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Vigiar e Punir. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 2009.

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Michel Foucault, renomado filósofo, historiador e pensador social francês, é o


autor da obra "Vigiar e Punir". Ele nasceu em 1926 e ficou muito conhecido por suas
contribuições no campo da filosofia e das ciências sociais, principalmente por
abordar temas como poder, controle e disciplina.
Seu trabalho é o reflexo de uma abordagem interdisciplinar e crítica das
instituições sociais e, notoriamente, continua a exercer uma influência tanto na
academia quanto na sociedade. "Vigiar e Punir", com o tempo, sagrou-se como um
dos títulos de maior repercussão do extenso legado intelectual de Michel Foucault.
O cerne do livro "Vigiar e Punir" é uma análise da evolução dos métodos de
punição na história. Foucault desenvolve uma narrativa histórica que começa com a
prática de suplícios públicos e termina no conceito do “panoptismo”.
Os suplícios públicos referem-se às práticas de punição e castigo que eram
realizadas em locais públicos, como praças e outras áreas movimentadas das
cidades, onde a população em geral poderia testemunhar o castigo aplicado aos
condenados.
Essas punições tinham o intuito de serem exemplares, por isso, via de regra,
eram humilhantes e brutais. A ideia era desincentivar o restante da população a
performar o mesmo comportamento do condenado. Obviamente, esta era uma das
principais estratégias de controle das sociedades mais arcaicas e que não seguiam
a noção de direitos humanos.
Para melhor entender o conceito de “panoptismo”, convém lembrarmos de
uma prisão. Neste ambiente, nem sempre os prisioneiros têm a certeza de estarem
sendo observados, contudo, o que permanece é justamente a sensação de estarem
sendo vigiados.
Conforme se pode constatar, o panoptismo está ligado à ideia de vigilância
invisível, que continua afetando profundamente o comportamento das pessoas, tanto
dentro de prisões quanto em outras áreas da vida, como em escolas, locais de
trabalho e até mesmo durante nossa interação com a tecnologia; é para esse âmbito
que Foucault alarga a discussão.
No decorrer de sua argumentação, Foucault defende que poder é inerente a
todas as relações sociais, ele mostra como as instituições de vigilância e punição se
empenham para moldar o comportamento humano e ditar os rumos da sociedade de
maneira geral.
Em continuação, Foucault também explora o papel do conhecimento na
manutenção do poder. Ele alega que o poder e o conhecimento estão
intrinsecamente ligados, e que o poder opera não apenas através da força física,
mas também por meio do controle sobre o conhecimento e da criação de discursos
que definem o que é normal e anormal.
O autor argumenta que o sistema penal é intrinsecamente ligado ao
desenvolvimento do Estado e da sociedade moderna. Para tanto, Foucault descreve
como as práticas de punição evoluíram de uma ênfase na retribuição física para um
sistema mais sofisticado que busca controlar o comportamento humano. Tal
mudança é percebida pela transição histórica das execuções públicas para o
encarceramento como forma de punição.
Desse modo, o poder não é entendido de maneira monolítica; ao invés disso,
ele se manifesta de maneira fragmentada e complexa em várias instituições sociais,
levando à criação de uma rede de controle que permeia a sociedade.
Adicionalmente, na obra, discute-se sobre a “microfísica” do poder, conceito
que visa enfatizar que o poder não se manifesta apenas em níveis macro, como nas
estruturas de governo, mas também em níveis micro, como nas mais diversas
interações cotidianas, por exemplo
Já a "anatomia do poder", outro ponto importante da argumentação do autor,
demonstra como o poder opera de forma seletiva, sendo utilizado contra certos
grupos ou indivíduos específicos, demonstrando, assim, seu caráter não
homogêneo, mas seletivo, ao passo em que cria distinções sociais e hierarquias.
Por tudo o que já exposto, entendemos que Foucault nos convida a
considerar como as práticas de vigilância e controle não se limitam apenas a
instituições formais, mas se infiltram em todos os aspectos da vida moderna.
Foucault, por meio de sua abordagem, nos convida a repensar as estruturas
de poder e controle, desafiando nossas considerações sobre o funcionamento da
sociedade, ao passo em que nos incentiva a explorarmos novas propostas e
soluções para questões tão complexas que envolvem o controle social ou, pelo
menos, as reprimendas aplicadas aos comportamentos ditos “desviantes” mediante
consenso social ou mera imposição positiva.
Vigiar e Punir foi escrito em 1975, em meio a um período de agitação social e
política; porém, sua influência não se limitou apenas ao seu tempo. O trabalho de
Foucault provocou uma reavaliação crítica das instituições de poder e controle,
afetando profundamente o estudo da sociologia, da criminologia e das teorias de
justiça.
No fim, "Vigiar e Punir" continua a desafiar nosso entendimento convencional
sobre o poder e a vigilância. Este livro pode enriquecer nossa compreensão da
sociedade e ainda nos instiga a considerarmos alternativas para um mundo onde o
controle social desempenha um papel tão central para a ordem, sendo
essencialmente útil para todos os estudantes da área de humanas, tal qual para
todos os se interessam e percebem o impacto desses temas em suas vidas
cotidianas.

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