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Beatriz Amaral, Maria Fernanda Viana, Matheus Gabler e Rafaela Bovo

História Contemporânea 2JOF


Uma justaposição do passado ao presente: O discurso nazista de Roberto Alvim

A reportagem escolhida é a primeira, "O discurso nazista do secretário da cultura


Roberto Alvim". Esta notícia aborda a onda de indignaçao gerada pelo pronunciamento de
Roberto Alvim ao copiar uma citação do discurso do ministro de propaganda da Alemanha
nazista, Joseph Goebbels. E foi divulgada através de um vídeo nas redes sociais, o qual
anunciava o Prêmio Nacional das Artes. Falas como "A arte brasileira da próxima década
será histórica e será nacional", "será igualmente imperativa" e "ou então não será nada",
aproximam-se do discurso nazista exposto no livro de Peter Longerich "Goebbels: a
biography", no qual o líder nazista utiliza essas mesmas falas ao referenciar a arte alemã.
Além disso, outra referência ao regime de Adolf Hitler é a trilha sonora de tal
pronunciamento, a ópera "Lohengrin", de Richard Wagner. Uma vez que o compositor
alemão era celebrado pelo líder nazista e teve grande influência em sua formação
ideológica.
Ao ser procurado pelo GLOBO, o secretário da cultura não retornou o contato e
apenas utilizou suas redes sociais para tratar da questão, classificando as semelhanças de
seu discurso com o de Goebbels como uma "coincidência retórica". Ainda defendeu que a
frase utilizada é "em si perfeita ". "O que a esquerda está fazendo é uma falácia de
associação remota: com uma coincidência retórica em UMA frase sobre nacionalismo em
arte [...] É típico dessa corja. Foi apenas uma frase do meu discurso na qual havia uma
coincidência retórica. Eu não citei ninguém, afirma Alvim.
Ao mesmo tempo, o secretário da cultura ainda articula a questão da arte a um
discurso religioso, no qual enaltece a fé do povo brasileiro e a ligação com Deus ao
renascimento da arte e da cultura. “As virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da
luta contra o mal serão alçadas ao território da arte”, afirma Roberto Alvim. Sob essa
mesma perspectiva, ainda diz que a cultura é a base da pátria, a qual juntamente com a
família, a coragem do povo e essa associação à Deus serviria de amparo às ações de
políticas públicas no Governo Bolsonaro. Nesse sentido, a fim de "encarnar os anseios do
povo brasileiro", Alvim apoia-se de um discurso conservador e nacionalista.
Do mesmo modo, o discurso do ministro da Propaganda do regime nazista,
frequentemente enfatizava a interseção entre religião e nacionalismo, explorando elementos
de ambos para promover a ideologia nazista. Faziam referências a valores cristãos
tradicionais e tentavam retratar Hitler como um líder enviado por Deus para salvar a
Alemanha. No entanto, muitos líderes religiosos cristãos rejeitaram essa apropriação e
resistiram às tentativas de controle do regime sobre a Igreja.Por outro lado, essa
abordagem permitia a Goebbels não só mobilizar as massas, apelando para sua fé e
identidade religiosa, mas também promover a agenda política e racista do regime nazista.
Ao misturar elementos religiosos com nacionalismo extremo, ele buscava criar uma
narrativa de uma Alemanha escolhida por Deus e destinada a dominar outros povos. Assim,
a manipulação e a instrumentalização da religião e do nacionalismo pelo regime nazista
serviu de estratégia política para conquistar apoio e criar uma base de sustentação para
ideias e ações discriminatórias e opressivas.
Fazendo uma alusão histórica ao totalitarismo, regime político que surgiu e
desapareceu em países europeus no século XX e que tinha o objetivo de ter exercer o
controle total e absoluto da vida pública e da vida privada, o discurso de Roberto Alvim
apresentou elementos semelhantes. Segundo a filósofa Hannah Arendt, o totalitarismo vai
além do medo, do orgulho e da honra. As ações e o poder dos regimes totalitários
aconteciam pelo terror, acarretando na aceitação das pessoas desses governos que
controlavam tudo e todos. Um exemplo disso, é essa ênfase no nacionalismo extremo, o
controle estatal da cultura e o culto à personalidade. Tais elementos refletem a busca por
um Estado totalitário que exerce controle sobre todas as esferas da sociedade,
expressando uma vontade de "limpar" a cultura brasileira. Dessa forma, sugere uma visão
similar de controle e manipulação, incluindo também referências diretas ao pensamento de
Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Adolf Hitler. Alvim mencionou explicitamente o
desejo de estabelecer uma "arte heróica" ligada aos valores nacionais e afirmou que o
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Brasil tinha uma "missão" cultural. Essa noção de uma missão nacional e a promoção de
uma arte heróica estão alinhadas com o culto à personalidade e à ideia de uma cultura
superior e dominante.
Em outro trecho da reportagem, O GLOBO mostra que, em live, Alvim afirmou que
“curadoria não é censura”. Ao contrário do que foi dito, as palavras proferidas por Roberto
Alvim se enquadram como censura, algo muito associado ao nazismo. Entre os anos de
1933 e 1945, o regime nazista impôs uma censura extremamente rígida sobre todos os
meios de comunicação da época, assim como o ex-secretário Especial da Cultura no Brasil
fez durante os anos em cargo. Jornais, rádios e revistas que expressassem opiniões
diferentes de Alvim eram retirados de circulação pouco tempo depois, por ordem do próprio.
Ainda falando sobre a censura imposta nos meios de comunicação, Alvim também é
conhecido por manipulação de informações, tal como no regime nazista. O controle das
informações divulgadas manipulou o povo na década de 30, assim como manipulou leitores
enquanto o ex-secretário ainda exercia sua profissão. Mas, o ápice da falta de respeito com
a população por parte de Alvim se deu na falta de respeito pelas minorias. No período
nazista, os judeus eram oprimidos, caçados, mortos e torturados pelo governo. Já nos dias
de hoje, o cenário é um pouco diferente. O ex-secretário Especial da Cultura no Brasil
nunca escondeu seus ideais e o preconceito com pessoas negras, mulheres e membros da
comunidade LGBTQIA+. A grande diferença é que suas alegações errôneas sobre as
minorias nunca foram vistas como problemáticas pelo governo, que compactuava com seus
ideais. Assim, colocando grande parte da população como marginalizada e problemática.
Além disso, durante as aulas de história contemporânea, questões como a Era dos
Extremos, Totalitarismo, Segunda Guerra Mundial, Século XIX, Modernidade e o Holocausto
foram abordadas. Assim sendo, podemos relacionar o conteúdo visto em sala de aula com
o discurso de Roberto Alvim, ex-secretário da Cultura Especial do Brasil.
A Era dos Extremos foi marcada por ideologias totalitárias e regimes autoritários,
incluindo o nazismo, o fascimo e o comunismo soviético. Hobsbawn afirma em "Era dos
extremos: o breve século XX" que esses comandos promoviam um controle extremamente
rígido sobre a sociedade, limitando a liberdade individual e reprimindo qualquer forma de
dissidência. O discurso de Alvim, ao evocar diretamente elementos da declaração nazista,
reflete um ressurgimento de ideias extremistas e autoritárias na contemporaneidade. Isso
pode ser interpretado como um sintoma da persistência de correntes políticas radicais, que
procuram se aproveitar de momentos de instabilidade para promover sua agenda. A Era
dos Extremos e o discurso do ex-secretário da Cultura Especial do Brasil se tornam
parecidos através da manifestação das ideologias extremistas que surgiram nesse período
histórico. Fazendo referências diretas ao nazismo, Alvim evoca um momento sombrio da
história mundial, onde o totalitarismo, a perseguição e o genocídio foram levados a
extremos terríveis.
O conflito histórico conhecido como Segunda Guerra Mundial aconteceu entre 1939
e 1945 envolveu a maioria das nações do mundo, incluindo todas as grandes potências
organizadas em duas alianças militarmente opostas: os Aliados e as Potências do Eixo. Foi
a disputa mais ampla da história, contando com mais de 100 milhões de militares
mobilizados e afetando diretamente a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Durante esse período, o regime nazista dirigido por Adolf Hitler na Alemanha propagou uma
ideologia baseada na supremacia racial ariana, antissemitismo e expansionismo territorial.
O nazismo pregou a superioridade alemã e buscava a anexação dos territórios vizinhos,
bem como a eliminação dos grupos que eram considerados indesejados, como judeus e
homossexuais.
Relacionando Goebbels a fala nazista de Roberto Alvim, é possível perceber que ambos
desempenharam importantes papéis da disseminação da ideologia nazista, ainda que em
contextos completamente diferentes. Goebbels usou a propaganda política para disseminar
a visão de um mundo movido pelo regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial,
enquanto Alvim propagou ideologias nazistas durante seu discurso em um contexto
contemporâneo.
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História Contemporânea 2JOF
Conhecido como o século das revoluções, o século XIX foi um período marcante na
história mundial, caracterizado por mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais de
grande importância. Foi um período de transição entre o antigo regime e a era moderna,
definido por uma série de eventos e movimentos que moldaram o mundo como o
conhecemos atualmente. Uma das principais características do século XIX foi a Revolução
Industrial, que começou no final do século anterior e se intensificou nas décadas seguintes.
O discurso nazista proferido pelo ex´secretário da Cultura Roberto Alvim não está
diretamente relacionado ao século XIX. O nazismo, como ideologia política e social, surgiu
apenas no século seguinte, especificamente nas décadas de 1920 e 1930, com o
crescimento do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) e a
ascensão de Adolf Hitler ao poder. É possível traçar algumas conexões indiretas entre o
discurso de Alvim e os acontecimentos do século XIX que podem ter influenciado o
surgimento do regime nazista. Por exemplo, no século XIX, houve o desenvolvimento de
teorias raciais e nacionalistas que promoviam ideias de superioridade étnica e justificavam a
exploração e o colonialismo. Essas teorias, embora não diretamente relacionadas ao
nazismo, ajudaram a construir a mentalidade e o ambiente intelectual que possibilitaram a
emergência de ideologias extremistas no século XX.
A modernidade é um termo amplo e multifacetado que se refere a um período
histórico e a uma série de mudanças culturais, sociais, políticas, técnicas, tecnológicas e
econômicas que ocorreram desde o final do século XVII até os dias atuais. Essa era
frequentemente associada ao surgimento da Revolução Industrial, que trouxe consigo uma
série de avanços tecnológicos e transformações na forma como as pessoas viviam, se
relacionavam e trabalhavam. O discurso de Roberto Alvim enfatizava a ideia de uma
cultura nacional brasileira supostamente pura e superior. O nacionalismo é uma ideologia
que existe há séculos, mas sua expressão na era moderna pode ser vista em movimentos
políticos e sociais ao redor do mundo. A modernidade, com suas mudanças rápidas e fluxos
globais de informação, pode gerar sentimentos de insegurança e busca por identidade
cultural, o que pode influenciar discursos nacionalistas extremos, também foi caracterizado
por um tom populista, ao afirmar que o governo atual do Brasil estava destinado a “romper a
hegemonia da esquerda”. O populismo é uma tendência que tem sido observada em
diversos países modernos, onde líderes políticos buscam ganhar apoio popular através da
simplificação de questões complexas e da criação de divisões entre “nós” e “eles”. Essa
polarização política é amplificada pela modernidade, graças a rápida disseminação de
informações e a capacidade de formar comunidades virtuais em torno de ideias
compartilhadas.
Por sua vez, o Holocausto foi um dos capítulos mais sombrios da história da
humanidade, no qual cerca de seis milhões de judeus, além de outros grupos minoritários,
foram perseguidos, torturados e exterminados pelo regime nazista. Essa tragédia foi
baseada em uma ideologia de ódio racial e supremacia ariana, e suas atrocidades incluíram
campos de concentração, extermínio em massa, experimentos médicos desumanos e
outras formas de violências indescritíveis. Em sua fala, Alvim utilizou expressões e
elementos estilísticos que foram diretamente inspirados em discurso proferido por Joseph
Goebbels, ministro de propaganda de Hitler durante o regime nazista, O ex-secretário da
Cultura copiou trechos literais do discurso de Goebbels, incluindo a afirmação de que a arte
brasileira dos próximos anos seria “heróica” e “imperativa”, conceitos que são associados
ao nacionalismo extremo e à censura artística do regime nazista.
No discurso, Alvim utilizou expressões e elementos estilísticos que foram
diretamente inspirados em um discurso proferido por Joseph Goebbels, ministro da
propaganda de Adolf Hitler durante o regime nazista. Alvim copiou trechos literais do
discurso de Goebbels, incluindo a afirmação de que a arte brasileira dos próximos anos
seria "heroica" e "imperativa", conceitos que são associados ao nacionalismo extremo e à
censura artística do regime nazista.
Analisando atentamente o discurso de Roberto Alvim, torna-se evidente a presença
de elementos nacionalistas e uma preocupante semelhança com o discurso de Goebbels.
Por meio dos temas discutidos em sala de aula, é possível estabelecer conexões com o
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discurso proferido pelo ex-secretário. Dentre os pontos-chave abordados, destaca-se o
nacionalismo e o totalitarismo nazista, cujas semelhanças podem ser observadas em frases
como: “a arte brasileira dos próximos anos seria heróica e imperativa”, que remete ao
conceito de superioridade propagada por Hitler.
Em conclusão, o discurso do ex-secretário da Cultura Especial do Brasil, Roberto
Alvim, apresentou elementos muito semelhantes às ideologias nazistas propagadas no
passado. Suas referências diretas ao ministro de propaganda nazista e o uso de trechos
literais de seus discursos evidenciaram uma conexão ao regime nazista, destacando a
manipulação e instrumentalização da cultura e do nacionalismo como estratégias políticas.
Alvim também se assemelhou ao discurso nazista a medida em que promoveu a censura,
controlando a informação e restringindo a liberdade de expressao. Suas visões
preconceituosas e discriminatórias contra as minorias sustentou-se| na marginalização e na
perseguição sofrida durante o período nazista.
A relação entre o discurso de Alvim e os acontecimentos do século passado como a
Era dos Extremos, Segunda Guerra Mundial, Holocausto e a modernidade, cria uma
justaposicao entre o passado e o presente e influencia diretamente o ressurgimento de
ideias extremistas e autoritárias nos tempos atuais. É de extrema importância aprender com
a história e reconhecer os perigos do totalitarismo, do nacionalismo extremo e do discurso
de ódio, assim, procurando evitar a repetição de atrocidades passadas. Desse modo, é
necessário estar em posição vigilante e promover uma base de tolerância, diversidade e
respeito aos direitos humanos, rejeitando qualquer forma de opressão ou discriminação na
sociedade.

Bibliografia:
https://oglobo.globo.com/cultura/roberto-alvim-copia-discurso-do-nazista-joseph-goebbels-c
ausa-onda-de-indignacao-24195523
https://brasil.elpais.com/brasil/2020-01-17/secretario-da-cultura-de-bolsonaro-imita-discurso-
de-nazista-goebbels-e-revolta-presidentes-da-camara-e-do-stf.html?outputType=amp
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo:
Companhia das Letras, 1989, p. 518.
HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. Editora Companhia das Letras,
1995.
Conteúdo passado em sala e Material de aula (Teams)

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