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VOL.

7, UNIDADE 14,
CRIMINALIDADE E PODER.
O controle social pode ser entendido, de modo geral, como a capacidade que a
sociedade tem de se autorregular, por normas, instituições e processos sociais.

SOCIALIZAÇÃO- REALIZA UM CONTROLE SOCIAL INFORMAL


ESTADO- através das leis, das instituições policiais, judiciárias, penitenciárias.
CONTROLE E SOCIALIZAÇÃO

Tal controle se manifesta informalmente na socialização. Nesse


processo, regras, costumes, crenças e valores são assimilados pelos
indivíduos por meio da atuação de instituições sociais como a família, a
escola, os meios de comunicação e outros. Entretanto, quando as
instâncias informais do
controle social fracassam, são as instâncias formais que se impõem sobre
os indivíduos. Isso se dá por meio da atuação do Estado, que institui
normas, leis, códigos, instituições e procedimentos de controle. Nesse
sentido, entra em funcionamento o sistema penal, que corresponde a um
mecanismo de controle social do Estado, composto das instituições
policial, judicial e penitenciária.
Controle social e desviantes

 CONTROLE SOCIAL PARA DIMINUIR OSINDIVÍDUOS DESVIANTES NA SOCIEDADE


CRIME X DESVIO

 Desvio- indivíduo que vai em sentido oposto ao que o coletivo espera, quando
há a transgressão de padrões de comportamento dominantes na sociedade
(conceito mais amplo).
 Crime- quando o indivíduo atua contra as normas jurídicas estabelecidas na
sociedade (conceito mais restrito).
 Todo criminoso é um indivíduo desviante, mas nem todo desviante é
criminoso.
Howard Becker, sociólogo estadunidense, interpreta o desvio como um processo
de interação social, em que um grupo social é capaz de rotular os demais
indivíduos como desviantes

 . Por esse motivo, Becker é considerado um dos representantes da Teoria da


Rotulação
 Isso porque sua análise visa compreender o modo como as pessoas impõem
determinadas definições de moralidade aos outros. De um lado, há os
rotuladores, aqueles considerados “normais” (definidos por eles mesmos).
De outro, existem os outsiders ou desviantes (assim definidos pelos rotuladores).
Um outsider é aquele considerado “anormal” pelos outros, justamente por não
corresponder aos padrões estabelecidos pela sociedade.
DESVIANTE E ROTULAÇÃO

o desvio seria uma classificação


social pela qual um grupo
identifica em outros indivíduos
atributos seletivamente
reconhecidos como negativos.
RÓTULO, DESVIO E ESTIGMA
SOCIAL(negativo)
 O sociólogo canadense Erving Goffman afirma que os indivíduos rotulados
como desviantes costumam ser, em geral, estigmatizados.
 Em outras palavras, eles são rejeitados ou excluídos socialmente.
 Desse modo, ser estigmatizado significa ser identificado pelos outros com
atributos negativos, sendo considerado perigoso, incapaz, anormal,
fracassado ou inconstante.
 O estigma pode ser caracterizado como mecanismo prévio de identificação
do outro, a elaboração de um preconceito superficial, formado com base em
classificações estabelecidas socialmente. Por esse motivo, o estigma
funciona como uma imagem estereotipada e deteriorada do outro, que lhe
confere um amplo descrédito em sua vida. Ele pode estar relacionado a
atributos físicos, psíquicos e sociais.
GOFFMAN

O estigma seria uma marca que


cada indivíduo excluído carrega
consigo, como um símbolo que o
deprecia perante os indivíduos
considerados "normais“.
Sociedade disciplinar: vigiar e punir
(Foucault)
 Prisão como principal instância de punição, de controle social na
modernidade.
 O filósofo francês Michel Foucault foi um dos primeiros teóricos a investigar
como a prisão se tornou a principal instituição de controle social na
modernidade. Na obra Vigiar e punir publicada em 1975, Foucault
desenvolve um amplo estudo acerca das variações históricas dos
métodos punitivos, identificados por ele como técnicas de poder
disciplinar.
 Desse modo, o autor realiza uma análise histórica das mudanças nas relações
entre crime e punição. Essa análise é feita desde o Período Medieval até a
Modernidade, ou seja, das punições físicas por meio dos suplícios
até o desenvolvimento do sistema carcerário.
PODER DISCIPLINAR

A disciplina sobre os corpos, os


comportamentos, os hábitos e as
formas se difunde nas práticas de
diversas instituições, como a
escola, o trabalho e a mídia
Suplícios, tortura como forma de
punição
 Há pouco mais de dois séculos, era frequente que as punições aos criminosos
envolvessem práticas de suplício, ou seja, as torturas físicas eram usadas como método

Os
punitivo, e os delitos eram considerados uma afronta direta ao soberano.

propósitos do suplício eram produzir


um sofrimento físico proporcional ao
crime cometido e marcar o corpo do
criminoso, como forma de
demonstração efetiva de poder.
1757, Suplício de Robert Damiens
FINAL DO SÉC XVIII-XIX –Sociedade questiona os suplícios
como forma de punição. SÉC. XIX-REFORMULAÇÃO DOS
CÓDIGOS PENAIS EUROPEUS

 Foucault observa que, no fim do século XVIII, atrocidades vinculadas aos


suplícios, que em geral chegavam a superar os delitos praticados pelos
condenados, passaram a ser questionadas. Diante desses questionamentos, o
início do século XIX foi marcado por um movimento de reformulação dos
códigos penais europeus. Visava-se estabelecer um processo penal justo,
instituído por um júri, com testemunhas e a possibilidade de ampla defesa
do réu. Além disso, a prisão se tornou o modelo de prevenção e repressão
dos delitos praticados na sociedade, em substituição às práticas de
suplício. As prisões se transformaram em instituições disciplinares. Assim, as
relações de poder não mais incidiam diretamente sobre os corpos dos
indivíduos, como acontecia nas penas de suplício, mas ocorriam por meio do
controle e do disciplinamento deles.
Prisões como instituições disciplinares/Panóptico
 O próprio conjunto arquitetônico das prisões foi
pensado para distribuir espacialmente os detentos a
fim de que esses fossem vigiados e controlados de
maneira constante. Foucault aponta que o panóptico,
desenhado em 1785 pelo filósofo britânico Jeremy
Bentham (1748-1832), corresponderia a um conjunto
arquitetônico ideal para disciplinar os detentos,
sendo constituído por uma torre central de formato
circular, com as celas dispostas ao redor.
 Da torre, um vigia poderia monitorar a todo instante os
presos, sem que pudesse ser visto por eles.
 Tal modelo impunha a sensação de vigilância
permanente. A proposta seria a de que a
interiorização da constante vigilância promoveria uma
autodisciplina corporal e moral dos indivíduos. Para
além das prisões, a arquitetura do panóptico poderia ser
estendida para outras instituições, como escolas, asilos,
hospitais, quartéis e fábricas.
Modelo do panóptico aplicado nas penitenciárias
Instituições disciplinares surgiram no séc
XII, XVIII.
 A expansão de uma forma de poder que age sobre os corpos
individuais e que visa inculcar a obediência a regras, procedimentos,
padrões de comportamento, etc.
 Esta seria formada por um conjunto de ações que parte de um poder central
(Estado) e se multiplica em uma rede de poderes interligados até alcançar os
indivíduos.
PANÓPTICO NA ATUALIDADE
Poder disciplinador do Estado serve para tornar os corpos
dóceis

 A vigilância constante, o controle, servem para tornar os indivíduos submissos.

 Segundo Foucault, o propósito central do poder disciplinar seria o de formar corpos


úteis, dóceis e disciplinados. Assim, o poder punitivo do Estado seria aplicado naqueles
que se desviavam do padrão produtivo e submisso de indivíduo. É possível perceber,
portanto, que Foucault realiza uma crítica acerca da natureza
 opressora da sociedade disciplinar, que se estabelece com vigilân-
 cia e punição, para docilizar e adestrar os indivíduos. Para o filósofo,
 as técnicas de vigilância aplicadas pelas instituições disciplinares
 têm a finalidade de fabricar indivíduos submissos, na medida em
 que estes sabem que estão sendo constantemente observados,
 vigiados e avaliados.
Escola e seu poder disciplinar
Panóptico

 Leia um trecho do livro Vigiar e punir, de Michel Foucault, e observe como o


poder disciplinar se manifesta por meio do panóptico. Panóptico e o poder
disciplinar
 O Panóptico pode até se constituir em aparelho de controle sobre seus
próprios mecanismos. Em sua torre de controle, o diretor pode espionar
todos os empregados que tem a seu serviço: enfermeiros, médicos,
contramestres, professores, guardas; poderá julgá-los continuamente,
modificar o seu comportamento, impor-lhes métodos que considerar
melhores; e ele mesmo, por sua vez, poderá ser facilmente observado. Um
inspetor que surja sem avisar no centro do Panóptico julgará com uma única
olhadela, e sem que se possa esconder nada dele, como funciona todo o
estabelecimento.
PANÓPTICO NA ATUALIDADE

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