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INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO DO SUL DE

MINAS - CÂMPUS POUSO ALEGRE


SEMINÁRIO DE FILOSOFIA- 3° ANO INTEGRADO EM ADMINISTRAÇÃO
.

MICHAEL FOUCAULT - A MICROFÍSICA DO PODER

21 DE NOVEMBRO DE 2023, POUSO ALEGRE, MINAS GERAIS


QUEM FOI MICHAEL FOUCAULT?

Michel Foucault, foi um renomado filósofo francês do século XX, explorou intensamente a
interseção entre poder e conhecimento. Nasceu em 15 de outubro de 1926 em Poitiers, França.
Ele obteve sua licenciatura em Filosofia e se graduou em Psicologia Patológica, exercendo
como psicólogo em hospitais e prisões.

Além de sua atuação clínica, Foucault desempenhou papel de destaque como educador,
lecionando em universidades na Alemanha, Estados Unidos, Suécia, Tunísia e diversos outros
países. Suas palestras e conferências foram realizadas globalmente, incluindo uma visita ao
Brasil em 1965, marcando sua primeira passagem pelo país.

Sua influência se estendeu para além do âmbito acadêmico: Foucault escreveu extensivamente
em jornais e publicou várias obras que desafiaram conceitos convencionais sobre poder,
conhecimento e estruturas sociais. Sua morte ocorreu em Paris, em 25 de junho de 1984,
vítima da AIDS.

A MICROFÍSICA DO PODER:

Antes de discutir o conceito da microfísica do poder, é importante entender o seu oposto: a


macrofísica do poder. Segundo essa teoria, o poder possui um determinado lugar na
sociedade, ele ocupa um espaço visível (por exemplo, a figura do Rei). Ou seja, nós
conseguimos identificar quem ou o que está exercendo o poder político. Além disso, quando
as ordens do poderoso não são obedecidas ele faz o uso da força para restaurar o controle.

Na teoria política de Michel Foucault, temos a noção que o poder não possui um determinado
lugar na sociedade, ele se encontra em todas as relações sociais (por exemplo, relação
familiar, escola, grupo de amigos). Ou seja, todas as pessoas exercem poder ao mesmo tempo
em que sofrem o exercício do poder, dependendo do papel social que estão ocupando naquele
instante na sociedade. Por exemplo, uma mulher pode obedecer às ordens de sua chefe, mas
dá as ordens para a sua empregada. Ela dá ordens aos filhos, mas obedece tudo o que o seu
pastor manda fazer.

O poder não se resume à repressão, ou seja, na manutenção do poder através da coação /


submissão. Nesse contexto, Foucault destaca cinco pontos sobre o poder em sua teoria:
1. O poder se exerce: O poder não é uma posse, no sentido de possuir ou não possuir poder. O
poder é uma ação: você exerce poder ou sofre ele. Por exemplo, ao ser promovido, alguém
adquire autoridade, mas também se torna sujeito à autoridade superior.

2. As relações de poder são imanentes: O poder emana das relações sociais, é um efeito delas,
pertence a sua natureza. As relações de poder surgem de forma natural nas relações entre as
pessoas. Ou seja, desde quando existe relação social, existem relações de poder entre as
pessoas.

3. O poder vem de baixo: As relações de poder, começando em níveis menores, influenciam


as estruturas mais amplas. Um professor controla a sala de aula devido à socialização que
ensina respeito à autoridade.

4. As relações de poder são intencionais: O exercício do poder é intencional e estratégico,


visando a realização de ações específicas.

5. Se há poder, há resistência: O poder inevitavelmente encontra resistência. Mesmo ao


obedecer, as pessoas questionam, seja por discordância ou para compreender melhor.

RELEVÂNCIA PARA A POLÍTICA CONTEMPORÂNEA

Michel Foucault foi um pensador crucial para compreender a política na sociedade


contemporânea. Sua abordagem crítica às instituições de poder e seu foco na relação entre
conhecimento, poder e controle social oferecem clareza profunda sobre como as estruturas
políticas moldam nossa compreensão e experiência do mundo. Foucault convida à reflexão
sobre as formas sutis de poder, discutindo como as instituições moldam as normas sociais,
influenciando as práticas políticas e a construção do sujeito moderno. Essa análise contribui
para uma compreensão mais complexa das dinâmicas políticas contemporâneas, questionando
as narrativas convencionais e destacando as diferenças imperceptíveis do poder que permeiam
diversas esferas da sociedade.

QUESTÕES QUE A PESQUISA REALIZA PROVOCOU, DE MANEIRA GERAL NO


GRUPO E REFLEXÃO SOBRE A IMPORTÂNCIA DESSE PENSAMENTO POLÍTICO
NA SOCIEDADE
Um compilado de análises gerais do grande filósofo Michel Foucault, Microfísica do poder
reúne a partir de diversas peças científicas análises e contextos essenciais para entender as
dinâmicas de poder na sociedade e todas as suas nuances. À medida que o poder não está
localizado exclusivamente no aparelho de Estado, diz Foucault, "nada mudará a sociedade, se
os mecanismos de poder que funcionam fora, abaixo e ao lado dos aparelhos de Estado em um
nível muito mais elementar, no cotidiano, não forem modificados".

A partir dessa análise, a sociedade como um todo pode reconhecer, uma vez que há a
alienação da mesma frente aos problemas sociais e ao individualismo, que só haverá
mudanças quando a sociedade como um todo agir de forma coerente com aquilo que deseja,
ou seja, não cabe somente ao Estado ser o culpado pelas relações de poder uma vez que esta
prática também está presente na população como um todo, como nas relações familiares e
relacionamentos. É possível desvelar estruturas de controle que moldam a sociedade em
níveis mais amplos. Isso contribui para uma compreensão mais profunda das dinâmicas
sociais e, consequentemente, para a possibilidade de transformações mais conscientes e
informadas.

O ENSINAMENTO POLÍTICO NO BRASIL

A obra "A Microfísica do Poder" de Michel Foucault analisa as formas sutis e dispersas de
poder na sociedade. Na política brasileira, isso pode ser observado nas dinâmicas de poder
local, nas relações cotidianas e nas instituições. Foucault destaca a importância de analisar
práticas discursivas e não discursivas para compreender como o poder se manifesta. Ao
aplicar essa lente à política brasileira, podemos examinar as relações de poder em diferentes
níveis, indo além das estruturas formais para compreender as nuances do controle e
resistência no tecido social e político.

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