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Michel Foucault (1926-1984) é um dos notórios nomes da Filosofia do século XX. Filósofo ativista,
vivenciou de forma ávida os protestos que marcaram a geração europeia do final da década de 60 do
século passado. Seus estudos foram direcionados a buscar da genealogia de grandes assuntos da
humanidade, como a loucura, a sexualidade e o poder. Considerado então como um arqueólogo do
saber, tem em sua obra, Vigiar e Punir, um estudo aprofundado sobre como dão-se as relações de
poder entre os homens e dos mecanismos de controle social existentes.
Microfísica do Poder
Ao pensar sobre o poder no contexto social, Foucault recusa a compreensão clássica do tema, ou
seja, aquela que coloca o Estado como a estrutura de poder por excelência. Em seguida, elabora a
noção de que o poder está em todos os níveis de relações sociais. Desse modo, as relações entre os
homens são, para Foucault, relações de poder.
Assim, de maneira que a estrutura de poder manifesta-se numa complexa rede de relações entre
os homens, o que ocorre é uma microfísica do poder. O poder está diluído entre todos os componentes
sociais, de modo que cada um desses componentes exerce seu poder. O Estado seria a ponta mais
visível da relação de poder, mas não a única instância.
Assim, o poder engloba tudo. O poder emana de tudo que é social. Foucault, dessa maneira, encerra
uma descentralização do poder. Em suma, a compreensão foucaultiana enxerga o poder não como
algo que se possui, mas algo que se exerce no corpo social.
Exercícios
1. (UECE – 2019) “Generalizando posteriormente a já amplíssima classe dos dispositivos foucaultianos,
chamarei literalmente de dispositivo qualquer coisa que tenha de algum modo a capacidade de
capturar, orientar, determinar, interceptar, modelar, controlar e assegurar os gestos, as condutas, as
opiniões e os discursos dos seres viventes.”
AGAMBEN, G. O que é um dispositivo? outra travessia, Florianópolis, n. 5, p. 9-16, jan. 2005.
II. As escolas, as igrejas e as fábricas podem ser pensadas como dispositivos na medida em que se
voltam para os corpos e os comportamentos no sentido do disciplinamento.
a) I, II e III.
b) I e II apenas.
c) II e III apenas.
d) I e III apenas.
2. (ENEM – 2019) Penso que não há um sujeito soberano, fundador, uma forma universal de sujeito
que poderíamos encontrar em todos os lugares. Penso, pelo contrário, que o sujeito se constitui
através das práticas de sujeição ou, de maneira mais autônoma, através de práticas de liberação, de
liberdade, como na Antiguidade – a partir, obviamente, de um certo número de regras, de estilos, que
podemos encontrar no meio cultural.
FOUCAULT, M. Ditos e escritos V: ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
3. (UECE – 2019) Observe a seguinte notícia: “O total de pessoas encarceradas no Brasil chegou a 726.712 em junho de
2016. Em dezembro de 2014, era de 622.202. Houve um crescimento de mais de 104 mil pessoas. Cerca de 40% são
presos provisórios, ou seja, ainda não possuem condenação judicial. Mais da metade dessa população é de jovens de 18
a 29 anos e 64% são negros. [...] Os crimes relacionados ao tráfico de drogas são os que mais levam as pessoas às prisões,
com 28% da população carcerária total. Somados, roubos e furtos chegam a 37%. [...] Quanto à escolaridade, 75% da
população prisional brasileira não chegaram ao Ensino Médio. Menos de 1% dos presos tem graduação”.
Fonte: AGÊNCIA BRASIL, 08/12-2017. Em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2017-12/populacao-carceraria-do-brasil-sobe-
de-622202-para-726712-pessoas
As informações apresentadas na notícia acima podem ser pensadas filosoficamente tomando-se por base
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I e IV.
Gabarito
1–A
2–C
3–A