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CLASSE DE PALAVRAS

Em língua portuguesa existe 10 classes de palavras que se chamam de classes


gramaticais. Dentre estas 4 são invariáveis (isto é, têm a forma fixa, não variam em função do
género, número e grau) e 6 são variáveis (isto é, variam em função do género, número e grau).

Variáveis

1. Substantivos - designam e nomeiam os seres em geral.

Na classe dos substantivos temos:


 Substantivos comuns concretos: designam seres propriamente dito.
Ex.: Homem, árvore…

 Substantivos comuns abstractos: designam acções, estados noções e qualidades


considerados como seres.
Ex.: Beleza, amor, justiça, ódio…

 Substantivos comuns colectivos: são substantivos comuns que no singular designam um


conjunto de seres ou coisa da mesma espécie.
Ex.: População, manada, alfabeto…

2. Verbos: exprimem o que se passa, isto é, um acontecimento representado no tempo.


Indicam acção, facto, estado ou fenómenos acidentes gramaticais permitem o verbo mudar
de forma para exprimir cinco ideias: modo, tempo, pessoa, número, e voz.
 Modo: caracteriza as diferentes maneiras sob as quais a pessoa que fala encara a
realização da acção.

-Indicativo: acção é encarada como um facto real.

-Conjuntivo: acção é encarada como uma hipótese, possibilidade, dúvida…

-Imperativo: acção é encarada como uma ordem, um conselho, um desejo…

Formação do modo imperativo

O imperativo é um modo parasita porque busca as formas de outros modos.

Não tem 1ª pessoa do singular, a 2ª pessoa do singular e do plural suprimem-se a


desinência (s) e as restantes busca no presente do conjuntivo.

Imperativo afirmativo

1ª Pessoa do singular: não existe


2ª Pessoa do singular: presente do indicativo (sem o s)
3ª Pessoa do singular: presente do conjuntivo
1ª Pessoa do plural: presente do conjuntivo
2ª Pessoa do plural: presente do indicativo (sem o s)
3ª Pessoa do plural: presente do conjuntivo
Ex.: Verbo andar
Eu: não existe
Tu: anda
Você (ele): ande
Nós: andemos
Vós: andai
Vocês (eles): andem

O imperativo negativo é todo ele formado a partir do presente do conjuntivo antepondo-


se uma palavra de sentido negativo.
Eu: Não existe
Não comas tu
Não comas você
Não comamos nós
Não comais você
Não comam ele

Pessoa Indicativo Imperativo Conjuntivo Imperativo


afirmativo negativo
Eu ------------ ------------ -------------- -------------
Tu Rezas ----------> Reza (s) Rezes ----------------> Não rezes
Você ------------ Reze <------ Reze --------> Não reze
Nós ------------ Rezemos <----- Rezemos ----> Não rezemos
Vós Rezais ---------> Rezai (s) Rezeis ---------------> Não rezeis
Vocês ------------ Rezem <------ Rezem ------> Não rezem

 Tempo: acidente que situa o processo verbo num momento, isto é, o processo verbal pode
ocorrer:

-No momento em que se fala: presente

-Momento anterior ao que se fala: pretérito perfeito, pretérito imperfeito e pretérito


mais que perfeito.

Pretérito perfeito: acção passada e acabada. Ex.: Eu fui à escola.

Pretérito imperfeito: acção passada mas simultaneamente com outra acção também
passada. Ex.: Enquanto eu estudava, o meu filho ouvia música.

Pretérito mais que perfeito: acção passada anterior a outra acção igualmente passada.
Ex.: Já eu cantara quando Mário chegou.

-Momento por vir: futuro.

 Pessoa: é o acidente que enquadra o sujeito do verbo numa das 3 pessoas gramaticais de
um discurso.
1ª Pessoa: pessoa que fala.
2ª Pessoa: pessoa q quem se fala.
3ª Pessoa: pessoa de quem se fala.

 Número: é o acidente gramatical que refere o estar do sujeito.


-Singular: uma pessoa ou uma só coisa.
-Plural: mais de uma pessoa ou mais de uma coisa.

 Voz: acidente gramatical que indica como o sujeito encara a realização da acção.
Indica:
-Que a acção é produzida pelo sujeito: Voz activa. Ex.: O João comeu o pão.
-Que a acção é recebida pelo sujeito: Voz passiva. Ex.: O pão foi comido pelo João.
-Que a acção é simultaneamente produzida e recebida pelo sujeito: Voz reflexiva.
Ex.: O Francisco feriu-se.
-Que a acção é simultaneamente produzida e recebida pelos sujeitos: Voz
recíproca. Ex.: Eles beijaram-se.

3. Adjectivos: classe de palavras que indicam as qualidades, origem e estado do ser. O


adjectivo é essencialmente um modificador do substantivo.

4. Numerais: classe de palavras quantitativas. Indica-nos uma quantidade exacta de pessoas


ou coisas, ou o lugar que elas ocupam numa série.

5. Pronomes: classe de palavras com função de substituir o nome, ou ser; como também de
substituir a sua referência. Servem para representar um substantivo e para o acompanhar
determinando-lhe a extensão do significado.

6. Artigos: palavra que se coloca antes do substantivo, determinando-o e indicando seu


género e número.

Invariáveis

1. Advérbios: classe de palavras invariáveis indicadoras de circunstâncias diversas; é


fundamentalmente um modificador do verbo, podendo também modificar um adjectivo,
outro advérbio ou uma oração inteira.

2. Preposição: classe de palavras invariáveis que ligam outras duas subordinando a segunda
à primeira palavra. Ex.: Até, com, desde, sob, sobre, por, desde…

3. Conjunção: classe de palavras invariáveis que ligam outras duas palavras ou duas
orações. Ex.: Nem, porém, contudo, que…

4. Interjeições: classe de palavras invariáveis usadas para substituir frases de significado


emotivo ou sentimental. Ex.: Oh!, ui!, ai!, viva!...

TERMOS DA ORAÇÃO

Os termos da oração organizam-se em 3 tipos: essenciais, integrantes e acessórios.

1. Os termos essenciais são o sujeito e o predicado.

-O sujeito é o ser sobre o qual se faz uma afirmação ou negação.


Ex.: A Josefa comeu o bolo.

-O predicado é a afirmação ou negação que se declara do sujeito.

Ex.: A Josefa comeu o bolo.

2. Os termos integrantes são aqueles que se subordinam (integram) ao núcleosubstantivo ou


ao núcleo verbal.

Núcleo substantivo: complemento nominal.

Núcleo verbal: objecto directo, objecto indirecto, agente da passiva e predicativo do


sujeito.

-complemento nominal: termo formado por um substantivo ligado a outro através da


preposição de indicando posse, parentesco, matéria, tempo… Ex.: O carro do Miguel está
limpo.

-Objecto directo: ser sobre o qual recai a acção expressa pelo verbo; completa o
sentido do verbo transitivo directo. Geralmente vem ligado ao verbo sem preposição. Ex.: O
João comeu uma banana.

-Objecto indirecto: termo que indica o ser beneficiado ou prejudicado pela acção
realizada; completa o sentido do verbo transitivo indirecto. Habitualmente liga-se ao verbo
com preposição. Ex.: Quem dá aos pobres, empresta a Deus.

-Agente da passiva: termo que na voz passiva indica o ser que pratica a acção sofrida
ou recebida ao sujeito. Ex.: A música foi cantada pelo Arão.

-Predicativo do sujeito: elemento que surge junto de verbos copulativos (ser e estar
por excelência). Ex.: A Joana é inteligente.

3. Termos acessórios são termos que se juntam ao verbo ou nome para lhes precisar
( acrescentar) qualquer esclarecimento. Embora tragam um dado novo não são
indispensáveis ao entendimento do enunciado. Estes termos são.

-Atributo: é um adjectivo ou palavra equivalente que antecede ou sucede o substantivo


para o caracterizar ou determinar. Ex.: As calças azuis ficaram-te bem.

-Aposto: termo de carácter substantivo que explica outro termo da oração. Ex.: José, pai
de Jesus, foi carpinteiro. Ex.: Ela só deseja uma coisa: casar.

-Vocativo: termo que no discurso directo serve para invocar, nomear, ou chamar a pessoa
ou ente-personificado a quem o discurso é dirigido. É um termo de natureza exclamativa. Ex.:
Afasta-te, rapaz, da estrada.

DIVISÃO E CLASSIFICACÃO DAS ORAÇÕES

Dois são os processos de estruturação fraseológica, ou seja, as orações se relacionam umas


com as outras e se interligam num período através dos mecanismos coordenativos ou
subordinativos.

 Coordenação

A oração coordenada é aquela que se liga a outra oração da mesma natureza sintáctica.
Num período composto por coordenação, as orações são independentes, quer dizer, cada uma
tem sentido próprio, existe por si só embora todas sejam necessárias para transmissão integral
do pensamento. Elas podem ser sindéticas (quando a outras se prendem por conjunções), ou
assindéticas (quando não se prendem a outras por conectivo).

Ex.: Os meus pais foram ao cinema, mas eu fiquei em casa a ler.

(Oração coordenada) + (oração coordenada adversativa)

Quadro das conjunções coordenadas

Designação Sentido Lista Exemplo


Aditivas Exprimem relação de E, nem, que1, não só… Estudou não somente
soma ou aumento. mas também, não só… Português, como
como, assim… como. também Geografia.
Adversativa Exprimem ideia de Mas, que2, contudo, Argumentou durante
s oposição ou todavia, entretanto, duas horas, mas não
contradição, contraste, porém, no entanto, convenceu.
compensação, ressalva. ainda, assim, senão.
Disjuntivas Exprimem alternância, Ou, ou… ou, ora… ora, Quando o amor ou a
ou escolha, exclusão quer… quer, seja… cólera nos visita, a
alternativa seja, que3. razão abandona-nos.
Conclusivas Exprimem conclusão. Logo, pois, portanto, Se não sabes cala,
por fim, por logo vai saber
conseguinte, primeiro.
consequentemente
Explicativas Relacionam Pois, que4, porque, Ele fala mal o
pensamentos sem porquanto, isto é, ou português, pois deve
sequência justificativa seja, a saber, na ser estrangeiro.
detal forma que a verdade.
segunda oração explica
a razão de ser da
primeira.

 Subordinação

São orações subordinadas aquelas que se relacionam com a oração subordinante


(principal) da qual depende o seu sentido. Esta relação faz-se através de uma conjunção ou

1
Quando equivale a e. Ex: Diz-me com quem andas que eu te direi quem es.
2
Quando equivale a mas. Ex: Qualquer um que não eu, pode ir à escola.
3
Quando equivale a ou. Ex: Vá que não vá, é-me diferente.
4
Quando equivale a pois. Ex: Abre a porta que está calor.
locução conjuncional de um pronome relativo ou de um pronome integrativo. Tal como na
coordenação, na subordinação as orações também podem ser sindéticas e assindéticas.

Ex.: Os meus pais foram ao cinema, quando acabaram de jantar.

(oração subordinante) + (oração subordinada temporal)

Classificação das orações subordinadas

1. Orações subordinadas integrantes: são integrantes, também designadas substantivas


por integrarem o sentido da oração principal exercendo funções equivalentes a dos nomes
ou substantivos.

Estas orações são normalmente introduzidas pela conjunção subordinativa integrante que
ou se.

Ex.: Veja,/se há água a correr.

Ex.: Afirmo,/ que sou estudante.

2. Orações subordinadas relativas: são assim designadas porque são introduzidas por um
pronome relativo que as liga ao seu antecessor e normalmente estes pronomes relativos
são: que, quem, qual, cujo, quando, onde.

Ex.: Encontrei o anel/ que tinha perdido.

3. Orações subordinadas adverbiais: são aquelas ligadas por conjunções adverbiais


exprimindo circunstâncias diversas. Podem ser:

-Causal: exprime circunstância de causa. São iniciadas por uma conjunção ou locução
conjuncional subordinativa causal (porque, pós, por quanto, pós que, por isso que, uma vez
que, visto que, que…).

Ex.: Não como chocolate/ porque engorda.

-Temporal: exprime circunstância de tempo. São iniciadas por uma conjunção ou


locução subordinativa temporal (quando, antes que, depois que, até que, logo que, sempre
que, desde que, todas as vezes que…).

Ex.: Almocei/ quando senti fome.

-Comparativa: estabelece uma comparação com a oração subordinante. São iniciadas


por uma conjunção ou locução conjuncional subordinativa comparativa.

Ex.: A escola Secundária é bonita/ como a 27 de Março (é bonita).

-Condicional: indica uma hipótese ou condição. São iniciadas por uma conjunção ou
locução conjuncional subordinativa condicional.

Ex.: Vou à escola/se tiver dinheiro para o táxi.


-Final: exprime circunstância de fim. São iniciadas por uma conjunção ou locução
conjuncional subordinativa final.

Ex.: Emprestei-lhe um dinheiro/ para que comprasse um carro.

-Concessiva: indica um facto que contraria a acção expressa na oração subordinante


mas que não impede que esta se realiza.

Ex.: Vou à escola/ mesmo sem ter estudado para o exame.

-Consecutiva: indica uma consequência da acção, estado ou qualidade expressa na


oração subordinante.

Ex.: Atrasou-se tanto/ que perdeu o exame.

PRONOMINALIZAÇÃO

Pronominalização (de pronominalizar +-ção) é um termo gramatical (do domínio


linguístico) utilizado para designar a substituição de um nome ou de um sintagma nominal por
um pronome.

a) «Eu li o texto.» (o texto = objecto directo)

b) «O João pediu à mãe e ao pai.» (à mãe e ao pai = objecto indirecto)

c) «A Inês realizou os trabalhos.» (os trabalhos = objecto directo)

d) «A professora mostrou a caneta e deu a caneta à Joana.» (a caneta = objecto directo; à


Joana = objecto indirecto)

e) O meu pai comprou milho e deu o milho aos pássaros.» (o milho = objecto directo; aos
pássaros = objecto indirecto)

A resolução do exercício implicaria o seguinte resultado:

a) «Eu li-o.» (o = pronome pessoal objecto directo)

b) «O João pediu-lhes.» (lhes = pronome pessoal = objecto indirecto)

c) «A Inês realizou-os» (os = pronome pessoal objecto directo)

d) «A professora mostrou a caneta e deu-lha.» (lha = lhe + a; lhe = objecto indirecto + a =


objecto directo)

e) «O meu pai comprou milho para os pássaros e deu-lho.» (lhes + o).

CRASE
Regras de ocorrência da crase:

 A crase ocorre sempre que há preposição a pedida por um termo subordinante com o
artigo definido feminino reclamado por um termo subordinante.

Ex.: Ir a + a casa = ir à casa.

 Ocorre a crase quando há encontro da preposição a com a vogal inicial dos pronomes
demostrativos aquele e aquilo.

Ex.: Ir àquela igreja.

 Ocorre crase na indicação das horas.

Ex.: Deito-me às 22 horas.

 Ocorre crase com a palavra moda expressa ou oculta

Ex.: Comi um caculú à moda antiga / comi um calulú à antiga.

 Ocorre crase com locuções fixas com substantivo feminino: às escondidas, à pressa…
 Ocorre crase com a preposição até.

Ex.: Vou até à Senhora do Monte

Regras de não emprego da crase

 Não ocorre crase com a palavra casa, salvo se a palavra casa vir modificada.

Ex.: Vou a casa / Vou à Casa Verde.

 Não ocorre crase antes de numerais cardinais.


 Não ocorre crase entre substantivos repetidos.
 Não ocorre crase com palavras do género masculino.
 Não ocorre com a palavra terra quando esta se opõe a palavra mar.
 Não ocorre crase diante de artigo indefinido.
 Não ocorre crase com pronomes que não admitem artigos: pronomes pessoais de
tratamento, relativos, indefinidos, demostrativos, com excepções dos demostrativos
iniciados por a.

POLISSEMIA

Se observarmos nas seguintes frases:

 O meu coração dói- órgão vital.


 O Lucrécia é o coração da cidade do Lubango- centro.
 O Agnaldo tem um grande coração- bom carácter.
 O João não tem coração- mau carácter.
 Ai, meu coração, perdoa-me- namorado, esposo, amigo…

Tiramos a conclusão de que temos uma mesma palavra (ou significante) “coração” que
apresenta em cada frase uma acepção diferente, mas cujo sentido original é o mesmo.
Ao consultarmos um dicionário, verificamos que que a maioria das palavras são
polissémicas, isto é, contêm vários significados. Só o contexto em que cada palavra se
encontra, permite-nos determinar com exactidão qual o seu significado.

Campo semântico: vimos em polissemia que a maior parte das palavras têm vários
significados conforme os contextos em que aparecem, assim, a palavra “coração” foi-nos
apresentada em 5 frases onde contêm sentidos diferentes.

Conotação/ denotação

Denotação: consiste no uso geral, comum, literal, na finalidade prática, utilitária,


objectiva da palavra.

Conotação: consiste no uso expressivo, figurado, diferente daquele empregue no dia-


a-dia, dependente do contexto.

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