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Lisboa, 2021
“Educar é ser um artesão da personalidade, um
1
CURY, Augusto, Pais brilhantes, professores fascinantes, Editora Pergaminho, Lisboa, p. 57.
II
Agradecimentos
“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam
sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”
Antoine de Saint-Exupéry
Nesta vida há coisas que não se podem realizar a sós, não podíamos deixar de expressar
a nossa mais sincera gratidão a todos aqueles que tornaram exequível este Relatório de Prática
de Ensino Supervisionada.
Agradeço aos meus pais e avós pelo carinho e paciência. A eles que sempre apoiaram
as minhas decisões e deram forças para seguir o meu caminho. Sem o vosso apoio nada disto
seria possível, não saberia sonhar e ganhar asas.
À minha irmã, Margarida Caeiro, que me questionou se “era isto que queria” e de certa
forma me incentivou. Obrigada por me ouvires sempre.
Ao meu namorado, Bruno de Carvalho, que com o seu abraço sempre me confortou
nas horas mais fáceis e, especialmente, nas mais difíceis. Obrigada por confiares em mim e
por me ensinares a nunca desistir. Estou-te eternamente grata.
À professora cooperante, Mª. do Céu Oliveira, que desde o primeiro dia se demonstrou
disponível para ajudar. É uma profissional exemplar, se me perguntarem se houve uma
professora que me marcou, pela positiva, pelo seu empenho, carinho, sensibilidade e
franqueza para connosco, foi de facto a professora Céu. Pela sua energia positiva, as
mensagens “fora de horas” de força e coragem, e os sábios ensinamentos da vida profissional
e pessoal, que nos transmitiu.
III
À direção da Escola Básica Carlos Gargaté por me acolherem e por proporcionarem
uma experiência fantástica.
Aos “meus” alunos, que nestes dois anos, me fizeram aprender bastante, vocês foram
e são a minha fonte de inspiração.
Por fim, a todos os meus amigos, aqueles que de uma maneira ou de outra, estiveram
presentes, e com os quais tive o prazer de partilhar as minhas inseguranças e vitórias.
Mélanie Caeiro
IV
Lista de Abreviaturas
V
Resumo
O relatório aqui apresentado tem como objetivo demonstrar como é que através da
História, mais propriamente, a disciplina de História, se podem estabelecer “pontes” para a
vivência dos alunos como cidadãos.
Palavras-chave
VI
Abstrat
The work presented here aims to demonstrate how through history, and more
specifically, the subject of history, "bridges" can be established to the students' experience as
citizens.
We took into account the teaching of the curricular contents in order to interconnect
them with day-to-day life and with the vicissitudes of history. At a time when the future is
much questioned, the past seems very distant and without implications in the present, but we
will verify the opposite. History provides us with multiple experiences and thus we understand
its consequences - which become lessons for the present and future.
Taking into account that this is a final report, inserted in the curricular unit of Initiation
to Professional Practice, we will demonstrate how these questions were applied in the scope
of the disciplines of History and Citizenship and Development, in the Carlos Gargaté Primary
School, under the guidance of the cooperating teacher Céu Oliveira.
Key-words
VII
Índice
VIII
4.2 A Revolução Soviética ............................................................................................ 44
5. A Planificação das aulas lecionadas ............................................................................... 48
6. As aulas dadas ................................................................................................................ 51
Aula 1 – 4/11/2020 ............................................................................................................. 51
Aula 2 – 11/11/2020 ........................................................................................................... 54
Aula 3- 18/11/2020............................................................................................................. 58
Aula 4 – 23/11/2020 ........................................................................................................... 61
Aula 5 – 25/11/2020 ........................................................................................................... 65
Aula 6 – 07/12/2020 ........................................................................................................... 68
Aula 7 – 9/12/2020 ............................................................................................................. 71
Aula 8 –14/12/2020 ............................................................................................................ 73
Aula 9 – 16/12/2020 ........................................................................................................... 73
Aula 10 – 21/12/2020 ......................................................................................................... 74
Aula 11 – 04/01/2021 ......................................................................................................... 76
7. Reflexão sobre a avaliação ............................................................................................. 77
Considerações finais .............................................................................................................. 78
IX
Índice de Imagens
Figura 1- Esquema conceptual ________________________________________________ 5
Figura 2- Escola Básica Carlos Gargaté ________________________________________ 24
Figura 3 - Concelho de Almada, dividido pelas freguesias _________________________ 24
Figura 4- Distribuição por domínios – Cid. e Des. ________________________________ 49
Figura 5- Ppt. aula 1 _______________________________________________________ 51
Figura 6 - Ppt. aula 1 _______________________________________________________ 52
Figura 7 - Ppt. aula 1 _______________________________________________________ 53
Figura 9 - Ppt. aula 1 _______________________________________________________ 53
Figura 8- Ppt. aula 1 _______________________________________________________ 54
Figura 10 - Ppt. aula 2 ______________________________________________________ 55
Figura 11 - Ppt. aula 2 ______________________________________________________ 56
Figura 12- - Ppt. aula 2 ____________________________________________________ 57
Figura 13- Gráficos de respostas______________________________________________ 63
Figura 14 - Exemplar de resposta _____________________________________________ 63
Figura 15 - Ppt. aula 5 ______________________________________________________ 65
Figura 16 - Vida noturna ____________________________________________________ 66
Figura 17 - Ppt. aula 5 ______________________________________________________ 66
Figura 18 - Polícia mede a distância entre joelho e saia de uma banhista. EUA, 1922 ____ 68
Figura 19- Mulheres banhistas a fumar. Grã-Bretanha, 1926 ________________________ 68
Figura 20 - - Mulheres começaram a frequentar locais públicos sozinhas, como cafés. Paris,
1920____________________________________________________________________ 68
Figura 21 - Sufragistas, EUA ________________________________________________ 69
X
Índice de Tabelas
XI
Introdução
O ponto de partida deste Relatório centrou-se na seguinte questão: “De que maneira a
Disciplina de História contribui para o desenvolvimento do aluno enquanto cidadão?”, onde
iremos explorar várias vertentes para lhe dar uma resposta.
2
Proença, Maria Cândida, Ensinar/Aprender História: questões de didáctica aplicada, Livros Horizonte,
Lisboa, 2002, p. 66.
1
O presente Relatório encontra-se dividido em três partes, a Primeira Parte intitulada
Enquadramento Teórico, a Segunda Parte Contexto Escolar e a Terceira e última parte Prática
Letiva Supervisionada.
A primeira parte encontra-se, por sua vez, também dividida em cinco partes. Este
capítulo versa-se sobre as questões dos contributos da História para a Cidadania, para isso
começamos por explorar a importância do professor e do ensino na formação de cidadãos,
exploramos de seguida o que é ser cidadão e o que é a Cidadania. É importante também definir
e refletir sobre a História como Disciplina e o que esta pode ensinar aos alunos, e estes são os
últimos dois subcapítulos da Primeira Parte.
A terceira e última parte do Relatório Final diz respeito à atividade letiva realizada na
Escola Básica Carlos Gargaté. Começamos por explorar as ideologias e influências de Jean
Piaget e David Ausubel nas nossas aulas e atividades. Resumimos dois dos quatro temas
lecionados através de uma visão global destes. Para iniciar o tema da lecionação das aulas
achamos importante refletir sobre a planificação e a sua importância para a preparação de uma
aula. A descrição das aulas faz-se também acompanhar por um comentário/feedback final da
Professora Cooperante. Terminamos este Capítulo com uma reflexão sobre a avaliação e
aplicação desta.
2
Parte I - Enquadramento Teórico
3
1.1 O papel da escola e do professor na formação de
cidadãos.
Não devemos ser radicais e atribuir todo o peso que tem a educação apenas às escolas
e consequentemente aos professores, é necessário criar uma relação entre a família e a escola.
“…quanto mais estreita a relação entre escolas e famílias, maior o sucesso educativo das
crianças e jovens”4 . A comunicação é muito importante, e as barreiras entre a família e a
escola criam hiatos educativos prejudiciais ao processo de ensino aprendizagem. Quanto mais
frequente for, melhor. E isto porquê? Os alunos chegam a estar na escola desde as 8h até às
17h/18h – são quase 10h diárias. É na escola que os alunos iniciam a sua vida
social/socializam.
Tal como podemos observar através do documento oficial Perfil dos Alunos à Saída
da Escolaridade Obrigatória, uma das ações que é sugerida aos professores passa pelo
“abordar os conteúdos de cada área do saber, associando-os a situações e problemas presentes
no quotidiano da vida do aluno ou presentes, no meio sociocultural e geográfico em que se
3
Peruzzo, Cicilia M. Krohling, Comunicação e Sociedade 2. Cadernos do Noroeste, Série Comunicação,
Vol.14 (1-2), 2000, p.655.
4
SILVA, P. (2009). ABREU, Daniela (2006) A relação escola-família como potenciadorado sucesso educativo,
Relatório de estágio, Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, Porto.
4
insere, recorrendo a materiais e recursos diversificados”. Reforça-se assim a ideia de que o
professor não se deve limitar aos manuais e às carteiras da sala de aula, é preciso dar “asas” à
imaginação e explorar junto dos alunos aquilo que a sociedade lhes pode dar, e a forma como
eles podem contribuir para a mesma.
5
1.2 O que é a Cidadania?
O conceito que existe desde a Grécia Antiga, onde o termo “cidadão” servia para
designar o homem que participava livremente nas atividades públicas, pertencente a uma
cidade-estado, detentor de direitos e deveres. Contudo, estavam excluídas as mulheres, os
metecos ou estrangeiros e os escravos. Esta exclusão, sabemos hoje, que não se aplica aos
direitos da liberdade existentes na atualidade. Na Grécia Antiga, havia uma clara distinção
entre o cidadão – homem e os seus súbditos, na Declaração Universal dos Direitos Humanos
o conceito alarga-se, e é clara neste campo: “Todos os seres humanos nascem livres e iguais
em dignidade e em direitos...” (Art.º 1)7.
5
Direção-Geral da Educação “Educação para a Cidadania – linhas orientadoras” p.1
6
PINSKY, Jaime, Carla Bressanezi Pinsky, (orgs.). História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2013
7
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS
6
livres se fossem filhos de homens igualmente livres, e os escravos poderiam ser libertos se os
homens livres assim o entendessem.
Rousseu, no século XVIII, numa conceção um pouco mais alargada diz-nos que a
Cidadania provém da ideia grega de “polis” (cidade) e da qual esta deriva de “politikos” (ser
social). Ou seja, demonstra-nos que a Cidadania é vista como um direito coletivo onde se
interliga o poder político com a sociedade.
Como já elucidamos, o termo Cidadania como o conhecemos hoje apenas surge entre
as Revoluções Americana e Francesa. Está então associado à liberdade, igualdade perante a
Lei, num cenário subjacente de democracia. Neste contexto surge a Declaração Universal dos
Direitos do Homem e do Cidadão (1789), que se assemelha um pouco à Declaração Universal
dos Direitos Humanos tais como: “Artº 2 – … Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a
segurança e a resistência à opressão… Artº 4 A liberdade consiste em poder fazer tudo que
não prejudique o próximo.”9, entre outros. Podemos confirmar que está intrínseca a ideia de
que o cidadão tem direitos e deveres perante o Estado. Mas sabemos que as diferenças sociais
ainda persistiam e que esta Declaração não se aplicava a toda a população. Não podemos, no
8
PINSKY, Jaime, Carla Bressanezi Pinsky, (orgs.). História da Cidadania. São Paulo: Contexto, 2013
9
In Textos Básicos sobre Derechos Humanos. Madrid. Universidad Complutense, 1973, traduzido do espanhol
por Marcus Cláudio Acqua Viva. APUD. FERREIRA Filho, Manoel G. et. alli. Liberdades Públicas. São
Paulo, Ed. Saraiva, 1978. Disponível no site: http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Documentos-
anteriores-%C3%A0-cria%C3%A7%C3%A3o-da-Sociedade-das-Na%C3%A7%C3%B5es-at%C3%A9-
1919/declaracao-de-direitos-do-homem-e-do-cidadao-1789.html
7
entanto, desmentir que a grande frase da Revolução Francesa “Egalité, Fraternité, Liberté”
ainda hoje se associa ao conceito de Cidadania.
No entanto, “há que ter em conta, também, as diferenças entre cidadania e direitos
humanos, ou direitos do cidadão”10. Após o reconhecimento de algumas teorias já
mencionadas que, fortalecem a conceito de Cidadania, podemos afirmar que a Cidadania
depende muito dos processos sociais que vão evoluindo com intervenções significantes dos
vários grupos sociais.
Por exemplo, Moretti demonstra-nos que a Cidadania é ajustada pelo Estado enquanto
os direitos humanos são universais e históricos, vão para além dos conceitos de uma
nação/união. Do ponto de vista de Marshall a Cidadania integra três tipos de direitos: os civis
(liberdade individual), os políticos (participar no exercício político) e os sociais (levar a vida
como um ser civilizado).11 O que se revela como uma nova caracterização da Cidadania,
criando a relação entre a Cidadania e a sociedade. Este último ponto, retratado por Marshall,
parece hoje óbvio, mas refletindo sobre as alterações mencionadas podemos concluir que
numa primeira fase a Cidadania resumia-se à Cidadania civil, seguiram-se os direitos
políticos, de universalização mais difícil (ou seja, os sistemas eleitorais e políticos, como o
voto) e por fim os direitos sociais (século XX) que surgiram como consequência das lutas das
classes trabalhadoras.12
10
Peruzzo, Cicilia M. Krohling, Comunicação e Sociedade 2. Cadernos do Noroeste, Série Comunicação,
Vol.14 (1-2), 2000, p. 654
11
Ibid, Ibidem.
12
Araújo, Sónia Almeida, Contributos para uma educação para a cidadania: Professores e Alunos em Contexto
intercultural, Editorial do Ministério da Educação, Lisboa, 2008.
8
A questão da Cidadania está cada vez mais presente e a escola deve assegurar uma
formação que prepare o Ser Humano para o exercício dos seus direitos - direitos humanos,
direitos do cidadão – direitos civis, sociais e políticos.
9
1.3 A História como disciplina.
Não importa aqui discutirmos quais os conteúdos a lecionar, e a quais devemos dar
mais importância. Mas também não podemos ficar indiferentes às alterações que a disciplina
de História tem sofrido, em concreto o número de tempos letivos semanais. A História, como
outras disciplinas têm vindo a perder “campo” no ensino. Reduzem-se as horas, porém
mantêm-se as metas curriculares e os conteúdos a lecionar. Foi-nos relatado pela profª. Ana
Paula Vaqueiro15 que esta, no ano letivo de 2019/2020, ao lecionar no 9.º ano de escolaridade,
mal conseguiu chegar à “Guerra Fria”, sendo que o programa vai até aos dias de hoje,
praticamente. O que é preocupante, e onde a questão “o que ensinar?” se aplica cada vez mais.
Onde devemos investir mais tempo? Onde devemos reduzir a informação/conteúdos?
13
Bloch, Marc, Introdução à História, Coleção Saber, publicações Europa-América 5ª Edição, 1993, p.46.
14
Cury, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes: como formar jovens felizes e inteligentes. Copyrigh,
2003, p. 70.
15
Professora de História da Escola Básica Carlos Gargaté.
10
“Ser professor hoje é, sobretudo, ter
capacidade de dar resposta aos novos
desafios…”16
Para que se torne interessante e curioso, o professor deve transmitir esse mesmo
entusiasmo. Está cientificamente estudado e comprovado pela neurociência que não há
aprendizagem sem emoção, as ondas de expectativa (hipocampo) são muito importantes no
ensino e a História não é exceção. Quando o professor chega à sala e comenta com os alunos
“Vocês nem sabem o que tenho para vos contar hoje” cria neles um despertar diferente, vão
estar atentos.17 O professor ao valorizar o que está a ensinar vai transmitir essa mesma paixão
que está a sentir, mesmo que o aluno considere que aquela é a disciplina que menos lhe diz ou
que menos lhe faz falta. Voltamos a repetir: não se aprende se não nos
emocionarmos/envolvermos com os alunos. Porém, podemos “cair na tentação” de recriar esta
emoção demasiadas vezes e os alunos perderem o interesse, por ser rotina. O mesmo acontece
se nos excedermos num conteúdo que nos interesse mais, ao qual temos a tendência para nos
alongarmos.
16
Alves, Luís Alberto Marques, A Função social da História, Faculdade de Letras, Universidade do Porto, p.18.
17
Algumas destas ideias foram transmitidas pela Drª. Carina Lobato Faria na sequência de uma das sessões de
formação “30 minutos… para aprender. Neurociência e E@D” oferecida a todos os docentes das escolas do
concelho de Almada, incluindo por isso, o Agrupamento de Escolas Carlos Gargaté, no âmbito do Projeto “Novos
Tempos para Aprender”.
11
aprofundamento cultural em termos científicos
e estéticos.”18
Podemos então afirmar que a História não tem limites, que não se resume ao passado,
mas abrange o presente e perspetiva o futuro.
Mais uma vez podemos afirmar a importância da História para todos, especialmente
na preparação dos alunos para a sua vida social, o ensino da História auxilia na construção da
democracia e da cidadania.
É claro que transmitir a informação não basta, tal como já o referimos, desenvolver
nos alunos o sentimento de criticidade vai permitir que no futuro estes consigam diferenciar e
expor as suas ideias de forma a não serem apenas seres passivos no meio onde vivem.
18
Monteiro, Miguel Corrêa – O Ensino da História numa escola em transformação, Lisboa: Plátano Edições,
2003, p. 17
19
Bloch, Marc, Introdução à História, Coleção Saber, publicações Europa-América 5ª Edição, 1993, p.42.
20
Alves, Luís Alberto Marques, A Função social da História, Faculdade de Letras, Universidade do Porto, pp.20
e 21 cintando Mattoso, José (1999). A função Social da História no Mundo de hoje. Lisboa, A.P.H.
12
14 aulas todos os elementos da área de competências. Onde o ponto “A”, não sobrepõe o “J”,
foram de facto utilizados mais uns que outros, no entanto, é através destas áreas que nos
apercebemos que a História e o seu ensino não têm limites. Os professores também não os
devem ter, se os alunos são incentivados à pesquisa, procura, à critica, à organização, ao
desenvolvimento da sua autonomia, e tantas outras capacidades, o professor deve criar um
ambiente que proporcione ao aluno alcançar todas essas metas. E na disciplina de História é
importantíssimo guiarmos os alunos, especialmente no 9.º ano de escolaridade onde estes se
preparam para a passagem do 3.º ciclo para o ensino Secundário.
21
Prats, J. Ensinar História no contexto das Ciências Sociais: Educar. Curitiba, Especial, Editora UFPR 2006,
pp. 196 e 197.
13
oralmente, através de vídeos etc., deve passar a ser encarado como uma História em
construção na qual, o aluno, faz parte. 22
Época Favorita
12%
21%
25%
29%
13%
Em relação à preferência da época história podemos observar que se trata de uma turma
bastante diferenciada, sendo que as épocas - Pré-História e História Medieval - são as que
menos atraem os alunos. Entre a Antiguidade Clássica e a História Moderna há apenas a
diferença de um aluno, tornando assim a História Moderna a preferida da turma. A História
Contemporânea cativa 5 alunos, foi nesta que se inseriram as nossas aulas.
“Eu considero a história uma disciplina importante pois é como descobrimos o nosso
passado, pode não ser muito aprofundada nestes anos, mas sempre ficamos com um pouco de
cultura geral.”;
22
Proença, Maria Cândida, Ensinar/Aprender História: questões de didáctica aplicada, Livros Horizonte,
Lisboa, 2002, p.56.
14
“Para não cometermos os mesmos erros do passado.”;
“Eu acho que a história é importante porque nos torna mais cientes do nosso passado
e torna possível compará-lo com o presente”;
“Porque a história faz parte dos conhecimentos de cultura geral e para além disso com
a história nós conseguimos acompanhar toda a evolução da nossa sociedade atual.”.
É importante perceber que os alunos relacionam a História com várias temáticas entre
elas o conhecimento geral, a evolução da humanidade, os benefícios para o presente e a
relevância para entenderem as suas origens.
Por fim, uma questão mais direcionada ao tema aqui debatido, ajuda-nos a
compreender como é que os alunos se colocam na sociedade. Perguntamos: “De que forma a
História te ajuda a ser uma melhor pessoa?”, a maioria dos alunos respondeu que a História
permite conhecer os erros do passado e que não os devemos repetir, outros mencionaram o
conhecimento das leis, política e da cultura. Também houve alguns verbos que nos chamaram
à atenção tais como o “respeitar”, vejamos a resposta que nos pareceu mais completa: “A
história tem muitos detalhes importantes para a nossa formação como pessoas, por exemplo,
sem a educação sobre a história da humanidade nós não estaríamos se calhar tão sensibilizados
(ex: o holocausto, escravatura, guerras e conquistas devem ser dadas como foram, violentas,
cruéis e como causaram dor, pois é assim que nós aprendemos para não mais repetir isso). Em
conclusão a história ajuda-nos a aprender com os nossos erros.”.
15
1.4 Reflexão sobre as temáticas lecionadas e a sua relação
com os ensinamentos para o dia-a-dia.
Tendo em conta que as aulas não se basearam apenas numa temática, esta reflexão
torna-se necessária para compreendermos como podemos associar todas as “formas de
História” à educação para a Cidadania. Tal como já foi referido, há quem associe o exercício
de Cidadania apenas à sociedade, significaria que apenas uma parte da História se integraria
nesta. Mas sem sociedade não existe História como nós a conhecemos, e são as transformações
sociais que modificam as características de um determinado espaço/tempo.
Durante a planificação desta aula era importante perceber como trazer esta matéria
para o quotidiano. Nada melhor que analisar o caso de Portugal, numa época mais próxima,
embora tivesse acontecido há alguns anos, perante os empréstimos solicitados à Troika, que
ajudaram quando o país estava economicamente devastado, porém trouxeram mais dívidas,
afetando vários setores do país, desde o setor financeiro ao setor cultural, por exemplo.
Relembramos que não é preciso uma comparação certa, é preciso entender como é que as
coisas se podem relacionar, e não têm de estar diretamente relacionadas para serem refletidas.
16
igualmente pela Europa (Grã-Bretanha, França e Alemanha), porém foi igualmente
determinante relembrar que a abundância de produtos a baixo preço e a subida dos salários é
uma “riqueza” ilusória, ao qual os alunos também concordaram que provavelmente não “iria
durar para sempre”.
A matéria que se seguiu foi a Revolução Soviética e com esta pudemos refletir sobre
a sociedade, a economia e principalmente sobre a política. Já tinha sido observado, ao longo
de outros períodos da História, que os descontentamentos sociais originavam revoltas e
revoluções, que por consequência alteravam os sistemas políticos. Toda uma cadeia de
influências. E começa por onde?
- Pela sociedade. Cerca de 174 milhões de habitantes distribuídos por uma área vasta
de aproximadamente 22 milhões 𝑘𝑚2 .
17
violência. Alguns manifestaram alguma apreensão sobre a nacionalização dos bens. Todas
estas questões foram abordadas de forma apartidária para que houvesse transparência nos
valores a refletir.
Por exemplo, na questão da construção da URSS, foi importante demonstrar aos alunos
que apesar da ideologia de uma união de diversos povos diferenciados pela etnia, pela cultura
e até língua, era uma questão de política, para seduzir os povos ao bolchevismo, atingindo
toda a população e criando, noutros países, inspiração nestes ideais, mas também algum
descontentamento pelos movimentos de extrema-direita.
Por mais que haja uma tendência para simpatizar por um dos pontos de vista, ou por
nenhum, era importante que os alunos percebessem que nem sempre se responde às
necessidades efetivas da sociedade. Era preciso investir nos pontos fracos da Rússia, como a
economia (a reduzida produtividade da principal atividade - agricultura e o reduzido
desenvolvimento da indústria), mas também era necessário defender os seus interesses (a
entrada na guerra, o comunismo…), entre outras questões que foram surgindo quando os
alunos interagiam.
18
desenvolvimento dos setores secundário e terciário, o crescimento urbano e o peso crescente
do Estado, o aparecimento de bens de consumo que permitiam uma vida mais folgada.
O estudo dos anos 20 permite a análise de uma evolução dos Direitos Humanos,
recordando que a diferença entre géneros era muito acentuada, até aí. Ao longo do século XX,
foi notável a luta pela igualdade por parte das mulheres (e alguns homens), porém foi
necessário repensarmos sobre o que mudou até aos dias de hoje, mas também, sobre o que
ainda faltava e falta mudar. Foi feita a ligação passado/presente e abordámos o salário das
mulheres e dos homens em Portugal, referimos ainda que na escolha de um novo empregado,
os empregadores têm em conta o fator idade, mas também o fator género. Foi dado o exemplo
de que uma jovem com os seus 20/30 anos tem desvantagem sobre um jovem, com um
currículo similar, e porquê? (questionámos os alunos) - ao que responderam que está na idade
de procriar o que pode trazer desvantagens para a empresa, tal como acontece com os cargos
de liderança/chefia. Apesar disto, é punível pela lei a discriminação por género.
Como houve igualmente a oportunidade, sugerida pela Prof.ª Céu Oliveira, de lecionar
três aulas sobre um dos temas à escolha, da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, foi
escolhido “Igualdade de Género”, com o objetivo de poder interligar com os conteúdos dos
anos 20, de um ponto de vista diferente.
Na primeira aula contextualizamos o tema, e a partir desta foi possível perceber onde
é que os alunos se encontravam em relação aos conceitos de “Igualdade” e de “Género”.
Começámos por questionar os alunos sobre onde deve existir igualdade e onde isso não se
verifica, surgiram respostas como “os mesmos salários”; “as mesmas oportunidades de
trabalho” “os mesmos direitos e deveres”, entre outras relacionadas com trabalho. Passámos
então para a análise do conceito de “género”, ao que os alunos se apressaram a responder
“feminino ou masculino” e pela rapidez e forma de resposta, que acharam a resposta muito
óbvia, até que perguntamos “então distingam sexo de sexualidade e depois então de género”,
ficaram boquiabertos “parece quase tudo o mesmo” responderam.
19
que sexo é a atribuição de feminino, masculino e de pessoas intersexuais. Os alunos
continuaram atentos, embora com alguma agitação e “risota”. O conceito seguinte –
sexualidade – trouxe alguma discórdia entre a turma, o que se revelou muito preocupante.
Perguntámos a uma aluna se sabia o que significava e esta respondeu “é se somos
heterossexuais, bi, e assim”, ao que afirmámos e continuámos a dar exemplos de orientação
sexual, um aluno, interrompeu-nos e afirmou que não compreendia nada disto “porque ou
somos homens ou mulheres e os homens foram feitos para estar com as mulheres e vice-
versa”. Alertámos para a viabilidade daquilo que o aluno estava a dizer e que há estudos que
comprovam estas questões, orientando o aluno para que não estava a cumprir um dos objetivos
de ser cidadão – o respeito pelas escolhas de cada um. A turma, na sua maioria, pediu para ter
a palavra, discordando do colega, originando uma espécie de debate.
A turma acalmou e voltámos a perguntar o que era “género”, os alunos já não sabiam
dar uma resposta, ao que referimos que se trata de uma forma de estar na sociedade, de como
nos sentimos como pessoa, mas mais uma vez fomos interrompidos pelo mesmo aluno, que
alterou o tom de voz e sem autorização refere “isso é impossível, eu sou homem, não me posso
sentir mulher” ao que o colega do lado pede autorização para responder e diz “tens o exemplo
de pessoas que durante a semana são homens e ao fim-de-semana são mulheres, e não deixam
de o ser só porque tu não acreditas nisso”, alertamos mais uma vez para a forma das
intervenções do aluno. O aluno foi alertado várias vezes não só por não estar a conseguir
cumprir com as normas de participação em sala de aula como também por não estar a respeitar
os colegas ( algo que já havia acontecido na disciplina de Ciências a quando da lecionação
dos conteúdos sobre Aparelho Reprodutor e Reprodução Humana).
Após a turma acalmar, mostramos algumas das mulheres mais emblemáticas na defesa
dos direitos da igualdade de género, algumas destas foram, posteriormente, recordadas nas
aulas de História. Nesta primeira aula ainda tínhamos o objetivo de analisar alguns excertos
de filmes para os alunos refletirem, no entanto, não chegou a ser possível, por problemas
técnicos e acabou por passar para trabalho de casa.
O que importa aqui perceber é que muitos dos alunos se apercebem das diferenças de
género que a sociedade impõe, e estas foram discutidas na segunda aula através de um debate
entre os alunos, onde colocámos dois alunos responsáveis pela moderação e orientação do
debate e outros dois com o objetivo de retirar notas sobre a prestação dos colegas. Foi
desafiante, tivemos de realizar algumas intervenções, mas de um modo geral os alunos
conseguiram conclusões muito relevantes para o tema. Para além destas, as aulas permitiram
20
ao professor ter uma visão mais alargada daqueles que são os valores que os alunos têm ou
pretendem ter.
O cumprimento das regras da sala de aula, como o respeito pelos colegas e pelo
professor, a intervenção não autorizada, a desordem, são tudo elementos que permitem
trabalhar a partir deles as questões de Cidadania. Tal como foi referido ao aluno que, fez
intervenções sucessivas não respeitando a sua vez, ser cidadão implica saber ouvir os outros
e expor os seus pontos de vista, aceitando que haja pontos de vista diferentes, facto que levou
inclusive à intervenção da Professora Cooperante, uma vez que o aluno em questão
demonstrou pouca flexibilidade em ouvir opiniões contrárias às suas.
21
“A disciplina de História, cujos
conteúdos eram apontados como sendo
intrinsecamente formativos surge, assim como
a disciplina com maior potencialidades de
concretização da formação pessoal e social.”23
Já aqui referimos que uma das causas da diminuição do número de horas letivas da
disciplina de História deve-se à introdução de novas disciplinas, entre elas a disciplina de
Cidadania e Desenvolvimento. Não nos compete, nem é nosso objetivo, criticar a importância
destas disciplinas, no entanto, é essencial refletir sobre o impacto que estas têm noutras, como
é o exemplo da disciplina de História.
O facto de termos a oportunidade de lecionar nas duas disciplinas deu para perceber
que ambas se podem beneficiar, e que os ensinamentos da História são muito benéficos na
construção da Cidadania. Tal como aconteceu com o tema da Igualdade de Género onde foi
possível trazer a Emancipação Feminina do após-guerra.
23
Santos, Luís Filipe, O ensino da História e a Educação para a Cidadania – concepções e práticas de
professores. Instituto de Inovação Educacional, 2000. p. 51.
22
Parte II – Contexto Escolar
23
2. Escola Básica Carlos Gargaté:
2.1 Caracterização e enquadramento geográfico
A Escola Básica Carlos Gargaté surgiu como Escola Básica Integrada da Charneca de
Caparica, no ano letivo de 1993/94. No contexto do regime recém-lançado de Escolas Básicas
Integradas, que procurava executar modelos organizacionais de forma a incentivar percursos
sequenciais e articulados para os alunos do Ensino Básico, bem como um melhoramento dos
recursos humanos e materiais existentes.
Em 2007 surge o Agrupamento de Escolas da Charneca de Caparica e deste advém a
agregação da EBI da Charneca de Caparica com a recém-construída EB1/JI da Charneca de
Caparica. No ano de 2011, foi alterada a sua designação para Agrupamento de Escolas Carlos
Gargaté (em homenagem ao trabalho desenvolvido por um dos seus Diretores).
Existem no Agrupamento 46 turmas, num total de 1179 alunos distribuídos pelos três
estabelecimentos de ensino.
Há, ainda no Agrupamento, uma Associação de Pais e Encarregados de Educação que
tem participado na vida do Agrupamento. Os pais/EE têm ainda representação nos Conselhos
de Turma. É frequente, também, a sua participação em reuniões informais, sessões de
esclarecimento sobre assuntos relevantes para o percurso escolar dos seus educandos, em
24
atividades do Plano Anual de Atividades, em
atividades de sala de aula (“aulas abertas”), em
festas e outros eventos culturais e pedagógicos
que o Agrupamento proporciona.24
O Agrupamento de Escolas Carlos
Gargaté situa-se no concelho de Almada,
pertencendo este à área Metropolitana de
Lisboa. O concelho de Almada situa-se no
distrito de Setúbal e está dividido em 5
Freguesias sendo que a Charneca da Caparica
é freguesia em conjunto com a Sobreda.
A Charneca de Caparica delimita uma
zona de atividade comercial diversificada, na
proximidade de cerca de 15 km de extensão de praia e uma área de pinhal, integrado em zona
protegida da Arriba Fóssil da Costa de Caparica, dado que existem árvores centenárias e
únicas, plantas de espécies endémicas raras e animais que só aqui conseguem sobreviver.
A população residente tem vindo a aumentar de ano para ano, tendo, ao arrepio do
movimento nacional, duplicado na última década. Consequentemente, a situação
socioeconómica e cultural caracteriza-se por alguma heterogeneidade. Sendo que nos Censos
de 2011 o Concelho apresentava-se com 174 030 habitantes (55,6% da população tem entre
25 e 64 anos de idade e 49,4% da população tem idade inferior a 40 anos.)25
Assim, em termos socioeconómicos, podemos definir três grupos:
Famílias a viver com dificuldades económicas, nomeadamente, imigrantes e
provenientes da zona piscatória da Fonte da Telha. Os alunos que frequentam a escola,
oriundos desta localidade, emergem de agregados familiares economicamente instáveis, que
vivem essencialmente da pesca e cujos filhos têm, habitualmente, menor rendimento escolar,
resultante dos baixos recursos e baixa escolaridade do agregado familiar;
Famílias a viverem numa situação económica de grande conforto e com elevado nível
cultural, que acompanham com interesse a vida escolar dos seus filhos;
24
Agrupamento de Escolas Carlos Gargaté, Projeto Educativo 2020-2024. Disponível no sítio oficial da escola:
http://aecg.pt/pt/
25
Informação disponível no sítio: https://www.m-
almada.pt/xportal/xmain?xpid=cmav2&xpgid=genericPage&genericContentPage_qry=BOUI=5771022&actua
lmenu=5770956, consultado a 10/02/2021
25
A par destas famílias, encontramos outras, cuja situação económica é desafogada, mas
cujo investimento nem sempre se faz na educação/promoção cultural e social dos jovens, sem
referências de valorização da escola. Existem ainda, segundo os censos de 2011, em Almada
cerca de 4,61% de analfabetos.
Do quadro traçado, emergem os seguintes problemas:
a) Uma grande parte da comunidade escolar vive isolada, em termos culturais, pois,
apesar de muito perto, a ida a Lisboa ou mesmo a Almada, não se faz com muita frequência;
a escola é, para muitos, o espaço onde estão acompanhados durante o dia, uma vez que os
pais/EE trabalham em zonas afastadas da escola e ficam impossibilitados de acompanhar as
atividades escolares dos seus educandos;
b) Existem alunos subsidiados pela Ação Social Escolar – ASE – 13,51% (151 alunos em
2019/20) da população escolar;
c) A não existência de centros culturais (nomeadamente uma biblioteca pública) e uma
ocupação inadequada de tempos livres trazem, como consequência inevitável, problemas de
ordem social que se repercutem na vida da escola. Aqui, as atividades decorrentes do Plano
Anual de Atividades, nomeadamente as desenvolvidas na Biblioteca Escolar da escola e no
26
Desporto Escolar, assumem papel relevante.
Um dos aspetos que mais nos surpreendeu com o contacto com esta escola, foi de facto a
interação e vida que a própria tem. Os projetos independentes, que as disciplinas se
26
Agrupamento de Escolas Carlos Gargaté, Projeto Educativo 2020-2024. Disponível no sítio:
http://aecg.pt/pt/
26
comprometem a desenvolver em parcerias, permitem concretizar o trabalho articulado entre
todos os professores.
No primeiro semestre, observamos com surpresa que a maioria dos alunos entravam nas
salas de aula com livros na mão (desde romances, a policiais aos mais clássicos da literatura).
Ao que nos apressamos a perguntar à professora de que se tratava e a partir daí ficamos a par
dos dois projetos que visam a promoção das competências em literacias da leitura e
informação: Projeto aLer+ e o READ ON. Estão envolvidas no projeto aLER+ desde 2008,
sendo o Agrupamento um Agrupamento aLER+ e desenvolvendo o projeto central, Charneca
aLER+, no âmbito do qual são dinamizadas todas as atividades de promoção do livro e da
leitura que constam do seu PAA.
Estes foram de facto os projetos que nos mais chamaram à atenção pela sua criatividade
e apelo aos alunos para a importância da leitura, nem que sejam os 10 minutos diários,
cumprido por todas as disciplinas. Outra atividade que também suscitou interesse foi a recolha
de lixo nas praias e o Surf. Aproveitar e preservar o bom que a natureza nos dá, envolver os
alunos nestas atividades permite-lhes compreender esta importância. A escola também
participa nos projetos: NTPA (Novos Tempos para Aprender); ESABE (Ecossistemas de
Aprendizagem e Bem Estar); Fundação Ilídio Pinho “Ciência na Escola”; Eco-Escola; Clube
27
Agrupamento de Escolas Carlos Gargaté, Projeto Educativo 2020-2024 p.26. Disponível no sítio:
http://aecg.pt/pt/.
27
Europeu; STEPs(Steps to Ensure Planet Sustainability); STEAMing(Science, Tecnhnology,
Engineering, Arts, Mathematics and English); +AECG (+Aptidão, Evolução, Competência e
Gestão).
Concluiu-se que os alunos participam com empenho nos Projetos, participam nos
concursos e dinamizam, por vezes, atividades para alunos do 1.º ciclo.
A professora Mª. do Céu Oliveira foi um dos grandes pilares para a realização do
espaço de formação. É uma professora bastante respeitada pelos alunos e com os quais
estabelece uma ligação muito especial.
28
Este espaço serviu, essencialmente, para a revisão dos planos de aula (planificações), para
explorarmos os documentos e os materiais a utilizar em sala de aula, para a correção/sugestões
dos mesmos materiais (por exemplo a ficha de avaliação) e ainda para refletir e conversar
acerca dos temas da atualidade e sobre as questões do Ensino de Hoje.
A reflexão conjunta entre um futuro professor e uma professora com mais de 30 anos
de experiência é essencial para que as novas metodologias/tecnologias sejam introduzidas e
para que as mais “tradicionais” sejam exploradas, de forma a criar uma relação entre ambas,
com visão para um melhor aproveitamento daquilo que cada um pode e deve oferecer ao outro.
Para a avaliação tivemos em conta os aspetos característicos que esta turma apresenta:
muito participativa e com tendência a aprender através de materiais físicos. Para isso criamos:
um questionário, na plataforma GoogleForms; uma questão como trabalho de casa; um
trabalho em grupo e uma ficha de avaliação, que iremos explorar mais adiante. Ainda foram
tidos em conta a participação e a realização dos apontamentos nos cadernos diários, descritos
como relatórios de aula (que eram solicitados todas as aulas) de forma a criar uma relação
com a matéria da(s) aula(s) passadas. A Professora Cooperante deixou sempre muito claro
que para conseguirmos realizar uma avaliação na sua plenitude era necessário criarmos
critérios de avaliação claros para que não houvesse dúvidas na correção.
29
2.4 Caracterização da turma – 9.ºE
30
A turma do 9.ºE é uma turma grande com vinte e oito alunos, onze raparigas e
dezassete rapazes. Dois alunos já com retenções ao longo da escolaridade. Trata-se de uma
turma agitada, mas empenhada. Investem muito nas atividades de estudo o que se reflete nos
seus resultados escolares. Há ainda quatro alunos com um nível de autonomia e
conhecimentos acima da média para a faixa etária. É a turma que apresenta mais alunos com
muito bons resultados (oito alunos- quadros de excelência, mérito e valor).
Através do questionário já
Idades
mencionado, também podemos encontrar
características da turma e da sua
27% personalidade.
Também foi essencial perceber o quão diferenciadas são as deslocações para a escola,
tendo em conta que 23 dos alunos questionados mencionaram demorar até 15 minutos e
apenas um que demora em média entre 16 a 30 minutos.
Meio de Transporte
31%
46%
12%
11%
É essencial compreender esta referência porque ao longo das nossas aulas fomo-nos
apercebendo que alguns alunos chegavam com alguns materiais de proteção e questionamo-
los acerca das suas escolhas, alguns por gosto, outros por impossibilidade de os pais os
31
levarem. O facto de se encontrarem relativamente perto da escola permite que haja mais e
melhores opções de deslocação. E o facto de os alunos terem a noção de que há opções mais
económicas e ecológicas é muito interessante e não se verifica em todas as turmas.
Como iremos notar na descrição das aulas é uma turma um pouco atípica e ao mesmo
tempo especial. Há muitas diferenças entre cada um elemento, no entanto relacionam-se de
uma forma que tornam a turma uma das melhores da escola, são honestos e trabalhadores.
Muito faladores e inquietos, por norma não discutem assuntos “fora de sala de aula”, mas
debatem os temas que estão a ser tratados, o que revela uma autonomia e critica construtiva
acrescida.
32
Parte III – Prática Letiva Supervisionada
33
3. Teorias de aprendizagem
A questão primordial deste ponto centra-se nas teorias de aprendizagem utilizadas e/ou
inspiradas durante a nossa prática de ensino supervisionada. Para atingirmos o que devemos
ensinar devemos ter em conta a aprendizagem e como esta se desenvolve, para isso
devolveremos uma breve explicação de algumas destas correntes educacionais, como também
da sua aplicação em sala de aula.
28
Sprinthall, Norman A.; Sprinthall, Richard C. Psicologia educacional – Uma abordagem Desenvolvimentista.
McGRAW-HILL de Portugal, 1993. p. 5
29
Ibid, ibidem, p.21
34
Pegando nestes princípios, com os quais nos identificamos, iremos explorar
brevemente as características das teorias de aprendizagem cognitivas de Jean Piaget e David
Ausubel.
Para este princípio ser credível, foi preciso focarmos naqueles que são os objetivos da
disciplina interligando com as características da turma, como foi o exemplo da visita virtual
30
Proença, Maria Cândida, Ensinar/Aprender História: questões de didáctica aplicada, Livros Horizonte, Lisboa,
2002, p.41.
31
Sprinthall, Norman A.; Sprinthall, Richard C. Psicologia educacional – Uma abordagem Desenvolvimentista.
McGRAW-HILL de Portugal, 1993. p.102
32
Detry, Brigitte;Simas, Fátima (org.) Educação, Cognição e Desenvolvimento, EDINOVA, Edições da
Universidade Nova de Lisboa, 2001, pp.18 e 19.
35
ao Museu Nacional do Traje feita pelos alunos, espontaneamente, sem aviso prévio, como
iremos ver na aula 5.
A motivação parece ser um pouco óbvia quando confrontada diretamente, porém não
podemos esquecer que esta só foi devidamente experienciada e validada por E. L. Thorndike
apenas no início do século XX.
Tratando-se de uma turma com alunos com uma cultura acima da média em relação à
sua faixa etária, foi preciso recordar alguns conceitos (marxismo, comunismo, nacionalismo,
nacionalização) interligando-os com o presente, criando uma linha condutora e que
desconstruiu algumas das ideologias que os alunos já tinham concebidas. O facto de
analisarmos oralmente vários documentos em sala de aula permitiu-nos perceber em que nível
se encontrava cada aluno, e que orientação deveríamos dar a cada.
Podemos ainda destacar que concordamos com os seguintes tópicos, aplicando-os nas
nossas aulas:
36
aquilo que ele tem possibilidade de compreender antes de decorar… Não equacionar prática
com repetição, mas concebê-la como uma série de tentativas sucessivas e variadas que
facilitem a transferência de habilidades e conhecimentos na sua aplicação a situações
novas…”33. Esta última afirmação vai de encontro aquilo que foi feito com a matéria da
Revolução Soviética, após se verificar que alguns alunos sentiam uma dificuldade acrescida
com os conceitos foi necessário dar uma aula para os rever, de uma forma mais simplificada,
havendo uma boa interação por parte de todos.
33 33
Proença, Maria Cândida, ibidem, p.49
37
3.3 Jean Piaget
Biografia:
Jean Piaget nasceu na Suíça, no ano de 1896 e faleceu no ano de 1980. Piaget sempre
se interessou pela Natureza, estudou na Universidade de Neuchatel e doutorou-se três anos
depois em Ciências Naturais. Apesar desta paixão pelas Ciências Naturais, sempre teve
interesse na Sociologia e na Filosofia. Com esta última, especializou-se em Epistemologia (o
estudo da forma como o conhecimento é adquirido). A ponte que fez entre a Biologia e a
Epistemologia levou-o ao mundo da Psicologia.
Processo de aprendizagem:
34
Frase de Piaget retirada do sítio: https://www.todamateria.com.br/jean-piaget/, consultado a 22/03/2021.
35
Sprinthall, Norman A.; Sprinthall, Richard C. Ididem. pp. 98 e 99.
36
Frase de Piaget retirada do sítio: https://www.todamateria.com.br/jean-piaget/, consultado a 22/03/2021.
38
representarem por uma “amostra pequena”. O modelo que apresentava não seguia os modelos
estandardizados da investigação, “no entanto, as suas descobertas foram finalmente
reconhecidas e têm sido amplamente aceites nos últimos vinte anos… Piaget acumulou
evidências suficientes para se tornar no maior teórico do desenvolvimento intelectual”37.
A partir dos estudos realizados por este, uma das implicações pedagógicas que
apresenta é o desenvolvimento cognitivo, afirmando que este se desenvolve através da ação,
independente do estádio em que a criança esteja inserida. Ou seja, Piaget afirma que as
Idade Estádio Breve Descrição
A atividade cognitiva durante este estádio consiste
0-2 Sensório-motor na interação da criança com o meio, através dos
sentidos.
37
Sprinthall, Norman A.; Sprinthall, Richard C. Ibidem. pp. 101, 102.
39
vários momentos das nossas aulas, como iremos observar mais adiante, demos ferramentas
necessárias para os alunos pesquisarem por eles próprios, exercendo o papel ativo na
construção do seu conhecimento. A relação que criamos entre os conhecimentos que os alunos
já tinham com os novos que iriamos introduzir, foi crucial para a aprendizagem.
Biografia:
David P. Ausubel nasceu no ano de 1918 em Brooklyn. De origem judia, filho de pais
emigrantes, conheceu desde cedo vários laboratórios de universidades distintas.
Os seus estudos foram-se intensificando logo após a sua formação, tentou procurar
melhorar o ensino que nunca teve. As ideias de David Ausubel foram muito influenciadas por
Jean Piaget, com destaque para os esquemas conceituais. Na tentativa de adquirir novos
conhecimentos sobre as aprendizagens e as competências das crianças.
David Ausubel continuou a publicar obras sobre os seus estudos mesmo depois da sua
reforma (no ano de 1994). Faleceu aos 90 anos com um enorme currículo de obras sobre o
desenvolvimento humano e do ensino.
Processo de aprendizagem:
“A estabilidade e clareza das ideias ancoradas relevantes
são determinadas, em grande parte, pelo facto de terem sido
38
Moreira MA, Masini ES. Aprendizagem significativa: a Teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes; 1982.
Citado pelo sitio: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862015000200009 ,
consultado a 30/03/2021.
40
bem apreendidas ou consolidadas através da repetição e/ou
ensaio, quer em contextos diferentes, quer nos mesmos.”39
Um dos autores defensor da teoria cognitivista que nos inspira é de facto David
Ausubel. Este dedicou-se ao estudo da aprendizagem significativa ou compreendida, sendo
que o que vai ser aprendido tem de fazer sentido para o aluno e isto só acontece quando a nova
informação se ancora nos conceitos relevantes já existentes na estrutura cognitiva do aluno.
“Este psicólogo, ao contrário daqueles que
associam o tipo de ensino expositivo a uma
aprendizagem puramente recetiva,
memorizada ou mecânica, defende que este
tipo de ensino pode apelar à atividade e
compressão do aluno se o professor organizar
a matéria a ensinar de uma forma lógica…”40
Para David Ausubel a aprendizagem significativa é preferível à aprendizagem
mecânica ou automática porque é mais eficiente. Contudo, este afirma que em determinadas
circunstâncias a aprendizagem mecânica é inevitável, como por exemplo quando se trata de
conceitos inteiramente novos para aquele que aprende. O autor definiu a aprendizagem
mencionada Aprendizagem Memorística que não tem qualquer relação com conceitos já
existentes. Porém, esta aprendizagem é muito utilizada pelos alunos que têm uma avaliação
mais tradicional, pois apenas “decoram” a matéria para o teste por períodos momentâneos.
A aprendizagem significativa para que ocorra com sucesso são necessárias duas etapas
– a primeira relacionada com o aluno isto é o aluno terá de ser recetivo a novas informações
para que as consiga interligar com as anteriores, com o auxilio do professor; e a segunda está
relacionada com a matéria a lecionar, o conteúdo deve ser “significativo” ou seja, deverá ser
lógico ou psicologicamente significante para o aluno.
A aprendizagem por descoberta, por exemplo, que resulta da procura, pelo formando,
de conteúdos e informação que não são dados na sua forma final, o que exige que o formando
descubra alguma regra ou princípio antes de a poder utilizar. Ausubel desenvolve a teoria por
descoberta orientada, onde o professor organiza o processo ensino/aprendizagem, sem
esquecer os impulsos e interesses dos alunos.
39
Ausubel, D.P., Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma Perspectiva Cognitiva, Paralelo Editora,
LDA, Lisboa, p.51.
40
Proença, Maria Cândida, ibidem., p.48.
41
Dito isto podemos concluir que David Ausubel foi um grande crítico do ensino
tradicional porque o papel do professor, segundo o autor, é orientar o aluno para que este atinja
o seu conhecimento.
Este processo verifica-se ao longo das nossas aulas com as planificações onde tivemos
em conta a turma, as suas competências e interesses. A relação e interação estabelecida com
os alunos, com influências da teoria de Ausubel, permitiu-nos perceber que as questões
colocadas ao longo das aulas não necessitavam de ser automatizadas.
4. Enquadramento Científico
O objetivo deste ponto é descrever, muito brevemente, aquele que foi o enquadramento
científico e curricular das nossas aulas. As nossas aulas, tal como já foi mencionado
anteriormente debruçaram-se sobre os seguintes temas: “As transformações económicas do
após-guerra”, “A Revolução Soviética” e “Sociedade e Cultura das primeiras décadas do
século XX”. Iremos demonstrar uma visão global dos acontecimentos apenas para introduzir
as temáticas “As transformações económicas do após-guerra” e a “A Revolução Soviética”,
de uma forma mais simples e alargada.
42
arruína os aforradores e, em contrapartida,
enriquece os especuladores e agiotas.”41
Comecemos pela Europa: ao contrário daquilo que aconteceu nos Estados Unidos da
América, a Europa foi palco de guerra, enquanto que os EUA não tendo sido palco de guerra
possibilitou que o seu tecido produtivo não fosse afetado. Em termos populacionais, a Europa
perdeu cerca de 8 milhões de pessoas, a acrescentar a estes temos as vítimas de epidemias e
os milhões de mutilados cuja capacidade de produção ficou diminuída. Com menos mão-de-
obra, a produção na Europa enfraqueceu ainda mais.
Para além da ajuda que a Europa irá solicitar aos EUA pós-guerra, temos de recordar
que já tinham sido pedidos recursos no decorrer da guerra tais como matérias-primas,
alimentos e armamento. Deixando os cofres dos estados sem ouro a Europa passa a devedora
dos EUA. A entrada e saída de capitais permitiram, à posteriori, a recuperação da Europa, mas
colocaram a Europa numa situação de dependência dos EUA.
Por outro lado, temos os EUA que, para além de receberem da Europa, desenvolveram
novos modelos de trabalho que possibilitaram às empresas produzir e lucrar em massa. Destes
modelos podemos destacar o Taylorismo e a Estandardização. O termo Taylorismo faz
referência ao engenheiro norte-americano Frederick Taylor (1856-1915), que substituiu os
métodos tradicionais por um trabalho numa linha de montagem, de forma a singularizar as
funções produtivas de cada trabalhador, de modo a evitar desperdícios e perdas de tempo, os
trabalhadores passavam por um treino rigoroso, e com uma supervisão contínua do seu
trabalho. A Estandardização vem de encontro às medidas das empresas que Taylor explorou,
reforçando a rentabilização do tempo para os profissionais, sem prejuízo e com a melhor
qualidade possível. Com estes modelos, Henry Ford, um empresário norte-americano que
revolucionou a indústria dos automóveis. O fordismo consiste na produção em massa, redução
dos custos, contribuindo assim para a otimização da produção e o aumento da produtividade.
41
Rioux, Jean-Pierre (dir.), Biblioteca de História Larouse. História do Mundo Contemporâneo. Círculo de
Leitores, 2016, p. 30.
43
Através destes métodos de trabalho, as empresas americanas conseguiam pagar aos
seus trabalhadores o dobro que ganhavam anteriormente. Na Ford chegaram a oferecer
automóveis aos melhores empregados. Invertendo assim a tendência da Inflação na Europa,
aumentaram os salários, e com o aumento da produção, o preço dos materiais era reduzido.
Com influência nas teorias de Karl Marx, em 1898 foi fundado o Partido Operário
Social Democrata. O marxismo é uma corrente do socialismo que defende que o proletariado
deve obter o poder político para implementar uma sociedade sem classes, ao contrário daquilo
que acontecia na Rússia – uma sociedade de ordens. Desta forma a sociedade sem ordens e
sem classes é o ideal da corrente marxista. Porém, a teoria não era entendida da mesma forma
por todos, dividindo-se assim em duas fações de sovietes – os Mencheviques (fação menos
radical) e os Bolcheviques (fação mais radical orientada por Lenine).42
Já aqui referimos que existiram duas revoluções e estas advêm das duas fações de
sovietes acima descritas. Sendo que a revolução de fevereiro ou revolução burguesa, apoiada
por liberais e socialistas menos radicais (Mencheviques), deu início a um governo provisório.
42
Machaqueiro, Mário, A Revolução Soviética, Hoje. Ensaio de releitura da revolução de 1917, Biblioteca das
Ciências Sociais, Edições Afrontamento, 2008.
44
Na cidade de Petrogrado, em 1917, uma agitação social exigia o fim do czarismo e da guerra,
também procuravam instaurar uma série de medidas liberais. Orientados por Lvov e,
posteriormente por Kerensky pretendiam: abolir a pena de morte; amnistiar os presos políticos
e exilados; abolir as diferenças relacionadas com a origem social, nacionalidade e religião;
convocar uma Assembleia Constituinte; direito à greve; liberdade de imprensa, entre outras.
A base das suas teorias era a ditadura do proletariado – uma etapa imprescindível para
o sucesso e construção do comunismo, a fim de eliminar a estrutura do regime capitalista e
aspirar a uma sociedade sem classes. Estas medidas baseavam-se na doutrina marxista, porém
adaptada à realidade de Lenine, originando o marxismo-leninismo.
43
RTP, Estudo em Casa, disponível no site: https://www.rtp.pt/play/estudoemcasa/p7825/e511960/historia-9-
ano, consultado a 17/04/2021.
44
Rioux, Jean-Pierre (dir.), Biblioteca de História Larouse. História do Mundo Contemporâneo. Círculo de
Leitores, 2016, p. 37.
45
Uma das decisões mais importantes de Lenine originou uma outra revolta e culminou
em uma guerra civil. A assinatura do Tratado Brest-Litovsk (3 março de 1918):
Ficamos então a conhecer dois grupos com objetivos diferenciados, por um lado temos
o exército branco (partidários do antigo regime e do czar – mencheviques) que se opunha ao
exército vermelho de Lenine (bolcheviques). A guerra civil destruiu ainda mais o país, e
apesar da saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, a população russa viria a enfrentar
uma das maiores tragédias da Revolução Soviética. A fome, as doenças, o frio e a própria
guerra, não eram consequências apenas da guerra civil, mas também da adoção do
“comunismo de guerra” de Lenine. O “comunismo de guerra” permitiu ao exército vermelho
estar alimentado, tendo em conta que toda a produção era distribuída por eles, deixando o
resto da população sem sustento. Todas estas causas provocaram a morte a cerca de 10 milhões
de pessoas. Os bolcheviques e o exército vermelho conseguem a vitória em 1920, enquanto a
Rússia estava devastada.
Com a economia praticamente parada e a produção cada vez era menor, a população
demonstrava o seu descontentamento através de manifestações e greves. Para tentar consolidar
a economia, Lenine, em 1921, implementou uma Nova Política Económica (NEP).
45
Ibidem…p.37.
46
temporariamente o comunismo e restaurará em parte o
capitalismo”46
De forma a expandir o “espírito bolchevique” e os seus ideais foi criada a URSS (União
das Repúblicas Socialistas Soviéticas) com a Constituição aprovada no ano de 1924.
46
Ibidem…p.41.
47
Rémond, René, Introdução à História do nosso tempo. Do Antigo Regime aos nossos dias. Gradiva
Publicações, S.A, 2011. pp. 333 a 336.
48
Maia, C., Ribeiro, C.P. & Afonso, I., Viva a História 9º ANO, Manual de História, Porto Editora, Lisboa,
p.41.
47
5. A Planificação das aulas lecionadas
Uma aula não se limita aos 50/100min dentro de uma sala de aula com os alunos, a sua
preparação é essencial, esta preparação pode surgir em três fases distintas: planos de aula a
curto, médio e longo prazo. As planificações permitem ao professor organizar e estruturar o
processo de ensino-aprendizagem possibilitando ainda incluir as suas ideias e intenções.
É de destacar que planear não é algo linear e cada professor tem o seu método, podem
optar por seguir uma lógica centrada nos objetivos, nas atividades, nos conteúdos
programáticos, entre outros. A gestão da sala de aula e do decorrer da aula pode ser manuseado
através da planificação e as probabilidades de falhas ou até mesmo de esquecimentos,
diminuem.
49
Antunes, Celso, Professores e professauros: Reflexões sobre a aula e práticas pedagógicas diversas, Editora
Vozes Limitada, 2012, p.14
48
Figura 4- Distribuição por domínios – Cid. e Des.
Neste caso em concreto, cada um dos mestrandos ficou responsável por um dos
domínios, sendo que o que escolhemos foi o “Igualdade de Género” e como se tratava de
apenas três aulas estas foram, posteriormente, planeadas a curto prazo.
- Os objetivos específicos da aula dos quais era importante encontrar o verbo certo para
alcançar o pretendido, é importante reforçar que estes verbos e estes objetivos, futuramente,
iriam ser úteis nos materiais de avaliação;
- Os conceitos – como iremos observar, ao longo das nossas aulas, este vai ser um dos pontos
de partida para a lecionação das mesmas;
49
- As estratégias e metodologias para auxiliar à requisição de recursos caso fosse necessário e
também para orientar a condução da aula, não havendo margem para muitos desvios de
atenção;
- Por fim, a avaliação, este ponto torna-se importante porque vai refletir as nossas intenções e
os resultados daquilo que foi lecionado, desta forma foi mais fácil chegar a todos os alunos de
formas diferentes.
50
6. As aulas dadas
Aula 1 – 4/11/2020
A primeira aula de História do bloco de 11 aulas de cinquenta minutos que nos
propusemos a lecionar realizou-se no dia 4 de novembro de 2020 na sala 01, na presença da
professora cooperante Maria do Céu Oliveira.
Não procedemos às apresentações habituais, tendo em conta que a turma já nos
conhecia do semestre anterior. A aula teve início com a ligação à aula anterior lecionada pelo
Prof. Mestrando Pedro Pires sobre as transformações geopolíticas do após-guerra.
Começamos por questionar os alunos: “Tendo em conta o que aprenderam na aula passada e
todas as transformações que assistiram como acham que se encontrava a Europa depois de
uma guerra destas?”, embora tenham surgido algumas respostas corretas, completamos o seu
raciocínio com um texto projetado:
51
De seguida, analisamos um gráfico com orientações para que os alunos identificassem
as diferenças entre a Europa e os EUA.
De seguida analisamos o gráfico “As dividas entre os Estados aliados no fim da guerra”
da p. 34 e o doc. 3 “os financiadores do mundo” da p. 35. Concluímos que os EUA não tendo
52
sido palco de guerra o seu tecido produtivo ficou intacto. Passaram deste modo a fornecer
produtos industriais e agrícolas à Europa destruída, bem como empréstimos.
De forma a consolidar os conteúdos já mencionados, observamos um vídeo da Escola
Virtual. Para que os alunos fossem tomando notas e para que refletissem sobre alguns
aspetos, fomos parando o vídeo em vários momentos.
Continuamos a exploração do ppt. e na mesma sequência das consequências da guerra
na Europa, foi observado um esquema das consequências nos EUA:
53
Figura 9- Ppt. aula 1
Feedback:
A professora começou por questionar a mestranda o porquê de eles saírem mais cedo,
o qual a mestranda não se apercebeu porque julgava que a aula acabava naquele horário, e
com a mudança de horários constantes, a professora compreendeu. Realçou a importância de
começar a aula com o sumário, como um plano de trabalho a efetuar, para que os alunos
saibam em concreto o que vai ser feito. Tendo em conta que a mestranda apressou a última
parte da aula não houve uma análise do excerto do filme de Charlie Chaplin, a professora
cooperante assinalou a relevância que tem o filme e a analise deste (enquadramento, explorar
as partes mais importantes etc.). Tendo em conta as características da sala, a projeção de voz
também foi referida pela professora, chamando à atenção para uma aluna em particular que
teve “quase sempre desligada”. No entanto, no geral, a professora cooperante deu um reforço
positivo, aludindo para os aspetos positivos – condução da aula e interação com os alunos.
Aula 2 – 11/11/2020
54
Uma aula atípica, no dia 11 de novembro de 2020, na sala 01. Atípica porque para
além da presença comum da professora cooperante Céu, também esteve presente o professor
Doutor Miguel Monteiro. Para dar credibilidade ao que se passa nas escolas e de forma a dar
um feedback posterior, o profº Miguel assiste a uma aula de cada mestrando, e assim
aconteceu. Não foram necessárias as apresentações formais, pois o professor Miguel já tinha
sido apresentado numa aula anterior pelo nosso colega e mestrando Pedro Pires.
Deu-se início à aula com a leitura dos apontamentos da aula anterior por dois alunos,
que foram sendo completados com algumas informações dos colegas que participaram por
iniciativa própria. Explicamos à turma que apesar de já termos analisado as consequências da
guerra, iriamos voltar à Primeira Guerra Mundial em especial para a causas da saída da Rússia
da mesma. Para isso, foi importante contextualizar a situação em que se encontrava a Rússia
no início do século XX – um regime liderado por um czar (Czar Nicolau II) e a sua família.
Questionamos os alunos sobre as suas ideias prévias acerca de um “czar” e as suas
características políticas. De seguida, foi mostrado um mapa, porque tal como acontece com
os critérios de avaliação, há dois momentos importantes a destacar na disciplina de História:
a temporalidade e a espacialidade.
Foi analisado um vídeo da Escola Virtual para posteriormente os alunos preencherem,
nos cadernos diários, um quadro das características da Rússia no início do século XX, em
termos políticos, económicos e sociais:
55
De forma a iniciar o tema das revoluções, foi analisada uma imagem do “Domingo
Sangrento” de 1905, que foi uma das primeiras manifestações do povo contra o regime
czarista, a qual acabou de uma forma muito trágica, com os soldados a abrir fogo para a
multidão que se manifestava pacificamente. Foi importante reforçar este acontecimento para
os alunos entenderem que foram necessários vários anos e manifestações para que houvesse
mudanças na política da Rússia.
Em 1917, deu-se início à Revolução de fevereiro, liderada por uma fação mais liberal
dos sovietes (mencheviques). Relembramos os alunos dos ideais liberais/iluministas já
estudados, os alunos demonstraram saber quais eram. Explicamos como decorreu a tomada
de poder do Governo Provisório e as suas propostas:
Questionamos os alunos sobre porque acham que não resultou, sem saberem o porquê,
relembramos que uma das razões para o descontentamento da população era efetivamente a
permanência da Rússia na guerra, a qual o Governo Provisório não teve matéria, então a fação
mais radical dos sovietes (bolcheviques) retiram o Governo Provisório do poder. Foram
introduzidos os novos líderes:
Para além das medidas implementadas pelo novo governo (foram projetadas no quadro
– entre elas a nacionalização e coletivização da economia: expropriações; redistribuição de
terras pelos camponeses sovietes; abolição da propriedade privada; controlo da produção…)
realçamos a medida que faltou ao Governo Provisório – a saída da Rússia da Primeira Guerra
Mundial- através da assinatura do Tratado de Brest-Litovsk. Analisamos o tratado através de
um mapa projetado, apontando para as suas consequências:
56
Para consolidar as medidas do governo liderado pelos bolcheviques foi lido e analisado
o seguinte texto:
57
Tabela 6- Resumo das duas revoluções
Aula 3- 18/11/2020
58
A terceira aula deste leque de 11 aulas, na mesma sala das aulas anteriores, principiou
com o sumário ditado pela mestranda, que à medida que o fazia, ia explicando em concreto o
que ia acontecer na aula. Antes de os alunos passarem à realização do questionário, é feita
uma pequena abordagem dos conteúdos através de um ppt. Começamos por relembrar, através
dos apontamentos dos alunos, o que foi tratado na aula passada. Alguns alunos continuam
com dúvidas acerca de alguns conceitos/conteúdos, os quais a mestranda, com recurso ao resto
da turma, esclareceu.
Primeiramente exploramos as causas da morte do Czar e da sua família, e em
consequência o retorno de Lenine e da convocação do Conselho de Emissários do Povo
(explicamos ainda a sua importância para o desenrolar do poder que Lenine iria exercer).
Analisamos uma frase de Lenine (que tinha sido proferida por um dos alunos na aula passada)
“Pão, Paz, Terra” – Pão (acabar com as fomes); Paz (saída da Rússia da guerra) e Terra
(distribuição das terras pelo povo) – esta frase vai de encontro a muitas das medidas
implementadas por Lenine.
Na aula anterior tinha sido referido o conceito “ditadura do proletariado”, no entanto
não foi desenvolvido, porque vinha na sequência dos conteúdos desta aula em concreto. Foram
enumeradas algumas das medidas desta ditadura do proletariado, e os alunos tomaram nota
nos cadernos diários, entre elas: controlar os sindicatos (ou seja, parte dos sovietes); retirar
uma parte da produção dos grandes camponeses para distribuir pelo povo; entre outras. Nesta
sequência da interpretação dos conceitos, fomos interpretar o Partido Comunista, destacando:
o único partido da Rússia após a convocação do Conselho de Emissários do Povo. Verificamos
ainda que estas medidas geraram indignação por parte da fação menos radical dos sovietes
(mencheviques) que se rebelaram.
Os alunos questionam quando acabará o descontentamento social e quando haverá
harmonia, a mestranda explica que “ainda agora” começou – a guerra civil terá começo em
1918 e só terá fim no ano de 1921. E com a guerra civil surge um novo conceito - “comunismo
de guerra” - que gera inflação devido à pouca produção industrial e poucos recursos agrícolas,
sendo que o pouco que era retirado dos campos, era distribuído pelo exército vermelho
(exército de Lenine). Os alunos ficaram indignados com algumas imagens que a mestrada
projeta, questionando o porquê de saírem da 1ª Guerra Mundial se depois voltam a deixar a
população na pobreza e com fome.
Fizemos ainda uma distinção entre o exército vermelho e o exército branco,
enumerando os seus apoios, os seus ideais e os seus objetivos. Foi explicado ainda que a
economia ia mudar devido à implementação de uma Nova Política Económica, no entanto não
59
foi explorado porque era esse o objetivo dos questionários que os alunos iam realizar.
Passamos então para a realização do questionário com consulta no manual e na internet. Este
questionário também continha um vídeo intitulado “A implementação do regime Comunista”
que vinha de encontro aos conteúdos a tratar.
A utilização deste material em formato digital beneficia não só a correção como
também permite a preservação do ambiente. Os alunos deste modo puderam consultar
algumas páginas informativas via internet como também o manual, como já referido. A
mestranda foi auxiliando na pesquisa e na explicação de alguns conteúdos.
A aula terminou com a maioria dos alunos com o questionário completo, os poucos
alunos que não conseguiram acabar tiveram a oportunidade de terminar em casa. Outra das
facilidades desta ferramenta é também quem a realiza pode determinar um dia/hora de
término.
Os resultados não foram os esperados, tendo em conta que se tratava de um elemento
de consulta/pesquisa:
Houve ainda dois alunos que não conseguiram submeter o questionário então não se
encontram nestes resultados, pelo que na plataforma Google Classroom a distribuição foi a
seguinte:
60
RESULTADOS
0% 1 2 3 4 5
8%
19%
23%
50%
Feedback:
A professora deu um feedback geral positivo em relação ao decorrer da aula, porém
sugeriu voltamos a rever os seus conteúdos e conceitos. Apoiou a ideia de um novo recurso
de aprendizagem, embora considerasse que o tema é muito específico, o qual a maioria dos
alunos não está familiarizado. Após a análise das classificações consideramos que a próxima
aula deveria ser para correção do exercício e para dúvidas.
Aula 4 – 23/11/2020
61
No dia 23 de novembro de 2020, teve início, na sala 10, a 4ª aula. Tal como foi sugerido
pela professora cooperante, tratou-se de uma aula de consolidação de toda a informação que
demos sobre a Revolução Soviética, para isso revemos os seguintes conceitos: Czarismo,
Duma, Soviete, Mencheviques (exército branco), Bolcheviques (exército vermelho), Ditadura
do proletariado, Nacionalização, Marxismo-Leninismo, Comunismo de Guerra, NEP (Nova
Política Económica) e URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Recordando os
aspetos mais importantes e completando os apontamentos dos cadernos diários. Na sua
maioria, os alunos demonstraram que estiveram atentos às aulas anteriores e que registaram
acertadamente as definições dos conceitos e da matéria em si. Ainda assim foram questionados
os alunos com as classificações mais baixas, de forma a compreendermos quais as suas
maiores dificuldades.
No seguimento dos conceitos, apresentamos à turma o leque de respostas de algumas
das perguntas do questionário, através de gráficos, automaticamente gerados pela plataforma
usada:
62
Figura 13- Gráficos de respostas
Também foi reforçada a correção do exercício com a frase: "De forma a reduzir os
efeitos nefastos do "comunismo de guerra", Lenine optou por implementar uma __________
que se estendeu até 1928.” para os alunos completarem e registarem nos cadernos diários.
Analisamos os efeitos do comunismo de guerra mais uma vez e comparámo-lo com a
implementação da NEP.
Por fim, a última questão debruçava-se pelo impacto, a nível internacional, da criação
da U.R.S.S, pelo que foi projetado um exemplo de resposta para os alunos refletirem e
transcreverem para os cadernos diários:
63
E assim, terminou a aula. Os alunos saíram ordeiramente e conseguimos cumprir com
o que estava previsto na planificação.
Ficou por mostrar o excerto do filme “Reds” mas foi mencionado, caso os alunos
tivessem interesse em ver em casa.
Feedback:
Concluímos em conjunto que esta aula foi necessária para a consolidação dos
conhecimentos e todas as dúvidas que foram surgindo foram devidamente respondidas. Estas
aulas, não “programas” antecipadamente, acontecem, tal como explicou a profª Céu, temos de
facto de nos ir ajustando às necessidades da turma que está à nossa frente.
64
Aula 5 – 25/11/2020
65
O slide seguinte continha uma música Jazz de Louis Armstrong (1901- 1971), que os
alunos se apressaram a fazer pequenas danças no lugar e a reconhecer o estilo, e foi através
da música que iniciámos o estudo dos anos 20 e das transformações sociais e culturais a eles
associados. Articulado com a música vem a dança, explicamos o surgimento de novos estilos
de dança - Foxtrot e Charleston – através de uma imagem em movimento (que deu origem a
“risotas” por parte de alguns elementos da turma do sexo masculino). Foi referido que o
objetivo da sociedade era esquecer os acontecimentos da guerra, então mostramos a seguinte
imagem:
Referimos ainda o consumo excessivo de álcool, mas também das drogas na intensa
vida noturna, e nas festas que eram cada vez mais frequentes, e frequentadas por quase toda a
população. As alterações visíveis na moda, mais prática e confortável foram descritas e
exemplificadas, no caso da mulher, o uso de saias mais curtas, o penteado e corte à Garçonne
e ainda o uso do soutien (substituindo o espartilho que tanto incómodo causava às mulheres).
Em relação à moda no homem observamos e analisamos o seguinte slide:
66
Os alunos identificaram-se mais com este estilo chegando a mencionar que tinham
“classe”. Por fim, mencionamos o desenvolvimento do acesso aos bens de consumo que
facilitaram a vida doméstica, tais como a máquina de lavar a roupa, o frigorífico, o fogão e
até o rádio que já tinha sido mencionado quando referimos o jazz.
Para terminar, fomos fazer uma visita virtual ao Museu Nacional do Traje. Esta visita
estava programada para sermos nós a realizá-la enquanto os alunos assistiam, porém tivemos
em conta as características da turma e perguntamos se havia voluntários – alguns alunos sem
saberem de que se tratava levantaram as mãos. Uma aluna foi surpreendida para ir ao quadro
e realizar a visita aos colegas descrevendo com base no que aprendeu na aula, aquilo que
observava. Depois foram solicitados mais três alunos. Foi uma experiência muito
enriquecedora, os alunos divertiram-se, interagiram, aprenderam e sentiram-se um pouco mais
“livres” - segundo um aluno “foi quase uma visita de estudo ao vivo”.
Sendo assim, e ocupando grande parte da aula, não foi possível realizar todos os
objetivos/estratégias da planificação. A aula terminou com o resumo da matéria e com os
objetivos a tratar numa próxima aula.
Feedback:
A professora começo por referir que ficou com a sensação de que alguns alunos não
ficaram com uma ideia clara acerca do conceito de Belle Époque, embora não o tenham
expressado, sugeriu assim um reforço na próxima aula. Chamou ainda à atenção para um
grupo de alunos que se encontram no final da sala e que passaram a aula na conversa, que
coincidiam com os alunos que tinham chegado alguns minutos atrasados. Este grupo de alunos
tem por hábito trocar os cadernos diários de forma a completarem os apontamentos uns dos
outros, o que por vezes é desvantajoso para eles pois perdem uma parte da aula.
Foi, ainda, mencionado que a ideia de colocar os alunos a fazerem a apresentação do
museu e da visita virtual guiada foi, de facto, muito motivante. A professora demonstrou o
seu agrado, afirmando que esta opção por parte da mestranda fez com que os alunos
participassem de uma forma diferente do habitual. De um modo geral, a professora ficou
satisfeita com a aula.
67
Aula 6 – 07/12/2020
A sexta aula deu continuidade ao tema da quinta aula, recordando de início, tal como
sugerido pela prof.ª cooperante o termo “Belle Époque” contrastando-o com os Loucos anos
20. A maioria dos alunos demonstrou interesse e refletiu-se nos seus apontamentos, que
passaram a descrever.
Correspondendo com as características que tínhamos atribuído à mulher dos anos 20,
observamos um ppt. com imagens sobre a afirmação do papel da mulher na sociedade:
68
Com a saída dos homens para a guerra e com o regresso da maioria com incapacidade
para trabalhar, a mulher ocupa os locais de trabalho, explicamos. Pedimos aos alunos que nos
digam o que muda com esta alteração, ao que concluímos que: ganha independência
económica; ganha liberdade(s) entre as quais: fumar, beber, sair, estudar, entre outras que os
alunos foram referindo. Neste contexto analisamos um documento do manual intitulado de
“Mulheres empregadas em Inglaterra” (doc. 1 pág. 46), onde concluímos que houve um
aumento exponencial das mulheres empregadas, com especial destaque para a Indústria de
Armamento.
Continuamos a explorar o ppt. mostramos o seguinte esquema para que os alunos
completassem nos cadernos com exemplos de cada, que foram dizendo oralmente:
Correspondendo com o último tópico (políticas), perguntamos aos alunos que questões
seriam estas. Recordamos que já tinham sido mencionadas na disciplina de Cidadania e
Desenvolvimento (que apenas metade da turma tem), por isso apelamos aos alunos que não
tiveram oportunidade de analisar estas questões noutra disciplina para responderem. Ao que
não foi fácil, apenas um aluno respondeu “poderem votar” e foi a partir desta resposta que
pedimos a um dos alunos de Cid. e Des. que respondesse e assim o fez de forma muito
69
completa. Recordamos o nome de algumas das sufragistas e o papel destas na sociedade. Desta
forma mostramos a seguinte imagem de sufragistas nos EUA:
Terminamos assim o tema da Emancipação Feminina, e de seguida, sem questões por
parte dos alunos, prosseguimos para a observação de imagens e de exemplos, dos diferentes
mass media para a difusão da cultura de massas, definimos cada um destes novos conceitos e
os alunos tomaram notas nos cadernos diários por iniciativa própria.
Pedimos a dois alunos para lerem o ponto “Os novos caminhos da ciência” da página
48. Após a leitura procedemos à interpretação deste, com algumas questões pelo meio, por
parte dos alunos, que demonstraram curiosidade acerca das novas ciências.
Para consolidar os conteúdos falados foi explorado um excerto do filme “O Grande
Gatsby”, também levamos o livro para demonstrar aos alunos que através da leitura de
clássicos também podemos aprender. Após a analise do filme entregamos os TPC e com a
explicação dos objetivos das próximas aulas e os alunos saíram com alguma agitação.
Feedback:
Após a aula, tal como acontece sempre, refletimos acerca dos objetivos, aos quais
concluímos que foram bem-sucedidos. Houve uma particularidade no nome de uma sufragista
que a mestranda se enganou, sem grande problema. No geral, a aula correu bem, houve
interação, a mestranda circulou pela sala e a planificação foi cumprida.
70
Aula 7 – 9/12/2020
No dia 9/12/2020, deu-se início a um novo tema e para tal iniciamos também uma nova
estratégia. A cultura do após-guerra através da realização de trabalhos de grupo. Estes tinham
como objetivo a concretização de um ppt. como produto final. Os alunos procuravam saber
mais sobre as novas correntes artísticas através da pesquisa na internet, no manual e até na
sala. Esta sala tem uma característica muito interessante, que por coincidência auxiliou alguns
grupos no seu trabalho, numa das paredes está exposto alguns trabalhos acerca das correntes
artísticas decorrentes da 1.ª Guerra Mundial.
Ao entrarmos na sala, alguns minutos antes, tendo em conta que esta se encontrava
desocupada, decidimos fazer umas mudanças na planta da sala de forma a colocar os
elementos dos grupos mais separados possível, embora de forma a que conseguissem
comunicar. Os alunos foram alertados para esperarem na entrada da sala para que fossemos
distribuindo as orientações dos trabalhos por cada aluno, ao receber as indicações foram-se
sentando nos lugares previamente destinados.
Visto que já tinham sido informados sobre a realização do trabalho, apenas realizamos
uma pequena introdução ao tema e ao objetivo do trabalho tendo em conta as orientações nas
folhas que foram distribuídas (*):
Orientações para os trabalhos sobre correntes artísticas de pintura:
1.Caracterizar a corrente de pintura; 2. Situar no tempo e no espaço; 3. Identificar os principais
artistas; 4. Escolher/analisar uma obra: materiais, cores, formas.
Orientações para o trabalho sobre correntes artísticas de arquitetura:
1.Identificar os novos estilos arquitetónicos; 2. Caracterizar os novos estilos arquitetónicos;
3. Situar no tempo e no espaço; 4. Identificar os principais artistas; 5. Escolher/analisar uma
obra de cada.
Na distribuição dos alunos pelos grupos foi tida em conta algumas das características
especificas de cada aluno, tentamos enquadrar em cada grupo um aluno com sentido de
liderança, um aluno com aptidão para comunicar, um aluno com mais dificuldade em
comunicar. A professora cooperante ao receber as propostas dos grupos sugeriu algumas
alterações, tivemos também em consideração os timings das aulas que íamos precisar para a
realização dos trabalhos e posteriormente para a apresentação destes.
O decorrer da aula foi bastante fluido, fomos a cada grupo auxiliar na pesquisa,
fornecendo algumas pistas para sites de confiança. Os alunos demonstraram-se
71
entusiasmados, surgiram muitas dúvidas sobre a informação que podiam ou não colocar, sobre
a veracidade de alguns sites, entre muitas outras dúvidas.
Inicialmente a aula estava pensada para que os alunos conseguissem terminar os
trabalhos, e alguns efetivamente conseguiram terminar, porém houve mais de metade dos
grupos que não conseguiram concluir, ao que decidimos que iriam ter mais uma aula para
rematar o trabalho.
Pedimos aos grupos para partilhar os trabalhos na drive de forma a avaliarmos o
progresso de cada, sendo que se faltasse alguma coisa iriamos pedir na próxima aula para
acrescentarem ou modificarem.
Feedback:
No final da aula refletimos sobre a cooperação dos grupos, ao que concluímos que
todos estavam empenhados e num bom caminho. Contudo, houve uma situação com um aluno
que nos deixou inquietantes, mas que ficou resolvida no final da aula. O aluno “teimou” em
não enviar mais nada aos colegas, que por sinal era o grupo que tinha organizado menos
informação, mas com uma reflexão conjunta este conseguiu chegar ao consenso do resto do
grupo.
72
Aula 8 –14/12/2020
Aula 9 – 16/12/2020
Esta aula não necessita de muitas descrições pois tratou-se da aula da ficha de
avaliação, apenas observamos os alunos, circulamos pela sala e respondemos a algumas
questões que foram surgindo acerca das perguntas da ficha.
73
Aula 10 – 21/12/2020
Como penúltima aula, e após reflexão conjunta com a profª. cooperante acerca das
classificações dos alunos na ficha, decidimos que era importante refletir sobre alguns dos
aspetos que ficaram mais aquém, entre eles a temporalidade e o uso de fontes.
Iniciamos a aula com a apresentação dos trabalhos. Começou por apresentar o grupo
2 (o grupo 1 tinha um membro em falta e solicitou adiar a apresentação, ficaram para a aula
seguinte) com o tema “Fauvismo”. A apresentação foi boa, no seu geral, houve um dos alunos
que apenas leu os apontamentos e não fez interligação com o que estava a ser dito pelos
colegas, que explicavam as imagens que iam demonstrando. Os restantes membros do grupo
pareciam empenhados, sem leituras, transmitindo a informação de uma forma simples e com
uma linguagem adequada.
Seguiu-se o segundo grupo, antes que este iniciasse fomos relembrando para os alunos
tomarem notas das apresentações e da matéria, pois esta era importante e visto que cada grupo
apenas aprofundou o seu tema era importante terem em atenção os outros estilos artísticos. O
grupo do tema “Cubismo” apresentou-nos um ppt. pequeno em relação aos restantes colegas,
apesar de conterem toda a informação pedida, não incluíram a bibliografia/webgrafia
utilizada, a qual mencionamos no fim da apresentação. A apresentação e os conteúdos foram
bem explicados e os colegas ficaram esclarecidos, sem dúvidas.
Terminamos a primeira parte da aula com a apresentação do terceiro tema
“Futurismo”, este grupo teve uma apresentação completa tendo em conta o que foi pedido, no
entanto dois alunos tiveram uma prestação menos boa, que foram sendo completados pelos
outros dois membros do grupo.
Na segunda parte da aula, procedemos à entrega da ficha de avaliação alertando
previamente os alunos que deveriam olhar para a sua própria ficha, para refletirem sobre onde
mais falharam e porquê. Após a entrega, fomos analisar algumas questões onde falharam mais
entre elas a questão 3.1; 6.1 e 8.1. Fomos pedindo aos alunos com a pontuação máxima para
lerem as suas respostas para os colegas acompanharem o raciocino. Após revisão destas
questões, e tendo em conta que iriamos colocar os critérios (adaptados) na plataforma Google
Classroom fomos aos lugares dar uma palavra positiva a cada aluno, dizendo onde poderiam
ter melhorado e onde foram de facto bons.
A aula terminou com a entrega de uns doces felicitando os alunos e desejando umas
boas férias e festas.
74
Feedback:
A professora Céu salientou que deveríamos ter mencionado a questão da
temporalidade, o que foi feito posteriormente no documento colocado na plataforma com a
correção da ficha. Alertou para a necessidade de se intervir nas apresentações, questionando
e acrescentando caso se verifique. Refletimos ainda acerca das classificações atribuídas, e
como estas foram exploradas em sala de aula. Também relembrou que o sumário não tinha
sido ditado, sugerindo ser feito na próxima aula.
75
Aula 11 – 04/01/2021
A última aula, a 4/01/2021, após pausa do Natal, alguns alunos chegaram mais cedo e
aproveitaram para rever e treinar as apresentações. Enquanto ligávamos os aparelhos
eletrónicos, o resto da turma ia chegando, embora se verificasse alguns atrasos. Prosseguimos
para a continuação das apresentações, desta vez começando no grupo 1 que já se encontrava
completo. Fizeram um bom trabalho na construção do tema do “Expressionismo”, a
apresentação decorreu normalmente, a professora cooperante foi fazendo umas intervenções
durante apresentações.
No tema “Abstracionismo” os alunos também demonstraram saber o que estavam a
explicar, recorrendo as obras projetadas, repetiram as características da obra porque na
primeira explicação surgiram algumas dúvidas dos colegas, houve ainda uma intervenção da
professora Céu para o facto de não existir bibliografia/webgrafia.
O grupo seguinte demonstrou equidade e estiveram todos dentro dos mesmos níveis,
ao apresentarem um tema que por vezes traz algumas dúvidas – Dadaísmo. Por vezes, por
estarmos tão à vontade dentro do ambiente que nos rodeia surge uma linguagem um pouco
imprópria para uma avaliação (“ya”, “mano” …) que ao ser utilizada pela segunda vez, foi
alertada para a sua utilização dentro da sala de aula.
O penúltimo grupo apresentou-nos o “Surrealismo”, analisaram de forma adequada as
obras escolhidas, embora tenham colocado uma última obra para terminar o trabalho a qual
não utilizaram nem interpretaram e a professora cooperante ajudou dando algumas “dicas”
para a sua interpretação.
Por fim, “A nova Arquitetura” com objetivos um pouco diferentes daqueles que as
correntes anteriores apresentavam porque se tratava de arquitetura sendo mencionadas e
aprofundadas as correntes da Arte Nova, da Arte Funcional e da Arquitetura Orgânica.
A aula terminou com os despedimentos momentâneos com solicitações de um ótimo
ano para os alunos, tendo em conta que se tratava da nossa última aula.
76
7. Reflexão sobre a avaliação
Nas nossas aulas foi possível continuar com o trabalho já realizado pela Professora
Cooperante, uma avaliação que permite o professor acompanhar o percurso do aluno e onde
se pode adequar constantemente os métodos que o aluno precisa, com vista a melhorar e
progredir. Esta avaliação passou por vários métodos pedagógicos entre eles: uma
GoogleForms, um TPC, um trabalho de grupo, apresentações em grupo, uma ficha de
avaliação, mas também conseguimos avaliar os alunos através dos resumos das aulas. Nas
atitudes avaliamos os seguintes domínios: o relacionamento interpessoal; o cumprimento de
regras; a responsabilidade; a autonomia e a participação.
Importa então perceber o papel das fichas de avaliação e o que estas podem trazer de
relevante para uma turma/sala de aula e consequentemente para a avaliação dos alunos.
Recordemos que a avaliação formativa tem por objetivo facilitar a aprendizagem e, como tal,
é necessário adequar as estratégias. E de facto, há alunos que se expressam melhor oralmente
e outros pela escrita. Os testes, deste modo, devem de estar organizados de forma que se
entenda o(s) seu(s) objetivo(s) e as várias competências em questão, por exemplo:
temporalidade, comunicação, uso de fontes, enquadramento etc. “Devem usar-se testes… caso
essa seja a melhor forma de proceder à avaliação dessas aprendizagens.”50 Para além desta
organização, para o professor se orientar é preciso que os alunos percebam exatamente o que
se pretende, e o facto de existir mais que um elemento de avaliação vai de encontro também
com a informação que o professor pretende transmitir. A Professora Cooperante sempre
transmitiu o facto de o teste ser sumativo e não “somativo” de soma, daí as nossas opções
pedagógicas.
50
FERNANDES, Domingos, coord. Testes: sim ou não? in “Pensar avaliação, melhorar a aprendizagem” /IIE
Lisboa: IIE, 1994.
77
Considerações finais
Após declarada pandemia mundial, o mundo mudou. Mas a mudança não pressupõe
parar. Evoluiu-se muito com tudo o que está a acontecer, tivemos de nos adaptar a uma
realidade “virtual” em todos os sentidos. Nas relações interpessoais, nos trabalhos, na vivência
do dia-a-dia. E com o mestrado não foi diferente.
No que concerne à observação de aulas foi essencial para apreender alguns aspetos que
queríamos acrescentar ou modificar nas nossas aulas, e a adaptação de ferramentas digitais
(que ganharam ênfase no semestre anterior devido à pandemia) foi fundamental e muito
enriquecedora. Esta fase concentrou-se mais no primeiro e segundo semestre do primeiro ano
do Mestrado, sendo que algumas das observações também foram on-line (via Zoom e Google
Meet). Embora as metas curriculares e os conteúdos sejam os mesmos, conhecer todas as
turmas também foi um fator muito importante nesta caminhada, deu para compreender
dinâmicas e formas de lecionar diferentes, a adaptação à turma é elementar para o sucesso da
mesma.
O segundo ano foi mais exigente, pois estava-nos destinada uma turma, que por sinal
era considerada a melhor a nível de resultados e de participação. A planificação foi um dos
aspetos que a Professora Cooperante Mª do Céu mais incentivou a melhorar, desde o início,
para que tudo ficasse “simples e claro” para nós, mas também para o decorrer das aulas. Foi
aqui que aplicamos os ensinamentos das aulas da faculdade – no domínio da pedagogia, da
didática e do currículo.
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esperado, algumas falhas devido à pouca experiência, entre elas o controlo do comportamento
da turma, mas que com o auxílio da professora cooperante foram ultrapassados. Sentimos que
por vezes, mesmo com temas atuais e com uma turma com um nível de conhecimentos acima
da média, a falta de informação pode causar alguns atritos (também naturais da idade). As
questões comportamentais foram exploradas nas reuniões com a professora cooperante e,
posteriormente, resolvidas com os conselhos da mesma.
Ficou muito por explorar, e esse foi o verdadeiro desafio. A gestão de uma turma
(como diretor de turma), a gestão de reuniões (de pais, de professores, de departamento, entre
outras) ficaram muito aquém daquilo que era esperado. As saídas escolares (visitas de estudo)
também não foram realizadas, o que também é de lamentar pois seria muito interessante
perceber como se organiza, estuda, planifica um dia que todos os alunos, por norma, adoram.
Numa tentativa de escapar “à sala de aula” fizemos a visita virtual, no entanto, não se
realizaram os procedimentos todos que são necessários para uma visita de estudo real.
A reflexão foi um dos pontos que trabalhamos muito nas reuniões com a professora
cooperante, onde era possível conversar sobre as situações do dia-a-dia dos alunos, das
dificuldades que íamos sentido, dos desafios de ser professor nos dias de hoje, estas reflexões
já as colocamos ao longo do Relatório, porém gostaria de reforçar alguns pontos:
- Os professores cada vez estão mais impregnados com a profissão, devido à falta de
credibilidade desta, refletindo o desanimo nas suas aulas e no seu empenho;
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