema decimal ou análogo".54 ao seu uso, se se deseja que funcionem com sucesso. Na Austrália o Conse-
O Sistema Decimal de Dewey não se presta para documentos oficiais de lho do Serviço Público (Public Service Board) e na Nova Zelândia a Comis-
uma administração em expansão. É excessivamente rígido. Sua divisão na são de Serviço Público (Public Service Commission) publicaram instruções
maioria dos casos, é muito diminuta. Seus símbolos demasiadamente c~m- claras e explícitas sobre a operação dos sistemas de registros naqueles dois
plicados, e um tratamento filosófico não se coaduna com as operações práti- países. Nos Estados Unidos diversas repartições também editaram manuais
cas de uma repartição pública. de arquivamento como guias para os serviços de arquivos correntes.
Fizeram-se várias adaptações do Sistema Decimal de Dewey para docu- Minha quarta observação é que para cada tipo de documento deve-se
mentos. Um exemplo de sua aplicação à correspondência é o seguinte: aplicar o sistema de arquivamento que mais se adapte, e de modo uniforme
para cada tipo. Na Austrália e na Nova Zelândia praticamente todos os tipos
400 MINAS E MINERAIS
410 ENGENHARIA E MINAS de documentos produzidos pelas repartições públicas são reunidos em ar-
411 Trabalho de minas quivos registrados. Raramente se usam sistemas especiais para tipos espe-
411.1 Minas de metal ciais de documentos. O.Conselho de Serviço Público daquele país está, pois,
411.11 Minas de ouro aconselhando que os órgãos federais adotem o chamado "sistema de nume-
411.111 Depósito aluvial de minérios ração simples" descrito anteriormente. O sistema pode ser aplicado até mes-
411.111.1 Valas e calhas
mo em grandes repartições, dividindo-se os arquivos em seções com base
nas funções, como vem sendo feito pelo Commol1wealth Departmel1t of the
54 United States, President's Commission on Economy and Efficiency, 1912:7. Navy. Nas repartições federais dos Estados Unidos os tipos especiais de do-
•• cumentos podem ser arquivados, mais eficientemente, de acordo com siste-

•• mas especiais de arquivamento. O encarregado dos documentos correntes


deve determinar o sistema a ser aplicado a cada tipo de documento e deve

•• assegurar a aplicação consistente dos sistemas escolhidos.


Na escolha dos sistemas, os seguintes pontos devem ser observados:
PONTO 1. O sistema deve ser simples. Prefira-se um sistema simples de
Destinação dos documentos

•• assunto a um sistema assunto-numérico, sempre que os documentos sejam


de pequeno volume e restritos quanto ao alcance dos assuntos tratados. Os
O TERMO "DESTINAÇÃO" (disposition), no sentido em que é empregado nesta

••
símbolos usados em sistemas mais complexos servem a dois propósitos:
obra, compreende tudo que se pratica em relação aos documentos para de-
a) indicar aos pesquisadores onde foram arquivados determinados docu-
terminar o seu destino final. Esse destino pode ser a transferência para um
mentos ou, por meio de referências cruzadas, onde estão arquivados os do-

•• cumentos correlatos; b) indicar aos classificadores onde os documentos de-


vem ser arquivados. Os símbolos aumentam em importância à medida que o
depósito de armazenamento temporário (record center) ou para um arqui-
vo de preservação em caráter permanente, redução de seu volume por meio
da microfotografia ou simplesmente a destruição imediata.

••
volume e a complexidade dos documentos aumenta.
PONTO 2. O sistema deve ser flexível. Os símbolos não devem estar vin-
A eficiência de um programa de destinação de documentos deve ser
culados a coisas sujeitas a alterações, como sejam as unidades orgânicas em julgada tão-somente pela exatidão de suas determinações. Essa exatidão

•• constantes modificações nas administrações modernas. O sistema mnemô"-


nico, por isso, tem uma aplicação muito limitada nos documentos moder-
dependerá, em grande parte, da maneira pela qual os documentos são anali-
sados antes de serem tomadas as determinações. Em todos os casos o pro-
blema básico é o do valor. A transferência para um depósito temporário pre-

••
nos.
PONTO 3. O sistema deve admitir expansões. Deve permitir a inserção de sume valor para um futuro uso administrativo, legal ou fiscal; a transferência
novos cabeçalhos principais para atender aos documentos que resultem de para um arquivo de custódia permanente, o valor para pesquisa ou valor

•• novas atividades, bem como permitir a divisão dos cabeçalhos principais à


medida que os documentos relativos às atividades se tornem mais comple-
permanente para outros fins. A microfilmagem, dado o seu alto custo, só é
proposta quando os documentos têm valor primário ou secundário que jus-

••
"xos.Tanto o sistema assunto-numérico quanto' o dúplex-numérico permi- tifique a despesa. E, é lógico, faz-se mister um julgamento de valor sempre
tem essa expansão. O sistema alfanumérico, por outro lado, não permite o que se pretender destruir documentos.
acréscimo de novos cabeçalhos principais além de 26. O Sistema Decimal de Num programa de destinação nada pode substituir o cuidadoso traba-

•• Deweylimita o número de assuntos primários, secundários e terciários a 10,


mas permite a expansão de números indefinidamente depois do ponto deci-
lho de análise. Não há possibilidade de se inventarem técnicas que reduzam
a uma operação mecânica o trabalho de decidir sobre o valor dos documen-

•,
mal. Nesse sistema, como salientou o arquivista alemão Adolf Brenneke, os tos. Não há, tampouco, um modo fácil e de custo reduzido para determinar-
documentos são arbitrariamente enqúadrados numa cama procrusteana de se o destino dos documentos, a menos que se adote o sistema de destruir
10 compartimentos.55 tudo. Essa medida drástica agradará apenas aos niilistas que não vêem bem

•, algum nas instituições sociais ou nos seus documentos.


Neste capítulo tratarei: a) das espécies de informações que se fazem ne-

•• cessárias às decisões relativas à destinação dos documentos; b) dos instru-


mentos que devem ser separados para descrevê-Ias com o mesmo objetivo; e
c) dos tipos de ações que se podem praticar para levar a termo a destinação.



~
t
destruido ou a ser conservado e assim virtualmente impossivel. Segundo
urn sistema de arquivamento americano ideal, a classificaC;3ooou esquema
Os documentos oficiais, note-se, podem ser descritos em relaC;3ooa do is
deve igualmente prover as bases para uma identificac;ao acurada dos mate-
aspectos distintos. Urn deles e 0 seu conteudo substantivo, 0 Olltro e a sua
riais a serem destruidos e daqueles a serem conservados. Pela maioria dos
estrutura Oll apresentac;3oo fisica, isto e, sua forma unitaria e a seu arranjo.
sistemas de arquivamento americanos, a criac;ao das pequenas unidades de
Os documentos podem ser descritos quanta a substancia em relaC;3oo:a) as
arquivamento, tais como as pastas, baseia-se em geral numa cuidadosa dife-
unidades de organizac;ao da entidade criadora; b) as func;oes, atividades e
renciac;ao dos documentos segundo 0 assunto, mas essas unidades sac mui-
atos ou operac;oes (no senti do em que se definiram esses termos no capitulo
tas vezes reunidas em grupos sem que sejam observados os principios de
7) que ocasionaram a cria<;,aodos mesmos; e c) aos assuntos de que tratam.
classificaC;3oo.A identificaC;3oodo material a ser destruido ou retido tomando-
Podem ser descritos quanto as suas caracteristicas fisicas em relaC;3oo:a) ao
se pOl' base os segmentos do esquema de c1assificac;ao e entao impossive!.
esquema (ou parte) de c1assificac;ao pelo qual as documentos foram arqui-
Para fins de destinac;ao, os documentos so poderiam ser identificados se-
vados; b) as unidades de arquivamento em que foram agrupados; ou c) aos
gundo sua c1assificac;ao se estivessem devidamente c1assificados.
tipos Oll especies docllmentarios de que consistem. A descriC;3oodos docu-
Em segundo lugar trataremos da descric;3ooem relac;ao it forma unitaria
mentos po de ser ilustrada graficamente da seguinte maneira:
ou ao tipo documentario. Sob esse ponto de vista, os documentos podem ser
divididos, de maneira geral, em escritos, audiovisuais e cartograficos. Essas
grandes categorias podem ser subdivididas em varios tipos. Os materiais
DESCRI(AO audiovisuais incluem filmes, fotografias e discos. 0 material cartogrcifico,
em rela~ao a
em geral, consiste simplesmente em mapas e documentos correlatos. A do-
cumentac;3oo escrita po de ser dividida em inumeros tipos fisicos. Cad a tipo e
em geral criado para facilitar urn genero comum de ac;3oo,como, pOl' exem-
plo, requerer alga, firmar urn contrato ou requisitar material. Dai surgirem
as especies "requerimentos", "contratos" e "requisic;oes". Outras especies ou
tipos comuns sac "correspondencia", "folhas de pagamento", "questionarios",
UNIDADES FUN(OES
ESQUEMA DE UNIDADES DE CLASSES "relatarios" e "tabelas". Se os documentos de urn determinado arg300forem
DA ATIVIDADES
ASSUNTOS CLASSIFICA(AO ARQUIVAMENTO E TIPOS
ORGANIZA(AO OPERA(OES analisados, pOl' certo se enquadrarao em urn Oll mais desses tipos. Os tipos
FISICOS
podem, entretanto, ser ainda mais especificados. A correspondencia, pOl'
exemplo, pode ser diferenciada como recebida, expedida ou mista, ou como
pasta de capias (reading files) ou arquivos cronolagicos. Os formularios
Vamos, em primeiro lugar, tratar da descriC;3ooem relaC;3ooao arranjo.
podem ser identificados pelo numero e pelo titulo. Os relatarios podem ser
Segundo urn sistema de registro ideal, criam-se as classes ou unidades de
identificados pel a sua natureza (ex.: estatisticos ou narrativos) ou pela sua
arquivamento, como foi observado em capitulo anterior, em relac;3ooa fun-
freqiiencia (diario, mensal ou anual).
c;3oo,a atividade ou ao assunto. Se as documentos estiverem devidamente
Trataremos, em terceiro lugar, da descric;3ooem relac;3ooit substancia. Os
classificados, podem ser rigorosamente identificados em relaC;3ooa tais clas-
documentos podem ser descritos, segundo suas caracteristicas substanti-
ses ou unidades. Se, entretanto, os documentos n300est300 adequadamente
vas, em grandes classes gerais, de acordo com a origem dos mesmos,
classificados, cada unidade de arquivamento consiste, indiferentemente, em
estabelecidas como documentos de uma certa unidade administrativa ou
urn conjunto de pec;as com e sem valor. A identificaC;3oodo material a ser
documentos de func;oes ou atividades especificas. Podem ser descritni' como
pertinentes a opera<;6es ou assuntos determinados. A descri<;ao dos docu-
reparados para atender tanto as necessidades do funcioll<lrio encarregado
mentos po de ser ainda mais especifica, combinando-se os elementos da ana-
~os documentos nas reparti<;6es como as do arquivista, em rela<;ao a avalia-
lise substantiva com os da analise fisica acima tratada. POl' exemplo, os "re-
<;aodos documentos oficiais e em rela<;ao aos atos praticados com os docu-
latorios" que constituem urn tipo fisico de documento podem ser produzidos
mentos em conseqiiencia de sua avalia<;ao?
em rela<;ao ao assunto, digamos, de dinheiro em caixa, podendo entao ser
Os instrumentos de destinar;ao podem servir a varios fins. Podem visar
descritos como "relatorios sobre dinheiro em caixa"; podem originar-se de
tao-somente a identificar;ao de COl"POS de documentos acumulados num 01'-
uma opera<;ao especifica da atividade de requisitar material para uma re-
gao do governo e que precis am ser descartados imediatamente ou dentro de
parti<;ao, e assim podemos tel' "relatorios de recepr;ao de material" ou "rela-
determinado prazo. Um documento preparado com esse objetivo chama-se
torios de estoque". Os "relatorios sobre cn§ditos" e os "relat6rios de recebi-
"lista de descarte" (disposallisO. Ou podem tel' 0 complexo objetivo de iden-
mentos", note-se, podem ser descritos no seu conjunto porque 0 assunto ou
tificar tipos rotineiros de documentos cujo des carte futuro possa ser realiza-
a especie de ato ou operar;ao com que se relacionam foram tratados repeti-
do a intervalos detenninados. Urn documento feito com esse objetivo cha-
das vezes. Esses tipos de documentos, oriundos de atos repetitivos, podem
ma-se "tabela de descarte" (disposal schedule). Podem tel' 0 complexo
ser design ados como de tipos "rotineiros" (recurrent) e consistem, freqiien-
objetivo de identificar todos os corpos de documentos de um orgao e indicar
temente, em formularios.
o destino que se deva dar a cada urn deles, seja a eliminar;ao, seja a transfe-
Os documentos de tipo rotineiros originam-se, principalmente, em re-
rencia para um arquivo de custodia permanente. Um instrumento que en-
la<;ao a: a) atividades de administra<;ao geral, isto e, aquelas relativas a
globe todos os documentos dessa forma chama-se "plano de destina<;ao"
patrimonio, comunica<;6es, material, equipamentos, orr;amento, pessoal e
(disposition plan).
assuntos semelhantes; e b) atividades que dizem respeito a execu<;ao, distin-
guindo-se da dire<;ao e administrar;ao dos programas governamentais. 0
numero de tipos de documentos rotineiros produzidos pOI'um orgao depen-
de do grau em que a execur;ao e suas funr;6es obedecem a diretrizes e meto-
dos fixados e, quanta maior 0 orgao, maior sera 0 numero de documentos o principal objetivo de um plano de destinar;ao e fornecer as bases para
desse tipo. Numa grande entidade, mesmo nos niveis mais elevados da hie- um entendimento, entre a propria repartir;ao e os funcionarios do arquivo
rarquia administrativa, as operar;6es podem ser realizadas de acordo com de custodia, sobre 0 que deve ser feito com os document0s da reparti<;ao a
metodos executivos padronizados, resultando assim na produr;ao de tipos que dizem respeito. Nao e um plano de a<;aoque vise somente a destruir;ao;
rotineiros. Nas suas operar;6es de nivel mais baixo, os atos concernentes a visa, ao contrario, sobretudo, a assegurar a preservar;ao de certos documen-
classes de pessoas ou a entidades podem ser executados obedecendo a uma tos. Assim, nao cobre apenas os documentos que carer;am de valor; tanto
cuida dos documentos que possuem valor, quanta dos que nao possuem.
rotina, ou de modo que permita 0 agrupamento dos documentos que lhes
sao proprios, em tip os rotineiros. Nao visa a atender essencialmente as necessidades da reparti<;ao ou as do
arquivo, serve a ambos. 0 objetivo a que serve indica 0 seu conteudo e for-
mato; sua cobertura deve ser total, as descrir;6es devem dar maior enfase
Instrumentos de destina~ao aos documentos de valor, e seu preparo deve resultar de colaborar;ao mutua
entre os funcionarios do arquivo e os da repartir;ao.
Considerando que praticamente em todos os paises do mundo as pro-
Desde que um plano de destinar;ao e total na sua cobertura, ha que for-
-postas para destruir documentos oficiais sao examinadas pOI' arquivistas,
necer uma visao global da documentar;ao produzida pelo orgao a que se re-
podemos dizer que os funcionarios que manuseiam documentos e os arqui-
fere. Deve, pois, conteI' uma informar;ao geral, basica, sobre a origem do 01'-
vistas se encontram nesse momento. Que tipos de instrumentos devem ser
gao, evolur;ao, estrutura organica e programas, informa<;6es estas necessarias
a avaliac;ao dos documentos. Essa informac;ao pode, de preferencia, ser apre- mentos deve ser elaborada pelo funcionario encarregado dos documentos
sentada em forma narrativa, num capitulo introdutorio. 0 plano de destina- da repartic;ao.
c;iio,alem disso, deve analisar a documentac;ao do orgao na sua totalidade,
mostrando 0 significado de certos grupos de documentos produzidos nos
varios niveis da administrac;ao, em relac;ao aos programas e func;oes princi-
pais. Visando a esse fim, as informac;oes sobre os documentos serao organi-
A praxe de elaborar tabelas ou escalas de descarte de documentos ofi-
zadas por func;ao. 0 plano deve mostrar a inter-relac;ao dos documentos: a
dais existe em varios paises ja ha alguns anos. Examinarei a evoluc;ao desse
relac;ao entre certos documentos e uma dada func;ao; a relac;ao entre os do-
metodo num pais que usa 0 sistema de registro, a Inglaterra, e noutro que
cumentos substantivos e os auxiliares de uma dada func;ao; a relac;ao entre
usa sistemas modernos de arquivamento, os Estados Unidos.
documentos determinantes de politica administrativa e os operacionais so- Na Inglaterra, segundo a Lei de Documentos Publicos (Public Record
bre uma dada func;ao, e a relac;ao entre os documentos produzidos nos va- Act), de 1877, foram dados poderes ao arquivista-mor (master of the rolls),
rios niveis da administrac;ao sobre uma certa func;ao.
para, com a aprovac;ao do Tesouro, e no caso de documentos dos departa-
Desde que um plano de destinac;ao, devido a sua cobertura exaustiva, mentos, isto e, dos ministerios, com a aprovac;ao do ministro em questao,
inclui documentos a serem preservados, deve descreve-Ios de modo a deixar formular regras "relativas ao descarte, seja pela destruic;ao ou por outra for-
claro 0 valor dos mesmos. Entenda-se que os documentos relativos a fun- ma qualquer, dos documentos que estao depositados no Public Record Office
c;oes substantivas, muitos dos quais sao, em geral, incluidos em listas OU ou que para la podem ser transferidos e que nao apresentem urn suficiente
tabelas de descarte, devem ser descritos de maneira consideravelmente de- valor quejustifique a sua preservac;ao no Public Record Office". Antes que 0
talhada. Devem ser descritos em relac;ao as func;oes, as atividades ou aos poder de descartar pudesse ser exercido em relac;ao a qualquer documento,
assuntos a que sao pertinentes e em relac;ao aos tipos. As informac;oes sobre o arquivista-mor foi solicitado a "mandar preparar uma tabela dos docu-
os documentos de valor devem ser mais completas do que as informac;oes mentos propostos para descarte, nessa ocasiao, contendo uma lista dos do-
sobre os documentos sem valor. Os tipos de documentos eliminaveis devem cumentos" ou de classes de documentos que fossem de natureza semelhan-
ser descritos apenas em termos gerais: As informac;oes sobre os mesmos te, "e incluindo particularidades relativas ao carMer e conteudo dos mesmos,
devem ser incluidas em pIanos de destinac;ao, principalmente para mostrar consideradas suficientes para habilitar as Casas do Parlamento a aprecia-
a relac;ao entre os documentos a serem destruidos e aqueles a serem preser- rem a conveniencia do descarte de tais documentos na forma proposta".
vados, po is julgamentos seguros sobre 0 que deve ser destruido nao podem Quando do preparo de uma tabela, a lei de 1877 estabelecia que "onde hou-
ser feitos sem 0 conhecimento do que e preservado. Se houver conveniencia ver varios documentos da mesma classe ou de descric;ao identica, sera sufi-
de se preservar uma amostra de tipos de documentos rotineiros, como prova ciente classifica-Ios tanto quanta possivel de acordo com sua natureza e con-
das operac;oes de um orgao no nivel mais baixo da administrac;ao, ou para teudo, ao inves de especificar cada documento separadamente".56
outro fim qualquer, 0 plano deve indicar 0 tipo de amostra a ser tomada. Segundo as regras formuladas pelo arquivista-mor, em 1882, ainda em
Desde que um plano de destinac;ao constitui um termo de acordo quan- vigor,* os ministerios foram solicitados a nomear funcionarios "especial-
to ao destino dos documentos de urn determinado orgao, deve ser elaborado
em cooperac;ao pelos funcionhios desse orgao e os do arquivo de custodia.
56 Great Britain. Royal Commission on Public Records. First report. v. 1, parte 1.
Um arquivista precisa, para interpretar os documentos de urn orgao, uma Appendix containing "Act for the Disposal of Valueless Records". p. 7.
vez que passam a sua custodia, de informac;oes basicas sobre aquele e sua * N. do T.: A nova Lei de Arquivos aprovada na Inglaterra em 1958 atribuiu a res-
documentac;iio e deve, por conseguinte, reunir tais informac;oes, acumula- ponsabilidade pela selec;aoe transferencia de documentos que merec;am ser preser-
vados no Arquivo Nacional, ou seja, no Public Record Office (PRO), aos ministerios,
las ou ajudar na sua coleta. A analise detalhada da inter-relac;ao dos docu- sob a orientac;ao e supervisiio do keeper of Public Records, diretor do PRO.
mente versados" em documentos para preparar as "tabelas de elimina<;ao" vo Nacional, foi atribuida ao arquivista dos Estados Unidos a responsabili-
(destruction schedules). Os funcionarios receberam instru<;6es no sentido dade de submeter, anualmente, ao Congresso, "uma lista ou descri<;iio de
de "tomarem toda a precau<;iio para nao incluir nas tabelas qualquer docu- papeis, documentos e coisas semelhantes ... que se afigurem como nao tendo
mento que possa ser, com certa razao, considerado de usa ou interesse legal, valor permanente ou interesse historico".
historico, genealogico ou antiquario, ou que encerre qualquer informa<;ao o exame das listas anuais de documentos descartaveis era uma tarefa
importante impossivel de ser obtida em outro lugar." As tabelas e os docu- que consumia muito tempo do pessoal do Arquivo Nacional. Por urn memo-
mentos a que se referem sao examinados pelos funcionarios do Public Record rando de 30 dejulho de 1938 propus que fossem elaboradas tabelas para os
Office que sao solicitados a manter anota<;6es sobre os metodos e a "mencio- documentos do Ministerio da Agricultura, os quais, naquela ocasiao, interes-
nar nas mesmas todo 0 documento ou classe de documentos que possam savam-me em especial. Essa proposta surgiu da pratica do Servi<;o Florestal
examinar" .57 de submeter list as anuais especificando os diversos tipos de seus documen-
No governo federal dos Estados Unidos 0 processo de elaborar as tabe- tos a serem conservados ou a serem destruidos em intervalos periodicos.
las de des carte surgiu da pratica de preparar Iistas de descarte. A praxe de Antes da cria<;ao do Arquivo Nacional, 0 Servi<;o Florestal submetia essas
fazer estas list as foi instituida por uma lei do Congresso, de 16 de fevereiro Iistas a Secretaria de Agricultura, que tinha poderes, segundo a Lei Or<;a-
de 1899 (25 Stat. 672), a qual determinava que a destrui<;ao dos documentos menta ria de 4 de mar<;o de 1907 (Appropriation Act) (34 Stat. 1281), para
que "nao tern valor permanente ou interesse historico" deve ser submetida autorizar 0 des carte de documentos do seu ministerio sem consultar 0
pelos ministros ao Congresso, que se reserva 0 direito de autoriza-Ia. De acor-' Congresso. 0 processo de elaborar tabelas de descarte foi recomendado as
do com 0 Decreto do Executivo n.ll1499, de 16 de man;o de 1912, as listas de reparti<;6es federais ja em 1925, pelo Conselho Interministerial sobre Pro-
documentos a serem descartados eram tambem submetidas ao bibliotecario cessamento Burocratico Simplificado (Interdepartmental Board on
do Congresso a fim de que obtivessem "os beneficios de seus pontos de vista Simplified Office Procedure), criado em 16 de maio de 1924 pelo Bureau de
quanto ao criterio de preservar os papeis que porventurajulgue de interesse Or<;amento. Aquele conselho recomendou uma "politica fixa e uniforme" para
historicO".58 Na lei de 19 de junho de 1934 (48 Stat. 1122), que criou 0 Arqui- a destrui<;ao de documentos baseada na ~nalise, por uma comissao, em cada
reparti<;ao, das "classes de papeis que na sua opiniao devem ser conservados
permanentemente e dos que devem ser destruidos depois, digamos, de urn,
Pela~ novas recomend~~oes os documentos SaDsubmetidos a urn primeiro exame tres, cinco ou mais anos".59 0 metodo de preparar tabelas de descarte foi
(~eulew), no prazo de cmco anos apos se tornarem de usa nao-corrente nas reparti-
recomendado a todas as reparti<;6es federais na Lei de Destina<;ao de Docu-
~oes. ~s considerado.s destituidos de qualquer valor, para 0 proprio ministerio, SaD
destruldos e os demals conservados. A responsabilidade pela decisao nesse estagio e mentos (Records Disposal Act), de 7 de julho de 1943 (57 Stat. 380-383).
exc~usiv~mente do ministerh A atua~ao do PRO, atraves de inspetores, se Iimita a Esse metodo nos Estados Unidos, entretanto, nao teve origem nem nas re-
verIfica~ao de como se executa 0 exame das unidades arquivisticas. Ha grupos de comenda<;6es do Conselho Interministerial acima citadas, nem nas praticas
docum.entos, ne~ta fase, relativos a grande numero de pessoas, entidades- ou luga-
res, cUJadetermma~ao do valor para fins de pesquisas cabe a uma comissao sob os do governo Ingles.
auspicios do PRO. ' As tabelas de descarte devem ser planejadas de forma a atingir 0 objeti-
Os documentos preservados quando do primeiro exame SaDsubmetidos a urn se- vo simples, mas importante, de obter autoriza<;ao para destruir documentos
g~ndo exame, ao contarem 25 anos. A decisao quanta a conveniencia da preserva-
de tipo rotineiro. A analise que esse tipo de documento requer difere daque-
~ao pe~m~n.ente e tomada em conjunto pelo ministerio e pelo PRO, com base no
valor hlstonco ou administrativo. Nessa ocasiao, os documentos ou SaDdestruidos la que requer a documenta<;iio basica da organizr<;ao e funcionamento; foca-
ou entregues a custodia do PRO, salvo se 0 orgao tiver interesse em mante-Ios sob liza a aten<;iio do encarregado dos documentos nas reparti<;6es e dos funcio-
sua guarda por periodo mais longo.
57G
58 rea tB' ntam.
.
Royal Commission, First report, p. 37.
Beers, 1944:189.
r::. ARQ'''O' ooomo,

, nanos executivos naqueles fatores que mais concorredio para a melhor ad- ce uma boa base sobre a qual erigir urn programa de descarte futuro. Urn
ministra~o dos documentos. Esses fatores sac os seguintes: a) a padroniza- programa dessa natureza torna-se improprio ao evento de cada mudanc;a
~o e simplifica~o dos processos e metodos administrativos; e b) a correta organizacional, pois as unidades da organizac;iio a cujos documentos se apli-
classificac;ao e arquivamento de documentos para uso corrente. Estes dois ca podem ser extintas, incorporadas a outras unidades ou modificadas de
fatores concorrem para 0 aumento do numero de tipos de documentos roti- outra maneira qualquer. Geralmente, e melhor que as tabelas de descarte
neiros que podem ser arrolados em tabelas. sejam preparadas em relac;ao as func;6es principais do que em relac;ao as
Uma tabela de des carte reporta-se, portanto, a documentos que serao unidades da organizaC;ao. Se preparados dessa maneira, os varios documen-
produzidos no futuro - especie de documentos em curso de produc;ao e que tos devem ser enumerados separadamente sob cabec;alhos, de acordo com
continuadio a ser produzidos. Estes sac documentos rotineiros; sua produ- as func;6es.
C;ao,como tern sido observado, deve-se principalmente: a) a atividades de Alem disso, a tabela de descarte, para funcionar, ha que identificar os
administrac;ao geral; e b) a atos substantivos nos niveis mais baixos de ope- documentos em termos de unidades fisicas que devem ser eliminadas. Quan-
rac;oes governamentais que sac levados a efeito de acordo coin politicas e do se trata de documentos do tipo que ocorrem repetidas vezes, pouca difi-
metodos padronizados. Quando propus 0 sistema de tabelas, em 1938, de- culdade se en contra em descreve-Ios nas tabelas. Os itens especificos podem
clarei que estas "deviam dizer respeito a documentos que ocorrem repetidas ser identificados, primeiro, em termos de tipo fisico, tais como "questiona-
vezes, documentos de rotina e nao a documentos unicos ... "60 A experiencia rios", "relatorios", "tabelas", ou "declarac;oes" e, em segundo lugar, em ter-
ja demonstrou, eu creio, que esse ponto de vista e valido. Se se descrevem mos de formulas, embora, geralmente, os titulos e numeros dos formularios
em tabelas documentos que nao sejam do tipo que ocorrem repetidas vezes, devam ser usados para identificar documentos, apenas quando os impres-
elas se tornam obsoletas tao logo tais documentos sejam destruidos. A expe- sos sac de urn tipo padrao ou permanente. Quando os documentos em ques-
riencia no governo federal dos Estados Unidos mostrou que as tabelas para tao consistem em correspondencia, ou documentos semelhantes, que fazem
documentos de certas unidades governamentais tern que ser elaboradas inu- parte de urn arquivo classificado, encontra-se mais dificuldade em descreve-
meras vezes. Isso se deve, principalmente, ao fato de essas tabelas se referi- los em tabelas. As pec;as podem entao ser identificadas em termos gerais,
rem a circunstancias eventuais, isto e, a tipos,de.,<;locumentos que ocorrem fazendo-se referencia a classes de urn esquema de classificac;iio, ou em ter-
apenas uma vez. As tabelas nao constituem urn meio satisfatorio de se obter mos especificos, pela referenda a unidades de arqui~amento. Esse tipo de
uma analise para fins de arquivo da documentac;ao basica relativa a organi- , e
identificac;ao, entretanto, so possivel se os documentos tiverem sido classi-
zac;ao e funcionamento de uma repartic;ao, uma vez que essas questoes esHio ficados e arquivados corretamente quando do seu usa corrente. Isso pode
em constante mudanc;a. ser i1ustrado pela experiencia do governo IngleS na aplicac;ao de tabelas nas
A tabela de descarte deve descrever os documentos de modo a facilitar a quais as classes de documentos sac relacionadas em referenda a grandes
eliminac;ao dos mesmos. 0 teste da eficiencia de uma tabela decorre da pos- cabec;alhos. Esses cabec;alhos, segundo 0 relatorio Grigg, muitas ~ezes tern
sibilidade de os documentos nela incluidos serem removidos e eliminados "pouca relac;ao com a maneira pela qual esses documentos se acumulam no
no fim dos periodos de retenc;ao recomendados. curso da administrac;ao corrente".61 Quando as classes consistem em certos
Uma tabela de descarte, a fim de que assegure urn program a que surta tipos de documentos, tais como documentos contabeis ou formularios preen-
efeito, no que tange a eliminac;ao de futuras acumulac;oes, deve identificar chidos, 0 pessoal do Public Record Office pode determinar sua natureza pelo
os documentos em relac;iio acircunstancias e a condic;oes que sejam relati- exame de alguns especimes, mas quando as classes consistem simplesmente
vamente estaveis. A estrutura da organizaC;ao e flexivel e portanto nao ofere- em documentos identificados sob gran des cabec;alhos de assuntos, 0 pessoal

61 Great Britain, Committee on Departmental Records, 1954:24.


do PRO deixa 0 exame individual dos documentos, nas classes, para os pro- enfase, ao conteudo dos documentos. A descri~ao da substancia dos docu-
prios ministerios. A esses cabe 0 exame das pastas para determinar se de- mentos e necessaria para a avalia~ao, tanto pelos funcionarios executivos,
vem ser destruidos na sua totalidade, e, caso contnlrio, que documentos se. quanto pelos dos arquivos de custodia. A maior parte desses documentos
rao destruidos. Desse sistema resulta, segundo 0 relat6rio Grigg, "atribuir-se dira respeito a administra~ao e a dire~ao de programas de governo, os quais,
maior responsabilidade, quanta ao exercicio do criterio hist6rico, a pessoas como foi observado, consistem em tipos que serao examinados apenas uma
menos qualificadas, isto e, aos servidores dos niveis inferiores, pOl'quem e vez. Deve-se deixar bem claro: sao os documentos de que 0 arquivista se
executado 0 trabalho de reviSaO".62 ocupa particularmente, e para 0 seu trabalho de avalia~ao torna-se mister 0
o grau de pormenores na descri~ao dos documentos, numa tabela de fornecimento de informa~6es completas sobre os mesmos. As informa¢es
descarte, deve ser 0 necessario para proteger os interesses da reparti~ao que sabre a identifica~ao fisica sao, relativamente, questao de somenos impor-
os produziu. Os documentos pertinentes a assuntos fiscais devem ser des- tancia, desde que nao terao de ser identificadas repetidas vezes, como no
critos precisamente devido a esse motivo. Uma destrui~ao indevida pode caso das tabelas, para futuros descartes, a intervalos peri6dicos.
causal' aos funcionarios executivos dificuldades de ordem administrativa , Ha que, periodicamente, preparar informa~ao sobre acumula~ao de do-
prejuizos financeiros ou responsabilidade perante a lei. Tais documentos, cumentos de cada unidade orgflllicade uma reparti~ao. Os documentos de-
pOl'conseguinte, nao devem ser descritos em termos gerais, como, pOl'exem- vem ser descritos pOl'grupos ou unidades, em rela~ao: a) as fun~6es, ativi-
plo, documentos relativos a uma das fun~6es de administra~ao geral, como dades, ou assuntos a que se referem; b) ao tipo fisico de que consistem, isto
"compras". Uma descri~ao dessa natureza e pOl'demais ampla para fornecer e, se se trata de correspond€mcia, formularios, relat6rios ou coisa que 0 va-
uma base segura a futura elimina~ao dos documentos. Tampouco, uma des- . lha; e c) as caracteristicas fisicas pelas quais podem ser identificados.
cri~ao e satisfat6ria, se feita em termos de uma atividade, como por exem-
plo, "compra de equipamentos" sob a fun~o "compras". Os documentos fis-
cais devem ser identificados em termos de tipos que ocorrem repetidas vezes,
tomando-se pOl'base as rela~6es dos papeis com opera~6es, como pOl'exem- Uma vez estabelecidas as decis6es quanta ao destino dos documentos,
plo, "requisi~6es para compras", e coisas semelhantes. as atos que devem ser praticados para conclui-Ios SaDmuito simples. POl'
As descri~6es com esse grau de pormen(tres-se fazem necessarias para conseguinte, limitar-me-ei a fazer observa~6es sobre_osprincipais fatores a
proteger os interesses da reparti~ao, nao para fornecer informa~6es basicas serem levados em considera~ao no caso de cada uma das diferentes alterna-
para as avalia~6es do arquivista. tivas, sem me ocupar dos detalhes de metodos a serem seguidos na sua exe-
A despeito de suas limita~6es, a remo~ao ordenada e 0 descarte de gran- cu~o.
de quantidade de papeis inuteis dos arquivos correntes baseiam-se em tabe-
las de descarte. Sao, pois, urn importante instrumento de administra~ao.

A primeira das diferentes alternativas e a completa destrui~ao dos do-


cumentos. A maio ria dos fatores que competem a decidir pela destrui~o ja
As listas de descarte sao fa~eis de preparar. Considerando-se que sao foi anteriormente considerada. Gostaria de fazer uma revisao sucinta:
usadas para opera~6es de descarte unico, no sentido de que sao executados As decis6es para destruir documentos devem ser tomadas corretamen-
apenas uma vez, devem conter informa~6es que se reportem, com especial te, baseadas na perfeita analise e no exame acurado dos mesmos pOl'fun-
cionarios executivos, cujo interesse se baseia no uso corrente dos documentos,
62 Great Britain, Committee on Departmental Records, 1954: 25.
······,···,·
~"tL:':;:, .....
. . '. 144

r········
e pelOSarquivistas, cujo interesse reside no usa ou usos secundarios dos mes- cessaria quando se conservam ainda por algum tempo nos servi~s ou em
mos. centros intermediarios, documentos que deveriam ser destruidosde ime-
Os documentos a serem destruidos devem ser corretamente identifica- diato, ou quando se microfilmam os que deveriam ter sido destruidos na sua
dos quando tirados das prateleiras ou dos receptaculos de guarda. Aidenti- forma original. Salvo em circunstancias excepcionais, os documentos nao
fica~ao cuidadosa, nos pIanos de destinac;ao como nas tabelas e list as, e urna devem ser conservados temparariamente ou microfilmados a fim de adiar a
preliminar essencial para a correta identificac;ao dos documentos por oca- necessidade de julgar sobre sua inutilidade ou de fundamentar uma opiniao
siao de sua destruic;ao. mediante verificac;ao de falta de uso dos mesmos. Opinioes abalisadas quan-
Os documentos devem ser classificados corretamente para usa corren- to a inutilidade dos documentos podem ser formuladas por meio de uma
te, como uma preliminar para a sua exata identificac;ao nos instrumentos de analise perfeita dos mesmos e de seus provaveis usos no futuro.
destinac;ao. Devem ser classificados e arquivados de tal modo que possam as documentos devem ser destruidos de maneira adequada. as meto-
ser prontamente removidos para serem destrufdos depois de terem servido dos adotados na destruic;ao saD de importflOcia secundaria, ate certo ponto,
ao uso corrente. A triagem ou escolha das pastas, quer sejam arranjadas se- relativamente sem importancia. Normalmente sao vendidos como papel ve-
gundo um sistema de registro ou por urn sistema de arquivamento america- lbo. Nesse caso, devem ser macerados, ou inutilizados par qualquer outro
no, e urn processo de alto custo. De fato, a triagem dificilmente se justifica meio, para destruir 0 conteudo dos mesmos. Quando se faz urn contrato para
do ponto de vista economico, a menos que uma boa parte dos documentos venda desses papeis, deve-se incluir uma c1ausula proibindo a sua revenda
que estao sendo examinados possa ser separada para descarte, pois pode como documento. A macerac;ao ou qualquer outro tratamento e
sempre acon-
acontecer que seja mais economico conservar as pec;as inuteis junta mente selMvel quando se tratar de documentos confidenciais. Os documentos po-
com as que apresentam valor, do que segrega-Ias para descarte. A classifica- clem ser queimados se nao puderem ser vendidos com vantagem, ou se 0
c;ao, portanto, tern estreita ligac;ao com as pr<iticas de destinac;ao. Os docu- 6rgao julgar conveniente, a fim de evitaJ:' a divulgac;ao de informac;6es que
mentos nao precisam ser pre-classificados tendo em vista 0 seu descarte. possam ser prejudiciais aos interesses do governo ou de pessoas.
Nao e necessario, por exemplo, estabelecer classes separadas de correspon-
dencia a fim de permitir a sua remoc;ao de descart~ ern ~_~terminados inter-
valos de tempo. 0 problema de classificar devidamente a correspondencia
para uso corrente ja apresenta bastante dificuldade, sem que se the acres- A segunda alternativa do que se pode fazer em relac;ao aos documentos
cente a questao de descarte. A pre-classificac;ao visando a destinac;ao adicio- emicrofilma-Ios. A microfilmagem e urn metodo de preservar os documen-
na a classificac;ao urn fator alheio e que a complica. Os documentos devem tos noutra forma ou meio. E a tecnica de fazer c6pias fotograficas tao reduzi-
ser classificados visando, em primeiro lugar, a facilitar 0 seu uso em ativida- das que se tornam impossiveis de ler sem amplia~ao. Quando se consulta 0
des correntes, e somente como finalidade secundaria a facilitar a sua remo- microfilme de urn documento geralmente usa-se urn aparelho de leitura de
c;ao e descarte. Contudo, se os documentos forem devidamente classificados microfilme para ampliar a imagem de modo que possa ser lida num visor.
a
em relac;ao func;ao, podem, em geral, ser eliminados segundo esta, pois as objetivos da microfilmagem de documentos sao, em geral, dois: a) redu-
muito do valor daqueles deriva de sua relac;ao com a propria func;ao. zir 0 seu volume; e b) garantir a sua durabiIidade. Qualquer determinac;ao
As decisoes para se destruir documentos devem ser finais e irrevogaveis. para microfilmar documentos deve ser baseada nos seguintes principios:
A maior e mais facilmente comprovada economia de urn programa de des- as documentos devem apresentar valor que justifique 0 custo dessa ope-
carte pode ser conseguida pela imediata destruic;ao dos documentos depois rac;ao. 0 processo de microfilmagem, como foi anteriormente observado, e
que hajam servido a seus fins correntes e hajam sido examinados e conside- de alto custo. Deve-se pesar esse custo contra 0 da preserva~ao dos docu-
rados como sem valor para usos secundarios. Incorre-se em despesa desne- mentos na forma original.
Os documentos a serem microfilmados devem tel' caracteristicas fisicas Trans/erenda para centros intermedi6rios de documentos
que se prestem a filmagem. Uma vez que urn dos objetivos do microfilme e (record centers)
reduzir 0 volume, os documentos a serem microfilmados devem, em geral,
constar de grandes series. Considerando que os documentos filmados s6 A terceira alternativa e transferir os documentos para urn centro ou de-
podem ser consultados urn de cada vez, cada documento de uma serie a ser posito de armazenamento temporario. Estes centros atendem, ao men os, a
microfilmada deve ser uma unidade integral no sentido de que tenha um tres necessidades bem definidas: a) servem para acomodar certos tipos de
significado independente daquele derivado de sua inter-rela<;ao com outras documentos que se acumulam regularmente nas reparti<;oes do governo e
unidades da serie. Os documentos filmados nao podem ser sujeitos a com- que devem ser conservados durante longos periodos de tempo; b) servem
para<;oes imediatas, po is dois deles geralmente nao podem ser projetados para acomodar acumula<;oes especiais de documentos de orgaos extintos ou
simultaneamente. de determinadas atividades; e c) servem como urn lugar onde se concentram
Os documentos a serem microfilmados devem apresentar urn arranjo todos os acumulos de documentos - regulares ou especiais, de valor e sem
que permita a sua filmagem. E necessario que sejam arranjados segundo um valor - ao se iniciar urn programa de administra<;ao de documentos ou
sistema ou metodo claro, seja numerico, alfabetico, cronologico ou segundo arquivistico.
urn sistema de classifica<;ao bem definido. Os documentos assim apresenta- Ao atender a primeira dessas necessidades, os centros intermediarios
dos podem ser prontamente encontrados pela referencia ao esquema de ar- de documentos of ere cern area para armazenamento de pre<;o mais reduzido
ranjo. Quando 0 arranjo dos documentos nao e simples devem ser prepara- do que 0 existente nas reparti<;oes, torn a os documentos mais acessiveis ao
dos e indexados a fim de poderem ser localizados na bobina do filme. uni uso, e muitas vezes cria condi<;oes que facilitam sua analise e destinaGao
excelente manual sobre editing e indexa<;ao foi publicado em 1946 pelo De- final. Certos tipos de documentos que saD mantidos pOl'longos periodos nas
partamento de Guerra dos Estados Unidos sob 0 titulo Microfilming of reparti<;oes, em areas de elevado custo, e onde estorvam e dificultam as ope-
records. Em 1955 foi publicada uma edi<;5o revista. ra<;oes, podem ser transferidos para aqueles centros. Procedendo-se a essa
Os documentos devem ser microfilmados segundo a melhor tecnica. As remo<;ao, 0 equipamento de arquivo e 0 espa<;o que ocupam podem ser usa-
copias fotograficas devem registrar todos os detalhes de importancia dos dos para documentos correntes. Para 0 governo como urn todo os centros
documentos originais que possam ser n~ce"ss<i~'iosa provaveis referencias fornecem urn meio de movimenta<;ao ordenada dos documentos, a medida
futuras. Tecnicamente, 0 filme em si e sua manipula<;ao devem assegurar que se tornam de uso nao-corrente, de areas de elevado custo para outras de
copias com uma durabilidade 100% maior do que a do melhor papel. As custo reduzido, e de armazenamento nestas ultimas ate que possam final-
copias fotograficas devem ser urn perfeito substituto dos documentos origi- mente ser destruidos ou transferidos para urn arquivo de custodia.
nais em todos os aspectos essenciais. Ao atender a terceira necessidade, os centros intermediarios saD urn meio
A microfotografia oferece urn meio de redu<;ao do volume dos documen- de fazer uma "faxina na casa do governo". Para ai podem ser transferidos os
tos, na mesma propor<;ao geometrica pela qual a sua quantidade vem au- documentos que se foram acumulando, com 0 passar do tempo, em inume-
mentando, como um resultado da amplia<;ao das atividades governamentais ros poroes e aguas-furtadas, nos edificios publicos. Antes de empreender-se
e do uso de sistemas modernos de duplica<;5o. Torna possivel a continuidade a limpeza nos predios, deve-se poder contar com urn centro dessa natureza
em caso de papel de curta dura~ao. A microfotografia, aplicada com criterio, para acomodar os documentos que precisam de uma analise mais profunda
pode contribuir materialmente para a solu<;ao dos problemas da documen- do que a que se lhes pode dedicar nos lugares a que foram relegados. Se tais
ta<;ao de um orgao. Trata-se de uma tecnica moderna, propria a administra- centros nao existem, os documentos de valor de uma administra<;5o pode-
Gao de documentos modern os. rao ser varridos com os "entulhos" acumulados pOl' gera<;oes passadas.
Diversos fatos devem ser levados em considerac;ao se os centros inter- definitivamente encerrados e que, so com grande dificuldade, podem ser
mediarios vis am a atingir aos objetivos de economizar dinheiro e favorecer a avaliados, uma vez removidos do seu contexto. Se essas grandes series de
eficiencia das operac;oes governamentais. document os dizem respeito a transac;oes ou compromissos dos orgaos go-
Nao convem que sejam usados para 0 armazenament6 de papeis sem vernamentais e tem efeito por longo prazo, podem, acertadamente, ser re-
valor, quando se puder evitar. A transferencia de documentos de valor dis- movidas para centros intermediarios depois que 0 uso imediato dos docu-
cutido para centros intermediarios justifica-se apenas se nao se pode de fato mentos se haja exaurido.
decidir sobre os mesmos, como no caso de paises onde os centros servem Sempre que se transferem documentos do tipo nao-rotineiro para cen-
como urn primeiro passo no programa de administrac;ao de documentos ou tros intermediarios, faz-se mister obter informac;6es precis as e completas
de arquivos. Se, ao preparar as tabelas de des carte ou mesmo em outras sobre as origens administrativas e 0 significado funcional dos mesmos, a fim
ocasioes, os funcionarios consignam os documentos aos centros pela sim- de facilitar sua avaliac;ao. Conquanto tais informac;6es sejam muito uteis na
ples razao de que nao sabem 0 que fazer com os mesmos, ha.grande probabi- avaliac;ao, as descric;6es, por escrito, de documentos, raramente sao urn born
lidade de que os centros se tornem uma "sapucaia" para a retenc;ao prolon- substituto para a informac;ao que pode ser prestada oral mente por aqueles
gada de material sem valor, deixando, assim, de atingir a sua finalidade _ que os criaram. E essa informac;ao e particularmente importante para a ava-
economia. 0 Comite BriHinico de Documentos dos Ministerios (British a a
liac;ao da documentac;ao relativa organizac;ao e func;ao.
Committee on Departmental Records), de fato, observou que "a maior des- A transferencia de documentos para armazenagem temporaria pode ser
vantagem de urn plano de deposito tipo 'limbo', reside no incentivo que d;1 um meio de adiar uma decisao sobre 0 valor dos mesmos, mas nao a dispen-
aos ministerios para protelar 0 exame de seus documentos". 63 Esses centros sara, pois os documentos desses centros, uma vez que perderam 0 seu valor,
.nao deveriam ser normalmente usados para armazenar documentos cujo mais cedo ou mais tarde terao de ser removidos. Talvez a decisao sobre 0
destino os funcionarios nao possam decidir de imediato. valor possa ser mais facilmente conseguida quando os documentos sao re-
Os centros intermediarios deveriam ser usados, principalmente, para 0 movidos das maos dos funcion~rios que os produziram. Os documentos, da
armazenamento de certos tipos de documentos. Esses tipos podem ser iden- mesma maneira que as pessoas, talvez percam 0 seu glamour quando a dis-
tificados em func;ao das atividadesa que,se relacionam e da durac;ao de sua tancia. Os funcionarios podem nao mais se impressionar com a importancia
utilidade. Os tipos que mais se prestam a iss~ ;~~ as grandes series de docu- da preservac;ao dos documentos para usa futuro quando estes nao estiverem
mentos que todos os govemos modemos criam e que decorrem de ativida- imediatamente a
mao para os fazer lembrar de tal uso.Afinal, os documen-
des fiscais, de regulamentac;ao, de investigac;ao, de litfgios, de pessoal ou tos podem-se tomar as muletas mentais nas quais os funcionarios publicos
coisas semelhantes. Na Inglaterra estas sao chamadas de particular instance se apOiam nos momentos de fraqueza, ao inves de fiar-se na sua propria
papers e em geral prestam informac;oes sobre pessoas e neg6cios. Sao docu- acuidade mental para solucionar problemas que se lhes apresentem. 0 ins-
mentos rotineiros - especie que pode ser avaliada tomando-se por base 0 tinto de conservac;ao do administrador publico leva-o a apegar-se aos docu-
conteudo informativo dos mesmos; referem-se a atos especificos que sao, mentos publicos, particularmente quando se relacionam com assuntos fi-
em geral, definitivamente encerrados, e que podem ser comumente elimi- nanceiros ou legais, por uma probabilidade, ainda que remota, de que os
nados por meio de tabelas de descarte. Devem distinguir-se de documentos assuntos a que se referem possam voltar a ser examinados.
de tipo nao-rotineiro - aqueles que sao avaliados tomando-se por base a Conquanto as decisoes sobre 0 valor primario dos documentos oficiais
prova ou evidencia que con tern sobre a origem da organizac;ao e func;oes, talvez possam ser mais facilmente tomadas, depois de terem sido removidos
que dizem respeito a assuntos de politica, metodos e programas que nao sao das repartic;oes que os produziram, 0 mesmo nao se pode dizer quanta ao
julgamento dos valores secundarios. Os documentos oficiais, freqiientemente,
63 Great Britain, Committee on Departmental Records, 1954: 70. perdem a sua identidade e 0 significado quando removidos dos lugares de
criac;ao e uso, da mesma maneira que as palavras perdem 0 seu significado
o terceiro diz respeito as condic;oes fisicas dos documentos. Os corpos
dos documentos transferidos para urn arquivo devem ser unidades cornple-
quando fora do contexto. Essa e urna verdade, sobretudo quando se trata de
tas e logicas, acompanhadas dos indices que the sejam pertinentes; devem
documentos relativos a organizac;ao e func;ao, que apresentarn especial inte-
estar em boa ordem e, tanto quanto possivel, destituidos de pec;as sem valor
resse para os arquivistas. Tais docurnentos, sera demonstrado mais tarde
devem ser avaliados em relac;ao a documental(aO total produzida por urn or~ que com eles possam ter sido arquivadas.
gao. Quando tirados do orgao, freqiienternente torna-se dificil determinar
o quarto diz respeito as condi<;oes de acesso aos documentos. 0 assunto
sera tratado com detalhes na terceira parte deste livro. Aqui sera suficiente
suas origens, quer funcional, quer organizacional. Pude constatar isso ao
observar que urn arquivo de custodia nao deve recolher documentos a cujo
ten tar avaliar os documentos de certos organismos federais ja extintos.
usa se imponham restric;6es consideradas descabidas e contrarias ao inte-
Os documentos devern ser transferidos para urn outro centro interme-
diario de maneira adequada. 0 National Archives and Records Service edi- resse publico.
tou recentemente urn manual de administral(aO de documentos intitulado
Federal records centers, que mostra como transferir documentos para urn
deposito temporario. 0 teor desse manual nao precis a ser aqui repetido.

A quarta alternativa e transferir os docurnentos para urn arquivo visan-


do a retenl(ao permanente. Diversos fatores determinarao se os docurnentos
merecem essa transferencia.
o primeiro diz respeito ao valor dos documentos. Devem ter valores se-
cundarios evidentes que justifiquem sua retenl(aO permanente. Os criterios
pelos quais tais valores devem ser julgado§ sel'ao tratados na terceira parte
desta obra.
o segundo fator refere-se a freqiiencia de utilizal(ao (currency) dos do-
cumentos. Os documentos devem ser de uso nao-corrente, bem como de
valor, para merecerem a transferencia para urn arquivo de custodia. E essa
freqiiencia refere-se ao uso que se faz dos documentos no desempenho da
func;ao governamental, em conexao com a qual se acumularam. Deve distin-
guir-se da "atividade" resultante de outros usos, como, por exemplo, 0 usa
de documentos pelo publico ou por outros orgaos. Para determinar-se onde
conservar os documentos, d~ve-se levar em consideral(iio os seguintes fato-
res: carater e freqiiencia de seu usa, natureza e valor dos mesmos e as condi-
c;o~ que afetam 0 seu uso. Urn arquivo de custOdia nao deve, normalmente,
aceltar documentos que possam demandar emprestimos freqiientes a re-
partil(ao de origem, ernbora urn centro intermediario possa tomar tais en-
cargos.
PARTE III

Administra~ao de
arquivos de custodia

Arquivistas, os que acendem a tocha da Verdade,


Nos documentos sulcada atraves dos tempos,
Iluminando todo 0 esmaecido passado,
Como letras douradas em antigo pergaminho.
Mrs. W. R. Wilde*
Pontos essenciais da administra~ao
de arquivos de custodia

NESTA PARTE DO livro tratarei do problema de como os arquivos publicos de-

vem ser administrados num arquivo de custodia.


Farei, neste capitulo, uma exposic;ao sobre os pontos essenciais da ad-
ministrac;ao de arquivos, enquanto, nos capitulos seguintes, tratarei dos pro-
blemas de como as documentos devem ser avaliados, arranjados, preserva-
dos, descritos, publicados e utilizados.
Ao dizer pontos essendais quero referir-me: a) a natureza dos arquivos
modernos, determinante da natureza das atividades no campo de adminis-
trac;ao de arquivos de custodia; b) a natureza das proprias atividades
arquivisticas; c) a natureza da autoridade requerida pelo arquivista para que
possa bem executar suas func;6es; e d) a natureza da instituic;ao responsavel
pelas atividades arquivisticas.

Os arquivos publicos modernos tem certas caracteristicas que se devem


ao modo pelo qual SaDcriados e ao tratamento que recebem depois que ha-
jam servido a seus objetivos imediatos. Sao produzidos por todos os tipos de
duplicadores modernos e, devido a isso, apresentam diversas formas fisicas,
tais como livros, papeis, mapas e fotografias. Surgem em divers as fontes,
embora possam todos promanar de uma unica esfera administrativa. 0 ar-
quivista ocupa-se da documentac;ao integral do governo a que serve, poden-
do incluir documentos de varios orgaos, e de cada orgao, documentos de
varias de suas unidades administrativas.
Os arquivos modernos sao, muitas vezes, de dificil identificac;ao. Nao
sao criados, como e 0 caso dos livros, por uma pessoa ou grupo de pessoas
em conseqiiencia de interesse por urn certo assunto: SaDproduto da ativida-
de de uma unidade da administraC;ao. Nao sao portanto facilmente identifi-
caveis por autor e titulo, pois a unidade do governo que os criou e a atividade
arquivista usualmente so se ocupa de series unicas nas quais possam estar
a que estao ligados, muitas vezes, so podem ser determinadas atraves de
reunidos.
longas pesquisas quanta as suas origens administrativas e funcionais. Isso e Os arquivos modernos canstituem-se de materiais selecionados. Sao es-
uma verdade, sobretudo porque os documentos, objeto do trabalho de um
colhidos, de uma grande massa de documentos produzidos par urn governo,
arquivista, sao, em geral, antigos e quase sempre de uso nao-corrente. A
devido ao seu valor comprobatorio e informativo. Sao escolhidos tomando-
identifica<;a:o de documentos mais antigos tern muitas vezes sido obscura ou
se por base nao a aprecia<;ao de certos documentos em particular, mas devi-
impossivel, devido ao descaso a que foram relegados depois que nao eram
do ao seu significado no conjunto da documenta<;ao de urn determinado as-
necessarios, ao passo que a identifica<;ao de documentos mais recentes e sunto ou atividade, ou, em termos mais amplos, na documenta<;ao de urn
tambem, muitas vezes, dificil de determinar por haverem sido mal classifi-
orgao, de urn governo, ou mesmo da sociedade em certo estcigio de desen-
cados, enquanto de uso corrente, ou por se lhes haver dispensado tratamen-
volvimento.
to improprio apos servirem aos seus objetivos correntes.
Os arquivos modernos SaDdocumentos valiosos. Em capitulo anterior,
Os arquivos modernos sao, muitas vezes, indeterminados quanta ao con- devemos recordar, os arquivos publicos foram definidos atendendo a outras
teudo. Apresentam-se como urn corpo de material que se dese~volveu orga- caracteristicas, como os documentos oficiais "que SaDconsiderados de valor
nicamente, resultante de uma atividade do governo. Devido ao seu cresci- para serem preservados para fins de referencia e pesquisa e que hajam sido
mento organico, eles nao SaDoriginariamente organizados com bases num depositados ou selecionados para deposito numa instituic;ao apropriada".
assunto. Assim, em geral, nao correspondem, pelo titulo ou organiza<;ao, a Os arquivos modernos apresentam valor para diversos fins. Uma co-
urn assunto unitario ou area de pesquisa. Ao contrario dos livros, seus as- missao do Arquivo Nacional dos Estados Unidos, nomeada em 1952 para
suntos nao se refletem num titulo, nem se apresentam numa ordem apro- determinar as caracteristicas do cargo de arquivista do servi<;o publico fede-
priada que se torna evidente pela pagina<;ao e divisao em capitulos. Nao SaD ral, concluiu serem os arquivos "fontes documentarias" em dois sentidos
suscetiveis de serem us ados para fins de pesquisa por meio de uma simples desse termo. Enumerou varios exemplos de setores nos quais os fundos dos
tcibua de conteudo e de urn indice. arquivos nacionais servem como fontes documentarias, no sentido de pro-
Os arquivos modernos sao ordenado§ delnaneiras diversas. Os diversos verem informa<;ao basica para varias formas de estudo, pesquisas ou inves-
grupos de arquivos com que lida urn arquivista podem ser arranjados sob tiga<;oes. Entre os setores enumerados encontramos:
todas as esptkies de sistemas: numerico, alfabetico, classificado ou por tipos
fisicos. Eles podem ser meras acumula<;oes de documentos, sem uma ordem • Administrar;iio publica, no qual existem documentos que mostram a
perceptivel, produzidos em rela<;ao a urn assunto ou atividade. 0 arranjo organiza<;ao e as func;oes de cada orgao do governo, bem como docu-
dado aos documentos de per si nos grupos, pelo orgao onde se originaram, e, mentos de orgaos especiais (tais como das comissoes Dockery, Keep,
em geral, mantido pelo arquivista que deve manter os grupos nas suas rela- Taft e Hoover), que estao ligados a toda a administra<;ao;
<;oesadequadas, uns para com os outros. Ao fazer isso nao pode seguir urn • Historia diplomatica, no qual podemos encontrar os expedientes di-
esquema de classifica<;ab universal preconcebido, como os bibliotecarios. plomaticos e consulares, instruc;oes etc., relativas as rela<;oes exterio-
Deve analisar a organiza<;ao e origens funcionais de cada grupo e reuni-Ios res do governo, estatisticas de comercio relativas a assuntos economi-
de modo a refletir 0 funcionamento do organismo que os produziu. cos e filmes de atualidades, grava<;oes, noticiario e recortes da imprensa
Os arquivos modernos saa unicos em carater. Nao SaDdisseminados em referentes a opiniao publica etc.;
grandes edi<;oes que se espalham, como e, em geral, 0 caso das publica<;oes. • Historia politica, no qual podemos encontrar documentos de muitas
Embora se possam tirar muitas copias de urn determinado documento, 0
fontes em todos os assuntos em que 0 governo nacional haja pactici-
pado, incluindo-se os documentos sobre guerras, sobre grandes ma-
vimentos, tais coino a expansao para 0 Oeste, sobre acontecimentos e de empregos com legislac;ao especial (documentos maritimos) e para a isen-
episodios especificos da historia etc.; c;aode indenizac;i5es ou outras obrigac;oes (documentos de pericia de aciden-
hist6ria e teoria economica, no qual podemos enco,J1trar dados colhi- tes, documentos contratuais).
dos por repartic;oes fiscalizadoras e orgaos de trabalho, mostrando a Nas rela¢es entre os cidadiios afetados pelas rela¢es com 0 governo,
concentrac;ao das industrias; questoes trabalhistas, servic;os de em- para determinar direitos (registros de patentes, documentos de contratos),
prego, transportes e outros documentos relativos a historia do traba- para conciliar questoes salariais (relac;oes entre empregados e empregado-
lho e relac;oes industriais; documentos maritimos, ferroviarios e regu- res, estudos sobre 0 custo de vida), para resolver contratos pendentes de
compra ou venda (tabelas de valor e estudos, regulamentac;oes de prec;os e
lamentos mostrando 0 desenvolvimento dos meios de transportes;
os dados em que se baseiam), para dar atestado de habilitac;ao para determi-
documentos dos tribunais e de inumeros orgaos parajudiciais mos-
nado trabalho (documentos de servic;o).
trando a evoluc;ao das relac;oes de direito;
Na atividade oficial, para tratar com a Contadoria Geral (General
• demografia, no qual podemos encontrar listas de passageiros, recen-
Accounting Office) (documentos fiscais e orc;amentarios), para atender a
seamentos e documentos de diversas repartic;oes especiais e de agen-
reclamac;oes (contratos de trabalho e documentos de prestac;ao de servic;os),
das de imigrac;ao e naturalizac;ao que documentam a historia e os pro-
para encontrar precedentes na determinac;ao de politica ou de ac;iio(atas de
blemas de rac;a e nacionalidade e de origem de grupos; documentos de
conferencias, relat6rios administrativos, papeis que deram origem a ordens
orgaos de agricultura, de trabalho, de transporte e de comercio que
e regulamentos), para determinar a capacidade para certo trabalho (docu-
most ram as areas de progresso e de decadencia etc.;
mentos de investigac;oes e de prestac;ao de servic;o).
• biografia e genealogia, no qual podemos encontrar documentos de
Resumindo seus pontos de vista, a comissao declarou que records ou
recenseamentos, Servic;o de Terras (Land Office), servic;o militar, pen-
archives, como material no qual 0 arquivista trabalha, considerado como
soes militares etc.; urn todo, constituem a principal fonte de documentac;ao de todas as ativida-
• tecnologia, no qual podemos encontrar documentos maritimos, cen- des do governo, sendo uteis a uma grande variedade de estudos, fundamen-
sitarios, relativos a questoes trahalhistas, marcas e patentes etc.; e tais para todos os direitos civicos do individuo e para muitas questoes de
• ciencias jisicas, no qual podemos encontrar documentos de diversos eqiiidade entre os individuos. Importantes na regulamentac;ao das propri~
orgaos cientificos. atividades do governo, sao unicos e apresentam-se como corpos de dOCll-
mentos que refletem as func;oes e a estrutura dos orgaos governamentais.
A citada comissao, ademais, declarou que os arquivos sao fontes mate-
riais noutro sentido do termo: podem ser usados na determinac;ao de varios
direitos, privilegios, obrigac;oes, imunidades e coisas semelhantes que deri-
yam ou dizem respeito a relac;oes entre 0 cidadao e 0 Estado e que regulam a No trabalho com 0 seu material 0 arquivista visa a urn duplo objetivo;
atividade dos funcionarios publicos e dos 6rgaos do governo. A comissao preserva-Io e torna-Io disponivel para ser usado. Assim, 0 objetivo do Arqui-
citou os seguintes exemp~os de maneiras pelas quais os fundos dos Arquivos vo Nacional dos Estados Unidos foi definido, oficialmente, como sendo 0 de
Nacionais servem como fontes nesse sentido do termo: servir a esta e a gerac;oes futuras, salvaguardando para 0 seu uso a prova da;,
Nas relal;oescidadiio-governo, para fornecer provas de propriedade de experiencia da nac;ao, que se encontra nos documentos de valorpermanente
terras (titulos de propriedade), aposentadorias (documentos de prestac;ao do governo federal. Na execuc;ao de seu trabalho, 0 arquivista executa algu-
de servic;o), cidadania (naturalizac;ao e inumeros documentos colaterais), mas atividades funcionais. Essas atividades nao tern limites definidos, nem
domicilio (documentos censitarios); quanta a elegibilidade para certos tipos sao exclusivas umas das outras; cada uma constitui parte das tarefas de
preservar e tornar acessiveis as fontes conservadas num arquivo. Essas ati- Assim os documentos somente depois de analisados podem ser avalia-
vidades, aIem disso, podem ser definidas de maneiras diversas. Devido a dos. As avalia~es, como sera mostrado no proximo capitulo, devem ser ba-
°
questoes de administra.;ao interna, Arquivo Nacional dos Estados Unidos seadas numa analise minuciosa e completa de todos os documentos produ-
grupou-as segundo quatro grandes t6picos, de acordo com as func;Oes: zidos pOl'um certo orgao do governo e na sua rela~ao para com toda a outra
documenta~ao.
• atividades de destina~ao, que incluem a avalia.;ao dos documentos o recolhimento, que se segue a avalia~ao, coloca os documentos consi-
°
propostos para elimina.;ao ou transferencia para edificio do Arquivo derados de valor sob a custodia fisica e legal do arquivo. No estagio inicial
Nacional, reavalia.;ao dos documentos recolhidos, segrega.;ao e trans- deste trabalho um arquivista pode encontrar grande resistencia, POI'parte
ferenda dos documentos de valor temporario para urn centro inter- das reparti~6es, em entregar seus document os ao arquivo. Os funcionarios
mediario de armazenamento, sele~aoe destrui.;ao dos documentos sem
publicos podem ter-se acostumado a conservar todos os documentos perti-
valor e demais atividades afetas a destina.;ao de documentos;
nentes ao seu trabalho junto de si ou, pelo menos, sob 0 seu controle imedia-
• atividades de preserva¢.o e de arranjo, que incluem as tarefas de
to. Podem mesmo considerar as pastas de processos como patrimonio de
acondicionar e etiquetar documentos ede colocar nas galerias os re-
suas reparti~6es e 0 conteudo dos mesmos como propriedade pessoal. 0 re-
ceptaculos de guarda; reorganizar e juntar documentos segundo urn
colhimento, sob tais circunstancias, e muito dificil e exige muito tato e pa-
plano, fazendo 0 reempacotamento, a reetiquetagem e procedendo ao
ciencia pOl'parte do arquivista.
novo armazenamento, exame e sele~ao dos documentos a serem res-
taurados e sele.;ao dos que devam ser reproduzidos para fins de pre- Os documentos, somente depois de analisados, podem ser arranjados.
serva.;ao; Na tarefa de arranjar os documentos, como sera visto em capitulo posterior,
• atividades de descri~ao e de publica¢.o, que incIuem a analise e des- observa-se 0 principio da proveniencia. Segundo esse principio os arquivos
cri~ao dos documentos recolhidos de modo a torna-Ios disponiveis ao devem ser arranjados de tal maneira que a organiza.;ao e fun~6es que os
uso; 0 preparo de inventarios descritivos, listas, catalogos, guias e de- produziram neles se reflitam, unidade administrativa pOl'unidade, subuni-
mais instrumentos de busca; sele~aoe prepara~ao de documentos para dade pOl'subunidad~ e serie pOl'serie de documentos: Esse principio de ar-
microfilmagem e outras formas ~e publica~ao documentaria; e ranjo somente pode ser seguido se uma analise perfeita dos documentos
• atividades de referenda, que incluem'o fornecimento de informa~oes houver sido feita. 0 arranjo afeta nao so a acessibilidade aos arquivos mas
de ou sobre documentos recolhidos; localiza~aoe emprestimo de tais tambem os valores comprobat6rios dos mesmos, pois os arquivos devem ser
documentos a outros orgaos do governo; 0 usa dos documentos na arranjados de maneira a protegeI' sua integridade, como evidencia hist6rica
sala de consult as e pesquisas; sele~ao e identifica~ao de documentos e como evidencia da organiza~ao e funC;ao.E, em geral, de grande importan-
para exposic;Oesou para reprodu~ao e ainda autentica~ao de reprodu- cia que os papeis individuais sejam mantidos no seu contexto e na sua posi-
~oes ou certidoes de document os recolhidos. c;aofisica original.
Uma analise minuciosa tambem e preliminar essencial a elabora~ao de
A analise que 0 arquivista faz dos documentos e basica, praticamente,
instrumentos de busca. Estes podem ser de varios tipos, mas todos contem
para todas as suas atividades. Esta analise abrange estudos da organiza.;ao e
informa~es que SaDobtidas atraves da analise dos documentos. Alguns ins-
origens fundonais dos documentos para se informar quanta a proveniencia,
trumentos, tais como guias, inventarios, listas e catalogos, mostram 0 cara-
assunto e inter-rela~oes. Ess'ainforma.;ao e usada na avalia.;ao, no arranjo,
na descri.;ao, na publica.;ao e na utiliza.;ao dos documentos. As atividades teI' e 0 valor dos arquivos em func;aode sua proveniencia; outros, como os
analiticas sao, POI'assim dizer, a essencia do trabalho de um arquivista; as guias pOl'assunto e trabalhos de referencia informativa (reference informa-
demais atividades sao baseadas naquelas e sao, em grande parte, de nature- tion papers) mostram 0 carateI' e significado dos documentos em fun.;ao do
za material. assunto de que tratam.
A atividade de tornar os documentos acessiveis e, sem duvida, a rnais de enfrentar os habitos enraizados de funciomlrios, em relac;ao aos seus do-
importante de todas as atividades executadas por urn arquivista. Significa cumentos, que osfazem considera-los de exclusiva propriedade de suas re-
fornecer os documentos, reproduc;6es ou prestar informac;6es, relativas aos parti<;6es, uteis apenas a administra<;ao corrente e sem interesse para estra-
documentos ou neles contidas, ao governo e ao publico. 0 arquivista pode nhos.
ser levado a proceder a longas pesquisas em busca de determinados docu- A posic;ao a ser ocupada pelo arquivista na hierarquia governamental
mentos, os quais devem ser selecionados entre muitos outros identificados depende tambem do carater dos orgaos do proprio governo com que lida. 0
reunidos e apreciados quanta ao seu valor, antes de serem postos a disposi~ tamanho, a complexidade, 0 tempo de existencia sao aspectos importantes
<;aopara uso. 0 arquivista pode ainda ter que proceder a pesquisas, levanta- do carater dos organismos e devem ser levados em considera<;ao. Urn arqui-
mentos ou investiga<;6es, por sua propria iniciativa, a fim de preparar rela- vista, por exemplo, pode ocupar-se de documentos de muitos tipos de orga-
torios informativos (reference reports) sobre topicos especiais, ou dar niza<;6es governamentais: federal, estadual, municipal etc. Essas organiza-
conselhos e prestar assistencia na localiza<;ao, interpreta<;ao e utiliza<;ao dos c;oes podem ser antigas ou recentes, podem existir ha seculos, como na
arquivos. maioria dos paises europeus, ou somente ha algumas decadas, como nos
Estados Unidos e na Australia.
Os arquivos nacionais atuais costumam gozar de urn grau de autonomia
relativamente alto na administra<;iio de seu trabalho. as arquivos nacionais
A autoridade de um arquivista depende da posi<;ao e responsabilidade da Franc;a, Inglaterra e Estados Unidos, convem recordar, foram colocados
que the sao atribuidas dentro da estrutura do governo ou administra<;iio a em diferentes posi<;6es na estrutura governamental dos respectivos paises.
que serve. Os Archives Nationales ficaram subordinados a urn ministro, ao passo que
Status administrativo. As posi<;6es que 0 arquivo pode ocupar na hie- ao Public Record Office se deu uma situac;ao de ministerio independente. Os
rarquia administrativa vao des de as que the conferem inteira liberdade de National Archives dos Estados Unidos inicialmente constituiam urn orgao
a<;ao, ate as de completa subordina<;ao a algum m1tro orgao do governo. A independente, porem mais tarde passaram a ser subordinados a outro orgao
posi<;ao reservada ao arquivista depend~ de
varios fatores. da administra<;ao.
Urn dos fatores e a situa<;ao do proprio trabalho de natureza arquivistica Muitos arquivos estaduais e municipais subordinam-se a outros orgaos,
no pais. Come<;ar e sempre dificil e isto e verdade, sobretudo no campo dos de que dependem, no que diz respeito a pessoal e finan<;as, embora alguns
arquivos. as obstaculos que 0 arquivista enfrenta ao iniciar 0 seu programa gozem de independencia. Nos Estados Unidos, os arquivos estaduais que
de trabalho sao, algumas vezes, quase insuperaveis. 0 arquivista nao pode incidentalmente tern urn controle completo sobre os documentos do estado
supera-los sozinho. Ha que con tar com ajuda de administradores publicos ficaram em varias posic;6es nas administra<;6es estaduais. Em 13 estados sao
esclarecidos, de pessoas eruditas, especialmente historiadores, e de todas as inteiramente independentes, em oito ficam subordinados as bibliotecas es-
pessoas interessadas no desenvolvimento de uma consciencia publica do valor taduais, em 15 subordinam-se a associa<;6es hist6ricas e em nove outros su-
dos documentos, e na obten<;ao do reconhecimento, por parte do governo, bordinam-se a outros orgaos da administrac;ao.
de que 0 zelo pelos documentos publicos e obrigac;ao oficial. Os paises rara- De acordo com a natureza das fun<;6es que urn arquivo deve cumprir, e
mente reconhecem 0 valor de seus documentos antes de atingirem a maturi- 6bvio que se Ihe de urn lugar na escala hierarquica da administra<;ao que 0
dade historica, quando, por ironia, muitos de seus documentos possivelmente habilite a tratar independentemente com todas as unidades do govemo. A
ja terao desaparecido. E mesmo depois de 0 governo de urn pais ter dispen- menos que tenha carater de ministerio, 0 arquivo devera ser urn 6rgao inde-
s~do autoridade e condi<;6es para 0 trabalho arquivistico, a tarefa do arqui- pendente ou subordinado a outra unidade que possa tratar independente-
VIsta e a'111a
d d'f' '1 I l1lClamente,
I ICI. .. 1 em suas rela<;6es com as reparti<;6es, ten\. mente com todos os 6rgaos governamentais. No caso do Arquivo Nacional
dos Estados Unidos a organiza<;5.o a que se subordina presta servi<;os do ge- ser distinto e separado do programa do proprio orgao. Isso faz-se mister
nero housekeeping (assuntos relativos a material, edificios e documentos) a porque a metodologia da arquivistica, como ja foi anteriormente demons-
todos os orgaos do governo. Muitos arquivos estaduais nos ~tados Unidos, trado, difere da metodologia de outras institui<;oes, como a das biliotecas e a
ja foi dito, saD entidades independentes, mas quando nao 0 sao, subordi- das sociedades hist6ricas, as quais comumente 0 arquivo se subordina, e
nam-se a outras entidades governamentais, como a bibliotecas, ou a asso- tambem porque a profissao do arquivista nao pode sobreviver de migalhas
cia<;oes historicas que podem tratar independentemente com todos os de- or<;amentarias que possam cair da meda da entidade interessada, em pri-
partamentos do governo. meiro lugar, em outros programas. As verbas destinadas ao programa de
Ao orgao encarregado da administra<;ao dos arquivos, deve-se, aMm dis- arquivo devem ser especificamente reservadas para aquele programa. Para
so, dar urn lugar na hierarquia governamental que 0 habilite a tratar efetiva- garantir 0 exito do programa e conveniente que se criem conselhos diretores
mente com todos os outros orgaos da administra<;ao. 0 grau de eficiencia de independentes, nos quais 0 arquivista possa estar devidamente representa-
urn arquivista, deixando-se de lado considera<;oes de ordem pessoal, de pen- do para examinar suas necessidades e os recursos de que po de dispor para
de de sua situa<;ao no governo, e seu status dependera da natureza do traba- atende-Ias. Na maioria dos estados americanos esses conselhos nao saD re-
lho que deva executar. Em todo 0 seu trabalho, como ja se acentuou, 0 arqui- munerados, saD 6rgaos apoliticos, vitalicios, compostos de educadores, his-
vista man tern rela<;oes estreitas com todos os orgaos do governo a que serve. toriadores e funcionarios publicos, eleitos pOl' sociedades hist6ricas ou no-
No seu trabalho, e claro, ve-se a bra<;os com todas as especies de problemas, meados pelos governadores dos estados.
uns relativos aassuntos de alta politica e outros a opera<;oes de rotina. Se 0
program a do arquivo e novo, podem relacionar-se com assuntos ordinaria-
mente tratados nos altos niveis da administra<;ao, tais como a posi<;ao do
arquivo na estrutura governamental, sua autoridade legal e normas que afe-
As responsabilidades de um arquivista em rela<;ao aos documentos pu-
tam 0 governo em geral. Podem ainda relacionar-se com as diversas fases de
blicos devem ser claramente definidas em lei. E especialmente importante
execu<;ao do novo programa, tais como a conduta de levantamentos para
que os materiais com que devera trabalhar, isto e, os documentos oficiais,
determinar 0 carater e 0 valor dos docunientos, formula<;ao de diretrizes
sejam legalmente definidos de inicio. 0 termo "d?cumentos publicos", como
quanta ao recolhimento ou transferencia de documentos e sua preserva<;iio,
ja foi observado, pode ser definido de varias maneiras segundo as necessida-
questoes de espa<;o para guarda e elabora<;ao de programas de destina<;ao.
des dos varios governos mas devem ser sempre definidos com exatidao.
Se a maioria dos seus problemas envolve diretrizes tratadas em alto nivel do
Uma defini<;ao de "documentos publicos" deve ser baseada na premissa
governo, deve ser colocado em lugar suficientemente alto na hierarquia ad-
de que tais documentos SaDpropriedade publica. Sao de propriedade de to-
ministrativa, que 0 capacite a tratar efetivamente com os funcionarios sobre
dos os cidadaos, que, coletivamente, constituem 0 Estado. Nos Estados Uni-
os proprios arquivos. Deve enta~ estar habilitado a tratar com os demais
departamentos do governo em bases de igualdade. Se, ao contrario, a mai9- dos, a lei que criou 0 Arquivo Nacional diz que "todos os arquivos ou docu-
64
ria dos seus problemas e de natureza executiva, podeni ser situado em nivel mentos pertencentes ao governo dos Estados Unidos (Legislativo,
Executivo, Judiciario etc.) estarao a cargo e sob a superintendencia do ar-
mais baixo na escala hienirquica. 0 arquivista, em resumo, deve estar habi-
quivista. 0 conceito de propriedade publica que esta implicito no texto da lei
tuado a tratar direta e igualmente com os funcionarios ligados aos seus pro-
blemas. e expresso tambem em inumeros trechos do Federal Records Act de 1950
Se a administra<;5.o do arquivo e subordinada a outro orgao tal como a que substituiu 0 National Archives Act.
uma biblioteca ou a uma sociedade historica fazem-se necessarias certas
providencias para assegurar sua eficiencia. 0 programa arquivistico deve
soal. A Associa~ao Americana de Historia, na sua reuniiio de 1945, resolveu
o conceitode propriedade publica e importante para determinar 0 di-
de maneira muito conveniente que:
reito de urn governo de reter e preservar os documentos criados no curso de
sua atividade oficial. E dificil, contudo, formular uma lei ou regulamento "CONSIDERANDO que tern sido urn habito comum entre os presi-
que controle eficazmente 0 usa pessoal de documentos publicos. Nos Esta- dentes dos Estados Unidos, quando de seu afastamento da Casa Bran-
ca, levarem consideraveis corpos de documentos, tanto oficiais quan-
dos Unidos, desde os primeiros dias da Republica, a destina~ao de tais docu-
to pessoais; e
mentos tern sido objeto de arbitrio entre os mais altos funcionarios do go- CONSIDERANDO que 0 governo federal possui agora admiraveis con-
verno, como ministros e presidentes. Por tradi~ao podem levar seus di~6es para 0 cuidado especial e a utiliza~ao de todos os arquivos ofi-
documentos quando se afastam do cargo. 0 precedente para a remo~o dos ciais e que 0 uso dos mesmos e essencial para os eruditos e funciona-
papeis presidenciais foi estabelecido por George Washington, que, depois rios do governo, na execu~ao inteligente de suas fun~6es em nossa
do segundo periodo presidencial, empacotou os seus papeis e mandou-os democracia;
DECIDE que a American Historical Association expresse e de inteira
para Mount Vernon. Washington considerou seus papeis "uma especie de
publicidade ao seu mais fervoroso desejo de que, de agora em diante,
propriedade publica, sagrada em minhas maos".65 Esses papeis permanece- os nossos chefes executivos possam levar, quando do seu afastamen-
ram em Mount Vernon aproximadamente 30 anos, ate que foram publica- to, tao-somente a correspondencia de carater estritamente pessoal.,,68
dos por Jared Sparks (1789-1866). Posteriormente foram comprados pelo
Uma nova tradi~ao que esta surgindo agora: os presidentes ao se afasta-
Departamento de Estado que era, na epoca, depositario dos manuscritos do
rem depositam seus papeis em bibliotecas especiais, onde sao, assim, of ere-
governo federal, e hoje se encontram na Biblioteca do Congresso entre os
papeis de muitos outros presidentes.
cidos a na~ao e administrados como parte do sistema do Arquivo Nacional.
Devido ao carater altamente pessoal do sistema de gabinete no governo
o direito de os presidentes levarem consigo os documentos de seu gabi-
.nete ao deixarem 0 cargo foi aceito, de urn modo geral, sem reclama~6es. federal dos Estados Unidos, 0 habito de retirar os papeis publicos estendeu-
Esse direito comumente estende-se apenas a correspondencia e demais pa- se aos ministros.Comumente esses funcionarios levam papeis que conside-
peis criados no seu proprio gabinete. Nao se estende a papeis que se tenham ram pessoais e privados, especialmente papeis que mostram suas atividades
tornado parte de documentos do governo, os quais, segundo Jefferson, "ten- como membros de partidos politicos e deixam os que consideram tratar de
do-se tornado atos de organismos publico~, n~·o pode haver demanda pes- assuntos do governo. Mas, ocasionalmente, podell) levar papeis oficiais que
soal pelos mesmos".66 Em nenhuma circunstancia, realmente, papel algum hajam produzido como uma prote~ao contra possiveis ataques a sua reputa-
deve ser retirado que possa deixar lacuna nos documentos oficiais de orgaos ~ao ou ao seu trabalho. Por essa razao, ja em 1800, foram feitas capias para
executivos. Considerando a crescente importancia do gabinete de urn presi- a imprensa da correspondencia oficial de Timothy Pickering como secreta-
69
dente na estrutura do governo federal, 0 carater dos documentos de seu ga- rio de Estado, com a permissao de John Marshall, sucessor de Pickering.
binete tem-se modificado gradativamente com 0 correr dos anos. Nao mais Os ministros podem tambem, ocasionalmente, retirar capias de papeis ofi-
sao uma por~ao relativamente pequena de papeis, a maior parte de natureza ciais que hajam produzido para diarios ou memarias. 0 incentivo do habito
pessoal, como os de Washington, que, nas suas horas de lazer, podia "exami- de funcionarios publicos de manterem documentos pessoais nao deve ser
nar, ordenar e separar os papeis de real valor, daqueles de pouco ou nenhum destruido, pois os diarios e memarias, conquanto sejam, muitas vezes, sub-
valor".67 Agora sao muito volumosos e em grande parte de carater impes- jetivos e cheios de enganos, SaDimportante suplemento para os documentos

65 Fitzpatrick, 1931-44, v. 25, p. 288. 68 American Historical Association, 1945, v. 1, p. 8.


66L'
Ipscom b ,1903-04, v. 12, p. 309. 69 White, 1948:501.
67 Fitzpatrick, 1931-44, v. 34, p. 381.
publicos formais e difusos, acrescentando-Ihes urn certo colorido e detalhes qualquer lei de limita¢es que afete a direita de recupera~o de urn cidadaa.
intimos. Esse principia e uma parte recanhecida da nassa direito parque pratege 0
A tradi~ao de retirar os documentos publicos ao deixar a reparti~o nao pova contra a negligencia das funcianarias publicos".71
se estende a autras funciamirias que naa as ministras, embora, usualmente, A legisla~aa sabre as dacumentas publicas, alem dissa, deve definir cla-
aqueles funciamirias levem cansiga papeis privadas e algumas vezes capias ramente as respansabilidades de custodia da arquivista. 0 canceita de cus-
de documentas publicas. Mas, e clara, as dacumentas praduzidas au recebi- todia pade ser explicada em rela~a aa canceito de propriedade publica. Os
das em funl;aa das atividades aficiais au na cumprimenta da lei saa de pro- documentas publicas paderaa ser canservadas sab a custodia de qualquer
priedade publica. Nenhum funcianaria tern a direita legal au maral de se 6rgaa da administral;aa, sem, contuda, ser de sua prapriedade. Quanda as
apossar de dacumentas da gaverno. Pertencem a reparti~aa, nao aa funcio- dacumentas publicos saa transferidas da custodia de urn orgaa para a de
nario; SaD de propriedade da governo e nao de propriedade privada. Mesmo outra naa ha transferencia de prapriedade, pais as dacumentas eram e can-
se feitos ou conservados par sua propria iniciativa e mesma em forma de tinuam a ser prapriedade do Estada. Issa significa simplesmente que urn
c6pias, nao sao propriedade privada dos individuas a que dizem respeita. 0 orgaa, em vez de autra, tern os dacumentas em suas maos. As candi~oes em
governo tern direitos sobre todas as copias de dacumentas publicos arquiva- que as dacumentas saa mantidos depende da regulamenta~a que trata da
das nas repartil;oes; pade, e claro, fazer a que the aprouver earn as capias assunta de transferencia de dacumentas. Esta deve tarnal' clara que as da-
que nao interessam aa arquivo. Nao hajustificativa para a"funcionaria, usan- cumentas padem ser transferidospara urn arquiva de custodia, nao apenas
da 0 seu emprego publica, acumular documentos tais camo as que cantem na sentido fisica, mas tambem num sentida legal. "Os dacumentas uma vez
dados confidenciais relativos a neg6cios, dos quais ele padera tirar proveito transferidas para urn arquivo", segundo 0 dr. Waldo G. Leland, devem pas-
pessoal quando deixar a cargo. sar a custodia legal, bem cama fisica, do arquivista. Nada mais da que atri-
Os documentos publicos, pois, devem ser reconhecidas par lei camo pro- tas incomadas padem surgir de qualquer arranjo que permita que a custo-
priedade publica. 0 direito a tais dacumentos sera exclusivamente do gover- dia legal das arquivos permanel;a cam quem nao mais as passua".72
na que os criou e serao conservadas para a perpetuidade. Qualquer lei que Legalmente, entaa, a arquivista deve ter a custodia das dacumentos que
diga respeito a administral;ao de documentos publicos, partanta, deve in- estaa sab a sua guarda fisica, no que diz respeito aa seguinte:
cluir no seu texto normas para a sua reabren~ao na caso de terem sido Primeira, deve 0 arquivista ter sobre os documentas as mesmas direitos
indevidamente alienados ou retiradas da repartil;aa. 0 dr. Walda G. Leland e privilegios que tinha a entidade que as criau, relativamente a reprodul;aa e
observau, com muita propriedade, que "...a Estada deveria ter plenas pode- a autentical;aa de copias.
res para restabelecer a passe de qualquerdacumento, onde quer que fosse Segundo, deve ter, em relal;ao aas documentas, certos direitos e priviIe-
encontrado, desde que se passa provar ja ter constituido parte de seus dacu- gias adicianais que naa sao comumente exercidas pelas entidades criadaras.
mentos publicos, embora possa jamais tel' sido realmente depositada num Referem-se estes ao arranjo, a descri~o e a publica~a para fins que nao
arquiva".70 0 dr. Randolph G. Adams, alem dissa, assinalau que "a direita aqueles para os quais foram originariamente criadas - para servir a usos
camum permite que urn Estada ou gaverno federal mova a~oes para recupe-- secundarios de autras repartil;oes e de particulares. Esses direitas e priviIe-
rar uma pel;a de prapriedade publica, tais cama documentos de arquivos, a gias sao necessarios ao arquivista para a barn cumprimento de seus deveres.
despeita da tempa em que t~nha estado em maos de particulares. 0 princi- As responsabilidades do arquivista no que cancerne a avalia~ao de da-
pia basico e nullum tempus occurrit regi, que fai traduzido cama "cantra a cumentas publicas devem tambem ser claramente definidas. Deve haver
rei nao ha prescri~ao". Nautras palavras, "0 soberano nao e atingida pOl'
71 Adams, 1939:95.
72 Leland, 1912a:267.
disposi~6es legais regulamentando 0 problema da destruic;ao de documen_ Aplicando-se esse metodo, alem disso adquire-se urn conhecimento es-
tos publicos. Essa regulamenta~ao ha que proibir a destrui~ao de qualquer pecialquanta aos arquivos e seu conteudo, arranjo, valor par~ fi~s d_epes-
documento publico por qualquer funciomirio sem a devida aproval;ao da au- uisa etc. Esse conhecimento, que podemos chamar de especlahza~o por
toridade responsavel pelos arquivos. Deve ser unica. Nao devera existir ou- q
assunto, e extremamente importante para uma atua~o- efi'Clenteem re 1- a~o
tra forma de destruir os documentos publicos, e todas as outras leis que se aosarquivos; e tao importante quanta 0 conhecimento dos proprios prind-
choquem com as disposil;oes instituidas devem ser revogadas. ios e tecnicas de arquivo. 0 arquivo, portanto, deve ser organizado de ma-
As responsabilidades do arquivista no que diz respeito a tornar 0 mate- :eira a desenvolver, no seu pessoal, com maiar rendimento, 0 conhecimento
rial acessivel ao uso devem ser definidas 0 mais precisamente possive!. Des- por assuntos. Trata-se, entao, de urn tipo de organizal;ao na qual 0 pessoal e
de que 0 arquivista tern documentos sob sua custodia, naturalmente os colo- designado para trabalhar com certos grupos de documentos, tomando-se
cara em ordem, fara a devida descril;ao, e os publican'l, para torna-Ios por base a rela~ao dos mesmos para com as areas de assunto ou campos de
acessiveis ao uso. A lei, entretanto, deve estipular sob que condil;oes tais interesse. Esse criterio de organiza~ao, alem disso, deve ser estavel, de modo
documentos devem ser abertos ao uso - as normas a que tais restri~oes que os funcionarios possam tornar-se peritos nos assuntos, por campos de
deverao obedecer, 0 carater geral das restril;6es no uso e coisas semelhantes. conhecimento, facultando a aplica~ao dessa especializal;ao a programas de
Vma comissao da Society of American Archivists preparou, em 1939, grande alcance, relativos ao arranjo e descri~ao de arquivos.
urn modelo de projeto de lei para os arquivistas americanos. Aquele traba- Considerando que os documentos modernos sao muito volumosos, pode
lho, publicado no The American Archivist, em abril de 1940, aborda todos parecer que urn arquivo poderia executar suas atividades em rela~ao aos
os problemas a serem observados em qualquer projeto de legisla~ao de ar- mesmos, de maneira mais eficiente, tomando-se por base a fun~ao, em vez
quivos. dos assuntos. E 6bvio que a propor~ao que 0 acervo de urn arquivo aumenta
emvolume, mais trabalho de natureza material deve ser executado. Grandes
massas de documentos terao que ser mudildas de urn lugar para outro, empa-
cotadas, arrnazenadas e restauradas. Por tras de todas estas atividades ma-
o arquivista deve seleclonar e formar cuidadosamente 0 seu pessoal, teriais estao as atividades profissionais basicas de analise e avalial;ao. As
planejar 0 trabalho, definir os metodos.e dirf;Jrizes a seguir e, em geral, de- atividades materiais nao podem ser empreendidas antes que 0 trabalho pro-
,senvolver uma organiza~ao eficaz. fissional basico tenha sido executado e, por outro lado, nao devem ser exe-
cutadas sem uma dire~ao profissional.
Nos seus primeiros anos 0 Arquivo Nacional dos EVA era organizado
em base funcional. Existiam divis6es encarregadas de recolher, classificar,
A organizac;ao do arquivo deve basear-se principal mente em assuntos e catalogar e prestar servi~o de referencia em rela~o a todos os documentos
nao em fun~oes. Por essa afirmativa quero dizer que 0 arquivo deve ser orga- sob sua cust6dia. Esta forma de organiza~ao nao logrou os resultados dese-
nizado de tal forma que 0 trabalho seja atribuido aos funcionarios, toman- jados e foi substituida por outra organizal;ao, que facilita 0 aperfeil;oamento
do-se por base a relal;ao dos documentos com determinadas areas de assun- do seu pessoal, numa base de especializac;aopor assuntos. Na organiza~ao
tos ou campos de interesse, e nao a sua natureza profissional especializada. atual, a maioria das funl;oes substantivas do Arquivo Nacional e executada
Deve desenvolver 0 conheci~ento dos principios e tecnicas de arranjo, des- por setores estanques de documentos (records branches), que se encarre-
cril;ao, publica~ao e utilizac;aodos documentos em rela~ao a determinados gam do material, digamos, relativo a guerra, riquezas naturais, e assuntos
fundos de arquivos. Esse conhecimento pode, de fato, desenvolver-se com industriais etc. Algumas atividades san ainda atribuidas a unidades admi-
vantagem se Iimitado a esses fundos. nistrativas especializadas, que operam em bases funcionais.
As bibliotecas e os arquivos diferem em sua organiza~ao porque aquelas
Na execu~o dos programasde trabalho, 0 arquivista deve procederuni-
sao, em geral, organizadas pOl'fun~o, e estes pOl'assunto. A mesma dife- formemente em rela~o a todo 0 conjunto de documentos. Assim, ele nao
ren~ existe comumente entre urn arquivo de custodia e urn centro interme_ devera arranjar uma unidade em rigorosa ordem, deixando que tudo mais
diario. Nestes, 0 trabalho pode ser executado com maior eficiencia, se forem permane~a em desordem. Devera proceder de maneira uniforme em todas
designados determinados funcionarios para cada atividade, como a de trans- as suas atividades. Nao devera, pOl'exemplo, completar todas as atividades
ferir, empacotar, armazenar ou fornecer os documentos para uso. de arranjo, antes de levar a efeito parte de outras atividades, mas sim ir exe-
cutando as varias atividades, simultaneamente. Devera avan~ar progressi-
vamente na execu~ao de seus program as, degrau pOl'degrau,ano par ano,
adiantando todas as fases, em todos os seus grupos, na medida em que os
o trabalho de urn arquivo nunca termina. E urn trabalho para a posteri- recursos financeiros e de pessoal 0 permitam. Nao deve permitir que se des-
dade, no duplo sentido de ser feito para e pela posteridade. Nao ha limite vie de seu programa de trabalho, passando a despender todas as suas ener-
quanta ao tempo que se possa gastar na analise dos arquivos, no seu arranjo gias em assuntos que possam vir a ser, momentaneamente, objeto de sua
e na elabora~ao de instrumentos de busca. 0 numero de itens avulsos com aten~ao. Se pretende executar 0 seu programa de instrumentos de busca,
que urn arquivista tern que lidar, mesmo nas pequenas institui~oes pOl'exemplo, nao deve afastar-se do seu objetivo para atender a interesses
arquivisticas, e quase infinito. Dado 0 fato de os arquivistas ocuparem, em especiais. Antes que tenha conseguido elaborar urn guia geral para os docu-
geral, toda a existencia no seu trabalho, e comum imaginar-se que sejam mentos, nao deve promover amilises detalhadas de documentos para deter-
velhos barbudos e curvados, trabalhando em armazens mal iluminados, le- minado historiador, relativos e urn t6pico hist6rico, acontecimento ou epi-
vando documentos mofados de urn lado para outro. Esse conceito nao s6dio especifico, au providenciar 0 preparo de indices de nomes de pessoas
corresponde a realidade. Se urn arquivista que lida com documentos moder- e lugares, s6 para servir aos genealogistas e antiquarios.
nos pretende executar sua tarefa, mesmo num grau muito reduzido, teni
que ser urn administrador eficiente, capaz de planejar e de dirigir 0 trabalho
do pessoal que lhe e subordinado. 'Qrranto maior a organiza~ao, maior a ne-
cessidade de cuidadoso planejamento. Uma defini~ao das diretrizes e metodos tecnicos e profissionais torna-
A fim de formular os pIanos de trabalho, 0 arquivista deve, em primeiro se essencial para que se mantenham os altos padroes do trabalho arquivistico.
lugar, determinar que trabalho ha para ser feito. Com esse objetivo ele deve Asdiretrizes e metodos dizem respeito a substancia do trabalho do arquivis-
dividir 0 acervo em segmentos, que podem ser chamados "grupos de arqui- ta; determinarao se, de fato, 0 seu trabalho tern conteudo profissional.E
vos" (archives groups), "grupos de documentos" (record groups) ou "serie necessaria, pois, que 0 arquivista formule, com a maxima precisao possivel,
de documentos" (record series). 0 carater e tamanho desses segmentos ou as diretrizes a serem observadas pelo seu pessoal na programa~ao e na exe-
n:ndos depende do caniter e volume total dos documentos com que 0 arqui- cu~ao das varias fases do seu trabalho, bem como elabore normas que indi-
VIsta deve trabalhar. 0 arquivista precisa analisa-Ios, a fim de determinar quem, precisamente, como as varias atividades tecnicas e profissionais de-
que trabalho sera exigid,opara a elimina~o dos papeis sem valor, para coloca- vem ser executadas. Os National Archives, par exemplo, editaram urn guia
para seus funcionarios, 0 Handbook of procedures, que contem uma dec1a-
los em boa ordem e para descreve-Ios com os detalhes necessarios, visando a
torna-Ios acessiveis. Deve, entao, formular urn programa anual de trabalho ra~o das diretrizes e metodos, organizado em rela~iio as suas maio res fun-
planejado de modo a cumprir as tarefas especificas que devam ser executa~ ~oes. Esse handbook e suplementado pelos Staff Information Papers, que
das em cada segmento de documentos. fornecem informa~oes detalhadas sobre as atividades profissionais, tais como
o preparo de inventarios, preparo de listas ou preparo de documentos para
microfilmagem.
As bibliotecas e os arquivos diferem em sua organiza~ao porque aquelas Na execu~o dos programasde trabalho, 0 arquivista deve proceder uni-
sao, em geral, organizadas por fun~o, e estes por assunto. A mesma dife- formemente em rela~o a todo 0 conjunto de documentos. Assim, ele nao
ren~ existe comumente entre urn arquivo de custodia e urn centro interme- devera arran jar uma unidade em rigorosa ordem, deixando que tudo mais
diario. Nestes, 0 trabalho pode ser executado com maior eftciencia, se forem permane~a em desordem. Devera proceder de maneira uniforme em todas
designados determinados funciomirios para cada atividade, como a de trans- as suas atividades. Nao devera, por exemplo, completar todas as atividades
ferir, empacotar, armazenar ou fornecer os documentos para uso. de arranjo, antes de levar a efeito parte de outras atividades, mas sim ir exe-
cutando as varias atividades, simultaneamente. Devera avan~ar progressi-
vamente na execu~ao de seus programas, degrau por degrau, ana por ano,
adiantando todas as fases, em todos os seus grupos, na medida em que os
o trabalho de urn arquivo nunca termina. E urn trabalho para a posten- recursos financeiros e de pessoal 0 permitam. Nao deve permitir que se des-
dade, no duplo sentido de ser feito para e pela posteridade. Nao M limite vie de seu programa de trabalho, passando a despender todas as suas ener-
quanta ao tempo que se possa gastar na analise dos arquivos, no seu arranjo gias em assuntos que possam vir a ser, momentaneamente, objeto de sua
e na elabora~ao de instrumentos de busca. 0 numero de itens avulsos com aten<;ao.Se pretende executar 0 seu programa de instrumentos de busca,
que urn arquivista tern que lidar, mesmo nas pequenas institui~oes por exemplo, nao deve afastar-se do seu objetivo para atender a interesses
arquivisticas, e quase infinito. Dado 0 fato de os arquivistas ocuparem, em especiais. Antes que tenha conseguido elaborar urn guia geral para os docu-
geral, toda a existencia no seu trabalho, e comum imaginar-se que sejam mentos, nao deve promover analises detalhadas de documentos para deter-
velhos barbudos e curvados, trabalhando em armazens mal iluminados, le- minado historiador, relativos e urn topico historico, acontecimento ou epi-
van do documentos mofados de urn lado para outro. Esse conceito nao sodio especifico, ou providenciar 0 prepare de indices de nomes de pessoas
corresponde a realidade. Se urn arquivista que lida com documentos moder- e lugares, so para servir aos genealogistas e antiquarios.
nos pretende executar sua tarefa, mesmo num grau muito reduzido, tera
que ser urn administrador eficiente, capaz de planejar e de dirigir 0 trabalho
do pessoal que the e subordinado. QUalltomaior a organiza~ao, maior a ne-
cessidade de cuidadoso planejamento. Uma defini~ao das diretrizes e metodos tecAicos e profissionais torna-
A fim de formular os pIanos de trabalho, 0 arquivista deve, em primeiro se essencial para que se mantenham os altos padroes do trabalho arquivistico.
lugar, determinar que trabalho M para ser feito. Com esse objetivo, ele deve Asdiretrizes e metodos dizem respeito a substancia do trabalho do arquivis-
dividir 0 acervo em segmentos, que podem ser chamados "grupos de arqui- ta; determinarao se, de fato, 0 seu trabalho tern conteudo profissional.E
vos" (archives groups), "grupos de documentos" (record groups) ou "serie necessario, pois, que 0 arquivista formule, com a maxima precisao possivel,
de documentos" (record series). 0 carater e tamanho desses segmentos ou as diretrizes a serem observadas pelo seu pessoal na programa~ao e na exe-
~ndos depende do carater e volume total dos documentos com que 0 arqui- cu~ao das varias fases do seu trabalho, bem como elabore normas que indi-
VIsta deve trabalhar. 0 arquivista precisa analisa-Ios, a fim de determinar quem, precisarnente, como as varias atividades tecnicas e profissionais de-
que trabalho sera exigidopara a elimina~o dos papeis sem valor, para coloca- vem ser executadas. Os National Archives, por exemplo, editaram urn guia
para seus funcionarios, 0 Handbook of procedures, que contem uma decla-
los em boa ordem e para descreve-Ios com os detalhes necessarios, visando a
ra~o das diretrizes e metodos, organizado em rela~ao as suas maiores fun-
torna~los acessiveis. Deve, entao, formular urn programa anual de trabalho,
<;oes.Esse handbook e suplementado pelos Staff Information Papers, que
plane]ado de modo a cumprir as tarefas especificas que devam ser executa-
das em cada segmento de documentos. fornecem informa~Oesdetalhadas sobre as atividades profissionais, tais como
o preparo de inventarios, preparo de listas ou prepare de documentos para
microfilmagem.
Em todos os paises, os arquivistas - estaduais, federais ou municipais Na Europa, urn profundo grau de educa<;iio geral e requisito indispensa-
- devem trabalhar em conjunto na determina<;ao das diretrizes e metodos , vel para admissao em estabelecimentos de ensino altamente especializados,
a despeito de for<;osas diferen<;as de enfase em rela<;ao a seus trabalhos pro- comO a Ecole des Chartes, na Fran<;a, e 0 antigo Instituto de Ensino de
fissionais. Ao estabelecerem, por exemplo, padroes de avalia~ao, 0 arquivis- Arquivistica e Historia, na Alemanha. A Ecole des Chartes, fundada por de-
ta federal teni provavelmente urn ponto de vista diferente do ponto de vista creto real de 22 de fevereiro de 1821, equipara-se a uma universidade, e os
do arquivista estadual. No entanto 0 essencial e que 0 criterio pelo qual os estudantes saD admitidos unicamente atraves de um exame de admissao.
valores saD julgados sejam definidos nos niveis federal, estadual e munici- Oferece urn curso de tres anos de dura<;ao. No primeiro ana lecionam paleo-
pal. No preparo de instru<;oes sobre os instrumentos de busca, 0 arquivista grafia, filologia roman a, bibliografia e biblioteconomia (library service); as
federal, em face dos problemas de grande massa de documentos, devera ima- disciplinas ministradas no segundo ana saD: diplomatica, historia das insti-
ginar metodos que permitam obter, grosso modo, urn controle imediato dos tull.oes francesas, arquivos franceses, arquivistica (archival service) e fon-
seus documentos e, posteriormente, urn controle preliminar com alguns tes primarias da hist6ria e literatura francesa; no terceiro ana saD: hist6ria
detalhes. 0 controle perfeito, com todos os detalhes, pode ter que esperar do direito civil e canonico, arqueologia medieval e fontes primarias da hist6-
POl' muitas gera<;oes. Em primeiro lugar, tratara de identificar e descrever os ria e literatura francesas. 0 antigo Instituto de Ensino de Arquivistica e His-
grupos de documentos criados no nivel de orgaos ou servi<;os, e so entao t6ria organizado no Arquivo Privado do Estado da Prussia, em Berlim-
procedera a identifica<;ao das series de documentos encontradas nos diver- Dahlem em 1930, era um alto curso de p6s-gradua<;ao, onde os alunos s6
sos grupos. Dara inicio a sua tarefa de analise, partindo da origem da orga- podiam ser admitidos se doutorados em hist6ria e se os tr~balhos para 0 seu
niza<;ao e respectivas fun<;oes - nao do ponto de vista dos assuntos. Fara a doutorado incluissem estudos de metodologia e pesquisa hist6rica, paleo-
analise dos itens - documentos ou dossies - somente depois de ter conclui- grafia, geografia hist6rica, hist6ria do direito e Hnguas germanicas. Nesse
do certas etapas preliminares. 0 arquivista municipal, por outro lado, que instituto os estudantes recebiam urn treinamento intensivo em paleografia,
lida na maior parte com itens individuais, deve ocupar-se com metodos que no uso de fontes hist6ricas medievais, no exame critico de manuscritos, e no
visem a identificar e descrever 0 conteudo dos mesmos. Provavelmente, co- preparo de manuscritos para publica<;iio, bem como em tecnicas de arquivo
me<;ara pelo preparo de instrumentos·de..busca de particularidades, como relativas a materiais modernos. 0 trabalho daquele instituto vem sendo fei-
indices, list as e repertorios (calendars). Ja 0 arquivista estadual resolvera 0 to atualmente por escolas de arquivos em Marburg e Munique.
problema de produzir instrumentos de busca de urn modo intermediario Nos Estados Unidos, os arquivos tern deixado a cargo das universidades
entre os metodos do arquivista federal e os do arquivista municipal. Todos o preparo basico de estudantes que os podera tornar verdadeiros arquivis-
os metodos, entretanto, vis am a atender 0 mesmo objetivo - tornar os do- tas. "Aos candidatos ao doutorado em filosofia, a instru<;ao dada sobre his-
cumentos conhecidos e possibilitar-Ihes 0 uso, e, em ultima analise, os es- t6ria daAmerica", segundo Samuel Flagg Bemis, eminente historiador ame-
for<;os de todos os arquivistas devem complementar-se mutuamente. ricano, "oferece os elementos fundamentais para uma s6lida prepara<;ao para
a carreira arquivistica, mas os estudantes que pretendam ingressar nessa
profissao devem ser orient ados para uma tese que os obrigue a manusear
manuscritos de consideravel extensao fora dos arquivos oficiais, proporcio-
Para 0 exito de qualquer programa de arquivo e essencial urn corpo de nando-lhes assim treinamento em problemas de diplomatica e paleografia,
funcionarios com forma<;ao profissional. 0 arquivista deve possuir, em pri- no que se associam com a hist6ria americana".73
meiro lugar, uma boa base em algum campo de conhecimentos, e, em se-
gundo lugar, conhecimentos especializados quanta aos principios e tecnicas
de arquivo.
- . N . al 0 curso consistia em leituras recomendadas,
Sou de opiniao que a melhor forma(fao preliminar que urn arquivista en tos do ArqUlvO aCIon . .
lIl A • • debates trabalhos praticos, preparo de mstrumen-
pode ter e urn curso superior de historia. Isso da-Ihe urn conhecimento da nferencIaS semanaIS" ,.
co . di 'dualmente supervisionados e uma sene de provas. As con-
evolu(fao do pais e do seu govemo, conhecimento basico para qualquer pro- debuscam VI . .
tOS d' e por urn periodo supenor a Olto meses.
cesso de aprecia(fao dos valores de pesquisa eventualmente encontrados nos encias e debates esten Iam-s . .
fer . b d 19550 curso de treinamento do ArqUlvo NaCIO-
seus documentos publicos. Da-Ihe treinamento em metodologia da pesqui- A partIr de setem ro e .
assou a ser coordenado com os cursos ministrados pela ~enca,n
sa, treinamento este necessario em todo 0 trabalho que executa quanto a nal p. W hI'ngton 0 curso de treinamento pode ser frequentado
racionaliza(fao dos documentos p6blicos, ao arranjo dos mesmos numa cor- lJni'versity , em as
h
. . ,
de funcionarios do Arquivo NaclOnal e e cre-
pessoas estran as ao corpo . ,.
reta inter-relac;ao, e ao descreve-los em termos de organiza¢o e fun(fao. Desde por 1 . 'dade como uma das suas series de cursos de histona e
a formulac;ao do principio basico arquivistico da proveniencia, em meados dit do pe a umverSI .. d
d a. .strac;ao de arquivos. 0 treinamento tern tambem sido mmistra 0 em
do seculo XIX, os arquivos de todos os paises deram enfase a importancia do a mInI ais de verao de institutos de preservac;ao e administrac;ao de ar-
treinamento em historia por parte do arquivista. curs os anu . . - om os National
uivos dirigidos pela American UmversIty, em cooperac;ao c
A formac;ao superior em hist6ria deve ser complementada por treina-
qArh' es a Biblioteca do Congresso e 0 Maryland Hall of Records.
mento arquivistico especializado. Em setembro de 1953, 0 Arquivo Nacional c IV ,
americano criou urn curso basico de formac;ao para ps seus novos funciona-
rios profissionais. Esse curso pretendia atender aos dois objetivos se~uin-
tes: a) dar a todos esses servidores urn conhecimento b<isico sistematico na
profissao; e b) determinar, por meio de provas bastante rigorosas, as quali-
fica(foes desses servidores para 0 trabalho profissional continuo e para efei-
to de promo¢o. Como urn incentivo aos que fizeram 0 curso e como urn meio
de corrigir certos erros no padrao do pessoal do Arquivo Nacional, concor-
dou-se em que todos os que houvess~my co.~cluido 0 curso, passado nos exa-
mes e trabalhado durante urn ana no grau profissional de principiante se-
riam promovidos a niveis de urn grau mais elevado. Aquele curso nao
pretendia dar aos seus alunos urn conhecimento pormenorizado dos assun-
tos especificos e dos documentos com que estariam diretamente ligados em
suas fun(foes individuais. Esse treinamento especializado e uma responsabi-
lidade continua dos supervisores dos setores e sec;oes, de quem se espera
que 0 aplique, de maneira sistematica ou ocasional no exercicio da func;ao. 0
curso basico de forma¢o foi planejado mais para desenvolver nos alunos
ampla versatilidade na profissao que os habilitaria a tratar com inteligencia
as tarefas que envolvessem assuntos e documentos com que nao estivessem
familiarizados e, assim, tomar possivel uma flexibilidade maior de atribui-
(foes. Pretendia dar aos alunos urn conhecimento correto da inteira organi-
za¢o e fun(foes da institui(fao a que estavam ligados; conhecimento exato
dos principios basicos da arquivistica; dominio das tecnicas arquivisticas
necessarias e urn conhecimento geral dos mais importantes fundos de docu-
Avalia~ao dos documentos
publicos modernos*

OSDOCUMENTOS OFICWSmodernos sao muito volumosos. Seu crescimento, em


volume, corresponde de perto ao aumento da populac;ao, a partir de meados
do seculo XVlII. Esse aumento da populac;ao tornou necessaria a expansao
da atividade governamental e essa expansao teve como uma dassuas resul-
tantes um tremendo aumento na produc;ao de papeis. Como se aplicaram
metodos tecno16gicos modernos a prodUl;ao de documentos, seu crescimen-
to nas ultimas decadas tem sido em progressao antes geometrica do que arit-
metica.
Vma redu<;ao na quantidade de tais documentos torna-se essencial, tanto
para 0 proprio governo quanto para 0 pesquisador. 0 governo nao pode con-
servar todos os documentos produzidos em conseqiiencia de suas multiplas
atividades. Torna-se impossivel prover espac;o para armazena-los, bem como
pessoal para cuidar dos mesmos. 0 custo da manutenc;ao de tais papeis vai
alem das posses da mais rica nac;ao. Ao mesmo tempo, nao se pode conside-
rar que os pesquisadores estejam devidamente servidos pela simples manu-
tenc;iio de todos os documentos. Os especialistas se desorientam ante a enor-
me quantidade de papeis oficiais modernos. Os documentos devem ser
reduzidos em quantidade para que sejam uteis a pesquisa erudita. "Mesmo
os mais ardorosos defensores da conservac;ao no interesse da historia", de
acordo com um folheto editado pelo Public Record Office britanico/4 "co-
mec;aram a temer que 0 historiador do futuro, ao tratar do nosso proprio
perfodo, possa submergir na abundfmcia de provas escritas." Por essa ra-
zao, 0 interesse erudito nos documentos esta muitas vezes na razao inversa

* N. do T.: 0 capitulo da edi~ao original foi substituido, por determina~ao do autor,


por outro trabalho de sua autoria, mimeografado.
74 Great Britain, Public Record Office, s.d., p. 1. Publicado no Brasil pelo Arquivo

Nacional (Rio de Janeiro, 1959. 56p.), com tradu~ao de Leda Boechat.


de sua quantidade: quanto maior 0 numero de d
, . ocumentos sobre um assun-
to, menor e 0 mteresse pelos mesmos.
Na eliminal;ao de documentos publicos mode ' .
h ' . . rnos e preClSOque se te- Pode-se determinar mais facilmente os valores secundarios de docu-
n a 0 maXImocUldado pa~a quese conservem os que tem valor.
mentos oficiais se os analisarmos em relal;iioa dois aspectos: a) a prova que
De modo. geral, a eficacia de um programa de redul;ao de documentos
pode ser avahada de acordo Coma c . - d contem da organizal;iio e do funcionamento do orgao governamental que os
onel;ao e suas determinal;oes Nu produziu; e b) a infonnal;ao que contem sobre pessoas, entidades, coisas,
Pr~gl.ramNa_dehs~anatureza nao ha substituto para 0 cuidadoso trabaiho dme
a na lse. ao a possl'b'l'd d d . problemas, condil;oes etc. com que 0 orgao governamental haja tratado. A
I I a e e serem mventada t' .
t b Ih d " s ecmcas que reduzam 0 difeI'enl;aentre os valores que se relacionam com esses dois aspectos pode
~a aN~ e ,decldlr sobre os valores dos documentos a uma operal;ao meca-
ser esc1arecida analisando-se a propria defini<;aode records na Lei de Desti-
mea. ao h_a,tampouco, um processo barato e facil para se descartar do
mentos a nao se d 'd cu- nal;ao de Documentos (Records Disposal Act) dos Estados Unidos de 7 de
. r q~e se eCI a pela destruil;ao de tudo que haja sido . d
julho de 1943 (44 U.S. Code §366-80). Nessa lei a palavra documentos
~Og~.ndo-se,pOl'as~~~ dizer, tudo fora. Urn tratamento assim drastiC:r~;r~~
(records) e definida como inc1uindo, primeiro, todo 0 material que conte-
ana apenas aos nllhstas que nada veem de bom nas institui _ . .
nos seus documentos. As dificuld d ' . ._ I;oesSOCIalS ou nha prova de "organizal;ao, funl;oes, diretrizes, decisoes, normas, operal;oes
sao tao d _ . a es na avahar;ao de documentos recentes ou outras atividades do governo". Aqui, da-se enfase aos documentos essen-
tendess gran fes:ue nao admlra que alguns arquivistas, em dado momento
dais relativos a origem, ao desenvolvimento e ao funcionamento de urn 01'-
em a ec ar os olhos e nada fazer. Como Luis XV antes da Rev I _'
Francesa, eles pareciam sentiI' que "0 velho regime pe d' 0 Ul;~o
gao - documentos probatorios ou demonstrativos, que contem 0 testemu-
tencia, e depois de nos, 0 di16vio". I' urara POI'nossa eXIS- nho da existencia e das atividades do orgao. Apalavra records e, alem disso,
definida naquela lei como inc1uindo material que mere<;aser preservado
devido ao valor informativo dos dados nele contido. Aqui a enfase recai nos
Valores dos documentos documentos que contem informal;ao essencial sobre materias com que 0 01'-
gao lida, em contraposi<;ao a documentos sobre os seus proprios atos - os
documentos de "pesquisa" que contem informal;oes uteis para estudos so-
D;st;n~aoentre valores primiirios~e ~~cundiirios bre uma variedade de assuntos.
Para efeito de estudo, os valores inerentes aos documentos decorrentes
Os .valores inerentes aos documentos publicos modernos sao de d da prova que contem da organizal;aOe funl;oes serao chamados de valores
uas
~ategonas: valores primarios, para a propria entidade onde se Originam probatorios. POI'esse termo nao me refiro ao valor inerente aos documentos
v~~umoentdos, e valores secundarios, para outras entidades e utilizadores p~~ publicos devido a qualquer qualidade ou merito especial que tenham como
os. s ocumento£nascem d . provas. Nao me refiro, no sentido atribuido pelo arquivista Ingles sir Hilary
um orgao foi criado _ ad . . t o.cum~nn~ento dos objetivos para os quais
sao e logico d . . ~lms ratlvos, scals, legais e executivos. Esses usos Jenkinson, a santidade da prova dos arquivos que deriva da "custodia
sen: ' e p~melra lmportanda. Mas os documentos oficiais sao re- ininterrupta",75 diu da maneira pela qual os documentos vieram as maos do
tem;::::~ ~rqUl~O~POI'ap~esentarem valores que persistirao pOl'm~ito arquivista. Pelo contrario, refiro-me, urn tanto arbitrariamente, ao valor que
serao de intere:::ISar: :e;sado seu _usa cor.r~nte e porque os seus valores depende do carateI' e da importancia da materia provada, isto e, da origem e
d p u ros que nao os Utlhzadores iniciais Essa utiI'd dos programas substantivos, ou fim, da entidade que produziu os documen-
e pennanente e secundaria ' , b' . . I a-
e que sera 0 ~etode conslderal;iioneste capitulo.
75Great Britain, Public Record Officce, 1949, parte 1, p. 6. Vel' tambem Jenkinson,
1937:11.
liL £L

tos. Assim, nao se trata aqui da qualidade da prova per se, mas do carater da to e que alem deste minimo os valores tornam-se mais discutiveis. Mediante
materia provada. uma sele<;iio criteriosa de varios grupos e series, urn arquivista pode reunir,
Ainda para efeito de estudo, os valores inerentes aos documentos devi- em urn corpo de documentos relativamente pequeno, todos os fatos de im-
do a informac;ao que contem serao chamados de vitlores "informativos". A portancia sobre a existencia de urn orgao -" seu modo de a<;ao, sua politica
informat;ao pode relacionar-se, de modo geral, a pessoas, coisas ou fenome- em rela<;ao a todos os assuntos, seus metodos e seu conjunto de atividades.
nos. 0 termo "pessoas" pode incluir tanto pessoas fisicas quanta juridicas. 0 Os documentos que contem tais fatos saD indispensaveis tanto para 0 pro-
termo "coisas" pode incluir lugares, edificios, objetos e demais bens mate- prio governo quanto para os estudiosos de administra<;iio publica. Para 0
riais. 0 termo"fenomeno" refere-se ao que acontece tanto a pessoas quanto governo, esses documentos representam fonte de sabedoria e eJq)eriencia
a coisas: condic;6es, problemas, atividades, programas, acontecimentos, epi- administrativa. Tornam-se necessarios para dar consistencia e continuida-
s6dios etc. de as suas atividades. Con tern precedentes de determinadas diretrizes, nor-
Deve-se ressaltar que essa distinc;ao entre valor de prova e informativo e mas, processos etc. e podem ser uteis como urn guia par,ll os administrado-
apenas para efeito de estudo. Os dois tipos de valores nao se excluem mu- res na solu<;ao de problemas do presente identicos a outros ja solucionados
tuamente. Urn documento pode ser utH porvarios motivos. 0 valor que urn no passado, ou, 0 que e igualmente importante, evitam a repeti<;ao de erros.
documento contem devido ao testemunho que oferece da organiza~o e fun- Contem a prova de que cada orgao correspo~deu fielmente aresponsabili-
cionamento da administra<;ao pode ocasionalmente ser 0 mesmo que 0 va- dade que Ihe foi atribuida, e a presta<;ao de contas que cada funcionario im-
lor derivado de 'Sua informa<;ao sobre pessoas, coisas ou fenomenos. port ante deve ao publico a que serve. Para os estudiosos de administra~o
Os atos de urn governo no setor da diplomacia e da guerra, por exemplo, publica que desejam analisar as experiencias de urn orgao em relac;ao a ati-
saD os principais objetos de indaga~o nesses campos. Aqui, 0 valor probatorio vidades de organiza<;ao, norrnas e diretrizes, constituem a rnais fidedigna
coincide, em grande parte, com 0 valor informativo, pois 0 historiador tanto fonte do que foi realmente feito.
se interessa pelos atos do governo em rela<;ao aos acontecimentos diploma- o teste do valor probatorio e urn teste pratico. Envolve uma analise ob-
ticos e militares quanta pelos acontecim,entos propriamente ditos. jetiva para a qual 0 arquivista rnoderno e especial mente treinado, pois a sua
...,. 1_·-
forrna<;ao em metodologia historica ensinou-o a examinar a origem, 0 de-
senvolvimento e 0 funcionamento das instituic;6es aumanas e a usar docu-
mentos para este fim. 0 teste nao e facH, mas e definitivo. Mostrara, primei-
1'0, os documentos nos quais os julgamentos de valor podem ser feitos com
urn certo grau de seguran<;a, dependendo esse grau da rnaneira mais ou menos
Razoes para 0 teste dos valores probat6rios
completa pela qual os documentos foram analisados. Esse metodo pode ser
aplicado pOl' todos os arquivistas, pois parece nao haver arquivista que te-
Ha uma serie de raz6es para aplicarmos consciente e deliberadamente 0
teste do valor probatorio, no sentido em que essa expressao foi definida e nha duvida a rellpeito da conveniencia de preservar 0 testemunho da organi-
za<;aoeo funcionamento de todo e qualquer orgao. As diferenc;as de julga-
pelas quais os documentos que tern tal valor devem ser preservados, sem
considerar se ha urn uso especifico imediato ou remoto dos mesmos. mento surgirao somente em rela~o a a
maior ou menor quantidade de provas
Urn governo responsavel deve, certamente, preservar urn minima de pro- que deva ser preservada. 0 teste do valor de pesquisa, pol' outro lado, rnos-
vas de como era a sua organiza<;ao e de como funcionava, em todos os seus tra os documentos sobre os quais os julgamentos podem divergir arnpla-
numerosos e complexos setores. Todos os arquivistas admitem que 0 mini- mente.
mo a ser guardado saD os documentos sobre a organiza<;ao e 0 funcionamen- A informa<;ao obtida pOl' urn arquivista na aplicac;ao do teste do valor
probatorio servira tambem para determinar 0 valor dos documentos sob
outros pontos de vista. a arquivista deve saber como urn documento veio a recebidos; e que 0 valor das pastas gerais nas unidades subordinadas deve
existir para poder julgar 0 seu valor, qualquer que seja 0 seu objetivo. as ser determinado levando-se em conta as atividades de tais unidades. Urn
documentos publicos, ou, para este fim, os documentos de qualquer entida- terceiro padrao e 0 de que os documentos de unidades organizacionais in-
de, saD produto de uma atividade, e muito do significado deles depende de termediarias devem ser preservados se tiverem relac;iio com a administra-
suas rela<;oes com a atividade. Se a sua origem numa unidade administrati-
c;aode tais unidades e nao meramente com sua direc;ao superior. Urn quarto
va do governo ou numa atividade particular e obscura, sua identidade e sig-
padrao e 0 de que pastas de documentos especiais de unidades organizacio-
nificado serao, provavelmente, obscuros. Nesse ponto, diferem de manus-
nais inferiores ou subordinadas devem ser preservadas se se referem a ad-
critos particulares, que muitas vezes tern significados pr6prios, sem rela<;ao
ministrac;ao de tais unidades. E urn quinto padrao e 0 de que as pastas de
com sua fonte de origem ou com outros manuscritos de uma cole<;ao.
documentos de 6rgaos judiciais devem ser preservadas se se relacionam com
Na aplica<;ao do teste de valor probat6rio, 0 arquivista provavelmente as atividades substantivas de tais 6rgaos ou se refletem 0 desenvolvimento
preservara documentos que tern tambem outros valores - documentos que
de direitos e institui<;oes permanentes, epis6dios hist6ricos importantes,
sao de utilidade nao apenas para 0 administrador e para 0 estudioso de ad- processos politicos ou os costumes e habitos de tempos pass ados.
ministra<;ao publica, mas tambem para 0 economista, 0 soci6logo, 0 histo-
Pouco antes da II Guerra Mundial 0 Arquivo Privado do Estado da
riador e os eruditos em geral.
Prussia nomeou uma comissao especial para formular padroes de avalia<;ao.
A comissao foi dissolvida em 1940, antes de 0 conseguir, mas suas ativida-
Pontos de vista europeus sobre os valores probat6rios des estimularam uma revisao do problema de avalia<;ao pelos arquivistas
alemaes. Na reuniao de Gotha, Meissner salientou a importancia de uma
as arquivistas de varios paises desenvolveram padroes de avalia<;ao que correta visao arquivistica do trabalho de avaliac;ao, insistindo em que a ve-
requerem a preserva<;ao dos documentos, que mostram como os 6rgaos ofi- lha concepc;ao de avaliac;ao como uma questao de intuic;ao ou de tato estava
ciais eram organizados e como conduziam seus neg6cios. as arquivistas ale- completamente desacreditada. Seus padroes foram endossados pOl' H.
maes, em particular, foram bastante precisos a esse respeito.76 Em 1901, H. Meinert, que salientou que as avalia<;oes devem levar em conta a importan-
O. Meissner, chefe do Arquivo Privado do E~tado da Prussia, formulou al- cia da fonte arquivistica. Isso deve ser estabelecido considerando-se a posi-
guns padr6es de avalia<;ao que exerceram pronunciado efeit6 na profissao c;aode cada unidade organizacional na estrutura'governamental, a natureza
arquivistica alema. Urn deles e 0 de que pastas (no senti do de ma<;os de do- de suas atividades, e a relac;ao das atividades destas para com as unidades
cumentos reunidos nos servi<;os de registro) relativas a
dire<;ao executiva organizacionais superiores e subordinadas. as documentos, sustentou
deveriam ser preservadas para cada unidade de organiza<;ao. Entre os as- Meinert, nao podem ser analisados individualmente como pec;as isoladas;
suntos executivos que Meissner reconheceu como merecendo conserva<;ao devem ser avaliados em seu contexto administrativo.
se incluiram a organiza<;ao, dire<;ao, sede, administra<;ao e pessoal da unida- as arquivistas britanicos tambem salientaram a importancia de preser-
de. Outro padrao e 0 de que as pastas gerais (as que consistem em documen- val' os documentos relativos ao funcionamento dos 6rgaos. Suas observa-
tos sobre diretrizes, normas e coisas semelhantes que tern aplica<;ao geral) c;oes sobre a avaliac;ao foram pela primeira vez enunciadas, de modo com-
deveriam ser preservadas nas unidades organizacionais centrais onde se ori- pleto, em memorando publicado em 1943 pela British Records Association
ginassem, isto e, onde emanassem do funcionamento de uma unidade da em conexao com a necessidade da epoca da guerra de recuperar papel usa-
organizac;ao - e nao em pontos aonde fossem meramente transmitidos ou do. Num folheto publicado mais tarde pelo Public Record Office os princi-
pios de avaliac;iio contidos nesse memorando foram aplicados aos documen-
tos oficiais. Esse folheto, intitulado Principles governing the elimination of
76 A analise dos padroes alemaes de avaliac;ao baseia-se em Brenneke, 1953:38-43. ephemeral or unimportant documents in public or private archives, discu-
•.. :u;z;.
, 186. ARQUIVOS MODERNOS

mente para as organizal;oes que pertencessem a "uma categoria de institui-


te os principios em rela~o a preserval;ao de documentos para fins de neg6-
dos e de pesquisa.77 Visando a pesquisa, os britanicos devem preservar os oes ou negocios cujos arquivos raramente hajam sido preservados", que
Y A'" - t d
documentos para tres "usos historicos ou gerais": a) mostrar a hist6ria da sejam eles pr6prios de "capital impo~ancIa em c~mpara~o.a ?,Uros .a
organiza~o em causa; b) responder a questoes tecnicas relativas as suas mesma categoria, ou que perten~m a uma categona de negoclOs etc. cUJa
operal;oes; e c) atender a possiveis necessidades eruditas de informal;ao que bist6ria geral e desenvolvimento sejam de capital importancia e so possam
estejam incidental ou acidentalmente contidas nos documentos. Os dois pri- ser investigados pelo uso de prova coletiva.
meiros desses usos se relacionam a "valores probat6rios", 0 terceiro a "valo-
res informativos", no sentido em que essas expressoes sao empregadas nes- AplicafOO do teste dos valores probat6rios
te capitulo.
Para 0 primeiro, isto e, a hist6ria da organiza<;aoem causa, 0 folheto Ate aqui tratamos do pensamento dos arquivistas europeus sobre a ava-
britanico e a favor da preserva~o de documentos que contenham suficien- liac;aode documentos oficiais do ponto de vista de seu valor para documen-
tes provas para mostrar "0 que era 0 negocio ou outra forma de organiza~o tar 0 funcionamento dos 6rgaos que os produziram; permitam-nos, agora,
a cujas atividades hajam servido, como era conduzido, por quem e com que ocuparmo-nos dos padroes de avalia~o relativos a valores probatorios dos
resultados". Indica que os documentos contendo esse testemunho SaDsimi- documentos federais dos Estados Unidos.
lares aqueles necessarios a gerencia dos negocios. Estes incluem atas (mi- De inicio e importante assinalar que as estimativas de valores probat6rios
nutas) e outros documentos que determinam a politica das decisoes, series devem ser feitas com base no conhecimento completo da documenta~o do
principais de contabilidade (accounts); correspondencia da qual decorram 6rgao; nao devem ser feitas tomando-se por base parte da documenta~o. 0
atividades significativas, titulo de posse (muniments of title) relativos a bens arquivista deve conhecer 0 significado de grupos especiais de documentos
de raiz e a propriedades da pessoa ou organizal;ao em causa, e registros produzidos nos varios niveis da organiza<;aoem rela~o a programas ou fun-
(registers) ou memoranda guardados regularmente de casos, testes, ou ope- c;oesde maior importanda. Em muitos orgaos federais, s~oes de varios ni-
ral;oes, transal;oes transmitidas a outros ou operal;oes executadas de modo veisdentro da organiza~o criam seus pr6prios arquivos, que saDgeralmen-
geral, todos os documentos que refletem..as.mretrizes e as praticaspassadas te relacionados e muitas vezes duplicados, em pa~e pelo menos, com os de
e presentes que possibilitariam a outra pessoa, caso desaparecesse 0 pessoal outras sel;oes, quer superiores, quer inferiores. Nos servil;os centrais de tais
atual, ou os praticantes, continuar ou restabelecer 0 neg6cio ou trabalho". 6rgaos os documentos de ministerios podem ser relacionados com docu-
Entretanto, para fins probat6rios, a sele<;aode documentos pode ser urn pouco mentos dos departamentos; os documentos dos departamentos com os de
mais drastica do que para fins de neg6cios. "Muitas vezes", de acordo com 0 divisoes e os de divisoes com os de sel;oes. Os documentos de 6rgaos regio-
folheto mencionado, "'todas as necessidades SaDatendidas preservando-se nais podem ser relacionados com os de repartil;oes estaduais, e os de repar-
alguns documentos-chave e selel;oes representativas de series regularmente til;oesestaduais com os de servil;os subordinados. 0 usa de tecnicas moder-
guardadas e de grandes classes de documentos que ocorrem constantemen- nas de duplical;ao pode, alem disso, levar a uma ampla prolifera~o de
te, de carater rotineiro. Especimens devem ser selecionados, por seu carater documentos em qualquer repartil;ao.
representativo, mais como ilustra~o da estrutura do neg6cio do que por Ao analisar toda a documental;ao de um 6rgao, as decisoes do arquivista
qualquer interess~ acidental." quanta aos documentos que devam ser preservados dependem de diversos
Para 0 segundo usa, istoe, para responder a questoes tecnicas relativas fatores, dos quais os mais importantes se resumem nas seguintes quest5es:
as operal;oes de uma organizal;ao, pelo folheto, preservar-se-iam provas so- 1. Que unidades de determinado 6rgao tem responsabilidade primor-
dial pela formulal;ao de decisoes concernentes a sua organiza~o, progra-
mas e normas? Que unidades exercem atividades auxiliares a formula~o de
tais decisoes? Que funcionarios, fora da sede, tern arbitrio para formular esse ramo, pOl' sua vez, nascera de uma comissao ministerial (ou mesmo de
tais decisoes? Que series de documentos san essenciais para refletir tais de- uro movimento publico) que tentou atender a problemas relevantes quando
cisoes? os roesmos apareceram; a historia desses esforl;os iniciais muitas vezes con-
2. A que fun~oes do orgao os documentos se relacionam? Sao funl;oes tero a mais importante lil;aO para a posteridade."78 Documentos que dizem
substantivas? Que serie de documentos sao essenciais para mostrar como 1'espeito a problemas podem existir ern forma de relatorios de investigal;oes
cada funl;ao substantiva foi levada a efeito em cada nivel da organizal;3.0 do Poder Executivo federal, atas de depoimentos perante comissoes do Con-
tanto no servil;o central como nos locais? g1'esso,atas de conferencias, memorandos e opinioes individuais. Documen-
3. Que atividades de supervisao e chefia estao envolvidas na adminis- tos relativos a propria crial;aO de um orgao do governo podem consistir em
tral;ao de cada funl;ao? Quais san as operal;oes sucessivas em sua execUI;3.o? leis e decretos bem como de projetos e material subsidiario relativos a al;ao
Que documentos dizem respeito a direl;3.0 executiva, distintos da execul;3.o legislativa e executiva. Documentos que se relacionam com suas atividades
da funl;ao? Ate que ponto san tais documentos materialmente duplicados iniciais provavelmente sao bastante escassos. Nos primeiros estagios um 01'-
nos varios niveis da organizal;ao? Que documentos resumem as sucessivas gao governamental normalmente consiste apenas em algumas pessoas, as
operal;oes executadas no desempenho de uma funl;3.o? Que documentos de- quais compete planejar sua estrutura organica e seus programas. Os primei-
vem ser preservados, a titulo de exemplo, para mostrar os processos de tra- 1'osdocumentos - muitas vezes da maior significal;ao para os primordios da
balho nos niveis inferiores da organizal;ao?* historia de um orgao - san simplesmente atirados as gavetas das mesas de
Vejamos agora, mais especificamente, que especies de documentos de- trabalho, e somente depois que as funl;oes do orgao se tornaram bem defini-
vem ser conservadas como testemunho da organizal;ao e funl;ao. das e que os documentos san arquivados sistematicamente. As ordens admi-
nistrativas e graficos que inicialmente definem a estrutura e os programas
de um orgao - os primeiros documentos de planejamento, embora simples
esbol;os e talvez incompletos em seu conteudo - devem ser cuidadosamente
E obvio que os documentos sobre as origens de qualquer empreendi- preservados.
mento governamental devem ser preservadgs. Jg;tes podem se relacionar com
problemas ou condil;oes que motivaram a criac;ao de um orgao do governo,
tais como queda de prel;os agricolas, aumento do desemprego na industria
automobilistica, tratamento desigual na regulamental;ao do comercio inte- E igualmente obvio que, uma vez criado um orgao, alguns documentos
restadual e coisas semelhantes. "Problemas importantes", conforme citac;ao sobre seus programas substantivos ou fim devem ser preservados. Urn exem-
do eminente historiador australiano, dr. C. E. W. Bean, em circular enviada plo de como tais documentos podem ser selecionados e reduzidos a propor-
a todos os ministerios pelo primeiro-ministro, "sao, muitas vezes, encontra- c;6es manuseaveis - a menos de 1% do total- encontra-se no trabalho do
dos na sua forma mais simples, no estagio original de qualquer empreendi- Setor de Documentos do Servil;o de Administrac;ao de Prel;os (Records Branch
mento. Muitas vezes, nesse estagio, 0 objeto do empreendimento e mais cla- of the Office of Price Administration) durante a II Guerra Mundial. Esse
ro e as dificuldades mais aparentes. Os documentos como origem de al;aOou orgao, como seu nome indica, controlava os prel;os e 0 racionamento de ge-
organizal;aO tern, pOl' conseguinte, valor peculiar. Onde, pOl' exemplo, sur- neros durante 0 periodo de guerra. Como base para 0 estabelecimento e a
giu urn novo ministerio nascido de um ramo de algum outro ministerio e fixal;aOde prec;os teve de colher dados economicos sobre as varias industrias

78a trecho que continha a nota 5 no original foi eliminado pelo autor; as demais
foram renumeradas.
e, para eonseguir que seus regulamentos fossem observados, teve de em- tos ilustrativos de significar;ao exeepcional"; b) se "nao houver probabili-
preender urn programa de fisealiza~o. Seus quatro principais programas dade de neles jamais se basear uma narrativa hist6rica" devido a sua apre-
assim, relacionavam-se com "controle de prer;os", "racionamento", "conta~ sentar;ao deficiente ou confusa; ou c) se nao houver probabilidade de serem
bilidade" e "fiscalizar;ao", cada urn a cargo de uma grande unidade da orga- "usados urn tanto prontamente para fins historicos". Mas essa afirmativa
nizar;ao. Para preservar os documentos desses programas, 0 Setor de Docu- vai longe demais. A historia administrativa, tal como qualquer outra especie
mentos do orgao selecionava certas especies de documentos sobre cada de historia, nao pode ser eserita definitiva ou objetivamente. Nao importa
programa em todos os niveis administrativos - nacional, regional, distrital quao bem concebido e bem executado seja urn programa historico; jamais
e local - que, reunidos, continham informac;ao sobre cada aspecto de sua podera produzir trabalhos que sirvam como substitutivos dos documentos
direc;ao e execuc;ao. originais. As interpretar;6es oficiais dos documentos podem ser influencia-
Muitas vezes existem relatorios narrativos sumarios da direr;ao e execu- das por muitos fatores - as tendencias pessoais de quem escreve (em geral
r;ao dos programas de umorgao. Esses relatorios podem ser em forma de: urn elemento importante na confecr;ao da historia oficial dos orgaos), a ca-
a) relatorios anuais das realizac;6es, oueom outra periodicidade; ou b) histo- pacidade de sintese historica do escritor, 0 imediatismo com que escreve
rico do orgao. as relatorios periodieos que se fazem na maioria dos orgaos sobre 0 assunto etc. A func;ao do arquivista e preservar 0 testemunho em que
do governo sac documentos importantes sobre as realizar;6es, porem, insu- se possam basear reinterpretar;6es, e nao preservar apenas as interpretar;6es
ficientes. Sao insuficientes porque, em geral, sac muito breves, abordando oficiais correntes da prova; e preservar essa prova, imparcialmente, sem
apenas os pontos principais do trabalho e porque costumam nao ser criti- partidarismos de qualquer ordem, e da maneira tao completa quanto 0 per-
cos, fornecendo pouca informar;ao desfavoravel ao orgao. mitam os recursos publicos.
a historico dos orgaos, muitas vezes preparados em relar;ao a ativida- as documentos dediretrizes, da mesma forma que os relatorios suma-
des de emergencia de guerra, e tambem insuficiente como registro do traba- rios de realizar;6es, devem ser separados dos demais, merecendo especial
lho de urn orgao, embora constitua urn suplemento muito valioso a sua do- atenr;ao num programa de retenr;ao de documentos. A expressao "doeumen-
cumenta~o oficial. Em artigo publicado no The Library Quarterly de janeiro tos de diretrizes" (policy documents), no sentido restrito, refere-se a docu-
:,de 1946, 0 dr. W. J. Wilson, urn histotiador-do Servir;o de Administrac;iio de mentos especiais que servem para comunicar diretrizes e normas de proce-
.rrer;os, estabeleceu interessante analogia entre a sinopse de dados estatisti- dimento aos varios setores de urn orgao. Nao se pode fazer uma distinr;ao
cos e a sinopse de documentos de administrar;ao e operac;ao. Verificou que a rigida entre "diretrizes" (policy) e "normas" (procedures). Em geral diretri-
maioria dos dados estatisticos acumulados pOl' aquele servic;o, bem como zes sao principios diretivos que indicam 0 curso de ar;ao a ser seguido nas
pela Junta de Produr;ao de Guerra (War Production Board), durante a varias especies de transar;6es, enquanto as normas dao instrur;6es detalha-
II Guerra Mundial, poderia ser resumida em tabelas e listas. Afirmou que "a das sobre os metodos e passos especificos a serem seguidos na execur;ao des-
menos que as massas de dados economicos (existentes em inumeras formas sas diretrizes. As diretrizes e as normas podem relacionar-se a assuntos de
administrativas e estatisticas) sejam resumidas estatisticamente, sao, por variados graus de importancia. as regulamentos, por exemplo, san de natu-
assim dizer, inuteis para 0 trabalho cientifico". Julgava, igualmente, que "a reza permanente. Outros materiais de carater informativo, tais como noti-
menos que as massas de a~quivos administrativos e executivos sejam suma- cias, sao geralmente de natureza temporaria ou, quando muito, de natureza
riadas em relatos inteligiveis, sac quase inuteis para 0 trabalho historico". semipermanente. As diretrizes que englobam politicas e normas podem ser
Conduiu, com base nessa analogia que admitiu ser imperfeita, que tais ar- emitidas em varias series, de acordo com 0 grau de importancia, ou de acor-
quivos podem ser dest!'Uidos: a) "se a informar;ao historica importante (ne- do com 0 tipo de funr;ao a que se referem, isto e, auxiliar ou fim. Podem
les contida) houver sido extraida e satisfatoriamente apresentada em forma ainda ser emitidas em vlirias formas. As diretrizes de natureza permanente
narrativa ... exceto, talvez, em relac;ao a certas amostras ou certos documen- sao apresentadas na forma de manuais ou guias, enquanto as de natureza
temporaria ou semipermanente do ponto de vista do funcionamento, desti- tornado, em grande parte, sem sentido. Geralmente, quando documentos
nadas a serem periodicamente substituidas, saD normalmente divulgadas individuais saD arbitrariamente tirados de seu contexto, isto e, dos arquivos
em series de folhas soltas. Deve-se preservar, para fins de arquivo, conjun- das unidades administrativas que os criaram, perdem muito de sua expres-
tos ou series de todas as ordens emitidas. Normalmente deyem ser encon- sao como urn documento de organizac;ao e func;ao. Se os documentos visam
tradas no nivel da organizac;ao em que foram produzidas, incluindo as 01'- a servir como prova da organizac;ao e func;ao, ha que ser mantido 0 arranjo
dens ja revogadas bem como aquelas em vigor. Podem incluir uma serle que lhes foi dado pelas unidades administrativas que os criaram; nao se deve
mestra de formularios criados para cada uma das normas seguidas. Devido reorganiza-Ios pelos assuntos ou por outro principio qualquer.
ao tratamento descuidado que se dispensa aos documentos em orgao tern- Os documentos, pois, compreendidos na expressao "documentos de di-
porario,torna-se, muitas vezes, necessario designar determinadas colec;6es retrizes" devem ser preservados de modo a refletir 0 trabalho diario de de-
de papeis emitidos em serie, como serie de documentos, metodo este tarn- terminac;ao da politica e de sua execuc;ao na unidade organizacional que os
hem importante nos orgaos regulares do governo. Essas series podem in- produziu. Devem ser selecionados, reparti<;ao por reparti<;ao, de modo que
cluir documentos de normas, diretrizes, organizac;ao e relatorios. Tais docu- os varios grupos preservados mostrarao como era organizada determinada
mentos saD muitas vezes reproduzidos em inumeras copias e saD liberalmente entidade e como executava suas func;6es. Ao apreciar os valores probatorios
distribuidos pelas varias sec;6es. A menos que se fac;a um esforc;o deliberado dos documentos publicos 0 arquivista deve estar particularmente informa-
para os juntar em series de documentos, estes freqiientemente nao saD acu- do quanto a organizac;ao, pois esses valores dependem em grande parte da
mulados, nem preservados sistematicamente. situac;ao do servic;o que os produziu na hierarquia administrativa do orgao .
.A expressao "documentos de diretrizes", no seu sentido mais amplo, pode Em geral, os documentos dos servic;os decrescem em valor a medida que se
incluir muitos documentos que se relacionam com 0 curso de ac;6es seguido desce na hierarquia administrativa de urn orgao.
num orgao. Pode incluir, alem das series de instruc;6es relativas a diretrizes A maior parte da documentac;ao significativa quanta as origens e aos
e normas, todas as especies de documentos - correspondencia, atas de con- programas de urn orgao encontra-se nos arquivos da "administrac;ao supe-
ferencias, estudos de assessores, relatorios de realizac;6es e relatorios espe- rior". Estes deveriam ser preservados virtualmente intactos no caso dos che-
ciais, pareceres e interpreta<;6es juridicas, graftcos organizacionais e funcio- fes de departamentos executivos e orgaos dependentes, embora devam ser
nais, memorandos definindo ou deleg~ncio poderes e responsabilidades etc. expurgados de documentos de administrac;ao geral. Muitas vezes tais arqui-
Resumindo, pode incluir qualquer documento que rnostre a que se deve 0 vos devem ser preservados, no caso de funcionarios administrativos de maior
aparecimento de tais programas, bem como os que mostrem como os pro- categoria, logo abaixo das chefias dos orgaos, tais como chefes de departa-
gramas foram administrados ou executados. rnentos (bureaux) ou chefes de unidades organizacionais que saD equivalen-
Os documentos de diretrizes, no sentido lato da expressao, nao devem tes a departamentos, como servic;os e administrac;6es da organizac;ao cen-
ser considerados uma classe separada de documentos. Nenhuma iniciativa tral, e escritorios regionais e estaduais da organizac;ao. Os documentos de
deve ser tomada para reuni-Ios numa serie distinta. Durante a II Guerra direc;ao executiva encontram-se muitas vezes nos arquivos centrais dos ser-
Mundial desenvolveu-se urn programa para erial' uma serie de documentos vic;os.A preservac;ao de tais documentos pade implicar a guarda desnecessa-
referentes as diretrizes (policy documentation file) de urn dos orgaos de guer- ria de grande quantidade de papeis quase sem importancia. Se os documen-
ra. Planejou-se selecionar documentos de diretrizes (no sentido amplo) e tos forem adequadamente classificados, enquanto de usa corrente, isso nao
reuni-Ios num arquivo separado, organizado de acordo com 0 Sistema Deci- acontece.
mal de Dewey. Os criterios de selec;ao nao foram suficientemente bem deft- o grau a que se deve descer na escala administrativa, a fim de recolher a
nidos, nem 0 poderiam tel' sido, pois nao podiam ser bastante amplos para documentac;ao significativa, varia de orgao para orgao e, geralmente, e de-
incluir todos os documentos importantes e, se 0 houvessem sido, ter-se-iam terminado pela extensao em que as atividades de suas unidades organiza-
IF'

cionais diferem em carater, ou em que suas responsabilidades administrati_ Os funcionarios encarregados das relac;oes publicas cuidam principal-
vas se apresentam descentralizadas. Num orgao executivo, como 0 Ministe_ mente das publicac;6es que muitas vezes apenas distribuem e dos materiais
rio do Comercio, por exemplo, os varios departamento~ e servic;os tratam de de publicidade por eles preparados. A forma desse material nao constitui
assuntos como rneteorologia, comercio exterior e interno, padroes de medi- fator determinante ao se considerar se devem ou nao ser conservados num
das, pesquisas litoraneas e geodesicas. Esses diferentes assuntos nao podem arquivo de custodia permanente, pois incluem-se livros entre as formas de
ser tratados de modo centralizado, exceto de maneira muito geral. Os docu- material documentario abrangidas na defini<;ao do termo "arquivos"
mentos importantes sobre programas, pIanos, diretrizes etc. sao, e obvio, (archives). As publica<;oes produzidas no cumprimento das fun<;oes subs-
criados no nivel de departamento. 0 grau de extensao em que os documen_ tantivas devem, geralmente, ser preservadas de preferencia em bibliotecas
tos de urn determinado funcionario devem ser preservados depende da au- do que em arquivos. Esse e 0 caso dos boletins, folhetos, circulares e demais
toridade substancial pOl' ele exercida, e nao da autoridade aparente; se real- publicac;oes de orgaos que se ocupam de atividades cientificas, estatisticas
mente planeja, dirige e administra 0 trabalho de sua unidade ou se e mero au de pesquisa. Ha, entretanto, exce<;oes a essa regra. As cole<;oes de publi-
ca<;oes de carMer administrativo criadas POl'um orgao, basicas para a com-
agente de comunica<;ao de ordens vindas de superiores. Os documentos de
preensao de suas fun<;oes ou organiza<;ao, e as publica<;oes acumuladas por
funcionarios-chave podem incluir seus arquivos de correspondencia, atas
urn orgao, basicas para a formula<;ao de suas proprias diretrizes, devem ser
de conferencias e reunioes de funcionarios, diarios (se existirem), memo-
canservadas num arquivo de custodia. As publica<;6es contidas em docu-
randos, ordens e varias provas da ac;ao oficial.
mentos que dizem respeito a cria<;ao dos orgaos podem tambem ser consi-
Ligados aos gabinetes da maio ria dos chefes de orgaos do governo en-
deradas conservaveis, especialmente se os documentos contem os rascunhos
contrarn-se varias unidades organizacionais empenhadas em pesquisas e in-
de sucessivas reda<;oes de publica<;oes import antes que refletem mudan<;as
vestiga<;oes decorrentes da formula<;ao de pIanos, diretrizes e normas, ou
substanciais no conteuda.
empenhadas em problemas juridicos, materia or<;amentaria, rela<;oes publi-
Material de publicidade produzido em conexao com atividades infor-
cas ou administrac;ao interna. Os documentos de pesquisa e investigQl;iio mativas e de promo<;ao deve ser preservado num arquivo de custodia, e nao
san de irnportancia incontestavel; peis ireqiientemente contem a explica<;ao em bibliotecas. Esse material fornece a documenta<;ao mais importante dos
dos programas do governo - as razoes do aparecimento dos mesmos e 0
programas que certos orgaos san obrigados a realizar para dar a conhecer ao
porque de seu tratarnento dessa forma. Podem incluir estudos feitos pelos publico suas atividades. Materiais de publicidade podem existir na forma de
funcionarios de staff e relatorios especiais que analisam os trabalhos reali- camunicados a imprensa e ao radio, boletins, folhetos, graficos, cartazes etc.
zados e a realizar ou desenvolvem pIanos, diretrizes ou normas. Ate mesmo Sao produzidos muitas vezes em gran des quantidades, mas geralmente de-
os papeis que servem de base aos trabalhos de pesquisa e investiga<;ao saparecem quase tao rapidamente quanta foram criados, pois san freqiien-
podem ter valor e devem ser examinados cuidadosamente. Em assuntos ju- temente considerados nao abrangidos na defini<;ao de "document os"
rldicos 0 arquivista deve normalmente preservar os arquivos de correspon- (records). 0 problema em rela<;ao ao material de publicidade e 0 de se orga-
dencia do principal funcionario em materiajuridica, pareceres e interpreta- nizar cole<;oes (master files) preservando-se urn exemplar e eliminar todas
c;oes, memorandos, delega<;oes de autoridade e outros documentos que dao as duplicatas. Essas series devem ser mantidas pelo setor onde se origina-
informa<;ao basica sobre as decisoes legais do orgao. No que concerne a ram os documentos. Os recortes de jornais, se necessarios para registrar ati-
materia orc;amentQria 0 arquivista deve normalmente preservar copias dos vidades informativas ou fun<;oes substantivas de um orgao, na falta de ma-
orc;amentes submetidos ao Bureau de Or<;amento e a Camara dos Deputa- terial documentario mais adequado, e se organizados de modo a que possam
dos, e papeis afins, como estimativas de creditos pedidos e justificativas. ser utilizados, devem ser guardados. A procedencia dos recortes deve tam-
Mm ser levada em considera<;ao. Os recortes extraidos dejornais e revistas
nao sindicalizados, especializados e menores devem ter preferencia sobre Os ria genuinamente importante, relativa quer a dir~ao quer a execul;ao, tem
dos jomais de grandes metr6poles, que podem ser facilmente encontrados valor permanente. Conquanto nao se possa fazer uma distinc;ao precisa en.,
por exemplo, na Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. ' tre os documentos relativos a execuc;iio detalhada dos programas de urn 6r-
Sobre a administrac;iio interna ou atividades de housekeeping tais como gao e os relativos a direc;ao de um modo geral, a diferenc;a entre os dois e
atividades de pessoal, propriedade, material e viagens, relativamente pou- perceptivel. Normalmente, num programa tipico de govemo, ocorrem di-
cos documentos precis am ser guardados para fins arquivisticos. Ao avaliar versas atividades inter-relacionadas que dizem respeito a questoes tanto mais
certos tipos de tais documentos deve-se levar em consideraC;ao a retenc;ao detalhadas quanta mais se desce na escala administrativa. Nessaescala, 0
pela Contadoria Geral (General Accounting Office), pelo Tesouro e pela Co~ oivel inferior compreende atividades que se referem a relal;oes do governo
missao de Servic;o Publico (Civil Service Commission), de documentos com pessoas, coisas ou fatos especificos e 0 mais alto compreende atividades
correlatos. 0 valor dos documentos de contabilidade de determinados servi- que se relacionam com a administra<;ao e as diretrizes que se refletem nos
c;os para estudo das praticas contabeis do governo federal, por exemplo, e
relatorios sumarios das realiza<;oes e nos documentos mais gerais relativos a
afetado pelo trabalho da Contadoria Geral desde 1921, atraves da progressi-
tais assuntos. De modo geral, a prova do programa de urn 6rgao diz-se sufi-
va normalizaC;ao dos sistemas contabeis do governo. Antes dessa epoca, os
cientemente demonstrada se fornecida em forma de: a) sumarios (estatisti-
documentos sobre tais praticas eram encontrados em varios orgaos e nas
cos ou narrativos) das opera<;oes de natureza especifica; b) uma selec;iio de
comissoes que investigavam as praticas contemporaneas; os relativos ao
documentos sobre transa<;6es particularmente importantes; e c) uma sele-
periodo posterior encontram-se nos arquivos da Contadoria Geral. 0 valor
~o de documentos sobre operal;6es representativas de todas ou da maioria
dos documentos de celtos servic;os de pessoal, igualmente, vem sendo, nos
das operal;oes de uma determinada especie.
ultimos anos, afetado pela padronizac;ao progressiva das normas de pessoal
A extensao da documental;ao exigida sobre as operal;oes especificas de
da Comissao de Servic;o Publico. Os documentos centrais sobre recrutamen-
urn 6rgao depende da eficiencia do seu sistema de relatar. Num sistema efi-
to, treinamento, promoc;oes, aposentadorias e coisas semelhantes sao, por
caz as realiza<;oes serao registradas em relatorios narrativos e estatisticos
conseguinte, adequados para guarda; os documentos de orgaos relaciona-
para fins administrativos, ou seja, para avaliar 0 progresso, formular ou re-
dos com administrac;ao de pessoal so <1evemser preservados se refletem ati-
ver diretrizes e normas etc.; tais relatorios, mujtas vezes, servem como um
vidades especiais ou distintas. Os metodos que sao seguidos em materia de
propriedade e material sao tambem praticamente os mesmos em todos os born substitutivo de vasta quantidade de documentos detalhados sobre ope-
orgaos, e os documentos que lhes sao relativos nao contem, em geral, muito ral;oes de rotina. Ocasionalmente, podem assumir a forma de historico das
de essencial a compreensao do funcionamento de um orgao especifico. Ge- atividades, como os das juntas locais do Servil;o de Administral;ao de P~os
ralmente, entao, os documentos concernentes a atividades de administra- (Office of Price Administration) durante a II Guerrra Mundial. Na maioria
l;ao intema que se distinguem, que diferem do padrao normal, ou que dizem dos 6rgaos, inclusive nos mal administrados, os padroes de atividades e as
respeito a problemas peculiares a um orgao especifico devem ser preserva- realiza<;oes nos niveis administrativos inferiores estao, geralmente, suficien- .
dos; os pertinentes a atividades de administrac;iio interna normal nao 0 de- temente representados por uma quantidade limitada de documentos de uma
vemser. ou outra especie. Em geral, tais atividades sao realizadas de acordo com or-
a
Documentos relativos execuc;iiode programas de governo sao dificeis dens, regulamentos, manuais de servi<;o e outras determina<;5es baixadas
de gerir do ponto de vista arquivistico. Esses documentos nao so compreen- pelos escaloes superiores. Em urn dos Staff Information Papers do Arquivo
dem a maior massa, mas tambem apresentam os mais serios problemas de Nacional de Washington intitulado The appraisal of current and recent
avaliac;ao. A linha divisoria entre a direc;iio executiva e a execuc;iio deprogra- records, 0 doutor G. Philip Bauer observou que "varial;oes significativas de
mas de govemo nao e muito definida. Os documentos que comprovam mate- diretrizes, metodos ou normas e ocorrencias notaveis geralmente se con-
. entral's" Em geral nao seria necessaria a preservac;ao de todos
cretizam nos escaloes superiores, atraves de relatorios, correspondencias e dos semc;oS c ., , .
queixas, ou entao deixam de constar dos documentos da sec;a.osubordinada". documentos de determinados servic;os; alguns grupos ou senes de docu-
Ocasionalmente, os sumarios necessitam ser suplemefttados por docu- :entos provenientes de um ou mais servic;os co~tem, geralmente, toda a
ue se necessita sobre a norma ouo padrao. Alguns processos rela-
mentos sobre a¢es especificas que tem um significado especial para a histo- prova de q d
ria de um orgao. Sobre 0 cumprimento das regulamentac;oes de prec;o, racio- . ' solu""o de questoes trabalhistas, por exemplo, bastam como ocu-
tlvosa .•.•. . .
namento e alugueis do Office of Price Administration, por exemplo, foram entos das normas adotadas. Habitualmente, se eXlste algum mteresse ~er~
selecionados alguns processos a serem conservados: a) com a finalidade de III ente quanta aos atos individuais de um orgao, esse se prende malS a
Illan 1 '1' d
ilustrar a aplicaC;ao de varias saDl;oes, tanto judiciais quanta administrati- natureza desses atos do que ao processo governamenta Utllza o.
vas, nos niveis federal, estadual e municipal; b) para ilustrar as particulari-
dadesjuridicas mais interessantes no cumprimento de tais sanc;6es; e c) para
Valores informativos
documentar importantes acontecimentos na historia dos litigios do orgao.
Urn dos criterios para a seleC;ao de processos foi, assim, 0 significado das Os valores informativos, como se pode deduzir .d~ pr6p~a expressao,
ac;oes a que diziam respeito. As ac;oes iniciais empreendidas em novos or- . am da informac;ao contida nos documentos oficlals relativa aos assun-
denv d .nf _. r xistente
gaos ou em novos programas podem tambem merecer farta e completa do- tos de que tratam as repartic;oes publicas e nao a 1 ormac;a~ ~ 1 e
cumentac;ao mesmo no nivel inferior das operac;oes. Igualmente, ac;oes que sobre as proprias repartic;oes. A maioria dos documentos oficlals modernos
fogemnitidamente das normas usuais, quando nao registradas no niveI"em reservados em arquivos de cust6dia e valiosa, menos pela prova que ofere-
que se tomam as decisoes, devem ficar consignadas em documentos preser- ~em da ac;ao do governo, do que pela informac;ao que apresentam ~obre pes-
vados, a titulo de amostras, como prova da decisao politica e do metodo ado- soas determinadas, situac;6es, eventos. condic;oes, problemas, c~lSas e p~o-
tado. priedades que deram origem a competente ac;ao. Muitas das malO~es sen~s
Ocasionalmente, tambem, os documentos sumarios podem exigir uma de documentos dos National Archives, por exemplo, foram recolhldas malS
suplementac;ao atraves de uma selec;ao de documentos que ilustrem 0 pa- em razao da informac;ao que contem sobre outros assuntos, do que mesmo
drao ou norma de ac;ao. Aqui a enfase'n~o eS-tano inusitado ou significativo pela propria ac;ao do governo. Entre tais series encontram-s~ ~s volum~as
mas no usual ou normal. As operac;oes nos niveis inferiores da organizac;ao tabelas de recenseamentos, os documentos sobre servic;o mlhtar, pensoes,
podem ser ilustradas pela retenc;ao, quer de todos os document os de deter- listas de passageiros, titulos de propriedade e varias especies d~ ~rocessos
minados servic;os, quer de determinados documentos desses servic;os. Du- individuais. Na maioria dos exemplos tais series esclarecem a atiVldade dos
rante a II Guerra Mundial, um certo numero de juntas locais (local boards) orgaos do governo, mas, em proporc;ao minima em relac;ao ao ~eu volume,
de prec;o e racionamento do Office of Price Administration foram considera- nao constituindo, por isso mesmo, fator de importancia na ~elec;ao para pre~
das records boards, cujos documentos eram preservados na sua totalidade servac;ao; presume-se que outros documentos mostrem malS eficazmente as
para ilustrar comovarios problemas foram tratados no nivel dajunta local. atividades das repartic;oes.
Essa documentac;ao das atividades das juntas locais e suplementada pelos ja
mencionados historicos e por determinadas classes de documentos admi-
nistrativos, selecionados de varias juntas; provavelmente essa documenta-
Teste dos valores informativos
c;ao ultrapassa 0 necessario. "Mesmo os documentos de uma repartic;ao lo- Na apreciac;ao do valor informativo existente nos documentos oficiais 0
cal, preservados para exemplificar os processos administrativos nos niveis arquivista nao leva em grande considerac;ao a origem dos d.ocumentos -:
mais inferiores", diz Bauer no seu trabalho, "provavelmente causarao desa- qu~ orgao os produziu, ou de que atividades resultaram. 0 mteresse aqUl
pontamento quando atentamente examinados em relac;ao aos documentos
reside na infor~a'tao q~e contem. Ra alguns testes pelos quais se pode jul- za~o; 0 arquivista estadual deve, comumente, conhecer toda a documenta-
gar dos valores mformatlvos dos documentos oficiais. Sao eles: a) unicidade' c;aosignificativa para a historia do seu estado.
b) forma; e c) importancia. '
Ao aplicar 0 teste da unicidade a forma dos documentos e nao a infor-
ma~o neles contida, 0 que 0 arquivista tern a considerar e a duplica'tao fisi-
cados documentos oficiais. No governo federal dos Estados Unidos, como e
bem sabido, ha uma grande e talvez desnecessaria prolifera¢o de documen-
o teste de unicidade deve ser cuidadosamente definido para ter exp _ tos.Nao apenas se duplicam os documentos de urn nivel administrativo para
-A I' res
sao. 0 ap lcar 0 teste 0 arquivista deve Ievar em conta tanto a unicidad d o outro, mas podem existir diversas copias de urn documento dentro de urn
. £ - e a
m ormac;ao, quanta a unicidade dos documentos que contem a informa a determinadoservi'to. Embora nao haja tanta probabilidade de se encontrar
o termo "unicidade", aplicado a informa'tao, significa que a inform~-o. documentos que contenham valores informativos em tantas formas ou se-
fd d . yao
con 1 a em etermmados documentos oficiais nao sera encontrada em ou- riesquanta os documentos que tern valores probatorios, ha necessidade, con-
tras fontes documentarias de forma tao completa e utilizaveI. A in£o _ tudo, de comparar-se cuidadosamente os documentos que contem informa-
. b . rma'tao
eo ,::amente unica se nao pode ser encontrada em outro Iugar. Mas a infor- l;6es sobre determinada materia, a fim de evitar que se preserve mais de
m~c;aoem documentos publicos raramente e de todo unica, pois em geral uma copia dos mesmos. Ilustrando esse ponto: os documentos que contem
talS documentos se relacionam a assuntos tambem tratados em outras fon- dados economicos apresentados pelas varias firmas comerciais ao Office of
tes documentarias e a informa'tao que contem pode ser identica 0 . Price Administration para obter reajustamentos de pre't0s foram duplica-
.d•. , , u quase
I entlca, a ~o~tida .em outras fontes. A fim de ser considerada unica para dos, ate certo ponto pelo menos, nos servi'tos regionais, no central e nos
fins de avahac;ao,a mforma'tao nao precisa ser completamente diferente d escritorios nacionais dos departamentos de fiscaliza'tao e de prec;o
todas ~s demai~, porem deve dizer respeito a assunto sobre 0 qual nao exist: (enforcement and price departments) daquele orgao. Urn cotejo dos docu-
outra mformac;aodocumentaria tao completa ou tao conveniente quanto nos mentos de reajustamento de prec;os foi necessario para evitar a guarda de
documentos oficiais. capias em duplicatas.
~~ aplicar 0 teste da unicidade a informa<;aocontida em documentos, 0 Devido as maiores dificuldades tecnicas que nossos ancestrais encon-
arqUlVIst~deve examinar todas as outras fontes de informa'tao sobre 0 as- traram na publicac;aoe duplicac;aode informac;6es e devido a inevitavel per-
sunto ~b]eto de considerac;ao. Essas fontes tanto compreendem material da de muitos documentos atraves dos seculos antes que se generalizasse 0
prodUZldofora quanto dentro do governo. Os materiais estranhos ao gover- zelopelos arquivos, os documentos do passado remoto possivelmente serao
no pod~m s~r p~blicados ou ineditos; podem consistir em manuscritos pri- a unica fonte remanescente de informac;ao sobre muitas materias de que
v~dos, ]Ornals, hvros, near prints ou qualquer outra forma de documenta- tratam. Isso levou 0 arquivista alemao Meissner a formular a maxima "a
'tao. Os materiais do governo sao as varias series de documentos relativas ao idade avanc;ada deve ser respeitada,,79nos documentos. Os arquivistas de
assunto e~ cO,n~iderac;ao.0 arquivista deve compreender a rela'tao existen- diversos paises estabeleceram datas-limite antes das quais prop6em que to-
te entre tals senes e ser capaz de identificar as series especificas que mere- dos os documentos sejam conservados. Na Alemanha e 0 ana de 1700; na
cern ser preservadas. Para determinar se urn corpo de documentos e a unica Inglaterra, 1750; na Franc;a, 1830, e na ItaHa, 1861. A data italian a
boa fonte de informal'ao b d d ,. corresponde aproximadamente, por coincidencia historica, a adotada pelo
• y so re urn a 0 assunto, e preC1SO ser urn verda dei-
ro pento no mesmo t: '1' . d Arquivo Nacional dos Estados Unidos, onde se preservam quase todos os
- ami lanza 0 com todos os recursos externos com os
trabalhos de pesquis b '
a, em como com os outros documentos do governo documentos ainda existentes criados antes da Guerra Civil,iniciada em 1861.
que tratam do assunto em q t- 0 . .
ues ao. arqUIVIstafederal deve conhecer toda
a documentac;ao signifi f .
ca Iva que se relaclOne com seu campo de especiali-
Enquanto os documentos oficiais tern probabilidade de ser mais valio- pressaram, no seu folheto, suas ideias sobre a concentra!;ao de informa~o
sos como fonte de informa!;ao quando rareiam outras fontes de material em documentos pelo criterio advogado de que se devem preservar os docu-
documentario, 0 inverso desse principio e tambem verdadeiro. A propor!;ao mentos comerciais que "afetam, nomeiem ou abordem pOl' inferencia urn
de documentos oficiais que merece preserva!;ao permanente diminui a me- grande nurnero de pessoas e/ou coisas ou topicos" e, particularmente, "se
dida q~e outras especies de material documentario aumentam em quanti- pessoas e coisas sao envolvidas em quantidade". Em geral, os documentos
dade. E dUvidoso que os governos possam justificar, em face de outras for- que representam concentra!;ao de informa!;ao SaDos que mais se prestam a
mas de documenta!;ao recente, a guarda de mais do que uma pequena preserva!;ao arquivistica, pois os arquivos quase sempre tern problemas de
propor~o dos volumosos documentos oficiais contemporaneos. Mas a tare- espa!;o para a guarda de documentos.
fa de avalia!;ao do arquivista torna-se mais dificil a medida que a documen- o tenllO "forma" apIicado aos documentos e nao a informa!;ao neles con-
ta!;aO da sociedade aumenta em quantidade. Este deve aplicar padr6es de tida refere-se a condi!;ao fisica dos documentos oficiais. A condi!;ao fisica e
sele!;ao com discrimina!;aotanto maior quanta mais recentes sejam os do- importante, pois, se os documentos vao ser preservados num arquivo, de-
cumentos com que trata e deve, sobretudo, aplicar-Ihes 0 teste da unicidade vem apresentar-se de forma que possibilitem a outros, que nao os proprios
com grande severidade, pois, "nao se p6e termo em multipIicar muitos Ii- criadores, usa-Ios sem dificuldade e sem recorrer a dispendioso equipamen-
Vl'oS" - e muitos outros tipos de material documentario, parafraseando 0 to mecanico ou eletronico. Cadernos de notas de quimica, pOl' exemplo, pos-
pregador (Ec. 12, 12).
sivelmente nao serao inteligiveis a outros que nao os quimicos que neles
registraram os resultados de suas experiencias, e fichas perfuradas ou fit as
gravadas comumente so sao utilizaveis com 0 concurso de equipamento de
alto custo.
Ao aplicar 0 teste da forma, 0 arquivista deve novamente levar em con- o arranjo tambem e importante. Certas series de documentos pOl'vezes
ta: a) a forma da informa!;ao nos documentos, e b) a forma dos documentos. SaDpreservadas pelo arquivista simples mente porque se apresentam de
Aplicado a informa!;ao, 0 termo "forma" refere-se principalmente ao grau maneira particularmente utilizavel. Se the e dado escolher entre diversas
d,¢concentra!;ao da informa!;ao. A informlU;aupode ser concentrada em do- series relativas a urn certo assunto, optara pOl' preservar as series cujo ar-
c\.l1Tlentosno sentido de que: a) uns poucos fatos sao apresentados em dado ranjo mais facilite a obten<;ao da informa<;ao. POI'tl'Cemplo, os relatorios dos
documento sobre muitas pessoas, coisas ou fenomenos; b) muitos fatos SaD agentes e adidos agricolas americanos, embora duplicados nos arquivos do
apresentados sobre algumas pessoas, coisas ou fenomenos; ou, c) muitos Departamento de Estado, estao sendo preservados'como uma serie separa-
fatos sao apresentados sobre materias diversas - pessoas, coisas e fen ome- da, acumulada pelo Servi<;o Agricola Estrangeiro (Foreign Agricultural
nos. No primeiro caso a informa!;ao pode ser dita extensa, no segundo, in- Service), do Ministerio da Agricultura, porque 0 arranjo em que saD manti-
tens~ e no terceiro, diversa. As tabelas de recenseamentos e as listas de pas- dos facilita mais 0 seu usa do que as copias dos relat6rios incorporados ao
sagelros, POI' exemplo, fornecem informac;ao extensa, no sentido de que cada sistema classificado de arquivamento do Departamento de Estado.
tabela ou lista diz respeito a muitas pessoas. Os process os de varias juntas
trabalhistas ou outros orgaosjulgadores, investigadores ou regulamentadores
servem como exemplos de documentos que contem informa!;ao intensa so-
bre urn numero limitado de assuntos especificos. Os relatorios dos agentes Ao aplicar 0 teste da importancia 0 arquivista encontra-se no dominio
regionais do Servi!;o de Extensao Agricola e de agentes consulares e diplo- do imponderavel, pois quem pode dizer de maneira definitiva se urn certo
maticos do Departamento de Estado servem como exemplos de documentos corpo de documentos e import ante, para que fim e para quem? 0 arquivista
que contem informa!;ao sobre materia diversa. Os arquivistas britanicos ex- presume que sua primeira obriga!;ao e conservar os documentos que conte-
maticos, ou a lugares onde se passaram acontecimentos importantes. Em
nham informa~o que satisfara as necessidades do proprio governo, e de-
geral, tais valores estao em pec;as de documentos avulsos, tais como a Pro-
pois disso, por mais indefinidas que sejam, as dos pesquisadores e do publi-
clamaC;ao de Independencia, embora sentimentalistas extremados os atri-
co em geral.
buam a todos os documentos relativos a assuntos objetos de sua reverencia,
o arquivista ha que levar em consideraC;ao os metodos correntes de pes- nao importa quao volumosos ou insignificantes possam ser. Para tais pes-
quisa de varias classes de pessoas e a probabilidade de que, em circunstan-
soas, a utilidade de determinar fatos significativos e apenas uma considera-
cias ordinarias, farao uso efetivo de materiais arquivisticos. Dara, normal-
c;aosecundaria. Mas os arquivistas devem exercitar seu senso deproporc;ao
mente, prioridade as necessidades do historiador e de outros estudiosos de
ciencias sociais, mas e 6bvio, deve tambem preservar documentos de vit I ao julgar 0 valor sentimental.
. a Antes de aplicar 0 teste da importancia, 0 arquivista deve estar certo de
mteresse para 0 genealogista, 0 pesquisador de historia local e 0 antiquario.
que os documentos satisfazem os testes de unicidade e forma. 0 teste da
Entretanto, preservara documentos para usuarios pouco provclveis, tais como
importancia relaciona-se, como ja vimos, a fatores imponderaveis - a mate-
pessoas interessadas em campos tecnicos altamente especializados e em cam-
fias que nao podem ser avaliadas com real certeza. Os testes de unicidade e
pos cientificos, que nao fazem ample uso de documentos no exerdcio nor-
forma, ao contrario, referem-se a fatores pondenlveis - a assuntos que sac
mal de suas profissoes, e que, possivelmente, nao usarao materiais arquivis-
passiveis de ser avaliados na base de fatos que nao deixam d6vidas.
ticos a eles relativos.
o arquivista, normalmente, traz para 0 desempenho de sua tarefa urn
Os documentos oficiais tanto podem ter significac;ao coletiva quanta in-
conhecimento geral adquirido durante sua formac;ao academica, sobre as
dividual. 0 valor de pesquisa em geral deriva da importancia da informac;ao.
fontes e os resultados das pesquisas. No cumprimento de suas atribuic;oes, 0
num conjunto de documentos, e nao da informac;ao contida em pec;as isola-
arquivista adquire, normalmente, um conhecimento especializado de cam-
das. Os documentos tern significaC;ao coletiva se a informaC;ao que con tern e
pos de assuntos pertinentes aos documentos com que trabalha. E ao mesmo
6tH para estudos de fenomenos sociais, economicos, politicos ou outros dis-
tempo que executa 0 servic;o de referencia, toma conhecimento das verda-
tintos de fenomenos relativos a pessoas ou coisas. Os documentos da R~par-
deiras necessidades da pesquisa. Adquire tambem urn conhecimento da do-
tic;ao Geral de Terras (General Land Office), por exemplo, coletivamente,
cumenta~o produzida pelos 6rgaos com que trata, de modo que pode redu-
mostram como as terras do dominio p6blkopassaram para maos particula-
zir a proporc;oes manuseaveis a quantidade de documentos a serem usados
res e como 0 Oeste foi colQnizado; individualmente, os titulos de proprieda-
para pesquisa. Mas, se nao possui tal conhecimento, ha que, deliberadamente,
de tern tambem valor para estudos biograficos e para estudos da hist6ria das
procurar adquiri-lo, pesquisando e comparando a documentac;ao existente
familias. No seu artigo"The selection of records for preservation", 0 dr. Philip
sobre os diversos assuntos e, se a sua investiga~o naO der resultado, nao
C. Brooks observou, com muita propriedade, que" ...na sua maioria, os do-
hesitara em consultar especialistas no assunto.
cumentos que tern valor hist6rico possuem-no nao como documentos sepa-
rados, mas como gropos, que, considerados em conjunto, retletem as ativi-
dades de alguma organiza~o ou pessoa, ou retratam os acontecimentos e Aplicafao do teste dos valores in!ormativos
condic;oes quotidianas de trabalho, antes que os acontecimentos e condi-
c;oes que se dao uma 6nica vez". Vejamos agora como os testes de unicidade, forma e importancia foram
Os documentos relativos a'pessoas e coisas podem, e 16gico, ter urn va- aplicados aos gropos de documentos dos National Archives que contem in-
lor de pesquisa individual em relaC;ao a pessoas ou coisas especificas. Nor- formac;oes sobre: a) pessoas; b) coisas; ou c) fatos (phenomena). Ao estudar
malmente, quanta mais importante a pessoa ou a coisa, mais importante e 0 a informaC;ao relativa a esses tres elementos, nao se presume que os docu-
documento que the diz respeito. Tais documentos podem tambem ter valo- mentos se refiram exclusivamente a urn ou a outro; pode acontecer, e acon-
res sentimentais, devido a associac;ao dos mesmos a her6is, epis6dios dra- tece muitas vezes, que se refiram a mais de urn deles.
aMm disso, nao e extensa e muitas vezes consiste tao-somente em simples
fatos necessarios ao estabelecimento de sua identidade. as documentos con-
a termo "pessoa", devemos lembrar, foi definido como incluindo tanto tern poucos detalhes intimos, que se encontram em diarios ou correspon-
pessoas fisicas quanto juridicas. as valores dos documentos relativos a pes- dencia pessoal.
soas serao tratados com referencia a informa¢o que contem sobre as pro- Se considerados isoladamente e apenas em referencia a informa¢o pes-
prias pessoas, nao com referencia as suas informac;6es sobre as condic;oes, soal que contem, os documentos relativos a pessoas, em sua maioria, apre-
os problemas, as situac;6es e coisas que 0 valham que afetam as pessoas. sentam pouco valor de pesquisa. Do ponto de vista de sua significat;ao para
as governos modernos produzem documentos relativos a pessoas em estudos demograficos, sociologicos ou econ6inicos sao, em geral, importan-
grandes quantidades. Certos tipos de documentos, como tabelas de recen- tes apenas no conjunto. Para tais estudos tern valor somente se us ados cole-
seamento, pretendem incluir todos os individuos de urn pais; outros, relati- tivamente e devido a informac;ao sobre fatos que atingem certo numero de
vos a classes especificas, muitas vezes represent am grandes segmentos da pessoas e nao devido a informac;ao que contem sobre as pessoas individual-
populaC;ao, tais como trabalhadores, fazendeiros, soldados e beneficiarios mente. E, em geral, encontram-se sinopses estatisticas dos dados que con-
de servic;os de assistencia social; outros ainda referem-se a classes ainda mais tern, em enumerac;oes e tabelas estatisticas, publicadas ou nao. Do ponto de
especializadas, tais como trabalhadores temporarios mexicanos ou porto- vista do significado historico ou biografico apresentam impOltancia indivi-
riquenhos, indios e outros gropos nacionais. A medida que se amplia 0 con- dual apenas ate 0 ponto em que as pessoas a que dizem respeito sao impor-
trole do governo sobre seus cidadaos, mais documentos sac criados em rela- tantes. a arquivista, e obvio, preservara todos os documentos, qualquer que
c;aoa eles. Com 0 servic;o militar universal, pOl'exemplo, criam-se documentos seja 0 carater dos mesmos, relativos a pessoas notaveis que hajam vivido no
para a totalidade da populac;ao masculina de certo limite de idade, docu- passado; mas, como podera saber quem se tornara notavel entre os milh6es
mentos esses que podem, ao menos parcialmente, duplicar as informac;oes sobre os quais estao se criando documentos agora?
contidas nas tabelas de recenseamento. as documentos sobre urn determi- Entre as grandes series de documentos dos National Archives pertinen-
nado soldado podem, ainda, ser criadps em relac;ao a varias fases de sua vida
."p J; •. -
tes a pessoas encontram-se os censos demograficos; servem para ilustrar a
militar - seu servic;o prestado nas forc;as armadas, seu prontuario medico, maioria dos problemas que surgem na avaliat;ao de documentos pessoais.
sua reforma e pensao. E esses documentos, pOl' sua vez, podem ser Considerando que os formularios originais san muito volumosos, justi-
suplementados POl' documentos de sua vida civil, tais como a tributac;ao de fica-se que 0 arquivista pergunte, pelo menos momentaneamente, se as
sua propriedade, relac;ao com programas de assistencia do governo, contro- sinopses estatisticas impressas do conteudo daqueles nao atenderiam, sa-
Ie de seu negocio, se do tipo sujeito a fiscalizaC;ao do governo e varias outras tisfatoriamente, as necessidades dos pesquisadores. Uma boa parte da in-
atividades que 0 podem colocar em contato com 0 governo.As atividades de formac;ao geral contida nos originais encontra-se noS relatorios finais. a
assistencia social, em particular, resultam na produc;ao de volumosos docu- Statistical abstract of the United States, publicado periodicamente pelo
mentos pertinentes a pobreza e dependencia, crimes e delinqiiencia, doen- Bureau of the Census, con tern, igualmente, grande riqueza de dados estatis-
c;as e problemas sanitarios etc. ticos. Foi suplementado pelo Historical statistics of the United States, 1789-
a problema de decidit que documentos sobre seres humanos devem ser 1945, publicado pelo mesmo servic;o em 1949, com novo suplemento em 1954.
guardados e particularmente dificil. as documentos, e obvio, san muitos em As publicac;6es estatisticas do Bureau san tao numerosas que a lista das mes-
quantidade e duplicados em conteudo. A informa¢o que apresentam sobre mas forma urn livro de tamanho bem razoavel - 0 Catalog of the United
pessoas e, em grande parte, de carater impessoal, particularmente nOs anos States census publications, 1790-1945, publicado pelo Bureau em 1950.
mais recentes, quando as relac;oes entre governo e cidadaos se tornaram mais as dados de interesse social ineditos produzidos pelo Bureau sao, en-
formais e impessoais. A informac;ao sobre qualquer pessoa em particular, tretanto, tambem muito valiosos, segundo C. Luther Fry, que ha alguns anos
escreveu urn artigo intitulado "Making use of census data", publicado no cimento, nacionalidade, lingua e ra<;a), status social (educa<;ao, religUio) e"
Journal of the American Statistical Association de junho de 1930. Fry assi- status economico (ocupa<;ao, rendimentos) dos cidadaos. Devido ao seu ar-
nala que os dados sobre popula~ao contidos em relal;oes e tabelas ineditas ranjo e a forma concentrada de suas informa<;oes, os formularios censitarios
de anos recentes sao classificados de acordo com 0 sexo, a cor ou a ra"!> atendem tambem ao teste da forma.
, .•••, a
naturalidade e a descendencia, que mostram varios fenomenos tais como a Existem numerosos outros grupos de documentos dos National Archives
popula<;ao rural pOl' localidades, 0 estado civil das classes de popula~o e que contem dados pessoais sobre individuos. Alguns desses sao valiosos de-
fatos relativos as condi<;oes de vida, e que em geral sao mais indicaveis para vido a informa¢o individual que contem. Sao exemplos os requerimentos
fins de pesquisa do que as estatisticas publicadas, devido ao fato de serem de propriedade, de passaportes, de pensoes, as listas de passageiros, os do-
divididos pOl' localidades menores. cumentos de antigos funcionarios (tanto militares como civis) e os docu-
Os originais dos recenseamentos demogrMicos de 1790 a 1880 sao, nao mentos de imigra<;ao e naturaliza<;ao. Em outros, embora uma vez mais con-
obstante, preservados nos National Archives, urn dos poucos grandes arqui- tendo informa<;ao sobre individuos, 0 seu valor nao esta nesse fato, mas sim
vos do mundo que preservam esse tipo de documento. Conquanto as sinop- no de tratarem de uma classe de pessoas. Como exemplos temos os proces-
ses estatisticas, publicadas ou ineditas, aparentem conter a maior parte da sos de fazendeiros que participaram da Administrac;ao de Reajustamento
informa<;ao necessaria aos pesquisadores, tais sinopses, ocasionalmente, sao Agricola (Agricultural Adjustment Administration) e dos programas de rea-
consideradas inadequadas. Este e, pOl' exemplo, 0 caso de estudos sobre a bilital;ao rural durante a depressao economica de 1930, meeiros sulistas, tra-
fixa<;ao ou movimentac;ao dos grupos nacionais que so podem ser identifica- balhadores migrantes, trabalhadores temporarios mexicanos e porto-
dos observando-se os nomes dos individuos. Aqui os formularios 'originais riquenhos, indios, criminosos e outros. Nesse caso os documentos tern valor
tern que ser usados. Os formularios sao tambem us ados ocasionalmente pe- devido a informa<;ao que prestam sobre uma classe de pessoas, e nao devido
los pesquisadores que desejam obter ou certificar-se de fatos basicos sobre a informa<;6es sobre pessoas especificas. Em tais classes a informa<;ao nao e
pessoas, para estudos historicos ou biograficos. Entretanto, sao usados mais exclusiva ou mesmo primordial mente de natureza pessoal, pode referir-se a
amplamente para pesquisas geneal6gicas e para a confirma<;ao de fatos que fenomenos economicos, geograficos ou outros. Isso nos leva dos valores pes-
sao ordinariamente derivados de dgcumentos vitais quando existem tais do- soais aos valores para estudos de fatos. Trataremos destes nos paragrafos
cumentos sobre pessoas. Ate certo ponto, entao, os censos demograficos res- seguintes, onde serao considerados os documentos sobre varios tipos de fe-
pondem aos testes de unicidade e importancia. nomenos.
A informa<;ao sobre a popula<;ao dos Estados Unidos fornecida nos Na selel;ao de documentos, tendo em vista a informa<;ao que conte~
formuhlrios dos censos e exaustiva, tanto em periodo de tempo, quanta em sobre pessoas, dois criterios san possiveis. 0 primeiro e selecionar aqueles
area. Os formularios dao cobertura quase total acerca da popula<;ao do pais que representam concentra<;6es de informa<;oes, tais como formularios de
a cada 10 anos e representam uma concentral;ao de informa<;oes sobre indi- recenseamentos cujos documentos de per si fornecem informa<;ao extensa,
viduos, pois contem muitos fatos pessoais, em espa<;o relativamente reduzido intensa ou diversa, em forma concentrada. 0 segundo e selecionar urn certo
(embora os formularios do ultimo censo fossem tao volumosos que foram numero de documentos ou pastas que sejam representativos ou ilustrativos
reduzidos a microfilme).
,
Come<;ando com 0 censo de 1850 , os formularios do todo, ou que sejam suficientes para esclarecer os fenomenos investigados.
usualmente indicam 0 nome, a idade, 0 estado, 0 territ6rio ou 0 pais de nas- Na ultima alternativa, isto e, naquela de selecionar, para reten<;ao, urn
cimento de todo cidadao livre dos Estados Unidos. Conquanto 0 conteudo numero limitado de processos sobre individuos, dois principios podem ser
dos formularios varie de pais para pais, e num mesmo pais, de urn recensea- adotados: a) 0 de sele<;ao especial; e b) 0 de amostra estatistlca. 0 principia
mento para outro, comumente contem informa<;oes relativas a caracteristi- de sele<;ao especial pode ser ilustrado pela reten<;ao, nos National Archiv~,
cas pessoais (familia, sexo, estado civil, idade), status politico (Iugar de nas- de urn numero limitado de pastas de assentamentos pessoais de servidares'
civis federais. Em relal;ao aos primeiros anos, tais pastas estao repletas de se ocupa exclusivamente de fornecer dados vitais extraidos dos formularios
documentos de natureza informativa que vem sendo conservados. Em rela. dos recenseamentos de 1880, 1900 e 1920. Seus servi~s sao identicos aos
l;iio aos ultimos anos, somente sao selecionados para preseryal;iio as de em. executados pelos registros civis.
pregados-chave que serviram ao governo ocupando uma posil;iio adminis. Em toda sociedade adiantada, 0 Estado tem-se ocupado da manutenl;iio
trativa, executiva ou supervisora. Aqui as pessoas sao individualment de documentos vitais de nascimentos, casamentos e 6bitos. A hist6ria da
. e
Import antes, de modo que a selel;iio e feita em rela~ao a individuos e nao e manuteUl;ao desses e muito longa. 0 registro formal de informa~oes sobre
rela~ao a assuntos de natureza social. a principio da sele~ao especial podm nascimentos, casamentos e 6bitos, no mundo de lingua inglesa, come~u
e
tambem ser aplicado para se obter uma documental;iio sobre fenomeno em 1538, quando Henrique VIII ordenou que os responsaveis pelas igrejas
sociais ou de outra natureza. a principio da amostragem estatistica aplica~ paroquiais de toda a Inglaterra registrassem em livros todo batismo, casa-
se apenas quando os documentos sao selecionados para estudo de fenome- mento ou enterro que ocorresse na paroquia. Essa pratica estendeu-se a ou-
nos coletivos e nao individuais. Trataremos de tais aplicac;oes em paragra£ tros paises cristaos, de modo que no seculo XVIII havia-se generalizado 0
. 00
posteriores, onde serao considerados os documentos sobre varios tipos de registro legal de dados vitais pelos ministros protestantes e cat6licos. Em
fenomenos.
1789, durante a Revolu~ao Francesa, a responsabilidade pelos registros fran-
Antes de terminar a discussao sobre os documentos que contem infor- ceses transferiu-se dos ministros da Igreja'para os funcionarios municipais
ma~oes sobre pessoas, dedicaremos urn pouco mais de atenl;iio ao problema em todo 0 pais. No seculo seguinte outros paises europeus adotaram a prati-
do usa, para fins pessoais, de tais documentos. as usos aqui considerados ca da Fran~a, tornando tais registros uma responsabilidade do Estado, e nao
serao os que se referem aos direitos financeiros, legais ou civis dos indivi- da Igreja. Na Inglaterra foi promulgada uma lei de registro civil em 1836,
duos. Resumindo-se, ate que ponto vai a obrigal;iio, por parte do arquivo, de criando urn oficial de registro central responsavel pelos documentos e esta-
preservar documentos para usos puramente pessoais? tisticas de nascimento, casamentos e 6bitos, segundo a causa, em toda a In-
as documentos oficiais sao a ultima prova de todos os direitos e privile- glaterra e Pais de Gales. Essa lei de 1836 foi 0 prot6tipo das leis de registro
g~O~permanentes do cidadao e a prov~ imediata de todos os direitos tempo- para as colonias britanicas, incluindo-se a da Australia e de certos estadQs
7

ranos de propriedade e financeiros que d€fivam das rela¢es do cidadiio americanos, notadamente Massachusetts, que promulgou a primeira Lei de
com 0 governo ou a elas estao ligados. Certos direitos de propriedade e fl- Registro Civil na America em 1842. Em meados do Seculo XIX, diversos es-
nanceiros sao de longa dural;ao, outros sao de natureza passageira. tados americanos aprovaram leis exigindo que se fizessem registros publi-
Entre os mais importantes documentos relativos a pessoas encontram- cos de nascimentos, casamentos e 6bitos e que se enviassem c6pias de tais
se os que firmam os fatos de sua existencia, identidade e estado civil. Esses documentos a uma agencia central de estatisticas vitais na capital do estado.
fatos sao essenciais ao estabelecimento de toda uma serie de direitos a estado de Nova Jersey inicio\l essa pratica em 1848 e os de Rhode Island e
colaterais, como direitos de propriedade, privilegios de cidadania e para fins a
Virginia em 1853. Em grande parte devido agita~ao da Associal;ao Ameri-
de beneficios sociais de varias especies. as National Archives preservam urn cana de Saude PUblica (American Public Health Association), fundada em
certo numero de grandes grupos de documentos que con tern atos vitais so- 1872, varios outros estados adotaram 0 sistema de registro civil, de modo
bre pessoas e compllaram uma lista dos mesmos para os que procuram in- que em 1919 todos os estados tinham urn registro central de estatisticas vi,..
forma~oes relativas a idade e cidadania. as formularios de recenseamento, tais.80
dos ~uais ja nos ocupamos bastante, constituem 0 mais importante grupo Os documentos vitais relativos a nascimentos, obitos e casamentos de,-
de tals documentos e sao amplamente usados para determinar fatos sobre veriam ser, e de fato sao, permanentemente conservados pelos respectivos
pessoas, os quais, comumente, derivam de documentos vitais, quando exis-
tern. 0 proprio Bureau of the Census criou uma unidade organizacional que
estados. 0 governo federal no futuro ficani, POI' conseguinte, desobrigado de
qualquer necessidade de guardar grandes corpos de documentos POI' Conte. mentos d eve ser 0 de Considera-Ios em relac;ao aqueles interesses
_ abrangi-
_
rem casualmente informac;ao sobre nascimentos, casamentos e 6bitos, como . . d'lc;ao.
dos naJuns - da repartirao 't criadora ou acumuladora e nao •em relac;ao a
faz agora em relac;ao aos primeiros periodos da hist6ria norte-americana. todos os d"t
lrel os e I'nteresses ilimitados que possam ser defendldos pelo uso
Outra classe importante de documentos relativos a pessoas e a que esta. colateral dos mesmos". . ., ;
belece fatos relativos a propriedade. A maio ria de tais documentos refere-se AI, dos documentos que se referem a pessoas, mdlVldualmente, ha
em ~ dd
a direitos de propriedade de natureza puramente tempon'lria, tais como Os . , meros grupos de documentos nos National Archives que contem a os
que nascem de contratos com 0 governo, acordos de emprestimos e coisas Inub entidades coletivas. Tais documentos existem, em geral, na forma de
sore _ rd-
semelhantes. Estes tem valor apenas na vigencia dos compromissos entreo essOS (case files) que dizem respeito a relac;oes do governo com en I a
governo e as pessoas implicadas no caso. Ha, entretanto, certos direitos de ~::cparticulares ou, na forma de declarac;6es (ou relat6rios) pr~stadas a.o
propriedade, como assinalou 0 arquivista alemao Meissner, que se referem erno POI'entidades de determinado tipo. Entre os processos ha os relatl-
gov . . d' ..
a materias substanciais, tais como titulos de propriedade de terras, outrora vos a casos, de fale~ncia concordatas e de ac;6es perante
.. tnbunals lstntals
,f e
propriedade do Estado. Nos National Archives, essa classe de documentose de reclamac;6es, a causas trabalhistas nas divers as Juntas tr~balhlstas, a a-
mais bem exemplicada pelos documentos que se relacionam com a transfe. bricac;ao e a colocac;ao no mercado de alimentos e drogas e a.reg~lamenta-
rencia de titulos de terras do dominio publico para pessoas privadas, do - 0 do comercio interestadual, dos transportes e das comumcac;oes. Entre
General Land Office. ~: declarac;6es e os relat6rios ha os apresentados ao Bureau de Minas ~el.as
Outra classe importante de documentos relativos a pessoas e a que esta. industrias de minerac;ao sobre vendas, produC;ao, emprego etc.; a A~~lms-
belece fatos a respeito de serviC;os prestados ao governo, como militares ou trac;ao de Troca de Mercadorias (Commodity Exchange) sobre c~~erclo n,a
civis. Esses fatos sao tambem essenciais no estabelecimento de varios direi- J ta de Comercio de Chicago (Chicago Board of Trade); a ComIssao de TI-
tos colaterais, tais como 0 direito a pens6es e a outros beneficios. Os docu- t ~~s e Cambio (Securities and Exchange Commission) sobre entidades que
mentos de carateI' pessoal dos servidores civis do governo federal saD muito e~litem ap6lices de seguros; a Comissao de Comercio Federal (Fe.deral Trade
sucintos nos ultimos anos. Contem apenas.a tuformac;ao necessaria para es- Commission) e a outras repartic;6es regulamentadoras e fiscahzad~ras do
tabelecer os direitos dos servidores e, POl' conseguinte, estao sendo guarda- governo federal. Em geral, tais declarac;6es ou relat6rios ~ao ~u?m~t~dos ao
dos no centro intermediario de documentos (Records Center) de St. Louis, governo em obediencia a regulamentos ou pOl' forc;a ~e cltac;ao JudIcIal pr~-
estado de Missouri, apenas enquanto persistem tais direitos. vista em lei e 0 uso·dos mesmos e restrito durante penodos de t:mpo relatl-
Ha in urn eras outras classes de documentos que saD de importancia para vamente longos. Sao conservados devido a informac;ao. que cont,:m sobre os
os individuos na comprovac;ao de seus "direitos". A lista destas e intermina- neg6cios e as condic;6es financeiras em geral, nao pela mformac;ao sobre de-
vel. Surgem cada vez que urn individuo tern qualquer especie de relac;ao com terminadas firmas. _
o governo. A extensao, 0 prazo e 0 lugar no qual 0 governo deve preservar Entretanto, ha exemplos excepcionais, em que ,os documentos sa~.con-
tais documentos sao assuntos de politica do governo. Para os documentos servados para estudo de determinadas firmas. E 0 caso dos papels da
que se referem a relac;6es de carateI' puramente transit6rio entre 0 cidadao e Chesapeake and Ohio Canal Company relativos aos anos de 1785 a 1939, que
a administrac;ao publica, sao vilidas asconclus6es de Bauer no seu trabalho: e
foram adquiridos pelo governo e que, 6bvio, saD de valor para 0 estudo da
primeiro, "urn orgao criado para protegeI' ou regulamentar certos interesses hist6ria dos neg6cios bem como para 0 estudo das melhorias internas: ~e.os
privados deve, e logico, manter os documentos adequados e preserva-Ios documentos sobre determinadas firmas merecem preservac;~o: os cn~e:l~s
enquanto os interesses primordial mente afetados POl' eles subsistem" e, se- de selec;ao de documentos desse genero, sugeridos ~e~os arq~l~~tas bntam-
gundo, "urn born principio para fixar 0 periodo de retenc;ao de tais docu- cos SaDtao bons quanto quaisquer outros. Os arqUlVlstas bntamcos, no seu
fol~eto sobre os principios de eliminaC;ao, sugeriram, relembremos, que se
devem preservar documentos de firmas pertencentes a uma ct· da terra. Os documentos terao que ser conservados para esse fim enquanto
" a egona cujos
documentos raramente hajam sido preservados", ou que seJ'am de ". existir 0 presente sistema de registro de titulos de bens im6veis. Se estivesse
tA . . " 1mpor_
anC1alllcomum em compara<;ao com outros da mesma catego . . elJl uso 0 sistema Torrens de registro de titulos de propriedade da terra, a
. . na, ou amda
que perten<;am a uma categona cuja hist6ria geral e evoluf'ao "a guarda da inteira cadeia de documentos sobre escrituras de transa<;oes, a
y penas Possa
ser acompanhada pelo uso de prova coletiva". Como a ma' . d d partir do titulo original, seria desnecessaria.81 Os papeis de posse da terra de
lDna os ocu
men~os sobre individuos, entretanto, os documentos sobre entidades coleti~ cada requerente de um bem de familia do dominio publico, como frisado
vas saD preservados sobretudo pelo seu significado coJetivo n- 1 anteriormente, contem informa<;oes pessoais, como idade, lugar de nasci-
d ' ao pe 0 valor
os mesmos no estudo de firmas, individual mente. Desse mod tA mento e, conforme 0 caso, informa<;oes sobre naturaliza<;ao. Sao, pois, usa-
,. A 0, em valor
para estu d os d e vanos fenomenos economicos e sociais e serao trat d dos com bastante freqiiencia para fins genea16gicos. Conquanto os papeis de
'c . . a os em
paragraios postenores.
posse da terra, como um todo, possam ser usados para estudos da coloniza-
~ao do Oeste e para estudos relativos a aliena<;ao de terras publicas, rara-
mente SaDus ados para esse fim. A informa<;ao que contem sobre 0 carater
das terras propriamente dito e insignificante. Esses papeis, considerando 0
. 0 termo "coisas", recordemos, foi definido como incluindo lug ares ed'- seu volume e arranjo, dificilmente atendem ao teste da forma e mal atendem
ficlDs e outros objetos materiais. No estudo dos documentos sobre cois~s 1 ao teste da importancia, mas os valores primarios que ainda possuem sao
valores a se:e~ con~iderados saD os que derivam da informa<;ao que cont€: tais que, pelo sistema atual de transmissao de titulos de terras, nenhum fun-
sobre as propnas COlsase nao da informa<;ao sobre 0 que acontece as c . donario do governo ousaria recomendar a sua destrui<;ao.
E t . Olsas.
n re as COlsas, 0 ser humano se preocupa, fundamentalmente com No Arquivo Nacional dos Estados Unidos, os documentos relativos, de
terra n I' 0 N . , a urn modo mais geral, as terras do pais incluem explora<;oes geograficas mili-
a qua. Vlve. s atIonal Archives preservam muitas series de docu-
me~tos relaclDnadas com terra; documentos sobre recurs os minerais, pro- tares, ou nao, e levantamentos como os de Lewis e Clark em 1803-06; levan-
dUZ1dos pelo Bureau de Minas; sob~e ~ c~~~sifica<;aodos solos, produzidos tarnentos geo16gicos como os de Hayden (1667-79), King (1867-80), Powell
pelo Bureau de Solos; sobre pesquisa e explora<;ao, produzidos pelo Geological (1869-79) e Wheeler (1869-79); levantamentos do dominio publico pelo Ser-
S~~; sobre a~ propriedades de terras que hajam sido parte do dominio vi<;oGeral de Terras e levantamentos de limites.e de ferrovias. Esses docu-
pubhco: ~rodUZ1dos pelo Servi<;o Geral de Terras (General Land Office) e rnentos contem informa<;oes geograficas, topograficas, geo16gicas, botani-
sobre vanos outros de seus aspectos topograficos, geol6gicos e geograficos cas e etnograficas. Essas infonna<;oes SaD importantes. As fontes onde se
Os documentos relativos a terras outrora parte do dom1'n' 'bl' . apresentam SaDunicas e conquanto estejam grandemente dispersas e, oca-
. -. ' 10pu 1CO,ser-
Vlrao_para dustrar a maioria dos problemas de avalia<;ao que aparecem em sionalmente, hajam sido removidas da cust6dia publica, SaDperfeitamente
rela~ao a documentos sobre coisas. Trata-se dos papeis de posse de terra do trabalhaveis e mais 0 seriam se pudessem ser reunidas.
Sel'Vl<;o?eral de Terras, dos quais existem cerca de 19 mil pes cubicos (538m3) Entre outras coisas sobre as quais se conservam documentos no Arqui-
nos NatlDnal Archiv t . va Nacional estao as feitas pelo homem - coisas, de modo geral, relativa-
. . _ es e en re os qua1S se encontram muitos requerimentos
ara mente transit6rias - e os documentos relativos as mesmas, portanto, tem
P a const1tu1<;a0 de bens de familia (homestead lands) durante os anos
d e1862a1950 Osp ,. d d A '
' . - . ape1s e posse a terra contem descrif'oes das terras pOl' menor probabilidade de apresentar valor permanente. Entre tais documen-
su bd 1Vlsao - '1 I y
tos incluem-se os relativos aos melhoramentos internos do pais, como docu-
. ' se<;ao, Vl a e ugar. Desde que 0 titulo de propriedade da terra
b ase1a-se nos documentos fi
· - que a trans erem do dominio publico para 0 pri-
va d 0, esses saD retidos Pl" . 1
l' d" lllclpa mente pela prova que contem os direitos 81 Vel' verbete sobre Sistema Torrens na Encyclopedia americana, 1936, v. 26, p.
egals ou 0 uelto de propriedade dos indi 'd d A 708-9.
Vl uos que etem agora a posse
mentos da Chesapeake and Ohio Canal Company, anteriormente menciona_ etc. de vasos de guerra, entre os documentos do Ministerio da Marinha,
:e navios mercantes, entre os documentos do Ministerio do Comercio. Os
dos, de estradas de ferro, sobre as quais se encontram documentos em di-
versoS grupos, e de construc;6es. Os documentos sobre edificac;6es podem rimeiros navios construidos nos Estados Unidos despertam interesse, tan-
servir para ilustrar os problemas de avaliac;ao de document05 relativos a coi- P de antigu"idade como de erudic;ao, que se refletem, perfeitamente, no The
to , .
sas artificiais. E 6bvio que nao ha necessidade de conservar documentos so- American Neptune, periodico trimestral devotado aos vanos aspectos da
bre a maio ria das edificac;6es, privadas ou publicas, e que nem mesmo se faz pesquisa naval. Urn exame de suas paginas mostra que ~s doc~~ent~s con-
mister a conservac;ao, par exemplo, dos relativos a detalhes arquitetonicos e tendo informac;6es sobre desenho, construc;ao e operac;ao de vanos tlpos de
estruturais, pois existe informac;ao impressa sobre tais aspectos. Os docu- navios em diferentes epocas san de real interesse para urn grande grupo de
essoas. Mas e duvidoso que 0 mesmo interesse de pesquisa, ocorrido prati-
mentos sobre edificac;6es sao arquivisticamente importantes apenas se os
pr6prios predios san importantes e se adquirem importancia devido as liga-
Pd'
camente em relac;ao a todos os documentos os antlgos, se yen 'filque em re-
c;6es que com eles se estabelecem, par se identificarem com importantes per- lac;ao a maio ria dos documentos de novos navios, e que, pOl' conseguinte, 0
sonagens, ou acontecimentos hist6ricos, ou pOl' serem exemplos represen- arquivista encontre justificativa para guardar nada mais do que algumas clas-
tativos das construc;6es de determinado periodo. As casas de nossos ses selecionadas de documentos sobre navios relativamente novos.
Outro tipo de documento sobre objetos feitos pelo homem encontrado
presidentes - Mount Vernon, Monticello, The Hermitage - e os preclios
onde se passaram importantes fatos hist6ricos - Independence Hall, Casa nos National Archives e 0 relativo a concessao de patentes pelo governo dos
Estados Unidos. Esse grupo de documentos ilustra a raziio pela qual certos
Branca, Capit6lio - san importantes pOl' suas associac;6es e praticamente
todos os documentos relativos aos mesmos sao, pois, importantes. Na ava- documentos tern valor, antes pela informac;ao neles contida sobre objetos,
liac;ao de documentos sobre tais estruturas, 0 lema para documentos do se- do que pOl' refletirem no processo admil1istrativo do governo, embora, e 10-
culo XIX deveria ser "guardar tudo". Para os documentos de origem bem gico, documentos de patentes possam tambem servir a este ultimo caso. A
mais recente, entretanto, e 6bvio que, mesmo no caso dos relativos aos luga- patente cOl1cedida a Galileu pelo doge de Veneza, em 1594, pOl' inventar "uma
res de maior importancia, nao se pode guardar tudo, pois muitos documen- maquina de puxar agua e irrigar terra", 82pOl' exemplo, esclarece de maneira
tos provavelmente se relacionam com assuntos de menor importancia, de interessante 0 sistema de patentes existente naquele tempo, assim como
economia domestica. ~ .... mostra as progressos tecno16gicos do periodo. Os monop6lios e patentes
o interesse do Servic;o Nacional de Parques (National Park Service), do concedidos pelas colonias americanas, antes do governo federal, esclarecem
Ministerio do Interior, pOl' documentos sobre lugares verdadeiramente his- quanta a vida industrial do periodo colonial. A primeira patente concedida
t6ricos e importante. Cada fragmento de informac;ao sobre tais lugares pode na America para maquinaria pertenceu, naturalmente, a equipamento agri-
ser importante para os historiadores do Servic;o de Parques e, pOltanto, me- cola. Foi concedida par Massachusetts, em 1646, a Joseph Jenks. Trata-se
rece ser preservado para os mesmos. De modo geral, e verdadeira a observa- de urn engenho para fazer foices e "diversas especies de ferramentas cortan-
c;ao do arquivista alemao Meissner, relativa a documentos sobre edificac;6es, tes".83 Outros direitos de manufatura durante a periodo colonial dizem res-
qual seja, a de se conservarem os documentos relativos a bens imoveis se a
peito fabricac;ao de sal, potassa, piche, melac;o, velas, 6leo de linhac;a, brim,
fixam os direitos do Estado quanta a tais bens, ou se se relacionam aadmi- papel e pregos. As patentes concedidas pOl' Thomas Jefferson, quando mi-
nistrac;ao de propriedade que seja de interesse especial ou hist6rico. nistro de Estado, incluem as de John Fitch par sua invenc;ao do navio a va-
Outra classe de documentos relativos a objetos feitos pela mao do ho- por e a de Eli Whitney par seu invento para descaroc;ar algodao. Tambem
mem dos quais se encontram numerosos exemplos nos fundos do Arquivo
Nacional consiste em documentos sobre navios. Existem series muito gran- 82 Frederico, 1929b:294.
des de tais documentos, como pIanos, incluindo desenhos, projetos, plan- 83 Frederico, 1929a:360.
dos Archives Nationales, avaliaram os documentos pre-revoluciomlrios da
mos~ram incidentalmente a ~ont~ibuic;ao de Jefferson no estabelecimento
do SIstema de patentes. Os pnmeiros arquivos de patentes com seus FranC;a.
.' re~~ Os arquivistas modernos, em geral, tern experiencia como historiadores
~l1nentos _e respectiv~s pIanos, desenhos e esquemas sac importantes pela
e ode-se, pois, presumir que sejam bastante competentes para apreciar 0
mformac;ao que contem quanta ao desenvolvimento tecnol6gico do pais,
v~or dos documentos oficiais, com vistas a pesquisa hist6rica. A maioria
, Mas, enquanto os arquivos de patentes mais antigas tern indub't'1 avel
dos arquivistas tende a preservar todos os documentos que se referem de
mteresse para a pesquisa, isso e menos certo nos mais recentes, A medida
maneira significativa a pessoas, epis6dios ou acontecimentos importantes.
que 0 pai~ se des_env~lveu t~Cl:ologicamente, as patentes relativas a seus pro-
Nenhum arquivista americano, pOl' exemplo, destruiria, em sa consciencia,
cessos e mvenc;oes mdustnalS e mecanicas tornaram-se progressivam t
, .. en e algo de valor relativo a urn epis6dio como a Rebeliao do Whisky, a urn acon-
malS espeClaIIzadas. Os arquivos recentes, sobretudo os posteriores a 1900
tecimento como a compra da Lousiana ou a urn personagem como Abraham
em ge~al referem-se a pequenas partes de processos ou maquinas altament~
Lincoln. Ese 0 conhecimento de hist6ria do arquivista for amplo, provavel-
co~p~lcadas e raramente ~ uma descoberta mecanica inteiramente nova que mente preservanl documentos relativos a pessoas e epis6dios cuja influen-
haJa
_ tido ou possa tel' urn Impacto maio I' na vida economica do pais. ASSlm,
' cia no curso dos acontecimentos, embora menos conhecida, haja sido digna
sao menos significativos, individualmente, do que os arquivos mais antig de considerac;ao, A maioria dos arquivistas, e provavel, conservara as fontes
E 'D _ os,
a m ormac;ao que con tern encontra-se, em grande parte, nos anos recen- materiais basicas paraestudos da hist6ria diplomatica, politica e militar,
tes, :m fontes documentarias publicadas, As pr6prias patentes impressas que outrora constituiram 0 principal interesse dos historiadores. Os National
c,ont:m a maiar parte das informac;6es cuja guarda, pelo governo, seriajus- Archives, pOl' exemplo, conservam os despachos oficiais, re1at6rios e instru-
tificavel para mostrar 0 desenvolvimento da tecnologia, do ponto de vista C;6esao Departamento de Estado necessarios ao estudo das relac;6es exterio-
~as, p,aten,tes, Apenas um numero muito limitado de arquivos de patentes res, os arquivos de comiss6es, relat6rios e diarios da Camara e do Senado
mdlVlduals relativos aos mais significativos progress os tecnol6gicos pare- necessarios ao estudo de assuntos politicos e as varias series necessarias ao
ceu merecer preservac;ao no periodo posterior a 1900. estudo de comando de guerra, produzidas pelos ministerios da Guerra e da
Marinha. Mas 0 objetivo e tel' urn quadro completo dos neg6cios diplomati-
Documentos relativos a !en6menos' ,," cos e militares. Essas fontes basicas devem ser suplementadas pOl' muitas
outras series de documentos de natureza especialiiada. As series sobre ma-
o termo :enomeno, relembraremos, refere-se aqui ao que ocorre com teria diplomatica, pOl' exemplo, devem ser suplementadas pOl' documentos
pe~soas ou COlsas - as condic;6es, atividades, programas, fatos, epis6dios, e relativos a assuntos economicos, particularmente documentos produzidos
cOl~as semelhantes. Os fenomenos registrados em documentos oficiais sac pelas repartic;6es do governo que tratam de comercio internacional, assim
como pelos documentos relativos a opiniao publica, como comunicados de
de mt~resse principalmente para os cientistas sociais, mas alguns podem
ser de I,nt~resse para os naturalistas. Se os fenomenos sac antigos, interes- imprensa, noticias radiofOnicas, filmes e discos.
A avaliac;ao de documentos do ponto de vista do interesse hist6rico tor-
sam pnncIp~lmente aos historiadores; se novos, aos soci610gos, economis-
na-se dificil quando os documentos se referem a grandes movimentos hist6-
tas ou estudlOsOS de administrac;ao.
ricos, causas hist6ricas etc. Aqui po de tornar-se necessaria uma escolha
. ~esde que a maioria dos.documentos que passam a cust6dia do arqui-
discriminat6ria entre os documentos existentes. Urn movimento como a ex-
Vlsta e. relativamente
. antiga ' os m
't eresses d'a pesqmsa
.., histonca
. sac para ele
pansao para 0 Oeste dos Estados Unidos, pOl' exemplo, pode ser seguido em
os malS
.. Importantes . Urn ar qmVls" t a, nao
-' Importa qual seJa
. sua experiencia
diversos grupos de documentos nos National Archives, incluindo-se os do
ordmanament
. . "
. ,e. apreClara os documentos principalmente pOl' seu valor ou'
Servic;o de Indios (Bureau of Indian Affairs), Servic;o de Administrac;ao de
mteresse ~Istonco. Esta foi a base pela qual Armando Gaston Camus (1740-
Terras (Bureau of Land Management) e de varios outros servic;os do governo.
1804) e PIerre Claude Franc;ois Daunou (1761-1840) , os pnmeiros " d'Iretores
'sterna de Reserva Federal (Board of Governors
Quando os documentos se referem a assuntos sociais ou economicos a Junta de Governa d ores d 01SI
recentes, faz-se necessario, para sua avalia~ao, maior grau de conhecimento ofthe Federal Reserve System). . . A' •

· - d documentos de assuntos SOCialS e economlCOS, 0 arqm-


especializado do que 0 possuido ordinariamente pelos historiadores. Aqui Na ava 1la~ao e . . d
. . t te da unicidade. No NatIOnal ArchIVes an
entra em jogo 0 conhecimento dos economistas, sociologos e estudiosos de vista deve aphcar com ngor 0 es , .
. f '. entemente aplicado a uma grande sene de
outras disciplinas. Documentos oficiais recentes, de interesse para tais estu- Records ServIce esse teste 01 Iec S
eclara~oes de impostos, apresenta d as pOl' cer t 0 s tipos de empresas ao _er-
diosos, surgem especialmente das atividades reguladoras e de assistencia d S . e) 84 Aquelas declara~oes,
vi~o de Rendas Internas (Internal Revenue ervlc . 3 '
social dos govern os modernos. Podem ser de real significa~ao para os estu-
compreendendo cerca de 100 mil pes cubicos (2.832m ) d~ penodo de ~909
dos de varios aspectos de sociologia moderna. Podem ser usados, pOl' exem-
t' hoje reconhecidamente contem informa<;ao que, se nao :ncontrada em
plo, para estudar as conseqiiencias das atividades de assistencia publica - 0
::tro lu'gar, seria util para certos tipos de pesquisas. A am'ihse, entretanto,
que aconteceu a organiza~oes de economia privada sob controle do governo
mostrou que informa~ao substancialmente semelhante so~re as empres.as
- ou os padroes rurais e urbanos que estao se desenvolvendo no pais, ten-
ue apresentaram declara<;oes, embora com algumas exce.;oe~, encontra\ia-
dencias sociais etc.
q I um outro lugar. 0 analista concluiu que fontes pubhcadas come~-
A medida que se retroage no tempo, a informa~ao sobre assuntos so- se em a g . '.' 1 uestao
'alnlente e outras fontes oficiais seriam melhores do que tl selle en q
dais e economicos torna-se menos completa. Os documentos sobre neg6- CI 1 b' para um es-
para um estudo da economia dos negocios em ~era: .e tam em
dos saD quase tao escassos para 0 seculo XIX como saD abundantes para 0
tudo de qualquer empresa importante, em particular. .
seculo XX e quase todos os que ainda existem, relativos a periodo mais anti- . De modo geral, 0 pesquisador pode confiar na enorm.-: massa de htera-
go, devem, pois, ser preservados. Documentos oficiais, em geral, relativos a tura publicada para efeito de informa~ao sobre a evolu~ao dos prob.lel~as
assuntos sociais e economicos anteriores a I Guerra Mundial devem ser cui- sociais e economicos quotidianos recentes nos EUA. As fontes publIca as
dadosamente comparados com outras fontes documentarias para determi- eralmente fornecem informa.;ao adequada sobre esse~ problemas. Os do-
nar se contem informa.;ao unica. ~umentos pllblicos originais sobre os mesmos saD demasl~do volumosos ~ara
A documenta~ao atual sobre assuntos sociais e economicos entretanto e
serem preserva dos I
'n extenso e e principalmente com Vistas ao anorma ou
muito volumosa. So as publica.;oes do gove;no·federal (0 qual, de fato, se inusitado que 0 arquivista deve preservar tais do('~un:entos. Ao pres:rva~
tornou 0 maior editor do mundo) ja fornecem grande riqueza de informa~iio quaisquer documentos sobre assuntos sociais e eCOl~omlcoscontemporaneos
de tais assuntos. Especialmente sobre a economia do pais, encontra-se uma . ha' que ser em forma de sumario ou sele<;ao de amostra.
normalS, d 1
serie e urn volume de informa~ao sempre crescente em forma impressa que Varias gran des series de documentos estao sendo preserva as pe os
se refere, entre outras coisas, a prodl1l;ao agricola e industrial da na~ao, ao National .Archives pOl' conte rem informa.;ao inusitada ou fora do normal
comercio, consumo, desemprego, condi~oes financeiras, pre~os, renda e custo sobre condi~oes economicas ou sociais. Esse tipo de documentos pode s~r
de vida. ~ntre os orgaos do governo que imprimem dados estatisticos e in- ilustrado pelos traslados das audiencias da Administra.;ao de Recu~e~a.;ao
forma~oes sobre as condi~oes economicas estao 0 Servi~o de Recenseamen- Nacional (National Recovery Administration), que refletem as condl~oes da
d 1930 e pelos documentos rela-
industria durante a depressao economlca e ,
- A'

to (Bureau of the Census), 0 Servi.;o de Comercio Interno e Internacional


(Bureau of Foreign and Domestic Commerce), Servi~o de Estatistica do . contabl'lidade do Servi~o de Administra~ao de Pre~os (Office
0 tIvos a pre~o e . , .
Trabalho (Bureau of Labor Statistics), 0 Servi.;o de Economia de Negocios of Price Administration), que refletem a condi~ao da mdustna sob a econo-
(Office of Business Economics), 0 Servi~o de Economia Agricola (Bureau of mia dirigida da II Guerra Mundial.
AgTicultural Economics), a Comissao de Tarifas (United States Tariff
Commission), a Comissao de Comercio Federal (Federal Trade Commission),
Quanto a documentos mais recentes sobre assuntos sociais e econ6mi_ no programa. Considerando que os arquivos eram muito volumosos, prepa-
cos, deve aplicar 0 principio da sele<;ao especial. Esse principio significa, sim- rou-se uma amostra que preservou apenas 3% do total. A amostra incluia
plesmente, que alguns documentos sao selecionados para preserva<;ao, por- todos os processos de condados tipicos em 134 areas rurais distintas, de acor-
que contem dados que sao representativos ou ilustrativos do todo, porque do com a classifica<;ao do Bureau de Economia Agricola do Ministerio da
tratam de urn acontecimento ou a<;aoimportante ou significativa, ou porque Agricultura.
con tern dados considerados proprios para um estudo de condi<;6es sociais e o principio da sele<;ao especial e mais tipicamente ilustrado pelo que se
economicas especificas. E bom distinguir-se imediatamente esse principio faz nos National Archives na preserva<;ao de varias especies de causas traba-
do principio de amostragem estatistica. Este ultimo, adotado no inicio do lhistas. Na sele<;ao para reten<;ao de processos da Junta Nacional de Rela-
seculo XX, requer um conhecimento do metodo que 0 arquivista, em geral, GoesTrabalhistas (National Labor Relations Board), pOl' exemplo, determi-
nao possui. As tecnicas de coleta, classifica<;ao e analise estatistica, de corre- nou-se a importancia de quest6es individuais em rela<;ao aos seguintes
la<;ao de dados, computo de medias e probabilidades, previsoes, curvas e padroes: a) as conclus6es envolvidas no caso; b) a influencia do caso no de-
compila<;ao de numeros-indices sao tecnicas altamente especializadas, par- senvolvimento de principios, precedentes ou padr6es de julgamentos; c) a
te de uma disciplina distinta. E as tecnicas de amostragem estatistica, mes- contribui<;ao do caso para 0 desenvolvimento de metodos e de normas; d) 0
mo que 0 arquivista as conhe<;a, nao podem ser aplicadas ordinariamente a efeito do caso na economia nacional ou local, ou na industria, e e) as greves
sele<;ao de documentos. 0 arquivista preserva documentos para usos desco- de empregados, de patr6es etc. resultantes da questao.
nhecidos; 0 estatistico deve conhecer, a priori, os modos especificos pelos Documentos que concentram dados sociais e economicos, que podem
quais suas amostras serao usadas. 0 arquivista seleciona documentos que ser explorados estatisticamente, assemelham-se, em carMer, aos que con-
tern caracteristicas ilustrativas do todo; 0 estatistico, de acordo com formu- tern sinopses de dados pessoais. As tabelas produzidas pelos censos indus-
las matemMicas bem definidas, seleciona uma amostra que apresente infor- triais e agricolas, ao menos exteriormente, sao semelhantes as tabelas dos
ma<;ao de fidedignidade mensuravel, sobre caracteristicas particulares do censos demograficos. As tabelas de censos economicos e agricolas, contudo,
universo de onde e tomada. Uma amo~tr~. estatistica e mais exata do que 0 nao possuem 0 mesmo valor que as tabelas dos censos demograficos, princi-
corpo representativo ou ilustrativo de documentos preservados pelo arqui- palmente porque a informa<;ao que contem e quase sempre utilizada no seu
vista.
conjunto e nao em rela<;ao a negocios individuais, ou unidades agricolas, e
Na sele<;ao de dados sobre 0 programa de emprestimo de recupera<;ao porque os conjuntos tern sido satisfatoriamente tabelados e enumerados.
da Administra<;ao de Seguro Agricola (Farm Security Administration), uma Na avalia<;ao de documentos, cujo conteudo pode ser resumido estatis-
reparti<;ao agricola da ultima crise economica dos Estados Unidos, fcram ticamente, tais como formularios administrativos, tabelas e questionarios
aplicados criterios baseados nos metodos estatisticos ou que muito deles se estatisticos, 0 arquivista e aconselhado a agir cautelosamente. Se a reparti-
aproximam. Aqueles criterios foram descritos pelo dr. Carl J. Kulsrud em <;aogovernamental que produziu os document os para fins estatisticos nao
artigo do The American Archivist de outubro de 1947, intitulado "Sampling os explorou completamente, e pouco provavel que alguem mais 0 fa<;a,pois
rural rehabilitation records". Ao conceder financiamentos de recupera<;iio os pesquisadores estranhos ao governo, em geral, nao disp6em de meios
para auxiliar os clientes,a reparti<;ao preparou para cada cliente uma pasta para a dispendiosa explora<;ao de tais documentos. Se os documentos nao
contendo relat6.rios, correspondencia e outros papeis. Essas pastas sao ricas foram criados para fins estatisticos, e pouco provavel que forne<;am estatis-
em informa<;ao sobre os fatores sociais, economicos e human os que levaram ticas acuradas ou significativas. Durante a II Guerra Mundial (7 de janeiro
ao programa de emprestimo de recupera<;ao. Sao uteis, portanto, para estu- de 1944) realizou-se uma conferencia com urn grupo deperitos e tecnicos de
dos sociais e estudo das condi<;oes economicas no periodo de depressao, bem negocios sobre 0 possivel uso dos formularios de racionamento de gasolina,
como para estudo e avalia<;ao dos processos, ideologias e tecnicas seguidas pneus e automoveis do Office of Price Administration. Depois de discutirem
o assunto ao maximo, os peritos concordaram que os formularios nao preci- A documenta<;ao cientifica pode apresentar-se na forma de dados pu-
savam ser conservados para fins de se compilar por eles quaisquer estatisti- ros, resultantes da observa<;ao e mensura<;ao de varios fenomenos, ou na
cas nacionais. "Os argumentos usados", segundo 0 dr. W. J. Wilson, "pare- forma de tabelas e resumos de tais dados. 0 arquivista normalmente prefere
cern incluir os principios capitais que regem a avalia<;ao de documentos para conservar apenas as tabelas e os resumos. No caso de investiga<;6es cientifi-
fins estatisticos."85 Foram eles: cas, entretanto, os documentos originais, ou materia-prima, podem tam-
Mm ter valor, pois muito do detalhe essencial em tais documentos pode per-
• massas de dados estatisticos originais nao precisam ser preservadas cler-se, no curso de sua tabula<;ao e sumariza<;ao. As tabelas em geral
apresentam apenas as medias e os resumos, apenas as mais importantes
depois que a infonna<;ao estatistica haja sido satisfatoriamente extrai-
da; caracteristicas de cada tipo de medida.
• massas de dados nao utiliz<lveis nao precisam ser retidas mais tempo
o valor dos dados no seu estado original depende da natureza dos feno-
menos que foram observados e medidos, e do grau em que as observa<;6es e
do que 0 necessario para determinar 0 carater irremediavelmente fa-
medidas podem ser exploradas por outros que nao os proprios que as levan-
lho das mesmas;
taram. Justifica-se, talvez, que um arquivista conserve os dados que deri-
• massas de dados utilizaveis raramente serao usadas de fato se nao 0
vam das medidas de fenomenos basicos, como sejam os da terra, oceanos e
forem em prazo mais ou menos imediato;
atmosfera. Nos National Archives os documentos que contem observa<;6es
• massas de dados utilizaveis nao devem ser conservadas por periodos
da terra sac mais bem exemplificados pelos relatorios do Coast and Geodesic
indefinidos de tempo pela simples hipotese de que possam ser empre-
Survey (1832-1942). Esses relatorios contem dados derivados de observa-
gadas algum dia; e
<;6esastronomicas, magneticas, sismograficas, gravidade e de outras espe-
• todas essas considera<;6es se aplicam ainda de maneira mais convin-
des. Em muitos casos constituem apenas a fonte autentica da qual se podem
cente a dados reunidos em formularios, registros e outras formulas
deduzir modifica<;6es naturais e artificiais nas condi<;6es fisicas da area pes-
administrativas do que a dados reunidos em questionarios comuns.
quisada. Os documentos que contem observa<;6es oceanograficas incluem
as relatorios devarias pesquisas feitas pelo Servi<;oHidrografico (Hydrographic
De modo geral, pois, 0 arquivo de cu~todia. deve preservar apenas a in- Office), bem como os diarios nauticos coligidos por Matthew Fontaine Maury
forma<;ao resumida - e nao a grande mass~'de tabelas e questionarios nos (1806-73) para compilar as suas cart as de ventos e de correntes oceanicas.
quais se baseiam os resumos. Os documentos contendo observa<;6es atmosfericas sac representados pelos
Ao passo que os documentos de interesse para 0 cientista social se refe- documentos climatologicos e meteorologicos recebidos do Servi<;o de
rem, principal mente, a fenomenos que envolvem pessoas, os de interesse Meteorologia (Weather Bureau) e devolvidos pelos National Archives aque-
para 0 cientista natural referem-se, em grande parte, a fenomenos que en- Ie depois que pas sou a dispor de instala<;6es adequadas para cuidar dos mes-
volvem co is as materiais. mos e explora-Ios, embora os National Archives conservem microfilmes dos
Documentos cientificos apresentam problemas especiais de avalia<;ao documentos anteriores a 1890.
para 0 arquivista. Estes surgem principal mente em rela<;ao a documentos Em geral, os documentos cientificos, como qualquer outro tipo de docu-
necessarios pa~a pesquisas cientificas posteriores, nao em rela<;ao a docu- mentos, devem apresentar valores outros, alem dos temporarios a que de-
mentos pertinentes a historia das atividades cientificas no governo federal, vem sua produ<;ao, para merecerem preserva<;ao permanente. Em geral, esse
que se prestam claramente a preserva<;ao arquivistica. nao e 0 caso quando dados cientificos originais se referem a mensura<;6es e
observa<;6es levadas a efeito em experiencias controladas de laboratorios,
que podem ser repetidas. Documentos de experiencias quimicas e biologi-
cas nao merecem assim, acredita-se, ser conservados num arquivo de custo_ dem tambem usar diferentes criterios na avaliac;ao de tipos semelhantes de
dia. documentos, pois 0 que e de valor para urn pode nao interessar ao outro.
Os documentos cientificos, na sua rorma original, podem tambem apre- Uma consistencia absoluta no julgamento dos valores informativos e tao in-
sentar dificuldades para 0 arquivista devido a sua forma. Sao, em geral, muito desejavel quanta impossivel de ser obtida. Julgamentos diversos podem re-
volumosos. Muitas vezes tern atributos que tornam seu uso ulterior imprati_ suItar em que documentos sobre determinados assuntos sejam preservados
cavel. Podem ser inteligiveis apenas as pessoas que registram os dados. Como em determinados lugares, embora nao merec;am uma preservac;ao total. Jul-
no caso de fichas perfuradas produzidas no trabalho estatistico, podem apre- gamentos diversos podem tambem distribuir 0 peso de preservar a docu-
sentar-se numa forma dificil de interpretar sem se recorrer a meios mecani- mentac;ao de urn pais entre seus varios arquivos de custodia, fazendo com
cos ou eletronicos. Podem apresentar-se em forma de registros feitos POl' que urn preserve 0 que outro possa descartar. Certos documentos feder.ais
instrumentos em fitas ou filmes, ou chapas fotognificas, grMicos ou fichas. E podem assim ficar mais adequadamente preservados em depositos regio-
essas formas apresentam problemas especiais de armazenamento, bem como nais do que no Arquivo Nacional, devido a conterem informac;ao de tal modo
deuso. detalhada que so pode ser preservada, no nivel nacional, em forma canden-
sada, ou porque a informac;ao que contem e mais de interesse local ou regio-
nal do que nacional.

3. Uma vez que os padroes de avaliac;ao nao podem ser absolutos ou


Diversas observac;oes gerais podem agora ser feitas quanta a avalia¢o finais, devem ser aplicados com moderac;ao e bom-senso. 0 arquivista nao
dos documentos oficiais modernos, a saber: deve conservar nem demais, nem de menos. Deve seguir 0 preceito de
Aristoteles: "moderac;iio em tudo, excesso em nada". Esse preceito, neste caso,
1. Nao se pode reduzir a padroes exatos as considerac;oes a serem obser-
equivale a dois dos padroes de Meissner que sao "evitar os extremos" e "abs-
vadas na determinac;ao dos valores dos documentos. Nossos padroes podem
trac;ao em demasia e urn perigo".
ser pouco mais do que principios gerais. Nunca se podem tornar exatos,
embora, e claro, as series ou tipos de documentos produzidos por determi- 4. A avaliac;ao de documentos nao deve se basear em intuic;ao ou em
nada repartic;ao publica, que atendem a c€ftos padroes gerais, possam ser suposi~oes arbitrarias de valor. Deve ser, ao con~ario, baseada na analise
precisamente identificados. Os padroes nao·devem ser encarados como ab- total da documentac;ao relativa ao assunto a que se referem os documentos
solutos ou finais. Na melhor das hipoteses, servirao tao-somente como guias em questao. A analise e a essencia da avaliac;ao arquivistica. Ao mesmo tem-
para orientar 0 arquivista atraves dos traic;oeiros caminhos da avaliac;ao. po que aquilata os valores probatorios dos documentos, 0 arquivista deve
levar em conta 0 conjunto da documentac;ao do orgao que os produziu. Nao
2. Como os padroes de avaliac;ao nao podem ser exatos ou precisos, nao
deve proceder a avaliac;oes baseando-se em partes, ou baseando-se nas uni-
precisam ser aplicados com absoluta consistencia. Os arquivistas podem fa-
dades administrativas do orgao, separadamente. Deve relacionar 0 grupo
zer usa de diferentes criterios na avaliac;ao de documentos de diferentes pe-
particular de documentos que esta sendo considerado com outros grupos,
riodos, pois 0 que tern valor para uma epoca passada pode ser insignificante
para entender-Ihes 0 significado como prova da organizac;iio e func;ao. Sua
para 0 presente. 0 historiador americano Justin H. Smith (1857-1930) ob-
apreciac;ao, e logico, depende do grau da analise das origens e inter-relac;Oes
servou que "algumas pessoas fal?m muito de material sem importancia, mas
dos documentos. Igualmente, ao apreciar oS valores informativos dos docu-
o que urn pesquisador considera 'droga' pode ser precioso para outro, e 0
mentos, 0 arquivista deve levar em considerac;ao a documentac;iio total em
que hoje em dia parece sem valor pode vir a ser considerado altamente im-
conexao com 0 assunto a que se refere a informac;iio. Deve determinar se
portante amanha".86 Os arquivistas de diferentes arquivos de custodia po-
aquele grupo de documentos em questao cantem informac;iio unica e se apre-
senta uma forma que 0 torne utH como uma fonte de informac;ao, e so depois
de feito isto devera entrar no reino do imponderavel - em questoes de im- 6. Antes de buscar a ajuda de especialistas 0 arquivista deve fazer 0 tra-
porHincia para pesquisa. Sua avalial;ao dos documentos, mais uma vez, de- balho bcisico de analise, preliminar a avalia~ao de documentos. Deve, em
pende da profundidade com que houver analisado todas as outras fontes primeiro lugar, reunir os dados sobre os documentos em questao, que sao
documentarias sobre 0 assunto com que se relacionam os documentos. essenciais para se determinar a unicidade e a forma da informal;iio neles
contida; descrever as varias series a serem apreciadas, indicando sua forma
5. Se a sua analise nao fornece a informal;ao necessaria a avalial;ao dos
e volume, tipos de informal;iio que of ere cern, sua rela~ao para com outros
documentos, 0 arquivista deve procurar 0 auxilio de especialistas. E l6gico
grupos ou series que contem informa~ao identica, sua rela~ao para com fon-
que nao se pode esperar que urn arquivista conhel;a as necessidades da pes-
tes ja publicadas etc., a fim de que os especialistas consultados possam mais
quisa de todas as matl~rias de erudil;ao. Ocasionalmente, ele podera tel' que
rapidamente determinar que series ou grupos particulares contem inform a-
avaliar documentos que envolvam conhecimentos alem de sua esfera. Na
~ao valiosa as investiga~oes de varios assuntos e quais os que contem essa
avalia~ao de documentos necessarios a assuntos nos quais nao tenha expe-
informal;ao na forma mais propria ao uso e mais condensada.
riencia, devera, se necessario, procurar 0 auxilio de especialistas naqueles
campos. Quando se trata de urn grande arquivo, pOl' certo se encontrarao 7. Ao procurar determinar 0 interesse dos especialistas pOl' determina-
alguns especialistas em assuntos varios entre 0 seu pessoal, cujas aptidoes dos grupos de documentos, 0 arquivista deve exercer 0 papel de moderador.
especiais podem servir na avalial;ao de grupos especiais de documentos ofi- o arquivista que lida com papeis modernos sabe que nem todos podem ser
ciais modernos. Se 0 arquivo e uma institui~ao de pequeno vulto, 0 numero preservados, que alguns terao que ser destruidos e que, na realidade, uma
de especialistas sera limitado e a necessidade de ajuda exterior sera maior. destrui~ao discriminada de parte deles e urn servi~o prestado a erudil;ao.
Os National Archives tern lanl;ado mao de urn grupo de especialistas para Inclina-se, pOltanto, 0 arquivista a concordar com a observa~ao de que "abs-
ajudar na avalial;ao de documentos da Contadoria Geral (General Accounting tra~ao em demasia" na aprecial;ao dos documentos "e urn perigo", pois sabe
Office), 6rgao do Poder Legislativo que faz a auditoria das opera~oes fiscais que qualquer erudito com urn pouco de ingenuidade intelectual pode en-
dos orgaos do Executivo.87 Os documentos oferecidos pOl' aquela reparti~o contrar umajustificativa plausivel para conservar quase todo documento ja
abrangiam os an os de 1776-1900 e compreendiam mais de 65 mil pes cubi- produzido. Ao avaliar certas grandes series de documentos uteis a estudos
cos (1.840m3). Essa documental;ao, e logiC6, apresentava muito pouco valor sociais e economicos, portanto, deve levar em conta as dificuldades praticas
pela prova que continham da organizal;ao e funl;ao, mas, uma vez que co- acarretadas pela preserval;iio das mesmas e chamar a atenl;ao dos pesquisa-
briam a totalidade da historia nacional dos EUA, provavelmente incluiriam dores interessados em preserva-Ias. Deve mostrar que uma selel;ao cuida-
informal;oes incidentais, ou acidentes sobre importantes fenomenos hist6- dosa dos documentos produzidos por urn governo moderno e necessaria se
ricos, economicos e sociais. A avalial;ao desses documentos foi uma tarefa nao se quiser abarrotar suas estantes com material insignificante que fara,
one rosa que nao poderia ter sido bem executada por qualquer pessoa, por Iiteralmente submergir 0 de valor. Deve chamar a atenl;ao para 0 fato de que
maiores que fossem seus conhecimentos das fontes e das necessidades da urn governo dispoe apenas de uma quantia Iimitada de verbas para a preser-
pesquisa. Depois que os documentos foram examinados pOl' varios especia- val;ao de suas fontes documentarias e que estas verbas devem ser aplicadas
listas em diversos assuntos do proprio Arquivo Nacional, entretanto, recor- judiciosamente para a preserval;iio das mais importantes dessas fontes.
reu-se a ajuda de especialistas em hist6ria militar, historia do Oeste e admi-
nistra~ao publica. .

87 Holverstott, Lyle J. The General Accounting Office Accession: its history and
significance. National Archives Accessions 52: 1-11,Feb. 1956.
Preserva~ao de documentos

OS DOCUMENTOS MODERNOS sao, por assim dizer, quase tao efemeros quanta

volumosos. Para os ceticos em relac;ao ao valor dos documentos modern os,


esse fato pode servir de consolo. Nao haveni perigo de submergir-se na inun-
dac;ao de documentos publicos modernos, pois estes desaparecerao rapida-
mente, quase na mesma proporc;ao em que foram produzidos. Contudo, para
o arquivista moderno a durabilidade do material sob sua custodia e assunto
do maior interesse.
o arquivista da atualidade deve levar em consideraC;ao dois fatores que
afetam a preservac;ao do material sob sua custodia, fatores esses apontados
pela Repartic;ao de Normas Tecnicas (Bureau of Standards) como agentes
"externos" e "internos" de deterioraC;ao. Os agentes externos decorrem das
condic;6es de armazenagem e de usa; os internos sao inerentes a propria
natureza material dos documentos. Cabe ao arquivista precaver-se contra
esses agentes destrutivos, provendo-se de instalac;6es que anulem ou redu-
zam os efeitos maleficos dos agentes externos e empregando metodos que
preservem os materiais pereciveis, seja na forma original, seja em qualquer
outra forma.

Em 1931 0 Bureau of Standards iniciou um levantamento nas principais


bibliotecas a fim de determinar ate que ponto as condic;6es de armazenamento
eram responsaveis pela deteriorac;ao do material por elas armazenado. Em
relatorio publicado em 1937, 0 Bureau afirmou que "a luz, a temperatura, a
umidade, a poluic;ao acida do ar e as impurezas no papel foram indicadas
como os principais agentes de deteriorac;ao". 88 Os agentes externos mais res-
ponsaveis pela deteriorac;ao, segundo 0 Bureau, saD os gases acidos da at-
mosfera moderna e particularmente 0 dioxido sulfUrico.Este, que resulta de vida subseqiiente desses documentos como parte do corpo geral de arqui-
processos industriais modernos, e encontrado em muitas das grandes cida- vos", A opiniao citada, e obvio, pressupoe a participa~ao de urn arquivista
des, conforme mostra a seguinte tabela:89 profissional qualificado, quando do planejamento de qualquer estrutura
destinada a fins arquivisticos. Esse ponto e tratado ainda mais detidamente
Toneladas de H2505 por miLhas pOl'Victor Gondos, Jr., no segundo artigo, intitulado "Collaboration between
quadradas por ano archivists and architects in planning archives buildings". Gondos sugere que
Glasgow 194,1 o arquivista deve conhecer a quantidade de documentos que tera sob seus
Londres 180,2 cuidados e tel' uma previsao do indice de acumula~oes futuras. Munido des-
Salt Lake City 134,0 ses dados podera calcular inteligentemente a area necessaria e discutir com
Manchester, Inglatefra 95,0 o arquiteto. Gondos entende que 0 arquivista deve considerar tres pontos
Sao Francisco 83,1 fundamentais: "distribui~ao racional do espa~o, atendimento do publico e
Filad€!lfia 83,1 preven~ao de danos". No exame desses fatores 0 arquivista levara em consi-
Serlim 16,1 dera~ao 0 espa~o necessario as fun~oes administrativas e as opera~oes exe-
cutivas. As opera~oes executivas de urn arquivo requerem espa~o tanto para
A polui~ao acida do aI', bem como outros fatores externos de deteriora- salas de trabalho onde se possa receber os documentos e proceder a respec-
~ao, temperatura e umidade desfavoraveis, somente podem ser tratados pelo tiva limpeza, restaura~ao, encaderna~o e duplica~o, espa~opara a zeladora,
uso de aparelhos modernos de ar-condicionado. Nas areas onde se observa assim como para salas de pesquisas, e - 0 que e mais importante - para os
elevada polui~ao atmosferica, os predios destinados a arquivos devem ser depositos (stacks) de armazenagem dos documentos. No terceiro artigo, in-
equipados com aparelhos de ar-condicionado. 0 relat6rio do National Bureau titulado "Equipment needs to be considered in constructing post-war archival
of Standards recomenda varias outras medidas para eliminar os fatores de depositories", William J. Van Schreeven oferece informa~oes sobre 0 equi-
deteriora~ao na armazenagem. pamento que se faz necessario no ponto vital dos edificios de arquivos, ou
Outras medidas e equipamentos neoessarios num edificio de arquivQ seja, nos depositos onde os documentos san armazenados. Van Schreeven
san examinados, detalhadamente, no boletim dos National Archives, intitu- chama a aten~ao para certas peculiaridades a serem levadas em conta relati-
lado Buildings and equipmentfor archives, editado emjunho de 1944. Esse vamente aos depositos: a) nao usaI' equipamentos planejados para outros
boletim contem tres artigos. 0 primeiro e de Louis A. Simon, superinten- fins que nao os de arquivo, como pOl'exemplo, estantes padronizadas para
dente da Divisao de Arquitetura do Departamento do Tesouro dos Estados bibliotecas; b) procurar obter equipamentos conversiveis e flexiveis, ao ma-
Unidos POl'ocasiao do planejamento e da constru~o do edificio do Arquivo ximo; c) procurar localizar os depositos em areas adjacentes as salas de pes-
Nacional, e que participou ativamente no planejamento do edificio. Simon quisas parapermitir 0 fornecimento direto; e d) 0 equipamento dos deposi-
considera que "nao ha maneira mais segura de evitar erros no projeto de tos deve protegeI' ao maximo os documentos. Van Schreeven faz obje~oes
edificios de arquivos do que seguir os metodos adotados no planejamento quanta ao uso de equipamento de arquivos verticais padronizados nos de-
de edificios industrais, ou seja, preparar urn diagrama mostrando as opera- positos e conclui que "0 arquivamento horizontal parece oferecer a solu~o
~oes que aU serao executadas. Tal diagrama enfoca desde 0 momento em mais satisfatoria para 0 acondicionamento, nas estantes, de documentos nao
que os documentos deixam 0 seu lugar de origem ate a chegada ao lugar encadernados". Vanos tipos de receptaculos ou caixas podem ser usados.
definitivo, nas galerias dos dep6sitos de arquivos, abrangendo tambem a Nos National Archives foram instaladas, inicialmente, latas de a~ode eleva-
do custo para a armazenagem horizontal dos documentos. Esse equipamen-
to, no entanto, foi substituido pOl'caixas de papelao, mais economicas, de
manuseio mais flicil descritas no The American Archivist, de julho de 1954, durabilidade. Mesmo os documentos da Idade Modema, ate meados do se-
nas quais os documentos sao guardados verticalmente. culo XIX eram feitos de papel fabricado de trapos (algodao, linho e canha-
E 6bvio que um arquivo publico deve oferecer condi~Oes materiais ade- mo) tambem relativamente fortes e duraveis. Antes de meados do seculo
quadas para abrigar 0 acervo que the e confiado pelo govemo a que serve. XIX as tintas de escrever eram de tres tipos: a chamada tinta nanquim, noz
Essas condi~oes sao particularmente importantes em qualquer programa de galha, e a sepia, todas bastante durliveis, principalmente a primeira. Mas
novo de arquivo; as atividades relacionadas com 0 arranjo, descri~o e con- os documentos modemos sao produzidos em papel de polpa de madeira e
sulta ficam em plano secundlirio, em face do importante problema da pre- escritos com tintas fabricadas de tinturas de carvao de alcatrao. Sao porta-
serva~o dos documentos. Nas etapas iniciais de um novo prograrna todas doras dos agentes de sua propria destrui<;ao.
as outras atividades devern estar subordinadas ao importante aspecto da Talvez a melhor maneira de assegurar a preserva<;ao dos docurnentos
coloca<;ao dos docurnentos a salvo de qualquer perigo de destrui<;ao. 0 espa- seja utilizar rnateriais permanentes na sua feitura. It uma rnedida preventi-
<;0e a condi<;ao essencial para a preserva<;ao dos documentos. Se a quanti- va a ser adotada por ocasiao da produ<;ao de docurnentos, e que pode ser
dade de docurnentos produzidos por urn govemo e tao grande a ponto de se determinada por lei ou regularnentos emitidos por for<;a de lei, exigindo 0
tomar necessario mais espa~o para os conter, uma providencia decisiva deve uso de papeis e tintas permanentes para documentos de valor perrnanente.
ser tomada quanta ao seu destino. 0 arquivista intervem nesse momento , o anteprojeto de lei publicado no The American Archivist de abril de 1940
pois, quando as reparti~oes estao superlotadas de documentos, os adminis- contem medidas a serem tomadas relativamente ao papel e a tinta. Entre-
a
tradores tendem a proceder lirnpeza e fazer desaparecer "os entulhos" acu- tanto, a maioria dos documentos publicos e, particularmente, os dos gran-
mulados por gera~oes e, com estes, valiosos documentos publicos. Se, em des orgaos governamentais sac produzidos em papel de pouca dura~ao e
tais circunstancias, 0 arquivista nao providenciar espa<;o para acomodar os com tintas nao-permanentes, apesar de a maio ria dos documentos apresen- .
documentos, ser-Ihe-a dificil evitar a destrui~ao indiscriminada. Analises de tar valor.
documentos visando a limpeza das reparti~oes sac inoportunas se nao se Para restaurar um grande numero de documentos com rapidez e com
disp6e de dependencias para preservar os documentos cujo valor tais anali- um minimo de pessoal qualificado, 0 arquivista h3. que adotar rnetodos mo-
ses revelam. Se ao iniciar um novo progranflfde arquivo nao se pode contar demos de restaura~ao. Varios desses metodos, tanto antigos quanta moder-
com uma estrutura permanente - e 0 comum e que nao se possa - deve-se nos, sac descritos em detalhe no boletim dos National Archives intitulado
procurar encontrar dependencias provis6rias. Como essas dependencias vi- The repair and preservation of records, publicado em seternbro de 1943. 0
sam a preservar os documentos, e mister que os resguardem de agentes novo metodo de restaura~ao enfaticamente defendido naquele boletirn e 0
destrutivos como poeira, temperatura e umidade desfavoraveis, luz solar, da lamina~o de documentos, entre duas folhas de acetato de celulose, ado-
insetos e roedores, roubos, mutila<;oes e incendios e inunda<;oes. tado nos National Archives por recomenda<;ao do National Bureau of
Standards. No relatorio sumario da pesquisa sobre a preserva~o de docu-
rnentos, editado em 1937, 0 Bureau asseverou: "Considerando-se que 0
Equipamento de restaura~ao
acetato de celulose e termoplastico (isto e, toma-se fluido sob a a~o de calor
Os agentes intemos de deteriora<;ao, relembremos, sac aqueles ineren- e pressao) seria facilmente aplicado pela coloca~o de uma folha impressa
tes ao proprio material dos documentos. Encontram-se nas substancias de entre duas folhas de acetato de celulose ligeiramente maiores, e passando-se
que sac feitos e nos meios utilizados para proceder os respectivos registros. o conjunto emuma prensa hidraulica, sob a a<;aode calor e pressao, obtem-
Tanto as substancias quanto os meios empregados tomaram-se mais pere- se uma unidade homogenea". "Do processo lamina~o", continua 0 Bureau,
clveis com 0 decorrer do tempo. Os documentos antigos e medievais eram "resulta urn produto que e infinitamente mais satisfatorio (do que os conse-
feitos de argila, papiro, pergaminho e velino, materiais fortes e de grande guidos atraves dos mais antigos metodos de restaura<;ao) do ponto de vista
do aumento da resistencia contra a deteriora.;ao. Os documentos laminados celulose e 0 papel japones se fundem com 0 documento submetido ao pro-
com acetato de celulose sob a ac;ao do calor e da pressao resistem muito bem cesso de restaura.;ao.
ao teste de envelhecimento provocado artificialmente e tomam-se muito Ao fazer a resenha do Boletim dos National Archives que trata da res-
resistentes a ac;ao de insetos e ao mofo. Conservam a flexibilidade do papel taurac;ao e preserva.;ao de documentos, D. L. Evans, atual diretor do Public
comum e nao apresentam qualquer dificuldade a leitura".90
Record Office, indagou: "...que garantia existe da permanencia das qualida-
Atualmente, nos Estados Unidos; a aplicac;ao das folhas de acetato de
des do novo material, de que, com 0 decorrer do tempo, sua transparencia
celulose obedece a dois metodos: 0 usado no Arquivo Nacional e 0 metodo
nao sera prejudicada pela descolorac;ao e de que sua flexibilidade nao dara
inventado por W. J. Barrow na Biblioteca do Estado da Virginia. No Arquivo
lugar a fragilidade?"91 Apos 20 anos de experiencia com 0 processo de
Nacional uma folha de plastico e colocada sobre urn lamina de ac;o. Sobre a
laminac;ao, os National Archives julgaram razoavel, ao menos em parte, esse
folha de plastico poe-se 0 documento a ser restaurado, cujos fragmentos sao
ceticismo. Por isso, em 1954, 0 National Bureau of Standards iniciou uma
colados ao plastico por meio de urn solvente incolor, a acetona. 0 documen-
nova pesquisa sobre 0 processo de laminac;ao. Essa pesquisa, programada
to preparado e entao coberto com outra folha de plastico e mais outra lami-
para urn periodo superior a tres anos, esta sendo patrocinada conjuntamen-
na. Superpoem-se diversos jogos de laminas de ac;ocom documentos envol-
te pelo Arquivo Nacional, Biblioteca do Congresso, Servic;o de Mapas do Exer-
vidos em plasticos sobre a prancha de uma prensa hidraulica aquecida a
cito e pela Biblioteca do Estado da Virginia. Tern como objetivos: a) obter as
vapor. Sob 0 calor e a pre..<;sao,0 acetato de celulose adere as fibras do papel.
informac;oes necessarias para determinar quais as especificac;oes do acetato
Na laminac;ao de documentos cartogrMicos ou outros quaisquer que este-
de celulose de qualidade comercial utilizavel que apresentara 0 maximo de
jam em condic;6es muito frageis, adiciona-se ainda urn reforc;o de papel de"
estabilidade para a laminac;ao; b) determinar se 0 pre-tratamento dos docu-
seda japones.
mentos por meios alcalinos, antes da laminac;ao, e necessario ou apenas
Na Biblioteca do Estado da Virginia e na Biblioteca do Congresso, se-
conveniente, levando em considera.;ao 0 efeito da acidez no papel, tinta e peli-
gundo 0 metodo de Barrow, 0 documento a ser restaurado sofre um proces-
cula de laminac;ao e 0 efeito do pre-tratamento do documento (particular-
so de neutralizac;ao antes de ser laminado. Em artigo publicado no The
mente quanta a legibilidade da escrita); c) determinar 0 aumento de resis-
American Archivist, emjulho de 1943, Barrow sustenta que "os documentos
tencia resultante do uso de reforc;o de papeljapones de varios tipos e pesos,
devem ser tratados em relac;ao a acidez, antes de se tentar a restaurac;ao por
a rotura e as dobras, e aquilatar do efeito de tal refo~o quanto a legibilidade;
qualquer metodo". Seu tratamento de pre-Iaminac;ao consiste em submeter-
d) determinar 0 efeito da laminac;ao sobre as tintas e os papeis; e) obter da-
se 0 documento a uma soluc;ao de hidr6xido de calcio para neutralizar a aci-
dos comparativos sobre 0 equipamento de laminac;ao plano e 0 cilindrico; e
dez e a uma soluc;ao de bicarbonato de calcio para evitar que a acidez se
t) fazer urn estudo preliminar das novas peliculas plasticas, ainda nao exis-
renove. 0 processo de preparar 0 documento para a maquina de laminac;ao
tentes na prac;a quando do aparecimento do processo de acetato de celulose,
e essencialmente semelhante ao empregado no Arquivo Nacional, mas usa-
para determinar a viabilidade de emprego dessas novas peliculas para fins
se sempre acrescentar 0 papel de seda japones ao documento a ser laminado.
de laminac;ao.
A maquina de lamina.;ao de Barrow consiste em uma prepsa cilindrica aciona-
da por mola que funciona como uma maquina de "espremer roupa". Cada
documento envolvido no papel de seda e na pelicula plastica passa entre
duas laminas aquecidas eletricamente e entao entre dois cilindros rotativos
movimentados por urn motor eletrico. Sob 0 calor e a pressao, 0 acetato de Em certas circunstancias a reprodu.;ao de documentos pela microfilma-
gem pode ser considerada uma altemativa a restaurac;ao. Embora 0
mierofilme nao deva servisto como processo definitivo, tanto a base de acetato
de celulose que apresenta quanta a emulsao dessa base sao razoavelmente
duniveis. Pode, alem disso, ser reproduzido facilmente antes que comece a Principios de arranjo de arquivos
se deteriorar. Para determinar se a redUl;aoa microfilme e viavel, 0 arquivis-
ta deve levar em considera~o as respostas as seguintes quest5es:

• As condi<;oesfisicas, a forma e 0 arranjo dos documentos permitem


Os PRlNClPIOS QUE se aplicam ao arranjo de documentos publicos numarquivo
que sejam reproduzidos pela microfotografia?
de custodia devem ser distintos dos principios expostos nos capitulos ante-
• Qual a correla~o entre 0 custo estimado da reprodu<;aoe 0 da restau- nores, os quais se aplicam ao arranjo dos mesmos nas proprias reparti<;oes
ra<;ao,considerando-se 0 custo do espa<;oque pode ser economizado de origem. 0 encarregado dos documentos de uma reparti<;ao,note-se bern,
pela reprodu<;ao?
comumente se preocupa apenas com 0 arranjo daqueles criados pela sua
• Os documentos apresentam valores intrinsecos que justifiquem a pre- propria reparti<;ao. Sob urn sistema de registro, esses documentos podem
serva~o na forma original? ser arranjados, numa base ministerial, como na Australia e Nova Zelandia,
ou por divisoes, dentro dos ministerios, como na maioria dos paises euro-
peus. Podem, outrossim, ser arranjados por um sistema de arquivamento
americano em grupos correspondentes as opera<;oesde um orgao, de uma
subdivisao administrativa desse orgao, ou de urn funcionario particular des-
sa subdivisao. 0 arranjo dos documentos nas reparti<;6esdo governo visa a
servir a fins correntes ou primarios e e feito de acordo com esquemas de
classifica<;aoe arquivamento convenientes.
Os principios de arranjo que se aplicam a arquivos de custOdia diferem
daqueles aplicados nas reparti<;oes, em muitos pontos. 0 conservador de
arquivos (archivist) nao se ocupa apenas com 0 arranjo dos documentos de
uma unica reparti~o, como e 0 caso do arquivista encarregado dos docu-
mentos (record officer) de uso corrente. Ocupa-se do arranjo de todos os
documentos sob sua custodia, os quais emanam de diversos orgaos, de mui-
tas subdivisoes administrativas e de numerosos funcionarios individuais.
Arranja seus documentos para uso nao-corrente, em contraposi~o ao uso
corrente, e arranja-os de acordo com certos principios basicos da arquivistica
e nao segundo qualquer classifica~o predeterminada ou esquema de arqui-
vamento.
Os principios de arranjo de arquivos dizem respeito, primeiro, a orde-
na<;aodos grupos de documentos, uns em rela<;aoaos outros e, em segundo
lugar, ao ordenamento das pe<;asindividuais dentro dos grupos. Examine-
mos a evolu<;aodesses principios e como devem os mesmos ser aplicados
aos arquivos modernos.
Evolu~ao dos principios de arranjo na Europa Os documentos do governo central nos Archives Nationales, entao, fo-
ram inicialmente arranjados de acordo com urn esquema "met6dico", criado
Anteriorrnente ao seculo XIX, nao haviam sido criados na Europa prin-
arbitrariamente, derivado da experiencia biblioteconomica. Os grupos e
dpios gerais de ordenac;ao de arquivos. A medida que os documentos eram
subgrupos de documentos, subseqiientemente, mudaram, em carater, a pro-
recebidos por urn arquivo, eram comumente incorporados as cole«6es exis-
pon;ao que os documentos neles incluidos mudavam, e foram aumentando
tentes, de acordo com algum esquema de cabe«alhos de assuntos predeter-
em numero, gradativamente. Em 1867, como demonstra 0 Inventaire general
minados, tal como se faz atualmente na classifica«ao delivros nas bibliotecas.
somma ire des Archives de l'Empire (Paris, 1867), ja haviam sido criados 35
grupos; em 18910 seu numero era de 39, como se pode observarpelo Etat
sommaire par series des documents conserves aux Archives Nationales
(Paris, Delagrave, 1891); e em 1937havia 46, como se evidencia no Etats des
Durante a Revolu«ao Francesa, recapitulando, foi criada uma adminis- inventaires des Archives Nationales, Communales et Hospitalieres au
tra«ao nacional dos arquivos publicos, pelo decreto de 25 de junho de 1794. premier janvier 1937 (Paris, H. Didier, 1938). De acordo com a ultima des-
Os primeiros diretores dos Archives Nationales, institui«ao que se tornou 0 sas publica«6es, os grupos foram organizados em tres se<;6es: uma Ser;iio
arquivo central da Fran«a, foram Armand-Gaston Camus (1740-1804) e Antiga para os arquivos anteriores a 1789; uma Ser;iioModerna para os pos-
Pierre-Claude-Fran<;ois Daunou (1761-1840). Como ambos eram bibliote- teriores a 1789; e uma Set;iio Secretarial para os documentos de natureza
carios, adotaram para os documentos cuja administra«ao Ihes fora confiada administrativa produzidos pelos proprios Archives Nationales.
urn arranjo esquemcitico. Camus estabeleceu quatro grupos chamados se-· o primeiro grande passo teorico, que diferia do velho metodo de arran-
ries para os documentos do governo central e a esses grupos Daunou, que 0 jo de arquivos de acordo com esquemas de classifica<;ao predeterminados,
sucedeu em 1804, acrescentou 20 outros. Esses grupos, a que se atribuiram ocorreu quando Guizot (1787-1874), ministro da Instru<;ao Publica de 1832
letras como simbolos, foram organizados nas seguintes se«6es: Set;iio Le- a 1839 e primeiro-ministro de 1840 a 1848, baixou regulamentos relativos
gislativa, com os simbolos A a D, constituida de grupos de documentos do ao arranjo de documentos dos departments que haviam sido colocados sob
periodo revolucionario, tais como as atas da Assembleia Nacional leis de- a jurisdi<;ao dos Archives Nationales, pela lei de 26 de outubro de 1796. 0
cretos e registros de elei<;6es e vota<;6es; Set;flOAdministrativa, co~ os ~im- primeiro desses regulamentos foi publicado em 8 de. agosto de 1839 e com-
bolos E a H, que consistia em grupos de documentos de varios orgaos admi- pletado por circular emitida pelo ministro do Interior, conde Duchatel (1803-
nistrativos; uma Set;iioHistorica, com os simbolos JaM, que incluia 0 Tresor 67), em 24 de abril de 1841. Essa circular, intitulada Instructions pour la
des Chartes, bem como grupos de memorias historicas, eclesiasticas e mis- mise en ordre et Ieclassement des archives departmentales et communales,
celaneas; uma Set;iio Topograjica, com 0 simbolo N, que consistia em pla- estabeleceu urn esquema logico para 0 agrupamento de documentos dos
~os e mapas; a Set;iio de Propriedade, com os simbolos PaT, que incluia departments que, embora modificado por dois suplementos posteriores, ain-
tltulos de dominios, papeis de principes, documentos relativos a seqiiestros; da esta em vigor.
e uma Set;iio Judicial, com os simbolos U a Z, que consistia em grupos de Os principios gerais estabelecidos para a execu<;ao desse esquema fo-
doeumentos de varios 6rgaos judiciais, tais como tribunais revolucionarios, ram os seguintes:
chancelarias, tribunais de justic;a etc.
Os subgrupos, chamados sous-series, dentro dos grupos, ta~bem re- a) os documentos deviam ser agrupados por fundos (fonds), isto e, to-
p~:se~tavam urn agrupamento racional, ao inves de se basearem na prove- dos os documentos originarios de uma determinada instituic;ao, tal como
me~cla, embora muitos subgrupos fossem estabelecidos tomando-se por base uma entidade administrativa, uma corporac;ao ou uma familia, seriam agru-
a ongem dos mesmos numa determinada instituic;ao ou genero de instituic;ao. pados e considerados como 0 fonds daquela determinada instituic;ao;
b) os documentos de urn fonds deviam ser arranjados por grupos de
N. Administra~ao e contabilidade departamental.
assuntos, e a cada grupo seria atribuido urn lugar definitivo em rela~ao aos
O. Administra~ao e contabilidade comunal.
outros grupos; e
P. Finan~as.
c) as unidades, nos grupos de assuntos, seriam arranjadas conforme as R. Guerra e negocios militares.
circunstancias, em ordem cronologica, geografica ou alfabetica. S. Servi~os publicos.
T. Instru~ao publica, ciencias e artes.
Esse esquema,92 depois de modificado por dois suplementos, preve 0
U. Justic;a.
agrupamento de documentos dos departments nos seguintes fundos:
V. Religiao.
X. Estabelecimentos de assistencia.
Y. Estabelecimentos correcionais.
Z. Miscelanea.

A. Atos do poder soberano e do dominio publico.


A circular de 24 de abrilde 1841 formulou 0 principio basico de respect
E. Cortes e jurisdi~oes.
des fonds, pelo qual todos os documentos originarios de uma "autoridade
C. Administra~oes provinciais.
administrativa, corpora~ao ou familia" devem ser agrupados, constituindo
D. Instru~ao publica, ciencias e artes
fundos. Dentro desses os documentos devem ser arranjados por assuntos, e
E. Assuntos feudais, familias, tabelioes, comunas, negocios civis e corpo-
apos, em ordem cronol6gica, geografica ou alfabetica. As rela~oes entre os
ra~oes.
grupos de assuntos, dentro de urn fundo, devem ser determinadas pelo con-
E. Suplementos - Fundos das comunas.
teudo dos mesmos. 0 grupo importante deve preceder 0 grupo menos im-
F. Fundos miscelaneas relacionados com arquivos civis.
portante e 0 geral deve preceder 0 especifico. Por exemplo, 0 inventario dos
documentos de urn mosteiro, ou cartularios de urn mosteiro, contendo trans-
cri~oes de seus documentosmais importantes, devem ser colocados nas pra-
G. Clero secular.
teleiras antes dos documentos naqueles inventariados ou transcritos. 0 ar-
H. Clero regular.
ranjo das pe~s num grupo de assunto podera ser determinado pela seguinte
I. Suplemento - Fundos de asilos.
indaga~o de ordem pratica: que arranjo permite ao arquivista responder a
J. Fundos miscelaneas relacionados com arquivos eclesiasticos.
qualquer pergunta possivel, feita quer por urn orgao do governo, quer por
urn pesquisador particular, no menor tempo e d a manelra . malS . acura d a.?
Afirma-se que os "pedidos de informa~o, em geral, contem, como ponto de
L. Administra~ao de 1789 ao ana VIII. partida para as pesquisas, uma data, 0 nome de urn lugar, ou de urn indivi-
Q. Dominios. duo, dependendo da natureza da informa~o. Por conseguinte, 0 arranjo deve
derivar do ponto de vista cronol6gico, geografico ou alfabetico. Quando se
tratar, por exemplo, de uma cole~ao de decretos ou leis, ou de decisoes judi-
ciais, as pe~as devem ser arranjadas em ordem cronologica, visto que urn
K. Leis, ordena~oes e decretos.
M. Pessoal e administra~o geral. pesquisador, geralmente, indica a data de tais documentos. Se, por outro
lado, se tratar de assuntos de municipalidades, e preferivel 0 arranjo geogra-
92 Esquema encontrado no Annuaire des Bibliotheques et des Archives, 1927:7. fico, visto que os pesquisadores habitualmente indicam 0 nome da munici-
palidade ... Se se tratar de documentos relativos a pessoas, e claro que 0 ar-
1800 foram simplesmente agrupados em urn unico fundo, metodo que se
ranjo alfabetico pelos nomes dos individuos facilita as buscas".93
justifica pelos desenvolvimentos politicos e administrativos especiais daquele
o principio basico da circular de 24 de abril mereceu uma exposi~o
periodo. Os documentos posteriores a 1800 nao foram, absolutamente, agru-
mais precisa por ocasHio da reunHio da Comissao de Arquivos criada pelo
pados pelos argaos de origem, mas tao-somente agrupados, de preferencia,
ministro do Interior, que teve lugar mais tarde, a 8 de junho. Nessa reuniao
por categorias gerais de assuntos, tais como documentos de finan<;as, judi-
o eminente paleografo Natalis de Wailly (1805-86) justificou 0 principio d~
dais, de servi<;os publicos, sem levar em conta se tiveram origem numa pre-
respect desfonds nos seguintes termos:
feitura ou em algum outro corpo administrativo do departement. Para os
"Uma classifi,ca<;~o.geral de. documentos pOl' fundos e (nos fundos) documentos das municipalidades, 15 categorias de assuntos foram, uma vez
~or a~sunto, e a umca manelra adequada de se assegurar a realiza<;ao mais, criadas e os documentos agrupados segundo as mesmas, sem cogitar-
lme?l~ta de uma ordem regular e uniforme. Tal classifica<;ao apresen-
se, nem de leve, de sua origem. Assim, e digno de nota 0 fato de somente
ta ;~nas vantagens. Em primeiro lugar, e mais simples de se por em
pratlca do que qualquer outro sistema, pois consiste tao-somente em uma parte dos documentos dos departamentos haver sido organizada se-
reunir pe?as das quais apenas e necessario determinar a origem. Num gundo os orgaos de origem e que, no arranjo dos documentos das municipa-
grande numero de casos, essa classifica<;ao e feita com mais facilida- lidades, 0 principio do respect desfonds foi inteiramente negligenciado.
de, porquanto consta simplesmente da reprodu<;ao da ordem atribui- Conquanto 0 principio do respect desfonds nao haja sido adotado con-
da por ~eus ~onos a?,~erior~s; essa ordem pode, talvez, ser conseguida
sistentemente na Fran<;a, depois de sua formula<;iio em 1841, deu-se, contu-
por mew de mventanos eXlstentes, sendo, neste caso, suficiente con-
frontar os documentos inventariados e dar-Ihes outra vez a ordem ori~ do, urn importante passe a frente. 0 antigo sistema de arranjar os documen-
ginal. Se, ao inves de seguir esse metodo, se propoe uma ordem teori- tos deacordo com algum sistema arbitrario de classifica<;ao de assuntos foi
ca, baseada na natureza das coisas, todas essas van tagens se perdem. "94 abandonado, ao menos teoricamente, e substituido por um sistema baseado
em principio aplicavel de maneira geral. Esse principio e 0 de agrupar os
~ origens do principio basico do respect desfonds encontram -se, pois,
na cIrcular de 24 de abril de 1841 e na exposi<;ao de Wailly de 8 de junho do documentos oficiais de acordo com a natureza das institui<;oes publicas que
mesmo ano. y ••• _
os acumulam.
Embora 0 principio do respect des fonds tenha, assim, sido formulado
em 1~41e desde entao, de modo geral, venha sendo observado na Fran<;a em
rela<;ao a grupos de arquivos maiores, seria urn engano concluir que 0 siste-
ma de classement general par fondes foi aplicado aos documentos dos va- o principio do respect desfonds evoluiu e foi ampliado na Prussia, onde
rio~ corpos administrativos menores. No esquema reproduzido, para 0 ar- se decidiu, primeiro, que os documentos publicos devem ser agrupados de·
ranJo dos documentos dos departments, por exemplo, 0 principio do respect acordo com as unidades administrativas que as criaram (e nao de acordo
des fonds nao foi aplicado com igual rigor aos tres grupos principais. Do com a natureza das institui<;oes que os criaram, como na Fran<;a) e, em se-
esquema se evidencia que os documentos anteriores a 1790 foram organiza- gundo lugar, que 0 arranjo dado aos documentos pelos pr6prios orgaos cria-
dos emfonds pelos argaos de origem, havendo cada qual recebido uma letra dores deve ser preservado no arquivo de custodia permanente.
como simbolo definitivo. Os'documentos dos anos revolucionarios de 1790 a o principio de agrupar os documentos oficiais de acordo com a origem
nos organismos publicos administrativos e chamado Provenienzprinzip au
93 A analise das praticas {fa b' .
lh' . nc~as aseIa-se, em grande parte, nos segumtes traba- principio da proveniencia. Esse principio foi expresso, pela primeira vez,
as. WeI~uI, 1934: 52-72; KaIser, 1931:125-30; Giithling, 1934:28-51. Esta e uma
~ova versao de Schellenberg, 1939. pelo eminente historiador Heinrich yon Sybel (1817-95) depois que se tor-
Apud Kaiser, 1931:25. nou diretor do Arquivo do Estado da Prussia em 1874. No seu Regulative

:regreT .. tru.
fir die Ordnungsarbeiten im Geheimen Staatsarchiv, 95 publicado em III de mantidos na ordem e com as designa~6es que receberam no curso das
julho de 1881, instituiu ele urn novo sistema para a organiza~ao dos docu- atividades oficiais do orgiio."
mentos daquele arquivo. Essas regras, que haviam sido formuladas pelo ar- Esse principio baseia-se no fato de que antes de os documentos serem
quivista Max Lehmann (1845-1929), foram discutidas numa conferencia de cedidos a urn arquivo foram devidamente arranjados nos servi~os de regis-
funcionarios do Arquivo do Estado da Prussia em III de julho e aprovadas tro dos orgiios que os criaram. Ao contnlrio do sistema frances, pelo qual os
por unanimidade. 0 §211 desse regulamento enuncia 0 principio fundamen- documentos de umfonds eram substancialmente reorganizados para aten-
tal baseado no principio frances do respect desfonds, de que "0 arranjo dos der as necessidades de pesquisas, 0 sistema prussiano estabeleceu a manu-
documentos do Arquivo do Estado deve ser feito de acordo com a prove- ten~iiode registros segundo as fun~6es administrativas dos orgiios govern a-
niencia de suas partes constituintes". 0 Provenienzprinzip simples mente mentais. Ao contrario das instru~6es francesas de 1841, que se referem a urn
estabelecia que as principais divis6es, no Arquivo do Estado, deviam ser for- "arranjo" (disposer) dos fundos de qualquer orgiio,"de acordo com uma certa
madas pela separa~ao dos documentos origimirios nas diversas unidades ordem" e a classifica~ao de documentos "segundo 0 conteudo dos mesmos",
administrativas do governo. 0 reagrupamento dos documentos de diferen- as instru~6es prussianas de 1881 determinam a manuten~ao de "corpos de
tes orgiios, por assuntos, foi entao reconhecido como urn metodo impratica- arquivos" ou "entidades" (Archivkorpern) na ordem em que foram criados.
vel, especialmente depois do grande aumento que sofreu 0 volume dos do- Em 12 de outubro de 1896, os diversos arquivos provinciais da Prussia
cumentos transferidos. 0 §'P do regulamento deu urn efeito retroativo ao foram induzidos a adotar 0 regulamento estabelecido em 1881 para 0 arqui-
principio da proveniencia, a tal ponto que os documentos do gabinete do vo central em Bedim. Em 6 de julho de 1907, formularam-se instru~6es de-
conselho e do ministro do Exterior, que haviam sido incorporados aos dos finitivas para a organiza~ao dos documentos nesses arquivos provinciais.
conselheiros privados, foram segregados e mantidos como cole~6es separa- Essas instru~6es referem-se, em parte, a destina~o dos documentos que,
das. Da mesma forma, os documentos do governo central do Reino de como urn resultado das mudanc;asterritoriais, vieram para 0 arquivo de pro-
Westphalia, que passaram a ser administrados pelo Arquivo do Estado da vincias a que nao pertenciam. Os documentos "dos registros dos orgaos cen-
prussia, tiveram de ser vigorosamente separados dos documentos com os trais do Estado Brandeburg - PrUssia"foram segregados e transferidos para
quais haviam sido misturados. /7' J~.-

o Arquivo do Estado da Prussia.


No §411do regulamento de III de julhode 1881, criou-se urn novo princi-
pio chamado Registraturprinzip. Este estabelecia que os documentos de cada
orgao devem ser mantidos, no arquivo de custodia, na ordem dada pelo ser-
vi~o de registro do orgao, e nao reorganizados por grupos de assuntos. Os o principio da proveniencia, como 0 desenvolvido na prussia, foi aceito
documentos oficiais da Prussia eram devidamente arranjados pelos servic;os nos Paises Baixos, onde the foi dada uma justificativa teorica pelos tres ar-
de registro antes de serem transferidos para 0 Arquivo do Estado e, na sua quivistas holandeses.96 Esse principio recebeu a san~o oficial do governo
totalidade, os documentos que foram assim arranjados saDcomumente cha- holandes em regulamento expedido pelo ministro do Interior, em 10 de ju-
mados de registros. A dec1ara~aodo Registraturprinzip, exposta no §411 do lho de 1897. Urn ana mais tarde, os arquivistas holandeses Muller, Feith e
regulamento, diz 0 segujnte:
Fruin publicaram 0 seu bem conhecido manual que se tornou a biblia dos
"Assim que urn orgao comece a recolher ou transferir seus documen- arquivistas modernos e que foi traduzido para 0 alemao em 1905, 0 italiano
tos, deve-se designar uma area (Repositur) somente para os documen-
tos daquele orgao. Dentro dessa area, os papeis oficiais devem ser 96A analise das praticas holandesas baseia-se no artigo de Weibull (1934) e no
capitulo"Thearrangementof archivaldocuments"de Muller& Fruin, 1940, cap. 2,
nota 1.
em 1908, 0 frances em 1910 e 0 Ingles em 1940. * Esse manual contem prin- c;aooficial para trabalho a ser feito com os mesmos. POl' isso nao e possivel,
cipios de a~ranjo e descri¢o cuidadosamente elaborados e recapitula os tampoucO'desejavel, que se destrua a ordem original do registro para substi-
pontos de VIsta expressos em numerosas conferencias da Associa¢o de Ar- tui-Ia pOl' outra baseada no que possa parecer urn esquema mais 16gieo de
quivistas dos Paises Baixos e na Nederlandsch Archievenblad. cabe<;alhos de assuntos.
Como os prussianos, os arquivistas holandeses se ocuparam dos docu- Enunciando esse principio, os arquivistas holandeses frisaram a neces-
mentos arranjados de acordo com 0 sistema de registro. Todos os seus prin- sidade de manter a "ordem original" de urn servi<;o de registro. "A ordem
cipios de arranjo, POl' isso, referem~se aos documentos organizados nos ser- original do registro", explicaram, "nao foi criada arbitrariamente, nao resul-
vi<;os de registro ou Archiefs. 0 principio fundamental adotado pel ta do acaso, mas, ao contrario, e conseqiiencia logica da organiza<;ao do cor-
.. h os
arqulVlstas olandeses e pOl' eles considerado "0 mais importante de todos" po administrativo de cujo funcionamento 0 registro e produto". Insistiram
eo seguinte: "0 sistema de arranjo deve basear-se na ordem original do re- em que a "ordem original" criada num servi<;o de registro, e nao num esque-
gi~t~o (A~chiej), 0 qual, na sua essencia, reflete a organiza<;ao do corpo ad- ma atribuido pelos arquivistas para refletir a estrutura administrativa do
mlmstratlvo que 0 produziu". Ao descreverem esse principio, os autores do orgao governamental, deve ser aplicada no arranjo dos documentos. Se a
manual estudaram os meritos relativos das duas alternativas de sistemas: "ordem original" nao tiver sido mantida, sustentaram, 0 objetivo principal
uma, 0 arranjo dos documentos sob varios cabe<;alhos de assuntos arbitra- do arquivista deve ser restabelece-Ia. De acordo com essas premissas for-
rios, tal como se pode encontrar normalmente nas classifica<;6es de bibliote- mularam 0 principio corolario que "no arranjo de urn registro (Archiej) Coo)
c~; a o~tra, 0 arranjo dos documentos correspondendo a organiza<;ao admi- a ordem original deve, tanto quanto possivel, ser restabelecida. So depois
mstratlva do governo, que os criou. Um sistema de cabe<;alho de assuntos pode julgar-se ate que ponto convem desviar-se dessa ordem".
frisaram eles, nao pode incluir tudo; e imposto arbitrariamente do exterior ~ Para reconstituir a "ordem original" de urn registro, os arquivistas ho-
nao deriva ~a ordem ou contetido de uma cole<;ao. Assim, este for<;a um gru- landeses sugeriram certas regras definidas. Tendo em conta que, no trans-
po.de arqUlvos numa "forma estranha". Conquanto possa ajudar a urn pes- curso do tempo, os documentos SaDmantidos pOl' diferentes grupos de fun-
qUlS~~Or,pela consulta a determinado cabe<;alho para certo assunto, podera cionarios de registro, que se sucedem, podem tel' sido feitas altera<;oes nos
desVIa-Io do caminho correto, porquanto "Outros cabe<;alhos podem conter pianos originais pelos quais foram organizados. Se tais altera<;oes estiverem
documentos sobre aquele mesmo assunto e, na verdade, urn tinieo docu- de acordo com 0 desenvolvimento organieo do corpo administrativo que
produziu 0 registro, devem ser mantidas; mas se resultam de erros e distra-
men~o pode tratar de muitos assuntos. De fato, nao se podem organizar,
<;oespol' parte dos tiltimos funcionarios de registro, deve restabelecer-se a
conslstentemente, documentos sob cabe<;alhos de assuntos, devido a varie-
ordem original dos documentos "para atender a ideia principal da qual sur-
dade de assuntos que urn tinieo documento, ou um tinieo volume, pode tra-
giu a ordem antiga". 0 manual enuncia este principio, da seguinte maneira:
tar. POl' outro lado, os autores sustentam que 0 sistema de arranjo de docu-
"A ordem em que os documentos SaD recebidos de um servi<;o de registro
mentos de acordo com a sua organiza<;ao no registro fornece uma base
pode ser modificada a fim de corrigirem-se divergencias em rela<;ao ao pla-
sat~sfatoria p~ra buscas sob uma variedade enorme de assuntos e pode ser
no geral do registro, quer se atribuam tais divergencias a erros dos funciona-
aphcado conslstentemente. Esse sistema baseia-se no trabalho dos encarre-
rios do registro quer a altera<;6es temporarias do sistema de registro". Po-
gados dos registros, os quais, quer consistente quer inconsistentemente se-
rem, so devem fazer-se altera<;oes na ordem original em casos especiais, como
guem regras definidas para preservar e arranjar os documentos que lhes'sao
irregularidades sem major importancia atribuidas aos funcionarios do re-
confiados - regras que se baseiam no carater dos documentQs e na solicita-
gistro, inser<;oes erradas, desvios ocasionais do plano geral de registro, ar-
quivamento de documentos mais antigos com mais recentes, com 0 objetivo
* N. do T.: Portugues em 1960 Ver £; I
. re erenCla comp eta na nota do cap. 2.
A'

de facilitar a consulta, ou coisa semelhante.


Os arquivistas holandeses compararam 0 trabalho de restabelecer a or- sas quanta ao arranjo de documentos oficiais. 0 Public Record Office brita-
dem original de um Archiej, ou registro, ao trabalho de um paleont610go nico, da mesma forma que 0 Arquivo Nacional da Prussia e 0 dos Paises
que lida com os ossos de um animal pre-hist6rico. A semelhanl;a de um Baixos,trabalha com 0 produto dos servil;os de registro, mas esse produto,
paleont610go que junta 0 esqueleto de um animal daquela epoca, colocando como ja vimos, e diferente de seus equivalentes no continente europeu. Os
cada osso na sua posil;ao correta, ainda que possa ter estado separado do registros ingleses, relembramos, consistiam em rolos que continham entra-
resto ou the falte uma parte, assim tambem 0 arquivista deve reconstituir 0 das de documentos recebidos e expedidos. A estes se relacionaram em gran-
esqueleto da organizal;ao de um registro. 0 principio firmado e de que, "no devolume, documentos originais subsidiarios, cuja ligal;aocom os rolos era,
arrarijo de um registro, deve-se lembrar de que os documentos que contem freqiientemente, muito tenue. Por isso, 0 problema nao era guardar os cor-
os atos do corpo administrativo, ou de algum de seus funcionarios agindo pos de documentos depositados nos servil;os de registro, intactos, ou con-
em carater oficial, formam 0 esqueleto do registro". Por isso, ao restabelecer servar a sua ordem original, e sim identificar os corpos administrativos que
as partes constituintes de um registro na sua ordem original, 0 arquivista produziram os documentos e estabelecer a rela«;aodos documentos com os
deve comel;ar pela serie principal que contem os atos do corpo administrativo. registros. A organizal;ao de documentos publicos num arquivo de cust6dia,
Os arquivistas holandeses formularam varios principios a serem segui- segundo Jenkinson, tem por objetivo claro "estabelecer ou restabelecer 0
dos depois que 0 esqueleto da organizal;ao tenha sido restabelecido. Esses arranjo original". Os documentos devem ser arranjados em grupos (archive
principios sao facilmente encontraveis na tradul;ao inglesa oferecida por groups), por ele definidos como acumulal;oes "resultantes do trabalho de
Arthur H. Leavitt. Ao contrario do arranjo para tais materiais recomendado uma administral;ao que constituia um todo organico, completo por si mes-
pelos franceses que foi 0 cronol6gico, geografico ou alfabetico, os arquivis-
mo, capaz de tratar, independentemente, sem qualquer autoridade adicio-
tas holandeses preferem que sejam arranjados numa ordem que corresponda,
nal ou exterior, de todos os aspectos do caso que the pudesse ter sido apre-
exatamente, a ordem em que estao organizadas as series principais. Nenhum
sentado normalmente". Dentro desses grupos de arquivos os documentos
agrupamento arbitrario deve ser feito se as principais series criadas no re-
devem ser arranjados na sua ordem original. Jenkinson duvida de que 0
gistro podem ser determinadas. Deve existir uma relal;ao definida e bem
metodo sugerido pelos arquivistas holandeses para organizar documentos
fundada entre as pel;as e as unidades organftas do registro. As pel;as soltas
seja 0 bastante. De acordo com aquele metodo, ,os documentos devem ser
que aparentem haver formado, previamente, 'parte de series ou dossies de-
agrupados por series principais que formem 0 esqueleto da organiza~o e
vem ser combinadas novamente, se possivel, nas series ou dossies. Se nao
das quais as pel;as soltas passam a ser subsidiarias. E os invertebrados, per-
for possivel determinar a ordem original de tais pel;as soltas, poder-se-a
gunta Jenkinson, "grupos" que nao tem series principais? Sugere este ulti-
organiza-Ias, quer de acordo com 0 sistema de dossies, de agrupar docu-
mo uma analise para determinar as funl;oes de uma administral;ao que pro-
mentos por assuntos, quer de acordo com 0 sistema de series, pelo qual se
duziu tal "grupo de arquivo". Essas funl;OesiraQ constituiros cabel;alhos
agrupam os documentos por unidades organicas, dependendo do sistema
seguido nos registros em que se originaram. Se razoes nao existem para a gerais sob os quais devem ser organizadas as classes de documentos. Se as
preferencia de um desses sistemas, recomenda-se a aplical;ao do sistema de pel;as avulsas nao podem ser reunidas nessas classes funcionais, podem ser
dossies. dispostas por qualquer sistema, segundo Jenkinson - "alfabetico, cronol6-
gico, pela forma, ou por qualquer outro" -, desde que se mantenha 0 nume-
ro de entrada (accession number) dos materiais e que nenhuma "pasta ori-
ginal, pacotilha ou volume" seja desfeito. Na sua opiniao, justifica-se que 0
arquivista quebre uma ordem original bem estabelecida, apenas "no pape1,
Sir Hilary Jenkinson, no seu Manual of archive administration, ofere-
ce uma informal;ao bastante completa sobre as praticas arquivisticas ingle- conservando 0 arranjo fisico, onde ha um arranjo determinado" no estado
em que foi 0 mesmo encontrado. Jenkinson admite que haja circunstancias c;oes dessas fun<;oes ou a sua supressao, a organiza<;ao do orgao, com suas
especiais nas quais se possa transigir quanta ao principio fundamental de modifica<;oes dessas func;oes ou a sua supressao, a organiza<;iio do orgao,
conserva<;ao da ordem original, mas adverte que 0 arquivista que empreen- com suas modificac;oes e, finalmente, a extin<;ao do orgao (se nao mais exis-
de tal rearranjo "assume uma responsabilidade muito grave". tel, que diga se as fun<;oes foram suprimidas ou transferidas para outros
orgaos ... Cada orgao oficial e uma unidade administrativa e os seus docu-
mentos formam urn grupohomogeneo que reflete as atividades do mesmo.
Este grande grupo, seguindo-se a organiza<;ao e fun<;oes do orgao, natural-
Nos Estados Unidos, os principios de classifica<;iio de arquivos foram mente se divide em subgrupos e estes em series. Entao, °principio a ser
objeto de freqiientes discussoes nas conferencias anuais de arquivistas da observado e que os arquivos devem ser classificados de modo que reflitam,
American Historical Association entre 1909 e 1917. Uma das primeiras e mais claramente, a organiza<;ao e as fun<;oes que os produziram. Essa e a essencia
convincentes exposi<;oes dos principios basicos de classifica<;ao foi feita pelo do famoso principio respect desfonds".
dr. Waldo G. Leland, na conferencia de 1909. Num trabalho sobreAmerican Na conferencia de 1914 dos arquivistas americanos, Ethel B. Virtue, do
archival problems afirmou que "de modo geral 0 principio enunciado pelos Departamento de Historia de Iowa, apresentou 0 trabalho "Principles of
holandeses, ao qual aderiu a maioria dos arquivos europeus, 0 herkomstbeginsel, classification for archives". Esse trabalho, destinado a ser urn capitulo do
respect desfonds au principe de la provenance deve ser adotado. Os arqui- manual para arquivistas planejado pOl' ocasiao da conferencia de 1912, acei-
vos devem ser classificados de acordo com sua origem, devem refletir os pro- tou 0 principio do respect desfonds como principio basico de classifica<;iio
cessos pelos quais vieram a existir". 0 dr. Leland reiterou essa afirma<;ao· de arquivos a ser seguido nos Estados Unidos e demonstrou sua aplica<;iio
alguns anos mais tarde em artigo da maior importancia: "The National nos arquivos de Iowa. Com a cria<;iiodos National Archives em 1934, os prin-
Archives: a programme", publicado em 1912 naAmerican Historical Review cipios de Leland e de outros, que representavam em grande parte opinioes
e republicado em 1915 na serie Senate Documents. Nesse artigo, afirmou baseadas nas praticas europeias, foram aplicados pela primeira vez a uma
que "nenhum sistema de classifica<;ao decimal, nenhum metodo aperfei<;oa- volumosa massa de documentos modernos.
do de biblioteconomia, nenhum arranjo ess~n£~!,-lmente cronologico ou al- Urn dos primeiros problemas que preocuparam os arquivistas do gover-
fabetico pode ser aplicado eficazmente a
classifica<;ao de arquivos. 0 traba- no federal americano foi 0 da defini<;ao da unidade de arquivo - 0 chamado
lho lamentavel que Camus e Daunou realizaram nos Archives Nationales, fonds, archive group ou que outro nome se the de - que serviria como prin-
tentando aplicar urn sistema logico de classificac;ao, deve servir de adverten- cipal unidade de arranjo num arquivo de custodia. 0 imenso volume de do-
cia. A entidade administrativa ha que ser 0 ponto de partida e aunidade. 0 cumentos que passaram a custodia dos National Archives - aproximada-
classificador deve tel' urn perfeito conhecimento da historia e das fun<;oes do mente 800 mil pes cubicos (22.656 m3) numa decada - havia que ser dividido
orgao cujos documentos esteja arranjando, deve saber que rela<;iio existia em algumas unidades de forma a possibilitar 0 seu manuseio para fins de
entre este e os demais orgaos e inteirar-se da relac;ao entre cada uma das arranjo, descric;ao, servi<;o de referencia, relatorios estatisticos e para outros
fun<;oes". Porem, uma exposi<;iio mais completa de G. Leland sobre os prin- fins administrativos.
cipios de classifica<;iio encontra-se num relatorio de recomenda<;oes sobre a Os arquivistas americanos usaram 0 termo record group para designar
administra<;iio de arquivos estaduais, que faz em 1913, para a Education essas unidades. Uma anomalia curiosa se verifica: na Inglaterra, onde 0 ar-

Building Commission do estado de Illinois. Nesse relatorio escreveu: "Em quivo central da na<;iiose chama Record Office, as unidades de arquivo cha-
primeiro lugar, e essencial urn guia dos orgaos oficiais e de sua historia que mam-se archives groups, enquanto nos Estados Unidos, onde a instituic;ao
mostre a origem e as fun<;oes de cada orgao, a origem dessas fun<;oes, se equivalente se chama Archives, as unidades de arquivos chamam-se record
transferidas de outro orgao ou se oriundas de nova legisla<;ao, as modifica- groups. 0 termo record group foi definido oficialmente nos National
Archives, em fevereiro de 1941, como significando "uma grande unidade Os record groups sao, e logico, muito diferentes dos produzidos pelos
arquivistica estabelecida de modo urn tanto arbitrario, considerando-se de- servic;os de registro da Prussia e dos Paises Baixos. Os record groups dos
vidamente 0 principio da proveniencia e 0 desejo de se dar a unidade um National Archives geralmente consistem na documentaf;iio produzida por
tamanho e canlter convenientes para os trabalhos de arranjo, descrif;iio e uma unidade administrativa no nivel de bureau. Essa documentac;ao tanto
publicaf;iio de inventarios.97 pode consistir em materiais arquivados (filed) como em materiais nao-ar-
Os record groups americanos diferem dos seus equivalentes europeus. quivados (unfiled). Os materiais arquivados podem tel' sido conservados num
Contrastam com os archives groups ingleses devido a diferenc;a das unida- bureau, numa divisao ou mesmo no nivel de seC;ao.Os elementos que cons-
des administrativas do governo que criaram os record groups. 0 conceito tituem urn record group americano sao, dessa forma, muito mais numero-
ingles de grupos fechados - acumulos que "resultaram do trabalho de uma sos e muito mais variados em forma e carater do que os de urn registro euro-
administrac;ao que foi urn todo organico, completo pOl' si so, competente peu. A maioria dos record groups contem diversos subgrupos estabelecidos,
para lidar independentemente, sem nenhuma autoridade adicional ou exte- em geral, tomando-se pOl' base as origens organizacionais e funcionais dos
rior, com todos os aspectos de qualquer questao que normalmente se lhe mesmos. Os subgrupos constituem-se de series de documentos, estabelecidas
apresentasse - nao pode ser adotado. Esse conceito aplica-se principalmente tomando-se pOl' base 0 seu arranjo de ~ordo com urn sistema de arquiva-
a documentos mortos - acumulos passados a que nao mais se acrescenta- mento, assunto ou afinidade funcional, ou uniformidade flSica de seus tipos
rao documentos, ou documentos de orgaos extintos. Embora a historia ad- de documentos. E as series, pOl' sua vez, constituem-se de unidades de ar-
ministrativa do governo federal esteja cheia de entidades extintas, Piira al- quivamento, isto e, volumes, pastas e dossies, documentos ou formularios
gumas das quais se constituiram grupos, os arquivistas dos National Archives arquivados individual mente. Esses elementos, individual ou coletivamente,
tinham, sobretudo, de lidar com orgaos vivos. A organizac;ao governamental refletem em grau muito maior do que os seus equivalentes europeus a orga-
com que se ocupavam nao era uma organizac;ao estatica que permitisse a nizac;ao e a funf;iio das unidades administrativas que os produziram.
criac;ao de urn numero fixo de grupos; era uma organizac;ao dinamica. Suas Urn problema menos dificil, para os arquivistas do governo federal ame-
unidades organicas e func;oes estavam. e~ c2.~stantes alterac;oes. Nos National ricano, foi 0 de decidir que principios deveriam oriental' a atribuic;ao dos
Archives, pois, criaram-se os record groups para os documentos das unida- documentos em setores de documentos (rec.ord branches) dentro dos
des administrativas de diferentes condic;oes e autoridade na escala hierar- National Archives, para fins de administrac;ao. 0 principio adotado foi 0 de
quica do governo. Nao havia necessidade de que as unidades administrati- distribuir a documentac;ao escrita pOl' record groups, segundo a relac;ao dos
vas que criaram, acumularam ou onde se mantiveram os grupos fossem mesmos para com urn certo numero de grandes campos de assunto, como
unidades administrativas completas, nem independentes, como na Ingla- sejam, defesa, industria ou recursos naturais etc. As relac;oes dos assuntos
terra. Podiam, e logico, ser orgaos independentes, mas podiam tambem cons- considerados para este fim SaDdefinidas principalmente em termos das fun-
tituir partes de orgaos maio res. c;6es gerais dos orgaos que criaram os documentos. Assim, os documentos.
Os record groups contrastam tambem com os fonds franceses que re- criados pelo Ministerio da Agricultura e pelos orgaos independentes, de urn
presentavam documentos de tipos similares de instituic;oes. Apenas os cha- modo geral interessados em atividades agricolas, situam-se no Setor dos
mados collective record groups se assemelham aos fonds franceses, por- Documentos de Riquezas Naturais (Natural Resources Records Branch) e,
quanta compreendem documentos de diferentes orgaos (tais como comites dentro deste, na Sef;iio de Documentos da Agricultura (Agricultural Records
ou comissoes do Congresso) que tenham certas caracteristicas em comum. Section). Os mapas, as ilustrac;oes e os discos pertencentes a todos os grupos,
estao localizados, para fins administrativos, em dois setores que dispoem de
equipamento e pessoal especializado no tratamento desse tipo de material.
Um terceiro problema que preocupou os arquivistas do govemo £ed evolu<;aodas organiza<;oes governamentais que executaram as mesmas fun-
'.£' 'd era}
amencano 1010 arranJo os grupos. Esse problema foi tratado pel . . ~s. Ao determinar-se 0 arranjo dos grupos nas galerias, levam-se tambem
. apnmelra
vezno Staff InformatIOn Paper, intitulado "Principles of arrangement" ern conta razoes referentes a acessibilidade.
bl'lca d0 em Jun
. h d ".
0 e 1951. * Nos primeiros anos de atividade do Ar
, pu-
. . .
.
qUlVONa- Outro principio bilsico dos pIanos de arranjo e manter os grupos como
ClOnal, d01S fatores dlficultaram 0 arranio dos grupos nas gale . unidades integrais. A logica que determina a cria<;ao dos grupos exige que os
, . ~ nas, segundo
urn esquema loglco. Desses, 0 mais importante dizia respeito ao car't d documentos, em cada urn deles, sejam conservados juntos sem que se mis-
, ' a er 0
~ro~no governo f~deral que produzia os documentos. A multiplicidade dos turem aos mesmos documentos de outros grupos. So se admite que se reti-
orgaos, a com~l~xld~de e 0 fluxo da organiza<;ao dos mesmos impossibilita_ rem documentos de urn grupo quando haja uma parte que requeira equipa-
ram urn. arranJO .111telramente logico de todos os grupos. Outro fator impor- mento especial, ou quando sao classificados como de seguran<;a, caso em
tante fm a manelra pela qual os document os eram recolhidos Nos . que niio podem ser conservados juntos com 0 corpo principal do grupo a que
. " . seus pn-
melfOS anos 0 ArqUlvo NaclOnal lutou para conseguir a custodia 0 . pertencem.
, 'd '1 ' malS
rapl 0 pOSSiVe, do grande volume de documentos acumulados no governo Um quarto problema que mereceu a aten<;ao dos arquivistas do governo
federal, d~sd: que fora criado. Esse acumulo foi sendo liberado pouco a pou- federal americano foi 0 arranjo dos elementos dentro dos grupos. Esses ele-
co, pelos orgaos da administra<;iio, em inumeras pequenas parcelas. Na mentos sao os subgrupos, as series e as pe<;as individuais. Os subgrupos sao,
d"d 'fi ose em geral, os documentos das subdivisoes da unidade administrativa que
po la 1 entl lcar que documentos deveriam ser atribuidos a determinado
grupo antes de se proceder a analise da origem dos mesmos e nao se podia' produziu 0 grupo. Freqiientemente os orgaos para os quais se criaram gru-
c~lcular, com exatidao, antecipadamente, a area e 0 equipamento necessa- pos passaram por tantas reorganiza<;oes que os documentos acumulados
nos a cada grupo. Ha alguns anos, porem, os setores de documentos (record pelas muitas unidades que se sucederam ou pelas unidades extintas dos or-
branches) el~boraram pIanos ideais para 0 arranjo dos acervos atuais e para gaos perderam a sua identidade administrativa. As fun<;oes dos orgaos po-
novos recolhlmentos, tais como se podia preyer. Esses pIanos estiio sendo dem ter permanecido sem altera<;oes ainda que as unidades que as executa-
agora postos em execu<;iio. Todos os doc,uI!1entos que se encontram no Ar- ram tenham sido modificadas ou extintas e os documentos pertinentes as
quivo devem, ate 0 fim do ana fiscal de 1956, ~;tar em ordem. fun<;oes podem abranger muitas unidades sem mostrar, cIaramente, os que
foram produzidos pelas unidades sucessivas. N esses .casos, os subgrupos sao
Urn principio basico dos pIanos e 0 arranjo dos grupos numa rela~o
estabelecidos em rela<;iio as fun<;oes. Ocasionalmente, os subgrupos natu-
quer de organiza<;iio quer de fun<;iio entre si. 0 metodo de arranjar grupos
rais de documentos, dentro de urn grupo, nao correspondem as unidades de
seg~n~o a organiza<;iio e preferivel sempre que possivel. Esse plano de ar-
organiza<;ao, nem as fun<;oes; correspondem, antes, a tipos de documentos
ranJO e, em geral, seguido quando se criam grupos para cada urn dos diver-
que nao coincidem, nem com as linhas funcionais, nem com as de organiza-
sos bureaux ou servi<;os que constituem urn grande orgao govemamental
<;ao. Nesses casos as caracteristicas fisicas dos documentos distinguem os
como urn ministerio, por exemplo. Nesse caso os grupos sao arranjados d~
subgrupos. 0 StaffInformantion Paper intitulado "Principles of arrangement"
acordo com 'a estrutura hierarquica do orgao maior. Onde 0 arranjo segundo
da instru<;oes quanta ao arranjo dos subgrupos de acordo com as rela<;6es
a organiza<;ao e impraticavel ou, por qualquer raziio, menos conveniente
usa e 'fu' . , entre si, quanta a organiza<;ao ou a fun<;iio, ou de acordo com os tipos de
, =s 0 arranJ.o nClOnal. Por este criam-se grupos para uma seqiiencia de
documentos que contenham.
orgaos ou servu;os relativos a uma fun<;iio, arranjados de modo a mostrar a
Os subgrupos, por sua vez, em geral se compoem de series que sac defi-
nidas de maneira diferente nos Estados Unidos e na Europa. As diferen<;as
*N. ?o T.: Tradu,.ao para 0 portugues publicada pelo Arquivo NacionaJ no Rio de de defini<;iio devem ser claramente compreendidas. Na Europa, em geral, 0
J anelro, em 1969. 19p. '
termo archival series aplica-se as unidades de arquivamento de um servi<;o
de registro que con tern documentos de urn determinado tipo. Estas sao as' dossies. Onde se reunem os documentos tomando-se pOl'base a semelhan~
chamadas Reihenakten na Alemanha, liasse na Fran~ e Bundel nos Paises de forma que apresentam, as unidades de forma serao consideradas, muitas
Baixos. Devem ser diferenciados das unidades de arquivamento que contem vezes, unidades de arquivamento. Esse e 0 caso de volumes encadernados.
uma variedade de documentos pertinentes a assuntos especificos, chama- Se a unidade de uma serie deriva do fato de estar organizada de acordo
das na Alemanha Sachakten e na Fran~ e Paises Baixos dossiers. Nos Esta- com urn sistema de arquivamento em si, sera conservada precisamente em
dos Unidos 0 termo series pode aplicar-se a agregados de documentos de ordem, quer alfabetica, numerica, quer cronol6gica que lhe foi atribuida pelo
urn tipo especifico, como na Europa. Pode, entretanto, aplicar-se tambem a servic;o de origem. 0 problema de novo arranjo surge quando essa ordem
urn corpo inteiro de documentos, organizado de acordo com urn sistema de sofreu modifica<;6es ou se perdeu, ou quando em circunstancias excepcio-
arquivamento completo em si, sem considerar 0 fato de as unidades de ar- nais e ininteligivel. Nesses casos, 0 arquivista tentara restabelecer a ordem
quivamento nesse sistema serem de urn tipo especifico. 0 significado am- dada aos documentos pelo orgao,.quando em usa corrente. Num sistema de
pliou-se para incluir ate agregados de documentos reunidos sem uma 01'- assunto as pastas ou dossies serao reunidas sob cabe<;alhos adequados e os
dem perceptivel, cujo unico trac;o de coerencia e a relac;ao comum com um cabe<;alhos serao arranjados segundo a ordem prescrita pelo sistema de ar-
assunto ou atividade especifica. Esse uso ampliado do termo corresponde a quivamento empregado pelo orgao. Os documentos individuais dentro de
definic;ao encontrada em qualquer dicionario: "um certo numero de coisas ... cada pasta serao colocados em seqiiencia adequada. Nas pastas modernas
que se apresentam ou se sucedem em ordem e ligadas pOl' uma relac;ao de costuma-se arquivar tais documentos na ordem cronologica inversa, a ulti-
semelhan~" . ma pec;a colocada na frente, enquanto em muitas pastas antigas a oi-dem
Nos National Archives as series dos subgrupos SaDarranjadas segundo oposta e empregada. A ordem adotada pelo orgao criador sera observada
um esquema logico que reflete a inter-relac;ao das series e onde se aplica a pelo arquivista. Ao restabelecer 0 arranjo das pastas, faz-se referencia aos
relac;ao das series para com a organizac;ao, func;6es, periodos cronologicos, esquemas de arquivamento, se existem, ou aos indices, titulos de assuntos,
lugares ou assuntos. As considerac;6es a serem observadas no arranjo das rotulos de pastas, simbolos de arquivamento e similares.
series estao expostas no StajflnformationPaper "Principles of arrangement", Se uma serie foi criada tomando-se pOl'base a forma dos documentos, 0
ja mencionado. . -7 .•~.

problema do arquivista e bastante facil. Os volum~ encadernados, pOl'exem-


o passo final e 0 mais pormenorizadono arranjo dos documentos diz plo, sao, geralmente, colocados nas prateleiras, numa simples ordem crono-
respeito aos documentos avulsos, pastas, dossies, volumes ououtras unida- logica ou numerica.
des de arquivamento. As unidades de arquivamento em geral consistem em Se 0 arranjo dado aos documentos pelo orgao de origem e ininteligivel
documentos reunidos pelo fato de se relacionarem com 0 mesmo assunto ou ou de tal ordem que torne 0 servic;o de referencia muito dificil, 0 arquivista
ato, ou devido a terem a mesma forma. Essas unidades, cujo tamanho e ca- pode planejar urn sistema proprio. Tais sistemas novos devem, entretanto,
rateI' podem variaI', saD em geral colocadas numa seqiiencia que e determi- protegeI' a integridade dos documentos, refletindo as suas origens funcio-
nada pelo sistema de arquivamento empregado. Num sistema de assunto - nais ou administrativas, e devem ser planejados de modo a facilitar 0 uso
quer seja em ordem alfabetica, assunto-numerica, classificada, quer outra que se possa preyer para os documentos.
qualquer - os documentos serao, ordinariamente, arquivados juntos sob Se os documentos de urn orgao saG recebidos em completa desordem,
rubricas, cada qual abrangendo uma ou mais pastas, as quais, pOl' sua vez, sem qualquer ordem aparente, tambem neste caso 0 arquivista pode elabo-
contem varios documentos. Num sistema de case-file (pastas individuais ou rar urn sistema proprio. As series miscelaneas, especialmente, serao arran-
processos), quer arranjados em ordem numerica, quer segundo qualquer jadas na ordem que mais convier para tornar conhecido 0 carateI' e a impor-
outro metodo, os documentos serao reunidos em pastas (case folders) ou tancia das mesmas. As pec;as individuais nestas series podem ser agrupadas
historiskforskning (3:52-77, 1930)e republicado em alemao noArchivalische Fruin, 0 unico sobrevivente do triunvirato holandes que compilou 0 ma-
Zeitschrift (42-43:53-72,1934). Weibull poe em duvida a validade da tese nual, expressou, no NederlandschArchievenblad, suas objec;oesa afirmati-
dos arquivistas holandeses de que a "ordem original" dos documentos atri- va de Weibull, sustentando que "os arquivos visam, em primeiro lugar, a
buida pelos servic;os de registro deva ser aceita, como uma norma, para 0 esclarecer as atividades administrativas de orgaos do governo" e salientou
arranjo dos mesmos num arquivo de custodia. "Nao se pode negar", escre- que 0 arquivista nao se pode antecipar as necessidades da pesquisa de cara-
veu ele, "que ate certo ponto 0 seu arranjo indica as suas principais caracte- ter erudito e que qualquer agrupamento de documentos de uma unidade
risticas. Urn registro cujo arranjo obedec;aao sistema de series dificilmente organica por assunto pode facilitar as pesquisas de urn grupo, a custa das
pode ser reorganizado pelo sistema de arranjo por dossie ... Mas essa atitude inconveniencias que pode acarretar a outras pesquisas.
muito se distancia da real atividade de organizac;aode arquivos que tern, em George Winter, diretor do Arquivo do Estado da Prussia, expressou opi-
primeiro lugar, urn carater restaurador e, apenas em segundo plano, deve niao semelhante quanta as criticas de Weibull no Korrespondenzblatt des
considerar os interesses da pesquisa historica. A justificativa de que a or- Gesamtvereins der deutschen Geschichtsund Altertumsvereine (138-47,
dem original serviu, e ainda serve, convenientemente, aos fins oficiais e de 1930). Entretanto, em artigo anterior, "The principle of provenance in the
dificil defesa. Na maioria dos casos os funcionarios inicialmente deixaram Prussian State Archives", publicado na Revista de la Biblioteca, Archivo y
tao-somente que os documentos se acumulassem, sem os arranjar conforme Museo delAyuntamiento de Madrid (10:187), admitiu que a organizac;aode
urn sistema bem pens ado, na ordem que lhes parecia mais simples, cronolo- documentos num servic;ode registro, antes da liberac;ao dos mesmos para
gicamente, a medida que os recebiam, ou, possivelmente arranjando-os em urn arquivo de custodia, era para "preservar, preliminarmente, os fundos na
urn ou dois grupos, como por exemplo separando as cartas ou separando os sua estrutura organica". Assim, escreveu:
papeis relativos a varios protocolos, e assim por diante. Os sucessores ado-
"Admitidamente - e com essa admissao desejamos levar em conside-
taram 0 mesmo mecanismo, eventualmente com probabilidade de criar ain- rac;ao algumas excec;6esfundamentais no abandono do principio da
da mais grupos ou subdivisoes". proveniencia - a existencia de urn arranjo de registros razoavel, ou a
Segundo Weibull, 0 objetivo da organizac;ao de arquivos nao e 0 de urn possibilidade de restabelecer tal arranjo, e condic;aopreliminar para a
p,aleontologo motivado por tradic;oesde umJn~eu, de repor os documentos preservac;ao dosfonds na sua estrutura organica. Existiriam, particu-
numa ordem que por si so e urn fim. De preferencia, afirma Weibull, e possi- larmente nos primeiros tempos, registros nos quais 0 agrupamento e
a manutenc;ao de documentos nao era sistematica, era tola e imprati-
bilitar a resposta a perguntas formuladas por pesquisadores, funcionarios
cave!' Em tais casos 0 arquivista nao deve - como qualquer pessoa
ou nao, tao rapido e acuradamente quanta possivel - objetivo acentuado criteriosa admitira - se ater aquele principio com exagero, mas ao
pelos franceses ja na quarta decada do seculo XIX, quando formularam 0 contrario, deve tentar urn arranjo inteiramente novo."
principio do respect des fonds. Weibull insistiu no fato de que 0 ponto de
vista de pesquisa, tornado obscuro por considerac;oes teoricas, clevereceber Deve fazer-se uma excec;aoa regra de preservar os documentos na or-
novamente a enfase que merece, quer as pesquisas sejam levadas a efeito dem original, no caso de documentos modernos, quando estes receberam
para responder a questoes de natureza administrativa, quer sejam para es- novo arranjo nos orgaos governamentais, depois de servirem a seus objeti-
tudos hist6ricos, no verdadeiro sentido da palavra. Se se aceita a validade vos primarios. 0 arranjo original deve ser preservado se reflete 0 usa feito
deste ponto de vista na organizac;ao de documentos, deve-se agrupa-Ios dos documentos quando correntes, mas novos arranjos artificiais que visa-
logicamente por assunto nosfonds ou grupos (archival groups) tanto quan- ram servir a outros fins que nao os correntes so devem ser preservados no
to ~ste agrupamento seja possivel e praticavel. Ao agir assim, menciona arquivo de custodia permanente se atendem as necessidades arquivisticas.
Welbull, 0 arquivista estaria realizando urn trabalho, nao de mera restaura- Diversos exemplos ilustrativos de tais arranjos artificiais novos podem ser
c;ao,mas de carater verdadeiramente criativo. citados.
No Gabinete do Ministro da Guerra (Office of the Secretary of War) a abrangendo 0 periodo de cerca de 1775 a 1910 e a outra de 1910 ate 0 presen-
correspondencia recebida do periodo relativo a 1800-1924 foi dividida em te. Os documentos oficiais que foram colocados naqueles arquivos procede-
grupos de assuntos e ainda em urn grupo miscelanea geral, 0 que obrigava a ram de diferentes fontes. Em alguns casos, volumes mal encadernados fo-
pesquisas em varios lugares. Nos National Archives restituiu-se a corres- ram desfeitos e os documentos individuais colocados sob uma area ou
pondencia a ordem original a qual se deduziu dos registros a ela relativos, assunto. Freqiientemente, documentos relativos a operac;oes navais eram
isto e, a ordem alfabetica dos nomes de quem escrevia. tirados de outros corpos de documentos e colocados nessas series. A maioria
o Servic;o de Indios (Office of Indian Affairs) tambem deu nova ordem veio dos arquivos do Office ofthe Secretary of the Navy, do Office of Detail e
aos seus primeiros papeis nao encadernados. Os anteriores a 1824, quando do Bureau of Navigation. Nos arquivos pOl' "area" e pOl' "assunto" formou-se
se criou urn Bureau of Indian Affairs, foram colocados num arquivo e arran- uma valiosa colec;ao de comprovada utilidade no estudo da evoluc;ao das
jados em rigorosa ordem alfabetica. Esse arquivo compunha-se, em grande operac;oes navais. 0 arranjo da colec;ao, entretanto, exemplifica praticas que
parte, de dois grupos de documentos de sucursais (documentos da fabrica em geral se aplicam a manuscritos hist6ricos antes que principios arquivis-
Creek, 1794-1822, subordinada ao extinto Office of Indian Trade, e os docu- ticos aceitos. Os National Archives nao executaram modificac;ao importante
mentos da Agenda Cherokee, 1800-24), mas incluiam tambem documentos noarranjo dos arquivos pOl' "area" e "as~unto" mas os volumes encadernados
de no minimo 20 servic;os diferentes do governo. Na criac;ao desse arquivo dessa colec;ao foram arranjados em series, em vez de obedecer a cronologia.
nao so se desconheceu 0 problema da proveniencia dos documentos, como A Junta de Produc;ao de Guerra (War Production Board), da II Guerra
tambem, quase sempre, se separaram as cartas anexas das que as transmi- Mundial, atribuiu urn arranjo artificial a uma grande parte de seus docu-
tiam. Nos National Archives aquele arranjo cronologico criado artificialmente mentos. De acordo com 0 programa de documenta~o daquele orgao, criou-
voltou a ser organizado conforme as series constituintes originais. se urn "arquivo de documentac;ao das diretrizes" (policy documentation file)
Urn corpo artificial de documentos navais foi criado pelo Servic;o de Ar- obedecendo a urn Sistema de Classificac;ao Decimal Dewey. Os documentos
quivo e Biblioteca da Marinha (Office of Naval Records and Library) organi- sobre diretrizes foram selecionados e incorporados a esse arquivo, com a
zado em 1882 como parte do Servic;o de Informac;oes Navais (Office of Naval intenc;ao de refletir todas as facetas da organizac;ao e funcionamento do or-
Iptelligence). Uma das importantes'func;oes daquele servic;o e 0 de coletar, gao. Quando se extinguiu esse orgao, cerca de 40% dos documentos que fi-
pr'eservar e dispor para uso os documentos operacionais do Naval xavam politica diretriz haviam sido selecionados. 0 restante foi selecionado
Establishment. Antes da I Guerra Mundial os primeiros documentos enca- obedecendo a urn programa criado as pressas que utilizou urn grande nume-
dernados do Gabinete do Ministro da Marinha (Office of the Secretary of the ro de pessoas, porem sem 0 devido treino. Esse programa de seledonar e
Navy), do periodo 1800-85, passaram a custodia daquele servic;o. A esse grupo organizar os documentos individuais que firmavam politica, alem de pre·
se acrescentanl.m outros volumes encadernados de varios servic;os, reparti- tender demais, ia contra todos os principios de arranjo arquivistico aceitos:
c;oes e pequenas atividades do Estabelecimento Naval. Depois da Pois criterios de selec;ao que devam ser bastante amplos, para captar todos
I Guerra Mundial, 0 Servic;o de Arquivo deu especial atenc;ao a colec;ao de os documentos significativos, perdem 0 sentido e a sua interpretac;ao tern
todos os documentos de operac;oes navais de que dispunha, e adquiriu mui- que ser, em grande parte, subjetiva. Aquelajunta, por isso, preferiu nao de-
tos outros documentos, tanto originais como transcric;oes - de fontes ofi- finir seu criterio. Eo arranjo dos documentos num arquivo classificado des-
dais, publicas e particulares, cobrindo desde a Revoluc;ao ate a I Guerra truiu muito do significado inerente aos documentos em face da relac;ao dos
Mundial. Essa cole~o de documentos foi disposta em dois grandes grupos: mesmos uns com os outros.
- urn "arquivo pOl' area" e outro "arquivo pOl' assunto" - e todos os docu- Em geral, se os documentos, per se, sao tirados arbitrariamente do seu
mentos foram ordenados cronologicamente sob uma area indicada ou sob contexto, isto e, das pastas das unidades administrativas que os criaram, e
urn dado assunto. Finalmente, cada arquivo foi dividido em duas partes, uma SaD reorganizados pOl' urn sistema classificado oupor outro sistema qual-
tendo-se em vista facilitar a sua utilizac;ao pelos estudiosos, cientistas e ou-
quer, perdem a sua integridade como documentos da organizac;ao e func;ao.
trOS, sem observar como estavam arranjados na repartic;ao. Um exemplo de
Se os documentos devem servir como prova da organizac;ao e da func;ao, faz.
documentos dessa natureza SaDos relat6rios climatol6gicos recebidos pelo
se mister que se mantenha 0 arranjo que lhes foi dado pel as unidades que os
Arquivo Nacional do Surgeon General's Office, da Smithsonian Institution,
criaram e nao podem ser reorganizados tomando-se por base 0 assunto ou
do Signal Office e do Servic;o de Meteorologia. De acordo com 0 arranjo ori-
qualquer outro ponto. E, assim se procedendo, todo 0 preceito de boa prati·
ginal desses relat6rios tornava-se impossivel determinar que dados clima-
ca arquivistica que se tem desenvolvido, quer neste pais quer no estrangei-
tol6gicos existiam sobre determinado lugar. Foram, por essa razao, reorga-
ro, esta sujeito a ser violado.
nizados. As series criadas por cada um dos 6rgaos foram conservadas intactas,
Pode-se abrir uma excec;ao a regra de se preservarem os documentos na
mas os volumes que continham os relat6rios foram desencadernados e os
ordem original, no caso dessa ordem ser dificil de determinar ou de ser ma-
relat6rios individuais ordenados por lugar (estado emunicipio) e, entao, em
nifestamente ma, Enquanto a maioria dos documentos que se formam nos
governos europeus e organizada nos servic;os de registro antes de passarem sequencia cronol6gica.
aos arquivos de cust6dia, muitos documentos do governo federal dos EUA
SaDdeixados em absoluta desordem. Diversas tentativas foram feitas no sen-
tido de dar-se uniformidade, em escala nacional, aos metodos de conserva-
c;ao dos documentos nos 6rgaos do governo, mas tudo que se conseguiu foi a
adoC;ao de sistemas que tendem a complicar, ao inves de simplificar, a orga7
nizac;ao dos documentos de um 6rgao qualquer. Poucos documentos, mes-
mo atualmente, saD organizados tendo-se em mente a sua eventual transfe-
rencia para um arquivo de cust6dia. E no passado, quando aqueles nao
existiam, os documentos eram tao-somente acumulados e depois de have-
rem servido aos seus fins de uso corrente eram relegados a dep6sitos onde
nao estorvassem. Em geral, faha a condic;.ao'pa~ya para que se possa aplicar
0$ principios de arquivos alemaes e holandeses, relativos a preservac;ao da
ordem original dada num servic;o de registro. A reconstituic;ao da ordem ori-
ginal e, pois, muitas vezes dificil e as vezes indesejaveI. A ordem original-
para usar as palavras do diretor do Arquivo do Estado da prussia, ao descre-
ver os registros mais antigos - nao e sistematica, e tola e impraticaveI. Nes-
ses casos 0 arranjo a ser atribuido aos documentos deve ser determinado
pelo arquivista.
4. Geralmente, os documentos modernos que saD conservados pelo seu
conteudo informativo - sem referencia ao seu valor como testemunho da
organizac;ao e funC;ao - devem ser mantidos na ordem que melhor sirvam as
necessidades dos pesquisadores e dos funciomirios. Uma boa proporC;ao de
~ocumen~os modernos e preservada, como ja foi observado, unicamente pela
mformac;ao que contem sobre pessoas, lugares ou sobre materia social eco-
nomica, cientifica etc. Tais documentos devem ser arranjados, unican:ente,
Arranjo de papeis ou arquivos privados*

Art BEM poueo tempo, nos Estados Unidos, a maio ria dos metodos adotados
no tratamento de papeis privados era formulada por bibliotecarios. Os pa-
peis corn que tinham de lidarvinham-Ihes as maos como agregados de pe«;as
dispares e desorganizadas, originarios de familias importantes na historia
do pais. Esses papeis eram comumente chamados de "manuscritos histori-
cos". Os principios e as praticas que se criaram relacionam-se corn 0 tipo de
pe«;as corn que os bibliotecarios estavamacostumados a lidar, isto e, simples
unidades avulsas.
So nos ultimos anos e que os bibliotecarios estao lidando corn cole«;oes
que, ern quase todos os sentidos, SaGsemelhantes a grupos de arquivos. Tra-
ta-se das cole«;oes de documentos produzidos por entidades de varias espe-
cies, institui«;oes culturais, comerciais igrejas etc., que muitas vezes consis-
tern ern pe«;as que tern uma rela«;ao organica entre si. Como a quantidade de
papeis privados existente aumentou demasiadamente, os bibliotecarios fo-
ram for«;ados a recorrer a metodos adequados ao tratamento de tal massa de
papeis, ou seja, aos metodos do arquivista. Assim, muito se aproximararn 0
biblioteeario e () arquivista ern sua metodologia, particularmente no que diz
respeito a material documentario de comum interesse para ambos.
A expressao "papeis privados" e empregada deliberadamente, ao inves
da convencional "manuscritos historicos". 0 termo "manuscritos", no senti-
do mais restrito da palavra, inclui somente documentos escritos a mao ou
datilografados. 0 terrno "documentos" (records) e urn termo generico que
se aplica a toda especie de material documentario. Aqui pretendo usar urn
terrno mais amplo do que "manuscrito" e mais limitado do que documento.
o terrno "papeis privados" inclui material cartogrMico e em forma de texto
impressa, manuscrito ou datilografado. Tanto inclui material que se origina
de uma pessoa quanta de uma entidade.

* N. do T.: Inserido depois do cap. 14 do trabalho original por determina,.ao do


autor.
Neste capitulo pretendo tratar, em primeiro lugar, das unidades de pa- e nao de uma unica. S3oo,aMm disso, verdadeiras colec;oes, no sentido de que
peis privados que devem ser organizadas, colec;oes e componentes das cole- varias pec;as s300"colecionadas", isto e, reunidas. No caso de papeis de fami-
c;oes; em segundo lugar, dos principios e tecnicas a serem seguidos no trata- lia, por exemplo, a coleta tera sido feita, provavelmente, por um determina-
mento de tais unidades; e, em terceiro, do sistema de notac;ao (ou simbolos) do membro da familia, talvez um filho da pessoa cujos papeis est300 sendo
que se deve aplicar no arranjo de tais unidades. preservados. A coleta, e logico, pode tambem ser feita pOl'outros: coleciona-
dores para fins comerciais, estudiosos, curadores ou arquivistas para fins
genealogicos ou de pesquisas. 0 proprio deposito de manuscritos criara co-
mumente pelo menos uma cole<;ao artificial de pec;as avulsas, adquirida pec;a
pOl' pec;a de varias fontes.
As cole<;Besde papeis privados dividem-se em dois tipos que podem ser
Quanto mais antigos forem os documentos de uma colec;ao, maior a pro-
diferenciados pela maneira pela qual eles vieram a existir. Sao: a) cole<;oes
babilidade de ser a coleC;3ooartificial em carater. A maioria dos papeis do
naturais ou organicas, e b) cole<;oes artificiais.
seculo XIX tera sido dispersada no transcurso de muitos anos apos os acon-
tecimentos a que dizem respeito. S300assim constituidos em colec;oes artifi-
ciais. Papeis privados mais recentes, tendo passado por poucas m3oos,mui-
tas vezes vem para um repositorio obedecendo a um arranjo que reflete
o termo "cole<;oes naturais" pode ser empregado para aglomerados de alguma atividade prolongada. Se nao S300assim arranjados, e ainda muitas
material documentario que se formam no curso normal dos negocios ou da vezes possivel associa-Ios com a atividade da qual resultou a produc;ao dos
vida de entidades privadas - individuais ou coletivas - como firmas comer-
mesmos.
ciais, igrejas, institui<;oes ou organiza<;oes. Tais cole<;Bestem certas caracte- Conquanto as expressoes "colec;ao natural" e "colec;ao artificial" pare-
risticas bem definidas. Cada qual e comumente oriunda de uma mesma fon- c;am um tanto forc;adas e arbitrarias, principalmente considerando que 0 ter-
te e reunida concomitantemente com as a<;oes a que se refere. Tais colec;oes mo "arquivo" poderia ser igualmente usado no caso de um dos dois tipos de
sao 0 produto de atividade organica, e pOl'.e~~a x!!zao foram chamadas pOl' coleC;3oo,essas expressoes s300aqui usadas para dar enfase a um importante
Lester J. Cappon, ex-presidente da Society of American Archivists, de "cole- ponto do arranjo. Eo seguinte: quanta mais a colec;ao~ 0 produto de ativida-
<;Bes organicas". Em relac;ao a maneira pela qual nascem sao identicas aos des continuas, mais importante e 0 seu arranjo original e mais propria se
grupos de arquivos. Para todos os fins os termos "arquivos" e "colec;ao natu- torna a aplicaC;3oodo principio b3.sico da arquivistica da "proveniencia" pelo
ral" poderiam ser usados indiferentemente e a unica razao pOl' que preferi 0 qual os documentos devem ser preservados na ordem que lhes atribuiram
termo "colec;ao" neste texto e que 0 termo "arquivos" e muitas vezes reserva-
seus criadores.
do para designar os documentos de uma repartic;ao publica e nao e conven·
cionalmente usado em relac;ao ao conteudo ~e um depositorio de manuscri-
tos.

Uma coleC;3oode papeis privados podeser dividida em suas classes e ti-


pas fisicos da mesma maneira que um grupo de arquivos. Na maio ria dos
grupos de arquivos americanos os documentos podem ser classificados em
Em oposic;3ooas colec;oes naturais de papeis privados, as colec;oes artifi- tres classes, do ponto de vista material. Na classe de audiovisuais encon-
ciais de tais papeis sao constituidas depois de ocorridas as ac;oes a que se tram-se filmes, fotografias e discos; na classe cartografica, mapas e plantas;
relacionam, nao concomitantemente, e em geral derivam de diversas fontes, a classe de documentos textuais compoe-se de muitos tipos fisicos. Numa
repartil1ao os mais comuns SaDcorrespondencia, relatorios e ordens. A me- nao deve ser dividida em partes para formal' outras colel1oes. Papeis relati-
dida que as atividades de um govemo se ampliam, inumeros outros tipos vos a um importante personagem nao devem ser retirados para formal' uma
SaD criados, a maioria deles para executar uma atividade d~ rotina ou para nova col~o. Nao se deve, tampouco, fazer uma cole~o separada de deter-
qualquer outro fim especifico. minados tipos de papeis, tais como livros de contas. Nao ha justificativa para
As colel16es de papeis privados, da mesma forma, comp6em-se de va- se mutilar uma col~o de papeis privados.
rias classes de documentos. As Pef1asaudiovisuais e cartogrcificas encontram- Enquanto a maior parte de grande numero de colel1oes de papeis priva-
se muitas vezes intercaladas com os documentos textuais.A classe de docu- dos consiste em documentos escritos em formato e tamanho que permitem
mentos textuais, pOl' sua vez, tambem pode consistir em muitos tipos fisicos, ser guardados juntos, algumas pe<;as podem tel' que ser retiradas das cole-
embora, comumente, estes nao sejam tao numerosos como nos grupos de <;DespOl' merecerem um tratamento especial. Quando tais pe<;as SaDretira-
arquivos. Os tipos mais comuns SaD os livros de contas, cartazes, recortes, das, deve-se anotar a rela<;ao destas com a cole<;ao da qual foram retiradas.
correspondencia, diarios, diarios comerciais, impressos, jomais, titulos de Entre tais pe<;as estao os materiais audiovisuais e cartognificos, que san
propriedade, livros de contabilidade, cartas, copiador de cartas, minutas, normalmente retirados, mesmo nos arquivos de custodia, das cole<;6es nas
livros de encomendas, folhetos, patentes, peti~es, plantas, cartas, copiadores quais estao integrados e colocados com pe<;as da mesma natureza. Docu-
de cartas prensadas, protocolos, recibos, reminiscencias, livro de vendas, mentos textuais que apresentam problemas especiais de armazenagem de-
livro de recortes, serm6es, discursos e livros de pagamentos. vido as suas caracteristicas fisicas - tamanho, volume ou forma - podem
Uma colel1ao natural de papeis privados pode tambem ser dividida em tambem ser removidos e colocados em lugares especiais onde podem ser
series da mesma maneira que um grupo de arquivos. Nos Estados Unidos acomodados. Certas pe<;as impressas, tais como folhetos, iinpressos e jor-
uma serie de arquivo e definida como um corpo de documentos, pastas, ou nais, podem ser removidas se 0 repositoriode manuscritos mantiver arqui-
dossies que foram reunidos pOl' uma atividade especifica. Esse corpo de do- vos de folhetos, impressos, ou de jomais, onde possam ser incorporados;
cumentos pode ser arranjado segundo a forma ou origem dos documentos caso contrario, devem ser deixadas com a cole<;ao em que se encontram.
ou pode simplesmente ser reunido para atender a uma necessidade admi- Recortes, separatas e outros memorandos impressos nao devem ser, em ge-
nistrativa especifica. Uma serie de papeis privados pode ser estabelecida em ral, retirados.
bases semelhantes. Compreendera, rtormalmente, todos os papeis: a) agru-
2. Se, no mesmo repositorio, tanto se encontram colel;oes de documen-
pados sob um sistema particular de arquivamento; b) relativos a um assun-
to particular ou atividade, ou c) de um determinado tipo fisico.
tos privados como arquivos publicos, os dois tipos de materiais devem ser
Uma cole~o artificial, ordinariamente, nao e divisivel em series e con-
guardados em depositos separados ou ao menos em partes separadas do
siste, na sua maioria, em pel1as avulsas.
deposito. A intercala<;ao de papeis privados com arquivos publicos e uma
falta imperdoavel na profissao arquivistica.

3.As colel;Oesdevem ser separadas por classes, somente se houver areas


disponiveis para cada classe. Como as cole<;oes de papeis privados SaDmui.,.
As colel1oes de documentos privados, quer naturais quer artificiais, de- tas vezes administradas pOl'bibliotecarios - ou pOl' historiadores familiari~
vem ser arranjadas de acordo com os seguintes principios: zados com os metodos biblioteconomicos -, varios esquemas para a classi ..
fica<;ao de tais cole<;oes tem sido inventados, pois e pratica biblioteciria
1. Como regra geral, cada cole~o deve ser reunida como uma unidade ordenar as coisas segundo sistemas de classifica<;ao. Assim, Neal Harlow,
separada e integral, da mesma maneira que um grupo de arquivos origina- que em 1948 fez um levantamento das tecnicas empregadas no tratament6.
rio de uma fonte especifica e conservado como uma unidade integral. Cada de material manuscrito em diversas bibliotecas universitarias e especializa"
cole~o e uma entidade pOl' si mesma, e como tal deve ser tratada. A col~o das, concluiu que, "numa biblioteca, as cole<;6es SaDdivididas em hemisfe..
rios: oriental e ocidental; noutra, pOl' areas linguisticas e geograticas e mais cronologico proprio, e os papeis pessoais, come<;ando com a nobre serle
algumas especializal;:oes de assuntos; noutra ainda, em arquivos do gover- de papeis dos presidentes, e seguindo-se na ordem das administra-
Goes, sac arranjados pOl'grupos com 0 unico objetivo de facilitar 0 seu
no, papeis privados e especializal;:oes de assuntos; numa quarta biblioteca,
manuseio. Outros grupos existem como os dos Indios, Livros, Jornais
em manuscritos literarios, material historico no seu campo de especializa- e Diarios dos regimentos, Contabilidade mercantil, Miscelanea do
I;:aoe em todos os demais; e uma biblioteca comercial, que e pOl' si mesma Exercito, Marinha Mercante, Grii-Bretanha, Paises estrangeiros e ou-
uma colel;:ao especializada num assunto, classifica pOl' "industria", fato bas- tros grupos cronologicos naturais. Embora esse arranjo tenha sido
tante curioso, deixando de lado 0 esquema para grandes colel;:oes".98Em ge- consideravelmente simplificado no correr dos anos, conserva hoje a
ral, as colef;oes de papeis privados tern sido arranjadas: a) em relal;:ao aos sua caracteristica 'cronologica-geografica'."99

assuntos; b) em relaf;ao aos lug ares (arranjo geografico); e) em relal;:ao ao A Huntington Library, em San Marino, California, outro importante re-
tempo (arranjo cronologico); d) tipo de documentos incluidos, ou e) uma positorio de manuscrito, ordena sua coleGao nos depositos, da seguinte ma-
combinaf;ao de temas, lugares, tempo e outros fatores.
neira:
o sistema planejado para 0 arranjo das cole<;oes da Divisao de Manus-
critos da Biblioteca do Congresso foi descrito pelo seu chefe-assistente, J. C. Mapas e plantas
Religiao (biblias, salmos, breviarios, home etc.)
Fitzpatrick, no seu livro Notes on the care, cataloguing, calendaring and
Historia e literatura medieval geral
arranging of manuscripts, da seguinte maneira:
Musica e arte
"Esse arranjo, excetuados os gran des grupos de papeis pessoais de ame- . Drama
ricanos ilustres, po de ser geralmente chamado de cronologico-geo- Historia inglesa e europeia
grafico. Segue a sequencia dos acontecimentos desde a descoberta do Literatura
Hemisferio Ocidental, at raves da exploraGao e colonizaGao como um Historia da California e do Mexico
desenrolar natural: Primeiro, as Indias Ocidentais, a America Espa- Historia dos Estados Unidos
nhola, 0 Mexico, a America Central e a do SuI, em geral; depois pOl' Arquivos (Ellesmere, Hastings, Stowe, Battle Abbey)
paises e suas divisoes geognlficas; e dentro dessas divisoes, em ordem
A William L. Clements Library, em Ann Arbor, Michigan, tambem urn
estritamente cronologica; depois, a AmeriGa-do Norte, cujos documen-
tos estao agrupados pOl' colonias britanicas, francesas, espanholas e importante repositorio de fontes manuscritas, divide sua colet;ao em dois
outras. Esse grupo contem toda a miscelanea geral da RevoluGao, to- grupos, "dependendo de a pessoa que escreveu haver vivido no Hemisferio
dos os manuscritos de ordem geral que nao pertencem especificamente Oriental ou Ocidental". Dentro dessas duas divisoes geograficas as colet;oes
a nenhuma das 13 colonias originais. 0 arranjo cronologico da misce- sao ordenadas alfabeticamente, segundo os nomes das pessoas.
lanea da RevoluGao comeGa com a reuniao do Primeiro Congresso
Ac1assificaGiio de colet;oes de papeis privados difere da classificat;ao de
Continental, incluindo todos aqueles manuscritos criados pelas ativi-
dades da ConfederaGao Geral das Colollias, e nao claramente emana- livros. Aquelas tern caracteristicas fisicas que dificultam 0 agrupamento em
das de uma delas em particular. Os papeis do COllgresso Continental classes. Pelo fato de serem colet;oes grandes e desproporcionais, nao podem
formam urn grupo distinto dentro deste esquema geral; depois deles, ser inseridas em estantes, como se faz com os livros, de modo a indicar, pela
cada urn do~ A13 ~st~dos tern seu arralljo estritamellte cronologico, que, 10calizaGiio, a relat;ao com os assuntos. Mais importante ainda e que as cole-
pOl' convemencla, 19nora.a RevoluGao como urn periodo. Depois do
Goes de documentos privados nao sao unitarias em carateI'. Nao sac unita-
'Grupo Revolucionario' vem 0 periodo da ConfederaGao (1783-1789) e
o 'Estados Unidos - Miscelanea' desta ultima data em diante. Os es- rias em sua apresentaGao fisica, tais como correspondencia, folhetos, recor-
tados, per se, outros que nao os 13 originais, tern cada qual arranjo tes de jornais e volumes encadernados. Tambem nao sao unitarias nos seus

98 Harlow, 1955:207.
4. As colet;oesdevem ser normalmente colocadas nos depositos na or-
assuntos, pois uma dada colec;ao pode relacionar-se com muitos topicos e
dem em que sao recolhidas. Uma colec;ao consiste em todos os papeis deri-
lugares e pode cobrir varios periodos. E essas multiplas relac;6es podem ser
vadas de uma determinada fonte. Comumente tais papeis SaDtrazidos para
mostradas de maneira mais facH e mais utH no papel, isto e, em documentos
descritivos e em instrumentos de-busca, do que pela sua localizac;ao mate- o repositorio de uma unica vez. Quando se da 0 caso de adic;6es a uma cole-
rial. ~o, essas adic;oes consistem em lotes de p~pel de pouca import~n:ia q~e
o arranjo de colec;6es de documentos privados baseado num esquema escaparam quando se fez 0 primeiro recolhlmento. Quando as adlc;oes saD
de dassificac;ao so se justifica em repositorios de manuscritos muito gran- demasiado grandes, havendo dificuldade em se colocar junto do primeiro
des nos quais existem varios depositos. Podem-se colocar em cada setor as material, devem ser tratados como colec;6es separadas.
colec;6es pertencentes a grandes classes. Mas nao se devem estabelecer clas-
ses alem dos gran des assuntos que podem ser convenientemente mantidos Urn esquema de arranjo, diz Neal Harlow, no artigo supracitado "deve
separadamente nas dependencias existentes. E as classes devem ser mutua- ser simples, permitir expansao e deve ser de facH manuseio pel os funciona-
mente exclusivas e nao cobrirem assuntos comuns. rios que 0 conhec;am". Urn esquema classificado, nao importa qual seja 0 seu
Esse agrupamento das colec;6es em classes pode ser justificado argu- tipo, ordinariamente nao permite expans6es. As novas colec;6es tem de ser
mentando-se que 0 trabalho do repositorio de manuscritos po~e ser admi- encaixadas nas classes preexistentes, e nao ha ser humano que possa elabo-
nistrado mais eficientemente se estiverem assim agrupados. Por tal agrupa- rar um esquema que preveja exatamente 0 espac;o para aquisic;oes futuras.
mento 0 trabalho do pessoal pode ser departamentalizado e, dentro de cada Qualquer esquema de classificac;ao, pOl' esse motivo, assemelha-se a favos
unidade da organizac;ao que trata de uma classe de colec;oes, pode ser execu- de mel com casulos vazios para serem preenchidos a
proporc;ao que 0 mate-
tado todo 0 trabalho de ordenaC;ao, descriC;ao e utilizac;ao destas. Esse prin- rial vai sendo colecionado no futuro. Todos os esquemas classificados tern
cipio de administrac;ao e usado nos National Archives, distribuindo os gru- pol' caracteristicas os "compartimentos" e, na maio ria, em tais esquemasha
pos de documentos que pertencem a grandes assuntos por determinadas desperdicio de espac;o. Dada a negligencia na arrumac;ao que resulta do uso
unidades organizacionais. Pela atribuic;ao dos trabalhos com os documen- destes, destroem 0 proprio objeto de qualquer esquema de arranjo que e
tos baseada nos assuntos pode-se desenvol\Ter no pessoal urn certo grau de facilitar a busca.
especializac;ao. o sistema mais simples e mais pratico de artanjar as colec;6es e em or-
Conquanto os grandes repositorios julguem vantajoso classificar suas dem de acesso. Esse sistema deve ser seguido em todos os depositos de ma-
colec;6es, nao se podem elaborar classificac;oes padronizadas que se possam nuscritos, exceto nos muito gran des. Os depositos saa usados, progressiva-.
empregar indiscriminadamente. Os assuntos das colec;6es variam de urn re- mente, a proporc;ao que 0 acervo do repositorio aumenta sem perturbar as
positorio para outro. Sao poucos os repositorios nos Estados Unidos que
relac;6es entre 0 material adquirido anteriormente, e evita espac;os vazios.
tentam acumular colec;6es que se relacionam com toda a historia do pais. A
As colec;6es SaDnumeradas na ordem em que SaDrecebidas, e esses numeros
Divisao de Manuscritos da Biblioteca do Congresso e uma das poucas que
servirao bem para fins de controle. Esse sistema tern sido usado, com cons-
faz isso. A maioria dos repositorios estaduais interessa-se, principalmente,
picuo sucesso, na Alderman Library da Universidade da Virginia.
pelos manuscritos perten~entes ao seu estado, embora alguns adquiram
material referente a regioes inteiras. Alguns repositorios interessam-se, prin-
cipalmente, POI'fontes de carateI' especializado, tais como as relativas a in-
Arranjo dos componentes das cole~oes
dustria, instituic;6es religiosas, ou outras organizac;oes especiais. 0 arranjo
das colec;6es deve ser diferente em cada repositorio, pois nao ha - de manei- o passo mais importante e mais dificH no tratamento de papeis priva-
ra marcante - dois repositorios cujas colec;6es se relacionem. Urn plano que
dos e distinguir as partes constituintes de uma colec;ao. Esse passo e impor-
satisfac;a a urn repositorio nao satisfara a outro.

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nti%mC
tante porque e urn passe essencial, preliminar a qualquer descri<;ao real dos pade ser partida em bases funcionais, isto e, em rela<;ao as atividades. Uma
papeis. A maioria dos papeis privados, assim como a maioria dos arquivos, grande cole<;ao de papeis privados produzidos por urn individuo tern, tam-
deve ser descrita coletivamente, isto e, por agregados de itens, ao inves de bern, algumas caracteristicas de urn grupo de arquivos, pois 0 individuo que
cada urn de per se. E antes que isso possa ser feito, e preciso estabelecer, em cria uma grande cole<;ao deve executar muitas atividades para criar muitos
primeiro lugar, as unidades de descri<;ao coletiva. Essas unidades sac cha- papeis, e estas atividades, provavelmente, sac a base pela qual seus papeis
madas de series, na falta de urn termo melhor. Mesmo que os papeis devam sac agrupados e organizados durante a sua vida.
ser descritos item por item, isso pode ser feito muito mais facilmente se as Para determinar quais as partes constituintes de uma cole<;ao, eneces-
unidades coletivas dos quais sac parte houverem sido primeiro estabelecidas sario analisar a cole<;ao como urn todo. Esse fate foi apontado por Ellen
e identificadas. Jackson, num excelente artigo sobre "Manuscript collections in the General
o passe e importante tambem porque e urn passe preliminar a real uti- Library", publicado no Library Quarterly, abril de 1942. A autora declara:
liza<;ao dos papeis. Se uma cole<;iioestiver bem dividida nas suas partes cons-
"E mais do que inutil - e extremamente perigoso - tentar arranjar
tituintes, e se essas partes forem bem identificadas e adequadamente des- qualquer port;ao de uma colet;ao sem uma certa familiaridade com 0
critas nos instrumentos de busca, a pesquisa na cole<;ao e feita com muito todo. Mesmo que os papeis aparentem completa desordem, desfazer
mais facilidade. Muito menor sera 0 numero de unidades onde se deve pro- urn antigo arranjo pode destruir a chave vital da natureza e condi<;iio
ceder a buscas; as buscas sac limitadas e nao ha necessidade de se correr a original da cole<;ao inteira. 0 bibliotecario ou assistente que dela se
cole<;ao inteira. ocupa nada pode fazer de melhor, ao iniciar 0 trabalho, do que sentar-
Os componentes de cole<;oes de papeis privados devem ser arranjados· se e come<;ar a explora<;ao, como urn arque610go cavando urn monturo
qualquer, sem procurar nada de especial, mas atento a qualquer deta-
de acordo com os seguintes principios:
lhe significante que seus olhos possam encontrar, sempre lembrado
de que 0 arranjo do material pode ser tao significativo como 0 proprio
1. Sempre que existam series numa coler;iionatural, devem ser mantidas material. "100 .
como unidades distintas e integrais. A maioria das cole<;oes naturais de pa-
peis privados - e naturais sac muitas das cole<;oes recentes - sac grupos As cole<;oes naturais devem ser preservadas no arranjo original, desde
organicos no sentido em que foram criados. por uma entidade, como uma que esse arranjo seja determinavel e inteligivel. Para tais cole<;oes, a formula
igreja, urn negocio, uma institui<;iio erudita ou coisa parecida, ou por uma matematica que todo colegial conhece - 0 todo e igual a soma das partes -
pessoa ou familia dedicada a uma determinada atividade. Uma cole<;ao na- nao se aplica. A cole<;ao, no seu todo, como mostra 0 dr. Cappon,101e mais do
tural deve ser dividida em suas partes constituintes da mesma maneira que que a soma das partes, porque a cole<;ao tern urn significado que emana do
urn grupo de arquivo. Aproximadamente, os mesmos passos devem ser da- seu arranjo, da maneira pela qual foi organizada durante sua cria<;ao, ou do
dos. No caso de urn grupo de arquivo a sua proveniencia e analisada. o or- contexte em que os documentos foram conservados. Esse arranjo pode mos-
gao do governo que 0 criou e estudado e a sua estrutura e fun<;oes sac deter- trar seqiiencias de tempo, relat;oes pessoais, ou rela<;oes organicas. Se lidos
minadas. As unidades dos documentos sac entao estabelecidas em relat;ao em ordem cronologica, por exemplo, os documentos individuais podem
as subdivisoes da organiza<;ao e das fun<;oes. Uma cole<;ao de papeis priva- mostrar as coisas que realmente aconteceram, como nasceu determinada
dos produzidos por uma entidade e semelhante, em estrutura, a urn grupo ideia e como se transformou em a<;ao,ou como se desenvolveu 0 pensamen-
de arquivos ou fundo. Se e uma cole<;ao grande, pode ser dividida tanto or- to de uma pessoa. Essas coisas sac mostradas num grau que jamais seria
ganizacional como funcionalmente. As unidades coletivas de papeis podem
ser estabelecidas de forma a representar as acumula<;oes de determinadas 100Jackson, 1942:276-7.
subdivisoes organizacionais daquela entidade ou as acumula<;oes resultan- 101 Virginia. University Library. Thirteenth annual report on historial collections.

tes de determinadas atividades. Se a cole<;ao e pequena, provavelmente s6 1942-43:2.


possivel se os documentos fossem simplesmente considerados separadamen- tratadas nos repositorios, individualmente, sem referencia ao grupo ou co-
te - como pec;as isoladas. Da mesma maneira, se lidos em rela~o a pessoas le~o da qual formam parte. Neste ponto, deve-se notar que diferem, funda-
particulares sob urn arranjo alfabetico, os documentos individuais podem mentalmente, dos arquivos nos quais cada pec;a extraida do seu contexto
revelar de maneira exata como se desenvolveu uma amizade, ou como as comumente perde algo de seu significado. 0 seu arranjo nao resulta da ativi-
opinioes sobre diferentes assuntos foram trocadas entre duas pessoas que dade na qual tiveram origem, como e 0 caso, em geral, dos arquivos. 0 ar-
se corresponderam. Se lidas em relac;ao a uma atividade, os documentos quivista ou responsavel nao deve, pois, ter escrupulo ao dar novo arranjo as
podem esclarecer como comec;ou uma organizac;ao, que trabalho foi execu- pe~as avulsas de uma coleC;aoartificial.
tado, ou 0 que resultou do seu trabalho - assuntos que seriam inteiramente AMm disso, as series nao SaDprontamente perceptiveis nem mesmo nas
obscuros pela simples considerac;ao de uma pec;a isolada. Resumindo, a co- colec;oes naturais. Habitualmente, tais colec;oes chegam aos reposit6rios num
lec;ao tem mais significado como um todo do que os documentos individuais inteiro estado de desordem, geralmente atribuido a razoes diversas. Os pa-
dentro da mesma tem separadamente, e essa significaC;ao adicional deriva peis podem nao ter sido arranjados adequadamente enquanto se acumula-
do contexto no qual os documentos for am conservados e usados, isto e, das ram. Podem ter sido tirados do seu arranjo ao serem relegados a lugares
series que foram estabelecidas para os mesmos. A ordem na qual os docu-
onde nao estorvassem, para onde, comumente, se enviam os documentos
mentos foram acumulados ou 0 sistema de arquivamento pelo qual foram
obsoletos.
organizados podem trazer alguma luz sobre a natureza da coleC;ao, da mes-
A divisao em series e aconselhavel apenas nas grandes cole~oes. Nas
ma maneira que a ordem na qual os arquivos SaDacumulados esclarece quan-
pequenas, as pe~as - a despeito da apresenta~ao fisica ou proveniencia -
to a organizac;ao e ao funcionamento do orgao que os criou. "
devem, simplesmente, ser conservadas numa serie unica. Isto deve ser feito
Sempre que existam series numa coleC;aonatural, deve-se aplicar 0 prin-
por ser a maneira mais facil. As cole~oes artificiais, que consistem em pe~as
cipio de administraC;ao de arquivos da proveniencia. As series devem ser pre-
miscelilneas recebidas avulsas e de varias fontes e que se encontram na maio-
servadas para refletir, tanto quanta possivel, as atividades que resultaram
ria dos reposit6rios de manuscritos, devem ser conservadas como uma serie
na sua produC;ao. Os papeis que SaDarranjados sob um determinado sistema
simples. As varias pec;as devem ser arranjadas na ordem em que sao recebi-
de arquivamento devem ser considerados uma serie. Devem ser conserva-
das, e devem receber numeros para indicar essa ordem. Deve-se manter urn
dos na ordem que lhes foi dada ao tempo que se acumularam. Nao devem
registro como uma prova de como foram adqui"ridos e como urn meio de as
ser reordenados.
controlar.
2. Se noo existem series, devem ser criadas pcdoagrupamento de pe~as Numa grande cole~ao, como ja se apontou anteriormente, a divisao em
individuais dentro das cole~i5es.Geralmente, nao se encontram series em series e essencial, tanto para 0 trabalho de descrever, como para 0 usa dos
colec;oes artificiais. As pec;as de tais cole~oes comumente nao sao arranjadas documentos privados. As series, geralmente, SaDdificeis de se estabelecer.
por nenhum sistema perceptivel. Se 0 sao, 0 sistema tera sido imposto aos Devem ser estabelecidas numa base ad hoc para cada cole~o. Elas variam
mesmos depois de sua cria~ao pelos membros da familia, curadores, arqui- em quantidade e em aspecto fisico, de coleC;aopara cole~o. Ao se estabele-
vistas, estudiosos ou colecionadores. cerem series, e preciso que se leve em consideraC;ao os seguintes fatores: a) 0
o arranjo dado as peC;l;lSde uma cole~ao artificial de papeis pessoais nao arranjo dos papeis; b) as caracteristicas fisicas dos mesmos, e c) relac;ao dos
tern valor presumivel, mas deve ser julgado estritamente segundo os seus papeis para com assuntos ou atividades.
meritos. A sua importancia consiste somente em tomar a cole~o acessivel o primeiro desses fatores nao se aplica aqui, pois estamos tratando de
ao uso. As pe~as avulsas nao apresentam mais valor devido a posi~ao que colec;oes onde nao existem series, isto e, nao SaDperceptiveis, considerando-
ocupam entre as outras pec;as, embora urn born arranjo possa tomar 0 signi- se 0 arranjo dado aos papeis. 0 segundo fator, isto e, 0 que se relaciona coqt
ficado dos mesmos mais evidente. As pe~as valem pelo que sao, e podem ser o aspecto fisico, e geralmente levado em considera~o na tarefa de arranjar

'tCtt$$ .. rBlill
cole¢es de papeis privados. 0 biblioteeario-historiador Worthington C. Ford dade ou a urn acontecimento especifico. As series devem ser estabelecidas
que foi urn dos primeiros curadores de manuscritos a se pronunciar sobre ' em fun'tao das atividades, com muito cuidado, para evitar que uma cubra a
arranjo de papeis privados, recomendou 0 agrupamento do material de urn: outra, poismuitas vezes os papeis de varias atividades sao inter-relaciona-
cole<;ao de acordo com a apresenta'tao fisica e forma do material. Ao escre- dos, como por exemplo os papeis pessoais e os de atividades profissionais.
vel' sobre "Manuscripts" na obra de Charles C. Cutter, Rulesfor a dictionary As series, para resumir, devem ser mutuamente exclusivas, de modo que as
catalog, em 1940, afirmou que uma cole'tao deve ser dividida em tres clas- pe'tas individuais caberao unicamente a uma delas.
ses, a saber: "a) volumes separados de material distinto, tais como livros de 3. No arranjo de pe'tas avulsas dentro de series existentes ou criadas,
regimento (orderly books), dhirios de explora'tao, ou relat6rio formal de devemos, normalmente, adotar as seguintes praticas:
governo; b) uma cole'tao de correspondencia de carater publico ou de Urn
a) A correspondencia deve, em geral, ser arranjada em ordem crono-
6rgao publico; e c) papeis avulsos que nao tern liga<;ao uns para com os ou-
16gicaou alfabetica, embora em circunstancias especiais alguma outra 01'-
tros e SaDde natureza eventual".102 Neal Harlow sugere no seu artigo ja men-
dem possa ser atribuida.
cionado que nas grandes cole<;oes pode haver "subgrupos pOl' forma, tais
Devemos reiterar aqui que as pe«as de correspondencia dentro de cole-
como correspondencia pessoal, papeis de neg6cios diarios, discursos etc.".
«oes naturais nao devem, de forma alguma, ser arranjadas, mas devem ser
Ellen Jackson sugere que a cole<;ao po de geralmente ser dividida em diarios
deixadas na ordem dada as mesmas pelos criadores, sempre que a sua 01'-
livro de contabilidade e correspondencia. Robert B. Downs indica que a~
dem original seja identificavel e inteligivel.
cole'toes, na biblioteca da Universidade do Estado da Carolina do Norte di-
Devemos ainda chamar a aten'tao para 0 fato de que, embora 0 arranjo
videm-se nos seguintes tipos: diarios, reminiscencias, cartas, docume~to~ das pe'tas dentro de uma serie de correspondencia seja aqui examinado se-
das fazendas e livros de contabilidade.103 A maio ria das grandes cole«oes de paradamente, a serie de correspondencia, como tal, deve ser sempre conser-
papeis privados pode ser dividida em series baseadas na apresenta~o fisica vada com outras series, com as quais tenha rela~o.
dos mesmos. As cartas sao 0 primeiro tipo que normalmente se reunem para Ambos os sistemas, cronol6gico e alfabetico, SaDtao simples que podem
formar uma serie. Nao se precisa estabelecer uma serie para cada tipo fisico ser aplicados mesmo pOl' auxiliares inexperientes. Sob qualquer dos siste-
diferente encontrado numa cole«ao; em gexal.~o suficientes as series para mas, os fatos que tern de ser averiguados podem ser estabelecidos facUmen-
os principais tipos fisicos. 0 numero de series a.serem estabelecidas depen- te - num caso, as datas, no outro, os nomes. Ambo.s os sistemas tern 0 meri-
de do tamanho e da complexidade da cole«ao. to de serem muito objetivos.
Se as series nao podem ser estabelecidas com base na apresenta'tao o arranjo cronol6gico tern a san'tiio de longo usa e muitas vezes e prefe-
material dos papeis envolvidos, podem ser estabelecidas com base nas suas rido ao sistema alfabetico. Ja em 1904, Worthington C. Ford expressou sua
rela'toes para com uma atividadeou assunto. A maio ria das cole«oes de pa- preferencia pelo arranjo cronol6gico. Ele 0 faz na sua s~o sobre "Manuscripts"
peis pessoais e divisivel em dois grupos: urn que se relaciona com assuntos que se encontra na obra de Cutter, Rules for a dictionary catalog, que se
puramente pessoais, ou de familia e outro que se relaciona com a atividade tornou a obra padrao de referencia que orientou, pOl' muitos anos, a pratica
pela qual a pessoa cujos papeis eshio sendo preservados se notabilizou. Es- bibliotecaria no que diz respeito a manuscritos. Escreveu ele: "Dois sistemas
ses grupos podem ser considerados series. Se a pessoa se ocupou de diversas de arranjo sao oferecidos: urn alfabetico, que reune todas as cartas escritas
atividades igualmente notaveis, podem ser estabelecidas series para cada por urn mesmo homem, e outro cronol6gico, que disp6e 0 material, sem le-
var em conta quem 0 escreveu, porem considerando a data em que foi escri-
uma delas. Assim, pode haver uma serie relativa a urn tipo particular de ativi-
to. Para informa«ao pessoal, a classifica~o alfabetica e a mais simples; en-
tretanto, para fins hist6ricos, e todas as grandes cole'toes possuem urn
102 Ford, 1904:135.
103 Downs, 1938:374. interesse hist6rico maior do que 0 pessoal, 0 arranjo cronol6gico oferece
vantagens mais distintas" (p. 136).
Quando 0 sistema cronol6gico foi inicialmente aplicado a manuscritos, tadual, quer local. Tornam-se mais importantes a medida que a pesquisa se
o equipamento moderno de arquivamento que permite outros sistemas de localiza, isto e, se reduz a uma localidade ou pessoa.
arranjo, de um modo geral, nao existia. Esse sistema, todavia, foi aplicado Outra questao e saber se as pe~as de correspondencia podem ser dis-
quando era uso produzir repert6rios (calendars), nos quais as pe~as eram postas em outra ordem que nao a cronologica ou a alfabetica. Os sistemas e
anotadas em ordem cronol6gica. Esse e 0 sistema ideal para calendarios. A equipamentos modernos de arquivamento, que come~aram a ser usados
pratica de arranjar cronologicamente tornou-se agora Hio arraigada, que desde que Ford formulou a sua maxima sobre 0 arranjo da correspondencia,
cartas tiradas de cole<;6es naturais sao, muitas vezes, completamente torn am posslveis todasas especies de arranjo e particularmente 0 de assun-
reordenadas em sequencia cronol6gica, embora suas rela~oes orgfmicas se- to ou classificado. Se esses novos sistemas podem ser efetivamente aplica-
jam prejudicadas por tal reordena<;ao. dos a nova correspondencia, por que nao a antiga?
o arranjo cronol6gico e aquele que tern maior significa~ao para 0 histo- A parte 0 fato de os documentos pessoais serem dificeis de agrupar pe-
riador, que e quem mais uso faz de documentos pessoais, pois coloca as in- los assuntos, h3. tambem dificuldades na aplica<;ao de novos metodos de ar-
forma~6es sobre fen6menos, pessoas e coisas numa sequencia de tempo ou quivamento. Os sistemas de assuntos e classificados sac mais dificeis de se
numa sequencia que conta uma hist6ria. A significa~ao de varias cartas, adotar do que 0 sistema cronologico ou alfabetico. Sao tambem menos obje-
muitas vezes, pode ser determinada pela sua leitura em sequencia e, por tivos. A classifica~ao por assuntos e, por certo, muito subjetiva, pois envolve
assim dizer, "lendo-se nas entrelinhas" 0 que aconteceu numa dada epoca. uma escolha de assuntos, em rela~ao aos quais os documentos devem ser
o arranjo alfabeticopode ser ocasionalmente preferido ao cronol6gico. organizados, e uma determina~ao de assunto principal tratado em cada car-
Esse eo caso quando as rela~oes pessoais que aparecem nas cartas sao mais ta, onde varios assuntos podem ser focalizados.
importantes do que a sequencia cronol6gica dos acontecimentos nelas nar- Frequentemente, quando se arranja a correspondencia, retiram-se os
rados. Comumente, a correspondencia de natureza pessoal tem maior signi- anexos das cartas individuais, as quais foramjuntadas. Esta pratica e usual,
ficado se disposta numa base pessoal antes que cronol6gica, como frisou . quando a correspondencia e arranjada cronologica ou alfabeticamente, pois,
Ford. Por essa razao, cartas entre pessoas importantes tem side, muitas ve- e claro, a ordem em si e interrompida se os anexos ficam com as cartas, com
zes, publicadas separadamente. Assim1 foi publicada separadamente por as quais vieram. Por isso, os anexos sac retirados e colocados em ordem
Dumas Malone a Correspondence betwe;n Thomas Jefferson and Pierre cronologica ou alfabetica. Como em geral a rela9io da carta e do anexo e
Samuel Dupont de Nemours e a Correspondence of JohnAdams and Thomas importante, deve ser feita uma nota a lapis, talvez, como e a pratica da Bi-
Jefferson, por Paul Wilstach. Aqui as rela~6es intelectuais entre Jefferson e blioteca do Congresso para mostrar a rela~ao;
seus amigos sac 0 que mais importa. Quando, entao, as cartas sac significa- b) Documentos emforma de livra, incluindo livros de copias prensadas
tivas, sobretudo pelas informa~6es pessoais que contenham, podem ser agru- de correspondencia expedida, livros de contabilidade, diarios, livros de pe-
padas em rela~ao as pessoas, nao em ordem cronol6gica. didos e similares, devem ser normalmente dispostos em ordem cronol6gica
Os interesses da erudi~ao hist6rica sac igualmente atendidos, quer pela ou, se numerados, em ordem numenca. Os livros, evidentemente, podem
disposi~ao alfabetica, quer pela cronol6gica. Se documentos pessoais forem ser grupados em series. Assim, Robert B. Downs, da Biblioteca da Universi-
arranjados alfabeticamente, seu conteudo e significa~o podem ser divulga- dade da Carolina do Norte, sugere tres agrupamentos logicos possiveis:
dos com maior facilidade, em instrumentos de busca, do que se forem dis- a) de acordo com 0 tipo; b) de acordo com 0 autor (entidade ou pessoa); e c)
postos cronologicamente, porque as datas nao sac tao descritivas quanta os de acordo com 0 lugar de origem.
nomes. A importancia de uma cole~ao pode ser indicada, pelo menos par- Downs indaga use uma referencia ao assunto seria conveniente" e acres--
cialmente, pela lista de nomes dos que a produziram. Os nomes sac impor- centa que, temporariamente, esta organizando os volumes alfabeticamente-
tantes para a pesquisa hist6rica, quer seja focalizando assunto nacional, es- pelos autores, mas que esse esquema satisfaz apenas em parte. Normalmen-

,
te as series de volumes manuscritos, exatamente como outras formas fisicas
de documentos pessoais, devem ser agrupadas, segundo seu tipo fisico. As-
sim devem-se organizar series distintas para cada tipo de volumes, isto e, Urn sistema de notac;ao ou simbolos, se aplicado as colec;oes de papeis
para livros de c6pia de cartas, livros de contabilidade, livros de recortes e privados e a seus componentes, provara ser de utilidade. Tais simbolos po-
similares. Dentro das series, os volumes em geral devem ser ordenados cro- dem ser puros, isto e, somente numeros ou so mente letras, ou mistos, isto e,
nol6gica ou alfabeticamente. numeros e letras combinados. Urn sistema de notac;ao, quando aplicado aos
papeis privados, serve a fins diferentes daqueles a que serve quando aplica-
c) Outros tip os fisicos devem ser arranjados em qualquer ordem que do a material de biblioteca. Numa biblioteca, os simbolos san basicos na
pare~a mais apropriada, de jorma ajacilitar 0 seu uso. Podem ser dispos- maioria dos sistemas de classificar;ao. Indicam a colocac;ao do material nas
tos numerica, cronol6gica ou alfabeticamente por nome ou assunto, ou nou- estantes. Mostram a classe e a subclasse de assunto a que pertence uma cer-
tra ordem qualquer. ta pec;a e sua posic;ao relativa entre outras pec;as na classe e subclasse. Certos
o metoda de arranjo depende, ate certo ponto, de ser a serie aberta ou simbolos tambem tern caracteristicas mnemonicas: indicam certas formas
de material (anuario, enciclopedias etc.) e certas areas geograficas.
fechada. Num arquivo em fase de acumulac;ao, ou crescimento, em pec;as
Urn sistema de notac;ao tern apenas uma aplicac;ao e utilidade limitada
tais como panfletos e outros impressos que podem ser retirados de uma co-
quando aplicada a papeis privados. Papeis sao diferentes de livros em sua
lec;ao para tratamento especial, uma ordem estritamente numerica deve ser
natureza substantiva e fisica. "0 manuscrito com urn, distinto do livro co-
adotada.normalmente e deve ser mantido urn registro para indicar a fonte
mum, tern uma individualidade que desafia os esquemas de classificac;ao,
de cada documento e para fornecer urn meio de controla-Ios.
prontos para uso e adaptaveis a maioria das obras impressas", segundo 0
Numa serie fechada, a qual nada mais sera acrescentado, qualquer urn
dr. Cappon. "Igualmente urn corpus de papeis manuscritos, sendo algo mais
dos diversos sistemas de arranjo pode ser adotado.
do que a soma de suas partes, nao aceit~ urn arranjo artificial sem a perda de
Uma serie fechada de documentos impressos, como folhetos e outros,
carater." As pec;as de biblioteca sao usualmente per;as distintas a que podem
identificaveis por autor e titulo, deve ser arranjada em ordem alfabetica, por
.ser afixados simbolos, enquanto documentos privados, freqiientemente, con-
l,\Ssunto ou pelo nome dos autores. Se a serie e muito grande, urn arranjo de
sistem em agregados de pec;as heterogeneas em seu conteudo e tipo fisico,
assuntos e conveniente. A lista dos cabec;alhos <te- assuntos, segundo os quais
de maneira que s6 com grande dificuldade os simb910s podem ser afixados.
os documentos serao agrupados, deve ser preparada numa base ad hoc para Somente colec;oes artificiais consistem em pec;as distintas, e mesmo estas
cada serie. Os cabec;alhos de assunto devem ser tirados de uma analise da san freqiientemente agrupadas em series para fins de arranjo e descric;ao. As
acumulac;ao de tais documentos e nao de cabec;alhos anteriormente escolhi- colec;oes naturais comumente consistem em series ou agregados de pec;as
dos, baseados em esquemas de classificac;ao de bibliotecas, nem e preciso que tern entre si uma relac;ao organica.
dividir, invariavelmente, os assuntos em classes e subclasses, como se faz Na elaborac;ao de urn sistema de notac;ao para papeis privados, deve-se .
nos esquemas de classificac;ao biblioteconomica. A divisao dos assuntos em reconhecer que 0 sistema nao pode servir as mesmas finalidades a que serve
classes e subclasses deve ser decidida tomando~se por base 0 tamanho e com- uma classificac;ao biblioteconomica. Quando aplicados a papeis privados, os
plexidade da serie em questao. A classificac;ao nao deve ser dividida alem do simbolos sao uteis, principalmente, como elemento de identificac;ao e nao
ponto necessario para localizar as buscas a urn grupo razoavelmente pequeno. de classificac;ao. Nao podem mostrar 0 arranjo de papeis por classes de as-
Uma serie fechada de recortes deve ser normalmente agrupada, primei- sunto (que nao se adapt am ao arranjo pormenorizado de papeis privados)
ro em base geografica, e depois segundo 0 assunto. Ocasionalmente, uma exceto em relac;ao as classes muito extensas, criadas em grandes reposit6rios
classificac;ao cronol6gica simples e preferida. Minutas, relatos, sermoes ou de manuscritos. Nem podem eles ser us ados com proveito para mostrar 0
discursos devem ser classificados normalmente, em ordem cronol6gica. arranjo de papeis privados em relac;ao a estrutura organica. Porem, seu va-
lor e inegavel para a administral;ao interna e trabalho profissional de urn
repositorio de manuscritos, se us ados criteriosamente e para as finalidades
a que possam atender:
Descri~ao de arquivos publicos*
a) Os simbolos devem ser usados para identificar colet;oes como um
todo. Quando atribuidos a colel;oes, os simbolos fadlitam 0 trabalho de ad-
ministral;ao e 0 trabalho pro fissional nas colel;oes, proporcionando urn sis-
tema taquigr<lfico de identifical;aO. Tornam mais facil a referenda as cole- No CAPITULO 10 - Destinac;ao dos documentos - mostrei como se podem
l;oes nos documentos de carater administrativo, tais como registros de descrever os documentos para fins de descarte, quer em relal;ao a substan-
entradas, de program as de trabalho e nos documentos profissionais, tais cia, quer em relac;ao a estrutura. Mencionei que os documentos, quanto a
como instrumentos de busca e pedidos de servil;os de referencia.
substancia, SaDdescritos fazendo-se referencia ao 6rgao administrativo que
Os simbolos atribuidos as colel;oes devem ser simples e puros. Se as
os criou, as func;oes, ou as atividades. Os documentos sao descritos estrutu-
cole~es forem arrumadas na ordem de recebimento, os simbolos devem
ralmente, dando-se informa~o sobre a natureza fisica dos mesmos e sobre
consistir, simplesmente, em numeros atribuidos a cada uma das colel;oes.
os sistemas segundo os quais sao arquivados ou classificados.
Se as colel;oes forem arranjadas em ordem de classifical;ao, como nos gran-
Neste capitulo pretendo tratar das varias maneiras pelas quais os docu-
des reposit6rios de manuscritos, os simbolos tanto devem indicar a classe
mentos publicos devem ser descritos num arquivo de cust6dia. 0 arquivista
como a ordem em que as colel;oes foram recebidas na classe. .
deve tambem considerar, na descric;ao para fins de referencia, os mesmos
b) Os simbolos devem tambem ser usados para identificar as series elementos levados em conta na descril;ao dos documentos para fins de des-
dentro das colecoes. Quando atribuidos a series, os simbolos sao especial- carte. Sao, no conjunto, semelhantes aos de urn catalogo descritivo de bi-
mente uteis no trabalho de descril;ao, quando da analise de pel;as indivi~ blioteca que identifica os livros por autor e titulo e da informal;oes sobre
duais dentro das series, como nos indices, catalogos e listas. Sao uteis na res- suas varias caracteristicas fisicas, tais como edic;ao, colofiio e paginal;ao. No
taura~o da ordem de uma serie, depois-ae a-mesma ter sido misturada com 0 entanto, os elementos sao de identificac;ao mais dificil em documentos do
uso. Facilitam tambem a referencia as series nas requisil;oes e nas cital;6es. que em livros. 0 primeiro elemento na descric;ao de documentos e a autoria,
Os simbolos devem ser atribuidos as series identificadas numa colel;ao. que e indicada mencionando-se 0 nome da unidade administrativa, dentro
Habitualmente, e mais facH aplicar simbolos aos componentes de uma cole- do orgao governamental, que os criou; 0 segundoelemento e 0 tipo fisico a
l;ao de papeis privados do que aos de urn grupo de arquivos. Os grupos de
que pertencem os documentos - correspondencia, relatorios, ordens, tabe-
arquivos em geral nao sao fechados, como acontece com as colel;oes de pa-
las e outros; 0 terceiro elemento eo titulo da unidade que esta sendo descri-
peis privados, e os simbolos podem ser usados eficazmente somente no caso
ta - geralmente uma breve identificac;ao da fun~o, atividade ou assunto a
de urn corpo de material documentario ao qual nao se farao adil;oes. As se-
que se refere; 0 quarto e a estrutura fisica da unidade - partes de urn grupo
ries de arquivos, alem disso, freqiientemente sao arranjadas sob sistemas
c1assificado de documentos, volumes encadernados, mac;os de documentos'
que tern notac;oes pr6prias e essas notac;oes, dadas no periodo de vida cor-
oucaixas.
rente, sao utilizadas pelos arquivistas depois que as series lhes chegam as
maos. Assim, urn arquivista usa as notac;5es ja aplicadas aos componentes
o material do arquivo e, em geral, descrito em termos de sua autoria,
do seu grupo; 0 conservador do manuscrito, por outro lado, raramente en- tipo, titulo e estrutura, quer as unidades a serem descritas sejam grandes ou
contra tais notal;oes em suas colec;oes. Assim sendo, este tern consideravel-
mente mais liberdade do que 0 arquivista para idealizar urn sistema de nota-
l;ao para 0 seu material.
no grupo de documentos F, subgrupo 7. As caixas, as pastas, assim como as
e
pequenas. A quantidade podera, lagico, variar, mas todos esses elementos
pe<;as individuais de que se compoem sao, em geral, numeradas, de modo
devem ser tornados em considera<;ao na descri<;iio.
que e possivel fazer-se referencia a uma pe<;a especifica num grupo da se-
Em quase todas as institui<;oes de arquivo do mundo, os mesmos quatro
guinte maneira: "F7, 2201, pasta 2, pe<;a7". Os instrumentos de busca prepa-
elementos aparecem na descri<;ao de documentos. A maior diferen<;a na tec-
nica de descri<;ao, entre os paises que usam sistemas americanos de arqui- rados pelos Archives Nationales estao ligados a esse sistema de nota<;iio.

vamento, relaciona-se com 0 elemento tipo fisico e com 0 de estrutura fisica. o tipo mais geral de instrumentos de busca que se faz nos Archives
E meu intento tratar rapidamente dessas diferen<;as, mostrando primeiro os Nationales SaG os guias, que cob rem todos ou a maio ria dos grupos. 0 pri-
tipos de instrumentos de busca usados na Europa, aqui representados pela meiro desses foi compilado por Daunou, em 1811, e recebeu 0 titulo de
Fran<;a, Alemanha e Inglaterra, e depois os tipos de instrumentos de busca Tableau systematique des Archives de l'Empire au 15 aout 1811. A este se
do Arquivo Nacional dos Estados Unidos. seguiu urn inventario geral ao qualja me referi em capitulo anterior, inicia-
do por M. de Laborde e editado sob 0 titulo Inventaire general sommaire,
em 1867. Esse inventario contem uma enumera<;ao das pe<;as ou unidades
de arquivamento (articles) - volumes encadernados, pastas e caixas - que
se encontram em cada grupo. Seguiu-se, em 1871,urn Inventaire sommaire
et tableau methodique des fonds conserves aux A1'chives Nationales, que
contem uma analise da proveniencia e do ass unto dos grupos de documen-
tos pre-revolucionarios. 0 ultimo inventario geral, a que tambem ja me refe-
o acervo dos Archives N ationales divide-se, como ja vimos em capitulo
ri, foi 0 Etat sommaire, editado em 1891, no qual 0 acervo dos Archives
anterior, em diversos grupos (series). Essa divisao iniciou-se com os quatm
Nationales e dividido em 39 grupos e, cada grupo, subdividido em subgrupos,
grupos estabelecidos por Camus e gradativamente foi aumentando em nu-
da seguinte maneira:
mero ate atingir os cerca de 50 atualmente existentes, e tern mudado, ocasi-
onalmente, suas caracteristicas, a medida que os documentos passaram de Grupo de documentos F - Administra<;ao - Fran<;a em geral
urn grupo para outro. Os grupos de documentos, por sua vez, SaDsubdividi- Subgrupos F1_ Administra<;ao- geral
dos em diversos subgrupos (sous-series) que consistem, em geral, de fundos F2 - Administra<;ao - 'departamental
F3 - Administra<;ao - comunal
(fonds) ou documentos originarios de determinadas fontes ou tipos de fon-
F" - Contabilidade - geral
tes. Os arquivos, em si, compoem-se principalmente de volumes (registres) F5 - Contabilidade - departamental
e de documentos, os quais se apresentam em forma de pastas ([iasses) e P - Contabilidade - comunal
pe<;as avulsas (pi~ces). Os documentos SaGem geral colocados em caixas de F7- Policia - geral etc.
papelao (cartons). Esses sao, pois, os materiais a serem descritos.
Em cada subgrupo, os volumes, caixas, ou pastas, saD numerados da
Para fins de descri<;ao e arranjo, os franceses usam simbolos para desig-
seguinte maneira:
nar esses materiais. Os grupos de documentos saD designados por uma ou
varias letras maiusculas (A, AD, B, F, ZZ etc.). Os subgrupos saD designados Subgrupo F7 - Policia - geral
por numeros arabicos ou rornanos colocados em expoente (F7, ADXV etc.) As *1-2200 - Registros gerais e repertarios
caixas ou os volumes saG designados por numeros arabicos. Assim, "F7,2201" 1792-1837
- Registros administrativos, transcri-
indica os documentos do grupo F, subgrupo 7, caixa 2201. Usa-se urn aste-
tos de embargos, capias de cartas, re-
risco ou estrela para indicar que se trata de urn livro de registro ou volume
encadernado. Assim, "F7"2200" indica urn volume encadernado ou registro
latorios, listas e registros de controle publicado pelo Service des Archives et Bibliotheques, em Paris. Esse reper-
de nomes etc. torio divide-se em se~6es, tais como "ordens e instru~6es", "corresponden-
1792-1830. cia" e "despachos rninisteriais" e as unidades de arquivamento e volumes
sao listadas sob essas se~6es da seguinte maneira:
- Relatorios e boletins policiais ano ix-
1859 *442 - "Registros de pessoal" do comando das for~as navais, defesas
moveis e vasos estacionarios na Argelia, indicando os movi-
mentos militares dos oficiais 1903-1906
453 - Documentos enviados ao C.A, comando naval na Argelia, bem
Outro tipo, mais detalhado, de instrumentos de busca produzido nos como aos membros do Conselho do governo 1909-1913
Archives Nationales e 0 inventario ou repertorio. Ha dois tipos de inventa- 454 - Honrarias e apresenta~6es - cerimonias - visitas - premios
sob 0 comando do C.A., comando naval na Argelia .
rios: a) inventarios numericos ou sutnarios (inventaires numeriques au
.................................................................................... 1893-1916
sommaires); e b) inventarios analiticos (inventaires analytiques). Em 1938, 455 - Reorganiza~ao do comando dos movimentos militares no Por-
foi publicada uma rela~ao de inventarios e repertorios preparados pelo Ar- to de Argel , 1898-1908
quivo Nacional, sob 0 titulo Etat des inventaires des Archives Nationales
departamentales, communales et hospitalieres au premier janvier 193; Os inventarios analiticos, compilados somente depois que os inventa-
Como essa rela~ao segue 0 arranjo dos proprios arquivos, ela serve como rios numericos ou sumarios tenham sido completados, contem descri~6es
guia para os grupos e subgrupos existentes quando de sua publica~o. Na bastante minuciosas quanta ao.conteudo das caixas e dos volumes encader-
Biblioteca do Congresso, em Washington, encontram-se microfilmes dos nados nos grupos de documentos. Dao 0 numero de unidades de arquiva-
inventarios nao publicados, abrangendo a "Se~ao Moderna" dos Archives mento e de pe~ avulsas de cada caixa. Se a unidade de arquivamento con-
Nationales; uma lista desses foi publicada no relatorio anual da American siste em documentos heterogeneos, faz-se uma analise pe~a por pe~ e urn
Historical Association, em 1951. resumo do conteudo das pe~as mais significativas com tais minucias que
Os inventarios numericos ou sumariO&consistem,tao-somente, em uma freqiientemente se usam os sumarios em substituic;ao aos originais. Se as
lista numerica das unidades de urn grupo - volumes, caixas ou pastas. Re- unidades de arquivamento, por outro lado, san de conteudo homogeneo, san
presentam 0 primeiro passo na analise dos documentos. Nestes, 0 conteudo descritas em termos de tipo de documentos dos quais se comp6em. Os in-
das caixas ou das pastas e identificado em termos gerais. Se as pe~as indivi- ventarios, entretanto, nao apresentam, via de regra, descric;ao minuciosa,
duais de uma caixa ou de uma unidade de arquivamento san de tipo fisico pe~ porpe~, do conteudo das unidades de arquivamento, pois demanda-
semelhante, elas san simplesmente identificadas pelo tipo fisico e pelas da- riam muito tempo para prepara-Ios e se tornariam demasiadamente longos
tas extremas. Se, por outro lado, essas pe~as apresentaremcaracteristicas
para publicar.
fisicas diversas, as unidades de arquivamento devem ser identificadas em
Alguns inventarios analiticos descrevem os documentos por caixas (ao
termos de pe~s particularmente importantes, em geral pe~s as quais se
inves de unidades de arquivamentos das caixas). Urn modelo de inventario
deve a cria~o de outras. Quando se compilam tais inventarios, fazem-se
desse tipo, dos arquivos da Marinha central, subgrupo BB4 que se encontra
notas, usualmente sobre as 'Capasdas unidades de arquivamento que cha-
no Notice sur ['organisation, consta do seguinte:
mam a atenc;ao,para usa posterior no trabalho de descri~ao, de documentos
particularmente importantes, de lacunas deperiodos e coisas semelhantes. 1499. "Dossies sobre Madagascar" -11 dossies 1868-1897
Urn tipo de repertorio numerico de arquivos, do porto de Argel, subgrupo b. Negocia~6es, assinatura e execu~ao do tratado Franco-
lA, encontra-se reproduzido no Notice sur l'organisation des depOts Malgaxe,de 17 de dezembro de 1885 - 137 p~s .
d'archives des arrondissements maritimes et des sous depots historiques ......................................................................... 1883-1886
Correspondencia com Maigrot, consul italiano agindo que saD reunidos sem se levar em conta a sua proveniencia. Criam-se grupos
~mo medi,a?or entre as duas partes; com R. P. Cazet, pre- especiais tambem para mapas, selos, retratos e outros tipos de material.
felt~ apo~t~hco de Madasgascar; com Rainilaiarivony, pri- No arquivo, 0 seu material, quer se trate de documentos soltos ou de
melro-mmlstro, e com os plenipotenciarios de Madagascar pastas, e em geral reunido em ma<;os, guardados em posi<;ao horizontal ou
(peF.em malgaxe), tradu~es destas Ultimas, minutas pre- amarrados em capas de papelao bast ante firme e guardados em posi<;ao ver-
hmmares e tratado de paz. Despachos do ministro; copias
tical nas estantes. Em geral cada ma<;o compreende de quatro a oito polega-
de cartas dos ministerios de Negocios Exteriores e Correi-
os, correspondencia como consul frances em Zanzibar. das de material, eo papel ou capas onde saD colocados, em geral, saomarca-
dos com numeros de chamada ou outras indica<;oes do conteudo dos mesmos.
j. Cartas do general Gallieni, comandante supremo das tro- o tipo geral de instrumentos de busca, ou guias produzidos na Alema-
pas nos territorios militares de Madagascar, para 0 coman-
nha saD semelhantes aos franceses. Os guias alemaes (Ubersich del'
dante de divisao.- divisao 53 pe<;as.
Bestande), encontrados na maioria dos arquivos alemaes apenas em ma-
1-3. Transa<;oes correntes - (out. 25 - Nov. 17, 1896.) nuscritos, identificam os diversos grupos de documentos sob cust6dia e in-
4. Organiza<;ao dos territorios ocupados extensao da zona dicam a proveniencia, datas-limites, volume aproximado e muitas vezes tam-
pacifica (Nov. 28). 5. Confirma<;ao do telegrama relativo a hem a localiza<;ao nas galerias ou depositos. Como exemplos de guias
reparti<;ao do pessoal do porto de Majunga e a flotilha (Dez.
impressos produzidos por alguns arquivos temos os do Arquivo do Estado
12).6. A<;aoda divisao naval do oceano Indico na costa oeste
da Prussia publicados em 1934, sob 0 titulo Ubersicht uber die Bestiinde des
de Ma<;lagascar (Dez. 12) 7. Mudan<;as de pessoal (Dez. 27).
8. ProJeto para a constru<;ao do sinalluminoso (Jan. 5 geheimen Staatsarchivs zu Berlin-Dahlem, e do Arquivo de Wiirttemberg,
1897). ' publicadb em 1937, em Stuttgart, sob 0 titulo Gesamtiibersicht iiber die
Bestiinde del' Staatlichen Archive Wiirttembergs. Neste ultimo guia aqui
citado 0 acervo (Bestiinde) de diversas institui<;5es de arquivos do estado de
Wiirttemberg foi agrupado sistematicamente para fins de descri<;ao sob 10
gran des classes estabelecidas como base na origem dos documentos e na
. 0 acervo ,de ~iversos arquivos alemaes.~cop.~iste, em geral, em grupos
cronologia. Por exemplo, ha cabe<;alhos para os documentos de "Agencias
cnados pelos orgaos governamentais. Urn grupo de documentos comumen-
do Periodo TransacionaI1803-17", e para os "Arquivos Recentes das Agen-
te consiste em documentos de urn ministerio aiemao, 0 correspondente a
cias Centrais e Intermediarias, 1806-17". Esses grandes cabe<;alhos, indica-
urn departamento executivo do governo federal dos Estados Unidos. 0 gru-
dos por letras maiusculas, sao, por sua vez, subdivididos em subgrupos cria-
po se compoe de subgrupos recebidos dos diversos servi<;os de registro de
dos, na sua maioria, tomando-se por base a proveniencia dos documentos,
divisoes do ministerio. Cada subgrupo consiste, geralmente, em unidades
tais como arquivos relacionados com "Assuntos Financeiros" ou "Assuntos
de arquivamento oupasta (Akten) nas quais as pe<;as individuais saD presas
Militares". Sob cada um desses subgrupos descreve-se 0 conteudo dos ma-
na or~em em que se acumularam. As pastas ou unidades de arquivamento
<;os,indica-se seu lugar de custodia e anotam-se os instrumentos de busca
que saD ordenadas segundo esquemas de classifica<;ao saD identificadas na
que foram preparados para os mesmos por meio de simbolos. Daremos a
capa, por meio de entradas que indicam sua origem num orgao (BehO;de)
o~ nu~ servi<;o de registro (Registratur), seu titulo (Rubrum), datas, e clas- seguir urn trecho desse guia:
slfica<;ao ou numero de chamada. E 64. ConfederQ(;iioAlemii (1819-1869)
_ O.acervo dos arquivos geralmente tamhem inclui grupos especiais que Contem tratados, ordens, protocol os relativos a Confede-
saD cnados para material de significado especial ou de determinadas carac- ra<;ao em geral.
I teristicas fisicas. Entre os materiais de arquivo, para os quais se criam gru- Urn repert6rio por Pfaff, 1825, com suplementos por Lotter e
outros.
. pos especiais, estao os tratados e documentos em pergaminho (Urkunden)

1-· ~ ' ,"""'"'--,"


donal que se possam encontrar em pastas ou unidades de arquivamento.
Descrevem os documentos com tal minucia que se considera superflua para
1volume com registro. a maioria dos documentos, em face da informa~o acurada fornecida sobre
a
l div. [de urn esquema de classifica~o]. Diversas os mesmos nos registros.
pastas dos representantes de Wiirttemberg em Frankfurt Os inventarios (Inventare) SaDrepertorios impressos, geralmente au-
e relatorios originais para 0 ministro dos Negocios Exte- mentados com explanac;oes do significado e da inter-rela~o dos arquivos e
riores (1815-1826).
a
com indica~o da literatura pertinente, nao encontrada nos repertorios. Os
2 div. Arquivos dos plenipotencilirios militares de inventarios dividem-se em diversos tipos: inventarios gerais que abrangem
Wiirttemberg na Dieta federal (1818-1846).
todos os grupos de documentos; inventarios especiais que se referem a ar-
3a div. Arquivos do ministro dos Negocios Exte- quivos sobre urn assunto especial em urn ou mais grupos de documentos; e
riores de Wiirttemberg relativos a assuntos da Confede-
inventarios analiticos que contem informac;oes completas sobre importan-
rac;iioAlema (1816-1866) e a Comissao Federal Militar
tes documentos historicos, tais como pergaminhos ou tratados. Ilustrac;oes
(1851-1866).
a sobre a maneira pela qual os varios tipos de materiais - tais como pergami-
4 div. Copias de tratados (1806-1861) do registro
nhos, tratados, manuscritos - SaDdescritos ou listados podem ser encon-
da legac;aode Wiirttemberg junto a Dieta federal.
tradas no Inventare des Groszherzoglich Badischen General Landesarchivs
publicado em Karlsruhe, entre 1901 e 1911. 0 metodo de descrever os mac;os
de documentos oficiais e ilustrado pela seguinte entrada, sob 0 cabec;alhode
assunto "Emigra~o" tirado do volume 3 daquele inventario:
Tratados relativos a anexac;aode Wiirttemberg ao
imperio alemao. Urn repertorio por Pregizer, 1876. 8. 1763-1766. Relatorios da Dieta Imperial e arquivos relati-
vos a emigrac;ao de colonos alemaes para a Russia e relativos as varias
Os repertorios e inventarios preparados na Alemanha SaDsemelhantes contramedidas tomadas pelos Estados alemaes. 1mac;o.
aos preparados na Franc;a.Os repertorios (Rejie'rtorien) consistem em listas
nao publicadas, manuscritas ou datilografadas, encadernadas em volumes,
nos quais as pastas individuais ou unidades de arquivamento de urn grupo
~e documentos sao identificadas de maneira breve. Considerando-se que
sIstemas de classificac;aocuidadosamente elaborados, em usa nos servic;os Informac;oes gerais sobre 0 acervo do Public Record Office podem ser
de registros alemaes, fornecem informac;aoacurada sobre 0 conteudo de tais obtidas do seu Summary of records, que ja conta diversas edi<;6es.Na edi-
pastas ou unidades, os arquivistas alemaes usam essa informa<;iiopara pre- c;aode 1950, os archives groups SaDlistados em ordem alfabetica, segundo
parar os seus repertorios. Os titulos ou cabec;alhosde assuntos dados as pas- seus titulos descritivos, e sob cada grupo as classes sao identificadas pelos
tas nos registros sao escritos em papeis ou em fichas. Estes SaDentao arran- titulos descritivos e datas, e listadas em ordem numerica. Alguns grupos de
jados na ordem em que as ,pastas devem ser listadas nos repertorios, arquivos, pelo que se pode deduzir do Summary, comp6em-se de Vl1riasdi-
g~ralmente a ordem em que as pastas sao colocadas nas galerias, mas oca- visoes.
slOnalmente pode-se dar a eles urn arranjo alfabetico ou cronologico. o grupo de arquivos do Almirantado por exemplo, compreende as 11
Alem de repertorios, produzem tambem outro tipo de instrumento de divisoes seguintes:
.busca, nao publicado, a analise (Analyse). As analises SaDinstrumentos de
Secretaria
busca especiais preparados somente para documentos de interesse excep-
Abastecimento, Departamento de
Assistente-geral, Marinha Real Documentos do Almirantado
Contabilidade Geral, Departamento de Departamento do Secretario
Fundo Chatham Cart as expedidas
Hospital de Greenwich 1656 a 1859. 1756 vols. Classificadas sob cerca de 30 cabec;a-
Junta Naval Ihos, dos quais mencionamos abaixo os mais importantes. Na
Medico, Departamento de maioria dos casos cada volume e indexado, mas alguns relati-
Pagamento da Marinha, Se~o de vos a sec;6es especiais SaDaqui anotados.
Superintendente do Departamento Naval Ordens e Introduc;6es, 1656 a 1815
Transporte, Departamento de Digest, 1660 a 1790, 2 vols. MSS
Cartas dos Lordes, 1660 a 1815. As cartas dos Lordes aos Secreta-
As classes SaDcriadas tomando-se pOl' base, como no caso do grupo de rios de Estado, a partir de 1695, estao em livros separados.
Almirantado, 0 tipo de documento e tomando-se pOl' base as areas geografi- Cartas do Secretario, 1679 e 1815. Subdividem-se da seguinte ma-
cas ou politicas, em outros casos, como nos grupos do Servic;o das Colonias neira:
ou de Relac;oes Exteriores. Outros fatores SaDtambem levados em conside- Cartas gerais, 1679 a 1746.
Cartas para Repartic;6es P,ublicas e para os Almirantes, 1746 a
rac;ao para se estabelecerem as classes.
1815.
o acervo do Public Record Office divide-se em 78 grupos, que SaDdesig-
Index, 1802 a 1807, in Index. Ec. Ser. III, Nos. 29-34.
nados pOl' titulos abreviados ou pOl' letras-simbolos, como pOl' exemplo: Cartas comums, 1746 a 1808.
Admiralty (Adm.), Colonial Office (C.O.), Foreign Office (F.O.), Home Office Cartas para Capitaes e Capitaes-tenentes, 1809-1815.
(H.O.) e assim pOl' diante. Os grupos, pOl' sua vez, dividem-se em 3.259 clas- Cartas relativas aos Tribunais e a Negocios do Almirantado e Vice-
ses (em 1949). Para 0 grupo Almirantado, algumas das primeiras classes, Almirantado, 1663 a 1815.
das quais existem 116, SaD: "Cartas recebidas", "Cartas expedidas", "Atas" e
Em conexao com 0 preparo de seu guia, Giuseppi arrolou os instrumen-
"Patentes da Armada". As classes SaDdesignadas pOl' numeros arabicos; as-
tos de busca que se relacionam com 0 acervo do Public Record Office que
sim, a classe 2 do grupo "Admiralty" .e c~tada como "Arm. 2". As classes se
foram transcritos num Catalogue, em oito vo~umes.
comp6em de "pec;as" - volumes, rolos, mac;os etc.- das quais calculou-se
o mais comum desses instrumentos de busca SaD as listas, preparadas
que existiam 680 mil em 1949. A primeira pec;a da segunda classe do grupo
em grande numero, sendo algumas impressas. Depois que os documentos
"Admiralty" seria entao citada como "Adm. 2/1" e 0 primeiro documento
sio arranjados em grupbs e classes e as pieces nas classes numeradas, com~
dentro dessa pec;a seria citado como "Adm. 2/1/1".
pilam-se listas de pec;as individuais ou dos documentos nas classes. Estas
Ja foram publicados diversos guias do acervo do Public Record Office, 0
listas SaDuma simples enumera<;ao das pec;as ou'documentos identificados
ultimo dos quais pOl' Giuseppi, que esta agora sendo substituido pOl' uma
apenas pelo numero e data. A List of Admiralty records (Londres, 1904)
nova edi~o, que aparecera em partes, a medida que forem completadas. 0
impressa servira para ilustrar 0 estilo das entradas. Na classe 2 do grupo de
Guide to the manuscripts preserved in th.ePublic Record Office, de Giuseppi,
documentos do Almirantado: "Cartas expedidas", os documentos SaD des-
publicado ja ha 30 anos, descreve 0 acervo pOl' grupos e classes, e da urn
critos sob alguns subcabe<;alhos, tais como "Ordens e Instruc;6es", "Cartas
indice para 0 conteudo de assuntos dos mesmos. Urn trecho desse guia, tira-
dos Lordes", "Cartas do Secretario", que, note-se, correspondem a entradas
do da classe 2 do grupo "Admiralty", servira para ilustrar 0 tipo de informa-
no Guide de Giuseppi. Daremos a seguir urn trecho da citada List:
~o descritiva que fornece:
Ordens e Instrw;oes "Contem cartas do comandante-em-chefe e de outros oficiais ao se-
Data cretario de Estado, com relatorios, c6pias de cartas, diarios, peti<;Oes,
1665-1679 representa<;Oes e resolu<;oes dos conselhos de Guerra
(Falta) "Alguns documentos relativos a questoes da Carolina do Norte em 1712;
1689, mar. - 27dejul. urn documento datado de 1685, outro de 1709.
1689,29 de jul. -17 de dez. "Cartas dos governadores das colonias e outras pessoas relativas a as-
1689, 8 de dez. - 1690, 14 de maio suntos de coopera<;ao colonial
1690, 14 de maio - 25 de novo "Pronunciamentos e peti<;6es outras que nao militares
1690, 26 de novo - 1691, 29 de maio "Cartas do agente colonial
1691, 30 de maio - 1692, 22 de jan. "Mapas de fortes, rios etc."
1692,21 dejan. -18 de ago.
Outro tipo de instrumento de busca produzido no Public Record Office
Algumas listas, como por exemplo as relativas ao grupo Colonial Office, sao as listas descritivas (descriptive lists), que, como 0 nome indica, forne-
contem algumas informa<;6es descritivas. Urn trecho da Classe 5 "America e cern mais informa<;6es descritivas do que as que se encontram nas listas co-
fndias Ocidentais" serve para ilustrar esse tipo de entrada: muns; os inventarios (inventories), que fornecem informa<;ao sobre 0 cara-
ter, conteudo, tamanho e integridade das classes de documentos sem
Referencia Descri<;ao
especificar as pe<;as individuais ou documentos de que se compoem; os indi-
C.0.5 Correspondencia Original-
Secretario de Estado ces (indexes), quesao listas em ordem alfabetica de nomes ou assuntos com
referencias a documentos onde podem ser encontrados; os calendarios
1702-1710 Despachos e Miscelanea
1711-1732 Despachos e Miscelanea (calendars), que contem descri<;oes e extratos de documentos individuais; e
1733-1748 Despachos e Miscelanea transcri<;6es (transcripts), que san reprodu<;oes exatas dos documentos in-
1749-1754 Despachos e Miscelanea dividuais.
1755-1779 Despachos e Miscelanea
1780-1783 Despachos e Miscelanea
(Militares)
1710-1713 Expedi<;ao contra 0 Canada
1710-1752 Massachusetts; New Hampshire; o Arquivo Nacional desenvolveu urn programa de instrumentos de bus-
Rhode Island ca que se caracteriza pelos documentos com os quais lida. Os documentos
Delegados de Transportes, do governo federal dos Estados Unidos tern certas caracteristicas que os di-
Conselho Privado,
ferenciam dos guardados nas institui<;oes mais antigas na Europa. Os docu-
Delegados de Contabilidade
mentos, de modo geral, sao documentos modernos, pois muito poucos deles
originaram-se antes do seculo XIX. Nao apresentam, portanto, os proble-
As especies de informa<;oes que podem de fato ser encontradas em urn
mas de identifica<;iio que apresentam os doctimentos mais antigos, docu-
dos itens acima, digamos, no 9, identificado como "Expedi<;ao contra 0 Ca-
mentos medievais. Nao se requer urn conhecimento das ciencias auxiliares
nada", deduz-se do guia de Charles M. Andrews, Guide to the materials/or
da historia e de linguas medievais para descrever a fonte ou 0 conteudo dos
American history to 1783 inthe Public Record Office o/Great Britain, em
mesmos. Os documentos san de formas modernas. Consistem em inumeros
dois volumes (Washington, 1912-14), que descreve esse item da seguinte
maneira: tipos fisicos, sendo os mais comuns correspondencia, relatorios, memoran-
dos e instru<;oes; mas tambem incluem formularios criados para as opera-
<;oesde rotina de urn governo grande e moderno. Entre estes ultimos estao
os requerimentos, autorizac;oes, laudos, solicitac;oes, certificados, queixas mum ou relativos a uma mesma atividade ou assunto. Ocasionalmente, e
contratos, escrituras, manifestos, notificac;oes, folhas de pagamento, Peti~
16gico, os documentos podem ser descritos em unidades menores do ~ue
c;oes, questionarios, recibos, declarac;oes, tabelas, especificac;oes, compro_ series, tais como volumes, pastas ou documentos. 0 atual acervo do ArqUlVO
vantes, fianc;as e coisas semelhantes. Os documentos saD ordenados segun- Nacional compreende milhares de series de documentos e milhoes de docu-
do sistemas modernos de arranjo, os quais, ja se observou, variam de simples
mentoscriados por centenas de 6rgaos.
sistemas numericos, alfabeticos e de assuntos, ate os sistemas altamente Na descric;ao de seus documentos 0 Arquivo Nacional considera dois
complicados de assunto-numerico, duplex-numerico, decimal de Deweye aspectos diferentes. Por urn lado, os documentos saD descritos em relac;ao as
outros. Esses sistemas, alem disso, nao se aplicam de maneira uniforme nos suas origens, quanta a organizac;ao e func;ao; este e 0 aspecto da provenance.
diversos orgaos do governo, nas diversas repartic;oes de urn mesmo orgao. A Por outro lado, os documentos saD descritos em relac;ao aos assuntos. Este e
aplicac;ao desses sistemas varia de urn orgao para outro e, num orgao, de
o aspecto de pertinence.
servic;o para servic;o. Os documentos nao saD centralizados como na Europa,
onde nao se encontram servic;os de registros (registry offices) em nivel infe-
rior ao de divisao; ao contnlrio, os documentos saD descentralizados ate 0
ultimo grau, de modo que quase to do funcionario do governo mantem ar-
Na descric;ao de documentos do ponto de vista de sua proveniencia po-
quivos relativos as suas atividades particulares.
dem-se distinguir divers as etapas. A primeira e descobrir qual a unidade
Como ja se observou no capitulo 14, 0 acervo do Arquivo Nacional, da
administrativa especifica, dentro de uma complexa hierarquia governamen-
mesma maneira que 0 de arquivos da Europa, divide-se para fins adminis-
tal, que produziu 0 corpo de documentos objeto de considerac;ao. A segunda
trativos, em urn certo numero de grandes grupos. Os grupos, cerca de 300,
e procurar saber da func;ao ou atividade que deu origem aos mesmos. A ter-
consistem na maio ria das vezes em documentos de 6rgaos isolados (e de
ceira e identificar 0 tipo fisico dos documentos, isto e, se consistem em cor-
seus antecessores) no nivel de bureau na estrutura governamental como por
respondencia, relat6rios, ordens, tabelas etc. 0 quarto e determinar 0 seu
exemplo Servic;o de Indios, Guarda Costeira ou Servic;o de Meteorologia. Em
arranjo, isto e, se obedecem a urn sistema de arquivamento, ou se foram
alguns casos os documentos de diversos orgaos foram reunidos na base de
simplesmente reunidos por se relacionarem com urn determinado assunto
suas relac;oes administrativas ou outras'rerac;5"es, para constituir grupos "co-
ou atividade, ou por terem uma forma especial. Essas informac;oes basicas
letivos". Os grupos servem como estrutura basica para todas as atividades
sobre a origem administrativa e funcional, tipo e arranjo dos documentos
de arranjo, analise e descric;ao.
surgem no preparo de todos os instrumentos de busca do Arquivo Nacional
Num grupo, as unidades descritas no Arquivo Nacional saD bem dife-
que levam em considerac;iio 0 aspecto da proveniencia.
rentes, em carater e forma, daquelas de que falamos no casu da Franc;a, Ale-
manha, e Inglaterra. Nestes ultimos paises, relembremos, as unidades de
o Arquivo Nacional produz instrumentos de busca gerais que cobrem
todos os grupos sob sua custodia. Estes saD os chamados guias e saD publica-
descric;ao eram, em geral, volumes, mac;os ou caixas. Nos Estados Unidos as
dos para usa dos demais 6rgaos do governo e para 0 publico. 0 Guide to
unidades sao, norma geral, series, as quais, como foi observado no capitulo
records in the NationalArchives, publicado em 1948 como uma edic;ao com-
precedente, da-se no Arquivo Nacional uma definic;ao especial, talvez urn
pletamente revista de Guide anterior, de 1940, cobre mais de 800 mil pes
pouco forc;ada. Uma serie, tal como e aqui concebida, geralmente reune to-
cubicos (22.656m3) de documentos recolhidos em 247 grupos. Esse novo
dos os documentos arranjados num unico sistema de arquivamento. Tais
Guide e amplamente indexado quanta aos assuntos dos grupos. Em 1946 0
documentos saD considerados como constituindo uma serie,mesmo que 0
Arquivo Nacional publicou urn guia em forma reduzida, intitula~o Your
seu volume atinja milhares de pes cubicos. Mas 0 termo serie e tambem apli-
government's records in the National Archives. Os guias gerais anahsam os
cado a agregados independentes de documentos tendo uma forma fisica co-
documentos em termos de sua proveniencia e reunem as informac;oes que
aparecem nos varios instrumentos de busca que sao preparados para cada detalhadas ou especiais (detailed ou special lists) que vao alem do nivel de
grupo de documentos. serie e enumeram ou descrevem as pec;as individuais, como sejam os volu-
A entrada do grupo 84, documentos dos postos de servic;o no exterior do mes, as pastas e os documentos.
Departamento de Estado, do Guide de 1948, servira para ilustrar 0 metodo Notas de registro do grupo de documentos visam a fornecer urn mini-
de execuc;ao. Na nota introdut6ria, a entrada contem uma pagina (45 Iinhas) mo de informac;oes essenciais sobre 0 grupo de documentos das quais se
da hist6ria dos servic;os diplomaticos e consulares e dos seus documentos , pode dispor pouco depois de criado 0 grupo e que podem ser facilmente
com referencia a literatura pertinente. A esta se seguem paragrafos onde se conservadas em dia por meio de revisoes a medida que novos documentos
descrevem, em termos gerais, os documentos dos postos diplomliticos e con- sao recolhidos. Estabelecer urn controle maior nesse estagio preliminar na
sulares. Estes ultimos saD descritos da seguinte maneira: analise de documentos e impraticavel. Os registration statements SaDusa-
dos principalmente como instrumentos de trabalho do pessoal do Arquivo
"Dacumentas das pastas cansulares. 1790-1943.8.280 pes.
Nacional, e devido as suas freqiientes revisoes servem para suplementar os
Os postos consulares saD geralmente representados por pec;as como guias gerais que cob rem todos os documentos sob cust6dia. Consistem ern
instruc;oes do Departamento, instruc;oes de posto supervisor e c6pias documentos narrativos ou descritivos de uma ou duas paginas, que dao os
de despachos e relat6rios para os mesmos; correspondencia geral, principais fatos quanta a origem, a organizac;ao e as func;oes dos 6rgaos cujos
documentos de taxas recebidas pelos servic;os de notario, embarca-
documentos constituem os respectivos grupos; descric;oes sumarias dos do-
c;oes e miscelanea; documentos de passaportes concedidos e visados;
documentos relativos a nascimentos casamentos e 6bitos de cidadaos cumentos pertencentes aos grupos sob cust6dia do arquivista; referencia as
americanos; documentos relativos a cessao de propriedade, aquisic;ao transac;oes de recolhimento pelas quais os documentos deram entrada no
de bens de raiz e a protec;ao dos cidadaos americanos; conhecimentos arquivo; nomes dos setores do Arquivo Nacional sob cuja reponsabilidade
de mercadoria embarcada ou recebida no distrito consular; diarios de imediata estao os documentos, e dedarac;oes resumidas quanto a localiza-
acontecimentos e memorandos, e documentos financeiros e inventa- c;ao de outros documentos que nao estao sob a cust6dia do arquivista e que
rios dos bens dos postos. Alem disso, nos caSos de consulados em por-
se enquadrariam nos grupos de documentos.
tos maritimos ha documentos da chegada e partida de navios ameri-
canos e descric;ao da respectiva carga; Tistirla tripulac;ao embarcada, o "Registration of Record groups n. 84" servira para ilustrar 0 tipo de
dispensada ou falecida; documentos de protestos e outros documen- informac;ao dada nas notas de registro. Esse regmro contem um resumo
tos maritimos. Varios registros e indices saD tambem apresentados. muito breve, aproximadamente a quarta parte do contido no Guide, sobre a
No Arquivo Nacional ha documentos de cerca de 690 postos consula- hist6ria dos servic;os diplomaticos e consulares e respectivos documentos.
res. Estao representados quase todos os paises onde t~m sido manti-
Os documentos dos postos consulares saD descritos como consistindo em:
dos postos, excec;ao feita a Noruega, Suecia, Dinamarca, Paises Baixos
e Turquia, dos quais se receberam poucos ou nenhum documento." "...comumicac;oes recebidas e expedidas pelo Departamento de Esta-
do postos diplomaticos supervisores, outros estabelecimentos consu-
Para cada grupo 0 Arquivo Nacional produz uma serie de instrumentos lares, firmas comerciais e outras organizac;oes e individuos; documen-
de busca que vao do geral ao especifico, tornando-se progressivamente mais tos de nascimentos, casamentos e 6bitos de cidadaos americanos; .
minuciosos a medida que os ~ocumentos saD analisados em unidades me- documentos relativos a cessao de propriedade, a aquisic;ao de bens de
nores. Nos mais gerais desses instrumentos de busca, as notas de registro do raiz e a protec;ao de cidadaos americanos; conhecimentos de merca-
grupo de documentos (record group registration statement), 0 pr6prio grupo dorias embarcadas ou recebidas nos distritos consul ares; diarios de
acontecimentos e memorandos; documentos financeiros e inventarios
e a unidade de referencia. 0 inventario preIiminar (preliminary inventory),
dos bens dos postos, e (no caso de consul ados em portos de mar) va-
menos geral do que 0 registration statement, descreve os documentos em rios documentos maritimos relativos a navios e a maritimos america-
termos de series. A descric;ao dos documentos torna-se especifica nas listas nos."
Os inventarios preliminares (preliminary inventories) representam urn da categoria dos representantes diplomaticos e consulares nos postos men-
segundo estagio na descric;ao de documentos de acordo com a proveniencia. cionados no inventario; pOl' uma reproduc;ao dos regulamentos relativos a
Instruc;oes sobre 0 modo de prepara-los encontram-se no Staff Information manutenc;ao dos documentos do posta e ao sistema de identificac;ao usado
Paper nll14, do Arquivo Nacional. Normalmente, urn inventario preliminar para tais documentos; pOl' uma lista relativa aos despachos do Departamen-
deve cobrir todo urn grupo de documentos. Quando urn grupo tern origens to de Estado, e pOl' uma lista dos secretarios de Estado. A forma de entrada
administrativas muito complexas e pode ser convenientemente dividido em de cada serie de documentos e ilustrada pelos seguintes exemplos:
partes distintas, estas podem ser tratadas em inventarios preliminares se-
DESPACHOS PARA 0 DEPARTAMENTO DE ESTADO.
parados. 0 inventario preliminar tern carater provisorio e e preparado 0 mais
Dez. 31, 1833 - jul. 19, 1912.
rapido possivel, uma vez recolhidos os documentos. E preparado, preHmi- 17 vols. 3 pes 61
nannente, para uso do proprio pessoal do arquivo, nao somente como um
instrumento de busca, mas tambem como urn meio de estabelecer 0 controle , Copias das comunicac;6es do consulado para 0 Departamento de Esta-
para varios fins administrativos, quanta aos documentos que se encontram do. Inc1uem-se relatorios, pedidos de instruc;6es particulares, notifi-
cac;ao de recebimento de instruc;6es e explanac;6es sobre conduta. A
no Arquivo Nacional. Os invent:hios preliminares fornecem informac;6es
maioria dos relatorios submetidos p~lo consulado ate 1900 e extensa
quanta ao carater dos documentos, em termos das origens administrativas e
e pormenorizada e faz alusao a todas as fases de atividade dentro da
funcionais, dos tip os, cobertura cronologica, geografica, ou de assunto, rela- jurisdic;ao de Amsterda. Os assuntos tratados mais freqiientemente
c;ao com outros documentos e arranjo dos mesmos. Essa informac;ao e da,da saD importac;ao e exportac;ao dos Paises Baixos, manufatura, agricul-
na introduc;ao, onde 0 grupo e descrito e identificado como urn todo, nas tura, embarcac;6es e mercado de diamantes. Inc1uem tambem alguns
entradas analiticas de series que sao agrupadas pOl' cabec;alhos administra- relatorios sobre as condic;6es sociais, economicas e politicas contem-
poraneas. Arranjo cronologico. A partir de 6 de novembro de 1906
tivos, funcionais etc., e em apendices que em geral dao informac;oes adicio-
cada volume inc1ui urn indice deassunto. Os despachos de 26 de outu-
nais sobre 0 conteudo e 0 arranjo de determinadas series. Os inventarios bro de 1866 SaDrelacionados e resumidos no registro descrito na en-
que se preparam no Arquivo Nacional dos Estados Unidos diferem dos pre- trada 74. A partir de ago. de 1912 despachos semelhantes saD inc1ui-
parados na maioria dos arquivos de paisesd(}-Europa, principalmente quan- dos na correspondencia geral descrita na entrada 76.
to a unidade de descric;ao empregada. A unid.ade e a serie. Dao-se titulos as
series que distinguem 0 tipo de documento que inc1uem e juntam-se outros RELATORIOS ANUAIS E OUTROS RELATORIOS PARA 0
atributos de identificac;ao como as datas-limites e a quantidade. Sob cada DEPARTAMENTO DE ESTADO
out. 1881- abr. 1907
titulo de serie da-se urn paragrafo conciso com informac;ao adicional sobre a
5vols. 8" 72
forma, origens administrativa e funcional e sobre outras caracteristicas per-
tinentes. Os apendices, em geral, consistem em listas de entradas pOl' ass un- C6pias de relatorios comerciais anuais e demais relat6rios especiais
to tiradas dos cabec;alhos do esquema de arquivamento, dos cabec;alhos das apresentados ao Departamento de Estado.
pastas e da analise do conteudo de determinada serie. Tipicos SaD os relatorios sobre as condic;6es de trabalho nos Paises
o inventario preliminar do grupo nll84, que sera tornado para ilustrar a Baix.os, industria de calc;ado e de couro, sufragio geral nos Paises Bai-
xos, mercado de diamantes, comercio de cafe, de ac;ucar e de oleo co-
forma de entrada, cobre apenas documentos de postos de representac;ao di-
mestivel. Cada volume contem urn indice de assunto. Arranjo crono-
plomatica e consulares. A introduc;ao contem informac;ao mais com pIeta do logico. Os relatorios saD relacionados no registro descrito na entrada
que a que se encontra no Guide ou na Nota de Registro (Registration 74. Relatorios identicos anteriores a out. de 1881 e do periodo de 1907-12
Statement) sobre a historia dos servic;os· diplomaticos e consulares e sua saD inc1uidos nos despachos descritos na entrada 61. A partir de ago. de
documentac;ao. Essa informac;ao e suplementada em apendices, pOl' listas 1912, aparecem na correspondencia geral descrita na entrada 76.
REGISTRO DE CARTAS EXPEDIDAS Nacional apenas em limitada escala. 0 tratamento pelo assunto e dificil e se
Out. 29, 1866 - Mar. 31, 1911 justifica que 0 arquivista 0 adote somente onde serve para tornar a informa-
5vols. 4" 74 ~ao acessivel a uma classe consideravel de consulentes, em uma forma que
lhes seja mais conveniente. 0 publico geral, em regra, nao esta familiarizado
Este registro mostra a data e 0 numero de cartas, a quem e a que lugar
foram enviadas, 0 assunto ou conteudo, numero de anexos e 0 total do com a estrutura hierarquica do governo e se interessa pelos assuntos inde-
porte pago. Refere-se a cartas descritas nas entradas 61, 63, 65/68 70 pendentemente dos orgaos que lidam com os mesmos. Para favorecer a ma-
e 72. Depois de 1911 0 registro foi substituido pelo descrito na entrada xima utiliza~ao de seu acervo, justifica-se, pois, que urn arquivo de custodia
78. Arranjo cronol6gico. desenvolva urn programa de analise de documentos em relal;ao ao assunto,

Catalogos em fichas, preparados a titulo de experiencia nos primeiros antes que pel a proveniencia.
anos do Arquivo Nacional, representam simplesmente outra forma de for-
o acel"VOdo Arquivo Nacional poderia, sem duvida, ser descrito pOl' as-
necer informal;ao identica a que se encontra nos inventarios preliminares. A suntos em guias gerais. Os grupos de documentos ja estao, pOl' razoes de
experiencia em catalogar arquivos e descrita no artigo do ex-chefe da Divi- ordem administrativa, reunidos em grandes classes que se relacionam com
sao de Catalogal;ao, John R. Russel, intitulado "Cataloguing at the National assuntos, tais como guerra, riquezas naturais e economia industrial. Apesar
Archives" publicado no The American Archivist de julho de 1939. Naquela de estas classes serem demasiado grandes para servir de base para a compi-
experiencia fizeram-se fichas de entrada principal, as quais se deu arranjo la~ao de guias pOl' assuntos, poderiam ser divididas em urn numero limitado
alfabetico, segundo 0 nome dos orgaos do governo de onde os arquivos pro- de classes de assuntos menores. Num programa que visasse produzir uma
cederam. Para cada orgao prepararam-se fichas historicas contendo, no fu~- serie de guias de arquivos sobre determinados assuntos, poder-se-iam sele-
do, a mesma informal;ao que se encontra na introdul;ao dos inventarios pre- donar alguns assuntos que fossem razoavelmente coordenados em impor-
liminares. Os documentos de cada 6rgao do governo foram divididos, para tancia e que se excluissem mutuamente, cobrindo todos os grupos do Arqui-
fins de catalogal;ao, em grupos de series e em series, ambos correspondendo vo Nacional. Se tallista de assuntos fosse feita, todas as series de documentos
as divisoes dos inventarios preliminares. Prepararam-se tambem fichas para poderiam entao ser descritas na ordem da pertinencia das mesmas com os
as unidades recolhidas (accession units). Conquanto a experiencia de cata- assuntos selecionados, em vez da rela~ao para com os grupos em que se en-
logal;ao tenha demonstrado ser possivel"apresentar informa~oes descritivas contram.
sobre arquivos, em forma de fichas, foi abandoriada quando se iniciou 0 atual o controle de assuntos daquele acervo poderia tambem ser suprido pOl'
programa de preparar inventarios preliminares. meio de urn catalogo em fichas. Na compi1a~ao de tal qltalogo seria necessa-
Listas detalhadas ou especiais de documentos sao, pOl' vezes, prepara- rio: a) determinar os assuntos principais de cada unidade de arquivos des-
das no Arquivo Nacional, mas 0 preparo das mesmas nao e recomendado crita; b) identificar as unidades nas fichas segundo a origem, isto e, orgao
como uma rotina no programa de instrumentos de busca. Considerando que administrativo e especifico dentro da estrutura governamental que os criou;
essas listas sao, em geral, preparadas em rela~ao a assuntos, tratarei das e c) preparar fichas de entradas secundarias ou adicionais pelos cabe~alhos
mesmas nos diversos paragrafos seguintes dedicados aos instrumentos de de assuntos selecionados para cada unidade de arquivos na qual 0 assunto e
busca pOl' assuntos. representado. 0 Arquivo Nacional nao considera viavel 0 preparo de urn ca-
talogo em fichas do seu acervo. A lista de assuntos seria quase que intermi-
navel. Embora, segundo as instru~oes existentes, a determina~o do conteu-
do de assunto das series constitua rotina do metodo de inventariar, os
o segundo dos dois aspectos que podem ser tornados na analise de do- assuntos cobertos pelas series raramente saD identificados em outros ter-
cumentos, isto e, 0 aspecto da pertinencia do assunto, e adotado no Arquivo mos que nao os mais gerais. Isso e verdade, sobretudo no caso de series lon-
gas que compreendem todos os documentos arranjados segundo sistemas cumentos relativos aos agentes especiais do Departamento de Estado, de
de classificac;ao. Para preparar urn catalogo de assunto, seria necessaria uma 1789 a 1906. Essa lista,preparada por Natalia Summers, abrange os domu-
nova analise da maioria das series para identificar os assuntos a que dizem mentos relativos a miss6es especiais de ministros e consules que receberam
respeito. 0 numero de fichas de assuntos necessarias para cada unidade de instruc;6es para desempenhar func;6es nao relacionadas com seus cargos.
arquivos seria muito grande. Em cada ficha de entrada de assunto a serie Reune informac;6es sobre todas as pec;as relativas a determinado assunto
(ou talvez a pee;a individual), 0 subgrupo e 0 grupo teriam de ser identificados sem considerar a relativa importancia das pec;as. Os documentos, dispersos
e, a menos que se usassem simbolos, a identificac;ao seria muito complexa. entre muitas series dedocumentos do Departamento de Estado, SaDlistados
Embora 0 Arquivo Nacional nao tenha considerado viavel urn catalogo pelos nomes dos agentes, da seguinte maneira:
de assuntos em ficha, produz dois tipos de instrumentos de busca especiais RINGGOLD, CADWALADER 1853
que descrevem os documentos em relac;ao a assuntos particulares. Um deles Para negociar a concluir tratados de amizade e de comercio com
e 0 Reference Information Paper. Durante e depois da II Guerra Mundial, os soberanos das ilhas dos oceanos Indico e Pacifico com os quais pos-
publicaram-se diversos. Cada urn trata de urn assunto especial cujos docu- sa ser vantajoso para os Estados Unidos manter tratados.
mentos se encontram em muitos grupos diferentes. Diversos sao relativos a
areas geograficas, a artigos (tais como produtos de borracha ou de madeira)
e a outros assuntos que eram de particular interesse para as repartic;6es de Vol. 3 - Para Ringgold, instruc;6es para negociar e assinar trata-
guerra. Ate hoje cerca de 40 foram publicados e devido aos assuntos que dos Mar. 2, p. 25 (1853).
cobrem possibilitam ao pesquisador determinar 0 caminho a seguir entre a .
complexidade de centenas de series de documentos de muitos orgaos dife-
rentes. Urn born exemplo e 0 recente trabalho intitulado Materials in the
Do sec. da Marinha, sugerindo - Ringgold para serem dados po-
NationalArchives relating to the historical programs of civilian government de res diplomaticos, Mar. 1 (1853).
agencies during World War II. Ai se descrevem series de documentos perti-
nentes criados ou coligidos por unidade& historicas da epoca da guerra e
conjuntos de minutas ou outros materiais sig~itk·ativos acumulados no pro-
Vol. 9 - De R Mclane, Am. Min. em Hong Kong, Mar. 20, nO1;
cesso de escrever relatos historicos. No apendice SaDrelacionados documen-
Em Macau, abr. 8, nO2, inclui correspondencia com Ringgold; de P.
tos individuais de especial interesse para programas historicos, manuscri-
Parker, em Cantao, a respeito de Ringgold, jul. 4; de Mclane, em Xan-
tos historicos, estudos, relatorios e esboc;os historicos. gai, novo 18, inclui correspondencia com Ringgold (1854).
o segundo tipo de instrumento de busca especial SaD as listas detalha-
das ou especiais (detailed or special lists). 0 Staff Information Paper nO17 Urn exemplo de lista seletiva e a preparada para certos documentos da
do Arquivo Nacional da instruc;6es quanta ao preparo destas. Pode-se dis- Administrac;ao de Recuperac;ao Nacional (National Recovery Administra-
tinguir dois grandes tipos de listas: urn indica que documentos existem so- tion). As listas seletivas ajudam a solucionar 0 problema de grande massa de
bre determinado assunto e 0 outro sobre que assuntos determinados docu-l documentos para 0 consulente, pela escolha, para menc;ao especial, de pec;as
mentos versam. No primeiro 'os documentos sao listados em relac;ao aos I de importancia em relac;iio a urn assunto especifico, chamando, assim, a aten-
assuntos; no ultimo, listam-se os assuntos em relac;ao aos documentos.; C;aodo consulente para as melhores fontes de informac;ao sobre 0 assunto
o primeiro tipo de lista pode ser seletiva ou exaustiva, no sentido de que 1.. e
que the interessa. Isto exemplificado na lista da Administrac;ao de Recupe-
apenas determinadas pec;as, ou todas as pertinentes a urn dado assunto, po- I rac;ao Nacional, que identifica, na integra, documentos individuais selecio-
dem ser incluidas. Urn exemplo de lista exaustiva e a preparada para os do- 1

~1
nados e usa simbolos para mostrar a localiza~o nas respectivas series, como
sesegue:

Descri~ao de papeis ou arquivos privados*

Levantamento Sumario Preliminar de Controle Industrial e Medidas


de Recuperac;ao em Paises Estrangeiros: Suplemento relativo a
NESTE CAPITULO E meu intuito prosseguir no estudo do problema da adminis-
Australia. Sem autor. Mar. de 1935. 21p. e apendice SR & P.
trac;ao dos papeis privados, iniciado no capitulo 15, onde dediquei especial
Levantamento Sumario Preliminar de Controle Industrial e Medidas
de Recuperac;ao na Gra-Bretanha, Alemanha, Italia e Franc;a. Sem aten~o aos princlpios basicos do arranjo de papeis dessa natureza.
autor. Mar. de 1935. 42p. e apendice SR & P. Aqui pretendo abordar: a) 0 carater geral de urn programa de descric;ao
Plano Racional para a Divisao de Controle Industrial segundo a Lei de de papeis privados; b) unidades e elementos que devem ser observados no
Recuperac;ao, por Chaves R. Cosby. 18 de set. de 1933. Pagina~o ato de descreve-los; c) a descric;ao por unidades de diversos tamanhos -
nao consecutiva. MR & D.
colec;6es, series e unidades avulsas; d) a descric;ao em relac;ao aos assuntos; e
Regulamento de Relac;6es Industriais da Australia, por Carroll B.
e) a descric;ao total.
Spender. Mar. de 1936. ii, 23 p. WM 60.
o trabalho de descric;ao pode ser considerado uma tarefa profissional.
o segundo tipo de listas detalhadas ou especiais consiste, simplesmen- Ao realizar esse trabalho, 0 arquivista se inteira da procedencia, do con-
te, em uma enumerac;ao dos assuntos sobre os quais versam os documentos teudo, do arranjo e do valor dos papeis. Esses dados saD por ele registrados
de uma determinada serie ou grupo. Urn excelente exemplo pode, uma vez em instrumentos de busca que servem a urn duplo proposito: a) tornar os
mais, ser dado atraves do grupo nll 84, i8to e, documentos dos Servic;os Di- papeis conhecidos as pessoas que possam vir a se interessar pelos mesmos;
plomaticos ou Consulares. A Lista Especial nll 9, intitulada "List of Foreign e b) facilitar ao arquivista a pesquisa.
Service Post Records in the NationalAl'cmves" enumera os postos diploma- Os instrumentos de busca sao, dessa maneira, urn meio de eliminar 0
ticos e consulares da seguinte maneira: elemento pessoal no trabalho de atender, e de dar a essa fun~o bases segu-
Abissinia vel' Etiopia ras e metodicas.
Albania, 1922-39 44 pes cubicos o trabalho de descric;ao requer urn certo grau de abnegac;ao, pois 0 ar-
Alemanha, 1935-1913 89 pes cubicos quivista torna-se, a medida que descreve 0 material sob sua guarda, cada vez
Argentina, 1820-1932 72 pes cubicos menos necessario quando do seu uso. Por mei~ dos instrumentos de busca
Austria, 1837-1935 168 pes cubicos que prepara, compartilha com os colegas e com 0 publico em geral 0 conhe-
Austria-Hungria vel' Austria
cimento dos papeis sob seus cuidados. E assim deve ser. A fun~o do arqui-
Belgica, 1832-1935 101 pes cubicos
Estonia, 1930-37 5 pes c6bicos vista e revelar os tesouros de pesquisa a ele confiados e nao monopoliza-los
Etiopia 190,8-36 Com os documentos consula- e impedir sua consulta. Uma atitude de dominio e reserva em relac;ao ao
res de Adis-Abeba. acervo e imperdoavel no arquivista. Deve registrar seu conhecimento no papel
Finlandia, 1920-38 17 pes cubicos e nao 0 guardar apenas na cabe<;a. Deve descrever 0 material sob sua guarda
Fran<;a, 1789-1935 410 pes cubicos de maneira que outros, usando as descric;6es por ele feitas, possam se intei-

* N. do T.: Inserido depois do cap. 15do trabalho original por determina~ao do au-
tor.
rar do conteudo, arranjo e valor daquele. E, a medida que prossegue no seu procurar outros metodos de descri.;a,o que melhor atendam ao proposito de
trabalho de descri.;a,o, 0 acervo de seu deposito torna-se, gradativamente, tornar conhecido e acessivel 0 material existente nos depositos de manus-
mais acessivel a todos que com ele trabalham ou que devam consulta-Io. critos.
Alguns arquivistas se veem tentados a fazer-se indispensaveis a insti- Se urn arquivista concentra sua atenc;ao na descric;ao de pec;as avulsas, e
tuic;ao onde trabalham, guardando para si 0 conhecimento pessoal que pos- provavel que nao consiga, nem de longe, oferecer aos pesquisadores a espe-
suem do acervo. 0 fato de a instituic;ao depender deles para a prestac;ao de de de servic;o de referencia que e possivel pOl' meio de urn programa bem
servic;os da-Ihes uma especie de seguranc;a, 0 que os leva a nao destruir essa planejado. A obstinac;ao pelas pec;as avulsas que pode levar 0 arquivista a
seguranc;a fazendo trabalhos que tornariam sua intervenc;ao pessoal desne- relaciona-Ias em lista, catalogo e calendario pode tel' como resultado que 0

cessaria. seu deposito superlote de volumoso material nao tratado, ao qual nao pade
o al'quivista nao deve temer prejudicar-se tornando acessivel aos OU- dedicar a menor atenc;ao. Muitos repositorios de manuscritos nao dispoem
tros, na forma de instrumentos de busca (finding aids), 0 conhecimento que de tempo nem recursos para pl'oduzir instrumentos de busca que se refiram
possui de seu material. Obviamente, 0 seu conhecimento pessoal nunca po- as pec;as avulsas, cobrindo todo 0 seu acervo.
dera ser completamente suplantado pelos instrumentos de busca. POl' mais Uma tecnica que deve ser empregada em todos os depositos de manus-
bem pl'eparados que sejam tais instrumentos, eles nao podem transmitir critos e a da descric;ao coletiva. Trata-se de tecnica propria de arquivo, de-
todo 0 conhecimento existente no cerebro de urn arquivista bem informado. senvolvida pOl' arquivistas que se ocupam dos documentos modernos. Sig-
Nem foram esses instrumentos concebidos para suplantar sua atuac;ao. sao. nifica que os documentos SaDdescritos coletivamente, pOl'unidades de varios
meros instrumentos de "auxilio" (aid) no verdadeiro sentido da palavra, vi- tamanhos. Geralmente as maiores unidades de urn repositorio de manuscri-
sando simplesmente ajudar 0 arquivista e 0 pesquisador a encontrar 0 mate-
tos sao as colec;oes e muitos arquivistas aprenderam a descreve-Ias em guias
rial necessario. 0 conhecimento do arquivista e ainda necessal'io para aju-
e em outros instrumentos de busca gerais. A unidade a que se tern dedicado
dar a localizar 0 material com mais facilidade e em maior abundancia.
pouca atenc;ao e que, no entanto, a merece em especial, e a serie. E uma
unidade intermediaria entre a colec;ao e a pec;a individual.
A tecnica da descric;ao coletiva e urn verdadeiro "atalho" para se atingir
o objetivo de se conseguir controlar 0 acervo de urn deposito. Nenhum ar-
Algumas considerac;oes gerais devem ser levadas em conta ao se elabo- quivista estara suficientemente integrado em sua profissao antes de com-
rar urn program a de descric;ao de papeis privados. A essas desejo dedicar preender e aprender como aplica-Ia. E, uma vez aprendida a tecnica, ele deve
alguma aten.;a,o nos paragrafos seguintes: primeiro descrever os documentos coletivamente pOl' grupos e series e de-
1. Os papeis privados devem ser descritos tanto coletiva quanto indivi-
pois, somente se 0 carater e valor dos documentos justificarem tratamento
dualmente. Nos Estados Unidos, as tecnicas empregadas na descriC;ao de
individual, os descrevera pOl' pec;as avulsas. Se ele nao aprender a tecnica, e
papeis privados tern sido elaboradas, em grande parte, pelos bibliotecarios e
provavel que se debata perdido entre as inumeras pec;as individuais encon-
essas tecnicas, como e bem sabido, referem-se sobretudo ao tratamento de
tradas em todos os depositos, mesmo nos pequenos.
pec;as avulsas. E uma quesUio discutivel se as tecnicas baseadas principal-
2. Os papeis privados devem ser descritos da melhor maneira, defor-
mente nos principios biblioteconomicos fornecem a base para urn born pro-
ma afacilitar seu uso. Aqui da-se enfase a selec;ao do metoda de descric;ao.
grama de descric;ao de urn deposito de manuscritos. Durante muitos anos
As diferentes colec;6es de papeis privados possuem diferentes val ores e,
essas tecnicas foram aplicadas sem se discutir. Talvez haja chegado a oca-

ca 1=a p_
siao de se indagar sobre a utilidade de produzir varios instrumentos de bus-
avol••• , de avaliar a convenienda de 'ai, i.,'rumen,o" de ,e ~
conseqiientemente,
genealogistas,
diferentes usos. Algumas sao uteis especial mente aos
algumas principalmente aos estudiosos de antiguidades e
outras tern urn interesse essencialmente erudito e contem poueas informa- o arquivista nao deve formular urn programa de descri'tao que exija urn
'toes sobre pessoas ou lugares. tratamento inteiramente uniforme de cada cole't3.o sob sua custodia. Seu
Diferentes tipos de instrumentos de busca sao necessarios as diversas programa deve ser flexivel. Infelizmente, somente por uma questao de uni-
classes de pesquisadores. Se urn instrumento visa a servir eficazmente as formidade e consistencia, os arquivistas, muitas vezes, produziram certos
necessidades de urn genealogist a, deve conter informa'toes sobre pessoas. tipos de instrumentos de busea - indices, catalogos e similares - sem con-
Se visa a servir as necessidades de urn antiquario, deve conter informa'tao siderar se sao necessarios ou de possivel uso. Muitos deles, interessados so-
sobre lugares ou coisas e, se visa a servir as necessidades do pesquisador, bretudo em pesquisas genealogicas, prepararam indices de nomes de pes-
deve conter informa'toes que divulguem 0 valor e 0 conteudo de varias cole- soas e, muitas vezes, gavetas apos gavetas de indices em fichas. Outros, para
'toes. 0 interesse cultural dos papeis privados pode ser mais bem servido por servir a mesma necessidade, prepararam extensos apanhados biograficos
urn programa de instrumentos de busca que seja exaustivo na sua cobertura de pessoas importantes no Estado ou na comunidade. Alguns, interessados
e seletivo em seus metodos de analise de documentos. Ao procurar urn repo- em pesquisa sobre lugares, prepararam indices para os nomes dos locais.
sitorio, 0 pesquisador quer, em primeiro lugar, inteirar-se, ainda que super- Outros, que ainda possuem a custodia de correspondencia ou dos primeiros
ficialmente, de todo 0 acervo. Deve-se, portanto, fomecer-Ihe urn instrumento documentos importantes para a historia de uma area, laboriosamente pre-
de busca que contenha informa'tao, embora proviso ria e superficial, sobre pararam repertorios. E muitos, seguindo as praticas biblioteconomicas, acu-
todas as cole'toes de papeis sob a custodia do repositorio. Depois desse exa- mularam cataIogos sobre catalogos. E outros, nao sabendo que especie de
me inicial do acervo, decidira se certas cole'toes nele contidas sao pertinen- instrumentos de busca preparar, nada fizeram.
tes ao assunto objeto de sua pesquisa. Sobre essas querera mais informa- Uma coisa e certa: cada reposit6rio de manuscritos, a despeito do grau
'toes do que as que se of ere cern num instrumento de busca que cobre todas em que deva servir uma clientela especializada, deve tomar seu acervo aces-
as cole'toes. No caso de cole'toes de papeis privados que sao sobretudo de sivel (de modo geral) ao pesquisador. Por falta de urn born planejamento do
interesse genealogico ou antiquario, os indices de nomes de pessoas, lugares programa de instrumentos de busea, os arquivistas, muitas vezes, so podem
e coisas, em geral, atenderao as necessidades do especialista, da mesma for- atender as simples necessidades dos genealogistas e dos antiquarios; os pes-
ma que atendem as do genealogista e anH_Qu~rio.Nas cole'toes que tem um quisadores sao mal atendidos. Assim, os reposit9rios criados por grupos re-
interesse de pesquisa geral, 0 pesquisador espera obter informa'tao sobre ligiosos, sociedades historicas locais ou organiza'tOes dedicadas a genealogia
sua proveniencia (que pessoas ou entidades as criaram), carater (classes fi- devem servir nao apenas aos seus interesses especiais; devem servir tam-
sieas e tipos) e conteudo (rela'tao com assuntos ou atividades). bem aos interesses da pesquisa erudita, pois os seus acervos incluem, em
o arquivista deve, entao, decidir duas coisas: a) determinar que espe- geral, materiais que tern urn interesse para a pesquisa geral mais amplo do
cies de instrumentos de busea devem ser preparados para as varias cole'toes que 0 das institui'toes que os criaram.
de documentos. Deve, assim, adaptar 0 seu programa de descri't3.o de modo 3. Todos os documentos de um reposit6rio devem ser imediatamente.
a facilitar as finalidades especificas a que determinadas cole'toes de papeis descritos em instrumentos de busca provis6rios. 0 arquivista deve abster-
podem servir. Em rela.'tao a cada cole'tao, ele deve usar 0 metodo que melhor se definitivamente da descri't3.o pormenorizada das series e ~ indivi--
atenda ao objetivo de tomar conhecido 0 seu conteudo, arranjo e importan- duais ate que esteja habilitado a fornecer informa'toes imediatas sobre todo
cia; e b) determinar que especies de instrumentos de busea sao especial- o acervo de seu reposit6rio. Essas informa~6es devem ser fornecidas por meio
mente necessarias para servir a sua clientela. Enquanto um programa de de instrumentos de busca provis6rios e talvez mais gerais.
descri'tao deve servir as necessidades de todos os tipos de consulentes - 4. Os documentos devem ser descritos em detalhes progressivamente
pesquisadores em geral, genealogistas e antiquarios -, deve servir particu- maiores. Urn arquivista deve nao somente tra'tar urn programa de descri't3.o
larmente bem as necessidades das principais especies de consulentes. que atenda as necessidades especifieas de sua clientela, que tom~ conhecido
3.8 • A'Q"'"o' MOO"NO' I
o conteudo e a importancia de colec;oes particulares e que de imediato co-
nhecimento de todas as cole<;6es; ele deve tambem planejar urn programa
I1 A primeira e 0 espa<;o reduzido das fichas. A procedencia de uma cole-
<;ao muitas vezes nao pode ser indicada em poucas palavras e e necessario
de descri<;ao que de constantemente mais informa<;oes sobre 0 seu acervo a mais espa<;o do que 0 normalmente existente nas fichas. Da mesma forma 0
medida que disponha de recursos para a descric;ao do mesmo. 0 objetivo de conteudo, 0 arranjo e a importancia de determinadas . series, muitas vezes ,
uma descri<;ao mais intensa, e 6bvio, e melhorar a qualidade do servi<;o de nao podem ser indicados em poucas palavras, pois que tais series podem
referencia. 0 programa de descri<;ao para cada reposit6rio de manuscritos consistir em muitos tipos fisicos e podem se relacionar com diversos assun-
deve, pOl' conseguinte, incluir a produ<;ao de uma serie de instrumentos de tos ou atividades. E necessario mais espa<;o do que 0 normalmente existente
busca cuja sequencia vai do geral para 0 especifico, tornando a descri<;ao nas fichas.
cad a vez mais pormenorizada, a medida que 0 trabalho de descri<;ao conti- A segunda razao e a falta de continuidade de informa<;ao nas fichas. Cada
nua. Tal programa de descri<;ao deve ser cuidadosamente planejado e as con- ficha, em geral, contem informac;6es que nao se relacionam com as de outras
siderac;6es a serem levadasem conta para 0 estabelecimento de uma ordem fichas. A intrincada rela<;ao entre as varias series nao pode ser mostrada nas
de prioridade no preparo de instrumentos de busca para as varias colec;oes fichas sem se recorrer a elaborac;ao de referencias cruzadas. Nas paginas, ao
saD: primeiro 0 uso que delas e feito e, segundo, a importancia das mesmas contrario, as rela<;oes organicas e de assunto das varias series podem ser
para a pesquisa. Deve haver sele<;ao tanto no programa como no metodo de mostradas pelo modo em que se agrupam e arranjam as series.
descri<;ao. A terceira razao e que 0 fator expansibilidade dos ficharios nao e neces-
sario no caso de instrumentos de busca de cole<;6es de manuscritos. As cole-
5. Os instrumentos de busca devem ser deforma a: a) tomar mais co- <;6esde papeis privados nao tern possibilidade de aumentar como acontece
nhecido 0 conteudo, arranjo e importiincia; e b)facilitar 0 usa dos papeis com as cole<;6es das bibliotecas. Sao, em geral, fechadas, no sentido de que
privados. A forma em fichas se adapta, e claro, aos instrumentos de busca nao mais recebem acrescimos. Se houver acrescimos serao feitos comumen-
das bibliotecas. Os sistemas de indexac;ao e cataloga<;ao em fichas foram cria- te como adenda e nao como inser<;6es nas cole<;oes.
dos pelo Library Bureau, pouco depois de fundado pOl' Melvil Dewey, em
1876. As cole<;oes de bibliotecas saD cole<;oes que crescem constantemente, 6. Um sistema de nota<;iio(ou simbolos) tem apenas uma aplica<;iio
havendo necessidade de se introduzir novo material em varios lugares da limitada na descri<;iiode papeis privados. As rela<;6es de assuntos nao po-
cole<;ao e, pOl' outro lado, as fichas, que'p;dem ser inseridas em qualquer dem ser realmente mostradas pOl' simbolos. Nao existe sistema de classifi-
ponto de urn fichario, saD assim adequadas a clescri<;ao das pe<;as distintas ca<;ao (com simbolos para as varias classes de assuntos) que possa ser ima-
na cole<;ao de uma biblioteca, cada qual inserida em seu proprio lugar, a ginado e aplicado a papeis privados desde que os assuntos variam de colec;ao
medida que seja adquirida. para cole<;ao. Os simbolos us ados para indicar assuntos nos esquemas de
Os instrumentos de busca de papeis privados devem ser em forma de classifica<;ao de bibliotecas (tais como 0 Sistema Decimal de Dewey e 0 da
fichas sempre que se deseje: a) identificar assuntos especificos nos papeis, Biblioteca do Congresso) nao tern valor quando aplicados a papeis privados.
como sejam nomes de pessoas, lugares, objetos, topicos e coisas semelhan- Nao podem ser aplicados do mesmo modo a duas colec;6es. Em virtude das
tes; e b) identificar documentos especificos ou avulsos. POl' isso as fichas se diferen<;as no modo de aplica<;ao a cada cole<;ao, somente saD inteligiveis aos
prestam ao preparo de catalogos de assuntos, indices de nomes e de topicos. arquivistas que os aplicaram.
Os instrumentos de busca de papeis privados devem ser em forma de Nao se pode imaginal' uma serie de simbolos padronizados para mos-
paginas sempre que se desejar descrever coletivamente tais papeis. Assim as trar as rela<;6es organicas dos componentes de uma cole<;ao que, como no
descri<;oes de cole<;oes como urn todo, ou de series de~tro de cole<;oes, de- caso de grupos de arquivos, diferem de cole<;ao para cole<;ao.
vem normalmente aparecer em paginas, em vez de fichas. A apresenta<;ao Os simbolos atribuidos a unidades de papeis privados saD uteis apenas
em pagina e conveniente POl'varias razoes: para fins de referencia e cita<;ao, nao para descri<;ao.
dades, as series, SaDestabelecidas, como acentuei anteriormente, tomando-
se por base 0 arranjo dos papeis, seu tipo fisico ou sua relaC;ao com 0 assunto
Nos paragrafos seguintes e meu intento dedicar urn pouco de aten~o a ou atividade.
dois assuntos: a) as unidades segundo elas mesmas; b) os elementos em re- a arranjo e a descriC;ao nao sao, assim, func;oes separaveis; uma se con-
la~o aos quais os papeis privados devem ser descritos. funde com a outra. Ao descrever os documentos 0 arquivista simplesmente
o faz em relac;ao a unidades que foram fixadas durante 0 seu arranjo. A divi-
SaDde uma coleC;aoem diversas series capacita-o a descrever os documentos
coletivamente, isto e, descrever uma quantidade de pec;as individuais sob
uma unica entrada.
Antes. que 0 arquivista possa descrever qualquer material documenta-
rio e necessario que saiba 0 que esta descrevendo. Deve conhecer as ligac;5es
fisicas de cada unidade coni que lida. as papeis privados, na minha opiniao,
dividem-se logicamente em tres especies. Sao elas: a) as colec;oes; b) as se-
ries dentro das colec;oes; e c) as unidades documentais avulsas dentro das as papeis privados, da mesma maneira que os documentos oficiais, po-
series. dem ser descritos em relac;ao a dois aspectos distintos: a) conteudo substan-·
As maio res e as menores dessas unidades SaDfacilmente identificaveis e tivo; e b) forma unitaria e arranjo.
sao, em geral, estabelecidas pelo arquivista no curso de criaC;ao das mesma~. Podem ser descritos substantivamente em relac;ao a origem, assunto e
Assim, urn arquivista normalmente nao tern dificuldades em definir os limi- datas. as elementos substantivos SaDclaramente mostrados quando se res-
tes de uma coleC;ao. Consiste simplesmente em todo 0 material documenta- ponde as seguintes questoes:
rio recebido de uma determinada fonte, comumente, de uma (mica vez, mas
ocasionalmente em mais de uma. Assim, tambem 0 arquivista normalmente 1. Quem?
nao tern dificuldade em identificar as unidades documentais avulsas. Em Pessoa ou entidade que produziu ou colecionou os papeis.
geral consistem em unidades fisicas isoladas, tais como: a) volumes enca- Pessoa ou entidade a que dizem respeito os papeis.
dernados; b) pastas ou mac;os, ou c) pec;as'~u'd~cumentos avulsos. 2. Onde?
as metodos de descriC;ao formulados nos Estados Unidos na maio ria Lugar ou lugares em que os papeis foram produzidos.
relacionam-se com as grandes e com as pequenas unidades de papeis priva- Lugares a que os papeis dizem respeito.
dos, isto e: com as colec;oes e com as unidades avulsas. Tem-se dispensado 3. Que?
menos aten~o as tecnicas descritivas que se aplicam a colec;oes do que as Atividade organica, se houver, a que se deve a produC;ao dos papeis.
que se aplicam a pec;as avulsas. Em sua bibliografia sobre a administra~o Fenomenos ou fatos, quer envolvam pessoas ou coisas, que se acham
de papeis privados os bibliotecirios americanos tem-se preocupado quase registrados nos papeis.
que exclusivamente com estas ultimas. Alguns de seus artigos relativos a 4. Quando?
elaborac;ao de repert6rios e as tecnicas de elabora~o de indices aplicam-se Datas-limite entre as quais a colec;ao foi produzida.
principalmente a tais pec;as isoladas. E somente os bibliotecirios que tern Datas dos fatos a que se reporta a colec;ao.
tido experiencia de arquivo se ocupam de outras unidades de tratamento
que nao pec;as avulsas. as papeis privados podem ser descritos estruturalmente, em relac;ao ao
Ha, contudo, unidades intermediarias entre as colec;oes e as pec;as isola-
tipo e forma fisica e ao volume. as elementos fisicos ou estruturais SaDclara-
das a que 0 arquivista deve prestar atenc;ao, se deseja executar urn born pro-
mente mostrados quando se respondem as seguintes questoes:
g<ama de descri<;iio.neve delin;,.,.as nnidades cnidadosamente. Tais nn.:.....J.
••"• 1. Se um simples documento, de que especie?
niencia, indicada pelo nome da pessoa ou entidade que produziu, colecio-

•• Carta?
Memorando?
InstrUl;oes?
nou, vendeu ou doou os papeis ao reposit6rio de manuscritos, ou pelos tres;
b) 0 carater, que deve ser indicado por meio de informac;ao sobre os princi-


pais tipos fisicos e formas ai encontradas, 0 assunto, refletido pela natureza
Formulario? etc.
da atividade que deu origem a sua produc;ao, 0 carater de seu produtor, e as

•• 2. Se um conjunto de documentos, de que especie?


Pasta?
Mac;o?
datas em que foram produzidos; e c) as condic;oes de aquisic;ao, incluindo, se
convier, informac;ao sobre 0 prec;o de compra, restric;6es quanta ao uso e


••
lilt
3. Se um volume encadernado, de que especie?
Registro?
Copiador de cartas?
Livro de copias prensadas? etc.
direitos autorais que couberem.

Deve-se preparar uma folha descritiva inicial (initial description sheet)


IJJ 4. Quantos documentos existem?
Em metros lineares? para cada colec;ao, logo apos 0 recebimento, ou assim que sofra novo acres-
Numero de volumes? cimo. No Arquivo Nacional esta folha se chama Folha de Registro (Registra-
~ Numero de pastas, de mac;os? tion sheet) e na Divisao de Manuscritos da Biblioteca do Congresso chama-
Numero de documentos avulsos ou de pec;as? se Registro (Register). A folha descritiva destina-se a servir como urn
instrumento de busca inicial, e deve conter todas as informac;Oes que se pos~
sam obter prontamente atraves de urn rapido exame da colec;ao, antes que
seja ordenada. 0 carater provisorio da folha descritiva ha que ser reconheci-
Normalmente, os grandes grupos de papeis privados devem ser descri- do e deve evitar-se qualquer tentativa no sentido de prove-Ia de uma infor-
tos pelas seguintes especies de documentos que servem como um meio de pro- mac;iio acurada ou completa.
ver um controle imediato e atualizado sobre todo 0 material sob custodia. Normalmente, a folha descritiva deve consistir em urn breve documen-
to (uma ou duas paginas) narrativo ou descritivo que se otganiza da seguin-
te maneira: a) uma breve identificac;ao da colec;ao, como urn todo, na qual
figure 0 nome da pessoa ou entidade que a produziu, ou 0 nome do colecio-
nador. Se 0 nome do produtor e indicado, mencionar profissao ou profissoes
o registro de recolhimentos ou entradas (accession registers) deve des- da pessoa (ex.: advogado, clerigo, dramaturgo, inventor) ou a atividade da
tinar-se a servir a propositos administrativos e nao a servir como instru-
entidade (ex.: fabricac;ao de automoveis, explorac;ao de minas de carvao);
mento debusca. Toda vez que se process a novo recolhimento, faz-se uma
b) um paragrafo descritivo sobre a colec;ao, como um todo, no qual se indi-
entrada no registro para a fonte de onde proveio 0 material e as condic;oes de
cam informac;oes quanta aos principais tipos fisicos e form as nela encontra-
aquisic;ao. A informac;ao para esse tombamento deve ser obtida do proprio
dos; 0 conteudo de assunto, listando-se as pessoas importantes, lugares,
doador ou vendedor e atraves de rapido exame do material, imediatamente
coisas ou fatos com que a colec;ao se relacione, desde que identificaveis at~-
antes ou apos a aquisic;ao.
yes de um rapido exame; e as datas-limite em que a colec;ao foi produzida ou
o lanc;amento deve, normalmente, ser feito· numa folha-documento,
reunida; e c) uma declarac;ao sobre condic;oes de acesso aos documentos,
mantida com outras semelhantes, por um sistema de folhas soltas, ou numa
indicando, se for 0 caso, restric;oes quanta ao uso e direitos autorais que
ficha. Deve conter os seguintes dados sobre cada recolhimento: a) a prove-
couberem.
• ocupa~o e condi~6es economicas dos pais;
• escolas, colegios, universidades freqiientados e graus colados (cursa-
As series de manuscritos, da mesma forma que as series de arquivos, dos ou honorarios); e
SaDestabelecidas pelo arquivista durante 0 arranjo dos documentos. Sao, • carreira, ocupa~ao ou profissao, acontecimentos ou fatos notaveis a
como foi dito, as unidades intermediarias entre as cole~6es e as pe~as docu- que a pessoa esteve ligada, cargos ocupados, organiza~6es ou institui-
mentarias individuais. Tao logo seja possivel, no program a de analisar cole- c;6es a que pertenceu, trabalhos (literarios, cientificos etc.), lugares
~6es, deve-se descrever as series. Ha dois tipos de instrumentos de busca em que residiu.
nos quais isto e normalmente feito: a) inventarios; e b) catalogos de series.
Se a colec;aofoi produzida por uma entidade, os paragrafos sobre a ori-
gem devem conter urn apanhado historico da mesma. Nesse apanhado a in-
formac;ao mencionara as datas (dia, mes e ano) de sua criac;aoe dissoluc;ao
Urn inventario de papeis privados e muito similar, ~m organiza~ao e (se dissolvida); os lugares em que funcionou; os nomes das pessoas ligadas a
conteudo, a urn inventario de arquivos publicos. Deve, normalmente, cons- entidade, inclusive fundadores e funcioqarios; a especie de atividade, nego-
tar de duas partes, a primeira consistindo em uma introdu~ao e a segunda, cio, profissao, instituic;ao, organiza~o, e assim por diante; e a significac;ao
nas entradas das series.
do que produziu ou de suas atividades.
A introdu~ao de urn inventario contera informa~ao quanto a origem e A introduC;aodeve tambem conter informac;ao quanta ao carater da co-
carater da col~ao e quanta as condi~6es de uso.
le~o como urn todo, com indicac;6esrelativas ao arranjo e organizaC;aoe sua
Nos paragrafos sobre a origem, a informa~o a ser fornecida e identica a
relac;aopara com outros materiais documentarios, e informac;6es quanta ao
relativa a historia administrativa fornecida no inventario de arquivos de urn
usa, incluindo restric;6es e direitos de propriedade literaria que se aplica-
orgao governamental. Se uma pessoa produziu a cole~o, os paragrafos sa-
rem.
bre sua proveniencia devem conter urn esbo~o biografico da mesma. A in-
Cada serie deve ser descrita separadamente e a entrada tipica para a
forma~o contida nesse esbo~o sugere quanto ao conteudo da cole~o, na
serie deve mostrar 0 tipo ou tipos fisicos dos ~ocumentos, as datas-limite
mesma forma que a historia administrativa de urn orgao governamental in-
entre as quais foram produzidos, substancia (proveniencia e assunto), quan-
dic~ 0 conteudo de urn grupo de arquivos. 0 resumo biografico indicara suas
tidade e 0 numero que Ihe foi atribuido. Urn inventario e, pelo proprio nome,
principais atividades (em rela~o as quais os documentos provavelmente
existem em sua col~o), indicara outras pessoas com quem haja convivido, urn levantamento ou arrolamento de pec;as.No caso de urn inventario de
e os anos de existencia. Dessa forma se referira a maioria dos elementos papeis privados, 0 arrolamento deve ser feito pelas series que existem e pe-
pertinentes a uma analise da substancia de uma cole~ao - as datas, os as- los assuntos (usando essa palavra em seu sentido lato) a que dizem respeito
suntos ou atividades a que diz respeito e as pessoas nela mencionadas. as series. Os nomes das pessoas e lugares e os topicos de assuntos mencio-
o resumo biografico deve ser identioo aos que se encontram nos dicio- nados nas series devem ser destacados. Se isso e feito, as entnidas das series
narios biograficos. Deve, por exemplo, mostrar 0 seguinte: fornecem a base para produzir outros instrumentos de busca, pois a infor-
ma~o sobre nomes e topicos pode ser usada no preparo de cataIogos de
• datas (dia, mes e ano) e lugar de nascimento e morte; assuntos e indices.
• nomes do pai, mae (nome de solteira), conjuge e filhos, nomes de ir- Se uma cole~o de papeis privados e bem pequena e nao se presta a set
maos e avos, se importantes, mudan~as no nome de familia ou do pro- dividida em series separadas, a col~o inteira deve ser considerada uma
prionome; serie, e a informac;aoigualmente versara sobre os principais tipos fisiooscon•.
tidos na coleC;ao,datas-limite entre as quais foi produzida, substancia e quan-
tidade.
As unidades documentarias sao, normalmente, descritas em tres espe-
cies de instrumentos: a) listas; b) catalogos de pec;as; e c) repertorios. Nos
paragrafos seguintes pretendo dedi car urn pouco de atenc;ao a cada urn des-
A catalogaC;ao, tecnica oriunda da pratica biblioteconomica, nao e Urn ses tres tipos de documentos.
metodo recomendado para a descriC;ao de papeis ptivados. Como esses pa-
peis sac freqiientemente administrados por bibliotecarios, a tecnica de
cataloga-Ios tern sido aplicada. As unidades de catalogac;ao numa biblioteca
sac comumente precisas e definiveis - pec;as isoladas. As (micas unidades As listas de unidades documenarias (volumes, mac;os, pastas, documen-
precisas e facilmente definiveis em uma colec;ao de manuscritos ou sac as tos avulsos) contem uma breve descriC;ao de cada uma dessas unidades na
colec;oes au os documentos avulsos. Essas unidades ou sac muito grandes coleC;ao ou na serie dentro da coleC;ao.As listas, em geral, aparecem em for-
ou muito pequenas para admitirem uma catalogac;ao adequada. Uma entra- ma de paginas. Nas listas as unidades documentarias sac identificadas e
da catalografica para uma colec;ao dificilmente e expressiva, enquanto va- descritas principalmente em term os de sua forma fisica. As caracteristicas
rias entradas para as pec;as individuais sao, freqiientemente, muito numero- fisicas de cada pec;a sac indicadas atraves de res post as as mesmas questoes
que foram tratadas acima sob 0 titulo "Elementos da descriC;ao". A informa-
sas e igualmente sem significado.
C;aoreferente a substancia de uma pec;a, quando se da, e em geral bem sucin-
Catalogos de unidades intermediarias, isto e, de series, raramente sac
feitos pel a simples razao de que 0 conceito de serie nao e compreendido pela
ta e limitada a proveniencia (autoria) e suas datas.
Raramente se justifica que urn arquivista prepare listas de pec;as indivi-
maioria dos que possuem sob sua custodia papeis privados. E a catalogaC;ao
duais com objetivos que nao sejam os de dar conta das proprias unidades
e de utilidade duvidosa quando aplicada a series cuja apresentac;ao fisica e
documentarias. A menos que os dados descritivos sejam urn tanto comple-
conteudo de assunto sac muito variaveis. A diversidade de conteudo e de
tos, as listas nao sac particularmente uteis como instrumentos de busca.
tipo fisico toma dificil descrever as series' aaequadamente em forma de fi-
Comumente a informaC;ao sobre cada unidade e demasiadamente resumida
chas.
para elucidar 0 pesquisador. Se de todo sac preparadas, devem ser somente
Os catalogos de series simplesmente cantem a mesma informac;ao dada
para as pec;as mais valiosas de certas series ou colec;Oes.
nos inventarios de series; a unica diferenc;a consiste em que urn e em forma
de fichas e 0 outro em paginas. No catalogo de series a informaC;ao deve ser a
seguinte: as fichas relativas a entrada geral deveminformar sobre a origem
da coleC;ao,como urn todo, tal qual na introduC;ao de urn inventario, enquan-
Os catalogos de unidades documentarias sac semelhantes aos catalogos
to as fichas de entradas de series devem dar informac;ao sobre cada serie, tal
de series, apenas os documentos descritos (os mac;os, as pastas e os docu-
como nas entradas de series de urn inventario.
mentos avulsos) sac menores do que as series.
As fichas sobre cada uma das colec;oes em urn repositorio (tanto as en-
A informac;ao dada sobre cada unidade e identica a das !istas. As fichas
tradas gerais quanta as entradas de series) devem ser colocadas no catalogo
de entrada das unidades devem ser incorporadas ao catalogo de series e co-
sob uma das seguintes ordens: alfabeticamente, pelos titulos das colec;oes,
locadas apos as fichas de entrada das respectivas series.
ou numericamente, pelos numeros atribuidos a colec;ao.
As pec;as individuais, como foi visto anteriormente, sac muito pequenas
para serem catalogadas. Nao merecem a atenc;ao requerida no processo de

--,~~~
.....1 .
catalogac;ao que e, no todo, urn processo urn tanto lento. Dar a cada pec;a C- Carta ou escrito em forma de comunicac;ao.
CF - Carta firmada.
individual 0 tratamento padrao completo de catalogac;ao resulta em uma
CFA - Carta firmada, autografo.
perda de energia e esforc;o e e provavel que desvie de urn trabal1l.o mais cons- D- Documento outro que nao carta.
trutivo 0 pessoal do repositorio de manuscritos. Se os catalogos de unidades DE - Documento firmado.
chegarem a ser preparados, devem ser feitos somente para as series que con- DFA - Documento firmado, autografo.
NA - Nota autografa.
tenham pec;as de valor incomum.
Os indices devem incluir os nomes de pessoas e de lugares mencionados
nos documentos arrolados no repertorio. A elaborac;ao de urn calendario e
Repert6rios (calendars)
urn processo moroso e dispendioso, 0 que se justifica quanta a documentos
Os repertorios ou calendarios de pec;as avulsas contem substancialmen- de alta significac;ao. Esses documentos devem, e evidente, ter grande valor
te mais informac;oes sobre os documentos do que as listas, e sempre se refe- de pesquisa para compensar 0 tempo despendido no seu tratamento. Sem
rem a pec;as individuais e nao a agregados de pec;as, tais como mac;os, pastas duvida, essa foi a razao pela qual 0 Bureau of Rolls and Library do Departa-
ou volumes. Normalmente, se compoem de tres partes: a) a introduc;ao; mento de Estado preparou, de 1893 a 1903, 0 calendario dos papeis de
Jefferson, Madison e Monroe. Se as entradas do calendario saD em forma de
b) as entradas das pec;as; e c) 0 indice.
reproduc;ao da fraseologia exata do original sobre os assuntos essenciais,
A introduc;ao deve conter uma descric;ao coletiva das pec;as que estao
podem, muitas vezes, ser usadas em lugar dos documentos originais; mas,
sendo arroladas no repertorio, incluindo informac;oes sobre sua fonte e sig-
se 0 objetivo for tornar desnecessario 0 uso dos originais, ha urn processo
nificado.
mais barato e fiel que e 0 microfilme. 0 microfilme e 0 substituto moderno
As entradas das pec;as devem constar de tres partes. A primeira e a linha
do calendario sempre que se tenha por objetivo, atraves do preparo de resu-
do titulo de cada pec;a indicando a data - uma vez que as pec;as nos reperto-
mos, reduzir 0 uso dos documentos originais. E uma tecnica menos dispen-
rios se apresentam em ordem cronologica -, os nomes do destinatario e de
diosa do que a elaborac;ao de calendarios; e melhor, do ponto de vista da
q':!em escreve 0 documento. A segunda parte e-uma entrada, em paragrafo,
pesquisa, pois fornece urn texto completo e nao apenas urn resumo.
na,qual a materia de cada pec;a e indicada por uma das duas formas seguin-
Se repertorio ou calendario e feito sob a forma de interpretac;ao da lin-
tes: na forma de resumo corrido dos principais fatos e ideias; nessa forma 0
guagem sobre os principais fatos e ideias dos documentos, 0 melhor e mais
repertorio e essencialmente urn instrumento de busca no qual 0 conteudo
eficiente meio de fornecer informaC;ao talvez seja a compilac;ao de listas que
das pec;as individuais e indicado em forma condensada. A outra e em forma contenham uma descric;ao completa desses documentos. Nessas listas des-
de uma reproduc;ao da linguagem do documento sobre os aspectos essen- crevem-se os documentos de tal forma que as informac;oes essenciais se re-
ciais, com as proprias palavras do escritor, e de urn resumo dos assuntos nao velam aos estudiosos. Essas informac;6es dizem respeito ao tipo fisico, a ori-
essenciais. Consegue-se 0 resumo atraves da omissao de palavras e atraves gem, as datas e ao conteudo dos documentos. As listas, evidentemente, nao
da interpretac;ao do texto. Nesta ultima forma 0 repertorio e urn produto proporcionam tantos pormenores quanta os calendarios, mas ao pesquisa-
intermediario entre 0 instrumento de busca e a publicac;ao documentaria. dor pouco importa que urn documento privado seja identificado como uma
Os historiadores, principais utilizadores dos repertorios, tern, porvezes, ma- carta firmada ou como uma carta firmada autografada, pois 0 que ele quer
nifestado preferencia por esse tipo de calendario. A terceira parte da entra- saber, simplesmente, e se 0 documento se relaciona com 0 assunto de sua
da das pec;as refere-se as caracteristicas fisicas dos documentos atraves de pesquisa. Os simbolos, para essa materia, tern especificidade somente em
simbolos alfabeticos que SaDusados da seguinte maneira: relaC;ao a algumas especies de documentos, tais como cartas e notas, e todos
os elementos constitutivos da cole~o. Determina-se a unidade a ser catalo-
os outros tipos fisicos SaG enquadrados no termo geral "documentos". As-
gada, sempre com bastante cuidado. as catalogos de assunto tanto podem
sim sendo, as laboriosas investigal;oes que muitas vezes devem ser feitas
referir-se as series quanto as unidades dentro das series. Nesses catalogos as
quanta aos auto res e destinatarios de cartas, para se preparar as entradas
fichas que contem dados descritivos sobre as series ou unidades sao agrupa-
dos calendarios, SaGgrandes consumidoras de tempo e ate certo ponto seus
das sob cabe~hos de assunto.
resultados sao destituidos de significado.
.Uma segunda razao para a elaboral;ao do repertorio e a de tornar acessi- a problema dos cabec;alhos de assunto, em relal;ao aos quais as unida-
veis os documentos que sao inacessiveis devido a caracteristicas fisicas. Urn des sao catalogadas, precisa portanto de solul;ao. As unidades devem ser
perfeito exemplo de calendarios que atendem a esse proposito sao os prepa- catalogadas em relal;ao a cabel;alhos de assunto extraidos das listas padroes
rados para os rolos medievais pelo Public Record Office britanico. Esses 1'0- de cabe~alhos preparadas para 0 material de bibliotecas? au deve elaborar-
los ou registros que contem copias de documentos, abreviados ou nao, con- se uma lista especial de cabel;alhos para 0 acervo de urn determinado reposi-
sistem em pe~as de pergaminho presas pelas extremidades e geralmente bem torio de manuscritos, ou varias listas de cabe<;alhos, separadas, que se adap-
longas. Como result ado da negligencia sofrida pOl' muitos dos documentos tern a cada uma das cole~oes dentro de urn repositorio de documentos?
publicos anteriores ao seculo XIX, muitos rolos estao em pobres condil;oes Ja que as colel;oes de papeis privados variam grandemente quanta ao
fisicas e ofere cern grande dificuldade no seu uso. a que neles esta escrito e, assunto, de colel;ao para cole~o, e de reposi~orio para reposit6rio, nao se
muitas vezes, quase indecifravel e em linguagem dificH de entender para pode elaborar uma lista padrao de cabel;alhos de assunto que se aplique in-
muitos dos atuais pesquisadores. as calendarios dos rolos sao, portanto, distintamente ao acervo de todos os repositorios de manuscritos. Tampouco
documentos de grande utilidade. sao as listas padroes de cabe~alhos de assuntos de bibliotecas satisfatorias.
Uma terceira razao para a elabora~ao de repertorios e protegeI' os docu- Sou de opiniao que se deve preparar uma lista de cabec;alhos, numa base ad
mentos de grande valor intrinseco. as repertorios fornecem urn meio de hoc, para cada repositorio de manuscritos. Se as colel;oes do repositorio hou-
identificar precisamente os documentos nao apenas pelo autor e data, mas tam- verem sido inventariadas, os inventarios fornecerao a informal;ao basica para
bem pelo assunto. Essa identifical;aO precis a reduz 0 manuseio. Esse propo- o preparo de tallista. A lista ha que conteI' urn numero limitado de grandes
sito pode, contudo, ser conseguido tao bern, e talvez mais economicamente, cabel;alhos de assuntos que sejam mutuamente exclusivos e em relal;ao aos
p~'r:meio da microfilmagem dos documentcis preparados para esse fim, pOl' quais as fichas possam ser agrupadas. Nao devera conteI' assuntos altamen-
urn arranjo e numeral;ao apropriados. te espedficos (limitados quanta a cobertura) e, uma'vez adotada, nao deve
ser constantemente ampliada para incluir novos assuntos.
Conquanto os simbolos possam ser usados com exito para designar as
cole¢es e as series dentro das cole¢es, nao deverao ser empregados no pro-
as papeis privados sao descritos em relal;ao aos assuntos nas tres espe- cesso de cataloga~o para mostrar' as relal;oes orgfmicas ou as de assunto
cies seguintes de instrumentos: a) catalogos de assuntos; b) indices de no- das series ou itens.
mes; e c) indices de topicos. A cada urn desejo dedicar alguma atenl;aO nos Desde que os pesquisadores acostumaram-se a usaI' catalogos de assun-
tos quando se trata de livros, esperam, muitas vezes, encontra-Ios tambem
paragrafos seguintes.
para os manuscritos historicos. Ra duvida quanta a serem os catalogos de
assuntos os melhores meios de tornar conhecida a informal;ao subjetiva re-
ferente ao material de pesquisa em forma de manuscritos. A intricada e com-
plicada informa~o sobre as relal;Oes organicas e assuntos concernentes a
Antes de os papeis privados serem analisados quanta aos assuntos 0

devem se, em rela¢o a seus component •• , 1sto e, pdmeico se determin~ m_a_i_or


__
i_a_da._S~C-c.ol...:.e_l;_o_es_m_an_u_s_cn_'.ta.s.'
.e.p_a_rt_iC_U_I_a_rm_e_n_te_aq~u_e_l_as_
qUe_Sa_o_or_g.a
__
.-__
nicas na essencia, pode ser apresentada de maneira mais inteligivel e mais mac;ao sobre urn determinado nome. Deve-se notar que tal processo s6 pode
completa em forma de pagina do que em ficbas. E a existencia de informa- ser seguido se todas as series de uma colec;ao houverem sido estabelecidas
.;ao sobre os assuntos pode ser divulgada com maior capacidad~, e~ indices com propriedade, e se estiverem devidamente arranjadas e identificadas por
de nomes ou de t6picos. Os indices, confessadamente, apenas mdlcam que meio de simbolos;
existe a informa.;ao sobre determinados assuntos em determinadas series,
b) 0 indice de nomes, progressivamente, incluira todas as colec;oes ou
nao descrevem as series em que se encontra a informa.;ao, como acontece
series do depositarios de manuscritos; e
com os catalogos de assuntos. Mas esses dados descritivos podem ser obti-
dos fazendo-se referencia aos inventarios das series, se houverem sido fei-
tos.

Os cabec;alhos de assuntos se referem a "coisas" (incluindo-se edificios,


Os indices de nomes de pessoas, como indiquei anteriormente, san uteis navios ou outros objetos fisicos) ou a "filtOS" (0 que ocorre a pessoas ou a
sobretudo para os genealogistas, enquanto os de lugares san fundamental- coisas tais como condic;oes, problemas, atividades, programas, eventos, epi-
mente uteis aos antiquarios. Mas, em geral, indices de nomes san tambem sodios, e assim por diante). Os pesquisadores interessados em coisas ou fa-
uteis aos pesquisadores de hist6ria geral quando suas pesquisas se limitam tos geralmente precisam investigar as colec;Oes inteiras. 0 objeto de suas
a determinada area. Os indices de nomes, tanto quando se trata de lugares pesquisas nao e tao especifico quanta 0 dos pesquisadores que se interes-
como de pessoas, abrangerao todo 0 acervo de urn repositorio de manuscrito e sam por nomes de pessoas ou de lugares. A estes nao e, pois, necessario
serao preparados depois que se hajam feito as descric;oes coletivas do acer- conhecer as series especificas em que se encontram informac;oes sobre "fa-
yO, em inventarios e guias. Em vista do grande numero de nomes represen- tos" ou "coisas". Os indices tematicos, portanto, normalmente, nao devem
tados no acervo de qualquer repositorlo de manuscritos, por menor que seja, ser preparados antes que os indices nominais estejam prontos, pois as des-
os indices de nomes devem conter tao~sCffnetrte 0 minimo de informac;ao cric;oes coletivas de papeis privados, isto e, os guias e inventarios, inicial-
sobre as pessoas ou lugares e sobre os documentos em que san mencionados. mente serao suficientes para atender as necessidades de pesquisadores in-
Os indices, note-se, tern por objetivo localizar as unidades documenta- teressados em "fatos" ou "coisas".

rias(dentro de series ou grupos) que se relacionam com determinados as-


suntos; nao constituem meios de descriC;ao de tais pec;as. Portanto, ha que se
distinguir os indices dos catalogos que se referem a determinadas entidades
fisicas, como sejam as series ou unidades documentarias; os indices sim- A totalidade de documentos sob a cust6dia de urn reposit6rio de ma-
plesmente se referem aos assuntos tratados em tais entidades. Assim sendo, nuscritos deve ser descrita em urn guia. A organizac;ao das entradas no guia
os indices san instrumentos de localiza.;ao, os catalogos instrumentos de des- depende, ate certo ponto, da organizac;ao dada as colec;oes de manuscritos
cri.;ao. de cada reposit6rio. Se as colec;oes houverem sido agrupadas em classes de
Urn indice de nomes deve ter as seguintes caracteristicas: assuntos, 0 guia devera descreve-Ios em relac;ao a tais classes. Se as colec;Oes
a) cada ficha ou papeleta de entrada deve indicar 0 nome da pessoa ou foram simplesmente colocadas na ordem de seu recebimento, serao descri-
lugar mencionado na serle e identificar, por meio de simbolos, a serie em tas na ordem alfabetica de seus titulos ou na ordem numerica da entrada.
que aparece. Nao se deve sobrecarregar a entrada com informa.;ao descriti- A descric;ao das colec;6es no guia baseia-se na informaC;ao preparada
va adicional, ja que seu unico prop6sito e indicar a serie que contem infor- quando da produc;ao de outros instrumentos de husca. Sobre cada cole.;ao
dar-se-a uma informac;ao sucinta quanto a origem, incluindo-se breves .da-
dos biograficos ou hist6ricos sobre a pessoa ou entidade que ~ produzlU e
sobre suas series, se houver, e ainda dados relativos ao tipo, perIodo, assun- Programa de publica~oes*
to e quantidade. _' . .
Deve-se preparar um indice que mostre a relac;ao entre as serIes e um-
dades, e os varios assuntos.
Ao EXAMINAR, EM capitulo anterior, a evolu<;ao dos arquivos na Franc;a, Ingla-
terra e Estados Unidos, assinalei que os historiadores tiveram especial in-
fluencia na criac;ao de tais instituic;6es, desde que, compreendendo 0 valor
das fontes documentarias, comec;aram a agir junto aos governos a fim de
proteger e tornar acessivel uma das principais fontes, qual seja ados docu-
mentos publicos. Por isso mesmo, muito devem os arquivistas aos historia-
dores. Essa divida, entretanto, vem sendo resgatada pela ajuda que prestam
aos historiadores, primeiro guiando-os aliraves de volumosa mass a de docu-
mentos, por meio dos instrumentos de busca e, depois, colocando a disposi-
c;ao daqueles os mais importantes documentos, mediante a publicac;ao de
colec;6es de documentos.
Na publicac;ao de fontes documentarias, os arquivistas e historiadores
tem-se ajudado mutuamente. A publicac;ao de documentos pelos arquivis-
tas serviu de estimulo as investigac;6es hist6ricas. Os historiadores come<;a-
ram a fazer estudos criticos com um certo grau de exatidao cientifica quando
se lhes facilitou 0 uso das fontes documentarias, especialmente depois da
publicac;ao de algumas das gran des colec;6es de fontes medievais.
Na Italia, os trabalhos de critica hist6rica iniciaram-se depois que
Ludovico Aptonio Muratori (1672-1750) publicou sua obra Rerum italicarum
scrip tores (Escritores de assuntos italianos, 1723-38, 28v.). Asfontes
divulgadas por Muratori constituem talvez a maior obra individual em toda
a hist6ria da historiografia. Eo talvez bastante significativo 0 fato de esse ho-
mem, conhecido como pai da historiografia italiana, haver sido arquivista
profissional e 0 conservador dos arquivos em Modena.

I
A grande colec;ao alema de fontes medievais Monumenta Germaniae
Historica (Monumentos da hist6ria alema), em 115 volumes, iniciada em
1826 e ainda em pUblicac;ao, que foi, em parte, trabalho de arquivistas, tam-

II * N. do T.: Capitulo 16 no original.

. --~.:,.1. .. -----_ .. _----'-------


bem estimulou 0 estudo critico da hist6ria medieval. Os documentos encon- a luz os ensinamentos recebidos dos historiadores. Suas obras foram verda-
trados nos Monumenta tern sido utilizados, desde seu aparecimento, em deiros monumentos de erudic;ao hist6rica. Entretanto, alem dos conheci-
seminarios sobre arquivos para treinar estudantes de historiografia e de cien- mentos de historia, tiveram de usar as ciencias auxiliares da historia, como
cias auxiliares da hist6ria. A publica~ao deve sua origem principalmente aos por exemplo a diplomatica, a paleografia e a esfragistica. E nesse ponto, diga-
esforc;os do barao yon Stein (1757-1831), notavel estadista da era napoleonica se de passagem, que 0 trabalho daqueles arquivistas deve ser vivamente di-
cujo interesse pela pesquisa e publicac;ao hist6rica levou-o a fundar a Socie- ferenciado do trabalho dos arquivistas que lidam com documentos moder-
dade Hist6rica Alema (Gesellschaft for altere deutsche Geschichtskunde). nos.
Sob os auspicios dessa sociedade foi iniciada aquela publicac;ao. Atualmente
e dirigida por uma comissao central constituida de membros das academias
de ciencias de Viena, Bedim e Munique. 0 seu principal orientador, durante
os primeiros 50 anos, foi George Heinrich Pertz (1795-1876). Quando Pertz
Cada vez mais os governos estao tomando a si a responsabilidade finan~
comec;ou a trabalhar nos Monumenta, em 1823, era secretario do Arquivo
ceira da publicac;ao de fontes documentarias. A publicaC;ao das grandes cole-
de Hanover. Veio a ser mais tarde bibliotecario em Hanover e Bedim.
Na Inglaterra, a grande colec;ao Chroniclesand memorials of GreatBritain
C;6esmedievais vem sendo, agora, financiada por fundos publicos. Esse 0 e
caso da nova edic;ao da obra de Muratori Rerum italicarum scriptores e da <

and Ireland during the Middle Ages (Rerum Britannicarum mediiaevi


edi~ao aumentada de Monumentos da hist6ria alema, obras cuja origem se
scriptores), de 1858-1911, em 251 volumes, foi publicada sob a direc;ao.no-
deve a coragem de particulares.
minal do master of the rolls (arquivista-mor) e por isso e chamada de Rolls
Nos Estados Unidos 0 governo federal tern sido muito pr6digo no que
series. 0 material da colec;ao foi revisto por competentes historiadores que
diz respeito ao financiamento da publica~o de documentos. Depois de exa-
trabalharam juntamente com 0 deputy keeper (diretor em comissao) dos
minar as publicac;6es provenientes de fundos publicos, 0 dr. Clarence E.
public records no Public Record Office. * Alem das cronicas e mem6rias do
Carter , eminente historiador americano, afirmou, na Mississippi Valey
periodo medieval, a Rolls series inclui muitos repert6rios de documentos
oficiais, assim como listas e indices de otrtros- documentos publicos relativos
Historical Review, de junho de 1938: "...e claro que 0 Congresso nao con-e
trario ao principio geral de publicar-se os prin~ipais documentos nacionais
ao periodo moderno. A publicac;ao da Rolls series revelou a grande riqueza
e que esta pronto a dar a sua colabora~ao desde que haja prova de apoio
das fontes hist6ricas na Inglaterra, dando impulso naquele pais, assim como
autentico e genuino por parte de pessoas interessadas". Mesmo durante 0
o fizeram publica~6es semelhantes na Europa con~inental, ao desenvolvi-
periodo em que a na~ao estava se formando, em meio a uma revoluc;ao, 0
mento da escola modern a de critica hist6rica.
Congresso Continental deu 0 seu apoio ao plano Ebenezer Hazard para reu-
Os arquivistas tern recebido muita ajuda dos historiadores na publica-
nir e publicar uma cole~ao de importantes documentos publicos. 0 governo
c;ao das fontes documentarias. Na compilac;ao e revisao das grandes cole-
federal, desde sua institui~ao, tern publicado ou subvencionado a publiea!"
c;6es de fontes medievais, as quais ja fiz referencia, osarquivistas trouxeram
c;ao de numerosas e importantes colec;6es de documentos historicos. Entre
essas estao 0 American Archives, de Peter Force, 0 American State Papers,
* N. do T.: deputy keeper, nomeado pelo master of the rolls, autoridade maxima em os arquivos da War of the Rebellion, os volumes anuais de Foreign Relation$;
arquivos publicos, segundo a lei de 1838, para superintender 0 pessoal empregado do Departamento de Estado, e os volumes do Territorial Papers editad~
na guarda dos documentos sob custOdia daquele; a nova lei de 1958 (Public Record
pelo dr. Carter.
Act) transferiu a responsabilidade da guarda e preservac;ao dos documentos publi-
cos do master of the rolls para 0 lord chancellor (ministro da Justic;a membro da o programa do governo federal relativo a publicac;ao de documentos
Camara dos Lordes nomeado pelo primeiro-ministro) e a este cabe nomear urn keeper tern recebido com freqiiencia a aten~ao dos historiadores americanos. Foi
of public records, para, sob sua orientac;ao, dirigir 0 Public Record Office.
por insistencia destes que 0 presidente Theodore Roosevelt ha cerca de 40
338 • ARQU>VU' MOD""O' I
anos nomeou uma comissao formada por nove ilustres historiadores para 1 quiserem - arquivistas ou historiadores. E 0 historiador deveria ter, obvia-
fazer urn levantamento das fontes document<irias relativas a historia dos mente, uma oportunidade de fazer conhecidas suas necessidades no tocante
Estados Unidos, ja publicadas, assim como para opinar sobre a necessidade a publica<;oes documentarias, como alias 0 tern feito atraves da National
de publica<;oes adicionais. Depois de examinar as medidas tomadas pelos Historical Publications Commission; po rem, uma vez manifesta a sua ne-
governos europeus quanta a publica<;ao de fontes documentarias, aquela cessidade, deveria, talvez, confiar nas institui<;oes de custodia, a fim de que
comissao recomendou que 0 Congresso criasse uma comissao de carater per- tomassem as melhores medidas possiveis para a supervisao editorial de quais-
manente de publica<;6es historicas (Commission on Historical Publications) e quer publica<;oes que sejam executadas.
concedesse verbas para novas publica<;oes. Vinte e cinco anos mais ta~de, na No Arquivo Nacional dos Estados Unidos a tarefa de preparar originais
lei que criou os National Archives, foi prevista a cria<;ao de tal comissao. de publica<;oes de documentos vem sendo feita por historiadores e arquivis-
Essa comissao, entretanto, pouco realizou e foi substituida por outra, em tas; aqueles trabalhando nas principais publica<;oes feitas sob a forma tradi-
setembro de 1950. Esta ultima teve dupla fun<;ao: a) "tra<;ar pIanos, fazer cional de impressao e estes ultimos tendo a seu cargo as publica<;oes em
estimativas e recomenda<;oes para que tais trabalhos historicos e cole<;oes forma de microfilme. No Boletim nQ 7 sobre Historical editing 0 dr. Carter
de fontes sejam impressos ou divulgados sob outra forma mais apropriada, da instru<;oes para 0 preparo das fontes destinadas a impressao. No Staff
a expensas do governo"; e b) "cooperar e encorajar os orgaos do governo Information Paper n 19, "The preparation
Q
of records for publication on
federal, estadual e local, assim como institui<;oes nao-governamentais, so- microfilm", ha instru<;6es sobre como preparar 0 material a ser microfilmado.
ciedades e pessoas, no trabalho de recolher", preservar e publicar documen- A unica publica<;ao documentaria que esta agora sendo produzida em
t05 "importantes para a compreensao ... da historia dos Estados Unidos.104 forma impressa e a Territorial Papers of the United States. Esse projeto de
Essa comissao e uma das unidades que integram 0 National Archives and _ compila<;ao, edi<;5.o,revisao, anota<;ao e publica<;ao de papeis relativos ao
Records Service. governo dos territorios teve inicio antes da cria<;ao do Arquivo N acional. Foi,
Nos Estados Unidos, portanto, assim como em muitos outros paises, 0
inicialmente, autorizado pelo Congresso, em lei de 3 de mar<;o de 1925 e por
governo federal reconhece sua responsabilidade pela publica<;ao de fontes
leis posteriores, em aten<;ao a insistente solicita<;ao de historiadores, sobre-
documentarias. Constituiu uma comissao especial para ocupar-se exclusi-
tudo dos membros da American Historical Association, da Mississippi Valley
vamente do planejamento da publica<;ao de material dessa natureza. Essa
Historical Association e de varias sociedades historicas de ambito estadual e
a
comissao esta tentando, com exito, sob chefia do seu diretor executivo, 0
municipal. 0 trabalho do projeto come<;ou em 1931, no Departamento de
dr. Philip M. Hamer, promover projetos de publica<;ao adotando, em linhas
Estado, mas foi transferido, em 1950, para 0 Arquivo Nacional. 0 dr. Carter,
gerais, 0 criterio de empregar fundos privados para publicar material priva-
supervisor editorial do citado projeto, e historiador e especialista no assunto.
do e fundos publicos para material oficial.
Em 1940 iniciou-se no Arquivo Nacional urn programa de publical;io
Uma questao preocupou a comissao de historiadores americanos no-
documentaria em microfilme, sob a dire<;ao do dr. Solon J. Buck. Esse pro-
meada pelo presidente Roosevelt ha 40 anos: deveriam as publica<;oes docu-
grama, a principio conhecido como File Microcopy Program, e mais tarde
mentarias do governo ficar a cargo de organiza<;oes de historia ou de organi-
como Microfilm Publication Program, consiste na feitura de copias fac-si-
za<;oes arquivisticas? Essa questao da responsabilidade e uma das que tern
milares, em microfilme, de series seletivas de documentos de alto valor para
sido, em grande parte, resolvidas com 0 correr do tempo. Os editores parti-
a pesquisa. A List of National Archives microfilm publication, divulgada
culares podem escolher, para 0 preparo dos originais, e logico, quem bem
pelo Arquivo Nacional, em 1953, descreve 4.666 rolos de microfilmes nega-
tivos que reproduzem mais de 3 milMes de paginas de docum~ntos. Esse
United States. Federal Records Act, 1950. United States Code (44):302-401.
104 Section
503(d). numero aumentou agora para 4 milhoes. 0 trabalho de preparar documen-
tos para reprodu~o pOl'microfilme e feito pOl'arquivistas profissionais, passado. E imenso 0 numero de documentos publicos de periodos recentes
muitos dos quais saDtambem especializados em hist6ria. para permitir uma publica~o exaustiva, impressa. Com a enorme expansao
Os programas de publicac;aoe de instrumentos de busca de urn arquivo das atividades governamentais nos ultimos 50 anos, a perspectiva de obter-
estao intimamente ligados. Normalmente, os documentos deVemestar des- se sob a forma impressa mesmo uma simples amostra da vasta produ~o
critos em instrumentos de busca antes de serem publicados. Tais instru- anual de documentos importantes tornou-se impraticavel. A forma de pu-
mentos de busca facilitam 0 trabalho de selec;aoe preparo. Na elabora~o blicac;aoimpressa e dispendiosa, quase urn luxo. E sem duvida, entretanto,
desses instrumentos de busca em que se descrevem pec;asindividuais, como mais conveniente, pois as paginas em letra de forma saDfaceisde ler (sem
pOl'exemplo, nas listas, 0 arquivista deve dar tao meticulosa atenc;ao ao de-
projetores), faceis de comparar e mencionar.
talhe quanta urn editor daria a publicac;aode tais pec;as.Resumindo, ambos
A forma de publica~o impressa, pOl'conseguinte, deve ser reservada a
os trabalhos requerem a mesma pericia.
fontes documentarias do maior e mais amplo interesse para pesquisa. Seria
uma forma altamente seletiva de publica~o. Tem-se uma melhor exposic;ao
dos criterios para a selec;aode documentos publicos modernos a serem pu-
blicados sob a forma impressa, citando-se certos projetos de publicac;aoja
em vias de realiza~o ou apenas planejados.
"A obra que mais se aproxima do ideal quanta a publica~o exaustiva
Os documentos publicos tern maior probabilidade de merecer publica-
dos arquivos federais" e, na opiniao do dr. Carter, 0 American State Papers,
~o em forma impressa se se reportam as origens dos fatos. 0 Territorial
publicada pOl'Gales e Seaton entre 1831e 1961.105 Os 38 volumes dessa serie
Papers of the United States ilustra a aplica~o desse criterio. Essa publica-
contem informac;oes sobre todas as fases das atividades do governo federal
c;aoconsiste em papeis oficiais relativos a 28 territ6rios continentais dos
no periodo de 1789-1832. Seis desses volumes foram dedicados aos proble-
Estados Unidos antes de esses territ6rios serem admitidos como estados da
mas de relac;oesexteriores, sete a assuntos militares, quatro a assuntos na-
UnHio. Para que os documentos sejam selecionados tendo em vista a sua
vais, dois a assuntos relativos aos indios, urn a assuntos postais, oito a terras
inclusao naquela publica~o e mister que apresentem importancia relevante
p~blicas, cinco a financ;as, dois a comerci<Tertavegac;ao,urn a demandas e
quanta a administra~o de urn territ6rio. Os documentos, pOl'conseguinte,
dois a assuntos diversos. Poucos aspectos da atividade federal deixaram de
mostram a evoluc;aodos territ6rios americanos e das respectivas adminis-
ser focalizados nessa serie.
trac;oes. 0 criterio da rela~o dos documentos com as origens e tambem ilus-
Na tentativa de atingir esse ideal, relativamente a publica~o de docu-
mentos publicos recentes, 0 arquivista deve tomar varias determinac;oes: trado atraves do plano organizado pela National Historical Publication
a) selecionar os documentos adequados para publicac;ao; b) determinar a Commission, a fim de publicar urn documentario hist6rico completo do pri-
forma em que devem ser publicados; e c) decidir se cada documento deve meiro Congresso Federal. 0 trabalho desse Congresso foi da maior impor-
ser publicado na integra ou de forma resumida. Ha duas alternativas princi- tancia na instituic;ao dos principios, metodos de trabalho e organizac;ao.do
pais a serem pesadas quanto a forma de publica~o: a forma impressa e a governo federal.
microfilmada. Os documentos oficiais podem ser escolhidos para publica~o sob a for-
E obviamente impratica~el publicar na forma impressa uma colec;aode ma impressa, se dizem respeito a relevantes acontecimentos ou epis6dios
documentos referentes aos ultimos anos com a mesma cobertura total das hist6ricos. A aplica~o desse criterio e hem ilustrada pela fabulosa publica-
atividades federais focalizadas pelo American State Papers, em relac;aoao ~o em 129volumes intitulada War of Rebellion: a compilation of the official
records of the Union and Confederate armies. Neste caso, a importancia do
acontecimento foi a principal justificativa para a publicac;ao.
A forma impressa de publica~ao e especialmente adequada no caso de lhes copias de materiais altamente especializados. E, em suma, uma tecnica
documentos oficiais dispersos entre muitas series e que devem ser reunidos moderna que pode contribuir para uma sintese erudita da sociedade moderna.
numa ordem diferente, com rela~o a urn assunto especifico. E novamente A reprodu~o microfotogrMica, alem disso, oferece fac-similes exatos
este 0 caso dos Territorial Papers, que sao selecionados dOligrupos de docu- de documentos originais. Pelo fato de ser essa tecnica urn processo mais
mentos do Arquivo Nacional e reunidos sem levar em considera~ao a ordem barato do que a impressao, muitos documentos que seriam normalmente
em que foram arquivados quando de uso corrente, para proporcionar um rejeitados para publica~ao em letras de fOrma,mais dispendiosa, poderiam
exame de todos os aspectos da atividade do governo americano, nos territo- ser incluidos numa publica<;aoem microfilme, caso em que 0 trabalho edito-
rios. E tambem 0 caso da projetada publica~ao do documentario historico rial para a prepara~ao dos documentos e minimo. Os comentarios editoriais
do primeiro Congresso Federal, publica~ao em que 0 material deve proceder geralmente se referem a series completas antes que a assuntos individuais; a
de fontes oficiais e particulares, bem como de publica<;6escontempodlneas. analise subjetiva e reduzida, pois aquele que usar os documentos, mais do
A forma impressa, alem disso, se aplica a document os oficiais quando que 0 editor, e responsavel pela determina~ao do significado dos documen-
as pe~as individuais requerem aten~ao editorial. Tal aten~ao pode ser dese- tos reproduzidos.
jada em face da importancia das pe~as, da diversidade de suas fontes, ou ao As publica~6es em microfilme podem constituir suplementos de publi- .
fato de serem elas citadas em publica<;6es,contemporaneas ou nao. Nesses ca~6es impressas. Varios exemplos podem ser citados. No caso dos docu-
casos, podem ser necessarias notas para esclarecer quanto ao valor de cada mentos do Congresso Continental, a Biblioteca do Congresso de Washing-
pe~, ou quanta as rela~6es com outras pe~as ou, ainda, para fazer referen- ton publicou os Journals em 34 volumes (1904-1937), dos anos de 1774 a
cia a literatura relevante. 1789.0 Arquivo Nacional, que recebeu os documentos em 1952, esta agora
A reprodu~ao microfotogrMica e uma tecnica que se aplica a publica~ao preparando uma publica<;aoem microfilme de documentos suplementares
de muitas series de documentos modernos que nao podem ser reproduzi- aqueles Journals. Planeja tambem 0 Arquivo Nacional suplementar os volu-
dos, devido ao custo, na forma convencional. E uma tecnica que torna possi- mes a serem impressos dos Territorial Papers, pOl' meio de copias, em
vel a produ~ao de copias unicas ou edi~6es muito limitadas, a urn custo uni- microfilmes, de documentos relativos aos territorios focalizados.
tario muito menor do que 0 de outras tecnicas de reprodu~ao. Pela Os documentos podem ser reproduzidos de uma forma resumida nos
microfotografia podem obter-se pre~os unifcirios minimos, em edi~6es mui- repertorios (calendars) cuja norma de elabor:a~aofoi fixada, e bem prova-
to reduzidas, pois 0 custo adicional na produ~ao de copias extras de filmes e l vel, pelo Calendar of State Papel"Sbritanico. Os ingleses iniciaram a compi-
relativamente baixo, uma vez feito 0 negativo. Nos processos de near-print, ;!~
la~ao de repertorios de documentos publicos do seculo XIX. Quando se criou
pOl'outro lado, e necessario tirar pelo menos 100 copias e em processos de o Public Record Office,em 1838, 0 diretor dos Arquivos Publicos, sir Palgrave
impressao, no minimo mil, para que se possa obter pre~os unitarios mini- .j (1788-1861) incumbiu-se de preparar repertorios, sistematicamente, a me-
mos. dida que os documentos fossem identificados, separados, classificados e ar-
A reprodu~ao microfotografica e uma forma de publica~ao menos sele- I rolados em listas pela sua equipe de funcionarios. A partir de 1841,os reper-
torios elaborados naquele orgao foram impressos como apendices dos
tiva do que a impressao. Pode, pOl'isso, ser empregada para a divulga~o de )
documentos modernos de periodos recentes, de maneira completa como 01 relatorios anuais e depois de 1855 passaram a ser publicados numa serie a
1
foram os do periodo inicial do governo federal, no American State Papers. A t parte. A medida que 0 trabalho prosseguia os repertorios apresentavam-se
reprodu~o microfotografica pode ser usada para suprir as fontes basicas de i cada vez mais completos, proporcionando, em alguns casos, tantas informa-
novos campos de estudo cujo progresso e freqiientemente prejudicado, de- I ~6es sobre determinados documentos que se tornava desnecessaria a con-
vido a falta de material. Possibilita 0 trabalho dos pesquisadores que se ocu- ; sulta dos originais. Quando os repertorios servem como substituto dos ori:'
pam com os complexos problemas da sociedade moderna, proporcionando- 1 ginais devido a abundancia de informa~6es neles contidas, podem ser

~-~
considerados uma forma de publicac;ao documentaria, embora, normalmen-
te, sejam considerados instrumentos de buscas.
o processo britanico de preparar repertorios foi adotado por muitos ar- Servi~o de referenda *
quivistas e historiadores dos Estados Unidos no fim do seculo XIX. Uma
serie completa de repertorios foi produzida, por exemplo, pelo Bureau of
Rolls e Biblioteca do Departamento de Estado, no periodo de 1893-1903. 0
mais notavel desses inclui os arquivos de Jefferson, Madison e Monroe, que A FINALIDADE DE todo 0 trabalho de arquivo e preservar os documentos de
haviam sido adquiridos, por compra, pelo governo federal, cerca de 50 anos valor e tor11(1-10sacessiveis a consulta. Os servi<;os do arquivista visam a este
antes. 0 metodo de repertorios esta tambem sendo adotado em alguns ar- duplo objetivo. Examina e avalia os documentos publicos a fim de determi-
quivos estaduais. Uma excelente descric;ao desse processo, pelo dr. Morris nar se devem ser conservados ou destruidos, tendo em vista a sua futura
L. Radoff, encontra-se no artigo intitulado "A practical guide to calendaring", utiliza<;iio. Para tal utiliza<;iio recolhe os documentos, armazena-os e restau-
publicado no American Archivist, abril e julho de 1948. ra-os de forma a que sejam preservados e usados. Organiza-os de tal modo
que 0 arranjo que satisfez as necessidades oficiais satisfara tambem a pes-
quisa erudita; descreve-os nos instrumentos de busca de maneira que 0 con-
teudo e can Iter dos documentos se tornem conhecidos; intercede junto as
administrac;6es para que suspendam restric;6es, liberando os documentos a
consulta; facilita 0 acesso aos documentos em condic;6es que satisfa<;am tan-
to aos funcionarios como ao publico em geral, colocando-os igualmente a
disposic;ao de ambos.
As atividades de urn arquivista podem ser bem ilustradas pelo trabalho
do Arquivo Nacional dos Estados Unidos em relac;ao aos documentos do
governo federal. Antes da cria<;ao do Arquivo N~cional, os documentos acu~
mularam-se, durante seculo e meio, em diferentes.edificios tanto publicos
como particulares. No decorrer desse periodo esses documentos, de modo
geral, ja que nao estavam mais em uso, foram relegados a subsolos e aguas-
furtadas de dificil acesso on de a sua propria experiencia foi esquecida. A
primeira medida do Arquivo Nacional, portanto, foi proceder a urn levanta-
mento para obter informac;6es quanto a localizac;ao, volume e natureza da-
quele material, e, baseado nas informac;6es colhidas, recuperou os documen-
tos de valor. Passou entao a empreender urn trabalho sistematico de
fumigac;ao e limpeza, arrnazenando os documentos em depositos onde to-
das as condic;6es que afetavam a preservac;ao deles podiam ser controladas.
A seguir, iniciou a analise dos documentos, a fim de determinar sua nature-
za e importancia, bem como preparou instrumentos de busca para informar
As restril;6es devem estar condicionadas a alguma limitac;ao no tempo,
as autoridades e ao publico que documentos existiam, e que informal;6es
de modo que todos os documentos preservados venham a ser, eventualmen-
podiam ser neles encontradas.
te, abertos ao uso do publico. 0 Arquivo N acional conseguiu obter legisla~o
Tratarei, neste capitulo, de dois aspectos do problema de tomar os do-
que suspende as restril;6es relativas ao uso de documentos que ja contem 50
cumentos acessiveis a consulta: a politica que deve orientar 0 acesso aos
anos, a menos que 0 arquivista determine, especialmente, que a restril;ao
documentos e as normas para utiliza~o dos mesmos.
deva ser prorrogada. Essa legislal;ao geral serve apenas para suspender res-
tric;6es descabidas quanta ao uso de documentos mais antigos, pois as limi-
tac;6es de tempo nao podem ser aplicadas indiscriminadamente ou unifor-
memente a todos os documentos do govemo. De acordo com dr. Waldo G.
Para estabelecer a politica de regulamental;ao quanta ao acesso aos do- Leland, urn limite cronol6gico "e, sem duvida, conveniente do ponto de vista
cumentos publicos que satisfal;a tanto aos funcioll<lrios quanta ao publico administrativo, mas e artificial e, desnecessariamente, dificulta ou impossi-
em geral, e necessario esbol;ar normas para determinar e impor restri<;6es bilita 0 curso de muitos tipos de pesquisas. Uma formula mais satisfat6ria
no uso dos documentos. Nos Estados Unidos, 0 primeiro passo para deter- seria adotar uma divisao cronol6gica quando entao as pesquisas em docu-
minar tais restric;6es e dado quando uma repartil;ao oferece documentos a mentos do periodo (exceto em casos especificos) poderiam ser feitas sem a
serem recolhidos ao Arquivo Nacional. Nesse momento, firma-se uma de- obtenl;ao de consentimento especial, mas as pesquisas em documentos pos-
clara~o de restril;6es que deve ser aceita pelo Arquivo Nacional e pela pr6- teriores aquela data-limite deveriam ser tratadas segundo seus meritos ... "106
pria repartic;ao. Se a repartil;aQ insiste em restric;6es descabidas, 0 Arquivo . A reduc;ao do periodo de tempo durante 0 qual os documentos saD negados
Nacional nao procede ao recolhimento dos documentos a que foram impos- a
ao exame critico de pesquisadores pode ter efeito negativo quanto qualida-
tas tais restric;6es. Essa declarac;ao e feita num documento chamado "Inven- de dos documentos produzidos, pois se os funcionarios publicos souberem
tario de acesso" (Accession inventory), que formaliza a transferencia da cus- que seus escritos virao a ser usados dentro em pouco (talvez ainda no seu
todia legal dos documentos da repartic;ao para 0 Arquivo Nacional. 0 segundo periodo de vida) para fins hist6ricos, poderao produzir documentos com vis-
passo para determinar as restric;6es e dado depois que os documentos sao tas a hist6ria. Podem fazer cons tar dos mesmos aquilo que acreditam refle-
recolhid~s ao edificio do Arquivo Nacional. ers documentos saD localizados, tira, meritoriamente, sobre eles ou sobre a administra~o a que estao liga-
para tratamento posterior, num grupo de docunientos (record group), que dos. Militares ou diplomatas, especialmente, estao em condil;6es de escrever
em geral, consiste, como foi visto, em documentos de uma entidade gover- para a posteridade sob tais circunstancias. 0 arquivista e, incidentalmente,
namental de importancia, tal como urn servic;o (bureau). Para cada "grupo" o historiador, precipitando a abertura dos documentos para uso publico po-
se preparam, entao, certos documentos de controle, inclusive uma "Declara- dem frustrar seus propositos de promover pesquisa objetiva. Deve-se facili-
l;ao de restril;6es" que engloba todas as restril;6es convencionadas em varios tar 0 uso dos documentos ao maximo possivel desde que nao contrarie 0
inventarios que dizem respeito a urn determinado grupo de documentos. interesse publico. Se, como vimos, 0 objetivo de urn arquivo de cust6dia e
Geralmente, a "Declaral;ao de restric;6es" e urn documento de uma pagina, tomar os documentos acessiveis, 0 arquivista, normalmente, favorece a po-
podendo, em certos casos, desdobrar-se em varias. As declaral;6es saD emi- litica de livre acesso. E ele uma especie de fisiocrata entre os que utilizam
tidas em papel de cor diferente a fim de chamar a atenc;ao dos funcionarios documentos; e uma especie de defensor do laissez-faire no que diz respeito
ao usa desses. Seu desejo e promover, ao maximo, a livre pesquisa. Sua con-
quanta a proibil;ao do uso de documentos com que estejam trabalhando. As
tribuic;ao para a busca da verdade consiste em to mar acessiveis as provas
declaral;6es saD tambem publicadas nos instrumentos de busca do Arquivo
Nacional. Esse processo serve para cristalizar os criterios de acesso aos do-
cumentos.
que possui. Acredita que, na maio ria das vezes, 0 interesse publico e mais - devem ser liberados tao logo 0 seu conhecimento nao acarrete conflitos de
bem servido divulgando-se a verdade sobre todos os assuntos, mesmo os seguran<;a. Isso se apliea mesmo quando a informa<;ao contida nos docu-
desagradaveis, da vida publica, pois, como se diz, a verdade nos libertara. 0 mentos possa repercutir desfavoravelmente no valor de urn exercito, da es-
arquivista nao e urn denunciador de escandalos, urn muckracker para usar a trategia de uma campanha, ou das taticas de uma batalha.
expressao americana; nao e urn desenterrador de casos de corrup~o visan- Em segundo lugar 0 interesse publico e manifestamente servido evitan-
do expo-Ios aos olhos do publico. Como funcionario responsavel, tern cons- do-se 0 acesso a documentos relativos a conduta de neg6cios estrangeiros,
ciencia de sua obriga<;ao de salvaguardar 0 interesse publico. Contudo, nao e no presente imediato. 0 segredo de negocia<;oes diplomaticas e taovital numa
urn censor. Seujulgamento sobre 0 que tornar acesslvel e 0 que negar ao uso sociedade democratica quanta em qualquer outra. Embora nas democracias
publico baseia-se, assim, em considera<;oes conflitantes, pois seu desejo de o publico tenha 0 direito de conhecer as maiores linhas de conduta do gover-
fomentar a livre pesquisa pode entrar em choque com exigencias de interes- no em suas rela<;oes exteriores, 0 interesse publico dificilmente dir-se-a bem
se publico. 0 interesse publico e algo imponderavel; pode ser urn agora e servido, tornando-se objeto de debates publicos cada passe delicado dessas
outro mais tarde. Recomenda-se, pois, que 0 arquivista adote 0 meio-termo atividades. A politica determinante das rela<;oes de urn governo com outro
ao concluir sobre 0 criterio a ser observado em rela<;ao ao acesso, levando desenvolve-se lentamente e reflete-se em documentos que abrangem longos
em considera<;ao todos os fatores relativos ao problema. periodos de tempo. Convem, pois, que tais documentos sejam conservados
Vejamos algumas razoes pelas quais 0 acesso aos documentos deve ser como secretos durante algum tempo. Ninguem, provavelmente, argumenta-
negado, no interesse do proprio publico. Ao mesmo tempo que considera- ra contra esse ponto de vista, embora as opinioes possam divergir no que
mos esse assunto, vejamos se, sob certas circunstancias, os impedimentos tange ao prazo durante 0 qual os documentos relativos a rela<;oes exteriores
ao livre acesso podem ser levantados. nao devem ser abertos a investiga<;oes e quanta as pessoas e objetivos a que
Em primeiro lugar, 0 interesse publico e obviamente mais bem servido o uso de tais documentos podera ser facilitado, antes de liberados de urn
se for negado 0 acesso a documentos que contenham informa<;ao militar que modo geral. Nos Estados Unidos, Charles Evans Hughes, ministro de Esta-
afete a seguran<;a presente e futura da na<;ao. Tais documentos devem ser do, estabeleceu, em 1921, urn certo numero de regras para 0 "estudo e pes-
mantidos fQra do seu alcance. Ninguem, por~erto, discutira esse ponto de qui sa" nos documentos de seu ministerio. Determinavam que "os requeren-
vista. Geralmente cada pais publica regulamentos especiais controlando 0 tes devem ser devidamente credenciados por fontes responsaveis, conhecidas
acesso aos documentos dessa natureza. Nos Estados Unidos, tais documen- do ministerio, ou devem, eles proprios, ser conhecidos do ministerio. Nao se
tos sac administrados por regulamentos de seguran<;a cuja interpreta<;ao para concedera priviIegios de pesquisa, a menos que 0 ministerio esteja conven-
o pessoal do Arquivo Nacional se encontra no seu Handbook of procedures, cido da responsabilidade do requerente e de que 0 objetivo da pesquisa pro-
Embora os documentos militares, diretamente relacionados com a seguran- jetada seja autentico e util".107Depois da II Guerra Mundial fixou-se uma
<;anacional, nao devam ser abertos ao uso publico, isso nao significa que norma abrindo ao usa, pratieamente, todos os documentos do ministerio,
todos os documentos militares devam ser negados a tal usa, indefinidamen- apos urn lapse de 25 anos. Em rela<;ao aos documentos mais recentes, 0 mi-
te. A estrategia e tatica militares sac objeto de continuo estudo em todos os nisterio emitiu urn regulamento, emjaneiro de 1953, que fixou a sua politica
estabelecimentos de defesa e pa,sslveis de estudo e criticas por parte de lide- geral nos seguintes termos: "0 ministerio facilita 0 usa de sellS documentos
res politicos e do publico em geral, nas democracias. Se 0 governo e respon- a pessoas estranhas ao servi<;o publico dos Estados Unidos, bem como a sellS
savel, perante 0 povo, por sua conduta na area de defesa, os documentos servidores, quando ocupados em pesquisas de carater privado, da maneira'
relativos a atividade de defesa necessitam ser tao livremente cedidos para
exame quanta 0 permitam as necessidades de defesa. Os documentos relati- United States. Department
107 of State, order n. 210, May 28,1921. Ver tambem Noble,
vos a historia militar - pelo menos os relativos a feitos militares do passado 1951:15.
mais liberal possivel, sem violar seus principios ou metodos, em conformi- mitisse 0 livre acesso a informa~o prestada em carater reservado. Tal infor-
dade com a seguranc;:a da nac;:ao,a protec;:ao do interesse publico e a eficiente mac;:ao nao seria obtida no futuro se nao se mantivesse 0 devido sigilo; 0
operac;:ao do ministerio". J08 Uma politica de "acesso limitado" e dificil de ser governo e moralmente obrigado a guardar sigilo. No segundo ponto, os inte-
ministrada com justic;:a e seu merito e duvidoso, pois 0 uso de documentos resses comerciais ou financeiros seriam prejudicados se a informac;:ao reser-
publicos deve ser facilitado sem se considerar a pessoa ou 0 seu objetivo. vada que prestam ao governo sobre produc;:ao, custo, lucros, operac;:6es e coi-
Uma vez que 0 arquivista controle 0 acesso aos documentos, aplicara 0 prin- sas semelhantes fosse posta a disposic;:ao de competidores. A revelac;:ao de tal
cipio de igualdade a todos os pesquisadores autenticos. 1sso equivale a dizer informa~o poderia custar, a algumas firmas, a propria existencia. Seria 0
que deve consentir no acesso tao prontamente a historiadores que criticam mesmo que expor segredos militares de urn pais a outro. A livre concorren-
administrac;:6es anteriores a respeito de politica exterior quanta aos que as cia, essencia do sistema economico americano, seria grandemente dificultada.
elogiam. Se isso nao ocorre, se os documentos estao abertos ao uso apenas Nos Estados Unidos, 0 Congresso tern salvaguardado 0 carater sigiloso
aos chamados "historiadores da corte", 0 objetivo de promover a livre inves- de varios tipos de negocios e dados financeiros por meio de numerosos at os
tigac;:ao se invalida. Nesse sentido, gostaria de salientar que 0 interesse pu- legislativos. A maioria desses atos se refere ao usa de tipos especificos de
blico, para efeito de cessao a consulta de documentos relacionados com ne- informac;:6es que vem sendo prestadas ao governo em carater confidencial.
gocios exteriores, pode variar grandemente, de acordo com as circunstancias. Uma lei geral, 0 Federal Reports Act; de 1942, regula todas as atividades
Depois da 1 Guerra Mundial, as chancelarias europeias, uma apos outra, relativas a coleta de dados por parte dos orgaos do governo federal. A infor-
abriram ao uso a maior parte de seus arquivos de negocios estrangeiros, al- mac;:ao confidencial e fornecida voluntariamente ou conseguida de acordo
gumas vezes para justificar a diplomacia de antes da guerra e em outi-as,
com dispositivos legais que conferem aos orgaos governamentais inclusive
como no caso da Russia e Alemanha, como desaprovac;:ao de urn governo de
poderes de citac;:aoemjuizo. A muito poucos orgaos foi concedido 0 poder de
antes da guerra. Em condic;:oes normais, aqueles documentos secretos se-
citac;:ao judicial para obter informac;:ao e segundo 0 Federal Reports Act a
riam negados a inspec;:ao publica, durante muitas gerac;:oes e, de fato, alguns
informa~o assim obtida somente pode ser revelada a outros orgaos investi-
ainda nao foram cedidos. Nos Estados Unidos, hoje em dia, alguns eruditos
dos do mesmo poder.
estao pressionando 0 governo no sentido de que lhes seja facilitado 0 acesso
Alguns exemplos de documentos que contem informac;:ao de carater re-
a documentac;:ao relativa a fatos dipl~rr;atiCos recentes. Considerac;:oes de
servado obtida de empresas comerciais sao:' a) os documentos relativos a
ordem politica podem reduzir 0 numero de anos em que 0 acesso a tais do-
estatisticas de vendas, de produc;:ao, de emprego e coisas semelhantes, apre-
cumentos sera facilitado.
sentados pelas industrias minerais ao Bureau de Minas; b) informac;:6es re-
Em terceiro lugar, 0 interesse publico e manifestamente servido, impe-
lativas ao custo e lucro, obtidas pelo Servic;:o de Administrac;:ao de Prec;:os
dindo-se 0 acesso a documentos que contenham materia confidencial e in-
como uma base para regulamentac;:6es e ajustes de prec;:osdurante a II Guer-
formac;:6es relativas a financ;:as. A revelac;:ao de tais informac;:6es pode ocasio-
nar efeitos contnlrios, por dois motivos: primeiro, pode afetar, adversamente, ra Mundial; e c) documentos sobre segredos e processos dos negocios, obti-

as relac;:6es entre 0 governo e as organizac;:6es privadas e os individuos de dos pela Comissao de Tarifas. Exemplos de documentos que contem infor-
quem se obtem a informac;:ao e, segundo, pode afetar negativamente as rela- mac;:6es confidenciais obtidas de empresas financeiras sao: a) relatorios de
c;:oesentre as proprias organizac;:oes privadas e os individuos. Explicarei urn fichas bancarias, pela Corporac;:ao de Seguro de Deposito Federal; e b) docu-
pouco mais. No primeiro ponto, a conduta de muitas atividades do governo mentos de transac;:6es na Junta de Comercio de Chicago, recebidos pela Ad-
de coleta de dados e fiscalizadores seria grandemente dificultada se se per- ministrac;:ao de Troca de Mercadorias. Exemplos de documentos que con-
tern informac;:6es sobre negocios e finan~s obtidas de pessoas particulares
sao: a) declarac;:oes de imposto de renda, recebidas pelo Bureau de Rendas
Internas; e b) declarar;oes de fazendas sobre medidas agrarias e rendimen- centar que os documentos sobre atividades oficiais dos servidores publicos,
tos recebidos pelo Bureau de Economia Agricola. distintos de documentos relativos a vida de cada urn, nao devem ser exclui-
Como no caso de documentos militares e diplom<iticos, entretanto, ha dos da consulta, com base no fato de que 0 acesso aqueles possa ferir a repu-
condir;oes sob as quais a liberar;ao de acesso a documentos financeiros e co- tar;ao dos mesmos, pois os funcionarios publicos, quer no servir;o militar,
merciais e de interesse publico. Tais documentos, como todos os demais ti- diplomatico ou civil, nao sao uma classe privilegiada e devem uma prestar;ao
pos de documentos confidenciais, perdem seu carater confidencial com 0 de contas ao povo a que servem.
correr do tempo e devem ser liberados, como em geral 0 sao, depois de urn
certo prazo, para utilizar;ao por pesquisadores. Os periodos durante os quais
nao e permitida a consulta em geral devem ser menores do que no caso de
documentos militares e diplomaticos. E, sempre que possivel, devem-se ado- Vista que os documentos publicos sao propriedade do Estado, todos os
tar medidas que permitam 0 uso corrente por pesquisadores que estejam cidadaos que coletivamente 0 constituem tern a direito de usa-Ios. Os direi-
interessados apenas nos dados economicos e financeiros, de urn modo geral, tos dos cidadaos como co-proprietarios, entretanto, nao chegam ao ponto
antes que nos dados relativos a firmas ou individuos especificos. 0 prop6si- de permitir-Ihes, individualmente, usar osdocumentos de uma maneira pre-
to do arquivista, em geral, deve ser 0 seguinte: definir as condir;oes de acesso judicial para as documentos. A propriedade do povo deve ser fielmente pre-
de tal forma que se possam realizar pesquisas de carater erudito, ao mesmo servada pelos encarregados de sua cust6dia oficial de modo que possa ser
tempo em que se protegem os interesses privados. usada pelas gerar;6es presentes, bem como pelas futuras. 0 arquivista deve,
Em quarto lugar, serve-se, manifestamente, 0 interesse publico, evitan- pois, formular normas e metodos relativos ao usa de documentos que sejam
do-se 0 acesso a documentos que contenham certos tipos de informar;6es de interesse de todos. Deve telltar fazer com que se possa dispor do material
pessoais. Nos governos modernos, cuja espera de ar;ao atinge, em grau sem- num maximo compativel com uma estimativa razoavel quanta a preserva-
pre crescente, a vida privada dos cidadaos, registra-se grande quantidade de r;ao do mesmo, pesando, de urn lado, as solicitar;6es dos consulentes atuais
informar;ao de natureza privada. Certos tipos de documentos que contem e, do outro, as solicitar;oes da posteridade pela preservar;ao dos documentos.
t!iis informar;oes sao familiares a todos nos. Entre os tipos de carater geral Ao tornar 0 material sob sua cust6dia acessjvel ao usa, 0 arquivista nao
estao as tabelas de recenseamentos, os documentos de servir;o militar, docu- fara distinr;ao entre consulentes oficiais ou particulares. Ambos devem ser
mentos de servir;o publico e prontuarios medicos. Entre os de tipos especiais igualmente bem servidos. Muitos arquivistas, especial mente na Europa, sao
estao os relat6rios de investigar;6es de atividades criminais ou subversivas. de opiniao que urn arquivo, como parte do governo, deve dar preferencia ao
Comumente nao se deve dar divulgar;ao a informar;ao contida em tais docu- governo antes do publico. Deve-se, e 16gico, prover 0 governo dos documen-
mentos, prejudicial ao interesse do individuo ou a seus parentes pr6ximos. tos necessarios ao seu trabalho corrente - primeira finalidade para a qual
Sem duvida, serve-se 0 interesse publico protegendo-se 0 que for de carater foram criados. Mas urn arquivo de cust6dia ocupa-se, igualmente, do usa
reservado de cada cidadao. Pode, no entanto, haver excer;ao a essa regra quan- que possa ser feito de seus documentos para fins de pesquisa - segunda
do as ar;6es de urn individuo comprometem seriamente 0 Estado, como no finalidade dos mesmos, pois 0 arquivo, como instituir;ao, e criado principal-
caso de atos criminosos. A regulamentar;ao desse assunto, em qualquer hi- mente para preservar os documentos e possibilitar 0 seu uso. Essa assertiva
p6tese, nao deve impedir 0 acesso a documentos de servir;os de administra- esta implicita na minha definir;ao de arquivos publicos - documentos ofi-
r;ao de pessoal ou de servir;os medicos, nem deve interceptar 0 uso de dados ciais que tern valor para fins outros que nao aqueles para os quais foram
pessoais, tais como os contidos em tabelas de recenseamentos, se tais dados criados, isto e, para fins secundarios.
sao utilizados no seu conjunto e nao individualmente, nem deve aplicar-se Se ha de se estabelecer prioridades quanta ao uso dos documentos, de-
por urn periodo indefinido de tempo. A regulamelltar;ao talvez deva acres- vem estas basear-se no can iter do que se solicit a e nao de quem 0 faz. Dentro
das categorias fixadas por tais propriedades, os pedidos devem ser atendi- solicitar a todo pesquisador, sem considerar quaD importante possa 0 mes-
dos na ordem de chegada. Podera ser aconselhavel, e logico, dar-se uma cer- mo ser, oujulgar-se, que se familiarize com 0 regulamento do arquivo relati-
ta prioridade, por exemplo, a pedidos que emanem do orgao do governo que vo ao uso dos documentos. Urn pesquisador verdadeiramente importante
concede verbas para 0 arquivo.Mas 0 ideal e que os pedidos sejam atendi- nao fara objec;ao a observancia de umas poucas regras sensatas, formuladas
dos tomando-se por base a importancia dos mesmos. Todos devem ser aten- para preservar as fontes culturais que utiliza.
didos com cortesia e considerac;ao, mas deve-se dispensar especial atenc;iio As normas que regulamentam 0 uso dos arquivos federais nos Estados
aos pedidos de consulentes que buscam informac;ao necessaria a fundamen- Unidos foram publicadas no Federal Register (Diario Oficial) e tern forc;a de
tac;ao de seus direitos legais ou civis e daqueles que se ocupam em trabalho lei. Sao, em geral, semelhantes aos regulamentos da maioria dos arquivos
que contribuira de. maneira significativa para aumentar ou disseminar 0 publicos. Visam a: a) proteger os documentos contra danos fisicos que pos-
conhecimento. sam advir: do usa de varios tipos de prendedores de papel, de serem dobra-
Pode-se dispor dos arquivos para uso de varias maneiras: podem ser dos ou de trato indevido; de se fumar ou comer ao mesmo tempo que se
cedidos ao publico nas salas de consulta do arquivo, emprestados, forneci- us am os documentos, ou de se empregarem substancias quimicas fotografi-
dos como copias ou, ainda, prestando-se a informac;ao contida nos docu- cas perto dos mesmos, e b) proteger os documentos contra todos os atos que
mentos ou sobre os mesmos. possam prejudicar a integridade dos mesmos, tais como dar-Ihes uma or-
dem diferente, altera-Ios ou escrever nos mesmos. Se essas regras restritivas
parecerem muito severas ha que compara-las com as enormes facilidades
que as instituic;oes arquivisticas modernas oferecem aos pesquisadores, quan-
Conquanto se deva liberar os arquivos para uso, ha necessidade de pro- to ao uso dos arquivos.
tege-Ios quando de sua utilizac;ao. Os arquivistas devem observar certas nor-
mas ao lidarem com os pesquisadores. Devem solicitar-Ihes: a) que se iden-
tifiquem; b) que acusem, assinando recibo, a entrega dos documentos
cedidos, a fim de assegurar uma garantia pelos mesmos; e c) que se familia- Os documentos poderao ser emprestados, quando 0 forem, de institui-
rizem com os regulamentos relativos ao uso dos proprios arquivos. c;ao para instituic;ao, e nunca a individuos. Proceder-se-a a emprestimos aos
o arquivista, pela natureza de sua profissao, deseja constantemente orgiios do governo que hajam produzido os documentos ou a instituic;oes de
auxiliar 0 pesquisador. Suas indagac;6es discretas quanta aos pIanos de tra- pesquisas particulares, de responsabilidade, mas nunca a pessoas, quer per-
balho de um pesquisador, 0 assunto pelo qual esta 0 mesmo interessado, tenc;am, ou nao, ao servic;o publico. 0 emprestimoa orgaos governamentais
tempo que se vem devotando a esse assunto e perguntas semelhantes nao se sera apenas para fins oficiais; os orgaos devem reconhecer a atribuic;ao do
originam em mera curiosidade. Agindo assim, 0 arquivista simplesmente arquivo como uma instituic;ao que dispoe dos papeis para outros fins e enca-
tenta obter a informac;ao que 0 habilitara a fornecer uma orientac;ao minhar este ultimo tipo de pedidos para que seja atendido diretamente pelo
prestimosa no uso dos arquivos que se acham sob sua custodia. Nada ha de arquivo. Outros orgaos do governo nao devem ser intermediarios entre pes-
burocratico na exigencia de que 0 pesquisador fornec;a informaC;ao sobre sua soas particulares e 0 arquivo, na tarefa de utilizar 0 material do arquivo ou a
identidade. A urn arquivista importam menos as qualificac;oes do pesquisa- informac;ao dele extraida.
dor do que a confianc;a em seus objetivos. A exigencia quanta a identidade Somente se procedera 0 emprestimo de documentos sob condic;oes que
torna-se necessaria para proteger as fontes arquivisticas. Justifica-se perfei- os preservem fisicamente e garantam 0 seu carater de arquivo. Deve-se pe-
tamente que 0 arquivista fac;a com que os pretendentes ao uso assinem pelos sar 0 possivel dano ou destruic;ao dos arquivos pelo usa fora da sede contra
documentos que recebem, po is e responsavel pela preservac;ao dos mesmos, as reais necessidades de quem os solicita por emprestimo. Os papeis que
e alguns documentos podem ter grande valor monetario. Cabe ao arquivista apresentem frageis condic;oes fisicas nao devem ser emprestados aQtes que
sejam restaurados. Nao se deve admitir qualquer mutila~o, altera~o ou ma original. Normalmente, o Arquivo Nacional, sempre que solicitado, for-
modifica~o na seqiiencia dos papeis quando emprestados. nece gratuitamente aos demais orgaos governamentais reprodu<;oes de do-
• as documentos do arquivo podem, ocasionalmente, ser emprestados, cumentos para fins oficiais correntes. Deve-se instar os funcionarios a acei-
para serem exibidos em exposi<;oes, a outros argaos do governo ou institui- tar reprodu<;oes ao inves dos originais, sempre que sejam muito valiosos ou
<;oes. Nesse caso os documentos devem ser devidamente segurados, procu- se apresentem em mau estado. Solicita<;oes descabidas, tais como as que
rando-se atender as necessarias exigencias para 0 perfeito acondicionamen- requeiram urn excessivo trabalho preparatario para a reprodu<;ao, devem,
to e prote<;ao fisica dos documentos e todas as despesas (inclusive de custo entretanto, ser rejeitadas.
de passagem e outros gastos do funcionario do arquivo portador dos docu- Tambem se deve procurar fornecer reprodu<;oes, a pre<;o de custo, em
mentos e encarregado de sua guarda durante a exposi<;ao) serao pagas pelo vez de emprestar-se os originais a outros arquivos. Normalmente, quando
orgao ou institui<;ao que solicit a 0 emprestimo. se trata de grandes series de documentos, as reprodw;6es serao em forma de
No Arquivo Nacional as normas que regulam 0 uso dos documentos fa- microfilme. Atraves de seu programa de publica<;ao de microfilmes 0 Arqui-
zem distin<;ao entre 0 uso pelo governo e pelo publico. A diferen<;a mais im- vo Nacional tornou possivel 0 usa de muitos corpos de documentos impor-
portante consiste no fato de que se permite 0 emprestimo de documentos tantes para a pesquisa, na forma de filme. As publica<;6es em microfilme,
para uso fora da sede do Arquivo Nacional aos argaos do governo, nao sendo agora compreendendo mais de 4 milhoes de documentos, reduzem grande-
o mesmo permitido a institui<;Oes privadas ou a individuos. as documentos mente a necessidade de emprestar documentos a outros arquivos.
de que necessite urn argao do governo sao, em geral, levados pelo Arquivo As reprodu<;oes a pedido de consulentes particulares serao feitas, sem-
Nacional e entregues a urn funcionario designado como responsavel pelos pre que razoaveis, a pre<;o de custo. Fornecendo tais reprodu<;oes 0 arquivo
mesmos. As normas relativas ao uso dos arquivos federais encontram-se desobriga 0 consulente, que se empenha em laborioso trabalho de transcre-
publicadas nos Regulamentos da AdministrQl;iio dos Servir;os Gerais (Ge- ver e, freqiientemente, de fazer anota<;6es a mao sobre os documentos.
neral Services Administration), titulo 3, sob 0 titulo Federal records. Esses
regulamentos, que tern fOr<;ade lei, permitem 0 emprestimo de documen-
tos, mas rezam que: . .p " ••

a) os documentos de valor intrinseco excepcional nao serao removidos Esse tipo de servi<;o de referencia consiste em fornecer informa<;6es ex-
do edificio do Arquivo Nacional, exceto com a aprova~o escrita do arquivista; traidas de documentos, ou informa<;6es sobre os documentos, distinguindo-
b) os documentos que se apresentem em fragil estado ou apresentem se do trabalho de fornecer os praprios documentos, ou capias, para uso. A
qualquer outro tipo de dano cujo manuseio acarrete perigo para os mesmos informa~o sera dada por telefone, carta, comunicados escritos, ou pessoal-
nao serao emprestados; mente. Certos pedidos de informa<;iio podem ser criteriosamente negados.
c) cada funcionario que solicite documentos emprestados fornecera urn Entre esses contam-se pedidos de pessoas que procuram informa<;iio para
recibo no momenta que the forem os mesmos entregues e assumira a res- fins que podem ser devidamente atendidos pelo usa de materiais publica-
ponsabilidade pela sua imediata devolu~o quando expirado 0 prazo do em- dos, nos paises onde existem bibliotecas apropriadas. a arquivo nao deve,
prestimo. normalmente, prestar informa<;6es sobre materiais de bibliotecas, mesmo a
pessoas que se ocupem de importantes projetos de pesquisas, podendo, no
entanto, dar sugestoes bibliograficas gerais, desde que para isso nao neces-
site fazer pesquisa especial.
Freqiientemente, conforme as circunstancias, aconselha-se que se for- a grau ou extensao da informa<;iio que se deve prestar sobre os docu-
ne<;am aos consulentes reprodu<;oes em vez dos proprios documentos na for- mentos depende do carater do pedido. Quando se trata de pedido sobre do-
cumentos de interesse geral e que, pOl' essa razao, haja possibilidade de ocor- sua atitude de julgamento interrompida, como comumente acontece em epo-
rer outra vez, pode despender-se urn tempo considenlvel no preparo de uma cas de perturba<;oes. Podem ser como "nuvens que sao carregadas pela tem-
descri<;ao, quanto a substancia dos documentos. Ou, nos casos em que 0 pe- pestade" de preconceitos ideol6gicos. 0 trabalho do arquivista, em qualquer
dido, uma vez atendido, resulta em informa<;ao sobre certos documentos em epoca, e preservar imparcialrnente 0 testemunho, sem contamina<;iio de ten-
constante uso, entao, uma vez mais, se justifica que se despenda urn longo dencias politicas ou ideol6gicas, de forma que, tomando-se POl' base esse
tempo para prestar-se a informa<;iio. Menos tempo deve ser gas to em pedi- testemunho, os julgamentos sobre homens e fatos que os historiadores, POl'
dos de informa<;ao que contribuam apenas para atender ao hobby de uma deficiencias humanas, estejam momentaneamente incapacitados de profe-
pessoa. rir, possam ser proferidos pel a posteridade. Os arquivistas sao, pois, os
Em geral, 0 arquivista deve auxiliar os pesquisadores pOl' todos os meios guardi6es da verdade ou, ao menos, da prova sobre cuja base pode firmar-se
possiveis. Deve encaminha-Ios aos documentos que atendam aos seus inte- a verdade.
resses. Embora nao deva tentar dirigir suas pesquisas, fornecenl inform a-
<;aosobre os documentos e seu valor de tal forma que apresente sugest6es,
abrindo-Ihes novos campos de pesquisa. 0 arquivista, porem, interpretara
os documentos somente no sentido de identifica-Ios e descreve-los, nao para
revelar 0 significado dos mesmos, em rela<;ao a determinado assunto. Nao
deve dizer que 0 documento mostra isso ou aquiIo ou que sustenta determi-
nada tese contra uma outra. As interpreta<;6es do arquivista devem tel' pOl'
objetivo apenas tornar conhecido 0 carater e conte6do literal dos documen-
tos. Suas rela<;6es para com todos os pesquisadores sao as de urn profissio-
nal. Nao deve, desavisadamente, discutir 0 trabalho que saiba estarem os
mesmos fazendo. Mas se 0 conhecimento de uma pesquisa, que ja vem sen-
do realizada pOl' urn pesquisador, for util a outro, pode 0 arquivista pedir
permissao para informal' 0 outro de que tal peS'qliis-a esta em processo. Fi-
nalmente, se executa pesquisas pr6prias, deve 0 arquivista faze-Ias em cara-
tel' nao oficial, pois ele e empregado para ser um arquivista e nao urn pesqui-
sador. Nao deve subordinar seus deveres profissionais a seus interesses
particulares de pesquisas. Numa palavra, deve ofere eel' seu conhecimento
sobre os docnmentos indistintamente, mesmo com sacrificio de seus pr6-
prios interesses de pesquisador.
o arquivista, assim, pode ser considerado urn cortador de lenha e urn
desviador de aguas para eruditos. Em momentos de ceticismo podera obser-
val' que a lenha que ele cortou esta se convertendo num lote de "madeira
erudita" ou que esta sendo desvirtuada e que se os usos eruditos dos seus
materiais sao fUteis, mais ainda 0 sao seus trabalhos em prol dos mesmos.
Mas essa opiniao nao coloca 0 seu trabalho sob sua verdadeira perspectiva.
Os historiadores podem perder seu equilibrio, sua objetividade, podem tel'

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AGAOde reintegra~ao da posse - Arqui- umidade, 231-2
vos oficiais, 168 internos, 124-5, 234-6
ACESSO aos arquivos recolhidos, 26-7, AINSWORTH, Fred C., 123-4
151,345-55 ALEMANHA
declara~oes confidenciais, 350-3 arquivos correntes - sistema de re-
- legislac;ao,170,351 gistro, 59,100
prazos, 347-9 arquivos- defini~ao, 37
restri~oes, 55, 337, 345-53 arquivos estaduais e locais, 247
Revoluc;iioFrancesa, 27 arranjo, 245-7
uer tambem Uso dos arquivos avalia~ao, 184-5
ACETATOde celulose, camada de, 234-8 descri~ao, 294-7
ACIDEZ, neutraliza~ao da, 236-7 destina~ao, 59-60
ADAMS,John, 284 Instituto de Ensino de Arquivista e
ADAMS, Randolph G., 168 Historia, Berlim-Dahlem, 175
ADMINISTRAGAOde arquivos publicac;aode fontes documentarias,
336
ver Arquivos correntes - Adminis-
Sociedade Historica Alema, 336
tra~ao; Arquivos de custodia
unidades de arquivamento, 294-7
ADMINISTRAGAOde Servi~os Gerais,
valores probatorios, 184-6
Estados Ullidos, 60, 71, 88, 91
ALFANUMERICO
organograma, 87
ver Sistemas de arquivamento de do-
AGENCE Temporaire des Titres, Frall-
cumentos correntes
~a,32
AMBERGFile and Index Company, 120
AGENTES de deteriora~ao dos docu- AMERICANArchives, 337
mentos, 231-6
AMERICAN Archivist, 234, 236-7, 344
externos, 231-2
AMERICAN Historical Association, 30,
luz, 231-2 167, 252, 339
AMERICAN Letters, 116 ARQUIVISTA-mor da Inglaterra ARQUIVOS correntes (cont.) ARQUIVOS estaduais e locais, 226-7,
AMERICAN State Papers, 337, 340, 342 atribuic;Oes quanta ao descarte, 137-8 natureza das atividades, 67-70 236-7
AMERICAN University, Washington, 177 publicac;Oes documentarias, 335-6 responsabilidade de urn orgao cen- arranjo
AMOSTRAGEM estatistica - Sele~o de ARQUIVlSTICA tral,70-4
Alemanha, 247
documentos, 209, 222-5 cursos e curriculos, 174-7 sistemas de registro, 97-111
Estados Unidos, 252
ANALISE de documentos natureza das atividades, 159-61, 171-2, ver tambem Sistemas de arquiva-
Franc;a, 240-5
ver Descric;ao mento de documentos correntes
233 Paises Baixos, 247-50
ANDREWS, Charles M., 32, 44 ARQUlVOS correntes, servic;o de, 66,
terminologia, 35-6 colec;oes de manuscritos, 275-6
ANNUAIRE des Bibliotheques et des 72-3,113
uso dos documentos, 353 hierarquia administrativa, 163-4
Archives, 242 ARQUIVOS correntes descentralizados
ver tambem Arquivos correntes; Ar- instrumentos de busca, 174
AR-condicionado, 232 vel' Arquivos correntes - administra-
quivos de custodia; Principios da publicac;ao, 338-9
ARCHIEF (servic;o de registro), 36, 40, c;ao
arquivologia ARQUIVOS de farnilias e de finnas
54,248 ARQUIVOS de custOdia
ARQUlVO e biblioteca - diferenc;as e vel' Arquivos privados
ARCHWAL collection, 36 administrac;ao - pontos essenciais,
semelhanc;as, 43-52, 241, 252-3, 314-5, ARQUIVOS historicos
ARCHWALIA,35 155-77
357-8 vel' Arquivos nacionais
ARCHWE quality, 39 comparac;ao com biblioteca, 43-52,
ARQUlVO Nacional e Servic;o de Docu- ARQUIVOS horizontais, 233-4
ARMAZENAGEM e preserva~o dos do- 164-5,172
mentos, Estados Unidos, 84, 87,150, 221 ARQUIVOS impressos, 195, 200-1, 207-
cumentos, 231-4 instalac;oes, 231-4
ARQUNO Privado do Estado da PrUssia, 8,218,221,337-44
ARQUNADORES Woodroff, 119,124 interesse na administrac;ao dos arqui-
Berlim-Dahlem, 175, 184-5 vos eOlTentes, 53-61, 135-6 vel' tambem Publicac;ao de fontes do-
ARQUN AMENTO de documentos cor-
cumentarias
rentes ARQUNOS legislac;ao, 165-170
organizac;ao por assunto ou por fun- ARQUIVOS medievais - publicac;oes,
ver Sistemas de arquivamento de do- definic;Oes, 35-41,181,353-4
c;ao, 170 335-7
cumentos correntes legislac;ao
planejamento de trabalho, 172-3 ARQUNOS microfilmados
ARQUIVISTA .p ve;"Legisla~o
recolhimento vel' Microfilme
autoridade, 162-70 produ~o, 37,41
formac;ao, 174-7, 205, 219 ver Transferencia para arquivos ARQUIVOS militares, 295-6 .
ARQUlVOS correntes - administra~o,
hierarquia administrativa, 162-5 de custodia descric;ao - Alemanha, 295-6
63-146
planejamento de trabalho, 172-3 vel' tambem Acesso aos arquivos re- uso - restric;oes, 347-53
assessoramento central, 70-4
preservac;ao de documentos, 190 colhidos, Arquivos Nacionais; Arran- ARQUIVOSmodemos, 40-1, 155-9,179-229
classificac;ao, 67,81,83-99
recolhimentos, 161, 164 jo; Avalia~o; Descric;ao; Destinac;ao; avaliac;ao, 179-229
descentralizac;ao, 81, 91, 94-5, 99
relac;oes com as reparti<;oes, 54-61, Legislac;iio; Uso dos documentos. caracteristicas, 155-9
Estados Unidos, 113-30
134-5 ARQUIVOS diplomaticos, 304-8, 311-2, definic;ao, 40-1
influencia'nos arquivos de custOdia,
relac;5es com os pesquisadores, 358-9 342-53 volume, 179-269
53,245-50 ARQUIVOS eclesiasticos ARQUNOSde movimento
responsabilidades e tarefas, 155-62,
influencia na produc;ao de documen- arranjo - Franc;a, 242 ver arquivos correntes
165, 172-3,337,357-8
ver tambem Arquivos de custOdia tos, 68,81 ARQUlVOS economicos, 45, 189-90, ARQUlVOS municipais
ARQUIVISTA dos Estados Unidos interesse dos arquivos de custodia, 218-20, 349-52 ver Arquivos estaduais e locais
responsabilidade pela lista de descar- 53-61 ARQUIVOS de entidades ARQUIVOS nacionais, 25-33, 335
te,138-9 manuais de servic;o, 72, 105 vel' Arquivos privados hierarquia administrativa, 164-5
ARQUIVOSnacionais (cont.) arranjo, 250-2, 297-8 ARQUIVOS privados (cont.) ATIVIDADES
publica~o, 335, 343 avalia"iio, 181,185
recolhimento, 277, 322-3 defini'<iio,84-5
uer tambem Instrumentos de data-limite, 201
uso,315-9 elemento de classifica'<iio,84-6
busca; Publica"iio de fontes docu- descri'<iio,297-301, 330
vel' tambem Manuscritos historicos ATIVIDADES-fim
mentarias hierarquia administrativa, 29, 162-3
ARQUIVOSde prosseguimento, 113 diferen'<3 de atividades-meio, 101,
raz6es para sua institui"ao, 30-3 programa de publica<;6es,336, 343
ARQUIVOS publicos 196-7
rela,,6es com as reparti,,6es, 162-3 restaurac;ao de documentos, 237
defini'<iio,35-41, 165 documenta'<iio,188-196
ARQUIVOS nacionais - Estados Uni- ARQUIVOSnavais, 264
vel' tambem Arquivos oficiais e Ar- ATIVIDADES-meio
dos, 29-30, 157, 166,338 ARQUIVOSoficiais, 53, 165-8, 179-2.29
quivos nacionais avalia'<iiode documentos, 196-9
acesso aos arquivos, 348-53, 357-8 a<;aode reintegrac;ao de posse, 168
ARQUIVOSreligiosos, 45, 270 ATOS - distin'<iio entre politico e-exe-
administra"ao de Servi"os Gerais, 60, avalia<;ao,179-229
ARQUIVOSverticais, 120, 233-4 cutivo,85
71,87-8,91 propriedade publica - conceito, 165-
ARRANJO, 160-1, 252-88, 296 ATMOSFERA,polui"iio da
avalia"ao, 197, 199, 214-29 8
Alemanha, 245-6 vel' Agentes de deteriora'<iiode docu-
cataloga"iio, 308-10 responsabilidade pela guarda e ma-
datas-limite, 201 turidade hist6rica, 162-169 arquivos correntes, 54-5, 239 mentos
vel' tambem - Arquivos correntes- Alemanha, 59 AUDIOVISUAlS,44, 51, 133, 272
descri"ao, 301-12
destrui"ao de documentos, 138-40 administrac;ao, Arquivos de cust6dia; compara"iio com classifica'<iiosiste- AUDITORIAde documentos, 76
edificio de arquivo, 232-3 Arquivos oficiais matica, 48-9 AUSTRALIA
fornecimento de c6pias, 356-7 ARQUIVOSonomasticos, 124 arquivos privados, 269-70 Arquivos correntes - sistema de re-
fun,,5es e atividades, 84-5, 157-60 ARQUIVOSpermanentes ordem original, 279-80 gistro, 104-8
manuais de trabalho, 173-4,348 vel' Arquivos de cust6dia series, 280 Conselho do Servi"o Publico, 71,105,
organiza"ao, 80, 84, 172-3, 252-4 ARQUIVOSpresidenciais Estados Unidos, 252-60, 301-2 129
recolhimento, 199, 256 propriedade, 165-7, 216 fator de avalia"ao, 203-4 Seminario de Administrac;ao de Ar-
restaura"ao de documentos, 234-7 "puhlica"iio, 343-4 Fran"a, 240-1 quivos, Camberra, 111
Setores de documentos, 91, 171,255 ARQUIVOSprivados, 269-88, 313-34 Inglaterra, 250-1 Un~dadesde arquivamento, 104, 108
Staff Information Papel's, 173, 197, arranjo, 269-88 ordem original, 246, 297-8 AUTOMATICO
256-8,306,310,339 arranjo das cole<;5es,272-77 Paises Baixos, 247-50 vel' Sistemas de arquivamento de do-
transferencia para centros interme- arranjo dos componentes das cole- Proveniencia, 49, 161,176,245, 260, cumentos correntes
diarios, 147-150, 212 ,,6es, 277-86 280 AVALIA<;AO,47-8, 56-61, 147, 170,
treinamento de pessoal, 174-5 cole,,5es naturais e artificiais, 270-1 Respectdesfonds, 243-6,252-3,262 179-229
ARQUIVOS nacionais - Fran"a, 26-7, descri"iio, 313-34 ASSOCIA<;AOAmericana de Hist6ria, bibliotecas e arquivos, 46-7
30-3,163-4,218-9,240-5,290-4 camlogo de series, 326 30,167, 252,339 consulta a especialistas, 228
arranjo, 240-5 catalogo de unidades documenta- ASSOCIA<;AOde Arquivistas dos Paises depositos intermediarios (record
avalia"ao, 218-9 rias, 327-8 Baixos, 248 centers), 147-50
descri"ao, 290-4 folha descritiva inicial, 323 ASSOCIA<;AO Britanica de Arquivos, documentos oficiais modemos, 179-
hierarquia administrativa, 163-5 inventarios, 324-5 185 229
ARQUIVOSnacionais - Inglaterra, 27- listas,327 ASSUNTOS, Classifica'<iiode fatores imponderaveis, 205, 226-7
33,163,181,185,201,237, 250-1, 297, registro de recolhimentos, 322-3 vel' Classifica"iio; Sistemas de arqui- idade dos documentos, datas-limite,
301,330,336, 343 repert6rios (calendars), 328-30 vamento de arquivos correntes 201

.- -~_".~-- _.-._<---_ .._--~~~---------------------------


..•
BIBUOTECA do Congresso CASEfile (processo), 92, 105, 121, 213 funcional, 88-90
AVALIAc:AO (cont.)
CATALOGA<;AO organizacional, 91-2
interesse do arquivista de custodia ver Estados Unidos
Arquivo Nacional principios, 94-6 .
nos arquivos correntes, 53-8 BIBUOTECA Estadual, Virginia, Esta-
Estados Unidos, 307-8 ver tambem Arranjo
legisla~o, 170 dos Unidos
Inglaterra, 299 CLAUSSEN, Martin P., 93
padroes restaura~o de documentos, 236
Alemanha, 59, 184-5 nas biliotecas e arquivos, 49 COCKRELL Committee, Estados Uni-
BIBLIOTECARIO e arquivista - meto-
Estados Unidos, 59-61, 181-2, CATALOGO de assuntos - arquivos pri- dos, 118, 123
dologias, 35-41, 269
vados, 330-2 COLE<;6ES artificiais e naturais ou or-
187-229 BIBLIOTECONOMIA - ensino, 175
Europa, 184-7 CATALOGO em fichas, 308, 318, 326 ganicas
BON Homme Richard, 116
Inglaterra, 181,185 ver tambem tndices ver Arquivos privados
BONIFAcIO, Aldassare, 23
principios, 225-9 CATALOGO de unidades (mal;os, pastas COMISSAO Cockrell sobre Metodos de
BRENNEK, Adolf, 130, 184, 201
relal;oes arquivo corrente e de custo- e pel;as avulsas), 327-8 Trabalho nos Departamentos do Execu-
BRENNEKE-Leesch,201
dia, 56-61, 143-4 CENSOS, documentos de, 125, 199, tivo, Estados Unidos, 118, 123
classifica~o Decimal de Dewey, 130
responsabilidade do arquivo de cus- 206-9,211 COMISSAO de Documentos dos Minis-
defini~o de arquivos, 37
todia, 58-61, 170, 173 CENTROS intermediarios de documen- terios, Grii-Bretanha, 66,148
sistemas alemiies de registro, 100
responsabilidade do arquivista da re- tos, 72-3, 147-50, 212 COMISSAO Hoover de Reorganizal;iio
BRITISH Records Association, 185
partil;iio, 53-8 CHAFFEE, Allen, 120 do Poder Executivo, Estados Unidos, 76
BROOKS, Philip C., 60, 204
subjetividade, 227 CHANCELARIAS - origens, 98 COMISSAO Taft de Economia e Eficien-
BUCK, Solon J., 339
teste dos valores informativos, 199- CHATFIELD, Helen L., 115 cia, EStados Unidos, 118-120, 128
BUSCA, meios de CIDADANIA, documentos de, 211
200 COMISs6ES de Arquivos
ver instrumentos de busca CLASSES - Inglaterra, 298-9
Unicidade,199-202 Estados Unidos, 30, 338
BUTLER, Ladson & Johnson, 78-9 ver tambem Subgrupos
Forma, 202-3 Franl;a, 146
Importancia, 203-5 CLASSIFICA<;AO Inglaterra, 29, 66, 141-2, 148
teste dos valores probatorios, 182-99 arquivos correntes, 67-8, 83-96, 100- COMMfITEE on Departmental Records,
documentos sobre origens, 188-9 1,109-10 Grii-Bretanha, 66, 141-2, 148
documentos sobre program as CABE<;ALHOS de assuntos,93, 106-25, Alemanha, 100-1 CONGRESSO, Estados Unidos
substantivos, 189-99 129,286,327,333 Estados Unidos, 113-30 ver Estados Unidos
ver tambem Destina~o; Valores CAI>U\S,233,289, 291 Inglaterra, 103-4 CONSELHO Interministerial sobre Pro-
CALENDAR a/State Papers, 343 arquivos privados, 273, 287-8 cessamento Burocrcitico Simplificado,
CALENDARIOS, 284, 292, 329-30, 343 defini~o, 84 Estados Unidos, 139
CAMUS, Armand-Gaston, 218, 240, 252 destinal;iio de documentos, 144 CONTABILIDADE, documentos de -
BARROW, W. J., 236 CAPPON, 279, 287 elaboral;iio de sistemas, 95-6 valores, 196
BAUER, G. Philip, 197-8 CARBONO - aparecimento, 119 elementos, 84 COPIADORES de cartas, 115-7
BEAN, C. E. W., 188 CARTAS prensadas, 118 importancia, 83 C6PIAS de documentos, 9
BEERS, Henry P., 138-9 CARTER, Clarence E., 340 nas bibliotecas e arquivos, 48-9 conceito, 81-2
BEMIS, Samuel Flagg, 175 CARTOGRAFlA por assunto, 92-3, 242, 248-9 distribui~o, controle e guarda, 81-3,
BIBUOTECA e arquivo - diferen~s e ver Mapas e cartas Decimal de Dewey, 113, 127, 130, 191-2,199-200
semelhanl;as, 35-41, 240, 318, 357 CASANOVA, Eugenio, 37-8 302 origens, 97-8, 100-1

t-~~~~".
CORRESPONDENCIA Inglaterra,297-301
DIRETRIZES e normas substantivos
arquivos privados, 283 instrumentos de busca, 290-312
avaliat;iio, 191-3 descri~0,132, 136-7
classifica~o de assuntos, 285 ver tambemAvalia~o, Instrumentos
funt;oes auxiliares, 80-1 lista de descarte, 142-3
descri~o para descarte, 140-1 debusca
politicas - classificat;aode documen- valores,199
diplomatica - Estados Unidos, 116 DESCRIQAOcoletiva tos, 89, 101 transferencia para centros interme-
padroniza~o e controle, 78-9 arquivos privados, 315 DOCUMENTOS diarios, 147-8
COTrON Library, 28 para fins de destinat;ao, 132-42
cartograficos, 44, 51, 133, 255-6 tabelas de descarte, 136-43
CURSOS de arquivistica quanta a proveniencia - analise ba- cientificos, 225-6 DOSSIES, 92, 105, 250, 255, 258
ver Arquivistica sica, 303 confidenciais, 350-2 DOWNS, Robert B., 282, 285
CUST6DIA dos arquivos, 38-9, 169,345- DESCRIQAOdas series, 324 correntes DUCHA.TEL,Charles-Marie Tanneguy,
6,353-4 DESTINAQAO,131-51,234
vel' tambem Arquivos de custodia e ver Arquivos correntes 241
Alemanha, 59
Uso dos arquivos diretrizes - avaliat;iioe selet;aode do- DUPLICATAS
definit;ao, 131
CUITER, Charles C., 282-3 cumentos, 226-9 ver Copias de documentos
Estados Unidos, 40-1, 59-60, 138-9
estrada de ferro, 128 DUPLEX - numerico
Inglaterra, 59, 137-8, 141
de entidades ver Sistemas de arquivamento de do-
instrumentos, 134-42
avaliat;ao, 213 cumentos correntes
legislat;ao, 158-9
executivos - avalia~o, 196-7 DUPLICAQAOde documentos, 238,342,
DADOS ESTATISTICOS, documentos, lista de descarte, 135, 138, 142-3 356-7
fiscais - descri~o para descarte, 142
190,220,223-4 orgao central, 72-3
fiscalizat;ao financeira - Estados fator de importancia no arquivamento,
ver tambem Censos, Documentos de plano de destinat;ao, 135-7 117-20
Unidos,76
DANE, Nathan, 114 tabela de descarte, 136-43
Juridicos, 184-5, 194 maquina de escrever e carbona, 118-9
DATAS-limite, 201 valor dos documentos, 131
meteorologicos, 224-5
DAUNOU, Pierre-Claude Frant;ois, 218, DESTRUIQAO de documentos, 59-61,
militares - uso e segurant;a nacional,
240,252,291 140-1, 170 -~--
347-53
DECLARAQAOde restrit;oes, 346 agentes externos einternos, 231-4 modernos, 54, 301-2 ECLESIASTE, 202
DEFINIQOES de arquivos, 35-41 niilistas, 131
complexidade, 67 ECOLE de Chartes, Frant;a, 175
DEP6SITOS de arquivos - edificios, venda e macera~o, 140-1
publica~o, 340 EDIFICIO de arquivo, 232-3
232-4 ver tambem Destinat;ao
volume,65-7,179, 201, 228-9 ELIMINAQAOde documentos
DEP6SITOS intermediarios DETERIORAQAOdos documentos oficiais ver Destina~o; Sele~o ou triagem
ver Centros intermediarios de docu- ver Agentes de deteriorat;iio dos do-
controle de produt;iio, 75-82 EMPREsTIMOS d~ arquivos, 150,355
mentos cumentos
definit;ao, 35-41, 165 ENCARREGADOSdos documentos, 54,
DEPUIYkepper,336 DEWEY,Melvil,67, 94, 113,120, 127,130
ort;amentarios - avaliat;ao, 194 75
DESCRIQAO,160, 358-9 -DIARIOS dajustit;a - origens, 97-8 publicat;ao ENCYCLOPEDIA Americana, 215
Alemanha,294-7 DIPLOMATICA,54, 174-5, 337
arquivos privados, 313-5 ver PUblicat;ao de fontes docu- EQUIP AMENTOS de armazenagem,
DIREITO de remOt;ao mentarias
Estados Unidos, 301-12 231-4
arquivos oficiais e particulares, 166-9 repetitivos, 78,134,137-42
Frant;a, 290-3 de restaura~o, 234-7
arquivos presidenciais, 166-7 servit;o militar, 124 ESCRIBAS,98
FILE holder, 119 comissoes de arquivos, 244
ESFRAGtSTICA,337 Contadoria Geral, 76, 159, 196
File rooms descri~o, 290-4
ESQUEMAS de classifica~o Departamento do Estado, 115,349
ver Arquivos correntes, Servi~os de destina~ao, 130, 164-5, 180
ver Arranjo; Classifica~o; Sistemas Departamento de G~a - Arquivos,
FILES, 59, 101 Ecole de Chartes, 175
de arquivamento de documentos COr- 115-7
ver tambem Unidades de arquiva- Pe~s,290
rentes Departamento do Tesouro, 117
mento Revolu~ao Francesa, 180
ESTADOSUNIDOS descri~ao, 301-12
Tresor des Chartes, 26, 31
Administra~ao de Servi~os Gerais, destina~o, 40-1, 59-60, 138-41
ver Arquivos correntes, administra- unidades de arquivamentos, 290-4
60, 71, 88, 91, 356 destrui~ao de documentos, 59-61,
organograma, 87 I<aode ver tambem Arquivos Nacionais -
138-9
arquivista - responsabilidade pela FILMES Franl<a
lnstitutos sobre Preserva~ao e Admi-
lista de descarte, 136-7 ver Audiovisuais FREDERICO, P. J., 217
nistral<aode Arquivos, 177
arquivo corrente, lJ3-30 FITZPATRICK,John C., ed, 166, 274-5 FREQUENCIA de uso dos documentos,
microfilme, 339
Arquivo Nacional e Servi~o de Docu- FLUXOGRAMAS,77 150
Ministerio da Agricultura - destrui-
mentos, 84, 91, 150 FOLHA descritiva inicial - Arquivos FRUIN, R., 36, 247-50
~ao de documentos, 139
arranjo, 252-60, 301-2 privados, 323 FRY,C. Luther, 208
publica~ao de fontes documentarias,
Associa~ao Americana de Historia, FONDS,261 FUNGOES- Diferen~a entre substanti-
160, 335, 337-44
30,167,252,339 Estados Unidos, 254 vas e adjetivas, 85
6rgao Controlador de Prel<os,79
avalia~o, 58-61, 187-229 Fran~, 242 FUNDOS, 172, 241, 253, 261, 290
Setor de Administra~o de Documen-
Biblioteca do Congresso, 138, 177, ver tambem Respectfonds Fran~, 242-5
tos do Servil<ode Renda Interna, 80
236-7, 275, 285, 343 FONTES documentarias - Publica~ao ver tambem Grupos
Divisaode Manuscritos,46,274-276 Society of American Archivists, 170,
270 ver Publical<aode fontes documenta-
Bureau de Or~mento, 79, 139 rias
Bureau of Standards, 231, 235, 237 unidades de arquivamento, 88-90,
. !lT9-ro, 258-9, 305 FORCE, Peter, 337
Centros intermediarios, 73-4, 150-1,
ver tambem Arquivos Nacionais - FORD, Worthington C., 282-3 GALBRAITH,V. H., 102
212
Estados Unidos FOREIGN relations, 337 GALESe Seaton, 340
Comissao Hoover de Reorganiza~ao
ESTATtSTICAS FORMA e valor informativo, 199-200, GENERALServices Administration, Es-
do Poder Executivo, 76
ver Amostragem estatistica; Censos; 202-3 tados Unidos, 60, 71, 88, 91, 356
Comissao de Servi~o Publico, 196
Comissao Taft de Economia e Efi- Dados estatisticos FORMULARIOS, 78-9 Organograma, 87
ciencia, 118-20, 128 EVANS,D. L., 237 Avalia~ao, 206-7, 211,224 GILBERT,John, 153
Comissao Cockrell sobre Metodos de EXPOSIGOESde documentos, 160, 356 Departamento de Guerra - Estados GIUSEPPI, M. S., 298-9
Trabalho, 118,123 Unidos, 117-8 GOEBEL;Wallace B., 221
Comission of Historical Publications, Manuais de servi~o, 79 GONDOS,Victor, Jr., 233
338 Padroniza~o e controle, 78-9, 142-3 GRA-BRETANHA
Comissoes de arquivo, 30,76,118-20, FOURNIER, P. F., 105 Comissao de Documentos dos Minis-
FEITH, J. A, 36, 247-50
123, 139, 338 FRANGA terios, 66, 141-2, 148
FICHAS-tNDlCE
Conselho Interministerial sobre Pro- Agence Temporaire des Titres, 32 ver tambem Arquivos Nacionais .•...
ver Sistemas de arquivamento de do-
cessamento Burocrlitico Simplifica- arranjo, 240-5,253-4,280,290-1 Inglaterra;Inglaterra
cumentos correntes
do, 123
GRIGG Committee, 66, 141-2, 148 HERKOMSTBEGINSEL, principio, 54 INGLATERRA(cont.)
versus program a de publicac;oes,
GRUPOS HICKS, J. F. G., Jr., 232 comissoes de arquivos, 29, 67, 137, 338-9
Arranjos, 260, 301-2 HISTORIA 141-2,148 ver tambem Calendarios; Guias; In-
Alemanha, 245-7 Ensino, 175-7 centros intermediarios, 72-3, 148 ventarios; Listas;Notas de registro de
diferenc;a entre americanos e eu- HISTORICAL Editing, 339 descri<;iio,297-301 grupos de documentos; Repert6rios;
rope us, 253-4 HISTORIOGRAFIA, 175-6, 335 destina<;iio,59-60,137,141-2 Transcric;oes
Estados Unidos, 252-60 HOLMES, Oliver Wendell, 57-8 Grigg Committee - Relatorio, 66, INTEGRIDADE dos documentos, 39,
Franc;a, 240-5 HOLVERSTOTT,Lyle J., 228 142,148 260
Inglaterra, 250-2 HOOVER Commission on The Reorga- grupos INTERDEPARTMENTALBoard ofSim-
coletivos, 255 nization of the Executive Arm of the arranjo, 250-1, 256-7 plified Office Procedure, Estados Uni-
descric;ao Government, 76 coletivos, 255 dos, 139
Alemanha, 294-6 HUGHES, Charles Evans, 349 Parlamento, Gra-Bretanha - Desti- INVENTARIOS
Fran<;a,290-4 HUNTINGTON Library, San Marino, nac;aode documentos, 137 Alemanha, 297
Inglaterra, 297-9 California, 275 pe<;as,299 arquivos privados - descri<;iio,324-5
destinac;ao,l72 Public Record Office Fran<;a,291-4
GUARDA ver Arquivos nacionais - Ingla- Inglaterra, 301
ver Custodia dos arquivos terra ITALIA
GUERRA Mupdial, 189, 192, 197, 220, lOADE dos documentos - valor e datas- Publica<;iiode fontes documentarias,
publica<;iiode fontes documentarias,
223,264-5 limite, 201 335-6
336
GUlAS IGREJAS e arquivos - Idade Media, 98 unidades de arquivamento, 39-60,
Arquivos privados, 333-4 IMPRESSOS - arquivos privados, 273, 103-4, 297-8
Preparo 285-6 valores probat6rios, 185-6
Alemanha, 294-7 ver tambem Arquivos impressos INSETOS, 234 JACKSON, Ellen, 279
Estados Unidos, 303-4 INC~NDIOS, 28, 234 INSPE<;:AOdos arquivos correntes, 71 JAMESON, J. Franklin, 46
Fran<;a,291-2 INDICES, 296-7, 300-1, 328-9, 333 INSTITUTO de Ensino de Arquivistica e JEFFERSON, Thomas, 116, 166, 217,
Inglaterra, 297 de nomes, 332-3 Hist6ria, Berlin-Dahlem, 175 284,344
GUIZOT,24 INFORMA<;:OESpessoais INSTITUTO sobre Preservac;ao e Admi- JENKINSON, Hilary, 28, 31, 36-9, 45-6,
GUTHLING, Wilhelm, 244 acesso aos arquivos, 352-3 nistra<;iiode Arquivos, Estados Unidos, 181,250-2
servic;osde, 357-9 177 JONES, Phyllis Mander, 44
INGLATERRA JUSTINIANO, imperador, 23
INSTRUMENTOS de busca, 161, 174,
arranjo, 297-8 289-312
arquivista-mor - atribuic;oes quan-
HANDBOOK of procedures, 173 Alemanha, 294-7
to ao des carte, 137
HARLOW, Neal, 274, 282 arquivos privados, 313-34
arquivos correntes
HAMER, Philip M., 338 Estados Unidos, 301-12 KAISER,Hans, 244
Sistema de registro, 101-4
HASLUCK,Paul, 69, 109 Fran<;a,241 KEEPER, 336
Associa<;iio Britanica de Arquivos,
HAZARD,Ebenezer,337 Inglaterra, 297-301 KIMBERLY,Arthur E., 231-2
185,237
MARYLAND, Hall of Records, 177 NOVA ZELANDIA - Comissao de Ser- POLUIc;AO atmosferica
MARYLAND Historical Society, 114 vi<;o Publico, 71-2, 129 ver Agentes de deteriora~o dos do-
LAMINAc;AO, 235-7 MASTER of the rolls, 137, 336 cumentos
LEAVITI, Arthur H., trad., 36 MATERIAL - documentos POSNER, Ernest, 99-100, 246
LEGlSLAc;AO, 59-60, 156-70, 235-6, ver Documentos PRAZOS
336,338,351 MATERIAL de publicidade - avalia~o, acesso aos documentos, 346-7
195 ORDEM original, 245-6, 259
LELAND, Waldo G., 168-9, 252, 347 datas-limite, 201
MEINERT, H., 185 ORGANIZAc;AO
UBRARY Bureau, 120, 124, 128 descarte, 137, 141-2
MEIOS de busca arquivos correntes, 69-70
LIMBO, 68, 148 PRESERVAc;AO de documentos, 231-8
UPSCOMB, Andrew A. ed., 166 ver Instrumentos de busca arranjo, 256-7
PRINClpIOS da arquivologia, 53-4
MEISSNER, H. 0., 184-5, 201, 212 classifica~o organizacional, 88-90 ordem original, 246, 248-9, 259, 261,
USTAS,340
arquivos privados, 327, 329 METODOS de arquivamento controle da produ<;ao de documentos, 266-7
Estados Unidos, 304-5, 308, 310-2 ver Sistemas de arquivamento de do- 75-82 proveniencia, 49, 161, 175-6, 245,
Inglaterra, 299 cumentos correntes sistemas de arquivamento de docu- 260,280
USTAS de cabe~lhos METODOS de trabalho - Produl1ao de mentos correntes organico, 127 respect des fonds, 244, 246, 252-3,
ver Cabe~lhos de assunto documentos,81-2 teste dos valores probat6rios, 182- 262
USTAS de descarte MICROFILME 200 PRODUc;AO de documentos, 37,41
ver Destina~o alternativa da descril1ao, 328-9 base material, papel, 234-5
LOKKE, Carl L., 226 forma de publical1ao, 339-40, 342 controle, 68, 72, 75-82
LUZ MICROFILMAGEM de documentos, 74, PROPRIEDADE - registro de titulos, 77
ver Agentes de deterioral1ao de docu- 145-6, 238, 339 PROPRIEDADE, documentos de, 186-7,
PADROES de avalia<;Qes
mentos MINISTROS de estado 204-5,211-2
ver Avalia<;ao
. Arquivos oficiais e particulares, 167 PROTOCOLO,113
PAtSES Baixos
MNEMc>NICO Btasil.99
arranjos, 247-50
ver Sistemas de arquivamento de do- Estados Unidos - suspensao, 120-1
Associa<;ao de Arquivistas, 248
cumentos correntes ver tambem Servi<;os de registro
MAc;OS PALEOGRAFIA,337
MONROE, James, 344 PROVENI~NCIA
ver Unidades de arquivamento PALGRAVE, Francis, 343
MONUMENTA Germaniae Historica, descri~o,245,253-4,271,303-8
MADISON, 344 PAPEL,235
335-6 principio, 49, 161, 175-6, 245, 260,
MALOME, Dumas, 284 PARTICULAR instance papers, 92, 148
MULLER, S., 36, 247 280
MANUAlS de servil1O, 72, 79, 105, 129, PEc;AS
MURATORI, Ludovico Antonio, 335-7 PROVENIENZPRINZIP
191,348 Fran~, 290
ver Proveniencia - principio
MANUSCRITOS hist6ricos, 44, 46, 52, Inglaterra, 229
PRYNNE, William, 28
184,269 PETTEE, JUlia, 93
PRUSSIA
MAPAS e cartas, 44, 51, 133, 255, 272 PLANO de destinal1ao Arquivo Privado do Estado, Berlim-
MAQUINA de escrever, 118-9 NOBLE, G. Bernard, 349 ver Destinal1ao Dahlem, 175, 184
MARCAS e patentes, 218 NOTAc;AO pOLlTICA, defini~o de ver tambemAlemanha; Arquivos Na-'
MARS~LL,John,167 ver Simbolo ou nota<;ao ver Diretrizes e normas cionais - Alemanha
PUBLIC Archives Commission, Estados RECORD officer (encarregado dos docu- REPERT6RIOS, 328-30 SELE<;:Ao especial, 222-3
Unidos,30 mentos), 54-5 Alemanha, 295-6 ' SEMINARIO de Administra~ao de Ar-
PUBLIC Record Office, Inglaterra, 27-8 RECORD center Inglaterra(calendars), 343 quivos, Camberra, 110-1
PUBLIC Service Board ver Centros intermediarios de docu- ver tambem Inventarios SHELLEY, Fred, 46
ver Australia - ConseIho do Servi~ mentos REPRODU<;:Ao de documentos, 237, SERIES
Publico RECORDS branches (setores de docu- 343,356-7 arquivos privados, 272, 277-86, 325-6
PUBLICA<;:Ao de fontes documentarias, mentos) vel' tambem Duplicac;ao de docu- arranjo, 250-1, 255
160,335, 343-4 ver Arquivos nacionais - Estados mentos definic;ao, 91-2, 302-3
Alemanha, 335-6 Unidos RERUM britimnicarum mediaevi descri~ao, 304-5, 321, 323-4, 330,
arquivistas e historiadores, 335, 337-8 RECORDS Commission, Inglaterra, 29 scriptores, 336 333-4
Estados Unidos, 337-40 RECORTES de jornais, 195, 287 RERUM italicarum scriptores, 335, 337 diferenc;a entre europeias e america-
form as, 340-4 REFERENCE information papers, 310 RESPECT des fonds, 243-5, 252-3, 262 nas,257-8
Inglaterra, 336 REFERENCIA RESTAURA<;:Ao de documentos SERVI<;:O militares - documentos
responsabilidade, 337-40 ver Servi~o de Refer~ncia Emprestimos, 355-6 ver documentos
ItaHa,335 REGISTRAR (oficial deregistro), 54,104 Equipamentos e metodos, 234-7 SERVI<;:O de arquivos correntes
versus instrumentos de busca, 339-40, REGISTRATURPRINZIP, 54,246 RESTRI<;:OES no uso dos documentos ver Arquivos correntes, servic;o de
343-4 REGISTRO ver Acesso aos arquivos recolhidos SERVI<;:O de comunica~oes, 66, 99-100
PUBLICA<;:A.Oem microfilme ver Servi~o de registro; Sistemas de REVOLU<;:Ao Francesa, 180 ver tambem Servi~o de registro
Estados Unidos, 339 registro repercussao na arquivistica, 26-7, 30-3 SERVI<;:O de informa~oes, 357-8
suplemento de publica~iio impressa, REGISTRO civil- origem, 211-2 registro civil, 211 SERVI<;:O de registro, 40-1, 53-4, 66,
342 REGISTRO de recolhimentos - descri- RIEPMA, Siert F., 116 73-4,91,94-5,97-111,295-6
PUBLICA<;:OES oficiais ROLES Series, 336 ver tambem Sistemas de registro
C;iio,322-3
ver Arquivos impressos REGISTRO de titulos de propriedade, 77 ROLOS, 29-30, 54, 102, 298, 330 SERVI<;:O de referencia, 160-1, 345-59
PUBLICIDADE ROOSEVELT, Theodore, 337 SETORES de documentos
REGISTRO em Hvros - Estados Unidos
ver Material de publicidade ROSENAU, Nalthaniel S., 120 ver Arquivos nacionais - Estados
Suspensiio, 120-1
PURGAT6RIO, 73 ROTINA de documenta~o, 78-82 Unidos
REGISTROS medicos e hospitalares,
RUSSEL, John R., 308 51MBOLOS ou nota~o, 126-8, 130, 240,
123-4
290-1,298
REGISTROS paroquiais, 211
arquivos privados, 287-8, 319, 331-2
RELA<;:OES exteriores - documentos
SIMON, Louis A., 232
RADOFF, Morris L., 344 restric;oes no uso, 349-50
SIMPLIFICA<;:A.O das func;oes, 75-6
READING files - destina~o, 133 RELAT6RIO Grigg, Inglaterra, 6,141-2, SALAS de consulta, 354-5
RECENSEAMENTO SIMPLIFICA<;:Ao dos metodos de traba-
148 uso dos documentos, 353-4
lho
ver Censos, documentos de RELAT6RIOS SCHELLENBERG, T. R., 140
RECEPTACULOS de guarda, 233-291 produc;iio de documentos, 76-7
avalia~o, 197-8 SCRIBNER, B. W., 231
RECOLHIMENTOS SIMPLIFICA<;:Ao das rotinas, 78-82
controle, 78 SELE<;:A.Oou triagem, 40, 137-42, 179-
ver Transferencia para arquivos de SISTEMAS de arquivamento de docu-
REMO<;:A.O 229
custodia mentos correntes
ver Direito de rem~iio ver tambem Avalia~o; Destina~iio
alfanumerico, 126
MARYLAND, Hall of Records, 177 NOVA ZELANDIA - Comissao de Ser- POLUI<;AO atmosferica
MARYLAND Historical Society, 114 vic;o Publico, 71-2,129 ver Agentes de deteriorac;iio dos do-
LAMINAGAO, 235-7 MASTER of the rolls, 137, 336 cumentos
LEAVI'IT, Arthur H., trad., 36 MATERIAL - documentos POSNER, Ernest, 99-100, 246
LEGISLAGAO, 59-60, 156-70, 235-6, ver Doeumentos PRAZOS
336,338,351 MATERIAL de publicidade - avaliac;iio,
acesso aos documentos, 346-7
195 ORDEM original, 245-6, 259
LELAND, Waldo G., 168-9, 252, 347 datas-limite, 201
LIBRARY Bureau, 120, 124, 128 MEINERT, H., 185 ORGANIZAGAO
descarte, 137, 141-2
MEIOS de busca arquivos correntes, 69-70
LIMBO, 68, 148 PRESERVAGAO de documentos, 231-8
LIPSCOMB, Andrew A. ed., 166 vel" Instrumentos de busca arranjo,256-7
PRINCtPIOS da arquivologia, 53-4
MEISSNER, H. 0., 184-5, 201, 212 classifica<;iio organizacional, 88-90
LISTAS,340 ordem original, 246, 248-9, 259, 261,
arquivos privados, 327, 329 METODOS de arquivamento controle da produc;iio de documentos, 266-7
Estados Unidos, 304-5, 308, 310-2 ver Sistemas de arquivamento de do- 75-82 proveniencia, 49, 161, 175-6, 245,
Inglaterra, 299 cumentos correntes sistemas de arquivamento de docu- 260,280
LISTAS de cabec;alhos METODOS de trabalho - Produc;iio de mentos correntes organico, 127 respect des fonds, 244, 246, 252-3,
ver CabeC;alhos de assunto documentos, 81-2 teste dos val ores probat6rios, 182- 262
LISTAS de descarte MICROFILME 200 PRODUGAO de doeumentos, 37, 41
ver Destinac;iio alternativa da descri<;iio, 328-9 base material, papel, 234-5
LOKKE, Carl L., 226 forma de publicac;ao, 339-40, 342 controle, 68, 72, 75-82
LUZ MICROFILMAGEM de documentos, 74, PROPRIEDADE - registro de titulos, 77
ver Agentes de deterioraC;ao de docu- 145-6,238,339 PROPRIEDADE, documentos de, 186-7,
PADR6ES de avalia<;5es
mentos MINISTROS de estado 204-5,211-2
ver Avalia<;iio
Arquivos oficiais e particulares, 167 PROTOCOLO,113
PAtSES Baixos
MNEMC'>NtcO Brasil, 99
arranjos, 247-50
ver Sistemas de arquivamento de do- Estados Unidos - suspensiio, 120-1
Associa<;iio de Arquivistas, 248
cumentos correntes ver tambem Servic;os de registro
MAGOS PALEOGRAFIA,337
MONROE, James, 344 PROVENI~NCIA
ver Unidades de arquivamento PALGRAVE, Francis, 343
MONUMENTA Germaniae Historica, descric;iio, 245, 253-4, 271, 303-8
MADISON, 344 PAPEL, 235
335-6 principio, 49, 161, 175-6, 245, 260,
MALOME,D~mas,284 PARTICULAR instance papers, 92, 148
MULLER, S., 36, 247 280
MANUAlS de servic;o, 72, 79, lOS, 129, PEGAS
MURATORI, Ludovico Antonio, 335-7 PROVENIENZPRINZIP
191,348 Franc;a, 290
ver Proveniencia - principio
MANUSCRITOS hist6ricos, 44, 46, 52, Inglaterra, 229
PRYNNE, William, 28
184,269 PETTEE, JUlia, 93
PRUSSIA
MAPAS e cartas, 44,51,133,255,272 'PLANO de destina<;1i.o
Arquivo Privado do Estado, Berlim-
MAQUINA de escrever, 118-9 NOBLE, G. Bernard, 349 ver Destinac;iio Dahlem, 175, 184
MARCAS e patentes, 218 NOTA<;AO POLITICA, defini<;1i.ode ver tamhem Alemanha; Arquivos Na-
MARSHALL, John, 167 ver Simbolo ou notac;1i.o ver Diretrizes e normas cionais - Alemanha
T. R. SCHELLENBERG. 385
SISTEMAS de arquivamento (cont.) SMITH, Justin H., 226
alfabeticos, 67,123-6,130 TIPOS fisicos de documentos
SOCIEDADE Hist6rica Alema, 336 Alemanha, 294-7
americanos, 113-30 arranjo, 271, 284-6
SOCIETY of American Achivists, 170, Australia, 104,109
compara<;ao dos sistemas de re- descri<;iio, 301-2
270
Estados Unidos, 305
gistro, 113-4,301-2 destina<;iio, 133, 143
SOUNDEX
fichas perfuradas, 226 Usa dos arquivos, 150, 354-5
assunto-numerico, 121-2, 126, 130, vel' Sistemas de arquivamento de do- Restri<;6es e prazos, 346-7
302 TiTuLos de propriedade, 72, 214-5
cumentos correntes
'automatico, 124 TOCQUEVILLE, Alexis de, 63 vel' tambem Acesso aos arquivos re-
SPARKS, Jared, 166 colhidos
classifica<;ao, 83-96, 127 TORRENS - Sistemas de registro de
STAFF Information Papers, 173, 197,
vel' tambem Classifica<;ao propriedade, 77, 215
258-60,308,310,339
cronol6gico - papeis privados, 283-4 TRIAGEM
SUBGRUPOS
decimal, 67, 94, 113, 127, 130, 302 vel' Sele<;iio ou triagem
Alemanha, 294-5
duplex, 122, 130, 132 TRANSCRI<;6ES - Inglaterra, 300-1
arquivos privados, 281-2 VALORESdos documentos e arquivos
equip amen to, 119 TRANSFERENCIA
Estados Unidos, 252-3, 256 publicos, 38, 68, 179-229
escolha e aplica<;ao, 130 acesso aos documentos, 151, 170
Fran<;a, 241, 291-3 preserva<;iio na forma original, 237-8
fichas-indice, 123-5 condi<;oes fisicas, 151
Inglaterra, 297-8 vel' tambem Avalia<;ao
mnemonico, 126-7, 130 freqiiencia de uso pel a administra-
SUMMERS, Natalia, 311 VALORES hist6ricos
numericos, 67, 100-1, 103-6, 107-8 <;iio,150
SYBEL, Heinrich Yon, 245 vel' Valores secundarios
Organico, 127 indices respectivos, 151
registros VALORES informativos, 181-2, 185-6,
para arquivos de custodia, 41, 50, 199-226
vel' Sistemas de registro 150-1,169-70
VALORES primarios, 41, 56-9
simbolos, 130 para centros intermediarios de docu-
soundex, 124 TABELA de descalte VALORES probat6rios, 40,182-99
mentos, 147-50
SISTEMAS de classifica<;ao vel' Destina<;ao documentos sobre a o~gem de 6r-
recolhimento versus aquisi<;ao, 45,
TAFT COIllInisslon, 118-20, 128 gaos, 188-9
vel' Arranjo; Classifica<;ao, Sistemas 50-1
de arquivamento de documentos cor- TEMPERATURA documentos de pesquisa e investiga-
valor dos documentos, 150-1, 170
rentes vel' Agentes de deteriora<;ao de docu- <;ao,193-4
TREINAMENTO de pessoal de arquivo,
SISTEMAS de registro, 67, 81, 84, 91, mentos 174-7 documentos sobre programas subs-
94-5,97,111,248-9 TENESSE Valley Authority, 79 tantivos, 189-99
TREsOR des chartes, 26, 31, 240
Alemanha, 59, 99-101 TERRA padroeseuropeus,184_7
Australia, 104-8 vel' Propriedade - registro de titu- padroes norte-americanos, 187-99
caracteristicas, 101, 108-11 los VALORES secundarios, 41, 58, 147, 180
compara<;iio com sistemas de arqui- TERRITORIAL Papers of the United VAN SCHREEVEN, Wiliam J., 233
UMIDADE
vamento, 113-4, 301-2 States, 337, 339, 341-3 VIRGINIA Biblioteca Estadual, Estados
efeitos na produ<;ao de documentos, vel' Agentes de deteriora<;ao dos do- Unidos
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