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Emprego das classes de palavras (Parte II)

6 Verbo
- Origem etimológica. Logos = verbum = Verbo = Palavra
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos
homens. (João, 1:1-5)”
Deus, portanto, era o próprio Verbo, a palavra, a linguagem, a razão.
Em grego: o logos.
Com o passar do tempo o verbo ganhou novos significados, dentre eles o gramatical:
Verbo, linguisticamente, é a classe gramatical que designa ação ou processo, estado, mudança de estado ou
fenômeno da natureza.
Ação: onipotência
Estado: onipresença
Fenômenos: onisciência
Assim como Deus é uno e trino, o verbo também é uno e trino.
Em resumo tudo no verbo é 3 em 1.
Observe:

Modo Tempo Voz Formas


nominais
Indicativo Passado Ativa Infinitivo
Imperativo Presente Passiva Gerúndio
Subjuntivo Futuro Reflexiva Particípio

Flexão de modo
O modo é a maneira pela qual o verbo indica a atitude da pessoa que fala quanto ao fato que enuncia.
São três os modos: indicativo, subjuntivo e imperativo.
O modo indicativo é a expressão categórica, definida, real do juízo, seja este negativo, afirmativo ou interrogativo.
Ele está ligado à constatação da realidade de um fato. (Certeza)
Ex: O menino comeu o bolo. /O rapaz correu ontem. /O rapaz não ficou satisfeito.
O modo imperativo, por sua vez, expressa, como o próprio nome diz, império (mando, comando). Pode, ainda,
indicar exortação, pedido ou súplica. (ordem)
Ex: Prêmio Faz Diferença: Conheça os indicados em 14 categorias e
vote aqui. (Jornal O Globo).
OBS: pode ocorrer de o verbo não aparecer no modo imperativo, mas, ainda assim, exprimir seu valor.
6º mandamento: Não matarás. (verbo no futuro do presente indicando ordem)
Passar bem! (Verbo no infinitivo indicando desejo.)
Todo mundo caminhando! Caminhando! (Verbo no gerúndio indicando ordem.)
Amar a Deus sobre todas as coisas. (Verbo no infinitivo exprimindo uma prescrição de cunho religioso.)
O modo subjuntivo indica que o verbo não tem sentido caso não venha subordinado a outro verbo, do qual será
dependente para perfeita compreensão. Ou seja, “subjuntivo” tem esse nome porque expressa o modo de um verbo
que se subjuga a outro. (dúvida, hipótese, possibilidade)
Ex: Sei que ele faz terapia. (“Faz” expressa uma constatação da realidade. Trata-se de modo indicativo.)
Veja a diferença:
Espero que ele faça terapia. (“Faça” reforça um desejo de algo que pode vir a se concretizar ou não. Daí ser o modo
subjuntivo também conhecido como modo da possibilidade.)
Flexão de Tempo
É a flexão que visa a indicar o tempo, a época em que se realiza o fato expresso pelo verbo em relação ao momento
da fala. Ela reflete a capacidade do ser humano de criar uma linha do discurso, situando o verbo no tempo.
São três os tempos verbais naturais: passado, presente e futuro. Quando se flexiona um verbo no tempo, é
impossível não lhe notar também o modo verbal. É por isso que sempre se diz, por exemplo, “presente do
subjuntivo”, “futuro do indicativo”, “pretérito imperfeito do subjuntivo” etc., ou seja, há sempre a percepção de um
tempo atrelada à percepção de um modo.

Presente Pretérito-perfeito Pretérito Pretérito- Futuro do Futuro do


indicativo imperfeito mais-que- presente pretérito
perfeito

Estudo Simples: Estudei Estudava Simples: Simples: Simples:


Estudara Estudarei Estudaria
Composto: tenho
estudado Composto: Composto: Composto:
tinha estudado terei teria
estudado estudado

Presente Pretérito Futuro


subjuntivo
Estude Simples: Estudasse Simples: Estudar
Composto: tenha estudado Composto: tiver estudado

Afirmativo Negativo
Imperativo
Estuda (tu), estude (você), estudemos (nós), estudai Não Estuda (tu), não estude (você), não estudemos
(vós), estudem (vocês) (nós), não estudai (vós), não estudem (vocês)

Flexão de número é a variação que ocorrer para expressar singular ou plural. O verbo está no singular quando se
refere a uma só pessoa ou coisa e, no plural, quando a mais de uma pessoa ou coisa.
Singular: estudo, estudas, estuda Plural: estudamos, estudais, estudam
Flexão de pessoa é a variação que ocorre em função das pessoas gramaticais do sujeito:
Eu amo, tu amas, ele ama, nós amamos, vós amais, eles amam. Como se pode notar, as flexões de número e
pessoa caminham juntas. Ao dizer “amas”, sabe-se, pela letra -s, que o verbo está na 2ª pessoa do singular.
Vozes verbais
A voz verbal é a forma em que o verbo (ou locução verbal) de ação se mostra ao indicar se o sujeito pratica e/ou
sofre a ação verbal. Para que se fale em voz verbal, portanto, é preciso que 1) estejamos diante de um verbo de
ação; 2) o verbo em questão tenha sujeito.
Voz ativa
Ocorre quando o sujeito pratica a ação do verbo. Fala-se, então, em sujeito agente:
Ex: Fulano resolveu tomar uma atitude. /Tive de sair da sala correndo. /A comunidade já havia/tinha programado a
festa, quando a chuva caiu.
Voz Passiva
Ocorre quando o sujeito sofre a ação do verbo.
1) Voz passiva analítica: ocorre quando há a presença de uma locução verbal (ser - passiva de ação, estar -passiva
de estado, ficar – passiva de mudança de estado) + particípio. O agente da passiva pode estar presente ou não.
Ex: A casa foi vendida. /A casa foi vendida pelos corretores. / Pensei que a casa havia sido invadida pelos ladrões.
2) Voz passiva sintética: verbo transitivo direto na 3ª pessoa do singular ou do plural seguido do pronome “se”
apassivador.
Ex: Vende-se casa. / Intimaram-se as testemunhas.
3) Voz reflexiva: Ocorre quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente da ação. Sua ocorrência se dá
com o auxílio de um pronome reflexivo. Veja:
Nós nos prejudicamos quando fazemos algo assim. / Ela se maquiou com cuidado. /Tu te enxergas neste espelho?
Formas Nominais
Chamam-se formas nominais o infinitivo, o gerúndio e o particípio. São assim chamadas porque se comportam como
nomes em certos contextos, quando desempenham funções próprias do substantivo, do adjetivo ou do advérbio.
O infinitivo (terminações -ar, - er, -ir, -or) expressa o conteúdo do verbo em sua potência; muitas vezes, seu
conteúdo aproxima-se do de um substantivo. É nessa forma “crua”, de indeterminação e generalidade, que os verbos
aparecem nos dicionários. (cantar, falar dançar)
O gerúndio (terminação -ndo) expressa o processo verbal em curso. Ele exerce seu valor de verbo em locuções
verbais e nas orações reduzidas. Além disso, pode desempenhar tanto função de adjetivo como de advérbio.
(cantando, falando, dançando)
Ex: Serviu-me água fervendo. / [...]Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo… e vivo escolhendo o dia inteiro.
O particípio (terminação em -do, normalmente), por sua vez, apresenta o resultado do processo verbal quando
indica ação praticada por alguém. Porém, funciona como adjetivo, quando caracterizador de substantivo, e, por
vezes, como o próprio substantivo. (cantado, falado, dançado).
O bem que não chegou a ser possuído,
Perdido causa tanto sentimento,
Que, faltando-lhe a causa do tormento,
Faz ser maior tormento o padecido.
(...)
(Gregório de Matos, Obra Poética. Defende-se o bem que se
perdeu.)
7 Preposição
Preposição (do latim prae = diante de + positionem = posição) é a palavra invariável que conecta dois termos – um
regente (subordinante) e um regido (subordinado). Analise:
Chegou de Goiânia.
Caminhei contra a luz.
Parou ante o muro.
8 Conjunção
Conjunção (do latim conjunctus, “unido, ligado”) é a classe gramatical que relaciona duas orações ou dois termos
semelhantes da mesma oração. Com raras exceções, a conjunção carrega em si um sentido próprio. Veja:
Para acabar as coisas, é preciso começar a fazê-las. Parece
óbvio, mas falta-te tantas vezes esta simples decisão. E... como satanás se
alegra com a tua ineficácia.
(Josemaria Escrivá)
Note como as palavras marcadas (mas e e) articulam respectivamente relação de adversidade e de adição.
Estudar ou trabalhar: eis a questão.
Perceba como a palavra ou estabelece uma escolha entre os infinitivos estudar e trabalhar

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